“Alimentar, revigorar e revitalizar o ideal de Champagnat”

Transcrição

“Alimentar, revigorar e revitalizar o ideal de Champagnat”
Nº 2 - 15 de setembro de 2015.
“Alimentar, revigorar e revitalizar
o ideal de Champagnat”
Foto: Cristiano Giamarco.
O andar superior da casa como espaço de missão,
lugar aberto ao mundo. No piso térreo, encontrase a mesa de nossas origens, que representa a
fraternidade. E a parte inferior da casa, o sotão, é
o alicerce da relação com Deus.
Em sintonia com o itinerário celebrativo para os
200 anos do Instituto Marista, em 02 de janeiro de
2017, a Província Marista Brasil Centro-Norte
(PMBCN), encaminha a segunda edição do informativo dedicado aos temas de reflexão para subsidiar as unidades na vivência do Ano La Valla.
Neste mês, o GT do Bicentenário Provincial envia
o discurso de abertura do Ano La Valla (abaixo),
de autoria do provincial Ir. Ataide Lima, transmitido durante a videoconferência de abertura do
Ano, em 15 de agosto, o Dia do Marista.
O Ano La Valla, que vai de agosto deste ano a
agosto de 2017, nos chama a revisitarmos o nosso
jeito de ser, centrado em Jesus, inspirado em
Maria e vivido em missão junto às infâncias,
adolescências e juventudes. Para tanto, a Casa de
La Valla será o ícone trabalhado no período comemorativo.
A Casa de La Valla é o local que remete às origens
fundacionais e à relação entre Marcelino Champagnat e os primeiros Irmãos, que marcam, ainda
hoje, a identidade Marista, a forma de interagir
com Deus, as pessoas e a maneira de dar respostas às necessidades do mundo contemporâneo.
O ícone, que orienta este ano do Bicentenário Marista, nos inspira a pensar a espiritualidade a partir
de três espaços.
Para motivar o estudo do tema, em setembro,
sugere-se que as unidades escolham espaço para
reunirem grupos de estudo e uma mesa simbólica, para dinamizar o momento. Indica-se,
também, que promovam partilhas de vida, orações e descrevam para os colegas como cada um,
Irmãos, leigos e colaborares , se sente sem relação à missão que exercem no dia a dia e sobre o
que representa viver o Ano La Valla.
O próximo tema de reflexão será enviado em 15
de outubro e abordará a “Espiritualidade
Cristocêntrica”. Informações sobre os 200 anos e
outras notícias estão disponíveis no site
www.bicentenariomarista.org.br.
Sugestão de Leitura
Capítulo 1 da publicação do Instituto Marista
intitulada “Água da Rocha”. Nesse texto especial, é possível conhecer um pouco mais a história e origem da espiritualidade Marista. O arquivo está disponível, para download, no site
champagnat.org.
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unidade realizou alguma ação em celebra Avaliação e certificação internacionais.
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 Conteúdo apropriado para cada idade.
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 Confiança e qualidade da educação Marista.
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Discurso de abertura do Ano La Valla
Provincial Ir. Ataide José de Lima
15 de agosto de 2016 – Dia do Marista
Qual é a minha reflexão para a abertura provincial do Ano La Valla? Eu recordo a todos vocês, para celebrarmos os 200 anos dos Instituto Marista, no dia dois de janeiro de 2017, o superior geral, Ir. Emili Turú, e o
seu conselho, nos convidaram a fazer a caminhada em três passos.
O primeiro passo, nós chamamos de Ano Montagne. Celebrado há algum tempo, recordamos o encontro
do padre Champagnat com o jovem moribundo, de 17 anos. Esse jovem foi a pedra de toque para o padre
Champagnat dizer: “preciso fazer alguma coisa para ajudar tantos outros jovens que morrem na ignorância
sem conhecer a Deus.” Então, ele começou a trabalhar e fundou o Instituto dos Pequenos Irmãos de Maria,
que hoje conhecemos como Instituto Marista ou dos Irmãos Maristas ou, como nos chamou a Igreja, posteriormente, os Irmãos Maristas das Escolas.
No segundo momento, nós somos convidados a rezar a partir de um segundo ícone, que nós chamamos de
Ano Fourvière. No ano, fomos convidados a refletir, também, sobre a nossa missão, que não é só dos Irmãos Maristas, mas dos leigos e de toda sociedade de Maria. Redescobrimos que, juntos do padre Champagnat, tinham outros jovens que idealizaram algo maior, os Padres e as Irmãs maristas. A nossa missão vai
além fronteiras. Ela é muito amor que nós. Na nossa missão, não podemos ficar fechados em nossos muros,
temos que pensar além.
Nesse sentindo, incluímos a cooperação de milhares de leigos e leigas que participam conosco da missão de
educar e evangelizar crianças, adolescentes e jovens. A educação do padre Champagnat era sempre instrumento, meio para evangelizar os jovens. Por isso, reforçarmos que a boa educação Marista não é feita somente em cima de livros, mas na vivência de valores.
Hoje nós abrimos o Ano La Valla, terceiro momento, para celebrar os 200 anos do Instituto Marista, e vamos encerrar em agosto do ano que vem (2017). Celebrar o Ano La Valla será para todos nós, Irmãos, leigos, todos aqueles que admiram a coragem do padre Champagnat, que veem nele um pouco de si mesmo,
espaço privilegiado para rezar, refletir e aprofundar a espiritualidade que nos move, alimenta, encanta e
motiva a realizar com o coração tudo o que fazemos. Não fazer por obrigação, mas porque amamos aquilo que fazemos.
No século 21, podemos colocar na nossa espiritualidade elementos de outras espiritualidades, de outras
religiões, de outras confissões religiosas que vêm corroborar, reforçar aquilo que nós acreditamos. Se a espiritualidade que fundamenta a obra Marista, a nossa educação, é uma espiritualidade cristã de tradição
católica, não tem importância que outras espiritualidades venham nos ajudar. Como nos ensinou Jesus,
aquilo que não está contra mim, está a meu favor. Se é para ajudar, se é para somar, venha!
Não podemos nos esquecer, o nosso Deus se faz presente em outras realidades que nem sempre nós, como
Igreja Católica, atingimos. Temos a missão de descobrir o valor que os outros têm ao invés de impôr os nossos valores. Esse terceiro momento de caminhada, rumo ao bicentenário, deseja ser para nós um retorno à
fonte. Quando cito a fonte, me remeto à Casa de La Valla. Para quem já teve a oportunidade de ver a Casa de La Valla, ao vivo, e para quem não teve, ao vê-la nas fotografias, perceberá que é construída de pedra,
rocha. Foi a primeira casa que o padre Champagnat abrigou, por alguns anos, os primeiros Irmãos.
A Casa de La Valla, comprada e ampliada pelo padre Champagnat, para nós, hoje, é ícone, espaço onde
podemos alimentar a espiritualidade que nos motiva. Por isso, o Instituto Marista, o Irmão superior geral, Emili Turú, e todos que estão preparam, com empenho, a celebração dos 200 anos, nos apresenta a Casa de La Valla como ícone da vivência da espiritualidade.
Quando cito espiritualidade, eu estou dizendo: o que alimenta a nossa relação com Deus? No meu cotidiano, na minha comunidade, na província, vocês colaboradores, com as suas famílias, de fato, o que nos alimenta para nos manter unidos? No nosso caso, de instituição de ensino católica, nós não podemos deixar
de dizer que na relação com Deus nos traz a certeza de que a nossa missão é muito mais do que simplesmente educar, ou melhor, ensinar conteúdos. A nossa missão é ensinar às crianças e aos jovens a pessoa de
Jesus Cristo.
Nesse momento, olhando a Casa de La Valla, devemos nos questionar: essa casa, na sua simplicidade, onde
o padre Champagnat nutriu os primeiros Irmãos daquilo que deveria ser o Instituto Marista, o que ele passou para aqueles primeiros Irmãos que fez dessa Congregação, dessa irmandade, dessa fraternidade, uma
família tão grande? Família que já somou 37 mil membros, Irmãos, se somados à multidão de leigos e leigas,
que participam dessa missão conosco, a coisa vai para bem mais longe.
Tem uma multidão de gente que já participou e hoje participa da missão com a gente, que se nutre do ideal
e admira o padre Champagnat. Muitos não são Irmãos, mas desejam fazer dos ideais do padre Champagnat
uma regra de vida. O Ano La Valla quer ser para nós o momento de alimentar, revigorar e revitalizar o ideal
de Champagnat, fazer Jesus Cristo conhecido e amado por meio da educação. Essa missão é de todos nós,
Irmãos, leigos, professores, colaboradores. Nesse momento do Ano La Valla, somos convidados a refletir sobre quais foram os valores que o padre Champagnat nos legou, passou para aqueles Irmãos e ainda devem
nos alimentar.
Olhando a Casa de La Valla, no alto, nós temos o segundo andar. Esse segundo andar, diz o engenheiro que
fez a recente reforma da casa, é o espaço onde a gente olha o horizonte, é o mais alto da casa. Onde a gente
enxerga os horizontes da missão. Para quem conhece, La Valla é uma pequena aldeia, no interior da França,
que está em uma região montanhosa, de onde se avista um grande vale.
O piso térreo de entrada da casa é o piso da partilha. É o piso da vivência da fraternidade, onde se encontra
a mesa e o pequeno refeitório onde os Irmãos realizavam as refeições. A mesa, feita pelo padre Champagnat, é de madeira mal acabada. Os testemunhos dos primeiros Irmãos é de grande felicidade. Diziam que
eles se reuniam pouco para comer, mas eram felizes, porque tinham o padre Champagnat ao lado. Tinham o
“bom pai”, como se referiam ao Champagnat, símbolo da fraternidade, união e bem querer, símbolo da partilha de vida, do estar juntos.
O subsolo da casa é o lugar do encontro pessoal com Deus. Eu e Deus. O lugar onde estou mais sozinho com
Deus, onde ele me conhece e eu busco conhecê-lo. É o espaço do cultivo da espiritualidade, onde buscamos
a fonte que nos sustenta. O que nos sustenta naquilo que fazemos? É o meu eu, o meu muito saber, os
meus livros, imensidão de títulos que tenho como educador. Aqui todos nós somos educadores e convidados a sermos educadores. O que motiva, o que me faz pensar o que eu sou e devo ser educador?
O subsolo também é o lugar do silêncio. Alguns relatos bíblicos de profetas dizem que Deus se revela no silêncio. O subsolo, o porão da Casa de La Valla quer ser para nós esse momento de silêncio, de encontro
com Deus. É o local da relação pessoal com Ele. Aqui, o subsolo não é o lugar de esconder-se, é o lugar de
encontrar-se com Deus. Não é o lugar de estar sozinho. Somos eu e Deus e, nessa relação, eu descobrir o
que Deus quer de mim. Por que Deus me quer embebecido de valores maristas? Como Deus me convida a
ajudar nessa missão de educar? Essa é uma pergunta que todos nós temos que fazer onde estamos. Todos
nós somos convidados a refletir, como padre Champagnat, o que Deus pede de nós.
A grande fonte da nossa missão é a pessoa do próprio Jesus Cristo. Ele é a razão de ser da nossa vida, da
nossa consagração e trabalho. Jesus Cristo nos convida para a missão. Não podemos nos esquecer disso.
Não podemos nos esquecer de que a missão não se fundamenta em nós mesmos. Vã seria a nossa fé se nós
nos bastássemos. Se nós somos o que somos, somos por obra e graça de Deus. Deus nos dá o seu filho para
dizer o quanto nos ama. E é em Jesus Cristo que fundamentos nossa missão, trabalho, o nosso amor ao próximo. Jesus está na raiz daquilo que nós fazemos. Se o padre Champagnat pensasse em fundar o Instituto
dos Irmãos para a própria glória, com certeza a congregação não teria ido muito longe, não chegaria aos
200 anos.
Consciente de que a obra é de Deus, Champagnat olha para Nossa Senhora, Maria, e fala: “estamos com
dificuldade, essa obra é sua, é por vocês que estamos aqui”. Hoje, mais do que nunca, nós precisamos recuperar essa certeza, de que aquilo que nós fazemos é uma missão confiada a nós por Deus. Jesus é para
nós caminho, fonte, e nós não podemos ir em outras fontes. É Jesus que nos ensina. Falando ainda do
subsolo da Casa de La Valla, ele nos ensina a interioridade. Quantas vezes nós, no dia a dia, nas correrias
em fazer milhares de coisas, quantas vezes perdemos o centro da nossa pessoa? Ficamos meio perdidos
de tanta cosia para fazer. A Casa de La Valla, especialmente esse subsolo, vem nos ensinar que nós não podemos perder o centro, o direcionamento nas relações e da vida, que a gente precisa se reequilibrar naquilo que a gente faz. Só Deus conhece o coração de cada pessoa.
A Casa de La Valla vem ser para nós esse ícone que nos ajuda, nos leva para essa relação pessoal com
Deus. Devemos procurar reconhecer a Deus sem medo, sem vergonha, com a certeza de que Ele nos ama
do jeito que nós somos, com os nossos defeitos, porque Deus é amor, Ele nos ama incondicionalmente.
O padre Champagnat falava isso para a gente. A Casa de La Valla é onde convivemos, vivenciamos a fraternidade, exercitamos o respeito e a acolhida, a relação comunitária e pessoal com Deus. Por isso, a Casa do
Ano La Valla quer ser para nós o ícone para chegarmos aos 200 anos, porque é o momento de resgatarmos os valores que o padre Champagnat ensinou aos primeiros Irmãos.
Para concluir, Marcelino ensinou aos primeiros Irmãos a cuidarem da espiritualidade. Aqui eu me atreveria
a dizer para vocês, leigos, leigas e colaboradores, que se constituem na maioria que cooperam com a missão Marista, espiritualidade não é só rezar o terço, o Pai Nosso e a Ave Maria, ir à missa, ou receber o sacramento. Viver a espiritualidade, o amor a Deus, não é ir apenas ao culto, eu vivo a espiritualidade à medida que eu mostro amor e respeito às pessoas que me cercam. Isso a gente hoje não pode esquecer.
Obviamente, a minha convicção me leva a praticar a minha religião. Eu, como religioso, tenho deveres
com a Igreja na qual me consagrei. Amar o próximo, respeitar e acreditar no outro, cultivar valores não
tem religião, vale para todos nós. No limiar dos 200 anos, somos convidados a retomar os valores que o
padre Champagnat nos ensinou e a revitalizar esses valores e a readequá-los (se quiser) para os dias de
hoje.
Não nos esqueçamos: vivemos em uma sociedade sedenta de espiritualidade, sedenta de Deus, de
amor, de respeito. Temos a nossa espiritualidade fundada na Casa de La Valla, fundamentada em uma
pessoa chamada Marcelino Champagnat, em um homem forte no seu espírito, na sua coragem em fundar
uma instituição de ensino.
Vamos nos questionar, este ano, sobre a nossa relação pessoal com Jesus que nos convida para a missão,
caso contrário, corremos o risco de sermos nós mesmos o centro da missão. Nós não somos o centro da
missão. O centro da nossa missão são os estudantes, é a pessoa de Jesus Cristo que nos ensina como
trabalhar e educar. A nossa missão não pode ser simplesmente de cumpridores de tarefas. É olhar a
nossa missão sob o ponto de vista da Casa de La Valla, lembrando que ela alimenta a nossa espiritualidade. É projetar o nosso desejo para o futuro. Não fazer as coisa por fazer, mas fazer porque acreditamos
que aquilo que fazemos ajuda a transformar o mundo. Eu pergunto para vocês: onde está a fonte que alimenta a nossa espiritualidade? A Casa de La Valla para nós é essa fonte, onde Jesus e o padre Champagnat estão presentes.
Que o ano La Valla seja tempo de cultivar a relação pessoal e comunitária com Deus.
Fraternalmente,
Ir. Ataide José de Lima
Provincial

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