- Grupo Marista
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Ano La Valla Itinerário de celebração Concepção e Coordenação Técnica Seleção de Textos GRUPO MARISTA: Assessoria de Comunicação Institucional/GT Bicentenário Marista Angelo Alberto Diniz Ricordi Texto Introdutório: Gustavo Balbinot Superior Provincial Projeto Gráfico Vice-Provincial Diagramação Presidência Revisão Irmão Joaquim Sperandio Diretoria de Marketing e Comunicação (DMC) Irmão Bene Oliveira Capitular Design Editorial Irmão Delcio Balestrin Denilson Aparecido Rossi João Fedel Gonçalves Fabíola Roes Juliana Maria Fontoura Capitular Design Editorial Produção: Assessoria de Comunicação Institucional / GT Bicentenário Marista Irmão Bene Oliveira Irene Elias Simões Diogo Luiz Santana Galline João Luiz Fedel Gonçalves Dyogenes Philippsen Araujo Angelo Alberto Diniz Ricordi Márcio Pelinski Apoio Técnico IMAGO Produções Educativas Fotos João Borges Coordenação Editorial Produção de vídeos: Irene Elias Simões Angelo Alberto Diniz Ricordi João Fedel Gonçalves IMAGO Produções Educativas Grupo Marista: Ano La Valla: itinerario de celebração / Grupo Marista. - Curitiba : Editora Champagnat, 2016. 48 p. : il,; 18 cm. ISBN 978-85-7292-384-2 – impresso | ISBN 978-85-7292-385-9 – digital 1. Espiritualidade. 2. Vida e práticas cristãs. 3. Bicentenário Marista. I. Grupo Marista. CDD: 284,4 Grupo Marista | GT Bicentenário Marista | Assessoria de Comunicação Institucional Rua Imaculada Conceição, 1155, Bloco Administrativo, 8º andar | 9º andar Prado Velho, Curitiba – PR | 41 3271 2332 Este livro, na totalidade ou em parte, não pode ser reproduzido por qualquer meio sem sua autorização expressa por escrito. 2016 Sumário Apresentação.............................................................. 5 La Valla:......................................................................... 9 Espiritualidades......................................................... 15 Ano La Valla:............................................................ 16 Oração: gratidão e fidelidade a Deus................ 19 Presença de Deus................................................. 23 O Espírito de Fé..................................................... 26 A mística da Comunhão...................................... 29 Sobre a Oração.......................................................33 Maristas de champagnat chamados a construir o rosto mariano na Igreja..................36 A Revolução da ternura uma forma de ser e fazer Igreja.............................................. 39 Ver o mundo pelos olhos das crianças pobres..................................................... 42 2016|2017 La Valla APRESENTAÇÃO Estimados Maristas de Champagnat, Chegamos à celebração da última etapa em preparação aos 200 anos de fundação do Instituto Marista. Este ano é marcado pela atenção à dimensão mística de nossas vidas. Penso que a oração é uma escolha daquilo que é essencial em nossas vidas. Gostaria de compartilhar com vocês um relato já conhecido das páginas Maristas, mas nem por isso isento de grande significação para nós hoje. Trata-se de um diálogo entre o Pe. Champagnat e o Ir. Luís: “Irmão Luís, você ama Jesus com todo o coração?… Você ama Jesus com seu espírito?… Ama Jesus com todas as suas forças?… Se Jesus lhe perguntar como perguntou a São Pedro: ‘Você me ama’?, o que é que você responderia? Você poderia dizer sinceramente: ‘Sim, Senhor, o Senhor sabe que o amo…’” O Irmão Luís comoveu-se e foi levado às lágrimas por esta série de perguntas; o mesmo Padre Champagnat se inflamou. “Padre, diante da última pergunta, não ouso assegurar a Cristo que o amo; mas parece-me que desejo amá-lo de todo o meu coração e é ao senhor que eu me dirijo para aprender a amá-lo sempre mais”. Para Champagnat, assim como para Santa Teresinha do Menino Jesus, a oração é “coisa do coração”. Só um coração apaixonado entende o outro. O documento Água da rocha, ao falar da nossa espiritualidade, afirma que é uma história de paixão e misericórdia: paixão por Deus e misericórdia pelas pessoas (Cf. Água da rocha, n.1). Essa definição está na razão de ser do nosso Instituto. Somos apostólicos por natureza. Fomos gerados para a missão. Para nós, Maristas, a realidade do mundo, com seus desafios, e a existência das pessoas, com seus dramas e alegrias, são motivos para encontrarmos Deus. Em nossa tradição Marista, a oração sempre foi uma realidade muito mais vivida do que explicada. Temos em nossa história um respeitável número de pessoas que levaram a sério a vida de oração e de apostolado em vista de sua santificação. Se pensarmos em nomes como Ir. Luís, Ir. Doroteu, Ir. Francisco, Ir. Alfano, Ir. Basílio, Ir. Henri Verges e tantos outros… que história bonita a nossa! É para dar continuidade à escrita dessa história que somos convidados a fazer a experiência de ser um contemplativo na ação. Para o contemplativo na ação, o mundo, com todas as realidades criadas, não constitui um motivo de fuga, mas, antes, de plena transformação. O contemplativo na ação é um místico de olhos abertos, pois sabe que seu amor por Jesus se traduz em profecia e comunhão, comunhão da qual a mesa de La Valla é um símbolo. Para melhor ajudá-lo nesta celebração, a equipe do GT Bicentenário Marista tem a satisfação de entregar-lhe um material que foi preparado para ser utilizado nos momentos de formação, reflexão e espiritualidade. Este material é composto por: êê Um roteiro temático: a reflexão é sempre aberta com um dos temas indicados, segue com a reflexão proposta por um versículo bíblico, uma meditação, uma reflexão e, ao final, uma oração. êê Vídeos: acompanha este material uma série de vídeos que podem ser utilizados com o livreto ou separadamente. êê Recurso Power Point: para cada tema, foram preparadas apresentações que podem ser acessadas pelo DVD que acompanha a publicação. Se quisermos ser homens e mulheres de transformação da sociedade, em primeiro lugar precisamos ser transfigurados por Deus. Em Nairóbi, na II Assembleia Internacional da Missão, reafirmamos que crescemos em humanidade quando nos constituímos como homens e comunidades orantes, tornando, dessa forma, transparente o rosto de Deus. Que a nossa Boa Mãe e São Marcelino Champagnat nos acompanhem nessa transformação a que somos chamados a realizar neste Ano La Valla. Curitiba, 15 de agosto de 2016 Solenidade da Assunção de Nossa Senhora Festa Patronal do Instituto Marista La Valla: Ícone da relação – Identidade Marista* La Valla, o “vale”: nesse lugar sagrado de relação com Deus, com a realidade e com os primeiros Irmãos, Marcelino Champagnat sonhou o Instituto e sua missão. La Valla não é apenas um lugar geográfico, é um locus theologicus que guarda um sentido que se expande para além de si mesmo. Por isso torna-se ícone do “novo começo”. Irmão Emili Turú, ao motivar os Irmãos para o Bicentenário do Instituto Marista, durante a Conferência Geral de 2013, em Hermitage, assim compreende o ícone do terceiro ano (2016-2017): “O ícone de La Valla nos está indicando uma pista vivida por Marcelino: de Les Palais a La Valla, do sonho ao concreto. As ‘ondas’ do ícone de La Valla 1, feitas pelo artista Ir. Matías Espinosa, expressam essa * Texto de Gustavo Balbinot – Setor de Vida Consagrada e Laicato – Rio Grande do Sul. 1 Pintura realizada em uma das paredes internas do edifício de L’Hermitage. 9 visão global que já tinha Marcelino: ‘Todas as dioceses do mundo entram em nossos planos’. La Valla foi um início, mas o que agora nos toca é um ‘novo começo’” 2. Na restauração da casa, os arquitetos foram capazes de perceber o profundo significado do espaço físico. “Se Hermitage fala de Champagnat, La Valla sussurra”, expressou-se um deles. Trata-se de ter um encontro com o passado (uma construção do século XIX), mas que se projeta para o século XXI, assim como o Instituto. Os três níveis da casa, sua composição arquitetônica, revelam sugestivamente a identidade carismática Marista: o porão, ou a cava, representa a mística, a espiritualidade, a relação com Deus, o fundamento de tudo; o térreo, onde está a porta de entrada, simboliza a comunidade, as relações fraternais, terrenais, encarnadas, com os Irmãos e as Irmãs; e o piso superior, com suas janelas abertas para o horizonte, para o futuro, é como a sala do Pentecostes, representa a missão 3. 2 Conferência Geral do Instituto Marista, 16 de setembro de 2013: <http://www.champagnat.org/400.php?a=6&n=2954>. 3Cf. Pronunciamento do Ir. Emili Turú: <http://pjmgrupomarista.org.br/videos/>. 10 La Valla nos dá a chave para viver bem o terceiro ano de preparação do Bicentenário. Tudo começa pelo fundamento, pela espiritualidade, pela mística. É dessa profundidade que retiramos, como de um poço, a energia que integra e que sustenta a vida fraterna e a missão. Mística: relação com Deus A expressão mística nasce do termo grego mustikós, que significa mistério e que, por sua vez, deriva do verbo muw (mio): calar-se, estar com a boca ou os olhos fechados. Os antigos cristãos empregavam a palavra contemplação para designar a experiência mística. Para que se realize uma experiência mística é necessário que ocorra transformação em nossa vida e, para isso, é preciso ter a atitude de se calar, de tranquilizar nossas correrias, de seguir o tempo do coração, o tempo de Deus e de contemplar e sentir sua presença. Para o filósofo jesuíta Lima Vaz 4, o sentido original do termo se refere a uma forma superior de experiência, de natureza religiosa. A experiência mística acontece além da razão e mobiliza energias 4VAZ, Henrique C. de Lima. Experiência mística e filosofia na tradição ocidental. São Paulo: Loyola, 2000. Citado em: <http://www.ihuonline. unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id= 5322&secao=435>. 11 psíquicas do indivíduo, que o elevam às mais altas formas de conhecimento e de amor que são dadas alcançar na vida. Por meio dessa vivência, é possível encontrar sentido em tudo e em todos, inclusive nos sofrimentos e desertos da vida. Ser místico, portanto, é ter um olhar transcendente sobre as realidades, um olhar sensível e de sentido em tudo o que se apresenta à vida como experiência e que se transforma em experiência religiosa. Há uma mística cristã própria, que é “a forma de nos relacionarmos com Deus, a espiritualidade que nos move e anima a vida cristã” 5. Essa mística nasce da experiência de Deus vivida por Jesus e comunicada a seus discípulos. Jesus várias vezes afirmou que a missão não era dele, mas do Pai, e mostrava aos seus discípulos o quanto o Pai estava presente em suas vidas e na missão de cada um deles. Uma pessoa íntima de Deus é capaz de ter as mesmas atitudes de Jesus em relação aos excluídos e, ainda, com um ótimo senso de humor, fruto de uma espiritualidade de acolhida, do cotidiano, da valorização do outro, do sentir e contemplar a Deus presente em tudo. 5MAÇANEIRO, Marcial; Murad, Afonso. A espiritualidade como caminho e mistério – os novos paradigmas. São Paulo: Loyola, 1999, p. 15. 12 Os místicos estão no mundo de forma simples e profunda, e as pessoas que têm o prazer de viver próximo a eles sentem que existe algo muito especial, gratuito. Recordo-me de um fato que ocorreu com Dom Celso de Queirós, secretário da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Um grupo de prostitutas o procurou para lhe implorar que recomendasse aos padres não imporem barreiras ao batismo dos filhos delas. Não queriam que estes fossem culpabilizados pela condição das mães. Depois da missa, Dom Celso as convidou para tomarem café e então conversaram mais sobre o assunto. Na despedida, o bispo lhes disse: “Jesus disse que vocês nos precederão no Reino dos Céus. Quando eu estiver para entrar no céu e se eu estiver lá na fila de traz, busquem uma forma para me levar para dentro com vocês”. 13 Espiritualidades Ano La Valla: Mãos de Deus: arquétipo da confiança e proteção em Marcelino Champagnat “A vida dos justos está nas mãos de Deus”. (Sabedoria 3,1) Meditação A espiritualidade cristã tem seu fundamento numa experiência pessoal com Jesus. Desta afirmação nasce uma mística encarnada, tão cara a Marcelino Champagnat e aos primeiros irmãos. A forma como Marcelino se relacionava com Deus na pessoa de Jesus e a devoção à Boa Mãe demonstram uma simplicidade que é fruto de uma experiência daquele que, na tradição mais fiel dos pobres de Javé, faz a experiência de um Deus abba, que evoca ternura, carinho, proximidade e afeto. Marcelino experimentou e viveu uma forte experiência de Deus, que se traduz numa linguagem clara, simples, porém, profunda sobre esta relação. Tudo isso fica muito claro naquilo que podemos chamar de mística das mãos de Deus: 16 “Faz quinze anos que estou comprometido com a Sociedade de Maria, cujo crescimento está nas mãos do Senhor. Em momento algum duvidei de que Deus queria esta obra.” (Cartas, n. 11) “Tudo está nas mãos de Deus!” (Cartas, n. 65) “Não há dúvida de que temos de acreditar que estamos nas mãos de Jesus e de Maria. Entreguemos em suas mãos o resultado de nosso trabalho. Ele sabe melhor que nós do que estamos precisando.” (Cartas, n. 195) “Nunca desespere de sua salvação. Ela está em boas mãos: Maria! Não é Maria seu refúgio, sua Boa Mãe?!” (Cartas, n. 249) Reflexão “Sabemos que o compromisso com o crescimento espiritual era algo fundamental para o Pe. Champagnat: seu profundo espírito de fé o fazia viver na presença de Deus com toda a naturalidade, seja nos bosques de L’Hermitage ou nas ruidosas ruas de Paris. Viver como ele implica cultivar o silêncio, dar tempo suficiente à oração pessoal e comunitária, colocar-se na escuta da Palavra do Senhor, 17 como Maria da Anunciação. Como ela, que guardava e meditava todas as coisas em seu coração, dispomo-nos a ser contemplativos na ação.” (Turú, 2014) Oração Senhor, celebrar o Bicentenário de fundação do Instituto Marista é renovar a nossa confiança em Tuas mãos. Em Tuas mãos nos sentimos em paz e seguros. A partir de Tuas mãos renovamos a nossa esperança na construção deste Novo Começo. Amém. Para refletir 1.Qual o tempo que reservo, diariamente, para a oração? 2.Em meus projetos, ações e trabalhos, que espaço eu dou para Deus agir? 3.Alimento uma esperança cristã no “Novo Começo”? Para aprofundar a leitura BIGOTTO, Giovanni Maria. Ir. Basílio Rueda Guzmán. Homem de Deus. vol. 1. Trad. Salvador Durante. Brasília: Umbrasil, 2013. 18 Oração: gratidão e fidelidade a Deus “Orai sem cessar.” (1Ts 5, 17) Meditação “Quem conheceu a fascinação do amor de Deus sabe que não se pertence mais. A alma, com efeito, não pede, ela se doa, e desse dom nasce a grande intuição: a vida só vale a pena ser vivida se a gente ama incondicionalmente e se a gente está disposto a arriscar tudo numa só carta. […] Quando o amor de Deus irrompe numa vida, ele desencadeia um tipo de amor que faz esquecer a medida razoável. O Tu de Deus e do próximo predomina em tudo. Morte prematura é o destino de um amor que se condensa no tempo. O amor quer doar-se, queimar sua vida.” (BASÍLIO apud BIGOTTO, 2013, p. 23) Em 2016, celebramos o vigésimo ano da páscoa do Ir. Basílio Rueda, considerado por muitos um “novo Champagnat”. Deletemos belíssimas páginas de alguém que, a exemplo de Marcelino, soube ser moldado por Deus, sobretudo na vida de intimidade com Ele. 19 Em tempos de mística, profecia e comunhão, a proximidade com Basílio nos recorda mais do que um exemplo a ser seguido; trata-se de alguém que não colocou barreiras para a ação de Deus em sua vida. Viveu em Deus e para Deus. O símbolo de uma vida que se queima demonstra a necessidade de corresponder a este amor. Não podemos pensar em profecia e comunhão sem a vida de oração. Reflexão “A profecia tem sua origem em Deus como fonte e se transmite ao homem quando este vive na sua intimidade. Essa relação se cria, sobretudo, na oração que desperta no homem a paixão pelo Reino. Na escuta atenta da palavra de Deus se trava um diálogo de intimidade que faz surgir o desejo veemente de proclamar, pela vida, que Deus é a plenitude do amor e que vale a pena perder tudo para possuí-Lo. Do que precede nasce a exigência da procura apaixonada da vontade de Deus numa comunidade eclesial generosa e indispensável. O amor da verdade e o discernimento dos sinais dos tempos fazem descobrir caminhos novos de ação evangélica numa lealdade sem fronteiras a respeito de Deus e do homem, arriscando até a própria existência. O profeta sente queimar em seu coração a paixão pela glória de Deus e, uma vez que ele acolheu sua palavra, proclama-a por sua boca, por suas ações, por seu pensamento, 20 por suas palavras, por seu contato com os outros, numa transparência que manifesta a autenticidade dos grandes ideais em favor do Reino, num heroico engajamento com todos. Uma vez que se engajou sua existência no terreno do amor, não há mais marcha à ré. A vela está acesa nas duas pontas. O tempo depende da intensidade com que é vivido, mas quando o amor irrompe no coração de uma vida, o tempo adquire a densidade eterna. O amor não nos foi dado para preencher vazios do coração, mas para lançar os homens a alturas inimagináveis de generosidade e doação de si mesmos.” (BASÍLIO apud BIGOTTO, p. 25) Oração Como Maristas de Champagnat, queremos ser reconhecidos como místicos, pois somos evangelizadores com espírito e fomos transfigurados por Deus. Constituímo-nos como pessoas e comunidades orantes que crescemos em humanidade e tornamos transparente o rosto de Deus. (Vozes do fogo) Para refletir 1. Partilhe com os demais sua forma de falar com Deus. 2. Quais são os frutos reais da oração para o apostolado? 21 Para aprofundar a leitura BIGOTTO, Giovanni Maria. Ir. Basílio Rueda Guzmán. Homem de Deus. vol. 1. Trad. Salvador Durante. Brasília: Umbrasil, 2013. DELORME, Alain. Nossos primeiros Irmãos: companheiros maravilhosos de Marcelino. Trad. Claudio Girardi. Brasília: Umbrasil, 2010. MORAL BARRIO, Juan Jesús. Mística y profecía de los primeros Hermanos. Barcelona: Instituto dos Irmãos Maristas, 2015. Disponível em: <http://www.champagnat.org/e…/Primeros_ hermanos_misticos_profetas.pdf>. Acesso em: 22 set. 2015. 22 Presença de Deus “Senhor, tu me sondas e conheces: conheces meu sentar e meu levantar, de longe penetras o meu pensamento; examinas meu andar e meu deitar, meus caminhos todos são familiares a ti […] Para onde ir, longe do teu sopro? Para onde fugir, longe da tua presença? […] Se tomo as asas da alvorada para habitar nos limites do mar, mesmo lá é tua mão que me conduz, e tua direita me sustenta.” (Salmo 138) Meditação Um tema teológico da espiritualidade de Marcelino e, posteriormente, dos primeiros irmãos é a “presença de Deus”. A princípio pode ser entendido como um exercício de piedade e ascetismo; contudo, em Marcelino podemos dizer que se traduziu em uma confiança ilimitada na presença e no amor de Deus presentes em sua existência. “Outro bom meio para adquirir as virtudes religiosas, como você bem sabe, caro amigo, é a prática da santa presença de Deus, recomendada por todos os mestres da vida espiritual.” (Cartas n. 247) “Ande todos os dias de sua vida na santa presença de Deus.” (Cartas n. 244) 23 “O exercício de predileção do Pe. Champagnat era o da presença de Deus… O modo como o Pe. Champagnat praticava o exercício da presença de Deus consistia em crer, com fé viva e atual, na onipotência de Deus, plenificando o universo com sua infinitude…” (FURET, 1999, p. 297) Reflexão O tema da presença de Deus vai além de um exercício espiritual de piedade, pressupõe uma compreensão aprofundada de temas bíblicos, que indicam um mergulho em Deus, “pois nele vivemos, nos movemos e existimos…” (At 17, 28). Trata-se da percepção de uma presença, revelada e assimilada por uma consciência atenta a Deus. Não se trata de algo exterior, alheio ao homem, mas de alguém que lhe antecede no amor, razão da existência, sentido da vida e da missão. No caminho ao Bicentenário Marista, também nós somos chamados a realizar o aprofundamento deste exercício. Oração “Senhor, dia após dia, vamos aprofundando o exercício da vossa presença amorosa em nós mesmos e nos outros. Sua presença manifesta-se no sentimento profundo de sermos pessoalmente 24 amados por vós e na convicção de que nos acompanhais bem de perto na nossa experiência humana. Amém.” (Água da rocha, n.16) Para refletir 1.Tenho consciência da presença amorosa de Deus em minha vida? 2.Pensando no valor presença, o que deixo de mim para o outro, e o que levo do outro em mim? Para aprofundar a leitura BENTO XVI. Deus Caritas Est. Do Sumo Pontífice Bento XVI aos bispos, presbíteros e diáconos, às pessoas consagradas e a todos os fiéis leigos: sobre o amor cristão. São Paulo: Paulinas, 2011. INSTITUTO dos Irmãos Maristas. Água da rocha. Espiritualidade Marista que brota da tradição de Marcelino Champagnat. Brasília: Umbrasil, 2008. 25 O Espírito de Fé “Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem Dele se aproxima precisa crer que Ele existe e que recompensa aqueles que o buscam.” (Hb 11, 6) Meditação Um tema muito importante no itinerário Marista é o espírito de fé. Somente quando nos abrimos à grandeza de Deus, é que temos real consciência das nossas limitações e, por conseguinte, podemos nos entregar à misericórdia de Deus. “A fé, a nos lembrar, como verdade primeira e fundamental, o ser infinito de Deus e o nosso nada, levar-nos-á de modo eficaz à soberana majestade de Deus e ao culto de adoração, de amor e de dependência que nós lhe devemos. Por um lado, com efeito, ela nos mostrará Deus como o único necessário, soberano, independente, imenso, imutável, de uma excelência e de uma imensa perfeição absolutamente infinitas.” (Ir. Francisco) Diante da grandeza de Deus, cabe a humildade do homem. Todo bem que fazemos é graça de Deus; tudo é dom. O primado 26 de Deus, diante da colaboração do homem, se traduz num abismo insuperável por parte do homem, porém não da parte de Deus. Deus, no seu amor e em sua misericórdia, lança-se diante do nosso abismo para preenchê-lo com a sua santa presença. Dá-nos como dom o espírito de fé, que por si só já é resposta de nossa parte, diante de alguém que nos amou por primeiro. Reflexão “A fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isto basta para o caminho.” (Lumen Fidei n. 57) Oração Ajudai, ó Mãe, a nossa fé! Abri o nosso ouvido à Palavra para reconhecermos a voz de Deus e a seu chamado. Despertai em nós o desejo de seguir os seus passos, saindo da nossa terra e acolhendo a sua promessa. Ajudai-nos a deixar-nos tocar pelo seu amor, para podermos tocá-Lo com a fé. 27 Ajudai-nos a confiar-nos plenamente a Ele, a crer no seu amor, sobretudo nos momentos de tribulação e cruz, quando a nossa fé é chamada a amadurecer. Semeai, na nossa fé, a alegria do Ressuscitado. Recordai-nos que quem crê nunca está sozinho. Ensinai-nos a ver com os olhos de Jesus, para que Ele seja luz no nosso caminho. E que esta luz da fé cresça sempre em nós até chegar aquele dia sem ocaso que é o próprio Cristo. Amém. Para refletir 1.Tenho consciência de que a fé é um dom de Deus que precisa, de nossa parte, de abertura e docilidade? 2.O que significa ter espírito de fé a exemplo de Maria? Para aprofundar a leitura LANFREY, A. A Circular sobre o espírito de fé. Instituto dos Irmãos Maristas. Cadernos Maristas, Roma, v. 16, p. 12-35. Disponível em: <http://www.champagnat.org/500.php?a=2a&id=3391&id_ principal=3308>. Acesso em: 26 set. 2015. 28 A mística da Comunhão “Um novo mandamento dou a vocês: amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros.” (João 13:34-35) Meditação Para nós, Maristas de Champagnat, cabe vivenciar o dom do amor que Marcelino nos deixou. Mais do que simplesmente habitar com os Irmãos, Marcelino quis viver sua vida ao lado deles, fazer uma experiência profunda de família. Esse espírito nos leva a sermos os primeiros a aceitar o convite do Papa Francisco: “Neste tempo em que as redes sociais e demais instrumentos da comunicação humana alcançaram progressos inauditos, sentimos o desafio de descobrir e transmitir a ‘mística’ de viver juntos, misturar-nos, encontrar-nos, dar o braço, apoiar-nos, participar nesta maré um pouco caótica que pode transformar-se numa verdadeira experiência de fraternidade, numa caravana solidária, numa peregrinação sagrada.” (FRANCISCO, Evangelii Gaudium, n. 87). 29 Reflexão A celebração do Ano La Valla nos conduz à mística da compaixão: “A fé cristã é uma fé que busca a justiça. Certamente por isso os cristãos também são místicos, mas não exclusivamente místicos no sentido de uma experiência espiritual pessoal, porém no sentido de uma experiência espiritual de solidariedade. Eles são, sobretudo, místicos de ‘olhos abertos’. Sua mística não é uma mística natural, sem face. Ela é muito mais uma mística que busca essa face, que leva esses místicos ao encontro do outro, sofredor, ao encontro dos infelizes e vítimas do mundo. […] Essa mística da compaixão não tem como objetivo exclusivo uma experiência sem olhos, direcionada ao interior, mas aquela experiência da ‘interrupção’, introduzida pela situação face a face com o outro.” (METZ, 2013, p. 21) O Instituto Marista constantemente nos convida a uma educação para a solidariedade. O último Capítulo Geral, ao nos pedir para olhar o mundo a partir dos olhos de uma criança pobre, sugeriu-nos mais do que uma mudança de paradigma; pediu-nos uma conversão do olhar. Neste sentido, descobrimos que o mesmo 30 Espírito que animou Marcelino a se lançar sem medo à missão pode nos animar, hoje, no fato que a nossa mística seja traduzida em solidariedade. Somente com estas relações poderemos ter a cura para os nossos relacionamentos. Oração Como Maristas de Champagnat: “afirmamos pertencer a uma família unida no amor de Cristo. Nosso espírito de família espelha-se no lar de Nazaré. É feito de amor e perdão, entre ajuda e apoio, esquecimento de si, de abertura aos outros e de alegria. Esse espírito haure força e fervor no amor do Senhor para com os Irmãos que ele mesmo nos dá. Impregna nossas atitudes e nosso proceder, de modo que o irradiamos onde quer que nos encontremos. Exprime-se e constrói-se de maneira especial pelo amor ao trabalho que sempre nos caracterizou. Amém.” (Constituições e estatutos, n. 6) Para refletir 1.Como viver a mística da comunhão com base no valor espírito de família? 31 2.A solidariedade não está na ordem do fazer, do fazer aos outros, do fazer a Deus; a solidariedade está na ordem do “ser”. Somente quando sou solidário é que se estabelece uma verdadeira mística entre mim e Deus. Como evitar os riscos de uma mística cega à realidade? Para aprofundar a leitura CONFERÊNCIA Geral do Episcopado Latino-Americano (CELAM). Documento de Aparecida: texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe. Brasília: Edições CNBB; São Paulo: Paulus/Paulinas, 2007. INSTITUTO dos Irmãos Maristas. Montagne, a dança da missão. Instituto dos Irmãos Maristas: Roma, 2015. Disponível em: <http:// www.champagnat.org/e_maristas/emili_turu/LeterEmili2015_pt.pdf>. Acesso em: 22 set. 2015. METZ, Johann Baptist. A mística de olhos abertos. Trad. Inês Antonia Lohbauer. São Paulo: Paulus, 2013. PAPA Francisco. Exortação apostólica Evangelii Gaudium. Paulinas: São Paulo, 2014. 32 Sobre a Oração “Ora, a vida eterna é esta: que eles conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que enviaste Jesus Cristo.” (João 17, 3) Meditação O “Novo Começo”, ao qual nos convida nosso Superior Geral, Ir. Emili Turú, pede o discernimento que a oração nos dá. Por isso, este último ano (Ano La Valla) em preparação ao Bicentenário Marista é marcado pela busca da dimensão mística de nossas vidas. O que é a oração? “Em sentido estrito, a oração é conversar com Deus, graças à fé, no amor e com amor. Aquele que fala com Deus fora do amor não reza. Não reza também aquele que não ama. Rezar é falar com Deus no universo da fé e pela força do amor… Eis o que é rezar…” (Ir. Basílio Rueda) 33 Reflexão Para rezar não são precisos gestos, nem gritos, nem silêncio, nem genuflexões. A nossa oração, ao mesmo tempo sábia e fervorosa, deve ser uma espera de Deus, até que Ele venha visitar a nossa alma por todas as suas vias de acesso, por todos os seus caminhos, por todos os seus sentidos. Demos tréguas aos nossos silêncios, aos nossos gemidos, aos nossos soluços: não procuremos na oração senão o abraço apertado de Deus. (São Macário) Oração Senhor, ensina-nos a te escutar. Acalma o nosso coração agitado. Mostra-nos o essencial. Dá-nos o discernimento para que saibamos te encontrar no cotidiano de nossas vidas, principalmente no amor às crianças e aos jovens que nos são confiados. Amém. Para refletir 1.Oração é mais uma questão de amor, de necessidade, que de obrigação. Sentimos palpitar em nosso peito essa necessidade? 34 Para aprofundar a leitura BIGOTTO, Giovanni Maria. Ir. Basílio Rueda Guzmán. Homem de Deus. vol. 1. Trad. Salvador Durante. Brasília: Umbrasil, 2013. INSTITUTO dos Irmãos Maristas. Basílio Rueda. Oração. Roma: Irmãos Maristas das Escolas, 1982. INSTITUTO dos Irmãos Maristas. Água da rocha. Espiritualidade Marista que brota da tradição de Marcelino Champagnat. Brasília: Umbrasil, 2008. MORAL BARRIO, Juan Jesús. Mística y profecía de los primeros Hermanos. Barcelona: Instituto dos Irmãos Maristas, 2015. Disponível em: <http://www.champagnat.org/e…/Primeros_ hermanos_misticos_profetas.pdf>. Acesso em: 22 set. 2015. 35 Maristas de champagnat chamados a construir o rosto mariano na Igreja “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim… Se, portanto, eu, o Mestre e Senhor, lavei-vos os pés, também deveis lavar-vos os pés uns dos outros.” (João 13, 1.14) Meditação João Paulo II, falando à família Marista sobre o papel de Maria, nos adverte: “Cabe-lhes hoje manifestar de maneira original e específica a presença de Maria na vida da Igreja e dos homens, desenvolvendo para isso uma atitude mariana, que se caracteriza por uma disponibilidade alegre às chamadas do Espírito Santo, por uma confiança inquebrantável na Palavra do Senhor, por um caminhar espiritual em relação aos diferentes mistérios da vida de Cristo, e por uma 36 atenção maternal às necessidades e aos sofrimentos dos homens, especialmente dos mais simples.” (Deu-nos o nome de Maria, p. 31) Atendendo ao pedido do Papa João Paulo II, o Instituto Marista assumiu perante a Igreja o desafio de tornar visível, primeiramente por sua própria constituição, e posteriormente, pela sua maneira de viver e atuar no mundo, aquilo que chamamos o rosto mariano da Igreja. Em que consiste este rosto mariano? Essencialmente em manifestar uma Igreja do amor, da misericórdia e da ternura, que tem no exemplo de Maria o modelo do discipulado e do serviço a Deus e a todas as pessoas. Reflexão A primeira verdade da Igreja é o amor de Cristo. A Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração pulsante do Evangelho, que por meio dela deve chegar ao coração e à mente de cada pessoa. É determinante para a Igreja e para a credibilidade do seu anúncio que viva e testemunhe, ela mesma, a misericórdia. (Misericordiae Vultus, n. 12) 37 Oração Senhor, com Maria, que parte depressa, sentimo-nos chamados a viver nossa vida como serviço e a levar Jesus aos demais. Nesse serviço, crianças e jovens mais vulneráveis têm nossa preferência. Com eles e por eles, juntamente com muitas outras pessoas de boa vontade, contribuímos para um mundo melhor, mais habitável e fraterno. Amém. (Deu-nos o Nome de Maria) Para refletir 1.Qual o maior desafio enquanto Maristas de Champagnat, em construir o rosto mariano da Igreja? 2.Como recuperar uma devoção à Virgem Maria que seja fonte inspiradora da nossa renovação e transformação? Para aprofundar a leitura INSTITUTO dos Irmãos Maristas. Emili Turú. Deu-nos o nome de Maria. Roma: Instituto dos Irmãos Maristas, 2012. ESTAÚN, Antônio. Em que consiste o “princípio mariano” da Igreja. Maria modelo de fé. Notícias Maristas. Ano III. n. 111. Roma: Instituto dos Irmãos Maristas, 2010. 38 A Revolução da ternura uma forma de ser e fazer Igreja “Senhor, pensa na ternura e na fidelidade que sempre demonstraste!” (Salmo 24, 6) Meditação O Evangelho convida-nos sempre a abraçar o risco do encontro com o rosto do outro, com sua presença física que interpela, com os seus sofrimentos e suas reivindicações, com a sua alegria contagiosa permanecendo lado a lado. A verdadeira fé no Filho de Deus feito carne é inseparável do dom de si mesmo, da pertença à comunidade, do serviço, da reconciliação com a carne dos outros. Na sua encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura. (PAPA FRANCISCO, 2013, n. 88) Esta revolução acontece como o fermento na massa, por meio da transformação do coração de cada homem e mulher. Na revolu- ção da ternura o enfoque não é no pecado, mas na bondade e 39 na misericórdia de Deus. Esse modelo de Igreja é comparado por Francisco como uma mãe de coração aberto, que tem no movimento de saída, no encontro das pessoas, uma das suas características mais fortes. Uma Igreja que se aproxima das periferias físicas e existenciais. Talvez seja esse o legado de Francisco: oferecer, como cura para a falta de engajamento dos nossos dias, uma fraternidade mística, que tem no horizonte da ternura não apenas uma postura, mas uma forma de ser e atuar no mundo. Reflexão Não conhecemos por completo o caminho que orientará nossos passos, mas nos alegramos por ele e seguimos animados pelo Espírito e pela promessa do Senhor, montando e desarmando nossa tenda sempre que necessário. Ao estilo de Maria, peregrina da fé, queremos nos instalar no provisório, no concreto, e ir avançando com os outros, discernindo os chamados do Espírito. (O futuro tem um coração de tenda, p. 4.) Oração Procuramos ver as pessoas que encontramos como reflexos de Deus. Desejamos ser a memória visível e permanente do amor e da 40 presença misericordiosa de Deus junto às pessoas: sinais vivos da ternura do Pai. Deus age misteriosamente em nós e por meio de nós. E, apesar das nossas limitações tão evidentes, a bondade torna-nos capazes de superá-las. Vivendo com Deus, aprendemos a ser como Ele: pastor, amigo, companheiro fiel. Amém. (Água da rocha, n. 137) Para refletir 1.O Papa Francisco, na Exortação apostólica Evangelii Gaudium, compara a Igreja a um “Hospital de Campanha” (hospital em área de guerra). Qual a relação com a imagem da tenda utilizada pelo Ir. Emili Turú? 2.Estamos dispostos a correr o risco de se misturar, de ir ao encontro das chagas existenciais daqueles a quem somos chamados a oferecer o rosto terno de Deus? Para aprofundar a leitura PAPA Francisco. Exortação apostólica Evangelii Gaudium. Paulinas: São Paulo, 2014. TURÚ, Emili. O futuro tem um coração de tenda. Carta do Superior Geral. Roma: Instituto dos Irmãos Maristas, Out. 2014. 41 Ver o mundo pelos olhos das crianças pobres “Não ardiam os nossos corações enquanto nos falava pelo caminho?” (Lc 24, 32) Meditação “Vamos depressa com Maria da Visitação e Marcelino Champagnat ao encontro do jovem Montagne. Levemos Jesus Cristo às crianças e aos jovens, especialmente às crianças mais pobres, ‘em todas as dioceses do mundo’. Em seus rostos descobrimos o rosto de Deus.” (XXI Capítulo Geral) A mística Marista deve nos levar ao encontro do rosto do outro, porque só assim poderemos contemplar o rosto de Deus. Tal iniciativa tem em Maria e em Marcelino uma forte correspondência com o projeto de reforma da Igreja posto em marcha no governo do Papa Francisco. 42 Reflexão Somos chamados a sermos uma presença fortemente significativa entre as crianças e os jovens pobres. Queremos ver o mundo pelos olhos das crianças e dos jovens pobres e assim mudar nossos corações e atitudes, como fez Maria. (XXI Capítulo Geral) Ver o mundo com os olhos de uma criança significa, entre outras coisas, abrir o nosso coração “àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática. Quantas situações de precariedade e sofrimento presentes no mundo atual! Quantas feridas gravadas na carne de muitos que já não têm voz, porque o seu grito foi esmorecendo e se apagou por causa da indiferença dos povos ricos.” (Misercordiae Vultus, n. 15) Oração Nosso sonho é que nós, Maristas de Champagnat, sejamos reconhecidos como MÍSTICOS porque nos constituímos como pessoas e comunidades orantes que crescem em humanidade e tornam transparente o rosto de Deus. Amém. 43 Para refletir 1.Qual é a minha experiência de aproximação à atitude e à vivência das crianças? 2.Quanto nos adiantamos às necessidades das crianças e dos jovens? 3.Geramos confiança e espaços de intimidade em temas delicados de crianças e jovens? Para aprofundar a leitura INSTITUTO dos Irmãos Maristas. XXI Capítulo Geral: Corações novos para um mundo novo. Roma: Instituto dos Irmãos Maristas, 2009. INSTITUTO dos Irmãos Maristas. Vozes do fogo. Mensagem da II Assembleia Internacional da Missão Marista. Nairobi: Instituto dos Irmãos Maristas, 2014. 44
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