- Grupo Marista

Transcrição

- Grupo Marista
Ano La Valla
Itinerário de celebração
Concepção e Coordenação Técnica
Seleção de Textos
GRUPO MARISTA: Assessoria de Comunicação
Institucional/GT Bicentenário Marista
Angelo Alberto Diniz Ricordi
Texto Introdutório: Gustavo Balbinot
Superior Provincial
Projeto Gráfico
Vice-Provincial
Diagramação
Presidência
Revisão
Irmão Joaquim Sperandio
Diretoria de Marketing e Comunicação (DMC)
Irmão Bene Oliveira
Capitular Design Editorial
Irmão Delcio Balestrin
Denilson Aparecido Rossi
João Fedel Gonçalves
Fabíola Roes
Juliana Maria Fontoura
Capitular Design Editorial
Produção: Assessoria de Comunicação
Institucional / GT Bicentenário Marista
Irmão Bene Oliveira
Irene Elias Simões
Diogo Luiz Santana Galline
João Luiz Fedel Gonçalves
Dyogenes Philippsen Araujo
Angelo Alberto Diniz Ricordi
Márcio Pelinski
Apoio Técnico
IMAGO Produções Educativas
Fotos
João Borges
Coordenação Editorial
Produção de vídeos:
Irene Elias Simões
Angelo Alberto Diniz Ricordi
João Fedel Gonçalves
IMAGO Produções Educativas
Grupo Marista:
Ano La Valla: itinerario de celebração / Grupo Marista. -
Curitiba : Editora Champagnat, 2016.
48 p. : il,; 18 cm.
ISBN 978-85-7292-384-2 – impresso | ISBN 978-85-7292-385-9 – digital
1. Espiritualidade. 2. Vida e práticas cristãs. 3. Bicentenário Marista.
I. Grupo Marista.
CDD: 284,4
Grupo Marista | GT Bicentenário Marista | Assessoria de Comunicação Institucional
Rua Imaculada Conceição, 1155, Bloco Administrativo, 8º andar | 9º andar
Prado Velho, Curitiba – PR | 41 3271 2332
Este livro, na totalidade ou em parte, não pode ser reproduzido por qualquer meio sem sua
autorização expressa por escrito.
2016
Sumário
Apresentação.............................................................. 5
La Valla:......................................................................... 9
Espiritualidades......................................................... 15
Ano La Valla:............................................................ 16
Oração: gratidão e fidelidade a Deus................ 19
Presença de Deus................................................. 23
O Espírito de Fé..................................................... 26
A mística da Comunhão...................................... 29
Sobre a Oração.......................................................33
Maristas de champagnat chamados a
construir o rosto mariano na Igreja..................36
A Revolução da ternura uma forma
de ser e fazer Igreja.............................................. 39
Ver o mundo pelos olhos das
crianças pobres..................................................... 42
2016|2017
La Valla
APRESENTAÇÃO
Estimados Maristas de Champagnat,
Chegamos à celebração da última etapa em preparação aos 200 anos de fundação do
Instituto Marista. Este ano é marcado pela atenção à dimensão mística de nossas vidas.
Penso que a oração é uma escolha daquilo que é essencial em nossas vidas. Gostaria
de compartilhar com vocês um relato já conhecido das páginas Maristas, mas nem
por isso isento de grande significação para nós hoje. Trata-se de um diálogo entre o
Pe. Champagnat e o Ir. Luís:
“Irmão Luís, você ama Jesus com todo o coração?… Você ama Jesus com seu espírito?…
Ama Jesus com todas as suas forças?… Se Jesus lhe perguntar como perguntou a São
Pedro: ‘Você me ama’?, o que é que você responderia? Você poderia dizer sinceramente:
‘Sim, Senhor, o Senhor sabe que o amo…’” O Irmão Luís comoveu-se e foi levado às
lágrimas por esta série de perguntas; o mesmo Padre Champagnat se inflamou. “Padre,
diante da última pergunta, não ouso assegurar a Cristo que o amo; mas parece-me que
desejo amá-lo de todo o meu coração e é ao senhor que eu me dirijo para aprender a
amá-lo sempre mais”.
Para Champagnat, assim como para Santa Teresinha do Menino Jesus, a oração é “coisa
do coração”. Só um coração apaixonado entende o outro. O documento Água da rocha,
ao falar da nossa espiritualidade, afirma que é uma história de paixão e misericórdia:
paixão por Deus e misericórdia pelas pessoas (Cf. Água da rocha, n.1). Essa definição está
na razão de ser do nosso Instituto. Somos apostólicos por natureza. Fomos gerados para
a missão. Para nós, Maristas, a realidade do mundo, com seus desafios, e a existência das
pessoas, com seus dramas e alegrias, são motivos para encontrarmos Deus.
Em nossa tradição Marista, a oração sempre foi uma realidade muito mais vivida do que
explicada. Temos em nossa história um respeitável número de pessoas que levaram a sério
a vida de oração e de apostolado em vista de sua santificação. Se pensarmos em nomes
como Ir. Luís, Ir. Doroteu, Ir. Francisco, Ir. Alfano, Ir. Basílio, Ir. Henri Verges e tantos outros…
que história bonita a nossa!
É para dar continuidade à escrita dessa história que somos convidados a fazer a experiência
de ser um contemplativo na ação. Para o contemplativo na ação, o mundo, com todas as
realidades criadas, não constitui um motivo de fuga, mas, antes, de plena transformação.
O contemplativo na ação é um místico de olhos abertos, pois sabe que seu amor por Jesus se
traduz em profecia e comunhão, comunhão da qual a mesa de La Valla é um símbolo.
Para melhor ajudá-lo nesta celebração, a equipe do GT Bicentenário Marista tem a satisfação
de entregar-lhe um material que foi preparado para ser utilizado nos momentos de formação,
reflexão e espiritualidade.
Este material é composto por:
êê Um roteiro temático: a reflexão é sempre aberta com um dos temas indicados,
segue com a reflexão proposta por um versículo bíblico, uma meditação, uma reflexão e, ao final, uma oração.
êê Vídeos: acompanha este material uma série de vídeos que podem ser utilizados com o livreto ou separadamente.
êê Recurso Power Point: para cada tema, foram preparadas apresentações que
podem ser acessadas pelo DVD que acompanha a publicação.
Se quisermos ser homens e mulheres de transformação da sociedade, em primeiro lugar
precisamos ser transfigurados por Deus. Em Nairóbi, na II Assembleia Internacional da Missão,
reafirmamos que crescemos em humanidade quando nos constituímos como homens e
comunidades orantes, tornando, dessa forma, transparente o rosto de Deus.
Que a nossa Boa Mãe e São Marcelino Champagnat nos acompanhem nessa transformação a
que somos chamados a realizar neste Ano La Valla.
Curitiba, 15 de agosto de 2016
Solenidade da Assunção de Nossa Senhora
Festa Patronal do Instituto Marista
La Valla:
Ícone da relação – Identidade Marista*
La Valla, o “vale”: nesse lugar sagrado de relação com Deus, com a
realidade e com os primeiros Irmãos, Marcelino Champagnat sonhou
o Instituto e sua missão. La Valla não é apenas um lugar geográfico,
é um locus theologicus que guarda um sentido que se expande
para além de si mesmo. Por isso torna-se ícone do “novo começo”.
Irmão Emili Turú, ao motivar os Irmãos para o Bicentenário do
Instituto Marista, durante a Conferência Geral de 2013, em Hermitage,
assim compreende o ícone do terceiro ano (2016-2017): “O ícone de La Valla nos está indicando uma pista vivida por Marcelino:
de Les Palais a La Valla, do sonho ao concreto. As ‘ondas’ do ícone
de La Valla 1, feitas pelo artista Ir. Matías Espinosa, expressam essa
* Texto de Gustavo Balbinot – Setor de Vida Consagrada e Laicato –
Rio Grande do Sul.
1 Pintura realizada em uma das paredes internas do edifício de L’Hermitage.
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visão global que já tinha Marcelino: ‘Todas as dioceses do mundo
entram em nossos planos’. La Valla foi um início, mas o que agora
nos toca é um ‘novo começo’” 2.
Na restauração da casa, os arquitetos foram capazes de perceber o profundo significado do espaço físico. “Se Hermitage fala de
Champagnat, La Valla sussurra”, expressou-se um deles. Trata-se de
ter um encontro com o passado (uma construção do século XIX), mas
que se projeta para o século XXI, assim como o Instituto.
Os três níveis da casa, sua composição arquitetônica, revelam sugestivamente a identidade carismática Marista: o porão, ou a cava,
representa a mística, a espiritualidade, a relação com Deus, o fundamento de tudo; o térreo, onde está a porta de entrada, simboliza
a comunidade, as relações fraternais, terrenais, encarnadas, com os
Irmãos e as Irmãs; e o piso superior, com suas janelas abertas para
o horizonte, para o futuro, é como a sala do Pentecostes, representa
a missão 3.
2 Conferência Geral do Instituto Marista, 16 de setembro de 2013:
<http://www.champagnat.org/400.php?a=6&n=2954>.
3Cf. Pronunciamento do Ir. Emili Turú: <http://pjmgrupomarista.org.br/videos/>.
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La Valla nos dá a chave para viver bem o terceiro ano de preparação
do Bicentenário. Tudo começa pelo fundamento, pela espiritualidade,
pela mística. É dessa profundidade que retiramos, como de um poço,
a energia que integra e que sustenta a vida fraterna e a missão.
Mística: relação com Deus
A expressão mística nasce do termo grego mustikós, que significa
mistério e que, por sua vez, deriva do verbo muw (mio): calar-se,
estar com a boca ou os olhos fechados. Os antigos cristãos empregavam a palavra contemplação para designar a experiência mística.
Para que se realize uma experiência mística é necessário que ocorra
transformação em nossa vida e, para isso, é preciso ter a atitude
de se calar, de tranquilizar nossas correrias, de seguir o tempo do
coração, o tempo de Deus e de contemplar e sentir sua presença.
Para o filósofo jesuíta Lima Vaz 4, o sentido original do termo se
refere a uma forma superior de experiência, de natureza religiosa.
A experiência mística acontece além da razão e mobiliza energias
4VAZ, Henrique C. de Lima. Experiência mística e filosofia na tradição
ocidental. São Paulo: Loyola, 2000. Citado em: <http://www.ihuonline.
unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=
5322&secao=435>.
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psíquicas do indivíduo, que o elevam às mais altas formas de conhecimento e de amor que são dadas alcançar na vida. Por meio dessa
vivência, é possível encontrar sentido em tudo e em todos, inclusive
nos sofrimentos e desertos da vida.
Ser místico, portanto, é ter um olhar transcendente sobre as realidades, um olhar sensível e de sentido em tudo o que se apresenta à
vida como experiência e que se transforma em experiência religiosa.
Há uma mística cristã própria, que é “a forma de nos relacionarmos
com Deus, a espiritualidade que nos move e anima a vida cristã” 5.
Essa mística nasce da experiência de Deus vivida por Jesus e comunicada a seus discípulos. Jesus várias vezes afirmou que a missão
não era dele, mas do Pai, e mostrava aos seus discípulos o quanto
o Pai estava presente em suas vidas e na missão de cada um deles.
Uma pessoa íntima de Deus é capaz de ter as mesmas atitudes de
Jesus em relação aos excluídos e, ainda, com um ótimo senso de
humor, fruto de uma espiritualidade de acolhida, do cotidiano, da valorização do outro, do sentir e contemplar a Deus presente em tudo.
5MAÇANEIRO, Marcial; Murad, Afonso. A espiritualidade como caminho e
mistério – os novos paradigmas. São Paulo: Loyola, 1999, p. 15.
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Os místicos estão no mundo de forma simples e profunda, e as
pessoas que têm o prazer de viver próximo a eles sentem que existe
algo muito especial, gratuito. Recordo-me de um fato que ocorreu
com Dom Celso de Queirós, secretário da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB). Um grupo de prostitutas o procurou para
lhe implorar que recomendasse aos padres não imporem barreiras
ao batismo dos filhos delas. Não queriam que estes fossem culpabilizados pela condição das mães. Depois da missa, Dom Celso as
convidou para tomarem café e então conversaram mais sobre o
assunto. Na despedida, o bispo lhes disse: “Jesus disse que vocês
nos precederão no Reino dos Céus. Quando eu estiver para entrar
no céu e se eu estiver lá na fila de traz, busquem uma forma para
me levar para dentro com vocês”.
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Espiritualidades
Ano La Valla:
Mãos de Deus: arquétipo da confiança e proteção
em Marcelino Champagnat
“A vida dos justos está nas mãos de Deus”. (Sabedoria 3,1)
Meditação
A espiritualidade cristã tem seu fundamento numa experiência
pessoal com Jesus. Desta afirmação nasce uma mística encarnada,
tão cara a Marcelino Champagnat e aos primeiros irmãos. A forma
como Marcelino se relacionava com Deus na pessoa de Jesus e a
devoção à Boa Mãe demonstram uma simplicidade que é fruto de
uma experiência daquele que, na tradição mais fiel dos pobres
de Javé, faz a experiência de um Deus abba, que evoca ternura,
carinho, proximidade e afeto. Marcelino experimentou e viveu uma
forte experiência de Deus, que se traduz numa linguagem clara,
simples, porém, profunda sobre esta relação. Tudo isso fica muito
claro naquilo que podemos chamar de mística das mãos de Deus:
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“Faz quinze anos que estou comprometido com a Sociedade de
Maria, cujo crescimento está nas mãos do Senhor. Em momento
algum duvidei de que Deus queria esta obra.” (Cartas, n. 11)
“Tudo está nas mãos de Deus!” (Cartas, n. 65)
“Não há dúvida de que temos de acreditar que estamos nas mãos de
Jesus e de Maria. Entreguemos em suas mãos o resultado de nosso
trabalho. Ele sabe melhor que nós do que estamos precisando.”
(Cartas, n. 195)
“Nunca desespere de sua salvação. Ela está em boas mãos: Maria!
Não é Maria seu refúgio, sua Boa Mãe?!” (Cartas, n. 249)
Reflexão
“Sabemos que o compromisso com o crescimento espiritual era
algo fundamental para o Pe. Champagnat: seu profundo espírito de
fé o fazia viver na presença de Deus com toda a naturalidade, seja
nos bosques de L’Hermitage ou nas ruidosas ruas de Paris. Viver
como ele implica cultivar o silêncio, dar tempo suficiente à oração
pessoal e comunitária, colocar-se na escuta da Palavra do Senhor,
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como Maria da Anunciação. Como ela, que guardava e meditava
todas as coisas em seu coração, dispomo-nos a ser contemplativos
na ação.” (Turú, 2014)
Oração
Senhor, celebrar o Bicentenário de fundação do Instituto Marista é
renovar a nossa confiança em Tuas mãos. Em Tuas mãos nos sentimos em paz e seguros. A partir de Tuas mãos renovamos a nossa
esperança na construção deste Novo Começo. Amém.
Para refletir
1.Qual o tempo que reservo, diariamente, para a oração?
2.Em meus projetos, ações e trabalhos, que espaço eu dou
para Deus agir?
3.Alimento uma esperança cristã no “Novo Começo”?
Para aprofundar a leitura
BIGOTTO, Giovanni Maria. Ir. Basílio Rueda Guzmán. Homem de
Deus. vol. 1. Trad. Salvador Durante. Brasília: Umbrasil, 2013.
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Oração: gratidão e
fidelidade a Deus
“Orai sem cessar.” (1Ts 5, 17)
Meditação
“Quem conheceu a fascinação do amor de Deus sabe que não se
pertence mais. A alma, com efeito, não pede, ela se doa, e desse dom
nasce a grande intuição: a vida só vale a pena ser vivida se a gente
ama incondicionalmente e se a gente está disposto a arriscar tudo
numa só carta. […] Quando o amor de Deus irrompe numa vida, ele
desencadeia um tipo de amor que faz esquecer a medida razoável.
O Tu de Deus e do próximo predomina em tudo. Morte prematura
é o destino de um amor que se condensa no tempo. O amor quer
doar-se, queimar sua vida.” (BASÍLIO apud BIGOTTO, 2013, p. 23)
Em 2016, celebramos o vigésimo ano da páscoa do Ir. Basílio Rueda,
considerado por muitos um “novo Champagnat”. Deletemos belíssimas páginas de alguém que, a exemplo de Marcelino, soube
ser moldado por Deus, sobretudo na vida de intimidade com Ele.
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Em tempos de mística, profecia e comunhão, a proximidade com
Basílio nos recorda mais do que um exemplo a ser seguido; trata-se
de alguém que não colocou barreiras para a ação de Deus em sua
vida. Viveu em Deus e para Deus. O símbolo de uma vida que se
queima demonstra a necessidade de corresponder a este amor.
Não podemos pensar em profecia e comunhão sem a vida de oração.
Reflexão
“A profecia tem sua origem em Deus como fonte e se transmite
ao homem quando este vive na sua intimidade. Essa relação se
cria, sobretudo, na oração que desperta no homem a paixão pelo
Reino. Na escuta atenta da palavra de Deus se trava um diálogo de
intimidade que faz surgir o desejo veemente de proclamar, pela
vida, que Deus é a plenitude do amor e que vale a pena perder tudo
para possuí-Lo. Do que precede nasce a exigência da procura apaixonada da vontade de Deus numa comunidade eclesial generosa e
indispensável. O amor da verdade e o discernimento dos sinais dos
tempos fazem descobrir caminhos novos de ação evangélica numa
lealdade sem fronteiras a respeito de Deus e do homem, arriscando
até a própria existência. O profeta sente queimar em seu coração a
paixão pela glória de Deus e, uma vez que ele acolheu sua palavra,
proclama-a por sua boca, por suas ações, por seu pensamento,
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por suas palavras, por seu contato com os outros, numa transparência que manifesta a autenticidade dos grandes ideais em favor
do Reino, num heroico engajamento com todos. Uma vez que se
engajou sua existência no terreno do amor, não há mais marcha à
ré. A vela está acesa nas duas pontas. O tempo depende da intensidade com que é vivido, mas quando o amor irrompe no coração
de uma vida, o tempo adquire a densidade eterna. O amor não nos
foi dado para preencher vazios do coração, mas para lançar os
homens a alturas inimagináveis de generosidade e doação de
si mesmos.” (BASÍLIO apud BIGOTTO, p. 25)
Oração
Como Maristas de Champagnat, queremos ser reconhecidos como
místicos, pois somos evangelizadores com espírito e fomos transfigurados por Deus. Constituímo-nos como pessoas e comunidades
orantes que crescemos em humanidade e tornamos transparente
o rosto de Deus. (Vozes do fogo)
Para refletir
1. Partilhe com os demais sua forma de falar com Deus.
2. Quais são os frutos reais da oração para o apostolado?
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Para aprofundar a leitura
BIGOTTO, Giovanni Maria. Ir. Basílio Rueda Guzmán. Homem de
Deus. vol. 1. Trad. Salvador Durante. Brasília: Umbrasil, 2013.
DELORME, Alain. Nossos primeiros Irmãos: companheiros maravilhosos de Marcelino. Trad. Claudio Girardi. Brasília: Umbrasil, 2010.
MORAL BARRIO, Juan Jesús. Mística y profecía de los primeros
Hermanos. Barcelona: Instituto dos Irmãos Maristas, 2015.
Disponível em: <http://www.champagnat.org/e…/Primeros_
hermanos_misticos_profetas.pdf>. Acesso em: 22 set. 2015.
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Presença de Deus
“Senhor, tu me sondas e conheces: conheces meu sentar e meu levantar,
de longe penetras o meu pensamento; examinas meu andar e meu
deitar, meus caminhos todos são familiares a ti […] Para onde ir, longe
do teu sopro? Para onde fugir, longe da tua presença? […] Se tomo as
asas da alvorada para habitar nos limites do mar, mesmo lá é tua mão
que me conduz, e tua direita me sustenta.” (Salmo 138)
Meditação
Um tema teológico da espiritualidade de Marcelino e, posteriormente, dos primeiros irmãos é a “presença de Deus”. A princípio pode ser
entendido como um exercício de piedade e ascetismo; contudo, em
Marcelino podemos dizer que se traduziu em uma confiança ilimitada na presença e no amor de Deus presentes em sua existência.
“Outro bom meio para adquirir as virtudes religiosas, como você
bem sabe, caro amigo, é a prática da santa presença de Deus, recomendada por todos os mestres da vida espiritual.” (Cartas n. 247)
“Ande todos os dias de sua vida na santa presença de Deus.” (Cartas
n. 244)
23
“O exercício de predileção do Pe. Champagnat era o da presença de
Deus… O modo como o Pe. Champagnat praticava o exercício da
presença de Deus consistia em crer, com fé viva e atual, na onipotência de Deus, plenificando o universo com sua infinitude…” (FURET,
1999, p. 297)
Reflexão
O tema da presença de Deus vai além de um exercício espiritual
de piedade, pressupõe uma compreensão aprofundada de temas
bíblicos, que indicam um mergulho em Deus, “pois nele vivemos, nos
movemos e existimos…” (At 17, 28). Trata-se da percepção de uma
presença, revelada e assimilada por uma consciência atenta a Deus.
Não se trata de algo exterior, alheio ao homem, mas de alguém que
lhe antecede no amor, razão da existência, sentido da vida e da
missão. No caminho ao Bicentenário Marista, também nós somos
chamados a realizar o aprofundamento deste exercício.
Oração
“Senhor, dia após dia, vamos aprofundando o exercício da vossa
presença amorosa em nós mesmos e nos outros. Sua presença
manifesta-se no sentimento profundo de sermos pessoalmente
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amados por vós e na convicção de que nos acompanhais bem de
perto na nossa experiência humana. Amém.” (Água da rocha, n.16)
Para refletir
1.Tenho consciência da presença amorosa de Deus em minha vida?
2.Pensando no valor presença, o que deixo de mim para o outro, e
o que levo do outro em mim?
Para aprofundar a leitura
BENTO XVI. Deus Caritas Est. Do Sumo Pontífice Bento XVI aos bispos, presbíteros e diáconos, às pessoas consagradas e a todos os
fiéis leigos: sobre o amor cristão. São Paulo: Paulinas, 2011.
INSTITUTO dos Irmãos Maristas. Água da rocha. Espiritualidade
Marista que brota da tradição de Marcelino Champagnat. Brasília:
Umbrasil, 2008.
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O Espírito de Fé
“Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem Dele se aproxima precisa
crer que Ele existe e que recompensa aqueles que o buscam.” (Hb 11, 6)
Meditação
Um tema muito importante no itinerário Marista é o espírito de fé.
Somente quando nos abrimos à grandeza de Deus, é que temos real
consciência das nossas limitações e, por conseguinte, podemos nos
entregar à misericórdia de Deus.
“A fé, a nos lembrar, como verdade primeira e fundamental, o ser
infinito de Deus e o nosso nada, levar-nos-á de modo eficaz à soberana majestade de Deus e ao culto de adoração, de amor e de
dependência que nós lhe devemos. Por um lado, com efeito, ela nos
mostrará Deus como o único necessário, soberano, independente,
imenso, imutável, de uma excelência e de uma imensa perfeição
absolutamente infinitas.” (Ir. Francisco)
Diante da grandeza de Deus, cabe a humildade do homem.
Todo bem que fazemos é graça de Deus; tudo é dom. O primado
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de Deus, diante da colaboração do homem, se traduz num abismo
insuperável por parte do homem, porém não da parte de Deus.
Deus, no seu amor e em sua misericórdia, lança-se diante do nosso
abismo para preenchê-lo com a sua santa presença. Dá-nos como
dom o espírito de fé, que por si só já é resposta de nossa parte,
diante de alguém que nos amou por primeiro.
Reflexão
“A fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas lâmpada
que guia os nossos passos na noite, e isto basta para o caminho.”
(Lumen Fidei n. 57)
Oração
Ajudai, ó Mãe, a nossa fé!
Abri o nosso ouvido à Palavra para reconhecermos a voz de Deus
e a seu chamado.
Despertai em nós o desejo de seguir os seus passos, saindo da
nossa terra e acolhendo a sua promessa. Ajudai-nos a deixar-nos
tocar pelo seu amor, para podermos tocá-Lo com a fé.
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Ajudai-nos a confiar-nos plenamente a Ele, a crer no seu amor, sobretudo nos momentos de tribulação e cruz, quando a nossa fé é
chamada a amadurecer.
Semeai, na nossa fé, a alegria do Ressuscitado. Recordai-nos que
quem crê nunca está sozinho. Ensinai-nos a ver com os olhos de
Jesus, para que Ele seja luz no nosso caminho. E que esta luz da fé
cresça sempre em nós até chegar aquele dia sem ocaso que é o
próprio Cristo. Amém.
Para refletir
1.Tenho consciência de que a fé é um dom de Deus que precisa,
de nossa parte, de abertura e docilidade?
2.O que significa ter espírito de fé a exemplo de Maria?
Para aprofundar a leitura
LANFREY, A. A Circular sobre o espírito de fé. Instituto dos Irmãos
Maristas. Cadernos Maristas, Roma, v. 16, p. 12-35. Disponível
em: <http://www.champagnat.org/500.php?a=2a&id=3391&id_
principal=3308>. Acesso em: 26 set. 2015.
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A mística da Comunhão
“Um novo mandamento dou a vocês: amem-se uns aos outros. Como eu os
amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês
são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros.” (João 13:34-35)
Meditação
Para nós, Maristas de Champagnat, cabe vivenciar o dom do amor
que Marcelino nos deixou. Mais do que simplesmente habitar com
os Irmãos, Marcelino quis viver sua vida ao lado deles, fazer uma
experiência profunda de família. Esse espírito nos leva a sermos os
primeiros a aceitar o convite do Papa Francisco:
“Neste tempo em que as redes sociais e demais instrumentos da
comunicação humana alcançaram progressos inauditos, sentimos
o desafio de descobrir e transmitir a ‘mística’ de viver juntos, misturar-nos, encontrar-nos, dar o braço, apoiar-nos, participar nesta
maré um pouco caótica que pode transformar-se numa verdadeira
experiência de fraternidade, numa caravana solidária, numa peregrinação sagrada.” (FRANCISCO, Evangelii Gaudium, n. 87).
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Reflexão
A celebração do Ano La Valla nos conduz à mística da compaixão:
“A fé cristã é uma fé que busca a justiça. Certamente por isso os
cristãos também são místicos, mas não exclusivamente místicos no
sentido de uma experiência espiritual pessoal, porém no sentido
de uma experiência espiritual de solidariedade. Eles são, sobretudo,
místicos de ‘olhos abertos’. Sua mística não é uma mística natural,
sem face. Ela é muito mais uma mística que busca essa face, que
leva esses místicos ao encontro do outro, sofredor, ao encontro dos
infelizes e vítimas do mundo. […] Essa mística da compaixão não tem
como objetivo exclusivo uma experiência sem olhos, direcionada ao
interior, mas aquela experiência da ‘interrupção’, introduzida pela
situação face a face com o outro.” (METZ, 2013, p. 21)
O Instituto Marista constantemente nos convida a uma educação
para a solidariedade. O último Capítulo Geral, ao nos pedir para
olhar o mundo a partir dos olhos de uma criança pobre, sugeriu-nos mais do que uma mudança de paradigma; pediu-nos uma
conversão do olhar. Neste sentido, descobrimos que o mesmo
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Espírito que animou Marcelino a se lançar sem medo à missão
pode nos animar, hoje, no fato que a nossa mística seja traduzida
em solidariedade. Somente com estas relações poderemos ter a
cura para os nossos relacionamentos.
Oração
Como Maristas de Champagnat: “afirmamos pertencer a uma família
unida no amor de Cristo. Nosso espírito de família espelha-se no lar
de Nazaré. É feito de amor e perdão, entre ajuda e apoio, esquecimento de si, de abertura aos outros e de alegria. Esse espírito haure
força e fervor no amor do Senhor para com os Irmãos que ele mesmo nos dá. Impregna nossas atitudes e nosso proceder, de modo
que o irradiamos onde quer que nos encontremos. Exprime-se e
constrói-se de maneira especial pelo amor ao trabalho que sempre
nos caracterizou. Amém.” (Constituições e estatutos, n. 6)
Para refletir
1.Como viver a mística da comunhão com base no valor
espírito de família?
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2.A solidariedade não está na ordem do fazer, do fazer aos outros,
do fazer a Deus; a solidariedade está na ordem do “ser”. Somente quando sou solidário é que se estabelece uma verdadeira mística entre mim e Deus. Como evitar os riscos de uma mística cega
à realidade?
Para aprofundar a leitura
CONFERÊNCIA Geral do Episcopado Latino-Americano (CELAM).
Documento de Aparecida: texto conclusivo da V Conferência Geral
do Episcopado Latino-Americano e do Caribe. Brasília: Edições CNBB;
São Paulo: Paulus/Paulinas, 2007.
INSTITUTO dos Irmãos Maristas. Montagne, a dança da missão.
Instituto dos Irmãos Maristas: Roma, 2015. Disponível em: <http://
www.champagnat.org/e_maristas/emili_turu/LeterEmili2015_pt.pdf>.
Acesso em: 22 set. 2015.
METZ, Johann Baptist. A mística de olhos abertos. Trad. Inês Antonia
Lohbauer. São Paulo: Paulus, 2013.
PAPA Francisco. Exortação apostólica Evangelii Gaudium. Paulinas:
São Paulo, 2014.
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Sobre a Oração
“Ora, a vida eterna é esta: que eles conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e aquele que enviaste Jesus Cristo.” (João 17, 3)
Meditação
O “Novo Começo”, ao qual nos convida nosso Superior Geral,
Ir. Emili Turú, pede o discernimento que a oração nos dá. Por isso,
este último ano (Ano La Valla) em preparação ao Bicentenário
Marista é marcado pela busca da dimensão mística de nossas vidas.
O que é a oração?
“Em sentido estrito, a oração é conversar com Deus, graças à fé, no
amor e com amor. Aquele que fala com Deus fora do amor não
reza. Não reza também aquele que não ama. Rezar é falar com
Deus no universo da fé e pela força do amor… Eis o que é rezar…”
(Ir. Basílio Rueda)
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Reflexão
Para rezar não são precisos gestos, nem gritos, nem silêncio, nem
genuflexões. A nossa oração, ao mesmo tempo sábia e fervorosa,
deve ser uma espera de Deus, até que Ele venha visitar a nossa
alma por todas as suas vias de acesso, por todos os seus caminhos,
por todos os seus sentidos. Demos tréguas aos nossos silêncios, aos
nossos gemidos, aos nossos soluços: não procuremos na oração
senão o abraço apertado de Deus. (São Macário)
Oração
Senhor, ensina-nos a te escutar. Acalma o nosso coração agitado.
Mostra-nos o essencial. Dá-nos o discernimento para que saibamos
te encontrar no cotidiano de nossas vidas, principalmente no amor
às crianças e aos jovens que nos são confiados. Amém.
Para refletir
1.Oração é mais uma questão de amor, de necessidade, que de
obrigação. Sentimos palpitar em nosso peito essa necessidade?
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Para aprofundar a leitura
BIGOTTO, Giovanni Maria. Ir. Basílio Rueda Guzmán. Homem de
Deus. vol. 1. Trad. Salvador Durante. Brasília: Umbrasil, 2013.
INSTITUTO dos Irmãos Maristas. Basílio Rueda. Oração. Roma:
Irmãos Maristas das Escolas, 1982.
INSTITUTO dos Irmãos Maristas. Água da rocha. Espiritualidade
Marista que brota da tradição de Marcelino Champagnat. Brasília:
Umbrasil, 2008.
MORAL BARRIO, Juan Jesús. Mística y profecía de los primeros
Hermanos. Barcelona: Instituto dos Irmãos Maristas, 2015.
Disponível em: <http://www.champagnat.org/e…/Primeros_
hermanos_misticos_profetas.pdf>. Acesso em: 22 set. 2015.
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Maristas de champagnat
chamados a construir o
rosto mariano na Igreja
“Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o
fim… Se, portanto, eu, o Mestre e Senhor, lavei-vos os pés, também
deveis lavar-vos os pés uns dos outros.” (João 13, 1.14)
Meditação
João Paulo II, falando à família Marista sobre o papel de Maria,
nos adverte:
“Cabe-lhes hoje manifestar de maneira original e específica a presença de Maria na vida da Igreja e dos homens, desenvolvendo
para isso uma atitude mariana, que se caracteriza por uma disponibilidade alegre às chamadas do Espírito Santo, por uma confiança
inquebrantável na Palavra do Senhor, por um caminhar espiritual
em relação aos diferentes mistérios da vida de Cristo, e por uma
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atenção maternal às necessidades e aos sofrimentos dos homens,
especialmente dos mais simples.” (Deu-nos o nome de Maria, p. 31)
Atendendo ao pedido do Papa João Paulo II, o Instituto Marista assumiu perante a Igreja o desafio de tornar visível, primeiramente
por sua própria constituição, e posteriormente, pela sua maneira
de viver e atuar no mundo, aquilo que chamamos o rosto mariano
da Igreja. Em que consiste este rosto mariano? Essencialmente em
manifestar uma Igreja do amor, da misericórdia e da ternura, que
tem no exemplo de Maria o modelo do discipulado e do serviço a
Deus e a todas as pessoas.
Reflexão
A primeira verdade da Igreja é o amor de Cristo. A Igreja tem a
missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração pulsante do
Evangelho, que por meio dela deve chegar ao coração e à mente
de cada pessoa. É determinante para a Igreja e para a credibilidade
do seu anúncio que viva e testemunhe, ela mesma, a misericórdia.
(Misericordiae Vultus, n. 12)
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Oração
Senhor, com Maria, que parte depressa, sentimo-nos chamados a
viver nossa vida como serviço e a levar Jesus aos demais. Nesse serviço, crianças e jovens mais vulneráveis têm nossa preferência.
Com eles e por eles, juntamente com muitas outras pessoas de
boa vontade, contribuímos para um mundo melhor, mais habitável
e fraterno. Amém. (Deu-nos o Nome de Maria)
Para refletir
1.Qual o maior desafio enquanto Maristas de Champagnat,
em construir o rosto mariano da Igreja?
2.Como recuperar uma devoção à Virgem Maria que seja fonte inspiradora da nossa renovação e transformação?
Para aprofundar a leitura
INSTITUTO dos Irmãos Maristas. Emili Turú. Deu-nos o nome de
Maria. Roma: Instituto dos Irmãos Maristas, 2012.
ESTAÚN, Antônio. Em que consiste o “princípio mariano” da Igreja.
Maria modelo de fé. Notícias Maristas. Ano III. n. 111. Roma: Instituto
dos Irmãos Maristas, 2010.
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A Revolução da ternura
uma forma de ser
e fazer Igreja
“Senhor, pensa na ternura e na fidelidade que
sempre demonstraste!” (Salmo 24, 6)
Meditação
O Evangelho convida-nos sempre a abraçar o risco do encontro
com o rosto do outro, com sua presença física que interpela, com os
seus sofrimentos e suas reivindicações, com a sua alegria contagiosa
permanecendo lado a lado. A verdadeira fé no Filho de Deus feito
carne é inseparável do dom de si mesmo, da pertença à comunidade, do serviço, da reconciliação com a carne dos outros. Na sua
encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura.
(PAPA FRANCISCO, 2013, n. 88)
Esta revolução acontece como o fermento na massa, por meio da
transformação do coração de cada homem e mulher. Na revolu-
ção da ternura o enfoque não é no pecado, mas na bondade e
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na misericórdia de Deus. Esse modelo de Igreja é comparado por
Francisco como uma mãe de coração aberto, que tem no movimento
de saída, no encontro das pessoas, uma das suas características
mais fortes. Uma Igreja que se aproxima das periferias físicas e
existenciais. Talvez seja esse o legado de Francisco: oferecer, como
cura para a falta de engajamento dos nossos dias, uma fraternidade
mística, que tem no horizonte da ternura não apenas uma postura,
mas uma forma de ser e atuar no mundo.
Reflexão
Não conhecemos por completo o caminho que orientará nossos
passos, mas nos alegramos por ele e seguimos animados pelo
Espírito e pela promessa do Senhor, montando e desarmando nossa tenda sempre que necessário. Ao estilo de Maria, peregrina da
fé, queremos nos instalar no provisório, no concreto, e ir avançando
com os outros, discernindo os chamados do Espírito. (O futuro tem
um coração de tenda, p. 4.)
Oração
Procuramos ver as pessoas que encontramos como reflexos de
Deus. Desejamos ser a memória visível e permanente do amor e da
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presença misericordiosa de Deus junto às pessoas: sinais vivos da
ternura do Pai. Deus age misteriosamente em nós e por meio de nós.
E, apesar das nossas limitações tão evidentes, a bondade torna-nos
capazes de superá-las. Vivendo com Deus, aprendemos a ser como
Ele: pastor, amigo, companheiro fiel. Amém. (Água da rocha, n. 137)
Para refletir
1.O Papa Francisco, na Exortação apostólica Evangelii Gaudium,
compara a Igreja a um “Hospital de Campanha” (hospital em área
de guerra). Qual a relação com a imagem da tenda utilizada pelo
Ir. Emili Turú?
2.Estamos dispostos a correr o risco de se misturar, de ir ao encontro das chagas existenciais daqueles a quem somos chamados a oferecer o rosto terno de Deus?
Para aprofundar a leitura
PAPA Francisco. Exortação apostólica Evangelii Gaudium. Paulinas:
São Paulo, 2014.
TURÚ, Emili. O futuro tem um coração de tenda. Carta do Superior
Geral. Roma: Instituto dos Irmãos Maristas, Out. 2014.
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Ver o mundo pelos olhos
das crianças pobres
“Não ardiam os nossos corações enquanto nos falava pelo caminho?” (Lc 24, 32)
Meditação
“Vamos depressa com Maria da Visitação e Marcelino Champagnat
ao encontro do jovem Montagne. Levemos Jesus Cristo às crianças
e aos jovens, especialmente às crianças mais pobres, ‘em todas as
dioceses do mundo’. Em seus rostos descobrimos o rosto de Deus.”
(XXI Capítulo Geral)
A mística Marista deve nos levar ao encontro do rosto do outro,
porque só assim poderemos contemplar o rosto de Deus. Tal iniciativa tem em Maria e em Marcelino uma forte correspondência
com o projeto de reforma da Igreja posto em marcha no governo
do Papa Francisco.
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Reflexão
Somos chamados a sermos uma presença fortemente significativa
entre as crianças e os jovens pobres. Queremos ver o mundo pelos
olhos das crianças e dos jovens pobres e assim mudar nossos corações e atitudes, como fez Maria. (XXI Capítulo Geral)
Ver o mundo com os olhos de uma criança significa, entre outras
coisas, abrir o nosso coração “àqueles que vivem nas mais variadas
periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo
cria de forma dramática. Quantas situações de precariedade e sofrimento presentes no mundo atual! Quantas feridas gravadas na
carne de muitos que já não têm voz, porque o seu grito foi esmorecendo e se apagou por causa da indiferença dos povos ricos.”
(Misercordiae Vultus, n. 15)
Oração
Nosso sonho é que nós, Maristas de Champagnat, sejamos reconhecidos como MÍSTICOS porque nos constituímos como pessoas
e comunidades orantes que crescem em humanidade e tornam
transparente o rosto de Deus. Amém.
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Para refletir
1.Qual é a minha experiência de aproximação à atitude e à vivência das crianças?
2.Quanto nos adiantamos às necessidades das crianças e dos jovens?
3.Geramos confiança e espaços de intimidade em temas delicados
de crianças e jovens?
Para aprofundar a leitura
INSTITUTO dos Irmãos Maristas. XXI Capítulo Geral: Corações novos
para um mundo novo. Roma: Instituto dos Irmãos Maristas, 2009.
INSTITUTO dos Irmãos Maristas. Vozes do fogo. Mensagem da II
Assembleia Internacional da Missão Marista. Nairobi: Instituto dos
Irmãos Maristas, 2014.
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