Workshop_Ponte_da_Barca

Transcrição

Workshop_Ponte_da_Barca
Tecnologias de Produção
de Amora e Framboesa
Daniel Gonçalves
Ponte da Barca,
11 de Fevereiro, 2013
Botânica
Família
Rosáceas
Género
Rubus
Propostas de divisão do Género Rubus:
• Base dados da Germoplasm Resources Information Network
Allegheniensis
Arguti
Rubus
12 secções
13
subgéneros
Rubus
Ursini
Idaeobatus
Rubus idaeus L.
Biologia da planta
O sistema radicular
Figura 1 – Distribuição típica no solo do sistema radicular da
framboesa.
Fonte: Bushway et al., 2008.
O caule
Figura 2 – Planta de amora aculeada podada em repouso vegetativo.
a) toiça; b) lançamento atempado; c) lançamento secundário.
Fonte: Moore e Skirvin, 1990.
O caule
Figura 3 – Planta de framboesa no início do verão com
lançamentos do ano e de segundo ano.
Fonte: Barney et al., 2007.
Os ramos de fruto
Figura 4 – Inflorescência de um ramo de fruto de amora.
Autor : Pedro B. Oliveira
As flores e os frutos
Figura 5 – Pormenor de um fruto de amora.
a) pedúnculo; b) cálice; c) receptáculo; d)
drupéola; e) semente.
Fonte: Moore e Skirvin, 1990.
Figura 6 – Pormenor de um fruto de
framboesa. a) pedúnculo; b) cálice; c)
anteras secas; d) receptáculo; e) drupéola.
Fonte: Moore e Skirvin, 1990.
Práticas culturais
Exigências edafo-climáticas
Clima ótimo – temperado marítimo, de invernos
amenos e verões longos e suaves;
Sensibilidade (principalmente as framboesas) às altas temperaturas.
O Inverno deve assegurar as necessidades de frio
das plantas;
Lançamentos são sensíveis aos ventos fortes;
Exigências edafo-climáticas
Solos
ideais
–
franco-arenosos
profundos,
medianamente férteis, com teores elevados de matéria
orgânica (2 a 4%);
Amoras mais resistentes a vários tipos de solo.
pH ideal entre 6,0 a 6,5
Preparação do terreno, plantação e estabelecimento
Figura 7 – Tipos de transplantes de Rubus. A – raiz nua; B –
mergulhia de ponta; C – cultura de tecidos.
Fonte: Bushway et al., 2008.
Raízes
Preparação do terreno, plantação e estabelecimento
Durante o primeiro ano de plantação, os dois aspetos
culturais mais importantes a ter em conta são a rega e o
controlo das infestantes.
Compasso de plantação
O compasso de plantação ideal varia consoante a cultivar, o
sistema de suporte e o tamanho das alfaias agrícolas existentes na
exploração.
Espaçamento da entrelinha: entre os 2,7 e os 3 m de largura;
Distância entre plantas:
Framboesas: 0,3 m;
Amoras do tipo ereto: 0,6 a 1,2 m;
Amoras do tipo prostrado e semi-ereto: 0,9 a 1,5 m.
Framboesa
Existem 2 tipos de framboesas:
Não remontantes (produção primaveril);
Remontantes (produção no final do verão/início do outono);
Características das framboesas não remontantes:
Lançamentos de primeiro ano vegetativos;
Frutificação nos lançamentos de segundo ano;
Indução floral dos gomos axilares controlada pelo
comprimento do dia, baixas temperaturas e cessação do
crescimento;
Atempamento e dormência;
Necessidades em horas de frio (800 a 1800 horas).
Tip-primocanes.
Características das framboesas remontantes:
Lançamentos mais curtos do que as não remontantes;
Indução floral dos gomos axilares independente do
comprimento do dia e das baixas temperaturas;
Frutificação nos lançamentos do ano.
Possibilidades de condução das framboesas remontantes:
Dupla produção;
Cultura anual.
Cultivares
Não
remontantes
Processamento
Não
remontantes
Fresco
• ‘Meeker’
• ‘Willamette’
•
•
•
•
‘Tulameen’
‘Glen Ample’
‘Glen Lyon’
‘Glen Moy’
Remontantes
Precoces
•
•
•
•
•
‘Autumn Bliss’
‘Joan Squire’
‘Polka’
‘Erika’
‘Amira’
Remontantes
Tardias
•
•
•
•
‘Joan Irene’
‘Galante’
‘Heritage’
‘Kweli’
As Tecnologias de Produção
Produção ao ar livre;
Produção em túnel;
Produção precoce;
Produção tardia.
Produção ao Ar livre
Período de produção entre Maio e as primeiras chuvas
outonais;
Mais adaptada à Região do Entre Douro e Minho;
Pontos críticos:
Número de horas de frio requeridas pelas cultivares para
quebra da endodormência;
Instalação de redes de sombra ao vingamento dos frutos até
ao final da colheita.
Produção em Túnel
Antecipação da entrada em produção;
Cobertura da plantação depois de satisfeitas as necessidades
em frio das plantas;
Pontos críticos:
Data de cobertura da plantação.
Produção em Túnel
Prolongamento da produção ao longo do Outono;
Proteção contra as chuvas de outono e possibilidade de
conclusão do ciclo produtivo das cultivares mais tardias.
Produção Precoce
Produção precoce na Primavera (Março a Junho);
“Long-canes” de cultivares não remontantes plantadas no início do
Inverno em túnel.
Possibilidade de aquisição das “long-canes”:
• a países com invernos frios;
• produção das próprias plantas.
Pontos críticos:
Utilização de cultivares precoces e muito produtivas.
Produção Tardia
Produção tardia no Outono (Outubro a Dezembro);
Baseia-se no corte dos lançamentos do ano de cultivares
remontantes durante o verão;
Pontos críticos:
Precocidade das cultivares;
Data de realização dos cortes;
Intensidade de corte dos lançamentos;
Densidade de lançamentos;
Produção Tardia
Data de realização dos cortes.
Figura 8 – Efeito da data de corte a diferentes intensidades em framboesa
remontante.
Fonte: Oliveira e Lopes-da-Fonseca, 2007.
Colheita
No pico da colheita:
• Fresco todos os dias;
• Congelamento 2 em 2 dias.
Estado ótimo de colheita do fruto dá-se quando este atinge a cor
vermelha em todo o fruto, antes do desenvolvimento de partes
escuras;
Frutos sobre maduros ou danificados também devem ser colhidos
de modo a evitar a proliferação de doenças;
Durante a manhã assim que não haja orvalho sobre os frutos;
Colheita realizada diretamente para os recipientes finais.
Pós-colheita
Os objetivos dos cuidados pós-colheita são os de reduzir as taxas
de respiração e transpiração dos frutos;
Temperatura 1º a 2ºC.
Humidade relativa 85-95 %.
Por cada hora de atraso na refrigeração dos frutos, perde-se um
dia de vida de prateleira.
Amoras
Ciclo biológico
Novos lançamentos da raiz e da toiça, dependendo do tipo de
amora;
Indução e diferenciação floral:
• Dias curtos e baixas temperaturas (< 5º C);
• Condições ambientais e fatores internos.
Tipos cultivados
Figura 9 – Três tipos principais de amoras: eretas, semi-eretas e prostradas.
Fonte: Fernandez e Ballington, 1999.
Híbridos;
Remontantes.
Cultivares
Processamento
Fresco
Eretas
Fresco
Semi-eretas
• ‘Marion’
• ‘Olallie’
• ‘Black Diamond’
• ‘Navaho’
• ‘Ouachita’
• ‘Tupi’
• ‘Chester Thornless’
• ‘Triple Crown’
• ‘Loch Ness’
Fresco
Prostradas
• ‘Siskiyou’
• ‘Obsidian’
• ‘Metolius’
Fresco
Remontantes
• Prim-Jim®
• Prim-Jan®
• Prim-Ark®
Figura 10 – Cultivares de amora eretas inermes.
Fonte: http://ncsu.edu/enterprises/blackberriesraspberries/files/2012/05/Von-blackberry-poster.pdf
Eretas
Inermes
Arapaho
(Arcansas,
1993)
Início
época
colheita
4 a 20
Junho
Sólidos
Solúveis
10%
Peso
frutos
(g)
20 Junho
11%
12 Junho
10%
QPC
400 a 500
Bom
potencial,
menor do que
a cultivar
Navaho
Amadurece antes
da Navaho e
Apache. Fruto de
boa qualidade,
pequeno, cónico e
firme.
Sabor entre a
Arapaho e a
Navaho. Suscetível
à reversão da cor.
Sabor muito bom,
próximo da
Navaho.
4500 a 6700
Kg/ha
(Arcansas)
7 a 10
7800 a 11200
Kg/ha
(Arcansas)
500 a 800
Semelhante
Arapaho
6a7
Entre as mais
produtivas das
amoras
inermes do
Arcansas
Semelhante
Arapaho
Muito bom.
Semelhante
Navaho
Ouachita
(Arcansas,
2005)
Necessidade
horas de frio
5a7
Apache
(Arcansas,
1999)
Produtividade
Observações
Semi-eretas
inermes
Loch
Ness
(Escócia,
1989)
Loch Tay
(Escócia,
2003)
Chester
Thornless
(Ilinois,
1985)
Início
época
colheita
Sólidos
Solúveis
Fim de
Junho,
Sudoeste
Alentejano
6 a 10
25 de
Julho
(Escócia),
cerca de
21 dias
antes da
Loch Ness
Início de
Julho,
Sudoeste
Alentejano
Peso
frutos
(g)
5
8%
5a7
Produtividade
Necessidade
horas de frio
4,5 Kg/pl
Climas
temperados a
quentes
Superior à
Loch Ness
Climas
temperados a
quentes
28000 Kg/ha
900
QPC
Observações
Excelente
Frutos firmes, com
um sabor
acentuado,
ligeiramente
brilhantes.
Propensa ao
escaldão.
Comparável
Loch Ness
Vigor médio. Frutos
firmes, ligeiramente
cónicos, brilhantes,
mais doces do que
os da Loch Ness.
Excelente
Sabor razoável,
entre as melhores
das inermes da
USDA. A mais
importante
comercialmente.
Prostradas
aculeadas
Siskiyou
(Oregon,
1999)
Início
época
colheita
Sólidos
Solúveis
1 Julho
(Oregon)
Peso
frutos
(g)
8
Produtivida
de
11700 Kg/ha
Necessida
de horas
de frio
Baixas
QPC
Frutos
firmes
Vigorosa. Número elevado
de drupéolas por fruto. Cor
púrpura escura, excelente
sabor semelhante à
Marion.
Frutos
firmes
Vigor médio. Os seus
frutos são brilhantes e de
bom sabor, de forma
cónico-cilindrica alongada,
com um grande número de
drupéolas. Possui um
período de colheita longo.
Excelente
firmeza,
similar à
Siskiyou e
superior à
Obsidian.
Vigorosa. Conjuntamente
com a cultivar Obsidian é
mais precoce da Costa do
Pacifico dos EUA. Frutos
cónicos, muito brilhantes e
pretos, de forma mais
uniforme que os da
Obsidian.
Karaka
black
(Nova
Zelândia,
2003)
Metolius
(Oregon,
2005)
Onyx
(Oregon,
2011)
Como a
Silvan
10
Fim de
Junho
(Oregon)
9 Julho
(Oregon)
5,6
13,7%
6
15000 Kg/ha
18800 Kg/ha
14300 Kg/ha
(Oregon)
Baixas
Baixas
Baixas
Observações
Frutos de forma cónica
alongada e cor preta
brilhante.
Remontantes
Início época
colheita
Sólid
os
Solúv
eis
Peso
frutos
(g)
6,5
a
10%
5 a 6,
mas
pode
chegar
aos
11/12
6a9
Produtividade
QPC
Observações
3,1 a 3,5
Kg/metro linear
Não adaptadas
para o mercado
do retalho.
Sabor semelhante ao de
outras cultivares aculeadas.
Cultivares apenas
recomendadas para
produção doméstica. Sabor
muito ácido.
13000 Kg/ha
para a
produção
segundo ano.
5000 Kg/ha
para a
produção
remontante
Semelhante à
apresentada
pelas cultivares
inermes da
Universidade do
Arcansas.
Temperaturas estivais
acima de 30º C podem
reduzir o vingamento e a
qualidade da produção
remontante.
Prim-Jim®
(Arcansas,
2004)
Prim-Jan®
(Arcansas,
2004)
Prim-Ark
45®
(Arcansas,
2009)
Produção de
2º ano – 5 a
10 Junho.
Produção
remontante a
partir de fins
de Julho.
9 Junho
produção de
2º ano
(Arcansas).
8 Agosto
produção
remontante
(Arcansas).
10
a
11%
As Tecnologias de Produção
Produção ao ar livre;
Produção em túnel;
Produção precoce;
Produção tardia.
Produção ao Ar livre
Figura 11 – Plantação de amoras da cultivar Arapaho ao ar livre, na
Herdade Experimental da Fataca (INIAV).
Autor: Pedro B. Oliveira.
Produção ao Ar livre
Pode ser realizada em quase todas as regiões de Portugal;
(Regiões do Norte vocação natural)
Escolher as cultivares mais adaptadas às condições climáticas de
cada região;
Redes de sombra ao vingamento dos frutos até ao final da
colheita.
Produção em Túnel
Os túneis permitem atrasar ou adiantar a época de produção em
algumas semanas;
Frequentemente a produção em túneis é maior do que a registada
ao ar livre;
Produção Precoce
A antecipação da entrada em produção da amora pode ser
conseguida através da cobertura da plantação com polietileno
térmico depois de satisfeitas as necessidades em frio das plantas.
Figura 12 – Plantação de amoras sob túnel, na Herdade Experimental
da Fataca (INIAV).
Autor: Daniel Gonçalves.
Produção Precoce
Datas de inicio da colheita
Cultivar
Túnel
Ar livre
Silvan
11 Maio
20 Maio
Olallie
11 Maio
4 Junho
20 Junho
16 Julho
Chester Thornless
Adaptado de Mestre et al. (2000) e Gonçalves (2011).
Produção precoce pelo sistema de “long-cane”
Produção precoce de amora em vasos com quebra forçada da
dormência dos gomos;
Num ensaio com as cultivares Arapanho, Loch Ness, Apache e
Jumbo, colocadas em túnel no final do mês de Dezembro após
passagem pela câmara frigorífica, a produção teve início a 10 de
Maio de 2006 e prolongou-se até ao início do mês de Julho.
A antecipação da produção conseguida com esta técnica é pouco
significativa.
Produção tardia pelo sistema de “long-cane”
Plantas tratadas pelo frio podem ser compradas externamente ou
ser arrancados lançamentos do ano após a sua diferenciação floral;
Após 6 meses em câmara de frio são plantados em túnel em
datas diferentes (Junho/Julho), de modo a obter-se uma produção
tardia de amoras.
Produção tardia através da poda dos ramos de fruto
Esta técnica vinha sendo aplicada por produtores da região sul da
Grã-Bretanha, no fim de Maio início de Junho, de forma a atrasar a
entrada em produção;
Num ensaio realizado na cultivar semi-ereta ‘Triple Crown’ através
da realização de uma poda dos seus ramos de fruto a 2 nós em
diferentes datas (18 abril, 2 e 16 Maio) conseguiu-se um atraso da
entrada em produção de mais de dois meses;
Técnica muito exigente em mão-de-obra
Produção tardia com cultivares de amora remontante
Permite estender o período produtivo para os meses de
Outono/Inverno.
Cultivares remontantes podem permitir a colheita de 2 produções;
Necessidade de recorrer às práticas de cultura protegida;
Desponta dos lançamentos do ano aumenta a sua produção em
relação aos lançamentos não despontados.
O desenvolvimento de novas tecnologias para produção
fora de época
Novo método para a produção de “long-canes” de amora
Figura 13 – Enraizamento e destaque das plantas mãe e crescimento
de novos lançamentos.
Figura 14 – Dupla produção de fruta na Primavera e no Outono.
O melhoramento
A resistência ao frio e a redução das suas necessidades;
O desenvolvimento de amoras remontantes;
Cultivares inermes;
O melhoramento da qualidade dos frutos, particularmente no que
à doçura diz respeito, juntamente com o equilíbrio da acidez e
redução da adstringência, constituem os fatores de maior
importância para a expansão do mercado em fresco das amoras,
tanto nos EUA como no resto do mundo, e que necessitará de
avanços adicionais, por forma a revelar todo o potencial que a
amora apresenta para o mercado em fresco.
Desafios à expansão destas culturas
Custo da mãode-obra e sua
escassez.
Competição de
outras regiões
produtoras.
Exigências em
termos de
resíduos e
certificações.
Falta de
organização e
apoio técnico
Disponibilidade
de melhores
cultivares.
Qualidade!
Qualidade!
Qualidade!!!
Obrigado

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