dos Textos de Apoio para o educador

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dos Textos de Apoio para o educador
 TEXTOS DE APOIO Autora: Maria Helena Vilela REALIZAÇÃO: o
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Conteúdo para 6 . e 7 . ano ................................................................................................................................. 3 A puberdade: mudanças no corpo que transformam crianças em adultos ............................................................................. 3 Cheiro gostoso é sinal de corpo saudável. ............................................................................................................................................. 5 Mudanças no corpo .......................................................................................................................................................................................... 7 Estirão ................................................................................................................................................................................................................... 8 A aventura dos espermatozoides! ............................................................................................................................................................. 9 Órgãos sexuais e reprodutivos da mulher .......................................................................................................................................... 11 Órgãos sexuais e reprodutivos do homem. ........................................................................................................................................ 14 Primeira ejaculação: o jato que transforma menino em homem. ............................................................................................. 16 O significado da menstruação .................................................................................................................................................................. 18 TPM de mal com a vida ............................................................................................................................................................................... 20 Uma consulta ao ginecologista ................................................................................................................................................................ 22 Visita ao urologista: Coisa de homem! ................................................................................................................................................. 24 Ejaculação: uma viagem pelo mapa da mina ..................................................................................................................................... 26 Menstruação -­‐ a visita de todo mês ....................................................................................................................................................... 28 o
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Conteúdo para 8 . e 9 . ano ................................................................................................................................. 29 Abstinência sexual: é pra rir ou pra chorar? ...................................................................................................................................... 29 Sexo é direito – Autonomia sexual ......................................................................................................................................................... 31 Contracepção na adolescência ................................................................................................................................................................. 33 Sexo é direito -­‐ Escolhas reprodutivas ................................................................................................................................................. 35 Gravidez na adolescência ........................................................................................................................................................................... 36 O fantasma da virgindade .......................................................................................................................................................................... 38 O pênis tem suas razões e é preciso conhecê-­‐las ............................................................................................................................. 40 Paternidade na adolescência também existe. ................................................................................................................................... 42 Primeira vez – Quando é chegada a hora? .......................................................................................................................................... 44 Quando as brincadeiras sexuais engravidam .................................................................................................................................... 46 Tamanho do pênis -­‐ Mitos e verdades .................................................................................................................................................. 47 Virgindade – Uma herança que afeta a sexualidade dos jovens ................................................................................................ 49 Métodos contraceptivos ............................................................................................................................................................................. 51 50 anos da pílula anticoncepcional! ...................................................................................................................................................... 51 Pílulas: sempre uma novidade ................................................................................................................................................................. 53 A pílula emergencial ou do dia seguinte .............................................................................................................................................. 54 Evra – Um adesivo que previne a gravidez ........................................................................................................................................ 56 Implanon – um contraceptivo subcutâneo ......................................................................................................................................... 57 Métodos Comportamentais (Naturais) ................................................................................................................................................ 58 Mirena – O DIU de hormônio .................................................................................................................................................................... 60 Novos métodos contraceptivos – Contracepção vaginal .............................................................................................................. 61 A origem e os tipos de camisinhas ......................................................................................................................................................... 62 AIDS -­‐ Assim pega, assim não pega... ..................................................................................................................................................... 64 Prova de amor ou conduta de risco? ..................................................................................................................................................... 66 Sexo frágil e a prevenção da Aids no carnaval .................................................................................................................................. 68 Sexo é direito -­‐ Os direitos sexuais ...................................................................................................................... 70 Sexo é direito -­‐ Educação e Orientação Sexual ................................................................................................................................. 71 Sexo é Direito – Do prazer à responsabilidade ................................................................................................................................. 73 Sexo é direito – Liberdade Sexual .......................................................................................................................................................... 75 Sexo é direito -­‐ Saúde Sexual .................................................................................................................................................................... 77 Sexo é direito – Igualdade e Privacidade ............................................................................................................................................. 79 Namoro virtual -­‐ A ficção é uma realidade. ........................................................................................................................................ 81 CONTEÚDO PARA 6O. E 7O. ANO A puberdade: mudanças no corpo que transformam crianças em adultos Diferente do que muita gente imagina, puberdade e adolescência não são sinônimos. Adolescência é o momento de mudança psíquica e social. A puberdade é a transformação do corpo de criança para o corpo adulto. São as mudanças orgânicas que ocorrem tanto no menino como na menina para criar condições deles serem pessoas capazes de se interessarem pelo sexo e de conseguir procriar quando tiverem uma relação sexual. Seu início não tem dia nem hora marcada. Pode começar quando a criança tem apenas 8 anos, ou mesmo quando ela já possui 15 anos, por exemplo. Cada pessoa tem o seu tempo e desenvolve as diversas partes do corpo de acordo com o seu ritmo. Por isso, é normal duas meninas (os), da mesma idade, se encontrarem em estágios diferentes do desenvolvimento da puberdade. Como por exemplo, uma já ter iniciado o crescimento dos seios e a outra ainda está na fase de só perceber uma pedrinha dolorida. Ou o garoto que está mudando de voz e o outro que ainda tem uma voz infantil. Estes acontecimentos, em geral criam muitas dúvidas e levam os jovens a questionarem sua normalidade. As três fases da puberdade A puberdade é desencadeada por uma glândula – a hipófise, que fica localizada no cérebro. Não se sabe exatamente porquê, mas num determinado momento a hipófise começa a fabricar hormônios sexuais que colocam em atividade os ovários e os testículos, os quais a ajudam a produzir os hormônios responsáveis pelas mudanças do organismo. Na mulher, os principais são o estrógeno e a progesterona e no homem, a testosterona. Este processo de mudança ocorre gradualmente, passando por três estágios biológicos bem marcados: o pré-­‐puberal -­‐ quando surgem as primeiras modificações corporais; o puberal -­‐ quando essas mudanças do organismo colocam em ação a capacidade reprodutiva, isto é, as meninas passam a amadurecer seus óvulos e os meninos, a produzir espermatozoides; e o pós-­‐
puberal, no qual os órgãos funcionam tal qual num adulto e se adquirem os caracteres sexuais secundários. Pré-­‐puberal Quando a criança entra na puberdade, uma série de alterações ocorrem no corpo, de forma gradativa. A primeira modificação aparente da puberdade é o aumento do tamanho dos seios, nas meninas, e do pênis e dos testículos, nos meninos. Ambos crescem em altura, aumentam sua estrutura muscular, alteram o tom da voz e começam a apresentar pêlos nas axilas e ao redor dos órgãos sexuais. Nos rapazes surgirão, ainda, barba e bigode. Uma das características deste período é o aparecimento de acne (espinhas). É que por ação dos hormônios, o organismo começa a fabricar uma quantidade maior de ácidos graxos (gordura), o que favorece a formação de uma capa lubrificante na pele. Puberal Quando os hormônios sexuais atingem um nível específico, acontece o marco mais importante desta fase: para as garotas, a menarca, primeira menstruação e para os garotos a semenarca, primeira ejaculação, o início da produção de sêmen. Há uma razão clara para o fato de a mulher "ser um bicho esquisito que todo mês sangra": o corpo possui agora todos os elementos básicos necessários para a mulher gerar um bebê. Mas existe uma diferença muito grande entre estar biologicamente habilitada para ter um bebê e "ser mãe". (leia os texto menstruação e gravidez na adolescência). No menino, a primeira ejaculação costuma ocorrer enquanto está dormindo. É a chamada polução noturna, um mecanismo do qual o organismo se utiliza para esvaziar a ampola que armazena o sêmen e dar lugar para novos espermatozoides. Este acontecimento independe da vontade do garoto. Às vezes, por falta de informação sobre esse episódio, ele corre o risco de confundi-­‐lo com a eliminação de urina. A produção de sêmen é o indício de que o rapaz possui agora a capacidade para a reprodução. Daí a ser pai, é uma outra história. Pós Puberal Neste período repleto de transformações, os adolescentes costumam se dar conta, também, do principal atributo sexual, que é a capacidade orgásmica, isto é, a percepção das sensações eróticas e de obter prazer através do sexo. Esta descoberta, associada aos estímulos hormonais, que estão a pleno vapor, acentuam o impulso sexual e favorecem o interesse pelo sexo. Tanto no sentido de conquistar parceiros, ficar e namorar, como em relação as descobertas das sensações sexuais por meio da masturbação e de carícias. Cheiro gostoso é sinal de corpo saudável. O nordestino adora um cheiro. Antes de beijar, primeiro se cheira. Se o cheiro é gostoso ... Nossa!!! Dar vontade de cheirar mais e beijar muito. O cheiro é um estímulo sexual poderoso! Quem não fica mais interessado numa pessoa, quando sente no ar o cheiro de um perfume agradável, de alguém que acabou de tomar um banho? Muitas vezes a vontade de ficar com uma pessoa começa pelo olhar, a linguagem dos olhos é a que primeiro sinaliza esse encantamento. No entanto o contrário é motivo para se perder o entusiasmo. Muitas vezes ouvi o comentário de garotos e garotas que perderam o encanto porque a pessoa abriu a boca para falar o mau hálito era insuportável. Outros que diziam que o cheiro de suor era tão forte que a situação brochante!!! Isto sem falar do chulé e da cara oleosa tão frequente na adolescência. Como ver higiene é fundamental. Não só porque interfere no intercâmbio social e no interesse sexual, mas também porque é importante para saúde. Inúmeras doenças, principalmente da pele e nos genitais decorrem de falta de higiene. De onde vem o mal cheiro do corpo O homem possui glândulas sudoríparas. Um delas, é responsável por transportar para o exterior do corpo gorduras e proteínas das células. Assim esta secreção se torna um excelente alimento para as bactérias que estão na pele, principalmente nas áreas peludas, como por exemplo a axila, produzindo o cheiro desagradável de suor. Há pessoas que tem uma concentração maior e outras menor de número destas glândulas. Depende da raça, da genética. Os negros e os europeus são os que possuem um número maior, enquanto os japoneses quase não as possuem. No entanto, as pessoas de qualquer raça que praticam exercício físico, ou passam muito tempo em ambientes quentes e fechados acabam desenvolvendo este cheiro no corpo. O suor se acumula sobre a pele, as bactérias fazem a festa, e rapidamente há uma deterioração impregnando a roupa. Pra resolver esta situação desagradável, a receita é bem simples: banho todo dia. Os meninos, por terem pelos na axila devem ensaboar bem esta área com água e sabão e aplicar um desodorante no local. Chulé Já o chulé é um odor causado por fungos. Este quando não é cuidado causa uma micose que chega a provocar fissuras entre os dedos, e que todo mundo conhece como “frieira” ou “pé de atleta”. Quando isto ocorre, é inútil ficar colocando qualquer tipo de talco. É necessário que se use um fungicida. Para evitar o chulé também não tem mistério. Basta após o banho enxugar bem entre os dedos e usar sempre meias limpas. Uma outra coisa que ajuda bastante, é sempre que puder ficar descalço ou com o pá arejado. Mau hálito Existem muitas causa para o mau hálito. Pode ser refluxo do estômago, inflamação na garganta ou amídala, à simples presença de alimentos envelhecidos, retidos entre os dentes, cárie dentária ou inflamação da gengiva. Para resolver este incômodo, deve-­‐se procurar um médico para poder resolver o problema de garganta ou amídala, uma visita pelo uma vez por ano ao dentista para tratar ou preveni as cáries, e principalmente, escovar bem os dentes, após cada refeição, não esquecendo de usar fio dental. Esmegma É uma secreção esbranquiçada parecendo leite talhado que é produzida nos genitais e que causa um odor desagradável e pode causar infecção tanto no pênis como na vulva. Também não existe segredo para evitar o esmegma. O que existe é a necessidade da pessoa ser asseada. Os garotos devem puxar a pele do prepúcio para trás e lavar a glande com água e sabão diariamente. Já a garota deve lavar sua vulva todos os dias e evitar usar calcinhas de tecido sintético. Mudanças no corpo É tudo muito rápido! Em mais ou menos 4 anos aquela menina que era uma garotinha vira e passa a se comportar com tal. O menino, um pouco mais lento, mas quando a gente menos espera perde as roupas e passa a ter as necessidades de adulto, barbeador, desodorante, talco antisséptico (eliminar o chulé). A puberdade é o momento de redescobrir o próprio corpo, aprender a lidar com novos sentimentos, sensações e necessidades, tudo isto mexe com a cabeça tanto da menina quanto do menino, que se vê diante de um mundo desconhecido, geralmente com um misto de curiosidade e medo quanto a sua normalidade. Neste artigo vamos falar sobre as mudanças que ocorrem com o corpo. Os genitais Antes mesmo que apareça qualquer sinal de mudança no corpo, as glândulas sexuais (ovários e testículos) amadurecem e passam a liberar hormônios. Este fato desenvolve o aparelho genital interno, aumentando o tamanho do útero, da vagina e das tubas uterinas (trompas). O canal vaginal adquire uma extensão de 7 a 10cm. Os ovários, que até então mantinha os óvulos guardados em seu interior, agora cria condições de promover o amadurecimento e liberação deles, a ovulação e preparar o útero para a gravidez, ou na sua ausência a menstruação. Os grandes e pequenos lábios crescem e ficam mais espessos. Mais informações sobre a menstruação, ler o texto Menstruação -­‐ A visita de todo santo mês. Nos meninos a primeira manifestação interna ocorre com o crescimento dos testículos, onde são produzidos os espermatozoides. Externamente, o saco escrotal começa a dar os primeiros sinais de mudança. Gradativamente, sua pele muda de textura e fica avermelhada. O epidídimo, os canais deferentes e a uretra que servem de caminho para o espermatozoide até que seja ejaculado, também irão se desenvolver. Ao mesmo tempo as vesículas seminais e a próstata assume as condições necessárias para produzir os líquidos que formam o sêmen. Quanto ao pênis, este cresce lentamente, primeiro em comprimento e depois em diâmetro, até o garoto adquirir o seu tamanho adulto, que ocorre por volta dos 18 anos. Ler texto Tamanho do pênis – mitos e verdades. Mamas Na menina, em geral, o primeiro sinal da puberdade é o surgimento do botão mamário. Neste momento a reação de cada garota pode variar bastante. Enquanto umas comemoram o uso do primeiro sutiã e veste camisetas justas, outras passam a usar roupas cada vez mais folgadas. As mamas começam a se desenvolver pela área ao redor dos mamilos, que cresce e, e em geral fica mais escura. Em seguida, as mamas aumentam de volume. Elas vão continuar a crescer, tornando-­‐se mais cheias e mais redondas até a adolescente completar 18 anos. É normal que uma mama se desenvolva mais rápido do que a outra; mas logo, logo, as duas terão aproximadamente o mesmo tamanho. Este tamanho é definido pelas glândulas mamárias e a quantidade de gordura que a garota tem capacidade de armazenar nas mamas. Quanto aos meninos, estes também apresentam o desenvolvimento mamário. Na maioria dos garotos isto ocorre de forma muito discreta, mas há alguns casos em que o crescimento bilateral das mamas é muito perceptível, isto se chama ginecomastia,. Na maioria das vezes, elas é temporária e regride num prazo de um ano, mas há situações em que não há regressão espontânea, principalmente quando o garoto é gordo. É bom frisar que a ginecomastia não tem nada a ver com a masculinidade e orientação sexual do garoto, embora a maioria se sinta constrangido e temeroso de gozações por parte dos colegas, evitando fazer esportes ou usar roupas que marque a sua exposição Pêlos Pêlos crescem em novas partes do corpo. Eles começam a crescer na região púbica e nem sempre têm a mesma cor do cabelo. As meninas descobrem este acontecimento logo depois de surgirem as mamas. Os meninos depois do crescimento dos testículos. Por volta dos 18 anos, em geral, eles já cobriram toda a área do púbis com a forma de um triângulo de cabeça para baixo. Os pêlos também aparecem nas axilas, mais ou menos um ano depois que os pêlos púbicos começaram a aparecer. Já os pêlos da perna e, às vezes, dos braços, ficam mais escuros. As meninas só precisam ficar atentas ao cuidado de higiene, na hora de fazer sua depilação. Procure usar sempre aparelho de barbear ou depilador que seja de uso exclusivo. Barba e bigode aparecem nos meninos depois dos pêlos das axilas e os mesmos cuidados de higiene devem ser observados pelos meninos ao se barbearem. Voz Ambos os sexos sofrem alteração na voz, mas é nos meninos que esta mudança chama mais atenção. É que neles, o efeito da testosterona torna as cordas vocais mais grossas, resultando numa voz mais grave. Durante este processo, pode haver uma desafinação temporária da voz. Não deixem esta situação lhe deixar sem graça. A maioria dos homens passam por isto antes de atingir a sua voz adulta. Estirão As meninas tanto crescem para cima , como também podem crescer para o lado ( é comum o aumento de peso nesta época). Ao meninos que até então eram mais baixinhos que suas colegas, logo as ultrapassam. Isto ocorre muito rápido, são apenas três anos entre o início do crescimento acelerado até o seu pico e daí a desaceleração. Primeiro crescem as mãos e os pés, depois os braços e as pernas e por fim a coluna vertebral. Nas meninas o estirão começa por volta dos 11 anos, num ritmo de 8 a 9 cm/ano. Quando ela menstrua, há uma desaceleração, fazendo com que ela aumente até o final da puberdade mais uns 5 a 7cm. Já os garotos ganham por volta de 10cm/ano durante o período do estirão e, mesmo depois continuam crescendo por mais alguns anos. A aventura dos espermatozoides! Ao contrário da menina, que já nasce com todos os óvulos (ovócitos) que irão amadurecer a partir da puberdade, os espermatozoides do garoto têm de ser criados constantemente. Eles são produzidos nos testículos pela ação da testosterona, hormônio masculino e, quando prontos, começam uma grande aventura: percorrer os 6 metros de comprimento do epidídimo, onde, durante duas semanas, nutrem-­‐se e amadurecem; depois, seguem para outro confinamento, nos canais deferentes, para terminar de amadurecer e esperar pela ejaculação. O processo completo de maturação do espermatozoide, desde o início, nos testículos, até a sua forma completamente madura, nos vasos deferentes, leva cerca de 74 dias. Se, em um mês, os espermatozoides não forem ejaculados, perdem a capacidade de fertilização. É por isso que, quanto menor for o intervalo de dias entre as ejaculações, maior é a fertilidade do homem. O perfil dos espermatozoides Os espermatozoides são formados por uma cabeça, que traz o pacote de genes do pai, e uma cauda, para "nadar". No entanto, nem todos são iguais. Segundo o Dr. Dráuzio Varella, acredita-­‐se que, em cada ejaculação, existam três grandes grupos de espermatozoides: • pelotão de elite: seleto grupo de nadadores imbatíveis na velocidade, devido à cauda longa e ágil, e capazes de armazenar a energia necessária para o percurso até o óvulo, em corpúsculos situados na cabeça comprida que possuem. São poucos: cerca de 1% dos milhões ejaculados, mas são os donos da festa! • bloqueadores: têm cabeça grande e cauda pequena. Nadam devagar; e sua função não é fecundar; mas bloquear a passagem dos que vêm atrás, sejam eles do mesmo macho ou de outro qualquer. Estes consistem cerca de 50% dos espermatozoides; • matadores: carregam enzimas tóxicas na cabeça e possuem antenas capazes de detectar e reconhecer os espermatozoides estranhos e destruir qualquer microrganismo que atrapalhe a festa – a fecundação. A viagem até o óvulo A vagina da mulher é um verdadeiro campo de batalha para os espermatozoides. Ela é um ambiente ácido, naturalmente preparada para tentar destruir qualquer invasor: uma bactéria, um vírus, um fungo, ou mesmo, um espermatozoide. É aí que está a maior importância dos espermatozoides matadores. Poucos conseguem sobreviver! E os sobreviventes ainda precisarão enfrentar mais desafios até chegar ao óvulo. O colo do útero produz um muco espesso que tem a função de impedir a entrada de microrganismos no útero. Este muco praticamente bloqueia a passagem dos espermatozoides. No entanto, quando a garota está no período fértil, entre dois e três dias antes da ovulação e até 24 horas depois desta, o muco cervical sofre uma drástica alteração, tornando-­‐se um verdadeiro aliado dos espermatozoides. O muco os aspira para dentro de suas estruturas (tipo canais), e os transporta para dentro do útero. Já dentro do útero, os espermatozoides conseguem nadar com tranquilidade até as tubas uterinas para encontrar o óvulo. Todo esse processo tem uma duração entre 5 e 45mim, dependendo dos transtornos que eles tenham de enfrentar. A festa esperada O encontro entre os espermatozoides e o óvulo precisa acontecer dentro de 72h (a contar do momento em que foram ejaculados), caso contrário, eles não resistem e morrem. No entanto, se a ovulação ocorrer dentro deste tempo, os espermatozoides do pelotão de elite farão a festa e um deles, ao fecundar o óvulo, se tornará o único e verdadeiro dono da festa! O espermatozoide vencedor pode ser de dois tipos, de acordo com o cromossomo que ele carrega: do tipo X ou do Y. Se ele for do tipo X, o bebê será uma menina, se for Y, a criança será um menino. Assim, é o homem quem determina o sexo dos bebês. Mas, não há nenhum controle sobre isso! Órgãos sexuais e reprodutivos da mulher Conhecer o corpo é fundamental para que se consiga cuidar dele como se deve, e compreender melhor a reprodução e o sexo. Mas ainda há muitos jovens que o desconhecem e se arriscam sexualmente por não conhecer o processo de reprodução; outros sofrem, achando que práticas sexuais, como o sexo oral ,engravidam e ainda há aqueles que temem transar por medo de errar o local da entrada da vagina, ou por não saberem que regiões do corpo tocar para provocar excitação. Os órgãos genitais internos compõem-­‐se de ovários, tuba uterina ou trompas, útero e vagina: já os externos estão constituídos por um conjunto de estruturas que compreendem o monte de Vênus e a vulva. Enquanto o genital externo tem uma função mais voltada para a relação sexual, o interno desempenha um papel mais importante no processo reprodutivo. Genital Interno Útero Está localizado dentro do abdômen. O útero é um órgão muscular que tem uma grande capacidade de se distender e contrair para poder cumprir sua principal função: acolher o bebê durante a gestação. Comunica-­‐se com a vagina por meio de um orifício do tamanho de uma cabeça de alfinete, chamado de colo do útero. Apesar de ser do tamanho de uma mão fechada (aproximadamente 7cm), o útero é capaz de se esticar e guardar dentro de si um bebê de 4kg; no parto normal, o colo uterino pode dilatar até 10cm e voltar ao normal depois do nascimento da criança. Quando a gravidez não ocorre, o endométrio, camada interna do útero formada por células e vasos sanguíneos, descama e ocorre a menstruação. O aumento do tamanho do endométrio é importante pois prepara o útero para receber um bebê. De um lado e outro do útero estão os dois ovários, órgãos nos quais estão armazenados os óvulos e que também são responsáveis por produzir os hormônios sexuais femininos. Durante toda a infância, os óvulos permaneceram lá, imaturos e só na puberdade começam a amadurecer e serem liberados a cada mês por um e outro ovário, alternadamente. Uma vez liberado, o óvulo é captado pelas trompas ou tubas uterinas, pequenos canais que desembocam no útero. Quando não há gravidez, o óvulo caminha pelo interior das tubas e degenera, sendo eliminado junto com a menstruação. Mas, se a garota tem uma relação sexual no período em que o óvulo está na porção inicial das trompas, os espermatozoides são capazes de encontrá-­‐lo e assim ocorre a fecundação. E aí, não há mais óvulo e sim, o ovo, que será auxiliado pelas trompas para chegar ao útero. Acompanhando o colo do útero até a vulva, encontra-­‐se um tubo, que é a vagina. A vagina tem uma cavidade virtual, isto é, seu espaço interior só existe quando a mulher está em atividade sexual, ou em trabalho de parto. Quando a mulher não está mantendo relações sexuais, as paredes da vagina ficam quase que coladas e o espaço entre elas nem parece existir. Isso acontece porque a vagina é um órgão elástico, composto de muitas fibras musculares que, com o estímulo sexual, são capazes de deixar a vagina mais larga e comprida para receber o pênis e, durante o parto, ter uma capacidade de dilatação que permite a passagem do bebê. A vagina é revestida por uma mucosa (pele fina igual a que temos na parte de dentro da boca) que é sensível, principalmente nos 4cm próximos à sua entrada, localizada na vulva. Durante a excitação, as paredes vaginais produzem uma secreção (ficam “molhadas”) de modo a permitir a lubrificação necessária para que a penetração ocorra de forma prazerosa, capaz de levar a mulher a atingir o orgasmo. A secreção vaginal também é um condutor dos espermatozoides para alcançarem as tubas uterinas. Genital Externo Monte de Vênus O monte de Vênus é uma região, localizada sobre o osso púbico, logo acima da vulva, formando uma espécie de almofada. Na puberdade, a região fica coberta por pêlos grossos e encaracolados – os pêlos pubianos. Vulva A vulva é formada pelos grande lábios, pequenos lábios e clitóris. A parte externa da vulva, formada por duas pregas de pele com pêlos é chamada de grandes lábios. Na parte de dentro, onde não existem pêlos, a vulva é revestida de mucosa. Essa pele é muito sensível; há mulheres que adoram ser tocadas aí, tanto ou mais do que no clitóris, quando estão fazendo sexo. O clitóris é o órgão de estimulação sexual da mulher. Uma espécie de botão, formado por uma pele na qual há grande concentração de terminações nervosas, que, além de sensível, é também erétil. Quando há a excitação sexual, o clitóris cresce e endurece, mais ou menos, como o pênis, só que numa proporção muito menor. O clitóris fica tão inchado que pressiona a uretra, orifício por onde sai a urina e que fica logo abaixo dele. É por isso, que algumas vezes, logo depois da transa, algumas mulheres podem sentir dificuldade de urinar. Do clitóris surgem duas pregas de pele que descem até a abertura da vagina; essas pregas são chamadas de pequenos lábios (em algumas mulheres não tão pequenos assim!). Seu formato pode ser variado. Curtinhos ou exuberantes, cada um tem seu charme! Uma outra coisa: os lábios internos dificilmente são iguais entre si e comumente um deles é muito maior que o outro, o que não representa qualquer anormalidade. Abaixo da uretra, encontra-­‐ se o orifício de entrada da vagina. É exatamente, no seu início que se localiza o hímen. A abertura da vagina se prepara para a atividade sexual junto com a vagina como um todo. Quando a garota não está excitada o suficiente para receber o pênis, ao se tentar a penetração, a musculatura da região se contrai. Isto, em geral, torna a relação dolorosa, capaz de machucar, ou mesmo de impedir a entrada do pênis. Portanto, antes de atender ao desejo do parceiro para penetrá-­‐la, a mulher deve sentir-­‐se pronta para receber o pênis. Órgãos sexuais e reprodutivos do homem. O aparelho genital masculino é composto de órgãos que se localizam dentro do abdômen, o genital interno e daqueles que podemos ver e tocar, o genital externo. Veja as ilustrações abaixo: Órgãos internos Quando o feto do sexo masculino começa a se formar no útero materno, os testículos ficam localizados na cavidade abdominal. Em número de dois, com formato de ovo, os testículos se desenvolvem e descem para o saco ou bolsa escrotal. Isto acontece porque, na puberdade, os testículos assumem duas funções importantes: produzir espermatozoides e testosterona, o hormônio sexual masculino. Como os espermatozoides não podem se desenvolver adequadamente à temperatura normal do corpo (36,5°C), os testículos localizam-­‐
se na parte externa, dentro da bolsa escrotal, que tem a função de termo regulação (aproximam ou afastam os testículos do corpo), mantendo-­‐os a uma temperatura de 1 a 3 °C abaixo da temperatura do corpo. Sobre cada testículo, há um enovelado de túbulos que formam o epidídimo, com o qual os testículos têm comunicação direta. É pelo epidídimo que passam os espermatozoides recém-­‐formados para terminarem seu amadurecimento; ali permanecem armazenados até sua eliminação durante o ato sexual. Partindo dos epidídimos, há os canais deferentes, dois tubos musculosos, que sobem para o abdômen, contornando a bexiga. Abaixo desta, estes canais se fundem em um único tubo, formando o duto ejaculador, que tem comunicação com as vesículas seminais, duas glândulas que produzem um líquido nutritivo, o fluído seminal, que contém o açúcar frutose, cuja função é nutrir os espermatozoides. O duto ejaculador comunica-­‐se também com a próstata, a maior glândula acessória do sistema reprodutor masculino, responsável por, aproximadamente, 90% do volume da ejaculação. No clímax do ato sexual, o esperma ou sêmen, constituído pelos espermatozoides e pelas secreções destas glândulas acessórias, é expulso do corpo por contrações rítmicas da musculatura desta região, desembocando na uretra. A uretra é um canal localizado no interior do pênis e serve tanto para eliminar a ejaculação quanto a urina. No início da uretra, existe uma glândula chamada Bulbo Uretral ou Glândula de Cowper que, durante a excitação sexual, produz uma secreção transparente que é lançada dentro da uretra para limpá-­‐la e preparar a passagem dos espermatozoides. Assim, além da função de neutralizar a acidez da uretra causada pela passagem da urina, ela também tem uma ação na lubrificação do pênis durante o ato sexual. Diferente do que se tem dito, recentes pesquisas confirmaram que essa secreção não contém espermatozoides. Entretanto, se o garoto ejaculou, não urinou e se excitou em seguida, este líquido pode levar com ele os espermatozoides retidos na uretra. Se essa quantidade é suficiente para a fecundação ocorrer? Isto ainda é uma polêmica! Genitais externos O pênis é considerado o principal órgão do aparelho sexual masculino, por ser o mais sensível às carícias sexuais e ter como função a penetração. É formado por dois tipos de tecidos: os corpos cavernosos e o corpo esponjoso. Durante o estímulo sexual, os tecidos se enchem de sangue e causam a ereção. Na extremidade do pênis, encontra-­‐se a glande (cabeça do pênis) – área de maior sensibilidade sexual do homem, e onde se pode visualizar a abertura da uretra. Encobrindo a glande existe uma pele -­‐ o prepúcio que deve ser puxado e higienizado a fim de se retirar dele o esmegma (uma secreção sebácea espessa e esbranquiçada, com forte odor, que pode provocar infecções). Quando, ao fazer esta manobra, o garoto não consegue expor completamente a glande devido ao estreitamento do prepúcio, diz-­‐se que ele tem fimose. Abaixo do pênis, encontra-­‐se outra região, ainda pouco explorada como área de estimulação sexual, e onde estão contidos os testículos que é a bolsa (ou saco) escrotal. Sua função é proteger e regular a temperatura dos testículos. Quando está muito frio, ele se retrai para perto do corpo, aumentando a temperatura dos testículos. Quando está calor, ele se dilata (aumenta de tamanho), levando os testículos para longe do corpo e diminuindo sua temperatura. Primeira ejaculação: o jato que transforma menino em homem. A primeira ejaculação é muito esperada. Enquanto ela não acontece, os meninos não sossegam. E mais: acreditam que, quanto mais se masturbarem, mais cedo ela irá acontecer. Por isso, não é incomum o garoto passar mais tempo no banheiro do que era o seu costume. Mas, para a tristeza da maioria, masturbação não acelera o caminho natural de cada um. O menino irá ejacular no seu momento, de acordo com a sua herança genética e seu desenvolvimento físico. Por outro lado, se não se masturbar, não vai poder ver a saída do jato tão esperado e experimentar a alegria, alívio de se sentir homem – ter a capacidade de gozar e, futuramente, espera-­‐se, engravidar uma mulher. A função principal Toda a mudança que o corpo sofre durante a puberdade é por uma causa muito importante: a reprodução. Por isso, neste período, o acontecimento mais importante para a menina, é a menstruação, significando que ela começou a ovular; e para o garoto, é a ejaculação, a confirmação de que sua linha de produção de espermatozoides entrou em ação. A ejaculação acontece para que os espermatozoides sejam depositados na vagina e tenham a oportunidade de encontrar o óvulo nas tubas uterinas e assim se realizar a fecundação. Quando o garoto começa a ejacular, se ele tiver uma relação sexual, pode engravidar uma garota. No primeiro ano, ele não é muito fértil; ainda tem uma baixa produção de espermatozoides. Mas, mesmo assim, se transar sem proteção, existe o risco de gravidez. A primeira ejaculação A primeira ejaculação se chama semenarca ou espermarca. A idade em que ela ocorre é variável, assim como a forma. Enquanto alguns meninos já apresentam ejaculações desde o início da puberdade, outros só a terão no final do desenvolvimento. No entanto, é muito comum que ela ocorra na fase do estirão de crescimento, quando o garoto tem um ganho rápido de altura e o pênis aumenta de tamanho, a olhos vistos. Para muitos meninos, a expectativa sobre a primeira ejaculação é de um jato muito forte e numa quantidade infinitamente maior do que seria o natural. Muitos garotos têm o desejo de terem uma ejaculação espetacular, por isso é comum a decepção com o primeiro jato. Certa vez um garoto comparou, decepcionado, a primeira ejaculação à água de coco. Para seu alívio, nas próximas ejaculações, o esperma ficou mais encorpado, com a cor pouco amarelada e um cheiro parecido com o de água sanitária. Quanto à quantidade, aumenta com a maturidade física e a experiência sexual. A quantidade normal de sêmen ejaculado varia em torno de 2,0 a 5,0 ml. Esta variação de volume depende do grau e do tempo de excitação. O sêmen é formado por espermatozoides, um pouco de secreção que vem das glândulas seminais (secreção seminal) e bastante secreção que vem da próstata. Quanto mais o homem ficar excitado, e demorar para gozar, mais líquido prostático ele produz, e maior é o volume de sêmen que ele ejacula. A primeira ejaculação ocorre, em geral, na masturbação, mas também é muito comum ocorrer durante o sono. Neste caso é chamada de polução noturna. Polução noturna Polução noturna é uma ejaculação involuntária que ocorre durante o sono. Quando a primeira ejaculação ocorre dessa maneira, deixa muitos meninos confusos; muitos, ao se verem molhados, acham que urinaram na cama. Não vale a pena a preocupação, pois os adultos sabem que isto acontece com todo homem na adolescência, ou mesmo na fase adulta. A polução noturna é apenas uma forma que o corpo encontrou para eliminar os espermatozoides, quando o garoto passa muito tempo sem se masturbar ou ter relações sexuais, ou quando fica excitado, e dorme sem resolver a situação. Durante o sono, passamos por vários estágios que vão do sono leve ao profundo. Neste processo, há um momento, chamado de fase REM (Rapid Eyes Moviment, ou movimento rápido dos olhos), que ocorre de uma a nove vezes por noite, em que podem ocorrer as ereções fisiológicas para oxigenar os tecidos do pênis. Se o homem tiver sonhos eróticos durante esse período, a polução noturna pode acontecer. É assim que o organismo "se livra" do excesso de sêmen acumulado. Atenção: o fato de o garoto já ter ejaculado não significa que ele já esteja pronto para iniciar a vida sexual, e muito menos para ser pai. Quando o menino é pressionado a fazer sexo, sem se sentir confiante, o início pode ser desastroso, e, até desprazeroso. É muito importante que cada um respeite o seu tempo e seus sentimentos. O significado da menstruação MARTIN (1992) afirma que o sentimento positivo primário que muitas mulheres têm sobre o fenômeno é que “a menstruação as define como mulheres, permitindo-­‐as agir em causa própria, sem o escrutínio dos homens”. De acordo com KITZINGER (1978), a condição feminina é representada, em muitas culturas, como um paradoxo -­‐ um antagonismo entre duas visões distintas. A primeira representa a mulher como objeto erótico, elemento perigoso, passível de desencaminhar os homens na sua busca pelas coisas espirituais e tirar-­‐lhes a força vital. A outra visão de mulher coloca-­‐a como a personificação do amor puro e incondicional, do sacrifício e da caridade. A menarca, ou o advento da primeira menstruação, é recebida pela menina e vista pela família/comunidade como um marco de passagem da infância para a condição de mulher (CLAPIS, 1996) capaz de gerar filhos, e, portanto, casar-­‐se (MARTIN, 1992). Ao mesmo tempo, a menarca coloca a jovem sob o ponto de vista de objeto erótico, posto que a menstruação é resultado da interação de hormônios responsáveis pelos caracteres sexuais secundários, configurando sua forma exterior de mulher. A palavra “tabu” vem de tupua, palavra polinésia para menstruação (DELANEY et al., 1977) e significa proibição. Assim, a mulher menstruada, em várias culturas, é proibida de participar dos rituais religiosos, comer certos alimentos, prepará-­‐los, ficando em isolamento. MARTIN (1992) considera que as mulheres constroem o significado da menstruação em termos do leque de oportunidades que lhe são abertas, e suas expectativas sobre como farão uso dessas oportunidades (como a gravidez). A menstruação é comum a virtualmente todas as mulheres; aparece em sua vida de modo particularmente assíduo; está de modo inequívoco relacionada ao seu papel na sociedade, à sua identidade feminina e às questões reprodutivas. Partindo desses pressupostos, o significado que as mulheres que menstruam atribuem a este fenômeno merece ser mais bem investigado dentro da riqueza cultural e diversidade socioeconômica brasileiras. Referencial teórico O interacionismo simbólico prevê que os eventos e percepções do indivíduo, à medida que aparecem, caem em uma rede de significações que se constrói a partir da experiência de vida e das influências culturais que ele continuamente recebe. Os novos eventos interagem com o mundo simbólico já existente, mudam-­‐no e são interpretados à sua luz. As suas premissas básicas são: 1) O comportamento do ser humano baseia-­‐se no significado que ele dá às coisas e eventos ao seu redor; 2) O significado não é atributo inerente ao fenômeno, mas surge da interação social que se estabelece entre as pessoas; 3) Os indivíduos manipulam e modificam os significados através de um processo interpretativo, onde interiormente se estabelecem quais significados são esses, e como eles interagem entre si para guiar e formar a ação . Esta abordagem coloca a questão do significado da menstruação em um contexto diverso daqueles oriundos da psicologia ou da sociologia. O enfoque maior é dado à natureza da interação simbólica interiorizada e das interações sociais. Estas duas classes de interação são vistas como causa do comportamento humano e, por seu turno, também exercerão influências sobre o meio social. No campo da antropologia, dá-­‐se mais valor à participação da cultura na “modelação” dos seres humanos como homens ou mulheres, em detrimento da sua natureza biológica, que participaria apenas na configuração exterior dos sexos. Assim, não é a natureza dos sexos que determina o caráter masculino e feminino, mas sim o meio cultural. O estudo utilizou emprestado o conceito de construção social dos papéis femininos, procurando apreender e descrever como essa construção evidencia-­‐se nas falas das mulheres acerca da menstruação. A percepção é incorporada às histórias de vida das mulheres, que incluem seu meio cultural e o que apreende da comunicação com seus pares. A interação entre esses elementos – percepção e história – possibilita um entendimento do que a menstruação quer dizer: a menstruação como indicativo ou sinal de algo. A partir da percepção e do entendimento, um valor é construído. O valor dado à menstruação pode ser expresso em termos de reação psicológica emocional (desde gostar até ter horror), em todas as suas gradações, e a importância racional que o evento ou fenômeno possui para elas. Todos esses fatores interagem para resultar na atitude da mulher diante do seu menstruar – que pode ser de aceitação bem-­‐vinda, de conformismo diante da condição com que a natureza lhe brindou, ou revolta e questionamento sobre essa condição. TPM de mal com a vida “Namoro com uma garota há alguns meses, e estou apaixonado por ela. Mas, tem dias que eu acho ela muito chata! Briguenta, sabe como é? As vezes penso que ela não gosta de mim. Uma amiga me disse para ficar “sussa” que isso era a TPM. Pelo que entendi é uma coisa que muda o comportamento das garotas, não é? É só antes de menstruar ou quando elas estão menstruadas também? O que muda no comportamento delas?” Vontade de fazer nada, ou melhor, de dormir, de não ver ninguém, muito menos, de fazer qualquer programa ou ir à escola. A garota fica, simplesmente, insuportável e sem a menor condição para suportar os outros. Briga por qualquer bobagem, chora sem motivo aparente, todos são chatos e tudo é detestável. É assim que muitas meninas se sentem e se comportam dias antes da menstruação chegar. Por isso que muitos namorados sofrem tanto! Isto não é chilique, nem faniquito de mulher! A TPM (Tensão Pré-­‐Menstrual) é um desequilíbrio hormonal que ocorre no corpo feminino e está vinculado ao ciclo menstrual. No meio médico é chamada de desordem disfórica ou síndrome pré-­‐menstrual, e afeta o comportamento, de aproximadamente 75% das mulheres, entre elas, adolescentes a partir de 14 anos. A TPM A TPM pode ser causada por vários fatores. Uma explicação é que a TPM está ligada ao pico de produção de estrogênio, hormônio feminino que produz a ovulação; outra, que esta síndrome ocorre por conta do desequilíbrio de hormônios como o luteinizante (LH), estrogênio e progesterona; por questões nutricionais e psicoemocionais; e mais recentemente, que esta alteração orgânica tem como o principal vilão o estresse, ou seja, a TPM como o resultado de uma reação orgânica inadequada ao estresse. Quando nosso cérebro interpreta alguma situação como ameaçadora (estressante), provoca no organismo uma reação de alarme, como se fosse um susto, para em seguida voltar ao estado de equilíbrio. Neste momento é fundamental a ação da serotonina, e, segundo alguns estudos parece existir uma íntima relação entre os hormônios sexuais femininos, as endorfinas (substâncias naturais ligadas a sensação de prazer) e os neurotransmissores tais como a serotonina. Os sinais e sintomas Independente de qualquer explicação sobre sua natureza, o fato é que muitas garota sofrem com os sintomas que ocorrem nas duas semanas antes da menstruação, e que podem se estender até por alguns dias da menstruação. Os sintomas variam de ciclo para ciclo e de garota para garota. Os mais comuns são o inchaço (a retenção de líquidos), seios doloridos, dores de cabeça, cólicas, cansaço, irritabilidade, mudança rápida de humor, e ansiedade. Em mulheres com TPM violenta, a irritabilidade e as mudanças de humor podem transformar-­‐se em verdadeiras explosões de raiva que prejudica a vida pessoal e social da menina. Até as mais apaixonadas estão sujeitas a um ataque súbito de implicância com o namorado. Tratamento e prevenção Não existe tratamento para a TPM. O que existe são ações e medicamentos para diminuir ou aliviar os sintomas. O médico ginecologista é a pessoa que de fato pode ajudar a garota, fazendo diagnóstico e orientando o tratamento e a prevenção destes desconfortos de forma adequada. Em geral, este tratamento pode consistir no uso de anticoncepcionais de baixa dosagem de hormônio que inibe a ovulação e a menstruação; orientação alimentar para a ingestão vitaminas e outros nutrientes como cálcio e magnésio; exercícios físicos para ajudar na produção de endorfinas e serotonina; e a terapia para ajudar no autoconhecimento e aprender a lidar com as situações de estresse. Dica para os namorados Sair de perto pode ser uma opção, mas não é o que a maioria das garotas esperam. Neste momento em vez de fugir ou ficar bravo, o melhor é evitar novas tensões. Sejam atenciosos, e não provoquem sua irritabilidade. Para isso segue algumas dicas: •
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Não faça piadas sobre TPM Nunca pergunte o que está óbvio, como por exemplo, se ela está de mau humor; Não subestime a falta de ânimo, tentando animá-­‐la a fazer algo que ela não quer; Evite comentários sobre situações pessoais, como criticar amigas, família ou fazer qualquer tipo de cobrança; Mostre-­‐se disponível para ajuda em alguma coisa que ela precise; Fale ou dê a ela algo que demonstre a importância dela para você; Se não encontrar nada ou não souber o que falar, trate-­‐a com carinho ou apenas faça um cafuné. Uma consulta ao ginecologista A mulher é um ser muito complexo, cheio de detalhes no seu "funcionamento". Uma garota, num único mês, produz diferentes tipos de hormônios que interferem no seu desenvolvimento físico, alteram o seu humor e suas atitudes. Além disso, passa por uma série de desconfortos como, por exemplo, as cólicas menstruais, e sofre com as incertezas acerca de sua normalidade, principalmente em relação à secreção vaginal e à menstruação. Por isso, diferente do que muitas mães e adolescentes pensam, a primeira consulta com o ginecologista não precisa acontecer só quando se começa a transar. A primeira consulta é indicada a partir do momento em que a garota entrou na puberdade, a fim de avaliar se o crescimento e desenvolvimento estão ocorrendo no ritmo esperado e também para esclarecer as dúvidas a respeito desse momento. Quando uma garota percebe que está cada vez mais difícil evitar a primeira relação sexual, ou, quando ela já está transando, a consulta com o ginecologista torna-­‐se imprescindível para o controle das DST/Aids e indicação do método contraceptivo a ser utilizado. Uma garota é diferente da outra e, portanto, o método adequado para uma pode não ser para a outra. A visita ao ginecologista deve acontecer sempre que se percebe algum problema nos seios e genitais, ou a cada seis meses, para exames de rotina, como o de Papanicolau, que previne o câncer de colo de útero, o exame de mamas, além de outros que o médico julgar convenientes. A consulta A consulta tem uma duração de aproximadamente 30 minutos e é dividida em três etapas. Na primeira, o médico procura conhecer a sua cliente, conversa um pouco sobre o que levou a adolescente a procurá-­‐lo, faz perguntas sobre as condições de saúde e pede informações sobre o ciclo menstrual. É muito importante que, nesse momento, a garota conte tudo que está sentindo, ou esclareça todas as dúvidas. A dica é fazer uma lista das curiosidades sobre seu corpo, antes de ir para a consulta. Na segunda etapa, o médico vai fazer um exame ginecológico e das mamas. Isto acontece numa cama especial, com apoio para as pernas – que precisam ficar abertas para que o médico possa visualizar a vagina. Para isto é necessário que, antes, a garota vá ao banheiro, tire a roupa, inclusive a calcinha e sutiã e vista um avental. Este é o momento mais temido pelas meninas. Primeiro, por causa da vergonha de expor os genitais; segundo, por causa medo do que vai acontecer no exame. Existem procedimentos diferentes para a garota que já teve relação sexual e para aquela que nunca teve. Se a menina já transou e, portanto, teve o hímen rompido, o médico vai poder fazer o exame de toque (introduz o dedo na vagina e apalpa o abdômen) e usar um instrumento chamado espéculo para visualizar o colo do útero. Estes exames podem causar um certo desconforto, principalmente se a garota ficar muito tensa. Mas não é preciso entrar em pânico!! Não é nada que, relaxando, não se consiga suportar bem. Tal exame é importante para avaliar as condições do útero e ovários, se há alguma infecção, ferida, ou algum outro sinal que precise de cuidado médico. Nesse momento é colhido o material para o exame Papanicolau, que, para o alívio de todas as mulheres, é completamente indolor. Já o exame nas garotas que ainda não tiveram relações sexuais é diferente. Na maioria das vezes, o médico examina a paciente por meio da apalpação de abdômen e das mamas, sem o uso do espéculo, ou, quando necessário, usa um pequeno, que possa passar pelo orifício do hímen sem rompê-­‐lo. Mas não é preciso ter medo, pois, na primeira vez em que uma menina vai ao ginecologista, nem sempre, a consulta se realiza por completo. O médico deve respeitar o momento de cada menina. Se perceber que a tensão é muita, ele pode deixar os exames para um outra vez. No final da consulta, depois que a garota se vestiu, o ginecologista explica o que conseguiu perceber pelo exame local e pede exames complementares, ou receita algum remédio, se for necessário. Hora da verdade Apesar dos medos e dificuldades, a ida ao ginecologista pode ser um bom momento para mãe e filha iniciarem um diálogo franco sobre sexualidade. Enfrentar a realidade e lidar com a sexualidade de uma filha ainda não é uma situação confortável ou fácil para a maioria das mães. Mas as pesquisas mostram que meninas que conversam com suas mães têm menos chance de contrair uma DST/Aids e/ou uma gravidez não planejada. Acredito que nenhuma dificuldade neste sentido pode ser maior do que a dor do sofrimento, de ver nossas meninas convivendo com estas situações. Meninas, cuidem do corpo! Ir ao ginecologista é um direito e um dever de todas as jovens, além de ser uma conduta indispensável para um sexo gostoso e saudável. Visita ao urologista: Coisa de homem! A certeza de que o corpo é normal e que seu desenvolvimento está dentro do que se espera de um homem é um fator muito importante para os meninos durante a adolescência -­‐ um período de tantas provações da própria masculinidade. O desenvolvimento do corpo do homem, durante a puberdade, acontece de uma forma desordenada, principalmente no que se refere aos genitais, abalando a autoestima e gerando dúvidas quanto à capacidade sexual para impressionar e atender às necessidades de uma futura namorada. Isto gera muita angústia, timidez, insegurança e até agressividade. Em geral, ocorrem dúvidas quanto ao tamanho do pênis, sua forma, quanto à quantidade de pele (prepúcio), o que fazer com o freio curto; sem contar o sofrimento de muitos em relação à produção, quantidade, eliminação, enfim, a fertilidade do próprio sêmen. Falar, pensar e fazer sexo sempre foram consideradas coisas de homem. Mas nunca lhes foi dado o direito de ter dúvidas, de tomar alguns cuidados e, principalmente, de aprender sobre seu corpo, seu comportamento sexual e de respeitar as etapas do desenvolvimento pessoal. Isto é uma carga muito pesada, que gera sofrimento para muitos garotos, ainda mais quando não se tem coragem de pedir ajuda, ou não se sabe como e onde buscá-­‐la. Ninguém nasce sabendo fazer sexo. Isto se aprende da mesma forma que, por exemplo, se aprende a andar: primeiro, a criança se arrasta pelo chão, engatinha, equilibra-­‐se, dá os primeiros passos vacilantes, e, por fim, anda sem apoio. Para fazer sexo, não é diferente! O garoto precisa descobrir o seu corpo, conhecer o seu funcionamento, treinar as atividades e carícias sexuais, ter informações, esclarecer suas dúvidas e obter algumas certezas quanto a sua normalidade física. A consulta ao urologista/andrologista é fundamental nesta trajetória. Diferente do que sempre se falou, a primeira visita ao urologista não precisa acontecer só depois dos 40 anos, ou quando o homem está com alguma doença. Da mesma forma que a consulta ao ginecologista é imprescindível para as meninas, quando entram na puberdade, os garotos também devem adquirir o hábito de consultar seu médico, para tirar dúvidas, aprender e ganhar confiança. A consulta ao urologista também serve para se fazer o diagnóstico precoce de algumas doenças. Embora raro, o câncer de testículo é o segundo tipo de câncer mais frequente na adolescência e, quando detectado no início, pode ser curado. Além disso, existe um tipo de variz que pode surgir nos testículos, chamado de varicocele, que atinge 20% da população masculina. 40% dos homens com este problema podem vir a sofrer de esterilidade, no futuro, caso não seja feito o tratamento ainda na adolescência. Por fim, há as doenças sexualmente transmissíveis, com seus agravos e sequelas para a vida sexual e reprodutiva do homem. A consulta A consulta a um urologista tem uma duração de aproximadamente 30 minutos e é dividida em três etapas. Na primeira, o médico procura conhecer o seu cliente, conversa um pouco sobre o que levou o adolescente a procurá-­‐lo, faz perguntas sobre suas condições de saúde, e pede informações sobre o seu desenvolvimento físico. É muito importante que, nesse momento, se conte tudo que está sentindo, ou se esclareçam todas as dúvidas. (Dica: faça uma lista das curiosidades sobre seu corpo, antes de ir para a consulta!) Na segunda etapa, o médico faz um exame físico, que consiste em pesar, medir a altura, verificar pressão arterial, e depois examinar os genitais. Para esta última etapa, é necessário que, antes, o garoto tire a roupa e vista um avental. Os garotos não precisam ficar com medo! Nesta idade, não é feito, nenhum exame invasivo, como, por exemplo, o exame da próstata, no qual o médico precisa apalpar este órgão por meio da introdução do dedo no ânus. No caso, o exame se restringe à apalpação dos testículos e à verificação das condições do pênis. Na terceira etapa, depois que o garoto se vestiu, o urologista explica o que conseguiu perceber no exame local e pede exames complementares, ou receita algum remédio, se for necessário. Meninos, ir ao urologista/andrologista é um direito e um dever de todos os jovens, além de ser um ingrediente indispensável para um sexo gostoso e saudável... Cuidem de seus corpos. Afinal, seus corpos lhes pertencem! Ejaculação: uma viagem pelo mapa da mina As mudanças pelas quais os garotos passam na puberdade não têm dia e nem hora marcada para começar. No entanto, por volta dos 13, 14 anos, costuma acontecer o primeiro sinal evidente de que o menino se transformou em homem. É a primeira ejaculação! Ela representa, para os meninos, o mesmo que a primeira menstruação representa para as meninas. Ambos significam que os adolescentes se tornam pessoas capazes de ter um filho! O órgão sexual masculino é formado externamente pelo pênis e pelos testículos. O pênis possui três partes: a glande, o corpo e a base. A glande, também chamada de cabeça do pênis, é a parte mais sensível, por causa das inúmeras terminações nervosas que ela possui. O corpo é a parte que cresce no momento da ereção, aumentando o tamanho do pênis. Na parte interna do pênis, existem três cilindros feitos de um tipo de tecido que parece um "monte de cavernas". Estes cilindros, chamados corpos cavernosos, são irrigados por uma rede de vasos sanguíneos. Durante a excitação, o sangue enche estas cavernas e provoca um inchaço no tecido esponjoso do corpo e glande, deixando o pênis ereto (grande e duro). Abaixo do pênis fica o saco escrotal. Dentro dele estão os testículos, que são duas bolas achatadas e que, no homem adulto, medem em torno de 3,5 cm cada um. Os testículos têm as funções de produzir a testosterona (hormônio masculino) e fabricar os espermatozoides. Ao contrário das meninas que já nascem com todos os óvulos que vão eliminar durante a sua vida, os garotos produzem os espermatozoides à medida em que estes vão sendo eliminados. Depois de fabricados, os espermatozoides são armazenados nos epidídimos e são transportados para o interior do corpo através dos canais deferentes. Quando há o estímulo sexual, os músculos se contraem e empurram o esperma através da uretra, onde ele se mistura com fluidos vindos das vesículas seminais e da próstata, formando o sêmen. A ejaculação só ocorre quando o pênis está ereto. A ejaculação é, portanto, a saída do sêmen em forma de pequenos jatos, que podem ser mais ou menos fortes, de acordo com o tempo da última ejaculação (quanto maior o espaço de tempo, mais forte é o jato), do grau de excitação e da constituição física de cada pessoa. A quantidade de sêmen que sai em cada ejaculação é, em média, de uma a duas colheres de chá, mas também depende do espaço de tempo entre uma ejaculação e outra. A intensidade dos jatos não tem nenhuma influência na possibilidade de um garoto ser capaz de engravidar uma garota. Portanto, todos os meninos devem usar o preservativo em suas relações, se não desejam ter um filho no momento. Quando um garoto fica sem ejacular por muito tempo, isto não faz mal à saúde dele. Como os testículos não param de produzir sêmen, de vez em quando este é eliminado espontaneamente, durante o sono. É a polução noturna, que também pode acontecer, quando o homem tem um sonho erótico. O tamanho e a forma do pênis ereto variam muito de um homem para outro. O pênis pode ficar inclinado para a direita, ou para a esquerda; pode posicionar-­‐se mais para cima ou para baixo, erguer-­‐se mais ou menos. Um pênis menor geralmente se enche mais de sangue durante a ereção do que um pênis maior, por isso, quando estão eretos, a maioria dos pênis tem a tendência a se igualarem no tamanho: 16 cm, em média. Um esclarecimento importante: nem o tamanho, nem a forma do pênis são os responsáveis pelo fato de uma transa ser considerada boa. Durante a ereção, é praticamente impossível o homem urinar. Entre a bexiga, a próstata e a uretra há uma espécie de válvula que, durante a excitação, se fecha para o lado da bexiga e se abre para o lado da próstata, permitindo a passagem do sêmen. Embora ejaculação e orgasmo não sejam a mesma coisa, quando um homem ejacula, geralmente acaba sentindo uma sensação intensa e agradável, que o faz atingir ao orgasmo. É difícil explicar exatamente como é esta sensação. Algumas pessoas a comparam com um espirro, porque ambas envolvem uma intensa contração muscular, embora ter um orgasmo seja mais gostoso do que espirrar ! Uma outra explicação talvez seja a sensação de ondas de prazer que começam nos órgãos genitais e se irradiam, às vezes, atingindo todo o corpo. É fundamental lembrar que o corpo tem um dono, um homem que imprime nele características pessoais. Portanto, a forma como cada um vai usar e usufruir do prazer de seu corpo depende de valores, crenças, fantasias, conhecimentos, experiências e principalmente respeito por ele. Cuide do seu corpo, ele depende de você!!! Menstruação -­‐ a visita de todo mês A chegada da menstruação é o principal acontecimento da puberdade, período de transformação do corpo de menina em corpo de mulher. Por ação dos hormônios femininos, estrogênio e progesterona, a garota cresce, os seios se desenvolvem, os pêlos aparecem, os quadris se alargam; enfim, o corpo se transforma. E não é apenas por fora que as mudanças ocorrem; internamente, esses hormônios agem nos ovários e no útero, amadurecendo os óvulos e preparando o útero para uma gravidez. Quando esta não acontece, ocorre a menstruação. A primeira menstruação – a menarca – é um momento esperado com muita ansiedade. Entre as mulheres brasileiras, ela tem ocorrido numa média de idade entre 11-­‐13 anos, podendo ter uma variação entre 9 e 16 anos. O início está relacionado com a hereditariedade, portanto as garotas que quiserem ter uma ideia de quando ocorrerá a sua menarca, devem perguntar para as mulheres de sua família (mãe, tias, avós) em que idade elas ficaram menstruadas pela primeira vez. De onde vem o sangue A menstruação é um sangramento que ocorre no útero, por ação dos hormônios femininos: o estrogênio e a progesterona. Esses hormônios provocam o amadurecimento do óvulo no ovário e a sua eliminação para as trompas – a ovulação – e, ao mesmo tempo, estimulam o útero a se preparar para receber o ovo (óvulo fecundado), aumentando o endométrio, que é o revestimento interno do útero. O endométrio é um tecido ricamente vascularizado e forma uma espécie de “ninho” para receber o ovo. Quando não há gravidez, este “ninho” perde sua função e é eliminado, provocando o sangramento conhecido como menstruação. O sangramento menstrual tem uma duração que pode variar entre 3 e 7 dias e um fluxo de sangue num volume de, aproximadamente, 80 a 100 ml. Uma vez iniciada a menstruação, ela se repetirá todos os meses num intervalo de 22 a 35 dias até que a mulher atinja a menopausa. No entanto, ao longo de dois anos após a menarca, é comum que alguns ciclos sejam mais longos e outros, mais curtos, provocando atrasos ou adiantamentos da menstruação. Este descontrole é próprio do início do processo. É só dar um tempo que os hormônios se ajustam e fica tudo sob controle. Muda tudo Depois que a garota começa a menstruar, o crescimento do corpo é desacelerado. Em geral, após a menarca, as garotas crescem de 7 a 10 cm, no máximo! Isto pode ser um alívio para as altas ou uma decepção para as baixinhas. As mudanças hormonais responsáveis pelo ciclo menstrual podem provocar ou intensificar o aparecimento de espinhas no rosto, bem como produzir desconforto devido ao inchaço corporal causado pela retenção de líquidos (o que pode aumentar o peso da garota em até 1,5kg). Os seios tendem a ficar mais doloridos e maiores que o natural. Além disto, um pouco antes e durante a menstruação, é normal a mulher se sentir mais sensível. No entanto, os especialistas acreditam que a mudança de humor varia para melhor ou pior de acordo com as circunstâncias de vida do momento. Por isso, encarar possíveis problemas com uma certa dose de bom humor pode ajudar a mandar a tristeza embora. CONTEÚDO PARA 8O. E 9O. ANO Abstinência sexual: é pra rir ou pra chorar? Fazer sexo é da natureza humana. Ninguém precisa ensinar ou aprender a identificar um estímulo sexual. A gente simplesmente percebe que algo aconteceu no nosso corpo e gerou um desejo sexual. Tal fenômeno é fisiológico. O estímulo sexual ativa uma área do nosso cérebro, o sistema límbico, que é responsável pelos mecanismos de recompensa do nosso organismo, e este, por sua vez, só é desativado quando o desejo é satisfeito. Assim, para a prática da abstinência sexual, a privação de estímulo sexual no namoro é fundamental. Em tempo: abstinência sexual significa não experimentar nenhuma intimidade ou não ter nenhuma atividade sexual, principalmente a relação sexual. Diante do problema da gravidez na adolescência e das DST/Aids, alguns governos, entre eles o dos Estados Unidos, passaram a adotar como principal programa de Educação Sexual o incentivo à abstinência sexual em adolescentes. Esse programa procura informar os jovens sobre os malefícios da atividade sexual e convencê-­‐los da imoralidade do sexo antes do casamento, apresentando a abstinência como única opção saudável e segura contra a gravidez na adolescência e as DST/Aids. Para os responsáveis por esse programa, a informação sobre métodos contraceptivos e o acesso aos mesmos é um incentivo à relação sexual. A abstinência sexual é, sem nenhuma sombra de dúvida, uma forma de não engravidar, nem contrair uma DST. Mas é viável?! Já houve uma época em que os casais conseguiam praticar a abstinência sexual até o casamento. Mas a realidade era outra. Vamos conhecer um pouco como a sociedade lidava com a sexualidade há alguns anos atrás e como lida com ela hoje. Controle e vigilância social Há pelo menos 50 anos, o casal podia namorar, desde que isso acontecesse sob a vista de outras pessoas ou da vigilância da família. Os namorados/noivos só ficavam a sós depois de casados. A sociedade, e mais precisamente os pais, tinham todo o cuidado para que suas filhas não ficassem mal faladas. Assim, para impedir um convívio maior, os encontros também eram programados e só ocorriam em determinados dias da semana, em geral, aos sábados e domingos. Para ir a uma festa, nem passava pela cabeça de um casal ir sozinho. As meninas estavam sempre acompanhadas de seus pais ou tios, e para dançar, antes tinham que ter a aprovação destes adultos que as acompanhavam. Além disso, o local da dança era muito bem iluminado, e a cada passo que o casal dava era seguido pelo olhar dos curiosos e vigilantes da moral e dos bons costumes. Para se ter uma ideia, em alguns bailes, havia, inclusive, um fiscal de dança que convidava o casal a sair do salão caso seus corpos estivessem muito próximos. O rapaz que demonstrasse ou tivesse um comportamento de interesse mais sexual era discriminado neste convívio social. O homem precisava ser galanteador – elogiar a garota e ser muito gentil. As garotas, por outro lado, tinham que ser puras, ingênuas e ter apenas um único namorado, com quem, em geral, casavam ainda virgens e sem nenhuma intimidade sexual. Vocês podem perceber que, para o casal praticar a abstinência sexual, havia um controle muito rígido. Isto quer dizer que a abstinência não era uma escolha, era uma obrigação. O desejo sexual surgia nas mínimas coisas em que um casal tivesse a oportunidade de estar junto, como por exemplo, o olhar. Porém, satisfazer o desejo sexual, era terminantemente proibido e vigiado. A liberdade sexual entre os jovens Hoje, o namoro é mais aberto, o convívio mais intenso e sem nenhuma interferência dos adultos, o que possibilita mais conversa, privacidade, e, consequentemente intimidade entre o casal. Festa é um evento só dos jovens, para os jovens e ninguém fica no local acompanhado de um adulto. A pista de dança conta com uma iluminação própria para não se perceberem os casais dançando e o vigia de dança, coitado, este perdeu o emprego faz muito tempo! A agenda de festas é quase completa de segunda a segunda, para todos os estilos e gostos. E, basta ir a uma delas para surgir a oportunidade de “ficar” com alguém. Hoje meninos e meninas conversam sobre sexualidade e o desejo sexual é valorizado por ambos os sexos. Há casais que se conhecem, se beijam, ficam, brigam e se separam em uma única festa. Mas, há também aqueles que se apaixonam, ficam e namoram por um bom tempo! Neste contexto, o controle social não existe e o controle sobre o estímulo sexual vai depender exclusivamente da motivação de cada um dos jovens envolvidos no relacionamento afetivo-­‐sexual. Dá para apostar na abstinência sexual? Como evitar a excitação sexual namorando na privacidade de um quarto ou no escurinho de um cinema? Há alguma pregação sobre os malefícios do sexo que seja capaz de inibir esses momentos prazerosos? O que você acha disto tudo? Escreva para o SOSex dando a sua opinião sobre a melhor forma de ajudá-­‐los a evitar a gravidez e as DST/Aids. Sexo é direito – Autonomia sexual O direito à autonomia sexual, integridade sexual e à segurança do corpo sexual "Este direito envolve a habilidade de uma pessoa em tomar decisões autônomas sobre a própria vida sexual num contexto de ética pessoal e social. Também inclui o controle e o prazer de nossos corpos livres de tortura, mutilação e violência de qualquer tipo." Autonomia é o poder de decidir sobre nossas ações, escolher caminhos e alternativas, bem como pôr em prática desejos e ideais, com base em uma análise crítica sobre as mais diversas situações que a vida nos impõe. No entanto autonomia não deve ser entendida como realizar o que quiser no momento em que o desejo aparece, como, por exemplo, namorar durante a aula. Agir movido pelo desejo pode ser interpretado como desacato, desrespeito, inconsequência. Agir de modo autônomo também significa levar em conta o contexto, isto é, o conhecimento das regras e das normas de convivência do local. A autonomia é, portanto, uma tomada de decisão baseada no conhecimento e na capacidade crítica. A revolução dos valores sexuais A sexualidade não é uma realidade apenas física; tem também uma dimensão cultural, isto é, sofre influência direta de valores e interesses sociais, religiosos e econômicos de uma sociedade. Assim, se, por um lado, a gente tem um corpo que está preparado e deseja fazer sexo; por outro, existe uma cultura que define e determina a forma como cada pessoa deve reagir aos desejos sexuais. Até bem pouco tempo, as normas sociais em relação à sexualidade eram rígidas e fixas para todas as pessoas. Por exemplo, determinava que um casal só poderia fazer sexo após o casamento e tal regra devia ser obedecida por todos. Os desobedientes sofriam sob o peso da condenação do pecado, ou da discriminação social. Muitos interesses sociais e econômicos se transformaram neste último século com a evolução do conhecimento sobre o corpo e da sexualidade, bem como dos métodos contraceptivos. A disseminação das informações pela mídia e o acesso às novas tecnologias, como o teste de DNA, desmistificaram muitas crenças e quebraram tabus, chacoalhando os conceitos, os valores e as condições de vulnerabilidade na sexualidade. Hoje, não existem mais regras sociais fixas! Mas, se por um lado, cada um tem o direito de buscar sua satisfação sexual da forma que lhe seja mais conveniente, por outro, tal liberdade exige que cada um desenvolva sua autonomia sexual, levando em conta um código de valores, dentre os quais deve constar o direito de ser feliz, sem ferir o outro, e principalmente, sem utilizar a violência. Autonomia sexual A autonomia é importante para se viver sexualmente feliz. Isto vale tanto para a escolha de um namorado(a), quanto para se ter a satisfação sexual, sem correr riscos de uma gravidez ou de comprometer a saúde. Para se ter um comportamento autônomo, aqui vão algumas sugestões que podem nortear suas atitudes: •
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Invista em você – identifique o que você tem de bom e positivo e o que pode fazer para melhorar algumas qualidades que julga importantes. Estar feliz com você é imprescindível para que se valorize. Confie em você e desperte a atenção e o interesse da pessoa amada. Faça escolhas conscientes – experimente por alguns minutos pensar no que deseja para sua vida, a profissão que quer seguir, as coisas que julga importantes para sua felicidade, quando e como vai poder realizá-­‐las, e, em seguida, confronte com seus desejos e atitudes sexuais. O resultado desta •
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reflexão leva a um estado de consciência, o qual permite que você tome decisões sabendo as vantagens e desvantagens de sua escolha, como também os meios de alcançar o seu desejo, amenizando, ou eliminando os riscos. Busque informação sobre sexualidade – conheça seu corpo, saiba como ele responde aos estímulos sexuais, de que forma o sexo acontece, aprenda sobre o corpo do sexo oposto, sobre carícias sexuais, e, na dúvida, use e abuse do SOSex. O saber sobre sexo aumenta a capacidade de um bom desempenho sexual. Conheça os meios de prevenção – Nesta sessão de artigos do mês, existem vários textos que falam sobre os métodos contraceptivos, a pílula do dia seguinte e o uso da camisinha masculina e feminina. A prevenção é o principal indicador de autonomia entre o casal. Se a maioria dos casais se tornarem autônomos no seu comportamento sexual, o número de mulheres contaminadas pelo vírus da AIDS e de gravidez na adolescência irá cair drasticamente. É uma questão de substituir submissão por negociação! Contracepção na adolescência Não é milagre! A gravidez faz parte da natureza humana. Depois da primeira ovulação, qualquer garota corre o risco de engravidar numa relação sexual, ou num “namoro” mais íntimo em que o garoto ejacule próximo à entrada da vagina, se ela estiver no período fértil. Mas ninguém deve e nem precisa correr este risco na adolescência! Afinal, essa é uma fase de descobertas, brincadeiras, festas, mas também de um grande desenvolvimento escolar e de preparação para realizar o sonho profissional. Portanto, nesse momento não cabem a maternidade e a paternidade! Neste artigo, vamos conversar um pouco sobre métodos contraceptivos que podem ajudar a lidar com a vida sexual, sem que se corra o risco de engravidar. O método do adolescente O método que deve estar sempre presente na vida dos adolescentes, principalmente na dos garotos, é o preservativo. Ele é único método que dá, ao menino, autonomia e controle para decidir quando ter um filho. Além disso, ainda protege o casal das DST/Aids. A camisinha, quando bem colocada, dificilmente rompe, mas acidentes podem acontecer. Quando um casal tem vida sexual ativa e ter um filho está completamente fora de seus planos, é aconselhável utilizar um outro método contraceptivo associado à camisinha. Portanto, é importante que a menina também faça a sua parte na prevenção da gravidez. Existem vários métodos possíveis, desde a tabelinha até métodos hormonais ultramodernos. Considero a tabelinha importante para a garota conhecer o funcionamento de seu corpo, mas é um dos métodos que mais falha. Os métodos contraceptivos mais eficazes e que também são adequados na adolescência são os hormonais. A sua eficácia é muito alta, em torno de 99,9 a 100%, de fácil utilização e reversível no momento em que for interrompido. A dobradinha método hormonal e camisinha pode ser a melhor forma de um casal cuidar de sua proteção às DST/Aids e à gravidez na adolescência. Métodos hormonais A principal função contraceptiva dos métodos hormonais é impedir a ovulação. Desta forma, enquanto a garota usar algum método hormonal, não há óvulo nas trompas para os espermatozoides fecundarem. Existem vários tipos de métodos hormonais, mas a escolha de qualquer um deles precisa do acompanhamento de um médico ginecologista. Para conhecimento de vocês, segue abaixo uma tabela com os métodos hormonais e formas de utilização. Pílula Ingestão de um comprimido por dia, todos os dias, até finalizar uma cartela. Quando iniciar a ingestão e o período de pausa entre as cartelas, dependerá do tipo de pílula recomendada pelo médico. Injetável Consiste em tomar uma injeção muscular uma vez a cada 3 meses, ou 8 semanas, de acordo com a indicação médica. Adesivo Transdérmico O adesivo, que contém hormônios, deverá ser colado na pele, em qualquer local do corpo, menos nos seios ou próximo a eles. É trocado semanalmente e necessita de pausa de uma semana após três semanas de uso. Anel Vaginal É um anel plástico, flexível que é encaixado no colo do útero, de onde libera uma pequena dose de hormônio. A colocação é caseira e o anel deverá permanecer no local por 21 dias. Após esse período, deve-­‐
se fazer uma pausa de 7 dias e um novo anel será utilizado. Implante O implante é inserido debaixo da pele, na região do braço, por um médico. Durante três anos, vai liberar diariamente na corrente sanguínea as doses necessárias de hormônios para evitar a gravidez. DIU Hormonal É um pequeno cilindro com hormônios que, ao ser colocado no útero, passa a liberar hormônios, gradativamente. A colocação é feita em consultório médico. A durabilidade deste método é de 5 anos e, durante o seu uso, a garota não menstrua. Aposte nessa parceria: a camisinha como método de prevenção à gravidez e às DST/Aids e o método hormonal como um reforço contraceptivo. Maturidade sexual significa também ser responsável pelo seu corpo e o do parceiro. Sexo é direito -­‐ Escolhas reprodutivas O DIREITO ÀS ESCOLHAS REPRODUTIVAS LIVRES E RESPONSÁVEIS – É o direito de decidir ter ou não ter filhos, o número e o tempo entre cada um, e o direito de acesso aos métodos de regulação da fertilidade. Sexo engravida. A reprodução é função natural do ato sexual! Entretanto, com a evolução da humanidade, o sexo deixou de ter apenas a função reprodutiva e tornou-­‐se uma manifestação de desejo e de prazer entre um casal. Tal mudança provocou uma procura pelo sexo, muito mais voltada para a vivência prazerosa, do que para o objetivo de ter um filho. O problema é que o nosso organismo não consegue fazer a distinção entre as motivações para o sexo e impedir que ocorra uma gravidez, quando este não é o propósito do casal. Por isso é necessário que as pessoas façam uso de métodos contraceptivos. Até a década de 60, antes da descoberta da pílula anticoncepcional, as pessoas dispunham de poucas alternativas para se prevenir de uma gravidez. O que existiam eram os métodos naturais, que falham com uma frequência muito alta; e a camisinha, que era pouco difundida, e nem sempre fácil de ser adquirida. Mas esta não é mais a nossa realidade. Em pleno século XXI, muitas conquistas científicas foram obtidas no campo da contracepção, de tal forma que podemos exercer o direito de decidir o melhor momento para ter um filho, sem que para isso a natureza sexual de cada pessoa seja agredida, inclusive na adolescência. No Brasil, os jovens são os que menos exercem os seus direitos reprodutivos. Enquanto, nos últimos 10 anos, o número de partos por ano, diminuiu na idade adulta, na adolescência, aumentou 2%. Em 2004, de cada 100 bebês que nasceram, 26 eram filhos de garotas entre 10 e 19 anos. Vocês acreditam que a adolescência é um bom momento para se ter um filho? Se sua resposta for não, conheça os métodos contraceptivos, ponha em prática a sua cidadania e fique fora desta estatística. Muitos são os métodos anticoncepcionais, uns mais eficientes, outros menos. Há os métodos naturais (pouco eficientes), os mecânicos, os hormonais e os de barreira. Estes últimos (camisinha masculina e feminina) são mais práticos e acessíveis para os adolescentes, sendo muito eficientes quando utilizados corretamente. A grande maioria dos métodos contraceptivos foi desenvolvida para ser usada pelas meninas. Isto dá à mulher uma maior autonomia na decisão sobre a maternidade, mas não significa que a prevenção deva ser uma responsabilidade só dela. Os meninos também podem participar ativamente do processo. Aliás, aquele garoto que quer ter a certeza de que não corre o risco de "ficar grávido", deve usar a camisinha em todas as relações sexuais, independente do fato de a namorada estar usando um outro método contraceptivo. Usar a camisinha é a única forma de o menino ter o controle sobre a paternidade. Engravidar deve ser uma escolha e não uma fatalidade! Gravidez na adolescência “O sonho é próprio de todos nós. Não há nenhuma realidade, sem que antes, se tenha sonhado com ela.” Senador Teotônio Vilela Você já parou para sonhar? Qual é a profissão que pretende seguir? Onde, como, com quem, e fazendo o que você estará daqui há 5 anos, por exemplo? Você toma suas decisões pensando nisto? Ou simplesmente, deixa a vida lhe levar? Você deve estar se perguntando: -­‐ O que tem a ver tudo isto com prevenção de gravidez na adolescência? É que talvez você não saiba, mas a cada 100 bebês que nascem no Brasil 21 são filhos de mães entre 10 – 19 anos.. Muito, não? Mas, tem mais. Uma outra pesquisa, do Programa do Adolescente, identificou que 90% dos jovens paulistanos têm informações sobre como evitar a gravidez. Isto significa que apenas a informação não basta! O que falta, então? Se você pensou em motivação, acertou. Só um jovem que consegue perceber o que pode ganhar, em não ter um filho na adolescência, é que terá interesse em saber como se prevenir e usar em seu benefício esta aprendizagem. Por isso, acreditamos que identificar o seu sonho, o seu projeto de vida, é o que fará toda a diferença na hora de fazer sexo! Impacto da gravidez Houve uma época, em que a garota ficava grávida entre os 12 e 14 anos, e isto era perfeitamente admissível. Mas, isto foi há muito tempo, quando a mulher era educada para ser apenas mãe e esposa. Esse era o seu projeto de vida! Hoje, as meninas, como os meninos, podem vir a ser o que quiserem, principalmente você, aluno(a) do Colégio Bandeirantes – engenheiro, médico, agrônomo, jornalista... Por isso ter um filho nesta altura dos estudos, no mínimo pode atrapalhar a sua preparação para enfrentar a concorrência no vestibular; sem falar no isolamento social que a chegada de um filho pode fazer acontecer. Pois, baladas, viagem com amigos, passeios no shopping, cinema nos fins-­‐
de-­‐semana não combinam com bebê e nem com as responsabilidades econômicas, sociais e educacionais que o casal precisa assumir para atender as necessidades de atenção e cuidado da criança. O desejo de viver a experiência de um relacionamento sexual pode levar o adolescente à não medir as consequências e a colocar a prevenção de uma gravidez em segundo plano. Quando isto acontece, por um mecanismo de defesa ou por pouco entendimento da vida, próprio da adolescência, o jovem assume um gesto heroico, do tipo – a vida é minha e eu dou conta de ter um bebê – acreditando que o impacto da gravidez só atinge aos pais da criança. É aí que acontece um grande engano! Quando um casal adolescente fica grávido, toda a comunidade a que pertence é afetada por este fato: os amigos, os pais, os professores e a própria escola, como um todo, que precisa alterar sua rotina para atender as necessidades da aluna gestante. Fatores protetores A adolescência apronta armadilhas difíceis de serem vencidas pelos jovens, principalmente, quando o que está em jogo é o prazer sexual. Mas, mesmo assim, é possível se proteger de uma gravidez na adolescência. Para isto segue abaixo algumas dicas: Informação É fundamental saber sobre o corpo, a maneira como acontece a fecundação e as formas de evitá-­‐la. Para isto você conta com o SOSex, que além de responder as suas perguntas, ainda disponibiliza textos e com estes temas para você. Autoestima e autoimagem Sei que com toda a pressão da mídia, muitas vezes pode parecer difícil, mas, gostar de si mesmo, do jeito que é, admirar-­‐se e perceber-­‐se como uma pessoa importante, é fundamental. Faça coisas que o deixe contente consigo mesmo. Desenvolva suas habilidades, pratique atividades esportivas e/ou artísticas, e principalmente de solidariedade humana. Educação e orientação sexual É necessário conversar com pais, professores, e/ou escrever para o SOSex sempre que tiver qualquer dúvida. A sexualidade promove uma intensa possibilidade de sentir prazer, mas também exige responsabilidades. O adolescente deve refletir a respeito, conhecer suas possibilidades e limites. Método anticoncepcional É preciso saber: o anticoncepcional mais indicado na adolescência é a "CAMISINHA", que, além de prevenir a gravidez, protege contra a Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis. Não aposte na sorte. A prevenção é uma manifestação de amor. Saiba negociá-­‐la nas suas relações. Sonho e projeto de vida Pare e experimente fazer um exercício para identificar seu sonho, a realidade que quer construir para você. Trace um plano de vida e elabore estratégias para alcança-­‐ lo. Quem sabe onde quer chegar, planeja suas ações e mede as consequências de uma gravidez não planejada. A maternidade passou, então, a ser considerada uma das mais sublimes realizações da mulher. Entretanto, não se pode deixar de alertar que ela é também um instrumento de pressão e anulação. Principalmente quando acontece na vida de uma adolescente sem recursos financeiros e estabilidade emocional, deixando-­‐a vulnerável à autoridade dos que assumem junto com ela a gravidez. Suas conquistas e sonhos vão depender da compreensão dos adultos (familiares) que a cercam e que passam a controlar a sua vida como nunca fizeram antes. Carla pôde contar com a compreensão dos pais e não esqueceu o sonho de ser uma mulher independente. Hoje, ela namora o Renato, voltou a estudar e cursa o primeiro ano de Administração numa faculdade de Alagoas. Viu que não precisava abandonar todos os seus projetos pelo fato de ser mãe. Ser uma diplomata?! Talvez ela o seja um dia, se puder entender essa maternidade na adolescência como um adiamento do seu projeto de vida. Mas... Atenção, meninas! Nem todo mundo tem a sorte de ter pais compreensivos, ou em condições emocionais e financeiras para ajudar a criar um filho. Os filhos podem e devem vir no momento em que a sua chegada for um motivo para celebrar e crescer com eles. Não se deixem cair numa deslizada como essa. Isso pode tirar de vocês a oportunidade de obter o principal poder do ser humano: o saber. O fantasma da virgindade A honra e dignidade de uma garota não são mais avaliadas pela inexperiência sexual, sinal de uma suposta pureza, como ocorria antigamente. No entanto, o fantasma da virgindade ainda ronda os jovens, causando dúvidas, medos, inseguranças e contradições, principalmente, em relação à estrutura anatômica que representa a virgindade: o hímen. As meninas temem que práticas, como o uso de absorventes internos, ou mesmo a masturbação, possam romper o hímen. Há garotas que, para preservá-­‐lo e se sentirem “virgens”, optam por outras formas de intimidade e prazer com o namorado, como por exemplo, sexo oral. Há ainda aquelas que, por não resistirem ao sexo vaginal, tentam remediar a situação, buscando a cirurgia plástica para reconstruir o hímen. O maior temor, porém, está relacionado ao momento da perda da virgindade: o medo da dor e da desconfiança que pode abalar o relacionamento, caso não ocorra o sangramento. Os meninos, por sua vez, também se preocupam com o hímen. Alguns querem saber se há alguma forma de terem certeza, durante o ato sexual, se a garota é virgem. Outros não dão importância ao fato de serem “o primeiro”, mas quando são, receiam machucar a namorada e, portanto, procuram encontrar meios de transformar a primeira vez da menina num momento agradável! Muitos meninos ficam tão ansiosos que antecipam a penetração, sem levar em consideração o envolvimento erótico necessário para a vagina se preparar para receber o pênis. O resultado de tanta ansiedade é desconforto e dor na primeira relação sexual. O Hímen O hímen é uma película fina de 3 milímetros de espessura; está localizado na entrada da vagina e tem como função protegê-­‐la, uma vez que, na infância, a menina não produz hormônios suficientes para se defender de possíveis infecções. O hímen possui abertura de vários tipos, e recebe o nome de acordo com o formato do orifício: anular, bilabiado, cribriforme, septado, ou separado... Há ainda o complacente, ou elástico, que é aquele que, por ter uma abertura maior, suporta a passagem do pênis sem se romper. O rompimento do hímen nem sempre sangra O sangramento na primeira vez depende do tipo de hímen e das condições em que acontecem tanto o rompimento, quanto a relação sexual. O rompimento pode ocorrer em várias partes do hímen. Se for exatamente no local por onde passa um vaso sanguíneo, pode sangrar muito. Além disso, o sangramento pode ser fruto da falta de tranquilidade, de delicadeza, ou de paciência que marcam a primeira vez, ou – pior ainda – consequência de uma relação violenta, na qual há excessivo atrito na mucosa não lubrificada da vagina. Nesse caso, a primeira vez representa um trauma e um grande risco de infecção. Mas se houver excitação suficiente que permita à garota relaxar na hora da penetração e se o rompimento ocorrer em local sem artéria, pode não sangrar ou sangrar muito pouco. A dor pode ser eliminada É importante que, tanto o homem quanto a mulher, saibam que a primeira relação sexual não precisa doer. Em primeiro lugar, porque o hímen não tem nenhuma inervação para causar dor; em segundo lugar, porque, durante o ato sexual, a vagina se prepara para receber o pênis, dilatando o seu diâmetro. Além disso, quando a mulher está excitada, o pênis tem sua penetração facilitada pela lubrificação da vagina. A dor pode ser consequência da tensão da garota, fruto das fantasias que alimentou sobre a primeira vez, ou mesmo, por julgar que o momento e o lugar são inadequados. A tensão atrapalha a concentração nas carícias sexuais, inibindo a excitação e atrapalhando a preparação da vagina para o ato sexual. Portanto, o segredo do prazer está em eliminar as preocupações: a garota deve estar convicta de decisão, saber prevenir-­‐se de gravidez e DST/Aids e se sentir à vontade e confiante no namorado. E... para os meninos, é bom lembrar: paciência e muito carinho são fundamentais para tornar a primeira relação sexual de uma garota um momento de prazer e não de dor. O pênis tem suas razões e é preciso conhecê-­‐las Sou um jovem de 17 anos e estou intrigado: fico com o pênis ereto com muita facilidade... no metrô, no ônibus, na sala de aula... Houve até uma vez em que ocorreu na sala dos professores, quando fui chamado para tomar uma advertência. Não sei o que faço...Isso é constrangedor. Esta situação verídica, relatada por um adolescente ao serviço de orientação sexual à distância, retrata a imagem que se tem da sexualidade dos jovens. A ereção instantânea é uma característica da adolescência, devido à grande produção de hormônios e à novidade das sensações eróticas e dos interesses sexuais. Nesse momento da vida, basta a lembrança de um beijo, ou uma simples fantasia sexual para a ereção acontecer. É como se o pênis tivesse sempre alerta! Numa situação dessas, o máximo que o garoto consegue fazer é disfarçar como puder e tentar pensar em algo diferente para ereção passar. Além disso precisa ter paciência, porque o processo de retorno ao estado flácido necessita de um tempo para ocorrer. Nem sempre é tão imediato quanto a ereção. Não conseguir controlar a ereção é uma queixa comum na adolescência. Mas nem sempre o constrangimento que os garotos têm com o comportamento do pênis é o da ereção fora de hora. Tem sido cada vez mais comum o constrangimento de jovens pela falta de ereção no momento da relação sexual. Nem sempre o pênis responde aos estímulos sexuais Não basta querer que o pênis fique ereto, ele não funciona assim! Não é como o andar, comer ou falar. O pênis obedece a um mecanismo mais complexo do que a simples vontade consciente de seu dono. A ereção é determinada por muitos fatores, entre eles os hormonais, neurológicos, vasculares e psíquicos. Entretanto, a interferência dos fatores psíquicos é predominante na falha de ereção dos jovens. O ser humano principalmente no que se refere à sexualidade, criou uma série de simbolismos, normas e rituais que fazem a diferença para cada pessoa, na forma de conviver com os sentimentos, emoções e valores sexuais. Em algumas situações, aquilo que poderia ser um fator erótico pode atrapalhar a resposta sexual e impedir a ereção do pênis. Por exemplo: uma garota que leu uma série de dicas de como enlouquecer seu homem na cama, pode pensar que está "abafando" , isto é, sendo sensual, porque põe em prática alguns dos "conselhos". No entanto, uma determinada carícia pode deixar o parceiro com vergonha, ou com medo de ser rejeitado, e produzir o efeito contrário. Em vez de funcionar como um estímulo sexual, a novidade pode causar inibição no garoto, levando a perder a ereção. Muitas vezes, a perda de ereção pode se dar diante de sentimentos como medo, insegurança, perfeccionismo, os quais geram tanta ansiedade que o jovem apresenta um comportamento de espectador de seu desempenho sexual, ou seja, na hora da transa, não há a entrega necessária para se envolver nas sensações eróticas e desfrutar delas. Resultado: por mais desejada e estimulante que seja a companheira , as carícias realizadas por ela têm uma recepção precária e o pênis não responde como poderia. É a famosa "brochada" que ocorre com alguém que se deseja muito. Um outro sentimento que pode gerar a falta ou perda de ereção é o de rejeição ou hostilidade pela companheira. Quando se transa sem sentir desejo por alguém, numa situação popularmente chamado de "cumprir tabela", ou ainda para atender a uma cobrança do grupo, é comum o garoto não responder aos estímulos. Quando as falhas viram um problema O fato de apresentar perdas de ereção, uma vez ou outra, não é um problema. Faz parte da natureza humana! As falhas só se tornam um problema de saúde, a chamada disfunção erétil ou impotência, quando, por algum motivo, que pode ser imaturidade sexual ou emocional, o garoto não supera fracassos eventuais e estes passam a ser recorrentes. Nesses casos, há necessidade de uma terapia sexual para conseguir recuperar a autoconfiança no desempenho sexual. Hoje definitivamente o sexo não é usado só para a reprodução e as mulheres estão cada vez mais cientes e reivindicadoras de sua gratificação sexual. Portanto, o garoto precisa estar preparado para lidar com esta nova mulher, que toma iniciativa; precisa também superar situações em que se torna vulnerável por causa de "acidentes", como perda de ereção, ou ereção fora de hora. Aprender a entender a garota de hoje e a lidar com situações constrangedoras faz da educação sexual dos garotos e merece sua atenção. Paternidade na adolescência também existe. Quando se fala de gravidez na adolescência, o primeiro pensamento é para a garota. É com ela que a sociedade se preocupa, é para ela que vai todo o alerta. Essa atenção se deve a motivos relativamente óbvios: além da gravidez dar-­‐se no corpo da mãe, normalmente é sobre ela que recaem os cuidados e a responsabilidade com o bebê após o nascimento. Um filho, porém, é feito a dois. E quando o bebê vem antes da hora planejada pelo casal, na adolescência, milhares de garotos também passam abruptamente das baladas e videogames para o mundo adulto, ou seja, o mundo da responsabilidade de criar um filho. No entanto pouco ou nada se fala sobre o pai adolescente. Quem é? O que pensa? Qual é a sua relação real com a mãe de seu filho? Qual é a relação com seu filho? Como se posiciona perante o futuro? Há um silêncio na sociedade sobre a paternidade na adolescência; e isso parece dar uma falsa impressão aos jovens de que a paternidade na adolescência não existe. A paternidade "Deu positivo! Você será pai!" Esta é, possivelmente, a frase mais temida pelos garotos quando se envolvem sexualmente com uma menina, por mais que apostem no risco, em vez da prevenção. E como sexo engravida, este fato, embora previsível, cai como um balde de água gelada na relação do casal. É hora de tomar decisões... Por um lado, a garota sempre sabe que é a mãe do bebê; por outro, o garoto pode duvidar que é o pai, principalmente, quando não há um vínculo de confiança ou a confirmação por meio do teste de DNA. O primeiro sinal do sentimento de responsabilidade está no reconhecimento da paternidade. E isto implica muito mais do que apenas admitir que é o pai e pagar algumas contas. Ajudar a criar o bebê é válido, mas não constitui o fundamental do sentimento de paternidade. Ser pai significa participar do desenvolvimento do filho pelo contato com a mãe e a criança na alimentação e nos cuidados, estabelecendo uma relação amorosa com o filho. Isto, em geral, só ocorre quando o garoto reconhece a paternidade de forma voluntária. O apoio dos pais do garoto que vai se tornar pai também é fundamental. Nem todos têm essa oportunidade. Muitos garotos, inseguros e medrosos, tornam-­‐se indiferentes diante das namoradas grávidas e de seu filho. Já outros adolescentes querem exercer a paternidade, mas, vulneráveis economicamente, sofrem pressões de toda natureza, principalmente de sua família, para não assumir a criança que vai nascer, uma vez que a chegada deste filho pode atrapalhar os planos da família. Consequências profissionais e afetivas Uma pesquisa americana acompanhou por 11 anos casais de adolescentes pais e seus colegas de turma. Os jovens pais, quando comparados aos colegas que postergaram a paternidade, tinham atingido menor nível educacional e, mais frequentemente, realizavam trabalhos de menor prestígio; esperavam ter mais filhos e seus casamentos eram menos estáveis. O que se pode concluir? A paternidade na adolescência é algo que pode e deve ser evitado por causa das consequências negativas que traz à vida do garoto envolvido, sua família e todo o seu ciclo social e educacional. A adolescência não é o melhor momento para se ter um filho, principalmente, para quem acredita nos próprios sonhos e nas expectativas que criou para si. A prevenção é a melhor opção Por mais trabalhosa que possa parecer, a prevenção ainda é a melhor atitude a se adotar. E esta, meus caros garotos, pode e deve estar nas suas mãos. Se você não quer apostar no risco, não credite na garota toda a responsabilidade sobre o seu futuro. Assim, só há uma maneira: USE CAMISINHA em todas as relações sexuais, mesmo que o namoro seja antigo e sua namorada tome pílula ou use outro método contraceptivo. Mas, se você apostou no risco e tornou-­‐se um pai adolescente, não faça deste fato uma tragédia e nem a desculpa para todas as dificuldades que tiver que enfrentar pela frente. Nenhum fato tem apenas o lado ruim! Identifique os aspectos positivos dessa transição e procure tirar proveito dessa experiência maravilhosa que é ser pai. Primeira vez – Quando é chegada a hora? Há algum tempo, ninguém tinha a menor dúvida de quando era chegada a hora de transar. Meninos, assim que começavam a ejacular; e meninas, após o casamento. Atualmente, para muitas famílias, essa referência permanece, mas, para a maioria dos jovens, ela já não se enquadra mais. Identificar este momento tornou-­‐se uma questão pessoal que gera ansiedade e muita insegurança. Quando um garoto começa a ejacular, ainda não sabe lidar com uma mulher, muito menos, quando se trata de uma garota que pertence ao seu grupo de amigos e a quem ele não admite desapontar sexualmente. Antigamente, se os meninos diziam começar mais cedo, a primeira experiência sexual, em geral, acontecia numa casa de prostituição, com uma mulher desconhecida, com a qual ele não corria o menor risco de ser confrontado. Aliás, muitos garotos contavam na roda de amigos que tinham feito e acontecido, quando, na verdade, nunca nem tinham chegado perto de uma mulher. Tenho um amigo que disse ter criado, na sua imaginação, a primeira transa, e que a contava para seus colegas com tanta convicção que, depois de algum tempo, ele mesmo ficava em dúvida se era fantasia ou verdade. Já a garota, hoje em dia, precisa de muito mais tempo de estudo antes de tomar a decisão de casar. Num mundo cada vez mais especializado, com a mulher ocupando seu espaço profissional, ela não acredita que o casamento deva acontecer aos 16, 18 ou 20 anos de idade como já foi um dia. Tanto quanto seus namorados ou futuros maridos, as mulheres de hoje pensam em terminar a faculdade, depois buscar uma aprendizagem qualificada (especialização, pós-­‐graduação ou MBA), para fazer a diferença no mercado de trabalho. E, enquanto isso, sem vigilância da família e muita intimidade com o namorado, os relacionamentos ocorrem, o desejo e a excitação aumentam e a garota deve decidir sozinha se deve ou não transar. A hora certa Na adolescência, os hormônios sexuais provocam uma mudança radical no corpo, que sofre transformações de modo a deixar de ser uma corpo de criança para ser um corpo adulto. O corpo, que antes sentia “cócegas” quando se deparava com um estímulo sexual, passa a sentir um “comichão”, chamado tesão, toda vez que acontece um olho no olho, um beijo, um abraço, um cheiro, e outras carinhos mais. A sensação de desejo, aliada à curiosidade e à oportunidade podem dar a falsa impressão de que o adolescente está pronto para ter a sua primeira vez. No entanto, moçada, ninguém é apenas um CORPO! Cada adolescente é uma pessoa que tem uma determinada vivência, tem valores, crenças e expectativas. Por sua vez, o sexo não é só uma reação orgânica que automaticamente leva ao prazer; para ele acontecer adequadamente, são necessárias mais coisas além do mero desejo: maturidade, capacidade de entrega e responsabilidade sexual (prevenção de gravidez e DST/Aids). Portanto, a hora certa para iniciar a vida sexual varia de pessoa para pessoa. Isto tanto pode acontecer na adolescência, como na idade adulta. Aliás, existem pessoas que ficam velhinhas sem nunca ter transado! Sexo é uma função natural do ser humano, mas, não precisa (e nem deve) ser praticado enquanto a pessoa não se sente pronta para assumir essa atividade. Aliás, “forçar a barra” pode causar dificuldades sexuais! Assim, um jeito de cada um encontrar a resposta para o momento certo é fazer uma lista do que acredita ser importante para acontecer um relacionamento sexual, as expectativas que tem em relação a uma transa e o que espera do(a) namorado(a) durante e depois da relação sexual. Enfim, cada um deve analisar os "prós e contras". O momento certo é aquele em que a lista dos "contras" praticamente não existe, ou então, os contras são poucos e fáceis de resolver. Meninos e meninas, não tenham pressa! Bem informado e respeitando seu momento, você aumenta as chances de um começo de vida sexual bem mais legal e saudável! Quando as brincadeiras sexuais engravidam As brincadeiras sexuais não são uma peculiaridade dos jovens atuais, elas existem há muito tempo! A diferença é que, na época da minha mãe, a brincadeira sexual, antes do casamento, resumia-­‐se aos olhares de interesse, comportamentos de gentilezas e bilhetes românticos. Isso foi mudando com o tempo... Ao longo de 80 anos, a brincadeira evoluiu para atitudes que não causavam risco para uma gravidez, como, por exemplo, pegar na mão, dançar de rosto colado, beijar na boca, acariciar os seios e até caricias mais íntimas, porém, ainda com roupa. Atualmente, há mais oportunidades de situações de grande intimidade, nas quais, o casal chega a ficar nu, algumas vezes, até com direito à penetração. E aí mora o perigo: o risco de uma gravidez, quando não se está usando a camisinha e nenhum outro método de prevenção. Para ajudá-­‐los a identificar as brincadeiras de risco vou apresentar algumas que me foram descritas no SOSex: Assim engravida • Um casal estava dando um amasso. Ele se masturbou e ejaculou. Logo em seguida, sem limpar as mãos, masturbou a garota. • A menina estava de calcinha, e o garoto ejaculou sobre ela. • Durante a brincadeira sexual, o garoto se excitou, eliminou o líquido pré-­‐ejaculatório, penetrou na vagina, mas teve o cuidado de não ejacular. • O garoto só colocou a cabecinha do pênis na vagina, mas ejaculou nas pernas da garota, próximo da entrada da vagina. • O garoto ejaculou dentro da vagina, e em seguida a garota fez uma ducha vaginal. • Um casal praticou o coito interrompido e, quando tirou o pênis da vagina, saiu ejaculando. Em todas as brincadeiras descritas acima há riso de gravidez porque os espermatozoides poderão entrar em contato com a secreção vaginal e fazer o percurso até as trompas onde encontrarão o óvulo, caso a garota esteja em seu período fértil. Espermatozoides morrem rapidamente fora do organismo humano, mas continuam vivos enquanto o sêmen estiver úmido; espermatozoides não ultrapassam tecidos, mas uma calcinha rendada tem inúmeros "buracos" por onde eles conseguem passar; o líquido eliminado pelo homem antes da ejaculação pode conter espermatozoides por isso, a camisinha deve ser utilizada desde o início do relacionamento sexual; e, por fim, espermatozoides são muito rápidos quando nadam no sêmen, de maneira que, o tempo da garota ir ao banheiro e tomar uma ducha já é suficiente para que eles nadem para dentro do útero, podendo chegar às trompas. Brincar não é o problema É brincando com o corpo um do outro que se aprende a transar gostoso! Nas brincadeiras sexuais, as pessoas começam a entender como funciona o próprio corpo e o corpo do outro, o que cada um gosta, o que pode e não pode ser feito, os limites que devem ser respeitados. Enfim, brincando se aprende que, para se relacionar com alguém, há momentos em que é preciso ceder e outros em que é melhor discordar do outro fazendo valer sua vontade, porque o fato de um desejo não ter sido satisfeito não leva a um rompimento do relacionamento. Namorados que criam a oportunidade de "brincar" estão mais preparados emocionalmente para lidar com a vida sexual. Tamanho do pênis -­‐ Mitos e verdades Mito é uma invenção popular. É uma crença que se desenvolve, não sabe o porquê, e na qual muitas pessoas acreditam. Em geral, o mito tem um pouco de verdade e um pouco de mentira. Mas de uma coisa não tenho dúvida: ele pode influenciar a felicidade, quando não se sabe distinguir realidade e mito, verdade e mentira. E quando o assunto é sexo, ou mais precisamente, sexualidade masculina, a crendice popular é cruel e provoca, muitas vezes, nos garotos um sentimento de ameaçada à sua sexualidade. O pênis, símbolo da masculinidade, é o alvo perfeito de muita crueldade! Dentre os mitos, o tamanho do pênis é o que mais provoca sofrimento aos homens, principalmente naqueles que não se consideram "bem dotados", número que pode ser muito elevado. O pênis na medida certa Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, o tamanho do pênis pode variar de 8 a 20cm, em ereção. Os pênis que se enquadram dentro dessa faixa são adequados para proporcionar uma relação sexual prazerosa ao casal. No Brasil, o pênis do homem adulto mede, em média, entre 12,5 e 14,5 cm, quando ereto. Para medir o comprimento do pênis, o homem precisa ficar de pé e com o pênis paralelo ao chão, em ereção. A medida é realizada colocando uma fita métrica na parte de cima do órgão, desde a base do pênis (na região do osso pubiano) até a ponta. Já a medida da circunferência é feita a partir da medida de 3 locais do pênis: logo abaixo da glande (cabeça do pênis), no meio do corpo do pênis, e na base ou parte mais grossa. A média das três medidas é a circunferência do pênis. Tamanho não é igual a potência Muitos homens se preocupam com o tamanho do pênis e sofrem por causa disso, porque a sociedade insiste em fazer a associação entre tamanho e potência. Um pênis de tamanho grande nem sempre tem um ótimo desempenho sexual. A potência ou capacidade de manter o pênis com ereções firmes e prolongadas não é um atributo próprio dos homens supostamente melhor dotados. A potência sexual depende de muitos fatores, e o principal deles é a capacidade de manter a concentração nos estímulos sexuais recebidos. Para tanto, é necessária a atenção completa e permanente à relação, sem a interferência de ideias, medos ou inseguranças que criem conflitos neste momento. O que as mulheres querem A importância do tamanho do pênis para as mulheres é relativa. Enquanto umas valorizam o tamanho, outras afirmam ter tido seus orgasmos mais explosivos com homens que não eram tão bem dotados. O pênis, independente do tamanho, pode proporcionar o prazer da mulher, pois vagina é elástica e se amolda a qualquer tamanho. Além disso, a região de maior sensibilidade do canal vaginal está nos primeiros 4 a 5cm a partir da entrada. A maioria das mulheres concordam que, mais que o tamanho do pênis, importam os detalhes no relacionamento sexual, tais como a atenção que o homem dá à estimulação das zonas erógenas do corpo feminino, em especial o clitóris. O clitóris, para a maioria das mulheres, é o principal responsável por sua excitação sexual. Localizado acima dos pequenos lábios, em forma de um pequeno botão, causa na mulher sensações semelhantes àquelas sentidas pelo homem no pênis. Quando tocado de forma agradável, o clitóris pode levar a mulher a obter um alto nível de excitação, inclusive o orgasmo. O sucesso da relação sexual está em se preocupar menos com o tamanho do pênis e dar mais atenção para a parceira e às emoções que essa relação proporciona. Virgindade – Uma herança que afeta a sexualidade dos jovens Ser ou não ser virgem ainda é um fato que atormenta a vida dos jovens. Atualmente, a virgindade é um termo usado para caracterizar a pessoa que nunca teve uma relação sexual, seja ela mulher ou homem. Mas, nem sempre foi assim. Antigamente, ela significava um estado de pureza, ingenuidade, e virtude de uma mulher. Mas, isto tinha uma razão econômica e religiosa muito forte: inibir a atividade sexual da mulher para manter-­‐se fiel ao marido e garantir que seus filhos fossem legítimos para tornarem-­‐se herdeiros dos bens do casal. Assim, a mulher digna e honrada era aquela que se mantinha virgem até o casamento. E o casamento era tudo que uma mulher podia esperar na vida. Sua função era ser esposa e mãe. Esta realidade mudou e com ela a exigência da virgindade na menina. Hoje, as garotas podem vir a ser o que desejarem, além de esposa e mãe. Podem ser médicas, política, administradora de empresa, jornalista, jogadoras de futebol e até pilotar avião. A honra e dignidade feminina não estão mais ligadas ao fato de ter ou não ter experiências sexuais, e muito menos de permanecer com seu hímen intacto. Mas, mesmo assim, a virgindade ainda é uma herança cultural que se reflete na sexualidade feminina e masculina, gerando dúvidas, medos, inseguranças e contradições. O fantasma da virgindade O maior temor está focado na estrutura anatômica que representa a virgindade – o Hímen. As meninas temem que práticas como o uso de absorventes internos ou mesmo a masturbação possam rompe-­‐lo. Já outras garotas para preserva-­‐lo e se sentirem “virgens” buscam em outras formas de relação sexual – sexo oral e anal, a sua intimidade e prazer com o namorado. E ainda há aquelas que mesmo não resistindo ao sexo vaginal tentam remediar a situação buscando plástica para reconstruir o hímen. Isto sem falar no medo da dor e na desconfiança que abala a relação quando o sangramento não acontece na primeira vez. Os meninos, muitas vezes, querem saber sobre o hímen e, principalmente, se há alguma forma deles detectarem durante o ato sexual se a garota é virgem. Já aqueles que não estão tão ligados na necessidade de ser o primeiro, receiam machucar sua namorada, mas, ansiosos para transformar este encontro num momento inesquecível, acabam por temer não conseguir controlar sua ereção ou ficam tão afoitos que se obrigam à consumação imediata do ato sexual, antecipando a penetração. Sem o envolvimento erótico necessário, a garota não atinge a excitação adequada e nem tem as condições fisiológicas para receber o pênis. O resultado é desconforto e dor na primeira relação sexual. O Hímen O hímen é película fina, com 3 milímetros de espessura, localizado na entrada da vagina que tem o papel de protegê-­‐la, uma vez que na infância a menina não produz hormônios suficientes para se defender de possíveis infecções. Esta membrana possui orifício de vários tipos, que de acordo com sua forma recebe nomes diferentes: anular, bilabiado, cribriforme, septado ou separado e o complacente ou elástico que é aquele que por ter uma abertura maior suporta a passagem do pênis sem se romper. (Hímen original) Desenho:1 hímen anular, 2 hímen separado, 3 hímen cribiforme Quando dói? É importante que tanto o homem quanto a mulher saibam que a primeira relação não precisa doer. Primeiro porque o hímen não tem nenhuma inervação para transmitir a dor, segundo porque durante o ato sexual, a vagina se prepara dilatando o seu diâmetro para receber o pênis. Este, quando a mulher está excitada, desliza por suas paredes devido à lubrificação da vagina. Muitas vezes, a tensão do momento e o lugar onde se está não ajudam a relaxar e o clima impede que a mulher se prepare para a penetração. Carinho, estar convicta de sua vontade sexual, se prevenir de gravidez e DST/Aids e se sentir à vontade e confiante no parceiro ajudam muito a não doer. Quando que há o sangramento? Vai depender do tipo de hímen, mas principalmente das condições em que acontecer o rompimento e a relação sexual. O rompimento pode ser em várias partes do hímen. Quando ocorre exatamente no local onde passa um vaso sanguíneo, poderá sangrar mais ou menos, se este vaso for uma artéria ou uma veia. Assim, algumas mulheres sangram na primeira relação devido a ruptura do hímen, mas outras vezes o sangramento pode ocorrer porque na hora H faltou tranquilidade, delicadeza, paciência ou mesmo porque a relação foi violenta, provocando um excessivo atrito na mucosa não lubrificada da vagina. Essas situações, além de aumentar o risco de infecção, podem deixar sequelas para a vida sexual da garota. Métodos contraceptivos 50 anos da pílula anticoncepcional! A pílula já fez 50 anos. Exatamente no dia 11 de maio de 1960 a FDA, agência reguladora de remédios dos EUA, aprovou a primeira pílula anticoncepcional -­‐ Enovid. Uma grande novidade chegava as farmácias e à vida dos casais, interferindo de forma significativa na história da mulher, impulsionando a revolução feminina. Utilizada por 21% das brasileiras entre 15 e 49 anos (dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde de 2006), a PÍLULA ajudou a encolher o número das famílias e, consequentemente, liberar a mulher para desbravar o mercado de trabalho. Em 1970, a taxa de fecundidade no país era de 5,8 filhos por casal, e o percentual da população economicamente ativa feminina era de somente 28,8%. Em 2007, a fecundidade despencou para quase 2,0 filhos, enquanto a participação da mulher no mercado de trabalho pulou para 43,6%. A história da pílula A primeira experiência que identificou os próprios hormônios femininos como uma possível solução para impedir a gravidez ocorreu em 1921. Assim, muitos anos de estudos e pesquisas foram necessários até que o Dr. Gregory Pincus , o "pai da pílula", conseguisse produzir a combinação de hormônios sintéticos semelhantes aos produzidos naturalmente pela mulher, comprovar a eficácia do método hormonal e obter a sua aprovação junto a FDA. O Enovid foi criado com uma concentração muita alta de hormônios. Sua composição constava de 150 mg de estrogênio sintético e 9,85 mg de derivado de progesterona; isto significa dez vez mais hormônios do que tem a pílula atual. Uma verdadeira bomba de hormônio sintético que provocava inúmeros efeitos colaterais, como a retenção de líquido (inchaço) até problemas mais graves que podiam levar a morte. Diante das duras críticas que a pílula sofreu, a indústria farmacêutica não cruzou os braços! Abraçou este desafio, de tal forma, que na década de 1970, surgiu a segunda geração de pílulas, com menos hormônios e sem perda da eficácia. A terceira geração de pílulas chegou ao mercado em 1990 com adicionais também importantes para a qualidade de vida da mulher -­‐ aliviar sintomas de TPM e acne. A última novidade, agora, é a chamada pílula verde que ao ser eliminada não agride ao meio ambiente. Vendida só na Europa, ela usa uma substância idêntica aos hormônios naturais produzidos pelo organismo. As pílulas modernas têm uma quantidade muito menor de hormônio que as antigas, estudos já comprovaram, inclusive, que o uso prolongado do anticoncepcional oral, além de não causar infertilidade, diminui o risco de tumores de ovário, do endométrio e colorretal, mas alguns desconfortos ainda podem ocorrer, como náuseas e enxaquecas. O sucesso da pílula Fácil de encontrar, simples para usar e com uma margem de segurança alta, rapidamente, este remédio fez o maior sucesso e passou a ser um dos métodos de preferência das mulheres em todo o mundo. Hoje são 100 milhões de mulheres no mundo e, destas, aproximadamente, 9 milhões são brasileiras. Durante estes 50 anos a pílula anticoncepcional foi sendo aperfeiçoada e trouxe mais qualidade de vida para quem a utiliza. Mas, atenção! Nem todas as garotas podem usar a pílula, e, muito menos, de forma indiscriminada sem o devido acompanhamento médico. Dentre a variedade de pílulas que existe, só este profissional poderá indicar aquela que se adeque melhor ao organismo de uma garota. Um método para adolescentes A pílula anticoncepcional é sem dúvida um dos métodos mais indicado na adolescência, devendo ser usada, juntamente, com o preservativo. No entanto, este método hormonal ainda gera insegurança, mitos, polêmicas e principalmente dúvidas e equívocos, como o colocado por este usuário do serviço de orientação à distância: "Fiz sexo sem camisinha com a minha namorada. Ela toma as pílulas anticoncepcionais da forma correta e está em dia com elas. É possível que ela tenha engravidado?" Teoricamente, a resposta é não. A garota que toma pílula, diariamente ingere uma pequena quantidade de hormônios sintéticos (artificiais), semelhantes àqueles que são produzidos nos ovários – estrógeno e progesterona – que "enganam" o cérebro e impede que a ovulação aconteça. Sem óvulo, não há como o espermatozoide fecundar. Porém, se por um acaso, a menina toma a pílula de forma inadequada, cometendo os erros mais frequentes, como por exemplo, esquecer de tomá-­‐la por um ou dois dias, atrasar o início da cartela ou mesmo interrompê-­‐la antes de chegar ao final, o risco de gravidez pode aumentar muito. Por isso, a preocupação desse adolescente faz sentido, obviamente, pela pílula, esta é muito eficaz – 99,9%! Mas, pela sua conduta equivocada. A responsabilidade sobre a prevenção de gravidez não é só da garota, mas do casal. A prevenção deve ser compartilhada , pois, quando o garoto deixa de usar a camisinha porque a garota está tomando pílula, ele perde o controle sobre uma das decisões mais importante de sua vida: não ser pai na adolescência. Pílulas: sempre uma novidade Uma pesquisa do Ministério da Saúde informou que mais da metade das mulheres que engravidam, não planejaram esta gravidez. Isto não devia ocorrer! Ao longo dos últimos 40 anos, a medicina tem criado cada vez mais condições para que um casal só tenha filhos quando deseja-­‐los. Os novos métodos hormonais são as provas mais evidentes deste investimento científico. Entre estes, quero destacar neste artigo a pílula. Um dos métodos mais estudados, que teve o seu primeiro lançamento em 1960 e que continua a ser uma novidade até hoje. Logo que foi comercializada, as primeiras pílulas, as pioneiras tinham uma dosagem hormonal muito alta e causavam diversos efeitos desagradáveis. Os níveis de estrogênio, especialmente, eram bastante elevados: em torno de 200 microgramas ou mais. Com o tempo, os cientistas conseguiram reduzir as taxas de hormônios, sem comprometer a eficácia do método. Resultado: as pílulas que já tinham chegado a ter apenas 20mcg de estrogênio, hoje contem 15 mcg desta substância como é o caso da Mirelle, Minesse, já a Yasmin possui uma substância que equilibra os efeitos do estrogênios de forma semelhante à progesterona, hormônio naturalmente produzido pela mulher. Pela baixa concentração de hormônios estas novas pílulas foram chamadas de pílula ultra-­‐light. Como funciona estas pílulas? As pílulas, de modo geral, evitam a gravidez devido a ingestão diária de uma pequena quantidade dos hormônios sintéticos, iguais aqueles que são produzidos nos ovários – estrógeno e progesterona. Quando uma garota toma diariamente um comprimido, este acaba enganando o sistema de regulação do seu organismo, não estimulando a produção natural de hormônios. Com isto é inibida a ovulação. O óvulo não sendo liberado não há como haver a fecundação. As Pílulas ultra-­‐light fazem exatamente a mesma coisa e têm um funcionamento igual ao das pílulas tradicionais, isto é, a mulher ingere diariamente um comprimido e no intervalo entre uma cartela e outra, a menstruação desce. Porém, no caso das pílulas ultra-­‐lights, como há uma pouca quantidade de hormônio na sua composição, os efeitos colaterais são mais amenos, ou praticamente inexistem. No Caso da Yasmin, ainda, reduz a oleosidade da pele, permitindo o seu uso por garotas que tenham propensão a acne, controla o peso e diminui a quantidade de pêlos no corpo. Como usar as pílulas ultra-­‐light A maneira correta de tomar esta pílula é iniciar a primeira cartela no primeiro dia da menstruação e toma-­‐la no mesmo horário durante 24 dias. Esta é a diferença entre elas e as anteriores. Esta pílula tem 24 comprimidos e se faz pausa de apenas 4 dias e recomeça outra cartela. A menstruação virá nesta pausa. A pílula emergencial ou do dia seguinte Uma medicação de emergência que serve, exclusivamente, para impedir a gravidez quando há uma relação sexual de risco, num momento em que não se pretende ter um filho. A pílula do dia seguinte não é nenhuma novidade, mas ainda é motivo de dúvidas e muita confusão na sua utilização. INDICAÇÃO PARA USAR CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA •
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Quando nenhum método anticoncepcional foi usado; Quando a camisinha rompe, ou escorrega na retirada para dentro da vagina; Quando há o deslocamento ou ruptura do diafragma; Quando o coito interrompido não é bem sucedido; Quando há expulsão do DIU; Quando a relação sexual acontece no período fértil, sem o uso de camisinha; Quando a garota toma pílula anticoncepcional regular e esquece 2 ou mais comprimidos no mesmo ciclo menstrual. Quando a garota é vítima de estupro. A AÇÃO DA PÍLULA DO DIA SEGUINTE O poder de ação deste remédio está em interromper ou inibir a ovulação, na modificação do ambiente nas trompas dificultando o encontro dos espermatozoides com o óvulo (a fecundação) e na alteração do endométrio, impedindo que o útero tenha condições de receber o ovo (óvulo fecundado). MODO DE USAR Este medicamento vem numa embalagem com 2 comprimidos. O primeiro deve ser tomado até 72 horas, após a relação de risco. Mas, quanto mais cedo ele for ingerido, maior sua eficácia (ver tabela abaixo). O segundo comprimido deve tomado até 12 horas após a ingestão do primeiro. Há ginecologistas, que para aumentar a eficácia do remédio, tem indicado que a garota tome os 2 comprimidos de uma só vez. Quando acontece da pessoa vomitar no prazo de 2 horas após a ingestão de um dos comprimidos, se deve tomar outra dose imediatamente. A EFICÁCIA A pílula do dia seguinte é capaz de impedir a gravidez na maioria dos casos, mas não é 100% eficaz. A sua eficácia é maior quanto mais precocemente for tomada a primeira dose (95% nas primeiras 24 horas, 85% entre 25 e 48 horas e 58% entre 49 e 72 horas). Um outro fator que diminui a eficácia da pílula do dia seguinte é usa-­‐la mais de uma vez num mesmo ciclo. Por esse motivo, ela não deve substituir os métodos anticoncepcionais de uso regular. EFEITOS COLATERAIS • Os efeitos colaterais mais comuns são náuseas e vômitos. Mesmo assim, isto não ocorre com a maioria das mulheres, e geralmente não duram mais que 24 horas. • Muitas garotas imaginam que ao tomar a pílula do dia seguinte a menstruação descerá em seguida, mas isto não ocorre. Algumas garotas podem apresentar um pequeno sangramento na primeira semana, mas, a menstruação ocorrerá mais ou menos na data prevista: 13% A menstruação atrasará mais de 7 dias 15% A menstruação atrasará de 3 a 7 dias 57% A menstruação ocorre na data prevista ou um pouco antes 15% A menstruação pode adiantar uns 7 dias • A pílula do dia seguinte não tem efeito abortivo, ou seja: uma vez confirmada a gravidez, ela não é mais capaz de interferir no desenvolvimento da mesma. A INDICAÇÃO MÉDICA É IMPORTANTE, MAS NÃO É FUNDAMENTAL A consulta ao médico para fazer um tratamento é importante. Mas, isto nem sempre é possível, principalmente, no caso da contracepção d emergência que precisa ser iniciado o quanto antes ou até 72 horas após a relação de risco. Desta forma, como nem sempre a maioria das mulheres consegue uma consulta médica neste espaço de tempo e os efeitos colaterais não põe em risco a vida da mulher e nem afeta de forma definitiva o funcionamento normal do corpo, quando usada de forma esporádica, o Ministério da Saúde, junto com conselho de medicina e o de farmácia chegaram a um consenso de que esta pílula pode ser usada sem que antes a pessoa tenha que passar por uma consulta médica. Evra – Um adesivo que previne a gravidez As mulheres têm cada vez mais opções de escolha de método contraceptivo hormonal. Aqueles que por meios de substitutos sintéticos para os dois hormônios que regulam o ciclo menstrual feminino, o estrogênio e a progesterona inibem a ovulação. A presença desses hormônios artificiais na circulação faz o cérebro acreditar que não há necessidade de estimular os ovários a produzirem os hormônios naturais. Sem essas substâncias naturais, o óvulo não amadurece, portanto, não há ovulação. O EVRA é um destes contraceptivos hormonais, só que em forma de adesivo. O que é o método contraceptivo por adesivo? Evra é um pequeno adesivo bege de 4,5cm x 4,5cm, fino e discreto, que pode ser fixado em várias partes do corpo da mulher e usado discretamente sob as roupas ou em áreas expostas do corpo. Colocado na pele, este método libera diariamente uma pequena quantidade de hormônio que é absorvida pelo organismo, prevenindo a gravidez da mesma forma que a pílula -­‐ evita a ovulação e torna o muco cervical mais espesso, o que dificulta a entrada dos espermatozoides no útero. É um contraceptivo de dosagem semanal e de fácil aplicação que a mulher só precisa se lembrar de trocá-­‐lo uma vez por semana aumentando a segurança e diminuindo o risco de esquecimentos. Sua eficácia é de 99,4% Como utilizar este método? O Evra é vendido em caixas contendo 3 adesivos, que equivale a um mês de tratamento. Deve-­‐se aplicar o primeiro adesivo no primeiro dia da menstruação e troca-­‐lo apenas uma vez por semana. Esta troca deve ocorrer sempre no mesmo dia da semana que foi colocado o anterior. Depois de 3 semanas com o adesivo, se faz uma semana de pausa. Nesta quarta semana será o período onde ocorrerá a menstruação. Quanto ao local de aplicação, não precisa ser sempre o mesmo. Aliás o melhor é que haja uma diversificação de local. Com exceção dos seios ou em locais sob pressão ou atrito, como na sola dos pés ou sob o elástico de roupas íntimas, o adesivo pode ser fixado em qualquer parte do corpo, como as nádegas, abdome, parte superior das costas ou parte superior do braço. Esta mudança de local só deve ocorrer no momento da troca de adesivo. O adesivo depois de fixado não deve ser removido. Isto pode fazer com que ele fique descolando e assim prejudicar a segurança do método. Um outro cuidado para garantir a eficácia é não recortar nenhum pedaço dele. O adesivo deve ser colocado tal qual vem na embalagem. O que fazer quando o adesivo descola? Descolamento Parcial – se ocorreu o descolamento e a garota percebeu em menos de 24h: é só tentar grudar a parte descolada. Se conseguir, tudo bem, não há problema e nem perda da eficácia. Caso não consiga, então se deve retirar este adesivo e aplicar um novo. O dia de troca permanece o mesmo e não há necessidade de usar um método adicional de contracepção. No entanto, se o descolamento já ocorreu há mais de 24h ou a garota não tem dúvida quanto a este tempo: Ela deve trocar o adesivo. Iniciar um novo ciclo. O dia de troca agora, passa a ser o deste outro e é indicado que ela utilize um método adicional de contracepção de barreira, como a camisinha, por exemplo, durante a primeira semana. Implanon – um contraceptivo subcutâneo Meninas, acreditem: existem hoje métodos hormonais para todo jeito e ritmo de vida de uma garota. E o grande lucro disto tudo é que, cada vez mais, estes métodos afetam menos a saúde da mulher. O Implante contraceptivo, que chama pelo nome de Implanon é uma das opções para as meninas que se esquecem com facilidade das coisas, principalmente de controlar o método contraceptivo que estão usando, ou para aquelas que simplesmente não querem se preocupar com contracepção por, pelo menos, uns três anos, sem correr o risco de engravidar. O que é implante contraceptivo? O implanon é uma pequena cápsula em forma de bastonete fino de quatro centímetros de comprimento por dois milímetros de diâmetro que é inserido sob a pele, no lado interno da parte superior do braço. Desde o primeiro dia de sua colocação, o contraceptivo começa a sua ação liberando lentamente um hormônio à base de progesterona. Assim, a proteção contra a gravidez está garantida desde o primeiro dia da colocação. O processo que faz a garota não engravidar é exatamente o mesmo da pílula e dos demais contraceptivos hormonais: evita a ovulação e torna o muco cervical mais espesso, o que dificulta a entrada dos espermatozoides no útero. O método é seguro (eficácia avaliada em 100% durante três anos), prático e toda a manutenção que ele precisa é que a garota continue fazendo seu controle médico de rotina, com o ginecologista. Como utilizar esse método? Em geral, o método pode ser usado por todas as mulheres, inclusive na adolescência. Mas, como todos os métodos hormonais, o primeiro passo é consultar um ginecologista para avaliar as possibilidade de indicação. Uma vez confirmada a indicação, o implante contraceptivo deve ser inserido entre o 1o e 5o dia do ciclo menstrual. O processo é realizado pelo próprio médico no consultório. Inicialmente, ele aplica uma anestesia local para adormecer a região e tornar a aplicação indolor. Depois, por meio de um aplicador próprio, implanta sob a pele o bastonete. O processo tem duração de minutos. Nos dias imediatos à colocação, a região pode ficar dolorida. Se ocorrer qualquer alteração significativa, é importante avisar ao médico. Uma vez colocado, ele só é percebido pelo tato e, a garota pode ficar sossegada que ele não sai do lugar e nem a impede de fazer normalmente suas atividades, inclusive práticas esportivas. Vantagens do implante Uma vantagem desse contraceptivo é que o nível de hormônio é dez vezes menor do que o encontrado nos métodos orais, como as pílulas comuns. Como libera hormônio continuamente, a menstruação não ocorre durante todo o tempo em que a garota o usa. A outra grande vantagem, é que basta retirá-­‐lo para que, em poucos dias, a fertilidade e o ciclo menstrual voltem ao normal. Desvantagens e contraindicação Como todos os métodos hormonais, o implante pode ocasionar dor de cabeça, retenção de líquido no organismo, o que pode significar um ganho de peso em torno de 1,5 a 2 quilos em 12 meses; pode também provocar acne, dor mamária, queda de cabelo e alteração da libido (vontade de transar) e do humor. Ele é contraindicado para quem teve trombose recentemente, sangramento uterino não diagnosticado e doença hepática grave. Quem sofre de diabetes, ou possui mancha na pele poderá utilizar o método, desde que rigorosamente sob controle médico. Métodos Comportamentais (Naturais) São aqueles que utilizam apenas a observação do corpo para evitar a gravidez. Podem ser utilizados por qualquer casal, não têm nenhum custo e não necessitam receita médica. Entretanto, a eficácia é muito baixa (50%), não sendo recomendados para casais que não querem ou não podem engravidar. Além disso, nenhum destes métodos previnem de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). Na verdade, estes métodos são muito importantes para quem deseja engravidar, pois amplia o conhecimento sobre o funcionamento do corpo, ajudando ao casal a ter relações sexuais nos dias férteis. TABELINHA Este método consiste em evitar fazer sexo durante o período fértil. O período fértil são os dias mais prováveis de acontecer a ovulação (liberação do óvulo). Nestes dias, se uma garota tiver uma relação sexual, pode ficar grávida. Para identificar este período, é importante saber que, 14 dias depois da ovulação, ocorre a menstruação, assim, para saber o período fértil, a garota precisa observar o ciclo menstrual por 06 meses, para em seguida conseguir fazer os cálculos. Em primeiro lugar, anote a data do início e do término de cada menstruação ao longo dos 06 meses. A seguir, conte o número de dias do primeiro da menstruação até a véspera do início da menstruação seguinte: este é o ciclo menstrual. Para saber o início deste período, subtrair 17 do número de dias do ciclo mais curto, e 11 do mais longo para saber quando termina. Ex: Ciclo mais curto: 26 dias (26-­‐17 = 9 ); ciclo mais longo: 32 dias (32-­‐11 = 21). O período fértil será do nono ao vigésimo primeiro dia do próximo ciclo menstrual. Durante o período fértil a mulher deve evitar relações sexuais sem preservativo. MUCO CERVICAL OU BILLINGS Este método consiste em evitar fazer sexo durante os dias em que a secreção vaginal sai como um catarro, de dentro da vagina. Logo após a menstruação a vagina fica bem seca. Durante o ciclo menstrual as glândulas do colo do útero começam a secretar um muco. Para observar este muco e verificar sua elasticidade, a garota deve colocar dois dedos no fundo da vagina e pinçar um pouco da secreção como mostra a figura abaixo. Após esta observação a regra é evitar as relações no período que existe este muco e 3 dias após ele sumir completamente. Quando o muco está liguento é sinal que ocorreu a ovulação. TEMPERATURA BASAL Este método consiste em não fazer sexo durante os dias em que há uma alteração brusca da temperatura do corpo. Por ocasião da ovulação acontece uma ligeira queda na temperatura, seguida de uma elevação brusca de aproximadamente 0,5 °C em relação às medidas basais (as da primeira fase do ciclo) que se manterá alta até a próxima menstruação. Entretanto, no terceiro dia após a elevação da temperatura, já se considera o fim do período fértil. A temperatura basal deve ser medida diariamente, antes da mulher se levantar pela manhã, com um termômetro clínico, colocado, de preferência, na boca. Anota-­‐se a temperatura em um gráfico semelhante ao da figura abaixo. Quando a temperatura cai é sinal que a ovulação aconteceu. Os métodos comportamentais (tabelinha, muco cervical e temperatura basal) devem ser utilizados em conjunto para aumentar sua eficácia. Geralmente utiliza-­‐se a tabelinha e o método do muco cervical para estimar o início do período fértil e a temperatura basal para estimar o final do período fértil. COITO INTERROMPIDO Este método consiste na retirada do pênis, momentos antes, da ejaculação. Alto risco de falha, pois pode ser muito difícil para o homem retirar o pênis da vagina, neste momento, principalmente, na adolescência quando ainda não se tem um perfeito controle da ejaculação. Mirena – O DIU de hormônio Neste artigo, iremos conversar sobre mais método eficaz de prevenção à gravidez. É o Mirena -­‐ uma nova forma de anticoncepcional hormonal, que é colocado dentro do útero, como o DIU. Ele tem forma de “T”, com um reservatório que contém Levonogestrel, um hormônio que imita a progesterona. Desta forma, os efeitos colaterais são mínimos, e não comprometem o funcionamento do organismo, inclusive no que diz respeito ao grande tormento das mulheres: o ganho de peso. Como funciona este método? Trata-­‐se de um dispositivo intrauterino (DIU) de plástico ou de metal que tem o formato de um cilindro de 3 centímetros de onde saem duas hastes laterais. Deve ser colocado no útero por um ginecologista até sete dias após o início da menstruação. Uma vez colocado, o Mirena libera diariamente pequenas doses de hormônios diretamente na parede interna do útero, de forma contínua por cinco anos. No final do mês, a soma de hormônio liberada equivale à quantidade contida em três pílulas. No entanto, ele é capaz de impedir a gravidez, porque isto é suficiente para deixar o muco do colo uterino mais espesso, criando uma barreira para a passagem dos espermatozoides, cuja mobilidade dentro do útero e nas trompas uterinas fica inibida. Além disso, o Mirena impede o crescimento do endométrio (camada de revestimento interno do útero), tornando-­‐o desfavorável à gravidez e resultando em sangramento menstrual mais curto e menos intenso. E por fim tal contraceptivo faz com que as mulheres não ovulem, ou então que produzam óvulos de baixa qualidade, por isso a gravidez não se consuma. Vantagens e cuidados Nos primeiros três meses, o Mirena pode causar pequenos sangramentos irregulares e a menstruação pode desaparecer completamente em algumas mulheres, após poucos meses. No entanto tem a vantagem de reduzir dores menstruais. A eficácia deste método na prevenção de gravidez está entre os melhores índices. Por exemplo, o Mirena tem o mesmo percentual de eficiência que a laqueadura tubária e a vasectomia, com a vantagem de ser reversível, uma vez retirado o dispositivo. É um contraceptivo caro, não acessível a todas as mulheres. O Mirena não deve ser a primeira opção para a mulher que nunca teve filhos e deseja tê-­‐los no futuro. Além disso, a probabilidade de ele ser expulso pelo organismo é maior na mulher que nunca teve filhos. Entretanto, com orientação e indicação médica, pode ser usado em qualquer idade, desde que a garota já tenha menstruado, com a vantagem de não ser necessário preocupar-­‐se com a contracepção durante cinco anos. Novos métodos contraceptivos – Contracepção vaginal Nunca existiram tantos métodos contraceptivos como existem hoje. Só nestes últimos dois anos, foram lançados no mercado cinco tipos de métodos hormonais – o contraceptivo vaginal, o adesivo, o sistema intrauterino de progestagênio (DIU hormonal), as pílulas de ultra baixa dosagem hormonal e o implante hormonal. Podemos dizer que existem métodos para quase todos os gostos, capazes de atender às necessidades de cada casal, inclusive de adolescentes. De fato, muitos destes novos métodos podem ser usados durante a adolescência. Resolvi escrever um artigo sobre cada um dos novos métodos, assim creio que será mais didático e menos cansativo. O primeiro sobre o qual iremos conversar é o contraceptivo vaginal. O que é o método contraceptivo vaginal? O novo método contraceptivo vaginal -­‐ que tem o nome de NuvaRing -­‐ é um pequeno anel flexível que, quando colocado na vagina, libera continuamente baixas doses de hormônios (estrogênio e progesterona), impedindo que aconteça a ovulação. É um método eficaz e inovador, que oferece proteção contra a gravidez. Esse anel tem 5,4 cm de diâmetro e é introduzido na vagina uma vez por mês, durante um período de três semanas Após esse período, as usuárias devem remover o anel e sem usá-­‐lo uma durante uma semana, durante a qual geralmente ocorre a menstruação. Como acontece com todos métodos hormonais, esse período de pausa não põe a garota em situação de risco para gravidez. Se ela usou continuamente o anel durante as três semanas, o efeito dos hormônios permanece durante o período de pausa. Como utilizar o método? O anel flexível deve ser inserido na vagina e mantido no lugar por 3 semanas. Depois disso, é retirado. Após os sete dias de recesso, em que ocorre a menstruação, um novo anel deve ser colocado para o início de um novo ciclo. Na primeira vez em que a garota usa o anel, ele deve ser introduzido entre o 1o e o 5o dia da menstruação. Aconselha-­‐se também utilizar um método de barreira (camisinhas), durante os primeiros sete dias, para garantir a contracepção. Como colocar o anel? O anel foi projetado para ser colocado e retirado, com facilidade, pela própria mulher, que deve escolher uma posição confortável: deitada, agachada ou em pé com uma perna elevada. Deve-­‐se segurar o anel entre o polegar e dedo médio e pressionar os lados do anel até que se juntem. Depois de inserido, o anel deve ser empurrado pela vagina até a mulher perceber que ficou colocado de modo confortável. Não é preciso se preocupar com o fato de ele estar ou não bem encaixado, pois o método não exige uma posição exata para ter perfeito funcionamento. O que importa é que se aloje de modo confortável, afinal deverá permanecer no lugar, sem ser retirado, por três semanas. Como retirar o anel flexível Para retirar o anel, é muito fácil. Basta introduzir o dedo indicador na vagina e enganchá-­‐lo, ou então segurar o anel entre os dedos indicador e médio, puxando-­‐o para fora. As vantagens do contraceptivo vaginal • É discreto. • Pode ser colocado pela própria usuária. • Seu uso não está associado à relação sexual, permitindo maior espontaneidade. • A colocação é feita uma vez ao mês. As desvantagens do contraceptivo vaginal • Apresenta as mesmas contraindicações dos demais métodos hormonais: não deve ser usado por mulheres com pressão muito alta, que já tiveram trombose, infarto e câncer de mama e por fumantes com mais de 35 anos. • Não previne as doenças sexualmente transmissíveis (DST), incluindo a AIDS. A origem e os tipos de camisinhas Como tudo na vida, a camisinha também tem a sua história. E por mais moderno que este artefato possa parecer, sua origem vem da Antiguidade. No século II a.C., os romanos já usavam um tipo de invólucro no pênis para se protegerem de doenças sexualmente transmissíveis; era produzido a partir de intestinos de cordeiro e bexiga de cabra ou, talvez, de peles de animais. Não se sabe ao certo. A primeira camisinha surgiu na Idade Média, quando aconteceu na Europa a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis, e se fez necessário inventar um método eficaz de prevenção. Nesta época, não existiam bons tratamentos, e doenças como a sífilis não tinham cura. Pode-­‐se dizer que a sífilis foi a AIDS da época. Indivíduos contaminados, além de sofrer todo o tipo de preconceito, morriam. A cura para a sífilis (com a descoberta da penicilina) só surgiu na segunda metade do século XX. As primeiras camisinhas Em 1564, o anatomista e cirurgião Gabrielle Fallopius inventou uma espécie de "saco de linho", sob medida para o tamanho do pênis; tal "camisinha" era embebida em ervas, para proteger os pacientes da sífilis. Mas, o toque de criatividade que deu à camisinha o formato que ela tem hoje, aconteceu no século XVII, fruto do talento do Dr. Quondam. Atendendo ao pedido do monarca inglês Carlos II para criar algo que o impedisse de ter mais filhos ilegítimos, ele criou um protetor feito com tripa de cordeiro e lubrificado com óleo de amêndoas. Embora feito de forma artesanal, e pouco cômodo, o produto fez tanto sucesso que há quem diga que o nome em inglês (condom) seria uma homenagem ao médico. Outros registros indicam que o nome parece vir mesmo do latim "condus" (receptáculo). Camisinha de borracha A "camisinha-­‐tripa" foi usada até 1839, quando Charles Goodyear descobriu o processo de vulcanização da borracha, fazendo-­‐a flexível à temperatura ambiente. Nessa época, os preservativos de borracha eram grossos, pouco aderentes, irregulares e caros e por isso, lavados e reutilizados diversas vezes. Camisinha de látex Em 1930, o látex líquido substituiu a borracha, e até hoje é o material mais usado na fabricação de camisinhas. O látex tornou o preservativo mais fino e confortável. No entanto, em 1960, a invenção da pílula anticoncepcional, associada ao tratamento e cura das principais DSTs, motivaram uma queda na utilização da camisinha. Só no início dos anos 80, quando a AIDS surgiu, a camisinha voltou a ter importância. Por isso as empresas que produzem camisinhas investiram na diversificação. Assim hoje há camisinhas de todos os tamanhos e para todos os gostos. Tipos de camisinhas • Lubrificada: a mais tradicional; e látex, com óleo de silicone para facilitar a penetração e no formato liso. • Sem lubrificação: modelo a seco, sem óleo de silicone; é indicado principalmente para os alérgicos a lubrificantes. • Aromatizadas: muito usada no sexo oral. O óleo lubrificante vem misturado com o aroma de vários alimentos. • Ultrassensíveis: amplia a sensibilidade do pênis na hora do sexo; tem a espessura do látex reduzido. O formato é liso e também tem óleo lubrificante. • Texturizadas: possuem relevos, das listras às bolinhas, com o objetivo de provocar estímulos tanto nos homens, como nas mulheres. • Efeito retardador: tem ação de retardar o prazer no homem. Possui uma dosagem de 4,5%, de benzocaína, um tipo de anestésico local, substância que dá uma segurada no orgasmo masculino e prolonga o tempo da relação. • Tamanho GG: tem em média 186 mm de comprimento e 55 mm de largura. • Para adolescentes: o modelo Teen é indicado principalmente para o público jovem que está iniciando a vida sexual e também para as pessoas que procuram mais comodidade. O preservativo é liso, lubrificado, com 49 mm de largura, abaixo do padrão de 52 mm, e com 160 mm de comprimento. • Hot: promove sensação de calor; possui um agente umectante em forma de gel na parte interna (em contato com pênis) e na externa (em contato com a vagina) que esquenta durante a relação. • Ultra: é um preservativo lubrificado mais espesso que os outros. Ou seja, camisinha mais resistente. AIDS -­‐ Assim pega, assim não pega... O sexo tem, por natureza, duas funções: o prazer e a reprodução. A prática sexual, por si só, não causa nenhuma doença. Fazer sexo é tão saudável, quanto se alimentar. Entretanto, da mesma forma que uma pessoa pode comer uma coisa estragada e adoecer, pode transar com alguém infectado e contrair uma doença sexualmente transmissível (DST), como, por exemplo, a Aids. A transmissão de doenças é uma fatalidade que pode ser evitada. A Aids é uma doença causada pela presença no organismo do vírus da imunodeficiência humana -­‐ HIV. Este vírus hospeda-­‐se, principalmente, nos linfócitos, células encontradas em maior concentração no sangue, no sêmen, na secreção vaginal e no leite materno. Assim pega... Sangue -­‐ O sangue é muito rico em linfócitos. Assim, quando o sangue infectado pelo HIV cai na corrente sanguínea de uma pessoa, o vírus encontra a situação ideal para se reproduzir. As principais vias de transmissão que favorecem esse contato são a transfusão sanguínea e o compartilhar de seringas durante o uso de drogas injetáveis. Graças ao empenho do governo brasileiro na luta contra a Aids, a transfusão sanguínea tem sido rigorosamente controlada, representando a minoria dos casos de transmissão do HIV. Por outro lado, o compartilhar de seringas por usuários de drogas responde a 19% dos registros da doença. Sêmen e secreção vaginal -­‐ Nestas duas secreções há uma concentração muito alta de HIV, capaz de infectar um(a) parceiro(a) durante o ato sexual. A infecção ocorre porque os órgãos genitais são muito irrigados por vasos sanguíneos e possuem uma mucosa que permite a passagem do HIV que está no sêmen ou na secreção vaginal para o sangue do(a) parceiro(a). Além disso, a relação sexual pode causar pequenas fissuras na parede da vagina ou no pênis, devido ao atrito da penetração, facilitando ainda mais a transmissão. As práticas sexuais que transmitem o HIV são as seguintes: relação com penetração vaginal, relação anal e sexo oral. O sexo é a via de transmissão responsável pelo maior número de casos de Aids no mundo. É importante lembrar que, qualquer prática sexual pode ser realizada sem risco de infecção pelo HIV, desde que o casal use de camisinha -­‐ masculina ou feminina. Em caso de dúvida quanto à colocação, leia o artigo "Camisinha masculina -­‐ técnica e habilidade" (abril/2005). Transmissão vertical -­‐ é aquela transmitida de mãe para filho, quando uma mulher portadora do HIV infecta o filho durante a gravidez. Quando a mulher está grávida, desenvolve uma forma de comunicação do seu sangue com o sangue do bebê por meio do cordão umbilical. Desta forma, o HIV pode passar para o sangue do bebê e contaminá-­‐lo. Esta transmissão está diminuindo cada vez mais. Hoje, com medicamentos mais potentes para aumentar a defesa do organismo de um portador de HIV e o tratamento específico que a gestante e o bebê recebem durante o pré-­‐natal e o parto, o número de crianças que nascem com o HIV no Brasil diminuiu significativamente. Leite materno -­‐ Esta é uma outra secreção que, por possuir muitos leucócitos, também é capaz de conter alto nível de concentração de HIV quando a mãe é portadora. A amamentação é uma via de transmissão do HIV, portanto não é indicada quando a mãe é portadora desse vírus, devendo ela recorrer ao Banco de Leite -­‐ estabelecimento encarregado de controlar a qualidade do leite materno que é doado e distribuído a mães que não conseguem ou podem amamentar -­‐ ou utilizar a amamentação artificial (mamadeira). Assim não pega... Lágrima, suor e saliva -­‐ Os linfócitos também estão presentes em outras secreções do nosso corpo como, lágrima, suor e saliva. Mas como a concentração do vírus é pequena nestes líquidos, não há risco de contaminação. Desta forma, pode-­‐se dizer que não se pega o HIV pelo contato com essas secreções. No caso do beijo, a transmissão não ocorre porque a saliva é pobre em células sanguíneas e há uma rápida renovação salivar na boca, o que impede o aumento de concentração de HIV. Atenção! Se o casal tiver alguma lesão aberta na boca que possibilite o contato com sangue como, por exemplo, gengivite ou ferimentos por uso de aparelho, o risco pode existir. O HIV é pouco resistente ao calor e ao frio, bem como aos agentes químicos como álcool, detergentes, água oxigenada, água sanitária, etc. Assim, uma vez em contato com estes elementos, o HIV morre em questão de segundos. Prova de amor ou conduta de risco? A paixão é um sentimento maravilhoso, mas muito louco... tira fome, dispensa o sono, altera o jeito da gente ver o mundo, e faz o casal acreditar que este relacionamento será único e eterno, e que qualquer prova de amor vale a pena! Para alguns casais, estar junto se divertindo é a demonstração de amor que eles acreditam. Mas há outros apaixonados, em geral as mulheres, que precisam ouvir do namorado a frase mágica... "eu te amo", que se vier acompanhado de um anel, por exemplo, ganhar muito mais força! Para muitos homens, a maior prova de amor que a namorada pode lhe dar ainda é a entregar sexual, de preferência sem que tenha que usar camisinha. E é aí que mora o perigo! O uso da camisinha no Brasil Uma pesquisa realizada em junho deste ano, pelo Ministério da Saúde com 8 mil pessoas de todo o país, entre 15 e 64 anos, aponta que o nível de conhecimento sobre as formas de infecção e prevenção da Aids, é muito alto: 95% da população sabe que o uso do preservativo é a melhor maneira de evitar a infecção pelo HIV. Segundo o estudo, jovens entre 15 e 24 anos de idade são os que mais fazem sexo protegido. Ponto pra vocês moçada! Para o Ministério da Saúde, a maior proteção entre os jovens reflete o envolvimento das escolas na educação sexual, no que se refere a atividades de prevenção às DST/AIDS. Isto é muito importante porque confirma a importância do trabalho em educação sexual. Infelizmente a grande maioria dos jovens não contam com uma escola com este cuidado e estrutura para atender as necessidade de conhecimento em sexualidade e prevenção as DST/Aids e gravidez na adolescência. Aproveitem! Voltando a pesquisa, esta confirmou um fato que todos suspeitavam -­‐ as meninas exigem menos o uso do preservativo. Dá só uma olhada nestes números! Na primeira relação sexual 63,8% dos homens (entre 15 e 24 anos) usaram preservativo. No caso da primeira vez das garotas, nesta mesma faixa etária, o percentual é de 57,6% de mulheres que transaram com camisinha. Quando se trata de uma transa casual, a adesão a camisinha é maior -­‐ 68% dos jovens afirmaram ter usado preservativo. No entanto, quando foram perguntados sobre o uso no relacionamento fixo, este número cai para menos da metade, apenas 30,7% costumam manter o uso da camisinha. Isto significa que quando o jovem passa a ter confiança no parceiro, o uso do preservativo deixa de ser prioridade, especialmente para as meninas. A carne é fraca e o espírito vacilante A fidelidade no relacionamento é uma expectativa da maioria dos casais. Não passa pela cabeça de nenhum apaixonado que um dos dois possa se interessar por outra pessoa. E, talvez por isso, as meninas acreditem que podem confiar e dispensar o uso do preservativo como prova de amor. Claro que existe casal fiel, que só transa um com o outro; mas não se pode ignorar, como dizia minha mãe, que em matéria de sexo, “a carne é fraca e o espírito vacilante”. Veja o que foi observado neste estudo do Ministério da Saúde -­‐ 16% dos brasileiros têm relações casuais enquanto estão em um relacionamento fixo, e que isto é mais frequente nos jovens entre 15 e 24 anos. Os homens traem mais: 21% deles (4,7 milhões) afirmaram ter tido relações casuais no mesmo período das relações fixas. Entre as mulheres, o índice é de 11% (1,8 milhão). O mais preocupante é que as mulheres são as que mais dispensam o uso do preservativo: 75%, contra 57% dos homens. A verdadeira prova de amor Transar sem camisinha não é prova de amor, é ceder aos caprichos de seu namorado. Amar é não ter que provar nada! Quem pede provas está tão centrado em si mesmo, no seu “aparente” conforto e em ter suas vontades realizadas que não consegue enxergar o outro. Esta pessoa não está amando ninguém. Portanto, transar sem camisinha é uma conduta de risco para ambos os sexos! Você transfere para alguém, que não está nem um pouco preocupado com você, o seu direito de ser uma pessoa saudável e de escolher o melhor momento para ter um filho. Pense nisso antes de abrir mão da camisinha! Sexo frágil e a prevenção da Aids no carnaval A campanha de carnaval de 2011 terá como público as mulheres de 15 a 24 anos. O público feminino foi escolhido porque a infecção entre as mulheres está em constante crescimento. Apesar de haver mais casos da doença nos homens, essa diferença diminui ao longo dos anos. Segundo o Ministério da Saúde -­‐ Departamento de DST/Aids, em 1989, a razão de sexos era de cerca de 6 casos de aids no sexo masculino para cada 1 caso no sexo feminino. Em 2009, chegou a 1,6 caso em homens para cada 1 em mulheres. Mitos e tabus sexuais As mulheres lutaram por seus direitos sexuais, pelo direito de estudar, desenvolver uma carreira profissional e conquistar sua autonomia econômica e pessoal. Mas, quando a questão é amor e sexo, a garota volta no tempo, e ainda se comporta de forma submissa aos desejos do namorado e, presa a mitos e tabus que colocam sua vida em risco, como por exemplo, a virgindade. A virgindade ainda é muito valorizada na mulher. Sabendo disso, muitas garotas acabam cometendo equívocos incríveis para não romper o hímen – fazer sexo anal – a prática sexual que quando realizada sem preservativo é a de maior risco de infecção pelo HIV. Na contra mão dos fatos, pesquisas mostram a dificuldade de a garota negociar o uso da camisinha por medo de perder o namorado, de ser julgada "galinha", ou ainda pior: não usar preservativo em nome do amor, acreditando que "quem ama confia". Tais comportamentos fazem da mulher o verdadeiro sexo frágil. Fragilidade física A infecção pelo HIV se dá pelo contato direto com o sangue, o sêmen e as secreções vaginais, e isto pode acontecer no sexo oral, mas principalmente, na relação vaginal e no sexo anal. O ânus e a vagina são órgãos muito vascularizados, revestidos por um tecido delgado chamado de mucosa. Na relação sexual, especialmente durante a penetração, o pênis provoca atrito na vagina ou no ânus, causando microfissuras nas paredes das mucosas, aumentando o risco de que o HIV presente no esperma entre na corrente sanguínea. Outro fator que aumenta a vulnerabilidade da mulher à Aids é a menstruação. Quando a mulher está menstruada, a descamação da parede do útero, o deixa completamente exposto ao HIV. Fazer sexo menstruada é "entregar o ouro para o bandido", pois o vírus atinge a corrente sanguínea sem precisar fazer esforço. Como se não bastasse tudo isso, o canal vaginal é um órgão interno, o que dificulta à mulher perceber qualquer alteração na vagina. Muitas vezes, ela só descobre que tem uma infecção, ou mesmo uma DST, se consultar um ginecologista, ou quando a doença já está bastante adiantada. Uma infecção agrava ainda mais a fragilidade da parede vaginal, aumentado a vulnerabilidade da mulher à Aids. Alertas para o carnaval Meninas sejam espertas e fiquem fora desta estatística da Aids. Se existe sexo frágil, estes são o sexo anal e o vaginal, quando o assunto é Aids. Portanto, alguns cuidados são fundamentais na sua vida, e especialmente, no carnaval: •
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Nunca delegue o cuidado com o seu corpo. O corpo só tem um dono, e este é você. Quando você delega, o outro pode não priorizar os seus interesses. Só se previne quem tem convicção dessa necessidade. Busque informações sobre razões para se prevenir, sexualidade, prevenção, DST/Aids e métodos contraceptivos. Não faça qualquer negócio sexual no carnaval. A autoestima da mulher está condicionada a sua capacidade de despertar o interesse nos homens, principalmente, em festas como o carnaval. Se achar que está invisível, mesmo assim, não faça nenhum acordo que possa lhe colocar em risco. Antes de cair na folia escreva uma lista com os nomes das pessoas que você considera importante e que lhe ama. Isto ajudará você a não esquecer que é amada. Sei que é difícil, mas se for transar não beba. A bebida atrapalha o prazer e faz você esquecer seus limites. Nunca negocie o uso da camisinha na hora da transa. O tesão embriaga e lhe deixa entregue a sorte, ou azar! Conheçam a camisinha feminina. Ela é uma opção, e já existem modelos mais simples que facilitou a sua colocação. Na falta da camisinha, você não precisa abrir mão do prazer sexual. O casal pode realizar práticas sexuais que não sejam de risco, como a masturbação simultânea entre os parceiros. Existem camisinhas de vários tipos e qualidades. Portanto, sempre haverá uma que se adéque ao seu parceiro. Sexo é uma brincadeira de verdade. Quando a gente se machuca, a cicatriz fica para sempre SEXO É DIREITO -­‐ OS DIREITOS SEXUAIS Sexo é uma função do organismo humano. Todo mundo nasce com a capacidade para fazer sexo. Isto ocorre porque, por mais antiquado que possa parecer, a relação sexual é a forma natural da perpetuação da espécie – a reprodução. Se, por acaso, o ser humano se reproduzisse de outra forma, nós não faríamos sexo... Já pensaram que tristeza seria! Na Pré-­‐história, época em que os serem humanos ainda não sabiam que era fazendo sexo que ocorria a gravidez, a atividade sexual acontecia de acordo com o instinto, como ocorre até hoje entre os animais de reprodução sexuada. Com a evolução da humanidade, a mulher deixou de exalar no ar o odor estimulante e característico do cio e, em seu lugar, foram adotados símbolos e rituais de sedução que fazem parte do que chamamos erotismo. Ao invés do odor, surgiram outros estimulantes sexuais que despertam o desejo no outro. Foi assim, que o ser humano deixou de fazer sexo conforme a natureza determina, para praticá-­‐lo também de acordo com os sentimentos, emoções e valores. Desse modo, o sexo passou a ser a sexualidade, que é uma criação humana e não mais fruto do mero instinto. A sexualidade faz parte da personalidade de todos, e se constrói por meio da interação entre o indivíduo e a sociedade. A sociedade impõe maneiras de como homens e mulheres devem atuar e se comportar sexualmente; muitas vezes as imposições sociais impedem a satisfação de necessidades humanas básicas, tais como desejo de contato, intimidade, expressão emocional, prazer, carinho e amor. O modelo social repressivo perdurou por muito tempo e só mudou recentemente, mais precisamente na segunda metade do século XX. O avanço do conhecimento na área da sexologia, as descobertas científicas importantes (como a pílula anticoncepcional) e as manifestações sociais como o feminismo e o movimento gay permitiram que se percebesse o quanto muitas imposições sociais atrofiavam o desenvolvimento das pessoas e comprometiam a saúde sexual. Assim, durante o XV Congresso Mundial de Sexologia, ocorrido em Hong Kong (China) em 1999, a Assembleia Geral da WAS (World Association for Sexology) aprovou a Declaração de Direitos Sexuais com o apoio da OMS (Organização mundial da Saúde). Tais direitos refletem uma visão da sexualidade não apenas como forma de reprodução, mas como fonte de prazer e elemento importante no desenvolvimento humano e nas relações interpessoais. Os Direitos Sexuais Os direitos sexuais fazem parte dos direitos humanos universais, baseados em princípios como liberdade, dignidade e igualdade para todos os seres humanos. 1. Direito à liberdade sexual 2. Direito à autonomia sexual, integridade sexual e à segurança do corpo sexual 3. Direito à privacidade sexual 4. Direito à igualdade sexual 5. Direito ao prazer sexual 6. Direito à expressão sexual 7. Direito à livre associação sexual 8. Direito às escolhas reprodutivas livres e responsáveis 9. Direito à informação baseada no conhecimento científico. 10. Direito à educação sexual compreensiva (abrangente) 11. Direito à saúde sexual Sexo é direito -­‐ Educação e Orientação Sexual O DIREITO À EDUCAÇÃO SEXUAL COMPREENSIVA -­‐ Este é um processo que dura a vida toda, desde o nascimento, e deveria envolver todas as instituições sociais. Quando se fala em educação sexual, a primeira coisa que deve passar pela cabeça da maioria dos adolescentes é: USE CAMISINHA! Mas esta recomendação é apenas uma pequena parte da educação sexual. Na verdade educação sexual é um "ninho" de valores e expectativas preparado pelos pais antes mesmo do nosso nascimento. Para se ter uma ideia, a própria escolha do nome traz embutidas expectativas de traços que os pais desejam que seus filhos desenvolvam ao longo da vida. Assim, desde muito cedo, a criança é ensinada a se comportar de acordo com seu gênero e a aprender a se relacionar sexualmente com a sociedade. Com aplausos em alguns momentos e broncas em outros para corrigir ou adequar o comportamento sexual e o jeito de ser mulher ou homem, nós vamos sendo educados desde o dia do nascimento até a morte. Entretanto, a educação sexual não é privilégio apenas dos pais, mas de todas as pessoas que se tornam significativas na nossa vida, como, amigos, professores, ídolos; as experiências e oportunidades que cada um pode viver e, também, as informações e opiniões da mídia e da internet, desempenham papel importante na educação sexual. Educação sexual compreensiva Falar sobre sexualidade é falar de intimidade – sentimentos, valores, conceitos e condutas que retratam uma filosofia de vida e nos remetem, invariavelmente, a questões pessoais. E, muitas vezes, como determinados temas não estão claros, desenvolvemos alguns preconceitos e tabus que nos fazem sentir desautorizados ou mesmo envergonhados para ensinar, comentar ou esclarecer uma dúvida. Educar sexualmente, por mais absurdo que possa parecer, ainda é, para a maioria das famílias e instituições uma atitude constrangedora, principalmente, quando o que está em pauta é o desenvolvimento do papel sexual: como se comportar em sociedade, como manifestar a sexualidade. Se a questão for sobre amor, isto é, relacionamento afetivo, os adultos conseguem lidar bem com o tema, mas a coisa muda quando as questões são mais "sexuais": dicas de como beijar, o que se deve fazer para ter um bom desempenho sexual, como sentir e dar prazer, como conhecer o corpo, dúvidas sobre normalidade, dúvidas sobre risco de gravidez ou DST/Aids... Nesse caso a educação transcorre por meio de subterfúgios, isto é a opinião sobre o tema deve ser entendida nas entrelinhas, ou então se foge do assunto, desqualificando a sua importância. Conclui-­‐se que a educação sexual efetiva dada pelos pais é ainda é cheia de limitações, tanto que conversar sobre consulta ao ginecologista ou ao urologista é um problema para muitos jovens. É por tudo isso e pelo fato de o jovem, hoje, viver num momento social que exige responsabilidade cada vez mais cedo, por sua conduta sexual, que a orientação/educação sexual nas escolas se tornou fundamental, em colaboração com a família, para o desenvolvimento pessoal do aluno. Este trabalho é uma intervenção na educação sexual de forma planejada e objetiva que está pautada em um outro direito sexual: O DIREITO À INFORMAÇÃO BASEADA NO CONHECIMENTO CIENTÍFICO -­‐ A informação sexual deve ser gerada através de um processo científico e ético e disseminado em formas apropriadas e a todos os níveis sociais. SOSEX – uma ferramenta de auxílio online para professores e alunos tirarem dúvidas sobre sexualidade com educadores sexuais. É anônimo e sigiloso – serviço de orientação sexual por e-­‐mail, msn e até twitter. Exerçam os seus direitos e escrevam para o SOSex sempre que tiverem alguma dúvida ou curiosidade sexual. Sexo é Direito – Do prazer à responsabilidade O DIREITO AO PRAZER SEXUAL – prazer sexual, incluindo autoerotismo, é uma fonte de bem estar físico, psicológico, intelectual e espiritual. Um beijo, uma carícia especial... E pronto!!! O cérebro é invadido por uma onda gigantesca de excitação que leva a pessoa ao prazer sexual. A explicação para o prazer se esconde atrás de algumas minúsculas partículas químicas encontradas no organismo chamadas endorfinas, substâncias naturais produzidas pelo cérebro que nos relaxam e preservam da dor e que dão enorme prazer. A endorfina foi descoberta e começou a ser estudada em meados da década de 70, causando tanto entusiasmo nos cientistas que acabou recebendo o nome de "droga da felicidade". E não é para menos. Este hormônio afeta mecanismos cerebrais que controlam o humor, a resistência ao estresse e à dor, várias sensações de prazer e até o sistema imunológico. As endorfinas podem ser produzidas durante várias situações, mas é na atividade sexual que este hormônio, capaz de causar bem-­‐estar e relaxamento, é especialmente liberado. A química do prazer não pára por aí. As endorfinas não são os únicos hormônios produzidos pelo corpo antes, durante e após o ato sexual. Há também intensa produção de adrenalina, de testosterona, de estrogênio e do hormônio do crescimento, entre vários outros. Este caldeirão químico, associado a uma cadeia de processos físicos e psicoemocionais que começam a interagir logo no despertar do desejo sexual, produzem no indivíduo uma especial sensação de bem-­‐estar que torna a atividade sexual fundamental para a saúde e para a qualidade vida. O DIREITO À EXPRESSÃO SEXUAL – A expressão sexual é mais que um prazer erótico ou atos sexuais. Cada indivíduo tem o direito de expressar a sexualidade através da comunicação, toques, expressão emocional e amor. O prazer sexual é apenas o acorde final da grandiosa sinfonia, chamada relação sexual. Para que ele aconteça, outras emoções e comportamentos precisam ser apresentados, anterior ou concomitante ao prazer – a expressão sexual. É ela a responsável pelo encontro sexual e amoroso. É no cantarolar uma música, num sorriso, no tom da voz, no jeito de dançar, no perfume que se usa, no humor, numa brincadeira, em tudo isso há um encantamento que chama a atenção do outro e desperta a afetividade e o desejo sexual. Num casal, os indivíduos devem compartilhar seus desejos, dizendo um ao outro do que gostam sexualmente, conversando sobre as fantasias, ensinando ao outro os segredos do corpo e tocando o outro do jeito que lhe agrada; enfim, revelando-­‐se para que o outro descubra o caminho do prazer. É na descontração da manifestação dos interesses sexuais e no desprendimento do medo de julgamento que se dá o envolvimento sexual do casal e o sucesso do relacionamento.. O DIREITO À LIVRE ASSOCIAÇÃO SEXUAL – significa a possibilidade de casamento ou não, ao divórcio, e ao estabelecimento de outros tipos de associações sexuais responsáveis. Tradicionalmente, o casamento significava a permissão oficial para se fazer sexo, pelo menos para as mulheres. Por isso, ainda hoje uma boa parte das meninas sonha com o casamento. No entanto, hoje, a autorização sexual não é ditada tão fortemente pela sociedade mas está relacionada a cada um nós. Não é mais preciso estar casado para poder transar, aliás, em alguns casos, não é necessário nem estar namorando! Casar é uma opção para aqueles que desejam formalizar a união, um ritual de passagem que ajuda o casal a assumir mais rapidamente os papéis de marido e esposa, uma das formas de se ligar sexualmente a alguém. Entretanto, como nem sempre, a história de um casal é igual à de contos de fadas, pode acontecer de não serem o marido e a mulher felizes para sempre. Quando isto acontece, o divórcio pode ser a solução. A lei do divórcio foi aprovada em 1977 e a partir de então é que a livre associação ficou estabelecida. Pois, junto com o divórcio, também ocorreu uma maior flexibilidade da sociedade para aceitar que o casal pudesse morar junto, ou "estar junto" morando em casas separadas. Evidentemente ainda há a interferência e o julgamento da sociedade, mas a liberdade de escolha é maior. As pessoas podem escolher a melhor maneira de conviver (amar, transar) com a pessoa amada, de acordo com seu desejo e sua consciência. Sexo é direito – Liberdade Sexual "A liberdade sexual diz respeito à possibilidade dos indivíduos em expressar seu potencial sexual. No entanto, aqui se excluem todas as formas de coerção, exploração e abuso em qualquer época ou situação da vida". Liberdade é o direito de uma pessoa agir segundo sua vontade. Mas, para falar de liberdade também é necessário levar em conta a responsabilidade, já que nossa vida está diretamente condicionada aos impactos que nossas atitudes provocam tanto pessoalmente, quanto no meio social do qual fazemos parte. Portanto, ser livre não significa apenas ter um desejo e realizá-­‐lo, é necessário ter a capacidade de raciocinar e de valorizar de forma inteligente o mundo que nos rodeia para compreender as alternativas de escolha. Assim, liberdade pressupõe conhecimento e poder de tomada de decisão – autonomia. Dois elementos relativamente novos, quando o tema é sexualidade. A Repressão sexual Durante milhares de anos o conhecimento sobre sexualidade era muito pequeno. Basicamente o que se pregava era a função do sexo como forma de procriação. As pessoas que resolvessem transar sem o objetivo de ter filhos eram severamente castigadas. Esta regra valia para ambos os sexos; mas a mulher foi mais reprimida e impedida de expressar o seu desejo sexual. Proibida de estudar e educada para obedecer, a garota era treinada desde cedo a ignorar seu corpo e o desejo sexual. Menina de família podia sonhar com o casamento e em ter filhos; com sexo, jamais! Já o garoto podia até pensar e desejar sexo, mas nunca com a sua namorada ou pretendente à esposa. Com esta só depois do casamento, e mesmo assim, quando havia a intenção de uma gravidez. Durante muitos anos o valor de uma mulher era inversamente proporcional ao interesse sexual que ela demonstrava. Quanto mais puras fossem as atitudes, mais adequada era a moça para o casamento. Como o casamento era um negócio arranjado pela família, e, portanto, a vontade dos noivos não se fazia valer, o julgamento sexual era muito rigoroso. Uma garota que manifestasse qualquer intenção sexual era suspeita de desonra! Meninas tinham que ser virgens. A virgindade não era apenas a questão do rompimento do hímen. Virgem significava nunca ter tido nenhum tipo de intimidade sexual. Para se ter uma ideia, um beijo na boca, até, mais ou menos, uns 50 anos atrás, era uma intimidade que só poderia acontecer quando o casal estivesse de casamento marcado. E, se por um acaso este casamento não se realizasse, esta mulher, praticamente, não tinha nenhuma chance de conseguir um outro pretendente a marido. Estava fadada a ser solteirona! Uma mulher fracassada! Na minha terra, em Maceió, se dizia que a mulher ia para o caritó. Caritó é o tanque onde os caranguejos são colocados para engordar e depois, serem colocados na panela! Pois bem, para uma mulher solteira, antigamente, o destino era o mesmo: engordar e morrer! Revolução sexual Os anos se passaram e a história foi mudando. Guerras, novos descobertas científicas e movimentos sociais marcaram a conquista do direito da mulher em adquirir os mesmos conhecimentos do homem e possibilitou que ela ocupasse um maior espaço no mercado de trabalho. Este fato mudou o horizonte da mulher. Agora, mesmo que ela não case, ela tem outros papéis na sociedade – professora, médica, engenheira, política, líder comunitária... Além disso, desencadeou interesses no conhecimento científico sobre a fisiologia do sexo e da reprodução, derrubando uma série de tabus e, principalmente, proporcionando o sexo sem o risco de gravidez, com a descoberta da pílula anticoncepcional nos anos 60. Assim, o conhecimento sobre sexualidade e a autonomia de ambos os sexos desencadearam uma série de movimentos sociais – feministas, hippie, gays... – que levaram à conquista da liberdade sexual. Hoje, o jovem tem o direito de manifestar o seu desejo sexual, escolher seus namorados e decidir, sozinho, sem que haja a pressão do parceiro, ou mesmo do grupo, se deseja ou não fazer sexo. Cada pessoa tem o poder sobre si mesmo e a responsabilidade sobre seus atos. Sexo é direito -­‐ Saúde Sexual O DIREITO À SAÚDE SEXUAL – O cuidado com a saúde sexual deveria estar disponível para a prevenção e tratamento de todos os problemas sexuais, preocupações e desordens. Preocupação é o que não falta, quando se é um adolescente e a questão é sexualidade. É o tamanho do pênis que parece nunca ser o esperado, os seios que não crescem no mesmo momento que os da amiga, os pequenos lábios vaginais que têm bordas diferentes, a ejaculação que demora a acontecer ou que não consegue ser controlada, a menstruação que vem de forma irregular... Além dessas preocupações com a normalidade do corpo que está em desenvolvimento, quando se iniciam as atividades sexuais, os jovens precisam se ver às voltas com a ansiedade da primeira vez, a sua capacidade de desempenho sexual e o medo da gravidez e de pegar uma DST/Aids. Todas essas preocupações exigem cuidado. E todo adolescente deve ter seu direito à saúde sexual respeitado. Mas não é isso que acontece na prática. Os que precisam dos serviços públicos, nem sempre encontram, nos Postos de Saúde, profissionais que os acolham; pelo contrário! Muitas vezes, por temerem que o jovem não saiba se prevenir, ou mesmo por não concordarem com a iniciação sexual nessa idade, alguns profissionais da saúde se sentem cúmplices de um "delito" se ajudarem o jovem na sua vida sexual; mesmo que, em alguns casos, seja atender o direito mais simples e propagado -­‐ o de obter camisinhas! Quanto àqueles que podem usufruir do atendimento particular, a situação fica ainda mais complicada, pois para ter acesso ao serviço de saúde privado é preciso contar com a compreensão e apoio dos pais, o que , ainda é, para muitos, um desafio difícil de encarar. Saúde sexual e a relação com pais A novela "Páginas da Vida" retratou muito bem os conflitos familiares mais frequentes com relação à sexualidade de um menino e de uma menina. Os dois personagens, Gisele e Luciano, vivem um estresse característico da relação com seus pais por causa do comportamento sexual: a preocupação exacerbada com a primeira vez do menino e o pânico dos pais quando sua filha começa a transar. Inseguros, sem uma referência de conduta que os tranquilize, os pais sofrem com as incertezas e a impotência diante de uma nova concepção de vida sexual. Por outro lado, quando isto ocorre, os adolescentes sentem-­‐se magoados e não compreendidos. E, se a primeira vez ainda não aconteceu, eles podem ficar receosos com a perspectiva de vir a desencadear esse estresse familiar e se intimidam quando precisam falar com seus pais, principalmente, quando a conversa é sobre a consulta ao ginecologista/urologista. Este momento não é fácil para nenhum dos dois – pais e filhos. Mas de uma coisa tenho convicção: é fundamental para a saúde do adolescente que pais e filhos encontrem um caminho para conquistar esta comunicação. Uma dica que tem ajudado muito a conversa entre pais e filhos é ler juntos textos, como por exemplo, os do SOSex, e discutir impressões e ideias. Também é possível contar uma história que tenha ocorrido com uma pessoa amiga ou conhecida e conversar com os pais como era a sexualidade na juventude deles. A situação pode permitir conhecer o que cada um pensa sobre o tema, facilitando o diálogo e a percepção, por parte dos pais, de que sexo (entre adolescentes) não é um bicho de sete cabeças. Ao contrário! Pode ser uma surpresa agradável e uma experiência descontraída. A falta de comunicação e o estresse em torno da sexualidade do jovem podem motivar a hostilidade, diminuir a autoestima ou gerar sentimento de culpa e ansiedade, que são fatores que contribuem de forma significativa para o desencadeamento de disfunções sexuais e o aumento da vulnerabilidade à infecção das DST/Aids. Assim, mesmo quando se é jovem, é necessário ficar atento à prevenção das DST/Aids, para não ser vítima de uma dificuldade sexual. Sexo é direito – Igualdade e Privacidade O DIREITO À IGUALDADE SEXUAL -­‐ "Liberdade de todas as formas de discriminação, independentemente do sexo, gênero, orientação sexual, idade, raça, classe social, religião, deficiências mentais ou físicas." Até bem pouco tempo as únicas pessoas que tinham o direito a exercer sua sexualidade no sentido de atender ao desejo sexual, eram os homens adultos, saudáveis e independentes economicamente, para poder sustentar a família. Qualquer pessoa que fugisse a este padrão, ao buscar a sua satisfação sexual, não era vista com bons olhos pela sociedade. Apesar de o mundo ter mudado muito e existirem muitos avanços na forma como a sociedade encara a sexualidade, ainda é forte a herança cultural que dita preconceitos tão frequentes no cotidiano que, se prestarmos bem atenção, ficaremos espantados... Muitos comentários maldosos são feitos sobre casais fora do padrão estético idealizado – gente gordinha ou feia – ou sobre casais mais velhos, ou – pior ainda! – comentários que manifestam preconceito racial ou contra portadores de deficiência física ou mental. Sexo na adolescência O adolescente também não está livre do preconceito e do julgamento da sociedade. A maioria é impossibilitada de ficar a sós com o(a) namorado(a), em local seguro, por isso muitos jovens se expõem em ambientes públicos, sem nenhuma privacidade, movidos pelo desejo sexual. É natural na adolescência sentir desejo sexual, beijar, trocar carícias, dizer palavras carinhosas para uma pessoa, imaginar-­‐se em cenas eróticas, masturbar-­‐se, e, inclusive, transar. Não se trata de uma apologia da prática sexual na adolescência, mas de reconhecer os fatos! E contra os fatos, não há argumentos! Na última pesquisa realizada pela UNESCO foi constatado, mais uma vez, que a idade média da primeira relação sexual dos brasileiros ocorre por volta dos 14 -­‐15 anos. Este é um fato e não uma regra para ser seguida, pois a disposição para o sexo depende dos valores, das oportunidades e das experiências de cada um, portanto pode ocorrer mais cedo ou mais tarde que a idade média, apontada pela pesquisa. O importante é o jovem estar seguro de sua escolha, consciente da responsabilidade que o ato sexual exige e ter cuidado com a sua privacidade. O DIREITO À PRIVACIDADE SEXUAL -­‐ "O direito às decisões individuais e aos comportamentos sobre intimidade, desde que não interfiram nos direitos sexuais dos outros." Privacidade significa o direito de ficar só. Mas, também quer dizer, poder preservar, guardar informações pessoais, fatos, comunicações e opiniões pessoais. Neste último caso, a privacidade do outro deve ser respeitada, o que significa que ninguém tem direito de invadir a privacidade alheia, a não ser que haja o consentimento de compartilhar algo do mundo privado. Na sexualidade, boa parte do que pensamos, somos ou fazemos, é íntimo. Enquanto algumas funções orgânicas podem ser resolvidas em público, como, por exemplo, comer ou bocejar, o sexo é socialmente considerado uma atividade privada – só diz respeito aos envolvidos. E isso tem uma razão de ser: quando se faz sexo, as pessoas ficam literalmente nuas. Nuas fisicamente, e nuas nas suas emoções, no seu jeito de ser, nos seus desejos. E isto é fundamental para se ter uma vida sexual saudável! Os riscos O problema é que nem sempre a intimidade fica no mundo privado, mas atinge o mundo público. É comum observarmos encontros amorosos, em que o casal se porta como se ninguém mais existisse, além dos dois envolvidos. Exemplo dessa falta de limites entre o particular e o público são as trocas de carícias, às vezes íntimas demais, na sala de cinema, o "amasso" mais quente na balada, ou mesmo uma "rapidinha" na escadaria do condomínio. Para alguns tais atitudes podem parecer uma grande aventura! Mas, cuidado... Quando não se preserva a própria privacidade, pode-­‐se desenvolver a desconfiança, o medo de ser pego em flagrante, ou mesmo, a ansiedade, devido ao desconforto ou à pressa. Isto pode, no futuro, levar a uma prática sexual frustrante ou mesmo a disfunções sexuais. Outro lado do desrespeito ao direito à privacidade é a invasão proporcionada pelas novas tecnologias: Internet, fotolog, MSN, orkut, celular, câmera digital... Enfim, o sistema de informações cada vez mais rápido e eficaz mudou o contexto das relações e, ao invés de garantir sigilo, pode se tornar uma ameaça à privacidade. Quem nunca soube de algum caso de escândalo sexual veiculado na Internet? Por isso, no mundo virtual, todo cuidado é pouco com a sua intimidade. Namoro virtual -­‐ A ficção é uma realidade. O namoro virtual tá aí, e veio pra ficar. Não adianta os adultos condenarem, ou mesmo achar que é o fim do mundo alguém buscar encontrar sua cara metade pela internet, sem que nunca tenha tido qualquer contato pessoalmente. O que era ficção virou realidade, e faz parte do dia-­‐a-­‐dia de muitos jovens, e adultos também! Apesar das pessoas estarem conectadas por um computador, elas se observam, criam estratégias amorosas, atuam e decidem o rumo de sua própria história. A comunicação entre os homens passou por sinais de fumaça, ruídos de tambores, mensageiros, correio aéreo, telégrafo, telefone e, agora, a internet... Uma questão de segundos, e pronto! Consegue unir milhares de pessoas que disparam ideias e imagens que podem perfeitamente nos fazer se apaixonar -­‐ sejam elas, vinda de pessoas reais ou de personagens criados para chamar a nossa atenção. A Internet é uma comunicação poderosa; um canal para conversar, trocar experiências, passar o tempo, conhecer pessoas, e por isso muita gente chega a namorar. O encontro amoroso pode dar certo ou não, ser desastre, mas também pode ser... muito bom!! Portanto, é preciso estar de olho nos pros e contras de um namoro virtual. Situações positivas: Encontrar a pessoa que interessa – O grande lance da internet é a quantidade de pessoas que você pode conhecer. Ela cria a possibilidade de se acha de tudo: mulheres, homens, homossexuais e bissexuais, solteiros, casados, velhos, novos, engraçados, sérios, cultos... é uma espécie de vitrine virtual, de pessoas que como a gente, trabalham, estudam, e querem ser felizes. Namorar – Não existe mais o problema de garotas e garotos estarem limitados ao relacionamento com pessoas que fazem parte do seu ciclo social. Se uma garota, por exemplo, é uma pessoa caseira, ou mora numa cidade muito pequena, com poucas oportunidades para conhecer gente nova; com um computador e um pouco de tempo, logo, logo estará namorando. Segundo os entendidos, o negócio funciona! A internet é uma boa alternativa para quem quer flertar, namorar e até casar. Para se ter uma idéia, há um site de relacionamento que já conseguiu reunir um total de 16 milhões de cadastrados e, segundo o próprio site informa, recebe uma média de 2,5 milhões de visitantes únicos por mês. Amplia o conhecimento afetivo e sexual – O anonimato deixa as pessoas mais a vontade para por em prática seus desejos e confessar o seu pensamento sobre a vida, suas vontades e seus sonhos. Isto pode ajudar as pessoas a conhecer melhor como garotos e garotas agem, pensam e se comportam sexualmente, ampliando o olhar para a relação a dois. Treino amoroso-­‐ Namorar ao vivo, a cores, com alguém de carne e osso que pensa, fala, acaricia e tem desejos a serem compartilhados e negociados pode ser, inicialmente, muito difícil para o adolescente. Alguns por terem vários amigos, se enturmam com facilidade e o "ficar" e namorar acontece naturalmente. No entanto, há jovens mais tímidos e reservados, que quase não têm amigos e esse contato afetivo não acontece, ou é até assustador. Ao mesmo tempo em que ele deseja, também tem medo. Há alguns anos, pouca coisa poderia ser feita a não ser enfrentar o medo ou ficar sem namorar. Hoje, o namoro virtual pode ser muito útil nestes casos. Ele permite treinar habilidades para um relacionamento real no futuro -­‐ aprende-­‐se palavras, gostos e interesses do sexo oposto, ao mesmo tempo em que ajuda o jovem a desinibir e a se soltar de uma maneira mais segura. Situações negativas: O risco de decepção é maior – O namoro virtual não é um objetivo em si mesmo, é uma estratégia para conhecer alguém que possa vir a viver um amor no real. No contato direto com a pessoa que nos interessa, isso é fácil de se estabelecer: o olho no olho e a proximidade nos permite ver, admirar, senti o cheiro, e dificilmente, mentir. Pois, quando mentimos, logo somos traídos pelas atitudes e gestos... Já no mundo virtual, as pessoas se relacionam com alguém que ela cria na sua imaginação. Portanto, ao se conhecer pessoalmente, é muito comum haver uma decepção – se tem a sensação de estar com alguém estranho. Dependência do site – A facilidade e disponibilidade do contato sexual e afetivo com as pessoas na internet aumentam a curiosidade e gera uma excitação que pode tornar muito difícil desligar o computador e voltar para vida real. Isto é um problema! Só querer o namoro virtual, pode demonstrar uma dificuldade mais séria, um medo e incapacidade de enfrentar e conviver com o outro que afeta o desenvolvimento pessoal. No namoro real, você aprende as sensações que vem do contato com o corpo do outro, e aprende a respeitá-­‐lo. No namoro virtual não há contato visual e físico e principalmente, é possível não respeitar o outro, não gostou, deleta. Exige muita Cautela – É preciso muito cuidado e cautela para entrar no mundo do amor virtual. E como cautela e paciência não é fácil de encontrar na adolescência... o namoro virtual pode ser muito arriscado e desastroso! A dica é para que vocês façam este namoro acontecer como consequência de uma amizade, e não de buscas desesperadas. Conversem muito antes de um contato real, investigue, pesquise e, observe pra ver se a pessoa está entrando em contradição. E quando for conhecê-­‐la, lembrem-­‐se: nunca se sabe o que pode encontrar!! Portanto, não vá sozinha e sempre marque o encontro em local público, bastante frequentado. 

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