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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – 2014/2015
RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA
CECÍLIA MODENA DUTRA
INICIAÇÃO CIENTÍFICA – IC VOLUNTÁRIA/ EDITAL IC 2014/2015
PLANO DE TRABALHO:
Surgimento e evolução da habitação unifamiliar na América do Sul
Relatório final apresentado à Coordenadoria de
Iniciação Científica e Integração Acadêmica da
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR por
ocasião do desenvolvimento das atividades
voluntárias de Iniciação Científica – Edital 20142015.
NOME DO ORIENTADOR:
Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto
Departamento de Arquitetura e Urbanismo
TÍTULO DO PROJETO:
História da Habitação no Continente Americano
BANPESQ/THALES: 2014015431
CURITIBA PR
2015
1
1
TÍTULO
Surgimento e evolução da habitação unifamiliar na América do Sul
2
RESUMO
Conforme o ser humano se estabelece no tempo e no espaço, atua como agente
transformador do meio natural em que vive e concomitante se modifica através dele. Neste
processo, a arquitetura reflete os anseios e transformações do homem – esteja ele em busca de
abrigo, conforto, pertencimento ou dominação de um espaço. Tal concepção, associada às
condicionantes ambientais, recursos materiais e fatores sociopolíticos e culturais de um povo,
constituem as singularidades da arquitetura vernácula, de acordo com as necessidades e/ou
possibilidades de um local ou cultura, sendo a própria história e evolução da arquitetura
habitacional provas disto.
Esta pesquisa em iniciação científica fez parte do projeto intitulado “História da Habitação
no Continente Americano” e teve como objetivo principal realizar uma investigação sobre o
desenvolvimento do espaço doméstico vernacular na América do Sul, com foco específico na
região Andina, a partir de sua ocupação pré-hispânica até a colonização espanhola. De forma
preliminar, procurou conceituar e contextualizar as diferentes civilizações que ali se estabeleceram
e se sobrepuseram até a chegada dos colonizadores, conduzindo ao estudo crítico de três casos
– uma moradia da cultura Chimu, uma habitação Inca e uma residência colonial –, nos quais se
identificou características peculiares, em seus aspectos históricos, funcionais, técnicos e estéticos.
Em termos metodológicos, esta investigação, de caráter teórico-conceitual e cunho
exploratório, baseou-se em revisão web e bibliográfica, além da análise comparativa de casos, a
partir da coleta e seleção de fontes impressas, nacionais e internacionais; ou ainda publicadas on
line, que tratavam direta ou indiretamente sobre a habitação primitiva e colonial na América do
Sul. Como resultado, verificou-se que a complexidade geográfica, bem como a diversidade e
multiplicidade
dos
grupos
étnicos
que
formavam
a
civilização
andina,
ocasionou
a
heterogeneidade de modelos e técnicas construtivas. Concluiu-se, portanto, que para a
arquitetura, além do conhecimento tecnológico, o estudo desses diferentes modelos históricos
fomenta a discussão acerca da preservação do patrimônio, da memória e da identidade, bem
como elucida a compreensão sobre a permanência e/ou transformação de uma cultura.
Palavras-chave: Arquitetura. Habitação. América Latina.
3
INTRODUÇÃO
A colonização do continente sul-americano foi marcada pela chegada das tropas do
espanhol Francisco Pizarro (1476-1541) em 24 de setembro de 1532; período que foi seguido pela
efetiva dominação e desmembramento das centenas de grupos étnicos que formavam a
civilização andina. Outras incursões, porém, já haviam sido realizadas pela América do Sul como
2
a do português Aleixo Garcia (14??-1525), que em 1523 chegou à região dos Andes pelo caminho
de Peabiru e a do espanhol Alonso de Hojedo (1466-1516), que aportou à atual Venezuela em
1498. (MURRA, 1998)
Tais acontecimentos, ainda de acordo com John Murra (1998), não questionavam a glória
pela conquista das terras sul-americanas, já que em 1494 Portugal e Espanha haviam assinado o
Tratado de Tordesilhas, o qual delimitava o pertencimento dos territórios a serem então
"descobertos". A questão foi que, antes da chegada hispânica, homens do velho continente,
instalados nas Américas do Norte e Central, já familiarizados com a língua e cultura nativa, muito
ouviam dizer sobre a riqueza da civilização ao sul do Panamá e foram atraídos pelas histórias
fabulosas de uma terra abundante em ouro e outras riquezas de uma civilização bem consolidada,
o Estado Inca.
A importância de tais fatos não está centrada apenas no que impulsionou a chegada dos
primeiros exploradores europeus ao território sul-americano, mas sim que, a partir deste interesse
nas novas terras a serem conquistadas, geraram inúmeros relatos sobre a civilização que aqui
encontraram.
É dessas histórias e dos relatos posteriores de testemunhas oculares que deriva
basicamente nosso conhecimento sobre as civilizações andinas em 1532. Trata-se
de um conhecimento bastante incompleto; mesmo a comunidade acadêmica nem
sempre tem consciência da fragmentariedade em que permanecem os registros. A
arqueologia poderia ajudar, não fosse a posição marginal que os arqueólogos
ainda mantêm nas repúblicas andinas. (MURRA, 1998, p. 63)
Para esse historiador, a arqueologia ajudaria a solucionar várias lacunas ainda existentes
na história das sociedades andinas posteriores a 1532. Contudo, relatos como Verdadera
Relación de la Conquista del Perú, escrito em 1534 por Francisco Xerez (1495-1565?), escrivão
de Pizarro, foram fontes essenciais para o debruçar do século XIX; período de grande publicação
sobre o tema, na História da América do Sul, o que pode ser exemplificado pelo livro Conquest of
Peru (1897), do hispanista e historiador americano William H. Prescott (1796-1859). Ainda
segundo Murra (1998), a historiografia do século XX trouxe à luz antigos mistérios que cerceavam
tais civilizações, porém
O exame da vida quotidiana e da organização dos Estados andinos continua
sendo um trabalho de fôlego, a ser empreendido seriamente quando os
arqueólogos e os etnólogos aprenderem a trabalhar juntos e quando as cinco
repúblicas que são herdeiras da tradição andina – Bolívia, Peru, Equador, Chile e
Argentina – decidirem que essa herança lhes pertence realmente. (p. 65)
Como citado anteriormente, os conquistadores sabiam da existência de um Estado
consolidado: o Estado Inca – também denominado Tahuantinsuyo –, também conhecido como
Império das Quatro Regiões, que se estendia sobre mais de 4.000 km, do Equador ao Chile
(Figura 01). Portanto, antes mesmo de se compreender como os espanhóis consolidaram sua
colonização na região oeste do continente, é preciso compreender quais eram os povos que aqui
encontraram.
3
Acerca do povoamento da América
do Sul, a teoria que hoje é mais aceita entre
os estudiosos seria a de que os primeiros
humanos a habitarem o continente foram os
Homo sapiens sapiens; caçadores-coletores
que, saídos da Sibéria, chegaram pelo
estreito de Bering, há aproximadamente
30.000 anos, passando pelo istmo do
Panamá e estabelecendo-se ao longo da
costa do Atlântico e ao redor dos Andes,
como abordado no livro América do Sul
(2001). De acordo com o site Pueblos
Originarios
de
America,
nesta
região,
encontram-se assentamentos datados em
cerca
de
15.000
anos,
formando
importantes sítios arqueológicos como os
de: Cueva del Guitarrero, Chivatero, Paiján,
Cueva
de
Laurococha
e
Cuevas
Ayacucho, todos localizados no Peru.
de
FIGURA 01
O desenrolar da história do homem andino e sua estruturação social, política e cultural foi
sistematizado por Sondereguer et Punta (1999) em 03 (três) diferentes períodos, a saber: Período
Lítico (14000 - 7000 a.C.), primeiros caçadores-coletores; Período Arcaico (7000 - 2500 a.C.),
início da agricultura; e Período Formativo (2500 a.C. até chegada dos colonizadores), sendo este
último subdividido em 04 (quatro) fases, denominadas: Período Inicial (2500 - 1300 a.C.), começo
da maior concentração de aldeias, da economia comum e da cultura têxtil, além da formação de
centros cerimoniais; Horizonte Primitivo (1300 a.C. - 100 d.C.), desenvolvimento da agricultura e
da consolidação de hierarquias sociais, das técnicas da cerâmica e da arquitetura; Horizonte
Médio (100 d.C. - 1200 d.C ), fortalecimento de regionalismos e crescimento do militarismo; e, por
fim, Horizonte Tardio (1000 d.C. - 1532 d.C.), período de fragmentação política e cultural regionais
para uma política de dominação de povos que resultou na constituição do Império Inca, sendo
então os anos de 1438 até 1532 classificado como Período Imperial.
Portanto, a partir dessa sistematização, é possível observar que foi no Período Arcaico
que ocorreu a sedentarização daqueles povos, ocasionada pelo domínio das espécies –
agricultura e pecuária –, o que se inicia por volta de 6800 a.C. nas terras altas do Peru, com o
cultivo de feijão, abóbora, milho, batata e quinoa, além da domesticação de lhamas e alpacas. No
litoral do Pacífico, por sua vez, o domínio da agricultura foi tardia devido a abundância de recursos
marítimos, sendo as primeiras aldeias datadas somente de 2500 a.C., de acordo com o livro
4
América do Sul (2001). Tal transformação no cotidiano fez com que deixem suas habitações
semissubterrâneas para a formação e a expansão de aldeias feitas em palhoças ou pedras.
Por volta de 9000 a.C., durante o último avanço glaciário, quando os animais
enormes do pleistoceno cederam lugar às espécies atuais – camelídeos nas
regiões andinas e, em lugares mais baixos, cervídeos, roedores e pássaros – , o
continente, em seu conjunto, foi ocupado: o homem habitava a Patagônia e a
Terra do Fogo. (2001, p. 18)
Foi a partir desse contexto que se iniciou o separatismo étnico e se observou as diferentes
formações culturais que originaram as diversas populações andinas, ricas em sua cultura e
desenvolvidas em suas técnicas. Nessas diferenças, a arqueologia sistematizou a organização do
mundo andino em "horizontes", os quais seriam períodos de alternância e integração de culturas,
cujas demarcações muitas vezes estão ligadas a expansões comerciais, militares ou até mesmo
religiosas1.
Na região andina, de acordo com Murra (1998), foi Chavín, localizado ao alto das
montanhas leste, o primeiro centro do Horizonte Formativo ou Primitivo. Conhecido por sua arte
religiosa e considerado por alguns arqueólogos – entre eles, o destacado médico e antropólogo
peruano Julio César Tello (1880-1947) – como a "matriz da civilização andina", este centro
manifestava uma arquitetura monumental com uso sofisticado da técnica ceramista para uso
cerimonial e político, com esculturas de seres antropozoomórficos, os quais simbolizam o poder
político e religioso. Chavín, portanto, já apresenta uma organização territorial sob autoridade de
um chefe. Seu apogeu ocorreu entre 1000 e 300 a.C., influenciando outras colônias da região
montanhosa e costeira e, assim, modificando suas formas artísticas, o que pode significar
dominação.
Já de 500 a.C. até 1000 d.C., no Horizonte Médio, destacaram-se Tiahuanaco, na Bolívia,
próximo ao lago Titicaca; e Huari, no Peru. Para Murra (1998), "ambos foram verdadeiras colônias
urbanas, considerados núcleos de Estados grandes e de vasta extensão" (p. 76). O destacado
antropólogo e arqueólogo peruano Lluis Guillermo Lumbreras (1936-) considera Huari como o
centro do desenvolvimento urbano e militar que influenciou todas as sociedades andinas,
enquanto Tiahuanaco representaria mais um poder religioso e cultural.
Após o desaparecimento do domínio de Huari, em torno de 1000 d.C., no Horizonte
Tardio, a cidade de Chan Chán, no Peru, ganhou domínio expressivo como capital do reino
Chimú, sobrepondo o domínio da cultura Mochica até 1464 d.C.; ano em que Chan Chán ficou sob
domínio dos Incas. Chan Chán foi uma cidade de expressiva hierarquização social com áreas
cercadas por muros, o que refletia assim a estratificação dos diferentes níveis sociais, políticos e
1
A cultura Valdivia, por exemplo, situada na costa sul do Equador, é considerada uma das primeiras importantes
culturas, tendo desenvolvido, aproximadamente em 3500 a.C., a técnica da cerâmica – na região, foram encontradas
diversas estatuetas femininas que remetem ao culto à fertilidade –, além de assentamentos urbanos estruturados, com
intensa cultura agrícola e vestígios de um comércio em expansão com outras regiões. Há algumas evidências que
apontam que a cultura Valdivia chegou a comercializar com o porto de Acapulco, no México, assim como com os
Andes. (AMÉRICA DO SUL, 2001)
5
econômicos de sua população. O reino Chimú, com uma influência que se estendia por cerca de
900 km ao longo da costa peruana, ficou conhecido pelo domínio da técnica construtiva mais
aperfeiçoada até então, sendo seus representantes responsáveis por passarem grande parte
deste conhecimento técnico para os incas. (AMÉRICA DO SUL, 2001)
No ano de 1464, a capital Chan Chán caiu sob domínio inca que militarmente já
desenvolvia suas conquistas em toda a região dos Andes. "Uma das chaves da dominação inca
está na extrema centralização administrativa [...] assim como na política de assimilação e de
migração forçada (mitimaes) dos povos derrotados" (AMÉRICA DO SUL, 2001, p. 20). Anos
antes, em 1438, Cuzco foi dominada pelos incas que a tornariam capital do seu império. Foi com a
queda de Chan Chán, porém, que ocorreu a marca da efetiva de dominação inca, já que, com o
fim do reino Chimú, a região andina estaria livre de qualquer influência além da incaica.
Os incas submeteram as tribos Colla e Lupac nas margens do Titicaca, a partir da
região de Cuzco, no Peru, e derrotaram os chancas, da região de Ayacucho, antes
de destruir o poder chimú. O inca Yupanqui, filho de Viracocha, reduzindo essa
belicosa confederação, impõe-se como o senhor de um novo poder. (AMÉRICA
DO SUL, 2001, p. 19)
Os incas há tempos – aproximadamente desde o ano 1000 – habitavam a região central da
Cordilheira dos Andes e, com as investidas militares e a construção de estradas interligando todas
as regiões anexadas, mantiveram comunicação com sua capital Cuzco. Em conjunto a uma
política de assimilação dos povos e de migração forçada, puderam estabelecer seu império em
uma rápida expansão. Herdeiros das grandes civilizações andinas, desenvolveram sistemas de
contabilidade e de previdência que já existiam. Além disso,
[...] Os camponeses dos ayllus cultivavam uma parte das terras em nome do Inca
e dos sacerdotes, sendo submetidos à mita, trabalho obrigatório sem remuneração
– a construção de tabuleiros agrícolas e canais de irrigação, estradas e
edificações monumentais. Em contrapartida, o Estado redistribuía os gêneros
alimentícios estocados em caso de pouco colheita. Mas o peso dos tributos
cobrados também alimentava a revolta das populações mais rebeldes, que
saberiam se aproveitar dos conquistadores espanhóis. (AMÉRICA DO SUL, 2001,
p. 20)
Quando os espanhóis chegaram, encontraram um império enfraquecido pela guerra de
sucessão de Huáscar (1491-33) e Atahualpa (1502-33), filhos do imperador inca Huayna Cápac
(1464-1527), assim como devido à epidemia de varíola que assolava a população. No ano de
1532, em Cajamarca, Peru, os homens de Pizarro prepararam uma armadilha pra Atahualpa, que
foi capturado e decapitado pelos conquistadores, selando deste modo o fim do Império Inca. A
partir de então, o território que o abrigava foi alvo de pilhagens e massacres para o
estabelecimento dos conquistadores espanhóis no Novo Mundo. Alguns incas formaram
resistência contra o domínio espanhol até 1572, no reduto de Vilcabamba, quando Tupac Amaru
(1545-72), o último soberano, foi executado e tornando-se símbolo da resistência indígena na
América do Sul. (FIGUEIREDO, 2015)
6
A história da América do Sul – especificamente nesse estudo da região andina – foi
marcada pela sucessão de culturas dominantes que se estabeleceram sobre outras nos diferentes
horizontes. Isto também ocorreu com a chegada dos espanhóis: a grande diferença, em
comparativo, foi o fato dos espanhóis, como conquistadores de um povo, não se preocuparem
com a assimilação da cultura dos povos que aqui encontraram. A chegada de Pizarro e suas
tropas no continente sul-americano foi o início da desolação da história de um povo, de uma terra
e de uma cultura. Tudo o que foi implantado na América do Sul pelos espanhóis seguia modelos
europeus pré-determinados, o que acabou reformulando e iniciando uma nova etapa na história
deste continente.
4
REVISÃO DA LITERATURA
Conforme o ser humano se estabelece no tempo e no espaço, atua como agente
transformador do meio natural em que vive e concomitante se modifica através dele. Seja em
busca de abrigo, conforto, pertencimento ou dominação de um espaço, a arquitetura reflete os
anseios e transformações do homem de acordo com as suas necessidades e possibilidades.
A paisagem da região andina é constituída por condições geográficas e climáticas muito
diversificadas, sendo composta tanto por vales férteis, regados por rios da Cordilheira dos Andes,
como regiões desérticas, montanhosas e litorâneas (JELLICOE et JELLICOE, 1995). Portanto,
para cada uma das diferentes paisagens foram concebidas técnicas e métodos construtivos
diferentes já que, na arquitetura vernácula, principalmente a cultura e as especificidades do local –
como a geografia, o clima e os materiais disponíveis – impulsionam os distintos modelos
concebidos por seus habitantes. Ao mesmo tempo, o território abarca peculiaridades devido à
conjuntura histórica pelas qual diferentes civilizações passaram. A história e evolução da
arquitetura habitacional são provas disso, o que não poderia ocorrer de modo diferente no
território que é objeto deste estudo.
Los diversos tipos de casa habitación en todos los tiempos se han derivado de
varios factores principales como son: situación geográfica, clima, género de vida
social y económico, materiales de construcción de que se dispone y habilidades del
hombre, tanto manuales como mentales; pudiendo sumar a estos factores el
2
adelanto actual en materia técnica . (CISNEROS et AGUIANO, 1978, p. 17)
Apesar do foco desta pesquisa ser a arquitetura doméstica, muito pode se aprender na
atividade investigativa sobre a concepção e estruturação das cidades dessas culturas, uma vez
que se sabe que a espacialidade urbana está relacionada à conjuntura social e política, bem como
em relação à sua arquitetura monumental, de modo que permite compreender um pouco da
técnica e métodos construtivos empregados, pois ainda hoje são poucas as conclusões e muitas
as lacunas de como viviam e como habitavam essas populações.
2
Em tradução livre: “Os diversos tipos de moradia em todos os momentos derivaram de vários fatores importantes, tais
como: localização geográfica, clima, forma de vida social e econômica, materiais de construção disponíveis e
habilidades humanas, tanto manuais como intelectuais; podendo-se adicionar a esses fatores o avanço atual em
assuntos técnicos”. (N. Autora)
7
No intuito de sistematizar este trabalho de pesquisa –
tendo em vista a complexidade e extensão do tema –
centralizou-se
o
foco
de
estudo
no
território
andino
compreendido pelo atual Peru (Figura 02), no desenvolvimento
das suas regiões costeira e serrana; e temporalmente a partir da
divisão entre a cultura pré-inca – representada por Chan Chán,
situada na costa – e a inca propriamente dita; esta subdividida
em duas fases: plena (inca) e colonial (pós-inca), tomando como
referência a cidade de Cuzco, que viveu esses dois momentos e
localiza-se na serra. Posteriormente, faz-se os estudos de caso,
analisando
as
particularidades
da
habitação
doméstica
unifamiliar nesses três contextos distintos.
FIGURA 02
Complexo de Chan Chán
De acordo com Jellicoe et Jellicoe (1995), " […] en la zona costera, el terreno era
mayoritariamente llano y la planificación urbanística generalmente se desarrollaba sobre la base
de una retícula cuadrada o rectangular3" (1995, p. 104), o que fez com que as cidades
estabelecidas nessas regiões mais baixas fossem construídas em adobe, cujo maior exemplo da
costa norte é o complexo de Chan Chán, localizado próximo à foz do vale do rio Moche, a cerca
de 5 km ao norte da atual cidade de Trujillo (Peru). Conforme o site Historiazine (2015), Chan
Chán, que hoje é considerada Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO, sendo a maior
cidade em barro do mundo e tendo abrigado em seu apogeu cerca de 100.000 pessoas.
FIGURA 03
Chan Chán era capital do reino Chimú, sendo um
complexo arquitetônico composto por um conjunto de 10
(dez)
ciudadelas
amuralhadas
–
Chaiguac,
Uhle,
Laberinto, Gran Chimu, Squier, Velarde, Bandelier, Tello,
Tschuci e Rivero –, as quais compõem um traçado
urbano completamente diferente de qualquer outra
cidade pré-colombiana (Figura 03). Segundo Marquina
(2015), a arquitetura e o urbanismo de Chan Chán
expressavam
uma
sociedade
marcada
pela
forte
estratificação e hierarquização social por meio de seus
monumentos, mausoléus e muros, os quais apresentam
ornamentos esculpidos, exercendo simultaneamente o
papel de centro administrativo, político e religioso, sendo
3
Em tradução livre: ‘‘[...] na zona costeira, o terreno era predominantemente plano e o planejamento urbano era
normalmente desenvolvido com base em uma retícula quadrada ou retangular”. (N. Autora)
8
o principal culto dedicado à lua, vista como mais poderosa que o sol por influenciar a agricultura e
ser utilizada como marcação do tempo.
De acordo com Saunders (2005), os chimus "eram uma sociedade imperial hierárquica,
governada por reis endeusados que criaram um extensivo império na costa, mas que finalmente
caiu quando os exércitos incas avançaram" (p.176). Relatos espanhóis preservaram através da
tradição oral a cultura Chimú e seu rito de fundação. Porém, ainda hoje, conforme estudos
arqueológicos e documentais, há divergências sobre o que permanece história e o que foi mito e
propaganda dos governantes para que obtivessem o controle político e ideológico dentro da
sociedade Chimú. Sabe-se, contanto, que algo foi decisivo para a hierarquização dessa
sociedade: o fenômeno El Niño em 1100 d.C., o qual acarretou um colapso no sistema produtivo
agrário, causando crise social e incitando mudanças significativas na ideologia e lógica do poder.
Tais discussões nas ciências também questionam
a datação do estabelecimento dessa cultura. Nas
diversas estimativas que variam de 800 a 1100 d.C.,
inclusive com datação científica do radiocarbono, ainda
não foi possível traçar um sequência cronológica para as
construções e conjuntos do complexo de Chan Chán. "A
única sequência de data geralmente aceita é o acordo
que conjuntos anteriores eram construídos de tijolos
planos, enquanto outros posteriores eram edificados de
tijolos altos". (SAUNDERS, 2005, p. 177). Sabe-se que as
diferentes ciudadelas foram construídas por distintos
governantes Chimú por meio do poder hereditário: cada
novo líder construía um novo palácio, consolidando,
portanto, uma nova ciudadela (Figura 04).
Apesar
diferentes
das
culturas
inúmeras
pré-incas,
especificações
a
organização
das
das
sociedades com maior grau de hierarquização ocorria de
FIGURA 04
forma muito semelhante umas às outras, sendo culturas de contínua expansão territorial e
dominação. Isto é, assim que um povo se estabelecia em um território e se consolidava, buscava
expandir seu domínio sobre outras culturas com sociedades menos complexas. Para Murra
(1998), esse domínio, no caso andino, pôde ser efetivo por questões que abarcaram: a expansão
e domínio sobre terras cultiváveis (quando não terras, técnicas que possibilitavam o cultivo em
terras não cultiváveis), o controle sobre a água (como é possível ver que culturas dominantes
desenvolveram especiais sistemas de canais e irrigação), o trabalho forçado (com sistemas de
tributação, como no caso da mita no Império Inca) e a capacidade de assimilação da cultura do
povo subjugado.
9
O caso Chimú não é diferente. Segundo o site DePeru (2015), sua economia foi
consolidada com a tributação de alimentos obtidos na pesca e agricultura, mediante extensa rede
de canais, além do artesanato e metalurgia, constituindo uma rede de centros rurais e urbanos
que enviavam os tributos obtidos para a capital Chan Chán. Estabeleceu-se, assim, uma
sociedade extremamente estratificada, refletindo também a diferença social em sua arquitetura.
Para Saunders (2005), as diferentes ciudadelas parecem ter funcionado como abrigo para
palácios reais de seus governantes, mausoléus, centros de armazenagem e distribuição de
produtos e centros cerimoniais, não havendo em evidencia uma ciudadela central, mas sim
apenas um desenvolvimento linear o longo do eixo norte-sul do complexo.
No entanto, há uma grande diferença no tamanho da capital e na disposição de
seus povoados regionais, comunidades que supostamente centralizavam seu
controle político e econômico em áreas distantes. Para ilustrar isso está Manchan,
um pequeno centro administrativo localizado no vale do Casma, a várias centenas
de quilômetros ao sul de Chan Chán. A falta de grandes construções e depósitos
em Manchan indica que qualquer que tenha sido a riqueza gerada nessa região ela
foi redirecionada para a capital. (SAUNDERS, 2005, p. 178)
FIGURA 05
Quanto às habitações de Chan Chán,
estas se diferenciam de acordo com a hierarquia
social: enquanto as casas pertencentes à elite
estavam mais próximas às edificações públicas
de cunho político ou religioso, as das classes
mais baixas mantinham-se mais afastadas, nos
chamados barrios populares ou de trabalhadores
especialistas.
Também
havia
diferenças
na
inserção na malha urbana: enquanto as primeiras
constituíam-se como malha mais organizada e
retificada, as últimas se aglomeravam umas às outras, agrupando-se irregularmente (Figura 05).
No entanto, todas as moradias eram feitas essencialmente do mesmo material, ou seja, barro cru
(adobe), apesar de também serem observados alguns casos executados em madeira e pedra,
mas todos com o telhado em trançado de palha4. (SAUNDERS, 2005)
A arquitetura de Chan Chán, portanto, pode ser dividida em três categorias, a saber: a
arquitetura monumental, atribuída basicamente às muralhas, aos espaços cercados, aos palácios
e aos templos, onde se nota principalmente o cuidado na modelagem escultural do adobe; a
arquitetura intermediária, composta pelas residências da elite, administradores e comerciantes; e,
por fim, a arquitetura popular, compreendida como sua área marginal composta pelos barrios
populares e de trabalhadores urbanos ligados principalmente às atividades de metalurgia.
4
Alguns territórios da região serrana, também sob domínio Chimú, apresentam habitações bem diferentes daquelas
encontradas em Chan Chán. Estas, por estarem situadas em geografia mais irregular e montanhosa, são feitas em
pedras e seu conjunto não constitui cidades, são povoados essencialmente rurais e deslocados da lógica urbana de
Chan Chán. (SAUNDERS, 2005)
10
Cuzco Pré-Hispânica (Inca)
De modo distinto da costa peruana, as cidade incas das regiões montanhosas, como
Machu Picchu e Cuzco, adaptaram sua arquitetura em torno de um relevo montanhoso, de
complexa geografia, em uma região com constantes tremores. De acordo com Jellicoe et Jellicoe
(1995), "la piedra, sacada directamente de las montañas y venerada (lo que no ocurría con la
arcilla), era recreada en forma arquitectónica mediante depuradas técnicas de corte, tallado y
encaje de unas con otras5" (p. 99). Além disso, cada pedra era tratada individualmente com uma
curvatura convexa ou côncava, de modo que fosse apropriado para ajustá-la à pedra adjacente,
presumivelmente com a intenção de suportar melhor os sismos.
Cuzco está situada em uma serra entre os rios
Huatanay e Tullumayo, conhecida como Vale Urubamba, a
3.280 metros de altitude (Figura 06), tendo sido a capital do
Império Inca – acredita-se que os primeiros incas se
estabelecem ali no início do século XIII sob a liderança de
Manco Capac. A formação e estabelecimento do local
representou a culminação de um longo processo de
desenvolvimento cultural da zona andina na América do Sul
e, devido a isto, Cuzco hoje é chamada de "capital histórica
do Peru", além de ser Patrimônio Histórico da Humanidade
da UNESCO6.
FIGURA 06
A civilização incaica consolidou-se pelo vasto território
sul-americano
aperfeiçoar
graças
os
ao
avanços
empenho
e
estabelecidos
capacidade
pelas
de
culturas
conquistadas, como a agricultura, os sistemas hidráulicos e
as técnicas de construção com grandes pedras, superando o
conhecimento dos povos anteriores. Entende-se, portanto, a
sociedade
FIGURA 07
inca
como
uma
potencializadora
dos
conhecimentos estabelecidos na região e síntese de uma
cultura milenar na América do Sul. Cuzco é o ponto de
encontro de uma vasta rede de caminhos, vias de expansão e manutenção do poder imperial,
ligando as quatro regiões do Império Inca, sendo a capital dividida em duas partes: Hanan ou
Hawan Qosqo (Cuzco Superior) e Hurin ou Uran Qosqo (Cuzco Inferior) (Figura 07).
5
Em tradução livre: “[...] a pedra, retirada diretamente das montanhas e venerada (o que não acontecia com a argila),
era recriada na forma arquitetônica utilizando técnicas refinadas de corte, modelagem e montagem uma sobre a
outra”. (N. Autora)
6
A consolidação dessa cidade como capital do Império Inca remete a uma simbologia da intencionalidade expressa
desde a escolha de seu nome. De acordo com o site Origen Andino (2015), a origem quechua do nome de Cuzco é
Qosqo, que significa umbigo do mundo, ou seja, o centro de tudo; o ponto de encontro fundamental.
11
É difícil precisar a concentração demográfica que existiu na Cuzco incaica, porém, relatos
de Pedro Sancho de la Hoz (1414-47), um soldado espanhol e secretário de Pizarro, dizem que
em 1543 foram encontradas mais de 100.000 casas na cidade, estimando-se uma população de
aproximadamente de 300.000 habitantes. Posteriormente, o pesquisador, arquiteto e urbanista
peruano Santiago Agurto Calvo calculou cerca de 126.000 pessoas na zona urbana e 100.000
pessoas para a zona rural. (INKAS CUSCO, 2015)
De acordo com Carazas Aedo (2001), Cuzco foi construída por um conjunto de vias em
retícula urbana regular bastante uniforme com muros que rodeavam as casas e as dependências
dispostas
em
torno
de
um
pátio
–
uma
conformação denominada de kanchas (pátio
rodeados de habitações) –; solução funcional que
se repetia para configurar o tecido urbano e que
se diferenciava das aldeias incas irregulares,
situadas fora das zonas urbanas. Além disso, o
traçado urbano era marcado por ruas principais e
secundárias, majoritariamente estreitas e retas,
bem como por canais de rios que abasteciam toda
FIGURA 08
a cidade.
Segundo o site Inkas Cusco (2015), a vida urbana de Cuzco era centrada em uma grande
praça destinada a cerimônias políticas e religiosas mais importantes de Império Inca, a qual era
cercada por zonas de possível expansão por bairros periféricos (Figura 08). Muitos cronistas
indicam que seu nome original era Haukaypata.
A cidade sobre o domínio do Império Inca, formou um complexo urbano, cujas
funções eram bem definidas e organizadas. A região nobre era formada por
edifícios religiosos, governamentais e moradia real, as construções eram em pedra
– paredes de granito e andesito – finamente acabadas, a exemplo o Templo do Sol.
As demais áreas, menos nobres, abrigavam as parte agrícolas e de artesanato.
(INTERVENÇÔES EM PREEXISTÊNCIAS, 2013, p. 01)
Em contexto geral e em termos espaciais, a organização populacional do Império Inca –
ou, como era conhecido, Tahuantinsuyo – era dividida em ayllus (aldeias) e llactas (cidades). Em
todo território de seu domínio
[...] predominava a aldeia como forma básica de moradia e urbanismo: eram ayllus
com casas dispostas irregularmente e distantes umas das outras [...] com as
inclinações naturais do terreno ou dos rios e riachos que cortassem a região”.
(FREITAS, 1997, apud OLIVEIRA et MEDEIROS, 2004, p. 46)
Enquanto a maioria da população vivia nos ayllus, apenas uma elite residia nas cidades,
que passaram a serem chamadas de llactas, sendo planejadas para atuar como centros
administrativos e de poder de controle da população e construídas pelo povo por meio do trabalho
obrigatório (mita). Logo, os ayllus eram habitados pelas pessoas subjulgadas enquanto as llactas
eram privilégio dos poderosos de etnia inca. As moradias típicas dos ayllus eram construídas
12
essencialmente com pedras, além de adobe. Possuíam formato retangular e telhado de palha,
sendo as paredes de pedra revestidas com uma camada de lama, a qual também era empregada
para a junção das pedras. (OLIVEIRA et MEDEIROS, 2004)
Cuzco Hispânica (Pós-Inca ou Colonial)
A partir do século XVI, com a dominação dos espanhóis sob os povos andinos, a
arquitetura da América do Sul adaptou-se aos modelos estilísticos e técnicos importados pelos
conquistadores europeus, os quais impuseram suas técnicas e padrões estéticos. Não somente a
habitação em geral sofreu mudanças, mas todo o conjunto arquitetônico e urbano das antigas
cidades latino-americanas. O período colonial peruano compreende de 1534 até 28 de julho de
1821, data da Declaração de Independência daquele país.
O ano de 1533 marca o fim do Império
Inca. Ao chegarem em Cuzco, em meio às
comemorações dos habitantes da cidade que
festejavam o fim do domínio de Atahualpa com
sua morte, Pizarro e suas tropas iniciam uma
violenta derrubada de seus lugares sagrados, ao
mesmo tempo em que ocorria uma série de
rebeliões
que
derrubada
da
marcaram
sociedade
uma
incaica.
sangrenta
Este
foi
basicamente o processo que transformou Cuzco
FIGURA 09
da capital do Império Inca para o principal centro
de difusão da colonização ibérica e do cristianismo no mundo andino, por meio da construção de
monumentos, igrejas, monastérios e palácios no estilo colonial espanhol. Com o tempo, Cuzco
encontrou-se fora da principal rota comercial do império espanhol, que transferiu sua capital para
Lima, conhecida como a "cidade dos vice-reis".
Comparando-se as concepções de cidade inca e hispânica, observa-se que:
[...] com a chegada dos espanhóis, as formas hispânicas se assemelhavam a
estrutura existente. Este processo se opera com bastante facilidade porque o
traçado inca apresenta similitudes com os conceitos urbanos espanhóis: a praça, as
quadras e as ruas [...] Conferiram à cidade uma característica particular:
construíram suas casas segundo as formas existentes das kanchas incaicas,
aportando-as algumas modificações." (CARAZAS AEDO, 2001, p. 18. Trad. Autora)
De acordo com Viñuales (2015), a cidade de Cuzco (Figura 09) apresentou-se como um
caso especial dentro da história colonial já que foi fundada sobre um antigo centro pré-hispânico
que era centro de um vasto império.
Durante os primeiros anos reconheceu esse caráter de capital civil, que se
estendeu à jurisdição eclesiástica. Se depois deixaria tal proeminência para Lima
se tornar a capital do vice-reino e a sede episcopal principal, não perderia outras
de suas qualidades notórias. Seu próprio isolamento dentro do território ajudaria
13
na persistência de muitas destas qualidades. (VIÑUALES, 2015, p. 1170. Trad.
Autora)
FIGURA 10
Nota-se que o traçado colonial da cidade
de Cuzco é bastante similar ao traçado inca e a
princípio não se distingue o que foi planejado e
executado por um ou outro domínio (Figura 10).
As mudanças essenciais estão na reutilização dos
espaços que se requalificaram com o domínio
hispânico. Este é o caso da transformação da
praça cerimonial inca Haukaypata para a praça
hispânica Plaza de Armas, onde se extinguiu a
lógica cultural e religiosa da população andina
para dar espaço a lógica europeia e católica
(Figura 11).
Com o tempo, Cuzco, como centro urbano,
passaria a sofrer mudanças conceituais: a cidade
que era basicamente cerimonial e sagrada,
destinada a celebrações, aos poucos adquiriu
dimensões
espaciais
equipamentos
distintas,
militares,
civis
recebendo
e
FIGURA 11
religiosos
europeus. Ainda hoje, em muitas das ruas estreitas
e retas, é possível observar a junção de muitas
culturas distintas, o que transparece observandose a arquitetura da cidade (Figura 12).
5
MATERIAIS E MÉTODOS
De caráter exploratório, esta pesquisa
baseia-se em revisão web e bibliográfica com
estudo de casos, realizando-se por meio da
investigação,
seleção
e
coleta
de
fontes
impressas, nacionais e internacionais; ou ainda
publicadas
on
line,
que
tratam
direta
ou
indiretamente sobre a habitação primitiva e colonial
na América do Sul. Além de material para registro
computacional, gráfico e fotográfico, utilizou-se as
instalações físicas destinadas ao docente-adjunto,
autor do projeto e lotado na subárea de Teoria e
História da Arquitetura e Urbanismo, em Regime
FIGURA 12
14
de Dedicação Exclusiva, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, com a participação de 01
(uma) discente do curso de graduação, autora do presente relatório.
Em suma, a metodologia de pesquisa seguiu as seguintes etapas:
a) Revisão Bibliográfica e Coleta de Dados: Esta etapa baseou-se na pesquisa web e bibliográfica
sobre a caracterização do continente sul-americano, em termos geográficos e socioeconômicos,
além da contextualização histórica a respeito da sua descoberta, ocupação e exploração até o
século XVI, procurando assim fundamentar conceitualmente e dar subsídios às próximas etapas da
pesquisa.
b) Seleção, Descrição e Análise de Obras: Esta etapa envolveu a identificação e estudo de 03 (três)
exemplares de arquitetura doméstica da região, estes reconhecidos em sua importância pelos
círculos acadêmicos, nos quais se destaque a relação contextual entre arquitetura e ambiente
natural, social e cultural, de modo a exemplificar a habitação unifamiliar na América do Sul em seus
primórdios.
c) Conclusão e Redação Final: O fechamento da pesquisa deu-se através da elaboração deste
RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA, além de material expositivo por ocasião do Evento de Iniciação
Científica da UFPR – EVINCI, previsto para outubro de 2015.
6
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De modo a observar não apenas a sequência cronológica de seu surgimento, mas também
a transformação cultural acerca da formação da identidade da arquitetura sul-americana,
especificamente da região andina, fez-se na sequência o estudo e análise de casos, assim
definidos: uma habitação da cultura Chimú, uma da cultura Inca e uma colonial, de forma a
identificar características singulares, similitudes e distinções respectivas.
ESTUDO DE CASO I
HABITAÇÃO CHIMÚ
Complexo de Chan Chán
Região Costeira (Trujillo – Peru)
As moradias populares de Chan Chán
apresentam
características
particulares
e
FIGURA 13
apresentavam algumas distinções. A inserção das
residências na malha urbana – sempre fora dos
muros (Figura 13) –, bem como os materiais
utilizados para sua construção, dependia do ofício
executado pelos trabalhadores que ali habitavam.
Aqueles que
eram
ligados à
vida
urbana,
desenvolvendo atividades como a metalurgia e a
tecelagem, estavam mais próximos às ciudadelas, sendo suas casas essencialmente feitas em
quincha (palha com barro). Já os trabalhadores agrícolas, estes se encontravam mais distantes
dos muros e suas casas podiam ser completamente de palha. (UCEDA CASTILLO, 2010)
15
De modo geral, esses diferentes tipos de
residências são considerados arquitetura popular
e,
portanto,
tinham
menor
FIGURA 14
complexidade
construtiva que as obras da classe dominante.
Além disso, não resistiram ao tempo e às
intempéries, incluindo terremotos comuns na
região (Figura 14). O uso de quincha ou adobe
nessas casas tem como vantagens um adequado
isolamento acústico, que protege a edificação de
FIGURA 15
ruídos externos; e equilíbrio térmico, o que
possibilita ambientes frescos no verão e quentes
no inverno. Junta-se a isto a facilidade de
obtenção do material construtivo e a execução
realizada pelos próprios moradores.
Ainda de acordo com Uceda Castillo
(2010), nas habitações domésticas unifamiliares
localizadas próximas aos muros, cada artesão
vivia em uma unidade doméstica independente
com uma cozinha, área de depósitos, espaço de
trabalho e local para animais domésticos (Figuras
15 e 16). Tais moradias ainda continham oficinas
de metalurgia ou tecelagem, as quais, em
FIGURA 16
algumas situações eram compartilhadas entre
outros
artesãos
de
residência
vizinha.
Essencialmente centrada em um núcleo familiar,
vestígios arqueológicos apontam que quando a
família aumentava, constituindo-se um novo
núcleo, os cômodos eram divididos para abrigar
os
novos
moradores,
conformando
novos
espaços, cada vez menores.
A cobertura dessas casas era composta por um tramado de palha ou outras fibras vegetais
como tororo e juncus, algumas vezes misturado com argila. Acredita-se que muito da técnica
deste tramado de palha era semelhante às embarcações utilizadas pelos chimús e hoje
recuperada como parte da cultura local.
16
ESTUDO DE CASO II
KANCHA
Habitação Inca
Região Serrana (Cuzco – Peru)
Denomina-se kancha (Figuras 17 e 18) o
FIGURA 17
modelo urbano inca que se estabelecia a partir de vias
reticuladas,
organizadas
em
grade.
Cada
bloco
continha até 04 (quatro) edificações fechadas com
apenas um cômodo, podendo variar no tamanho, com
uma área comum (pátio). Algumas foram utilizadas para
armazenamentos ou espaços de trabalho, mas eram
essencialmente residenciais. Na maioria dos casos, as
quatro diferentes construções eram habitadas por
FIGURA 18
quatro
núcleos
distintos
de
um
mesmo
clã,
compreendendo assim um complexo familiar.
Os materiais utilizados pelos incas para a
execução das habitações eram pedra, madeira, fibra de
origem vegetal e animal, argila e terra. O material
construtivo essencial dependia da classe social em que
determinada família se inseria, porém as habitações
mais próximas ou inseridas na malha urbana eram
feitas com pedras talhadas e encaixes perfeitos (Figura
19). Tal técnica foi possível graças à abundância de
água, uma vez que a precisão do entalhe era alcançada
com o entalhamento do bloco seguido de resfriamento
FIGURA 19
e armazenamento de água. Os elementos líticos eram
assentados com um pouco de terra misturada a fibras.
Já os telhados das habitações eram de duas ou
quatro águas, sendo constituídos basicamente por
FIGURA 20
madeira amarrada com fibras apoiadas na edificação
em pedra e cobertas por palha (Figura 20). As casas
não teriam muitas portas e janelas para manter a
temperatura equilibrada durante as estações mais frias.
E, segundo Oliveira et Medeiros (2004), não possuíam
janela nem chaminé (a fumaça escapava pela palha do
telhado), havendo uma única porta coberta por uma
esteira ou cortina de couro, não permanente.
17
ESTUDO DE CASO III
CASA GARCILASO
Habitação Colonial
Região Serrana (Cuzco – Peru)
A construção das casas hispânicas do
FIGURA 21
começo do século XVI tem sua origem nas
moradias castelhanas ou andaluzias – que, por
sua vez, possuem bases mouriscas ou árabes –,
consistindo em um pátio típico rodeado por
galerias com arcos e fachadas decoradas voltadas
para as ruas (CARAZAS AEDO, 2001). Essas casas coloniais na América Espanhola adquiriram
características particulares quando foram criadas no Peru, tendo em vista que os construtores
incas haviam dado preferência a grandes blocos de pedra, muitos dos quais utilizados pelos
colonizadores (Figura 21). A espessura do muro constituía-se como importante isolamento térmico
para as baixas temperaturas e suportava esforços laterais durante abalos sísmicos, comuns na
região. E isto foi observado pelos colonos vindos da Europa.
A casa cusqueña desenvolve-se em uma planta típica de raízes espanholas, à
volta de dois ou mais pátios, sendo um primário e outro secundário ou de serviços.
Dada a forma irregular das quadras, o formato dos ambientes não é uniforme, o
que resulta em uma ordenação variável do zoneamento dos pátios e, por
conseguinte, das dependências da casa. Às vezes, colocam-se os pátios em
profundidade, sobre um eixo perpendicular à fachada; outras, são dispostos
paralelamente ao eixo da rua da fachada. (DUEÑAS, 2010, p. 01, Trad. Autora)
FIGURA 22
A habitação colonial escolhida como exemplo é
a Casa Garcilaso (Figuras 22 e 23), que pertenceu ao
primeiro cronista mestiço Garcilaso de la Veja (15391616), tendo sido levantada sobre plataformas incas,
ilustrando como eram os primeiros casarões realizados
do final do século XVI ao começo do XVII. De caráter
híbrido espanhol e incaico, no decorrer do tempo, a
residência foi recebendo melhorias, ganhando mais
espaço e conforto. Sua planta está organizada em
FIGURA 23
torno de um pátio central, o qual se torna o centro que
liga as funções da casa, formando quatro salões
principais (Figura 24), os quais possuem subdivisões
em aposentos que se relacionam entre si diretamente e
através de corredores.
O pátio é pavimentado com pequenas pedras,
as quais compõem desenhos geométricos. O material
construtivo é essencialmente tijolos de adobe, com
18
cúpulas feitas em quincha, além de alguns
materiais importados como ladrilhos e telhas
cerâmicas. Os capitéis das colunas esbeltas são
medalhões que representam personagens da
antiguidade. A escadaria possuía ainda pinturas
com decorações de flores, as quais foram
executas no século XVI. Atualmente, funciona
como Museu Histórico Regional de Cuzco.
FIGURA 24
7
CONCLUSÃO
A partir do referencial bibliográfico e da análise dos casos, é possível observar como
diferentes civilizações articulam-se nas esferas social, cultural, política, econômica e, inclusive,
religiosa. Da mesma forma, estudar essas sociedades e seus vestígios possibilitou maior
compreensão da arquitetura dessas diferentes culturas. Isto porque a arquitetura da habitação,
apesar de se apresentar em menor escala, se comparada à arquitetura institucional, configura-se,
desde a aparição do Homo Sapiens sapiens, como um espaço criado pelo homem como resposta
a mais essencial das suas necessidades: abrigo e proteção do entorno natural.
Na medida em que as sociedades aprimoram sua relação civil, o "inimigo" não é mais
apenas o entorno, mas sim todas as dinâmicas criadas e estabelecidas na configuração dessas
sociedades, refletindo em suas construções e cidades. Portanto, conforme abordado nesta
pesquisa, além do estudo da técnica e métodos construtivos, dos materiais utilizados e da
sociedade em questão, é essencial compreender como a habitação unifamiliar configura-se em
escala urbana para se ter um melhor entendimento da arquitetura doméstica.
Além disso, debruçar-se no estudo da arquitetura da moradia humana, em qualquer tempo
e espaço, é também entender como o homem relaciona-se com o mundo, com seu grupo social e
com ele mesmo, desenvolvendo sua noção de pertencimento a um espaço e compreendendo,
como desenvolvido na filosofia Heideggeriana, de que habitar é o modo de ser e estar no mundo.
Tal discussão colabora para se desvendar a dinâmica entre o público e o privado, ilustrado, nessa
pesquisa, por meio da dinâmica das culturas trabalhadas – Chimú, Inca e Hispânica – e suas
sobreposições no tempo e no espaço.
Apesar das limitações decorrentes de um estudo de iniciação científica, o assunto é
extenso e as possibilidades de pesquisa são inesgotáveis, tomando-se o presente relatório,
portanto, como uma abordagem introdutória a respeito do tema. Observa-se nesta vasta
possibilidade de desdobramento de investigação, o déficit de estudos aprofundados acerca da
habitação andina, tendo em vista que a maior parte do referencial bibliográfico já consolidado
19
concentra-se no estudo da arquitetura monumental e institucional. Além disso, a dificuldade no
recorte escolhido, como dito na Introdução do presente relatório, está na quantidade de lacunas a
serem preenchidas por estudiosos de diversas áreas e na necessidade de enxergar a atual
América do Sul como herdeira de uma vasta tradição bastante rica e com muito a desbravar.
Como resultado da pesquisa, verificou-se que a complexidade geográfica, bem como a
diversidade e multiplicidade dos grupos étnicos que formavam a civilização andina, ocasionou a
heterogeneidade de modelos e técnicas construtivas em suas habitações, como abordado nos
casos da civilização Chimú e Inca. Ademais, foi possível observar que a chegada dos espanhóis
como colonizadores do território andino efetivou, além da conquista de terras, a sobreposição de
culturas; expressas simbolicamente no terceiro caso com a requalificação do espaço da cidade de
Cuzco em sua etapa hispânica e de sua arquitetura colonial.
Finaliza-se acrescentando que, para a arquitetura, além do conhecimento material e
tecnológico, o estudo morfológico desses diferentes modelos de habitação fomenta a discussão
acerca da necessidade de preservação do patrimônio – inclusive devido ao fato das cidades de
Chan Chán e Cuzco serem consideradas Patrimônio Histórico da Humanidade –, assim como da
memória e da identidade, em paralelo à compreensão sobre os processos de permanência e/ou
transformação de culturas.
8
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30/07/2015
21
10
PARECER DO ORIENTADOR
Este trabalho de iniciação científica cumpriu o cronograma inicial, permitindo atingir os objetivos
iniciais, não ocorrendo atrasos e imprevistos. Seu desenvolvimento junto ao professor-orientador
permitiu a complementação e publicação de material didático do curso de arquitetura e urbanismo da
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR. A aluna voluntária demonstrou interesse e dedicação
parcial na elaboração das tarefas indicadas pelo professor-orientador, permitindo o desenvolvimento
regular da pesquisa. Tratando-se de um trabalho introdutório sobre o tema e da vastidão de questões
possíveis de serem abordadas em investigações nesse campo de trabalho, considera-se que os
resultados atingidos foram razoáveis e satisfatórios, tendo em vista os meios utilizados e também os fins
pretendidos.
DATA E ASSINATURAS
Curitiba, julho de 2015.
Cecília Modena Dutra
Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto

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