ESCREVER: DOR E PRAZER1 A Sobrevivência na Selva

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ESCREVER: DOR E PRAZER1 A Sobrevivência na Selva
ESCREVER: DOR E PRAZER1
A Sobrevivência na Selva Caosmótica da Comunicação
Profa Dra Maria Luiza Cardinale Baptista2
Professora e pesquisadora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
Professora da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS) e Diretora da Pazza Comunicazione, Brasil.
O artigo aborda o processo de escrita, como inscrição dos sujeitos, considerando o jogo de
dor e prazer. Discute o significado do dispositivo, para a humanidade e para os sujeitos no
processo de produção. Relaciona-se ao desafio do ensino da Pesquisa em Comunicação, quanto à
produção da representação escrita das investigações realizadas. Resgata teorias trabalhadas em
pesquisa realizada junto à ECA/USP, em que foram analisados processos de inscrição acadêmica.
A escrita é discutida como dispositivo complexo: registro de memória e invenção da cultura;
inscrição pública; preparo para a entrega e, ao mesmo tempo, jogo de ‘esconde’. Representa o
medo de imprimir-se, de instituir-se de materialidade-corpo-presença, através dos traços
significantes e, principalmente, medo de entregar-se imperfeito. Por fim, contempla a escrita,
como recurso de sobrevivência no caos informacional contemporâneo.
Palavras-chave: escrita, processo, subjetividade, comunicação.
ESCREVER: DOR E PRAZER
A Sobrevivência na Selva Caosmótica da Comunicação
Artefatos de expressão - impressão do ser.
Processos psíquicos de produção de marcas.
Uma história associada a marcas e tempo.
Inscrições que se transformam.
Suportes que se tornam etéreos.
O sujeito ‘des-gruda’ da inscrição material.
Complexidade inscriacional.
1
Trabalho apresentado à Seção temática 1: Pesquisa e Ensino da Comunicação do VII Colóquio Brasil-França
Jornalista, Mestre e Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (ECA/USP), Autora do livro
Comunicação: Trama de Desejos e Espelhos e diversos artigos, principalmente abordando a interface Comunicação e Psicologia e
a perspectiva Paixão Pesquisa em Comunicação, a Metodologia da Sensibilidade. [email protected].
2
O título desse artigo é um convite a todos quantos se deparam cotidianamente com a
intenção/necessidade de escrever e que, portanto, convivem com os dois sentimentos: dor e
prazer, duelando internamente, ora prevalecendo um, ora prevalecendo outro. Todas as pessoas
que sobrevivem na ‘selva acadêmica e de práticas comunicacionais’ sabem, exatamente, do que
estou falando, até por sentirem na pele, cotidianamente, as agruras e o gozo, de quem se
corporifica em traços significantes e se propõe para uma entrega ao leitor. O processo de escrita
contém nuances que o fazem ser um processo avassalador. Não há como ficar indiferente à ação
de inscrever-se e, depois, entregar-se ao outro – às outras pessoas – para ser lido, tocado,
avaliado, percebido nas suas imperfeições e limites. Sim, porque o ‘texto intensidade’ que
engendra o processo, o que eu chamei de ‘texto intenção’, distancia-se, pelas características
próprias do ato de escrever, do texto entregue, o ‘texto-comunicação’, aquele que se propõe ao
encontro com o outro, para partilhar universos de significação.
A ‘viagem’ que proponho, a você, leitor deste texto, é um pouco o percurso dessas
características. Primeiro, apresento um recuo no tempo, para compreender o surgimento do
dispositivo escrita e a transformação dele decorrente, nas relações humanas, na produção das
subjetividades e nos processos comunicacionais. Depois, sinalizo alguns ‘traços’ mais fortes, que
representam os grandes desafios da produção escrita, da impressão da memória, do pensamentosentimento. Por fim, abordo os desafios para a sobrevivência dos sujeitos da comunicação, em
tempos de caos informacional. A escrita é mostrada como dispositivo possibilitador da
reinvenção do sujeito, na sua inscrição e no processamento sofisticado da multiplicidade de dados
informacionais circulantes. Como tenho dito nos últimos tempos, a grande questão da
comunicação e da Pesquisa não é mais quantidade de dados, mas a qualidade do processamento.
Potencializar a escrita, neste sentido, como pretendo demonstrar, é fortalecer-se para sobreviver à
caosmose comunicacional contemporânea.
O recuo no tempo
A escrita é uma tecnologia intelectual de grande importância para as transformações do
ser humano. Seu surgimento resultou de um longo processo, marcando diferenças de culturas, de
povos, de relações e interações. O ato de inscrever-se, de produzir inscrições, variou desde as
condições e características da comunicação dos povos, passando pela necessidade econômica,
materiais disponíveis, interesses políticos e religiosos. Trata-se de diferentes processos da
produção de marcas. Marcas que comunicam intenções de dizer e, como tal, expressam
‘personalidades’ – no sentido de sujeito-conceito. Conceito do eu, o que marca, diferencia.
Interessante, nesse sentido, notar que vários estudos (GIOVANNINI in GIOVANNINI et
alii, 1987; LÉVY, 1993; KERCKHOVE, 1997) associam a origem da escrita à fixação do homem
à terra, quando do surgimento da agricultura. O processo desencadeado durante o chamado
período Neolítico – 8 000 a 4 000 a.C. – significou também a inscrição do próprio homem na
terra, produzindo marcas, semeando, para depois colher sua produção. Não são raras também as
comparações da escrita com a aragem da terra. O escritor seria o que semeia idéias, para depois
colhê-las como resultado da inscrição. O texto - as palavras - seria o alimento para um outro
corpo, uma espécie de grande corpo abstrato, energia.
As mudanças decorrentes do fato de que o homem passou a ser vinculado fisicamente à
terra – como se fosse um caractere impresso – foram muito grandes. Isso, é claro, fez com que o
ser humano estabelecesse vínculos diferentes com os processos da natureza, com o tempo e com
o espaço. O tempo de espera. O tempo de maturação para o alimento ficar pronto para a colheita.
O tempo bom, o mau tempo. A observação e o reconhecimento dos processos da natureza aos
poucos ganharam importância de ‘sobre-vivência’.
A agricultura […] pressupõe uma organização pensada do tempo delimitado, todo um
sistema do atraso, uma especulação sobre as estações. Da mesma forma, a escrita, ao
intercalar um intervalo de tempo entre a emissão e a recepção da mensagem, instaura
a comunicação diferida, com todos os riscos de mal-entendidos, de perdas e erros que
isto significa. A escrita aposta no tempo. (LÈVY, 1993, p. 88) (grifo meu).
Além disso, a fixação na terra marca também um momento importante no que tange à
convivência. Era o momento de passar a viver em comum, em comunidade, em pequenos
agrupamentos que, aos poucos, foram surgindo ao lado dos rios. E viver em conjunto implica
sempre em sofisticar dispositivos de relação, em desenvolver regras, em compartilhar espaços e
sentidos; implica em comunicação.
É o caso, por exemplo, das pequenas cidades-estado dos sumérios, entre os rios Tigre e
Eufrates, na Mesopotâmia – região correspondente ao atual Iraque Meridional – no período de
5.000 a 4.000 a.C. A forte centralização do poder e o caráter religioso dessas cidades fizeram
com que a escrita surgisse como um sistema de controle dos produtos cultivados, já que uma
parte era encaminhada como tributo ao Deus da cidade (GIOVANNINI in GIOVANNINI et alii,
1987, p.p. 24-83). Sistema de controle e avaliação da produção cultivada. Assim também se
constitui com relação à ‘cultura’ como um todo – no sentido de ‘cultivo do ser’.
Considero rica também a pista que aponta a relação forte entre o surgimento da escrita
suméria e o do dinheiro – ambos inscrições em terracota (SCHMANDT-BESSERAT apud
KERCKHOVE, 1997, p. 54). Kerckhove (1997, p. 57) explica que a invenção das placas, os
símbolos sumérios desvendados por Besserat, significou o estabelecimento da fórmula, do meio
e dos princípios do processo de simbolização de coisas através de marcas. Além disso,
apresentou condições de um sistema de comunicação aceito por todos de uma mesma cultura.
Essa pista me ajuda a pensar um aspecto importante dos processos de escrita: o caráter
de inscrição pública, relacionado diretamente ao reconhecimento de si, pelo Outro, e vinculado
ao processo de valorização, estabelecimento de valores. Observe que estou ‘falando’ o tempo
todo de produção de marcas. E isso ajuda a pensar que a escrita, como processo, está na origem –
ou na base – do surgimento do que conhecemos contemporaneamente como “marca”. Vale
lembrar, então: a marca é uma simbolização diferencial do produto, que o coloca no mercado
conforme um posicionamento que o distingue, que o exibe como algo que tem atributos a serem
valorizados (PINHO, 1996; JACQUES, 1998).
O sujeito que escreve também produz suas marcas e essa é uma das grandes questões do
processo, já que o grande “Deus” ligado à produção contemporânea é o mercado. Trata-se de um
“Deus” frio e calculista, de práticas maniqueístas – para o qual o sujeito é ótimo ou horrível – que
infantiliza o ser, na medida em que propõe a continuidade de percepções fatalistas do mundo
infantil. (KEHL in CARDOSO et alii, 1987, p. 487).
Outro aspecto importante dos processos de inscrição pode ser percebido através do estudo
do surgimento da escrita no Egito, a escrita hieroglífica. Estima-se que entre 3.500 e 3.000 a.C., o
Egito vivia uma monarquia, portanto, um poder altamente centralizado. A escrita registrava a
vida e obra do rei, o que reforçava o seu poder. Além disso, este registro era feito, sob uma
espécie de crença num suposto poder da própria escrita. Os textos acompanhavam o rei até
mesmo depois de morto, o que criava a idéia de que, assim, o soberano ‘sobre-viveria’. A relação
da escrita egípcia com os ritos fúnebres e as obras monumentais são elementos que ressaltam algo
importante, ou seja, o aspecto escrita versus permanência – o registro que fica, o tempo que
fica, a obra que fica, o sujeito que fica; trata-se de uma espécie de ilusão de vencer a morte e a
passagem do tempo.
Das marcas que a escrita foi produzindo na humanidade, pode-se resgatar também, como
significativa, a do surgimento do alfabeto. Considera-se como a origem de todos alfabetos o
sistema desenvolvido pelos fenícios, embora haja também registro de uma outra escrita
alfabética, a dos ugaríticos, composta a partir de 30 letras. No final do II milênio a.C., existiam
dois tipos de alfabetos: o Cuneiforme de Ugarit e o Linear fenício.
Há um outro aspecto interessante: a possibilidade de uma ampliação do acesso ao
saber, aos processos de registro do saber, de transmissão do saber de geração a geração. A
redução dos sinais para 20 ou 30 tornou possível que mais pessoas tivessem acesso ao processo
de escrita, embora a mudança não tenha acontecido do dia para a noite. O desenvolvimento do
alfabeto fenício foi estimulado pelo amplo comércio e a necessidade de registro – controle e
registro do valor nas trocas. Este é o dado. Foi, no entanto, a adoção deste alfabeto pelos gregos
que o transformou na origem de todos os alfabetos ocidentais. Os primeiros jogos olímpicos, que
ocorreram em 775 a.C., ficaram registrados como marco da incorporação do alfabeto fenício
pelos gregos, já que foram encontrados os anais gregos, produzidos com tal alfabeto.
No caso do alfabeto fenício, evidencia-se a característica escrita versus poder
centralizado nos palácios, com acesso reduzido à população; escrita como controle do poder;
escrita que poucos conseguiam decifrar. Assim, o alfabeto servia mais como enigma, do que
como instrumento de democratização. Não havia interesse de que muitas pessoas tivessem acesso
aos dados administrativos da sociedade. (GIOVANNINI, In GIOVANNINI et alii, 1987, p. 46).
Já os gregos passaram da oralidade, com alto grau de desenvolvimento e amadurecimento
intelectual, para o processo de escrita e, claro, disto decorreram marcas profundas, bem como
significativas transformações. Transformações estas que embasaram a construção do
conhecimento e do reconhecimento do mundo ocidental. Os gregos aprimoraram a escrita fenícia,
incorporando as vogais, às consoantes previstas até então. Isto representa uma transformação
significativa. Um primeiro aspecto é que a existência das vogais permite contemplar mais
fielmente os tipos de sons emitidos pelos humanos. Há, no entanto, conseqüências mais
marcantes: “...a estrutura da linguagem fez pressão para que o cérebro desse ênfase às
capacidades de processamento seqüencial e ‘ordenadas pelo tempo’” (KERCKHOVE,1997, p.
61):.
Depois do alfabeto grego, a escrita viveu um longo processo de consolidação, que passou
pelos romanos e seu vínculo aos sacerdotes, o que lhe consagrou uma espécie de aura mágica. No
caso da relação dos romanos com a escrita, deve-se registrar a existência de censura às
informações, que se tornavam públicas pela inscrição. Os prefeitos diretores das bibliotecas
públicas controlavam a circulação de informações, decidindo, muitas vezes, o desaparecimento
de livros considerados ‘suspeitos’ ou ‘perigosos’. Observe-se, então, que imprimir opiniões era,
claro, um risco para os autores dos textos. Expunha o sujeito ao julgamento público e, pior
que isso, muitas vezes a uma condenação que colocava sua própria vida em risco. O medo de se
mostrar, percebe-se, está presente já na Antigüidade.
Através dos tempos, a escrita foi se constituindo em presença decisiva, no
estabelecimento das relações. Foi o caso, por exemplo, das Atas Romanas. Surgidas como
decorrência dos antigos álbuns – tábuas brancas fixadas na casa do Pontífice Máximo – as Atas
ficaram conhecidas por Acta Diurna, Acta Populi ou Acta Diurna Populi Urbana. Passaram a ser
diárias, depois de 69 a.C., por decisão de Júlio César, tornando-se uma espécie de ‘embrião do
jornal impresso’. (LIMA, 1989, p.p. 14-15). Na Idade Média, houve uma retração da escrita, com
seu enclausuramento nos mosteiros. O efeito das invasões germânicas, com a devastação do
Império Romano, provocou isolamento e dificuldade de fluxo de informações. O conhecimento
deste recuo aos mosteiros reforça a percepção sobre o caráter cerimonial e meio sagrado da
escrita, restringindo o acesso.
Depois de 1450, com a invenção da imprensa, a escrita começou a aproximar-se do
cidadão comum. Destaque aqui para o papel de Martinho Lutero3 que, com o objetivo de difundir
suas teses, questionando algumas práticas da Igreja Católica, valeu-se grandemente do invento de
Gutenberg, contribuindo desta maneira também para a difusão, não só da tecnologia criada, mas
da própria escrita, como dispositivo importante para a Comunicação Social.
A escrita, a partir do século XVI e XVII, contribuiu para a difusão das idéias da
Revolução Científica. Idéias que passaram a colocar o homem no centro do universo, propondo
estratégias de controle dos fenômenos, visando a um progresso, a uma ‘evolução’ no
desenvolvimento, supostamente, linear dos processos humanos. A história escrita, então, é a
história sob a ótica da racionalidade, da fragmentação, gerando ‘uma’ versão dos ‘fatos’, só que
revestida de uma aura, como se fosse ‘A Verdade’.
A armadilha, no entanto, está no fato que, da mesma maneira que os pressupostos da
revolução científica constituíram-se, com o tempo, à medida em que se enrijeceram, espécies de
‘camisas de força’ para o ser humano em todas as áreas, a escrita os acompanhou. A ênfase
3
Tive oportunidade de conhecer melhor o uso da escrita por Lutero e seus seguidores, com a supervisão e trabalho
desenvolvido no projeto da Editora Concórdia, de Porto Alegre, que resultou em publicação voltada para o público
infantil, sob o seguinte título: Martinho Lutero. Uma Vida ao Encontro do Deus Amigo.
exagerada ao racional, à consciência, à estrutura, desconsiderou outras dimensões humanas,
essenciais à ‘sobre-vivência’, principalmente no que tange ao plano das intensidades, dos
‘afectos’.
A construção do processo de dor e prazer
Vamos, então, tentar compreender de onde surge o medo e, em decorrência, as travas no
processo de escrita, que tanto atormentam os pesquisadores e orientadores. Havelock discute a
relação sociedade oralista e sociedade da cultura escrita, explicando que o ser humano natural não
é escritor ou leitor, mas falante e ouvinte. A escrita, nesse sentido, é uma invenção da cultura:
“[…] um mega-ordenador complexo que inscreve instruções, prescreve normas e comandos em
cérebros individuais, das sociedades arcaicas às pós-industriais” (MORIN apud MOURA,
1994, p.32)
Há implícita, aqui, a dimensão da “regra” que gera a escrita como reprodução e, ao
mesmo tempo, o processo da escrita como exercício de criatividade, exercício criador. A escrita é
produzida, ao menos em parte é assim, a partir de elementos previamente existentes e
convencionados num código. Decorre do acesso do sujeito ao campo do verbal. O sujeito vai
utilizar os signos verbais, vai dar nome às coisas e perceber o nome das coisas, a partir do
momento em que ele conseguir simbolizar ou, em outras palavras, relacionar significantes e
significados. Esse é um processo lento, de ingresso no mundo do simbólico, de transformação no
sentido de poder compartilhar significações ao nível da consciência. Claro que este processo não
tem mão única – de fora para dentro – e, portanto, esse sujeito pode, e em alguns momentos
certamente vai, subverter este código. Ele vai também imprimir sua marca, também vai
transformar – porque é sujeito desejante – o que já existe de pacto de significações.
O processo de criação da escrita, da inscrição, parece travar justamente diante da rigidez
dessas regras ou, ao menos, da rigidez com que o sujeito se relaciona com elas. O mundo das
regras impõe uma escrita ‘de fora’, externa, de uma dimensão do Outro apenas, e o sujeito, por
isso, não se encontra nesta possibilidade de texto. A tradição da escrita acadêmica, por exemplo,
durante muito tempo afastou o sujeito da escrita da sua produção, solicitando/obrigando uma
impessoalização forçada, cheia de amarras a verdades de outrem. Uma escrita produzida para
representar O Método, A Ciência, o Outro. Uma escrita que acionava – e, em alguns casos, ainda
aciona - fantasmas de destruição, de confrontos públicos e não reconhecimento.
A escrita está relacionada a um jogo de expectativas. Espera-se que o sujeito ser humano
escreva, reproduzindo as regras. O sujeito espera de si mesmo a correspondência dessas
expectativas, para não se mostrar imperfeito. Ao mesmo tempo, a correspondência destas
expectativas é algo ligado à realização do ideal e à negação das características humanas deste
sujeito, que carrega como marca a imperfeição e a incompletude.
Na relação com o Outro, o sujeito também se descobre, passa a existir racionalmente para
si mesmo. Vai se constituindo como marca, ser singular. De qualquer forma, ele não deixa nunca
a sua existência abstrata, sua existência do nível apenas de intensidade, sem forma, sem nome.
Uma existência de um tempo em que predominavam as intensidades dos universos incorporais de
referência. Uma espécie de sujeito inscrito num outro texto existencial, a-significante, sem forma.
Parece-me fundamental entender que as dimensões a-significantes dos universos
incorporais de referência estão presentes sempre no texto escrito, como uma espécie de outro
texto, um texto intensidade. Um texto que ‘afeta’, produz determinada sensação em quem o
produz e em quem o recebe. E esta sensação é provocada não necessariamente pelo que é
significante, mas por esta espécie de texto abstrato a que me refiro. O caráter de criação, de
autopoiese, decorre desta dimensão ‘texto abstrato’.E não há quem possa determinar, de fora –
apenas –, este texto. Ele é intenso, pulsante, sensação. Provoca emoção, sentimento. Existe além
do código, a partir das associações e relações produtoras de sentido, de vida, e não só de
significado. Esta perspectiva pode ser mais bem compreendida, a partir da idéia de escrita como
enacção, a que me refiro posteriormente.
Outro aspecto é que o texto impresso oferece algo precioso: uma presença constante.
Enquanto os veículos eletrônicos contaminaram-se pela aceleração e têm como marca a
instantaneidade, o texto impresso permanece. É um parceiro menos instável, não vai embora,
repete o que queremos – se quisermos. Está sempre a nossa disposição, como poucos amantesamores na vida. É claro que, do ponto de vista psicológico, isso faz com que o sujeito que recebe
o texto tenha um sentimento de apropriação. Tem-se o outro nas mãos, fiel, ali, parado, entregue
inteiro, concreto. E, por outro lado, esta característica também faz do sujeito que produz o texto,
alguém que se prepara para a entrega…
Palavras e traços buscam a forma que se pretende comunicar. A partir de certo
momento, temos a revelação: um corpo novo está estruturado, ele existe. Acabado ou
ainda imperfeito, já nasceu. Aquilo que inventamos e conseguimos passar para o papel
através de símbolos capazes de atrair e conduzir a uma ação, torna-se uma presença.
(LADEIRA, 1987, p.p. 24-25).
É também este caráter de concretude que apresenta algumas dificuldades para o autor do
texto. ‘Quando escrevo, eu me inscrevo’. Fico impressa, concretizada, ganho corpo, forma. E é
esse outro corpo-eu-forma que entrego – me entrego – inteiro para o leitor. Não é pouca coisa.
Acredito que esta é uma das grandes razões para alguns dos entraves na produção de textos.
Trata-se de uma relação que se propõe, a partir da disposição da entrega. Muitas vezes esta
entrega é forçada, quando o sujeito é obrigado – pelas circunstâncias – a entregar seu texto.
Outras, é medrosa. Transforma-se, na verdade, num jogo de esconde. O sujeito, então, às vezes,
não se mostra. Tenta, de fato, esconder-se.
Criar se parece com o ato sexual. A pessoa precisa se dar, sem na hora pensar em
estatísticas, relatórios, resultado do censo, etc. É um ato de vida. Não pode ser
sufocado. E a vida cresce por todos os lados, assusta, não adquire logo personalidade.
(LADEIRA, 1987, p. 29).
Para muitas pessoas, o texto não flui. Ele sai receoso, com medo do ato de imprimir-se.
Pode tratar-se, neste caso, de um medo maior de concretizar-se e entregar-se. Medo da
possibilidade de o outro nos pegar, analisar, perceber nossos defeitos. Trata-se de uma espécie de
desnudar-se e colocar-se diante das outras pessoas como objeto de análise. Este medo vem da
nossa prévia constatação de imperfeição e incompletude, em confronto com a idealização do eu
– modelo de perfeição tão bem explicado pela Psicanálise (FREUD,1976).
A passagem da oralidade para a escrita é explicada por alguns autores como sofisticação
do pensamento, mas, ao mesmo tempo, como substituição de ênfases. Havelock, por exemplo,
lembra que a escrita substituiu a sintaxe ativa e os agentes vivos de todo discurso oral, preservado
pela memória, por uma sintaxe reflexiva de definição, descrição e análise. (HAVELOCK, 1995,
p. 32). Entre oralidade e escrita, ele ressalta que foi se perdendo o contato do texto com os
agentes vivos. O texto foi, então, perdendo vida, perdendo conexão com a experiência,
constituindo-se algo do plano da abstração, sem que esta tenha sido, necessariamente, produzida
a partir da vivência do sujeito.
Peñuela Canizal comenta o processo de distanciamento da experiência e da vitalidade
corporal da ‘coisa representada’ no processo de inscrição. Lembra Kristeva e ensina que o
valor do signo se separa da materialidade por meio de um processo de mentalização que “(…)
quebra a relação íntima referente-significante-significado, própria, aliás, do pictograma e do
ideograma”. (KRISTEVA apud PEÑUELA CANIZAL, 1987, p. 28). No caso da escrita
acadêmica, também houve esse distanciamento da experiência, incentivado pelos dogmas do
método, de fórmulas de investigação da realidade. Quer dizer, escrever sobre algo que “é não eu”,
não resulta da minha experiência de vida, vivida, acaba sendo mais difícil, porque isto representa
ter que ‘dizer, desde o lugar do outro’, sabendo que se está em um processo que caminha para o
momento de ‘julgamento’ da produção.
Fernandez (1994) também aborda a questão da corporalidade, apresentando a idéia de que
a escrita é marca das trocas de fluidos do organismo, convertidos à medida que são tomados pela
rede de significantes.
A palavra encontra-se ligada, de forma inextrincável, ao corpo […] Preside a
absorção do leite, a expulsão da urina e das fezes, o derrame da saliva e, mais tarde, a
emissão de esperma ou de fluxo sangüíneo. Remete à satisfação orgânica ao mesmo
tempo em que ao desejo do Outro. A marca que deixa na pele esses diferentes fluxos e
a que deixa no aparelho psíquico sua codificação, escrevem, em um mesmo ato, no
inconsciente, a história do sujeito […] as marcas deste intercâmbio de matérias
orgânicas que emanam do corpo do sujeito ou do corpo do outro, captadas na rede de
significantes e organizadas pela palavra [...] convertem-se na escrita. (VASSE apud
FERNANDEZ, 1994, p. 153).
Assim, uma das grandes questões da escrita é justamente o fato de que, no processo, nós
nos preparamos para a entrega, para o Outro. Quer dizer, constituímo-nos materialidade, corpo,
que se prepara para o olhar e para o desejo (ou não) do Outro. É possível perceber o quanto há de
laço intenso entre o corpo que ‘desenha as letras’ e o que se inscreve, uma espécie de corpo
maior, psíquico, inteiro – que envolve o primeiro e, ao mesmo tempo, o extrapola. Neste sentido,
está também o pensamento de Fernandez:
A escrita é palavra, mas é uma palavra que se oferece para ser olhada; palavra que
mostra e nos mostra nossa autoria no ato de ser produzida.
A atividade do pensamento implicada no ato de escrever pode permanecer invisível, e,
inclusive, reduzir-se a um grau mínimo. No ato de escrever, a visibilidade de nosso
acionar se faz evidente.
Pergunto-me: não poderia explicar-se a inibição para escrever, apresentada por
grande quantidade de mulheres adultas, a partir do próprio ato de escrever: mostrar
ao outro e a si mesma o próprio pensamento?[...]
Muitas das dificuldades na leitura e na escrita de nossos alunos não estarão
embasadas em privilegiar a leitura e o registro da palavra do outro, em vez da escrita
e do registro do próprio corpo e da própria palavra? (FERNANDEZ, 1994, p.p. 154155).
A Inscrição como Enacção
A questão ‘processos de escrita’ envolve um novo pressuposto da teoria da cognição. Na
visão de Varela, cognição implica em ação corporalizada – sendo corporalidade entendida aqui
num duplo sentido, conforme Merleau-Ponty, assumido também por Varela (1992, p. 18): “[...]
envolve o corpo, como estrutura experencial vivida, e o corpo, como o contexto ou âmbito dos
mecanismos cognitivos”.
Na pesquisa que realizei na USP, busquei compreender, também, o quanto a trama
comunicacional e os dispositivos de produção de subjetividade (GUATTARI, 1992) entranhamse nos seres humanos, produzindo outros seres, eles mesmos, seus filhos, seus netos, suas
relações e, claro, suas inscrições… Acredito no processo de escrita como inscrição desse
processo cognitivo, de autopoiese, de autoprodução, de produção constante, como constante
mutacional, do sujeito em relação.
Os processos de escrita, como processos de inscrição, implicam também em
processamento de informações e no questionamento sobre a forma como isso ocorre. Nesse
sentido, é fundamental a idéia de enacção. Trata-se de um neologismo, que tem sido utilizado no
sentido de “[...] trazer à mão ou fazer emergir” (VARELA, 1992, p. 58). Enacção implica
diretamente em ação de acionamento do movimento para um outro lugar, algo como um
trampolim para o futuro, como chamou Ferreira (1998), em seu texto sobre o mal estar na escola.
Eu diria, no caso da escrita, enacção implica em fazer-se emergir como texto para entregar-se
para o outro (VARELA, 1992).
O processo de escrita é uma das ações deste ‘ser que se realiza no mundo‘, que se
expressa, em produção. Trata-se claramente de um processo em que está em jogo a intensidade
do sujeito em autoprodução, enacção. Sujeito corpo. Corpo que se mostra, que se coloca à
mostra, não como coisa dada, mas como ser que, ao mesmo tempo em que se modifica, modifica
o entorno, o “trasfondo” – conceito devido a Heidegger (apud VARELA, 1992, p. 35). Em
italiano, há uma expressão interessante para tentar pensar o ‘trasfondo’: “l’insieme”, que, numa
tradução livre, significa tudo que está em volta. Trata-se do que Lèvy (1993) chama de
ambiência, uma espécie de ambiente complexo, que extrapola em muito o ambiente espaço físico,
compondo-se de algo como ‘fatores ambientais’, múltiplos, diversos.
O Processo Inscriacional – O sujeito recria a si mesmo
Neste ‘grande mercado’ contemporâneo, as marcas são efêmeras e isso também significa
algo em relação à subjetividade e à psicotecnologia de inscrição. O sujeito inscreve-se em meio a
tantos outros sujeitos, a tantas outras inscrições. Sua escrita é produzida em suportes que
proporcionam mudanças com, cada vez mais facilidade, o que significa conseqüências
ambivalentes. De um lado, pode estar mais livre para inscrever-se, já que sua produção é um
texto efêmero. De outra parte, há o acionamento da insegurança decorrente de um suporte que
não “suporta” verdadeiramente. Um suporte em que a inscrição distancia-se da materialidade para
constituir-se numa espécie de limbo. Quer dizer, constitui-se num corpo fantasmagórico
metamorfoseante, que se desmancha ao primeiro toque. Frágil. Por isso, a escrita, às vezes,
demora tanto para sair… para se permitir…
O que acontece é que, quando o sujeito se expressa, ele se inscreve de algum modo e,
nesse processo, se constitui. Quer dizer, essa inscrição não é algo banal, casual; ao contrário,
representa a inscrição complexa do próprio ser e, como resultado, a sua reinscrição, seu
reconhecimento, uma espécie de ‘reconstituição’ que, além de o tornar público, devolve o sujeito
a si mesmo. Essa ‘devolução’ é realizada através de processos especulares. Dizendo de outra
maneira, o sujeito que escreve, se inscreve, e se inscrevendo se reconhece, e se reconhecendo
aciona a consciência de si, se ‘re-constrói’, e se ‘reestrutura’.
Estou tratando, então, de um processo em que a escrita – como dispositivo de inscrição
do sujeito, visando a colocá-lo nesse ‘mercado’, no sentido amplo que venho tratando aqui –
coloca-se como constituição de presença, de materialidade, de corporalidade, de um corpo
que se constitui e se entrega, existindo presente para que o Outro analise, questione,
critique, comente os detalhes. E esta constituição de presença, de materialidade, de
corporalidade contraria a lógica da trama comunicacional, em que a substituição constante,
desenfreada, é encarada como norma. Comunicação do efêmero. Um mundo que se dissolve em
efeitos especiais. Aciona as sensações ao máximo.
É justamente neste contexto de aceleração desenfreada, de acúmulo e substituição das
informações que vive o ser humano contemporâneo. O mesmo que gostaríamos fosse o ser
escritor ou o ser que ensina a ser escritor, ou mesmo o leitor. Este ser humano vive num mundo
caracterizado pela crescente presença de processos de visualização4 e desterritorialização5, numa
constante substituição de elementos visuais, bem como de propostas de estratégias de prazer.
4
Referência a DEBRAY (1993). Neste livro, o autor trata do que chama de midiasferas da humanidade, defendendo
que não estamos mais na era da imagem, mas na do visual. O que diferencia, basicamente, estes dois conceitos é que
a imagem existe para ser contemplada, enquanto o visual é percebido como processo de visualização, ou seja,
substituição sucessiva de visuais. Uma imagem que se desmancha no ar, num processo sempre em novas
conformações. Tempos de desmanche. Desmanche das formas, do concreto, da imagem.
5
Referência a conceito de território de GUATTARI. A noção de território trabalhada por este autor diz respeito a
uma região de controle, onde o sujeito se sente ‘em casa’. Trata-se de um território dos afetos, de uma situação
emocional conhecida, em que há a possibilidade de um certo domínio das regras. A desterritorialização é, portanto, a
perda desse controle, ‘a perda do chão de si mesmo’. GUATTARI e ROLNIK (1986).
O desenvolvimento das tecnologias da comunicação de modo a apreender o real em
movimento – associando texto e imagens e sofisticando a produção dos processos, maquinizando
o fazer comunicacional – gera uma perecibilidade freqüente dos dispositivos, transferindo o
desejo de aprendizado e de contato sempre para um outro lugar. O sujeito acelera-se... não se
inscreve, não escreve.
O que acontece é que o caráter de sedução que tem a imagem, e mais ainda o visual,
coloca este sujeito em condições precárias para a produção de textos. O processo de visualização
é fascinante. É oferecido em abundância para o sujeito contemporâneo, enquanto o processo de
escrita implica em uma espécie de trabalho. Brincando com os alunos em sala de aula, quando
peço para escreverem ou lerem um texto e eles começam a se remexer na cadeira, eu digo: “É
muita letra, né? Uma atrás da outra, pra formar palavra, depois frase, raciocinar e tudo... Eu
reconheço, mas faz um esforço”.
O que eu quero dizer, então, é que o processo de escrita ou leitura implica em reflexão
e a trama comunicacional contemporânea não propõe isso. É uma substituição constante e
acelerada de estímulos que propõem apenas o sentir, sem pensar, numa proposta de regressão, de
infantilização, que encaminha a humanidade para o crescimento das tribos urbanas, uma espécie
de barbárie dos sentidos. (MAFFESOLI, 1987; 1995).
A trama comunicacional contemporânea está fortemente ligada à necessidade de atender
às expectativas do receptor, já que o mercado é feroz, em todos os sentidos, e o sujeito ‘baratatonta’ é disputado o tempo todo entre muitos e múltiplos e simultâneos emissores. Os processos
de escrita contemporâneos encontram-se em profunda transformação, também porque há uma
luta desesperada, no sentido de querer corresponder às expectativas do leitor – este, por sua vez,
também múltiplo e inserido num mercado feroz. E esse ‘desespero’ aciona mecanismos que
impulsionam o sujeito em busca do texto ideal que, como não poderia deixar de ser, não é real,
não é possível. Se perfeito não existe e o sujeito não quer se mostrar imperfeito – até porque o
mercado pede perfeição – então, o processo trava, o sujeito não escreve. Não erra, mas também
não se expressa. Não comunica.
Aliada a procedimentos capitalísticos mundiais, a trama comunicacional contemporânea
conduz o sujeito a um processo acelerado, a um modo de viver sempre com pressa, em débito
com o presente. Daí que o sujeito é também acelerado, correndo em busca de uma busca que na
verdade não termina. Algo como uma sucessão de janelas de computador, que vão se abrindo e
ofertando novos links, novas conexões. Hipertexto. O mundo de informações ao alcance do meu
mouse. Essa aceleração e esse desejo de busca acionado a sua potência máxima, sem que se
chegue a encontrar o objeto desejado/buscado, produz no sujeito condições existenciais contrárias
às necessárias ao processo de escrita. Falta tempo para amadurecer o pensamento, assim
como falta para amadurecer o desejo. Eu disse em outro momento que o desejo na
contemporaneidade é amadurecido à força como as frutas que nós compramos na feira
(BAPTISTA, 1996, p. 72). Assim ocorre também com os processos de escrita.
Assim, acredito no potencial da escrita, como dispositivo sistematizador e de
enfrentamento da lógica caosmótica complexa, lógica em que os sujeitos estão inseridos, meio
que perdidos na multiplicidade de fluxos informacionais. Os pesquisadores deparam-se com essa
babel contemporânea e vêem-se obrigados a produzir textos com sentido... Isto é óbvio e, ao
mesmo tempo, extremamente desafiador. Só pode ser feito, à medida que se desencadeia o
processo autopoiético e enactivo, de autoprodução e de ‘fazer emergir’ o discurso. Depende,
intrinsecamente, da disposição de entregar-se e viver essa entrega, como processo... de dor, sim,
mas também de prazer, de realização, de acionamento da potência do devir encontro com o
outro... leitor, avaliador...sujeito esperado. Esta disposição é, também, lógico, o que me
mobilizou a escrever este texto. Obrigada por ter me acompanhado até aqui. [email protected].
LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
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