Arcadismo - Falcetta

Transcrição

Arcadismo - Falcetta
Arcadismo:
Contexto histórico:
Europeu: marcado pela presença do Iluminismo, do início da Revolução Industrial na Inglaterra, a ascensão da burguesia, o
despotismo esclarecido (forma de governo que atendia as necessidades de uma crescente classe burguesa, bem como aos
princípios do Liberalismo econômico, que no caso português o representante era o Marquês de Pombal e foi fortemente
evidenciado na epopéia O Uraguai, de Basílio da Gama).
Brasileiro: marcado pela mineração, o deslocamento do eixo econômico colonial do nordeste para o sudeste, o aumento das
pressões metropolitanas e a derrama, além do movimento inconfidente, que transformou as obras dos árcades brasileiros em
singulares, pois possuíam forte consciência política.
Definição:
Movimento literário do final do século XVII até meados do século XVIII, é conhecido por dois nomes:
Arcadismo: devido às arcádias, academias de poetas que se reuniam para compor obras poéticas que repudiassem os valores
ultrapassados do Barroco, inspiradas na província grega Arcádia, onde viviam pastores que compunham obras exaltando sua
vida campesina).
Neoclassicismo: devido ao “novo” retorno à antiguidade clássica, pois já havia ocorrido no Renascimento.
Iluminismo:
Movimento cultural em que se fundamentou a humanidade durante os séculos XVII-XIX, onde se pregava clareza, linearidade,
objetividade, correção, harmonia, além de exaltar a razão, e o pensamento humano e científico. Os autores árcades usavam
estas características marcantes em suas obras, compondo-as de maneira simples, sem o rebuscamento barroco e até mesmo de
forma um tanto erudita, como no caso da obra Caramuru, de Santa Rita Durão, onde os momentos de ação são quebrados por
explicações sobre a fauna, a flora e demais aspectos da natureza brasileira.
Características do Arcadismo:
Bucolismo: exaltação à natureza, colocando-a como o lugar perfeito para se viver, longe dos problemas apresentados nas
cidades;
Presença de pseudônimo pastoril: o autor usa um nome afim de manter seu anonimato e se proteger da censura;
Vida no campo: o autor quase sempre é um pastor, e mostra seus sentimentos cuidando de seu gado;
Presença de uma musa: a musa é o nome de uma divindade clássica ou de um amor do eu-lírico, e demonstra certo amor carnal
entre ambos, mas sempre fazendo referencias ao campo;
Politeísmo e referências à mitologia: todo autor árcade retorna à Antiguidade Clássica a tal ponto de tornar-se politeísta e citar
inúmeras divindades clássicas numa única obra poética.
Clichês Árcades:
Fugere Urbem: "Fugir da cidade", os poetas vivem no campo, lembrando os habitantes da antiga Árcadia.
Inutilia Truncat: "Corta o inútil", os poetas pregam uma vida simples e uma escrita simples, sem o rebuscamento barroco.
Carpe diem: "Colher o dia", a mensagem é para que aproveitem a vida ao máximo, não pensando em pecados.
Locus Amoenus: "Lugar tranqüilo", exalta a natureza, como se fosse o melhor lugar para encontrar paz e equilíbrio interior.
Aurea Mediocritas: "Equilíbrio do ouro", mostra que devemos viver com simplicidade, não mostrando excessivo acúmulo de
riquezas, porém não praticam, mostrando a falsidade do Arcadismo.
Autores Árcades:
Portugal
Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805)
Considerado um dos maiores sonetistas da Língua Portuguesa, nasceu em Setúbal em 1765, filho de um advogado. Sua obra
teve forte influência camoniana e foi de forte sátira e sensibilidade lírica. Foi além do bucolismo pastoril, escrevendo obras líricas,
satíricas, amorosas e filosóficas. Sua musa era Gertrúria e seu pseudônimo era Elmano Sadino, Elmano era resultado da troca
da última sílaba de seu nome para a primeira e Sadino pois ele havia nascido próximo à foz do rio Sado, que banhava Setúbal.
Bocage
Pseudônimo: Elmano Sadino
Musa: Gertrúria
Obras: Sonetos diversos
Brasil
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)
Nascido na cidade do Porto, formou-se em direito na universidade de Coimbra. Apaixonou-se por Maria Joaquina Dorotéia de
Seixas, que aparece nas suas obras como Marília. Envolveu-se com a Inconfidência Mineira, o que lhe garantiu um exílio em
Moçambique. Montou banca de advogado e casou-se com Juliana Mascarenhas, rica filha de um mercador de escravos. Sua
produção poética é dividida em lírica e satírica:
Lírica: Marília de Dirceu, escrita em três partes, a primeira escrita em liberdade (em 1792), a segunda e a terceira em prisão (em
1799 e 1812, respectivamente);
A primeira parte demonstra claras características árcades, otimismo e amor carnal, a segunda parte já mostra características
românticas, com a volta do amor platônico, do monoteísmo, e a diminuição do bucolismo. A terceira parte possui escasso valor
literário, onde o autor fala sobre Marília e outras musas, porém já teve sua autoria contestada. As partes são denominadas liras,
pois apresentam um estribilho (refrão) em cada estrofe.
Satírica: Cartas Chilenas, escrita a fim de criticar a autoridade de Luis da Cunha Meneses, governador da capitania mineira entre
1783 e 1788. Permaneceram anônimas durante muito tempo, mas foram mais tarde atribuídas ao Tomás Antônio Gonzaga.
Publicadas em 1845.
Critilo: o próprio Tomás Antônio Gonzaga;
Doroteu: Cláudio Manuel da Costa;
Fanfarrão Minésio: Luis da Cunha Meneses.
Ao invés de Chile, leia-se Minas Gerais; em vez de Santiago, leia Vila Rica.
Organizado em 13 cartas e possui 4.268 verbos decassílabos brancos (sem rima)
Tomás Antônio Gonzaga
Pseudônimo: Dirceu (Lírica) ; Critilo (Satírica)
Musa: Marília
Obras: Marília de Dirceu, Cartas Chilenas
Basílio da Gama e Santa Rita Durão: dois autores de epopéias
Basílio da Gama escreveu O Uraguai, composta por 5 cantos, com versos decassílabos brancos sem estrofação, com a temática
da Guerra pela definição de fronteiras no sul do Brasil, em Sete Povos das Missões, onde Cacambo e sua tribo lutam contra os
portugueses e jesuítas. Santa Rita Durão escreveu Caramuru, composta nos moldes camonianos [10 cantos, versos
decassílabos em oitava real (ABABABCC)], com a temática das aventuras de Diogo Alvares Correia, náufrago, que foi salvo do
ataque indígena dando um tiro de espingarda, e foi chamado pelos indígenas de Caramuru, que significa “filho do trovão”, se
apaixona por Moema e, por fim, acaba casando com Paraguaçu, filha do cacique.
Comparando-se as duas epopéias, vê-se claramente que a obra de Santa Rita Durão apresenta maior valor literário e estrutura
mais organizada, porém a obra de Basílio da Gama também tem sua importância: foi a primeira epopéia escrita no Brasil.
Quadro resumo dos autores árcades luso-brasileiros:
Autor
Pseudônimo
Musa
Obra
Bocage
Elmano Sadino
Gertrúria
Diversificada (lírica, satírica,
amorosa e filosófica)
Tomás Antônio Gonzaga
Dirceu (Lírica); Critilo (Satírica)
Marília
Marília de Dirceu; Cartas
Chilenas
Cláudio Manuel da Costa
Glauceste Satúrnio; Doroteu
Eulina; Nise
Vila Rica
Basílio da Gama
Termindo Sepílio
Glaura
O Uraguai
Santa Rita Durão
-x-
-x-
Caramuru
Silva Alvarenga
Alcino Palmireno
Glaura
Poemas Eróticos
Alvarenga Peixoto
Eureste Fenício
Bárbara; Nise
Poemas Líricos