Mastite bovina e imunidade: É possível vacinar?
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Mastite bovina e imunidade: É possível vacinar?
1 nº Biblioteca Topvac® Mastite bovina e imunidade: É possível vacinar? Marcelo Chaffer DVM PhD Colégio Veterinário do Atlântico | Universidade da Ilha Príncipe Eduardo | Canadá 1. Introdução 2. É possível vacinar? A A todas estas medidas clássicas de controle que se referiram anteriormente, juntou-se-nos outra complementar: a vacinação. Tendo em conta a dificuldade com que nos encontramos com agentes como o S. aureus ou a E. coli pela sua fraca resposta aos tratamentos antibióticos, a prevenção com uma vacinação adequada somada às medidas anteriormente referidas seria de grande importância. Para o caso das mastites por Staphylococcus aureus, as vacas leiteiras são os reservatórios da bactéria. A terapêutica antibiótica é fraca quando estas bactérias se encontram na profundidade do tecido mamário (Ma e col., 2004). Autores como Blowey e col. (1995) , ao realizarem uma revisão bibliográfica de tratamentos com Cloxacilina, mostram taxas de cura da mastite por S. aureus de 24 % para casos clínicos e 40% para os sub-clínicos, sendo a taxa mais elevada a da terapêutica de secagem com 60%, sendo por esta razão que o tratamento de eleição para esta bactéria é durante o período seco. A baixa taxa de cura podia ser atribuída à capacidade da bactéria sobreviver ao tratamento quando se encontra intracelularmente nas células epiteliais ou nos macrófagos (Hensen e col., 2000; Herbet e col. 2000). mastite é uma reação inflamatória dos tecidos secretores ou condutores do leite da glândula mamária, como resposta a uma infecção bacteriana, que afeta principalmente a produção leiteira em quantidade e qualidade. Os agentes causais da mastite bovina são microrganismos que vivem no úbere da vaca e nas suas redondezas. De acordo com a sua epidemiologia, podem dividir-se em três grupos: 1) contagiosos com bactérias como Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, 2) ambientais onde se destacam Streptococcus não agalactiae e gram negativos como por exemplo a E. coli e 3) oportunistas onde temos os Staphylococci coagulase negativos. O controle da mastite tem-se baseado em distintas medidas que podem ser: 1) Rotina de ordenha adequada e higiénica; 2) Uso adequado e manutenção do equipamento de ordenha; 3) Terapia de secagem apropriada; 4) Tratamento de casos clínicos durante a lactação; 5) Tratamento de problemas de pele do úbere e tetos; 6) Descarte de vacas com mastite crónica; 7) Exame de vacas que se deseje introduzir na fazenda como reposição; 8) Registro de dados e 9) Manter um ambiente limpo. 1 2 Mastite bovina e imunidade: É possível vacinar? Biblioteca Topvac® Marcelo Chaffer DVM PhD | Colégio Veterinário do Atlântico | Universidade da Ilha Príncipe Eduardo | Canadá No que respeita a E. coli, segundo o estudado por Sandholm e col. (1995) a terapêutica antibiótica teria pouco efeito em melhorar os sintomas provocados pela bactéria, e isto porque os sintomas são provocados principalmente pela endotoxina. A vacinação tem como fim melhorar e potencializar o sistema imunitário contra um antigénio específico. No caso das vacinas contra mastites o que se procura é uma chamada adequada de neutrófilos ao lugar onde se encontra o agente patogênico e com a quantidade adequada de imunoglobulinas se realize a opsonização e posterior fagocitose. Somado a isto, os anticorpos gerados pela vacinação, podem também ter uma função importante na neutralização de toxinas, interferindo nos mecanismos de adesão da bactéria e induzindo a lise das bactérias. A revisão bibliográfica mostra-nos benefícios no uso de vacinas protetoras contra S. aureus ou E. coli. Assim observa-se o efeito da vacinação refletido em: nº Benefícios obtidos no uso de vacinas contra S. aureus ou E. coli 1) Redução na severidade e duração da sintomatologia de mastites por coliformes, 2) Diminuição das taxas de infecções, 3) Diminuição do uso de antibióticos e na sua possível aparição como resíduos no leite e 4) Diminuição nas contagens celulares somáticas e aumentos na produção diária de leite. Nordaugh e col. (1994), utilizando uma vacina inativada de S. aureus, mostraram o seu efeito positivo na ausência de casos clínicos no grupo de vacas vacinadas, contra um 6% de casos nas vacas não vacinadas. No que respeita a casos de mastite subclínica por S. aureus, esta foi diagnosticada em 8% do grupo das vacinadas e em 14% das vacas não vacinadas. Em Israel, num ensaio de campo, (Leitner e col., 2003) utilizando uma vacina composta de fragmentos de S. aureus, obtidos por sonicação, mostraram efeitos benéficos e estatisticamente significativos, no que respeita a produção leiteira e células somáticas, no grupo de vacas vacinadas. O importante a destacar numa vacinação contra S. aureus, é fazê-lo o mais cedo possível na vida da vaca leiteira, realizando esta imunização, na etapa de novilha pré-parto, evitando assim uma possível infecção que comprometa a sua vida produtiva. No que diz respeito a mastites por coliformes, Hogan e col. (1995), num desafio com estirpe virulenta de E. coli a vacas vacinadas com uma bacterina de E. coli J5 e a não vacinadas, demonstraram que a duração da infecção intramamária e a intensidade dos sintomas são menores no grupo vacinado. Deluyker e col. (2005), num ensaio de campo com vacinação contra E. coli verificaram que, apesar da vacina não ter ajudado a diminuir a quantidade de casos clínicos no grupo vacinado com respeito ao não vacinado, houve diferenças significativas na quantidade de casos de mastites tóxicas sistémicas a favor do grupo vacinado. Para o caso do S. aureus, desenvolveram-se no passado distintos tipos de vacinas com resultados diversos. Poderíamos dividir estas vacinas em dois grandes grupos: 1) Bacterinas e 2) Vacinas que incluem algum componente da bactéria considerado de importância antigénica. No primeiro grupo, das bacterinas, as vacinas são elaboradas com todos os componentes da célula bacteriana e esta pode ser morta ou viva. Assim desenvolveram-se provas com este tipo de vacinas em mastites por autores como Pankey (1985) ou Leitner e col. (2003). No segundo grupo, que são aquelas vacinas que incluem elementos de importância antigênica, estas são desenvolvidas a partir de fatores de virulência, sejam: a) Proteína A, componente da parede celular da bactéria que se une às Imunoglobulinas. (Pankey e col., 1985; Carter e Kerr, 2003) b) Pseudocápsula , polissacárido extracelular com propriedades antifagocíticas (Watson e col., 1992; Nordhaug e col., 1994). c) Antigénios Capsulares, como por exemplo Exopolissacárido: Slime ou também chamado Slime Associated Antigenic Complex ( Yosida e col., 1987; Calzolari e col., 1997; Giraudo e col., 1997). d) Alfa e Beta toxinas (Herbelin e col., 1997) e) Fibronectin binding protein, molécula de superfície que atua como fator de aderência bacteriano (Shkreta e col., 2004). f) Clumping factor A, molécula de superfície que actua como factor de aderência bacteriano (Brouillete e col., 2002). 3. Ensaio de vacinação contra mastite bovina realizado na Espanha Num ensaio multicêntrico realizado em 6 fazendas leiteiras da Catalunha dividiram-se 386 vacas leiteiras multíparas e primíparas em dois grupos. O primeiro grupo, que consistiu em 188 vacas, foi o grupo controle não vacinado, enquanto o segundo grupo, de 198 vacas, foi vacinado. O plano de vacinação para este grupo consistiu numa primeira dose da vacina 45 dias antes do parto previsto, a segunda dose antes de chegar aos dez dias prévios ao parto, enquanto que Biblioteca Topvac® Mastite bovina e imunidade: É possível vacinar? 3 a terceira dose da vacina se efectuou 50 dias pós-parto. A vacina utilizada continha antigênios de S. aureus de estirpes CP8 altamente produtoras de Slime Associated Antigenic Complex somado a estirpes E. coli J5. (HIPRA). Os dados recolhidos foram analisados por regressão logística com análise de variância. 3.1 Contagem celular somática, taxa de cura e tratamentos farmacológicos adicionais durante o ensaio Durante o ensaio de campo mediu-se a contagem celular somática, que é o parâmetro mais aceito no seguimento da saúde do úbere e qualidade do leite (Laevens, 1997; Pyorala, 2003; Schukken et al., 2003). O grupo vacinado tinha uma contagem celular de 324.1 x 103 comparado com 581.4 x 103 no grupo controlo. Quando se comparou em forma logarítmica, estas diferenças eram estatisticamente significativas (p=0.0182). A taxa de cura para as multíparas vacinadas foi de 53.33% em comparação com os 20.45% registados nas não vacinadas, sendo esta diferença significativa (p<0.05). Nas primíparas apesar de a taxa de cura ser favorável ao grupo vacinado, a diferença registada não foi significativa. No mesmo ensaio, mediram-se tratamentos farmacológicos nos dois grupos de vacas, vacinadas e controlo. Houve 24 animais tratados por mastite no grupo vacinado, 14 vacas multíparas e 10 primíparas. As multíparas deste grupo vacinado receberam 13 tratamentos, com uma média de 1.5, enquanto que as primíparas receberam 13 tratamentos, com uma média de 0.7. Por outro lado, no grupo controle 40 receberam tratamento farmacológico adicional, 28 de elas eram multíparas e 12 primíparas. A média registada para este grupo controle não vacinado foi de 2.1 para as multíparas e 2.8 para as primíparas. A análise estatística destes resultados deu que para o grupo das multíparas esta diferença registada em tratamentos farmacológicos adicionais necessários, foi significativamente diferente (p=0.003). Sendo o número de tratamentos por vaca menor no grupo vacinado, o tempo de tratamento requerido, é também menor. Estes pontos são sumamente interessantes já que em definitivo determinam não só o menor uso de fármacos, mas também, menor descarte de leite por uso de antibióticos. Tanto o ensaio realizado na Catalunha como a literatura aportam-nos dados que mostram efeitos positivos da vacinação contra mastite bovina. Mesmo sendo um elemento a ter em conta e recomendado na luta contra a mastite, não se deve esquecer, que deve ser combinado com as medidas tradicionais de controle. 1 4 Mastite bovina e imunidade: É possível vacinar? Biblioteca Topvac® Marcelo Chaffer DVM PhD | Colégio Veterinário do Atlântico | Universidade da Ilha Príncipe Eduardo | Canadá Referências Bibliográficas 1. Blowey, R. and Edmonson, P., 1995. Mastitis – Causes, epidemiology and control. In Mastitis Control in Dairy Herds (Chapitre 4). Farming Press Book, Royaume-Uni. nº 2. Brouillette E, Lacasse P, Shkreta L, Bélanger J, Grondin G, Diarra MS, Fournier S, Talbot BG. (2004) DNA immunization against the clumping factor A (ClfA) of Staphylococcus aureus. Vaccine 20:2348-2357. 3. 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Deixar que a vacina alcance uma temperatura entre 15 e 25 ºC antes da administração. Agitar antes de usar. Administrar uma dose de 2mL (intramuscular profunda) na tábua do pescoço. ESQUEMA VACINAL SUGERIDO: Primeira aplicação aos 45 dias antes do parto. Segunda aplicação 10 dias antes do parto. Terceira aplicação 52 dias após o parto. A cada gestação o protocolo deve ser repetido. O protocolo de vacinação induz imunidade aproximadamente aos 13 dias após a primeira aplicação até 130 dias após o parto. Pode ser utilizada durante a gestação e a lactação. Conservar e transportar refrigerado (entre 2 e 8ºC) protegido da luz. Não congelar. Não têm carência no leite. PRESCRIÇÃO DE ACORDO COM O VETERINÁRIO. Hipra Saúde animal, Ltda. Avenida do Lami, 6133 Bairro Lami CEP 91782-601 Porto Alegre-RS Brazil Tel.: (+55) 51 3325 4500 Fax: (+55) 51 3258 1300 [email protected] www.hipra.com 2 nº Biblioteca Topvac® Mastite colibacilar Demetrio Herrera Veterinário especialista em qualidade do leite | [email protected] 1. Introdução 2. Patogenia A Escherichia coli assim como a maioria das bactérias Gram-negativas, tem na sua membrana externa uma macromolécula característica e essencial denominada lipopolissacárido (LPS). Este LPS é o principal fator de patogenicidade da bactéria, o desencadeante do típico quadro de mastite hiperaguda por coliformes. A injeção intramamária experimental de LPS em animais sãos provoca a mesma sintomatologia e é dose dependente, provocando a morte do animal a doses altas. A bactéria penetra unicamente via canal do teto, multiplica-se rapidamente na cisterna do úbere, e no processo de multiplicação e lise, a toxicidade e a potente capacidade indutora de citocinas inflamatórias do LPS provoca na vaca uma sintomatologia geralmente aguda, que cursa com uma perda quase total da produção láctea, uma inflamação aguda do quarto afetado e frequentemente perda de pesar dos esforços de produtores e técnicos para melhorar a saúde do úbere dos rebanhos, a mastite colibacilar continua a ser um problema importante em muitas fazendas. Em fazendas onde as mastites de origem contagiosa estão praticamente erradicadas e com baixas contagens celulares de tanque, entre 20 e 40% dos episódios de mastites clínicas são provocados por coliformes. Escherichia coli, Klebsiella spp. e em menor grau Enterobacter spp. são os coliformes mais frequentemente isolados de episódios clínicos deste tipo. A apresentação do quadro clínico e os seus custos derivados (leite retirado, custo do tratamento, reposição por morte ou sacrifício do animal, etc.) é muito variável e depende primordialmente de fatores ligados à vaca, mais do que à patogenicidade da estirpe implicada. No presente artigo discutiremos os fatores predisponentes e as medidas de prevenção para lutar contra esta patologia. apetite, febre, prostração, choque e em alguns casos morte do animal. Dependendo do estado imunitário da vaca, a apresentação pode não ser tanto aguda. A infecção crónica com episódios clínicos recorrentes também pode ocorrer, mas é menos frequente. A capacidade do sistema imunitário da vaca é chave para limitar a rápida proliferação de E. coli no úbere e reduzir a ação tóxica do LPS. Os neutrófilos são os principais atores na luta contra as infecções intramamárias. Encarregam-se de sequestrar, matar e eliminar o patógeno, ajudados por anticorpos opsonizantes, principalmente IgG2 e citocinas pró-inflamatórias, as quais são responsáveis pelo influxo massivo de neutrófilos desde os capilares sanguíneos do úbere até à cisterna. A rápida mobilização dos neutrófilos até ao úbere é fundamental para reduzir os efeitos do quadro clínico. 2 Mastite colibacilar 2 Biblioteca Topvac® Demetrio Herrera |[email protected] 3. Fatores predisponentes nº A maioria das infecções intramamárias por coliformes dão-se nas duas primeiras semanas do período seco e sobretudo no periparto. Além disso, praticamente metade das mastites clínicas que ocorrem dentro dos primeiros 100 dias em lactação, têm origem na secagem e periparto. A apresentação aguda ou hiperaguda da mastite colibacilar não é exclusiva do pós-parto, (apesar de se apresentar neste período numa elevada percentagem). As infecções intramamárias por coliformes na lactação avançada provocam casos leves ou moderados que o próprio sistema imune das vacas é capaz de resolver e frequentemente passam despercebidos. O início do período seco é uma fase de risco devido principalmente a: • Aumento da pressão no interior do úbere que às vezes provoca perdas de leite e também do antibiótico das seringas de secagem, deixando o esfíncter aberto, por onde podem penetrar bactérias. • Proliferação bacteriana na pele do teto, fruto da paragem da ordenha e da prática de pré e pós-dipping. • Atraso na formação do tampão de queratina. Há vacas que tardam dias, algumas mesmo semanas a selar o teto. • Uma higiene deficiente ao aplicar as cânulas intramamárias de secagem pode provocar infecções intramamárias. O periparto é também uma fase de risco, o sistema imunitário vê-se comprometido por vários fatores: • O parto em si é estressante para a vaca. Os níveis plasmáticos de cortisol experimentam um forte incremento fisiológico necessário para o desencadeamento do parto e a colostrogénese. O cortisol inibe a resposta inflamatória e influi negativamente na funcionalidade dos neutrófilos. • Balanço Energético Negativo (BEN). Há uma infinidade de estudos que relacionam o BEN com patologias pós-parto. O aumento das necessidades energéticas no pós-parto unido a uma capacidade de ingesta reduzida, provoca a mobilização de reservas de gordura, que depois da sua metabolização no fígado podem provocar cetose. Os corpos cetónicos infuem negativamente na capacidade de migração e recrutamento de neutrófilos até ao úbere, a fagocitose e também a capacidade de oxidação e destruição por parte dos neutrófilos. • Stress. Fatores estressantes como o calor, stress metabólico, concorrência, transporte, etc. induzem a secreção de cortisol e provoca imunossupressão. No pós-parto, o stress é um círculo vicioso. Vacas stressadas comem menos, com o que o BEM alarga-se ou acentua-se, e a imunossupressão potencia-se. • Outros: * Perdas de leite fruto do aumento da pressão intramamária no final do período seco. O esfíncter está aberto para a entrada dos patógenos. * A maioria de formulações antibióticas das cânulas de secagem não cobrem a fase final da secagem, especialmente em secagens standard de 60 dias. Além disso, a maioria dos produtos que existem no mercado apresentam uma atividade limitada frente aos Gram negativos. * Ordenha pós-parto frequentemente difícil pelo edema do úbere que provoca entradas de ar durante a ordenha, facilitando a entrada de patógenos para a cisterna. Biblioteca Topvac® Mastite colibacilar 4. Tratamento 5. Prevenção O tratamento deve enfocar-se na vaca, não na bactéria. E.coli multiplica-se rapidamente no úbere alcançando o pico de concentração em menos de 12 horas (Erksine et al 1989). O reconhecimento dos sinais clínicos de mastite colibacilar ocorre normalmente depois de atingida a máxima concentração bacteriana no úbere. Esta ideia põe em dúvida a conveniência de tratar com antibióticos a mastite colibacilar. Além disso há muitos estudos que demonstram a fraca eficácia dos tratamentos antibióticos contra as mastites por Gram negativos. Por isso, centramo-nos no tratamento sintomático: 1. Soro hipertónico salino IV. A vaca deve ter acesso livre a água limpa e fresca. 2. AINEs para controlar febre e inflamação. 3. Cálcio, ferro e vitaminas ADE para potenciar a função dos neutrófilos. 4. Ocitocina e ordenhas frequentes. A própria dor e inflamação inibe a descida do leite. A ocitocina ajuda a um melhor esvaziamento do úbere, eliminando assim maior número de bactérias. 5. Antibióticos ativos frente a Gram negativos por via parenteral (como preventivo da septicemia, não para curar a infecção). Tendo em conta a fraca eficácia de qualquer tratamento frente à mastite colibacilar hiperaguda, a prevenção é o melhor tratamento possível. Conhecendo os períodos de máximo risco e os fatores predisponentes, as estratégias de prevenção centram-se em 2 vias: 1. Minimizar a exposição da ponta do teto à bactéria presente no ambiente: • Extremar a higiene das zonas de descanso das vacas, especialmente pátios de secas, pré e pósparto tendo em conta que estes são os períodos de maior risco de contrair infecção intramamária por coliformes. Cubículos ou camas limpas e secas são chaves para evitar a proliferação de E. coli nas zonas de repouso. Os materiais inertes como areia ou mármore são mais adequados se os comparamos com os orgânicos como palha, serrim, cascas, as bactérias proliferam menos. • Ordenhar tetos limpos e secos. 2. Aumentar a resistência do animal à infecção: • Minimizar o stress de qualquer tipo. • Rações e estratégias de alimentação que reduzam ao mínimo o BEN e a sua duração no tempo. O objetivo é maximizar a ingestão de matéria seca. • Assegurar os aportes necessários de Vitamina E 3 e Se na ração, importantes para o sistema imune, já que incrementam a atividade fagocitária dos neutrófilos. Estados carenciais destes elementos aumentam a possibilidade de sofrer mastite, a severidade e também a duração da infecção. • Vacinação. A vacinação contra a mastite colibacilar é uma estratégia frequentemente implementada nas fazendas leiteiras dos Estados Unidos (entre 40-65% das fazendas aplicam a vacinação). As mais utilizadas são vacinas baseadas na cepa J5 de E. coli. Esta estirpe é um mutante que carece da cadeia O-polissacárida do LPS, deixando exposto ao sistema imunitário o antigénio “core” do LPS. À diferença da cadeia O-polissacárida, a composição e estrutura do dito antigénio “core” encontra-se muito conservada entre os distintos Gram-negativos, pelo que as vacinas com J5 induzem anticorpos opsonizantes “anti-core” com imunidade cruzada contra diferentes estirpes de E.coli e outros Gramnegativos. A eficácia da vacinação na protecção contra a mastite colibacilar aguda foi demonstrada em diferentes estudos de campo. Em numerosas referências bibliográficas constata-se que a imunização com J5 não previne as infecções intramamárias por coliformes, mas reduz sim a severidade, o aparecimento do caso clínico, e 4 Mastite colibacilar 2 Biblioteca Topvac® Demetrio Herrera |[email protected] as perdas económicas por morte ou sacrifício do animal. Segundo alguns estudos econômicas levados a cabo nos EUA, um programa vacinal contra este tipo de mastites é economicamente rentável quando mais de 1% das lactações se vêem afetadas por mastite colibacilar. De acordo com a bibliografia, a vacinação pode ser uma ferramenta de grande utilidade na prevenção das mastites causadas por Gram-negativos em fazendas onde existe esta problemática. Considerando que o pós-parto é o período mais crítico e onde se dão a maioria de casos clínicos pelas causas já citadas, o objectivo deve ser potenciar a imunidade neste período vacinando os animais na secagem, e revacinando antes do parto. Uma dose de reforço durante os primeiros meses de lactação pode ser apropriada para prolongar a duração da imunidade. Em climas quentes e úmidos onde a incidência pode ser alta nos meses de Verão, uma dose de reforço a todos os animais poderia proteger também o rebanho. nº Referências Bibliográficas 1. Bradley et al. 2001 Adaptation of E. coli to the bovine mammary gland, J Clin Microbiol Mai 2001; 39(5):1845-9). 2. Passey S, Bradley A, Mellor H. Escherichia coli isolated from bovine mastitis invade mammary cells by a modified endocytic pathway. 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Conclusões A mastite colibacilar é uma patologia importante em muitas fazendas pelo impacto econômico que implica. A prevenção é a melhor ferramenta para controlar este problema. O manejo do período seco e do periparto é chave. Vacas alojadas em pátios ou cubículos limpos, secos e confortáveis vão reduzir as infecções intramamárias por coliformes. Além disso estratégias de alimentação que minimizem o BEN no pós-parto e reduzam o stress ajudaram a vaca a lutar contra a mastite hiperaguda. Por último, assinalar que um protocolo de vacinação na secagem, pode ser de grande ajuda para prevenir os casos clínicos por coliformes nas fazendas onde exista esta problemática. 8. Ruegg, P. Evaluating the effectiveness of Mastitis Vaccines, 2001. 9. Adrian Gonzalez Garrido. Manejo del posparto para el control de las enfermedades Metabólicas. Libro ponencias Congreso ANEMBE2007. 10. Wilson DJ, Grohn YT, Bennett GJ, González RN, Schukken YH, Spatz J.Milk production change following clinical mastitis and reproductive performance compared among J5 vaccinated and control dairy cattle. J Dairy Sci. Oct. 2008; 91(10):3869-79. 11. Jeanne L. Burton,Ronald J. Erskine, Immunity and mastitis. Some new ideas for an old disease Vet Clin Food Anim 19 (2003) 1–45. 12. Erskine RJ, VanDyk EJ, Bartlett PC, Burton JL, Boyle MC. Effect of hyperimmunization with an Escherichia coli J5 bacterin in adult lactating dairy cows J Am Vet Med Assoc. Oct. 2007; 231(7):1092-7. 13. NAHMS Dairy 2007 Part III: Reference of Dairy Cattle Health and Management Practices in the United States, 2007 www.aphis.usda.gov/ vs/ceah/ncahs/nahms/dairy/dairy07/Dairy2007_PartIII.pdf. TOPVAC®: Vacina inativada contra a mastite bovina. Uma dose de 2mL contém: Escherichia coli J5 inativada > 50 RED 60*, Staphylococcus aureus (CP8) cepa SP140 inativado, > 50 RED 80 ** xpressando complexo antigênico associado a exopolissacarídeo. *RED 60 – dose efetiva em coelhos em 60% dos animais (sorologia) **RED 80 – dose efetiva em coelhos em 80% dos animais (sorologia). INDICAÇÕES: para a imunização de vacas e novilhas sadias, para ser utilizada em fazendas leiteiras com casos de mastites recorrentes, a fi m de reduzir a incidência de mastite ubclínica e a incidência e a gravidade dos sinais clínicos das mastites causadas por Staphylococcus aureus, coliformes e coagulase negativos. ADMINISTRAÇÃO: uso intramuscular. É recomendável alterar os lados do pescoço nas aplicações. Deixar que a vacina alcance uma temperatura entre 15 e 25 ºC antes da administração. Agitar antes de usar. Administrar uma dose de 2mL (intramuscular profunda) na tábua do pescoço. ESQUEMA VACINAL SUGERIDO: Primeira aplicação aos 45 dias antes do parto. Segunda aplicação 10 dias antes do parto. Terceira aplicação 52 dias após o parto. A cada gestação o protocolo deve ser repetido. O protocolo de vacinação induz imunidade aproximadamente aos 13 dias após a primeira aplicação até 130 dias após o parto. Pode ser utilizada durante a gestação e a lactação. Conservar e transportar refrigerado (entre 2 e 8ºC) protegido da luz. Não congelar. Não têm carência no leite. PRESCRIÇÃO DE ACORDO COM O VETERINÁRIO. Hipra Saúde animal, Ltda. Avenida do Lami, 6133 Bairro Belém Novo Porto Alegre-RS CEP 91782-601 Brazil Tel.: (+55) 51 3325 4500 Fax: (+55) 51 3258 1300 [email protected] www.hipra.com 3 nº Biblioteca Topvac® Revisão Bibliográfica: Mastite bovina causada por Estafilococos Coagulase Negativos Clara Navarro Sansano Veterinária especialista em qualidade do leite 1. Introdução U m dos grupos de bactérias que provocam a mastite, denominam-se estafilococos coagulase negativos (ECN). Estas bactérias são de elevado interesse, atualmente são os microorganismos mais frequentemente isolados em vacas e novilhas dos rebanhos, estando consideradas na atualidade como agentes patogênicos emergentes da mastite bovina (Pyöräla S. et al. 2009). Normalmente os ECN encontram-se na pele sã do teto e nas mãos do ordenhador. Frequentemente são denominados “microrganismos oportunistas” já que habitam zonas onde lhes é fácil colonizar o canal do teto e penetrar até aos tecidos secretores. A implementação de programas de controle de mastites durante os últimos 30 anos conduziu a uma redução da incidência geral de mastites clínicas na maioria dos rebanhos. Em alguns casos a diminuição chegou aos 90%. Enquanto que a doença clínica causada por patógenos maiores, como Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae desceu significativamente, patógenos menores como ECN têm vindo a subir tomando uma importância cada vez maior. As vacas e novilhas podem ser infectadas por ECN antes do parto. Na lactação, a infecção devida a ECN associa-se a um aumento na contagem de célucas somáticas (CCS) que provoca perdas económicas pela penalização no preço do leite. A prevalência das mastites por ECN é mais elevada em primíparas. Geralmente costumam ser infecções leves e limitam-se a grumos no leite devidos a alterações locais no úbere. Muitas destas infecções inclusivamente curamse espontaneamente. Mas pontualmente também se observam animais com infecções intramamárias por ECN com sintomas a nível sistémico e também animais com infecções persistentes que podem ter uma duração de vários meses se não se intervem. Há mais de 50 espécies de estafilococos coagulase negativos e quem sabe seja um erro observar o seu comportamento como grupo e não como espécies individualmente. Mesmo que não se considere um grupo de bactérias tão patogénicas como os principais patógenos causadores de mastite, a sua patogenicidade e resistência aos tratamentos antibiótios varia dependendo da espécie de ECN. Alguns investigadores consideram-nos patógenos secundários no úbere, mas a importância destas infecções intramamárias são ainda um tema de debate já que, por outro lado, outros trabalhos atribuem-lhe grande importância na etiologia da mastite subclínica ou clínica e no aumento de células somáticas das vacas afectadas. 3 2 Revisão Bibliográfica: Mastite bovina causada por Estafilococos Coagulase Negativos Clara Navarro Sansano Biblioteca Topvac® | Veterinária especialista em qualidade do leite 2. Etiologia e epidemiologia nº Os ECN são cocos Gram positivos que habitam tanto no exterior como no interior dos úberes infectados. Muitas vezes denominam-se “oportunistas da flora da pele”, porque podem se isolados de: pele do teto, canal do teto, vagina, pelagem e fossas nasais. Este grupo de bactérias inclui mais de 50 espécies e subespécies (Pyöräla S. et al. 2009). As espécies mais comuns de ECN isoladas de mastite bovina são Staphylococcus chromogenes, Staphylococcus epidermitis, Staphylococcus hyicus e Staphylococcus simulans. Espécies como Staphylococcus epidermitis, Staphylococcus saprophyticus, Staphylococcus simulans e Staphylococcus warneri pertencem à flora bacteriana normal da pele do teto, enquanto outras espécies como Staphylococcus xylosus e Staphylococcus sciuri parecem vir do ambiente. Staphylococcus chromogenes pode colonizar a pele do teto e também outros lugares do corpo do animal como a pelagem, a vagina e o canal do teto. Parecem existir diferenças em relação à patogenicidade das distintas espécies de ECN que se investigam mediante técnicas de diagnóstico molecular (Zadoks and Schukken, 2006). Encontramos espécies com diferente susceptibilidade antimicrobiana e diversos fatores de virulência de ECN isolados de mastites bovinas (Taponen S. et al. 2009). A incidência de novas infecções é máxima durante o período de vaca seca e antes do parto, por isso, a percentagem de quartos infectados é alto no momento do parto. A prevalência de ECN é mais alta em primíparas que em vacas adultas. Infelizmente, muitos produtores crêem erradamente que as suas novilhas estão sãs, e a presença de mastites não se observa até ao momento do parto. A recria representa a futura lactação e o cuidado da saúde do úbere é básico para assegurar a rentabilidade das explorações leiteiras. Muitas das infecções intramamárias causadas por ECN curam espontaneamente e a prevalência decresce à medida que avança a lactação. Apesar de geralmente as infecções por ECN costumarem ser leves ou de tipo subclínico, demonstrou-se também que podem causar processos mais graves e persistentes provocando um aumento na contagem de células somáticas e uma diminuição na qualidade e produção do leite devido ao dano causado no tecido mamário (Taponen S. et al. 2009; Gillespie BE et al. 2009). 3. Características das infecções por ECN • Costumam ser infecções leves e causar mastites subclínicas. • Aumento na CCS. • Pode provocar processos clínicos persistentes que não respondem ao tratamento antibiótico. • Aspecto do leite normal, mas pode provocar infecções intramamárias com alterações no leite (grumos). • Alta prevalência em primíparas (sobretudo no período em redor do parto). • Maior incidência de novas infecções no período seco da vaca. • Não costuma haver alteração do estado geral do animal, sem sinais sistémicos graves. • Elevada taxa de cura espontânea. 4. Diagnóstico Uma vez detectados os quartos com elevadas contagens celulares ou então os que apresentem mastites clínicas, deve-se recolher amostras de leite de forma adequada e asséptica para o seu posterior processamento em laboratório. A análise microbiológica é a prova mais importante para o diagnóstico nos programas de controle de mastites. A metodologia habitual inclui a sementeira em meios de crescimento geral e específicos para os principais grupos etiológicos. Incubam-se a 37ºC, realizando leituras às 24 e 48 horas. O Agar Baird Parker é o meio de cultivo específico para estafilococos. Permite diferenciar entre ECN e Staphylococcus aureus. A identificação das diferentes espécies de ECN é importante para poder determinar a sua patogenicidade e desenvolver práticas de maneio específicas para prevenir a mastite. O problema é que a identificação deste grupo de organismos é difícil e relativamente custosa. Por esta razão, muitos laboratórios não incluem a identificação de espécies de ECN nos seu procedimentos de rotina. 5. Tratamento Geralmente assume-se que a percentagem de cura espontânea de ECN é elevada. Os ECN respondem muito melhor à terapia antimicrobiana que Staphylococcus aureus, e a maioria de espécies de ECN são susceptíveis aos antibióticos mais comuns utilizados para o tratamento de mastites. O tratamento mediante terapia intramamária no periparto e na secagem é eficaz para poder controlar as infecções devidas a ECN. Contudo, nem sempre o tratamento é eficaz. Segundo o National Mastitis Council (NMC), podemos classificar estes germes como Staphylococcus Coagulase Negatives novobiocina sensíveis e Staphylococcus Coagulase Negative novobiocina resistentes. Tratamento de mastites clínicas devidas a Staphylococcus Coagulase Negative (CNS) novobiocina sensíveis: Penicilinas e/ou Penetamato ou Cefalosporinas (via intramamária e/ou parenteral). Tratamento de mastites devidas a CNS novobiocina resistentes: O tratamento não é necessário já que apresentam curas espontâneas. Tratamento antibiótico de secagem: Penicilinas e/ou Penetamato ou cefalosporinas. Biblioteca Topvac® 6. Medidas de controle Aplicam-se medidas de controle nas vacas em lactação, nas vacas secas e também nas novilhas de recria. A recria pode ser uma fonte de infecção na fazenda, particularmente nos sistemas de maneio atuais, onde as novilhas são transportadas e misturadas várias vezes antes de chegar à fazenda onde vão parir (Olivier e Nickerson). Geralmente, nas fazendas leiteiras não se presta demasiada atenção às novilhas, e tão pouco ao período seco da vaca. Mas se tivermos em conta que as novilhas formam aproximadamente uma terça parte do rebanho cada ano, e que juntamente com as vacas secas são o investimento de futuro da nossa fazenda, a saúde do úbere e o bom funcionamento das novilhas e vacas secas deveria ser a prioridade número um. As medidas de controle devem diminuir o contacto do animal com os organismos que provocam mastites muito antes do parto. Manejo • Separar as terneiras em boxes individuais: evitar que mamem umas nas outras, já que Revisão Bibliográfica: Mastite bovina causada por Estafilococos Coagulase Negativos podem transmitir bactérias e causar infecções persistentes que se estabelecem muito cedo na vida do animal. • Não alimentar as novilhas lactantes com leite infectado: evitar a transmissão de agentes infecciosos das vacas adultas às bezerras. • Separar as novilhas das vacas adultas antes do parto. • Propocionar áreas de parto limpas para as vacas e também para as novilhas. Ambiente • Controle de moscas: as moscas podem ser vetores de agentes patogénicos e também criam uma lesão na ponta do teto, a qual permite às bactérias como Staphylococcus aureus ou ECN estabelecer-se na pele do teto e entrar pelo orifício do mesmo. • Assegurar um ambiente seco e limpo. Também para a recria. Programa vacinal Não podemos assegurar uma boa prevenção e controle da saúde dos úberes de novilhas e vacas da exploração em ter em conta um bom Programa de Vacinação. É importante para 3 proteger contra a incidência e severidade das mastites causadas pelos microrganismo meioambientais. A saída da primeira vacina registada a nível mundial contra CNS pode ser uma boa ferramenta para aumentar a imunização das fazendas.. O protocolo à base de duas aplicações antes do parto e uma depois ajuda a diminuir a incidência e severidade no momento de mais perdas de uma fazenda leiteira. Terapêutica antibiótica de secagem e pautas gerais • Administrar uma correta terapêutica antibiótica de secagem em função do perfil bacteriológico da fazenda. • Corrigir a rotina de ordenha. Realizar uma correcta desinfecção da ponta do teto mediante banhos desinfectantes pré-ordenha e pós-ordenha. • Eliminar animais crónicos. • Garantir a higiene dos tratamentos de secagem. • Verificar o estado dos alimentos e água de bebida. • Utilizar e manter adequadamente a máquina de ordenha. • Cuidar especialmente o estado das camas e as zonas de passagem na secagem e na lactação. 3 4 Revisão Bibliográfica: Mastite bovina causada por Estafilococos Coagulase Negativos Clara Navarro Sansano Biblioteca Topvac® | Veterinária especialista em qualidade do leite PROTOCOLO DE vacinação TOPVAC® nº Eficácia no pós-parto graças ao seu protocolo de vacinação Usando duas aplicações antes do parto (45 e 10 dias antes) e uma aplicação pós-parto (no dia 52), reduzem-se as mastites no momento de maior risco de infecções e de perdas econômicas. Referências Bibliográficas 1. John R.Middleton, Christopher D.Luby, D.Scott Adams, 2009 Efficacy of vaccination against staphylococcal mastitis: A review and new data 2. Schukken, Y.H., et al., 2009 CNS mastitis: Nothing to worry about? 9. A.A. Sawant, B.E. Gillespie, S.P.Oliver, 2008 Antimicrobial susceptibility of coagulase-negative Staphylococcus species isolated from bovine milk 3. Stephen C.Nickerson, 2008 Control of heifer mastitis: Antimicrobial treatment-An overview 10. O.C.Sampimon, H.W.Barkema, I.M.G.A.Berends, J.Sol, T.J.G.M.Lam, 2008 Prevalence and herd-level risk factors for intramammary infection with coagulasa-negative staphylococci in Dutch dairy herds 4. Suvi Taponen, Satu Pyörälä, 2009 Coagulase-negative staphylococci as cause of bovine mastitis-Not so different from Staphylococcus aureus? 11. National Mastitis Council Annual Meeting Proceedings, StephenC. Nickerson 5. Satu Pyörälä, Suvi Taponen, 2009 Coagulase-negative staphylococciEmerging mastitis pathogens 12. Wilson, D.J., Gonzalez, R.N. and Das, H.H. Bovine Mastitis Pathogens in New York and Pennsylvania: Prevalence and Effects on Somatic Cell Count and Milk Production 6. White, L.J., et al., 2001 A multispecies model for the transmission and control of mastitis in dairy cows 7. Zadoks, R.N., et al., 2001 Cow- and quarter-level risk factors for Streptococcus uberis and Staphylococcus aureus mastitis 8. Zadoks, R.N., Schukken, Y.H., 2006 Use of the molecular epidemiology in veterinary practice. 13. W. Nelson Philpot, Ph.D. y Stephen C. Nickerson, Ph.D. Ganando la lucha contra la mastitis 14. Arthur Saran-Marcelo Chaffer Mastitis y Calidad de Leche 15. Boehringer Ingelheim España, S.A. Div. Veterinaria Dosier solomamitis etiologia, tratamiento y diagnótico. TOPVAC®: Vacina inativada contra a mastite bovina. Uma dose de 2mL contém: Escherichia coli J5 inativada > 50 RED 60*, Staphylococcus aureus (CP8) cepa SP140 inativado, > 50 RED 80 ** xpressando complexo antigênico associado a exopolissacarídeo. *RED 60 – dose efetiva em coelhos em 60% dos animais (sorologia) **RED 80 – dose efetiva em coelhos em 80% dos animais (sorologia). INDICAÇÕES: para a imunização de vacas e novilhas sadias, para ser utilizada em fazendas leiteiras com casos de mastites recorrentes, a fi m de reduzir a incidência de mastite ubclínica e a incidência e a gravidade dos sinais clínicos das mastites causadas por Staphylococcus aureus, coliformes e coagulase negativos. ADMINISTRAÇÃO: uso intramuscular. É recomendável alterar os lados do pescoço nas aplicações. Deixar que a vacina alcance uma temperatura entre 15 e 25 ºC antes da administração. Agitar antes de usar. Administrar uma dose de 2mL (intramuscular profunda) na tábua do pescoço. ESQUEMA VACINAL SUGERIDO: Primeira aplicação aos 45 dias antes do parto. Segunda aplicação 10 dias antes do parto. Terceira aplicação 52 dias após o parto. A cada gestação o protocolo deve ser repetido. O protocolo de vacinação induz imunidade aproximadamente aos 13 dias após a primeira aplicação até 130 dias após o parto. Pode ser utilizada durante a gestação e a lactação. Conservar e transportar refrigerado (entre 2 e 8ºC) protegido da luz. Não congelar. Não têm carência no leite. PRESCRIÇÃO DE ACORDO COM O VETERINÁRIO. Hipra Saúde animal, Ltda. Avenida do Lami, 6133 Bairro Belém Novo Porto Alegre-RS CEP 91782-601 Brazil Tel.: (+55) 51 3325 4500 Fax: (+55) 51 3258 1300 [email protected] www.hipra.com Aspectos gerais do biofilme e suas implicações na mastite dos ruminantes Antoni Prenafeta Biblioteca Topvac® | [email protected] | HIPRA, Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento. Avda. La Selva, 135. Amer (Girona) - Espanha 4 Aspectos gerais do biofilme e suas implicações na mastite dos ruminantes Antoni Prenafeta Biblioteca Topvac® | [email protected] | HIPRA, Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento. Avda. La Selva, 135. Amer (Girona) - Espanha Referências Bibliográficas tratamento com antibióticos em animais infectados). Adicionalmente, a vacinação com TOPVAC aumentou a taxa de cura espontânea nas vacas infectadas. Neste aspecto, TOPVAC é a primeira vacina registada no mundo que confere proteção contra a mastite causada por estafilococus coagulase negativos. Os anticorpos específicos contra o exopolissacárido PNAG do SAAC, induzidos pela imunização com TOPVAC, pode ser um dos fatores responsáveis pela proteção cruzada contra infecções por CNS. 6. Perspectivas da utilização do biofilme nas vacinas para mastites A capacidade para formar biofilme é um importante fator de virulência de S. aureus, envolvido na mastite de bovinos e ovinos. Embora outros fatores de virulência possam estar envolvidos na patogénese da mastite, o PNAG ou os anticorpos específicos contra SAAC poderão prevenir o estabelecimento da infecção por S. aureus na glândula mamária, através da ligação à matriz extracelular exopolissacarídea (antes do estabelecimento do biofilme), facilitando assim a fagocitose pelos neutrófilos polimorfonucleares e eliminação da infecção. Deste ponto de vista, a vacinação com TOPVAC é uma solução para reduzir as infecções intramamárias por S. aureus e CNS. nº 1. Amorena, B., Baselga, R. und Albizu, I., 1994. Use of liposome-immunopotentiated exopolysaccharide as a component of an ovine mastitis staphylococcal vaccine. Vaccine. 2:243-249. 2. Baselga, R., Albizu, I., De La Cruz, M., Del Cacho, E., Barberan, M. und Amorena, B., 1993. Phase variation of slime production in Staphylococcus aureus: implications in colonization and virulence. 3. Cerca, N., Jefferson, K.K., Maira-Litrán, T., Pier, D.B., Kelly-Quintos, C., Goldmann, D.A., Azeredo, J. und Pier, G.B., 2007. Molecular basis for preferential protective efficacy of antibodies directed to the poorly acetylated form of staphylococcal poly-N-acetyl-β-(1-6)-glucosamine. Infect. Immun. 75:3406-3413. 4. Corrigan, R.M., Rigby, D., Handley, P. und Foster, T.J., 2007. The role of Staphylococcus aureus surface protein SasG in adherence and biofilm formation. Microbiology. 153:2435-2446. 5. Cramton, S.E., Gerke, C., Schnell, N.F., Nichols, W.W. und Götz, F., 1999. The intercellular adhesion (ica) locus is present in Staphylococcus aureus and is required for biofilm formation. Infect. Immun. 67:5427-5433. 13. Oliveira, M., Nunes, S.F., Carneiro, C., Bexiga, R., Bernardo, F. und Vilela, C.L., 2007. Time course of biofilm formation by Staphylococcus aureus and Staphylococcus epidermidis mastitis isolates. Vet. Microbiol. 124:187-191. 14. O’Neill, E., C. Pozzi, P. Houston, D. Smyth, H. Humphreys, D.A. Robinson, A. Loughman, T. J. Foster und J.P. O’Gara., 2008. A novel Staphylococcus aureus biofilm phenotype mediated by the fibronectin-binding proteins, FnBPA and FnBPB. J. Bacteriol. 190:3835-50. 15. Patty, J.M., Jonsson, H., Guss, B., Switalski, L.M., Wiberg, K. et al. 1992. Molecular characterization and expression of a gene encoding a Staphylococcus aureus collagen adhesion. J. Biol. Chem. 267:1766-1772. 16. Pérez, M.M., Prenafeta, A., Valle, J., Penadés, J., Rota, C., Solano, C., Marco, J., Grilló, M.J., Lasa, I., Irache, J.M., Maira-Litran, T., Jiménez-Barbero, J., Costa, L., Pier, G.B., de Andrés, D., Amorena, B., 2009. Protection from Staphylococcus aureus mastitis associated with poly-N-acetyl β-1,6 glucosamine specific antibody production using biofilm-embedded bacteria. Vaccine. 27, 2379-2386. 1,400 1,200 a b 6. Cucarella, C., Tormo, M.A., Úbeda, C., Trotonda, M.P., Monzón, M., Peris, C., Amorena, B., Lasa, I. und Penadés, J.R., 2004. Role of biofilm-associated protein Bap in the pathogenesis of bovine Staphylococcus aureus. Infect. Immun. 72:2177-2185. a 1,000 7. Dhanawade, N.B., Kalorey, D.R., Srinivasan, R., Barbuddhe, S.B. und Kurkure, N.V., 2010. Detection of intercellular adhesion genes and biofilm production in Staphylococcus aureus isolated from bovine subclinical mastitis. Vet. Res. Commun. 34:81-9. 0,800 a’ 0,600 a’ 0,200 c b’ 0,000 c’ S. aureus Ac - Ac + ControlCultura Biofilme Figura 5. Inibição da formação de biofilme de S. aureus em microplaca mediada por anticorpos anti-SAAC. As colunas representam a DO do crescimento bacteriano no final da incubação em microplaca (azul) e a DO do biofilme após coloração das células aderentes (azul claro). Neste estudo, uma estirpe produtora de biofilme de S. aureus foi incubada sem anticorpos (coluna “S. aureus”), na presença de soro sem anticorpos anti-SAAC (Coluna “Ac-”). Foi também incubada na presença de um soro hiperimune com anticorpos anti-SAAC (Coluna “Ac+ ”). A coluna “Control” corresponde aos poços com meio de cultura não inoculado. As colunas com a mesma letra não têm diferenças estatisticamente significativas entre elas (P <0.05). É também indicado o desvio padrão. 5 17. Prenafeta, A., March, R., Foix, A., Casals, I. und Costa, LL., 2009. Study of the humoral immunological response after vaccination with a Staphylococcus aureus biofilm-embedded bacterin in dairy cows: possible role of the exopolysaccharide specific antibody production in the protection from Staphylococcus aureus induced mastitis. Vet. Immun. Immunopathol. 134:208-217. 8. Donlan, R.M. und Costerton, J.W., 2002. Biofilms: survival mechanisms of clinically relevant microorganisms. Clinical Microbiology Reviews. 15:167-193. 18. Schroeder, K., Jularic, M., Horsburgh, S.M., Hirschhausen, N., Neumann, C., Bertling, A., Schulte, Foster, S., Kehrel, B.E., Peters, G. und Heilmann, C., 2009. Molecular characterization of a novel Staphylococcus aureus surface protein (SasC) involved in cell aggregation and biofilm accumulation. PLoS ONE. 4(10):7567. 9. Hall-Stoodley, L., Costerton, J.W. und Stoodley, P., 2004. Bacterial biofilms: from the natural environment to infectious diseases. Nature Reviews Microbiology. 2: 95-108. 19. Tung, H., Guss, B., Hellman, U., Persson, L., Rubin, K. et al., 2000. A bone sialoprotein-binding protein from Staphylococcus aureus: a member of the staphylococcal Sdr family. Biochem J. 345(3):611-619. 10. Merino, N., Toledo-Arana, A., Vergara-Irigaray, M., Valle, J., Solano, C., Calvo, E., López, A.J., Foster, T.J., Penadés, J.R. und Lasa, I. 2009. Protein A-mediated multicellular behaviour in Staphylococcus aureus. J. Bacteriol. 191:832-843. 20. 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Microbiol. 34:139-153. 0,400 4 nº TOPVAC®: Vacina inativada contra a mastite bovina. Uma dose de 2mL contém: Escherichia coli J5 inativada > 50 RED 60*, Staphylococcus aureus (CP8) cepa SP140 inativado, > 50 RED 80 ** xpressando complexo antigênico associado a exopolissacarídeo. *RED 60 – dose efetiva em coelhos em 60% dos animais (sorologia) **RED 80 – dose efetiva em coelhos em 80% dos animais (sorologia). INDICAÇÕES: para a imunização de vacas e novilhas sadias, para ser utilizada em fazendas leiteiras com casos de mastites recorrentes, a fi m de reduzir a incidência de mastite ubclínica e a incidência e a gravidade dos sinais clínicos das mastites causadas por Staphylococcus aureus, coliformes e coagulase negativos. ADMINISTRAÇÃO: uso intramuscular. É recomendável alterar os lados do pescoço nas aplicações. Deixar que a vacina alcance uma temperatura entre 15 e 25 ºC antes da administração. Agitar antes de usar. Administrar uma dose de 2mL (intramuscular profunda) na tábua do pescoço. ESQUEMA VACINAL SUGERIDO: Primeira aplicação aos 45 dias antes do parto. Segunda aplicação 10 dias antes do parto. Terceira aplicação 52 dias após o parto. A cada gestação o protocolo deve ser repetido. O protocolo de vacinação induz imunidade aproximadamente aos 13 dias após a primeira aplicação até 130 dias após o parto. Pode ser utilizada durante a gestação e a lactação. Conservar e transportar refrigerado (entre 2 e 8ºC) protegido da luz. Não congelar. Não têm carência no leite. PRESCRIÇÃO DE ACORDO COM O VETERINÁRIO. Hipra Saúde animal, Ltda. Avenida do Lami, 6133 Bairro Belém Novo Porto Alegre-RS CEP 91782-601 Brazil Tel.: (+55) 51 3325 4500 Fax: (+55) 51 3258 1300 [email protected] www.hipra.com Biblioteca Topvac® Aspectos gerais do biofilme e suas implicações na mastite dos ruminantes Antoni Prenafeta [email protected] HIPRA, Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento. Avda. La Selva, 135. Amer (Girona) - Espanha 1. O biofilme como meca- 2. O biofilme no ambiente e suas nismo de sobrevivência implicações nas infecções O biofilme pode ser definido em termos gerais como uma comunidade dinâmica e bem estruturada, ligada a uma superfície sólida e envolta por uma matriz extracelular. A capacidade para formar biofilme é comum nos procariotas (tanto no domínio Archaea como no Eubacteria) e foi encontrada em fósseis datados de há 3.2 biliões de anos. A partir de um ponto evolucionário, a formação de biofilme conferiria possivelmente uma vantagem adaptativa contra condições extremas e flutuações na Terra primitiva (temperatura, pH, exposição à radiação UV), através de uma maior homeostasia. Para além disso, facilita as funções extracelulares catalíticas (pois as células permanecem muito perto umas das outras) e promove a concentração de nutrientes à superfície (Hall-Stoodley et al., 2004). A resistência do biofilme aos agentes microbianos (ex. antibióticos) pode dever-se à dificuldade na penetração do agente através da matriz extracelular, à reduzida taxa de crescimento das células do biofilme (os antibióticos β-lactâmicos são efetivos nas células gram-positivas que estão em divisão ativa) ou à existência de fenótipos resistentes dentro de uma população geneticamente heterogénea. A formação do biofilme é ubiquitária no ambiente. Este tipo de estruturas biológicas, são encontradas nos leitos dos rios ou na superfície de águas estagnadas; em ambientes com condições extremas, desde nascentes de água quente até glaciares na Antártida; em chuveiros ou banheiras, favorecidas pelo ambiente aquecido, dentro dos ductos da água ou gases industriais ou oleoductos; em relações de simbiose com plantas, etc. Para além disso, a formação do biofilme está implicada na patogénese de muitas infecções humanas. A adesão de Staphylococcus ou Streptococcus às proteínas da membrana basal do epitélio do coração é causa de endocardite. No caso dos doentes com fibrose quística, a actividade ciliar diminuída da mucosa respiratória e hiperviscosidade do muco promove a colonização e formação de biofilme por Staphylococcus aureus, Haemophilus influenzae e Pseudomonas aeruginosa. Outro exemplo bem conhecido de biofilme é a placa subgengival causada por Streptococcus mutans. A formação de biofilme está descrita em cepas de Escherichia coli uropatogénicas. 1 Por último, o biofilme é um importante fator de virulência envolvido no desenvolvimento de infecções relacionadas com implantes de catéteres intravenosos, válvulas cardíacas, próteses, cateteres peritoneais de diálise, tubos endotraqueais, etc. que são causados maioritariamente pela adesão de S. aureus e Staphylococcus epidermidis à superfície destes implantes (Hall-Stoodley et al., 2004). A contribuição do biofilme para a patogénese é atribuída à resistência aos antibióticos e à fagocitose, facilitando assim a infecção crónica. Por outro lado o descolamento do biofilme é causa de septicémia e novas colonizações e a produção de endotoxinas e exotoninas produz inflamação e dano tecidular. Uma das dificuldades na eliminação de infecções associadas à produção de biofilme é a resistência aos antibióticos. A tabela 1 mostra que a morte celular bacteriana associada ao biofilme requer uma concentração superior de antibiótico do que a concentração em células livres ou em suspensão. 4 Aspectos gerais do biofilme e suas implicações na mastite dos ruminantes Antoni Prenafeta Biblioteca Top vac® | [email protected] | HIPRA, Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento. Avda. La Selva, 135. Amer (Girona) - Espanha Tabela 1.Sensibilidade aos antibióticos de diferentes géneros de bactérias com crescimento livre ou em suspensão e em biofilme (Donlan and Costerton, 2002). nº MIC ou MBC em crescimento livre ou suspensão (μg/ml) Concentração de AB efetiva em crescimento com biofilme (μg/ml) Vancomicina 2 (MBC) 20 Imipenem 1 (MIC) 1024 Microorganismo Antibiótico S. aureus NCTC 8325-4 Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853 E. coli ATCC 25922 P. pseudomallei Streptococcus sanguls 804 Ampicilina 2 (MIC) 512 Ceftazidima 8 (MBC) 800 Doxiciclina 0.063 (MIC) 3.15 MIC: concentração minima inibitória MBC: concentração minima bactericida 3. Desenvolvimento do biofilme por S. aureus A formação de biofilme por S. aureus é um processo bem caracterizado que ocorre em dois passos. Primeiro as células bacterianas aderem à superfície através de ligações específicas ou por interacções físico-químicas. Um exemplo de ligações específicas, são as proteínas de adesão de S. aureus que se ligam à matriz extracelular através de fatores do hospedeiro como a fibronectin binding proteins (FnBPA, FnBPB) (O’Neill et al., 2008), fibrinogen binding proteins (ClfA, ClfB) (McDevitt et al., 1994), collagen binding protein (Can) (Patti et al., 1992) ou bone sialoprotein binding protein (BBP) (Tung et al., 2000). No segundo passo as células bacterianas aderentes multiplicam-se, interagem umas com as outras a acumulam-se em camadas, incorporadas numa matriz extracelular segregada pelas próprias células bacterianas (Figura 1). O principal constituinte da matriz extracelular de S. aureus e S. epidermidis, responsável pelas interações intercelulares é o exopolissacárido poly-N-acetyl-β-1,6-glucosamine (PNAG), sintetizado por enzimas codificadas no operão icaADBC (Cramton et al., 1999). Da mesma fora, está descrito que algumas proteínas de S. aureus possam estar envolvidas na interação intercelular e formação de biofilme: Bap (Cucarella et al., 2001), protein A (Merino et al., 2009), SasC Figura 1. Imagem de microscópio eletrônico de varrimento do biofilme S. aureus in vitro (www.erc.montana.edu). 2 (Schroeder et al., 2009) e SasG (Corrigan et al., 2007). 5. Vacinas contra o biofilme de S. aureus para enfrentar a mastite em ruminantes 4. Implicação do biofilme na mastite dos ruminantes causada por S. aureus Em mastites de bovinos e ovinos causadas por estafilococcus, as células bacterianas aderem ao epitélio da glândula mamária e crescem em colônias rodeadas por uma matriz extracelular, formando assim o biofilme. Devido ao seu tamanho, o biofilme não é passível de ser sujeito a fagocitose por neutrófilos polimorfonucleares ou macrófagos e há assim resistência aos antibióticos, promovendo a infecção crónica. Vários estudos demonstram a presença do operão icaADBC, que codifica para enzimas responsáveis pela biossíntese do exopolissacárido PNAG, o principal componente da matriz extracelular do biofilme, em 94.36% (Cucarella et al., 2004) ou 100% (Vasudevan et al., 2003) dos S. aureus isolados de mastite bovina. Para além da capacidade genética, estudos demonstram a capacidade de isolados de mastite bovina formarem biofilme in vitro. Referente a este ponto, Vasudevan et al. (2003) demonstrou que 91% dos isolados de S. aureus provenientes de mastite bovina tinham a capacidade de formar biofilme in vitro, pela determinação da morfologia da colônia em placas de agar com Vermelho do Congo (Figura 2), enquanto que 69% mostraram adesão em microplaca (Figura 3). Noutro estudo, Oliveira et al. (2007) caracterizou 80.8% dos isolados de S. aureus e 75.9% dos isolados de S. epidermidis de mastite bovina como produtores in vitro de biofilme. Dhanawade et al. (2010) registou que 48.03% das cepas de isolados de mastite bovina por S. aureus tinham a capacidade de formar biofilme in vitro através de teste por cultura ou em placas de agar com Vermelho do Congo. Enquanto que a capacidade genética e a produção in vitro de biofilme por isolados de S. aureus de mastite bovina parece comprovado, será que se encontra alguma evidência de biofilme na glân- Uma vez que a formação de biofilme é um importante fator de virulência de S. aureus na patogénese da mastite em ovelhas e vacas, a eficácia de diferentes vacinas experimentais foi testada, mostrando diferentes níveis de proteção. Watson et al. (1993) e Nordhaug et al. (1994) utilizaram vacinas baseadas na célula inativada de S. aureus incorporada na sua própria matriz extracelular, chamada pseudocápsula. As vacinas experimentais, no estudo de Amorena et al. (1994), consistiram numa mistura de slime (matriz exopolissacarídea do biofilme), em lipossomas, toxóides e vários isolados de S. aureus. Mais recentemente, com o conhecimento de que o exopolissacárido PNAG é o maior componente da matriz extracelular do biofilme de S. aureus, Perez et al. (2009) conduziram um ensaio de eficácia através de uma inoculação intramamária com uma estirpe virulenta de S. aureus em ovelhas, utilizando bacterinas (células bacterianas totais e inativadas), extrato de crude, ou PNAG purificado, com diferentes adjuvantes, como vacinas. Os resultados deste estudo mostraram que as bacterinas provenientes de bactérias fortemente produtoras de biofilme deram origem os títulos mais elevados de anticorpos específicos contra PNAG e conferiram a maior proteção contra a inoculação intramamária, comparando com vacinas contendo bacterinas originárias de bactérias fracamente produtoras de biofilme, extrato de crude ou PNAG purificado. O estudo de Prenafeta et al. (2010) clarifica o papel dos anticorpos específicos contra SAAC na proteção contra a mastite causada por S. aureus numa infecção experimental em vacas. O SAAC é uma fracção celular isolada a partir de cepas de S. aureus produtoras de biofilme. A presença deste componente extracelular foi determinado para todos os isolados de S. aureus Figura 3. Análise da produção de biofilme em microplaca (teste da adesão). Depois de um período de incubação do isolado de S. aureus nos poços da microplaca, a placa é esvaziada, os poços lavados e as células ficam fixadas, coradas e é determinada a densidade óptica (DO) através de leitor de ELISA. Se o isolado formar biofilme durante o crescimento, a DO dos poços é elevada (linhas A, B e C) enquanto que se a DO não for significativa, não houve produção de biofilme (linhas D, E e F), em comparação com os controlos negativos (linhas G e H). dula mamária? Watson et al. (1989) observou por microscopia eletrônica a produção de uma matriz polissacarídea extracelular (designada por pseudocápsula pelos autores) em células de S. aureus isoladas diretamente a partir de leite de ovelhas e vacas com mastite clínica. Pouco tempo depois Baselga et al. (1993) demonstrou a produção de uma matriz exopolissacarídea em células de S. aureus através de análise imunohistoquímica de amostras do tecido do parênquima da glândula mamária de ovelhas experimentalmente infectadas com S. aureus por via intramamária. A expressão exopolissacarídea in vivo também foi demonstrada indiretamente pela observação da produção de anticorpos específicos contra PNAG (Perez et al., 2009) e contra SAAC (Slime Associated Antigenic Complex; Prenafeta et al., 2010) em ovelhas e vacas, respectivamente, experimentalmente infectadas com S. aureus por via intramamária. caracterizados como produtores de slime em placas de agar com vermelho congo (Figura 4) e a sua produção está diretamente relacionada com a formação de biofilme in vitro (Tabela 2). A caracterização química mostrou que o SAAC é composto por 58% (w/v) de polissacáridos e 42% (w/v) de proteínas. Foram encontrados conteúdos de 6.1% de glucosamina e galactosamina na fracção polissacarídea, sugerindo que estes açúcares poderão corresponder às formas desacetiladas de PNAG. É de salientar que os anticorpos específicos contra as formas desacetiladas de PNAG são aqueles com maior capacidade de opsonização (ligação específica anticorpo-antigénio) e proteção contra a infecção por S. aureus (Cerca et al., 2007). Tabela 2. Determinação do fenótipo produtor de slime (+/-), capacidade de formação de biofilme em microplaca (DO) e produção de SAAC (Mg SSAC/mg proteína total) em isolados de S. aureus. A correlação entre a produção de SSAC e a capacidade para formar biofilme em microplaca é significativo. (R = 0.882). Isolado S. aureus SA1H SA2H SA3H SA4H SA5H SA6H SA7H SA8H SA9H SA10H SA11H SA12H SA13H Fenótipo produtor de Slime + + + + + + + DO no teste de biofilme (DP1) 1,444 (0,04) 1,597 (0,02) 0,385 (0,03) 1,499 (0,04) 1,521 (0,03) 0,088 (0,01) 1,030 (0,02) 0,388 (0,06) 0,200 (0,02) 0,145 (0,01) 0,130 (0,01) 0,235 (0,01) 0,632 (0,02) Produção de SAAC (DP1) 54,0 (0,012) 63,3 (0,015) 20,8 (0,011) 60,5 (0,012) 27,6 (0,015) 2,2 (0,011) 26,5 (0,012) Nd2 Nd2 0,1 (0,010) Nd2 Nd2 6,9 (0,013) SD = DP : Desvio padrão Nd = Nd : Não detectada 1 2 O principal mecanismo de defesa da glândula mamária contra infecções, é a opsonização mediada por anticorpos e subsequente fagocitose por neutrófilos polimorfonucleares. Contudo, os anticorpos específicos contra o biofilme também agem de forma direta na proteção, ligando-se às células e prevenindo a aderência bacteriana ao epitélio e interacção intercelular que leva à formação de biofilme. Neste aspecto, um estudo in vitro, mostrou que os anticorpos contra SAAC são capazes de inibir a formação de biofilme sem a presença de neutrófilos. (Figura 5 mostra os resultados dos estudos conduzidos pelo autor). Uma das vantagens de utilizar PNAG ou SAAC como antigénios vacinais, ao contrário dos antigénios capsulares, é que não existem serotipos nos isolados de S. aureus. Assim os anticorpos induzidos pela vacinação, com estes antigénios, conferem proteção cruzada independentemente do tipo capsular de S. aureus. TOPVAC (HIPRA) é a primeira vacina contra mastite bovina registada na União Europeia via EMEA (Agência Europeia do Medicamento). Esta vacina contém células inativadas de cepas de S. aureus fortemente produtoras de biofilme com um elevado conteúdo em células associadas ao SAAC. Mais, esta vacina contém Figura 2. Determinação da capacidade de formar biofilme através da caracterização da morfologia colônia em placa de agar com Vermelho do Congo. Isolados de slime positivos ou produtores de biofilme formam colônias que têm contornos ásperos e irregulares em placas com vermelho do Congo (A), enquanto que os isolados de slime negativos ou não produtores de biofilme formam colônias brilhantes, não ásperas com bordos bem definidos (B). 3 4 Figura 4. Análise por imunolectroforese em gel de agarose de cepas de S. aureus produtoras de biofilme. (A. Poços 1 e 3) e cepas não produtoras (B: poços 4 e 6), utilizando um soro pliclonal contra a bactéria (linha 2 e 5). A seta mostra a linha de imunopreciptação para o antigénio SSAC, que está presente apenas em cepas caracterizadas como produtoras de exopolissacárido em placas de agar com Vermelho do Congo. a estirpe de E. coli J5 inativada, e um adjuvante apropriado para potenciar a resposta imunitária. Em ambos os testes pré-clínicos e ensaios clínicos conduzidos durante o desenvolvimento da vacina, a imunização com a TOPVAC induziu títulos elevados e duradouros de anticorpos anti-SAAC em sangue e leite. Ensaios clínicos conduzidos com TOPVAC em seis fazendas (198 vacas vacinadas com TOPVAC e 188 não vacinadas controle), mostrou que a vacinação reduz a incidência da mastite clínica e sub-clínica e a severidade dos sintomas de mastite causados por S. aureus, coliformes e estafilococus coagulase negativos (CNS) (redução da contagem de células somáticas, diminuição dos sinais clínicos e redução do 4 Aspectos gerais do biofilme e suas implicações na mastite dos ruminantes Antoni Prenafeta Biblioteca Top vac® | [email protected] | HIPRA, Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento. Avda. La Selva, 135. Amer (Girona) - Espanha Tabela 1.Sensibilidade aos antibióticos de diferentes géneros de bactérias com crescimento livre ou em suspensão e em biofilme (Donlan and Costerton, 2002). nº MIC ou MBC em crescimento livre ou suspensão (μg/ml) Concentração de AB efetiva em crescimento com biofilme (μg/ml) Vancomicina 2 (MBC) 20 Imipenem 1 (MIC) 1024 Microorganismo Antibiótico S. aureus NCTC 8325-4 Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853 E. coli ATCC 25922 P. pseudomallei Streptococcus sanguls 804 Ampicilina 2 (MIC) 512 Ceftazidima 8 (MBC) 800 Doxiciclina 0.063 (MIC) 3.15 MIC: concentração minima inibitória MBC: concentração minima bactericida 3. Desenvolvimento do biofilme por S. aureus A formação de biofilme por S. aureus é um processo bem caracterizado que ocorre em dois passos. Primeiro as células bacterianas aderem à superfície através de ligações específicas ou por interacções físico-químicas. Um exemplo de ligações específicas, são as proteínas de adesão de S. aureus que se ligam à matriz extracelular através de fatores do hospedeiro como a fibronectin binding proteins (FnBPA, FnBPB) (O’Neill et al., 2008), fibrinogen binding proteins (ClfA, ClfB) (McDevitt et al., 1994), collagen binding protein (Can) (Patti et al., 1992) ou bone sialoprotein binding protein (BBP) (Tung et al., 2000). No segundo passo as células bacterianas aderentes multiplicam-se, interagem umas com as outras a acumulam-se em camadas, incorporadas numa matriz extracelular segregada pelas próprias células bacterianas (Figura 1). O principal constituinte da matriz extracelular de S. aureus e S. epidermidis, responsável pelas interações intercelulares é o exopolissacárido poly-N-acetyl-β-1,6-glucosamine (PNAG), sintetizado por enzimas codificadas no operão icaADBC (Cramton et al., 1999). Da mesma fora, está descrito que algumas proteínas de S. aureus possam estar envolvidas na interação intercelular e formação de biofilme: Bap (Cucarella et al., 2001), protein A (Merino et al., 2009), SasC Figura 1. Imagem de microscópio eletrônico de varrimento do biofilme S. aureus in vitro (www.erc.montana.edu). 2 (Schroeder et al., 2009) e SasG (Corrigan et al., 2007). 5. Vacinas contra o biofilme de S. aureus para enfrentar a mastite em ruminantes 4. Implicação do biofilme na mastite dos ruminantes causada por S. aureus Em mastites de bovinos e ovinos causadas por estafilococcus, as células bacterianas aderem ao epitélio da glândula mamária e crescem em colônias rodeadas por uma matriz extracelular, formando assim o biofilme. Devido ao seu tamanho, o biofilme não é passível de ser sujeito a fagocitose por neutrófilos polimorfonucleares ou macrófagos e há assim resistência aos antibióticos, promovendo a infecção crónica. Vários estudos demonstram a presença do operão icaADBC, que codifica para enzimas responsáveis pela biossíntese do exopolissacárido PNAG, o principal componente da matriz extracelular do biofilme, em 94.36% (Cucarella et al., 2004) ou 100% (Vasudevan et al., 2003) dos S. aureus isolados de mastite bovina. Para além da capacidade genética, estudos demonstram a capacidade de isolados de mastite bovina formarem biofilme in vitro. Referente a este ponto, Vasudevan et al. (2003) demonstrou que 91% dos isolados de S. aureus provenientes de mastite bovina tinham a capacidade de formar biofilme in vitro, pela determinação da morfologia da colônia em placas de agar com Vermelho do Congo (Figura 2), enquanto que 69% mostraram adesão em microplaca (Figura 3). Noutro estudo, Oliveira et al. (2007) caracterizou 80.8% dos isolados de S. aureus e 75.9% dos isolados de S. epidermidis de mastite bovina como produtores in vitro de biofilme. Dhanawade et al. (2010) registou que 48.03% das cepas de isolados de mastite bovina por S. aureus tinham a capacidade de formar biofilme in vitro através de teste por cultura ou em placas de agar com Vermelho do Congo. Enquanto que a capacidade genética e a produção in vitro de biofilme por isolados de S. aureus de mastite bovina parece comprovado, será que se encontra alguma evidência de biofilme na glân- Uma vez que a formação de biofilme é um importante fator de virulência de S. aureus na patogénese da mastite em ovelhas e vacas, a eficácia de diferentes vacinas experimentais foi testada, mostrando diferentes níveis de proteção. Watson et al. (1993) e Nordhaug et al. (1994) utilizaram vacinas baseadas na célula inativada de S. aureus incorporada na sua própria matriz extracelular, chamada pseudocápsula. As vacinas experimentais, no estudo de Amorena et al. (1994), consistiram numa mistura de slime (matriz exopolissacarídea do biofilme), em lipossomas, toxóides e vários isolados de S. aureus. Mais recentemente, com o conhecimento de que o exopolissacárido PNAG é o maior componente da matriz extracelular do biofilme de S. aureus, Perez et al. (2009) conduziram um ensaio de eficácia através de uma inoculação intramamária com uma estirpe virulenta de S. aureus em ovelhas, utilizando bacterinas (células bacterianas totais e inativadas), extrato de crude, ou PNAG purificado, com diferentes adjuvantes, como vacinas. Os resultados deste estudo mostraram que as bacterinas provenientes de bactérias fortemente produtoras de biofilme deram origem os títulos mais elevados de anticorpos específicos contra PNAG e conferiram a maior proteção contra a inoculação intramamária, comparando com vacinas contendo bacterinas originárias de bactérias fracamente produtoras de biofilme, extrato de crude ou PNAG purificado. O estudo de Prenafeta et al. (2010) clarifica o papel dos anticorpos específicos contra SAAC na proteção contra a mastite causada por S. aureus numa infecção experimental em vacas. O SAAC é uma fracção celular isolada a partir de cepas de S. aureus produtoras de biofilme. A presença deste componente extracelular foi determinado para todos os isolados de S. aureus Figura 3. Análise da produção de biofilme em microplaca (teste da adesão). Depois de um período de incubação do isolado de S. aureus nos poços da microplaca, a placa é esvaziada, os poços lavados e as células ficam fixadas, coradas e é determinada a densidade óptica (DO) através de leitor de ELISA. Se o isolado formar biofilme durante o crescimento, a DO dos poços é elevada (linhas A, B e C) enquanto que se a DO não for significativa, não houve produção de biofilme (linhas D, E e F), em comparação com os controlos negativos (linhas G e H). dula mamária? Watson et al. (1989) observou por microscopia eletrônica a produção de uma matriz polissacarídea extracelular (designada por pseudocápsula pelos autores) em células de S. aureus isoladas diretamente a partir de leite de ovelhas e vacas com mastite clínica. Pouco tempo depois Baselga et al. (1993) demonstrou a produção de uma matriz exopolissacarídea em células de S. aureus através de análise imunohistoquímica de amostras do tecido do parênquima da glândula mamária de ovelhas experimentalmente infectadas com S. aureus por via intramamária. A expressão exopolissacarídea in vivo também foi demonstrada indiretamente pela observação da produção de anticorpos específicos contra PNAG (Perez et al., 2009) e contra SAAC (Slime Associated Antigenic Complex; Prenafeta et al., 2010) em ovelhas e vacas, respectivamente, experimentalmente infectadas com S. aureus por via intramamária. caracterizados como produtores de slime em placas de agar com vermelho congo (Figura 4) e a sua produção está diretamente relacionada com a formação de biofilme in vitro (Tabela 2). A caracterização química mostrou que o SAAC é composto por 58% (w/v) de polissacáridos e 42% (w/v) de proteínas. Foram encontrados conteúdos de 6.1% de glucosamina e galactosamina na fracção polissacarídea, sugerindo que estes açúcares poderão corresponder às formas desacetiladas de PNAG. É de salientar que os anticorpos específicos contra as formas desacetiladas de PNAG são aqueles com maior capacidade de opsonização (ligação específica anticorpo-antigénio) e proteção contra a infecção por S. aureus (Cerca et al., 2007). Tabela 2. Determinação do fenótipo produtor de slime (+/-), capacidade de formação de biofilme em microplaca (DO) e produção de SAAC (Mg SSAC/mg proteína total) em isolados de S. aureus. A correlação entre a produção de SSAC e a capacidade para formar biofilme em microplaca é significativo. (R = 0.882). Isolado S. aureus SA1H SA2H SA3H SA4H SA5H SA6H SA7H SA8H SA9H SA10H SA11H SA12H SA13H Fenótipo produtor de Slime + + + + + + + DO no teste de biofilme (DP1) 1,444 (0,04) 1,597 (0,02) 0,385 (0,03) 1,499 (0,04) 1,521 (0,03) 0,088 (0,01) 1,030 (0,02) 0,388 (0,06) 0,200 (0,02) 0,145 (0,01) 0,130 (0,01) 0,235 (0,01) 0,632 (0,02) Produção de SAAC (DP1) 54,0 (0,012) 63,3 (0,015) 20,8 (0,011) 60,5 (0,012) 27,6 (0,015) 2,2 (0,011) 26,5 (0,012) Nd2 Nd2 0,1 (0,010) Nd2 Nd2 6,9 (0,013) SD = DP : Desvio padrão Nd = Nd : Não detectada 1 2 O principal mecanismo de defesa da glândula mamária contra infecções, é a opsonização mediada por anticorpos e subsequente fagocitose por neutrófilos polimorfonucleares. Contudo, os anticorpos específicos contra o biofilme também agem de forma direta na proteção, ligando-se às células e prevenindo a aderência bacteriana ao epitélio e interacção intercelular que leva à formação de biofilme. Neste aspecto, um estudo in vitro, mostrou que os anticorpos contra SAAC são capazes de inibir a formação de biofilme sem a presença de neutrófilos. (Figura 5 mostra os resultados dos estudos conduzidos pelo autor). Uma das vantagens de utilizar PNAG ou SAAC como antigénios vacinais, ao contrário dos antigénios capsulares, é que não existem serotipos nos isolados de S. aureus. Assim os anticorpos induzidos pela vacinação, com estes antigénios, conferem proteção cruzada independentemente do tipo capsular de S. aureus. TOPVAC (HIPRA) é a primeira vacina contra mastite bovina registada na União Europeia via EMEA (Agência Europeia do Medicamento). Esta vacina contém células inativadas de cepas de S. aureus fortemente produtoras de biofilme com um elevado conteúdo em células associadas ao SAAC. Mais, esta vacina contém Figura 2. Determinação da capacidade de formar biofilme através da caracterização da morfologia colônia em placa de agar com Vermelho do Congo. Isolados de slime positivos ou produtores de biofilme formam colônias que têm contornos ásperos e irregulares em placas com vermelho do Congo (A), enquanto que os isolados de slime negativos ou não produtores de biofilme formam colônias brilhantes, não ásperas com bordos bem definidos (B). 3 4 Figura 4. Análise por imunolectroforese em gel de agarose de cepas de S. aureus produtoras de biofilme. (A. Poços 1 e 3) e cepas não produtoras (B: poços 4 e 6), utilizando um soro pliclonal contra a bactéria (linha 2 e 5). A seta mostra a linha de imunopreciptação para o antigénio SSAC, que está presente apenas em cepas caracterizadas como produtoras de exopolissacárido em placas de agar com Vermelho do Congo. a estirpe de E. coli J5 inativada, e um adjuvante apropriado para potenciar a resposta imunitária. Em ambos os testes pré-clínicos e ensaios clínicos conduzidos durante o desenvolvimento da vacina, a imunização com a TOPVAC induziu títulos elevados e duradouros de anticorpos anti-SAAC em sangue e leite. Ensaios clínicos conduzidos com TOPVAC em seis fazendas (198 vacas vacinadas com TOPVAC e 188 não vacinadas controle), mostrou que a vacinação reduz a incidência da mastite clínica e sub-clínica e a severidade dos sintomas de mastite causados por S. aureus, coliformes e estafilococus coagulase negativos (CNS) (redução da contagem de células somáticas, diminuição dos sinais clínicos e redução do 4 Aspectos gerais do biofilme e suas implicações na mastite dos ruminantes Antoni Prenafeta Biblioteca Top vac® | [email protected] | HIPRA, Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento. Avda. La Selva, 135. Amer (Girona) - Espanha Tabela 1.Sensibilidade aos antibióticos de diferentes géneros de bactérias com crescimento livre ou em suspensão e em biofilme (Donlan and Costerton, 2002). nº MIC ou MBC em crescimento livre ou suspensão (μg/ml) Concentração de AB efetiva em crescimento com biofilme (μg/ml) Vancomicina 2 (MBC) 20 Imipenem 1 (MIC) 1024 Microorganismo Antibiótico S. aureus NCTC 8325-4 Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853 E. coli ATCC 25922 P. pseudomallei Streptococcus sanguls 804 Ampicilina 2 (MIC) 512 Ceftazidima 8 (MBC) 800 Doxiciclina 0.063 (MIC) 3.15 MIC: concentração minima inibitória MBC: concentração minima bactericida 3. Desenvolvimento do biofilme por S. aureus A formação de biofilme por S. aureus é um processo bem caracterizado que ocorre em dois passos. Primeiro as células bacterianas aderem à superfície através de ligações específicas ou por interacções físico-químicas. Um exemplo de ligações específicas, são as proteínas de adesão de S. aureus que se ligam à matriz extracelular através de fatores do hospedeiro como a fibronectin binding proteins (FnBPA, FnBPB) (O’Neill et al., 2008), fibrinogen binding proteins (ClfA, ClfB) (McDevitt et al., 1994), collagen binding protein (Can) (Patti et al., 1992) ou bone sialoprotein binding protein (BBP) (Tung et al., 2000). No segundo passo as células bacterianas aderentes multiplicam-se, interagem umas com as outras a acumulam-se em camadas, incorporadas numa matriz extracelular segregada pelas próprias células bacterianas (Figura 1). O principal constituinte da matriz extracelular de S. aureus e S. epidermidis, responsável pelas interações intercelulares é o exopolissacárido poly-N-acetyl-β-1,6-glucosamine (PNAG), sintetizado por enzimas codificadas no operão icaADBC (Cramton et al., 1999). Da mesma fora, está descrito que algumas proteínas de S. aureus possam estar envolvidas na interação intercelular e formação de biofilme: Bap (Cucarella et al., 2001), protein A (Merino et al., 2009), SasC Figura 1. Imagem de microscópio eletrônico de varrimento do biofilme S. aureus in vitro (www.erc.montana.edu). 2 (Schroeder et al., 2009) e SasG (Corrigan et al., 2007). 5. Vacinas contra o biofilme de S. aureus para enfrentar a mastite em ruminantes 4. Implicação do biofilme na mastite dos ruminantes causada por S. aureus Em mastites de bovinos e ovinos causadas por estafilococcus, as células bacterianas aderem ao epitélio da glândula mamária e crescem em colônias rodeadas por uma matriz extracelular, formando assim o biofilme. Devido ao seu tamanho, o biofilme não é passível de ser sujeito a fagocitose por neutrófilos polimorfonucleares ou macrófagos e há assim resistência aos antibióticos, promovendo a infecção crónica. Vários estudos demonstram a presença do operão icaADBC, que codifica para enzimas responsáveis pela biossíntese do exopolissacárido PNAG, o principal componente da matriz extracelular do biofilme, em 94.36% (Cucarella et al., 2004) ou 100% (Vasudevan et al., 2003) dos S. aureus isolados de mastite bovina. Para além da capacidade genética, estudos demonstram a capacidade de isolados de mastite bovina formarem biofilme in vitro. Referente a este ponto, Vasudevan et al. (2003) demonstrou que 91% dos isolados de S. aureus provenientes de mastite bovina tinham a capacidade de formar biofilme in vitro, pela determinação da morfologia da colônia em placas de agar com Vermelho do Congo (Figura 2), enquanto que 69% mostraram adesão em microplaca (Figura 3). Noutro estudo, Oliveira et al. (2007) caracterizou 80.8% dos isolados de S. aureus e 75.9% dos isolados de S. epidermidis de mastite bovina como produtores in vitro de biofilme. Dhanawade et al. (2010) registou que 48.03% das cepas de isolados de mastite bovina por S. aureus tinham a capacidade de formar biofilme in vitro através de teste por cultura ou em placas de agar com Vermelho do Congo. Enquanto que a capacidade genética e a produção in vitro de biofilme por isolados de S. aureus de mastite bovina parece comprovado, será que se encontra alguma evidência de biofilme na glân- Uma vez que a formação de biofilme é um importante fator de virulência de S. aureus na patogénese da mastite em ovelhas e vacas, a eficácia de diferentes vacinas experimentais foi testada, mostrando diferentes níveis de proteção. Watson et al. (1993) e Nordhaug et al. (1994) utilizaram vacinas baseadas na célula inativada de S. aureus incorporada na sua própria matriz extracelular, chamada pseudocápsula. As vacinas experimentais, no estudo de Amorena et al. (1994), consistiram numa mistura de slime (matriz exopolissacarídea do biofilme), em lipossomas, toxóides e vários isolados de S. aureus. Mais recentemente, com o conhecimento de que o exopolissacárido PNAG é o maior componente da matriz extracelular do biofilme de S. aureus, Perez et al. (2009) conduziram um ensaio de eficácia através de uma inoculação intramamária com uma estirpe virulenta de S. aureus em ovelhas, utilizando bacterinas (células bacterianas totais e inativadas), extrato de crude, ou PNAG purificado, com diferentes adjuvantes, como vacinas. Os resultados deste estudo mostraram que as bacterinas provenientes de bactérias fortemente produtoras de biofilme deram origem os títulos mais elevados de anticorpos específicos contra PNAG e conferiram a maior proteção contra a inoculação intramamária, comparando com vacinas contendo bacterinas originárias de bactérias fracamente produtoras de biofilme, extrato de crude ou PNAG purificado. O estudo de Prenafeta et al. (2010) clarifica o papel dos anticorpos específicos contra SAAC na proteção contra a mastite causada por S. aureus numa infecção experimental em vacas. O SAAC é uma fracção celular isolada a partir de cepas de S. aureus produtoras de biofilme. A presença deste componente extracelular foi determinado para todos os isolados de S. aureus Figura 3. Análise da produção de biofilme em microplaca (teste da adesão). Depois de um período de incubação do isolado de S. aureus nos poços da microplaca, a placa é esvaziada, os poços lavados e as células ficam fixadas, coradas e é determinada a densidade óptica (DO) através de leitor de ELISA. Se o isolado formar biofilme durante o crescimento, a DO dos poços é elevada (linhas A, B e C) enquanto que se a DO não for significativa, não houve produção de biofilme (linhas D, E e F), em comparação com os controlos negativos (linhas G e H). dula mamária? Watson et al. (1989) observou por microscopia eletrônica a produção de uma matriz polissacarídea extracelular (designada por pseudocápsula pelos autores) em células de S. aureus isoladas diretamente a partir de leite de ovelhas e vacas com mastite clínica. Pouco tempo depois Baselga et al. (1993) demonstrou a produção de uma matriz exopolissacarídea em células de S. aureus através de análise imunohistoquímica de amostras do tecido do parênquima da glândula mamária de ovelhas experimentalmente infectadas com S. aureus por via intramamária. A expressão exopolissacarídea in vivo também foi demonstrada indiretamente pela observação da produção de anticorpos específicos contra PNAG (Perez et al., 2009) e contra SAAC (Slime Associated Antigenic Complex; Prenafeta et al., 2010) em ovelhas e vacas, respectivamente, experimentalmente infectadas com S. aureus por via intramamária. caracterizados como produtores de slime em placas de agar com vermelho congo (Figura 4) e a sua produção está diretamente relacionada com a formação de biofilme in vitro (Tabela 2). A caracterização química mostrou que o SAAC é composto por 58% (w/v) de polissacáridos e 42% (w/v) de proteínas. Foram encontrados conteúdos de 6.1% de glucosamina e galactosamina na fracção polissacarídea, sugerindo que estes açúcares poderão corresponder às formas desacetiladas de PNAG. É de salientar que os anticorpos específicos contra as formas desacetiladas de PNAG são aqueles com maior capacidade de opsonização (ligação específica anticorpo-antigénio) e proteção contra a infecção por S. aureus (Cerca et al., 2007). Tabela 2. Determinação do fenótipo produtor de slime (+/-), capacidade de formação de biofilme em microplaca (DO) e produção de SAAC (Mg SSAC/mg proteína total) em isolados de S. aureus. A correlação entre a produção de SSAC e a capacidade para formar biofilme em microplaca é significativo. (R = 0.882). Isolado S. aureus SA1H SA2H SA3H SA4H SA5H SA6H SA7H SA8H SA9H SA10H SA11H SA12H SA13H Fenótipo produtor de Slime + + + + + + + DO no teste de biofilme (DP1) 1,444 (0,04) 1,597 (0,02) 0,385 (0,03) 1,499 (0,04) 1,521 (0,03) 0,088 (0,01) 1,030 (0,02) 0,388 (0,06) 0,200 (0,02) 0,145 (0,01) 0,130 (0,01) 0,235 (0,01) 0,632 (0,02) Produção de SAAC (DP1) 54,0 (0,012) 63,3 (0,015) 20,8 (0,011) 60,5 (0,012) 27,6 (0,015) 2,2 (0,011) 26,5 (0,012) Nd2 Nd2 0,1 (0,010) Nd2 Nd2 6,9 (0,013) SD = DP : Desvio padrão Nd = Nd : Não detectada 1 2 O principal mecanismo de defesa da glândula mamária contra infecções, é a opsonização mediada por anticorpos e subsequente fagocitose por neutrófilos polimorfonucleares. Contudo, os anticorpos específicos contra o biofilme também agem de forma direta na proteção, ligando-se às células e prevenindo a aderência bacteriana ao epitélio e interacção intercelular que leva à formação de biofilme. Neste aspecto, um estudo in vitro, mostrou que os anticorpos contra SAAC são capazes de inibir a formação de biofilme sem a presença de neutrófilos. (Figura 5 mostra os resultados dos estudos conduzidos pelo autor). Uma das vantagens de utilizar PNAG ou SAAC como antigénios vacinais, ao contrário dos antigénios capsulares, é que não existem serotipos nos isolados de S. aureus. Assim os anticorpos induzidos pela vacinação, com estes antigénios, conferem proteção cruzada independentemente do tipo capsular de S. aureus. TOPVAC (HIPRA) é a primeira vacina contra mastite bovina registada na União Europeia via EMEA (Agência Europeia do Medicamento). Esta vacina contém células inativadas de cepas de S. aureus fortemente produtoras de biofilme com um elevado conteúdo em células associadas ao SAAC. Mais, esta vacina contém Figura 2. Determinação da capacidade de formar biofilme através da caracterização da morfologia colônia em placa de agar com Vermelho do Congo. Isolados de slime positivos ou produtores de biofilme formam colônias que têm contornos ásperos e irregulares em placas com vermelho do Congo (A), enquanto que os isolados de slime negativos ou não produtores de biofilme formam colônias brilhantes, não ásperas com bordos bem definidos (B). 3 4 Figura 4. Análise por imunolectroforese em gel de agarose de cepas de S. aureus produtoras de biofilme. (A. Poços 1 e 3) e cepas não produtoras (B: poços 4 e 6), utilizando um soro pliclonal contra a bactéria (linha 2 e 5). A seta mostra a linha de imunopreciptação para o antigénio SSAC, que está presente apenas em cepas caracterizadas como produtoras de exopolissacárido em placas de agar com Vermelho do Congo. a estirpe de E. coli J5 inativada, e um adjuvante apropriado para potenciar a resposta imunitária. Em ambos os testes pré-clínicos e ensaios clínicos conduzidos durante o desenvolvimento da vacina, a imunização com a TOPVAC induziu títulos elevados e duradouros de anticorpos anti-SAAC em sangue e leite. Ensaios clínicos conduzidos com TOPVAC em seis fazendas (198 vacas vacinadas com TOPVAC e 188 não vacinadas controle), mostrou que a vacinação reduz a incidência da mastite clínica e sub-clínica e a severidade dos sintomas de mastite causados por S. aureus, coliformes e estafilococus coagulase negativos (CNS) (redução da contagem de células somáticas, diminuição dos sinais clínicos e redução do Aspectos gerais do biofilme e suas implicações na mastite dos ruminantes Antoni Prenafeta Biblioteca Topvac® | [email protected] | HIPRA, Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento. Avda. La Selva, 135. Amer (Girona) - Espanha 4 Aspectos gerais do biofilme e suas implicações na mastite dos ruminantes Antoni Prenafeta Biblioteca Topvac® | [email protected] | HIPRA, Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento. Avda. La Selva, 135. Amer (Girona) - Espanha Referências Bibliográficas tratamento com antibióticos em animais infectados). Adicionalmente, a vacinação com TOPVAC aumentou a taxa de cura espontânea nas vacas infectadas. Neste aspecto, TOPVAC é a primeira vacina registada no mundo que confere proteção contra a mastite causada por estafilococus coagulase negativos. Os anticorpos específicos contra o exopolissacárido PNAG do SAAC, induzidos pela imunização com TOPVAC, pode ser um dos fatores responsáveis pela proteção cruzada contra infecções por CNS. 6. Perspectivas da utilização do biofilme nas vacinas para mastites A capacidade para formar biofilme é um importante fator de virulência de S. aureus, envolvido na mastite de bovinos e ovinos. Embora outros fatores de virulência possam estar envolvidos na patogénese da mastite, o PNAG ou os anticorpos específicos contra SAAC poderão prevenir o estabelecimento da infecção por S. aureus na glândula mamária, através da ligação à matriz extracelular exopolissacarídea (antes do estabelecimento do biofilme), facilitando assim a fagocitose pelos neutrófilos polimorfonucleares e eliminação da infecção. Deste ponto de vista, a vacinação com TOPVAC é uma solução para reduzir as infecções intramamárias por S. aureus e CNS. nº 1. Amorena, B., Baselga, R. und Albizu, I., 1994. Use of liposome-immunopotentiated exopolysaccharide as a component of an ovine mastitis staphylococcal vaccine. Vaccine. 2:243-249. 2. Baselga, R., Albizu, I., De La Cruz, M., Del Cacho, E., Barberan, M. und Amorena, B., 1993. Phase variation of slime production in Staphylococcus aureus: implications in colonization and virulence. 3. Cerca, N., Jefferson, K.K., Maira-Litrán, T., Pier, D.B., Kelly-Quintos, C., Goldmann, D.A., Azeredo, J. und Pier, G.B., 2007. Molecular basis for preferential protective efficacy of antibodies directed to the poorly acetylated form of staphylococcal poly-N-acetyl-β-(1-6)-glucosamine. Infect. Immun. 75:3406-3413. 4. Corrigan, R.M., Rigby, D., Handley, P. und Foster, T.J., 2007. The role of Staphylococcus aureus surface protein SasG in adherence and biofilm formation. Microbiology. 153:2435-2446. 5. Cramton, S.E., Gerke, C., Schnell, N.F., Nichols, W.W. und Götz, F., 1999. The intercellular adhesion (ica) locus is present in Staphylococcus aureus and is required for biofilm formation. Infect. Immun. 67:5427-5433. 13. Oliveira, M., Nunes, S.F., Carneiro, C., Bexiga, R., Bernardo, F. und Vilela, C.L., 2007. Time course of biofilm formation by Staphylococcus aureus and Staphylococcus epidermidis mastitis isolates. Vet. Microbiol. 124:187-191. 14. O’Neill, E., C. Pozzi, P. Houston, D. Smyth, H. Humphreys, D.A. Robinson, A. Loughman, T. J. Foster und J.P. O’Gara., 2008. A novel Staphylococcus aureus biofilm phenotype mediated by the fibronectin-binding proteins, FnBPA and FnBPB. J. Bacteriol. 190:3835-50. 15. Patty, J.M., Jonsson, H., Guss, B., Switalski, L.M., Wiberg, K. et al. 1992. Molecular characterization and expression of a gene encoding a Staphylococcus aureus collagen adhesion. J. Biol. Chem. 267:1766-1772. 16. Pérez, M.M., Prenafeta, A., Valle, J., Penadés, J., Rota, C., Solano, C., Marco, J., Grilló, M.J., Lasa, I., Irache, J.M., Maira-Litran, T., Jiménez-Barbero, J., Costa, L., Pier, G.B., de Andrés, D., Amorena, B., 2009. Protection from Staphylococcus aureus mastitis associated with poly-N-acetyl β-1,6 glucosamine specific antibody production using biofilm-embedded bacteria. Vaccine. 27, 2379-2386. 1,400 1,200 a b 6. Cucarella, C., Tormo, M.A., Úbeda, C., Trotonda, M.P., Monzón, M., Peris, C., Amorena, B., Lasa, I. und Penadés, J.R., 2004. Role of biofilm-associated protein Bap in the pathogenesis of bovine Staphylococcus aureus. Infect. Immun. 72:2177-2185. a 1,000 7. Dhanawade, N.B., Kalorey, D.R., Srinivasan, R., Barbuddhe, S.B. und Kurkure, N.V., 2010. Detection of intercellular adhesion genes and biofilm production in Staphylococcus aureus isolated from bovine subclinical mastitis. Vet. Res. Commun. 34:81-9. 0,800 a’ 0,600 a’ 0,200 c b’ 0,000 c’ S. aureus Ac - Ac + ControlCultura Biofilme Figura 5. Inibição da formação de biofilme de S. aureus em microplaca mediada por anticorpos anti-SAAC. As colunas representam a DO do crescimento bacteriano no final da incubação em microplaca (azul) e a DO do biofilme após coloração das células aderentes (azul claro). Neste estudo, uma estirpe produtora de biofilme de S. aureus foi incubada sem anticorpos (coluna “S. aureus”), na presença de soro sem anticorpos anti-SAAC (Coluna “Ac-”). Foi também incubada na presença de um soro hiperimune com anticorpos anti-SAAC (Coluna “Ac+ ”). A coluna “Control” corresponde aos poços com meio de cultura não inoculado. As colunas com a mesma letra não têm diferenças estatisticamente significativas entre elas (P <0.05). É também indicado o desvio padrão. 5 17. Prenafeta, A., March, R., Foix, A., Casals, I. und Costa, LL., 2009. Study of the humoral immunological response after vaccination with a Staphylococcus aureus biofilm-embedded bacterin in dairy cows: possible role of the exopolysaccharide specific antibody production in the protection from Staphylococcus aureus induced mastitis. Vet. Immun. Immunopathol. 134:208-217. 8. Donlan, R.M. und Costerton, J.W., 2002. Biofilms: survival mechanisms of clinically relevant microorganisms. Clinical Microbiology Reviews. 15:167-193. 18. Schroeder, K., Jularic, M., Horsburgh, S.M., Hirschhausen, N., Neumann, C., Bertling, A., Schulte, Foster, S., Kehrel, B.E., Peters, G. und Heilmann, C., 2009. Molecular characterization of a novel Staphylococcus aureus surface protein (SasC) involved in cell aggregation and biofilm accumulation. PLoS ONE. 4(10):7567. 9. Hall-Stoodley, L., Costerton, J.W. und Stoodley, P., 2004. Bacterial biofilms: from the natural environment to infectious diseases. Nature Reviews Microbiology. 2: 95-108. 19. Tung, H., Guss, B., Hellman, U., Persson, L., Rubin, K. et al., 2000. A bone sialoprotein-binding protein from Staphylococcus aureus: a member of the staphylococcal Sdr family. Biochem J. 345(3):611-619. 10. Merino, N., Toledo-Arana, A., Vergara-Irigaray, M., Valle, J., Solano, C., Calvo, E., López, A.J., Foster, T.J., Penadés, J.R. und Lasa, I. 2009. Protein A-mediated multicellular behaviour in Staphylococcus aureus. J. Bacteriol. 191:832-843. 20. Vasudevan, P., Nair, M.K.M., Annamalai, T. and Venkitanarayanan, K.S., 2003. Phenotypic and genotypic characterization of bovine mastitis isolates of Staphylococcus aureus for biofilm formation. Vet. Microbiol. 92:179-185. 11. McDevitt, D., Francois, P., Vaudaux, P. und Foster, T.J., 1994. Molecular characterization of the clumping fator (fibrinogen receptor) of Staphylococcus aureus. Mol. Microbiol. 11:237-248. 21. Watson, D.L. und Watson, N.A., 1989. Expression of a pseudocapsule by Staphylococcus aureus: influence of cultural conditions and relevance to mastitis. Research in Veterinary Science. 47:152-157. 12. Nordhaug, M.L., Nesse, L.L., Norcross, N.L. und Gudding, R., 1994. A field trial with an experimental vaccine against Staphylococcus aureus mastitis in cattle. 1. Clinical parameters. J. Dairy Sci. 77:1267-1275. 22. Watson, D.L. und Davies, H.I., 1993. Influence of adjuvants on the immune response of sheep to a novel Staphylococcus aureus vaccine. Vet. Microbiol. 34:139-153. 0,400 4 nº TOPVAC®: Vacina inativada contra a mastite bovina. Uma dose de 2mL contém: Escherichia coli J5 inativada > 50 RED 60*, Staphylococcus aureus (CP8) cepa SP140 inativado, > 50 RED 80 ** xpressando complexo antigênico associado a exopolissacarídeo. *RED 60 – dose efetiva em coelhos em 60% dos animais (sorologia) **RED 80 – dose efetiva em coelhos em 80% dos animais (sorologia). INDICAÇÕES: para a imunização de vacas e novilhas sadias, para ser utilizada em fazendas leiteiras com casos de mastites recorrentes, a fi m de reduzir a incidência de mastite ubclínica e a incidência e a gravidade dos sinais clínicos das mastites causadas por Staphylococcus aureus, coliformes e coagulase negativos. ADMINISTRAÇÃO: uso intramuscular. É recomendável alterar os lados do pescoço nas aplicações. Deixar que a vacina alcance uma temperatura entre 15 e 25 ºC antes da administração. Agitar antes de usar. Administrar uma dose de 2mL (intramuscular profunda) na tábua do pescoço. ESQUEMA VACINAL SUGERIDO: Primeira aplicação aos 45 dias antes do parto. Segunda aplicação 10 dias antes do parto. Terceira aplicação 52 dias após o parto. A cada gestação o protocolo deve ser repetido. O protocolo de vacinação induz imunidade aproximadamente aos 13 dias após a primeira aplicação até 130 dias após o parto. Pode ser utilizada durante a gestação e a lactação. Conservar e transportar refrigerado (entre 2 e 8ºC) protegido da luz. Não congelar. Não têm carência no leite. PRESCRIÇÃO DE ACORDO COM O VETERINÁRIO. Hipra Saúde animal, Ltda. Avenida do Lami, 6133 Bairro Belém Novo Porto Alegre-RS CEP 91782-601 Brazil Tel.: (+55) 51 3325 4500 Fax: (+55) 51 3258 1300 [email protected] www.hipra.com Biblioteca Topvac® Aspectos gerais do biofilme e suas implicações na mastite dos ruminantes Antoni Prenafeta [email protected] HIPRA, Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento. Avda. La Selva, 135. Amer (Girona) - Espanha 1. O biofilme como meca- 2. O biofilme no ambiente e suas nismo de sobrevivência implicações nas infecções O biofilme pode ser definido em termos gerais como uma comunidade dinâmica e bem estruturada, ligada a uma superfície sólida e envolta por uma matriz extracelular. A capacidade para formar biofilme é comum nos procariotas (tanto no domínio Archaea como no Eubacteria) e foi encontrada em fósseis datados de há 3.2 biliões de anos. A partir de um ponto evolucionário, a formação de biofilme conferiria possivelmente uma vantagem adaptativa contra condições extremas e flutuações na Terra primitiva (temperatura, pH, exposição à radiação UV), através de uma maior homeostasia. Para além disso, facilita as funções extracelulares catalíticas (pois as células permanecem muito perto umas das outras) e promove a concentração de nutrientes à superfície (Hall-Stoodley et al., 2004). A resistência do biofilme aos agentes microbianos (ex. antibióticos) pode dever-se à dificuldade na penetração do agente através da matriz extracelular, à reduzida taxa de crescimento das células do biofilme (os antibióticos β-lactâmicos são efetivos nas células gram-positivas que estão em divisão ativa) ou à existência de fenótipos resistentes dentro de uma população geneticamente heterogénea. A formação do biofilme é ubiquitária no ambiente. Este tipo de estruturas biológicas, são encontradas nos leitos dos rios ou na superfície de águas estagnadas; em ambientes com condições extremas, desde nascentes de água quente até glaciares na Antártida; em chuveiros ou banheiras, favorecidas pelo ambiente aquecido, dentro dos ductos da água ou gases industriais ou oleoductos; em relações de simbiose com plantas, etc. Para além disso, a formação do biofilme está implicada na patogénese de muitas infecções humanas. A adesão de Staphylococcus ou Streptococcus às proteínas da membrana basal do epitélio do coração é causa de endocardite. No caso dos doentes com fibrose quística, a actividade ciliar diminuída da mucosa respiratória e hiperviscosidade do muco promove a colonização e formação de biofilme por Staphylococcus aureus, Haemophilus influenzae e Pseudomonas aeruginosa. Outro exemplo bem conhecido de biofilme é a placa subgengival causada por Streptococcus mutans. A formação de biofilme está descrita em cepas de Escherichia coli uropatogénicas. 1 Por último, o biofilme é um importante fator de virulência envolvido no desenvolvimento de infecções relacionadas com implantes de catéteres intravenosos, válvulas cardíacas, próteses, cateteres peritoneais de diálise, tubos endotraqueais, etc. que são causados maioritariamente pela adesão de S. aureus e Staphylococcus epidermidis à superfície destes implantes (Hall-Stoodley et al., 2004). A contribuição do biofilme para a patogénese é atribuída à resistência aos antibióticos e à fagocitose, facilitando assim a infecção crónica. Por outro lado o descolamento do biofilme é causa de septicémia e novas colonizações e a produção de endotoxinas e exotoninas produz inflamação e dano tecidular. Uma das dificuldades na eliminação de infecções associadas à produção de biofilme é a resistência aos antibióticos. A tabela 1 mostra que a morte celular bacteriana associada ao biofilme requer uma concentração superior de antibiótico do que a concentração em células livres ou em suspensão. Aspectos gerais do biofilme e suas implicações na mastite dos ruminantes Antoni Prenafeta Biblioteca Topvac® | [email protected] | HIPRA, Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento. Avda. La Selva, 135. Amer (Girona) - Espanha 4 Aspectos gerais do biofilme e suas implicações na mastite dos ruminantes Antoni Prenafeta Biblioteca Topvac® | [email protected] | HIPRA, Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento. Avda. La Selva, 135. Amer (Girona) - Espanha Referências Bibliográficas tratamento com antibióticos em animais infectados). Adicionalmente, a vacinação com TOPVAC aumentou a taxa de cura espontânea nas vacas infectadas. Neste aspecto, TOPVAC é a primeira vacina registada no mundo que confere proteção contra a mastite causada por estafilococus coagulase negativos. Os anticorpos específicos contra o exopolissacárido PNAG do SAAC, induzidos pela imunização com TOPVAC, pode ser um dos fatores responsáveis pela proteção cruzada contra infecções por CNS. 6. Perspectivas da utilização do biofilme nas vacinas para mastites A capacidade para formar biofilme é um importante fator de virulência de S. aureus, envolvido na mastite de bovinos e ovinos. Embora outros fatores de virulência possam estar envolvidos na patogénese da mastite, o PNAG ou os anticorpos específicos contra SAAC poderão prevenir o estabelecimento da infecção por S. aureus na glândula mamária, através da ligação à matriz extracelular exopolissacarídea (antes do estabelecimento do biofilme), facilitando assim a fagocitose pelos neutrófilos polimorfonucleares e eliminação da infecção. Deste ponto de vista, a vacinação com TOPVAC é uma solução para reduzir as infecções intramamárias por S. aureus e CNS. nº 1. Amorena, B., Baselga, R. und Albizu, I., 1994. Use of liposome-immunopotentiated exopolysaccharide as a component of an ovine mastitis staphylococcal vaccine. Vaccine. 2:243-249. 2. Baselga, R., Albizu, I., De La Cruz, M., Del Cacho, E., Barberan, M. und Amorena, B., 1993. Phase variation of slime production in Staphylococcus aureus: implications in colonization and virulence. 3. Cerca, N., Jefferson, K.K., Maira-Litrán, T., Pier, D.B., Kelly-Quintos, C., Goldmann, D.A., Azeredo, J. und Pier, G.B., 2007. Molecular basis for preferential protective efficacy of antibodies directed to the poorly acetylated form of staphylococcal poly-N-acetyl-β-(1-6)-glucosamine. Infect. Immun. 75:3406-3413. 4. Corrigan, R.M., Rigby, D., Handley, P. und Foster, T.J., 2007. The role of Staphylococcus aureus surface protein SasG in adherence and biofilm formation. Microbiology. 153:2435-2446. 5. Cramton, S.E., Gerke, C., Schnell, N.F., Nichols, W.W. und Götz, F., 1999. The intercellular adhesion (ica) locus is present in Staphylococcus aureus and is required for biofilm formation. Infect. Immun. 67:5427-5433. 13. Oliveira, M., Nunes, S.F., Carneiro, C., Bexiga, R., Bernardo, F. und Vilela, C.L., 2007. Time course of biofilm formation by Staphylococcus aureus and Staphylococcus epidermidis mastitis isolates. Vet. Microbiol. 124:187-191. 14. O’Neill, E., C. Pozzi, P. Houston, D. Smyth, H. Humphreys, D.A. Robinson, A. Loughman, T. J. Foster und J.P. O’Gara., 2008. A novel Staphylococcus aureus biofilm phenotype mediated by the fibronectin-binding proteins, FnBPA and FnBPB. J. Bacteriol. 190:3835-50. 15. Patty, J.M., Jonsson, H., Guss, B., Switalski, L.M., Wiberg, K. et al. 1992. Molecular characterization and expression of a gene encoding a Staphylococcus aureus collagen adhesion. J. Biol. Chem. 267:1766-1772. 16. Pérez, M.M., Prenafeta, A., Valle, J., Penadés, J., Rota, C., Solano, C., Marco, J., Grilló, M.J., Lasa, I., Irache, J.M., Maira-Litran, T., Jiménez-Barbero, J., Costa, L., Pier, G.B., de Andrés, D., Amorena, B., 2009. Protection from Staphylococcus aureus mastitis associated with poly-N-acetyl β-1,6 glucosamine specific antibody production using biofilm-embedded bacteria. Vaccine. 27, 2379-2386. 1,400 1,200 a b 6. Cucarella, C., Tormo, M.A., Úbeda, C., Trotonda, M.P., Monzón, M., Peris, C., Amorena, B., Lasa, I. und Penadés, J.R., 2004. Role of biofilm-associated protein Bap in the pathogenesis of bovine Staphylococcus aureus. Infect. Immun. 72:2177-2185. a 1,000 7. Dhanawade, N.B., Kalorey, D.R., Srinivasan, R., Barbuddhe, S.B. und Kurkure, N.V., 2010. Detection of intercellular adhesion genes and biofilm production in Staphylococcus aureus isolated from bovine subclinical mastitis. Vet. Res. Commun. 34:81-9. 0,800 a’ 0,600 a’ 0,200 c b’ 0,000 c’ S. aureus Ac - Ac + ControlCultura Biofilme Figura 5. Inibição da formação de biofilme de S. aureus em microplaca mediada por anticorpos anti-SAAC. As colunas representam a DO do crescimento bacteriano no final da incubação em microplaca (azul) e a DO do biofilme após coloração das células aderentes (azul claro). Neste estudo, uma estirpe produtora de biofilme de S. aureus foi incubada sem anticorpos (coluna “S. aureus”), na presença de soro sem anticorpos anti-SAAC (Coluna “Ac-”). Foi também incubada na presença de um soro hiperimune com anticorpos anti-SAAC (Coluna “Ac+ ”). A coluna “Control” corresponde aos poços com meio de cultura não inoculado. As colunas com a mesma letra não têm diferenças estatisticamente significativas entre elas (P <0.05). É também indicado o desvio padrão. 5 17. Prenafeta, A., March, R., Foix, A., Casals, I. und Costa, LL., 2009. Study of the humoral immunological response after vaccination with a Staphylococcus aureus biofilm-embedded bacterin in dairy cows: possible role of the exopolysaccharide specific antibody production in the protection from Staphylococcus aureus induced mastitis. Vet. Immun. Immunopathol. 134:208-217. 8. Donlan, R.M. und Costerton, J.W., 2002. Biofilms: survival mechanisms of clinically relevant microorganisms. Clinical Microbiology Reviews. 15:167-193. 18. Schroeder, K., Jularic, M., Horsburgh, S.M., Hirschhausen, N., Neumann, C., Bertling, A., Schulte, Foster, S., Kehrel, B.E., Peters, G. und Heilmann, C., 2009. Molecular characterization of a novel Staphylococcus aureus surface protein (SasC) involved in cell aggregation and biofilm accumulation. PLoS ONE. 4(10):7567. 9. Hall-Stoodley, L., Costerton, J.W. und Stoodley, P., 2004. Bacterial biofilms: from the natural environment to infectious diseases. Nature Reviews Microbiology. 2: 95-108. 19. Tung, H., Guss, B., Hellman, U., Persson, L., Rubin, K. et al., 2000. A bone sialoprotein-binding protein from Staphylococcus aureus: a member of the staphylococcal Sdr family. Biochem J. 345(3):611-619. 10. Merino, N., Toledo-Arana, A., Vergara-Irigaray, M., Valle, J., Solano, C., Calvo, E., López, A.J., Foster, T.J., Penadés, J.R. und Lasa, I. 2009. Protein A-mediated multicellular behaviour in Staphylococcus aureus. J. Bacteriol. 191:832-843. 20. Vasudevan, P., Nair, M.K.M., Annamalai, T. and Venkitanarayanan, K.S., 2003. Phenotypic and genotypic characterization of bovine mastitis isolates of Staphylococcus aureus for biofilm formation. Vet. Microbiol. 92:179-185. 11. McDevitt, D., Francois, P., Vaudaux, P. und Foster, T.J., 1994. Molecular characterization of the clumping fator (fibrinogen receptor) of Staphylococcus aureus. Mol. Microbiol. 11:237-248. 21. Watson, D.L. und Watson, N.A., 1989. Expression of a pseudocapsule by Staphylococcus aureus: influence of cultural conditions and relevance to mastitis. Research in Veterinary Science. 47:152-157. 12. Nordhaug, M.L., Nesse, L.L., Norcross, N.L. und Gudding, R., 1994. A field trial with an experimental vaccine against Staphylococcus aureus mastitis in cattle. 1. Clinical parameters. J. Dairy Sci. 77:1267-1275. 22. Watson, D.L. und Davies, H.I., 1993. Influence of adjuvants on the immune response of sheep to a novel Staphylococcus aureus vaccine. Vet. Microbiol. 34:139-153. 0,400 4 nº TOPVAC®: Vacina inativada contra a mastite bovina. Uma dose de 2mL contém: Escherichia coli J5 inativada > 50 RED 60*, Staphylococcus aureus (CP8) cepa SP140 inativado, > 50 RED 80 ** xpressando complexo antigênico associado a exopolissacarídeo. *RED 60 – dose efetiva em coelhos em 60% dos animais (sorologia) **RED 80 – dose efetiva em coelhos em 80% dos animais (sorologia). INDICAÇÕES: para a imunização de vacas e novilhas sadias, para ser utilizada em fazendas leiteiras com casos de mastites recorrentes, a fi m de reduzir a incidência de mastite ubclínica e a incidência e a gravidade dos sinais clínicos das mastites causadas por Staphylococcus aureus, coliformes e coagulase negativos. ADMINISTRAÇÃO: uso intramuscular. É recomendável alterar os lados do pescoço nas aplicações. Deixar que a vacina alcance uma temperatura entre 15 e 25 ºC antes da administração. Agitar antes de usar. Administrar uma dose de 2mL (intramuscular profunda) na tábua do pescoço. ESQUEMA VACINAL SUGERIDO: Primeira aplicação aos 45 dias antes do parto. Segunda aplicação 10 dias antes do parto. Terceira aplicação 52 dias após o parto. A cada gestação o protocolo deve ser repetido. O protocolo de vacinação induz imunidade aproximadamente aos 13 dias após a primeira aplicação até 130 dias após o parto. Pode ser utilizada durante a gestação e a lactação. Conservar e transportar refrigerado (entre 2 e 8ºC) protegido da luz. Não congelar. Não têm carência no leite. PRESCRIÇÃO DE ACORDO COM O VETERINÁRIO. Hipra Saúde animal, Ltda. Avenida do Lami, 6133 Bairro Belém Novo Porto Alegre-RS CEP 91782-601 Brazil Tel.: (+55) 51 3325 4500 Fax: (+55) 51 3258 1300 [email protected] www.hipra.com Biblioteca Topvac® Aspectos gerais do biofilme e suas implicações na mastite dos ruminantes Antoni Prenafeta [email protected] HIPRA, Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento. Avda. La Selva, 135. Amer (Girona) - Espanha 1. O biofilme como meca- 2. O biofilme no ambiente e suas nismo de sobrevivência implicações nas infecções O biofilme pode ser definido em termos gerais como uma comunidade dinâmica e bem estruturada, ligada a uma superfície sólida e envolta por uma matriz extracelular. A capacidade para formar biofilme é comum nos procariotas (tanto no domínio Archaea como no Eubacteria) e foi encontrada em fósseis datados de há 3.2 biliões de anos. A partir de um ponto evolucionário, a formação de biofilme conferiria possivelmente uma vantagem adaptativa contra condições extremas e flutuações na Terra primitiva (temperatura, pH, exposição à radiação UV), através de uma maior homeostasia. Para além disso, facilita as funções extracelulares catalíticas (pois as células permanecem muito perto umas das outras) e promove a concentração de nutrientes à superfície (Hall-Stoodley et al., 2004). A resistência do biofilme aos agentes microbianos (ex. antibióticos) pode dever-se à dificuldade na penetração do agente através da matriz extracelular, à reduzida taxa de crescimento das células do biofilme (os antibióticos β-lactâmicos são efetivos nas células gram-positivas que estão em divisão ativa) ou à existência de fenótipos resistentes dentro de uma população geneticamente heterogénea. A formação do biofilme é ubiquitária no ambiente. Este tipo de estruturas biológicas, são encontradas nos leitos dos rios ou na superfície de águas estagnadas; em ambientes com condições extremas, desde nascentes de água quente até glaciares na Antártida; em chuveiros ou banheiras, favorecidas pelo ambiente aquecido, dentro dos ductos da água ou gases industriais ou oleoductos; em relações de simbiose com plantas, etc. Para além disso, a formação do biofilme está implicada na patogénese de muitas infecções humanas. A adesão de Staphylococcus ou Streptococcus às proteínas da membrana basal do epitélio do coração é causa de endocardite. No caso dos doentes com fibrose quística, a actividade ciliar diminuída da mucosa respiratória e hiperviscosidade do muco promove a colonização e formação de biofilme por Staphylococcus aureus, Haemophilus influenzae e Pseudomonas aeruginosa. Outro exemplo bem conhecido de biofilme é a placa subgengival causada por Streptococcus mutans. A formação de biofilme está descrita em cepas de Escherichia coli uropatogénicas. 1 Por último, o biofilme é um importante fator de virulência envolvido no desenvolvimento de infecções relacionadas com implantes de catéteres intravenosos, válvulas cardíacas, próteses, cateteres peritoneais de diálise, tubos endotraqueais, etc. que são causados maioritariamente pela adesão de S. aureus e Staphylococcus epidermidis à superfície destes implantes (Hall-Stoodley et al., 2004). A contribuição do biofilme para a patogénese é atribuída à resistência aos antibióticos e à fagocitose, facilitando assim a infecção crónica. Por outro lado o descolamento do biofilme é causa de septicémia e novas colonizações e a produção de endotoxinas e exotoninas produz inflamação e dano tecidular. Uma das dificuldades na eliminação de infecções associadas à produção de biofilme é a resistência aos antibióticos. A tabela 1 mostra que a morte celular bacteriana associada ao biofilme requer uma concentração superior de antibiótico do que a concentração em células livres ou em suspensão. Biblioteca 5 Topvac® nº Avaliação da utilização da vacina Topvac® numa fazenda leiteira afetada por mastites ambientais Carlos Ribeiro Méd. Veterinário; Dália Castro Méd. Veterinária [email protected] | Centro Veterinário de Aveiro 1. Introdução s mastites representam um custo muito elevado numa fazenda leiteira. O custo de uma mastite pode representar uma redução de 20 a 25% tanto na produção de leite como no teor de gordura do mesmo (Sharma, 2009). A estas perdas económicas somam-se os custos imediatos decorrentes do tratamento da mastite, o valor do leite descartado e as penalizações no preço do leite, resultantes do aumento da contagem de células somáticas (CCS) e contagens bacterianas totais. Acresce a tudo isto que muitas mastites resultam na perda de um ou mais quartos mamários e no descarte precoce de algumas vacas. As mastites nunca poderão ser erradicadas, pois são o resultado de múltiplos fatores: animal, ambiente, manejo, rotina de ordenha e microrganismos. A elevada produção de leite é também um dos fatores predisponentes ao aparecimento de mastites, pois torna o úbere da vaca muito sensível às infecções. Alguns estudos demonstraram que cerca de metade das mastites ambientais desenvolvi- Taxade denovas novas infecções Taxa infecções A Parto Parto Lactância Lactação Secagem Secagem Parto Parto Período Período seco seco Gráfico 1. Taxa de novas infecções intramamárias durante a lactação e período seco (Adaptado de Naztke). das no início da lactação estavam relacionadas com infecções adquiridas durante o período seco (Bradley et al., 2000) (Gráfico. 1). No controle das mastites, para além dos antibióticos, manejo ambiental, medidas de hi- giene e rotina de ordenha, surge agora na Europa o tratamento profilático, através da vacinação. As vacinas tipo J5 (E.coli), já disponíveis há alguns anos nos EUA, são utilizadas na 5 2 Avaliação da utilização da vacina Topvac® numa fazenda leiteira afetada por mastites ambientais rante o ano de 2009, a fazenda em estudo teve um gasto de cerca de 11 mil euros em antibióticos intramamários para tratamento de mastites clínicas de vacas em lactação, o que corresponde a 72% dos custos totais com medicamentos da fazenda. Problemas Problemas digestivos digestivos Prob. musculoProb. musculoesqueléticos esqueléticos 2. Metodologia Problemas Problemas podais podais produção Sindromeda da Sindrome vaca gorda vaca gorda Aborto Aborto | [email protected] Baixa naBaixa produção na Cetose Cetose Infertilidade Infertilidade Lesão dos tetos partdo Lesão dos tetos Lig. Lig. úbereubere partdo Mastite crónica Mamite crónica NúmeroVacas de vacas nº 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Doençacausa causa Doen. desconhecida desconhecida Carlos Ribeiro Méd. Veterinário; Dália Castro Méd. Veterinária Gráfico 2. Motivos de Descarte durante o período de 15/3/2009 a 16/3/2010. prevenção de mastites provocadas por coliformes, tais como E. coli, Klebsiella spp, Citrobacter spp, e Enterobacter spp. Segundo vários estudos, a administração antes do parto, em vacas adultas e novilhas, tem representado um sólido investimento com significativo retorno econômico. A HIPRA registou a Topvac®, que associa a protecção imunitária contra a E. coli e coliformes à proteção contra S. aureus, no sentido de reduzir a gravidade e a duração do estado clínico das mastites e prevenir novas infecções. No sentido de avaliarmos a eficácia e a relação custo/benefício desta vacina, utilizamos a Topvac® numa fazenda leiteira com elevadas perdas económicas devidas a mastites por agentes coliformes, sem ter sido alterado o manejo preventivo. A elevada percentagem de descarte por mastites (Gráfico. 2), a elevada contagem celular total (CCS) e os elevados custos com a aplicação de antibióticos intramamários (Gráfico. 3) levaram-nos a eleger esta fazenda como alvo do nosso estudo. De fato, du- . 60 40 Gráfico 3. Distribuição dos custos em medicamentos no período anterior ao programa vacinal (2009). Antibióticos Antibióticos secagem secagem Anti-infl. Anti-infl. Córticos Corticos Desparasitantes Desparasitantes Hormonas Hormonas Outros Outros Suplementos Suplementos Vacinas Vacinas em geral Antibióticos Antibióticos 20 Antibióticos Antibióticos mastite mamite Custos em medicamentos (%) Percentagem 80 0 Biblioteca Topvac® O protocolo usado foi o indicado pelo fabricante (HIPRA) e constou da aplicação intramuscular de 2 ml de Topvac®, 45 e 15 dias antes do parto e 50 dias após o parto, em vacas e novilhas gestantes. Este protocolo vacinal foi aplicado por um período de seis meses findo o qual se avaliou a incidência de novas infecções no total de animais vacinados, a evolução da contagem celular do rebanho e os custos associados ao tratamento das mastites. A fazenda em causa tem um rebanho de 65 vacas em lactação. O ensaio teve início em 27 de Julho de 2009 e durante o ensaio foram vacinadas 10 novilhas e 16 vacas adultas. A primeira vaca vacinada tinha parto previsto para 7 de Setembro de 2009, pelo que foi a partir desta data que se recolheram dados para análise da eficácia vacinal no rebanho por comparação com os 6 meses anteriores. 3. Discussão dos resultados Para descartarmos a possibilidade dos nossos resultados serem mascarados pelo eventual descarte de vacas crônicas, comparamos o número de animais eliminados por mastite que ocorreram nos seis meses antes e durante o ensaio. Analisando estes dados observamos que o número de vacas descartadas por mastite se manteve igual em ambos os semestres (Tabela. 1), pelo que podemos considerar que este não será um critério com influência nos resultados. Durante os seis meses de ensaio (Setembro a Fevereiro), foram descartadas 6 vacas por mastite, tal como no semestre anterior. Considerando que a partir de 250.000 céls/ml o animal apresenta índices de perdas de pro- Avaliação da utilização da vacina Topvac® numa fazenda leiteira afetada por mastites ambientais Vaca Nº 1057 8601 4260 1046 4256 8600 3857 4023 3243 5629 4104 8697 4830 8602 8597 2234 1048 9602 4296 4253 6741 4252 6970 1595 2702 2227 4266 0344 6968 9520 4241 9451 4255 4293 Causa de descarte Mastite CLÍNICA MORTE SÚBITA COMPLICAÇÕES POS PARTO LESÃO DOS TETOS ABORTO SÍNDROME DA VACA GORDA SÍNDROME DA VACA GORDA Mastite CLÍNICA ABORTO Mastite CLÍNICA BAIXA NA PRODUÇÃO LESÃO DOS TETOS Mastite CLÍNICA INFERTILIDADE DOENÇA DE CAUSA DESCONHECIDA DOENÇA DE CAUSA DESCONHECIDA PROBLEMAS DIGESTIVOS Mastite CRÓNICA CETOSE ABORTO SÍNDROME DA VACA GORDA PROBLEMAS MUSCULO-ESQUELÉTICOS Mastite CRÓNICA Mastite CRÓNICA Mastite CRÓNICA Mastite CRÓNICA Mastite CRÓNICA Mastite CRÓNICA INFERTILIDADE BAIXA NA PRODUÇÃO BAIXA NA PRODUÇÃO INFERTILIDADE PROBLEMAS PODAIS LESÃO DOS TETOS Nº parto 1 3 2 1 3 2 3 4 3 2 5 3 3 2 3 3 1 2 2 3 4 3 3 3 3 4 2 3 3 4 3 1 4 2 Dias em lactação 2 293 5 325 330 441 408 347 365 403 482 112 43 417 111 178 Tabela 2. Listagem de vacas com valores de CCS acima das 250.000 céls/ml. Vaca Nº 4261 4295 1042 1053 4262 4268 1051 4300 1043 1049 1052 1060 Nº Parto 05 Jan 04 04 04 03 Fev Mar Mai Jun 03 Jul 03 03 03 Out Nov Dec 05/04/09/2/G 39 04/05/09/2/G 34 149 65 - 226 171 07/05/09/2/G 146 176 121 - 143 577 19/05/09/1/G 64 41 15/06/06/2/S 40 36 40 29 26/07/09/2/G 111 272 262 275 11/09/09/1/I - 738 27/11/09/2/I 77 205 20 219 27/12/09/2/C 50 44 29 20 80 18/01/10/2/I - 3556 412 3556 874 23/03/10/2/P 33 47 379 265 379 176 17/04/10/2/P - 1151 139 303 139 176 227 301 381 15 47 31 111 398 309 76 967 545 1770 43 58 133 199 345 541 153 109 570 306 1185 64 102 236 43 336 137 04 Jan 876 929 1975 487 207 200 71 79 64 92 03 03 Fev Mar 290 787 1929 1020 112 179 638 138 1559 130 147 304 577 880 781 2570 405 433 305 1550 437 - Dias em Total lactação produção 332 349 300 288 307 220 173 96 66 44 - Média produção 13,426 9,969 12,057 9,200 10,237 6,039 5,875 4,729 2,377 1,702 - 40.44 28.56 40.19 31.94 33.35 27.45 33.96 49.26 36.02 38.68 - . 600 500 400 300 200 Nov Dez Jan Fev Março Out Fevereiro Set Janeiro Ago Dezembro Jul Novembro Jun Outubro Mai Setembro Abr Agosto 0 Julho 100 Junho Durante o semestre em que fizemos a vacinação com Topvac® conseguimos resultados muito positivos com uma diminuição da contagem celular do rebanho, com uma extraordinária redução de custos com antibióticos intramamários pelo que podemos concluir que realmente existiu uma diminuição da severidade das mastites clínicas e mesmo subclínicas (CCS > 250.000 céls/ml). Data 24/02/2009 24/02/2009 24/02/2009 24/02/2009 24/02/2009 24/02/2009 24/02/2009 18/03/2009 18/03/2009 18/03/2009 22/03/2009 19/05/2009 20/06/2009 20/06/2009 20/06/2009 23/06/2009 25/08/2009 25/08/2009 19/09/2009 22/09/2009 24/09/2009 25/09/2009 15/12/2009 15/12/2009 16/12/2009 16/12/2009 16/12/2009 16/12/2009 18/01/2010 18/01/2010 18/01/2010 21/02/2010 21/02/2010 21/02/2010 Maio 4. Conclusões 3 Tabela 1. Vacas descartadas no período de 01-02-2009 a 28-02-2010. Abril dução e da qualidade do leite (Brito, 1997), seguimos este critério no nosso ensaio. Assim sendo, analisamos o número de vacas vacinadas, com CCS acima das 250 mil células (CCS acima de 300 mil implicam a perda de um ponto de bonificação no pagamento do leite) (Tabela. 2). Dos 26 animais vacinados (novilhas e vacas adultas), 5 apareceram assinaladas na listagem de animais com mais de 250 mil CCS. Isto representa 25% de novos casos no total de vacas adultas e de 10% das novilhas vacinadas durante este período de tempo. A contagem celular no tanque diminuiu (em média por semestre) das 449 mil CCS para 239 mil CCS (Gráfico 4). Analisando a evolução dos custos de tratamento verificamos uma significativa redução de custos com intramamários para tratamentos de mastites (Gráfico 5). Ao observarmos o gráfico constatamos um gasto de medicamentos intramamários médio mensal acima dos 1000 €. Este valor foi reduzido a menos de metade a partir de Setembro. A imunização durante o período seco pode ser uma possível explicação para resultados tão imediatos na redução dos custos de tratamento, uma vez que houve uma menor incidência de mastites no pós-parto e os casos clínicos responderam mais rapidamente aos antibióticos usuais. Colocando em hipótese a sazonalidade típica das infecções por coliformes, pesquisamos se no ano anterior se verificou esta redução de custos com antibióticos intramamários em igual período. Ao analisarmos a tabela de dados do ano de 2008, do qual só dispomos de dados a partir do mês de Abril, não verificamos sazonalidade, mantendo-se os custos constantes ao longo do ano numa média de 1250€ (Gráfico 6). CCS x1000 Biblioteca Topvac® Mar Gráfico 4. Evolução de CCS durante o período antes do programa vacinal (azul claro) e após o início do programa com TOPVAC® (azul). A contagem celular no tanque diminuiu (em média por semestre) das 449.000 céls/ml para 239.000 céls/ml. 5 4 Avaliação da utilização da vacina Topvac® numa fazenda leiteira afetada por mastites ambientais Carlos Ribeiro Méd. Veterinário; Dália Castro Méd. Veterinária 4.000 € 3.500 € 3.000 € 2.500 € 2.000 € 1.500 € 1.000 € Fevereiro Janeiro n Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set O Dezembro Novembro Outubro Setembro Agosto Julho Junho Maio Abril 0€ Março 500 € Fevereiro nº | [email protected] Janeiro Relativamente ao aparecimento de novos casos, não podemos afirmar qual foi a sua evolução, sabendo apenas que a incidência no total de animais vacinados foi de 20%. Para reforçar estas conclusões seria interessante efetuarem-se mais estudos para avaliar a relação custo/eficácia da vacina, com um número maior de animais e durante um tempo mais prolongado. Biblioteca Topvac® Nov Dez Jan Fev Gráfico 5. Redução do custo médio mensal com uso de intramamários, a partir de Setembro 2009 (inicio do programa vacinal): ~ 150 €. 1.600 € 1.400 € 1.200 € 1.000 € 800 € 600 € 400 € Nov Dezembro t Novembro Set Outubro Ago Setembro Jul Agosto Jun Julho Mai Junho r Maio 0€ Abril 200 € Dez Gráfico 6. Custo médio mensal com uso de intramamários no ano de 2008: ~ 1250 €. Referências BiblioGráficos 1. Auldist, M.J.; Hubble, I.B. 1998. Effects of mastitis on raw milk and dairy products. The Australian Journal of Dairy Technology, 53: p. 28-36. 2. Bradley, A.J.; Green, M.J. 2000. A study of the incidence and significance of intramammary enterobacterial infeccion acquired during the dry period. J. Dairy Sci.; 83: 1957-1965 3. Brito, J. R. F.; Caldeira, G. A. V.; Verneque, R. S. et al.; 1997. Sensibilidade e especificidade do “Califórnia Mastitis Test” como recurso diagnóstico da mastite sub-clínica. Em relação à contagem de células somáticas. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.17 (2): p.49-53, abr./jun. 4. Erskine, R. J., J. H. Kirk, J. W. Tyler, and F. J. DeGraves. 1993. Advances in the therapy for mastitis. Vet. Clin. N. Am. Food Anim. Pract. 9:499-517 5. Green, M. J. ; Green, L. E. ; Medley, G. F.; Schukken, Y. H.; Bradley, A. J. 2002. Influence of Dry Period Bacterial Intramammary Infection on Clinical Mastitis in Dairy Cows; J Dairy Sci, October 1; 85(10): 2589 - 2599. 6. Larry Smith, K.; Hogan, J. S.; 1998. Milk quality – A worldwide perspective. In: National Mastitis Council, 37, Madison. Proceedings... Madison: NMC, p. 3-9, 1998. 7. Natzke, R. P. 1981. Elements of mastitis control. J. Dairy Sci. 64:1431– 1442. 8. Oliver, S. P.; Calvinho, L. F. 1995. Influence of inflammation on mammary gland metabolism and milk composition. In: 2nd International Workshop on the Biology of Lactation in Farm Animals, J. Animal Sci. 73:18-33. 9. Sharma, M. 2009. Recent trends in mastitis management. Publication date 2/01/2009 in www.engormix.com 10. Venturini1, T.; Api1, I.; Restelatto, R.; Paixão, S.J.; Ziech, M.F.; Montagner, M.M.; Ocorrência de mastite subclínica em vacas das raças Holandês e Jersey; III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Medicina Veterinária. TOPVAC®: Vacina inativada contra a mastite bovina. Uma dose de 2mL contém: Escherichia coli J5 inativada > 50 RED 60*, Staphylococcus aureus (CP8) cepa SP140 inativado, > 50 RED 80 ** xpressando complexo antigênico associado a exopolissacarídeo. *RED 60 – dose efetiva em coelhos em 60% dos animais (sorologia) **RED 80 – dose efetiva em coelhos em 80% dos animais (sorologia). INDICAÇÕES: para a imunização de vacas e novilhas sadias, para ser utilizada em fazendas leiteiras com casos de mastites recorrentes, a fi m de reduzir a incidência de mastite ubclínica e a incidência e a gravidade dos sinais clínicos das mastites causadas por Staphylococcus aureus, coliformes e coagulase negativos. ADMINISTRAÇÃO: uso intramuscular. É recomendável alterar os lados do pescoço nas aplicações. Deixar que a vacina alcance uma temperatura entre 15 e 25 ºC antes da administração. Agitar antes de usar. Administrar uma dose de 2mL (intramuscular profunda) na tábua do pescoço. ESQUEMA VACINAL SUGERIDO: Primeira aplicação aos 45 dias antes do parto. Segunda aplicação 10 dias antes do parto. Terceira aplicação 52 dias após o parto. A cada gestação o protocolo deve ser repetido. O protocolo de vacinação induz imunidade aproximadamente aos 13 dias após a primeira aplicação até 130 dias após o parto. Pode ser utilizada durante a gestação e a lactação. Conservar e transportar refrigerado (entre 2 e 8ºC) protegido da luz. Não congelar. Não têm carência no leite. PRESCRIÇÃO DE ACORDO COM O VETERINÁRIO. Hipra Saúde animal, Ltda. Avenida do Lami, 6133 Bairro Belém Novo Porto Alegre-RS CEP 91782-601 Brazil Tel.: (+55) 51 3325 4500 Fax: (+55) 51 3258 1300 [email protected] www.hipra.com Biblioteca 6 Topvac® nº Mastite por Staphylococcus aureus em fazendas leiteiras Prof. Dr. Volker Krömker (Dip. ECBHM) [email protected] Professor do Departamento de Bioengenharia da Universidade de Artes e Ciências Aplicadas de Hannover 1. Introdução E ntre as patologias de uma fazenda de vacas leiteiras, a mastite é responsável pelas maiores perdas econômicas relacionadas com doenças, pelo facto ser extremamente comum (Volling et al. 2005; Halasa et al. 2009). Além disso, a maior parte do consumo de antibióticos em fazendas deve-se a esta infecção. Tal como com outras infecções, a mastite ocorre quando vacas em homeostase (estado de equilíbrio fisiológico) enfraquecida entram em contato com agentes patogénicos. Normalmente, os agentes patogénicos entram no úbere através do canal do teto e colonizam diferentes partes do parênquima. Como existem muitos agentes patogênicos diferentes capazes de produzir uma infecção e muitos fatores que desequilibram a homestase, a mastite varia bastante de fazenda para fazenda. As fazendas leiteiras avaliam os problemas de mastite de forma diferente e, por isso, frequentemente classificam-nos noutros problemas, que podem ocorrer isoladamente ou em combinação com outros. Em muitos países, as infecções do úbere por Staphylococcus (S. aureus) são ainda as principais responsáveis por problemas de mastite, especialmente por problemas com contagens de células somáticas de leite em tanque, excessivamente elevadas ao longo do tempo e baixos rendimentos de leite devido a muitos casos crônicos e/ou demasiada remoção de leite. De forma a mitigar um problema de mastite, é obrigatória uma abordagem global da fazenda e/ou a nível individual. Embora seja comum tentar controlar a mastite tratando animais subclínica ou clinicamente doentes e sugerindo medidas para reduzir rapidamente a taxa de novas infecções, uma abordagem mais holística ajuda numa verdadeira mudança do estado de saúde dos úberes na fazenda, especialmente tendo em vista a situação económica em que muitas fazendas leiteiras se encontram. Devido à dificuldade de erradicar o S. aureus nas fazendas e de permanecer sem infecção durante um período mais prolongado, o objetivo é reduzir a prevalência de infecções por S. aureus para uma taxa de < 5% de animais infectados. Este valor alvo foi definido de acordo com dados recolhidos em empresas leiteiras, que representam 5% das fazendas do norte da Alemanha com menor contagem de células somáticas no leite de tanque (Volling, 2011). Normalmente, a saúde do úbere é definida através da presença ou ausência de bactérias patogénicas e de um aumento da contagem das células somáticas, embora o limite varie de acordo com diferentes autores e frações de leite (DVG, 2002; Bradley and Green, 2006). A contagem de células somáticas por mililitro de leite pode ser um indicador de alterações graves. Com 100.000 céls//ml de leite, a defesa imunitária celular começa a transformarse em reação inflamatória (DVG, 2002). As contagens celulares individuais e os agentes patogénicos são analisados por quartos. No entanto, as variáveis seguintes são utilizadas para descrever a saúde dos úberes em grupos de vacas ou fazendas, principalmente com base num limite de 100.000 céls/ml a partir de uma amostra composta de uma vaca definida como um “animal saudável”. Nas fazendas com problemas devido a S. aureus, a taxa de animais saudáveis e a taxa de animais incuráveis são especialmente importantes. A proporção de animais lactantes saudáveis indica a proporção de vacas com úberes presumivelmente saudáveis. O termo “animais incuráveis” refere-se a vacas com contagens celulares repetidamente, pelo menos, três vezes acima de 700.000 céls/ml por amostra composta de vacas. O número de vacas com este estatuto deve ser controlado e não deve exceder os 2% (Østerås, 2006). 6 2 Mastite por Staphylococcus aureus em fazendas leiteiras Biblioteca Topvac® Prof. Dr. Volker Krömker (Dip. ECBHM) ı [email protected] nº 2. Amostragem Quando o S. aureus é identificado em quartos ou vacas, devem ser recolhidas amostras de todo o rebanho (seguindo-se a colecta de amostras de vacas secas depois de terem parido) e de quartos. Quando são tomadas medidas de higiene padrão (pós-dipping, luvas de ordenha, papel de utilização única para a limpeza do úbere, desinfecção da unidade de ordenha), isso pode suceder mais tarde, pois esta espécie desenvolve-se a uma velocidade inferior. Os animais infectados por S. aureus devem ser marcados no sistema de software da fazenda ou com fita nas patas para que todos os funcionários da fazenda consigam sempre identificar os animais infectados. Uma amostra negativa nem sempre é garantia de cura após a terapêutica, pois os animais não excretam constantemente S. aureus. Comprovou-se que, em rebanhos com mais de 200 animais, a implementação de um programa de monitorização de S. aureus em amostras de leite de tanque é útil. O valor alvo é o máximo de 10 ufc S. aureus/ml (Zinke et al. 2010). 3. Agente infeccioso S. aureus O principal reservatório de S. aureus como agente patogénico associado às vacas é o úbere infectado, e as infecções disseminam-se entre as vacas ou entre os quartos durante o processo de ordenha através do equipamento de ordenha contaminado, das mãos do ordenhador ou dos panos usados para lavar, limpar ou secar mais do que uma vaca. Outros reservatórios típicos são as feridas na teta ou perto do teto (por ex., dermatite necrótica). O S. aureus possui diversos fatores de virulência que permitem que o agente patogénico sobreviva intracelularmente ou se dissemine no tecido do úbere ou produza biofilme. Isto resulta em infecções duradouras que podem persistir durante a lactação e em lactações posteriores. 4. Controle da mastite por S. aureus Assim, quando a mastite é considerada um problema e surgem as discrepâncias relativamente a valores chave, devem ser iniciados esforços conjuntos para melhorar a saúde do úbere. Dodd (1981) demonstrou que a prevalência da mastite (P) é o produto da duração da inflamação (D) multiplicada pela taxa de novas incidências (NIR) (P = D x NIR), expressa em percentagem de tempo (duração) ou de vacas (NIR). A partir desta equação, podemos ver que existem duas abordagens possíveis para diminuir a prevalência da doença. Uma é diminuir a duração (D) por abate ou terapêutica ou diminuir a taxa de incidência (NIR) melhorando o ambiente, eliminando ou reduzindo assim, o efeito negativo dos fatores de risco. Desta forma, os fatores de risco associados a S. aureus nessa fazenda têm de ser identificados, minimizados e monitorizados pela implementação de procedimentos operacionais padrão. Para evitar infecções intramamárias por S. aureus, é necessário limitar a disseminação deste microorganismo de vaca para vaca e reduzir ao mínimo o número de vacas infectadas no rebanho. Para evitar a disseminação de S. aureus, é necessário um programa de higiene rígido, que inclua: uma boa higiene da ordenha (por ex., luvas de ordenha, mudança contínua das peças de borracha, verificação da máquina de ordenha, pós-dipping com uma preparação de desinfecção e de preparação da pele autorizada, desinfecção da unidade de ordenha), a prevenção de ferimentos nas tetas e nos tecidos adjacentes e a exterminação de moscas nos meses de Verão. As vacas infectadas devem ser mantidas separadas do resto do rebanho saudável e ordenhadas em último lugar (de forma a evitar a contaminação através da ordenha). As vacas com alterações acentuadas dos tecidos e hipótese reduzida de sararem com terapêutica devem ser separadas das outras e descartadas a médio prazo. Biblioteca Topvac® 5. Defesa imunitária dos tetos Existe uma ligação entre as infecções por S. aureus e os problemas no estado dos tetos. Todos os sinais que sugerem um fluxo sanguíneo reduzido para o teto são indesejáveis e indicam um risco aumentado para a absorção de agentes patogénicos, ajudando assim à sua penetração nos mesmos. Quando são detectados problemas no estado dos tetos, a preparação das vacas antes da ordenha (estimulação adequada, pele do teto seca), as características de pulsação e também a duração da ordenha têm de ser revistas e avaliadas de forma crítica. Regra geral, o aspecto dos tetos depois da remoção do equipamento de ordenha deve ser igual ao anterior (i.e. rosado, uniforme, seco, etc.). A documentação das alterações visíveis diferentes do estado dos tetos (agudas e crónicas) imediatamente após a remoção do equipamento de ordenha ajuda a identificar riscos nesta área. Se mais de 20% de todas as vacas do rebanho apresentarem estas alterações (em caso de Mastite por Staphylococcus aureus em fazendas leiteiras hemorragias, só é permitido um máximo de 10%), existe um problema de condições dos tetos, que tem uma influência negativa na ordenha e aumenta o risco de infecções por mastite. 6. Defesa imunitária geral Do ponto de vista imunológico, o insucesso na eliminação de um potencial agente patogénico pode ser atribuído a sistemas de defesa locais enfraquecidos, a um estado imunitário geral da vaca debilitado (por ex., activação e libertação de fagócitos) ou a ambos. Uma homeostasia constante traduz-se num estado saudável e em rendimentos máximos sustentáveis; as deficiências na alimentação e o maneio dos animais são factores que afectam este equilíbrio; afecta também o estado imunitário geral e, com isso, a situação da mastite do rebanho. Como observado com outros grupos com fatores de risco, as questões relacionadas com o estado 3 imunitário geral podem variar bastante em relação à intensidade e ao período; a capacidade de os animais se adaptarem a estas deficiências também desempenha um papel importante. Para além da criação e alimentação das vacas, pode ser obtida uma melhor defesa imunitária geral contra S. aureus utilizando uma vacina específica. Os resultados comuns das diferentes vacinas desenvolvidas nos últimos anos são a redução de episódios clínicos e um aumento da taxa de cura espontânea. A nova vacina anti-S. aureus da HIPRA demonstrou uma influência positiva na contagem de células somáticas e uma taxa de cura de animais infectados por S. aureus e constitui uma nova ferramenta para o controle de S. aureus nas fazendas leiteiras. 7. Terapêutica ou descarte Existem três opções para reduzir a duração das infecções: cura espontânea, cura terapêutica e 6 4 Mastite por Staphylococcus aureus em fazendas leiteiras Biblioteca Topvac® Prof. Dr. Volker Krömker (Dip. ECBHM) ı [email protected] descarte. A decisão de descartar deve basearse em: contagens de células somáticas em amostras de vacas > 700 000 células/ml durante vários meses, mais do que dois quartos infectados por S. aureus, mais do que dois tratamentos na lactação anterior para o mesmo agente patogénico, alterações tecidulares claramente palpáveis da glândula mamária ou uma anamnese extensa de mastite. As infecções subclínicas devido a S. aureus são tratadas com o tratamento antibiótico normal para vacas secas devido à maior taxa de cura (> 80% em quartos; cura espontânea e cura por tratamento) que ocorre durante o período seco, quando a terapêutica é aplicada seleccionando as moléculas em relação aos resultados de susceptibilidade. Se as novilhas estiverem infectadas por S. aureus, devem ser identificadas amostras de leite nos primeiros meses após a lactação, por exame bacteriológico. Os animais com resultados positivos podem ser tratados com uma elevada taxa de cura durante o primeiro mês de lactação (Zecconi, 1999). Os casos clínicos de mastite por S. aureus são tratados com antibióticos porque se recomenda o tratamento de forma rotineira dos casos moderados a graves de mastite. Em condições práticas após o tratamento, o êxito da atividade terapêutica não será avaliado devido a problemas de diagnóstico de S. aureus. nº 8. Conclusão O controle da mastite por S. aureus deve basear-se em medidas preventivas para: 1- reduzir o risco de os animais não infectados ficarem infectados 2- e noutros programas terapêuticos (descartar vacas com S. aureus crónica, tratamento antibiótico das vacas secas), para interromper a duração da infecção. As medidas preventivas mais importantes são a identificação dos animais infectados, a separação dos animais infectados dos não infectados, higiene durante a ordenha, dipping do teto após a ordenha e desinfecção da unidade de ordenha e, principalmente no período de higiene, vacinação bem sucedida anti-S. aureus. O nosso objetivo não é a erradicação da S. aureus nas fazendas, mas a redução da disseminação de S. aureus e de novas infecções para um nível < 5%. Referências 1. Bradley A. und Green M. (2006): An approach to the analysis and monitoring of clinical and sub clinical mastitis data. Proc. XXIV World Buiatrics Congress, Nice, France, 15.-19.10.2006, 237-249. 2. Deutsche Veterinärmedizinische Gesellschaft (DVG) (2002): Leitlinien zur Bekämpfung der Mastitis des Rindes als Herdenproblem. Fachgruppe: Milchhygiene; Sachverständigenausschuss: “Subklinische Mastitis“ DVG, Gießen. 3. Dodd FH. (1981): Mastitis control. In: Mastitis control and herd management. Tech bull 4. National Institute for Research in Dairying, Reading, UK, 1981:11-23. 4. Halasa T., Nielen M., DeRoos APW., Van Hoorne R., de Jong G., Lam TJGM., van Werven T., Hogeveen H. (2009): Production loss due to new subclinical mastitis in Dutch dairy cows estimated with a test-day model. J. Dairy Sci. 2009. 92:599-606. 5. Østerås, O. (2006): Mastitis epidemiology – Practical approaches and applications. WBC 2006, Nice/F, 203-215 6. Volling O., Krömker V., Sieglerschmidt E. (2005): Untersuchungen zur Beziehung zwischen dem ökonomischen Gewinn und Indikatoren der Tiergesundheit in Milchviehbetrieben des ökologischen Landbaus in Niedersachsen. In: Heß J., Rahmann G. (Hrsgl) Ende der Nische: Beiträge zur 8. Wissenschaftstagung Ökologischer Landbau, Kassel 1.-4. März 2005, Kassel: Kassel university press, 351-354 7. Volling O. (2011): Udder health management in dairy herds with very low bulk milk somatic cell counts in Lower Saxony. Uni Göttingen, Thesis 2011 8. Zinke C., Paduch J.-H., Klocke D., Bormann A., Abograra I., Haverkamp H., Krömker V. (2010): Diagnostische Bedeutung der Ausscheidung von Staphylococcus aureus und Streptococcus agalactiae über Milch aus infizierten Milchdrüsenvierteln. Amtstierärztlicher Dienst 2011 9. Zecconi A. Costanzi F., Nai P. (1999) Field study on intramuscular antibiotic treatment with tylosin on IMI prevalence after calving. 38th NMC annual meeting, 1999:237-238. TOPVAC®: Vacina inativada contra a mastite bovina. Uma dose de 2mL contém: Escherichia coli J5 inativada > 50 RED 60*, Staphylococcus aureus (CP8) cepa SP140 inativado, > 50 RED 80 ** xpressando complexo antigênico associado a exopolissacarídeo. *RED 60 – dose efetiva em coelhos em 60% dos animais (sorologia) **RED 80 – dose efetiva em coelhos em 80% dos animais (sorologia). INDICAÇÕES: para a imunização de vacas e novilhas sadias, para ser utilizada em fazendas leiteiras com casos de mastites recorrentes, a fi m de reduzir a incidência de mastite ubclínica e a incidência e a gravidade dos sinais clínicos das mastites causadas por Staphylococcus aureus, coliformes e coagulase negativos. ADMINISTRAÇÃO: uso intramuscular. É recomendável alterar os lados do pescoço nas aplicações. Deixar que a vacina alcance uma temperatura entre 15 e 25 ºC antes da administração. Agitar antes de usar. Administrar uma dose de 2mL (intramuscular profunda) na tábua do pescoço. ESQUEMA VACINAL SUGERIDO: Primeira aplicação aos 45 dias antes do parto. Segunda aplicação 10 dias antes do parto. Terceira aplicação 52 dias após o parto. A cada gestação o protocolo deve ser repetido. O protocolo de vacinação induz imunidade aproximadamente aos 13 dias após a primeira aplicação até 130 dias após o parto. Pode ser utilizada durante a gestação e a lactação. Conservar e transportar refrigerado (entre 2 e 8ºC) protegido da luz. Não congelar. Não têm carência no leite. PRESCRIÇÃO DE ACORDO COM O VETERINÁRIO. Hipra Saúde animal, Ltda. Avenida do Lami, 6133 Bairro Belém Novo Porto Alegre-RS CEP 91782-601 Brazil Tel.: (+55) 51 3325 4500 Fax: (+55) 51 3258 1300 [email protected] www.hipra.com 7 nº Biblioteca Topvac® Resultados da aplicação da vacina TOPVAC® com o protocolo alternativo em massa Ellen Schmitt - van de Leemput1, Benoit Callery1, Marie Genest1, Henry Gesche2, Hervé Giron3 Clínica Veterinária Haute Mayenne1, Clínica Veterinária Lassay les Chateaux2, Clínica Veterinária Vibraye3 Ellen Schmitt, Clínica Veterinária Haute Mayenne, La Mayenne, França. [email protected] 1. Introdução A vacinação com a vacina TOPVAC® tem como objetivo melhorar a qualidade do leite nas fazendas de gado bovino leiteiro. Esta vacinação induz a produção de anticorpos orientados contra certos compostos de biofilmes de Staphylococcus aureus e Staphylococcus spp. e contra o LPS, uma endotoxina da parede dos Escherichia coli. Esta dupla ação reduz, por um lado, a prevalência das infecções mamárias por Staphylococcus spp. e, por outro, a gravidade dos sinais clínicos que acompanham as infecções por E. coli. No dossier de registro, é proposto um protocolo de vacinação com três injeções perto do período de secagem das vacas (TOPVAC®). O inconveniente deste protocolo é a necessidade de vacinar os animais um por um, segundo a data previsível do parto; assim, será muito mais prático vacinar todo o rebanho no mesmo dia, com intervalos regulares para os reforços. Por esta razão, testámos um protocolo de vacinação alternativo: todos os animais do rebanho foram vacinados ao mesmo tempo, nos D1, D21 e D111, qualquer que fosse o seu estado fisiológico. Para a manutenção desta proteção, foram efetuados reforços vacinais de 3 em 3 meses, após as três injeções iniciais . 7 2 Resultados da aplicação da vacina TOPVAC® com o protocolo alternativo em massa Biblioteca Topvac® Ellen Schmitt - van de Leemput1, Benoit Callery1, Marie Genest1, Henry Gesche2, Hervé Giron3 Clínica Veterinária Haute Mayenne1, Clínica Veterinária Lassay les Chateaux2, Clínica Veterinária Vibraye3 nº 2. Material e Métodos O estudo incluiu fazendas leiteiras (n=10, entre 40 e 100 vacas leiteiras, nível de produção entre 8000 - 14 000 kg, um total de 531 bovinos em lactação) com um bom nível técnico. Para estas fazendas, são indicadas na Figura 1 as Produção anual Total de animais 25% < 300.000 litros 300.000 400.000 litros 40 -50 20% 50 - 60 12% 63% > 400.000 litros 10% 50% 60 - 70 20% > 70 características das fazendas, tais como o tipo de sala de ordenha e tipo de alojamento dos animais. Sala de ordenha Instalações 10% 10% 6 pontos As vacas leiteiras e novilhas foram 8 pontos vacinadas pela primeira vez no mês de 10 pontos maio - junho de 2010, com os reforços de 30% 60% Cubículos 40% 12 pontos 16 pontos vacinação nos D 21 e D 111. Em 3 das 10 fazendas, não foi possível vacinar as Cama de palha 20% 30% Figura 1. Produção, total de animais, sala de ordenha e instalações das fazendas incluídas no estudo. futuras primíparas ao mesmo tempo que Fatores de risco evidenciados durante a auditoria de Qualidade do Leite as vacas. O seu protocolo de vacinação foi iniciado a partir da entrada no estábulo, 10% Sala de ordenha, estado dos úberes e higiene para a preparação para o parto. 10% Sala de ordenha Ao mesmo tempo da primeira injeção Sala de ordenha e higiene 20% da vacina, foram efetuadas auditorias à Sala de ordenha e estado dos úberes qualidade do leite, por forma a identificar Nenhum fator de risco 50% 10% os fatores de risco em cada fazenda antes do início do estudo. (Os resultados dessas auditorias são apresentados na D1 D21 Figura 2.). Durante o estudo, as novas infecções mamárias Figura 2. Os resultados da auditoria de Qualidade do Leite efetuada antes da implementação da vacinação. foram acompanhadas por análises bacteriológicas em todas as 10 fazendas jun. vacas com contagens celulares superiores + 3 meses + 3 meses + 3 meses jan. Análise intermédia mai. Análise final Auditoria Qualidade do Leite de 2010, janeiro e maio de 2011) e das vacas com mastites clínicas. As set. Início a 200 000 células/ml (início maio por análises bacteriológicas do leite D111 Vacinação Elementos de estudo 1 2 CMT + Bacteriologia: > 200 000 células/ml contagens celulares do tanque também Bacteriologia mastites clínicas foram acompanhadas durante o estudo Acompanhamento contagem celular do tanque (Figura 3). Figura 3. Protocolo do estudo. 3 Biblioteca Topvac® Resultados da aplicação da vacina TOPVAC® com o protocolo alternativo em massa 3 3. Resultados e Discussão de vacinação, apenas 2 animais em 531 bovinos demonstraram um aumento de temperatura (até 39,6 °C) no dia seguinte à injeção. A vacinação não provocou dor nem lesões no local da injeção e não penalizou o nível de produção dos animais. Globalmente, a percentagem de mastites clínicas, bem como as concentrações celulares do tanque, Frequência de mastites clínicas % 160 de 308 000 para 227 000 células/ml 350 140 100 Avant vaccination Antes da vacinação 80 Após a vacinação Aprés vaccination 60 40 A frequência de mastites clínicas baixou 0 Figura 4. A frequência das mastites clínicas e contagem celular do tanque nas fazendas, antes e depois da vacinação. Antes da vacinação A 300 250 200 coagulase negativos (SCN) (Figura 5). 150 Após a vacinação, a contagem celular 50 média do tanque ficou abaixo de 250 000 0 Antes da vacinação, encontrou-se Staphylococcus aureus nas amostras das A Células/ml x 1000 fazendas; após a vacinação, encontrouse Staphylococcus aureus apenas em 3 de 10 fazendas (Figura 6). As infecções subclínicas após a vacinação deveram-se, maioritariamente, a infecções (Figura 6). É interessante verificar que a descida da contagem celular no tanque não é acompanhada por uma descida do número de vacas com contagens elevadas, mas sim por uma descida do número de quartos infectados por vaca (Figura 7). 1 2 3 4 5 6 7 8 Outros SCN S. aureus S. uberis E. coli 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Figura 5. A. A frequência (em percentagem relativa ao número de vacas presentes) de mastites clínicas, antes e depois da vacinação. B. A etiologia das mastites clínicas observadas, após a vacinação com a vacina TOPVAC®. vacas com mastite subclínica em 9 de 10 por Staphylococcus coagulase negativos Após a vacinação 100% B 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% % 350 a Streptococcus uberis e a Staphylococci apenas 4 fazendas antes da vacinação. 150 0 deveram-se, maioritariamente, células/ml em 7 das 10 fazendas, face a 200 50 em 9 das 10 fazendas: as mastites restantes 250 20 entre maio de 2010 e maio de 2011 (Figura 4). 308 -227 300 136% -55% 120 diminuíram, respetivamente, de 136% para 55% e Contagem celular do tanque Células/ml x 1000 Durante a implementação do protocolo B 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 450 400 350 300 250 200 150 50 0 Antes da vacinação Após a vacinação 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Antes da vacinação 1 2 3 4 5 6 Após a vacinação 7 8 9 10 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Outros E. coli S. uberis SCN S. aureus 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Figura 6. A. Média anual das contagens celulares do tanque nas 10 fazendas, antes e depois da vacinação. B. A etiologia das infecções subclínicas, antes e depois da vacinação. 7 4 Resultados da aplicação da vacina TOPVAC® com o protocolo alternativo em massa Biblioteca Topvac® Ellen Schmitt - van de Leemput1, Benoit Callery1, Marie Genest1, Henry Gesche2, Hervé Giron3 Clínica Veterinária Haute Mayenne1, Clínica Veterinária Lassay les Chateaux2, Clínica Veterinária Vibraye3 nº 4. Conclusões Embora a vacinação com TOPVAC® não elimine a presença de E. coli e S. aureus nos rebanhos, a frequência das mastites clínicas e a contagem celular do tanque diminuíram na maioria das fazendas. Após a vacinação, as mastites clínicas deveram-se, maioritariamente, a Streptococcus uberis e a Staphylococci coagulase negativos; e as infecções subclínicas a Staphylococci coagulase negativos. A 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Antes da vacinação 1 2 3 4 5 6 7 Após a vacinação B 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Figura 7. A. A percentagem de vacas com infecções subclínicas (> 200 000 células/ml) antes e depois da vacinação. B. O número de quartos infectados por vacas (CMT positivo). TOPVAC®: Vacina inativada contra a mastite bovina. Uma dose de 2mL contém: Escherichia coli J5 inativada > 50 RED 60*, Staphylococcus aureus (CP8) cepa SP140 inativado, > 50 RED 80 ** xpressando complexo antigênico associado a exopolissacarídeo. *RED 60 – dose efetiva em coelhos em 60% dos animais (sorologia) **RED 80 – dose efetiva em coelhos em 80% dos animais (sorologia). INDICAÇÕES: para a imunização de vacas e novilhas sadias, para ser utilizada em fazendas leiteiras com casos de mastites recorrentes, a fi m de reduzir a incidência de mastite ubclínica e a incidência e a gravidade dos sinais clínicos das mastites causadas por Staphylococcus aureus, coliformes e coagulase negativos. ADMINISTRAÇÃO: uso intramuscular. É recomendável alterar os lados do pescoço nas aplicações. Deixar que a vacina alcance uma temperatura entre 15 e 25 ºC antes da administração. Agitar antes de usar. Administrar uma dose de 2mL (intramuscular profunda) na tábua do pescoço. ESQUEMA VACINAL SUGERIDO: Primeira aplicação aos 45 dias antes do parto. Segunda aplicação 10 dias antes do parto. Terceira aplicação 52 dias após o parto. A cada gestação o protocolo deve ser repetido. O protocolo de vacinação induz imunidade aproximadamente aos 13 dias após a primeira aplicação até 130 dias após o parto. Pode ser utilizada durante a gestação e a lactação. Conservar e transportar refrigerado (entre 2 e 8ºC) protegido da luz. Não congelar. Não têm carência no leite. PRESCRIÇÃO DE ACORDO COM O VETERINÁRIO. Hipra Saúde animal, Ltda. Avenida do Lami, 6133 Bairro Lami CEP 91782-601 Porto Alegre-RS Brazil Tel.: (+55) 51 3325 4500 Fax: (+55) 51 3258 1300 [email protected] www.hipra.com 8 nº Biblioteca Topvac® o manejo na sala de ordenha Rafael Ortega Arias de Velasco [email protected] Centro Técnico Veterinário La Espina, Salas, Astúrias (Espanha) 1. Introdução P ara que uma ordenha possa ser considerada como eficiente, é necessário: 1. Que as vacas cheguem à sala de ordenha o mais limpas e tranquilas possível 2. Realizar uma boa rotina de ordenha 3. Ter uma máquina de ordenha em perfeito estado 2. O ambiente do animal Um ambiente do animal limpo, quer sejam cubículos, corredores, cama quente ou pastos, faz com que a rotina de ordenha seja mais eficaz e que o risco de mastite seja menor. Por outro lado, se os animais chegarem tranquilos, isto favorece a correta descida do leite, melhora certamente a estimulação, os animais são mais facilmente ordenhados e de forma mais rápida. As vacas são animais de hábitos e, por isso, querem ser tratadas todos os dias da mesma forma. Para isso, os operários ou os próprios produtores devem conhecer e saber o mais importante que é necessário fazer na sala de ordenha e porque é necessário fazê-lo. O objetivo é que as pessoas encarregues de levar os animais para a ordenha o façam de forma tranquila, sem gritos, sem paus, etc. A ocitocina é o hormônio encarregado da descida do leite, mas quando os animais estão nervosos ocorre a estimulação da adrenalina, que é outro hormônio que causa o efeito contrário e, por isso, a descida do leite será interrompida. Um animal estressado na sala de ordenha pode produzir menos 20% de leite. 3. A sala de espera Se houver salas de espera, estas devem ter uma capacidade adequada ao número de animais que se ordenham (1,3 m2/vaca), 8 2 O manejo na sala de ordenha Biblioteca TOPvac® Rafael Ortega Arias de Velasco ı Centro Técnico Veterinario La Espina, Salas, Asturias (Espanha) nº devem ter uma inclinação ascendente em direção à sala de ordenha (2 – 3 %), e o ideal é que as vacas não passem mais de uma hora por lote na mesma. Devem dispor de ventilação automática, uma ventoinha com 1 m de diâmetro por cada 10 vacas. As salas de espera dispõem de arreadores automáticos que fazem a função dos operários; estes devem aproximar as vacas da ordenha de forma tranquila. 4. A rotina da ordenha O objetivo de toda a Rotina de ordenha deve ser: ordenhar as vacas limpas, secas e bem estimuladas. Não há uma rotina de ordenha igual para todas as fazendas, mas sim operações que devem ser sempre realizadas: Eliminação dos primeiros jatos ou remoção do primeiro leite, esta ação permite: 1. Visualizar mastites clínicas 2. Ajudar à descida do leite Banho de tetos antes da ordenha ou prédipping, esta ação permite: 1. Ajudar também à descida do leite 2. Limpar e desinfectar a pele dos tetos (Tempo de contacto do produto com a pele dos tetos: 15 – 30 seg.) Secar os tetos com papel para que, quando forem colocados os pontos de ordenha, estejam secos, evitando, assim, por exemplo, o deslizamento das teteiras. A Antes da colocação dos pontos de ordenha, os tetos das vacas devem estar cheios de leite; para isso, é necessário sincronizar o leite cisternal com o alveolar, o que é possível com as operações acima descritas. O tempo decorrido entre o primeiro toque no úbere até à colocação do ponto de ordenha deve situar-se entre 60 – 90 seg. É muito importante uma boa colocação dos pontos de ordenha, ou seja: Evitar as entradas de ar ou minimizá-las tanto quanto possível, evitando assim oscilações de vácuo e retro-impactos. Alinhar os pontos de ordenha, no sentido craniano sempre em direção à cabeça da vaca, permitindo assim uma ordenha mais eficiente, evitando, por exemplo, que um teto fique mal ordenhado devido à rotação do ponto de ordenha. Remoção suave do ponto de ordenha, cortando previamente o vácuo ou aplicando a remoção automática, corretamente parametrizada. Uma vez retirado o ponto de ordenha, aplicar o banho dos tetos pós-ordenha ou pósdipping, com o objetivo de eliminar a película de leite que permanece após a ordenha, e desinfecção. No mercado existem também banhos chamados vedantes que protegem os tetos entre ordenhas. Cobrir sempre 2/3 do teto. Evitar que as vacas se deitem depois da ordenha, pelo menos, durante 30 minutos. B 5. A máquina de ordenha O objetivo principal de todas as máquinas de ordenha deve ser extrair a maior quantidade de leite possível no menor espaço de tempo possível, garantindo a saúde do úbere. Como conseguimos isto? Aplicando o termo "ordenhabilidade", ou seja, a ordenha será eficiente quando se consegue um alto fluxo de leite depois de colocados os pontos de ordenha. A máquina de ordenha deve ser adaptada à fazenda, e não o contrário. Antes de começar a ordenha deve recomendarse ao produtor e aos operários que estiverem na sala de ordenha que realizem uma inspeção visual: 1. Das teteiras, observando se não estão torcidas 2. Da limpeza externa dos pontos de ordenha, reguladores, etc. 3. Orifícios de admissão de ar dos coletores limpos, não obstruídos 4. Das borrachas das teteiras, tubos curtos e compridos de leite e pressão, garantindo que não há ruturas Todas estas questões mencionadas podem ser resolvidas sem problema antes do início da ordenha. No momento em que começa a ordenha, os operários devem observar o estado das vacas, ou seja, se pateiam, estão nervosas, não suportam o ponto de ordenha, etc. As vacas são animais que, de alguma forma, falam C Figura 1. A rotina da ordenha. A. Desinfecção dos tetos antes da ordenha. B. Alinhamento dos pontos de ordenha. C. Momento da remoção dos pontos de ordenha. Biblioteca TOPvac® conosco e uma maneira de se expressarem é através do que acabamos de referir. Monitorização dinâmica da máquina de ordenha: Esta deve ser realizada por um técnico especialista na qualidade do leite. Para isso, devem ser monitorizados, entre outros, os seguintes parâmetros durante a ordenha: Nível de vácuo nominal (vacuómetro) é o instalado pelo concessionário oficial e que é visualizado com a máquina em pleno rendimento. Nível de vácuo na unidade final medido com um pulsógrafo ou com um vacuómetro digital com a máquina em pleno rendimento Nível de vácuo na condução do leite medido com um pulsógrafo ou com um vacuómetro digital com a máquina em pleno rendimento A diferença de vácuo entre a unidade final e a condução do leite não deve ser superior a 2 kPa. Sensibilidade da regulação: para isso, abrese 1 ou 2 pontos de ordenha (dependendo do número de pontos) para que entre ar no sistema e monitoriza-se a queda de vácuo. Esta não deve ser superior a 2 kPa. Nível de vácuo no coletor no fluxo máximo medido com um "T" de verificação colocado entre o coletor e o tubo comprido de leito ou espetando uma agulha no tubo curto de leite. Toma-se uma média de 10 valores e, assim, obtém-se o valor real. Medir a força de colapso das teteiras: a força Fig. 2 Pulsógrafo O manejo na sala de ordenha de colapso é a força (pressão) necessária para que as paredes das teteiras se toquem e é expressa em kPa. Esta mede-se com uma bomba de vácuo manual e um pulsógrafo. Cada teteira sai de fábrica com uma Força de colapso determinada; assim, por exemplo, as teteiras de borracha saem com uma força de 10,5 kPa e as teteiras de silicone com uma força de 12,5 kPa. O que acontece é que à medida que as teteiras envelhecem a força de colapso diminui, no caso das teteiras de borracha acontece muito mais rapidamente, o que faz com que o fator de risco para as pontas dos tetos possa ser maior (hiperqueratose). Com este valor é possível saber se a teteira é suave ou dura. As teteiras têm uma duração determinada e sabe-se, através de estudos realizados, que a partir de 2000 – 3000 ordenhas pode acontecer que até 60% dos tetos fiquem mal ordenhados. Por isso, a sua substituição tem de ser realizada no momento adequado. Vácuo residual de massagem, cujo valor é obtido a partir da diferença entre o vácuo no coletor e a força de colapso das teteiras. Assim, é determinado o valor correto para melhorar a condição dos úberes durante a ordenha. Parâmetros de pressão: frequência, oscilação, relação de pressão e duração de fases. A pressão é responsável por manter a circulação do sangue à volta do teto. Isto consegue-se com a abertura (fase de sucção) e o fecho (fase de massagem) das teteiras, aproximadamente 60 vezes por minuto. Isto por sua vez consegue-se alternando entre vácuo e pressão atmosférica na câmara de pressão. Cada ciclo de pressão tem 4 fases: A, B, C e D. A duração das fases é muito importante para podermos garantir uma boa condição tanto da ponta dos tetos como do corpo dos mesmos. Para uma relação de pressão de 60/40, com uma frequência de pressão de 60 ppm, a duração ideal das fases seria: - A 150 – 200 mseg; - B 400 – 450 mseg; - C 100 – 200 mseg; - D 200 – 300 mseg; - A+B fase de ordenha; - C+D fase de repouso. Parâmetros de remoção: estimulação prévia, limite de fluxo com leite, tempo final pósordenha. Por outro lado, se o programa informático de ordenha o permitir, também é possível visualizar: 3 - Curvas bimodais; - Percentagem de vacas cujo leite desce em menos de 2 minutos, etc.; - Fluxos máximos e mínimos/vaca; - Tempo médio de ordenha/vaca. Com estes dados é possível, entre outros, avaliar quais os operários que ordenham melhor ou pior, que animais estão bem estimulados ou não, se a ordenha está a ser demasiado rápida, etc. Com estes parâmetros, o objetivo é extrair a maior quantidade de leite possível no menor tempo possível. Avaliação do leite residual, deve ser monitorizada num determinado número de vacas por ordenha. Não deve ser superior a 400 ml entre os 4 tetos, se a avaliação for feita manualmente. Se a avaliação for feita de forma mecânica, o ponto de ordenha até 1 – 1,5 litros é normal. O objetivo é saber se as vacas ficam bem ordenhadas ou se ficam com leite. Fator de risco importante para mastite. Condição dos tetos: alterações na coloração da pele, alterações na espessura da pele, hiperqueratose, etc. São alterações que ocorrem a curto e a longo prazo e que são muito importantes para a saúde do úbere dos animais. Pelo menos de 3 em 3 meses deve ser efetuada uma qualificação das pontas dos tetos, avaliando a hiperqueratose. Esta acção deve ser realizada sempre quando se retira o ponto de ordenha. As causas da hiperqueratose são várias e assim, por exemplo, temos: 1. Um excesso de vácuo na ponta dos tetos (46 kPa, por exemplo); 2. Vácuo residual de massagem abaixo ou acima de 26 kPa – 27 kPa; 3. Sobre-ordenha, sobretudo no final da ordenha; 4. Fases de sucção/massagem incorretas. O orifício dos tetos demora normalmente 30 minutos para fechar, embora não seja de todo certo, uma vez que depende do tempo que o ponto de ordenha esteve acoplado ao úbere do animal. Se, depois de retirado o ponto de ordenha, os tetos estiverem flácidos, moles, secos e sem dor, saberemos que a máquina de ordenha está a funcionar corretamente e que, por isso, o manejo na sala de ordenha está a ser correto. 6. A hiperqueratose Um leve depósito de queratina não deve ser considerado como um fator de risco de infecção mamária, mas sim como uma 8 4 O manejo na sala de ordenha Biblioteca TOPvac® Rafael Ortega Arias de Velasco ı Centro Técnico Veterinario La Espina, Salas, Astúrias (Espanha) resposta fisiológica normal à ordenha. Pelo contrário, a queratinização excessiva de toda a ponta do teto pode ser um obstáculo para uma boa circulação do leite. Quando o excesso de queratina é grande, esta impede o fechamento normal do canal do teto que pode ficar aberto entre ordenhas em cerca de 1/3 nº A © 2007 Lauren AgriSystems Ltd. do seu comprimento. Uma forte calosidade está associada a uma forte probabilidade de infecções mamárias. Em algumas ocasiões, uma parte da queratina dura descola-se dando origem a uma ferida, onde residem os Staphylococcus, acrescentado assim os riscos suplementares de infecções mamárias. Normalmente ouve-se falar da reversão de esfíncteres quando este músculo serve para permitir o fecho do canal do teto, a sua protrusão para o exterior do teto é improvável, mesmo sem destruição massiva da extremidade do teto. Por isso, aquilo que qualificamos como reversão é simplesmente a hiperqueratose descrita anteriormente. B © 2007 Lauren AgriSystems Ltd. Figura 3. Classificação dos tetos. A. Normal (Score - 1) B. Hiperqueratose (Score – 3). A condição dos tetos classifica-se de 0 a 4, sendo 0 a classificação de um teto sem lesões e no outro extremo o 4, que indica um grau de hiperqueratose importante. Os graus 3 e 4 estão associados a um maior risco de mastite. 7. Conclusões Todos os operários devem trabalhar da mesma forma todos os dias e com as mesmas regras. Todos estes parâmetros estão dentro do que significa um bom manejo na sala de ordenha. Uma vez estabelecidos, devem ser realizadas visitas de seguimento, com o objetivo de comprovar que tudo está a funcionar corretamente. Bibliografia 1. Armstrong, D.V., M.J. Gamroth and J.F. Smith. 2001. Milking Parlor Performance. Proceedings of the 5th Western Dairy Management Conference. Las Vegas, NV. Pp. 7-12. 5. Reid, D.A. 2001 Why Unit On Time is Important for your Dairy. Proceedings of the 5th Western Dairy Management Conference. Las Vegas, NV. Pp. 13-15. 2. Erven, B. 2001. Training Dairy Farm Workers. Conference: Sharpening Your Dairy Management Skills. Lansing, MI. 6. Reneau, J.K. and J.P. Chastain. 1995. Premilking Cow Prep: Adapting to you System. NMC Regional Meeting Proceedings. Pp. 46-63. 3. Galton, D.M., L.G. Peterson and W.G. Merrill. 1988. Evaluation of Udder Prep on Intramammary Infections. J. Dairy Sci. 71:1417. 7. Ortega, R., Pérez, M.A., Muñiz, R., and Fernández, R., 2008. Matitis Control, Milking Machine Tuning to Improve Udder Health and to Reduce Teat End Hypekeratosis in Dairy Cow. The Hague, The Netherlands. 4. Pankey, J.W., E.E. Wildman, P.A. Dreschsler and J.S. Hogan. 1987. Field Trial Evaluation of Premilking Teat Preparation. J. Dairy Sci. 70:867. TOPVAC®: Vacina inativada contra a mastite bovina. Uma dose de 2mL contém: Escherichia coli J5 inativada > 50 RED 60*, Staphylococcus aureus (CP8) cepa SP140 inativado, > 50 RED 80 ** xpressando complexo antigênico associado a exopolissacarídeo. *RED 60 – dose efetiva em coelhos em 60% dos animais (sorologia) **RED 80 – dose efetiva em coelhos em 80% dos animais (sorologia). INDICAÇÕES: para a imunização de vacas e novilhas sadias, para ser utilizada em fazendas leiteiras com casos de mastites recorrentes, a fi m de reduzir a incidência de mastite ubclínica e a incidência e a gravidade dos sinais clínicos das mastites causadas por Staphylococcus aureus, coliformes e coagulase negativos. ADMINISTRAÇÃO: uso intramuscular. É recomendável alterar os lados do pescoço nas aplicações. Deixar que a vacina alcance uma temperatura entre 15 e 25 ºC antes da administração. Agitar antes de usar. Administrar uma dose de 2mL (intramuscular profunda) na tábua do pescoço. ESQUEMA VACINAL SUGERIDO: Primeira aplicação aos 45 dias antes do parto. Segunda aplicação 10 dias antes do parto. Terceira aplicação 52 dias após o parto. A cada gestação o protocolo deve ser repetido. O protocolo de vacinação induz imunidade aproximadamente aos 13 dias após a primeira aplicação até 130 dias após o parto. Pode ser utilizada durante a gestação e a lactação. Conservar e transportar refrigerado (entre 2 e 8ºC) protegido da luz. Não congelar. Não têm carência no leite. PRESCRIÇÃO DE ACORDO COM O VETERINÁRIO. Hipra Saúde animal, Ltda. Avenida do Lami, 6133 Bairro Lami CEP 91782-601 Porto Alegre-RS Brazil Tel.: (+55) 51 3325 4500 Fax: (+55) 51 3258 1300 [email protected] www.hipra.com 9 nº Biblioteca Topvac® Compreender a mastite bovina como uma patologia dinâmica L. THERON ; Ch. HANZEN «A Natureza odeia a normalidade» Chris Carter Departamento clínico de produção animal | Faculdade de Medicina Veterinária de Liège | Bélgica Dominar uma patologia inerente ao gado bovino leiteiro de alta produção através da epidemiologia 1. Introdução O s problemas de saúde nos rebanhos são por essência multifatoriais. Assentam em equilíbrios entre vários fatores. A maior dificuldade na gestão das patologias na produção animal assenta em dois elementos: por um lado, a extrema variabilidade das práticas entre as fazendas ao longo do tempo, e por outro o impacto cruzado de diferentes fatores com o mesmo resultado. Um exemplo simples para ilustrar as nossas duas problemáticas: as mastites têm componentes epidemiológicas que regem a sua própria resposta aos meios de prevenção. Duas fazendas nunca têm cinquenta por cento de práticas de produção em comum, a instauração dos meios de prevenção habituais nunca terá por isso o mesmo impacto doseável em cada uma das duas fazendas (Bradley et al., 2007; Théron et al., 2009). Além disso, dada a variabilidade de determinadas práticas ou pautações ao longo do tempo, uma situação pode variar, sendo todos os outros fatores constantes, por causa de um fator invisível descuidado, diminuindo a força do argumento de prevenção. Todos nós já conhecemos situações em que a pós-imersão não tinha os efeitos antecipados, e situações em que, após uma melhoria transitória ligada às práticas de ordenha, a situação se degrada novamente devido a uma causa ligada à máquina de ordenha ou à alimentação. A conclusão desta introdução é simples e complexa ao mesmo tempo; o domínio integrado das mastites assenta num seguimento a longo prazo, assim como a reprodução. Este seguimento justifica-se pelo impacto económico e social desta doença. Um bom seguimento implica a definição de pontos chave de controle mensuráveis. O objetivo deste artigo é definir os indicadores e os objetivos epidemiológicos que permitem definir o nível de saúde do úbere e a sua evolução ao longo do tempo. 2. Objetivos de saúde do úbere O exame clínico de um rebanho é diferente de uma consulta clássica. Supõe a análise epidemiológica do problema. Leva-se então a cabo uma análise global do rebanho, ou seja, dos parâmetros comuns a todos os animais. Assim, a pontuação de limpeza do rebanho será a média da pontuação da limpeza individual. Estas pontuações clínicas como o estado corporal, as lesões dos tetos, a digestibilidade das fibras e a frequência das mastites são os nossos sinais clínicos à escala da população. Eles apontam para um sistema alterado da fazenda, devendo ser objeto de investigações – de exames complementares – para precisar a causa profunda do problema. Além disso, será necessário compreender bem três caraterísticas das mastites: a gravidade clínica, a cronicidade ou persistência e a cura (Tab. I). Manifestação Agudo Crónico Evolução Mês -2 Mês -1 Mastite Mês +1 Mês +2 Balanço +/+ + + + + + + +/+ +/+ + + Cura Tabela I - Tipo de comportamento fisiopatológico ao longo do tempo das infecções mamárias de acordo com a contagem de células somáticas individual (CCSI). Persistência Cura Persistência 9 2 Compreender a mastite bovina como uma patologia dinâmica Biblioteca TOPvac® THERON ; Ch. HANZEN | Departamento clínico de produção animal | Faculdade de Medicina Veterinária de Liège | Bélgica Dominar uma patologia inerente ao gado bovino leiteiro de alta produção através da epidemiologia A mastite tem duas origens epidemiológicas típicas, o ambiente e as glândulas mamárias já infectadas (Fig. 1), estando os patógenos associados a estes dois modelos diferentes. A complexidade reside no fato de a maioria dos patógenos poder persistir aos dois modelos, mais ou menos, em função da sua afinidade. Assim, o Streptococcus uberis é um agente resultante do ambiente, mas pode perfeitamente ser transmitido de vaca em vaca durante a ordenha. Pelo contrário, o Streptococcus agalactiae é originário quase exclusivamente de glândulas infectadas. A definição do modelo terá obviamente um impacto na compreensão do problema e na instauração dos meios de tratamento e de prevenção. nº Origem ambiental Origem mamária SCN E. coli S. uberis S. dysgalactiae S. aureus S. agalactiae Figura 1. Comportamento epidemiológico dos principais patógenos de mastite. De modo a estabelecer os indicadores da saúde do úbere, é conveniente fazer o inventário dos dados disponíveis: 1. Casos clínicos de mastites, seu tratamento e sua gravidade 2. Contagens celulares individuais (CCSI, controlo leiteiro) associadas aos níveis e estágio de produção 3. Composição do leite de tanque 4. Análises complementares disponíveis (condutibilidade, CCS diária, CMT, colorimetria, etc...) O segundo e o terceiro são frequentemente acessíveis, o primeiro é por vezes difícil de obter e o último é variável quanto à sua disponibilidade. Com a ajuda da composição do leite de tanque, frequentemente registada pelos lacticínios, já podemos ficar a saber uma parte dos fatores inflamatórios, higiénicos e nutricionais (Rysanek, 2005). Contudo, esta medida comporta sempre um desvio que está ligado aos animais presentes no tanque. A CCS permite uma análise mais precisa da epidemiologia e da nutrição, mas paradoxalmente menos frequente e por isso por vezes obsoleta relativamente ao aparecimento do problema (Fig. 2). No entanto, o estudo minucioso da CCS pode fazer aparecer variações mais ténues anunciadoras de uma modificação. Vários autores discutiram sobre os objetivos a definir e os indicadores de desempenhos em termos de saúde do úbere. Assim, a taxa de mastite clínica foi definida e fixada com um limiar de alerta em 30% de casos clínicos por ano (Radostits et coll., 1998, Seegers et coll., 2011). Isto define-se pelo número de mastite clínica total dividido pelo número de lactações num ano (Green et coll). Estabeleceram a utilização sistemática dos indicadores derivados da CCS como a taxa de cura no período seco, a taxa de infecção, etc… (Bradley et al., 2007, Green et al., 2006, Green, 2007). Por fim, certos grupos de trabalho propõem a utilização combinada da taxa de mastite clínica e da CCS de modo a compreender a evolução destes parâmetros e o impacto económico global desta patologia (Théron et al, 2011; Reding et al., 2011). x 1.000 células/ml CCS individual 500 450 400 350 300 250 CCS do tanque Risco elevado de penalização por CCS elevado Risco reduzido de penalização por CCS elevado 9/ 02 /2 01 1 9/ 03 /2 01 1 9/ 04 /2 01 1 9/ 05 /2 01 1 9/ 06 /2 01 1 9/ 07 /2 01 1 9/ 08 /2 01 1 9/ 09 /2 01 1 9/ 10 /2 01 1 9/ 11 /2 01 1 9/ 12 /2 01 1 9/ 01 /2 01 2 9/ 02 /2 01 2 200 150 50 0 Figura 2. Paralelismo entre a contagem celular do tanque (a preto) e a média ponderada pela produção das contagens celulares individuais no controlo leiteiro (a azul). Retirado do projeto LAECEA levado a cabo pela Universidade de Liège e pela Associação Wallone de produção animal. 3. Principais indicadores epidemiológicos da saúde do úbere É essencial precisar que o estudo dos indicadores epidemiológicos é uma forma de anamnese para a vaca/rebanho, não se tornando numa ferramenta de diagnóstico, distante do terreno. Felizmente, a medicina veterinária no computador ainda não nasceu. Esta análise requere por isso um trabalho exaustivo antes e após a análise e deve ser integrado numa ação clínica propedêutica baseada no estudo dos animais (Fig. 3). De modo a precisar o nosso objetivo, apresentamos a utilização das contagens celulares do tanque e o limiar de segurança de 250.000 células/ml, assim como os indicadores ligados ao estudo das CCS individuais. Para isso, é necessário compreender a evolução habitual de um problema de mastite, conforme a sua duração e evolução (Tab. II). Esta abordagem permite adaptar a visão de um caso clínico e da curabilidade, dado que as infecções antigas têm poucas possibilidades de curar na lactação. Por outro lado, permite conhecer a eficácia dos tratamentos. Geralmente admite-se que um animal saudável com 100% de certezas se encontra abaixo das 100.000 células/ml. Pelo contrário, admite-se que um animal com mastite subclínica com 100% de certezas se encontra acima das 300.000 células/ ml. Praticamente a maioria dos autores concorda com o limite de 200.000 células/ml como limiar de referência para separar os animais saudáveis dos animais doentes com a melhor sensibilidade / especificidade. As publicações mais recentes destacam o fato das primíparas apresentarem CCS muito baixas e que um limiar teórico de 150.000 ou 100.000 células/ml seria mais apropriado para o estudo dinâmico das contagens celulares. De qualquer forma, por ocasião de um trabalho recente à margem do congresso Fórum Europeu de Buiatria, um grupo de especialistas em saúde do úbere precisou que o limiar escolhido tinha afinal pouca importância por pouco que se mantenha o mesmo limiar de um rebanho para outro e que se interpretem corretamente as variações celulares à volta desse limiar. Com a ajuda destes indicadores primários podemos definir os indicadores secundários ligados à cura ou à cronicidade das infecções (Tab. III). Em função dos dados disponíveis, eventualmente simplificaremos a análise tendo em conta apenas as mastites subclínicas ou as mastites clínicas. Biblioteca TOPvac® ANAMNESE Epidemiologia do problema Desde quando? Quem? Quantos? Onde? Quando? = Epidemia de mastites clínicas em lactação nas multíparas Compreender a mastite bovina como uma patologia dinâmica EXAME CLÍNICO Parâmetros subjetivos: cheiro, sons, anomalias visuais EXAMES COMPLEMENTARES Práticas de ordenha Cálculo da amostra Exame máquina de ordenha Puntuação 1 = Lesões de tetos Alimentação Pontuação 2 = Limpeza Higiene da ordenha Bacteriologia do leite Figura 3. Quadro simplificado de abordagem de um problema do rebanho (retirado de Durel et al., 2012). Indicador Cálculo Animal clínico MC = Animal que tinha apresentado uma mastite clínica Animal subclínica MSC = Animal com um aumento da CCSI sem sinais clínicos Animal saudável A = øMC + øMSC Animal infectado (básico) Animal infectado (avaliado) AI = MC + MSC (CCSI > 300.000 células/ml) AI = MC + MSCIprimipara > 150.000 células/ml + CCSI multipara > 250.000 células/ml S AI do mês TP: Taxa mensal de x 100 prevalência das mastites TP = -----------------------------------S (A + AI) do mês TI: Taxa mensal de incidência das mastites TC: Taxa mensal de infecções persistentes (cronicidade) S AI do mês não infectado no mês anterior S TI = -------------------------------------------------------------------------------------- x 100 (A + AI) do mês S AI do mês que já era AI no mês anterior TC = ---------------------------------------------------------------------------- x 100 S (A + AI) do mês Tabela II. Indicadores clínicos e subclínicos de saúde do úbere (as avaliações clássicas serão retomadas sob a designação de “básico“; as avaliações especializadas serão mais precisas mas exigem mais tempo de análise). Indicador Cálculo TCL: Taxa mensal de cura na lactação S A do mês AI tratado no mês anterior TCL = -------------------------------------------------------------------------------- x 100 S AI tratados no mês anterior S A parido AI tratado no período seco TCS = ---------------------------------------------------------------------------------- x 100 S AI tratados no período seco presentes SA do mês AI tratado no mês anterior TC = ------------------------------------------------------------------------ x 100 S (A + AI) do mês S MC MC em menos de 21 dias TR = ------------------------------------------------------------------ x 100 S MC TCS: Taxa mensal de cura em secagem TC: Taxa global de cura TR: Taxa de recidiva das MC Tabela III. Indicadores derivados entre 2 análises sucessivas. “ “ significa “Interseção“, compreende-se como “e“. Assim, a TCS calcula-se tomando os animais que tenham parido sadios e que tenham sido infectados durante o período seco, dividindo pelo número de animais presentes infectados no período seco. 4. Utilização prática da epidemiologia das mastites É evidente que a análise destes dados é complexa, e o ideal é automatizar uma parte dos cálculos com a ajuda de sistemas dedicados à produção animal ou programas informáticos veterinários adaptados. Podemos utilizar estes dados de várias formas. A primeira é estática, uma «fotografia» do rebanho num determinado mês, que permite definir as condições epidemiológicas que recaem sobre o rebanho. 3 higiene, transição, etc... Um dos pontos chave da gestão das mastites situa-se próximo do parto, podendo então sugerir-se uma origem ambiental das infecções. Eu confirmarei esta suspeita de epidemiologia clínica através de uma análise bacteriológica. A outra utilização dos indicadores epidemiológicos é o seu seguimento mensal (Fig. 4 e 6). Exemplo 2: «Como evolui a minha situação em termos de saúde do úbere?» Ou ainda: «Apliquei o meu novo produto; que impacto terá? “ No nosso exemplo, distinguem-se vários problemas, a taxa de cura no período seco é bastante boa (>70%), a taxa de infecção na lactação aumentou (à volta dos 17%), a taxa de cura variou bastante ao longo dos últimos 3 meses (31%). O resultado lógico é o aumento da prevalência dos animais >200.000 células/ ml (de 30 a 35%). Além disso, a análise mostranos 18% de infecção pós-parto nos animais saudáveis na secagem. Daí podemos deduzir que o rebanho está sujeito a um modelo misto de infecção (ambiental e contagiosa), o que pode significar um agente de comportamento variável ou vários agentes diferentes. Um dos principais problemas é a elevada taxa de cura e de infecção, traduzindo uma dinâmica bastante elevada de circulação dos agentes patogénicos. Há por isso uma proliferação do agente no meio ambiente ou uma infecção na altura da ordenha através de gestos que provocam a infecção. Neste momento, no nosso exemplo, a bacteriologia permite identificar estafilococos coagulase negativos em 5 animais com mastite subclínica. Isso confirma a nossa suspeita de modelo misto, tendo estes patógenos uma origem mista. Além disso, a ausência de um local de parto apropriado poderia levar-nos a identificar a causa das infecções pós-parto. Pudemos também observar a ausência de pós-dipping apesar de uma higiene adequada na preparação e antes do início da ordenha (Fig. 5). Exemplo 1: «Qual é o indicador epidemiológico mais alterado do meu rebanho?» Ou então: «Qual é o momento chave das infecções no meu rebanho? “ 5. Conclusões Na presente situação deste rebanho, distinguese uma excelente cura no período seco (81%) e uma taxa elevada de vacas saudáveis (71%) com uma infecção na lactação fraca (9%). Isso sugere um modelo epidemiológico pouco contagioso. Por outro lado, no parto (14%) dos animais saudáveis ficam infectados. Isso sugere uma descida da eficácia dos meios de prevenção à volta do parto com todos os fatores de risco associados ao pós-parto: nutrição, A mastite é uma doença dinâmica, difícil de controlar de forma sustentável, e muito dispendiosa. Controlar a sua prevalência até níveis aceitáveis para um investimento adaptado pode revelar-se uma estratégia de custo-benefício muito duradoura. Além disso, os pequenos pormenores do dia a dia, como uma mudança de comportamento, de pessoal, de material ou outros, podem ter um efeito importante na saúde do úbere. De acordo com esta forma de análise, é possível prever a curabilidade ou pelo contrário, um agravamento dos problemas conforme a orientação 9 4 Compreender a mastite bovina como uma patologia dinâmica Biblioteca TOPvac® THERON ; Ch. HANZEN | Departamento clínico de produção animal | Faculdade de Medicina Veterinária de Liège | Bélgica Dominar uma patologia inerente ao gado bovino leiteiro de alta produção através da epidemiologia epidemiológica das curas e das infecções. Dada a evolução da tipologia das fazendas leiteiras europeias, este tipo de abordagem permite estandardizar o exame de um rebanho. No futuro, isto poderia também ser um bom indicador da utilização racional dos antibióticos. De fato, se 78% dos animais estão saudáveis no período seco, poderia nº Vacas em lactação 69 Vacas saudáveis 71% Infecção na lactação 9% Cura 38% Vacas secas Vacas com mastite 29% 28% Vacas saudáveis Casos clínicos 65% secas saudáveis 81% CCS = >150.000 para primíparas >250.000 para multíparas Vacas com CCS alto 45% Cura em secagem optar-se por um tratamento de secagem seletivo. Além disso, se os tratamentos na lactação não são muito eficazes, poderia optar-se pela sua anulação e por efetuar o tratamento no período seco. Trata-se também de uma ferramenta adaptada ao estudo do impacto de uma mudança (motivação, material, estratégia de vacinação, higiene, etc...). 4% 12 últimos meses Infecção na secagem 14% Curadas 3 Mortas 0 por causa de mastites Figura 4.Indicadores epidemiológicos e dinâmica da infecção Exemplo 1 (retirado do Projeto LAECEA ULG-AWE). % 80 Em conclusão, a epidemiologia das mastites e o seguimento dos indicadores de desempenho de saúde do úbere é uma ferramenta bastante poderosa para resolver problemas, compreender as vias de infecção e controlar os agentes patogénicos. Mas não é suficiente - é preciso conhecer a fazenda e as suas condicionantes. Vacas em lactação Vacas com mastite 127 35% Infecção na lactação 17% Cura 31% Vacas com CCS alto 35% Casos clínicos 0% 12 últimos meses Vacas secas Cura em secagem 72% 48% secas saudáveis CCS = >150.000 para primíparas >250.000 para multíparas Infecção na secagem 18% Curadas 0 Mortas 0 por causa de mastites Figura 5. Indicadores epidemiológicos e dinâmica da infecção Exemplo 2 (retirado do Projeto LAECEA ULG-AWE). Evolução dos indicadores epidemiológicos (CCS > 200.000 células/ml = infectados) 70 60 50 40 30 20 10 22 /1 1/ 20 10 22 /1 2/ 20 10 22 /0 1/ 20 11 22 /0 2/ 20 11 22 /0 3/ 20 11 22 /0 4/ 20 11 22 /0 5/ 20 11 22 /0 6/ 20 11 22 /0 7/ 20 11 22 /0 8/ 20 11 22 /0 9/ 20 11 0 Infecção Cura Cura após secagem Prevalência infectados Figura 6. Seguimento mensal e análise das variações dos indicadores epidemiológicos da mastite. Referências Bibliográficas 1. Hortet P., Seegers H., (1998). Calculated milk production losses associated with elevated somatic cell counts in dairy cows : a review and critica discussion. Veterinary Research, 29 : 497-500 2. Seegers H., Fourrichon C., Beaudeau F. (2003). Production effects related to mastitis and mastitis economics in dairy cattle herds. Vet. Res. (INRA-EDP Sciences) 34 (2003)475-491. 3. Theron, L., Humblet, M.-F., Delfosse, C., Remience, V., Barthiaux-Thill, N., Froidmont, E., Planchon, V., Bertozzi, C., Piraux, E., &Hanzen, C. (2009). Identification and Ranking of risk factors for somatic cell count economic penalty in 349 southern Belgium dairy farms. In R., Maillard & H., Navetat (Eds.), Europeanbuiatrics forum 2009. Toulouse, France: Société française de buiatrie. 4. Rysanek D. and Babak V. (2005) Bulk tank milk somatic cell count as an indicator of the hygiene status of primary milk production. Journal of Dairy Research (2005) 72 400–405. 5. Durel, L, Guyot, H, &Theron, L. (2012).VADE-MECUM des mammites bovines. Paris, France: MED’COM. 6. Reding E. ,Theron L., Detilleux J. , Bertozzi C. , Hanzen Ch.(2011) LAECEA : un outil fédérateur d’aide à la décision pour le suivi de la santé mammaire dans les élevages bovins laitiers wallons. Journées Rencontre Recherche Ruminants, Paris. 7. Theron, L, Reding, E, Detilleux, J, Bertozzi, C, &Hanzen, C. (2011). Epidemiology of mastitis in 30 walloon dairy farms using a compilation of clinical and subclinical data in a new tool for Udder health assessment. Proceedings of the 6th European congress of Bovine health management. 8. Bradley, A. J., Et Al.(2007) Survey of the incidence and aetiology of mastitis on dairy farms in England and Wales. Veterinary Record,160 (8), 253-258. 9. Green, L. E. (2007) Improving farm animal health - understanding infectious endemic disease. Society for Veterinary Epidemiology and Preventive Medicine. Proceedings of a meeting held at Dipoli, Helsinki/Espoo, Finland, 28-30 March 2007, 13-25. 10. Green, L. E., Et al.(2006) On distinguishing cause and consequence: do high somatic cell counts lead to lower milk yield or does high milk yield lead to lower somatic cell count? Prev Vet Med,76 (1-2), 74-89. TOPVAC®: Vacina inativada contra a mastite bovina. Uma dose de 2mL contém: Escherichia coli J5 inativada > 50 RED 60*, Staphylococcus aureus (CP8) cepa SP140 inativado, > 50 RED 80 ** xpressando complexo antigênico associado a exopolissacarídeo. *RED 60 – dose efetiva em coelhos em 60% dos animais (sorologia) **RED 80 – dose efetiva em coelhos em 80% dos animais (sorologia). INDICAÇÕES: para a imunização de vacas e novilhas sadias, para ser utilizada em fazendas leiteiras com casos de mastites recorrentes, a fi m de reduzir a incidência de mastite ubclínica e a incidência e a gravidade dos sinais clínicos das mastites causadas por Staphylococcus aureus, coliformes e coagulase negativos. ADMINISTRAÇÃO: uso intramuscular. É recomendável alterar os lados do pescoço nas aplicações. Deixar que a vacina alcance uma temperatura entre 15 e 25 ºC antes da administração. Agitar antes de usar. Administrar uma dose de 2mL (intramuscular profunda) na tábua do pescoço. ESQUEMA VACINAL SUGERIDO: Primeira aplicação aos 45 dias antes do parto. Segunda aplicação 10 dias antes do parto. Terceira aplicação 52 dias após o parto. A cada gestação o protocolo deve ser repetido. O protocolo de vacinação induz imunidade aproximadamente aos 13 dias após a primeira aplicação até 130 dias após o parto. Pode ser utilizada durante a gestação e a lactação. Conservar e transportar refrigerado (entre 2 e 8ºC) protegido da luz. Não congelar. Não têm carência no leite. PRESCRIÇÃO DE ACORDO COM O VETERINÁRIO. Hipra Saúde animal, Ltda. Avenida do Lami, 6133 Bairro Lami CEP 91782-601 Porto Alegre-RS Brazil Tel.: (+55) 51 3325 4500 Fax: (+55) 51 3258 1300 [email protected] www.hipra.com