AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA E MODULADORA

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AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA E MODULADORA DA
RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS DE Anadenanthera colubrina var. cebil.
Anny Leticia Silva de Oliveira (ICV), Humberto Medeiros Barreto (Orientador,
Laboratório de Pesquisa em Microbiologia, Departamento de Parasitologia e Microbiologia UFPI)
INTRODUÇÃO
Anadenanthera colubrina, var. cebil (Fabaceae) é uma árvore conhecida localmente como
angico, que é prevalente em regiões semi-áridas do Brasil. No Nordeste do Brasil, as cascas do caule
desta planta tem sido usada para a preparação de chás, infusões, decocts, tingimento e xaropes para
o tratamento de várias doenças, incluindo tosse e bronquite (AGRA et al, 2008; AGRA et al, 2007).
Este estudo teve como objetivos: (1) estudar a atividade antimicrobiana intríseca do extrato
etanólico obtido da casca do caule de Anadenanthera colubrina var. cebil contra diferentes
microrganismos e (2) investigar a atividade moduladora da resistência aos antibióticos em uma
linhagem de Staphylococcus aureus resistente às fluoroquinolononas por superexpressão da bomba
de efluxo NorA.
METODOLOGIA
Todos os testes foram realizados com a cepa de Staphylococcus aureus SA-1199B que
superexpressa o gene que codifica a proteína de efluxo NorA capaz de bombear fluoroquinolonas
hidrofílicas e outros fármacos, tais como corantes intercalantes de DNA (KAATZ; SEO, 1995). A cepa
padrão de S. aureus (ATCC25923) foi utilizada como controle positivo. A solução estoque do extrato
ACEE foi preparada por dissolução de 10 mg do produto em 1 ml de dimetilsulfóxido (DMSO),
portanto, iniciando com uma concentração inicial de 10.000 μg/mL (10 mg/mL). A solução resultante
foi então diluída em água destilada esterilizada em uma quantidade suficiente para atingir uma
concentração de 1024 μg/mL.
A concentração inibitória mínima (CIM) do extrato ACEE, foi determinada pelo ensaio de
microdiluição em caldo BHI 10% com uma suspensão bacteriana DE aproximadamente 105 UFC/mL e
com soluções do extrato variando de 512 a 8 μg/mL. As placas de microtitulação foram incubadas a
37 ºC durante 24 h, em seguida, 20 mL de resazurina (0,01% m/v) foi adicionado a cada poço para
detectar o crescimento bacteriano por mudança de cor de azul para rosa.
Para a avaliação da ACEE como modulador de resistência a antibióticos, CIMs de
ciprofloxacina e norfloxacina foram determinadas na presença ou ausência de concentrações subinibitória (MIC 1/8) do extrato.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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O ACEE não apresentou atividade antimicrobiana direta nas concentrações clinicamente
relevantes contra as linhagens testadas (Tabela 1). Estes resultados estão de acordo com resultados
reportados anteriormente (BARRETO et al., 2015).
Tabela 1 – Concentração inibitória mínima (CIM) do extrato etanólico da casca do caule de A.
colubrina (ACEE) contra diferentes microrganismos.
CIM (μg/mL)
CEPAS
Staphylococcus aureus ATCC 25923
≥ 1024
Staphylococcus. aureus SA10
≥ 1024
Staphylococcus. aureus SA1199B
≥ 1024
Staphylococcus. aureus SA1199
≥ 1024
Escherichia coli ATCC 25922
≥ 1024
Candida albicans NEWP31
≥ 1024
Por outro lado, este extrato foi capaz de potencializar a atividade antibacteriana dos
antibióticos testados contra a cepa de S. aureus SA1199-B, provocando uma redução da CIM da
norfloxacina de 64 para 32 µg/mL e da ciprofloxacina de 16 para 4 µg/mL (Figura 1). Este extrato já
foi reportado anteriormente como modulador da resistência aos aminoglicosídeos neomicina e
amicacina em uma cepa de S. aureus meticilino resistente de origem clínica (BARRETO et al., 2015).
O extrato também foi capaz de reduzir o MIC do brometo de etídio (de 32 para 16 µg/mL)
contra a cepa SA1199-B. O único mecanismo de resistência ao brometo de etídio é o efluxo ativo
deste agente intercalante de DNA através de bombas de efluxo, tais como a proteína NorA de S.
aureus. As diferenças entre o MIC para norfloxacina, ciprofloxacina e brometo de etídio na ausência
ou na presença do extrato foram estatisticamente significativas, indicando que o ACEE contém
fitoquímicos capazes de inibir a bomba de efluxo NorA de S. aureus.
Figure 1 - CIM da norfloxacin (Nor), ciprofloxacina (Cip) e brometo de etídio na ausênsia e na
presença do extrato etanólico da casca do caule de A. colubrina var. cebil (ACEE) contra a cepa
SA1199-B. Cada resultado representa a media geométrica de três experimentos simultâneos. (***)
Valores estatisticamente significantes (p <0.001).
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CONCLUSÃO
O ACEE é uma fonte de metabolitos secundários capazes de modular a resistência
bacteriana da cepa de S. aureus SA-1199B, que poderiam atuar como inibidores da bomba de efluxo.
Os resultados indicam que o ACEE poderia ser utilizado em associação com a norfloxacina em
terapia antibiótica de doenças causadas por MRSA.
REFERENCIAS
AGRA, M.F.; BARACHO, G.S.; NURIT, K.; BASÍLIO, I.J.L.D.; COELHO, V.P.M. Survey of
medicinal plants used in the region Northeast of Brazil. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.
18, p. 678-689, 2008.
AGRA, M.F., BARACHO, G.S., NURIT, K., BASÍLIO, I.J.L.D., COELHO, V.P.M. Medicinal and
poisonous diversity of the flora of “Cariri Paraibano”, Brazil. Journal of Ethnopharmacology, v.
111, p. 383-395, 2007.
BARRETO, H.M.; COELHO, K.M.R.N.; FERREIRA, J.H.L.; SANTOS, B.H.C.; ABREU, A.P.L.;
COUTINHO, H.D.M.; COUTINHO, H.D.M.; SILVA, R.A.C.; SOUSA, T.O.; CITÓ, A.M.G.L.;
LOPES, J.A.D. Enhancement of the antibiotic activity of aminoglycosides by extracts from A.
colubrina (Vell.) Brenan var. cebil against multi-drug resistant bacteria. Natural Product
Research, 2015. doi.org/10.1080/14786419.2015.1049177.
JAVADPOUR, M.M.; JUBAN, M.M. LO, W.C. De novo antimicrobial peptides with low mammalian
cell toxicity. Journal of Medicinal Chemistry, v. 39, p. 3107-3113, 1996.
KAATZ, G.W.; SEO, S.M. Inducible NorA-mediated multidrug resistance in Staphylococcus
aureus. Antimicrobial Agents Chemotherapy, v. 39, p. 2650-2655, 1995.
Palavras-chave: Anadenanthera colubrina, var. cebil. Atividade antimicrobiana. Resistencia
bacteriana aos antibióticos.