BESELER cadete

Transcrição

BESELER cadete
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UERJ)
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
LABORATÓRIO DE ANÁLISE DE VIOLÊNCIA (LAV)
RELATÓRIO TÉCNICO
PROJETO DE PESQUISA:
“Suicídio e risco ocupacional: o caso da polícia militar carioca”
Julho/2012
1
I. INFORMAÇÕES GERAIS:
Nome do Projeto: “Suicídio e risco ocupacional: o caso da polícia militar carioca”
Instituição: Laboratório de Análise da Violência – Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (LAV/UERJ)
Coordenação do LAV:
Prof. Dr. Ignacio Cano (LAV/UERJ).
Prof. Dr. João Trajano (LAV/UERJ)
Coordenação da Pesquisa
Profa. Dra. Dayse Miranda (LAV/UERJ e PDJ-CNPQ).
Pesquisadores:
Profa Dra. Neide Ruffeil (UFRRJ).
Prof. Dr. Doriam Borges (LAV/UERJ).
Doutoranda Joana Marie Nunes (PPED/IE/UFRJ).
Me. Emanuelle de Araújo (LAV/UERJ).
Assistentes de Pesquisa:
Andréia Cidade Marinho (IESP/UERJ).
Cíntia Lopes de Barros (IESP/UERJ).
Diogo Sardinha (LAV/UERJ).
Isis do Mar Marques (UFF).
Sandra Andrade (LAV/UERJ).
Tatiana Guimarães (LAV/UERJ).
2
RESUMO:
Esse documento tem como objetivo apresentar os primeiros resultados da pesquisa
“Suicídio e Risco Ocupacional: o caso da Polícia Militar”. Os dados aqui analisados
evidenciam as variáveis associadas à ideação suicida e às tentativas de suicídio entre
policiais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Para tanto, comparamos 72
casos de ideação suicida com 152 controles (policiais militares que não pensaram e nem
tentaram suicídios) identificados através da aplicação de questionários numa população
de policiais militares voluntários. A pesquisa encontrou, entre outros, os seguintes
resultados: 1- O fato de não ter filhos e de não possuir filiação religiosa torna o policial
mais suscetível às ideações suicidas; 2- policiais que sofreram agressões verbais e
físicas não letais (perseguições/amedrontamento, xingamentos, insultos, humilhações
por pessoas do seu convívio) apresentaram um risco maior de ideações e tentativas de
suicídio. 3- A insatisfação com o trabalho na PMERJ está fortemente associada às
ideações e tentativas suicidas. 4- o baixo nível de sociabilidade informal entre colegas
de turma da PMERJ e na família está correlacionado com ideações e tentativas suicidas.
Em suma, os dados da pesquisa sugerem que policiais social e profissionalmente
isolados, que sofreram vitimização e insatisfeitos com seu trabalho, apresentaram maior
susceptibilidade ao comportamento suicida.
3
Apresentação
O presente relatório apresenta os primeiros resultados das atividades do Projeto
Suicídio e Risco ocupacional, desenvolvidas no Laboratório de Análise de Violência
(LAV/UERJ), em três momentos distintos. O primeiro deles (08/02/2010 a 31/01/2011)
envolve o tratamento e a análise dos dados de mortalidade no Brasil e no mundo. Esse
trabalho originou os produtos apresentados no Relatório Parcial de Pesquisa ao
CNPQ/2010.
O estudo do perfil das vítimas de mortes por suicídio no Brasil e na cidade do
Rio de Janeiro, entre 2000 a 2007, a partir dos dados do Ministério da Saúde
(SIM/DATASUS), como também as informações qualitativas obtidas por meio de
conversas com especialistas em saúde mental e em segurança pública foram essenciais
para traçar o desenho desta pesquisa. Não obstante, não foi possível calcular os riscos
ocupacionais das mortes por suicídio em função da qualidade das informações
examinadas. Esse fato nos levou concluir que a realização de um diagnóstico de suicídio
ocupacional demandaria uma pesquisa empírica. O primeiro passo dado nessa direção
foi tentar sensibilizar os gestores de diferentes instituições policiais militares da
relevância do problema. As negociações institucionais levaram quase oito meses (de
março/2010 a outubro/2010).
No segundo momento (02/02/2011 a 31/07/2011), fizemos a sensibilização de
atores membros da organização policial militar que aceitou desenvolver o projeto.
Conversamos com policiais militares do Quadro de Oficiais1, do Quadro de Oficiais de
Saúde e as “Praças” (sargentos 1º; 2º e 3º, cabos e soldados)2. O último período
(01/08/2011 a 01/06/2012) remete ao trabalho de campo, ao tratamento e à análise dos
dados coletados.
O texto está estruturado em duas seções. A primeira foi dedicada à descrição do
trabalho de campo e da metodologia de pesquisa adotada. Na segunda seção, estão os
resultados da investigação sobre o comportamento suicida no universo de policiais
pesquisado. Os achados referentes às entrevistas qualitativas com familiares e policiais
1
Os PMs oficiais são os profissionais responsáveis pela Administração de unidades administrativas e operacionais da Polícia
Militar.
2
As Praças são responsáveis pela execução das tarefas operacionais na Polícia Militar.
4
militares serão apresentados na segunda edição desse documento. Nos anexos, estão um
quadro comparativo do perfil dos policiais militares pesquisados e da população da
Polícia Militar, os roteiros das entrevistas e questionários elaborados para esta pesquisa.
1. MÉTODOS E TÉCNICAS
1.1.
Os Bastidores da Pesquisa
Antes da execução das atividades do projeto “Suicídio e risco ocupacional: o
caso da polícia militar carioca”, a coordenação conversou com vários representantes de
instituições da rede federal, estadual e municipal de saúde e segurança pública. Nosso
ponto de partida foram as instituições de saúde. Nosso objetivo era compreender o
suicídio e seus fatores associados segundo as percepções de especialistas, responsáveis
pelo tratamento de pacientes com patologias psíquicas e com histórico de tentativas.
Pelas conversas informais com profissionais da área de saúde mental do Hospital Souza
Aguiar e do Instituto Philippe Pinel (unidade vinculada a Secretaria Municipal de
Saúde), observamos que a coleta e a organização dos registros de tentativas de suicídios
naquelas instituições se restringem a iniciativas isoladas, individuais e não a
institucionais. Portanto, o acesso àquelas informações demandaria tempo e maior
proximidade com os “donos” dos dados daquelas instituições.
Também conversamos com técnicos do Ministério da Saúde, responsáveis pelo
Sistema de Informação de Mortalidade (SIM); e técnicos da Secretaria Estadual de
Saúde do Rio Janeiro, responsáveis pela digitação dos óbitos do banco do SIM. Esses
relatos nos ajudaram a esclarecer dúvidas referentes ao preenchimento dos óbitos por
suicídio no que concerne à categoria “ocupação”. A pesquisa observou que o percentual
de perda de informação da variável ocupação da base de dados d o SIM chegou a
ser de quase 38% em todas as unidades federativas a partir do ano de 2006 (Relatório
Parcial CNPQ, 2010). O gráfico 1 demonstra a distribuição das perdas de informação da
variável ocupação no período de 2000 e 2008.
5
Gráfico 1 – Perda Anual de Informação da Variável Ocupação nos Casos de
Suicídios por Local de Residência – Brasil, 2000 a 2008
37,94
31,83
26,97
% de Perda
13,67
14,16
11,91
2000
2001
12,70
13,07
13,17
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Fonte: Guimarães, Tatiana, 2012. Monografia apresentada ao departamento de Ciências Sociais da
UERJ.
Em resposta a nossa consulta, técnicos da Secretaria Estadual de Saúde (SES)
informaram que a perda de informações da variável “ocupação” nos casos de suicídio,
no referido período, está associada à nova classificação das ocupações (Classificação de
Ocupações Brasileira, 2002), adotada no ano de 2005. A versão da CBO (2002),
segundo os técnicos da SES, não recebeu a devida atenção no treinamento dos
operadores das secretarias responsáveis pela digitação do óbito. Essas perdas refletem o
grau de importância dada pelos gestores do SIM/MS ao preenchimento das
informações de ocupação (ocup).
No segundo semestre de 2010, visitamos o Instituto Médico Legal da cidade do
Rio de Janeiro. Buscávamos obter as informações de mortes por causas externas,
organizadas pelo IML- Sede e, posteriormente compará-las com os dados de mortes
violentas, em particular, os óbitos por suicídios registrados nas delegacias de polícia.
Assim, teríamos uma estimativa dos números de mortes por suicídio da cidade do Rio
de Janeiro. Como contrapartida, oferecemos criar uma rede de especialistas de
universitários; médicos legistas, peritos criminais e policiais civis que, posteriormente,
formariam uma expertise no que concerne ao fluxo de mortes violentas (da coleta e ao
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gerenciamento das bases de dados) registradas pelo Instituto Médico Legal (IML/RJ) e
Polícia Civil (PC/RJ) Essas negociações não sobreviveram às pressões internas de
grupos de interesses da Instituição.
Em setembro de 2010, iniciamos uma nova rodada de visitas e negociações.
Desta vez, apresentamos o projeto a duas instituições policiais militares: a Polícia
Militar do Estado de São Paulo (PMESP) e a do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ).
Nesta ocasião, tivemos a oportunidade de conversar com o PM Major responsável pelo
setor de Psiquiatria da Polícia militar de São Paulo, como também conhecer um pouco
do programa de prevenção de manifestações suicidas desenvolvido pela Instituição.
O diálogo, que resultou na implementação do projeto Suicídio e Risco
Ocupacional, se iniciou em outubro de 2010, quando fomos surpreendidos por um
gestor de perfil inovador, audacioso e preocupado com as questões relativas aos
recursos humanos de sua Instituição. Apresentamos o problema ao referido Gestor e
seus assessores à luz das estatísticas de suicídios registradas por instituições policiais
internacionais e pela Polícia Militar do Estado de São Paulo. Perplexo com a questão, o
comandante da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) aceita o desafio de
se investigar o fenômeno do suicídio em seu ambiente de trabalho. Foi então que
recebemos a sua autorização para desenvolver o estudo.
Não obstante, embora tivéssemos a autorização oficial do comando da PMERJ,
desconhecíamos os atores-chave que poderiam nos ajudar a localizar o público alvo da
pesquisa. A polícia disponibilizou um oficial PM que exerceu o papel de “ator ponte”
entre a coordenação da pesquisa e os diretores de quatro unidades da Instituição. São
elas: unidades de saúde, logística, administrativa e operacional. Por uma série de
problemas de ordem logística, entre eles, a burocratização do acesso às informações
solicitadas e a identificação dos sujeitos de pesquisa, o plano de trabalho inicial teve que
ser redesenhado. A pesquisa de campo foi concluída apenas na metade do mês de
dezembro de 2011.
As estratégias de sensibilização dos sujeitos de pesquisa, como também os
procedimentos metodológicos adotados compõem o próximo item deste documento.
7
1.2.
O Trabalho de Campo na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro
1.2.1. Contatos Institucionais
Iniciamos o campo pelas visitas às unidades de saúde e logística.
Posteriormente, fizemos contatos com os comandantes de batalhões operacionais
especiais e ordinárias3. Nesses encontros, a nossa equipe apresentava um plano de
trabalho que envolvia a realização de três atividades: 1- ministrar as palestras de
sensibilização; 2- coletar informações documentais; e 3- conduzir as entrevistas
quantitativas e qualitativas.
A visita à Diretoria Geral de Saúde foi muito positiva. Fomos recebidos pelo
coronel responsável pela administração de nove setores de saúde4, assim como pela
coordenação do Núcleo Central de Psicologia da Instituição. A primeira e grande
descoberta foi o grau de desconhecimento do tema do suicídio por parte dos gestores da
área de saúde. Os dados oficiais corroboram com esta realidade. Desde o ano de 2000, o
número absoluto de mortes por suicídio vinha sofrendo uma significativa queda na
Instituição, segundo os dados oficiais do Estado Maior da PMERJ (EMG/PM1).
Buscamos explicações para esta tendência na Instituição, mas infelizmente, os
respectivos gestores de saúde desconheciam os “motivos”. Em resposta à pergunta
“Houve alguma política institucional de prevenção de suicídio na PMERJ que pudesse
justificar esta queda?”, ambos os profissionais disseram não saber informar. Esse dado
nos levou a concluir, ainda que preliminarmente, que o tema do suicídio policial não era
uma questão institucional “visível” na PMERJ. Precisávamos buscar novas evidências.
Afinal, estávamos no início da pesquisa.
3
De acordo com o regulamento que define a estrutura hierárquica da Instituição policial, as unidades de apoio, saúde e logística
estão subordinadas ao Estado-Maior Geral Administrativo (EMG Adm). São elas: a Seção de Pessoal (EMG/PM1), a Diretoria
Geral de Saúde (DGS); Diretoria Geral de Pessoal (DGP); a Diretoria Assistência Social (DAS); a Diretoria de Inativos e
Pensionistas (DIP). A pesquisa visitou todos os referidos setores. As estruturas operacionais estão subordinadas ao Estado-Maior
Geral Operacional (EMG Op). Essas são responsáveis pelo policiamento especializado, bem como a formação técnico-profissional
na Corporação. A pesquisa visitou apenas três delas em função de suas especificidades funcionais, a saber: o Batalhão de Operações
Policiais Especiais (BOPE); o Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) e o Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente
(BPFMA).
4
Nove unidades estão subordinadas à Diretoria Geral de Saúde. São elas: Centro de Fisioterapia e Reabilitação da Polícia Militar
(CFRPM); Grupamento Especial de Salvamento e Ações de Resgate (GESAR); Hospital Central da Polícia Militar (HCPM);
Hospital da Polícia Militar de Niterói (HPM/Nit); Políclínica da Polícia Militar de Cascadura (PPM/Casc); Policlínica da Polícia
Militar de Olaria (PPM/Ola); Policlínica da Polícia Militar de São João de Meriti (PPM/SJM); Odontoclínica Central da Polícia
Militar (OCPM) e Unidade Médico Veterinária (UMV).
4
Dados disponibilizados pelo EMG- PM1 da PMERJ.
4
Dados disponibilizados pelo EMG- PM1 da PMERJ.
4
Dados disponibilizados pelo EMG- PM1 da PMERJ.
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Não obstante, embora as estatísticas reduzissem a magnitude do fenômeno do
suicídio na PMERJ, as equipes de saúde sempre favoreceram o desenvolvimento da
pesquisa. Um dos fatores chaves nesse processo foi a troca da cúpula administrativa da
Diretoria Geral de Saúde (DGS) da PMERJ. A experiência pessoal do novo gestor
contou muito. O referido oficial compartilhou “publicamente” o seu desejo de
compreender as motivações que desencadearam a morte de seu amigo policial por
suicídio.
Com o pleno apoio da Diretoria Geral de Saúde e da Coordenação do Núcleo
Central de Psicologia da PMERJ, trabalhamos em duas unidades do Hospital Central da
Polícia Militar (HCPM) por quase dois meses. O setor de psiquiatria foi uma delas. As
conversas informais com médicos e técnicos e a coleta dos dados de morbidade no setor
nos permitiram conhecer um pouco mais sobre o tema. O setor também conta com
inúmeros problemas estruturais que dificultam a promoção do serviço de qualidade para
policiais militares e seus dependentes. O tamanho do efetivo de médicos do ambulatório
de psiquiatria da PMERJ é um deles. Até o primeiro semestre de 2011, o quadro de
médicos, responsáveis pelo atendimento de policiais militares de todo o estado do Rio
de Janeiro (policiais inativos e ativos) e de seus respectivos familiares, era composto
por quatro profissionais. No ano de 2009, por exemplo, a PMERJ contava com um
efetivo total (aptos e não aptos) de 37.937 policiais militares5. Se considerarmos que
cada policial militar tem em média entre dois a três dependentes, observaremos o quanto
a relação médico psiquiatra/paciente na PMERJ é desproporcional.
A sobrecarga de trabalho fica evidente quando analisamos os números de
atendimentos médicos entre 2007 a 20106. A Diretoria de Saúde da PMERJ registrou
20.966 atendimentos na área de psiquiatria no referido período. Em média foram 5000
atendimentos anuais. Cada psiquiatra fez 1300 atendimentos a policiais militares (ativos
e inativos), no referido período. Esse cálculo não inclui os atendimentos aos familiares
de policiais (os dependentes). É importante destacar que embora a PMERJ tenha
realizado concurso público no ano de 2011, visando ampliar o quadro de profissionais
na área de saúde mental, o problema de cobertura deste serviço não foi resolvido. O
5
Informações fornecidas pela Diretoria Geral de Saúde da PMERJ.
9
número de profissionais aprovados no Concurso Público da Instituição não foi
insuficiente, segundo os médicos locados no HCPM.
A PMERJ oferece atendimentos ambulatoriais nos Hospitais, Policlínicas,
Centro de Fisioterapia e em Postos nos Batalhões (Unidades Primárias de Saúde - UPS
e Unidades Básicas de Saúde - UBS). Os atendimentos de Psiquiatria são realizados
apenas no HCPM e na PPM/Olaria. Não obstante, a Instituição não assegura internações
aos seus pacientes na especialidade de psiquiatria. Esse serviço é terceirizado a uma
clínica médica particular, localizada em Jacarepaguá, na cidade do Rio de Janeiro. A
nossa equipe também esteve nessa clínica.
Em conversa com o médico diretor, responsável pelo atendimento aos policiais
militares da PMERJ, verificamos que os problemas mais comuns, entre os pacientes
internados na Clínica são: ideação suicida, ansiedade; psicose, depressão e dependência
química. Esse diagnóstico difere muito pouco dos problemas identificados entre
pacientes em tratamento psiquiátrico sem histórico de internação.
A quarta unidade de saúde visitada foi o Grupo Renascer. A sua equipe oferece
tratamento aos policiais militares e aos seus familiares em situação de dependência
química. Esse trabalho é coordenado por um policial médico e psiquiatra do Quadro
Especial de Saúde da PMERJ. Até o momento da pesquisa, a equipe do Renascer era
composta por um psiquiatra, um psicólogo, cinco enfermeiros, uma sargento
fonoaudióloga, um instrutor de educação física e por conselheiros. Esses últimos são expacientes do Renascer que contribuem na reabilitação dos pacientes internados no
Grupo. O tratamento oferecido aos pacientes é orientado segundo uma perspectiva de
mudança cognitiva comportamental. Esse trabalho vem sendo desenvolvido na PMERJ
desde o ano de 1992.
Realizamos cinco entrevistas abertas com a equipe do Renascer. Nosso
objetivo aqui era explorar as especificidades clínicas e sociais deste grupo de pacientes.
Os relatos dos entrevistados nos auxiliaram na formulação e inclusão de questões,
relativas à dependência química e à ideação suicida, no questionário aplicado à
população investigada. Esse assunto será retomado no item 1.4.1.2 desse documento.
O quinto e último setor de saúde visitado foi o de Perícias Médicas, localizado
nas dependências do Hospital Central da Polícia Militar (HCPM). Por quase dois meses,
um aluno de graduação permaneceu no setor, coletando dados relativos a licenças
médicas e aos pedidos por reformas com auxílios invalidez por problemas de saúde.
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A operacionalização da pesquisa contou essencialmente com o apoio dos
gestores das unidades de logística e administrativa e dos batalhões operacionais. A
conversa com o responsável pela Diretoria Geral de Pessoal (DGP) nos possibilitou
conhecer os procedimentos que organizam os recursos humanos de todo o efetivo (ativo
e inativo) da Polícia Militar. Os assuntos gerais dos policiais inativos e de seus
respectivos dependentes são tratados pela Diretoria de Inativos e Pensionistas (DIP),
estrutura subordinada hierarquicamente à Diretoria Geral de Pessoal (DGP). Ambas as
Diretorias facilitaram o contato com os familiares de policiais militares. A Chefia da
Diretoria Geral de Pessoal nos encaminhou para o Grupo de Atendimento aos
Familiares de Policias Militares Falecidos (GAFPMF), que por sua vez, está
subordinado à Diretoria de Inativos e Pensionistas (DIP).
O GAFPMF foi inaugurado no ano de 2005 com a missão institucional de
orientar os dependentes legais do policial militar falecido no que concernem aos seus
direitos previdenciários e aos serviços psicológicos disponíveis na Instituição. Os
psicólogos e assistentes sociais do Grupo fizeram a intermediação entre os membros de
nossa equipe e os familiares cadastrados e beneficiados pelos serviços do GAFPMF .
Também fomos contactados por uma das integrantes do “Grupo de Mães e
Viúvas”7. Esse grupo foi organizado por familiares de policiais militares, vítimas
secundárias de mortes violentas no intuito de dar visibilidade aos seus interesses frente à
direção da PMERJ. O grupo de mães e viúvas nos concedeu o cadastro de seus
membros. Foi através dessas duas fontes de contatos que conseguimos localizar os
familiares de policiais militares mortos por acidente, homicídio e suicídio. Esse trabalho
durou em torno de três meses.
Por último, fomos às unidades operacionais com a finalidade de convidar
policiais militares de níveis hierárquicos distintos a participar da pesquisa. Como não
tínhamos condições materiais para visitar todas as unidades operacionais (convencionais
e especiais) do estado do Rio de Janeiro, decidimos selecionar as unidades localizadas
em áreas de maior e menor risco de vitimização de policiais militares. O suposto aqui
era de que quanto maior a exposição a situações de risco de morte, maior seria a
suscetibilidade do policial ao comportamento suicida.
A seleção das unidades partiu da análise dos registros de mortes de policiais
Esse contato veio através de uma das integrantes do “Grupo Mae e Viúva”, também funcionária vinculada à unidade de Ajudância
Geral, estrutura subordinada à Estado-Maior Geral Administrativo — EMG Adm da PMERJ.
7
11
militares de duas fontes institucionais. Na Seção de Pessoal, vinculada ao Estado-Maior
Geral Administrativo (EMG PM/1), solicitamos os registros de mortes violentas
(suicídio e homicídio), envolvendo policiais militares do quadro da Ativa 8, no período
de 1995 a 2009. A segunda fonte consultada foi a base de dados de mortalidade de
policiais (ativos e inativos), organizada pelo Grupo de Atendimento aos Familiares de
Policias Militares Falecidos (GAFPMF). Mediante essas informações, selecionamos as
unidades operacionais onde foram realizadas palestras de sensibilização dos
participantes da pesquisa.
1.3.
Escolhas Metodológicas
O tema desse estudo é singular no país, assim sendo, elaboramos uma
metodologia que envolveu várias técnicas interativas entre pesquisador e objeto de
pesquisa, incluindo “tentativa e erro”. Essas técnicas foram tanto quantitativas quanto
qualitativas. Trabalhamos com dois públicos-alvo: policiais militares e os seus
familiares. Partimos de um universo de voluntários, construído a partir de uma
amostragem não aleatória. O estudo não adotou uma amostra probabilística dos
entrevistados por duas razões. A primeira deve-se à impossibilidade da pesquisa atender
a uma das exigências do Comitê de Ética e Pesquisa- SR2 da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (UERJ)- as quais o projeto foi submetido: o primeiro contato com os
policiais militares deveria ser feito apenas por um representante da instituição policial.
A segunda razão está associada à primeira. A PMERJ não pôde designar um funcionário
para a realização deste fim uma vez que a Instituição não dispõe de efetivo suficiente.
Por esta razão, optamos por trabalhar com uma amostra por conveniência.
A pesquisa por conveniência é feita a partir de elementos da população que
aceitarem a participar da pesquisa, ou dos que estiverem mais disponíveis. O universo
investigado foi construído a partir de convites feitos a policiais militares (praças e
oficiais) e aos seus familiares em dois momentos da pesquisa. Primeiramente, fizemos
convites por meio de palestras abertas a todos da Polícia. E num segundo momento,
confirmávamos o interesse dos candidatos a participar da pesquisa por ligações
telefônicas.
Policiais da “Ativa” são aqueles que ainda estão trabalhando na Instituição. Em relação aos dados de mortes, esses englobam duas
categorias: policiais militares vitimizados em serviço e na folga.
8
12
1.3.1. Construção do Cadastro para a Amostragem de Conveniência
O recrutamento dos participantes da pesquisa se deu por meio de palestras
proferidas ao público geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Esses
eventos foram divulgados por cartas registradas; cartazes distribuídos pelas unidades da
polícia; pelos boletins internos publicados semanalmente na página eletrônica (website)
da PMERJ; e pelas redes de contatos do Grupo de Atendimento aos Familiares de
Policiais Militares Falecidos (GAFPMF) e do Grupo de Mães e Viúvas.
O conteúdo das palestras foi direcionado a sete subgrupos de entrevistados de
acordo com a literatura especializada. No que diz respeito aos policiais militares,
trabalhamos com cinco categorias. São eles: 1- policiais que declararam ter tido
pensamentos suicidas (a ideação suicida) nos últimos doze meses; 2- policiais que
declararam ter tido pensamentos autodestrutivos anteriores aos últimos dozes meses; 3policiais que declararam ter tentado suicídio em algum momento da vida; 4- policiais
que disseram nunca ter tido ideação suicida; tentado suicídio em toda a sua vida, como
também não ter amigo ou colega policial morto por suicídio (o grupo controle); e 5policiais que declararam ter tido algum amigo ou colega policial morto por suicídio.
Também buscamos localizar e sensibilizar duas categorias de familiares de policiais
militares: 1- as vítimas secundárias de violência letal (mortes violentas) e 2- os parentes
de policiais militares não vitimizados.
Para garantir o anonimato dos “voluntários” da pesquisa, elaboramos duas
fichas de cadastro segundo o público alvo de cada palestra9. Esses formulários traziam
perguntas referentes à identificação do voluntário; e aos grupos de entrevistados a serem
selecionados pelos mesmos. A ficha foi entregue a todos os presentes dentro de um
envelope lacrado. Um segundo instrumento de proteção oferecido aos voluntários foi
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, exigido pelo Comitê de Ética em
Pesquisa (SR-2 da UERJ). Essa ferramenta formalizava o compromisso de ambas as
partes (pesquisador e entrevistado).
O cadastramento dos participantes foi feito por uma equipe de quatro
pesquisadores, duas estudantes de graduação em ciências sociais da UERJ; uma
psicóloga e pesquisadora com o título de mestrado. Todos os integrantes da equipe de
campo estavam vinculados ao Laboratório de Análise da Violência (LAV/UERJ).
9
Na parte dos anexos, estão as fichas de cadastros distribuídas nas palestras para policiais militares e familiares.
13
1.3.1.1.
Palestra “O Preço de Ser Um Policial Militar”
As palestras – O Preço de Ser um Policial Militar- foram ministradas no
formato de debate. Os participantes PMs praças e oficiais10 eram estimulados a
compartilhar as suas experiências segundo temas específicos (condições de trabalho,
família, ambiente profissional, vitimizações de policiais etc). Aprendemos muito sobre
o regulamento disciplinar e suas consequências na vida do policial, o funcionamento
dos batalhões convencionais e especiais; os conflitos institucionais; as fontes de medos,
estresse e de trauma, como também os dilemas interpessoais sociais vivenciados pelos
mesmos em seus ambientes familiares. O estudo recente de Minayo e Souza (2008) foi
referência para as palestras dirigidas aos policiais militares.
As palestras com este público revelaram dados interessantes, entre eles, o
suicídio enquanto um grande tabu na PMERJ. Encontramos uma “parede invisível” que
segregava policiais militares segundo as suas respectivas patentes11, como também os
distanciavam no que diz respeito aos relatos de perdas de colegas e amigos de trabalho
por suicídios. Em quase todos os lugares visitados, o tema do suicídio foi recebido com
muita “surpresa” pelos comandantes (gestores) de batalhões. Para os oficiais
consultados, o suicídio policial está associado a problemas de natureza estritamente
pessoal, como exemplo, os conflitos amorosos e familiares.
O diálogo com as praças, por outro lado, sugeriu uma segunda dimensão do
problema. Muitos dos participantes compartilharam estórias de tentativas de suicídios e
suicídios consumados, envolvendo colegas e amigos de trabalho. Por várias vezes, os
auditórios e salas de aulas foram tomados por olhares de medo. O silêncio se instaurava.
A ausência de palavras parecia “o grito de socorro” que muitos não tinham a coragem
de dar.
Aquele “silêncio velado” parecia ser uma “pista” importante para a
compreensão do fenômeno do suicídio na PMERJ. O discurso da invisibilidade do
suicídio na Polícia apareceu associado às perdas materiais. Na Polícia Militar, todo
10
A estrutura hierárquica da Polícia Militar é composta por Oficiais e Praças. Os primeiros são os atores responsáveis pela gestão da
Instituição em diferentes níveis. O oficialato está dividido em categorias: 1. Oficiais Superiores (Coronel PM; Tenente Coronel PM
e Major PM; 2. Oficiais Intermediários (Capitão PM); e 3. Oficiais Subalternos (1º Tenente PM; e 2º Tenente PM). Os Praças está
dividido em duas categorias: 1. Praças Especiais (Aspirante à Oficial PM e Cadete PM); e 2. As Praças são os atores responsáveis
pela execução de ordens. As Praças estão na base da estrutura de poder hierárquico da Polícia Militar. Essa posição é composta por
sete categorias, a saber: Subtenente PM; 1º, 2º, e 3º Sargentos PM; Cabos PM; Soldado PM e Aluno do Curso de Formação de
Soldados(Recrutas).
11
As patentes referem-se aos níveis hierárquicos da Polícia Militar.
14
familiar de policial vitimizado em serviço por mortes violentas, com exceção da morte
por suicídio, é recompensado pela Instituição com o ritual de Ato de Bravura e o seguro
de vida. As “praças” confessaram que “camuflam” as circunstâncias da morte por
suicídio de um colega para não prejudicar o seu familiar. Esses relatos mostram que
policiais “praças” ocultam as situações de mortes por suicídios ou tentativas como um
mecanismo de proteção dos seus pares e dependentes. Essa prática foi também
observada em estudos norte-americanos (VIOLANTI, J.; 1995 e 2001).
As palestras “O Preço de Ser um Policial Militar” foram ministradas em 18
unidades da Polícia. A escolha pelos locais das palestras obedeceu três critérios. O
primeiro deles foi considerar os locais de maior e menor incidência de vitimizações
letais de policiais militares. O suposto aqui é de que batalhões, situados em áreas de
maior exposição a situações de risco de morte, estão mais vulneráveis ao
desenvolvimento do comportamento suicida. Para tanto, analisamos os registros de
mortes violentas de policiais militares segundo as unidades da PMERJ mediante de duas
fontes de dados: a do Estado Maior PM1 e do Grupo de Atendimento de Familiares de
Policiais Falecidos (GAFPMF).
O Estado Maior registrou 58 óbitos por suicídio de policiais militares da ativa,
no período que vai de 1995 a 200912. Três deles aconteceram em serviço e 55 nos dias
de folga no estado do Rio de Janeiro. Foram em média três suicídios a cada ano. O
número de mortes por suicídio na folga foi 18 vezes maior do que em serviço, nos 15
anos analisados.
Em relação aos registros de homicídios dolosos, o Estado Maior/PM1
disponibilizou apenas os casos de mortes de policiais em serviço: 387 policiais militares
foram vitimizados mortes em serviço, no período de 1995 e 2009. Esse número não
pôde ser tomado como referência uma vez que a incidência de vitimizações de policiais
(mortos e/ou feridos) na folga ou no desempenho de atividades informais (o bico) é
substantivamente maior ao de policiais militares mortos em serviço, tal como estudos
sobre o tema (MUSUMECI, B; MUNIZ, J, 1998) já demostraram. No ano de 1997, na
Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro foram vitimados 190/10 mil policiais em
serviço contra 216/10 mil policiais na folga 13. O risco de vitimização letal de policiais,
12
O período observado não resultou de uma escolha metodológica. A série histórica aqui analisada foi a disponibilizada pela Polícia
Militar.
13
MUSUMECI, B; MUNIZ, J. (1998). Relatório de Pesquisa sobre Mapeamento da vitimização de policiais no Rio de Janeiro,
CESEC. 1998.
15
segundo as autoras, é também superior segundo o tipo de serviço realizado: atividademeio e atividade-fim. O policial empenhado na atividade-fim está mais exposto a
situações de risco em função da especificidade de sua função. As taxas relativas aos
agentes que realizam o policiamento ostensivo são, portanto, superior a do conjunto dos
policiais em serviço no momento da vitimização. A taxa foi de 190/10mil policiais em
serviço contra 235/10 policiais em serviços dedicados a atividade-fim, no mesmo ano.
O Grupo de Apoio a Familiares de Policiais Militares Falecidos (GAFPMF)
identificou 45 mortes por homicídio doloso, envolvendo policiais militares em serviço
contra 117 óbitos na folga, entre os anos de 2006 e 200914. Quanto às mortes por
suicídio, o GAFPMF identificou 26 casos, envolvendo policiais militares ativos e
inativos. Quando consideramos os registros de mortes por suicídio apenas entre os
policiais militares da Ativa, observamos uma queda de 10 casos no mesmo período.
O Gráfico 2 mostra que os números absolutos de mortes por suicídio entre PMs
da Ativa das duas fontes são similares. A diferença entre os números de registros é
praticamente inexistente. Com a exceção dos anos de 2005 e 2009. Contudo, é preciso
considerar que diferença entre as duas fontes para o ano de 2005 deve-se à série
histórica incompleta do GAFPMF. Neste ano, estão disponíveis apenas dados de mortes
(natural e violenta) a partir do mês de maio.
14
Como série histórica das mortes no ano de 2005 estava incompleta, selecionamos os casos de suicídios consumados a partir do
ano de 2006.
16
Gráfico 2 – Percentual de Vitimizações por Suicídios de Policiais Militares na
PMERJ (2005 a 2009)
8
7
6
5
4
3
2
1
0
2005
2008
2007
2006
PM1
2009
GAFPMF
Fonte: Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro
De acordo com o sargento, o policial responsável pela coleta das informações
de mortes da PMERJ, os dados do GAPMF são um pouco mais confiáveis do que os da
seção do EMG/PM1 em função do cruzamento de informações entre quatro fontes: três
internas e uma externa. São elas: Os Hospitais da Polícia, localizados no Rio (HCPM);
da Baixada e HCPM-Nit (Niterói), a Secretaria de Segurança Público do Rio de Janeiro
e o PM oficial do dia de cada unidade da PMERJ. A crítica das informações de
mortalidade coletadas é feita diariamente.
Apesar do controle diário da coleta de informações, encontramos problemas de
subnotificação dos dados de mortalidade do GAFPMF segundo duas variáveis
relevantes para o estudo: a idade e a situação profissional (folga/em serviço). A Tabela
1 mostra o percentual de perda de informação das variáveis segundo tipo de morte, entre
policiais ativos e inativos. A perda de informação por idade chega a ser 100% para
todos os tipos de mortes.
17
Tabela 1 - Perda de Informação das Variáveis segundo Tipo de Morte - Policias Ativos & Inativos.
GAFPMF - PMERJ - 2006 a 2008
Tipos de Morte
Variáveis
Mortes Naturais
Acidentes
Homicídios
Suicídios
N
%
N
%
N
%
N
%
Ativo e Inativo
1
0,20
0
0,00
0
0,00
0
0,00
Batalhão
1
0,20
0
0,00
0
0,00
0
0,00
22
3,40
0
0,00
2
0,50
0
0,00
Graduação/ Patente
Idade
650
99,8
69
100,00
380
100,00
14
100,00
Fonte: Grupo de Apoio a Familiares de Policiais Militares Falecidos (GAFPMF)
O Gráfico 3 mostra que entre policiais militares da ativa, a variável idade
também corresponde o maior percentual de perdas de informações para todos os tipos
de mortes (violentas e naturais). A “situação da morte (serviço/folga)” é segunda
variável com o mais alto percentual de perda para todos os tipos de mortes. Em relação
às mortes violentas (acidentes, homicídio e suicídio), entre ativos, o percentual de
perdas chegou a 73%, 63% e 62% respectivamente. Quanto às mortes naturais, as
perdas chegaram a ser de quase 88%.
Gráfico 3 – Perda de Informação das Variáveis segundo Tipo de Morte - Somente
Policiais Ativos. GAFPMF – PMERJ, 2006 a 2008
100,00
90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
Batalhão
Graduação/ Patente
40,00
Serviço/Folga
Idade
30,00
20,00
10,00
0,00
Mortes Naturais
Acidentes
Homicídios
Suicídios
Tipos de Morte
Fonte: Grupo de Apoio a Familiares de Policiais Militares Falecidos (GAFPMF)
18
A má-qualidade dos dados oficiais examinados nos fez buscar uma nova
alternativa. Deslocamos o nosso foco de análise para os dados oficiais de crimes
violentos organizados pelo Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro
(ISP). Tomamos como referência a distribuição dos registros de crimes violentos
(Homicídio doloso, Lesão Corporal Seguida de Morte, Latrocínio Roubo seguido de
morte, Tentativa de Homicídio, Lesão Corporal Dolosa e Estupro), no âmbito das áreas
Integradas de Segurança Pública (AISP) do Estado do Rio de Janeiro15, no ano de 2009.
A escolha do referido recorte temporal se deve ao fato do mesmo ter sido o ano mais
recente disponível até o momento da realização das palestras.
Selecionamos dez batalhões do Comando de Policiamento da Capital (CPC) e
do Interior a partir da incidência de crimes violentos registrados nas respectivas áreas de
sua atuação, no ano de 2009. São eles: 2; 3; 5; 6; 9; 15;16;19; 22; 40. Esses batalhões
atuam em áreas que se distribuem em 4 faixas de ocorrências: 0 até 999; de 1000 a
2999; de 3000 a 4999; e mais de 5000.
O mapa 1 apresenta as Áreas Integradas de Segurança (AISPs) segundo os
níveis de registros de crimes violentos no Estado do Rio de Janeiro no ano de
referência.
15
A distribuição das ocorrências criminais do Estado está organizada segundo Região Integrada de Segurança Pública (RISP), Área
Integrada de Segurança Pública (AISP) e Circunscrição de Delegacia Policial. O contorno geográfico de cada AISP foi estabelecido
a partir da área de atuação de um batalhão de Polícia Militar e as circunscrições das delegacias de Polícia Civil contidas na área de
cada batalhão. A atual divisão territorial do Estado do Rio de Janeiro, segundo o critério de Áreas Integradas de Segurança Pública,
contempla um total de 40 AISPs, as quais se caracterizam basicamente pela articulação territorial, no nível tático-operacional, entre
a PCERJ e PMERJ (Consulta do site do ISP no dia 18.02.2012).
19
Fonte: Elaboração de Felipe Corbett a partir das estatísticas criminais do ISP
O mapa 2 evidencia a distribuição espacial dos batalhões selecionados segundo
as AISPs na cidade do Rio de Janeiro. Três dos batalhões selecionados atuam nas AISPs
de menor incidência de crimes violentos no ano de referência, a saber: 2o; 5o e 19o.
Essas áreas englobam bairros da zona sul e do centro da cidade do Rio de Janeiro. A
incidência de crimes violentos nessas áreas variou entre 865 a 968 registros em 2009.
20
Fonte: Elaboração de Felipe Cobertt a partir das estatísticas criminais do ISP.
Dentre os batalhões, que atuam em áreas de nível médio alto de registros de
crimes violentos (1000 a 2999), selecionamos os 3; 6; 16 e 22º batalhões. Essas
unidades atuam em áreas que abrangem bairros da zona norte (Méier, Lins Vasconcelos,
Cachambi, Abolição, Piedade, Maria da Graça, Praça da Bandeira, Tijuca, Maracanã,
Vila Isabel, Andaraí e Grajaú entre outros) e bairros do subúrbio da cidade do Rio de
Janeiro (Ramos, Olaria, Bonsucesso, Manguinhos, Benfica e Maré).
Incluímos também em nossa análise os batalhões que atuam em áreas de
altíssimos níveis de ocorrências. São eles: 9º; 15º e 40º batalhões. Nessas áreas, as
ocorrências variaram entre 5005 a 6039 crimes violentos no ano de 2009. O 9ºBPM atua
na nona AISP que abrange bairros do subúrbio do Rio de Janeiro (Vila Cosmos, Vila da
Penha, Marechal Hermes entre outros). O décimo quinto batalhão atua na Baixada, área
tradicionalmente conhecida pelas altas cifras de crimes violentos. No ano de 2009, mais
de 5000 ocorrências de crimes violentos foram realizadas somente nesta área (Duque de
Caxias, Campos Elíseos, Xerém e Imbariê) do Rio de Janeiro.
21
O 40º BPM atua na zona oeste do Rio de Janeiro (Campo Grande, Santíssimo,
Senador Vasconcelos, Inhoaíba, Cosmos, Guaratiba, Barra de Guaratiba e Pedra de
Guaratiba).
Para termos uma noção do diferencial das incidências de crimes violentos nas
AISPs investigadas, comparamos os totais de registros na AISP 2 (área de atuação do 2º
Batalhão) com os totais dos mesmos na AISP 39 (área de atuação do 40º Batalhão).
Segundo os dados oficiais, divulgados no site do ISP, 920 crimes violentos foram
registrados na área de atuação do 2º batalhão no ano de 2009. Por outro lado, na área do
40º batalhão foram registrados 5005 crimes no mesmo ano. Para os casos de homicídio
doloso, encontramos uma diferença 288 casos, ou seja, 29 contra 317 registros.
Um segundo critério adotado pela pesquisa foi a seleção de batalhões
localizados em áreas rurais e serranas. Escolhemos dois batalhões: 10º e 11º. O primeiro
está situado a oeste da área metropolitana do Rio de Janeiro. E o segundo atua em áreas
localizadas noroeste do estado do Rio de Janeiro. Os mapas 4 e 5 evidenciam a
distribuição espacial dessas unidades operacionais, que atuam nas duas áreas localizadas
no interior do estado do Rio de Janeiro. Nas duas AISPs (10 e 11), as ocorrências
22
variaram entre 1781 e 2380 crimes violentos no ano de 2009. Apesar de não serem tão
altas, ambas as áreas apresentaram índices de violência próximos aos dos grandes
centros, contrariando o argumento de muitos dos atores institucionais da PMERJ.
Fonte: Elaboração de Felipe Cobertt a partir das estatísticas criminais do ISP
23
Fonte: Elaboração de Felipe Cobertt a partir das estatísticas criminais do ISP
O terceiro critério adotado para a seleção dos locais das palestras foi a
especificidade das atividades desempenhadas por policiais militares. Três batalhões,
responsáveis pela execução do policiamento ostensivo especializado16, duas unidades
administrativas e um setor de saúde foram escolhidos. As três primeiras unidades são: o
Batalhão de Operações Especiais (BOPE) e Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) e o
Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente (BPFMA)..
O Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) é uma força de operações
especiais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, que atua em situações críticas
ou missões especiais. Essa unidade está subordinada administrativamente e
operacionalmente ao Comando de Operações Especiais da PMERJ.
O Batalhão de Polícia de Choque – BPChq é a unidade PMERJ voltada para o
controle de distúrbios civis em áreas abertas e fechadas, entre outras atividades
diferentes das exercidas no início de sua criação, como por exemplo, as forças táticomóveis. Esse batalhão está subordinado ao Comando de Policiamento Especializado
16
De acordo com o regimento interno da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro, art. 11, as Unidades Especiais serão
empregadas a partir da perturbação da ordem, após o emprego das frações de choque das UOp.
24
(CPE). A estrutura organizacional do BPChq inclui outras unidades especializadas
como o Grupamento Tático de Motociclistas (GTM), o Grupamento Especial de
Policiamento em Estádios (GEPE), as Rondas Ostensivas Coronel Nazareth Cerqueira
(RONaC) e o Grupamento de Polícia Ferroviária (GPFer). O Choque (BPChq) atua em
todas as áreas de policiamento do estado do Rio de Janeiro.
O Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente – BPFMA tem a missão
específica à execução do policiamento florestal, à proteção dos demais recursos naturais
e de preservação do meio ambiente no território do Estado. Esse batalhão também atua
nas comunidades de 92 Municípios, através do Setor de Educação Ambiental – SEAmb.
O BPFMA está subdividido em três companhias. São elas: 1º CIA, sede em Quissamã;
2º CIA, sede em Nova Friburgo e 3º CIA, sede em Angra dos Reis17.
Em cada batalhão, realizamos entre duas a três palestras em dias alternados da
semana. Os dias eram selecionados de acordo com as escalas do efetivo de cada local. A
nossa meta inicial era atingir 70% do efetivo de cada batalhão. Contudo, em contato
com o policial responsável pela definição das escalas semanais, concluímos que essa
proposta era inexequível. Primeiro em função da alta rotatividade de policiais militares
no ambiente de trabalho. E segundo deve-se à dificuldade de reunir mais de 50% do
efetivo por um determinado período de tempo. Nas áreas mais violentas, por exemplo,
era praticamente impossível mantê-los num auditório ou numa sala de aula por 20 a 30
minutos (o tempo médio de cada palestra). Nessas circunstâncias, o bom senso fez toda
a diferença. Substituímos as palestras por uma rápida conversa. Esse procedimento teve
que ser adotado no Batalhão de Choque, no Batalhão de Operações Especiais (Bope), no
9º BPM, no 22º BPM e no 3º BPM.
As palestras direcionadas a um público de policiais que exercem funções
administrativas em ambientes internos à polícia aconteceram num terceiro momento.
Convidamos a policiais militares lotados no Quartel General (QG) e na Diretoria de
Inativos e Pensionistas (DIP). Por último, estendemos o nosso convite aos policiais
militares que estavam em tratamento no Grupo Renascer. O objetivo aqui era verificar a
relação entre o alcoolismo, dependência química e o comportamento suicida entre
policiais, tal como a literatura especializada sugere (Kates, 2008; Ramstedt M, 2001;
Drew Canapary; Bruce Bongar; Karin M. Cleary, 2002 Kenneth E. Powell, Marcie-jo
Essas informações foram extraídas do site oficial do Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente – BPFMA:
http://www.bpfma.rj.gov.br/
17
25
Kresnow, James A. Mercy, Lloyd B. Potter, Alan C. Swann, Ralph F. Frankowski,
Roberta K. Lee and Timothy L. Bayer, 2002).
A equipe da Pesquisa – Suicídio e Risco Ocupacional - realizou 48 palestras e
dez rápidas conversas (mini-apresentações) nas unidades da PMERJ, no período de abril
a maio do ano de 2011. É interessante destacar que em todas as unidades operacionais e
administrativas visitadas, tivemos que adotar um recurso comum às organizações
militares- a ‘convocação’. Não obstante, embora a presença de policiais nas palestras
tenha sido garantida pela convocação, a decisão por participar da pesquisa foi opcional.
Coletamos 984 fichas, incluindo as preenchidas e as em branco. Desse total,
encontramos 81 menções de policiais que declaravam ideações e tentativas de suicídio
em algum momento de suas vidas. Oitenta e nove policiais informaram ter um
colega/amigo policial vitimizado por suicídio. Registramos 242 declarações de policiais
que informavam não ter vivenciado nenhuma das situações citadas. Esse tipo de policial
foi cadastrado no grupo de entrevistados “controle”. Houve também três policiais que
preencheram a ficha de cadastro da pesquisa, mas não informaram o grupo de
entrevistado do qual gostaria de fazer parte. Por esta razão, eles foram primeiramente
classificados na categoria dos “Sem Grupo”.
Ao término de cada palestra, foi orientado aos participantes que assinalassem
apenas uma das opções descritas acima. Contudo, o esperado não aconteceu. Houve
policiais que declararam ter vivenciado mais de uma situação. Encontramos policiais
que não somente informaram ter tentado suicídio em algum momento de sua vida, como
também ter tido um colega e/ou amigo policial morto por suicídio; entre outras
combinações. No Quadro 1, estão os resultados das primeiras consultas aos policiais
militares que estiveram nas palestras.
26
Quadro 1:
Resultado das Consultas aos Policiais Militares nas Palestras
Batalhão
Tentativa
2 BPM
40 BPM
10 BPM
11 BPM
15 BPM
3 BPM
5 BPM
6 BPM
16 BPM
19 BPM
9 BPM
DIP
Choque
Renascer
22 BPM
QG
Florestal (BPFMA)
BOPE
Sem Informação
Total
1
1
5
3
0
4
5
1
0
1
1
0
1
3
2
3
2
0
0
33
Teve
ideação
Teve ideação nos
Amigo morto
Controle
anterior aos 12
últimos 12 meses
por suicídio
meses
2
1
2
16
1
3
3
13
1
3
5
4
3
5
9
22
2
2
1
3
2
2
6
25
4
4
17
12
4
2
5
16
1
1
1
9
1
0
1
20
1
0
6
2
2
0
5
17
1
2
4
26
1
2
3
1
2
4
3
11
3
4
10
14
0
0
1
9
0
2
5
21
0
0
2
1
11
37
89
242
81
Sem
Grupo
Total
de
Recusas
0
0
0
0
0
2
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
3
32
38
14
123
29
44
18
28
21
31
21
2
19
0
50
7
29
62
1
569
Para resolver este problema de duplicações de preferências, ordenamos os
grupos, obedecendo à seguinte classificação:
27
O policial militar, que optou pelas categorias- “ter pensado em se matar nos
últimos 12 meses”; e “ter um colega e/ou amigo policial vitimizado por suicídio”- foi
cadastrado no grupo de entrevistado de maior interesse para a pesquisa. Neste caso,
seria o primeiro, isto é, “Teve ideação nos últimos doze meses”. O mesmo
procedimento foi adotado para as demais declarações. No total, 15 registros foram
redistribuídos entre os grupos de maior preferência (tentativa; ideação nos últimos 12
meses e anterior aos doze meses e amigos de PMs suicidas).
Após reclassificação das declarações de policiais militares “voluntários”
segundo os grupos de maior preferência, chegamos a um total de 96 policiais
cadastrados nos três grupos vulneráveis (ideação suicida nos últimos 12 meses; ideação
anterior aos 12 meses; e tentativa de suicídio); 235 policiais registrados no grupo
controle; e 81 do grupo de amigos de policiais “suicidas”. Os três casos “sem
informações” foram deslocados para o grupo “Controle” (policiais militares que
declararam nunca ter pensado e tentado suicídio ao longo da vida; e não ser amigo de
policial “suicida”), totalizando 238 participantes. Esse procedimento foi adotado após
uma segunda consulta aos referidos policiais militares através de ligações telefônicas.
A Tabela 02 resume o resultado do cadastramento dos participantes das
palestras segundo o ranking de preferências adotado pela coordenação.
28
Tabela 2: Resultado do Cadastramento de Policiais Militares Segundo os Grupos de Entrevistados
Total de Casos
Total Geral
Válidos
Categorias de Participantes das Palestras
n
%
n
%
984
100
415
100
Tentativa
33
3
33
8
Ideação nos últimos 12 meses
32
3
32
8
Ideação anterior aos 12 meses
31
3
31
7
Controle (não pensou, não tentou e nem tem um amigo policial suicida)
238
24
238
57
Colegas e/ou Amigos de Policial "Suicida"
81
8
81
20
Recusas
569
58
Elaboração Própria
Das 415 declarações válidas, 8% correspondem aos casos de tentativas; 8%
equivalem aos casos de ideações suicidas nos últimos 12 meses; 7% às ideações
suicidas anteriores aos 12 meses (ao longo da vida); 57% aos casos “controle” e 20%
aos casos de colegas e/ou amigos de policiais “suicidas”. O surpreendente destes
resultados foi o número de recusas. Quinhentos e sessenta e nove policiais militares se
recusaram a participar da pesquisa, isto é 58% dos que assistiram às palestras nas
unidades visitadas da PMERJ.
Hipotetizamos que este resultado seja produto do baixo nível de confiança
institucional e interpessoal entre os pares e, em particular, em relação aos oficiais
superiores. Pelas entrevistas exploratórias com policiais de níveis hierárquicos distintos,
observamos que essa descrença é generalizada. Tanto policiais militares oficiais quanto
praças confessaram não acreditar nas mudanças institucionais, muito menos nos seus
parceiros de trabalho. Os resultados do survey aplicado no universo de voluntários
confirmou este dado, tal como demonstramos na segunda seção deste documento.
3.1.1.2. Palestra- “Quem são as Vítimas Ocultas na Polícia Militar?”
As palestras ministradas para os Familiares de Policiais Militares Falecidos por
Mortes Violentas (homicídios, acidentes e suicídio). Esses encontros também tiveram
um desenho de “conversas informais”. Nossa referência estava nos resultados de um
estudo recente sobre as vítimas ocultas da violência na cidade do Rio de Janeiro
(Soares, G; Miranda, D; Borges, D, 2007). Muitos dos familiares compartilharam não
somente as suas dores pela perda de seus entes queridos, mas também as suas
traumáticas experiências quando em contato com a burocracia da Polícia Militar.
29
Para localizar e acessar ao público de familiares, recorremos pelas duas redes
de contatos da PMERJ. A primeira é a do Grupo de Atendimento aos Familiares de
Policiais Falecidos da Instituição (GAFPMF). A segunda opção de acesso aos familiares
foi pela lista de familiares organizada pela líder do Grupo das Mães e Viúvas da
PMERJ.
As palestras ministradas no Quartel General da Polícia Militar (QG) e na
Diretoria de Inativos e Pensionistas (DIP) foram as primeiras tentativas de sensibilizar
familiares de policiais. Realizamos três rodadas de palestras em março e abril de 2011.
O primeiro contato com os familiares aconteceu por ligações telefônicas feitas pela
equipe do GAFPMF. Nelas se orientava sobre a importância do estudo e a garantia de
anonimato no que concerne à participação do familiar na pesquisa. Também enviamos
83 cartas “convites” para os familiares de policiais sugeridos pela equipe do GAFPMF.
Tivemos retorno de apenas dez.
As palestras para o público de familiares não atenderam o esperado. Dezoito
familiares compareceram às três rodadas de palestras. Foi um total de 12 de policiais
mortos por homicídio; 3 por acidentes e 1 por suicídio. Todos aceitaram participar da
pesquisa. Houve dois familiares de policiais militares que se interessaram pelo estudo,
porém não contemplava o perfil desejado (não eram vítimas secundárias de policiais
vitimizados por mortes violentas). Suspeitando que baixo quórum estivesse associado à
distância das residências dos convidados aos locais das palestras, decidimos adotar uma
nova estratégia de sensibilização.
Com o apoio da equipe do GAFPMF, realizamos uma segunda rodada de
ligações, inclusive para os familiares do Grupo de Mães e Viúvas. Desta vez,
oferecemos a opção da pesquisadora e psicóloga ir às residências e/ou locais de trabalho
dos familiares. A cada visita, a profissional responsável explicou a proposta do estudo,
como também conduziu a entrevista quando aceita. Resultado: contatamos 36 familiares
de policiais militares “suicidas”; 62 familiares de homicídios e 2 familiares vítimas de
acidentes.
Finalmente, realizamos contatos com os familiares de policiais militares não
vitimizados (do grupo controle) através dos policiais que responderam o questionário.
Ao término de cada entrevista, o pesquisador responsável consultava o policial
entrevistado sobre a “possibilidade” da participação do seu familiar na pesquisa. Se
aceita, num segundo momento, a psicóloga responsável realizava uma segunda consulta
30
ao familiar através de ligações telefônicas. Resultado: obtemos 54 nomes de parentes
(esposas, mães, filhos e irmãos) de policiais do grupo controle, mas só tivemos acesso a
19 pessoas.
A Tabela 3 resume a relação de familiares consultados pela nossa equipe de
pesquisa no período de maio a outubro de 2012. Dos 146 familiares contatados, 42% a
vítimas indiretas de homicídios; 25% correspondem a familiares vítimas indiretas de
suicídios; e 1% aos familiares de PMs mortos em acidentes. 13% dos contatos
correspondem aos familiares de PMs “não vitimizados” (controle). Encontramos
também 27 familiares de vítimas, cujas causa-mortis não foi informada. Esses parentes
correspondem a 18% do total da lista.
Tabela 3: Relação Completa dos Familiares de Policiais Militares
Contactados pela Pesquisa
Total
Familiares contactados
n
%
146
100
36
25
62
42
Familiares contactados através de Instituições (GAFPMF e Grupo de Mães e
Viúvas)
Familiares de policiais mortos por suicídio
Familiares de policiais mortos por homicídio
Familiares de policiais mortos por acidentes
Familiares de policiais vitimizados com a causa-mortis não informada
2
1
27
18
19
13
Familiares contactados através de policiais militares
Familiares de policiais não vitimizados (Grupo controle)
Fonte: Elaboração Própria
1.4.
O Desenho de Pesquisa
A população-alvo da pesquisa é constituída por policiais militares e familiares.
Para cada público, aplicamos diferentes técnicas de pesquisa (quantitativa e qualitativa).
O objetivo aqui era explorar o tema do suicídio policial de formas diversas. Elaboramos
e aplicamos um questionário com perguntas referentes à ideação suicida e tentativas de
suicídio. Esse instrumento foi aplicado no universo de policiais militares voluntários.
Parentes e amigos de policiais vítimas de mortes violentas foram entrevistados a partir
de roteiros estruturados e não estruturados. Além disso, coletamos os dados de
morbidade e mortalidade organizados pela PMERJ para os anos de 1995 a 2009 (tal
como descrevemos a seguir).
31
1.4.1. Técnicas Quantitativas
1.4.1.1.
Levantamento de Dados Secundários
O levantamento de informações de morbidade; mortalidade e de dados
administrativos foi realizado em cinco unidades da PMERJ. A primeira delas foi a
Seção de Pessoal da EMG/PM1. A coleta e organização das informações solicitadas
foram realizadas por dois policiais locados na seção. O Quadro 2 estão resumidos as
informações obtidas na PM1.
Quadro 2- Dados Populacionais e de Vitimização de Policiais Militares, 1995 a 2009
Indicadores
Série Histórica
Número do efetivo total da Polícia Militar
Número absoluto de policiais militares mortos por homicídio doloso em serviço.
1995-2009
Número de policiais militares mortos por suicídios em serviço e na folga.
Fonte: Elaboração Própria.
Os dados de mortalidade de policiais militares foram coletados no banco de
informações dos familiares cadastrados pelo Grupo de Atendimento aos Familiares de
Policiais Militares Falecidos (GAFPMF). Consultamos os livros de atendimento aos
familiares de policiais mortos, no período de 2005 a 2010. A partir da crítica dos dados
coletados, elaboramos um banco com as informações das vítimas, a saber: o sexo; o
posto/graduação, o batalhão; o dependente; a causa da morte; as datas de nascimento e
de óbito; e as circunstâncias da morte (ato em serviço ou na folga).
A terceira unidade onde coletamos informações foi o setor de psiquiatria do
Hospital Central da Polícia Militar. Nesse setor, levantamos dados de perfil sóciodemográfico e os contatos de pacientes internados, entre os anos de 2005 a 2010. A
partir dessas informações, elaboramos um banco de dados institucionais (local de
trabalho e a graduação); de morbidade; a causa internação dos pacientes com problemas
psiquiátricos, segundo a décima versão da classificação internacional de doenças (CID
10).
No setor de perícias médicas, investigamos duas fontes, a saber: os livros da
Junta Superior de Saúde (JSS) versões JSS 9, JSS 10 e JSS 11, e o livro da Junta
32
Ordinária de Inspeção de Saúde (JOIS). Nos livros da JSS, coletamos dados referentes
às solicitações de reformas por problemas de saúde com o auxílio invalidez. No
segundo livro (JOIS), pesquisamos os processos de inspeção de saúde solicitados por
policias militares na condição de policial da ativa. O Quadro 3 resume os indicadores
que construímos a partir dos dados coletados no setor de Perícias Médicas
(HCPM/PMERJ).
Quadro 3- Indicadores de Saúde de Policiais Militares, 2008 a 2009
Indicadores
Série Histórica
Número absoluto de reformas concedidas a policiais militares por invalidez sem ato de
Serviço e com Auxílio Invalidez, entre 2008 e 2009.
Número absoluto de reformas concedidas a policiais militares por invalidez sem ato de
Serviço e sem Auxílio Invalidez, entre 2008 e 2009.
2008-2009
Número absoluto de licenças médicas concedidas a policiais militares (LTS), incapazes
temporariamente para o serviço policial militar, estando licenciados para tratamento de saúde,
entre 2008 e 2009.
Número absoluto de licenças médicas concedidas a policiais militares por sexo, patente e
unidades operacionais da PMERJ, entre 2008 e 2009.
Fonte: Elaboração Própria.
Por último, solicitamos à Diretoria Geral de Saúde as informações referentes
aos atendimentos médicos (em particular os de psiquiatria e psicologia). Recebemos um
banco de dados na versão do programa SPSS, com os atendimentos médicos (todas as
especialidades) e psicológicos aos policiais ativos e inativos, realizados no período de
2007 a 2010.
1.4.1.2.
Aplicação de Questionários
A equipe da Pesquisa - Suicídio e Risco Ocupacional-, de julho a novembro do
ano de 2011, aplicou 224 questionários na população de policiais militares cadastrados
nas palestras. Como também aplicamos 68 questionários de perfil no universo de
familiares e amigos de policiais vítimas e não vítimas de mortes violentas. Essas
entrevistas foram iniciadas após a deliberação do parecer técnico do Comitê de Ética em
Pesquisa – SR2 da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O projeto de
pesquisa foi aprovado em maio de 2011.
33
1.4.1.2.1. A Construção dos Questionários
A pesquisa elaborou dois questionários com perguntas objetivas. Ambos foram
aplicados segundo o público-alvo do estudo. O primeiro questionário foi elaborado para
quatro grupos de entrevistados: (i) policiais que declararam ter tentado suicídio em
algum momento da sua vida; (ii) policiais que declararam ter tido pensamentos suicidas
(a ideação suicida) nos últimos 12 meses;
(iii) policiais que declararam ter tido
pensamentos autodestrutivos anteriores aos dozes meses; e (iv) policiais que declararam
nunca ter pensado; tentado suicídio em toda a sua vida (o grupo controle) e não ter
amigos ou colega policial “suicida”.
O segundo questionário construído foi aplicado no universo de familiares de
policiais militares (vítima ou não de mortes violentas) e de policiais militares que
declararam ter tido algum parente, amigo ou colega policial morto por suicídio.
1.3.1.2.1.1. Questionário sobre Ideações Suicidas e Tentativas de Suicídio entre
Policiais Militares
A análise das primeiras narrativas (entrevistas exploratórias) de policiais
militares18; de profissionais de saúde da Polícia e da literatura especializada resultou na
identificação de variáveis, na categorização das mesmas e na formulação de um
questionário-piloto. Algumas categorias se destacaram, a saber: condições de trabalho
na PM; as prisões militares; as questões familiares; a perda de um colega/amigo
policial; as lembranças; o medo, a ansiedade; a frustração; a dor; a desconfiança em
relação ao colega de trabalho; problemas com o sono, pensamentos suicidas; tentativas
de suicídios e a dependência química. Embora o número de entrevistas exploratórias
tenha sido incipiente, observamos que essas categorias se repetiam nos quatro relatos
dos policiais militares que informaram ter pensado nos últimos 12 meses; ter tentado
suicídio em algum momento de sua vida; não ter tentado nos últimos 12 meses; ter tido
algum amigo PM suicida e não ter vivenciado nenhuma das referidas situações (grupo
controle). Assim como nos cinco relatos de profissionais de saúde do setor de
psiquiatria e do Grupo Renascer da PMERJ. Essas constatações justificaram a
relevância de sua inclusão no questionário.
18
Para as entrevistas exploratórias, selecionamos duas categorias de entrevistados: (i) os que declararam ter vivenciado ideações e
tentativas de suicídio e (ii) os que informaram nunca ter pensado e nem tentado suicídio.
34
Por se tratar de uma metodologia experimental, elaboramos um questionário
com amplas perguntas. Os três primeiros blocos temáticos do questionário têm como
finalidade aproximar o entrevistador do entrevistado, criando um ambiente de confiança
para abordar o tema que nos interessava. Procuramos conhecer um pouco das
características socioeconômicas, do estilo de vida e da trajetória profissional dos
entrevistados. A partir daí, formulamos perguntas referentes às três dimensões de
análise desse estudo.
A primeira engloba fatores organizacionais e institucionais. As condições de
trabalho, tal como Minayo et.al (2003) definiram, são um conceito que se refere à
situação que precede e perpassa a atividade dos sujeitos. A categoria subcultura policial
remete às regras formais e informais (crenças e tradição) da organização. O bloco de
perguntas sobre as condições de trabalho tentou investigar em que medida as
incidências de ideações suicidas e tentativas de suicídio estão associadas à satisfação
com o trabalho na polícia; as relações interpessoais no local de trabalho; os recursos
materiais disponíveis, com o reconhecimento profissional; o treinamento; o salário, e
com as oportunidades de ascensão na carreira policial militar.
A segunda dimensão é situacional. Segundo Minayo e colaboradores (2003;
2008), risco e segurança, tal como percebidos pela polícia, são duas categorias
intrínsecas à profissão de policial. Risco, do ponto de vista de policiais militares,
caracteriza-se essencialmente nos confrontos armados, nos quais se expõem e podem
perder a vida. A probabilidade que têm de sofrerem graves lesões, traumas e mortes,
encontra respaldo nas altas taxas de óbito por violência de que são vítimas, dentro e fora
de seu ambiente de trabalho (Souza & Minayo, 2005). As perguntas do bloco “O Fazer
Policial” buscou verificar se os elementos que caracterizam o contexto de risco, perda e
de conflitos vividos por policiais militares estão associados à incidência de ideações e
tentativas de suicídios. São elas:
“O(a) Sr(a) já vivenciou alguma situação de risco no exercício da sua profissão?”
“Alguma vez o(a) Sr.(a) participou de uma operação em que um colega e/ou amigo
policial tenha sido alvejado por arma de fogo?”
“Qual foi a consequência mais grave que seu colega e/ou amigo policial sofreu?”
“Mesmo sem presenciar a situação, o(a) Sr.(a) já perdeu algum colega e/ou amigo
policial por morte violenta (acidente; homicídio ou suicídio)?”
35
As perguntas sobre lembranças buscaram investigar a relação entre pessoas, objetos,
notícias, datas, cheiros, vozes e as situações de risco e os sintomas da síndrome de estresse póstrauma. Estudos internacionais (Loh, 1994; Peltzer, 2001; Bär, et. alli;, 2004) revelaram que
policiais expostos a situações traumáticas (perdas de um colega ou amigo em situações de risco
situações de risco para o policial com presença de armas de fogo) apresentam maiores taxas da
desordem de estresse (DEPT). Peltzer (2001) revisou os estudos de suicídios e de DEPT entre
policiais sul-africanos, chegando à conclusão de que policiais negros tinham taxas muito
elevadas de DEPT e de suicídio.
A terceira dimensão explorada no questionário trata dos aspectos individuais e
interpessoais da vida do policial. O primeiro deles é a qualidade de vida de policiais militares. A
categoria de qualidade de vida, tal como Minayo e colaboradores (2003; 2008) definiram, possui
um sentido objetivo e subjetivo quanto às condições, situações e aos estilos de vida. Esse
conceito neste estudo remete à satisfação na vida familiar, amorosa, profissional social e
ambiental. A partir dessa referência conceitual, elaboramos perguntas sobre o estilo de vida do
entrevistado e as suas redes de relações dentro e fora do ambiente de trabalho do policial. São
elas:
“O (a) Sr. (a) faz atividades físicas regularmente?”
“Atualmente o (a) Sr(a) fuma?”
Atualmente o (a) Sr. (a) consome bebida alcoólica?”
“Com que freqüência, o (a) Sr. (a) brinca, passeia ou conversa sobre os assuntos da escola/faculdade
do(s) seus filhos(as)?”
O segundo aspecto remete à saúde do entrevistado. Buscamos testar se há associação
entre os pensamentos e atos suicidas e à saúde física e mental dos policiais entrevistados.
Distribuímos as questões relativas à saúde em três blocos temáticos: a saúde física e mental;
problemas com o sono; e sintomas de depressão e ansiedade. Nosso objetivo aqui foi verificar se
problemas com o sono (pesadelos e insônias), sintomas de depressão e ansiedade estão
associados às ideações e tentativas de suicídios relatadas pelos entrevistados. As questões do
bloco de perguntas de depressão e ansiedade foram elaboradas a partir das Escalas de Depressão
e de Ansiedade de Beck. Ambas já foram testadas por cientistas nacionais.
Adicionamos também dois blocos específicos ao fato. Para contextualizar os
pensamentos suicidas e o ato, formulamos questões relacionadas às circunstâncias dos fatos; aos
instrumentos facilitadores (arma de fogo, arma branca, enforcamento; queda e medicamentos);
36
ao grau de severidade dos pensamentos (mensurados a partir da duração; da frequência e da
intensidade desses pensamentos); aos registros dos desejos de cometer suicídio, às existências de
histórico de suicídios na família e aos serviços médicos (tratamentos psiquiátricos e
psicoterapêuticos) utilizados. As questões do bloco de ideação foram inspiradas na Escala de
Ideação Suicida, desenvolvida e testada por Ivan W. Miller e colaboradores (1991).
Foi no intuito de conhecer as fontes de superação adotadas pelos entrevistados, que
incluímos perguntas sobre as redes de apoio e confiança mútua (amigos/colegas do trabalho;
grupos religiosos, amigos, família). A literatura internacional sugere que a participação social
protege os indivíduos da violência autoprovocada. Daí a razão para construirmos perguntas
relativas às atividades de lazer; à participação em atividades religiosas e em associações de
moradores, nos sindicatos e nos clubes esportivos. Por último, tentamos captar as consequências
do adoecimento policial para os planos futuros dos entrevistados.
1.3.1.2.1.2. O Questionário de Perfil
O questionário de perfil foi dividido em três blocos. No primeiro, exploramos as
características pessoais dos policiais (sexo, natureza da relação com o entrevistado, data de
nascimento, situação conjugal, número de filhos; local da residência; cor/raça; nível de
escolaridade; religião e crença). O segundo bloco foi dedicado à temática da trajetória
profissional do policial (ocupação do policial antes de trabalhar na PMERJ; patente e unidades
trabalhadas ao longo da sua trajetória; número de transferências e promoções etc). O terceiro e
último bloco trata de questões referentes ao histórico de saúde e estilo de vida do policial. O
objetivo era coletar informações que nos permitisse comparar as características pessoais;
institucionais e de saúde de policiais militares vitimizados por suicídio e homicídio e as de
policiais militares não vitimizados (controle).
1.4.1.3.
A Seleção dos Participantes
Em função do reduzido número de pesquisadores e das dificuldades de acesso
aos participantes da pesquisa, principalmente àqueles que trabalhavam nas ruas, não foi
possível entrevistar todos os 238 voluntários do grupo “controle” e 81 policiais militares
“colegas e amigos de PMs suicidas”. Realizamos três sorteios para compor as duas
novas listas de participantes. A primeira passou ser composta por 178 policiais
militares, que disseram “nunca ter pensado ou tentado suicídio”. A segunda lista de
37
sorteados passou a ter 43 policiais militares que declararam “nunca ter pensado e nem
tentado suicídio”, mas que tinha um “colega e/ou amigo policial morto por suicídio”.
Todos os 96 participantes integrantes dos grupos vulneráveis (ideações suicidas nos
últimos 12 meses; ideações anteriores aos 12 meses e tentativas de suicídio em algum
momento da vida) foram incluídos na amostra (de conveniência). A consulta e o
agendamento das entrevistas com os todos policiais militares “participantes” foram
realizadas por meio de ligações telefônicas feitas no Laboratório de Análise da
Violência (LAV/UERJ).
Todos os familiares que aceitaram participar da pesquisa fazem parte do
universo pesquisado, tal como foi explícito no item 3.1.1.2.
1.3.1.4. Aplicação do Pré-teste
Muito pouco se conhece a respeito do suicídio policial no país. O número de
pesquisas empíricas existentes sobre o tema é ainda menor. Sendo assim, nos pareceu
aconselhável realizar o pré-teste de ambos os questionários com alguns cuidados
especiais. Para tal, observamos: (i) se o vocabulário adotado era compreensível aos
entrevistados; (ii) se as temáticas e variáveis escolhidas com base na literatura
internacional faziam sentido à realidade dos policiais militares pesquisados; e (iii) se a
ordem dos blocos temáticos era adequada.
O pré-teste do questionário sobre as manifestações suicidas foi feito pelos
pesquisadores da equipe. Para tanto, selecionamos três policiais dos grupos vulneráveis
(ideações suicidas nos últimos 12 meses; ideações anteriores aos 12 meses e tentativas
de suicídio em algum momento da vida) e três policiais cadastrados no grupo controle
(os que não pensaram; não tentaram suicídio em toda a sua vida e nem tinham amigos
ou colegas policiais mortos por suicídio).
Por último, realizamos o pré-teste do questionário perfil. Esse material foi
testado com quatro familiares de policiais vitimizados e não vitimizados e com um
amigo de PM morto por suicídio. Por uma questão de cuidado com os familiares das
vítimas, as entrevistas com este público foram conduzidas apenas pela psicóloga
contratada pela pesquisa.
38
1.3.1.5. O Treinamento de Equipe
A pesquisa realizou dois treinamentos com equipes distintas. O primeiro
treinamento foi realizado em três dias. Quatro estudantes de graduação em ciências
sociais e uma pesquisadora e psicóloga foram treinadas e, posteriormente, realizaram o
pré-teste como parte do treinamento, sob a supervisão da coordenação da pesquisa.
No primeiro dia, esclarecemos as dúvidas sobre as técnicas de pesquisa a serem
empregadas pelo estudo com policiais militares e seus familiares. No segundo, fizemos
uma leitura minuciosa do questionário e do roteiro das entrevistas qualitativas,
esclarecendo a natureza e os objetivos da pesquisa. Ademais, convidamos dois
pesquisadores que trabalharam na Pesquisa Vitimas Ocultas da Violência na Cidade do
Rio de Janeiro. Nosso objetivo estava em esclarecer dúvidas sobre os possíveis
problemas de campo, assim como às especificidades do objeto dessa pesquisa – as
mortes violentas. Por último, como parte da equipe não havia participado da etapa da
realização das palestras, incluímos as vivências nos batalhões como item das nossas
discussões. A meta aqui era familiarizar a equipe à realidade do ambiente de trabalho
policial.
No terceiro dia, realizamos as atividades práticas. Para tal, desenvolvemos
“abordagens” de aproximação dos pesquisadores do universo pesquisado. O orientado
seria informar aos policiais que o trabalho seria realizado em dois momentos: 1- a
aplicação do questionário; 2- a realização de entrevistas qualitativas. Também foi
esclarecido as razões que justificariam o emprego das duas técnicas em momentos
distintos. Se o policial se recusasse a participar de uma das duas etapas do trabalho, o
mesmo seria substituído por outro voluntário da lista de PMs sorteados.
Durante as palestras ao público de policiais, observamos uma demanda. Muitos
dos policiais militares expressaram a vontade de buscar serviços de atendimentos
psicológicos. Foi então que uma de nossas pesquisadoras sugeriu a elaboração de uma
lista de informações sobre os atendimentos psicológicos gratuitos. Duas listas foram
construídas. A primeira inclui informações referentes aos serviços psicológicos
oferecidos pela PMERJ. A segunda descreve os serviços oferecidos pelas universidades
públicas e privadas na cidade do Rio de Janeiro; na baixada; e no interior do estado do
Rio de Janeiro. Informamos também os endereços, telefones e os horários de
atendimentos; documentos para a inscrição; o público alvo e aos valores (R$) das
39
consultas. A partir desse material, a psicóloga contratada elaborou uma abordagem para
a entrega das listas ao término de cada entrevista19.
O segundo treinamento foi dedicado apenas à condução das entrevistas
biográficas. Esse trabalho exigiu um tipo de profissional mais qualificado e experiente.
Daí a razão para a formação de uma nova equipe de pesquisadoras. As atividades se
deram em um único dia. O conteúdo das discussões foi subdividido três blocos
temáticos. O primeiro tratou das especificidades das técnicas de história de vida e
entrevistas biográficas.
No segundo bloco temático, apresentamos a abordagem construída para
estimular policiais militares a compartilhar suas vivências e seus sentimentos (medos,
dores, angústias) em um único encontro. Discutimos então as subjetividades do “Fazer
Policial” que deveriam ser consideradas no contato inicial. Como proceder? O que
dizer? Como fazer? Existem diferenças no tratamento com os sujeitos de pesquisa dos
quatro grupos de entrevistados? Essas foram algumas das questões que tentamos
esclarecer no segundo treinamento. Para ilustrar as características do campo,
convidamos uma das pesquisadoras que participou da aplicação do questionário.
Por último, como parte do treinamento, fizemos as entrevistas exploratórias.
Por duas semanas, a equipe foi supervisionada pela coordenação da pesquisa. Ao
término de cada entrevista, a coordenação e os demais membros da equipe se reuniam e
discutiam os procedimentos técnicos adotados, dando destaque aos erros, acertos e às
sugestões.
1.3.1.6. Resultados da Aplicação dos Questionários
A Tabela 4 mostra que entrevistamos 85% dos 274 policiais militares
consultados. Foram três entrevistas exploratórias e seis pré-testes e 224 questionários
aplicados. Por outro lado, tivemos 41 recusas, isto é, 15% desse total de policiais.
Muitas delas se devem ao intervalo de tempo do primeiro encontro (nas palestras) até o
segundo contato (no agendamento das entrevistas por telefone). O tempo médio podia
levar até dois meses. Esse problema aconteceu essencialmente em função do número de
pesquisadores e dos endereços de residências de difícil acesso. A maioria das entrevistas
foi realizada nos locais de trabalho dos entrevistados. Contudo, muitos dos policiais
19
Nos anexos 10 e 11 estão as duas listas de serviços aplicados de psicologia distribuídos pela equipe de campo.
40
militares dos três grupos de vulneráveis (os que tiveram ideações e/ou tentativas de
suicídio) preferiram dar entrevistas em suas residências ou em locais “neutros” (nem nas
residências e nem nos locais de trabalho).
Tabela 3: Resultado da Operação do Survey
Total de Casos
Válidos
Total
n
%
n
%
Policiais Militares Contactados
274
100
Pré-teste
Recusas/Desistências
9
41
3
15
Questionários Aplicados segundo as Categorias de Participantes Declaradas
224
Tentativa de Suicídio
22
82
224
100
8
22
Ideação Suicida (nos últimos 12 meses e Ideação anterior aos 12 meses)
10
50
18
50
Controle (não pensou, não tentou e nem tem um amigo policial suicida)
22
152
55
152
68
Fonte: Elaboração Própria
Dos 224 respondentes ao questionário aplicado, 68% informaram nunca ter
pensado e nem tentado suicídio ao longo da vida; 22% comunicaram ideações suicidas
nos últimos 12 meses e anterior aos 12 meses; e 10% declararam ter tentado suicídio em
algum momento de sua vida. Esses resultados sugerem um dado importante. Sabemos
que o suicídio não é um tema fácil de ser abordado com qualquer público. A conversa
com a própria vítima sobre o desejo, as ideias e o próprio ato de tentar uma violência
contra a sua vida é ainda mais complexo. Talvez por vergonha, insegurança ou medo de
se revelar, poucos dos policiais militares compartilharam as suas experiências.
Ao longo desse trabalho, tivemos três encontros com os nossos entrevistados:
1- nas palestras; 2- na aplicação dos questionários e 3- na realização das entrevistas
biográficas. A natureza das declarações do fato foi alterada a cada encontro com a nossa
equipe. Nas palestras, por exemplo, tivemos 33 policiais militares cadastrados no grupo
dos que informaram ter tentado suicídio em algum momento de sua vida. No segundo
contato, esse número sofreu uma redução de 11 casos. Esses podem ter migrado para o
grupo dos desistentes; de ideações ou o de controle. Também tivemos policiais que ao
responder o questionário negaram ter “tido pensamentos autodestrutivos”, contudo, no
terceiro contato (nas entrevistas biográficas), confessaram ter ao menos pensado. E
vice-versa.
Em relação ao grupo de familiares (vitimizados e não vitimizados) e amigos de
policiais mortos por suicídio, aplicamos 66 questionários de perfil. Para aprofundar as
41
informações da vida e morte do policial, obtidas pelo questionário de perfil, aplicamos
ao mesmo público duas técnicas de pesquisa qualitativa. São elas: as autópsias
psicossociais e as entrevistas semi-estruturadas.
1.3.2. Técnicas Qualitativas
Três técnicas qualitativas foram utilizadas neste estudo. São elas: autopsias
psicológicas20; entrevistas semi-estruturadas e entrevistas biográficas. A primeira é uma
técnica empregada por estudos médicos e científicos que visam conhecer as
circunstâncias da morte; os fatos relevantes na vida da vítima e de seu contexto
sociocultural e relacional. Essas informações são obtidas a partir de relatos de parentes,
amigos e conhecidos das vítimas.
A autopsia psicológica foi usada pela primeira vez por Gregory Zilboorg num
estudo psicanalítico com agentes da política metropolitana de Nova York que
cometeram suicídio. A autópsia psicológica como método de investigação clínica e
científica foi desenvolvida por Norman Farberow, Robert Litman e Edwin Sneidman,
do Centro de Prevenção de Suicídio de Los Angeles, no final dos anos 1950 e início dos
1960.
Em nossa pesquisa, realizamos as autopsias psicológicas com parentes e
amigos de PMs vitimizados por mortes violentas. Nosso objetivo era fazer uma
retrospectiva dos momentos da vida e da morte de policiais militares a partir dos relatos
de familiares e amigos das vítimas. Em particular, buscávamos conhecer as
circunstâncias das mortes (os fatores associados e/ou método da morte); a história
médica e psiquiátrica, a formação familiar, a natureza as relações pessoais, a
personalidade e o estilo de vida das vítimas. Investigamos também os padrões típicos de
reação de estresse, conflitos emocionais e problemas durante os dias, as semanas e
meses que precederam a morte; o papel do álcool ou drogas no estilo de vida e na morte
da vítima; pensamentos e palavras que a vítima possa ter expressado em relação à morte
ou ao suicídio; a existência de bilhete e/ou registro do desejo de cometer o suicídio;
20
Para obter maiores informações sobre a técnica de investigação da morte, autopsia psicológica, consultar: Jamison, Kay Redfield.
Quando a Noite Cai: entendendo o Suicídio. Gryphus, 2002; 20-30. Shneidman ES. The psychological autopsy. Suicide Life-Threat
Behav, 1981; (11):325-340; Shneidman ES. Autopsy of a Suicidal Mind. [S.l.]: Oxford University Press; 2004; Minayo MCS,
Cavalcante FG, Souza ER. Methodological proposal for studying suicide as a complex phenomenon. Cad Saude Pública 2006;
22(8):1587-1596; Cavalcante FG, Minayo MCS. Organizadores psíquicos e suicídio: retratos de uma autópsia psicossocial. In:
Almeida-Prado MCC, organizador. O mosaico da violência. São Paulo: Vetor; 2004. p.371-343; Minayo MCS;Cavalcante FG.
Autópsias psicológicas sobre suicídio de idosos no Rio de Janeiro. Revista Ciência & Saúde Coletiva da Associação Brasileira de
Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 2011.
42
mudança nos hábitos pessoais ou profissionais antes da morte; o momento do
sepultamento, e as reações dos entrevistados pós-morte da vítima.
As entrevistas semi-estruturadas foram aplicadas no universo de parentes de
policiais militares não vitimizados (os do grupo controle). Nosso intuito foi investigar e
comparar as características socioeconômicas, profissionais e interpessoais de policiais
militares (vítimas x não vítimas). Essas entrevistas foram conduzidas a partir de um
roteiro constituído por perguntas que envolvem desde a caracterização social (a
memórias da infância e adolescência; a escolaridade e experiência profissional), ao
modo de vida social do policial, dando ênfase às questões familiares e às experiências
vivenciadas no seu ambiente de trabalho (as situações de risco de morte, as crises e
conflitos com os seus superiores). As entrevistas duravam em torno de 45 minutos.
Por último, recorremos às entrevistas biográficas. Inicialmente, pensamos em
utilizar o método de História de Vida. Um dos critérios do método é a construção de
confiança entre pesquisador e entrevistado. Para cumprir essa exigência do referido
método, seriam necessários vários encontros que criassem condições para que o tema
fosse abordado. Esse procedimento demandaria um tempo e uma logística que a
pesquisa não disponibilizava. Por esta razão, realizamos entrevistas biográficas com
todos os policiais que aceitaram responder ao questionário de perguntas sobre ideações
e tentativas de suicídios.
O emprego das entrevistas biográficas teve como meta conhecer as trajetórias
de vida de policiais militares contada por eles próprios e o sentido dado por eles às suas
ações e vivências dentro e fora do ambiente de trabalho, sem perder de vista as
consequências de uma estrutura organizacional rígida e hierarquizada para a saúde
mental e a qualidade de vida de seus membros.
O desenvolvimento desse tipo de entrevista exigiu muita criatividade do
pesquisador. A situação de incerteza, que enfrentamos em contato com o policial, esteve
muitas vezes associada a situação de incerteza, que lidamos em contato com o policial,
esteve associada a combinação de fatores institucionais e familiares. Em relação às
características do ambiente organizacional da PMERJ, podemos citar: 1- as mudanças
da escala de trabalho; 2-transferências dos policiais de uma unidade para outra; 3- a
alteração de gestores; e 4- a inadequação ao dia do serviço extra, conhecido por “bico”
e, em particular, a sua vida familiar.
43
Uma situação que ilustra tais dificuldades vivenciadas por nossa equipe de
campo foi a visita ao décimo Batalhão Operacional em Barra do Piraí. Quando
estivemos pela segunda vez ao referido batalhão para realizar a última etapa da
pesquisa, fomos surpreendidos pela substituição do Comandante daquela unidade.
Embora estivéssemos munidos de documentos, que comprovassem a autorização do
Comandante Geral (Chefe da PMERJ) para a realização do trabalho naquele Batalhão,
um oficial nos informou que teríamos que submeter um pedido de autorização à nova
administração. Essa experiência nos ensinou que a validade de uma decisão institucional
na PMERJ tem dia e hora para expirar quando um comandante é substituído. É
interessante sublinhar que o 10º Batalhão se destacou das unidades visitadas em função
do número de casos de ideações suicidas suicídios e tentativas de suicídios declarados
nas palestras. Para termos uma ideia da magnitude do problema no batalhão de Barra de
Piraí, naquela mesma semana recebemos a triste notícia de que dois policiais havia
tentado suicídio sem sucesso. Para contornar aquelas adversidades, tivemos que realizar
entrevistas com policiais que aceitaram a participar da pesquisa nos bares e nas vias
públicas nos bairros adjacentes. Por essa razão, aquele ambiente institucional não
ofereceu as condições necessárias para o desenvolvimento do campo.
A ausência de privacidade dos sujeitos de pesquisa ao longo da entrevista
também dificultou a aproximação entre pesquisador e entrevistado. Nessas
circunstâncias, ainda que o entrevistado estivesse aberto a compartilhar suas
experiências de vida, a condução da entrevista era difícil. Além disso, embora
tivéssemos investido no treinamento uma abordagem “adequada”, a qualidade das
entrevistas esteve muitas vezes condicionada à familiaridade do entrevistado com o
pesquisador. Se o entrevistado “simpatizasse” ou se sentisse “acolhido” pelo
pesquisador, a qualidade da entrevista estava garantida. Do contrário, a entrevista não
durava mais do que 10 minutos. O policial se fechava completamente ou era superficial.
Ao final do trabalho, concluímos que precisávamos de um número maior de
encontros que nos permitissem ganhar a confiança de nossos entrevistados. Não
obstante, para isso, teríamos que ter tido o apoio logístico da instituição, criando um
ambiente favorável. O campo no décimo primeiro Batalhão, em Nova Friburgo é um
bom exemplo de ambiente favorável. Nesse local, recebemos mais do que a autorização
para a realização da pesquisa. Recebemos as condições que não somente facilitou o
44
nosso trabalho em termos de logística, mas também nos permitiu conduzir todas as
entrevistas num local reservado, resguardando a privacidade e a dignidade do policial.
1.3.2.1. Resultados das Entrevistas Qualitativas
Dos 146 familiares, com quem fizemos contato por telefone, conseguimos
entrevistar 10 familiares de policiais mortos por suicídio; 14 de policiais mortos por
homicídio e 17 familiares da lista de PMs controle. As entrevistas com familiares e
policiais militares foram agendadas segundo os locais de preferência dos mesmos. O
não comparecimento ao local da entrevista previamente combinado foi considerado
como desistência do voluntário.
A Tabela 5 evidencia que tivemos 67 recusas: em várias tentativas, o
interlocutor disse simplesmente que não gostaria de falar desse tema; como também
informou que o assunto estava encerrado para a família. Trinta e quatro familiares não
puderam ser localizados devido aos números de telefone errados. Dos 54 parentes de
policiais “não vitimizados” indicados, trinta e cinco não puderam ser consultados em
função do atraso do cronograma da pesquisa. Desse grupo (19), realizamos 17
entrevistas válidas e duas entrevistas como o pré-teste.
Entrevistamos 31% do total de familiares consultados. Considerando apenas os
casos válidos, 24% correspondem às entrevistas com familiares de policiais mortos por
suicídio; 34% com familiares de policiais mortos por homicídio doloso e 41% com
familiares de policiais não vitimizados, tal como descrevemos na tabela abaixo.
Tabela 5: Resultado das Entrevistas com Familiares de Policiais Militares
Total
Familiares de policiais militares contactados
Autopsias psicossoais com familiares de PMs mortos por Suicidio Concluídas
Autópsias psicossoais com familiares de PMs mortos por Homicídio Concluídas
Entrevistas semi-estruturadas com familiares de PMs "não vitimizados' Concluídas
Entrevistas Exploratórias e Pré-Teste com familiares de PMs vitimizados e não
vitimizados Concluídas
Recusas/Não comparecimento ao local da entrevista
Números de Telefones Errados/Familiares Não localizados
n
146
10
14
17
41
%
100
7
10
12
4
67
34
3
46
23
%
24
34
41
100
Fonte: Elaboração Própria
45
Como no estudo sobre as Vítimas Ocultas da Violência Urbana, tivemos
enormes dificuldades para acessar e sensibilizar os familiares de vítimas de mortes
violentas, sobretudo os de policiais suicidas. Hipotetizamos que o tema das mortes
violentas, envolvendo familiares de policiais militares, vai além da dor da perda de um
ente querido, envolve também um sentimento de medo, revolta e de insegurança do
familiar. Em muitos casos, a sensação de insegurança do familiar está relacionada ao
tipo de morte, em particular, nos casos de mortes cuja intencionalidade não foi
esclarecida.
Por último, no que concerne às entrevistas com colegas e amigos de policiais
mortos por suicídios, chegamos a quase 100% dos casos válidos (n=28). Dos 43
policiais militares sorteados, realizamos 1 entrevista exploratória e 27 autópsias
psicossociais com colegas e amigos de policiais militares mortos por suicídio. Tivemos
15 casos perdidos por recusas e inadequação do perfil desejado pela pesquisa. Sete
policiais militares declararam ter perdido um colega ou amigo policial por suicídio, mas
no momento da entrevista revelaram ter colegas e amigos que tentaram se matar, mas
sem sucesso. Em resumo, realizamos 51 autópsias psicossociais com parentes e amigos
vítimas secundárias de mortes violentas (homicídio e suicídio) e 17 entrevistas semiestruturadas com familiares de policiais militares não vitimizados fatalmente.
Em relação às entrevistas biográficas, ouvimos 211 trajetórias de vidas. Dos
224 sujeitos que responderam o questionário, treze desistiram de compartilhar as suas
autobiografias. Essas perdas se distribuem por 9 policiais que perderam o interesse pela
pesquisa; 3 policiais que não foram localizados e 1 policial que faleceu por morte
natural.
1.3.2.2. Balanço Final do Trabalho de Campo
A pesquisa realizou duzentos e setenta e nove entrevistas qualitativas.
Entrevistamos 60% do total dos 415 policiais militares cadastrados nas palestras.
Apesar das diversas dificuldades para sensibilizar; localizar e acessar os nossos
entrevistados, acreditamos ter alcançado um resultado satisfatório no que concerne à
riqueza e à diversidade do material coletado ao longo do trabalho de campo na Polícia
Militar do Estado do Rio de Janeiro. Na próxima seção, estão os resultados do
46
questionário sobre as manifestações suicidas (ideação e tentativas de suicídio) aplicado
no universo pesquisado.
2. RESULTADOS PARCIAIS
Nessa seção, apresentamos os resultados da investigação de manifestações
suicidas no universo de policiais militares que responderam ao survey aplicado, entre
junho e novembro de 2011, na Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro. Os achados
estão divididos em duas subseções. Na primeira, tratamos das ideações suicidas
“comunicadas” por policiais militares e as suas “possíveis” relações com o contexto
social, profissional e com a trajetória individual dos entrevistados. A segunda e última
subseção foi dedicada à análise da violência autoprovocada e as circunstâncias do fato
no universo pesquisado.
2.1.
Ideações Suicidas
O suicídio, assim como as tentativas de suicídio são conceitualmente
fenômenos complexos e repletos de divergências. As definições de ideação suicida não
são diferentes. A maioria dos estudos, como o de Gili-Planas M, et. al. (2001),
conceitua ideação suicida das mais variadas formas: relato espontâneo ou resposta a
diferentes questionamentos, que abrangem desde pensamentos de que a vida não vale a
pena ser vivida até preocupações contínuas. Especialistas nacionais como Botega e
colaboradores (2005)21 definiram ideações suicidas como desejos e pensamentos
“comunicados”. Estudos deste tipo apresentam limitações metodológicas, uma vez que
pensamento não é uma variável passível de observação objetiva. Uma delas, segundo os
autores, é esclarecer a existência de diferença entre um grupo que comunica e um grupo
que não comunica a ideação suicida (Idem, 2005: 1840).
O presente estudo, apesar dos referidos limites, tomou como referência a
definição de Botega et. al. (2005). Analisamos uma amostra de 224 policiais militares,
em que 72 comunicaram ter tido ideação suicida em algum momento de suas vidas e
152 declararam nunca ter pensado e nem tentado suicídio. Sabemos que em nossa
amostra há um contingente submerso, tanto no grupo de casos quanto no grupocontrole, que não se dispôs a revelar seus pensamentos e atos de por fim na própria
21
Botega NJ, Barros MBA, Oliveira HB, Dalgalarrondo P, Marín-León L. Suicidal behavior in the community: Prevalence and
factors associated with suicidal ideation. Rev Bras Psiquiatra 2005; 27:45-53.
47
vida. Os entrevistados, que disseram nunca ter tido ideações suicidas ao longo de suas
vidas, podem tê-lo feito por motivos diversos (valores morais, religiosos, empatia com o
entrevistador etc.). Daí a razão para admitirmos a existência de viés: as diferenças
podem não ser detectadas se o grupo controle estiver “contaminado” por ideação suicida
não revelada. Apesar dos limites inerentes ao estudo proposto, assumimos que as
diferenças entre os casos e controle estão entre o grupo que declara ideação e o grupo
que não declara.
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002) estima que a ideação suicida é
seis vezes mais frequente na população do que tentativas22. Um estudo Multicêntrico de
Intervenção no Comportamento Suicida (SUPRE-MISS)23, realizado em contextos
socioeconômico e cultural distintos, revelou que de cada 100 habitantes ao longo da
vida, 17 declaram pensamentos suicidas, 5 planejam; 3 tentam suicídio e apenas um é
atendido em Pronto Socorro. Essas estimativas são ainda menores em relação aos casos
registrados nos últimos 12 meses. Para cada 100 habitantes, 5,3% tiveram pensamentos
suicidas; 2% planejaram pôr fim a sua própria vida; e 0,4% chegaram a tentar suicídio.
A figura abaixo ilustra a progressão da ideação para outras etapas do comportamento
suicida (ideação-plano-tentativas de suicídios) na população investigada.
Fonte: Botega et.al., Prevenção do suicídio: manual dirigido a profissionais das equipes de saúde
mental. outubro de 2006, p. 11.
22
World Health Organization. Multisite interventionstudy on suicidal behaviours SUPRE-MISS: protocol of SUPRE-MISS.
Geneva: World Health Organization; 2002.
23
O referido apoiado pela OMS foi desenvolvido por pesquisadores do Australian Institute for Suicide Research and Prevention,
Griffith University (Brisbane, Austrália) e do National Centre for Suicide Research and Prevention Mental Ill-Health, Karolinska
Institute (Estocolmo, Suécia). O objetivo deste estudo estava em compreender o comportamento suicida no Brasil, Estônia, Índia,
Irã, China, África do Sul, Sri Lanka e Vietnam (Apud Silva, VF. et.al.2006, p. 1835; OMS, 2002).
48
Estudos epidemiológicos sugerem que ideações e tentativas suicidas são
fenômenos interdependentes. Kuo et al. (2001), em Baltimore (Estados Unidos),
investigando 3.481 sujeitos, encontraram uma incidência de 10% de tentativas de
suicídio em pessoas que, 13 anos antes, relataram ideação suicida comparada com 1,6%
de incidência de tentativas para pessoas que não relataram ideação. O estudo de Fawcett
J, et. al (1993) estimou que 60% dos indivíduos que se suicidam tinham, previamente,
ideação suicida . Os autores observaram que a gravidade e a duração dos pensamentos
suicidas se correlacionam com a probabilidade de tentativa de suicídio.
Gunnell, D e Frankel, S em seu estudo Prevention of suicide: aspirations
(1994)24 mostraram que fatores como personalidade, apoio social e fatores
socioculturais podem influenciar a sequência ideação suicida – tentativa de suicídio –
suicídio consumado. Vilhjalmsson R, et. al., (1998)25 também concluíram que fatores
relacionados ao estresse, suporte social, autoestima, uso de álcool, depressão,
desesperança parecem ser comuns às várias etapas do processo.
Essa pesquisa encontrou diferenças estatísticas entre os casos (os que
comunicaram ideações suicidas nos últimos 12 meses e anteriores aos 12 meses) e
controle. Porém, o mesmo não foi observado entre os casos de tentativas e controle.
Parte dos fatores associados às ideações suicidas não apresentou relação significativa
com os casos de tentativas de suicídio no universo pesquisado. Por esta razão,
analisamos separadamente cada fenômeno. Partimos do suposto de que os entrevistados
que tiveram ideação suicida em algum momento de suas vidas se diferenciam do grupo
sem ideação. Policiais militares, que comunicaram ter pensado em se matar em algum
momento de suas vidas são homens, de baixa patente, divorciados, dependentes de
álcool e possuem baixa satisfação profissional e baixo nível de capital social (confiança
mútua; redes de contatos e participação cívica).
Por ser um estudo de caso-controle, consideramos os achados como possíveis
fatores associados. Há limitações metodológicas que nos impedem afirmar que as
diferenças encontradas entre os grupos constituam fatores de risco. As hipóteses foram
testadas pelos testes de associação estatística, a saber: o de Fisher26 e qui-quadrado.
24
Gunnell D, Frankel S. Prevention of suicide: aspirations and evidence. BMJ 1994; 308:1227-33
Vilhjalmsson R, Kristjansdottir G, Sveinbjarnardottir E. Factors associated with suicide ideation in adults. Soc Psychiatry
Psychiatr Epidemiol 1998; 33:97-103.
26
O teste exato de Fisher testa diferenças entre dois grupos independentes (G1 e G2), em relação a uma variável qualquer que só
admita duas alternativas como resposta: Sim/Não, Positivo/Negativo. Isso leva à construção de uma tabela de contingência 2 x 2. O
teste é basicamente um x² (qui-quadrado), porém o teste de Fisher é particularmente adequado para pequenas amostras (com 20 ou
menos observações), caso em que o teste do x² estaria contra-indicado. De acordo com Siegel (1956), o teste qui-quadrado é usado
25
49
Buscamos reduzir os possíveis vieses de memória dos entrevistados, tomando
como referência as ideações suicidas há menos de 12 meses. Para tal, recodificamos a
variável (p.86) quando foi a última vez que o Sr (a). pensou em se matar? em duas
novas. A primeira _ ideação1_ tem o nível de mensuração ordinal. Ela é composta por 4
escalas: nunca pensou; pensou há 6 anos ou mais; pensou nos últimos 5 anos e pensou
nos últimos 12 meses. A segunda _ideação2_ é nominal (pensou em menos de 1 ano e
nunca pensou). Medimos a força das relações entre variáveis nominal e ordinal pelo
coeficiente de correlação Kendall’s tau-b. Pelo coeficiente de associação Phi Cramer´s
V27, mensuramos a força da relação entre as variáveis nominais (2x2). Nos itens
subsequentes estão os possíveis fatores associados às ideações suicidas no ambiente
policial militar investigado. Nesse texto, incluímos as associações e diferenças entre
casos e controles quando foram estatisticamente significativas (p<0,01 e/ou p<0,05).
2.1.1. Fatores Sociodemográficos
Assim como Silva, VF. et.al. (2006)28, não observamos diferenças entre casos e
controles em relação a grande parte das variáveis sociodemográficas (sexo; idade;
situação conjugal e cor/raça). Estudiosos de ideação suicida na população, nos últimos
12 meses, atribuem esses resultados ao n reduzido. Segundo Vilhjalmsson R., et.al,
(1998), o n pequeno limita o poder do estudo no que se refere aos testes de associação
estatística significativa. Autores como Sorenson SB, Rutter CM (1991) sugerem que as
diferenças sóciodemográficas possam ser menos decisivas quando se trata de ideação,
em comparação com outras manifestações do comportamento suicida (o planejamento e
a tentativa de suicídio).
Não obstante, há trabalhos que sugerem o contrário. Weissman MM, (1999)
constatou que a maior prevalência de ideação suicida está associada a duas
características sóciodemográficos. São elas: pessoas do sexo feminino e não casadas
(divorciadas, separadas ou solteiras). O esperado é que as mulheres, de modo geral,
tendem a ter mais ideação suicida na vida. Contudo, há estudos que sugerem o inverso
(Renberg ES, 2001). Kuo et al. (2001), por exemplo, analisando os fatores
para encontrar associação entre variáveis em tabelas de contingência, permitindo também avaliar o grau e a significância da
associação encontrada.
27
Phi e Cramer´s V é um coeficiente de associação que mede a força entre duas variáveis nominais, variando entre 0 e 1.
Silva, VF; Oliveira, HB; Botega, NJ; Marín-León, L; Barros, MB de.; Dalgalarrondo, P. Fatores associados à ideação suicida na
comunidade: um estudo de caso-controle. Cad. de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(9):1835-1843, set, 2006.
50
sóciodemográficos, concluiu que apenas idade associa-se significativamente ao
surgimento de ideação: os mais jovens apresentam maior incidência.
A nossa pesquisa encontrou diferenças estatísticas significativas entre casos e
controle apenas para as variáveis “ter filhos” e “ter religião”, com o p-valor igual a 0,03
e a 0,01 respectivamente. Encontramos diferenças estatísticas entre policiais militares,
que comunicaram ideação suicida em algum momento na vida e os que não o fizeram,
no que diz respeito a ter filhos e filiação religiosa. Os respectivos coeficientes de
correlação de Phi [ -0,14* e - 0,17**] sugerem que policiais militares sem filhos e sem
religião estão mais propensos a ter pensamentos suicidas ao longo da vida29. Esses
achados confirmam uma das premissas da explicação do suicídio orgânico testadas no
clássico estudo de Emile Durkheim. A filiação religiosa (ter religião) e ter filhos, para o
sociólogo, são dois fatores protetores de atos suicidas, em circunstâncias específicas.
Trabalhos recentes chegaram a conclusões distintas. Bruce ML et.al. (2004)
observaram que a ideação suicida na população incide sem diferenças significativas
entre as diversas religiões. Para esses autores, a religiosidade, sem considerar a afiliação
religiosa, pode exercer uma função protetora em relação ao suicídio. Ao analisar uma
amostra de imigrantes latino-americanos, Hovey JD (1999) não encontrou uma relação
significativa entre religião e ideação suicida ao longo da vida. Por outro lado, o autor
identificou uma associação negativa significativa entre a percepção da própria
religiosidade e a ideação suicida: quanto maior frequência aos cultos religiosos, menor a
incidência de pensamentos suicidas entre imigrantes-americanos.
Por último, observamos diferenças estatísticas significativas entre casos de
ideação há menos de 12 meses e controle no que diz respeito da variável cor/raça
declarada pelo entrevistado (branco e não branco), usando o teste de Fisher, no nível de
0,02. A maior incidência de ideação suicida no referido período está entre policiais
militares brancos (55% do total de 22). Esse dado confirma o esperado segundo a
literatura especializada. Contudo, a relação entre “branco e não branco” e ideação
suicida ao longo da vida não foi significativa.
29
*Correlação significativa no nível de confiança de 95%; **correlação significativa no nível de confiança de 99%
51
2.1.2. Fatores Institucionais & Organizacionais
Assim como as pesquisas nacionais e internacionais sobre o comportamento
suicida entre policiais (Nogueira, 2005), chegamos a resultados expressivos no que diz
respeito à profissão policial e seus valores e práticas. A primeira surpreendente
descoberta foi que o tempo de serviço na PMERJ, controlando pela última vez em que
pensou se matar, não está associado estatisticamente com as ideações suicidas
comunicadas. Esse dado contraria o esperado, isto é, quanto maior o tempo do vínculo
institucional na Polícia, maior seria o risco de pensar em se matar. Não observamos
diferenças estatísticas significativas entre casos e controles, quando controlamos o
tempo de permanência nos locais de trabalho (as unidades operacionais e
administrativas) informados pelos entrevistados no momento da entrevista.
Quanto às condições de trabalho policial, a pesquisa constatou que existem
diferenças estatísticas significativas entre casos e controle apenas no que diz respeito à
satisfação com o trabalho na PMERJ 30. No grupo controle (n=152), 51% disseram se
sentir satisfeitos (de satisfeito a muito satisfeito) em trabalhar na PMERJ. Por outro
lado, dos policiais que comunicaram ideação suicida há menos de 12 meses (n=22),
73% confessaram estar insatisfeitos em trabalhar na PMERJ (numa escala de insatisfeito
a muito insatisfeito). Não encontramos associação significativa entre ideação suicida e a
renda mensal Bruta na polícia e na atividade extra (o Bico). Pelo coeficiente de
Kendall’s tau-b
31
, verificamos uma forte relação negativa entre ideação suicida e
satisfação profissional. A correlação foi de -0,29 no nível de significância de 0,00. Esse
resultado sugere que quanto menos satisfeitos policiais militares estiverem com o seu
trabalho na PMERJ, maior a incidência de ideações suicidas há menos de 12 meses.
30
O x2 de 49,396, com 15 graus de liberdade, nos dá um nível de significância de 0,00 no que se refere à pergunta sobre a
satisfação do entrevistado em relação ao trabalho na PMERJ e a ocorrência de ideação suicídio ao longo da vida.. O grau de
satisfação foi medido em 5 níveis: muito insatisfeito; insatisfeito; nem insatisfeito e nem satisfeito; satisfeito; muito satisfeito.
31
O coeficiente de tau-b de Kendall é uma medida de associação que exige que ambas as variáveis se apresentem em escala de
mensuração pelo menos ordinal. Basicamente equivale ao coeficiente de correlação de Pearson aplicado a dados ordenados. Esse
coeficiente pode tomar valores entre −1 e 1. Valores próximos de 1 ou de −1 indicam forte associação. Se o sinal for positivo, o
crescimento de uma das variáveis é acompanhado do crescimento da outra; se o sinal for negativo, o crescimento de uma das
variáveis é acompanhado do decréscimo da outra. Valores próximos de 0 indicam fraca associação.
52
Tabela 05: Correlações entre Satisfação Profissional e Ideação Suicida
Condições de Trabalho
Correlação
P-valor
Satisfação com trabalho na PMERJ
−0,29**
0,00
Amizades entre colegas de trabalho na PMERJ
−0,27**
0,00
Infra-estrutura e os recursos materias de trabalho
−0,20**
0,00
Reconhecimento profissional pela Instituição
−0,17**
0,00
Frequência de treinamentos oferecidos pela PMERJ nos últimos 5 anos
−0,17**
0,00
Oportunidades de ascenção na carreira policial militar
−0,16**
0,01
Treinamento recebido pela Polícia nos últimos 5 anos
−0,16**
0,00
Apoio dado pelo Comando Geral à Tropa
−0,14*
0,02
Valorização da Sociedade Carioca
−0,13*
0,03
* Nível de significância de 95%
** Nivel de significância de 99%
Quando perguntamos aos entrevistados a respeito dos itens que geram satisfação
com a Instituição, duas categorias se destacaram pela força da relação com ideações
suicidas “comunicadas” à pesquisa. A Tabela 5 mostra que as amizades entre colegas de
trabalho na PMERJ é uma delas com o coeficiente de -0,27. A segunda categoria de
maior correlação negativa com ideação suicida foi a satisfação com a infra-estrutura e
os recursos materiais de trabalho disponíveis (-0,20). Em outras palavras, quanto mais
recente a ideação declarada menor foi o nível de satisfação com as amizades entre
colegas da PMERJ e com a infra-estrutura e recursos materiais de trabalho.
Além dos fatores mencionados anteriormente, encontramos seis indicadores de
satisfação profissional que estão negativamente associados à ideação suicida há menos
de 1 ano, porém com modestos coeficientes de correlação. São eles: a insatisfação com
o reconhecimento profissional pela Instituição (-0,17); a frequência de treinamentos
oferecidos pela PMERJ (-0,17); as oportunidades de ascensão na carreira policial militar
(-0,16); o apoio dado pelo Comando Geral à tropa (-0,14); e a valorização da sociedade
carioca (-0,13)
Para compreendermos melhor essas estatísticas, precisamos observar um pouco
da cultura organizacional da Polícia Militar. Os valores e crenças que formam a cultura
da Polícia militar influenciam tanto as relações interpessoais no ambiente de trabalho
quanto às interações com o público. Silva Neto (1995), analisando a Polícia Militar do
estado de Minas Gerais (PMMG), ressaltou que a polícia militar é uma instituição
fechada, cujo ambiente de trabalho não valoriza a criatividade e, consequentemente, o
desenvolvimento humano e profissional. Esses atributos produzem e reforçam práticas
53
de dominação entre superiores e subordinados, garantindo o funcionamento interno da
organização policial militar. Desse tipo de relação nasce um forte sentimento de
insatisfação com o trabalho na PMERJ. A rigidez da estrutura organizacional dessa
instituição restringe o exercício da autonomia por parte do policial militar, tal como
ressaltou Muniz (1999, p. 149-151), como também limita a atuação dos seus membros,
deixando-os insatisfeitos com o resultado do seu trabalho quando sofrem pressões e
cobranças institucionais e sociais.
2.1.3. Situações de Risco e Vitimizações de Policiais Militares
Teorias fundadas nas abordagens das oportunidades ganharam destaque nos
estudos de crimes/vitimização. A teoria das atividades rotineiras – Routine Activity
Approach, desenvolvida por Cohen e Felson (1979) é uma delas. Os autores buscam
explicar a relação entre vítima e ofensor não por meio das características dos
criminosos, mas das circunstâncias em que os crimes ocorrem. A proximidade entre
ofensor e vítima, a exposição e a atratividade da vítima em potencial são fatores
geradores de oportunidades para a ocorrência do evento de crime/vitimização. O
primeiro é favorecido pelos padrões de uso do tempo, por parte dos indivíduos, entre
atividades de trabalho e lazer. A exposição refere-se à visibilidade ou à acessibilidade
física da pessoa ou do objeto alvo do crime, para o criminoso. A atratividade, por sua
vez, está relacionada ao possível ganho material ou desejo simbólico que o potencial
alvo desperta no ofensor motivado.
Um segunda teoria baseada na perspectiva das “oportunidades” é o de Hindelang
et al. (1978). Os autores investigaram como o estilo de vida – Life-Style Model – do
indivíduo e as oportunidades geradas por ele influenciam a probabilidade de
vitimização. O pressuposto aqui é o de que o estilo de vida adotado pelos indivíduos
influencia o nível de risco das situações às quais se submetem
Inspirados nos principais argumentos das abordagens das oportunidades do
crime/vitimização, medimos a correlação entre situações de risco vivenciadas no
exercício das atividades policiais, as vitimizações sofridas nos últimos 12 meses e as
ideações suicidas. Hipotetizamos que quanto maior fosse a exposição às situações de
risco de vitimização, maior seria a vulnerabilidade de policiais militares aos
pensamentos de pôr fim na própria vida.
54
Em resposta à pergunta “O(a) Sr(a) já vivenciou alguma situação de risco no
exercício da sua profissão”, não encontramos diferenças percentuais entre casos e
controle. 97% dos entrevistados, que disseram ter tido ideações suicidas em algum
momento da vida (n=72), também vivenciaram situações de risco no exercício de suas
atividades policiais. Um dado interessante é que 100% (22) dos policiais que disseram
ter tido ideações suicidas há menos de 1 ano, experimentaram situações de risco. Esses
percentuais também são observados no grupo controle: 92% disseram ter vivido alguma
situação de risco no seu dia-a-dia de trabalho.
Ao
contrário
do
esperado,
encontramos
não
associações
estatísticas
significativas entre vivência do risco e ideação suicida nas duas situações investigadas
(em algum momento da vida e há menos de 1 ano). A Tabela 06 mostra que o combate,
o confronto físico ou armado foram as mais citadas situações de risco vivenciadas por
73% dos entrevistados.
Tabela 06 – Situações de Risco Vivenciadas por Policiais Militares
Tipos de Situações de Risco
Combate, confronto físico ou armado, tiroteio, encurralado em favela,
incursões a favelas, confronto ou tiroteio
Abordagem de suspeitos ou apreensão de indivíduo armado, conter assaltos
com reféns.
Baleado ou ferido em confronto ou presenciar colega baleado ou ferido em
confronto
N
164
%
73%
17
8%
12
5%
Perseguição com ou sem troca de tiros
9
4%
Tentativa de homicídio ou ameaça de morte
3
2%
Não Sabe ou Não Respondeu (NA/NR)
19
8%
Total de respostas
224
100%
Fonte: Elaboração Própria.
A segunda situação mais citada foi a abordagem de suspeitos ou apreensão de
indivíduos armados. 8% do total de entrevistados disseram “se sentir em risco em
situações de abordagens de suspeitos.” E a terceira situação mais citada são os
confrontos armados em que os policiais foram baleados e presenciaram colegas
baleados e/ou feridos. Do total de respostas, essa situação corresponde a 5%. As duas
últimas situações citadas correspondem a 4% e 2%.
55
A inexistência de diferenças estatísticas entre casos e controles, no que
concerne ao risco na atividade policial no Rio de Janeiro, pode ser atribuída ao fato de
que as situações descritas na tabela 06 são caraterísticas intrínsecas à profissão policial.
Minayo e colaboradores (2003; 2008) sustentam que o risco e segurança são percebidos
por policiais militares como duas categorias intrínsecas à profissão de policial. Risco na
percepção de policiais militares, tal como observou as autoras, caracteriza-se
essencialmente nas rotinas de confrontos armados, nos quais se expõem e podem perder
a vida. Na mesma linha argumentativa, Muniz (1999) define o “Ser Policial” como um
risco em si mesmo. As diferenças entre os círculos hierárquicos e os tipos de atividades
realizadas, sejam nas unidades operacionais sejam nas seções administrativas, se tornam
mínimas. A autora descreve que policiais de todos os níveis hierárquicos se sentem em
constante estado de alerta.
Em contrapartida, quando adicionamos à questão do risco diário de atividades
policiais a dimensão a perda de um colega de um amigo no exercício das atividades de
trabalho, constatamos que a incidência de ideação suicida é diretamente proporcional ao
número de vezes que o policial presencia a perda de um colega e/ou amigo policial no
exercício de suas atividades de polícia. 70% dos que confessaram nunca ter pensado em
se matar (controle), também vivenciaram 1 a 3 vezes a perda de um amigo/colega em
confronto (n=75). A correlação entre os dois fenômenos foi modesta (0,18), porém
significativa no nível de 0,03. Essa estatística sugere que quanto maior for o número de
ocorrências de risco acompanhadas com a perda de colega/amigo policial, maior será a
vulnerabilidade a pensamentos suicidas.
Esses resultados se tornam mais compreensíveis quando consideramos um
traço marcante da cultura policial militar: a existência de um forte sentimento de
pertencimento de grupo quando estão em operações de risco. Nas conversas e nas
entrevistas com policiais militares ao longo da pesquisa percebemos o quanto conceito
de amizade na Instituição é sui generis32. Embora policiais militares admitam
estabelecer relações de amizade ao longo de sua carreira, eles confessam que os
encontros com colegas e amigos de trabalho não são regulares. As relações interpessoais
entre policiais militares costumam ser “superficiais”. Elas não se aprofundam. A
incidência de encontros entre eles é relativamente baixa. Quando consultamos aos
32
Esse tema será retomado no item de Capital Social e Redes de Contatos e Ideações suicidas.
56
nossos entrevistados (n=224) a respeito das amizades durante o curso de formação, 95%
informaram ter feito colegas e amigos nesta época.
Em contrapartida, esse número decresce quando perguntamos aos mesmos
sobre as suas amizades depois da formatura: 70% disseram que não mantiveram o
contato depois da formatura. O curioso aqui é dos que mantiveram a sua rede de
contatos da turma de formação, poucos responderam ter uma vida social regular. Em
resposta à pergunta, o que “o(a) Sr(a) e seus amigos e colegas de turma costumam fazer
nas folgas?”(P.52), 73% de total de que mantiveram contato (n=157), responderam
nunca ou quase nunca sair para as “Baladas”. Esse padrão se repete para as demais
categorias relativas à variável (p.52): 2- “jogar bola” (68%); 3- “sair para beber e jogar
conversa fora” (57%); 4-“visitar outros colegas” (43%); 5-“fazer churrasco em suas
próprias casas” (46%) e 6- “ir a festa de aniversários de familiares, isto é 37% disseram
que nunca ou quase nunca saem com os seus colegas e amigos de turma para eventos
familiares.
Não obstante, em situações de perigo e enfrentamento, o medo, o risco de
morte, a missão policial e um sentimento de pertencimento os aproximam, reduzindo a
distância que fragiliza as relações de amizade e confiança no ambiente policial militar.
Muniz (1999) de uma forma muito esclarecedora mostra que vivências de situações de
risco e perigo de policiais militares favorecem o surgimento de “sentimentos de união e
fraternidade” entre colegas de trabalho. É um espírito de corpo, explica a pesquisadora,
que compreende imagens associadas à fraternidade e ao companheirismo (Idem, 1999,
p. 98). Esse sentimento de união entre policiais se fortalece proporcionalmente a
ocorrência de situações de risco que resultem na morte de um colega/amigo.
Em nossa pesquisa, policiais militares sublinham que a sensação de
vulnerabilidade é produto de uma carência de ações institucionais que valorizem o seu
trabalho e a vida do policial militar. É nesse sentido que verificamos o quanto as
situações de risco do “Fazer Policial” faz mediações entre as condições de trabalho e o
estilo de vida desses profissionais de segurança.
As vitimizações por agressões não letais também foram fatores relevantes para
compreender o comportamento suicida entre policiais militares. Quando perguntamos
aos nossos entrevistados se tinham sofrido algum tipo de vitimização não letal nos
últimos doze meses, as agressões verbais foram as mais comuns. As diferenças entre
casos
e
controle
foram
significativas
em
relação
às
vitimizações
por
57
amedrontamento/perseguição33; insultos, humilhação ou xingamento34; e ameaça com
faca ou arma de fogo35. Dos que comunicaram ideações suicidas nos últimos 12 meses
(n=22), 32% sofreram perseguições também no mesmo período; e 59% disseram ter
sofrido insultos, humilhações e xingamentos. No grupo controle (n=152), 95% disseram
não ter sofrido perseguições; e 17% confessaram ter sofrido humilhações verbais nos
últimos 12 meses. Por último, 99% dos que declararam não ter pensado em se matar
(controle), não sofreram ameaças de agressões físicas com faca e arma de fogo no
referido período. É importante sublinhar que embora nossos dados sugiram correlações
significativas entre violência não letal e incidência de ideação suicida nos últimos 12
meses, não é possível afirmar que o fenômeno violento tenha acontecido anterior a
ideação suicida.
Tabela 07 – Vitimizações sofridas por policiais militares & Ideações Suicidas nos últimos 12 meses
Variáveis
Correlação
P-valor
Situação de Risco no exercício de sua profissão
Frequência de Participação de operações em que seu colega e/ou amigo
tenha sido alvejado por arma de fogo
0,18*
0,03
Violências não letais sofridas nos últimos 12 meses
Amedrontamento ou perseguição
Insulto, humilhação e xingamento
Ameaças com faca ou arma de fogo
0,37**
0,33**
0,00
0,00
0,24**
0,00
* Nível de significância de 95%
** Nivel de significância de 99%
Como mostra a Tabela 07 tanto agressões verbais quanto as físicas estão
positivamente associadas com as ideações suicidas comunicadas. A vitimização por
perseguições/amedrontamento foi o indicador mais fortemente associado com as
ideações suicidas (0,37). O segundo são as vitimizações por xingamentos, insultos,
humilhações (0,33). E o terceiro indicador refere-se às ameaças de agressões físicas com
o coeficiente de 0,24, no nível de significância de 0,00. Todas as três situações de
violência foram significativas no nível de 0,00. Os achados de Nogueira (2005),
referentes à relação entre as situações de violência não letais e tentativas de suicídio,
reforçam os nossos dados. A autora observou que as experiências de perseguição no
33
O x2 de 24,518, com 2 graus de liberdade, é significativo no nível de 0,000. As medidas de significação são igualmente
significativas: o coeficiente Phi, de 0,375, no nível de 0,000.
34
O x2 de 19,52, com 2 graus de liberdade, é significativo no nível de 0,00.
35
O teste exato de Fisher (uma direção) diz que as diferenças entre casos e controle, no que concerne a espancamento ou tentativa
de estrangulamento e ideações suicidas, são significativas no nível de 0,01
58
ambiente de trabalho foram um dos temas mais citados pelos policiais militares do
estado de Minas Gerais internados por tentativas de suicídio.
2.1.4. Condições de Saúde e Qualidade de Vida
Estudos sobre problemas de saúde de uma determinada população, como é o
caso de Minayo e colaboradores (2003; 2008), sugerem que condições de saúde, a
situação de saúde e o estilo de vida são categorias relevantes para o entendimento da
relação entre condições de trabalho e de saúde física e emocional. Procuramos observar
essa relação no universo pesquisado à luz de perguntas relativas à qualidade de vida dos
entrevistados enquanto indicadores de saúde física e mental. A categoria de qualidade
de vida, segundo os referidos autores (2003; 2008), possui um sentido objetivo e
subjetivo quanto a condições, situações e aos estilos de vida. Esse conceito neste
trabalho é operacionalizado a partir de questões referentes à regularidade das atividades
físicas praticadas por semana; à frequência do uso de tabaco e de bebidas alcoólicas.
Em relação às perguntas sobre o estilo de vida dos entrevistados “O Sr(a) faz
atividades físicas regularmente?”; “Atualmente o(a) Sr(a) fuma?” Atualmente o Sr(a)
consome bebida alcoólica?”, vimos que há diferenças estatísticas significativas entre
casos e controle apenas para o exercício regular de atividades físicas. O teste de Fisher
(uma direção) foi significativo no nível de 0,01. Entre os controles (n=152), 64%
responderam que fazem atividades físicas regularmente contra 36% que não as fazem. A
maioria (68%) costuma se exercitar entre 3 a 5 vezes por semana36. Em contrapartida,
entre os casos (n=72), 53% declararam não fazer atividades físicas semanalmente contra
47%. O coeficiente de Phi foi baixo (-0,16) com o nível de significância de 0,02. Essas
estatísticas sugerem que quanto maior a regularidade de atividades físicas praticadas
semanalmente, menor seria a suscetibilidade para desenvolver pensamentos suicidas.
A associação entre problemas de saúde física e mental e ideações suicidas foi
medida a partir de três indicadores. O primeiro refere-se às consultas médicas (relativas
a diversas especialidades) nas unidades de saúde da Polícia. Dos 129 entrevistados que
responderam essa questão, 58% disseram ter utilizado os serviços médicos oferecidos
pela PMERJ. Três diagnósticos tiveram posição de destaque entre os policiais, que
36
O coeficiente de tau-b de Kendall, que sumariza a associação, é de -0,18, significativo no nível de 0,04
59
disseram ter ido ao médico nos últimos 12 meses37. São eles: 1- problemas
odontológicos (15%); 2- problemas ortopédicos e musculares (14%) e 3- problemas
psicológicos e psiquiátricos (14%).
Quando analisamos as respostas relativas às consultas médicas nos últimos 12
meses segundo casos e controles, não vimos diferenças estatísticas significativas. Entre
os casos, 59% dos policiais, que pensaram em se matar há menos de 12 meses, estavam
em tratamento médico (n=13). Quatro deles informaram diagnósticos de estresse e
depressão. No grupo controle, 56% revelaram estar fazendo tratamento médico pela
PMERJ no mesmo período (n=85). Quanto aos diagnósticos informados (n=73),
problemas ortopédicos lideram com 19% das respostas (n=14). Em segundo lugar, estão
os problemas odontológicos com 15% (n=11). E em terceiro, estão os problemas de
clínica geral com 12% (n=9). No conjunto das respostas, um dado nos chamou atenção:
sete policiais militares do grupo “controle” disseram que estavam fazendo tratamento
médico por questões de saúde mental. O que corresponde a 10% do total de
diagnósticos descritos pelos entrevistados (controle).
Por outro lado, no que diz respeito aos serviços de atendimento psicológico e
psiquiátrico utilizados por policiais militares de ambos os grupos, constatamos
diferenças estatísticas significativas no nível de 0,00. Cinquenta e cinco por cento dos
casos responderam que buscaram o atendimento psicológico oferecido pela Polícia. Por
outro lado, somente 17% do grupo controle (n=152) confessaram que se consultaram
com psicólogos da PMERJ. O mesmo padrão, em termos percentuais, foi observado
entre os que disseram ter buscado tratamento psicológico em instituições civis de saúde.
41% dos casos responderam ter feito uso do serviço, enquanto que 7% dos controles o
fizeram. A diferença estatística entre casos e controle é significativa no nível de 0,00.
Em relação às consultas a psiquiatras, a pesquisa também observou que entre
os casos, 36% responderam que consultaram a psiquiatras da Polícia (n=22). Por outro
lado, 64% do mesmo grupo relataram que não buscaram este tipo de serviço na Polícia.
No grupo controle, 96% do total informaram nunca ter tido consulta com psiquiatras.
Apenas 4% revelaram que já havia utilizado essa especialidade médica.
37
Dos 129 diagnósticos informados à pesquisa, dezenove tiveram a sua descrição iimprecisa. Por esta razão, consideraremos apenas
110 casos.
60
A Tabela 08 evidencia o quanto a incidência de ideação suicida e a utilização
dos serviços de psiquiatria e psicologia estão correlacionadas. A relação mais forte foi
com os serviços de psiquiatria na PMERJ com o coeficiente de Phi igual a 0,39.
Tabela 08 - Correlações entre Condições de Saúde & Ideações Suicidas
Variáveis
Correlação
P-valor
Utilização de serviços de psiquiatria oferecido pela PMERJ
0,39**
0,00
Utilização de serviços de psicologia oferecido FORA da PMERJ
0,37**
0,00
Utilização de serviços de psicologia oferecido pela PMERJ
0,31**
0,00
Utilização de serviços de psiquiatria oferecido FORA da PMERJ
0,20**
0,00
Problemas com Sono e/ou Pesadelo
Ter pesadelos
Dificuldades para adormecer a noite, acordar frequentemente à noite e
acordar muito cedo pela manhã
0,40**
0,34**
0,00
0,00
Serviços de Saúde Mental
* Nível de significância de 95%
** Nivel de significância de 99%
Não obstante, embora o uso de serviços psiquiátricos da PMERJ esteja
associado à incidência de ideações suicidas, o percentual de policiais “suicidas”, que
disseram nunca ter recorrido ao setor de psiquiatria, foi maior do que os que fizeram. O
campo também confirmou o desinteresse da parte dos policiais por este tipo de serviço.
A procura é ainda menor quando os serviços são privados. Metade dos
entrevistados com ideações suicidas, que utilizaram o serviço psiquiátrico (n=4),
recorreu também a serviços médicos fora da PMERJ. Entre os casos “tipo controle”,
seis entrevistados declararam ter utilizado serviços privados. A utilização desta
especialidade médica fora da PMERJ apresentou a correlação mais fraca com ideações
suicidas. É importante sublinhar que essa tendência pode ser atribuída a motivos
econômicos e culturais. Os serviços de atendimentos psicológicos são ainda pouco
acessíveis ao público de baixa e média renda salarial. Sendo a Polícia uma instituição
em que mais de 50% do seu efetivo é composto por profissionais (soldados, cabos e
sargentos) cuja faixa de renda varia entre 1000 a 3000, esse tipo de serviço se torna um
item de luxo. Os dados desta pesquisa confirmam essa tendência. Entre os casos, que
comunicaram ter tido ideação suicida há menos de 1 ano, dezessete declararam possuir
uma faixa de renda bruta mensal de 1000 a 3000 reais enquanto que 3 declararam a
faixa bruta de renda de 3001 a mais 4000 e 2 acima de 4000 reais. Desse universo,
apenas 4 declararam utilizar serviços privados de psiquiatria.
61
Além da dimensão econômica, existe um estigma social em torno do paciente
em tratamento psiquiátrico na sociedade brasileira. No ambiente policial, esse estigma
assume proporções ainda maiores. Esse perfil contradiz a imagem de “Herói” ou
“Protetor” que todo policial aprende a ser diante da população e dos próprios colegas de
trabalho. Nas visitas aos batalhões, em particular no consultório de psiquiatria do
HCPM, testemunhamos inúmeras “brincadeiras” a esse respeito. Policiais militares, que
confessavam ser um paciente de psiquiatria, ou nas palavras dos policiais “que
baixavam psiquiatria”, são considerados na Instituição como “malucos”. O total
desconhecimento das causas e consequências emocionais das doenças de saúde mental,
assim como a carência de respeito pela pessoa humana do policial faz deste profissional
um “outsider” no seu próprio ambiente de trabalho.
Também observamos diferenças estatísticas significativas entre casos e
controle, no que diz respeito aos diagnósticos de saúde mental descritos pelos
entrevistados. Entre os casos, três tipos de doenças foram relatados. São eles: depressão
e ansiedade (3); transtorno bipolar (1); e dependência química (2). Duas situações
curiosas nos chamaram atenção: um que policial informou desconhecer o diagnóstico
médico e outro que confessou que o médico da PMERJ lhe prescreveu o remédio sem
informar o diagnóstico. Entre os policiais, que nunca tiveram ideação suicida na vida
(controle), dois diagnósticos se destacaram: a dependência de álcool e o estresse. Quatro
policiais não souberam informar o seu diagnóstico. Esses números sugerem que a
dependência química é um problema comum aos dois grupos de entrevistados (caso e
controle). Trata-se de um diagnóstico também observado em dois estudos nacionais
sobre o suicídio policial nos estados de São Paulo e Minas Gerais (Relatório da FGV,
2007; Rodrigues, 2005).
O parecer de psiquiatras de rede de saúde privada foi muito próximo ao dos
profissionais de saúde da Polícia. O estado de choque; a dependência do álcool; o
transtorno compulsivo (TOC) e a depressão foram as patologias mais citadas entre os
casos de ideação suicida nos últimos 12 meses. No grupo controle, o alcoolismo (1); a
hiperatividade desde criança (1); a insônia e depressão (1). Os demais declararam não
saber o diagnóstico (2).
A qualidade do sono é um fator importante para a compreensão de
manifestações suicidas. A pesquisa evidencia que quase todos os entrevistados, que
tiveram ideações suicidas há menos de um ano, confessaram ter tido problemas com o
62
sono nos últimos 12 meses, ou seja, 91% do total (n=22). No grupo controle, 40%
disseram apresentar dificuldades para adormecer; acordar frequentemente à noite ou
acordar muito cedo pela manhã no referido período (n=152). O teste exato de Fisher’s
confirma essas diferenças entre casos e controle no nível de significância de 0,000.
Por outro lado, os motivos para os problemas com o sono declarados pelos
casos e controle são muito similares. Entre os casos de “ideação suicida”, os três
motivos mais citados foram: 35% correspondem aos problemas no trabalho (7); 20% a
problemas de saúde (4); e 15% a problemas financeiros (3). 25% desse total (n=20)
disseram “outros motivos”. São eles: estresse (2); escala de serviço/sobrecarga de
trabalho (1); drogas (1); ameaças de colegas policiais e conflitos emocionais (1). No
grupo controle, os motivos citados foram: 33% problemas no trabalho (20); 16%
problemas com saúde (10); e 10% problemas financeiros (6). 24% desse total (n=61)
responderam “outros motivos”. São eles: estresse (8); insônia (2); escala de trabalho (2);
ameaças de colegas policiais e processos judiciais (2); e drogas (1).
A Tabela 08 também mostra que e “insônias e pesadelos quase sempre e
sempre” estão altamente correlacionados com as ideações suicidas. O coeficiente de
Kendall’s tau b foi de 0,40 e 0,37 respectivamente. Apesar da íntima relação entre os
dois fenômenos e a ideação suicida no mesmo período, não é possível assumir que as
dificuldades para dormir tenham iniciados antes das “incidências de pensamentos
suicidas”.
Por último, também observamos diferenças estatísticas entre casos e controle,
no que concernem aos problemas associados à depressão e ansiedade. Todas as relações
com indicadores aqui testados foram significativas. Quanto aos problemas associados à
depressão, observamos que essas diferenças não se limitam a “sentir” ou “não sentir
deprimido e/ou sem perspectiva”: entre os que se sentem, há diferenças de regularidade
do fenômeno. Dos 152 policiais “controle”, 53% declararam “nunca se sentir para baixo
e sem perspectiva”; 31% “raramente”; 5% “poucas vezes ao dia”; 6% “algumas vezes”;
3% “várias vezes ao dia” e 2% “todos os dias”.
A mesma tendência é observada, em termos percentuais, entre os policiais que
“comunicaram” ter tido “ideações suicidas há seis anos ou mais”. Do total (n=26), 65%
disseram “se sentir para baixo e sem perspectiva” na escala de nunca; raramente e
poucas vezes por dia. Em contrapartida, 35% desses casos disseram “se sentir para
baixo” algumas vezes ao dia; várias vezes ao e todos os dias.
63
Dos 22 policiais que “comunicaram” ideações suicidas “há menos de 12
meses”, 36% disseram “se sentir para baixo e sem perspectiva”, distribuídos entre os
níveis de respostas “nunca, raramente e poucas vezes ao dia”. Por outro lado, no mesmo
grupo, 64% declararam se sentir “deprimidos”, de todos os dias a algumas vezes ao dia.
Esses dados sugerem que as diferenças entre policiais “casos e controle” diminuem
numa relação inversa com o tempo da última ideação suicida
38
. Em outras palavras,
policiais militares, que disseram “nunca ter tido ideações” e os que “tiveram ideações
suicidas há mais de 6 anos”, foram os menos suscetíveis à sintomas de depressão.
Em relação à segunda categoria associada à depressão aqui adotada- “pouco
interesse ou pouco prazer em fazer as atividades de trabalho”, 34% do total de
participantes do grupo controle disseram nunca ter pouco interesse no trabalho; 30%
raramente e 10% poucas vezes ao dia
39
. Enquanto que 7% responderam ter “pouco
interesse ou prazer no seu trabalho todos os dias”; 3% “várias vezes ao dia” e 16%
“algumas vezes ao dia” (n=152). Especificamente no que se referem a este problema, as
respostas dos policiais “suicidas” não foram similares aos de policiais “controle”. Dos
26 policiais que “comunicaram” ideação suicida “há 6 anos ou mais”, três responderam
“nunca ter sentido pouco interesse no seu trabalho”; seis “raramente”, três “poucas
vezes ao dia”; onze “algumas vezes ao dia”; dois “várias vezes ao dia”. Apenas um
policial respondeu ter tido todos os dias “pouco interesse ou prazer no trabalho”. Dos
vinte e dois policiais militares, que “comunicaram” ter tido ideações suicidas há menos
de 12 meses, cinco confessaram ter sentido “pouco interesse ou prazer no trabalho todos
os dias”; cinco “várias vezes ao dia”; e cinco “algumas vezes ao dia”. Enquanto que;
três desse total responderam ter “raramente sentido pouco interesse no trabalho”; e dois
“poucas vezes ao dia”. Apenas um policial “suicida” declarou nunca ter perdido o
interesse pelas atividades do seu trabalho, durante as duas últimas semanas.
Quanto à terceira categoria associada à depressão “se sentir fracassado ou
decepcionado por ter frustrado a sua família ou a si mesmo”, observamos que 62% do
grupo controle declararam nunca ter se sentido dessa forma; 28% raramente; 1% poucas
vezes; 8% algumas vezes ao dia; 2% várias vezes e 1% todos os dias40. Em relação à
38
As estatísticas mostraram uma clara associação entre os dois fenômenos: o x2 de 76,681, com 18 graus de liberdade, é
significativo no nível de 0,000. As medidas de associação são igualmente significativas: o coeficiente de Spearman, de - 0,47, é
significativo no mesmo nível.
39
O X2 de 76,941, com 18 graus de liberdade, é significativo no nível de 0,000. As medidas de associação são igualmente
significativas: o coeficiente de Spearman, de -0,41, é significativo no mesmo nível.
40
O X2 de 55,754, com 15 graus de liberdade, é significativo no nível de 0,000. As medidas de associação são igualmente
significativas: o coeficiente de Spearman, de -0,41, é significativo no mesmo nível.
64
mesma categoria, o grupo de policiais, que declararam ideação suicida “há seis anos ou
mais”, apresentou respostas similares a dos policiais “controle” em termos percentuais.
Dos 26 casos, 42% (11) responderam nunca se sentir fracassados e decepcionados; 27%
(7) raramente; 4% (1) poucas vezes ao dia; 15% algumas vezes ao dia; 0% várias vezes
ao dia e 11% (3) todos os dias.
Em contrapartida, no que diz respeito aos policiais militares que
“comunicaram” ideação há menos de 12 meses, chegamos a resultados diferentes. Dos
22 casos, 14% (3) responderam que nunca; 27% (6) raramente; 9% (2) poucas vezes ao
dia; 18% (4) algumas vezes ao dia; 4% (1) várias vezes ao dia e 27% (6) todos os dias
“se sentir fracassado ou decepcionado (...)”. É importante destacar que as respostas
deste grupo de entrevistados estão divididas: 50% entre os que se sentem fracassados ou
decepcionados numa escala de todos os dias a algumas vezes ao dia e 50% entre os se se
sentem fracassados e decepcionados na escala de nunca a poucas vezes ao dia.
A incidência de problemas associados à ansiedade está nitidamente associada
às ideações suicidas “comunicadas” à pesquisa. Em relação à pergunta sobre a
frequência de sensação de medo e pânico, dos 152 policiais “controle”, 77% não
tiveram esse tipo de sensação; 14% tiveram “raramente”; 2% “poucas vezes”; 3%
“algumas vezes”; 1% “várias vezes ao dia”; e 3% todos os dias. Os percentuais de
resposta de policiais “controle” novamente se aproximam aos das respostas de policiais
militares que tiveram ideações há 6 anos ou mais. Quarenta e seis por cento disseram
“nunca ter sentido medo ou pânico” nas duas semanas de referência; 50% “raramente” e
4% “poucas vezes ao dia”. Em relação às escalas “todos os dias; várias vezes ao dia; e
algumas vezes ao dia”, não houve nenhuma resposta.
Quanto a este problema, as diferenças entre as ideações suicidas “há menos 12
meses” e controles foram muito pequenas, apesar de serem significativas no nível de
0,00041. Desse total, 32% (7) responderam que “nunca” tiveram sensação de medo e
pânico; 18% (4) “raramente”; 9% (2) “poucas vezes ao dia”; 18% (4) “algumas vezes ao
dia”; 18% (4) “várias vezes ao dia” e 4% (1) “todos os dias”.
Ao perguntamos aos policiais “controle”, se tiveram “dificuldades de se
concentrar nas como ler o jornal ou ver televisão”, nas duas últimas semanas, 44%
responderam que “nunca”; 28% “raramente”; 7% “poucas vezes ao dia”; 15% “algumas
41
O x2 de 71,525, com 15 graus de liberdade, é significativo no nível de 0,000. O coeficiente de Kendall tau b foi de -0,37 com
significância de 0,000.
65
vezes ao dia”; 3% “várias vezes ao dia”; e 3% “todos os dias”. As diferenças entre as
respostas dos policiais “controle” e os que declararam ter tido “ideações suicidas há
mais de seis anos”, são muito pequenas. Dos 26 policiais, 19% responderam não ter tido
“dificuldades para se concentrar”; 42% “raramente”; 8% “poucas vezes ao dia”; 19%
“algumas vezes ao dia”; 8% “várias vezes ao dia” e 4% “todos os dias”.
Entre os policiais militares, que “comunicaram” ideações suicidas “há menos
de 12 meses”, as diferenças são maiores para alguns níveis. Dos 22 casos “suicidas”,
18% (4) disseram “nunca” ter sentido dificuldade para se concentrar; 9% (2)
“raramente”; 18% (4) “poucas vezes ao dia”; 14% ( 3) “algumas vezes ao dia”; 23%(5)
“várias vezes ao dia”; e 18% (4) “todos os dias”. Esses dados indicam que policiais
militares que declararam dificuldades de concentração “todos os dias ou várias vezes ao
dia”, em relação a duas últimas semanas de referência, são os que “comunicaram” as
mais recentes ideações suicidas42.
A Tabela 09 mostra o quanto os problemas associados à depressão e ansiedade
estão correlacionados com o comportamento suicida.
Tabela 09 - Correlações entre Indicadores de Depressão e Ansiedade & Ideações Suicidas
Variáveis
Correlação
P-valor
Se sentir "para baixo", deprimido/a sem perspectiva na duas semanas
0,43**
0,00
Pouco interesse nas atividades de trabalho nas duas últimas semanas
Sentimento de fracasso ou decepção por ter frustado a sua família ou a si
mesmo nas duas últimas semanas
0,37**
0,00
0,36**
0,00
Desejos de matar ou ferir de alguma maneira outra pessoa
0,27**
0,00
Se sentir cansado/a ou com pouca energia na duas últimas semanas
0,24**
0,00
0,37**
0,00
Indicadores de Depressão
Indicadores de Ansiedade
A sensação de medo e pânico nas duas últimas semanas
Dificuldades de se concentrar se concentrar nas coisas, como ler jornal ou
ver TV nas duas últimas semanas
0,32**
0,00
* Nível de significância de 95%
** Nivel de significância de 99%
Em relação à pergunta sobre a frequência com que os entrevistados se sentem
incomodados com problemas associados à depressão, nas duas últimas semanas, três
deles apresentam fortes relações com ideação suicida, no nível de significância de
0,000. São eles: “Se sentir para baixo, deprimido (a) ou sem perspectiva” (0,43); “Pouco
42
O x2 de 48,851 com 15 graus de liberdade confirma a associação significativa entre as duas variáveis, no nível de 0,000.
66
interesse ou pouco prazer em fazer as suas atividades de trabalho” (0,37); e “Ter
sentimento de fracasso ou decepção por ter frustrado a sua família ou ao (a) Sr(a)
mesmo(a)” (0,36).
No que concerne aos problemas associados à ansiedade, as correlações foram
modestas, embora tenham sido significativas no nível de 0,000. A sensação de medo e
pânico foi a que teve a mais íntima relação com os pensamentos suicidas comunicados,
com o coeficiente de Kendall’s tau b de -0,37.
2.1.5. O Capital Social e as Relações com Ideações Suicidas
Capital social é um antigo conceito, que vem sendo redefinido por
contemporâneos da Sociologia e Ciência Política. Na tradição norte-americana, por
exemplo, o conceito de capital social foi adotado para resolver o principal dilema da
ação coletiva: a deserção. Mancur Olson, em sua obra clássica The Logic of Collective
Action, de 1965, argumenta que indivíduos com objetivos comuns tendem a não se
organizar e agir coletivamente se não houver incentivos e punições individuais (e não
coletivos) que os induza a contribuir para a produção de um bem coletivo.
James Coleman (1990) apropriou-se desse conceito para melhor esclarecer a
racionalidade da ação dos indivíduos na produção de bens coletivos. Para o autor,
capital social enquanto relações de confiança favorecem a ação coletiva organizada,
existentes entre os membros de um determinado grupo de pessoas. Coleman chama de
capital social ao conjunto das relações sociais em que um indivíduo se encontra inserido
e que o ajudam a atingir seus objetivos. O capital social localiza-se não nos indivíduos,
mas nas relações entre eles, e a existência de capital social aumenta os recursos à
disposição dos indivíduos que se encontram imersos em tais relações (Coleman,
1990:300-304), facilitando a concretização de suas metas. Sem elas, o custo para
alcançá-las seria muito alto.
Diversas são as fontes geradoras de capital social. Coleman cita as algumas
delas, tais como: as relações de expectativas e obrigações entre indivíduos que trocam
favores; a existência de normas, com suas sanções e prêmios aplicáveis pelos atores
beneficiários da norma sobre os atores alvos da norma; as relações de autoridade, em
que um indivíduo concorda em ceder a outro o direito sobre suas ações em troca de uma
compensação (financeira ou de outra espécie, como status, honra, deferência etc.); as
67
relações sociais que permitem a um indivíduo obter informações de seu interesse por
um baixo custo. Todos esses tipos de relações pressupõem a existência de confiança
mútua entre os indivíduos: fazer um favor confiando que o outro retribuirá quando tiver
oportunidade; submeter-se a normas confiando que o outro também submeter-se-á ou
será punido se não o fizer. As relações de confiança, ou seja, o capital social gerado
como subproduto da ação organizada, poderão eventualmente vir a ser utilizadas pelos
atores sociais envolvidos com outros objetivos que estejam para além dos fins da
organização.
Outro trabalho, que disseminou essa noção de capital social no campo da
Ciência Política, é a obra de Robert D. Putnam Making Democracy Work (1993). O
autor parte do suposto de que um conjunto de crenças compartilhadas melhora o
desempenho dos Estados democráticos. O autor encontra relação íntima entre
comunidade cívica e desempenho institucional na Itália. Para Putman, o conceito de
capital social está associado à cultura cívica de uma comunidade.
A cultura cívica, para Putman, pode ser entendida a partir de três dimensões:
(1) participação cívica: a disposição do cidadão para a busca do bem comum à custa do
puramente individual; (2) a solidariedade, confiança e tolerância: numa comunidade
cívica, os cidadãos são prestativos, respeitosos e confiantes uns nos outros; e (3)
associações: são estruturas sociais que incentivam e viabilizam a cooperação (clubes e
associações: desportivos, recreativos, atividades culturais, científicas, técnicas,
profissionais, etc.).
O conceito de capital social também vem sendo incorporado aos estudos
clássicos de criminologia e sociologia. Gabriel Tarde, por exemplo, foi um grande
opositor do determinismo biológico de Cesare Lombroso. Em 1886, publicou a exitosa
obra “La criminalité comparée”. Mais tarde, veio o seu primeiro estudo sobre crimes na
perspectiva interacionista “Les Lois de l’imitation”. Nesse trabalho, Tarde desloca o seu
foco de análise para unidades menores, como grupos e interações entre indivíduos.
Nessa perspectiva, podemos dizer que Tarde foi muito além de-Lombroso, seu trabalho
pode ser considerado uma crítica ao determinismo social de Emile Durkheim.
Para a tradição sociológica interacionista, capital social é entendido como
produto de redes de relações entre indivíduos e grupos. A associação entre capital social
e vitimização se dá em três direções: a primeira delas é maior capital social, menor a
probabilidade de crime e vitimização. A segunda: maior capital social menor a
68
propensão ao crime; e terceiro: maior o nível de capital social, maior a possibilidade de
superação de situações traumáticas (Soares, et.al., 2007; p. 173-175).
Esse estudo partiu da hipótese de capital social é um fator de proteção contra os
pensamentos e as tentativas de suicídios. Aqui o conceito é concebido a partir de duas
dimensões: institucional e não institucional. A primeira se refere às organizações como
clubes, sindicatos, associação de profissionais, escolas, igrejas, associações de bairros.
A segunda diz respeito às pessoas e interações entre elas. Segundo uma interpretação
funcional do capital cultural, por meio de laços estabelecidos com pessoas de origens
distintas (classe, religião, profissão, etc), as chances de uma pessoa ou grupo de pessoas
encontrarem soluções para os seus problemas são muito maiores. Por outro lado, em
grupos culturalmente “pobres, que recebem e trocam menos informação, essa
probabilidade é menor. A idéia aqui é a de que por meio de redes institucionais e
pessoais informações circulam e facilitam a realização de metas/objetivos de seus
integrantes.
Analisamos capital social e as possíveis interações com ideações suicidas à luz
de três indicadores. Os dois primeiros remetem à capital social de natureza não
institucional. São eles: a confiança interpessoal (em relação às pessoas de dentro e fora
do ambiente de trabalho) e sociabilidade informal (redes de contatos entre familiares,
amigos, grupos religiosos e de auto-ajuda). O terceiro é de natureza institucional, ou
seja, a participação cívica (associativismo).
69
2.1.5.1.
Confiança Interpessoal
Gráfico 03 - Nível de Confiança Interpessoal de Policiais Militares (Casos e
Controle)
100%
90%
80%
70%
60%
50%
84%
100%
Deve-se ter o pé atrás ao lidar
com as pessoas
Pode-se confiar nas pessoas
40%
30%
20%
10%
16%
0%
Teve ideaçao
suicida
Nunca teve
ideação suicida
No Gráfico 03, observamos o quanto o nível de confiança interpessoal no
universo pesquisado é muito baixo. Em resposta à clássica pergunta “De uma maneira
geral, o Sr (a) diria que se pode confiar nas pessoas ou que se deve ter o pé atrás ao lidar
com elas?”, 84% do grupo controle responderam que não confiam no outro e apenas
16% confia nas pessoas (n=152). Entre os policiais que disseram ter tido ideações
suicidas há menos de 1 ano (n=22), o nível de desconfiança é surpreendentemente
maior: 100% desse total disseram não confiar nas pessoas. Uma diferença modesta, mas
significativa no nível de 5%. A correlação de Phi foi de -0,16. Esse resultado sugere que
policiais militares, que declararam ter tido pensamentos suicidas há menos de 1 ano, são
altamente desconfiados do seu próximo.
Como policiais militares passam a maior parte do seu tempo no seu local de
trabalho, esperávamos que o convívio diário e a proximidade pudessem fortalecer os
laços entre colegas de trabalho, criando um ambiente institucional mais confiável. A
pesquisa observou o contrário. O nível de confiança interpessoal no ambiente de
trabalho da PMERJ observado é também muito baixo: 74% dos policiais “do grupo
“controle” expressaram que devem ter o “pé atrás” ao lidar com os seus colegas de
unidade/seção de trabalho. Enquanto que 25% do mesmo grupo de entrevistados
disseram confiar nos seus colegas. Apenas 1 policial militar desse grupo não quis
70
responder a pergunta. O nível de desconfiança no ambiente de trabalho é ainda maior
entre os casos: 91% dos policiais, que tiveram pensamentos suicidas há menos de 1 ano,
também não confiam no seu colega de trabalho. Os dados sugerem que a desconfiança
no ambiente de trabalho da PMERJ não é um atributo dos policiais com “ideações
suicidas”. Daí a razão, para a hipótese nula ter sido rejeitada, isto é, não existem
diferenças estatísticas entre casos e controle quanto à confiança mútua no local de
trabalho. Também não identificamos correlação significativa entre confiança
interpessoal com colegas de trabalho e ideações suicidas.
2.1.5.2.
A Sociabilidade informal
Esse indicador mede o volume de contatos, interações e de comunicação de
policiais militares (casos e controles) no trabalho e na família. Embora, a associação
positiva entre a sociabilidade informal e ideações suicidas “comunicadas” por policias
militares tenha sido modesta, as correlações foram significativa nos níveis de 5% e 1%.
A Tabela 10 mostra as categorias de relações interpessoais na PMERJ e na
família que estão associadas com ideações suicidas em algum momento da vida. Na
primeira situação, as mais fortes correlações com ideações foram: 1- “Sair com colegas
de turma” e 2-“visitar outros amigos”. Os seus coeficientes de Kendall’s tau b foram de
-0,20.
Tabela 10: Nível de Sociabilidade Informal & Ideações Suicidas
Capital Social
Correlação
P-valor
Relações Interpessoais na PMERJ
Sair para "Baladas" com amigos e colegas de turma de formação
−0,20**
0,00
Visitar "outros colegas e/o amigos" com os amigos de turma
−0,20**
0,00
Fazer Churrasco em suas próprias casas com os amigos de turma
Ir as Festas de aniversários de familiares com os amigos de turma
de formação
−0,17**
0,01
−0,14**
0,04
Fazer churrasco em suas próprias casas
Conversar e/ou brinca com seus filhos
−0,21**
0,00
−0,18**
Ir ao clube com filhos e/ou esposa
Ir ao cinema com os filhos e/ou esposa
Comemorar aniversários
Ir a praia com os filhos e/ou esposa
−0,18**
−0,16**
0,00
0,00
0,00
0,02
0,01
Fazer pelo menos uma das refeições com a sua esposa ou filhos
−0,12**
0,04
Relações Familiares & Vida Social
−0,17*
−0,16*
* Nível de significância de 95%
** Nivel de significância de 99%
71
Na Polícia Militar, os “recrutas” (policiais que recém-alunos dos cursos de
formação de soldados) permanecem diariamente juntos ao longo do curso. A duração do
curso de formação de praças pode variar entre 6 a 9 meses, dependendo do regulamento
de cada organização policial militar considerada. No caso dos oficiais, o tempo de
permanência é ainda maior. Os “futuros” PM oficiais permanecem por quatro anos em
contato com seus colegas de turma. O período de formação de ambas as categorias de
policiais militares favorece a constituição de amizades, assim como intensifica a
probabilidade de encontros sociais entre colegas de turma.
As entrevistas qualitativas revelaram que as amizades feitas no período de
formação são as mais íntimas e, por isso, muitas vezes são as que sobrevivem ao baixo
nível de confiança interpessoal no ambiente institucional da PMERJ. Por essas razões,
perguntamos aos entrevistados sobre a regularidade com que realizam atividades sociais
com amigos e/ou colegas da unidade de trabalho. 91% dos policiais militares com
ideações suicidas há menos de 1 ano, responderam que nunca saem para “baladas” com
os seus colegas/amigos de turma de formação.
O nível de sociabilidade informal no ambiente familiar do universo pesquisado,
por outro lado, foi maior. Quando perguntamos com que a regularidade os entrevistados
“brincam, passeiam e/ou conversam sobre os assuntos da escola/faculdade de seus
filhos”, não encontramos diferenças estatísticas significativas entre casos e controle. No
grupo controle, dos que declararam ter filhos (n=113), 80% confessaram brincar e
conversar com seus filhos frequentemente; 18% algumas vezes e 2% quase nunca. Entre
os casos, na mesma situação (n=19), 58% confessaram conversar e brincar com seus
filhos frequentemente; 37% algumas vezes e 5% quase nunca.
Em relação às atividades sociais realizadas com realizadas com esposas e filhos
juntos, encontramos diferenças estatísticas significativas entre casos e controle apenas
para três situações. São elas: 1- ir ao cinema com p-valor de 0,04; 2- visitar parentes
com p-valor de 0,00; e 3- comemorar aniversários com p-valor de 0,03.
Também observamos que três atividades que estão associadas negativamente
com ideações suicidas. São elas: 1- fazer churrasco em casa (-021); 2- conversar com
filhos (-0,18) e ir ao clube com familiares (-0,18). São modestas relações, porém todas
as três atividades sociais são estatisticamente significativas no nível de 0,00.
72
Essas estatísticas sugerem que quanto maior a frequência de contatos sociais
(seja com amigos/ou colegas de turmas seja com familiares) menor a suscetibilidade aos
pensamentos de por fim a própria vida.
2.1.5.3.
Associativismo
O baixíssimo nível de capital social se confirma quando consultamos o
interesse dos entrevistados pelo associativismo. Não encontramos diferenças estatísticas
significativas entre casos e controle. É praticamente unânime o grau de desinteresse por
participar de organizações. 100% dos entrevistados com ideações suicidas disseram não
ser filiado a atividades de associações de moradores, associações de praças e oficiais;
clube social ou esportivo; torcidas organizadas. Por outro lado, 45% do total de casos
(n=22) disseram participar regularmente de atividades religiosas.
No grupo de PMs controle, a participação cívica também foi baixa. Apenas 5%
do total (n=152) participam de associação de moradores e 7% de associações de
praças/oficiais; 16% são filiados a clube social/esportivo e 37% a grupos religiosos. E
por último, 100% dos entrevistados são filiados a nenhuma torcida organizada.
73
2.2.
As Tentativas de Suicídio
Segundo o Relatório Mundial Sobre Violência e Saúde (OMS, 2002), os
registros oficiais sobre tentativas de suicídio em vários países são mais escassos e
menos confiáveis do que os de suicídio A maioria das ocorrências de tentativas não
chega ao conhecimento das autoridades de saúde. E quando chegam às unidades de
assistência, os registros elaborados nas emergências hospitalares normalmente
informam apenas a causa secundária, isto é, a lesão ou o trauma decorrente das
tentativas que exigiram cuidados médicos (Minayo, C., 2005. p.208)43. A Organização
Mundial de Saúde (OMS) estima que o número de tentativas de suicídio supere o
número de suicídios em pelo menos dez vezes.
No Brasil, no ano 2000, nove mil e trezentos e doze casos de tentativas de
suicídios foram notificados às unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse número
não corresponde à realidade. Um exemplo disso são os registros de tentativas de
suicídios notificados ao Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas
(Sinitox). Esse sistema abrange apenas as tentativas provocadas por envenenamento.
Das ocorrências registradas em 2000, referentes à intoxicação humana por agentes
tóxicos, as tentativas de suicídio corresponderam a 20% do total. No ano de 2000,
14.649 episódios foram notificados (Minayo, C., 2005).
O acesso a dados confiáveis de tentativas de suicídio no Brasil e no mundo é
ainda mais complexo quando deslocamos o foco da análise para as organizações
fechadas, como são as instituições policiais militares cujas estruturas organizacionais
são altamente hierarquizadas e rígidas. Essa dificuldade também se confirma nos
estudos internacionais (Violanti, T, 2007).
Os casos de tentativas de suicídio, que serviram de base para a nossa reflexão,
foram extraídos de um survey aplicado ao universo de policiais militares do estado do
Rio de Janeiro, como mencionamos na subseção sobre as “ideações suicidas”.
Definimos as tentativas de suicídio como atos autodestrutivos diretos “não sucedidos”,
cuja a intenção de se matar ficou de alguma forma clara para aquele que o cometeu.
Vinte e dois policiais militares disseram ter tentado cometido suicídio “sem sucesso”
em algum momento de suas vidas. Em outras palavras, trinta por cento dos que
43
Minayo, C. Suicídio: Violência Auto-Infligida. In: Impacto da violência na saúde dos brasileiros / Ministério da Saúde, Secretaria
de Vigilância em Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2005, pp. 206-241.
74
declararam ter pensado em se matar (n=72), também tentaram suicídio. O pequeno
número de casos de tentativas de suicídios comprometeu as interpretações das
estatísticas. Assim como a literatura de saúde pública, nosso estudo não encontrou
diferenças estatísticas significativas entre os casos de tentativas de suicídio e os de
controle no universo pesquisado no que diz respeito aos fatores associados. Esses
fatores também foram testados com as ideações suicidas.
Encontramos modestas correlações entre fatores institucionais, organizacionais e
individuais (as condições de saúde, o estilo de vida e relacionais dos entrevistados) e as
tentativas de suicídio entre policiais militares. Contudo, nenhuma das características
sociodemográficas examinadas [sexo; idade; cor/raça (branco e não branco); estado civil
(casado e não casado); filiação religiosa; filhos; nível educacional] apresentou
correlação significativa com os casos de tentativas de suicídios informados à pesquisa.
Para mensurarmos as correlações entre tentativas de suicídios e as variáveis
institucionais/ organizacionais e individuais no universo pesquisado, trabalhamos com
duas variáveis recodificadas a partir da variável original (p.97) “Em algum momento da
sua vida, o Sr (a) pensou em se matar”? A primeira tentativa nominal com o nível de
mensuração nominal (tentou suicídio e não pensou e nem tentou). A segunda tentativa
ordinal tem o nível de mensuração ordinal. Ela é composta por 3 escalas: não pensou
nem tentou; pensou mas não tentou e pensou e tentou. Nos itens subsequentes, estão os
resultados das correlações significativas entre tentativas de suicídios e os possíveis
fatores associados (p<0,01 e/ou p<0,05). Antes de darmos início às análises das
correlações encontradas entre os “possíveis” fatores associados e as tentativas de
suicídio, descrevemos as circunstâncias do fato que caracterizam o universo pesquisado.
75
2.2.1. Circunstâncias do Fato
Gráfico 04: Planejamento das Tentativas de Suicidios
Fonte: Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011.
Dos vinte e dois policiais militares que vivenciaram uma tentativa de por fim
em sua própria vida, apenas cinco disseram ter planejado o incidente. Dezessete
policiais agiram por impulsividade. Muitos dos entrevistados afirmaram que o incidente
significou uma resposta imediata ao acúmulo de problemas diversos. Por outro lado,
dezenove do total (n=22) disseram ter pensado na maneira pela qual poria “fim” a sua
própria vida.
Os suicídios no Brasil são cometidos prioritariamente por enforcamento. Dados
recentes do Sistema de Informação de Mortalidade inovam uma tendência identificada
pelo estudo de Minayo (2005). Segundo a autora, 3.488 (51,5%) morreram por suicídio
por enforcamento no ano de 2000. O uso de armas de fogo (19,6%) ficou em segundo
lugar e, em terceiro, o envenenamento por drogas e medicamentos.
Uma década depois, essa ordem de preferências é alterada. O enforcamento
permanece sendo o principal meio utilizado para cometer suicídio, mas a arma
de fogo perde lugar para as mortes provocadas por envenenamento. Os meios
mais utilizados para provocar as mortes por suicídios em 2009 são:
enforcamento (61%); a auto-intoxicação (15%); o disparo de arma de fogo (11
%); queda (4%); o objeto cortante (3%) e; a fumaça ou fogo, o afogamento, o u
outros meios não especificados (Guimarães, Tatiana, 2012, p.74). No ano de
76
2009, 9379 registros de mortes por suicídios foram notificados ao Sistema de
Informações de Mortalidade-SIM.
Em relação às tentativas de suicídio no país, é importante destacar que do
conjunto de elementos utilizados, os envenenamentos constituem a principal causa de
internação (Minayo, 2005). De acordo com o Sistema Nacional de Informações TóxicoFarmacológicas (Sinitox), os agentes tóxicos mais comuns nas tentativas de suicídio na
população brasileira são os medicamentos, respondendo por 8.247 dos casos ou 56,3%
do total. Os dois agentes tóxicos mais utilizados para provocar suicídio são os venenos
contra ratos e agrotóxicos de uso agrícola. Em 2000, 2.060 pessoas (14,4%) tentaram
suicídio com raticidas, assim como 1.933 (13,2%) se envenenaram com agrotóxicos de
uso agrícola (BRASIL, 2004). Pelo Sistema de Informação Hospitalar do SUS, de todas
as lesões provocadas por tentativa de dar cabo à vida, as que são realizadas por meio de
fogo são as mais danosas, embora ocorram com menor frequência se comparadas aos
envenenamentos/auto-intoxicação.
No ambiente de trabalho de policiais, ao contrário da população geral, as
oportunidades de acesso os meios letais disponíveis são maiores, fazendo da
arma de fogo o principal meio de provocar o suicídio. Dos vinte e dois casos de
tentativas observados, 14 policiais militares utilizaram como principal meio para se
matar o seu próprio instrumento de trabalho: a arma de fogo. Apenas duas dessas
pessoas declararam ter ingerido medicamentos para por fim a sua própria vida, tal como
mostra o Gráfico 05.
Gráfico 05:
Instrumento idealizado para por “fim” a vida
Outros
1
Queda
1
Enforcamento
1
Medicamentos
2
14
Arma de fogo
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Fonte: Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011
77
Nogueira (2005, p. 108) analisando prontuários de policiais militares,
internados de outubro a dezembro de 2003, por tentativas de suicídios, no hospital
psiquiátrico de Belo Horizonte (BH), observou que motivos mais citados para o ato
suicida foram: conflitos familiares e as condições de trabalho. Dos quinze prontuários, 3
policiais militares associam o fato à sensação de perseguição, discriminação e/ou
injustiça. Dois fatores ocupam a segunda posição no ranking dos fatores associados às
tentativas de suicídios. São eles: as transferências de local de trabalho e a sobrecarga de
trabalho.
A pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional identificou o mesmo padrão de
motivações entre os policiais “suicidas”. O Gráfico 06 mostra que a maioria dos
policiais atribuiu o seu ato a questões familiares (12); aos conflitos no ambiente de
trabalho (7); a questões de saúde (2) e por último a problemas financeiros (1).
Gráfico 06:
Motivações para as Tentativas de Suicídios
12
Problemas familiares
7
Problemas no local de trabalho
2
Problemas de saúde
1
Problemas financeiros
0
2
4
6
8
10
12
14
Fonte: Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011
Um segundo estudo (1978)44 sobre os casos de tentativas de suicídios no
Pronto Socorro do Hospital de Sobradinho, Distrito Federal, controlando por sexo,
constatou que existem diferenças estatísticas significativas segundo as motivações para
a violência autoprovocada na população local. A maior incidência de conflitos
interpessoal afetivo está entre mulheres suicidas na população. De outro lado, estão os
44
Hesketh, J. L; Castro, A. G. (1978).
78
problemas de natureza profissional e financeira entre homens suicidas. Em nossa
pesquisa não foi possível verificar essa diferença entre sexos, pois quase todos os casos
de tentativas de suicídio examinados são homens (n=21).
A Tabela 11 revela que para quase a metade dos policiais “suicidas”, o fato
ocorreu nos últimos 5 anos. Apenas quatro policiais militares informaram ter tido essa
experiência há menos de 1 ano.
Tabela 11:
Há quanto tempo a tentativa de suicídio ocorreu
De 16 a 20 anos
De 6 a 10 anos
De 1 a 5 anos
Menos de 1 ano
Total
Frequência
2
7
9
4
22
Fonte: Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011
As tentativas de suicídio podem ser um sinal de que um suicídio possa
acontecer. Segundo Skogman (2004)45, aproximadamente 40% dos suicídios ocorrem
durante o primeiro ano depois da tentativa. A Tabela 12 demonstra que 12 dos policiais
entrevistados disseram ter tentado apenas uma única vez. Cinco dos vinte dois casos
informaram que ter tentado duas vezes. Apenas dois policiais militares declararam ter
tentado se matar cinco vezes ou mais.
Uma vez
Duas vezes
Três vezes
Quatro vezes
Acima de 5 vezes
Tabela 12:
As ocorrências de tentativas de suicídio na vida
Frequência
12
5
2
1
2
Total
22
Fonte: Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011
Katarina, Skogman, Margot Alsén e Ageta Ojehagem, ‘Sex diferences in risk factors for suicide after attemped suicide”, Social
Psychiatry and Epidemiology, 2004, 39, pp. 113-120.
45
79
Soares, et. al, (2007)46 sublinham que o histórico familiar influencia a
probabilidade de suicídio. Em nosso estudo, não confirmamos esta hipótese. Dos vinte
dois casos de tentativas, apenas três deles informaram a presença de suicídio na família.
Uma explicação para a existência de outro(s) suicídio(s) na família está na propensão
genética de doenças altamente associadas ao suicídio consumado (como depressão e
bipolaridade) na família. Não encontramos um número expressivo de ocorrências de
outras tentativas na família de policiais militares. Dos 22 casos observados, quatro
disseram ter um histórico familiar de tentativas de suicídios “sem sucesso”.
Por outro lado, verificamos que a ocorrência de outros tipos de mortes
violentas na família (homicídios e acidentes) é substantiva. O Gráfico 07 demonstra que
mais da metade dos entrevistados respondeu que vivenciaram perdas de parentes por
mortes violentas em suas famílias.
Gráfico 07:
Histórico de Mortes Violentas (Homicídio e Acidentes) na Família
Fonte: Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011
Há duas possibilidades de explicações para essas associações, embora elas não
tenham sido estatisticamente significativas. A primeira delas é de que a probabilidade
de suicídios de membros de uma família aumenta na presença de outras mortes
violentas. A segunda é de que o estilo de vida dos membros de uma família (num
sentido amplo do conceito) aumenta a chance do suicídio (e de acidentes) ocorrer. Os
resultados da pesquisa Vítimas Ocultas (2007) sugerem que suicídios na população
geral “carioca” ocorreram com frequência bem mais alta do seria de esperar
aleatoriamente em famílias marcadas pela violência, inclusive por outro suicídio.
46
Soares, G.; Miranda, D.; Borges. As Vítimas Ocultas da Violência na cidade do Rio de Janeiro, 2007, pp-110-117.
80
Gráfico 08:
Registros de pensamentos suicidas por notas, cartas; bilhetes; agenda ou email
Fonte: Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011
Goulart (1999) sustenta que em muitas mortes causadas aparentemente por
suicídio não há registros em notas, cartas e/ou bilhetes. O esperado é que as
circunstâncias esclareçam se a morte foi provocada pela própria pessoa. No Gráfico 08,
observamos que um pequeno número de entrevistados que declarou ter registrado seus
desejos e pensamentos suicidas em cartas, bilhetes, agenda ou e-mails.
Quanto às internações, do total de 12 policiais militares que disseram ter
tentado suicídio uma única vez, cinco ficaram hospitalizados. Entre elas, quatro
permaneceram no hospital por uma semana. Duas delas por arma de fogo e 2 por
ingestão de medicamentos.
Em resposta à pergunta “Depois das crises e internações, o (a) Sr(a) voltou a
trabalhar?”, 12 policiais responderam que voltaram ao trabalho enquanto que seis nunca
pararam de trabalhar. Apenas 1 policial deixou de trabalhar na PMERJ. Três dos
policiais “suicidas” não responderam à pergunta. O estudo de Nogueira também
constatou que policiais militares suicidas muitas vezes permanecem realizando as suas
rotinas de trabalho.
Dos 22 policiais militares, que disseram ter tentado suicídio em algum
momento da vida, seis revelaram que seus colegas da PMERJ passaram a tratá-los de
uma forma diferenciada. Desse total, cinco desabafaram que a sua relação nunca mais
foi a mesma. Apenas um policial do mesmo grupo declarou que a relação mudou por
alguns meses.
81
Por último, consultamos aos entrevistados, que tentaram suicídio em algum
momento de suas vidas, a respeito dos recursos de proteção adotados contra novas
tentativas. Dos 22 casos, três buscaram o apoio familiar; oito policiais recorreram a
religião; 2 a ajuda de amigos e dois optaram por mudanças de hábitos. Seis policiais
“suicidas” disseram não ter buscado nenhum recurso de proteção contra possíveis novas
recaídas.
2.2.2. Fatores Sociodemográficos
Mulheres cometem mais tentativas de suicídios que os homens segundo
evidências encontradas por pesquisas internacionais e nacionais
47
. O presente estudo
não encontrou o esperado, pois a amostra analisada sofre o viés da sobre representação
de policiais militares do sexo masculino. Apenas um policial do sexo feminino revelou
ter tentado por “fim” em sua própria vida.
Apesar dos limites da nossa amostra é importante sublinhar alguns dados
encontrados pela literatura sobre o tema. Minayo (2005), analisando as internações por
tentativas na população geral segundo sexo e idade, também encontrou resultados
diferentes do esperado. Informações recentes de internação do SIH/SUS revelam que os
homens na faixa etária de 30 a 39 anos (10,9 por cem mil) estão em primeiro lugar. O
segundo grupo de homens está entre as faixas etárias de 40 a 49 (10,6 por cem mil); os
de 25 a 29 anos (9,5 por cem mil); os de 20 a 24 (8,3por cem mil); e os de 50 a 59 (8,3
por cem mil). Para os maiores de 60 anos, a taxa é de 5,8 por cem mil. No grupo jovem,
de 15 a 19 anos, o índice é de 5,5 por cem mil; de 10 a 14, de 2,5 por cem mil e de 0 a 9,
de 2,4/ por cem mil. Dentre as mulheres, o grupo que mais recorre aos serviços de saúde
por tentativas de suicídio, ao contrário do que ocorre no perfil masculino, é o da faixa de
15 a 19 anos com uma taxa de 6,8 por cem mil de internação. A seguir, estão as
mulheres de 30 a 39 anos (5,8 por cem mil) e as de 25 a 29 anos (5,7 por cem mil).
Esses dados são passíveis de críticas se consideramos que o número de entrada
de mulheres nas unidades de Sistema Único de Saúde (SUS) por tentativas de suicídio
foi menor do que o de homens com tempo médio de permanência similar para os dois
sexos. Foram analisados 5.675 homens e 3.637 mulheres para o ano de 2000 (Minayo,
47
Hesketh, J. L; Castro, A. G. de. Fatores correlacionados com a tentativa de suicídio. Revista de Saúde Pública, São Paulo, 12: 13846, 1978. A J Mitchell, M Dennis, Self harm and attempted suicide in adults: 10 practical questions and answers for emergency
department staff. Emerg Med J 2006;23:251–255. doi: 10.1136/emj.2005.027250
82
2005, p. 215-216). Ademais, tal como a autora reforçou o Sistema de Informação
Hospitalar do SUS não informa a respeito dos pacientes que dão entrada nas
emergências dos hospitais e permanecem internados por menos de 24 horas. A
subnotificação de informações pode ser ilustrada pelo levantamento parcial de
informações da emergência do Hospital Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, realizado por
Ximenes (2004). A autora também destacou que as ocorrências de mulheres internadas
com intoxicações leves por menos de 24 horas são maiores do que as dos homens48.
Ao contrário do perfil demográfico identificado pela literatura especializada,
nossos dados revelam que homens, não brancos, casados e com filhos se destacaram
como o grupo de maior prevalência de tentativas de suicídio. Arun, M. et.al (2004),
analisando 82 casos de tentativas registrados, no Hospital Kasturbal, Manipal, Coastal
Karnataka, na população geral no Sul da Índia, entre fevereiro de 2001 e janeiro de
2002, encontrou resultados similares aos nossos no que diz respeito à situação conjugal
das vítimas. A maior prevalência de tentativas aconteceu entre pessoas casadas. Foram
52% do total49.
Nogueira (2005), analisando prontuários de policiais militares, internados por
tentativas de suicídio no hospital psiquiátrico de Belo Horizonte/MG, no período de
outubro a dezembro de 2003, confirmou este padrão. Do total de vinte e sete policiais
militares com história de tentativas de suicídio 67% eram casados e 59% tinham filhos.
Quanto à idade, dos 22 casos de tentativas de suicídio, doze policiais homens
na faixa entre 31 a 39 anos ocupam a primeira posição no ranking de idade. A segunda
faixa etária com maior incidência de casos foi de 40 a 49 anos (9 casos). Apenas um
policial suicida ocupava a faixa etária de 50 anos ou mais. O estudo de Nogueira
encontrou o mesmo padrão de idade entre policiais militares suicidas. Os homens na
faixa etária de 31 a 35 anos estão em primeiro lugar. É interessante ressalvar que o
perfil etário das vítimas é semelhante ao dos pacientes internados por tentativas de
suicídio, reportados ao SIH/SUS. A idade média é de 35 anos.
48
XIMENES, L. F. Lidando com tentat ivas de suicídio em um serviço de emergência: estudo compreensivo de representações e
práticas médicas. 2004. Dissertação (Mestrado) – Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2004.
49
Arun, M. et. al. ParaSuicide- an Approach to Profile of Victims. JIAFM, 2004; 26(2). JSSN 09710973.
83
O clássico estudo sociológico de Durkheim sobre o suicídio50 nos ensinou que
a religião é um importante fator de proteção. Essa proteção abrange em particular aos
católicos. O contrário dos protestantes. Seguindo a lógica argumentativa de Durkheim, a
nossa pesquisa mostrou que 11 policiais suicidas se declararam ser evangélicos; 5
católicos e 1 kardecista (n=17). Cinco do total de policiais suicidas disseram não ter
religião, mas acreditar em Deus.
Quando buscamos entender a religiosidade dessas pessoas, observamos que dos
17 que disseram ter religião, dez frequentam as suas atividades religiosas menos de uma
vez por semana. Os católicos que tentaram suicídio foram aqueles que informaram
frequentar nunca ou quase nunca/ou em comemorações especiais os seus cultos
religiosos. Esse dado reflete a relevância da ação dos cultos e dogmas católicos. O
esperado é quanto maior a frequência aos cultos católicos menor a prevalência de casos
de suicídio de um determinado grupo social.
Ao contrário dos católicos, sete policiais suicidas evangélicos disseram
frequentar seus cultos algumas vezes por semana ou quase todos os dias. Então qual
seria a diferença entre católicos e evangélicos? Segundo Durkheim seria uma questão da
intolerância religiosa em torno suicídio entre protestantes em comparação aos dos
católicos. O autor explica que o protestante confere maior responsabilidade individual
em relação aos seus atos. Por outro lado, entre os católicos a tendência seria o contrário.
Uma segunda hipótese para explicar a diferença da incidência de pensamentos
suicidas entre católicos e evangélicos seria o problema de composição. Os policiais
evangélicos com o menor nível de escolaridade (até o ensino médio) representam o
maior contingente da população da PMERJ. Por essa razão, não temos como saber o
quanto dessa diferença entre casos suicidas e controle se deve à escolaridade ou a
afiliação religiosa. Neste estudo, não podemos verificar esta diferença por que não
tivemos acesso à distribuição de policiais militares segundo a religião.
Por último, quanto à escolaridade, Arun, et.al (2004), entre outros especialistas,
constataram que a maior incidência de casos de tentativas de suicídios, no universo de
pessoas internadas no Sul da Índia, está entre os de baixo nível de escolaridade. Nossos
dados mostram que 54% dos casos de tentativas de suicídio declararam ter o ensino
médio completo e 27% o curso superior incompleto. Esses dados não nos ensinam
50
Durkheim, E. O Suicídio. Martins Fontes. São Paulo, 2004.
84
muito sobre o tema, pois, conforme já explicitamos inicialmente, não há diferenças
significativas entre casos e controle, no que concerne ao nível de escolaridade. No
universo pesquisado, a maior concentração de casos (independente de ser ideação;
tentativas e controle) está entre os que declararam ensino médio completo e nível
superior incompleto.
2.2.3. Condições de Trabalho & Tentativas de Suicídio
A satisfação com o trabalho na PMERJ também está associado negativamente
com tentativa de suicídio no universo estudado. Certamente, em função do número
maior de casos, o coeficiente de correlação de Kendall’s tau b foi maior entre os casos
de ideações em algum momento na vida, com -0,29 contra -0,27. Quatorze dos policiais
militares, que tentaram suicídio em algum momento de sua vida, disseram estar “muito
insatisfeitos e insatisfeitos” com o seu trabalho na PMERJ. Enquanto que quatro
disseram estar “nem insatisfeito e nem satisfeitos”; e 4 satisfeitos. Nenhum dos casos se
declarou “muito satisfeitos”.
Moraes, L.F. R. et. al. (2000) investigou a qualidade de vida e o estresse no
trabalho da Polícia Militar de Minas Gerais. Sua pesquisa revelou que níveis de estresse
mais elevados entre os membros da Corporação estão associados à insatisfação com a
instituição. O nível de satisfação com o trabalho, por sua vez, está associado com a
qualidade de vida no trabalho (QVT). A promoção de maior satisfação entre os
membros da PMMG, segundo os autores, passa pela revisão de aspectos da cultura
organizacional e das políticas de Recursos Humanos.
A tabela 13 confirma os resultados da pesquisa realizada com policiais
militares do estado de Minas Gerais. Nela, descrevemos as seis categorias de satisfação
com trabalho na PMERJ associadas aos episódios de tentativas. Duas delas se
destacaram no concerne à força da relação entre os casos de tentativas de suicídio
examinados. São elas: a infra-estrutura e recursos materiais disponíveis no atual local de
trabalho (-0,18); e o reconhecimento profissional pela Polícia (-0,17). Quando
perguntamos aos entrevistados se estavam satisfeitos com a os recursos materiais de
trabalho disponíveis, oito dos policiais “suicidas” responderam que estavam
insatisfeitos; cinco muito insatisfeitos; quatro “nem insatisfeito e nem satisfeito”; quatro
satisfeitos. Apenas 1 caso confessou estar “muito satisfeito”. Em relação ao
85
reconhecimento profissional pela instituição, vinte policiais “suicidas” disseram se
sentir “muito insatisfeitos e insatisfeitos” com o reconhecimento profissional na
PMERJ.
Tabela 13: Satisfação Profissional e Tentativas de Suicídio
Condições de Trabalho
Correlação
P-valor
Satisfação com trabalho na PMERJ
−0,27**
0,00
Infra-estrutura e os recursos materias de trabalho
−0,18**
0,00
Reconhecimento profissional pela Instituição
−0,17**
0,00
Oportunidades de ascenção na carreira policial militar
−0,16**
0,00
Frequencia de Treinamento realizado pela Polícia nos últimos 5 anos
−0,16**
0,00
Apoio dado pelo Comando Geral à Tropa
−0,14**
0,01
Valorização da Sociedade Carioca
−0,14*
0,01
* Nível de significância de 95%
** Nivel de significância de 99%
A terceira relação significativa com os casos de tentativas é o grau de
satisfação com as oportunidades de ascensão na carreira policial militar. Dez dos
policiais que tentaram suicídio confessaram estar muito insatisfeitos; e seis disseram
estar “insatisfeitos” com as oportunidades de promoção na carreira oferecidas pela
instituição. Em contrapartida, dois policiais do mesmo grupo declararam estar “nem
insatisfeito e nem satisfeitos” e quatro responderam estar “satisfeitos” com as
oportunidades de ascensão na Polícia. Nenhum dos entrevistados desse grupo confessou
estar “muito satisfeito”.
Apesar do modesto coeficiente de correlação, a frequência de treinamento
oferecido pela Polícia nos últimos cinco anos também está associada significativamente
à tentativa de suicídio com o coeficiente de correlação de -0,16. Dez policiais “suicidas”
disseram não ter feito nenhum treinamento nos últimos cinco anos; nove declararam ter
recebido de 1 a 2 vezes. Enquanto que dois declararam ter recebido de 3 a 5 vezes e 1
disse ter treinado mais de cinco vezes no referido período.
A quinta categoria associada aos casos de tentativas de suicídio é “o apoio
dado pelo Comando Geral à Tropa”51 com o coeficiente de -0,14 no nível de 0,01. Dos
22 casos de tentativas, 37% insatisfeitos; 23% disseram estar “muito insatisfeito”; 27%
51
Essa pergunta tomou como referência a administração do Comandante Geral Cel Mario Sérgio.
86
“nem insatisfeito e nem satisfeito” e 18% satisfeitos. Nenhum dos casos declarou estar
“muito satisfeito” com o apoio dado pelo Comando Geral da época à Tropa.
O sexto e último indicador de satisfação associado à tentativa foi o
reconhecimento social com o coeficiente de –0,14, no nível de significância de 0,01.
Dezenove desabafaram estar “muito insatisfeitos e insatisfeitos” com a valorização da
sociedade carioca em relação ao seu trabalho. Enquanto que dois casos disseram estar
“nem insatisfeito e nem satisfeitos” e 1 caso disse estar “satisfeito” com a percepção
social no que diz respeito ao seu trabalho. Nenhum dos policiais suicidas declarou estar
“muito satisfeito” com o valor dado pela sociedade ao seu trabalho.
Essas estatísticas sugerem que os entrevistados que se declararam “mais
insatisfeitos” e “insatisfeitos” com os recursos materiais disponíveis no seu ambiente de
trabalho; o reconhecimento institucional; a frequência de treinamento oferecido nos
últimos cinco anos; as oportunidades de ascensão na profissão; o apoio dado à Tropa e a
percepção social em relação ao trabalho policial foram os mais suscetíveis a tentar
contra a sua própria vida. Esses resultados confirmam uma das hipóteses deste estudo.
2.2.4. Situações de Risco, Vitimizações sofridas por Policiais Militares nos últimos
12 meses e Tentativas.
Antes de tudo é importante sublinhar que 100% dos policiais “suicidas”
vivenciaram situações de risco no exercício de suas atividades profissionais (n=22),
sendo mais comuns as situações de “confrontos físicos e armados” e “incursões em
favelas”. Desse total, quinze policiais disseram ter participado de operações de risco em
que seus colegas tenham sido alvejados. Dez deles presenciaram a perda de um colega
e/ou amigo por arma de fogo de 1 a 3 vezes em serviço.
Em relação a essas situações, não observamos associações significativas com
os casos tentativas de suicídio. Por outro lado, quando analisamos as situações em que o
próprio policial tenha sofrido algum ferimento grave, identificamos uma modesta
correlação de 0,18, porém significativa com os casos de tentativa de suicídio no nível de
0,02, tal como mostra a tabela 14. Essa estatística sugere que policiais militares que
sofreram ferimentos graves estão “sujeitos” a tentar contra a sua própria vida.
87
Tabela 14: Correlações entre Situação de Risco, Vitimizações e Tentativas de Suicidio
Variáveis
Situação de risco no exercício de sua profissão
Teve algum ferimento grave no exercício de suas atividades
profissionais
Correlação
P-valor
0,18*
0,02
0,23*
0,20**
0,01
0,03
Violências não letais sofridas nos últimos 12 meses
Amedrontamento ou perseguição
Insulto, humilhação e xingamento
* Nível de significância de 95%
** Nivel de significância de 99%
Duas situações de vitimização sofridas nos últimos nos últimos 12 meses
apresentaram associação estatística significativa com os casos de tentativas de suicídio.
São elas: as de “amedrontamento ou perseguição” com coeficiente de correlação de 0,23
no nível de 0,03, assim como as de “insultos, humilhação ou xingamento” com
coeficiente de 0,20 no nível de 0,01. Se compararmos os coeficientes de correlação
entre essas situações de violências verbais e ideações (perseguições com 0,37 e insultos
com 0,33), observamos que esses são mais forte do que a relação com tentativas.
Hipotetizamos que essa diferença se atribua essencialmente ao pequeno número de
casos de tentativas observados. Em síntese, embora não tenhamos controlado pelo
momento da última tentativa, observamos que as “situações de violência verbais”
sofridas por policiais nos últimos 12 meses estão estatisticamente associados aos casos
de tentativas de suicídio.
2.2.5. Condições de Saúde e Qualidade de Vida
O primeiro indicador que iremos comentar é o de qualidade de vida. Dos 22
casos observados, quatorze declararam não fazer exercícios físicos. Essas estatísticas
evidenciam uma modesta relação, porém significativas entre exercício físico e violência
auto praticada contra a própria vida. Em outras palavras, policiais que não têm o hábito
de praticar atividades físicas com regularidade estão sujeitos a tentar suicídios. O
coeficiente de correlação Phi foi de –0,19 no nível de 0,01.
O uso de serviços médicos utilizados está associado aos casos examinados.
Dezesseis do total de policiais que tentaram suicídio estavam em tratamento médico por
problemas clínicos gerais (doenças renais; hipertensão; estresse; problemas gástricos e
88
resfriados). Para este tipo de especialidade não encontramos correlação estatística
significativa.
A utilização dos serviços de atendimento psicológico e psiquiátrico da PMERJ,
por outro lado, está altamente associada ao comportamento suicida com coeficientes de
0,41 e 0,48, tal como observamos na Tabela 15. Esse resultado era esperado neste grupo
de entrevistados, pois pessoas que expressam o desejo de se matar ou chegam a tentar o
suicídio, estão muitas vezes mais tristes e deprimidas. Ainda que no número
relativamente pequeno, pessoas com este perfil tendem a buscar ajuda psicológica e
psiquiátrica. Dos vinte e dois casos, 15 declararam que havia se consultado com
psicólogos da Polícia. A incidência do uso dos serviços de atendimento psiquiátricos foi
um pouco menor no mesmo grupo. Dez desse total confessaram já ter ido a um
psiquiatra de sua Instituição.
Não observamos a mesma proporção de procura pelos serviços psicológicos e
psiquiátricos fora da PMERJ. Dos 22 casos, cinco informaram ter recorrido a um
psicólogo da rede de saúde privada. A procura por psiquiátrico foi ainda menor. Apenas
dois dos entrevistados “suicidas” disseram que buscaram este tipo de especialidade
médica fora da PMERJ. Tal como já explicitamos no item anterior, esse baixo interesse
pelos serviços psicológicos e psiquiátricos externos a Instituição Policial se devem
muitas vezes às questões econômicas e de preconceito. O custo desses serviços no país
ainda é muito alto, tornando-o pouco acessíveis a um público cuja renda média é de
R$2000 reais mensais, como é a de nossos policiais militares do grupo de “ tentativa de
suicídio”.
Tabela 15: Correlações entre Condiçoes de Saúde e Tentativas de Suicidio
Variáveis
Correlação
P-valor
Utilização de serviços de psiquiatria oferecido pela PMERJ
0,48*
0,00
Utilização de serviços de psicologia oferecido pela PMERJ
0,41*
0,00
Utilização de serviços de psicologia oferecido FORA da PMERJ
0,19*
0,01
Utilização de serviços de psiquiatria oferecido FORA da PMERJ
0,08
0,28
Ter pesadelos
0,40**
0,00
Dificuldades para adormecer a noite, acordar frequentemente à noite e
acordar muito cedo pela manhã
0,31*
0,00
Serviços de Saúde Mental
Problemas com Sono e/ou Pesadelo
* Nível de significância de 95%
** Nivel de significância de 99%
89
Além disso, como já mencionamos existe um enorme preconceito em torno dos
profissionais de saúde mental na sociedade brasileira que independe do grupo social a
que pertença. Esse preconceito é ainda mais forte entre policiais militares que tentaram
suicídios. Esse perfil de profissional tem muita dificuldade de ser reinserido num
ambiente organizacional muito pouco flexível a “falhas humanas” ou qualquer outro
problema de ordem emocional.
A imagem desses profissionais de segurança está baseada na figura de um
“missionário” treinado para cumprir ordens sem direito de errar. As consequências
dessa rigidez estão cristalizadas no adoecimento que muitas vezes pode levar a
pensamento; planejamento da própria morte até o ato em si. Esse diagnóstico muitas
vezes não é identificado, pois muitos dos policiais militares resistem a procurar por um
profissional de saúde mental. Esse dado é confirmado pelas estatísticas descritas na
Tabela 15. Em relação aos dois tipos de serviços fora da rede de saúde da PMERJ,
encontramos uma modesta correlação significativa para os atendimentos psicológicos
com o coeficiente de 0,19. O mesmo não observamos no que diz respeito aos serviços
psiquiátricos. Não há correlação estatística significativa entre este tipo de serviço e os
casos de tentativa analisados.
Como os casos de ideações suicidas observados, os de tentativas de suicídio
também estão associados a “ter pesadelos” e a “ter dificuldades para adormecer a noite e
acordar frequentemente à noite e acordar muito cedo pela manhã”. Ambas as estatísticas
foram significativas no nível de 0,00. Dos vinte e dois casos de tentativas, dezenove
disseram ter problemas com o sono. Oito dos policiais “suicidas” confessaram ter
pesadelos “quase sempre ou sempre” e dez “algumas vezes”. Em contrapartida, apenas
1 confessou ter pesadelo “quase nunca” e três “nunca”.
Os três indicadores mais fortes associados à depressão também foram “Se
sentir para baixo, deprimido/a sem perspectiva nas duas semanas de referência”; “Sentir
pouco interesse nas atividades de trabalho nas duas semanas de referência”; e “Ter um
sentimento de fracasso ou decepção por ter frustrado a sua família ou a si mesmo nas
duas semanas de referência”. Em relação ao primeiro indicador, 13 dos casos disseram
se sentir para “baixo” na semana de referência entre “todos os dias”; “várias vezes ao
dia” até “algumas vezes ao dia”. Por outro lado, oito disseram se sentir para “baixo”
entre “poucas vezes a nunca”. O coeficiente de correlação de Kendall’s tau b foi de 0,40
no nível de 0,00.
90
Quanto ao segundo indicador, 16 dos casos responderam que sentiram pouco
interesse pelas suas atividades de trabalho na semana de referência entre “todos os
dias”; “várias vezes ao dia” até “algumas vezes ao dia”. Enquanto que cinco do mesmo
grupo confessaram ter se sentido da mesma forma “raramente ou nunca”. Apenas 1
desse grupo não respondeu a pergunta. O coeficiente de correlação foi de 0,35 no nível
de 0,00.
Por último, no que diz respeito à depressão, onze disseram “ter um sentimento
de fracasso ou decepção por ter frustrado a sua família ou a si mesmo nas duas semanas
de referência” e os demais confessaram ter se sentido da mesma forma “entre poucas
vezes ao dia a nunca”. O coeficiente de correlação foi de 0,37 no nível de 0,00.
Conforme já era esperado, os indicadores de ansiedade apresentam fortes
relações com tentativas de suicídio. A tabela 16 confirma esta. O primeiro indicador de
ansiedade- “ter a sensação de medo e pânico nas duas semanas de referência” –
apresentou um coeficiente de 0,35 no nível de 0,00. O segundo indicador- “ter
dificuldades de se concentrar nas coisas como ler jornal ou ver TV nas duas semanas de
referências” – apresentou o coeficiente de 0,32 no nível de 0,00. Dos 22 casos, 14
policiais disseram ter tido dificuldades para se concentrar nas atividades cotidianas nas
duas semanas de referência. Enquanto que oito do mesmo grupo informaram que
tiveram dificuldades para se concentrar “entre poucas vezes ao dia; raramente a nunca”.
Tabela 16: Correlações entre Indicadores de Depressão e Ansiedade e Tentativas de Suicídio
Variáveis
Indicadores de Depressão
Se sentir "para baixo", deprimido/a sem perspectiva na
duas semanas
Pouco interesse nas atividades de trabalho nas duas últimas
semanas
Sentimento de fracasso ou decepção por ter frustado a sua
família ou a si mesmo nas duas últimas semanas
Desejos de matar ou ferir de alguma maneira outra pessoa
Se sentir cansado/a ou com pouca energia na duas últimas
semanas
Indicadores de Ansiedade
A sensação de medo e pânico nas duas últimas semanas
Dificuldades de se concentrar se concentrar nas coisas,
como ler jornal ou ver TV nas duas últimas semanas
Correlação
P-valor
0,40**
0,00
0,35**
0,00
0,37**
0,26**
0,00
0,00
0,24**
0,00
0,35**
0,00
0,32**
0,00
* Nível de significância de 95%
** Nivel de significância de 99%
91
Assim como o estudo de estudo de Nogueira (2005), observamos que os
sintomas mais frequentes entre policiais militares do Rio de Janeiro vítimas de
tentativas de suicídio são (em ordem decrescente de frequência): humor deprimido,
insônia, dificuldades para se concentrar ansiedade, pouco interesse nas suas atividades
de trabalho; sentimento de fracasso; cansaço, irritabilidade, angústia, nervosismo e
ideação homicida.
2.2.6. Capital Social & suas Relações com Tentativas de Suicídio
2.2.6.1.
Confiança Interpessoal
Quando comparamos o nível de confiança interpessoal entre policiais militares
entre os três grupos de entrevistados, observamos que os que tentaram suicídio são sem
sombra de dúvida os que menos confiam no seu próximo. Dos 22 casos de tentativa,
95% não confiam nas pessoas. O segundo grupo “mais desconfiado” foi os que
pensaram, mas não tentaram, com 88% dos casos (n=50). Por último, no grupo dos que
nem pensaram e nem tentaram, 84% disseram não confiar nas pessoas do seu convívio.
Gráfico 09 - Nível de Confiança Interpessoal de Policiais Militares em três
grupos de entrevistados (controle, ideações suicidas e tentativas de suicídios)
120
100
80
60
84
88
95
40
Não confia nas pessoas
Confia nas pessoas
20
16
0
Não pensou e
nem tentou
suicídio
12
5
Pensou, mas não Tentou suicídio
tentou
Observamos o mesmo padrão de respostas em relação ao nível de confiança
interpessoal nos colegas de trabalho na PMERJ. Os policiais “suicidas” se destacam em
comparação aos demais grupos. Dos 22 casos, dois policiais disseram confiar nos seus
92
colegas de trabalho. No grupo dos que “pensaram, mas não tentaram” (n=50), apenas
oito policiais militares confessaram acreditar nos seus colegas. Já no grupo dos que não
“pensaram e nem tentaram suicídio”, trinta e oito disseram confiar nos seus pares
(n=152). A relação entre os casos de tentativas e o nível de confiança interpessoal tanto
na Polícia quanto fora do ambiente de trabalho não foi significativa.
2.2.6.2.
Sociabilidade Informal
Os coeficientes dos indicadores associados ao nível de sociabilidade informal,
descritos na Tabela 17, confirmam que o quanto o comportamento suicida no universo
pesquisado tem uma íntima relação com capital social (a frequências de contatos
informais e relações interpessoais) dos entrevistados. Em relação às relações
interpessoais na PMERJ, verificamos que três indicadores se destacaram com os
coeficientes mais fortes em comparação com os demais. São eles: 1- “Sair para baladas
com colegas de turma”, com o coeficiente de -0,21; 2- “Visitar colegas e amigos”, com
o coeficiente de -0,20; 3- “Fazer churrasco em suas próprias casas com colegas e
amigos de turma”, com o coeficiente um pouco menor, porém significativo de -,018.
Tabela 17: Nível de Sociabilidade Informal e Tentativas de Suicídio
Variáveis
Correlação
P-valor
−0,21**
0,00
−0,20**
0,00
−0,18**
0,01
Ir as Festas de aniversários de familiares com os amigos
de turma de formação
−0,13*
0,03
Sair para "beber" com amigos e colegas de turma de
formação
−0,13*
0,04
Ir ao clube com filhos e/ou esposa
−0,21**
0,00
Ir ao cinema com os filhos e/ou esposa
−0,20*
0,00
Fazer churrasco em suas próprias casas
−0,19*
0,00
Comemorar aniversários
−0,18**
0,00
Conversar e/ou brinca com seus filhos
−0,17*
0,00
Ir a praia com os filhos e/ou esposa
−0,16**
0,01
Visitar outros parentes
−0,14*
0,02
Fazer pelo menos uma das refeições com a sua esposa ou
filhos
−0,12*
0,02
Capital Social
Relações Interpessoais na PMERJ
Sair para "Baladas" com amigos e colegas de turma de
formação
Visitar "outros colegas e/o amigos" com os amigos de
turma
Fazer Churrasco em suas próprias casas com os amigos de
turma
Relações Familiares & Vida Social
* Nível de significância de 95%
** Nivel de significância de 99%
93
Em relação ao primeiro indicador com maior correlação, quando consultamos
ao grupo dos entrevistados que tentaram suicídio, 2 disseram sair para “baladas
raramente”; 4 responderam “quase nunca” e 16 declararam “nunca sair com colegas de
turma” para as baladas. No que diz respeito ao segundo indicador de sociabilidade
informal, quando perguntamos “com que frequência visita seus colegas e amigos de
turma”, três policiais responderam “raramente”; dois “quase nunca” e 16 disseram
“nunca” visitar seus colegas. Quanto ao terceiro mais forte indicador, seis policiais do
grupo dos que tentaram suicídio disseram “raramente” fazer churrascos em suas
próprias casas; dois declararam “quase nunca” e doze responderam “nunca” fazer
churrascos com seus amigos em suas próprias casas.
O nível de sociabilidade informal na familiar dos nossos entrevistados também
foi baixo. Na Tabela 17, verificamos que três dos indicadores analisados se destacam
em relação aos demais. São eles: “Ir ao clube com filhos e/ou esposa” com o coeficiente
de -0,21; 2- “Ir ao cinema com os filhos e/ou esposa” com o coeficiente de -0,20; e 3“Fazer churrascos em suas próprias casas” com o coeficiente de –0,19.
Em relação ao primeiro indicador de sociabilidade informal na família, dos 22
casos, cinco disseram “raramente” ir ao clube social com os filhos e/ou esposa; três
“quase nunca” e onze confessaram “nunca” sair com os filhos ao clube. Quanto ao
segundo, dos 22 casos, seis responderam “raramente” ir ao cinema com a família; nove
“nunca; 4 ‘algumas vezes” e apenas 1 disse ir frequentemente ao cinema com os filhos.
Houve dois policiais que não responderam esta pergunta. Por último, no que diz respeito
ao terceiro indicador, dos 22 casos, cinco disseram “raramente” fazer churrasco em casa
com os filhos e/ou esposas; três “quase nunca” e onze “nunca”.
Essas estatísticas sugerem que policiais pouco sociáveis dentro e fora da
PMERJ são mais suscetíveis a desenvolver comportamentos suicidas.
2.2.6.3.
Associativismo
Assim como os casos de ideações suicidas, policiais que confessaram ter
tentado suicídio em algum momento de suas vidas, não estão filiados a associações de
moradores, associação de praças/oficiais e torcida organizada. Apesar do baixíssimo
nível de participação cívica, não encontramos relações significativas com o
comportamento suicida no universo pesquisado.
94
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Nursing 8:109–19.1986.
BAUDELOT, C.; ESTABLET, R. Suicide: Hidden Side of Modernity. Polity Press,
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BEDEIAN, Arthur, “Suicide and Occupation: A Review.” Journal of Vocational
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BERTOLOTE, JM, FLEISCHMANN, A.A global perspective in the epidemiology of
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99
ANEXOS
100
Anexo 1
O Perfil das Vítimas de Violências Auto-Infligidas
A amostra de conveniência elaborada para a Pesquisa “Suicídio e Risco
Ocupacional” é composta por 96% de homens (n=214); 55% de jovens adultos na faixa
etária de 31 a 40 anos (n=124); 67% de não brancos (n=150); e 73% de casados
(n=165). O estudo de Minayo et.al (2008) confirma o perfil sócio-demográfico da
população da PMERJ. As características econômicas na população pesquisada são
similares. A distribuição de entrevistados segundo as suas patentes, 56% são cabos e
soldados (n=126); 39% são subtenentes e 1º, 2º e 3º sargentos (n=87) e os 5% são
major, capitão, 1º e 2º tenentes e aspirante (n=11).
Gráfico 10, Distribuição de Policiais Militares por Patentes e por Casos de Ideação
Suicídio– Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011.
Gráficos 11 -Distribuição de Casos das Ideações “Comunicadas” segundo as Posições
na Hierarquia da Polícia Militar (Patentes)– Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional,
2011
101
Quando comparamos essa distribuição com a de policiais militares que
declaram ter pensado em si matar em algum momento na vida segundo suas patentes,
verificamos elas são proporcionalmente similaridades: 56% são cabos e soldados; 43%
são subtenentes e 1º, 2º e 3º sargentos e 1% é major, tal como vemos nos gráficos 10 e
11.
A população de praças (subtenentes, sargentos, cabos e soldados) corresponde
às baixas posições na estrutura hierárquica da Instituição. As praças pertencem ao grupo
de policiais militares de menor renda em comparação com as de oficiais, tal como
constatou Minayo et. al., (2008).
Distribuição dos Entrevistados segundo as patente na PMERJ
Cabo
Soldado
Terceiro-Sargento
Segundo-Sargento
Primeiro-Sargento
Subtenente
Primeiro-Tenente
Capitão
Major
Segundo-Tenente
Aspirante
n
89
37
33
25
23
6
4
3
2
1
1
%
39,7%
16,5%
14,7%
11,2%
10,3%
2,7%
1,8%
1,3%
0,9%
0,4%
0,4%
A amostra é composta em sua maioria por aqueles que declararam receber
entre 2001 a 3000 reais, isto é, 47% (n=106). A menor renda declarada é a de 1000 a
2000 reais, isto é, 26%. Quando analisamos as diferenças de rendas entre os casos
suicidas, observamos o mesmo padrão. 47% declararam dos policiais “suicidas”
declararam ter a renda mensal entre 2001 a 3000 (n=34) e 32% declararam sua renda
bruta na Polícia variar entre 1000 a 2000 reais (n=23).
No grupo controle, as duas maiores concentração de renda são similares a dos
policiais que declararam ter pensado em si matar em sua vida. Em outras palavras, 47%,
dos que disseram nunca ter pensado em por fim em sua própria vida, disseram ter uma
renda bruta mensal na Polícia de 2001 a 3000 reais. A segunda maior faixa de renda é
de 1000 a 2000, com 23%. A inexistência de diferenças entre os casos e controle, no
que concerne à faixa de renda bruta na Polícia, deve-se à sobre-representaçao de praças
no universo pesquisado. Antes de mais nada, não há diferenças entre casos e controles
102
no que concerne a patentes. A distribuição do número de praças e oficiais no universo
pesquisado é desigual. Pela mesma razão, encontramos uma forte endogeneidade entre
as três faixas renda bruta de maior concentração na amostra (1000 a 2000; 2001 a 3000
e 3001 a 4000) e os policiais que declararam ter tido ideações suicidas em algum
momento na vida.
Quanto à variável “escolaridade”, a distribuição dos níveis de escolaridade nos
dois grupos, observamos que 53% dos entrevistados declararam ter o ensino médio
completo; 24% ter o ensino superior incompleto e 14% o ensino superior completo e
4% informaram ter pós-graduação. Os 5% restantes informaram ter ensino fundamental
completo e incompleto.
Em relação aos níveis de escolaridade, excluindo os casos de ideação e
tentativas, verificamos que as faixas de escolaridade de maior concentração estão entre
o ensino médio com 49% e ensino superior incompleto com 23%.
Gráfico 12: Distribuição dos Entrevistados por Escolaridade
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
49%
23%
1%
5%
16%
5%
Ao analisar os perfis educacionais dos dois grupos (casos e controle),
observamos que as características são similares, ou seja, tanto os casos quanto os
controles possuem baixa escolaridade.
Pela distribuição dos PMs que comunicaram ter tido pensamentos suicidas em
sua vida segundo a escolaridade, observamos a maior incidência de pensamentos
suicidas está entre o nível de ensino médio e do ensino superior (completo). Do total
dos PMs que comunicaram ter pensado em si matar em alguma momento de sua vida,
103
61% informaram ter cursado até o ensino médio; superior completo; 25% até o ensino
superior incompleto e 10% superior completo (n=72). Os casos e os controles
apresentam características similares no que concerne à variável escolaridade (P.7). Por
esta razão que quando fizemos o teste das diferenças entre casos e controles, segundo a
variável “escolaridade”, não encontramos significância estatística. O gráfico 13
confirma o quanto a nossa amostra está sobre-representada por PM que estudaram do
ensino médio; nível superior completo e incompleto no universo dos que comunicaram
ter pensado si matar em algum momento de sua vida (n=72).
Gráfico 13- Distribuição das Ideações Suicidas por Escolaridade
61%
70%
60%
50%
40%
25%
30%
20%
10%
3%
10%
1%
0%
Ensino
Fundamental
completo
Ensino Médio
incompleto
Ensino Médio
completo
Superior
incompleto
Superior
completo
104
2.2.6.4.
O Perfil Profissional
Gráfico 14- Distribuição de Casos de Tentativas por Motivos que fizeram escolher a
PMERJ
Gráfico 15: Distribuição de Casos de Tentativas segundo o Tempo de Serviço na
PMERJ
De 1 a 5 anos
1
De 6 a 10 anos
4
De 11 a 15 anos
8
De 16 a 20 anos
4
De 21 anos ou mais
5
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
105
Gráfico 16: Distribuição de Casos de Tentativas segundo o Nível Hierárquico na
PMERJ– Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011
Primeiro-Sargento
1
Subtenente
1
Soldado
1
Segundo-Sargento
3
Terceiro-Sargento
7
Cabo
9
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Gráfico 17: Distribuição de Casos de Tentativas segundo a Natureza das Atividades
desempenhadas na PMERJ- Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011
106
2.3.1. “O Fazer Policial”
Gráfico 18: Distribuição de Casos de Tentativas por Vivência de Situação de Risco
Gráfico 19: Participação de Operações em que um colega/amigo policial tenha sido
alvejado por arma de fogo
107
Gráfico 20: Distribuição de Casos de Tentativas que tiveram algum Ferimento Grave
nas Operações de Risco
108
Anexo 3:
Fichas de Inscrição de Voluntários a Participar da Pesquisa
Público-alvo: grupo de PMs
1. O Sr (a) gostaria de dar a sua contribuição a pesquisa?
Sim ( )
Não ( )
Se a resposta for positiva, por favor, responder as perguntas abaixo:
2. Nome completo: ______________________________________________
3. Telefone de contato: ___________________________________________
4. Local que deseja dar entrevista:
Em sua residência (
)
Na UERJ (
)
Em outro local ( ) qual seria?_______________________________________
5. A que grupo de entrevistado o Sr (a) pertence:
[
] policiais militares que tiveram ideação suicida (pensaram em cometer
suicídio) nos últimos doze meses.
[ ] policiais militares que tiveram ideação suicida anteriores aos dozes meses.
[ ] policiais militares que tentaram suicídio em algum momento da sua vida.
[ ] policiais militares que NUNCA pensaram e nem tentaram suicídio em toda
a sua vida.
[ ] policiais militares que tiveram algum colega e/ou amigo de trabalho da
PMERJ morto por suicídio.
Obrigada pela sua participação.
Em breve, entraremos em contato!
109
Anexo 4:
Fichas de Inscrição de Voluntários a Participar da Pesquisa
Público-alvo:
Familiares de Policiais Militares
1. O Sr (a) gostaria de dar a sua contribuição a pesquisa?
Sim ( )
Não ( )
Se a resposta for positiva, por favor, responder as perguntas abaixo:
2. Nome completo: ______________________________________________
3. Telefone de contato: ___________________________________________
4. Local que deseja dar entrevista:
Em sua residência (
)
Na UERJ (
Em
outro
local
(
seria?_______________________________________
)
)
qual
5. Alguém na sua família ou algum amigo da PMERJ morreu por:
( ) Suicídio
( ) Homicídio
( ) Morte em confronto com arma de fogo
( ) Acidente de transito em serviço (Viatura da PM)
( ) Acidente com arma de fogo
( ) Não, ninguém faleceu assim. Muito obrigada, por favor, não responder a
próxima pergunta.
6. Qual a sua relação de parentesco com a vítima?
( ) Mãe/Pai
( ) Filho/Filha
( ) Irmão/Irmã
( ) Esposo ou companheiro/Esposa ou companheira
( ) Padrasto/Madrasta
( ) Enteado/Enteada
( ) Avó/Avó
( ) Tio/Tia
( ) Prima/Primo
( ) Amigo/Amiga
( ) Outro. Qual seria?_________________________
Obrigada pela sua participação. Em breve, entraremos em contato.
110
Anexo 5:
Roteiro de Entrevistas “Autopsias Psicossociais”
Público-Alvo:
Familiares e amigos de PMs vitimizados por mortes violentas
Bloco 1: Uma Reconstituição da História da Vítima
Gostaria de conhecer um pouco da estória do Sr (a)_____________(nome da vítima)
em diferentes momentos de sua vida.
Infância
1. O (a) Sr(a) se recorda de alguma lembrança do (a)
Sr(a)_____________(nome da vítima) dessa época?
2. Com quem o Sr (a)____________(nome da vítima) morava nessa
época?
3. O(a) Sr (a)____________(nome da vítima) tinha irmãos?
4. Qual a lembrança do(a) Sr (a)____________(nome da vítima) com os
irmãos?
5. E na escola? O(a) Sr (a)____________(nome da vítima) tinha amigos?
Adolescência
6. Como foi? Onde e com quem o Sr (a)_______(nome da vítima)
morava?
7. Existe alguma outra lembrança do Sr (a) ________ (nome da vítima)
quando jovem?
8. O(a) Sr(a) _________(nome da vítima) tinha amigos?
9. E as namoradas?
10. Que o(a) Sr(a)_______(nome da vítima) mais gostava de fazer (lazer)?
Fase Adulta (Antes da PMERJ)
11. Antes de entrar na Polícia, como era o cotidiano do (a)
Sr(a)_______(nome da vítima)?
12. Quais eram os hábitos dele?
13. Existe alguma lembrança marcante do Sr (a) ________ (nome da
vítima) nesta fase?
14. O(a) Sr(a) _________(nome da vítima) tinha amigos? E as namoradas?
15. Que o(a) Sr(a)_______(nome da vítima) mais gostava de fazer (lazer)?
O Casamento & a chegada dos filhos (Esposa)
1. Quando vocês se conheceram?
2. Onde e como foi?
111
3. O(a) Sr(a) poderia dizer o que o Sr (a)_______(nome da vítima) gostava de
fazer nos finais de semana?
A relação com filhos
4. Como você descreveria o seu pai?
5. Como era sua relação com o seu pai?
6. O que vocês costumavam fazer juntos?
7. O que o seu pai mais gostava de fazer nos finais de semana?
8. Qual a lembrança que você tem do seu pai?
Amizade (somente para amigos/colegas)
1. Quando vocês se conheceram?
2. E onde?
3. Como era a relação de vocês? Amigo? Colega de trabalho?
4. O(a) Sr(a) tem alguma lembrança marcante do (a) Sr(a)_______(nome da
vítima)?
5. O que vocês costumavam fazer para se divertir? Para onde costumavam sair?
6. Vocês costumavam frequentar a casa um do outro?
PMERJ (somente para amigos/colegas)
7. Quando (ano e mês) o(a) Sr(a)___________ (nome da vítima) entrou na
PMERJ?
8. Que idade ele tinha?
9. Quais foram os motivos que o levaram a optar pela carreira de policial militar?
10. Qual foi a reação da família (mãe; pai; irmão; tio(a); avó/avô) e dos amigos
próximos?
11. Na época, alguém da família era policial? Ele conhecia alguém policial? Existia
alguma referência?
12. O(a) Sr.(a) poderia nos contar como foi ser amigo/colega do policial
________(nome da vítima)? O(a) Sr.(a) poderia contar com mais detalhes?
13. O(a) Sr.(a) ____________(nome da vítima) tinha amigos na PMERJ?
14. O que o (a) Sr(a)____________(nome da vítima) gostava de fazer para se
divertir?
15. Dos
Batalhões
ou
unidades
da
PMERJ
que
o(a)
Sr.(a)________________(nome da vítima) trabalhou, qual ele mais gostou?
Por quê?
16. E o que ele menos gostou? O(a) Sr.(a) saberia dizer?
17. Que tipo de trabalho o(a) Sr.(a)________________(nome da vítima) gostava
de fazer na PMERJ?
18. Quais foram as funções que o(a) Sr.(a)________________(nome da vítima)
exerceu no tempo que ele trabalhou na Polícia?
19. Existia alguma função que o(a) Sr.(a)________________(nome da vítima) mais
gostava de fazer? Qual?
20. (Em caso de transferência de Batalhão e Unidade) O(a) Sr.(a) saberia dizer os
motivos das transferências?
112
21. O(a) Sr.(a) saberia dizer se o Sr. (a)___________(nome da vítima) presenciou
alguma situação de risco de morte na PMERJ? Quando? O(a) Sr(a) poderia de
contar?
22. O(a) Sr. (a) ___________(nome da vítima) recebeu algum tipo de suporte da
PMERJ ou de alguma amigo após a vivência dessa situação?
23. Que tipo (afetiva ou financeira)?
A Vida Familiar e PMERJ (somente para os familiares)
Quando (ano e mês) o(a) Sr(a)___________ (nome da vítima) entrou na PMERJ?
24. Que idade ele tinha?
25. Quais foram os motivos que o levaram a optar pela carreira de policial militar?
26. Qual foi a reação da família (mãe; pai; irmão; tio(a); avó/avô) e dos amigos
próximos?
27. Na época, alguém da família era policial? Ele conhecia alguém policial? Existia
alguma referência?
28. O(a) Sr(a) poderia nos contar como foi ser mãe/pai/esposa/filho/amigo do
policial ________(nome da vítima)? O(a) Sr (a) poderia contar com mais
detalhes?
29. O(a) Sr(a) ____________(nome da vítima) tinha amigos na PMERJ?
30. O que o (a) Sr(a)____________(nome da vítima) gostava de fazer para se
divertir?
31. O(a) Sr (a) saberia dizer se o Sr (a)___________(nome da vítima) presenciou
alguma situação de risco de morte na PMERJ? Quando? O(a) Sr(a) poderia de
contar?
32. O(a) Sr (a) ___________(nome da vítima) recebeu algum tipo de suporte da
PMERJ ou de alguma amigo após a vivência dessa situação? Que tipo (afetiva
ou financeira)?
Bloco 2: Descrição do Fato (Homicídio ou Acidente)
1. (Se a vítima utilizou serviço psicológico/psiquiátrico). O (a) Sr. (a)
__________________(nome da vítima) utilizou serviços de atendimento
psicológico/psiquiátrico. Ele chegou a comentar com alguém sobre isso?
2. (Se a vítima utilizou serviço psicológico/psiquiátrico). Nessa época, o (a)
Sr. (a) __________________(nome da vítima) estava tomando algum
medicamento?
3. (Se a vítima foi internada). Na época que o (a) Sr. (a)
__________________(nome da vítima) foi internado, o(a) Sr(a)
acompanhou este momento?
4. Gostaria que o(a) Sr (a) contasse um pouco das duas últimas semanas
de vida com o Sr (a) __________(nome da vítima). Como foi?
5. Aconteceu algo de diferente na semana da morte que tenha alterado o
comportamento do (a) Sr (a) ___________(nome da vítima)?
6. O Sr (a) se recorda das últimas palavras, ou comentários feitos pelo (a)
Sr (a) ____________(nome da vítima) na semana da morte?
7. O(a) Sr (a) poderia contar como tudo aconteceu? Onde e de que
maneira o Sr (a) __________(nome da vítima) morreu?
113
8. O(a) Sr(a) se recorda da data de falecimento do Sr. (a)
_______________(nome da vítima)
9. O(a) Sr. (a) presenciou a morte?
10. Quem foi a primeira pessoa da família ou amigo (a) íntimo a ver o corpo?
11. Através de quem o(a) Sr(a) ficou sabendo da morte?
Bloco 3: Descrição do Fato (Suicídio)
12. (Se a vítima utilizou serviço psicológico/psiquiátrico). O (a) Sr. (a)
__________________(nome da vítima) utilizou serviços de atendimento
psicológico/psiquiátrico. Ele chegou a comentar com alguém sobre isso?
13. (Se a vítima utilizou serviço psicológico/psiquiátrico). Nessa época, o (a)
Sr. (a) __________________(nome da vítima) estava tomando algum
medicamento?
14. (Se a vítima foi internada). Na época que o (a) Sr. (a)
__________________(nome da vítima) foi internado, o(a) Sr(a)
acompanhou este momento?
15. Gostaria que o (a) Sr (a) contasse um pouco dos últimos momentos de
vida do(a) Sr (a) __________(nome da vítima).
16. O(a) Sr (a) observou alguma alteração no comportamento do Sr
(a)__________(nome da vítima)?
17. O Sr (a) ____________(nome da vítima) pessoa parecia triste e
deprimida na semana da morte?
18. O Sr. (a)___________(nome da vítima) parecia tensa ou preocupada
com algum problema específico?
19. O Sr (a) se recorda das últimas palavras, comentários feitos pelo Sr (a)
____________(nome da vítima) na semana da morte?
20. O Sr. (a) _______________(nome da vítima) já tinha tentado o suicídio
antes?
21. E na sua família? Existiu algum caso de tentativa ou de suicídio antes da
morte do seu (filho/filha/esposo/esposa/amigo/amiga)?
22. Ocorreram outros casos de mortes violentas na família como homicídios
ou acidentes fatais?
23. O(a) Sr(a) se recorda da data de falecimento do Sr. (a)
_______________(nome da vítima).
24. O(a) Sr.(a) poderia descrever o dia em que o seu
(filho/filha/esposo/esposa/amigo/amiga) veio a falecer?
25. Onde e de que maneira ele morreu?
26. O Sr (a) saberia dizer se o(a) Sr(a) ___________________(nome da
vítima) deixou alguma carta, bilhete ou nota?
27. O Sr. (a)_________________presenciou a morte?
28. Quem foi a primeira pessoa da família ou amigo (a) íntimo a ver o corpo?
29. Através de quem o (a) Sr(a) ficou sabendo da morte?
Bloco 4: Respostas ao Fato (Homicídio e Acidente)
1. Como as pessoas próximas reagiram à morte do Sr (a)______________(nome
da vítima)?
114
2.
3.
4.
5.
E os seus colegas de trabalho? Como eles reagiram?
E a sua Instituição? O Sr (a) teve algum tipo de apoio da PMERJ? Qual?
Em relação aos trâmites burocráticos, como foi?
O que mudou na sua vida depois da morte do Sr (a)___________(nome da
vítima)?
6. O que o(a) Sr (a) tem feito para superar a perda do Sr
(a)_______________(nome da vítima)?
Bloco 5: Respostas ao Fato (Suicídio)
1. Como as pessoas próximas reagiram em relação à atitude do(a) Sr (a)?
2. E os seus colegas de trabalho? Como eles reagiram?
3. E a sua Instituição? O Sr (a) teve algum tipo de apoio da PMERJ? Qual?
4. Em relação aos trâmites burocráticos, como foi?
5. O que mudou na sua vida depois da morte do(a) Sr(a)__________(nome da
vítima?
6. O que a Sr (a) tem feito para superar a perda do(a) Sr(a)________(nome da
vítima)?
Muito obrigada!
115
Anexo 6:
Roteiro de Entrevistas Semi-Estruturadas
Público-Alvo:
Familiares de PM Controle (policiais militares NÃO vitimizados por mortes violentas)
Bloco 1: Uma Reconstituição da História do Policial Controle
Gostaria de conhecer um pouco da estória do Sr(a)_____________( nome do policial)
em diferentes momentos de sua vida.
1.
2.
3.
4.
5.
Infância
O(a) Sr(a) se recorda de alguma lembrança do (a) Sr(a)_____________(nome
do policial) dessa época?
Com quem o Sr (a)____________(nome do policial) morava nessa época?
O(a) Sr (a)____________(nome do policial) tinha irmãos?
Qual a lembrança do(a) Sr (a)____________(nome do policial) com os irmãos?
E na escola? O(a) Sr (a)____________(nome do policial) tinha amigos?
Adolescência
6. Como foi? Onde e com quem o Sr (a)_______(nome do policial) morava?
7. Existe alguma outra lembrança do Sr (a) ________ (nome do policial) quando
jovem?
8. O(a) Sr(a) _________(nome do policial) tinha amigos?
9. E as namoradas?
10. Que o(a) Sr(a)_______(nome do policial) mais gostava de fazer (lazer)?
Fase Adulta (Antes da PMERJ)
11. Antes de entrar na Polícia, como era o cotidiano do (a) Sr(a)_______(nome do
policial)?
12. O que o (a) Sr(a)_____________(nome do policial) gostava de fazer? Ele tinha
algum hábito?
13. Existe alguma lembrança marcante do(a) Sr (a) ________ (nome do policial)
nesta fase?
14. O(a) Sr(a) _________(nome do policial) tinha amigos? E as namoradas?
15. Que o(a) Sr(a)_______(nome do policial) mais gostava de fazer (lazer)?
O Casamento & a chegada dos filhos (Família)
16. Quando vcs se conheceram?
17. Onde e como foi?
116
18. O(a) Sr(a) poderia dizer o que o(a) Sr (a)_______(nome do policial) gostava de
fazer nos finais de semana?
A Vida Familiar e a PMERJ (Família e amigos)
19. Quando (ano e mês) o(a) Sr(a)___________ (nome do policial) entrou na
PMERJ?
20. Que idade ele tinha?
21. Quais foram os motivos que o levaram a optar pela carreira de policial militar?
22. Qual foi a reação da família (mãe; pai; irmão; tio(a); avó/avô) e dos amigos
próximos?
23. Na época, alguém da família era policial? Ele conhecia alguém policial? Existia
alguma referência?
24. O(a) Sr(a) poderia nos contar como é ser mãe/pai/esposa/filho/amigo do
________(nome do policial)? O(a) Sr (a) poderia contar com mais detalhes?
25. O(a) Sr(a) ____________(nome do policial) tinha amigos na PMERJ?
26. O que o (a) Sr(a)____________(nome do policial) gostava de fazer para se
divertir?
27. O(a) Sr (a) saberia dizer se o Sr (a)___________(nome do policial) presenciou
alguma situação de risco de morte na PMERJ? Quando? O(a) Sr(a) poderia de
contar?
28. O(a) Sr (a) ___________(nome do policial) recebeu algum tipo de suporte da
PMERJ ou de alguma amigo após a vivência dessa situação? Que tipo (afetiva
ou financeira)?
Muito obrigada!
117
Anexo 7:
Questionário sobre Ideação Suicida e Tentativas de Suicídio na PMERJ
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
LABORATÓRIO DE ANÁLISE DA VIOLÊNCIA
Suicídio e Risco Ocupacional no Rio de Janeiro
Nº
Questionário:
Data:
Horário de Início:
_____:_____
Horário de Término:
_____:_____
____/_____/____
Bairro:
Município:
Local da Entrevista:
Nome do Entrevistador:
BLOCO I - PERFIL SOCIOECONOMICO
P.1. Sexo: [NÃO PERGUNTE, OBSERVE]
 1. Masculino
P.2. Quantos anos o(a) Sr(a) tem? ____________ anos
 2. Feminino
98. NA
99. NS/ NR
P.3. Qual é a sua situação conjugal? [LER OPÇÕES - ÚNICA]
1. Casado(a)/mora com companheiro(a)
2.Desquitado(a) ou separado(a) Judicialmente
3. Divorciado(a)
4. Viúvo(a)
5. Solteiro(a)
98. NA
99. NS/ NR
P.4. Quantos filhos o (a) Sr (a) tem? |__||__|
NR
98. NA
99. NS/
P.5. Em qual cidade o(a) Sr (a) mora? [NÃO LER OPÇÕES - ÚNICA]
118
1. Nesta cidade
P.5.1) Qual bairro? ______________________________
 2. Em outra cidade
98. NA
P.5.2) Qual cidade? ______________________________
99. NS/ NR
P.6. Dentro destas respostas, qual a que melhor identifica sua cor ou raça? [LER
OPÇÕES - ÚNICA]
 1. Branca.
 2. Preta.
 3. Parda.
 4. Amarela.
 5. Indígena.
98. NA
99. NS/ NR
P.7. Até que série o(a) Sr(a) estudou? [NÃO LER OPÇÕES - ÚNICA]
 1. Nunca estudou
 2. Alfabetizado
 3. Ensino Fundamental incompleto (1º Grau incompleto)
 4. Ensino Fundamental completo (1º Grau completo)
 5. Ensino médio incompleto (2º Grau incompleto)
 6. Ensino médio completo (2º Grau completo)
 7. Superior incompleto (Universidade / Faculdade incompleta)
 8. Superior completo (Universidade / Faculdade completa)
 9. Pós-graduação
98. NA
99. NS/ NR
P.8. Até que série a sua mãe estudou? [NÃO LER OPÇÕES - ÚNICA]
 1. Nunca estudou
 2. Alfabetizado
 3. Ensino Fundamental incompleto (1º Grau incompleto)
 4. Ensino Fundamental completo (1º Grau completo)
 5. Ensino médio incompleto (2º Grau incompleto)
 6. Ensino médio completo (2º Grau completo)
 7. Superior incompleto (Universidade / Faculdade incompleta)
 8. Superior completo (Universidade / Faculdade completa)
 9. Pós-graduação
98. NA
99. NS/ NR
P9. O(a) Sr.(a) tem alguma religião? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
119
 1. Sim. P.9.1. Qual?
 1. Evangélico
 2. Espírita Kardecista
 3. Umbanda, Candomblé ou outra religião de origem africana
 4. Católica Romana
 5. Outra religião: __________________
98. NA
99. NS/ NR
 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO SIGA PARA QUESTÃO P11]
98. NA
99. NS/ NR
P.10. Com que freqüência o (a) Sr.(a) participa de atividades ou cultos de sua religião?
[LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Todos os dias ou quase todos os dias
2. Algumas vezes por semana
3. Uma vez por semana
4. Nunca ou quase nunca/Comemorações Especiais
98. NA
99. NS/ NR
[SE RESPONDER A QUESTÃO P.10 PULE PARA O BLOCO II]
P11. O(a) Sr.(a) tem alguma crença? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA]
 1. Não tenho religião, mas acredito em Deus
 2. Não tenho religião e não acredito em Deus
 3. Outros___________________________|__||__|
98. NA
BLOCO II - ESTILO DE VIDA
P.12. O (a) Sr. (a) faz atividades físicas regularmente?
 1. Sim. P.12.1 Com que frequência? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA
- ÚNICA]
1. De 1 a 2 vezes por semana
2. De 3 a 5 vezes por semana
3. Mais de 6 vezes por semana
98. NA
99. NS/ NR
120
 2. Não
98. NA
99. NS/ NR
P.13. Atualmente o (a) Sr(a) fuma?
1. Sim. P.13.1. Quantos cigarros o (a) Sr. (a) consome em média? [LEIA
ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. De 1 a 5 cigarros por dia
3. De 6 a 10 cigarros por dia
4. De 11 a 20 cigarros por dia
5. Mais de 20 cigarros por dia
98. NA
99. NS/ NR
2. Não
98. NA
99. NS/ NR
P.14. Atualmente o (a) Sr. (a) consome bebida alcoólica?
 1. Sim. P.14.1. Que tipo de bebida o (a)
consome?____________________
 2. Não [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA BLOCO III]
Sr.
(a)
mais
P.15. Com que freqüência o (a) Sr. (a) consome bebida alcoólica?
[LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
 1. De 1 a 2 vezes por semana
 2. De 3 a 5 vezes por semana
 3. Mais de 6 vezes por semana
98. NA
99. NS/ NR
BLOCO III - TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
P.16. Qual era sua ocupação profissional antes de ser admitido na PMERJ? [CITE APENAS A
ÚLTIMA]
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
_____________|__||__|
P.17. Quais são os motivos que fizeram o (a) Sr (a) escolher a PMERJ? [RESPOSTAS
MÚLTIPLAS] [NÃO LER OPÇÕES]
1. Baixa concorrência às vagas no concurso público
2. Estava desempregado
3. Estabilidade financeira e profissional
4. Salário
5. Vocação
6. Influência de conhecidos ou familiares
7. Prestígio Social
8.P.17.1.Outros:______________________________________________|__||__|
121
P.18. Quando o(a) Sr(a) ingressou na PMERJ? Mês |___|___| Ano |___|___|___|___|
P.19. Quanto tempo o(a) Sr (a) tem de serviço na PMERJ? [LEIA ATENTAMENTE CADA
ALTERNATIVA
ÚNICA]
 1. Menos de 1 ano
 2. De 1 a 5 anos
 3. De 6 a 10 anos
 4. De 11 a 15 anos
 5. De 16 a 20 anos
 6. De 21 a 25 anos
 7. Mais de 26 anos
98. NA
99. NS/ NR
P.20. Qual a sua atual patente na PMERJ? [NÃO LER OPÇÕES- ÚNICA]
1. Coronel
2. Tenente-Coronel
3. Major
4. Capitão
5. Primeiro-Tenente
6. Segundo-Tenente
7. Aspirante
8. Cadete
9. Subtenente
10. Primeiro-Sargento
11. Segundo-Sargento
12. Terceiro-Sargento
13. Cabo
14. Soldado
98. NA
99. NS/ NR
P.21. Em que unidade da PMERJ o Sr (a) está trabalhando atualmente? [NÃO LER
OPÇÕES - ÚNICA]
1. Segundo BPM
2. Terceiro BPM
3. Quinto BPM
4. Sexto BPM
5. DIP (Diretoria de Inativos e Pensionista)
6. Nono BPM
7. Décimo BPM
8. Décimo-Primeiro BPM
9. Décimo-Quinto BPM
10. Décimo-Sexto BPM
11. Décimo-Nono BPM
12. Quadragésimo BPM
13. Quartel General (QG)
14. Vigésimo-Segundo BPM
122
15. Batalhão - Florestal (BPFMA)
16. Batalhão de Choque
17. BOPE
18. P.21.1.Outros____________________|___|___|
98. NA
99. NS/ NR
P.22. Desde quando o(a) Sr.(a) nesta unidade? Mês |___|___| Ano |___|___|___|___|
P.23. As atividades que o (a) Sr (a) desempenha atualmente na polícia militar são:
[RESPOSTA ÚNICA]
 1. Internas (Expediente)
 2. Externas (Rua)
98. NA
99. NS/ NR
P.24. Nos últimos 12 meses, quantas funções diferentes o(a) Sr(a) exerceu nas unidades
da PMERJ em que trabalhou?
 1. De 1 a 2 funções
 2. De 3 a 5 funções
 3. De 6 a 7 funções
 4. Mais de 8 funções
98. NA
99. NS/ NR
P25. Nos últimos cinco anos, o(a) Sr(a) foi transferido de unidade policial?
1. Sim. P25.1. Quantas vezes? |___|___|
2. Não fui transferido [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.27.]
98. NA
99. NS/ NR
P.26. Qual foi o motivo de sua última transferência?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
__________|__||__|
P.27. Quando foi a sua última promoção? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA]
 1. Nunca tive promoção
 2. Nos últimos 12 meses
 3. Entre 2 e menos de 3 anos
123
 4. Entre 4 e menos 5 anos
 5. Cinco anos ou mais
98. NA
99. NS/ NR
BLOCO IV - AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA PMERJ
P.28. Qual é sua renda mensal BRUTA na Polícia (em reais - R$):
[LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. De 1.000 a 2.000
2. De 2.001 a 3.000
3. De 3.001 a 4.000
4. Mais de 4.000
98. NA
99. NS/ NR
P.29. Atualmente, o (a) Sr (a) recebe Gratificação? [RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim
2. Não
98. NA
99. NS/ NR
P.30. Além da atividade policial, o (a) Sr(a) exerce com regularidade alguma outra
ocupação remunerada?
1. Sim. P.30.1. Qual é o ramo desta atividade?
1. Segurança Privada [ESCOLTA DE VALORES OU PESSOAS,
SEGURANÇA PATRIMONIAL, VIGILÂNCIA]
2.
Outros
segmentos
profissionais.
P.30.2
Quais?____________________|__||__|
2. Não [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.32.]
98. NA
99. NS/ NR
P.31. Qual é sua renda mensal BRUTA nesta atividade (em reais - R$):
[LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Menos de 1000
1. De 1.000 a 2.000
2. De 2.001 a 3.000
3. De 3.001 a 4.000
4. Mais de 4.000
98. NA
99. NS/ NR
124
P.32. Atualmente, como o(a) Sr (a) se sente em trabalhar na PMERJ? [
LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Muito Insatisfeito
2. Insatisfeito
3. Nem Insatisfeito e nem satisfeito
4. Satisfeito
5. Muito Satisfeito
98. NA
99. NS/ NR
P.33. Como o (a) Sr(a) se sente em relação aos itens descritos abaixo? [LEIA
ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA – RESPOSTA ÚNICA PARA CADA SUB-ITEM]
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
Nem
insatisfeito,
Satisfeito
Muito
Satisfeito
NA
NS/
NR
98
99
nem satisfeito
P.33.1. Amizades entre colegas
do seu atual local de trabalho na
PMERJ
1
2
3
4
5
P.33.2. Relacionamento com o
seu atual Chefe/Comandante de
unidade
1
2
3
4
5
98
99
P.33.3. Infra-estrutura e os
recursos materiais disponíveis no
seu atual local de trabalho
1
2
3
4
5
98
99
P.33.4. Apoio dado pelo Comando
Geral à Tropa
1
2
3
4
5
98
99
P.33.5. Salário Bruto Mensal
1
2
3
4
5
98
99
1
2
3
4
5
98
99
P.33.7. Reconhecimento
Profissional pela Instituição
1
2
3
4
5
98
99
P.33.8. Cursos de Formação e/ou
Especialização
realizados
na
PMERJ
1
2
3
4
5
98
99
P.33.9.
Último
realizado na PMERJ
1
2
3
4
5
98
99
1
2
3
4
5
98
99
P.33.6.
Oportunidades
Ascensão na Carreira
de
treinamento
P.33.10.
Valorização
Sociedade Carioca
da
125
P.33.11.
Outros:
___________|__||__|
Qual?
1
2
3
4
5
98
P.34. Nos últimos cinco anos, quantas vezes o(a) Sr (a) recebeu treinamento da sua
Instituição? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Nenhuma
2. De 1 a 2 vezes
3. De 3 a 5 vezes
4. Mais de 5 vezes
98. NA
99. NS/ NR
BLOCO V - “O FAZER POLICIAL”
P.35. O(a) Sr(a) já vivenciou alguma situação de risco no exercício da sua profissão?
 1.Sim. P35.1 Que tipo?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
___________________________________________|__||__|
 2.Não.
98. NA
99. NS/ NR
P.36. Alguma vez o(a) Sr.(a) participou de uma operação em que um colega e/ou amigo policial
tenha sido alvejado por arma de fogo?
1. Sim. P.36.1 Quantas vezes? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. De 1 a 3 vezes
2. De 4 a 6 vezes
3. De 7 a 9 vezes
4. Mais de 10 vezes
98. NA
99. NS/ NR
4. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.38]
126
99
98. NA
99. NS/ NR
P.37. Qual foi a conseqüência mais grave que seu colega e/ou amigo policial sofreu?
[LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA – MARQUE A CONSEQUENCIA MAIS GRAVE]
1. Óbito
2. Ferimentos graves (incapacitação profissional)
3. Ferimentos médios (afastamento do trabalho com posterior retorno a atividade
policial)
4. Ferimentos leves
98. NA
99. NS/ NR
P.38. Mesmo sem presenciar a situação, o(a) Sr.(a) já perdeu algum colega e/ou amigo
policial por morte violenta (acidente; homicídio ou suicídio)? [RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim
2. Não
98. NA
99. NS/ NR
P.39. E o(a) Sr. (a), já sofreu algum ferimento grave?
1. Sim. P.39.1. Quantas vezes? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA]
1. De 1 a 3 vezes
2. De 4 a 6 vezes
3. De 7 a 9 vezes
4. Mais de 10 vezes
98. NA
99. NS/ NR
2.Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA O BLOCO VI]
98. NA
99. NS/ NR
P.40. Qual foi a conseqüência mais grave?
_________________________________________________________________|__||__|
P.41. O(a) Sr (a) recebeu algum tipo de apoio após vivenciar essa situação? [LEIA
ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA – RESPOSTAS MÚLTIPLAS]
1. Sim. P.41.1. De quem?
1. Institucional
2. Familiar
127
3. Amigos/colegas
4.
_________________________________|__||__|
P.41.2.Outros:
2. Não
98. NA
99. NS/ NR
BLOCO VI – LEMBRANÇAS
PESQUISADOR - ATENÇÃO: este bloco deve ser aplicado apenas a policiais que
informaram ter vivenciado as duas situações abaixo: (i) o próprio ferimento grave; e
(ii) o ferimento ou morte de um colega/amigo policial.
PARTE I - Lembranças Relacionadas à Vivência do Policial Entrevistado Independente de
ter sido ferido
P.42. Com que freqüência, cenas relacionadas a situações de risco que o(a) Sr.(a) tenha
vivenciado no trabalho aparecem na sua cabeça? [LEIA ATENTAMENTE CADA
ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Quase sempre ou sempre
2. Algumas vezes
3. Quase nunca
4. Nunca [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.45]
98. NA
99. NS/ NR
P.43. O(a) Sr(a) procura evitar essas lembranças? [LEIA ATENTAMENTE CADA
ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Quase sempre ou sempre
2. Algumas vezes
3. Quase nunca
4. Nunca
98. NA
99. NS/ NR
P. 44. Alguns dos itens abaixo fazem o(a) Sr.(a) lembrar imediatamente da situação
vivenciada? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - RESPOSTAS
MÚLTIPLAS]
1. Lugares (ruas, esquinas, bares, apartamentos, etc)
2. Pessoas
3. Objetos
4. Notícias/mídia
5. Horários (madrugada, hora de chegada, hora de saída)
6. Luzes
7. Datas (aniversários, natal, dia da semana)
128
8. Cheiros
9. Vozes ou sons
10. Situações parecidas com o acontecido
11. P.44.1. Outras coisas: ____________________|___|___|
12. Nada me faz lembrar do incidente
98. NA
99. NS/ NR
PARTE II - Lembranças Relacionadas à Perda de um Colega e/ou Amigo
P.45. Em geral, o(a) Sr.(a) costuma se lembrar da morte de seu colega e/ou amigo? [LEIA
ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Quase sempre ou sempre
2. Algumas vezes
3. Quase nunca
4. Nunca [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA BLOCO VII.]
98. NA
99. NS/ NR
P. 46. Alguns dos itens abaixo fazem o(a) Sr.(a) lembrar imediatamente da morte (a) do
seu colega e/ou amigo?[LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - RESPOSTAS
MÚLTIPLAS]
1. Lugares (ruas, esquinas, bares, apartamentos, etc)
2. Pessoas
3. Objetos
4. Notícias/mídia
5. Horários (madrugada, hora de chegada, hora de saída,...)
6. Luzes
7. Datas (aniversários, natal, dia da semana)
8. Cheiros
9. Vozes ou sons
10. Situações parecidas com o acontecido
11. P.46.1. Outras coisas: ____________________|___|___|
12. Nada me faz lembrar do incidente [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA O
BLOCO VII]
98. NA
99. NS/ NR
P.47. O(a) Sr(a) procura evitar as lembranças relacionadas à perda de seu colega e/ou
amigo(a)? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Quase sempre ou sempre
2. Algumas vezes
3. Quase nunca
4. Nunca
98. NA
99. NS/ NR
129
BLOCO VII - CAPITAL SOCIAL & REDES SOCIAIS
P.48. De uma maneira geral, o(a) Sr.(a) diria que se pode confiar nas pessoas ou que se
deve ter o “pé atrás” ao lidar com elas? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA]
1. Pode-se confiar nas pessoas
2. Deve-se ter o “pé atrás” ao lidar com as pessoas
98. NA
99. NS/ NR
P.49. De uma maneira geral, o(a) Sr.(a) diria que se pode confiar nos seus colegas de
trabalho da PMERJ ou que se deve ter o “pé atrás” ao lidar com eles? [LEIA
ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Pode-se confiar nas pessoas do meu trabalho
2. Deve-se ter o “pé atrás” ao lidar com as pessoas do meu trabalho
98. NA
99. NS/ NR
P.50. Durante o seu curso de formação (CFAP ou Academia de Polícia), o(a) Sr(a) fez
amigos e/ou colegas? [RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim.
2. Não [PULE PARA P.53]
98. NA
99. NS/ NR
P.51. Depois da formatura, o(a) Sr(a) e os seus amigos e/ou colegas de turma
mantiveram o contato? [RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim.
2. Não [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.53]
98. NA
99. NS/ NR
P.52. Na sua folga, o(a) Sr(a) e seus amigos e/ou colegas de turma costumam: [LEIA
ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA – RESPOSTAS MÚLTIPLAS]
P.52.1. Sair para as “Baladas”
Freqüentemente
Algumas
Vezes
Raramente
Quase
Nunca
Nunca
NA
NS/NR
1
2
3
4
5
98
99
130
P.52.2. Jogar bola
1
2
3
4
5
98
99
P.52.3. Sair para beber e jogar
conversa “fora”
1
2
3
4
5
98
99
P.52.4. Visitar outros colegas
e/ou amigos
1
2
3
4
5
98
99
P.52.5. Fazer churrascos em
suas próprias casas
1
2
3
4
5
98
99
P.52.6. Ir a festas de aniversário
de familiares filho(a); esposa(a);
mãe e pai etc
1
2
3
4
5
98
99
1
2
3
4
5
98
99
Nunca
NA
NS/NR
5
98
99
P.52.7. Qualquer outro tipo de
atividade
Especifique:________|___|___|
P.53. E nas unidades em que trabalhou, o(a) Sr.(a) fez amigos e/ou colegas? [RESPOSTA
ÚNICA]
1. Sim.
2. Não [PULE PARA P.55]
98. NA
99. NS/ NR
P.54. Na sua folga, com que freqüência o(a) Sr.(a) e seus amigos e/ou colegas da sua
atual seção/unidade de trabalho costumam: [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA –
RESPOSTAS MÚLTIPLAS]
Raramente
3
Quase
Nunca
4
P.54.1. Sair para as “Baladas”
1
Algumas
Vezes
2
P.54.2. Jogar bola
1
2
3
4
5
98
99
P.54.3. Sair para beber e jogar
conversa “fora”
1
2
3
4
5
98
99
P.54.4. Visitar outros colegas
e/ou amigos
1
2
3
4
5
98
99
P.54.5. Fazer churrascos em
suas próprias casas
1
2
3
4
5
98
99
Freqüentemente
131
P.54.6. Ir a festas de aniversário
de familiares filho(a); esposa(a);
mãe e pai etc
P.54.7. Qualquer outro tipo de
atividade
1
2
3
4
5
98
99
1
2
3
4
5
98
99
Especifique:________|___|___|
P.55. O(a) Sr.(a) é filiado(a) ou participa regularmente das atividades das seguintes organizações?
[LEIA CADA UMA DAS OPÇÕES]
SIM
NÃO
NA
P.55.1. Associação de moradores
1
2
98
NS /NR
(ESPONTÂNEA)
99
P.55.2. Associação de Praças/Oficiais
1
2
98
99
P.55.3. Clube social ou esportivo
1
2
98
99
P.55.4. Torcida organizada
1
2
98
99
P.55.5. Grupos Religiosos
1
2
98
99
P.55.6. Reuniões ou Ensaios de Escola de Samba
1
2
98
99
1
2
98
99
P.55.7. Qualquer outro tipo de associação.
Especifique:_______________________|___|___|
Agora vamos falar um pouco da sua relação com sua família
P.56. Com que freqüência, o (a) Sr. (a) brinca, passeia ou conversa sobre os assuntos da
escola/faculdade do(s) seus filhos(as)? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA]
1. Não tem filhos [NÃO LER ESTA OPÇÃO]
2. Freqüentemente
3. Algumas vezes
4. Quase Nunca
5. Nunca
98. NA
99. NS/ NR
132
P.57. Com que freqüência, o(a) Sr. (a) faz pelo menos uma das refeições com a sua
esposa(o) e/ou filhos(as)? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Não tem Esposa (o) e/o Filhos [NÃO LER ESTA OPÇÃO] [SE MARCAR ESTA
OPÇÃO PULE PARA BLOCO VIII]
2. Freqüentemente
3. Algumas vezes
4. Quase Nunca
5. Nunca
98. NA
99. NS/ NR
P.58. Com que freqüência, o (a) Sr (a) e os seus filhos e/ou esposa (o) fazem as atividades
abaixo? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA – RESPOSTAS MÚLTIPLAS]
Raramente
3
Quase
Nunca
4
P.58.1. Vão ao cinema
1
Algumas
Vezes
2
P.58.2. Visitam parentes [pais;
irmãos (as); avô (a); tios(as)
primos(as)]
1
2
3
4
5
98
99
P.58.3. Vão ao clube
1
2
3
4
5
98
99
P.58.4. Vão à praia
1
2
3
4
5
98
99
P.58.5. Fazem churrasco em
casa
1
2
3
4
5
98
99
P.58.6.
aniversários
1
2
3
4
5
98
99
1
2
3
4
5
98
99
Freqüentemente
Comemoram
P.58.7. Qualquer outro tipo de
atividade
Nunca
NA
NS/NR
5
98
99
Especifique:________|___|___|
BLOCO VIII – CONFLITOS
P.59. Nos últimos 12 meses, o(a) Sr(a) foi vítimizado por alguém do seu convívio em
algumas das situações listadas abaixo? [SE SIM, PERGUNTAR QUANTAS VEZES]
P.59.1. Insulto, humilhação ou xingamento
P.59.2. Espancamento ou tentativa de estrangulamento
P.59.3. Esfaqueamento ou tiro
Sim,
Quantas
vezes?
_____
_____
_____
Não
0
0
0
NA
NS/NR
 98
 98
 98
 99
 99
 99
133
P.59.4. Ameaça com faca ou arma de fogo
_____
P.59.5. Amedrontamento ou perseguição
_____
P.59.6 Alguma outra situação?
Qual?________________________________|___|___|
_____
0
0
 98
 98
0
98
BLOCO IX - SAÚDE
P.60. Nos últimos 12 meses, o(a) Sr(a) utilizou os serviços médicos oferecidos pela
Polícia?
1. Sim. P.60.1. Como o(a) Sr.(a) avalia o atendimento médico que recebeu na
PMERJ? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Ruim
2. Regular
3. Bom
98. NA
99. NS/ NR
2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.62.]
98. NA
99. NS/ NR
P.61. Qual foi o diagnóstico dado pelo médico da PMERJ?
_______________________________________________________________________|__||__
|
P.62. Pelo mesmo motivo, o(a) Sr. (a) buscou a assistência de saúde fora da PMERJ?
[RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim. P.62.1 Qual?______________________________
2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.64]
98. NA
99. NS/ NR
P.63. Como o(a) Sr(a) avalia o atendimento médico que recebeu fora da PMERJ? [LEIA
ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Ruim
2. Regular
3. Bom
98. NA
99. NS/ NR
P.64. O(a) Sr(a) já utilizou os serviços de atendimento psicológico da PMERJ?
134
 99
 99
 99
1. Sim. P.64.1. Como o(a) Sr.(a) avalia o atendimento psicológico recebido na
PMERJ? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Ruim
2. Regular
3. Bom
98. NA
99. NS/ NR
2. Não
98. NA
99. NS/ NR
P.65. O(a) Sr.(a) utilizou os serviços de atendimento psicológico fora da PMERJ?
1. Sim. P.65.1. Como o(a) Sr.(a) avalia o atendimento psicológico que recebeu
fora da PMERJ?
1. Ruim
2. Regular
3. Bom
98. NA
99. NS/ NR
2. Não.
98. NA
99. NS/ NR
P.66. O(a) Sr(a) já utilizou os serviços de atendimento psiquiátrico da PMERJ?
1. Sim. P.66.1. Como o(a) Sr.(a) avalia o atendimento psiquiátrico recebido na
PMERJ? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Ruim
2. Regular
3. Bom
98. NA
99. NS/ NR
2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.68]
98. NA
99. NS/ NR
P.67. Qual foi o diagnóstico dado pelo psiquiatra da PMERJ?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
_______________________|__||__|
P.68. O(a) Sr(a) utilizou os serviços de atendimento psiquiátrico fora da PMERJ?
1. Sim. P.68.1. Como o(a) Sr.(a) avalia o atendimento psiquiátrico que recebeu
fora da PMERJ?
1. Ruim
135
2. Regular
3. Bom
98. NA
99. NS/ NR
2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA BLOCO X]
98. NA
99. NS/ NR
P.69. Qual foi o diagnóstico dado pelo psiquiatra da Instituição fora da PMERJ?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
_______________________|__||__|
BLOCO X - PROBLEMAS COM SONO/PESADELO
P.70. Nos últimos 12 meses, o(a) Sr.(a) teve algum problema no sono, como dificuldade
para adormecer, acordar freqüentemente à noite ou acordar muito cedo pela manhã?
[RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim.
2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.76]
98. NA
99. NS/ NR
P.71. Que idade o(a) Sr.(a) tinha quando começou a ter problemas para dormir? |___|___|
98. NA
99. NS/ NR
P.72. Qual o principal motivo da sua dificuldade para dormir? [NÃO LER AS OPÇÕESÚNICA]
1. Problemas Financeiros
2. Problemas no Trabalho
3. Problemas Familiares
4. Problemas de Saúde
 5. P.72.1. Outros_________________________________|___|___|
98. NA
99. NS/ NR
P.73. Em geral, quantas vezes o(a) Sr.(a) costuma acordar durante a noite? [LEIA
ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Nenhuma vez
2. Uma vez
3. 2 a 3 vezes
4. Mais de 3 vezes
98. NA
99. NS/ NR
P.74. Como o(a) Sr(a) se sente durante o dia:
[LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Disposto
136
2. Cansado
3. Sonolento
4. Irritado
5. Sem concentração
6. Indisposto
98. NA
 99. NS/ NR
P.75. O(a) Sr.(a) costuma se lembrar dos seus sonhos? [LEIA ATENTAMENTE CADA
ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Quase sempre ou sempre
2. Algumas vezes
3. Quase nunca
4. Nunca
98. NA
99. NS/ NR
P.76. O(a) Sr(a) tem pesadelos? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Quase sempre ou sempre
2. Algumas vezes
3. Quase nunca
4. Nunca
98. NA
99. NS/ NR
BLOCO XI - PROBLEMAS DE DEPRESSÃO & ANSIEDADE
ATENÇÃO PESQUISADOR: [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA – ÚNICA]
Durante as últimas 2 semanas, com que freqüência o(a) Sr.(a) foi incomodado/a
por qualquer um dos problemas abaixo:
P.77. Pouco interesse ou pouco prazer em fazer as suas atividades de trabalho
1. Todos os dias
2. Várias vezes ao dia
3. Algumas vezes ao dia
4. Poucas vezes ao dia
5. Raramente
6. Nunca
98. NA
 99. NS/ NR
P.78. Dificuldade de se concentrar nas coisas, como ler o jornal ou ver televisão
1. Todos os dias
137
2. Várias vezes ao dia
3. Algumas vezes ao dia
4. Poucas vezes ao dia
5. Raramente
6. Nunca
98. NA
 99. NS/ NR
P.79. A sensação de medo, pânico (como um frio na espinha, ou um aperto no estômago)
1. Todos os dias
2. Várias vezes ao dia
3. Algumas vezes ao dia
4. Poucas vezes ao dia
5. Raramente
6. Nunca
98. NA
 99. NS/ NR
P.80. Se sentir “para baixo”, deprimido/a ou sem perspectiva
1. Todos os dias
2. Várias vezes ao dia
3. Algumas vezes ao dia
4. Poucas vezes ao dia
5. Raramente
6. Nunca
98. NA
 99. NS/ NR
P.81. Se sentir cansado/a ou com pouca energia
1. Todos os dias
2. Várias vezes ao dia
3. Algumas vezes ao dia
4. Poucas vezes ao dia
5. Raramente
6. Nunca
98. NA
 99. NS/ NR
P.82. Um sentimento de fracasso ou uma decepção por ter frustrado a sua família ou ao
(a) Sr(a) mesmo(a)
1. Todos os dias
2. Várias vezes ao dia
3. Algumas vezes ao dia
4. Poucas vezes ao dia
5. Raramente
6. Nunca
98. NA
 99. NS/ NR
P.83. Desejos de se ferir de alguma maneira ou pensamentos de que seria melhor estar
morto/a:
1. Todos os dias
2. Várias vezes ao dia
138
3. Algumas vezes ao dia
4. Poucas vezes ao dia
5. Raramente
6. Nunca
98. NA
 99. NS/ NR
P.84. Desejos de matar ou ferir de alguma maneira outra pessoa:
1. Todos os dias
2. Várias vezes ao dia
3. Algumas vezes ao dia
4. Poucas vezes ao dia
5. Raramente
6. Nunca
98. NA
 99. NS/ NR
BLOCO XII - IDEAÇÕES SUICIDAS
ATENÇÃO PESQUISADOR: explicar ao entrevistado que este bloco se refere aos
pensamentos e idéias relacionados ao desejo de por fim a sua própria vida
P.85. Em algum momento da sua vida, o(a) Sr (a) chegou a pensar em se matar?
[RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim. P.85.1. Quantas vezes?
1. De 1 a 2 vezes
2. De 3 a 5 vezes
4. Mais de 6 vezes
98. NA
99. NS/ NR
2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA O BLOCO XV]
98. NA
 99. NS/ NR
P.86. Quando foi a última vez que o(a) Sr.(a) pensou em se matar?
 1. Menos de 1 ano
 2. De 1 a 5 anos
 3. De 6 a 10 anos
 4. De 11 a 15 anos
 5. De 16 a 20 anos
 6. De 21 a 25 anos
 7. Mais de 26 anos
98. NA
99. NS/ NR
P.87. Na última vez, por quanto tempo essas idéias permaneceram na sua
mente?_____________ |__||__|
139
P.88. Durante esse período, qual foi a freqüência? [LEIA ATENTAMENTE CADA
ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Todos os dias
2. Várias vezes ao dia
3. Algumas vezes ao dia
4. Poucas vezes ao dia
5. Raramente
6. Nunca
98. NA
 99. NS/ NR
P.89. O (a) Sr.(a) chegou a comentar com alguém sobre o desejo de “por fim” à sua vida?
1. Sim. P.89.1. Com quem? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA]
1. Mãe/Pai
2. Esposa(o)
3. Filho(a)
4. Irmão(a)
5. Primo(a)
6. Amigo(a) Próximo(a)
98. NA
 99. NS/ NR
2. Não
98. NA
 99. NS/ NR
P.90. O (a) Sr.(a) chegou a registrar por escrito (carta; bilhetes; agenda ou email) esses
pensamentos? [RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim
2. Não
98. NA
 99. NS/ NR
P.91. Na época, o(a) Sr(a) utilizou os serviços de atendimento psicológico da PMERJ?
[RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim.
2. Não.
98. NA
99. NS/ NR
P.92. Na época, o(a) Sr(a) utilizou os serviços de atendimento psiquiátrico da PMERJ?
[RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim.
2. Não.
98. NA
99. NS/ NR
140
P.93. Na época, o(a) Sr(a) utilizou os serviços de atendimento psicológico FORA da
PMERJ? [RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim.
2. Não
98. NA
99. NS/ NR
P.94. Na época, o(a) Sr(a) utilizou os serviços de atendimento psiquiátrico FORA da
PMERJ? [RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim.
2. Não
98. NA
99. NS/ NR
P.95. O (a) Sr.(a) chegou a pensar uma maneira para por “fim” a sua vida?
1. Sim P. 95.1. Qual seria o meio mais provável?
[LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Por Arma de fogo
2. Enforcamento
3. Queda
4. Medicamentos
5. Outros. P.95.2 Quais?_________________|__||__|
2. Não.
98. NA
99. NS/ NR
P.96. E atualmente, o(a) Sr.(a) ainda pensa em se matar? [RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim.
2. Não.
98. NA
 99. NS/ NR
BLOCO XIII TENTATIVAS DE SUICÍDIO
P. 97. Em algum momento da sua vida, (a) Sr (a) chegou a tentar suicídio?
1. Sim. P.97.1 O(a) Sr.(a) chegou a preparar o “incidente” com uma certa
antecedência?
[RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim.
2. Não.
98. NA
99. NS/ NR
2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA O BLOCO XV]
98. NA
99. NS/ NR
P.98. Quando aconteceu este incidente? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA]
 1. Menos de 1 ano
 2. De 1 a 5 anos
141
 3. De 6 a 10 anos
 4. De 11 a 15 anos
 5. De 16 a 20 anos
 6. De 21 a 25 anos
 7. Mais de 26 anos
98. NA
99. NS/ NR
P.99. O que levou o(a) Sr(a) a tomar essa atitude de tentar o suicídio? [RESPOSTAS
MÚLTIPLAS]
[NÃO LER AS OPÇÕES]
1. Problemas familiares.
2. Problemas financeiros.
3. Problemas de Relacionamento com o Chefe na unidade de trabalho
4. Problemas Administrativos no local de trabalho
5. Problemas de saúde
6.Outros. P.99.1.
Quais?____________________________________________________|__||__|
98. NA
99. NS/ NR
P.100. Essa foi a primeira vez que o Sr. (a) tentou suicídio?
1. Sim.
2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.102]
P.101. O (a) Sr (a) ficou hospitalizado?
1. Sim. P.101.1. Por quanto tempo? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA
- ÚNICA]
 1. Por uma semana.
 2. Por duas semanas
 3. Por três semanas
 4. Acima de 4 semanas
98. NA
 99. NS/ NR
2. Não
98. NA
99. NS/ NR
[SE RESPONDER A QUESTÃO P.101 PULE PARA A QUESTÃO P.105]
P.102. Quantas vezes o Sr. (a) tentou suicídio? [LEIA ATENTAMENTE CADA
ALTERNATIVA - ÚNICA]
1. Duas vezes.
2. Três vezes
3. Quatro vezes
4. Acima de 5 vezes
98. NA
99. NS/ NR
P.103. Na última tentativa, o(a) Sr (a) ficou hospitalizado?
 1. Sim. P.103.1. Por quanto tempo? [LEIA ATENTAMENTE CADA
ALTERNATIVA - ÚNICA]
 1. Por uma semana.
 2. Por duas semanas
 3. Por três semanas
 4. Acima de 4 semanas
98. NA
 99. NS/ NR
 2. Não.
142
98. NA
 99. NS/ NR
P.104. Qual(ais) foram o(s) motivos desta última vez?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
________________|__||__|
98. NA
 99. NS/ NR
P.105. Em sua família, existe algum caso de suicídio consumado?
 1. Sim. P.105.1. Quem? [RESPOSTA MULTIPLAS]
1. Mãe/Pai
2. Avó/Avô
3. Irmão(a)
4. Filho(a)
5. Esposa(o)
6. Tio(a)
7. Primo(a)
8. Outros P.105.2.
____________________________________ |__||__|
98. NA
 99. NS/ NR
 2. Não
98. NA
 99. NS/ NR
P.106. Em sua família, alguém chegou a tentar suicídio, mas não conseguiu?
 1. Sim. P.106.1. Quem? [RESPOSTA MULTIPLAS]
1. Mãe/Pai
2. Avó/Avô
3. Irmão(a)
4. Filho(a)
5. Esposa(o)
6. Tio(a)
7. Primo(a)
8. Outros
P.106.2.____________________________________|__||__|
98. NA
 99. NS/ NR
2. Não
98. NA
 99. NS/ NR
P.107. Em sua família, alguém foi vitimizado(a) por outro tipo de morte violenta
(homicídio ou acidente)?
1. Sim. P.107.1. Quem? [RESPOSTA MULTIPLAS]
1. Mãe/Pai
2. Avó/Avô
143
3. Irmão(a)
4. Filho(a)
5. Esposa(o)
6. Tio(a)
7. Primo(a)
8. Outros P.107.2.
____________________________________ |__||__|
98. NA
 99. NS/ NR
2. Não.
98. NA
99. NS/ NR
BLOCO XIV - RESPOSTAS AO FATO
ATENÇÃO PESQUISADOR: BLOCO A SER RESPONDIDO POR POLICIAIS MILITARES
QUE INFORMARAM TER TENTADO SUICÍDIO
P.108. Depois da tentativa o(a) Sr(a) conversou sobre este problema com: [RESPOSTAS
MULTIPLAS]
1. Familiares
2. Colegas e amigos da PMERJ
3. Comunidade/vizinho
4. Grupo de ajuda
5. Grupo religioso
6. Ninguém
7. Outros: P.108.1.____________________________________________ |__||__|
98. NA
99. NS/ NR
P.109. Depois da tentativa, o (a) Sr(a) recorreu aos serviços de atendimento psicológico
da PMERJ?[RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim.
2. Não
98. NA
99. NS/ NR
P.110. Depois da tentativa, o (a) Sr(a) recorreu aos serviços de atendimento psiquiátrico
da PMERJ?[RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim.
2. Não
98. NA
99. NS/ NR
P.111. Depois da tentativa, o(a) Sr(a) utilizou os serviços de atendimento psicológico
FORA da PMERJ? [RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim.
2. Não
144
98. NA
99. NS/ NR
P.112. Depois da tentativa, o(a) Sr(a) utilizou os serviços de atendimento psiquiátrico
FORA da PMERJ? [RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim.
2. Não
98. NA
99. NS/ NR
P.113. Depois das crises e internações, o(a) Sr.(a) voltou a trabalhar? [RESPOSTA
ÚNICA]
1. Sim
2. Não
3. Nunca Parei de Trabalhar
98. NA
99. NS/ NR
P.114. Depois da tentativa, seus colegas da PMERJ mudaram a forma de tratá-lo?
1. Sim
2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.116]
98. NA [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.116]
99. NS/ NR [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.116]
P.115. Por quanto tempo?
1. Mudou durante alguns dias
2. Mudou durante algumas semanas
3. Mudou durante alguns meses
4. Mudou durante alguns anos
5. Nunca mais foi a mesma
98. NA
99. NS/ NR
P.116. Depois da tentativa, o(a) Sr.(a) teve algum apoio (Emocional ou Financeiro)?
1. Sim. 116.1. De quem? [RESPOSTA MULTIPLA]
1. Familiares
2. Chefe da unidade de trabalho da época
3. Amigos da PMERJ
4.
Outros:
P.116.2.____________________________________________ |__||__|
98. NA
99. NS/ NR
2. Não.
98. NA
99. NS/ NR
P.117. O (a) Sr.(a) buscou algum recurso para evitar a ocorrência de uma nova tentativa?
1. Sim. 117.1. Qual (ais)? [RESPOSTA MULTIPLA]
1. Familiares
2. Religiosos
2. Amizades
145
3. Mudança de hábitos
4. Outros: P.117.2.__________________________|__||__|
98. NA
99. NS/ NR
2. Não.
98. NA
99. NS/ NR
BLOCO XV - PLANOS FUTUROS
BLOCO DE PERGUNTAS PARA TODOS OS ENTREVISTADOS
P.118. O(a) Sr.(a) tem planos para o seu futuro?
1. Sim
2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.120]
98. NA [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.120]
99. NS/ NR [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.120]
P.119. Quais são esses planos? Destaque os três principais:
P.119.1._______________________________________________________________
_|___|___|
P.119.2. ____
___________________________________________________________|___|___|
P.119.3. ___
____________________________________________________________|___|___|
98. NA (pule)
 99. NS/ NR(pule)
PESQUISADOR: ATENÇÃO! Se o entrevistado responder a questão P.119. (questão anterior),
encerrar o questionário aqui!
P.120. Por que o(a) Sr.(a) não tem planos?
1 Porque eu nunca tive
2 Porque as coisas independem de nós
3 Porque não vale a pena
4 Outros: P.120.1___________________|___|___|
98. NA 99. NS/ NR
Muito Obrigada pela sua participação
146
Anexo 8:
Questionário de Perfil de Policiais Militares
Público alvo:
Familiares e amigos de policiais vitimizados por mortes violentas
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional no Rio de Janeiro
Nº
Questionário:
Data:
Bairro:
Horário de Início:
_____:_____
Horário de Término:
_____:_____
____/_____/____
Município:
Local da Entrevista:
Nome do Entrevistador:
BLOCO I - DADOS PESSOAIS DA VÍTIMA
P1.
Como
se
chamava
a
_________________________________
P2. Sexo: [NÃO PERGUNTE]
pessoa
 1. Masculino
que
faleceu?
 2. Feminino
P3. O que o (a) Sr(a)_____________________ era seu?
(nome da vítima)
1. Mãe/Pai
2. Filho/Filha
3. Irmão/Irmã
4. Padrasto/Madrasta
5. Enteado/ Enteada
6. Avô/ Avó
7. Tio/Tia
8. Primo/Prima
9. Esposo ou Companheiro/ Esposa ou
Companheira
10. Amigo/Amiga
147
11.P3.Outro:_______________________
|___|___|
98. NA
99. NS/NR
P4. Em que ano e mês, nasceu o(a) Sr (a) __________________? Ano |___|___|
Mês|___|___|
(nome da vítima)
98. NA
99. NS/NR
P5. Qual era a situação conjugal do (a) Sr(a) _____________________?
(nome da vítima)
1. Casado(a)/morava com companheiro(a)
2. Desquitado(a) ou separado(a)
Judicialmente
3. Divorciado(a)
4. Viúvo(a)
5. Solteiro(a)
98. NA
99. NS/ NR
P6. O(a) Sr. (a) __________________ tinha filhos?
1. Sim. P6.1 Quantos? |___|___|
2. Não
98. NA
99. NS/NR
P7. Em qual cidade o(a) Sr. (a)______________ (nome da vítima) morava? [NÃO
LER OPÇÕES - ÚNICA]
1. Nesta cidade. P.7.1) Qual bairro?
__________________________________
2. Em outra cidade
P.7.2) Qual cidade?
__________________________________
P.7.3) Qual estado?
__________________________________
98. NA
99. NS/NR
P8. Qual era a cor (ou raça) do (a) Sr. (a)____________________? [LER OPÇÕES ÚNICA]
(nome da vítima)
148
1. Branca.
2. Preta.
3. Parda.
4. Amarela.
5. Indígena.
98. NA
99. NS/NR
P9. Até que série o(a) Sr.(a)_________________ estudou? [NÃO LER OPÇÕES ÚNICA]
(nome da vítima)
1. Nunca estudou
2. Alfabetizado Ensino Fundamental incompleto (1º Grau incompleto)
3. Ensino Fundamental completo (1º Grau completo)
4. Ensino médio incompleto (2º Grau incompleto)
5. Ensino médio completo (2º Grau completo)
6. Superior incompleto (Universidade / Faculdade incompleta)
7. Superior completo (Universidade / Faculdade completa)
8. Pós-graduação.
98. NA
99. NS/NR
P10. O(a) Sr.(a)..........................(nome da vítima) tinha alguma religião? [LEIA
ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
 1. Sim. Qual? [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO
P12]
 1. Evangélico
 2. Espírita Kardecista
 3. Umbanda, Candomblé ou outra religião de origem africana
 4. Católica Romana
 5. P.10.1. Outra religião: __________________
98. NA
99. NS/ NR
 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO SIGA PARA QUESTÃO P11]
98. NA
99. NS/ NR
P11. O(a) Sr.(a)_____________(nome da vítima) tinha alguma crença? [LEIA
ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
 1. Não tinha religião, mas acreditava em Deus
 2. Não tinha religião e não acreditava em Deus
 3. P.11.1.Outros___________________________|__||__|
98. NA
149
99. NS/ NR
BLOCO II - TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
P12. Em que o (a) Sr (a) ___________________ (nome da vítima) trabalhava antes
de ser admitido pela PMERJ? ÚLTIMA OCUPAÇÃO
_____________________________________________________________________|
__||__|
98. NA
99. NS/NR
P13. Qual foi a última patente do (a) Sr. (a) ____________________(nome da
vítima) na PMERJ? [LER OPÇÕES - ÚNICA]
.
1. Coronel
2. Tenente-Coronel
3. Major
4. Capitão
5. Primeiro-Tenente
6. Segundo-Tenente
7. Aspirante
8. Cadete
9. Subtenente
10. Primeiro-Sargento
11. Segundo-Sargento
12. Terceiro-Sargento
13. Cabo
14. Soldado
98. NA
99. NS/NR
P14. Em quais batalhões, o (a) Sr. (a)___________________ trabalhou?[NÃO LER
OPÇÕES- RESPOSTAS MÚLTIPLAS] [SE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO
PULE PARA QUESTÃO P.16]
1. Segundo BPM
2. Terceiro BPM
3. Quinto BPM
4. Sexto BPM
150
5. DIP
6. Nono BPM
7. Décimo BPM
8. Décimo-Primeiro BPM
9. Décimo-Quinto BPM
10. Décimo-Sexto BPM
11. Décimo-Nono BPM
12. Quadragésimo BPM
13. Batalhão de Choque
14. Vigésimo-Segundo BPM
15. Batalhão - Florestal (BPFMA)
16. QG
17. BOPE
18. Outros____________________
98. NA
99. NS/ NR
P15. Qual foi o último batalhão ou unidade administrativa da PMERJ que o(a)
Sr.(a)___________________ (nome da vítima) trabalhou? [NÃO LER OPÇÕES ÚNICA]
1. Segundo BPM
2. Terceiro BPM
3. Quinto BPM
4. Sexto BPM
5. DIP
6. Nono BPM
7. Décimo BPM
8. Décimo-Primeiro BPM
9. Décimo-Quinto BPM
10. Décimo-Sexto BPM
11. Décimo-Nono BPM
12. Quadragésimo BPM
13. Batalhão de Choque
14. Vigésimo-Segundo BPM
15. Batalhão - Florestal (BPFMA)
16. QG
17. BOPE
18. Outros____________________
98. NA
99. NS/ NR
P16. O(a) Sr.(a) se recorda quando o (a) Sr(a) ________________(nome da vítima)
começou a trabalhar neste batalhão/unidade? [RESPOSTA ÚNICA]
151
1. Sim. P16.1.
Quando?_________________________________________|___|___|
2. Não
98. NA
99. NS/ NR
P17. Além da atividade policial, o(a) Sr. (a)__________________ exercia com
regularidade alguma outra ocupação remunerada?
(nome da
vítima)
1. Sim. P.17.1. Qual é o ramo desta atividade?
1. Segurança Privada [ESCOLTA DE VALORES OU
PESSOAS, SEGURANÇA
PATRIMONIAL, VIGILÂNCIA]
2. Outros segmentos profissionais. P.17.2. Quais?
___________________
2. Não
98. NA
99. NS/NR
P18. Quando foi a última promoção recebida pelo (a) Sr (a)
_____________________? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
(nome da vítima)
1. Nos últimos 12 meses
2. Entre 1 e 3 anos
3. Entre 3 e 5 anos
4. Cinco anos ou mais
98. NA
99. NS/NR
P19. Nos últimos cinco anos, quantas vezes o (a) Sr. (a)________________foi
transferido de unidade policial?
(nome da vítima)
1. |_____|_____| vezes
2. Não foi transferido.
98. NA
99. NS/NR
P20. O(a) Sr. (a)______________________ (nome da vítima) gostava de trabalhar
na PMERJ?
152
 1. Sim.
 2. Não.
98. NA
98. NS/NR
BLOCO III - HISTÓRICO DE SAÚDE E ESTILO DE VIDA DA VÍTIMA
P21. O(a) Sr. (a)_____________________ fazia atividades físicas regularmente?
.................................(nome da vítima)
1. Sim. P.21.1 Quantas vezes por semana? [LEIA ATENTAMENTE CADA
ALTERNATIVA - ÚNICA]
 1. De 1 a 2 vezes por semana
 2. De 3 a 5 vezes por semana
 3. Mais de 5 vezes por semana
98. NA
99. NS/NR
2. Não
98. NA
99. NS/NR
P22. O(a) Sr. (a) _________________ (nome da vítima) fumava?
1. Sim. P.22.1 O(a) Sr(a) saberia dizer quantos cigarros o (a)
Sr(a)_______________(nome da vítima) consumia por dia? [LEIA
ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
 1. De 1 a 5 cigarros por dia
 2. De 6 a 10 cigarros por dia
 3. De 11 a 20 cigarros por dia
 4. Mais de 20 cigarros por dia
98. NA
99. NS/NR
2. Não
98. NA
99. NS/NR
P23. O (a) Sr. (a) ___________consumia bebida alcoólica?
.........................(nome da vítima)
1. Sim. P.23.1 Quantas vezes por semana? [LEIA ATENTAMENTE CADA
ALTERNATIVA - ÚNICA]
153
 1. De 1 a 2 vezes por semana
 2. De 3 a 5 vezes por semana
 3. Mais de 5 vezes por semana
98. NA
99. NS/ NR
2. Não.
98. NA
99. NS/NR
P24. Nos últimos 5 anos, o (a) Sr. (a)
serviços médicos oferecidos pela Polícia?
(nome da vítima) utilizou
1. Sim. P.24.1. Qual foi o motivo da última vez?
___________________________
2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.26]
98. NA [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.26]
99. NS/ NR [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.26]
P25. Em relação à última consulta, qual foi o diagnóstico dado pelo médico?
_______________________________________________________________|__||__|
98. NA 99. NS/ NR
P26. Nessa mesma ocasião, o (a) Sr. (a)_________________(nome da vítima)
buscou serviços médicos FORA DA PMERJ?
1. Sim. P.26.1. Quais? _______________________________
2. Não [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.28]
98. NA
99. NS/ NR
P27. Em relação à última consulta FORA DA PMERJ, qual foi o diagnóstico dado
pelo médico?
_______________________________________________________________|__||__|
98. NA 99. NS/ NR
P28. Nos últimos cinco anos, o (a) Sr. (a) __________________(nome da vítima)
utilizou algum serviço de atendimento psicológico/psiquiátrico?
1. Sim. P.28.1. De onde? [RESPOSTAS MÚLTIPLAS]
154
1. PMERJ [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO
P29.]
2. Hospitais Particulares [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE
PARA QUESTÃO P30.]
2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P31]
98. NA [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P31]
99. NS/NR [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P31]
P29. Em relação à última consulta, qual foi o diagnóstico dado pelo
psicólogo/psiquiatra da PMERJ?
_____________________________________________________________________
__|__||__|
98. NA
99. NS/ NR
P30. Em relação à última consulta, qual foi o diagnóstico dado pelo
psicólogo/psiquiatra particular?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________|__||__|
98. NA
99. NS/ NR
P31. O(a) Sr. (a)_________________ (nome da vítima) alguma vez foi internado (a)
por motivos psiquiátricos?
1. Sim. P.31.1. Por quanto tempo? [LEIA ATENTAMENTE CADA
ALTERNATIVA - ÚNICA]
 1. Por uma semana.
 2. Por duas semanas
 3. Por três semanas
 4. Acima de 4 semanas
98. NA
 99. NS/ NR
2. Não.
98. NA
99. NS/NR
P32. O(a) Sr. (a) _________________ reclamava de ter dificuldade para dormir?
(nome da vítima)
1. Sim.
2. Não.
98. NA
99. NS/NR
Muito obrigada pela sua participação! Atenção Pesquisador (a): Seguir com o Roteiro.
155
Anexo 9:
Questionário de Perfil de Policiais Militares
Público alvo:
Familiares de policiais militares NÃO vitimizados por mortes violentas
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional no Rio de Janeiro
Nº
Questionário:
Data:
Bairro:
Horário de Início:
_____:_____
Horário de Término:
_____:_____
____/_____/____
Município:
Local da Entrevista:
Nome do Entrevistador:
BLOCO I - DADOS PESSOAIS DO POLICIAL MILITAR
P1. Como se chama o policial que lhe indicou? _________________________________
P2. Sexo: [NÃO PERGUNTE]
 1. Masculino
 2. Feminino
P3. O que o(a) Sr(a)_____________________é seu?
(nome do policial)
1. Mãe/Pai
2. Filho/Filha
3. Irmão/Irmã
4. Padrasto/Madrasta
5. Enteado/ Enteada
6. Avô/ Avó
7. Tio/Tia
8. Primo/Prima
156
9. Esposo ou Companheiro/ Esposa ou Companheira
10. Amigo/Amiga
11.P3.Outro:_______________________ |___|___|
98. NA
99. NS/NR
P4. Em que ano e mês, nasceu o(a) Sr (a) __________________? Ano |___|___|
Mês|___|___|
(nome do policial)
98. NA
99. NS/NR
P5. Qual é a situação conjugal do (a) Sr(a)_____________________?
(nome do policial)
1. Casado(a)/morava com companheiro(a)
2. Desquitado(a) ou separado(a) Judicialmente
3. Divorciado(a)
4. Viúvo(a)
5. Solteiro(a)
98. NA
99. NS/ NR
P6. O(a) Sr. (a) (nome do policial)__________________ tem filhos?
1. Sim. P6.1 Quantos? |___|___|
2. Não
98. NA
99. NS/NR
P7. Em qual cidade o(a) Sr (a)______________ (nome do policial)
OPÇÕES - ÚNICA]
mora? [NÃO LER
1. Nesta cidade. P.7.1) Qual bairro? __________________________________
2. Em outra cidade
P.7.2) Qual cidade? __________________________________
P.7.3) Qual estado? __________________________________
98. NA
99. NS/NR
P8. Qual é a cor (ou raça) do (a) Sr (a)____________________? [LER OPÇÕES - ÚNICA]
(nome do policial)
1. Branca.
2. Preta.
3. Parda.
4. Amarela.
5. Indígena.
98. NA
157
99. NS/NR
P9. Até que série o(a) Sr(a)_________________ estudou? [NÃO LER OPÇÕES - ÚNICA]
(nome do policial)
1. Nunca estudou
2. Alfabetizado Ensino Fundamental incompleto (1º Grau incompleto)
3. Ensino Fundamental completo (1º Grau completo)
4. Ensino médio incompleto (2º Grau incompleto)
5. Ensino médio completo (2º Grau completo)
6. Superior incompleto (Universidade / Faculdade incompleta)
7. Superior completo (Universidade / Faculdade completa)
8. Pós-graduação.
98. NA
99. NS/NR
P10. O(a) Sr(a)..........................(nome do policial) tem alguma religião? [LEIA
ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
 1. Sim. Qual? [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P12]
 1. Evangélico
 2. Espírita Kardecista
 3. Umbanda, Candomblé ou outra religião de origem africana
 4. Católica Romana
 5. Outra religião: __________________
98. NA
99. NS/ NR
 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO SIGA PARA QUESTÃO P11]
98. NA
99. NS/ NR
P11. O(a) Sr.(a)_____________(nome do policial) tem alguma crença? [LEIA
ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
 1. Não tinha religião, mas acreditava em Deus
 2. Não tinha religião e não acreditava em Deus
 3. Outros___________________________|__||__|
98. NA
99. NS/ NR
BLOCO II - TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
P12. Em que o (a) Sr (a) ___________________ (nome do policial) trabalhava antes de ser
admitido pela PMERJ? ÚLTIMA OCUPAÇÃO
_____________________________________________________________________|__||__|
98. NA
99. NS/NR
158
P13. Qual é atual patente do (a) Sr (a) ____________________(nome do policial) na
PMERJ? [LER OPÇÕES - ÚNICA]
.
1. Coronel
2. Tenente-Coronel
3. Major
4. Capitão
5. Primeiro-Tenente
6. Segundo-Tenente
7. Aspirante
8. Cadete
9. Subtenente
10. Primeiro-Sargento
11. Segundo-Sargento
12. Terceiro-Sargento
13. Cabo
14. Soldado
98. NA
99. NS/NR
P14. Em quais batalhões, o (a) Sr(a)___________________ (nome do policial)
trabalhou?[NÃO LER OPÇÕES- RESPOSTAS MÚLTIPLAS] [SE MARCAR SOMENTE UMA
OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.16]
1. Segundo BPM
2. Terceiro BPM
3. Quinto BPM
4. Sexto BPM
5. DIP
6. Nono BPM
7. Décimo BPM
8. Décimo-Primeiro BPM
9. Décimo-Quinto BPM
10. Décimo-Sexto BPM
11. Décimo-Nono BPM
12. Quadragésimo BPM
13. Batalhão de Choque
14. Vigésimo-Segundo BPM
15. Batalhão - Florestal (BPFMA)
16. QG
17. BOPE
18. Outros____________________
98. NA
99. NS/ NR
P15. Atualmente, em que batalhão ou unidade administrativa da PMERJ o(a)
Sr(a)___________________ (nome do policial) trabalha? [NÃO LER OPÇÕES - ÚNICA]
159
1. Segundo BPM
2. Terceiro BPM
3. Quinto BPM
4. Sexto BPM
5. DIP
6. Nono BPM
7. Décimo BPM
8. Décimo-Primeiro BPM
9. Décimo-Quinto BPM
10. Décimo-Sexto BPM
11. Décimo-Nono BPM
12. Quadragésimo BPM
13. Batalhão de Choque
14. Vigésimo-Segundo BPM
15. Batalhão - Florestal (BPFMA)
16. QG
17. BOPE
18. Outros____________________
98. NA
99. NS/ NR
P16. O(a) Sr(a) se recorda quando o (a) Sr(a) ________________(nome do policial)
começou a trabalhar neste batalhão/unidade? [RESPOSTA ÚNICA]
1. Sim. P16.1
Quando?____________________________________________________|___|___|
2. Não
98. NA
99. NS/ NR
P17. Além da atividade policial, o(a) Sr. (a)__________________ exerce com regularidade
alguma outra ocupação remunerada?
(nome do policial)
1. Sim. P.17.1. Qual é o ramo desta atividade?
1. Segurança Privada [ESCOLTA DE VALORES OU PESSOAS,
SEGURANÇA PATRIMONIAL,
VIGILÂNCIA]
2. Outros segmentos profissionais. P.17.2. Quais?
___________________
2. Não
98. NA
99. NS/NR
P18. Quando foi a última promoção recebida pelo (a) Sr (a) _____________________?
[LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA]
(nome
do
policial)
1. Nos últimos 12 meses
2. Entre 1 e 3 anos
160
3. Entre 3 e 5 anos
4. Cinco anos ou mais
98. NA
99. NS/NR
P19. Nos últimos cinco anos, quantas vezes o (a) Sr (a)________________foi transferido
de unidade policial?
(nome do policial)
1. |_____|_____| vezes
2. Não foi transferido.
98. NA
99. NS/NR
P20. O(a) Sr (a)______________________ (nome do policial) gosta de trabalhar na PMERJ?
 1. Sim.
 2. Não.
98. NA
98. NS/NR
BLOCO III - HISTÓRICO DE SAÚDE E ESTILO DE VIDA DA VÍTIMA
P21. O(a) Sr. (a)_____________________ faz atividades físicas regularmente?
.................................(nome do policial)
1. Sim. P.21.1 Quantas vezes por semana? [LEIA ATENTAMENTE CADA
ALTERNATIVA - ÚNICA]
 1. De 1 a 2 vezes por semana
 2. De 3 a 5 vezes por semana
 3. Mais de 5 vezes por semana
98. NA
99. NS/NR
2. Não
98. NA
99. NS/NR
P22. O(a) Sr. (a) _________________ (nome do policial) fuma?
1. Sim. P.22.1 O(a) Sr(a) saberia dizer quantos cigarros o (a) Sr(a)_________(
nome do policial) consume por dia? [LEIA ATENTAMENTE CADA
ALTERNATIVA - ÚNICA]
 1. De 1 a 5 cigarros por dia
 2. De 6 a 10 cigarros por dia
 3. De 11 a 20 cigarros por dia
 4. Mais de 20 cigarros por dia
98. NA
99. NS/NR
161
2. Não
98. NA
99. NS/NR
P23. O (a) Sr. (a) ___________consume bebida alcoólica?
.........................(nome do policial)
1. Sim. P.23.1 Quantas vezes por semana? [LEIA ATENTAMENTE CADA
ALTERNATIVA - ÚNICA]
 1. De 1 a 2 vezes por semana
 2. De 3 a 5 vezes por semana
 3. Mais de 5 vezes por semana
98. NA
99. NS/ NR
2. Não.
98. NA
99. NS/NR
P24. Nos últimos 5 anos, o (a) Sr(a)
médicos oferecidos pela Polícia?
(nome do policial) utilizou serviços
1. Sim. P.24.1. Qual foi o motivo da última vez? ___________________________
2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.26]
98. NA [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.26]
99. NS/ NR [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.26]
P25. Em relação à última consulta, qual foi o diagnóstico dado pelo médico?
_______________________________________________________________|__||__|
98. NA 99. NS/ NR
P26. Nessa mesma ocasião, o (a) Sr(a)_________________(nome do policial) buscou
serviços médicos FORA DA PMERJ?
1. Sim. P.26.1. Quais? _______________________________
2. Não
98. NA
99. NS/ NR
P27. Em relação à última consulta FORA DA PMERJ, qual foi o diagnóstico dado pelo
médico?
_______________________________________________________________|__||__|
98. NA 99. NS/ NR
P28. Nos últimos cinco anos, o (a) Sr(a) __________________(nome do policial) utilizou
algum serviço de atendimento psicológico/psiquiátrico?
162
1. Sim. P.28.1. De onde? [RESPOSTAS MÚLTIPLAS]
1. PMERJ [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P29.]
2. Hospitais Particulares [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA
QUESTÃO P30.]
2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P31]
98. NA [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P31]
99. NS/NR [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P31]
P29. Em relação à última consulta, qual foi o diagnóstico dado pelo psicólogo/psiquiatra
da PMERJ?
_______________________________________________________________________|__||_
_|
98. NA
99. NS/ NR
P30. Em relação à última consulta, qual foi o diagnóstico dado pelo psicólogo/psiquiatra
particular?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
______________|__||__|
98. NA
99. NS/ NR
P31. O(a) Sr (a)_________________ (nome do policial) alguma vez foi internado (a) por
motivos psiquiátricos?
1. Sim. P.31.1. Por quanto tempo? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA]
 1. Por uma semana.
 2. Por duas semanas
 3. Por três semanas
 4. Acima de 4 semanas
98. NA
 99. NS/ NR
2. Não.
98. NA
99. NS/NR
P32. O(a) Sr(a) _________________ reclama de ter dificuldade para dormir?
(nome do policial)
1. Sim.
2. Não.
98. NA
99. NS/NR
163
Anexo 10:
Lista dos Serviços de Psicologia Aplicada
Universidade
Endereço
Centro Universitário Celso Lisboa
Rua 24 de Maio 797 - Sampaio. CEP
20950-091 - Rio de Janeiro
Instituto Brasileiro de Medicina e
Reabilitação
Rua Corrêa Dutra, 126 - Catete. CEP:
22210-050 - Rio de Janeiro
Pontíficia Universidade Católica do
Estado do RJ
Sociedade Educacional Fluminense
Universidade Católica de Petrópolis
Rua Marquês de São Vicente 225 Gávea. CEP 22453-900 - Rio de
Janeiro
Rua Pracinha Wallace Paes Leme
1338 - Centro - Nilópolis. CEP 26525030 – Rio de Janeiro
Rua Monsenhor Bacelar, 85, Centro Petrópolis. CEP: 25.685-113 - Rio de
Janeiro
Universidade do Estado do Rio de
Janeiro
Rua São Francisco Xavier 524 /10º
andar – sala 10.006 – Bloco D Maracanã. CEP 20559-900 - Rio de
Janeiro
Universidade Federal Fluminense:
Campus Gragoatá
Campus do Gragoatá s/nº - Bloco N 5º andar - – Niterói. CEP 24210-350 Rio de Janeiro
Universidade Federal do Rio de
Janeiro
Universidade Gama Filho
Rua Paula Frassinetti 42 - Rio
Comprido -CEP 20261-170 – Rio de
Janeiro
Universidade Estácio de Sá: Campus
Akxe-Barra da Tijuca
Avenida Prefeito Dulcídio Cardoso,
2.900 - Barra da Tijuca - CEP: 22631021 - Rio de Janeiro
Universidade Estácio de Sá: Campus
Resende
(21) 3527-1574
2ªf à 6ªf, das 7hs às
20hs
(21) 2792-0352
(24) 2244-4113
(21) 2334-0033
Rua Jardim Sans Souci, s/nº Braunes – Nova Friburgo. CEP 28600000 – Rio de Janeiro
Rua Zenaide Vilela, s/nº - Jardim
Brasília II – Resende. CEP 27515-010 Rio de Janeiro
2ªf a 6ªf, das 8hs às
17hs; sábado, das 8hs
às 13hs
Nenhum documento Adulto e criança
Triagem: R$15. Demais
consultas R$15 (cada
sessão)
2ªf à 6ªf, das 10hs às
22hs
Ligação p cadastro
Adulto e criança
Atendimento gratuito
Comprovante de
renda
Somente no ato
da inscrição
informam as
vagas que irão
abrir
Gratuito para quem não
tem condições de
pagar. Para quem tem
condições, é cobrado
um valor simbólico.
4ªf, a partir de 8hs
A combinar com o
(21) 2629-2951 / 2629- (Chegar por volta de 6:30
terapeuta. Gratuito caso
Nenhum documento Adulto e criança
2952
e 7hs, pois há poucas
o paciente não tenha
vagas)
condições de pagar
RG (Adulto) /
Certidão de
Nascimento
(Criança)
Adulto e criança
Triagem: gratuita.
Demais consultas a
combinar
Sem informação
Sem informação
Sem informação
Adulto e criança
Triagem: R$2. Dermais
consultas de acordo
com a renda do
paciente
2ªf das 8:45hs às 9:30hs;
(21) 2503-7183 / 2503- 9:30 às 10:15hs; 4ªf das
Precisa ligar antes
7253
19:15hs às 20hs; 5ªf das
17:45hs às 18:30hs
(21) 2432-3628
2ªf, 3ªf e 5ªf, das 13hs
às 20hs; 4ªf, das 8hs às
20hs; 6ªf, das 8hs às
18hs
Ligar antes para
agendar
Adulto e criança
Triagem: R$3. Demais
consultas a combinar
(Pode variar de R$5 a
R$20)
(22) 2525-1523
2ªf à 6ªf, das 8hs às
13hs; 14hs às 18hs
Ligar antes para
fazer cadastro
Adulto e criança
Triagem: gratuita.
Demais consultas: R$5
(24) 3383-4615
2ªf à 6ªf, das 13hs às
21:30hs
Nenhum documento Adulto e criança
Se houver
encaminhamento
escolar ou médico,
entra como
prioridade
Certidão de
Nascimento
(Crianças)
Universidade Estácio de Sá: Campus
Campos dos Goytacazes
Av. Vinte e Oito de Março, 423 –
Centro - Campos dos Goitacazes CEP 28020-740 – Rio de Janeiro
(22) 2737-7015
2ªf à 6ªf, das 7hs às
12:30hs; 13:30 às 22hs
Universidade Estácio de Sá: Campus
Niterói
Rua Eduardo Luiz Gomes, 153 –
Centro - Niterói. CEP 24020-340 – Rio
de Janeiro
(21) 2717-9011
2ªf à 6ªf, das 10hs às
12hs; 13hs às 20hs
Universidade Estácio de Sá: Campus
Taquara – R9
Rua André Rocha, 286 – Taquara –
Jacarepaguá. CEP 23510-001 – Rio de
Janeiro
(21) 3312-6100
Horário Comercial
RG
Universidade Estácio de Sá: Campus
Santa Cruz
Rua Felipe Cardoso, 1.660 - Santa
(21) 2418-2580 / 2418Cruz. CEP: 23520-572 - Rio de Janeiro
2583 / 2418-2587
Universidade Estácio de Sá: Campus
Norte Shopping
Avenida Dom Hélder Câmara 5.080,
Pilares
Rua Visconde do Rio Branco 881 - 2º
Faculdades Integradas Maria Thereza Andar - São Domingos. CEP 24240006 – Niterói-RJ
Atendimento gratuito
Triagem: R$1. Demais
consultas a combinar
2ªf à 6ªf, das 8:30 às
20:30 (Incrição somente
nos meses de agosto e
março)
Ligação para
agendar
Valor da consulta
Triagem: R$ 5. Demais
consultas a combinar
Adulto, criança/
casal e família
2ªf à 6ªf, das 8hs às
Avenida Pasteur 250 - Pavilhão Nilton
(21) 3873-5335/ 387320hs (Caso não haja
Campos - Praia Vermelha. CEP 229005327 / 2295-8113
vaga, eles encaminham
240 - Rio de Janeiro
para outro local)
Rua Manoel Vitorino 625 - Prédio do
2ªf à 6ªf, das 7:30hs às
Centro de Pesquisa (CP) – 2º andar (21) 2599-7152
22hs; Sábados, das
Piedade. CEP 20.748-990 - Rio de
7:30h às 15hs
Janeiro
Universidade Estácio de Sá: Campus
Rebouças
Universidade Estácio de Sá: Campus
Nova Friburgo
Horário de
Docum entos para
Público-alvo
atendim ento
inscrição
(21) 3289-4792 / 3289- 2ªf à 6ªf, das 9hs às 12h;
RG e CPF
Adulto e criança
4722
13hs às 21hs
(21) 2205-2499 / 25572ªf à 6ªf, das 8hs às
Inscrição por
6888 / 2558-4470
Adulto e criança
21hs
telefone
(Ramal 124)
Telefone
Mensalidade: R$12
Adulto e criança
Triagem: gratuita.
Demais consultas a
combinar (Pode variar
de R$1 a R$10)
Adulto e criança
Triagem: R$2. Demais
consultas a combinar
Adulto e criança
(Atendimento da
criança - primeira Não divulgam o preço
vez somente com
o responsável)
Sem informação
Sem informação
Sem informação
Sem informação
2583-7100
(Faculdade) / 25837116 (SPA)
Sem informação
Sem informação
Sem informação
Sem informação
(21) 3604-1559
2ªf à 6ªf, das 8hs às
22hs
Nenhum documento Adulto e criança
Valor a combinar
2ªf à 6ªf, das 9hs às
(24) 2471-8275/ 247118hs; sábado, das 8hs
8156
às 11hs
Xerox do RG, CPF,
comprovante de
renda e
comprovante de
residência
Universidade Severino Sombra
Rua Dr. Joaquim Teixeira Leite 53
Fundos - Centro - Vassouras. CEP
27700-000 - Rio de Janeiro
Universidade Santa Úrsula
Rua Fernando Ferrari 75 – Prédio I –
7664-9197 (Maria dos
2ªf à 6f, das 13:30hs às
Sala 412 – Botafogo. CEP 22231-040 Remédios 17:30hs
Rio de Janeiro
atendente)
Nenhum documento Adulto e criança
Universidade Veiga de Almeida:
Campus Tijuca
Rua Ibituruna 108 - Vila Universitária casa 4 - Maracanã. CEP 20271-020 Rio de Janeiro
(21) 2574-8898
2ª a 6ª, de 8hs às 20hs
Não tem previsão de
atendimento para
Criança,
adulto. No
adolescente e
atendimento de
orientação
crianças é
profissional (O
necessário o RG e
prazo de espera
CPF do
para atendimento
responsável, e
varia de 2 a 3
encaminhamento do
meses)
médico ou da
escola, caso haja.
Universidade Veiga de Almeida:
Campus Barra
Av. Gal. Felicíssimo Cardoso, 500 Barra da Tijuca (atrás do Clube
Marapendi)
(21) 3325-2333
2ªf à 6ªf, das 8hs às
12hs; 13hs às 18hs
RG
Adulto e criança
Adulto e criança
Triagem: gratuita.
Demais consultas, se o
paciente recebe acima
de 2 salários mínimos,
R$10
Triagem: R$10. Demais
consultas a combinar
(Pode variar de R$10 a
R$60)
As consultas podem
variar de R$2 a R$25,
depende de quanto o
paciente pode pagar
As consultas podem
variar de R$2 a R$25,
depende de quanto o
paciente pode pagar
Fonte: Elaboração de Emanuelle de Araújo a partir dos dados coletados nos sites das universidades pesquisadas.
164
Anexo 11:
Rede de Assistência Psicológica da Polícia Militar52
Unidades Operacionais
3o BPM
Endereço
Telefone
Profissional Responsável
3399-6580 Cap Psi Flávia Brasil
9o BPM
Rua Lucídio Lago, nº 181 - Méier - Rio de Janeiro
Rua Tenente Coronel Cardoso, S/N - Campos dos Goytacazes - Rio de
Janeiro
Rua Tacaratu, nº 94 - Rocha Miranda - Rio de Janeiro
12o BPM
Rua Jansen de Melo, S/N - Niterói - Rio de Janeiro
3399-4760 Maj Psi Sandra Amil; Maj Psi Luciene
18o BPM
Estrada Pau Ferro, nº 435 - Jacarepaguá - Rio de Janeiro
3399-7427 Cap Psi Silvia
19º BPM
Rua Figueiredo de Magalhães, nº 550 - Copacabana - Rio de Janeiro
3399-7450 Maj Psi Verônica; Cap Psi Flávia Midao
UBS 20o BPM
Rua Tenente Aldir, nº 345 - Mesquita - Rio de Janeiro
3399-2760 Maj Psi Márcia Ferreira; Cap Psi Daniele
23o BPM
Avenida Bartolomeu Mitre, nº 905 - Leblon - Rio de Janeiro
3399-7510 Cap Psi Celina
26o BPM
Rua Domingos Silveira, S/N - Petrópolis - Rio de Janeiro
3399-8660 Cap Psi Thomaz
28o BPM
Avenida Sávio Gama, nº 230 - Volta Redonda - Rio de Janeiro
Rua Senador Rui Carneiro, S/N - Recreio dos Bandeirantes - Rio de
Janeiro
3399-9050 1o Ten Psi Elder
UBS 8o BPM
31º BPM
BOPE - Batalhão de Operações Policiais Especiais Rua Campo Belo, S/N - Laranjeiras - Rio de Janeiro
GAM - Grupamento Aéreo e Marítimo da Polícia
Militar
GESAR - Grupamento Especial de Salvamento e
Ações de Resgate
UP/PMERJ - Unidade Prisional da Polícia Militar
3399-9550 Cap Psi Isabella
3399-6610 Cap Psi Ana Cristina; Cap Psi Renata Ferreira
3399-7540 Cap Psi Márcia Galliza
3399-7370 Cap Psi Bianca
Avenida Feliciano Sodré, S/N - Niterói - Rio de Janeiro
3399-4966 Cap Psi Roberta Rocha
Av. Salvador de Sá, 02 - Estácio - Rio de Janeiro
2332-8537 Maj Psi Georgiana; Maj Psi Fernanda
Rua Célio Nascimento, s/n - Benfica - Rio de Janeiro
2332-4553 1º Ten Psi Rodrigo
4º CPA - Comando de Policiamento de Área
Rua Feliciano Sodré, 190 – Centro – Niterói - Rio de Janeiro
2717-6513 Cap Psi Anita
UBS RPMONT/RCECS
Avenida dos Estados, S/N - Campo Grande - Rio de Janeiro
3399-5570 Cap Psi Cátia
Unidades de Saúde
HCPM - Hospital Central da Polícia Militar
Rua Estácio de Sá, 20 - Estácio - Rio de Janeiro
HPM - Nit - Hospital da Polícia Militar em Niterói
PPM/CASC - Policlínica da Polícia Militar em
Cascadura
PPM/Olaria - Policlínica da Polícia Militar em Olaria
PPM/SJM - Policlínica da Polícia Militar em São João
de Meriti
CFR - Centro de Fisiatria e Reabilitação da Pmerj
Rua Dr. Martins Torres, n° 245 - Santa Rosa - Niterói - Rio de Janeiro
Profissional Responsável
Maj Psi Fernando; Maj Psi Naiana; Cap Psi Alessandra; Cap Psi
2333-7666 Claudia Santos; Psicóloga Cristina Duba; Psicóloga Elaine;
Psicóloga Elisa; Psicóloga Márcia Helena
2715-4765 Maj Psi Lilian; Maj Psi Kelly; Psicóloga Miriam
Av. Dom Hélder Câmara, nº 10.199 – Cascadura - Rio de Janeiro
2332-4247 Maj Psi Rosilene; Cap Psi Claudia Candol; Cap Psi Andrea
Rua Paranapanema, 965 – Olaria – Rio de janeiro
Av. Automóvel Club, s/n (ao lado do 21º BPM) - Centro - São João de
Meriti - Rio de Janeiro
Rua Paranhos nº 820 - Olaria - Rio de Janeiro
2334-7485 Maj Psi Valmir
GAFPMF - Grupo de Atendimento aos Familiares
dos Policiais Militares Falecidos (DIP)
Endereço
Telefone
2757-0661 CAP Psi Daniela; CAP Psi Gabriela
2334-7489 1o Ten Psi Alexandra
Rua Eduardo Prado, 22 - São Cristovão - Rio de Janeiro
2334-1868 Cap Psi Damiana; Mj Psi Letícia; Psicóloga Beatriz Junqueira
Fonte: Elaboração de Emanuelle de Araújo a partir dos dados da PMERJ
52
Em virtude da contratação de novos psicólogos pela PMERJ, essas informações sofreram alterações ao término da pesquisa.
Houve um remanejamento dos profissionais responsáveis nos batalhões e unidades de saúde, bem como a ampliação do número de
unidades que oferecem serviços de atendimento psicológico.
165