BESELER cadete
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BESELER cadete
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UERJ) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DE CIÊNCIAS SOCIAIS LABORATÓRIO DE ANÁLISE DE VIOLÊNCIA (LAV) RELATÓRIO TÉCNICO PROJETO DE PESQUISA: “Suicídio e risco ocupacional: o caso da polícia militar carioca” Julho/2012 1 I. INFORMAÇÕES GERAIS: Nome do Projeto: “Suicídio e risco ocupacional: o caso da polícia militar carioca” Instituição: Laboratório de Análise da Violência – Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV/UERJ) Coordenação do LAV: Prof. Dr. Ignacio Cano (LAV/UERJ). Prof. Dr. João Trajano (LAV/UERJ) Coordenação da Pesquisa Profa. Dra. Dayse Miranda (LAV/UERJ e PDJ-CNPQ). Pesquisadores: Profa Dra. Neide Ruffeil (UFRRJ). Prof. Dr. Doriam Borges (LAV/UERJ). Doutoranda Joana Marie Nunes (PPED/IE/UFRJ). Me. Emanuelle de Araújo (LAV/UERJ). Assistentes de Pesquisa: Andréia Cidade Marinho (IESP/UERJ). Cíntia Lopes de Barros (IESP/UERJ). Diogo Sardinha (LAV/UERJ). Isis do Mar Marques (UFF). Sandra Andrade (LAV/UERJ). Tatiana Guimarães (LAV/UERJ). 2 RESUMO: Esse documento tem como objetivo apresentar os primeiros resultados da pesquisa “Suicídio e Risco Ocupacional: o caso da Polícia Militar”. Os dados aqui analisados evidenciam as variáveis associadas à ideação suicida e às tentativas de suicídio entre policiais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Para tanto, comparamos 72 casos de ideação suicida com 152 controles (policiais militares que não pensaram e nem tentaram suicídios) identificados através da aplicação de questionários numa população de policiais militares voluntários. A pesquisa encontrou, entre outros, os seguintes resultados: 1- O fato de não ter filhos e de não possuir filiação religiosa torna o policial mais suscetível às ideações suicidas; 2- policiais que sofreram agressões verbais e físicas não letais (perseguições/amedrontamento, xingamentos, insultos, humilhações por pessoas do seu convívio) apresentaram um risco maior de ideações e tentativas de suicídio. 3- A insatisfação com o trabalho na PMERJ está fortemente associada às ideações e tentativas suicidas. 4- o baixo nível de sociabilidade informal entre colegas de turma da PMERJ e na família está correlacionado com ideações e tentativas suicidas. Em suma, os dados da pesquisa sugerem que policiais social e profissionalmente isolados, que sofreram vitimização e insatisfeitos com seu trabalho, apresentaram maior susceptibilidade ao comportamento suicida. 3 Apresentação O presente relatório apresenta os primeiros resultados das atividades do Projeto Suicídio e Risco ocupacional, desenvolvidas no Laboratório de Análise de Violência (LAV/UERJ), em três momentos distintos. O primeiro deles (08/02/2010 a 31/01/2011) envolve o tratamento e a análise dos dados de mortalidade no Brasil e no mundo. Esse trabalho originou os produtos apresentados no Relatório Parcial de Pesquisa ao CNPQ/2010. O estudo do perfil das vítimas de mortes por suicídio no Brasil e na cidade do Rio de Janeiro, entre 2000 a 2007, a partir dos dados do Ministério da Saúde (SIM/DATASUS), como também as informações qualitativas obtidas por meio de conversas com especialistas em saúde mental e em segurança pública foram essenciais para traçar o desenho desta pesquisa. Não obstante, não foi possível calcular os riscos ocupacionais das mortes por suicídio em função da qualidade das informações examinadas. Esse fato nos levou concluir que a realização de um diagnóstico de suicídio ocupacional demandaria uma pesquisa empírica. O primeiro passo dado nessa direção foi tentar sensibilizar os gestores de diferentes instituições policiais militares da relevância do problema. As negociações institucionais levaram quase oito meses (de março/2010 a outubro/2010). No segundo momento (02/02/2011 a 31/07/2011), fizemos a sensibilização de atores membros da organização policial militar que aceitou desenvolver o projeto. Conversamos com policiais militares do Quadro de Oficiais1, do Quadro de Oficiais de Saúde e as “Praças” (sargentos 1º; 2º e 3º, cabos e soldados)2. O último período (01/08/2011 a 01/06/2012) remete ao trabalho de campo, ao tratamento e à análise dos dados coletados. O texto está estruturado em duas seções. A primeira foi dedicada à descrição do trabalho de campo e da metodologia de pesquisa adotada. Na segunda seção, estão os resultados da investigação sobre o comportamento suicida no universo de policiais pesquisado. Os achados referentes às entrevistas qualitativas com familiares e policiais 1 Os PMs oficiais são os profissionais responsáveis pela Administração de unidades administrativas e operacionais da Polícia Militar. 2 As Praças são responsáveis pela execução das tarefas operacionais na Polícia Militar. 4 militares serão apresentados na segunda edição desse documento. Nos anexos, estão um quadro comparativo do perfil dos policiais militares pesquisados e da população da Polícia Militar, os roteiros das entrevistas e questionários elaborados para esta pesquisa. 1. MÉTODOS E TÉCNICAS 1.1. Os Bastidores da Pesquisa Antes da execução das atividades do projeto “Suicídio e risco ocupacional: o caso da polícia militar carioca”, a coordenação conversou com vários representantes de instituições da rede federal, estadual e municipal de saúde e segurança pública. Nosso ponto de partida foram as instituições de saúde. Nosso objetivo era compreender o suicídio e seus fatores associados segundo as percepções de especialistas, responsáveis pelo tratamento de pacientes com patologias psíquicas e com histórico de tentativas. Pelas conversas informais com profissionais da área de saúde mental do Hospital Souza Aguiar e do Instituto Philippe Pinel (unidade vinculada a Secretaria Municipal de Saúde), observamos que a coleta e a organização dos registros de tentativas de suicídios naquelas instituições se restringem a iniciativas isoladas, individuais e não a institucionais. Portanto, o acesso àquelas informações demandaria tempo e maior proximidade com os “donos” dos dados daquelas instituições. Também conversamos com técnicos do Ministério da Saúde, responsáveis pelo Sistema de Informação de Mortalidade (SIM); e técnicos da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Janeiro, responsáveis pela digitação dos óbitos do banco do SIM. Esses relatos nos ajudaram a esclarecer dúvidas referentes ao preenchimento dos óbitos por suicídio no que concerne à categoria “ocupação”. A pesquisa observou que o percentual de perda de informação da variável ocupação da base de dados d o SIM chegou a ser de quase 38% em todas as unidades federativas a partir do ano de 2006 (Relatório Parcial CNPQ, 2010). O gráfico 1 demonstra a distribuição das perdas de informação da variável ocupação no período de 2000 e 2008. 5 Gráfico 1 – Perda Anual de Informação da Variável Ocupação nos Casos de Suicídios por Local de Residência – Brasil, 2000 a 2008 37,94 31,83 26,97 % de Perda 13,67 14,16 11,91 2000 2001 12,70 13,07 13,17 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Fonte: Guimarães, Tatiana, 2012. Monografia apresentada ao departamento de Ciências Sociais da UERJ. Em resposta a nossa consulta, técnicos da Secretaria Estadual de Saúde (SES) informaram que a perda de informações da variável “ocupação” nos casos de suicídio, no referido período, está associada à nova classificação das ocupações (Classificação de Ocupações Brasileira, 2002), adotada no ano de 2005. A versão da CBO (2002), segundo os técnicos da SES, não recebeu a devida atenção no treinamento dos operadores das secretarias responsáveis pela digitação do óbito. Essas perdas refletem o grau de importância dada pelos gestores do SIM/MS ao preenchimento das informações de ocupação (ocup). No segundo semestre de 2010, visitamos o Instituto Médico Legal da cidade do Rio de Janeiro. Buscávamos obter as informações de mortes por causas externas, organizadas pelo IML- Sede e, posteriormente compará-las com os dados de mortes violentas, em particular, os óbitos por suicídios registrados nas delegacias de polícia. Assim, teríamos uma estimativa dos números de mortes por suicídio da cidade do Rio de Janeiro. Como contrapartida, oferecemos criar uma rede de especialistas de universitários; médicos legistas, peritos criminais e policiais civis que, posteriormente, formariam uma expertise no que concerne ao fluxo de mortes violentas (da coleta e ao 6 gerenciamento das bases de dados) registradas pelo Instituto Médico Legal (IML/RJ) e Polícia Civil (PC/RJ) Essas negociações não sobreviveram às pressões internas de grupos de interesses da Instituição. Em setembro de 2010, iniciamos uma nova rodada de visitas e negociações. Desta vez, apresentamos o projeto a duas instituições policiais militares: a Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) e a do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ). Nesta ocasião, tivemos a oportunidade de conversar com o PM Major responsável pelo setor de Psiquiatria da Polícia militar de São Paulo, como também conhecer um pouco do programa de prevenção de manifestações suicidas desenvolvido pela Instituição. O diálogo, que resultou na implementação do projeto Suicídio e Risco Ocupacional, se iniciou em outubro de 2010, quando fomos surpreendidos por um gestor de perfil inovador, audacioso e preocupado com as questões relativas aos recursos humanos de sua Instituição. Apresentamos o problema ao referido Gestor e seus assessores à luz das estatísticas de suicídios registradas por instituições policiais internacionais e pela Polícia Militar do Estado de São Paulo. Perplexo com a questão, o comandante da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) aceita o desafio de se investigar o fenômeno do suicídio em seu ambiente de trabalho. Foi então que recebemos a sua autorização para desenvolver o estudo. Não obstante, embora tivéssemos a autorização oficial do comando da PMERJ, desconhecíamos os atores-chave que poderiam nos ajudar a localizar o público alvo da pesquisa. A polícia disponibilizou um oficial PM que exerceu o papel de “ator ponte” entre a coordenação da pesquisa e os diretores de quatro unidades da Instituição. São elas: unidades de saúde, logística, administrativa e operacional. Por uma série de problemas de ordem logística, entre eles, a burocratização do acesso às informações solicitadas e a identificação dos sujeitos de pesquisa, o plano de trabalho inicial teve que ser redesenhado. A pesquisa de campo foi concluída apenas na metade do mês de dezembro de 2011. As estratégias de sensibilização dos sujeitos de pesquisa, como também os procedimentos metodológicos adotados compõem o próximo item deste documento. 7 1.2. O Trabalho de Campo na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro 1.2.1. Contatos Institucionais Iniciamos o campo pelas visitas às unidades de saúde e logística. Posteriormente, fizemos contatos com os comandantes de batalhões operacionais especiais e ordinárias3. Nesses encontros, a nossa equipe apresentava um plano de trabalho que envolvia a realização de três atividades: 1- ministrar as palestras de sensibilização; 2- coletar informações documentais; e 3- conduzir as entrevistas quantitativas e qualitativas. A visita à Diretoria Geral de Saúde foi muito positiva. Fomos recebidos pelo coronel responsável pela administração de nove setores de saúde4, assim como pela coordenação do Núcleo Central de Psicologia da Instituição. A primeira e grande descoberta foi o grau de desconhecimento do tema do suicídio por parte dos gestores da área de saúde. Os dados oficiais corroboram com esta realidade. Desde o ano de 2000, o número absoluto de mortes por suicídio vinha sofrendo uma significativa queda na Instituição, segundo os dados oficiais do Estado Maior da PMERJ (EMG/PM1). Buscamos explicações para esta tendência na Instituição, mas infelizmente, os respectivos gestores de saúde desconheciam os “motivos”. Em resposta à pergunta “Houve alguma política institucional de prevenção de suicídio na PMERJ que pudesse justificar esta queda?”, ambos os profissionais disseram não saber informar. Esse dado nos levou a concluir, ainda que preliminarmente, que o tema do suicídio policial não era uma questão institucional “visível” na PMERJ. Precisávamos buscar novas evidências. Afinal, estávamos no início da pesquisa. 3 De acordo com o regulamento que define a estrutura hierárquica da Instituição policial, as unidades de apoio, saúde e logística estão subordinadas ao Estado-Maior Geral Administrativo (EMG Adm). São elas: a Seção de Pessoal (EMG/PM1), a Diretoria Geral de Saúde (DGS); Diretoria Geral de Pessoal (DGP); a Diretoria Assistência Social (DAS); a Diretoria de Inativos e Pensionistas (DIP). A pesquisa visitou todos os referidos setores. As estruturas operacionais estão subordinadas ao Estado-Maior Geral Operacional (EMG Op). Essas são responsáveis pelo policiamento especializado, bem como a formação técnico-profissional na Corporação. A pesquisa visitou apenas três delas em função de suas especificidades funcionais, a saber: o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE); o Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) e o Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente (BPFMA). 4 Nove unidades estão subordinadas à Diretoria Geral de Saúde. São elas: Centro de Fisioterapia e Reabilitação da Polícia Militar (CFRPM); Grupamento Especial de Salvamento e Ações de Resgate (GESAR); Hospital Central da Polícia Militar (HCPM); Hospital da Polícia Militar de Niterói (HPM/Nit); Políclínica da Polícia Militar de Cascadura (PPM/Casc); Policlínica da Polícia Militar de Olaria (PPM/Ola); Policlínica da Polícia Militar de São João de Meriti (PPM/SJM); Odontoclínica Central da Polícia Militar (OCPM) e Unidade Médico Veterinária (UMV). 4 Dados disponibilizados pelo EMG- PM1 da PMERJ. 4 Dados disponibilizados pelo EMG- PM1 da PMERJ. 4 Dados disponibilizados pelo EMG- PM1 da PMERJ. 8 Não obstante, embora as estatísticas reduzissem a magnitude do fenômeno do suicídio na PMERJ, as equipes de saúde sempre favoreceram o desenvolvimento da pesquisa. Um dos fatores chaves nesse processo foi a troca da cúpula administrativa da Diretoria Geral de Saúde (DGS) da PMERJ. A experiência pessoal do novo gestor contou muito. O referido oficial compartilhou “publicamente” o seu desejo de compreender as motivações que desencadearam a morte de seu amigo policial por suicídio. Com o pleno apoio da Diretoria Geral de Saúde e da Coordenação do Núcleo Central de Psicologia da PMERJ, trabalhamos em duas unidades do Hospital Central da Polícia Militar (HCPM) por quase dois meses. O setor de psiquiatria foi uma delas. As conversas informais com médicos e técnicos e a coleta dos dados de morbidade no setor nos permitiram conhecer um pouco mais sobre o tema. O setor também conta com inúmeros problemas estruturais que dificultam a promoção do serviço de qualidade para policiais militares e seus dependentes. O tamanho do efetivo de médicos do ambulatório de psiquiatria da PMERJ é um deles. Até o primeiro semestre de 2011, o quadro de médicos, responsáveis pelo atendimento de policiais militares de todo o estado do Rio de Janeiro (policiais inativos e ativos) e de seus respectivos familiares, era composto por quatro profissionais. No ano de 2009, por exemplo, a PMERJ contava com um efetivo total (aptos e não aptos) de 37.937 policiais militares5. Se considerarmos que cada policial militar tem em média entre dois a três dependentes, observaremos o quanto a relação médico psiquiatra/paciente na PMERJ é desproporcional. A sobrecarga de trabalho fica evidente quando analisamos os números de atendimentos médicos entre 2007 a 20106. A Diretoria de Saúde da PMERJ registrou 20.966 atendimentos na área de psiquiatria no referido período. Em média foram 5000 atendimentos anuais. Cada psiquiatra fez 1300 atendimentos a policiais militares (ativos e inativos), no referido período. Esse cálculo não inclui os atendimentos aos familiares de policiais (os dependentes). É importante destacar que embora a PMERJ tenha realizado concurso público no ano de 2011, visando ampliar o quadro de profissionais na área de saúde mental, o problema de cobertura deste serviço não foi resolvido. O 5 Informações fornecidas pela Diretoria Geral de Saúde da PMERJ. 9 número de profissionais aprovados no Concurso Público da Instituição não foi insuficiente, segundo os médicos locados no HCPM. A PMERJ oferece atendimentos ambulatoriais nos Hospitais, Policlínicas, Centro de Fisioterapia e em Postos nos Batalhões (Unidades Primárias de Saúde - UPS e Unidades Básicas de Saúde - UBS). Os atendimentos de Psiquiatria são realizados apenas no HCPM e na PPM/Olaria. Não obstante, a Instituição não assegura internações aos seus pacientes na especialidade de psiquiatria. Esse serviço é terceirizado a uma clínica médica particular, localizada em Jacarepaguá, na cidade do Rio de Janeiro. A nossa equipe também esteve nessa clínica. Em conversa com o médico diretor, responsável pelo atendimento aos policiais militares da PMERJ, verificamos que os problemas mais comuns, entre os pacientes internados na Clínica são: ideação suicida, ansiedade; psicose, depressão e dependência química. Esse diagnóstico difere muito pouco dos problemas identificados entre pacientes em tratamento psiquiátrico sem histórico de internação. A quarta unidade de saúde visitada foi o Grupo Renascer. A sua equipe oferece tratamento aos policiais militares e aos seus familiares em situação de dependência química. Esse trabalho é coordenado por um policial médico e psiquiatra do Quadro Especial de Saúde da PMERJ. Até o momento da pesquisa, a equipe do Renascer era composta por um psiquiatra, um psicólogo, cinco enfermeiros, uma sargento fonoaudióloga, um instrutor de educação física e por conselheiros. Esses últimos são expacientes do Renascer que contribuem na reabilitação dos pacientes internados no Grupo. O tratamento oferecido aos pacientes é orientado segundo uma perspectiva de mudança cognitiva comportamental. Esse trabalho vem sendo desenvolvido na PMERJ desde o ano de 1992. Realizamos cinco entrevistas abertas com a equipe do Renascer. Nosso objetivo aqui era explorar as especificidades clínicas e sociais deste grupo de pacientes. Os relatos dos entrevistados nos auxiliaram na formulação e inclusão de questões, relativas à dependência química e à ideação suicida, no questionário aplicado à população investigada. Esse assunto será retomado no item 1.4.1.2 desse documento. O quinto e último setor de saúde visitado foi o de Perícias Médicas, localizado nas dependências do Hospital Central da Polícia Militar (HCPM). Por quase dois meses, um aluno de graduação permaneceu no setor, coletando dados relativos a licenças médicas e aos pedidos por reformas com auxílios invalidez por problemas de saúde. 10 A operacionalização da pesquisa contou essencialmente com o apoio dos gestores das unidades de logística e administrativa e dos batalhões operacionais. A conversa com o responsável pela Diretoria Geral de Pessoal (DGP) nos possibilitou conhecer os procedimentos que organizam os recursos humanos de todo o efetivo (ativo e inativo) da Polícia Militar. Os assuntos gerais dos policiais inativos e de seus respectivos dependentes são tratados pela Diretoria de Inativos e Pensionistas (DIP), estrutura subordinada hierarquicamente à Diretoria Geral de Pessoal (DGP). Ambas as Diretorias facilitaram o contato com os familiares de policiais militares. A Chefia da Diretoria Geral de Pessoal nos encaminhou para o Grupo de Atendimento aos Familiares de Policias Militares Falecidos (GAFPMF), que por sua vez, está subordinado à Diretoria de Inativos e Pensionistas (DIP). O GAFPMF foi inaugurado no ano de 2005 com a missão institucional de orientar os dependentes legais do policial militar falecido no que concernem aos seus direitos previdenciários e aos serviços psicológicos disponíveis na Instituição. Os psicólogos e assistentes sociais do Grupo fizeram a intermediação entre os membros de nossa equipe e os familiares cadastrados e beneficiados pelos serviços do GAFPMF . Também fomos contactados por uma das integrantes do “Grupo de Mães e Viúvas”7. Esse grupo foi organizado por familiares de policiais militares, vítimas secundárias de mortes violentas no intuito de dar visibilidade aos seus interesses frente à direção da PMERJ. O grupo de mães e viúvas nos concedeu o cadastro de seus membros. Foi através dessas duas fontes de contatos que conseguimos localizar os familiares de policiais militares mortos por acidente, homicídio e suicídio. Esse trabalho durou em torno de três meses. Por último, fomos às unidades operacionais com a finalidade de convidar policiais militares de níveis hierárquicos distintos a participar da pesquisa. Como não tínhamos condições materiais para visitar todas as unidades operacionais (convencionais e especiais) do estado do Rio de Janeiro, decidimos selecionar as unidades localizadas em áreas de maior e menor risco de vitimização de policiais militares. O suposto aqui era de que quanto maior a exposição a situações de risco de morte, maior seria a suscetibilidade do policial ao comportamento suicida. A seleção das unidades partiu da análise dos registros de mortes de policiais Esse contato veio através de uma das integrantes do “Grupo Mae e Viúva”, também funcionária vinculada à unidade de Ajudância Geral, estrutura subordinada à Estado-Maior Geral Administrativo — EMG Adm da PMERJ. 7 11 militares de duas fontes institucionais. Na Seção de Pessoal, vinculada ao Estado-Maior Geral Administrativo (EMG PM/1), solicitamos os registros de mortes violentas (suicídio e homicídio), envolvendo policiais militares do quadro da Ativa 8, no período de 1995 a 2009. A segunda fonte consultada foi a base de dados de mortalidade de policiais (ativos e inativos), organizada pelo Grupo de Atendimento aos Familiares de Policias Militares Falecidos (GAFPMF). Mediante essas informações, selecionamos as unidades operacionais onde foram realizadas palestras de sensibilização dos participantes da pesquisa. 1.3. Escolhas Metodológicas O tema desse estudo é singular no país, assim sendo, elaboramos uma metodologia que envolveu várias técnicas interativas entre pesquisador e objeto de pesquisa, incluindo “tentativa e erro”. Essas técnicas foram tanto quantitativas quanto qualitativas. Trabalhamos com dois públicos-alvo: policiais militares e os seus familiares. Partimos de um universo de voluntários, construído a partir de uma amostragem não aleatória. O estudo não adotou uma amostra probabilística dos entrevistados por duas razões. A primeira deve-se à impossibilidade da pesquisa atender a uma das exigências do Comitê de Ética e Pesquisa- SR2 da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)- as quais o projeto foi submetido: o primeiro contato com os policiais militares deveria ser feito apenas por um representante da instituição policial. A segunda razão está associada à primeira. A PMERJ não pôde designar um funcionário para a realização deste fim uma vez que a Instituição não dispõe de efetivo suficiente. Por esta razão, optamos por trabalhar com uma amostra por conveniência. A pesquisa por conveniência é feita a partir de elementos da população que aceitarem a participar da pesquisa, ou dos que estiverem mais disponíveis. O universo investigado foi construído a partir de convites feitos a policiais militares (praças e oficiais) e aos seus familiares em dois momentos da pesquisa. Primeiramente, fizemos convites por meio de palestras abertas a todos da Polícia. E num segundo momento, confirmávamos o interesse dos candidatos a participar da pesquisa por ligações telefônicas. Policiais da “Ativa” são aqueles que ainda estão trabalhando na Instituição. Em relação aos dados de mortes, esses englobam duas categorias: policiais militares vitimizados em serviço e na folga. 8 12 1.3.1. Construção do Cadastro para a Amostragem de Conveniência O recrutamento dos participantes da pesquisa se deu por meio de palestras proferidas ao público geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Esses eventos foram divulgados por cartas registradas; cartazes distribuídos pelas unidades da polícia; pelos boletins internos publicados semanalmente na página eletrônica (website) da PMERJ; e pelas redes de contatos do Grupo de Atendimento aos Familiares de Policiais Militares Falecidos (GAFPMF) e do Grupo de Mães e Viúvas. O conteúdo das palestras foi direcionado a sete subgrupos de entrevistados de acordo com a literatura especializada. No que diz respeito aos policiais militares, trabalhamos com cinco categorias. São eles: 1- policiais que declararam ter tido pensamentos suicidas (a ideação suicida) nos últimos doze meses; 2- policiais que declararam ter tido pensamentos autodestrutivos anteriores aos últimos dozes meses; 3policiais que declararam ter tentado suicídio em algum momento da vida; 4- policiais que disseram nunca ter tido ideação suicida; tentado suicídio em toda a sua vida, como também não ter amigo ou colega policial morto por suicídio (o grupo controle); e 5policiais que declararam ter tido algum amigo ou colega policial morto por suicídio. Também buscamos localizar e sensibilizar duas categorias de familiares de policiais militares: 1- as vítimas secundárias de violência letal (mortes violentas) e 2- os parentes de policiais militares não vitimizados. Para garantir o anonimato dos “voluntários” da pesquisa, elaboramos duas fichas de cadastro segundo o público alvo de cada palestra9. Esses formulários traziam perguntas referentes à identificação do voluntário; e aos grupos de entrevistados a serem selecionados pelos mesmos. A ficha foi entregue a todos os presentes dentro de um envelope lacrado. Um segundo instrumento de proteção oferecido aos voluntários foi Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, exigido pelo Comitê de Ética em Pesquisa (SR-2 da UERJ). Essa ferramenta formalizava o compromisso de ambas as partes (pesquisador e entrevistado). O cadastramento dos participantes foi feito por uma equipe de quatro pesquisadores, duas estudantes de graduação em ciências sociais da UERJ; uma psicóloga e pesquisadora com o título de mestrado. Todos os integrantes da equipe de campo estavam vinculados ao Laboratório de Análise da Violência (LAV/UERJ). 9 Na parte dos anexos, estão as fichas de cadastros distribuídas nas palestras para policiais militares e familiares. 13 1.3.1.1. Palestra “O Preço de Ser Um Policial Militar” As palestras – O Preço de Ser um Policial Militar- foram ministradas no formato de debate. Os participantes PMs praças e oficiais10 eram estimulados a compartilhar as suas experiências segundo temas específicos (condições de trabalho, família, ambiente profissional, vitimizações de policiais etc). Aprendemos muito sobre o regulamento disciplinar e suas consequências na vida do policial, o funcionamento dos batalhões convencionais e especiais; os conflitos institucionais; as fontes de medos, estresse e de trauma, como também os dilemas interpessoais sociais vivenciados pelos mesmos em seus ambientes familiares. O estudo recente de Minayo e Souza (2008) foi referência para as palestras dirigidas aos policiais militares. As palestras com este público revelaram dados interessantes, entre eles, o suicídio enquanto um grande tabu na PMERJ. Encontramos uma “parede invisível” que segregava policiais militares segundo as suas respectivas patentes11, como também os distanciavam no que diz respeito aos relatos de perdas de colegas e amigos de trabalho por suicídios. Em quase todos os lugares visitados, o tema do suicídio foi recebido com muita “surpresa” pelos comandantes (gestores) de batalhões. Para os oficiais consultados, o suicídio policial está associado a problemas de natureza estritamente pessoal, como exemplo, os conflitos amorosos e familiares. O diálogo com as praças, por outro lado, sugeriu uma segunda dimensão do problema. Muitos dos participantes compartilharam estórias de tentativas de suicídios e suicídios consumados, envolvendo colegas e amigos de trabalho. Por várias vezes, os auditórios e salas de aulas foram tomados por olhares de medo. O silêncio se instaurava. A ausência de palavras parecia “o grito de socorro” que muitos não tinham a coragem de dar. Aquele “silêncio velado” parecia ser uma “pista” importante para a compreensão do fenômeno do suicídio na PMERJ. O discurso da invisibilidade do suicídio na Polícia apareceu associado às perdas materiais. Na Polícia Militar, todo 10 A estrutura hierárquica da Polícia Militar é composta por Oficiais e Praças. Os primeiros são os atores responsáveis pela gestão da Instituição em diferentes níveis. O oficialato está dividido em categorias: 1. Oficiais Superiores (Coronel PM; Tenente Coronel PM e Major PM; 2. Oficiais Intermediários (Capitão PM); e 3. Oficiais Subalternos (1º Tenente PM; e 2º Tenente PM). Os Praças está dividido em duas categorias: 1. Praças Especiais (Aspirante à Oficial PM e Cadete PM); e 2. As Praças são os atores responsáveis pela execução de ordens. As Praças estão na base da estrutura de poder hierárquico da Polícia Militar. Essa posição é composta por sete categorias, a saber: Subtenente PM; 1º, 2º, e 3º Sargentos PM; Cabos PM; Soldado PM e Aluno do Curso de Formação de Soldados(Recrutas). 11 As patentes referem-se aos níveis hierárquicos da Polícia Militar. 14 familiar de policial vitimizado em serviço por mortes violentas, com exceção da morte por suicídio, é recompensado pela Instituição com o ritual de Ato de Bravura e o seguro de vida. As “praças” confessaram que “camuflam” as circunstâncias da morte por suicídio de um colega para não prejudicar o seu familiar. Esses relatos mostram que policiais “praças” ocultam as situações de mortes por suicídios ou tentativas como um mecanismo de proteção dos seus pares e dependentes. Essa prática foi também observada em estudos norte-americanos (VIOLANTI, J.; 1995 e 2001). As palestras “O Preço de Ser um Policial Militar” foram ministradas em 18 unidades da Polícia. A escolha pelos locais das palestras obedeceu três critérios. O primeiro deles foi considerar os locais de maior e menor incidência de vitimizações letais de policiais militares. O suposto aqui é de que batalhões, situados em áreas de maior exposição a situações de risco de morte, estão mais vulneráveis ao desenvolvimento do comportamento suicida. Para tanto, analisamos os registros de mortes violentas de policiais militares segundo as unidades da PMERJ mediante de duas fontes de dados: a do Estado Maior PM1 e do Grupo de Atendimento de Familiares de Policiais Falecidos (GAFPMF). O Estado Maior registrou 58 óbitos por suicídio de policiais militares da ativa, no período que vai de 1995 a 200912. Três deles aconteceram em serviço e 55 nos dias de folga no estado do Rio de Janeiro. Foram em média três suicídios a cada ano. O número de mortes por suicídio na folga foi 18 vezes maior do que em serviço, nos 15 anos analisados. Em relação aos registros de homicídios dolosos, o Estado Maior/PM1 disponibilizou apenas os casos de mortes de policiais em serviço: 387 policiais militares foram vitimizados mortes em serviço, no período de 1995 e 2009. Esse número não pôde ser tomado como referência uma vez que a incidência de vitimizações de policiais (mortos e/ou feridos) na folga ou no desempenho de atividades informais (o bico) é substantivamente maior ao de policiais militares mortos em serviço, tal como estudos sobre o tema (MUSUMECI, B; MUNIZ, J, 1998) já demostraram. No ano de 1997, na Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro foram vitimados 190/10 mil policiais em serviço contra 216/10 mil policiais na folga 13. O risco de vitimização letal de policiais, 12 O período observado não resultou de uma escolha metodológica. A série histórica aqui analisada foi a disponibilizada pela Polícia Militar. 13 MUSUMECI, B; MUNIZ, J. (1998). Relatório de Pesquisa sobre Mapeamento da vitimização de policiais no Rio de Janeiro, CESEC. 1998. 15 segundo as autoras, é também superior segundo o tipo de serviço realizado: atividademeio e atividade-fim. O policial empenhado na atividade-fim está mais exposto a situações de risco em função da especificidade de sua função. As taxas relativas aos agentes que realizam o policiamento ostensivo são, portanto, superior a do conjunto dos policiais em serviço no momento da vitimização. A taxa foi de 190/10mil policiais em serviço contra 235/10 policiais em serviços dedicados a atividade-fim, no mesmo ano. O Grupo de Apoio a Familiares de Policiais Militares Falecidos (GAFPMF) identificou 45 mortes por homicídio doloso, envolvendo policiais militares em serviço contra 117 óbitos na folga, entre os anos de 2006 e 200914. Quanto às mortes por suicídio, o GAFPMF identificou 26 casos, envolvendo policiais militares ativos e inativos. Quando consideramos os registros de mortes por suicídio apenas entre os policiais militares da Ativa, observamos uma queda de 10 casos no mesmo período. O Gráfico 2 mostra que os números absolutos de mortes por suicídio entre PMs da Ativa das duas fontes são similares. A diferença entre os números de registros é praticamente inexistente. Com a exceção dos anos de 2005 e 2009. Contudo, é preciso considerar que diferença entre as duas fontes para o ano de 2005 deve-se à série histórica incompleta do GAFPMF. Neste ano, estão disponíveis apenas dados de mortes (natural e violenta) a partir do mês de maio. 14 Como série histórica das mortes no ano de 2005 estava incompleta, selecionamos os casos de suicídios consumados a partir do ano de 2006. 16 Gráfico 2 – Percentual de Vitimizações por Suicídios de Policiais Militares na PMERJ (2005 a 2009) 8 7 6 5 4 3 2 1 0 2005 2008 2007 2006 PM1 2009 GAFPMF Fonte: Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro De acordo com o sargento, o policial responsável pela coleta das informações de mortes da PMERJ, os dados do GAPMF são um pouco mais confiáveis do que os da seção do EMG/PM1 em função do cruzamento de informações entre quatro fontes: três internas e uma externa. São elas: Os Hospitais da Polícia, localizados no Rio (HCPM); da Baixada e HCPM-Nit (Niterói), a Secretaria de Segurança Público do Rio de Janeiro e o PM oficial do dia de cada unidade da PMERJ. A crítica das informações de mortalidade coletadas é feita diariamente. Apesar do controle diário da coleta de informações, encontramos problemas de subnotificação dos dados de mortalidade do GAFPMF segundo duas variáveis relevantes para o estudo: a idade e a situação profissional (folga/em serviço). A Tabela 1 mostra o percentual de perda de informação das variáveis segundo tipo de morte, entre policiais ativos e inativos. A perda de informação por idade chega a ser 100% para todos os tipos de mortes. 17 Tabela 1 - Perda de Informação das Variáveis segundo Tipo de Morte - Policias Ativos & Inativos. GAFPMF - PMERJ - 2006 a 2008 Tipos de Morte Variáveis Mortes Naturais Acidentes Homicídios Suicídios N % N % N % N % Ativo e Inativo 1 0,20 0 0,00 0 0,00 0 0,00 Batalhão 1 0,20 0 0,00 0 0,00 0 0,00 22 3,40 0 0,00 2 0,50 0 0,00 Graduação/ Patente Idade 650 99,8 69 100,00 380 100,00 14 100,00 Fonte: Grupo de Apoio a Familiares de Policiais Militares Falecidos (GAFPMF) O Gráfico 3 mostra que entre policiais militares da ativa, a variável idade também corresponde o maior percentual de perdas de informações para todos os tipos de mortes (violentas e naturais). A “situação da morte (serviço/folga)” é segunda variável com o mais alto percentual de perda para todos os tipos de mortes. Em relação às mortes violentas (acidentes, homicídio e suicídio), entre ativos, o percentual de perdas chegou a 73%, 63% e 62% respectivamente. Quanto às mortes naturais, as perdas chegaram a ser de quase 88%. Gráfico 3 – Perda de Informação das Variáveis segundo Tipo de Morte - Somente Policiais Ativos. GAFPMF – PMERJ, 2006 a 2008 100,00 90,00 80,00 70,00 60,00 50,00 Batalhão Graduação/ Patente 40,00 Serviço/Folga Idade 30,00 20,00 10,00 0,00 Mortes Naturais Acidentes Homicídios Suicídios Tipos de Morte Fonte: Grupo de Apoio a Familiares de Policiais Militares Falecidos (GAFPMF) 18 A má-qualidade dos dados oficiais examinados nos fez buscar uma nova alternativa. Deslocamos o nosso foco de análise para os dados oficiais de crimes violentos organizados pelo Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (ISP). Tomamos como referência a distribuição dos registros de crimes violentos (Homicídio doloso, Lesão Corporal Seguida de Morte, Latrocínio Roubo seguido de morte, Tentativa de Homicídio, Lesão Corporal Dolosa e Estupro), no âmbito das áreas Integradas de Segurança Pública (AISP) do Estado do Rio de Janeiro15, no ano de 2009. A escolha do referido recorte temporal se deve ao fato do mesmo ter sido o ano mais recente disponível até o momento da realização das palestras. Selecionamos dez batalhões do Comando de Policiamento da Capital (CPC) e do Interior a partir da incidência de crimes violentos registrados nas respectivas áreas de sua atuação, no ano de 2009. São eles: 2; 3; 5; 6; 9; 15;16;19; 22; 40. Esses batalhões atuam em áreas que se distribuem em 4 faixas de ocorrências: 0 até 999; de 1000 a 2999; de 3000 a 4999; e mais de 5000. O mapa 1 apresenta as Áreas Integradas de Segurança (AISPs) segundo os níveis de registros de crimes violentos no Estado do Rio de Janeiro no ano de referência. 15 A distribuição das ocorrências criminais do Estado está organizada segundo Região Integrada de Segurança Pública (RISP), Área Integrada de Segurança Pública (AISP) e Circunscrição de Delegacia Policial. O contorno geográfico de cada AISP foi estabelecido a partir da área de atuação de um batalhão de Polícia Militar e as circunscrições das delegacias de Polícia Civil contidas na área de cada batalhão. A atual divisão territorial do Estado do Rio de Janeiro, segundo o critério de Áreas Integradas de Segurança Pública, contempla um total de 40 AISPs, as quais se caracterizam basicamente pela articulação territorial, no nível tático-operacional, entre a PCERJ e PMERJ (Consulta do site do ISP no dia 18.02.2012). 19 Fonte: Elaboração de Felipe Corbett a partir das estatísticas criminais do ISP O mapa 2 evidencia a distribuição espacial dos batalhões selecionados segundo as AISPs na cidade do Rio de Janeiro. Três dos batalhões selecionados atuam nas AISPs de menor incidência de crimes violentos no ano de referência, a saber: 2o; 5o e 19o. Essas áreas englobam bairros da zona sul e do centro da cidade do Rio de Janeiro. A incidência de crimes violentos nessas áreas variou entre 865 a 968 registros em 2009. 20 Fonte: Elaboração de Felipe Cobertt a partir das estatísticas criminais do ISP. Dentre os batalhões, que atuam em áreas de nível médio alto de registros de crimes violentos (1000 a 2999), selecionamos os 3; 6; 16 e 22º batalhões. Essas unidades atuam em áreas que abrangem bairros da zona norte (Méier, Lins Vasconcelos, Cachambi, Abolição, Piedade, Maria da Graça, Praça da Bandeira, Tijuca, Maracanã, Vila Isabel, Andaraí e Grajaú entre outros) e bairros do subúrbio da cidade do Rio de Janeiro (Ramos, Olaria, Bonsucesso, Manguinhos, Benfica e Maré). Incluímos também em nossa análise os batalhões que atuam em áreas de altíssimos níveis de ocorrências. São eles: 9º; 15º e 40º batalhões. Nessas áreas, as ocorrências variaram entre 5005 a 6039 crimes violentos no ano de 2009. O 9ºBPM atua na nona AISP que abrange bairros do subúrbio do Rio de Janeiro (Vila Cosmos, Vila da Penha, Marechal Hermes entre outros). O décimo quinto batalhão atua na Baixada, área tradicionalmente conhecida pelas altas cifras de crimes violentos. No ano de 2009, mais de 5000 ocorrências de crimes violentos foram realizadas somente nesta área (Duque de Caxias, Campos Elíseos, Xerém e Imbariê) do Rio de Janeiro. 21 O 40º BPM atua na zona oeste do Rio de Janeiro (Campo Grande, Santíssimo, Senador Vasconcelos, Inhoaíba, Cosmos, Guaratiba, Barra de Guaratiba e Pedra de Guaratiba). Para termos uma noção do diferencial das incidências de crimes violentos nas AISPs investigadas, comparamos os totais de registros na AISP 2 (área de atuação do 2º Batalhão) com os totais dos mesmos na AISP 39 (área de atuação do 40º Batalhão). Segundo os dados oficiais, divulgados no site do ISP, 920 crimes violentos foram registrados na área de atuação do 2º batalhão no ano de 2009. Por outro lado, na área do 40º batalhão foram registrados 5005 crimes no mesmo ano. Para os casos de homicídio doloso, encontramos uma diferença 288 casos, ou seja, 29 contra 317 registros. Um segundo critério adotado pela pesquisa foi a seleção de batalhões localizados em áreas rurais e serranas. Escolhemos dois batalhões: 10º e 11º. O primeiro está situado a oeste da área metropolitana do Rio de Janeiro. E o segundo atua em áreas localizadas noroeste do estado do Rio de Janeiro. Os mapas 4 e 5 evidenciam a distribuição espacial dessas unidades operacionais, que atuam nas duas áreas localizadas no interior do estado do Rio de Janeiro. Nas duas AISPs (10 e 11), as ocorrências 22 variaram entre 1781 e 2380 crimes violentos no ano de 2009. Apesar de não serem tão altas, ambas as áreas apresentaram índices de violência próximos aos dos grandes centros, contrariando o argumento de muitos dos atores institucionais da PMERJ. Fonte: Elaboração de Felipe Cobertt a partir das estatísticas criminais do ISP 23 Fonte: Elaboração de Felipe Cobertt a partir das estatísticas criminais do ISP O terceiro critério adotado para a seleção dos locais das palestras foi a especificidade das atividades desempenhadas por policiais militares. Três batalhões, responsáveis pela execução do policiamento ostensivo especializado16, duas unidades administrativas e um setor de saúde foram escolhidos. As três primeiras unidades são: o Batalhão de Operações Especiais (BOPE) e Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) e o Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente (BPFMA).. O Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) é uma força de operações especiais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, que atua em situações críticas ou missões especiais. Essa unidade está subordinada administrativamente e operacionalmente ao Comando de Operações Especiais da PMERJ. O Batalhão de Polícia de Choque – BPChq é a unidade PMERJ voltada para o controle de distúrbios civis em áreas abertas e fechadas, entre outras atividades diferentes das exercidas no início de sua criação, como por exemplo, as forças táticomóveis. Esse batalhão está subordinado ao Comando de Policiamento Especializado 16 De acordo com o regimento interno da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro, art. 11, as Unidades Especiais serão empregadas a partir da perturbação da ordem, após o emprego das frações de choque das UOp. 24 (CPE). A estrutura organizacional do BPChq inclui outras unidades especializadas como o Grupamento Tático de Motociclistas (GTM), o Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (GEPE), as Rondas Ostensivas Coronel Nazareth Cerqueira (RONaC) e o Grupamento de Polícia Ferroviária (GPFer). O Choque (BPChq) atua em todas as áreas de policiamento do estado do Rio de Janeiro. O Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente – BPFMA tem a missão específica à execução do policiamento florestal, à proteção dos demais recursos naturais e de preservação do meio ambiente no território do Estado. Esse batalhão também atua nas comunidades de 92 Municípios, através do Setor de Educação Ambiental – SEAmb. O BPFMA está subdividido em três companhias. São elas: 1º CIA, sede em Quissamã; 2º CIA, sede em Nova Friburgo e 3º CIA, sede em Angra dos Reis17. Em cada batalhão, realizamos entre duas a três palestras em dias alternados da semana. Os dias eram selecionados de acordo com as escalas do efetivo de cada local. A nossa meta inicial era atingir 70% do efetivo de cada batalhão. Contudo, em contato com o policial responsável pela definição das escalas semanais, concluímos que essa proposta era inexequível. Primeiro em função da alta rotatividade de policiais militares no ambiente de trabalho. E segundo deve-se à dificuldade de reunir mais de 50% do efetivo por um determinado período de tempo. Nas áreas mais violentas, por exemplo, era praticamente impossível mantê-los num auditório ou numa sala de aula por 20 a 30 minutos (o tempo médio de cada palestra). Nessas circunstâncias, o bom senso fez toda a diferença. Substituímos as palestras por uma rápida conversa. Esse procedimento teve que ser adotado no Batalhão de Choque, no Batalhão de Operações Especiais (Bope), no 9º BPM, no 22º BPM e no 3º BPM. As palestras direcionadas a um público de policiais que exercem funções administrativas em ambientes internos à polícia aconteceram num terceiro momento. Convidamos a policiais militares lotados no Quartel General (QG) e na Diretoria de Inativos e Pensionistas (DIP). Por último, estendemos o nosso convite aos policiais militares que estavam em tratamento no Grupo Renascer. O objetivo aqui era verificar a relação entre o alcoolismo, dependência química e o comportamento suicida entre policiais, tal como a literatura especializada sugere (Kates, 2008; Ramstedt M, 2001; Drew Canapary; Bruce Bongar; Karin M. Cleary, 2002 Kenneth E. Powell, Marcie-jo Essas informações foram extraídas do site oficial do Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente – BPFMA: http://www.bpfma.rj.gov.br/ 17 25 Kresnow, James A. Mercy, Lloyd B. Potter, Alan C. Swann, Ralph F. Frankowski, Roberta K. Lee and Timothy L. Bayer, 2002). A equipe da Pesquisa – Suicídio e Risco Ocupacional - realizou 48 palestras e dez rápidas conversas (mini-apresentações) nas unidades da PMERJ, no período de abril a maio do ano de 2011. É interessante destacar que em todas as unidades operacionais e administrativas visitadas, tivemos que adotar um recurso comum às organizações militares- a ‘convocação’. Não obstante, embora a presença de policiais nas palestras tenha sido garantida pela convocação, a decisão por participar da pesquisa foi opcional. Coletamos 984 fichas, incluindo as preenchidas e as em branco. Desse total, encontramos 81 menções de policiais que declaravam ideações e tentativas de suicídio em algum momento de suas vidas. Oitenta e nove policiais informaram ter um colega/amigo policial vitimizado por suicídio. Registramos 242 declarações de policiais que informavam não ter vivenciado nenhuma das situações citadas. Esse tipo de policial foi cadastrado no grupo de entrevistados “controle”. Houve também três policiais que preencheram a ficha de cadastro da pesquisa, mas não informaram o grupo de entrevistado do qual gostaria de fazer parte. Por esta razão, eles foram primeiramente classificados na categoria dos “Sem Grupo”. Ao término de cada palestra, foi orientado aos participantes que assinalassem apenas uma das opções descritas acima. Contudo, o esperado não aconteceu. Houve policiais que declararam ter vivenciado mais de uma situação. Encontramos policiais que não somente informaram ter tentado suicídio em algum momento de sua vida, como também ter tido um colega e/ou amigo policial morto por suicídio; entre outras combinações. No Quadro 1, estão os resultados das primeiras consultas aos policiais militares que estiveram nas palestras. 26 Quadro 1: Resultado das Consultas aos Policiais Militares nas Palestras Batalhão Tentativa 2 BPM 40 BPM 10 BPM 11 BPM 15 BPM 3 BPM 5 BPM 6 BPM 16 BPM 19 BPM 9 BPM DIP Choque Renascer 22 BPM QG Florestal (BPFMA) BOPE Sem Informação Total 1 1 5 3 0 4 5 1 0 1 1 0 1 3 2 3 2 0 0 33 Teve ideação Teve ideação nos Amigo morto Controle anterior aos 12 últimos 12 meses por suicídio meses 2 1 2 16 1 3 3 13 1 3 5 4 3 5 9 22 2 2 1 3 2 2 6 25 4 4 17 12 4 2 5 16 1 1 1 9 1 0 1 20 1 0 6 2 2 0 5 17 1 2 4 26 1 2 3 1 2 4 3 11 3 4 10 14 0 0 1 9 0 2 5 21 0 0 2 1 11 37 89 242 81 Sem Grupo Total de Recusas 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 3 32 38 14 123 29 44 18 28 21 31 21 2 19 0 50 7 29 62 1 569 Para resolver este problema de duplicações de preferências, ordenamos os grupos, obedecendo à seguinte classificação: 27 O policial militar, que optou pelas categorias- “ter pensado em se matar nos últimos 12 meses”; e “ter um colega e/ou amigo policial vitimizado por suicídio”- foi cadastrado no grupo de entrevistado de maior interesse para a pesquisa. Neste caso, seria o primeiro, isto é, “Teve ideação nos últimos doze meses”. O mesmo procedimento foi adotado para as demais declarações. No total, 15 registros foram redistribuídos entre os grupos de maior preferência (tentativa; ideação nos últimos 12 meses e anterior aos doze meses e amigos de PMs suicidas). Após reclassificação das declarações de policiais militares “voluntários” segundo os grupos de maior preferência, chegamos a um total de 96 policiais cadastrados nos três grupos vulneráveis (ideação suicida nos últimos 12 meses; ideação anterior aos 12 meses; e tentativa de suicídio); 235 policiais registrados no grupo controle; e 81 do grupo de amigos de policiais “suicidas”. Os três casos “sem informações” foram deslocados para o grupo “Controle” (policiais militares que declararam nunca ter pensado e tentado suicídio ao longo da vida; e não ser amigo de policial “suicida”), totalizando 238 participantes. Esse procedimento foi adotado após uma segunda consulta aos referidos policiais militares através de ligações telefônicas. A Tabela 02 resume o resultado do cadastramento dos participantes das palestras segundo o ranking de preferências adotado pela coordenação. 28 Tabela 2: Resultado do Cadastramento de Policiais Militares Segundo os Grupos de Entrevistados Total de Casos Total Geral Válidos Categorias de Participantes das Palestras n % n % 984 100 415 100 Tentativa 33 3 33 8 Ideação nos últimos 12 meses 32 3 32 8 Ideação anterior aos 12 meses 31 3 31 7 Controle (não pensou, não tentou e nem tem um amigo policial suicida) 238 24 238 57 Colegas e/ou Amigos de Policial "Suicida" 81 8 81 20 Recusas 569 58 Elaboração Própria Das 415 declarações válidas, 8% correspondem aos casos de tentativas; 8% equivalem aos casos de ideações suicidas nos últimos 12 meses; 7% às ideações suicidas anteriores aos 12 meses (ao longo da vida); 57% aos casos “controle” e 20% aos casos de colegas e/ou amigos de policiais “suicidas”. O surpreendente destes resultados foi o número de recusas. Quinhentos e sessenta e nove policiais militares se recusaram a participar da pesquisa, isto é 58% dos que assistiram às palestras nas unidades visitadas da PMERJ. Hipotetizamos que este resultado seja produto do baixo nível de confiança institucional e interpessoal entre os pares e, em particular, em relação aos oficiais superiores. Pelas entrevistas exploratórias com policiais de níveis hierárquicos distintos, observamos que essa descrença é generalizada. Tanto policiais militares oficiais quanto praças confessaram não acreditar nas mudanças institucionais, muito menos nos seus parceiros de trabalho. Os resultados do survey aplicado no universo de voluntários confirmou este dado, tal como demonstramos na segunda seção deste documento. 3.1.1.2. Palestra- “Quem são as Vítimas Ocultas na Polícia Militar?” As palestras ministradas para os Familiares de Policiais Militares Falecidos por Mortes Violentas (homicídios, acidentes e suicídio). Esses encontros também tiveram um desenho de “conversas informais”. Nossa referência estava nos resultados de um estudo recente sobre as vítimas ocultas da violência na cidade do Rio de Janeiro (Soares, G; Miranda, D; Borges, D, 2007). Muitos dos familiares compartilharam não somente as suas dores pela perda de seus entes queridos, mas também as suas traumáticas experiências quando em contato com a burocracia da Polícia Militar. 29 Para localizar e acessar ao público de familiares, recorremos pelas duas redes de contatos da PMERJ. A primeira é a do Grupo de Atendimento aos Familiares de Policiais Falecidos da Instituição (GAFPMF). A segunda opção de acesso aos familiares foi pela lista de familiares organizada pela líder do Grupo das Mães e Viúvas da PMERJ. As palestras ministradas no Quartel General da Polícia Militar (QG) e na Diretoria de Inativos e Pensionistas (DIP) foram as primeiras tentativas de sensibilizar familiares de policiais. Realizamos três rodadas de palestras em março e abril de 2011. O primeiro contato com os familiares aconteceu por ligações telefônicas feitas pela equipe do GAFPMF. Nelas se orientava sobre a importância do estudo e a garantia de anonimato no que concerne à participação do familiar na pesquisa. Também enviamos 83 cartas “convites” para os familiares de policiais sugeridos pela equipe do GAFPMF. Tivemos retorno de apenas dez. As palestras para o público de familiares não atenderam o esperado. Dezoito familiares compareceram às três rodadas de palestras. Foi um total de 12 de policiais mortos por homicídio; 3 por acidentes e 1 por suicídio. Todos aceitaram participar da pesquisa. Houve dois familiares de policiais militares que se interessaram pelo estudo, porém não contemplava o perfil desejado (não eram vítimas secundárias de policiais vitimizados por mortes violentas). Suspeitando que baixo quórum estivesse associado à distância das residências dos convidados aos locais das palestras, decidimos adotar uma nova estratégia de sensibilização. Com o apoio da equipe do GAFPMF, realizamos uma segunda rodada de ligações, inclusive para os familiares do Grupo de Mães e Viúvas. Desta vez, oferecemos a opção da pesquisadora e psicóloga ir às residências e/ou locais de trabalho dos familiares. A cada visita, a profissional responsável explicou a proposta do estudo, como também conduziu a entrevista quando aceita. Resultado: contatamos 36 familiares de policiais militares “suicidas”; 62 familiares de homicídios e 2 familiares vítimas de acidentes. Finalmente, realizamos contatos com os familiares de policiais militares não vitimizados (do grupo controle) através dos policiais que responderam o questionário. Ao término de cada entrevista, o pesquisador responsável consultava o policial entrevistado sobre a “possibilidade” da participação do seu familiar na pesquisa. Se aceita, num segundo momento, a psicóloga responsável realizava uma segunda consulta 30 ao familiar através de ligações telefônicas. Resultado: obtemos 54 nomes de parentes (esposas, mães, filhos e irmãos) de policiais do grupo controle, mas só tivemos acesso a 19 pessoas. A Tabela 3 resume a relação de familiares consultados pela nossa equipe de pesquisa no período de maio a outubro de 2012. Dos 146 familiares contatados, 42% a vítimas indiretas de homicídios; 25% correspondem a familiares vítimas indiretas de suicídios; e 1% aos familiares de PMs mortos em acidentes. 13% dos contatos correspondem aos familiares de PMs “não vitimizados” (controle). Encontramos também 27 familiares de vítimas, cujas causa-mortis não foi informada. Esses parentes correspondem a 18% do total da lista. Tabela 3: Relação Completa dos Familiares de Policiais Militares Contactados pela Pesquisa Total Familiares contactados n % 146 100 36 25 62 42 Familiares contactados através de Instituições (GAFPMF e Grupo de Mães e Viúvas) Familiares de policiais mortos por suicídio Familiares de policiais mortos por homicídio Familiares de policiais mortos por acidentes Familiares de policiais vitimizados com a causa-mortis não informada 2 1 27 18 19 13 Familiares contactados através de policiais militares Familiares de policiais não vitimizados (Grupo controle) Fonte: Elaboração Própria 1.4. O Desenho de Pesquisa A população-alvo da pesquisa é constituída por policiais militares e familiares. Para cada público, aplicamos diferentes técnicas de pesquisa (quantitativa e qualitativa). O objetivo aqui era explorar o tema do suicídio policial de formas diversas. Elaboramos e aplicamos um questionário com perguntas referentes à ideação suicida e tentativas de suicídio. Esse instrumento foi aplicado no universo de policiais militares voluntários. Parentes e amigos de policiais vítimas de mortes violentas foram entrevistados a partir de roteiros estruturados e não estruturados. Além disso, coletamos os dados de morbidade e mortalidade organizados pela PMERJ para os anos de 1995 a 2009 (tal como descrevemos a seguir). 31 1.4.1. Técnicas Quantitativas 1.4.1.1. Levantamento de Dados Secundários O levantamento de informações de morbidade; mortalidade e de dados administrativos foi realizado em cinco unidades da PMERJ. A primeira delas foi a Seção de Pessoal da EMG/PM1. A coleta e organização das informações solicitadas foram realizadas por dois policiais locados na seção. O Quadro 2 estão resumidos as informações obtidas na PM1. Quadro 2- Dados Populacionais e de Vitimização de Policiais Militares, 1995 a 2009 Indicadores Série Histórica Número do efetivo total da Polícia Militar Número absoluto de policiais militares mortos por homicídio doloso em serviço. 1995-2009 Número de policiais militares mortos por suicídios em serviço e na folga. Fonte: Elaboração Própria. Os dados de mortalidade de policiais militares foram coletados no banco de informações dos familiares cadastrados pelo Grupo de Atendimento aos Familiares de Policiais Militares Falecidos (GAFPMF). Consultamos os livros de atendimento aos familiares de policiais mortos, no período de 2005 a 2010. A partir da crítica dos dados coletados, elaboramos um banco com as informações das vítimas, a saber: o sexo; o posto/graduação, o batalhão; o dependente; a causa da morte; as datas de nascimento e de óbito; e as circunstâncias da morte (ato em serviço ou na folga). A terceira unidade onde coletamos informações foi o setor de psiquiatria do Hospital Central da Polícia Militar. Nesse setor, levantamos dados de perfil sóciodemográfico e os contatos de pacientes internados, entre os anos de 2005 a 2010. A partir dessas informações, elaboramos um banco de dados institucionais (local de trabalho e a graduação); de morbidade; a causa internação dos pacientes com problemas psiquiátricos, segundo a décima versão da classificação internacional de doenças (CID 10). No setor de perícias médicas, investigamos duas fontes, a saber: os livros da Junta Superior de Saúde (JSS) versões JSS 9, JSS 10 e JSS 11, e o livro da Junta 32 Ordinária de Inspeção de Saúde (JOIS). Nos livros da JSS, coletamos dados referentes às solicitações de reformas por problemas de saúde com o auxílio invalidez. No segundo livro (JOIS), pesquisamos os processos de inspeção de saúde solicitados por policias militares na condição de policial da ativa. O Quadro 3 resume os indicadores que construímos a partir dos dados coletados no setor de Perícias Médicas (HCPM/PMERJ). Quadro 3- Indicadores de Saúde de Policiais Militares, 2008 a 2009 Indicadores Série Histórica Número absoluto de reformas concedidas a policiais militares por invalidez sem ato de Serviço e com Auxílio Invalidez, entre 2008 e 2009. Número absoluto de reformas concedidas a policiais militares por invalidez sem ato de Serviço e sem Auxílio Invalidez, entre 2008 e 2009. 2008-2009 Número absoluto de licenças médicas concedidas a policiais militares (LTS), incapazes temporariamente para o serviço policial militar, estando licenciados para tratamento de saúde, entre 2008 e 2009. Número absoluto de licenças médicas concedidas a policiais militares por sexo, patente e unidades operacionais da PMERJ, entre 2008 e 2009. Fonte: Elaboração Própria. Por último, solicitamos à Diretoria Geral de Saúde as informações referentes aos atendimentos médicos (em particular os de psiquiatria e psicologia). Recebemos um banco de dados na versão do programa SPSS, com os atendimentos médicos (todas as especialidades) e psicológicos aos policiais ativos e inativos, realizados no período de 2007 a 2010. 1.4.1.2. Aplicação de Questionários A equipe da Pesquisa - Suicídio e Risco Ocupacional-, de julho a novembro do ano de 2011, aplicou 224 questionários na população de policiais militares cadastrados nas palestras. Como também aplicamos 68 questionários de perfil no universo de familiares e amigos de policiais vítimas e não vítimas de mortes violentas. Essas entrevistas foram iniciadas após a deliberação do parecer técnico do Comitê de Ética em Pesquisa – SR2 da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O projeto de pesquisa foi aprovado em maio de 2011. 33 1.4.1.2.1. A Construção dos Questionários A pesquisa elaborou dois questionários com perguntas objetivas. Ambos foram aplicados segundo o público-alvo do estudo. O primeiro questionário foi elaborado para quatro grupos de entrevistados: (i) policiais que declararam ter tentado suicídio em algum momento da sua vida; (ii) policiais que declararam ter tido pensamentos suicidas (a ideação suicida) nos últimos 12 meses; (iii) policiais que declararam ter tido pensamentos autodestrutivos anteriores aos dozes meses; e (iv) policiais que declararam nunca ter pensado; tentado suicídio em toda a sua vida (o grupo controle) e não ter amigos ou colega policial “suicida”. O segundo questionário construído foi aplicado no universo de familiares de policiais militares (vítima ou não de mortes violentas) e de policiais militares que declararam ter tido algum parente, amigo ou colega policial morto por suicídio. 1.3.1.2.1.1. Questionário sobre Ideações Suicidas e Tentativas de Suicídio entre Policiais Militares A análise das primeiras narrativas (entrevistas exploratórias) de policiais militares18; de profissionais de saúde da Polícia e da literatura especializada resultou na identificação de variáveis, na categorização das mesmas e na formulação de um questionário-piloto. Algumas categorias se destacaram, a saber: condições de trabalho na PM; as prisões militares; as questões familiares; a perda de um colega/amigo policial; as lembranças; o medo, a ansiedade; a frustração; a dor; a desconfiança em relação ao colega de trabalho; problemas com o sono, pensamentos suicidas; tentativas de suicídios e a dependência química. Embora o número de entrevistas exploratórias tenha sido incipiente, observamos que essas categorias se repetiam nos quatro relatos dos policiais militares que informaram ter pensado nos últimos 12 meses; ter tentado suicídio em algum momento de sua vida; não ter tentado nos últimos 12 meses; ter tido algum amigo PM suicida e não ter vivenciado nenhuma das referidas situações (grupo controle). Assim como nos cinco relatos de profissionais de saúde do setor de psiquiatria e do Grupo Renascer da PMERJ. Essas constatações justificaram a relevância de sua inclusão no questionário. 18 Para as entrevistas exploratórias, selecionamos duas categorias de entrevistados: (i) os que declararam ter vivenciado ideações e tentativas de suicídio e (ii) os que informaram nunca ter pensado e nem tentado suicídio. 34 Por se tratar de uma metodologia experimental, elaboramos um questionário com amplas perguntas. Os três primeiros blocos temáticos do questionário têm como finalidade aproximar o entrevistador do entrevistado, criando um ambiente de confiança para abordar o tema que nos interessava. Procuramos conhecer um pouco das características socioeconômicas, do estilo de vida e da trajetória profissional dos entrevistados. A partir daí, formulamos perguntas referentes às três dimensões de análise desse estudo. A primeira engloba fatores organizacionais e institucionais. As condições de trabalho, tal como Minayo et.al (2003) definiram, são um conceito que se refere à situação que precede e perpassa a atividade dos sujeitos. A categoria subcultura policial remete às regras formais e informais (crenças e tradição) da organização. O bloco de perguntas sobre as condições de trabalho tentou investigar em que medida as incidências de ideações suicidas e tentativas de suicídio estão associadas à satisfação com o trabalho na polícia; as relações interpessoais no local de trabalho; os recursos materiais disponíveis, com o reconhecimento profissional; o treinamento; o salário, e com as oportunidades de ascensão na carreira policial militar. A segunda dimensão é situacional. Segundo Minayo e colaboradores (2003; 2008), risco e segurança, tal como percebidos pela polícia, são duas categorias intrínsecas à profissão de policial. Risco, do ponto de vista de policiais militares, caracteriza-se essencialmente nos confrontos armados, nos quais se expõem e podem perder a vida. A probabilidade que têm de sofrerem graves lesões, traumas e mortes, encontra respaldo nas altas taxas de óbito por violência de que são vítimas, dentro e fora de seu ambiente de trabalho (Souza & Minayo, 2005). As perguntas do bloco “O Fazer Policial” buscou verificar se os elementos que caracterizam o contexto de risco, perda e de conflitos vividos por policiais militares estão associados à incidência de ideações e tentativas de suicídios. São elas: “O(a) Sr(a) já vivenciou alguma situação de risco no exercício da sua profissão?” “Alguma vez o(a) Sr.(a) participou de uma operação em que um colega e/ou amigo policial tenha sido alvejado por arma de fogo?” “Qual foi a consequência mais grave que seu colega e/ou amigo policial sofreu?” “Mesmo sem presenciar a situação, o(a) Sr.(a) já perdeu algum colega e/ou amigo policial por morte violenta (acidente; homicídio ou suicídio)?” 35 As perguntas sobre lembranças buscaram investigar a relação entre pessoas, objetos, notícias, datas, cheiros, vozes e as situações de risco e os sintomas da síndrome de estresse póstrauma. Estudos internacionais (Loh, 1994; Peltzer, 2001; Bär, et. alli;, 2004) revelaram que policiais expostos a situações traumáticas (perdas de um colega ou amigo em situações de risco situações de risco para o policial com presença de armas de fogo) apresentam maiores taxas da desordem de estresse (DEPT). Peltzer (2001) revisou os estudos de suicídios e de DEPT entre policiais sul-africanos, chegando à conclusão de que policiais negros tinham taxas muito elevadas de DEPT e de suicídio. A terceira dimensão explorada no questionário trata dos aspectos individuais e interpessoais da vida do policial. O primeiro deles é a qualidade de vida de policiais militares. A categoria de qualidade de vida, tal como Minayo e colaboradores (2003; 2008) definiram, possui um sentido objetivo e subjetivo quanto às condições, situações e aos estilos de vida. Esse conceito neste estudo remete à satisfação na vida familiar, amorosa, profissional social e ambiental. A partir dessa referência conceitual, elaboramos perguntas sobre o estilo de vida do entrevistado e as suas redes de relações dentro e fora do ambiente de trabalho do policial. São elas: “O (a) Sr. (a) faz atividades físicas regularmente?” “Atualmente o (a) Sr(a) fuma?” Atualmente o (a) Sr. (a) consome bebida alcoólica?” “Com que freqüência, o (a) Sr. (a) brinca, passeia ou conversa sobre os assuntos da escola/faculdade do(s) seus filhos(as)?” O segundo aspecto remete à saúde do entrevistado. Buscamos testar se há associação entre os pensamentos e atos suicidas e à saúde física e mental dos policiais entrevistados. Distribuímos as questões relativas à saúde em três blocos temáticos: a saúde física e mental; problemas com o sono; e sintomas de depressão e ansiedade. Nosso objetivo aqui foi verificar se problemas com o sono (pesadelos e insônias), sintomas de depressão e ansiedade estão associados às ideações e tentativas de suicídios relatadas pelos entrevistados. As questões do bloco de perguntas de depressão e ansiedade foram elaboradas a partir das Escalas de Depressão e de Ansiedade de Beck. Ambas já foram testadas por cientistas nacionais. Adicionamos também dois blocos específicos ao fato. Para contextualizar os pensamentos suicidas e o ato, formulamos questões relacionadas às circunstâncias dos fatos; aos instrumentos facilitadores (arma de fogo, arma branca, enforcamento; queda e medicamentos); 36 ao grau de severidade dos pensamentos (mensurados a partir da duração; da frequência e da intensidade desses pensamentos); aos registros dos desejos de cometer suicídio, às existências de histórico de suicídios na família e aos serviços médicos (tratamentos psiquiátricos e psicoterapêuticos) utilizados. As questões do bloco de ideação foram inspiradas na Escala de Ideação Suicida, desenvolvida e testada por Ivan W. Miller e colaboradores (1991). Foi no intuito de conhecer as fontes de superação adotadas pelos entrevistados, que incluímos perguntas sobre as redes de apoio e confiança mútua (amigos/colegas do trabalho; grupos religiosos, amigos, família). A literatura internacional sugere que a participação social protege os indivíduos da violência autoprovocada. Daí a razão para construirmos perguntas relativas às atividades de lazer; à participação em atividades religiosas e em associações de moradores, nos sindicatos e nos clubes esportivos. Por último, tentamos captar as consequências do adoecimento policial para os planos futuros dos entrevistados. 1.3.1.2.1.2. O Questionário de Perfil O questionário de perfil foi dividido em três blocos. No primeiro, exploramos as características pessoais dos policiais (sexo, natureza da relação com o entrevistado, data de nascimento, situação conjugal, número de filhos; local da residência; cor/raça; nível de escolaridade; religião e crença). O segundo bloco foi dedicado à temática da trajetória profissional do policial (ocupação do policial antes de trabalhar na PMERJ; patente e unidades trabalhadas ao longo da sua trajetória; número de transferências e promoções etc). O terceiro e último bloco trata de questões referentes ao histórico de saúde e estilo de vida do policial. O objetivo era coletar informações que nos permitisse comparar as características pessoais; institucionais e de saúde de policiais militares vitimizados por suicídio e homicídio e as de policiais militares não vitimizados (controle). 1.4.1.3. A Seleção dos Participantes Em função do reduzido número de pesquisadores e das dificuldades de acesso aos participantes da pesquisa, principalmente àqueles que trabalhavam nas ruas, não foi possível entrevistar todos os 238 voluntários do grupo “controle” e 81 policiais militares “colegas e amigos de PMs suicidas”. Realizamos três sorteios para compor as duas novas listas de participantes. A primeira passou ser composta por 178 policiais militares, que disseram “nunca ter pensado ou tentado suicídio”. A segunda lista de 37 sorteados passou a ter 43 policiais militares que declararam “nunca ter pensado e nem tentado suicídio”, mas que tinha um “colega e/ou amigo policial morto por suicídio”. Todos os 96 participantes integrantes dos grupos vulneráveis (ideações suicidas nos últimos 12 meses; ideações anteriores aos 12 meses e tentativas de suicídio em algum momento da vida) foram incluídos na amostra (de conveniência). A consulta e o agendamento das entrevistas com os todos policiais militares “participantes” foram realizadas por meio de ligações telefônicas feitas no Laboratório de Análise da Violência (LAV/UERJ). Todos os familiares que aceitaram participar da pesquisa fazem parte do universo pesquisado, tal como foi explícito no item 3.1.1.2. 1.3.1.4. Aplicação do Pré-teste Muito pouco se conhece a respeito do suicídio policial no país. O número de pesquisas empíricas existentes sobre o tema é ainda menor. Sendo assim, nos pareceu aconselhável realizar o pré-teste de ambos os questionários com alguns cuidados especiais. Para tal, observamos: (i) se o vocabulário adotado era compreensível aos entrevistados; (ii) se as temáticas e variáveis escolhidas com base na literatura internacional faziam sentido à realidade dos policiais militares pesquisados; e (iii) se a ordem dos blocos temáticos era adequada. O pré-teste do questionário sobre as manifestações suicidas foi feito pelos pesquisadores da equipe. Para tanto, selecionamos três policiais dos grupos vulneráveis (ideações suicidas nos últimos 12 meses; ideações anteriores aos 12 meses e tentativas de suicídio em algum momento da vida) e três policiais cadastrados no grupo controle (os que não pensaram; não tentaram suicídio em toda a sua vida e nem tinham amigos ou colegas policiais mortos por suicídio). Por último, realizamos o pré-teste do questionário perfil. Esse material foi testado com quatro familiares de policiais vitimizados e não vitimizados e com um amigo de PM morto por suicídio. Por uma questão de cuidado com os familiares das vítimas, as entrevistas com este público foram conduzidas apenas pela psicóloga contratada pela pesquisa. 38 1.3.1.5. O Treinamento de Equipe A pesquisa realizou dois treinamentos com equipes distintas. O primeiro treinamento foi realizado em três dias. Quatro estudantes de graduação em ciências sociais e uma pesquisadora e psicóloga foram treinadas e, posteriormente, realizaram o pré-teste como parte do treinamento, sob a supervisão da coordenação da pesquisa. No primeiro dia, esclarecemos as dúvidas sobre as técnicas de pesquisa a serem empregadas pelo estudo com policiais militares e seus familiares. No segundo, fizemos uma leitura minuciosa do questionário e do roteiro das entrevistas qualitativas, esclarecendo a natureza e os objetivos da pesquisa. Ademais, convidamos dois pesquisadores que trabalharam na Pesquisa Vitimas Ocultas da Violência na Cidade do Rio de Janeiro. Nosso objetivo estava em esclarecer dúvidas sobre os possíveis problemas de campo, assim como às especificidades do objeto dessa pesquisa – as mortes violentas. Por último, como parte da equipe não havia participado da etapa da realização das palestras, incluímos as vivências nos batalhões como item das nossas discussões. A meta aqui era familiarizar a equipe à realidade do ambiente de trabalho policial. No terceiro dia, realizamos as atividades práticas. Para tal, desenvolvemos “abordagens” de aproximação dos pesquisadores do universo pesquisado. O orientado seria informar aos policiais que o trabalho seria realizado em dois momentos: 1- a aplicação do questionário; 2- a realização de entrevistas qualitativas. Também foi esclarecido as razões que justificariam o emprego das duas técnicas em momentos distintos. Se o policial se recusasse a participar de uma das duas etapas do trabalho, o mesmo seria substituído por outro voluntário da lista de PMs sorteados. Durante as palestras ao público de policiais, observamos uma demanda. Muitos dos policiais militares expressaram a vontade de buscar serviços de atendimentos psicológicos. Foi então que uma de nossas pesquisadoras sugeriu a elaboração de uma lista de informações sobre os atendimentos psicológicos gratuitos. Duas listas foram construídas. A primeira inclui informações referentes aos serviços psicológicos oferecidos pela PMERJ. A segunda descreve os serviços oferecidos pelas universidades públicas e privadas na cidade do Rio de Janeiro; na baixada; e no interior do estado do Rio de Janeiro. Informamos também os endereços, telefones e os horários de atendimentos; documentos para a inscrição; o público alvo e aos valores (R$) das 39 consultas. A partir desse material, a psicóloga contratada elaborou uma abordagem para a entrega das listas ao término de cada entrevista19. O segundo treinamento foi dedicado apenas à condução das entrevistas biográficas. Esse trabalho exigiu um tipo de profissional mais qualificado e experiente. Daí a razão para a formação de uma nova equipe de pesquisadoras. As atividades se deram em um único dia. O conteúdo das discussões foi subdividido três blocos temáticos. O primeiro tratou das especificidades das técnicas de história de vida e entrevistas biográficas. No segundo bloco temático, apresentamos a abordagem construída para estimular policiais militares a compartilhar suas vivências e seus sentimentos (medos, dores, angústias) em um único encontro. Discutimos então as subjetividades do “Fazer Policial” que deveriam ser consideradas no contato inicial. Como proceder? O que dizer? Como fazer? Existem diferenças no tratamento com os sujeitos de pesquisa dos quatro grupos de entrevistados? Essas foram algumas das questões que tentamos esclarecer no segundo treinamento. Para ilustrar as características do campo, convidamos uma das pesquisadoras que participou da aplicação do questionário. Por último, como parte do treinamento, fizemos as entrevistas exploratórias. Por duas semanas, a equipe foi supervisionada pela coordenação da pesquisa. Ao término de cada entrevista, a coordenação e os demais membros da equipe se reuniam e discutiam os procedimentos técnicos adotados, dando destaque aos erros, acertos e às sugestões. 1.3.1.6. Resultados da Aplicação dos Questionários A Tabela 4 mostra que entrevistamos 85% dos 274 policiais militares consultados. Foram três entrevistas exploratórias e seis pré-testes e 224 questionários aplicados. Por outro lado, tivemos 41 recusas, isto é, 15% desse total de policiais. Muitas delas se devem ao intervalo de tempo do primeiro encontro (nas palestras) até o segundo contato (no agendamento das entrevistas por telefone). O tempo médio podia levar até dois meses. Esse problema aconteceu essencialmente em função do número de pesquisadores e dos endereços de residências de difícil acesso. A maioria das entrevistas foi realizada nos locais de trabalho dos entrevistados. Contudo, muitos dos policiais 19 Nos anexos 10 e 11 estão as duas listas de serviços aplicados de psicologia distribuídos pela equipe de campo. 40 militares dos três grupos de vulneráveis (os que tiveram ideações e/ou tentativas de suicídio) preferiram dar entrevistas em suas residências ou em locais “neutros” (nem nas residências e nem nos locais de trabalho). Tabela 3: Resultado da Operação do Survey Total de Casos Válidos Total n % n % Policiais Militares Contactados 274 100 Pré-teste Recusas/Desistências 9 41 3 15 Questionários Aplicados segundo as Categorias de Participantes Declaradas 224 Tentativa de Suicídio 22 82 224 100 8 22 Ideação Suicida (nos últimos 12 meses e Ideação anterior aos 12 meses) 10 50 18 50 Controle (não pensou, não tentou e nem tem um amigo policial suicida) 22 152 55 152 68 Fonte: Elaboração Própria Dos 224 respondentes ao questionário aplicado, 68% informaram nunca ter pensado e nem tentado suicídio ao longo da vida; 22% comunicaram ideações suicidas nos últimos 12 meses e anterior aos 12 meses; e 10% declararam ter tentado suicídio em algum momento de sua vida. Esses resultados sugerem um dado importante. Sabemos que o suicídio não é um tema fácil de ser abordado com qualquer público. A conversa com a própria vítima sobre o desejo, as ideias e o próprio ato de tentar uma violência contra a sua vida é ainda mais complexo. Talvez por vergonha, insegurança ou medo de se revelar, poucos dos policiais militares compartilharam as suas experiências. Ao longo desse trabalho, tivemos três encontros com os nossos entrevistados: 1- nas palestras; 2- na aplicação dos questionários e 3- na realização das entrevistas biográficas. A natureza das declarações do fato foi alterada a cada encontro com a nossa equipe. Nas palestras, por exemplo, tivemos 33 policiais militares cadastrados no grupo dos que informaram ter tentado suicídio em algum momento de sua vida. No segundo contato, esse número sofreu uma redução de 11 casos. Esses podem ter migrado para o grupo dos desistentes; de ideações ou o de controle. Também tivemos policiais que ao responder o questionário negaram ter “tido pensamentos autodestrutivos”, contudo, no terceiro contato (nas entrevistas biográficas), confessaram ter ao menos pensado. E vice-versa. Em relação ao grupo de familiares (vitimizados e não vitimizados) e amigos de policiais mortos por suicídio, aplicamos 66 questionários de perfil. Para aprofundar as 41 informações da vida e morte do policial, obtidas pelo questionário de perfil, aplicamos ao mesmo público duas técnicas de pesquisa qualitativa. São elas: as autópsias psicossociais e as entrevistas semi-estruturadas. 1.3.2. Técnicas Qualitativas Três técnicas qualitativas foram utilizadas neste estudo. São elas: autopsias psicológicas20; entrevistas semi-estruturadas e entrevistas biográficas. A primeira é uma técnica empregada por estudos médicos e científicos que visam conhecer as circunstâncias da morte; os fatos relevantes na vida da vítima e de seu contexto sociocultural e relacional. Essas informações são obtidas a partir de relatos de parentes, amigos e conhecidos das vítimas. A autopsia psicológica foi usada pela primeira vez por Gregory Zilboorg num estudo psicanalítico com agentes da política metropolitana de Nova York que cometeram suicídio. A autópsia psicológica como método de investigação clínica e científica foi desenvolvida por Norman Farberow, Robert Litman e Edwin Sneidman, do Centro de Prevenção de Suicídio de Los Angeles, no final dos anos 1950 e início dos 1960. Em nossa pesquisa, realizamos as autopsias psicológicas com parentes e amigos de PMs vitimizados por mortes violentas. Nosso objetivo era fazer uma retrospectiva dos momentos da vida e da morte de policiais militares a partir dos relatos de familiares e amigos das vítimas. Em particular, buscávamos conhecer as circunstâncias das mortes (os fatores associados e/ou método da morte); a história médica e psiquiátrica, a formação familiar, a natureza as relações pessoais, a personalidade e o estilo de vida das vítimas. Investigamos também os padrões típicos de reação de estresse, conflitos emocionais e problemas durante os dias, as semanas e meses que precederam a morte; o papel do álcool ou drogas no estilo de vida e na morte da vítima; pensamentos e palavras que a vítima possa ter expressado em relação à morte ou ao suicídio; a existência de bilhete e/ou registro do desejo de cometer o suicídio; 20 Para obter maiores informações sobre a técnica de investigação da morte, autopsia psicológica, consultar: Jamison, Kay Redfield. Quando a Noite Cai: entendendo o Suicídio. Gryphus, 2002; 20-30. Shneidman ES. The psychological autopsy. Suicide Life-Threat Behav, 1981; (11):325-340; Shneidman ES. Autopsy of a Suicidal Mind. [S.l.]: Oxford University Press; 2004; Minayo MCS, Cavalcante FG, Souza ER. Methodological proposal for studying suicide as a complex phenomenon. Cad Saude Pública 2006; 22(8):1587-1596; Cavalcante FG, Minayo MCS. Organizadores psíquicos e suicídio: retratos de uma autópsia psicossocial. In: Almeida-Prado MCC, organizador. O mosaico da violência. São Paulo: Vetor; 2004. p.371-343; Minayo MCS;Cavalcante FG. Autópsias psicológicas sobre suicídio de idosos no Rio de Janeiro. Revista Ciência & Saúde Coletiva da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 2011. 42 mudança nos hábitos pessoais ou profissionais antes da morte; o momento do sepultamento, e as reações dos entrevistados pós-morte da vítima. As entrevistas semi-estruturadas foram aplicadas no universo de parentes de policiais militares não vitimizados (os do grupo controle). Nosso intuito foi investigar e comparar as características socioeconômicas, profissionais e interpessoais de policiais militares (vítimas x não vítimas). Essas entrevistas foram conduzidas a partir de um roteiro constituído por perguntas que envolvem desde a caracterização social (a memórias da infância e adolescência; a escolaridade e experiência profissional), ao modo de vida social do policial, dando ênfase às questões familiares e às experiências vivenciadas no seu ambiente de trabalho (as situações de risco de morte, as crises e conflitos com os seus superiores). As entrevistas duravam em torno de 45 minutos. Por último, recorremos às entrevistas biográficas. Inicialmente, pensamos em utilizar o método de História de Vida. Um dos critérios do método é a construção de confiança entre pesquisador e entrevistado. Para cumprir essa exigência do referido método, seriam necessários vários encontros que criassem condições para que o tema fosse abordado. Esse procedimento demandaria um tempo e uma logística que a pesquisa não disponibilizava. Por esta razão, realizamos entrevistas biográficas com todos os policiais que aceitaram responder ao questionário de perguntas sobre ideações e tentativas de suicídios. O emprego das entrevistas biográficas teve como meta conhecer as trajetórias de vida de policiais militares contada por eles próprios e o sentido dado por eles às suas ações e vivências dentro e fora do ambiente de trabalho, sem perder de vista as consequências de uma estrutura organizacional rígida e hierarquizada para a saúde mental e a qualidade de vida de seus membros. O desenvolvimento desse tipo de entrevista exigiu muita criatividade do pesquisador. A situação de incerteza, que enfrentamos em contato com o policial, esteve muitas vezes associada a situação de incerteza, que lidamos em contato com o policial, esteve associada a combinação de fatores institucionais e familiares. Em relação às características do ambiente organizacional da PMERJ, podemos citar: 1- as mudanças da escala de trabalho; 2-transferências dos policiais de uma unidade para outra; 3- a alteração de gestores; e 4- a inadequação ao dia do serviço extra, conhecido por “bico” e, em particular, a sua vida familiar. 43 Uma situação que ilustra tais dificuldades vivenciadas por nossa equipe de campo foi a visita ao décimo Batalhão Operacional em Barra do Piraí. Quando estivemos pela segunda vez ao referido batalhão para realizar a última etapa da pesquisa, fomos surpreendidos pela substituição do Comandante daquela unidade. Embora estivéssemos munidos de documentos, que comprovassem a autorização do Comandante Geral (Chefe da PMERJ) para a realização do trabalho naquele Batalhão, um oficial nos informou que teríamos que submeter um pedido de autorização à nova administração. Essa experiência nos ensinou que a validade de uma decisão institucional na PMERJ tem dia e hora para expirar quando um comandante é substituído. É interessante sublinhar que o 10º Batalhão se destacou das unidades visitadas em função do número de casos de ideações suicidas suicídios e tentativas de suicídios declarados nas palestras. Para termos uma ideia da magnitude do problema no batalhão de Barra de Piraí, naquela mesma semana recebemos a triste notícia de que dois policiais havia tentado suicídio sem sucesso. Para contornar aquelas adversidades, tivemos que realizar entrevistas com policiais que aceitaram a participar da pesquisa nos bares e nas vias públicas nos bairros adjacentes. Por essa razão, aquele ambiente institucional não ofereceu as condições necessárias para o desenvolvimento do campo. A ausência de privacidade dos sujeitos de pesquisa ao longo da entrevista também dificultou a aproximação entre pesquisador e entrevistado. Nessas circunstâncias, ainda que o entrevistado estivesse aberto a compartilhar suas experiências de vida, a condução da entrevista era difícil. Além disso, embora tivéssemos investido no treinamento uma abordagem “adequada”, a qualidade das entrevistas esteve muitas vezes condicionada à familiaridade do entrevistado com o pesquisador. Se o entrevistado “simpatizasse” ou se sentisse “acolhido” pelo pesquisador, a qualidade da entrevista estava garantida. Do contrário, a entrevista não durava mais do que 10 minutos. O policial se fechava completamente ou era superficial. Ao final do trabalho, concluímos que precisávamos de um número maior de encontros que nos permitissem ganhar a confiança de nossos entrevistados. Não obstante, para isso, teríamos que ter tido o apoio logístico da instituição, criando um ambiente favorável. O campo no décimo primeiro Batalhão, em Nova Friburgo é um bom exemplo de ambiente favorável. Nesse local, recebemos mais do que a autorização para a realização da pesquisa. Recebemos as condições que não somente facilitou o 44 nosso trabalho em termos de logística, mas também nos permitiu conduzir todas as entrevistas num local reservado, resguardando a privacidade e a dignidade do policial. 1.3.2.1. Resultados das Entrevistas Qualitativas Dos 146 familiares, com quem fizemos contato por telefone, conseguimos entrevistar 10 familiares de policiais mortos por suicídio; 14 de policiais mortos por homicídio e 17 familiares da lista de PMs controle. As entrevistas com familiares e policiais militares foram agendadas segundo os locais de preferência dos mesmos. O não comparecimento ao local da entrevista previamente combinado foi considerado como desistência do voluntário. A Tabela 5 evidencia que tivemos 67 recusas: em várias tentativas, o interlocutor disse simplesmente que não gostaria de falar desse tema; como também informou que o assunto estava encerrado para a família. Trinta e quatro familiares não puderam ser localizados devido aos números de telefone errados. Dos 54 parentes de policiais “não vitimizados” indicados, trinta e cinco não puderam ser consultados em função do atraso do cronograma da pesquisa. Desse grupo (19), realizamos 17 entrevistas válidas e duas entrevistas como o pré-teste. Entrevistamos 31% do total de familiares consultados. Considerando apenas os casos válidos, 24% correspondem às entrevistas com familiares de policiais mortos por suicídio; 34% com familiares de policiais mortos por homicídio doloso e 41% com familiares de policiais não vitimizados, tal como descrevemos na tabela abaixo. Tabela 5: Resultado das Entrevistas com Familiares de Policiais Militares Total Familiares de policiais militares contactados Autopsias psicossoais com familiares de PMs mortos por Suicidio Concluídas Autópsias psicossoais com familiares de PMs mortos por Homicídio Concluídas Entrevistas semi-estruturadas com familiares de PMs "não vitimizados' Concluídas Entrevistas Exploratórias e Pré-Teste com familiares de PMs vitimizados e não vitimizados Concluídas Recusas/Não comparecimento ao local da entrevista Números de Telefones Errados/Familiares Não localizados n 146 10 14 17 41 % 100 7 10 12 4 67 34 3 46 23 % 24 34 41 100 Fonte: Elaboração Própria 45 Como no estudo sobre as Vítimas Ocultas da Violência Urbana, tivemos enormes dificuldades para acessar e sensibilizar os familiares de vítimas de mortes violentas, sobretudo os de policiais suicidas. Hipotetizamos que o tema das mortes violentas, envolvendo familiares de policiais militares, vai além da dor da perda de um ente querido, envolve também um sentimento de medo, revolta e de insegurança do familiar. Em muitos casos, a sensação de insegurança do familiar está relacionada ao tipo de morte, em particular, nos casos de mortes cuja intencionalidade não foi esclarecida. Por último, no que concerne às entrevistas com colegas e amigos de policiais mortos por suicídios, chegamos a quase 100% dos casos válidos (n=28). Dos 43 policiais militares sorteados, realizamos 1 entrevista exploratória e 27 autópsias psicossociais com colegas e amigos de policiais militares mortos por suicídio. Tivemos 15 casos perdidos por recusas e inadequação do perfil desejado pela pesquisa. Sete policiais militares declararam ter perdido um colega ou amigo policial por suicídio, mas no momento da entrevista revelaram ter colegas e amigos que tentaram se matar, mas sem sucesso. Em resumo, realizamos 51 autópsias psicossociais com parentes e amigos vítimas secundárias de mortes violentas (homicídio e suicídio) e 17 entrevistas semiestruturadas com familiares de policiais militares não vitimizados fatalmente. Em relação às entrevistas biográficas, ouvimos 211 trajetórias de vidas. Dos 224 sujeitos que responderam o questionário, treze desistiram de compartilhar as suas autobiografias. Essas perdas se distribuem por 9 policiais que perderam o interesse pela pesquisa; 3 policiais que não foram localizados e 1 policial que faleceu por morte natural. 1.3.2.2. Balanço Final do Trabalho de Campo A pesquisa realizou duzentos e setenta e nove entrevistas qualitativas. Entrevistamos 60% do total dos 415 policiais militares cadastrados nas palestras. Apesar das diversas dificuldades para sensibilizar; localizar e acessar os nossos entrevistados, acreditamos ter alcançado um resultado satisfatório no que concerne à riqueza e à diversidade do material coletado ao longo do trabalho de campo na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Na próxima seção, estão os resultados do 46 questionário sobre as manifestações suicidas (ideação e tentativas de suicídio) aplicado no universo pesquisado. 2. RESULTADOS PARCIAIS Nessa seção, apresentamos os resultados da investigação de manifestações suicidas no universo de policiais militares que responderam ao survey aplicado, entre junho e novembro de 2011, na Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro. Os achados estão divididos em duas subseções. Na primeira, tratamos das ideações suicidas “comunicadas” por policiais militares e as suas “possíveis” relações com o contexto social, profissional e com a trajetória individual dos entrevistados. A segunda e última subseção foi dedicada à análise da violência autoprovocada e as circunstâncias do fato no universo pesquisado. 2.1. Ideações Suicidas O suicídio, assim como as tentativas de suicídio são conceitualmente fenômenos complexos e repletos de divergências. As definições de ideação suicida não são diferentes. A maioria dos estudos, como o de Gili-Planas M, et. al. (2001), conceitua ideação suicida das mais variadas formas: relato espontâneo ou resposta a diferentes questionamentos, que abrangem desde pensamentos de que a vida não vale a pena ser vivida até preocupações contínuas. Especialistas nacionais como Botega e colaboradores (2005)21 definiram ideações suicidas como desejos e pensamentos “comunicados”. Estudos deste tipo apresentam limitações metodológicas, uma vez que pensamento não é uma variável passível de observação objetiva. Uma delas, segundo os autores, é esclarecer a existência de diferença entre um grupo que comunica e um grupo que não comunica a ideação suicida (Idem, 2005: 1840). O presente estudo, apesar dos referidos limites, tomou como referência a definição de Botega et. al. (2005). Analisamos uma amostra de 224 policiais militares, em que 72 comunicaram ter tido ideação suicida em algum momento de suas vidas e 152 declararam nunca ter pensado e nem tentado suicídio. Sabemos que em nossa amostra há um contingente submerso, tanto no grupo de casos quanto no grupocontrole, que não se dispôs a revelar seus pensamentos e atos de por fim na própria 21 Botega NJ, Barros MBA, Oliveira HB, Dalgalarrondo P, Marín-León L. Suicidal behavior in the community: Prevalence and factors associated with suicidal ideation. Rev Bras Psiquiatra 2005; 27:45-53. 47 vida. Os entrevistados, que disseram nunca ter tido ideações suicidas ao longo de suas vidas, podem tê-lo feito por motivos diversos (valores morais, religiosos, empatia com o entrevistador etc.). Daí a razão para admitirmos a existência de viés: as diferenças podem não ser detectadas se o grupo controle estiver “contaminado” por ideação suicida não revelada. Apesar dos limites inerentes ao estudo proposto, assumimos que as diferenças entre os casos e controle estão entre o grupo que declara ideação e o grupo que não declara. A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002) estima que a ideação suicida é seis vezes mais frequente na população do que tentativas22. Um estudo Multicêntrico de Intervenção no Comportamento Suicida (SUPRE-MISS)23, realizado em contextos socioeconômico e cultural distintos, revelou que de cada 100 habitantes ao longo da vida, 17 declaram pensamentos suicidas, 5 planejam; 3 tentam suicídio e apenas um é atendido em Pronto Socorro. Essas estimativas são ainda menores em relação aos casos registrados nos últimos 12 meses. Para cada 100 habitantes, 5,3% tiveram pensamentos suicidas; 2% planejaram pôr fim a sua própria vida; e 0,4% chegaram a tentar suicídio. A figura abaixo ilustra a progressão da ideação para outras etapas do comportamento suicida (ideação-plano-tentativas de suicídios) na população investigada. Fonte: Botega et.al., Prevenção do suicídio: manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental. outubro de 2006, p. 11. 22 World Health Organization. Multisite interventionstudy on suicidal behaviours SUPRE-MISS: protocol of SUPRE-MISS. Geneva: World Health Organization; 2002. 23 O referido apoiado pela OMS foi desenvolvido por pesquisadores do Australian Institute for Suicide Research and Prevention, Griffith University (Brisbane, Austrália) e do National Centre for Suicide Research and Prevention Mental Ill-Health, Karolinska Institute (Estocolmo, Suécia). O objetivo deste estudo estava em compreender o comportamento suicida no Brasil, Estônia, Índia, Irã, China, África do Sul, Sri Lanka e Vietnam (Apud Silva, VF. et.al.2006, p. 1835; OMS, 2002). 48 Estudos epidemiológicos sugerem que ideações e tentativas suicidas são fenômenos interdependentes. Kuo et al. (2001), em Baltimore (Estados Unidos), investigando 3.481 sujeitos, encontraram uma incidência de 10% de tentativas de suicídio em pessoas que, 13 anos antes, relataram ideação suicida comparada com 1,6% de incidência de tentativas para pessoas que não relataram ideação. O estudo de Fawcett J, et. al (1993) estimou que 60% dos indivíduos que se suicidam tinham, previamente, ideação suicida . Os autores observaram que a gravidade e a duração dos pensamentos suicidas se correlacionam com a probabilidade de tentativa de suicídio. Gunnell, D e Frankel, S em seu estudo Prevention of suicide: aspirations (1994)24 mostraram que fatores como personalidade, apoio social e fatores socioculturais podem influenciar a sequência ideação suicida – tentativa de suicídio – suicídio consumado. Vilhjalmsson R, et. al., (1998)25 também concluíram que fatores relacionados ao estresse, suporte social, autoestima, uso de álcool, depressão, desesperança parecem ser comuns às várias etapas do processo. Essa pesquisa encontrou diferenças estatísticas entre os casos (os que comunicaram ideações suicidas nos últimos 12 meses e anteriores aos 12 meses) e controle. Porém, o mesmo não foi observado entre os casos de tentativas e controle. Parte dos fatores associados às ideações suicidas não apresentou relação significativa com os casos de tentativas de suicídio no universo pesquisado. Por esta razão, analisamos separadamente cada fenômeno. Partimos do suposto de que os entrevistados que tiveram ideação suicida em algum momento de suas vidas se diferenciam do grupo sem ideação. Policiais militares, que comunicaram ter pensado em se matar em algum momento de suas vidas são homens, de baixa patente, divorciados, dependentes de álcool e possuem baixa satisfação profissional e baixo nível de capital social (confiança mútua; redes de contatos e participação cívica). Por ser um estudo de caso-controle, consideramos os achados como possíveis fatores associados. Há limitações metodológicas que nos impedem afirmar que as diferenças encontradas entre os grupos constituam fatores de risco. As hipóteses foram testadas pelos testes de associação estatística, a saber: o de Fisher26 e qui-quadrado. 24 Gunnell D, Frankel S. Prevention of suicide: aspirations and evidence. BMJ 1994; 308:1227-33 Vilhjalmsson R, Kristjansdottir G, Sveinbjarnardottir E. Factors associated with suicide ideation in adults. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol 1998; 33:97-103. 26 O teste exato de Fisher testa diferenças entre dois grupos independentes (G1 e G2), em relação a uma variável qualquer que só admita duas alternativas como resposta: Sim/Não, Positivo/Negativo. Isso leva à construção de uma tabela de contingência 2 x 2. O teste é basicamente um x² (qui-quadrado), porém o teste de Fisher é particularmente adequado para pequenas amostras (com 20 ou menos observações), caso em que o teste do x² estaria contra-indicado. De acordo com Siegel (1956), o teste qui-quadrado é usado 25 49 Buscamos reduzir os possíveis vieses de memória dos entrevistados, tomando como referência as ideações suicidas há menos de 12 meses. Para tal, recodificamos a variável (p.86) quando foi a última vez que o Sr (a). pensou em se matar? em duas novas. A primeira _ ideação1_ tem o nível de mensuração ordinal. Ela é composta por 4 escalas: nunca pensou; pensou há 6 anos ou mais; pensou nos últimos 5 anos e pensou nos últimos 12 meses. A segunda _ideação2_ é nominal (pensou em menos de 1 ano e nunca pensou). Medimos a força das relações entre variáveis nominal e ordinal pelo coeficiente de correlação Kendall’s tau-b. Pelo coeficiente de associação Phi Cramer´s V27, mensuramos a força da relação entre as variáveis nominais (2x2). Nos itens subsequentes estão os possíveis fatores associados às ideações suicidas no ambiente policial militar investigado. Nesse texto, incluímos as associações e diferenças entre casos e controles quando foram estatisticamente significativas (p<0,01 e/ou p<0,05). 2.1.1. Fatores Sociodemográficos Assim como Silva, VF. et.al. (2006)28, não observamos diferenças entre casos e controles em relação a grande parte das variáveis sociodemográficas (sexo; idade; situação conjugal e cor/raça). Estudiosos de ideação suicida na população, nos últimos 12 meses, atribuem esses resultados ao n reduzido. Segundo Vilhjalmsson R., et.al, (1998), o n pequeno limita o poder do estudo no que se refere aos testes de associação estatística significativa. Autores como Sorenson SB, Rutter CM (1991) sugerem que as diferenças sóciodemográficas possam ser menos decisivas quando se trata de ideação, em comparação com outras manifestações do comportamento suicida (o planejamento e a tentativa de suicídio). Não obstante, há trabalhos que sugerem o contrário. Weissman MM, (1999) constatou que a maior prevalência de ideação suicida está associada a duas características sóciodemográficos. São elas: pessoas do sexo feminino e não casadas (divorciadas, separadas ou solteiras). O esperado é que as mulheres, de modo geral, tendem a ter mais ideação suicida na vida. Contudo, há estudos que sugerem o inverso (Renberg ES, 2001). Kuo et al. (2001), por exemplo, analisando os fatores para encontrar associação entre variáveis em tabelas de contingência, permitindo também avaliar o grau e a significância da associação encontrada. 27 Phi e Cramer´s V é um coeficiente de associação que mede a força entre duas variáveis nominais, variando entre 0 e 1. Silva, VF; Oliveira, HB; Botega, NJ; Marín-León, L; Barros, MB de.; Dalgalarrondo, P. Fatores associados à ideação suicida na comunidade: um estudo de caso-controle. Cad. de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(9):1835-1843, set, 2006. 50 sóciodemográficos, concluiu que apenas idade associa-se significativamente ao surgimento de ideação: os mais jovens apresentam maior incidência. A nossa pesquisa encontrou diferenças estatísticas significativas entre casos e controle apenas para as variáveis “ter filhos” e “ter religião”, com o p-valor igual a 0,03 e a 0,01 respectivamente. Encontramos diferenças estatísticas entre policiais militares, que comunicaram ideação suicida em algum momento na vida e os que não o fizeram, no que diz respeito a ter filhos e filiação religiosa. Os respectivos coeficientes de correlação de Phi [ -0,14* e - 0,17**] sugerem que policiais militares sem filhos e sem religião estão mais propensos a ter pensamentos suicidas ao longo da vida29. Esses achados confirmam uma das premissas da explicação do suicídio orgânico testadas no clássico estudo de Emile Durkheim. A filiação religiosa (ter religião) e ter filhos, para o sociólogo, são dois fatores protetores de atos suicidas, em circunstâncias específicas. Trabalhos recentes chegaram a conclusões distintas. Bruce ML et.al. (2004) observaram que a ideação suicida na população incide sem diferenças significativas entre as diversas religiões. Para esses autores, a religiosidade, sem considerar a afiliação religiosa, pode exercer uma função protetora em relação ao suicídio. Ao analisar uma amostra de imigrantes latino-americanos, Hovey JD (1999) não encontrou uma relação significativa entre religião e ideação suicida ao longo da vida. Por outro lado, o autor identificou uma associação negativa significativa entre a percepção da própria religiosidade e a ideação suicida: quanto maior frequência aos cultos religiosos, menor a incidência de pensamentos suicidas entre imigrantes-americanos. Por último, observamos diferenças estatísticas significativas entre casos de ideação há menos de 12 meses e controle no que diz respeito da variável cor/raça declarada pelo entrevistado (branco e não branco), usando o teste de Fisher, no nível de 0,02. A maior incidência de ideação suicida no referido período está entre policiais militares brancos (55% do total de 22). Esse dado confirma o esperado segundo a literatura especializada. Contudo, a relação entre “branco e não branco” e ideação suicida ao longo da vida não foi significativa. 29 *Correlação significativa no nível de confiança de 95%; **correlação significativa no nível de confiança de 99% 51 2.1.2. Fatores Institucionais & Organizacionais Assim como as pesquisas nacionais e internacionais sobre o comportamento suicida entre policiais (Nogueira, 2005), chegamos a resultados expressivos no que diz respeito à profissão policial e seus valores e práticas. A primeira surpreendente descoberta foi que o tempo de serviço na PMERJ, controlando pela última vez em que pensou se matar, não está associado estatisticamente com as ideações suicidas comunicadas. Esse dado contraria o esperado, isto é, quanto maior o tempo do vínculo institucional na Polícia, maior seria o risco de pensar em se matar. Não observamos diferenças estatísticas significativas entre casos e controles, quando controlamos o tempo de permanência nos locais de trabalho (as unidades operacionais e administrativas) informados pelos entrevistados no momento da entrevista. Quanto às condições de trabalho policial, a pesquisa constatou que existem diferenças estatísticas significativas entre casos e controle apenas no que diz respeito à satisfação com o trabalho na PMERJ 30. No grupo controle (n=152), 51% disseram se sentir satisfeitos (de satisfeito a muito satisfeito) em trabalhar na PMERJ. Por outro lado, dos policiais que comunicaram ideação suicida há menos de 12 meses (n=22), 73% confessaram estar insatisfeitos em trabalhar na PMERJ (numa escala de insatisfeito a muito insatisfeito). Não encontramos associação significativa entre ideação suicida e a renda mensal Bruta na polícia e na atividade extra (o Bico). Pelo coeficiente de Kendall’s tau-b 31 , verificamos uma forte relação negativa entre ideação suicida e satisfação profissional. A correlação foi de -0,29 no nível de significância de 0,00. Esse resultado sugere que quanto menos satisfeitos policiais militares estiverem com o seu trabalho na PMERJ, maior a incidência de ideações suicidas há menos de 12 meses. 30 O x2 de 49,396, com 15 graus de liberdade, nos dá um nível de significância de 0,00 no que se refere à pergunta sobre a satisfação do entrevistado em relação ao trabalho na PMERJ e a ocorrência de ideação suicídio ao longo da vida.. O grau de satisfação foi medido em 5 níveis: muito insatisfeito; insatisfeito; nem insatisfeito e nem satisfeito; satisfeito; muito satisfeito. 31 O coeficiente de tau-b de Kendall é uma medida de associação que exige que ambas as variáveis se apresentem em escala de mensuração pelo menos ordinal. Basicamente equivale ao coeficiente de correlação de Pearson aplicado a dados ordenados. Esse coeficiente pode tomar valores entre −1 e 1. Valores próximos de 1 ou de −1 indicam forte associação. Se o sinal for positivo, o crescimento de uma das variáveis é acompanhado do crescimento da outra; se o sinal for negativo, o crescimento de uma das variáveis é acompanhado do decréscimo da outra. Valores próximos de 0 indicam fraca associação. 52 Tabela 05: Correlações entre Satisfação Profissional e Ideação Suicida Condições de Trabalho Correlação P-valor Satisfação com trabalho na PMERJ −0,29** 0,00 Amizades entre colegas de trabalho na PMERJ −0,27** 0,00 Infra-estrutura e os recursos materias de trabalho −0,20** 0,00 Reconhecimento profissional pela Instituição −0,17** 0,00 Frequência de treinamentos oferecidos pela PMERJ nos últimos 5 anos −0,17** 0,00 Oportunidades de ascenção na carreira policial militar −0,16** 0,01 Treinamento recebido pela Polícia nos últimos 5 anos −0,16** 0,00 Apoio dado pelo Comando Geral à Tropa −0,14* 0,02 Valorização da Sociedade Carioca −0,13* 0,03 * Nível de significância de 95% ** Nivel de significância de 99% Quando perguntamos aos entrevistados a respeito dos itens que geram satisfação com a Instituição, duas categorias se destacaram pela força da relação com ideações suicidas “comunicadas” à pesquisa. A Tabela 5 mostra que as amizades entre colegas de trabalho na PMERJ é uma delas com o coeficiente de -0,27. A segunda categoria de maior correlação negativa com ideação suicida foi a satisfação com a infra-estrutura e os recursos materiais de trabalho disponíveis (-0,20). Em outras palavras, quanto mais recente a ideação declarada menor foi o nível de satisfação com as amizades entre colegas da PMERJ e com a infra-estrutura e recursos materiais de trabalho. Além dos fatores mencionados anteriormente, encontramos seis indicadores de satisfação profissional que estão negativamente associados à ideação suicida há menos de 1 ano, porém com modestos coeficientes de correlação. São eles: a insatisfação com o reconhecimento profissional pela Instituição (-0,17); a frequência de treinamentos oferecidos pela PMERJ (-0,17); as oportunidades de ascensão na carreira policial militar (-0,16); o apoio dado pelo Comando Geral à tropa (-0,14); e a valorização da sociedade carioca (-0,13) Para compreendermos melhor essas estatísticas, precisamos observar um pouco da cultura organizacional da Polícia Militar. Os valores e crenças que formam a cultura da Polícia militar influenciam tanto as relações interpessoais no ambiente de trabalho quanto às interações com o público. Silva Neto (1995), analisando a Polícia Militar do estado de Minas Gerais (PMMG), ressaltou que a polícia militar é uma instituição fechada, cujo ambiente de trabalho não valoriza a criatividade e, consequentemente, o desenvolvimento humano e profissional. Esses atributos produzem e reforçam práticas 53 de dominação entre superiores e subordinados, garantindo o funcionamento interno da organização policial militar. Desse tipo de relação nasce um forte sentimento de insatisfação com o trabalho na PMERJ. A rigidez da estrutura organizacional dessa instituição restringe o exercício da autonomia por parte do policial militar, tal como ressaltou Muniz (1999, p. 149-151), como também limita a atuação dos seus membros, deixando-os insatisfeitos com o resultado do seu trabalho quando sofrem pressões e cobranças institucionais e sociais. 2.1.3. Situações de Risco e Vitimizações de Policiais Militares Teorias fundadas nas abordagens das oportunidades ganharam destaque nos estudos de crimes/vitimização. A teoria das atividades rotineiras – Routine Activity Approach, desenvolvida por Cohen e Felson (1979) é uma delas. Os autores buscam explicar a relação entre vítima e ofensor não por meio das características dos criminosos, mas das circunstâncias em que os crimes ocorrem. A proximidade entre ofensor e vítima, a exposição e a atratividade da vítima em potencial são fatores geradores de oportunidades para a ocorrência do evento de crime/vitimização. O primeiro é favorecido pelos padrões de uso do tempo, por parte dos indivíduos, entre atividades de trabalho e lazer. A exposição refere-se à visibilidade ou à acessibilidade física da pessoa ou do objeto alvo do crime, para o criminoso. A atratividade, por sua vez, está relacionada ao possível ganho material ou desejo simbólico que o potencial alvo desperta no ofensor motivado. Um segunda teoria baseada na perspectiva das “oportunidades” é o de Hindelang et al. (1978). Os autores investigaram como o estilo de vida – Life-Style Model – do indivíduo e as oportunidades geradas por ele influenciam a probabilidade de vitimização. O pressuposto aqui é o de que o estilo de vida adotado pelos indivíduos influencia o nível de risco das situações às quais se submetem Inspirados nos principais argumentos das abordagens das oportunidades do crime/vitimização, medimos a correlação entre situações de risco vivenciadas no exercício das atividades policiais, as vitimizações sofridas nos últimos 12 meses e as ideações suicidas. Hipotetizamos que quanto maior fosse a exposição às situações de risco de vitimização, maior seria a vulnerabilidade de policiais militares aos pensamentos de pôr fim na própria vida. 54 Em resposta à pergunta “O(a) Sr(a) já vivenciou alguma situação de risco no exercício da sua profissão”, não encontramos diferenças percentuais entre casos e controle. 97% dos entrevistados, que disseram ter tido ideações suicidas em algum momento da vida (n=72), também vivenciaram situações de risco no exercício de suas atividades policiais. Um dado interessante é que 100% (22) dos policiais que disseram ter tido ideações suicidas há menos de 1 ano, experimentaram situações de risco. Esses percentuais também são observados no grupo controle: 92% disseram ter vivido alguma situação de risco no seu dia-a-dia de trabalho. Ao contrário do esperado, encontramos não associações estatísticas significativas entre vivência do risco e ideação suicida nas duas situações investigadas (em algum momento da vida e há menos de 1 ano). A Tabela 06 mostra que o combate, o confronto físico ou armado foram as mais citadas situações de risco vivenciadas por 73% dos entrevistados. Tabela 06 – Situações de Risco Vivenciadas por Policiais Militares Tipos de Situações de Risco Combate, confronto físico ou armado, tiroteio, encurralado em favela, incursões a favelas, confronto ou tiroteio Abordagem de suspeitos ou apreensão de indivíduo armado, conter assaltos com reféns. Baleado ou ferido em confronto ou presenciar colega baleado ou ferido em confronto N 164 % 73% 17 8% 12 5% Perseguição com ou sem troca de tiros 9 4% Tentativa de homicídio ou ameaça de morte 3 2% Não Sabe ou Não Respondeu (NA/NR) 19 8% Total de respostas 224 100% Fonte: Elaboração Própria. A segunda situação mais citada foi a abordagem de suspeitos ou apreensão de indivíduos armados. 8% do total de entrevistados disseram “se sentir em risco em situações de abordagens de suspeitos.” E a terceira situação mais citada são os confrontos armados em que os policiais foram baleados e presenciaram colegas baleados e/ou feridos. Do total de respostas, essa situação corresponde a 5%. As duas últimas situações citadas correspondem a 4% e 2%. 55 A inexistência de diferenças estatísticas entre casos e controles, no que concerne ao risco na atividade policial no Rio de Janeiro, pode ser atribuída ao fato de que as situações descritas na tabela 06 são caraterísticas intrínsecas à profissão policial. Minayo e colaboradores (2003; 2008) sustentam que o risco e segurança são percebidos por policiais militares como duas categorias intrínsecas à profissão de policial. Risco na percepção de policiais militares, tal como observou as autoras, caracteriza-se essencialmente nas rotinas de confrontos armados, nos quais se expõem e podem perder a vida. Na mesma linha argumentativa, Muniz (1999) define o “Ser Policial” como um risco em si mesmo. As diferenças entre os círculos hierárquicos e os tipos de atividades realizadas, sejam nas unidades operacionais sejam nas seções administrativas, se tornam mínimas. A autora descreve que policiais de todos os níveis hierárquicos se sentem em constante estado de alerta. Em contrapartida, quando adicionamos à questão do risco diário de atividades policiais a dimensão a perda de um colega de um amigo no exercício das atividades de trabalho, constatamos que a incidência de ideação suicida é diretamente proporcional ao número de vezes que o policial presencia a perda de um colega e/ou amigo policial no exercício de suas atividades de polícia. 70% dos que confessaram nunca ter pensado em se matar (controle), também vivenciaram 1 a 3 vezes a perda de um amigo/colega em confronto (n=75). A correlação entre os dois fenômenos foi modesta (0,18), porém significativa no nível de 0,03. Essa estatística sugere que quanto maior for o número de ocorrências de risco acompanhadas com a perda de colega/amigo policial, maior será a vulnerabilidade a pensamentos suicidas. Esses resultados se tornam mais compreensíveis quando consideramos um traço marcante da cultura policial militar: a existência de um forte sentimento de pertencimento de grupo quando estão em operações de risco. Nas conversas e nas entrevistas com policiais militares ao longo da pesquisa percebemos o quanto conceito de amizade na Instituição é sui generis32. Embora policiais militares admitam estabelecer relações de amizade ao longo de sua carreira, eles confessam que os encontros com colegas e amigos de trabalho não são regulares. As relações interpessoais entre policiais militares costumam ser “superficiais”. Elas não se aprofundam. A incidência de encontros entre eles é relativamente baixa. Quando consultamos aos 32 Esse tema será retomado no item de Capital Social e Redes de Contatos e Ideações suicidas. 56 nossos entrevistados (n=224) a respeito das amizades durante o curso de formação, 95% informaram ter feito colegas e amigos nesta época. Em contrapartida, esse número decresce quando perguntamos aos mesmos sobre as suas amizades depois da formatura: 70% disseram que não mantiveram o contato depois da formatura. O curioso aqui é dos que mantiveram a sua rede de contatos da turma de formação, poucos responderam ter uma vida social regular. Em resposta à pergunta, o que “o(a) Sr(a) e seus amigos e colegas de turma costumam fazer nas folgas?”(P.52), 73% de total de que mantiveram contato (n=157), responderam nunca ou quase nunca sair para as “Baladas”. Esse padrão se repete para as demais categorias relativas à variável (p.52): 2- “jogar bola” (68%); 3- “sair para beber e jogar conversa fora” (57%); 4-“visitar outros colegas” (43%); 5-“fazer churrasco em suas próprias casas” (46%) e 6- “ir a festa de aniversários de familiares, isto é 37% disseram que nunca ou quase nunca saem com os seus colegas e amigos de turma para eventos familiares. Não obstante, em situações de perigo e enfrentamento, o medo, o risco de morte, a missão policial e um sentimento de pertencimento os aproximam, reduzindo a distância que fragiliza as relações de amizade e confiança no ambiente policial militar. Muniz (1999) de uma forma muito esclarecedora mostra que vivências de situações de risco e perigo de policiais militares favorecem o surgimento de “sentimentos de união e fraternidade” entre colegas de trabalho. É um espírito de corpo, explica a pesquisadora, que compreende imagens associadas à fraternidade e ao companheirismo (Idem, 1999, p. 98). Esse sentimento de união entre policiais se fortalece proporcionalmente a ocorrência de situações de risco que resultem na morte de um colega/amigo. Em nossa pesquisa, policiais militares sublinham que a sensação de vulnerabilidade é produto de uma carência de ações institucionais que valorizem o seu trabalho e a vida do policial militar. É nesse sentido que verificamos o quanto as situações de risco do “Fazer Policial” faz mediações entre as condições de trabalho e o estilo de vida desses profissionais de segurança. As vitimizações por agressões não letais também foram fatores relevantes para compreender o comportamento suicida entre policiais militares. Quando perguntamos aos nossos entrevistados se tinham sofrido algum tipo de vitimização não letal nos últimos doze meses, as agressões verbais foram as mais comuns. As diferenças entre casos e controle foram significativas em relação às vitimizações por 57 amedrontamento/perseguição33; insultos, humilhação ou xingamento34; e ameaça com faca ou arma de fogo35. Dos que comunicaram ideações suicidas nos últimos 12 meses (n=22), 32% sofreram perseguições também no mesmo período; e 59% disseram ter sofrido insultos, humilhações e xingamentos. No grupo controle (n=152), 95% disseram não ter sofrido perseguições; e 17% confessaram ter sofrido humilhações verbais nos últimos 12 meses. Por último, 99% dos que declararam não ter pensado em se matar (controle), não sofreram ameaças de agressões físicas com faca e arma de fogo no referido período. É importante sublinhar que embora nossos dados sugiram correlações significativas entre violência não letal e incidência de ideação suicida nos últimos 12 meses, não é possível afirmar que o fenômeno violento tenha acontecido anterior a ideação suicida. Tabela 07 – Vitimizações sofridas por policiais militares & Ideações Suicidas nos últimos 12 meses Variáveis Correlação P-valor Situação de Risco no exercício de sua profissão Frequência de Participação de operações em que seu colega e/ou amigo tenha sido alvejado por arma de fogo 0,18* 0,03 Violências não letais sofridas nos últimos 12 meses Amedrontamento ou perseguição Insulto, humilhação e xingamento Ameaças com faca ou arma de fogo 0,37** 0,33** 0,00 0,00 0,24** 0,00 * Nível de significância de 95% ** Nivel de significância de 99% Como mostra a Tabela 07 tanto agressões verbais quanto as físicas estão positivamente associadas com as ideações suicidas comunicadas. A vitimização por perseguições/amedrontamento foi o indicador mais fortemente associado com as ideações suicidas (0,37). O segundo são as vitimizações por xingamentos, insultos, humilhações (0,33). E o terceiro indicador refere-se às ameaças de agressões físicas com o coeficiente de 0,24, no nível de significância de 0,00. Todas as três situações de violência foram significativas no nível de 0,00. Os achados de Nogueira (2005), referentes à relação entre as situações de violência não letais e tentativas de suicídio, reforçam os nossos dados. A autora observou que as experiências de perseguição no 33 O x2 de 24,518, com 2 graus de liberdade, é significativo no nível de 0,000. As medidas de significação são igualmente significativas: o coeficiente Phi, de 0,375, no nível de 0,000. 34 O x2 de 19,52, com 2 graus de liberdade, é significativo no nível de 0,00. 35 O teste exato de Fisher (uma direção) diz que as diferenças entre casos e controle, no que concerne a espancamento ou tentativa de estrangulamento e ideações suicidas, são significativas no nível de 0,01 58 ambiente de trabalho foram um dos temas mais citados pelos policiais militares do estado de Minas Gerais internados por tentativas de suicídio. 2.1.4. Condições de Saúde e Qualidade de Vida Estudos sobre problemas de saúde de uma determinada população, como é o caso de Minayo e colaboradores (2003; 2008), sugerem que condições de saúde, a situação de saúde e o estilo de vida são categorias relevantes para o entendimento da relação entre condições de trabalho e de saúde física e emocional. Procuramos observar essa relação no universo pesquisado à luz de perguntas relativas à qualidade de vida dos entrevistados enquanto indicadores de saúde física e mental. A categoria de qualidade de vida, segundo os referidos autores (2003; 2008), possui um sentido objetivo e subjetivo quanto a condições, situações e aos estilos de vida. Esse conceito neste trabalho é operacionalizado a partir de questões referentes à regularidade das atividades físicas praticadas por semana; à frequência do uso de tabaco e de bebidas alcoólicas. Em relação às perguntas sobre o estilo de vida dos entrevistados “O Sr(a) faz atividades físicas regularmente?”; “Atualmente o(a) Sr(a) fuma?” Atualmente o Sr(a) consome bebida alcoólica?”, vimos que há diferenças estatísticas significativas entre casos e controle apenas para o exercício regular de atividades físicas. O teste de Fisher (uma direção) foi significativo no nível de 0,01. Entre os controles (n=152), 64% responderam que fazem atividades físicas regularmente contra 36% que não as fazem. A maioria (68%) costuma se exercitar entre 3 a 5 vezes por semana36. Em contrapartida, entre os casos (n=72), 53% declararam não fazer atividades físicas semanalmente contra 47%. O coeficiente de Phi foi baixo (-0,16) com o nível de significância de 0,02. Essas estatísticas sugerem que quanto maior a regularidade de atividades físicas praticadas semanalmente, menor seria a suscetibilidade para desenvolver pensamentos suicidas. A associação entre problemas de saúde física e mental e ideações suicidas foi medida a partir de três indicadores. O primeiro refere-se às consultas médicas (relativas a diversas especialidades) nas unidades de saúde da Polícia. Dos 129 entrevistados que responderam essa questão, 58% disseram ter utilizado os serviços médicos oferecidos pela PMERJ. Três diagnósticos tiveram posição de destaque entre os policiais, que 36 O coeficiente de tau-b de Kendall, que sumariza a associação, é de -0,18, significativo no nível de 0,04 59 disseram ter ido ao médico nos últimos 12 meses37. São eles: 1- problemas odontológicos (15%); 2- problemas ortopédicos e musculares (14%) e 3- problemas psicológicos e psiquiátricos (14%). Quando analisamos as respostas relativas às consultas médicas nos últimos 12 meses segundo casos e controles, não vimos diferenças estatísticas significativas. Entre os casos, 59% dos policiais, que pensaram em se matar há menos de 12 meses, estavam em tratamento médico (n=13). Quatro deles informaram diagnósticos de estresse e depressão. No grupo controle, 56% revelaram estar fazendo tratamento médico pela PMERJ no mesmo período (n=85). Quanto aos diagnósticos informados (n=73), problemas ortopédicos lideram com 19% das respostas (n=14). Em segundo lugar, estão os problemas odontológicos com 15% (n=11). E em terceiro, estão os problemas de clínica geral com 12% (n=9). No conjunto das respostas, um dado nos chamou atenção: sete policiais militares do grupo “controle” disseram que estavam fazendo tratamento médico por questões de saúde mental. O que corresponde a 10% do total de diagnósticos descritos pelos entrevistados (controle). Por outro lado, no que diz respeito aos serviços de atendimento psicológico e psiquiátrico utilizados por policiais militares de ambos os grupos, constatamos diferenças estatísticas significativas no nível de 0,00. Cinquenta e cinco por cento dos casos responderam que buscaram o atendimento psicológico oferecido pela Polícia. Por outro lado, somente 17% do grupo controle (n=152) confessaram que se consultaram com psicólogos da PMERJ. O mesmo padrão, em termos percentuais, foi observado entre os que disseram ter buscado tratamento psicológico em instituições civis de saúde. 41% dos casos responderam ter feito uso do serviço, enquanto que 7% dos controles o fizeram. A diferença estatística entre casos e controle é significativa no nível de 0,00. Em relação às consultas a psiquiatras, a pesquisa também observou que entre os casos, 36% responderam que consultaram a psiquiatras da Polícia (n=22). Por outro lado, 64% do mesmo grupo relataram que não buscaram este tipo de serviço na Polícia. No grupo controle, 96% do total informaram nunca ter tido consulta com psiquiatras. Apenas 4% revelaram que já havia utilizado essa especialidade médica. 37 Dos 129 diagnósticos informados à pesquisa, dezenove tiveram a sua descrição iimprecisa. Por esta razão, consideraremos apenas 110 casos. 60 A Tabela 08 evidencia o quanto a incidência de ideação suicida e a utilização dos serviços de psiquiatria e psicologia estão correlacionadas. A relação mais forte foi com os serviços de psiquiatria na PMERJ com o coeficiente de Phi igual a 0,39. Tabela 08 - Correlações entre Condições de Saúde & Ideações Suicidas Variáveis Correlação P-valor Utilização de serviços de psiquiatria oferecido pela PMERJ 0,39** 0,00 Utilização de serviços de psicologia oferecido FORA da PMERJ 0,37** 0,00 Utilização de serviços de psicologia oferecido pela PMERJ 0,31** 0,00 Utilização de serviços de psiquiatria oferecido FORA da PMERJ 0,20** 0,00 Problemas com Sono e/ou Pesadelo Ter pesadelos Dificuldades para adormecer a noite, acordar frequentemente à noite e acordar muito cedo pela manhã 0,40** 0,34** 0,00 0,00 Serviços de Saúde Mental * Nível de significância de 95% ** Nivel de significância de 99% Não obstante, embora o uso de serviços psiquiátricos da PMERJ esteja associado à incidência de ideações suicidas, o percentual de policiais “suicidas”, que disseram nunca ter recorrido ao setor de psiquiatria, foi maior do que os que fizeram. O campo também confirmou o desinteresse da parte dos policiais por este tipo de serviço. A procura é ainda menor quando os serviços são privados. Metade dos entrevistados com ideações suicidas, que utilizaram o serviço psiquiátrico (n=4), recorreu também a serviços médicos fora da PMERJ. Entre os casos “tipo controle”, seis entrevistados declararam ter utilizado serviços privados. A utilização desta especialidade médica fora da PMERJ apresentou a correlação mais fraca com ideações suicidas. É importante sublinhar que essa tendência pode ser atribuída a motivos econômicos e culturais. Os serviços de atendimentos psicológicos são ainda pouco acessíveis ao público de baixa e média renda salarial. Sendo a Polícia uma instituição em que mais de 50% do seu efetivo é composto por profissionais (soldados, cabos e sargentos) cuja faixa de renda varia entre 1000 a 3000, esse tipo de serviço se torna um item de luxo. Os dados desta pesquisa confirmam essa tendência. Entre os casos, que comunicaram ter tido ideação suicida há menos de 1 ano, dezessete declararam possuir uma faixa de renda bruta mensal de 1000 a 3000 reais enquanto que 3 declararam a faixa bruta de renda de 3001 a mais 4000 e 2 acima de 4000 reais. Desse universo, apenas 4 declararam utilizar serviços privados de psiquiatria. 61 Além da dimensão econômica, existe um estigma social em torno do paciente em tratamento psiquiátrico na sociedade brasileira. No ambiente policial, esse estigma assume proporções ainda maiores. Esse perfil contradiz a imagem de “Herói” ou “Protetor” que todo policial aprende a ser diante da população e dos próprios colegas de trabalho. Nas visitas aos batalhões, em particular no consultório de psiquiatria do HCPM, testemunhamos inúmeras “brincadeiras” a esse respeito. Policiais militares, que confessavam ser um paciente de psiquiatria, ou nas palavras dos policiais “que baixavam psiquiatria”, são considerados na Instituição como “malucos”. O total desconhecimento das causas e consequências emocionais das doenças de saúde mental, assim como a carência de respeito pela pessoa humana do policial faz deste profissional um “outsider” no seu próprio ambiente de trabalho. Também observamos diferenças estatísticas significativas entre casos e controle, no que diz respeito aos diagnósticos de saúde mental descritos pelos entrevistados. Entre os casos, três tipos de doenças foram relatados. São eles: depressão e ansiedade (3); transtorno bipolar (1); e dependência química (2). Duas situações curiosas nos chamaram atenção: um que policial informou desconhecer o diagnóstico médico e outro que confessou que o médico da PMERJ lhe prescreveu o remédio sem informar o diagnóstico. Entre os policiais, que nunca tiveram ideação suicida na vida (controle), dois diagnósticos se destacaram: a dependência de álcool e o estresse. Quatro policiais não souberam informar o seu diagnóstico. Esses números sugerem que a dependência química é um problema comum aos dois grupos de entrevistados (caso e controle). Trata-se de um diagnóstico também observado em dois estudos nacionais sobre o suicídio policial nos estados de São Paulo e Minas Gerais (Relatório da FGV, 2007; Rodrigues, 2005). O parecer de psiquiatras de rede de saúde privada foi muito próximo ao dos profissionais de saúde da Polícia. O estado de choque; a dependência do álcool; o transtorno compulsivo (TOC) e a depressão foram as patologias mais citadas entre os casos de ideação suicida nos últimos 12 meses. No grupo controle, o alcoolismo (1); a hiperatividade desde criança (1); a insônia e depressão (1). Os demais declararam não saber o diagnóstico (2). A qualidade do sono é um fator importante para a compreensão de manifestações suicidas. A pesquisa evidencia que quase todos os entrevistados, que tiveram ideações suicidas há menos de um ano, confessaram ter tido problemas com o 62 sono nos últimos 12 meses, ou seja, 91% do total (n=22). No grupo controle, 40% disseram apresentar dificuldades para adormecer; acordar frequentemente à noite ou acordar muito cedo pela manhã no referido período (n=152). O teste exato de Fisher’s confirma essas diferenças entre casos e controle no nível de significância de 0,000. Por outro lado, os motivos para os problemas com o sono declarados pelos casos e controle são muito similares. Entre os casos de “ideação suicida”, os três motivos mais citados foram: 35% correspondem aos problemas no trabalho (7); 20% a problemas de saúde (4); e 15% a problemas financeiros (3). 25% desse total (n=20) disseram “outros motivos”. São eles: estresse (2); escala de serviço/sobrecarga de trabalho (1); drogas (1); ameaças de colegas policiais e conflitos emocionais (1). No grupo controle, os motivos citados foram: 33% problemas no trabalho (20); 16% problemas com saúde (10); e 10% problemas financeiros (6). 24% desse total (n=61) responderam “outros motivos”. São eles: estresse (8); insônia (2); escala de trabalho (2); ameaças de colegas policiais e processos judiciais (2); e drogas (1). A Tabela 08 também mostra que e “insônias e pesadelos quase sempre e sempre” estão altamente correlacionados com as ideações suicidas. O coeficiente de Kendall’s tau b foi de 0,40 e 0,37 respectivamente. Apesar da íntima relação entre os dois fenômenos e a ideação suicida no mesmo período, não é possível assumir que as dificuldades para dormir tenham iniciados antes das “incidências de pensamentos suicidas”. Por último, também observamos diferenças estatísticas entre casos e controle, no que concernem aos problemas associados à depressão e ansiedade. Todas as relações com indicadores aqui testados foram significativas. Quanto aos problemas associados à depressão, observamos que essas diferenças não se limitam a “sentir” ou “não sentir deprimido e/ou sem perspectiva”: entre os que se sentem, há diferenças de regularidade do fenômeno. Dos 152 policiais “controle”, 53% declararam “nunca se sentir para baixo e sem perspectiva”; 31% “raramente”; 5% “poucas vezes ao dia”; 6% “algumas vezes”; 3% “várias vezes ao dia” e 2% “todos os dias”. A mesma tendência é observada, em termos percentuais, entre os policiais que “comunicaram” ter tido “ideações suicidas há seis anos ou mais”. Do total (n=26), 65% disseram “se sentir para baixo e sem perspectiva” na escala de nunca; raramente e poucas vezes por dia. Em contrapartida, 35% desses casos disseram “se sentir para baixo” algumas vezes ao dia; várias vezes ao e todos os dias. 63 Dos 22 policiais que “comunicaram” ideações suicidas “há menos de 12 meses”, 36% disseram “se sentir para baixo e sem perspectiva”, distribuídos entre os níveis de respostas “nunca, raramente e poucas vezes ao dia”. Por outro lado, no mesmo grupo, 64% declararam se sentir “deprimidos”, de todos os dias a algumas vezes ao dia. Esses dados sugerem que as diferenças entre policiais “casos e controle” diminuem numa relação inversa com o tempo da última ideação suicida 38 . Em outras palavras, policiais militares, que disseram “nunca ter tido ideações” e os que “tiveram ideações suicidas há mais de 6 anos”, foram os menos suscetíveis à sintomas de depressão. Em relação à segunda categoria associada à depressão aqui adotada- “pouco interesse ou pouco prazer em fazer as atividades de trabalho”, 34% do total de participantes do grupo controle disseram nunca ter pouco interesse no trabalho; 30% raramente e 10% poucas vezes ao dia 39 . Enquanto que 7% responderam ter “pouco interesse ou prazer no seu trabalho todos os dias”; 3% “várias vezes ao dia” e 16% “algumas vezes ao dia” (n=152). Especificamente no que se referem a este problema, as respostas dos policiais “suicidas” não foram similares aos de policiais “controle”. Dos 26 policiais que “comunicaram” ideação suicida “há 6 anos ou mais”, três responderam “nunca ter sentido pouco interesse no seu trabalho”; seis “raramente”, três “poucas vezes ao dia”; onze “algumas vezes ao dia”; dois “várias vezes ao dia”. Apenas um policial respondeu ter tido todos os dias “pouco interesse ou prazer no trabalho”. Dos vinte e dois policiais militares, que “comunicaram” ter tido ideações suicidas há menos de 12 meses, cinco confessaram ter sentido “pouco interesse ou prazer no trabalho todos os dias”; cinco “várias vezes ao dia”; e cinco “algumas vezes ao dia”. Enquanto que; três desse total responderam ter “raramente sentido pouco interesse no trabalho”; e dois “poucas vezes ao dia”. Apenas um policial “suicida” declarou nunca ter perdido o interesse pelas atividades do seu trabalho, durante as duas últimas semanas. Quanto à terceira categoria associada à depressão “se sentir fracassado ou decepcionado por ter frustrado a sua família ou a si mesmo”, observamos que 62% do grupo controle declararam nunca ter se sentido dessa forma; 28% raramente; 1% poucas vezes; 8% algumas vezes ao dia; 2% várias vezes e 1% todos os dias40. Em relação à 38 As estatísticas mostraram uma clara associação entre os dois fenômenos: o x2 de 76,681, com 18 graus de liberdade, é significativo no nível de 0,000. As medidas de associação são igualmente significativas: o coeficiente de Spearman, de - 0,47, é significativo no mesmo nível. 39 O X2 de 76,941, com 18 graus de liberdade, é significativo no nível de 0,000. As medidas de associação são igualmente significativas: o coeficiente de Spearman, de -0,41, é significativo no mesmo nível. 40 O X2 de 55,754, com 15 graus de liberdade, é significativo no nível de 0,000. As medidas de associação são igualmente significativas: o coeficiente de Spearman, de -0,41, é significativo no mesmo nível. 64 mesma categoria, o grupo de policiais, que declararam ideação suicida “há seis anos ou mais”, apresentou respostas similares a dos policiais “controle” em termos percentuais. Dos 26 casos, 42% (11) responderam nunca se sentir fracassados e decepcionados; 27% (7) raramente; 4% (1) poucas vezes ao dia; 15% algumas vezes ao dia; 0% várias vezes ao dia e 11% (3) todos os dias. Em contrapartida, no que diz respeito aos policiais militares que “comunicaram” ideação há menos de 12 meses, chegamos a resultados diferentes. Dos 22 casos, 14% (3) responderam que nunca; 27% (6) raramente; 9% (2) poucas vezes ao dia; 18% (4) algumas vezes ao dia; 4% (1) várias vezes ao dia e 27% (6) todos os dias “se sentir fracassado ou decepcionado (...)”. É importante destacar que as respostas deste grupo de entrevistados estão divididas: 50% entre os que se sentem fracassados ou decepcionados numa escala de todos os dias a algumas vezes ao dia e 50% entre os se se sentem fracassados e decepcionados na escala de nunca a poucas vezes ao dia. A incidência de problemas associados à ansiedade está nitidamente associada às ideações suicidas “comunicadas” à pesquisa. Em relação à pergunta sobre a frequência de sensação de medo e pânico, dos 152 policiais “controle”, 77% não tiveram esse tipo de sensação; 14% tiveram “raramente”; 2% “poucas vezes”; 3% “algumas vezes”; 1% “várias vezes ao dia”; e 3% todos os dias. Os percentuais de resposta de policiais “controle” novamente se aproximam aos das respostas de policiais militares que tiveram ideações há 6 anos ou mais. Quarenta e seis por cento disseram “nunca ter sentido medo ou pânico” nas duas semanas de referência; 50% “raramente” e 4% “poucas vezes ao dia”. Em relação às escalas “todos os dias; várias vezes ao dia; e algumas vezes ao dia”, não houve nenhuma resposta. Quanto a este problema, as diferenças entre as ideações suicidas “há menos 12 meses” e controles foram muito pequenas, apesar de serem significativas no nível de 0,00041. Desse total, 32% (7) responderam que “nunca” tiveram sensação de medo e pânico; 18% (4) “raramente”; 9% (2) “poucas vezes ao dia”; 18% (4) “algumas vezes ao dia”; 18% (4) “várias vezes ao dia” e 4% (1) “todos os dias”. Ao perguntamos aos policiais “controle”, se tiveram “dificuldades de se concentrar nas como ler o jornal ou ver televisão”, nas duas últimas semanas, 44% responderam que “nunca”; 28% “raramente”; 7% “poucas vezes ao dia”; 15% “algumas 41 O x2 de 71,525, com 15 graus de liberdade, é significativo no nível de 0,000. O coeficiente de Kendall tau b foi de -0,37 com significância de 0,000. 65 vezes ao dia”; 3% “várias vezes ao dia”; e 3% “todos os dias”. As diferenças entre as respostas dos policiais “controle” e os que declararam ter tido “ideações suicidas há mais de seis anos”, são muito pequenas. Dos 26 policiais, 19% responderam não ter tido “dificuldades para se concentrar”; 42% “raramente”; 8% “poucas vezes ao dia”; 19% “algumas vezes ao dia”; 8% “várias vezes ao dia” e 4% “todos os dias”. Entre os policiais militares, que “comunicaram” ideações suicidas “há menos de 12 meses”, as diferenças são maiores para alguns níveis. Dos 22 casos “suicidas”, 18% (4) disseram “nunca” ter sentido dificuldade para se concentrar; 9% (2) “raramente”; 18% (4) “poucas vezes ao dia”; 14% ( 3) “algumas vezes ao dia”; 23%(5) “várias vezes ao dia”; e 18% (4) “todos os dias”. Esses dados indicam que policiais militares que declararam dificuldades de concentração “todos os dias ou várias vezes ao dia”, em relação a duas últimas semanas de referência, são os que “comunicaram” as mais recentes ideações suicidas42. A Tabela 09 mostra o quanto os problemas associados à depressão e ansiedade estão correlacionados com o comportamento suicida. Tabela 09 - Correlações entre Indicadores de Depressão e Ansiedade & Ideações Suicidas Variáveis Correlação P-valor Se sentir "para baixo", deprimido/a sem perspectiva na duas semanas 0,43** 0,00 Pouco interesse nas atividades de trabalho nas duas últimas semanas Sentimento de fracasso ou decepção por ter frustado a sua família ou a si mesmo nas duas últimas semanas 0,37** 0,00 0,36** 0,00 Desejos de matar ou ferir de alguma maneira outra pessoa 0,27** 0,00 Se sentir cansado/a ou com pouca energia na duas últimas semanas 0,24** 0,00 0,37** 0,00 Indicadores de Depressão Indicadores de Ansiedade A sensação de medo e pânico nas duas últimas semanas Dificuldades de se concentrar se concentrar nas coisas, como ler jornal ou ver TV nas duas últimas semanas 0,32** 0,00 * Nível de significância de 95% ** Nivel de significância de 99% Em relação à pergunta sobre a frequência com que os entrevistados se sentem incomodados com problemas associados à depressão, nas duas últimas semanas, três deles apresentam fortes relações com ideação suicida, no nível de significância de 0,000. São eles: “Se sentir para baixo, deprimido (a) ou sem perspectiva” (0,43); “Pouco 42 O x2 de 48,851 com 15 graus de liberdade confirma a associação significativa entre as duas variáveis, no nível de 0,000. 66 interesse ou pouco prazer em fazer as suas atividades de trabalho” (0,37); e “Ter sentimento de fracasso ou decepção por ter frustrado a sua família ou ao (a) Sr(a) mesmo(a)” (0,36). No que concerne aos problemas associados à ansiedade, as correlações foram modestas, embora tenham sido significativas no nível de 0,000. A sensação de medo e pânico foi a que teve a mais íntima relação com os pensamentos suicidas comunicados, com o coeficiente de Kendall’s tau b de -0,37. 2.1.5. O Capital Social e as Relações com Ideações Suicidas Capital social é um antigo conceito, que vem sendo redefinido por contemporâneos da Sociologia e Ciência Política. Na tradição norte-americana, por exemplo, o conceito de capital social foi adotado para resolver o principal dilema da ação coletiva: a deserção. Mancur Olson, em sua obra clássica The Logic of Collective Action, de 1965, argumenta que indivíduos com objetivos comuns tendem a não se organizar e agir coletivamente se não houver incentivos e punições individuais (e não coletivos) que os induza a contribuir para a produção de um bem coletivo. James Coleman (1990) apropriou-se desse conceito para melhor esclarecer a racionalidade da ação dos indivíduos na produção de bens coletivos. Para o autor, capital social enquanto relações de confiança favorecem a ação coletiva organizada, existentes entre os membros de um determinado grupo de pessoas. Coleman chama de capital social ao conjunto das relações sociais em que um indivíduo se encontra inserido e que o ajudam a atingir seus objetivos. O capital social localiza-se não nos indivíduos, mas nas relações entre eles, e a existência de capital social aumenta os recursos à disposição dos indivíduos que se encontram imersos em tais relações (Coleman, 1990:300-304), facilitando a concretização de suas metas. Sem elas, o custo para alcançá-las seria muito alto. Diversas são as fontes geradoras de capital social. Coleman cita as algumas delas, tais como: as relações de expectativas e obrigações entre indivíduos que trocam favores; a existência de normas, com suas sanções e prêmios aplicáveis pelos atores beneficiários da norma sobre os atores alvos da norma; as relações de autoridade, em que um indivíduo concorda em ceder a outro o direito sobre suas ações em troca de uma compensação (financeira ou de outra espécie, como status, honra, deferência etc.); as 67 relações sociais que permitem a um indivíduo obter informações de seu interesse por um baixo custo. Todos esses tipos de relações pressupõem a existência de confiança mútua entre os indivíduos: fazer um favor confiando que o outro retribuirá quando tiver oportunidade; submeter-se a normas confiando que o outro também submeter-se-á ou será punido se não o fizer. As relações de confiança, ou seja, o capital social gerado como subproduto da ação organizada, poderão eventualmente vir a ser utilizadas pelos atores sociais envolvidos com outros objetivos que estejam para além dos fins da organização. Outro trabalho, que disseminou essa noção de capital social no campo da Ciência Política, é a obra de Robert D. Putnam Making Democracy Work (1993). O autor parte do suposto de que um conjunto de crenças compartilhadas melhora o desempenho dos Estados democráticos. O autor encontra relação íntima entre comunidade cívica e desempenho institucional na Itália. Para Putman, o conceito de capital social está associado à cultura cívica de uma comunidade. A cultura cívica, para Putman, pode ser entendida a partir de três dimensões: (1) participação cívica: a disposição do cidadão para a busca do bem comum à custa do puramente individual; (2) a solidariedade, confiança e tolerância: numa comunidade cívica, os cidadãos são prestativos, respeitosos e confiantes uns nos outros; e (3) associações: são estruturas sociais que incentivam e viabilizam a cooperação (clubes e associações: desportivos, recreativos, atividades culturais, científicas, técnicas, profissionais, etc.). O conceito de capital social também vem sendo incorporado aos estudos clássicos de criminologia e sociologia. Gabriel Tarde, por exemplo, foi um grande opositor do determinismo biológico de Cesare Lombroso. Em 1886, publicou a exitosa obra “La criminalité comparée”. Mais tarde, veio o seu primeiro estudo sobre crimes na perspectiva interacionista “Les Lois de l’imitation”. Nesse trabalho, Tarde desloca o seu foco de análise para unidades menores, como grupos e interações entre indivíduos. Nessa perspectiva, podemos dizer que Tarde foi muito além de-Lombroso, seu trabalho pode ser considerado uma crítica ao determinismo social de Emile Durkheim. Para a tradição sociológica interacionista, capital social é entendido como produto de redes de relações entre indivíduos e grupos. A associação entre capital social e vitimização se dá em três direções: a primeira delas é maior capital social, menor a probabilidade de crime e vitimização. A segunda: maior capital social menor a 68 propensão ao crime; e terceiro: maior o nível de capital social, maior a possibilidade de superação de situações traumáticas (Soares, et.al., 2007; p. 173-175). Esse estudo partiu da hipótese de capital social é um fator de proteção contra os pensamentos e as tentativas de suicídios. Aqui o conceito é concebido a partir de duas dimensões: institucional e não institucional. A primeira se refere às organizações como clubes, sindicatos, associação de profissionais, escolas, igrejas, associações de bairros. A segunda diz respeito às pessoas e interações entre elas. Segundo uma interpretação funcional do capital cultural, por meio de laços estabelecidos com pessoas de origens distintas (classe, religião, profissão, etc), as chances de uma pessoa ou grupo de pessoas encontrarem soluções para os seus problemas são muito maiores. Por outro lado, em grupos culturalmente “pobres, que recebem e trocam menos informação, essa probabilidade é menor. A idéia aqui é a de que por meio de redes institucionais e pessoais informações circulam e facilitam a realização de metas/objetivos de seus integrantes. Analisamos capital social e as possíveis interações com ideações suicidas à luz de três indicadores. Os dois primeiros remetem à capital social de natureza não institucional. São eles: a confiança interpessoal (em relação às pessoas de dentro e fora do ambiente de trabalho) e sociabilidade informal (redes de contatos entre familiares, amigos, grupos religiosos e de auto-ajuda). O terceiro é de natureza institucional, ou seja, a participação cívica (associativismo). 69 2.1.5.1. Confiança Interpessoal Gráfico 03 - Nível de Confiança Interpessoal de Policiais Militares (Casos e Controle) 100% 90% 80% 70% 60% 50% 84% 100% Deve-se ter o pé atrás ao lidar com as pessoas Pode-se confiar nas pessoas 40% 30% 20% 10% 16% 0% Teve ideaçao suicida Nunca teve ideação suicida No Gráfico 03, observamos o quanto o nível de confiança interpessoal no universo pesquisado é muito baixo. Em resposta à clássica pergunta “De uma maneira geral, o Sr (a) diria que se pode confiar nas pessoas ou que se deve ter o pé atrás ao lidar com elas?”, 84% do grupo controle responderam que não confiam no outro e apenas 16% confia nas pessoas (n=152). Entre os policiais que disseram ter tido ideações suicidas há menos de 1 ano (n=22), o nível de desconfiança é surpreendentemente maior: 100% desse total disseram não confiar nas pessoas. Uma diferença modesta, mas significativa no nível de 5%. A correlação de Phi foi de -0,16. Esse resultado sugere que policiais militares, que declararam ter tido pensamentos suicidas há menos de 1 ano, são altamente desconfiados do seu próximo. Como policiais militares passam a maior parte do seu tempo no seu local de trabalho, esperávamos que o convívio diário e a proximidade pudessem fortalecer os laços entre colegas de trabalho, criando um ambiente institucional mais confiável. A pesquisa observou o contrário. O nível de confiança interpessoal no ambiente de trabalho da PMERJ observado é também muito baixo: 74% dos policiais “do grupo “controle” expressaram que devem ter o “pé atrás” ao lidar com os seus colegas de unidade/seção de trabalho. Enquanto que 25% do mesmo grupo de entrevistados disseram confiar nos seus colegas. Apenas 1 policial militar desse grupo não quis 70 responder a pergunta. O nível de desconfiança no ambiente de trabalho é ainda maior entre os casos: 91% dos policiais, que tiveram pensamentos suicidas há menos de 1 ano, também não confiam no seu colega de trabalho. Os dados sugerem que a desconfiança no ambiente de trabalho da PMERJ não é um atributo dos policiais com “ideações suicidas”. Daí a razão, para a hipótese nula ter sido rejeitada, isto é, não existem diferenças estatísticas entre casos e controle quanto à confiança mútua no local de trabalho. Também não identificamos correlação significativa entre confiança interpessoal com colegas de trabalho e ideações suicidas. 2.1.5.2. A Sociabilidade informal Esse indicador mede o volume de contatos, interações e de comunicação de policiais militares (casos e controles) no trabalho e na família. Embora, a associação positiva entre a sociabilidade informal e ideações suicidas “comunicadas” por policias militares tenha sido modesta, as correlações foram significativa nos níveis de 5% e 1%. A Tabela 10 mostra as categorias de relações interpessoais na PMERJ e na família que estão associadas com ideações suicidas em algum momento da vida. Na primeira situação, as mais fortes correlações com ideações foram: 1- “Sair com colegas de turma” e 2-“visitar outros amigos”. Os seus coeficientes de Kendall’s tau b foram de -0,20. Tabela 10: Nível de Sociabilidade Informal & Ideações Suicidas Capital Social Correlação P-valor Relações Interpessoais na PMERJ Sair para "Baladas" com amigos e colegas de turma de formação −0,20** 0,00 Visitar "outros colegas e/o amigos" com os amigos de turma −0,20** 0,00 Fazer Churrasco em suas próprias casas com os amigos de turma Ir as Festas de aniversários de familiares com os amigos de turma de formação −0,17** 0,01 −0,14** 0,04 Fazer churrasco em suas próprias casas Conversar e/ou brinca com seus filhos −0,21** 0,00 −0,18** Ir ao clube com filhos e/ou esposa Ir ao cinema com os filhos e/ou esposa Comemorar aniversários Ir a praia com os filhos e/ou esposa −0,18** −0,16** 0,00 0,00 0,00 0,02 0,01 Fazer pelo menos uma das refeições com a sua esposa ou filhos −0,12** 0,04 Relações Familiares & Vida Social −0,17* −0,16* * Nível de significância de 95% ** Nivel de significância de 99% 71 Na Polícia Militar, os “recrutas” (policiais que recém-alunos dos cursos de formação de soldados) permanecem diariamente juntos ao longo do curso. A duração do curso de formação de praças pode variar entre 6 a 9 meses, dependendo do regulamento de cada organização policial militar considerada. No caso dos oficiais, o tempo de permanência é ainda maior. Os “futuros” PM oficiais permanecem por quatro anos em contato com seus colegas de turma. O período de formação de ambas as categorias de policiais militares favorece a constituição de amizades, assim como intensifica a probabilidade de encontros sociais entre colegas de turma. As entrevistas qualitativas revelaram que as amizades feitas no período de formação são as mais íntimas e, por isso, muitas vezes são as que sobrevivem ao baixo nível de confiança interpessoal no ambiente institucional da PMERJ. Por essas razões, perguntamos aos entrevistados sobre a regularidade com que realizam atividades sociais com amigos e/ou colegas da unidade de trabalho. 91% dos policiais militares com ideações suicidas há menos de 1 ano, responderam que nunca saem para “baladas” com os seus colegas/amigos de turma de formação. O nível de sociabilidade informal no ambiente familiar do universo pesquisado, por outro lado, foi maior. Quando perguntamos com que a regularidade os entrevistados “brincam, passeiam e/ou conversam sobre os assuntos da escola/faculdade de seus filhos”, não encontramos diferenças estatísticas significativas entre casos e controle. No grupo controle, dos que declararam ter filhos (n=113), 80% confessaram brincar e conversar com seus filhos frequentemente; 18% algumas vezes e 2% quase nunca. Entre os casos, na mesma situação (n=19), 58% confessaram conversar e brincar com seus filhos frequentemente; 37% algumas vezes e 5% quase nunca. Em relação às atividades sociais realizadas com realizadas com esposas e filhos juntos, encontramos diferenças estatísticas significativas entre casos e controle apenas para três situações. São elas: 1- ir ao cinema com p-valor de 0,04; 2- visitar parentes com p-valor de 0,00; e 3- comemorar aniversários com p-valor de 0,03. Também observamos que três atividades que estão associadas negativamente com ideações suicidas. São elas: 1- fazer churrasco em casa (-021); 2- conversar com filhos (-0,18) e ir ao clube com familiares (-0,18). São modestas relações, porém todas as três atividades sociais são estatisticamente significativas no nível de 0,00. 72 Essas estatísticas sugerem que quanto maior a frequência de contatos sociais (seja com amigos/ou colegas de turmas seja com familiares) menor a suscetibilidade aos pensamentos de por fim a própria vida. 2.1.5.3. Associativismo O baixíssimo nível de capital social se confirma quando consultamos o interesse dos entrevistados pelo associativismo. Não encontramos diferenças estatísticas significativas entre casos e controle. É praticamente unânime o grau de desinteresse por participar de organizações. 100% dos entrevistados com ideações suicidas disseram não ser filiado a atividades de associações de moradores, associações de praças e oficiais; clube social ou esportivo; torcidas organizadas. Por outro lado, 45% do total de casos (n=22) disseram participar regularmente de atividades religiosas. No grupo de PMs controle, a participação cívica também foi baixa. Apenas 5% do total (n=152) participam de associação de moradores e 7% de associações de praças/oficiais; 16% são filiados a clube social/esportivo e 37% a grupos religiosos. E por último, 100% dos entrevistados são filiados a nenhuma torcida organizada. 73 2.2. As Tentativas de Suicídio Segundo o Relatório Mundial Sobre Violência e Saúde (OMS, 2002), os registros oficiais sobre tentativas de suicídio em vários países são mais escassos e menos confiáveis do que os de suicídio A maioria das ocorrências de tentativas não chega ao conhecimento das autoridades de saúde. E quando chegam às unidades de assistência, os registros elaborados nas emergências hospitalares normalmente informam apenas a causa secundária, isto é, a lesão ou o trauma decorrente das tentativas que exigiram cuidados médicos (Minayo, C., 2005. p.208)43. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o número de tentativas de suicídio supere o número de suicídios em pelo menos dez vezes. No Brasil, no ano 2000, nove mil e trezentos e doze casos de tentativas de suicídios foram notificados às unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse número não corresponde à realidade. Um exemplo disso são os registros de tentativas de suicídios notificados ao Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox). Esse sistema abrange apenas as tentativas provocadas por envenenamento. Das ocorrências registradas em 2000, referentes à intoxicação humana por agentes tóxicos, as tentativas de suicídio corresponderam a 20% do total. No ano de 2000, 14.649 episódios foram notificados (Minayo, C., 2005). O acesso a dados confiáveis de tentativas de suicídio no Brasil e no mundo é ainda mais complexo quando deslocamos o foco da análise para as organizações fechadas, como são as instituições policiais militares cujas estruturas organizacionais são altamente hierarquizadas e rígidas. Essa dificuldade também se confirma nos estudos internacionais (Violanti, T, 2007). Os casos de tentativas de suicídio, que serviram de base para a nossa reflexão, foram extraídos de um survey aplicado ao universo de policiais militares do estado do Rio de Janeiro, como mencionamos na subseção sobre as “ideações suicidas”. Definimos as tentativas de suicídio como atos autodestrutivos diretos “não sucedidos”, cuja a intenção de se matar ficou de alguma forma clara para aquele que o cometeu. Vinte e dois policiais militares disseram ter tentado cometido suicídio “sem sucesso” em algum momento de suas vidas. Em outras palavras, trinta por cento dos que 43 Minayo, C. Suicídio: Violência Auto-Infligida. In: Impacto da violência na saúde dos brasileiros / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2005, pp. 206-241. 74 declararam ter pensado em se matar (n=72), também tentaram suicídio. O pequeno número de casos de tentativas de suicídios comprometeu as interpretações das estatísticas. Assim como a literatura de saúde pública, nosso estudo não encontrou diferenças estatísticas significativas entre os casos de tentativas de suicídio e os de controle no universo pesquisado no que diz respeito aos fatores associados. Esses fatores também foram testados com as ideações suicidas. Encontramos modestas correlações entre fatores institucionais, organizacionais e individuais (as condições de saúde, o estilo de vida e relacionais dos entrevistados) e as tentativas de suicídio entre policiais militares. Contudo, nenhuma das características sociodemográficas examinadas [sexo; idade; cor/raça (branco e não branco); estado civil (casado e não casado); filiação religiosa; filhos; nível educacional] apresentou correlação significativa com os casos de tentativas de suicídios informados à pesquisa. Para mensurarmos as correlações entre tentativas de suicídios e as variáveis institucionais/ organizacionais e individuais no universo pesquisado, trabalhamos com duas variáveis recodificadas a partir da variável original (p.97) “Em algum momento da sua vida, o Sr (a) pensou em se matar”? A primeira tentativa nominal com o nível de mensuração nominal (tentou suicídio e não pensou e nem tentou). A segunda tentativa ordinal tem o nível de mensuração ordinal. Ela é composta por 3 escalas: não pensou nem tentou; pensou mas não tentou e pensou e tentou. Nos itens subsequentes, estão os resultados das correlações significativas entre tentativas de suicídios e os possíveis fatores associados (p<0,01 e/ou p<0,05). Antes de darmos início às análises das correlações encontradas entre os “possíveis” fatores associados e as tentativas de suicídio, descrevemos as circunstâncias do fato que caracterizam o universo pesquisado. 75 2.2.1. Circunstâncias do Fato Gráfico 04: Planejamento das Tentativas de Suicidios Fonte: Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011. Dos vinte e dois policiais militares que vivenciaram uma tentativa de por fim em sua própria vida, apenas cinco disseram ter planejado o incidente. Dezessete policiais agiram por impulsividade. Muitos dos entrevistados afirmaram que o incidente significou uma resposta imediata ao acúmulo de problemas diversos. Por outro lado, dezenove do total (n=22) disseram ter pensado na maneira pela qual poria “fim” a sua própria vida. Os suicídios no Brasil são cometidos prioritariamente por enforcamento. Dados recentes do Sistema de Informação de Mortalidade inovam uma tendência identificada pelo estudo de Minayo (2005). Segundo a autora, 3.488 (51,5%) morreram por suicídio por enforcamento no ano de 2000. O uso de armas de fogo (19,6%) ficou em segundo lugar e, em terceiro, o envenenamento por drogas e medicamentos. Uma década depois, essa ordem de preferências é alterada. O enforcamento permanece sendo o principal meio utilizado para cometer suicídio, mas a arma de fogo perde lugar para as mortes provocadas por envenenamento. Os meios mais utilizados para provocar as mortes por suicídios em 2009 são: enforcamento (61%); a auto-intoxicação (15%); o disparo de arma de fogo (11 %); queda (4%); o objeto cortante (3%) e; a fumaça ou fogo, o afogamento, o u outros meios não especificados (Guimarães, Tatiana, 2012, p.74). No ano de 76 2009, 9379 registros de mortes por suicídios foram notificados ao Sistema de Informações de Mortalidade-SIM. Em relação às tentativas de suicídio no país, é importante destacar que do conjunto de elementos utilizados, os envenenamentos constituem a principal causa de internação (Minayo, 2005). De acordo com o Sistema Nacional de Informações TóxicoFarmacológicas (Sinitox), os agentes tóxicos mais comuns nas tentativas de suicídio na população brasileira são os medicamentos, respondendo por 8.247 dos casos ou 56,3% do total. Os dois agentes tóxicos mais utilizados para provocar suicídio são os venenos contra ratos e agrotóxicos de uso agrícola. Em 2000, 2.060 pessoas (14,4%) tentaram suicídio com raticidas, assim como 1.933 (13,2%) se envenenaram com agrotóxicos de uso agrícola (BRASIL, 2004). Pelo Sistema de Informação Hospitalar do SUS, de todas as lesões provocadas por tentativa de dar cabo à vida, as que são realizadas por meio de fogo são as mais danosas, embora ocorram com menor frequência se comparadas aos envenenamentos/auto-intoxicação. No ambiente de trabalho de policiais, ao contrário da população geral, as oportunidades de acesso os meios letais disponíveis são maiores, fazendo da arma de fogo o principal meio de provocar o suicídio. Dos vinte e dois casos de tentativas observados, 14 policiais militares utilizaram como principal meio para se matar o seu próprio instrumento de trabalho: a arma de fogo. Apenas duas dessas pessoas declararam ter ingerido medicamentos para por fim a sua própria vida, tal como mostra o Gráfico 05. Gráfico 05: Instrumento idealizado para por “fim” a vida Outros 1 Queda 1 Enforcamento 1 Medicamentos 2 14 Arma de fogo 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Fonte: Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011 77 Nogueira (2005, p. 108) analisando prontuários de policiais militares, internados de outubro a dezembro de 2003, por tentativas de suicídios, no hospital psiquiátrico de Belo Horizonte (BH), observou que motivos mais citados para o ato suicida foram: conflitos familiares e as condições de trabalho. Dos quinze prontuários, 3 policiais militares associam o fato à sensação de perseguição, discriminação e/ou injustiça. Dois fatores ocupam a segunda posição no ranking dos fatores associados às tentativas de suicídios. São eles: as transferências de local de trabalho e a sobrecarga de trabalho. A pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional identificou o mesmo padrão de motivações entre os policiais “suicidas”. O Gráfico 06 mostra que a maioria dos policiais atribuiu o seu ato a questões familiares (12); aos conflitos no ambiente de trabalho (7); a questões de saúde (2) e por último a problemas financeiros (1). Gráfico 06: Motivações para as Tentativas de Suicídios 12 Problemas familiares 7 Problemas no local de trabalho 2 Problemas de saúde 1 Problemas financeiros 0 2 4 6 8 10 12 14 Fonte: Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011 Um segundo estudo (1978)44 sobre os casos de tentativas de suicídios no Pronto Socorro do Hospital de Sobradinho, Distrito Federal, controlando por sexo, constatou que existem diferenças estatísticas significativas segundo as motivações para a violência autoprovocada na população local. A maior incidência de conflitos interpessoal afetivo está entre mulheres suicidas na população. De outro lado, estão os 44 Hesketh, J. L; Castro, A. G. (1978). 78 problemas de natureza profissional e financeira entre homens suicidas. Em nossa pesquisa não foi possível verificar essa diferença entre sexos, pois quase todos os casos de tentativas de suicídio examinados são homens (n=21). A Tabela 11 revela que para quase a metade dos policiais “suicidas”, o fato ocorreu nos últimos 5 anos. Apenas quatro policiais militares informaram ter tido essa experiência há menos de 1 ano. Tabela 11: Há quanto tempo a tentativa de suicídio ocorreu De 16 a 20 anos De 6 a 10 anos De 1 a 5 anos Menos de 1 ano Total Frequência 2 7 9 4 22 Fonte: Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011 As tentativas de suicídio podem ser um sinal de que um suicídio possa acontecer. Segundo Skogman (2004)45, aproximadamente 40% dos suicídios ocorrem durante o primeiro ano depois da tentativa. A Tabela 12 demonstra que 12 dos policiais entrevistados disseram ter tentado apenas uma única vez. Cinco dos vinte dois casos informaram que ter tentado duas vezes. Apenas dois policiais militares declararam ter tentado se matar cinco vezes ou mais. Uma vez Duas vezes Três vezes Quatro vezes Acima de 5 vezes Tabela 12: As ocorrências de tentativas de suicídio na vida Frequência 12 5 2 1 2 Total 22 Fonte: Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011 Katarina, Skogman, Margot Alsén e Ageta Ojehagem, ‘Sex diferences in risk factors for suicide after attemped suicide”, Social Psychiatry and Epidemiology, 2004, 39, pp. 113-120. 45 79 Soares, et. al, (2007)46 sublinham que o histórico familiar influencia a probabilidade de suicídio. Em nosso estudo, não confirmamos esta hipótese. Dos vinte dois casos de tentativas, apenas três deles informaram a presença de suicídio na família. Uma explicação para a existência de outro(s) suicídio(s) na família está na propensão genética de doenças altamente associadas ao suicídio consumado (como depressão e bipolaridade) na família. Não encontramos um número expressivo de ocorrências de outras tentativas na família de policiais militares. Dos 22 casos observados, quatro disseram ter um histórico familiar de tentativas de suicídios “sem sucesso”. Por outro lado, verificamos que a ocorrência de outros tipos de mortes violentas na família (homicídios e acidentes) é substantiva. O Gráfico 07 demonstra que mais da metade dos entrevistados respondeu que vivenciaram perdas de parentes por mortes violentas em suas famílias. Gráfico 07: Histórico de Mortes Violentas (Homicídio e Acidentes) na Família Fonte: Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011 Há duas possibilidades de explicações para essas associações, embora elas não tenham sido estatisticamente significativas. A primeira delas é de que a probabilidade de suicídios de membros de uma família aumenta na presença de outras mortes violentas. A segunda é de que o estilo de vida dos membros de uma família (num sentido amplo do conceito) aumenta a chance do suicídio (e de acidentes) ocorrer. Os resultados da pesquisa Vítimas Ocultas (2007) sugerem que suicídios na população geral “carioca” ocorreram com frequência bem mais alta do seria de esperar aleatoriamente em famílias marcadas pela violência, inclusive por outro suicídio. 46 Soares, G.; Miranda, D.; Borges. As Vítimas Ocultas da Violência na cidade do Rio de Janeiro, 2007, pp-110-117. 80 Gráfico 08: Registros de pensamentos suicidas por notas, cartas; bilhetes; agenda ou email Fonte: Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011 Goulart (1999) sustenta que em muitas mortes causadas aparentemente por suicídio não há registros em notas, cartas e/ou bilhetes. O esperado é que as circunstâncias esclareçam se a morte foi provocada pela própria pessoa. No Gráfico 08, observamos que um pequeno número de entrevistados que declarou ter registrado seus desejos e pensamentos suicidas em cartas, bilhetes, agenda ou e-mails. Quanto às internações, do total de 12 policiais militares que disseram ter tentado suicídio uma única vez, cinco ficaram hospitalizados. Entre elas, quatro permaneceram no hospital por uma semana. Duas delas por arma de fogo e 2 por ingestão de medicamentos. Em resposta à pergunta “Depois das crises e internações, o (a) Sr(a) voltou a trabalhar?”, 12 policiais responderam que voltaram ao trabalho enquanto que seis nunca pararam de trabalhar. Apenas 1 policial deixou de trabalhar na PMERJ. Três dos policiais “suicidas” não responderam à pergunta. O estudo de Nogueira também constatou que policiais militares suicidas muitas vezes permanecem realizando as suas rotinas de trabalho. Dos 22 policiais militares, que disseram ter tentado suicídio em algum momento da vida, seis revelaram que seus colegas da PMERJ passaram a tratá-los de uma forma diferenciada. Desse total, cinco desabafaram que a sua relação nunca mais foi a mesma. Apenas um policial do mesmo grupo declarou que a relação mudou por alguns meses. 81 Por último, consultamos aos entrevistados, que tentaram suicídio em algum momento de suas vidas, a respeito dos recursos de proteção adotados contra novas tentativas. Dos 22 casos, três buscaram o apoio familiar; oito policiais recorreram a religião; 2 a ajuda de amigos e dois optaram por mudanças de hábitos. Seis policiais “suicidas” disseram não ter buscado nenhum recurso de proteção contra possíveis novas recaídas. 2.2.2. Fatores Sociodemográficos Mulheres cometem mais tentativas de suicídios que os homens segundo evidências encontradas por pesquisas internacionais e nacionais 47 . O presente estudo não encontrou o esperado, pois a amostra analisada sofre o viés da sobre representação de policiais militares do sexo masculino. Apenas um policial do sexo feminino revelou ter tentado por “fim” em sua própria vida. Apesar dos limites da nossa amostra é importante sublinhar alguns dados encontrados pela literatura sobre o tema. Minayo (2005), analisando as internações por tentativas na população geral segundo sexo e idade, também encontrou resultados diferentes do esperado. Informações recentes de internação do SIH/SUS revelam que os homens na faixa etária de 30 a 39 anos (10,9 por cem mil) estão em primeiro lugar. O segundo grupo de homens está entre as faixas etárias de 40 a 49 (10,6 por cem mil); os de 25 a 29 anos (9,5 por cem mil); os de 20 a 24 (8,3por cem mil); e os de 50 a 59 (8,3 por cem mil). Para os maiores de 60 anos, a taxa é de 5,8 por cem mil. No grupo jovem, de 15 a 19 anos, o índice é de 5,5 por cem mil; de 10 a 14, de 2,5 por cem mil e de 0 a 9, de 2,4/ por cem mil. Dentre as mulheres, o grupo que mais recorre aos serviços de saúde por tentativas de suicídio, ao contrário do que ocorre no perfil masculino, é o da faixa de 15 a 19 anos com uma taxa de 6,8 por cem mil de internação. A seguir, estão as mulheres de 30 a 39 anos (5,8 por cem mil) e as de 25 a 29 anos (5,7 por cem mil). Esses dados são passíveis de críticas se consideramos que o número de entrada de mulheres nas unidades de Sistema Único de Saúde (SUS) por tentativas de suicídio foi menor do que o de homens com tempo médio de permanência similar para os dois sexos. Foram analisados 5.675 homens e 3.637 mulheres para o ano de 2000 (Minayo, 47 Hesketh, J. L; Castro, A. G. de. Fatores correlacionados com a tentativa de suicídio. Revista de Saúde Pública, São Paulo, 12: 13846, 1978. A J Mitchell, M Dennis, Self harm and attempted suicide in adults: 10 practical questions and answers for emergency department staff. Emerg Med J 2006;23:251–255. doi: 10.1136/emj.2005.027250 82 2005, p. 215-216). Ademais, tal como a autora reforçou o Sistema de Informação Hospitalar do SUS não informa a respeito dos pacientes que dão entrada nas emergências dos hospitais e permanecem internados por menos de 24 horas. A subnotificação de informações pode ser ilustrada pelo levantamento parcial de informações da emergência do Hospital Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, realizado por Ximenes (2004). A autora também destacou que as ocorrências de mulheres internadas com intoxicações leves por menos de 24 horas são maiores do que as dos homens48. Ao contrário do perfil demográfico identificado pela literatura especializada, nossos dados revelam que homens, não brancos, casados e com filhos se destacaram como o grupo de maior prevalência de tentativas de suicídio. Arun, M. et.al (2004), analisando 82 casos de tentativas registrados, no Hospital Kasturbal, Manipal, Coastal Karnataka, na população geral no Sul da Índia, entre fevereiro de 2001 e janeiro de 2002, encontrou resultados similares aos nossos no que diz respeito à situação conjugal das vítimas. A maior prevalência de tentativas aconteceu entre pessoas casadas. Foram 52% do total49. Nogueira (2005), analisando prontuários de policiais militares, internados por tentativas de suicídio no hospital psiquiátrico de Belo Horizonte/MG, no período de outubro a dezembro de 2003, confirmou este padrão. Do total de vinte e sete policiais militares com história de tentativas de suicídio 67% eram casados e 59% tinham filhos. Quanto à idade, dos 22 casos de tentativas de suicídio, doze policiais homens na faixa entre 31 a 39 anos ocupam a primeira posição no ranking de idade. A segunda faixa etária com maior incidência de casos foi de 40 a 49 anos (9 casos). Apenas um policial suicida ocupava a faixa etária de 50 anos ou mais. O estudo de Nogueira encontrou o mesmo padrão de idade entre policiais militares suicidas. Os homens na faixa etária de 31 a 35 anos estão em primeiro lugar. É interessante ressalvar que o perfil etário das vítimas é semelhante ao dos pacientes internados por tentativas de suicídio, reportados ao SIH/SUS. A idade média é de 35 anos. 48 XIMENES, L. F. Lidando com tentat ivas de suicídio em um serviço de emergência: estudo compreensivo de representações e práticas médicas. 2004. Dissertação (Mestrado) – Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2004. 49 Arun, M. et. al. ParaSuicide- an Approach to Profile of Victims. JIAFM, 2004; 26(2). JSSN 09710973. 83 O clássico estudo sociológico de Durkheim sobre o suicídio50 nos ensinou que a religião é um importante fator de proteção. Essa proteção abrange em particular aos católicos. O contrário dos protestantes. Seguindo a lógica argumentativa de Durkheim, a nossa pesquisa mostrou que 11 policiais suicidas se declararam ser evangélicos; 5 católicos e 1 kardecista (n=17). Cinco do total de policiais suicidas disseram não ter religião, mas acreditar em Deus. Quando buscamos entender a religiosidade dessas pessoas, observamos que dos 17 que disseram ter religião, dez frequentam as suas atividades religiosas menos de uma vez por semana. Os católicos que tentaram suicídio foram aqueles que informaram frequentar nunca ou quase nunca/ou em comemorações especiais os seus cultos religiosos. Esse dado reflete a relevância da ação dos cultos e dogmas católicos. O esperado é quanto maior a frequência aos cultos católicos menor a prevalência de casos de suicídio de um determinado grupo social. Ao contrário dos católicos, sete policiais suicidas evangélicos disseram frequentar seus cultos algumas vezes por semana ou quase todos os dias. Então qual seria a diferença entre católicos e evangélicos? Segundo Durkheim seria uma questão da intolerância religiosa em torno suicídio entre protestantes em comparação aos dos católicos. O autor explica que o protestante confere maior responsabilidade individual em relação aos seus atos. Por outro lado, entre os católicos a tendência seria o contrário. Uma segunda hipótese para explicar a diferença da incidência de pensamentos suicidas entre católicos e evangélicos seria o problema de composição. Os policiais evangélicos com o menor nível de escolaridade (até o ensino médio) representam o maior contingente da população da PMERJ. Por essa razão, não temos como saber o quanto dessa diferença entre casos suicidas e controle se deve à escolaridade ou a afiliação religiosa. Neste estudo, não podemos verificar esta diferença por que não tivemos acesso à distribuição de policiais militares segundo a religião. Por último, quanto à escolaridade, Arun, et.al (2004), entre outros especialistas, constataram que a maior incidência de casos de tentativas de suicídios, no universo de pessoas internadas no Sul da Índia, está entre os de baixo nível de escolaridade. Nossos dados mostram que 54% dos casos de tentativas de suicídio declararam ter o ensino médio completo e 27% o curso superior incompleto. Esses dados não nos ensinam 50 Durkheim, E. O Suicídio. Martins Fontes. São Paulo, 2004. 84 muito sobre o tema, pois, conforme já explicitamos inicialmente, não há diferenças significativas entre casos e controle, no que concerne ao nível de escolaridade. No universo pesquisado, a maior concentração de casos (independente de ser ideação; tentativas e controle) está entre os que declararam ensino médio completo e nível superior incompleto. 2.2.3. Condições de Trabalho & Tentativas de Suicídio A satisfação com o trabalho na PMERJ também está associado negativamente com tentativa de suicídio no universo estudado. Certamente, em função do número maior de casos, o coeficiente de correlação de Kendall’s tau b foi maior entre os casos de ideações em algum momento na vida, com -0,29 contra -0,27. Quatorze dos policiais militares, que tentaram suicídio em algum momento de sua vida, disseram estar “muito insatisfeitos e insatisfeitos” com o seu trabalho na PMERJ. Enquanto que quatro disseram estar “nem insatisfeito e nem satisfeitos”; e 4 satisfeitos. Nenhum dos casos se declarou “muito satisfeitos”. Moraes, L.F. R. et. al. (2000) investigou a qualidade de vida e o estresse no trabalho da Polícia Militar de Minas Gerais. Sua pesquisa revelou que níveis de estresse mais elevados entre os membros da Corporação estão associados à insatisfação com a instituição. O nível de satisfação com o trabalho, por sua vez, está associado com a qualidade de vida no trabalho (QVT). A promoção de maior satisfação entre os membros da PMMG, segundo os autores, passa pela revisão de aspectos da cultura organizacional e das políticas de Recursos Humanos. A tabela 13 confirma os resultados da pesquisa realizada com policiais militares do estado de Minas Gerais. Nela, descrevemos as seis categorias de satisfação com trabalho na PMERJ associadas aos episódios de tentativas. Duas delas se destacaram no concerne à força da relação entre os casos de tentativas de suicídio examinados. São elas: a infra-estrutura e recursos materiais disponíveis no atual local de trabalho (-0,18); e o reconhecimento profissional pela Polícia (-0,17). Quando perguntamos aos entrevistados se estavam satisfeitos com a os recursos materiais de trabalho disponíveis, oito dos policiais “suicidas” responderam que estavam insatisfeitos; cinco muito insatisfeitos; quatro “nem insatisfeito e nem satisfeito”; quatro satisfeitos. Apenas 1 caso confessou estar “muito satisfeito”. Em relação ao 85 reconhecimento profissional pela instituição, vinte policiais “suicidas” disseram se sentir “muito insatisfeitos e insatisfeitos” com o reconhecimento profissional na PMERJ. Tabela 13: Satisfação Profissional e Tentativas de Suicídio Condições de Trabalho Correlação P-valor Satisfação com trabalho na PMERJ −0,27** 0,00 Infra-estrutura e os recursos materias de trabalho −0,18** 0,00 Reconhecimento profissional pela Instituição −0,17** 0,00 Oportunidades de ascenção na carreira policial militar −0,16** 0,00 Frequencia de Treinamento realizado pela Polícia nos últimos 5 anos −0,16** 0,00 Apoio dado pelo Comando Geral à Tropa −0,14** 0,01 Valorização da Sociedade Carioca −0,14* 0,01 * Nível de significância de 95% ** Nivel de significância de 99% A terceira relação significativa com os casos de tentativas é o grau de satisfação com as oportunidades de ascensão na carreira policial militar. Dez dos policiais que tentaram suicídio confessaram estar muito insatisfeitos; e seis disseram estar “insatisfeitos” com as oportunidades de promoção na carreira oferecidas pela instituição. Em contrapartida, dois policiais do mesmo grupo declararam estar “nem insatisfeito e nem satisfeitos” e quatro responderam estar “satisfeitos” com as oportunidades de ascensão na Polícia. Nenhum dos entrevistados desse grupo confessou estar “muito satisfeito”. Apesar do modesto coeficiente de correlação, a frequência de treinamento oferecido pela Polícia nos últimos cinco anos também está associada significativamente à tentativa de suicídio com o coeficiente de correlação de -0,16. Dez policiais “suicidas” disseram não ter feito nenhum treinamento nos últimos cinco anos; nove declararam ter recebido de 1 a 2 vezes. Enquanto que dois declararam ter recebido de 3 a 5 vezes e 1 disse ter treinado mais de cinco vezes no referido período. A quinta categoria associada aos casos de tentativas de suicídio é “o apoio dado pelo Comando Geral à Tropa”51 com o coeficiente de -0,14 no nível de 0,01. Dos 22 casos de tentativas, 37% insatisfeitos; 23% disseram estar “muito insatisfeito”; 27% 51 Essa pergunta tomou como referência a administração do Comandante Geral Cel Mario Sérgio. 86 “nem insatisfeito e nem satisfeito” e 18% satisfeitos. Nenhum dos casos declarou estar “muito satisfeito” com o apoio dado pelo Comando Geral da época à Tropa. O sexto e último indicador de satisfação associado à tentativa foi o reconhecimento social com o coeficiente de –0,14, no nível de significância de 0,01. Dezenove desabafaram estar “muito insatisfeitos e insatisfeitos” com a valorização da sociedade carioca em relação ao seu trabalho. Enquanto que dois casos disseram estar “nem insatisfeito e nem satisfeitos” e 1 caso disse estar “satisfeito” com a percepção social no que diz respeito ao seu trabalho. Nenhum dos policiais suicidas declarou estar “muito satisfeito” com o valor dado pela sociedade ao seu trabalho. Essas estatísticas sugerem que os entrevistados que se declararam “mais insatisfeitos” e “insatisfeitos” com os recursos materiais disponíveis no seu ambiente de trabalho; o reconhecimento institucional; a frequência de treinamento oferecido nos últimos cinco anos; as oportunidades de ascensão na profissão; o apoio dado à Tropa e a percepção social em relação ao trabalho policial foram os mais suscetíveis a tentar contra a sua própria vida. Esses resultados confirmam uma das hipóteses deste estudo. 2.2.4. Situações de Risco, Vitimizações sofridas por Policiais Militares nos últimos 12 meses e Tentativas. Antes de tudo é importante sublinhar que 100% dos policiais “suicidas” vivenciaram situações de risco no exercício de suas atividades profissionais (n=22), sendo mais comuns as situações de “confrontos físicos e armados” e “incursões em favelas”. Desse total, quinze policiais disseram ter participado de operações de risco em que seus colegas tenham sido alvejados. Dez deles presenciaram a perda de um colega e/ou amigo por arma de fogo de 1 a 3 vezes em serviço. Em relação a essas situações, não observamos associações significativas com os casos tentativas de suicídio. Por outro lado, quando analisamos as situações em que o próprio policial tenha sofrido algum ferimento grave, identificamos uma modesta correlação de 0,18, porém significativa com os casos de tentativa de suicídio no nível de 0,02, tal como mostra a tabela 14. Essa estatística sugere que policiais militares que sofreram ferimentos graves estão “sujeitos” a tentar contra a sua própria vida. 87 Tabela 14: Correlações entre Situação de Risco, Vitimizações e Tentativas de Suicidio Variáveis Situação de risco no exercício de sua profissão Teve algum ferimento grave no exercício de suas atividades profissionais Correlação P-valor 0,18* 0,02 0,23* 0,20** 0,01 0,03 Violências não letais sofridas nos últimos 12 meses Amedrontamento ou perseguição Insulto, humilhação e xingamento * Nível de significância de 95% ** Nivel de significância de 99% Duas situações de vitimização sofridas nos últimos nos últimos 12 meses apresentaram associação estatística significativa com os casos de tentativas de suicídio. São elas: as de “amedrontamento ou perseguição” com coeficiente de correlação de 0,23 no nível de 0,03, assim como as de “insultos, humilhação ou xingamento” com coeficiente de 0,20 no nível de 0,01. Se compararmos os coeficientes de correlação entre essas situações de violências verbais e ideações (perseguições com 0,37 e insultos com 0,33), observamos que esses são mais forte do que a relação com tentativas. Hipotetizamos que essa diferença se atribua essencialmente ao pequeno número de casos de tentativas observados. Em síntese, embora não tenhamos controlado pelo momento da última tentativa, observamos que as “situações de violência verbais” sofridas por policiais nos últimos 12 meses estão estatisticamente associados aos casos de tentativas de suicídio. 2.2.5. Condições de Saúde e Qualidade de Vida O primeiro indicador que iremos comentar é o de qualidade de vida. Dos 22 casos observados, quatorze declararam não fazer exercícios físicos. Essas estatísticas evidenciam uma modesta relação, porém significativas entre exercício físico e violência auto praticada contra a própria vida. Em outras palavras, policiais que não têm o hábito de praticar atividades físicas com regularidade estão sujeitos a tentar suicídios. O coeficiente de correlação Phi foi de –0,19 no nível de 0,01. O uso de serviços médicos utilizados está associado aos casos examinados. Dezesseis do total de policiais que tentaram suicídio estavam em tratamento médico por problemas clínicos gerais (doenças renais; hipertensão; estresse; problemas gástricos e 88 resfriados). Para este tipo de especialidade não encontramos correlação estatística significativa. A utilização dos serviços de atendimento psicológico e psiquiátrico da PMERJ, por outro lado, está altamente associada ao comportamento suicida com coeficientes de 0,41 e 0,48, tal como observamos na Tabela 15. Esse resultado era esperado neste grupo de entrevistados, pois pessoas que expressam o desejo de se matar ou chegam a tentar o suicídio, estão muitas vezes mais tristes e deprimidas. Ainda que no número relativamente pequeno, pessoas com este perfil tendem a buscar ajuda psicológica e psiquiátrica. Dos vinte e dois casos, 15 declararam que havia se consultado com psicólogos da Polícia. A incidência do uso dos serviços de atendimento psiquiátricos foi um pouco menor no mesmo grupo. Dez desse total confessaram já ter ido a um psiquiatra de sua Instituição. Não observamos a mesma proporção de procura pelos serviços psicológicos e psiquiátricos fora da PMERJ. Dos 22 casos, cinco informaram ter recorrido a um psicólogo da rede de saúde privada. A procura por psiquiátrico foi ainda menor. Apenas dois dos entrevistados “suicidas” disseram que buscaram este tipo de especialidade médica fora da PMERJ. Tal como já explicitamos no item anterior, esse baixo interesse pelos serviços psicológicos e psiquiátricos externos a Instituição Policial se devem muitas vezes às questões econômicas e de preconceito. O custo desses serviços no país ainda é muito alto, tornando-o pouco acessíveis a um público cuja renda média é de R$2000 reais mensais, como é a de nossos policiais militares do grupo de “ tentativa de suicídio”. Tabela 15: Correlações entre Condiçoes de Saúde e Tentativas de Suicidio Variáveis Correlação P-valor Utilização de serviços de psiquiatria oferecido pela PMERJ 0,48* 0,00 Utilização de serviços de psicologia oferecido pela PMERJ 0,41* 0,00 Utilização de serviços de psicologia oferecido FORA da PMERJ 0,19* 0,01 Utilização de serviços de psiquiatria oferecido FORA da PMERJ 0,08 0,28 Ter pesadelos 0,40** 0,00 Dificuldades para adormecer a noite, acordar frequentemente à noite e acordar muito cedo pela manhã 0,31* 0,00 Serviços de Saúde Mental Problemas com Sono e/ou Pesadelo * Nível de significância de 95% ** Nivel de significância de 99% 89 Além disso, como já mencionamos existe um enorme preconceito em torno dos profissionais de saúde mental na sociedade brasileira que independe do grupo social a que pertença. Esse preconceito é ainda mais forte entre policiais militares que tentaram suicídios. Esse perfil de profissional tem muita dificuldade de ser reinserido num ambiente organizacional muito pouco flexível a “falhas humanas” ou qualquer outro problema de ordem emocional. A imagem desses profissionais de segurança está baseada na figura de um “missionário” treinado para cumprir ordens sem direito de errar. As consequências dessa rigidez estão cristalizadas no adoecimento que muitas vezes pode levar a pensamento; planejamento da própria morte até o ato em si. Esse diagnóstico muitas vezes não é identificado, pois muitos dos policiais militares resistem a procurar por um profissional de saúde mental. Esse dado é confirmado pelas estatísticas descritas na Tabela 15. Em relação aos dois tipos de serviços fora da rede de saúde da PMERJ, encontramos uma modesta correlação significativa para os atendimentos psicológicos com o coeficiente de 0,19. O mesmo não observamos no que diz respeito aos serviços psiquiátricos. Não há correlação estatística significativa entre este tipo de serviço e os casos de tentativa analisados. Como os casos de ideações suicidas observados, os de tentativas de suicídio também estão associados a “ter pesadelos” e a “ter dificuldades para adormecer a noite e acordar frequentemente à noite e acordar muito cedo pela manhã”. Ambas as estatísticas foram significativas no nível de 0,00. Dos vinte e dois casos de tentativas, dezenove disseram ter problemas com o sono. Oito dos policiais “suicidas” confessaram ter pesadelos “quase sempre ou sempre” e dez “algumas vezes”. Em contrapartida, apenas 1 confessou ter pesadelo “quase nunca” e três “nunca”. Os três indicadores mais fortes associados à depressão também foram “Se sentir para baixo, deprimido/a sem perspectiva nas duas semanas de referência”; “Sentir pouco interesse nas atividades de trabalho nas duas semanas de referência”; e “Ter um sentimento de fracasso ou decepção por ter frustrado a sua família ou a si mesmo nas duas semanas de referência”. Em relação ao primeiro indicador, 13 dos casos disseram se sentir para “baixo” na semana de referência entre “todos os dias”; “várias vezes ao dia” até “algumas vezes ao dia”. Por outro lado, oito disseram se sentir para “baixo” entre “poucas vezes a nunca”. O coeficiente de correlação de Kendall’s tau b foi de 0,40 no nível de 0,00. 90 Quanto ao segundo indicador, 16 dos casos responderam que sentiram pouco interesse pelas suas atividades de trabalho na semana de referência entre “todos os dias”; “várias vezes ao dia” até “algumas vezes ao dia”. Enquanto que cinco do mesmo grupo confessaram ter se sentido da mesma forma “raramente ou nunca”. Apenas 1 desse grupo não respondeu a pergunta. O coeficiente de correlação foi de 0,35 no nível de 0,00. Por último, no que diz respeito à depressão, onze disseram “ter um sentimento de fracasso ou decepção por ter frustrado a sua família ou a si mesmo nas duas semanas de referência” e os demais confessaram ter se sentido da mesma forma “entre poucas vezes ao dia a nunca”. O coeficiente de correlação foi de 0,37 no nível de 0,00. Conforme já era esperado, os indicadores de ansiedade apresentam fortes relações com tentativas de suicídio. A tabela 16 confirma esta. O primeiro indicador de ansiedade- “ter a sensação de medo e pânico nas duas semanas de referência” – apresentou um coeficiente de 0,35 no nível de 0,00. O segundo indicador- “ter dificuldades de se concentrar nas coisas como ler jornal ou ver TV nas duas semanas de referências” – apresentou o coeficiente de 0,32 no nível de 0,00. Dos 22 casos, 14 policiais disseram ter tido dificuldades para se concentrar nas atividades cotidianas nas duas semanas de referência. Enquanto que oito do mesmo grupo informaram que tiveram dificuldades para se concentrar “entre poucas vezes ao dia; raramente a nunca”. Tabela 16: Correlações entre Indicadores de Depressão e Ansiedade e Tentativas de Suicídio Variáveis Indicadores de Depressão Se sentir "para baixo", deprimido/a sem perspectiva na duas semanas Pouco interesse nas atividades de trabalho nas duas últimas semanas Sentimento de fracasso ou decepção por ter frustado a sua família ou a si mesmo nas duas últimas semanas Desejos de matar ou ferir de alguma maneira outra pessoa Se sentir cansado/a ou com pouca energia na duas últimas semanas Indicadores de Ansiedade A sensação de medo e pânico nas duas últimas semanas Dificuldades de se concentrar se concentrar nas coisas, como ler jornal ou ver TV nas duas últimas semanas Correlação P-valor 0,40** 0,00 0,35** 0,00 0,37** 0,26** 0,00 0,00 0,24** 0,00 0,35** 0,00 0,32** 0,00 * Nível de significância de 95% ** Nivel de significância de 99% 91 Assim como o estudo de estudo de Nogueira (2005), observamos que os sintomas mais frequentes entre policiais militares do Rio de Janeiro vítimas de tentativas de suicídio são (em ordem decrescente de frequência): humor deprimido, insônia, dificuldades para se concentrar ansiedade, pouco interesse nas suas atividades de trabalho; sentimento de fracasso; cansaço, irritabilidade, angústia, nervosismo e ideação homicida. 2.2.6. Capital Social & suas Relações com Tentativas de Suicídio 2.2.6.1. Confiança Interpessoal Quando comparamos o nível de confiança interpessoal entre policiais militares entre os três grupos de entrevistados, observamos que os que tentaram suicídio são sem sombra de dúvida os que menos confiam no seu próximo. Dos 22 casos de tentativa, 95% não confiam nas pessoas. O segundo grupo “mais desconfiado” foi os que pensaram, mas não tentaram, com 88% dos casos (n=50). Por último, no grupo dos que nem pensaram e nem tentaram, 84% disseram não confiar nas pessoas do seu convívio. Gráfico 09 - Nível de Confiança Interpessoal de Policiais Militares em três grupos de entrevistados (controle, ideações suicidas e tentativas de suicídios) 120 100 80 60 84 88 95 40 Não confia nas pessoas Confia nas pessoas 20 16 0 Não pensou e nem tentou suicídio 12 5 Pensou, mas não Tentou suicídio tentou Observamos o mesmo padrão de respostas em relação ao nível de confiança interpessoal nos colegas de trabalho na PMERJ. Os policiais “suicidas” se destacam em comparação aos demais grupos. Dos 22 casos, dois policiais disseram confiar nos seus 92 colegas de trabalho. No grupo dos que “pensaram, mas não tentaram” (n=50), apenas oito policiais militares confessaram acreditar nos seus colegas. Já no grupo dos que não “pensaram e nem tentaram suicídio”, trinta e oito disseram confiar nos seus pares (n=152). A relação entre os casos de tentativas e o nível de confiança interpessoal tanto na Polícia quanto fora do ambiente de trabalho não foi significativa. 2.2.6.2. Sociabilidade Informal Os coeficientes dos indicadores associados ao nível de sociabilidade informal, descritos na Tabela 17, confirmam que o quanto o comportamento suicida no universo pesquisado tem uma íntima relação com capital social (a frequências de contatos informais e relações interpessoais) dos entrevistados. Em relação às relações interpessoais na PMERJ, verificamos que três indicadores se destacaram com os coeficientes mais fortes em comparação com os demais. São eles: 1- “Sair para baladas com colegas de turma”, com o coeficiente de -0,21; 2- “Visitar colegas e amigos”, com o coeficiente de -0,20; 3- “Fazer churrasco em suas próprias casas com colegas e amigos de turma”, com o coeficiente um pouco menor, porém significativo de -,018. Tabela 17: Nível de Sociabilidade Informal e Tentativas de Suicídio Variáveis Correlação P-valor −0,21** 0,00 −0,20** 0,00 −0,18** 0,01 Ir as Festas de aniversários de familiares com os amigos de turma de formação −0,13* 0,03 Sair para "beber" com amigos e colegas de turma de formação −0,13* 0,04 Ir ao clube com filhos e/ou esposa −0,21** 0,00 Ir ao cinema com os filhos e/ou esposa −0,20* 0,00 Fazer churrasco em suas próprias casas −0,19* 0,00 Comemorar aniversários −0,18** 0,00 Conversar e/ou brinca com seus filhos −0,17* 0,00 Ir a praia com os filhos e/ou esposa −0,16** 0,01 Visitar outros parentes −0,14* 0,02 Fazer pelo menos uma das refeições com a sua esposa ou filhos −0,12* 0,02 Capital Social Relações Interpessoais na PMERJ Sair para "Baladas" com amigos e colegas de turma de formação Visitar "outros colegas e/o amigos" com os amigos de turma Fazer Churrasco em suas próprias casas com os amigos de turma Relações Familiares & Vida Social * Nível de significância de 95% ** Nivel de significância de 99% 93 Em relação ao primeiro indicador com maior correlação, quando consultamos ao grupo dos entrevistados que tentaram suicídio, 2 disseram sair para “baladas raramente”; 4 responderam “quase nunca” e 16 declararam “nunca sair com colegas de turma” para as baladas. No que diz respeito ao segundo indicador de sociabilidade informal, quando perguntamos “com que frequência visita seus colegas e amigos de turma”, três policiais responderam “raramente”; dois “quase nunca” e 16 disseram “nunca” visitar seus colegas. Quanto ao terceiro mais forte indicador, seis policiais do grupo dos que tentaram suicídio disseram “raramente” fazer churrascos em suas próprias casas; dois declararam “quase nunca” e doze responderam “nunca” fazer churrascos com seus amigos em suas próprias casas. O nível de sociabilidade informal na familiar dos nossos entrevistados também foi baixo. Na Tabela 17, verificamos que três dos indicadores analisados se destacam em relação aos demais. São eles: “Ir ao clube com filhos e/ou esposa” com o coeficiente de -0,21; 2- “Ir ao cinema com os filhos e/ou esposa” com o coeficiente de -0,20; e 3“Fazer churrascos em suas próprias casas” com o coeficiente de –0,19. Em relação ao primeiro indicador de sociabilidade informal na família, dos 22 casos, cinco disseram “raramente” ir ao clube social com os filhos e/ou esposa; três “quase nunca” e onze confessaram “nunca” sair com os filhos ao clube. Quanto ao segundo, dos 22 casos, seis responderam “raramente” ir ao cinema com a família; nove “nunca; 4 ‘algumas vezes” e apenas 1 disse ir frequentemente ao cinema com os filhos. Houve dois policiais que não responderam esta pergunta. Por último, no que diz respeito ao terceiro indicador, dos 22 casos, cinco disseram “raramente” fazer churrasco em casa com os filhos e/ou esposas; três “quase nunca” e onze “nunca”. Essas estatísticas sugerem que policiais pouco sociáveis dentro e fora da PMERJ são mais suscetíveis a desenvolver comportamentos suicidas. 2.2.6.3. Associativismo Assim como os casos de ideações suicidas, policiais que confessaram ter tentado suicídio em algum momento de suas vidas, não estão filiados a associações de moradores, associação de praças/oficiais e torcida organizada. Apesar do baixíssimo nível de participação cívica, não encontramos relações significativas com o comportamento suicida no universo pesquisado. 94 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALSTON, M. “Occupation and Suicide among Women.”Issues in Mental Health. Nursing 8:109–19.1986. BAUDELOT, C.; ESTABLET, R. Suicide: Hidden Side of Modernity. Polity Press, 2008, p. 13-60. BEDEIAN, Arthur, “Suicide and Occupation: A Review.” Journal of Vocational Behavior 21:206–23. BERTOLOTE, JM, FLEISCHMANN, A.A global perspective in the epidemiology of suicide.Suicidological. 2002;7(2):6-8. BOXER, P.A.;CAROLB.; NAOMI, S., “Suicide and Occupation: A Review of the Literature.” Journal of Occupational and Environmental Medicine.1995. 37:442–52. 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As características econômicas na população pesquisada são similares. A distribuição de entrevistados segundo as suas patentes, 56% são cabos e soldados (n=126); 39% são subtenentes e 1º, 2º e 3º sargentos (n=87) e os 5% são major, capitão, 1º e 2º tenentes e aspirante (n=11). Gráfico 10, Distribuição de Policiais Militares por Patentes e por Casos de Ideação Suicídio– Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011. Gráficos 11 -Distribuição de Casos das Ideações “Comunicadas” segundo as Posições na Hierarquia da Polícia Militar (Patentes)– Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011 101 Quando comparamos essa distribuição com a de policiais militares que declaram ter pensado em si matar em algum momento na vida segundo suas patentes, verificamos elas são proporcionalmente similaridades: 56% são cabos e soldados; 43% são subtenentes e 1º, 2º e 3º sargentos e 1% é major, tal como vemos nos gráficos 10 e 11. A população de praças (subtenentes, sargentos, cabos e soldados) corresponde às baixas posições na estrutura hierárquica da Instituição. As praças pertencem ao grupo de policiais militares de menor renda em comparação com as de oficiais, tal como constatou Minayo et. al., (2008). Distribuição dos Entrevistados segundo as patente na PMERJ Cabo Soldado Terceiro-Sargento Segundo-Sargento Primeiro-Sargento Subtenente Primeiro-Tenente Capitão Major Segundo-Tenente Aspirante n 89 37 33 25 23 6 4 3 2 1 1 % 39,7% 16,5% 14,7% 11,2% 10,3% 2,7% 1,8% 1,3% 0,9% 0,4% 0,4% A amostra é composta em sua maioria por aqueles que declararam receber entre 2001 a 3000 reais, isto é, 47% (n=106). A menor renda declarada é a de 1000 a 2000 reais, isto é, 26%. Quando analisamos as diferenças de rendas entre os casos suicidas, observamos o mesmo padrão. 47% declararam dos policiais “suicidas” declararam ter a renda mensal entre 2001 a 3000 (n=34) e 32% declararam sua renda bruta na Polícia variar entre 1000 a 2000 reais (n=23). No grupo controle, as duas maiores concentração de renda são similares a dos policiais que declararam ter pensado em si matar em sua vida. Em outras palavras, 47%, dos que disseram nunca ter pensado em por fim em sua própria vida, disseram ter uma renda bruta mensal na Polícia de 2001 a 3000 reais. A segunda maior faixa de renda é de 1000 a 2000, com 23%. A inexistência de diferenças entre os casos e controle, no que concerne à faixa de renda bruta na Polícia, deve-se à sobre-representaçao de praças no universo pesquisado. Antes de mais nada, não há diferenças entre casos e controles 102 no que concerne a patentes. A distribuição do número de praças e oficiais no universo pesquisado é desigual. Pela mesma razão, encontramos uma forte endogeneidade entre as três faixas renda bruta de maior concentração na amostra (1000 a 2000; 2001 a 3000 e 3001 a 4000) e os policiais que declararam ter tido ideações suicidas em algum momento na vida. Quanto à variável “escolaridade”, a distribuição dos níveis de escolaridade nos dois grupos, observamos que 53% dos entrevistados declararam ter o ensino médio completo; 24% ter o ensino superior incompleto e 14% o ensino superior completo e 4% informaram ter pós-graduação. Os 5% restantes informaram ter ensino fundamental completo e incompleto. Em relação aos níveis de escolaridade, excluindo os casos de ideação e tentativas, verificamos que as faixas de escolaridade de maior concentração estão entre o ensino médio com 49% e ensino superior incompleto com 23%. Gráfico 12: Distribuição dos Entrevistados por Escolaridade 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 49% 23% 1% 5% 16% 5% Ao analisar os perfis educacionais dos dois grupos (casos e controle), observamos que as características são similares, ou seja, tanto os casos quanto os controles possuem baixa escolaridade. Pela distribuição dos PMs que comunicaram ter tido pensamentos suicidas em sua vida segundo a escolaridade, observamos a maior incidência de pensamentos suicidas está entre o nível de ensino médio e do ensino superior (completo). Do total dos PMs que comunicaram ter pensado em si matar em alguma momento de sua vida, 103 61% informaram ter cursado até o ensino médio; superior completo; 25% até o ensino superior incompleto e 10% superior completo (n=72). Os casos e os controles apresentam características similares no que concerne à variável escolaridade (P.7). Por esta razão que quando fizemos o teste das diferenças entre casos e controles, segundo a variável “escolaridade”, não encontramos significância estatística. O gráfico 13 confirma o quanto a nossa amostra está sobre-representada por PM que estudaram do ensino médio; nível superior completo e incompleto no universo dos que comunicaram ter pensado si matar em algum momento de sua vida (n=72). Gráfico 13- Distribuição das Ideações Suicidas por Escolaridade 61% 70% 60% 50% 40% 25% 30% 20% 10% 3% 10% 1% 0% Ensino Fundamental completo Ensino Médio incompleto Ensino Médio completo Superior incompleto Superior completo 104 2.2.6.4. O Perfil Profissional Gráfico 14- Distribuição de Casos de Tentativas por Motivos que fizeram escolher a PMERJ Gráfico 15: Distribuição de Casos de Tentativas segundo o Tempo de Serviço na PMERJ De 1 a 5 anos 1 De 6 a 10 anos 4 De 11 a 15 anos 8 De 16 a 20 anos 4 De 21 anos ou mais 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 105 Gráfico 16: Distribuição de Casos de Tentativas segundo o Nível Hierárquico na PMERJ– Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011 Primeiro-Sargento 1 Subtenente 1 Soldado 1 Segundo-Sargento 3 Terceiro-Sargento 7 Cabo 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Gráfico 17: Distribuição de Casos de Tentativas segundo a Natureza das Atividades desempenhadas na PMERJ- Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional, 2011 106 2.3.1. “O Fazer Policial” Gráfico 18: Distribuição de Casos de Tentativas por Vivência de Situação de Risco Gráfico 19: Participação de Operações em que um colega/amigo policial tenha sido alvejado por arma de fogo 107 Gráfico 20: Distribuição de Casos de Tentativas que tiveram algum Ferimento Grave nas Operações de Risco 108 Anexo 3: Fichas de Inscrição de Voluntários a Participar da Pesquisa Público-alvo: grupo de PMs 1. O Sr (a) gostaria de dar a sua contribuição a pesquisa? Sim ( ) Não ( ) Se a resposta for positiva, por favor, responder as perguntas abaixo: 2. Nome completo: ______________________________________________ 3. Telefone de contato: ___________________________________________ 4. Local que deseja dar entrevista: Em sua residência ( ) Na UERJ ( ) Em outro local ( ) qual seria?_______________________________________ 5. A que grupo de entrevistado o Sr (a) pertence: [ ] policiais militares que tiveram ideação suicida (pensaram em cometer suicídio) nos últimos doze meses. [ ] policiais militares que tiveram ideação suicida anteriores aos dozes meses. [ ] policiais militares que tentaram suicídio em algum momento da sua vida. [ ] policiais militares que NUNCA pensaram e nem tentaram suicídio em toda a sua vida. [ ] policiais militares que tiveram algum colega e/ou amigo de trabalho da PMERJ morto por suicídio. Obrigada pela sua participação. Em breve, entraremos em contato! 109 Anexo 4: Fichas de Inscrição de Voluntários a Participar da Pesquisa Público-alvo: Familiares de Policiais Militares 1. O Sr (a) gostaria de dar a sua contribuição a pesquisa? Sim ( ) Não ( ) Se a resposta for positiva, por favor, responder as perguntas abaixo: 2. Nome completo: ______________________________________________ 3. Telefone de contato: ___________________________________________ 4. Local que deseja dar entrevista: Em sua residência ( ) Na UERJ ( Em outro local ( seria?_______________________________________ ) ) qual 5. Alguém na sua família ou algum amigo da PMERJ morreu por: ( ) Suicídio ( ) Homicídio ( ) Morte em confronto com arma de fogo ( ) Acidente de transito em serviço (Viatura da PM) ( ) Acidente com arma de fogo ( ) Não, ninguém faleceu assim. Muito obrigada, por favor, não responder a próxima pergunta. 6. Qual a sua relação de parentesco com a vítima? ( ) Mãe/Pai ( ) Filho/Filha ( ) Irmão/Irmã ( ) Esposo ou companheiro/Esposa ou companheira ( ) Padrasto/Madrasta ( ) Enteado/Enteada ( ) Avó/Avó ( ) Tio/Tia ( ) Prima/Primo ( ) Amigo/Amiga ( ) Outro. Qual seria?_________________________ Obrigada pela sua participação. Em breve, entraremos em contato. 110 Anexo 5: Roteiro de Entrevistas “Autopsias Psicossociais” Público-Alvo: Familiares e amigos de PMs vitimizados por mortes violentas Bloco 1: Uma Reconstituição da História da Vítima Gostaria de conhecer um pouco da estória do Sr (a)_____________(nome da vítima) em diferentes momentos de sua vida. Infância 1. O (a) Sr(a) se recorda de alguma lembrança do (a) Sr(a)_____________(nome da vítima) dessa época? 2. Com quem o Sr (a)____________(nome da vítima) morava nessa época? 3. O(a) Sr (a)____________(nome da vítima) tinha irmãos? 4. Qual a lembrança do(a) Sr (a)____________(nome da vítima) com os irmãos? 5. E na escola? O(a) Sr (a)____________(nome da vítima) tinha amigos? Adolescência 6. Como foi? Onde e com quem o Sr (a)_______(nome da vítima) morava? 7. Existe alguma outra lembrança do Sr (a) ________ (nome da vítima) quando jovem? 8. O(a) Sr(a) _________(nome da vítima) tinha amigos? 9. E as namoradas? 10. Que o(a) Sr(a)_______(nome da vítima) mais gostava de fazer (lazer)? Fase Adulta (Antes da PMERJ) 11. Antes de entrar na Polícia, como era o cotidiano do (a) Sr(a)_______(nome da vítima)? 12. Quais eram os hábitos dele? 13. Existe alguma lembrança marcante do Sr (a) ________ (nome da vítima) nesta fase? 14. O(a) Sr(a) _________(nome da vítima) tinha amigos? E as namoradas? 15. Que o(a) Sr(a)_______(nome da vítima) mais gostava de fazer (lazer)? O Casamento & a chegada dos filhos (Esposa) 1. Quando vocês se conheceram? 2. Onde e como foi? 111 3. O(a) Sr(a) poderia dizer o que o Sr (a)_______(nome da vítima) gostava de fazer nos finais de semana? A relação com filhos 4. Como você descreveria o seu pai? 5. Como era sua relação com o seu pai? 6. O que vocês costumavam fazer juntos? 7. O que o seu pai mais gostava de fazer nos finais de semana? 8. Qual a lembrança que você tem do seu pai? Amizade (somente para amigos/colegas) 1. Quando vocês se conheceram? 2. E onde? 3. Como era a relação de vocês? Amigo? Colega de trabalho? 4. O(a) Sr(a) tem alguma lembrança marcante do (a) Sr(a)_______(nome da vítima)? 5. O que vocês costumavam fazer para se divertir? Para onde costumavam sair? 6. Vocês costumavam frequentar a casa um do outro? PMERJ (somente para amigos/colegas) 7. Quando (ano e mês) o(a) Sr(a)___________ (nome da vítima) entrou na PMERJ? 8. Que idade ele tinha? 9. Quais foram os motivos que o levaram a optar pela carreira de policial militar? 10. Qual foi a reação da família (mãe; pai; irmão; tio(a); avó/avô) e dos amigos próximos? 11. Na época, alguém da família era policial? Ele conhecia alguém policial? Existia alguma referência? 12. O(a) Sr.(a) poderia nos contar como foi ser amigo/colega do policial ________(nome da vítima)? O(a) Sr.(a) poderia contar com mais detalhes? 13. O(a) Sr.(a) ____________(nome da vítima) tinha amigos na PMERJ? 14. O que o (a) Sr(a)____________(nome da vítima) gostava de fazer para se divertir? 15. Dos Batalhões ou unidades da PMERJ que o(a) Sr.(a)________________(nome da vítima) trabalhou, qual ele mais gostou? Por quê? 16. E o que ele menos gostou? O(a) Sr.(a) saberia dizer? 17. Que tipo de trabalho o(a) Sr.(a)________________(nome da vítima) gostava de fazer na PMERJ? 18. Quais foram as funções que o(a) Sr.(a)________________(nome da vítima) exerceu no tempo que ele trabalhou na Polícia? 19. Existia alguma função que o(a) Sr.(a)________________(nome da vítima) mais gostava de fazer? Qual? 20. (Em caso de transferência de Batalhão e Unidade) O(a) Sr.(a) saberia dizer os motivos das transferências? 112 21. O(a) Sr.(a) saberia dizer se o Sr. (a)___________(nome da vítima) presenciou alguma situação de risco de morte na PMERJ? Quando? O(a) Sr(a) poderia de contar? 22. O(a) Sr. (a) ___________(nome da vítima) recebeu algum tipo de suporte da PMERJ ou de alguma amigo após a vivência dessa situação? 23. Que tipo (afetiva ou financeira)? A Vida Familiar e PMERJ (somente para os familiares) Quando (ano e mês) o(a) Sr(a)___________ (nome da vítima) entrou na PMERJ? 24. Que idade ele tinha? 25. Quais foram os motivos que o levaram a optar pela carreira de policial militar? 26. Qual foi a reação da família (mãe; pai; irmão; tio(a); avó/avô) e dos amigos próximos? 27. Na época, alguém da família era policial? Ele conhecia alguém policial? Existia alguma referência? 28. O(a) Sr(a) poderia nos contar como foi ser mãe/pai/esposa/filho/amigo do policial ________(nome da vítima)? O(a) Sr (a) poderia contar com mais detalhes? 29. O(a) Sr(a) ____________(nome da vítima) tinha amigos na PMERJ? 30. O que o (a) Sr(a)____________(nome da vítima) gostava de fazer para se divertir? 31. O(a) Sr (a) saberia dizer se o Sr (a)___________(nome da vítima) presenciou alguma situação de risco de morte na PMERJ? Quando? O(a) Sr(a) poderia de contar? 32. O(a) Sr (a) ___________(nome da vítima) recebeu algum tipo de suporte da PMERJ ou de alguma amigo após a vivência dessa situação? Que tipo (afetiva ou financeira)? Bloco 2: Descrição do Fato (Homicídio ou Acidente) 1. (Se a vítima utilizou serviço psicológico/psiquiátrico). O (a) Sr. (a) __________________(nome da vítima) utilizou serviços de atendimento psicológico/psiquiátrico. Ele chegou a comentar com alguém sobre isso? 2. (Se a vítima utilizou serviço psicológico/psiquiátrico). Nessa época, o (a) Sr. (a) __________________(nome da vítima) estava tomando algum medicamento? 3. (Se a vítima foi internada). Na época que o (a) Sr. (a) __________________(nome da vítima) foi internado, o(a) Sr(a) acompanhou este momento? 4. Gostaria que o(a) Sr (a) contasse um pouco das duas últimas semanas de vida com o Sr (a) __________(nome da vítima). Como foi? 5. Aconteceu algo de diferente na semana da morte que tenha alterado o comportamento do (a) Sr (a) ___________(nome da vítima)? 6. O Sr (a) se recorda das últimas palavras, ou comentários feitos pelo (a) Sr (a) ____________(nome da vítima) na semana da morte? 7. O(a) Sr (a) poderia contar como tudo aconteceu? Onde e de que maneira o Sr (a) __________(nome da vítima) morreu? 113 8. O(a) Sr(a) se recorda da data de falecimento do Sr. (a) _______________(nome da vítima) 9. O(a) Sr. (a) presenciou a morte? 10. Quem foi a primeira pessoa da família ou amigo (a) íntimo a ver o corpo? 11. Através de quem o(a) Sr(a) ficou sabendo da morte? Bloco 3: Descrição do Fato (Suicídio) 12. (Se a vítima utilizou serviço psicológico/psiquiátrico). O (a) Sr. (a) __________________(nome da vítima) utilizou serviços de atendimento psicológico/psiquiátrico. Ele chegou a comentar com alguém sobre isso? 13. (Se a vítima utilizou serviço psicológico/psiquiátrico). Nessa época, o (a) Sr. (a) __________________(nome da vítima) estava tomando algum medicamento? 14. (Se a vítima foi internada). Na época que o (a) Sr. (a) __________________(nome da vítima) foi internado, o(a) Sr(a) acompanhou este momento? 15. Gostaria que o (a) Sr (a) contasse um pouco dos últimos momentos de vida do(a) Sr (a) __________(nome da vítima). 16. O(a) Sr (a) observou alguma alteração no comportamento do Sr (a)__________(nome da vítima)? 17. O Sr (a) ____________(nome da vítima) pessoa parecia triste e deprimida na semana da morte? 18. O Sr. (a)___________(nome da vítima) parecia tensa ou preocupada com algum problema específico? 19. O Sr (a) se recorda das últimas palavras, comentários feitos pelo Sr (a) ____________(nome da vítima) na semana da morte? 20. O Sr. (a) _______________(nome da vítima) já tinha tentado o suicídio antes? 21. E na sua família? Existiu algum caso de tentativa ou de suicídio antes da morte do seu (filho/filha/esposo/esposa/amigo/amiga)? 22. Ocorreram outros casos de mortes violentas na família como homicídios ou acidentes fatais? 23. O(a) Sr(a) se recorda da data de falecimento do Sr. (a) _______________(nome da vítima). 24. O(a) Sr.(a) poderia descrever o dia em que o seu (filho/filha/esposo/esposa/amigo/amiga) veio a falecer? 25. Onde e de que maneira ele morreu? 26. O Sr (a) saberia dizer se o(a) Sr(a) ___________________(nome da vítima) deixou alguma carta, bilhete ou nota? 27. O Sr. (a)_________________presenciou a morte? 28. Quem foi a primeira pessoa da família ou amigo (a) íntimo a ver o corpo? 29. Através de quem o (a) Sr(a) ficou sabendo da morte? Bloco 4: Respostas ao Fato (Homicídio e Acidente) 1. Como as pessoas próximas reagiram à morte do Sr (a)______________(nome da vítima)? 114 2. 3. 4. 5. E os seus colegas de trabalho? Como eles reagiram? E a sua Instituição? O Sr (a) teve algum tipo de apoio da PMERJ? Qual? Em relação aos trâmites burocráticos, como foi? O que mudou na sua vida depois da morte do Sr (a)___________(nome da vítima)? 6. O que o(a) Sr (a) tem feito para superar a perda do Sr (a)_______________(nome da vítima)? Bloco 5: Respostas ao Fato (Suicídio) 1. Como as pessoas próximas reagiram em relação à atitude do(a) Sr (a)? 2. E os seus colegas de trabalho? Como eles reagiram? 3. E a sua Instituição? O Sr (a) teve algum tipo de apoio da PMERJ? Qual? 4. Em relação aos trâmites burocráticos, como foi? 5. O que mudou na sua vida depois da morte do(a) Sr(a)__________(nome da vítima? 6. O que a Sr (a) tem feito para superar a perda do(a) Sr(a)________(nome da vítima)? Muito obrigada! 115 Anexo 6: Roteiro de Entrevistas Semi-Estruturadas Público-Alvo: Familiares de PM Controle (policiais militares NÃO vitimizados por mortes violentas) Bloco 1: Uma Reconstituição da História do Policial Controle Gostaria de conhecer um pouco da estória do Sr(a)_____________( nome do policial) em diferentes momentos de sua vida. 1. 2. 3. 4. 5. Infância O(a) Sr(a) se recorda de alguma lembrança do (a) Sr(a)_____________(nome do policial) dessa época? Com quem o Sr (a)____________(nome do policial) morava nessa época? O(a) Sr (a)____________(nome do policial) tinha irmãos? Qual a lembrança do(a) Sr (a)____________(nome do policial) com os irmãos? E na escola? O(a) Sr (a)____________(nome do policial) tinha amigos? Adolescência 6. Como foi? Onde e com quem o Sr (a)_______(nome do policial) morava? 7. Existe alguma outra lembrança do Sr (a) ________ (nome do policial) quando jovem? 8. O(a) Sr(a) _________(nome do policial) tinha amigos? 9. E as namoradas? 10. Que o(a) Sr(a)_______(nome do policial) mais gostava de fazer (lazer)? Fase Adulta (Antes da PMERJ) 11. Antes de entrar na Polícia, como era o cotidiano do (a) Sr(a)_______(nome do policial)? 12. O que o (a) Sr(a)_____________(nome do policial) gostava de fazer? Ele tinha algum hábito? 13. Existe alguma lembrança marcante do(a) Sr (a) ________ (nome do policial) nesta fase? 14. O(a) Sr(a) _________(nome do policial) tinha amigos? E as namoradas? 15. Que o(a) Sr(a)_______(nome do policial) mais gostava de fazer (lazer)? O Casamento & a chegada dos filhos (Família) 16. Quando vcs se conheceram? 17. Onde e como foi? 116 18. O(a) Sr(a) poderia dizer o que o(a) Sr (a)_______(nome do policial) gostava de fazer nos finais de semana? A Vida Familiar e a PMERJ (Família e amigos) 19. Quando (ano e mês) o(a) Sr(a)___________ (nome do policial) entrou na PMERJ? 20. Que idade ele tinha? 21. Quais foram os motivos que o levaram a optar pela carreira de policial militar? 22. Qual foi a reação da família (mãe; pai; irmão; tio(a); avó/avô) e dos amigos próximos? 23. Na época, alguém da família era policial? Ele conhecia alguém policial? Existia alguma referência? 24. O(a) Sr(a) poderia nos contar como é ser mãe/pai/esposa/filho/amigo do ________(nome do policial)? O(a) Sr (a) poderia contar com mais detalhes? 25. O(a) Sr(a) ____________(nome do policial) tinha amigos na PMERJ? 26. O que o (a) Sr(a)____________(nome do policial) gostava de fazer para se divertir? 27. O(a) Sr (a) saberia dizer se o Sr (a)___________(nome do policial) presenciou alguma situação de risco de morte na PMERJ? Quando? O(a) Sr(a) poderia de contar? 28. O(a) Sr (a) ___________(nome do policial) recebeu algum tipo de suporte da PMERJ ou de alguma amigo após a vivência dessa situação? Que tipo (afetiva ou financeira)? Muito obrigada! 117 Anexo 7: Questionário sobre Ideação Suicida e Tentativas de Suicídio na PMERJ UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO LABORATÓRIO DE ANÁLISE DA VIOLÊNCIA Suicídio e Risco Ocupacional no Rio de Janeiro Nº Questionário: Data: Horário de Início: _____:_____ Horário de Término: _____:_____ ____/_____/____ Bairro: Município: Local da Entrevista: Nome do Entrevistador: BLOCO I - PERFIL SOCIOECONOMICO P.1. Sexo: [NÃO PERGUNTE, OBSERVE] 1. Masculino P.2. Quantos anos o(a) Sr(a) tem? ____________ anos 2. Feminino 98. NA 99. NS/ NR P.3. Qual é a sua situação conjugal? [LER OPÇÕES - ÚNICA] 1. Casado(a)/mora com companheiro(a) 2.Desquitado(a) ou separado(a) Judicialmente 3. Divorciado(a) 4. Viúvo(a) 5. Solteiro(a) 98. NA 99. NS/ NR P.4. Quantos filhos o (a) Sr (a) tem? |__||__| NR 98. NA 99. NS/ P.5. Em qual cidade o(a) Sr (a) mora? [NÃO LER OPÇÕES - ÚNICA] 118 1. Nesta cidade P.5.1) Qual bairro? ______________________________ 2. Em outra cidade 98. NA P.5.2) Qual cidade? ______________________________ 99. NS/ NR P.6. Dentro destas respostas, qual a que melhor identifica sua cor ou raça? [LER OPÇÕES - ÚNICA] 1. Branca. 2. Preta. 3. Parda. 4. Amarela. 5. Indígena. 98. NA 99. NS/ NR P.7. Até que série o(a) Sr(a) estudou? [NÃO LER OPÇÕES - ÚNICA] 1. Nunca estudou 2. Alfabetizado 3. Ensino Fundamental incompleto (1º Grau incompleto) 4. Ensino Fundamental completo (1º Grau completo) 5. Ensino médio incompleto (2º Grau incompleto) 6. Ensino médio completo (2º Grau completo) 7. Superior incompleto (Universidade / Faculdade incompleta) 8. Superior completo (Universidade / Faculdade completa) 9. Pós-graduação 98. NA 99. NS/ NR P.8. Até que série a sua mãe estudou? [NÃO LER OPÇÕES - ÚNICA] 1. Nunca estudou 2. Alfabetizado 3. Ensino Fundamental incompleto (1º Grau incompleto) 4. Ensino Fundamental completo (1º Grau completo) 5. Ensino médio incompleto (2º Grau incompleto) 6. Ensino médio completo (2º Grau completo) 7. Superior incompleto (Universidade / Faculdade incompleta) 8. Superior completo (Universidade / Faculdade completa) 9. Pós-graduação 98. NA 99. NS/ NR P9. O(a) Sr.(a) tem alguma religião? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 119 1. Sim. P.9.1. Qual? 1. Evangélico 2. Espírita Kardecista 3. Umbanda, Candomblé ou outra religião de origem africana 4. Católica Romana 5. Outra religião: __________________ 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO SIGA PARA QUESTÃO P11] 98. NA 99. NS/ NR P.10. Com que freqüência o (a) Sr.(a) participa de atividades ou cultos de sua religião? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Todos os dias ou quase todos os dias 2. Algumas vezes por semana 3. Uma vez por semana 4. Nunca ou quase nunca/Comemorações Especiais 98. NA 99. NS/ NR [SE RESPONDER A QUESTÃO P.10 PULE PARA O BLOCO II] P11. O(a) Sr.(a) tem alguma crença? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA] 1. Não tenho religião, mas acredito em Deus 2. Não tenho religião e não acredito em Deus 3. Outros___________________________|__||__| 98. NA BLOCO II - ESTILO DE VIDA P.12. O (a) Sr. (a) faz atividades físicas regularmente? 1. Sim. P.12.1 Com que frequência? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. De 1 a 2 vezes por semana 2. De 3 a 5 vezes por semana 3. Mais de 6 vezes por semana 98. NA 99. NS/ NR 120 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P.13. Atualmente o (a) Sr(a) fuma? 1. Sim. P.13.1. Quantos cigarros o (a) Sr. (a) consome em média? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. De 1 a 5 cigarros por dia 3. De 6 a 10 cigarros por dia 4. De 11 a 20 cigarros por dia 5. Mais de 20 cigarros por dia 98. NA 99. NS/ NR 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P.14. Atualmente o (a) Sr. (a) consome bebida alcoólica? 1. Sim. P.14.1. Que tipo de bebida o (a) consome?____________________ 2. Não [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA BLOCO III] Sr. (a) mais P.15. Com que freqüência o (a) Sr. (a) consome bebida alcoólica? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. De 1 a 2 vezes por semana 2. De 3 a 5 vezes por semana 3. Mais de 6 vezes por semana 98. NA 99. NS/ NR BLOCO III - TRAJETÓRIA PROFISSIONAL P.16. Qual era sua ocupação profissional antes de ser admitido na PMERJ? [CITE APENAS A ÚLTIMA] ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ _____________|__||__| P.17. Quais são os motivos que fizeram o (a) Sr (a) escolher a PMERJ? [RESPOSTAS MÚLTIPLAS] [NÃO LER OPÇÕES] 1. Baixa concorrência às vagas no concurso público 2. Estava desempregado 3. Estabilidade financeira e profissional 4. Salário 5. Vocação 6. Influência de conhecidos ou familiares 7. Prestígio Social 8.P.17.1.Outros:______________________________________________|__||__| 121 P.18. Quando o(a) Sr(a) ingressou na PMERJ? Mês |___|___| Ano |___|___|___|___| P.19. Quanto tempo o(a) Sr (a) tem de serviço na PMERJ? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA] 1. Menos de 1 ano 2. De 1 a 5 anos 3. De 6 a 10 anos 4. De 11 a 15 anos 5. De 16 a 20 anos 6. De 21 a 25 anos 7. Mais de 26 anos 98. NA 99. NS/ NR P.20. Qual a sua atual patente na PMERJ? [NÃO LER OPÇÕES- ÚNICA] 1. Coronel 2. Tenente-Coronel 3. Major 4. Capitão 5. Primeiro-Tenente 6. Segundo-Tenente 7. Aspirante 8. Cadete 9. Subtenente 10. Primeiro-Sargento 11. Segundo-Sargento 12. Terceiro-Sargento 13. Cabo 14. Soldado 98. NA 99. NS/ NR P.21. Em que unidade da PMERJ o Sr (a) está trabalhando atualmente? [NÃO LER OPÇÕES - ÚNICA] 1. Segundo BPM 2. Terceiro BPM 3. Quinto BPM 4. Sexto BPM 5. DIP (Diretoria de Inativos e Pensionista) 6. Nono BPM 7. Décimo BPM 8. Décimo-Primeiro BPM 9. Décimo-Quinto BPM 10. Décimo-Sexto BPM 11. Décimo-Nono BPM 12. Quadragésimo BPM 13. Quartel General (QG) 14. Vigésimo-Segundo BPM 122 15. Batalhão - Florestal (BPFMA) 16. Batalhão de Choque 17. BOPE 18. P.21.1.Outros____________________|___|___| 98. NA 99. NS/ NR P.22. Desde quando o(a) Sr.(a) nesta unidade? Mês |___|___| Ano |___|___|___|___| P.23. As atividades que o (a) Sr (a) desempenha atualmente na polícia militar são: [RESPOSTA ÚNICA] 1. Internas (Expediente) 2. Externas (Rua) 98. NA 99. NS/ NR P.24. Nos últimos 12 meses, quantas funções diferentes o(a) Sr(a) exerceu nas unidades da PMERJ em que trabalhou? 1. De 1 a 2 funções 2. De 3 a 5 funções 3. De 6 a 7 funções 4. Mais de 8 funções 98. NA 99. NS/ NR P25. Nos últimos cinco anos, o(a) Sr(a) foi transferido de unidade policial? 1. Sim. P25.1. Quantas vezes? |___|___| 2. Não fui transferido [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.27.] 98. NA 99. NS/ NR P.26. Qual foi o motivo de sua última transferência? ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ __________|__||__| P.27. Quando foi a sua última promoção? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA] 1. Nunca tive promoção 2. Nos últimos 12 meses 3. Entre 2 e menos de 3 anos 123 4. Entre 4 e menos 5 anos 5. Cinco anos ou mais 98. NA 99. NS/ NR BLOCO IV - AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA PMERJ P.28. Qual é sua renda mensal BRUTA na Polícia (em reais - R$): [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. De 1.000 a 2.000 2. De 2.001 a 3.000 3. De 3.001 a 4.000 4. Mais de 4.000 98. NA 99. NS/ NR P.29. Atualmente, o (a) Sr (a) recebe Gratificação? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P.30. Além da atividade policial, o (a) Sr(a) exerce com regularidade alguma outra ocupação remunerada? 1. Sim. P.30.1. Qual é o ramo desta atividade? 1. Segurança Privada [ESCOLTA DE VALORES OU PESSOAS, SEGURANÇA PATRIMONIAL, VIGILÂNCIA] 2. Outros segmentos profissionais. P.30.2 Quais?____________________|__||__| 2. Não [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.32.] 98. NA 99. NS/ NR P.31. Qual é sua renda mensal BRUTA nesta atividade (em reais - R$): [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Menos de 1000 1. De 1.000 a 2.000 2. De 2.001 a 3.000 3. De 3.001 a 4.000 4. Mais de 4.000 98. NA 99. NS/ NR 124 P.32. Atualmente, como o(a) Sr (a) se sente em trabalhar na PMERJ? [ LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Muito Insatisfeito 2. Insatisfeito 3. Nem Insatisfeito e nem satisfeito 4. Satisfeito 5. Muito Satisfeito 98. NA 99. NS/ NR P.33. Como o (a) Sr(a) se sente em relação aos itens descritos abaixo? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA – RESPOSTA ÚNICA PARA CADA SUB-ITEM] Muito Insatisfeito Insatisfeito Nem insatisfeito, Satisfeito Muito Satisfeito NA NS/ NR 98 99 nem satisfeito P.33.1. Amizades entre colegas do seu atual local de trabalho na PMERJ 1 2 3 4 5 P.33.2. Relacionamento com o seu atual Chefe/Comandante de unidade 1 2 3 4 5 98 99 P.33.3. Infra-estrutura e os recursos materiais disponíveis no seu atual local de trabalho 1 2 3 4 5 98 99 P.33.4. Apoio dado pelo Comando Geral à Tropa 1 2 3 4 5 98 99 P.33.5. Salário Bruto Mensal 1 2 3 4 5 98 99 1 2 3 4 5 98 99 P.33.7. Reconhecimento Profissional pela Instituição 1 2 3 4 5 98 99 P.33.8. Cursos de Formação e/ou Especialização realizados na PMERJ 1 2 3 4 5 98 99 P.33.9. Último realizado na PMERJ 1 2 3 4 5 98 99 1 2 3 4 5 98 99 P.33.6. Oportunidades Ascensão na Carreira de treinamento P.33.10. Valorização Sociedade Carioca da 125 P.33.11. Outros: ___________|__||__| Qual? 1 2 3 4 5 98 P.34. Nos últimos cinco anos, quantas vezes o(a) Sr (a) recebeu treinamento da sua Instituição? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Nenhuma 2. De 1 a 2 vezes 3. De 3 a 5 vezes 4. Mais de 5 vezes 98. NA 99. NS/ NR BLOCO V - “O FAZER POLICIAL” P.35. O(a) Sr(a) já vivenciou alguma situação de risco no exercício da sua profissão? 1.Sim. P35.1 Que tipo? ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ___________________________________________|__||__| 2.Não. 98. NA 99. NS/ NR P.36. Alguma vez o(a) Sr.(a) participou de uma operação em que um colega e/ou amigo policial tenha sido alvejado por arma de fogo? 1. Sim. P.36.1 Quantas vezes? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. De 1 a 3 vezes 2. De 4 a 6 vezes 3. De 7 a 9 vezes 4. Mais de 10 vezes 98. NA 99. NS/ NR 4. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.38] 126 99 98. NA 99. NS/ NR P.37. Qual foi a conseqüência mais grave que seu colega e/ou amigo policial sofreu? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA – MARQUE A CONSEQUENCIA MAIS GRAVE] 1. Óbito 2. Ferimentos graves (incapacitação profissional) 3. Ferimentos médios (afastamento do trabalho com posterior retorno a atividade policial) 4. Ferimentos leves 98. NA 99. NS/ NR P.38. Mesmo sem presenciar a situação, o(a) Sr.(a) já perdeu algum colega e/ou amigo policial por morte violenta (acidente; homicídio ou suicídio)? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P.39. E o(a) Sr. (a), já sofreu algum ferimento grave? 1. Sim. P.39.1. Quantas vezes? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA] 1. De 1 a 3 vezes 2. De 4 a 6 vezes 3. De 7 a 9 vezes 4. Mais de 10 vezes 98. NA 99. NS/ NR 2.Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA O BLOCO VI] 98. NA 99. NS/ NR P.40. Qual foi a conseqüência mais grave? _________________________________________________________________|__||__| P.41. O(a) Sr (a) recebeu algum tipo de apoio após vivenciar essa situação? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA – RESPOSTAS MÚLTIPLAS] 1. Sim. P.41.1. De quem? 1. Institucional 2. Familiar 127 3. Amigos/colegas 4. _________________________________|__||__| P.41.2.Outros: 2. Não 98. NA 99. NS/ NR BLOCO VI – LEMBRANÇAS PESQUISADOR - ATENÇÃO: este bloco deve ser aplicado apenas a policiais que informaram ter vivenciado as duas situações abaixo: (i) o próprio ferimento grave; e (ii) o ferimento ou morte de um colega/amigo policial. PARTE I - Lembranças Relacionadas à Vivência do Policial Entrevistado Independente de ter sido ferido P.42. Com que freqüência, cenas relacionadas a situações de risco que o(a) Sr.(a) tenha vivenciado no trabalho aparecem na sua cabeça? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Quase sempre ou sempre 2. Algumas vezes 3. Quase nunca 4. Nunca [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.45] 98. NA 99. NS/ NR P.43. O(a) Sr(a) procura evitar essas lembranças? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Quase sempre ou sempre 2. Algumas vezes 3. Quase nunca 4. Nunca 98. NA 99. NS/ NR P. 44. Alguns dos itens abaixo fazem o(a) Sr.(a) lembrar imediatamente da situação vivenciada? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - RESPOSTAS MÚLTIPLAS] 1. Lugares (ruas, esquinas, bares, apartamentos, etc) 2. Pessoas 3. Objetos 4. Notícias/mídia 5. Horários (madrugada, hora de chegada, hora de saída) 6. Luzes 7. Datas (aniversários, natal, dia da semana) 128 8. Cheiros 9. Vozes ou sons 10. Situações parecidas com o acontecido 11. P.44.1. Outras coisas: ____________________|___|___| 12. Nada me faz lembrar do incidente 98. NA 99. NS/ NR PARTE II - Lembranças Relacionadas à Perda de um Colega e/ou Amigo P.45. Em geral, o(a) Sr.(a) costuma se lembrar da morte de seu colega e/ou amigo? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Quase sempre ou sempre 2. Algumas vezes 3. Quase nunca 4. Nunca [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA BLOCO VII.] 98. NA 99. NS/ NR P. 46. Alguns dos itens abaixo fazem o(a) Sr.(a) lembrar imediatamente da morte (a) do seu colega e/ou amigo?[LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - RESPOSTAS MÚLTIPLAS] 1. Lugares (ruas, esquinas, bares, apartamentos, etc) 2. Pessoas 3. Objetos 4. Notícias/mídia 5. Horários (madrugada, hora de chegada, hora de saída,...) 6. Luzes 7. Datas (aniversários, natal, dia da semana) 8. Cheiros 9. Vozes ou sons 10. Situações parecidas com o acontecido 11. P.46.1. Outras coisas: ____________________|___|___| 12. Nada me faz lembrar do incidente [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA O BLOCO VII] 98. NA 99. NS/ NR P.47. O(a) Sr(a) procura evitar as lembranças relacionadas à perda de seu colega e/ou amigo(a)? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Quase sempre ou sempre 2. Algumas vezes 3. Quase nunca 4. Nunca 98. NA 99. NS/ NR 129 BLOCO VII - CAPITAL SOCIAL & REDES SOCIAIS P.48. De uma maneira geral, o(a) Sr.(a) diria que se pode confiar nas pessoas ou que se deve ter o “pé atrás” ao lidar com elas? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA] 1. Pode-se confiar nas pessoas 2. Deve-se ter o “pé atrás” ao lidar com as pessoas 98. NA 99. NS/ NR P.49. De uma maneira geral, o(a) Sr.(a) diria que se pode confiar nos seus colegas de trabalho da PMERJ ou que se deve ter o “pé atrás” ao lidar com eles? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Pode-se confiar nas pessoas do meu trabalho 2. Deve-se ter o “pé atrás” ao lidar com as pessoas do meu trabalho 98. NA 99. NS/ NR P.50. Durante o seu curso de formação (CFAP ou Academia de Polícia), o(a) Sr(a) fez amigos e/ou colegas? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. 2. Não [PULE PARA P.53] 98. NA 99. NS/ NR P.51. Depois da formatura, o(a) Sr(a) e os seus amigos e/ou colegas de turma mantiveram o contato? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. 2. Não [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.53] 98. NA 99. NS/ NR P.52. Na sua folga, o(a) Sr(a) e seus amigos e/ou colegas de turma costumam: [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA – RESPOSTAS MÚLTIPLAS] P.52.1. Sair para as “Baladas” Freqüentemente Algumas Vezes Raramente Quase Nunca Nunca NA NS/NR 1 2 3 4 5 98 99 130 P.52.2. Jogar bola 1 2 3 4 5 98 99 P.52.3. Sair para beber e jogar conversa “fora” 1 2 3 4 5 98 99 P.52.4. Visitar outros colegas e/ou amigos 1 2 3 4 5 98 99 P.52.5. Fazer churrascos em suas próprias casas 1 2 3 4 5 98 99 P.52.6. Ir a festas de aniversário de familiares filho(a); esposa(a); mãe e pai etc 1 2 3 4 5 98 99 1 2 3 4 5 98 99 Nunca NA NS/NR 5 98 99 P.52.7. Qualquer outro tipo de atividade Especifique:________|___|___| P.53. E nas unidades em que trabalhou, o(a) Sr.(a) fez amigos e/ou colegas? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. 2. Não [PULE PARA P.55] 98. NA 99. NS/ NR P.54. Na sua folga, com que freqüência o(a) Sr.(a) e seus amigos e/ou colegas da sua atual seção/unidade de trabalho costumam: [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA – RESPOSTAS MÚLTIPLAS] Raramente 3 Quase Nunca 4 P.54.1. Sair para as “Baladas” 1 Algumas Vezes 2 P.54.2. Jogar bola 1 2 3 4 5 98 99 P.54.3. Sair para beber e jogar conversa “fora” 1 2 3 4 5 98 99 P.54.4. Visitar outros colegas e/ou amigos 1 2 3 4 5 98 99 P.54.5. Fazer churrascos em suas próprias casas 1 2 3 4 5 98 99 Freqüentemente 131 P.54.6. Ir a festas de aniversário de familiares filho(a); esposa(a); mãe e pai etc P.54.7. Qualquer outro tipo de atividade 1 2 3 4 5 98 99 1 2 3 4 5 98 99 Especifique:________|___|___| P.55. O(a) Sr.(a) é filiado(a) ou participa regularmente das atividades das seguintes organizações? [LEIA CADA UMA DAS OPÇÕES] SIM NÃO NA P.55.1. Associação de moradores 1 2 98 NS /NR (ESPONTÂNEA) 99 P.55.2. Associação de Praças/Oficiais 1 2 98 99 P.55.3. Clube social ou esportivo 1 2 98 99 P.55.4. Torcida organizada 1 2 98 99 P.55.5. Grupos Religiosos 1 2 98 99 P.55.6. Reuniões ou Ensaios de Escola de Samba 1 2 98 99 1 2 98 99 P.55.7. Qualquer outro tipo de associação. Especifique:_______________________|___|___| Agora vamos falar um pouco da sua relação com sua família P.56. Com que freqüência, o (a) Sr. (a) brinca, passeia ou conversa sobre os assuntos da escola/faculdade do(s) seus filhos(as)? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA] 1. Não tem filhos [NÃO LER ESTA OPÇÃO] 2. Freqüentemente 3. Algumas vezes 4. Quase Nunca 5. Nunca 98. NA 99. NS/ NR 132 P.57. Com que freqüência, o(a) Sr. (a) faz pelo menos uma das refeições com a sua esposa(o) e/ou filhos(as)? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Não tem Esposa (o) e/o Filhos [NÃO LER ESTA OPÇÃO] [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA BLOCO VIII] 2. Freqüentemente 3. Algumas vezes 4. Quase Nunca 5. Nunca 98. NA 99. NS/ NR P.58. Com que freqüência, o (a) Sr (a) e os seus filhos e/ou esposa (o) fazem as atividades abaixo? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA – RESPOSTAS MÚLTIPLAS] Raramente 3 Quase Nunca 4 P.58.1. Vão ao cinema 1 Algumas Vezes 2 P.58.2. Visitam parentes [pais; irmãos (as); avô (a); tios(as) primos(as)] 1 2 3 4 5 98 99 P.58.3. Vão ao clube 1 2 3 4 5 98 99 P.58.4. Vão à praia 1 2 3 4 5 98 99 P.58.5. Fazem churrasco em casa 1 2 3 4 5 98 99 P.58.6. aniversários 1 2 3 4 5 98 99 1 2 3 4 5 98 99 Freqüentemente Comemoram P.58.7. Qualquer outro tipo de atividade Nunca NA NS/NR 5 98 99 Especifique:________|___|___| BLOCO VIII – CONFLITOS P.59. Nos últimos 12 meses, o(a) Sr(a) foi vítimizado por alguém do seu convívio em algumas das situações listadas abaixo? [SE SIM, PERGUNTAR QUANTAS VEZES] P.59.1. Insulto, humilhação ou xingamento P.59.2. Espancamento ou tentativa de estrangulamento P.59.3. Esfaqueamento ou tiro Sim, Quantas vezes? _____ _____ _____ Não 0 0 0 NA NS/NR 98 98 98 99 99 99 133 P.59.4. Ameaça com faca ou arma de fogo _____ P.59.5. Amedrontamento ou perseguição _____ P.59.6 Alguma outra situação? Qual?________________________________|___|___| _____ 0 0 98 98 0 98 BLOCO IX - SAÚDE P.60. Nos últimos 12 meses, o(a) Sr(a) utilizou os serviços médicos oferecidos pela Polícia? 1. Sim. P.60.1. Como o(a) Sr.(a) avalia o atendimento médico que recebeu na PMERJ? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Ruim 2. Regular 3. Bom 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.62.] 98. NA 99. NS/ NR P.61. Qual foi o diagnóstico dado pelo médico da PMERJ? _______________________________________________________________________|__||__ | P.62. Pelo mesmo motivo, o(a) Sr. (a) buscou a assistência de saúde fora da PMERJ? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. P.62.1 Qual?______________________________ 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.64] 98. NA 99. NS/ NR P.63. Como o(a) Sr(a) avalia o atendimento médico que recebeu fora da PMERJ? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Ruim 2. Regular 3. Bom 98. NA 99. NS/ NR P.64. O(a) Sr(a) já utilizou os serviços de atendimento psicológico da PMERJ? 134 99 99 99 1. Sim. P.64.1. Como o(a) Sr.(a) avalia o atendimento psicológico recebido na PMERJ? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Ruim 2. Regular 3. Bom 98. NA 99. NS/ NR 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P.65. O(a) Sr.(a) utilizou os serviços de atendimento psicológico fora da PMERJ? 1. Sim. P.65.1. Como o(a) Sr.(a) avalia o atendimento psicológico que recebeu fora da PMERJ? 1. Ruim 2. Regular 3. Bom 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. 98. NA 99. NS/ NR P.66. O(a) Sr(a) já utilizou os serviços de atendimento psiquiátrico da PMERJ? 1. Sim. P.66.1. Como o(a) Sr.(a) avalia o atendimento psiquiátrico recebido na PMERJ? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Ruim 2. Regular 3. Bom 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.68] 98. NA 99. NS/ NR P.67. Qual foi o diagnóstico dado pelo psiquiatra da PMERJ? ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ _______________________|__||__| P.68. O(a) Sr(a) utilizou os serviços de atendimento psiquiátrico fora da PMERJ? 1. Sim. P.68.1. Como o(a) Sr.(a) avalia o atendimento psiquiátrico que recebeu fora da PMERJ? 1. Ruim 135 2. Regular 3. Bom 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA BLOCO X] 98. NA 99. NS/ NR P.69. Qual foi o diagnóstico dado pelo psiquiatra da Instituição fora da PMERJ? ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ _______________________|__||__| BLOCO X - PROBLEMAS COM SONO/PESADELO P.70. Nos últimos 12 meses, o(a) Sr.(a) teve algum problema no sono, como dificuldade para adormecer, acordar freqüentemente à noite ou acordar muito cedo pela manhã? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.76] 98. NA 99. NS/ NR P.71. Que idade o(a) Sr.(a) tinha quando começou a ter problemas para dormir? |___|___| 98. NA 99. NS/ NR P.72. Qual o principal motivo da sua dificuldade para dormir? [NÃO LER AS OPÇÕESÚNICA] 1. Problemas Financeiros 2. Problemas no Trabalho 3. Problemas Familiares 4. Problemas de Saúde 5. P.72.1. Outros_________________________________|___|___| 98. NA 99. NS/ NR P.73. Em geral, quantas vezes o(a) Sr.(a) costuma acordar durante a noite? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Nenhuma vez 2. Uma vez 3. 2 a 3 vezes 4. Mais de 3 vezes 98. NA 99. NS/ NR P.74. Como o(a) Sr(a) se sente durante o dia: [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Disposto 136 2. Cansado 3. Sonolento 4. Irritado 5. Sem concentração 6. Indisposto 98. NA 99. NS/ NR P.75. O(a) Sr.(a) costuma se lembrar dos seus sonhos? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Quase sempre ou sempre 2. Algumas vezes 3. Quase nunca 4. Nunca 98. NA 99. NS/ NR P.76. O(a) Sr(a) tem pesadelos? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Quase sempre ou sempre 2. Algumas vezes 3. Quase nunca 4. Nunca 98. NA 99. NS/ NR BLOCO XI - PROBLEMAS DE DEPRESSÃO & ANSIEDADE ATENÇÃO PESQUISADOR: [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA – ÚNICA] Durante as últimas 2 semanas, com que freqüência o(a) Sr.(a) foi incomodado/a por qualquer um dos problemas abaixo: P.77. Pouco interesse ou pouco prazer em fazer as suas atividades de trabalho 1. Todos os dias 2. Várias vezes ao dia 3. Algumas vezes ao dia 4. Poucas vezes ao dia 5. Raramente 6. Nunca 98. NA 99. NS/ NR P.78. Dificuldade de se concentrar nas coisas, como ler o jornal ou ver televisão 1. Todos os dias 137 2. Várias vezes ao dia 3. Algumas vezes ao dia 4. Poucas vezes ao dia 5. Raramente 6. Nunca 98. NA 99. NS/ NR P.79. A sensação de medo, pânico (como um frio na espinha, ou um aperto no estômago) 1. Todos os dias 2. Várias vezes ao dia 3. Algumas vezes ao dia 4. Poucas vezes ao dia 5. Raramente 6. Nunca 98. NA 99. NS/ NR P.80. Se sentir “para baixo”, deprimido/a ou sem perspectiva 1. Todos os dias 2. Várias vezes ao dia 3. Algumas vezes ao dia 4. Poucas vezes ao dia 5. Raramente 6. Nunca 98. NA 99. NS/ NR P.81. Se sentir cansado/a ou com pouca energia 1. Todos os dias 2. Várias vezes ao dia 3. Algumas vezes ao dia 4. Poucas vezes ao dia 5. Raramente 6. Nunca 98. NA 99. NS/ NR P.82. Um sentimento de fracasso ou uma decepção por ter frustrado a sua família ou ao (a) Sr(a) mesmo(a) 1. Todos os dias 2. Várias vezes ao dia 3. Algumas vezes ao dia 4. Poucas vezes ao dia 5. Raramente 6. Nunca 98. NA 99. NS/ NR P.83. Desejos de se ferir de alguma maneira ou pensamentos de que seria melhor estar morto/a: 1. Todos os dias 2. Várias vezes ao dia 138 3. Algumas vezes ao dia 4. Poucas vezes ao dia 5. Raramente 6. Nunca 98. NA 99. NS/ NR P.84. Desejos de matar ou ferir de alguma maneira outra pessoa: 1. Todos os dias 2. Várias vezes ao dia 3. Algumas vezes ao dia 4. Poucas vezes ao dia 5. Raramente 6. Nunca 98. NA 99. NS/ NR BLOCO XII - IDEAÇÕES SUICIDAS ATENÇÃO PESQUISADOR: explicar ao entrevistado que este bloco se refere aos pensamentos e idéias relacionados ao desejo de por fim a sua própria vida P.85. Em algum momento da sua vida, o(a) Sr (a) chegou a pensar em se matar? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. P.85.1. Quantas vezes? 1. De 1 a 2 vezes 2. De 3 a 5 vezes 4. Mais de 6 vezes 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA O BLOCO XV] 98. NA 99. NS/ NR P.86. Quando foi a última vez que o(a) Sr.(a) pensou em se matar? 1. Menos de 1 ano 2. De 1 a 5 anos 3. De 6 a 10 anos 4. De 11 a 15 anos 5. De 16 a 20 anos 6. De 21 a 25 anos 7. Mais de 26 anos 98. NA 99. NS/ NR P.87. Na última vez, por quanto tempo essas idéias permaneceram na sua mente?_____________ |__||__| 139 P.88. Durante esse período, qual foi a freqüência? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Todos os dias 2. Várias vezes ao dia 3. Algumas vezes ao dia 4. Poucas vezes ao dia 5. Raramente 6. Nunca 98. NA 99. NS/ NR P.89. O (a) Sr.(a) chegou a comentar com alguém sobre o desejo de “por fim” à sua vida? 1. Sim. P.89.1. Com quem? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA] 1. Mãe/Pai 2. Esposa(o) 3. Filho(a) 4. Irmão(a) 5. Primo(a) 6. Amigo(a) Próximo(a) 98. NA 99. NS/ NR 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P.90. O (a) Sr.(a) chegou a registrar por escrito (carta; bilhetes; agenda ou email) esses pensamentos? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P.91. Na época, o(a) Sr(a) utilizou os serviços de atendimento psicológico da PMERJ? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. 2. Não. 98. NA 99. NS/ NR P.92. Na época, o(a) Sr(a) utilizou os serviços de atendimento psiquiátrico da PMERJ? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. 2. Não. 98. NA 99. NS/ NR 140 P.93. Na época, o(a) Sr(a) utilizou os serviços de atendimento psicológico FORA da PMERJ? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P.94. Na época, o(a) Sr(a) utilizou os serviços de atendimento psiquiátrico FORA da PMERJ? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P.95. O (a) Sr.(a) chegou a pensar uma maneira para por “fim” a sua vida? 1. Sim P. 95.1. Qual seria o meio mais provável? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Por Arma de fogo 2. Enforcamento 3. Queda 4. Medicamentos 5. Outros. P.95.2 Quais?_________________|__||__| 2. Não. 98. NA 99. NS/ NR P.96. E atualmente, o(a) Sr.(a) ainda pensa em se matar? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. 2. Não. 98. NA 99. NS/ NR BLOCO XIII TENTATIVAS DE SUICÍDIO P. 97. Em algum momento da sua vida, (a) Sr (a) chegou a tentar suicídio? 1. Sim. P.97.1 O(a) Sr.(a) chegou a preparar o “incidente” com uma certa antecedência? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. 2. Não. 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA O BLOCO XV] 98. NA 99. NS/ NR P.98. Quando aconteceu este incidente? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA] 1. Menos de 1 ano 2. De 1 a 5 anos 141 3. De 6 a 10 anos 4. De 11 a 15 anos 5. De 16 a 20 anos 6. De 21 a 25 anos 7. Mais de 26 anos 98. NA 99. NS/ NR P.99. O que levou o(a) Sr(a) a tomar essa atitude de tentar o suicídio? [RESPOSTAS MÚLTIPLAS] [NÃO LER AS OPÇÕES] 1. Problemas familiares. 2. Problemas financeiros. 3. Problemas de Relacionamento com o Chefe na unidade de trabalho 4. Problemas Administrativos no local de trabalho 5. Problemas de saúde 6.Outros. P.99.1. Quais?____________________________________________________|__||__| 98. NA 99. NS/ NR P.100. Essa foi a primeira vez que o Sr. (a) tentou suicídio? 1. Sim. 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.102] P.101. O (a) Sr (a) ficou hospitalizado? 1. Sim. P.101.1. Por quanto tempo? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Por uma semana. 2. Por duas semanas 3. Por três semanas 4. Acima de 4 semanas 98. NA 99. NS/ NR 2. Não 98. NA 99. NS/ NR [SE RESPONDER A QUESTÃO P.101 PULE PARA A QUESTÃO P.105] P.102. Quantas vezes o Sr. (a) tentou suicídio? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Duas vezes. 2. Três vezes 3. Quatro vezes 4. Acima de 5 vezes 98. NA 99. NS/ NR P.103. Na última tentativa, o(a) Sr (a) ficou hospitalizado? 1. Sim. P.103.1. Por quanto tempo? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Por uma semana. 2. Por duas semanas 3. Por três semanas 4. Acima de 4 semanas 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. 142 98. NA 99. NS/ NR P.104. Qual(ais) foram o(s) motivos desta última vez? ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ________________|__||__| 98. NA 99. NS/ NR P.105. Em sua família, existe algum caso de suicídio consumado? 1. Sim. P.105.1. Quem? [RESPOSTA MULTIPLAS] 1. Mãe/Pai 2. Avó/Avô 3. Irmão(a) 4. Filho(a) 5. Esposa(o) 6. Tio(a) 7. Primo(a) 8. Outros P.105.2. ____________________________________ |__||__| 98. NA 99. NS/ NR 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P.106. Em sua família, alguém chegou a tentar suicídio, mas não conseguiu? 1. Sim. P.106.1. Quem? [RESPOSTA MULTIPLAS] 1. Mãe/Pai 2. Avó/Avô 3. Irmão(a) 4. Filho(a) 5. Esposa(o) 6. Tio(a) 7. Primo(a) 8. Outros P.106.2.____________________________________|__||__| 98. NA 99. NS/ NR 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P.107. Em sua família, alguém foi vitimizado(a) por outro tipo de morte violenta (homicídio ou acidente)? 1. Sim. P.107.1. Quem? [RESPOSTA MULTIPLAS] 1. Mãe/Pai 2. Avó/Avô 143 3. Irmão(a) 4. Filho(a) 5. Esposa(o) 6. Tio(a) 7. Primo(a) 8. Outros P.107.2. ____________________________________ |__||__| 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. 98. NA 99. NS/ NR BLOCO XIV - RESPOSTAS AO FATO ATENÇÃO PESQUISADOR: BLOCO A SER RESPONDIDO POR POLICIAIS MILITARES QUE INFORMARAM TER TENTADO SUICÍDIO P.108. Depois da tentativa o(a) Sr(a) conversou sobre este problema com: [RESPOSTAS MULTIPLAS] 1. Familiares 2. Colegas e amigos da PMERJ 3. Comunidade/vizinho 4. Grupo de ajuda 5. Grupo religioso 6. Ninguém 7. Outros: P.108.1.____________________________________________ |__||__| 98. NA 99. NS/ NR P.109. Depois da tentativa, o (a) Sr(a) recorreu aos serviços de atendimento psicológico da PMERJ?[RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P.110. Depois da tentativa, o (a) Sr(a) recorreu aos serviços de atendimento psiquiátrico da PMERJ?[RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P.111. Depois da tentativa, o(a) Sr(a) utilizou os serviços de atendimento psicológico FORA da PMERJ? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. 2. Não 144 98. NA 99. NS/ NR P.112. Depois da tentativa, o(a) Sr(a) utilizou os serviços de atendimento psiquiátrico FORA da PMERJ? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P.113. Depois das crises e internações, o(a) Sr.(a) voltou a trabalhar? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim 2. Não 3. Nunca Parei de Trabalhar 98. NA 99. NS/ NR P.114. Depois da tentativa, seus colegas da PMERJ mudaram a forma de tratá-lo? 1. Sim 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.116] 98. NA [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.116] 99. NS/ NR [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.116] P.115. Por quanto tempo? 1. Mudou durante alguns dias 2. Mudou durante algumas semanas 3. Mudou durante alguns meses 4. Mudou durante alguns anos 5. Nunca mais foi a mesma 98. NA 99. NS/ NR P.116. Depois da tentativa, o(a) Sr.(a) teve algum apoio (Emocional ou Financeiro)? 1. Sim. 116.1. De quem? [RESPOSTA MULTIPLA] 1. Familiares 2. Chefe da unidade de trabalho da época 3. Amigos da PMERJ 4. Outros: P.116.2.____________________________________________ |__||__| 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. 98. NA 99. NS/ NR P.117. O (a) Sr.(a) buscou algum recurso para evitar a ocorrência de uma nova tentativa? 1. Sim. 117.1. Qual (ais)? [RESPOSTA MULTIPLA] 1. Familiares 2. Religiosos 2. Amizades 145 3. Mudança de hábitos 4. Outros: P.117.2.__________________________|__||__| 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. 98. NA 99. NS/ NR BLOCO XV - PLANOS FUTUROS BLOCO DE PERGUNTAS PARA TODOS OS ENTREVISTADOS P.118. O(a) Sr.(a) tem planos para o seu futuro? 1. Sim 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.120] 98. NA [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.120] 99. NS/ NR [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA P.120] P.119. Quais são esses planos? Destaque os três principais: P.119.1._______________________________________________________________ _|___|___| P.119.2. ____ ___________________________________________________________|___|___| P.119.3. ___ ____________________________________________________________|___|___| 98. NA (pule) 99. NS/ NR(pule) PESQUISADOR: ATENÇÃO! Se o entrevistado responder a questão P.119. (questão anterior), encerrar o questionário aqui! P.120. Por que o(a) Sr.(a) não tem planos? 1 Porque eu nunca tive 2 Porque as coisas independem de nós 3 Porque não vale a pena 4 Outros: P.120.1___________________|___|___| 98. NA 99. NS/ NR Muito Obrigada pela sua participação 146 Anexo 8: Questionário de Perfil de Policiais Militares Público alvo: Familiares e amigos de policiais vitimizados por mortes violentas UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional no Rio de Janeiro Nº Questionário: Data: Bairro: Horário de Início: _____:_____ Horário de Término: _____:_____ ____/_____/____ Município: Local da Entrevista: Nome do Entrevistador: BLOCO I - DADOS PESSOAIS DA VÍTIMA P1. Como se chamava a _________________________________ P2. Sexo: [NÃO PERGUNTE] pessoa 1. Masculino que faleceu? 2. Feminino P3. O que o (a) Sr(a)_____________________ era seu? (nome da vítima) 1. Mãe/Pai 2. Filho/Filha 3. Irmão/Irmã 4. Padrasto/Madrasta 5. Enteado/ Enteada 6. Avô/ Avó 7. Tio/Tia 8. Primo/Prima 9. Esposo ou Companheiro/ Esposa ou Companheira 10. Amigo/Amiga 147 11.P3.Outro:_______________________ |___|___| 98. NA 99. NS/NR P4. Em que ano e mês, nasceu o(a) Sr (a) __________________? Ano |___|___| Mês|___|___| (nome da vítima) 98. NA 99. NS/NR P5. Qual era a situação conjugal do (a) Sr(a) _____________________? (nome da vítima) 1. Casado(a)/morava com companheiro(a) 2. Desquitado(a) ou separado(a) Judicialmente 3. Divorciado(a) 4. Viúvo(a) 5. Solteiro(a) 98. NA 99. NS/ NR P6. O(a) Sr. (a) __________________ tinha filhos? 1. Sim. P6.1 Quantos? |___|___| 2. Não 98. NA 99. NS/NR P7. Em qual cidade o(a) Sr. (a)______________ (nome da vítima) morava? [NÃO LER OPÇÕES - ÚNICA] 1. Nesta cidade. P.7.1) Qual bairro? __________________________________ 2. Em outra cidade P.7.2) Qual cidade? __________________________________ P.7.3) Qual estado? __________________________________ 98. NA 99. NS/NR P8. Qual era a cor (ou raça) do (a) Sr. (a)____________________? [LER OPÇÕES ÚNICA] (nome da vítima) 148 1. Branca. 2. Preta. 3. Parda. 4. Amarela. 5. Indígena. 98. NA 99. NS/NR P9. Até que série o(a) Sr.(a)_________________ estudou? [NÃO LER OPÇÕES ÚNICA] (nome da vítima) 1. Nunca estudou 2. Alfabetizado Ensino Fundamental incompleto (1º Grau incompleto) 3. Ensino Fundamental completo (1º Grau completo) 4. Ensino médio incompleto (2º Grau incompleto) 5. Ensino médio completo (2º Grau completo) 6. Superior incompleto (Universidade / Faculdade incompleta) 7. Superior completo (Universidade / Faculdade completa) 8. Pós-graduação. 98. NA 99. NS/NR P10. O(a) Sr.(a)..........................(nome da vítima) tinha alguma religião? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Sim. Qual? [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P12] 1. Evangélico 2. Espírita Kardecista 3. Umbanda, Candomblé ou outra religião de origem africana 4. Católica Romana 5. P.10.1. Outra religião: __________________ 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO SIGA PARA QUESTÃO P11] 98. NA 99. NS/ NR P11. O(a) Sr.(a)_____________(nome da vítima) tinha alguma crença? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Não tinha religião, mas acreditava em Deus 2. Não tinha religião e não acreditava em Deus 3. P.11.1.Outros___________________________|__||__| 98. NA 149 99. NS/ NR BLOCO II - TRAJETÓRIA PROFISSIONAL P12. Em que o (a) Sr (a) ___________________ (nome da vítima) trabalhava antes de ser admitido pela PMERJ? ÚLTIMA OCUPAÇÃO _____________________________________________________________________| __||__| 98. NA 99. NS/NR P13. Qual foi a última patente do (a) Sr. (a) ____________________(nome da vítima) na PMERJ? [LER OPÇÕES - ÚNICA] . 1. Coronel 2. Tenente-Coronel 3. Major 4. Capitão 5. Primeiro-Tenente 6. Segundo-Tenente 7. Aspirante 8. Cadete 9. Subtenente 10. Primeiro-Sargento 11. Segundo-Sargento 12. Terceiro-Sargento 13. Cabo 14. Soldado 98. NA 99. NS/NR P14. Em quais batalhões, o (a) Sr. (a)___________________ trabalhou?[NÃO LER OPÇÕES- RESPOSTAS MÚLTIPLAS] [SE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.16] 1. Segundo BPM 2. Terceiro BPM 3. Quinto BPM 4. Sexto BPM 150 5. DIP 6. Nono BPM 7. Décimo BPM 8. Décimo-Primeiro BPM 9. Décimo-Quinto BPM 10. Décimo-Sexto BPM 11. Décimo-Nono BPM 12. Quadragésimo BPM 13. Batalhão de Choque 14. Vigésimo-Segundo BPM 15. Batalhão - Florestal (BPFMA) 16. QG 17. BOPE 18. Outros____________________ 98. NA 99. NS/ NR P15. Qual foi o último batalhão ou unidade administrativa da PMERJ que o(a) Sr.(a)___________________ (nome da vítima) trabalhou? [NÃO LER OPÇÕES ÚNICA] 1. Segundo BPM 2. Terceiro BPM 3. Quinto BPM 4. Sexto BPM 5. DIP 6. Nono BPM 7. Décimo BPM 8. Décimo-Primeiro BPM 9. Décimo-Quinto BPM 10. Décimo-Sexto BPM 11. Décimo-Nono BPM 12. Quadragésimo BPM 13. Batalhão de Choque 14. Vigésimo-Segundo BPM 15. Batalhão - Florestal (BPFMA) 16. QG 17. BOPE 18. Outros____________________ 98. NA 99. NS/ NR P16. O(a) Sr.(a) se recorda quando o (a) Sr(a) ________________(nome da vítima) começou a trabalhar neste batalhão/unidade? [RESPOSTA ÚNICA] 151 1. Sim. P16.1. Quando?_________________________________________|___|___| 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P17. Além da atividade policial, o(a) Sr. (a)__________________ exercia com regularidade alguma outra ocupação remunerada? (nome da vítima) 1. Sim. P.17.1. Qual é o ramo desta atividade? 1. Segurança Privada [ESCOLTA DE VALORES OU PESSOAS, SEGURANÇA PATRIMONIAL, VIGILÂNCIA] 2. Outros segmentos profissionais. P.17.2. Quais? ___________________ 2. Não 98. NA 99. NS/NR P18. Quando foi a última promoção recebida pelo (a) Sr (a) _____________________? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] (nome da vítima) 1. Nos últimos 12 meses 2. Entre 1 e 3 anos 3. Entre 3 e 5 anos 4. Cinco anos ou mais 98. NA 99. NS/NR P19. Nos últimos cinco anos, quantas vezes o (a) Sr. (a)________________foi transferido de unidade policial? (nome da vítima) 1. |_____|_____| vezes 2. Não foi transferido. 98. NA 99. NS/NR P20. O(a) Sr. (a)______________________ (nome da vítima) gostava de trabalhar na PMERJ? 152 1. Sim. 2. Não. 98. NA 98. NS/NR BLOCO III - HISTÓRICO DE SAÚDE E ESTILO DE VIDA DA VÍTIMA P21. O(a) Sr. (a)_____________________ fazia atividades físicas regularmente? .................................(nome da vítima) 1. Sim. P.21.1 Quantas vezes por semana? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. De 1 a 2 vezes por semana 2. De 3 a 5 vezes por semana 3. Mais de 5 vezes por semana 98. NA 99. NS/NR 2. Não 98. NA 99. NS/NR P22. O(a) Sr. (a) _________________ (nome da vítima) fumava? 1. Sim. P.22.1 O(a) Sr(a) saberia dizer quantos cigarros o (a) Sr(a)_______________(nome da vítima) consumia por dia? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. De 1 a 5 cigarros por dia 2. De 6 a 10 cigarros por dia 3. De 11 a 20 cigarros por dia 4. Mais de 20 cigarros por dia 98. NA 99. NS/NR 2. Não 98. NA 99. NS/NR P23. O (a) Sr. (a) ___________consumia bebida alcoólica? .........................(nome da vítima) 1. Sim. P.23.1 Quantas vezes por semana? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 153 1. De 1 a 2 vezes por semana 2. De 3 a 5 vezes por semana 3. Mais de 5 vezes por semana 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. 98. NA 99. NS/NR P24. Nos últimos 5 anos, o (a) Sr. (a) serviços médicos oferecidos pela Polícia? (nome da vítima) utilizou 1. Sim. P.24.1. Qual foi o motivo da última vez? ___________________________ 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.26] 98. NA [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.26] 99. NS/ NR [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.26] P25. Em relação à última consulta, qual foi o diagnóstico dado pelo médico? _______________________________________________________________|__||__| 98. NA 99. NS/ NR P26. Nessa mesma ocasião, o (a) Sr. (a)_________________(nome da vítima) buscou serviços médicos FORA DA PMERJ? 1. Sim. P.26.1. Quais? _______________________________ 2. Não [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.28] 98. NA 99. NS/ NR P27. Em relação à última consulta FORA DA PMERJ, qual foi o diagnóstico dado pelo médico? _______________________________________________________________|__||__| 98. NA 99. NS/ NR P28. Nos últimos cinco anos, o (a) Sr. (a) __________________(nome da vítima) utilizou algum serviço de atendimento psicológico/psiquiátrico? 1. Sim. P.28.1. De onde? [RESPOSTAS MÚLTIPLAS] 154 1. PMERJ [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P29.] 2. Hospitais Particulares [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P30.] 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P31] 98. NA [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P31] 99. NS/NR [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P31] P29. Em relação à última consulta, qual foi o diagnóstico dado pelo psicólogo/psiquiatra da PMERJ? _____________________________________________________________________ __|__||__| 98. NA 99. NS/ NR P30. Em relação à última consulta, qual foi o diagnóstico dado pelo psicólogo/psiquiatra particular? _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ____________________________|__||__| 98. NA 99. NS/ NR P31. O(a) Sr. (a)_________________ (nome da vítima) alguma vez foi internado (a) por motivos psiquiátricos? 1. Sim. P.31.1. Por quanto tempo? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Por uma semana. 2. Por duas semanas 3. Por três semanas 4. Acima de 4 semanas 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. 98. NA 99. NS/NR P32. O(a) Sr. (a) _________________ reclamava de ter dificuldade para dormir? (nome da vítima) 1. Sim. 2. Não. 98. NA 99. NS/NR Muito obrigada pela sua participação! Atenção Pesquisador (a): Seguir com o Roteiro. 155 Anexo 9: Questionário de Perfil de Policiais Militares Público alvo: Familiares de policiais militares NÃO vitimizados por mortes violentas UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Pesquisa Suicídio e Risco Ocupacional no Rio de Janeiro Nº Questionário: Data: Bairro: Horário de Início: _____:_____ Horário de Término: _____:_____ ____/_____/____ Município: Local da Entrevista: Nome do Entrevistador: BLOCO I - DADOS PESSOAIS DO POLICIAL MILITAR P1. Como se chama o policial que lhe indicou? _________________________________ P2. Sexo: [NÃO PERGUNTE] 1. Masculino 2. Feminino P3. O que o(a) Sr(a)_____________________é seu? (nome do policial) 1. Mãe/Pai 2. Filho/Filha 3. Irmão/Irmã 4. Padrasto/Madrasta 5. Enteado/ Enteada 6. Avô/ Avó 7. Tio/Tia 8. Primo/Prima 156 9. Esposo ou Companheiro/ Esposa ou Companheira 10. Amigo/Amiga 11.P3.Outro:_______________________ |___|___| 98. NA 99. NS/NR P4. Em que ano e mês, nasceu o(a) Sr (a) __________________? Ano |___|___| Mês|___|___| (nome do policial) 98. NA 99. NS/NR P5. Qual é a situação conjugal do (a) Sr(a)_____________________? (nome do policial) 1. Casado(a)/morava com companheiro(a) 2. Desquitado(a) ou separado(a) Judicialmente 3. Divorciado(a) 4. Viúvo(a) 5. Solteiro(a) 98. NA 99. NS/ NR P6. O(a) Sr. (a) (nome do policial)__________________ tem filhos? 1. Sim. P6.1 Quantos? |___|___| 2. Não 98. NA 99. NS/NR P7. Em qual cidade o(a) Sr (a)______________ (nome do policial) OPÇÕES - ÚNICA] mora? [NÃO LER 1. Nesta cidade. P.7.1) Qual bairro? __________________________________ 2. Em outra cidade P.7.2) Qual cidade? __________________________________ P.7.3) Qual estado? __________________________________ 98. NA 99. NS/NR P8. Qual é a cor (ou raça) do (a) Sr (a)____________________? [LER OPÇÕES - ÚNICA] (nome do policial) 1. Branca. 2. Preta. 3. Parda. 4. Amarela. 5. Indígena. 98. NA 157 99. NS/NR P9. Até que série o(a) Sr(a)_________________ estudou? [NÃO LER OPÇÕES - ÚNICA] (nome do policial) 1. Nunca estudou 2. Alfabetizado Ensino Fundamental incompleto (1º Grau incompleto) 3. Ensino Fundamental completo (1º Grau completo) 4. Ensino médio incompleto (2º Grau incompleto) 5. Ensino médio completo (2º Grau completo) 6. Superior incompleto (Universidade / Faculdade incompleta) 7. Superior completo (Universidade / Faculdade completa) 8. Pós-graduação. 98. NA 99. NS/NR P10. O(a) Sr(a)..........................(nome do policial) tem alguma religião? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Sim. Qual? [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P12] 1. Evangélico 2. Espírita Kardecista 3. Umbanda, Candomblé ou outra religião de origem africana 4. Católica Romana 5. Outra religião: __________________ 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO SIGA PARA QUESTÃO P11] 98. NA 99. NS/ NR P11. O(a) Sr.(a)_____________(nome do policial) tem alguma crença? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. Não tinha religião, mas acreditava em Deus 2. Não tinha religião e não acreditava em Deus 3. Outros___________________________|__||__| 98. NA 99. NS/ NR BLOCO II - TRAJETÓRIA PROFISSIONAL P12. Em que o (a) Sr (a) ___________________ (nome do policial) trabalhava antes de ser admitido pela PMERJ? ÚLTIMA OCUPAÇÃO _____________________________________________________________________|__||__| 98. NA 99. NS/NR 158 P13. Qual é atual patente do (a) Sr (a) ____________________(nome do policial) na PMERJ? [LER OPÇÕES - ÚNICA] . 1. Coronel 2. Tenente-Coronel 3. Major 4. Capitão 5. Primeiro-Tenente 6. Segundo-Tenente 7. Aspirante 8. Cadete 9. Subtenente 10. Primeiro-Sargento 11. Segundo-Sargento 12. Terceiro-Sargento 13. Cabo 14. Soldado 98. NA 99. NS/NR P14. Em quais batalhões, o (a) Sr(a)___________________ (nome do policial) trabalhou?[NÃO LER OPÇÕES- RESPOSTAS MÚLTIPLAS] [SE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.16] 1. Segundo BPM 2. Terceiro BPM 3. Quinto BPM 4. Sexto BPM 5. DIP 6. Nono BPM 7. Décimo BPM 8. Décimo-Primeiro BPM 9. Décimo-Quinto BPM 10. Décimo-Sexto BPM 11. Décimo-Nono BPM 12. Quadragésimo BPM 13. Batalhão de Choque 14. Vigésimo-Segundo BPM 15. Batalhão - Florestal (BPFMA) 16. QG 17. BOPE 18. Outros____________________ 98. NA 99. NS/ NR P15. Atualmente, em que batalhão ou unidade administrativa da PMERJ o(a) Sr(a)___________________ (nome do policial) trabalha? [NÃO LER OPÇÕES - ÚNICA] 159 1. Segundo BPM 2. Terceiro BPM 3. Quinto BPM 4. Sexto BPM 5. DIP 6. Nono BPM 7. Décimo BPM 8. Décimo-Primeiro BPM 9. Décimo-Quinto BPM 10. Décimo-Sexto BPM 11. Décimo-Nono BPM 12. Quadragésimo BPM 13. Batalhão de Choque 14. Vigésimo-Segundo BPM 15. Batalhão - Florestal (BPFMA) 16. QG 17. BOPE 18. Outros____________________ 98. NA 99. NS/ NR P16. O(a) Sr(a) se recorda quando o (a) Sr(a) ________________(nome do policial) começou a trabalhar neste batalhão/unidade? [RESPOSTA ÚNICA] 1. Sim. P16.1 Quando?____________________________________________________|___|___| 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P17. Além da atividade policial, o(a) Sr. (a)__________________ exerce com regularidade alguma outra ocupação remunerada? (nome do policial) 1. Sim. P.17.1. Qual é o ramo desta atividade? 1. Segurança Privada [ESCOLTA DE VALORES OU PESSOAS, SEGURANÇA PATRIMONIAL, VIGILÂNCIA] 2. Outros segmentos profissionais. P.17.2. Quais? ___________________ 2. Não 98. NA 99. NS/NR P18. Quando foi a última promoção recebida pelo (a) Sr (a) _____________________? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] (nome do policial) 1. Nos últimos 12 meses 2. Entre 1 e 3 anos 160 3. Entre 3 e 5 anos 4. Cinco anos ou mais 98. NA 99. NS/NR P19. Nos últimos cinco anos, quantas vezes o (a) Sr (a)________________foi transferido de unidade policial? (nome do policial) 1. |_____|_____| vezes 2. Não foi transferido. 98. NA 99. NS/NR P20. O(a) Sr (a)______________________ (nome do policial) gosta de trabalhar na PMERJ? 1. Sim. 2. Não. 98. NA 98. NS/NR BLOCO III - HISTÓRICO DE SAÚDE E ESTILO DE VIDA DA VÍTIMA P21. O(a) Sr. (a)_____________________ faz atividades físicas regularmente? .................................(nome do policial) 1. Sim. P.21.1 Quantas vezes por semana? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. De 1 a 2 vezes por semana 2. De 3 a 5 vezes por semana 3. Mais de 5 vezes por semana 98. NA 99. NS/NR 2. Não 98. NA 99. NS/NR P22. O(a) Sr. (a) _________________ (nome do policial) fuma? 1. Sim. P.22.1 O(a) Sr(a) saberia dizer quantos cigarros o (a) Sr(a)_________( nome do policial) consume por dia? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. De 1 a 5 cigarros por dia 2. De 6 a 10 cigarros por dia 3. De 11 a 20 cigarros por dia 4. Mais de 20 cigarros por dia 98. NA 99. NS/NR 161 2. Não 98. NA 99. NS/NR P23. O (a) Sr. (a) ___________consume bebida alcoólica? .........................(nome do policial) 1. Sim. P.23.1 Quantas vezes por semana? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA - ÚNICA] 1. De 1 a 2 vezes por semana 2. De 3 a 5 vezes por semana 3. Mais de 5 vezes por semana 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. 98. NA 99. NS/NR P24. Nos últimos 5 anos, o (a) Sr(a) médicos oferecidos pela Polícia? (nome do policial) utilizou serviços 1. Sim. P.24.1. Qual foi o motivo da última vez? ___________________________ 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.26] 98. NA [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.26] 99. NS/ NR [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P.26] P25. Em relação à última consulta, qual foi o diagnóstico dado pelo médico? _______________________________________________________________|__||__| 98. NA 99. NS/ NR P26. Nessa mesma ocasião, o (a) Sr(a)_________________(nome do policial) buscou serviços médicos FORA DA PMERJ? 1. Sim. P.26.1. Quais? _______________________________ 2. Não 98. NA 99. NS/ NR P27. Em relação à última consulta FORA DA PMERJ, qual foi o diagnóstico dado pelo médico? _______________________________________________________________|__||__| 98. NA 99. NS/ NR P28. Nos últimos cinco anos, o (a) Sr(a) __________________(nome do policial) utilizou algum serviço de atendimento psicológico/psiquiátrico? 162 1. Sim. P.28.1. De onde? [RESPOSTAS MÚLTIPLAS] 1. PMERJ [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P29.] 2. Hospitais Particulares [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P30.] 2. Não. [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P31] 98. NA [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P31] 99. NS/NR [SE MARCAR ESTA OPÇÃO PULE PARA QUESTÃO P31] P29. Em relação à última consulta, qual foi o diagnóstico dado pelo psicólogo/psiquiatra da PMERJ? _______________________________________________________________________|__||_ _| 98. NA 99. NS/ NR P30. Em relação à última consulta, qual foi o diagnóstico dado pelo psicólogo/psiquiatra particular? ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ______________|__||__| 98. NA 99. NS/ NR P31. O(a) Sr (a)_________________ (nome do policial) alguma vez foi internado (a) por motivos psiquiátricos? 1. Sim. P.31.1. Por quanto tempo? [LEIA ATENTAMENTE CADA ALTERNATIVA ÚNICA] 1. Por uma semana. 2. Por duas semanas 3. Por três semanas 4. Acima de 4 semanas 98. NA 99. NS/ NR 2. Não. 98. NA 99. NS/NR P32. O(a) Sr(a) _________________ reclama de ter dificuldade para dormir? (nome do policial) 1. Sim. 2. Não. 98. NA 99. NS/NR 163 Anexo 10: Lista dos Serviços de Psicologia Aplicada Universidade Endereço Centro Universitário Celso Lisboa Rua 24 de Maio 797 - Sampaio. CEP 20950-091 - Rio de Janeiro Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação Rua Corrêa Dutra, 126 - Catete. CEP: 22210-050 - Rio de Janeiro Pontíficia Universidade Católica do Estado do RJ Sociedade Educacional Fluminense Universidade Católica de Petrópolis Rua Marquês de São Vicente 225 Gávea. CEP 22453-900 - Rio de Janeiro Rua Pracinha Wallace Paes Leme 1338 - Centro - Nilópolis. CEP 26525030 – Rio de Janeiro Rua Monsenhor Bacelar, 85, Centro Petrópolis. CEP: 25.685-113 - Rio de Janeiro Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rua São Francisco Xavier 524 /10º andar – sala 10.006 – Bloco D Maracanã. CEP 20559-900 - Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense: Campus Gragoatá Campus do Gragoatá s/nº - Bloco N 5º andar - – Niterói. CEP 24210-350 Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro Universidade Gama Filho Rua Paula Frassinetti 42 - Rio Comprido -CEP 20261-170 – Rio de Janeiro Universidade Estácio de Sá: Campus Akxe-Barra da Tijuca Avenida Prefeito Dulcídio Cardoso, 2.900 - Barra da Tijuca - CEP: 22631021 - Rio de Janeiro Universidade Estácio de Sá: Campus Resende (21) 3527-1574 2ªf à 6ªf, das 7hs às 20hs (21) 2792-0352 (24) 2244-4113 (21) 2334-0033 Rua Jardim Sans Souci, s/nº Braunes – Nova Friburgo. CEP 28600000 – Rio de Janeiro Rua Zenaide Vilela, s/nº - Jardim Brasília II – Resende. CEP 27515-010 Rio de Janeiro 2ªf a 6ªf, das 8hs às 17hs; sábado, das 8hs às 13hs Nenhum documento Adulto e criança Triagem: R$15. Demais consultas R$15 (cada sessão) 2ªf à 6ªf, das 10hs às 22hs Ligação p cadastro Adulto e criança Atendimento gratuito Comprovante de renda Somente no ato da inscrição informam as vagas que irão abrir Gratuito para quem não tem condições de pagar. Para quem tem condições, é cobrado um valor simbólico. 4ªf, a partir de 8hs A combinar com o (21) 2629-2951 / 2629- (Chegar por volta de 6:30 terapeuta. Gratuito caso Nenhum documento Adulto e criança 2952 e 7hs, pois há poucas o paciente não tenha vagas) condições de pagar RG (Adulto) / Certidão de Nascimento (Criança) Adulto e criança Triagem: gratuita. Demais consultas a combinar Sem informação Sem informação Sem informação Adulto e criança Triagem: R$2. Dermais consultas de acordo com a renda do paciente 2ªf das 8:45hs às 9:30hs; (21) 2503-7183 / 2503- 9:30 às 10:15hs; 4ªf das Precisa ligar antes 7253 19:15hs às 20hs; 5ªf das 17:45hs às 18:30hs (21) 2432-3628 2ªf, 3ªf e 5ªf, das 13hs às 20hs; 4ªf, das 8hs às 20hs; 6ªf, das 8hs às 18hs Ligar antes para agendar Adulto e criança Triagem: R$3. Demais consultas a combinar (Pode variar de R$5 a R$20) (22) 2525-1523 2ªf à 6ªf, das 8hs às 13hs; 14hs às 18hs Ligar antes para fazer cadastro Adulto e criança Triagem: gratuita. Demais consultas: R$5 (24) 3383-4615 2ªf à 6ªf, das 13hs às 21:30hs Nenhum documento Adulto e criança Se houver encaminhamento escolar ou médico, entra como prioridade Certidão de Nascimento (Crianças) Universidade Estácio de Sá: Campus Campos dos Goytacazes Av. Vinte e Oito de Março, 423 – Centro - Campos dos Goitacazes CEP 28020-740 – Rio de Janeiro (22) 2737-7015 2ªf à 6ªf, das 7hs às 12:30hs; 13:30 às 22hs Universidade Estácio de Sá: Campus Niterói Rua Eduardo Luiz Gomes, 153 – Centro - Niterói. CEP 24020-340 – Rio de Janeiro (21) 2717-9011 2ªf à 6ªf, das 10hs às 12hs; 13hs às 20hs Universidade Estácio de Sá: Campus Taquara – R9 Rua André Rocha, 286 – Taquara – Jacarepaguá. CEP 23510-001 – Rio de Janeiro (21) 3312-6100 Horário Comercial RG Universidade Estácio de Sá: Campus Santa Cruz Rua Felipe Cardoso, 1.660 - Santa (21) 2418-2580 / 2418Cruz. CEP: 23520-572 - Rio de Janeiro 2583 / 2418-2587 Universidade Estácio de Sá: Campus Norte Shopping Avenida Dom Hélder Câmara 5.080, Pilares Rua Visconde do Rio Branco 881 - 2º Faculdades Integradas Maria Thereza Andar - São Domingos. CEP 24240006 – Niterói-RJ Atendimento gratuito Triagem: R$1. Demais consultas a combinar 2ªf à 6ªf, das 8:30 às 20:30 (Incrição somente nos meses de agosto e março) Ligação para agendar Valor da consulta Triagem: R$ 5. Demais consultas a combinar Adulto, criança/ casal e família 2ªf à 6ªf, das 8hs às Avenida Pasteur 250 - Pavilhão Nilton (21) 3873-5335/ 387320hs (Caso não haja Campos - Praia Vermelha. CEP 229005327 / 2295-8113 vaga, eles encaminham 240 - Rio de Janeiro para outro local) Rua Manoel Vitorino 625 - Prédio do 2ªf à 6ªf, das 7:30hs às Centro de Pesquisa (CP) – 2º andar (21) 2599-7152 22hs; Sábados, das Piedade. CEP 20.748-990 - Rio de 7:30h às 15hs Janeiro Universidade Estácio de Sá: Campus Rebouças Universidade Estácio de Sá: Campus Nova Friburgo Horário de Docum entos para Público-alvo atendim ento inscrição (21) 3289-4792 / 3289- 2ªf à 6ªf, das 9hs às 12h; RG e CPF Adulto e criança 4722 13hs às 21hs (21) 2205-2499 / 25572ªf à 6ªf, das 8hs às Inscrição por 6888 / 2558-4470 Adulto e criança 21hs telefone (Ramal 124) Telefone Mensalidade: R$12 Adulto e criança Triagem: gratuita. Demais consultas a combinar (Pode variar de R$1 a R$10) Adulto e criança Triagem: R$2. Demais consultas a combinar Adulto e criança (Atendimento da criança - primeira Não divulgam o preço vez somente com o responsável) Sem informação Sem informação Sem informação Sem informação 2583-7100 (Faculdade) / 25837116 (SPA) Sem informação Sem informação Sem informação Sem informação (21) 3604-1559 2ªf à 6ªf, das 8hs às 22hs Nenhum documento Adulto e criança Valor a combinar 2ªf à 6ªf, das 9hs às (24) 2471-8275/ 247118hs; sábado, das 8hs 8156 às 11hs Xerox do RG, CPF, comprovante de renda e comprovante de residência Universidade Severino Sombra Rua Dr. Joaquim Teixeira Leite 53 Fundos - Centro - Vassouras. CEP 27700-000 - Rio de Janeiro Universidade Santa Úrsula Rua Fernando Ferrari 75 – Prédio I – 7664-9197 (Maria dos 2ªf à 6f, das 13:30hs às Sala 412 – Botafogo. CEP 22231-040 Remédios 17:30hs Rio de Janeiro atendente) Nenhum documento Adulto e criança Universidade Veiga de Almeida: Campus Tijuca Rua Ibituruna 108 - Vila Universitária casa 4 - Maracanã. CEP 20271-020 Rio de Janeiro (21) 2574-8898 2ª a 6ª, de 8hs às 20hs Não tem previsão de atendimento para Criança, adulto. No adolescente e atendimento de orientação crianças é profissional (O necessário o RG e prazo de espera CPF do para atendimento responsável, e varia de 2 a 3 encaminhamento do meses) médico ou da escola, caso haja. Universidade Veiga de Almeida: Campus Barra Av. Gal. Felicíssimo Cardoso, 500 Barra da Tijuca (atrás do Clube Marapendi) (21) 3325-2333 2ªf à 6ªf, das 8hs às 12hs; 13hs às 18hs RG Adulto e criança Adulto e criança Triagem: gratuita. Demais consultas, se o paciente recebe acima de 2 salários mínimos, R$10 Triagem: R$10. Demais consultas a combinar (Pode variar de R$10 a R$60) As consultas podem variar de R$2 a R$25, depende de quanto o paciente pode pagar As consultas podem variar de R$2 a R$25, depende de quanto o paciente pode pagar Fonte: Elaboração de Emanuelle de Araújo a partir dos dados coletados nos sites das universidades pesquisadas. 164 Anexo 11: Rede de Assistência Psicológica da Polícia Militar52 Unidades Operacionais 3o BPM Endereço Telefone Profissional Responsável 3399-6580 Cap Psi Flávia Brasil 9o BPM Rua Lucídio Lago, nº 181 - Méier - Rio de Janeiro Rua Tenente Coronel Cardoso, S/N - Campos dos Goytacazes - Rio de Janeiro Rua Tacaratu, nº 94 - Rocha Miranda - Rio de Janeiro 12o BPM Rua Jansen de Melo, S/N - Niterói - Rio de Janeiro 3399-4760 Maj Psi Sandra Amil; Maj Psi Luciene 18o BPM Estrada Pau Ferro, nº 435 - Jacarepaguá - Rio de Janeiro 3399-7427 Cap Psi Silvia 19º BPM Rua Figueiredo de Magalhães, nº 550 - Copacabana - Rio de Janeiro 3399-7450 Maj Psi Verônica; Cap Psi Flávia Midao UBS 20o BPM Rua Tenente Aldir, nº 345 - Mesquita - Rio de Janeiro 3399-2760 Maj Psi Márcia Ferreira; Cap Psi Daniele 23o BPM Avenida Bartolomeu Mitre, nº 905 - Leblon - Rio de Janeiro 3399-7510 Cap Psi Celina 26o BPM Rua Domingos Silveira, S/N - Petrópolis - Rio de Janeiro 3399-8660 Cap Psi Thomaz 28o BPM Avenida Sávio Gama, nº 230 - Volta Redonda - Rio de Janeiro Rua Senador Rui Carneiro, S/N - Recreio dos Bandeirantes - Rio de Janeiro 3399-9050 1o Ten Psi Elder UBS 8o BPM 31º BPM BOPE - Batalhão de Operações Policiais Especiais Rua Campo Belo, S/N - Laranjeiras - Rio de Janeiro GAM - Grupamento Aéreo e Marítimo da Polícia Militar GESAR - Grupamento Especial de Salvamento e Ações de Resgate UP/PMERJ - Unidade Prisional da Polícia Militar 3399-9550 Cap Psi Isabella 3399-6610 Cap Psi Ana Cristina; Cap Psi Renata Ferreira 3399-7540 Cap Psi Márcia Galliza 3399-7370 Cap Psi Bianca Avenida Feliciano Sodré, S/N - Niterói - Rio de Janeiro 3399-4966 Cap Psi Roberta Rocha Av. Salvador de Sá, 02 - Estácio - Rio de Janeiro 2332-8537 Maj Psi Georgiana; Maj Psi Fernanda Rua Célio Nascimento, s/n - Benfica - Rio de Janeiro 2332-4553 1º Ten Psi Rodrigo 4º CPA - Comando de Policiamento de Área Rua Feliciano Sodré, 190 – Centro – Niterói - Rio de Janeiro 2717-6513 Cap Psi Anita UBS RPMONT/RCECS Avenida dos Estados, S/N - Campo Grande - Rio de Janeiro 3399-5570 Cap Psi Cátia Unidades de Saúde HCPM - Hospital Central da Polícia Militar Rua Estácio de Sá, 20 - Estácio - Rio de Janeiro HPM - Nit - Hospital da Polícia Militar em Niterói PPM/CASC - Policlínica da Polícia Militar em Cascadura PPM/Olaria - Policlínica da Polícia Militar em Olaria PPM/SJM - Policlínica da Polícia Militar em São João de Meriti CFR - Centro de Fisiatria e Reabilitação da Pmerj Rua Dr. Martins Torres, n° 245 - Santa Rosa - Niterói - Rio de Janeiro Profissional Responsável Maj Psi Fernando; Maj Psi Naiana; Cap Psi Alessandra; Cap Psi 2333-7666 Claudia Santos; Psicóloga Cristina Duba; Psicóloga Elaine; Psicóloga Elisa; Psicóloga Márcia Helena 2715-4765 Maj Psi Lilian; Maj Psi Kelly; Psicóloga Miriam Av. Dom Hélder Câmara, nº 10.199 – Cascadura - Rio de Janeiro 2332-4247 Maj Psi Rosilene; Cap Psi Claudia Candol; Cap Psi Andrea Rua Paranapanema, 965 – Olaria – Rio de janeiro Av. Automóvel Club, s/n (ao lado do 21º BPM) - Centro - São João de Meriti - Rio de Janeiro Rua Paranhos nº 820 - Olaria - Rio de Janeiro 2334-7485 Maj Psi Valmir GAFPMF - Grupo de Atendimento aos Familiares dos Policiais Militares Falecidos (DIP) Endereço Telefone 2757-0661 CAP Psi Daniela; CAP Psi Gabriela 2334-7489 1o Ten Psi Alexandra Rua Eduardo Prado, 22 - São Cristovão - Rio de Janeiro 2334-1868 Cap Psi Damiana; Mj Psi Letícia; Psicóloga Beatriz Junqueira Fonte: Elaboração de Emanuelle de Araújo a partir dos dados da PMERJ 52 Em virtude da contratação de novos psicólogos pela PMERJ, essas informações sofreram alterações ao término da pesquisa. Houve um remanejamento dos profissionais responsáveis nos batalhões e unidades de saúde, bem como a ampliação do número de unidades que oferecem serviços de atendimento psicológico. 165