casal deixou lisboa para vender em restaurante o que

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casal deixou lisboa para vender em restaurante o que
Atlântico Expresso
Fundado por Victor Cruz - Director: Américo Natalino de Viveiros - Director-Adjunto: Santos Narciso - 27 de Abril de 2015 - Ano: XVI - N.º 85746 - Preço: 0,90 Euro - Semanário
Nota de Abertura
Tempos
assustadores
Para quem lê, estuda, reflecte e sente, os grandes problemas da história, que causaram guerras, destruíram civilizações e dividiram povos, hoje aparecem-nos como causas
menores para a sociedade moderna.
Só com uma postura de visão histórica se pode tentar
compreender, sem julgar, os grandes movimentos que vão
surgindo e que parecem vagas demolidoras da sociedade,
quando daqui a anos, nem serão falados. Perante isto, qual a
posição mais prudente: intervir ou deixar passar?
Quanto a nós o tempo presente tem a sua própria história
e tem as suas causas, quer concordemos ou não com elas. O
grande fenómeno que assola todo o mundo é a confusão entre
igualdade e domínio das minorias sobre as maiorias. Enquanto uns defendem que nada pode tolher a liberdade individual,
muitos são de opinião que as minorias não podem ditar regras para obrigar as maiorias a ficar debaixo de conceitos que
não perfilham. E quando a tudo isto acrescem grandes cargas
políticas e de interesses sociais, então a situação piora.
O mundo actual está pendente de grandes tragédias, autênticos genocídios com milhares de cristãos a morrer em
muitos países, vítimas do fundamentalismo islâmico que
ninguém consegue travar para o Ocidente não ser acusado
de usar as mesmas armas dos extremistas. Milhares de fugidos a ditaduras morrem no Mediterrâneo, num cenário de
vergonha para o mundo sem coragem de intervir na origem
do problema.
Ninguém pode ficar indiferente, mesmo que tudo nos
possa parecer muito distante. O que importa, o que é importante é criar uma nova ordem e mentalidade de respeito mútuo. As maiorias têm de respeitar as minorias, mas as
minorias têm de ter a noção que não se podem impor nem
dominar as maiorias, fazendo com que a normalidade pareça
anormalidade.
No caso das religiões, todo o fundamentalismo é mau e
mesmo entre nós, apesar de toda a religiosidade popular que
por aí se vê, é frequente o divisionismo e a paroquialite que
criam divisões e feridas que têm reflexos na vida de muita
gente.
No meio de tudo isto há duas coisas fundamentais que
neste momento parecem incombatíveis: o dinheiro que corrompe os poderes e a globalização que faz perder a identidade dos povos. O fundamentalismo religioso é fomentado por
quem vive da guerra e das armas, por quem produz, vende e
infiltra as drogas. É o dinheiro, ligado às lavagens cerebrais
que faz com que ainda haja milhares de jovens de todos os
países que se deixam fascinar por ideais fundamentalistas.
É o dinheiro que faz mover as ditaduras de África e de outros pontos do globo, provocando as fugas em massa dos
desprotegidos da sorte que acabam por morrer como temos
visto. Gente que perde a sua identidade mas que não perde
o direito de sonhar, mesmo que este seja o último sonho da
sua vida.
Como pode a humanidade do século XXI, que era esperado como o século do Espírito, conviver com todos estes
dramas? No caso das perseguições religiosas, o que se passa
agora deixa a léguas de distância o que se passou em Roma
no início do cristianismo. E nunca nos devemos esquecer,
para que nunca mais se repita, que também a Igreja já teve
tempos negros de fundamentalismo colonial e inquisitorial.
Criar uma cultura de esperança é coisa bem difícil e dura.
Saber ultrapassar diferenças, conviver com elas sem abdicar
das suas convicções é o único caminho para melhorar as relações de proximidade, já que nada podemos mudar naquilo
que se passa no mundo.
Os caminhos deste tempo têm de assentar em novos
pressupostos e na inversão de muitos valores que estão a ser
destruídos ou esquecidos, na onda voraz dos interesses políticos e económicos que fomentam a concentração da riqueza,
esquecendo a pessoa como centro da vida. A nova ordem
mundial está a sair cara neste início de século.
Santos Narciso
COM UMA QUINTA NA RIBEIRA GRANDE
CASAL DEIXOU LISBOA PARA
VENDER EM RESTAURANTE
O QUE PRODUZ NA TERRA
Paulo Decq e Inês Sá da Bandeira têm
ambos 40 anos e três filhos, com idades
compreendidas entre os 20 e quatro anos e
meio. Têm ainda em comum a paixão pela
terra e pelo gosto de, também da terra, poderem ver crescer o fruto do seu trabalho
diário. Não conhecem o real significado da
palavra férias há algum tempo a esta parte,
mas o facto da quinta de três hectares, que
possuem na Ribeira Grande lhes proporcionar uma qualidade de vida inigualável,
faz com que, dia após dia, se sintam mais
felizes com a opção de vida que fizeram
há algum tempo a esta parte. Ele sociólogo de formação e ela mais ligada às artes,
deixaram Lisboa e tornaram-se agricultores
e empresários. Dizem que, acima de tudo,
tornaram-se felizes e hoje não trocavam
esta mudança por nada deste mundo. Ideias
(e trabalho) não faltam a este casal e, assim
sendo, concretizaram o sonho de construir
um restaurante inserido na quinta: Restaurante Quinta dos Sabores, onde os legumes
utilizados na cozinha são provenientes da
quinta que cultivam com os seus filhos. E
isso faz toda a diferença. Na cozinha têm
uma eficiente equipa que consegue colocar
em prática as mil e uma ideias que Paulo e
Inês têm.
págs. 8 e 9
SALOMÉ GOMES DA DELEGAÇÃO DA RARÍSSIMAS NOS AÇORES
NÃO SE SABE POR FALTA DE REGISTOS
QUANTOS AÇORIANOS TÊM DOENÇAS RARAS
pág. 3
MONSENHOR AUGUSTO CABRAL
É PRECISO TER FÉ
NO SANTO CRISTO
COM O CORAÇÃO
A pouco mais de duas semanas do início das Festas do Senhor
Santo Cristo, o Reitor do Santuário, Monsenhor Augusto Cabral, fala
do tema das festas - A Fé, Caminho da Salvação -; da necessidade
dos cristãos despertarem para “o amor e para a entrega total da vida”;
das dificuldades “que podem transformar-se em oportunidades”; das
finanças do Santuário e dos desafios. Para trás ficam as divergências
“completamente ultrapassadas” entre o Santuário, a Irmandade, a
Diocese e os fiéis, por causa da cedência temporária do resplendor
do Senhor Santo Cristo. As festas vão ser presididas pelo Bispo auxiliar de Braga, D. Francisco Senra Coelho, “amigo pessoal de D.
António”.
págs. 12 e 13
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Actualidade
Atlântico Expresso
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
Novo Governo da Madeira está já a
preparar um orçamento rectificativo
O titular da pasta das Finanças do novo executivo da Madeira afirmou que será um “orçamento minimalista, apenas para ajustar as dotações
orçamentais à nova orgânica do Governo” e que
“só em Outubro” é que começará a trabalhar num
orçamento próprio.
O novo secretário das Finanças e da
Administração Pública, Rui Gonçalves, do executivo madeirense disse nesta quinta-feira que
está a trabalhar na elaboração de um orçamento
rectificativo para apresentar na próxima semana na
reunião do Conselho do Governo Regional.
“Já estamos também a trabalhar num orçamento rectificativo. Presumo que na próxima semana
já apresentarei no Conselho de Governo, para discussão, as linhas gerais do que poderá ser esse orçamento rectificativo”, afirmou Rui Gonçalves aos
jornalistas, à margem do seu primeiro ato oficial
depois da posse do XII Governo Regional da Madeira que aconteceu dia 20.
Falando na inauguração das novas instalações
do balcão da companhia de seguros Lusitânia, no
Funchal, o governante referiu que este será um “orçamento minimalista, apenas para ajustar as dotações orçamentais à nova orgânica do Governo” da
região que foi aprovada no primeiro conselho do
governo madeirense que decorreu na terça-feira.
O titular da pasta das Finanças do novo executivo insular, agora liderado pelo social-democrata
Miguel Albuquerque, que sucedeu a Alberto João
Jardim, adiantou que “só em Outubro” é que o Governo começará a trabalhar num orçamento próprio, para entrar em vigor em Janeiro de 2016, que
deverá ser apresentado no parlamento da Madeira
em Novembro.
“Aí sim, haverá naturalmente uma redefinição
daquilo que são as dotações orçamentais, também
em função do que for a reorientação das políticas públicas que cada um dos membros do Governo está neste momento a estudar para depois
implementar”, salientou Rui Gonçalves.
O político destacou que é necessário “garantir que haja dinheiro para que as outras secretarias
possam desenvolver as suas actividades e competências na área da saúde, da educação, no apoio à
economia”.
Relações cordiais com Cavaco
O novo presidente do Governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, manifestou total abertura do executivo para manter “relações de cordialidade e de trabalho profícuo” com o Presidente da
República.
Em declarações aos jornalistas no final de uma
audiência para apresentação de cumprimentos ao
chefe de Estado, o novo presidente do executivo
madeirense disse ter mantido com Cavaco Silva
“uma conversa muito interessante” sobre o que o
Governo regional pretende para o futuro da Madeira e acerca do relacionamento de “cordialidade,
diálogo e abertura” que quer manter com as instituições da República.
Questionado sobre se entende que depois dos
“altos e baixos” dos últimos anos das relações entre
o Presidente da República e o Governo Regional
da Madeira se poderá agora entrar num novo ciclo,
Miguel Albuquerque assegurou que da parte do
executivo há “toda a abertura e toda a disponibilidade” para a manutenção de “relações de cordialidade, de trabalho profícuo em prol do país e da
região autónoma”.
Miguel Albuquerque sublinhou ainda que o
Presidente da República tem um conhecimento
“muito profundo” da realidade da região autónoma
e está “perfeitamente inteirado das questões” que é
preciso resolver.
Albuquerque quer mais entendimentos
Miguel Albuquerque quer que se dissipem “de
uma vez por todas mal entendidos” com o Governo da República. No discurso de tomada de posse,
nesta segunda-feira, o presidente do novo Governo
Regional da Madeira defendeu ainda que, “mais do
que os homens”, será “a História” a fazer “justiça”
à obra de Alberto João Jardim. Apesar de disponível para ouvir e fazer “consensos com a oposição”,
deixou avisos: que ninguém espere “soluções mágicas” para os problemas e que tomará as decisões
necessárias, até “as menos populares”.
Após 37 anos de liderança de Jardim, Albuquerque diz querer reforçar “os canais de entendimento com o Governo da República”, assim como
a “notoriedade positiva” e a “credibilidade [da re-
gião] em todo o país”. Mas não aludiu directamente
a uma das questões essenciais da campanha eleitoral: a renegociação da dívida da Madeira.
À margem da cerimónia, o ministro da Presidência e Assuntos Parlamentares, Luis Marques
Guedes, afirmou, porém, que “nunca houve um
contencioso institucional” entre o Estado e as autonomias, ressalvando que esse relacionamento mais
crispado “talvez tenha havido no Governo anterior,
socialista, em que de facto houve alguns atritos fortes no plano institucional”.
Mas, argumentou, é necessário “distinguir
sempre o plano partidário do institucional”, acrescentando que com o actual executivo da República
“nunca houve nenhum tipo de atritos” com o governo madeirense.
“A situação difícil que a Madeira atravessa, que
é de algum modo similar aquela que se assiste no
continente, teve sempre da parte do Governo da
República uma atenção e disponibilidade grande
para trabalhar em conjunto com o governo da Madeira para superar essas dificuldades”, sublinhou.
Questionado sobre a disponibilidade do Governo para renegociar a dívida da Madeira, o
governante disse que não era dia para reuniões de
trabalho, adiantando que esses encontros terão lugar nas próximas semanas. “O que posso dizer é
que há sempre da parte do Governo da República disponibilidade para articular e trabalhar em
concertação com os governos das regiões autónomas”. E assegurou que “não há distinção” entre os
executivos da Madeira e dos Açores.
Marques Guedes homenageou Jardim: “Ao
longo de quase quatro décadas, arrancou a Madeira de uma situação em que se colocava como uma
das regiões menos desenvolvidas e, provavelmente, mais pobres do nosso país e conseguiu um desenvolvimento e modernidade que se assiste e está
aos olhos de toda a gente.” Presidido por Miguel
Albuquerque o Governo Regional é composto por
Assuntos Parlamentares e Europeus (Sérgio Marques), Finanças e Administração Pública (Rui Gonçalves), Inclusão e Assuntos Sociais (Rubina Leal),
Economia, Turismo e Cultura (Eduardo Jesus),
Educação (Jorge Carvalho), Ambiente e Recursos
Naturais (Susana Prada), Saúde (Manuel Brito),
Agricultura e Pescas (Humberto Vasconcelos).
“Açores e Madeira têm de dialogar mais”
O presidente do PSD/Açores reafirmou
a necessidade “de uma maior aproximação
política e institucional entre os Açores e a
Madeira”, de forma a que as duas regiões
“possam dialogar sobre os seus problemas
comuns e encontrar plataformas de trabalho
que permitam fazer a defesa conjunta das necessidades das duas Regiões Autónomas”.
Duarte Freitas reuniu-se, no Funchal,
com o novo presidente do governo regional
e do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque.
No final do encontro, o líder dos sociaisdemocratas açorianos salientou “a renovação
e a mudança política que se está a verificar
na Madeira com a liderança de Miguel Albuquerque”, a par “das alterações e da renovação que têm sido concretizadas no PSD/
Açores”.
“As duas Regiões têm de dialogar mais,
têm de trabalhar em conjunto as grandes
questões europeias. Muitas vezes fica-se
com a ideia de que a Madeira fala mais com
as Canárias e os Açores com Cabo Verde.
Sendo duas regiões autónomas portugueses
não ganhamos nada com este afastamento.
Muito pelo contrário”, reforçou o presidente
do PSD/Açores.
“Não se trata de mudar e renovar apenas
para que fique bem nos discursos”, disse
Duarte Freitas, acrescentando que “a renovação deve ser uma prática comum nos
partidos políticos. Existe um notório afastamento dos cidadãos em relação aos políticos
e aos partidos, precisamente porque os cidadãos muitas vezes não encontram nos partidos vontade de mudar e de renovar ”.
O líder dos sociais-democratas açorianos considerou, por isso, que Miguel Albuquerque “deu um bom exemplo de como um
partido se pode renovar, acrescentar valor e
voltar a merecer a confiança dos cidadãos”.
“Miguel Albuquerque recebeu a confiança dos madeirenses porque apresentou um
projeto diferente e não uma mera continuidade da obra de Alberto João Jardim”.
Duarte Freitas salientou, ainda, que “também nos Açores estamos empenhados numa
profunda renovação que possa responder aos
desejos de mudança que se sentem na sociedade açoriana”.
Boas relações entre Manuel Albuquerquer e Duarte Freitas
Entrevista/Opinião
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Atlântico Expresso
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
Salomé Gomes, da Delegação da Raríssimas nos Açores do Pico
Prestar contas
Falta de registo nacional faz com que
não se saiba quantos açorianos sofrem
de doenças raras
CLÁUDIO LOPES
Nos Açores, assim como em território continental, e mesmo internacional, não existem ainda bases de
dados organizadas com registos de doenças raras, logo também é difícil
saber se as doenças raras nos Açores têm aumentado. Numa entrevista ao nosso jornal, Salomé Gomes,
da Raríssimas Açores, explica que na única delegação existente nas nove ilhas e a funcionar há 10 anos no
Pico, prestam apoio ao nível da terapia ocupacional, terapia da fala, fisioterapia e psicologia.
nos apoiam e continuam a
acreditar em nós, o nosso
obrigadíssimo.
Tem a Raríssimas prevista a abertura de mais
alguma delegação noutra
ilha açoriana?
De momento não, hoje
em dia com as tecnologias
conseguimos estar próximos,
e a abertura de uma delegação
implicaria custos que dificilmente seriam suportados.
Como tem decorrido a actividade da
Raríssimas actualmente nos Açores, nomeadamente no último ano?
A delegação da Raríssimas nos Açores
completa este ano 10 anos de existência.
Actualmente, funcionamos num espaço recentemente renovado, gentilmente cedido
pela autarquia de São Roque do Pico, onde
disponibilizamos à população diversos serviços que vão ao encontro das suas necessidades. O Centro Raríssimo do Pico engloba um
conjunto de profissionais especializados que
prestam apoio na área da reabilitação, nomeadamente, na área da Terapia Ocupacional,
Fisioterapia, Terapia da Fala e Psicologia. O
Centro Raríssimo do Pico encontra-se sediado
no concelho de São Roque do Pico, na antiga
Escola Primária do Cais do Pico. Recentemente, houve uma descentralização dos nossos serviços para outro concelho, com o apoio
da Escola Básica e Secundária das Lajes do
Pico e do Município das Lajes do Pico, é possível a população receber acompanhamento
técnico multidisciplinar na Escola da Ponta
da Ilha, freguesia da Piedade. A Raríssimas
Açores, delegação do Pico abrange mais dois
serviços de grande importância: o Banco de
Ajudas Técnicas, no qual disponibilizamos
ajudas técnicas adequadas e ajustadas às necessidades das pessoas, com possibilidade
de ensino e treino em espaço próprio, através de uma orientação especializada pela
Terapeuta Ocupacional; Facultamos, também,
aconselhamento técnico para aquisição de
produtos de apoio especializados; Dispomos
de um Centro de Recursos em Comunicação
Aumentativa e Alternativa, com equipamentos cedidos pela Fundação PT, no qual aconselhamos e ajudamos em questões relacionadas com a ausência de comunicação verbal,
através de ajudas tecnológicas especializadas,
que permitem estabelecer a comunicação.
Grandes passos foram dados, porque um
dia, a extinta Direcção Regional de Igualdade
de Oportunidades, acreditou em nós, assim
como o poder local e muitas outras instituições, e também os nossos sócios e amigos.
Se nos permite aproveitamos para agradecer
a todos os que nos ajudaram, a todos os que
Têm
chegado
à
Raríssimas, nos Açores,
pedidos especiais de ajuda,
nomeadamente por parte de famílias de
pessoas com doenças raras que hoje atravessam algum tipo de aperto financeiro
face à crise?
Não, os pedidos que nos são feitos estão
na sua maioria relacionados com ajudas técnicas, e estes nós ajudamos emprestando equipamentos, através do nosso Banco de Ajudas
Técnicas ou articulando com os serviços inerentes a estas situações.
Quais as doenças raras diagnosticadas
nos Açores e cujo acompanhamento dos
pacientes é feito pela vossa Associação?
Tem crescido o número de pessoas com doenças raras nos Açores?
Nos Açores, assim como em território
continental, e mesmo internacional, não existem ainda bases de dados organizadas com
registos de doenças raras, logo também é difícil saber se as doenças raras nos Açores têm
aumentado. Na nossa delegação prestamos
apoio ao nível da terapia ocupacional, terapia
da fala, fisioterapia e psicologia através do
Centro Raríssimo do Pico.
Foi anunciado publicamente nos OCS
em Março que “Portugal tem desde o dia
mundial das doenças raras, uma nova estratégia nacional que visa melhorar o acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento
destas doenças, que afectam cerca de 800
mil pessoas no país”. Que estratégia é esta
e é, no seu entender a melhor para estas
doenças?
Efectivamente, foi publicado a 27 de Fevereiro o despacho que legisla a Estratégia
Integrada para as Doenças Raras 2015-2020
(Estratégia), enquadrada numa portaria já
existente desde 2014, portaria esta, que estabelece o processo de identificação, aprovação
e reconhecimento dos Centros de Referência
Nacionais, onde se encontram os relativos às
Doenças Raras, revogando o Programa Nacional para as Doenças Raras criado em 2008,
que estava centrado no Ministério da Saúde,
sendo necessário substitui-lo por uma estratégia nacional mais alargada com acções inte-
gradas a nível intersectorial e interinstitucional. Esta Estratégia é uma responsabilidade
conjunta dos Ministérios da Saúde, da Educação e Ciência e da Solidariedade, Emprego
e Segurança Social, baseada na cooperação
tem como missão desenvolver e melhorar: a
coordenação dos cuidados; o acesso ao diagnóstico precoce; o acesso ao tratamento; a
informação clínica e epidemiológica; a investigação e a inclusão social e a cidadania.
Só podemos escolher a melhor entre várias, neste momento, esta é a única estratégia
existente no nosso país, e muito se lutou para
a conseguir colocar no papel, agora é necessário operacionalizar toda a missão delineada.
Devido à enorme falta de informação cerca de
um quarto dos doentes espera pelo diagnóstico definitivo entre cinco a trinta anos após
o aparecimento dos primeiros sintomas. Este
facto é revelador das dificuldades com que se
deparam os doentes afectados por estas doenças. O diagnóstico precoce das doenças raras
e o acompanhamento dos doentes, especialmente nas situações mais complexas, é mais
eficaz quando prestado em centros altamente
especializados. A doença rara é uma doença
crónica maioritariamente debilitante e muitas
vezes potencialmente fatal precocemente, por
isso mesmo urge colocar em prática a Estratégia.
Concorda com a criação de um registo
nacional das doenças raras? E a nível regional? Que mais-valia um registo destes
pode trazer?
Sem dúvida, se ele existisse seria uma
mais-valia para os profissionais de saúde,
cuja sua utilização poderia contribuir para um
diagnóstico mais rápido, uma vez que na sua
maioria as doenças raras são diagnosticadas
tardiamente, precisamente pela falta de informação, o que significa que as oportunidades de intervenções oportunas podem ser
desperdiçadas.
Quais são os planos a curto, médio e
longo prazo da Raríssimas Açores?
Os Planos da Raríssimas Açores são manter o centro de reabilitação, tentando melhorar
sempre que possível os nossos serviços e estar
o mais possível próximos da população:
A curto prazo, promover acções de formação dirigidas a cuidadores formais e informais
de forma a auxiliar a prestação de cuidados;
criar grupos/espaços de partilha de ideias,
experiências e estratégias para cuidadores.
A médio prazo, implementar um projecto de
economia solidária que promova a inclusão
social de pessoas com deficiência e pessoas
com vulnerabilidade a situações de exclusão,
rentabilizando recursos humanos e materiais
existentes na ilha do Pico e a longo prazo, a
criação de um projecto piloto de avaliação
transdisciplinar na área da Pediatria.
Ana Coelho
Nos últimos dias chegou à casa dos açorianos uma
revista emanada pelo partido socialista, intitulada “Prestar Contas”.
Essa brochura, que deve ter custado uma “pipa de
massa”, não passa de mais um engano político que se
espalhou por toda a sociedade açoriana.
E o engano começa logo na capa. O “Prestar Contas”, pretendendo ser de balanço da atividade governativa,
e tendo uma fotografia de Vasco Cordeiro na capa, o título só poderia ser “Açores com o maior desemprego
de Portugal”.
“Prestar Contas” é apresentar os dados todos, com
clareza e com transparência.
“Prestar Contas” deveria ser também:
-explicar aos açorianos porque não se cumprem muitos dos compromissos eleitorais assumidos em 2012, nas
nove ilhas dos Açores;
- dizer aos açorianos quanto é que o Governo deve, a
quem deve, e quando vai pagar;
- pedir desculpa aos açorianos pelos maus indicadores sociais que temos (fome, pobreza, desemprego,
insucesso escolar, enormes listas de espera cirúrgica,
taxa elevada de RSI);
- explicar porque não se baixam mais os impostos
nos Açores, em benefício das famílias e das empresas
açorianas, quando se anunciam finanças saudáveis e superavits orçamentais;
- dizer aos açorianos que para além da visão cor-derosa que se dá da Região, há um outro lado da Região
onde milhares de famílias vivem no limiar mínimo de
pobreza, onde dezenas de empresas se encontram em
agonia e em processos de insolvência, atirando diariamente com dezenas e dezenas de trabalhadores para o
desemprego;
- dizer aos açorianos que a Região tutela muitas empresas públicas que estão tecnicamente falidas, somando
todos os anos prejuízos, em cima de prejuízos;
- dizer aos açorianos que por causa da dívida direta,
mas sobretudo da indireta e dos compromissos financeiros futuros já assumidos, há uma fatura intergeracional
muito elevada que as próximas gerações têm de pagar;
No “Prestar Contas” socialista não entramfotografias das obras nos portos da Madalena e de São Roque do
Pico, nem se explicam os acidentes neles ocorridos.
O silêncio em volta desta matéria, representa uma
grave irresponsabilidade do governo.
É natural sucederem acidentes por razões de ordem
técnica ou de falha humana. Mas a não assunção política
dos desastres públicos não é aceitável. E aqui o governo
já falhou redondamente!
Este governo regional é um foco de problemas e todos os dias dá provas de uma imensa incapacidade para
resolver os problemas que cria.
Este governo tem-se revelado o pior dos governos da
nossa era autonómica. Impreparado e até desastroso em
algumas áreas. Os casos da saúde e dos transportes são
exemplos disso mesmo!
E o grave é que o governo parece sofrer de autismo
político.
Prepara-se para encomendar mais dois novos navios,
e para gastar mais uma ´fortuna` (cerca de 85 milhões de
euros), quando técnicos credenciados e os empresários
regionais avisam de que esse é mais um erro grave que se
vai cometer, com consequências futuras negativas.
Este “Prestar Contas” socialista não é uma explicação, é mais um contributo para a ilusão! Não passa de
mais um instrumento de propaganda política. Enfim, os
açorianos mereciam e merecem melhor governo!
Os Açores precisam de uma mudança!
Acreditemos na mudança de governação em 2016 e
confiemos que ela será Boa para os Açores! O PSD/A
será o protagonista da mudança necessária!
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Atlântico Expresso
Entrevista/Actualidade
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
José Andrade (PSD), coordenador do projecto “Autonomia nas Escolas”
Pregar Autonomia aos mais novos
O PSD/Açores está a promover sessões pedagógicas sobre a Autonomia em todas as escolas profissionais
da Região, com o objectivo de sensibilizar as novas gerações para a importância do regime autonómico açoriano. No âmbito das comemorações dos 40 anos da Região Autónoma dos Açores e com a intenção de colaborar na sensibilização das novas gerações açorianas para a pedagogia da Autonomia Regional, deputados
do PSD/Açores vão realizar, durante os próximos meses, sessões sobre a organização constitucional do regime
autonómico em todas as escolas de formação profissional do arquipélago.
A realização das sessões pedagógicas de sensibilização sobre a Autonomia resulta de uma proposta
temática aprovada pelo congresso regional do PSD/Açores.
foi aprovada em congresso regional do
PSD/Açores, prevê a realização de sessões escolares de pedagogia autonómica,
tanto quanto possível, em todos os estabelecimentos públicos e privados de ensino
preparatório, secundário e universitário,
desde Santa Maria até ao Corvo. Sem
prejuízo das fases subsequentes, estamos
a começar pelas escolas de formação
profissional, mas propomo-nos avançar
depois para outros níveis de ensino, considerando, inclusivamente, um manual
elaborado por especialistas universitários.
Insisto: este projecto não visa um interesse partidário, mas sim, tão-somente, um
exercício de cidadania.
O PSD está a promover sessões pedagógicas sobre a Autonomia nas escolas
profissionais dos Açores. Qual o conteúdo
dessas sessões?
O Grupo Parlamentar do PSD na
Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores inicia agora uma série
de sessões escolares de sensibilização pedagógica sobre o regime autonómico para
ajudar a aproximar as novas gerações da
reflexão e do debate da autonomia açoriana.
No âmbito das comemorações dos 40 anos
da autonomia constitucional, que culminam
no final da presente legislatura, já estamos
assim ao encontro da juventude das nove
ilhas para fazer a pedagogia do regime que
simboliza o nosso direito à diferença e
a nossa maioridade política.
As sessões escolares são geralmente ministradas pelo deputado Joaquim Machado, também professor de
História, que faz um enquadramento
inicial do percurso histórico da afirmação autonómica do povo açoriano,
e por mim próprio, que acrescento
uma caracterização geral do funcionamento actual da Região Autónoma
dos Açores. Sempre com a preocupação de apresentar uma abordagem
institucional e nunca partidária.
Que necessidade objectiva sentiu o PSD para tomar a decisão de
levar os fundamentos da Autonomia
até à juventude que frequenta o ensino profissional nas nossas ilhas?
Sentimos que os jovens em geral
estão afastados da política, se não
mesmo indiferentes ou até revoltados, porque não têm referências ideológicas ou, pior ainda, porque não
encontram sequer bons exemplos na
classe dirigente. Os políticos em geral - que
são, porventura, os principais responsáveis
por isso - devem ser também os primeiros a contribuir para inverter este divórcio preocupante entre as novas gerações e
a actividade política. Independentemente
da responsabilidade que cabe a cada um,
estamos todos convocados para isso.
Não seria vantajoso levar a pedagogia
da Autonomia a outros níveis de ensino
e eventualmente envolvendo especialistas
no estudo do fenómeno?
O que está planeado é exactamente isso.
A proposta temática “Autonomia nas Escolas”, de que fui o primeiro subscritor e que
Há quem diga que esta Autonomia,
como existe, já deu o que tinha a dar.
Qual a sua opinião neste debate?
Na minha opinião, não é o regime
autonómico que está esgotado. Quem está
esgotado é o grupo partidário que nos governa há 20 anos com sucessivas maiorias
absolutas que condicionam o desempenho
autonómico.
A Autonomia não pode ser o bode
expiatório dos erros que são cometidos em
seu nome. Se as coisas não estão bem, a culpa não é da Autonomia mas sim do uso que
fazem dela. Até por isso é preciso regressar
à pedagogia elementar. Os governos passam, mas a Autonomia fica, porque a Autonomia não é do Governo. A Autonomia é
dos Açores e será aquilo que os açorianos
quiserem.
AE/DI
Sanjoaninas
mais perto das
comunidades
Este ano, as Sanjoaninas voltam a apostar na participação dos emigrantes nas festas. O cortejo, com o
tema “Angra, memória dos meus encantos” será uma
“homenagem a quem partiu em tempos difíceis em
busca de uma vida melhor”, segundo Raquel Ferreira,
vereadora da Câmara Municipal de Angra.
Ainda que sem números concretos, Raquel
Ferreira disse que há expectativas “bastante elevadas”
na deslocação de emigrantes à ilha, entre 19 a 28 de
Junho, até porque só os convidados a participar nas
festas ultrapassam as 100 pessoas.
A dois meses das festas, os cartazes musical e
tauromáquico já foram apresentados, bem como o séquito real. A vereadora apresentou um pouco mais do
programa, que ainda não está fechado.
“Estas festas acabam por ter um impacto na nossa
economia bastante importante”, salientou, realçando
que a autarquia tem adquirido os materiais necessários, sempre que possível, no comércio local.
O cortejo do séquito real tem passagem marcada
pela Rua Direita, que está actualmente em obras. A
vereadora garante que a artéria estará transitável nas
Sanjoaninas, mesmo que a obra não esteja concluída.
“O empreiteiro só abre um troço de 35 metros de cada
vez. Vai abrindo e vai fechando. Agora tem um troço
ligeiramente maior, porque está a ser feito em parceria
com a EDA, que está a reestruturar os cabos eléctricos”, explicou.
Este ano, o cortejo volta a contar com a participação de três damas das comunidades, mas tem também
três damas de Gilroy, Tulare e Gustine, cidades irmãs
de Angra do Heroísmo.
O cortejo terá, excepcionalmente, seis carros, que
vão ilustrar várias fases da emigração. O primeiro representa a partida, através da baleação e o segundo
(carro das comunidades) as áreas em que os emigrantes começaram a trabalhar quando chegaram à América e ao Canadá. No terceiro carro, estão presentes
as lembranças que os emigrantes enviavam às famílias, enquanto o quarto é o carro das cidades irmãs.
O quinto carro, que transporta a camareira, ilustra os
bordados de frioleira e o carro da rainha, que encerra o desfile, é dedicado à música, mais precisamente
ao Sousafone, instrumento inventado por John Philip
Sousa. O cartaz musical das Sanjoaninas integra, nesta
edição, a cantora Nélia, que chega dos EUA, mas há
mais música das comunidades. A Filarmónica de São
José, da Califórnia, composta por 70 elementos, vai
marcar presença em vários momentos das festas, bem
como o grupo Luso, de Gustine, que tem um género
“folclore-pop”. O grupo tem 50 elementos, mas a comitiva tem quase 90 pessoas.
Haverá uma recepção na Câmara da Angra para
os emigrantes e um dia do emigrante, na zona de lazer
de Santa Bárbara, mas também uma noite dedicada
aos imigrantes. A autarquia criou um “eco-roteiro”
das tascas das Sanjoaninas, em que as pessoas adquirem uma caneca reutilizável, substituindo os copos de
plástico, e recebem um mapa com os principais palcos, restaurantes e tascas aderentes ao conceito.
Este ano, as festas recuperam a tradição de encerrar com uma coroação. A noite de São João vai contar
com 26 marchas, incluindo duas de São Miguel.
Das Flores chega um grupo folclórico e de Lisboa
uma orquestra de violinos com alunos de uma escola
básica e integrada. No Largo Prior do Crato haverá
este ano um “cantinho solidário”, com a participação
de cerca de 30 associações e centros de convívio.
Durante as festas, estarão patentes duas exposições: uma de pintura de José João Dutra e outra do
Núcleo Filatélico de Angra do Heroísmo.
O programa conta com o lançamento de três livros “A loja do Ti Bailão”, de João Bendito, o mais
recente romance de Joel Neto e um livro de homenagem ao cantador João Ângelo. No desporto, já estão
confirmadas actividades no golfe, rali, tiro, caça, vela,
canoagem, jet ski e ciclismo.
AE/DI
5
Opinião
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
Nove
Estações
Almeida Maia não é novo nestas andanças
da escrita de ficção. Mas é um jovem. Irreverente
quanto baste, sonhador quanto é preciso. Depois
de “Bom Tempo no Canal” e do “Capítulo 41”,
escreveu em 2014 a sua primeira novela “Nove
Estações” que é seleccionada para a Mostra
LABJOVEM.
Uma edição de bolso da “Letras LAVAdas”
, com pouco mais de centena e meia de páginas,
cheias de força telúrica, de sonhos e de amores
possíveis e impossíveis. Como o título diz, ao
todo são nove, tantas as estações como as ilhas
em que decorre a aventura de Desirée, uma jovem canadiana que com a morte de um familiar
e um enigmático poema na mão vem descobrir
os Açores, todas as ilhas, para decifrar o mistério, que se adensa em encontro e desencontros,
Atlântico Expresso
O Rosto
da Distância
aventuras de barco,
avião e outras formas
de conhecer as ilhas,
numa forma sugestiva,
simples e juvenilmente
emocionante.
Almeida Maia tem,
naquilo que escreve,
uma linha narrativa
muito própria e que
tanto se vê nos seus
romances como agora nesta novela que
guardo com carinho
pelo abraço do autor
que há meses ma entregou, com dedicatória cativante. Mostra um conhecimento
profundo dos Açores,
que nos delicia na sequência de nomes de
ilhéus, penedos e rochas, como se Almeida
Maia fosse habitante
destas nove estações,
em contraponto com
as quatro estações de
tempo que se diz fazer nos Açores todos
os dias. Como toda e
qualquer novela, aqui
em “Nove Estações”
o diálogo entrelaça-se
com a narração numa
simbiose agradável e
num ritmo que ajuda
a que não nos despreguemos da leitura.
Como já escrevi, relativamente a Almeida
Maia, ele tem a capacidade de, no urdir do
enredo, associar um saudável regionalismo a
um assumido universalismo, fugindo de lugares comuns, sem nunca abandonar a matriz
insular que enforma a sua escrita. Por isso
mesmo, foi para mim uma honra ler mais esta
sua obra e deixar aqui a recomendação da sua
leitura, especialmente aos mais jovens que, no
gosto pela descoberta da aventura e desvendar
do mistério, poderão aprender muito sobre os
Açores. Parabéns, mais uma vez, Pedro Filipe
Almeida Maia!
Santos Narciso
Apenas 62 páginas. Pode parecer pouco,
mas nelas cabe um mundo de poesia. Edição
de Letras LAVAdas. Autor, Virgílio Vieira,
um penafidelense, residente desde 1981 em
São Miguel, doutorado em Biologia pela
Universidade dos Açores, onde trabalha em
investigação e leccionação. Um biólogo a escrever poesia? Foi o que mais me sugestionou.
E mais se me aguçou a curiosidade quando vi
que já tinha vários livros publicados, desde
1982 e porque sei que publicação de poesia
sem êxito é sinal de não mais repetir a aventura e ela com Virgílio Vieira tem-se repetido
e multiplicado.
São mais de cinquenta poemas que sobressaem pela riqueza rítmica e suave cadência
das palavras na surpresa sempre inesperada de
tropos maravilhosamente
conseguidos.
Como escreve Paula
de Sousa Lima, “O Rosto
da Distância” é um livro
onde cada poema se faz
hino a uma parcela de
humanidade, sendo, por
isso, profundamente humano. Nesta obra Virgílio
Vieira surpreende a vida
e plasma-a através do
verbo que diz momentos
e estados de alma plenos
de significado(s).”
Natural de Penafiel,
Virgílio Vieira “bebeu” a
ilha, as ilhas… e isto sente-se em toda a sua poesia
deste livro. Confesso que
nunca lera antes qualquer
obra sua. E esta presença
da ilha não se confina ao
poema, mas traduz-se
na vida. E assim, ele é o
autor da letra dos hinos
da Vila das Capelas, em
São Miguel e da Vila da
Madalena do Pico. Dele
é também a letra da marcha do Clube Desportivo
Santa Clara.
Ler poesia é tão difícil como necessário.
Mais do que reflexos de
inteligência, os poemas
são pedaços de alma, fios
condutores de emoções
que nos transportam a mundos de sonhos,
onde as ilusões e desencantos dão as mãos à
esperança de vidas melhores.
No caso deste “O Rosto da Distância”, fica
perto de nós o coração da palavra que transborda de cada verso e da cada título, muitos
deles, por si mesmos, autênticos poemas. Não
conheço, pessoalmente, Virgílio Vieira, mas
atrevo-me a deixar-lhe aqui este abraço de
quem muito gosta dos seus poemas. Fascinoume este “a Antero”: “Sobrevoaste o ninho dos
teus poemas / como aves as baleeiras em mar
aberto: / São fadas com perfume de açucenas /
e a decadência dos povos, por certo”….
Santos Narciso
Ensino
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Atlântico Expresso
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
Curiosidades numéricas:
Os misteriosos quadrados
mágicos
RICARDO CUNHA TEIXEIRA
DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA DA UNIVERSIDADE
DOS AÇORES, [email protected]
Um quadrado mágico é uma tabela quadrangular NxN, com N linhas e N colunas,
sendo N um determinado número natural. A tabela deve ser preenchida com números inteiros
de forma a que a soma dos números de cada
linha, de cada coluna e de cada uma das duas
diagonais do quadrado seja sempre a mesma.
Esse valor chama-se constante mágica.
Existem muitos exemplos interessantes
de quadrados mágicos com histórias curiosas.
Desde logo, se recuarmos no tempo e viajarmos até à antiga China. Segundo reza a lenda,
por volta de 2200 a.C., o imperador Yu terá
avistado uma tartaruga a sair do Rio Amarelo.
Essa tartaruga apresentava um intrigante padrão formado por pontos pretos e brancos, que
se assemelhava a uma grelha 3x3, preenchida
com os primeiros 9 números naturais (1-9),
dispostos de uma forma curiosa. Recorrendo à
atual numeração árabe, a grelha apresentava a
configuração do quadrado mágico da figura A,
em que a soma dos números de cada linha, de
cada coluna e de cada uma das duas diagonais
do quadrado é sempre a mesma (no caso concreto, 15). Que se tenha conhecimento, esta é
a primeira referência histórica a um quadrado
mágico.
Os chineses chamam LoShu ao quadrado
mágico da figura A. Muitos utilizam-no como
amuleto, pois consideram que o LoShu simboliza as harmonias internas do Universo. Por
vezes, é usado como objeto de adivinhação e
de adoração. Se começarmos no 1 e ligarmos,
com a ajuda de uma caneta, os números do
quadrado mágico por ordem crescente (1-23-4-...), obtemos um emaranhado de linhas designado por yubu. Este padrão é utilizado por
sacerdotes taoistas para se movimentarem no
templo.
A China não é a única cultura a apreciar o
lado místico dos quadrados mágicos. Ao longo dos tempos, os quadrados mágicos foram
venerados pelas mais variadas civilizações.
Há evidências que comprovam a utilização de
quadrados mágicos pelos índios maias e pelo
povo hausa de África. O seu uso já foi bastante
criativo. Por exemplo, na Turquia e na Índia,
as virgens eram convidadas a bordar quadrados mágicos nas roupas dos guerreiros, que
funcionavam como talismãs de proteção. E se
um quadrado mágico fosse colocado no ventre
de uma mulher em trabalho de parto, acreditava-se que facilitaria o nascimento da criança.
Outro aspeto curioso prende-se com o facto
de os astrólogos da Renascença terem usado
quadrados mágicos associados aos diferentes
planetas do Sistema Solar. Hoje em dia é natu-
ral estranhar e duvidar do poder do oculto atribuído aos quadrados mágicos pelos
nossos antepassados, mas a verdade é
que também é fácil perceber o fascínio
que estes podem despertar. Os quadrados
mágicos são como mantras numéricas:
fórmulas místicas que convidam à contemplação e que mostram uma harmonia
surpreendente num mundo desordenado.
Falemos um pouco dos quadrados
mágicos planetários (as figuras A a D
apresentam as configurações de quatro
desses quadrados). Todos eles são quadrados mágicospuros. O que é que isto
significa? Ora, um quadrado mágico com
N linhas e N colunas (diz-se que o quadrado mágico tem ordem N) apresenta NxN
casas para preenchermos com números.
Se utilizarmos cada número natural uma
e uma só vez, do 1 ao NxN, dizemos que
esse quadrado é puro.
A constante mágica de um quadrado mágico puro de ordem Né dada por
N(NxN+1)/2. Por exemplo, para N=3,
obtemos 3(3x3+1)/2 = 30/2 =15. Já para
N=4, vem 4(4x4+1)/2 = 68/2 =34. Assim,
todos os quadrados mágicos puros de ordem 3 têm constante mágica 15 e todos
os de ordem 4 têm constante mágica 34.
Vejamos qual a utilidade atribuída a
cada um dos quadrados mágicos planetários. O quadrado de Saturno (figura A)
tem ordem 3 e constante mágica 15. É
utilizado, por exemplo, para compreender melhor experiências do passado ou
para estimular a autodisciplina. O quadrado de Júpiter (figura B) tem ordem 4
e constante mágica 34. Permite estimular o sucesso e a expansão de negócios, o crescimento
espiritual e o estabelecimento de novas alianças. Já o quadrado de Marte (figura C), com
ordem 5 e constante 65, está relacionado com
a tomada de decisões, com a coragem pessoal
e a força física. Por sua vez, o quadrado do Sol
(figura D), com ordem 6 e constante 111, está
associado à perceção dos objetivos pessoais e
abertura de novos negócios, à autoconfiança, à
saúde e vitalidade.
Os restantes quadrados mágicos planetários são os quadrados de Vénus, de Mercúrio e
da Lua, com ordens 7, 8 e 9, respetivamente, e
constantes mágicas dadas por 175, 260 e 369,
respetivamente. O quadrado de Vénus é um
convite ao amor e ao estabelecimento de laços
para a vida. O quadrado de Mercúrio apela à
concentração e a outros desafios intelectuais.
Por fim, o quadrado da Lua está associado à
intuição e ao instinto.
Outro aspeto que pode ser considerado nestes quadrados mágicos planetários é a soma de
todos os números que compõem o quadrado,
que se designa por soma mística (esta soma
obtém-se multiplicando a constante mágica
pelo número total de linhas do quadrado, isto
porque, ao adicionar os números de qualquer
linha, obtém-se sempre a constante mágica). Por exemplo, o quadrado de Saturno tem
soma mística igual a 15x3=45; o de Júpiter,
34x4=136; o de Marte, 65x5=325; e o do Sol,
111x6=666.
Estes quadrados mágicos podem ter as mais
variadas utilidades. Por exemplo, o leitor pode
escolher um destes quadrados e ligar, com a
ajuda de uma caneta, alguns dos seus números, obtendo interessantes padrões geométricos, que podem ser usados para efeitos decorativos, ou mesmo como inspiração para uma
tatuagem! A escolha dos números e da ordem
pela qual devem ser ligados fica ao seu critério. Tanto pode optar por recorrer à sua data
de nascimento (ou a outras datas importantes),
como também pode pensar numa palavra ou
frase e converter as letras em números (recorrendo a uma determinada correspondência, por
exemplo, A=1; B=2; ... ; Z=26 ou A=J=S=1;
B=K=T=2; C=L=U=3; ...). A imaginação é o
limite!
Vejamos outros exemplos de quadrados
mágicos. Em 1514, Albrecht Dürer, conhecido artista da Renascença, pintou um quadro
intitulado “Melancolia I”, onde figura um quadrado mágico de ordem 4 (figura E). De notar
que os dois números centrais da última linha do
quadrado permitem ler “1514”, o ano em que o
quadro foi pintado. Este quadrado mágico puro
é praticamente igual ao da figura B, apenas se
trocam algumas linhas e colunas. O leitor pode
comprovar que a soma dos números de cada
linha, de cada coluna e de cada uma das duas
diagonais desse quadrado é sempre igual a 34, a
constante mágica de todos os quadrados mágicos puros de ordem 4. Além disso, 34 é a soma
dos números dos cantos (16+13+4+1=34) e do
quadrado central 2x2 (10+11+6+7=34).Tente
descobrir outras formas de obter 34 ao adicionar quatro números deste quadrado!
Quem for a Barcelona pode apreciar um
quadrado mágico na parede da famosa basílica
da Sagrada Família. Não é um quadrado mágico tradicional, no sentido em que se repetem
números (o que implica que não seja válida a
fórmula que apresentámos para os quadrados
mágicos puros), mas não deixa de ser menos
interessante. Trata-se de um quadrado mágico
de ordem 4 com constante mágica 33, a idade
em que Jesus Cristo morreu (figura F). Curiosamente, este quadrado mágico obtém-se do
quadrado da figura E, rodando-o 180 graus e
subtraindo uma unidade aos números 11, 12, 15
e 16 (os números das restantes casas permanecem inalterados).
De notar também que é possível obter o valor 33 de outras formas para além das habituais
somas de um quadrado mágico (linha, coluna ou
diagonal). Alguns exemplos estão ilustrados na
figura F, do lado direito (em cada exemplo, estão assinaladas as posições dos quatro números
a adicionar de modo a obter o valor 33). Descubra outras formas de obter a constante mágica!
Hoje em dia, investigadores estudam estes
objetos matemáticos em dimensões muito elevadas. Trabalham mesmo com os chamados
hipercubos mágicos, em que é possível obter a
constante mágica em todas as direções correspondentes.
Ensino
7
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
Atlântico Expresso
Antigos Alunos da Escola
Antero de Quental
Coordenação: Nélia Câmara
Liceu
José Andrade*
,
(Continuação da edição anterior)
Carlos Afonso escreve que “aprendíamos com
prazer, sem excessos de severidade ou sequer necessidade duma disciplina rigorosa que surgia,
muito naturalmente, pelo respeito que o saber dos
professores impunha”.
Margarida Brum homenageia as suas professoras como “as mulheres do meu liceu”: “Bastava
olhar para elas para se perceber que a instrução é
a melhor ferramenta que uma rapariga pode levar
para a vida”.
Leonor Pavão considera: “o meu Liceu de
menina é uma chama brilhante que guardo na memória, como o paradigma de uma Escola completa, onde a Educação era entendida no seu sentido
integral – não apenas de instrução, mas também
de formação cultural e humana”. Carlos César,
pela sua parte, recorda o liceu “não só como uma
reprodução das desvantagens e incapacidades
sociais e políticas, mas também como um lugar
de adesões afetivas, de incubação progressista e
de roturas conceptuais”. E Eduardo Paz Ferreira
concorda que “foi no quadro apertado e vigiado
dos anos sessenta do Liceu, que nem Antero de
Quental se podia chamar, que se desenvolveram
os seus espíritos livres”.
Eduardo Medeiros explica que estudou “na
Escola do Magistério Primário de Ponta Delgada
que funcionava precisamente no edifício do Liceu, logo na entrada, perto da Secretaria”. Mário
Bettencourt Resendes lembra “não sem alguma
ironia, as tentativas desesperadas que faziam para
dificultar o convívio entre rapazes e raparigas e,
como é óbvio, o resultado prático mais não era
do que incentivar a cobiça pelo fruto proibido”.
E Gilberta Rocha acrescenta que “os rapazes estavam longe, na saída do portão ou em breves
passagens pelas janelas do corredor do 1º andar
de onde saíam aviõezinhos de papel, com recados
cuja leitura ansiávamos e partilhávamos”. Berta
Cabral confessa: “Nunca consegui terminar um
trabalho de lavores, o mesmo bordado dava para
o ano todo, sempre tive maior inclinação para as
disciplinas que proporcionam um raciocínio mais
lógico sobre a realidade”. E Zeca Medeiros, pelo
contrário, exclama: “Quero celebrar o Grupo Cénico do Liceu cujo elenco tive o privilégio de integrar, quero falar dos ‘Retiros’ do Liceu, das canções dos Beatles, do primeiro amor, só não quero
falar das aulas de Matemática”. Emanuel Carreiro
lembra que “enquanto as aulas do ‘Armandinho’
eram um gosto, as da ‘Antonieta’ eram um pesadelo e as do ‘Óscar’ eram uma bagunça”.
Dionísio Leite recorda o seu colega Jaime
Gama: “Ele era, de longe, o melhor aluno
(eram só 20 valores) e um dia perguntei-lhe:
quando mostras estas notas ao teu pai ele fica
muito contente?
Resposta imediata dele: fica normal. E eu
pensei logo para mim: se fosse o meu, ficaria
radiante!”. Jaime Gama prefere lembrar a despedida: “No dia da partida para Lisboa, antes
de embarcar no ‘Funchal’, fiz um longo passeio solitário pelo Liceu, revi os anos da vida
aí passados, guardei essa imagem comigo para
sempre”.
Nos anos 70… José Eduardo Moniz revela:
“os comentários de incentivo do Dr. Ruy Galvão de Carvalho e a bofetada de parabéns do
Dr. Armando Medeiros foram, talvez, o maior
prémio que já recebi até hoje”. Sidónio Bettencourt descreve: “Alguém disse de pronto ao Senhor Reitor que havia aluno novo. E logo eu, e
logo o Senhor Reitor. Toda a gente a olhar para
mim, toda a gente a querer saber de onde vinha…
se sabia jogar à bolas, se tinha jeito para alguma
coisa que não fosse apenas ‘falar à moda’…”. E
Boanerges Melo conta: “O Dr. Eduardo de Andrade Pacheco, último reitor, quando circulava em
todo o recinto escolar, impunha ordem.
Um dia, pedi para que me recebesse, pois
discordava da não existência de um pormenor na
folha dos horários que fora afixada. Na sua sábia
pedagogia, observou: “quando fores reitor, hás de
colocar lá isso!” Muito obrigado, senhor reitor,
disse eu”. Manuel Arruda lembra: “Era uma criança de dez anos, quando transpus pela primeira vez
o portão verde do liceu, e, quando de lá saí, era um
adolescente, quase homem”. José Carlos Carreiro
recorda: “a extraordinária aventura que foi, para
mim, num tempo em que era impensável sair-se
de uma aldeia longínqua do concelho de Nordeste, a três horas e meia de uma tormentosa viagem
de camioneta, vir estudar para Ponta Delgada”.
Humberto Melo reforça: “encontrávamos as dificuldades de transporte diário, entre a Vila e Ponta
Delgada, levantávamo-nos às 5h30 para apanhar
a ‘camioneta do Varela’, uma hora para cada lado
prejudicava o estudo, pela falta de tempo e pelo
cansaço provocados”. E Carlos Amaral conclui:
“Vindo do Nordeste, quebrando a insularidade, o
Liceu abriu-me as portas e disponibilizou-me os
melhores instrumentos conceptuais para aceder ao
universal e, nele, me vir a constituir. Cumpriu a
sua missão, com distinção e louvor”.
Decq Mota solicitou a autorização de Salazar
para prestar provas enquanto estava doente: “E
assim passei a ser a segunda pessoa em Portugal
a fazer o exame na minha cama, à qual, nos dias
das provas, se deslocaram os professores para
fiscalizarem”. Aníbal Raposo recorda as lides
musicais na igreja do Carmo, mesmo ao lado do
Liceu, onde o Padre Noia, pessoa de mentalidade
aberta para o seu tempo, acarinhava a existência
dum coro de jovens que animavam a missa dominical”. Lopes de Araújo descreve que “ainda se
vai ao Avião lanchar ou paramos no João Luís a
ver quem por lá anda…. Os cafés das redondezas,
onde pontificam ainda o Mimo e o Gil, parecem,
a qualquer hora do dia, extensões do Liceu, com
pilhas de livros nas mesas, entre copos de galão e
restos de torradas”. Horácio Franco confessa: “o
primeiro dia no Liceu era, normalmente, complicado e o meu não foi exceção, porque tive de andar
à ‘batatada’ num ringue improvisado com outro
calouro”. Milagres Paz lembra-se de “andar nos
enormes corredores que pareciam túneis escuros
e frios das salas antigas com paredes enriquecidas
pelas palavras de todos aqueles que por lá passaram”. E Piedade Lalanda completa que “à medida
que íamos crescendo, íamos descobrindo os espaços do liceu – primeiro foi “a secção”, o edifício
novo junto ao campo de jogos, onde estavam as
turmas femininas; depois o torreão, onde eram
as aulas de música; raramente, a biblioteca, a que
não tínhamos muito acesso, e só nos últimos anos,
o acesso às salas em anfiteatro”. Iracema Cordeiro lembra que “nos recreios, junto à cantina,
sedimentavam-se as novas amizades, e no banco
junto ao bar, prolongavam-se as conversas com
o futuro companheiro de vida, que o Sr. Miguel
teimava em interromper – “Elas (os membros do
Conselho Diretivo) não querem ninguém aí! Lá
para fora!”. E Graça Castanho nota que “os que
viviam na cidade sentiam-se, de uma forma geral, mais importantes, pelo que o tratamento dado
aos alunos vindos das áreas limítrofes ou distantes
da urbe era, na maior parte do tempo, de indiferença ou discriminação, quer nas aulas quer nos
recreios”. Jorge Medeiros associa “a imagem do
nosso Liceu ao recreio, onde confraternizávamos,
onde ouvíamos as ideias e as discussões construtivas dos mais velhos, onde íamos desenvolvendo
o espírito crítico, onde íamos crescendo”. Pedro
Maria Carreiro lembra a “grande efervescência no
dia 25 de abril e nos dias seguintes, com a realização da primeira Reunião Geral de Alunos no dia
30, com intervenções de Carlos César apelando
à participação na manifestação do 1º de Maio”.
Álvaro França viu-se nomeado presidente do conselho diretivo logo a seguir ao 25 de abril – “uma
altura bastante agitada, em que as pessoas aderiam
a um ou a outro Partido com a mesma lógica com
que se é do Sporting e do Benfica (porque sim)”.
Mário Fortuna lembra “o envolvimento em movimentos associativos que levaram às primeiras
eleições para a primeira comissão de alunos do liceu, sendo que uma das reivindicações da Lista A,
que encabecei, era a mudança do nome do Liceu
de Liceu Nacional de Ponta Delgada para Liceu
Antero de Quental”. Também Duarte Melo recorda “com alegria própria da homenagem, o entusiasmo dos tempos em que a democracia despontava, através do sentimento da festa e da correria
dos alunos para as RGAs onde tudo se discutia”.
E Gabriela Canavilhas concorda que “a vida no
liceu era também reflexo dessas mudanças, entre a euforia, a descoberta e o desnorte”. Manuel
Moniz acrescenta que “o ambiente de tensão era
evidente ao nível da participação política, com
sucessivas eleições para tudo, sessões de esclarecimento, reuniões gerais de alunos, manifestações e contra manifestações, panfletos e cartazes,
num ambiente efusivo e sempre imprevisível”.
José Nunes lembra que “testemunhámos um
período extraordinário de companheirismo solidário, de formação pessoal e de afirmação social entre a população escolar em particular, a
sociedade em geral e o Liceu Nocturno no seu
todo, naquele emergir sobressaltado para uma almejada vivência democrática”. E Noé Rodrigues
conclui que o liceu, com o 25 de abril, “passou a
ser a casa da democracia vivida, exercitada, reclamada, muitas vezes local de refúgio, de encontro e
reencontro de ideais perseguidos por intolerantes,
preconceituosos e despeitados por uma democracia inevitável”.
Nos anos 80… Luís Maurício lembra a sua
eleição para presidente da Associação de Estudantes: “Constituíamos a Lista C e inundámos as
instalações do Liceu com tarjas compostas pelo
nosso slogan de campanha e pelo apelo ao voto”.
Victor Cruz recorda o tempo em que foi fundador
e diretor do jornal académico “Nova Geração”,
para concluir que “saíamos do Liceu mas o Liceu
nunca sai de nós”. José Manuel Bolieiro concorda
que “ser aluno do Liceu era e é distintivo”: “Lembro que informava e afirmava essa minha condição curricular, com orgulho, à família e aos amigos”. Soares de Albergaria reforça que “o ‘Liceu’
não é ‘mais uma’ escola, ocupa muito justamente
lugar de referência no panorama educativo, quer
pelo lastro histórico que se lhe conhece, quer pelo
competente corpo docente que sempre foi seu
apanágio”. E Xali Barroso subscreve que “chegar
ao Liceu era muito mais do que chegar à escola
– era entrar num museu! Pela sua beleza, pelos
seus recreios, pela sua história, por Antero, pelos
seus distintos professores”. Emanuel Macedo de
Medeiros recorda, por exemplo: “o teto da sua
grandiosa biblioteca, que me distraía dos deveres
escolares, ou o velho ginásio onde tantas vezes
treinei voleibol e onde acabei por me sagrar campeão de S. Miguel de juvenis em 1984”. Ponciano Oliveira nota que “a sua população estudantil
era composta, em grande medida, por alunos da
cidade e arredores, sendo mais influenciada pelas
tendências que chegavam de fora do arquipélago
e, ao mesmo tempo, influenciando a comunidade local”. E Vasco Cordeiro conclui: “Na minha
memória ficará, para sempre, a melancolia sentida quando, ao finalizar o 12º ano de escolaridade, passei pela última vez pelo portão do “nosso”
liceu, num misto de sentimentos pautados, também, pela ansiedade e expectativa pela eminente
partida de São Miguel…”
O senhor Miguel toca a sineta para a saída.
Por tudo o que aqui fica e pelo mais que não
cabe, valeu a pena. Valeu a pena o liceu e o livro.
*Presidente da Associação dos Antigos
Alunos do Liceu Antero de Quental
in Memórias do Nosso Liceu
Atlântico Expresso
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Entrevista
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
Casal deixou Lisboa e recomeçou vida do zero, em quinta na Ribeira Grande
Quinta dos Sabores abre restaurante com
sabores directamente do campo para o prato
Paulo Decq e Inês Sá da Bandeira têm ambos 40 anos e três filhos, com idades compreendidas entre os 20 e quatro anos e meio. Têm ainda
em comum a paixão pela terra e pelo gosto de, também da terra, poderem ver crescer o fruto do seu trabalho diário. Não conhecem o real
significado da palavra férias há algum tempo a esta parte, mas o facto da quinta de três hectares, que possuem na Ribeira Grande lhes proporcionar uma qualidade de vida inigualável, faz com que, dia após dia, se sintam mais felizes com a opção de vida que fizeram há algum
tempo a esta parte. Ele sociólogo de formação e ela mais ligada às artes, deixaram Lisboa e tornaram-se agricultores e empresários. Dizem
que, acima de tudo, tornaram-se felizes e hoje não trocavam esta mudança por nada deste mundo.
Ideias (e trabalho) não faltam a este casal e, assim sendo, concretizaram o sonho de construir um restaurante inserido na quinta: Restaurante Quinta dos Sabores, onde os legumes utilizados na cozinha são provenientes da quinta que cultivam com os seus filhos. E isso faz toda
a diferença. Na cozinha têm uma eficiente equipa que consegue colocar em prática as mil e uma ideias que o Paulo e a Inês têm.
Foram 70 mil euros, com o apoio do ProRural.
Somos ambos empresários agrícolas e frequentamos um curso de produtores agrícolas já aqui em
São Miguel. Candidatamo-nos ao apoio e conseguimos, graças a isso, conseguimos mudar de
vida.
Radicalmente…
Sim. O ProRural destina-se a jovens empresários agrícolas e possui um prémio de instalação
destinado a quem se compromete (e consegue) ser
agricultor durante cinco anos, recebe um apoio
extra investimento. Deixamos o que fazíamos, no
continente, e viemos para cá, primeiro desbravar
o terreno e mais tarde, produzir.
Então nenhum de vós possuía formação na
área agrícola?
Não. Só o Paulo sabia, pelo que via o pai e
os restantes elementos fazerem. O aproximar da
terra e do cultivo deu-se por necessidade. Viemos
para esta casa, recuperamos todos os espaços e
apercebemo-nos que, para manter e aproveitar o
manancial de terra que havia à nossa frente, tínhamos que enveredar por sermos nós próprios a trabalhar e a potenciar riqueza. Tínhamos que fazer
as coisas com as nossas próprias mãos, de forma a
transformar esta mudança numa opção de vida.
Vivíamos em Lisboa, mas decidimos vir para
cá com o nosso primeiro filho, pois apercebemonos, com o passar dos tempos, que ele gostava de
brincar e explorar espaços ao ar livre e, lá, isso
não era possível sem que tivéssemos que estar,
constantemente, a controlar cada passo que dava.
Quando cá chegamos, o Paulo ficou a trabalhar durante dois ou três anos na área do Turismo
e foi quando se apercebeu que havia, no mercado,
uma falta de hortícolas diferentes das habitualmente conhecidas e comercializadas. Daí a nossa
aposta. Acima de tudo, acreditamos que estamos
a fazer também um trabalho muito importante no
que diz respeito à mudança dos hábitos alimentares dos micaelenses.
Há quanto tempo existe a Quinta dos Sabores?
Viemos viver para cá, já com a casa recuperada, em Novembro de 2004. Mas durante os dois
anos que antecederam esta data, o Paulo já estava
aqui a desbravar o terreno, que se encontrava num
estado de mato autêntico. Em estado cultivável, a
quinta só arrancou em 2007. Inicialmente, esta era
uma quinta de laranjas, no início do século passado. Mais tarde, houve uma tentativa de plantação,
em toda a área, de maracujás, mas foi uma tentativa que não teve muito sucesso, pela instabilidade
de produção a que este fruto está sujeito. Mas não
desistimos desta produção e, desde 2007, continuamos a apostar nele.
São três hectares. Todos cultiváveis?
Sim. Tudo. São cerca de três hectares e meio
de culturas. Na Quinta dos Sabores cultivamos
uma oferta diferenciada e inovadora de produtos
hortícolas de elevada qualidade e sabor. Sobretudo ao nível das aromáticas, verdes e legumes para
saladas e acompanhamentos, com destaque para
diferentes tipos de alfaces, tomates, rúcula, manjericão, couves, curgete, beringela, para além de
capucho e maracujá.
Os terrenos que não têm nada plantado agora,
encontram-se em pousio, para que depois consigamos fazer a rotatividade das culturas.
Estamos a falar de um investimento feito
de quanto?
Quanto é possível obter, em termos de
quantidades das hortícolas, por mês?
Não sabemos ao certo. Cada metro quadrado
dá muita coisa. Fazemos tudo para que consigamos pagar as nossas dívidas e os compromissos
que temos. Todos os investimentos que fazemos
são bem pensados e calculados. É certo que seria
bom termos todo o dinheiro que gostaríamos de
ter disponível para podermos investir imediatamente, mas isso não é uma realidade.
Mas tal como diz a Inês, esta quinta vai estar
como nós gostaríamos que ela fosse hoje, quando
tivermos 60 anos. Até lá vamos melhorando-a.
Os vossos produtos estão disponíveis ao
consumidor de que forma ou formas?
Trabalhamos com um restaurante (Rotas),
Entrevista
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Atlântico Expresso
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
As sementes e os plantios vêm de onde?
Mandamos buscar muitas sementes de
Inglaterra, Espanha e Portugal Continental e
estamos, cada vez mais, a apurar as nossas próprias sementes no Verão. Os plantios são todos
nossos.
Quando decidiram fazer o curso de produtores agrícolas, qual foi a reacção dos demais a esta vossa iniciativa?
Chegamos a ser apelidados de loucos,
inclusivamente por parte dos responsáveis que
nos estavam a ministrar o curso. Tudo era anormal, para os outros, quer em relação à quinta,
quer às nossas ideias, quer ao curso. Mas nós
mantivemo-nos firmes nas nossas ideias, e aqui
estamos, fazendo uma agricultura completamente diferente, onde é possível termos, em
diferentes culturas, diferentes estádios. Nós temos disponível uma produção variada, e é esta
diversidade que acaba por dar valor às cestas e
à quinta.
E é esse o futuro que pretendem…
Sim. Esse é o nosso projecto de vida. Nasceu a Quinta dos Sabores, um verdadeiro projecto de vida, que consiste simplesmente em
conseguirmos desenvolver diversas vertentes
económicas a partir da nossa terra.
Mas pretendem fazer mais alguns investimentos ou enveredar por um maior contacto com a população local e turística que nos
visita?
É poder ter a quinta aberta ao público. E
quem diz público diz crianças de escolas ou
com os seus pais ou até mesmo reformados –
através de uma ideia que temos para a criação
de hortas comunitárias – e ainda turistas que nos
queiram visitar. O objectivo é que a quinta dê
para si e para nós, para que possamos viver aqui
o resto da nossa vida. A Quinta dos Sabores
tem as portas abertas a quem nos quiser visitar
e participar nas tarefas de cultivo necessárias.
Queremos que as pessoas venham, tragam a sua
família ou amigos e participem no dia da apanha
do capucho, do maracujá, da pimenta… ou no
dia da monda, no dia da sementeira, no dia da
plantação, etc., e saiam da Quinta dos Sabores a
dizer: “Apanhei o meu próprio jantar!”.
consumo próprio e do restaurante e estamos a
fazer uns cestos de legumes que depois são entregues, por nós, a casa dos nossos clientes. É gratificante o contacto directo com as pessoas, pois é
mais fácil de podermos apresentar-lhes os nossos
produtos, a maior parte, inovadores na alimentação destas e explicar quais os benefícios de saúde
dos mesmos e as aplicações culinárias que estes
têm.
As cestas são um projecto para se manter?
Sim. As nossas cestas são um compromisso
entre o gosto e as necessidades das pessoas, bem
como o que a terra está a dar no momento e as
quantidades que temos disponíveis para venda.
Nas cestas vai um cabaz das hortícolas que temos
disponíveis, mas também vai um pouco do carinho que colocamos em cada produto que semeamos ou plantamos. Porque é nisso que reside o
segredo do nosso negócio. Pode dizer-se que são
uma caixinha de surpresas, saborosa e cheia de
mimos… até camélias centenárias acompanham
as cestas! Para mais informações, podem sempre
consultar o nosso site em http://quintadossabores.
net/.
E uma abertura ao público vai possibilitar que tipo de dinamização da quinta?
Poderemos desenvolver um sem número de
actividades localmente, aproveitando a diversidade e os tais vários estádios de desenvolvimento das culturas, para além das várias operações
agrícolas necessárias de efectuar. Mais, teremos, em princípio, um restaurante (que aguarda
licenciamento) onde iremos servir refeições da
quinta, acolhendo também produtos da zona (a
mais próxima é Rabo de Peixe, mas podemos
alargar a nossa ideia a toda a ilha).
das pessoas que nos visitam. O
restaurante tem capacidade limitada consoante o evento.
Actualmente a procura mantém-se estável mensalmente?
Servimos já uma média de
140 refeições por mês. Quem nos
visita, neste momento, são turistas
(estrangeiros – 50 por cento) e locais e nacionais (os outros 50 por
cento). Os pratos mais procurados
foram, a início, a alcatra à moda da
Terceira, mas hoje já há quem repita a visita pela quinta vez. Como
vamos fazendo as coisas à medida do que as
pessoas querem e vivemos muito à base das
degustações, as pessoas acolhem com todo
as nossas refeições com todo o carinho que
nelas depositamos.
Mas este espaço é muito mais que um
simples restaurante. É também uma loja,
onde são vendidos inúmeros produtos fabricados na quinta: compotas várias, chutneys
tentadores, pickels de variados legumes, tomates secos em azeites aromatizados, entre
tantos outros.
Sendo um espaço amplo, é possível
transformá-lo numa oficina, onde se realizam workshops de culinária, gastronomia,
horticultura, etc.
É um espaço acolhedor, com vista para
a quinta, com uma decoração que leva os visitantes a viajar no tempo e uma lareira para
aquecer o corpo.
Para mais informações para encomendar cestas e sobre o restaurante, as pessoas
podem consultar o blog e a página de facebook do Sabores da Quinta (http://quintasabores.blogspot.pt/
Ana Coelho
Falaram em projecto de vida. Esse vosso
projecto estende-se também aos filhos e à qualidade de vida que lhes proporcionaram com o
regresso às origens do Paulo…
Sim. No meu caso (Paulo), passei metade da
minha vida aqui nesta quinta e em São Miguel e
outra metade em Lisboa. Tenho a certeza absoluta que ganhámos todos uma qualidade de vida
inigualável. Os miúdos, especialmente os mais
novos mal, chegam a casa, saem para a quinta à
procura de aventura.
Actualmente já têm um espaço de restauração a funcionar também…
O restaurante abriu em Agosto de 2014. A
aceitação tem sido bastante boa, face ao conceito que nós temos estado a desenvolver e face ao
que pretendemos que o espaço seja para nós e para
quem nos visita. Fazemos mais por uma questão
de prazer, por forma a podermos passar os nossos
produtos da quinta para o prato. O restaurante funciona com reservas e sem ementa e o feedback tem
sido de 100 por cento. O nosso grande objectivo
passa por manter a qualidade da oferta e bem-estar
Atlântico Expresso
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Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
Reportagem
Comunidade israelita cedeu por 99 anos espaço a Ponta Delgada
Única Sinagoga nos Açores já renasceu das cinzas
hoje como local de culto, museu e biblioteca
A sinagoga “Sahar Hassamain” (possível tradução – “Força dos Céus”), localizada no centro de Ponta Delgada e o cemitério, localizado no
extremo poente da cidade, representavam, doravante, o indispensável instrumento de coesão, de solidariedade e de união desta minoria religiosa (judaica). Mas a partir dos anos 60 (século XIX), iniciou-se a debandada generalizada da comunidade israelita açoriana. Entre os poucos
que não partiram, os Bensaude, os Benarús e os Delmar parecem ter sido os únicos a conservarem o seu tradicional estilo de vida burguês,
porquanto os demais membros da comunidade vão levar uma vida bastante modesta e, por vezes, até precária, embora a actividade comercial
tivesse continuado a caracterizar os seus negócios”.
em Março de 2015, de Jorge Delmar, mais de uma
centena de documentos, entre os quais se encontram
livros de ofícios religiosos e cartas da Azorean Synagogue Restoration Committee.
Entre os documentos agora doados à Sinagoga
de Ponta Delgada também se encontram cartas de
Elias Anahory, de Alfredo Bensaude, Joaquim Bensaude, Joseph Fresco, Salom Delmar e Jorge Delmar.
Foram ainda doados documentos variados do
Comité da Comunidade Israelita de Lisboa, assim
como duas menoraha (peças de templos judaicos).
Fátima Sequeira Dias,
Centro de Conhecimento dos Açores
“Embora a sinagoga seja pertença jurídica de
uma comunidade, ela faz parte da memória colectiva de um todo, que somos nós, açorianos, e muito
especialmente, cidadãos de Ponta Delgada”.
José de Almeida e Mello, historiador
e presidente da Associação de Amigos
da Sinagoga
Estávamos em Maio de 2006 e o “Correio dos
Açores” realizava então uma visita à Sinagoga
de Ponta Delgada pela mão de José de Almeida e
Mello, coordenador da então Comissão nomeada
pela Comunidade Hebraica de Lisboa. Já em 2009,
a sinagoga de Ponta Delgada, datada de 1836, até
ali propriedade legítima da Comunidade Hebraica
de Lisboa, passou a ser da autarquia da maior cidade açoriana, por um período de 99 anos. Nos seis
anos seguintes, os presidentes da autarquia de Ponta
Delgada, Berta Cabral e José Manuel Bolieiro comprometeram-se devolvê-la à sociedade e à comunidade em causa, mas completamente renovada, como
espaço de culto, biblioteca e museu.
Um passo que o presidente da comunidade
israelita de Lisboa considerou “importantíssimo”
e “histórico”, classificação partilhada pela autarca
aquando da assinatura do protocolo de cedência para
a recuperação e dinamização da referida Sinagoga
que decorreu em 2009.
Este tem sido um projecto de longa data, que aos
poucos foi tomando forma e que para José Oulman
Bensaude Carp, veio demonstrar “o quão importante é para a autarquia e para os seus responsáveis e
para a nossa comunidade”. Mais, o facto de o imóvel religioso passar a assumir outras funcionalidades
que, não só, a de culto, é, segundo aquele responsável “essencial, especialmente porque, em Portugal,
não existe nenhum museu judaico”. Ponta Delgada
tem agora o primeiro museu judaico do país, o que
no entender de José Oulman Bensaude Carp, fará
com que “a sinagoga atraia, não só os elementos da
comunidade mas muitos outros interessados nestas
matérias até Ponta Delgada e ao espaço em questão.
Os próprios turistas judaicos deslocam-se mais facilmente até cidades ou espaços onde existem sinagogas, o que potenciará, de sobremaneira, a própria
cidade de Ponta Delgada entre estes”.
É todo um património que se encontra agora
disponível ao público em geral, depois de ter estado
ausente durante cerca de cem.
Para a comunidade judaica, e, em especial para a
de Lisboa, a importância do reaparecimento desta sinagoga é “enorme, uma vez que muitas das famílias
que fundaram o local de culto daquela cidade são as
mesmas que fundaram as de Ponta Delgada”.
Em 2009, Berta Cabral salientava estar certa que
“com o contributo de todos – cada qual na exacta
medida das suas possibilidades – conseguiremos devolver a Ponta Delgada um património devidamente
valorizado em termos históricos e convenientemente aproveitado ao nível cultural”.
Agora e quando uma das mais antigas sinagogas
Museu e Arquivo da memória judaica
do país reabre portas, renasce no seu interior o restauro e musealização do espaço de culto, repondo-se
ali elementos decorativos e rituais dispersos e nasce
um arquivo documental da memória judaica açoriana, uma exposição permanente dedicada à história
das actividades desenvolvidas pelas famílias judaicas dos Açores, serviços culturais da Câmara de
Ponta Delgada e ainda um espaço público dedicado
aos munícipes, visitantes e turistas.
Um renascer de um importante espaço de culto
judaico, um tempo hebraico de características únicas
em Portugal que, há cerca de vinte anos reuniu à sua
volta um conjunto de amigos, cuja missão passou
pela recuperação e devolução do espaço à cidade,
restituindo-lhe o seu valor religioso, histórico e cultural.
Bensaude doou livros para a criação do fundo
da cultura e identidade hebraica
A Presidente do Conselho de Administração
do Grupo Bensaude doou em Fevereiro deste ano
(2015) à Sinagoga de Ponta Delgada, agora transformada em pólo cultural e museológico da herança
hebraica nos Açores, centenas de livros, revistas e
catálogos.
Entre as centenas de livros, revistas e catálogos
doados por Patrícia Bensaude, os quais vão servir
para a criação do fundo da cultura e identidade
hebraica nos Açores, na antiga Sinagoga de Ponta
Delgada, alguns retratam a história do judaísmo, o
holocausto e os campos de concentração nazis durante a II Grande Guerra Mundial, a herança judaica
em Portugal e muitos, muitos outros temas.
São cerca de 140 livros e, aproximadamente, 50
revistas e catálogos em Francês, Inglês e Português.
Quase todos os exemplares doados por Patrícia Bensaude estão relacionados com o judaísmo ou com a
herança judaica em Portugal e ficam agora à guarda
do novo pólo museológico e cultural de Ponta Delgada
Entre as centenas de exemplares, estão livros
reconhecidos internacionalmente, como “Aus-
chwitz - Um Dia de Cada Vez” e “Os Portugueses
no Holocausto”, da autoria de Esther Musnik, “A
Herança Judaica em Portugal”, de Maria José Ferro
Tavares, “Judeus em Portugal durante a II Guerra
Mundial”, de Irene Flunser Pimentel e “Eu Sou o
Último Judeu - Treblinka (1942-1943)”, de Chil Rajchman.
“Os Desaparecidos”, de Daniel Mendelsohn,
“Salazar, Portugal e o Holocausto”, de Irene Flunser
Pimentel e Cláudia Ninhos e “Adam Resurrected”,
de Yoram Kaniuk são apenas mais alguns dos muitos exemplares que a partir de agora, podem passar
a ser consultados na antiga Sinagoga de Ponta Delgada.
Jorge Delmar doou uma centena
de documentos
A Sinagoga de Ponta Delgada, que agora reabre transformada em museu e arquivo documental
da memória judaica nos Açores, também recebeu,
Fundada em 1836, a sinagoga de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, está localizada na Rua do
Brum, na baixa da cidade, num edifício que passa
despercebido, já que na altura a legislação portuguesa proibia que os templos não católicos tivessem
símbolos no exterior.
Desde 1970 que o imóvel estava votado ao
abandono, mantendo no seu interior muito do espólio e objectos usados nas cerimónias religiosas, que
foram entretanto recuperados e voltam a ser expostos com esta reabertura.
Entre os objectos recolhidos está documentação em hebraico do século XIX e uma cadeira em
madeira usada para realizar circuncisões, que foi
oferecida por um antepassado do ex-presidente da
República Portuguesa Jorge Sampaio.
Para José de Almeida e Mello, presidente da
Associação de Amigos da Sinagoga, esta obra é o
culminar de décadas de mobilização de esforços de
várias entidades e personalidades nos Açores, no
país e no estrangeiro, sobretudo nas comunidades de
emigrantes.
As obras de recuperação da sinagoga, que foram
orçadas em 217.500 euros, começaram em Fevereiro de 2014 e visaram musealizar o antigo espaço de
culto, com os seus elementos decorativos e rituais,
bem como instalar o arquivo documental da memória judaica açoriana.
A sinagoga inclui ainda, uma pequena biblioteca, gabinetes de trabalho e salas de exposição.
O projecto de arquitectura é de Igor França e o
auto de consignação da empreitada, por oito meses,
foi assinado em Fevereiro de 2014 com a empresa
Caetano e Medeiros Lda. O programa científico do
espaço museológico foi entregue à historiadora Susana Goulart Costa, docente na Universidade dos
Açores.
Segundo disse José de Mello, a sinagoga de
Ponta Delgada pretende não só contar a história dos
judeus em São Miguel, como nas restantes ilhas dos
Açores.
O arquipélago chegou a dispor de várias sinagogas nas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial, mas
actualmente resta apenas a de Ponta Delgada e o
cemitério israelita em Santa Clara (igualmente no
concelho de Ponta Delgada), datado de 1834.
Espaço multifacetado
Na entrada do edifício, situado na Rua do Brum
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Reportagem/Opinião
Atlântico Expresso
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
nº 16, está situado um balcão de atendimento no saguão, constituindo-se a primeira área de exposição
onde se localiza o mikvé (local onde é feito o ritual
de purificação através da imersão em água). Foram
erguidos muretes em vidro temperado para evocar
o tanque original e a bica de água que abastecia a
sinagoga.
Já no primeiro piso foi criada uma sala de
exposições dividida em três áreas e divididas por
painéis móveis, sendo o compartimento existente a
nascente usado como antecâmara da sala de culto.
No segundo piso, mantém-se a galeria das senhoras
e foi instalada uma área de trabalho composta por
dois gabinetes e uma biblioteca que acondiciona e
disponibiliza ao público o actual espólio bibliográfico da sinagoga, bem como todo o que vier a ser
doado por benfeitores. Também se mantém o acesso ao terraço, de onde se pode ver a sala de culto.
Por ser um edifício pequeno e, na impossibilidade de se criarem rampas de acesso aos pisos
superiores, é possível recorrer a meios audiovisuais
que permitirão aos deficientes motores fazer uma
visita virtual ao edifício.
Jorge Delmar Soares, o último judeu não convertido nos Açores e co-fundador da Associação
dos Amigos da Sinagoga, considerou tratar-se de
um “marco histórico” o projecto de recuperação da
sinagoga que esteve degradada mais de 40 anos.
Confessou sentir “uma enorme tristeza” ao ver o
edifício completamente degradado porque conheceu a sinagoga “no auge quando havia inúmeras
famílias judias aqui e para mim é muito triste ver
isto nesta situação”.
Não havendo mais famílias hebraicas em São
Miguel e não havendo culto na sinagoga há várias
décadas, Jorge Delmar Soares concordou com o
projecto de recuperação e musealização do espaço
que “pelo menos guarda o passado glorioso que
esta casa teve”. Neste sentido espera rever no espaço depois de recuperado “uma contribuição dos
judeus para o desenvolvimento dos Açores, nomeadamente São Miguel”, afirmando que Ponta Delgada pode vir a receber mais turistas e estudiosos
do judaísmo depois de integrada no roteiro mundial
de cidades com herança judaica. Casado com uma
católica e com filhos católicos, Jorge Delmar Soares lembra que está perfeitamente inserido numa
sociedade onde “há respeito pela diversidade cultural e religiosa, por isso não me sinto nada marginalizado”, confessou, há cerca de um ano, o mesmo.
Reabilitação concretizou aposta estratégica em
termos turísticos
Já em Dezembro de 2014, o Presidente da
Câmara Municipal afirmou que a reabilitação da
Sinagoga Sahar Hassamain (Portas do Céu), data
cuja obra foi concluída e entregue à autarquia antes
da data prevista, veio concretizar uma aposta mais
vasta e estratégica em termos turísticos para Ponta
Delgada, para a ilha de São Miguel e para os Açores.
José Manuel Bolieiro falava na apresentação
do Projecto Museográfico da Sinagoga, a cargo
da professora universitária e historiadora Susana
Goulart Costa, numa sessão que contou com a presença da Secretária Adjunta da Defesa Nacional,
Berta Cabral, do senador norte-americano Michael
Rodrigues, do Presidente da Associação dos Amigos da Sinagoga de Ponta Delgada, José de Mello,
e de representantes da Azorean Jewish Hertitage
Foundation, entre muitas outras personalidades que
estiveram envolvidas no processo de reabilitação
deste espaço de culto hebraico que é o mais antigo
de Portugal.
Entretanto, o Senador Michael Rodrigues,
um dos principais impulsionadores da criação da
Azorean Jewish Hertitage Foundation, louvou o
trabalho feito pela Câmara de Ponta Delgada na
reabilitação da Sinagoga e agradeceu à Autarquia
por nunca ter desistido do projecto, que terá todo o
apoio da referida fundação.
Com um projecto de arquitectura da autoria de
Igor França, o projecto de especialidades esteve a
cargo do Gabinete 118. A obra acabou por custar
mais de 300 mil euros e foi comparticipada em 85
por cento por fundos comunitários.
Crença XVI-100 anos
Mariais
TEIXEIRA DIAS
Na apresentação do Projecto Museográfico da
Sinagoga “Portas do Céu”, em Dezembro do ano
passado, a historiadora Susana Goulart Costa afirmou que o espaço vai mostrar ao público o legado
hebraico nos Açores, a chegada dos primeiros judeus ao arquipélago, a chegada dos judeus no século XIX e durante a Segunda Grande Guerra Mundial, assim como a história do próprio templo.
Segundo adiantou, há registos de judeus nos
Açores desde o Século XV até à actualidade, e se a
Sinagoga situada na baixa da cidade de Ponta Delgada, passa despercebida tal deve-se ao facto de,
em tempos, “a legislação portuguesa proibir que os
templos que não fossem católicos tivessem símbolos públicos no exterior”.
“No interior de uma casa perfeitamente normal,
temos a Sinagoga que foi a primeira a ser construída
em Portugal, no século XIX, depois da expulsão
dos judeus em 1496”, como referiu a historiadora.
Susana Costa adiantou que a comunidade judaica nos Açores começou a desaparecer depois da
II Grande Guerra Mundial, numa época em que os
Açores “continuavam a ser palco privilegiado para
receber os judeus que tentavam fugir da Europa
nazi”.
Por outro lado, na opinião da professora universitária, o projecto museográfico da Sinagoga de
Ponta Delgada vai acabar por contar não apenas a
história dos judeus em São Miguel, como noutras
ilhas açorianas.
Sinagoga tema de documentário
Um grupo de historiadores e documentalistas
dos Estados Unidos da América deslocou-se em
Maio de 2014 a Ponta Delgada com o objectivo de
estudar e analisar a Sinagoga, que já se encontrava
em processo de recriação e musealização, para posteriormente produzir um documentário em vídeo.
David Wright, Tug Yourgrau, Jane Gerber,
Miriam Bodian, acompanhados pela docente da
Universidade dos Açores, Susana Goulart e pelo
historiador José de Mello, captaram imagens das
várias fases da reconstrução e analisaram os documentos que foram encontrados na Sinagoga de
Ponta Delgada.
O objectivo deste grupo de especialistas americanos passou por criar um documentário pormenorizado deste antigo espaço de culto e inclui-lo no
arquivo documental da memória judaica.
Única sinagoga nos Açores reabriu
totalmente recuperada
A única sinagoga existente nos Açores, localizada em Ponta Delgada, reabriu finalmente a 23
de Abril de 2015 “totalmente recuperada” para dar
a conhecer o legado hebraico na região, um “acto
simbólico e emotivo” para quem cuidou deste património durante décadas.
“A minha família foi a última guardiã da sinagoga durante 40 anos até este acordo ser feito [em
2009] entre a comunidade israelita de Lisboa e a
Câmara Municipal de Ponta Delgada [por uma prazo de 99 anos]”, afirmou à Lusa o co-fundador da
Associação Cultural Amigos da Sinagoga de Ponta Delgada Jorge Delmar Soares, que não esconde
a sua satisfação por ter sido possível recuperar o
edifício.
O imóvel estava votado ao abandono desde
1970, quando as duas últimas inquilinas, Raquel
e Haliá Albo, morreram, mas mantinha no seu
interior muito do espólio e objectos usados nas
cerimónias religiosas e, já recuperados, voltam
agora a ser expostos.
Jorge Delmar Soares salientou que há ainda várias peças da sinagoga de Ponta Delgada que continuam à guarda da comunidade israelita de Lisboa e
que terão de voltar para os Açores.
“Por exemplo, há o quadro dos fundadores da
sinagoga que não aparece e terá necessariamente
de aparecer. Há outras torás pequenas que também
ainda não vieram e que terão de vir”, disse o judeu que resgatou as peças e as enviou para Lisboa,
quando o edifício em Ponta Delgada se começou
a degradar.
Jorge Delmar Soares não tem dúvidas que a
recuperação deste imóvel coloca Ponta Delgada
numa rota mundial e atrairá muitos turistas, apesar
de a sinagoga nunca ter verdadeiramente deixado
de receber visitas durante os anos em que esteve
em degradação.
A chegada aos Açores dos primeiros judeus
originários de Marrocos data de 1819, quando rapidamente se instalaram e criaram os seus templos de
culto por várias ilhas, como S. Miguel, Terceira e
Faial, património que, entretanto, se perdeu.
A inauguração do mais antigo templo judaico
português após a expulsão dos judeus de Portugal
decorrer na passada Quinta-feira, pelas 15h30, com
a presença de vários convidados nacionais e internacionais e foi o culminar de décadas de mobilização
de esforços de várias entidades e personalidades
nos Açores, no país e no estrangeiro.
A sinagoga já na Sexta-feira, e no fim-de-semana seguintes à inauguração esteve aberta ao público
de forma que as pessoas pudessem visitar a sala de
culto, o pequeno museu e a biblioteca, explicou o
coordenador da sinagoga e presidente da Associação dos Amigos da Sinagoga de Ponta Delgada,
José de Almeida e Mello, acrescentando que, nesta
primeira fase, as visitas são gratuitas.
José de Almeida Mello referiu que Ponta Delgada vai apresentar “ao país o seu legado hebraico
totalmente recuperado”, destacando os cemitérios
dos judeus em Santa Clara e Pico Salomão, bem
como a sinagoga.
Segundo José de Almeida Mello, o próximo
passo será concluir a identificação das casas dos
judeus, as lojas e as restantes quatro sinagogas que
chegaram a existir no centro de Ponta Delgada para
se criar um roteiro hebraico na cidade, “permitindo dar a conhecer o legado dos judeus sefarditas
que estiveram em Portugal durante mais de 1.000
anos”.
Além de Ponta Delgada e de Lisboa, Tomar e
Castelo de Vide são cidades em Portugal que têm
sinagogas.
Ana Coelho
Com este título publicou o p. José Jacinto
Botelho, sob o pseudónimo de António Moreno, um conjunto de poemas. Após ter falado de
Fátima e Senhora da Paz, pensamos, será justo
apresentar ao público uma leitura breve de um
desses poemas.
O primeiro «Mariais» é publicado em A
Crença nº 745.
Trata-se de um longo poema todo ele
bipartido: uma situação, uma súplica. Por uma
e outra se nos apresenta o bondoso coração do
grande sacerdote e os anseios que alimentava
no seu espírito.
Aconselhando a quem puder e desejar a
leitura integral, vou aqui transcrever alguns
excertos que mais me sensibilizaram.
«Senhora! A minha dor é caminheira
Que sai a visitar dor alheia […]
Vem comigo. Eu já trago a dor cansada
De tanto ver a dor, sem lhe dar cura.
Um hospital. Os muros suam prantos […]
Senhora da Saúde! Que tu sejas
Desta casa enfermeira diligente!
Casa sem pão! No catre a enfermidade
Imobiliza a mão que move a enxada […]
Virgem de Nazaré! Pela doçura
Com que, em teu lar se toma a refeição,
Veste de alva toalha a mesa pobre
Dá pão às mesas onde não há pão.
É lar recente aqui; onde o amor?
Pelas janelas saltam maldições…
Ó Virgem de Canã! Dize a Jesus
Una de novo as mãos e os corações…
Ao longe, ao longe, em vagas delirantes,
Avisto um barco pobre tamaninho […]
Oh Senhora do Mar! Já ondas loucas
Não te chamam Senhora da Bonança?
Oh Divina Pastora! Ao teu rebanho
Faltam ovelhas muito mais que eu sei…
Grita por elas, mãe! Vai à procura
E muitas voltarão contigo à grei.
Quedemo-nos Senhora! No desterro
Que havemos de encontrar senão desditas?
Dos desditosos fala ao teu Jesus
Que a paz nos dê nas regiões benditas.»
Hoje seriam somente estas preces e estes
problemas que o coração do p. e Botelho traduziria em verso?
Como nos são necessários milhares de
Anónios Moreno, mesmo sem serem sacerdotes, que não se contentem em traduzir em verso
mas pratiquem o que o Bom Jesus, outrora, na
terra em sangue, pregou!
Atlântico Expresso
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Entrevista
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
“Temos de saber ter fé
com o coração”
A pouco mais de duas semanas do início das Festas do Senhor Santo Cristo, o Reitor do Santuário, Monsenhor Augusto Cabral, fala do tema das festas - A Fé, Caminho da Salvação -; da necessidade dos cristãos despertarem para “o
amor e para a entrega total da vida”; das dificuldades “que podem transformar-se em oportunidades”; das finanças
do Santuário e dos desafios. Para trás ficam as divergências “completamente ultrapassadas” entre o Santuário, a Irmandade, a Diocese e os fiéis, por causa da cedência temporária do resplendor do Senhor Santo Cristo. As festas vão
ser presididas pelo Bispo auxiliar de Braga, D. Francisco Senra Coelho, “amigo pessoal de D. António” e o tríduo
preparatório ficará a cargo do Cónego Ângelo Valadão.
amor…
Reitor do Santuário - Com certeza, e devemos
fazê-lo todos os dias, particularmente nesta festa.
Temos que manifestar que acreditamos que Ele veio
para nos salvar. O que é a encarnação senão a manifestação da bondade de Deus? A encarnação é o
primeiro sinal deste amor de Deus e diz-nos que o
seu filho veio ao mundo para nos salvarmos. Senão
compreendermos isto não compreendemos nada.
Igreja Açores - De que forma esta festa pode
ajudar nessa catequese?
Reitor do Santuário - Há coisa melhor no mundo do que um filho ver que um pai ou uma mãe o
amam até ao fim, independentemente de cada circunstância da vida? Um pai e uma mãe estão sempre
disponíveis para irem dando a vida pelo seu filho. E
se o filho não acredita no pai ou não mãe, neste amor
e nesta entrega, não há simbiose. Isto é, há a misericórdia dos pais para com o filho mas não há do filho
para com os pais e isso destrói a relação. Este filho é
a humanidade. Que é filha de Deus e esta filha tem
que compreender e acreditar que esse Deus é amor,
ternura, compaixão e… misericórdia, que mais não
quer dizer do que coração disponível.
Igreja Açores - A mensagem escolhida para
a festa deste ano - A Fé: Caminho de Salvação
- já está muito inserida no espírito do ano Santo
da Misericórdia, que o Papa acaba de convocar.
Qual foi o objectivo?
Reitor do Santuário - Nós escolhemos este
tema para ajudar a compreender a misericórdia. Se
não houver fé, a misericórdia fica para trás. No fundo, a mensagem fundamental que temos de rever
nesta festa é a bondade de Deus para com a huma-
nidade que se exprime de várias maneiras, do amor
à bondade, sem esquecer justamente a misericórdia.
O Ecce Homo não é mais do que o terceiro mistério
doloroso do terço, a coroação dos espinhos, um dos
quadros da via-sacra e é a manifestação de misericórdia com a humanidade; é isso que nós temos de
reaprender e de celebrar.
Igreja Açores- A celebração da festa é uma
forma de agradecermos essa entrega e esse
Igreja Açores - Mas não é isso que vemos,
mesmo no mundo cristão. Há cada vez menos
disponibilidade para o outro, a começar em casa,
na família, que deveria ser a igreja doméstica…
Reitor do Santuário - A nossa sociedade é
consumista e materialista. Falta-nos reconhecer que
estamos neste mundo para darmos vida. Deus deixou a palavra que é vida e esse património eterno
que nos deve orientar em toda a sua vida e deve ser
usada como deve ser. Um pai e uma mãe quando se
amam, se juntam, querem dar vida e depois quando
essa outra vida nasce vão-lhe dando mais vida aos
bocadinhos, através de uma entrega. Esta entrega
tem que ser total dos pais para os filhos, dos filhos
para os pais. A vida só faz sentido com esta entrega.
Igreja Açores - Esta é uma festa da família.
Aliás, a ideia de união entre as pessoas está muito
presente. Durante estas festas este aspecto vai ser
sublinhado?
Reitor do Santuário - O Santo Cristo cativa as
pessoas, desde os mais crentes aos mais desligados.
Mas Ele e a Sua Mãe, reúnem todos e tudo. Seja do
ponto de vista físico seja do ponto de vista espiritual.
Esta é a catequese que falta fazer. Nós temos
esta obrigação de a fazer e de a passar às pessoas,
não apenas do ponto de vista da inteligência mas
do ponto de vista do coração. Uma fé inteligente é
uma fé quase reaccional, sem alma; é uma fé ritual.
Temos de saber ter fé com o coração. Enquanto não
saborearmos este amor e não o imitarmos nas nossas
vidas, nada disto vale a pena.
Igreja Açores - A família açoriana está a ser
capaz disso?
Reitor do Santuário - Não. Há um mundo de
problemas. A família cada vez tem menos tempo
para ser família o que limita as capacidades e possibilidades de serem família. Mesmo aquelas que têm
condições e competências para o ser! A falta de tempo - físico e psicológico -, as prioridades invertidas
minam a família. E isso já chegou, infelizmente aos
Açores.
Igreja Açores - Há estímulos a mais na nossa
sociedade que nos desvia do essencial?
Reitor do Santuário - Sem dúvida. Nós hoje
temos mais tempo para fazer coisas do que para sermos irmãos, uns com os outros; de nos olharmos,
Entrevista
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Atlântico Expresso
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
de nos entendermos; de nos preocuparmos uns com
os outros. Com a preocupação de fazermos muitas
coisas acabamos por fazer coisas inúteis e aí consome-se tempo que, se calhar , seria melhor empregue
noutras coisas.
Igreja Açores - O papa Francisco identificou
a doença: martalismo, funcionalismo…
Reitor do Santuário - Sim, regressando a Betânia, muitas das nossas famílias estão cheias de Martas. A igreja está cheia deste funcionalismo. Esta disponibilidade é importante porque precisamos desse
empenho, mas tudo tem que ser doseado. A Teologia Ascética diz-nos que para progredirmos na nossa
vida temos que encontrar uma ponta e começar por
aí. Se queremos fazer tudo de uma vez, eliminando
o negativo de uma vez ou conquistando o positivo
de uma vez só, não fazemos nada de jeito. Ninguém
consegue, porque ninguém é super homem ou super
mulher. Por isso, há que dosear e encontrar o caminho, passo a passo.
Igreja Açores - Essa é a preocupação desta
festa, tal como todas as festas religiosas, colocar
um ponto de ordem para uma nova reflexão e
uma nova caminhada?
Reitor do Santuário - Sim, absolutamente.
Sendo um momento das famílias se encontrarem são
momentos propícios para que a família programe a
sua vida. As famílias têm que se encontrar como célula de família e de amor.
Igreja Açores - Há um ano atrás, as festas iniciaram uma polémica que se prolongaria por algum tempo, concretamente até Junho, altura em
que o Resplendor do Senhor Santo Cristo saiu
pela primeira vez da Região. Não foi pacífico e
houve momentos de muita tensão. Que sequelas
ficaram desse desentendimento?
Reitor do Santuário - Está tudo ultrapassado…
Igreja Açores - Quer dizer que não ficaram
mossas?
Reitor do Santuário - Não… as divergências
existentes foram sanadas e não afectaram o relacionamento entre as pessoas e, por isso, esta festa tem
todas as condições para ser uma grande festa.
Igreja Açores - Dessa ida a Lisboa resultou
um estudo da peça que está com problemas de
integridade. Quando é que o Santuário vai proceder à recuperação do Resplendor?
Reitor do Santuário - Assim que a Diocese o
entender… estamos prontos para fazer todo esse trabalho. É só o Senhor Bispo dar o sinal.
Sítio Igreja Açores - Vivemos momentos de
crise. E isso, naturalmente, que tem afectado a
vida do Santuário. Sente que as pessoas dão menos do que davam?
Reitor do Santuário - Elas não estão menos
generosas; agora é um facto de que podem menos e
isso, naturalmente, que se reflecte nas ofertas. A situação financeira do Santuário é estável para honrar
todos os seus compromissos mas não somos alheios
às dificuldades, ao esforço de contenção.
Sítio Igreja Açores - Isso quer dizer exactamente o quê?
Reitor do Santuário - Que as coisas já não são
como antigamente. E nós continuamos a cobrir as
despesas da diocese concretamente o Seminário
de Angra e todos os alunos que estão em Roma ou
noutras Universidades a formarem-se para servir a
Diocese. Além de que temos as pessoas que nos pedem ajuda…
Sítio Igreja Açores - Tem aumentado o número de pedidos de ajuda?
Reitor do Santuário - Sim, tem aumentado
muitíssimo. As irmãs, sobretudo, atendem muitas
pessoas. Tudo isto está dentro da nossa missão e não
é uma novidade; apenas chamo a atenção porque se
calhar há pessoas que pensam que tudo se mantém
como dantes e não se mantém infelizmente, do ponto de vista financeiro.
Sítio Igreja Açores - A actual situação compromete as obras de adaptação deste espaço para
albergar os serviços diocesanos e também funcionar como verdadeiro Santuário, com zonas próprias de acolhimento?
Reitor do Santuário - Não compromete mas
faz-nos pensar. Como disse a situação financeira é
estável mas temos de continuar a fazer uma gestão
muito rigorosa. O Santuário precisa de funcionar
como tal. Acolher não só os peregrinos mas quem
nos procura a pedir ajuda. Por isso, deixo aqui um
apelo a todos de que as festas não se ficam apenas
por este deslumbramento exterior. A misericórdia
que elas encerram apela à generosidade das pessoas e felizmente temos muitas pessoas anónimas que
continuam a ser absolutamente indispensáveis para
que tudo se faça como antigamente.
Sítio Igreja Açores - Muitas ofertas são feitas
ainda anonimamente…
Reitor do Santuário - Todos os dias peço e
rezo pelos benfeitores desta casa… tudo isto é obra
de misericórdia.
Sítio Igreja Açores - Em que ponto está o início das obras de reabilitação?
Reitor do Santuário - O projecto está em fase
de apreciação pela diocese e pela Direcção Regional
de Cultura. Sem o aval deles não iniciaremos nada,
até porque as obras têm que ser candidatas a fundos
estruturais, porque nós sozinhos não conseguimos
fazê-las.
Sítio Igreja Açores - Este ano as festas decorrem num novo quadro do turismo açoriano, com
uma maior frequência de voos e ligações com o
exterior. O que é que o Santuário fez concretamente para responder a um maior afluxo de peregrinos e turistas?
Reitor do Santuário - Os preparativos começaram na passada Segunda-feira e já se sente algum
frenesim. As próprias missas já têm mais assistentes.
A Irmandade e o Santuário estão a fazer os possíveis
para que todos, em todas as circunstâncias, sejam
bem acolhidos. O nosso lema vai ser a promoção
do encontro. Todos os momentos verdadeiramente
importantes na festa estão a ser tratados de forma
muito minuciosa.
Sítio Igreja Açores - Quem pregará o tríduo
preparatório?
Reitor do Santuário - Será o Cónego Ângelo
Valadão, pároco nas Doze Ribeiras, na ilha Terceira.
As festas propriamente ditas serão presididas por D.
Francisco Senra Coelho, uma pessoa que conhece
bem os Açores, que é amigo pessoal do D. António,
que o convidou e que certamente dará bom testemunho nestas festas.
Sítio Igreja Açores - Quais são as suas expectativas?
Reitor do Santuário - Que seja um momento
de grande espiritualidade e de encontro para que a
nossa vivência de cristãos continue a ser um marco
na nossa história e na nossa fé, como caminho de
salvação. E, este caminho só será trilhado se houver
conversão e reconversão permanentes. É a isso que
nos convocam as festas deste ano. Por isso, todo este
frenesim que já começou deve ser “acidente” para
aquilo que é fundamental: termos a capacidade de
agradecer a Deus tudo o que Ele nos dá no nosso dia
a dia e agradecer também a Madre Teresa da Anunciada o que fez por este culto.
Sítio Igreja Açores - Como é que está o pedido de beatificação da Madre Teresa?
Reitor do Santuário - Não está. O postulador
nomeado pela diocese faleceu e desde então não foi
nomeado outro. Por isso, esta causa está como que
assim dizer em “banho maria”. Todas as graças que
vou recebendo estão todas arquivadas, por isso, a
todo o tempo que o Senhor Bispo decida podemos
avançar com este dossier.
Igreja Açores/Carmo Rodeia
Atlântico Expresso
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Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
Saúde
Amendoins? Peixe? Conheça os mitos
sobre a alimentação na gravidez
Em todo o mundo, mulheres grávidas são
bombardeadas com opiniões sobre o que comer
e o que não devem comer. Quase sempre, os poucos conselhos valiosos acabam misturados com
um caldeirão de lendas, superstições e pseudoevidências científicas.
Na Coreia do Sul, as grávidas são aconselhadas
a tomar uma sopa de algas marinhas. Na África do
Sul, uma mistura de ervas chamada Isilabezo, que
pode incluir desde margaridas a urina de animais.
No Irão, sumo de romã.
A variedade de palpites sobre a alimentação de uma grávida é inacreditável - e pode ser
desconcertante. Peixe é essencial para o desenvolvimento do cérebro do bebé, mas pode ser perigoso
pelo risco de conter taxas perigosas de mercúrio.
O amendoim é melhor ser evitado ou, na verdade, pode ajudar a evitar que o bebé cresça sem
alergias?
Se queijo cremoso e carnes curadas são mesmo
altamente proibidos durante a gestação, como é que
as grávidas italianas resistem aos prosciuttos e as
francesas não abandonam o camembert?
Mas, num cenário em que as grávidas estão
confusas sobre o que devem comer, a imprensa certamente tem a sua parcela de culpa, segundo Linda
Geddes, mãe de dois filhos e autora do «Bumpology», um livro que usa ciência para organizar uma
emaranhado de mitos, anedotas e nonsense que envolvem o tema alimentação na gravidez.
«Os jornalistas aproveitam qualquer estudo sobre gestação porque sabem que há um grande interesse», diz.
«Frequentemente, estudos inconclusivos em estágio inicial são usados e, quando um consenso científico é alcançado, a história é vista como velha ou
como repetitiva. Então, acaba-se por ter muita informação contraditória. E o resultado disso é que, quando uma mulher procura uma resposta no Google, ela
encontra uma quantidade de histórias assustadoras.»
Além de os dados científicos não serem reportados de forma correcta, estes costumam ser mesclados com superstições que variam de país para país.
A tradição também pesa. Em muitos países, passou-se de geração para geração a ideia de recomendar verduras, saladas ou legumes de folhas verdes.
Mas algumas tradições ou conselhos muitas vezes ganham «roupagens» que parecem mais magia
do que medicina. Em locais como no interior da
Nigéria, acredita-se que comer caracóis pode deixar
o bebé preguiçoso.
Já no Japão acredita-se que comer comida apimentada pode deixar o bebé com um temperamento
forte.
Nos EUA, muitos acreditam que marcas de nascença significam que as mulheres tiveram desejos de
comer morangos ou pimentos.
No Brasil, muitos acreditam que, se a mulher
não comer o que tem vontade, o bebé pode nascer
com uma marca semelhante ao alimento que a mãe
acabou por não comer.
Uma outra crença que existe é a de que canela
é perigosa para grávidas e que o chá do produto é
abortivo.
No México, há uma tradição que diz que uma
mãe que come ovos durante a gestação tem bebés
que cheiram mal.
Nas Filipinas, entretanto, as mulheres são aconselhadas a comer ovos crus antes do parto, para ajudar a lubrificar o canal vaginal.
Na China, há uma longa lista de alimentos que
devem ser evitados. Caranguejo, por exemplo, faz o
bebé nascer com 11 dedos, enquanto a lula deixa o
útero pegajoso. Mas essas superstições estão, sistematicamente, a ser abandonadas pelas chinesas.
Mas, além dos costumes e crenças inofensivos,
há outros que realmente podem prejudicar a saúde
da mãe e do bebé.
Em partes de Ásia, África e América Latina,
alguns tabus impedem que a gestante tenha dietas
equilibradas e que acabem por não consumir nutrientes essenciais.
Em alguns Estados indianos, por exemplo, muitas grávidas são aconselhadas a evitarem mamão,
papaia e abóbora, porque seriam muito «quentes»
para o bebé. O mesmo acontece com leite e bananas,
que seriam muito «frios».
Conceitos similares de quente e frio também são
vistos em partes do México, onde muitas indígenas
não comem, durante a gravidez, alimentos nutritivos
como tomates, ovos e abacates, pelos mesmos motivos.
Na Tanzânia, as grávidas muitas vezes não comem carne, temendo que o bebé possa nascer com
características dos animais consumidos.
Para especialistas como Carol Lummi-Keefe,
autora do livro «Handbook of Pregnancy and Nutrition» (Manual da gravidez e da nutrição, em tradução livre), esse problema deve-se ao nível de informações passadas às grávidas por pessoas em quem
elas confiam.
«Seja qual for a informação recebida por médicos, elas serão confrontadas com o que dizem parentes e amigos», diz.
Por isso ela acredita que é preciso fornecer informações mais claras e precisas para as gestantes.
Linda Geddes, a autora do «Bumpology», destaca ainda que isso ajudaria a evitar o bombardeamento
de informações conflituosas que as grávidas muitas
vezes recebem.
«Mulheres grávidas estão vulneráveis e desesperadas para fazer o melhor para o seu filho. A ideia de
que algo que possam fazer pode prejudicar o bebé
faz com que fiquem muito assustadas. Isso deixa-as
vulneráveis.»
Diário Digital
Cientistas descobrem forma de deixar o arroz muito
menos calórico
Cientistas dizem ter encontrado uma forma
de tornar o arroz menos calórico, ao fervê-lo com
óleo de coco e, em seguida, refrigerá-lo durante
meio dia antes de consumi-lo.
Segundo uma pesquisa feita no Sri Lanka e
apresentada perante a Sociedade Americana de
Química, isso reduziria o conteúdo calórico do
arroz em até 60%.
O método, dizem os pesquisadores, torna o
amido do arroz menos digestível, fazendo com
que o corpo absorva menos energia do que faria
ao ingerir o arroz comum. No entanto, especialistas em nutrição advertem que essa não é uma
solução rápida para perder peso.
Os hidratos de carbono contidos no arroz são
uma boa fonte de energia: ao serem ingeridos,
são decompostos em açúcares simples pelo nosso
corpo.
As sobras ficam armazenadas no corpo, convertendo-se rapidamente em glicose de acordo
com as nossas necessidades. Mas, em última instância, o excesso de glicose que circula no sangue
pode ser armazenado na forma de gordura.
Cientistas têm vindo a testar alterações nos
alimentos, na tentativa de «enganar» o corpo para
que este absorva menos «combustível» e mante-
nha o açúcar no sangue em níveis mais baixos.
Uma pesquisa britânica mostrou que, ao cozinhar massa e arrefecê-la em seguida, cria-se um
pico menor de glicose, mesmo que esta seja de
novo aquecida. Os pesquisadores do Sri Lanka argumentam que o mesmo acontece com o arroz.
A conclusão veio após a análise de 38 variedades do arroz, na tentativa de encontrar a melhor
forma de criar algo chamado de «amido resistente» e menos absorvido pelo organismo.
Essa resistência é em relação às enzimas que
o corpo utiliza para decompor os hidratos de carbono no intestino.
A pesquisa diz que a melhor forma de produzir este tipo de amido resistente é cozinhando
o arroz em fogo lento por 40 minutos, com uma
colher de óleo de coco. Em seguida, deve ser refrigerado por 12 horas.
A refrigeração permitirá que sejam formados
elos de hidrogénio entre as moléculas de amilose
(a parte solúvel do amido) no exterior dos grãos de
arroz, que fica mais resistente, diz Sudhair James.
E não há problemas em voltar a aquecer o arroz, já
que isso não afecta a resistência do amido.
A equipa investiga agora quais as variedades
de arroz que podem ser ideais para esse processo,
e se este funciona também com outros óleos de
cozinha.
O amido resistente pode oferecer benefícios
à saúde, por aparentemente melhorar a digestão
e a saúde intestinal, além de ajudar a regular os
níveis de açúcar no sangue, explica Sarah Coe,
especialista da Fundação Britânica de Nutrição.
Mas ressalta que são necessários mais estudos
sobre o tema.
A porta-voz da Associação Dietética Britânica, Priya Tew, disse que o estudo tem grande
potencial, mas recomendou que «as pessoas continuem a consumir arroz com os métodos tradicionais até que tenhamos mais informações».
Diário Digital-
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Opinião
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
Atlântico Expresso
Novas Políticas de Imigração na União
Europeia (UE): Catalisadores e Inibidores
ANÍBAL MANUEL DA
COSTA FERNANDES
Enquanto sucedem-se as catástrofes humanitárias às “portas” da UE, os responsáveis políticos são confrontados (como agora, o naufrágio
da traineira com centenas de seres humanos) pela
Comunicação Social, pelo Alto-comissário das
Nações Unidas (ONU) para os Refugiados, pelo
Sumo Pontífice, etc., sendo forçados, repetidamente, a proferir um role de intenções*. Mas, eis
que acontecem outros focos de preocupação, i.e.,
a Rússia, a Ucrânia e o Gás, a Grécia e o Euro, o
autoproclamado estado-Islâmico e os terrorismos,
que tomam conta da Agenda na UE.
Este quadro repete-se, cada vez mais. Não só,
no que se refere à Imigração em geral e aos imigrantes ilegais e às catástrofes humanitárias nas
fronteiras Sul/Este, mas também em muitos outros
assuntos estratégicos e vitais para a UE: Energia
– Rússia/Ucrânia, Segurança- Defesa/Terrorismo
e Valores da UE, Mercado Interno Digital (DSM)
– Telecomunicações (TSM)/Proteção de Dados
(GDPR) e Direitos de Autor, etc. É sintomática a
extrema dificuldade em conseguir-se tomar decisões vinculativas ao mais alto nível, talvez, porque
falta Estratégia Europeia, Homens de Estado ao
“leme”, sentido de comunitarismo - pressuposto
de uma União.
Voltando à questão da Imigração. Esta mostranos de forma dolorosa/aguda alguns catalisadores
e outros inibidores para a sua colocação prioritária
na Agenda da UE, ainda que, em securitização.
Quanto aos primeiros, denota-se claramente o,
incontornável, problema demográfico, a necessidade de políticas articuladas para as “zonas de
fricção” – Este-Oeste, Europa/Eurásia e Norte-Sul,
Europa/África do Norte e subsariana – de onde são
oriundas significativas comunidades – de cidadãos
da UE em segunda e terceira gerações – turca
(Alemanha), magrebina (França) ou muçulmana
(Reino Unido, Holanda, etc.). Notam-se, também,
inibidores consideráveis: vontade política, ausência de resultados palpáveis nas avulsas e inconsequentes Políticas da UE– “one size fits all” –, pressão dos nacionalismos históricos, populismos e o
consequente ressurgir da extrema-direita. Será preciso chegar-se ao confronto bélico interno/externo
– pela terceira vez, em um século – para que os
responsáveis políticos na UE percebam que “cada
um por si”, num quadro de Globalização, é inútil –
por mais forte que sejam os seus “egos”, o Produto
Interno Bruto (PIB), a atual/antiga moeda nacional, a indústria/tecnologia “de ponta”, a dimensão,
a afinidade linguística – porque, é manifestamente
desproporcional face às potências emergentes ou
ao “Tio Sam”! Até quando, vai a UE, protelar a
tomada de decisões estratégicas em prole de um
consenso artificial e precário, para consumo fácil
dos populismos nacionais, que tem sido a tónica
nos Conselhos Europeus dos últimos anos?
A situação na bacia do Mediterrâneo e na Eurásia, por exemplo, só se poderá atenuar quando
a Europa, ou melhor a UE, tiver uma Estratégia
coerente em Defesa (articulada com a NATO) e
de Segurança – com os seus custos financeiros,
humanos e políticos inerentes à dificuldade dos
responsáveis explicarem aos seus concidadãos,
os investimentos nessas áreas, aparentemente,
secundárias. Deverá ser complementada por desenvolvimento social e económico sustentável,
obrigatoriamente verificável, nas Regiões/Países
dos imigrantes ilegais e refugiados – sem perspetivas de futuro (corrupção, desemprego, fome/
sede, despotismo, terrorismo, etc.) – que procuram
ou são aliciados (pelas redes de tráfico) a encetar
uma perigosa viagem, muitas vezes mortal, rumo
ao “paraíso” da UE. Mais, só quando se reverter
o problema geopolítico criado pelo Ocidente –pelas políticas desastrosas das Administrações Bush,
complementadas, talvez por falta de habilidade e/
ou negligência nas Administrações Obama (numa
e noutra, com a displicência da UE), no Iraque, na
Síria, no Afeganistão e na Líbia, poderemos ter
uma inflexão na avalanche de tragédias humanitárias e uma melhoria visível nos flancos Sul/Este
da UE.
*http://www.consilium.europa.eu/en/meetings/fac/2015/04/Outcome-of-the-Council-meetingFAC-20-April-EN_pdf/
NOTAS SOLTAS. FOLHAS CAÍDAS (383)
Valeu a pena o sacrifício?
Valerá a pena viver nesta injustiça,
nesta corrupção, neste lodaçal Social?
ROGÉRIO
DE OLIVEIRA
PORTUGAL ESTÁ DIFERENTE. Não
para melhor como alguns tentam pintar. Os números do desemprego sobem, os apoios sociais
seguem caminho inverso. Se, no final de 2010,
a taxa de desemprego estava nos 10,8 por cento;
hoje , atinge os 14,7 por cento. Dados oficiais.
Contudo, a realidade é ainda mais calamitosa:
vários especialistas indicam que o desemprego
anda acima dos 20 por cento.
FORAM QUATRO ANOS DE INTERVENÇÃO EXTERNA para pôr as contas em
dia. Os portugueses pobres ficaram mais pobres, os remediados viram-se despromovidos
á pobreza. Os ricos continuam a fazer fortuna.
O quadro social é este. É caso para perguntar:
valeu a pena o sacrifício ?
O PRÓPRIO FMI (os seus técnicos, lembre-se, foram os principais ideólogos da política austeritária) manifestou há dias preocupação
com a dificuldade do país para recuperar o emprego. Não estará nos livros que, sem dinheiro,
não há compras, o que talvez explique um re-
cuo na economia da ordem dos 6,5 por cento no
período do resgate.
A MUITOS DAS CENTENAS DE MILHARES CAÍDOS NO LAMAÇAL DO DESEMPREGO resta a alternativa conhecida dos
portugueses: EMIGRAR.
DÁ QUE PENSAR NAS PALAVRAS
RECENTES DO PRIMEIRO-MINISTRO
quando apregoa o novo e saudável modelo económico português, assente na justiça social, e
livre do endividamento, quando comparamos
com notícias vindas a lume há poucas sema-
nas. Uma, referia-se a
uma investigação que
nos informava que as
empresas cotadas do
PSI-20 distribuíram,
no ano passado, mais
1,8 mil milhões em dividendos, acima do valor de 2007. Ao mesmo
tempo, nos últimos oito
anos, aumentaram a dívida em 23%, para 37
mil milhões de euros.
APESAR
DA
CRISE,
DOS
DESPEDIMENTOS,
DOS PREJUÍZOS E
DA NECESSIDADE
DE INVESTIMENTO,
as grandes empresas
portuguesas estão a
distribuir mais dinheiro aos accionistas do
que faziam antes da entrada da troika no país,
quando vivíamos “acima das nossas possibilidades”!!
A PT É, ALIÁS, UM BELÍSSIMO EXEMPLO DISTO MESMO. Uma empresa que, há
vinte anos, valia mais 75% do que vale hoje,
depois de por lá ter passado o melhor CEO do
Mundo. Entretanto deu mais de 11 mil milhões
a ganhar em dividendos aos seus accionistas,
embora a divida fosse acumulando. É signifi-
cativo.
A EDP, QUE COBRA ASTRONÓMICAS CONTAS DE ELECTRICIDADE EM
PORTUGAL, lucra cerca de mil milhões ao
ano. Em 2014 distribuiu 67% desse valor em
dividendos, E QUASE NADA FICOU EM
PORTUGAL. Ao mesmo tempo, o gigante
eléctrico, apresenta uma dívida de 17.083 milhões de euros.
OUTRA NOTÍCIA DE BRADAR AOS
CÉUS. A REN prepara-se para pagar aos seus
administradores mais 26% em 2015, ao mesmo
tempo que corta 2% nos custos com pessoal.
Significativo, não é ?
Já nos bons velhos tempos de 2013 a PT pagava à volta de 1 milhão a Zeinal Bava. A EDP
paga um valor semelhante a António Mexia. Na
GALP o salário do CEO chega aos 1,7 milhões.
O Presidente da RTP irá ganhar (se ninguém
travar) 10.000 mil euros por mês.
SALÁRIOS MILIONÁRIOS, DIVIDENDOS IMPOSSÍVEIS E DÍVIDA ASTRONÓMICA. Tem sido esta a fórmula da maior
parte das grandes empresas portuguesas, na sua
maioria privatizadas. Era assim antes da troika,
e continua a sê-lo depois. Significativo.
Valeu a pena tantos sacrifícios? Perante tais
dados, não é significativo o aumento das injustiças, o desemprego galopante, a emigração
preocupante, a corrupção desregrada e o lamaçal em que o país vive?
GAIA/VILAR DO PARAÍSO
Atlântico Expresso
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Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
Espessura do gelo flutuante
em torno da Antártida reduziu-se
20% em 20 anos
A espessura do gelo flutuante em torno
da Antártida, que age como uma protecção
contra o afundamento dos glaciares permanentes que cobrem este continente, reduziuse 20% em alguns locais nas últimas duas
décadas e o fenómeno está a aumentar.
A informação foi conhecida na semana passada, depois de divulgado na edição em linha
da revista Science um estudo, efectuado a partir de dados provenientes de medidas por satélite da Agência Espacial Europeia, feito entre
1994 e 2012, sobre a forma como os gelos da
Antártida respondem ao aquecimento global.
Estas barreiras de gelo permanentes têm
em média entre 400 a 500 metros de espessura
e podem estender-se por centenas de quilómetros ao largo das costas da Antártida.
Se se tornarem demasiado finas, a maior
parte dos glaciares do continente que elas contêm poderia deslizar para o oceano num futu-
ro breve. Este fenómeno
provocaria uma subida
clara do nível dos oceanos, ao acelerar a sua
fusão.
O volume total da
massa de gelo flutuante
no conjunto da Antártida
pouco mudou entre 1994
e 2003. Mas, a partir
deste ano, a sua redução
acelerou-se rapidamente,
segundo o estudo.
No oeste da Antártida,
as plataformas glaciares
diminuíram durante todo
o período de observação,
apresentando uma nítida
aceleração durante a última década.
Os ganhos nos gelos medidos entre 1994 e
2003 no leste da Antártida pararam desde este
ano e em alguns locais a espessura reduziu-se
até 18%, em relação a 1994.
“Uma perda destas num período de 18 anos
representa uma mudança verdadeiramente importante”, realçou Fernando Paolo, glaciologista no Instituto Scripps, em San Diego, no
Estado da Califórnia, um dos co-autores deste
estudo.
“Vimos não apenas uma redução global do
volume total das plataformas de gelo, mas também uma aceleração deste fenómeno durante a
última década”, acrescentou.
Se persistir o ritmo ao qual estas barreiras
de gelo se estão a reduzir, então dentro de 200
anos podem perder metade do volume, calcularam estes cientistas.
Diário Digital com Lusa
Cientistas chineses conseguem
desenvolver máquinas de metal líquido
Máquinas de metal líquido, capazes de mudar
de forma e movimentar-se
num determinado espaço,
foram desenvolvidas por
cientistas da Academia
Chinesa de Ciências e a
Universidade de Tsinghua, em Pequim, informou a imprensa oficial do
país asiático.
Os especialistas, citados
pela agência oficial Xinhua,
explicaram que estas máquinas podem adaptar a sua
forma ao espaço geométrico no qual se encontram,
movidas por um campo eléctrico endógeno baseado em ligas de metais líquidas, metais próximos que a máquina pode absorver e o hidrogénio gerado por reacções electroquímicas.
A escola médica da Universidade de Tsinghua e o Instituto Técnico de Física e Química
da Academia Chinesa de Ciências trabalham
no desenvolvimento destas máquinas.
Os cientistas chineses definiram estas máquinas como «moluscos biomiméticos» que poderiam servir para um desenvolvimento futuro
de robôs fabricados em metal líquido e transformável, algo que até agora só existe na ficção
científica (por exemplo, o famoso T-1000 do
filme «Exterminador do Futuro 2»).
Como exemplo do novo avanço, os especialistas chineses mostraram uma peça de alumínio que, colocada junto a uma das máquinas
desenvolvidas, é absorvida e se transforma
numa pequena bola de cinco milímetros de diâmetro.
Esta é depois capaz de movimentar-se de
forma espontânea em distintas dissoluções durante mais de uma hora, a uma velocidade de
cinco centímetros por segundo, equivalentes a
cerca de 0,18 km/h.
Diário Digital
Ciência
Europa e EUA preparam missões
espaciais «para o Inferno»
Provavelmente são as duas missões espaciais mais audaciosas em desenvolvimento actualmente. O Solar Orbiter e o Solar
Probe Plus serão enviadas para entrar na
órbita de Mercúrio com o objectivo de estudar o Sol.
De lá, a temperatura na superfície frontal
desses satélites vai ultrapassar as centenas de
graus. Seria possível dizer que essas missões
são, literalmente, «missões para o Inferno».
Projectar um sistema seguro para proteger
as naves para resistirem a temperaturas tão
elevadas é algo que tem dado trabalho aos engenheiros.
Eles precisam de algo que funcione como
um «escudo de calor». Para o Solar Orbiter, da
Agência Espacial Europeia, a solução é usar
titânio. Para o Solar Probe Plus, da Nasa, o
material deverá ser composto por carbono.
Os instrumentos dos dois satélites terão de
se esconder por trás dessas barreiras para fazer as medições que os cientistas esperam na
tentativa de desvendar alguns dos maiores e
mais duradouros mistérios do Sol.
As duas missões parecem estar a progredir.
A NASA já escolheu o foguete para lançar
o Solar Probe Plus. Um poderoso Delta-IV
Heavy - o maior foguete do mundo - vai lançar esse satélite de 610 quilos em direcção ao
Sol no fim de 2018.
E a indústria europeia - pela Airbus Defence and Space - anunciou que conseguiu
produzir o que chamou de «modelo estrutural
e térmico» do Solar Orbiter.
Seria como uma cópia do satélite, com instrumentos representativos. Esta será aquecida,
submetida a explosões de sons e receberá
impactos numa simulação para testar o seu
design.
Se a cópia do satélite sobreviver a tudo
isso, os engenheiros saberão que tipo de modelo também resistiria às condições extremas
que irão encontrar no ambiente espacial.
Esta não é a primeira missão solar - já houve algumas nos últimos anos. A nave espacial
americana DSCOVR foi a última, lançada em
Fevereiro.
Mas a maioria desses satélites não se aventurou muito longe, preferindo estudar o «inferno» do Sol de uma distância segura, como
a da órbita da Terra.
Os satélites Solar Orbiter e Solar Proble
Plus, porém, querem «entrar no fogo» à séria
– para observar a actividade solar de perto e
provar directamente os efeitos das partículas e
dos campos magnéticos que as contêm.
«Queremos obter três medidas», afirmou
Tim Horbury, o principal investigador do Solar Orbiter. «Com o Solar Orbiter, queremos
obter uma medida remota, queremos ver o que
está a acontecer no Sol com os nossos telescópios, e depois queremos obter uma segunda
medida, para sentir o que está a sair dele.»
«A terceira medida viria do próprio Solar
Probe, que avançaria um pouco o campo de
visão muito rápido de vez em quando só para
dar uma ideia do que estaria a acontecer lá
também», disse.
O Solar Probe chegará até a 43 milhões de
quilómetros do Sol - significativamente mais
perto de Mercúrio, que gira em torno do Sol
a uma distância que varia de 46 milhões a 70
milhões de quilómetros.
Já o Solar Probe Plus é quem vai fazer o
verdadeiro trabalho «infernal» quando correr
pela superfície solar a meros seis milhões de
quilómetros de distância. E «correr» é a palavra certa porque a expectativa é que este
alcance velocidades de 200 quilómetros por
segundo em partes da órbita.
E aproximações distintas como essas também precisam de estratégias distintas.
Ficando mais distante, o Solar Orbiter
consegue libertar telescópios. E as imagens
captadas provavelmente serão espetaculares,
revelando características do sol com uma resolução nunca antes conseguida.
Chegando bem próximo do Sol, o Solar
Probe Plus poderá conseguir dados notáveis,
mas olhar directamente para o Sol é algo que
está realmente fora de questão.
A pouco mais de seis milhões de quilómetros, a temperatura da superfície deve atingir
1,3 mil graus. O Solar Probe Plus não pode
sequer dar-se ao luxo de ter pequenos buracos no seu escudo revestido com cerâmica e
carbono.
Já o Solar Orbiter, de 1,8 mil quilos, pode.
«Temos alguns orifícios de passagem», diz
Dan Wild, um dos engenheiros térmicos da
Airbus. «Esses são apenas grandes cilindros
feitos de titânio e revestidos de preto para o
controlo da luz, para que não apanhe muitos
reflexos.»
17
Opinião
Atlântico Expresso
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
Agradecer e reconhecer é um ato cultural
DINIZ BORGES
A gratidão é um fruto de grande cultura;
não se encontra entre gente vulgar.
Samuel Johnson
Todos os anos, com começo da primavera os
alunos e os professores ligados à associação estudantil SOPAS (Society of Portuguese-American
Students) escolhem uma tarde para selecionar
os prémios MVPA (Most-Valuable PortugueseAmericans). Durante esse espaço de tempo,
lê-se os critérios, apresentam-se candidaturas,
discute-se os méritos de cada candidatura e votase, secretamente (quando há várias candidaturas) para os premiados. Tudo isto é feito como
atividade extracurricular, depois das aulas. Os
alunos juntam-se aos docentes de língua e cultura portuguesas e durante várias horas, enquanto
os colegas de outras línguas ou outras disciplinas
estão em casa no merecido descanso, trabalha-se
para a comunidade portuguesa.
É que ao longo desse espaço de tempo, e na
preparação para o mesmo, os jovens ficam a conhecer melhor a nossa comunidade, os seus valores, os contributos de cada um dos candidatos.
Os MVPA (Most Valuable Portuguese-Americans) são feitos para que os jovens façam a ligação necessária entre as escola e a comunidade,
entre a sua geração e as outras gerações de emigrantes (como os seus pais ou avós) ou luso-descendentes que tanto têm contribuído para o mundo português em terras da Califórnia. É que só
assim ficam não só a conhecer, mas, sobretudo, a
reconhecer, e seguir, à sua maneira, entenda-se, as
pegadas traçadas. Os MVPA não são mais do que
uma ferramenta pedagógica, dada no seio de uma
instituição americana (com a dádiva do tempo dos
docentes, dos alunos e de alguns pais que nos ajudam no dia do evento) para passarmos o nosso
legado cultural aos mais jovens e dá-lo a conhecer
aos membros de outros grupos étnicos que compõem o mosaico humano que é esta multicultural
e multiétnica sociedade estadunidense.
Daí que, para além dos alunos distinguidos,
escolhe-se um negócio do ano; um voluntário do
ano; uma leitaria do ano (segmento económico
predominante nas comunidades do Vale de San
Joaquim); um artista do ano; uma pessoa ou ideia
inspiradora para os nossos jovens; um educador
do ano; uma organização do ano e um cidadão
honorário do ano, ou seja: alguém que não sendo de origem portuguesa tenha contribuído para a
presença da cultura portuguesa.
Depois há duas partes distintas: uma intitulada
“Remembrance Moment” em que é destacada
uma pessoa já falecida da nossa comunidade que
tenha contribuído para a mesa, e porquê. É mais
do que sabido que uma comunidade sem memória não é uma comunidade em progresso. Daí a
importância de se relembrar aos jovens homens e
mulheres, produtos do seu tempo, claro, que fizeram a diferença e ajudaram a construir a comunidade que somos hoje. São nomes desconhecidos
para os alunos e sobre os quais eles aprendem e
ficam conscientes de que são herdeiros de uma
passado comunitário cheio de valores.
A última homenagem é o Hall of Fame. Uma
pessoa da comunidade é escolhida para este prestigioso prémio. Mas o que é o Hall of Fame e
para que serve. Não é, de qualquer forma um
desfile de vaidades. É ainda outro instrumento de
aprendizagem para os alunos e uma forma pedagógica de reconhecer o trabalho de alguém que
tenha marcado o nosso percurso comunitário, o
qual, como se sabe, é feito de formas diferentes.
Os homenageados para o Hall of Fame, estão nas
salas de aula de língua e cultura portuguesas e
fazem parte do cânone comunitário, no currículo
do português mais avançado nas escolas secundárias de Tulare, Português IV, quando, neste curso,
se estuda a experiência luso-americana. As suas
biografias fazem da parte curricular dos estudos
sobre a nossa presença em terras californianas.
Mais, o momento ainda é marcado pela celebração de um personagem ou um segmento
marcante da cultura portuguesa.
Daí que estes prémios dados sem jantares,
sem chatear ninguém com vendas de bilhetes,
sem impingir-se longos discursos e falsa áurea,
são dados com a pompa e a circunstância que o
momento requer. Mais, são dados com critérios e
reflexão dos jovens, e são dados como instrumento de aprendizagem para os alunos dos cursos de
português e mais particularmente para os alunos
ligados ao movimento estudantil SOPAS (Society of Portuguese-American Students). Aliás,
o Tribuna trará a lista de homenageados, como é
habitual, na sua edição de 1 de Maio.
Daí que no domingo, 17 de Maio, no auditório Tulare Community, localizado no campus da
escola secundária Tulare Union High School, realizar-se-á mais uma edição dos SOPAS-MVPA.
Com entrada livre para toda a comunidade serão
reconhecidos, ainda mais homens e mulheres
que têm contribuído para o legado português na
Califórnia.
É que tal como Epicuro, o filósofo da antiguidade Grega disse algures (algo em que acredito,
veementemente): as pessoas felizes lembram o
passado com gratidão, alegram-se com o presente
e encaram o futuro sem medo.
Postal de Nova Inglaterra
Pinhal da Paz: Reino das Azáleas
JOÃO CARLOS TAVARES
Todos os anos quando chegamos a esta quadra
do ano em que a Primavera esboça os seus sorrisos
com o renovar da natureza, lembra-nos, daqui à
distancia, aquele quadro maravilhoso que o Criador nos oferece com o atingir do auge da floração das azáleas ali na antiga Mata das Criações,
crismada de Pinhal da Paz, hoje transformada em
parque público, denominado: Reserva Florestal de
Recreio do Pinhal da Paz.
Desde há muito anos que vimos escrevendo
sobre este maravilhoso espaço de reserva florestal onde se encontram variadas e exóticas espécies
botânicas.
Muito embora, aquele aprazível pinhal tivesse
sido vítima de uma poda radical, nos anos 70, que
levou muitas das azáleas a secarem e outras a reabilitar muito vagarosamente como é próprio do
seu tipo e género de planta ornamental, aos poucos o lugar frondoso e aromático vai recuperando
o seu fulgor.
Há mais de 40 anos a profusão de azáleas era
tal que, recordamos nas ruelas e atalhos da mata
se criarem túneis cobertos de azáleas em flor
transformando o local num paraíso terrestre que,
no tempo, os que ali se deslocavam admiravam
grandemente. As pétalas, de cores várias atapetavam os chãos dos longos caminhos do Pinhal.
Tudo isto graças ao empenho do seu proprietário de então, António do Canto, um
amante da natureza.
Foi, porém nos anos 60 que, o jornal
Correio dos Açores, pela pena do saudoso
jornalista Manuel Ferreira, então seu chefe de redacção com poderes de director
executivo, dedicou um maravilhoso suplemento numa edição de fim-de-semana,
descrevendo numa prosa poética toda a
beleza daquele recanto implantado no
coração da ilha de S. Miguel na fronteira
entre a Fajã de Cima e o Pico da Pedra.
Num dos artigos por nós assinados nos
anos 80, no jornal Açores, sugerimos que aquele
parque fosse equipado de atracões com o objectivo de poder ser mais procurado e atractivo pela
população e pelo turismo. Focámos a necessidade
da construção de um mini campo de golfe como
oferta aos visitantes, sugerimos novas atracções
para além das já contempladas pela natureza,
como por exemplo a construção de um mini zoo
com animais domésticos e domesticados, alguns
outros importar e, facilitar meios de transporte em
veículos rústicos e práticos apropriados e condizentes com o ambiente florestal que levassem os
visitantes mais idosos a percorrerem e admirarem
as belezas da diversidade da flora ali existentes,
muita dela importada de muitas partes do globo
e referenciada há muito, em quantidade mais expressiva do que a já existente.
Muito se fez desde então e podemos testemunhar que o Pinhal da Paz está lindo e merece a visita de, não só todos os residentes, como dos que a
ilha chegam na condição de turista.
A zona de lazer está linda, mas ainda precisa de ser melhor dotada de algumas pequenas
infra-estruturas, como por exemplo uma peque-
na piscina, pequenas estufas com flores e plantas
endémicas, quiosques de venda de produtos regionais, um mini restaurante, um pequeno pavilhão
para a exibição de artistas regionais, ranchos folclóricos, para atrair mais residentes e visitantes
atentos ao roteiro da oferta regional. A promoção
é fundamental. Tudo o que é público precisa divulgação apropriada.
A bonomia da natureza pôs-nos nas mãos o
que outros povos gostariam de chamar seu! Vamos persevá-la com todos o carinho
Actualmente, com o incremento do turismo, o
Concelho e toda a Região precisa de criar lugares
aptos e eventos precisos e óbvios para a oferta da
diversão e de pontos de interesse para quem visitar a Região. Doutra forma, nicles!
Decerto que não faltam lugares noutras regiões do país e mesmo no estrangeiro que podem
servir de inspiração para melhor prover esse local
privilegiado que é o Pinhal da Paz, como ponto
de atraccão na oferta a incluir num Roteiro de
interesse e de divulgação da própria Região.
Podemos crer que, muito embora o sol não
nos brinde como em outros locais privilegiados
do planeta durante todo o ano, somos uma parcela
implantada no meio do Atlântico digna de
ser visitada. Mas temos de tudo um pouco,
sol e céus de chumbo.
Estamos cônscios que se pertencêssemos a outra nacionalidade mais vocacionada
para a exploração do turismo, já teria , há
muito, tirado maior partido dessa particularidade e da estratégica situação geográfica
localizada perto do principal centro urbano
da ilha de S. Miguel .
Haja guarida para uma recolha de ideias
seleccionadas para o efeito e crie-se a oferta
de mais um lugar para mostrar essa dádiva que a Natureza nos contemplou no meio
destes dois grandes continentes, a Europa e América.
A contribuição da Fajã de Cima para divulgar
a Reserva Florestal de Recreio do Pinhal da Paz é
oferecida aquela, anualmente, através do Festival
das Azáleas, que se realiza por esta altura do ano,
numa iniciativa antiga do Rancho Folclórico de
Santa Cecília, que ostenta no seu seio o maravilhoso parque, orgulho das gentes da Região.
Mãos à obra! O Pinhal da Paz pode crescer e
modernizar-se. Basta todos quererem.
E.Prov. RI Abril, 2015-04-20
Atlântico Expresso
18
Opinião
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
LÁ LONGE 660
E depois são os idosos
de. Os detidos que vão ser presentes a Tribunal,
esconderam os produtos furtados debaixo das
saias de roda que as mulheres usavam.
São suspeitos de furtos por todo o País. São
naturais de Gondomar, Portalegre, Maia e Campo Maior.
Os produtos furtados que davam para encher
4 sacos, foram apreendidos.
Braga, 19 de Abril de 2015
JOSÉ HÄNDEL
DE OLIVEIRA
No jornal “O Comércio de Guimarães” lemos a seguinte noticia:
Em Serzedo, Guimarães, um homem de
77 anos que seguia a pé pelo lado esquerdo
da berma da EN 101, foi atropelado por um
automóvel conduzido por um indivíduo de 19
anos. O carro circulava em contramão no sentido Guimarães Felgueiras, entrou em despiste
e embateu na vítima, projectando-a para uma
ravina a 30 metros de distância.
Embora fosse assistido pelos Bombeiros
Voluntários de Felgueiras e por uma equipa
da VMER, o septuagenário não resistiu aos
ferimentos e faleceu no local.
A GNR tomou conta da ocorrência.
TROCA CHORUDA
Em Macieira de Rates, Barcelos, um homem
conseguiu convencer uma senhora de 78 anos, a
deixar-lhe colocar ao pescoço um terço, apelando para a sua religiosidade. A senhora acedeu,
mas ao colocar o terço, o indivíduo tirou-lhe o
cordão de ouro que usava, fugindo em seguida.
ASSALTANTE ATROPELADO
Um desempregado de 60 anos, armado e
encapuzado, assaltou uma bomba de gasolina,
na rua de S. Mamede, em Serzedo, Gaia e com
a ameaça de uma pistola obrigou o funcionário
a entregar-lhe o dinheiro que tinha na caixa.
Depois tentou fugir no carro do funcionário,
mas não conseguiu pô-lo a trabalhar pois tinha
um corta corrente. Correu então para a estrada
mas acabou atropelado por um cliente que se
preparava para abastecer e que ficou assustado
ao ver um encapuzado armado.
Verificou-se que a arma era de plástico pois
ficou toda partida com o embate. Acorreram os
Bombeiros de Aguda e uma viatura do INEM
e ao ser tirado o capuz ao assaltante verificouse de que se tratava de um cliente habitual que
costumava tomar café no Posto, comprar tabaco
e abastecer o seu carro.
SUBIDA REPENTINA DAS ÁGUAS
DO RIO LIMA
Dois pescadores de Vila Nova de Famalicão,
pai e filho, foram surpreendidos pela subida repentina da água do rio Lima, provocada pela
descarga de uma barragem em Ponte da Barca.
Enquanto o pai conseguiu chegar à margem
pelos seus próprios meios, o filho ficou isolado no meio do rio, em cima de uma pequena
ilhota.
Acorreram três Corporações de Bombeiros
e houve necessidade de recorrer a manobras
de resgate de grande ângulo, já que não havia
condições de aproximação de qualquer tipo de
embarcação.
A CULPA FOI DOS RATOS
Esperando
Maio
Uma ratazana entrou num armário de distribuição de electricidade e provocou um curtocircuito que deixou as lojas comerciais e as habitações da rua de Caíres, uma das mais movimentadas de Braga, completamente às escuras.
Seguiu-se um incêndio naquele armário
e em dois outros existentes naquela rua o que
obrigou à intervenção dos Bombeiros Sapadores que esgotaram todos os extintores devido à
corrente existente nos armários de distribuição.
A equipa do piquete da EDP deslocou-se ao local e repôs provisoriamente a electricidade.
Vários comerciantes queixaram-se de grandes prejuízos sofridos não só com o encerramento dos estabelecimentos mas também por se
terem estragado diversos produtos congelados.
PENAS DE PRISÃO EFECTIVAS
Um casal de vendedores ambulantes, ele de
53 anos e a sua mulher de 47 anos, ao passarem
de carro por um senhor de 79 anos que seguia a
pé para a sua residência em Turiz, Vila Verde,
resolveram consultá-lo depois de lhe mostrarem
umas tralhas que vítima se recusou a comprar.
Então a mulher arrancou-lhe o cordão e medalhão de ouro que trazia ao pescoço, avaliado em
2.500 Euros.
No julgamento colectivo a que foram submetidos, o homem foi condenado a 5 anos e 6
meses de prisão efectiva, enquanto a mulher foi
punida com 4 anos e 6 meses de prisão, também
efectiva. Têm ainda que pagar as custas do processo e a taxa de justiça.
A defesa dos arguidos revelou que vai recorrer da decisão.
BURLÕES APANHADOS
Na freguesia de Sande S. Martinho, concelho de Guimarães, dois ciganos com idades de
27 e 47 anos, procuraram uma senhora de 73
anos que vive sozinha e intitulando-se seus sobrinhos, pediram-lhe um empréstimo de 3.500
Euros. A senhora disse-lhes então para a procurarem no dia seguinte, altura em que já teria o
dinheiro para lhes emprestar.
No entanto, desconfiada, deu conhecimento do que se passava a um familiar que resolveu avisar as autoridades. Assim, quando os
dois homens se apresentaram para receber o
“empréstimo”, elementos do Posta Territorial
da GNR das Taipas identificaram-nos e foram
constituídos arguidos por suspeita de burla. Os
militares ainda lhes apreenderam seis notas de
100 dólares para posterior exame pericial.
VESPA ASIÁTICA
MANUEL CALADO
Nas imediações do Santuário do Bom Jesus,
os Bombeiros Sapadores de Braga destruíram
três ninhos de vespas asiáticas.
A vespa velutina é uma espécie predadora
de outras vespas e abelhas.
GNR EM ACÇÃO
Um jovem de 17 anos, foi assaltado em
Gualtar, Braga, por três indivíduos que sob a
ameaça de uma arma branca lhe roubaram o
telemóvel. Embora se tivessem posto em fuga
num automóvel, elementos do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Braga, viriam a deter um dos assaltantes, brasileiro e também com
17 anos, a quem apreenderam a navalha usada
no roubo e o telemóvel subtraído.
Realizada uma busca na casa do brasileiro,
foram apreendidos 7 telemóveis, 2 navalhas,
um taco de basebol, material informático, cartões de memória e um mp4, suspeitos de terem
sido roubados.
Foi constituído arguido e apresentado em
Tribunal, tendo o processo baixado a inquérito.
BALOIÇO MALDITO
Em Vila Nova de Gaia, um menino de 11
anos que foi brincar para o baloiço que tinha
no quintal da sua casa, logo que chegou de um
treino no Clube Hóquei dos Carvalhos, enrolou
uma das cordas do baloiço ao pescoço e morreu asfixiado. O pai ainda retirou a corda que o
apertava e os Bombeiros Voluntários de Canelas encetaram de imediato manobras de reanimação, mas a criança não resistiu sendo o óbito
confirmado no local.
SAIAS DE RODA
Cinco homens e duas mulheres, com idades
compreendidas entre os 20 e os 40 anos, foram
interceptados em Milhazes, Barcelos, pela GNR
depois de terem furtado vários produtos, nomeadamente amêndoas, chocolates e produtos embalados num Supermercado em Fão, Esposen-
Espero-te, Maio, à porta dos meus olhos,
Como se fosses a última gota de orvalho,
Regando a minha ânsia de viver.
Espero a tua vinda, na lucidez do meu desejo
Místico, de apertar nas minhas mãos,
A divina terra, irmã da minha carne,
Húmida, escura, pulsante de vida e de mistério.
E o meu amor a fecundará, no tálamo fresco
Onde a irmã minhoca, o irmão grilo
E a irmã formiga, partilharão comigo
A divina metamorfose da profecia.
E do chão negro despontarão os frutos:
Os morangos perfumados, rubicundos,
Com pingentes de orvalho,
Brilhando ao sol da manhã.
Os tomates gordos e vermelhos,
Gritando ao mundo as virtudes da vitamina C.
As beringelas, vestidas de purpura azul escura.
A proletária Couve Galega, vitamina do cavador.
O feijão irmão, que sustenta o labor
De quem trabalha, na estrada ou na construção.
E o pimento das ilhas, quente como lume,
Testemunha de 500 anos de fomes e terramotos,
viagra fecundador de filhos prá imigração.
Maio, cá espero por ti. Depois do dia vinte,
Cavo, planto e rego,
E na terra enterrarei meus dedos frágeis,
Acostumados às teclas de plástico:
O chão que o destino me deu,
Onde cultivo, mesmo no inverno,
O vinho de cheiro dos meus versos pobres.
Maio, cá espero por ti à porta dos meus olhos.
Vem florido, alegre e folião,
Vem fecundar a terra, tua noiva,
Minha terra do coração.
19
Desporto
Atlântico Expresso
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
Opinião
Todos fizeram a História
JOÃO DE BRITO
ZEFERINO
Talvez porque “dos fracos não reza a História”,
é devida uma palavra e duas linhas de muito apreço,
para quantos ao longo destes cinquenta e poucos anos
de vida do Comercial, que agora festeja as Bodas
de Ouro da sua Volta à Ilha, hoje SATA RALLYE
AÇORES, fizeram desta colectividade, um baluarte
a nível internacional no mundo do automóvel de
competição.
Como em qualquer outra modalidade, também
os louros no automobilismo normalmente se
ficam pelo pódio, pelo “top ten” pelos vencedores
dos agrupamentos, classes, e por vezes com uma
referência caridosa para o “lanterna vermelha” da
competição. Por mal dos pecados dos que formam
a grande coluna e se situam no meio, naquela zona
dos esquecidos, poucas são as referências feitas, mas
é no meio que está a virtude. Se não houvesse o meio
da coluna, não haveria cabeça e cauda da coluna,
logo tem que se lhe fazer justiça.
Como no último escrito referimos, se é tão difícil
ter que falar dos “monstros sagrados “que deram luz
às vitórias, igualmente se torna ainda mais difícil
referir quantos ao longo de meio século formaram
a “legião” dos esquecidos, e foram muitas centenas,
em todos os lugares da história. Para homens e
carros.
Quem pode esquecer o amor à causa de um Rui
Torres hoje chamado de “avô” de muitos dos novos
que se estreiam em provas.
Quem pode esquecer o Zeca Cunha, o Dr.
António Maia, representantes da primeira hora da
Ilha da Madeira do José Eduardo Silva ou do João
Paim da Ilha Terceira; co consul dos Estados Unidos
Fredericck Purdy, e o seu Chevrolet Corvai. Não
recorda com saudade os desfiles das “Donas Elviras”
com “relíquias de 1910, como os famosos Le Zebre,
com alguns dos condutores vestidos ao rigor da
“belle epoque” onde não podemos entre outros
esquecer os saudosos José Cabral Almeida, Teófilo
Nunes de Sousa e D. Fernanda Furtado Pacheco. As
provas de rampas das Lombas do Cavaleiro, Pisão,
Lagoa do Fogo entre outras, Os célebres Salons, as
provas para senhoras, onde muitas eram as amantes
desta modalidade, que lhe davam um especial
colorido. Algumas ainda, felizmente, vivas e entre
nós. Como é bom lembrar que o Dr. Jaime Gama
foi o primeiro navegador a vencer a lª Volta com o
Eng. Toste Rego; que o Fernando Amaral restaurava
e reconstruía os seus próprios carros de prova: que
o Mário Jorge “Estrela da Manhã” fazia mil e uma
tropelia e dava espectáculo que o público adorava.
E muito mais para recordar. Algumas recordações
bem tristes também, como as mortes do Carlos
Reis (Caló) e do Frazão, co-piloto então de Horácio
Franco, em acidentes que ficaram na nossa memória
e que hoje com saudade nos curvamos perante a sua
memória.
E os carros? Também têm a sua história e épocas,
que fizeram as delícias dos amantes da modalidade.
Os Renault R8 Gordini, os Porsh. A Opel com o
Manta, a BMW, a Fiat, os Austin Cvooper Sos
Ford Escort RS, a Datsun, a Toyotta, a Volksvagen,
e tantos, tantos outros, que sem qualquer sentido
de publicidade, hoje aqui trazemos. Isto claro nos
primeiros anos de arranque do automobilismo que
o Grupo Desportivo Comercial em boa hora tem
promovido e feito crescer.
Também é com emoção que vemos alguns
filhos de pais que ajudaram a modalidade a crescer
não só em S. Miguel como na Terceira, e felizmente
já passando para outras ilhas. Uma palavra de
simpatia para o Joaquim do Carmo que hoje já tem
um filho a seguir os seus passos; o Luís Louro, velho
amigo e entusiasta da modalidade que em seu filho,
Gustavo Louro, vi um dos mais consagrados pilotos
da sua geração a somar títulos: o Luís Rego que se
revê em seu filho Luis Miguel como continuador da
tradição da família. E talvez mais algum que possa
ter passado neste desfilar de memórias, que fizeram
e fazem o automobilismo que hoje temos, a nível
europeu do mais falado.
E se é certo que as memórias do passado ajudam
a crescer as expectativas do futuro, não sei se ao
Grupo Desportivo Comercial falta mais algum
patamar para subir na longa escadaria do sucesso.
Mas se o mais alto patamar já foi atingido, honra
para quantos fizeram a história com mais de meio
século.
Para eles, em especial os mais esquecidos, vai
o preito de gratidão de todos nós. Pelo menos vai
o meu.
Atlântico Expresso
20
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
Publicidade
Desporto
21
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
Atlântico Expresso
WSBK – Tom Sykes foi soberbo na sessão de qualificação do evento holandês
Jonathan Rea (Kawasaki) foi eleito “Papa”
na Catedral do Motociclismo
Jonathan Rea dominou as duas mangas do evento do WSBK, na Holanda, disputadas no mítico traçado de Assen, denominado como a catedral do motociclismo mundial. Em oito corridas já realizadas neste Campeonato do Mundo de 2015, Rea soma seis triunfos e dois segundos lugares, num total
de oito pódios, 105 voltas como líder (Tom Sykes é o segundo com 24) e é o actual líder da classificação geral com 190 pontos (+ 50 que Léon Haslam), sendo um fortíssimo candidato ao título mundial
este ano. Aplaudiram ao longo dos três dias no “TT Circuit Assen”, Jonathan Rea, e os restantes
pilotos, um total de 55724 espectadores.
BANDEIRA
DE XADREZ
WSBK: TOM SYKES CONQUISTOU “SUPERPOLE” NO TRAÇADO
DE ASSEN (HOLANDA) – Tom Sykes
(Reino Unido) Kawasaki ZX-10R, da
equipa Kawasaki Racing Team, conquistou a sua primeira “superpole” esta
temporada, naquela que foi a 25ª da sua
carreira no mundial. Sykes regressou ao
lugar cimeiro da grelha de partida, após
um domínio avassalador do último período
da sessão qualificativa, estabelecendo uma
volta “canhão” de 1m34,789s., que mais
nenhum piloto conseguiu bater. Foi com
total autoridade, que Sykes dominou como
este período decisivo de qualificação (SP2),
posicionando-se como um dos potenciais
candidatos aos triunfos nas duas mangas. O
seu companheiro de equipa, Jonathan Rea,
assinou o segundo tempo com 1m.34,920s,
sendo estes os únicos dois pilotos que rodaram no segundo “34”.
WSBK: 55724 ESPECTADORES NO
“TT CIRCUIT ASSEN” AO LONGO
DO FIM-DE-SEMANA – Foram 55724
espectadores, que estiveram presentes ao
longo dos três dias no evento holandês, mais
3472 que na temporada de 2014, que teve
52252, enquanto que em 2013, o número
foi ligeiramente inferior com 52200.Assen
continua a brindar o WSBK com uma excelente moldura humana, naquele que é um
circuito mítico do motociclismo mundial. A
sua estreia nas motos aconteceu no ano de
1926, há 89 anos!
O duelo emocionante entre Jonathan Rea (65) e Chaz Davies (7) e o pódio da primeira manga da corrida, que curiosamente foi exactamente igual ao da segunda manga. Coincidências… (Fotos de cortesia do Departamento de Imprensa do WSBK para o Jornal Atlântico
Expresso)
Desde Phillip Island
(Austrália) no passado
mês de Fevereiro, passando pela estreia do traçado de Chang/Buriram
(Tailândia), em Março,
e, já neste mês de Abril,
na Europa, pelos circuitos de Motorland Aragón
JOSÉ MANUEL
(Aragão/Espanha) e “TT
PINHO VALENTE Circuit Assen” (Holanda),
que o WSBK tem mostrado corridas de alto nível competitivo nas diversas
categorias, nomeadamente, nas duas de carácter
mundial, que são as SBK e SSP. Assen foi o
último evento disputado, até ao momento, e não
foi excepção, com corridas de cortar a respiração
até ao baixar da bandeira de bandeira de xadrez,
naquele que é há longas décadas, considerado a
catedral do motociclismo mundial.
Tem sido um domínio avassalador de Jona-
tham Rea (Kaeasaki), neste início da 28ª edição
do WSBK. Os únicos lugares que o piloto britânico conheceu só são os dos degraus do pódio e
posiciona-se, apesar de ainda estarem realizados
quatro eventos, como um dos principais senão
mesmo o principal e mais forte candidato ao ceptro mundial. Faltam realizar nove eventos, um dos
quais em Portimão no dia 7 de Junho, e embora
existam outros pilotos, que podem contrariar este
domínio inquestionável de Rea nas próximas
corridas, no entanto, se Rea continuar assim nos
eventos que se seguem, arrisca-se a ganhar o
mundial antes das derradeiras provas.
Jonathan Rea humilhou os seus rivais em
Assen e conseguiu a sua segunda dupla vitória da
temporada no mesmo evento. Fê-lo como quis e
quando quis e só Chaz Davies (Ducati) conseguiu
lutar de igual para igual. O piloto local, Michael
Vam Der Mark (Honda), alcançou o lugar de
bronze em ambas as corridas, sendo o primeiro
holandês a conseguir este feito. Jordi Torres
esteve também muito bem, ao posicionar-se no
sexto posto nas duas mangas. O actual Campeão
do Mundo, Sylvain Guintoli, continua muito discreto e é o actual sexto classificado da geral com
65 pontos. O melhor piloto espanhol na geral é
Jordi Torres, que se encontra no quinto lugar da
geral com 83 pontos.
Para a história do WSBK na Holanda, na
edição deste ano, ficam os dois pódios, aonde pela
mesma ordem ficaram os mesmos pilotos: Jonathan Rea (1º), Chaz Davies (2º) e Michael Van Der
MarK (3º). Nestes três posicionaram-se outras
tantas equipas: Kawasaki, Ducati e Honda.
O evento holandês ficou marcado pelo forte acidente do piloto espanhol, Nico Terol na
segunda manga. Terol, natural da localidade de
Alcoy, facturou a mão direita e sofreu uma forte
comoção cerebral. Foi evacuado numa maca
pelos comissários e foi transferido para hospital
de Assen. Na sua equipa não existe uma data de
regresso, que se presume seja longa.
WSBK – SUPERSPORT: KEVIN
SOFUOGLU VENCEU CORRIDA
EMOCIONANTE – O piloto turco, Kevin
Sofuoglu, conquistou a segunda vitória esta
temporada, quando estão disputadas quatro
corridas. Foi uma corrida emocionante ao
longo de todas as voltas, com os pilotos que
subiram ao pódio a ficarem com menos de
um segundo de intervalo entre eles. Testemunharam o triunfo de Kevin Sofuoglu no
pódio, Jules Cluzel (2º) e Kyle Smith (3º).
Com esta vitória, Sofuoglu consolidou o seu
estatuto de líder na classificação geral com
80 pontos, seguindo-se Patrick Jacobsen
(EUA) com 55, Jules Cluzel (França) e Kyle
Smith (Reino Unido), ex-acquo com 45.
WSBK: EVENTOS NO MÊS DE
MAIO – No próximo mês de Maio realizam-se dois eventos, antes do mundial chegar a Portugal, ao Autódromo Internacional
do Algarve (Portimão), no primeiro fim-desemana de Junho, com a presença, como já
é habitual, dos enviados do Jornal Atlântico
Expresso. Itália (Imola) é a próxima prova,
que se realiza nos dias 8, 9 e 10 de Maio,
seguindo duas semanas depois, nos dias 22,
23 e 24, o evento do Reino Unido (Donington Park). O traçado de Imola tem 4,936 Km
de perímetro, 10 curvas para a esquerda e
6 para a direita, enquanto que o circuito de
Donington Park é mais pequeno 913 metros, tendo um perímetro com 4,023 Km, 5
curvas para a esquerda e 10 para a direita.
Em Imola e Donington Park realizam-se,
respectivamente os eventos números 342 e
343, correspondentes às mangas 677 e 678
(Imola) e às corridas 679 e 680, no caso
do evento de Donington Park. Portimão no
início de Junho dá as boas vindas ao evento
344 e às corridas 681 e 682. Aqui ficam os
números actualizados para os apaixonados
das estatísticas.
22
Atlântico Expresso
Televisão
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
signos
BALANÇA
(23/09 a 23/10)
CARNEIRO
(21/03 a 20/04)
09:00 Um Dia, Cinco
Estórias
09:30 Biosfera
10:00 Sabia Que?
10:20 Olhar o Mundo
11:00 Notícias
11:50 Estação de
Serviço
12:45 Mundo
Automóvel
13:00 Notícias
13:15 Antena Aberta
14:00 Teledesporto
14:50 Documentário
15:20 Bem-vindos a
Beirais T3 - Ep.
100
16:00 Espaço Infantil RTP Açores
17:00 Informação
Açores
17:15 Meteorologia
Açores
17:20 Açores Hoje
18:45 PLANTAS COM
HISTÓRIAS
19:00 Estação de
Serviço
19:50 Mundo
Automóvel
19:55 Meteorologia
Açores
20:00 Telejornal
Açores
20:30 Meteorologia
Açores
20:35 1 Minuto Pela
Saúde
20:40 Troféu
21:10 acores.rtp.pt
22:00 Verdade do
Vinho
22:30 Perdidamente
Florbela
23:25 Meteorologia
Açores
23:30 Telejornal
Açores
00:00 Simultâneo
RTP-A/RTP
Informação
05:00 Consigo
05:30 Bom Dia
Portugal
09:00 Agora Nós
12:00 Jornal Da Tarde
13:15 Os Nossos Dias
T2 - Ep. 15
14:00 Há Tarde
17:00 Portugal Em
Directo
18:00 O Preço Certo
19:00 Telejornal
20:15 Bem-vindos A
Beirais T4 - Ep.
76
Olga
desabafa
com Alzira, admite que se afeiçoou
a Ângela e que
lhe custa saber
que será adoptada. Padre Justino
pede a Olga para
conversarem.
Padre Justino informa Olga que
a família adoptiva de Ângela irá
buscá-la no dia
seguinte.
21:00 Água De Mar Ep. 199
Gil continua a
seduzir Mel durante os ensaios,
no estúdio do
produtor musical.
Embaraçada com
a situação, Mel
vê uma chamada de Gonçalo
no seu telemóvel
mas opta por não
atender. Liliana
pede à mãe que
desapareça
de
vez da sua vida,
exigindo que não
volte a procurá-la
na Academia.
21:30 Prós E Contras
23:30 5 Para A Meianoite T10 - Ep.
16
00:45 Depois Do
Adeus T1 - Ep. 1
01:45 Inesquecível
03:45 Televendas
05:00 SIC Notícias
05:15 Reportagem
Especial
06:00 Edição Da Manhã
07:45 A Vida Nas
Cartas: O Dilema
T3 - Ep. 226
09:00 Queridas Manhãs
T1 - Ep. 276
12:00 Primeiro Jornal
13:30 Duas Caras - Ep.
112
14:30 Grande Tarde T2
- Ep. 80
João Baião, Andreia Rodrigues e
Luciana Abreu vão
mudar as nossas
tardes. Com eles
tudo pode acontecer! Surpresas,
reencontros, abraços... todos os
dias um programa
especial.
17:30 Alto Astral - Ep.
91
Adriana revela a
Scarlett que está
a sofrer por ver
Laura e não poder
dizer nada à jornalista. Gaby tira
Azeitona do quarto de Samantha
ao ver a tia a explorar o menino.
18:00 Babilónia - Ep. 16
19:00 Jornal Da Noite
20:45 Mar Salgado Ep. 193
21:45 Império - Ep. 136
23:15 O Contra-Ataque
T3 - Ep. 1
00:15 Ray Donovan T1
- Ep. 7
01:00 Jura - Ep. 141
01:45 Televendas
06:00 Zig Zag
10:00 Euronews
12:00 Esplendores da
Natureza
13:00 Sociedade Civil
T10 - Ep. 29
14:00 Millennium Estoril
Open 2015
16:00 Zig Zag
19:00 Esplendores da
Natureza
´Esplendores
da Natureza´ é
um género totalmente novo na
categoria de séries documentais
sobre natureza.
Apresenta-nos
alguns dos mais
deslumbrantes
cenários naturais
do planeta Terra,
ilustrando como
surgiram e revelando maravilhas
da natureza num
estilo ricamente
detalhado.
20:00 Jornal 2
20:45 Página 2
20:55 Hora da Sorte
21:00 Um Crime, Um
Castigo - Ep. 14
Samy infiltra-se no
gangue Larbi. A
polícia está cada
vez mais próxima de capturar
Aziz mas, como
sempre, surgem
dificuldades. Josephine Karlsson
está cada vez
mais
envolvida
com o gangue
Larbi. Pierre Clement joga de forma inteligente nos
bastidores.
22:00 Visita Guiada T1 Ep. 12
22:30 Grande Valsa
23:15 Portugal 3.0
00:15 Sociedade Civil
T10 - Ep 29
01:45 Euronews
05:30
09:10
12:00
13:43
15:00
17:30
18:15
19:00
20:45
21:45
22:45
23:45
00:45
02:00
04:00
Diário da Manhã
Você na TV!
Jornal da Uma
Flor do Mar - Ep.
214
A Tarde é Sua
Feitiço de Amor Ep. 191
The Money Drop
- Ep. 20
Jornal das 8
A Única Mulher Ep. 38
Jardins
Proibidos - Ep.
181
Sofia está preocupada por Teresa
ainda não lhe ter
dito como correu
o
julgamento.
Xavier tenta demover Teresa de
fugir com os filhos.
Leonor conta a Ju
que Mariana anda
a adiar a ida ao
obstetra e ficam
as duas admiradas de ver Ludovina a aparecer
e dizer a Leonor
que precisam de
falar.
Mulheres - Ep.
246
Rainhas de Nova
Iorque T1 - Ep. 4
As vidas de Nico,
Wendy e Victory,
três das mais poderosas mulheres
de Nova Iorque,
de acordo com
o ‘The New York
Post’.
Cartas da Alma
Olhos de Água Ep. 98
TV Shop
Não se deixe arrastar por sentimentos precipitados. Seleccione as suas amizades e
não dê importância excessiva a amigos em
que só o supérfluo conta.
Não se deverá afastar dos seus conhecidos
e amigos, eles fazem parte do seu modo de
vida e são de grande importância na contribuição da sua paz e equilíbrio. Dê prioridade aos seus familiares.
ESCORPIÃO
(24/10 a 21/11)
TOURO
(21/04 a 20/05)
Este período aconselha a que efectue reuniões com
amigos e familiares. Essa atitude vai indicar caminhos e ajudas que não lhe pareciam possíveis. Torne
como sua principal prioridade durante esta semana
a forma com se relaciona com quem gosta.
Durante esta semana terá as condições ideais
para resolver alguns problemas que se têm
arrastado por pura negligência. Não fuja a nenhuma questão, se o fizer, corre o risco de falhar nas questões que são para si essenciais.
SAGITÁRIO
(22/11 a 20/12)
GÉMEOS
(21/05 a 20/06)
Relacione e divirta-se durante este período.
Aproxime-se dos seus familiares e poderá
contribuir fortemente para a união onde ela
parece não existir. No entanto, recomendase alguma prudência de ordem alimentar.
Não se deixe arrastar por companhias vazias
de qualquer interesse. Os verdadeiros amigos e a família deverão ser a sua prioridade.
Esta semana deverá ser conduzida com a família a ser colocada em primeiro lugar.
CAPRICÓRNIO
(21/12 a 19/01)
CARANGUEJO
(21/06 a 22/07)
Caso não misture as questões profissionais
com as suas relações sociais, este será um período muito favorecido. Os seus amigos procurarão a sua companhia, o que contribuirá
para que se sinta com um astral positivo.
Esta é uma fase favorável para se relacionar
com amigos e familiares. Aproveite este
período para se divertir um pouco. Faz bem
e restaura o equilíbrio emocional e físico.
AQUÁRIO
(20/01 a 19/02)
LEÃO
(23/07 a 22/08)
Um pouco de recolhimento e meditação é a melhor terapia para este período em que a sua atitude poderá ser determinante. Não se deixe arrastar
por situações não fundamentadas. Deverá manter
e tentar desenvolver os seus níveis de confiança.
Compreensão e tolerância são as palavraschave para esta semana. Poderá aproveitar
este período para de uma forma agradável
elevar o seu Astral.
PEIXES
(20/02 a 20/03)
VIRGEM
(23/08 a 22/09)
Não corra à procura do que não está ainda seguro que é o que pretende. A nível de amizades deverá manter-se atento. Tente corrigir algum erro
que cometeu com as pessoas de quem gosta.
Com este passo poderá modificar muita coisa.
Um bom relacionamento a nível de amizade é fundamental para que se sinta bem
consigo próprio. Não retire a confiança e a
amizade aos seus amigos sem os motivos
estarem devidamente fundamentadas.
INFORMAÇÕES DE UTILIDADE PÚBLICA
FARMÁCIAS
BOMBEIROS
Ponta Delgada - Associação de Socorros
Mútuos. Rua Professor Machado Macedo, 4
Esq. Rua AC7 9
Telefone: 296 650 860
Ponta Delgada - Urgência 296 301 301
Normal 296 301 313
Ginetes - 296950950
Nordeste - 296488111
Vila Franca - 296539900
Ribeira Grande: 296 472318,
296 470100
Lomba da Maia - 296446017, 296446175
Povoação - 296 550050, 296 550052
Centro de Enfermagem
Bombeiros de Ponta Delgada
Todos os dias das 17h00 – 20h00
Incluindo Sábados, Domingos e Feriados
Ribeira Grande - Farmácia da Misericórdia
Rua São Francisco, 81
Telefone: 296 472 359
HOSPITAIS
Ponta Delgada - 296 203 000
Nordeste - 296 488 318 - 296 488 319
Vila Franca - 296 539 420
R. Grande - 296 472 128 - 296 472727
Povoação - 296 585 197 - 296 585 155
POLÍCIA
MARINHA
Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo (MRCC Delgada)
Tel. 296 281 777
Polícia Marítima de Ponta Delgada (PM
Delgada)
Tel. 296 205 246
Ponta Delgada - 296 282 022,
296 205 500 e 296 629 630
Trânsito - 296 284 327
R. Grande 296 472 120, 296 473 410
Lagoa - 296 960 410
Vila Franca - 296 539 312
Furnas - 296 549 040, 296 540 042
Povoação - 296 550 000, 296 550 001,
296 550 005 e 296 550 006
Nordeste - 296 488 115, 296 480 110,
296 480 112 e 296 480 118
Maia - 296 442 444, 296 442 996
R. Peixe - 296 491 163, 296492033
Capelas - 296 298 742, 296 989 433
Santa Maria - 296 820 110,
296 820 111, 296 820 112 e 296 820 110
Ponta Delgada
De 2.ª a 6.ª das 9h00 às 19h00
Sábado das 14h00 às 19h00
Biblioteca Municipal Ernesto do Canto
Rua Ernesto do Canto s/n 9500-313
Tel: 296 286 879; Fax: 296 281 139
Email: [email protected]
Horário: 2ª a 6ª feira das 10h00 às 18h00
Horário de verão (durante as férias escolares): 2ª a 6ª feira das 8h30 às 16h3
POLÍCIA MUNICIPAL
SERVIÇOS CULTURAIS
Rua Manuel da Ponte, n.º 34
9500 – 085 Ponta Delgada
Tel. 296 304403/91 7570841
Fax: 296 304401
E-Mail: [email protected]
PORTO DE ABRIGO
Estação Costeira Porto de Abrigo
Tel. 296 718 086
BIBLIOTECAS
Ribeira Grande
Arquivo Municipal; Biblioteca Municipal
De 2ª a 6ª feira das 9h00 às 17h00
Ponta Delgada
Centro municipal de cultura
Horário das Exposições
2.ª a 6.ª feira - das 09h00 às 12h30
e das 13h30 às 16h30
Encerrado aos fins-de-semana e feriados
Ribeira Grande
Centro Comunitário e de Juventude
de Rabo de Peixe
Teatro Ribeiragrandense
Horário da 2ª a 6ª das 9h às 17h
GABINETE DE APOIO À VÍTIMA
296 285 399 (número regional)
707 20 00 77 (número único)
[email protected]
2.ª a 6.ª das 9:30 às 12:00 e das 13:00
às 17:30
MUSEUS
Ponta Delgada
Museu Carlos Machado
3ª a 6ª das 10:00 às 13:00 e das 14:00 às 18:00
Sábados e Domingos das 14:00 às 18:00
Encerra segundas e feriados
Ribeira Grande
Museu Municipal
Museu “Casa do Arcano”
Museu da Emigração Açoriana
Museu Vivo do Franciscanismo
Casa Lena Gal
Aberto de 2ª a 6ª - 09.00/17.00H
Museu Municipal do Nordeste
Aberto de 2.ª a 6.ª das 09h00
às 12h00 e das 13h00 às 16h00
MISSAS
Semana >> 08h00 – Santuário do
Santo Cristo 08h30 – Matriz de 2ª a
6ª feira 09h30 – Fajã de Cima (3ª a
6ª) 12h30 – Matriz 18h00 – Igreja do
Imaculado Coração de Maria 18h30
- Matriz; São José; 19h00 – São
Pedro; Igreja Nª Sra. de Fátima -Lajedo; Santa Clara; Fajã de Baixo (3ª
e 5ª); Saúde - Arrifes - (3ª e 5ª); Milagres - Arrifes - (4ª e 6ª).
des, Feteiras, Saúde - Arrifes. 18h30
– Matriz; Santa Clara; Fajã de Baixo.
19h00 - Igreja Nª Sra. de Fátima; Mosteiros, São Pedro; Relva; São Roque,
Candelária; Ginetes 19h30 - Fajã de
Cima; Milagres - Arrifes. 20h00 Covoada.
Domingo >> 08h00 – Santuário Santo Cristo; Saúde – Arrifes, Mosteiros
09h00 – Igreja Senhora das Mercês;
Clínica do Bom Jesus; Fajã de Baixo;
Piedade - Arrifes. 09h30 - Piedade –
Arrifes; 10h00 – Matriz; Igreja Coração Imaculado de Maria – São Pedro;
Santa Clara; Milagres – Arrifes 10h30
– Capela de São João de Deus - Fajã
de Baixo; Covoada; Hospital Divino
Espírito Santo; Várzea; Sete Cidades,
Candelária, Milagres - Arrifes. 11h00
– São José; São Pedro; Fajã de Cima
11h30 - Santa Clara; Fajã de Baixo;
São Roque 12h00 – Santuário Santo
Cristo; Matriz; Relva; Mosteiros; Ginetes, Feteiras; Saúde - Arrifes. 12h15
– Igreja de São Gonçalo - São Pedro
12h30 – Igreja Nª Sra. de Fátima Lajedo 17h00 – Matriz 18h00 – São José
18h30 – Fajã de Baixo 19h00 – São
Pedro
Baixa-mar:
02:34 – 14:55
Preia-mar:
08:47 – 21:16
ASSOCIAÇÃO DE TÁXIS
DE SÃO MIGUEL
(INSTITUIÇÃO DE UTILIDADE
PÚBLICA)
Central 296 30 25 30
296 20 50 50
TÁXIS
TEATRO MICAELENSE
MORENO VELOSO
9 DE MAIO - 21H30
COLISEU MICAELENSE
Sábado >> 12h30 - Matriz 17h –
Clínica do Bom Jesus 17h30 – Igreja do Coração Imaculado de Maria;
Capela de São João de Deus -Fajã de
Baixo 18h00 – São José; Sete Cida-
TABELA DAS MARÉS
C@S@MENTO
PELA INTERMETE
8 DE MAIO - 21H30
296 38 2000
96 29 59 255
91 82 52 777
23
Curiosidades
Atlântico Expresso
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
Mulher detida no Colorado por
esventrar grávida e roubar feto
Queriam apanhar peixe mas
pescaram uma ave
Leão aprende a abrir porta de carro
e prega o susto da vida a turistas
Uma mulher foi detida no Colorado, Estados Unidos, e acusada de
assassínio depois de ter esventrado
uma mulher grávida de sete meses e
retirado o feto, informou hoje a polícia
norte-americana.
A vítima, de 26 anos, que se encontrou com a autora do ataque em resposta a um anúncio para vender roupas de crianças, foi operada e sobreviveu, mas o feto morreu.
A autora do ataque, de 34 anos, transportou o bebé para o hospital, alegando ter tido um abordo espontâneo.
Depois de receber uma chamada da vítima, a polícia “entrou na
casa e viu uma mulher espancada e esfaqueada no estômago”, disse o
chefe da polícia local, Jeff Satur.
“Mais tarde soubemos que a mulher estava grávida e que o bebé
tinha sido levado. A vítima foi transportada para o hospital, onde foi
submetida a uma cirurgia e está a recuperar”, explicou o polícia.
“A autora do ataque foi localizada no mesmo hospital com um
bebé morto. Suspeita e vítima não se conheciam antes do incidente”,
acrescentou o polícia.
Diário Digital com Lusa
Quem vai à pesca não está
à espera de medir a sua presa
pelo tamanho das asas, mas
isso é exactamente o que aconteceu a um par de entusiastas
nos EUA.
Fred Christensen e Nicholas Colangelo tinham ido pescar na Pennsylvania, numa zona parcialmente gelada, em que é necessário fazer um buraco no gelo para colocar a linha com o anzol.
O par notou que tinha apanhado algo e aproximou-se para verificar. Foi então que Christensen puxou a linha e descobriu... uma
ave.
«Nunca ouvi falar de nada assim», disse Colangelo ao Washington Post. «Foi muito invulgar. Fiquei sem palavras».
Se acha que está a salvo de um leão
curioso permanecendo dentro de um
carro, pense duas vezes: é melhor trancar as portas, só para ter a certeza.
É que foi captado em vídeo, num
parque de safaris em África do Sul, o
«rei da selva» a ter a capacidade de
aprender como funciona um mecanismo simples dos humanos.
Nas imagens vemos a família de turistas a tirar fotos aos leões
durante o safari, até que um espécime aproxima-se e abre uma porta
do veículo com os dentes.
Felizmente para os turistas, um elemento da família com reflexos
rápidos e sangue frio imediatamente agarrou a porta e tornou a fechála, trancando-a de seguida.
«Meu Deus, não sabia que eles conseguiam fazer isso», ouve-se
uma mulher exclamar.
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Bisonte lança investida contra
SUV parado
Misteriosa luz branca nos céus
da Rússia intriga população
Ainda ninguém conseguiu encontrar uma explicação definitiva
para o fenómeno misterioso que iluminou o céu à noite no Sul da
Rússia, na passada Terça-feira.
Captado pela câmara instalada no tabliê de uma viatura, o vídeo
mostra o momento em que a escuridão da noite deu lugar a um clarão de luz branca, nas primeiras horas do dia 17, perto da cidade de
Stavropol.
As imagens tornaram-se virais online, com as opiniões dos
comentadores a dividirem-se: uns acreditam que se tratou de um relâmpago, outros falam de exercícios militares secretos do governo
russo, e também há quem creia que se tratou de um «sinal de Deus»
ou da presença de entidades extraterrestres.
Um cibernauta falou da possibilidade de ter sido um exercício do
Kremlin a testar um dispositivo de impulso electromagnético (EMP),
um aparelho capaz de queimar todos os sistemas eléctricos no seu
raio de influência. Muitos residentes relataram que as luzes das suas
casas piscaram durante o fenómeno.
Entretanto, os meteorologistas afastaram a hipótese de um
fenómeno atmosférico, enquanto os engenheiros disseram que não
houve problemas com o abastecimento de luz da cidade, segundo a
imprensa internacional.
DD
Gato mostra como se anda de skate
Nigeriana pede divórcio devido
ao tamanho do pénis do marido
Já imaginou a sensação
de ver um bisonte a correr em
máxima velocidade para o derrubar?
Tom Carter filmou um
bisonte a correr em «sprint»
contra a viatura em que seguia,
no Yellowstone National Park,
EUA.
Carter e a amiga Suzie Hollingsworth estavam a fotografar bisontes no Lamar Valley, em Fevereiro, dentro do seu Nissan Xterra.
Após a «colisão», o bisonte escapou sem ferimentos e continuou o seu caminho, mas a viatura ficou com danos avaliados em
mais de 2.500 euros.
«Havia uma fila de carros atrás dos bisontes. As regras do parque estipulam que não se pode incomodar a vida selvagem, e realmente, o que os condutores deviam ter feito depois de deixarem os
animais agitados, era dar-lhes espaço. Mas não foi o que fizeram»,
disse ao USA Today.
O fotógrafo amador publicou depois de um vídeo a exibir os
danos no carro da amiga.
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Painel luminoso de boas-vindas
confunde turistas em Miami
Na eterna discussão entre donos
de cães e donos de gatos, os primeiros costumam gabar-se dos truques
que os seus companheiros caninos
fazem, mas este felino «dá cartas»
no skate como ninguém.
Um dos gatos mais famosos da
Internet, Didga torna a protagonizar
um vídeo a mostrar os seus truques sobre rodas.
O gato é treinado pelo perito em comportamento animal Robert
Dollwet.
O vídeo foi utilizado como meio promocional da empresa de câmaras GoPro, que publicou no seu canal de Youtube a 2 de Março.
Os turistas de visita a Miami, nos EUA, foram recebidos
com uma mensagem confusa exibida num painel que serve para
dar as boas-vindas aos viajantes.
O painel luminoso colocado junto à Julia Tuttle Causeway
dizia «Boas-vindas viajante! Proibido», segundo as informações da AP.
Na realidade, tratou-se de uma avaria, já que o painel deveria dizer «Boas-vindas viajante! Proibido na praia: vidros, metais, álcool e Styrofoam».
As autoridades locais emitiram um pedido de desculpa pelo
erro e o painel foi removido para ser reparado.
Nannette Rodriguez, porta-voz do poder local, disse ao Miami Herald que a cidade «certamente» dá as boas-vindas aos viajantes, e pediu desculpa a todos os que se sentiram ofendidos.
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Aisha
Dannupawa
casou-se há dias com Ali
Maizinari mas o casamento durou pouco tempo,
tudo devido ao tamanho
do pénis do marido, grande
demais segundo a mulher,
que pediu o divórcio.
Segundo o New York Post, Dannupawa voltou traumatizada
da lua-de-mel. «O sexo tornou-se um pesadelo ao invés de ser
proveitoso. Foi horrível, o pénis dele é muito grande», afirmou
à justiça.
O diário norte-americano escreve ainda que a mãe ofereceulhe alguns medicamentos e disse que, com o tempo, ela «acostumaria» com o sexo. «Mas, na segunda vez, percebi que era muito
para suportar.»
Sem desmentir a justificação, Maizinari aceitou o pedido do
divórcio, desde que recebesse o dinheiro gasto na cerimónia de
casamento.
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Polícia manda parar condutor e encontra
erva em frasco que diz «não é erva»
A polícia do Nebraska, nos EUA,
encontrou marijuana num frasco ao
parar um condutor por suspeita de
condução sob embriaguez. Segundo as
autoridades, a droga estava num recipiente que dizia «não é erva».
De acordo com o relatório do gabinete do xerife de Lancaster County, um agente parou Jason Meier,
de 21 anos, por uma violação do código do trânsito, e o homem foi
detido por condução sob efeito do álcool.
Ao vasculharem a viatura, as autoridades encontraram um recipiente de plástico com uma etiqueta a dizer «não é erva» (not weed),
debaixo do assento do passageiro.
O recipiente continha 11,4 gramas de marijuana, de acordo com
a polícia.
Meier admitiu que a erva era sua e está acusado de posse de droga.
«Não sei... pensei que fosse engraçado», disse Meier ao Smoking
Gun. «Nunca pensei que fosse confiscada», comentou.
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Ficha Técnica
Atlântico Expresso
Jornal Semanário
Registo N.º 111846
Tiragem desta edição - 6 650 exemplares
Editor - Gráfica Açoreana, Lda.
Rua Dr. João Francisco de Sousa n.º 14 - Ponta Delgada
Director: Américo Natalino Viveiros. Director Adjunto: Santos Narciso. Sudirector: João Paz Chefe de Redacção: Ana Coelho. Redacção: Nélia Câmara, Marco Sousa, Carla
Dias, Bárbara Almeida; Fotografia: Pedro Monteiro; Marketing: César Botelho, Pedro Raposo. Paginação, Composição e Montagem - João Carlos Sousa, Flávio Cordeiro e
Luís Filipe Craveiro; Revisão: Olivéria Santos; Economia: Eugénio Rosa; Colaboradores: Ricardo Cunha Teixeira, Reinaldo Arruda, Teixeira Dias, Cláudio Lopes, João Luís de
Medeiros, Aníbal Fernandes, João Carlos Tavares, Diniz Borges, Manuel Calado, Manuel Estrela, Manuel M. Esteves, José Händel Oliveira, Natividade e Carlos Ledo, Orlando
Fernandes, Rogério Oliveira. Desporto - José Pinho Valente, João de Brito Zeferino, João Patrício.
Impressão: Gráfica Açoreana, Lda. - Rua João Francisco de Sousa n.º 14 - Ponta Delgada
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de Apoio à Comunicação Social Privada
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Atlântico Expresso
Ú L T I M A
P Á G I N A
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015
Rui Machete espera que John Kerry tenha uma intervenção positiva no processo
Bilateral discute Lajes a 16 de Junho
O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui
Machete, avançou com uma data para a próxima reunião da Comissão Bilateral Permanente
entre Portugal e os Estados Unidos da América
(EUA). O encontro acontece a 16 de Junho em
Washington e servirá para discutir o futuro da
Base das Lajes.
O anúncio foi feito à margem
de uma reunião, também na capital
norte-americana, entre Rui Machete e John Kerry, chefe da diplomacia dos EUA.
O Ministro português disse esperar uma intervenção positiva de
John Kerry na discussão sobre a
redução da presença norte-americana na infra-estrutura militar da
Terceira.
“Kerry tem uma informação de
carácter geral. Um Secretário de Estado norte-americano tem, diremos,
o mundo como área operacional de
actividade. É normal que não conheça todos os pormenores, mas
foi suficientemente sensibilizado
para esperarmos que tenha uma intervenção positiva nesse sentido”,
sublinhou Rui Machete, adiantando que no final da reunião do dia
16 de Junho será possível “dizer
quão eficaz terá sido a intervenção
do senhor Secretário de Estado”.
O responsável, ainda assim, não avançou
os argumentos que Portugal está a utilizar e
que propostas estão sobre a mesa no que diz
respeito à Base das Lajes.
“Numa negociação não devemos antecipar
os argumentos que vamos utilizar. Não me parece a solução mais vantajosa para a defesa dos
nossos interesses”, referiu.
O pano de fundo da reunião de Rui Machete com John Kerry foi a ida do embaixador dos
Estados Unidos em Lisboa ao Ministério dos
Negócios Estrangeiros para falar sobre a intenção norte-americana de dar início ao processo
de redução de postos de trabalho nas Lajes.
Segundo o Ministério, na reunião com o
embaixador norte-americano foi transmitida a posição do Governo português de que o
processo iniciado com a notificação, que foi
precedida de um inquérito geral a todos os
trabalhadores sobre um eventual interesse na
cessação de contratos por mútuo acordo, “não
deverá prosseguir em termos efectivos até à
reunião extraordinária da Comissão Bilateral
Permanente que se realizará em Washington”.
Treinar iraquianos
Na reunião de ontem em Washington,
John Kerry aproveitou para agradeceu o
envolvimento de Portugal no combate ao Estado Islâmico. O Secretário de Estado norteamericano, aliás, frisou a importância da missão portuguesa.
“Estamos gratos pelo vosso apoio e esfor-
ços no Iraque. Estamos particularmente gratos
pelos esforços de Portugal no âmbito da responsabilidade global e agora, ultimamente, no
âmbito da coligação contra o Estado Islâmico e
no empenho contra o terrorismo”, disse.
A participação militar de Portugal no
Iraque, aliás, foi um dos tópicos mais importantes do encontro entre os dois responsáveis
diplomáticos.
“Como decorreu de uma declaração do
Conselho Superior de Defesa Nacional, o exército português, as Forças Armadas portuguesas vão facilitar a preparação - o termo técnico
é capacitação - de forças armadas iraquianas
perto de Bagdad. Esse é um esforço muito
concreto de auxílio à formação do exército
iraquiano”, precisou o governante.
Durante a visita que realiza a Washington,
e que termina hoje, Rui Machete tem ainda previstos encontros com membros do grupo que
defende os interesses de Portugal na Câmara
dos Representantes dos EUA, com o presidente da comissão de Forças Armadas do Senado,
o republicano John McCain, com o presidente
da subcomissão parlamentar para a Europa da
comissão de Negócios Estrangeiros do Senado,
o republicano Ron Johnson e com o senador
democrata do Massachusetts Edward Markey.
AE/DI
Assinala-se a data já amanhã
Canto da Maia assinala Dia Mundial do Sorriso com
três sessões de terapia dinamizadas por Délia Oliveira
No âmbito do Dia Mundial do Sorriso, comemorado amanhã, 28 de Abril, a disciplina de
Desenvolvimento Pessoal e Social (DPS) da
Escola Básica Integrada Canto da Maia, está
a organizar, para o próximo dia 29 de Abril,
Quarta-feira, um conjunto de três sessões de
Terapia do Riso, que serão dinamizadas pela
terapeuta do riso Délia Oliveira, nos seguintes
horários: das 10h20 às 11h05, contemplando as
turmas 5.º 2 e 5.º 9, das 11h10 às 11h55, contemplando as turmas 6.º 6 e 6.º 10 e das 12h50
às 13h35, contemplando as turmas 5.º 11 e 5.º
12. Estas actividades terão lugar na biblioteca
da escola.
Natural de São Roque e com 59 anos, Délia
Oliveira numa entrevista ao jornal Diário dos
Açores em 2014 refere que se considera uma
pessoa optimista e de riso fácil. Por ter uma
personalidade contagiante, lecciona há já três
anos aulas de terapia do riso, tendo já ajudado
centenas pessoas a ultrapassarem depressões.
Com mais de 320 sessões dadas, Délia Oliveira
conta que São Miguel aderiu a esta iniciativa de
uma forma invulgar e, por isso, “se houvesse
o guiness do riso”, era esta ilha açoriana que
ganhava, pois “nunca ninguém fez tanta sessão,
em tão pouco tempo”, referiu Délia Oliveira.
A terapia do riso (ou yoga do
riso) começou na Índia, em 1995,
pelo Dr. Katarian – um médico de
clínica geral que ao tratar dos seus
doentes apercebia-se que faltava
algo. Era a alegria! Reuniu, então,
cinco pessoas e foi para um pátio dizer coisas para rirem, como
anedotas e piadas. Mais tarde, ele
quis aprofundar o estudo sobre o
riso e, depois de muita pesquisa,
descobriu que para rirmos não precisamos de anedotas, filmes cómicos ou piadas. Podemos rir de tudo
e de nada.
Esta prática já é feita em 70
países espalhados pelo mundo, incluindo Portugal.
“Dou aulas de terapia do riso
desde Julho de 2012, na Junta de Freguesia de
São José, ao público em geral. As aulas são
feitas por donativo, sem mensalidades obrigatórias.
Também vou a lares de idosos, creches, jar-
Foto: DR
dins de infância, escolas primárias, preparatórias, escolas profissionais e universidade senior
de Ponta Delgada. Já fiz esta terapia a médicos,
pessoal de enfermagem, a doentes com deficiência mental profunda, a deficientes com Trissomia 21, a surdos, a toxicodependentes em re-
cuperação numa instituição e em centros de dia.
Já estive em Elvas, Madeira, na ilha Graciosa e
em Santa Maria. Estive também duas vezes no
Wake IN Festival ao lado de grandes personalidades do yoga.
Ana Coelho

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