casal deixou lisboa para vender em restaurante o que
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Atlântico Expresso Fundado por Victor Cruz - Director: Américo Natalino de Viveiros - Director-Adjunto: Santos Narciso - 27 de Abril de 2015 - Ano: XVI - N.º 85746 - Preço: 0,90 Euro - Semanário Nota de Abertura Tempos assustadores Para quem lê, estuda, reflecte e sente, os grandes problemas da história, que causaram guerras, destruíram civilizações e dividiram povos, hoje aparecem-nos como causas menores para a sociedade moderna. Só com uma postura de visão histórica se pode tentar compreender, sem julgar, os grandes movimentos que vão surgindo e que parecem vagas demolidoras da sociedade, quando daqui a anos, nem serão falados. Perante isto, qual a posição mais prudente: intervir ou deixar passar? Quanto a nós o tempo presente tem a sua própria história e tem as suas causas, quer concordemos ou não com elas. O grande fenómeno que assola todo o mundo é a confusão entre igualdade e domínio das minorias sobre as maiorias. Enquanto uns defendem que nada pode tolher a liberdade individual, muitos são de opinião que as minorias não podem ditar regras para obrigar as maiorias a ficar debaixo de conceitos que não perfilham. E quando a tudo isto acrescem grandes cargas políticas e de interesses sociais, então a situação piora. O mundo actual está pendente de grandes tragédias, autênticos genocídios com milhares de cristãos a morrer em muitos países, vítimas do fundamentalismo islâmico que ninguém consegue travar para o Ocidente não ser acusado de usar as mesmas armas dos extremistas. Milhares de fugidos a ditaduras morrem no Mediterrâneo, num cenário de vergonha para o mundo sem coragem de intervir na origem do problema. Ninguém pode ficar indiferente, mesmo que tudo nos possa parecer muito distante. O que importa, o que é importante é criar uma nova ordem e mentalidade de respeito mútuo. As maiorias têm de respeitar as minorias, mas as minorias têm de ter a noção que não se podem impor nem dominar as maiorias, fazendo com que a normalidade pareça anormalidade. No caso das religiões, todo o fundamentalismo é mau e mesmo entre nós, apesar de toda a religiosidade popular que por aí se vê, é frequente o divisionismo e a paroquialite que criam divisões e feridas que têm reflexos na vida de muita gente. No meio de tudo isto há duas coisas fundamentais que neste momento parecem incombatíveis: o dinheiro que corrompe os poderes e a globalização que faz perder a identidade dos povos. O fundamentalismo religioso é fomentado por quem vive da guerra e das armas, por quem produz, vende e infiltra as drogas. É o dinheiro, ligado às lavagens cerebrais que faz com que ainda haja milhares de jovens de todos os países que se deixam fascinar por ideais fundamentalistas. É o dinheiro que faz mover as ditaduras de África e de outros pontos do globo, provocando as fugas em massa dos desprotegidos da sorte que acabam por morrer como temos visto. Gente que perde a sua identidade mas que não perde o direito de sonhar, mesmo que este seja o último sonho da sua vida. Como pode a humanidade do século XXI, que era esperado como o século do Espírito, conviver com todos estes dramas? No caso das perseguições religiosas, o que se passa agora deixa a léguas de distância o que se passou em Roma no início do cristianismo. E nunca nos devemos esquecer, para que nunca mais se repita, que também a Igreja já teve tempos negros de fundamentalismo colonial e inquisitorial. Criar uma cultura de esperança é coisa bem difícil e dura. Saber ultrapassar diferenças, conviver com elas sem abdicar das suas convicções é o único caminho para melhorar as relações de proximidade, já que nada podemos mudar naquilo que se passa no mundo. Os caminhos deste tempo têm de assentar em novos pressupostos e na inversão de muitos valores que estão a ser destruídos ou esquecidos, na onda voraz dos interesses políticos e económicos que fomentam a concentração da riqueza, esquecendo a pessoa como centro da vida. A nova ordem mundial está a sair cara neste início de século. Santos Narciso COM UMA QUINTA NA RIBEIRA GRANDE CASAL DEIXOU LISBOA PARA VENDER EM RESTAURANTE O QUE PRODUZ NA TERRA Paulo Decq e Inês Sá da Bandeira têm ambos 40 anos e três filhos, com idades compreendidas entre os 20 e quatro anos e meio. Têm ainda em comum a paixão pela terra e pelo gosto de, também da terra, poderem ver crescer o fruto do seu trabalho diário. Não conhecem o real significado da palavra férias há algum tempo a esta parte, mas o facto da quinta de três hectares, que possuem na Ribeira Grande lhes proporcionar uma qualidade de vida inigualável, faz com que, dia após dia, se sintam mais felizes com a opção de vida que fizeram há algum tempo a esta parte. Ele sociólogo de formação e ela mais ligada às artes, deixaram Lisboa e tornaram-se agricultores e empresários. Dizem que, acima de tudo, tornaram-se felizes e hoje não trocavam esta mudança por nada deste mundo. Ideias (e trabalho) não faltam a este casal e, assim sendo, concretizaram o sonho de construir um restaurante inserido na quinta: Restaurante Quinta dos Sabores, onde os legumes utilizados na cozinha são provenientes da quinta que cultivam com os seus filhos. E isso faz toda a diferença. Na cozinha têm uma eficiente equipa que consegue colocar em prática as mil e uma ideias que Paulo e Inês têm. págs. 8 e 9 SALOMÉ GOMES DA DELEGAÇÃO DA RARÍSSIMAS NOS AÇORES NÃO SE SABE POR FALTA DE REGISTOS QUANTOS AÇORIANOS TÊM DOENÇAS RARAS pág. 3 MONSENHOR AUGUSTO CABRAL É PRECISO TER FÉ NO SANTO CRISTO COM O CORAÇÃO A pouco mais de duas semanas do início das Festas do Senhor Santo Cristo, o Reitor do Santuário, Monsenhor Augusto Cabral, fala do tema das festas - A Fé, Caminho da Salvação -; da necessidade dos cristãos despertarem para “o amor e para a entrega total da vida”; das dificuldades “que podem transformar-se em oportunidades”; das finanças do Santuário e dos desafios. Para trás ficam as divergências “completamente ultrapassadas” entre o Santuário, a Irmandade, a Diocese e os fiéis, por causa da cedência temporária do resplendor do Senhor Santo Cristo. As festas vão ser presididas pelo Bispo auxiliar de Braga, D. Francisco Senra Coelho, “amigo pessoal de D. António”. págs. 12 e 13 2 Actualidade Atlântico Expresso Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 Novo Governo da Madeira está já a preparar um orçamento rectificativo O titular da pasta das Finanças do novo executivo da Madeira afirmou que será um “orçamento minimalista, apenas para ajustar as dotações orçamentais à nova orgânica do Governo” e que “só em Outubro” é que começará a trabalhar num orçamento próprio. O novo secretário das Finanças e da Administração Pública, Rui Gonçalves, do executivo madeirense disse nesta quinta-feira que está a trabalhar na elaboração de um orçamento rectificativo para apresentar na próxima semana na reunião do Conselho do Governo Regional. “Já estamos também a trabalhar num orçamento rectificativo. Presumo que na próxima semana já apresentarei no Conselho de Governo, para discussão, as linhas gerais do que poderá ser esse orçamento rectificativo”, afirmou Rui Gonçalves aos jornalistas, à margem do seu primeiro ato oficial depois da posse do XII Governo Regional da Madeira que aconteceu dia 20. Falando na inauguração das novas instalações do balcão da companhia de seguros Lusitânia, no Funchal, o governante referiu que este será um “orçamento minimalista, apenas para ajustar as dotações orçamentais à nova orgânica do Governo” da região que foi aprovada no primeiro conselho do governo madeirense que decorreu na terça-feira. O titular da pasta das Finanças do novo executivo insular, agora liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque, que sucedeu a Alberto João Jardim, adiantou que “só em Outubro” é que o Governo começará a trabalhar num orçamento próprio, para entrar em vigor em Janeiro de 2016, que deverá ser apresentado no parlamento da Madeira em Novembro. “Aí sim, haverá naturalmente uma redefinição daquilo que são as dotações orçamentais, também em função do que for a reorientação das políticas públicas que cada um dos membros do Governo está neste momento a estudar para depois implementar”, salientou Rui Gonçalves. O político destacou que é necessário “garantir que haja dinheiro para que as outras secretarias possam desenvolver as suas actividades e competências na área da saúde, da educação, no apoio à economia”. Relações cordiais com Cavaco O novo presidente do Governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, manifestou total abertura do executivo para manter “relações de cordialidade e de trabalho profícuo” com o Presidente da República. Em declarações aos jornalistas no final de uma audiência para apresentação de cumprimentos ao chefe de Estado, o novo presidente do executivo madeirense disse ter mantido com Cavaco Silva “uma conversa muito interessante” sobre o que o Governo regional pretende para o futuro da Madeira e acerca do relacionamento de “cordialidade, diálogo e abertura” que quer manter com as instituições da República. Questionado sobre se entende que depois dos “altos e baixos” dos últimos anos das relações entre o Presidente da República e o Governo Regional da Madeira se poderá agora entrar num novo ciclo, Miguel Albuquerque assegurou que da parte do executivo há “toda a abertura e toda a disponibilidade” para a manutenção de “relações de cordialidade, de trabalho profícuo em prol do país e da região autónoma”. Miguel Albuquerque sublinhou ainda que o Presidente da República tem um conhecimento “muito profundo” da realidade da região autónoma e está “perfeitamente inteirado das questões” que é preciso resolver. Albuquerque quer mais entendimentos Miguel Albuquerque quer que se dissipem “de uma vez por todas mal entendidos” com o Governo da República. No discurso de tomada de posse, nesta segunda-feira, o presidente do novo Governo Regional da Madeira defendeu ainda que, “mais do que os homens”, será “a História” a fazer “justiça” à obra de Alberto João Jardim. Apesar de disponível para ouvir e fazer “consensos com a oposição”, deixou avisos: que ninguém espere “soluções mágicas” para os problemas e que tomará as decisões necessárias, até “as menos populares”. Após 37 anos de liderança de Jardim, Albuquerque diz querer reforçar “os canais de entendimento com o Governo da República”, assim como a “notoriedade positiva” e a “credibilidade [da re- gião] em todo o país”. Mas não aludiu directamente a uma das questões essenciais da campanha eleitoral: a renegociação da dívida da Madeira. À margem da cerimónia, o ministro da Presidência e Assuntos Parlamentares, Luis Marques Guedes, afirmou, porém, que “nunca houve um contencioso institucional” entre o Estado e as autonomias, ressalvando que esse relacionamento mais crispado “talvez tenha havido no Governo anterior, socialista, em que de facto houve alguns atritos fortes no plano institucional”. Mas, argumentou, é necessário “distinguir sempre o plano partidário do institucional”, acrescentando que com o actual executivo da República “nunca houve nenhum tipo de atritos” com o governo madeirense. “A situação difícil que a Madeira atravessa, que é de algum modo similar aquela que se assiste no continente, teve sempre da parte do Governo da República uma atenção e disponibilidade grande para trabalhar em conjunto com o governo da Madeira para superar essas dificuldades”, sublinhou. Questionado sobre a disponibilidade do Governo para renegociar a dívida da Madeira, o governante disse que não era dia para reuniões de trabalho, adiantando que esses encontros terão lugar nas próximas semanas. “O que posso dizer é que há sempre da parte do Governo da República disponibilidade para articular e trabalhar em concertação com os governos das regiões autónomas”. E assegurou que “não há distinção” entre os executivos da Madeira e dos Açores. Marques Guedes homenageou Jardim: “Ao longo de quase quatro décadas, arrancou a Madeira de uma situação em que se colocava como uma das regiões menos desenvolvidas e, provavelmente, mais pobres do nosso país e conseguiu um desenvolvimento e modernidade que se assiste e está aos olhos de toda a gente.” Presidido por Miguel Albuquerque o Governo Regional é composto por Assuntos Parlamentares e Europeus (Sérgio Marques), Finanças e Administração Pública (Rui Gonçalves), Inclusão e Assuntos Sociais (Rubina Leal), Economia, Turismo e Cultura (Eduardo Jesus), Educação (Jorge Carvalho), Ambiente e Recursos Naturais (Susana Prada), Saúde (Manuel Brito), Agricultura e Pescas (Humberto Vasconcelos). “Açores e Madeira têm de dialogar mais” O presidente do PSD/Açores reafirmou a necessidade “de uma maior aproximação política e institucional entre os Açores e a Madeira”, de forma a que as duas regiões “possam dialogar sobre os seus problemas comuns e encontrar plataformas de trabalho que permitam fazer a defesa conjunta das necessidades das duas Regiões Autónomas”. Duarte Freitas reuniu-se, no Funchal, com o novo presidente do governo regional e do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque. No final do encontro, o líder dos sociaisdemocratas açorianos salientou “a renovação e a mudança política que se está a verificar na Madeira com a liderança de Miguel Albuquerque”, a par “das alterações e da renovação que têm sido concretizadas no PSD/ Açores”. “As duas Regiões têm de dialogar mais, têm de trabalhar em conjunto as grandes questões europeias. Muitas vezes fica-se com a ideia de que a Madeira fala mais com as Canárias e os Açores com Cabo Verde. Sendo duas regiões autónomas portugueses não ganhamos nada com este afastamento. Muito pelo contrário”, reforçou o presidente do PSD/Açores. “Não se trata de mudar e renovar apenas para que fique bem nos discursos”, disse Duarte Freitas, acrescentando que “a renovação deve ser uma prática comum nos partidos políticos. Existe um notório afastamento dos cidadãos em relação aos políticos e aos partidos, precisamente porque os cidadãos muitas vezes não encontram nos partidos vontade de mudar e de renovar ”. O líder dos sociais-democratas açorianos considerou, por isso, que Miguel Albuquerque “deu um bom exemplo de como um partido se pode renovar, acrescentar valor e voltar a merecer a confiança dos cidadãos”. “Miguel Albuquerque recebeu a confiança dos madeirenses porque apresentou um projeto diferente e não uma mera continuidade da obra de Alberto João Jardim”. Duarte Freitas salientou, ainda, que “também nos Açores estamos empenhados numa profunda renovação que possa responder aos desejos de mudança que se sentem na sociedade açoriana”. Boas relações entre Manuel Albuquerquer e Duarte Freitas Entrevista/Opinião 3 Atlântico Expresso Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 Salomé Gomes, da Delegação da Raríssimas nos Açores do Pico Prestar contas Falta de registo nacional faz com que não se saiba quantos açorianos sofrem de doenças raras CLÁUDIO LOPES Nos Açores, assim como em território continental, e mesmo internacional, não existem ainda bases de dados organizadas com registos de doenças raras, logo também é difícil saber se as doenças raras nos Açores têm aumentado. Numa entrevista ao nosso jornal, Salomé Gomes, da Raríssimas Açores, explica que na única delegação existente nas nove ilhas e a funcionar há 10 anos no Pico, prestam apoio ao nível da terapia ocupacional, terapia da fala, fisioterapia e psicologia. nos apoiam e continuam a acreditar em nós, o nosso obrigadíssimo. Tem a Raríssimas prevista a abertura de mais alguma delegação noutra ilha açoriana? De momento não, hoje em dia com as tecnologias conseguimos estar próximos, e a abertura de uma delegação implicaria custos que dificilmente seriam suportados. Como tem decorrido a actividade da Raríssimas actualmente nos Açores, nomeadamente no último ano? A delegação da Raríssimas nos Açores completa este ano 10 anos de existência. Actualmente, funcionamos num espaço recentemente renovado, gentilmente cedido pela autarquia de São Roque do Pico, onde disponibilizamos à população diversos serviços que vão ao encontro das suas necessidades. O Centro Raríssimo do Pico engloba um conjunto de profissionais especializados que prestam apoio na área da reabilitação, nomeadamente, na área da Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Terapia da Fala e Psicologia. O Centro Raríssimo do Pico encontra-se sediado no concelho de São Roque do Pico, na antiga Escola Primária do Cais do Pico. Recentemente, houve uma descentralização dos nossos serviços para outro concelho, com o apoio da Escola Básica e Secundária das Lajes do Pico e do Município das Lajes do Pico, é possível a população receber acompanhamento técnico multidisciplinar na Escola da Ponta da Ilha, freguesia da Piedade. A Raríssimas Açores, delegação do Pico abrange mais dois serviços de grande importância: o Banco de Ajudas Técnicas, no qual disponibilizamos ajudas técnicas adequadas e ajustadas às necessidades das pessoas, com possibilidade de ensino e treino em espaço próprio, através de uma orientação especializada pela Terapeuta Ocupacional; Facultamos, também, aconselhamento técnico para aquisição de produtos de apoio especializados; Dispomos de um Centro de Recursos em Comunicação Aumentativa e Alternativa, com equipamentos cedidos pela Fundação PT, no qual aconselhamos e ajudamos em questões relacionadas com a ausência de comunicação verbal, através de ajudas tecnológicas especializadas, que permitem estabelecer a comunicação. Grandes passos foram dados, porque um dia, a extinta Direcção Regional de Igualdade de Oportunidades, acreditou em nós, assim como o poder local e muitas outras instituições, e também os nossos sócios e amigos. Se nos permite aproveitamos para agradecer a todos os que nos ajudaram, a todos os que Têm chegado à Raríssimas, nos Açores, pedidos especiais de ajuda, nomeadamente por parte de famílias de pessoas com doenças raras que hoje atravessam algum tipo de aperto financeiro face à crise? Não, os pedidos que nos são feitos estão na sua maioria relacionados com ajudas técnicas, e estes nós ajudamos emprestando equipamentos, através do nosso Banco de Ajudas Técnicas ou articulando com os serviços inerentes a estas situações. Quais as doenças raras diagnosticadas nos Açores e cujo acompanhamento dos pacientes é feito pela vossa Associação? Tem crescido o número de pessoas com doenças raras nos Açores? Nos Açores, assim como em território continental, e mesmo internacional, não existem ainda bases de dados organizadas com registos de doenças raras, logo também é difícil saber se as doenças raras nos Açores têm aumentado. Na nossa delegação prestamos apoio ao nível da terapia ocupacional, terapia da fala, fisioterapia e psicologia através do Centro Raríssimo do Pico. Foi anunciado publicamente nos OCS em Março que “Portugal tem desde o dia mundial das doenças raras, uma nova estratégia nacional que visa melhorar o acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento destas doenças, que afectam cerca de 800 mil pessoas no país”. Que estratégia é esta e é, no seu entender a melhor para estas doenças? Efectivamente, foi publicado a 27 de Fevereiro o despacho que legisla a Estratégia Integrada para as Doenças Raras 2015-2020 (Estratégia), enquadrada numa portaria já existente desde 2014, portaria esta, que estabelece o processo de identificação, aprovação e reconhecimento dos Centros de Referência Nacionais, onde se encontram os relativos às Doenças Raras, revogando o Programa Nacional para as Doenças Raras criado em 2008, que estava centrado no Ministério da Saúde, sendo necessário substitui-lo por uma estratégia nacional mais alargada com acções inte- gradas a nível intersectorial e interinstitucional. Esta Estratégia é uma responsabilidade conjunta dos Ministérios da Saúde, da Educação e Ciência e da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, baseada na cooperação tem como missão desenvolver e melhorar: a coordenação dos cuidados; o acesso ao diagnóstico precoce; o acesso ao tratamento; a informação clínica e epidemiológica; a investigação e a inclusão social e a cidadania. Só podemos escolher a melhor entre várias, neste momento, esta é a única estratégia existente no nosso país, e muito se lutou para a conseguir colocar no papel, agora é necessário operacionalizar toda a missão delineada. Devido à enorme falta de informação cerca de um quarto dos doentes espera pelo diagnóstico definitivo entre cinco a trinta anos após o aparecimento dos primeiros sintomas. Este facto é revelador das dificuldades com que se deparam os doentes afectados por estas doenças. O diagnóstico precoce das doenças raras e o acompanhamento dos doentes, especialmente nas situações mais complexas, é mais eficaz quando prestado em centros altamente especializados. A doença rara é uma doença crónica maioritariamente debilitante e muitas vezes potencialmente fatal precocemente, por isso mesmo urge colocar em prática a Estratégia. Concorda com a criação de um registo nacional das doenças raras? E a nível regional? Que mais-valia um registo destes pode trazer? Sem dúvida, se ele existisse seria uma mais-valia para os profissionais de saúde, cuja sua utilização poderia contribuir para um diagnóstico mais rápido, uma vez que na sua maioria as doenças raras são diagnosticadas tardiamente, precisamente pela falta de informação, o que significa que as oportunidades de intervenções oportunas podem ser desperdiçadas. Quais são os planos a curto, médio e longo prazo da Raríssimas Açores? Os Planos da Raríssimas Açores são manter o centro de reabilitação, tentando melhorar sempre que possível os nossos serviços e estar o mais possível próximos da população: A curto prazo, promover acções de formação dirigidas a cuidadores formais e informais de forma a auxiliar a prestação de cuidados; criar grupos/espaços de partilha de ideias, experiências e estratégias para cuidadores. A médio prazo, implementar um projecto de economia solidária que promova a inclusão social de pessoas com deficiência e pessoas com vulnerabilidade a situações de exclusão, rentabilizando recursos humanos e materiais existentes na ilha do Pico e a longo prazo, a criação de um projecto piloto de avaliação transdisciplinar na área da Pediatria. Ana Coelho Nos últimos dias chegou à casa dos açorianos uma revista emanada pelo partido socialista, intitulada “Prestar Contas”. Essa brochura, que deve ter custado uma “pipa de massa”, não passa de mais um engano político que se espalhou por toda a sociedade açoriana. E o engano começa logo na capa. O “Prestar Contas”, pretendendo ser de balanço da atividade governativa, e tendo uma fotografia de Vasco Cordeiro na capa, o título só poderia ser “Açores com o maior desemprego de Portugal”. “Prestar Contas” é apresentar os dados todos, com clareza e com transparência. “Prestar Contas” deveria ser também: -explicar aos açorianos porque não se cumprem muitos dos compromissos eleitorais assumidos em 2012, nas nove ilhas dos Açores; - dizer aos açorianos quanto é que o Governo deve, a quem deve, e quando vai pagar; - pedir desculpa aos açorianos pelos maus indicadores sociais que temos (fome, pobreza, desemprego, insucesso escolar, enormes listas de espera cirúrgica, taxa elevada de RSI); - explicar porque não se baixam mais os impostos nos Açores, em benefício das famílias e das empresas açorianas, quando se anunciam finanças saudáveis e superavits orçamentais; - dizer aos açorianos que para além da visão cor-derosa que se dá da Região, há um outro lado da Região onde milhares de famílias vivem no limiar mínimo de pobreza, onde dezenas de empresas se encontram em agonia e em processos de insolvência, atirando diariamente com dezenas e dezenas de trabalhadores para o desemprego; - dizer aos açorianos que a Região tutela muitas empresas públicas que estão tecnicamente falidas, somando todos os anos prejuízos, em cima de prejuízos; - dizer aos açorianos que por causa da dívida direta, mas sobretudo da indireta e dos compromissos financeiros futuros já assumidos, há uma fatura intergeracional muito elevada que as próximas gerações têm de pagar; No “Prestar Contas” socialista não entramfotografias das obras nos portos da Madalena e de São Roque do Pico, nem se explicam os acidentes neles ocorridos. O silêncio em volta desta matéria, representa uma grave irresponsabilidade do governo. É natural sucederem acidentes por razões de ordem técnica ou de falha humana. Mas a não assunção política dos desastres públicos não é aceitável. E aqui o governo já falhou redondamente! Este governo regional é um foco de problemas e todos os dias dá provas de uma imensa incapacidade para resolver os problemas que cria. Este governo tem-se revelado o pior dos governos da nossa era autonómica. Impreparado e até desastroso em algumas áreas. Os casos da saúde e dos transportes são exemplos disso mesmo! E o grave é que o governo parece sofrer de autismo político. Prepara-se para encomendar mais dois novos navios, e para gastar mais uma ´fortuna` (cerca de 85 milhões de euros), quando técnicos credenciados e os empresários regionais avisam de que esse é mais um erro grave que se vai cometer, com consequências futuras negativas. Este “Prestar Contas” socialista não é uma explicação, é mais um contributo para a ilusão! Não passa de mais um instrumento de propaganda política. Enfim, os açorianos mereciam e merecem melhor governo! Os Açores precisam de uma mudança! Acreditemos na mudança de governação em 2016 e confiemos que ela será Boa para os Açores! O PSD/A será o protagonista da mudança necessária! 4 Atlântico Expresso Entrevista/Actualidade Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 José Andrade (PSD), coordenador do projecto “Autonomia nas Escolas” Pregar Autonomia aos mais novos O PSD/Açores está a promover sessões pedagógicas sobre a Autonomia em todas as escolas profissionais da Região, com o objectivo de sensibilizar as novas gerações para a importância do regime autonómico açoriano. No âmbito das comemorações dos 40 anos da Região Autónoma dos Açores e com a intenção de colaborar na sensibilização das novas gerações açorianas para a pedagogia da Autonomia Regional, deputados do PSD/Açores vão realizar, durante os próximos meses, sessões sobre a organização constitucional do regime autonómico em todas as escolas de formação profissional do arquipélago. A realização das sessões pedagógicas de sensibilização sobre a Autonomia resulta de uma proposta temática aprovada pelo congresso regional do PSD/Açores. foi aprovada em congresso regional do PSD/Açores, prevê a realização de sessões escolares de pedagogia autonómica, tanto quanto possível, em todos os estabelecimentos públicos e privados de ensino preparatório, secundário e universitário, desde Santa Maria até ao Corvo. Sem prejuízo das fases subsequentes, estamos a começar pelas escolas de formação profissional, mas propomo-nos avançar depois para outros níveis de ensino, considerando, inclusivamente, um manual elaborado por especialistas universitários. Insisto: este projecto não visa um interesse partidário, mas sim, tão-somente, um exercício de cidadania. O PSD está a promover sessões pedagógicas sobre a Autonomia nas escolas profissionais dos Açores. Qual o conteúdo dessas sessões? O Grupo Parlamentar do PSD na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores inicia agora uma série de sessões escolares de sensibilização pedagógica sobre o regime autonómico para ajudar a aproximar as novas gerações da reflexão e do debate da autonomia açoriana. No âmbito das comemorações dos 40 anos da autonomia constitucional, que culminam no final da presente legislatura, já estamos assim ao encontro da juventude das nove ilhas para fazer a pedagogia do regime que simboliza o nosso direito à diferença e a nossa maioridade política. As sessões escolares são geralmente ministradas pelo deputado Joaquim Machado, também professor de História, que faz um enquadramento inicial do percurso histórico da afirmação autonómica do povo açoriano, e por mim próprio, que acrescento uma caracterização geral do funcionamento actual da Região Autónoma dos Açores. Sempre com a preocupação de apresentar uma abordagem institucional e nunca partidária. Que necessidade objectiva sentiu o PSD para tomar a decisão de levar os fundamentos da Autonomia até à juventude que frequenta o ensino profissional nas nossas ilhas? Sentimos que os jovens em geral estão afastados da política, se não mesmo indiferentes ou até revoltados, porque não têm referências ideológicas ou, pior ainda, porque não encontram sequer bons exemplos na classe dirigente. Os políticos em geral - que são, porventura, os principais responsáveis por isso - devem ser também os primeiros a contribuir para inverter este divórcio preocupante entre as novas gerações e a actividade política. Independentemente da responsabilidade que cabe a cada um, estamos todos convocados para isso. Não seria vantajoso levar a pedagogia da Autonomia a outros níveis de ensino e eventualmente envolvendo especialistas no estudo do fenómeno? O que está planeado é exactamente isso. A proposta temática “Autonomia nas Escolas”, de que fui o primeiro subscritor e que Há quem diga que esta Autonomia, como existe, já deu o que tinha a dar. Qual a sua opinião neste debate? Na minha opinião, não é o regime autonómico que está esgotado. Quem está esgotado é o grupo partidário que nos governa há 20 anos com sucessivas maiorias absolutas que condicionam o desempenho autonómico. A Autonomia não pode ser o bode expiatório dos erros que são cometidos em seu nome. Se as coisas não estão bem, a culpa não é da Autonomia mas sim do uso que fazem dela. Até por isso é preciso regressar à pedagogia elementar. Os governos passam, mas a Autonomia fica, porque a Autonomia não é do Governo. A Autonomia é dos Açores e será aquilo que os açorianos quiserem. AE/DI Sanjoaninas mais perto das comunidades Este ano, as Sanjoaninas voltam a apostar na participação dos emigrantes nas festas. O cortejo, com o tema “Angra, memória dos meus encantos” será uma “homenagem a quem partiu em tempos difíceis em busca de uma vida melhor”, segundo Raquel Ferreira, vereadora da Câmara Municipal de Angra. Ainda que sem números concretos, Raquel Ferreira disse que há expectativas “bastante elevadas” na deslocação de emigrantes à ilha, entre 19 a 28 de Junho, até porque só os convidados a participar nas festas ultrapassam as 100 pessoas. A dois meses das festas, os cartazes musical e tauromáquico já foram apresentados, bem como o séquito real. A vereadora apresentou um pouco mais do programa, que ainda não está fechado. “Estas festas acabam por ter um impacto na nossa economia bastante importante”, salientou, realçando que a autarquia tem adquirido os materiais necessários, sempre que possível, no comércio local. O cortejo do séquito real tem passagem marcada pela Rua Direita, que está actualmente em obras. A vereadora garante que a artéria estará transitável nas Sanjoaninas, mesmo que a obra não esteja concluída. “O empreiteiro só abre um troço de 35 metros de cada vez. Vai abrindo e vai fechando. Agora tem um troço ligeiramente maior, porque está a ser feito em parceria com a EDA, que está a reestruturar os cabos eléctricos”, explicou. Este ano, o cortejo volta a contar com a participação de três damas das comunidades, mas tem também três damas de Gilroy, Tulare e Gustine, cidades irmãs de Angra do Heroísmo. O cortejo terá, excepcionalmente, seis carros, que vão ilustrar várias fases da emigração. O primeiro representa a partida, através da baleação e o segundo (carro das comunidades) as áreas em que os emigrantes começaram a trabalhar quando chegaram à América e ao Canadá. No terceiro carro, estão presentes as lembranças que os emigrantes enviavam às famílias, enquanto o quarto é o carro das cidades irmãs. O quinto carro, que transporta a camareira, ilustra os bordados de frioleira e o carro da rainha, que encerra o desfile, é dedicado à música, mais precisamente ao Sousafone, instrumento inventado por John Philip Sousa. O cartaz musical das Sanjoaninas integra, nesta edição, a cantora Nélia, que chega dos EUA, mas há mais música das comunidades. A Filarmónica de São José, da Califórnia, composta por 70 elementos, vai marcar presença em vários momentos das festas, bem como o grupo Luso, de Gustine, que tem um género “folclore-pop”. O grupo tem 50 elementos, mas a comitiva tem quase 90 pessoas. Haverá uma recepção na Câmara da Angra para os emigrantes e um dia do emigrante, na zona de lazer de Santa Bárbara, mas também uma noite dedicada aos imigrantes. A autarquia criou um “eco-roteiro” das tascas das Sanjoaninas, em que as pessoas adquirem uma caneca reutilizável, substituindo os copos de plástico, e recebem um mapa com os principais palcos, restaurantes e tascas aderentes ao conceito. Este ano, as festas recuperam a tradição de encerrar com uma coroação. A noite de São João vai contar com 26 marchas, incluindo duas de São Miguel. Das Flores chega um grupo folclórico e de Lisboa uma orquestra de violinos com alunos de uma escola básica e integrada. No Largo Prior do Crato haverá este ano um “cantinho solidário”, com a participação de cerca de 30 associações e centros de convívio. Durante as festas, estarão patentes duas exposições: uma de pintura de José João Dutra e outra do Núcleo Filatélico de Angra do Heroísmo. O programa conta com o lançamento de três livros “A loja do Ti Bailão”, de João Bendito, o mais recente romance de Joel Neto e um livro de homenagem ao cantador João Ângelo. No desporto, já estão confirmadas actividades no golfe, rali, tiro, caça, vela, canoagem, jet ski e ciclismo. AE/DI 5 Opinião Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 Nove Estações Almeida Maia não é novo nestas andanças da escrita de ficção. Mas é um jovem. Irreverente quanto baste, sonhador quanto é preciso. Depois de “Bom Tempo no Canal” e do “Capítulo 41”, escreveu em 2014 a sua primeira novela “Nove Estações” que é seleccionada para a Mostra LABJOVEM. Uma edição de bolso da “Letras LAVAdas” , com pouco mais de centena e meia de páginas, cheias de força telúrica, de sonhos e de amores possíveis e impossíveis. Como o título diz, ao todo são nove, tantas as estações como as ilhas em que decorre a aventura de Desirée, uma jovem canadiana que com a morte de um familiar e um enigmático poema na mão vem descobrir os Açores, todas as ilhas, para decifrar o mistério, que se adensa em encontro e desencontros, Atlântico Expresso O Rosto da Distância aventuras de barco, avião e outras formas de conhecer as ilhas, numa forma sugestiva, simples e juvenilmente emocionante. Almeida Maia tem, naquilo que escreve, uma linha narrativa muito própria e que tanto se vê nos seus romances como agora nesta novela que guardo com carinho pelo abraço do autor que há meses ma entregou, com dedicatória cativante. Mostra um conhecimento profundo dos Açores, que nos delicia na sequência de nomes de ilhéus, penedos e rochas, como se Almeida Maia fosse habitante destas nove estações, em contraponto com as quatro estações de tempo que se diz fazer nos Açores todos os dias. Como toda e qualquer novela, aqui em “Nove Estações” o diálogo entrelaça-se com a narração numa simbiose agradável e num ritmo que ajuda a que não nos despreguemos da leitura. Como já escrevi, relativamente a Almeida Maia, ele tem a capacidade de, no urdir do enredo, associar um saudável regionalismo a um assumido universalismo, fugindo de lugares comuns, sem nunca abandonar a matriz insular que enforma a sua escrita. Por isso mesmo, foi para mim uma honra ler mais esta sua obra e deixar aqui a recomendação da sua leitura, especialmente aos mais jovens que, no gosto pela descoberta da aventura e desvendar do mistério, poderão aprender muito sobre os Açores. Parabéns, mais uma vez, Pedro Filipe Almeida Maia! Santos Narciso Apenas 62 páginas. Pode parecer pouco, mas nelas cabe um mundo de poesia. Edição de Letras LAVAdas. Autor, Virgílio Vieira, um penafidelense, residente desde 1981 em São Miguel, doutorado em Biologia pela Universidade dos Açores, onde trabalha em investigação e leccionação. Um biólogo a escrever poesia? Foi o que mais me sugestionou. E mais se me aguçou a curiosidade quando vi que já tinha vários livros publicados, desde 1982 e porque sei que publicação de poesia sem êxito é sinal de não mais repetir a aventura e ela com Virgílio Vieira tem-se repetido e multiplicado. São mais de cinquenta poemas que sobressaem pela riqueza rítmica e suave cadência das palavras na surpresa sempre inesperada de tropos maravilhosamente conseguidos. Como escreve Paula de Sousa Lima, “O Rosto da Distância” é um livro onde cada poema se faz hino a uma parcela de humanidade, sendo, por isso, profundamente humano. Nesta obra Virgílio Vieira surpreende a vida e plasma-a através do verbo que diz momentos e estados de alma plenos de significado(s).” Natural de Penafiel, Virgílio Vieira “bebeu” a ilha, as ilhas… e isto sente-se em toda a sua poesia deste livro. Confesso que nunca lera antes qualquer obra sua. E esta presença da ilha não se confina ao poema, mas traduz-se na vida. E assim, ele é o autor da letra dos hinos da Vila das Capelas, em São Miguel e da Vila da Madalena do Pico. Dele é também a letra da marcha do Clube Desportivo Santa Clara. Ler poesia é tão difícil como necessário. Mais do que reflexos de inteligência, os poemas são pedaços de alma, fios condutores de emoções que nos transportam a mundos de sonhos, onde as ilusões e desencantos dão as mãos à esperança de vidas melhores. No caso deste “O Rosto da Distância”, fica perto de nós o coração da palavra que transborda de cada verso e da cada título, muitos deles, por si mesmos, autênticos poemas. Não conheço, pessoalmente, Virgílio Vieira, mas atrevo-me a deixar-lhe aqui este abraço de quem muito gosta dos seus poemas. Fascinoume este “a Antero”: “Sobrevoaste o ninho dos teus poemas / como aves as baleeiras em mar aberto: / São fadas com perfume de açucenas / e a decadência dos povos, por certo”…. Santos Narciso Ensino 6 Atlântico Expresso Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 Curiosidades numéricas: Os misteriosos quadrados mágicos RICARDO CUNHA TEIXEIRA DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA DA UNIVERSIDADE DOS AÇORES, [email protected] Um quadrado mágico é uma tabela quadrangular NxN, com N linhas e N colunas, sendo N um determinado número natural. A tabela deve ser preenchida com números inteiros de forma a que a soma dos números de cada linha, de cada coluna e de cada uma das duas diagonais do quadrado seja sempre a mesma. Esse valor chama-se constante mágica. Existem muitos exemplos interessantes de quadrados mágicos com histórias curiosas. Desde logo, se recuarmos no tempo e viajarmos até à antiga China. Segundo reza a lenda, por volta de 2200 a.C., o imperador Yu terá avistado uma tartaruga a sair do Rio Amarelo. Essa tartaruga apresentava um intrigante padrão formado por pontos pretos e brancos, que se assemelhava a uma grelha 3x3, preenchida com os primeiros 9 números naturais (1-9), dispostos de uma forma curiosa. Recorrendo à atual numeração árabe, a grelha apresentava a configuração do quadrado mágico da figura A, em que a soma dos números de cada linha, de cada coluna e de cada uma das duas diagonais do quadrado é sempre a mesma (no caso concreto, 15). Que se tenha conhecimento, esta é a primeira referência histórica a um quadrado mágico. Os chineses chamam LoShu ao quadrado mágico da figura A. Muitos utilizam-no como amuleto, pois consideram que o LoShu simboliza as harmonias internas do Universo. Por vezes, é usado como objeto de adivinhação e de adoração. Se começarmos no 1 e ligarmos, com a ajuda de uma caneta, os números do quadrado mágico por ordem crescente (1-23-4-...), obtemos um emaranhado de linhas designado por yubu. Este padrão é utilizado por sacerdotes taoistas para se movimentarem no templo. A China não é a única cultura a apreciar o lado místico dos quadrados mágicos. Ao longo dos tempos, os quadrados mágicos foram venerados pelas mais variadas civilizações. Há evidências que comprovam a utilização de quadrados mágicos pelos índios maias e pelo povo hausa de África. O seu uso já foi bastante criativo. Por exemplo, na Turquia e na Índia, as virgens eram convidadas a bordar quadrados mágicos nas roupas dos guerreiros, que funcionavam como talismãs de proteção. E se um quadrado mágico fosse colocado no ventre de uma mulher em trabalho de parto, acreditava-se que facilitaria o nascimento da criança. Outro aspeto curioso prende-se com o facto de os astrólogos da Renascença terem usado quadrados mágicos associados aos diferentes planetas do Sistema Solar. Hoje em dia é natu- ral estranhar e duvidar do poder do oculto atribuído aos quadrados mágicos pelos nossos antepassados, mas a verdade é que também é fácil perceber o fascínio que estes podem despertar. Os quadrados mágicos são como mantras numéricas: fórmulas místicas que convidam à contemplação e que mostram uma harmonia surpreendente num mundo desordenado. Falemos um pouco dos quadrados mágicos planetários (as figuras A a D apresentam as configurações de quatro desses quadrados). Todos eles são quadrados mágicospuros. O que é que isto significa? Ora, um quadrado mágico com N linhas e N colunas (diz-se que o quadrado mágico tem ordem N) apresenta NxN casas para preenchermos com números. Se utilizarmos cada número natural uma e uma só vez, do 1 ao NxN, dizemos que esse quadrado é puro. A constante mágica de um quadrado mágico puro de ordem Né dada por N(NxN+1)/2. Por exemplo, para N=3, obtemos 3(3x3+1)/2 = 30/2 =15. Já para N=4, vem 4(4x4+1)/2 = 68/2 =34. Assim, todos os quadrados mágicos puros de ordem 3 têm constante mágica 15 e todos os de ordem 4 têm constante mágica 34. Vejamos qual a utilidade atribuída a cada um dos quadrados mágicos planetários. O quadrado de Saturno (figura A) tem ordem 3 e constante mágica 15. É utilizado, por exemplo, para compreender melhor experiências do passado ou para estimular a autodisciplina. O quadrado de Júpiter (figura B) tem ordem 4 e constante mágica 34. Permite estimular o sucesso e a expansão de negócios, o crescimento espiritual e o estabelecimento de novas alianças. Já o quadrado de Marte (figura C), com ordem 5 e constante 65, está relacionado com a tomada de decisões, com a coragem pessoal e a força física. Por sua vez, o quadrado do Sol (figura D), com ordem 6 e constante 111, está associado à perceção dos objetivos pessoais e abertura de novos negócios, à autoconfiança, à saúde e vitalidade. Os restantes quadrados mágicos planetários são os quadrados de Vénus, de Mercúrio e da Lua, com ordens 7, 8 e 9, respetivamente, e constantes mágicas dadas por 175, 260 e 369, respetivamente. O quadrado de Vénus é um convite ao amor e ao estabelecimento de laços para a vida. O quadrado de Mercúrio apela à concentração e a outros desafios intelectuais. Por fim, o quadrado da Lua está associado à intuição e ao instinto. Outro aspeto que pode ser considerado nestes quadrados mágicos planetários é a soma de todos os números que compõem o quadrado, que se designa por soma mística (esta soma obtém-se multiplicando a constante mágica pelo número total de linhas do quadrado, isto porque, ao adicionar os números de qualquer linha, obtém-se sempre a constante mágica). Por exemplo, o quadrado de Saturno tem soma mística igual a 15x3=45; o de Júpiter, 34x4=136; o de Marte, 65x5=325; e o do Sol, 111x6=666. Estes quadrados mágicos podem ter as mais variadas utilidades. Por exemplo, o leitor pode escolher um destes quadrados e ligar, com a ajuda de uma caneta, alguns dos seus números, obtendo interessantes padrões geométricos, que podem ser usados para efeitos decorativos, ou mesmo como inspiração para uma tatuagem! A escolha dos números e da ordem pela qual devem ser ligados fica ao seu critério. Tanto pode optar por recorrer à sua data de nascimento (ou a outras datas importantes), como também pode pensar numa palavra ou frase e converter as letras em números (recorrendo a uma determinada correspondência, por exemplo, A=1; B=2; ... ; Z=26 ou A=J=S=1; B=K=T=2; C=L=U=3; ...). A imaginação é o limite! Vejamos outros exemplos de quadrados mágicos. Em 1514, Albrecht Dürer, conhecido artista da Renascença, pintou um quadro intitulado “Melancolia I”, onde figura um quadrado mágico de ordem 4 (figura E). De notar que os dois números centrais da última linha do quadrado permitem ler “1514”, o ano em que o quadro foi pintado. Este quadrado mágico puro é praticamente igual ao da figura B, apenas se trocam algumas linhas e colunas. O leitor pode comprovar que a soma dos números de cada linha, de cada coluna e de cada uma das duas diagonais desse quadrado é sempre igual a 34, a constante mágica de todos os quadrados mágicos puros de ordem 4. Além disso, 34 é a soma dos números dos cantos (16+13+4+1=34) e do quadrado central 2x2 (10+11+6+7=34).Tente descobrir outras formas de obter 34 ao adicionar quatro números deste quadrado! Quem for a Barcelona pode apreciar um quadrado mágico na parede da famosa basílica da Sagrada Família. Não é um quadrado mágico tradicional, no sentido em que se repetem números (o que implica que não seja válida a fórmula que apresentámos para os quadrados mágicos puros), mas não deixa de ser menos interessante. Trata-se de um quadrado mágico de ordem 4 com constante mágica 33, a idade em que Jesus Cristo morreu (figura F). Curiosamente, este quadrado mágico obtém-se do quadrado da figura E, rodando-o 180 graus e subtraindo uma unidade aos números 11, 12, 15 e 16 (os números das restantes casas permanecem inalterados). De notar também que é possível obter o valor 33 de outras formas para além das habituais somas de um quadrado mágico (linha, coluna ou diagonal). Alguns exemplos estão ilustrados na figura F, do lado direito (em cada exemplo, estão assinaladas as posições dos quatro números a adicionar de modo a obter o valor 33). Descubra outras formas de obter a constante mágica! Hoje em dia, investigadores estudam estes objetos matemáticos em dimensões muito elevadas. Trabalham mesmo com os chamados hipercubos mágicos, em que é possível obter a constante mágica em todas as direções correspondentes. Ensino 7 Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 Atlântico Expresso Antigos Alunos da Escola Antero de Quental Coordenação: Nélia Câmara Liceu José Andrade* , (Continuação da edição anterior) Carlos Afonso escreve que “aprendíamos com prazer, sem excessos de severidade ou sequer necessidade duma disciplina rigorosa que surgia, muito naturalmente, pelo respeito que o saber dos professores impunha”. Margarida Brum homenageia as suas professoras como “as mulheres do meu liceu”: “Bastava olhar para elas para se perceber que a instrução é a melhor ferramenta que uma rapariga pode levar para a vida”. Leonor Pavão considera: “o meu Liceu de menina é uma chama brilhante que guardo na memória, como o paradigma de uma Escola completa, onde a Educação era entendida no seu sentido integral – não apenas de instrução, mas também de formação cultural e humana”. Carlos César, pela sua parte, recorda o liceu “não só como uma reprodução das desvantagens e incapacidades sociais e políticas, mas também como um lugar de adesões afetivas, de incubação progressista e de roturas conceptuais”. E Eduardo Paz Ferreira concorda que “foi no quadro apertado e vigiado dos anos sessenta do Liceu, que nem Antero de Quental se podia chamar, que se desenvolveram os seus espíritos livres”. Eduardo Medeiros explica que estudou “na Escola do Magistério Primário de Ponta Delgada que funcionava precisamente no edifício do Liceu, logo na entrada, perto da Secretaria”. Mário Bettencourt Resendes lembra “não sem alguma ironia, as tentativas desesperadas que faziam para dificultar o convívio entre rapazes e raparigas e, como é óbvio, o resultado prático mais não era do que incentivar a cobiça pelo fruto proibido”. E Gilberta Rocha acrescenta que “os rapazes estavam longe, na saída do portão ou em breves passagens pelas janelas do corredor do 1º andar de onde saíam aviõezinhos de papel, com recados cuja leitura ansiávamos e partilhávamos”. Berta Cabral confessa: “Nunca consegui terminar um trabalho de lavores, o mesmo bordado dava para o ano todo, sempre tive maior inclinação para as disciplinas que proporcionam um raciocínio mais lógico sobre a realidade”. E Zeca Medeiros, pelo contrário, exclama: “Quero celebrar o Grupo Cénico do Liceu cujo elenco tive o privilégio de integrar, quero falar dos ‘Retiros’ do Liceu, das canções dos Beatles, do primeiro amor, só não quero falar das aulas de Matemática”. Emanuel Carreiro lembra que “enquanto as aulas do ‘Armandinho’ eram um gosto, as da ‘Antonieta’ eram um pesadelo e as do ‘Óscar’ eram uma bagunça”. Dionísio Leite recorda o seu colega Jaime Gama: “Ele era, de longe, o melhor aluno (eram só 20 valores) e um dia perguntei-lhe: quando mostras estas notas ao teu pai ele fica muito contente? Resposta imediata dele: fica normal. E eu pensei logo para mim: se fosse o meu, ficaria radiante!”. Jaime Gama prefere lembrar a despedida: “No dia da partida para Lisboa, antes de embarcar no ‘Funchal’, fiz um longo passeio solitário pelo Liceu, revi os anos da vida aí passados, guardei essa imagem comigo para sempre”. Nos anos 70… José Eduardo Moniz revela: “os comentários de incentivo do Dr. Ruy Galvão de Carvalho e a bofetada de parabéns do Dr. Armando Medeiros foram, talvez, o maior prémio que já recebi até hoje”. Sidónio Bettencourt descreve: “Alguém disse de pronto ao Senhor Reitor que havia aluno novo. E logo eu, e logo o Senhor Reitor. Toda a gente a olhar para mim, toda a gente a querer saber de onde vinha… se sabia jogar à bolas, se tinha jeito para alguma coisa que não fosse apenas ‘falar à moda’…”. E Boanerges Melo conta: “O Dr. Eduardo de Andrade Pacheco, último reitor, quando circulava em todo o recinto escolar, impunha ordem. Um dia, pedi para que me recebesse, pois discordava da não existência de um pormenor na folha dos horários que fora afixada. Na sua sábia pedagogia, observou: “quando fores reitor, hás de colocar lá isso!” Muito obrigado, senhor reitor, disse eu”. Manuel Arruda lembra: “Era uma criança de dez anos, quando transpus pela primeira vez o portão verde do liceu, e, quando de lá saí, era um adolescente, quase homem”. José Carlos Carreiro recorda: “a extraordinária aventura que foi, para mim, num tempo em que era impensável sair-se de uma aldeia longínqua do concelho de Nordeste, a três horas e meia de uma tormentosa viagem de camioneta, vir estudar para Ponta Delgada”. Humberto Melo reforça: “encontrávamos as dificuldades de transporte diário, entre a Vila e Ponta Delgada, levantávamo-nos às 5h30 para apanhar a ‘camioneta do Varela’, uma hora para cada lado prejudicava o estudo, pela falta de tempo e pelo cansaço provocados”. E Carlos Amaral conclui: “Vindo do Nordeste, quebrando a insularidade, o Liceu abriu-me as portas e disponibilizou-me os melhores instrumentos conceptuais para aceder ao universal e, nele, me vir a constituir. Cumpriu a sua missão, com distinção e louvor”. Decq Mota solicitou a autorização de Salazar para prestar provas enquanto estava doente: “E assim passei a ser a segunda pessoa em Portugal a fazer o exame na minha cama, à qual, nos dias das provas, se deslocaram os professores para fiscalizarem”. Aníbal Raposo recorda as lides musicais na igreja do Carmo, mesmo ao lado do Liceu, onde o Padre Noia, pessoa de mentalidade aberta para o seu tempo, acarinhava a existência dum coro de jovens que animavam a missa dominical”. Lopes de Araújo descreve que “ainda se vai ao Avião lanchar ou paramos no João Luís a ver quem por lá anda…. Os cafés das redondezas, onde pontificam ainda o Mimo e o Gil, parecem, a qualquer hora do dia, extensões do Liceu, com pilhas de livros nas mesas, entre copos de galão e restos de torradas”. Horácio Franco confessa: “o primeiro dia no Liceu era, normalmente, complicado e o meu não foi exceção, porque tive de andar à ‘batatada’ num ringue improvisado com outro calouro”. Milagres Paz lembra-se de “andar nos enormes corredores que pareciam túneis escuros e frios das salas antigas com paredes enriquecidas pelas palavras de todos aqueles que por lá passaram”. E Piedade Lalanda completa que “à medida que íamos crescendo, íamos descobrindo os espaços do liceu – primeiro foi “a secção”, o edifício novo junto ao campo de jogos, onde estavam as turmas femininas; depois o torreão, onde eram as aulas de música; raramente, a biblioteca, a que não tínhamos muito acesso, e só nos últimos anos, o acesso às salas em anfiteatro”. Iracema Cordeiro lembra que “nos recreios, junto à cantina, sedimentavam-se as novas amizades, e no banco junto ao bar, prolongavam-se as conversas com o futuro companheiro de vida, que o Sr. Miguel teimava em interromper – “Elas (os membros do Conselho Diretivo) não querem ninguém aí! Lá para fora!”. E Graça Castanho nota que “os que viviam na cidade sentiam-se, de uma forma geral, mais importantes, pelo que o tratamento dado aos alunos vindos das áreas limítrofes ou distantes da urbe era, na maior parte do tempo, de indiferença ou discriminação, quer nas aulas quer nos recreios”. Jorge Medeiros associa “a imagem do nosso Liceu ao recreio, onde confraternizávamos, onde ouvíamos as ideias e as discussões construtivas dos mais velhos, onde íamos desenvolvendo o espírito crítico, onde íamos crescendo”. Pedro Maria Carreiro lembra a “grande efervescência no dia 25 de abril e nos dias seguintes, com a realização da primeira Reunião Geral de Alunos no dia 30, com intervenções de Carlos César apelando à participação na manifestação do 1º de Maio”. Álvaro França viu-se nomeado presidente do conselho diretivo logo a seguir ao 25 de abril – “uma altura bastante agitada, em que as pessoas aderiam a um ou a outro Partido com a mesma lógica com que se é do Sporting e do Benfica (porque sim)”. Mário Fortuna lembra “o envolvimento em movimentos associativos que levaram às primeiras eleições para a primeira comissão de alunos do liceu, sendo que uma das reivindicações da Lista A, que encabecei, era a mudança do nome do Liceu de Liceu Nacional de Ponta Delgada para Liceu Antero de Quental”. Também Duarte Melo recorda “com alegria própria da homenagem, o entusiasmo dos tempos em que a democracia despontava, através do sentimento da festa e da correria dos alunos para as RGAs onde tudo se discutia”. E Gabriela Canavilhas concorda que “a vida no liceu era também reflexo dessas mudanças, entre a euforia, a descoberta e o desnorte”. Manuel Moniz acrescenta que “o ambiente de tensão era evidente ao nível da participação política, com sucessivas eleições para tudo, sessões de esclarecimento, reuniões gerais de alunos, manifestações e contra manifestações, panfletos e cartazes, num ambiente efusivo e sempre imprevisível”. José Nunes lembra que “testemunhámos um período extraordinário de companheirismo solidário, de formação pessoal e de afirmação social entre a população escolar em particular, a sociedade em geral e o Liceu Nocturno no seu todo, naquele emergir sobressaltado para uma almejada vivência democrática”. E Noé Rodrigues conclui que o liceu, com o 25 de abril, “passou a ser a casa da democracia vivida, exercitada, reclamada, muitas vezes local de refúgio, de encontro e reencontro de ideais perseguidos por intolerantes, preconceituosos e despeitados por uma democracia inevitável”. Nos anos 80… Luís Maurício lembra a sua eleição para presidente da Associação de Estudantes: “Constituíamos a Lista C e inundámos as instalações do Liceu com tarjas compostas pelo nosso slogan de campanha e pelo apelo ao voto”. Victor Cruz recorda o tempo em que foi fundador e diretor do jornal académico “Nova Geração”, para concluir que “saíamos do Liceu mas o Liceu nunca sai de nós”. José Manuel Bolieiro concorda que “ser aluno do Liceu era e é distintivo”: “Lembro que informava e afirmava essa minha condição curricular, com orgulho, à família e aos amigos”. Soares de Albergaria reforça que “o ‘Liceu’ não é ‘mais uma’ escola, ocupa muito justamente lugar de referência no panorama educativo, quer pelo lastro histórico que se lhe conhece, quer pelo competente corpo docente que sempre foi seu apanágio”. E Xali Barroso subscreve que “chegar ao Liceu era muito mais do que chegar à escola – era entrar num museu! Pela sua beleza, pelos seus recreios, pela sua história, por Antero, pelos seus distintos professores”. Emanuel Macedo de Medeiros recorda, por exemplo: “o teto da sua grandiosa biblioteca, que me distraía dos deveres escolares, ou o velho ginásio onde tantas vezes treinei voleibol e onde acabei por me sagrar campeão de S. Miguel de juvenis em 1984”. Ponciano Oliveira nota que “a sua população estudantil era composta, em grande medida, por alunos da cidade e arredores, sendo mais influenciada pelas tendências que chegavam de fora do arquipélago e, ao mesmo tempo, influenciando a comunidade local”. E Vasco Cordeiro conclui: “Na minha memória ficará, para sempre, a melancolia sentida quando, ao finalizar o 12º ano de escolaridade, passei pela última vez pelo portão do “nosso” liceu, num misto de sentimentos pautados, também, pela ansiedade e expectativa pela eminente partida de São Miguel…” O senhor Miguel toca a sineta para a saída. Por tudo o que aqui fica e pelo mais que não cabe, valeu a pena. Valeu a pena o liceu e o livro. *Presidente da Associação dos Antigos Alunos do Liceu Antero de Quental in Memórias do Nosso Liceu Atlântico Expresso 8 Entrevista Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 Casal deixou Lisboa e recomeçou vida do zero, em quinta na Ribeira Grande Quinta dos Sabores abre restaurante com sabores directamente do campo para o prato Paulo Decq e Inês Sá da Bandeira têm ambos 40 anos e três filhos, com idades compreendidas entre os 20 e quatro anos e meio. Têm ainda em comum a paixão pela terra e pelo gosto de, também da terra, poderem ver crescer o fruto do seu trabalho diário. Não conhecem o real significado da palavra férias há algum tempo a esta parte, mas o facto da quinta de três hectares, que possuem na Ribeira Grande lhes proporcionar uma qualidade de vida inigualável, faz com que, dia após dia, se sintam mais felizes com a opção de vida que fizeram há algum tempo a esta parte. Ele sociólogo de formação e ela mais ligada às artes, deixaram Lisboa e tornaram-se agricultores e empresários. Dizem que, acima de tudo, tornaram-se felizes e hoje não trocavam esta mudança por nada deste mundo. Ideias (e trabalho) não faltam a este casal e, assim sendo, concretizaram o sonho de construir um restaurante inserido na quinta: Restaurante Quinta dos Sabores, onde os legumes utilizados na cozinha são provenientes da quinta que cultivam com os seus filhos. E isso faz toda a diferença. Na cozinha têm uma eficiente equipa que consegue colocar em prática as mil e uma ideias que o Paulo e a Inês têm. Foram 70 mil euros, com o apoio do ProRural. Somos ambos empresários agrícolas e frequentamos um curso de produtores agrícolas já aqui em São Miguel. Candidatamo-nos ao apoio e conseguimos, graças a isso, conseguimos mudar de vida. Radicalmente… Sim. O ProRural destina-se a jovens empresários agrícolas e possui um prémio de instalação destinado a quem se compromete (e consegue) ser agricultor durante cinco anos, recebe um apoio extra investimento. Deixamos o que fazíamos, no continente, e viemos para cá, primeiro desbravar o terreno e mais tarde, produzir. Então nenhum de vós possuía formação na área agrícola? Não. Só o Paulo sabia, pelo que via o pai e os restantes elementos fazerem. O aproximar da terra e do cultivo deu-se por necessidade. Viemos para esta casa, recuperamos todos os espaços e apercebemo-nos que, para manter e aproveitar o manancial de terra que havia à nossa frente, tínhamos que enveredar por sermos nós próprios a trabalhar e a potenciar riqueza. Tínhamos que fazer as coisas com as nossas próprias mãos, de forma a transformar esta mudança numa opção de vida. Vivíamos em Lisboa, mas decidimos vir para cá com o nosso primeiro filho, pois apercebemonos, com o passar dos tempos, que ele gostava de brincar e explorar espaços ao ar livre e, lá, isso não era possível sem que tivéssemos que estar, constantemente, a controlar cada passo que dava. Quando cá chegamos, o Paulo ficou a trabalhar durante dois ou três anos na área do Turismo e foi quando se apercebeu que havia, no mercado, uma falta de hortícolas diferentes das habitualmente conhecidas e comercializadas. Daí a nossa aposta. Acima de tudo, acreditamos que estamos a fazer também um trabalho muito importante no que diz respeito à mudança dos hábitos alimentares dos micaelenses. Há quanto tempo existe a Quinta dos Sabores? Viemos viver para cá, já com a casa recuperada, em Novembro de 2004. Mas durante os dois anos que antecederam esta data, o Paulo já estava aqui a desbravar o terreno, que se encontrava num estado de mato autêntico. Em estado cultivável, a quinta só arrancou em 2007. Inicialmente, esta era uma quinta de laranjas, no início do século passado. Mais tarde, houve uma tentativa de plantação, em toda a área, de maracujás, mas foi uma tentativa que não teve muito sucesso, pela instabilidade de produção a que este fruto está sujeito. Mas não desistimos desta produção e, desde 2007, continuamos a apostar nele. São três hectares. Todos cultiváveis? Sim. Tudo. São cerca de três hectares e meio de culturas. Na Quinta dos Sabores cultivamos uma oferta diferenciada e inovadora de produtos hortícolas de elevada qualidade e sabor. Sobretudo ao nível das aromáticas, verdes e legumes para saladas e acompanhamentos, com destaque para diferentes tipos de alfaces, tomates, rúcula, manjericão, couves, curgete, beringela, para além de capucho e maracujá. Os terrenos que não têm nada plantado agora, encontram-se em pousio, para que depois consigamos fazer a rotatividade das culturas. Estamos a falar de um investimento feito de quanto? Quanto é possível obter, em termos de quantidades das hortícolas, por mês? Não sabemos ao certo. Cada metro quadrado dá muita coisa. Fazemos tudo para que consigamos pagar as nossas dívidas e os compromissos que temos. Todos os investimentos que fazemos são bem pensados e calculados. É certo que seria bom termos todo o dinheiro que gostaríamos de ter disponível para podermos investir imediatamente, mas isso não é uma realidade. Mas tal como diz a Inês, esta quinta vai estar como nós gostaríamos que ela fosse hoje, quando tivermos 60 anos. Até lá vamos melhorando-a. Os vossos produtos estão disponíveis ao consumidor de que forma ou formas? Trabalhamos com um restaurante (Rotas), Entrevista 9 Atlântico Expresso Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 As sementes e os plantios vêm de onde? Mandamos buscar muitas sementes de Inglaterra, Espanha e Portugal Continental e estamos, cada vez mais, a apurar as nossas próprias sementes no Verão. Os plantios são todos nossos. Quando decidiram fazer o curso de produtores agrícolas, qual foi a reacção dos demais a esta vossa iniciativa? Chegamos a ser apelidados de loucos, inclusivamente por parte dos responsáveis que nos estavam a ministrar o curso. Tudo era anormal, para os outros, quer em relação à quinta, quer às nossas ideias, quer ao curso. Mas nós mantivemo-nos firmes nas nossas ideias, e aqui estamos, fazendo uma agricultura completamente diferente, onde é possível termos, em diferentes culturas, diferentes estádios. Nós temos disponível uma produção variada, e é esta diversidade que acaba por dar valor às cestas e à quinta. E é esse o futuro que pretendem… Sim. Esse é o nosso projecto de vida. Nasceu a Quinta dos Sabores, um verdadeiro projecto de vida, que consiste simplesmente em conseguirmos desenvolver diversas vertentes económicas a partir da nossa terra. Mas pretendem fazer mais alguns investimentos ou enveredar por um maior contacto com a população local e turística que nos visita? É poder ter a quinta aberta ao público. E quem diz público diz crianças de escolas ou com os seus pais ou até mesmo reformados – através de uma ideia que temos para a criação de hortas comunitárias – e ainda turistas que nos queiram visitar. O objectivo é que a quinta dê para si e para nós, para que possamos viver aqui o resto da nossa vida. A Quinta dos Sabores tem as portas abertas a quem nos quiser visitar e participar nas tarefas de cultivo necessárias. Queremos que as pessoas venham, tragam a sua família ou amigos e participem no dia da apanha do capucho, do maracujá, da pimenta… ou no dia da monda, no dia da sementeira, no dia da plantação, etc., e saiam da Quinta dos Sabores a dizer: “Apanhei o meu próprio jantar!”. consumo próprio e do restaurante e estamos a fazer uns cestos de legumes que depois são entregues, por nós, a casa dos nossos clientes. É gratificante o contacto directo com as pessoas, pois é mais fácil de podermos apresentar-lhes os nossos produtos, a maior parte, inovadores na alimentação destas e explicar quais os benefícios de saúde dos mesmos e as aplicações culinárias que estes têm. As cestas são um projecto para se manter? Sim. As nossas cestas são um compromisso entre o gosto e as necessidades das pessoas, bem como o que a terra está a dar no momento e as quantidades que temos disponíveis para venda. Nas cestas vai um cabaz das hortícolas que temos disponíveis, mas também vai um pouco do carinho que colocamos em cada produto que semeamos ou plantamos. Porque é nisso que reside o segredo do nosso negócio. Pode dizer-se que são uma caixinha de surpresas, saborosa e cheia de mimos… até camélias centenárias acompanham as cestas! Para mais informações, podem sempre consultar o nosso site em http://quintadossabores. net/. E uma abertura ao público vai possibilitar que tipo de dinamização da quinta? Poderemos desenvolver um sem número de actividades localmente, aproveitando a diversidade e os tais vários estádios de desenvolvimento das culturas, para além das várias operações agrícolas necessárias de efectuar. Mais, teremos, em princípio, um restaurante (que aguarda licenciamento) onde iremos servir refeições da quinta, acolhendo também produtos da zona (a mais próxima é Rabo de Peixe, mas podemos alargar a nossa ideia a toda a ilha). das pessoas que nos visitam. O restaurante tem capacidade limitada consoante o evento. Actualmente a procura mantém-se estável mensalmente? Servimos já uma média de 140 refeições por mês. Quem nos visita, neste momento, são turistas (estrangeiros – 50 por cento) e locais e nacionais (os outros 50 por cento). Os pratos mais procurados foram, a início, a alcatra à moda da Terceira, mas hoje já há quem repita a visita pela quinta vez. Como vamos fazendo as coisas à medida do que as pessoas querem e vivemos muito à base das degustações, as pessoas acolhem com todo as nossas refeições com todo o carinho que nelas depositamos. Mas este espaço é muito mais que um simples restaurante. É também uma loja, onde são vendidos inúmeros produtos fabricados na quinta: compotas várias, chutneys tentadores, pickels de variados legumes, tomates secos em azeites aromatizados, entre tantos outros. Sendo um espaço amplo, é possível transformá-lo numa oficina, onde se realizam workshops de culinária, gastronomia, horticultura, etc. É um espaço acolhedor, com vista para a quinta, com uma decoração que leva os visitantes a viajar no tempo e uma lareira para aquecer o corpo. Para mais informações para encomendar cestas e sobre o restaurante, as pessoas podem consultar o blog e a página de facebook do Sabores da Quinta (http://quintasabores.blogspot.pt/ Ana Coelho Falaram em projecto de vida. Esse vosso projecto estende-se também aos filhos e à qualidade de vida que lhes proporcionaram com o regresso às origens do Paulo… Sim. No meu caso (Paulo), passei metade da minha vida aqui nesta quinta e em São Miguel e outra metade em Lisboa. Tenho a certeza absoluta que ganhámos todos uma qualidade de vida inigualável. Os miúdos, especialmente os mais novos mal, chegam a casa, saem para a quinta à procura de aventura. Actualmente já têm um espaço de restauração a funcionar também… O restaurante abriu em Agosto de 2014. A aceitação tem sido bastante boa, face ao conceito que nós temos estado a desenvolver e face ao que pretendemos que o espaço seja para nós e para quem nos visita. Fazemos mais por uma questão de prazer, por forma a podermos passar os nossos produtos da quinta para o prato. O restaurante funciona com reservas e sem ementa e o feedback tem sido de 100 por cento. O nosso grande objectivo passa por manter a qualidade da oferta e bem-estar Atlântico Expresso 10 Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 Reportagem Comunidade israelita cedeu por 99 anos espaço a Ponta Delgada Única Sinagoga nos Açores já renasceu das cinzas hoje como local de culto, museu e biblioteca A sinagoga “Sahar Hassamain” (possível tradução – “Força dos Céus”), localizada no centro de Ponta Delgada e o cemitério, localizado no extremo poente da cidade, representavam, doravante, o indispensável instrumento de coesão, de solidariedade e de união desta minoria religiosa (judaica). Mas a partir dos anos 60 (século XIX), iniciou-se a debandada generalizada da comunidade israelita açoriana. Entre os poucos que não partiram, os Bensaude, os Benarús e os Delmar parecem ter sido os únicos a conservarem o seu tradicional estilo de vida burguês, porquanto os demais membros da comunidade vão levar uma vida bastante modesta e, por vezes, até precária, embora a actividade comercial tivesse continuado a caracterizar os seus negócios”. em Março de 2015, de Jorge Delmar, mais de uma centena de documentos, entre os quais se encontram livros de ofícios religiosos e cartas da Azorean Synagogue Restoration Committee. Entre os documentos agora doados à Sinagoga de Ponta Delgada também se encontram cartas de Elias Anahory, de Alfredo Bensaude, Joaquim Bensaude, Joseph Fresco, Salom Delmar e Jorge Delmar. Foram ainda doados documentos variados do Comité da Comunidade Israelita de Lisboa, assim como duas menoraha (peças de templos judaicos). Fátima Sequeira Dias, Centro de Conhecimento dos Açores “Embora a sinagoga seja pertença jurídica de uma comunidade, ela faz parte da memória colectiva de um todo, que somos nós, açorianos, e muito especialmente, cidadãos de Ponta Delgada”. José de Almeida e Mello, historiador e presidente da Associação de Amigos da Sinagoga Estávamos em Maio de 2006 e o “Correio dos Açores” realizava então uma visita à Sinagoga de Ponta Delgada pela mão de José de Almeida e Mello, coordenador da então Comissão nomeada pela Comunidade Hebraica de Lisboa. Já em 2009, a sinagoga de Ponta Delgada, datada de 1836, até ali propriedade legítima da Comunidade Hebraica de Lisboa, passou a ser da autarquia da maior cidade açoriana, por um período de 99 anos. Nos seis anos seguintes, os presidentes da autarquia de Ponta Delgada, Berta Cabral e José Manuel Bolieiro comprometeram-se devolvê-la à sociedade e à comunidade em causa, mas completamente renovada, como espaço de culto, biblioteca e museu. Um passo que o presidente da comunidade israelita de Lisboa considerou “importantíssimo” e “histórico”, classificação partilhada pela autarca aquando da assinatura do protocolo de cedência para a recuperação e dinamização da referida Sinagoga que decorreu em 2009. Este tem sido um projecto de longa data, que aos poucos foi tomando forma e que para José Oulman Bensaude Carp, veio demonstrar “o quão importante é para a autarquia e para os seus responsáveis e para a nossa comunidade”. Mais, o facto de o imóvel religioso passar a assumir outras funcionalidades que, não só, a de culto, é, segundo aquele responsável “essencial, especialmente porque, em Portugal, não existe nenhum museu judaico”. Ponta Delgada tem agora o primeiro museu judaico do país, o que no entender de José Oulman Bensaude Carp, fará com que “a sinagoga atraia, não só os elementos da comunidade mas muitos outros interessados nestas matérias até Ponta Delgada e ao espaço em questão. Os próprios turistas judaicos deslocam-se mais facilmente até cidades ou espaços onde existem sinagogas, o que potenciará, de sobremaneira, a própria cidade de Ponta Delgada entre estes”. É todo um património que se encontra agora disponível ao público em geral, depois de ter estado ausente durante cerca de cem. Para a comunidade judaica, e, em especial para a de Lisboa, a importância do reaparecimento desta sinagoga é “enorme, uma vez que muitas das famílias que fundaram o local de culto daquela cidade são as mesmas que fundaram as de Ponta Delgada”. Em 2009, Berta Cabral salientava estar certa que “com o contributo de todos – cada qual na exacta medida das suas possibilidades – conseguiremos devolver a Ponta Delgada um património devidamente valorizado em termos históricos e convenientemente aproveitado ao nível cultural”. Agora e quando uma das mais antigas sinagogas Museu e Arquivo da memória judaica do país reabre portas, renasce no seu interior o restauro e musealização do espaço de culto, repondo-se ali elementos decorativos e rituais dispersos e nasce um arquivo documental da memória judaica açoriana, uma exposição permanente dedicada à história das actividades desenvolvidas pelas famílias judaicas dos Açores, serviços culturais da Câmara de Ponta Delgada e ainda um espaço público dedicado aos munícipes, visitantes e turistas. Um renascer de um importante espaço de culto judaico, um tempo hebraico de características únicas em Portugal que, há cerca de vinte anos reuniu à sua volta um conjunto de amigos, cuja missão passou pela recuperação e devolução do espaço à cidade, restituindo-lhe o seu valor religioso, histórico e cultural. Bensaude doou livros para a criação do fundo da cultura e identidade hebraica A Presidente do Conselho de Administração do Grupo Bensaude doou em Fevereiro deste ano (2015) à Sinagoga de Ponta Delgada, agora transformada em pólo cultural e museológico da herança hebraica nos Açores, centenas de livros, revistas e catálogos. Entre as centenas de livros, revistas e catálogos doados por Patrícia Bensaude, os quais vão servir para a criação do fundo da cultura e identidade hebraica nos Açores, na antiga Sinagoga de Ponta Delgada, alguns retratam a história do judaísmo, o holocausto e os campos de concentração nazis durante a II Grande Guerra Mundial, a herança judaica em Portugal e muitos, muitos outros temas. São cerca de 140 livros e, aproximadamente, 50 revistas e catálogos em Francês, Inglês e Português. Quase todos os exemplares doados por Patrícia Bensaude estão relacionados com o judaísmo ou com a herança judaica em Portugal e ficam agora à guarda do novo pólo museológico e cultural de Ponta Delgada Entre as centenas de exemplares, estão livros reconhecidos internacionalmente, como “Aus- chwitz - Um Dia de Cada Vez” e “Os Portugueses no Holocausto”, da autoria de Esther Musnik, “A Herança Judaica em Portugal”, de Maria José Ferro Tavares, “Judeus em Portugal durante a II Guerra Mundial”, de Irene Flunser Pimentel e “Eu Sou o Último Judeu - Treblinka (1942-1943)”, de Chil Rajchman. “Os Desaparecidos”, de Daniel Mendelsohn, “Salazar, Portugal e o Holocausto”, de Irene Flunser Pimentel e Cláudia Ninhos e “Adam Resurrected”, de Yoram Kaniuk são apenas mais alguns dos muitos exemplares que a partir de agora, podem passar a ser consultados na antiga Sinagoga de Ponta Delgada. Jorge Delmar doou uma centena de documentos A Sinagoga de Ponta Delgada, que agora reabre transformada em museu e arquivo documental da memória judaica nos Açores, também recebeu, Fundada em 1836, a sinagoga de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, está localizada na Rua do Brum, na baixa da cidade, num edifício que passa despercebido, já que na altura a legislação portuguesa proibia que os templos não católicos tivessem símbolos no exterior. Desde 1970 que o imóvel estava votado ao abandono, mantendo no seu interior muito do espólio e objectos usados nas cerimónias religiosas, que foram entretanto recuperados e voltam a ser expostos com esta reabertura. Entre os objectos recolhidos está documentação em hebraico do século XIX e uma cadeira em madeira usada para realizar circuncisões, que foi oferecida por um antepassado do ex-presidente da República Portuguesa Jorge Sampaio. Para José de Almeida e Mello, presidente da Associação de Amigos da Sinagoga, esta obra é o culminar de décadas de mobilização de esforços de várias entidades e personalidades nos Açores, no país e no estrangeiro, sobretudo nas comunidades de emigrantes. As obras de recuperação da sinagoga, que foram orçadas em 217.500 euros, começaram em Fevereiro de 2014 e visaram musealizar o antigo espaço de culto, com os seus elementos decorativos e rituais, bem como instalar o arquivo documental da memória judaica açoriana. A sinagoga inclui ainda, uma pequena biblioteca, gabinetes de trabalho e salas de exposição. O projecto de arquitectura é de Igor França e o auto de consignação da empreitada, por oito meses, foi assinado em Fevereiro de 2014 com a empresa Caetano e Medeiros Lda. O programa científico do espaço museológico foi entregue à historiadora Susana Goulart Costa, docente na Universidade dos Açores. Segundo disse José de Mello, a sinagoga de Ponta Delgada pretende não só contar a história dos judeus em São Miguel, como nas restantes ilhas dos Açores. O arquipélago chegou a dispor de várias sinagogas nas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial, mas actualmente resta apenas a de Ponta Delgada e o cemitério israelita em Santa Clara (igualmente no concelho de Ponta Delgada), datado de 1834. Espaço multifacetado Na entrada do edifício, situado na Rua do Brum 11 Reportagem/Opinião Atlântico Expresso Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 nº 16, está situado um balcão de atendimento no saguão, constituindo-se a primeira área de exposição onde se localiza o mikvé (local onde é feito o ritual de purificação através da imersão em água). Foram erguidos muretes em vidro temperado para evocar o tanque original e a bica de água que abastecia a sinagoga. Já no primeiro piso foi criada uma sala de exposições dividida em três áreas e divididas por painéis móveis, sendo o compartimento existente a nascente usado como antecâmara da sala de culto. No segundo piso, mantém-se a galeria das senhoras e foi instalada uma área de trabalho composta por dois gabinetes e uma biblioteca que acondiciona e disponibiliza ao público o actual espólio bibliográfico da sinagoga, bem como todo o que vier a ser doado por benfeitores. Também se mantém o acesso ao terraço, de onde se pode ver a sala de culto. Por ser um edifício pequeno e, na impossibilidade de se criarem rampas de acesso aos pisos superiores, é possível recorrer a meios audiovisuais que permitirão aos deficientes motores fazer uma visita virtual ao edifício. Jorge Delmar Soares, o último judeu não convertido nos Açores e co-fundador da Associação dos Amigos da Sinagoga, considerou tratar-se de um “marco histórico” o projecto de recuperação da sinagoga que esteve degradada mais de 40 anos. Confessou sentir “uma enorme tristeza” ao ver o edifício completamente degradado porque conheceu a sinagoga “no auge quando havia inúmeras famílias judias aqui e para mim é muito triste ver isto nesta situação”. Não havendo mais famílias hebraicas em São Miguel e não havendo culto na sinagoga há várias décadas, Jorge Delmar Soares concordou com o projecto de recuperação e musealização do espaço que “pelo menos guarda o passado glorioso que esta casa teve”. Neste sentido espera rever no espaço depois de recuperado “uma contribuição dos judeus para o desenvolvimento dos Açores, nomeadamente São Miguel”, afirmando que Ponta Delgada pode vir a receber mais turistas e estudiosos do judaísmo depois de integrada no roteiro mundial de cidades com herança judaica. Casado com uma católica e com filhos católicos, Jorge Delmar Soares lembra que está perfeitamente inserido numa sociedade onde “há respeito pela diversidade cultural e religiosa, por isso não me sinto nada marginalizado”, confessou, há cerca de um ano, o mesmo. Reabilitação concretizou aposta estratégica em termos turísticos Já em Dezembro de 2014, o Presidente da Câmara Municipal afirmou que a reabilitação da Sinagoga Sahar Hassamain (Portas do Céu), data cuja obra foi concluída e entregue à autarquia antes da data prevista, veio concretizar uma aposta mais vasta e estratégica em termos turísticos para Ponta Delgada, para a ilha de São Miguel e para os Açores. José Manuel Bolieiro falava na apresentação do Projecto Museográfico da Sinagoga, a cargo da professora universitária e historiadora Susana Goulart Costa, numa sessão que contou com a presença da Secretária Adjunta da Defesa Nacional, Berta Cabral, do senador norte-americano Michael Rodrigues, do Presidente da Associação dos Amigos da Sinagoga de Ponta Delgada, José de Mello, e de representantes da Azorean Jewish Hertitage Foundation, entre muitas outras personalidades que estiveram envolvidas no processo de reabilitação deste espaço de culto hebraico que é o mais antigo de Portugal. Entretanto, o Senador Michael Rodrigues, um dos principais impulsionadores da criação da Azorean Jewish Hertitage Foundation, louvou o trabalho feito pela Câmara de Ponta Delgada na reabilitação da Sinagoga e agradeceu à Autarquia por nunca ter desistido do projecto, que terá todo o apoio da referida fundação. Com um projecto de arquitectura da autoria de Igor França, o projecto de especialidades esteve a cargo do Gabinete 118. A obra acabou por custar mais de 300 mil euros e foi comparticipada em 85 por cento por fundos comunitários. Crença XVI-100 anos Mariais TEIXEIRA DIAS Na apresentação do Projecto Museográfico da Sinagoga “Portas do Céu”, em Dezembro do ano passado, a historiadora Susana Goulart Costa afirmou que o espaço vai mostrar ao público o legado hebraico nos Açores, a chegada dos primeiros judeus ao arquipélago, a chegada dos judeus no século XIX e durante a Segunda Grande Guerra Mundial, assim como a história do próprio templo. Segundo adiantou, há registos de judeus nos Açores desde o Século XV até à actualidade, e se a Sinagoga situada na baixa da cidade de Ponta Delgada, passa despercebida tal deve-se ao facto de, em tempos, “a legislação portuguesa proibir que os templos que não fossem católicos tivessem símbolos públicos no exterior”. “No interior de uma casa perfeitamente normal, temos a Sinagoga que foi a primeira a ser construída em Portugal, no século XIX, depois da expulsão dos judeus em 1496”, como referiu a historiadora. Susana Costa adiantou que a comunidade judaica nos Açores começou a desaparecer depois da II Grande Guerra Mundial, numa época em que os Açores “continuavam a ser palco privilegiado para receber os judeus que tentavam fugir da Europa nazi”. Por outro lado, na opinião da professora universitária, o projecto museográfico da Sinagoga de Ponta Delgada vai acabar por contar não apenas a história dos judeus em São Miguel, como noutras ilhas açorianas. Sinagoga tema de documentário Um grupo de historiadores e documentalistas dos Estados Unidos da América deslocou-se em Maio de 2014 a Ponta Delgada com o objectivo de estudar e analisar a Sinagoga, que já se encontrava em processo de recriação e musealização, para posteriormente produzir um documentário em vídeo. David Wright, Tug Yourgrau, Jane Gerber, Miriam Bodian, acompanhados pela docente da Universidade dos Açores, Susana Goulart e pelo historiador José de Mello, captaram imagens das várias fases da reconstrução e analisaram os documentos que foram encontrados na Sinagoga de Ponta Delgada. O objectivo deste grupo de especialistas americanos passou por criar um documentário pormenorizado deste antigo espaço de culto e inclui-lo no arquivo documental da memória judaica. Única sinagoga nos Açores reabriu totalmente recuperada A única sinagoga existente nos Açores, localizada em Ponta Delgada, reabriu finalmente a 23 de Abril de 2015 “totalmente recuperada” para dar a conhecer o legado hebraico na região, um “acto simbólico e emotivo” para quem cuidou deste património durante décadas. “A minha família foi a última guardiã da sinagoga durante 40 anos até este acordo ser feito [em 2009] entre a comunidade israelita de Lisboa e a Câmara Municipal de Ponta Delgada [por uma prazo de 99 anos]”, afirmou à Lusa o co-fundador da Associação Cultural Amigos da Sinagoga de Ponta Delgada Jorge Delmar Soares, que não esconde a sua satisfação por ter sido possível recuperar o edifício. O imóvel estava votado ao abandono desde 1970, quando as duas últimas inquilinas, Raquel e Haliá Albo, morreram, mas mantinha no seu interior muito do espólio e objectos usados nas cerimónias religiosas e, já recuperados, voltam agora a ser expostos. Jorge Delmar Soares salientou que há ainda várias peças da sinagoga de Ponta Delgada que continuam à guarda da comunidade israelita de Lisboa e que terão de voltar para os Açores. “Por exemplo, há o quadro dos fundadores da sinagoga que não aparece e terá necessariamente de aparecer. Há outras torás pequenas que também ainda não vieram e que terão de vir”, disse o judeu que resgatou as peças e as enviou para Lisboa, quando o edifício em Ponta Delgada se começou a degradar. Jorge Delmar Soares não tem dúvidas que a recuperação deste imóvel coloca Ponta Delgada numa rota mundial e atrairá muitos turistas, apesar de a sinagoga nunca ter verdadeiramente deixado de receber visitas durante os anos em que esteve em degradação. A chegada aos Açores dos primeiros judeus originários de Marrocos data de 1819, quando rapidamente se instalaram e criaram os seus templos de culto por várias ilhas, como S. Miguel, Terceira e Faial, património que, entretanto, se perdeu. A inauguração do mais antigo templo judaico português após a expulsão dos judeus de Portugal decorrer na passada Quinta-feira, pelas 15h30, com a presença de vários convidados nacionais e internacionais e foi o culminar de décadas de mobilização de esforços de várias entidades e personalidades nos Açores, no país e no estrangeiro. A sinagoga já na Sexta-feira, e no fim-de-semana seguintes à inauguração esteve aberta ao público de forma que as pessoas pudessem visitar a sala de culto, o pequeno museu e a biblioteca, explicou o coordenador da sinagoga e presidente da Associação dos Amigos da Sinagoga de Ponta Delgada, José de Almeida e Mello, acrescentando que, nesta primeira fase, as visitas são gratuitas. José de Almeida Mello referiu que Ponta Delgada vai apresentar “ao país o seu legado hebraico totalmente recuperado”, destacando os cemitérios dos judeus em Santa Clara e Pico Salomão, bem como a sinagoga. Segundo José de Almeida Mello, o próximo passo será concluir a identificação das casas dos judeus, as lojas e as restantes quatro sinagogas que chegaram a existir no centro de Ponta Delgada para se criar um roteiro hebraico na cidade, “permitindo dar a conhecer o legado dos judeus sefarditas que estiveram em Portugal durante mais de 1.000 anos”. Além de Ponta Delgada e de Lisboa, Tomar e Castelo de Vide são cidades em Portugal que têm sinagogas. Ana Coelho Com este título publicou o p. José Jacinto Botelho, sob o pseudónimo de António Moreno, um conjunto de poemas. Após ter falado de Fátima e Senhora da Paz, pensamos, será justo apresentar ao público uma leitura breve de um desses poemas. O primeiro «Mariais» é publicado em A Crença nº 745. Trata-se de um longo poema todo ele bipartido: uma situação, uma súplica. Por uma e outra se nos apresenta o bondoso coração do grande sacerdote e os anseios que alimentava no seu espírito. Aconselhando a quem puder e desejar a leitura integral, vou aqui transcrever alguns excertos que mais me sensibilizaram. «Senhora! A minha dor é caminheira Que sai a visitar dor alheia […] Vem comigo. Eu já trago a dor cansada De tanto ver a dor, sem lhe dar cura. Um hospital. Os muros suam prantos […] Senhora da Saúde! Que tu sejas Desta casa enfermeira diligente! Casa sem pão! No catre a enfermidade Imobiliza a mão que move a enxada […] Virgem de Nazaré! Pela doçura Com que, em teu lar se toma a refeição, Veste de alva toalha a mesa pobre Dá pão às mesas onde não há pão. É lar recente aqui; onde o amor? Pelas janelas saltam maldições… Ó Virgem de Canã! Dize a Jesus Una de novo as mãos e os corações… Ao longe, ao longe, em vagas delirantes, Avisto um barco pobre tamaninho […] Oh Senhora do Mar! Já ondas loucas Não te chamam Senhora da Bonança? Oh Divina Pastora! Ao teu rebanho Faltam ovelhas muito mais que eu sei… Grita por elas, mãe! Vai à procura E muitas voltarão contigo à grei. Quedemo-nos Senhora! No desterro Que havemos de encontrar senão desditas? Dos desditosos fala ao teu Jesus Que a paz nos dê nas regiões benditas.» Hoje seriam somente estas preces e estes problemas que o coração do p. e Botelho traduziria em verso? Como nos são necessários milhares de Anónios Moreno, mesmo sem serem sacerdotes, que não se contentem em traduzir em verso mas pratiquem o que o Bom Jesus, outrora, na terra em sangue, pregou! Atlântico Expresso 12 Entrevista Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 “Temos de saber ter fé com o coração” A pouco mais de duas semanas do início das Festas do Senhor Santo Cristo, o Reitor do Santuário, Monsenhor Augusto Cabral, fala do tema das festas - A Fé, Caminho da Salvação -; da necessidade dos cristãos despertarem para “o amor e para a entrega total da vida”; das dificuldades “que podem transformar-se em oportunidades”; das finanças do Santuário e dos desafios. Para trás ficam as divergências “completamente ultrapassadas” entre o Santuário, a Irmandade, a Diocese e os fiéis, por causa da cedência temporária do resplendor do Senhor Santo Cristo. As festas vão ser presididas pelo Bispo auxiliar de Braga, D. Francisco Senra Coelho, “amigo pessoal de D. António” e o tríduo preparatório ficará a cargo do Cónego Ângelo Valadão. amor… Reitor do Santuário - Com certeza, e devemos fazê-lo todos os dias, particularmente nesta festa. Temos que manifestar que acreditamos que Ele veio para nos salvar. O que é a encarnação senão a manifestação da bondade de Deus? A encarnação é o primeiro sinal deste amor de Deus e diz-nos que o seu filho veio ao mundo para nos salvarmos. Senão compreendermos isto não compreendemos nada. Igreja Açores - De que forma esta festa pode ajudar nessa catequese? Reitor do Santuário - Há coisa melhor no mundo do que um filho ver que um pai ou uma mãe o amam até ao fim, independentemente de cada circunstância da vida? Um pai e uma mãe estão sempre disponíveis para irem dando a vida pelo seu filho. E se o filho não acredita no pai ou não mãe, neste amor e nesta entrega, não há simbiose. Isto é, há a misericórdia dos pais para com o filho mas não há do filho para com os pais e isso destrói a relação. Este filho é a humanidade. Que é filha de Deus e esta filha tem que compreender e acreditar que esse Deus é amor, ternura, compaixão e… misericórdia, que mais não quer dizer do que coração disponível. Igreja Açores - A mensagem escolhida para a festa deste ano - A Fé: Caminho de Salvação - já está muito inserida no espírito do ano Santo da Misericórdia, que o Papa acaba de convocar. Qual foi o objectivo? Reitor do Santuário - Nós escolhemos este tema para ajudar a compreender a misericórdia. Se não houver fé, a misericórdia fica para trás. No fundo, a mensagem fundamental que temos de rever nesta festa é a bondade de Deus para com a huma- nidade que se exprime de várias maneiras, do amor à bondade, sem esquecer justamente a misericórdia. O Ecce Homo não é mais do que o terceiro mistério doloroso do terço, a coroação dos espinhos, um dos quadros da via-sacra e é a manifestação de misericórdia com a humanidade; é isso que nós temos de reaprender e de celebrar. Igreja Açores- A celebração da festa é uma forma de agradecermos essa entrega e esse Igreja Açores - Mas não é isso que vemos, mesmo no mundo cristão. Há cada vez menos disponibilidade para o outro, a começar em casa, na família, que deveria ser a igreja doméstica… Reitor do Santuário - A nossa sociedade é consumista e materialista. Falta-nos reconhecer que estamos neste mundo para darmos vida. Deus deixou a palavra que é vida e esse património eterno que nos deve orientar em toda a sua vida e deve ser usada como deve ser. Um pai e uma mãe quando se amam, se juntam, querem dar vida e depois quando essa outra vida nasce vão-lhe dando mais vida aos bocadinhos, através de uma entrega. Esta entrega tem que ser total dos pais para os filhos, dos filhos para os pais. A vida só faz sentido com esta entrega. Igreja Açores - Esta é uma festa da família. Aliás, a ideia de união entre as pessoas está muito presente. Durante estas festas este aspecto vai ser sublinhado? Reitor do Santuário - O Santo Cristo cativa as pessoas, desde os mais crentes aos mais desligados. Mas Ele e a Sua Mãe, reúnem todos e tudo. Seja do ponto de vista físico seja do ponto de vista espiritual. Esta é a catequese que falta fazer. Nós temos esta obrigação de a fazer e de a passar às pessoas, não apenas do ponto de vista da inteligência mas do ponto de vista do coração. Uma fé inteligente é uma fé quase reaccional, sem alma; é uma fé ritual. Temos de saber ter fé com o coração. Enquanto não saborearmos este amor e não o imitarmos nas nossas vidas, nada disto vale a pena. Igreja Açores - A família açoriana está a ser capaz disso? Reitor do Santuário - Não. Há um mundo de problemas. A família cada vez tem menos tempo para ser família o que limita as capacidades e possibilidades de serem família. Mesmo aquelas que têm condições e competências para o ser! A falta de tempo - físico e psicológico -, as prioridades invertidas minam a família. E isso já chegou, infelizmente aos Açores. Igreja Açores - Há estímulos a mais na nossa sociedade que nos desvia do essencial? Reitor do Santuário - Sem dúvida. Nós hoje temos mais tempo para fazer coisas do que para sermos irmãos, uns com os outros; de nos olharmos, Entrevista 13 Atlântico Expresso Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 de nos entendermos; de nos preocuparmos uns com os outros. Com a preocupação de fazermos muitas coisas acabamos por fazer coisas inúteis e aí consome-se tempo que, se calhar , seria melhor empregue noutras coisas. Igreja Açores - O papa Francisco identificou a doença: martalismo, funcionalismo… Reitor do Santuário - Sim, regressando a Betânia, muitas das nossas famílias estão cheias de Martas. A igreja está cheia deste funcionalismo. Esta disponibilidade é importante porque precisamos desse empenho, mas tudo tem que ser doseado. A Teologia Ascética diz-nos que para progredirmos na nossa vida temos que encontrar uma ponta e começar por aí. Se queremos fazer tudo de uma vez, eliminando o negativo de uma vez ou conquistando o positivo de uma vez só, não fazemos nada de jeito. Ninguém consegue, porque ninguém é super homem ou super mulher. Por isso, há que dosear e encontrar o caminho, passo a passo. Igreja Açores - Essa é a preocupação desta festa, tal como todas as festas religiosas, colocar um ponto de ordem para uma nova reflexão e uma nova caminhada? Reitor do Santuário - Sim, absolutamente. Sendo um momento das famílias se encontrarem são momentos propícios para que a família programe a sua vida. As famílias têm que se encontrar como célula de família e de amor. Igreja Açores - Há um ano atrás, as festas iniciaram uma polémica que se prolongaria por algum tempo, concretamente até Junho, altura em que o Resplendor do Senhor Santo Cristo saiu pela primeira vez da Região. Não foi pacífico e houve momentos de muita tensão. Que sequelas ficaram desse desentendimento? Reitor do Santuário - Está tudo ultrapassado… Igreja Açores - Quer dizer que não ficaram mossas? Reitor do Santuário - Não… as divergências existentes foram sanadas e não afectaram o relacionamento entre as pessoas e, por isso, esta festa tem todas as condições para ser uma grande festa. Igreja Açores - Dessa ida a Lisboa resultou um estudo da peça que está com problemas de integridade. Quando é que o Santuário vai proceder à recuperação do Resplendor? Reitor do Santuário - Assim que a Diocese o entender… estamos prontos para fazer todo esse trabalho. É só o Senhor Bispo dar o sinal. Sítio Igreja Açores - Vivemos momentos de crise. E isso, naturalmente, que tem afectado a vida do Santuário. Sente que as pessoas dão menos do que davam? Reitor do Santuário - Elas não estão menos generosas; agora é um facto de que podem menos e isso, naturalmente, que se reflecte nas ofertas. A situação financeira do Santuário é estável para honrar todos os seus compromissos mas não somos alheios às dificuldades, ao esforço de contenção. Sítio Igreja Açores - Isso quer dizer exactamente o quê? Reitor do Santuário - Que as coisas já não são como antigamente. E nós continuamos a cobrir as despesas da diocese concretamente o Seminário de Angra e todos os alunos que estão em Roma ou noutras Universidades a formarem-se para servir a Diocese. Além de que temos as pessoas que nos pedem ajuda… Sítio Igreja Açores - Tem aumentado o número de pedidos de ajuda? Reitor do Santuário - Sim, tem aumentado muitíssimo. As irmãs, sobretudo, atendem muitas pessoas. Tudo isto está dentro da nossa missão e não é uma novidade; apenas chamo a atenção porque se calhar há pessoas que pensam que tudo se mantém como dantes e não se mantém infelizmente, do ponto de vista financeiro. Sítio Igreja Açores - A actual situação compromete as obras de adaptação deste espaço para albergar os serviços diocesanos e também funcionar como verdadeiro Santuário, com zonas próprias de acolhimento? Reitor do Santuário - Não compromete mas faz-nos pensar. Como disse a situação financeira é estável mas temos de continuar a fazer uma gestão muito rigorosa. O Santuário precisa de funcionar como tal. Acolher não só os peregrinos mas quem nos procura a pedir ajuda. Por isso, deixo aqui um apelo a todos de que as festas não se ficam apenas por este deslumbramento exterior. A misericórdia que elas encerram apela à generosidade das pessoas e felizmente temos muitas pessoas anónimas que continuam a ser absolutamente indispensáveis para que tudo se faça como antigamente. Sítio Igreja Açores - Muitas ofertas são feitas ainda anonimamente… Reitor do Santuário - Todos os dias peço e rezo pelos benfeitores desta casa… tudo isto é obra de misericórdia. Sítio Igreja Açores - Em que ponto está o início das obras de reabilitação? Reitor do Santuário - O projecto está em fase de apreciação pela diocese e pela Direcção Regional de Cultura. Sem o aval deles não iniciaremos nada, até porque as obras têm que ser candidatas a fundos estruturais, porque nós sozinhos não conseguimos fazê-las. Sítio Igreja Açores - Este ano as festas decorrem num novo quadro do turismo açoriano, com uma maior frequência de voos e ligações com o exterior. O que é que o Santuário fez concretamente para responder a um maior afluxo de peregrinos e turistas? Reitor do Santuário - Os preparativos começaram na passada Segunda-feira e já se sente algum frenesim. As próprias missas já têm mais assistentes. A Irmandade e o Santuário estão a fazer os possíveis para que todos, em todas as circunstâncias, sejam bem acolhidos. O nosso lema vai ser a promoção do encontro. Todos os momentos verdadeiramente importantes na festa estão a ser tratados de forma muito minuciosa. Sítio Igreja Açores - Quem pregará o tríduo preparatório? Reitor do Santuário - Será o Cónego Ângelo Valadão, pároco nas Doze Ribeiras, na ilha Terceira. As festas propriamente ditas serão presididas por D. Francisco Senra Coelho, uma pessoa que conhece bem os Açores, que é amigo pessoal do D. António, que o convidou e que certamente dará bom testemunho nestas festas. Sítio Igreja Açores - Quais são as suas expectativas? Reitor do Santuário - Que seja um momento de grande espiritualidade e de encontro para que a nossa vivência de cristãos continue a ser um marco na nossa história e na nossa fé, como caminho de salvação. E, este caminho só será trilhado se houver conversão e reconversão permanentes. É a isso que nos convocam as festas deste ano. Por isso, todo este frenesim que já começou deve ser “acidente” para aquilo que é fundamental: termos a capacidade de agradecer a Deus tudo o que Ele nos dá no nosso dia a dia e agradecer também a Madre Teresa da Anunciada o que fez por este culto. Sítio Igreja Açores - Como é que está o pedido de beatificação da Madre Teresa? Reitor do Santuário - Não está. O postulador nomeado pela diocese faleceu e desde então não foi nomeado outro. Por isso, esta causa está como que assim dizer em “banho maria”. Todas as graças que vou recebendo estão todas arquivadas, por isso, a todo o tempo que o Senhor Bispo decida podemos avançar com este dossier. Igreja Açores/Carmo Rodeia Atlântico Expresso 14 Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 Saúde Amendoins? Peixe? Conheça os mitos sobre a alimentação na gravidez Em todo o mundo, mulheres grávidas são bombardeadas com opiniões sobre o que comer e o que não devem comer. Quase sempre, os poucos conselhos valiosos acabam misturados com um caldeirão de lendas, superstições e pseudoevidências científicas. Na Coreia do Sul, as grávidas são aconselhadas a tomar uma sopa de algas marinhas. Na África do Sul, uma mistura de ervas chamada Isilabezo, que pode incluir desde margaridas a urina de animais. No Irão, sumo de romã. A variedade de palpites sobre a alimentação de uma grávida é inacreditável - e pode ser desconcertante. Peixe é essencial para o desenvolvimento do cérebro do bebé, mas pode ser perigoso pelo risco de conter taxas perigosas de mercúrio. O amendoim é melhor ser evitado ou, na verdade, pode ajudar a evitar que o bebé cresça sem alergias? Se queijo cremoso e carnes curadas são mesmo altamente proibidos durante a gestação, como é que as grávidas italianas resistem aos prosciuttos e as francesas não abandonam o camembert? Mas, num cenário em que as grávidas estão confusas sobre o que devem comer, a imprensa certamente tem a sua parcela de culpa, segundo Linda Geddes, mãe de dois filhos e autora do «Bumpology», um livro que usa ciência para organizar uma emaranhado de mitos, anedotas e nonsense que envolvem o tema alimentação na gravidez. «Os jornalistas aproveitam qualquer estudo sobre gestação porque sabem que há um grande interesse», diz. «Frequentemente, estudos inconclusivos em estágio inicial são usados e, quando um consenso científico é alcançado, a história é vista como velha ou como repetitiva. Então, acaba-se por ter muita informação contraditória. E o resultado disso é que, quando uma mulher procura uma resposta no Google, ela encontra uma quantidade de histórias assustadoras.» Além de os dados científicos não serem reportados de forma correcta, estes costumam ser mesclados com superstições que variam de país para país. A tradição também pesa. Em muitos países, passou-se de geração para geração a ideia de recomendar verduras, saladas ou legumes de folhas verdes. Mas algumas tradições ou conselhos muitas vezes ganham «roupagens» que parecem mais magia do que medicina. Em locais como no interior da Nigéria, acredita-se que comer caracóis pode deixar o bebé preguiçoso. Já no Japão acredita-se que comer comida apimentada pode deixar o bebé com um temperamento forte. Nos EUA, muitos acreditam que marcas de nascença significam que as mulheres tiveram desejos de comer morangos ou pimentos. No Brasil, muitos acreditam que, se a mulher não comer o que tem vontade, o bebé pode nascer com uma marca semelhante ao alimento que a mãe acabou por não comer. Uma outra crença que existe é a de que canela é perigosa para grávidas e que o chá do produto é abortivo. No México, há uma tradição que diz que uma mãe que come ovos durante a gestação tem bebés que cheiram mal. Nas Filipinas, entretanto, as mulheres são aconselhadas a comer ovos crus antes do parto, para ajudar a lubrificar o canal vaginal. Na China, há uma longa lista de alimentos que devem ser evitados. Caranguejo, por exemplo, faz o bebé nascer com 11 dedos, enquanto a lula deixa o útero pegajoso. Mas essas superstições estão, sistematicamente, a ser abandonadas pelas chinesas. Mas, além dos costumes e crenças inofensivos, há outros que realmente podem prejudicar a saúde da mãe e do bebé. Em partes de Ásia, África e América Latina, alguns tabus impedem que a gestante tenha dietas equilibradas e que acabem por não consumir nutrientes essenciais. Em alguns Estados indianos, por exemplo, muitas grávidas são aconselhadas a evitarem mamão, papaia e abóbora, porque seriam muito «quentes» para o bebé. O mesmo acontece com leite e bananas, que seriam muito «frios». Conceitos similares de quente e frio também são vistos em partes do México, onde muitas indígenas não comem, durante a gravidez, alimentos nutritivos como tomates, ovos e abacates, pelos mesmos motivos. Na Tanzânia, as grávidas muitas vezes não comem carne, temendo que o bebé possa nascer com características dos animais consumidos. Para especialistas como Carol Lummi-Keefe, autora do livro «Handbook of Pregnancy and Nutrition» (Manual da gravidez e da nutrição, em tradução livre), esse problema deve-se ao nível de informações passadas às grávidas por pessoas em quem elas confiam. «Seja qual for a informação recebida por médicos, elas serão confrontadas com o que dizem parentes e amigos», diz. Por isso ela acredita que é preciso fornecer informações mais claras e precisas para as gestantes. Linda Geddes, a autora do «Bumpology», destaca ainda que isso ajudaria a evitar o bombardeamento de informações conflituosas que as grávidas muitas vezes recebem. «Mulheres grávidas estão vulneráveis e desesperadas para fazer o melhor para o seu filho. A ideia de que algo que possam fazer pode prejudicar o bebé faz com que fiquem muito assustadas. Isso deixa-as vulneráveis.» Diário Digital Cientistas descobrem forma de deixar o arroz muito menos calórico Cientistas dizem ter encontrado uma forma de tornar o arroz menos calórico, ao fervê-lo com óleo de coco e, em seguida, refrigerá-lo durante meio dia antes de consumi-lo. Segundo uma pesquisa feita no Sri Lanka e apresentada perante a Sociedade Americana de Química, isso reduziria o conteúdo calórico do arroz em até 60%. O método, dizem os pesquisadores, torna o amido do arroz menos digestível, fazendo com que o corpo absorva menos energia do que faria ao ingerir o arroz comum. No entanto, especialistas em nutrição advertem que essa não é uma solução rápida para perder peso. Os hidratos de carbono contidos no arroz são uma boa fonte de energia: ao serem ingeridos, são decompostos em açúcares simples pelo nosso corpo. As sobras ficam armazenadas no corpo, convertendo-se rapidamente em glicose de acordo com as nossas necessidades. Mas, em última instância, o excesso de glicose que circula no sangue pode ser armazenado na forma de gordura. Cientistas têm vindo a testar alterações nos alimentos, na tentativa de «enganar» o corpo para que este absorva menos «combustível» e mante- nha o açúcar no sangue em níveis mais baixos. Uma pesquisa britânica mostrou que, ao cozinhar massa e arrefecê-la em seguida, cria-se um pico menor de glicose, mesmo que esta seja de novo aquecida. Os pesquisadores do Sri Lanka argumentam que o mesmo acontece com o arroz. A conclusão veio após a análise de 38 variedades do arroz, na tentativa de encontrar a melhor forma de criar algo chamado de «amido resistente» e menos absorvido pelo organismo. Essa resistência é em relação às enzimas que o corpo utiliza para decompor os hidratos de carbono no intestino. A pesquisa diz que a melhor forma de produzir este tipo de amido resistente é cozinhando o arroz em fogo lento por 40 minutos, com uma colher de óleo de coco. Em seguida, deve ser refrigerado por 12 horas. A refrigeração permitirá que sejam formados elos de hidrogénio entre as moléculas de amilose (a parte solúvel do amido) no exterior dos grãos de arroz, que fica mais resistente, diz Sudhair James. E não há problemas em voltar a aquecer o arroz, já que isso não afecta a resistência do amido. A equipa investiga agora quais as variedades de arroz que podem ser ideais para esse processo, e se este funciona também com outros óleos de cozinha. O amido resistente pode oferecer benefícios à saúde, por aparentemente melhorar a digestão e a saúde intestinal, além de ajudar a regular os níveis de açúcar no sangue, explica Sarah Coe, especialista da Fundação Britânica de Nutrição. Mas ressalta que são necessários mais estudos sobre o tema. A porta-voz da Associação Dietética Britânica, Priya Tew, disse que o estudo tem grande potencial, mas recomendou que «as pessoas continuem a consumir arroz com os métodos tradicionais até que tenhamos mais informações». Diário Digital- 15 Opinião Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 Atlântico Expresso Novas Políticas de Imigração na União Europeia (UE): Catalisadores e Inibidores ANÍBAL MANUEL DA COSTA FERNANDES Enquanto sucedem-se as catástrofes humanitárias às “portas” da UE, os responsáveis políticos são confrontados (como agora, o naufrágio da traineira com centenas de seres humanos) pela Comunicação Social, pelo Alto-comissário das Nações Unidas (ONU) para os Refugiados, pelo Sumo Pontífice, etc., sendo forçados, repetidamente, a proferir um role de intenções*. Mas, eis que acontecem outros focos de preocupação, i.e., a Rússia, a Ucrânia e o Gás, a Grécia e o Euro, o autoproclamado estado-Islâmico e os terrorismos, que tomam conta da Agenda na UE. Este quadro repete-se, cada vez mais. Não só, no que se refere à Imigração em geral e aos imigrantes ilegais e às catástrofes humanitárias nas fronteiras Sul/Este, mas também em muitos outros assuntos estratégicos e vitais para a UE: Energia – Rússia/Ucrânia, Segurança- Defesa/Terrorismo e Valores da UE, Mercado Interno Digital (DSM) – Telecomunicações (TSM)/Proteção de Dados (GDPR) e Direitos de Autor, etc. É sintomática a extrema dificuldade em conseguir-se tomar decisões vinculativas ao mais alto nível, talvez, porque falta Estratégia Europeia, Homens de Estado ao “leme”, sentido de comunitarismo - pressuposto de uma União. Voltando à questão da Imigração. Esta mostranos de forma dolorosa/aguda alguns catalisadores e outros inibidores para a sua colocação prioritária na Agenda da UE, ainda que, em securitização. Quanto aos primeiros, denota-se claramente o, incontornável, problema demográfico, a necessidade de políticas articuladas para as “zonas de fricção” – Este-Oeste, Europa/Eurásia e Norte-Sul, Europa/África do Norte e subsariana – de onde são oriundas significativas comunidades – de cidadãos da UE em segunda e terceira gerações – turca (Alemanha), magrebina (França) ou muçulmana (Reino Unido, Holanda, etc.). Notam-se, também, inibidores consideráveis: vontade política, ausência de resultados palpáveis nas avulsas e inconsequentes Políticas da UE– “one size fits all” –, pressão dos nacionalismos históricos, populismos e o consequente ressurgir da extrema-direita. Será preciso chegar-se ao confronto bélico interno/externo – pela terceira vez, em um século – para que os responsáveis políticos na UE percebam que “cada um por si”, num quadro de Globalização, é inútil – por mais forte que sejam os seus “egos”, o Produto Interno Bruto (PIB), a atual/antiga moeda nacional, a indústria/tecnologia “de ponta”, a dimensão, a afinidade linguística – porque, é manifestamente desproporcional face às potências emergentes ou ao “Tio Sam”! Até quando, vai a UE, protelar a tomada de decisões estratégicas em prole de um consenso artificial e precário, para consumo fácil dos populismos nacionais, que tem sido a tónica nos Conselhos Europeus dos últimos anos? A situação na bacia do Mediterrâneo e na Eurásia, por exemplo, só se poderá atenuar quando a Europa, ou melhor a UE, tiver uma Estratégia coerente em Defesa (articulada com a NATO) e de Segurança – com os seus custos financeiros, humanos e políticos inerentes à dificuldade dos responsáveis explicarem aos seus concidadãos, os investimentos nessas áreas, aparentemente, secundárias. Deverá ser complementada por desenvolvimento social e económico sustentável, obrigatoriamente verificável, nas Regiões/Países dos imigrantes ilegais e refugiados – sem perspetivas de futuro (corrupção, desemprego, fome/ sede, despotismo, terrorismo, etc.) – que procuram ou são aliciados (pelas redes de tráfico) a encetar uma perigosa viagem, muitas vezes mortal, rumo ao “paraíso” da UE. Mais, só quando se reverter o problema geopolítico criado pelo Ocidente –pelas políticas desastrosas das Administrações Bush, complementadas, talvez por falta de habilidade e/ ou negligência nas Administrações Obama (numa e noutra, com a displicência da UE), no Iraque, na Síria, no Afeganistão e na Líbia, poderemos ter uma inflexão na avalanche de tragédias humanitárias e uma melhoria visível nos flancos Sul/Este da UE. *http://www.consilium.europa.eu/en/meetings/fac/2015/04/Outcome-of-the-Council-meetingFAC-20-April-EN_pdf/ NOTAS SOLTAS. FOLHAS CAÍDAS (383) Valeu a pena o sacrifício? Valerá a pena viver nesta injustiça, nesta corrupção, neste lodaçal Social? ROGÉRIO DE OLIVEIRA PORTUGAL ESTÁ DIFERENTE. Não para melhor como alguns tentam pintar. Os números do desemprego sobem, os apoios sociais seguem caminho inverso. Se, no final de 2010, a taxa de desemprego estava nos 10,8 por cento; hoje , atinge os 14,7 por cento. Dados oficiais. Contudo, a realidade é ainda mais calamitosa: vários especialistas indicam que o desemprego anda acima dos 20 por cento. FORAM QUATRO ANOS DE INTERVENÇÃO EXTERNA para pôr as contas em dia. Os portugueses pobres ficaram mais pobres, os remediados viram-se despromovidos á pobreza. Os ricos continuam a fazer fortuna. O quadro social é este. É caso para perguntar: valeu a pena o sacrifício ? O PRÓPRIO FMI (os seus técnicos, lembre-se, foram os principais ideólogos da política austeritária) manifestou há dias preocupação com a dificuldade do país para recuperar o emprego. Não estará nos livros que, sem dinheiro, não há compras, o que talvez explique um re- cuo na economia da ordem dos 6,5 por cento no período do resgate. A MUITOS DAS CENTENAS DE MILHARES CAÍDOS NO LAMAÇAL DO DESEMPREGO resta a alternativa conhecida dos portugueses: EMIGRAR. DÁ QUE PENSAR NAS PALAVRAS RECENTES DO PRIMEIRO-MINISTRO quando apregoa o novo e saudável modelo económico português, assente na justiça social, e livre do endividamento, quando comparamos com notícias vindas a lume há poucas sema- nas. Uma, referia-se a uma investigação que nos informava que as empresas cotadas do PSI-20 distribuíram, no ano passado, mais 1,8 mil milhões em dividendos, acima do valor de 2007. Ao mesmo tempo, nos últimos oito anos, aumentaram a dívida em 23%, para 37 mil milhões de euros. APESAR DA CRISE, DOS DESPEDIMENTOS, DOS PREJUÍZOS E DA NECESSIDADE DE INVESTIMENTO, as grandes empresas portuguesas estão a distribuir mais dinheiro aos accionistas do que faziam antes da entrada da troika no país, quando vivíamos “acima das nossas possibilidades”!! A PT É, ALIÁS, UM BELÍSSIMO EXEMPLO DISTO MESMO. Uma empresa que, há vinte anos, valia mais 75% do que vale hoje, depois de por lá ter passado o melhor CEO do Mundo. Entretanto deu mais de 11 mil milhões a ganhar em dividendos aos seus accionistas, embora a divida fosse acumulando. É signifi- cativo. A EDP, QUE COBRA ASTRONÓMICAS CONTAS DE ELECTRICIDADE EM PORTUGAL, lucra cerca de mil milhões ao ano. Em 2014 distribuiu 67% desse valor em dividendos, E QUASE NADA FICOU EM PORTUGAL. Ao mesmo tempo, o gigante eléctrico, apresenta uma dívida de 17.083 milhões de euros. OUTRA NOTÍCIA DE BRADAR AOS CÉUS. A REN prepara-se para pagar aos seus administradores mais 26% em 2015, ao mesmo tempo que corta 2% nos custos com pessoal. Significativo, não é ? Já nos bons velhos tempos de 2013 a PT pagava à volta de 1 milhão a Zeinal Bava. A EDP paga um valor semelhante a António Mexia. Na GALP o salário do CEO chega aos 1,7 milhões. O Presidente da RTP irá ganhar (se ninguém travar) 10.000 mil euros por mês. SALÁRIOS MILIONÁRIOS, DIVIDENDOS IMPOSSÍVEIS E DÍVIDA ASTRONÓMICA. Tem sido esta a fórmula da maior parte das grandes empresas portuguesas, na sua maioria privatizadas. Era assim antes da troika, e continua a sê-lo depois. Significativo. Valeu a pena tantos sacrifícios? Perante tais dados, não é significativo o aumento das injustiças, o desemprego galopante, a emigração preocupante, a corrupção desregrada e o lamaçal em que o país vive? GAIA/VILAR DO PARAÍSO Atlântico Expresso 16 Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 Espessura do gelo flutuante em torno da Antártida reduziu-se 20% em 20 anos A espessura do gelo flutuante em torno da Antártida, que age como uma protecção contra o afundamento dos glaciares permanentes que cobrem este continente, reduziuse 20% em alguns locais nas últimas duas décadas e o fenómeno está a aumentar. A informação foi conhecida na semana passada, depois de divulgado na edição em linha da revista Science um estudo, efectuado a partir de dados provenientes de medidas por satélite da Agência Espacial Europeia, feito entre 1994 e 2012, sobre a forma como os gelos da Antártida respondem ao aquecimento global. Estas barreiras de gelo permanentes têm em média entre 400 a 500 metros de espessura e podem estender-se por centenas de quilómetros ao largo das costas da Antártida. Se se tornarem demasiado finas, a maior parte dos glaciares do continente que elas contêm poderia deslizar para o oceano num futu- ro breve. Este fenómeno provocaria uma subida clara do nível dos oceanos, ao acelerar a sua fusão. O volume total da massa de gelo flutuante no conjunto da Antártida pouco mudou entre 1994 e 2003. Mas, a partir deste ano, a sua redução acelerou-se rapidamente, segundo o estudo. No oeste da Antártida, as plataformas glaciares diminuíram durante todo o período de observação, apresentando uma nítida aceleração durante a última década. Os ganhos nos gelos medidos entre 1994 e 2003 no leste da Antártida pararam desde este ano e em alguns locais a espessura reduziu-se até 18%, em relação a 1994. “Uma perda destas num período de 18 anos representa uma mudança verdadeiramente importante”, realçou Fernando Paolo, glaciologista no Instituto Scripps, em San Diego, no Estado da Califórnia, um dos co-autores deste estudo. “Vimos não apenas uma redução global do volume total das plataformas de gelo, mas também uma aceleração deste fenómeno durante a última década”, acrescentou. Se persistir o ritmo ao qual estas barreiras de gelo se estão a reduzir, então dentro de 200 anos podem perder metade do volume, calcularam estes cientistas. Diário Digital com Lusa Cientistas chineses conseguem desenvolver máquinas de metal líquido Máquinas de metal líquido, capazes de mudar de forma e movimentar-se num determinado espaço, foram desenvolvidas por cientistas da Academia Chinesa de Ciências e a Universidade de Tsinghua, em Pequim, informou a imprensa oficial do país asiático. Os especialistas, citados pela agência oficial Xinhua, explicaram que estas máquinas podem adaptar a sua forma ao espaço geométrico no qual se encontram, movidas por um campo eléctrico endógeno baseado em ligas de metais líquidas, metais próximos que a máquina pode absorver e o hidrogénio gerado por reacções electroquímicas. A escola médica da Universidade de Tsinghua e o Instituto Técnico de Física e Química da Academia Chinesa de Ciências trabalham no desenvolvimento destas máquinas. Os cientistas chineses definiram estas máquinas como «moluscos biomiméticos» que poderiam servir para um desenvolvimento futuro de robôs fabricados em metal líquido e transformável, algo que até agora só existe na ficção científica (por exemplo, o famoso T-1000 do filme «Exterminador do Futuro 2»). Como exemplo do novo avanço, os especialistas chineses mostraram uma peça de alumínio que, colocada junto a uma das máquinas desenvolvidas, é absorvida e se transforma numa pequena bola de cinco milímetros de diâmetro. Esta é depois capaz de movimentar-se de forma espontânea em distintas dissoluções durante mais de uma hora, a uma velocidade de cinco centímetros por segundo, equivalentes a cerca de 0,18 km/h. Diário Digital Ciência Europa e EUA preparam missões espaciais «para o Inferno» Provavelmente são as duas missões espaciais mais audaciosas em desenvolvimento actualmente. O Solar Orbiter e o Solar Probe Plus serão enviadas para entrar na órbita de Mercúrio com o objectivo de estudar o Sol. De lá, a temperatura na superfície frontal desses satélites vai ultrapassar as centenas de graus. Seria possível dizer que essas missões são, literalmente, «missões para o Inferno». Projectar um sistema seguro para proteger as naves para resistirem a temperaturas tão elevadas é algo que tem dado trabalho aos engenheiros. Eles precisam de algo que funcione como um «escudo de calor». Para o Solar Orbiter, da Agência Espacial Europeia, a solução é usar titânio. Para o Solar Probe Plus, da Nasa, o material deverá ser composto por carbono. Os instrumentos dos dois satélites terão de se esconder por trás dessas barreiras para fazer as medições que os cientistas esperam na tentativa de desvendar alguns dos maiores e mais duradouros mistérios do Sol. As duas missões parecem estar a progredir. A NASA já escolheu o foguete para lançar o Solar Probe Plus. Um poderoso Delta-IV Heavy - o maior foguete do mundo - vai lançar esse satélite de 610 quilos em direcção ao Sol no fim de 2018. E a indústria europeia - pela Airbus Defence and Space - anunciou que conseguiu produzir o que chamou de «modelo estrutural e térmico» do Solar Orbiter. Seria como uma cópia do satélite, com instrumentos representativos. Esta será aquecida, submetida a explosões de sons e receberá impactos numa simulação para testar o seu design. Se a cópia do satélite sobreviver a tudo isso, os engenheiros saberão que tipo de modelo também resistiria às condições extremas que irão encontrar no ambiente espacial. Esta não é a primeira missão solar - já houve algumas nos últimos anos. A nave espacial americana DSCOVR foi a última, lançada em Fevereiro. Mas a maioria desses satélites não se aventurou muito longe, preferindo estudar o «inferno» do Sol de uma distância segura, como a da órbita da Terra. Os satélites Solar Orbiter e Solar Proble Plus, porém, querem «entrar no fogo» à séria – para observar a actividade solar de perto e provar directamente os efeitos das partículas e dos campos magnéticos que as contêm. «Queremos obter três medidas», afirmou Tim Horbury, o principal investigador do Solar Orbiter. «Com o Solar Orbiter, queremos obter uma medida remota, queremos ver o que está a acontecer no Sol com os nossos telescópios, e depois queremos obter uma segunda medida, para sentir o que está a sair dele.» «A terceira medida viria do próprio Solar Probe, que avançaria um pouco o campo de visão muito rápido de vez em quando só para dar uma ideia do que estaria a acontecer lá também», disse. O Solar Probe chegará até a 43 milhões de quilómetros do Sol - significativamente mais perto de Mercúrio, que gira em torno do Sol a uma distância que varia de 46 milhões a 70 milhões de quilómetros. Já o Solar Probe Plus é quem vai fazer o verdadeiro trabalho «infernal» quando correr pela superfície solar a meros seis milhões de quilómetros de distância. E «correr» é a palavra certa porque a expectativa é que este alcance velocidades de 200 quilómetros por segundo em partes da órbita. E aproximações distintas como essas também precisam de estratégias distintas. Ficando mais distante, o Solar Orbiter consegue libertar telescópios. E as imagens captadas provavelmente serão espetaculares, revelando características do sol com uma resolução nunca antes conseguida. Chegando bem próximo do Sol, o Solar Probe Plus poderá conseguir dados notáveis, mas olhar directamente para o Sol é algo que está realmente fora de questão. A pouco mais de seis milhões de quilómetros, a temperatura da superfície deve atingir 1,3 mil graus. O Solar Probe Plus não pode sequer dar-se ao luxo de ter pequenos buracos no seu escudo revestido com cerâmica e carbono. Já o Solar Orbiter, de 1,8 mil quilos, pode. «Temos alguns orifícios de passagem», diz Dan Wild, um dos engenheiros térmicos da Airbus. «Esses são apenas grandes cilindros feitos de titânio e revestidos de preto para o controlo da luz, para que não apanhe muitos reflexos.» 17 Opinião Atlântico Expresso Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 Agradecer e reconhecer é um ato cultural DINIZ BORGES A gratidão é um fruto de grande cultura; não se encontra entre gente vulgar. Samuel Johnson Todos os anos, com começo da primavera os alunos e os professores ligados à associação estudantil SOPAS (Society of Portuguese-American Students) escolhem uma tarde para selecionar os prémios MVPA (Most-Valuable PortugueseAmericans). Durante esse espaço de tempo, lê-se os critérios, apresentam-se candidaturas, discute-se os méritos de cada candidatura e votase, secretamente (quando há várias candidaturas) para os premiados. Tudo isto é feito como atividade extracurricular, depois das aulas. Os alunos juntam-se aos docentes de língua e cultura portuguesas e durante várias horas, enquanto os colegas de outras línguas ou outras disciplinas estão em casa no merecido descanso, trabalha-se para a comunidade portuguesa. É que ao longo desse espaço de tempo, e na preparação para o mesmo, os jovens ficam a conhecer melhor a nossa comunidade, os seus valores, os contributos de cada um dos candidatos. Os MVPA (Most Valuable Portuguese-Americans) são feitos para que os jovens façam a ligação necessária entre as escola e a comunidade, entre a sua geração e as outras gerações de emigrantes (como os seus pais ou avós) ou luso-descendentes que tanto têm contribuído para o mundo português em terras da Califórnia. É que só assim ficam não só a conhecer, mas, sobretudo, a reconhecer, e seguir, à sua maneira, entenda-se, as pegadas traçadas. Os MVPA não são mais do que uma ferramenta pedagógica, dada no seio de uma instituição americana (com a dádiva do tempo dos docentes, dos alunos e de alguns pais que nos ajudam no dia do evento) para passarmos o nosso legado cultural aos mais jovens e dá-lo a conhecer aos membros de outros grupos étnicos que compõem o mosaico humano que é esta multicultural e multiétnica sociedade estadunidense. Daí que, para além dos alunos distinguidos, escolhe-se um negócio do ano; um voluntário do ano; uma leitaria do ano (segmento económico predominante nas comunidades do Vale de San Joaquim); um artista do ano; uma pessoa ou ideia inspiradora para os nossos jovens; um educador do ano; uma organização do ano e um cidadão honorário do ano, ou seja: alguém que não sendo de origem portuguesa tenha contribuído para a presença da cultura portuguesa. Depois há duas partes distintas: uma intitulada “Remembrance Moment” em que é destacada uma pessoa já falecida da nossa comunidade que tenha contribuído para a mesa, e porquê. É mais do que sabido que uma comunidade sem memória não é uma comunidade em progresso. Daí a importância de se relembrar aos jovens homens e mulheres, produtos do seu tempo, claro, que fizeram a diferença e ajudaram a construir a comunidade que somos hoje. São nomes desconhecidos para os alunos e sobre os quais eles aprendem e ficam conscientes de que são herdeiros de uma passado comunitário cheio de valores. A última homenagem é o Hall of Fame. Uma pessoa da comunidade é escolhida para este prestigioso prémio. Mas o que é o Hall of Fame e para que serve. Não é, de qualquer forma um desfile de vaidades. É ainda outro instrumento de aprendizagem para os alunos e uma forma pedagógica de reconhecer o trabalho de alguém que tenha marcado o nosso percurso comunitário, o qual, como se sabe, é feito de formas diferentes. Os homenageados para o Hall of Fame, estão nas salas de aula de língua e cultura portuguesas e fazem parte do cânone comunitário, no currículo do português mais avançado nas escolas secundárias de Tulare, Português IV, quando, neste curso, se estuda a experiência luso-americana. As suas biografias fazem da parte curricular dos estudos sobre a nossa presença em terras californianas. Mais, o momento ainda é marcado pela celebração de um personagem ou um segmento marcante da cultura portuguesa. Daí que estes prémios dados sem jantares, sem chatear ninguém com vendas de bilhetes, sem impingir-se longos discursos e falsa áurea, são dados com a pompa e a circunstância que o momento requer. Mais, são dados com critérios e reflexão dos jovens, e são dados como instrumento de aprendizagem para os alunos dos cursos de português e mais particularmente para os alunos ligados ao movimento estudantil SOPAS (Society of Portuguese-American Students). Aliás, o Tribuna trará a lista de homenageados, como é habitual, na sua edição de 1 de Maio. Daí que no domingo, 17 de Maio, no auditório Tulare Community, localizado no campus da escola secundária Tulare Union High School, realizar-se-á mais uma edição dos SOPAS-MVPA. Com entrada livre para toda a comunidade serão reconhecidos, ainda mais homens e mulheres que têm contribuído para o legado português na Califórnia. É que tal como Epicuro, o filósofo da antiguidade Grega disse algures (algo em que acredito, veementemente): as pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo. Postal de Nova Inglaterra Pinhal da Paz: Reino das Azáleas JOÃO CARLOS TAVARES Todos os anos quando chegamos a esta quadra do ano em que a Primavera esboça os seus sorrisos com o renovar da natureza, lembra-nos, daqui à distancia, aquele quadro maravilhoso que o Criador nos oferece com o atingir do auge da floração das azáleas ali na antiga Mata das Criações, crismada de Pinhal da Paz, hoje transformada em parque público, denominado: Reserva Florestal de Recreio do Pinhal da Paz. Desde há muito anos que vimos escrevendo sobre este maravilhoso espaço de reserva florestal onde se encontram variadas e exóticas espécies botânicas. Muito embora, aquele aprazível pinhal tivesse sido vítima de uma poda radical, nos anos 70, que levou muitas das azáleas a secarem e outras a reabilitar muito vagarosamente como é próprio do seu tipo e género de planta ornamental, aos poucos o lugar frondoso e aromático vai recuperando o seu fulgor. Há mais de 40 anos a profusão de azáleas era tal que, recordamos nas ruelas e atalhos da mata se criarem túneis cobertos de azáleas em flor transformando o local num paraíso terrestre que, no tempo, os que ali se deslocavam admiravam grandemente. As pétalas, de cores várias atapetavam os chãos dos longos caminhos do Pinhal. Tudo isto graças ao empenho do seu proprietário de então, António do Canto, um amante da natureza. Foi, porém nos anos 60 que, o jornal Correio dos Açores, pela pena do saudoso jornalista Manuel Ferreira, então seu chefe de redacção com poderes de director executivo, dedicou um maravilhoso suplemento numa edição de fim-de-semana, descrevendo numa prosa poética toda a beleza daquele recanto implantado no coração da ilha de S. Miguel na fronteira entre a Fajã de Cima e o Pico da Pedra. Num dos artigos por nós assinados nos anos 80, no jornal Açores, sugerimos que aquele parque fosse equipado de atracões com o objectivo de poder ser mais procurado e atractivo pela população e pelo turismo. Focámos a necessidade da construção de um mini campo de golfe como oferta aos visitantes, sugerimos novas atracções para além das já contempladas pela natureza, como por exemplo a construção de um mini zoo com animais domésticos e domesticados, alguns outros importar e, facilitar meios de transporte em veículos rústicos e práticos apropriados e condizentes com o ambiente florestal que levassem os visitantes mais idosos a percorrerem e admirarem as belezas da diversidade da flora ali existentes, muita dela importada de muitas partes do globo e referenciada há muito, em quantidade mais expressiva do que a já existente. Muito se fez desde então e podemos testemunhar que o Pinhal da Paz está lindo e merece a visita de, não só todos os residentes, como dos que a ilha chegam na condição de turista. A zona de lazer está linda, mas ainda precisa de ser melhor dotada de algumas pequenas infra-estruturas, como por exemplo uma peque- na piscina, pequenas estufas com flores e plantas endémicas, quiosques de venda de produtos regionais, um mini restaurante, um pequeno pavilhão para a exibição de artistas regionais, ranchos folclóricos, para atrair mais residentes e visitantes atentos ao roteiro da oferta regional. A promoção é fundamental. Tudo o que é público precisa divulgação apropriada. A bonomia da natureza pôs-nos nas mãos o que outros povos gostariam de chamar seu! Vamos persevá-la com todos o carinho Actualmente, com o incremento do turismo, o Concelho e toda a Região precisa de criar lugares aptos e eventos precisos e óbvios para a oferta da diversão e de pontos de interesse para quem visitar a Região. Doutra forma, nicles! Decerto que não faltam lugares noutras regiões do país e mesmo no estrangeiro que podem servir de inspiração para melhor prover esse local privilegiado que é o Pinhal da Paz, como ponto de atraccão na oferta a incluir num Roteiro de interesse e de divulgação da própria Região. Podemos crer que, muito embora o sol não nos brinde como em outros locais privilegiados do planeta durante todo o ano, somos uma parcela implantada no meio do Atlântico digna de ser visitada. Mas temos de tudo um pouco, sol e céus de chumbo. Estamos cônscios que se pertencêssemos a outra nacionalidade mais vocacionada para a exploração do turismo, já teria , há muito, tirado maior partido dessa particularidade e da estratégica situação geográfica localizada perto do principal centro urbano da ilha de S. Miguel . Haja guarida para uma recolha de ideias seleccionadas para o efeito e crie-se a oferta de mais um lugar para mostrar essa dádiva que a Natureza nos contemplou no meio destes dois grandes continentes, a Europa e América. A contribuição da Fajã de Cima para divulgar a Reserva Florestal de Recreio do Pinhal da Paz é oferecida aquela, anualmente, através do Festival das Azáleas, que se realiza por esta altura do ano, numa iniciativa antiga do Rancho Folclórico de Santa Cecília, que ostenta no seu seio o maravilhoso parque, orgulho das gentes da Região. Mãos à obra! O Pinhal da Paz pode crescer e modernizar-se. Basta todos quererem. E.Prov. RI Abril, 2015-04-20 Atlântico Expresso 18 Opinião Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 LÁ LONGE 660 E depois são os idosos de. Os detidos que vão ser presentes a Tribunal, esconderam os produtos furtados debaixo das saias de roda que as mulheres usavam. São suspeitos de furtos por todo o País. São naturais de Gondomar, Portalegre, Maia e Campo Maior. Os produtos furtados que davam para encher 4 sacos, foram apreendidos. Braga, 19 de Abril de 2015 JOSÉ HÄNDEL DE OLIVEIRA No jornal “O Comércio de Guimarães” lemos a seguinte noticia: Em Serzedo, Guimarães, um homem de 77 anos que seguia a pé pelo lado esquerdo da berma da EN 101, foi atropelado por um automóvel conduzido por um indivíduo de 19 anos. O carro circulava em contramão no sentido Guimarães Felgueiras, entrou em despiste e embateu na vítima, projectando-a para uma ravina a 30 metros de distância. Embora fosse assistido pelos Bombeiros Voluntários de Felgueiras e por uma equipa da VMER, o septuagenário não resistiu aos ferimentos e faleceu no local. A GNR tomou conta da ocorrência. TROCA CHORUDA Em Macieira de Rates, Barcelos, um homem conseguiu convencer uma senhora de 78 anos, a deixar-lhe colocar ao pescoço um terço, apelando para a sua religiosidade. A senhora acedeu, mas ao colocar o terço, o indivíduo tirou-lhe o cordão de ouro que usava, fugindo em seguida. ASSALTANTE ATROPELADO Um desempregado de 60 anos, armado e encapuzado, assaltou uma bomba de gasolina, na rua de S. Mamede, em Serzedo, Gaia e com a ameaça de uma pistola obrigou o funcionário a entregar-lhe o dinheiro que tinha na caixa. Depois tentou fugir no carro do funcionário, mas não conseguiu pô-lo a trabalhar pois tinha um corta corrente. Correu então para a estrada mas acabou atropelado por um cliente que se preparava para abastecer e que ficou assustado ao ver um encapuzado armado. Verificou-se que a arma era de plástico pois ficou toda partida com o embate. Acorreram os Bombeiros de Aguda e uma viatura do INEM e ao ser tirado o capuz ao assaltante verificouse de que se tratava de um cliente habitual que costumava tomar café no Posto, comprar tabaco e abastecer o seu carro. SUBIDA REPENTINA DAS ÁGUAS DO RIO LIMA Dois pescadores de Vila Nova de Famalicão, pai e filho, foram surpreendidos pela subida repentina da água do rio Lima, provocada pela descarga de uma barragem em Ponte da Barca. Enquanto o pai conseguiu chegar à margem pelos seus próprios meios, o filho ficou isolado no meio do rio, em cima de uma pequena ilhota. Acorreram três Corporações de Bombeiros e houve necessidade de recorrer a manobras de resgate de grande ângulo, já que não havia condições de aproximação de qualquer tipo de embarcação. A CULPA FOI DOS RATOS Esperando Maio Uma ratazana entrou num armário de distribuição de electricidade e provocou um curtocircuito que deixou as lojas comerciais e as habitações da rua de Caíres, uma das mais movimentadas de Braga, completamente às escuras. Seguiu-se um incêndio naquele armário e em dois outros existentes naquela rua o que obrigou à intervenção dos Bombeiros Sapadores que esgotaram todos os extintores devido à corrente existente nos armários de distribuição. A equipa do piquete da EDP deslocou-se ao local e repôs provisoriamente a electricidade. Vários comerciantes queixaram-se de grandes prejuízos sofridos não só com o encerramento dos estabelecimentos mas também por se terem estragado diversos produtos congelados. PENAS DE PRISÃO EFECTIVAS Um casal de vendedores ambulantes, ele de 53 anos e a sua mulher de 47 anos, ao passarem de carro por um senhor de 79 anos que seguia a pé para a sua residência em Turiz, Vila Verde, resolveram consultá-lo depois de lhe mostrarem umas tralhas que vítima se recusou a comprar. Então a mulher arrancou-lhe o cordão e medalhão de ouro que trazia ao pescoço, avaliado em 2.500 Euros. No julgamento colectivo a que foram submetidos, o homem foi condenado a 5 anos e 6 meses de prisão efectiva, enquanto a mulher foi punida com 4 anos e 6 meses de prisão, também efectiva. Têm ainda que pagar as custas do processo e a taxa de justiça. A defesa dos arguidos revelou que vai recorrer da decisão. BURLÕES APANHADOS Na freguesia de Sande S. Martinho, concelho de Guimarães, dois ciganos com idades de 27 e 47 anos, procuraram uma senhora de 73 anos que vive sozinha e intitulando-se seus sobrinhos, pediram-lhe um empréstimo de 3.500 Euros. A senhora disse-lhes então para a procurarem no dia seguinte, altura em que já teria o dinheiro para lhes emprestar. No entanto, desconfiada, deu conhecimento do que se passava a um familiar que resolveu avisar as autoridades. Assim, quando os dois homens se apresentaram para receber o “empréstimo”, elementos do Posta Territorial da GNR das Taipas identificaram-nos e foram constituídos arguidos por suspeita de burla. Os militares ainda lhes apreenderam seis notas de 100 dólares para posterior exame pericial. VESPA ASIÁTICA MANUEL CALADO Nas imediações do Santuário do Bom Jesus, os Bombeiros Sapadores de Braga destruíram três ninhos de vespas asiáticas. A vespa velutina é uma espécie predadora de outras vespas e abelhas. GNR EM ACÇÃO Um jovem de 17 anos, foi assaltado em Gualtar, Braga, por três indivíduos que sob a ameaça de uma arma branca lhe roubaram o telemóvel. Embora se tivessem posto em fuga num automóvel, elementos do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Braga, viriam a deter um dos assaltantes, brasileiro e também com 17 anos, a quem apreenderam a navalha usada no roubo e o telemóvel subtraído. Realizada uma busca na casa do brasileiro, foram apreendidos 7 telemóveis, 2 navalhas, um taco de basebol, material informático, cartões de memória e um mp4, suspeitos de terem sido roubados. Foi constituído arguido e apresentado em Tribunal, tendo o processo baixado a inquérito. BALOIÇO MALDITO Em Vila Nova de Gaia, um menino de 11 anos que foi brincar para o baloiço que tinha no quintal da sua casa, logo que chegou de um treino no Clube Hóquei dos Carvalhos, enrolou uma das cordas do baloiço ao pescoço e morreu asfixiado. O pai ainda retirou a corda que o apertava e os Bombeiros Voluntários de Canelas encetaram de imediato manobras de reanimação, mas a criança não resistiu sendo o óbito confirmado no local. SAIAS DE RODA Cinco homens e duas mulheres, com idades compreendidas entre os 20 e os 40 anos, foram interceptados em Milhazes, Barcelos, pela GNR depois de terem furtado vários produtos, nomeadamente amêndoas, chocolates e produtos embalados num Supermercado em Fão, Esposen- Espero-te, Maio, à porta dos meus olhos, Como se fosses a última gota de orvalho, Regando a minha ânsia de viver. Espero a tua vinda, na lucidez do meu desejo Místico, de apertar nas minhas mãos, A divina terra, irmã da minha carne, Húmida, escura, pulsante de vida e de mistério. E o meu amor a fecundará, no tálamo fresco Onde a irmã minhoca, o irmão grilo E a irmã formiga, partilharão comigo A divina metamorfose da profecia. E do chão negro despontarão os frutos: Os morangos perfumados, rubicundos, Com pingentes de orvalho, Brilhando ao sol da manhã. Os tomates gordos e vermelhos, Gritando ao mundo as virtudes da vitamina C. As beringelas, vestidas de purpura azul escura. A proletária Couve Galega, vitamina do cavador. O feijão irmão, que sustenta o labor De quem trabalha, na estrada ou na construção. E o pimento das ilhas, quente como lume, Testemunha de 500 anos de fomes e terramotos, viagra fecundador de filhos prá imigração. Maio, cá espero por ti. Depois do dia vinte, Cavo, planto e rego, E na terra enterrarei meus dedos frágeis, Acostumados às teclas de plástico: O chão que o destino me deu, Onde cultivo, mesmo no inverno, O vinho de cheiro dos meus versos pobres. Maio, cá espero por ti à porta dos meus olhos. Vem florido, alegre e folião, Vem fecundar a terra, tua noiva, Minha terra do coração. 19 Desporto Atlântico Expresso Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 Opinião Todos fizeram a História JOÃO DE BRITO ZEFERINO Talvez porque “dos fracos não reza a História”, é devida uma palavra e duas linhas de muito apreço, para quantos ao longo destes cinquenta e poucos anos de vida do Comercial, que agora festeja as Bodas de Ouro da sua Volta à Ilha, hoje SATA RALLYE AÇORES, fizeram desta colectividade, um baluarte a nível internacional no mundo do automóvel de competição. Como em qualquer outra modalidade, também os louros no automobilismo normalmente se ficam pelo pódio, pelo “top ten” pelos vencedores dos agrupamentos, classes, e por vezes com uma referência caridosa para o “lanterna vermelha” da competição. Por mal dos pecados dos que formam a grande coluna e se situam no meio, naquela zona dos esquecidos, poucas são as referências feitas, mas é no meio que está a virtude. Se não houvesse o meio da coluna, não haveria cabeça e cauda da coluna, logo tem que se lhe fazer justiça. Como no último escrito referimos, se é tão difícil ter que falar dos “monstros sagrados “que deram luz às vitórias, igualmente se torna ainda mais difícil referir quantos ao longo de meio século formaram a “legião” dos esquecidos, e foram muitas centenas, em todos os lugares da história. Para homens e carros. Quem pode esquecer o amor à causa de um Rui Torres hoje chamado de “avô” de muitos dos novos que se estreiam em provas. Quem pode esquecer o Zeca Cunha, o Dr. António Maia, representantes da primeira hora da Ilha da Madeira do José Eduardo Silva ou do João Paim da Ilha Terceira; co consul dos Estados Unidos Fredericck Purdy, e o seu Chevrolet Corvai. Não recorda com saudade os desfiles das “Donas Elviras” com “relíquias de 1910, como os famosos Le Zebre, com alguns dos condutores vestidos ao rigor da “belle epoque” onde não podemos entre outros esquecer os saudosos José Cabral Almeida, Teófilo Nunes de Sousa e D. Fernanda Furtado Pacheco. As provas de rampas das Lombas do Cavaleiro, Pisão, Lagoa do Fogo entre outras, Os célebres Salons, as provas para senhoras, onde muitas eram as amantes desta modalidade, que lhe davam um especial colorido. Algumas ainda, felizmente, vivas e entre nós. Como é bom lembrar que o Dr. Jaime Gama foi o primeiro navegador a vencer a lª Volta com o Eng. Toste Rego; que o Fernando Amaral restaurava e reconstruía os seus próprios carros de prova: que o Mário Jorge “Estrela da Manhã” fazia mil e uma tropelia e dava espectáculo que o público adorava. E muito mais para recordar. Algumas recordações bem tristes também, como as mortes do Carlos Reis (Caló) e do Frazão, co-piloto então de Horácio Franco, em acidentes que ficaram na nossa memória e que hoje com saudade nos curvamos perante a sua memória. E os carros? Também têm a sua história e épocas, que fizeram as delícias dos amantes da modalidade. Os Renault R8 Gordini, os Porsh. A Opel com o Manta, a BMW, a Fiat, os Austin Cvooper Sos Ford Escort RS, a Datsun, a Toyotta, a Volksvagen, e tantos, tantos outros, que sem qualquer sentido de publicidade, hoje aqui trazemos. Isto claro nos primeiros anos de arranque do automobilismo que o Grupo Desportivo Comercial em boa hora tem promovido e feito crescer. Também é com emoção que vemos alguns filhos de pais que ajudaram a modalidade a crescer não só em S. Miguel como na Terceira, e felizmente já passando para outras ilhas. Uma palavra de simpatia para o Joaquim do Carmo que hoje já tem um filho a seguir os seus passos; o Luís Louro, velho amigo e entusiasta da modalidade que em seu filho, Gustavo Louro, vi um dos mais consagrados pilotos da sua geração a somar títulos: o Luís Rego que se revê em seu filho Luis Miguel como continuador da tradição da família. E talvez mais algum que possa ter passado neste desfilar de memórias, que fizeram e fazem o automobilismo que hoje temos, a nível europeu do mais falado. E se é certo que as memórias do passado ajudam a crescer as expectativas do futuro, não sei se ao Grupo Desportivo Comercial falta mais algum patamar para subir na longa escadaria do sucesso. Mas se o mais alto patamar já foi atingido, honra para quantos fizeram a história com mais de meio século. Para eles, em especial os mais esquecidos, vai o preito de gratidão de todos nós. Pelo menos vai o meu. Atlântico Expresso 20 Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 Publicidade Desporto 21 Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 Atlântico Expresso WSBK – Tom Sykes foi soberbo na sessão de qualificação do evento holandês Jonathan Rea (Kawasaki) foi eleito “Papa” na Catedral do Motociclismo Jonathan Rea dominou as duas mangas do evento do WSBK, na Holanda, disputadas no mítico traçado de Assen, denominado como a catedral do motociclismo mundial. Em oito corridas já realizadas neste Campeonato do Mundo de 2015, Rea soma seis triunfos e dois segundos lugares, num total de oito pódios, 105 voltas como líder (Tom Sykes é o segundo com 24) e é o actual líder da classificação geral com 190 pontos (+ 50 que Léon Haslam), sendo um fortíssimo candidato ao título mundial este ano. Aplaudiram ao longo dos três dias no “TT Circuit Assen”, Jonathan Rea, e os restantes pilotos, um total de 55724 espectadores. BANDEIRA DE XADREZ WSBK: TOM SYKES CONQUISTOU “SUPERPOLE” NO TRAÇADO DE ASSEN (HOLANDA) – Tom Sykes (Reino Unido) Kawasaki ZX-10R, da equipa Kawasaki Racing Team, conquistou a sua primeira “superpole” esta temporada, naquela que foi a 25ª da sua carreira no mundial. Sykes regressou ao lugar cimeiro da grelha de partida, após um domínio avassalador do último período da sessão qualificativa, estabelecendo uma volta “canhão” de 1m34,789s., que mais nenhum piloto conseguiu bater. Foi com total autoridade, que Sykes dominou como este período decisivo de qualificação (SP2), posicionando-se como um dos potenciais candidatos aos triunfos nas duas mangas. O seu companheiro de equipa, Jonathan Rea, assinou o segundo tempo com 1m.34,920s, sendo estes os únicos dois pilotos que rodaram no segundo “34”. WSBK: 55724 ESPECTADORES NO “TT CIRCUIT ASSEN” AO LONGO DO FIM-DE-SEMANA – Foram 55724 espectadores, que estiveram presentes ao longo dos três dias no evento holandês, mais 3472 que na temporada de 2014, que teve 52252, enquanto que em 2013, o número foi ligeiramente inferior com 52200.Assen continua a brindar o WSBK com uma excelente moldura humana, naquele que é um circuito mítico do motociclismo mundial. A sua estreia nas motos aconteceu no ano de 1926, há 89 anos! O duelo emocionante entre Jonathan Rea (65) e Chaz Davies (7) e o pódio da primeira manga da corrida, que curiosamente foi exactamente igual ao da segunda manga. Coincidências… (Fotos de cortesia do Departamento de Imprensa do WSBK para o Jornal Atlântico Expresso) Desde Phillip Island (Austrália) no passado mês de Fevereiro, passando pela estreia do traçado de Chang/Buriram (Tailândia), em Março, e, já neste mês de Abril, na Europa, pelos circuitos de Motorland Aragón JOSÉ MANUEL (Aragão/Espanha) e “TT PINHO VALENTE Circuit Assen” (Holanda), que o WSBK tem mostrado corridas de alto nível competitivo nas diversas categorias, nomeadamente, nas duas de carácter mundial, que são as SBK e SSP. Assen foi o último evento disputado, até ao momento, e não foi excepção, com corridas de cortar a respiração até ao baixar da bandeira de bandeira de xadrez, naquele que é há longas décadas, considerado a catedral do motociclismo mundial. Tem sido um domínio avassalador de Jona- tham Rea (Kaeasaki), neste início da 28ª edição do WSBK. Os únicos lugares que o piloto britânico conheceu só são os dos degraus do pódio e posiciona-se, apesar de ainda estarem realizados quatro eventos, como um dos principais senão mesmo o principal e mais forte candidato ao ceptro mundial. Faltam realizar nove eventos, um dos quais em Portimão no dia 7 de Junho, e embora existam outros pilotos, que podem contrariar este domínio inquestionável de Rea nas próximas corridas, no entanto, se Rea continuar assim nos eventos que se seguem, arrisca-se a ganhar o mundial antes das derradeiras provas. Jonathan Rea humilhou os seus rivais em Assen e conseguiu a sua segunda dupla vitória da temporada no mesmo evento. Fê-lo como quis e quando quis e só Chaz Davies (Ducati) conseguiu lutar de igual para igual. O piloto local, Michael Vam Der Mark (Honda), alcançou o lugar de bronze em ambas as corridas, sendo o primeiro holandês a conseguir este feito. Jordi Torres esteve também muito bem, ao posicionar-se no sexto posto nas duas mangas. O actual Campeão do Mundo, Sylvain Guintoli, continua muito discreto e é o actual sexto classificado da geral com 65 pontos. O melhor piloto espanhol na geral é Jordi Torres, que se encontra no quinto lugar da geral com 83 pontos. Para a história do WSBK na Holanda, na edição deste ano, ficam os dois pódios, aonde pela mesma ordem ficaram os mesmos pilotos: Jonathan Rea (1º), Chaz Davies (2º) e Michael Van Der MarK (3º). Nestes três posicionaram-se outras tantas equipas: Kawasaki, Ducati e Honda. O evento holandês ficou marcado pelo forte acidente do piloto espanhol, Nico Terol na segunda manga. Terol, natural da localidade de Alcoy, facturou a mão direita e sofreu uma forte comoção cerebral. Foi evacuado numa maca pelos comissários e foi transferido para hospital de Assen. Na sua equipa não existe uma data de regresso, que se presume seja longa. WSBK – SUPERSPORT: KEVIN SOFUOGLU VENCEU CORRIDA EMOCIONANTE – O piloto turco, Kevin Sofuoglu, conquistou a segunda vitória esta temporada, quando estão disputadas quatro corridas. Foi uma corrida emocionante ao longo de todas as voltas, com os pilotos que subiram ao pódio a ficarem com menos de um segundo de intervalo entre eles. Testemunharam o triunfo de Kevin Sofuoglu no pódio, Jules Cluzel (2º) e Kyle Smith (3º). Com esta vitória, Sofuoglu consolidou o seu estatuto de líder na classificação geral com 80 pontos, seguindo-se Patrick Jacobsen (EUA) com 55, Jules Cluzel (França) e Kyle Smith (Reino Unido), ex-acquo com 45. WSBK: EVENTOS NO MÊS DE MAIO – No próximo mês de Maio realizam-se dois eventos, antes do mundial chegar a Portugal, ao Autódromo Internacional do Algarve (Portimão), no primeiro fim-desemana de Junho, com a presença, como já é habitual, dos enviados do Jornal Atlântico Expresso. Itália (Imola) é a próxima prova, que se realiza nos dias 8, 9 e 10 de Maio, seguindo duas semanas depois, nos dias 22, 23 e 24, o evento do Reino Unido (Donington Park). O traçado de Imola tem 4,936 Km de perímetro, 10 curvas para a esquerda e 6 para a direita, enquanto que o circuito de Donington Park é mais pequeno 913 metros, tendo um perímetro com 4,023 Km, 5 curvas para a esquerda e 10 para a direita. Em Imola e Donington Park realizam-se, respectivamente os eventos números 342 e 343, correspondentes às mangas 677 e 678 (Imola) e às corridas 679 e 680, no caso do evento de Donington Park. Portimão no início de Junho dá as boas vindas ao evento 344 e às corridas 681 e 682. Aqui ficam os números actualizados para os apaixonados das estatísticas. 22 Atlântico Expresso Televisão Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 signos BALANÇA (23/09 a 23/10) CARNEIRO (21/03 a 20/04) 09:00 Um Dia, Cinco Estórias 09:30 Biosfera 10:00 Sabia Que? 10:20 Olhar o Mundo 11:00 Notícias 11:50 Estação de Serviço 12:45 Mundo Automóvel 13:00 Notícias 13:15 Antena Aberta 14:00 Teledesporto 14:50 Documentário 15:20 Bem-vindos a Beirais T3 - Ep. 100 16:00 Espaço Infantil RTP Açores 17:00 Informação Açores 17:15 Meteorologia Açores 17:20 Açores Hoje 18:45 PLANTAS COM HISTÓRIAS 19:00 Estação de Serviço 19:50 Mundo Automóvel 19:55 Meteorologia Açores 20:00 Telejornal Açores 20:30 Meteorologia Açores 20:35 1 Minuto Pela Saúde 20:40 Troféu 21:10 acores.rtp.pt 22:00 Verdade do Vinho 22:30 Perdidamente Florbela 23:25 Meteorologia Açores 23:30 Telejornal Açores 00:00 Simultâneo RTP-A/RTP Informação 05:00 Consigo 05:30 Bom Dia Portugal 09:00 Agora Nós 12:00 Jornal Da Tarde 13:15 Os Nossos Dias T2 - Ep. 15 14:00 Há Tarde 17:00 Portugal Em Directo 18:00 O Preço Certo 19:00 Telejornal 20:15 Bem-vindos A Beirais T4 - Ep. 76 Olga desabafa com Alzira, admite que se afeiçoou a Ângela e que lhe custa saber que será adoptada. Padre Justino pede a Olga para conversarem. Padre Justino informa Olga que a família adoptiva de Ângela irá buscá-la no dia seguinte. 21:00 Água De Mar Ep. 199 Gil continua a seduzir Mel durante os ensaios, no estúdio do produtor musical. Embaraçada com a situação, Mel vê uma chamada de Gonçalo no seu telemóvel mas opta por não atender. Liliana pede à mãe que desapareça de vez da sua vida, exigindo que não volte a procurá-la na Academia. 21:30 Prós E Contras 23:30 5 Para A Meianoite T10 - Ep. 16 00:45 Depois Do Adeus T1 - Ep. 1 01:45 Inesquecível 03:45 Televendas 05:00 SIC Notícias 05:15 Reportagem Especial 06:00 Edição Da Manhã 07:45 A Vida Nas Cartas: O Dilema T3 - Ep. 226 09:00 Queridas Manhãs T1 - Ep. 276 12:00 Primeiro Jornal 13:30 Duas Caras - Ep. 112 14:30 Grande Tarde T2 - Ep. 80 João Baião, Andreia Rodrigues e Luciana Abreu vão mudar as nossas tardes. Com eles tudo pode acontecer! Surpresas, reencontros, abraços... todos os dias um programa especial. 17:30 Alto Astral - Ep. 91 Adriana revela a Scarlett que está a sofrer por ver Laura e não poder dizer nada à jornalista. Gaby tira Azeitona do quarto de Samantha ao ver a tia a explorar o menino. 18:00 Babilónia - Ep. 16 19:00 Jornal Da Noite 20:45 Mar Salgado Ep. 193 21:45 Império - Ep. 136 23:15 O Contra-Ataque T3 - Ep. 1 00:15 Ray Donovan T1 - Ep. 7 01:00 Jura - Ep. 141 01:45 Televendas 06:00 Zig Zag 10:00 Euronews 12:00 Esplendores da Natureza 13:00 Sociedade Civil T10 - Ep. 29 14:00 Millennium Estoril Open 2015 16:00 Zig Zag 19:00 Esplendores da Natureza ´Esplendores da Natureza´ é um género totalmente novo na categoria de séries documentais sobre natureza. Apresenta-nos alguns dos mais deslumbrantes cenários naturais do planeta Terra, ilustrando como surgiram e revelando maravilhas da natureza num estilo ricamente detalhado. 20:00 Jornal 2 20:45 Página 2 20:55 Hora da Sorte 21:00 Um Crime, Um Castigo - Ep. 14 Samy infiltra-se no gangue Larbi. A polícia está cada vez mais próxima de capturar Aziz mas, como sempre, surgem dificuldades. Josephine Karlsson está cada vez mais envolvida com o gangue Larbi. Pierre Clement joga de forma inteligente nos bastidores. 22:00 Visita Guiada T1 Ep. 12 22:30 Grande Valsa 23:15 Portugal 3.0 00:15 Sociedade Civil T10 - Ep 29 01:45 Euronews 05:30 09:10 12:00 13:43 15:00 17:30 18:15 19:00 20:45 21:45 22:45 23:45 00:45 02:00 04:00 Diário da Manhã Você na TV! Jornal da Uma Flor do Mar - Ep. 214 A Tarde é Sua Feitiço de Amor Ep. 191 The Money Drop - Ep. 20 Jornal das 8 A Única Mulher Ep. 38 Jardins Proibidos - Ep. 181 Sofia está preocupada por Teresa ainda não lhe ter dito como correu o julgamento. Xavier tenta demover Teresa de fugir com os filhos. Leonor conta a Ju que Mariana anda a adiar a ida ao obstetra e ficam as duas admiradas de ver Ludovina a aparecer e dizer a Leonor que precisam de falar. Mulheres - Ep. 246 Rainhas de Nova Iorque T1 - Ep. 4 As vidas de Nico, Wendy e Victory, três das mais poderosas mulheres de Nova Iorque, de acordo com o ‘The New York Post’. Cartas da Alma Olhos de Água Ep. 98 TV Shop Não se deixe arrastar por sentimentos precipitados. Seleccione as suas amizades e não dê importância excessiva a amigos em que só o supérfluo conta. Não se deverá afastar dos seus conhecidos e amigos, eles fazem parte do seu modo de vida e são de grande importância na contribuição da sua paz e equilíbrio. Dê prioridade aos seus familiares. ESCORPIÃO (24/10 a 21/11) TOURO (21/04 a 20/05) Este período aconselha a que efectue reuniões com amigos e familiares. Essa atitude vai indicar caminhos e ajudas que não lhe pareciam possíveis. Torne como sua principal prioridade durante esta semana a forma com se relaciona com quem gosta. Durante esta semana terá as condições ideais para resolver alguns problemas que se têm arrastado por pura negligência. Não fuja a nenhuma questão, se o fizer, corre o risco de falhar nas questões que são para si essenciais. SAGITÁRIO (22/11 a 20/12) GÉMEOS (21/05 a 20/06) Relacione e divirta-se durante este período. Aproxime-se dos seus familiares e poderá contribuir fortemente para a união onde ela parece não existir. No entanto, recomendase alguma prudência de ordem alimentar. Não se deixe arrastar por companhias vazias de qualquer interesse. Os verdadeiros amigos e a família deverão ser a sua prioridade. Esta semana deverá ser conduzida com a família a ser colocada em primeiro lugar. CAPRICÓRNIO (21/12 a 19/01) CARANGUEJO (21/06 a 22/07) Caso não misture as questões profissionais com as suas relações sociais, este será um período muito favorecido. Os seus amigos procurarão a sua companhia, o que contribuirá para que se sinta com um astral positivo. Esta é uma fase favorável para se relacionar com amigos e familiares. Aproveite este período para se divertir um pouco. Faz bem e restaura o equilíbrio emocional e físico. AQUÁRIO (20/01 a 19/02) LEÃO (23/07 a 22/08) Um pouco de recolhimento e meditação é a melhor terapia para este período em que a sua atitude poderá ser determinante. Não se deixe arrastar por situações não fundamentadas. Deverá manter e tentar desenvolver os seus níveis de confiança. Compreensão e tolerância são as palavraschave para esta semana. Poderá aproveitar este período para de uma forma agradável elevar o seu Astral. PEIXES (20/02 a 20/03) VIRGEM (23/08 a 22/09) Não corra à procura do que não está ainda seguro que é o que pretende. A nível de amizades deverá manter-se atento. Tente corrigir algum erro que cometeu com as pessoas de quem gosta. Com este passo poderá modificar muita coisa. Um bom relacionamento a nível de amizade é fundamental para que se sinta bem consigo próprio. Não retire a confiança e a amizade aos seus amigos sem os motivos estarem devidamente fundamentadas. INFORMAÇÕES DE UTILIDADE PÚBLICA FARMÁCIAS BOMBEIROS Ponta Delgada - Associação de Socorros Mútuos. Rua Professor Machado Macedo, 4 Esq. Rua AC7 9 Telefone: 296 650 860 Ponta Delgada - Urgência 296 301 301 Normal 296 301 313 Ginetes - 296950950 Nordeste - 296488111 Vila Franca - 296539900 Ribeira Grande: 296 472318, 296 470100 Lomba da Maia - 296446017, 296446175 Povoação - 296 550050, 296 550052 Centro de Enfermagem Bombeiros de Ponta Delgada Todos os dias das 17h00 – 20h00 Incluindo Sábados, Domingos e Feriados Ribeira Grande - Farmácia da Misericórdia Rua São Francisco, 81 Telefone: 296 472 359 HOSPITAIS Ponta Delgada - 296 203 000 Nordeste - 296 488 318 - 296 488 319 Vila Franca - 296 539 420 R. Grande - 296 472 128 - 296 472727 Povoação - 296 585 197 - 296 585 155 POLÍCIA MARINHA Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo (MRCC Delgada) Tel. 296 281 777 Polícia Marítima de Ponta Delgada (PM Delgada) Tel. 296 205 246 Ponta Delgada - 296 282 022, 296 205 500 e 296 629 630 Trânsito - 296 284 327 R. Grande 296 472 120, 296 473 410 Lagoa - 296 960 410 Vila Franca - 296 539 312 Furnas - 296 549 040, 296 540 042 Povoação - 296 550 000, 296 550 001, 296 550 005 e 296 550 006 Nordeste - 296 488 115, 296 480 110, 296 480 112 e 296 480 118 Maia - 296 442 444, 296 442 996 R. Peixe - 296 491 163, 296492033 Capelas - 296 298 742, 296 989 433 Santa Maria - 296 820 110, 296 820 111, 296 820 112 e 296 820 110 Ponta Delgada De 2.ª a 6.ª das 9h00 às 19h00 Sábado das 14h00 às 19h00 Biblioteca Municipal Ernesto do Canto Rua Ernesto do Canto s/n 9500-313 Tel: 296 286 879; Fax: 296 281 139 Email: [email protected] Horário: 2ª a 6ª feira das 10h00 às 18h00 Horário de verão (durante as férias escolares): 2ª a 6ª feira das 8h30 às 16h3 POLÍCIA MUNICIPAL SERVIÇOS CULTURAIS Rua Manuel da Ponte, n.º 34 9500 – 085 Ponta Delgada Tel. 296 304403/91 7570841 Fax: 296 304401 E-Mail: [email protected] PORTO DE ABRIGO Estação Costeira Porto de Abrigo Tel. 296 718 086 BIBLIOTECAS Ribeira Grande Arquivo Municipal; Biblioteca Municipal De 2ª a 6ª feira das 9h00 às 17h00 Ponta Delgada Centro municipal de cultura Horário das Exposições 2.ª a 6.ª feira - das 09h00 às 12h30 e das 13h30 às 16h30 Encerrado aos fins-de-semana e feriados Ribeira Grande Centro Comunitário e de Juventude de Rabo de Peixe Teatro Ribeiragrandense Horário da 2ª a 6ª das 9h às 17h GABINETE DE APOIO À VÍTIMA 296 285 399 (número regional) 707 20 00 77 (número único) [email protected] 2.ª a 6.ª das 9:30 às 12:00 e das 13:00 às 17:30 MUSEUS Ponta Delgada Museu Carlos Machado 3ª a 6ª das 10:00 às 13:00 e das 14:00 às 18:00 Sábados e Domingos das 14:00 às 18:00 Encerra segundas e feriados Ribeira Grande Museu Municipal Museu “Casa do Arcano” Museu da Emigração Açoriana Museu Vivo do Franciscanismo Casa Lena Gal Aberto de 2ª a 6ª - 09.00/17.00H Museu Municipal do Nordeste Aberto de 2.ª a 6.ª das 09h00 às 12h00 e das 13h00 às 16h00 MISSAS Semana >> 08h00 – Santuário do Santo Cristo 08h30 – Matriz de 2ª a 6ª feira 09h30 – Fajã de Cima (3ª a 6ª) 12h30 – Matriz 18h00 – Igreja do Imaculado Coração de Maria 18h30 - Matriz; São José; 19h00 – São Pedro; Igreja Nª Sra. de Fátima -Lajedo; Santa Clara; Fajã de Baixo (3ª e 5ª); Saúde - Arrifes - (3ª e 5ª); Milagres - Arrifes - (4ª e 6ª). des, Feteiras, Saúde - Arrifes. 18h30 – Matriz; Santa Clara; Fajã de Baixo. 19h00 - Igreja Nª Sra. de Fátima; Mosteiros, São Pedro; Relva; São Roque, Candelária; Ginetes 19h30 - Fajã de Cima; Milagres - Arrifes. 20h00 Covoada. Domingo >> 08h00 – Santuário Santo Cristo; Saúde – Arrifes, Mosteiros 09h00 – Igreja Senhora das Mercês; Clínica do Bom Jesus; Fajã de Baixo; Piedade - Arrifes. 09h30 - Piedade – Arrifes; 10h00 – Matriz; Igreja Coração Imaculado de Maria – São Pedro; Santa Clara; Milagres – Arrifes 10h30 – Capela de São João de Deus - Fajã de Baixo; Covoada; Hospital Divino Espírito Santo; Várzea; Sete Cidades, Candelária, Milagres - Arrifes. 11h00 – São José; São Pedro; Fajã de Cima 11h30 - Santa Clara; Fajã de Baixo; São Roque 12h00 – Santuário Santo Cristo; Matriz; Relva; Mosteiros; Ginetes, Feteiras; Saúde - Arrifes. 12h15 – Igreja de São Gonçalo - São Pedro 12h30 – Igreja Nª Sra. de Fátima Lajedo 17h00 – Matriz 18h00 – São José 18h30 – Fajã de Baixo 19h00 – São Pedro Baixa-mar: 02:34 – 14:55 Preia-mar: 08:47 – 21:16 ASSOCIAÇÃO DE TÁXIS DE SÃO MIGUEL (INSTITUIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA) Central 296 30 25 30 296 20 50 50 TÁXIS TEATRO MICAELENSE MORENO VELOSO 9 DE MAIO - 21H30 COLISEU MICAELENSE Sábado >> 12h30 - Matriz 17h – Clínica do Bom Jesus 17h30 – Igreja do Coração Imaculado de Maria; Capela de São João de Deus -Fajã de Baixo 18h00 – São José; Sete Cida- TABELA DAS MARÉS C@S@MENTO PELA INTERMETE 8 DE MAIO - 21H30 296 38 2000 96 29 59 255 91 82 52 777 23 Curiosidades Atlântico Expresso Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 Mulher detida no Colorado por esventrar grávida e roubar feto Queriam apanhar peixe mas pescaram uma ave Leão aprende a abrir porta de carro e prega o susto da vida a turistas Uma mulher foi detida no Colorado, Estados Unidos, e acusada de assassínio depois de ter esventrado uma mulher grávida de sete meses e retirado o feto, informou hoje a polícia norte-americana. A vítima, de 26 anos, que se encontrou com a autora do ataque em resposta a um anúncio para vender roupas de crianças, foi operada e sobreviveu, mas o feto morreu. A autora do ataque, de 34 anos, transportou o bebé para o hospital, alegando ter tido um abordo espontâneo. Depois de receber uma chamada da vítima, a polícia “entrou na casa e viu uma mulher espancada e esfaqueada no estômago”, disse o chefe da polícia local, Jeff Satur. “Mais tarde soubemos que a mulher estava grávida e que o bebé tinha sido levado. A vítima foi transportada para o hospital, onde foi submetida a uma cirurgia e está a recuperar”, explicou o polícia. “A autora do ataque foi localizada no mesmo hospital com um bebé morto. Suspeita e vítima não se conheciam antes do incidente”, acrescentou o polícia. Diário Digital com Lusa Quem vai à pesca não está à espera de medir a sua presa pelo tamanho das asas, mas isso é exactamente o que aconteceu a um par de entusiastas nos EUA. Fred Christensen e Nicholas Colangelo tinham ido pescar na Pennsylvania, numa zona parcialmente gelada, em que é necessário fazer um buraco no gelo para colocar a linha com o anzol. O par notou que tinha apanhado algo e aproximou-se para verificar. Foi então que Christensen puxou a linha e descobriu... uma ave. «Nunca ouvi falar de nada assim», disse Colangelo ao Washington Post. «Foi muito invulgar. Fiquei sem palavras». Se acha que está a salvo de um leão curioso permanecendo dentro de um carro, pense duas vezes: é melhor trancar as portas, só para ter a certeza. É que foi captado em vídeo, num parque de safaris em África do Sul, o «rei da selva» a ter a capacidade de aprender como funciona um mecanismo simples dos humanos. Nas imagens vemos a família de turistas a tirar fotos aos leões durante o safari, até que um espécime aproxima-se e abre uma porta do veículo com os dentes. Felizmente para os turistas, um elemento da família com reflexos rápidos e sangue frio imediatamente agarrou a porta e tornou a fechála, trancando-a de seguida. «Meu Deus, não sabia que eles conseguiam fazer isso», ouve-se uma mulher exclamar. DD DD Bisonte lança investida contra SUV parado Misteriosa luz branca nos céus da Rússia intriga população Ainda ninguém conseguiu encontrar uma explicação definitiva para o fenómeno misterioso que iluminou o céu à noite no Sul da Rússia, na passada Terça-feira. Captado pela câmara instalada no tabliê de uma viatura, o vídeo mostra o momento em que a escuridão da noite deu lugar a um clarão de luz branca, nas primeiras horas do dia 17, perto da cidade de Stavropol. As imagens tornaram-se virais online, com as opiniões dos comentadores a dividirem-se: uns acreditam que se tratou de um relâmpago, outros falam de exercícios militares secretos do governo russo, e também há quem creia que se tratou de um «sinal de Deus» ou da presença de entidades extraterrestres. Um cibernauta falou da possibilidade de ter sido um exercício do Kremlin a testar um dispositivo de impulso electromagnético (EMP), um aparelho capaz de queimar todos os sistemas eléctricos no seu raio de influência. Muitos residentes relataram que as luzes das suas casas piscaram durante o fenómeno. Entretanto, os meteorologistas afastaram a hipótese de um fenómeno atmosférico, enquanto os engenheiros disseram que não houve problemas com o abastecimento de luz da cidade, segundo a imprensa internacional. DD Gato mostra como se anda de skate Nigeriana pede divórcio devido ao tamanho do pénis do marido Já imaginou a sensação de ver um bisonte a correr em máxima velocidade para o derrubar? Tom Carter filmou um bisonte a correr em «sprint» contra a viatura em que seguia, no Yellowstone National Park, EUA. Carter e a amiga Suzie Hollingsworth estavam a fotografar bisontes no Lamar Valley, em Fevereiro, dentro do seu Nissan Xterra. Após a «colisão», o bisonte escapou sem ferimentos e continuou o seu caminho, mas a viatura ficou com danos avaliados em mais de 2.500 euros. «Havia uma fila de carros atrás dos bisontes. As regras do parque estipulam que não se pode incomodar a vida selvagem, e realmente, o que os condutores deviam ter feito depois de deixarem os animais agitados, era dar-lhes espaço. Mas não foi o que fizeram», disse ao USA Today. O fotógrafo amador publicou depois de um vídeo a exibir os danos no carro da amiga. DD Painel luminoso de boas-vindas confunde turistas em Miami Na eterna discussão entre donos de cães e donos de gatos, os primeiros costumam gabar-se dos truques que os seus companheiros caninos fazem, mas este felino «dá cartas» no skate como ninguém. Um dos gatos mais famosos da Internet, Didga torna a protagonizar um vídeo a mostrar os seus truques sobre rodas. O gato é treinado pelo perito em comportamento animal Robert Dollwet. O vídeo foi utilizado como meio promocional da empresa de câmaras GoPro, que publicou no seu canal de Youtube a 2 de Março. Os turistas de visita a Miami, nos EUA, foram recebidos com uma mensagem confusa exibida num painel que serve para dar as boas-vindas aos viajantes. O painel luminoso colocado junto à Julia Tuttle Causeway dizia «Boas-vindas viajante! Proibido», segundo as informações da AP. Na realidade, tratou-se de uma avaria, já que o painel deveria dizer «Boas-vindas viajante! Proibido na praia: vidros, metais, álcool e Styrofoam». As autoridades locais emitiram um pedido de desculpa pelo erro e o painel foi removido para ser reparado. Nannette Rodriguez, porta-voz do poder local, disse ao Miami Herald que a cidade «certamente» dá as boas-vindas aos viajantes, e pediu desculpa a todos os que se sentiram ofendidos. DD DD Aisha Dannupawa casou-se há dias com Ali Maizinari mas o casamento durou pouco tempo, tudo devido ao tamanho do pénis do marido, grande demais segundo a mulher, que pediu o divórcio. Segundo o New York Post, Dannupawa voltou traumatizada da lua-de-mel. «O sexo tornou-se um pesadelo ao invés de ser proveitoso. Foi horrível, o pénis dele é muito grande», afirmou à justiça. O diário norte-americano escreve ainda que a mãe ofereceulhe alguns medicamentos e disse que, com o tempo, ela «acostumaria» com o sexo. «Mas, na segunda vez, percebi que era muito para suportar.» Sem desmentir a justificação, Maizinari aceitou o pedido do divórcio, desde que recebesse o dinheiro gasto na cerimónia de casamento. DD Polícia manda parar condutor e encontra erva em frasco que diz «não é erva» A polícia do Nebraska, nos EUA, encontrou marijuana num frasco ao parar um condutor por suspeita de condução sob embriaguez. Segundo as autoridades, a droga estava num recipiente que dizia «não é erva». De acordo com o relatório do gabinete do xerife de Lancaster County, um agente parou Jason Meier, de 21 anos, por uma violação do código do trânsito, e o homem foi detido por condução sob efeito do álcool. Ao vasculharem a viatura, as autoridades encontraram um recipiente de plástico com uma etiqueta a dizer «não é erva» (not weed), debaixo do assento do passageiro. O recipiente continha 11,4 gramas de marijuana, de acordo com a polícia. Meier admitiu que a erva era sua e está acusado de posse de droga. «Não sei... pensei que fosse engraçado», disse Meier ao Smoking Gun. «Nunca pensei que fosse confiscada», comentou. DD Ficha Técnica Atlântico Expresso Jornal Semanário Registo N.º 111846 Tiragem desta edição - 6 650 exemplares Editor - Gráfica Açoreana, Lda. Rua Dr. João Francisco de Sousa n.º 14 - Ponta Delgada Director: Américo Natalino Viveiros. Director Adjunto: Santos Narciso. Sudirector: João Paz Chefe de Redacção: Ana Coelho. Redacção: Nélia Câmara, Marco Sousa, Carla Dias, Bárbara Almeida; Fotografia: Pedro Monteiro; Marketing: César Botelho, Pedro Raposo. Paginação, Composição e Montagem - João Carlos Sousa, Flávio Cordeiro e Luís Filipe Craveiro; Revisão: Olivéria Santos; Economia: Eugénio Rosa; Colaboradores: Ricardo Cunha Teixeira, Reinaldo Arruda, Teixeira Dias, Cláudio Lopes, João Luís de Medeiros, Aníbal Fernandes, João Carlos Tavares, Diniz Borges, Manuel Calado, Manuel Estrela, Manuel M. Esteves, José Händel Oliveira, Natividade e Carlos Ledo, Orlando Fernandes, Rogério Oliveira. Desporto - José Pinho Valente, João de Brito Zeferino, João Patrício. Impressão: Gráfica Açoreana, Lda. - Rua João Francisco de Sousa n.º 14 - Ponta Delgada Telefones: Adminstração - 296 709886; Redacção - 296 709883 Fax: 296286119 Propriedade - Gráfica Açoreana, Lda. - Contribuinte n.º 512005915 Número de Registo 200915 - Conselho de Gerência - Américo Natalino de Viveiros, Paulo Hugo Falcão Pereira de Viveiros e Dinis Ponte. Capital Social: 323.669,97 Euros - Sócios com mais de 10% do capital da empresa - Américo Natalino de Viveiros, Marques SGPS, Octaviano Geraldo Cabral Mota e Paulo Hugo Viveiros. E-mail:[email protected] Governo dos Açores Esta publicação tem o apoio do PROMEDIA - Programa Regional de Apoio à Comunicação Social Privada PUBLICIDADE Atlântico Expresso Ú L T I M A P Á G I N A Segunda-feira, 27 de Abril de 2015 Rui Machete espera que John Kerry tenha uma intervenção positiva no processo Bilateral discute Lajes a 16 de Junho O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, avançou com uma data para a próxima reunião da Comissão Bilateral Permanente entre Portugal e os Estados Unidos da América (EUA). O encontro acontece a 16 de Junho em Washington e servirá para discutir o futuro da Base das Lajes. O anúncio foi feito à margem de uma reunião, também na capital norte-americana, entre Rui Machete e John Kerry, chefe da diplomacia dos EUA. O Ministro português disse esperar uma intervenção positiva de John Kerry na discussão sobre a redução da presença norte-americana na infra-estrutura militar da Terceira. “Kerry tem uma informação de carácter geral. Um Secretário de Estado norte-americano tem, diremos, o mundo como área operacional de actividade. É normal que não conheça todos os pormenores, mas foi suficientemente sensibilizado para esperarmos que tenha uma intervenção positiva nesse sentido”, sublinhou Rui Machete, adiantando que no final da reunião do dia 16 de Junho será possível “dizer quão eficaz terá sido a intervenção do senhor Secretário de Estado”. O responsável, ainda assim, não avançou os argumentos que Portugal está a utilizar e que propostas estão sobre a mesa no que diz respeito à Base das Lajes. “Numa negociação não devemos antecipar os argumentos que vamos utilizar. Não me parece a solução mais vantajosa para a defesa dos nossos interesses”, referiu. O pano de fundo da reunião de Rui Machete com John Kerry foi a ida do embaixador dos Estados Unidos em Lisboa ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para falar sobre a intenção norte-americana de dar início ao processo de redução de postos de trabalho nas Lajes. Segundo o Ministério, na reunião com o embaixador norte-americano foi transmitida a posição do Governo português de que o processo iniciado com a notificação, que foi precedida de um inquérito geral a todos os trabalhadores sobre um eventual interesse na cessação de contratos por mútuo acordo, “não deverá prosseguir em termos efectivos até à reunião extraordinária da Comissão Bilateral Permanente que se realizará em Washington”. Treinar iraquianos Na reunião de ontem em Washington, John Kerry aproveitou para agradeceu o envolvimento de Portugal no combate ao Estado Islâmico. O Secretário de Estado norteamericano, aliás, frisou a importância da missão portuguesa. “Estamos gratos pelo vosso apoio e esfor- ços no Iraque. Estamos particularmente gratos pelos esforços de Portugal no âmbito da responsabilidade global e agora, ultimamente, no âmbito da coligação contra o Estado Islâmico e no empenho contra o terrorismo”, disse. A participação militar de Portugal no Iraque, aliás, foi um dos tópicos mais importantes do encontro entre os dois responsáveis diplomáticos. “Como decorreu de uma declaração do Conselho Superior de Defesa Nacional, o exército português, as Forças Armadas portuguesas vão facilitar a preparação - o termo técnico é capacitação - de forças armadas iraquianas perto de Bagdad. Esse é um esforço muito concreto de auxílio à formação do exército iraquiano”, precisou o governante. Durante a visita que realiza a Washington, e que termina hoje, Rui Machete tem ainda previstos encontros com membros do grupo que defende os interesses de Portugal na Câmara dos Representantes dos EUA, com o presidente da comissão de Forças Armadas do Senado, o republicano John McCain, com o presidente da subcomissão parlamentar para a Europa da comissão de Negócios Estrangeiros do Senado, o republicano Ron Johnson e com o senador democrata do Massachusetts Edward Markey. AE/DI Assinala-se a data já amanhã Canto da Maia assinala Dia Mundial do Sorriso com três sessões de terapia dinamizadas por Délia Oliveira No âmbito do Dia Mundial do Sorriso, comemorado amanhã, 28 de Abril, a disciplina de Desenvolvimento Pessoal e Social (DPS) da Escola Básica Integrada Canto da Maia, está a organizar, para o próximo dia 29 de Abril, Quarta-feira, um conjunto de três sessões de Terapia do Riso, que serão dinamizadas pela terapeuta do riso Délia Oliveira, nos seguintes horários: das 10h20 às 11h05, contemplando as turmas 5.º 2 e 5.º 9, das 11h10 às 11h55, contemplando as turmas 6.º 6 e 6.º 10 e das 12h50 às 13h35, contemplando as turmas 5.º 11 e 5.º 12. Estas actividades terão lugar na biblioteca da escola. Natural de São Roque e com 59 anos, Délia Oliveira numa entrevista ao jornal Diário dos Açores em 2014 refere que se considera uma pessoa optimista e de riso fácil. Por ter uma personalidade contagiante, lecciona há já três anos aulas de terapia do riso, tendo já ajudado centenas pessoas a ultrapassarem depressões. Com mais de 320 sessões dadas, Délia Oliveira conta que São Miguel aderiu a esta iniciativa de uma forma invulgar e, por isso, “se houvesse o guiness do riso”, era esta ilha açoriana que ganhava, pois “nunca ninguém fez tanta sessão, em tão pouco tempo”, referiu Délia Oliveira. A terapia do riso (ou yoga do riso) começou na Índia, em 1995, pelo Dr. Katarian – um médico de clínica geral que ao tratar dos seus doentes apercebia-se que faltava algo. Era a alegria! Reuniu, então, cinco pessoas e foi para um pátio dizer coisas para rirem, como anedotas e piadas. Mais tarde, ele quis aprofundar o estudo sobre o riso e, depois de muita pesquisa, descobriu que para rirmos não precisamos de anedotas, filmes cómicos ou piadas. Podemos rir de tudo e de nada. Esta prática já é feita em 70 países espalhados pelo mundo, incluindo Portugal. “Dou aulas de terapia do riso desde Julho de 2012, na Junta de Freguesia de São José, ao público em geral. As aulas são feitas por donativo, sem mensalidades obrigatórias. Também vou a lares de idosos, creches, jar- Foto: DR dins de infância, escolas primárias, preparatórias, escolas profissionais e universidade senior de Ponta Delgada. Já fiz esta terapia a médicos, pessoal de enfermagem, a doentes com deficiência mental profunda, a deficientes com Trissomia 21, a surdos, a toxicodependentes em re- cuperação numa instituição e em centros de dia. Já estive em Elvas, Madeira, na ilha Graciosa e em Santa Maria. Estive também duas vezes no Wake IN Festival ao lado de grandes personalidades do yoga. Ana Coelho