- CPGG-UFBA - Universidade Federal da Bahia
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOFÍSICA GEO213 – TRABALHO DE GRADUAÇÃO CARACTERIZAÇÃO E MODELAGEM DE ANÁLOGOS DE RESERVATÓRIO, EMPREGANDO O GPR ODIRLEI NEUMANN SALVADOR – BAHIA MAIO – 2004 Caracterização e Modelagem de Análogos de Reservatório Empregando o GPR por Odirlei Neumann GEO213 – TRABALHO DE GRADUAÇÃO Departamento de Geologia e Geofı́sica Aplicada do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia Comissão Examinadora Dr. Marco Antonio Barsottelli Botelho - Orientador Dr. Reynam da Cruz Pestana Mc. Wagner França Aquino Data da aprovação: 14/05/2004 “É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar ainda em vão, que sentar-se fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder. Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade, viver.” Martin Luther King. Dedico este trabalho à Carolina Torres Menezes, pelo amor e companheirismo, sem os quais não teria chegado até aqui. RESUMO Neste trabalho empregamos o método geofı́sico eletromagnético designado por Radar de Penetração no Solo ou GPR (Ground Penetrating Radar) para investigar as estruturas internas de um afloramento de arenito pertencente à Formação Água Grande. O arenito exposto no citado afloramento é uma das rochas reservatório de hidrocarbonetos da Bacia do Recôncavo, constituindo assim um chamado análogo de reservatório. Na aquisição dos dados registrados sobre o afloramento usou-se antenas de 200 M Hz com uma configuração de afastamento constante. O levantamento de uma série de 20 perfı́s sendo 12 paralelos entre sı́ e os outros ortogonais a estes, nos permitem construir um modelo 3-D da distribuição das fraturas e falhas deste corpo arenı́tico, o que poderá ser usado em estudos posteriores sobre a permeabilidade da citada rocha. O tratamento dos dados reais consistiu nas aplicações de filtros de freqüência cortabaixa, passa-banda, ganhos AGC, definição do tempo zero, filtros de coerência e migração. Usamos um algoritmo de modelagem numérica empregando a aproximação 2-D da equação eletromagnética da onda, onde suas derivadas no tempo são resolvidas por diferenças finitas e as derivadas espaciais por Transformadas de Fourier, para gerar 11 famı́lias de tiro comum ou famı́lias WARR, as quais sofreram o processamento CDP para gerar uma seção empilhada. Considerando a similaridade em termos de significado fı́sico e geométrico dos refletores, entre uma seção de afastamento constante registradas com antenas de alta freqüência (200 M Hz) e uma seção de afastamento nulo, ou melhor, uma seção empilhada, podemos validar o modelo 2-D das fraturas sigmoidais interpretado, com base na coincidência da seção real que gerou o modelo e a seção sintética empilhada. Ainda empregamos este mesmo algoritmo sobre um segundo modelo, o qual, representa uma rocha resistiva (0,01 mS/m), sobreposta por um material condutivo (10 mS/m). O que em termos geológicos pode representar um folhelho sobre um arenito, ou mesmo uma rocha granı́ticas com cobertura de solos intemperizados, os quais são fortes atenuadores do sinal eletromagnético. Neste experimento conseguimos recuperar refletores oriundos do modelo inicial, após o processamento CDP. Observamos também que estes solos condutivos podem invibializar estudos em camadas subjacentes à estes, a depender da condutividade e da espessura do pacote absorcivo, pois observamos que as amplitudes dos refletores subjacentes ao pacote condutivo (10 mS/m) se atenuam sensivelmente quando a espessura do pacote atinge 4 metros. Realizamos ainda um estudo sobre o imageamento ou determinação do modelo geológico iii de fraturas sigmoidais, interpretado a partir dos radargramas reais, onde aplicamos a migração Stolt/Dubrulle nas seções sintéticas empilhadas com uma velocidade constante de 0,13 m/ns; e uma migração do tipo Kirchhoff nas familias WARR com um campo de velocidades variável de 0,09 à 0,13 m/ns. Ambos procedimentos recuperaram corretamente a geometria do modelo inicial. iv ABSTRACT We use the geophysical electromagnetic method called for Ground Penetrating Radar, or GPR, to investigate the internal structures of a sandstone outcrop, named Água Grande Formation. The sandstone of this outcrop is one hydrocarbon reservoir rock of the Recôncavo Basin, thus constituting an analog of reservoirs. The data acquisition registered on the outcrop was carried using antennas of 200 MHz configuration of constant offset. The survey of one sequence of 20 lines, being 12 parallels between themselves and the eight others perpendicular to these, allowed us to construct a 3-D model of the distribution of the fractures, layering, fault and facies of this sand body, which can be used in posterior studies on the permeability of the cited rock. The treatment of the real data consisted of application of frequency filters of low-cut and band-pass, AGC gain, definition of time zero, coherence filters and migration. An interpreted model from the migrated radargrams was built, which shows sigmoid structures and fractures. In order to test this model, we perform a forward numerical modeling using a 2-D approximation algorithm of electromagnetic wave equation, where its derivatives in the time are solved by finite difference method and the space derivatives solved by Fourier transforms. Thus, we generate 11 common shot gathers or WARR families, which provided a stacked section after the CDP processing. Considering the similarity in terms of physical meaning and geometry of the reflectors, among constant offset sections registered with high frequency antennas (200 MHz) and zero-offset section, or better, stacked section, we can validate the 2-D model of the sigmoid reflectors interpreted, on the basis of the coincidence of real section from which was generated the model and the synthetic stacked section. We also use this exact algorithm to model, a geological situation where a resistive rock (0.01 mS/m) is overlapped by a conductive material (10 mS/m). In geological terms, it can be represented by a shale layer over a sandstone layer, or a granite rock under intemperism layer. In both situations there is a strong attenuation of the electromagnetic signal. In this experiment we rebuild the geometry of reflectors after the CDP processing. We can see that a conductive ground can not allow GPR studies in underlying layers. These studies depend on the conductivity and on the thickness of the absorbing package over the layers. In our second modeling we can observe the significant amplitude attenuation of the reflectors underlying the conductive package (10 mS/m) when the thickness of the package reaches 4 meters. We also carried a study on the imaging of the geological model of sigmoid structures, v interpreted from real sections, where we applies Stolt/Dubrulle migration in the stacked sections with constant speed of 0.13 m/ns; and also Kirchhoff pre-stack migration in WARR families with the velocity varying from 0.09 to 0.13 m/ns. Both procedures had correctly recovered the geometry of the initial model. vi ÍNDICE RESUMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iii ABSTRACT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v ÍNDICE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vii ÍNDICE DE TABELAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix ÍNDICE DE FIGURAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . x INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 CAPÍTULO 1 Princı́pios e teoria do método GPR . 1.1 O equipamento e seus princı́pios de operação . . . . . . 1.2 Propagação de ondas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.1 Teoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.2 Parâmetros de propagação das ondas de radio . 1.2.3 Perda e atenuação da energia . . . . . . . . . . 1.2.4 Resolução horizontal e vertical . . . . . . . . . . 1.2.5 Profundidade de penetração do GPR . . . . . . 1.3 Propriedades dielétricas das rochas . . . . . . . . . . . 1.4 Aquisicão de Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.4.1 Planejamento da Aquisição . . . . . . . . . . . . 1.4.2 Modos de aquisição de dados . . . . . . . . . . 1.5 Parâmetros de aquisição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 5 8 8 9 11 20 22 22 30 30 30 32 CAPÍTULO 2 Processamento dos Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.1 Prodedimento para a aquisição de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2 Em sondagens de reflexão e refração de grande abertura angular-WARR . . . 2.3 Processamento dos Dados de Radar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3.1 Ajuste dos Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3.2 Aplicação de Ganhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3.3 Aplicação de Filtros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3.4 Deconvolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3.5 Migração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.4 Migração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 35 35 36 37 38 39 42 43 44 vii . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.5 2.4.1 Migração pós-empilhamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.4.2 Migração pré-empilhamento de seções de afastamento constante 2.4.3 Migração pré-empilhamento do tipo Kirchhoff . . . . . . . . . . Técnicas de Interpretação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.5.1 Interpretação gráfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.5.2 Análise quantitativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . CAPÍTULO 3 Geologia da Área . . . . . . . . . . . 3.1 Sistema petrolı́fero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2 Formação Água Grande . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2.1 Descrição do afloramento . . . . . . . . . . . . 3.3 Caracterização do afloramento com o GPR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 46 50 50 50 51 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 53 54 54 60 CAPÍTULO 4 Modelagem eletromagnética . . . . . 4.1 Equações de Maxwell em meios dispersivos . . . . . . . 4.2 Solução numérica da equação da onda eletromagnética 4.2.1 Função fonte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.2.2 Fronteiras absorcivas . . . . . . . . . . . . . . . 4.3 Modelo 2-D de um reservatório de hidrocarboneto . . . 4.4 Modelo de rochas com intemperismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 72 75 76 76 77 99 CAPÍTULO 5 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 APÊNDICE A Dados reais levantados sobre a Fm. Água Grande . . . . 114 A.1 Afloramento da Fm. Água Grande . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120 viii ÍNDICE DE TABELAS 1 1.1 1.2 Tabela contendo as principais aplicações do GPR nas diversas áreas do conhecimento (traduzida de (Reynolds, 1997)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . Propriedades elétricas de alguns materiais geológicos a 100 M Hz (Davis e Annan, 1989) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Constantes dielétricas relativas e velocidades das ondas para alguns materiais geológicos e artificiais (Reynolds, 1997). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix 2 12 26 ÍNDICE DE FIGURAS 1.1 1.2 Constituintes Básicos do Sistema GPR (Reynolds, 1997). . . . . . . . . . . . Equipamento de GPR da GSSI em funcionamento no campo, em laranja podemos ver as antenas (receptora e transmissora), também podemos ver junto as antenas o odômetro e a CPU posicionada sobre os braços . . . . . . . . . 1.3 Relação entre velocidades e freqüências para diferentes condutividades (Davis e Annan, 1989) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.4 Relação entre atenuação e freqüências a diferentes condutividades. (Davis e Annan, 1989) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.5 Processos que levam a perda do sinal eletromagnético. (Reynolds, 1997) . . . 1.6 Variação da profundidade de pele (m) (δ) em função da resistividade (ohm.m) para ²r = 8 e 40 (McCann, Jackson e Fenning, 1988). . . . . . . . . . . . . . 1.7 Condições nas quais o fator de perda (tan D) <<1 (Reynolds, 1997). . . . . 1.8 Bloco diagrama ilustrando a energia irradiada e de retorno no sistema GPR (Annan e Davis, 1977). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.9 Distâncias proibitivas em função da freqüência para diferentes materiais (Cook, 1975) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.10 Velocidades das ondas de radio em função da constante elétrica relativa (Reynolds, 1997). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.11 Velocidades da onda eletromagnética em função da porosidade para materiais granulares saturados com ar e água (Reynolds, 1997). . . . . . . . . . . . . . 1.12 Diferentes tipos de geometria de aquisição: a) afastamento constante, b) CMP, c) WARR, d) transiluminação/tomografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 Radargrama bruto onde somente se destaca os eventos rasos . . . . . . . . . Radargrama após o ajuste do tempo zero e um corte no tempo (mute off) a partir de 100 ns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Radargrama após a aplicação de um ganho do tipo AGC de 20 ns . . . . . . Radargrama antes do filtragem corta-baixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Radargrama após a aplicação do filtro corta-baixa em 100 M Hz . . . . . . . Radargrama antes da filtragem passa-banda do tipo Butterworth . . . . . . . Radargrama após a utilização do filtro temporal Butterworth com freqüências de corte 80 e 220 MHz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Radargrama antes da filtragem espacial, observe os eventos horizontais predominando nos tempos entre 0 e 150 ns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . x 6 7 11 12 13 15 16 18 23 25 28 34 38 39 39 40 40 41 42 42 2.9 Radargrama após a aplicação de um filtro espacial do tipo passa-alta (FK com 0,8 m/ns de rejeito), observe a eliminação dos citados eventos horizontais da seção anterior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.10 Radargrama antes da migração, observe que existem muitas difrações no dado, principalmente no cantato areia/embasamento que está localizado aproximadamente em 220 ns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.11 Radargrama após a migração Stolt com velocidade constante de 0,1 m/ns, os parâmetros utilizados foram: dt=0,1 ns, ns=512, dx=0,1m, freqüências de migração entre 40 e 400 M Hz, nt=639 e passo da migração de 0,05m . . . . 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 3.9 3.10 3.11 3.12 3.13 3.14 3.15 3.16 3.17 Coluna Estratigráfica da Bacia do Recôncavo . . . . . . . . . . . . . . . . . . Seção Geológica da Bacia do Recôncavo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Foto da área frontal do afloramento, detalhando as suas feições estratigráficas, principalmente sigmoidais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Foto da área frontal do afloramento, detalhando as suas feições estratigráficas, principalmente sigmoidais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Foto da área frontal do afloramento, detalhando as suas feições estratigráficas, principalmente os fraturamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Foto da área frontal do afloramento numa visão geral . . . . . . . . . . . . . Foto da área onde foi realizado o levantamento em forma de malha . . . . . Esquema demonstrando a geometria de aquisição dos dados . . . . . . . . . . Radargrama r407 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,3mm, nt=512, dt=0,35ns e 2455 traços . . . . . . . . . . . . Radargrama r408 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=6,5mm, nt=512, dt=0,35ns e 1754 traços . . . . . . . . . . . . Radargrama r410 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=5,6mm, nt=512, dt=0,35ns e 1686 traços . . . . . . . . . . . . Radargrama r412 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,1mm, nt=512, dt=0,35ns e 1745 traços . . . . . . . . . . . . Radargrama r413 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1775 traços . . . . . . . . . . . . Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1715 traços . . . . . . . . . . . . . . Radargrama r418 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1541 traços . . . . . . . . . . . . Radargrama r420 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1528 traços . . . . . . . . . . . . Radargrama r421 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1459 traços . . . . . . . . . . . . xi 43 48 49 55 56 57 57 58 58 59 61 61 62 62 63 64 64 65 65 66 3.18 Radargrama r422 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1461 traços . . . . . . . . . . . . 3.19 Radargrama r425 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=16,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 2993 traços . . . . . . . . . . . 3.20 Radargrama r426 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=13,7mm, nt=512, dt=0,35ns e 3150 traços . . . . . . . . . . . 3.21 Radargrama r410, mostrado na figura 3.11 interpretado para ressaltar os principais refletores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.22 Radargrama r416, mostrado na figura 3.14 o qual está interpretado com linhas grossas sobre os refletores de maior amplitude e linhas mais finas sobre os demais refletores, também podemos ver em amarelo na parte superior as ondas diretas e abaixo os planos de falhamento, o da esquerda sem rejeito e o da direita com rejeito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.23 Radargrama r421, mostrado na figura 3.17 interpretado usando os mesmos critérios descritos na figura anterior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.24 Visão tridimensional dos radargramas obtida a partir dos radargramas r421 e r410, adquiridos perpendicularmente um ao outro. . . . . . . . . . . . . . . . 3.25 Modelo 3-D estabelecido para o afloramento da Fm. Água Grande, o qual foi gerado a partir dos radargramas reais interpretados . . . . . . . . . . . . . . Ilustração do conceito de fonte composta. O espaçamentos da malha são chamados de dx e dz e as intensidades da fontes elétricas são Ix e Iz e Im é a intensidade magnética da fonte para cada ponto da malha (Carcione, 1998). 4.2 Gráfico mostrando a assinatura da fonte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.3 Gráfico mostrando a borda de absorção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.4 Modelo representando sigmóides . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.5 Tiro localizado na posição 14 metros interpretado . . . . . . . . . . . . . . . 4.6 Tiro localizado na posição 8 metros (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.7 Tiro localizado na posição 14 metros (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.8 Tiro localizado na posição 23 metros (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.9 Tiro localizado na posição 29 metros (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.10 Tiro localizado na posição 5 metros (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.11 Tiro localizado na posição 5 metros (Hz), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 67 67 68 68 69 70 71 4.1 xii 75 76 77 78 79 80 80 81 81 82 82 4.12 Tiro localizado na posição 5 metros (Ey), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 4.13 Instantâneo em 50 ns (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 4.14 Instantâneo em 100 ns (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 4.15 Instantâneo em 150 ns (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 4.16 Instantâneo em 200 ns (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 4.17 Conjunto com 11 tiros (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280, primeiro tiro=2m, distância entre tiros=3m e distância entre receptores=10cm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 4.18 Seção empilhada (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 4.19 Seção empilhada (Hz), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 4.20 Seção empilhada (Ey), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 4.21 Seção empilhada (Hx, Hz), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 4.22 Análise de velocidade de uma familia CDP localizada no centro do modelo (14 m) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 4.23 Análise de velocidade de uma familia CDP localizada na parte final do modelo (32 m) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 4.24 Seção migrada (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços. Migrada com Stolt usando velocidade única de 0,13 m/ns . . . . . . . 95 4.25 Seção migrada (Hx, Hz), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços. Migrada com Stolt usando velocidade única de 0,13 m/ns . . . 96 4.26 Tiro na posição 14 metros migrado (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços. Usando migração Kirchhoff pré-empilhamento 97 4.27 Tiro na posição 29 metros migrado (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços. Usando migração Kirchhoff pré-empilhamento 97 4.28 Seção migrada (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços. Usando migração Kirchhoff pré-empilhamento . . . . . . . . . . . . . 98 4.29 Modelo representando granitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 4.30 Tiro localizado na posição 17 metros interpretado . . . . . . . . . . . . . . . 101 4.31 Tiro localizado na posição 8 metros (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 xiii 4.32 Tiro localizado na posição 17 metros (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.33 Tiro localizado na posição 20 metros (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.34 Tiro localizado na posição 29 metros (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.35 Tiro localizado na posição 11 metros (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.36 Tiro localizado na posição 11 metros (Hz), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.37 Tiro localizado na posição 11 metros (Ey), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.38 Instantâneo em 50 ns (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.39 Instantâneo em 100 ns (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.40 Instantâneo em 150 ns (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.41 Instantâneo em 200 ns (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.42 Conjunto com 12 tiros (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280, Posição inicial da fonte = 2m, Espaçamento entre tiros = 3m e distância entre receptores=10cm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.43 Seção empilhada (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.44 Seção migrada (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços. Migrada Stolt usando velocidade única de 0,13 m/ns . . . . . . . . . A.1 Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,5mm, nt=512, dt=0,39ns e 2405 traços (rad406) . . . . . . . . . A.2 Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,1mm, nt=512, dt=0,35ns e 1599 traços . . . . . . . . . . . . . . A.3 Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=5,9mm, nt=512, dt=0,35ns e 1612 traços . . . . . . . . . . . . . . A.4 Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1832 traços . . . . . . . . . . . . . . A.5 Radargrama rad415 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1549 traços . . . . . . . . . . A.6 Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1619 traços . . . . . . . . . . . . . . xiv 102 102 103 103 104 104 105 105 106 106 108 109 110 114 115 115 116 116 117 A.7 Radargrama r419 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1730 traços . . . . . . . . . . . . A.8 Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=16,7mm, nt=512, dt=0,35ns e 1375 traços . . . . . . . . . . . . . . A.9 Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=15,5mm, nt=512, dt=0,35ns e 1866 traços . . . . . . . . . . . . . . A.10 Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=16,0mm, nt=512, dt=0,39ns e 2506 traços . . . . . . . . . . . . . . A.11 Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=16,0mm, nt=512, dt=0,39ns e 1803 traços . . . . . . . . . . . . . . xv 117 118 118 119 119 INTRODUÇÃO Desde a década de oitenta, o radar de penetração no solo (GPR) ficou enormemente popular, particularmente dentro da engenharia e da comunidade arqueológica. Entretanto, o GPR tem sido usado em aplicações geológicas desde os anos sessenta, especialmente com relação ao desenvolvimento de sondagens de ressonância nas calotas de gelo polar. As aplicações do radar na glaciologia estão hoje muito bem desenvolvidas. Apesar do grande interesse nas aplicabilidades do método e da experiência dos profissionais, particularmente a comunidade de engenharia, no conhecimento sobre o processamento estes não acompanharam os avanços tecnológicos e computacionais. Existe uma enorme gama de aplicações para o GPR, algumas delas veremos nos parágrafos a seguintes. As aplicações do GPR podem ser agrupadas em duas linhas de pesquisa, as quais se diferenciam com base nas freqüências principais das antenas empregadas. A primeira, nas aplicações geológicas, onde a profundidade de penetração tende a ser mais importante que uma resolução muito boa, são usadas antenas com freqüências menores ou iguais a 500 M Hz; a segunda, são nas aplicações da engenharia ou em testes não destrutivos, onde são usadas antenas com freqüências a partir de 500MHz, tipicamente 900 M Hz ou 1 GHz. Uma lista das aplicações do GPR é vista na Tabela à seguir. O primeiro uso dos sinais eletromagnéticos (EM) para localizar objetos enterrados é atribuı́dos a Hulsmeyer em uma patente alemã de 1904, mas a primeira descrição publicada de tais investigações é dada por (Leimbach e Lowy, 1910), também em patentes alemãs. Os sistemas usados nestas investigações empregaram transmissão de ondas contı́nuas. (Hulsenbeck, 1926) desenvolveu o primeiro uso do radar com pulsos para investigar a natureza de feições em subsuperfı́cie. Foram desenvolvidas várias técnicas que empregam pulsos eletromagnéticos nas cinco décadas seguintes. Seu uso civil começou cedo em sondagens de ressonância em calotas de gelo polar (Cook, 1960); (Evans, 1965); (Swithinbank, 1968). O primeiro uso do radar de impulso para propósitos glaciológicos foi nos anos setenta (Watts, England, Vickers e Meier, 1975). Houve uma larga aceitação do método de GPR em certas áreas da engenharia civil, como na análise de pavimentos e na descoberta de túneis e tubulações. Também houve uma expansão do método nas aplicações geológicas, particularmente na determinação da taxa de sedimentação em depósitos superficiais, localização de furos de swallow, etc. Em estudos arqueológicos o GPR também foi muito usado para identificar potenciais áreas de escavações. 1 2 Tabela 1: Tabela contendo as principais aplicações do GPR nas diversas áreas do conhecimento (traduzida de (Reynolds, 1997)) Geologia/Geofı́sica Detecção de fissuras e cavidades naturais Mapeamento de subsidências Mapeamento da geometria de arcabouços arenosos Mapeamento de depósitos superficiais Mapeamento da estratigrafia dos solos Investigações geológicas glaciais Exploração Mineral e avaliação de recursos Mapeamento da espessura de camadas Investigação de Permafrost Localização de cunhas de gelo Mapeamento de fraturas em rochas de sal Localização de falhas, diques, intrusões, etc. Mapeamento de estruturas geológicas Mapeamento da camada de sedimentos em lagos Ambiental Mapeamento de plumas de contaminação Mapeamento e monitoração de contaminantes no lençol freático Investigações em aterros sanitários e lixões Localização de tanques de combustı́vel enterrados Localização de dutos de gás, água e luz Investigações hidrogeológicas Glaciologia Determinação da espessura das camadas de gelo Determinação da estrutura interna das geleiras Estudo da movimentação das geleiras Localização das zonas condutoras de água dentro das geleiras Determinação do tipo de gelo (marinho ou lacustre) Determinação do balanço de massa sub-glacial Mapeamento da estratigrafia Engenharia e Construção Análise de asfaltos Localização de vazios Localização de vigas Localização de dutos e cabos Testes não destrutivos em materiais Teste da qualidade de concretos Arqueologia Localização de estruturas enterradas Localização da infra estrutura das antigas civilizações Mapeamento pré-escavação Detecção de criptas e tumbas Forense Localização de corpos e materiais enterrados Muitos usos do GPR foram descritos na literatura. Estes incluem a determinação da densidades do permafrost (Annan e Davis, 1976); a descoberta de fraturas em rochas de sal (Thierbach, 1974); investigações arqueológicas (Bevan e Kenyon, 1975). Exemplos na engenharia civil e de outras aplicações geológicas foram descritos por (Darracott e Lake, 1981), (Leggo, 1982), (Ulriksen, 1982), (Leggo e Leech, 1983), (Davis e Annan, 1989), (Moorman, Judge e Smith, 1991), (Doolittle, 1993), e (P., Meier e Pugin, 1994), entre outros. 3 Sistemas de radar inter-poços para uso em rochas cristalinas foram descritos por (Nilsson, 1983), (Wright e Watts, 1982) e (Olsson, Falk, Forslund, Lundmark e Sandberg, 1990). O GPR também foi usado em investigações policiais para ajudar a localizar corpos enterrados, como em uma investigação de duplo assassinato em Jersey, Ilha do Canal, nos anos oitenta, numa horrı́vel procura pelos restos humanos em duas casas na cidade de Gloucester em 1994. Neste último, o GPR foi o instrumento que descobriu que os corpos de 10 mulheres assassinadas tinham sido escondidos dentro do concreto espesso nas paredes dos edifı́cios e localizou os restos de duas outras vı́timas, os quais estavam enterrados em um campo próximo. O GPR tal como conhecemos hoje foi desenvolvido pelo exército dos EUA durante a guerra do Vietnã. Foram construı́dos sistemas para localizar labirintos de túneis, os quais eram usados pelos vietnamitas. Ao término da guerra do Vietnã, o potencial do GPR para propósitos civis foi identificado pela Geophysical Survey Systems Inc (EUA), que ainda é o maior fabricante internacional do sistema de GPR, e este é o modelo SIR-2000 que utilizamos nesta pesquisa. Outros fabricantes também desenvolveram sistemas de GPR, como a Mala Ramac (Suécia); a PulseEKKO (Sensor & Software Ltd, Canadá) e uma gama de sistemas foi produzido pela ERA Technologies Ltd. (Reino Unido). Outras companhias estão desenvolvendo antenas para adicionar aos sistemas de radar existentes, como Radarteam AB (Suécia). A caracterização e a modelagem de depósitos sedimentares aflorantes para aplicação na predição de ocorrências de análogos de reservatórios em subsuperfı́cie é uma alternativa importante para a compreensão do modelo exploratório e do comportamento de reservatórios de hidrocarbonetos, pode-se verificar aplicações desses estudos em (Gawthorpe, Collier, Alexander e Leeder, 1993) entre outros. A partir do conhecimento integrado dos sistemas deposicionais na escala de afloramento, sua natureza, geometria e a compartimentalização desses análogos de reservatórios, é possivel desenvolver modelos preditivos em subsuperfı́cie, minimizando custos e otimizando a exploração de petróleo. Este trabalho visa pesquisar a estratigrafia fı́sica de depósitos sedimentares aflorantes como auxı́lio na predição da ocorrência e qualidade de reservatórios análogos em subsuperfı́cie. O estudo para detectar a presença de feições estratigraficas que possam afetar a permeabilidade das rochas reservatório de hidrocarbonetos na Bacia do Recôncavo, será feito usando o GPR, assim poderemos utilizar as estruturas internas detectadas nos radargramas para a composição do modelo 3-D descritivo do afloramento (Baker, 1991) e (Flint e Bryant, 1993) também descrevem essas aplicações na industria do petróleo). Entre estas rochas resevatórios estão os corpos arenı́ticos da Formação Água Grande. A partir dos dados de radar registrados com afastamento comum, e posteriormente processados (todos levantados sobre este afloramento), estabelecemos um modelo 3-D para a subsuperfı́cie do afloramento, trabalhos como o de (McMechan, Gaynor e Szerbiak, 1997) 4 e (Szerbiak, McMechan, Corbeanu, Forster e Snelgrove, 2001) são pioneiros na construção desses modelos 2-D e 3-D. Uma vez estabelecido o modelo geológico para o afloramento da Fm. Água Grande, este foi usado para simular numericamente radargramas com afastamento variavel, que por sua vez receberam todo processamento CMP para a geração das seções sintéticas a partir da modelagem eletromagnética. Com o intuito de testar o modelo interpretado a partir das seções reais, utilizamos para os dados sintéticos os recursos disponı́veis no processamento sı́smico clássico, como organização dos traços em famı́lias CMP, análise de velocidade, correções de NMO, filtragens e ganhos. Assim obtivemos radargramas coerentes com os radargramas reais de afastamento constante. Após utilizamos duas rotinas de migração em profundidade, as quais permitiram a obtenção de imagens em profundidade a partir dos radargramas sintéticos. CAPÍTULO 1 Princı́pios e teoria do método GPR 1.1 O equipamento e seus princı́pios de operação A técnica do radar penetrante no solo (GPR) é similar ao princı́pio da reflexão sı́smica e à técnica do sonar. O radar produz pequenos pulsos de energia eletromagnética de alta freqüência (10-100 M Hz) a qual é transmitida ao solo. A propagação do sinal de GPR depende das propriedades elétricas do solo sob altas freqüências, principalmente da condutividade elétrica e da permissividade dielétrica. Um sistema de GPR inclui um gerador de sinal e antenas receptora e transmissora, assim como um receptor que pode ou não ter disco rı́gido ou saı́da gráfica. Alguns sistemas avançados têm um computador conectado, o qual facilita o processamento dos dados enquanto se está adquirindo os dados no campo, e após o seu registro. Os constituintes básicos de um sistema de GPR são mostrados na Figura 1.1 e também na Figura 1.2 onde podemos ver uma foto do GPR funcionando em campo. No sistema de radar, a antena transmissora (Tx) gera um trem de onda, o qual se propaga afastando-se num feixe cônico. Estas ondas viajam com uma velocidade muito alta (300.000 km/s ou 0,3 m/ns no ar). O tempo de viagem destas ondas desde o momento de sua transmissão até o seu subseqüente retorno à antena receptora (Rx) é da ordem de algumas dezenas a milhares de nanosegundos (1ns= 10−9 segundos). Isto exige uma instrumentação muito boa para medir o instante da transmissão com bastante precisão, necessário para que no final, o tempo de viagem das ondas seja medido com uma boa precisão. As antenas podem ser usadas nos modos monoestático ou biestático. Modo monoestático é quando a antena é usado como transmissor e receptor, já o modo biestático é quando duas antenas separadas são usadas, uma servindo como transmissor e a outra como receptor. Há casos especı́ficos (como em medidas de reflexão e refração de grande abertura angular-(WARR) em que o modo biestático é vantajoso em relação ao modo monoestático. Neste trabalho usamos um sistema de antenas no modo biestático. O transmissor gera um trem de onda a uma freqüência determinada pelas caracterı́sticas da antena que é usada, e a uma taxa de repetição (tı́picamente 50.000 vezes por segundo). 5 6 Figura 1.1: Constituintes Básicos do Sistema GPR (Reynolds, 1997). A taxa de repetição pode ser fixada, normalmente 32 disparos por segundo, mas depende do sistema usado. Cada traço apresenta o intervalo de tempo duplo de reflexão da onda. Cada traço também é exibido em uma tela de vı́deo num registrador gráfico. A antena é movida sobre o solo, e os sinais recebidos são exibidos como uma função do tempo duplo de viagem da onda. Isto é, o tempo levado do momento da transmissão ao momento da detecção no receptor, estes sinais são apresentados na forma de um radargrama. Esta exibição é análoga a uma seção sı́smica (sismograma). A duração do pulso transmitido deve ser pequena o bastante (tipicamente 20 ns, dependendo da freqüência e do tipo da antena) para prover uma maior resolução das reflexões. Então, é importante que a forma e as caracterı́sticas da onda transmitida sejam determináveis e altamente repetitivas. A maneira com que os sinais registrados são exibidos em um registrador gráfico, por exemplo, é determinada pelo operador. Sinais com amplitude maior do que o ponto fixo inicial são impressos de preto na seção de radar. Em alguns casos, pode ser muito interessante imprimir ambos positivo e negativo, ou apenas positivo ou negativo. Exibições também podem ser em termos de área variável ou traço simples (da mesma maneira que na exibição de dados sı́smicos). Comumente, a gravação digital em sistemas mais sofisticados exibem as amplitudes dos sinais de acordo com uma escala cinzenta ou em uma palheta de cores; por exemplo, as reflexões mais fortes podem ser impressas pelas cores mais 7 Figura 1.2: Equipamento de GPR da GSSI em funcionamento no campo, em laranja podemos ver as antenas (receptora e transmissora), também podemos ver junto as antenas o odômetro e a CPU posicionada sobre os braços fortes. Vale salientar que a assinatura da fonte consiste em mais de um comprimento de onda e que pode ter uma forma complexa. O solo também afeta a forma e a duração do impulso emitido e assim a forma da onda de qualquer reflexão é igualmente complexa, pois se tem um pulso de larga duração, devido a atenuação dos componentes de alta freqüência do sinal. O evento de reflexão consiste em vários impulsos, não somente um, e é imperativo que se tenha isto em mente durante a interpretação dos dados de GPR. O sistema de medida deve ter uma escala dinâmica e sensibilidade suficiente para ser capaz de detectar as baixas energias associadas com os sinais de retorno, assim como deve produzir sinais claros adequados para a interpretação. Enquanto que as especificações do fabricante podem indicar a precisão das medidas do instrumento (por exemplo para ± 1 ns), isto não deve ser interpretado como sendo equivalente à capacidade de resolução do método. 8 1.2 1.2.1 Propagação de ondas Teoria As propriedades eletromagnéticas dos materiais geológicos são controladas primeiramente pelo conteúdo de água (saturação) e por sua composição. Ambos exercem o principal controle na velocidade de propagação e na atenuação das ondas eletromagnéticas nos materiais. As variações nas propriedades dielétricas do solo (mais especificamente nas constantes dielétricas ou permissividades relativas) são usualmente associadas com mudanças no conteúdo volumétrico de água, os quais, por sua vez, causam reflexões nos pulsos emitidos pelo radar. No solo, o GPR é sensı́vel a mudanças na tipologia das rochas e fraturas, estejam elas secas ou saturadas. Estas mudanças nas propriedades elétricas do solo fazem com que parte do sinal emitido pelo GPR seja refletido, este sinal refletido é detectado pelo receptor o qual é amplificado, digitalizado e armazenado em meios magnéticos para a visualização e o processamento dos dados. A velocidade das ondas em qualquer meio é dependente da constante dielétrica relativa (²r ) e da permeabilidade magnética relativa (µr = 1 para materiais não magnéticos)(Quadro 1.1). O sucesso do método GPR depende da composição do solo para permitir a transmissão das ondas. Alguns materiais, como o gelo polar, são virtualmente transparentes às ondas eletromagnéticas, outros materiais, como argila saturada e a água do mar, absorvem ou refletem as ondas a tal extensão que são virtualmente opacas a estas. É o contraste relativo entre as constantes dielétricas das camadas adjacentes que dá o padrão de radiação das reflexões das ondas eletromagnéticas incidentes. Quanto maior o contraste, maior será a quantia de energia refletida. A proporção de energia refletida, dada pelo coeficiente de reflexão (R), é determinada pelo contraste das velocidades e, mais fundamentalmente, pelo contraste nas constantes dielétricas relativas dos meios adjacentes (veja Quadro 1.2). Em todos os casos, a magnitude de R varia entre ±1. A proporção de energia transmitida é igual a 1 − R. As equações do Quadro 1.2 são válidas para uma incidência normal em uma superfı́cie plana e que não haja nenhum outro tipo de perda do sinal, no que se refere a amplitude deste. Se assim for, a energia do coeficiente de reflexão é igual a R2 . 9 Quadro 1.1 Velocidade da onda eletromagnética (Reynolds, 1997) A velocidade da onda eletromagnética nos materiais é dado por: Vm = c/{(²r µr /2)[(1 + P 2 ) + 1]}1/2 onde c é a velocidade da luz no vácuo, ²r é a permissividade dielétrica relativa e µr é a permeabilidade magnética relativa (é igual a 1 para materiais não magnéticos). P é o fator de perda, sendo que P = σ/ω², onde σ é a condutividade, ω = 2πf , onde f é a frequência, ² é a permissividade = ²r ²0 , e ²0 é a permissividade no vácuo, que tem o valor de 8, 854 × 10−12 F/m. Em materiais com baixa perda, P ≈ 0, então a velocidade da onda √ √ é dada por: Vm = c/ ²r = 0, 3/ ²r . O que deve sempre ser lembrado ao se trabalhar com o GPR é que a radiação é eletromagnética, logo sua propagação é descrita pelas equações de Maxwell, o campo elétrico (E) está ortogonal ao campo magnético (H). A forma e o tamanho especı́fico dos lóbulos de direção são funções das constantes dielétricas dos vários meios. xxx Entretanto, pode-se usar efetivamente o processmento de dados sı́smicos na maioria dos casos, mas deve se saber que as caracterı́sticas de polarização das ondas eletromagnéticas são mais análogas às ondas-S do que às ondas-P. Quadro 1.2 Coeficiente de reflexão (Reynolds, 1997) A amplitude do coeficiente de reflexão é dada por: R= (V1 − V2 ) (V1 + V2 ) onde V1 e V2 são as velocidades nas camadas 1 e 2, respectivamente, e V1 < V2 . Logo: √ √ ²2 − ²1 R= √ √ ²2 + ²1 onde ²1 e ²2 são respectivamente as constantes dielétricas relativas das camadas 1 e 2, aplicável para incidência normal em refletores planos. Tipicamente, ²r aumenta com a profundidade. 1.2.2 Parâmetros de propagação das ondas de radio A velocidade e a atenuação são os fatores que descrevem a propagação das ondas eletromagnéticas no solo. Esses fatores dependem das propriedades dielétricas e condutivas dos materiais. 10 Como dito anteriormente, a constante dielétrica ou permissividade relativa são os termos usados para descrever as propriedades elétricas dos materiais em altas freqüências (10-1000 M Hz). Nessas freqüências as propriedades de deslocamento (polarização) são dominantes sobre as propriedades condutivas, isto para a maioria dos materiais geológicos. Muito embora o comportamento dinâmico (atenuação da amplitude e dispersão) dos métodos sı́smicos e do radar seja diferente, o comportamento cinemático (tempo e forma de propagação do pulso) é igual. O pulso eletromagnético tem velocidade de propagação controlada apenas pelas propriedades dielétricas dos materiais. A constante dielétrica K ∗ (ou permissividade relativa) é dada por: K ∗ = K 0 + iK 000 , (1.1) onde K 0 é a parte real da constante dielétrica e K 000 sua parte imaginária (ou a parte relativa às perdas de energia). Se separarmos K 000 em seus componentes de alta frequência e condutividade de corrente contı́nua (D.C), podemos escrevê-lo como: ¸ · σdc 0 00 ∗ (1.2) K =K +i K + ω²0 onde σdc é a condutividade (em S/m); ω é a freqüência angular (2πf ); ²0 é a permissividade 00 no vácuo (8,854 x 10−12 F/m), e K é um termo dependente da freqüência, relativo às perdas associadas ao fenômeno de relaxação. A velocidade do sinal de radar em materiais geológicos com baixa perda dielétrica, que são acessı́veis às sondagens do GPR, é relacionada com a parte real da constante dielétrica por: c (1.3) v= 1 (K 0 ) 2 onde c é a velocidade de propagação da onda eletromagnética no vácuo (3 x 108 m/s). Como já foi dito anteriormente, os sistemas de radar normalmente operam em freqüências entre 10 e 1000 M Hz, onde a velocidade permanece quase constante e o sinal não é dispersado, assim como operam em freqüências onde as propriedades capacitivas dominam as propriedades condutivas e, dessa forma, a atenuação permanece essencialmente constante para diferentes valores de condutividade. A atenuação aumenta rapidamente em freqüências acima de 100 M Hz. Associado ao aumento da freqüência, o efeito de espalhamento geométrico do sinal (que também constitui um tipo de perda) para pequenas escalas de heterogeneidade também pode aumentar a atenuação. A Figura (1.3) mostra a relação entre a velocidade e a freqüência para diferentes condutividades (Davis e Annan, 1989). A partir dessa figura, é possı́vel observar que a velocidade 11 permanece constante entre 10 e 1000 M Hz para as condutividades até 100 mS/m. O fenômeno da relaxação da molécula da água é responsável pelo aumento da velocidade em frequências maiores que 1000 M Hz. Figura 1.3: Relação entre velocidades e freqüências para diferentes condutividades (Davis e Annan, 1989) Em locais de média e baixa perda, a atenuação é usualmente expressa como: α= 1, 69 × 103 σ 1 (K 0 ) 2 dB/m (1.4) 00 onde, σ = σdc + ωK ²0 associa ambos condutividade da corrente contı́nua e as perdas dielétricas. Deve ser ressaltado que as equações (1.3) e (1.4) são aproximadas, e requerem 0 que σ/ωK ²0 seja muito menor que 1. A Tabela (1.1) lista os valores da constante dielétrica, velocidade, condutividade e atenuação nas freqüências usadas nas aquisições com o radar para diversos materiais. Notase que a parte real da constante dielétrica da água apresenta valor igual a 80 que, para a maioria dos materiais geológicos secos, este valor está entre 4 e 8. Isso explica o fato da resposta do GPR ser extremamente sensı́vel ao conteúdo de água do meio. 1.2.3 Perda e atenuação da energia Um dos grandes problemas que se encontra ao trabalhar com o GPR, é a sua profundidade de penetração, já que a perda de energia ocorre por diversas maneiras. Os fatores mais importantes que resultam em uma diminuição do sinal eletromagnético que se propaga por meios em subsuperfı́cie são ilustrados esquematicamente na Figura 1.5. A perda de energia 12 0 material K Ar 1 80 Água destilada Água pura 80 Água do mar 80 Areia seca 3-5 Areia saturada 20-30 Calcário 4-8 Folhelho 5-15 Silte 5-30 Argilas 5-40 Granito 4-6 Sal seco 5-6 Gelo 3-4 σ(mS/m) v(m/ns) α (dB/m) 0 0,30 0 0,01 0,033 2 × 10−3 0,5 0,033 0,1 4 3 × 10 0,01 103 0,01 0,15 0,01 0,1-1 0,06 0,03-0,3 0,5-2 0,12 0,4-1 1-100 0,09 1-100 1-100 0,07 1-100 2-1000 0,06 1-300 0,01-1 0,13 0,01-1 0,01-1 0,13 0,01-1 0,01 0,16 0,01 Tabela 1.1: Propriedades elétricas de alguns materiais geológicos a 100 M Hz (Davis e Annan, 1989) Figura 1.4: Relação entre atenuação e freqüências a diferentes condutividades. (Davis e Annan, 1989) acontece como conseqüência das reflexões e transmissões em cada interface, as quais ocorrem cada vez em que as ondas passam de um meio para o outro (interfaces). Além disso, se existem objetos com dimensões da mesma ordem de grandeza do comprimento de onda do sinal transmitido, estes objetos causarão um espalhamento da energia de uma maneira aleatória. Estes espalhamentos são conhecidos como difrações as quais causam ruı́dos nas seções de 13 GPR. Estes são análogos aos ruı́dos vistos em telas de sonar causados pelo backscatter das ondas marinhas. Série dinâmica Registro magnético Perdas na transmissão Sistema eletrônico do GPR Performance do sistema Características do sistema GPR Efeitos de acoplamento com o solo Performance da antena Espalhamento geométrico 1/r 2 calor espalhamentos Características geológicas Atenuação a R Reflexão e transmissão Interface dielétrica T Figura 1.5: Processos que levam a perda do sinal eletromagnético. (Reynolds, 1997) Além das perdas com reflexão e transmissão nas interfaces, a energia é perdida por absorção (transformando-se de energia eletromagnética em calor). Isto é entendido melhor por analogia com um forno de micro-ondas que usa ondas eletromagnéticas de alta energia para cozinhar alimentos. Uma perda adicional de energia é causada pelo espalhamento geométrico da energia, pois o sinal de GPR é transmitido em uma feixe com um ângulo em forma de cone (de 90◦ ). Como os sinais viajam a partir do transmissor, eles se esparramam causando uma redução da energia por unidade de área a uma taxa de 1/r 2 , onde r é a distância viajada. 14 Quadro 1.3 Fator de perda e Profundidade de pele (Reynolds, 1997) Se o pico de energia do campo elétrico na transmissão é E0 , e a uma distância x este é diminuı́do a Ex , a razão entre as duas amplitudes é dada por: E0 /Ex = e−αx onde ω = 2πf onde f é a frequência (Hz), µ é a permeabilidade magnética (4π ×10−7 H/m), σ é a condutividade (S/m) a uma dada frequência, e ² é a permissividade dielétrica onde ² = ²r × 8, 85 × 10−12 F/m e ²r é a constante dielétrica relativa. A fórmula só é válida para materiais não magnéticos. O termo (σ/ω²) é equivalente ao fator de perda (P), assim temos: P = σ/ω² = tanD. logo, a profundidade de pele (δ) = 1/α. Se tanD ¿ 1, δ = (2/σ)(²/µ)1/2 , numericamente: √ δ = (5, 31 ²r )/σ onde σ está em mS/m. Uma causa fundamental da perda de energia é a atenuação, a qual é uma função complexa das propriedades elétricas e dielétricas dos meios pelas quais o sinal de radar é transmitido. O fator de atenuação (α) é dependente das propriedades elétricas (σ), magnéticas (µ) e dielétrica (²) dos meios pelos quais o sinal está se propagando, assim como também da freqüência do próprio sinal (2πf ). O comportamento do valor de um material é determinado pelas propriedades fı́sicas correspondentes aos vários componentes presentes e da respectiva abundância proporcional destes. Como ocorre nas ondas eletromagnéticas, a profundidade na qual o sinal diminuiu sua amplitude a 1/e (quer dizer, para 37%) do valor inicial é conhecida como a profundidade de pele (δ) e é inversamente proporcional ao fator de atenuação (isto é δ = 1/α). Definições matemáticas do fator de atenuação da profundidade de pele são determinadas no Quadro 1.3. Usando o termo final da equação para a profundidade de pele e substituindo valores tı́picos da água do mar, pode-se que a profundidade de pele neste meio é só de 1 cm e, para a argila saturada é só de 0,3 m. Onde são encontradas rochas secas, o termo de condutividade diminui substancialmente e conseqüentemente a profundidade de pele aumenta, assim como é maior a profundidade de penetração. A variação na profundidade de pele é mostrada na Figura 1.6 como uma função da resistividade do solo. 15 Argila Calcário denso Ígneas e metamórficas Granito Folhelhos limpos Folhelhos Areia Arenitos Calcário poroso Figura 1.6: Variação da profundidade de pele (m) (δ) em função da resistividade (ohm.m) para ²r = 8 e 40 (McCann, Jackson e Fenning, 1988). É importante lembrar que a equação simplificada para o cálculo da profundidade de pele só é válida quando o fator de absorção é consideravelmente menor que um. Para determinar quando tais condições são válidas, o gráfico mostrado na Figura 1.7 deve ser usado. O gráfico mostra a condutividade teórica estimada (em mS/m) quando o fator de absorção é igual a um. Assim, a condutividade observada, para que a condição de ser muito menor que a unidade seja satisfeita, deve ser da ordem de 0,05 da condutividade teórica. Por exemplo, se a condutividade verdadeira observada é de 15mS/m, então o fator de absorção precisa ser considerado em sua forma completa em todos os casos, à exceção de quando uma antena de 900 M Hz estiver sendo usada, contanto que a constante dielétrica relativa seja maior ou igual a 6. Se a forma completa do fator de atenuação não é usada nestas circunstâncias, o 16 valor derivado da profundidade de pele será superestimado. s (mS/m) s0 (mS/m) Permissividade relativa Figura 1.7: Condições nas quais o fator de perda (tan D) <<1 (Reynolds, 1997). Deve-se notar que a profundidade de pele não é igual à profundidade de penetração do GPR. Para determinar o alcance do radar, fatores instrumentais também precisam ser levados em conta, assim como além aqueles ligados à subsuperfı́cie por onde as ondas viajam. A absorção total para uma determinada distância é composta de cinco condições: • perdas nas antenas; • perdas de transmissão entre o ar e o solo; • perdas causadas pelo espalhamento geométrico do feixe emitido; • atenuação dentro do solo como função das propriedades dos materiais; e • perdas devido a difusão do sinal no próprio alvo. 17 A equação de alcance do radar e a definição de uma performance de sistema (Q) é determinada no Quadro 1.4 e os fatores que afetam a energia de radiação e a energia de retorno são ilustrados esquematicamente na Figura 1.8. Onde ET x,Rx = eficiência das antenas transmissora e receptora; GT x,Rx = ganho no transmissor e no receptor; g = ganho retro-espalhado pelo alvo; F = área da seção transversal do alvo espalhador; z= distância do alvo até a antena; α = coeficiente de atenuação do meio; V = velocidade da onda no meio; A = área efetiva da antena receptora (= V 2 /4πf 2 ); f = freqüência do sinal; R = energia do coeficiente de reflexão da camada. A performance dos sistemas modernos de GPR está entre 120 e 160 dB e estes possibilitam uma penetração até três vezes maior, do que aqueles que têm uma performance de 80 dB. Dentro do Quadro 1.4 são listados três tipos de alvo: • refletores planos suaves; • refletores planos rugosos; • alvo pontual. Deve-se dar importância particular ao termo gF na primeira equação do Quadro 1.4. Este produto define a energia espalhada pelo alvo e também a dirigida para o receptor. O termo g é o ganho pelo retroespalhamento da energia pelo alvo e F é a área da seção transversal do alvo espalhador. Para um refletor plano e suave, o sinal de retorno se assemelha à imagem do sinal emitido pela fonte, embora reduzido em amplitude devido ao coeficiente de reflexão R(= r 2 , onde r é a amplitude do coeficiente de reflexão) da interface. A teoria por trás disto é igual a da óptica simples para um refletor plano. Para um refletor rugoso, há dificuldades em definir a área da seção transversal do alvo. (Cook, 1975) sugeriu igualá-la a área da primeira zona de Fresnel. Por conseguinte, onde o comprimento de onda causado pela rugosidade da superfı́cie é maior que o diâmetro da 18 Energia no recetor eletrônico Energia da fonte Energia irradiada Energia recebida Energia irradiada na direção do alvo Energia do recetor Energia que alcança o alvo Energia espalhada pelo alvo Energia de retorno ao receptor Figura 1.8: Bloco diagrama ilustrando a energia irradiada e de retorno no sistema GPR (Annan e Davis, 1977). primeira zona de Fresnel, ou seja, da área da seção transversal, o produto de gF , pode ser calculado. Onde o comprimento de onda é menor que o diâmetro da primeira zona de Fresnel, e especialmente quando a amplitude da aspereza é maior que 1/4 do comprimento de onda, o cálculo da área da seção transversal do alvo fica difı́cil. O coeficiente de reflexão seria reduzido como conseqüência da maior difusão surgida de tal rugosidade. O significado da primeira zona de Fresnel em termos de interpretação e resolução é discutida mais adiante na Seção 1.2.4. 19 Quadro 1.4 Intervalo das equações para o GPR (Reynolds, 1997). Q é a performance do sistema (decibéis): Q = 10log {ET x ERx GT x GRx V 2 (gF )e(−4αz) } . 64π 3 f 2 z 4 Onde os termos já foram definidos anteriormente. Também: Q = 10log(Pmin /Ps ) onde, P min é a energia mı́nima do sinal que pode ser detectado, e Ps é a energia da fonte. Em materiais com baixa perda, o intervalo de z é aproximadamente 10D2 . Em materiais com alta perda, o intervalo é aproximadamente D2 /D1 , onde: D1 = 2A/(40 − 10B2 ) D2 = {−Q + 10log(S) + 10logV 2 + 10[B1 + (B3 − 2)logf ]} 40 − 10B2 onde B1 , B2 e B3 são os valores listados na tabela abaixo. Tipo de alvo Refletor plano suave Refletor plano rugoso pontual gF πz 2 R π(V 2 /16f 2 + Vz /2f )R (64π 5 a6 f 4 /V 4 )R B1 log(πR) log(πV R/2) log(64π 5 a6 f 4 /V 4 )R B2 2 1 0 B3 0 -1 4 Para um alvo pontual, as caracterı́sticas da energia de retorno são descritas pela lei de Rayleigh da difusão, na qual o produto de gF é fortemente dependente da freqüência (quarta potência). Assume-se para a expressão no Quadro 1.4 com uma fonte pontual que o raio do alvo (a) é muito menor que o comprimento de onda da radiação incidente. Em materiais como seixos e cascalhos, por exemplo, ou onde as unidades geológicas estão severamente distorcidas, e são da ordem de grandeza do comprimento de onda da energia incidente, é provável que a quantia de energia espalhada seja grande e, por conseguinte, é provável que o radargrama resultante mostre poucos eventos de reflexão coerentes associados com tais materiais. Estas caracterı́sticas em si mesmo têm sido muito usadas indiretamente durante a interpretação como sendo diagnóstico de tais materiais, principalmente na detecção de tubulações. Foi mostrado anteriormente (Quadro 1.3) que a atenuação é diretamente proporcional a freqüência. Também é evidente que os valores da constante dielétrica relativa (² r ) e da condutividade (σ) à uma determinada freqüência também afetam a atenuação significativamente. 20 O fator de absorção (tanD no Quadro 1.3) é diretamente proporcional a condutividade e inversamente proporcional à constante dielétrica relativa e a freqüência. Para meios granulares saturados, a condutividade e a constante dielétrica relativa do fluido dominarão sobre as propriedades da matriz. O valor da constante dielétrica relativa (²r ) é aproximadamente igual ao produto da porosidade (φ) e da constante dielétrica relativa do fluido (² f ). O efeito da maior condutividade do fluido, e de sua maior proporção presente, o qual tem uma valor alto para a constante dielétrica relativa (²r , para a água=80), provocará uma maior atenuação. Semelhantemente, quanto maior o conteúdo de argila, maior será o fator de absorção e consequentemente a atenuação. A importância da argila é que esta possui água dentro de sua rede estrutural. Os minerais de argila também exibem propriedades elétricas particulares como resultado da fı́sico-quı́mica destas estruturas, mas estes detalhes estão fora do âmbito deste trabalho. Para ambos os interesses geológicos/geofı́sicos ou de engenharia, as propriedades elétricas e dielétricas ainda são pobremente entendidas, especialmente como funções de freqüência. Além disso, as caracterı́sticas petrofı́sicas de tais materiais são largamente desconhecidas. As propriedades elétricas e dielétricas serão discutidas mais a frente. 1.2.4 Resolução horizontal e vertical Resolução vertical é uma medida da capacidade que um método tem para diferenciar dois sinais adjacentes no tempo. Simplificando, a resolução vertical é uma função da freqüência. Cada antena de GPR é projetada para operar em cima de um banda de freqüências (bandwidth), onde o pico de energia acontece na freqüência central da antena. É a freqüência central que dá o nome a cada antena; conseqüentemente uma antena de 500 M Hz tem uma freqüência de centro de 500 M Hz. A freqüência central também é inversamente proporcional ao perı́odo de pulsação (em ns) logo a antena de 500M Hz tem um pulso com perı́odo de 1/500M Hz = 2ns, e para uma antena de 35 M Hz o perı́odo de pulsação é de 1/35 x 106 ou 28,6 ns. O comprimento de onda do pulso é o produto do perı́odo pela velocidade da onda em cada material. Em um solo saturado (V = 0, 06m/ns) e usando uma antena de 100 M Hz (perı́odo do pulso = 10 ns), a duração do pulso é de 0,06m/ns x 10ns ou O,6m. A resolução pode ser dada como um quarto do comprimento de onda (λ) da radiação incidente; λ = V /f onde V é a velocidade da onda, e f é sua freqüência. No último caso, se o comprimento de onda é 60 cm, a resolução vertical teórica é de 15 cm. As resoluções verticais dadas são as melhores que poderiam ser alcançadas teoricamente. Na realidade, a resolução é sempre menor que a teórica devido à natureza complexa da assinatura da fonte e da resposta impulsiva da terra. Uma antena colocada diretamente no solo produzirá um sinal acoplado. Quer dizer, a forma da onda transmitida ao ar não será reproduzida como a que é transmitida ao solo. O material afeta a forma e a amplitude do trem de onda emitido pela fonte e isto deve 21 ser efetivamente filtrado. O comprimento do pulso emitido diminui com o crescimento da freqüência, mas só descreve o pulso principal. Com o acoplamento do solo, e dependendo da eficiência do transmissor, o trem de onda é normalmente muito maior do que a duração da pulsação descrita nos manuais dos fabricante para cada antena. Esta complexidade de formas de onda provenientes das fontes traz conseqüências sérias para a interpretação. Por exemplo, se a onda tiver três ciclos com um perı́odo total de 25 ns, isto significa que uma reflexão de qualquer interface terá igual, se não maior, complexidade de forma e um perı́odo mais longo. O prolongamento é devido à perda dos componentes de alta freqüência do sinal, já que estes são atenuados mais rapidamente. Logo, se duas interfaces estão separadas por somente algumas dezenas de centı́metros, e a velocidade da onda no material é tal que o intervalo de tempo entre a reflexão da primeira interface (superior) e a da segunda são menores que o perı́odo do trem de onda, a resposta da segunda reflexão será mascarada pelo “rabo” da primeira, e assim pode não ser resolvido. A resolução aumenta com o aumento da freqüência (tamanhos menores do pulso) sendo que, segundo Beres e Haeni (1991), a resolução ideal deve ser de λ/4 (λ = v/f ). Porém, devido a incertezas das velocidades e das variações na forma da onda durante a propagação, a resolução conseguida na prática é de λ/2 a λ/3. Outra complexidade é que os sinais viajam a partir do transmissor em um cone de radiação com um tamanho finito. A primeira zona de Fresnel descreve a área mı́nima na qual caracterı́sticas com dimensões menores não serão imageadas. O tamanho finito desta zona afeta as resoluções vertical (quando as interfaces estão mergulhando abruptamente ou têm rugosidade de alta amplitude em relação ao comprimento de onda incidente) e horizontal, pois quanto maior a primeira zona de Fresnel, menor será a resolução horizontal entre os alvos adjacentes. Além disso, a resolução espacial também é afetada pela largura do feixe cônico da onda emitida; quanto mais estreito for o feixe, maior será a resolução espacial. A √ resolução horizontal é inversamente proporcional a α onde α é o coeficiente de atenuação (Daniels, 1988). Por conseguinte, a resolução horizontal é realmente melhor sobre materiais com alta absorção que sobre materiais com uma absorção média ou baixa. Alguns sistemas de radar permitem que se faça um empilhamento horizontal dos traços adjacentes para melhorar a relação sinal-ruı́do. A resolução horizontal é reduzida com o aumento do empilhamento horizontal. Há um compromisso prático para ser alcançado entre otimização da amplitude do sinal refletido pelo empilhamento horizontal e a redução da resolução horizontal. 22 1.2.5 Profundidade de penetração do GPR Há muitos fatores que afetam o alcance do sinal de radar no solo. Os fatores mais importantes para o desempenho do sistema de radar são a atenuação no solo e as reflexões nas interfaces, onde as propriedades elétricas variam. O alcance do sinal de radar pode ser determinado como abaixo (Reynolds, 1997): Q= εt εr Gt Gr g σc e−4αl 64 π 3 f 2 l4 (1.5) onde, Q é o desempenho do sistema ou razão entre a amplitude do sinal transmitido e o mı́nimo da sensitividade recebida; εt e εr correspondem às eficiências das antenas de transmissão e recepção, respectivamente; G corresponde aos ganhos nas referidas antenas; g é o ganho em retroespalhamento (backscatter); l é a distância ao alvo, α é a atenuação do meio; f é a frequência e σc é a área da seção transversal de espalhamento. O sinal de radar também sofre perdas pelo espalhamento esférico quando viaja pelo solo, como mostrado em (1.5) onde este termo está elevado à quarta potência da energia. Em adição às perdas acima, o espalhamento por camadas finas ou objetos pontuais como pedregulhos (difrações) diminuem a amplitude do sinal do GPR e essas perdas se incluem no termo atenuação. A amplitude do sinal de radar está reduzida às reflexões nas interfaces as quais dependem do contraste das propriedades elétricas e da espessura das camadas. O coeficiente de reflexão para um meio com um sinal incidente normal é dado por: 1 Ri = 1 2 Ki2 − Ki+1 1 1 (1.6) 2 Ki2 + Ki+1 onde, Ki e Ki+1 representam as constantes dielétricas no meio superior e inferior, respectivamente. Quando se calcula o alcance do radar, é freqüentemente melhor escolher o pior caso esperado e, se a amplitude calculada para o sinal refletido for igual ou maior que a performance do sistema, então o sistema de radar deve caracterizar o solo. Tipicamente há muitos meios desconhecidos e é geralmente melhor testar o radar no local para determinar a aplicabilidade do sistema para resolver o problema proposto. 1.3 Propriedades dielétricas das rochas O comportamento dos materiais dielétricos são descritos em termos de sua permissividade complexa (²∗ ) e de sua condutividade complexa (σ ∗ ) as quais estão correlacionadas (Quadro 2.5). A permissividade em altas freqüência (²∞ ) é tomada como a mais baixa permissividade 23 Distância proibitiva (m) Meio Granito Calcário Xisto carvão Argila-Carvão Folhelho Gouge Freqüência (MHz) Figura 1.9: Distâncias proibitivas em função da freqüência para diferentes materiais (Cook, 1975) . real quando a permissividade imaginária (²00 ) é zero. A permissividade real (²0 ) aumenta com a diminuição da freqüência. Quando o material é um não condutor, o comportamento da freqüência-permisividade é descrito por um semicı́rculo, o centro no qual está localizado o eixo da permissividade real está na metade do caminho entre a alta freqüência e a permissividade estática (²∞ e ²s respectivamente). A permissividade imaginária (²00 ) indica a absorção ou perda de energia dentro do material dielétrico, e isto também contribui para a absorção das ondas dentro do solo. 24 Quadro 1.5 Permissividade e condutividade complexas (Reynolds, 1997) ∗ A permissividade complexa ² de um material não condutivo é dada por: 0 00 ²∗ = ² + i² . 00 0 Onde ² é plotado como uma função de ² , o resultado do gráfico é um semicirculo. Se o material tem conduditividade σ, então: 0 00 ²∗ = ² + i(² + σs /σ²0 ). Onde σs é a condutividade estátice ou DC, e ²0 e a permissividade do vácuo. Em baixas freqüências, o termo DC é predominante e 00 produz uma cauda caracterı́stica de baixa freqüência. O termo ² é dependente da freqüêcia, pouco relacionada com a resposta do fenômeno de relaxação associado com as moléculas de água (King e Smith, 1991). A condutividade complexa σ ∗ é dado por: 0 σ ∗ = σ + iσ “ = jω²0 ²∗ . Se o material é condutivo, devemos adicionar algum termo apropriado na definição da permissividade complexa (Quadro 2.5), pois a condutividade também contribui para a absorção dentro do material. A constante dielétrica relativa ²r varia de 1 (ar) até 80 (água). Para a maioria dos materiais geológicos, ²r está entre 3 e 30. Consequentemente, o intervalo de velocidades das ondas eletromagnéticas é grande (Quadro 1.1), variando de 0,06 a 0,175m/ns (Figura 1.10). Já a velocidade das ondas no ar é de aproximadamente 0,30m/ns. Tentar estimar a profundidade dos alvos é essencial para se ter um detalhamento das velocidades da onda nos materiais presentes em subsuperfı́cie. Este aspecto interpretativo será visto mais a frente. Uma lista das constantes dielétricas relativas e das velocidades da onda eletromagnética para variados materiais é mostrada na Tabela 1.2. Deve ser enfatizado que os valores das constantes e das velocidades só devem ser tratados como guias. A falta de intervalos em alguns materiais é devido ao falta de medidas e não deve significar que não há nenhuma variação dentro destes materiais. Com o aumento das publicações sobre estes parâmetros esta lista deve ser estendida, até a verdadeira variabilidade destes parâmetros. No trabalho de (Cook, 1975) este produziu um esquema (Figura 1.9) para mostrar as prováveis distâncias de exploração para diferentes materiais geológicos em freqüências variando de 1 até 500 M Hz. Observe como os minerais ricos em argila têm uma profundidade de exploração baixa, ao contrário dos materiais maciços como o granito. 25 Velocidade (m/ns) Ar Maioria dos materiais geológicos Água Constante Dielétrica (e) Figura 1.10: Velocidades das ondas de radio em função da constante elétrica relativa (Reynolds, 1997). Muitos materiais, geológicos ou artificiais, são compostos complexos onde cada componente tem suas propriedades fı́sicas diferenciadas. O tamanho do grão e a sua forma podem afetar o valor e o comportamento das propriedades elétricas e dielétricas. A maioria das rochas contém um grau de umidade, ou um conteúdo de lı́quido livre dentro de seus espaços porosos, ou dentro de suas estruturas como em muitos minerais de argila. Como a constante dielétrica da água é muito alta (80) até mesmo uma rocha seca, por ter uma pequena quantia de água pode aumentar o valor da permissividade da rocha. Além disso, a quantia de água presente dentro de uma rocha também afetará a velocidade de propagação da onda. A velocidade da onda eletromagnética na água doce é de 3,3 x 107 m/s (0,033m/ns) e em um arenito de baixa porosidade é de 1,2 x 108 m/s (0,12m/ns) (McCann, Jackson e Fenning, 1988). A constante dielétrica relativa de um material acamadado tem relação com a porosidade (φ) com a proporção dos componentes presentes e com as constantes dielétricas relativas de cada um deles. As relações entre os componentes, o valor das constantes e as porosidades são determinados no Quadro 1.6. Se a constante dielétrica relativa de cada componente do material é conhecida e o seu conteudo foi medido ou derivado a partir da velocidade da onda, 26 então a porosidade total pode ser calculada. Material ²r (mS/m) V (mm/ns) Ar Água (doce) Água (mar) 1 81 81 300 33 33 Neve polar Gelo polar Gelo temperado Gelo puro Lago de água doce congelado Gelo do mar 1,4-3 3-3,15 3,2 3,2 4 2,5-8 194-252 168 167 167 150 78-157 Permafrost 1-8 106-300 Areia litoral (seca) Areia (seca) Areia (saturada) silte (saturado) Argila (saturada) Solo argiloso (seco) Pântano Campo agrı́cola Campo de pastagem Solo comum 10 3-6 25-30 10 8-15 3 12 15 13 16 95 120-170 55-60 95 86-110 173 86 77 83 75 Granito Calcareo Dolomita Basalto (molhado) Xisto(saturado) Arenito(saturado) Carvão Quartzo 5-8 7-9 6,8-8 8 7 6 4-5 4,3 106-120 100-113 106-115 106 113 112 134-150 145 Concreto Asfalto PVC, Epoxy, Polyesters 6-30 3-5 3 55-112 134-173 173 Tabela 1.2: Constantes dielétricas relativas e velocidades das ondas para alguns materiais geológicos e artificiais (Reynolds, 1997). 27 Quadro 1.6 Constante dielétrica relativa e porosidade (Reynolds, 1997). A relação entre a constante elétrica relativa (²r ) e a porosidade (φ) é: ²r = (1 − φ)²m + φ²w . Onde φ é a porosidade, ²m e ²w são as constantes dielétricas da matriz e da água contida nos poros, respectivamente. Isto é válido quando o campo externo é aplicado paralelamente ao acamamento. Quando o campo externo é aplicado perpendicularmente ao acamamento, tem-se: ²r = ²m ²w /[(1 − φ)²m + φ²w ]. √ Usando a relação simplificada onde V = c/ ²r , para materiais com baixa perda, onde c é a velocidade da luz no ar, e substituindo na primeira equação para ²r , tem-se: V = c/[(1 − φ)²m + φ²w ]1/2 . (1.7) Na Figura 1.11 pode ser visto que a velocidade da onda eletromagnética diminui com o aumento da saturação no solo. Por conseguinte, materiais mais saturados têm uma resolução vertical melhor que materiais secos, embora a atenuação em materiais mais saturados é maior, assim é provável que a profundidade de penetração seja menor. Para a determinação da porosidade assume-se somente um sistema de dois componentes, isto é, composto de uma matriz e de um espaço poroso que esta saturado com ar ou outro fluido de constante dielétrica relativa conhecida. Também assume-se que todos os espaços porosos estão saturados com um fluido. Esta situação pode não ser alcançada em muitos casos reais. A porosidade total é a proporção do volume não preenchido pelos componentes sólidos dentro de um material e isto inclui o espaço poroso dos poros/fraturas isolados, já a porosidade efetiva é o porosidade disponı́vel para os fluidos livres, esta exclui os poros/fraturas isolados e o espaço ocupado pela água que esta ligada as argila (Sheriff, 1991). O espaço dos poros/fraturas isoladas (porosidade residual) é a diferença entre as porosidades total e efetiva. A permeabilidade de um material é uma medida da facilidade com que um fluido pode escoar pelo espaço poroso dentro de um determinado meio e assim é uma função da conectividade dos poros, isto é, da porosidade efetiva. A Permeabilidade também é uma função da viscosidade do fluido, da taxa de fluxo do fluido e do gradiente de pressão hidráulica V(m/ns) 28 Porosidade (%) Figura 1.11: Velocidades da onda eletromagnética em função da porosidade para materiais granulares saturados com ar e água (Reynolds, 1997). 29 causador do fluxo. Quando a resistividade elétrica é usada para derivar a porosidade de rochas granulares limpas, usando-se a fórmula de Archie, é a porosidade efetiva que está sendo determinada. A continuidade elétrica é provida pelos eletrólitos dentro dos espaços intersticiais conectados. Porém, as medidas dielétricas não são dependentes da conectividade e assim podem ser usadas para determinar a porosidade total. Reciprocamente, sempre é provável que valores de porosidade derivados do uso das velocidades das onda estejam superestimando a porosidade efetiva (Reynolds, 1997). A microporosidade, isto é, a porosidade a uma escala da ordem de mı́crons mas ainda grande perante a sensibilidade do sistema de medidas elétricas é especialmente significativa para a análise dielétrica. A condutividade elétrica é afetada pela geometria dos poros e pela área superficial destes. A argila não só afeta a comunicação fı́sica entre os poros e suas gargantas (afetando a porosidade efetiva e sendo assim a permeabilidade), mas também provê diferentes áreas superficiais para a dupla polarização iônica (Reynolds e Taylor, 1992). Por exemplo, A Caolinita ocorre como discos e a Ilita em forma de tiras (Klimentos e McCann, 1990) e (Klimentos, 1991). A forma da argila, então, pode afetar a área superficial dentro do espaço poroso e é provável que, na escala da ordem de mı́crons, a microporosidade tem um efeito mensurável nas propriedades elétricas. Em contraste, os métodos acústicos parecem ser menos sensı́veis a isto. Isto não quer dizer, porém, que a microporosidade não influência nas propriedades fı́sicas medidas usando métodos acústicos, mas sim diz que os métodos acústicos não podem solucionar os efeitos da microporosidade. Realmente, as propriedades elétricas estão sendo influências pela natureza fractal da porosidade (Ruffet, Gueguen e Darot, 1991). Como é a porosidade efetiva que esta relacionada diretamente com a permeabilidade, esta última somente poderá ser determinada uma vez que a anterior tenha sido derivada com precisão. O conhecimento da porosidade, permeabilidade e das propriedades dielétricas dos fluidos é de extrema importância em sondagens dielétricas em poços de hidrocarboneto e no mapeamento de plumas de contaminação entre outros. A constante dielétrica relativa pode variar mais de 50% em uma distância de menos de 0,1m dentro do mesmo material; a mudança resultante na velocidade das ondas é da ordem de 35%, mais alta), isto demonstra que dentro do mesmo material podemos ter um alto grau de variabilidade nas propriedades elétricas. 30 1.4 Aquisicão de Dados Antes da ida ao campo para a realizacão da aquisicão dos dados devemos estar atendos a algumas questões de suma importância, estas podem definir o sucesso ou o fracasso do uso do método. Assim devemos realizar um bom planejamento pré-campo. 1.4.1 Planejamento da Aquisição O planejamento se torna muito importante em qualquer projeto, pois bem executado este pode viabilizar ou descartar o uso do método GPR, ou qualquer outro método geofı́sico. Para um bom planejamento devemos estar atentos a algumas caracterı́sticas do meio geológico e do alvo a ser detectado e caracterizado. Um conhecimento aproximado da profundidade do alvo é muito importante nesta fase, pois a partir deste parâmetro é que será escolhida a freqüência a ser utilizada pelo equipamento, assim como a janela temporal. Outra informação importante é o tamanho e a disposição do alvo, pois a partir destas informacões se poderá escolher os parâmetros mais indicados para uma melhor aquisição, como o número de traços, o espaçamento entre estes e o intervalo de amostragem temporal, evitando assim falta de informacões ou abundância de dados o que pode acarretar num tempo muito elevado, e conseqüentemente uma elevação dos custos. As propriedades dielétricas do alvo e do meio encaixante também são de suma importância para o sucesso do trabalho, pois se não houver contraste de propriedades entre o meio e o alvo, será impossı́vel detectar qualquer anomalia, causada por esse último. Por outro lado se o meio for muito absorvente (condutor) o método pode ser ineficaz, assim como se as heterogêneidades do meio criarem um ruido de fundo de amplitude apreciavel, estas podem mascarar o alvo. Por último deve-se levar em conta a localização e facilidade de se chegar ao local da aquisição, pois a topografia e dificuldades como lagoas e banhados podem dificultar e encarecer muito o trabalho. 1.4.2 Modos de aquisição de dados Há quatro modos de se fazer uma aquisição de dados com o GPR; perfis de reflexão zero de afastamento constante (usando antenas mono e biestáticas); reflexão e refração de grande abertura angular ou wide aperture reflection or refraction (WARR); usando um ponto médio comum ou common midpoit (CMP); e a transiluminação ou tomografia de radar. 31 Sondagem de reflexão simples ou afastamento constante Este modo por ser de uso simples e dar bons resultados, é o mais utilizado. A Figura 1.12(a) mostra um exemplo do GPR sendo usado para se obter um perfil de reflexão zero offset. Uma ou mais antenas são movidas simultaneamente sobre a superfı́cie do terreno. Com a medida do tempo duplo de viagem das ondas refletidas que são exibidas no eixo vertical, enquanto que a distância que a antena se moveu é mostrada no eixo horizontal. Este modo de sondagem é análogo ao da sı́smica de reflexão. Se as velocidades das ondas forem medidas independentemente ou se as reflexões foram correlacionadas com mudanças nas caracterı́sticas do solo observadas em dados de poço, então as profundidades para os refletores, podem ser determinadas. Neste trabalho usamos está técnica de aquisição para os dados reais. Sondagem de reflexão e refração de grande abertura angular (WARR) A configuração das antenas para WARR é mostrada na Figura 1.12(c). O transmissor é fixado em um local e o receptor é deslocado aumento o seu offset. A localização de um sondagem WARR deve estar sobre uma área onde os refletores principais são planos e/ou horizontais ou estão mergulhando a ângulos pequenos. Também assume-se que as propriedades dos materiais são uniformes e que as caracterı́sticas do refletor são as mesmas da área na qual a sondagem esta sendo feita. Esta suposição não é verdadeira na maioria dos casos. Para evitar ter que se fazer esta última suposição, uma configuração alternativa e preferı́vel para a mesma análise é o perfil de ponto médio comum (CMP). Neste caso o transmissor e o receptor são movidos para longe um do outro de forma que o ponto central entre eles fique fixo (Figura 1.12(b)). No caso do CMP, o ponto de reflexão em subsuperfı́cie é visualizado em cada tiro, assim a continuidade das propriedades não é mais uma exigência. Transiluminação ou tomografia de radar O modo de transiluminação é aquele onde o transmissor e o receptor estão em lados opostos, abaixo do meio a ser investigado (Figura 1.12(d)). O método é subterrâneo usado dentro de minas, por exemplo, onde o transmissor é localizado em uma galeria e o receptor ou está em uma galeria ao lado, ou em uma galeria sobre ou debaixo do transmissor. Alternativamente, as antenas do GPR podem ser localizados em poços e os sinais são propagados de um ponto médio para outro em outro poço. O modo de transiluminação também é comum na investigações de estruturas artificiais e em testes não destrutivos ou non-destructive testing (NDT), particularmente usa-se freqüências muito altas, e consequentemente as antenas são muito pequenas o que facilita 32 no trabalho subterrâneo, (por exemplo 900 M Hz). Exemplos incluem testes em colunas de concreto e em pilares de alvenaria. Como as posições relativas das antenas são sempre conhecidas, consequentemente as distâncias entre elas também são, sendo assim é uma questão simples calcular a velocidade média da onda para cada trajetória. Se além dos tempos de viagem for medida a amplitude do sinal, a atenuação também poderá ser determinada. Mais detalhes deste método foram determinados por (Annan e Davis, 1977). Existem rotinas sofisticadas para o processamento dos dados, estas produzem tomografias que são análogas as tomografias sı́smicas. 1.5 Parâmetros de aquisição Após feito o planejamento da aquisição, e vista a viabilidade desta, deve-se escolher os melhores parâmetros de aquisição dos dados: 1) freqüência da antena: Este parâmertro esta intimamente ligado a profundidade do alvo e a sua geometria, pois como visto anteriormente quanto maior a freqüência, maior a resolução e menor a profundidade de penetração. Assim devemos tomar cuidado ao escolher a antena pois temos que escolher um ponto médio, que favoreça uma boa resolução e que atinja a profundidade em que esta o alvo. 2) orientação das antenas: Existem várias maneiras de se orintar as antenas no campo. Estas antenas são dipolares e sua emissão varia com uma polaridade preferencial. Na maioria dos casos se usa as antenas perpendiculares à direção do levantamento, isto para maximizar o acoplamento das antenas com o alvo e maximizar as energias de reflexão em detrimento das reflexões aéreas e laterais indesejadas. 3) freqüência de amostragem (fa): Este parâmetro esta ligado a freqüência de Nyquist (F n = f a/2 = 1/2δt), onde δt é o intervalo de amostragem temporal. Esta freqüência normalmente esta compreendida entre 6 a 30 vezes a freqüência central da antena. 4) janela temporal (Tw): Corresponde ao intervalo em que a janela de tempo deve ser mantida aberta a fim de se transmitir e receber o sinal de retorno do meio. Este tempo é dependente da freqüência de Nyquist (T w = N s/F n × 1000), em ns, onde Ns é o número de amostras em tempo. Assim sendo, maior deve ser esta janela, quanto mais profundo estiver o alvo. 5) intervalo de amostragem temporal: É o intervalo de tempo entre cada registro no traço, ou seja, entre cada amostra (ns). 6) amostragem espacial: Corresponde ao intervalo entre as estacões (receptores), devese ter cuidado para não exceder o intervalo de amostragem espacial de Nyquist (λ/4 a λ/2), a fim de se evitar uma falsa amostragem. 33 7) espaçamento entre as antenas: existem dois tipos de antenas, em algumas o Tx e o Rx estão numa só “antena”, ou seja, a separação já vem dada pelo fabricante, e não pode ser modificada. Já nas antenas onde o Tx e o Rx estão separados, pode-se fazer varias aberturas, com isto possibilitando-se a realização de CMP’s e WARR’s. Nas aquisições do tipo afastamento constante, normalmente se usa um espaçamento igual ao comprimento da antena. 8) orientação do perfil: normalmente é feito perpendicularmente às estruturas de subsuperfı́cie que se deseja imagear. 34 T T T R R T R SOLO REFLETOR (a) T T T R R R SOLO REFLETOR (b) T R R R R R SOLO REFLETOR (c) SOLO T T R T T (d) Figura 1.12: Diferentes tipos de geometria de aquisição: a) afastamento constante, b) CMP, c) WARR, d) transiluminação/tomografia. CAPÍTULO 2 Processamento dos Dados 2.1 Prodedimento para a aquisição de dados Todos os sistemas de GPR provêem meios de se filtrar os dados durante a aquisição. Normalmente é possı́vel fixar filtros passa-alta, passa-baixa e passa-banda para acentuar a forma de onda do sinal durante a aquisição. Como na filtragem sı́smica, durante a aquisição, há um elemento significante de sensibilidade qualitativa na escolha dos filtros apropriados. Os sistemas digitais mais sofisticados permitem filtragens verticais e horizontais como também as opções de se aplicarem ganhos os quais aperfeiçoam a qualidade das informações nos dados. Como uma regra geral, é aconselhável manter os filtros com uma banda larga, de forma que dados potencialmente valiosos não sejam perdidos durante a fase de aquisição. É muito mais barato filtrar os dados em banda larga e depois do trabalho completo refiltrá-los (se necessário) que comprometer a qualidade dos dados pelo uso de filtros muito estritos e necessitar assim que se repita o trabalho de campo. A despeito das opções de filtragem e ganhos no próprio hardware, é melhor salvar os dados brutos para posteriormente processamento no escritório. Alguns sistemas digitais têm a função de empilhar um número fixo (8, 16, 24, etc.) de traços registrados num mesmo ponto para melhorar a relação sinal-ruı́do (Reynolds, 1997). 2.2 Em sondagens de reflexão e refração de grande abertura angularWARR Se duas antenas são usadas separadamente, sendo uma como transmissora e a outra como receptora, ou seja em modo biestático, é possı́vel determinar as variações verticais de velocidade de propagação da onda (e conseqüentemente as suas constantes dielétricas relativas). Se só uma antena está disponı́vel em modo monoestático, não é possı́vel aplicar a técnica de WARR, e consequentemente a determinação da velocidade só pode ser feita através de dados de poços adjacentes, ou com o uso de técnicas de processamento como o ajuste de hipérboles, a migração, ou usando alvos a profundidades conhecidas (conhecendo-se o modelo). 35 36 Em ambas as configurações WARR ou CMP podem ser identificados três tipos de ondas: • a onda aérea, que viaja do transmissor para o receptor pelo ar com uma velocidade de ar (0,3 m/ns); • a onda direta, que viaja diretamente do transmissor para o receptor pela superfı́cie do terreno ground wave com a velocidade do meio mais próximo da superfı́cie (V1); • a onda refletida, que viaja do transmissor para uma interface na qual é refletida de volta a superfı́cie e é captada pelo receptor, tem a velocidade da primeira camada (V1). O tempo de viagem da onda aérea e da onda direta são desenhados como retas num gráfico T − X, já as ondas refletidas, tem o comportamento de hipérboles. A diferença no tempo de viagem entre o afastamento nulo (zero offset) e os outros afastamentos é corrigida pela normal moveout(NMO), a qual serve para corrigir o tempo de todos os traços de uma familia CDP de modo a colocar o evento de reflexão horizontalizado com o t(0) para posteriormente proceder a etapa de empilhamento. Os tempos de viagem correspondentes aos eventos de reflexão são plotados em um gráfico T 2 −X 2 , e assim passam a ter comportamento linear. O inverso dos gradientes de cada linha reta são iguais ao quadrado da velocidade das respectivas ondas refletidas. Detalhes adicionais das técnicas de sondagens de velocidade são determinados por (Arcone, 1984). Os dados do tempo de transito incluindo o t(0) de cada refletor são obtidos para as reflexões presentes. As velocidades de RMS determinadas para cada hipérbole de reflexão também são úteis para calcular as velocidades nas diferentes camadas geológicas a partir dos dados de t(0) e VRM S , é necessário que se use a fórmula de Dix para derivar as velocidades intervalares. Esta análise é exatamente igual a usada para os dados de reflexão sı́smica. 2.3 Processamento dos Dados de Radar Somente os dados digitais podem ser processados após o registro. O grau de processamento é freqüentemente determinado pelo: • orçamento do projeto; • tempo disponı́vel; • qualidade dos dados; • capacidade de processamento disponı́vel (software e hardware); • exigência que a interpretação final justifique a análise adicional; 37 • existência de detalhes estruturais nos registros brutos que mereçam ter um processamento quantitativo detalhado. O primeiro passo é filtrar os dados para melhorar a nitidez e ressaltar os eventos considerados importantes nos radargramas. Para muitas situações a aplicações de filtros é o suficiente para ser ter as imagens da subsuperfı́cie. Para uma análise mais detalhada, existe um vasta gama de processamentos possı́veis, incluindo muitos provenientes do processamento sı́smico, como ganhos, deconvolução, migração e outros. O formato de registro dos dados normalmente ocorre em meios magnéticos, tipicamente fitas magnéticas ou discos óptico-magnéticos, estes podem ser convertidos dos formato de aquisição para os formatos que são normalmente usados nas estações de trabalho da indústria sı́smica. O formato dos arquivos de dados do GPR foram especificados pela SEG Engineering e Groundwater Geophysics Committee (Pullan, subcommittee of the SEG Enginnering e Committee, 1990). O método de GPR tem muitas similariedades cinemáticas com os métodos sı́smicos, principalmente se a área de estudos for muito resistiva. Com isto podemos aplicar aos dados de radar um fluxograma de processamento similar aos aplicados nos dados sı́smicos e utilizar para isto uma gama de programas de processamento sı́smico. Vamos apresentar as principais etapas de processamento aplicados aos dados de GPR, lembrando que as etapas podem ser repetidas dentro do mesmo fluxograma, assim como a ordem pode variar de acordo com as necessidades do intérprete. 2.3.1 Ajuste dos Dados Esta etapa deve ser realizada ainda no campo a fim de haver a possibilidade de se refazer a aquisição caso necessário, evitando assim danos posteriores. Aqui deve-se verificar a qualidade dos dados e detectar a existência de ruidos externos provenientes de redes de alta tensão, estações de radio FM, corpos metálicos ou outros situados na superfı́cie, ajuste do tempo zero e outros. O ajuste do tempo zero é muito importante para que posteriores conversões em profundidade do radargrama não acarretem em erros nas profundidades dos eventos. Na Figura 2.1 podemos ver um radargrama bruto e na Figura 2.2 o mesmo radargrama após o ajuste do tempo zero e do corte dos tempos superiores a 100ns. Isto porque após este tempo não se observa mais sinais e sim, somente ruidos. Com esta etapa evitamos erros na determinação da profundidade dos refletores, bem como tornamos o dado menor, o que diminui o tempo computacional do processamento. Na sı́smica o tempo zero é o instante da explosão da carga, entretanto no caso do GPR o tempo zero pode ser identificado como a primeira quebra ou a onda direta no radargrama. 38 Tempo (ns) Distância (m) Figura 2.1: Radargrama bruto onde somente se destaca os eventos rasos 2.3.2 Aplicação de Ganhos Como visto no Item 1.2.3, o sinal eletromagnético do GPR é atenuado por diferentes fenômenos (difrações, reflexões, acoplamentos, espalhamento geométrico e outros), logo torna-se necessário a aplicação de alguma função de ganho no tempo para aumentar as amplitudes correspondentes aos refletores mais profundos. Existem muitas maneiras de se aplicar uma função de ganho, seja para compensar absorção ou a divergência esférica. Outro procedimento é a aplicação de ganhos em janelas de tempo como o ganho AGC (ganho automatico e janelado), que equaliza as amplitudes numa janela temporal que o interprete escolhe. Quanto menor a janela mais detalhes aparecem no radargrama em detrimento das grandes amplitudes. Também são muito usados os ganhos exponênciais e lineares com o tempo. Observe na Figura 2.3 o mesmo radargrama da Figura 2.2 após a aplicação de um ganho do tipo AGC de 20 ns. Observe que após o aplicação do ganho podemos ver a amplitude do sinal fortemente ampliada, o que nos possibilita ver o sinal e conseqüêntemente os refletores mais profundos. 39 Tempo (ns) Distância (m) Figura 2.2: Radargrama após o ajuste do tempo zero e um corte no tempo (mute off) a partir de 100 ns Tempo (ns) Distância (m) Figura 2.3: Radargrama após a aplicação de um ganho do tipo AGC de 20 ns 2.3.3 Aplicação de Filtros Filtragem corta-baixa (dewowing) Este filtro é responsável pela retirada das baixas freqüências, associadas à saturação eletrônica do receptor, devido à alta energia das ondas aérea e terrestre. Nas Figuras 2.4 e 2.5 podemos 40 observar um dado antes e depois da aplicação de um filtro corta baixa (dewow). Neste caso as freqüências abaixo de 100 M Hz foram retiradas do radargrama. Observe que a saturação eletrônica foi fortemente atenuada. Tempo (ns) Distância (m) Figura 2.4: Radargrama antes do filtragem corta-baixa Tempo (ns) Distância (m) Figura 2.5: Radargrama após a aplicação do filtro corta-baixa em 100 M Hz 41 Filtragem temporal (passa-banda) Para a aplicação deste filtro deve-se conhecer o espectro de potência dos dados, ou seja o espectro de amplitude em função da freqüência, assim deve-se usar os filtros corta-alta e corta-baixa para remover as bandas de freqüências que possam estar dificultando a interpretação, sempre procurando preservar a faixa de freqüência central da antena usada na aquisição dos dados. Com este filtro se tem uma melhora da razão sinal/ruido. Comparando os radargramas das Figuras 2.6 e 2.7 podemos observar o efeito da aplicação de um filtro temporal do tipo Butterworth, onde as freqüências de corte foram abaixo de 80 e acima de 220 M Hz. Podemos ver que os eventos ficaram mais contı́nuos e os eventos de muito alta e muito baixa freqüências foram atenuados. Tempo (ns) Distância (m) Figura 2.6: Radargrama antes da filtragem passa-banda do tipo Butterworth Filtragem espacial Estes tipos de filtros são usados para eliminar ou realçar determinados eventos coerentes. Logo se quisermos enfatizar a continuidade lateral dos refletores devemos aplicar um passabaixa, do tipo “média-móvel”, já se usarmos um passa-alta do tipo “remoção do background”, realçaremos eventos localizados e eliminaremos os eventos horizontalizados. Observe as Figuras 2.8 e 2.9, nestas podemos observar um radargrama antes e depois da aplicação de um filtro espacial no dominio F K, do tipo passa-alta. Após a aplicação do filtro podemos observar que os eventos ruidosos horizontais foram fortemente atenuados. 42 Tempo (ns) Distância (m) Figura 2.7: Radargrama após a utilização do filtro temporal Butterworth com freqüências de corte 80 e 220 MHz. Tempo (ns) Distância (m) Figura 2.8: Radargrama antes da filtragem espacial, observe os eventos horizontais predominando nos tempos entre 0 e 150 ns 2.3.4 Deconvolução A deconvolução é um processo que visa melhorar a resolução temporal dos dados, utilizando para isto a compressão do pulso de radar. Esta técnica pode ajudar bastante na interpretação 43 Tempo (ns) Distância (m) Figura 2.9: Radargrama após a aplicação de um filtro espacial do tipo passa-alta (FK com 0,8 m/ns de rejeito), observe a eliminação dos citados eventos horizontais da seção anterior de dados ruins, mas em dados bons é praticamente dispensável. 2.3.5 Migração A migração por ser um dos processos mais importantes na reconstituição da subsuperfı́cie, será tratada com maior rigor e detalhamento na seção seguinte. 44 2.4 Migração Uma das principais etapas do processamento das imagens de radar, tal como na sı́smica é a migração dos dados. Esta etapa tem a habilidade de restaurar as relações geométricas da subsuperfı́cie. Através deste processo as difrações hiperbólicas podem ser migradas até o ponto (ocupado pelo seu ápice) do qual foram originadas. Assim os mergulhos das interfaces em superfı́cies podem ser corrigidos e levados as suas corretas posições. No caso das migrações em profundidade, os dados sofrem uma mudança de domı́nio, passam do domı́nio x − t (espaço-tempo) para o domı́nio x − z (espaço-profundidade). Para a migração ser bem feita se faz necessário conhecer as velocidades das ondas nas camadas em subsuperfı́cie. Estas velocidades podem ser obtidas através de técnicas como medidas da constante dielétrica do subsolo, através de poços, ou através se sondagens CMP (ou mesmo WARR), as quais fornecem um registro dos dados no domı́nio tempo-distância. Logo para estimarmos a velocidade dos meios usamos técnicas de análise de velocidade, onde podemos, por exemplo, usar o gráfico x2 − t2 , o qual transforma as hipérboles de move-out em retas. Podemos observar o uso desta técnica no capitulo 4. Veja nas Figuras 2.10 e 2.11 um radargrama com afastamento constante, o qual foi obtido sobre um pacote aluvionar na Cidade de Andarai(Ba), antes e depois da migração. No radargrama migrado podemos observar como as hipérboles de difração foram colapsadas e como os refletores voltaram a suas posições corretas. Neste processo usou-se a técnica de migração que apresentaremos a seguir, onde aplicamos uma velocidade única de 0,1 m/ns, para se obter as seções migradas em profundidade. 2.4.1 Migração pós-empilhamento Neste tipo de migração os dados de afastamento nulo podem ser continuados para baixo e imageados usando-se a idéia do refletor explosivo (Claerbout, 1985). A seção CMP, que é uma boa aproximação da seção de afastamento nulo é extrapolada em profundidade ou em tempo e a seção migrada é obtida no tempo t = 0 (condição de imagem). A seguir descrevemos a técnica de migração utilizada neste trabalho para os dados reais, proposta por (Dubrulle, 1983) e implementada por (Moura, 2003). A transformada dupla de Fourier do campo U (x, z, t) é definida da seguinte forma: u(x, z, t) = Z dkx Z dωexp(ikx x + iωt)U (kz , z, ω) (2.1) onde, kx é o número de onda e ω é a freqüência e ambos são associados a x e t. Este tipo de migração se torna simples pois, o problema da continuação para baixo em profundidade 45 no domı́nio de Fourier é simplesmente a computação de U (kx , z, ω) a partir da componente U (kx , 0, ω) da seção zero off-set para cada par (kx , ω). Para isto precisamos resolver a equação diferencial ordinária (Dubrulle, 1983): dU 2ω k2 v2 (2.2) = i (1 − x 2 )1/2 U dZ v 4ω onde, v é a velocidade da onda eletromagnética no meio, sendo sua solução dado por: U (x, z, 0) = U (kx , 0, ω)exp[i k2 v2 2ωz (1 − x 2 )1/2 ] v 4ω (2.3) Se juntarmos as equações 2.1 e 2.3 expressaremos o campo de onda migrado como: u(x, z, 0) = onde, Z dkx Z dωexp(iωt0 )U (kx , O, ω)exp(ikx x) 2z kx2 v 2 1/2 t0 = (1 − ) v 4ω 2 (2.4) (2.5) Se considerarmos agora um ponto difrator localizado em (0,z) do plano xz. O tempo de trânsito (t), é representado por uma hipérbole: 2 t = (x2 + z 2 )1/2 v (2.6) onde o ponto (x,t) dessa curva posui uma inclinação dada por p= dt dx (2.7) Combinando as equações 2.6 e 2.7 temos que: x 2 )1/2 p= ( 2 2 v x +z (2.8) Assim, obtemos as equações paramétricas da curva de difração, conforme (Dubrulle, 1983): onde, x= pv z ( )1/2 2 1 − p2 v 2 4 e, (2.9) 46 2 z t= ( )1/2 v 1 − p2 v 2 (2.10) 4 Passos do algoritmo de afastamento nulo 1 - Transformada dupla de Fourier com respeito a x e t, onde os números de onda correspondentes são kx e ω; Para cada profundade z: 2 - Defini-se as equações paramétricas 2.9 e 2.10 da curva de difração com respeito a p; 3 - Para cada par (kx , ω) tal que |pv/2| < 1 e p = kωx calcula-se as coordenadas x e t dos pontos onde a curva de difração tem uma tangente p usando as equações 2.9 e 2.10; de x, t e p, calcula-se t0 por t0 = t − px; 4 - Aplica-se deslocamentos de fase, ωt0 , aos componentes de Fourier (kx , ω) das seções de afastamento nulo sobre todos os valores de ω, que corresponde a integração com respeito a ω na equação 2.4; 5 - Finalmente, realiza-se uma transformada inversa de Fourier dos resultados com respeito a kx para obter a seção migrada, como visto na integração com respeito a kx na equacão 2.4. 2.4.2 Migração pré-empilhamento de seções de afastamento constante Mas como nos dados reais adquiridos com o GPR temos um afastamento entre fonte e receptor, não podemos considerar o dado como de afastamento nulo, e sim como de afastamento constante. Logo temos que fazer algumas mudanças nos algoritmos de migração. (Dubrulle, 1983), estendeu o método a seções de afastamento constante. Neste caso temos para cada posição de tiro (x − h, 0) tem-se uma posição de receptor (x + h, 0) de forma que seu afastamento 2h é mantido constante. No ponto médio (x,0) de cada par fonte-receptor, a equação de difração dará o tempo de percurso entre fonte e receptor: 1 t = [(z 2 + (x − h)2 )1/2 + (z 2 + (x + h)2 )1/2 ] v (2.11) Podemos obter a tangente à curva de difração no ponto (x,t) a partir da equação 2.11: x−h x+h 1 + ] p= [ 2 v (z + (x − h)2 )1/2 (z 2 + (x + h)2 )1/2 e a interseção da tangente com o eixo t por: (2.12) 47 1 z 2 − h(x − h) z 2 + h(x + h) t0 = [ 2 + ] v (z + (x − h)2 )1/2 (z 2 + (x + h)2 )1/2 (2.13) Neste caso não podemos obter as equaões paramétricas da curva de difração explicitamente, logo utiliza-se um método numérico para se obter o valor aproximado do tempo t 0 para todos os valores de z, p e h. Tomando as variáveis reduzidas: X = x/z, H = h/z, T = vt/z (2.14) e, P = vp, T0 = vt0 /z (2.15) Finalmente usando estas variáveis (2.14) e (2.15), pode-se reescrever as equações (2.11), (2.12 e (2.13) como: T = [1 + (X − H)2 ]1/2 + [1 + (X + H)2 ]1/2 (2.16) P = X +H X −H + 2 1/2 [1 + (x − H) ] [1 + (x + H)2 ]1/2 (2.17) T0 = 1 − H(X − H) 1 + H(X + H) + 2 1/2 [1 + (x − H) ] [1 + (x + H)2 ]1/2 (2.18) Assim as variáveis reduzidas satisfazem as seguintes relações: P = dT , dX T0 = T − M X (2.19) Passos do algoritmo de afastamento constante 1 - Transformada dupla de Fourier com respeito a x e t, onde os números de onda correspondentes são kx e ω; Para cada profundade z: 2 - Defini-se as variáveis reduzidas definidas H e X pelas equações (2.14); definem-se também T0 e P conforme as equações 2.15 e constrói-se a tabela [P, T0 ]. curva de difração com respeito a p; 3 - Para cada par (kx , ω) tal que |kx /ω| e |pv| < 2, calcula-se o tempo t0 pela equação 2.15 e por interpolação na tabela [P, T0 ]; 48 4 - Aplica-se deslocamentos de fase, ωt0 , aos componentes de Fourier (kx , ω) das seções de afastamento constante e realiza-se uma soma modificada dos componentes sobre todos os valores de ω; 5 - Finalmente, realiza-se uma transformada inversa de Fourier dos resultados com respeito a kx para obter a seção migrada. Tempo (ns) Distância (m) Figura 2.10: Radargrama antes da migração, observe que existem muitas difrações no dado, principalmente no cantato areia/embasamento que está localizado aproximadamente em 220 ns 49 Profundidade (m) Distância (m) Figura 2.11: Radargrama após a migração Stolt com velocidade constante de 0,1 m/ns, os parâmetros utilizados foram: dt=0,1 ns, ns=512, dx=0,1m, freqüências de migração entre 40 e 400 M Hz, nt=639 e passo da migração de 0,05m 50 2.4.3 Migração pré-empilhamento do tipo Kirchhoff Para a migração dos dados sintéticos adquiridos no domı́nio do tiro utilizou-se uma migração pré-empilhamento do tipo Kirchhoff. A expressão geral de migração Kirchhoff 2-D para um evento pode ser obtida como ((Shneider, 1978)): ω2 p(x, z) = − 2 4π Z Z P (s, g, t)e−iω(τs +τ g) dsdg (2.20) onde τs e τg são os tempos de trânsito da fonte e receptor, respectivamente. Passos do algoritmo para migração pré-empilhamento 1 - Entrada do campo de velocidade; 2 - Leitura dos dados de cada tiro; 3 - Calculo dos tempos de trânsito através da solução da equação iconal para fontes e receptores; 4 - Aplicação da condição de imagem; p(x, z) = XX xg P (xs , xg , z = 0, t = ttotal ) (2.21) xs onde ttotal = τs + τg , calculado pela equação iconal. 5 - Migração de todos os traços; 6 - Obtenção da imagem final P (x, z). Podemos ver o resultado deste tipo de migração na Figuras (4.26) e (4.27) e (4.28), na seção 4.3. 2.5 2.5.1 Técnicas de Interpretação Interpretação gráfica Ambos os dados de GPR, analógicos ou digitais, podem ser analisados em termos de identificação das reflexões e difrações e da medida dos tempos duplos de trânsito para os eventos identificados. Assumindo, ou tendo medidas apropriadas do valor da constante dielétrica relativa, e conseqüentemente obtendo uma velocidade realista da onda, os tempos duplo de 51 viagem para os eventos especı́ficos podem ser convertidos em profundidades. Se os dados de GPR foram adquiridos em uma malha regular, e as reflexões identificadas nestas áreas, é possı́vel então produzir mapas dos tempos duplos de trânsito, ou traçar isópacas e assim indicar a profundidade, ou as amplitudes de cada camada, determinando assim uma medida realista das velocidades das ondas. Esta aproximação é particularmente boa na análise de asfalto onde o número de camadas é normalmente bem restrita, ou em depósitos sedimentares de baixa energia. O tempo de trânsito para as interfaces interpretadas pode ser digitalizado fora do registros dos radargramas e, usando uma velocidade apropriada para cada camada, pode-se determinar as profundidades das interfaces. Deve-se ter cuidado na determinação do inı́cio das várias reflexões nos radargramas, assim como na determinação das profundidades derivadas das velocidades estimadas. Os dados interpretados podem ser exibidos de vários modos, inclusive usando modernos sistemas designados como os computer-aided design (CAD) e pacotes de programas gráficos (3-D). Enquanto que a produção final pode ser extremamente colorida e caprichada, devemos se lembrar que a análise básica dos dados pode ser mais simples. Enquanto a interpretação final pode nos dar uma precisão de milı́metro (isto é necessário?), mas normalmente as incertezas e a variabilidade local das propriedades dielétricas dos materiais e a natureza subjetiva para se definir a posição inicial das reflexões, tende a fazer injustificada tal precisão. Quanto melhor conhecermos as propriedades elétricas e dielétricas dos materiais a serem estudados, mais precisão e confiabilidade teremos. Além de mapear as interfaces, é possı́vel usar as variações nas propriedades fı́sicas exibidas nos radargramas como indicações das condições em subsuperficie. Por exemplo, as áreas de alta atenuação revelam zonas de alta condutividade, as quais podem estar associadas à plumas de contaminação, lentes de argila ou materiais magnéticos. Cavidades na subsuperfı́cie podem ser evidentes pela reverberação das ondas dentro do espaço vazio, estas estarão indicadas nos radargramas como uma série de pulsos de grande amplitude que são lateralmente muito restritos. Zonas de pedregulho ou estratos severamente torcidos podem ser evidentes pela perda de coerencia dos eventos de reflexão primária. 2.5.2 Análise quantitativa A determinação da profundidade depende do conhecimento adequado das velocidades da onda em cada meios da áreas a ser pesquisada. Como já visto antes, onde os dados foram obtidos através de técnicas como WARR/CMP o campo de velocidade pode ser obtido com maior detalhe. Conseqüentemente, os valores das velocidades e das constantes dielétricas podem ser usadas para ajudar na interpretação. 52 Onde a análise dos atributos quantitativos foram aplicados nos dados, atributos tais como análise de amplitude, determinação do coeficiente de reflexão e variações em (²r ), pode-se ter uma compreensão muito melhor da área estudada. Realmente, uma qualidade de dados adequada e um processamento cuidadoso pode render valiosas informação sobre a petrofı́sica da área alvo que de outras maneiras não seria possı́vel. O processamento e uma análise de alto nı́vel estão se tornando muito mais importantes para áreas onde uma discriminação detalhada é requerida, como na exploração de hidrocarbonetos, engenharia de reservatório, e em investigações de contaminações terrestres. Sendo assim, é provável que o uso do GPR em ambos os casos se desenvolva consideravelmente durante os próximos anos. CAPÍTULO 3 Geologia da Área A Bacia do Recôncavo está localizada na Região Nordeste, parte emersa do Estado da Bahia, ao norte da cidade de Salvador. Está separada da Bacia de Tucano, ao norte, pelo Alto de Aporá, e da Bacia de Camamu, ao sul, por uma zona de transferência EW (Falha da Barra). Limita-se a leste e oeste por afloramentos pré-cambrianos, através dos sistemas de falhas de Salvador e Maragogipe, respectivamente. A atuação do sistema petrolı́fero da Bacia do Recôncavo foi extremamente eficiente. De uma maneira geral, os dados geoquı́micos indicam que a geração de hidrocarbonetos ocorreu a partir de folhelhos lacustres da Fm. Candeias, de idade Rio da Serra, enquanto o inı́cio da migração é de idade Buracica/Jiquiá. As principais rotas utilizadas pelo óleo gerado foram planos de falhas e/ou meios permo-porosos, principalmente do Sistema Água Grande, e/ou por contato direto entre a seção geradora e os reservatórios. A Bacia do Recôncavo é constituida principalmente por um rifte, denominado RecôncavoTucano-Jatobá. Este rifte evoluiu durante o Cretáceo inferior como um braço abortado do rifteamento que originou o Atlântico Sul. A orientação geral do rifte varia entre N e NNE, com uma abrupta terminação orientada ENE na sua porção norte. Aproximadamente três quartos da área do rifte estão cobertos por depósitos de sedimentos pós-rifte. Em seções transversais, o rifte mostra uma geometria de meio-gráben, com a maior parte da simetria gerada por uma grande falha de borda. A região oposta à borda falhada consiste numa borda flexural, cujo limite com o embasamento ocorre sob a forma de um monoclinal falhado ou como uma discordância formando uma rampa. Ao longo de seu maior comprimento, o rifte do Recôncavo apresenta-se segmentado, originando as bacias e sub-bacias que o constituem. Esta compartimentação, também reconhecida mundialmente em riftes intracontinentais, é efetuada por zonas de transferência ou acomodações transversais. Neste trabalho vamos estudar as camadas arenı́ticas da Fm. Água Grande, as quais são reservatórios de hidrocarbonetos. 3.1 Sistema petrolı́fero Área: 10.200 Km2 53 54 Rochas reservatório: Arenitos flúvio-eólicos das Fms. Sergi e Água Grande, Turbiditos das Fms. Candeias e Maracangalha, arenitos flúvio deltáicos da Fm. Marfim e deltáicos da Fm. Pojuca. Rochas selantes: Folhelhos sobrepostos e intercalaos com os arenitos. Tipos de trapas: Estratigráficas, estruturais e mistas. Forma de migração: Planos de falhas ou contato direto com o gerador. Rocha geradora: Membro Gomo e Tauá da Fm. Candeias. Produção: cerca de 55.000 barris/dia de óleo equivalente. 3.2 Formação Água Grande Anteriormente um membro da formação Itaparica foi redefinida como formação com base na constatação de uma discordância angular entre o Água Grande e os marcos estratigráficos identificados nos folhelhos da Fm. Itaparica. A formação Água Grande é constituido por arenitos finos a grossos, cinza claro a esverdeado, rico em estratificações cruzadas acanaladas de médio e grande portes, como podemos ver a seguir nas fotos do afloramento. O contato inferior com a Fm. Itaparica e o superior com a Fm. Candeias são discordantes. Esta unidade foi reconhecida apenas nas bacias do Recôncavo e Tucano Sul. Interpreta-se para estes arenitos a deposição por sistemas fluviais e retrabalhamento eólico. A ampla distribuição de arenitos com retrabalhamento eólico na porção superior da formação Água Grande evidencia uma pausa na sedimentação e serve de critério secundário na definição da discordância existente entre esta formação e a Fm. Candeias, a ela sobreposta. Esta quebra no registro sedimentar está associada a uma importante mudança climática, de árido para úmido (Medeiros e Ponte, 1981). 3.2.1 Descrição do afloramento O afloramento objeto desta pesquisa foi descrito por (Medeiros e Ponte, 1981), o qual descreve este afloramento como sendo da Formação Água Grande, com arenitos finos a médios, contendo grãos de quartzo com facetas brilhantes, em parte com bimodalidade textural, bem selecionados ao longo de laminações. Possui na parte superior, laminações cruzadas acanaladas, levemente sigmoidais e ondulações de grande porte. O arenito é parcialmente maciço. Para os arenitos da Fm. Água Grande atribui-se uma origem em sistema fluvial. Este é um dos raros afloramentos da Fm. Água Grande, com exposições apenas dos arenitos de sua parte superior, não permitindo um perfeita interpretação do sistema deposicional. O conjunto de estruturas sugere a ocorrência de um evento de afogamento do sistema fluvial, 55 Figura 3.1: Coluna Estratigráfica da Bacia do Recôncavo 56 Figura 3.2: Seção Geológica da Bacia do Recôncavo permitindo o desenvolvimento de corpos de arenitos sigmoidais junto às desembocaduras submersas. O sentido de transporte é para sudoeste, contrário ao que vinha sendo observado nos arenitos da Fm. Sergi. Abaixo podemos ver algumas Figuras (3.3, 3.4 e 3.5) do afloramento estudado. Nestas podemos identificar as laminações, os sigmóides e os falhamentos detectados pelo GPR. Já na Figura 3.6 temos uma vista geral do afloramento, e na Figura 3.7 podemos ver a localização do afloramento onde foram adquiridos os dados em forma de malha. 57 Figura 3.3: Foto da área frontal do afloramento, detalhando as suas feições estratigráficas, principalmente sigmoidais Figura 3.4: Foto da área frontal do afloramento, detalhando as suas feições estratigráficas, principalmente sigmoidais 58 Figura 3.5: Foto da área frontal do afloramento, detalhando as suas feições estratigráficas, principalmente os fraturamentos Figura 3.6: Foto da área frontal do afloramento numa visão geral 59 Figura 3.7: Foto da área onde foi realizado o levantamento em forma de malha 60 3.3 Caracterização do afloramento com o GPR O GPR pode ser usado como uma ótima ferramenta para o mapeamento de seqüências sedimentares, pois tem uma alta resolução espacial e temporal. Entretanto, uma falha comum na análise dos dados adquiridos em investigações estratigraficas com o GPR é a sobre-interpretação dos dados. Freqüentemente os eventos demasiadamente coerentes são indicados como relações sedimentares individuais, não se fazendo as considerações devidas, como a fı́sica das interferências causadas pelas camadas finas, os limites de resolução vertical e horizontal, o tamanho finito da primeira zona de Fresnel, os efeitos da migração e a forma complexa da assinatura da fonte, etc. O levantamento dos dados foi feito diretamente sobre a Fm. Água Grande na Bacia do Recôncavo-Ba. O afloramento estudado se encontra na BR-101, km-118, nas proximidades da cidade de Alagoinhas-Ba. Nesta aquisição usamos o equipamento SIR SYSTEM 2000 da GSSI, o qual estava equipado com antenas de 200 M Hz. O levantamento foi feito com antenas no modo transversalmente elétrico (TE) empregando afastamento constante. O espaçamento entre os traços foi variável, assim como o número de traços e a janela temporal. Procurou-se cobrir toda a área do afloramento, foram feitas dez linhas paralelas entre si com espaçamento constante entre elas, isto com o intuito de fazer um bloco diagrama de uma parte do afloramento. Também fizemos outras linhas perpendiculares e paralelas à estas. Na Figura (3.9) podemos observar o radargrama (r407) que atingiu uma profundidade de aproximadamente 5m e um comprimento de 18m. No citado radargrama podemos observar vários refletores indicativos dos planos de acamamento dos sedimentos. Estas laminações encontram-se na sua maioria levemente inclinados, mas também ocorrem com inclinações medianas como podemos ver no refletor que se encontra entre as posições de 5 e 10m, na profundidade entre 1,4 a 2,5m. Na Figura 3.8 podemos ver um esquema da geometria de aquisição dos dados adquiridos sobre a Fm. Água Grande. Na Figura (3.10) temos o radargrama r408, onde podemos verificar a presença de fortes refletores revelando feições sedimentares. Neste radargrama os refletores estão levemente inclinados lembrando as estratificações acanaladas. A profundidade máxima atingida foi de 5m com uma extensão de 11,4m. No radargrama r410 apresentado na Figura (3.11) podemos ver muitos planos praticamente paralelos e estas estratificações foram reveladas até a profundidade de 6m. Este radargrama tem um comprimento de 9,44m. 61 rad422 rad413 rad407 rad408 rad425 rad410 rad412 rad426 BR-101 Km-118 Salvador (Ba) Alagoinhas (Ba) Linhas de GPR Figura 3.8: Esquema demonstrando a geometria de aquisição dos dados Figura 3.9: Radargrama r407 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,3mm, nt=512, dt=0,35ns e 2455 traços No radargrama r412 mostrado na Figura (3.12) podemos observar um padrão de estratificação não muito bem definido no começo do perfil (até 5m). Entretanto no restante do perfil pode-se abservar planos de acamamento ondulados. Neste perfil podemos observar 62 Figura 3.10: Radargrama r408 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=6,5mm, nt=512, dt=0,35ns e 1754 traços Figura 3.11: Radargrama r410 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=5,6mm, nt=512, dt=0,35ns e 1686 traços um contato, o qual deve ser dos arenitos com os folhelhos da Fm. Itaparica da camada sotoposta. As Figuras (3.13), (3.14), (3.15), (A.7), (3.17) e (3.18) revelam radargramas levantados 63 Figura 3.12: Radargrama r412 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,1mm, nt=512, dt=0,35ns e 1745 traços paralalamente entre sı́, e perpendiculares ao radargrama rad410. Os radargramas paralelos tem aproximadamente 10 metros de extensão e investigam profundidades entre 5 e 6 metros. Nestes podemos ver um padrão de seqüência sedimentar com formas sigmoidais e onduladas. Ainda podemos ver estratificações cruzadas nos radargramas das Figuras (3.16), (3.17) e (3.18). Os radargramas revelam formas inclinadas cujos limites superiores e inferiores convergem para um plano horizontal nos extremos. Estas formas ou “radarfáceis”são similares às sigmofáceis sigmoidais. Nas Figuras (3.19)e (3.20) vemos dois radargramas adquiridos perpendicularmente a direção dos radargramas anteriores (Figuras 3.13 à 3.18), estes tem extensão de aproximadamente 45 metros. Nestes não observamos as estruturas sigmoidais pois estão perpendiculares a linha de levantamento, mas podemos ver laminações acanaladas e onduladas. Estes atingiram uma profundidade de aproximadamente 8 à 9 metros. Nas Figuras 3.21 3.22 e 3.23 podemos observar alguns dos radargramas anteriores interpretados. Na Figura 3.24 podemos observar dois radargramas reais adquiridos sobre o afloramento da Fm. Água Grande, os quais, após interpretados foram colocados perpendicularmente um ao outro (verdadeira posição). Assim podemos ver que fica evidente a coerência das interpretações no que tange o posicionamento dos refletores. Já na Figura 3.25 podemos ver o modelo estabelecido para o afloramento, este baseado na interpretação dos radargramas reais da Figura 3.24. 64 Figura 3.13: Radargrama r413 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1775 traços Figura 3.14: Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1715 traços 65 Figura 3.15: Radargrama r418 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1541 traços Figura 3.16: Radargrama r420 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1528 traços 66 Figura 3.17: Radargrama r421 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1459 traços Figura 3.18: Radargrama r422 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1461 traços 67 Figura 3.19: Radargrama r425 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=16,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 2993 traços Figura 3.20: Radargrama r426 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=13,7mm, nt=512, dt=0,35ns e 3150 traços 68 Profundidade (m) Distância (m) Figura 3.21: Radargrama r410, mostrado na figura 3.11 interpretado para ressaltar os principais refletores Figura 3.22: Radargrama r416, mostrado na figura 3.14 o qual está interpretado com linhas grossas sobre os refletores de maior amplitude e linhas mais finas sobre os demais refletores, também podemos ver em amarelo na parte superior as ondas diretas e abaixo os planos de falhamento, o da esquerda sem rejeito e o da direita com rejeito. 69 Profundidade (m) Distância (m) Figura 3.23: Radargrama r421, mostrado na figura 3.17 interpretado usando os mesmos critérios descritos na figura anterior. 70 Figura 3.24: Visão tridimensional dos radargramas obtida a partir dos radargramas r421 e r410, adquiridos perpendicularmente um ao outro. 71 Figura 3.25: Modelo 3-D estabelecido para o afloramento da Fm. Água Grande, o qual foi gerado a partir dos radargramas reais interpretados CAPÍTULO 4 Modelagem eletromagnética A modelagem numérica da onda eletromagnética consiste numa maneira prática e eficiente de simular matematicamente a propagação das ondas eletromagnéticas na subsuperfı́cie complexa. Para tanto, o meio é discretizado em termos de suas propriedades fı́sicas, sendo representado por meio de uma malha. Com esta metodologia podemos analisar a resposta de um modelo ao levantamento com antenas de diferentes freqüências ou arranjos, e assim planejar as futuras aquisições de maneira rápida e eficaz; e principalmente, analizar a consistência da interpretação dos radargramas reais. Neste capı́tulo poderemos verificar alguns resultados desta metodologia sendo aplicada em dois modelos geológicos destintos. 4.1 Equações de Maxwell em meios dispersivos São três as propriedades que controlam a propagação de ondas eletromagnéticas em meios dispersivos e atenuantes: permissividade dielétrica, permeabilidade magnética e a condutividade elétrica. A condutividade elétrica descreve a facilidade com que as cargas elétricas são transportadas através dos materiais. Neste trabalho somente utilizamos materiais nãomagnéticos, assim podemos fazer algumas simplificações (Veja Quadros 1.1 e 1.3). Os valores complexos descrevem a resposta da polarização dielétrica para as mudanças no campo; a energia perdida é transformada em energia eletroquı́mica e mecânica. A combinação da parte real da condutividade (independente da freqüência) e da permeabilidade magnética com a parte complexa da permissividade (dependente da freqüência) representa a maioria dos materiais pesquisados com o GPR. As equações de Maxwell para esses meios dispersivos são: ∂B (4.1) ∇×E=− , ∂t ∂D ∇ × H = Js + σE + , (4.2) ∂t B = µH, (4.3) e, D = ² 0 ²∞ E + ( L Z X `=1 t −∞ 72 Φ` (t − τ )E(τ )dτ ), (4.4) 73 onde E é o vetor campo elétrico; B é o vetor campo magnético; D é o vetor deslocamento elétrico; H vetor intensidade do campo magnético e Js é o vetor densidade de corrente da fonte. Φ` é a função decaimento. Assumindo a propagação no plano(x,z), onde x é a posição horizontal e z é a profundidade, e que as propriedades dos materiais são constantes ao longo da coordenada y, então as componentes do campo elétrico e magnético são Ey, Hx e Hz, as quais são desacopladas das componentes Ex, Ez e Hy do modo transversalmente magnético (TM). As equações diferenciais das componentes do modo TE são as seguintes: ∂Hx ∂Ey = µ0 + Mx , ∂z ∂t (4.5) ∂Ey ∂Hz = µ0 + Mz , (4.6) ∂x ∂t ∂Ey ∂ 2 Ey ∂Hx ∂Hz + Jy , (4.7) − = σ22 ∗ + ²22 ∗ ∂z ∂x ∂t ∂t2 onde µ0 é a permeabilidade magnética do vácuo (µ0 = 4π10−7 H/m), ²22 e σ22 são os principais componentes do tensor de relaxação da permeabilidade e da condutividade (Carcione, 1998). Além disso J e M são as densidades de corrente do campo elétrico e magnético, respectivamente, e o simbolo ∗ denota convolução no tempo. As principais componentes são dependentes do tempo e descrevem varios processos de relaxação dos materiais. Segundo (Carcione, 1996) ²mm , é a generalização da função de Debye e representa as diferentes perdas dielétricas, e σmm é a função relaxação Kelvin-Voigt em modelos com componentes fora de fase para correntes de condução à altas freqüências. − As equações do modo TE (4.5), (4.6) e (4.7) podem ser transformadas para o domı́nio da freqüência e nos conduzem a seguinte equação diferencial: ∂ 2 Ẽy ∂ 2 Ẽy µ0 2 ∂ M̃z ∂ M̃x + + ω Ẽy = lωµ0 J˜y − + . 2 2 ∂x ∂z β22 ∂x ∂z (4.8) onde o til denota a tranformada de Fourier com respeito ao tempo. Os coeficientes βmm , contém as informações sobre as diferentes permissividades e os processos de atenuação pela condutividades que afetam a propagação das ondas eletromagnéticas. Estes são complexos e dependentes da freqüência e tem a seguinte forma: βmm = (²emm − l σemm )−1 ω (4.9) onde ²emm e σemm são a permissividade efetiva e os componentes de condutividade (estes são reais e dependentes da freqüência (Carcione, 1996)). Além disso, ω é a freqüência angular √ e l = −1. A permissividade efetiva e a condutividade contribuem para a velocidade das ondas eletromagnéticas e para a sua dissipação, respectivamente. 74 Em alguns solos, a abertura do radar é reduzida pela presença de misturas. Este efeito, observado no campo (Carcione, 1998), pode ser simulado assumindo uma condutividade anisotrópica. Embora a condutividade seja uma propriedade do meio, é comum na modelagem a inclusão dos efeitos de acoplamento fonte-superfı́cie como parte da eficácia da fonte. Observe que a condutividade na região da fonte pode ser um plano anisotrópico no caso da propagação em solos isotrópicos. Uma análise da onda plana nas equações (4.5), (4.6) e (4.7), baseada em ondas uniformes, mostram um fator de qualidade (Carcione, 1996), Q= Re(β22 ) + Re(β22 )tan2 θ Im(β22 ) + Im(β22 )tan2 θ (4.10) onde, θ é o ângulo entre o eixo-z e o vetor de propagação; e Re e Im denotam as partes reais e imaginárias. O campo eletromagnético devido a uma fonte pontual é dado pela solução da equação 4.8; obtido por (Carcione e Cavallini, 1993) e (Carcione e Cavallini, 1995). Aqui, as derivadas espaciais das correntes elétricas implicam na diferenciação das funções de Green. Posto que a solução da convolução das funções de Green com o termo fonte, pode ser obtido através das derivadas espaciais das funções de Green. Assim a solução da equação 4.8 é: (2) (2) Ẽy (r, θ, ω) = πωµ0 β22 M̃y H0 (α) + lπµ0 ω 2 r × (sinθ(−M̃z ) − cosθ(−M̃x ))α−1 H1 (α), (4.11) (2) (2) onde H0 e H1 são as funções de Hankel de segunda classe, α= √ µ0 ωr( e, r= sin2 θ cos2 θ + ) β22 β22 √ (4.12) x2 + z 2 . (4.13) (2) (2) Na derivação da equação (4.11), a propriedade (∂/∂α)[H0 ] = H1 (α) foi usada. A solução no domı́nio do tempo é obtida por uma transformada numérica inversa de Fourier. A fonte composta pode ser obtida assumindo a soma de muitas fontes simples. Considerando a fonte composta localizada na região do retângulo da malha onde as propriedades dos materiais são homogêneas (Veja Figura 4.1). Se o tamanho do retângulo é 2Lx × 2Lz (medidos em pontos do grid) e os espaçamentos do respectivo grid são dx edz , o campo elétrico total pode ser expresso como: Ẽy (x, z, ω) = πω( Lz Lx X X i=−Lx j=−Lz (2) {IM (i, j)H0 (αij ) + lµ0 ω[(x − idx)Iz (i, j) (2) −1 −(z − jdz)Ix )i, j)] × αij H1 (αij )}h̃(ω)δ(x − idx)δ(z − jdz), (4.14) onde, √ αij = µ0 ω s (x − idx)2 (z − jdz)2 + . β22 β22 (4.15) 75 Figura 4.1: Ilustração do conceito de fonte composta. O espaçamentos da malha são chamados de dx e dz e as intensidades da fontes elétricas são Ix e Iz e Im é a intensidade magnética da fonte para cada ponto da malha (Carcione, 1998). 4.2 Solução numérica da equação da onda eletromagnética A modelagem direta utilizada nesta pesquisa simula a propagação da onda, onde a solução das derivadas temporais é realizada pela técnica de diferenças finitas, utilizando o método Runge-Kutta de quarta ordem e a solução das derivadas espaciais emprega o método de Fourier. Neste trabalho de modelagem usamos a configuração de antenas no modo transversalmente elétrico(TE), onde os campos resultantes são o campo elétrico E na direção y (Ey) e os campos magnéticos H nas direções x e z, respectivamenete Hx e Hz. Outra maneira de obtermos um radargrama é fazendo uma composição destes campos magnéticos. Esta composição é feita da seguinte forma: R= onde R é o radargrama resultante. p (Hx2 + Hz 2 ) (4.16) 76 4.2.1 Função fonte O campo eletromagnético obtido da solução analı́tica (4.14) é usada para calcular o padrão de radiação e IM , Ix e Iz são as intensidades da fonte numa dada região da malha numérica. Então, as equações do radar são resolvidas com um método de malha direta, este calcula as derivadas espaciais usando o método pseudo-espectral de Fourier e a solução no tempo com um algoritmo explicito tipo Runge-Kutta de quarta ordem (Carcione e Cavallini, 1994). Na Figura 4.2 podemos observar a assinatura da fonte usada nas modelagens deste trabalho. A fórmula utilizada para obte-lá é a seguinte: 2 W avelet = e(−2×s ) × cos(2 × π × s) (4.17) s = (tempo − tcut) × f /2 (4.18) onde, e, tempo = (i − 1) × dt tcut = nwavelet/2 × dt nwavelet = tcut × 2/dt i = 1, nwavelet Assinatura da Fonte 1,5 1 A mplitud e 0,5 0 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2 -0,5 -1 Tempo (ns) Figura 4.2: Gráfico mostrando a assinatura da fonte 4.2.2 Fronteiras absorcivas A Figura (4.3) mostra o comportamento da borda de absorção (absorving boundary). Esta posiciona-se nas paredes do modelo, com o intuito de simular a continuidade do modelo, 77 tornando este um meio de dimensões quase infinitas, isto se faz necessário para que a propagação da onda seja o mais parecida com a realidade. A fórmula utilizada para a construção Borda de absorção 1,2 1 Amplitude 0,8 0,6 0,4 0,2 0 0 5 10 15 20 Número de pontos na malha Figura 4.3: Gráfico mostrando a borda de absorção das bordas é a seguinte: Gob = µ0 /(f ac2 ) (4.19) f ac = (es + e−s )/2 (4.20) onde, e, s = (i − 1) × α µ0 = (2 × V max)/dt α = 0, 16 i = 1, espessura 4.3 Modelo 2-D de um reservatório de hidrocarboneto Nesta seção realizamos uma modelagem direta simulando um levantamento do tipo WARR (Wide Angle reflection and refraction). Para esta simulação foi construido um modelo 2D simplificado, baseado no radargrama r422 (Veja Figura 3.18) adquirido sobre a rocha arenitica da Fm. Água Grande na Bacia do Recôncavo. Para realizar esta modelagem usamos o programa descrito na seção anterior e os seguintes parâmetros: Freqüência central da fonte - 200 MHz 78 Número de receptores - 375 Número de tiros - 11 Espaçamento entre receptores - 0,1 m Espaçamento entre tiros - 3 m Número de amostras no tempo - 220 Intervalo de amostragem - 0,1 ns Com a configuração acima descrita, e considerando que os 375 receptores registraram os 11 tiros, obtivemos um recobrimento de 11 traços por CDP. O modelo 2-D utilizado nesta modelagem é mostrado na Figura 4.4. Nela podemos verificar a presença de 2 refletores na forma de sigmóides, feição muito comum na Formação estudada. O modelo utilizado empregou valores de condutividade elétrica e constante dielétrica obtidos nas Tabelas 1.1 e 1.2, formando a seguinte estrutura: Arenito da camada superior - σ = 0, 1mS/m e ² = 6²0 Arenito das camadas intermediaria e inferior - σ = 0, 01mS/m e ² = 5²0 Argila nos contatos - σ = 100mS/m e ² = 10²0 s=0,1mS/m s=0,01mS/m s=100mS/m e=6eo e=5eo e=10eo Figura 4.4: Modelo representando sigmóides 79 As Figuras (4.6), (4.7), (4.8) e (4.9) mostram alguns tiros ou familias WARR (componenete Hx ) localizados a diferentes posições sobre o terreno. Na Figura (4.5) interpretou-se um desses tiros, identificando diferentes eventos, tais como: A: onda direta pelo ar; B: onda direta pelo solo; C: reflexão devido ao primeiro sigmóide; D: onda refratada na interface solo-ar; E: reflexão devido ao segundo sigmóide; F: multipla interna entre os dois refletores; G, H, I e J: efeitos de borda. Distância (m) A B Tempo (ns) C D E F G H I J Tiro na posição 14 metros Figura 4.5: Tiro localizado na posição 14 metros interpretado As Figuras (4.10), (4.11) e (4.12) mostram as três componentes (Hx, Hz e Ey) de um mesmo tiro, simulando uma aquisição com antenas no modo transversalmente elétrico (TE). Nas Figuras (4.13), (4.14), (4.15) e (4.16) podemos verificar alguns instantâneos da frente de onda se propagando no meio. Nestes podemos verificar os reflexões da onda após cada mudança nas propriedades fı́sicas. Na Figura (4.17) vemos o conjunto contento os 11 tiros, e a localização destes. 80 Tempo (ns) Distância (m) Tiro na posição 8 metros Figura 4.6: Tiro localizado na posição 8 metros (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços Tempo (ns) Distância (m) Tiro na posição 14 metros Figura 4.7: Tiro localizado na posição 14 metros (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços 81 Tempo (ns) Distância (m) Tiro na posição 23 metros Figura 4.8: Tiro localizado na posição 23 metros (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços Tempo (ns) Distância (m) Tiro na posição 29 metros Figura 4.9: Tiro localizado na posição 29 metros (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços 82 Tempo (ns) Distância (m) Tiro na posição 5 metros Figura 4.10: Tiro localizado na posição 5 metros (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços Tempo (ns) Distância (m) Tiro na posição 5 metros Figura 4.11: Tiro localizado na posição 5 metros (Hz), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços 83 Tempo (ns) Distância (m) Tiro na posição 5 metros Figura 4.12: Tiro localizado na posição 5 metros (Ey), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços Distância (m) Distância (m) Snap shot em 50 ns Figura 4.13: Instantâneo em 50 ns (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços 84 Distância (m) Distância (m) Snap shot em 100 ns Figura 4.14: Instantâneo em 100 ns (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços Distância (m) Distância (m) Snap shot em 150 ns Figura 4.15: Instantâneo em 150 ns (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços 85 Distância (m) Distância (m) Snap shot em 200 ns Figura 4.16: Instantâneo em 200 ns (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços 86 As seções de radar registradas sobre o afloramento da Formação Água Grande são do tipo afastamento constante. Considerando que a antena empregada é de 200 M Hz cuja separação fonte-receptor é centimétrica (aproximadamente 20 cm), pode-se facilmente verificar que elas são equivalentes às seções de afastamento nulo. O trabalho de (Pestana e Botelho, 1997) mostra a similaridade das duas seções considerando as suas equivalências, mediante a transformação de seções de afastamento constante em seções de afastamento nulo. Vale esclarecer que a redução para afastamento nulo tem sua aplicação quando as antenas são de baixas freqüências (80, 50 ou 25 M Hz), as quais tem afastamentos entre 1 e 2,5m. Assim sendo, a geração de uma seção empilhada, equivalente à seção de afastamento nulo, que por sua vez é equivalente à seção de afastamento constante registrada com antena de 200 M Hz, servirá para confirmar o modelo interpretado, como também servirá para testar o algoritmo de modelagem numérica na geração de familias WARR, as quais servirão para gerar a seção empilhada por meio do processamento CDP. O processamento CDP clássico, que consiste na re-organização dos traços em famı́lias CDP, nas análises de velocidade, na correção de NMO (normal move-out) e no empilhamento, forneceu como resultado uma seção empilhada que revelou um excelente ajuste entre a seção real e a seção sintética empilhada, no que concerne aos dois principais refletores modelados. A modelagem numérica 2-D simulando uma antena que faz aquisição “transversalmente elétrica” gera os componentes Hx, Hz e Ey. A Figura 4.17 mostra as onze familias WARR sintéticas da componente Hx, onde pode-se observar a posição relativa das antenas (fonte) no modelo dos sigmóides. A seção empilhada gerada a partir dos componentes Hx é mostrada na Figura 4.18. O resultado como já era esperado foi muito bom, pois após o empilhamento conseguiuse restituir o modelo proposto. Estas etapas foram feitas para os três componentes do radargrama (Hx, Hz e Ey) separadamente, assim como para o radargrama resultante (Veja fórmula 4.16). O resultado deste processamento pode ser observado nas Figuras (4.18), (4.19), (4.20) e (4.21). 87 Figura 4.17: Conjunto com 11 tiros (Hx), simulando o emprego de antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280, primeiro tiro=2m, distância entre tiros=3m e distância entre receptores=10cm Distância (m) Seção empilhada (Hx) 88 Tempo (ns) Figura 4.18: Seção empilhada (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços Distância (m) Seção empilhada (Hz) 89 Tempo (ns) Figura 4.19: Seção empilhada (Hz), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços Distância (m) Seção empilhada (Ey) 90 Tempo (ns) Figura 4.20: Seção empilhada (Ey), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços Distância (m) Seção empilhada (Hx, Hz, Ey) 91 Tempo (ns) Figura 4.21: Seção empilhada (Hx, Hz), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços A migração em profundidade de um radargrama fornece um modelo (x,z) que deve ser compatı́vel com o modelo de distribuição de velocidades usado na migração. Ou seja 92 o resultado da migração deve ter seus refletores em posições aproximadamente coincidentes com os contatos, ou linhas de impedância não nulas (modelos 2-D) definidos no modelo de velocidades. Um teste clássico para confirmar a consistência do modelo de distribuição de velocidades usados na migração é a comparação deste modelo de entrada com o resultado da migração. Trabalhos como o de (Claerbout, 1976) e (Botelho, 1986) realizarm tais comparações a partir de dados sı́smicos. Nesta pesquisa foi utilizado dois processos de migração. O primeiro teste foi utilizando uma migração pós-empilhamento do tipo Stolt, para a qual usamos uma velocidade única de 0,13 m/ns. Neste teste usamos esta velocidade de migração pois o modelo sintético proposto é quase que totalmente formado por camadas arenı́ticas com esta velocidade. Observe que nos radargramas mostrados nas Figuras 4.24 e 4.25 ocorrem muitas hipérboles de difração, estas são causadas pelo negligenciamento das velocidades das descontinuidades, as quais tem uma velocidade inferior (que inferimos como sendo 0,09 m/ns), pois são fraturas preenchidas com material muito úmido ou areno-argiloso. A migração Stolt foi utilizada na componente Hx e no radargrama gerado pela resultante dos três componentes. O segundo teste foi utilizando uma migração pré-empilhamento do tipo Kirchhoff, a qual se utiliza de um campo de velocidades variavel, capaz de reproduzir a realidade. Como neste teste foi utilizado o campo verdadeiro de velocidades, ou seja, não negligenciamos as velocidades das descontinuidades, observa-se que as hipérboles de difração foram fortemente atenuadas, podemos observar o resultado na Figura 4.28, que nos mostra a seção completa e nas Figuras 4.26 e 4.27 que demonstram o resultado da migração em dois tiros separadamente. A migração do tipo Kirchhoff foi utilizada na componente Hx. Numa situação real, onde não conhecemos o modelo fı́sico do meio, para usarmos corretamente estas migrações, se faz necessário definir os campos de velocidades usado na migração a partir de técnicas de análises de velocidades como, por exemplo o método de NMO. No citado método testamos várias velocidades e observamos quais delas tornaram os refletores mais alinhados. Nas Figuras 4.22 e 4.23 podemos observar a análise feita em duas familias CDP, a primeira localizada no centro do modelo (14 m) e a segunda na parte final do mesmo (32 m). Nesta última análise podemos observar que os refletores ficaram mais coerentes, o que era de se esperar, pois nesta parte do modelo as camadas estão mais horizontalizadas. Na análise da familia CDP mostrada na Figura 4.22 a velocidade que melhor horizontalizou os refletores foi de 0, 14m/ns. Já na análise da familia CDP mostrada na Figura 4.23 a velocidade foi de 0, 12m/ns. Observe que obteve-se velocidades dentro de um intervalo de erro de 10%, já que a velocidade do material até o primeiro refletor, o qual foi utilizado para fazer a correção, é de 0,13 m/ns. Traços 93 Traços Tempo (ns) Traços Tempo (ns) Traços Tempo (ns) Traços Tempo (ns) Tempo (ns) Figura 4.22: Análise de velocidade de uma familia CDP localizada no centro do modelo (14 m) Traços 94 Traços Tempo (ns) Traços Tempo (ns) Traços Tempo (ns) Traços Tempo (ns) Tempo (ns) Figura 4.23: Análise de velocidade de uma familia CDP localizada na parte final do modelo (32 m) Distância (m) Seção migrada (Hx) 95 Profundidade (m) Figura 4.24: Seção migrada (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços. Migrada com Stolt usando velocidade única de 0,13 m/ns Distância (m) Seção migrada (Hx, Hz, Ey) 96 Tempo (ns) Figura 4.25: Seção migrada (Hx, Hz), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços. Migrada com Stolt usando velocidade única de 0,13 m/ns 97 Profundidade (m) Distância (m) Figura 4.26: Tiro na posição 14 metros migrado (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços. Usando migração Kirchhoff pré-empilhamento Profundidade (m) Distância (m) Figura 4.27: Tiro na posição 29 metros migrado (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços. Usando migração Kirchhoff pré-empilhamento Distância (m) 98 Profundidade (m) Figura 4.28: Seção migrada (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços. Usando migração Kirchhoff pré-empilhamento 99 4.4 Modelo de rochas com intemperismo Com o propósito de estudar a atenuação da onda eletromagnética em meios absorsivos e verificar a eficácia na detecção de fraturamentos em corpos de granitos, os quais muitas vezes estão subjacentes a mantos de rochas intemperizadas, resolveu-se testar o algoritmo num segundo modelo. Para este teste de modelagem usou-se os seguintes parâmetros: Freqüência central - 200 MHz Número de receptores - 375 Número de tiros - 12 Espaçamento entre receptores - 0.1 m Espaçamento entre tiros - 3 m Número de amostras - 280 Intervalo de amostragem - 0.1 ns Com esta configuração obtivemos um recobrimento de 12 traços por CDP. A Figura (4.29) mostra o modelo utilizado. Neste modelo podemos verificar a presença de uma camada de solo argiloso, cuja condutividade elétrica é de 10 mS/m, que representa uma condutividade 1000 vezes maior que a da rocha subjacente, e apresenta uma espessura crescente, no intuito de se verificar a sua influência na detecção das camadas subjacentes. Colocou-se também uma zona de falha com rejeito vertical e fraturas levemente inclinadas, pois estas feições são muito comuns nas zonas produtoras de rochas ornamentais. Para esta simulação também foram usadas as propriedades fı́sicas conhecidas na literatura (Veja Tabelas 1.1 & 1.2), assim foram usadas as seguintes propriedades: Solo da camada superior - σ = 10mS/m e ² = 9²0 Granitos das camadas intermediaria e inferior - σ = 0, 01mS/m e ² = 6²0 Argila nos contatos - σ = 100mS/m e ² = 10²0 Nas Figuras (4.31),(4.32),(4.33) e (4.34), assim como no primeiro modelo podemos observar alguns tiros do componente (Hx ) em diferentes posições sobre o terreno. Assim como os tiros das três componentes diferentes na mesma posição (4.35),(4.36) e (4.37). Na Figura (4.30) interpretou-se um desses tiros, nesta interpretação pode-se identificar vários eventos como: A: onda direta pelo ar; B: onda direta pelo solo; 100 Profundidade (m) Distância (m) s=10 mS/m s=0,01 mS/m s=100 mS/m e=9eo e=6eo e=10eo Figura 4.29: Modelo representando granitos C: reflexão devido ao contato solo/granito; D: onda refratada, vinda do solo e refletida na interface solo-ar; E: multipla do contato solo/rocha; F: reflexão devido ao falhamento; G: efeitos de borda; H: reflexão devido ao terceiro contato. Nas Figuras (4.38), (4.39), (4.40) e (4.41) podemos verificar alguns instantâneos da frente de onda se propagando no meio. Nestes podemos verificar os reflexões da onda após cada mudança nas propriedades fı́sicas. Na Figura 4.39 podemos ver a reflexão nas fraturas atingirem a superfı́cie e a reflexão na fratura sub-horizontal situada a 10m de profundidade, está propagando em direção à superfı́cie. O instantâneo da Figura 4.40 mostra a chegada do evento correspondente à reflexão na fratura mais profunda. Na Figura (4.42) podemos observar o conjunto de tiros dados sobre o modelo, bem como as suas posições. Fica muito claro a atenuação da resposta da onda eletromagnética a partir da posição 20m, onde a espessura da camada de solo argiloso se espessa. 101 Distância (m) A B D Tempo (ns) C F E H G Tiro na posição 17 metros Figura 4.30: Tiro localizado na posição 17 metros interpretado Tempo (ns) Distância (m) Tiro na posição 8 metros Figura 4.31: Tiro localizado na posição 8 metros (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços 102 Tempo (ns) Distância (m) Tiro na posição 17 metros Figura 4.32: Tiro localizado na posição 17 metros (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços Tempo (ns) Distância (m) Tiro na posição 20 metros Figura 4.33: Tiro localizado na posição 20 metros (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços 103 Tempo (ns) Distância (m) Tiro na posição 29 metros Figura 4.34: Tiro localizado na posição 29 metros (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços) Tempo (ns) Distância (m) Tiro na posição 11 metros Figura 4.35: Tiro localizado na posição 11 metros (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços 104 Tempo (ns) Distância (m) Tiro na posição 11 m Figura 4.36: Tiro localizado na posição 11 metros (Hz), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços Tempo (ns) Distância (m) Tiro na posição 11 metros Figura 4.37: Tiro localizado na posição 11 metros (Ey), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços 105 Distância (m) Distância (m) Snap shot em 50 ns Figura 4.38: Instantâneo em 50 ns (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços Distância (m) Distância (m) Snap shot em 100 ns Figura 4.39: Instantâneo em 100 ns (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços 106 Distância (m) Distância (m) Snap shot em 150 ns Figura 4.40: Instantâneo em 150 ns (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços Distância (m) Distância (m) Snap shot em 200 ns Figura 4.41: Instantâneo em 200 ns (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços 107 Com os mesmos objetivos da seção anterior os tiros foram empilhados e migrados usando o método de Stolt. Observe que foi necessário um ganho exagerado na seçao migrada para poder se observar a última camada que se encontra a aproximadamante 10m de profundidade. Neste radargrama pode-se ver a falta de “iluminação” entre as distâncias de aproximadamente 15 à 20m causada pelo efeito de quina da camada superior falhada. 20 17 5 8 11 14 Distância (m) 23 Conjunto contendo os tiros 26 29 32 35 108 Tempo (ns) Figura 4.42: Conjunto com 12 tiros (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280, Posição inicial da fonte = 2m, Espaçamento entre tiros = 3m e distância entre receptores=10cm Distância (m) Seção empilhada (Hx) 109 Tempo (ns) Figura 4.43: Seção empilhada (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços Distância (m) Seção migrada (Hx) 110 Profundidade (m) Figura 4.44: Seção migrada (Hx), utilizando antenas de 200 MHz, dt=0.1 ns, nt=280 e 375 traços. Migrada Stolt usando velocidade única de 0,13 m/ns CAPÍTULO 5 Conclusões A pesquisa sobre as heterogeneidades internas de um corpo rochoso empregando a técnica de GPR, nos permite realizar aquisições de dados empregando diversas configurações, muitas delas similares às realizadas pela sı́smica de reflexão (CMP, familias de tiro comum ou WARR) e até mesmo seções com afastamento constante, as quais, quando empregando antenas de alta freqüência (200, 400, 900 M Hz) podem ser consideradas de afastamento nulo. As diversas imagens internas de um corpo rochoso, que podem ser obtidas com o GPR, tornam possı́vel perceber fraturas, estratificações, falhas ou mesmo mudanças na litologia. Entretanto, a clareza e a precisão da geometria de distribuição de heterogeneidades depende do tratamento dispensado aos dados. O processamento padrão dos dados de radar é similar aos procedimentos aplicados nos dados sı́smicos, ou seja, consiste na aplicação de ganhos, filtros de freqüencia e número de onda, análises de velocidade, correções de NMO, empilhamento e por fim migrações. O afloramento do arenito fluvial da Fm. Água Grande (situado no km-118 da BR101), foi investigado com seções de afastamento constante, com antenas de 200 M Hz, onde tornou-se possı́vel estabelecer um modelo 3-D do padrão de fraturamento interno do citado arenito. Observou-se que muitas fraturas se deram ao longo das estratificações sigmoidais, havendo ainda um padrão de falhamento normal que corta tais fraturamentos. A modelagem eletromagnética foi usada com muito sucesso na simulação da propagação das ondas num modelo sintético 2-D obtido diretamente da interpretação de radargramas reais registrados sobre o afloramento arenı́tico da Formação Água Grande. Simulou-se uma aquisição de famı́lias de tiro comum (WARR) sobre o modelo 2-D do arenito da Fm. Água grande, empregando uma separação entre tiros de 3m, registrando nas 375 posições correspondentes à posição dos receptores, cuja separação é de 10cm, e registramos os traços com 220 amostras com 0,1ns de taxa de amostragem. Realizou-se o processamento CDP clássico e verificou-se que a seção sintética empilhada é similar ao radargrama real, no que tange aos dois principais refletores sigmoidais. As aplicações com o algoritmo de modelagem, também serviram para verificar o efeito absorciso, ainda que de maneira qualitativa, quando temos uma rocha ou material condutivo (por exemplo 10mS/m) sobreposta a rocha objeto de investigação. Uma situação real, correspondente ao modelo geológico descrito é a 111 112 presença de folhelhos da Formação Candeias sobre os arenitos da Formação Água Grande. Um outro modelo geológico, muito comum ao setor de exploração de rochas ornamentais, e a de um corpo granı́tico fraturado com cobertura de material intemperizado formando solos absorcivos. Pelo fato de ter-se obtido bons resultados com a modelagem direta é possivel à priori organizar as aquisições, seja nos seus parâmetros ou na sua geometria, e assim podemos reduzir os custos e o tempo destas aquisições. Observou-se que para o segundo modelo deste trabalho, usando-se uma condutividade de 10 mS/m e uma espessura de 4 metros de solos absorcivos, já atenuamos muito as reflexões subjacentes, portanto espessuras e/ou condutividades maiores, invibializariam estudos deste tipo. Nesta trabalho também testamos o desempenho de dois métodos diferentes de migração na geração de um modelo final, representado pela seção migrada: a primeira migração, usou velocidade constante; e a segunda, usou um campo de velocidades variáveis. O modelo utilizado neste estudo foi o do arenito (Fm. Água Grande) e obtivemos bons resultados nas duas metodologias. O segundo procedimento foi aplicado diretamente sobre as familias de tiro comum, onde obteve-se um erro menor na profundidade dos refletores, o que já era esperado, pois usou-se o campo com distribuição de velocidades verdadeiras em cada camada, ao invés de usarmos uma média das velocidades como sendo a velocidade única do modelo. Após este processo ser aplicado aos dados de GPR, temos uma poderosa ferramenta para pode estudar as principais rochas reservatório de hidrocarbonetos presentes na Bacia do Recôncavo (Ba), em escala de afloramentos. Particularmente, estudar as caracterı́sticas ou feições internas destas litologias, para com isto podermos avaliar suas influências na permeabilidade dos reservatórios. Por fim, fica claro que a metodologia de se aplicar o GPR para caracterizar os análogos de reservatório juntamente com a modelagem direta, nos dá uma boa estimativa do modelo exploratório dos análogos de reservatório, e conseqüentemente dos reservatórios. Assim sendo estes dados podem ser tratados para futuros estudos de permeabilidade e compartimentalização dos referidos reservatórios. Esta pesquisa deverá ser extendida para os arenitos da Fm. Sergi, Fm. Marfim e Fm. Pojuca, os quais, são rochas reservatório da Bacia do Recôncavo. Agradecimentos Ao CPGG/UFBA pelo apoio técnico, indispensável para a realização deste trabalho. A Agência Nacional do Petróleo, pela bolsa concedida. Ao meu orientador, Prof. Dr. Marco A. B. Botelho, pelo conhecimento repassado e inestimável amizade. Aos demais membros da banca, Wagner França Aquino e Reynam da Cruz pestana, pela atenção, tempo e correções. Ao Prof. Dr. José Maria Carcione, pelo algoritmo de modelagem e atenção dispensada. À Joaquim lago, pelo apoio técnico e valiosa amizade durante todos esses anos (Desculpe Joaquim!). Ao Prof. Dr. Reynam Pestana, pela ajuda em várias etapas deste trabalho. Aos demais professores e funcionários, aos quais agradeço pelo conhecimento e atenção dispensados. À turma da lambreta, que ainda existe em nossos pensamentos. À turma das quintas-feiras (Joaquim, Arno, Celso, Fernandinho, Ivana, Andréia, Ioná, Violeta, Iracema e Lidsy) Ao Gary, pela amizade e companheirismo. Aos colegas que me ajudaram na realização deste trabalho (Gary, Celso(mineirinho), Paulo Espinheira e Nilton). Aos meus amigos (fora da UFBA), sem os quais a vida em Salvador teria sido horrı́vel (Agamenom, Ricardo, Gaspar, Maria Bernadete, Honório, Henrique, Mayra, Fredolino, Kátia, Eron, Rafael, Paulinho, Felipe, Silva, Nedma, Helena, Railda e outros tantos, Valeu galera!). À Carolina Menezes, pelo amor e companheirismo durante toda a graduação. Sem os quais, não teria suportado a solidão e saudades. À Deus, nosso criador e protetor. À minha familia, principalmente meus pais, pela força, paz e amizade. Sem as quais, não teria tido forças para chegar até aqui. 113 APÊNDICE A Dados reais levantados sobre a Fm. Água Grande A.1 Afloramento da Fm. Água Grande Figura A.1: Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,5mm, nt=512, dt=0,39ns e 2405 traços (rad406) 114 115 Figura A.2: Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,1mm, nt=512, dt=0,35ns e 1599 traços Figura A.3: Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=5,9mm, nt=512, dt=0,35ns e 1612 traços 116 Figura A.4: Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1832 traços Figura A.5: Radargrama rad415 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1549 traços 117 Figura A.6: Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1619 traços Figura A.7: Radargrama r419 adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=7,0mm, nt=512, dt=0,35ns e 1730 traços 118 Figura A.8: Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=16,7mm, nt=512, dt=0,35ns e 1375 traços Figura A.9: Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=15,5mm, nt=512, dt=0,35ns e 1866 traços 119 Figura A.10: Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=16,0mm, nt=512, dt=0,39ns e 2506 traços Figura A.11: Radargrama adquirido sobre a Fm. Água Grande, utilizando antenas de 200 MHz, dx=16,0mm, nt=512, dt=0,39ns e 1803 traços Referências Bibliográficas Annan, A. P. e Davis, J. L. (1976) Impulse radar sounding in permafrost, Radio Science, 11:383–394. Annan, A. P. e Davis, J. L. 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