a visão dos pais em relação a importância da
Transcrição
a visão dos pais em relação a importância da
Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 VOLUME 05 - NÚMERO 01 - 2010 - MAGAZINE - Pág. 1 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 É com grande satisfação que, no vigésimo segundo ano de realização do Encontro Nacional de Atividade Física/ENAF, em sua quadragésima oitava edição, publicamos a Revista ENAF SCIENCE Nº 09. Tal publicação pode ser traduzida como uma forma de agradecimento e retribuição a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para o desenvolvimento e aperfeiçoamento desse evento que integra o universo da atividade física e da saúde. No decorrer desses anos acreditamos ter participado da formação de milhares de acadêmicos e profissionais da área de educação física, fisioterapia, nutrição, enfermagem, turismo e pedagogia. A partir de 2004 passamos a realizar o Congresso Científico vinculado ao ENAF, dando mais um passo na construção dos saberes que unem formação e produção. É a partir desse contexto que a Revista ENAF SCIENCE é novamente lançada. Esperamos que essa publicação enriqueça nossa área de ação. Nesta edição, estão presentes todos os trabalhos apresentados no Congresso Científico, seja sob forma de artigo completo ou como resumo na forma de pôster. Esperamos que este seja o primeiro passo que pretendemos empreender na busca por um novo viés de conhecimento, fazendo com que o ENAF siga seu caminho mais essencial: participar da construção de uma ciência da atividade física. Prof. Dennis William Abdala Prof. Rodney Alfredo Pinto Lisboa Prof. Arthur Paiva Neto Prof. Sebastião José Paulino - Pág. 2 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 ÍNDICE DOS TRABALHOS ARTIGOS ................................................................................................ 5 A IMPORTÂNCIA DO DIAGNOSTICO DE OBESIDADE AINDA NA INFÂNCIA EM ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE CASA BRANCA. .......................................................... 5 ANÁLISE DE LESÃO MUSCULAR EM INDIVÍDUOS TREINADOS E INICIANTES EM HIPERTROFIA ATRAVÉS DA DOSAGEM DE CREATINA KINASE (CK) ...................... 10 A INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO RESISTIDO NA SÍNDROME DA LIPODISTROFIA EM PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS .................................................................... 17 A UTILIZAÇÃO DE DECANOATO DE TESTOSTERONA E DECANOATO DE NANDROLONA POR PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO NAS ACADEMIAS DE POÇOS DE CALDAS-MG ................................................................................................. 23 ANÁLISE DO VO2MÁX EM ATLETAS DE FUTSAL SEGUNDO AS .................................. 29 DIFERENTES POSIÇÕES ................................................................................................ 29 ANÁLISE DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E DO ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA DE UM GRUPO DE PORTADORES DE DIABETES MELLITUS NA CIDADE DE SÃO JOÃO DEL-REI (MG) ................................................................................................................... 35 ANÁLISE DO POTENCIAL DE FORÇA DE PREENSÃO PALMAR NOS PADRÕES AERÓBIO E ANAERÓBIO DE DISTINTAS MODALIDADES ESPORTIVAS, COMPROVADAS PELO DINAMÔMETRO JAMAR ......................................................... 40 DESENVOLVIMENTO MOTOR DE PRÉ-ESCOLARES ................................................... 46 GLICEMIA DE ATLETAS DE FUTSAL SUPLEMENTADOS COM MALTODEXTRINA .. 52 APLICABILIDADE DE TÉCNICAS DE ALONGAMENTO E FLEXIBILIDADE COMO MÉTODO AUXILIAR NO CONTROLE DE ESTRESSE. ................................................... 58 EFEITOS DE UM PROGRAMA DE ESTABILIZAÇÃO LOMBOPÉLVICA NA QUALIDADE DE VIDA DE UM INDIVÍDUO PORTADOR DE LOMBALGIA CRÔNICA. . 66 O USO DOS RECURSOS AUDIOVISUAIS NA MOTIVAÇÃO DE PACIENTES EM TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO. ............................................................................. 70 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DEPRESSÃO EM PACIENTES COM FIBROMILAGIA ................................................................................................................ 74 PERFIL ANTROPOMÉTRICO E A APTIDÃO FÍSICA DOS POLICIAIS MILITARES DO ESTADO DE SÃO PAULO ................................................................................................ 81 AVALIAÇÃO ELETROMIOGRÁFICA ATRAVÉS DA COMPREENSÃO DOS MERIDIANOS MIOFASCIAIS DOS TRILHOS ANATÔMICOS EM UM PACIENTE COM LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR- RELATO DE CASO. ........................ 89 COMPARAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DE TENISTAS E LUTADORES DE JIU-JÍTSU ... 94 CORRELAÇÃO ENTRE POSTURA E INCIDÊNCIA DE LESÃO EM ATLETAS DA NATAÇÃO ....................................................................................................................... 100 COMPARAÇÃO ENTRE A FLEXIBILIDADE DA CADEIA POSTERIORA E A POSTURA DE ATLETAS DE JIU-JÍTSU DO CENTRO UNIVERSITARIO CLARETIANO DE BATATAIS. ...................................................................................................................... 106 PROPOSTA DE TREINANENTO FÍSICO NO PERÍODO PRÉ-COMPETITIVO PARA UMA EQUIPE FEMININA DE VOLEIBOL ....................................................................... 113 ANÁLISE COMPARATIVA DOS MÉTODOS DE FLEXIBILIDADE EM IDOSOS .......... 119 - Pág. 3 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR ESPONTÂNEO NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS EM CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...................... 127 UM CONTEXTO PARA EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO HUMANA ................................... 127 RELAÇÃO ENTRE A VELOCIDADE AERÓBIA E ANAERÓBIA DA CORRIDA EM JOGADORES AMADORES DE FUTEBOL. ................................................................... 133 USO DA ACUNPUNTURA NA AÇÃO DOS MERIDIANOS DA BEXIGA E VASO GOVERNADOR PARA O ALIVIO DA DOR LOMBAR: ESTUDO MORFOFUNCIONAL. ......................................................................................................................................... 138 AVALIAÇÃO DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO DE FLEXÃO DE JOELHO ANTES E APÓS APLICAÇÃO DE TOXINA BOTULÍNICA EM PACIENTES PORTADORES DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA: ESTUDO DE 2 CASOS ............. 146 TREINAMENTO DE FORÇA E ENVELHECIMENTO: UMA REVISÃO SOBRE OS EFEITOS DO EXERCICIO RESISTIDO EM IDOSOS. .................................................... 154 PÔSTERES......................................................................................... 161 CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA PEDIÁTRICA ................................. 161 A TERMORREGULAÇÃO E A REPOSIÇÃO HÍDRICA DURANTE A PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICA EM CRIANÇAS. ........................................................................... 162 ABORTO PROVOCADO: VISÃO ANALÍTICA COM ENFOQUE NA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM .......................................................................... 163 ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM FRENTE A UMA PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA ............................................................................................. 164 ATENDIMENTO AO PACIENTE EM CRISE HIPERTENSIVA NA AUSÊNCIA MÉDICA ......................................................................................................................................... 165 CRISE HIPERTENSIVA .................................................................................................. 166 TRATAMENTO EQUOTERAPÊUTICO APÓS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL NA ADOLESCÊNCIA: ESTUDO DE CASO .......................................................................... 167 ESTUDO QUANTITATIVO DOS HÁBITOS ALIMENTARES EM NADADORES NAS DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS ................................................................................... 168 PROJETO “FAZENDO SAÚDE”. ................................................................................... 169 AUSENCIA DE VARIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DURANTE O CICLO MENSTRUAL EM UNIVERSITARIAS .......................................................................................................... 170 CORRELAÇÃO ENTRE MOBILIDADE FUNCIONAL DE TRONCO, EQUILÍBRIO E RISCO DE QUEDAS EM IDOSOS COM DOENÇAS DE PARKISON ............................ 171 O EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR REALIZADO EM ACADEMIA SOBRE PORTADORA DE HEMIPARESIA ESPÁSTICA: UM RELATO DE CASO .................... 172 ANÁLISE DA FUNCIONALIDADE DA ECOLALIA EM UM SUJEITO COM DIAGNÓSTICO DENTRO DO ESPECTRO AUTÍSTICO, EM UM ESTUDO DE CASO, SOB A PERSPECTIVA DA PRAGMÁTICA .................................................................... 173 ABORTO PROVOCADO: VISÃO ANALÍTICA COM ENFOQUE NA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM .......................................................................... 174 - Pág. 4 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 ARTIGOS A IMPORTÂNCIA DO DIAGNOSTICO DE OBESIDADE AINDA NA INFÂNCIA EM ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE CASA BRANCA. Bossi Jaqueline¹ Braz Sergio Henrique² ¹ Discente Unip; ² Doscente Unip; RESUMO Este artigo mostra o percentual de gordura (%G) de crianças de 1ª a 4ª série, de uma escola particular de Casa Branca, com intuito de avaliar a composição corporal dos alunos e mostrar para os pais, autoridades e responsáveis pelos cidadãos mirim e infantil a importância de diagnosticar a obesidade ainda na infância como forma de prevenção de doenças e evitando um tratamento tardio; e também colaborar com o acervo bibliográfico nacional, referente a esse tema, pois na bibliografia a maior parte dos estudos é em populações estrangeiras. Palavras Chave: obesidade, escolares, saúde infantil. INTRODUÇÃO A obesidade pode ser considerada uma alteração metabólica mais antiga já relatada, em monografias do século XVII (OLIVEIRA et al., 2003). A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a obesidade uma doença que atingem tantos os países desenvolvidos quanto os em desenvolvimento, sendo assim, considerada uma epidemia mundial, é uma doença crônica (SOTELO et al., 2004) e multifatorial, onde o estilo de vida sedentário, a informatização e automatização do trabalho, muitas horas em frente à TV e a falta de estimulo para brincadeiras infantis, vem diminuindo as atividades e o desenvolvimento motor da criança (BETTI e ZULIANI, 2002; MELLO et al., 2004), alimentação não apropriada com valor nutricional rico em gorduras e em alimentos de alta densidade energética (SILVA e MALINA, 2003; MORAIS et al., 2007), estudiosos da nutrição perceberam que um desenvolvimento antecipado e essas mudanças alimentares podem trazer resultados negativos permanentes e que no decorrer do crescimento podem desenvolver alterações metabólicas graves que associados a fatores genéticos e ambientais acarretam um obesidade futura (LEMOS et al., 2007). Mas influenciada por esses fatores, e ainda, genética, sociedade, nível de atividade física; a obesidade pode ser desenvolvida em qualquer idade (GIUGLIANO e CARNEIRO, 2003), é um mau que tem que ser combatido, pois as doenças influenciadas pela obesidade são também muito preocupantes, ela está diretamente relacionada a alterações metabólicas, como dislipidemia, hipertensão, intolerância a glicose, fator de risco para diabetes melitus tipo II e doenças cardiovasculares (OLIVEIRA e FISBERG, 2003; RIBEIRO et al., 2006), a aterosclerose, que é o acumulo de colesterol na camada intima das artérias, tem inicio na infância (MELLO et al., 2004) e além dos fatores físicos, os distúrbios psicossociais, depressão, isolamento e baixa auto estima são comuns em crianças obesas (LEMOS et al., 2007; RODRIGUES et al., 2008; LUIZ et al., 2005). Em 1989, cerca de um milhão e meio de crianças com idade menor que 10 anos eram obesos, com a prevalência de 2,5% a 8,0%, em famílias de menor e maior renda, respectivamente, e a maior em meninas nas regiões Sul e Sudestes. (ZAMAIA e MORAES, 2008; SOTELO et al., 2004) e em São Paulo uma prevalência de obesidade de - Pág. 5 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 2,5% em crianças de baixa renda e de 10,6% em grupos mais favorecidos, em crianças com menos de 10 anos (OLIVEIRA et al., 2003). Por volta de 1950, a síndrome metabólica foi pela primeira vez apresentada e definida como a associação de alterações metabólicas, mas isso era observado em adultos, agora vem sendo observado também em crianças e adolescentes obesos, ainda não há critérios definidos para avaliação da síndrome metabólica em crianças e adolescentes, somente a presença de uma ou outra alteração (LEMOS et al., 2007). A obesidade quando está em estado grave, é de fácil diagnostico, mas quando é uma obesidade leve, ou seja, bem próximo do limite entre a normalidade e o sobrepeso e de mais difícil diagnostico (LEMOS et al., 2007). Depois de diagnosticar a obesidade se inicia uma segunda fase tão difícil quanto o diagnostico que é o tratamento, pois a criança não tem o entendimento de como a obesidade pode trazer danos para sua saúde e para ela se adequar as mudanças nos hábitos diários é muito difícil além de precisarmos contar com o apoio dos pais (MELLO et al., 2004). A preocupação com a importância de se prevenir a obesidade ainda no espaço escolar, vem dos muitos trabalhos publicados, falando sobre o diagnostico antecipado, assim como o seu tratamento, o meio mais eficaz de se prevenir a obesidade e a síndrome metabólica na vida adulta é cuidando da doença ainda na infância (LEMOS et al., 2007). Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo mostrar a importância de se identificar e classificar o nível de obesidade aproveitando o ambiente escolar para investigar os fatores de influencia para o excesso de peso (MONDINI et al., 2007), usando métodos de fácil aplicabilidade e sem auto custo. METODOLOGIA CLASSIFICAÇÃO O presente estudo é uma pesquisa aplicada quantitativa descritiva experimental. SUJEITOS Do universo das escolas de Casa Branca, foi selecionada de forma intencional os alunos da Escola Barão de CB. Foram avaliadas 97 crianças matriculadas no ensino fundamental (1º ano a 4ª série), com idade entre 6 a 13anos, onde 85 alunos participaram das avaliações e 12 não participaram, foram avaliados 43 meninos e 42 meninas. MATERIAIS E METODOS As avaliações consistiam de medidas antropométricas, peso, altura e dobras cutâneas (dos músculos tríceps braquial e tríceps sural ou panturrilha). As formulas utilizadas para as dobras cutâneas foram da Σ2DC(tríceps braquial + panturrilha) para meninos brancos ou negros de 6–17 anos %GC=0,735(Σ2DC)+1,0 e meninas brancas ou negras de 6-17 anos %GC=0,610(Σ2DC)+5,1; segundo Slaughter et al, (1998) citado por Heyward (2004). Os materiais utilizados durante o estudo foi um adipometro da marca Sani, (1 mm), balança digital da marca tec line, (capacidade par 180 kg e variação de 100g) e fita métrica. A tabela abaixo foi utilizada como padrão para avaliar os percentuais de gordura. Tabela 1: padrão de gordura corporal relativa. CLASSIFICAÇÃO *NR BAIXO MÉDIO ALTO OBESIDADE MASCULINO <5 5 - 10 11 – 25 26 - 31 >31 FEMININO < 12 12 – 15 16 -30 31 - 36 >36 *NR = não recomendado; Fonte: Lohman, Houtkooper e Going (1997) apud Heyward (2004). - Pág. 6 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 PROCEDIMENTOS As medidas foram realizadas no período da manhã, no horário normal das aulas, e todas as medidas foram feitas pelo mesmo avaliador. Foram usadas as aulas de Educação Física, as crianças foram colocadas sentadas, e foi explicado o procedimento das medidas e o motivo da avaliação, e em grupos de 5 crianças elas forma medidas na ordem de altura, peso e as dobras cutâneas. RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela 2 mostra a média do percentual de gordura (%G) para o gênero masculino dentro da faixa etária avaliada. Tabela 2: média do %G e desvio padrão para meninos segundo grupo etário. 5 - 6 anos 7 -8 anos 9 – 10 anos 11 -12 anos N 6 14 22 1 Média %G e 20,63% ± 19,38% ± 22,35%± 12,26% desvio padrão 3,83 4,75 6,795 Podemos perceber que analisando a tabela 2, a média do percentual de gordura do gênero masculino está em mais risco entre a idade de 9 a 10anos, e a preocupação é nesta fase de difícil diagnóstico, estando no limite da normalidade e sobrepeso (LEMOS et al.,2007). A tabela 3 mostra a média do percentual de gordura (%G) para o gênero feminino dentro da faixa etária avaliada. Tabela 3: média do %G e desvio padrão para meninas segundo grupo etário. 5 -6 anos 7 – 8 anos 9 – 10anos 11-12 anos N 12 17 Média % G 20,8% ± 3,45 23,58% 5,53 11 ± 22,54% 7,04 2 ± 26,85% 9,77 ± Na tabela 3 analisando o gênero feminino o que nos preocupa é a faixa etária de 11 a 12 anos que temos um caso bem claro de obesidade, e este resultado pode levar a resultados negativos e permanentes, como uma obesidade futura (LEMOS et al., 2007). Na tabela 4 mostra a distribuição do %G segundo o gênero. Tabela 4: distribuição da amostra segundo gênero. CLASSIFICAÇÃO *NR BAIXO MÉDIO ALTO OBESIDADE MASCULINO 0 0 35 6 2 FEMININO 0 4 34 3 1 Na tabela 4 podemos notar um diferença na analise da tabela 2, onde em média não havia meninos com índice de obesidade, mas foi de maneira intencional que não excluímos a duas medidas com discrepância, mesmo que a média esteja ainda em classificação alta, observamos dois casos graves de obesidade. A tabela 5 ilustra em porcentagem a classificação das crianças segundo gênero e %G. Tabela 5: porcentagem da prevalência de sobrepeso e obesidade segundo gênero. CLASSIFICAÇÃO *NR BAIXO MÉDIO ALTO OBESIDADE MASCULINO 0 0 81,40% 13,95% 4,65% FEMININO 0 4,70% 80,95% 7,14% 2,38% Na tabela e gráfico 5 podemos observar que o gênero masculino está em todas as faixas etárias com média maior que o gênero masculino, o que diverge da literatura que diz que - Pág. 7 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 a prevalência de obesidade de crianças com menos de 10 anos é maior em meninas da região sul e sudeste (ZAMAIA e MORAES, 2008; SOTELO et al., 2003). A nossa preocupação é que 18,60% dos meninos e 9,52% das meninas estão em índice alto ou já em obesidade e esta está diretamente relacionada com alterações metabólicas (OLIVEIRA e FISBERG, 2003; RIBEIRO et al.,2006). E não podemos deixar de falar dos fatores psicológicos, como depressão e isolamento, que são comuns em crianças obesas (LEMOS et al., 2007; RODRIGUES et al., 2008; luiz et al., 2005). CONCLUSÃO Podemos concluir que para um resultado mais favorável à população educacional, faz-se necessário um estudo populacional maior, avaliando crianças de todos os níveis sociais, e todas que estão ingressadas no ensino fundamental, mas podemos observar que em um numero pequenos de crianças já foi encontrado uma população de risco, onde a percepção através da observação não é eficiente. Necessitando então de uma atenção maior por parte dos responsáveis e educadores, para acompanhar o crescimento e também o desenvolvimento desta doença. Fendo-se assim importante o diagnostico precoce e uma orientação adequada para pais, alunos e educadores, para o tratamento e também prevenção da obesidade. O trabalho sugere estudos mais aprofundados relacionados ao tema. REFERÊNCIAS: BETTI, M; ZULIANI, L.R. Educação física escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação física e esporte – Ano I Número I, 2002. BRACCO, M.M; FERREIRA, M.B. R; MORCILLO, A.M; COLUGNATI, R; JENOVESI, J. Gasto energético entre crianças de escola pública obesa e não obesas. Revista brasileira ciência e movimento, v. 10, n. 3, p. 29-35, julho 2002. GIUGLIANO, R. CARNEIRO, E. C. Fatores associados à obesidade em escolares, jornal de pediatria, v. 80, n. 1, 2004. LEMOS M. L.C, MARTINS, M. C. V, SILVA, A.C, MAGALHÃES, M. G, PAIVA, A. S, CORDEIRO, V. F. Obesidade na infância e adolescência: critérios de diagnósticos clínicos e laboratorial, revista pediátrica, 8(1): 8-16, jan./ jun, 2007. LUIZ, A. M. A. G; GORAYEB, R; LIBERATORE JR, R. D. R; DOMINGOS, N. A. M. Depressão ansiedade, competência social e problemas comportamentais em crianças obesas. Estudo de psicologia, v. 10, n. 3, Natal, set/dez, 2005. HEYWARD, V, H./ trad. Márcia Dornelles. Avaliação física e prescrição de exercício – técnicas avançadas: - 4° Ed. – Porto Alegre: Artmed, 2004. MELLO, E.D; LUFT, V.C; MEYER, F. Obesidade infantil: como podemos ser eficazes? Jornal da pediatria, v. 80, n. 3, mai/jun, 2004. MONDINI, L; LEVY,R.B; SALDIVA, S. R. D. M; VENÂNCIO, I; AGUIAR, J.A; STEFANINI, M.L.R. Prevalência de sobrepeso e fatores associados em crianças ingressantes no ensino fundamental em um município da região metropolitana se São Paulo, Brasil, caderno de saúde publica, v. 23, agosto, 2007. MORAIS, Y. C, BRANDÃO, Z. A, RASO, V. Nível nutricional e de atividade física em estudantes da rede publica e particular de ensino, revista brasileira de obesidade, nutrição e emagrecimento, v. 1, n. 2, p. 78-83, mar./abr, 2007. RIBEIRO, R. Q. C, LOTUFO, P. A, LAMOUNIER, J. A, OLIVEIRA, R. G, SOARES, J.F, BOTTER, D. A. Fatores adicionais de risco cardiovascular associados ao excesso de peso em crianças e adolescentes, arquivos brasileiros de cardiologia, v. 86, n. 6, junho de 2006. SILVA, R. C. R, MALINA, R. M. Sobrepeso, atividade física e tempo de televisão entre adolescentes de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil, revista brasileira de ciência do movimento, v. 11, n. 4, p. 63-66, out./dez, 2003. SOTELO, Y. O. M, COLUGNATI, F. A. B, TADDEI, J. A. A. C. Prevalência de sobrepeso e obesidade entre escolares da rede pública segundo três critérios de diagnóstico antropométrico, Cadernos de Saúde Pública, v. 20, n. 1, Rio de Janeiro jan./fev, 2004. - Pág. 8 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 OLIVEIRA, A. M. A; CERQUEIRA, E. M. M, OLIVEIRA, A.C. Prevalencia de sobrepeso e obesidade infantil na cidade de Feira de Santana-BA: detecção na família x diagnostico clinico. Jornal da pediatria, v. 79, n. 4, Porto Alegre, jul/ago, 2003. OLIVEIRA, C. L, FISBERG, M. Obesidade na infância e adolescência - Uma verdadeira epidemia, arquivos brasileiros endócrinos metabólicos, v. 47, n. 2, abril de 2003. - Pág. 9 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 ANÁLISE DE LESÃO MUSCULAR EM INDIVÍDUOS TREINADOS E INICIANTES EM HIPERTROFIA ATRAVÉS DA DOSAGEM DE CREATINA KINASE (CK) SOUZA, Vanessa Carvalho Graduada em Educação Física, UNIFAE – Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino E-mail: [email protected] Orientador: SILVA JR, Autran José Mestre em Ciências Fisiológicas, UFSCar – Universidade Federal de São Carlos E-mail: [email protected] RESUMO O objetivo deste estudo foi investigar as relações do treinamento de hipertrofia em onze voluntários praticantes de musculação, divididos em 2 grupos, GT (Grupo Treinado) e GI (Grupo Iniciante). Foram coletadas amostras sanguineas 24 horas após uma sessão de treinamento de força, por meio da dosagem da enzima Creatina Kinase (CK), um marcador indireto de dano muscular, para avaliar o risco de desgaste acentuado para a musculatura esquelética, e comparar os valores de CK nesses indivíduos. Devido à sobrecarga mecânica imposta, desencadeia-se o dano muscular, e a CK é liberada no sangue haja vista sua incapacidade de atravessar a membrana plasmática. Uma alta concentração dessa enzima no soro é indicativo de lesão muscular. O pico dessa enzima é geralmente alcançado entre 24-72 horas pós-exercício. Conclui-se que a concentração de CK nesse período provoca desgaste da musculatura esquelética, porém sem disparidade significativa entre ambos os grupos. PALAVRAS CHAVE: Educação Física, Hipertrofia, Creatina Kinase. INTRODUÇÃO Nestas últimas décadas os benefícios e os malefícios dos exercícios têm sido evidenciados, entre eles o treinamento de força visando à hipertrofia (BARBANTI; TRICOLI; UGRINOWITSCH, 2004). Verifica-se que nas ações excêntricas ocorre aumento de tensão nas fibras havendo o rompimento dos sarcômeros, o que desencadeia o dano muscular (CLARKSON; HUBAL, 2002). Para tal, existem os sistemas de fornecimento de energia para que ocorra a contração muscular. Neste aspecto, destacamse as enzimas. As enzimas são proteínas que regulam as vias metabólicas das células. Não fazem que uma reação ocorra, mas sim, regulam a velocidade destas (RODWELL, 1998). Uma dessas enzimas é a Creatina Fosfoquinase (CPK) ou Creatina Kinase (CK), que apresenta um papel chave no transporte de energia das células musculares. Durante o exercício há a constante necessidade de fornecer energia (ATP) para que a contração ocorra (BUCCI et al., 2005; KUIPER, 2008). “Exige, predominantemente, o envolvimento de vias de produção energética rápidas e imediatas” (MEDEIROS; SOUSA, 2009, p.102), a saber, a doação de um grupo fosfato e de sua ligação energética da creatina fosfato para a ADP, formando a ATP (sistema ATP-CP). Neste processo, não há utilização de O2, portanto, denomina-se uma via anaeróbia e a reação é catalisada pela enzima Creatina Kinase (POWERS; HOWLEY, 2000). Com a estimulação desta via pode haver um aumento de CK em até 36% nas reservas energéticas celulares (HERNANDES JUNIOR, 2002). - Pág. 10 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 A CK se apresenta em três formas (isoenzimas), que diferem ligeiramente em estruturas e são encontradas predominantemente no coração (CPK-MB), cérebro (CPK-BB) e músculo esquelético (CPK-MM) (FOSCHINI; PRESTES; CHARRO, 2007). As concentrações de CK sérica são dependentes da idade, raça, sexo, massa muscular e condicionamento físico do indivíduo. Esse processo desencadeia a inflamação dos tecidos (NOSAKA; NEWTON; SACCO, 2002; MALM, 2001; TRICOLI, 2001), sendo que a degeneração ocorre segundo níveis crescentes, relacionados com miofilamentos, sarcômeros e linha Z (CLEBIS; NATALI, 2001) bem como com as células satélites, que possibilitam respostas adaptativas quando estimuladas (dano muscular), viabilizando o processo de construção e reparo muscular (MORGAN; PARTRIDGE, 2006). Algumas enzimas, como a CK “são incapazes de atravessar a membrana plasmática” (CRUZAT, 2007, p.339). Uma alta concentração dessa enzima no soro é indicativo de lesão muscular, principalmente nas células musculares, onde está presente em altas proporções (GÜZEL; HAZER; ERBAS, 2007). Embora possa ocorrer um aumento detectável da atividade imediatamente após o exercício, o pico dessa enzima é geralmente alcançado entre 24 e 48 horas pós-exercício (CRUZAT, 2007, p.338). Esta tem sido considerada como um dos melhores marcadores indiretos de dano muscular (AGARWAL; ANKRA-BADU, 1999) “haja vista a sua magnitude em relação a outras proteínas” (CLARKSON; HUBAL, 2002, p.58). Christovam, Veiga e Navarro (2007) apontam algumas hipóteses sobre seu aumento tais como influência dos íons de cálcio ou hipóxia tecidual, depleção das reservas de ATP-CP, depleção de glicogênio muscular, peroxidação lipídica e aumento de radicais livres. Nesta perspectiva, o objetivo deste estudo foi avaliar as concentrações séricas de CK 24 horas após uma sessão de treinamento de hipertrofia bem como comparar os respectivos valores entre voluntários treinados e iniciantes. MATERIAIS E MÉTODOS Participaram deste estudo onze voluntários do sexo masculino, com idades entre 19 e 39 anos, praticantes de musculação. Estes foram divididos em dois grupos, Grupo Treinado (GT) composto por cinco voluntários praticantes de musculação há mais de oito meses e Grupo Iniciante (GI) composto por seis voluntários que iniciaram um programa de musculação há menos de seis meses. Ambos os grupos realizaram treinos de hipertrofia na musculação com três a quatro séries de oito a doze repetições, com intervalos de descanso entre 1 minuto e 1 minuto e meio entre as séries, com freqüência semanal mínima de três vezes. A coleta de sangue foi realizada no Laboratório de Análises Clínicas da Santa Casa Saúde da cidade de São João da Boa Vista - SP, seguindo todos os cuidados de higiene e assepsia. As amostras foram coletadas 24 horas após o treino de hipertrofia proposto. Os resultados foram apresentados com média erro padrão da média (EPM) para conduzir as análises estatísticas. Para a análise dos dados utilizou o programa Instat Graph Pad Prisma, onde foi aceito para o nível de significância valor menor que 0,05. - Pág. 11 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 RESULTADOS Foi utilizado o método cinético para dosagem de CK. Este método consiste em avaliar a atividade total desta enzima (MARTINEZ-AMAT, 2005). Os valores de referência para dosagem total de soro ou plasma em homens são de 38 a 174 U/L a 37º (CREATINA KINASE, 2008). Os voluntários compuseram uma amostra heterogênea em relação à idade e aos níveis séricos de CK, como está demonstrado na TABELA abaixo. TABELA - Características da amostra quanto à idade e comparação de valores de CK em treinados e iniciantes (n=11). Variáveis GT GI Idade (anos) 24,4 ± 4,15 27,1 ± 7,9 CK (U/L) 156,2 ± 52,0 290,1 ± 181,5 Sendo: GT = Grupo Treinado; GI = Grupo Iniciante; CK = Creatina Kinase; p<0,05 A CK teve sua concentração aumentada em ambos os grupos. O aumento significativo desta indica desgaste na musculatura esquelética e denota que a membrana celular sofreu alterações importantes, seja através de aumento de permeabilidade ou de microlesões. É evidenciado que há aumento nos níveis de CK em indivíduos treinados e iniciantes em menor e maior proporção, respectivamente. Os resultados apontam que os níveis séricos de CK (U/L) foram maiores nos indivíduos iniciantes (290,1 ± 181,5) em relação aos treinados (156,2 ± 52,0), o que confirma a proposta do estudo. Porém, as variáveis não tiveram aumento estatisticamente significativo (p<0,05). Vale ressaltar que os desvios padrões tiveram grande heterogeneidade da amostra, haja vista que os níveis de CK de alguns voluntários foram considerados elevados em relação aos valores de referência indicados. O fato dos indivíduos aqui estudados serem praticantes de musculação para fins não-competitivos, sendo considerados amadores, pode ter contribuído para a variação nos resultados em média e desvio padrão. Um possível treinamento mais intenso também pode ter contribuído para a ocorrência de algumas concentrações mais elevadas de CK. DISCUSSÃO O presente estudo teve como objetivo comparar as concentrações séricas de creatina kinase 24 horas após uma sessão de treinamento de hipertrofia entre voluntários treinados e iniciantes. Como indicador de lesão muscular, a hipótese seria que o grupo treinado apresentasse valores inferiores ao grupo iniciante. Após análise dos resultados pode-se observar que a realização de um programa de treinamento físico resistido é capaz de reduzir as concentrações séricas e também de lesão muscular esquelética induzida por esta atividade. Mas os valores observados pelos grupos não apresentaram estatisticamente diferença. O exercício físico apresenta uma característica lesional, principalmente se apresentar contrações excêntricas. Acredita-se, que seja devido à próprias características deste tipo de contração, que é o de promover um estiramento e uma alta tensão no músculo quando comparada com as demais contrações. Este estiramento promove o rompimento sobre o sarcoplasma, o que levaria ao desenvolvimento de um processo de edema muscular, além do aumento da permeabilidade às proteínas e a outras substâncias musculares localizadas no mioplasma, acarretando um efluxo destas substâncias para o interstício e - Pág. 12 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 posteriormente para o plasma. O mesmo processo também ocorre nas substâncias extracelulares (McCULLY, 1986 ; STAUBER et al, 1990; SHIMOMURA et al, 1991 ; McNEIL et al, 1992; TIDBALL et al, 1995). A concentração da creatina kinase no plasma sanguíneo se altera de acordo com o tipo de contração muscular. As contrações excêntricas de alta intensidade promovem aumentos extremamente elevados no 3° ao 4° dia após a realização do exercício. Porém, exercícios com predomínio de contrações isométricas apresentam aumentos, mas são bem menores (ARMSTRONG et al, 1983 ; APPLE et al, 1988; CLARKSON et al, 1992). Outra alteração relativa à concentração de CK no plasma diz respeito à condição física e a idade do indivíduo que realiza o esforço físico (MANFREDI et al, 1991; KATIRJI; ALJABERI, 2001). Em indivíduos jovens e sedentários, a concentração de CK no plasma foi mais acentuada quando comparada em jovens atletas, para a mesma carga de esforço. Da mesma maneira, comparando-se indivíduos mais jovens com indivíduos mais idosos, os primeiros tiveram concentrações de CK plasmáticas menores, para a mesma carga de esforço. As causas dessas diferenças nas concentrações dessa substância não são conhecidas. Segundo MANFREDI et al, 1991, a diferença talvez esteja relacionada à idade, pois há diminuição da massa muscular esquelética, o que sugere que a quantidade de força desenvolvida durante o exercício por quilograma de músculo, é muito maior em idosos. Ou ainda, o menor número de fibras musculares indica menor número de unidades motoras, sendo assim, a quantidade de força aplicada por fibra muscular passa a ser maior. E, finalmente, o idoso possui uma capacidade funcional menor, podendo também, contribuir para esta diferença. NOSAKA et al, 1992 realizou um estudo sobre o comportamento de várias proteínas e outras substâncias musculares esqueléticas após exercício excêntrico em mulheres sedentárias. As proteínas estudadas foram creatina quinase, lactato desidrogenase, aspartato aminotransferase, alanina aminotransferase, gama glutamil transferase, fosfatase alcalina, além de mioglobina, ácido úrico, creatina, fósforo e cálcio, analisadas através de amostras sanguíneas coletadas antes e após o exercício físico. Os resultados mostraram que a concentração de creatina kinase no plasma aumentou drasticamente após 48 horas e seu pico máximo foi no 3º e 5º dias após o exercício (o valor de pico foi na faixa de 6740 a 24.200 U/L). Já a aspartato aminotransferase, lactato desidrogenase, alanina aminotransferase e mioglobina tiveram o mesmo comportamento ascendente que a CK, embora seus valores de pico e o tempo de aparecimento tenham sido diferentes. As demais proteínas e substâncias não tiveram alterações em suas concentrações plasmáticas. Outro trabalho que quantificou o efeito preventivo do treinamento físico através da dor muscular e níveis de CK séricos foi de NEWMAN et al, 1987, que utilizaram flexões do antebraço sobre o braço durante 20 minutos, em três ocasiões distanciadas por um período de duas semanas. Além destes parâmetros citados anteriormente, analisaram também a força muscular. Estes autores observaram, pelo relato dos indivíduos participantes do protocolo, que a dor muscular foi mais intensa na primeira sessão de contrações e decresceu significativamente durante as demais sessões. O mesmo ocorreu com os níveis séricos de CK e a força muscular, denotando o efeito preventivo do treinamento, mesmo que seja através de duas sessões de contrações excêntricas. Estes resultados confirmam aqueles obtidos por BYRNES et al, 1985. Além da análise da dor muscular e CK, foi observado o comportamento da substância mioglobina. O protocolo consistiu em dividir 22 indivíduos (11 homens e 11 mulheres) em 3 grupos (grupos 1, 2 e 3), que realizaram um teste em esteira rolante com declive de 10%. Após este primeiro teste, repetiram-no, mas com intervalos de 3, 6 e 9 semanas para os grupos 1, 2 e 3 respectivamente. As análises de dor muscular, CPK e mioglobina foram 6, 18 e 42 horas após o término dos testes. Na primeira sessão, todos os grupos reportaram dor muscular durante 42 horas e foram observados níveis elevados de CPK (340%, 272% e 286%) e mioglobina (432%, 749% e 407%) para os grupos 1, 2 e 3 respectivamente. Em - Pág. 13 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 relação à segunda sessão, os níveis séricos de CPK foram significativamente menores, 63%, 62% e 228% e os de mioglobina foram 257%, 243% e 319% para os grupos 1, 2 e 3 respectivamente. Em relação à dor muscular, houve relatos, na primeira sessão, de sensação de dor intensa, nos grupos 1 e 2, que foi significativamente menor após a segunda sessão. No entanto, em relação ao grupo 3 não houve diferença entre os dois testes nos relatos de dor muscular pelos integrantes do grupo. Os autores sugeriram que a realização de uma simples sessão de exercício tem efeito profilático sobre a regeneração da dor muscular e proteínas musculares (CPK e mioglobina) até seis semanas de intervalo entre as sessões. Apesar das variáveis observadas no estudo de BYRNES et al, 1985, serem diferentes daquelas observadas por esse estudo, pode-se sugerir resultados semelhantes. CONCLUSÃO Substâncias incapazes de atravessar a membrana plasmática, como a CK, permanecem na corrente sanguínea e tornam-se marcadores indiretos de dano celular, elevando-se após o término do esforço. Os exercícios excêntricos são os maiores responsáveis por causar uma resposta inflamatória, indicando desgaste na musculatura esquelética. O presente estudo avaliou as concentrações de CK em treinados e iniciantes e observouse aumento nas concentrações desta enzima em ambos os grupos aderindo à afirmativa de que os níveis séricos da enzima elevam-se principalmente em iniciantes. As alterações estiveram presentes a nível miofibrilar em todos os indivíduos participantes, comprovando a elevação de CK, principalmente em iniciantes no treinamento de força. Possíveis discrepâncias podem ocorrer ao analisar individualmente os voluntários, indicando que, cada indivíduo deve ser avaliado em relação a ele mesmo, uma vez que os respondedores de forma aguda são individuais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGARWAL, M.M.; ANKRA-BADU, G.A. Serum creatine kinase: a marker for muscle damage in sickle cell painful crisis. Annals of Saudi Medicine, Arábia Saudita, v.19, n.3, p.264-266, 1999. APPLE, F.S.; HELLSTEN, Y.; CLARKSON, P.M. Early detection of skeletal muscular injury by assay of creatine kinase MM isoforms in serum after acute exercise. Clin Chem, v.34, n.6, p.1102-1104, 1988. ARMSTRONG, R.B.; OGILVIE, R.W.; SCHWANWE, J.A. Eccentric exercise-induced injury to rat skeletal muscle. J Appl Physiol, v.54, n.1, p.80-93, 1983. BARBANTI, V.J.; TRICOLI, V.; UGRINOWITSCH, C. Relevância do conhecimento científico na prática do treinamento físico. Rev. Paulista Educação Física. São Paulo, v.18, p.101-109, 2004. BUCCI, M. et al. Efeitos do treinamento concomitante hipertrofia e endurance no músculo esquelético. Rev. Bras. de Ciência e Movimento. Piracicaba, v.13, n.1, p.17-28, 2005. BYRNES, W.C.; CLARKSON, P.M.; WHITE, J.S.; HSIEH, S.S.; FRYKMAN, P.N.; MAUGHAN, R.J. Delayed onset muscle soreness following repeated bouts of downhill running. J Appl Physiol, v.59, n.3, p.710-715, 1985. CHRISTOVAM, C.L.; VEIGA, M.B.; NAVARRO, F. Análise da creatina quinase versus percepção subjetiva de esforço para monitoramento do tempo de recuperação em idosos - Pág. 14 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 fisicamente ativos. Rev. Bras. de Prescrição e Fisiologia do Exercício. São Paulo, v.1, n.3, p.78-88, Mai. / Jun. 2007. CLARKSON, P.M.; HUBAL, M.J. Exercise-induce Muscle Damage in Humans. Am J Phys Rehabil, Califórmia, v.81, p.52-69, 2002. CLARKSON, P. M., NOSAKA, K.; BRAUN, K. Muscle function after exercise-induced muscle damage and rapid adapttation. Med Sci Sports Exer, v.24, n.5, p.512-520, 1992. CLEBIS, N.K.; NATALI, M.J.M. Lesões musculares provocadas por exercícios excêntricos. Rev. Bras. de Ciência e Movimento. Paraná, v.9, n.4, p.47-53, 2001. CREATINA KINASE. Espanha: Biosystems S.A, 2008. Bula. CRUZAT V.F. et al. Aspectos Atuais sobre Estresse Oxidativo, Exercícios Físicos e Suplementação. Rev. Bras. Med. Esporte. Niterói, v.13, n.5, p. 336-342, 2007. FOSCHINI, D.; PRESTES, J.; CHARRO, M.A. Relação entre exercício físico, dano muscular e dor de início tardio. Rev. Bras. de Cineantropometria e Desempenho Humano. São Paulo, v.9, n.1, p.101-106, 2007. GÜZEL, N.A.; HAZER, S.; ERBAS, D. Effects of different resistance exercise protocols on nitric oxide, lipid peroxidation and creatine kinase activity in sedentary males. Journal of Sports Science and Medicine. Turquia, v.6, p. 417-422, 2007. HERNANDES JUNIOR, B.D.O. Treinamento Desportivo. 2ª ed. Rio de Janeiro, Sprint, 2002. KATIRJI, B.; AL-JABERI, M.M. Creatine Kinase Revisited. Journal of Clinical Neuromuscular Disease. Curitiba, v.2, p.158-163, 2001. KOH, T.J. Do small heat shock proteins protect skeletal muscle from injury? Exerc. Sport. Sci. Rev. Chicago, v. 30, n. 3, pp. 117–121, 2002. KUIPER J.W.P. et al. Creatine Kinase–Mediated ATP Supply Fuels Actin-Based Events in Phagocytosis. PLoS Biol, Países Baixos, v.6, n.3, p. 568-580, 2008. MALM, C. Exercise-induced muscle damage and inflammation: fact or fiction? Acta Physiol Scand, Suécia, v.171, p.233-239, 2001. MANFREDI, T.G.; FIELDING, R.A.; O'REILLY, K. P.; MERDITH, C.A.; LEE, H.Y.; EVANS, W.J. Plasma creatine kinase activity and exercise-induced muscle damage in older men. Med Sci Sports Exerc, v.23, n.9, p.1028-1034, 1991. MARTÍNEZ-AMAT, A. et al. Release of a-actin into serum after skeletal muscle damage. Br J Sports Med, Espanha, v.39, p.830–834, 2005. McCULLY, K.K.; FAULKNER, J.A. Characteristics of lengthening contractions associated with injury to skeletal muscle fibers. J. Appl. Physiol, v.61, n.1, p.293 - 299, 1986. McNEIL, P.L.; KHAKEE, R. Disruptions of muscle fiber plasma membranes. Am J Pathol, v.140, n.5, p.1097-1109, 1992. - Pág. 15 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 MEDEIROS, R.J.D.; SOUSA, M.S.C. Adaptações Neuromusculares ao Exercício Físico: Síntese de uma Abrangência Temática. Rev. da Faculdade de Educação Física da UNICAMP. Campinas, v.7, n.1, 2009. MORGAN, J.E.; PARTRIDGE, T.A. Muscle Satellite Cells. The Internacional Journal of Biochemistry & Cell Biology, Londres, v.35, p.1151-1156, 2003. NEWMAN, D. J.; JONES, D. A.; CLARKSON, P. M. Repeated high-force eccentric exercise: effects on muscle pain and damage. J Appl Physiol, v.63, n.4, p.1381 - 1386, 1987. NOSAKA, K.; CLARKSON, P. M.; APPLE, F.S. Time course of serum protein changes after strenuous exercise of the forearm flexors. J Lab Clin Med, p.183-188, 1992. NOSAKA, K.; NEWTON M.; SACCO P. Delayed-onset muscle soreness does not reflect the magnitude of eccentric exercise-induced muscle damage. Scand J. Med. Sci. Sports, Japão, v.12, p.337-346, 2002. POWERS, S.K.; HOWLEY, E.T. Fisiologia do Exercício. Teoria e Aplicação ao Condicionamento e ao Desempenho. 3 edição. São Paulo: Ed. Manole, 2000. RODWELL, V.W. Enzimas: cinética. In: MURRAY, R.K. et al. Harper: Bioquímica. 8 ed. São Paulo. Editora Atheneu, 1998. SHIMOMURA, Y.; SUZUKI, M.; SUGIYAMA, S.; HANAKI, Y.; OZAWA, T. Protective effect of coenzyme Q12 on exercise-induced muscular injury. Biochemical and Biophysical Research Communications, v.175, n.1, p.349-355, 1991. STAUBER, W.T.; CLARKSON, P.M.; FRITZ, V.K.; EVANS, W.J. Extracelular matrix disruption and pain after eccentric muscle action. J Appl Physiol, v.63, n.3, p.868-874, 1990. TIDBALL, J.G. Inflammatory cell response to acute muscle injury. Med Sci Sports Exerc, v.27, n.7, p.1022-1032, 1995. TRICOLI, V. Mecanismos envolvidos na etiologia da dor muscular tardia. Rev. Bras. De Ciência e Movimento, São Paulo, v.9, n.2, p.39-44, 2001. - Pág. 16 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 A INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO RESISTIDO NA SÍNDROME DA LIPODISTROFIA EM PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS Wlaldemir Roberto dos Santos [email protected] Educador Físico e graduando em Fisioterapia (UNAERP) Mestrando em Ciências e Saúde na Escola de Enfermagem (USP/RP) Ana Paula Morais Fernandes Mestre e Doutorado em Imunologia Básica e Aplicada Pós Doutorada em Enfermagem e Doenças Contagiosas Professora Associada a USP e Coordenadora dos estudos em HIV/aids Tadeu Paccagnella Mestre em Psicologia na Faculdade de Psicologia (USP/RP) Acadêmico e coordenador da Educador Físico, COC-RP/SP Resumo A terapia antirretroviral age aumentando a sobrevida das pessoas que vivem com HIV/aids, não sendo capaz de erradicar a infecção, com necessidade da manutenção prolongada deste regime terapêutico, levando a diversos efeitos colaterais, como a síndrome da lipodistrofia, que se caracteriza pela má distribuição da gordura corporal, através da lipoatrofia e lipohipertrofia, podendo apresentar uma ou ambas manifestações, além de desordens metabólicas que ocorrem. O estudo teve como objetivo utilizar o treinamento resistido como recurso terapêutico na síndrome; no qual foi composto por 6 pessoas, de ambos os sexos, portadoras do vírus e que fazem uso da terapia antirretroviral. Foram realizadas avaliações antropométricas (dobras cutâneas e perimetria) antes e após 60 sessões de treinamento, verificando alterações na distribuição da gordura e com isso melhora da harmonia corporal. Os resultados mostram que o estudo conseguiu melhorar o quadro da lipohipertrofia, além de não obter evolução da síndrome durante o estudo. Introdução A introdução da Terapia Antirretroviral de Alta Potência (Highy Active Antirretroviral Therapy- HAART) conseguiu modificar a infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) de uma doença fatal para uma doença crônica, com o aumento da sobrevida, além da melhoria da qualidade de vida. Entretanto o HAART não é capaz de erradicar a infecção pelo HIV, sendo necessária a manutenção prolongada deste regime terapêutico para o controle da multiplicação viral. Diversos efeitos colaterais têm sido associados à terapia antirretroviral prolongada, particularmente com o uso dos inibidores de protease, dentre esses, a síndrome da lipodistrofia (SL), que se caracteriza pela má distribuição da gordura corporal, se manifestando através da lipoatrofia e lipohipertrofia. A lipoatrofia se caracteriza por perda de gordura subcutânea na face, no glúteo, nos membros superiores e inferiores, ficando veias de braços e pernas mais proeminentes, já a lipohipertrofia por aumento da gordura abdominal, concentração de gordura na região dorso cervical, ginecomastia e aumento das mamas nas mulheres. Os indivíduos soropositivos podem apresentar uma ou ambas as manifestações. Outras manifestações que ocorrem com a SL são as desordens metabólicas como o aumento dos níveis de gordura (lipídios) no sangue, com isso acaba - Pág. 17 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 acarretando aumento de triglicerídeos, colesterol, glicemia e resistência à insulina podendo ocasionar diabetes, e redução dos níveis de HDL colesterol e cálcio. Mas as relações entre as mudanças da deposição da gordura corporal e as desordens metabólicas ainda não estão esclarecidas (AZEVEDO et al, 2006; BURATTINI et al, 2008; CHACARA et al, 2005; GEOFFREY, SUGAR, WEINBERG, 2009). Outras modificações também podem ocorrer com a SL, como o aumento de veias periféricas, queda de pêlos do corpo e diminuição dos níveis de testosterona, levando a importantes modificações no corpo dos pacientes. Alterações na gordura corpórea não apresentam riscos substanciais à saúde no futuro, porém estas mudanças poderão estigmatizar as pessoas sendo uma fonte potencial de stress, provocando vergonha e receio de se expor publicamente, impedindo muitas vezes que esse indivíduo busque o convívio social, isto os afeta psicologicamente, contribuindo para a diminuição da adesão ao tratamento antirretroviral (BACK et al, 2009; PACCAGNELLA, 2002, 2007). Até o momento, não há tratamento comprovado para as mudanças da gordura corporal causadas pelos medicamentos antirretrovirais. Tratamentos vêm sendo estudados, tais como hormônio de crescimento humano, esteróides anabolizantes e estimulantes de apetite. Em casos extremos de lipohipertrofia, a cirurgia para remover depósitos de gordura é utilizada, embora isto possa ser inadequado para o acúmulo de gordura no abdômen. Em casos de lipoatrofia, para corrigir as mudanças faciais, várias formas de cirurgias têm sido utilizadas com êxito, todas utilizando a aplicação de metacritato para preenchimento facial (BACK et al, 2009; PACCAGNELLA, 2002, 2007). Estudos realizados apontam que a prática de exercícios físicos como caminhada, corrida, esportes, ginástica e o treinamento resistido (TR) ajudam no controle das manifestações provocadas pela infecção do vírus e os efeitos adversos do seu tratamento, como a SL. Além disso, são vários os benefícios da atividade física na promoção da saúde, tais como: aumento da força e resistência muscular, melhora dos sistemas cardiopulmonar, imunológico e gástrico, bem como do metabolismo glicídico, aumento da densidade óssea, controle de doenças crônicas com implicações cardiovasculares, além de reduzir os níveis de gordura sérica, levando à sensação de bem-estar e prazer, melhorando a qualidade de vida (ACM’S, 2002; BAE et al, 2001; BAIROS et al, 2002; BURATTINI et al, 2008; DORAN, 2001; MEDEIROS, 2006; PACCAGNELLA, 2002, 2007). Ademais, além dos benefícios da atividade física na promoção da saúde, estudos mostram que o treinamento resistido aplicado a pessoas que vivem com HIV/aids tem os mesmos benefícios da atividade física proposta a pessoas que não são infectadas com o vírus, e se mostra eficaz para esse grupo pois age gerando ganho de força e resistência muscular, e conseqüentemente aumento da musculatura (hipertrofia), redução dos níveis de gordura e melhora da harmonia na composição corporal, sendo importante para essas pessoas, já que a SL leva a má distribuição da gordura corporal. Adicionado, alivia o estresse psicológico, diminui a ansiedade, depressão, melhora a auto-imagem, autoconfiança, as funções imunológicas e cardiovascular, a pressão arterial, digestão, o apetite e os padrões de sono. Sendo assim as pessoas que vivem com HIV/aids não tem nenhum impedimento quanto à prática da atividade física, pois o treinamento apresenta benefícios citados acarretando a promoção da saúde e conseqüentemente a melhora da qualidade de vida (ACM’S, 2002; BAE et al, 2001; BAIROS et al, 2002; BURATTINI et al, 2008; DORAN, 2001; MEDEIROS, 2006; PACCAGNELLA, 2002, 2007). Visto que: 1) Poucos estudos têm relatado a influência do TR nas alterações associadas com a SL; 2) Efeitos adversos ao uso do HAART levam a alterações na deposição da gordura corporal têm sido relatadas pelos pacientes como um visível marcador para a identificação de pessoas infectadas pelo HIV, que remete, fatalmente, para a estigmatizarão, desmoralização, depressão, e problemas em reações sociais, que eventualmente os levam a perda da aderência ao tratamento e descontrole da sua infecção; 3) As alterações metabólicas levam a doenças crônicas com implicações - Pág. 18 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 cardiovasculares. O presente estudo teve como objetivo avaliar se o TR reduz os efeitos adversos provocados pelo tratamento antirretroviral. Materiais e Métodos A amostra foi composta por 6 indivíduos, portadores do vírus HIV/aids, que fazem uso do HAART e sofrem com a SL, de ambos os sexos e com média de idade de 41,1±11,3 anos. Após aprovação do comitê de ética da UNAERP, a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido e os atestados médicos liberatórios em mãos, foram realizadas avaliações antropométricas (dobras cutâneas e perimetria) em todos os indivíduos no início e no final de um programa de TR, realizado num período de 60 sessões (5 meses) com freqüência semanal de 3 dias, sendo todas as segundas, quartas e sextas, as dobras cutâneas verificaram a composição corporal antes e depois da atividade proposta, sendo mensurados os seguintes pontos: subescapular, suprailíacca, tricipital, bicipital, axilar média, abdominal, coxa e panturrilha. Já a perimetria verificada antes e depois da atividade proposta, teve o intuito de observar a proporção e harmonia corporal, mensurando: ombros, tórax, abdome, braços relaxados, braços fletidos, antebraços, quadril, coxas e panturrilhas. Para determinar a intensidade de treinamento, foi utilizado o teste de uma repetição máxima (1RM) que é considerado pelo Colégio Americano de Medicina Desportiva (2002) como parâmetro para se determinar carga de trabalho, os exercícios foram escolhidos de acordo com o objetivo e as necessidades dos indivíduos, realizando 6 sessões de adaptação com 3 séries de 15 repetições com 40% da sua carga máxima, após esse período se realizou 12 sessões de evolução com 3 séries de 15 repetições com 50% da carga máxima, seguido por 42 sessões do período especifico, com 3 séries de 12 repetições de 70 a 80% da sua carga máxima. Os seguintes aparelhos foram utilizados para o estudo: cross over, estação de aparelhos, barras, anilhas, caneleiras, colchonetes, fita métrica e adipômetro. Os dados obtidos foram submetidos ao teste t Student p<0,05. Resultados Os resultados mostram que houve redução significativa de gordura nos pontos mensurados na região do tronco. Antes do treinamento no ponto subescapular os indivíduos tinham em média 17±4,9mm de gordura passando a ser 15,5±5,5mm, já no suprailíaco era de 13,8±8,5mm reduzindo para 12,6±8,2mm, no axilar médio era 14,1±4,7mm passando a ser 12,5±5mm e no abdominal os níveis de gordura antes era 17,5±9,4mm reduzindo para 15±8,8mm (TABELA 1) A redução nos níveis de gordura nas regiões do abdominal, axilar media suprailíaca e subescapular significam que houve diminuição nos níveis de lipohipertrofia, que se caracteriza por acumulo de gordura nessa região (abdômen, costas e pescoço). Os resultados encontrados nas dobras cutâneas de membros superiores não mostram diminuição significativa nos níveis de gordura, no ponto tricipital os níveis de gordura eram em média de 11±5,1mm antes do treinamento passando a ser de 9,8±4,1mm após, já no o bicipital, era de 7,2±1,7mm antes reduzindo para 6,8±2,1mm após (TABELA 1). Assim como os membros superiores os inferiores não apresentaram redução significativa nos níveis de gordura, a coxa tinha de 11,8±8,2mm de gordura, passando a ser de 11,6±7,9mm após o treinamento já na perna era de 12,5±9,3mm antes do treinamento reduzindo para 11,5±8,4mm após o treinamento (TABELA 1). TABELA 1: Resultados das avaliações das dobras cutâneas (mm) - Pág. 19 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Subescapular Suprailíaca Axilar média Abdominal Tricipital Bicipital Coxa Perna * t student – p<0,05 Antes Treinamento *17±4,9 *13,8±8,5 *14,1±4,7 *17,5±9,4 11±5,1 7,2±1,7 11,8±8,2 12,5±9,3 Depois Treinamento *15,5±5,5 *12,6±8,2 *12,5±5 *15±8,8 9,8±4,1 6,8±2,1 11,6±7,9 11,5±8,4 Na perimetria de tronco não houve uma diferença significativa, o que se verificou é que no ombro houve um aumento no perímetro, que era 107,1±11,4cm passando a ser 108±10,8cm, no tórax era de 95,5±10,7cm passando para 95,1±8,7cm, já nos perímetros da cintura e do abdômen onde se caracteriza a lipohipertrofia (aumento de gordura na região abdominal) não houve diminuição significativa, na cintura era 86,1±11,4cm passando a ser de 85,5±10,5cm, no abdômen era de 85,5±12,7cm e passou a ser de 84,7±10,6cm (TABELA 2). Nos membros superiores não houve variação significativa, o que se pode observar foi um pequeno aumento nas medias realizadas. No braço direito, era 28,2±5cm passando para 29±4,9cm, no braço esquerdo 27,6±4,6 cm e passou a ser 28±4,4cm, no braço direito contraído se manteve no 30,1±5,3cm, já no braço esquerdo contraído antes do era 29,7±5,4cm passando a ser 30±4,9cm, no antebraço direito tinha 25,2±3cm e passou a ser 25,5±3,2cm já no antebraço esquerdo antes se tinha 24,7±2,8cm passando para 25±3,2cm (TABELA 2). As medidas de perimetria de membros inferiores não obtiveram diferença significativa, os resultados mostram pequeno aumento na circunferência da coxa direita que antes do treinamento era de 48,2±6,7cm e passou a ser de 48,3±6,6cm e na coxa esquerda era de 47,9±6cm antes do treinamento e 48±5,6cm após, já a panturrilha direita era de 33,1±4,2cm antes do treinamento diminuiu de maneira não significativa para 32,8±4cm e a panturrilha esquerda tinha como medida de circunferência antes do treinamento 33,2±3,9cm e após passou a ser de 33,1±3,8cm, já o quadril também teve uma diminuição na sua perimetria de maneira não significativa, onde antes do treinamento era de 92,1±11,2cm passou a ser de 91,2±9,8cm após o treinamento (TABELA 2). TABELA 2: Resultados das avaliações de perimetria (cm) Antes Treinamento Ombro 107,1±11,4 Tórax 95,5±10,7 Cintura 86,1±11,4 Abdômen 85,5±12,7 Braço Direito 28,2±5 Braço Esquerdo 27,6±4,6 Braço Direito Flexionado 30,1±5,3 Braço Esquerdo Flexionado 29,7±5,4 Antebraço Direito 25,2±3 Antebraço Esquerdo 24,7±2,8 Quadril 92,1±11,2 Coxa Direita 48,2±6,7 Coxa Esquerda 47,9±6 Panturrilha Direita 33,1±4,2 Panturrilha Esquerda 33,2±3,9 - Pág. 20 - Depois Treinamento 108±10,8 95,1±8,7 85,5±10,5 84,7±10,6 29±4,9 28±4,4 30,1±5,3 30±4,9 25,5±3,2 25±3,2 91,2±9,8 48,3±6,6 48±5,6 32,8±4 33,1±3,8 Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 * t student – p<0,05 Discussão Dos dados obtidos o único que se mostrou significativo estatisticamente, foi os de dobras cutâneas na região do tronco, que de maneira positiva diminuiu o acumulo de gordura na região, no qual ocorre a lipohipertrofia (acumulo de gordura). Já os outros pontos antropométricos (dobras cutâneas e perimetria) medidos não obtiveram variação significativa, em contra partida isso significa que não se obteve manifestação da SL durante o estudo proposto. Estudos realizados apontam que o TR promove alterações na SL, porém acredita-se serem necessários maiores estudos sobre o tema, devido às alterações apresentadas, que podem ser influenciadas por fatores além da atividade física, como os hábitos nutricionais e o uso de fármacos não controlados (ACM´S, 2002; BAE ET AL, 2001; BAIROS ET AL, 2002; BURATTINI ET AL, 2008; DORAN, 2001; PACCAGNELLA, 2002, 2007; MEDEIROS, 2006). Conclusão Conclui-se que programas de treinamento resistido, podem ser utilizados como recuso terapêutico no tratamento da SL, utilizando protocolos de treinamentos periodizados de acordo com o objetivo e as necessidades dos indivíduos. Com o treinamento proposto conseguiu-se melhorar o quadro da lipohipertrofia que caracteriza o aumento da gordura central. Além do mais, os resultados mostraram que durante o estudo, não se obteve piora nos quadros da síndrome apresentada por essa população. Pouco se sabe sobre os benefícios da atividade física para pessoas que vivem com HIV/aids, busca de novos estudos são de suma importância, pois irão contribuir de maneira que faça da atividade física uma alternativa no tratamento desses indivíduos, conseguindo melhoras no seu bem estar físico, clínico e psico-social, levando conseqüentemente a melhoras na qualidade de vida. Referências ACSM´S. American College of Sports Medicine Guidelines for Exercise Testing and Prescription. Tradução: Giuseppe Taranto. 1ª ed. Rio de Janeiro-RJ. Editora Guanabara Koogan S.A. 2002. Azevedo F.Q. et al. Redistribuição da gordura corporal induzida pelos inibidores de protease em pacientes com Aids. Revist An Bras Dermatol. 2006. Back D. et al. Lipodystrophv in patients with HIV-1 infection: effect of stopping protease inhibitors on TNF- α and TNF- receptor levels, and on metabolic parameters. Revisit Antiviral Therapy. 2009. Bae K. et al. Resistance exercise training reduces hypertriglyceridemia in HIV – infected men treated with antiviral therapy. Journal of Applied Physiology. 2001. Bairos L. et al. Reduction of Abdominal Obesity in Lipodystrophy Associated with Human Immunodeficiency Virus Infection by Means of Diet and Exercise: Case Report and Proof of Principle. Clínical Infectious Diseases. 2002. Burattini M.N. et al. Progressive resistance training in elderly HIV-positive patients: Does it work? Med SCI Sports Exercise. 2008. - Pág. 21 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Chacra A.R. et al. Alterações metabólicas da síndrome lipodistrófica do HIV. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia metabolic. 2005. Doran D.A. et al. Short-term exercise training improves body composition and hyperlipidaemia in HIV-positive individuals with lipodystrophy. Revisit AIDS. 2001. Geoffrey A., Sugar A.M.D., Weinberg M.D. Merc and the merck Manuals. 18 ed Merck & Co.Inc. Whahouse soction NJ. 2009. Medeiros N.B. et al. Exercise Training in HIV–1–Infected Individuals with Dyslipidemia and lipodystrophy. Medicine and Science in Sports and Exercise. 2006. PACCAGNELLA, T. O portador de HIV/AIDS e a prática de exercícios físicos (musculação). Dissertação de Mestrado Apresentada ao Centro de Pós-Graduação da UNAERP (Universidade de Ribeirão Preto).Ribeirão Preto-SP. 2002. PACCAGNELLA, T. Avaliação de processos de apropriação de um programa de condicionamento físico por pessoas que vivem com HIV/AIDS. Dissertação de Mestrado Apresentada ao Centro de Pós-Graduação da Psicologia da USP (Universidade de São Paulo). Ribeirão Preto-SP. 2007. - Pág. 22 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 A UTILIZAÇÃO DE DECANOATO DE TESTOSTERONA E DECANOATO DE NANDROLONA POR PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO NAS ACADEMIAS DE POÇOS DE CALDAS-MG HENRIQUE MIGUEL Educador Físico – UNIFAE/ Especialista em Treinamento Desportivo – UNIFMU/ Mestrando em Motricidade Humana - UCA / Técnico Desportivo da Prefeitura Municipal de Aguaí [email protected] MARCELO FRANCISCO RODRIGUES Educador Físico – UNIFAE/ Especialista em Treinamento Desportivo – UNIFMU/ Professor da Prefeitura Municipal de Aguaí SÍLVIO CÉSAR DOS SANTOS SOUZA Educador Físico – ESEFM/ Pedagogo – FACHA/ Docente da Faculdade de Ciências Humanas de Aguaí RESUMO A utilização de esteróides anabólicos androgênicos tem se tornado uma constante no contexto das academias. O presente estudo teve como objetivo observar o índice de consumo de duas substâncias principais, o Decanoato de Nandrolona e o Decanoato de Testosterona em seis estabelecimentos da cidade mineira de Poços de Caldas. Foram respondidos 100 questionários de forma sigilosa, sendo que através disto, mostrou-se que 42% dos indivíduos do grupo utilizavam ou já haviam utilizado algum EAA, enquanto 32% já haviam feito a utilização das substâncias em questão. A análise estatística foi realizada de forma descritiva, sendo que a freqüência percentual simples foi demonstrada. Após a análise dos dados, chegou-se à conclusão que os indivíduos entre 19 a 29 anos são os maiores consumidores de tais substâncias. Tal fato é marcado pelo apoio da mídia ao culto à forma e pela facilidade de adquirir determinado tipo de produto. Palavras-chave: anabolizantes, academias, musculação. 1. INTRODUÇÃO Atualmente, diversos estudos têm mostrado o avanço do consumo de esteróides anabólicos androgênicos (EAA) nos vários âmbitos da sociedade. Estes recursos farmacológicos possuem sua derivação no hormônio Testosterona e podem ser adquiridos regularmente com a apresentação de receita médica, em uma farmácia. Notase claramente que a busca pelos novos padrões de estética e beleza, levaram a um aumento acentuado na utilização destas substâncias, tanto por praticantes regulares de atividade física (principalmente adeptos da musculação), quanto por desportistas profissionais na busca de um maior rendimento na sua modalidade específica (BUCKLEY et al, 1988; KINDLUNDH et al, 1999). Pesquisas apontam que nos Estados Unidos, a utilização de EAA começa na adolescência, geralmente entre 14 e 15 anos, principalmente em indivíduos do sexo masculino, sendo um fator alarmante dentro das academias de ginástica e musculação do país. Também deve-se ressaltar que o maior índice de consumo por estes jovens, refletese nos esportes de força, relacionando-se diretamente com o aumento da massa muscular e da força do indivíduo (DURANT, RICKERT e ASHWORTH, 1993). Importante tomarmos nota que, além dos relatos sobre o aumento da utilização de EAA entre adolescentes, alguns estudos na literatura atual têm demonstrado a gama enorme de efeitos nocivos causados por essas substâncias dentro de um processo gradativo de - Pág. 23 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 utilização (IRIART e ANDRADE, 2002). Os sintomas colaterais variam desde o aparecimento de espinhas (acne), passando por alterações de humor e estado emocional, podendo culminar com impotência sexual (relacionado diretamente com a diminuição gradativa da libido), tumores malignos hepáticos e contaminação pelo vírus HIV (adquirido pela utilização da mesma seringa por mais de um indivíduo). Devemos também observar que a sociedade atual é um dos principais pilares desta questão tão contraditória. A mídia reforça um plano de repassar uma imagem da verdadeira identidade do indivíduo perfeito como um todo. Os comerciais, os anúncios, os programas, nada mais são que formadores de um modelo simbólico, que, visualizado de uma maneira positiva, tenta ser seguido. O consumismo, o individualismo, a veneração do corpo perfeito em todas suas proporções, são outras causas principais deste fenômeno que se alarma dentro das academias, principalmente entre os jovens do sexo masculino (IRIART, CHAVES e ORLEANS; 2009). É importante que medidas de prevenção sejam tomadas de maneira que não permitam que este determinado acontecimento seja deixado de lado pelas políticas públicas. Deve-se buscar um controle mais rígido na distribuição e venda de tais substâncias, a fim de minimizar a chegada dos EAA nas mãos de indivíduos totalmente despreparados para tal consumo, principalmente os adolescentes. Os EAA são encontrados em farmácias e a facilidade de adquiri-los tem se tornado um fator fundamental de utilização atualmente. Juntamente com a mídia que reforça valores estéticos e denota a imagem de como deve ser o protótipo do individuo bem envolvido na sua sociedade, podemos notar a situação de envolvimento entre estes fatores, o que contribui de forma direta para a formação de um público determinado para estas drogas, principalmente entre os adolescentes (FERREIRA, CASTRO e GOMES, 2005). Araújo (2003) cita que a administração de hormônios, principalmente os sintetizados da Testosterona, provoca mudanças significativas em relação à massa muscular e no peso corporal, sendo que dessa forma, pode-se adquirir um acréscimo observável em questões relacionadas aos fins estéticos e de rendimento desportivo. Os relatos da manipulação destas drogas com atletas são datados dos anos 50, onde fisiculturistas e halterofilistas, para conseguirem maior desempenho em suas respectivas áreas de atuação (estética corporal e aumento da força muscular), utilizavam-se destes recursos ilícitos para tais ganhos. Nos anos 70, este fenômeno se espalhou entre os praticantes de outras modalidades desportivas e também aos indivíduos que utilizavam a musculação de forma recreacional, tomando patamares absurdos de utilização destas substâncias (MOTTRAM, GEORGE, 2000). Na maioria das pesquisas realizadas sobre os EAA, podemos observar uma lista interminável de fatores de risco e efeitos adversos em relação à utilização destas substâncias. (SANTOS et al, 2006). Independente desta situação, cada dia mais indivíduos se mostram interessados nos EAA, o que demonstra, uma epidemiologia silenciosa surgindo como novo quadro dentro da sociedade (BAHRKE, YESALIS, 2004). Com clareza, os esteróides anabólicos androgênicos, vêm ganhando espaço e sua busca aumenta gradativamente, assim como foi o fenômeno do tabagismo no início do século passado (SANTARÈM, 2001). É importante que um processo de conscientização seja pleiteado para que a população conheça os efeitos adversos causados por essas drogas, retirando o rótulo da modificação do corpo e da estética a qualquer preço (BAHRKE, YESALIS, 2004). 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Amostra - Pág. 24 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 A presente pesquisa foi realizada em 6 academias da cidade de Poços de Caldas/MG. Dos cerca de 500 matriculados nestas academias, exatamente 100 questionários foram respondidos e contabilizados (20% dos matriculados). Todas as academias foram selecionadas por estarem na área central da cidade, num raio de aproximadamente seis km. Os participantes foram indivíduos do sexo masculino exclusivamente. A pesquisa foi previamente divulgada pelos professores das academias, e obteve boa aceitação entre os colaboradores. Foram entregues nas 6 academias, 140 questionários, onde, destes 71,42% foram preenchidos e puderam ter seu conteúdo coletado como dados para a pesquisa. 2.2. Coleta de dados O instrumento utilizado foi um questionário individual e anônimo, baseado em 12 questões a respeito da temática desta pesquisa. A maioria destas foi alicerçada em questionários de trabalhos anteriores como de Araújo (2003) e de Frizon, Macedo e Yonamine (2005). Entende-se através da idéia destes autores que, esse tipo de questionário confidencial, torna-se um instrumento aceitável pra tal pesquisa. Os questionários foram entregues e respondidos nas seis academias, constituindo um espaço de tempo de quinze dias para que os indivíduos participassem. Os responsáveis pelas academias assinaram um termo de autorização para que os questionários fossem entregues e respondidos pelos alunos matriculados em seu estabelecimento, sendo alertados que tanto o estabelecimento quanto os indivíduos, não seriam de maneira nenhuma identificados. Alguns esclarecimentos foram feitos aos professores das academias pesquisadas antes do começo da coleta de dados: a participação era voluntária por parte dos matriculados; a participação era anônima, tanto em relação ao estabelecimento, quanto em relação aos seus matriculados, os dados coletados teriam apenas finalidades de pesquisa, e deveriam pedir para seus alunos responderem com a maior fidedignidade possível, pois, tratava-se de uma pesquisa com finalidades acadêmicas. Os questionários então, ficaram a disposição de quem quisesse responder, em lugares estratégicos das academias, facilitando sua visualização. Ao término de suas respostas, o aluno dobrava o papel e o colocava na caixa lacrada sem que ninguém percebesse ou soubesse de suas respostas. 2.3. Tratamento estatístico Todos os dados e as freqüências das respostas foram obtidos através de porcentagens simples num modelo descritivo simples. As prevalências entre os grupos, não foram comparadas, por isso, relacionou-se apenas em sistemas básicos de notação utilizando também as porcentagens absolutas simples. O “N” correspondeu ao valor absoluto de indivíduos e a “freqüência” correspondeu à porcentagem observada. Para a realização dos cálculos, foi utilizado o programa Excel 2003® para Windows XP®. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Participaram desta pesquisa, 100 indivíduos do sexo masculino, praticantes de musculação, em 6 academias diferentes da cidade de Poços de Caldas/MG. Dos 140 questionários distribuídos, 71,42% foram respondidas, média de aceitação considerável pelo autor deste trabalho. Dos 100 indivíduos analisados, 58 coletados disseram que não fazem ou nunca fizeram o uso de EAA (58%), enquanto 42 coletados disseram que fazem ou já fizeram o uso de algum EAA (42%). - Pág. 25 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Tabela 1 – Utilização de algum tipo de EAA Utiliza(ou) EAA? N. Freq. (%) sim não total 42 58 100 42 58 100 Dos 42 indivíduos que responderam positivamente à utilização dos esteróides anabólicos androgênicos, 32 disseram que já fizeram ou fazem o uso de Deca-Durabolin® (Decanoato de Nandrolona) ou Durateston® (Decanoato de Testosterona), mostrando que 76% dos consumidores de anabolizantes, utilizam-se ou utilizaram destas duas substâncias farmacológicas para algum fim. No que diz respeito á utilização destas substâncias, 6 indivíduos disseram que fizeram a utilização apenas de Deca-Durabolin® (19%), 9 indivíduos relataram que fizeram a utilização apenas de Durateston® (27%), enquanto 17 indivíduos assinalaram que fizeram a utilização das duas substâncias (54%). Tabela 2 – Utilização de Deca-Durabolin® e Durateston® pelo grupo Deca-Durabolin® Durateston® Deca-Durabolin® Durateston® N. 6 9 17 Freq. (%) 19 27 54 Em relação à faixa etária do grupo pesquisado, a utilização destas substâncias se tornou notória entre os 23 e 35 anos. Tais relatos se enquadram em fatores abordados na literatura e permitem-nos observar que o nível de idade dos usuários preferenciais de EAA não varia muito pelas diferentes regiões pesquisadas anteriormente. Moreau e Silva (2003) afirmaram que a faixa de maior utilização de EAA em academias da Cidade de São Paulo está entre a faixa etária que permeia os 25 a 29 anos e Frizon, Macedo e Yanomine (2005) relataram uma maior incidência de utilização entre os indivíduos entre a idade de 21 a 25 anos. Os dados são expressos da forma que segue a tabela abaixo. - Pág. 26 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Tabela 3 – Utilização de Deca-Durabolin® e Durateston® segundo a faixa etária Deca-Durabolin® Durateston® Deca-Durabolin® Durateston® 19 a Até 18 23 anos anos N % N % 1 50 3 25 1 50 3 25 e 0 0 6 24 a 29 anos N % 1 14 1 14 50 5 Acima 30 a 35 de 35 anos anos N ¨% N % 1 18 0 0 2 33 2 40 72 3 49 3 60 A utilização de Deca-Durabolin® e Durateston® pelo grupo pesquisado pode ser vista facilmente no âmbito das academias. Tal fato explica-se de forma simples pelo baixo custo de determinada substância e sua oferta ser elevada no mercado negro das academias (FRIZON, MACEDO e YONAMINE, 2005). Também nota-se que o índice de consumo destas substâncias é elevado considerando com outras pesquisas realizadas com o mesmo intuito. Neste presente trabalho, a média percentual a cada 100 indivíduos é de 42 %, muito maior que pesquisas anteriores realizadas na cidade de São Paulo, onde a média foi de 8,61% (MOREAU e SILVA, 2003), em Goiânia, onde a média foi de 4,91% (ARAUJO, ANDREOLO e SILVA, 2002) e em Passo Fundo e Erechim, onde a média foi de 1,55% (FRIZON, MACEDO e YONAMINE, 2005) 4. CONCLUSÃO Nota-se com o conteúdo deste trabalho que o consumo de anabolizantes no interior das academias se torna cada dia mais uma constante em nosso meio. A facilidade de se adquirir tais substâncias em estabelecimentos ou através de terceiros, juntamente com a busca do corpo perfeito a qualquer custo, leva muitos indivíduos à utilização destes. As drogas mais utilizadas, com certeza por sua facilidade e seu preço acessível, bem como sua fácil aplicação e manipulação são a Deca-Durabolin® (Decanoato de Nandrolona) e a Durateston® (Decanoato de Testosterona), encontradas em farmácias como repositores hormonais relacionados a determinadas doenças. Desta forma, é necessário que tenhamos a consciência de que projetos de esclarecimento contra estas substâncias devam ser mais difundidos pelos planos municipais, estaduais e federais. A utilização de EAA tem se tornado um modismo que aumenta em proporção aos seus riscos para a sociedade, sendo que o empirismo e a falta de informações permitem tal processo. REFERÊNCIAS ARAÚJO, L.R.; ANDREOLO, J.; SILVA, M.S. Utilização de suplementação alimentar e anabolizantes por praticanters de musculação nas academias de Goiânia-GO. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília, n.3, p. 13-18, 2002. ARAÚJO, J. P. O uso de esteróides androgênicos anabolizantes entre estudantes do ensino médio do Distrito Federal. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2003. Disponível em:<http://www.bdtd.ucb.br>. Acesso em 27/12/2009. - Pág. 27 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 BAHRKE, M.S., YESALIS, C.E. Abuse of anabolic androgenic steroids and related substances in sport and exercise. Curr. Opin. Pharmacology.n.4, p. 614-620, 2004. BUCKLEY, W.E. et al. Estimated prevalence of anabolic steroid use among male high school seniors. Journal of American Medical Association. P.3441-3445,1988. DURANT, R.H.; RICKERT, V.I.; ASHWORTH, C.S. Use of multiple drugs among adolescent who use anabolic steroids. New England Journal of Medicine, London, n.328, p. 922-926, 1993. FERREIRA M. E. C., CASTRO A. P. A. & GOMES G. A obsessão masculina pelo corpo: malhado, forte e sarado. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, n. 1, p. 167-182, 2005. FRIZON, F., MACEDO, S.M.D.; YONAMINE, M. Uso de esteróides andrógenos anabólicos por praticantes de atividades físicas das principais academias de erechim e Passo Fundo/RS. Revista de Ciências farmacêuticas Básica e Aplicada. n.3, p. 227-232, 2005 IRIART, J.A.B.; ANDRADE, T.M. Musculação, uso de esteróides anabolizantes e percepção de risco entre jovens fisiculturistas de um bairro popular de Salvador, Bahia, Brasil. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro, n.18, 1379-1387. IRIART, J.A.B.; CHAVES, J.C.; ORLEANS, R.G. Culto ao corpo e uso de anabolizantes entre praticantes de musculação. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro, n.4, 773782, 2009. KINDLUNDH, A.M.S.; ISACSON, D.G.G.; BERGLUND, L. e cols. Factors associated with adolescent use of doping agents: anabolic androgenic steroids. Addiction, n.94, p. 543, 553, 1999. MOREAU, R.L.M.; SILVA, L.S.M.F. Uso de anabólicos androgênicos por praticantes de musculação de grandes academias da cidade de São Paulo. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. São Paulo, n.3, p. 327-333 MOTRAM, D.R., GEORGE, A.J. Anabolic steroids. Bailliere’s Clinical Endocrinology. London, n. 14, p. 55-69, 2000. SANTAREM, J.M. Drogas anabolizantes: a situação atual. Fisiculturismo; Revista On-line, 2001. Disponível em < http://www.fisiculturismo.com.br>. Acesso em 12/01/10. SANTOS, A.F. et al. Anabolizantes: conceitos sobre os praticantes de musculação de Aracajú (SE). Psicologia em Estudo. Maringá, p. 371-380, 2006. - Pág. 28 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 ANÁLISE DO VO2MÁX EM ATLETAS DE FUTSAL SEGUNDO AS DIFERENTES POSIÇÕES HENRIQUE MIGUEL Educador Físico – UNIFAE/ Especialista em Treinamento Desportivo – UNIFMU/ Mestrando em Motricidade Humana - UCA / Técnico Desportivo da Prefeitura Municipal de Aguaí [email protected] MARCUS VINÍCIUS DE ALMEIDA CAMPOS Educador Físico – UNAERP/ Especialista em Nutrição HCFMRP – USP/ Técnico Desportivo da Prefeitura Municipal de Aguaí RESUMO O Futsal tem se tornado todos os dias, uma das modalidades mais praticadas do Brasil. Desta forma, o presente estudo buscou visualizar diferenças do VO2max entre os jogadores de distintas posições da modalidade. Foram analisados 18 atletas da equipe DERLA/Aguaí e Futsal, com média de idade 17,2±0,4 anos, 164±41 cm de estatura, 68,9±7,9 kg de massa corpórea, IMC de 22,8±1,6, 15,3±2,06 de percentual de gordura corporal e VO2 de 41,6±3,6 (ml.kg.min-1). Utilizou-se para a avaliação do VO2, o protocolo de 2400 metros, juntamente com a aferição do peso, da altura, percentual de gordura corporal e índice e massa corpórea. Estatisticamente usou-se o modelo descritivo simples através da ANOVA One Way. Após a realização dos testes em todos os jogadores, o tratamento estatístico não encontrou nenhuma diferença significativa na variável avaliada, o que ressalta que mais estudos nesta temática deverão ser realizados para benefício da ciência do treinamento da referida modalidade. Palavras-chave: Futsal, capacidade aeróbia, consumo máximo de oxigênio. 1. INTRODUÇÃO O Futsal surgiu no Uruguai e rapidamente foi trazido ao Brasil pela proximidade do país vizinho. Logo, este se tornou um dos esportes mais difundidos e praticados dentro dos clubes, agremiações e até mesmo em momentos de tempo ócio. Tal fato deu à modalidade uma estrutura completamente nacionalizada e uma imagem que se atrela aos laços da cultura brasileira. Pelo pouco espaço necessário para sua prática e o menor número de jogadores necessários ao exercício da modalidade, muitos autores já relatam que o Futsal em alguns anos se tornará tão praticado, ou superará o número de adeptos do Futebol ((FIGUEIRÊDO, 1996; LUCENA, 1994). Surgindo como esporte amador, o Futsal não demorou a se tornar uma modalidade de alto-rendimento. Tal fato fez com que os atletas, antes apenas amadores, conseguissem sua profissionalização, bem como as agremiações, times e clubes, que passaram a se tornar empresas pagando salários aos seus empregados do esporte. (SANTANA, 1996). A profissionalização aumentou o número de competições e o número de nações que passaram a praticar a modalidade. Vários atletas começaram a ser exportados para outros países, difundindo ainda mais a modalidade pelo mundo. Este fato proporcionou a criação de ligas regionais, estaduais e nacionais, campeonatos continentais de seleções e clubes, bem como o campeonato mundial da modalidade, que nos anos 90 passou à tutela da FIFA, onde o Brasil é o maior vencedor com seis conquistas (BRUNORO e AFIF,1997. - Pág. 29 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 É uma modalidade de constante confronto entre as equipes que disputam uma partida, redobrando a atenção de todos os jogadores envolvidos num contexto de constante ataque e defesa (GARGANTA, 2002). Como modalidade esportiva, é classificada por ter caráter intermitente, variando de situações de intensidade alta com períodos e momentos de curta recuperação. (CORRADINE e TOLEDO, 2007). Desta forma é difícil o conhecimento com exatidão das exigências físicas, fisiológicas e energéticas que necessitam os jogadores durante a realização da atividade, sobretudo com a imprevisibilidade da partida e do adversário que se vai enfrentar (GARCIA, 2004). Nota-se claramente que o Futsal, em função da natureza de suas ações motoras, visa deslocamentos variados, paradas bruscas e repentinas, acelerações e desacelerações, saídas rápidas, trocas de direção em alta velocidade, juntamente com as ações de fundamentos que cercam todo o âmbito da modalidade (passar, finalizar, fintar, driblar, entre outras). Entretanto, não devemos esquecer que o desempenho de um jogador de Futsal, é diretamente proporcional com sua capacidade de força e com o desenvolvimento de suas capacidades físicas determinantes (resistência aeróbia e anaeróbia, coordenação e velocidade) que sempre sofrem ajustes funcionais e morfológicos seguindo os princípios exigidos pela modalidade (CORRADINE e TOLEDO, 2007). Desta maneira, a avaliação física dos atletas do Futsal vem sendo cada vez mais detalhada com o intuito de auxiliar na preparação física, técnica e tática, levando o atleta à sua melhor forma, sendo aproveitado da maneira mais correta possível por sua comissão técnica. Uma das avaliações mais corriqueiras realizadas pelos profissionais da preparação física da modalidade em questão, é a avaliação do VO 2máx dos atletas. O consumo máximo de oxigênio pode ser definido como o maior volume de oxigênio captado por um determinado intervalo de tempo, seguindo a respiração do ar atmosférico durante a realização de algum exercício (BARROS NETO, TEBEXRENI e TAMBEIRO, 2001). Nos desportos o VO2 tem se tornado uma ferramenta de grande importância na predição da performance do atleta, sendo empregada principalmente para avaliar a capacidade respiratória dos atletas (SILVA, et. all, 1998). Garcia (2004) informa em uma de suas pesquisas com o Futsal que, uma partida pode ter duração aproximada de 75 a 90 minutos, onde 54% deste tempo, é o resultado da soma de todas as pausas efetuadas entre os intervalos de jogo e 46% do tempo restante corresponde a soma de todos os intervalos de jogo em que a bola está sendo jogada. Além disso, o Futsal demanda de um grande trabalho neuro-muscular, devido a enorme quantidade de ações técnicas realizadas durante todo o tempo de realização da partida, assim como as permanentes trocas de ritmo e intensidade. Neste contexto, observa-se aproximadamente uma média de 670 ações diferentes e consecutivas em intensidades variadas (correr, caminhar, corrida em velocidade, conduzir a bola, finalizar) durante a partida. Observamos dentro de tal situação que o sistema energético ATP-CP, tem participação freqüente no abastecimento dos esforços breves de intensidade alta, alternado permanentemente com o sistema energético aeróbio, participante das ações energéticas de baixa intensidade (McARDLE, KATCH e KATCH, 1998). O sistema anaeróbio lático participa quando os tempos das ações de alta intensidade tenham duração prolongada (maior que 15 segundos). Seguindo esta linha de raciocínio, um atleta de Futsal percorre durante a partida 3200 a 3400 metros, dos quais 57% são percorridos em intensidade alta e 43% são realizados em baixas intensidades. Um jogador se mantém em contato com a bola em média dois minutos e vinte segundos, o que mostra como é importante o trabalho voltado para a técnica dentro da periodização do treinamento. É necessário que no pouco tempo que esteja com a bola em seu domínio, saiba o que e como fazer da maneira mais proveitosa para a equipe. Mediante tais elucidações, notamos a razão do Futsal ser uma modalidade tão dinâmica que exige alto grau de preparo físico dos atletas que o praticam (BELLO JUNIOR, 1998; GARCIA, 2004).A rápida troca de posições no Futsal torna a - Pág. 30 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 modalidade constante em seu processo de rotatibilidade de atletas dentro da quadra de jogo. Seguindo este motivo, algumas pesquisas provenientes de outros autores, vêm tentando auxiliar na caracterização da somatotipia dos atletas em seus respectivos papéis dentro da partida (DANTAS e FERNANDES FILHO, 2002; CHAGAS, et. all, 2005). 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Amostra Participaram do presente estudo, dezoito atletas do sexo masculino, integrantes da categoria Sub-18, da equipe de Futsal do Departamento de Esportes, Recreação e Lazer da Prefeitura Municipal de Aguaí/SP (DERLA/AGUAÍ), que disputam a Liga Regional de Futsal de São José do Rio Pardo. Os atletas são acompanhados sistematicamente nos treinamentos pela comissão técnica do departamento, sendo que a equipe é composta por quatro goleiros, cinco fixos, seis alas e três pivôs. Os pesquisadores responsáveis fizeram explicação do projeto aos atletas, bem como informaram que não havia despesas pessoais para participação no estudo, assim também, como não haveria compensação financeira. Por fim, foi entregue o termo de consentimento livre e esclarecido que seguiu aos pais dos jovens, validando e confirmando a participação no estudo. 2.2. Coleta de dados 2.2.1. Avaliação antropométrica A estatura e a massa corpórea dos atletas foram mensuradas através de uma balança mecânica com precisão de 100 gramas, com estadiômetro de tamanho total de 1,95 metros, com precisão de 1 centímetro, capacidade de 150 quilos, modelo M-33 da marca Micheletti®. Todos os atletas foram medidos e pesados vestindo apenas o calção de treino. A estatura e a massa corpórea foram mensuradas em todos atletas pelo mesmo pesquisador. Através destes dados, foi calculado o IMC dos atletas em uma tabela criada no programa Excel 2003® para Windows XP®. O percentual de gordura se deu pelo protocolo de Deurenberg (1991), que determina o processo citado, partindo dos dados iniciais do IMC, relacionados a uma pequena fórmula. 2.2.2. Teste do VO2 Devido aos vários protocolos para mensuração do VO2, seguiu-se a opinião de Marins e Giannichi (1998), que citam o teste de 2400 metros de Cooper (Vivacqua & Hespanha, 1992), como perfeitamente adequado a atletas, principalmente para modalidades de jogos com bola. Para que o teste se assemelhasse ao máximo com a realidade dos atletas dentro de quadra, sua realização foi executada num circuito cíclico com extensão de 60 metros, sendo que os atletas teriam que realizar os 2400 metros no menor tempo possível. O local de saída era o mesmo para todos os participantes e a metragem se dava pelo número total de voltas que o atleta conseguisse, somados os metros remanescentes a partir do ponto de saída. O tempo foi delimitado com um cronômetro da marca Oregon®, modelo SL928M, e a distância foi medida com uma trena da marca Starret®, comprimento de 30 metros, precisão de 1 centímetro, modelo S-510/Y5108. A demarcação do circuito do teste pode ser visualizada na figura abaixo. - Pág. 31 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 2.2.3. Tratamento estatístico Os resultados encontrados foram previamente normalizados por procedimento estatístico descritivo, sendo expressos as seguintes médias e os desvios padrão. Utilizou-se a ANOVA One Way para comparação entre as diferentes posições de jogo, sendo o nível de significância adotado de P≤0,05. O programa adotado para calculo estatístico foi o GraphPad InStat®. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados da caracterização dos atletas da equipe de Futsal Sub-18 do Departamento de Esportes, Recreação e Lazer da Prefeitura Municipal de Aguaí, (DERLA/ Aguaí), com as variáveis: idade, estatura, massa corpórea, índice de massa corporal, percentual de gordura e consumo máximo de oxigênio, estão representados na tabela abaixo. Tabela 1 – Caracterização da amostra Média ± DP Idade (anos) Estatura (cm) Massa Corpórea (kg) IMC Percentual de gordura corporal (%) VO2máximo (ml.kg.min-1) 17,2±0,4 164±41 68,9±7,9 22,8±1,6 15,3±2,06 41,6±3,6 Verificando o consumo máximo de oxigênio relacionado com o posicionamento dos atletas em quadra, após os testes realizados com os componentes do grupo de jogadores, observaram-se os seguintes resultados que são descritos na tabela a seguir. Tabela 2 – VO2máx dos atletas segundo posicionamento em quadra -1 VO2máximo (ml.kg.min ) Goleiros Fixos Alas Pivôs 39,4±2,3 40,2±3,7 44±3,5 42,1±3,9 O Futsal é uma modalidade de características distintas, onde mesmo situados em diversas problemáticas de caráter tático, seus atletas devem desempenhar uma enorme variabilidade de movimentações que acarretam num vasto repertório no que diz respeito à intensidade e volume e suas adaptações fisiológicas frente ao jogo. Este processo se difere do Futebol, que possui suas posições mais bem definidas dentro de campo, montando um modelo tático mais bem delineado com menores trocas de posições entre os jogadores de uma determinada equipe (BALIKIAN et al., 2002). - Pág. 32 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 A análise estatística de tal variável não encontrou diferença significativa entre o consumo máximo de oxigênio entre os quatro grupos de jogadores da equipe (p<0,05). A ausência destas diferenças significativas no consumo máximo de oxigênio entre as posições do Futsal, corrobora com os dados observados por Bicalho et al. (2007). Essa similaridade pode ter sido acarretada pelas próprias características da modalidade em questão, pois, todos seus atletas, apesar de ocupar nomenclaturas de posições que exercem durante uma partida, estão em constante rodízio com efetivas trocas de posições, onde tal atleta deve desempenhar outras funções várias vezes durante o jogo e com maestria, o que potencializa seu aporte fisiológico (SANTANA, 2006). Comparando os grupos específicos em pares, também não encontramos diferença significativa dentro da análise estatística (p<0,05). Desta forma, o Futsal se mostra ser uma modalidade com constante troca de posições, o que leva seus atletas a uma generalização dos fatores fisiológicos, na questão principal, o consumo máximo de oxigênio. Tal fato não pode ser visto da mesma forma quando jogadores de Futsal são comparados com jogadores de Futebol, pois estes últimos, possuem valores maiores de VO2máx pelo componente aeróbico da modalidade citada (CHAMARI et al., 2004). 4. CONCLUSÃO Conclui-se com o presente trabalho que, pelo Futsal ser uma modalidade onde seus atletas estão em constantes trocas de posição, o consumo máximo de oxigênio comparado entre os grupos de atletas das quatro posições da modalidade (goleiros, fixos, alas e pivôs) não possui diferença estatística significativa. Também não houve diferença significativa quando comparados em pares entre si. Desta maneira, é importante ressaltar que novas pesquisas devem ser realizadas com o intuito de englobar cientificamente tal proposta estudo, para que a modalidade continue crescendo tanto no âmbito de conquistas, quanto no ramo da ciência do treinamento. REFERÊNCIAS BALIKIAN, P; LOURENÇÃO, A; RIBEIRO, L.F.P; FESTUCCIA, W.T.L; NEIVA, C.M. Consumo máximo de oxigênio e limiar anaeróbio de jogadores de futebol: comparação entre as diferentes posições. Rev Bras Med Esporte. 2002; 8 (2): 32 – 36. BARROS NETO, T.L; TEBEXRENI, A.S; TAMBEIRO, V.L. Aplicações práticas da ergoespirometria no atleta. Ver. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo. 2001;11:695-705. BELLO JUNIOR, N. A ciência do esporte aplicada ao futsal. Rio de Janeiro: Sprint, 1998. BICALHO, E.L.C; PAULA, A; COTTA, D,O. Estudo da diferença do perfil físico de jogadores de futsal por posicionamento em quadra que participaram do campeonato Ipatinguense. Buenos Aires: Revista digita, lEF Deportes, 2007. Disponível em <http://www.efdeportes.com/efd104/ futsal. htm> . Acesso em 22 mar. 2010. BRUNORO, J. C; AFIF, A. Futebol 100% Profissional. Editora Gente, São Paulo, SP, 1997. CHAGAS, M.H; LEITE, C.M.F; UGRINOWITSCH, H; BENDA, R.N; MENZEL, H.J; SOUZA, P.R.C; MOREIRA, E.A. Associação entre tempo de reação e de movimento em jogadores de futsal. Rev Bras Educ Fís Esp. 2005; 19 (4): 269 – 75. - Pág. 33 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 CHAMARI, K; HACHANA, Y; AHMED, Y.B; GALY, O; SGHAIER, F; CHATARD, J.C, HUE, O; WISLOFF, U. Field and laboratory testing in young elite soccer players. Br J Sports Med. 2004; 38: 191–196. DANTAS, P.M.S, FERNANDES FILHO, J. Identificação dos perfis, genético, de aptidão física e somatotípico que caracterizam atletas masculinos, de alto rendimento, participantes do futsal adulto, no Brasil. Fitness Perf J 2002; 1 (1): 28-36. DEURENBERG, P; WESTSTRATE, J.A; SEIDEEL, J.C. Body mass index as a measure of body fatness: age-and sex specific prediction formulas. British Journul of Nutrition 1991, (65), 105-114 FIGUEIRÊDO, V. A história do futebol de salão: origem, evolução e estatísticas. Fortaleza: IOCE, 1996 GARCÍA, G. A. Caracterización de los Esfuerzos en el Fútbol Sala baseado en el Estudio Cinemático y Fisiológico de la Competición. Buenos Aires: Revista Digital, EF Deportes, 2004; Disponível em <http://www.efdeportes.com/efd77/futsal. htm>. Acesso em 13 mar. 2010. GARGANTA, J. O treino da táctica e da técnica nos jogos desportivos à luz do compromisso cognição-acção. In: BARBANTI, V.; BENTO, J.; MARQUES, A.; AMADIO, A. Esporte e atividade física: interação entre rendimento e qualidade de vida. São Paulo: Manole, 2002. p. 281-306. LUCENA, R. Futsal e a iniciação. Rio de Janeiro: Sprint, 1994. MARINS, J.C.B; GIANNICHI, R.S. Avaliação & Prescrição de Atividade Física. 2.ed. Shape Editora, Rio de Janeiro - RJ, 1998. McARDLE, W. D; KATCH, F. I; KATCH, V. L. Fisiologia humana: energia, nutrição e desempenho humano. Editora Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. 1998. 4ª edição. SANTANA, W. C. Futsal: metodologia da participação. Londrina: Lido, 1996. ______________ Versatilidade: um novo paradigma para ensinar futsal. In: Pedagogia do Futsal [livro online]. 2006. Disponível em: http: //www. pedagogiadofutsal. com.br/ texto_010. asp. Acesso em 07 de mar. de 2010. SILVA, P.R.S, ROMANO, A, YAZBEK JUNIOR, P, CORDEIRO J.R, BATTISTELLA, L.R. Ergoespirometria computadorizada ou calorimetria indireta: um método não invasivo de crescente valorização na avaliação cardiorrespiratória ao exercício. Rev Bras Med Esporte. 1998;4:147-58. TOLEDO N.; CORRADINE, T.V. Modelo das cargas concentradas de força no futsal. In: OLIVEIRA, P.R. (Org.). Periodização contemporânea do treinamento desportivo: modelo das cargas concentradas de força e sua aplicação nos jogos desportivos (basquetebol, futebol de campo, futsal, voleibol) e lutas (judô). São Paulo: Phorte, 2007, p. 117-157. VIVACQUA, R; HESPANHA, R. Ergometria e reabilitação em cardiologia. Rio de Janeiro. Medsi, 1992. - Pág. 34 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 ANÁLISE DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E DO ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA DE UM GRUPO DE PORTADORES DE DIABETES MELLITUS NA CIDADE DE SÃO JOÃO DEL-REI (MG) Carolina de Carvalho Andrade¹, Luciana Moreira Maciel¹, Diogo Dias Silva¹, Alessandro de Olivera² ¹ Discente do curso de Educação Física da UFSJ ² Docente da UFSJ E-mail para correspondência: [email protected] RESUMO Estudos têm demonstrado a importância da prática de atividades físicas para a saúde em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2. O propósito do estudo foi mensurar o nível de atividade física e o índice de massa corporal (IMC) de pacientes diabéticos tipo 2 inscritos no Programa Saúde da Família de um bairro de São João Del-Rei. O estudo descritivo realizou-se com 30 pacientes, (11 masculino e 19 feminino), com idade média de 65,6 (10,2) anos. Visando verificar o nível de atividade física, os mesmos responderam ao IPAQ e realizaram a mensuração do PC e EST visando cálculo do IMC. Os resultados gerais revelaram níveis de obesidade de 86,7% apesar de 56,7% realizarem atividade física regularmente. Foi observado ainda que todas as mulheres apresentaram sobrepeso ou obesidade, apesar de 52,6% serem ativas.Tais tendências não foram encontradas nos homens. Conclui-se a necessidade de estudos para compreender o comportamento alimentar deste grupo. Palavras-Chaves: Diabetes, Atividade Física INTRODUÇÃO A falha de qualquer componente de um sistema de controle biológico resulta num distúrbio da homeostasia. Uma ilustração clássica de uma destas falhas é a diabetes (GUYTON e HALL, 1998). O diabetes mellitus (DM), do verbo diabetenein que significa “passar direto”, foi relatado pela primeira vez em 1550 a.C e foi assim nomeado devido à presença dos sinais clássicos dessa doença como sede intensa e urina excessiva (poliúria) e doce (DAMASO, 2001). O DM pode se apresentar na mulher grávida, em indivíduos de diferentes faixas etárias, sem discriminação de raça, sexo ou nível social - econômico. Existem quatro tipos,: tipo 1, tipo 2, tipo gestacional e “outros tipos específicos’, sendo que a DM tipo 2 é o tipo mais comum e ocorre em 90% dos casos, podendo ser provocada por uma resistência à insulina, apesar de alguns autores afirmarem que a causa precisa da diabetes tipo 2 ainda é desconhecida. (DULLIUS, 2007; LEMURA, VON DUVILLARD, 2006). Sabe-se, porém, que ele está intimamente relacionado com vários fatores de risco, como obesidade e estilo de vida sedentário. Esse tipo de diabetes encontra-se também fortemente ligado a fatores hereditários. (WILLMORE, COSTILL, 2010) Estima-se que no Brasil, em 2025 existirão cerca de 11 milhões de diabéticos, ou seja, teremos um aumento de mais de 100% em relação aos 5 milhões presentes no ano de 2000. De acordo com este estudo realizado no país entre os anos de 1987 e 1989 cerca de 7,6% da população de 30 a 69 anos apresentam a doença (BRASIL, 2002). No entanto, é importante destacar um dado interessante revelado pelo censo de 1987/89, em que foi verificado um alto grau de desconhecimento da doença sendo que 46,5% dos diagnosticados desconheciam o fato de serem portadores do DM tipo 2. - Pág. 35 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Tal situação para Negrão e Barreto (2005) decorre do fato do diabetes ser uma patologia pouco sintomática e assim muitas vezes o paciente somente vem a conhecer o diagnostico 10 anos após o inicio da doença. Além disso, o censo verificou que 22,3% dos diabéticos pesquisados não realizavam nenhum tipo de tratamento. Ressalta-se, porem, a importância de se controlar a doença visto que estudos randomizados em diabéticos mostraram claramente uma redução das complicações oriundas de um bom controle metabólico (BRASIL, 2002). De acordo com o American College os Sports Medicine – ACSM (1997) a atividade física tem importância fundamental na promoção da saúde e principalmente no combate ao crescimento do DM tipo 2, visto que o mesmo encontra-se fortemente relacionado com a obesidade e baixos níveis de atividade física. McArdle, Katch e Katch (2003) afirmam que a falta de atividade física regular e a obesidade, particularmente a distribuição da gordura nos segmentos superiores do corpo são os principais riscos para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 em adultos e crianças. Indivíduos que praticam exercícios moderados regularmente tendem, segundo Colberg (2003) a correr menos riscos de vir a desenvolver problemas de saúde como DM tipo 2, obesidade, hipertensão, certos tipos de câncer e outros distúrbios metabólicos. No entanto, Pollock e Wilmore (1993) salientam que os benefícios da atividade física estão diretamente relacionados com a prática de atividades físicas realizadas durante toda a vida. O exercício é uma recomendação primaria para o diabético tipo 2, para auxiliar no controle da obesidade e da glicemia. Pesquisa realizada por Canché e Gonzalez (2005) em Monterrey, México corroboram com tal afirmação. No referido estudo, adultos diabéticos tipo 2, foram submetidos a sessões de exercícios de resistência muscular, duas vezes na semana, durante uma hora. Verificou-se que esse tipo de intervenção é capaz de ajudar de forma eficiente no controle glicêmico de diabéticos do tipo 2. Dessa forma, diante do crescimento e desenvolvimento do diabetes e devido a grande importância na atividade física no controle e prevenção da referida doença, o propósito do seguinte estudo foi mensurar o nível de atividade física e o índice de massa corporal (IMC) de pacientes diabéticos tipo 2 inscritos no Programa Saúde da Família no bairro Guarda – Mor no município de São João Del Rei (MG). PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este tipo de trabalho caracteriza-se como um estudo observacional e descritivo, sendo realizado no Programa Saúde da Família no bairro Guarda – Mor do município de São João Del Rei (MG). A população de participantes do PSF mencionado é composta de 46 indivíduos diabéticos.. O critério de inclusão para participação na pesquisa foi que tais participantes apresentassem comprovação clínica que são portadores de DM do tipo 2, não apresentar nenhum tipo de lesão ósteo-muscular temporária ou permanente, além da assinatura do termo de consentimento pós-informado. Após tal triagem a amostra contou com a participação de 30 voluntários sendo 11 do gênero masculino e 19 do gênero feminino, com idades que variavam de 41 a 90 anos e média de 65,6 (10,2) anos. Os procedimentos utilizados para a realização da pesquisa seguiram padrões éticos e científicos sugeridos por Thomas e Nelson (2002) e preconizados pelo Conselho Nacional de Saúde de acordo com a Resolução 196/96. O questionário sugerido para análise do nível de atividade física dos voluntários seguiu o protocolo do IPAQ – versão curta (Questionário internacional de Atividade Física). Ele se baseia em questões relacionadas à intensidade, freqüência e duração da atividade física habitualmente realizada. Classificando as atividades como leves, moderadas (gasto de 3,5 a 6 MET’s) e vigorosas (gasto acima de 6 MET’s). Dessa forma, a partir dos dados - Pág. 36 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 obtidos através do questionário os voluntários foram classificados como sedentários, irregularmente ativos, ativo ou muito ativo. O peso corporal foi analisado utilizando uma balança digital portátil da marca G –Teck®. A estatura foi medida através do estadiômetro portátil da marca Sanny ®. As duas variáveis forma mensurardas levando-se em consideração o protocolo de medidas sugerido por Guedes, Guedes, (2006) e, serviram como base para determinar o Índice de Massa Corporal (IMC) de acordo com a equação proposta por Quetelet, (PETROSKI, PIRESNETO, GLANER, 2010). A análise estatística foi descritiva sendo que os dados estão apresentados na forma de média e desvio-padrão. Além disso, o IMC dos voluntários foram comparados e classificados de acordo com tabela normativa proposta por WHO, (2010) sendo os dados gerais apresentados por meio de percentuais. RESULTADOS Dos 30 pacientes analisados, foi possível verificar de acordo com os dados obtidos na amostra, que apenas 13,3% (n=4) dos voluntários apresentam IMC normal e 86,7% (n=26) da população esta acima do peso recomendado pela OMS. De acordo, com o questionário utilizado o IPAQ – versão curta, 17 pacientes foram classificados como ativos, 5 como irregularmente ativo e apenas 8 foram considerados sedentários. Portanto, 56,67% (n=17) dos indivíduos praticavam atividades físicas regularmente. Em relação aos pacientes do sexo feminino, 100% das mulheres encontram-se acima do peso ideal, porém, 52,6% (n=10) são consideradas ativas. Já em relação aos pacientes do sexo masculino, 36,4 (n=4) dos homens apresentam IMC normal, 63,7% (n=7) encontram acima do peso ideal. Em relação ao nível de atividade física desenvolvida, os homens foram classificados: 63,64% são ativos, 27,27% (n=3) são irregularmente ativos e 9,09 (n=1) são sedentários. DISCUSSÃO Mesmo apresentando limitações metodológicas e conceituais, na falta de indicadores quanto à quantidade de gordura corporal, muitos profissionais preocupados com o controle do peso corporal vêm utilizando o IMC no diagnóstico e no tratamento da obesidade. Servindo de auxílio, de acordo com Castro, Mato e Gomes (2006), como uma maneira prática e eficiente de se avaliar a síndrome metabólica e o risco cardiovascular em pacientes diabetes tipo 2. Neste contexto, o presente estudo verificou que o sobrepeso está intimamente ligado aos fatores de risco, que possivelmente poderiam ser um dos fatores causadores da diabetes tipo 2. No estudo de Gomes et al (2006) avaliou-se 2519 diabéticos tipo 2 em diferentes regiões do Brasil e verificou-se que 75% dos voluntários não se enquadravam na faixa de peso ideal e um terço deles apresentava obesidade. Assim como os estudos de Silva e Lima (2002) e Dunstan et al, que também revelaram IMC elevado, variando entre 26,8 e 27,9 kg/m² e 31,5 (3,7), respectivamente. Torna-se relevante, no presente estudo, citar que os pacientes diabéticos tipo 2 do sexo feminino, apresentaram em sua totalidade (100%) um peso acima do considerado ideal. Sendo esses dados consistentes com prévios estudos de Corrêa et al, que demonstrou que há uma prevalência de obesidade no sexo feminino de 76,9%. Em relação à atividade física, segundo o questionário aplicado e os escores encontrados, os indivíduos realizam atividade física regularmente, mesmo possuindo valores considerados acima do ideal para o Índice de Massa Corporal. Porém, de acordo com a pesquisa realizada por Assunção, Santos e Costa (2002), apenas 1/3 dos pacientes diabéticos que haviam recebido informações acerca dos - Pág. 37 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 benefícios da atividade física para o portador de diabetes mellitus estavam realizando algum tipo de atividade física. O que não condiz com os achados da pesquisa. De acordo com os valores encontrados no presente estudo foi observado que os homens avaliados mostraram-se mais ativos que as mulheres, além de possuírem valores de IMC dentro do limite considerado normal. Tal regularidade não foi observada nas mulheres, que mesmo sendo consideradas ativas, possuíam IMC elevados. Uma hipótese para tais achados seria a falta de uma dieta balanceada, com alta ingestão de calorias. De acordo com Péres, Franco e Santos (2006), mulheres portadoras de diabetes tipo 2 apresentam grande dificuldade em seguir uma dieta prescrita, equilibrada e balanceada, além de especificada para o controle da doença. CONCLUSÃO Pode-se concluir que embora a mostra tenha apresentado um índice satisfatório de atividade física, grande parte dos voluntários encontra-se acima do peso ideal, especialmente na amostra do sexo feminino. Torna-se necessários a realização de mais estudos para compreender o comportamento alimentar da mulher portadora de diabetes tipo 2 em relação aos seus aspectos psicológicos, biológicos, socioeconômicos e culturais que envolvem o ato de comer, para conseguir realizar intervenções eficientes no tratamento e controle do diabetes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Diabetes mellitus and exercise (Position Stament). Medicine Science Sports Exercise, v.29, n.12, 1997. ASSUNÇÃO, M. C. F.; SANTOS, I. S. dos; COSTA, J. S. D. da. Avaliação do processo da atenção medica: adequação do tratamento de pacientes com diabetes mellitus, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Caderno Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, p.205-211. BRASIL. Ministério da Saúde. Plano de reorganização de atenção à hipertensão arterial e ao diabetes mellitus. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. CANCHÉ, K. A. M.; CONZALEZ, B. C. S. Ejercio de resistência muscular em adultos com diabetes mellitus tipo 2. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v.13, n.1, p. 21-26, 2005. CASTRO, S. H. de; MATO, H.J. de; GOMES, M. B. Parâmetros antropometricos e síndrome metabólica em diabetes tipo 2. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, São Paulo, v. 50, n. 3, p. 450-455, 2006. COLBERG, S. Atividade física e diabetes. Barueri: Manole, 2003. CORRÊA, F. H. S. et al. Influência da gordura corporal no controle clinico e metabólico de pacientes com diabetes mellitus tipo 2. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, são Paulo, v. 47, n. 1, p. 62-68, 2003. DÂMASO, A. Nutrição e exercício na prevenção de doenças. Rio de Janeiro: MEDSI, 2001. DULLIUS J., Diabetes mellitus: Saúde, Educação, Atividades Físicas. Brasília/DF: Editora UnB, 2007 - Pág. 38 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 DUNSTAN et al. High-intensity resistence training improves glycemic control in older patients with type 2 diabetes. Diabetes Care, v.25, n.10, p. 1729-1736, 2002. GOMES, M.B. et al. Prevalência de sobrepeso e obesidade em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 no Brasil: estudo multicêntrico nacional. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, São Paulo, v. 50, n. 1, p. 136-144, 2006. GUEDES, D. P.; GUEDES, J.E. R. P. Controle do peso corporal: composição corporal, atividade física e nutrição. 2. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003. McARDLE, W. D.; KATCH, F.I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Motor. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. PÉRES, D. S.; FRANCO, L. J.; SANTOS, M. A. dos. Comportamento alimentar em mulheres portadoras de diabetes tipo 2. Revista Saúde Publica, São Paulo, v. 40, n. 2, p. 310-317, 2006. POLLOCK, M. L.; WILMORE, J. H. Exercícios na saúde e na doença: Avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. Rio de Janeiro: Médica e Cientifica, 1993. SILVA, C. A da; LIMA, W. C. de. Efeito benéfico do exercício físico no controle metabólico do diabetes mellitus tipo 2 a curto prazo. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, são Paulo, v. 46, n.5, p. 550-556, 2002. THOMAS, J. R.; NELSON, J. K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. Barueri: Manole, 2001. World Health Organization (WHO). Diabetes programme. 2007. Disponível em: < http://www.who.int/diabetes/en/> . Acesso em: 20 nov. 2007. - Pág. 39 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 ANÁLISE DO POTENCIAL DE FORÇA DE PREENSÃO PALMAR NOS PADRÕES AERÓBIO E ANAERÓBIO DE DISTINTAS MODALIDADES ESPORTIVAS, COMPROVADAS PELO DINAMÔMETRO JAMAR GABRIEL PÁDUA DA SILVA - GRADUANDO DO CURSO DE FISIOTERAPIA, - CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO DE BATATAIS - [email protected] BRUNO FERREIRA; - Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais, ÉRICA MOREIRA OLIVEIRA - Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais, LETICIA CAROLINE SILVA - Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais, KENIA ROBERTA SILVA - Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais, EDSON ALVES DE BARROS JUNIOR - Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais SIMONE CECILIO HALLAK REGALO -Livre docência/Docente-Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto FORP-USP EDSON DONIZETTI VERRI. - Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais RESUMO A preensão palmar é um parâmetro para mensurar a força do membro superior. O jiu-jitsu é um esporte com demanda anaeróbia que exige uma grande força e potencia do atleta, além de capacidade física. Já a natação é suprida pelo metabolismo aeróbio, para sustentar as atividades físicas por um longo tempo. O trabalho teve como objetivo avaliar a força de preensão palmar no jiu-jitsu e natação, correlacionando os padrões de força de preensão palmar. Foram avaliados 10 sujeitos, subdivididos em 2 grupos compostos por nadadores e lutadores de jiu-jitsu. As medidas foram colhidas através do dinamômetro JAMAR modelo PC 5032p. No jiu-jitsu houve predomínio significativo no membro superior direito e esquerdo de 0.0587 e 0.0110, respectivamente da força de preensão palmar. Conclui-se que o jiu-jitsu com metabolismo anaeróbio apresenta uma maior força dos membros superiores com relação à natação. PALAVRAS CHAVE: Jiu-Jitsu, Preensão palmar, Natação. INTRODUÇÃO A mão do homem é especializada e permite a realização de várias atividades, apresenta uma grande complexidade, além de ser um órgão sensitivo e motor. Todo membro superior está inter relacionado a ela, para qualquer tipo de atividade, sendo capaz de movimentos de destreza, equilíbrio, firmeza, versatilidade e para manipulação de objetos. Há dois tipos de preensão palmar: a de precisão e a de força. A preensão de precisão se refere a segurar objetos entre a face lateral dos dedos e polegar oposto, já na preensão de força os dedos são parcialmente flexionados em oposição à contrapressão gerada pela palma da mão, eminência tênar e o segmento distal do polegar. (MOURA et al, 2009). Segundo Moura, 2009 e Magee, 2005, os estágios de preensão palmar compreendem a abertura da mão, onde requer a ação simultânea dos músculos intrínsecos; fechamento dos dedos e do polegar para segurar e adaptar a forma do objeto, envolvendo músculos - Pág. 40 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 flexores intrínsecos, extrínsecos e opositores do polegar. A aplicação da força varia de acordo com peso, características da superfície do objeto e fragilidade. Muitos instrumentos têm sido projetados para avaliação da força de preensão palmar. Em 1954 o dinamômetro Jamar foi desenvolvido por Bechtol, este aparelho consiste em um sistema hidráulico de aferição simples, de rápida leitura, fácil utilização, podendo ser empregado em vários campos de pesquisa e atuação clínica. (MOREIRA et al, 2003). Fatores relacionados ao treinamento e à aptidão física devem ser levados em conta mediante às condições do organismo em liberar energia para certas atividades, tais como processos aeróbios e anaeróbios, transporte de oxigênio e funções neuromusculares. O desenvolvimento da capacidade esportiva está relacionado com a heterogeneidade da sensibilidade do desenvolvimento físico, sendo ela indicada, como os índices somáticos que possuem um período sensível às modificações estruturais e funcionais durante a maturidade do indivíduo (WEINECK,1991). O jiu jtsu foi criado à 500 anos antes de cristo na Índia, por monges budistas, a arte se disseminou e atualmente há um crescente número de adeptos da modalidade. A luta consiste em imobilizações, quedas e golpes traumáticos nas articulações, chegando no limite da amplitude de movimento, o que pode sobrecarregar seus estabilizadores estáticos e dinâmicos, tendo um grande índice de lesões. O esporte requer um grande contato dos praticantes, sendo necessários vários movimentos de preensão palmar. (OLIVEIRA, et al, 2006).O sistema fisiológico prioritário exigido no jiu-jitsu é relativo, pois depende do tempo de confronto, porém com relação à demanda metabólica os momentos de máxima exigência podem ser desenvolvidos a partir do metabolismo anaeróbio.(RIGATTO, 2008) A natação é influenciada pela capacidade de gerar força e minimizar a resistência imposta pelo meio liquido isso pode acontecer pelo aprimoramento da técnica, biomecânica, condição física do nadador, composição corporal e força. (MAGLISCHO, 2007). Durante o exercício dinâmico, de leve a moderada intensidade, na água, a maior parte da energia usada para sustentar a atividade física é suprida pelo metabolismo aeróbio. (CARAMANO et al, 2003) Este estudo teve como objetivo analisar a força de preensão palmar de modalidades distintas, sendo jiu-jitsu que apresenta um metabolismo anaeróbio e natação com metabolismo aeróbio, correlacionando os padrões de força de preensão palmar dos membros superiores direito e esquerdo entre os esportes individualmente. MATERIAIS E MÉTODOS No presente estudo, foram avaliados 10 indivíduos, distribuídos em 2 grupos distintos, sendo 1 grupo de praticantes de natação e outro grupo de praticantes de Jiu-Jitsu, cada grupo composto por 5 atletas, dentre estes 1 do sexo feminino e 4 do sexo masculino, com um tempo de prática das atividades variando entre 2 à 3 anos. Os lutadores de Jiu Jitsu tinham uma média de idade de 30,00 ± 4,06 e altura de 180,00 ± 6,07, e os nadadores tinham uma média de idade de 33,00 ± 6,18 anos e altura de 176,00 ± 7,11. As medidas dos lutadores foram colhidas antes do treino no ginásio de esportes do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Os nadadores participavam de uma competição do Centro de Cultura Física de Batatais. Os procedimentos realizados, como critério de coleta de dados, foi a avaliação da força de preensão palmar, escaladas em 3 medidas bilateralmente, para eliminação de possíveis erros, em um tempo de pré-atividades variando de 15 à 30 minutos. Para a coleta dos dados os atletas estavam sentados, com os joelhos e quadril à 90 º, pés apoiados no chão, ombro ao lado do corpo, cotovelo à 90 º, antebraço em posição neutra, cabeça e tronco alinhados. Todos os atletas eram incentivados a realizar a manobra de preensão palmar começando de forma lenta até chegar à força máxima. As medidas foram realizadas sucessivamente, primeiramente com o membro superior direito, em seguida com o membro superior esquerdo, entre cada - Pág. 41 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 medida era dado um intervalo de 2 minutos, até serem realizadas 3 medidas em ambos os membros. O instrumento utilizado para coletar as medidas foi um dinamômetro de preensão palmar da marca JAMAR, modelo PC 5032p, com mensuração de valores em libras. Para análise estatística foi utilizado programa Excel (versão 2007), e programas estatístico “GraphPad InStat versão 3.05. NATAÇÃO DIREITO ESQUERDO ATLETA 1 ATLETA 2 ATLETA 3 JIU JITSU ATLETA 4 ATLETA ATLETA5 1 ATLETA 2 MÉDIA ATLETA 3 DP ATLETA 4 ATLETA 5 MÉDIA DP 80,0 85,0 100,0 DIREITO 110,0 110,0 90,0 130,0 100,0 120,0 13,96 140,0 120,0 120,0 18,71 70,0 80,0 80,0 ESQUERDO 100,0 100,0 100,0 120,0 80,0 115,0 13,42 125,0 100,0 115,0 11,51 RESULTADOS A tabela 1, mostra a média individual de cada atleta de jiu-jitsu, além da média geral onde obtiveram valores de 120 ± 18,71 libras para o membro superior direito e para o membro superior esquerdo de 115 ± 11,51 libras. Tabela 1- Valores da média de cada atleta, média de membro superior direito e esquerdo e desvio padrão da força de preensão palmar no jiu-jitsu. A natação está representada na tabela 2, contendo também os dados individuais de cada atleta e as médias de valores para o membro superior direito de 100 ± 13,96 libras e para o membro superior esquerdo 80 ± 13,42 libras Tabela 2- Valores da média de cada atleta, média de membro superior direito e esquerdo e desvio padrão da força de preensão palmar na natação. - Pág. 42 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 O atleta 1 do jiu-jitsu (sexo feminino), apresentou à menor média da modalidade com apenas 90 libras para o membro superior direito e 100 libras para o membro superior esquerdo, o mesmo ocorreu com o atleta 1 da natação que também é do sexo feminino, ela apresentou 80 libras para o membro superior direito e 70 libras para o membro superior esquerdo. Na média de força de preensão palmar entre os grupos, houve predomínio do membro superior direito e esquerdo do jiu-jitsu com relação à natação (Gráfico 1). No membro superior direito e esquerdo, houve uma diferença significativa com valor P de 0.0587 e 0.0110, respectivamente. Gráfico 1 – Média de força entre as modalidades de Jiu-Jitsu e Natação. - Pág. 43 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 DISCUSSÃO A força muscular é um dos componentes fundamentais para avaliação da forma física. A preensão palmar pode ser considerada como um dos parâmetros do estado geral dos indivíduos. Esse teste tem sido utilizado de maneira sistêmica anualmente desde 1964 no Japão. Ela pode ser mensurada com uso do dinamômetro Jamar, que é um procedimento objetivo, simples e de fácil utilização, além de ser um parâmetro para a avaliação e determinação de função das mãos em diversas situações. (MOREIRA et al, 2003). O atleta 1 tanto do jiu jitsu quanto da natação tiveram a menor força sobre os demais indivíduos da amostra, sabendo que ambos eram os únicos atletas do sexo feminino, nosso estudo se assemelha ao de Capriorrino et al, 1998, que comparou 800 indivíduos saudáveis de ambos os sexos com o dinamômetro Jamar, ele conclui que os valores de preensão palmar do sexo masculino foram maiores que os do sexo feminino. Em um estudo realizado por Oliveira, 2006, foram utilizados 100 indivíduos de jiu-jitsu, divididos em grupo controle e amostra, do sexo masculino com idades entre 20 e 30 anos, sendo que houve um predomínio da força da mão esquerda do grupo de atletas em relação ao grupo controle, porém com relação ao predomínio de mão houve maior força na mão direita. O predomínio da força de membros superiores do jiu jitsu com relação à natação pode ter ocorrido pela diferença das praticas esportivas. As lutas exigem uma grande demanda da capacidade física, possuem características acíclicas, competentes mesomórficos predominantes, e apresentam uma participação acentuada do metabolismo anaeróbio, já a natação gera um metabolismo aeróbio levando a uma boa resistência muscular. O jiujitsu é um esporte de contato e esforço atenuante durante períodos de atividade e repouso, onde há grande mobilização de substrato energético na ausência ou déficit de oxigênio. (RIGATTO, 2008). Para a realização dos gestos esportivos do jiu-jitsu é necessário um grande gasto energético e de força muscular, gerando um grande esforço, podendo ser considerado uma modalidade realizada com metodologia especifica para o trabalho de força. (CUNHA, 2009). Para ambas as modalidades houve um predomínio de força na mão direita, isso se da provavelmente ao fato de todos atletas serem destros. CONCLUSÃO Os resultados observados indicam que no jiu-jitsu houve uma maior prevalência da força de preensão palmar em relação aos nadadores. Sendo o jiu-jitsu um esporte com metabolismo anaeróbio, seu trabalho é voltado para ganho de força pela própria biomecânica do esporte. A prevalência de força no membro superior direito ocorre pela própria característica de cada atleta, pois todos eram destros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPORRINO F. A. et al. Estudo populacional da força de preensão palmar com dinamômetro JAMAR. Revista Brasileira de Ortopedia. 1998; 33(2): 150-4. CAROMANO F. A. et al. Efeitos fisiológicos da imersão e do exercício na água Revista Fisioterapia Brasil - ano 4 - nº 1 - jan/2003. CUNHA, A. S. J. Incidência e fatores de risco de lesões musculoesqueléticas em praticantes de jiu-jitsu. Universidade da Amazônia- UNAMA. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde -CCBS, Belém, 2009. - Pág. 44 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 OLIVEIRA, M. et al. Avaliação da força de preensão palmar em atletas de jiu-jitsu de nível competitivo. Revista Brasileira Ciência e Movimento, 63-70, 2006. MAGEE D. J. Avaliação musculoesquelética. 4a ed. São Paulo: Manole; 2005. MAGLISCHO, E. W. Nadando Ainda Mais Rápido. São Paulo: Manole, 1999. MOREIRA, D. et al. Abordagem sobre preensão palmar utilizando o dinamômetro JAMAR: uma revisão de literatura. Revista Brasileira Ciência e Movimento, Brasília, vol. 11, nº 2, pág. 95-99, junho/2003. MOURA, P. M. de L. S. et al. Força de preensão palmar em crianças e adolescentes saudáveis. Revista Paul Pediatr, 2008. RIGATTO, P. C. Efeito do treinamento de potencia muscular sobre o aprimoramento do perfil metabólico e do rendimento no randori em praticantes de jiu-jitsu. Universidade Estadual Paulista Faculdade de Ciências, Departamento de Educação Física, Bauru, 2008. SILVA, I. O. et al. Analise da força de preensão manual e tração lombar nos atletas de natação da Univangélica. Revista Cientifica JOPEF, 6º Fórum Internacional de Qualidade de vida e Saúde, Curitiba, vol. 1, nº 2, 2007. WEINECK, J. Biologia do Esporte. São Paulo, Manole, 1991. - Pág. 45 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 DESENVOLVIMENTO MOTOR DE PRÉ-ESCOLARES Manoela Campos Piedade Discente do curso de Pós-Graduação ENAF - FAGAMMON [email protected] RESUMO Este estudo teve como objetivo verificar o desenvolvimento motor de pré-escolares na faixa etária de 5 anos e 5 anos e 11 meses, relacionando a idade cronológica com a idade motora obtida em cada componente avaliado. A avaliação motora utilizada foi a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) proposta por Rosa Neto (2002), que envolve provas motoras específicas por idade como: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e organização temporal. Para atender ao objetivo foi feita uma relação da idade cronológica, com as idades motoras obtidas em cada prova. Os resultados mostraram que quanto maior a idade cronológica, maiores os valores do componente motricidade global e organização espacial. Já o esquema corporal não correlacionou com nenhuma variável, pois todos os valores foram iguais. Conclui-se que cada componente específico da motricidade possui formas diferenciadas, o que caracteriza o desenvolvimento motor como um processo dinâmico. PALAVRAS-CHAVE: Pré-escolar. Desenvolvimento motor. Avaliação motora INTRODUÇÃO O desenvolvimento motor é um processo de mudanças no grau de funcionamento de um indivíduo, onde a aquisição de funções cada vez mais complexa é adquirida ao longo dos anos. Este processo se inicia na concepção e se prolonga até a morte. Esta contínua mudança se da devido a fatores filogenéticos (são naturais e comuns a todas as pessoas) e ontogenéticos (que são decorrentes da maturação e experiência adquirida ao longo da vida). As experiências motoras adquiridas ainda quando criança, é de fundamental importância não só para atender as necessidades desse período, como poderá implicar no processo de desenvolvimento motor desse indivíduo no futuro. De acordo com Santos et al. (2004), o desenvolvimento motor nessa fase caracteriza-se pelo aprendizado de um amplo espectro de habilidades motoras, que possibilita a criança certo domínio do seu corpo em diferentes posturas (estáticas e dinâmicas), locomover-se pelo ambiente de variadas formas (andar, correr, saltar, etc.) e manipular objetos e instrumentos diversos (receber uma bola, arremessar uma pedra, chutar, escrever, etc). E é nessa fase que elas expandem rapidamente seus horizontes, afirmando suas personalidades e desenvolvendo suas habilidades a fim de testar seus próprios limites e os limites das pessoas que vivem junto dela (CRIPPA, et al 2003). Estudos sobre a motricidade infantil em geral, são realizados com o objetivo de conhecer melhor as crianças e de poder estabelecer instrumentos de confiança para avaliar, analisar, e estudar o desenvolvimento de alunos em diferentes etapas evolutivas (ROSA NETO, 2002). As formas de avaliar o desenvolvimento motor de uma criança podem ser diversas, no entanto, nenhuma é perfeita nem engloba holisticamente todos os aspectos de desenvolvimento (SILVEIRA, et al 2005). Nessa perspectiva Rosa Neto (2002) propõe uma Escala de Desenvolvimento Motor EDM, que compreende uma bateria de testes diversificados, que permite avaliar o nível de desenvolvimento motor de crianças de 2 aos 11 anos de idade. - Pág. 46 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 A EDM avalia os seguintes componentes motores: 1) Motricidade fina, é a coordenação visiomanual, ela inclui a fase de transporte da mão, seguida de uma fase de agarre e manipulação, o que da um conjunto de objeto/mão/olho. 2) Motricidade global, é a capacidade do indivíduo de, com seus gestos, atitudes, deslocamentos e ritmos compreender-se melhor e buscar novas informações. 3) Equilíbrio, está vinculado à postura corporal correta onde há economia de energia, para que não ocorra a fadiga corporal, entre outros. 4) Esquema corporal, refere-se à capacidade de discriminar as partes do corpo e organizar as partes deste na execução de uma tarefa. 5) Organização espacial, é compreender as dimensões do corpo com o espaço, ou seja, a organização espacial depende ao mesmo tempo da estrutura do nosso corpo, como, da natureza do meio que nos rodeia e suas características. 6) Organização temporal, refere-se à consciência do tempo onde se estrutura sobre as mudanças percebidas – independentemente de ser sucessão ou duração, sua retenção está vinculada à memória e a codificação da informação contida nos acontecimentos (ROSA NETO, 2002). Ainda de acordo com este autor o movimento e seu fim são uma unidade e, desde a motricidade fetal até a maturidade plena, passando pelo movimento do parto e pelas sucessivas evoluções, o movimento se projeta sempre frente á satisfação de uma necessidade relacional. A relação entre o movimento e o seu fim se aperfeiçoa cada vez mais como resultado de uma diferenciação progressiva das estruturas integradas do ser humano. Assim, a aquisição de novas habilidades está diretamente relacionada não apenas à faixa etária da criança, mas também as interações vividas com os outros seres humanos do seu grupo social (SOARES, et al 2006). Essas habilidades básicas são requeridas para a condução de rotinas diárias em casa e na escola, como também servem a propósitos lúdicos (SANTOS, et al 2004). É para que essas habilidades sejam desenvolvidas é necessário que se dê a criança oportunidades de executá-las (CHIMELO, 2003). Dessa forma o objetivo deste estudo foi por meio de testes motores avaliar o desenvolvimento motor de pré-escolares, determinando a idade motora (IM) no aspecto avaliado e relacionando estas as respectivas idades cronológicas (ICs). MATERIAIS E MÉTODOS Para este estudo foram selecionadas 29 crianças aleatoriamente de ambos os gêneros que tinham entre 60 meses (5 anos) e 71 meses (5 anos e 11 meses), matriculados em uma escola municipal de educação infantil localizada na região do sul de Minas Gerais, cujos pais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. As provas motoras foram realizadas individualmente no pátio da escola, e os alunos que participaram da coleta de dados cursavam o período escolar diurno. O instrumento utilizado para a avaliação motora foi a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) proposta por Rosa Neto (2002). A referida escala procura avaliar as áreas motoras específicas, como: motricidade fina (IM1), motricidade global (IM2), equilíbrio (IM3), esquema corporal (IM4), organização espacial (IM5) e organização temporal (IM6). A EDM apresenta ainda um manual completo de como proceder á aplicação dos testes e uma folha de resposta para facilitar o registro dos resultados dos alunos. Para atender ao objetivo do estudo a análise foi feita através das variáveis relacionadas aos componentes motores específicos de cada criança. A prova de organização temporal não foi empregada devido à dificuldade com relação à aplicabilidade, exigindo treinamento pormenorizado dos aplicadores. Os resultados foram analisados por meio da idade motora que foi obtida em cada elemento. Independente da área avaliada, cada prova foi iniciada com o teste correspondente a sua idade cronológica. Caso o sucesso fosse obtido na tarefa correspondente a sua idade, a tarefa de idade mais avançada foi apresentada, e - Pág. 47 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 terminava a avaliação quando a criança não desempenhava corretamente a tarefa proposta, neste caso foi utilizado o resultado válido obtido na prova anterior. Após a aplicação dos testes, os resultados foram lançados em planilha onde foi empregada a correlação linear de Pearson entre a idade cronológica (IC) e a idade motora (IM) obtida como desempenho em cada prova. RESULTADO E DISCUSSÃO Os resultados das idades motoras, expresso em termos de média e desvio-padrão são encontrados na Tabela 1. IC IM1 IM2 IM3 IM4 IM5 M 66,79 61,65 72 61,65 60 64,96 DP 2,93 2,72 4,81 4,21 0 6,01 Tabela 1. Médias (M) e Desvio-Padrão (DP) Os resultados apresentados pelas médias e desvio-padrão para cada componente da motricidade, sugerem que de acordo com a avaliação motora, a área de maior déficit foi o esquema corporal (IM4), com média de 60 meses. Pode-se verificar, desta forma um atraso de 6,79 meses em relação à idade cronológica média das crianças que foi de 66,79 meses. Relacionando-se a idade cronológica com a idade motora nota-se que os resultados foram estatisticamente significativos como mostra as figuras 1 e 2 respectivamente. 85 82,5 80 77,5 75 IM2 72,5 70 67,5 65 62,5 60 57,5 55 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 Idade Cronológica Figura 1. Representação gráfica relacionando a idade cronológica (IC) com a motricidade global (IM2). - Pág. 48 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Na figura 1, observar-se que quanto maior a idade cronológica, maior e o valor da idade motora global (IM2). De acordo com Melo 1997 (citado por Crippa, et al., 2003), a motricidade global é entendida como “a harmonia dos movimentos voluntários dos grandes segmentos do corpo ou a capacidade de controle dos atos motores que coloca em ação todo o corpo humano”. Este resultado pode ser explicado pelo tipo de atividade que as crianças realizam no seu dia-a-dia, sugerindo que esta vem estimulando e encorajando adequadamente a motricidade global das crianças (Caetano et al, 2005). - Pág. 49 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Na figura 2, nota-se também que quanto maior a idade cronológica IC maior e o valor do componente referente à organização espacial (IM5). 74 72 70 IM5 68 66 64 62 60 58 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 Idade Cronológica Figura 2. Representação gráfica relacionando a idade cronológica (IC) com a organização espacial (IM5) A correlação linear de Pearson revelou outros resultados obtidos na avaliação motora como, a relação dos alunos com maior valor no componente motricidade fina (IM1), eram os que possuíam também os maiores valores de motricidade global (IM2), equilíbrio (IM3) e organização espacial (IM5). Talvez o resultado se explica devido a estes componentes motores não apresentarem linearidade em crianças pré-escolares. Já os alunos com maiores valores de motricidade global (IM2) e equilíbrio (IM3) eram os que tinham maior valor do componente referente à organização espacial (IM5). O esquema corporal (IM4) não correlacionou com nenhuma variável, pois todos os valores foram iguais. Quanto a este último componente, os resultados permitem apontar que a experiência motora na exploração de seu próprio corpo, acumulada nos anos préescolares iniciais, manifesta-se por volta dos 6 anos de idade (SILVEIRA, et al 2005). - Pág. 50 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 CONCLUSÃO A partir dos resultados deste estudo, nota-se que houve relação da idade cronológica com os componentes motricidade global e organização espacial. Ao que se refere ao esquema corporal, este foi o componente que obteve maior déficit em relação às outras áreas avaliadas. Portanto pode-se concluir que a evolução de cada componente especifico da motricidade apresenta formas diferenciadas, caracterizando o desenvolvimento motor como um processo dinâmico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAETANO, M.J.D.; SILVEIRA, C.R.A.; GOBBI, L.T.B. Desenvolvimento motor de préescolares no intervalo de 13 meses. Revista Brasileira de Cineamtropometria e Desempenho Humano, v.7, n.2, p.5-13, jun.2005. CHIMELO, M.C. Desenvolvimento motor de crianças pré-escolares entre 5 e 6 anos. Efdeportes - Revista Digital, Buenos Aires, ano. 8, n.58, mar. 2003. Disponível em http://www.efdeportes.com. Acesso em 22 de jul. 2009. CRIPPA, L.R.; SOUZA, J.M.de.; SIMONI, S.; ROCCA, R.D. Avaliação motora de préescolares que praticam atividades recreativas. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v.14, n.2, p.13-20, set.2003. ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed, 2002. SANTOS, S.; DANTAS, L.; OLIVEIRA, J.A.de. Desenvolvimento motor de crianças, de idosos e de pessoas com transtornos da coordenação. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v.18, n.esp. 33, p.33-44, agos.2004. SILVEIRA, C.R.A.; GOBBI, L.T.B.; CAETANO, M.J.D.; ROSSI, A.C.S.; CANDIDO, R.P. Avaliação motora de pré-escolares: relação entre idade motora e idade cronológica. Efdeportes - Revista Digital, Buenos Aires, ano. 10, n.83, abril 2005. Disponível em http://www.efdeportes.com. Acesso em 20 de jul. 2009. SOARES, A.S.; ALMEIDA, M.C.R.de. Nível maturacional dos padrões motores básicos do chutar e impulsão vertical em crianças de 7/8anos. Movimentum-Revista digital de Educação Física, Ipatinga: Unileste-MG, v.1, n.1, ago./dez. 2006. - Pág. 51 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 GLICEMIA DE ATLETAS DE FUTSAL SUPLEMENTADOS COM MALTODEXTRINA MARCUS VINÍCIUS DE ALMEIDA CAMPOS Educador Físico – UNAERP / Especialista em Nutrição – USP / Técnico Desportivo – Prefeitura Municipal de Aguaí e-mail: [email protected] HENRIQUE MIGUEL Educador Físico – UNIFEOB / Especialista em Treinamento Desportivo - FMU / Técnico Desportivo – Prefeitura Municipal de Aguaí MARCELO FRANCISCO RODRIGUES Educador Físico – UNIFEOB / Especialista em Treinamento Desportivo - FMU RESUMO O futsal é uma modalidade acíclica, cujo s esforços são sustentados por um sistema energético misto, tendo o carboidrato participação fundamental neste processo. Portanto, com o objetivo de verificar a influencia da suplementação de maltodextrina em atletas de futsal durante uma partida, 10 atletas foram subdivididos em 3 grupos, controle, placebo e maltodextrina e tiveram suas respectivas glicemias mensuradas antes e após a partida, observou-se então uma tendência no aumento da glicemia dos atletas de todos os grupos, sendo que não verificamos variação estatística entre os grupos; nos permitindo afirmar que a simples suplementação não é um recurso ergogênico nutricional, sendo necessário uma intervenção mais ampla para a obtenção de resultados. PALAVRAS- CHAVES: FUTSAL – GLICEMIA - MALTODEXTRINA INTRODUÇÃO O futsal é uma modalidade desportiva acíclica, caracterizado por esforços intermitentes de extensão variada e de periodicidade aleatória; que acarretam em um alto gasto energético, bem como uma elevada solicitação metabólica e neuromuscular do praticante (BARROS NETO; GUERRA, 2004). Segundo Medina (2002), a demanda energética de uma partida de futsal é sustentada por um sistema energético misto (aeróbio-anaeróbio), com solicitação muscular dinâmica geral, sendo que a recuperação de tais solicitações é incompleta; realizada de maneira ativa e passiva, e com duração variada. O glicogênio muscular e a glicose sanguínea contribuem principalmente para a energia total, necessária durante o exercício de alta intensidade; onde a demanda de energia é suprida pelo metabolismo anaeróbio, sofrendo a molécula de glicose proveniente dos carboidratos uma série de reações químicas num processo denominado glicólise; que libera energia suficiente para a ressintese de 2 ATP, formando duas moléculas de ácido piurúvico por molécula de glicose; uma grande parcela do glicogênio muscular é rapidamente convertida em lactato; nos exercícios anaeróbios de curta duração e intensidade máxima, um único sprint de seis segundos pode levar a uma diminuição de 16% dos estoques de glicogênio muscular (MAUGHAN, 2002; GHORAYEB; BARROS, 2001). Além de estar diretamente ligados a produção de energia durante exercícios intensos, o glicogênio muscular e a glicose sanguinea são fundamentais nos primeiros minutos do exercício moderado, quando o suprimento de oxigênio não consegue atender as demandas do metabolismo aeróbio; entretanto, tanto o glicogênio muscular, como a glicose sanguínea encontram-se em quantidade limitada no corpo, tendo em média um - Pág. 52 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 atleta de 70kg, 1.600kcal de energia na forma de glicogênio muscular e 50kcal na forma de glicose sanguínea (OLIVEIRA et al, 2008; CLARK, 1997). Devido à importante participação do carboidrato como substrato energético, tanto em exercícios de longa duração (mais que 90 minutos) e moderada intensidade, como em exercícios intermitentes e de alta intensidade; Burke et. al. (2001) afirma que a disponibilidade de CHO é um fator preponderante para o desempenho. Em atletas de futsal, o glicogênio muscular, por desempenhar papel chave na produção de energia durante o exercício, é freqüentemente associado à fadiga, uma vez que a depleção de seus estoques tem como conseqüência a mesma, podendo a fadiga ser evitada na presença de concentrações adequadas de glicogênio muscular. A glicose sanguínea é utilizada principalmente na produção de energia para o cérebro e outras partes do sistema nervoso, pois estes dependem basicamente dela para o metabolismo. Assim, hipoglicemia pode prejudicar a função cerebral acarretando prejuízos para a execução dos exercícios (MCARDLE, KATCH, KATCH, 2003; WILLIAMS; MELVIN, 2002). Dentro desta perspectiva, a correta ingestão de carboidratos na dieta, bem como a suplementação dos mesmos em atletas de futsal tem sido considerado um importante recurso ergogênico; podendo ser observado na literatura uma grande quantidade de trabalhos, onde possíveis influencias positivas da suplementação de carboidratos, bem como adequações de dietas são investigadas (OLIVEIRA et al, 2008). O American College Of Sport Medicine (2000) sugere a ingestão de carboidrato entre 6 e 10g/kg/dia, além de destacar que valores inferiores a 5g/kg/dia não são suficientes para a restauração do estoque de glicogênio muscular de atletas. Em relação a atletas jovens (12 a 18 anos), como os atletas a serem investigados neste trabalho; é sugerido que a ingestão de carboidrato seja entre 55% e 60% do valor calórico total da dieta (Petrie et. al., 2004). Maffucci e Mcmurray (2000), sugerem que no período entre 3 e 6 horas antes do exercício, os atletas façam a ingestão entre 200-350g de carboidrato de médio ou alto índice glicêmico, sendo o mesmo ingerido através de uma refeição sólida; com o objetivo de otimizar os estoques de glicogênio e conseqüentemente a performance atlética. O ACSM (2000) também sugere a ingestão de carboidrato até 3 horas antes do exercício com o objetivo otimizar a performance, destacando ainda que a ingestão de carboidrato entre 2 e 1 hora antes da prática pode levar a hipoglicemia e a fadiga prematura. A refeição a ser ingerida no período pré-exercício deve ser pobre em fibras, lipídeo e proteína, além de não ser volumosa; a fim de facilitar o esvaziamento gástrico e evitar desconforto. É sugerido ainda que esta contenha alimentos que façam parte da alimentação habitual do atleta (SBME, 2003; GONZALES-GROSS, 2001). No período entre 1 hora e 30 minutos antes do inicio da atividade, tem sido sugerida a ingestão de 500 a 600ml de uma bebida contendo entre 35-50g de carboidrato de alto índice glicêmico; que deve estar a uma temperatura de 8-12ºC. Estudos já têm demonstrado que a ingestão de bebidas com 8-10% de carboidrato (glicose e frutose) entre 15-30 minutos antes de exercícios de curta duração aumenta a performance atlética (ACSM, 2000; SAWKA; MONTAIN, 2000). Atualmente, o carboidrato mais utilizado para a suplementação de atletas tem sido a maltodextrina, um carboidrato complexo, proveniente da conversão enzimática do amido do milho; que tem sua absorção pelo organismo realizada de forma gradativa e lenta, uma vez que contém polímeros de dextrose (RANKIN, 2001). Assim procuramos verificar neste estudo, o quanto a ingestão de Maltodextrina influencia na glicose de atletas de futsal durante uma partida, visto que a glicose sanguínea esta relacionada a performance destes atletas, além deste carboidrato estar sendo o mais utilizado por parte de atletas. METODOLOGIA 2.1 Amostra - Pág. 53 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Este estudo transversal, contou com a participação de 10 atletas, do sexo masculino, com idade média de 17,2 anos; 176cm de altura e 76kg de massa corpórea. Todos os atletas são integrantes da categoria Sub-18 da equipe de futsal do Departamento de Esportes Recreação e Lazer (DERLA) da Prefeitura Municipal de Aguaí, sendo que os mesmos representam o DERLA em competições regionais. Os atletas envolvidos na pesquisa realizam 3 treinamentos semanais, distribuídos em treinamentos técnico, tático e físico. Antes de iniciar a pesquisa, todos os atletas e responsáveis foram previamente informados sobre os riscos e benefícios do estudo e os pais ou responsáveis assinaram um termo de consentimento, concordando com a participação de seus dependentes no estudo. 2.2 Delineamento do Estudo Os atletas foram subdivididos aleatoriamente em 3 grupos; Grupo Controle, Grupo Placebo e Grupo Maltodextrina. Na semana que precedeu o estudo, todos realizaram registro alimentar de 3 dias, sendo uma terça-feira, uma quarta feira e um sábado; onde os atletas após serem previamente orientados, especificaram os horários que costumam realizar as refeições, assim como quantidades e tipos de alimentos ingeridos nestas. No dia da partia, 30 minutos antes do inicio desta, os atletas tiveram sua glicemia mensurada; para tal, um avaliador, equipado com luvas cirúrgicas descartáveis, e após assepsia local com álcool 70%, realizou punção na região lateral da polpa digital, por meio de lanceta descartável, sendo coletada uma gota de sangue, que foi colocada na curva da tira (tiras de teste Accu-Check Active). Cerca de 20 minutos antes da partida se iniciar, os atletas do Grupo Maltodextrina realizaram a ingestão da mesma em copo numerado e os atletas do grupo palcebo realizaram a ingestão de suco clight em copos semelhantes, sendo que todos atletas acreditavam estar ingerindo maltodextrina. Após a partida, a glicemia de todos foi novamente mensurada, seguindo os mesmos critérios descritos anteiormente. 2.3 Coleta dos Dados 2.2.1 Massa Corpórea e estatura A obtenção da massa corpórea total dos atletas foi realizada com o auxilio de uma balança digital, da marca Filizola, com uma precisão de 50g. Para a obtenção da estatua dos atletas utilizou-se uma fita métrica de aço com escala milimétrica e um esquadro de madeira, sendo que tanto a avaliação da estatura como a da massa corpórea foram realizadas por apenas um avaliador, seguindo os procedimentos propostos por Frisancho (1990). 2.3 Características dos Jogos Os dados foram coletados em 1 jogo treino, realizado no Ginásio de esportes “Domingão”, na cidade de Aguaí/SP, cuja quadra possui dimensão 28x38; no dia da coleta a temperatura ambiente estava em 24°C e a umidade relativa do ar e 65%. A partida foi realizada em 2 tempos de 20 minutos (cronometrados). Suplementação dos Atletas Os atletas do Grupo Controle não realizaram 1 hora antes, e durante todo o experimento ingestão de qualquer tipo de nutriente, que não água. O grupo Placebo, ingeriu 20 minutos antes da partida, 250 ml de suco Clight sabor limão O Grupo Maltodextrina ingeriu 20g de maltodextrina sabor limão, dissolvida em 250ml de água. Avaliação Dietética - Pág. 54 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 A avaliação do consumo alimentar foi realizada por meio de um registro alimentar de três dias, sendo os daods fornecidos pelos atletas avaliados com o auxilio do software AVANUTRI, versão 3.0.9; onde verificou-se o total de calorias ingeridas, a participação dos macronutrientes no total calórico e a adequação dos micronutrientes. Avaliação da Glicemia A mensuração da glicemia foi realizada com o auxilio do aparelho Accu-Check Active, sendo a determinação da glicemia realizada por fotometria de reflexão em sangue de capilar fresco; em intervalo de 10 a 600mg/dl (0,6 a 33,3mmol/l). O volume de sangue coletado variou de 1 a 2µl. 2.5 Tratamento Estatístico Os resultados encontrados foram previamente normalizados por procedimento estatístico descritivo, para obtenção do grau de parametria, sendo expressos os valores médios e respectivos desvios padrão (±). Para analisar possíveis diferenças estatísticas entre os níveis de glicose antes e depois do exercício físico, utilizou-se o teste de t de Stundent (pareado). Para análise dos níveis de glicose antes e após o exercício, comparando os diferentes grupos, utilizo-se o teste Anova, sendo os testes realizados com o auxilio do software GraphPad Instat, versão 2.01(San Diego, CA, EUA). Para todos os testes foi considerado o intervalo de significância de p<0,05. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação à ingestão de nutrientes, observou-se que os atletas ingerem em média 2.368kcal por dia, distribuídas conforme a tabela abaixo. TABELA 1 – características da Dieta VARIÁVEIS % Total de Calorias Carboidrato 52,3 Lipídeo 38,4 Proteína 9,3 Estes valores estão em desacordo ao preconizado pelo ACSM (2000), que sugere a participação dos carboidratos em 55% a 60% do valor calórico total da dieta, ainda observamos um excesso de ingesta de lipídeos, que não deveria ultrapassar 30% do valor calórico total da dieta. Em relação a ingestão de micronutrientes, foi observada ingestão insuficiente de vitaminas do complexo B, vitaminas estas fundamentais no metabolismo de carboidratos. Os atletas do grupo controle tiveram um aumento de 12,5mg/dl na glicemia mensurada, quando comparado os períodos pré e pós jogo; os atletas do grupo placebo apresentaram aumento 14,75mg/dl em igual período do grupo descrito anteriormente, e os atletas do grupo maltodextrina apresentaram aumento de 26mg/dl na glicemia. Entretanto, quando avaliados estatisticamente pelo teste t student, tais aumentos não foram considerados significativos (Tabela 2). TABELA 2 – Variação da Glicemia nos Grupos - Pág. 55 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Grupo Aumento da Glicemia (mg/dl) Controle 12,5 Placebo 14,8 Maltodextrina 24,3 Quando comparamos a Glicemia dos diferentes grupos verificamos que a variação encontrada não foi considerada significativa. Em relação ao aumento da glicemia após a realização da partida, os resultados se assemelham a de outros estudos, onde também foram verificados aumento não significativo da glicemia em atletas (SOARES et al, 2007). Uma possível explicação para o aumento da glicemia é o fato do exercício intenso aumentar a liberação de hormônios glicoliticos, tais hormônios fariam com que a taxa de liberação de glicose no fígado e no músculo se torne muito alta ocasionando assim provavelmente um acúmulo de glicose sangüínea, outro fator que contribui para isso é a diminuição da liberação de insulina pelo pâncreas (MAUGHAN, GEELSON, GREENHAFF, 2000). Outros trabalhos também não encontraram diferença significativa na glicemia de atletas que ingeriram maltodextrina em relação a atletas que não fizeram a ingestão da mesma (SOARES et al, 2007; OLIVEIRA et al, 2008). CONCLUSÕES De acordo com os resultados, pode se concluir que a simples suplementação de maltodextrina no período pré exercício não afeta a glicemia de atletas, que independente da suplementação, tendem a ter um aumento da glicemia. Portanto a adequação de estratégias nutricionais ergogênicas devem ir além da suplementação isolada, que se mostra uma estratégia superficial; pois inadequações na dieta do atleta pode fazer com que a maltodextrina seja utilizada apenas para compensar desequilíbrios na ingestão de carboidratos, ou até mesmo ter sua absorção e utilização prejudicada devido a falta de nutrientes chaves para o metabolismo de carboidratos. REFERÊNCIAS AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE; AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION; DIETIANS OF CANADA. Joint Position Statement: Nutrition and Athletic Performance. Medicine and Science in Sports and Exercise. 32(12): 2130-2145. 2000. ARRUDA, M. et al. Efeitos da hidratação de bebida hidroeletrolítica sobre a glicemia durante uma aula de ciclismo indoor. Movimento e Percepção, v. 6, n. 9, p. 95-108, 2006. BARROS NETO, T.L.; GUERRA, I. Ciencia do Futebol. São Paulo: Manole, 2004. BURKE, L.M. Energy Needs of Athletes. Can. J. Appl. Physiol. 26: 202-219. 2001. CLARK, N. Sport Nutrition Guidebook. Champaign: Human Kinetics. 1997. FRISANCHO, A.R. Anthropometric standards for the assessment of growth and nutricional status. Ann Arbor, Michigan: University of Michigan Press; 1990. GHORAYEB, N.; BARROS, T.L. O Exercício: Preparação Fisiológica – Avaliação Médica – Aspectos Especiais e Preventivos. Atheneu. 2001. - Pág. 56 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 GONZALEZ-GROSS, M. et. al. La Nutrición en la Prática Deportiva: Adaptación de la Pirámide Nutricional a las Características de la Dieta del Deportista. Archivos Latinoamericanos de Nutrición. 51(4): 321-331. 2001. LOPES, A.A.S.M. Futsal metodologia e didática na aprendizagem. SP, Phorte, 2004. MACARDLE, W. D. KATCH, F. I. KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano. Guanabara-Kogan. Rio de Janeiro. 2003. MAFFUCCI, D.M.; MCMURRAY, R.G. Towards Optimizing the Timing of the Pre-exercise Meal. Int. J. Nutr. Exerc. Metab. 10 (2): 103-113. 2000. MAUGHAN, R. The Athlete´s Diet: Nutritional Goals and Dietary Strategies. Proc. Nutr. Soc. 61: 87-96. 2002. MAUGHAN, R.; GEELSON, M.; GREENHAFF, P. L. Bioquímica do exercício e do treinamento. SP, Manole, 2000. OLIVEIRA, E.F.; PACHECO, V.D.S.; NAVARRO, F.; NAVARRO, A.C. COMPORTAMENTO DA GLICEMIA EM JOGADORES PROFISSIONAIS DURANTE UMA PARTIDA DE FUTSAL PELA LIGA NACIONAL. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício. São Paulo, v.2, n.7, p.90-96. Janeiro/Fev. 2008. PETRIE et. al. Nutritional Concerns for the Child and Adolescent Competitor. Journal of Nutrition. 20: 620-631. 2004. Rankin J.W. Efeito da ingestão de carboidratos no desempenho de atletas em exercícios de alta intensidade. SSE, GSSI, Julho - Setembro, 2001. SAWKA, M. N.; MONTAIN, S. J. Fluid and Electrolyte Suplemmentation for Exercise Heat Stress. Am. J. Clin. Nutr. 72(2): 564-572. 2000. SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO ESPORTE. Modificações Dietéticas, Reposição Hídrica, Suplementos Alimentares e Drogas: Comprovação de Ação Ergogênica e Potenciais Riscos para a Saúde. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 9(2): 1-13. 2003. Willians, Melvin H. Nutrição para a Saúde Condicionamento Físico e Desempenho Esportivo. SP, Manole, 2002. - Pág. 57 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 APLICABILIDADE DE TÉCNICAS DE ALONGAMENTO E FLEXIBILIDADE COMO MÉTODO AUXILIAR NO CONTROLE DE ESTRESSE. Erick Tadeu do Prado Graduado em Educação Física Pós-Graduando em Fisiologia do Exercício e Avaliação Física Mestrando em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social Faculdade Presbiteriana Gammom, Campus Lavras, MG. [email protected] Wagner Oliveira do Espírito Santo Graduado em Educação Física Pós-Graduando em Fisiologia do Exercício e Avaliação Física Faculdade Presbiteriana Gammom, Campus Lavras, MG. [email protected] Resumo Trabalho sobre Educação Física que discorre sobre os efeitos benéficos que aulas de alongamento e flexibilidade promovem como método auxiliar no controle de estresse, contribuindo para a difusão de uma forma de aplicação da Educação Física que trará benefícios físicos e mentais. Traz uma pesquisa de campo em que foram aplicados testes do tipo "antes e depois com dois grupos" com o objetivo de mensurar o nível de estresse no primeiro momento e após ter submetido os integrantes do grupo experimental a aplicação das técnicas propostas. Constata que no grupo experimental ocorreu uma estabilização no nível de estresse ao reduzir as tensões musculares através de um processo adaptativo, atingindo resultados satisfatórios. Realizou-se, de forma complementar, uma pesquisa bibliográfica abordando os conceitos de alongamento e flexibilidade, suas características, técnicas e os benefícios que proporciona, e os conceitos de estresse e as reações provocadas e influências na vida do indivíduo. Palavras chaves: alongamento, flexibilidade e estresse. Abstract Work on Physical Education that discusses the benefits that classes promote stretching and flexibility as a method to control stress, contributing to the spread of a form of implementation of Physical Education which will benefit physically and mentally. Brings a field in which they were applied tests "before and after the two groups" in order to gauge the level of stress at first and after obtaining the members of the experimental application of the proposed techniques. Notes that in the experimental group was a stabilization in the level of stress by reducing muscle tension through an adaptive process, achieving satisfactory results. Took place in a complementary manner, a literature search addressing the concepts of stretching and flexibility, characteristics, techniques and the benefits it provides and the concepts of stress and reactions to and influences the individual's life. Keywords: stretch, flexibility and stress. Introdução O estresse da vida moderna provoca efeitos físicos, psicológicos e emocionais que se intensificam a medida que cresce o envolvimento das pessoas nas preocupações diárias resultantes do desenvolvimento global. Acreditar que o indivíduo tenha de conviver com o estresse sem lhe fornecer alternativas para aprender a controlá-lo, seria deixar essa pessoa transformar-se numa "fábrica de tensões", onde quanto mais situações estressantes se envolvam, maior o nível de estresse e vice-versa. O policial militar - Pág. 58 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 vivencia diariamente variadas situações que tendem a levá-lo ao estresse, causando irritação excessiva, insegurança e desatenção. Essas sensações podem provocar reações físicas tais como, tensão muscular, fadiga e indisposição, que poderão influenciar em sua vida social, convívio familiar ou desenvolvimento profissional, fazendo com que caia o nível de excelência das atividades desenvolvidas levando a um descontentamento dos escalões superiores e da população.Tendo em vista o grande número de pessoas atingidas por esse fenômeno, e buscando sua redução, foram encontradas as técnicas de alongamento e flexibilidade que, conforme foi analisado trata-se de eficientes métodos auxiliares no controle do estresse, existindo a necessidade de elaborar um plano de trabalho, valendo-se destas técnicas. O presente estudo tem por objetivo verificar se ocorrerá diferença significativa nos resultados expressos a partir da aplicação dos exercícios propostos, visa a contribuir para a prática da Educação Física, para o controle do estresse e saúde geral através de técnicas pouco utilizadas, mas de fácil aplicação. Com base na pesquisa de campo, serão feitas análises sobre o estresse, fazendo uma relação com os benefícios que programas específicos de exercícios de alongamento e flexibilidade podem trazer para a melhora da saúde mental. Alongamentos Alongamento é uma extensão do músculo além de seu comprimento em repouso (BARBANTI, 1994, p.09). Trata-se de uma forma de trabalho que visa a manutenção dos níveis de flexibilidade obtidos e a realização dos movimentos de amplitude normal com o mínimo de restrição física possível (DANTAS, 1995 p.65). O alongamento é o caminho para ter e aumentar a flexibilidade (ANDERSON, 1996, p.25). Ao alongarmos suavemente um músculo ou tendão com o corpo relaxado e ampliarmos gradativamente a intensidade, estaremos, durante o tempo que o fizermos, aumentando seu comprimento. Finalmente o músculo ou tendão voltará à posição anterior, porém mais flexível o que lhe permite suportar melhor atividades físicas intensas, repentinas e prolongadas. Flexibilidade A flexibilidade é definida como a capacidade do organismo em sua estrutura morfofuncional para realização de grandes amplitudes articulares, que se expressa intrinsicamente na capacidade de alongamento dos músculos, tendões, ligamentos e cápsulas articulares (MACÍAS et AL., 2006). É a capacidade de realizar movimentos em certas articulações com apropriada amplitude de movimento. Ela é um pré-requisito básico para a execução tecnicamente correta dos movimentos. Também denominada extensibilidade ou mobilidade articular (BARBANTI 1994, p.129). A flexibilidade é definida como uma qualidade física responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular, por uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos, sem causar lesão e, para este autor, a mobilidade (grau de liberdade articular), a elasticidade (estiramento elástico de componentes musculares), a plasticidade (deformação sofrida por músculos e articulações) e a maleabilidade (modificação das tensões parciais da pele) representam os componentes da flexibilidade (DANTAS 1995, p.33). Ao ato de flexionar denominamos flexionamento que é uma forma de trabalho que visa obter uma melhora da flexibilidade através da viabilização de amplitudes de arcos de movimento articular superiores às originais (DANTAS, 1995, p.65). Estresse O estresse é essencialmente o desgaste causado pela vida, em qualquer momento, sobre o corpo (SELYE, 1956, p.286). O termo estresse pode ser utilizado em dois sentidos: tanto para descrever uma situação de muita tensão, quanto para definir a nossa reação a tal situação. A palavra "estresse" é utilizada neste último sentido, enquanto a palavra "estressor" é usada para definir o evento que causa o estresse. Estresse é qualquer situação pela qual o equilíbrio homeostático do corpo é perturbado. Pode ter a forma de dor, infecção, adversidade, alguma força deteriorante, ou ainda, vários estados anormais que tendem a perturbar o equilíbrio fisiológico normal do corpo (homeostase) (BARBANTI,1994, p.115). Estresse é uma reação a algo que confunde, amedronta ou - Pág. 59 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 emociona a pessoa profundamente. A partir disso, pode-se notar que o referente estressor não é algo sempre negativo, podendo ser também positivo. O estresse positivo parece motivar e inspirar. O estresse negativo pode ser agudo (muito intenso, mas que desaparece rapidamente) ou crônico (não tão intenso, mas que perdura por períodos de tempo mais prolongados). A ansiedade é considerada uma emoção típica do fenômeno estresse. Pode ser considerada como uma apreensão deflagrada por uma ameaça a algum valor que o indivíduo considera essencial para a sua existência como personalidade, que pode ser tanto à vida física quanto à existência psicológica (SPIELBERGUER,1981, p.45). A ansiedade pode ser vista também como uma resposta semelhante ao medo ou a uma tendência a responder com medo a qualquer situação presente que seja percebida como uma ameaça à auto-estima. Evidências mostram que a diferença entre o medo e a ansiedade está no fato de que na ansiedade, a ameaça dirigese especificamente à auto-estima do indivíduo e não ao seu bem-estar físico (SPIELBERGER, 1981, p.49). Estressor é qualquer coisa que cause estresse, produzindo mais ou menos estresse em proporção ao grau de capacidade de produzi-lo (SELYE, 1956, p.74). Como agentes estressores podemos citar, entre inúmeros outros, as condições culturais e socioeconômicas, a densidade populacional, o desemprego, casamento e divórcio, traumas, emoções, meio ambiente e exercício físico. Pesquisa realizada junto ao Hospital da Polícia Militar, revelou que a psiquiatria atendeu, no ano de 2009, um total de 6.479 Policiais Militares; dos quais, 567 tratavam-se de novos casos, o que torna a referida clínica a terceira em número de atendimento, ficando atrás da ortopedia e cardiologia respectivamente, demonstrando um importante quadro de falta de saúde mental em boa parte da população policial-militar. Segundo GERALDI e colaboradores (apud RELATÓRIO N.º EEF - 001/03/00, p.02), após pesquisarem 157 policiais militares de áreas administrativas e operacionais da PMESP, abordando a contribuição da atividade física para redução dos níveis de estresse da tropa, constatouse que, dos policiais pesquisados: 10% encontravam-se estressados; 53% encontravamse com nível de tensão emocional elevado; e somente 37% apresentavam-se em níveis emocionais normais. Na mesma pesquisa, GERALDI encontrou significativa relação entre aumento da tensão emocional à medida que os policiais militares tornavam-se sedentários. Segundo LIPP (2000, p.01), em matéria publicada pela Folha de São Paulo em 01 de agosto de 2000, o índice regular de pessoas com estresse na população, em épocas normais, é de 32%, podendo chegar a 70% em época de crise. Comparando-se estes dados, pode-se verificar que na PMESP o percentual de pessoas com estresse encontrase acima do chamado "índice regular". Materiais e métodos A população avaliada nesta pesquisa de campo constituiu-se de 35 (trinta e cinco) policiais militares, todos com o 2º grau de instrução completo. Grupo Controle (GC): composto inicialmente por 18 (dezoito) voluntários do sexo masculino, escolhidos aleatoriamente para a primeira avaliação, com idade (25 ± 4 anos), sendo que 50% eram solteiros e 50% eram casados e destes todos tinham filhos. Grupo Experimental (GE): composto inicialmente por 17 (dezessete) voluntários do sexo masculino, escolhidos aleatoriamente para a primeira avaliação, com idade (25 ± 4 anos), sendo que 58% eram solteiros e 52% eram casados e destes todos tinham filhos. Após o consentimento formal dos participantes foram aplicados no início do trabalho instrumentos de avaliação de estresse em forma de teste "antes e depois com dois grupos", seguindo o mesmo protocolo e de forma separada ao GC e ao GE, utilizando-se dois diferentes tipos de avaliação de nível de estresse: “Inventário de Sintomas de Estresse” (ISE), de Marilda Emanuel Novaes Lipp (relação com vários sintomas orgânicos relativos às reações que o indivíduo apresenta quando submetido ao efeitos dos agentes estressores) e “Escala de Reajustamento Social” (ERS), de Homes-Rahe (escala onde são encontradas 43 situações de vida possíveis de acontecer, e, para cada uma, foram atribuídas pontuações - Pág. 60 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 de "Unidade de Mudança de Vida"). A partir disso iniciou-se com a prática de Educação Física com ambos os grupos, desenvolvida três vezes por semana, e com duração de aproximadamente sessenta minutos, durante dois meses. O GE foi submetido a técnicas de alongamento e flexibilidade, enquanto que o GC não participou destas aulas. Figura 1: Alongamento Figura 2: Alongamento Fonte: Os autores, 2009. Fonte: Os autores, 2009. Resultados e discussão Ao iniciar a pesquisa os dois grupos apresentavam características predominantes de ausência de estresse ou baixo nível de tensão emocional (ambos com mais de 80%), conforme os resultados obtidos na avaliação inicial: a) GC: 1. Dados obtidos através do ISE: 83,3% dos sujeitos - ausência de estresse; 16,7% dos sujeitos - presença de estresse: fase de resistência - 11,1% com manifestações psicológicas e 5,5% com manifestações físicas. 2. Dados obtidos através da ERS: Leve - 66,7%; Média - 22,2%; Elevada - 11,1% b) GE: 1. Dados obtidos através do ISE: 88,2% dos sujeitos - ausência de estresse; 11,8% dos sujeitos - presença de estresse: fase de resistência - com manifestações psicológicas. 2. Dados obtidos através da ERS: Leve - 47,0%; Média - 53,0% - Pág. 61 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Figura 4: “Inventário de Sintomas de Estresse” 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 70 60 50 40 Controle Controle 30 Experimental Experim ental 20 10 Ausência Estresse 0 Presença Estresse Leve Elevada Figura 5: “Escala de Reajustamento Social” Grupo Contrôle Grupo Experimental Grupo Controle Grupo Experimental 0 Presença Estresse 17% Ausência de Estresse Presença Estresse 12% Presença de Estresse Ausência Estresse 83% Ausência de Estresse Elevada 11,1 Leve Leve Presença de Estresse Média 22,2 Ausência Estresse 88% Leve 66,7 Média Média 53 Leve 47 Média Elevada Elevada Fonte: Os autores, 2009. Fonte: Os autores, 2009. Fonte: Os autores, 2009. Após dois meses de treinamento os dois grupos foram novamente submetidos aos mesmos testes, obtendo-se os seguintes resultados: a) GC: 1. Dados obtidos através do ISE: 47,0% dos sujeitos - ausência de estresse; 53,0% dos sujeitos - presença de estresse: fase de resistência - 29,4% com manifestações psicológicas e 11,8% com manifestações físicas. fase de exaustão 11,8%. 2. Dados obtidos através da ERS: Leve - 29,4%; Média - 47,1%; Elevada - 23,5% b) GE: 1. Dados obtidos através do ISE: 88,2% dos sujeitos - ausência de estresse; 11,8% dos sujeitos - presença de estresse: fase de resistência - com manifestações físicas. 2. Dados obtidos através da ERS: Leve - 58,8%; Média - 29,4%; Elevada - 11,8% - Pág. 62 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Figura 6: “Inventário de Sintomas de Estresse” 100 60 80 50 40 60 40 20 Controle 30 Controle Experim ental 20 Experim ental 10 0 0 Ausência Presença Estresse Estresse Leve Elevada Figura 7: “Escala de Reajustamento Social” Grupo Contrôle Presença Estresse 53% Ausência de Estresse Ausência Estresse 47% Grupo Experimental Presença Estresse 12% Grupo Controle Grupo Experimental Elevada 11,8 Elevada Leve 29,4 Ausência de Estresse Leve Presença de Estresse Média Ausência Estresse 88% Leve 23,5 Presença de Estresse Elevada Média 29,4 Leve 58,8 Média Elevada Média 47,1 Fonte: Os autores, 2009. Fonte: Os autores, 2009. Análise dos Resultados: Verifica-se que o grupo controle passou de 16,7% para 53,0% em número de indivíduos classificados com "presença de estresse", enquanto que no grupo experimental ocorreu uma pequena variação, onde as manifestações passaram de psicológicas para físicas. A escala de reajustamento social confirma que a maior parte dos indivíduos do grupo controle estavam envolvidos em "situações de vida" que de um modo geral, promoviam um estresse médio e o número de casos com nível elevado de estresse ultrapassou o dobro em relação a primeira avaliação. Já no grupo experimental, pôde-se verificar que as "situações de vida" em que a maioria dos indivíduos se envolveu, promoviam um nível leve de estresse. Houve um aumento significativo do número de indivíduos do grupo controle com propensão ao estresse em relação a primeira e segunda avaliações, enquanto que no grupo experimental as alterações foram benéficas, havendo um aumento do número de indivíduos com menor propensão ao estresse. Ao compararmos os gráficos, podemos ver facilmente que na primeira avaliação ambos os grupos encontravam-se em situação muito parecida. Já na segunda avaliação, nota-se que o grupo controle evoluiu para um quadro de maior estresse, enquanto que no grupo experimental os valores continuaram os mesmos. Estes gráficos corroboram com a análise anterior, demonstrando claramente o grande aumento do nível de estresse do grupo controle e uma gradual diminuição do nível de estresse no grupo experimental, evidenciando que os indivíduos do grupo controle envolveram-se proporcionalmente mais em situações que levam ao estresse do que os indivíduos do grupo experimental que por sua vez, envolveram-se menos em situações estressantes. Conclusão A atividade física é um importante meio para minimizar o estresse, atuando diretamente através de mudanças fisiológicas, cardiorrespiratórias, circulatórias e hormonais, - Pág. 63 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 desenvolvendo uma melhor adaptação às reações provocadas pelo estresse. Em particular, a prática de atividades de alongamento e flexibilidade, promovem inúmeros benefícios, propiciando um bem-estar físico e mental, que se inicia no desenvolvimento da consciência corporal, passando pela redução da tensão muscular, chegando à prevenção de lesões. Ao iniciar este trabalho, conheciam-se apenas os conceitos e definições expressos por vários autores, sendo que, durante a realização da pesquisa de campo e aplicação efetiva dos métodos e técnicas referenciados, já começou-se a notar algumas diferenças, mas somente após a conclusão da pesquisa e comparações dos resultados é que pôde-se ter a certeza de sua eficácia. As diferenças apresentadas entre os grupos pesquisados levam a crer que os indivíduos que foram submetidos às aulas de alongamento e flexibilidade, envolveram-se menos em situações estressantes, ou então passaram a sentir menos os efeitos causados por estas situações, possivelmente ocorrendo uma adaptação do organismo. Tal evidência salta aos olhos quando comparado ao grupo controle que não participou das atividades de alongamento e flexibilidade, onde se verificou um aumento significativo no estresse de seus componentes e no envolvimento em situações potencialmente estressantes. Aplicar técnicas de alongamento e flexibilidade, além do baixo custo, tendo em vista não exigir equipamentos ou instalações especiais, podendo ser realizado em qualquer local, fechado como na administração ou mesmo ao ar livre no pátio dos Batalhões, mostrou-se muito viável como método auxiliar no controle do estresse. Uma série básica pode ser realizada diariamente, 15 minutos antes do serviço e 15 minutos ao término do serviço, orientada pelos monitores e instrutores de Educação Física, presentes nas Organizações Policiais Militares (OPMs). Com todas as vantagens apontadas e demonstradas neste trabalho, cremos que difundir estas atividades trará melhoras significativas na corporação como um todo, justificadas pelo desempenho profissional e convívio social. Referências ALTER, Michael J. Alongamento para os esportes. Traduzido por Terezinha Oppido. 2ª ed. São Paulo: Manole, 1999; ANDERSON, Bob. Alongue-se. São Paulo: Manole, 1983; _____; BURKE, Ed; PEARL, Bill. Entrando em forma: programa de exercícios para homens e mulheres. São Paulo: Summus, 1996; BARBANTI, Valdir José. Aptidão Física: um convite à saúde. São Paulo: Manole, 1990; _____. Dicionário de Educação Física e do esporte. São Paulo: Manole, 1994; BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário escolar da língua portuguesa. 11ª ed. Rio de Janeiro: FENAME, 1980; DANTAS, Estélio H. M. Flexibilidade: alongamento e flexionamento. 3ª ed. Rio de Janeiro: Sharpe, 1995; D'ONÓFRIO, Salvatore. Metodologia do trabalho intelectual. São Paulo: Atlas, 1999; ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA PMESP. Relatório nº EEF - 001/03/00. Estágio supervisionado nos gabinetes de instrução. São Paulo, 2000; LIPP, Marilda. Estresse: como evitar. Revista Saúde Brasil n 5. Obtida via internet: http://www.saudebrasilnet.com.br/revista_saude/saude5/estresse.asp, Acesso em Março de 2009; MACÍAS, Adalberto Collazo; CRUZ, Eduardo Henrique Brosco; GUERRA, Mário Luiz Maia. Sistema de capacidades físicas: Fundamnetos teóricos, metodológicos e científicos que sustentam seu desenvolvimento no homem. São Paulo: Ícone editora, 2006; MC ARDLE, William D.; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. Traduzido por Giuseppe Taranto. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1998; NIEMAN, David C. Exercício e saúde. Traduzido por Marcos Ikeda. São Paulo: Manole, 1999; SELYE, Hans. A tensão da vida. São Paulo: IBRASA, 1965; - Pág. 64 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 SPIELPERGER, C. D. Tensão e ansiedade. São Paulo: Harper & Row, 1981; WEINECK, J. Manual de treinamento desportivo. 2ª Ed. São Paulo: Manole, 1986; - Pág. 65 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 EFEITOS DE UM PROGRAMA DE ESTABILIZAÇÃO LOMBOPÉLVICA NA QUALIDADE DE VIDA DE UM INDIVÍDUO PORTADOR DE LOMBALGIA CRÔNICA. Paulo de Jesus Chaves – Acadêmico do 5º período de Educação Física da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena – MG. [email protected]. Pryscila Morais do Nascimento - Acadêmica do 5º período de Educação Física da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena – MG. [email protected] Simone Mara da Silva – Graduada em Educação Física da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena – MG. [email protected] Katheleen S. Mello de Azevedo – Graduada em Educação Física da Universidade Presidente Antônio Carlos – Campus I Magnus – Barbacena – MG. [email protected] Luciana Miranda Lima Teixeira – Acadêmica do 5º período de Educação Física da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – campus I Magnus – Barbacena – MG. [email protected] Claudia Heloisa da Cunha Ávila – Acadêmica do 5º período de Educação Física da Universidade Presidente Antõnio Carlos – UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena – MG. [email protected] Patrícia Maria de Melo – Fisioterapeuta - Especialista em Cardiorespiratória Avançado II, CTI, Ventilação Mecânica, Gestão em PSF, Cadeias Musculares e Traumato Ortopédico Professora dos cursos de Fisioterapia, Educação Física e Enfermagem, da Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC – Campus I Magnus - Barbacena - MG. patrí[email protected] RESUMO O objetivo deste trabalho foi analisar os efeitos de um programa de estabilização lombopélvica em um indivíduo sedentário, portador de lombalgia crônica não específica, e descrever suas reações fisiológicas e psicológicas, assim como conseguir conscientizar os pacientes lombálgicos sobre a importância de um programa de exercícios físicos associados à estabilização lombar, para melhora na qualidade de vida. Para atingir tal objetivo, foi utilizado um questionário de incapacidade, específico para dor lombar, questionário Roland-Morris. A intensidade da queixa dolorosa foi avaliada pelas escalas numérica e visual analógica. Observou-se que o indivíduo que concluiu o programa de estabilização lombar apresentou melhoras significativas nos domínios para capacidade funcional, na avaliação pelas escalas numéricas e analógicas da dor e questionário RM. Não foram observados ganhos estatisticamente significantes nos domínios aspectos sociais, emocionais e saúde mental. PALAVRAS-CHAVE: lombopélvica Lombalgia, qualidade de vida, programa de estabilização INTRODUÇÃO A dor na região lombar ou lombalgia vem assumindo na sociedade contemporânea, proporções de uma verdadeira epidemia, com os conseqüentes custos sociais e econômicos. A melhor compreensão da fisiopatologia e multiplicidade dos aspectos da dor crônica, o reconhecimento da incapacidade funcional gerada pela lombalgia e os custos da exclusão destes pacientes do ciclo produtivo possibilitaram a aplicação de uma abordagem diagnóstica e terapêutica diferenciada e progressivamente mais complexa e abrangente. (GREVE 1998) - Pág. 66 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 As cinco vértebras lombares (L1 a L5) são as mais freqüentemente envolvidas na lombalgia por suportarem a maioria da pressão do corpo (NIEMAN 1999). Sendo a dor lombar um importante problema clínico, sócio-econômico e de saúde pública que afeta a população em geral. A cronicidade da dor lombar pode ser um fator agravante, sendo que acomete a população em geral, em cerca de 2,4% e 1,7%, respectivamente, para homens e mulheres. (COSTA et al., 2008) Programas de exercícios são altamente recomendados para pacientes lombálgicos,à utilização dos mesmos com uma abordagem postural e funcional com ênfase na melhora do recrutamento muscular, das estratégias de equilíbrio e do equilíbrio tóraco-abdominal pode ser eficiente na redução dos níveis de dor, aumentando a capacidade funcional e consequentemente a qualidade de vida de pacientes com lombalgia. (VILELA 2006) As intervenções de prevenção mais comumente citadas na literatura são: exercício de flexão e extensão das costas e de condicionamento geral; educação do paciente sobre a mecânica lombar e sobre técnicas ergonômicas para prevenir a lesão; e suportes lombares mecânicos (coletes). O exercício pode fortalecer os músculos lombares e aumentar a flexibilidade do tronco, prevenindo a lesão e diminuindo sua gravidade; podendo também aumentar o suporte sanguíneo para os músculos da coluna e articulações e para os discos intervertebrais, minimizando o risco de lesão e aumentando a cura natural do corpo e os mecanismos de reparo. Melhorando também o humor ;a percepção da dor ; o bem-estar psicológico, reduzindo desta forma a fadiga e o estresse. (FRONTERA et al., 2001) Dessa forma, o estudo teve como objetivo, verificar os efeitos de um programa de estabilização lombopélvica em um indivíduo portador de lombalgia crônica, com os aspectos fisiológicos e psicossociais através do exercício físico associado à qualidade de vida. MATERIAIS E MÉTODOS O presente estudo analisou um adulto, do sexo masculino, sedentário, com idade de 25 anos portador de lombalgia crônica não-específica. O indivíduo foi informado detalhadamente sobre os procedimentos utilizados e concordou em participar de maneira voluntária do estudo. O estudo foi realizado durante o período de 08 a 19 de Junho de 2009, e mediante o estudo de campo, somente foi seleto um indivíduo com histórico de lombalgia crônica não-específica. A pesquisa foi realizada no Município de Barbacena MG, na clínica Pró-Fisio, situada na av. Pereira Teixeira, 482 lj 11, Bairro Centro – Barbacena-MG. Os instrumentos usados para essa análise incluem avaliação funcional pelo questionário Roland-Morris (RM), e escalas numéricas e analógicas visuais da intensidade da dor. O instrumento de avaliação de incapacidade funcional, específico para dor lombar. È atribuído um ponto a cada frase assinalada, sendo o resultado a somatória desses pontos. Quanto maior a pontuação final, maior será a incapacidade do indivíduo. A pontuação mínima é zero e representa nenhum impacto da dor sobre a pessoa, o valor máximo é 24, indicativo de incapacidade funcional total. Não há direcionamento de atenção aos aspectos psicossociais englobados na lombalgia (TSUKIMOTO et al., 2006).Na escala numérica zero é a ausência de dor e dez é a dor insuportável, e supostamente, a dor leve é de 1 a 3, a moderada de 4 a 6, a forte de 7 a 9. - Pág. 67 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Procedimentos O indivíduo selecionado foi submetido a um programa de treinamento dividido em quatro etapas: Exercícios de estabilização pélvica: o indivíduo deveria se apoiar sobre uma superfície firme na altura do seu peito e alternar flexão de pernas estabilizando a região pélvica nessa posição. O indivíduo foi submetido a 3 séries de 15 repetições com descanso entre as mesmas de aproximadamente 1 minuto. Exercício para fortalecimento de multífido: o indivíduo sentado sobre uma bola suíça, deveria contrair o abdômen e manter a coluna vertebral em uma posição ereta, resistindo às oscilações executados pelas pesquisadoras contra a bola. O indivíduo foi submetido a 3 séries de 15 repetições com descanso entre as mesmas de aproximadamente 1 minuto. Exercícios de extensão lombar: o indivíduo deitado em decúbito ventral alterna extensão de ombro e quadril, enquanto é mantida uma posição neutra da região lombar. O indivíduo executou 3 séries de 15 repetições com descanso entre as mesmas de aproximadamente 1 minuto. Exercício para fortalecimento de transverso: com o indivíduo deitado em decúbito dorsal coloca-se uma bolsa de ar (Esfigmomanômetro), debaixo da região lombar do corpo do mesmo. Pede-se para que o indivíduo inspire profundamente contraindo o abdômen o máximo possível, repetindo o movimento por 10 vezes. Durante a execução dos exercícios o indivíduo era estimulado verbalmente pelas pesquisadores, e questionado sobre o algum possível desconforto. As sessões foram realizadas em dias alternados, sendo três vezes por semana, no período de duas semanas, totalizando 6 sessões. Ao final das mesmas, o indivíduo respondeu novamente as escalas de percepção da dor para confirmar o resultado encontrado pelo estudo. RESULTADO O paciente apresentou melhoras progressivas nas dores lombares durante as seis sessões fisioterapeuticas. Durante as sessões os pesquisadores indagaram o paciente a todo tempo para saber melhor o tipo da dor, e onde aplicar na escala. Na 1ª e 2ª sessão, o indivíduo relatou dor forte e contínua durante e pós-treinamento, na 3ª e 4ª sessão o individuo informou uma dor moderada no momento dos exercícios propostos sem agravamento da mesma. Nas duas últimas sessões (5ª e 6ª), o indivíduo relatou uma significativa melhora da dor lombar sentindo um leve desconforto. Escala da dor do paciente 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Antes da 1ª sessão 1ª e 2ª sessão - Dor forte e continua Durante e pós tratamento. 3ª e 4ª sessão - Dor Moderada 5ª e 6ª sessão - Dor leve 1 DISCUSSÃO - Pág. 68 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 A partir do treinamento realizado com o individuo percebeu-se uma melhora significativa em relação as dores lombares do mesmo. Segundo o paciente as dores foram cessando progressivamente durante as sessões. A qualidade de vida do paciente ficaria comprometida se não fosse feito a manutenção do tratamento, ocorreria possíveis perdas dos benefícios alcançados. Para um resultado mais eficaz do tratamento fisioterapeutico seria necessário avaliar cada paciente de forma individual, a fim de proporcionar uma reabilitação mais adequada para o mesmo. Para uma maior amplitude de conhecimento, seria necessário outro estudo para comparação entre programa de alongamento e estabilização. CONCLUSÃO Através dos resultados obtidos foi possível concluir que o aumento da amostra de pacientes com lombalgia crônica é essencial para saber como as variáveis realmente se comportam. Pois de acordo com a bibliografia consultada, tanto fatores psicossociais quanto funcionais, possuem uma forte associação com lombalgia. O desenvolvimento de um estudo com indivíduos lombálgicos do sexo feminino assim como o aumento do grupo estudado, é recomendado para melhores resultados. Pois a complexidade do tema evidenciado por sua abrangência e profundidade, não nos permitiu nesse trabalho buscar esgota-lo e atingir conclusões mais direcionadas para criar subsídios concretos na introdução de um programa de exercícios para tratamento e prevenção da lombalgia, associado às atividades físicas mais comuns e consequentemente a uma significativa melhora na qualidade de vida. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA COSTA, Gabriela F. et al.Avaliação fisioterápica da lombalgia crônica orgânica e não orgânica. Revista Coluna, São Paulo, v.7, n.3, p.191-200, jul./set. 2008. FRONTERA, David M. Dawson; David M. Slovik. Exercício Físico e Reabilitação. São Paulo:Artmed, 2001.164p. GREVE. Etiopatogenia das dores lombares crônicas. Revista ... . v. , n. , p. 180-186. Disponível em: ... Acesso em:... NIEMAN. Exercícios e Saúde. Edição. Local de publicação (cidade): Editora, data de publicação. TSUKIMOTO, Marcelo R. et al.Avaliação longitudinal da Escola de Postura para dor lombar crônica através da aplicação dos questionários Roland-Morris e Short Form Health Survey (SF-36). Revista... . v. , n. , p.63-69. Disponível em: ... Acesso em: ... VILELA. Efeitos de um programa de exercícios baseado em abordagem postural e funcional sobre a capacidade funcional e qualidade de vida de pacientes com lombalgia crônica. 2006. 132f. Dissertação (Mestrado em Ciências)- Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo.2006. - Pág. 69 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 O USO DOS RECURSOS AUDIOVISUAIS NA MOTIVAÇÃO DE PACIENTES EM TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO. Pryscila Morais do Nascimento - Acadêmica do 5º período de Educação Físisca da Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena MG. [email protected] Paulo de Jesus Chaves – Acadêmico do 5º período de Educação Física da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena – MG. [email protected]. Claudecir de Souza Santana - Graduado em Fisioterapia da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus II Ubá – MG. [email protected]. Nayara - Acadêmica do 8º período de Fisioterapia da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus II Ubá – MG. [email protected] Luciana Miranda Lima Teixeira – Acadêmica do 5º período de Educação Física da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – campus I Magnus – Barbacena – MG. [email protected] Claudia Heloisa da Cunha Ávila – Acadêmica do 5º período de Educação Física da Universidade Presidente Antõnio Carlos – UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena – MG. [email protected] Laila Damazio – Fisioterapeuta - Ms. em Neurociência pela UFSJ/pós-graduada em Fisioterapia Neurológica pela UFMG/Doutoranda em Biologia Celular pela UFV Professora dos Cursos de Fisioterapia e Educação Física, da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus II Ubá e Campus I Magnus Barbacena – MG. [email protected] RESUMO A motivação é a força propulsora por trás de todas as ações de um organismo. O objetivo do estudo é analisar como os recursos audiovisuais podem auxiliar na estimulação e reabilitação de pacientes em tratamento fisioterapêutico. A amostra constou de 5 pacientes com idade media de 59,6, sendo 3, do gênero masculino e 2, do gênero feminino. Foi utilizada um escala de motivação para avaliação dos pacientes antes e após assistirem o vídeo motivador. Os resultados demonstraram que três pacientes apresentaram 2 níveis de melhora na motivação após o vídeo, um paciente ocorreu apenas 1 nível e no ultimo 6 níveis de melhora. Foi possível identificar uma melhora significante nos escores da escala de motivação após o vídeo, sendo que as mulheres demonstraram mais motivadas que os homens. Conclui-se que os estímulos audiovisuais podem beneficiar o tratamento fisioterapêutico, melhorando a auto-estima, a motivação e o bem estar dos pacientes estudados. PALAVRAS CHAVES: Motivação, recursos audiovisuais, tratamento fisioterapêutico. INTRODUÇÃO Quando o ser humano é visto apenas no seu campo físico é chamado de visão unidimensional, infelizmente, nesse tipo de visão se preocupa apenas com músculos, tecidos, funções, tempo de recuperação dentre outros fatores. Muitas vezes é esquecido que o ser humano além do corpo físico possui um corpo espiritual e possui sentimentos que não deveriam ser colocados em segundo plano. É preciso interrogar um pouco mais, para que nossa visão do homem evolua, buscando um conhecimento além do campo físico.1 O presente estudo tenta esclarecer um desses sentimentos ou força que os humanos são capazes de gerar. Este sentimento deve ser aproveitado para obter melhores resultados - Pág. 70 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 no campo físico. O sentimento humano da qual é mencionada anteriormente é a motivação. Em psicologia, motivação é a força propulsora (desejo) por trás de todas as ações de um organismo. A motivação depende da interação entre a personalidade e os fatores do meio ambiente de uma determina pessoa. Na maioria das vezes são buscadas experiências emocionais positivas evitando as negativas, onde o positivo e o negativo são definidos pelo estado individual do cérebro, e não por normas sociais. Uma pessoa pode ser direcionada e motivada até a auto-mutilação ou a violência caso seu cérebro esteja condicionado a criar uma reação positiva a essas ações. 3 No presente estudo direciona-se essa motivação para uma resposta positiva do paciente e consequentemente do corpo. Existem várias formas de motivação, mas neste trabalho será empregada a motivação intrínseca e a extrínseca. A intrínseca é a motivação pessoal que vem do próprio individuo, sua vontade. Já a extrínseca vem do meio externo, onde o individuo realiza determinadas funções para ganhar respaldo social, da família, de amigos, dentre outros. 4 Os seres humanos são motivados pelo sistema de trabalho e recompensa. No caso de um exercício e um programa de reabilitação fisioterapêutica, à recompensa do paciente é um ganho de suas funções fisiológicas e biomecânicas o mais rápido possível. 4 Quando o indivíduo está feliz e motivado acredita-se que é capaz de vencer e realizar o que é lhe for imposto com maior facilidade, seja no trabalho, nos estudos, nos esportes, nas patologias ou a qualquer situação enfrentada por ele. Os recursos audiovisuais têm um poder muito grande sobre as pessoas principalmente se aliado a um ídolo ou ícone de quem esta assistindo o mesmo. Os recursos audiovisuais também podem nos ajudar no aprendizado já que estudos comprovam que se aprende 11% ouvindo e 40% olhando. 2 O presente estudo se justifica pela falta de atenção da prática fisioterapêutica nos campos psíquicos e emocionais do ser humano. A motivação para realização deste estudo surgiu da afinidade pela disciplina de psicologia e da vontade de propor um método que viesse estimular os pacientes na rotina das sessões de fisioterapia. A relevância deste trabalho está no fato de procurar demonstrar como o ser humano deve ser trabalhado nos aspectos multidimensionais. Demonstrando que os seres humanos devem ser visualizados em todos os campos, já que além de físico existem os campos psicológicos, espirituais e emocionais. O objetivo geral deste trabalho é analisar como os recursos audiovisuais podem auxiliar na estimulação e reabilitação de pacientes em tratamento fisioterapêutico, como uma abordagem multidimensional. Os objetivos específicos constam de investigar como o indivíduo pode ser motivado através de um vídeo e apontar um tipo de audiovisual para a motivação deste individuo. MATERIAIS E METODOS O estudo é do tipo original com delineamento exploratório realizado no Hospital São Vicente de Paula de Ubá - MG. Amostra A amostra constou de 5 pacientes com idade media de 59,6, sendo 3, do gênero masculino e 2, do gênero feminino. Como critérios de inclusão foram adotados pacientes em tratamento fisioterapêutico com um número maior ou igual a dez sessões, maiores de dezoito anos, bom nível cognitivo e sem diagnósticos de alterações psicológicas como, por exemplo, depressão, escolaridade maior ou a quinta serie do ensino fundamental, quando do gênero feminino somente mulheres pós-menopausa. Como critério de - Pág. 71 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 exclusão os menores de dezoito anos, um número inferior a dez sessões de fisioterapia, pacientes com problemas cognitivos ou diagnósticos positivos alterações psicológicas como, por exemplo, depressão e escolaridade inferior ao ensino fundamental. Os pacientes foram escolhidos aleatoriamente. Instrumentos Para avaliação do grau de motivação dos pacientes foi utilizada a escala de motivação personalizada que permite avaliar a disposição do individuo após a realização da intervenção fisioterapêutica. A escala de motivação foi criada por Martins3 da Universidade Federal de Santa Catarina e constam de faces desenhada sendo uma face neutra três faces desmotivadas e três faces motivadas, (anexo 1). Os instrumentos utilizados para motivação dos pacientes foi o vídeo clipe motivador, um note book positivo com processador intel celeron -560, memória de 2Gb, HD 160 GB, gravado de dvd e cd, caixa de som e câmera integrada. Procedimentos Foi aplicada a escala de motivação antes e depois do paciente assistir o vídeo, antes da sessão de fisioterapia. O vídeo teve duração de 4 min e 20seg para avaliar os efeitos da motivação. O vídeo de motivação constou de um depoimento multidisciplinar sobre a lesão do Ronaldo “fenômeno” e sua eficiente recuperação e superação da lesão ligamentar no joelho. O vídeo é motivador no aspecto de incentivar o paciente á recuperação após uma lesão ou patologia complicada. O vídeo foi criado pela (A.B.A) associação brasileira de anunciantes e adaptado a uma apresentação de slides criado por Claudecir de Souza Santana. Analise estatística Para analise dos dados foi utilizada uma analise descritiva do nível de motivação dos pacientes antes e após intervenção fisioterapêutica. Na análise estatística das médias da escala de motivação pelo teste t-student pareado, observou-se um t-calculado de 2,98 e t-tabelado de 2,78, com 5% de significância e 4 graus de liberdade. RESULTADOS É possível identificar os escores da escala de motivação antes e depois do vídeo. Onde em três pacientes foi identificado 2 níveis de melhora, na motivação após o vídeo, em um paciente ocorreu apenas 1 nível e no ultimo paciente apresentou 6 níveis de melhora da motivação após o vídeo (gráfico 1). Através da análise estatística da escala de motivação pelo teste t-student pareado o t-calculado foi de 2,98 e o t-tabelado de 2,78, com 5% de significância e 4 graus de liberdade. - Pág. 72 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Dados da e scala de motiv açao dos pacie nte s av aliados 8 7 escores 6 paciente antes do video paciente depois do video 5 4 3 2 1 0 1avdv 2av dv 3av dv 4av dv 5av dv pacientes antes e depois do video Gráfico 1 – Dados da escala de motivação antes e após assistirem o vídeo. A análise da média do escore de motivação dos homens e das mulheres demonstrou que as mulheres apresentaram uma média de 4 níveis de melhora da motivação , enquanto os homens apresentaram uma média de 1,6, demonstrada no gráfico 2. Escore antes e depois dividido por gêneros escores de motivação 25 20 homens e mulhes antes 15 homens e mulheres depois 10 5 0 1 1-home m 2 x 2-mulhe r Gráfico 2 – Dados da escala de motivação antes e após os pacientes do gênero feminino e masculino assistirem o vídeo motivador. DISCUSSÃO Através da análise dos resultados foi possível identificar uma melhora significante da motivação nos pacientes estudados. Onde o t-calculado de 2,98 é maior que o t-tabelado de 2,78 da análise do teste t-student pareado. A motivação e os estados de ânimos são processos psicológicos importantes e relevantes no tratamento e treinamento de indivíduos onde os mesmos promovem atenção, percepção, memória e controle emocional durante a atividade desempenhada. 11 Os resultados demonstraram que as mulheres apresentaram melhoras mais significantes da motivação em relação aos homens. As mulheres elevaram sua motivação em 4 níveis e os homens em apenas 1,6. Estes dados estão de acordo com brody e hall 13 onde os mesmos identificaram que as mulheres expressam mais emoções e são mais afetuosas que os homens. Desta forma, vale ressaltar que o conhecimento acerca dos aspectos psicológicos é escasso e que é de extrema importância o conhecimento a respeito deste conteúdo, pois - Pág. 73 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 a preparação física e psicológica são fatores importantes e juntos oferecem condições de alcançar os resultados almejados no tratamento e treinamento dos indivíduos. 10 CONCLUSÃO Conclui-se que os estímulos audiovisuais podem beneficiar o tratamento fisioterapêutico, melhorando a auto-estima, a motivação e o bem estar dos pacientes estudados. Recomenda-se a realização deste estudo com uma amostra maior, com outros vídeos de motivação e maior tempo de duração da pesquisa para concretização dos resultados. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 1. LELOUP,Jean-yves. Terapeutas do deserto. 8 ed. Petrópolis: Vozes, 2002. 2. CREMA, Roberto E. Antigos e novos terapeutas - Uma abordagem transdiciplinar em terapia. 2 ed. Petrópolis:Vozes, 2000. 3. LUKAS, Elizabeth. Prevenção psicológica. Petrópolis: Vozes, São Leopoldo: Vozes, 1992 4. SAMULSK, Dietmar. Psicologia do esporte. 1 ed. São Paulo: Manole, 2002. 5. FRANKEL,Viktor E. Em busca de sentido. 8 ed. Petrópolis: Vozes, 2002. 6. MARTINS, Caroline de O; DUARTE, Maria de Fátima da S. Revista brasileira de atividade física e saúde, vol.2, n. 04, p.05-16, 1997. 7. XAUSA, Isar A. de M. A psicologia do sentido da vida. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1996. 8. LELOUP, Jean-yves. O corpo e seus símbolos. Petrópolis: Vozes, 2003. 9. IAZZETA, Fernando. O que é a musica hoje. Fórum catarinense de musico terapia, Florianópolis 31 de ago. e 01 de set.,2001. 10. M. B. Filho, D. R. Coimbra, S.S. Gomes,F.Carvalho,.....Importância da Psicologia do Esporte para Treinadores.Revista Conexões, Campinas, v.6, n. especial,2008-ISSN:15164381 11. Noce F. & Samulski, D. (2002b). Análise do stress psíquico em atacantes no voleibol de alto nível. Revista paulista de Educação Física, 16, 113-129. 12. Briton, N. J. & Hall, J. A. (1995), Gender-Based Expectancies and Observer Judgements of Smiling, Journal of Nonverrbal Behavior, 19, 49-65. 13. Brody, L. R. & Hall, J. (1993), Gender and emotion. In M. Lewis & J> Haviland ( Eds,), Hndbook of emotion (pp. 447-460), New York: Guiford Press. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DEPRESSÃO EM PACIENTES COM FIBROMILAGIA - Pág. 74 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Mariana de Fátima Miguel1 Marília Rodrigues Gabriel1 Angela Maria Paiva Magri1 [email protected] Karla Célia Izidoro1 Aracelly Marques Barbosa1 Miriangrei Letieri 2 [email protected] Carolina Baeta de Andrade Nogueira e Silva2 1 Acadêmicos do Curso de Fisioterapia do UNIFEG, Guaxupé, MG 2 Docentes do Curso de Fisioterapia do UNIFEG, Guaxupé, MG Resumo A fibromialgia é uma síndrome reumática de etiologia desconhecida, caracterizada por dor musculoesquelética difusa que acomete mais mulheres, causando limitações à capacidade funcional podendo interferir na qualidade de vida. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a qualidade de vida e depressão em pacientes com fibromialgia. Participaram desse estudo oito pacientes que foram avaliados com a utilização de uma ficha pré-elaborada contendo Escala Analógica Visual da Dor (EVA), Questionário sobre o Impacto da Fibromialgia (FIQ), o Medical Outcome Short Form Health Survey (SF-36) para medir a qualidade de vida e o Inventário de Depressão de Beck. Pode-se observar a partir do SF-36 que os pacientes mantêm uma qualidade de vida de regular a boa, não atingindo a excelência, com uma média de 79,125 pontos. Na Escala do Inventário de Depressão de Beck os pacientes apresentaram uma média de 28,625, que corresponde a uma depressão de moderada a grave. Palavras-chave: fibromialgia, qualidade de vida, depressão. Introdução A fibromialgia (FM) é uma síndrome reumática de etiologia desconhecida, caracterizada por dor musculoesquelética difusa e crônica há pelo menos três meses e pela presença de dor em 11 ou mais dos 18 sítios dolorosos à palpação (tender points) (BRESSAN et al., 2008; SALTARELI, 2008; MARTINEZ, 1999). Dentre os sintomas associados à síndrome podem estar presentes fadiga, depressão, ansiedade, distúrbios do sono e rigidez matinal. Afeta oito vezes mais mulheres do que homens, causando um impacto negativo na qualidade de vida e atividades de vida diária dos seus portadores (CAVALCANTE et al., 2006; MARTINEZ, 1999; MARQUES et al., 2002). A utilização de questionários de avaliação da qualidade de vida tem sido reconhecida como uma importante área do conhecimento científico no campo da saúde, uma vez que permite uma avaliação mais objetiva de sintomas tão subjetivos, como dor, ansiedade, depressão, entre outros. Na prática clínica, esses podem identificar as necessidades dos pacientes e avaliar (estimar, calcular, dimensionar) a efetividade da intervenção. Um instrumento para avaliação da qualidade de vida específico para FM é o Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ). Este questionário envolve questões relacionadas à capacidade funcional, situação profissional, distúrbios psicológicos e sintomas físicos (MARQUES et al., 2006). Os instrumentos genéricos foram desenvolvidos com o objetivo de estudar a qualidade de vida de indivíduos com qualquer patologia, ou mesmo de indivíduos saudáveis (SANTOS et al., 2006). O Medical Outcomes Study 36-item ShortForm Health Survey (SF-36) é um questionário composto de 11 campos de avaliação, abordando fatores físicos e psicológicos das últimas quatro semanas anteriores à aplicação. (CICONELLI, 1997) - Pág. 75 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Vários estudos têm utilizado o Inventário de Depressão de Beck para avaliar efeitos do tratamento em pacientes com fibromialgia por ser o instrumento mais sensível para avaliála. (SANTOS et al., 2006). Este estudo teve como objetivo avaliar a qualidade de vida, o grau de dor dos tender points e o quadro depressivo dos pacientes afetados pela fibromialgia. Materiais e métodos O estudo foi realizado na clínica de fisioterapia Maria de Almeida Santos do Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé. Foram selecionados pacientes com encaminhamento médico e diagnóstico clínico de fibromialgia. Os pacientes foram avaliados por uma ficha pré-elaborada, composta pela Escala Analógica Visual da Dor (EVA) com pontuação de 0 a 10, onde 0 é sem dor e 10 a pior dor possível e um mapeamento corpóreo para contagem dos pontos dolorosos mediante palpação. Também foi empregado o Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ), protocolo que envolve perguntas relacionadas também a capacidade funcional, porém com acréscimo de tópicos relacionados a situações profissionais, distúrbios psicológicos e sintomas físicos. O FIQ é composto de 19 perguntas organizadas em 10 ítens, quanto maior o escore maior o impacto da fibromialgia na qualidade de vida. A avaliação foi finalizada com o questionário SF-36 que é um questionário genérico de avaliação de qualidade de vida de “Medical Outcome Surgery 36 Item Short-form Study” composto de 11 campos de avaliação, abordando fatores físicos e psicológicos das últimas quatro semanas anteriores à aplicação abordando a saúde de uma maneira geral, comparação com a idade há um ano, dificuldade para realizar determinadas tarefas, e enfatizando se a saúde física e/ou problemas emocionais interferem no trabalho, na atividade regular diária, no convívio social com a família, vizinho, parentes, quanto de dor sentiu no corpo, o quanto esta dor interferiu no seu trabalho normal, como se sente e com que freqüência tudo tem acontecido e o quanto é verdadeiro ou falso algumas afirmações. O cálculo dos escores do questionário é dado por dois momentos, no primeiro momento ocorre a ponderação dos dados e no segundo momento o valor das questões anteriores é transformado em notas de oito domínios (capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental), que variam de 0 a 100, no qual 0 é o pior estado e 100 o melhor. E o Inventário de Depressão de Beck que consiste de 21 itens com escala que varia de 0 a 3. Estes itens consistem em sentimentos de tristeza, pessimismo, sensação de fracasso, falta de satisfação, sensação de culpa e punição, auto-acusação, idéias suicidas, irritabilidade, retração social, indecisão, distorção da imagem corporal, inibição para o trabalho, distúrbios de sono, fadiga, perda de apetite, perda de peso, preocupação somática e diminuição de libido. A escala de ponderação define que: menor que 10 (sem depressão ou depressão mínima); 10 a 18 (depressão de leve a moderada); 19 a 29 (depressão de moderada a grave); 30 a 63 (depressão grave). A escala tem objetivo exclusivo de avaliar a intensidade da depressão de pacientes com diagnóstico psiquiátrico. No entanto, vem sendo empregado em pacientes com dor aguda e crônica. (DI BENEDETTO & VINHAS & MAGALHAES, 1998). - Pág. 76 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Resultados O estudo foi composto por 8 pacientes, sendo 7 do sexo feminino e 1 do sexo masculino, com idade entre 38 e 68 anos. Na avaliação inicial dos pontos dolorosos através da palpação e escala analógica visual da dor, os pacientes apresentaram queixa em todos os pontos de dor, sendo os de maior prevalência o grande trocanter, seguido de trapézio, segunda costela, epicôndilo lateral e joelho demonstrado no gráfico 1. Gráfico 1 – Dados da Escala Analógica Visual da Dor (EVA). Guaxupé - MG, 2010. Na avaliação da qualidade de vida conforme o Medical Outcome Surgery 36 Item Shortform Study (SF-36), o escore mais baixo foi de 59,4 e mais alto foi 104 pontos conforme gráfico 2, a média de pontuação foi de 79,125, sendo que quanto mais baixo a pontuação pior a qualidade de vida. (MARTINEZ, 1999) Gráfico 2 – Apresentação dos dados do SF-36. Guaxupé, 2010. Com relação ao impacto da fibromialgia na qualidade de vida dos pacientes avaliados pelo Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ) a média de pontuação foi de 79 pontos, sendo que o paciente o escore mais baixo foi de 52,99 pontos e o mais alto de 93,82 como observado no gráfico 3. - Pág. 77 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Gráfico-3 – Apresentação dos dados do FIQ. Guaxupé, 2010. O gráfico 4 apresenta os resultados da avaliação do Inventário de Depressão de Beck. O paciente 6 demonstrou 46 pontos (depressão grave), enquanto o paciente 5 obteve a menor pontuação, 11 pontos (depressão leve a moderada). A média da avaliação foi de 28,625. Gráfico- 4 – Apresentação dos dados do BECK. Guaxupé, 2010. Discussão A complexidade e a subjetividade da dor dificultam sua avaliação precisa e justifica a utilização de técnicas como questionários verbais, escala de categoria numérica, escala analógica visual e índices não-verbais para avaliar a dor. No presente estudo a escala visual analógica de dor demonstrou que os pontos de maior prevalência de dor foram trocanter maior, segunda costela, epicôndilo lateral e joelho. Todos os pacientes referiram dor à palpação dos tender points, dados encontrados por Ferreira et al. (2002), que em seu estudo relatou que dos 32 pacientes com fibromialgia, todos relataram dor mesmo quando submetidos à menor pressão nos pontos. Santos et al. (2006) descrevem que o FIQ é um instrumento que tem sido usado freqüentemente em estudos clínicos para avaliar a função física e o impacto da fibromialgia na qualidade de vida de pacientes e para medir a eficácia de intervenções terapêuticas, dentre elas a fisioterapia. Neste estudo foi observado um alto impacto na qualidade de vida da maioria dos pacientes avaliados através do FIQ já que o valor médio - Pág. 78 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 foi de 79 pontos o que, de acordo com BURCKHARDT et al. (1991), considera casos severos aqueles que apresentam valores acima de 70 pontos. De acordo com Sarzi-Puttini et al. (2004) a SF-36 é um instrumento que possibilita medir estados de saúde e resultados do ponto de vista do paciente, sendo esta traduzida em diversos idiomas. Os resultados da SF-36 obtiveram pontuação média de 79,125 e de acordo com Martinez et al, (1999), quanto mais baixo a pontuação pior a qualidade de vida. Ainda no estudo comparativo de Martinez et al. (1999), entre pacientes fibromiálgicos e indivíduos sadios realizado notou-se que a fibromialgia causa um impacto negativo importante na qualidade de vida dos indivíduos. Na Escala do Inventário de depressão de Beck apenas 2 pacientes apresentaram depressão leve a moderada, 2 apresentaram depressão moderada a grave e o restante depressão grave, dados também encontrados no estudo de Di Benetto et al. (1998) e relatado no estudo de Santos et al. (2006). Conclusão O estudo em questão torna a corroborar que a FM afeta com maior predominância o sexo feminino, dentre os pacientes 87,5% eram do sexo feminino e somente 12,5% do sexo masculino. E pode-se observar que estes pacientes, tanto do sexo feminino quanto do sexo masculino, têm uma qualidade de vida prejudicada devido a síndrome, no qual, os níveis de qualidade de vida variaram de regular a bom, não atingindo a excelência. Destacando que a FM ocasiona um grande impacto na vida destes indivíduos levando a quadros de depressão de moderado a grave. Referências BRESSAN, L. R. et al. Efeitos do alongamento muscular e condicionamento físico no tratamento fisioterápico de pacientes com fibromialgia. Revista Brasileira de Fisioterapia, v.12, n. 2, p. 88-93, mar/abr, 2008. BURCKHARDT, C. S., CLARK, S. R., BENNETT, R. M. The Fibromyalgia impact questionnaire: development and validation. Journal of Rheumatology, v. 18, n. 5, p. 72833, 1991. CAVALCANTE, A. B. et al. A prevalência de fibromialgia: uma revisão de literatura. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 46, n. 1, p. 40-48, jan/fev, 2006. CICONELLI, R. M. et al. Tradução para língua português e validação do questionário genérico de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-36). Revista Brasileira de Reumatologia, v. 39, n. 3, p. 143-150, 1999. DI BENEDETTO, L.; VINHAS, R.; MAGALHÃES, L.. Avaliação da qualidade de vida de pacientes com fibromialgia após dois meses de hidroterapia. 1998. 4f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia) - Universidade Cidade São Paulo, 1998. ESTEVE-VIVES, J. et al. Propuesta de uma version de consenso del Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ) para la población española. Reumatologia Clínica, v. 3, n. 1, p. 21-24, janeiro, 2007. FERREIRA, E. A. G. et al. Avaliação da dor e estresse em pacientes com fibromialgia. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 42, n. 2, p. 104-110, 2002. - Pág. 79 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 GANDINI, R. de C. et al. Inventário de depressão de Beck – BDI: validação fatorial para mulheres com câncer. Revista de Psicologia USP, v. 12, n. 1, p. 23-31, jan/jun, 2007. MARTINEZ, J. E. et al. Avaliação da qualidade de vida de pacientes com fibromialgia através do Medical Outcome Survey 36 Item Short-form Study. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 39, n. 6, p. 312-316, 1999. MARQUES, A. P. et al. A fisioterapia no tratamento de pacientes com fibromialgia uma revisão da literatura. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 42, n. 1, p. 42-48, jan/fev, 2002. SALTARELI, S. et al. Avaliação de aspectos quantitativos e qualitativos da dor na fibromialgia. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 48, n. 3, p. 151-156, maio/jun, 2008. SANTOS, A. M. B. et al. Depressão e qualidade de vida em pacientes com fibromialgia. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 10, n. 3, p. 317-324, jul/set, 2006. SARZI-PUTTINI, P. et al. The Italian version of the Fibrofatigue Scale, a reliable toot for the evaluation of fibromyalgia symptoms. Journal of Psychosomatic Research, v. 56, p. 213-216, 2004. - Pág. 80 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 PERFIL ANTROPOMÉTRICO E A APTIDÃO FÍSICA DOS POLICIAIS MILITARES DO ESTADO DE SÃO PAULO Luiz Fernando de Lima Paulo Pós Graduando em Fisiologia do Exercício e Avaliação Física FAGAMMON/ENAF e-mail: [email protected] RESUMO Analisou-se a antropometria e a aptidão física de 138 policiais militares do 42º BPM/M. Em 2008, o 42º BPM/M apresentou 57,2% de Policiais com o IMC acima dos padrões normais, de acordo com a OMS. Há um grande número de Policiais com sobrepeso e obesos, principalmente entre os que desempenham serviços operacionais. Analisadas a freqüência com que realizam exercícios físicos, chegou-se ao índice de 98% de sedentários, segundo as orientações do American College Sports of Medicine. Os Testes de Aptidão Física realizados no ano de 2007 foram analisados e observou-se que 72,4% dos policiais realizaram os testes, sendo 29,7% destes foram reprovados. Dos reprovados, 85% pertenciam ao serviço operacional e, desse total, 93% apresentavam sobrepeso ou obesidade. Concluiu-se que há necessidade de incentivo a prática regular de exercícios físicos, para manutenção da saúde e melhora da aptidão física, em decorrência das peculiaridades da função Policial Militar. Palavras-chave: Aptidão Física. Policiais Militares. Sobrepeso e Obesidade. INTRODUÇÃO O policiamento ou patrulhamento, em particular, tem sido considerado uma das atividades profissionais mais estressantes. Brown e Campbell (1990) e Brown e Fielding (1993) citam como exemplos de agentes estressores associados ao policiamento: a organização complexa e burocrática da estrutura organizacional dos departamentos de polícia; a pequena comunicação entre divisões; a rigidez de política e procedimentos e a sobrecarga de trabalho. Sardinas et al. (1986) acreditam a mortalidade de bombeiros e de policiais seja maior que a encontrada em outros grupos de trabalhadores, dada à exposição daqueles a fatores de risco que incluem condições locais únicas, variações no tempo e, a mais importante, o comprometimento de sua saúde diante do desgaste profissional. Esses pesquisadores compararam as mortes por isquemia cardíaca entre policiais e bombeiros às da população masculina de Connecticut, EUA, pesquisando certidões de óbitos, durante o período de 1960 a 1978, e encontraram índices de mortalidade de policiais e de bombeiros maiores que os encontrados em outros trabalhadores. A literatura médica até recentemente não apresentava dados epidemiológicos consistentes a respeito do impacto da atividade física sobre a saúde. Em 1995, Blair e colaboradores publicaram um estudo no qual realizaram o acompanhamento de 8.900 mulheres por 10 anos. Estes autores demonstraram que o fator mais relevante na mortalidade geral foi a baixa aptidão física, superando todos os demais principais fatores de risco, inclusive o tabagismo. Os benefícios da atividade física têm sido comprovados em ambos os sexos (Leitão et al., 2000). A saúde e a qualidade de vida do homem podem ser preservadas e aprimoradas pela prática regular de atividade física. O sedentarismo é condição indesejável e representa risco para a saúde e redução na qualidade de vida e, conseqüentemente, nos serviços prestados pelos trabalhadores (Carvalho et al., 1996). O serviço policial constitui importante instrumento do Estado na preservação da Ordem Pública e faz parte de uma categoria considerada estressante e desgastante para o - Pág. 81 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 indivíduo que o exerce. É uma profissão que trata com fatores de risco e envolve as capacidades físicas e psicológicas, fatores estes que, se a pessoa não possuir o mínimo de preparo no âmbito de corpo e mente, pode trazer sérias complicações tanto no desempenho funcional quanto no pessoal. E é neste ponto que a atividade física entra para desempenhar um papel fundamental visando trazer resultados reais e visíveis (Ferreira, 2005). Dessa forma, a Polícia Militar do Estado de São Paulo instituiu o Teste de Aptidão Física (TAF). Este exame é composto por testes físicos destinados a selecionar candidatos para ingresso na PMESP, avaliar a aptidão física de policiais militares para freqüentarem cursos ou estágios dentro ou fora da PMESP, e ainda avaliar o nível de condicionamento físico do contingente policial-militar anualmente (PMESP, 2002). MATERIAIS e MÉTODOS Um questionário de anamnese foi aplicado a 138 Policiais Militares do Estado de São Paulo, de ambos os sexos, com idade média de 29 anos, pertencentes ao efetivo do 42º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, situado na cidade de Osasco/SP. Estes Policiais desempenhavam funções administrativas e operacionais nos períodos diurno e noturno. Os dados foram colhidos no período do dia 15 a 26 de dezembro de 2008. Foram analisados ainda os Testes de Aptidão Física aplicados pela Corporação no ano de 2007, especificamente dos 138 analisados. Os testes são padronizados pelo Programa Padrão de Treinamento nº4, normatizado e publicado no Boletim Geral 143/2002, da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O teste leva em consideração, o sexo e a idade dos avaliados, bem como condições iniciais de saúde, ou seja, caso o avaliado apresente lesões em membros superiores ou inferiores, um Teste de Aptidão Física diferenciado poderá ser aplicado. No presente trabalho analisou-se apenas aqueles que realizaram os testes convencionais que devem ser aplicados anualmente ao efetivo da Corporação, intitulado de Teste de Aptidão Física 3 (TAF-3), composto por apoio sobre o solo (Policiais com 36 anos ou mais e Policiais do sexo feminino), barra fixa (abaixo de 36 anos), abdominal remador, corrida de 50 metros e corrida de 12 minutos. RESULTADOS Abaixo a análise dos Policiais Militares de acordo com a função exercida: Baseado no perfil dos avaliados, o Índice de Massa Corpórea é um índice com grande validade, pois os policiais não se enquadram no perfil de atletas ou pessoas com uma grande quantidade de massa muscular ou ainda crianças e adolescentes (Lima, 2004). - Pág. 82 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Verificou-se a prática de exercícios físicos por parte dos Policiais Militares. As Tabelas 1 e 2 demonstram os dados obtidos nos Testes de Aptidão Física dos avaliados. Tabela 1: Análise dos Policiais Militares avaliados de acordo com a função predominante e a realização ou não do TAF - Pág. 83 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 TAF Administrativo Operacional TOTAL Realizaram 28 (28%) 72 (72%) 100 (72,46%) Não realizaram 08 (21,05%) 30(78,94%) 38 (27,53%) Tabela 2: Análise da aptidão física e do IMC dos avaliados Avaliação Avaliados IMC-média Aptos 70 23,73 Inaptos 30 28,67 DISCUSSÃO Os questionários de avaliação foram aplicados propositalmente em sua grande maioria em Policiais Militares que desempenham funções operacionais, visando a uma análise detalhada do perfil do Policial Militar que atende constantemente à comunidade de Osasco. Nota-se que o Índice de Massa Corpórea dos avaliados encontra-se com um número excessivo de Policiais Militares em condições acima das estabelecidas como normais, de acordo com a tabela de classificação da Organização Mundial de Saúde, pois apenas 42,75% dos avaliados encontram-se dentro dos padrões normais de classificação. Estudo realizado pelo Ministério da Saúde (2009) observou que os brasileiros estão mais obesos. Através do IMC, o Ministério da Saúde verificou que na média, os brasileiros estão com IMC médio de 24,7 para mulheres e 24,6 para homens (Pinho, 2009). A pesquisa aponta ainda que, em 1974, o IMC médio da população brasileira era de 22,4 para homens e 23,1 para mulheres. Diante disso, o Ministério da Saúde conclui que o país está diante de uma grande mudança no perfil antropométrico da população, em decorrência da má alimentação e das práticas de exercícios físicos cada vez menores (Pinho, 2009). Existem diversos estudos apontando elevados índices de morbi-mortalidade por doenças circulatórias entre policiais. Williams et al. (1987), estudando policiais da cidade de Omaha, Nebraska, nos EUA, notaram um elevado número de policiais com fatores de risco para doenças circulatórias. Dos 171 policiais masculinos pesquisados, 76% eram hipercolesterolêmicos, 16% hipertensos, 22% tabagistas, 60% apresentaram obesidade ou sobrepeso e 26% apresentavam excesso de triglicérides no sangue. Um fator também relevante na análise dos dados obtidos é o número exorbitante de Policiais Militares obesos, principalmente entre aqueles que desempenham funções operacionais. Assim, dentre os 57,25% dos Policias Militares com o IMC acima do recomendado pela OMS, temos 56,90% com sobrepeso e 49,10% de obesos. Desse valor, pertencem ao serviço operacional 80% daqueles que apresentam sobrepeso e 64,1% dos obesos, tendo como média 77,2% de Policiais Militares acima dos padrões normais executando funções exclusivamente operacionais. Merino et al. (2005), analisando o Índice de Massa Corpórea de Policiais Militares paulistas, apuraram que, dentre os 523 do sexo masculino, 59,3% estavam com peso acima do normal e 14,5% eram obesos. Já dentre os 222 do sexo feminino, 41,0% estavam com peso acima do normal e 15,3% eram obesos. Merino e Roldan (2002) estudaram a ocorrência de dislipidemia em 45 Tenentes Coronéis e Majores da PMESP que freqüentaram o Curso Superior de Polícia entre 2000 e 2001, e verificaram a prevalência de 34,9% em hipercolesterolemia, 31,7% em alta concentração de LDL e 20,9% em hipertrigliceridemia nos pesquisados. - Pág. 84 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 É válido ressaltar que dentre os avaliados, dos 38 Policiais Militares que não realizaram os testes de aptidão física no ano de 2007, 19 não o fizeram por não terem realizado a inspeção anual de saúde e 19 por apresentarem lesões diversas, destacando-se principalmente dores nos joelhos e coluna. Sabe-se da obrigatoriedade da realização dos exames anuais. Os Policiais Militares que não realizam os exames anuais correm sérios riscos de serem possuidores de doenças silenciosas como hipertensão arterial, hipercolesterolemia, LDL elevado, dentre outras doenças. Outro fator de grande importância avaliado foi a prática regular de exercícios físicos. No questionário aplicado verificou-se que 49% dos Policiais Militares não realizam nenhum tipo de exercício físico. Segundo pesquisa do Ministério da Saúde (2009), 29,2% dos adultos das capitais não realizavam nenhuma atividade física nos três meses anteriores (Pinho, 2009). Dessa forma, analisando-se os índices gerais e dos Policiais Militares, verifica-se que o índice de sedentários entre os Policiais Militares está com níveis acima daqueles representados pela população geral de todo o país. Os governos, em seus diferentes níveis, as instituições profissionais e científicas e os meios de comunicação devem considerar o sedentarismo como um problema endêmico de saúde pública, divulgando esse tipo de informação e implementando programas para a prática orientada de exercício físico (Leitão et al., 2000). De acordo com os dados apresentados anteriormente, dos 138 avaliados, 100 realizaram os Testes de Aptidão Física, sendo que 70% destes obtiveram a nota mínima para serem considerados aptos. Dentre os 30% que não obtiveram a nota mínima no TAF, 93% apresentavam IMC acima do normal. Desta maneira, estes Policiais avaliados enquadram-se dentro da classificação de sobrepeso e obesidade. O IMC médio desse grupo foi de 28,67. Isso demonstra que diversos Policiais Militares inaptos estão com uma média próxima da classificação de obesos. Diante de tais informações verificou-se o IMC dos aptos no TAF, chegando-se a uma média de 23,73. Analisando-se individualmente o IMC dos aptos, contatou-se que há um percentual significativo de Policiais Militares com sobrepeso. Dos 70 Policiais Militares aptos, 20 (28,57%) estão classificados como apresentando sobrepeso. Porém, nota-se que o IMC desses avaliados está próximo aos padrões normais, ou seja, com uma média próxima de 24,9. No grupo, observou-se ainda que dois Policiais Militares considerados obesos pela classificação dada pelo IMC estavam entre os aptos. Nota-se que tal número representa apenas 2,85%, sendo um número não significativo estatisticamente. Sardinas et al. (1986) acreditam que bombeiros e policiais são saudáveis quando comparados com a população geral e com a maioria de outras ocupações, como resultado da seleção no recrutamento, da efetivação no trabalho e da aposentadoria. Por outro lado, Pollock et al. (1978) contrapõem-se à tese de Sardinas et al. (1986), uma vez que, em sua pesquisa com 50 policiais sadios, que apresentavam idade entre 36 e 52 anos, e trabalhavam na região de Dallas, nos EUA, apresentaram piores resultados do que a população de sedentários residentes na mesma região quanto à aptidão cardiovascular, à capacidade para o trabalho, à composição corporal e à lipidemia. Dessa forma, considerando que o sedentarismo já é visto como fator de risco primário para as doenças cardiovasculares, sendo identificada sua prevalência, torna-se fundamental a identificação dos determinantes da atividade física, para em seguida serem propostos modelos teóricos para incentivar a adoção e manutenção da prática de atividades físicas (Pitanga, 2002). Inúmeras são as alternativas e possibilidades de melhoria da saúde do policial, e todas elas possuem um forte pilar de sustentação: os indivíduos promotores de saúde, que - Pág. 85 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 podem ser o médico, o enfermeiro, o professor de educação física, o nutricionista, o fisioterapeuta, o comandante de unidade ou qualquer outro policial ou pessoa interessada em melhorar a sua qualidade de vida e do próximo (Merino, 2009). Políticas preventivas e promotoras de saúde para Policiais Militares da PMESP já estão sendo adotadas, como exame médico anual obrigatório, porém há necessidade da vinculação de bom rendimento neste exame e no de aptidão física para progredir na carreira, mas outras iniciativas ainda necessitam ser adotadas e aperfeiçoadas (Merino, 2009). CONCLUSÃO A aptidão física é algo que vem sendo considerado como fundamental para o desempenho das atividades cotidianas e é parte essencial de determinadas profissões. Muitos estudos experimentais randomizados têm demonstrado que programas de exercícios físicos melhoram não apenas a aptidão física, mas também os níveis de lipídios sangüíneos, pressão arterial, densidade óssea, composição corporal, sensibilidade à insulina e tolerância à glicose. De acordo com Sharkey (1998), os trabalhadores aptos fisicamente apresentam-se mais produtivos que os sedentários. Diante disso, são necessárias estratégias para incentivar os Policiais Militares a adotarem práticas mais saudáveis, principalmente aqueles que desempenham funções predominantemente operacionais. Programas de incentivo à prática de atividade física precisam ser estimulados por políticas públicas e corporativas. Assim, há necessidade da Corporação analisar os estudos desenvolvidos e constantes na Escola de Educação Física da Polícia Militar do Estado de São Paulo até o presente momento sobre a implantação de exercícios físicos regulares para Policiais Militares, visando a alteração do quadro apresentado. Referências Bibliográficas BROWN, J.M.; CAMPBELL, E.A. Sources of occupational stress in the police. Work Stress, n.4, p.305-371, 1990. BROWN, J.M.; FIELDING, J. Qualitative differences in men and women police officers´ experience of occupational stress. Work Stress, n.7, p.327-340, 1993. CARVALHO, T.; NÓBREGA, A.C.L.; et al. Ver Bras Medicina do Esporte, n.2, v. 4, p.7981, 1996. FERREIRA, J.I.D. O entendimento da necessidade da prática da atividade física para o policial militar na companhia independente de policiamento turístico – ciptur. Universidade do Estado do Pará. Trabalho de Conclusão de Curso, 2005. LEITÃO, M.B.; LAZZOLI, J.K; et al. Rev Bras Medicina do Esporte, n.6, v.6, p.215-220, 2000. LIMA, S.C.V.C.; ARRAIS, R.F.;PEDROSA, L.F.C. Avaliação da dieta habitual de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade. Rev. Nutr., Campinas, n.17, v.4, p.469-477, 2004. MERINO, P.S.; ROLDAN, A.V. Prevalência de dislipidemia em Policiais Militares do alto escalão hierárquico. Trabalho apresentado no XXV Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, CELAFISCS, São Paulo, SP, 2002. MERINO, P.S.; SILVA, E.A.; OHARA, G.H. Variação da pressão arterial e glicemia em relação ao índice de massa corporal em comunidade policial militar. Trabalho apresentado no XXVIII Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, CELAFISCS, São Paulo, SP, 2005. MERINO, P.S. Mortalidade de Policiais Militares do Estado de São Paulo 2002 a 2006. Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores. Monografia de Conclusão do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais. 2009. - Pág. 86 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 PINHO, A. Brasileiro está mais alto e mais gordo. Folha de São Paulo. 20nov09, saúde, c11, 2009. PITANGA, F.J.G. Epidemiologia, atividade física e saúde. Rev. Bras. Ciên. e Mov. n.10, v. 3, p.49-54, 2002. POLLOCK, M.L.; GETTMAN, L.R.; MEYER, B.U. Analysis of physical fitness and coronary heart disease risk of Dallas area police officers. J Occup Med, n.20, v.6, p.393-398, 1978. SARDINAS, A.; MILLER, J.W.; HANSEN, H. Ischemic heart disease mortality of firemen and policemen. Am J Public Health, n.76, p.1140-1141, 1986. SHARKEY, B.J. Condicionamento Físico e Saúde;Trad. Márcia dos Santos Dornelles e Ricardo Demétrio de Souza Petersen. – 4ª ed. – Porto Alegre: ArtMed,1998. WILLIANS, M.; PETRATIS, M.; BAECHLE, T.; RYSCHON, K.; CAMPAIM, J.; SKETCH, M. Frequency of physical activity, exercise capacity and arterosclerotic heart disease risk factors in male police officers. J Occup Med, n.29, p.596-600, 1987. - Pág. 87 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 APÊNDICE A – aNAMNESE APLICADA AOS AVALIADOS nOME:iDADE: sEXO: m uNIDADE:cIA/sEÇÃO: f aS pERGUNTAS ABAIXO SERVIRÃO DE SUBSÍDIO PARA CONFECÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE INSTRUTOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO: TRABALHA PREDOMINANTEMENTE EM QUAL FUNÇÃO (ADMINISTRATIVA OU OPERACIONAL? ADM OPERAC pRATICA ALGUM Exercício FÍSICo OU ESPORTE? SIM NÃO eM CASO AFIRMATIVO, COM QUE FREQUÊNCIA SEMANAL? NÃO 1 2 3 4 5 pESO CORPORAL (KG)- AVALIADOR r:____KG ALTURA (CM)- AVALIADOR r:____CM IMC E CLASSIFICAÇÃO:____/__________________- AVALIADOR rEALIZOU O TAF NO ANO DE 2007? cASO NÃO TENHA REALIZADO, QUAL O MOTIVO? R: VERIFICAÇÃO DA NOTA DO TAF DO AVALIADO E SUA CLASSIFICAÇÃO:______PONTOS- AVALIADOR AVALIADOR: LUIZ FERNANDO DE LIMA PAULO - Pág. 88 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 AVALIAÇÃO ELETROMIOGRÁFICA ATRAVÉS DA COMPREENSÃO DOS MERIDIANOS MIOFASCIAIS DOS TRILHOS ANATÔMICOS EM UM PACIENTE COM LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR- RELATO DE CASO. GABRIEL PÁDUA DA SILVA - GRADUANDO DO CURSO DE FISIOTERAPIA, - CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO DE BATATAIS - [email protected] BRUNO FERREIRA; - Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais, KENIA ROBERTA SILVA; - Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais, ÉRICA MOREIRA OLIVEIRA - Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais, LETICIA CAROLINE SILVA - Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais, EDSON ALVES DE BARROS JUNIOR - Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais SIMONE CECILIO HALLAK REGALO -Livre docência/Docente-Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto FORP-USP EDSON DONIZETTI VERRI. - Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais RESUMO Os músculos agem de forma individual, mediante conexões por todo o corpo no interior de faixas de fáscias integradas funcionalmente. A fáscia muscular é distribuída ao longo de linhas delimitadas: linhas superficiais anteriores (LSA), e linhas superficiais posteriores (LSP). O objetivo é compreender as alterações posturais e da atividade muscular no paciente com lesão do ligamento cruzado anterior (LCA). Participou do estudo um paciente de 40 anos e lesão de 6 anos, este foi submetido a uma avaliação postural, e a 5 sessões de eletromiografia, seguindo um protocolo (Repouso (RP) e deslocamento peso bilateral (DPD e DPE) no membro inferior direito (MID) e esquerdo (MIE), sendo 3x de 10 seg.. Houve uma diminuição da ativação muscular do membro lesado, gerando mecanismos compensadores de outros grupos musculares ou estruturas corporais. As mudanças no potencial da ação muscular do membro lesado podem ser classificadas em uma desordem neuromuscular ou desordem compensatória. PALAVRAS CHAVE: LCA, Trilhos Anatômicos, Eletromiografia INTRODUÇÃO Por mais que os músculos possam agir de forma individual, eles também atuam mediante conexões por todo o corpo no interior de faixas de fáscias integradas funcionalmente (BIENFAIT, 1999). Segundo MYERS, 2003 a biomecânica da fascia muscular pode ser definida através da tração, tensão, fixação, compensações e a maioria dos movimentos são distribuídos ao longo de linhas delimitadas, sendo elas: linhas superficiais anteriores (LSA) (Vasto Medial, Vasto lateral, Reto Femural, Tibial anterior), e superficiais posteriores (LSP) (Eretor da espinha, Longuíssimo, Multifído, Semi-tendinoso, Bíceps Femoral, Gatrocnemio medial e lateral, Sóleo. Os trilhos anatômicos originaram-se da experiência de anatomistas que ensinavam anatomia miofascial, fundamentando-se desde 1930 onde anatomistas alemães já demonstravam interligações musculares. Publicações chinesas semelhantes aos realizados pelos alemães traziam mais fundamentações sobre os trilhos. Em 1986 um biólogo escreveu a primeira literatura extensa sobre o assunto enaltecendo a primeira linha muscular chamada de linha espiral. - Pág. 89 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Atualmente literaturas englobando este assunto são escassas, trazendo apenas um livro nomeado Trilhos anatômicos descritos por Myers onde estes estudos se unem e fundamentam-se suas linhas musculares. (MYERS, 2003) Os trilhos anatômicos levam a hipótese de que os músculos atuam não apenas individualmente, mas mediante conexões por todo o corpo no interior de faixas de fáscias integradas funcionalmente. Elas compõem-se de tecido conjuntivo e tem a função biomecânica de tração, fixação, compensações e a maioria dos movimentos são distribuídos ao longo dessas linhas. (MYERS, 2003) Fatarelli et al. (2004) demonstra que há vários fatores de riscos que predispõem os indivíduos á lesão do LCA. Entre eles destacam-se os anatômicos, os neuromusculares e os biomecânicos. Os anatômicos demonstram uma teoria em relação ao formato e o tamanho das estruturas ósseas e ligamentares, sendo possíveis fatores predisponentes à lesão do LCA. O mesmo autor demonstra uma analise sendo que nela fora observado indivíduos com histórico familiar de lesão bi-lateral de LCA, os pacientes apresentavam aumento na largura do côndilo femural lateral quando comparados com o grupo controle, chegando a conclusão que pessoas com histórico familiar de lesão do LCA tem uma maior predisposição a futuras lesões, comparado ao grupo controle. Os fatores biomecânicos estão relacionados à mudanças em pequenos movimentos translacionais e em movimentos amplos e rotacionais do joelho e quadril. Enfim os fatores neuromusculares são caracterizados por três tipos: capacidade proprioceptiva (acreditase que após a lesão a articulação perde esta capacidade), resposta reflexa da musculatura (a musculatura começa apresentar desalinhamento do tempo de reação após estímulos) e o ultimo grupo sendo ele ordem de recrutamento (esse relacionado com alterações nos padrões da ativação de cada musculatura). (FATARELLI et al., 2004). As lesões de LCA geralmente acontecem quando o joelho esta com rotação interna e extensão total em cadeia cinemática fechada, neste ponto o ligamento está totalmente tenso. (FATARELLI et al., 2004). Com uma força exacerbada nessa posição pode gerar lesões do ligamento. Segundo o próprio autor as lesões de LCA estão relacionada em 70% dos casos, por mecanismo de trauma. Desta forma os trilhos anatômicos nos mostram uma nova perspectiva nunca vista antes, sendo que estes trabalhos buscam englobar, não apenas analisando a avaliação postural convencional, mas sim intervindo em uma fisioterapia multidisciplinar buscando relatar as alterações dos pacientes de lesão de LCA visto pela postura e condições da biomecânica muscular. O objetivo desse estudo é compreender as alterações posturais no paciente com lesão do ligamento cruzado anterior, não reparada (há seis anos), através da análise eletromiográfica e interligando os meridianos miofasciais em um sentido global do corpo com as linhas superficiais anteriores e posteriores, dos trilhos anatômicos. MATERIAIS E MÉTODOS Participou do estudo um paciente, com queixa de lesão rotacional do joelho direito com idade de 40 (quarenta) anos e tempo de lesão de 6 (seis) anos não reparada. Este foi submetido à uma avaliação postural, através de um protocolo de avaliação fisioterapeutica global e da escala de New York. Logo após foi submetido a 5 sessões de análise eletromiografica, com o seguinte protocolo (Repouso (RP) em pé 3x de 10 segundo e Deslocamento de Peso bilateral (DPD e DPE) 3x de 10 segundos). Os grupos musculares avaliados, foram selecionados através da compreensão dos Trilhos anatômicos, seguindo a seguinte ordem: linhas superficiais anteriores (Vasto Medial, Vasto lateral, Reto Femural, Tibial anterior) e superficiais posteriores (Eretor da espinha, Longuíssimo, Multifído, Semi-tendinoso, Bíceps Femoral, Gatrocnemio medial e lateral, Sóleo). Todos os eletroldos foram posicionados em ambos os membros inferiores (MID, MIE). Foi utilizado um Eletromiógrafo EMG system Brasil modelo 810-C de 8 canais com taxa de amostragem de 2000hz aterrado e com isolamento de rede elétrica, acoplado a um computador Intel Pentium Dual Core de 1 Gb de memória HD de 80 Gb. O sistema de - Pág. 90 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 aquisição de dados foi de alta performance e software para controle, armazenamento, processamento e análise de dados. Os eletrodos utilizados foram eletrodos ativos simples de prata, bipolares de 10,0 x 1,0mm, com gel de condução integrado, e distância de 10mm entre eles. Após os dados serem obtidos, foram organizados no programa Excel (versão 2007) e inseridos no programa estatístico “GraphPad InStat (versão 3.05)”. RESULTADOS Na Linha superficial posterior através do protocolo estabelecido obteve-se os seguintes dados (Valor p 0,0023). (Tabela 01): MID- RP MID- DPD MID- DPE MIE- RP MIE- DPD MIE- DPE 21,31± 12,92 42,87± 38,76 54,99± 40,12 31,12± 24,36 54,63± 26,33 49,41± 23,33 Tabela 01: Média de dados em RMS das movimentações do protocolo estabelecido na LSP. Na Linha superficial anterior obteve-se os seguintes dados (Valor p 0,036). (Tabela 02): MID- RP MID- DPD MID- DPE MIE- RP MIE- DPD MIE- DPE 6,52± 1,93 132,78± 31,93 31,79± 4,67 14,85± 4,89 36,90± 10,53 111,86± 38,03 Tabela 02: Média de dados em RMS das movimentações do protocolo estabelecido na LSA. Representação gráfica do potencial de ação muscular em distintas atividades. 150 100 50 0 RP MID- LSP DPD MIE- LSP MID- LSA DPE MIE- LSA Figura 01: Representação gráfica dos achados em RMS; Através dos métodos de avaliações posturais, na região de cabeça, cervical e membro superior e na região de coluna torácica, lombar e membro inferior (Tabela 03), obtiveramse os seguintes achados: - Pág. 91 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Avaliação Alterações Avaliação Alterações CABEÇA Anteriorizada TORÁCICA Escoliose D CERVICAL Hiperlordose LOMBAR Hiperlordose alta OMBRO Deprimido Interna E COTOVELO Hiperextendido bilateral JOELHO Hiperextendido bilateral PUNHO Sem alterações TORNOZELO Sem alterações ESCÁPULA Deprimida E PÉ Rotação externa bilateral E, Rot. QUADRIL Inclinado E Tabela 03: Dados da avaliação postural e avaliação através da escala de New York. Com os resultados obtidos pela avaliação postural pela técnica de avaliação de New York, a pontuação da vista posterior foi quantificada sendo 28 pontos e na vista de perfil de 19 pontos, totalizando 47 pontos. O teste de força muscular, segundo MAGEE, 2005 demonstra uma visível alteração no grau de força do membro inferior direito em relação ao esquerdo (Tabela 04): Quadríceps Tibial anterior Isquiotibiais Abdutores quadril Adutores quadril Gastrocnêmio med. e lat. 4-D, 5-E 4-D, 5-E 4-D, 5-E 4-D, 5-E 4-D, 5-E 5-D, 5-E Tabela 04: Dados da avaliação do limiar de força muscular segundo MAGEE, 2005. DISCUSSÃO De acordo com os trilhos anatômicos, todos os nossos músculos têm sido analisados como se fossem unidades separadas dentro do corpo. A idéia de que existem unidades separadas como os bíceps, psoas, o latíssimo do dorso é tão incisiva, que é difícil pensar de outra forma. Mas, na verdade todo o tecido muscular está incorporado em uma rede fascial única, onipresente da matriz extracelular (ECM). As fibras da ECM, especialmente na miofascia onde as forças de tração são regulares e fortes, estão dispostas ao longo do mesmo "grão", como as fibras musculares. O músculo pode acabar no ponto de fixação, mas a fáscia continua ao longo de seu caminho através da ECM , ligando-se a outros músculos em cadeias. Os conceitos de Trilhos Anatômicos mapeiam estes conjuntos de interligações fasciais pelo corpo, seguindo o tecido muscular e a fáscia muscular para ver estas ligações. Especialmente no hábito postural e/ou seqüelas de longo prazo de uma lesão, a tensão se comunica ao longo destas linhas longitudinais de um músculo para outro. Esta visão leva a novas estratégias para a resolução de problemas a longo prazo, trabalhando no padrão de tensão, a alguma distância do local da lesão ou dor. (MYERS, 2003). Williams et al., 2004 observaram, através da eletromiografia de superfície (SEMG), diminuição na ativação muscular voluntária do músculo Quadríceps em indivíduos com lesão do LCA comparados com indivíduos sem lesão durante realização de exercícios estáticos e dinâmicos. Posteriormente, os mesmos autores verificaram fraqueza e atrofia significativa do músculo quadríceps em indivíduos com lesão unilateral do LCA, comparando os membros lesado e contralateral e falha na ativação voluntária em ambos os grupos. A lesão e a reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho têm sido associadas a mudanças neuromusculares, como por exemplo diminuição da - Pág. 92 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 propriocepção, alteração nos reflexos musculares iniciados pelo LCA, diminuição da força muscular do quadríceps e alterações na marcha (HOGERVORST, 1998). Especificamente, a lesão do LCA, de forma sutil ou marcante, parece alterar a performance em tarefas diárias, como por exemplo o andar e, mais especificamente, a manutenção do equilíbrio em pé, principalmente em situações que exigem o apoio monopodal sobre o membro lesado. Tais alterações na performance dessas tarefas parecem ser decorrentes da redução de informações sensoriais, fornecidas pelos mecanorreceptores presentes no LCA, os quais são danificados pela lesão e/ou reconstrução desse ligamento. (BONFIM, 2003). CONCLUSÃO Através deste estudo, pode-se concluir que a diminuição da ativação muscular do membro lesado, diagnosticado pela eletromiografia, gera mecanismos compensadores de outros grupos musculares ou estruturas corporais, visto que através dos trilhos anatômicos o equilíbrio postural é dado pela harmonia entre as duas linhas, sendo que um desequilibrio de uma destas linhas a biomecânica corporal sofre complicações significativas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MYERS, Thomas W.; Trilhos Anatômicos: Meridianos Miofasciais para Terapeutas Manuais e do Movimento, Editora Manole 1º ed., 2003. BIENFAIT, M.; Estudo e tratamento do esqueleto fibroso, Fáscias e Pompages; São Paulo: Summus, 1999. MAGEE, David J. Avaliação musculoesquelética. [Título original: Orthopedic physical assessment]. Marcos Ikeda (Trad.). 4 ed. Barueri: Manole, 2005. WILLIANS GN, Barrance PJ, Snyder-Mackler L, Buchanan TS. Altered quadriceps control in people with anterior ligament deficiency. Med Sci Sports Exerc. 2004; 1089-97. HOGERVORST T, Brand RA. Mechanoreceptors in joint function. J Bone Joint Surg. 1998; 80A (9): 1365-78. BONFIM TR, Paccola CAJ, Barela JA. Proprioceptive and behavior impairment in individuals with anterior cruciate ligament reconstructed knees. Arch Phys Med Rehab 2003; 84(8): 1217-23. - Pág. 93 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 COMPARAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DE TENISTAS E LUTADORES DE JIU-JÍTSU Bruno Ferreira, Graduando de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais, [email protected] Gabriel Pádua da Silva, Graduando de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Letícia Caroline Silva, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Érica Moreira de Oliveira, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Kenia Roberta Silva, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Edson Alves De Barros Junior, Mestre e Coordenador do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Simone Cecilio Hallak Regalo, Livre docência e Docente-Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto FORP-USP Edson Donizetti Verri, Mestre e Coordenador do Laboratório de Analise Biomecânica do Movimento do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Resumo Os princípios biomecânicos do jiu-jítsu visam beneficiar a força muscular do praticante, invalidando a do oponente ou até mesmo utilizar as valências físicas deste contra a ele próprio. Resultante vetorial e distribuição de massa no momento correto são princípios que são utilizados nos golpes de forma a comprimir, imobilizar, deitar a abaixo, hiperextender, torcer as articulações dos adversários, neutralizar ataques e estrangular. O tênis por sua vez estrutura-se no desenvolvimento físico e mental daqueles que a praticam. Pressupõe-se de atributos motores básicos de força, rapidez, resistência e destreza. Este esporte baseia-se na imprevisibilidade, pois devemos levar em conta duração dos pontos em cada game, duração do jogo, condições climáticas e a influencia nos aspectos fisiológicos do oponente que são variáveis. Estes esportes tem gerado um grande interesse pelo aprimoramento das técnicas esportivas. Ela liga-se intimamente com a flexibilidade e a postura, visto que um dano nestas estruturas pode haver grandes prejuízos. Este trabalho busca demonstrar a relação da flexibilidade em que é gerada com cada especificidade esportiva, comprovando qual teria um menor prejuízo a saúde e a atuação do atleta. Este trabalho teve a participação total de 30 atletas que foram divididos em dois grupos, o primeiro grupo (G1) era composto por 15 atletas de Jiu-jitsu do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Foi utilizado como critério de inclusão lutadores que treinavam no mínimo a 7 meses. O segundo grupo (G2) era constituído por 15 tenistas amadores que treinavam de 5 meses a 3 anos. Eles foram coletados durante o Circuito Passaredo de Tênis realizado no segundo semestre de 2009 na 1º etapa que foi realizado na cidade Ribeirão Preto. Os dois grupos apresentavam uma homogeneidade em estatura e massa corporal, continham uma faixa etária de 15 a 21 anos, e todos eram do sexo masculino. Os atletas após serem cientes da pesquisa e do termo de consentimento, assim como tiveram suas dúvidas sanadas, assim como dos seus responsáveis. Foram submetidos a uma de flexibilidade da cadeia posterior utilizando o Banco de Wells. Nesta avaliação pedia-se que o atleta realizasse 3 medidas e dela era pega aquela de maior valor. Posteriormente os dados foram tabulados no Excel 2007, filtrado suas faixa etárias, peso e a altura, para uma amostra mais homogênea. Para os dados estatísticos utilizouse o programa GraphPad InStat (versão 3.05). No G1 obteve na avaliação da flexibilidade de cadeia posterior destes atletas demonstrada uma media de 20,660± 1,77cm, com 33,33% indivíduos classificados com uma condição de flexibilidade regular, 66,66% fraco. No grupo G2 foi constatado uma media de flexibilidade de 18,30± 1,42cm, sendo que - Pág. 94 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 15,33% mostrou uma condição muscular regular e 86,66% fracos. Conclui-se que os tenistas tendem a gerar uma maior perda da flexibilidade, comprovado devido probabilidade de gerar mais microtraumas, desta forma ainda pode-se concluir que devido a esta perda considerável de flexibilidade os atletas apresentam alterações posturais que podem futuramente estar sendo um fator desencadeador para patologias posturais, tendinopatias, doenças degenerativas entre outras. Prejudicando desta forma a saúde destes atletas. Palavras-Chaves: Jiu-Jitsu, Flexibilidade, Postura. Introdução Segundo TAKITO; et al (2003), o jiu-jítsu é um esporte que a graduação e a massa corporal dos atletas interferem e suas categorias.Os princípios biomecânicos da luta visam beneficiar a força muscular do praticante, invalidando a do oponente ou até mesmo utilizar as valências físicas deste contra a ele próprio. Resultante vetorial e distribuição de massa no momento correto são princípios utilizados nos golpes de forma a comprimir, imobilizar, deitar a abaixo, hiperextender, torcer as articulações dos adversários, neutralizarem ataques e estrangular seus adversários. (PADILHA, 2005) As lutas segundo Del Vecchio (2006) são classificadas como acíclicas, pois os atletas utilizam de diferentes seqüências de movimentos e manifestações de capacidade biomotoras. Um dos princípios do jiu-jítsu é utilizar golpes que constituem alavancas mecânicas e nesse sentido possibilitam que um indivíduo com menor força muscular consiga vencer um adversário mais forte, porém com menor habilidade nas execuções das técnicas. Essa modalidade exige um conjunto amplo de movimentos motores complexos caracterizados pelo nível de desenvolvimento da capacidade de aplicar esforços explosivos, possuindo certa variedade de adaptação às condições variáveis de competição. Ao mesmo tempo, é apropriado um alto nível de desenvolvimento da capacidade de resistir à fadiga sem a diminuição da eficácia das ações técnicas e táticas e dos métodos. (VERKHOSHANSKY, 2000). O tênis por sua vez, segundo Deutscher (1979) estrutura-se no desenvolvimento físico e mental daqueles que a praticam. Envolve movimentos físicos de vários outros esportes, tais como correr, saltar e arremessar. Para tanto o tênis pressupõe os atributos motores básicos de força, rapidez, resistência e destreza. Alem disso, o tenista deve resolver problemas de técnica e estratégia. Visto ainda que este esporte baseia-se na imprevisibilidade, pois devemos levar em conta duração dos pontos em cada game, duração do jogo, condições climáticas e a influencia nos aspectos fisiológicos do oponente que são variáveis. Kovacs (2006). Esta modalidade emprega a capacidade anaeróbica do jogador quanto aeróbica, onde há grandes durações das partidas, mas é apontado que os golpes e serviços ligeiros exigem muita potencia da musculatura, promovendo assim uma grande capacidade anaeróbia do atleta. Kovacs (2007). Segundo Franken (2007) junto com estes esportes a evolução na modalidade de alto rendimento, tem surgido um grande interesse pelo aprimoramento das técnicas esportivas e tem sido enfocado bastante durante as sessões de treinamento. A técnica ainda esta ligada intimamente com a flexibilidade e a postura do esportista, visto que um dano nestas estruturas pode haver grandes prejuízos, limitando assim o atleta a ter um melhor desempenho junto com a flexibilidade. Passou a estudar a flexibilidade de forma sistemática apenas a partir da segunda metade do século XX, como um componente extraordinário da aptidão física referenciada à saúde e a atuação. Para uma boa qualidade de vida, atualmente é necessário níveis mínimos de amplitude articular. A flexibilidade pode ser determinada, de forma operacional, como uma “... qualidade motriz que depende da elasticidade muscular e da mobilidade articular, - Pág. 95 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 expressa pela máxima amplitude de movimentos indispensáveis para uma satisfeita realização de qualquer atividade física eletiva, sem que incidam lesões anatomopatológicas”. (FARINATTI, 2000). Vê-se ainda como uma característica exclusiva a flexibilidade, sendo esta para cada articulação e pelo movimento executado, cada atividade atribui exigências reservadas aos praticantes. Muitos especialistas em medicina esportiva confiam que a flexibilidade possa exercer um papel fundamental na prevenção de problemas como lesões de 'over training' ou estiramentos e distensões. È apontado como um fator indispensável a relação quanto a preocupação ao aspecto preventivo do trabalho da mobilidade articular na modalidade, pois há uma alta prevalência de acidentes envolvendo tais articulações e também um baixo nível de flexibilidade nelas descoberto (FARINATTI, 2000). Este trabalho busca demonstrar a relação da flexibilidade em que é gerada com cada especificidade esportiva, comprovando qual teria um menor prejuízo a saúde e a atuação do atleta. Metodologia Este trabalho teve a participação total de 30 atletas que foram divididos em dois grupos, o primeiro grupo (G1) era composto por 15 atletas de Jiu-jitsu do Centro Universitário Claretiano de Batatais e foram coletados durante seus treinos. Apresentavam uma idade media de 19,13± 3,77 anos contendo uma faixa etária entre 15 a 25 anos, todos do sexo masculino que já lutavam no mínimo a 7 meses em treinos. O segundo grupo (G2) era constituído por 15 tenistas amadores com uma idade media de 17,80± 3.62 anos com uma faixa etária de 15 a 25 anos todos do sexo masculino que treinavam de 5 meses a 3 anos. Eles foram coletados durante o Circuito Passaredo de Tênis realizado no segundo semestre de 2009 na 1º etapa que foi realizado na cidade Ribeirão Preto. Os dois grupos apresentavam uma homogeneidade em estatura e massa corporal. Os atletas ou seus responsáveis, após serem cientes da pesquisa e do termo de consentimento, assim como suas dúvidas serem sanadas, foram submetidos a uma avaliação de flexibilidade da cadeia posterior utilizando o Banco de Wells. Nesta avaliação pedia-se que o atleta realizasse 3 medidas e dela era utilizada aquela de maior valor. Ainda era recomendado que eles mantivessem os calcanhares o tempo todo sobre o apoio do banco assim como não empurrar o marcador em um impulso, mas sim ir gradativamente deslizando. Foi realizado também o monitoramento dos membros inferiores para evitar flexão dos joelhos. Após estas avaliações os dados foram tabulados no Excel 2007, então, foram selecionados, separando a faixa etária, peso e a altura dos indivíduos, para uma amostra homogênea. Os dados estatísticos foram gerador a partir do programa GraphPad InStat (versão 3.05). Resultados No G1 obteve na avaliação da flexibilidade de cadeia posterior uma media de 20,660± 1,77cm (tabela 1), com 33,33% indivíduos classificados com uma condição de flexibilidade regular, 66,66% fraco (Gráfico 1). Idade Valores Obtidos Classificação 19 27 Regular 19 26 Regular 23 29 Regular 16 34 Regular 17 30 Regular 15 18 Fraco 15 20 Fraco 25 18 Fraco 15 12 Fraco 22 20 Fraco 25 9 Fraco - Pág. 96 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 15 19 18 24 Media 23 9 11 0 20.660 ±1.722 Fraco Fraco Fraco Fraco - Tabela 1: Flexibilidade dos Atletas segundo Wells & Dillon, 1952. No grupo G2 foi constatada uma media de flexibilidade de 18,30± 1,42cm (tabela 2) sendo que 15,33% mostrou uma condição muscular regular e 86,66% fracos (Gráfico 1). Idade Valores Obtidos Classificação 15 19,5 Fraco 22 19,5 Fraco 21 28,0 Regular 25 17,5 Fraco 15 20,0 Fraco 15 19,0 Fraco 17 20,5 Fraco 17 6,5 Fraco 15 14,0 Fraco 15 24,5 Fraco 25 15,0 Fraco 15 15,0 Fraco 17 16,0 Fraco 17 26,5 Regular 16 13,0 Fraco Media 18,30± 1,42 Tabela 2: Flexibilidade dos Atletas segundo Wells & Dillon, 1952. Gráfico 1- Relação entre Flexibilidade do Jiu-Jitsu e Tenistas Discussão Este trabalho nós demonstra uma flexibilidade reduzida nos atletas de tenis comparado com a dos jiu-jitsu, isto pode ser justificado por Taylor (1990) onde comprova que baixos índices de flexibilidade podem estar coligados a problemas posturais, aumento de tensões - Pág. 97 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 neuromusculares, algias, aparecimento das adesões, níveis de lesões, e diminuição da vascularização local. Desta forma mesmo com perigo de lesões provenientes dos atletas de lutas, as mesmas tem um inicio traumático em grandes amplitudes. Já no tênis podese compreender que devido seu estilo de jogo é um esporte mais suscetível a microtraumas podendo desta forma influenciar estes resultados que foram obtidos. Devido o tênis exigir capacidades distintas do atleta, assim como várias biomecânicas durante o jogo, pode-se notar uma menor qualidade de flexibilidade comparados com os lutadores, Zito (1983) justifica este achando citando que atletas com treinamento intenso e repetitivo proporcionam uma hipertrofia muscular e a concomitantemente redução da flexibilidade, causando desequilíbrio entre a musculatura agonista e antagonista, proporcionando a instalação de alterações posturais. Ainda uma preocupação voltada à saúde dos atletas devem ser destacadas, pois segundo Araújo (1998) a necessidade do treinamento de flexibilidade em diferentes faixas etárias em função das perdas de amplitude em diversas articulações, podendo afetar negativamente a saúde na qualidade de vida. Justificado por Alter (1996) que relaciona a flexibilidade diretamente com o movimento humano, sendo passível de adaptações fisiológicas e mecânicas com o treinamento. Conclusão Conclui-se que os tenistas tendem a gerar uma maior perda da flexibilidade, comprovado devido probabilidade de gerar mais microtraumas, desta forma ainda pode-se concluir que devido a esta perda considerável de flexibilidade os atletas apresentam alterações posturais que podem futuramente estar sendo um fator desencadeador para patologias posturais, tendinopatias, doenças degenerativas entre outras. Prejudicando desta forma a saúde destes atletas. Referencias Bibliográficas Diaz, E. V. Tenis: historia técnica, aprendizagem, treinamento, alimentação, e controle motor. Revista de educação física, 2004. Abrahão, M. R. A. Diferenças Antropométricas Entre O Hemi-Corpo Direito E O Esquerdo De Adultos Instrutores De Tênis E Crianças Iniciantes No Esporte E Incidência De Desvios Posturais. Revista do Colégio Brasileiro de Atividade Física, Saúde e Esporte. 2008. Deutscher, T. B. Tenis: Golpes Basicos. 1 ed. Rio de Janeiro, 1979. Kovacs, M. S. Applied Physiology of Tennis Performance. www.bjsportmed.com . 2006. Kovacs, M. S. Tennis Physiology Training the Competitive Athlete. Sports Med. 2007. Puljak, M. Tenis: Notas de Aula. Uruguay: Imprenta Garcia, 1983. Fraccaroli, J. L. Biomecanica: Analise dos Movimentos. 2 ed. Rio de Janeiro, 1981. Machado, E. S.A Transmissão Da Vibração No Cotovelo Após O Impacto Da Raquete Na Bola E Conseqüências Pelo Mau Uso Da Técnica E Do Material: Aspectos Teóricos E Pesquisa Experimental Para A Medição Das Acelerações Do Cotovelo No Impacto Da Bola Na Raquete Na Prática Do Saque Chapado. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004 Silva, C. C. et. Al. Sport and its implications on the bone health of adolescent athletes. Revista Brasileira de Medicina Esportiva ,2003. Ejnisman, B. et. Al. Lesões Músculo-Esqueleticas no ombro do atleta: mecanismo de lesão, diagnostico e retorno à pratica esportiva. Revista brasileira de Ortopedia. 2001. Silva, R. T. et. al. Avaliação das lesões ortopédicas em Tenistas Amadores Competitivos. Revista Brasileira de Ortopedia, 2005. ARAÚJO, C.G.S.; PEREIRA M.I.R, FARINATTI P.T.V. Body Flexibility Profile From Childhood to Seniority – data from 1874 male and female subjects. Medicine Sciencie of Sports and Exercises; v.30, p. S115, 1998. Alves, L. S. Análise postural em atletas de judô da equipe da unisul. Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia da Faculdade Universidade do Sul de Santa - Pág. 98 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Catarina. Tubarão, 2005 CARVALHO, L., SIMÕES, J. A., Finite element analysis of the behavior of the human periodontal ligament in the tooth-bone structure, 6th International Symposium on Computer Methods in Biomechanics and iomedical Engineering, Madrid, 2004. CARPEGGIANI, J. C. Lesões no Jiu-jitsu: estudo em 78 atletas. 36p. Graduação, 2004. Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu – CBJJ, disponível em: http://www.cbjj.com.br/regras.htm (data de acesso: 30/03/2010). DEL VECCHIO, F. B.; et al.. Analise morfo-funcional de praticantes de brazilian jiu-jitsu e estudo da temporolidade e da qualificação das ações motoras na modalidade, Movimento e Percepção, v.7, n 10. jan/jun 2007. FARINATTI, P. T. V. Flexibilidade e Esporte: Uma Revisão da Literatura. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, 14(1):85-96, jan./jun. 2000. FRANCHINI, E.; TAKITO, M. Y.; PEREIRA, J. N. C. Freqüência cardíaca e força de preensão manual durante a luta de jiu-jitsu. Revista Digital: Lécturas Educación Física y Deportes. Buenos Aires, v.9, n. 65, 2003. http://www.efdeportes.com/efd65/jiujitsu.htm FRANCLINI, E.; et al..Frequencia cardíaca e força de prensao manual durante a luta de jiu-jitsu, Revista Digital, Ano 9. n 65, outubro 2003. FRANKEN, M.; CARPES, F. P.; CASTRO, F. A. S. CINEMÁTICA DO NADO CRAWL, CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E FLEXIBILIDADE DE NADADORES UNIVERSITÁRIOS. Xv CONGRESSO Basileiro de ciências do esporte e II congresso internacional de ciências do esporte, 2007. IDE, B. N.; et al.. Possíveis lesões decorrentes das técnicas do jiu-jitsu desportivo, Revista Digital, Ano 10. n83, abril 2005. KANO, J. Konokan Judo. Kodansha International: New York, 1994 Júnior, J. N.; Pastre, C. M.; Monteiro, H. L. Alterações posturais em atletas brasileiros do sexo masculino que participaram de provas de potência muscular em competições internacionais. Rev Bras Med Esporte, Vol. 10, Nº 3, Mai/Jun, 2004. PLATONOV,.V. N.. Teoria geral do treinamento desportivo olímpico. Porto Alegre: Artmed, 2004. TAYLOR, D. C., DALTON, J.D., SEABER, A.V, GARRETT W. E. Viscoelastic Properties of Muscle Tendon Units. The Biomechannical Effects of Stretching. The American Journal of Sportes Medicine. 1990; 18(3):300-308. VIRGÍLIO, S. Personagens e Histórias do Judô Brasileiro. Átomo: Campinas, 2002. ZITO, M. The Adolescent Athlete: A Musculoskeletal Update. J. Orthop. Sports Phys. Ther. 1983;5:20-5. - Pág. 99 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 CORRELAÇÃO ENTRE POSTURA E INCIDÊNCIA DE LESÃO EM ATLETAS DA NATAÇÃO Bruno Ferreira, Graduando de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais, [email protected] Gabriel Pádua da Silva, Graduando de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Letícia Caroline Silva, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Érica Moreira de Oliveira, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Kenia Roberta Silva, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Edson Alves De Barros Junior, Mestre e Coordenador do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Simone Cecilio Hallak Regalo, Livre docência e Docente-Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto FORP-USP Edson Donizetti Verri, Mestre e Coordenador do Laboratório de Analise Biomecânica do Movimento do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Resumo Na natação, a técnica desempenha um papel importante dentre os fatores que determinam o desempenho. Desta forma ela apóia-se nos aspectos biomecânicos, antropométricos e fisiológicos. A postura corporal por outro lado apresenta-se como a posição que o corpo adota no espaço e a relação direta de suas partes com a linha do centro de gravidade. Quando ocorrem desequilíbrios musculares, tende a gerar movimentos corporais menos efetivos, ainda o organismo se reorganiza em cadeias de compensação procurando uma resposta adaptativa a esta desarmonia. Autores demonstram por outro lado que os mecanismos de lesões nos atletas de natação em sua maioria ocorrem por meio de movimentos repetitivos. Desta forma este estudo apóia-se na tentativa de demonstrar e comparar o padrão postural com incidência de lesão, a fim de traçar uma relação e determinar se as alterações posturais que podem influenciar negativamente no desempenho do atleta e tenderia a desencadear lesões. Para este estudo foram selecionados 22 atletas de natação de ambos os sexos com idade entre 10 a 17 anos que treinavam no mínimo a 6 meses e no máximo a 3 anos, esses atletas foram captados durante a realização da 3º Copa CCFB de Natação. Os atletas participaram de 2 etapas de avaliação. A primeira etapa consistia em uma avaliação postural global segundo a escala de New York, os pacientes em trajes de competição, eram levados a um ambiente apropriado constituído de um ambiente calmo, fora do ambiente de competição, depois do termino do aquecimento. Após a primeira etapa, o atleta era requisitado a responder um questionário adaptado pelos próprios autores tendo como base o protocolo de Petri (2002) aplicado a tenistas de mesa. Posteriormente os dados foram organizados no Excel 2007, dispondo sua base estatística pelo programa GraphPad InStat ( versão: 3.05). Após os dados serem filtrados e analisados, os atletas apresentavam uma media de alterações posturais, que foram considerados alterações moderadas contendo 53,49 pontos, utilizando como base o score da escala de New-York. Já os índices de lesões destes atletas demonstraram ser desacerbadamente baixos, contendo uma incidência de 13,63% no grupo avaliado, onde a articulação mais atingida eram as dos ombros e joelhos com 18,57%, demonstraram ainda que na articulação do ombro a causa da lesão era tendinite em todos os casos. Já as articulações: cervical, cotovelo, punho, lombar e tornozelo com 4,64%. Desta forma pode-se concluir que a biomecânica do nado tende a gerar alterações posturais que não são correlacionada com - Pág. 100 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 a incidência de lesão, visto que, o nado utiliza-se de cadeia cinemática aberta diminuindo a sobrecarga no momento do nado. Porem devido a esta peculiaridade do nado, contendo uma biomecânica diferenciada surge uma grande brecha para patologias do tipo overuser, visto que, as articulações mais afetadas são relacionadas no ombro devido seu grande eixo de movimento e joelho provido da sua grande exigência de transferência do torque, utilizando demasiadamente movimentações repetitivas. Palavras-Chaves: Natação, Alterações Posturais, Incidência de Lesões Introdução Na antiguidade, segundo Corrêa (2003), saber nadar era mais uma arma de que o homem dispunha para sobreviver. Os povos antigos (assírios, egípcios, fenícios, ameríndios, etc.), eram exímios nadadores. Hoje a natação destaca-se por ser uma atividade múltipla utilizada tanto para competições, lazer ou para fins terapêuticos e preventivos. Com a evolução no esporte de alto rendimento, iniciou um maior interesse dos profissionais pelo aprimoramento das técnicas desportivas. Em diversas modalidades, a técnica ocupa, cada vez mais, espaço durante as sessões de treinamento. Na natação, a técnica desempenha um papel muito importante dentre os fatores que determinam o desempenho. (FRANKEN, 2007) Franken (2007) ainda demonstra os fatores determinantes na natação que seriam relacionados aos aspectos biomecânicos, antropométricos e fisiológicos. Dentre os aspectos biomecânicos, destacam-se aqueles relacionados à cinética e à cinemática do nado: freqüência de ciclos (FC), “definido como o número de ciclos de braçadas por unidade de tempo e a distância (em metros) percorrido a cada ciclo (DC)”. FC e DC foram, e continuam sendo, amplamente discutidos por pesquisadores e treinadores de natação. Segundo Farinatti (2003) o desempenho de nadadores também pode depender significativamente de sua potência aeróbia máxima. A postura corporal segundo Monsolto (2007) apresenta-se como a posição que o corpo adota no espaço e a relação direta de suas partes com a linha do centro de gravidade. Pode ser definida como estado de equilíbrio entre os músculos e ossos com capacidade de proteger as demais estruturas do corpo humano dos traumatismos, seja na posição ereta, sentado ou em decúbito. A padronização do que seria uma boa postura é difícil de ser estabelecida, pois existe uma dependência entre postura e individualidade determinada por uma relação particular de suas estruturas corporais. A melhor postura que deve ser adotada por um indivíduo é aquela que preenche todas as necessidades mecânicas do seu corpo e também que possibilite o indivíduo manter uma posição ereta com o mínimo esforço muscular, permitindo opor-se contra as forças externas, que lhe dê equilíbrio na realização do movimento e que lute contra a ação da gravidade. (MONSOLTO, 2007) O desequilíbrio muscular, por sua vez, é uma desordem do sistema músculo-esquelético; os movimentos corporais resultam de cadeias musculares e, quando há alterações posturais, o organismo se reorganiza em cadeias de compensação procurando uma resposta adaptativa a esta desarmonia. No desporto os desequilíbrios músculosesqueléticos tendem a gerar uma perda da eficiência no atleta provido de uma exigência inadequada das cadeias musculares. (Junior et. al., 2004). Voltando-se as lesões a exposição constante a modalidades esportivas diversas em quaisquer níveis de performance, por si, constitui-se situação de risco para ocorrência de lesões. Os fatores causais para lesões têm sido caracterizados no âmbito biomecânico. Os mecanismos de lesões nos atletas de natação em sua maioria ocorrem por meio de movimentos repetitivos. Neste caso pode-se inferir que o treinamento, em si, considerando volume de trabalho ou intensidade de esforço, representa um fator causal importante. O treinamento também é descrito como fator de risco para lesões. Contudo, destacam a relação entre longos períodos de treinamento e o curto tempo de recuperação entre treinos resultando em vulnerabilidade dos atletas a traumas por over-use. (Aguiar, 2009). - Pág. 101 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Para Conte (2002) Lesão Desportiva é qualquer lesão ocasionada durante a execução de atividades motoras, em recreação ou competição. Garrick (2001), por sua vez, a define como acometimento que provoca o afastamento do atleta por, no mínimo, uma unidade de treinamento, jogo, competição ou partida. O conceito que mais se aproxima da realidade de campo para os envolvidos com as diversas práticas atléticas foi proposto por Bennell (1996) e também adotado em outros estudos, que as define como qualquer dor ou afecção músculo-esquelético resultante de treinamento e competições esportivas que foram suficientes para causar alterações no treinamento normal do atleta, seja na forma, duração, intensidade ou freqüência. (Aguiar, 2009). Desta forma este estudo apóia-se na tentativa de demonstrar e comparar o padrão postural com incidência de lesão, a fim de traçar uma relação e determinar se as alterações posturais alem de influenciar negativamente no desempenho do atleta tenderia a desencadear lesões nós atletas de natação. Metodologia Para este estudo foram selecionados 22 atletas de natação de ambos os sexos com idade entre 10 a 17 anos, esses atletas foram captados durante a realização da 3º Copa CCFB de Natação que ocorreu no mês de outubro em 2009 na cidade de Batatais. Foi utilizado como critério de inclusão atletas que treinavam no mínimo a 6 meses e no máximo a 3 anos, assim como atletas que apresentavam um biótipo similar ao restante do grupo. Os atletas após serem cientes do Termo de Consentimento e terem suas duvidas sanadas, participaram em 2 etapas de avaliação. A primeira etapa consistia em uma avaliação postural global realizada pela escala de New York, os pacientes com trajes de competição (sunga e maiô), eram levados a um ambiente apropriado constituído de um ambiente calmo, fora do ambiente de competição, após o aquecimento do atleta, então pedia-se para o paciente permanecer em 4 perfis: Anterior, Posterior e Laterais bilateralmente. A posição anterior era utilizada apenas para fins de confirmação dos achados, já que na escala utiliza-se apenas lateral e posterior. Ainda o examinador não foi substituído em nem um dos pontos da coleta diminuindo assim viés inter-examinador. Após a primeira etapa, os atletas eram requisitados a responder um questionário adaptado pelos próprios autores tendo como base o protocolo de Petri (2002) aplicado a tenistas de mesa. Desta forma o questionário apresentava perguntas relacionadas ao histórico de lesões destacando-se: ciclo de braçadas, tempo de treino, tempo de pratica esportiva não competitiva, tempo de pratica esportiva competitiva, se trabalhavam, realizavam mais algum esporte, quantidade de torneios disputados durante o ano, quantidade de torneio disputados durante sua pratica competitiva, índice de lesões e tipo de tratamento utilizado para sanar o problema, assim como, o tempo de afastamento da pratica devido a lesão. Após a coleta dos dados, ocorreu a organização deles no Excel 2007 e os dados estatísticos eram realizados pelo programa GraphPad InStat ( versão: 3.05). Resultados Após os dados serem filtrados e analisados, os atletas apresentavam uma media de alterações posturais, (tabela 1), considerados com alterações moderadas, contendo 53,49 pontos, utilizando como base o score da escala de New-York (tabela 2). Alterações Posturais Score Inclinação de Cabeça 94 Inclinação de Ombro 90 Escoliose 96 Inclinação de Quadril 102 Pé Rodado 88 Desabamento do Pé 63 Anteriorização da Cabeça 78 Ângulo Esterno 100 - Pág. 102 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Rotação da Escapula 98 Hipercisofe 106 Retificação Torácica 82 Anteriorização do Quadril 92 Hiperlordose 88 Tabela 1- Alterações Posturais, segundo Escala de New-York Desta forma os atletas obtiveram os seguintes resultados segundo a escala: Vista Media do Score Classificação Posterior 24,22 Perfil 29,27 Total 53,49 Moderado Tabela 2- Media de Score Obtidos pela Escala de New-York Já os índices de lesões destes atletas demonstraram ser desacertadamente baixos, contendo uma incidência de 13,63% no grupo avaliado, onde a articulação mais atingida eram as dos ombros e joelhos com 18,57%, demonstraram ainda que na articulação do ombro a causa da lesão era tendinite em todos os casos. Já as articulações: cervical, cotovelo, punho, lombar e tornozelo com 4,64% (gráfico 1). Gráfico 2- Incidência de Lesão Discussão Com relação à incidência de lesão avaliada neste trabalho, os dados vão de contra aos obtidos por Aguiar (2009) onde determina grandes índices de lesão avaliando nadadores masters (com idade superior a 18 anos), relatando 121 lesões em 215 atletas. Desta forma é inconclusivo comparado a este trabalho, pois segundo Faulkner (2008) e Maharam (1999) que incluem perda de flexibilidade, força e potência muscular em atletas acima de 40 anos de idade. Ainda segundo Aguiar (2009) as características antropométricas e de treinamento tem relação entre os anos de prática esportiva e a idade dos participantes com as ocorrências de lesão. Para os especialistas do estilo costas e fundistas houve relação entre maior exposição e ocorrência de lesões analisando a variáveis anos de prática. Porem pode ser contrabalanceado, ao relacionar as posturas dos atletas que devido ao grande tempo de treinamento já sofrido, apresentam alterações posturais moderadas. Segundo Santos (2007) e Rupp (1995) as razões abordadas para ocorrência de tal lesão são relacionadas comumente ao excesso de repetições associados ao desequilíbrio de - Pág. 103 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 força muscular. As lesões musculares também foram referidas de maneira significante e, segundo Santos (2007) e Rupp (1995) demonstram que as lesões traçam os mesmo fatores predisponentes das tendinopatias, reiterando repetição e desequilíbrio muscular. Segundo Rodeo (1999) Pink (2000), atletas competitivos podem nadar cerca de 10 a 20 km por dia, durante 6 a 7 vezes por semana, isso equivale aproximadamente a 2500 braçadas em um único dia, o que contribui para alto risco de lesões. Justificando assim a presença de lesões classificadas por Tendinopatias. Para demonstrar a relação da incidência de lesão ser mais acentuada na articulação do ombro vemos Aguiar (2009) afirmando que o ombro foi o local mais referido entre todas as especialidades, exceto para o nado peito. Tais achados também são relatos por Chalmers (2003) e Wolf (2009) que descrevem os nadadores de crawl, borboleta e costas como sendo os mais acometidos por lesões neste seguimento. Ainda Aguiar (2009) citando Yanai (1998 e 1998), relata que a estrutura articular do ombro dos nadadores, sofrem com o uso repetitivo e a sobrecarga. Isto ocorre principalmente durante a entrada da mão na água, onde o ângulo de elevação do ombro atinge o seu máximo e também durante a fase de recuperação da braçada, onde há o excesso de rotação interna do mesmo. A fim de comprovar a existência de lesões e dores na articulação do joelho Rodeo (1999) demonstra na especialidade de peito os esforços repetitivos nos músculos adutores da coxa durante o treinamento e competições que fazem com que ocorra estresse durante a finalização da pernada, quando a adução forçada da coxa ocorre com os joelhos em valgo e os tornozelos e pés rodados externamente. Conclusão Pode-se concluir que a biomecânica do nado tende a gerar alterações posturais, porem não a correlação entre elas com a incidência de lesão visto que o nado utiliza-se de cadeia cinemática aberta diminuindo a sobrecarga no momento do nado. Porem devido a esta peculiaridade do nado, a biomecânica é diferenciada deixando uma grande brecha para o surgimento de over-user, já visto que as articulações mais afetadas são relacionadas no ombro, devido ao grande eixo de movimento e na articulação do joelho desencadeados por uma grande exigência de transferência de torque, utilizando demasiadamente movimentos repetitivos. Referencias Bibliográficas AGUIAR, P. R. C. Exploração dos Fatores de Risco na Natação. Monografia do Programa de Pós-graduação em Fisioterapia. UNESP, Presidente Prudente, 2009. Bennell, KL, Crossley K. Musculoskeletal injuries in track and field: incidence, distribution and risk factors. The Australian Journal of Science and Medicine in Sport 1996; 28: 69-75. CHALMERS DJ, MORRISON L. Epidemiology of non-submersion injuries in aquatic sporting and recreational activities. Sports Med 2003; 33(10): 745-770. CONTE M, MATIELLO JRE, CHALITA LVS, GONÇALVES A. Exploração de fatores de risco de lesões desportivas entre universitários de educação física: estudo a partir de estudantes de Sorocaba/SP. Rev Bras Med Esporte 2002; 8(4): 1-6. CORRÊA, C. R. F.; MASSAUD, M. G.; Natação: da iniciação ao treinamento. 2 ed Rio de Janeiro: Sprint, 2003. FRANKEN, M.; CARPES, F. P.; CASTRO, F. A. S. CINEMÁTICA DO NADO CRAWL, CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E FLEXIBILIDADE DE NADADORES UNIVERSITÁRIOS. Xv CONGRESSO Basileiro de ciências do esporte e II congresso internacional de ciências do esporte, 2007. FAULKNER JA, DAVIS CS, MENDIAS CL, BROOKS SV. The aging of elite male athletes: Age-related changes in performance and skeletal muscle structure and function. Clin J Sport Med 2008; 18 (6): 501-507.]. Garrick JG, Lewis SL. Career hazards for the dancer. Occup Med 2001; 16(4): 609-618. GOMES, W. D. F.; Natacao: uma alternativa metodologica. Rio de Janeiro: Sprint, 1995. - Pág. 104 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 YANAI T, HAY JG. Shoulder impingement in front-craw swimming: II. Analysis of stroke technique. Med Sci Sport Exer 1998; 32: 30-40. YANAI T, HAY JG, MILLER GF. Shoulder impingement in front-craw swimming: II. Analysis of stroke technique. Med Sci Sport Exer 1998; 32: 21-29. JÚNIOR, J. N.; PASTRE, C. M.; MONTEIRO, H. L. Alterações posturais em atletas brasileiros do sexo masculino que participaram de provas de potência muscular em competições internacionais. Rev Bras Med Esporte, Vol. 10, Nº 3, Mai/Jun, 2004. MAHARAM LG, BAUMAN PA, KALMAN D, SKOLNIK H, PERLE SM. Masters Athletes: factors affectting performance. Sports Med 1999; 28 (4): 273-285. MANSOLDO,A. C., NOBRE, D. P. A. Avaliação postural em nadadores federados praticantes do nado borboleta nas provas de 100 e 200 metros. O MUNDO DA SAÚDE SÃO PAULO: 2007: out/dez 31(4):511-520. Petri, F. C., Rodrigues, R. C.; Cohen, M.; Abdalla, R. J. Lesões musculo-esqueléticas relacionadas com a prática do tênis de mesa. Rev. bras. ortop; 37(8):358-362, ago. 2002. PINK MM, TIBONE JE. The painful shoulder in the swimming athlete. Orthop Clin Noth Am 2000; 31(2): 247-261. RODEO SA. Knee pain in competitive swimming. Clin Sports Med 1999; 18(2): 379- 387. RUPP S, BERNINGER K, HOPF T. Shoulder problems in high level swimmers – impigement, anterior instability, muscular imbalance?. Int J Sports Med 1995; 16(8): 557562. SANTOS MJ, BELANGERO WD, ALMEIDA GL. The effect of joint instability on latency and recruitment order of the shoulder muscles. J Electromyogr Kinesiol 2007; 17(2): 167175. WOLF BR, EBINGER AE, LAWLER MP, BRITTON CL. Injury patterns in division I collegiate swimming. Am J Sports Med 2009; 37(10): 2037-2042. - Pág. 105 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 COMPARAÇÃO ENTRE A FLEXIBILIDADE DA CADEIA POSTERIORA E A POSTURA DE ATLETAS DE JIU-JÍTSU DO CENTRO UNIVERSITARIO CLARETIANO DE BATATAIS. Bruno Ferreira, Graduando de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais, [email protected] Gabriel Pádua da Silva, Graduando de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Letícia Caroline Silva, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Érica Moreira de Oliveira, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Kenia Roberta Silva, Graduanda de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Edson Alves De Barros Junior, Mestre e Coordenador do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Simone Cecilio Hallak Regalo, Livre docência e Docente-Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto FORP-USP Edson Donizetti Verri, Mestre e Coordenador do Laboratório de Analise Biomecânica do Movimento do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Resumo O jiu-jítsu é uma modalidade que apóia seus princípios biomecânicos na otimização da força muscular do praticante, anulando a do oponente ou até mesmo utilizar as valências físicas deste contra ele próprio. Entretanto com a evolução do esporte de alto rendimento, tem gerado um interesse de profissionais pelo aprimoramento das técnicas desportivas. A técnica ainda esta relacionado com a postura e a flexibilidade do atleta visto que uma perda destas podem acarretar condições posturais que impossibilitaria o atleta a ter a melhor performance. Este trabalho tente a demonstrar e comparar a flexibilidade e a postura de atletas do jiu-jítsu para realizar uma correlação entre adaptações posturais e flexibilidade, para poder evitar um dos acarretadores de perda do rendimento no atleta. Buscou-se 25 atletas de jiu-jítsu do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Que apresentavam idade media de 23.2± 1.535 anos, todos do sexo masculino que já treinavam no mínimo a 7 meses, contendo um porte físico semelhante, mostrando uma homogeneidade na coleta. Após os indivíduos serem selecionados, cientes sobre o que seria realizado e terem assinado o termo de consentimento livre, foram submetidos a 2 tipos de avaliação fisioterapeutica que continham 3 etapas. A primeira contou com achados posturais derivando de uma avaliação postural global utilizando um protocolo determinado pelos próprios pesquisadores, onde era definido as alterações por cada articulação dos membros apendiculares e coluna. Os indivíduos eram submetidos ainda a uma sessão fotográfica obtendo um registro das seguintes posições: Anterior, Posterior e Lateral bilateralmente, a fim de confirmar os achados do examinador posteriormente. A segunda avaliação contemplou-se por avaliação da flexibilidade da cadeia posterior dos atletas, utilizando o Banco de Wells. Nesta avaliação pedia-se que o atleta realiza-se 3 medidas e dela era utilizada aquela de maior valor. Após estas avaliações os dados foram tabulados no Excel 2007, selecionados, separando a faixa etária, peso e altura dos indivíduos, para uma amostra mais homogênea. Os dados estatísticos foram realizados pelo programa GraphPad InStat (versão 3.05). Os dados obtidos da avaliação na flexibilidade de cadeia posterior destes atletas demonstram uma media de 20,660± 1,772, com 36% indivíduos classificados com uma condição de flexibilidade regular, 60% fraco e 4% bom. Na avaliação postural, foram verificadas alterações significativas, sendo 89,47% com alterações na coluna lombar com prevalência de 78,94% de hiperlordose, 84,21% - Pág. 106 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 com alterações em cabeça com prevalência de 68,42% de cabeça anteriorizada, 73,68% demonstraram alterações no quadril com uma maior incidência de 63,15% de anteroversão pélvica; 73,68% apresentavam alterações no joelho com maior achado de 47,36% joelhos hiperextendidos. Desta forma este trabalho conclui-se que as alterações posturais tendem a gerar alterações da flexibilidade do atleta, influenciando diretamente no seu rendimento, assim como, esta diminuição de flexibilidade, quando apresentada em condições severas podem gerar riscos para saúde do individuo. Completa-se ainda demonstrando que o jiu-jítsu não depende apenas da potencia muscular e força, pois devido a retrações e alterações posturais esta é derrubada devido uma diminuição das capacidades principais da luta. Palavras-Chaves: Jiu-Jítsu, Flexibilidade, Postura. Introdução No Brasil, o jiu-jítsu iniciou-se por volta de 1917, com a chegada do professor da arte Mitsuyo Maeda, conhecido como Conde Koma. Em Belém do Pará, Conde Koma efetuava demonstrações da luta, sendo assistido por Carlos Gracie, que se interessou pela forma de combate, aprofundando-se nesta habilidade (VÍRGILIO, 2002). Ele divide-se segundo Franchini (2003), o jiu-jítsu é uma modalidade que apóia seus princípios biomecânicos visando otimizar a força muscular do praticante anulando a força do oponente ou até mesmo utilizando as valências físicas contra ele próprio. Princípios como, resultante vetorial e distribuição de massa no momento correto, são usados nos golpes de forma a imobilizar, derrubar, neutralizar ataques, pressionar, estrangular, hiperextender e torcer as articulações dos adversários. (PADILHA, 2005). Junto com estas modalidades segundo Franken (2007) a evolução no esporte de alto rendimento tem feito com que o interesse de profissionais pelo aprimoramento das técnicas desportivas aumente a cada dia. Em diversas modalidades, a técnica tem sido ocupa cada vez mais o espaço durante as sessões de treinamento. A técnica ainda está relacionada com a postura e a flexibilidade do atleta visto que, uma perda dessas estruturas podem acarretar condições posturais que impossibilitaria o atleta a ter uma melhor performance. Por outro lado apenas a partir da segunda metade do século XX passou-se a estudar a flexibilidade de forma sistemática, como um componente importante da aptidão física referenciada à saúde e ao desempenho. Hoje é bem aceita a idéia de que níveis mínimos de amplitude articular são necessários para uma boa qualidade de vida. A flexibilidade pode ser definida, de forma operacional, como uma “... qualidade motriz que depende da elasticidade muscular e da mobilidade articular, expressa pela máxima amplitude de movimentos necessários para a perfeita execução de qualquer atividade física eletiva, sem que ocorram lesões anatomopatológicas”. (FARINATTI, 2000). Vemos ainda a flexibilidade sendo uma característica específica para cada articulação e para o movimento realizado, cada atividade impõe exigências particulares ao praticante. Muitos especialistas em medicina esportiva acreditam que a flexibilidade possa desempenhar um papel importante na prevenção de problemas como distensões, estiramentos ou lesões de 'over - training'. A alta prevalência de acidentes envolvendo essas articulações e o baixo nível de flexibilidade nelas encontrado apontaria para a necessidade de uma maior preocupação com o aspecto preventivo do trabalho da mobilidade articular no esporte. (FARINATTI, 2000). Desta forma este trabalho tente a demonstrar e comparar a flexibilidade e a postura de atletas do jiu-jítsu para realizar uma correlação entre adaptações posturais provenientes da diminuição da flexibilidade, que podem acarretar perda do rendimento no atleta. Metodologia Este trabalho buscou um total de 25 atletas de Jiu-jitsu do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Eles apresentavam uma idade media de 23.2± 1.535 contendo uma faixa etária entre 18 a 31 anos, todos do sexo masculino que já lutavam no mínimo a 7 meses em treinos, eles ainda tinham um porte semelhante entre eles mostrando uma - Pág. 107 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 homogeneidade na coleta. A amostra de idade segundo o programa estatistico foi considerado muito significativo, obtendo um p= 0.0069. Após os indivíduos serem selecionados, cientes sobre o que seria realizado e terem assinado o termo de consentimento livre, foram submetidos a 2 tipos de avaliação fisioterapeutica. A primeira contou com achados posturais derivado de uma avaliação postural global utilizando um protocolo determinado pelos próprios pesquisadores, onde eram definidas as alterações por cada articulação dos membros apendiculares, assim como alterações globais da coluna visto como todo. O paciente era mantido na posição ortostática habitual para ele em quatro vistas: anterior, posterior e lateral bilateralmente. Ainda era recomendado que o avaliador que iniciou esta etapa realizasse todas as avaliações, diminuindo viés de inter-examinador. Após esta parte os indivíduos eram submetidos a uma sessão fotográfica das posturas: Anterior, Posterior e Lateral bilateralmente, a fim de confirmar os achados do examinador. Para isto foi utilizado à padronização da biofotogramétria, porém nem um dado foi submetido aos programas gramétricos. A câmera recebeu uma padronização de 3m entre o paciente, 30cm entre a parede e o atleta, com uma altura de tripé de 90cm. A segunda avaliação contemplou-se por avaliação da flexibilidade da cadeia posterior dos indivíduos utilizando o Banco de Wells. Nesta avaliação pedia-se que o atleta realizasse 3 medidas e dessa medida era utilizada aquela de maior valor. Foi orientado sobre a recomendação de manter o calcanhar o tempo todo sobre o apoio no banco, assim como não empurrar o marcador em um impulso, mas sim ir gradativamente deslizando, esta fase era acompanhada com uma monitoração visual do examinador nos membros inferiores para evitar flexão dos joelhos. Após estas avaliações os dados foram tabulados no Excel 2007, selecionados, separando a faixa etária, peso e altura dos indivíduos, para uma amostra mais homogênea. Para conversão em dados estatísticos foi utilizado o programa GraphPad InStat (versão 3.05). Resultados - Pág. 108 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Os dados obtidos da avaliação na flexibilidade de cadeia posterior destes atletas demonstraram uma média de 20,660± 1,772 (tabela 1), com 36% indivíduos classificados com uma condição de flexibilidade regular, 60% fraco e 4% bom (gráfico 1) . Idade Valores Obtidos Classificação 31 28 Regular 19 27 Regular 19 26 Regular 30 20 Fraco 20 29 Regular 20 34 Regular 21 30 Regular 25 18 Fraco 29 14,5 Fraco 27 12 Fraco 22 35 Bom 29 26 Regular 25 20 Fraco 15 18 Fraco 19 12 Fraco 18 20 Fraco 26 27 Regular 31 26 Regular 24 9 Fraco 31 24 Fraco 19 23 Fraco 19 9 Fraco 25 11 Fraco 27 18 Fraco 23 0 Fraco Media 20.660 ±1.722 Tabela 1: Flexibilidade dos Atletas segundo Wells & Dillon, 1952. Gráfico 3: Flexibilidade dos Atletas Na avaliação postural, foram verificadas alterações significativas, sendo 89,47% com alterações na coluna lombar com prevalência de 78,94% de hiperlordose, 84,21% (gráfico 2) com alterações na cabeça com prevalência de 68,42% de cabeça anteriorizada, 73,68% demonstraram alterações no quadril com uma maior incidência de 63,15% de anteroversão pélvica; 73,68% apresentavam alterações no joelho com maior achado de 47,36% de joelhos hiperextendidos (gráfico 3). - Pág. 109 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Gráfico 4: Prevalência das alterações posturais Gráfico 5: Alterações Posturais nos Atletas de Jiu-Jítsu Discussão Assim pode-se observar uma relação entre as alterações posturais com a perda de flexibilidade, isto justifica-se juntamente com Taylor (1990) onde demonstra que baixos índices de flexibilidade podem estar associados a problemas posturais, algias, níveis de lesões, diminuição da vascularização local, aparecimento das adesões, e aumento de tensões neuromusculares. Vindo de encontro com o trabalho proposto onde demonstra que alterações posturais em cadeia posterior e assim como uma flexibilidade regular foram detectadas. Contudo ainda pode ser observado segundo zito (1983), que demonstra as alterações posturais dos atletas ocorrendo devido ao treinamento intenso e repetitivo de uma modalidade esportiva, proporcionando a hipertrofia muscular e a diminuição da flexibilidade, causando desequilíbrio entre a musculatura agonista e antagonista, favorecendo a instalação de alterações posturais. Atentando ao fato de lesões que podem gerar alterações posturais, vê-se que Segundo Carpeggiani (2004) o local anatômico mais freqüentemente acometido por lesões, foi o joelho (27%), diferindo dos resultados encontrados em trabalhos focados no judô, modalidade esportiva que mais se aproxima do jiu-jítsu, apontaram o ombro como região anatômica mais lesada (72,13%). Ainda vemos uma preocupação voltada à saúde dos atletas, pois segundo Araújo (1998) evidencia também a necessidade do treinamento da flexibilidade em diferentes faixas etárias em função das perdas de amplitude em diversas articulações, podendo afetar negativamente a saúde na qualidade de vida. Confirmado por Alter (1996) que relaciona a - Pág. 110 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 flexibilidade diretamente com o movimento humano, sendo possíveis adaptações fisiológicas e mecânicas com o treinamento. Desta forma derruba-se por terra a idéia de Farenatti (2000) onde cita que enquanto o desempenho de corredores de longa distância e nadadores pode depender significativamente de sua potência aeróbia máxima, em modalidades como o judô ou luta greco-romana onde a força e a potência muscular seria mais importante, enquanto que na ginástica e nado sincronizado a flexibilidade é destacada. Concordando com a quebra desta fundamentação Carvalho (2004) sita que quando um músculo se encurta para gerar força e concomitantemente potencializa ao levantar uma carga constante, a tensão desenvolvida em uma determinada amplitude de movimento depende do comprimento do músculo, do ângulo de tração do músculo sobre o esqueleto e da velocidade do encurtamento. Conclusão Desta forma este trabalho conclui-se que as alterações posturais tendem a gerar complicações da flexibilidade do atleta, influenciando diretamente em seu rendimento, assim como a diminuição da flexibilidade quando não observado pode gerar riscos para a saúde do indivíduo. Completa-se ainda demonstrando que o jiu-jítsu não depende apenas da potencia muscular e força, pois devido às retrações e alterações posturais gerarem uma diminuição das capacidades principais da luta. Referencia Bibliográfica ARAÚJO, C.G.S.; PEREIRA M.I.R, FARINATTI P.T.V. Body Flexibility Profile From Childhood to Seniority – data from 1874 male and female subjects. Medicine Sciencie of Sports and Exercises; v.30, p. S115, 1998. Alves, L. S. Análise postural em atletas de judô da equipe da unisul. Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia da Faculdade Universidade do Sul de Santa Catarina. Tubarão, 2005 CARVALHO, L., SIMÕES, J. A., Finite element analysis of the behavior of the human periodontal ligament in the tooth-bone structure, 6th International Symposium on Computer Methods in Biomechanics and iomedical Engineering, Madrid, 2004. CARPEGGIANI, J. C. Lesões no Jiu-jitsu: estudo em 78 atletas. 36p. Graduação, 2004. Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu – CBJJ, disponível em: http://www.cbjj.com.br/regras.htm (data de acesso: 30/03/2010). DEL VECCHIO, F. B.; et al.. Analise morfo-funcional de praticantes de brazilian jiu-jitsu e estudo da temporolidade e da qualificação das ações motoras na modalidade, Movimento e Percepção, v.7, n 10. jan/jun 2007. FARINATTI, P. T. V. Flexibilidade e Esporte: Uma Revisão da Literatura. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, 14(1):85-96, jan./jun. 2000. FRANCHINI, E.; TAKITO, M. Y.; PEREIRA, J. N. C. Freqüência cardíaca e força de preensão manual durante a luta de jiu-jitsu. Revista Digital: Lécturas Educación Física y Deportes. Buenos Aires, v.9, n. 65, 2003. http://www.efdeportes.com/efd65/jiujitsu.htm FRANCLINI, E.; et al..Frequencia cardíaca e força de prensao manual durante a luta de jiu-jitsu, Revista Digital, Ano 9. n 65, outubro 2003. FRANKEN, M.; CARPES, F. P.; CASTRO, F. A. S. CINEMÁTICA DO NADO CRAWL, CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E FLEXIBILIDADE DE NADADORES UNIVERSITÁRIOS. Xv CONGRESSO Basileiro de ciências do esporte e II congresso internacional de ciências do esporte, 2007. IDE, B. N.; et al.. Possíveis lesões decorrentes das técnicas do jiu-jitsu desportivo, Revista Digital, Ano 10. n83, abril 2005. KANO, J. Konokan Judo. Kodansha International: New York, 1994 Júnior, J. N.; Pastre, C. M.; Monteiro, H. L. Alterações posturais em atletas brasileiros do sexo masculino que participaram de provas de potência muscular em competições internacionais. Rev Bras Med Esporte, Vol. 10, Nº 3, Mai/Jun, 2004. - Pág. 111 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 PLATONOV,.V. N.. Teoria geral do treinamento desportivo olímpico. Porto Alegre: Artmed, 2004. TAYLOR, D. C., DALTON, J.D., SEABER, A.V, GARRETT W. E. Viscoelastic Properties of Muscle Tendon Units. The Biomechannical Effects of Stretching. The American Journal of Sportes Medicine. 1990; 18(3):300-308. VIRGÍLIO, S. Personagens e Histórias do Judô Brasileiro. Átomo: Campinas, 2002. ZITO, M. The Adolescent Athlete: A Musculoskeletal Update. J. Orthop. Sports Phys. Ther. 1983;5:20-5. - Pág. 112 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 PROPOSTA DE TREINANENTO FÍSICO NO PERÍODO PRÉ-COMPETITIVO PARA UMA EQUIPE FEMININA DE VOLEIBOL MARCELO FRANCISCO RODRIGUES Educador Físico – UNIFAE/ Especialista em Treinamento Desportivo – UNIFMU/ Professor da Prefeitura Municipal de Aguaí [email protected] HENRIQUE MIGUEL Educador Físico – UNIFAE/ Especialista em Treinamento Desportivo – UNIFMU/ Mestrando em Motricidade Humana - UCA / Técnico Desportivo da Prefeitura Municipal de Aguaí SÍLVIO CÉSAR DOS SANTOS SOUZA Educador Físico – ESEFM/ Pedagogo – FACHA/ Docente da Faculdade de Ciências Humanas de Aguaí RESUMO Com a evolução e espetacularização do voleibol, este se tornou uma modalidade muito praticada e rentável. Todo esse processo vigente a cidade de São João da Boa Vista, após investimentos relevantes a sua equipe de voleibol feminino adulto, aprimorou os treinamentos da mesma, propondo uma periodização especifica onde foram combinados os treinamentos físicos os quais anteriormente não faziam parte da programação, sendo esses trabalhos físicos, os quais foram investigados os treinamentos compostos por treinamento de força na academia e treinamentos em quadra, a fim de observar o processo de elevação dos níveis físicos da equipe, sendo esses treinamentos observados através de testes de controle durante três semanas, trabalhos físicos esses tão exigidos dentro do Voleibol, seguindo uma coerência o qual o esporte em si. Provocando com esse trabalho futuras discussões sobre treinamentos físicos em períodos específicos na programação das equipes de Voleibol. Palavras-chave: Voleibol; Treinamento Físico; Periodização. 1. INTRODUÇÃO Segundo Rizzola Neto (2003), o voleibol foi o esporte que mais modificou suas regras sem modificar sua estrutura de jogo. Com o passar do tempo foi se moldando à medida que os interesses comerciais se acharam necessários, fazendo dele hoje, um dos esportes mais praticados e assistidos no mundo. A plasticidade e a constante passagem de situações entre defesa e ataque, despertam um enorme interesse do público, levando a uma grande atividade econômica dentro de nosso país. O voleibol se tornou um dos jogos esportivos mais praticados no mundo com mais de 200 milhões de jogadores. Esse fator se dá pelo esporte requerer uma quantia mínima de implementos e uma variável situação nos níveis de habilidades. (TILMAN et all, 2004) Como relata Marchi Júnior (2001), a passagem do amadorismo para o profissionalismo, e, consequentemente para a espetacularização da modalidade, fez com que houvesse um número grande de novos adeptos a este esporte, aumentando o interesse da mídia em comprar direitos de imagem e uma enorme busca pela audiência televisiva. Tais situações fizeram com que a modalidade evoluísse em todos seus âmbitos competitivos. Profissionais e atletas eram cada vez mais postos a prova, e o treinamento passou a ser fundamental para que essa espetacularização fosse observada com bons - Pág. 113 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 olhos para torcedores, meros espectadores e até mesmo, os donos dos direitos de transmissão dos jogos. Isso não ocorreu apenas com o voleibol. Quanto mais rendimento um atleta conseguia em determinado esporte, mais ele ajudaria sua equipe, deixando o espetáculo muito mais belo, atraindo cada vez maiores massas para dentro de um estádio ou até mesmo de um ginásio. O atleta precisaria estar sempre em ótimas condições, muito bem preparado para desempenhar o papel que lhe era atribuído dentro da modalidade em que exercera sua profissão. Certamente, com o estalar da modalidade, o profissionalismo dos atletas se tornou uma forma grande de renda para as equipes antes ditas como amadoras, fazendo com que o trabalho propriamente dito com os atletas, até mesmo nas categorias de base, fossem levados a um âmbito totalmente atípico (GUIMARÃES e MATTA, 2004). Com certeza, como citado acima, foi a modalidade coletiva que mais sofreu modificações em suas regras desde sua invenção, passando a dar a cada atleta, uma condição específica dentro das posições em que atuam, distribuindo tarefas para o bom rendimento da equipe. Observando tais situações, os autores deste estudo tomaram por base estas circunstâncias para desenvolver uma abordagem de trabalho para preparação física de levantadores de alto-rendimento, através de uma longa pesquisa bibliográfica dos maiores autores sobre o assunto. O treinamento físico se realiza para o aprimoramento das capacidades motoras, melhorando o nível de desempenho em atividades musculares específicas. Barbanti (1996, p.52) relata que “o treinamento físico é uma repetição sistemática de movimentos que produzem reflexos de adaptação morfológica e funcional, com o objetivo de aumentar o rendimento num determinado espaço de tempo”. Estudos sobre a preparação específica de determinado atleta são muito raros na literatura, principalmente em um esporte que vem desenvolvendo seu interesse maior há poucos anos, fazendo com que isso se torne um ponto fundamental de interesse dos autores deste estudo. Para Borsari (1996), os atletas do voleibol, com a evolução atual do jogo, foram obrigados a se tornarem jogadores mais atléticos, com movimentos que exigem muita velocidade e violência, sempre enfocando a habilidade,. Hoje, devem ter uma estatura privilegiada, facilitando seus ataques e bloqueios. Segundo Bizzochi (2004), com as mudanças para as regras atuais, o jogo passou a se tornar mais dinâmico, e as partidas quase nunca passam de uma hora e meia de duração, assim, o metabolismo predominante para a atividade realizada é composta por estímulos anaeróbios, ou seja, de máxima intensidade e curta duração. Conseqüentemente essa evolução do esporte, proporcionou a equipe de Voleibol de São João da Boa Vista a investir firmemente, pois os resultados regionais que obtiveram foram muito satisfatórios e a comissão técnica, viu-se obrigada a procurar novos métodos de treinamento, inclusive a parte física, onde recebe uma atenção especial o qual é um dos fatores primordiais para o sucesso da equipe. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Amostra Os indivíduos participantes desse estudo fazem parte da equipe de Voleibol Feminino Adulto da cidade de São João da Boa Vista, com uma média de idade de 19,5 ± 0,7 anos, com uma média de 66,5 kg e com uma altura média de 1,76 ± 0,7 cm. Onde foram avaliados a partir de testes controles no inicio do período pré competitivo, levando em conta os treinamentos físicos, divididos entre trabalhos de musculação e trabalhos combinados em quadra, de acordo com o período especifico pré competitivo propostos neste trabalho. A partir dessas avaliações observaremos todos os resultados dos treinamentos físicos propostos durante as três semanas conseqüentes ao período précompetitivo. - Pág. 114 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 2.1.1. Testes de Força Explosiva Impulsão Vertical Material: - Fita métrica fixada verticalmente na parede, de maneira descente, onde a marca zero deve ficar no ponto mais alto da parede. - Pó de giz - Cadeira Procedimentos O avaliado deve estar em pé, de lado para a parede, com os braços estendidos acima da cabeça. Nessa posição, deve marcar com pó de giz o ponto alto que posso alcançar. Em seguida, deve fazer pequena flexão de pernas e saltar, marcando com a ponta dos dedos o ponto mais alto atingido. Devem ser realizadas três tentativas. Para determinar a impulsão, deve-se subtrair o valor inicial do maior valor alcançado durante as tentativas. Exemplo: o avaliado na posição inicial toca o ponto 100 da fita métrica. Durante a série de saltos atinge 65,66 e 64. Como a fita está no sentido descendente, a melhor marca é 64. Para obter o resultado, deve-se efetuar 100 – 64 = 36. Esse valor corresponde a impulsão vertical em centímetros. Impulsão Horizontal - Fita métrica - Pó de giz Procedimentos O avaliado deve estar com os pés paralelos, no ponto de partida. Ao sinal do avaliador, deve saltar no sentido horizontal, tentando alcançar o ponto mais distante possível. É permitida a movimentação livre de braços e tronco. São realizadas três tentativas, registrando-se a marca na parte posterior do pé, sendo considerada a maior distancia alcançada. 2.1.2. Testes de Agilidade A agilidade é caracterizada pela capacidade de realizar trocas rápidas de direção e deslocamento do centro de gravidade do corpo. Para avaliar a agilidade, podemos utilizar: Teste de Shuttle Run O avaliado coloca-se na linha de partida. Ao ouvir o comando de partida, deve correr o mais rápido possível ate a outra linha, pegar o primeiro bloco, voltar até a linha de partida e depositar o bloco, voltar ate a outra linha e pegar o segundo bloco, voltar ate a linha de partida, depositar o bloco e ultrapassá-la. Nesse momento, o avaliador deve registrar o tempo gasto para a realização do trabalho descrito. Ao pegar e deixar os blocos, o avaliado deve seguir uma regra básica: transpor com pelo menos um dos pés as linhas que demarcam o espaço. Os blocos devem ser jogados, mais colocados no solo 2.2. Tratamento estatístico - Pág. 115 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 As médias das variáveis pré e pós-treinamento foram descritas por média aritmética e desvio padrão e foram comparadas pelo teste t de Student para amostras dependentes, com nível de significância de p<0,05. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das variáveis discutidas, neste trabalho, no período pré-compettivo das atletas, no pré-teste de impulsão horizontal obteve o valor médio de 198,0±9,8 cm sendo o pós teste de impulsão horizontal após 3 semanas de treinamento físico foi de 208,0±9,0 cm, mostrando que o treinamento obteve resultado satisfatório e significativo estatisticamente. No resultado do pré-teste de impulsão vertical obtivemos a variável de 42,3±13,2 cm, e o pós teste a variável satisfatória e significativa estatisticamente de 42,3±13,2 cm segundo o teste T de Stundent. Consequentemente o único teste que não houve melhora significativa estatisticamente foi o de agilidade ( shuttle run ). Segundo Newton, Kraemer e Hakkinen (1999), demonstraram num programa de 8 semanas de treinamento com sobrecarga que o treinamento com sobrecarga, é importantíssimo para o aumento significativo no nível de saltos verticais em atletas de voleibol de alto nível. Verkhonshanski (1990), em um estudo com atletas de voleibol de alto nível, que adquiriam a maestria técnica, principalmente em relação aos saltos a partir de trabalho de força especial, a medida que o nível dos grupos musculares são mais exigidos. Tabela 1 – valores de média aritmética (X), desvio padrão (SD) referente á comparação das variáveis antropométricas antes e após um programa de treinamento de força. Variáveis antropométricas Pré Pós t p Impulsão Horizontal (cm) X ± SD 198,0±9,8 X±S 208,0±9,0 4,344 0,002 Impulsão Vertical (cm) 42,3±13,2 44,6±13,4 -9,496 0,001 Agilidade (seg) 11,89±0,65 11,50±0,75 -1,112 0,456 *p<0,05 diferença estatística significativa entre os valores médios pré e pós treinamento 4. CONCLUSÃO Podemos concluir nesse trabalho, que a preparação física se faz cada vez mais importante no Voleibol, esse sendo um diferencial predominante na busca do alto nível de resultados, e que ficou evidente a evolução física da equipe, levando em conta ser a primeira vez que a questão física tem uma relevância, porém isso abre discussões para novos pressupostos e também para novas pesquisas e elaboração dos treinamentos físicos da equipe. Os resultados dos testes mostraram uma diferença significativa na impulsão horizontal e impulsão vertical, levando a crer que os trabalhos físicos foram benéficos para os membros inferiores, já o teste de agilidade mostrou um valor não significativo, nos mostrando assim que os trabalhos de agilidade não surtiram um efeito tão aparente, sendo que agilidade é um dos fatores determinantes no voleibol já que se trata de um esporte dinâmico e ágil. Partindo desse pressuposto, novos treinamentos deverão ser elaborados visando aumentar ainda mais esses resultados, buscando a excelência dos resultados. - Pág. 116 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 REFERÊNCIAS ARRUDA, M. Fisiologia do Voleibol. São Paulo: Phorte, 2008 BOMPA, Tudor O. Periodização: teoria e metodologia do Treinamento/ Tudor O. Bompa; [Tradução de Sergio Roberto Ferreira Batista].Phorte Editora, 2002 BARRIEL, G.P.; FONTOURA, A.; FOPPA, G. Avaliação quantitativa de saltos verticais em atletas de voleibol masculino na Superliga 2002/2003. Disponível em: www.efdeportes.com/efd73/volei.htm. Acesso em 26 de março 2009. BIZZOCHI, C. O voleibol de alto nível: da iniciação a competição. 2.ed. Barueri: Manole, 2004. BOJIKIAN,J,C. Ensinando Voleibol. 4ª edição ampliada e revista – São Paulo, 2008. BORSARI, J.R. Volibol: Aprendizagem e treinamento. Um desafio constante. Variações do Volibol: Vôlei de praia. Fut-Volei. Vôlei Quarteto. 2.ed. São Paulo: EPU, 1996. BOSSI, L.C. Musculação para o Voleibol. São Paulo: Phorte, 2007. KAUTZNER, Jr. N.M. Voleibol: Biomecânica e musculação Aplicadas. Rio de Janeiro: Palestra Sport, 2001 MATVEIÉV, L. Treinamento Desportivo: O treino e a sua organização. Lisboa: 1990 MESQUITA, M.M. Voleibol: Fundamentos técnicos e treinamento dos fundamentos técnicos. São Bernardo do Campo: BD Empreendimentos, 2001. NEWTON, R.U.; KRAEMER, W.J, HAKKINEN, K. Effects of ballistic train on preseason preparation of elite volleyball players. Medicine and Science in Sports and Exercise. 31(2) 323-329, 1999. OLIVEIIRA, P, R,Efeito Posterior de Treinamento Duradouro (EPDT) das cargas concentradas de Força – Investigação a partir de ensaio com equipe infantojuvenil de voleibol, 1997. 187p Dissertação (Doutorado) Faculdade de Educação Física Universidade Estadual de Campinas, Campinas 1997. OLIVEIIRA, P, R. Periodização Contemporânea do Treinamento Desportivo: Modelo de Cargas Concentradas de Força. São Paulo: Phorte, 2008. RIZOLA NETO, A. Uma proposta de preparação para equipes jovens de voleibol feminino. 2003. 114p. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.. PITANGA, J.F. Testes, Medidas e Avaliações em Educação Física,3ª ed. São Paulo, Phorte, 2004. UCHIDA, M, C. Manual de Musculação:Uma abordagem Teórico-prática do Treinamento de Força,.São Paulo: Phorte, 2005 - Pág. 117 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 VERKHONSHANSKY, Y.V. Entrenamiento deportivo: planificacion y programacion. Martinez Roca. Barcelona 1990. - Pág. 118 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 ANÁLISE COMPARATIVA DOS MÉTODOS DE FLEXIBILIDADE EM IDOSOS Leandro Macedo Brites, graduado em Educação Física pela Faculdade Presbiteriana Gammon. [email protected] Orientador: Alan Peloso Figueiredo Mestre em Biotecnologia em Saúde [email protected] Resumo Com o passar dos anos o idoso perde o diálogo harmonioso com o seu corpo e sofre modificações que alteram os aspectos biológicos, funcionais, psíquicos e sociais. Estas alterações podem causar certo declínio na capacidade funcional do idoso, limitando sua independência e conseqüentemente sua qualidade de vida. Esta pesquisa tem por finalidade demonstrar a possibilidade de avaliação da flexibilidade, componente de extrema importância para a saúde humana, em 16 pessoas de melhor idade, do sexo feminino dos municípios de Bom Sucesso e São João Del rei. Através do teste de sentar e alcançar do banco de adaptado, a fim de atender os diferentes biótipos existentes e avaliar a amplitude total de flexibilidade. Percebe-se necessidade de novos estudos antes de afirmar a eficácia dos métodos ativo e passivo. Entretanto, esta pesquisa comprovou que ambos os grupos melhoraram seu desempenho de flexibilidade. Palavras chaves: 3ª idade, flexibilidade, banco de Wells ABSTRACT Over the years the elderly lose the harmonious dialogue with your body and undergoes changes which alter the biological aspects, functional, psychological and social. These changes may cause some decline in functional capacity of the elderly, limiting their independence and consequently their quality of life. This research is to demonstrate the possibility of assessing the flexibility, component of extreme importance to human health in 16 people with better age, sex female of the municipalities of Bom Sucesso and São João del Rei, through the sit and reach test of the bank of wells, upgraded, in order to meet the different biotypes exist and to evaluate the full range of flexibility. Realizes the need for new research before you say the effectiveness of the method assets and liabilities. However this research showed that both groups improved their performace for flexibility. Words keys: 3ª age, flexibility, bank of Wells INTRODUÇÃO O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e segundo Gonçalves, (2001), em 2025, 15% da população brasileira (34 milhões) estará acima de 60 anos, sendo que nesse período haverá um aumento médio de 6,5% de idosos ao ano e, ao mesmo tempo, uma redução nos números absolutos de jovens entre 0 e 14 anos. Esse mesmo autor relata que, com o envelhecimento da sociedade, o brasileiro vai conviver mais com idosos, permitindo às gerações que amadurecerem ter um paradigma do que é ser velho. Para combater a inércia à qual os idosos estão confinados, nada melhor do que o movimento. É uma forma de adiar o repouso absoluto. Atualmente, vários autores estão fazendo estudo sobre o envelhecimento e suas degenerações, transmitindo à sociedade considerações importantíssimo sobre as perspectivas de vida na melhor idade. Dentre essas degenerações, a atrofia muscular deve ter uma atenção especial, pois ela proporciona varias limitações como: dificuldade - Pág. 119 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 em agachar, amarrar sapatos, enxugar-se, pentear-se; pouca flexibilidade articular e dores em extensão de membros. Essas limitações comprometem a qualidade de vida e a auto-estima. Verificar o grau de flexibilidade e mostrar o quanto o exercício físico é importante contra o encurtamento muscular é o objetivo do presente estudo. Nos estudos de Zauadski (2007) demonstra que a classe da melhor idade necessita de um maior incentivo à prática esportiva ou atividades físicas constantes. Sugere ainda que o treino de flexibilidade proporciona bem-estar, força muscular e acima de tudo, bom condicionamento físico. Flexibilidade foi definida por Holland citado por Dantas e Soares (2001) como a qualidade física responsável pela “... amplitude de movimento disponível em uma articulação ou conjunto de articulações”. Essa variável é um importante componente da capacidade física e relaciona-se com a execução de tarefas específicas do dia-a-dia. A idade, o sedentarismo e doenças como diabetes e hipertensão arterial da maior parte dos idosos, diminuem a capacidade de flexionar ossos e músculos e costumam impossibilitar muitas atividades físicas, devido ao risco de futuros problemas. Segundo Achou Júnior citado por Guadagnine e Olivoto (2004) “avaliar a flexibilidade usando o teste de sentar e alcançar é importante porque avalia duas importantes regiões corporais (coluna lombar e isquíotibiais)” Analisando esses estudos, podemos notificar a real situação da “atrofia” muscular e sugerir a manutenção da flexibilidade através de exercícios que provoquem uma regressão nesse encurtamento. Por tanto, na Melhor Idade, selecionar atividades físicas de acordo com a capacidade individual proporciona segurança e prazer para desenvolver as atividades da vida diárias, tornando a vida mais ativa. REVISÃO DE LITERATURA A prática regular de exercícios físicos é uma estratégia preventiva, primária, atrativa e eficaz para manter e melhorar o estado de saúde física e psíquica em qualquer idade. Tendo efeitos benéficos diretos e indiretos para prevenir e retardar as perdas funcionais do envelhecimento, reduzindo o risco de enfermidades e transtornos freqüentes na terceira idade tais como as coronariopatias, hipertensão, diabetes, osteoporose, desnutrição, ansiedade, depressão e insônia (POLIDORI et al CITADO POR REBELATTO JR, 2006). Ainda o autor cita que os exercícios contribuem significativamente para a flexibilidade e estabilidade das articulações. Exercícios resistidos melhoram a força tensora dos tendões e ligamentos, os exercícios de flexibilidade mantêm a elasticidade dos tendões Ligamentos e músculos permitindo, assim, uma melhor amplitude de movimento articular. Os exercícios de alongamento são fundamentais para os idosos recuperarem a confiança nos movimentos e se livrarem do fantasma da invalidez. Em relação à recuperação da força muscular em idosos, estudos têm demonstrado que ela pode ser conseguida mediante programas de condicionamento físico, de força e resistência, de alta ou baixa intensidade, inclusive em nonagenários (CHARETTE et al, CITADO POR REBELATTO JR, 2006). A capacidade que os idosos têm de manter-se independentes, parece depender, em grande parte, da manutenção da flexibilidade, força e resistências musculares, características que em seu conjunto poderiam ser consideradas como componentes da aptidão muscular. (PENDERGAST, et al citado por FARINATTI E LOPES, 2004). Um exemplo da influência desses componentes sobre a aptidão físico-funcional no envelhecimento, diz respeito à alteração no padrão normal da marcha. O processo de envelhecimento parece associar-se a modificações desfavoráveis na forma de andar, no aumento do tempo necessário para se percorrer certa distância, na necessidade de se utilizar apoio para o deslocamento (ALTER citado por FARINATTI E LOPES, 2004). A prática regular de atividade física beneficia variáveis fisiológicas, psicológicas e sociais. O - Pág. 120 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 aumento da força muscular, o aumento do fluxo sangüíneo para os músculos, o aprimoramento da flexibilidade e amplitude de movimentos, a diminuição do percentual de gordura, a melhora dos aspectos neurais, a redução dos fatores que causam quedas, a redução da resistência à insulina, a manutenção ou melhora da densidade corporal óssea, a melhora da postura, podem ser considerados alguns dos benefícios fisiológicos que a atividade física propicia ao organismo (NAHAS citados por GÁSPARI E SCHWARTZ, 2005). A atividade física regular na terceira idade proporciona múltiplos efeitos benéficos a nível antropométrico, neuromuscular, metabólico e psicológico, o que além de servir na prevenção e tratamento das doenças próprias desta idade, melhora significativamente a qualidade de vida do indivíduo e sua independência (MATSUDO E MATSUDO, 1992) Métodos para o desenvolvimento da flexibilidade: Segundo Ghorayeb e Barros (1999): Alongamento Balístico - Consiste em executar um movimento de forma explosiva, procurando dessa forma, atingir o limite da articulação. Na medida em que o segmento se aproxima do limite articular, perde velocidade em função da resistência elástica dos componentes articulares. É muito suscetível a lesões, mas comum em alguns esportes como lutas e dança. Alongamento por Insistência - é executado de forma menos explosiva que o primeiro, porém, ao final do movimento, quando os componentes elásticos e neuromusculares provocam o retorno do segmento à posição inicial, procura-se insistir o movimento de amplitude máxima por várias vezes. Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) (Método ativo/passivo) - esse método é calcado no acionamento do fuso muscular durante a primeira fase, que ira provocar uma contração involuntária. Logo após, o individuo somará a essa contração, a sua contração volitiva, acionando o órgão tendinoso de golgi, que irá provocar um relaxamento reflexo. O resultado desse método é um aumento de flexibilidade com grande trabalho de plasticidade. Alongamento Estático: move-se o grupo muscular lentamente até uma determinada amplitude de movimento que cause certa tensão (desconforto) muscular, permanecendose nessa posição por um tempo. É importante para eliminar algum encurtamento muscular. Alongamento Passivo: é feito com a ajuda de forças externas (aparelhos, companheiros), em um estado de relaxamento da musculatura a ser alongada. É fundamental para diminuir as possibilidades de lesões e tem como objetivo a recuperação ou manutenção da flexibilidade. Alongamento Ativo: É determinado pelo maior alcance do movimento voluntário, utilizando-se as forças dos músculos que realizam o movimento e o relaxamento dos músculos opostos. É considerado funcional nos movimentos diários. Alongamento Postural: Diminui as tensões musculares e favorece o bem-estar, estimulando a consciência corporal. A escolha do exercício físico para idosos é mais complexa do que para os jovens, pois, normalmente, são sedentários há muitos anos e a perda de aptidão física impossibilita algumas atividades. Salgado citado por Zimermann (2007) acredita que a longa história da vida acentua as diferenças individuais. E, por tais motivos, SANTARÉM citado por Zimermann (2007) sinaliza para os programas individuais sistematizados de condicionamento físico, como a melhor opção de exercícios físicos para idosos. METODOLOGIA - Pág. 121 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Utilizou-se para a realização dessa pesquisa, uma abordagem analítica – crítica, de natureza qualitativa e quantitativa, com pessoas que fazem parte do grupo da Melhor Idade dos municípios de Bom Sucesso e São João Del Rei, baseado na metodologia do banco de Wells, para realizar o teste “sentar e alcançar” de flexibilidade, onde as seqüências das referência são as seguintes; Excelente Bom Médio Regular Fraco 22 cm ao mais Entre 19 e 21 cm Entre 14 e 18 cm Entre 12 e 13 cm 11 cm ou menos O universo do estudo foi constituído em: Amostra – envolvimento de 2 grupos de 8 idosos com idade entre 58 e 79 anos, do sexo feminino, que não praticam atividades físicas regularmente Procedimento – entrevista, com duração máxima de 5 minutos, para não estressar os idosos sobre identidade e hábitos de vida; aplicação do teste de sentar e alcançar, envolvendo as pessoas de maneira que são avaliadas sentadas no colchonete, da marca Caloi, com os pés encostados embaixo da caixa, pernas estendidas, as mãos sobrepostas deslizando sobre a caixa, sem a ajuda do treinador, até alcançar a distância máxima conseguida, em três tentativas, sendo anotada a maior. ( Freitas JR & BARBANTI citado por Guadagnine e Olivoto (2004); treinamento com exercícios de alongamentos, com o grupo de Bom Sucesso para método ativo e o de São João Del rei com o método passivo, de acordo com as possibilidades de cada membro. Avaliação – análise do desempenho, através de gráficos, com dados dos testes dos idosos coletados antes e depois de trinta dias de treinamento. RESULTADOS e DISCUSSÃO MÉTODO ATIVO - Pág. 122 - Indivíduo Alteração(%) Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Metodo Ativo Alongamento (cm) 1 100 2 30,76923077 Bom Sucesso (ativo) 3 15,38461538 teste1 teste2 4 4,761904762 4 8-4 5 13 17 6 66,66666667 7 0 13 15 821 7,142857143 22 25 24 3 5 11 11 14 15 30 25 20 15 10 5 0 1º Teste 2º Teste 1 2 3 4 5 Individuos Media 13 14,625 Porcentagem de Melhora na media 12,5 Desv. Pad. 7,502381 6,523309852 - Pág. 123 - 6 7 8 Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 FIGURA 1 – QUADROS E GRÁFICO DO TESTE DE FLEXIBILIDADE – GRUPO ATIVO MÉTODO PASSIVO Metodo Passivo 35 30 Alongamento (cm) SJDR (passivo) teste1 teste2 5 11 24 21 10 17 9 10 28 28 26 30 21 28 18 17 25 20 1º Teste 15 2º Teste 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Individuos Media 17,625 20,25 Porcentagem de Melhora na media 14,89361702 Desv. Pad. 8,634441 7,814821084 Indivíduo Alteração(%) 1 120 2 -12,5 3 70 4 11,11111111 5 0 6 15,38461538 7 33,33333333 8 -5,555555556 FIGURA 2 – QUADROS E GRÁFICO DO TESTE DE FLEXIBILIDADE – GRUPO PASSIVO Os testes realizados nos municípios de Bom Sucesso e São João Del Rei, avaliaram dezesseis pessoas do sexo feminino, com idades variando entre 58 e 79 anos. A classificação da flexibilidade, medida no banco de Wells, depois de um mês de treinamentos, apresentou o método passivo uma melhora das médias de 14,89% em relação ao método ativo (12,5%), conforme demonstrado mediante as figuras acima: As estatísticas apresentadas acima referem-se a pessoas que não praticavam atividades físicas com um índice médio de flexibilidade. No entanto, treinadas duas vezes por semana, durante um mês, melhoraram seu desempenho, demonstrando que apesar da perda natural de força muscular com o envelhecimento as atividades físicas podem melhorar a flexibilidade, componente de extrema importância para vida e independente. De uma forma geral, o processo de envelhecimento envolve uma perda progressiva das aptidões funcionais do organismo (ALVES et al. citado por FARINATTI E LOPES, 2004), sendo que, do ponto de vista fisiológico, algumas degenerações comuns a esse processo envolvem diminuição de força e resistência muscular, amplitude articular, perda de massa corporal magra, redução da flexibilidade (LEITE, citado por FARINATTI E LOPES, 2004). Além disso, a teoria de WEINEK citado por Guadagnine e Olivoto (2004), esclarece que um treinamento causa adaptações energéticas metabólicas que em contraposição as - Pág. 124 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 seqüências de movimento aprendido, são anuladas novamente, através de falta de movimento. CONCLUSÃO Os testes de “sentar e alcançar” realizados nos municípios de Bom Sucesso e São João Del Rei com idosos do grupo da Melhor Idade que não praticavam atividades físicas comprovaram que embora o método passivo em termos percentuais seja mais eficiente para ganho de flexibilidade, os resultados não são conclusivos devidos primeiros a valores próximos das porcentagens e segundo, ao pequeno número de participantes. Sugere-se que mais pesquisas sejam executadas antes de se afirmar que um ou outro método seja mais eficaz. Mas, o dado mais importante da pesquisa, é que ambos os grupos tiveram uma melhora na que tange a flexibilidade. Mesmo que alguns integrantes tenham regredido no teste a maioria obteve melhoras. Sabendo-se que a flexibilidade na melhor idade é componente da qualidade de vida, acredita-se que ambos os métodos obtiveram sucesso. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, R.V.; MOTA, J.; Costa, M.C; Alves, J.G.B. Aptidão física relacionada à saúde de idosos: influência da hidroginástica Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.10, n1, p.31-37, 2004 DANTAS EHM, SOARES JS - Flexibilidade aplicada ao Personal Training Revista Fitness e Performance - afpconsultoria.com.br 2001 FARINATTI, P.T.V. LOPES.L.N.C.Amplitude e cadência do passo e componentes da aptidão muscular em idosos: um estudo correlacional multivariado. Rev Bras Med Esporte, Sept./Oct. 2004, vol.10, no.5, p.389-394. GASPARI.J.C. e SCHWARTZ.G.M. O idoso e a ressignificação emocional do lazer. Psic.: Teor. e Pesq., Jan./Apr. 2005, vol.21, no.1, p.069-076. GONÇALVES AK. Novo ritmo da terceira idade. Pesquisa Fapesp; 67: p. 68. 2001. GUADAGNINE P. E OLIVOTO.R Comparativo de flexibilidade em idosos praticantes e não praticantes de atividades físicas Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 69 Febrero de 2004JR REBELATTO, JIC ARENILLAS O comportamento do VO2max de mulheres idosas participantes de um programa prolongado de atividade - Fisioter. Bras, 2006 bases.bireme.br MATSUDO SM, MATSUDO VKR Prescriçäo e benefícios da atividade física na terceira idade- Rev. bras. cienc. mov, 1992 - bases.bireme.br PICKLES,B; et al Fisioterapia na 3ª idade. 1ª reimpressão. Editora, Santos – SP. 2002 RIVERA.F.J.U E ARTMANN.E Planejamento e gestão em saúde: flexibilidade metológica e agir comunicativo Ciênc. saúde coletiva vol.4 no.2 Rio de Janeiro 1999 - Pág. 125 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 ZIMERMANN.M Exercícios físicos para pessoas maiores de cinqüenta anos as perspectivas do trabalho coletivo e individualizado: um estudo de caso. Revista catarinense de educação física. Ed 4º. 2007 ZAUADSKI.A.B.R. Motivos que levam os idosos a freqüentarem a sala de musculação. Revista Movimento Percepção, Espírito Santo do Pinhal, SP v.7. n.10 jan/jun. 2007. - Pág. 126 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR ESPONTÂNEO NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS EM CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL UM CONTEXTO PARA EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO HUMANA João Paulo Pomarico Lopes Oliveira Fisioterapeuta Universidade Federal de São Carlos de Minas Gerais Pontifícia Universidade Católica [email protected] Karla Aparecida Zucoloto Pedagoga Resumo O processo através do qual o brincar se estrutura e daquele pelo qual o brincar se desenvolve e se situa na origem de outras esferas da atividade humana foi mais procurada por outras ciências, notadamente a fisioterapia, a pedagogia e a psicologia. O presente trabalho tem como objetivo observar se desenvolvimento motor, compreensão da linguagem e aprendizagem. As brincadeiras, naturalmente desenvolvem o sensóriomotor. Como a brincadeira é parte integrante da formação do ser, vemos que é simples de ser assimilada e, com criatividade, torna-se uma forma de estimular a criança, principalmente dentro da pré-escola. O brincar é assim compreendido como uma atividade que possa haver a presença da imaginação, do prazer, do esforço criativo. É a partir dela, que formamos nossas concepções de vida futura, aprendizado, diferenciar o “ser do não ser” a dividir bens materiais, construir novas idéias e trilhamos caminhos para o desenvolver saudável. O não brincar, pode atrapalhar o desenvolvimento emocional, afetivo e cognitivo principalmente em crianças em fase pré-escolar. “É no brincar, e somente no brincar, que o individuo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o individuo descobre o seu eu”. Busca-se compreender se a criança capaz de melhorar as suas capacidades e habilidades motoras grossas e finas, como o sentar, o deitar, o rolar, ficar em pé e a marcha, até se a criança é capaz de usar os polegares e dedos médios para atividades de preensão, por meio de brincadeiras espontâneas e se há aprimoração de tais atividades por meio de brincadeiras dirigidas. O presente estudo teve como objetivo avaliar as possíveis mudanças no comportamento de habilidades motoras em crianças de cinco anos após breves intervenções lúdicas, utilizando recursos pedagógicos. Avaliar o antes e o depois da brincadeira em sala, o comportamento da criança e observar se ela torna-se mais apta a desenvolver suas atividades com mais precisão e atenção. PALAVRAS CHAVES: Brincar, Desenvolvimento, Habilidades Motoras Introdução A importância do brincar dentro da escola é tão importante quanto o brincar fora dela, facilitando que a criança tenha um desempenho de suas habilidades motoras através das brincadeiras utilizando seu próprio corpo no espaço. A utilização de seu corpo na hora do brincar aprimora o seu desempenho motor para as atividades de vida diária como o sentar, o deitar, o rolar, engatinhar, levantar e ficar em pé até a marcha adequada e movimentos finos como colocar um feijão dentro de uma garrafa (PIAGET, 1975). Na atualidade, a criança é socialmente valorizada e sua assistência baseia-se em algumas premissas bastante difundidas, embora nem sempre presentes em nossas atitudes profissionais, tais como: a criança não é um adulto em miniatura, mas um ser em - Pág. 127 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 processo de crescimento e desenvolvimento; o principal objetivo de qualquer assistência prestada à criança é proteger e favorecer seu crescimento e desenvolvimento. A criança é um ser social, que têm direitos e necessidades que precisam ser atendidas, para que possa crescer e desenvolver-se. O processo de crescimento e desenvolvimento a marca característica da infância é imprescindível o conhecimento desse processo para que possamos atender a criança, em qualquer ambiente: no lar, na creche, na escola e nos diferentes serviços de saúde. Neste conhecimento, todas as ações e atitudes do profissional devem estar respaldadas para que os processos de crescimento e desenvolvimento sejam favorecidos, afim de que o profissional encontre satisfação para poder compreender as mensagens das crianças e responder de modo adequado (SANTOS 2004). Porém, introdução de um espaço de brincadeira constitui uma atividade que não é fácil de propor, uma vez que requer o desenvolvimento da habilidade de brincar do professor. Nesse sentido, a criação desse espaço da brincadeira, no qual a relação professor aluno se diferencia daquela da sala de aula, necessita de um aprendizado de ambas as partes (PEDROZA, 2005). Através da sua experiência na clínica infantil, Roza (1999) mostrou como o brincar, na perspectiva da psicanálise se torna muitas vezes o único veículo possível de expressão para as crianças. Como meio privilegiado de expressão e de apreensão da realidade, o brincar permite o acesso ao simbólico e aos processos de complexificação da vida. (PEDROZA, 2005). De acordo com Vygotsky (1984), o brincar não pode ser definido como atividade que dá prazer à criança porque outras atividades dão experiências de prazer mais intensa e outras não são agradáveis e só dão prazer de acordo com o resultado. No entanto, é necessário compreender a brincadeira como atividade que preenche necessidades da criança (PEDROZA, 2005). A infância hoje é entendida como período crucial do desenvolvimento, pois é nessa fase que a criança acumula maior quantidade de informações que serão utilizadas durante toda sua vida, formando o alicerce para todas as suas futuras aquisições. É neste momento que devemos propiciar estímulos variados e reforçar as aquisições psicomotoras da criança dentro de um ambiente social, rico de atitude positiva, predominando um clima de segurança, afeto, alegria e liberdade. Para que isso ocorra, é preciso entender que o desenvolvimento infantil encontra-se influenciado por uma série de fatores, hereditários e ambientais, levando a um desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo entrelaçados no decorrer do processo de desenvolvimento do indivíduo (ROSA NETO, 2004). O corpo cresce à medida que o Sistema Nervoso modifica pelo crescimento. As conexões entre as células nervosas estão na dependência do uso da estimulação, pois a criança se desenvolve através de sua interação com o meio e com os adultos, que lhe oferecem condições e orientações necessárias para explorar tudo àquilo que a cerca, adquirindo assim, experiências que servirão de suporte para o conhecimento de seu corpo e de suas possibilidades de movimento. É graças às explorações motoras que a criança desenvolve consciência de si mesma e do mundo exterior, sendo que as habilidades motoras ajudam na conquista de sua independência (ROSA NETO, 2004). Segundo Kishimoto, citado por SANTOS (1999), Fröebel foi o primeiro educador que justificou o uso do brincar no processo educativo. Ele tinha uma visão pedagógica do ato de brincar. O brincar, pelo ato de brincar desenvolve os aspectos físicos, moral e cognitivo, entre outros, mas o estudioso defende, também, a necessidade da orientação do adulto para que esse desenvolvimento ocorra. Pelo brincar, as crianças crescem. Elas estimulam os sentidos, aprendem a usar os músculos, coordenam o que vêem com o que fazem, adquirem domínio sobre seus corpos. Elas exploram o mundo e a si mesmas. Elas adquirem novas habilidades. Tornam-se mais proficientes na língua, experimentam diferentes papeis e ao - Pág. 128 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 reencenarem situações da vida real manejam emoções complexas. Os pré-escolares brincam de modo diferentes em idades diferentes, têm estilos próprios de brincar. Uma criança pode vestir roupas formais com um amigo, enquanto outra está concentrada construindo uma torre de blocos. O que podemos aprender sobre as crianças se observamos sua maneira de brincar? Os pesquisadores categorizam o brincar das crianças tanto em termos cognitivos quanto sociais. O brincar social reflete o grau no qual as crianças interagem umas com as outras. O brincar cognitivo revela o nível de desenvolvimento mental da criança (PAPALIA & OLDS, 2000). Crianças jovens que brincam sozinhas podem estar em risco de desenvolverem problemas sociais, psicológicos e educacionais. Na verdade, contudo, uma grande parcela do brincar não-social consiste de atividades construtivas ou educativas que estimulam o desenvolvimento cognitivo, físico e social. Assim, muitos tipos de brincadeiras solitárias podem refletir independência e maturidade em vez de fraca adaptação social. Outro estudo observou o brincar não-social em relação à competência cognitiva e social de crianças de quatro anos de idade, avaliadas por meio de tomada de papéis e testes com resolução de problemas avaliação dos professores e popularidade com outras crianças. Alguns tipos de brincar não-social mostraram estar associados com alto nível de competência. Por exemplo, o brincar construtivo paralelo (atividades como brincar com blocos ou montar quebra-cabeça perto de outra criança) é muito comum entre crianças que são boas na resolução de problemas, são populares e são vistas pelos professores como socialmente habilidosas. As crianças precisam de um pouco de tempo sozinhas para se concentrarem em tarefas e problemas, e algumas simplesmente gostam mais de atividades não-sociais do que atividades em grupo. Precisamos prestar atenção no que as crianças fazem quando brincam, não apenas em se brincam sozinhas (PAPALIA & OLDS, 2000). Para entendermos o desenvolvimento da criança é preciso conhecer suas necessidades e interesses para que os incentivos sejam eficazes a fim de promover o avanço de um estágio do desenvolvimento para outro. O brinquedo possibilita a criação de um mundo onde os desejos possam ser realizados através da imaginação. No entanto, a imaginação é uma atividade psicológica específica da consciência humana, presente apenas na criança mais velha (PEDROZA, 2005). Vygotsky (1984) conclui que no brinquedo a criança cria uma situação imaginária. Na evolução do brinquedo temos a mudança da predominância de situações imaginárias para a predominância de regras. Não existe brinquedo sem regras, mesmo que não sejam regras formais estabelecidas a priori. Nesse sentido, da mesma forma que o brinquedo deve conter regras de comportamento, todo jogo com regras contém uma situação imaginária. O maior autocontrole da criança ocorre na situação de brinquedo e a subordinação a uma regra passa a ser uma fonte de prazer (PEDROZA, 2005). Ainda segundo Vygotsky (1984) o brinquedo não é simbolização, mas sim atividade da criança. Isso porque o símbolo é um signo e no brinquedo a criança opera com significados desligados dos objetos aos quais estão habitualmente ligados. Mesmo sem considerar o brinquedo como um aspecto predominante da infância, Vygotsky ressalta a importância dessa atividade para o desenvolvimento mostrando que ela cria uma zona de desenvolvimento proximal, pois, ao brincar, a criança está acima das possibilidades da própria idade, imitando os mais velhos nos seus comportamentos (PEDROZA, 2005). O brincar é a forma infantil de aprender para a necessidade inata de atividade. É o negócio ou a carreira profissional da criança. Nela a criança envolve-se com a mesma atitude e energia que nos engajamos em nosso trabalho. Para a criança a recreação é uma incumbência séria que não deve ser confundida com a diversão ou uso ocioso do tempo. A criança necessita de envolvimento na atividade proposta com auxilio de brinquedos para uma resposta motora mais ativa. Método - Pág. 129 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 O presente estudo teve como objetivo avaliar as possíveis mudanças no comportamento de habilidades motoras em crianças de cinco anos após breves intervenções lúdicas, sendo então uma pesquisa qualitativa. O estudo foi realizado no Lar de Irmã Catarina, uma instituição educacional filantrópica, localizada em um bairro próximo ao centro da cidade de Poços de Caldas – MG. A instituição foi fundada em 30 de outubro de 1951; e o destino da entidade foi administrado por voluntários até 30 de janeiro de 1980, o Lar de Irmã Catarina passou a ser administrado por membros da Loja Maçônica Estrela Caldense e conta com parcerias da Prefeitura Municipal de Poços de Caldas e da Secretaria Municipal de Poços de Caldas e da Secretaria Municipal de Assistência Social. O Lar tem como fim a prática da fraternidade, acolher as crianças de famílias carentes em especial aquelas cujas mães ou responsáveis legais trabalhem em período integral, proporcionando às mesmas: educação, aprendizagem, higiene, lazer, ludicidade, alimentação, e carinho, fundamentais à formação integral dessas crianças; considerando que cada uma é um ser completo e indivisível, completando a ação da família e da comunidade. São atendidas hoje, aproximadamente 120 crianças de quatro meses a cinco anos. Entre os alunos matriculados, 70% dos familiares moram em casa alugadas sendo distribuídos em todas as partes da cidade e a renda total de 65% destas famílias oscila em torno de R$ 600,00; os outros 35% possuem rendas R$ 700,00 a R$ 2.000,00. Trata-se de pais comprometidos com a educação de seus filhos. Estão sempre presentes no cotidiano escolar acompanhando o desenvolvimento da criança e como ele ocorre. A instituição conta com uma cozinha devidamente estruturada, obedecendo sempre os padrões de higiene; refeitório mobiliado com mesas e cadeiras adequadas para crianças de até seis anos de idade; dois banheiros no andar superior contendo quatro vasos sanitários e dois chuveiros cada, adequado para a idade. No andar de baixo temos um banheiro com um sanitário feminino e outro masculino. Seis salas de aula, devidamente mobiliadas destinadas aos quatros maternais e jardins; sala para a coordenação; biblioteca; vestiário para funcionários com armário individual e uma instalação sanitária; lavanderia com uma maquina de lavar e secadora de roupas; uma centrifuga; gabinete dentário onde as crianças são atendidas gratuitamente; um parquinho; pátio coberto; dois pátios ao ar livre; sala de espelho; sala de vídeo. A escola conta com dezesseis funcionarias (berçaristas, monitoras, professoras, coordenação pedagógica, cozinheira e serviços gerais). O calendário escolar, este projeto político pedagógico, o regime escolar, o plano de ação e o cronograma das atividades serão desenvolvidos durante o ano letivo, que conta com mais de 200 dias em período integral de oito horas diárias, seguindo orientações do ECA (Estatuto da criança e do adolescente), da LDB 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e demais legislações vigentes. São servidas às crianças quatro refeições diárias, sendo café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. A Instituição preocupa-se com as questões nutricionais das crianças e também em proporcionar rituais que reforce a socialização e que estimule o prazer em alimentar-se. A partir de um ano e três meses as berçaristas estimulam a criança a se alimentar sozinha. Na sexta feira é o dia do brinquedo, a criança pode trazer um brinquedo de casa, e a monitora reserva um horário para a turma brincar. Pré-escola Jardim II – uma turma com 22 alunos. No projeto participaram quinze crianças do Jardim II na faixa etária dos cinco anos de idade de ambos os sexos, dos quais serão escolhidas aleatoriamente pelo pesquisador. Foi apresentado às famílias, um termo de consentimento livre e esclarecido. Por meio do qual serão informados da natureza deste estudo e de que poderão não consentir com a participação neste estudo a qualquer tempo. - Pág. 130 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 As crianças brincaram espontaneamente e separadamente com atividades propostas pelo pesquisador através do sentar, deitar, rolar, deitar, ficar em pé e marcha, com auxilio de cantigas infantis e brinquedos pedagógicos (bola, cadeira, boneca, colchão, jogos educativos). Foram realizadas três visitas semanais no horário da manhã no Lar de Irmã Catarina, antes do inicio das atividades rotineiras das crianças para adaptação do pesquisador com as crianças os professores e a instituição. Após o período de familiarização foi iniciado o processo de intervenção terapêutica por meio de cinco visitas de trinta minutos no período da manhã. As crianças precisam se adaptar ao pesquisador para que os dados sejam fidedignos. A adaptação se dará por meio de brincadeiras espontâneas. O processo de brincar espontâneo com as crianças é parte do processo de coleta de dados e se constitui em processo etnográfico de coleta de dados permitindo uma maior aproximação do pesquisador com o objeto da pesquisa. Esta modalidade possibilita uma maior compreensão de dados. Após este processo foi utilizada uma ficha de avaliação das Desordens do Movimento em Crianças com Disfunções Sensórias Integrativas (questionário designado para guiar o processo de observação). Não existe uma correlação direta entre o número de respostas “sim” e o aumento do risco de problemas de movimento (Adaptado de Exner, C. 1992. Desenvolvimento das funções da mão. Em Terapia Ocupacional para Crianças, editado por P. N. Pratt e A S. Allen, 235-259. St. Louis: Mosby). Na escala foi observados os seguintes pontos: Sim, Não ou Às vezes. Controle Antigravitacional durante o movimento. Postura do corpo durante o suporte de peso em pé e sentada. Suporte de peso nos braços estendidos. Atividades motoras finas. A intervenção ocorreu nas dependências da instituição de acordo com a atividade proposta no dia. O pesquisador pode determinar o nível relativo de habilidades motoras que não estão completamente desenvolvidas por uma criança, identificou habilidades que estão completamente desenvolvidas ou que não esteja no repertório da criança planejar um programa de instruções para o desenvolvimento de tais habilidades. Análise de dados Primeira etapa: Descrição dos dados observados no brincar espontâneo e no processo de intervenção. Segunda etapa: Analise qualitativa destes dados. Observar se através da brincadeira se criança tem a capacidade de melhor desenvolvimento motor, compreensão da linguagem e aprendizagem. Avaliar o antes e o depois da brincadeira em sala, o comportamento da criança e observar se ela torna-se mais apta a desenvolver suas atividades com mais precisão e atenção. Observar o seu relacionamento com os colegas de sala, com os professores e dentro do ambiente familiar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. 1998. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular para a educação infantil. Brasília. Vol.1. CARVALHO, Alysson Massote; ALVES, Maria Michelle Fernandes; GOMES, Priscila de Lara Domingues. Brincar e educação: concepções e possibilidades. Psicol. estud., Maringá, v. 10, n. 2, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? CONTI, Luciene de e SPERB, Tânia Mara. O brinquedo de pré-escolares: um espaço de ressignificação cultural. Psic.: Teor. E Pesq [on line]. 2001, vol. 17, no. 1, pp. 59-67. Disponível em: <http://www.scielo.br. EXNER. C. 1992. Desenvolvimento das funções da mão. Em Terapia Ocupacional para Crianças, editado por P. N. Pratt e A S. Allen, 235-259. St. Louis: Mosby). - Pág. 131 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 LEVEFRE. Renata. Brincar – A linguagem do corpo e do movimento – Disponível em: www.pedagogico.com.br. Acesso em: 5 de maio 2007. MALUF. Ângela Cristina Munhoz. Brincar na escola. Disponível em: www.psicopedagogia.com.br. Acesso em 5 de maio 2007. MOURA, Elcinete Wentz de. SILVA, Priscila do Amaral Campos e. Fisioterapia: Aspectos Clínicos e Práticos da Reabilitação, secção 1.1 – São Paulo. Ed. Artes Medicas, 2005. PAPALIA, DIANE E. Desenvolvimento humano / Diane E. Papalia e Sally Wendkos Olds; trad. Daniel Bueno. – 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000, p 219 – 220. PEDROZA, Regina Lúcia Sucupira. Aprendizagem e subjetividade: uma construção a partir do brincar. Rev. Dep. Psicol.,UFF., Niterói, v. 17, n. 2, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. 2. e., Rio de Janeiro: Zahar, 1975. ROSA NETO, F.; POETA, L. S.; COQUERE, P. R. S.; SILVA, J.C. da. Perfil motor em crianças avaliadas em um programa de psicomotricidade. Temas sobre desenvolvimento. v.13, n. 74, p.19-24, 2004. SANTOS, Lana Ermelinda da Silva dos. Creche e pré-escola: uma abordagem de saúde. São Paulo: Artes Médicas, 2004. p 81. VALSINER, J. (1998). Ontogeny of co-contruction of culture within socially organized environmental settings. Em J. Valsiner (Org), Child developmental within culturally structured environments, vol. 2 (pp. 283-297). New Jersey: Ablex Publishing Corporation. VYGOSTSKY, L. 1984. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes. KISHIMOTO. Tizuko. A brincadeira e a cultura infantil – Disponível em: www.fe.usp.br/laboratorios/labrimp/cullt.htm. Acesso em: 19 de abril 2007. WASJKOP, G. Brincar na pré-escola. 5º ed, Cortez Ed. São Paulo, 1996. - Pág. 132 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 RELAÇÃO ENTRE A VELOCIDADE AERÓBIA E ANAERÓBIA DA CORRIDA EM JOGADORES AMADORES DE FUTEBOL. Cristiano Lélis Silva Gomes Bacharel em Educação Física, pela UNIVÁS, Pouso Alegre, MG. [email protected] Resumo O Futebol é o esporte, mais conhecido do mundo. Envolve grandes manifestos populares, movimenta a economia e é uma das grandes paixões brasileiras. Hoje sabe-se da necessidade do atleta estar bem preparado tecnicamente, mentalmente e fisicamente devido ao nível de competitividade que o esporte se encontra e a importância que ele recebe da mídia. Com a modernização do futebol os jogadores passaram a ser tratados como máquinas, onde estes têm que render o seu máximo,visando sempre a vitória, que envolve muitos aspectos extra campo. O futebol exige que o atleta esteja bem fisicamente para as solicitações que são impostas, pois é um esporte dinâmico que o jogador corre os 90 minutos, exigindo muito da sua condição aeróbia, e precisa estar bem anaerobicamente para os momentos cruciais da partida. Este trabalho analisou 7 jogadores amadores com o objetivo de relacionar a velocidade aeróbia com a anaeróbia procurando identificar a relação existente entre as duas valências físicas. Conclui-se que há uma inversão nas duas valências físicas, mostrando que o atleta que foi melhor no trabalho anaeróbio teve um rendimento pior no aeróbio. Por isso, é importante um estudo minucioso e concreto para estes resultados, já que é de suma importância para a prescrição do treinamento adequado para melhores resultados. Palavras Chaves: Futebol, Exercício Aeróbio e Anaeróbio. Introdução O futebol é um dos esportes mais praticado no mundo. Segundo a Federação Internacional de Futebol (FIFA) o futebol é jogado por aproximadamente 243 milhões de pessoas sendo que 80% são do sexo masculino (PEREIRA, 2004). E ainda Silva et al 1997 afirma que o futebol é o esporte mais popular do mundo e é alvo de atenção de milhares de espectadores que com a globalização transforma os atletas,deixando-os cada vez mais parecido com o “Super Homem”. Mesmo o futebol sendo um esporte coletivo com muitas variáveis, que precisam ser exploradas e bem estudadas, para tentar assim ser mais bem compreendida e realizada, deve tratar o atleta como um ser humano e não como uma máquina (SPIGOLON, 2007). O futebol está entre as modalidades esportivas competitivas e coletivas que inicia mais precocemente seus processos formativos de forma sistemática, entretanto há necessidade de muitos estudos sobre os efeitos das atividades aplicadas a milhares de pessoas seja em sua formação ou no seu desempenho (FRISSEL, 1999). Devido o aumento das exigências deste esporte na capacidade física, técnicas e táticas em busca de resultados mais específicos tentando tirar sempre o máximo de cada atleta dentro de suas características (MENDES et al. 2005), faz-se necessário mais trabalhos científicos em relação ao desempenho do jogador para que haja mais eficiência nas técnicas a ser aplicadas. Pois a carência ou a ausência destes conhecimentos científicos e a tradicional atuação dos treinadores baseada apenas na intuição pessoal não pode, resolver com eficácia os complexos modelos de treinamentos, onde as elevadas cargas de treinamentos atuais podem colocar em risco a saúde do atleta (VERKHOSHANSKI, 1999 apud BORIN et AL, 2007). - Pág. 133 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Sendo o futebol moderno, dinâmico, com um jogador que quase não para em campo, ele precisará de variáveis fisiológicas importantes para conseguir se destacar como: eficiência no transporte de oxigênio, a boa capacidade de tolerar o exercício de longa duração sem fadiga, ser veloz e ágil e ter boa habilidade motora (SILVA et al,2002). E assim, as habilidades individuais, o sistema de jogo e o nível de desenvolvimento das capacidades biomotoras podem estar contribuindo para o aumento do desempenho na competição. Os futebolistas realizam esforços decisivos relacionado ao metabolismo anaeróbico alático com uma pequena participação lática (CAMPEIZ et al,2006). Partindo que o futebol é caracterizado pela realização de esforço de alta intensidade e curta duração, sendo utilizados diferentes sistemas energéticos tanto o anaeróbio quanto o aeróbio (BARROS, 2004). É necessário saber que a resistência aeróbia é caracterizada através da capacidade de participar do jogo por um período de tempo prolongado, sem que haja comprometimento na técnica. A resistência anaeróbia é a capacidade de aceleração por um curto espaço de tempo para realizações de saltos, dribles e chutes ao gol com o ritmo máximo de velocidade (WEINECK, 2004). Por isso, a necessidade de conhecer se há uma intima relação entre a duas variáveis, para que o técnico consiga desenvolver o seu trabalho,objetivando o crescimento do jogador e maximizando o seu potencial. O objetivo do presente estudo foi a correlação entre a velocidade média de corrida durante o teste de Cooper com a velocidade média de corrida anaeróbia. Materiais e Métodos Para a realização deste projeto a população selecionada constou de 7 homens escolhidos, aleatoriamente, participantes do Campeonato Municipal da Cidade de Gonçalves MG 2009. Foi fácil o contato com todos, pois a cidade é pequena e ainda tive o apoio da comissão de esporte e dos jogadores, pois era um trabalho benéfico para eles. Os 7 jogadores escolhidos realizaram o teste de Cooper, que avalia o condicionamento aeróbio e no intervalo de 24 horas realizaram o teste anaeróbio, que consiste em dar 3 tiros de 40 metros. Foram incluídos no projeto homens com mais de 18 anos, participantes do Campeonato Municipal de Gonçalves MG, que tenha assinado o termo de consentimento livre e esclarecido concordando com os critérios pré - estabelecidos nele. Foram excluídos do Projeto homens que não concordaram plenamente com o termo de compromisso, os menores de18 anos, e os não participantes do Campeonato. Para verificarmos se há uma relação entre os condicionamentos físicos anaeróbio e o aeróbio aplicamos 2 testes, em dias diferentes, permitindo assim a recuperação do atleta. O teste aeróbio foi o protocolo de Cooper de12 minutos, onde o atleta no campo teve que percorrer a maior distância procurando manter a velocidade constante, sendo proibido dar piques no final do teste (FONTOURA et al 2008). Para o teste anaeróbio usamos o protocolo de Baganha et al 2007 onde o atleta tem que dar 3 piques de 40 metros no máximo de sua velocidade, onde será tirado a média dos 3 piques. Resultado e Discussão Para a análise estatística utilizamos a correlação de PEARSON entre as variáveis: velocidade aeróbia e velocidade anaeróbia. Tabela 1: Características físicas dos atletas Idade (anos) Peso (Kg) Estatura (m) - Pág. 134 - IMC (Kg/m²) Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 21,6(4,5) 64,05(6,16) 1,68(0,09) 22,6(2,04) Tabela 2: Correlação entre velocidade aeróbia e velocidade anaeróbia Atleta Tiro (m/s) Cooper (m/12min.) 1 6,13 2680 2 6,9 2200 3 7 2700 4 6,23 2480 5 5,39 2780 6 7,69 2320 7 6,27 2680 Velocidade aeróbia(m/s) Gráfico 1: Correlação entre velocidade aeróbia e velocidade anaeróbia 3000 2800 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Velocidade média(m/s) Segundo ACSM, 2000 apud Fontoura et al 2008, 2537metros (média) é considerado um nível bom de condicionamento aeróbio,sendo o Vo2 Max de 45,7ml. A correlação do proposto trabalho teve o seguinte resultado: quando maior a velocidade anaeróbia menor a velocidade aeróbia. Soares (2001), coloca que a capacidade aeróbia realiza um papel decisivo no futebol, pois a grande maioria das ações é aeróbia. Isso mostra que os atletas que participaram do estudo encontram se bem, no que refere ao condicionamento físico aeróbio. A distância de um jogador percorrer durante uma partida, na média, é de 11 km, por isso a importância da resistência aeróbia. Com a modernização do futebol as equipes terão que adotar um esquema tático tipo “sanfona” onde os jogadores terão que atacar e defender com o maior número de jogadores possíveis.Portanto este conceito muda significativamente a exigência da capacidade física do atleta,sendo assim exige pesquisa que avance cada vez mais para a melhoria das qualidades técnicas do atleta. SOUZA et al, 2003, comenta que a resistência aeróbia parece ser uma capacidade motora muito importante para a existência de um melhor nível de desempenho físico do futebolista, sendo um fator indispensável no programa anual de treinamento. - Pág. 135 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Contudo nas ações especificas do jogo, a produção de energia anaeróbia parece ser determinante, principalmente na hora das finalizações e nos arranques, seja para conter um adversário ou para sair com a bola em melhor condição, por isso é necessário que o atleta seja trabalhado nos dois sistemas energéticos, estando apto para realizar o melhor do seu desempenho. O presente estudo mostra que há uma inversão nas duas fontes de energia, o mais rápido no teste de Cooper (aeróbio) mostrou um pior resultado no de pique (anaeróbio), isto pode estar relacionado com algumas hipóteses: melhor utilização da fibra de contração lenta ou rápida, espaço do campo que o jogador atua ou até mesmo a falta de condicionamento especifico para a fonte destacada. Quem treina a resistência aeróbia de maneira exagerada torna-se lento devido às adaptações metabólicas ocorrida nos músculos, isso para o futebol não é interessante, pois prejudica assim algumas ações de saída explosiva, como o chute ao gol, salto ou drible (LOPES, 2005). Por outro lado, a pesquisa realizada, nos mostra que os atletas participantes do projeto estavam em uma condição física aeróbia considerada boa, e tinham uma boa resistência anaeróbia para os momentos de explosão, que são os momentos cruciais dos jogos. Em concordância com o nosso trabalho Lopes 2005 cita que “O futebol exige um bom condicionamento físico tanto na capacidade aeróbica quando na capacidade anaeróbia, devido as suas características, com esforços ao longo do jogo de diferentes intensidades e duração. Isso impõe que o jogador tenha bem desenvolvido as capacidades de força e potência muscular, mas que também possua uma capacidade de recuperação eficiente e resistência de fazer vários tiros curtos consecutivos, para que possa estar apto as funções do jogo com o seu melhor rendimento. Fica nítido a importância do treinador saber trabalhar os dois sistemas energéticos, pois o jogador utiliza de forma constante estas variáveis, sendo que uma completa a outra. Considerações Finais Sem dúvida que a modalidade futebol precisa de meios mais sólidos para prescrever o seu treinamento, tendo em vista o seu valor financeiro, emocional e cultural que representa. Fica claro que os jogadores exigem ao máximo do seu condicionamento durante uma partida, este, por muitas vezes não consegue visualizar a situação de estresse que impõem ao seu corpo. Dentro do trabalho é possível visualizar as situações de jogo que os atletas são submetidos, tendo que ter um bom condicionamento aeróbio para resistir os 90 minutos, e um bom condicionamento anaeróbio para que nos momentos cruciais da partida ele esteja no melhor do seu estado físico para conseguir realizar a técnica desejada. Observa-se também a relação do condicionamento físico dos jogadores, que quanto maior a velocidade anaeróbia menor a velocidade aeróbia. Este resultado pode ser listado por três motivos: área de atuação no campo, tipo de fibra muscular predominante no jogador e o treinamento realizado por ele. Precisamos de um maior amparo científico para chegarmos a conclusões definitivas sobre este assunto, mas é nítido que o trabalho especifico dentro desta modalidade coletiva é a melhor maneira de se intervir com qualidade, suprindo assim as necessidade individuais do atleta e colocando-o de maneira que possa realizar o seu melhor jogo. Referências BAGANHA, R.J.; MOREIRA, R.A.C. Relação entre força máxima e comprimento de membros inferiores com a velocidade media da corrida em jogadores de futebol da categoria infanto-juvenil. Movimento e percepção. Espírito Santo do Pinhal, SP, v.8, n. 11, jul/dez 2007- ISSN 1679-8678. - Pág. 136 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 BARROS, T.L. GUERRA, I. Ciência do futebol. Barueri, SP: Manole, 2004. BORIN, J.P; GOMES, A.C; LEITE, G.S. Preparação esportiva: aspectos do controle da carga de treinamento nos jogos coletivos. Revista da Educação Física/UEM. Maringá, v.18, n.1, p.97-105. 1. Sem.2007. CAMPEIZ, J.M. OLIVEIRA, P.R. Análise comparativas de variáveis antropométricas e anaeróbicas de futebolistas profissionais, juniores e juvenis. Movimento e percepção. Espírito Santo do Pinhal, SP, V.6, n.8, jan./jun.2006. FONTOURA, A.S. FORMENTIN. C.M. ABECH. E.A. Guia prático de avaliação física, uma abordagem didática, abrangente e atualizada. São Paulo: Phorte, 2008. LOPES, C. R. Analise das Capacidades de Resistência, Força e Velocidade de Periodização de Modalidades Intermitentes. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 2005. FRISSELLI, A. MANTOVANI, M. Futebol: teoria e prática.São Paulo: Phorte, 1999. WEINECK, J. Futebol total, o treinamento físico no futebol.São Paulo: Phorte, 2004. PEREIRA, J.L. Correlação entre desempenho técnico e variáveis fisiológicas em atletas de futebol. Tese de mestrado Universidade Federal do Paraná, 2004. SPIGOLON, L.M. P.; BORIN, J.P.; LEITE, G.S.; PADOVANI, C.R.P.; PADOVANI, C.R. Potência anaeróbica em atletas de futebol de campo: diferenças da categoria. Coleção Pesquisa em Educação Física, Vol.6, junho, p.421-428, 2007. ISSN: 1981-4313, 2007. MENDES, R.P.; MISUTA, M.S.; FIQUEROA, P.J. CUNHA, S.A. BARROS, R.M.L. Variabilidade da representação dos componentes principais das posições dos jogadores de futebol. IX Congresso Brasileiro de Biomecânica, ISBN#XICBB’2005. SILVA, P.R.S.: PEDRINELLI, A.; TEIXEIRA, A.A.A. ANGELINI, F.J.; GALOTTI, R.; FACCI, E.GONDO, M.M.; FAVANO, A., GREVE, J.M.A. AMATUZZI, M.M. Aspectos descritivos da avaliação funcional de jogadores de futebol. Revista Brasileira de Ortopedista –Vol.37,n 6- junho 2002. SOARES, M. J.: SANTOS, P.J Capacidade aeróbia em futebolista de elite em função especifica do jogo. Revista Portuguesa de Ciência e Desporto, 2001. VOl.1, Nº 2 [7-12]. SOUZA. J.: ZUCAS .S .M. Alterações da resistência aeróbia em jovens futebolistas em um período de 15 semanas de treinamento. Maringá, v.14,n.1,p.31-36,1.sem.2003. - Pág. 137 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 USO DA ACUNPUNTURA NA AÇÃO DOS MERIDIANOS DA BEXIGA E VASO GOVERNADOR PARA O ALIVIO DA DOR LOMBAR: ESTUDO MORFOFUNCIONAL. GABRIEL PÁDUA DA SILVA - GRADUANDO DO CURSO DE FISIOTERAPIA, - CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO DE BATATAIS - [email protected] BRUNO FERREIRA; - Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais, EDER PEDRO LOURO; - Fisioterapeuta RENATO RAMOS PEREIRA; - Fisioterapeuta ELIZABETE DIAS FLAUZINO; - Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais EDSON DONIZETTI VERRI. - Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais RESUMO A dor lombar pode ser decorrente de vários fatores como posturas viciosas, alterações de elementos estruturais, excesso de uso, ou até mesmo mau funcionamento de órgãos e ou vísceras pélvicas. A acupuntura baseia-se em reconhecer o canal de energia afetado e promover a estimulação deste canal. Este estudo teve como objetivo avaliar os resultados da acupuntura através da EVA no controle da dor lombar, e a relação entre os meridianos da bexiga e do vaso do governador com o plexo lombossacral. Foram tratados oito (8) indivíduos, durante quatro semanas com um total de 12 sessões. Na avaliação antes e após o programa de tratamento foi observada a diminuição da dor em todos os indivíduos da amostra. Os dados obtidos neste trabalho confirmam a eficácia da acupuntura no tratamento da dor lombar e a relação direta da ação de analgesia da acupuntura com a arco reflexo somato-visceral e ou viscero- somático. Palavras chave: Dor lombar, EVA, Acupuntura. INTRODUÇÃO A dor lombar pode ocorrer sem motivo aparente, mas geralmente é relacionada a algum tipo de trauma com ou sem esforço. Pode ter origem em várias regiões tais como: estruturas da própria coluna, estruturas viscerais, podendo ainda ter origem vascular ou psicogênica. (LEMOS, et al, 2004). Pode ser classificada como estática, quando é causada por má postura, ou seja, vinculada a um quadro postural, e cinética quando é decorrente de uma biomecânica incorreta ou por sobrecargas cinéticas (COX 2002). São classificadas como agudas quando duram até sete dias, subagudas quando duram de 7 dias a 3 meses e crônicas quando os sintomas duram mais de 3 meses ( MACHENELSOM 1996). A dor é decorrente de forças excessivas, sejam internas ou externas. São consideradas forças excessivas as atividades repetidas como extensão, flexão ou rotação de um segmento corporal. E chamadas de perturbadoras as forças internas que enfraquecem a função neuromusculoesquelética, portanto consideradas excessivas ou inadequadas, entre elas a fadiga, o ódio, a depressão, a falta de atenção, a ansiedade, a falta de treinamento e a distração que podem ser decorrentes de fatores psicogênicos e psicossociais, como estresse e falta de motivação. - Pág. 138 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Segundo a Medicina Tradicional Chinesa a dor lombar possui diferentes etiologias. O trabalho físico excessivo quando realizado com regularidade, sobrecarrega os músculos da região e os rins, enfraquecendo os músculos desta região e no aspecto energético o Qi do Rim. Na fase aguda o desgaste físico também causa estagnação local de Qi e sangue nesta região gerando dor. Em segundo, o excesso de atividade sexual, sob a visão energética, enfraquece as costas, pois esgota o Qi do Rim. Este, quando deficiente deixa de nutrir e fortalecer os músculos das costas. A invasão externa de frio e umidade acomete a residência do Qi original que se encontra na região das costas, por isso esta deve ser aquecida e protegida. O frio e a umidade favorecem a invasão de fatores patogênicos nos músculos, tendões e meridianos das costas. O excesso de trabalho sem pausa para descanso por longas datas leva ao esgotamento do Yin do Rim. Este deixa de nutrir corretamente as costas causando dor. E por último os exercícios inadequados, a falta de exercício (sedentarismo), principalmente da sociedade ocidental, gera o enfraquecimento dos ligamentos da coluna, predispondo o indivíduo a problemas de disco, principalmente se combinado com posturas inadequadas. Devem ser aconselhados exercícios moderados e regulares. Os nervos dos rins são derivados do plexo celíaco dos nervos esplanicos abdominopélvico para os gânglios pré-vertebrais consiste em fibras simpáticas que atravessam os gânglios paravertebrais sem fazer sinapse. A principal inervação eferente do rim é feita por nervos autônomos vasomotores que suprem as artérias aferentes e eferentes (MOORE, 2007). O meridiano da bexiga tem seu início no ângulo medial dos olhos, subindo pela região frontal, parietal e occipital da cabeça. Tem um ramo que desce da região parietal para o ouvido, retornando para o trajeto principal na fossa suboccipital. Possui outro ramo que, sai da parte mais alta e superficial da cabeça, se introduz no cérebro, voltando ao trajeto principal na fossa suboccipital. Da nuca, ao longo dos músculos paravertebrais, o trajeto principal desce pelas costas, até a região sacral, pela nádega, por trás da coxa até a fossa poplítea. Há um ramo nas costas que se liga aos rins e depois a bexiga, descendo pelo lado da virilha e por trás da coxa até a cavidade poplítea. Da nuca sai outro ramo, que desce pelo lado medial da escápula e pelo lado dos músculos ílio-costais até a nádega, liga-se com o meridiano da vesícula biliar, atrás da região trocanteriana, desce pelo lado do músculo biceps femural até a fossa poplítea desce entre os músculos gastrocnêmio e sóleo, passa na face lateral entre tendão do calcâneo e o maléolo lateral até a borda lateral do quinto dedo do pé (YAMAMURA,1993). O meridiano do vaso do governador tem início no períneo, passa pelo ânus, chegando a extremidade do cóccix. Sobe, então, ao longo da coluna sacral, lombar, dorsal e cervical até atingir o crânio. O ramo mais profundo entra no cérebro pela nuca, saindo pelo nariz, há ainda outro ramo que sobe pelo períneo, passa por baixo do abdôme, ligando-se a bexiga e aos rins(YAMAMURA,1993). O esquema terapêutico da acupuntura baseia-se em reconhecer o canal de energia afetado (ou raízes nervosas) e promover a estimulação do canal por meio da inserção e manipulação de agulhas de acupuntura (YAMAMURA,1995). Dessa maneira, pode-se explicar o efeito da inserção da agulha de acupuntura realizada nos pontos que se correlacionam com as fibras nervosas do ramo medial do ramo dorsal do nervo espinhal, assim, como nos pontos de acupuntura localizados nos membros superiores e inferiores e relacionados, tanto com os nervos plurissegmentares, que têm efeito sobre a inervação da região lombar, como com as fibras autônomas dos órgãos internos e dos vasos sanguíneos. Por outro lado, a inserção de agulha na região paravertebral, no canal da bexiga, estimula também os nociceptores situados no músculo multífidio (LIANG,1992). A Acupuntura pode também ter efeito na região lombar, por estímulos de pontos situados em áreas distantes, como por exemplo no membro inferior. Essa ação faz-se através da inervação plurissegmentar dos plexos lombar e sacral (YAMAMURA,1994). O objetivo desse trabalho foi analisar a eficácia da acupuntura no tratamento de oito (8) indivíduos - Pág. 139 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 num período de doze (12) sessões com diagnóstico clínico de dor lombar. O nível de dor de cada paciente foi registrado através escala analógica de dor no início e final de cada sessão. MATERIAIS E MÉTODOS O estudo foi realizado na Clinica Multidisciplinar do Centro Universitário Claretiano, na cidade de Batatais e contou com a participação de oito (8) voluntários, os critérios de seleção considerados, incluíram indivíduos com diagnóstico clínico de dor lombar, que não estivessem sendo submetidos a tratamento fisioterapêutico, embora continuassem o tratamento clinico/medicamentoso, com idade entre 20 e 60 anos de ambos os sexos. O nível de dor foi mensurado através da escala analógica de dor (EVA) no inicio e final de cada sessão. O grupo foi submetido a tratamento com acupuntura onde foram utilizados pontos dos meridianos da bexiga e vaso governador: B24 – B25 – B28 - B40- B60 e VG4. Estes acupuntos foram selecionados em conformidade aos trajetos dos meridianos e o plexo lombosacral. Foram realizadas doze (12) sessões, três vezes por semana, com duração de 30 minutos cada. Os pacientes foram posicionados em decúbito ventral, com a região lombar e membros inferiores expostos, na seqüência foi feita assepsia das regiões com algodão embebido em álcool 70%. Foram utilizadas onze (11) agulhas de aço inoxidável com medidas de 25X40, da marca Dongbang- acupunture needle, As agulhas foram estimuladas a cada 5 minutos com rotação para os dois lados (harmonizar). Para preservar a integridade física dos voluntários que se submeteram ao estudo, todo o material utilizado é descartável e a introdução das agulhas de acupuntura efetuada por profissional acupunturista devidamente qualificado e sobre supervisão. Todos os participantes foram devidamente esclarecidos quanto as técnicas a serem utilizadas e o objetivo específico da pesquisa antes da aplicação das sessões, sendo que para tanto, assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Todos os pacientes foram orientados quanto aos cuidados que devem ter tanto postural, quanto nas suas atividades de vida diária e receberam uma lista de orientações a serem seguidas no seu dia a dia. Os acupontos utilizados foram: B- 24: Localização: Situa-se a 1,5 cun lateral à linha média, na horizontal abaixo do processo espinhoso da 3ª vértebra lombar. Indicação: Dor lombar, menstruações irregulares, hemorróidas, hemorragia uterina disfuncional (YAMAMURA, 1993). A agulha é inserida lateralmente ao processo espinhoso entre a 3ª e 4ª vértebras lombares atingindo a raiz nervosa que se origina nesse segmento. B- 25: Localização:Situa-se a 1,5 cun lateral à linha média, na horizontal traçada abaixo do processo espinhoso da 4ª vértebra lombar. Indicação: Disenteria, constipação intestinal, dor lombar, ciatalgia, paralisia de membros inferiores, distensão abdominal, flatulência (YAMAMURA, 1993). A agulha é inserida lateralmente ao processo espinhoso entre a 4ª e 5ª vértebras lombares atingindo a raiz nervosa dessa região. B- 28:Localização: Situa-se a 1,5 cun lateral à linha média, na horizontal traçada abaixo pelo segundo forame sacro. (Indicação: Patologias urogenitais, sacralgias, sacroileíte, ciática, diarréia, constipação intestinal, glicosúria, retenção urinária YAMAMURA, 1993). A agulha é inserida em direção ao 2º forame sacral atingindo a raiz nervosa de S2. VG- 4: Localização: Situa-se na região lombar, entre os processos espinhosos das 2a e 3a vértebras lombares, ou se localiza no ponto oposto à cicatriz umbilical. Indicações: Dor lombar, espermatorréia, impotência sexual, febre alta, cefaléia e zumbido, endometrite, leucorréia, pés frios, enurese noturna, peritonite, mielite espinhal, nefrite, seqüela de paralisia infantil (YAMAMURA, 1993). - Pág. 140 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 A agulha é inserida em direção à medula espinhal entre os processos espinhosos da 2ª e 3ª vértebras lombares. B- 40: Localização: Situa-se no meio da fossa poplítea, numa reentrância das partes moles localizada na prega de flexão do joelho. Indicação: Dor lombar, dorsalgia, colite espasmódica, dor no joelho, paralisia de membro inferior, hemiplegia, insolação, gastroenterite aguda, espasmos dos gastrocnêmios, polaciúria, disúria, ciática, dor no cravo poplíteo, gonalgia (YAMAMURA, 1993). A agulha é inserida na fossa poplítea medialmente atingindo ramificações do nervo tibial que é uma ramificação do nervo ciático com origem nas raízes de (L4-S3). B- 60: Localização: Situa-se a meia distância entre o maléolo lateral e o tendão do calcâneo. Indicações: Cefaléia, rigidez do pescoço, contratura muscular e dores da região lombar, vertigens e zumbidos, retenção placentária, epilepsia e convulsões, afecções do tornozelo, todas as algias periféricas e viscerais (YAMAMURA, 1993). A agulha é inserida na face lateral do pé entre o maléolo lateral e o tendão do calcâneo atingindo fibras do nervo sural, ramo terminal do nervo fibular comum que é ramificação do nervo ciático com origem nas raízes de (L4-S3). RESULTADOS Foram submetidos a tratamento de acupuntura oito (8) indivíduos com dor lombar. Foi aplicada a escala analógica visual da dor (EVA) antes do início da 1ª sessão e após o término da mesma (Tabela 1). Tabela 1 Paciente s 1 2 3 4 5 6 7 8 Antes 8 8 6 4 9 9 8 1 Após 5 3 2 0 3 7 8 0 Tabela 1: Valores da EVA antes e após a 1ª sessão Assim observou-se uma redução considerável na EVA em todos os indivíduos (Figura 1). Índice da EVA antes e após a 1ª sessão 9 8 7 6 5 EVA 4 3 2 1 0 Figura 1: Índice da EVA antes e após a 1ª sessão Antes Após 1 2 3 4 5 6 7 8 Indivíduos No decorrer das doze (12) sessões de acupuntura foi observado através da média da EVA de todos os indivíduos, antes e após cada sessão um decréscimo gradual dos valores (Tabela 2) e (Figura 2). Tabela 2 Sessõe 1ª s 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª - Pág. 141 - 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Antes 6,6 4,9 3,1 2,9 3,1 2,3 1,6 2 1,2 1,5 1,4 0,7 Após 3,5 2,2 1,7 0,9 1,4 0,6 0,7 1,1 0,7 0,4 0,6 0,2 Tabela 2: Média dos valores da EVA antes e após aplicação da acupuntura Média de valores da EVA antes e após a aplicação da acupuntura 7 6 EVA 5 4 Antes 3 Após 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Sessões Figura 2: Média de valores da EVA antes e após a aplicação da acupuntura Em relação aos valores individuais foi confirmado ao término das doze (12) sessões de acupuntura a redução dos valores da EVA. Sendo que os valores da EVA demonstraram ausência (valor zero) para sete (7) dos oito (8) indivíduos tratados. Para o indivíduo número seis (6) houve uma redução para dois (2) demonstrando também resultado satisfatório (Tabela 3) e (Figura 3). Tabela 3 Pacientes 1 2 3 4 5 6 7 8 Antes 8 8 6 4 9 9 8 1 Após 0 0 0 0 0 2 0 0 Tabela 3: Valores da EVA antes e após o programa de tratamento - Pág. 142 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Comparação dos valores antes e após o programa de tratamento 9 8 7 6 5 EVA 4 3 2 1 0 1ª sessão 12ª sessão 1 2 3 4 5 6 7 Figura 3: Comparação dos valores antes e após as 12 sessões 8 Indivíduos DISCUSSÃO Baseada na fisiopatologia da dor lombar, a inserção das agulhas de acupuntura em pontos relacionados com as fibras do nervo espinhal pode interromper ou atenuar o processo álgico (YAMAMURA, 1995). O esquema terapêutico da acupuntura baseia-se em reconhecer o canal de energia afetado (ou raízes nervosas) e promover a estimulação do canal por meio da inserção e manipulação de agulhas de acupuntura (YAMAMURA,1995). Dessa maneira, pode-se explicar o efeito da inserção da agulha de acupuntura nos pontos correlacionados com as fibras nervosas dos nervos espinhais plurissegmentares, localizadas nos pontos de acupuntura dos membros superiores e inferiores, com efeito sobre a inervação da região lombar( Somática e Visceral). Por outro lado, a inserção da agulha na região paravertebral, no meridiano da bexiga, estimula também os nociceptores situados no músculo multífido (LIANG,1992). Yamamura,(1994), obteve melhora estatisticamente significante em 100% dos casos como tratamento pela acupuntura, utilizando pontos de acupuntura locais (região lombar) e pontos à distância relacionados aos nervos espinhais plurissegmentares. Pesquisas realizadas com acupuntura em dor lombar vêm sendo desenvolvidas há alguns anos e comprovam a redução de 50% das dores, definindo como satisfatório o resultado de redução da dor nesses pacientes (LEMOS, 2004). Autores obtiveram uma melhora de 42% na dor realizando sete aplicações de acupuntura em portadores de dor lombar (NACHEMSON, 1994). Pesquisadores submeteram 82 pacientes com dor lombar ao tratamento com acupuntura (trinta sessões) e obtiveram significativa melhora em todos os parâmetros estudados entre eles a dor lombar (YAMAMURA, 1996) A utilização da acupuntura buscando efeito analgésico vem sendo amplamente questionada pela comunidade médica e científica. Mediante diversos trabalhos realizados, evidencia-se que esta apresenta bons resultados para os pacientes portadores de dores lombares (BRAVERMAN, 2003). A ação analgésica da acupuntura pode ser explicada com base em três mecanismos, bloqueio aferente segmentar, bloqueio descendente supra-espinhal, mediante as vias piramidais (OLIVER, 1999) e ativação de processos analgésicos endógenos (liberação de encefalinas e endorfinas) (ERNEST, 2001). Além do alívio da dor, a produção aumentada de endorfinas pode dar a sensação de satisfação (MA, 2006). Embora os efeitos analgésicos da acupuntura sejam inquestionáveis, eles não podem ser generalizados, uma vez que não se aplicam a todos os pacientes. Alguns autores demonstram que apenas parte da amostra de pacientes tratados se beneficia efetivamente com o alivio da dor após tratamento pela acupuntura (ERNEST, 2001). Nesta pequena amostra todos pacientes se beneficiaram com alívio da dor. - Pág. 143 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Os resultados finais desse trabalho apontam para uma eficácia da acupuntura no tratamento da dor lombar comprovado através da EVA, e confirma a relação entre o trajeto dos meridianos da bexiga e do vaso governador com os pontos de acupuntura correlacionado com a inervação do plexo lombossacral. Observou-se uma efetiva ação da acupuntura como recurso analgésico para pacientes com dor lombar, uma vez que, para todos os pacientes, houve uma redução do nível de dor mensurado através da EVA, no decorrer das sessões. Apesar das limitações do estudo em questão torna-se importante por contribuir com novos dados e estimular pesquisas com acupuntura. CONCLUSÃO Os dados obtidos neste trabalho confirmam a eficácia da acupuntura no tratamento da dor lombar e a relação direta da ação de analgesia da acupuntura com a arco reflexo somato-visceral e ou viscero- somático. Porém, novos estudos são necessários para novas descobertas sobre os efeitos da acupuntura e como ela pode contribuir para proporcionar ainda mais o bem-estar do indivíduo. - Pág. 144 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS → BRAVERMAN DI,Erickisen jj. Intervension in chronic pain menagement. Méd Rehabil, 2003. → COX JM. Dor Lombar. Mecanismos Diagnósticos e Tratamento. 6.ed. São Paulo: Manole, 2002. → ERNEST E, WHITE A. Acupuntura: Uma avaliação cientifica. 1ª Ed. São Paulo: Manole;2001. → LEMOS TV. Acupuntura e Mackenzie Para Lombociatalgia: Um Estudo de Caso. Soc Brás Fis Acunp. 2004. → LIANG, C.I.: Anatomical Atlas of Chinese Acupuncture Points, Beijing, Shandsny Science and Technology Press, 1982. → MA, Y. T. Acupuntura para o tratamento da dor: Um enfoque integrado. São Paulo: ROCA, 2006 → MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F. Anatomia orientada para a clínica. 5 ed Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. → NACHEMSON A. O Manejo da lombalgia recorrente. Moderna terapia manual. São Paulo: Editora Panamericana; 1994. → OLIVER J. Cuidados com as costas: Um guia para terapeutas. São Paulo: Manole, 1999. → YAMAMURA, YSAO. Acupuntura Tradicional, A Arte de Inserir Agulhas.São Paulo: Roca, 1993. → YAMURARA Y, LAREDO FILHO, J., ISHIDA, A., OLIVEIRA, E.F. & GUIMARÃES, C.M.: Tratamento da distrofia simpático-reflexa do joelho pela acupuntura. F Med 108: 119-123, 1994. → YAMAMURA, Y.;LAREDO,F.J.; NOVO, N. F.; PUERTAS, E.B.; VASCONCELOS, L.P.W.C. Tratamento da Hérnia do disco intervertebral lombar pela acupuntura Análise de 41 pacientes. Revista Paulista de Acupuntura, 1996; Vol.2. → YAMAMURA, Y.; TABOSA, A. Aspectos integrativos das medicinas occidental e chinesa. Rev Paul Acupuntura, 1995. - Pág. 145 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 AVALIAÇÃO DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO DE FLEXÃO DE JOELHO ANTES E APÓS APLICAÇÃO DE TOXINA BOTULÍNICA EM PACIENTES PORTADORES DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA: ESTUDO DE 2 CASOS Charles Silva Rossi Especialista em Ortopedia e Traumatologia Funcional pela FAGAMMON-ENAF Faculdade Presbiteriana Gammon [email protected] Norberto Ribeiro Neto Especialista em Ortopedia e Traumatologia Funcional pela FAGAMMON-ENAF Liliane Negrão Serafim Especialista em Ortopedia e Traumatologia Funcional pela FAGAMMON-ENAF Luiz Henrique Gomes Santos Orientador e Docente do curso de Especialização em Ortopedia e Traumatologia Funcional pela FAGAMMON-ENAF Resumo A espasticidade é um quadro freqüentemente associado à hipertonia que é um aumento da resistência passiva ao alongamento muscular e movimento dos membros, e está associada a sinais como fraqueza muscular, perda de destreza e alteração da sensibilidade, e é uma manifestação comum a uma gama de patologias, como a paralisia cerebral. Nesse estudo foram avaliados dois casos de pacientes que realizaram aplicações no quadríceps bilateralmente para melhora da espasticidade, causada pela encefalopatia crônica não progressiva (paralisia cerebral), com a toxina botulínica do tipo A, ambas do sexo feminino e estudantes da APAE Poços de Caldas MG, os resultados foram positivos havendo melhora não apenas da espasticidade como também na amplitude de movimento. Os indícios apontam que a utilização da toxina botulínica no tratamento da espasticidade possuiu um papel de auxiliador da fisioterapia para o ganho de amplitude de movimento em indivíduos espásticos. Palavra chave: Espasticidade, Toxina Botulínica, Fisioterapia. Introdução Espasticidade é uma hiper-reflexia velocidade dependente e sensibilidade dependente que resulta de doenças do sistema nervoso central. Clinicamente é um quadro freqüêntemente associado à hipertonia, aumento da resistência passiva ao alongamento muscular e movimento dos membros. É geralmente associada a sinais como fraqueza, perda de destreza e alteração da sensibilidade (GRACIES, et al. , 2003). Possui etiologia diversa, incluindo acidente vascular encefálico, esclerose múltipla, paralisia cerebral, trauma cranioencefálico, trauma raquimedular, tumores cerebrais e da medula espinhal, esclerose lateral amiotrófica. O termo paralisia cerebral (PC) é usado para definir qualquer desordem caracterizada por alteração do movimento secundária a uma lesão não progressiva do cérebro em desenvolvimento. O desenvolvimento do cérebro tem início logo após a concepção e continua após o nascimento. Ocorrendo qualquer fator agressivo ao tecido cerebral antes, durante ou após o parto, as áreas mais atingidas terão a função prejudicada e, dependendo da importância da agressão, certas alterações serão permanentes caracterizando uma lesão não progressiva. Dentre os fatores potencialmente determinantes de lesão cerebral irreversível, os mais comumente observados são infecções do sistema nervoso, hipóxia (falta de oxigênio) e traumas de crânio. O - Pág. 146 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 desenvolvimento anormal do cérebro pode também estar relacionado com uma desordem genética, e nestas circunstâncias, geralmente, observa-se outras alterações primárias além da cerebral. Em muitas crianças, a lesão ocorre nos primeiros meses de gestação e a causa é desconhecida. A toxina botulínica é produzida pelo Clostridium botulinum e consiste, em uma mistura complexa de proteínas que contêm a neurotoxina botulínica e várias proteínas nãotóxicas. A neurotoxina botulínica consiste em uma cadeia pesada e em uma cadeia leve ligadas junto por uma única ponte dissulfeto. Quando a toxina é injetada em um tecido alvo, a cadeia pesada da neurotoxina botulínica se liga às estruturas da glicoproteína encontradas especificamente em terminais colinérgicos do nervo. Esta ligação específica é a razão para a seletividade elevada da toxina para sinapses colinérgicas. Após a internalização, a cadeia leve da neurotoxina botulínica se liga com especificidade elevada à proteína do complexo. Quando a toxina é injetada em um músculo estriado, a paresia ocorre após dois a cinco dias e dura dois a três meses até que comece gradualmente a se degradar. Quando os anticorpos vão de encontro à toxina, a duração da ação e a extensão do efeito terapêutico máximo estão reduzidas geralmente após poucas aplicações (falha parcial da terapia) antes da falha completa da terapia ocorrer (DRESSLER, SABERI, BARBOSA, 2005). Epidemiologia Em estudos recentes não foi encontrada diferença estatística relevante na prevalência de PC entre o sexo feminino e masculino. Como fatores de risco mais citados, foram encontrados: prematuridade, hipóxiaisquemia perinatal e infecção materna intra-uterina. Foram citados gestação múltipla, corioamnionite e trombofilia, embora estas duas últimas não tenham sido encontradas por dois autores. Alguns fatores individuais foram referidos como preocupantes e são eles: pressão sistólica baixa (menor que 33 mmHg) nas primeiras 12 horas de vida, recebimento de fluidos nas primeiras 12 horas de vida, necessidade de ressuscitação cardiopulmonar nas primeiras 72 horas de vida e pneumotórax nas primeiras 72 horas. A presença de anormalidade congênita também pode contribuir para o desenvolvimento de PC e uma interrupção no suprimento de oxigênio durante o nascimento contribui com aproximadamente 6% para a PC espástica (PATO SOUZA, LEITE, 2002). Uma criança com PC pode apresentar alterações que variam desde leve incoordenacão dos movimentos ou uma maneira diferente para andar até inabilidade para segurar um objeto, falar ou deglutir, além da presença de aumento do tônus, que resulta em uma diminuição da amplitude de movimento, levando a contraturas musculares, se não tratada. Dentre os vários mecanismos fisiopatológicos que causam a paralisia, sobressai a teoria clássica do aumento do tônus, secundário à perda das influências inibitórias descendentes (via retículo-espinhal), como resultado de lesões comprometendo o trato córtico-espinhal (via piramidal, agora melhor definido como vias mediadoras de influências supra-espinhais sobre a medula espinhal). A perda da influência inibitória descendente resultará em aumento da excitabilidade dos neurônios fusimotores gama e dos moto-neurônios alfa. Os principais neurotransmissores envolvidos no mecanismo do tônus muscular são: ácido gamaminobutírico (GABA) glicina (inibitórios) e glutamato (excitatório), além da noradrenalina, serotonina e de neuromoduladores como a adenosina e vários neuropeptídeos. A espasticidade nos membros superiores predomina nos músculos flexores, com postura em adução e rotação interna do ombro, flexão do cotovelo, pronação do punho e flexão dos dedos. Nos membros inferiores, a espasticidade predomina nos músculos extensores, com extensão e rotação interna do quadril, extensão do joelho, com flexão plantar e - Pág. 147 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 inversão do pé. Esta postura característica recebe a denominação de atitude de Wernicke-Mann. Na prática as etiologias mais frequentemente encontradas têm sido a esclerose múltipla, o trauma crânio-encefálico e raqui-medular, a paralisia cerebral e o acidente vascular encefálico (AVE). Ao exame físico os membros espásticos demonstram aumento de resistência ao movimento passivo, que é mais acentuado com o aumento da amplitude e da velocidade imposta. O aumento de resistência ao estiramento passivo é maior no início do movimento e diminui com a continuação dele, caracterizando o chamado "sinal do canivete". A espasticidade pode ser avaliada através de escalas. Dentre estas citamos a de Ashworth (Tabela 1) e a de espasmos (Tabela 2). (TEIVE, ZONTA, KUMAGAI, 1998). Fonte: Teive, H. et al Tratamento da espasticidade: uma atualização Tratamento Dentre os tratamentos disponíveis incluem-se: a fisioterapia, os agentes farmacológicos (por via oral ou intratecal), a quimiodesinervação dos músculos com o uso de injeções de fenol, e os tratamentos cirúrgicos como o alongamento de tendões, transferência de tendões, liberação capsular, neurotomia, cordotomia e a rizotomia, e ultimamente uma técnica utilizada é a aplicação de toxina botulínica. Os medicamentos mais utilizados no tratamento da espasticidade são o baclofen, o diazepam, dantrolene, a clonidina, a tizanidina, a clorpromazina e também a morfina. A ação desses medicamentos resulta na diminuição da excitabilidade dos reflexos espinhais. Os tratamentos cirúrgicos para a espasticidade mais comumente utilizados são divididos em neurocirúrgicos e ortopédicos. Os tratamentos neurocirúrgicos mais comuns são a rizotomia dorsal e, eventualmente, as mielotomias e cordotomias, além da estimulação da coluna dorsal da medula espinhal. O fenol atua como agente neurolítico de duas formas: como anestésico local em nível de fibras gama e provocando axonotmese química. A condução nervosa é bloqueada e o arco reflexo, interrompido, provocando diminuição do tônus muscular e paresia muscular. A duração do efeito pode variar de 2 a 743 dias, em média 300 dias. As doses utilizadas variam de 1 a 5 ml de uma solução a 3% em diferentes pontos de bloqueio. Os músculos mais comumente tratados com fenol incluem o triceps sural, o tibial posterior, os posteriores da coxa e os flexores do punho e dos dedos. As complicações incluem parestesias dolorosas (10-30%), fraqueza muscular permanente, tromboflebite e aumento da espasticidade em músculos antagonistas. A utilização de fenol, ou eventualmente de álcool, deve ser reservada para casos de espasticidade que não respondem aos tratamentos conservadores (TEIVE, ZONTA, KUMAGAI, 1998). A toxina botulínica (TBA) age seletivamente no terminal nervoso periférico colinérgico, inibindo a liberação de acetilcolina. Por outro lado, não ultrapassa a barreira cerebral e não inibe a liberação de acetilcolina ou de qualquer outro neurotransmissor a esse nível, sendo este um tratamento atual e promissor. - Pág. 148 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 A TBA liga-se ao terminal da placa motora. Há evidências de que a cadeia pesada seja a responsável por esta ligação. A ligação acontece no nível dos receptores específicos existentes na membrana da terminação nervosa. A cadeia pesada é neurotrópica, seletiva para as terminações nervosas colinérgicas. Uma vez no citoplasma da célula, a cadeia leve faz a quebra das proteínas de fusão, impedindo assim a liberação da acetilcolina para a fenda sináptica. Esse processo produz uma denervação química funcional, reduzindo a contração muscular de forma seletiva. A propagação da potencial de ação, a despolarização do nervo terminal e os canais de Na +, K+, e Ca2+ não são afetados pela toxina. A despolarização induz a um fluxo de cálcio e momentaneamente há um aumento do cálcio intracelular, que induz a um release sincrônico e a um potencial. A toxina reduz esse potencial a um simples estímulo. A TBA não afeta diretamente a síntese ou o armazenamento da acetilcolina ou a condução de sinais elétricos ao longo da fibra nervosa. Há evidências de que a denervação química induzida pela toxina estimula o crescimento de brotamento axonais laterais. Através destes brotamentos nervosos o tônus muscular é parcialmente restaurado. Com o tempo há o restabelecimento das proteínas de fusão e a involução dos brotamentos de modo que a junção neuromuscular se recupera. A administração deste fármaco está limitada a músculos específicos em doses controladas. Recomenda-se a injeção intramuscular. Injeções subcutâneas podem ser indicadas em situações especiais. Os efeitos da injeção podem ser sentidos entre o terceiro e o décimo dia após a aplicação e duram em torno de seis semanas a seis meses, ocasião em que o paciente poderá ser avaliado quanto à possibilidade de se recomendar uma nova aplicação em tempo devido. No tratamento da espasticidade a toxina botulínica possui efeitos significantes quando é injetada junto os pontos motores dos músculos. Se a dose e a diluição se mantêm constantes o aumento da distância entre o ponto de injeção e o ponto motor diminui drasticamente a resposta. Além disso, os resultados são dose-dependentes. Em crianças, especialmente quando se associa procedimento de neurólise com fenol, está indicada a sedação ou mesmo a indução anestésica para a realização do procedimento. Em adultos esta medida não é necessária. As doses para uso pediátrico variam entre 10 a 20U/kg, e recomenda-se uma dose total por procedimento de 600U em adultos. A dose total deve ser distribuída entre os músculos a serem tratados de modo que se observe o efeito terapêutico desejado. Assim, devemos considerar na distribuição da dose os seguintes fatores: grau de espasticidade, tipo e tamanho do músculo a ser tratado, trofismo e massa muscular, padrões sinérgicos de movimentos, potencial de recuperação neurológica, potencial funcional e intensidade e duração da resposta individual em casos de repetição do procedimento. O padrão de flexão de membros superiores e extensão de membros inferiores são o mais comumente visto nos pacientes espásticos. As contra-indicações e reações adversas para o tratamento da espasticidade com toxina botulínica incluem perda funcional e a dispersão do produto para músculos adjacentes, com comprometimento funcional do membro tratado. Uma vez que a toxina botulínica tipo A age minimizando o estímulo motor ao músculo, o papel do terapeuta consiste no controle da hipertonia decorrente do desuso e dos encurtamentos miogênicos. Enquanto o segmento está sob efeito da TBA, é aconselhável a realização da cinesioterapia com maior freqüência e intensidade. O músculo agonista (injetado) deve ser alongado e seu antagonista fortalecido, promovendo a facilitação do ato motor, do posicionamento e da função do membro, no alongamento, o estiramento deve ser suave e lento, visando o restabelecimento do comprimento da fibra muscular, que está encurtada por fatores mecânicos remanescentes após o bloqueio neural e já o fortalecimento, os músculos agonistas podem ser - Pág. 149 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 exercitados de forma isométrica ou isotônica. A estimulação elétrica funcional (FES) pode ser utilizada como adjuvante no fortalecimento. Órteses de posicionamento ou funcionais complementam a cinesioterapia e previnem posturas inadequadas e deformidades osteomusculares decorrentes da hipertonia espástica. Como mencionado, a espasticidade é umas das situações clínicas que mais impõe dificuldades ao processo de reabilitação, visto que impede a mobilização do músculo ou grupo muscular onde está instalada, consequentemente, afetando o posicionamento, a deambulação, a alimentação e a performance nas atividades da vida diária (AVD's), o que, obviamente, interfere negativamente no restabelecimento do segmento. Portanto, ela sempre foi um obstáculo a ser vencido pelo fisioterapeuta e pelo próprio paciente. A toxina botulínica foi uma das soluções encontradas pela ciência para auxiliar a terapia do paciente espástico. E como sua eficiência tem sido comprovada ao longo dos anos e, principalmente, sem oferecer efeitos colaterais ao paciente, tornou-se uma arma importante na reabilitação e, como tal, deve ser utilizada, de maneira adequada para melhorar a qualidade de vida do paciente. No entanto, para que sua eficácia seja plena, é importante que haja uma boa interação entre a equipe multidisciplinar (EMD) que acompanha o paciente. Antes de realizar uma aplicação, o médico deve estar ciente de quais os músculos serão melhores aproveitados quando relaxados, isto é, a aplicação deve ser feita com objetivos préestabelecidos em conjunto com o fisioterapeuta, que conhece as metas a serem atingidas com cada paciente. Por exemplo, o relaxamento dos músculos adutores do quadril em um paciente que apresenta MMII em padrão tesoura, com dificuldade para deambulação, pode gerar benefícios na adução, abdução, flexão e extensão, em pacientes com paralisia cerebral quadriplégica. E o fisioterapeuta é o profissional qualificado para orientar o médico, visto que acompanhava o paciente antes da aplicação e continuará a acompanhar após a mesma, portanto, tem conhecimento das limitações e dos objetivos a serem alcançados. Desse modo, uma vez aplicada, a toxina botulínica age nos grupos musculares adequados e a musculatura que se encontrava espástica agora assume a postura flácida (paralisia flácida), sendo permitida a livre movimentação e alongamento da mesma e também, a prevenção de deformidades, as quais são muito freqüentes em pacientes espásticos (SPOSITO, 2004). Sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar através do ganho de amplitude de movimento os efeitos da administração de toxina botulínica em pacientes com paralisia cerebral. Métodos Foi avaliada a amplitude de movimento através de goniometria de flexão de joelho bilateral em movimento ativo e passivo (ativo com comando de voz) em 2 crianças do sexo feminino, portadoras de encefalopatia crônica não progressiva e estudantes da APAE de Poços de Caldas. Estas que foram realizadas em momentos diferentes (antes e depois da aplicação de toxina botulínica em quadríceps bilateralmente realizado na unidade da AACD em Campinas). A primeira paciente, M.F.S. 12 anos, com diagnóstico de encefalopatia crônica não progressiva e epilepsia desde o parto, não há dados sobre como a paciente sofreu a patologia, pois não foi possível coletar os dados com a família e não há informações no relatório da APAE. Paciente com marcha muito precária, feita somente com ajuda de outra pessoa. Foi feita a avaliação e recomendado a aplicação de toxina botulínica na própria AACD, para melhorar a condição da marcha, trabalhar os músculos isquiotibiais que estão muito enfraquecidos por serem os antagonista pela sua condição de espasmo muscular de quadríceps. Foi avaliada sua goniometria de flexão de joelho bilateral 5 dias antes e 5, 15 e 30 dias após a aplicação de 150U de Toxina Botulínica Tipo A em 4 regiões do quadríceps bilateralmente, segundo dados do relatório - Pág. 150 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 da AACD, e foi associada fisioterapia já no 3º dia após a aplicação. A segunda paciente, A.M.F.R. 14 anos, com diagnóstico de encefalopatia crônica não progressiva desde o parto, a mãe da paciente refere que sentia contrações e somente foi feita cesariana 72h após sua internação na unidade hospitalar, a criança nasceu com 40 semanas de gravidez com problemas respiratórios e ficou internada na UTI neonatal por 15 dias, quando foi feito o diagnóstico da patologia. Somente começou a andar com muita dificuldade aos 4 anos e 6 meses de vida mas nunca desenvolveu uma marcha sem apoio. Foi recomendada pela unidade da A.A.C.D. de Campinas, aplicação de toxina botulínica tipo A em quadríceps para desenvolver um pouco mais a marcha facilitando o trabalho da fisioterapia. Foi realizada a goniometria ativa e passiva da paciente 5 dias antes de fazer a aplicação, 5, 15 e 30 dias após a aplicação com realização de fisioterapia 3 vezes por semana depois de 3 dias da aplicação. Segundo dados do relatório da AACD, foram feitas 4 aplicações de 140U de Toxina Botulínica Tipo A em quadríceps esquerdo e direito da paciente que respondeu bem ao procedimento e não obteve rejeição ao medicamento utilizado. Resultados As duas crianças avaliadas tiveram melhora do quadro de espasticidade e na amplitude de movimento (ADM), com a aplicação da toxina botulínica, sendo que a criança M.F.S. apresentou melhora gradativa em relação ao ganho de ADM nos momentos avaliados e cada momento esta apresentou ganho de aproximadamente 15º em média (Tabela 3). - Pág. 151 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Flexão de Joelho “E” 5 dias antes da aplicação 5 dias após aplicação 10 dias após aplicação 30 dias após aplicação Passiva 17° 43° 44° 68° Ativa 12° 30° 37° 60° Passiva 26° 46° 60° 85° Ativa 20° 43° 50° 76° Flexão de Joelho “D” Tabela 3– Análise da amplitude de movimento obtida através da análise goniométrica da Paciente M.F.S. Flexão de Joelho “E” 5 dias antes da aplicação 5 dias após aplicação 10 dias após aplicação 30 dias após aplicação Passiva 30° 52° 69° 90° Ativa 23° 45° 64° 82° Passiva 24° 50° 69° 94° Ativa 18° 43° 66° 90° Flexão de Joelho “D” Tabela 4 – Análise da amplitude de movimento obtida através da análise goniométrica da Paciente A.M.F.S. Conclusão A toxina botulínica é um tratamento eficaz, seguro e consistente para a espasticidade na paralisia cerebral, principalmente como coadjuvante na fisioterapia, trazendo facilidade no manuseio do paciente e mais eficácia no tratamento como um todo. Esta se dá tanto na qualidade de vida dos pacientes quanto nos objetivos da reabilitação, e conforme os resultados obtidos nas avaliações goniométricas, mostra que logo após sua aplicação e auxílio fisioterapêutico há uma melhora progressiva no grau da espasticidade do músculo em questão e consequentemente do movimento tanto ativamente quanto passivamente realizado aumentando a amplitude de movimento. - Pág. 152 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Referências Bibliográficas GRACIES, B., HELFTER J. M., SIMPSON H., MOORE, P. D.M.; Spaticity in adults. IN; Handbook of botulinum toxin treatment. Moore P., Naumann M., Blackwell Massachussetts, 219-269,2003. DRESSLER D., SABERI, F. A., BARBOSA E. R.; Botulinum Toxin: Mechanism of Action. Arq. de Neuro-Psiquiatria, São Paulo SP, v.63, n 1, págs. 180-185, março 2005. SPOSITO M. M. M.; Toxina Botulínica Tipo A: Propriedades Farmacológicas e Uso Clínico, Acta Fisiátrica, São Paulo SP, suplemento 01, 2004. PATO T. R., SOUZA D. R., LEITE, H. P.; Epidemiologia da Paralisia Cerebral, Acta Fisiátrica, São Paulo SP, suplemento 9, p. 71-76, 2002. GUYTON, C. A., HALL, J. E.; Tratado de Fisiologia Médica, 10ª ed., Mansfield Pennsylvania EUA, Ed. Guanabara Koogan Rio de Janeiro RJ, 2002, Caps. 6 e 7. TEIVE, H. A. G.; ZONTA, M.; KUMAGAI, Y.; Tratamento da espasticidade: uma atualização. Arq. Neuro-Psiquiatria, São Paulo SP, v. 56, n. 4, págs 852-858, 1998. - Pág. 153 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 TREINAMENTO DE FORÇA E ENVELHECIMENTO: UMA REVISÃO SOBRE OS EFEITOS DO EXERCICIO RESISTIDO EM IDOSOS. Márcio Luiz de Almeida Bueno1 , Rafaela Silva Brício Rezende¹, Autran José da Silva Jr2 , Arthur Paiva Neto2 1 Instituto Federal de Educação Ciência e Técnologia do sul de Minas/ Muzambinho/ Minas Gerais/ Brasil 2 Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé /LAPEHA /Guaxupé/ Minas Gerais/ Brasil [email protected] Resumo Durante o processo de envelhecimento são observados declínios significativos nos diferentes componentes da capacidade funcional (CF), em especial, nas expressões da força muscular. A prática regular do treinamento de força tem se mostrado efetiva para trazer vários benefícios à vida dos indivíduos idosos, auxiliando no aumento da capacidade funcional, principalmente pelo aumento da força muscular causada pelo treinamento com pesos. Logo, este estudo teve por objetivo identificar, por meio de uma revisão bibliográfica, os relatos dos benefícios que o treinamento de força pode trazer para os idosos. Pode-se observar que o treinamento de força retarda os processos degenerativos que ocorrem durante o envelhecimento humano e auxilia para uma melhoria na saúde e qualidade de vida dos idosos. Unitermos: Treinamento de força - Envelhecimento - Força Abstract During the aging process are significant declines observed in the different components of functional capacity (FC), in particular in terms of muscle strength. . The regular practice of strength training has been shown to provide many benefits to the lives of the elderly, helping to increase functional capacity, primarily by increasing muscle strength caused by weight training soon, this study aimed to identify, for means of a literature review, studies that report the benefits that strength training can bring to the elderly. It can be observed with this review that strength training slows the degenerative processes that occur during human aging and helps to improved health and quality of life for seniors. Keywords: Strength training - Aging - Force I INTRODUÇÃO Nos últimos anos, o número de idosos cresceu significativamente, refletindo nos dias atuais. Embora esse crescimento seja um importante indicativo da melhoria da qualidade de vida, o processo de envelhecimento está relacionado a perdas importantes em inúmeras capacidades físicas, as quais culminam, inevitavelmente, no declínio da capacidade funcional e da independência do idoso (MATSUDO et al 2001). O envelhecimento humano é conceituado como um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam perda de capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo a morte (PAPALÉO NETTO, 2001). - Pág. 154 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Durante o processo de envelhecimento são observados declínios significativos nos diferentes componentes da capacidade funcional (CF), em especial, nas expressões da força muscular (força muscular concêntrica, excêntrica e isométrica máxima, resistência de força, potência muscular, entre outras), (FLECK e KRAEMER, 2006). A diminuição de força muscular traz consequências para a autonomia funcional de idosos (KAMEL, 2003), deixando-os assim incapacitados de realizarem as tarefas mais simples do dia a dia, tornando-os muitas vezes dependentes dos que os cercam, o que acaba por reduzir em grande escala a qualidade de vida desses indivíduos, ( RODHES et al 2000). Segundo FLECK e KRAEMER (2006), o desenvolvimento de exercícios com pesos é muito importante, especialmente em idosos, pois o aumento de força muscular favorece a movimentação, como também facilita a recuperação de pós-operatório, além de contribuir para a diminuição das quedas e traumatismos, que são muito frequentes nas pessoas idosas. Nesse sentido o objetivo do presente estudo é revisar e mostrar os benefícios do treinamento de força em idosos. II REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Conceitos de Envelhecimento O envelhecimento tem, sobretudo, uma dimensão existencial e, como todas as situações humanas, modifica a relação do homem com o tempo, com o mundo e com sua própria história, revestindo-se não só de características biopsíquicas, como também sociais e culturais (BEAUVOIR, 1970). VARGAS (1994), define envelhecimento como um fenômeno biopsicossocial que atinge o homem e sua existência na sociedade, como um processo dinâmico e variável que conduz o organismo do nascimento à morte, distinguindo-se, assim, três fases diversas e contínuas: crescimento; maturidade e senescência. NETTO (1996), define o envelhecimento como um processo irreversível, que se inscreve no tempo entre o nascimento e a morte do indivíduo. Neste sentindo, é durante a vida inteira que envelhecemos. Para ERMINDA (1999), o envelhecimento é um processo de diminuição orgânica e funcional, não decorrente de doença, e que acontece inevitavelmente com o passar do tempo. O envelhecimento é sem dúvida, um processo biológico cujas alterações determinam mudanças estruturais no corpo e, em decorrência, modificam suas funções. Essa fase inicia-se no momento da concepção culminando no período denominado velhice (OKUMA, 1998). 2.2 Efeitos fisiológicos do envelhecimento Os efeitos fisiológicos decorrentes do envelhecimento são relatados freqüentemente na literatura (ADAMS e O’SHEA 1999, FRONTERA et al 1991, HAKKINEN, 2001). Para OKUMA (1998), do ponto de vista fisiológico, não ocorre necessariamente em paralelo ao avanço da idade cronológica, apresentando considerável variação individual. Este processo é marcado por um decréscimo das capacidades motoras, redução da força, flexibilidade, velocidade e dos níveis de VO2 máximo, dificultando a realização das atividades diárias e a manutenção de um estilo de vida saudável. A diminuição de massa magra nos tecidos e um aumento de massa gordurosa, além de uma progressiva atrofia muscular e perda de minerais ósseos, são aspectos fisiológicos decorrentes do envelhecimento. A soma destes fatores leva à diminuição da mobilidade das articulações, o que leva a uma diminuição ainda mais acentuada nas atividades - Pág. 155 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 físicas, (SHEPHARD, 2003). A atrofia muscular, principalmente de membros inferiores, tem sido associada ao maior risco de quedas, a diminuição da densidade mineral óssea (DMO) e a maior probabilidade de fraturas (CAMPBELL, 1999). Para FLECK e KRAEMER (2006), a perda de massa muscular acarreta, consequentemente, queda na força e potência muscular tanto em homem quanto em mulheres, destacando assim a importância da manutenção de massa muscular, força e potência à medida que envelhecemos. Estudos de CHARETTE, GUIDO e PIKA, (1991) têm demonstrado que a força pode ser aumentada mediante programas de condicionamento físico, de força e resistência, de alta ou baixa intensidade, inclusive em nonagenários. Outra capacidade fisiológica afetada é a capacidade aeróbia máxima. Segundo MCARDLE, KATCH e KATCH (2003), o consumo máximo de oxigênio (VO 2máx) decresce a partir da segunda década de vida, e chega a atingir a magnitude de 1% ao ano. O VO2máx é caracterizado por COSTILL et al. (1973) como consumo máximo de oxigênio e é uma variável tradicionalmente aceita como um bom indicador da capacidade para o exercício prolongado. Esta variável, segundo FLEGG e LAKATTA et al. (1988), declina com o avanço da idade a partir da segunda década de vida, dependendo de fatores genéticos e o nível de atividade física realizada pelo indivíduo. ADES et al (1996) verificaram, após 12 semanas de TP, melhorias significantes no tempo de caminhada a 80% do VO2máx na ordem de 38% em idosas com 65 a 78 anos, sem que tenha ocorrido alteração no VO2máx. Os resultados também indicaram que a melhoria do tempo de caminhada estava significativamente relacionada com os aumentos da força muscular. A fraqueza muscular pode avançar para um estágio no qual o indivíduo idoso não possa realizar atividades físicas da vida diária comuns. Dessa forma, a massa muscular, a força e a potencia musculares são igualmente importantes e devem ser mantidas à medida que envelhecemos. (FLECK e KRAEMER, 2006). Dentre os benefícios buscados pelo idoso, os principais destacados são a melhoria da saúde, melhoria da qualidade de vida e das habilidades funcionais (FLECK e KRAEMER, 2009). Segundo os mesmos autores, um programa individualizado de treinamento de força é um caminho para diminuir os declínios da força e massa muscular relacionadas a idade, bem como melhoras nas outras capacidades funcionais. 2.3 Treinamento de força para idosos e seus benefícios Hoje, a musculação está sendo prescrita por médicos que antes apenas sugeriam caminhadas para a manutenção do condicionamento geral e emagrecimento. Os benefícios do treino com pesos, em termos de saúde e qualidade de vida, igualam-se ou mesmo superam os obtidos pelos jovens, ou seja, nunca é tarde para se iniciar um programa de musculação. Também já se sabe que após os 30 anos, estima-se que a perda de força seja de 1% por ano até os 60 anos, de 15% por década entre os 60 e os 70 anos e, daí em diante, 30% por década, (KRAEMER, FLECK e EVANS,1996). Segundo HUNTER, MCCARTHY e BAMMAN (2004), se apenas uma forma de exercício tiver que ser escolhida para promover melhoria na capacidade funcional de idosos, o treinamento com pesos parece a melhor opção, se comparada aos exercícios aeróbios. Essa opção se fundamenta na observação de que as principais atividades cotidianas, presentes na vida de idosos, envolvem capacidades que são aprimoradas durante a prática do treinamento com pesos. Para UCHIDA et al (2003), o treinamento de força além da força e massa muscular, também proporciona ao praticante freqüência cardíaca e pressão arterial menor em repouso devido ao efeito do treinamento. - Pág. 156 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 O treinamento de força para idosos leva a incrementos das capacidades funcionais. Os aspectos funcionais relativos à marcha, ao equilíbrio (quedas) e as outras ações motoras serão altamente beneficiados por esse tipo de treinamento (OKUMA, 1998). O treinamento sistemático de força para FLECK e KRAEMER (2009), desacelera a perda de massa muscular e assim mantém seus níveis. Ele observa que a atividade física moderada, para indivíduos de 30 a 70 anos pode resultar em um ganho de força de 10% a 20%. Acrescenta também que atletas que treinam sistematicamente, a força mantém valores altos de força e de potência muscular até a sexta década de vida. De acordo com SIMÃO (2004), os benefícios do treinamento incluem adaptações psicológicas, metabólicas e funcionais à atividade física, contribuindo também substancialmente na melhora da qualidade de vida da população idosa. Dentre os benefícios estão: minimização das alterações biológicas do envelhecimento, reversão da síndrome do desuso, controle das doenças crônicas, maximização da saúde psicológica, incremento da mobilização e função e assistência à reabilitação das enfermidades agudas e crônicas para muitas das síndromes geriátricas comuns a essa população vulnerável. Em 1990, estudo realizado por FIATORE (1990) APUD FLECK E KRAEMER (2009) com homens e mulheres com idades de 87 á 96 anos submetidos a treinamento de extensão de joelho durante 8 semanas, demonstrou que a melhoria de força muscular é preservada mesmo nos muito idosos. ANIASON et al (1984), realizou treinos isométricos, durante 10 meses, com frequência de 2 vezes por semana com idosos. Tal metodologia apontou um incremento de 6% a 13% na força muscular dos extensores do joelho. ANTONIAZZI et al (1999), após 12 semanas de treinamento, com freqüência semanal de 2 dias em indivíduos entre 50 e 70 anos, com intensidade de 65% de 1RM, identificaram aumento de força muscular de membros superiores e inferiores e VO 2máx, promovendo adaptações cardiovasculares expressivas com o treinamento de força. GERALDES (2002), após 12 semanas de treinamento resistido para idosas em uma frequência de 2 vezes na semana, com a utilização de 3 séries de 8 a 10 repetições de 1RM, apontou ganhos significativos de força de até 36% após submetidas ao treinamento. 2.4 Desenvolvimento do treinamento de força para idosos Segundo FLECK E KRAEMER (2009), os fundamentos e princípios para montagem do treinamento de força são os mesmos, independente da idade do indivíduo treinado, devendo adequar o melhor programa para atender as necessidades e particularidades médicas de cada um. Na escolha dos exercícios deve-se enfocar os grandes musculares (de 4 a 6 exercícios) e para grupos musculares pequenos (3 a 5 exercícios), ordenando sempre de exercícios de grandes grupos musculares e posteriormente pequenos grupos musculares (FLACK E KRAEMER 2009). Para MEIRELLES (1997), o intervalo entre as séries deve ser relativamente longo, geralmente acima de 1 ou 2 minutos, aumentando a freqüência cardíaca muito pouco, com pesos baixos, fazendo assim o duplo produto (pressão arterial sistólica x freqüência cardíaca) dos exercícios. No que se refere à intensidade das cargas, o percentual indicado segundo FLECK e KRAEMER (2009) é de 50% a 85% de 1RM para 8 a 12 repetições, recomendando inicialmente cargas mais leves. Vários esquemas de cargas tem sido aconselhado durante a progressão de treinamento desde os mais leves, até moderados e moderadamente pesados. A duração do treinamento resistido, em geral, para se alcançar o maior efeito de saúde, é de 45 minutos, praticado 3 vezes por semana (BRINGMANN APUD WEINECK 2000) . De acordo com FLECK e KRAEMER (2009), o consentimento de um médico é recomendado em todos os casos. Para indivíduos que realizam um treinamento de força - Pág. 157 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 em um programa de condicionamento, um teste de força ou protocolo de exercícios é indicado para a avaliação dos sintomas específicos a modalidade do exercício. Ainda segundo os mesmos autores, deve-se tomar cuidado com a população idosa em relação à taxa de progressão, pois se for muito rápida, pode causar lesão. O indicado para que isso não aconteça é um programa de treinamento com variação, sobrecarga progressiva, especificidade e atenção especial à recuperação. III CONCLUSÃO Os aspectos positivos e negativos da participação dos idosos em programas de treinamento de força são similares aos da população mais jovem. Investigações cientificas demonstram êxito do treinamento de força na população mais velha. O fortalecimento muscular reflete em uma melhoria das atividades diárias e da qualidade de vida dos idosos. De acordo com o objetivo proposto nesta revisão, é possível concluir que através do treinamento com peso, há uma melhora significativa na qualidade de vida dos indivíduos idosos sendo muito benéfica para a saúde e tornando possível retardar os processos degenerativos que ocorrem durante o envelhecimento humano. IV REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADAMS, K. O. P.; O’SHEA, K.L Aging: its effects on strength, power, flexibility, and bone density. Natl Strength Cond Assoc J 21: 65-77, 1999. ADES, P.A.; BALLOR, D.L.; ASHIKAGA, T.; UTTON, J.L; NAIR, K.S. Weight training improves walking endurance in healthy elderly persons. Ann Intern Med. 124(6):568-72; 1996. ANIANSSON, A; LJUNGBERG, P.; RUNDGREN,A.; WETTERQVIST, H. Efecct os a training programe for pensioners on condition ad muscular strength. Arch Gerontol Geriatric, v.3, n.3, 1984. ANTONIAZZI, R.C.; PORTELA, L. O.; DIAS, J. F. S.; SÁ, C. A.; MATHEUS, S. C.; ROTH, M. A.; MORAES, L. B.; RADINS, E.; MORAES, J.O. Alterações do VO 2máx. de indivíduos com idades entre 50 e 70 anos, decorrente de um programa de treinamento com pesos. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v.4, n.3, p.27-34, 1999. BEAUVOIR, S. A Velhice – A Realidade Incômoda. São Paulo. Difusão Européia do Livro, 1970. CAMPBELL, A.J.; ROBERTSON, M.C.; GARDNER, M.M.; NORTON, R.N.; BUCHNER, D.M.Falls prevention over 2 years: a randomized controlled trial in women 80 years and older. Age Aging 28: 513-518, 1999. CHARRET, S.L.; MCEVOY, L.; PYKA. A.G. GUIDO. D.; WISWELL, A. Muscle hypertrophy response to resistance training in older women. J Appl Physiol 1991; 70: 1912-16, 1991. COSTILL, D.L.; THOMASON, H.;ROBERTS, E. Fractional utilization of the aerobic capacity during distance running. Medicine Science Sports, 1973. ERMINDA, J.G. Os idosos: Problemas e realidades. 1ª Ed, Editora Formasau, 1999. FLECK, S.J; KRAEMER, W.J. Fundamentos do treinamento de força muscular, 3ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas sul, 2006. - Pág. 158 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 _______________________. Otimizando o treinamento de força: programas de periodização não-linear. São Paulo: Manole, 2009. FLEGG, J.L.;LAKATTA, E.G. Role of muscle loss in the age related associated reduction in VO2max. J Appl Physiol. 65:1147-1151 1988. FRONTERA, W.R.; HUGHES, V.A.; LUTZ, K.J, EVANS, W.J. Across-sectional study of muscle strength and mass in 45- to 78-yr-old men and women. J Appl Physiol 71: 644650,1991. GERALDES, A. A.R. Efeitos do treinamento contra resistência sobre a força muscular e o desempenho de habilidades funcionais selecionadas em mulheres, 233f. Disser tação (Mestrado em Ciência da Motricidade Humana). Universidade Castelo Branco, UCB, RJ; 2002 HAKKINEN, K.; KRAEMER, W.J.; NEWTON, R.U.; ALEN, M. Changes in electromyographic activity, muscle fibre and force production characteristics during heavy. Acta Physiologica Scandinavica, Vol 171, 2001. HUNTER, G.R.; MCCARTHY, J.P.; BAMMAN, M.M. Effects of resistance training on older adults. Sports Med; 34(5):329-48, 2004. KAMEL, H.K. Sarcopenia and aging. Nutr Rev. 61:157-67, 2003. KRAEMER,W.J.; FLECK, S.J.; EVANS, W.J. Strenght and power training: Physiological mechanisms of adaptation. Exercise and sport sciences reviews, 363-398, 1996. MATSUDO, S.M.M. MATSUDO, V.K.R. ARAÚJO, T.L. Perfil do nível de atividade física e capacidade funcional de mulheres maiores de 50 anos de idade de acordo com a idade cronológica. Rev Bras Ativ Fís Saúde, 6(1): 12-24, 2001. McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício- energia, nu trição e desempenho humano. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. MEIRELLES, M.E.A. .Atividade física na 3ª idade.Rio de Janeiro: Sprint, 1997. NETTO, M.P. A velhice e o envelhecimento em Visão Globalizada. Ed Atheneu, 1996. OKUMA, S.S. O idoso e a atividade física. Campinas, São Paulo: Papirus;1998. PAPALÉO NETTO, M.B.Urgências em geriatria: epidemiologia, fisiopatologia, quadro clínico e controle terapêutico.São Paulo, Rio de Janeiro,Belo Horizonte: Atheneu ,2001. RHODES, E.C.; MARTIN, A.D.; TAUTON, J.E.;DONNELLY, M.; WARREN, J.E. Effects of one year of resistance training on the relation between muscular strength and bone density in elderly women. Br J Sports Med. 2000. SHEPHARD, R. J. Envelhecimento, atividade física e saúde. Trad. Maria Aparecida da Silva Pereira Araújo. São Paulo: Phorte, 2003. SIMÃO, R. Treinamento de Força na Saúde e Qualidade de Vida. São Paulo: Phorte, 2004. - Pág. 159 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 VARGAS, H. S. Psicogeriatria Geral. Vol. 1. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 1994. UCHIDA, M.C.; CHARRO, M.A.; BACURAU, R.F.P.; NAVARRO, F.; PONTER JÚNIOR, F.L. Manual de musculação, São Paulo: Phorte, 2003. WEINECK. J. Biologia do Esporte. Editora Manole Ltda. São Paulo, 2000. - Pág. 160 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 PÔSTERES CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA PEDIÁTRICA Angélica Oliveira Veríssimo da Silva Graduada em Enfermagem, Faculdade Nossa Senhora do Patrocínio CEUNSP [email protected] Neumar Gianotti Fonseca Graduada em Enfermagem, Faculdade Nossa Senhora do Patrocínio CEUNSP [email protected] RESUMO É um desafio discorrer sobre a oncologia pediátrica, pois a criança é sinônimo de alegria, esperança, crescimento, vida e futuro, tornando essa imagem da infância abalada com o aparecimento do câncer que, ao contrário, envolve sofrimento, dor e estresse. Para que o tratamento em oncologia pediátrica ocorra de maneira primorosa, é necessário que o enfermeiro esteja imbuído de um conhecimento amplo sobre a fisiopatologia do câncer e seus tratamentos, além disso, é de suma importância que a equipe multidisciplinar seja especializada no cuidado à criança, sendo assim, a enfermagem encara como seu grande desafio em oncologia pediátrica, não só entender, mas auxiliar no enfrentamento do processo saúde-doença, proporcionando uma assistência humanizada, resgatando assim o lado sadio da criança doente. Objetivo: Identificar na literatura científica os cuidados de enfermagem em oncologia pediátrica. Metodologia: Estudo de revisão bibliográfica, retrospectivo e quantitativo. Resultados: Observou-se que há poucas publicações concernentes aos cuidados em oncologia, sendo que a maioria está no idioma espanhol. Apesar do cuidado paliativo ser uma área em expansão, há pouco interesse na realização de estudos para ofertar uma assistência de qualidade ao paciente oncológico. Conclusão: Cuidar em oncologia pediátrica é ter, sobretudo, sensibilidade suficiente a fim de se colocar no lugar do outro nos momentos de dor, angústia e sofrimento, pois se faz necessário não só o cuidar técnico, mas também o humanizado. O profissional de Enfermagem deve cuidar não apenas do corpo como da subjetividade, oferecendo à criança um tratamento voltado para suas necessidades. O Enfermeiro, no que diz respeito ao cuidado paliativo, deve focar-se na pessoa e não na doença, enxergando-a como um todo, pois a chance de cura já não existe, então, cabe-lhe proporcionar um morrer com dignidade. Descritores: Enfermagem, Cuidados, Oncologia e Criança. - Pág. 161 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 A TERMORREGULAÇÃO E A REPOSIÇÃO HÍDRICA DURANTE A PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICA EM CRIANÇAS. Carolina de Carvalho Andrade¹, Fabrício Neves Mendonça³, Alessandro de Oliveira², ¹ Discente do curso de Educação Física da UFSJ ² Docente do Depto. das Ciências da Educação Física e Saúde da UFSJ E-mail para contato: [email protected] Nos últimos anos o número de trabalhos abordando questões ligadas à termorregulação e a reposição hídrica em repouso e no exercício tem crescido. Este estudo buscou contribuir nesta discussão por meio de uma pesquisa analítica e de revisão bibliográfica levando em consideração os mecanismos termorregulatórios e a manutenção do equilíbrio hídrico no exercício em crianças. A maioria dos estudos analisados demonstraram um impacto negativo da tolerância ao calor em crianças, devido à menor superfície corporal total e menor massa muscular. Tais diferenças se devem ao fato de que o fluxo sanguíneo é direcionado para a região cutânea, podendo provocar restrição de suporte circulatório aos músculos e outros órgãos. Com isso, a produção de suor é alterada, para garantir a manutenção da estabilidade térmica durante o exercício, porém em temperaturas elevadas, o risco é maior, pois a menor sudorese provoca uma absorção do calor do ambiente pelo organismo. Sabendo destas diferenças, torna-se essencial um controle da perda hídrica em crianças, pois o incentivo e a disponibilização de fluidos para este grupo da população podem não ser suficientes para manter a hidratação. Tal cuidado deve ser aumentado quanto é realizada uma atividade em ambientes quentes e úmidos, mesmo que o risco não seja significante diante da hipohidratação apresentada. Apesar dos vários estudos encontrados, ainda existe uma dificuldade na obtenção dos dados acerca deste tema fora de ambientes laboratoriais. Esta escassez dificulta a aplicabilidade e uma quantificação de possíveis reposições hídricas levando em consideração a intensidade e a duração de exercícios físicos. Após a análise dos referenciais encontrados, pode-se concluir que existem diferenças notórias nos mecanismos termorregulatórios em crianças quando comparados aos adultos sendo necessária a conscientização de pais, diretores e professores de escolas na prevenção de um possível estado de desidratação nesta faixa etária, que poderá acarretar distúrbios graves na homeostase. Palavras-chaves: termorregulação, crianças, hidratação. - Pág. 162 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 ABORTO PROVOCADO: VISÃO ANALÍTICA COM ENFOQUE NA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Pedro Henrique Rodrigues Senteio Especializando em Enfermagem em Emergência, Faculdade Santa Bárbara - FAESB, [email protected] Laércio Fabrício Alves Especializando em Enfermagem em Emergência, Faculdade Santa Bárbara - FAESB, [email protected] RESUMO Atualmente no Brasil o aborto é considerado crime, exceto nas situações de estupro e de risco de vida materno. A proposta de um Anteprojeto de Lei, que está tramitando no Congresso Nacional, alterando o Código Penal, inclui uma terceira possibilidade quando da constatação anomalias fetais. Atualmente o grande problema e meta a corrigir, seria minimizar o grande problema de saúde publica que o aborto se tornou. Já quando falamos do aborto em países desenvolvidos, observamos que o consenso se sobrepõe, no qual o aborto é considerado uma pratica normal, com a justificativa, de manter a estabilidade econômica, diminuir complicações materno-fetal e eliminar a probabilidade de ter clínicas clandestinas. Em relação á enfermagem é inevitável salientar que atualmente a equipe de enfermagem não está preparada para vivenciar e agir frente à situação do processo de abortamento. Objetivo: Identificar as complicações psico-socio-biológicas acerca do aborto provocado, com enfoque na Sistematização da Assistência de Enfermagem, para assim identificar os principais problemas ocorridos, para elaboração de intervenções de enfermagem. Método: pesquisa quantitativa e qualitativa de caráter exploratória baseado na revisão bibliográfica. Resultados: Durante o levantamento de dados na Medline, Lilacs e Scielo, foi possível encontrar uma grande divergência de opiniões frente a este tema, pois legislação, população e autores se contradizem, ou seja, não conseguem si quer chegar a um conceito universal para “aborto”. Conclusão: O aborto ainda não pode ser visto com um beneficio para a população, no entanto, é indiscutível que o tema seja polêmico, devido à grande divergências de opiniões existentes. O aborto provocou um grave problema de saúde publica, no qual parte deste problema pode ser remediado caso a equipe de enfermagem realize a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), minimizando complicações. Nossos estudos são necessários para compreender o real problema do Brasil sobre o Aborto. Descritores: Aborto Provocado, Assistência de Enfermagem, legislação. - Pág. 163 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM FRENTE A UMA PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA Pedro Henrique Rodrigues Senteio Especializando em Enfermagem em Emergência, Faculdade Santa Bárbara - FAESB, [email protected] Laércio Fabrício Alves Especializando em Enfermagem em Emergência, Faculdade Santa Bárbara - FAESB, [email protected] RESUMO A PCR é sem duvida a situação de maior urgência clinica hospitalar. Por se tratar de um momento de risco iminente a vida, causa um grande estresse a vitima e aos profissionais da saúde, já que as chances de sobrevivência do paciente estão vinculadas a intervenções eficazes e rápidas tomadas de decisões. Apesar do conhecimento desenvolvido e capacitação dos profissionais da saúde, muitas dificuldades vêm sendo observadas no atendimento a PCR no meio hospitalar. Sendo o enfermeiro o primeiro a diagnosticar a PCR e a iniciar as manobras de RCP, este deve estar preparado para atender de forma rápida e segura, além de tomar decisões, afim preservar a vida do paciente. Objetivo: pesquisa bibliográfica sobre o tema, observar e analisar os resultados de publicações encontrados em bases de dados sobre o treinamento de enfermagem na PCR. Metodologia: Pesquisa descritiva, com abordagem em estudo bibliográfico, com aspectos quantitativos e retrospectivos. Resultados: Estudos demonstram que a maioria dos enfermeiros tem dificuldades em diagnosticar corretamente uma PCR, bem como tomar as condutas imediatas. Os resultados apontam um déficit de conhecimento em identificar a PCR, as principais causas, e medicações utilizadas na PCR. Apesar dos inúmeros treinamentos oferecidos a equipe de enfermagem, este conhecimento é demonstrado em pesquisas, não permanecer por muito tempo, sendo necessária a capacitação continua. Pesquisas desenvolvidas no ano de 2004 revelam que o profissional enfermeiro se sente mais confiante em diagnosticar uma PCR e realizar as manobras de RCP após o curso, mas com o passar do tempo, sentiam-se incapazes de realizar as competências sem supervisão, reforçando assim a necessidade de treinamento freqüente. Conclusão: É preciso evoluir muito em relação a trabalhos sobre treinamento em PCR, e mais ainda em enfermagem, principalmente pelos trabalhos encontrados serem recentes, e por existir um numero inexpressivo de publicações frente à importância do assunto. Descritores: enfermagem, cardiorrespiratória, parada e treinamento. - Pág. 164 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 ATENDIMENTO AO PACIENTE EM CRISE HIPERTENSIVA NA AUSÊNCIA MÉDICA Laércio Fabrício Alves Mestrando em Ciências da Saúde, Universidade São Francisco - USF, [email protected] Pedro Henrique Rodrigues Senteio Especializando em Enfermagem em Emergência, Faculdade Santa Bárbara - FAESB, [email protected] RESUMO A crise hipertensiva é definida como uma elevação abrupta da pressão arterial (PA), no qual pode ser classificada como urgência ou emergência, e se diferem pela presença ou não de dano agudo e progressivo aos órgãos-alvo. Habitualmente, a crise hipertensiva é associada á pressões arteriais diastólicas superiores á 120 mmHg. Nas emergências, a elevação da pressão arterial está associada à ocorrência de dano agudo ou progressivo de órgãos-alvo, no sistema nervoso central, no sistema hematológico, no miocárdio e nos rins. Nas urgências, o potencial de dano agudo ou progressivo de órgãos-alvo acaba sendo grande e provável se a PA não for controlada. Durante o atendimento, deve-se levar em consideração uma abordagem sistemática, inclusiva e rápida. O diagnóstico e tratamento são realizados conforme a intensidade do quadro clínico, com o objetivo de interromper o aumento ou surgimento de lesão de órgão-alvo. Os fármacos do tratamento são baseados nos vasodilatadores diretos, ß-bloqueadores, antagonistas do cálcio, inibidores da enzima conversora de angiotensina, agonista central e diuréticos. Em relação à enfermagem, ainda há necessidade de mais estudos frente ao que o enfermeiro (a) pode fazer frente a uma crise hipertensiva na ausência do médico, entretanto, cabe ao enfermeiro (a), monitorar PA, observar alterações no nível de consciência, monitorar sinais de congestão pulmonar, acompanhar exames laboratoriais, monitorar ECG e efeitos adversos decorrentes de medicamentos. Este estudo qualitativo foi baseada em uma revisão descritiva da literatura e teve por objetivo a identificação dos sinais, sintomas e condutas do enfermeiro frente a um paciente em emergência hipertensiva, na ausência médica. Os resultados mostram que há necessidade de mais trabalhos de enfermagem pertinente ao tema, pois, ainda é escasso na literatura artigos que abordem função do enfermeiro no atendimento à crise hipertensiva na ausência médica. Descritores: Crise Hipertensiva, Emergência e Assistência de Enfermagem. - Pág. 165 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 Quadro 01: Triagem ao Atendimento da crise hipertensiva CRISE HIPERTENSIVA Pressão Arterial Diastólica > ou = 120mmHg (1) Lesão de órgão alvo presente? (2) SIM Emergência Hipertensiva (3) SIM Urgência Hipertensiva (4) Sala de Emergência - Acesso venoso, Oxigênio, Monitorização cardíaca, PA não invasiva a - ECG, Rad.do tórax, Laboratório (3 ) -Alteração da consciência -Alteração campo visual -Sinais neurológicos focais -Rigidez de nuca NÃO Papiledema? SIM -Papiledema -Exudatos -Hemorragias (isolados) Hipertensão Acelerada Maligna (6) NÃO Pseudo-crise Hipertensiva (5) a Sala de Observação (4 ) - Medicação via Oral: Captopril 25mg ou Clonidina 0,1-0,2mg -Dor isquêmica -ECG: Alterações isquêmicas Fluxograma de Insuficiência Coronariana Aguda a ALTA (5 ) -Dor toráxica dorsal -Pulsos assimétricos -Rx-Alargamento do mediastino -Congestão pulmonar -B3 -Hipóxia Fluxograma de Dissecção de Aorta Fluxograma de Edema Agudo de Pulmão Gestação Eclâmpsia (7) Nitroprussiato de Sódio ÑÃO Encefalopatia Hipertensiva TC crânio normal Acidente Vascular Cerebral? Aval Neuro TC crânio sem contraste (emergência) - Pág. 166 - Sinais neurológicos compatíveis com 1 território arterial? Fluxograma AVC hemorrágico (8) SIM Fluxograma AVC isquêmico (9) Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 TRATAMENTO EQUOTERAPÊUTICO APÓS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL NA ADOLESCÊNCIA: ESTUDO DE CASO Autor 1: Lucas de Lima Dicente do 4º ano do Curso de Fisioterapia Instituição: Universidade São Francisco, Bragança Paulista – SP e-mail: [email protected] Autor 2: Milena Suguiyama Bacci Dicente do 4º ano do Curso de Fisioterapia Instituição: Universidade São Francisco, Bragança Paulista – SP e-mail: [email protected] Autor 3: Carolina Camargo de Oliveira Mestre e Doutoranda em Ciências Biomédicas pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco e-mail: [email protected] A Organização Mundial da Saúde estabeleceu em 2006, que Acidente Vascular Cerebral (AVC) constitui quadro agudo, decorrente de alterações vasculares, isquêmicas ou hemorrágicas no sistema nervoso central com sintomas e sinais persistindo por 24 horas ou mais. Com os avanços dos estudos na saúde, os recursos para tratamento das seqüelas dos transtornos neurológico vão além da prática clínica. São muitos os trabalhos com resultados positivos utilizando novas abordagens complementares, trazendo novas perspectivas ao tratamento, à estudos e pesquisas, como a equoterapia. O objetivo geral desse trabalho é avaliar a independência funcional, postura e equilíbrio de um adulto, com história de AVC na adolescência, antes e após tratamento equoterapêutico. Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco, o paciente, atualmente com 22 anos de idade, concordou em participar deste estudo, assinando Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Posteriormente, foi realizada a avaliação inicial, no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Equoterapêutico de Bragança Paulista, com os instrumentos: Medida de Independência Funcional (MIF); Escala de Equilíbrio de Berg; e Avaliação Neurológica. Após a avaliação inicial, foi estabelecido o programa terapêutico e atualmente, o paciente faz sessões de equoterapia com trinta minutos de duração, duas vezes por semana, realizando treino de equilíbrio, fortalecimento de membros inferiores, exercício de rotação de tronco, exercícios de correção postural, alongamento global e trabalho de percepção corporal. Após sete meses de tratamento, portanto em setembro de 2010, será realizada a avaliação final com os mesmos instrumentos da inicial, para posterior comparação dos resultados antes e após o tratamento equoterapêutico. Como resultado parcial, foi detectado na avaliação inicial, escore 99 da MIF (maioria dos itens com dependência mínima ou moderada); escore 37 da Berg (aproximadamente 54% de risco para queda). Na avaliação neurológica foi constatado hemiparesia espástica à esquerda e dificuldade na marcha. - Pág. 167 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 ESTUDO QUANTITATIVO DOS HÁBITOS ALIMENTARES EM NADADORES NAS DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS CAROLINE BONFIM NOVENTA - GRADUANDO DO CURSO DE NUTRIÇÃO, - CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO DE BATATAIS - [email protected] PRISCILA FIGUEIRA - Graduando do curso de Nutrição, Centro Universitário Claretiano de Batatais, GABRIEL PÁDUA DA SILVA; - Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais, BRUNO FERREIRA; - Graduando do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Claretiano de Batatais, ADRIANA LUCIA CAROLO - Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais ÉRIKA DA SILVA BRONZI - Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais SIMONE CECILIO HALLAK REGALO -Livre docência/Docente-Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto FORP-USP EDSON DONIZETTI VERRI. - Mestre/ Docente- Centro Universitário Claretiano de Batatais INTRODUÇÃO: A alimentação é o processo que permite chegar ao organismo os nutrientes necessários para o seu bom funcionamento. O desenvolvimento de um atleta é conseqüência de um volume de treinamento técnico e físico bem elaborado, obedecendo a modalidade esportiva e o perfil corporal do atleta que o pratica. OBJETIVO: Analisar a freqüência das refeições diárias nas diferentes faixas etárias dos atletas da natação. MATERIAIS E MÉTODOS: Participaram do estudo 44 indivíduos, sendo 20 indivíduos do sexo masculino com idade entre 07 a 19 anos e 24 indivíduos do sexo feminino com idade entre 07 a 17 anos, divididos em subgrupos: Escolar de 07 a 09 anos e adolescente de 10 a 19 anos, participantes do Torneio de Natação do Centro de Cultura Física de Batatais. Foi utilizado o método de avaliação quantitativo, através de um questionário de freqüência alimentar com 24 perguntas. A coleta de dados foi realizada pelos pesquisadores, acadêmicos do curso de Nutrição do Centro Universitário Claretiano de Batatais. RESULTADOS: Os dados demonstram que no período escolar feminino as refeições de café da manhã 87,5%, almoço 100% e jantar 100% foram as de maior predominância, e no sexo masculino o café da manhã 80%, almoço 100% e Jantar 100%. Nos adolescentes as refeições predominantes no sexo feminino foram, café da manhã 87,5%, almoço 93,75% e jantar 87,5% e no sexo masculino café da manhã 53,34%, almoço 80% e jantar 86,67%. Pode-se observar que os escolares realizam as seis refeições diárias recomendadas. Já os adolescentes, pois ignoram algumas refeições tais como: Café da Manha e Lanche da Manha. CONCLUSÃO: Esta pesquisa mostra que há falta de acompanhamento das demandas nutricionais dos atletas de ambos os sexos e idades o que requer a elaboração de um cuidadoso planejamento alimentar, adaptada à sua modalidade esportiva e estilo de vida. PALAVRAS CHAVE: Natação, Alimentação, Faixa Etária. - Pág. 168 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 PROJETO “FAZENDO SAÚDE”. MARIA APARECIDA DA SILVA E SILVA ANTONIO DONIZETE DE SOUZA [email protected] [email protected] PREFEITURA MUNICIPAL - FLORÍNEA- SÃO PAULO-BRASIL [email protected] O Município de Florínea possui aproximadamente 2980 habitantes carente de alternativas na promoção e prevenção de saúde. Com o intuito de reverter a situação desenvolveu com o Governo Federal / MS, um projeto de atividades físicas destinadas a população pertencente aos grupos de riscos: Sedentários, Obesos, Diabéticos, Hipertensos, entre outros. O Projeto visa promover e melhorar a qualidade de vida, implantando e incentivando hábitos saudáveis através de atividades físicas a fim de reduzir a vulnerabilidade aos riscos a saúde da população pertencente ao grupo. Este trabalho é realizado semanalmente, sendo desenvolvidas atividades físicas como: caminhadas, alongamentos, exercícios físicos, passeios, danças, atividades recreativas, entre outras e eventualmente palestras de sensibilização e orientação sobre a importância da conscientização desse projeto. Os resultados vêm sendo comprovados positivamente, observando diariamente o controle da pressão arterial, exames de glicemia e I.M.C. com registros de avaliação. Enfim concluímos que o projeto trouxe benefícios à população de risco, considerando a redução de medicamentos, internações, controle da hipertensão, diabetes, diminuiu o sedentarismo e consequentemente a obesidade , elevando a auto estima, prevenindo e promovendo uma melhor qualidade de vida. Essa conclusão deu-se através de avaliação da equipe multiprofissional, onde todos se empenham para adquirir resultados. O grupo faz depoimentos de melhorias, trazendo satisfação para a equipe de trabalho. Enfim concluímos que a atividade física é uma importante e forte aliada na qualidade de vida. Palavras - Chaves: Atividade Física na Qualidade de Vida. - Pág. 169 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 AUSENCIA DE VARIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DURANTE O CICLO MENSTRUAL EM UNIVERSITARIAS Pryscila Morais do Nascimento - Acadêmica do 5º período de Educação Físisca da Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena MG. [email protected] Paulo de Jesus Chaves – Acadêmico do 5º período de Educação Física da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus Magnus I – Barbacena – MG. [email protected]. Nayara - Acadêmica do 8º período de Fisioterapia da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus II Ubá – MG – [email protected] Luciana Miranda Lima Teixeira – Acadêmica do 5º período de Educação Física da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – campus I Magnus – Barbacena – MG. [email protected] Claudia Heloisa da Cunha Ávila – Acadêmica do 5º período de Educação Física da Universidade Presidente Antõnio Carlos – UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena – MG. [email protected] Laila Damazio – Fisioterapeuta - Ms. em Neurociência pela UFSJ/pós-graduada em Fisioterapia Neurológica pela UFMG/Doutoranda em Biologia Celular pela UFV Professora dos Cursos de Fisioterapia e Educação Física, da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus II Ubá e Campus I Magnus Barbacena – MG. [email protected] Algumas variáveis da aptidão física são marcadamente influenciadas pelas fases do ciclo menstrual. Contudo, há pouca informação sobre eventuais modificações na flexibilidade. O presente estudo procurou analisar o comportamento da flexibilidade durante as diversas fases do ciclo menstrual sem precisar modificar a atual rotina das participantes. Para realizar essa análise consideraram-se universitárias aparentemente saudáveis do ponto de vista de hormônios sexuais e que diferiam apenas quanto à utilização ou não de anovulatórios hormonais, tem como objetivo verificar possíveis alterações de flexibilidade durante todo o ciclo. O ciclo menstrual dura, em média, 28 dias, podendo ser dividido em três fases distintas: folicular, ovulatória e lútea. Foram utilizadas como amostra 15 mulheres adultas jovens, em que o grupo experimental era de mulheres que não faziam uso de anticoncepcional oral e o grupo controle era constituído de mulheres que utilizavam algum anticoncepcional oral há pelo menos um mês. Para a medição da flexibilidade foi utilizado o Flexisteste no grupo experimental e o teste ANOVA ou teste t, no grupo controle. Em ambos os grupos a medição foi feita por articulação, por movimento e sua variabilidade. Analisando as articulações e os índices de variabilidade, não foram encontradas diferenças significativas com as fases do ciclo menstrual, com a exceção do índice de variabilidade distal-proximal entre as fases ovulatória e folicular no grupo experimental. Porém não se pode concluir que definitivamente não há variações da flexibilidade durante o ciclo menstrual, pois há a possibilidade de limitações do Flexiteste em identificar mínimas variações, sendo necessário a realização de outros estudos. PALAVRAS CHAVE: ciclo menstrual; flexibilidade; atividade física - Pág. 170 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 CORRELAÇÃO ENTRE MOBILIDADE FUNCIONAL DE TRONCO, EQUILÍBRIO E RISCO DE QUEDAS EM IDOSOS COM DOENÇAS DE PARKISON Paulo de Jesus Chaves – Acadêmico do 5º período de Educação Física da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus Magnus – Barbacena – MG – [email protected]. Pryscila Morais do Nascimento - Acadêmica do 5º período de Educação Físisca da Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC – Campus Magnus – Barbacena - MG - [email protected] Luciana Miranda Lima Teixeira – Acadêmica do 5º período de Educação Física da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – campus I Magnus – Barbacena – MG – [email protected] Claudia Heloisa da Cunha Ávila – Acadêmica do 5º período de Educação Física da Universidade Presidente Antõnio Carlos – UNIPAC – Campus I Magnus – Barbacena – MG. [email protected] Nayara - Acadêmica do 8º período de Fisioterapia da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus II Ubá – MG – [email protected] Laila Damazio - Fisioterapeuta. Professora do Curso de Fisioterapia da UNIPAC de Ubá. Ms. em Neurociência pela UFSJ/pós-graduada em Fisioterapia Neurológica pela UFMG da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Campus II Ubá – MG – [email protected] RESUMO A Doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa crônica e progressiva do sistema nervoso central que acomete principalmente, o sistema motor desencadeando tremor, bradicinesia, rigidez e instabilidade postural que variam de acordo com evolução da doença. O presente estudo tem como objetivo avaliar o equilíbrio, a mobilidade de tronco e o risco de quedas em pacientes com Doença de Parkinson. Foram avaliados seis idosos, de ambos os sexos, com idade igual ou maior que 60 anos portadores dessa doença. A pesquisa utilizou uma ficha de avaliação para coleta dos dados da anamnese, uma escala para avaliação do equilíbrio corporal (escala de Berg), outra escala (Downton) para avaliar risco de queda e o teste de Alcance Funcional para mensurar a mobilidade do tronco e equilíbrio estático. A análise estatística utilizada foi o teste de correlação de Pearson com nível de significância de 5% e 1%. Os resultados encontrados foram a correlação entre o equilíbrio corporal e o risco de quedas com r de -0,8083, a correlação entre a idade e o risco de quedas com r de 0,7394, a não correlação entre o alcance funcional e o risco de quedas com r de – 0,3593 e o tempo de lesão com o risco de quedas com r igual a -0,2292.Conclui-se que a diminuição do equilíbrio está diretamente relacionada com o maior risco de quedas e que o teste de Alcance Funcional não permite predizer sobre o risco de quedas entre a população estudada, uma vez que, este teste avalia o equilíbrio estático e as quedas estão mais relacionadas com o equilíbrio dinâmico. PALAVRAS CHAVES: risco de quedas, equilíbrio corporal, Doença de Parkinson. - Pág. 171 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 O EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR REALIZADO EM ACADEMIA SOBRE PORTADORA DE HEMIPARESIA ESPÁSTICA: UM RELATO DE CASO CIBELE LEMOS DA SILVEIRA KALLAS O estudo está direcionado às academias de ginástica, para inclusão de alunas portadoras de deficiências físicas em aulas coletivas, tendo como objetivo a redução da gordura corporal. Conforme orientação médica fisiatra e ortopédica de S.S.C, com Hemiparesia Espastica à esquerda, 41 anos, foi aplicada uma programação, durante 16 semanas, com frequência de quatro aulas semanais. Devido sua paralisia cerebral ter provocado a diminuição parcial da força muscular de um lado do corpo, os exercícios prescritos foram aplicados em 60% das aulas para trabalhar força e resistência com a ginástica localizada (halteres, tornozeleiras e barra), 20% para flexibilidade, equilíbrio e postura com aulas de Alongamento e Mat Pilates (no solo e na bola) e 20 % de aulas para perda de peso, diminuição de gordura corporal, condicionamento e coordenação motora com a Ginástica Aeróbica (Jump, Step e Dança). Na Avaliação Nutricional inicial de S.S.C seu peso foi de 94 Kg, estatura de 1,57m, IMC 38 Kg/m2 (obesa, segundo WHO, 1995), 21,7% de gordura total e 5,7% de excesso de gordura corporal. Após período de intervenção a mesma apresentou 94,2 Kg, IMC 38,2 kg/m2, 18,8% de gordura total. Observou que houve uma redução de 3% de gordura corporal, acréscimo de 2,9% de massa magra segundo Faulkner (2002), justificando a estabilidade do peso corporal. Na avaliação médica final a voluntária apresentou diminuição da espasticidade, melhora na deambulação e trofismo muscular. O estudo concluiu que a prática regular de exercícios físicos e as orientações nutricionais contribuíram para a redução de gordura corporal, além de melhora na capacidade motora e auto-estima. Contudo, alunas portadoras de algumas deficiências físicas, apesar de suas limitações, podem obter importantes ganhos em uma academia de ginástica através de aulas coletivas. - Pág. 172 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 ANÁLISE DA FUNCIONALIDADE DA ECOLALIA EM UM SUJEITO COM DIAGNÓSTICO DENTRO DO ESPECTRO AUTÍSTICO, EM UM ESTUDO DE CASO, SOB A PERSPECTIVA DA PRAGMÁTICA Danielle Janaína Prates Graduação em Fonoaudiologia, Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio CEUNSP, [email protected] Laércio Fabrício Alves Mestrando em Ciências [email protected] da Saúde, Universidade São Francisco - USF, RESUMO O autismo infantil é um distúrbio global do desenvolvimento, que ocorre tipicamente antes dos 03 anos de idade, caracteriza-se sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação. Sabe-se que o autismo infantil está incluído entre as psicoses, e é considerado um distúrbio global do desenvolvimento. A sua etiologia ainda é obscura, apesar de que nos últimos tempos, o autismo infantil vem sendo objeto de estudo de muitas pesquisas, principalmente a que envolve as hipóteses organicistas e perspectivas psicodinâmicas. A Teoria Pragmática em uma terapia fonoaudiológica leva em conta o contexto em que a fala aparece. A pragmática dá valor social à linguagem. A ecolalia é definida como a repetição não significativa da fala dos outros, podendo ser classificada como: Ecolalia Tardia, Ecolalia Imediata e Ecolalia Mitigada. Este trabalho tem como objetivo Analisar a funcionalidade da ecolalia em um sujeito com diagnóstico dentro do espectro autístico, em um estudo de caso, sob a perspectiva da pragmática. Foi utilizada uma análise descritiva de 7 filmagens consecutivas do sujeito em interação com o terapeuta, analisando as ecolalias com e sem intenção comunicativa. O Pressuposto Teórico que embasou a pesquisa foi a Teoria Pragmática e sua contribuição para a Fonoaudiologia. A pesquisa foi qualitativa, quantitativa e transversal. Utilizou-se os seguintes materiais: Filmadora Playpak; 03 Fitas; Protocolo de Pragmática do ABFW (Fernandes, 2004); Jogos, Brinquedos e Músicas Infantis. Os resultados demonstram que houve uma melhora qualitativa e quantitativa no uso de ecolalias após o tratamento fonoaudiológico, o uso da ecolalia interativa aumentou significativamente. Para concluirmos, é importante salientar que apareceram mais ecolalias com Intenção Comunicativa, o que proporcionou interação, linguagem e fala espontânea. Descritores: Ecolalia, Transtorno Autistico e Linguagem. - Pág. 173 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 ABORTO PROVOCADO: VISÃO ANALÍTICA COM ENFOQUE NA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Laércio Fabrício Alves Mestrando em Ciências [email protected] da Saúde, Universidade São Francisco - USF, Pedro Henrique Rodrigues Senteio Especializando em Enfermagem em Emergência, Faculdade Santa Bárbara - FAESB, [email protected] RESUMO Atualmente no Brasil o aborto é considerado crime, exceto nas situações de estupro e de risco de vida materno. A proposta de um Anteprojeto de Lei, que está tramitando no Congresso Nacional, alterando o Código Penal, inclui uma terceira possibilidade quando da constatação anomalias fetais. Atualmente o grande problema e meta a corrigir, seria minimizar o grande problema de saúde publica que o aborto se tornou. Já quando falamos do aborto em países desenvolvidos, observamos que o consenso se sobrepõe, no qual o aborto é considerado uma pratica normal, com a justificativa, de manter a estabilidade econômica, diminuir complicações materno-fetal e eliminar a probabilidade de ter clínicas clandestinas. Em relação á enfermagem é inevitável salientar que atualmente a equipe de enfermagem não está preparada para vivenciar e agir frente à situação do processo de abortamento. Objetivo: Identificar as complicações psico-socio-biológicas acerca do aborto provocado, com enfoque na Sistematização da Assistência de Enfermagem, para assim identificar os principais problemas ocorridos, para elaboração de intervenções de enfermagem. Método: pesquisa quantitativa e qualitativa de caráter exploratória baseado na revisão bibliográfica. Resultados: Durante o levantamento de dados na Medline, Lilacs e Scielo, foi possível encontrar uma grande divergência de opiniões frente a este tema, pois legislação, população e autores se contradizem, ou seja, não conseguem si quer chegar a um conceito universal para “aborto”. Conclusão: O aborto ainda não pode ser visto com um beneficio para a população, no entanto, é indiscutível que o tema seja polêmico, devido à grande divergências de opiniões existentes. O aborto provocou um grave problema de saúde publica, no qual parte deste problema pode ser remediado caso a equipe de enfermagem realize a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), minimizando complicações. Nossos estudos são necessários para compreender o real problema do Brasil sobre o Aborto. Descritores: Aborto Provocado, Assistência de Enfermagem, legislação. - Pág. 174 - Revista ENAF Science Volume 5, número 1, abril de 2010 - Órgão de divulgação científica do 48º ENAF - ISSN: 1809-2926 - Pág. 175 -