ONCOLOGIA ATUAL_INCA - UROLOGIA-1
Transcrição
ONCOLOGIA ATUAL_INCA - UROLOGIA-1
CAPÍTULO 11 Câncer de Bexiga Daniel Hampl Antonio Augusto Ornellas Leandro Koifman Marcos Tobias-Machado ! EPIDEMIOLOGIA O tumor de bexiga é uma doença neoplásica do urotélio que reveste a bexiga. O tipo histológico presente em mais de 90% dos casos é o carcinoma urotelial ou de células transicionais. Outros tipos histológicos, como o carcinoma de células escamosas ou epidermoide, e o adenocarcinoma, também podem estar presentes, mas correspondem à minoria dos casos.1 Cerca de 70-80% dos casos são diagnosticados e classificados como doença não musculoinvasiva ou superficial e, apesar da alta taxa de recorrência, 80% permanecem como doença superficial.2 O câncer de bexiga é o 4º tumor de maior incidência no homem e o 9º entre as mulheres. Sua incidência parece estar aumentando nos últimos anos, apesar de não estar havendo aumento na taxa de mortalidade pela doença. Pelo contrário, o número de sobreviventes da doença mantém-se em curva ascendente.3 O aparecimento de novos casos parece estar associado ao consumo excessivo do tabaco, convívio com substâncias tóxicas nas grandes cidades e com a maior expectativa de vida nos países industrializados.4 O carcinoma urotelial de bexiga é mais comum em homens do que em mulheres em proporção média de 4:1, rotineiramente diagnosticado após os 55 anos e 2 vezes mais prevalente nos brancos.3 Quando presente em homens, é recomendada investigação quanto à presença de câncer de próstata, pois cerca de 25 a 46% dos pacientes submetidos à cistectomia por câncer de bexiga possuem neoplasia prostática sincrônica.5,6 Esse dado é de extrema importância principalmente quando se pensa em tratamento poupando a próstata como cistectomia parcial por exemplo. ! ETIOLOGIA E FATORES DE RISCO É uma doença de etiologia multifatorial e parece estar envolvida com o somatório entre fatores biomoleculares do indivíduo e substâncias exógenas.7 Vários fatores são bem documentados e conhecidos dos urologistas, como a exposição às aminas aromáticas e aos fatores de exposição ocupacional na indústria, como tintas, alumínio e gás.8-10 Outros fatores não menos importantes são a exposição ao tabaco, que aumenta em cerca de 3 vezes o risco de desenvolver a doença, piora o prognóstico e aumenta o risco de multifocalidade e recidiva tumoral.11 Alguns tipos histológicos estão associados a fatores de risco específicos como o carcinoma epidermoide que pode estar presente naqueles pacientes submetidos a fatores irritantes crônicos da mucosa vesical, como cateter vesical permanente, cálculo de bexiga ou infecção pelo Schistossoma Haematobium, além do adenocarcinoma, menos frequente, responsável por menos de 2% dos casos, que também pode estar associado à irritação vesical crônica ou pode ser originado no úraco.1 A radioterapia pélvica também está associada ao desenvolvimento do carcinoma de urotelial de bexiga.12 ! QUADRO CLÍNICO Hematúria macro ou microscópica, indolor e intermitente ou contínua é o sintoma mais comum do câncer de bexiga.13 Quando presente a hematúria microscópica, cerca de 10% dos indivíduos apresentam neoplasia geniturinária, sendo a vesical a mais comum.14 Esse fato fez com que a American Urological Association recomendasse a realização de cistoscopia diagnóstica em todos os pacientes com hematúria, principalmente naqueles sem fator determinante evidente para o sintoma.15 Sintomas irritativos constituem a segunda apresentação clínica mais comum e, geralmente, estão relacionados com o carcinoma in situ ou tumor invasivo. O exame físico em geral é normal, sendo o diagnóstico de câncer de bexiga dependente da determinação histopatológica de material coletado do epitélio vesical. ! DIAGNÓSTICO Cistoscopia É o procedimento padrão para diagnóstico e acompanhamento do paciente portador de neoplasia vesical. O grau de correlação entre suspeição diagnóstica durante o exame e a confirmação histopatológica pode alcançar 90%.16 No entanto, cistoscopia considerada normal pelo examinador pode estar associada à presença da neoplasia em até 25% dos casos principalmente quando as lesões são pequenas ou na presença de carcinoma in situ.17 O procedimento pode ter a sua sensibilidade aumentada com recursos como a luz fluorescente e agentes fotossensibilizadores. No entanto, além de ter alta taxa de falso-positivos, seu o custo é alto e ainda inviabiliza utilizar estes métodos rotineiramente.18,19 Citologia urinária É um exame de fácil coleta e pode funcionar como excelente fator acessório ao diagnóstico, acompanhamento e screening, principalmente naqueles pacientes considerados grupo de risco para o desenvolvimento da doença (hematúria e sintomas irritativos). A sensibilidade do exame pode ultrapassar 90% nos tumores de alto grau e no carcinoma in situ. No entanto, dificilmente ultrapassa os 35% quando se trata de neoplasia de baixo grau, tornando o falso-negativo muito comum.20-24 Marcadores tumorais na urina Os testes para marcadores como o antígeno do tumor vesical (STAT Test, BTA Trak), a proteína da matriz celular NMP22 e a análise de hibridização in situ (FISH) são alguns dos testes realizados atualmente. No entanto, apesar de promissores, a acurácia desses testes ainda não permite que substituam a cistoscopia e a citologia urinária.25 Exames de imagem A ultrassonografia abdominal possui alta sensibilidade para a detecção de lesões intravesicais maiores do que 0,5 cm.26 Considera-se um bom método por ser de baixo custo e não invasivo. Pode ser utilizado em conjunto no arsenal de avaliação do paciente com neoplasia vesical, pois cerca de 5% desses possuem lesão no trato urinário alto.27 Ressecção transuretral da bexiga (RTUB) Atualmente é o padrão de excelência por ser essencial na identificação da lesão e coleta de material para confirmação histopatológica. É considerado um procedimento diagnóstico e terapêutico, podendo oferecer dados bons para a definição do grau e estadiamento da doença.28 É recomendado que seja realizado sob anestesia, ressecando-se o componente papilar da lesão e realizando-se biópsia da base com a finalidade de obter a amostra com menos artefatos térmicos para a análise do patologista. 87 PARTE IX UROLOGIA A realização de biópsia aleatória na mucosa normal só tem seu papel na investigação de carcinoma in situ naqueles pacientes sem lesão evidente e com citologia urinária positiva.29 Em caso de carcinoma in situ, está indicada a realização de biópsia da mucosa da uretra prostática.29,30 Uma segunda RTUB está recomendada quando houver o diagnóstico de tumor urotelial de alto grau, primeira ressecção incompleta ou insuficiente para avaliar a profundidade da lesão.31 Quadro 1. Estadiamento TNM da União Internacional contra o Câncer (UICC) 2002 e revisada em 2009 T – TUMOR PRIMÁRIO Tx Tumor primário não pode ser identificado Ta Tumor papilar não invasivo Tis Tumor plano: carcinoma in situ T1 Tumor invade o tecido conectivo subepitelial T2 Tumor invade a camada muscular T2a Invade a camada muscular superficial (metade interna) Grau histológico T2b Invade a camada muscular profunda (metade externa) A classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que define o grau histológico entre diferenciado, moderadamente diferenciado e indiferenciado, ou graus 1, 2 e 3, foi revisada em 2004 em conjunto com a Sociedade Internacional de Uropatologistas. A partir disso, foi recomendado evitar o laudo histológico de tumor G2 ou moderadamente diferenciado para neoplasias vesicais. Tal revisão foi fundamental para uma maior correlação clínica e acompanhamento terapêutico da doença.32,33 T3 Tumor ultrapassa a camada muscular, invade tecido perivesical T3a Microscopicamente T3b Macroscopicamente (massa extravesical) Estadiamento tumoral ! CLASSIFICAÇÃO T4 Compromete órgãos adjacentes T4a Próstata, útero, vagina T4b Parede pélvica/abdominal N1 Linfonodo único 2 cm N2 Linfonodo único ou múltiplo > 2 e < 5 cm N3 Linfonodo > 5 cm N – LINFONODOS O exame físico no tumor de bexiga costuma ser normal na maioria das vezes, inclusive naqueles pacientes com doença invasiva. A ultrassonografia não é um bom método para a detecção de metástases e invasão tumoral. A tomografia computadorizada cumpre seu papel de estadiamento tumoral em cerca de 55% dos pacientes, e a ressonância magnética falha em detectar metástases em 15%.34 Ou seja, o estadiamento clínico ideal do tumor de bexiga ainda não é realizado, com as técnicas disponíveis sendo dependendo do resultado dos exames físico, de imagem e da RTUB. A tomografia por emissão de pósitrons (PET scan) parece promissora, porém as informações ainda não são consistentes.35 A probabilidade de haver metástases ósseas nos pacientes com tumor invasivo é de cerca de 5% e, por isso, a cintilografia óssea não está indicada nos pacientes clinicamente assintomáticos ou com fosfatase alcalina elevada.36 O estadiamento patológico pode ser definido após o procedimento cirúrgico, quando é realizado cistectomia parcial ou radical com linfadenectomia. No passado, a diferenciação entre tumor superficial e invasivo gerava muita discussão, pois englobava sob o mesmo rótulo doenças com características clínicas e prognósticas muito diferentes. Por exemplo, tumor superficial encabeçava o grupo do carcinoma in situ, Ta e T1. Hoje, sabemos que o carcinoma in situ possui características de tumor de alto grau com alto índice de progressão para doença invasiva, e o T1 tem grande potencial de progressão. Visto isso, a comunidade internacional vem desencorajando a utilização dessa terminologia e incentivando a utilização do TNM.37-40 No Quadro 1 é mostrado o estadiamento pelo TNM do tumor de bexiga ilustrado na Figura 1. M – METÁSTASES Mx Presença de metástase a distância não pode ser avaliada M0 Ausência de metástase a distância M1 Metástase a distância A multiplicidade e o tamanho tumoral estão relacionados com o prognóstico e com a taxa de recidiva tumoral após o tratamento primário.41-43 Vários modelos de estratificação de risco foram idealizados no sentido de classificar o paciente quanto ao risco de recidiva e progressão da doença (Quadro 2). Essa busca faz sentido para os tumores não invasivos (Tis, Ta e T1), pois formas de tratamento intravesicais adjuvantes e menos agressivas podem ser oferecidas. Quando o tumor de bexiga invade a camada muscular, ou seja, torna-se invasivo, o tratamento ideal é cirúrgico, em geral com cistectomia radical. Portanto, tais modelos tentam avaliar quais tumores não invasivos possuem maior ou menor risco de evoluir para doença recidivante ou invasiva e, com isso, culminarem no tratamento por cistectomia. Quadro 2. Classificação de risco para os tumores não musculoinvasivos CLASSIFICAÇÃO DE RISCO PARA OS TUMORES PTIS, PTA E PT1 Baixo risco Únicos, pTaG1, 3 cm ! ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO Risco intermediário Apesar de o estadiamento e o grau histológico representarem os fatores prognósticos mais importantes, outros fatores podem ser considerados determinantes na avaliação prognóstica e na terapia do tumor de bexiga. Tumores de baixo risco recidivados ou multifocais, pTaG3, pT1G3 ou 3 cm Alto risco Tumores de risco intermediário recidivados, pT1G3, presença de carcinoma in situ Urotélio Lâmina própria Muscular Tecido adiposo Tis 88 Ta T1 T2a T2b T3a T3b FIGURA 1. Estadiamento tumoral no tumor de bexiga. pTa e T1 Aproximadamente 79-80% dos tumores de bexiga são considerados superficiais, sendo a maioria Ta (70%) e o restante, T1 ou Tis. Os tumores Ta geralmente são de baixo grau, enquanto a maioria dos T1 é de alto grau. O grupo geniturinário da European Organization for Research and Treatment of Câncer (EORTC) definiu alguns fatores clínicos e patológicos considerados importantes na evolução da doença superficial Ta e T1 como: Número de lesões. Tamanho da lesão. Recorrência. Estadiamento tumoral. Presença de Tis sincrônico. Grau histológico. Atualmente, tais fatores devem ser pesados na decisão terapêutica, mas não há nenhum modelo considerado ideal ou utilizado definitivamente na prática clínica que valha a sua descrição nesse capítulo. pT2 Os tumores que invadem ou ultrapassam a camada muscular possuem evolução mais agressiva e podem evoluir com invasão de órgãos adjacentes e envio de metástases a distância. Por isso, o tratamento ideal é a remoção cirúrgica por cistectomia radical. ! TRATAMENTO DOS TUMORES TIS, TA E T1 Ressecção transuretral (RTU) A ressecção transuretral é o procedimento diagnóstico e terapêutico inicial nos pacientes com tumor de bexiga. Esse procedimento deve ser realizado com extrema racionalidade e com objetivos bem definidos como: Exame da uretra, uretra prostática e paredes vesicais. Visualização das lesões (diagnóstico). Ressecção completa das lesões (terapia). Durante a ressecção das lesões, o objetivo terapêutico é concomitante ao de angariar informações que podem ser valiosas para a definição de possíveis terapias adjuvantes. Para isso o cirurgião deve preocupar-se com: Grau de diferenciação celular: evitar ao máximo o uso excessivo da energia térmica no material a ser enviado ao patologista. Grau de invasão tumoral da parede vesical: após a ressecção do componente exofítico, recomenda-se realização de biópsias da base e de suas bordas com profundidade suficiente para e obter amostra da camada muscular da bexiga. Algumas pessoas confundem a realização de biópsias dirigidas à base da lesão e de suas bordas com a realização de biópsias aleatórias de mucosa de aspecto normal. As bordas da lesão, apesar do aspecto normal, podem conter células atípicas ou até mesmo carcinoma in situ. Tal dado é fundamental no estadiamento e na programação terapêutica, pois quando presentes, essas alterações podem determinar recidiva tumoral nos primeiros 12 meses em até 80% dos pacientes. As biópsias aleatórias, pelo risco de perfuração da bexiga, não são indicadas como rotina.45 Além disso, as chances de detecção de Tis são extremamente pequenas, cerca de 2% dos casos.46,47 Tal procedimento se justifica em casos de lesões suspeitas ou na mucosa vesical normal quando há citologia urinária positiva. Deve ser realizada sem utilização de energia térmica (biópsia a frio) para manter a integridade do tecido e proporcionar melhor estudo pelo patologista.29 O envolvimento da uretra prostática e dos ductos ejaculatórios em pacientes com tumor de bexiga não invasivo já foi documentado e, por isso, recomenda-se a biópsia do colo uretral quando houver Tis ou múltiplas lesões intravesicais.48,49 Segunda RTU ou second-look Um segundo procedimento de ressecção transuretral está indicado em algumas situações. A ressecção transuretral inicial pode subestadiar o tumor de bexiga entre 20 e 40% dos casos ou ser incompleta em um terço deles.50,51 Tal procedimento deve ser realizado de 1 a 6 semanas após a primeira ressecção deve incluir a ressecção da área previamente ressecada, sendo recomendada e nas seguintes situações: CÂNCER DE BEXIGA O carcinoma in situ (Tis), por definição, é um tumor de alto grau e pode representar cerca de 10% dos tumores vesicais. O Tis pode estar associado a Ta ou Tis secundário invasivo em até 50% das vezes1 e, sem nenhuma forma de tratamento, progride para carcinoma invasivo ( T2) em cerca de 54% dos casos.44 CAPÍTULO 11 pTis Ressecção incompleta das lesões. Amostra insuficiente para avaliação da camada muscular. Carcinoma in situ. Estadiamento T1. Tumores de alto grau. Margens positivas para atipia ou neoplasia. Persistência de citologia urinária positiva (considerar estudo do trato urinário alto). Terapia intravesical Como a maioria das lesões vesicais trata-se de tumores superficiais, geralmente a RTU é o tratamento inicial. Apesar da alta taxa de recorrência, ela continua sendo opção de acompanhamento e tratamento desses tumores que tendem a permanecer superficiais. Nesse sentido, terapias intravesicais adjuvantes no período peroperatório ou no pós-operatório podem reduzir a taxa de recorrência tumoral,52 porém não há dados que sinalizem uma redução na taxa de progressão da doença.53 Muitos cirurgiões defendem a utilização de terapia intravesical em todos os pacientes submetidos à RTUB. Infelizmente, ainda não há consenso entre o agente a ser utilizado (Quadro 3), o melhor momento para sua instilação e o melhor esquema terapêutico a ser seguido.52 Alguns autores fazem uso do agente no peroperatório em dose única com o argumento de que reduz o numero de células tumorais que implantam na parede vesical nas primeiras horas após a ressecção e, com isso, reduzindo o risco de recidivas.54-57 A utilização de terapia intravesical é classicamente indicada quando houver presença de fatores que comumente determinam maiores taxas de recidiva e progressão da doença como a multiplicidade de lesões ( 2 lesões), base da lesão maior de 3 cm, lesões de alto grau, T1, Tis e recorrência tumoral. A presença de qualquer um desses fatores justifica a instilação de terapia intravesical.68 Nosso grupo, quando julga necessária a terapia intravesical, costuma utilizar o BCG (Bacillus Calmette-Guérin) iniciando com fase de indução de 3 a 4 semanas após a RTU com aplicação semanal durante 6 semanas, mantendo uma dose entre 40-120 mg instilada por 2 horas. A manutenção é feita com aplicação mensal por período mínimo de 1 ano. Falha na terapia intravesical (recorrência e progressão) No tumor não invasor, mas com alto risco de recorrência A taxa de recorrência e progressão está intimamente associada ao grau de diferenciação e invasão da lâmina própria. A progressão para estadiamenQuadro 3. Agentes utilizados para terapia intravesical AGENTE IMUNOMODULADOR AÇÃO Bacilo de Calmette-Guérin (BCG) Estimula reação inflamatória com a liberação de citocinas58-62 Interferon Ativa linfócitos, liberação de citocinas e atividade fagocitária; inibe angiogênese63 AGENTE QUIMIOTERÁPICO AÇÃO Tiotepa Agente alcalinizante64 Mitomicina C Antibiótico; inibe a síntese de DNA65 Doxorrubicina Inibe a síntese de DNA66 Gencitabina Inibe a síntese de DNA67 89 PARTE IX UROLOGIA to T2, ou seja, tumor musculoinvasivo, varia de 6-25% nos tumores Ta e de 27-48% nos T1. Estudos recentes confirmam que a terapia intravesical com BCG reduz a recidiva, mas não afeta as taxas de progressão da doença e, por isso, não foi evidenciado aumento significativo na sobrevida câncer-específica se compararmos com a não utilização do método.69-73 Sabemos que a recidiva ou a persistência da doença apesar da terapia intravesical com BCG pode estar associada a 30% de chances de haver doença musculoinvasiva e metastática.74-77 Caso haja progressão para doença músculo invasora a cistectomia radical é indiscutivelmente a melhor decisão terapêutica, mas enquanto o tumor de bexiga, mesmo que recidivante, for considerado não musculoinvasor, opções mais conservadoras ainda podem ser indicadas como nova RTU e novo ciclo de BCG. Trabalhos científicos recentes recomendam cistectomia radical nesses pacientes, pois a resposta terapêutica a um novo ciclo de BCG pode variar de 27-51% dos casos. O tratamento do tumor de bexiga Tis, Ta e T1 sempre envolverá o risco de recorrência ou progressão versus morbidade do tratamento com maiores índices de sucesso e sobrevida em 5 anos: a cistectomia radical. Por isso, mesmo em meio a tanta incerteza, ainda há alguns cirurgiões que indicam a cistectomia radical como tratamento para tumores superficiais quando múltiplos ou na presença de carcinoma in situ sincrônico ou mesmo quando há comprometimento da uretra prostática. No carcinoma in situ O carcinoma in situ é por definição uma lesão de alto grau e seu tratamento inicial geralmente envolve RTU de bexiga associada a BCG intravesical adjuvante. Cerca de 50% desses pacientes desenvolverão recorrência com invasão muscular ou doença extravesical e 15% deles podem morrer da doença entre 5-7 anos.78-81 Portanto a cistectomia radical pode ser indicada quando não houver resposta ao ciclo de BCG, recorrência intravesical ou extravesical. ! TRATAMENTO NO CARCINOMA UROTELIAL MUSCULOINVASOR ( T2) 90 Felizmente, a maioria das lesões tumorais de bexiga é considerada superficial ou melhor, não musculoinvasoras. As lesões com estadiamento T2 em diante na classificação TNM são consideradas invasoras. Pelo seu grau de malignidade, alta taxa de progressão para metástases e óbito, o tratamento deve ser proporcionalmente agressivo. A cistectomia radical é o tratamento ideal, mas infelizmente nem sempre pode ser realizada a tempo para manter objetivos curativos. Antes de ser indicada com intenções curativas, a cistectomia deve ser precedida por uma investigação minuciosa quanto ao grau de invasão tumoral, comprometimento linfonodal e presença de metástases a distância. A RTU de bexiga pode colher material suficiente para a definição do estádio tumoral T2, mas é incapaz de oferecer meios para o patologista definir se há lesão extravesical ou comprometimento linfonodal. Nesses casos, a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) são os melhores métodos para definir o grau de extensão tumoral. No entanto, por motivos óbvios, não são capazes de evidenciar lesões com comprometimento microscópico (T3a), mas são os melhores métodos disponíveis para suspeitar de lesão macroscópica extravesical ou de órgãos adjacentes ( T3b).82,83 A RM tende a ser melhor na avaliação de lesão tecidual perivesical se comparada a TC e pode, inclusive, superestimar lesões inflamatórias. No entanto, o segundo método é mais fidedigno na visualização espacial/anatômico da pelve.84 O estadiamento linfonodal permanece ruim no pré-operatório com as técnicas atuais de TC e RM. A sensibilidade para detecção de metástase linfonodal não ultrapassa 87% nas séries mais otimistas, e a especificidade também é baixa, pois o aumento do linfonodo pode ser secundário à doença benigna.85-89 Linfonodos pélvicos maiores do que 8 mm e abdominais maiores de 10 mm de diâmetro são considerados aumentados aos métodos de detecção por imagem e merecem atenção especial.90,91 A tomografia com emissão de pósitrons (PET scan) ainda não possui evidências suficientes para justificar a sua utilização de rotina na investigação linfonodal.92,93 Os exames de imagem devem pesquisar o pulmão e o fígado a procura de metástases a distância. Osso e cérebro são sítios raros para metástases, mas exames específicos como a cintilografia óssea e TC de crânio podem ser indicados caso haja suspeita clínica de comprometimento desses órgãos.94,95 Quimioterapia neoadjuvante O tratamento padrão para a doença musculoinvasora, como já dito anteriormente, é a cistectomia radical. No entanto, tal tratamento envolve grande morbimortalidade e proporciona 5 anos de sobrevida em aproximadamente 50% dos pacientes.96-100 A partir de 1980, alguns autores sugeriram a utilização de agentes quimioterápicos antes da cirurgia tentando aproveitar um momento clinicamente mais satisfatório do paciente. No entanto, inúmeros questionamentos ainda rodeiam o tema. Como não conseguimos um estadiamento pré-operatório satisfatório com os exames disponíveis poderíamos oferecer todos os riscos e efeitos colaterais da quimioterapia a pacientes sem evidência histopatológica de doença metastática. Além disso, poderíamos atrasar e comprometer a performance status do paciente antes de ser submetido a um procedimento de grande porte e alta morbidade. Em razão do ambiente nebuloso, o tema ainda não é consenso entre os urologistas. Quimioterapia adjuvante Pode ser indicada nos pacientes submetidos a cistectomia radical com estadiamento patológico pT3-T4 e/ou linfonodo positivo sem metástases clinicamente detectáveis. Cistectomia radical É o tratamento padrão para o carcinoma urotelial invasivo e localizado na bexiga. Ainda é controversa a idade limite para a realização do procedimento bem como os tipos de derivação urinária reconstrutoras a serem utilizados. Atualmente, com a melhora técnica e tecnológica que envolve o procedimento, os grandes centros de referência no tratamento da doença estão realizando a cirurgia mesmo em pacientes com mais de 80 anos. Mesmo com maior morbidade no pós-operatório, não se observa aumento na taxa de mortalidade relacionada com o procedimento em pacientes dessa faixa etária.101,102 A partir do momento em que é diagnosticado, o carcinoma urotelial invasor da bexiga deve ter seu tratamento definido. O atraso em cerca de 90 dias já é suficiente para aumentar os índices de doença extravesical e influencia diretamente no tipo de reconstrução a ser escolhida pelo cirurgião.103,104 Indicações A cistectomia radical é indicada para pacientes com doença musculoinvasiva (T2-T4a, N0, M0). Outras indicações incluem tumores superficiais de alto risco de progressão e recidivantes, carcinoma in situ refratário à BCG, T1 de alto grau (T1G3) e tumores irressecáveis por RTU. O procedimento pode ser utilizado sem intenções curativas em situações especiais como dor pélvica por invasão tumoral, hematúria recorrente, fístulas. Técnica cirúrgica A cistectomia radical inclui a remoção da bexiga, uretra e órgãos adjacentes. No homem é retirada a próstata com as vesículas seminais e na mulher o útero com anexos.105 No homem, a remoção da próstata se justifica, pois estudos de autópsia sugerem a presença de adenocarcinoma de próstata sincrônico ao carcinoma urotelial de bexiga em cerca de 23-54% dos pacientes. Cerca de 20% desses pacientes teriam também doença prostática clinicamente significativa.106-108 A extensão da linfadenectomia ainda é motivo de discussão entre os especialistas. Existe uma tendência atual em se realizar a linfadenectomia estendida com remoção das cadeias linfonodais obturatórias, ilíacas internas, externas e comuns até a bifurcação aórtica alem dos linfonodos pré-sacrais. O valor curativo desse método e a padronização da linfadenectomia ainda não foram definidos.109-111 Tendemos a crer que a possibilidade de avaliação de, no mínimo, 15 linfonodos na peça enviada ao A utilização de técnicas laparoscópicas ou roboassistidas vem ganhando terreno e se mostrando factíveis apesar do longo tempo cirúrgico e da dificuldade técnica dependente do material utilizado.117-119 Apesar dessas técnicas ainda serem consideradas experimentais, inúmeros trabalhos vêm sendo publicado, justificando sua utilização, mas aguardamos avaliação criteriosa dos resultados oncológicos a longo prazo que, apesar do uso recente dessas técnicas, parecem ser promissores.120,121 A cistectomia radical laparoscópica ou assistida por robô deve ser oferecida para pacientes com tumores não volumosos e confinados à bexiga. Presença de linfadenopatia extensa, doença localmente avançada, coagulopatias, obesidade mórbida, cirurgias abdominais prévias, radioterapia ou quimioterapia neoadjuvante são contraindicações relativas e devem ser estudadas caso a caso.122 Derivações urinárias incontinentes Ureterostomia É a derivação mais simples (Fig. 2). A anastomose do ureter à pele permite o escoamento direto da urina e pode ser realizada com um ou dois ureteres. Decorrente do diâmetro reduzido do ureter é comum a ocorrência de estenoses nos estomas.132 Apesar de mais simples tecnicamente, é mais suscetível a infecções do trato urinário e as complicações tardias se comparada com as técnicas que utilizam o TGI.133 Conduto ileal É a técnica mais utilizada no mundo (Fig. 3). Apesar de 48% dos pacientes apresentarem complicações imediatas como infecção, pielonefrite, fístulas e estenoses, possui resultados muito bons e previsíveis a longo prazo.134 Sangramento e taxas de transfusão Derivações urinárias continentes A abordagem laparoscópica pura ou assistida por robô vem demonstrando com relação à cirurgia aberta importante diminuição das taxas de sangramento e hemotransfusão. Estes percentuais variam, respectivamente, entre 150 e 500 mL, e 3 a 6%, tanto para cirurgias laparoscópicas como robóticas.122-127 Podem ser confeccionados reservatórios urinários de baixa pressão com segmentos do TGI, sendo necessário o autocateterismo para permitir o esvaziamento. Complicações envolvem formação de cálculos e estenose da ostomia.135-138 Complicações Várias séries vêm demonstrando semelhanças entre as taxas de complicações menores e maiores quando comparados com cistectomia radial aberta. Haber and Gill (2008) demonstraram com a técnica laparoscópica, taxas de complicações menores e maiores de 18 e 16%, respectivamente, sem diferenças estatísticas com relação à técnica aberta.1 Estes resultados são corroborados por outros estudos comparativos.126,128,129 Quando analisamos as cirurgias assistidas por robô, estes resultados também são semelhantes e as taxas de complicações variam entre 21 e 30%.125,127,130 Derivação urinária Esse é um tema que demanda enorme atenção do cirurgião e talvez por isso é tema de inúmeros livros que abordam, especificamente, o assunto. A derivação a ser utilizada para reconstrução do fluxo urinário é dependente de inúmeros fatores como características locais da doença, tempo do diagnóstico ao tratamento, afeição do cirurgião com as técnicas e até mesmo com o nível socioeconômico do paciente. Diversos segmentos do trato gastrointestinal (TGI) podem ser utilizados na reconstrução, incluindo estômago, íleo, cólon e apêndice vermifor- CÂNCER DE BEXIGA Cistectomia radical laparoscópica e robótica me.131 Todos eles envolvem comprometimento na qualidade de vida, na continência urinária, na estética, na função sexual e na psique do paciente. As derivações urinárias realizadas totalmente laparoscópicas têm que ser encaradas com cautela. Os resultados obtidos mesmo nas laparoscopias assistidas por robô mostraram um maior tempo cirúrgico, maior sangramento e taxas de transfusão, maiores taxas de complicações menores, maior tempo para aceitação alimentar e alta hospitalar quando comparadas com derivações extracorpóreas realizadas.122 CAPÍTULO 11 patologista cumpre a função terapêutica e de estadiamento da linfadenectomia.112,113 A ressecção da porção distal dos ureteres está indicada no caso de carcinoma in situ, e a avaliação por congelação na sala operatória deve ser realizada com o objetivo de alcançar margens livres da doença.114 Caso haja margem positiva para a presença da neoplasia na margem uretral da ressecção, a uretrectomia pode ser indicada, assim como quando a doença compromete o colo vesical na mulher ou invade a uretra prostática no homem.115,116 Anastomose ureterocolônica (ureterossigmoidostomia) É a técnica continente mais antiga. Consiste em anastomosar os ureteres no cólon esquerdo. Esse procedimento hoje é obsoleto pelo risco de infecções do trato urinário e desenvolvimento de câncer de cólon.139 Essa técnica era acompanhada de evacuações úmidas e, muitas vezes, determinavam urgeincontinência fecal (Fig. 4). Neobexiga ortotópica É considerada por muitos a melhor técnica a ser oferecida ao paciente e é o objetivo a ser alcançado nos pacientes submetidos à cistectomia radical nos maiores centros de tratamento da doença. O íleo terminal é o segmento mais frequentemente utilizado na confecção do reservatório, porém os segmentos colônicos também são muito utilizados. Em qualquer dos procedimentos utilizados, os dois ureteres geralmente são anastomosados com técnicas antirrefluxo. Os reservatórios podem ser anastomosados na uretra ou na parede abdominal. Quando a derivação para a uretra é utilizada, o esvaziamento pode ser feito com a compressão abdominal e relaxamento esfincteriano. Nos casos de insucesso nas micções por compressão e nas derivações para o abdome, o cateterismo intermitente é mandatório. Nas Figs. 5 e 6 mostra-se como é feita a neobexiga utilizando-se a técnica de Studer e a de Mainz Pouch. FIGURA 2. A ureterostomia pode ser feita implantando-se um ou dois ureteres na pele. Uma das opções quando um dos ureteres é curto seria implantá-lo no mais comprido, em uma transureterostomia. 91 PARTE IX Alça ileal isolada UROLOGIA Refazendo o trânsito intestinal Ureteres A C B FIGURA 3. (A e B) O conduto ileal é feito implantando-se os ureteres em uma alça de íleo terminal isolada. (C e D) O trânsito intestinal é refeito, e em seguida, confeccionada uma ileostomia cutânea. D Ureter FIGURA 4. (A) Os ureteres são anastomosados no sigmoide. Inicialmente, é feito um túnel nas tênias do sigmoide expondo a mucosa do retossigmoide. A mucosa é incisada e os ureteres implantados. (B) Em seguida as tênias são suturadas, sepultando os ureteres com técnica B antirrefluxo. Sigmóide A Alça ileal aferente Reservatório Alça aferente 25cm A FIGURA 5. (A e B) Neobexiga ortotópica com a técnica de Studer. Apenas parte do íleo é destubularizado para confeccionar o reservatório. Os ureteres são implantados na alça aferente íntegra, que por meio das suas contrações evita o refluxo da urina para o trato urinário superior. 92 Reservatório 40cm B CAPÍTULO 11 CÂNCER DE BEXIGA Colo Íleo B A Ureteres D E C F FIGURA 6. (A) Confecção de reservatório continente com a técnica de Mainz Pouch. (B) Destubulizamos 15 cm do colo direito e 30 cm do íleo terminal. (C) Traçados da sequência da técnica. (D) Os ureteres são implantados no colo em túnel submucoso, com técnica antirrefluxo. (E) A uretra é, então, anastomosada em orifício no colo. (F) Cateteres ureterais e sonda abdominal são mantidos por 14 dias no pós-operatório. A sonda uretral é retirada após 21 dias. 93 PARTE IX ! TRATAMENTOS CONSERVADORES PARA O TUMOR MUSCULOINVASIVO UROLOGIA Apesar de ser a cistectomia radical o padrão ouro no tratamento oncológico da patologia, pacientes que não desejam o procedimento podem ser tratados de maneira alternativa. RTU de bexiga Mesmo que o paciente com diagnóstico de tumor musculoinvasivo apresente tumor superficial ou pT0 em uma segunda RTU, cerca de 50% deles serão submetidos à cistectomia radical por neoplasia invasora recorrente, tendo uma mortalidade doença-específica em 47% dos casos. O tratamento com RTU e acompanhamento pode ser oferecido àqueles pacientes que recusam a cistectomia radical ou que não possuem condições clínicas para o procedimento. Os estudos nessa direção recomendam que apenas os pacientes com invasão tumoral até a camada muscular superficial sejam conduzidos dessa maneira. Radioterapia externa Alguns autores defendem que a radioterapia pode alcançar níveis sobrevida semelhantes ao da cistectomia dependendo de inúmeros fatores como idade, volume tumoral, estadiamento tumoral, presença de hidronefrose e dose administrada. Essa foi a conclusão de estudos com pacientes altamente selecionados e com segunda RTU sem evidência de tumor (pT0).139-142 Em geral, é alternativa para pacientes com idade avançada, déficit cognitivo e clinicamente incapazes de se submeterem à cirurgia aberta. Cistectomia parcial A cistectomia parcial, quando realizada, deve ser acompanhada de linfadenectomia uni ou bilateral e pode ser uma opção naqueles pacientes com tumor vesical em divertículos de parede.142 ! TRATAMENTO PALIATIVO A hematúria macroscópica pode acontecer em pacientes submetidos ou não a terapias iniciais. O quadro pode ser dramático e ameaçar a vida do paciente. Caso procedimentos endoscópicos não sejam suficientes para o controle hemostático, podemos recorrer à instilação vesical de formalina 2 até 5% desde que o refluxo vesicoureteral não esteja presente. A formalina pode determinar insuficiência renal aguda e agravar o quadro clínico. A embolização seletiva das artérias ilíacas internas pode ser recurso utilizado caso haja falha. Dores localizadas geralmente por comprometimento ósseo podem ser tratadas com algum sucesso com a radioterapia externa. A cistectomia paliativa de urgência pode ser realizada em casos de hemorragia incontrolável e sintomas locais que não podem ser controlados por derivação urinária simples. ! ACOMPANHAMENTO CLÍNICO Tis, Ta e T1 – não musculoinvasivo (Quadro 4) Quadro 4. Acompanhamento clínico dos tumores superficiais RISCO BAIXO Cistoscopia de controle no 3º mês Cistoscopias de 6/6 meses até o 2º ano e anual até o 5º ano RISCO INTERMEDIÁRIO E ALTO Cistoscopia de controle no 3º mês Cistoscopias a cada 3 meses por 2 anos; semestrais por mais 2 anos e anual por mais 6 anos Citologia oncótica a cada 3 meses por dois anos, semestral por mais 2 anos e anual até o 10º ano Marcadores tumorais – opcionais Exames de imagem – cientes das limitações do método podem ser utilizados anualmente Nova RTU antes do 3º mês em caso de tumor de alto grau ou ressecção incompleta Quimioterapia Quando utilizada de forma isolada raramente produz resposta duradoura e completa. Pode ser utilizada de maneira neoadjuvante, como já discutido anteriormente. ! CÂNCER DE BEXIGA METASTÁTICO Algo em torno de 10-15% dos pacientes já são metastáticos no momento do diagnóstico, e cerca de 50% dos pacientes submetidos à cistectomia radical apresentam recidiva da doença.143 Tal recidiva pode ser local ou, mais frequentemente, com metástases a distância. O tumor de bexiga é sensível aos agentes quimioterápicos e, antes de sua utilização, os pacientes metastáticos tinham uma vida média de 3-6 meses.144 Não há evidência de melhora na sobrevida desses pacientes quando submetidos à cistectomia ou metastasectomia em razão do pobre prognóstico da doença disseminada. Nesses casos o tratamento clássico envolve o esquema MVAC (metotrexate, vinblastina, adriamicina e cisplatina) com base na cisplatina. Infelizmente, em razão de sua toxicidade, o principal agente quimioterápico do esquema não pode ser utilizado em cerca de 50% dos pacientes em decorrência das condições clínicas em que se encontram no momento do início do tratamento.145-148 Esquemas alternativos podem ser utilizados, mas nenhum com a mesma eficácia. Bifosfonados 94 Em pacientes com doença metastática, cerca de 30-40% possuem metástases ósseas149 e as complicações associadas, como dor e fraturas patológicas podem comprometer ainda mais a qualidade de vida. O uso de bifosfonados reduz e atrasa eventos ósseos por inibir a reabsorção mineral e pode ser utilizado independente da neoplasia primária do paciente com metástase óssea.150 O ácido zoledrônico é o único bifosfonado estudado e aprovado para utilização clínica e sua utilização deve ser acompanhada de suplementação de vitamina D e cálcio. Tumores musculoinvasivo ( pT2) (Quadro 5) Quadro 5. Acompanhamento clínico dos tumores invasivos PARA TODOS OS CASOS Avaliação clínica, função hepática, renal, eletrólitos, US abdominal e radiografia de tórax no 3º mês e a cada 6 e 12 meses indefinidamente Nos tumores pT3-T4 ou N+, TC deve substituir a USG e deve ser realizada semestralmente, por 2 anos Mapeamento ósseo a critério clínico PARA PACIENTES COM URETRA DESFUNCIONALIZADA, ACRESCENTAR Citologia oncótica do lavado uretral a cada 6-12 meses Uretroscopia quando citologia positiva PARA PACIENTES COM DERIVAÇÕES URINÁRIAS, ACRESCENTAR Citologia oncótica a cada 6-12 meses durante todo o acompanhamento PACIENTES COM PRESERVAÇÃO VESICAL, ACRESCENTAR Cistoscopia e citologia oncótica urinária trimestral por 1 ano e, posteriormente, a critério clínico TC de abdome e pelve anual ! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Messing EM. Urothelial tumors of the urinary tract. In: Walsh PC, Retik AB, Vaughan Jr ED et al. (Eds.). Campbell’s urology. 8th ed. Philadelphia: Saunders, 2002. p. 2732-84. 2. Borden LS Jr, Clark PE, Hall MC. Bladder cancer. Curr Opin Oncol 2005;17:275-80. 3. Cancer facts and figures 2007. Atlanta: American Cancer Society, 2007. 4. Ries LA, Eisner MP, Kosary CL et al. SEER Cancer Statistics Review, 1975-2000. Bethesda: National Cancer Institute, 2003. 5. Damiano R, Di Lorenzo G, cantiello F et al. Clinicopathologic features of prostate adenocarcinoma incidentally discovered at the time of radical cystectomy: an evidence-based analysis. Eur Urol 2007;52:648-57. 34. 35. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. CÂNCER DE BEXIGA 36. al. (Eds.). WHO classification of classification of tumours of the urinary system and male genital organs. Lyon: IARCC, 2004. p. 29-34. SandersonKM, SteinJP, Skinner DG. The evolving role of pelvic lymphadenectomy in the treatment of bladder cancer. Urol Oncol 2004;22:205-13. Hain SF, Maisey MN. Positron emission tomography for urological tumours. BJU Int 2003;92:159-64. Demers LM, Costa L, Lipton A. Biochemical markers and skeletal metastases. Cancer 2000;88(12 Suppl):2919-26. Epstein JI, Amin MB, Reuter VR et al. The World Health Organization/International Society of Urological Pathology consensus classification of urothelial (transitional cell) neoplasms of the urinary bladder. Bladder Consensus Conference Committee. Am J Surg Pathol 1998;22:1435. Fitzpatrick JM. Superficial bladder carcinoma. Factors affecting the natural history. World J Urol 1993;11:142. Levi F, La Vecchia C, Randimbison L et al. Incidence of infiltrating cancer following superficial bladder carcinoma. Int J Cancer 1993;55:419. Greene FL, Page DL, Fleming ID et al. AJCC cancer staging manual. 6th ed. New York: Springer-Verlag 2002. Dalesio O, Schulman CC, Sylvester R et al. Prognostic factors in superficial bladder tumors. A study of the European Organization for Research on Treatment of Cancer: Genitourinary Tract Cancer Cooperative Group. J Urol 1983;129:730. Fitzpatrick JM, West AB, Butler MR et al. Superficial bladder tumors (stage pTa, grades 1 and 2): the importance of recurrence pattern following initial resection. J Urol 1986;135:920. Parmar MK, Freedman LS, Hargreave TB et al. Prognostic factors for recurrence and followup policies in the treatment of superficial bladder cancer: report from the British Medical Research Council Subgroup on Superficial Bladder Cancer (Urological Cancer Working Party). J Urol 1989;143:284. Lamm DL. Carcinoma in situ. Urol Clin North Am 1992 Aug.;19(3):499-508. Kiemeney LA, Witjes JA, Heijbroek RP et al. Should random urothelial biopsies be taken from patients with primary superficial bladder cancer? A decision analysis. Members of the Dutch South-East Co-Operative Urological Group. Br J Urol 1994;73:164-71. van der Meijden A, Oosterlinck W, Brausi M et al. Significance of bladder biopsies in Ta,T1 bladder tumours: a report of the EORTC Genito-Urinary Tract Cancer Cooperative Group. EORTC-GU Group Superficial Bladder Committee. Eur Urol 1999;35:267-71. Levi AW, Potter SR, Schoenberg MP et al. Clinical significance of denuded urothelium in bladder biopsy. J Urol 2001;166:457-60. Matzkin H, Soloway MS, Hardeman S. Transitional cell carcinoma of the prostate. J Urol 1991;146:1207-12. Mungan MU, Canda AE, Tuzel E et al. Risk factors for mucosal prostatic urethral involvement in superficial transitional cell carcinoma of the bladder. Eur Urol 2005;48:760-63. Herr HW. The value of a second transurethral resection in evaluating patients with bladder tumors. J Urol 1999;162:74-76. Grimm MO, Steinhoff C, Simon X et al. Effect of routine repeat transurethral resection for superficial bladder cancer: a long-term obser vational study. J Urol 2003;170(2 Pt 1):433-37. Sylvester RJ, Oosterlinck W, van der Meijden AP. A single immediate postoperative instillation of chemotherapy decreases the risk of recurrence in patients with stage Ta T1 bladder cancer: a metaanalysis of published results of randomized clinical trials. J Urol 2004 June;171(6 Pt 1):2186-90. Pawinski A, Sylvester R, Kurth KH et al. A combined analysis of European Organization for Research and Treatment of Cancer, and Medical Research Council randomized clinical trials for the prophylactic treatment of TaT1 bladder cancer. European Organization for Research and Treatment of Cancer Genitourinary Tract Cancer Cooperative Group and the Medical Research Council Working Part on Superficial Bladder Cancer. J Urol 1996;156:1934-40. Pan JS, Slocum HK, Rustum YM et al. Inhibition of implantation of murine bladder tumor by thiotepa in cauterized bladder. J Urol 1989;142:1589-93. Pode D, Alon Y, Horowitz AT et al. The mechanism of human bladder tumor implantation in an in vitro model. J Urol 1986;136:482-86. Günther JH, Jurczok A, Wulf T et al. Optimizing syngeneic orthotopic murine bladder cancer (MB49). Cancer Res 1999;59:2834-37. Böhle A, Jurczok A, Ardelt PU et al. Inhibition of bladder carcinoma cell adhesion by oligopeptide combinations in vitro and in vivo. J Urol 2002;167:357-63. CAPÍTULO 11 6. Gakis G, Schilling D, Bedke J et al. Incidental prostate cancer at radical cystoprostatectomy: implications for apex-sparing surgery. BJU Int 2010;105:468-71. 7. Rehn L. Blasengeschwulste bei Fuchsin-Arbeitern. Arch Klin Chir 1895;50:588. 8. McCahy PJ, Harris CA, Neal E. The accuracy of recording of occupational history in patients with bladder cancer. Br J Urol 1997;79:91-93. 9. Zeegers MPA, Swaen GMH, Kant I et al. Occupational risk factors for male bladder cancer: results from a population-based case cohort study in the Netherlands. Occup Environ Med 2001;58:590-96. 10. Samanic CM, Kogevinas M, Silverman DT et al. Occupation and bladder cancer in a hospital-based case-control study in Spain. Occup Environ Med 2008;65:347-53. 11. Aveyard P, Adab P, Cheng KK et al. Does smoking status influence the prognosis of bladder cancer? A systematic review. BJU Int 2002;90:228-39. 12. Sella A, Dexeus FH, Chong C et al. Radiation therapy-associated invasive bladder tumors. Urology 1989;33:185-88. 13. Messing EM, Vaillancourt A. Hematuria screening for bladder cancer. J Occup Med 1990;32:838-45. 14. Khadra MH, Pickard RS, Charlton M et al. A prospective analysis of 1,930 patients with hematuria to evaluate current diagnostic practice. J Urol 2000;163:524-27. 15. Smith Jr JA, Labasky RF, Cockett AT et al. Bladder cancer clinical guidelines panel summary report on the management of nonmuscle invasive bladder cancer (stages Ta, T1 and Tis). J Urol 1999;162:1697. 16. Cina SJ, Epstein JI, Endrizzi JM et al. Correlation of cystoscopic impression with histologic diagnosis of biopsy specimens of the bladder. Hum Pathol 2001;32:630-37. 17. Kriegmair M, Zaak D, Knuechel R et al. Photo-dynamic cystoscopy for detection of bladder tumors. Semin Laparosc Surg 1999;6:100-3. 18. Jocham D, Witjes F, Wagner S et al. Improved detection and treatment of bladder cancer using hexaminolevulinate imaging: a prospective, phase III multicenter study. J Urol 2005;174:862. 19. Babjuk M, Soukup V, Oetrik R et al. 5-aminolaevulinic acid-induced fluorescence cystoscopy during transurethral resection reduces the risk of recurrence in stage Ta/T1 bladder cancer. BJU Int 2005;96:798. 20. Murphy WM, Soloway MS, Jukkola AF et al. Urinary cytology and bladder cancer. The cellular features of transitional cell neoplasms. Cancer 1984;53:1555. 21. Koss LG, Deitch D, Ramanathan R et al. Diagnostic value of cytology of voided urine. Acta Cytol 1985;29:810. 22. Messing EM, Catalona W. Urothelial tumors of the urinary tract. In: Walsh PC, Retik AB, Vaughan Jr ED et al. (Eds.). Campbell’s urology. 7th ed. Philadelphia: WB Saunders 1998. p. 2327-408, cap. 77. 23. Gaston KE, Pruthi RS. Value of urinary cytology in the diagnosis and management of urinary tract malignancies. Urology 2004;63:1009. 24. Glatz K, Willi N, Glatz D et al. An international telecytologic quiz on urinary cytology reveals educational deficits and absence of a commonly used classification system. Am J Clin Pathol 2006;126:294. 25. van Rhijn BW, van der Poel HG, van der Kwast TH. Urine markers for bladder cancer surveillance: a systematic review. Eur Urol 2005;47:736-48. 26. Rafique M, Javed AA. Role of intravenous urography and transabdominal ultrasono- graphy in the diagnosis of bladder carcinoma. Int Braz J Urol 2004;30:185-91. 27. Oosterlinck W. Guidelines on diagnosis and treatment of superficial bladder cancer. Minerva Urol Nefrol 2004;56:65-72. 28. Maruniak NA, Takezawa K, Murphy WM. Accurate pathological staging of urothelial neoplasms requires better cystoscopic sampling. J Urol 2002;167:2404. 29. van der Meijden A, Oosterlinck W, Brausi M et al. Significance of bladder biopsies in Ta,T1 bladder tumors: a report from the EOR tomografia computadorizada Genito- Urinary Tract Cancer Cooperative Group. EORtomografia computadorizada-GU Group Superficial Bladder Committee. Eur Urol 1999;35:267-71. 30. Solsona E, Iborra I, Rubio J et al. The optimum timing of radical cystectomy for patients with recurrent high-risk superficial bladder tumour. BJU Int 2004;94:1258-62. 31. Jakse G, Algaba F, Malmstrom PU et al. A second-look TUR in T1 transitional cell carcinoma: why? Eur Urol 2004;45:539-46. 32. Epstein JI, Amin MB, Reuter VR et al. The World Health Organization/International Society of Urological Pathology consensus classification of urothelial (transitional cell) neoplasms of the urinary bladder. Am J Surg Pathol 1998;22:1435-48. 33. Sauter G, Algaba F, Amin M et al. Tumours of the urinary system: non-invasive urothelial neoplasias. In: Eble JN, Sauter G, Epstein JL et 95 PARTE IX UROLOGIA 96 58. Torti FM, Shortliffe LD, Williams RD et al. Alpha-interferon in superficial bladder cancer: a Northern California Oncology Group Study. J Clin Oncol 1988;6:476. 59. Stricker P, Pryor K, Nicholson T et al. Bacillus Calmette-Guerin plus intravesical interferon alpha-2b in patients with superficial bladder cancer. Urology 1996;48:857. 60. Mohanty NK, Malhotra V, Nayak RL et al. Combined low dose intravesical immuno-therapy (BCG + interferon alpha-2b) in the management of superficial transitional cell carcinoma of the urinary bladder: a five-year follow-up. J Chemother 2002;14:194. 61. Lam JS, Benson MC, O’Donnell MA et al. Bacillus Calmette-Guerin plus interferon-alpha2B intravesical therapy maintains an extended teatment plan for superficial bladder cancer with minimal toxicity. Urol Oncol 2003;21:354. 62. Joudi FN, Smith BJ, O’Donnell MA. National BCG-Interferon Phase 2 Investigator Group: final results from a national multicenter phase II trial of combination bacillus Calmette-Guerin plus interferon alpha-2B for reducing recurrence of superficial bladder cancer. Urol Oncol 2006;24:344. 63. Messing EM, Catalona W. Urothelial tumors of the urinary tract. In: Walsh PC, Retik AB, Vaughan Jr ED et al. (Eds.). Campbell’s urology. 7th ed. Philadelphia: WB Saunders 1998. p. 2327-408, cap. 77. 64. Koontz Jr WW, Prout Jr GR, Smith W et al. The use of intravesical thio-tepa in the management of non-invasive carcinoma of the bladder. J Urol 1981;125:307. 65. Bouffioux C, Kurth KH, Bono A et al. Intravesical adjuvant chemotherapy for superficial transitional cell bladder carcinoma: results of 2 European Organization for Research and Treatment of Cancer randomized trials with mitomycin C and doxorubicin comparing early versus delayed instillations and short-term versus long-term treatment. European Organization for Research and Treatment of Cancer Genitourinary Group. J Urol 1995;153:934. 66. Steinberg G, Bahnson R, Brosman S et al. Efficacy and safety of valrubicin for the treatment of Bacillus Calmette-Guerin refractory carcinoma in situ of the bladder. Valrubicin Study Group. J Urol 2000;163:761. 67. Hendricksen K, Witjes JA. Intravesical gemcitabine: an update of clinical results. Curr Opin Urol 2006;16:361. 68. Herr HW, Wartinger DD, Fair WR et al. Bacillus Calmette-Guerin therapy for superficial bladder cancer: a 10- year followup. J Urol 1992;147:1020-23. 69. Shelley MD, Court JB, Kynaston H et al. Intravesical bacillus calmette-Guerin versus mitomycin c for Ta and T1 bladder cancer. Cochrane Database Syst Rev 2003;(3):cD003231. 70. Sylvester RJ, Brausi MA, Kirkels WJ et al. EOrTc genito-urinary tract cancer Group. Long-term efficacy results of EOrTc genito-urinary Group randomized phase 3 study 30911 comparing intravesical instillations of epirubicin, Bacillus calmette-Gue´rin, and Bacillus calmette-Gue´rin plus isoniazid in patients with intermediate- and high-risk stage Ta T1 urothelial carcinoma of the bladder. Eur Urol 2010;57:766-73 71. Sylvester RJ, van der Meijden AP, Lamm DL. Intravesical bacillus calmette-Guerin reduces the risk of progression in patients with superficial bladder cancer: a meta-analysis of the published results of randomized clinical trials. J Urol 2002;168:1964-70. 72. Böhle A, Bock PR. Intravesical bacille Calmette-Guérin versus mitomycin c in superficial bladder cancer: formal meta-analysis of comparative studies on tumour progression. Urology 2004;63:682-86. 73. Malmström PU, Sylvester RJ, Crawford DE et al. An individual patient data meta-analysis of the long- term outcome of randomised studies comparing intravesical mitomycin c versus bacillus Calmette- Guérin for non-muscle-invasive bladder cancer. Eur Urol 2009;56:247-56. 74. Merz VW, Marth D, Kraft R et al. Analysis of early failures after intravesical instillation therapy with bacille Calmette-Guérin for carcinoma in situ of the bladder. Br J Urol 1995;75:180-84. 75. Brake M, Loertzer H, Horsch R et al. recurrence and progression of stage T1, grade 3 transitional cell carcinoma of the bladder following intravesical immunotherapy with bacillus Calmette-Guérin. J Urol 2000;163:1697-701. 76. Pansadoro V, Emiliozzi P, Defidio L et al. Bacillus Calmette-Guérin in the treatment of stage T1 grade 3 transitional cell carcinoma of the bladder: Long-term results. J Urol 1995;154:2054-58. 77. Oosterlinck W, Lobel B, Jakse G et al. European Association of Urology (EAU) Working Group on Oncological Urology. Guidelines on bladder cancer. Eur Urol 2002;41:105-12. 78. Jakse G, Hall R, Bono A et al. Intravesical BcG in patients with carcinoma in situ of the urinary bladder: long-term results of EOrTc GU Group phase II protocol 30861. Eur Urol 2001;40:144-50. 79. Lamm DL, Blumenstein BA, crissman JD et al. maintenance bacillus Calmette-Guérin immunotherapy for recurrent TA, T1 and carcinoma in situ transitional cell carcinoma of the bladder: a randomized Southwest Oncology Group Study. J Urol 2000;163:1124-29. 80. De Reijke TM, Kurth KH, Sylvester RJ et al. European Organization for the research and treatment of cancer-Genito-Urinary Group. Bacillus Calmette-Guerin versus epirubicin for primary, secondary or concurrent carcinoma in situ of the bladder: Results of a European Organization for the research and Treatment of cancer – Genito-Urinary Group Phase III Trial (30906). J Urol 2005;173:405-9. 81. Freeman JA, Esrig D, Stein JP et al. Radical cystectomy for high risk patients with superficial bladder cancer in the era of orthotopic urinary reconstruction. Cancer 1995;76:833-39. 82. Paik ML, Scolieri MJ, Brown SL et al. Limitations of computerized tomography in staging invasive bladder cancer before radical cystectomy. J Urol 2000;163:1693-96. 83. Kim JK, Park SY, Ahn HJ et al. Bladder cancer: analysis of multi-detector row helical cT enhancement pattern and accuracy in tumor detection and perivesical staging. Radiology 2004;231:725-31. 84. Jager GJ, Barentsz JO, Oosterhof GO et al. Pelvic adenopathy in prostatic and urinary bladder carcinoma: MR imaging with a three-dimensional TI-weighted magnetization-prepared-rapid gradientecho sequence. AJR Am J Roentgenol 1996;167:1503-7. 85. Yang WT, Lam WW, Yu mY et al. comparison of dynamic helical CT and dynamic mr imaging in the evaluation of pelvic lymph nodes in cervical carcinoma. AJR Am J Roentgenol 2000;175:759-66. 86. Kim Sh, Kim SC, Choi BI et al. Uterine cervical carcinoma: evaluation of pelvic lymph node metastasis with MR imaging. Radiology 1994;190:807-11. 87. Kim Sh, Choi BI, Lee HP et al. Uterine cervical carcinoma: comparison of cT and MR findings. Radiology 1990;175:45-51. 88. Oyen RH, Van Poppel HP, Ameye FE et al. Lymph node staging of localized prostatic carcinoma with CT and CT-guided fine-needle aspiration biopsy: prospective study of 285 patients. Radiology 1994;190:315-22. 89. Barentsz JO, Engelbrecht MR, Witjes JA et al. MR imaging of the male pelvis. Eur Radiol 1999;9:1722-36. 90. Dorfman RE, Alpern MB, Gross BH et al. Upper abdominal lymph nodes: criteria for normal size determined with CT. Radiology 1991;180:319-22. 91. Swinnen G, Maes A, Pottel H et al. FDG-PET/cT for the Preoperative Lymph Node Staging of Invasive Bladder cancer. Eur Urol 2010;57:641-47. 92. Kibel AS, Dehdashti F, Katz MD et al. Prospective study of [18F] fluorodeoxyglucose positron emission tomography/computed tomography for staging of muscle-invasive bladder carcinoma. J Clin Oncol 2009;27:4314-20. 93. Lauenstein TC, Goehde SC, Herborn CU et al. Whole-body MR imaging: evaluation of patients for metastases. Radiology 2004;233:139-48. 94. Schmidt GP, Schoenberg SO, Reiser MF et al. Whole-body MR imaging of bone marrow. Eur J radiol 2005;55:33-40. 95. Stein JP, Skinner DG. Radical cystectomy for invasive bladder cancer: long-term results of a standard procedure. World J Urol 2006;24:296-304. 96. Stein JP, Lieskovsky G, Cote R et al. radical cystectomy in the treatment of invasive bladder cancer: long-term results in 1,054 patients. J Clin Oncol 2001;19:666-75. 97. Dalbagni G, Genega E, hashibe m et al. cystectomy for bladder cancer: a contemporary series. J Urol 2001;165:1111-6. 98. Bassi P, Ferrante GD, Piazza N et al. Prognostic factors of outcome after radical cystectomy for bladder cancer: a retrospective study of a homogeneous patient cohort. J Urol 1999;161:1494-97. 99. Ghoneim MA, El-Mekresh MM, El-Baz MA et al. radical cystectomy for carcinoma of the bladder: critical evaluation of the results in 1.026 cases. J Urol 1997;158:393-99. 100. Miller DC, Taub DA, Dunn RL et al. The impact of co-morbid disease on cancer control and survival following radical cystectomy. J Urol 2003;169:105-9. 101. Figueroa AJ, Stein JP, Dickinson M et al. Radical cystectomy for elderly patients with bladder carcinoma: an updated experience with 404 patients. Cancer 1998;83:141-47. 102. Hautmann RE, Paiss T. Does the option of the ileal neobladder stimulate patient and physician decision toward earlier cystectomy? J Urol 1998;159:1845-50. 103. Sanchez-Ortiz RF, Huang WC, Mick R et al. An interval longer than 12 weeks between the diagnosis of muscle invasion and cystectomy is associated with worse outcome in bladder carcinoma. J Urol 2003;169:110-15; discussion 115. CÂNCER DE BEXIGA 127. Murphy DG, Challacombe BJ, Elhage O et al. Robotic-assisted laparoscopic radical cystectomy with extracorporeal urinary diversion: inicial experience. Eur Urol 2008; 54: 570-80. 128. Basillote JB, Corollos AS, Thomas EA et al. Laparoscopic assisted radical cystectomy with ileal neobladder: a comparison with the open approach. J Urol 2004;172:489-93. 129. Guillotreau J, Gamé X, Mouzin M et al. Radical cystectomy for bladder cancer: morbidity of laparoscopic versus open surgery. J Urol 2009;181:554-59. 130. Wang GJ, Barocas DA, Raman JD et al. Robotic vs open radical cystectomy: prospective comparison of perioperative outcomes and pathological measures of early oncological efficacy. BJU Int 2008;101:89-93. 131. Stenzl A. Bladder substitution. Curr Opin Urol 1999;9:241-45. 132. Deliveliotis C, Papatsoris A, Chrisofos M et al. Urinary diversion in high-risk elderly patients: modified cutaneous ureterostomy or ileal conduit? Urology 2005;66:299-304. 133. Nieuwenhuijzen JA, de Vries RR, Bex A et al. Urinary diversions after cystectomy: the association of clinical factors, complications and functional results of four different diversions. Eur Urol 2008;53:834-42; discussion 842-44. 134. Wiesner C, Bonfig R, Stein R et al. Continent cutaneous urinary diversion: long-term follow-up of more than 800 patients with ileocecal reservoirs. World J Urol 2006;24:315-18. 135. Wiesner C, Stein R, Pahernik S et al. Long-term followup of the intussuscepted ileal nipple and the in situ, submucosally embedded appendix as continence mechanisms of continent urinary diversion with the cutaneous ileocecal pouch (Mainz pouch I). J Urol 2006 July;176:155-59; discussion 159-60. 136. Azimuddin K, Khubchandani IT, Stasik JJ et al. Neoplasia after ureterosigmoidostomy. Dis Colon Rectum 1999;42:1632-38. 137. Gerharz EW, Turner WH, Kälble T et al. Metabolic and functional consequences of urinary reconstruction with bowel. BJU Int 2003;91:143-49. 138. Gospodarowicz MK, Blandy JP. Radiation therapy for organ-conservation for invasive bladder carcinoma. In: Vogelzang NJ, Scardino PT, Shipley WU et al. (Eds.). Comprehensive textbook of genitourinary oncology. Lippincott: Williams and Wilkins, 2000. p. 487-96. 139. Duncan W, Quilty PM. The results of a series of 963 patients with transitional cell carcinoma of the urinary bladder primarily treated by radical megavoltage X-ray therapy. Radiother Oncol 1986;7:299-310. 140. Herr HW. Conservative management of muscle-infiltrating bladder cancer: prospective experience. J Urol 1987;138:1162-63. 141. Shelley MD, Barber J, Wilt T et al. Surgery versus radiotherapy for muscle invasive bladder cancer. Cochrane Database Syst Rev 2002;(1):cD002079. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11869621> 142. Chang SS, Hassan JM, Cookson MS et al. Delaying radical cystectomy for muscle invasive bladder cancer results in worse pathological stage. J Urol 2003;170:1085-87. 143. Rosenberg JE, Carroll PR, Small EJ. Update on chemotherapy for advanced bladder cancer. J Urol 2005;174:14-20. 144. Sternberg CN, Vogelzang NJ. Gemcitabine, paclitaxel, pemetrexed and other newer agents in urothelial and kidney cancers. Crit Rev Oncol Hematol 2003;46(Suppl):S105-15. 145. Dash A, Galsky MD, Vickers AJ et al. Impact of renal impairment on eligibility for adjuvant cisplatin- based chemotherapy in patients with urothelial carcinoma of the bladder. Cancer 2006;107:506-13. 146. Nogue-Aliguer M, Carles J, Arrivi A et al. Gemcitabine and carboplatin in advanced transitional cell carcinoma of the urinary tract: an alternative therapy. Cancer 2003;97:2180-86. 147. Balducci L, Extermann M. Management of cancer in the older person: a practical approach. Oncologist 2000;5:224-37. 148. De Santis, Bachner M. New developments in first- and second-line chemotherapy for transitional cell, squamous cell and adenocarcinoma of the bladder. Curr Opin Urol 2007;17:363-68. 149. Coleman RE. Metastatic bone disease: clinical features, pathophysiology and treatment strategies. Cancer Treat Rev 2001;27:165-76. Review. 150. Aapro M, Abrahamsson PA, Body JJ et al. Guidance on the use of bisphosphonates in solid tumours: recommendations of an international expert panel. Ann Oncol 2008;19:420-32. CAPÍTULO 11 104. Stenzl A, Nagele U, Kuczyk M et al. cystectomy – Technical considerations in male and Female Patients. EAU Update Series 2005;3:138-46. 105. Abdelhady M, Abusamra A, Pautler SW et al. Clinically significant prostate cancer found incidentally in radical cystoprostatectomy specimens. BJU Int 2007;99:326-29. 106. Pettus JA, Al-Ahmadie H, Barocas DA et al. risk assessment of prostatic pathology in patients undergoing radical cystoprostatectomy. Eur Urol 2008;53:370-75 107. Weizer AZ, Shah RB, Lee CT et al. Evaluation of the prostate peripheral zone/capsule in patients undergoing radical cystoprostatectomy: defining risk with prostate capsule sparing cystectomy. Urol Oncol 2007;25:460-64. 108. Herr HW, Bochner Bh, Dalbagni G et al. Impact of the number of lymph nodes retrieved on outcome in patients with muscle invasive bladder cancer. J Urol 2002;167:1295-98. 109. Leissner J, Hohenfellner R, Thuroff JW et al. Lymphadenectomy in patients with transitional cell carcinoma of the urinary bladder; significance for staging and prognosis. BJU Int 2000;85:817-23. 110. Poulsen AL, Horn T, Steven K. Radical cystectomy: extending the limits of pelvic lymph node dissection improves survival for patients with bladder cancer confined to the bladder wall. J Urol 1998;160(6 Pt 1):2015-19; discussion 2020. 111. Fleischmann A, Thalmann GN, Markwalder R et al. Extracapsular extension of pelvic lymph node metastases from urothelial carcinoma of the bladder is an independent prognostic factor. J Clin Oncol 2005;23:2358-65. 112. Studer UE, Collette L. Morbidity from pelvic lymphadenectomy in men undergoing radical prostatectomy. Eur Urol 2006;50:887-89; discussion 889-92. 113. Stenzl A, Bartsch G, Rogatsch H. The remnant urothelium after reconstructive bladder surgery. Eur Urol 2002;41:124-31. 114. Stenzl A, Colleselli K, Bartsch G. Update of urethra-sparing approaches in cystectomy in women. World J Urol 1997;15:134-38. 115. Nagele U, Kuczyk M, Anastasiadis AG et al. Radical cystectomy and orthotopic bladder replacement in females. Eur Urol 2006;50:249-57. 116. Chade DC, Laudone VP, Bochner BH et al. Oncological outcomes after radical cystectomy for bladder cancer: open versus minimally invasive approaches. J Urol 2010;183:862-69. 117. Kasraeian A, Barret E, Cathelineau X et al. Robot-Assisted laparoscopic cystoprostatectomy with extended pelvic lymphadenectomy, extracorporeal enterocystoplasty, and intracorporeal enterourethral anastomosis: initial montsouris experience. J Endourol 2010;24:409-13. 118. Schumacher MC, Jonsson MN, Wiklund NP. Does extended lymphadenectomy preclude laparoscopic or robot-assisted radical cystectomy in advanced bladder cancer? Curr Opin Urol 2009;19:527-32. 119. Hautmann RE. The oncologic results of laparoscopic radical cystectomy are not (yet) equivalent to open cystectomy. Curr Opin Urol 2009;19:522-26. 120. Ng CK, Kauffman EC, Lee MM et al. A comparison of postoperative complications in open versus robotic cystectomy. Eur Urol 2010;57:274-81. 121. Haber GP, Crouzet S, Gill IS. Laparoscopic and robotic assisted radical cystectomy for bladder cancer: a critical analysis. Eur Urol 2008;54:54-64. 122. Porpiglia F, Renard J, Billia M et al. Open versus Laparoscopy-assisted Radical Cystectomy: Results of a Prospective Study. J Endourol 2007;21:325-29. 123. Huang J, Lin T, Xu K et al. Laparoscopic radical cystectomy with orthotopic ileal neobladder: a report of 85 cases. J Endourol 2008;22:939-46. 124. Hemal AK, Abol-Enein H, Tewari A et al. Robotic radical cystectomy and urinary diversion in the management of bladder cancer. Urol Clin North Am 2004;31:719-29. 125. Pruthi RS, Matthew EN, Nix J et al. Robotic radical cystectomy for bladder cancer: surgical and pathological outcomes in 100 consecutive cases. J Urol 2010;183:510-15 126. Cathelineau X, Arroyo C, Rozet F et al. Laparoscopic assisted radical cystectomy: themontsouris experience after 84 cases. Eur Urol 2005;47:780-84. 97