O PEDAÇO QUE FALTA A letra da música: Faltando um Pedaço de

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O PEDAÇO QUE FALTA A letra da música: Faltando um Pedaço de
O PEDAÇO QUE FALTA
A letra da música: Faltando um Pedaço de Djavan recebe muitas críticas.
Dizem que se trata de uma letra nonsense, isto é, não teria sentido. Parte da
letra se refere a uma: matilha que é o coletivo de cães, quando deveria se
referir a: alcateia, tendo em vista que a letra se refere a um conjunto de lobos.
Ora, o segundo argumento, prefiro desconsiderá-lo, em nome da licença
poética e a perfeita harmonia entre o texto da letra e o sentido da música.
Quanto à falta de sentido, mostro abaixo a letra e uma breve tentativa de
entendê-la, de minha autoria:
FALTANDO UM PEDAÇO
DJAVAN
"O amor é um grande laço,
um passo para uma armadilha.
Um lobo correndo em círculo,
prá alimentar a matilha.
Comparo sua chegada com a fuga de uma ilha:
tanto engorda quanto mata:
feito desgosto de filha, de filha...
O amor é como um raio:
galopando em desafio.
Abre fendas, cobre vales,
revolta as águas dos rios.
Quem quiser seguir seus passos,
se perderá no caminho,
na pureza de um limão ou
na solidão do espinho...
O amor e a agonia
cerraram fogo no espaço.
Lutando horas a fio,
o cio vence o cansaço.
E o coração de quem ama:
fica faltando um pedaço.
Que nem a lua minguando,
que nem o meu no seu braço..."
QUERO ENTENDER A LETRA
Ali está o amor, esperando para reter a presa no laço que se fechará.
Lobo que corre em círculo em um ritual ritmado e veloz que irá propiciar a
obtenção do alimento. Assim poderá ser alimentada a esperança, contida no
universo do grande amor.
Com a chegada do amor se transforma a pequenez e limitação espacial de
uma pequena ilha na imensidão de emoções e sentimentos que pode propiciar
uma grande paixão.
As duas faces do amor traduzida em grande antítese: o vicejar da união e dos
sentimentos que se assemelham ao engordar ou à perda que se assemelha a
um desgosto de filha. Representa o desgosto de filha o sofrimento histórico dos
descaminhos assumidos pela filha.
O raio com toda sua energia vai rasgando terras e incendiando campos e ainda
lhe sobrará energia para agitar as águas. Seguir os passos do amor seria
tentar entendê-lo e poder-se-ia colher apenas sofrimento, representado pela
acidez do limão ou pela dor do penetrar do espinho.
De volta a uma antítese: amor e seu esplendor que motiva os sentidos e a
agonia gerada pela decepção amorosa. No final de tão árdua luta, persevera o
cio, lado animal do amor. Do coração de quem ama retire-se uma parte que
será doada ao(à) amado(a) e, finalmente, parte dos braços dos amantes se
transformarão em um apenas, qual o pedaço da lua minguante que desaparece
perante nossos olhos.
Do poema como um todo nota-se que ao amor se concede movimento e ação,
sempre o comparando com as forças da natureza. Talvez tenha o autor tentado
dizer que não prospera o amor simplesmente baseado em contemplação sem
as ações que dele se esperam.