Afrocentricidade-abordagem Epistemológica Inovadora O Selo
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Afrocentricidade-abordagem Epistemológica Inovadora O Selo
Afrocentricidade-abordagem Epistemológica Inovadora O Selo Negro edições lançou um conjunto de livros com o título SANKOFA (4 volumes) e o SANKOFA 4 mostra a cultura africana em suas variedades, nesse número trata a epistemologia sob a visão africana. Antecedem ao volume dois estudos de grande importância. Há uma declaração muito importante para a leitura desse trabalho: “Precisamos de obras que abordem esses temas de um novo ponto de vista. Carecemos de pesquisa e reflexões construídas sobre novas bases epistemológicas”. De fato, enquanto não se olhar autores e movimentos negros; enquanto não se analisar a história da África de maneira aberta, vendo erros e acertos; enquanto não se der um tipo de filosofia e, portanto, uma nova epistemologia ou seja, a teoria do conhecimento da África e dos africanos, tanto os do passado nesse continente como os seus descendentes numa época escravizados e hoje livres;- só assim analisaremos filosoficamente a negritude. Como exemplo inicial, veja-se o papel de Léopold Sédar Senghor que não só fez política democrática de nível e chegou a presidência do Senegal e como também escreveu trabalhos de alto nível, inclusive referindo-se a problemática africana e falando francês sem sotaque, a Academia Francesa de Letras o elegeu membro, é importante uma vez que a Academia Francesa de Letras é a primeira e mais importante no mundo ocidental. A africanidade a partir dos brasileiros indicará uma população já inserida no mundo globalizado e, sabe-se é uma nação negra com pequenos enclaves de brancos de origem européia, talvez no Rio Grande, Santa Catarina e Paraná, mesmo assim duvidosamente. Daí, será a nova epistemologia africana a partir do Brasil, dos Estados Unidos, em grande parte da América Latina. E quanto à África propriamente dita, igualmente, pois os africanos, após a liberdade colonial não tiveram bom senso bastante empreendendo guerras que no fundo atendiam aos interesses dos antigos colonizadores. Entretanto, tal fato está acabando e a África já tem uma literatura própria à altura de Mia Couto, Paula Tavares, Russell Hamilton e Michel Laban, igualmente artistas como Edna Maria dos Santos, Maria Tereza Toríbio Brittes Lemos; não esquecendo de Carmem Lúcia Tindor Secco que escreveu um livro de grande interesse para brasileiros de todos os níveis, A Magia das Letras Africanas, que são ensaios sobre as literaturas de Angola e Moçambique e outros diálogos. Na África há um artista chamado Paulo Kapela que expôs na Europa trabalhos não só de capas de livros mas de arte em geral. Na União Nacional de Artistas Plásticos – UNAP em Luanda primeiramente. Malangatana Valente Paulo Kapela " Oferendas para a Kianda ", acrílico s/ tela, 100x120 cm, 1999 A literatura africana desses e de outros autores têm, igualmente um sentido filosófico. É o que demonstra a organizadora dos 4 livros SANKOFA, Eliza Lakin Nascimento que explica: “Filosofia e História no simbolismo do Sankofa através dos símbolos gráficos aí apresentados”. Sankofa – Nunca é tarde para voltar e apanhar aquilo que ficou para trás. Sempre podemos retificar os nossos erros. O ideograma é uma estilização do pássaro que vira a cabeça para trás e representea o mesmo conceito do banco do rei e do bastão do linguísta: a sabedoria de aprender com o passado para construir o presente e o futuro. Obi nka obi – Não mordam um ao outro. Evite os conflitos. Símbolo de unidade Gye Nyame – Ideograma que significa “aceite Deus ou “Deus Onipotente e Imortal. Ninguém entende o mistério da vida. owo foro adobe – A cobra sobe a palmeira. Representa a tentativa de fazer algo inusitado ou aparentemente impossível. owuo atwedie baako nfo (Obiara bewu) - Todos subiremos a escada da morte. nkonsonkonso – símbolo das relações humanas em sociedade. Significa: somos ligados na vida e na morte. Nsoroma – Significa filha do céu estrela. Sou filha do Ser Supremo. Não sou autosuficiência, minha iluminação é apenas um reflexo da Dele. Akoko nan tiaba na enkim ba – significa: A galinha que pisa em seu pinto não o mata. Símbolo do amor e da disciplina dos pais para com seus filhos. Kontire ne akwam – Tikoro nnko agyna – Anciãos do Estado – significa “uma cabeça só não constitui um conselho. Duas cabeças pensam melhor que uma. O ideograma sankofa leva a um conjunto de símbolos gráficos de origem Akan ou adinkra. Cada ideograma ou adinkra têm um significado, cada qual mais complexo, que expressam conceitos filosóficos, à maneira dos conceitos culturais e das tradições culturais de milhares de anos. Portanto, conceitos filosóficos. O professor E. Ablade Glover, da Universidade de Gana em Kumasi, capital do povo Azante explica: “O ideograma Sankofa significa voltar e apanhar de novo aquilo que ficou para trás”. Quer dizer, voltar ao passado, dele aprendendo para construir sobre suas fundações, conceituando-as. Glover novamente explica: “Em outras palavras, significa voltar sobre suas raízes e construir sobre elas o desenvolvimento, o progresso, a prosperidade de sua comunidade em todos os aspectos da realização humana”. Sankofa ou Adinkra significa “adeus”, adeus é continuar essa realidade adiante. São mais de oitenta símbolos e cada um traz um conteúdo epistemológico simbólico. Portanto, a teoria do conhecimento ou epistemologia africana é como a grega ou a europeia em todos os tempos, porque une mito, símbolos e, assim conceitua. É o que confirma um texto do Centro Nacional de Cultura de Kumasi, que completa incluindo o filosofar africano nas artes. Assim afirma: “Não só os desenhos do Adinkra são esteticamente idiomaticamente tradicionais, como, mais importante, incorporam, preservam e transmitem aspectos da história, filosofia, valores e normas sócio-culturais”. É importante saber que na África, hoje, há várias Universidades e Centros Culturais, contudo há de se notar a Universidade Ganense de Ciência e Tecnologia de Kumasi. Há também Centro Nacional de Cultura de Kumasi. Na África, há desenvolvimento tecnológico, em mineração, metalurgia, agricultura, criação de gado, medicina, matemática, engenharia, astronomia, enfim, todo um conhecimento tecnológico e reflexão filosófica. Fala-se em Hipócrates e seu compromisso profissional do médico mas, o saber médico do Egito tem como referência o cientista egípcio Imhotep, que desenvolveu importantes trabalhos em 2800 antes de Cristo e já dominava técnicas básicas da Medicina, conhecia vacinação e farmacologia, assepcia, anestesia, hemóstase e cauterização. Tais fatos, são comprovados por médicos e escritores como Paul Ghalioungui e Edwin Smith. Os povos Dogons Na República do Mali, região do antigo Sudão francês, África Ocidental, a 200 quilômetros ao sul da cidade de Timbuktu, um abismo de 300 metros de profundidade formado pelas escarpas Bandiagara é a porta de entrada para a terra do povo Dogon. Esse antigo e pacífico povo ali se radicou por volta do século 13 e permaneceu isolado até as primeiras décadas do século 20, mantendo intacta e praticamente inalterada sua rica e sofisticada cultura. A aridez do meio ambiente – 40 centímetros de chuvas anuais nos meses de abril e maio e temperaturas de até 60 graus centígrados -, castigado por estar situado justamente na passagem do Saara para as savanas do sul, obrigou-os a construírem engenhosas casas de pedra e barro de forma cônica, cobertas de folhas que ajudam a amenizar o calor escaldante, e pequenos celeiros onde armazenam a escassa produção que o solo pouco generoso fornece: algumas espigas de um tipo especial de milho, de grãos pequenos, cebolas, amendoim, algodão e fumo. Em 1931, o antropólogo francês Marcel Griaule visitou a tribo dos Dogon, construída basicamente por camponeses, artistas e feiticeiros, e ficou ao mesmo tempo confuso e fascinado com sua mitologia altamente complexa e intricada. Em 1946, Griaule retornou em companhia da etnóloga Germanie Dieterlen. Ambos publicaram os resultados dos seus 4 anos de pesquisas de campo na obra Un système soudanais de Sírius (Paris, 1951). Nesse trabalho, frisaram que os Dogon, mesmo desprovidos de recursos ópticos, tais como o telescópio, tinham pleno conhecimento da natureza dupla da estrela binária Sírius. “Jamais se fez e nunca se decidiu a respeito da pergunta: de onde esse povo, que nenhum instrumento possui, poderia conhecer a órbita e os atributos específicos dos astros, praticamente invisíveis?” DADOS ANTIGOS – Em 1976, foi lançada em Londres uma obra que acabaria inevitavelmente sendo apropriada pelos defensores da teoria dos “deuses astronautas”, mormente, Erich von Däniken (veja o livro Provas de Däniken: deuses, espaçonaves e Terra). The Syrius Mistery, do lingüista norte-americano especialista em sânscrito da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia (EUA), e membro da Royal Astronomical Society, Robert K. G. Temple, expunha e analisava mitos que falavam dos habitantes de um planeta que orbita ao redor da estrela Sírius, os quais teriam aterrissado na Terra em eras remotas, inaugurando a civilização. Segundo Temple, os dados dos Dogon, que descenderiam cultural e biologicamente dos egípcios, remontariam há 5 mil anos e fariam parte do cabedal egípcio dos tempos pré-dinásticos. Ao desenhar diagramas da órbita de Sírius B, com base em dados tirados dos mitos Dogon e seguindo as mais recentes pesquisas astronômicas, Temple constatou que “A semelhança é tamanha e surpreendente, a ponto de até o leigo mais inexperiente reconhecer à primeira vista a perfeita identidade das duas apresentações, até nos menores detalhes. (…) O fato ficou demonstrado e ei-lo: a tribo Dogon possui noções gerais dos princípios mais incríveis e sutis de Sírius B e, em sua órbita, de Sírius A. Portanto, revela-se aí absoluta paridade do saber atual em relação com as noções encerradas em mitos antiqüíssimos!” O Egito foi a terra onde mais se analisou a geometria que os gregos levaram para sua civilização. Essas informações sairam do 4 volumes do SANKOFA, organizado pela Elisa Larkin Nascimento, será que ela é parenta de Abdias do Nascimento, o grande pensador negro brasileiro que de integralista passou a comunista e publicou mais de 40 livros? Não podemos esquecer duas outras figuras negras da Bahia, Teodoro Sampaio reconhecido em São Paulo e Milton Santos, o grande geográfo internacional que ensinou na França. Há de notar-se que Teodoro Sampaio era de uma cultura polimorfa, da engenharia à história e contribuiu para o livro chave do Brasil – Os Sertões a pedido do próprio Euclides da Cunha. . Germano Machado – [email protected] Fundador do CEPA Brasil – das Academias Mater Salvatoris, da Academia Baiana de Educação, aposentado da UFBA e da UCSAL