Editorial - Ordem dos Farmacêuticos de Angola

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Editorial - Ordem dos Farmacêuticos de Angola
Ordem dos
Farmacêuticos
ANGOLA
REVISTA da
de
Trimestral | Ano I
Número 4
OUT-DEZ 2014
Director:
Boaventura
Moura
1ª Semana da Farmácia Angolana
Glória aos
farmacêuticos
A 1ª Semana da Farmácia Angolana saldou-se por um êxito extraordinário, ultrapassando as
expectativas mais optimistas.
Reuniu toda a família farmacêutica, convidados de países lusófonos e dirigentes do sector, num
total de mais de 500 participantes que debateram mais de uma
dezena de temas e visitaram os
stands de 35 empresas expositoras da Expo Farma. O sucesso do
evento foi o melhor presente de
anos que a OFA poderia ter recebido no mês em que comemorou
o seu primeiro aniversário!
Boas práticas
de aquisição
Gestão farmacêutica
As boas práticas de aquisição garantem a melhoria do binómio custo/qualidade. O processo de
aquisição de medicamentos deve ser formalizado
por compromissos claramente estabelecidos entre comprador e fornecedor. | Pág.18
A gestão farmacêutica é um
processo que visa garantir
que o utente tem acesso
contínuo aos medicamentos,
em qualquer estabelecimento
de saúde, e os usa de forma
dequada e racional, com
segurança e eficácia, quer
sejam vacinas ou quaisquer
outros produtos. | Pág.20
Selecção e quantificação
Bons exemplos
de farmácias
Casos de sucesso
Continuamos nesta edição a nossa
visita às farmácias para descobrir
os casos de sucesso e bons
exemplos. Encontrámos mais
duas. Saiba como são geridas,
quais as suas estratégias,
princípios orientadores,
objectivos e como preparam
o futuro que aí vem. | Págs.24 e 25
Junte-se à delegação de farmacêuticos angolanos
que vão participar no XI Congresso AFPLP!*
* OFA disponibiliza-se para emitir ofício e ajuda na obtenção do visto. O custo da viagem é de cerca de USD 500. Alojamento com preços razoáveis.
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| Revista da Ordem
dos Farmacêuticos de Angola
Outubro/Dezembro
2014
Revista da Ordem dos FarmacêuticosJaneiro/Março
de Angola2014
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Editorial
Índice
Boaventura Moura
Bastonário e Presidente do Conselho Nacional
Actualidade
OFA comemora o seu primeiro aniversário
Um sonho…uma realidade…
um futuro…!
N
No dia 25 de Outubro de 2014 fizemos um ano
da concretização do sonho dos farmacêuticos
angolanos – a proclamação da nossa Ordem
dos Farmacêuticos de Angola (OFA).
Somos ainda uma criança, que está a dar os
primeiros passos, mas é com muito orgulho,
e alegria, que festejamos este 1º aniversário da
OFA, tornado realidade, mas também de uma
grande responsabilidade para todos nós e, em
especial, para aqueles que constituem, respectivamente, os seus corpos sociais.
Mas…
Valeu a pena sonhar e torná-lo numa realidade!
Somos a primeira Ordem dos Farmacêuticos
do continente africano que tem como língua
o português.
Conhecemos poucas organizações profissionais, mesmo a nível internacional, que em tão
pouco tempo tenham tido tanta actividade,
com um balanço que julgamos positivo e, talvez, reconhecido por todos, pois conseguimos, sem ter recebido, ainda, nenhuma quota
ou joia dos colegas:
- Criar e manter o Web site da OFA;
- Editar trimestralmente a Revista da OFA,
com a qualidade que se impõe, e que conta
com um leque alargado de leitores, desde farmacêuticos, a instituições de saúde, dentro e
fora do nosso País;
- Representar a classe na tutela e nos Órgãos
do Executivo e do Parlamento, onde fomos
convidados;
- Emitir todos os pareceres que lhes foram solicitados, cumprindo os prazos de entrega;
- Reunir ordinariamente e extraordinariamente o Conselho Nacional que deliberou sobre quatro assuntos que se impuseram;
- Criar e reunir as Comissões Técnicas especializadas;
- Nomear e dar posse às Delegações Provinciais que se impunham de momento;
- Organizar a I Semana da Farmácia Angolana, em simultâneo com a segunda ExpoFarma Angola 2014, que, da nossa análise e do público em geral, segundo inquérito efectuado,
superou todas as expectativas e, inclusive, foi
elogiada a nível internacional.
Valeu a pena!
Mas…nem tudo são rosas,
caríssimos colegas.
Infelizmente, temos que lamentar alguma fal-
ta de contribuição dos colegas nesse esforço
organizativo e de emancipação da classe farmacêutica angolana.
O futuro será de muito trabalho e rigor.
A OFA começa também a extravasar as fronteiras do País com credibilidade, seriedade,
qualidade e confiança, entre as organizações
internacionais homólogas e não só. Como
exemplo, temos a solicitação feita pela Universidade Lúrio de Moçambique de celebrar, brevemente, um Acordo/Protocolo de cooperação com a OFA, com fins académicos e de investigação científica, e para as revisões
curriculares dos programas de ensino, a regulamentação da profissão, ao acesso à profissão e a realização do 1º Congresso da Ordem
dos Farmacêuticos de Angola em 2016, são alguns dos aspectos que demonstram a pujança
e a credibilidade da OFA, o que vai exigir muito
trabalho.
Caros colegas,
Todos, não somos demais!
Por isso, pedimos o contributo de todos neste
ano 2015 e seguintes, para que, de facto, a OFA
seja o espelho e o selo de identidade da classe
no país, pois tudo estamos a fazer para continuar a ser o factor de unidade e coesão de todos os profissionais farmacêuticos em Angola
e, ao mesmo tempo, um parceiro credível na
promoção e execução da Política Nacional de
Saúde emanada pelo Executivo angolano.
Em ambiente de festa, mas com a consciência
do muito que há a fazer. Leia a reportagem. |Pág. 4
Conselho Farmacêutico
Modernização das farmácias
A modernização das farmácias é um processo
de transformação que tem como objectivo
desenvolvê-las, tendo em vista a melhoria
do atendimento prestado. |Pág. 6
Capa
1ª Semana da Farmácia Angolana
O essencial do que se passou no maior evento do
sector farmacêutico em Angola. Se esteve presente
confira. Se não, saiba porque se saldou num êxito.
|Págs. 8 a 12
Folha Farmacoterapêutica
O impacto das reacções adversas a medicamentos
nos serviços de saúde. |Págs. 13 a 16
Espaço AFPLP
O espírito da Associação
O presidente da Direcção da AFPLP, Lucílio
Williams, partilha o seu ponto de vista sobre
os desafios que se colocam aos farmacêuticos
de língua portuguesa. |Pág. 17
Reportagem
Casos de sucesso de farmácias em Angola (III)
À semelhança das edições anteriores, os jornalistas
da revista da OFA saíram à rua e foram conhecer
de perto alguns bons exemplos de farmácias no país.
Saiba como são geridas, quais as suas estratégias
e como vêem o futuro. |Págs. 24 e 25
Indústria
Colegas!
Não podemos deixar de reflectir nalguns pontos da entrevista que Sua Excelência Senhor
Ministro da Saúde deu na terceira edição da
nossa revista:
“A OFA é uma organização fundamental para
o diálogo, a concertação, e para fazer crescer
os profissionais, que a integram”. (sic)
“No primeiro aniversário da criação da OFA,
aproveitem para reflectir sobre os passos que
já deram para melhorar a saúde dos angolanos e o que, juntos, ainda poderão fazer para
que continue a melhorar e venha, no futuro, a
ser tudo aquilo que desejamos”. (sic)
Bem-haja a OFA e os Farmacêuticos Angolanos, em particular, e os lusófonos em geral!
Atentamente,
Boaventura Moura
Aliviar a dor
Conversa com o director-geral da bene farmacêutica,
uma empresa familiar alemã, com marcas muito
conhecidas do público, focada na terapêutica da dor,
agora com mais força em Angola. |Pág. 26
Ficha Técnica
Propriedade: Ordem dos Farmacêuticos de Angola |
Director:Boaventura Moura | Conselho editorial: João Novo, Helena Vilhena, Pedro Zangulo e Santos Nicolau | Endereço: Rua
Kwame Nkrumah, nº 52 / 53, Maianga, Luanda, Angola. Tel.: (+244)
935 333 709 / 912 847 892 | E-mails: [email protected] [email protected] | Web site:www.ordemfarmaceuticosangola.org | Editor: Rui Moreira de Sá - Marketing For You, Lda / Jornal
da Saúde www.marketingforyou.co.ao | Redacção: Francisco
Cosme; Magda Cunha Viana | Publicidade: Eileen Barreto Tel.:
(+244) 945046312 / 928013347 | Periodicidade:trimestral | Design e maquetização: Fernando Almeida | Impressão e acabamento:Edições Angola| Tiragem:3.000 exemplares
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Outubro/Dezembro 2014
Actualidade
O Bastonário e presidente do Conselho Nacional, Boaventura Moura, o director do GEPE, Daniel António, em representação do Ministro da Saúde, e o Vice-presidente
do Conselho Nacional, António Pedro Zangulo
Com a satisfação de quem cumpriu os objectivos, mas consciente do muito que há a fazer
OFA comemora o seu 1º aniversário
O ambiente era festivo e a satisfação
visível no semblante de todos
os presentes na cerimónia de
celebração do 1º aniversário da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
(OFA), no passado dia 25 de Outubro,
em Luanda.
O Bastonário da OFA, Boaventura Moura, e demais membros dos
órgãos sociais, acolheram os convidados que, apesar de ter sido
num sábado, fizeram questão em
estar presentes neste momento
histórico em que a nova instituição, ainda de tenra idade, mas
cheia de vigor e determinação,
comemorou um ano de percurso,
como testemunham as suas realizações nestes primeiros doze
meses: o lançamento da revista
trimestral, a manutenção de um
site sempre actualizado, a organização da 1ª Semana da Farmácia
Angolana – que excedeu as expectativas mais optimistas –, a
implementação de acções de formação, emissão de pareceres, a
nomeação de delegados provinciais, dos membros das comissões científicas e, ainda, outras
matérias de âmbito organizativo,
como a definição dos valores das
quotas.
As responsabilidades que assumiram não conseguiram desvanecer a alegria que
sentiram ao tomarem posse como os primeiros delegados da OFA nas províncias,
respectivamente, Cheilla Marisa Manuel (Luanda), Suzana David Barbosa
(Huambo e Bié), Fernando Bange Cassenda Fernando (Benguela), Bernabé Luís
Baptista (Cuando Cubango) e Baptista Lembe Sambo (Cabinda). A estes acresce a
farmacêutica Buagica Mambelo Lenine (Lundas)
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Outubro/Dezembro 2014
Conselho Farmacêutico
Modernização das farmácias
A modernização das farmácias é um processo de transformação que tem como
objectivo desenvolvê-las, tendo em vista a melhoria do atendimento prestado.
O desafio da modernização envolve diversos aliados, como a reestruturação de
infraestruturas e o uso de tecnologias.
Dr.ª Helena Vilhena
Quando se fala na necessidade de reestruturar a infraestrutura de suporte das
farmácias significa adequá-las aos desafios actuais, de forma a responder a futuros crescimentos.
A modernização tecnológica inclui um sistema eficaz de gestão de stocks e sistemas automatizados de distribuição de medicamentos.
Dr.ª Lucinda Figueiredo
Os sistemas de gestão de stocks actuais fazem a gestão dos recursos, o seu controlo, sendo que muitos já estão parametrizado para alertarem sobre stocks
máximos, mínimos e o ponto de encomenda.
A nível das farmácias hospitalares, além da reestruturação da infraestrutura e
adequação do programa de gestão de stocks, existem equipamentos especialmente desenhados para proteger o operador e o ambiente de fumos, vapores e
cheiros produzidos durante as operações de rotina laboratorial sempre que são
usados químicos, reagentes ou outras substâncias tóxicas.
Existem câmaras de fluxo laminar concebidas para garantir a protecção das
preparações estéreis dos microrganismos e contaminantes do ar.
Outra das tecnologias usada em ambientes hospitalares consiste nos sistemas
de dispensação automatizada de medicamentos que permitem o armazenamento centralizado e semiautomático, composto por armários controlados
electronicamente, gerido por softwares e interconectado com as aplicações
existentes. Através destes sistemas de armazenamento, a medicação é distribuída ao doente, em dia determinado e à hora determinada.
A modernização vai permitir gerir melhor as farmácias, além de optimizar o
trabalho das equipas que aí trabalham, reflectindo-se em mais segurança para
os pacientes.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Moderniza%C3%A7%C3%A3o
http://www.rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=14547&ACT=null&PAGE=null&PARM
=null&LBL=MAT%C3%83%C6%92%C3%A2%E2%82%AC%C2%B0RIA
http://www.infopedia.pt/$modernizacao
http://www.rhfarma.pt/anexos/art001.pdf
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Semana da Farmácia Angolana
Êxito total!
A 1ª Semana da Farmácia Angolana saldou-se por um êxito extraordinário, ultrapassando as expectativas mais optimistas. Reuniu toda a família farmacêutica, convidados de países lusófonos e dirigentes do sector, num total de mais
de 500 participantes que debateram mais de uma dezena de temas e visitaram os stands de 35 empresas expositoras da Expo Farma. O sucesso do evento foi o melhor presente de anos que a OFA poderia ter recebido no mês em
que comemorou o seu primeiro aniversário!
Francisco Cosme, Magda Cunha Viana e Rui Moreira de Sá
O ministro da Saúde, José Van-Dúnem, presidiu
à cerimónia de encerramento oficial da Semana
A criação da Ordem dos Farmacêuticos de Angola (OFA), em 2013, e a subsequente regulamentação da actividade, bem como o combate
à contrafacção de medicamentos são importantes avanços do sector e contribuem fortemente para uma melhoria da saúde da população angolana. Estas constituem algumas das
conclusões do evento que decorreu a 7 e 8 de
Outubro, em Luanda. Uma outra importante
conquista é, certamente, formação de novos
profissionais que, actualmente, são 459.
A política farmacêutica implementada no
país é ainda recente - com pouco mais de
quatro anos de existência – e são muitos, e
ambiciosos, os desafios lançados. Os farmacêuticos pretendem acompanhar o desenvol-
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A Expo Farma esteve muito animada. Reuniu 35 empresas que mostraram as suas novidades aos farmacêuticos. De acordo com as conclusões do inquérito realizado junto aos expositores, as principais razões de participação foram: promover a imagem da marca, identificar novos clientes e receber os clientes habituais
vimento tecnológico e ser a porta de entrada
do doente para o Serviço Nacional de Saúde.
Por isso, querem aconselhar o cliente da farmácia e fornecer medicamentos em condições de excelência. A criação da farmácia galénica, onde os medicamentos são fabricados
“in situ”, e a monitorização do transporte de
medicamentos, com a devida refrigeração e
armazenamento, constituem também desafios que o sector pretende vencer.
O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos de Angola, Boaventura Moura, afirmou,
em entrevista à revista da OFA, que o evento
constituiu uma oportunidade de promover o
sector farmacêutico angolano e fortalecer as
relações entre profissionais. O responsável referiu ainda que, de acordo com a política farmacêutica implementada no país em 2010,
surgiu um forte crescimento do sector, com a
colaboração de farmacêuticos, grossistas e
retalhistas.
O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos de Angola, Boaventura Moura, afirmou, em entrevista à revista da OFA, que o
evento constituiu uma oportunidade de promover o sector farmacêutico angolano e fortalecer
as relações entre profissionais.
Boaventura Moura salientou o esforço feito na formação de farmacêuticos que passaram de 27 para 459, e sublinhou o crescente
conhecimento relativamente ao processo
que vai desde a aquisição à venda de medicamentos.
“A garantia de qualidade da cadeia logística de produtos farmacêuticos e a especialização de todos os profissionais” é fulcral para
que possam ser atribuídas responsabilidades
caso surja qualquer problema com um medicamento ou erro cometido no exercício da
profissão, acrescentou.
“Incutir nos quadros a necessidade de
aplicação prática da política nacional de saúde, reactivar a produção de medicamentos no
país, controlar, por registo, todos os produtos
de índole farmacêutica que entram no território angolano, e educar as populações para
um maior cuidado quando adquire medicamentos”são também preocupações da OFA
discutidas durante o evento, de dois dias.
A abertura do evento foi presidida pelo secretário de Estado Carlos Masseca, na presença de vários participantes do sector farmacêutico, de todas as Províncias do país, e de
convidados nacionais e dos PALOP e da CPLP,
nomeadamente, de Cabo Verde, Moçambique, para além de Portugal e do Brasil.
No encerramento, o ministro da Saúde, José
Van-Dúnem, deixou uma palavra "de muito
apreço aos farmacêuticos e técnicos de farmácia pelo trabalho que têm vindo a realizar para
O auditório esteve sempre lotado e animado, desde
a primeira hora
melhorar o Sistema Nacional de Saúde", e desejou que "no primeiro aniversário da criação
da OFA, aproveitem para reflectir sobre os passos que já deram para melhorar a saúde dos angolanos e o que, juntos, ainda poderão fazer para que continue a melhorar e venha, no futuro,
a ser tudo aquilo que desejamos".
Durante a semana, decorreu ainda um
simpósio sobre a terapêutica farmacológica
e o papel do farmacêutico na disfunção eréctil
e um treino nacional e prático com o software
Channel de Gestão de Stocks e a utlilização
de termo-higrómetros. Estes estão a ser disponibilizados para monitorar as condições
de conservação em termos de humidade e
temperatura dos produtos farmacêuticos,
quer nos armazéns, quer nos hospitais, centrais, gerais, provinciais e municipais. Uma
iniciativa louvável! Nos dias seguintes tiveram
lugar as Jornadas Técnicas e Científicas de
Ciências Farmacêuticas da Universidade Jean
Piaget de Angola. O evento foi precedido de
um curso sobre a integração do marketing na
farmácia.
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Outubro/Dezembro 2014
Semana da Farmácia Angolana
A opinião dos congressistas
A Semana da Farmácia Angolana/ Expo/Farma foi um evento de extrema importância porque serviu para elucidar os
profissionais sobre o novo contexto farmacológico, que se observa noutros países, e que Angola pretende alcançar para
fortalecer o sector, defendeu a farmacêutica Aida Cristina Moura em entrevista, à
Revista OFA.
O encontro veio contribuir também
— sublinhou — para a valorização dos
farmacêuticos, dando-lhes a possibilidade de se munirem de ferramentas que reforçarão as áreas técnicas e científicas do
sector.
Para esta profissional, o evento fomentou uma maior proximidade entre
os vários intervenientes na área farmacêutica, ao envolver e incentivar a classe
na luta pela mesma causa - a revitalização do sector farmacêutico do país.
Com a ExpoFarma ( feira de exposição farmacêutica) os expositores de farmacêuticos, distribuidores, e laboratórios, como a BIAL, a BAYER, e a BLUEPHARMA, foi possível ver e antever o
desenvolvimento da inovação da farmacologia angolana, considerou Cristina
Moura.
De entre os vários debates, a farmacêutica destacou o tema que tratou da
actuação farmacêutica, pois permitiulhe “aprender o verdadeiro papel e as
funções que são atribuídas aos farmacêuticos”.
“É bom estar presente nos eventos
farmacêuticos de grande dimensão porque são uma mais-valia e uma oportunidade para aprender sempre coisas novas, que poderão posteriormente contribuir para a valorização da carreira de
qualquer profissional”, frisou.
Desenvolvimento da classe
A farmacêutica Violeta Chimuco
considerou muito oportuna a Semana
da Farmácia Angolana/ Expo/Farma,
por constituir uma oportunidade para
actualizar os profissionais sobre novos
conceitos farmacêuticos já em vigor
noutros países.
“Os certames deste género contribuem para o desenvolvimento da classe
farmacêutica do país por facilitarem
também a obtenção de conhecimentos
aprofundados sobre novas tecnologias
Resultados do inquérito aos farmacêuticos participantes da 1ª Semana da Farmácia Angolana
Principais objectivos
da sua participação
Outras
razões
Participar na Conferência
17%
(A pergunta admitia
respostas múltiplas)
74%
Reforçar a Ordem
dos Farmacêuticos
de Angola
48%
Identificar novos
fornecedores na Expo Farma
Conviver com
os colegas
28%
25%
Contactar fornecedores
habituais na Expo Farma
17%
Objectivos atingidos
Sim
63%
Parcialmente
37%
Não 0%
Previsão de participação
na próxima edição em 2015?
Sim
94%
Talvez
6%
Não 0%
farmacêuticas”, afirmou, em entrevista
à revista OFA.
Violeta Chimuco considerou que
eventos deste tipo fazem com que os
profissionais estejam cada vez mais habilitados a responder às exigências do
mercado, e que, além disso, constituem
um incentivo para a humanização dos
serviços prestados à população, em hospitais e farmácias, sejam públicas ou privadas.
Dos assuntos apresentados no encontro, o que mais a preocupou foi o número de produtos farmacêuticos falsificados que entram em Angola. Já a abordagem à qualidade dos medicamentos
foi o que destacou como tendo sido mais
do seu agrado.
A farmacêutica considerou que deveriam ter sido debatidas as farmácias hospitalares por também fazerem parte dos
serviços de atendimento à população.
Resultados do inquérito
aos farmacêuticos participantes
Pontos fortes:
-Temas desenvolvidos
-Convergência de especialistas nacionais e estrangeiros
-Contribuiu para a formação
-Organização
-Oradores capacitados e claros
-Exposição paralela
Pontos fracos:
-Gestão do tempo
-Muita demora
-Emissão de credenciais
-Preço de inscrição
-Mais temas para debater
Sugestões de temas a debater
em 2015:
-Condições para a formação de farmacêuticos
-Farmacodinâmica e a farmacocinética
-Gestão de unidades farmacêuticas
-Uso racional dos medicamentos
-Segurança medicamentosa e a
fármaco vigilância em Angola
-Depósitos provinciais
-Resistência aos antibióticos
-Efeitos colaterais mais relevantes
de fármacos mais comuns usados
no nosso país
-As farmácias caseiras
-Grandes linhas que levam à promoção da profissão farmacêutica
para ganhar espaço e dignidade na
sociedade
-Inserção do farmacêutico no sistema de saúde pública, assistência
farmacêutica em farmácia comunitária
-O papel do farmacêutico numa
unidade hospitalar. Interacção médica, médico-farmacêutica, gestão
e administração de farmácia hospitalar. As diferentes áreas de atuação do farmacêutico
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Outubro/Dezembro 2014
A opinião dos expositores
Amélia Armada
Directora de Operações
da Globomédica
“Identificar novos clientes”
“A Globomédica é uma empresa
angolana que comercializa diversos equipamentos e medicamentos e que actua também na área de
esterilização nos hospitais. A Expo
Farma foi de extrema importância
por ter sido uma ocasião para divulgar o nosso nome e potenciar
uma aproximação a novos clientes. Serviu também para uma troca de experiências com outros expositores sobre o actual momento
do mercado farmacêutico angolano, bem como para a formalização
de vários intercâmbios com distribuidoras e laboratórios, o que facilitará posteriormente a escolha de
políticas comerciais estratégicas.
Sendo uma empresa pioneira no
mercado, a Globomédica aposta
na oferta de produtos de confiança, de forma transparente, utilizando uma conduta consistente
de responsabilidade ética nas relações com clientes e colaboradores. Pretendemos uma afirmação
no mercado que nos permita figurar entre as melhores empresas de
distribuição de medicamentos do
país. Para isso contribuirá certamente a plataforma logística que
já hoje nos permite responder às
maiores carências de medicamentos .
Actualmente estamos apenas presentes em Luanda, mas existe interesse na expansão para outras
províncias".
Dulce Lubrano
Directora Geral
da Arifarme Medical
“Apostamos em produtos
inovadores”
“A Arifarme Medical é uma empresa nova no mercado farmacêutico.
A Expo Farma é um evento que
oferece grandes oportunidades de
negócios para o grupo e a possibilidade de intercâmbios entre os expositores, laboratórios, distribuidores, e clientes para a promoção
dos produtos.
O nosso Grupo surgiu para auxiliar
o Estado angolano a suprir as dificuldades de abastecimento de medicamentos em todas as províncias do país.
A empresa tem vários parceiros e
está presente, entre outros locais,
em Luanda, Namibe, Zaire, Cabinda e Cunene. Apostamos na introdução de produtos inovadores e
seguros que possam vir a reflectirse na saúde dos cidadãos e a preços acessíveis à população em geral. Futuramente, o grupo tenciona alargar a sua intervenção no
mercado farmacêutico a áreas especificas como a estomatologia e
oftalmologia, sem esquecer a eficiência e segurança, combinadas
com os melhores preços”.
Diogo Charneca
Marketing manager
da Omegapharma
“Ferramenta indispensável”
“A ExpoFarma é uma ferramenta
indispensável para os investidores
da área farmacêutica, pois oferece
inúmeras oportunidades de negócios para os expositores e ajuda a
nossa empresa na promoção dos
produtos farmacêuticos e na relação comercial com novos clientes.
Futuramente, ambicionamos tornar-nos fortes no mercado farmacêutico angolano, com vários produtos inovadores de excelente
qualidade, destinados a tratar diversas doenças. Iremos também
desenvolver formação para farmacêuticos e iniciativas para a educação das populações, no que se refere ao consumo de medicamentos”.
Nuno Cardoso
Director da Bial em Angola
“Interação com
os farmacêuticos”
"A Bial é uma empresa multinacional portuguesa, com noventa
anos no mercado farmacêutico,
15 dos quais em Angola.
A Expo Farma foi um evento muito importante para a Bial porque
proporcionou várias oportunidades de negócios, bem como a proximidade com os farmacêuticos,
médicos, clientes e outros grupos
que apostam no mercado angolano dos medicamentos. A empresa
formalizou vários negócios com
alguns dos expositores presentes
e com grupos de farmácias o que
trará posteriormente à distribuidora novas políticas comerciais
que vão ao encontro da exigência
cada vez maior do mercado.
Durante o evento promoveu as
potencialidades do grupo, na área
da formação de quadros na área
de saúde, na área dos medicamentos e outras.
Com um crescimento actual acima dos 10 por cento, o maior laboratório português de medicamentos tenciona crescer ainda
mais no sentido de contribuir para melhorar a saúde da população de Angola, que é o mercado
mais importante, dos mais de 50
em que já se encontra presente.
Actualmente, a Bial tem uma
subsdiária sedeada em Luanda,
mas tem prestado serviços em várias províncias do país, entre as
quais em Benguela e Huíla, privilegiando sempre a utilização dos
recursos humanos angolanos".
Isabel Brito
Administradora da Ecomar
“Garantia máxima
de qualidade”
“A ExpoFarma é uma grande oportunidade para a Ecomar que perspectiva alargar as suas linhas de
acção e fazer crescer o grupo, assinando parcerias conjuntas de trabalho com o Ministério da Saúde, a
Organização Mundial de Saúde e a
Direcção Nacional dos Medicamentos e Equipamentos. Neste
evento pudemos promover os nossos produtos, firmar acordos de
parceria com outros expositores e
angariar novos clientes. A Ecomar
é uma empresa distribuidora que
existe há 62 anos em Angola, noutras áreas, mas que se encontra há
12 anos no ramo da comercialização dos medicamentos. A população pode esperar do grupo Ecomar a garantia máxima de qualidade dos produtos e de transporte
dos mesmos, dentro das normas
da entidade reguladora angolana
dos medicamentos. Actualmente
a Ecomar está representada em
Luanda e conta com uma filial em
Benguela. Está também presente
no Lobito, onde tenciona apostar
mais para poder fornecer produtos e serviços de saúde a toda a população, tendo sempre em mente
as exigências e as necessidades do
mercado”.
Manuel Rodrigues
Administrador da Super Frescos
“Congregar todos os actores
que intervêm nos
medicamentos”
“A Super Frescos é uma empresa
de direito angolano que opera
recentemente na área dos medicamentos, em Angola, e que comercializa produtos anti maláricos, entre as quais a água mineral Allshanti (significa "toda saúde"), com características medicinais e suplementares, lançada
experimentalmente em Moçam-
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Outubro/Dezembro 2014
Semana da farmácia Angolana
bique, Brasil, República Democrática do Congo e Guiné-Bissau.
Para o grupo, a ExpoFarma é
uma grande ferramenta para o
mercado farmacêutico angolano
porque vem a beneficiar e congregar todos os actores que intervêm nos medicamentos. Também serve para promover os produtos das empresas desta área e
fornecer um leque de oportunidades, como a possibilidade de
obtenção de novos clientes, a
formalização de acordos e intercâmbios que envolvem o universo farmacêutico do país. A empresa dedica-se especialmente a
produtos para a prevenção e erradicação da malária. Actualmente está representada em
Benguela, no Lobito, mas conta
expandir-se para todas as províncias, e transferir a sede para a
capital. Da Super Frescos os angolanos podem esperar mais investimentos contra a malária. O
grupo esta também firmado no
mercado português e espanhol,
onde conta com duas fábricas de
engarrafamento de água mineral, tencionando futuramente ter
uma fábrica de refrigerantes em
Angola com base em frutas.
muito importante, pois permite
dois dias intensos de interação
com vários dos seus clientes dispersos por todo o país, bem como
conhecer novos potenciais clientes.
Durante o evento, conseguimos
promover e explicar devidamente
boa parte dos produtos e marcas
representadas pela HE Farmacêutica para os profissionais de saúde
presentes que ainda não tinham
conhecimento das mesmas.
Criou-se também uma oportunidade para se formalizar novos
acordos e parcerias comerciais.
A HE farmacêutica é uma empresa
de direito angolano especializada
em representar e distribuir marcas
internacionais de renome de produtos farmacêuticos na área da
dermocosmética, puericultura, nutrição infantil entre outras. Desde
2011, têm vindo a desenvolver um
trabalho diferenciado no mercado,
nomeadamente com formação
contínua a farmacêuticos e informação médica a especialistas de
dermatologia, pediatria e medicina
dentária.
Perspectiva crescer e tornar o
mercado cada vez mais competitivo fornecendo produtos farmacêuticos de qualidade que visam melhorar a qualidade de vida da população.
Actualmente com representação
em Luanda, Benguela, Huambo e
na Huíla, a empresa quer expandir
a sua presença para todas as províncias.
Andrea Ferraz
Directora-geral
da He Farmacêutica
“Formalização de acordos
nacionais e estrangeiros”
“Para a HE Farmacêutica a participação na ExpoFarma é
Mª Rosário Boavida
Directora da Sanofi Angola
“Incentiva profissionais
a conhecerem produtos
genéricos de qualidade”
“A Medley é uma empresa de genéricos de origem brasileira, presente
há dois anos no mercado farmacêutico angolano.
Medley é uma empresa do grupo
Sanofi, sendo este um dos maiores
laboratórios farmacêuticos do
mundo e o número 1 em África . A
Medley possui em Angola uma linha de genéricos direccionados
para várias áreas terapêuticas ,nomeadamente:
cardiologia, diabetes, anti infecciosos, antifúngicos, antitússicos,
analgésicos, entre outros.
Para a empresa, a ExpoFarma é um
evento muito importante
como facilitador na troca de experiências entre farmacêuticos, como incentivador dos profissionais
desta área no sentido de virem a
conhecerem e a actualizarem-se
sobre o que de melhor se pode encontrar no nosso mercado. O evento é uma oportunidade para que os
participantes venham conhecer a
realidade da indústria farmacêutica, nomeadamente do conceito de
laboratório, distribuidor, e de outras áreas do universo farmacêutico. Futuramente pretendemos
continuar a crescer e trazer ao mercado angolano o que é necessário
para melhorar a saúde das populações, com produtos de qualidade e
ao alcance de todos as bolsas.
Somos a única empresa de genéricos com produtos preparados para
a ZONA IV como preconizam as
nossas autoridades .
Durante o evento fizemos vários
intercâmbios com os outros expositores, promovemos um leque de
produtos genéricos e de marca
junto dos nossos actuais e futuros
clientes, formalizámos acordos
com novas empresas nacionais
que contribuirão futuramente para
o crescimento da empresa. O cliente pode esperar da Medley bons
produtos genéricos, com a garantia
de segurança e qualidade SANOFI .
Luís Sanches
Director comercial da Ecofarma
“Esperamos um crescimento
acima da média”
“Para a Ecofarma, pertencente ao
grupo Azinor, a ExpoFarma é uma
importante oportunidade para expor produtos médicos e hospitalares. O evento serve para divulgar, e
promover, todas as potencialidades
do grupo ao público, mas particularmente aos clientes. O evento facilita a troca de experiências entre
os expositores farmacêuticos e
constitui uma oportunidade para
formalizar vários intercâmbios e
outras iniciativas que virão futuramente a potencializar o mercado
farmacêutico em todas suas vertentes.
Com representação em Luanda, a
empresa pretende oferecer diversos
serviços no ramo da saúde, para
além dos habituas equipamentos
médicos, e expandir o grupo para
todo país. Espera-se da Ecofarma
um crescimento acima da média
para continuar a garantir ao povo
angolano, medicamentos e equipamentos com elevada qualidade”.
Curso Antecipando e gerindo a mudança
“Antecipando e gerindo a mudança: a integração de marketing na farmácia, de forma
transversal, como pilar de organizações de
sucesso e preparadas para o futuro”foi o tema do primeiro curso intensivo de formação
promovido pela OFA e que inaugurou a 1ª
Semana da Farmácia Angolana.
De acordo com o consultor e formador, João
Pedro Matos, da iD Consulting,“a transmissão
de valor que deve estar sempre presente no
acto farmacêutico orientado para o utente inicia-se no processo de decisão de compras e
termina, não no acto da venda ou dispensa
do medicamento ou produto de saúde, mas no
seguimento prolongado, e ao longo do tempo,
da saúde e qualidade de vida dos utentes e população: o papel máximo do farmacêutico e
pelo qual todos devemos esforçar-nos por alcançar”.
Com base neste princípio“desenvolvemos e
aplicámos, na prática diária dos participantes,
novas capacidades e competências, com recurso às ferramentas de gestão de marketing farmacêutico, previstas nos conteúdos deste primeiro curso intensivo”, disse João Matos.
Outubro/Dezembro 2014
Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 13
Folha Farmacoterapêutica
Órgão informativo
REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA SAÚDE
DIRECÇÃO NACIONAL
DE MEDICAMENTOS E EQUIPAMENTOS
CINFARMA– Centro de Informação Farmacêutica no
Departamento de Farmacovigilância
DNME/MINSA
ANO 1 Nº 4 Outubro a Dezembro de 2014
MENSAGEM
DE ABERTURA
Todo o nosso esforço tem um
único objectivo: proporcionar-lhe, a si e à sua família,
melhores dias. Com o seu
apoio e amizade atingimos
grandes metas, e outras nos
esperam. Sentimo-nos realizados com a sua alegria, prosperidade e felicidade, bem como
com a valorização da nossa
profissão.
Nós acreditamos que é preciso
acreditar.
Nós acreditamos que só acreditando é possível construir.
Nós acreditamos que só construindo conseguiremos vencer.
Nós acreditamos na nossa
profissão. Em si.
Por isso, apresentamos-lhe
mais um feito farmacêutico
que gostaríamos que fizesse
parte do seu quotidiano laboral, para a sua actualização
profissional. Pedimos-lhe que
contribua para a sua melhoria.
Este folheto farmacoterapêutico estará sempre presente
nesta sua Revista da OFA.
Abrace esta causa.
O Director Nacional
Boaventura Moura
O IMPACTO DAS REACÇÕES ADVERSAS
A MEDICAMENTOS NOS SERVIÇOS
DE SAÚDE
Introdução
As reacções adversas associadas à utilização de medicamentos e de outros produtos de saúde podem ter
como consequência a hospitalização, incapacidade
permanente e até mesmo a morte. Vários estudos documentam que a morbilidade e mortalidade associadas aos medicamentos são comuns e consomem recursos, embora sejam frequentemente passíveis de
prevenção. São várias as referências bibliográficas que
indicam estimativas da incidência de reacções adversas medicamentosas (RAM) tanto na comunidade
como em doentes hospitalizados. Os resultados destes estudos nem sempre são concordantes, sendo necessário fazer uma avaliação crítica das respectivas
metodologias e da qualidade dos dados. No entanto,
e apesar das suas limitações, estes estudos revelam
resultados surpreendentes nalguns aspectos e que
não podem ser ignorados por nenhum profissional
de saúde. Em 1994, nos EUA, estimou-se que a morte
de 106 000 doentes hospitalizados (IC 95%, 76 000 137 000) se deveu a RAM (a incidência global de RAM
graves foi de 6,7%, intervalo de confiança de 95%: 5,2%
- 8,2%; e a incidência de RAM fatais foi de 0,32%, intervalo de confiança de 95%: 0,23% - 0,41%). As RAM
constituíram, assim, a quarta e sexta causas de morte
naquele ano. Mesmo que fosse utilizado o limite de
confiança inferior de 76 000 mortes, estimou-se que
as RAM constituem a sexta causa de morte nos EUA,
após as doenças cardiovasculares (743 460), cancro
(529 904), AVC (150 108), doença pulmonar (101 077)
e acidentes (90 523). Desta forma, as RAMs posicionar-se-iam à frente da pneumonia (75 719) e da diabetes (53 894). Por outro lado, quando é utilizado o valor médio de 106 000 mortes, estima-se que as RAMs
possam constituir a quarta causa de morte, após as
doenças cardiovasculares, cancro e AVC (Lazarrou,
Pomeranz e Corey, 1998). Este estudo foi efectuado
por metaanálise de 39 estudos prospectivos efectuados nos EUA ao longo de um período de trinta e dois
anos. (1,3)
As reacções adversas medicamentosas são muito
comuns na prática médica diária. Um estudo francês que envolveu 2067 adultos com idades compreendidas entre os 20 e os 67 anos, que frequentaram um centro de saúde para a efectivação de um
rastreio, referiu que 14,7% dos doentes forneceram
histórias fiáveis de reacções adversas a um ou mais
medicamentos (Vervloet e Durham, 1999). (1,3)
Num estudo suíço com 5568 doentes hospitalizados, 17% tiveram reacções adversas aos medicamentos (Vervloet e Durham, 1999). Outros investigadores referem ainda que as RAM ocorrem em entre 10% a 20% dos doentes hospitalizados (Pirmohamed et al., 1998), podendo, inclusivamente, atingir
35% destes doentes (Dormann e Muth-Sel- bach,
2000). Apesar de os resultados terem de ser analisados com alguma circunspecção devido à heterogeneidade dos estudos, estes dados sugerem que as
RAMs representam um importante assunto do ponto de vista clínico e da saúde pública. (2,3)
14 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
Outubro/Dezembro 2014
Folha Farmacoterapêutica
REACÇÃO ADVERSA
A MEDICAMENTOS - RAM
Os medicamentos podem aumentar a expectativa de vida, erradicar certas doenças e trazer
benefícios sociais e económicos. Por outro lado,
podem aumentar os gastos com saúde pública
se utilizados irracionalmente e/ou levar à ocorrência de reacções adversas a medicamentos,
trazendo um impacto negativo considerável na
saúde da população (Pfaffenbach, Carvalho e
Bergsten-Mendes, 2002).
Essas reacções constituem um importante
problema na prática do profissional de saúde.
Sabe-se que são causas significativas de hospitalização, contribuindo para o aumento do
tempo de permanência hospitalar e afectando
negativamente a qualidade de vida do paciente.
Por outro lado, aumentam os custos, podendo,
também, atrasar os tratamentos, uma vez que
podem assemelhar-se a enfermidades (Gomes
e Reis, 2000). Além disso, podem levar ao óbito
ou provocar lesões irreversíveis (Tognoni e Laporte, 1989).
A Organização Mundial de Saúde – OMS
(BRASIL, 2005b) define Reacção Adversa a Medicamento – RAM como:
“Qualquer efeito prejudicial ou indesejável,
não intencional, que aparece após a administração de um medicamento em doses normalmente utilizadas no homem para a profilaxia,
o diagnóstico e o tratamento de uma enfermidade” (p. 42).
O termo “eventos adversos” é mais amplo do
que as RAMs e inclui, além destas, os efeitos nocivos produzidos por erros de medicação.
Os eventos adversos são entendidos como
agravos à saúde de um usuário que podem estar presentes durante o tratamento com um
produto farmacêutico, podendo ser erros de
medicação, desvio de qualidade dos medicamentos, reacções adversas a 10 medicamentos
(RAMs), interacções medicamentosas e intoxicações (Rosa e Perini, 2003) (4).
CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
DAS REAÇÕES ADVERSAS
A MEDICAMENTOS
As reacções adversas associadas a medicamentos podem ser classificadas de acordo com seu
mecanismo de acção, quanto à causalidade e à
severidade. Algumas classificações são mais
usadas actualmente, consoante delineado na
sequência:
A) Classificação quanto ao mecanismo de
acção (5)
— Reacção tipo A: reacção mais comum e menos séria em consequência de uma acção e um
efeito farmacológico excessivos, porém, considerados normais aquando da administração de
um fármaco nas doses terapêuticas usuais. Pode associar-se esse efeito às quantidades de fármaco administradas e libertadas, a variações
na absorção, distribuição, metabolismo e excreção, à variabilidade na sensibilidade do receptor ou aos mecanismos homeostáticos que
condicionam o efeito farmacológico. Geralmente, esse tipo de reacção é dependente da
dose, desaparecendo com a respectiva redução.
— Reacção tipo B: incomum e potencialmente mais séria, não esperada pelas propriedades
farmacológicas do medicamento utilizado em
dose terapêutica usual, estando o organismo
do paciente sem alterações quanto à absorção,
ao metabolismo, à distribuição e à excreção do
fármaco administrado. Requer a suspensão do
fármaco.
— Reacção tipo C: relacionada com a frequência basal de doenças. Com evolução rápida de
casos e resultante de tratamentos medicamentosos prolongados.
B) Classificação quanto à causalidade (6)
— Definida: evento clínico em que se incluem
anormalidades em testes de laboratório que
ocorre num espaço de tempo plausível em relação à administração do medicamento, e que
não pode ser explicado pela doença de base ou
por outros medicamentos ou substâncias químicas. A resposta à retirada do medicamento
deve ser clinicamente plausível e o evento deve
ser farmacologicamente definido, utilizandose um procedimento de reintrodução (rechallenge) quando necessário. 7
— Provável: evento clínico em que se incluem
anormalidades em testes de laboratório que se
apresenta num período de tempo razoável de
administração do medicamento. É improvável
que se atribua à doença de base ou a outros medicamentos ou substâncias químicas e apresenta uma resposta clinicamente razoável à
suspensão do medicamento (dechallenge). São
dispensáveis dados sobre a reintrodução para
completar esta classificação.
— Possível: evento clínico em que se incluem
anormalidades em testes de laboratório que se
apresenta em período de tempo razoável de administração do medicamento, mas que também pode ser explicado por doença de base ou
pelo uso de outros medicamentos ou substâncias químicas. Informações sobre a suspensão
do uso do medicamento (dechallenge) podem
não estar presentes ou ser obscuras.
Outubro/Dezembro 2014
— Condicional/não classificada: evento clínico em que se incluem anormalidades em testes de laboratório com relato de reacção adversa, sobre o qual são necessários mais dados para uma avaliação adequada ou que ocorre
quando os indicativos adicionais estão sob análise.
— Não acessível/ não classificável: evento clínico que sugere uma reacção adversa não passível de avaliação porque os dados são insuficientes ou contraditórios, e que não pode ser
completada ou verificada.
C) Classificação quanto à severidade (6)
—Leve: não requer tratamentos específicos ou
antídotos; não é necessária a suspensão do fármaco.
— Moderada: exige modificação da terapêutica medicamentosa, apesar de não ser necessária a suspensão do fármaco agressor. Pode prolongar a hospitalização e exigir tratamento específico.
— Grave: potencialmente fatal, requer a suspensão da administração do medicamento e tratamento específico da reacção adversa, assim como a hospitalização ou o prolongamento da permanência de pacientes institucionalizados.
Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 15
— Fatal: contribui directa ou indirectamente
para a morte.
REAÇÃO ADVERSA A MEDICAMENTOS E OS
FACTORES PREDISPONENTES
Alguns factores podem favorecer a ocorrência
de reacções adversas. Eles podem estar relacionados com as propriedades do próprio fármaco
ou com as características do paciente, tais como idade, género, algumas patologias associadas e a polifarmácia. Pela frequente previsibilidade das RAM, é importante que o médico esteja atento para a sua existência aquando da
prescrição.
O factor idade torna os indivíduos acima de
60 anos e os de menos de 13 anos mais susceptíveis à ocorrência de RAM. 8,9,10 Katzung11
refere que a incidência global dessas reacções
na população geriátrica é, pelo menos, duas vezes maior do que a observada na população
mais jovem. Estudos realizados em hospitais de
atendimento de patologias cardiovasculares e
universitários na França12,13 encontraram incidência de 2,2 a 3,2% de internamentos hospitalares relacionados com RAM, sendo mais elevada nos mais idosos. 12
Um estudo realizado na Holanda revelou
que 12% dos pacientes idosos foram internados
possivelmente por essas reacções. 14
Outro estudo retrospectivo de 96 prontuários médicos demonstrou uma frequência de
32,1% de alterações referentes à terapêutica farmacológica, do total de complicações iatrogénicas em pacientes idosos hospitalizados. 15
Pode atribuir-se essa vulnerabilidade dos indivíduos idosos às deficiências orgânicas acumuladas com o passar do tempo, que podem
resultar em alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas. 10,11
Em relação ao género, as mulheres são, segundo Wiffen et al.,16 mais susceptíveis ao aparecimento de RAM, independentemente de interacções medicamentosas, polifarmácia e idade, sendo a probabilidade de sua ocorrência
duas vezes maior do que no género masculino.
Pfaffenbach et al.19 obtiveram como resultado
de seu estudo o facto de que 88,8% dos pacientes com RAM eram do género feminino. Heineck et al.20 sugerem que a predominância de
RAM nas mulheres pode estar associada ao uso
de alguns medicamentos, como anticoncepcionais orais durante vários anos, assim como de
fenilbutazona, cloranfenicol e bloqueadores
neuromusculares.
As variações relacionadas com a raça e as
características genéticas, como os padrões de
metabolização enzimática, receptores e transportadores celulares de compostos químicos,
estariam associadas à capacidade de resposta
individual de eficácia e toxicidade a determinados fármacos. 20
Um exemplo é o fenómeno do polimorfismo
genético (mutações estáveis do deoxyribonucleic acid), que produz fenótipos de metabolizadores “lentos” ou “rápidos” para numerosos
medicamentos, tais como a isoniazida, a hidralazina e a dapsona. Neste caso específico, a acetilização lenta é associada a um maior risco de
reacções adversas. 10
Os indivíduos que apresentam doenças e
condições clínicas associadas, como alterações
nas funções hepáticas e renais, estão mais susceptíveis às RAM.
Fígado e rins são responsáveis, respectivamente, pelo metabolismo e excreção dos medicamentos. E, por vezes, soma-se a isto a hepatotoxicidade e/ou nefrotoxidade dos próprios
medicamentos. O rim é menos afectado pelos
efeitos tóxicos, já que alguns metabólitos são
excretados de forma inactiva. 22
Deve, também, considerar-se que, pelas
suas alterações fisiológicas e farmacocinéticas
particulares, o uso de medicamentos nas gestantes e nutrizes pode ter repercussões no feto
e no lactante, ocasionando RAM.
As alterações na conduta terapêutica, no
16 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
Outubro/Dezembro 2014
Folha Farmacoterapêutica
comportamento e no estilo de vida são mais
acentuadas à medida que avança o processo de
envelhecimento dos indivíduos. 11
A alteração na conduta terapêutica, como o
número de fármacos prescritos e consumidos
(polifarmácia), faz aumentar a ocorrência de
reacções adversas de aproximadamente 10,0%,
quando o paciente toma apenas um fármaco,
para quase 100,0%, quando são utilizados dez
medicamentos. 11
A prevalência de RAM em estudo comunitário, na faixa etária 75 - 85 anos, foi maior entre
os usuários de três medicamentos, em comparação com os que consumiram apenas um ou
dois fármacos. 17
A mudança de comportamento na população idosa, como, por exemplo, relativamente ao
abuso de álcool concomitantemente com fármacos, aumenta o risco de RAM por interacções medicamentosas. Uma publicação em
Washington relatou que o abuso de álcool combinado com o uso de medicamento prescrito legalmente é um sério problema de saúde entre
os americanos mais velhos. Esta “epidemia invisível” afecta até 17,0% da população idosa ( ≥
60 anos) da América. 18
Alguns autores atribuem esta mudança
comportamental à perda de um cônjuge (morte ou divórcio), à aposentadoria (redução de
renda), ao crescimento nos gastos em consequência de doença ou outra mudança de vida.
11,18
Também é abordada a automedicação, favorecida pela venda livre de medicamentos, pela ingestão indevida de fitoterápicos, suplementos e remédios caseiros, 21 considerados
pela população desinformada como tratamentos “naturais” e isentos de efeitos. Esse emprego
não racional pode ser responsável por interacções medicamentosas e consequente aumento
de reacções adversas a essas substâncias. 16,10
Por fim, alguns grupos farmacológicos são
reconhecidamente responsáveis pela ocorrência de reacções adversas. É conhecida a relação
entre as arritmias cardíacas e o uso dos digitálicos; a hipoglicemia em pacientes recebendo
insulina, e as hemorragias em pacientes que recorrem a anticoagulantes. 22
CONCLUSÃO E REFLEXÃO FINAL
As reacções adversas associadas à utilização de
medicamentos e outros produtos de saúde podem ter como consequência a hospitalização,
incapacidade permanente e até mesmo a morte. Vários estudos documentam a frequência da
morbilidade e mortalidade associadas aos me-
Fontes Bibliográficas
1.Burke, L., Kennedy, D., Hunter, J. - Spontaneous reporting in the United States. In Pharmacoepidemiology: an introduction. Cincinnati: Harvey Whitney Books Company, 1998.
2.U.M.C. - e Erice Declaration. Sweden: Uppsala Monitoring Centre. www.who.pharmasoft.se/publ.htm (14-09-1999).
3.GOMES, SMM. - Notificação de reacções adversas medicamentosas: sua relevância para
a saúde pública. VOL. 19, N.º 2 - JULHO/DEZEMBRO 2001.
4. Salviano, L.H.- Avaliação do Nível de Informação dos Profissionais de Saúde da Família
acerca das Reações Adversas a Medicamentos e Farmacovigilância. Fortaleza; Brasil: 2008.
5. Rawlins, M.D., ompson, J.W. - Mechanisms of adverse drug reactions. In Davies D.M.,
organizador. Textbook of adverse drug reactions. 4th ed., Oxford: Oxford University Press;
1991. p.18-45.
6. World Health Organization (WHO). Safety of medicines: a guide to detecting reporting
adverse drug reactions. Geneva: WHO; 2002.
7. Capellà, D, Laporte, JR. Mecanismos de produção e diagnóstico clínico dos efeitos indesejáveis produzidos por medicamentos. In: Laporte JR, Tognoni G, Rozenfeld S. - Epidemiologia do medicamento: princípios gerais. São Paulo – Rio de Janeiro: Hucitec-Abrasco; 1989.
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8.Brasil. Ministério da Saúde. Câmara dos Deputados (CDD). Lei nº. 8.069, de 13 de julho de
1990. Estatuto da criança e do adolescente. Brasília: Coordenação de Publicações; 2000.
9. Brasil. Ministério da Saúde. Lei n. º 2.528, de 19 de outubro de 2006. Estatuto do idoso. Brasília: Ministério da Saúde; 2003.
10.Heineck, I, Camargo, AL, Ferreira, MBC. Reações adversas a medicamentos. In: Fuchs,
FD, Wannmacher, L, Ferreira, MBC. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica racional. 3.ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2004. p. 73-85-67
11.Katzung, BG. Aspectos especiais da farmacologia geriátrica. In: Katzung, BG. Farmacologia básica & clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. cap. 61, p. 844-51.
12.Bordet, R, Gautier, S, Le Louet, H, Dupuis, B, Caron, J. Analysis of the direct cost of adverse
drug reactions in hospitalised patients. Eur J Clin Pharmacol, 2001; 56:935-41.
13.Pouyanne, P, Haramburu, F, Imbs, JL, Bégaud, B. Admissions to hospital caused by adverse
drug reactions: cross sectional incidence study. BMJ 2000; 320(7241):1036.
14.Mannesse, CK, Derkx, FHM, De Ridder, MAJ, Man in ’t Veld’ AJ, Van der Cammen TJM.
Cantinho
do leitor
dicamentos, assim como o facto de consumirem recursos e serem normalmente passíveis
de prevenção. Os profissionais de saúde e, em
particular, os médicos precisam de pensar em
RAM quando encontram sintomas inesperados nos seus doentes. No processo de diagnóstico diferencial é necessário ter em conta as
possíveis interacções fármaco-doença, fármaco-fármaco, fármaco-dispositivo médico e fármaco-alimentos. Os doentes devem ser questionados acerca dos medicamentos que costumam utilizar, quer sejam medicamentos de
prescrição, medicamentos não sujeitos a receita médica ou suplementos dietéticos. O grande
número de fármacos disponíveis no mercado,
o elevado consumo de medicamentos pela população e a utilização de «medicinas alternativas» farmacologicamente activas aumentam a
probabilidade de ocorrência de RAM.
As RAM representam uma parte significativa dos gastos médicos, sendo consideradas um
problema de saúde pública mundial. A prática
da farmacovigilância tornou-se, então, imprescindível.
Para tentar reverter esse quadro, as intervenções educativas junto dos profissionais de
saúde são importantes, pois elevam os números e relevâncias das notificações espontâneas
de RAM (Vaz et al., 2011).
Contribution of adverse drug reactions to hospital admission of older patients. Age Ageing
2000; 29(1): 35-9.
15.Carvalho-Filho, ET, Saporetti, L, Souza, MAR, Arantes, ACLQ, Vaz, MYKC, Hojaiji, NHSL,
et al. Iatrogenia em pacientes idosos hospitalizados. Rev Saúde Púbica 1998 fev; 32(1): 3642.
16.Wiffen, PJ, Gill, M, Edwards, J, Moore, A. Adverse drug reactions in hospital patients: a
systematic review of the prospective and retrospective studies. Bandolier Extra, June 2002.
[acesso 2007 Jul 27]. Disponível em: http://www.ebandolier.com.
17.Stuck, AE, Beers, MH, Steiner, A, Aronow, HU, Rubenstein, LZ, Beck, JC., Inappropriate
medication use in community-residing older persons. Arch Intern Med. 1994; 154(19): 2195200.
18.Substance abuse: older adults at serious risk, 1998. [online]. [acesso 2007 jul 25]. Disponível em: http://www.jointogether.org/news/research/pressreleases/1998/substanceabuse-older-adults.html
19. World Health Organization (WHO). e use of essential drugs. Seventh report of the
WHO Expert Committee. Geneva: World Health Organization; 1997 (WHO Technical Report Series, no. 867).
20.Organización Mundial de la Salud (OMS). Uso racional de los medicamentos. Informe
de la Conferencia de Expertos; 1985, Nov 25-29; Nairobi, Kenia. Ginebra: OMS; 1986.
21.Pfaffenbach, G., Carvalho, O.M., Bergsten-Mendes, G., Reações adversas a medicamentos
como determinantes da admissão hospitalar. Rev. Assoc. Med. Bras., 2002; 48(3): 237-41.
22.Bisson MP. Farmácia clínica & atenção farmacêutica. São Paulo: Medfarma; 2003. p. 43292.
Direcção Técnica
Dr. Boaventura Moura -Director Nacional de Medicamentos e Equipamentos
Conselho Redactorial
Dra. Isabel Margareth Malungue - Chefe de Departamento Nacional de Farmacovigilância e Remédios Tradicionais;
Dra. Maidel Fuentes (Assessora Cubana)
Dr. José Chocolate Lelo Zinga - Chefe do Centro de Informação Farmacêutica.
Ser-lhe-emos gratos por suas críticas construtivas e sugestões para futuras publicações da
Folha Farmacoterapêutica, no nosso endereço: Rua Dr. Américo Boavida nº 81, 1º andar,
Luanda, Angola. Ou para o E-mail: [email protected]
2 | Revista da Ordem
dos Farmacêuticos de Angola
Outubro/Dezembro
2014
Revista da Ordem dos Farmacêuticos de
Angola2014
|17
Janeiro/Março
Editorial
Espaço
AFPLP
Eventos únicos na história da farmácia
O espírito da AFPLP
Lucílio Williams
Presidente da Direcção da AFPLP
Foi com muita
honra que testemunhei, nos meses de Outubro e
Novembro, dois
eventos únicos
para a história da
farmácia na CPLP:
a Semana da Farmácia Angolana,
a 7 e 8 de Outubro, e o I Fórum
Nacional do Sector Farmacêutico,
em Cabo Verde,
de 26 a 28 de Novembro.
I Semana da Farmácia
Angolana
Antecedida por um curso de
marketing sob o lema, “Antecipando e gerindo a mudança”, a I
Semana foi um evento de excelência, com prelectores e participantes de alta qualidade. Não
pude deixar de notar a ilustre
presença do Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal, a Presidente da ARFA e a
farmacêutica moçambicana Laize Botas.
Adicionalmente, o evento
contou com a presença do Secretário de Estado para Saúde de
Angola na abertura, e do Ministro da Saúde no encerramento.
Tive também a oportunidade
enriquecer a nossa amizade,
bem como o nosso conhecimento sobre a cultura cabo-verdiana.
Apesar de eu ser um autêntico
aleijado no que toca à dança de
passada, funaná e colá son jon,
diverti-me imenso.
Espírito da AFPLP
única de visitar a Universidade
Jean Piaget de Angola e o depósito provincial de medicamentos
de Luanda que conta com instalações do mais alto nível.
Não posso deixar de referir o
esforço incansável do Bastonário
da Ordem dos Farmacêuticos de
Angola para tornar a nossa estadia agradável e enriquecedora
sob o ponto de vista técnico, humano e cultural.
Fórum Nacional do Sector
Farmacêutico, em Cabo Verde
Apesar de não ter conseguido
participar no primeiro dia, a síntese permitiu-me captar a riqueza das discussões, o que veio a
confirmar-se no segundo e terceiro dia.
Foi de facto impressionante
testemunhar a qualidade do sector farmacêutico cabo-verdiano,
por meio das intervenções dos
palestrantes, bem como dos debates, sugestões e questões. À semelhança de Angola, este evento
contou com a ilustre participação do Bastonário da Ordem dos
Farmacêuticos de Portugal, sendo a abertura do evento efectuada pela Ministra da Saúde de Cabo Verde, e com a presença, a
tempo inteiro, da Presidente da
“Tanto em Moçambique, como em Angola
e Cabo Verde, vi e ouvi
jovens colegas com muita vontade de continuar
a estudar, a nível de
mestrado e sobretudo
de doutoramento, bem
como a nível de
pesquisa científica. Fico
sempre frustrado por
não ter uma resposta a
nível da AFPLP, deixemme confessar”
ARFA, uma deputada nacional e
do Director Nacional de Saúde,
este último que deixou uma formação da OMS que decorria paralelamente para estar presente
no Fórum.
Foi também possível visitar a
fábrica de medicamentos Infarma, uma verdadeira montra do
desenvolvimento de Cabo Verde.
Claro que não posso deixar de
referir o excelente programa extra conferência, organizado pela
farmacêutica Ângela Silvestre,
que nos foi proporcionado para
Caros colegas, este é o espírito
da AFPLP:
1. Envolvimento do farmacêutico nos sistemas de saúde
- ficou provado que os farmacêuticos angolanos e cabo-verdianos estão perfeitamente integrados nos sistemas de saúde e que
o seu envolvimento, por agregar
valor à sociedade, é reconhecido
pelos dirigentes do seu país.
2. Apoio na instalação de
Ordens/ Associações profissionais - ao fazer convites a colegas da AFPLP e estes, ao aceitarem e intervirem prontamente,
estão de facto a potenciar as
classes farmacêuticas locais. Por
isso, agradeço aos colegas que fizeram os convites, bem como os
que aceitaram.
3. Apoio à formação pré e
pós graduada - neste âmbito tenho acompanhado algumas iniciativas promovidas pelos colegas do Brasil e de Portugal Contudo, tenho de confessar que o
muito que está a ser feito ainda é
pouco. Tanto em Moçambique,
como em Angola e Cabo Verde,
vi e ouvi jovens colegas com muita vontade de continuar a estudar, a nível de mestrado e sobretudo de doutoramento, bem como a nível de pesquisa científica.
Fico sempre frustrado por não
ter uma resposta a nível da
AFPLP, deixem-me confessar.
Colegas, sobre o último ponto penso que temos de parar,
pensar e trazer uma resposta o
mais rapidamente possível. Sei
que o desafio é grande mas para
grandes homens só cabem grandes desafios.
2 | Revista
18
| Revistada
daOrdem
Ordemdos
dosFarmacêuticos
Farmacêuticosde
deAngola
Angola
Outubro/Dezembro
Janeiro/Março 2014
Editorial
Espaço
regulamentar - Tema 1: Gestão
Boas práticas de aquisição
Constâncio João*
PNME/DNME
A aquisição de medicamentos,
uma das principais actividades
da gestão do Ciclo de Aprovisionamento, deve estar estreitamente ligada à oferta de serviços
e à cobertura assistencial dos
programas de saúde pública nacional. Destaca-se como ponto
fulcral a disponibilidade dos medicamentos em todo o sistema
público de saúde.
Objectivos
Disponibilizar medicamentos que cumpram os padrões de
qualidade certificados, ter uma
oferta de produtos no tempo e
no local certo e a um preço razoável de forma a garantir a melhoria e abrangência dos serviços de saúde. O desafio é acompanhar, controlar e avaliar os
processos de aquisição
Desta forma será evitado o excesso ou ruptura de “stocks”.
Alguns conceitos
Aquisição - Conjunto de actividades (compra, fabrico ou doação) que, conjuntamente, concorrem para disponibilizar aos
utentes medicamentos e outros
produtos de saúde.
Boas Práticas - Conjunto de critérios, normas e padrões procedimentais que visam o entendimento geral sobre a definição de ética
e sua aplicação, com vista a garantir uma aquisição transparente.
Princípios de boas
práticas de aquisição
O que comprar e onde comprar = selecção dos produtos e
fornecedores
Quanto e quando comprar =
programação de compras
Como comprar = Procedimentos de compras
Monitoramento e avaliação
dos processos de aquisição
Princípios
de Aquisição /OMS
(WHO/EDM/PAR/99.5)
Os princípios de aquisição
implicam o pagamento confiável
e a boa gestão financeira. A aquisição de medicamentos deve ser
feita pelo nome genérico ou DCI
(Denominação Comum Internacional) e limitada à Lista de Medicamentos Essenciais e Formulário, bem como em lotes relevantes.
Estes princípios implicam
também a certificação de fornecedores e respectivo acompanhamento, o que facilitará uma
aquisição competitiva, usando
procedimentos escritos e transparentes e respeitando o objectivo de que as quantidades pedidas se aproximem o mais possível das necessidades reais
previstas.
Conjuntamente com a garantia da qualidade dos produtos,
deve ser publicada anualmente
Selecção
de medicamentos
e outros produtos
de saúde
Análise ABC
A análise ABC reúne dados de
aquisição recente ou projetado
para determinar onde realmente o dinheiro foi gasto, permitindo que os gerentes se concentrem primeiro em itens de alto
custo e de uso intenso quando
se consideram maneiras de reduzir os custos de aquisição.
Normalmente, os 20 itens de linhas de medicamentos serão
responsáveis por 80% dos custos
de aquisição. Reduzir as quantidades destes medicamentos,
ainda que ligeiramente, pode ter
grandes impactos nos custos.
uma auditoria financeira de resultados, bem como um relatório regular do desempenho.
Sistemas de selecção
de medicamentos e outros
produtos de saúde
A selecção pode ser feita através da análise da lista “VEN” (Vital, Essencial, Não essencial) que
classifica medicamentos em três
categorias, de acordo com o grau
de importância dos medicamentos para tratamento de doenças
comuns. Aqui, a prioridade é dada a medicamentos vitais.
Um segundo sistema consiste
na escolha, por “categoria terapêutica”, de um medicamento
eficaz mas mais barato. Neste caso, é feita uma análise económica de opções terapêuticas para
selecionar os melhores medicamentos para o tratamento de
doenças comuns, minimizando
o custo total para o sistema de
saúde.
A selecção de produtos pode
ainda ser feita ainda pelo sistema
de “análise ABC”, que reúne dados de aquisição recente e a projecção de aquisições para determinar onde foi e onde vai ser gasto o dinheiro disponível,
permitindo que os gestores se
concentrem, em primeiro lugar,
nos produtos de custo elevado e
uso intensivo, e ponderem opções para reduzir os custos de
aquisição.
Normalmente, os 20 itens de
linhas de medicamentos serão
responsáveis por 80% dos custos
de aquisição. Assim, reduzir as
quantidades destes medicamentos, ainda que ligeiramente, poderá ter grande impacto nos custos.
Pré-qualificação
de fornecedores
e monitorização
A escolha e aprovação de fornecedores é fulcral. Todos os fornecedores devem ser certificados
através de um processo que avalia
a qualidade farmacêutica do produto disponibilizado, a fiabilidade
do serviço, o tempo de entrega e a
Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 19
Outubro/Dezembro 2014
Selecção de
medicamentos
e outros produtos
de saúde
Sistema VEN
A análise VEN (Vital, Essencial,
Não essencial) classifica medicamentos em duas ou três categorias, de acordo com o grau crítico
dos medicamentos para tratamento de doenças comumente
encontradas. A prioridade é dada a medicamentos vitais.
viabilidade financeira. O processo
de avaliação de novos fornecedores pode incluir registo formal, verificação de referências com antigos clientes e agências internacionais.
Procedimentos de aquisição
Segundo a Lei de Contratação
Pública Angolana (Lei n.º 20/10,
de 7 de Setembro), a escolha de
fornecedor deve ser efectuada
em função do valor do contrato
ou de outros critérios legalmente
estabelecidos.
Esta escolha está sujeita a
concurso público, a concurso limitado por prévia qualificação,
concurso limitado sem apresentação de candidatura, ou ainda a
procedimento negocial.
O concurso público é um sistema de contratação aberto ao qual,
pelo elevado valor das aquisições
envolvidas ou por outras razões,
podem concorrer todas as entidades, públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras que reúnam
os requisitos exigidos no regulamento do concurso.
Por sua vez, o Concurso Limitado por Prévia Qualificação é um
sistema aberto, mas que exige
uma selecção prévia das empresas por parte da entidade contratante.
Já o Concurso Limitado sem
Apresentação de Candidaturas é
um sistema em que a entidade
contratante convida pessoas sin-
Ciclo de aquisição
Revisão da selecção
de produtos
Determinar
as quantidades
Recolher os dados
sobre o consumo
Conciliar as necessidades
e os fundos
Distribuir
os produtos
Escolher o método
de aquisição
Efectuar
o pagamento
Localizar e seleccionar
os fornecedores
Receber e verificar
os produtos
Estabelecer os termos
do contrato
Monitorar as etapas
da encomenda
gulares ou colectivas que considera mais idóneas e especializadas
para apresentarem as suas propostas.
Em contraste, o Procedimento
por Negociação consiste na contratação por convite a todos, ou alguns dos interessados, para apresentarem as suas propostas, as
quais, depois de analisadas e classificadas são objecto de discussão
e negociação com a entidade contratante.
Concurso Público e Concurso
Limitado por Previa Qualificação:
valor estimado maior ou igual a
500 milhões de kwanzas
Concurso de procedimento
por negociação: valor estimado
em 36 milhões de kwanzas.
Desafios às boas
práticas de aquisição
Constituem um forte desafio
às boas prácticas de aquisição as
estruturas e regulamentos farmacêuticos inadequados do país que
carecem de actualização, as lacunas das políticas públicas de aqui-
Selecção de
medicamentos
e outros produtos
de saúde
Análise Categoria
Terapêutica
A análise por categoria terapêutica aplica a análise económica
de opções terapêuticas para ajudar a selecionar os melhores
medicamentos para o tratamento de doenças comuns,
minimizando o custo total para
o sistema de saúde (ou seja, a selecção de um medicamento
mais barato).
sição de medicamentos, e a aquisição fragmentada de medicamentos ao nível de municípios,
províncias e hospitais públicos.
Um problema grave é o financiamento insuficiente e/ou irregular do Governo, e a falta de pessoal público treinado nas boas
prácticas de aquisição. Estes profissionais dispõem de conheci-
mentos insuficientes de dados relativos ao consumo de medicamentos.
Monitorização e avaliação
dos processos de aquisição
O cumprimento dos procedimentos e do registo de dados de
aquisição, com ferramentas prédefinidas (informatizadas ou
não), permite analisar os resultados obtidos e a forma de os melhorar.
A OMS desenvolveu alguns indicadores para a monitorização e
avaliação das actividades farmacêuticas. (WHO/DAP/94.12).
Conclusões
As boas práticas de aquisição
garantem a melhoria do binómio
custo/qualidade. O processo de
aquisição de medicamentos deve
ser formalizado por compromissos claramente estabelecidos entre comprador e fornecedor.
Se um comprador não cumprir
as suas obrigações não deve esperar ter bons fornecedores.
Um comprador que não cumpre as suas obrigações, não deve esperar ter bons fornecedores
*Síntese da comunicação apresentada na 1ª Semana da Farmácia Angolana.
2 | Revista
20
| Revistada
daOrdem
Ordemdos
dosFarmacêuticos
Farmacêuticosde
deAngola
Angola
Outubro/Dezembro
Janeiro/Março 2014
Editorial
Espaço
regulamentar - Tema 1: Gestão
Gestão Farmacêutica
Selecção e quantificação
Gaparayi Patrick *
Farmacêutico, Mestrado em Economia de Saúde e Farmacoeconomia
Assessor Técnico Senior
MSH/SIAPS
A gestão farmacêutica é um processo que visa garantir que o utente
tem acesso contínuo aos medicamentos, em qualquer estabelecimento
de saúde, e os usa de forma adequada e racional, com segurança e eficácia,
quer sejam vacinas ou quaisquer outros produtos.
Por que nos devemos
preocupar
com os medicamentos?
Os medicamentos podem
melhorar a saúde dos doentes ou
salvar vidas e, consequentemente, promover a confiança no
acesso aos serviços de saúde.
Mas, estes produtos são frequentemente caros, pelo que se deve
tentar melhorar, quer o seu fornecimento, quer a sua utilização.
Acesso aos medicamentos
Disponibilidade,
acessibilidade financeira,
geográfica, e satisfação
Os medicamentos devem estar disponíveis em locais aos
quais os pacientes possam ter
acesso, e a um preço que possam
pagar. Deve ser tida em consideração a diferença entre regiões e
países, de forma a haver uma relação entre o salário médio e o
custo do tratamento, pois as capacidades financeiras dos utentes na aquisição dos produtos
podem ser muito diferentes.
Outro aspecto a ter em atenção é a acessibilidade geográfica
aos produtos, ou seja, a relação
entre o local onde estes são vendidos e a distância que o utente
tem de percorrer para os adquirir, tendo como elemento de referência uma distância média
que demore menos de uma hora
a ser percorrida.
Os produtos devem ainda ser
vendidos de forma confidencial,
sem discriminação, respeitando
as normas sociais, tradições, língua e outros aspectos, que concorram para a satisfação dos
utentes.
Selecção
Os países em desenvolvimento gastam até 40 por cento do Orçamento Geral destinado à Saú-
de na aquisição de produtos farmacêuticos, estando estimado
em cerca de 70 por cento os medicamentos considerados duplicados ou não essenciais.
Globalmente, mais de 50 por
cento dos medicamentos são
prescritos, fornecidos ou vendidos de forma inadequada. Consequentemente, os recursos financeiros, em si mesmo já escassos, podem ser desbaratados na
compra de medicamentos inefi-
cazes, não essenciais ou até mesmo perigosos. Por outro lado, a
falta de disponibilidade de medicamentos necessários e eficazes
diminui a confiança dos utentes
no sistema de saúde pública.
Uma seleção racional de produtos assegura que são usados
medicamentos apropriados e
que é cumprido o protocolo de
tratamento padrão, até porque o
número limitado de produtos selecionados simplifica a gestão do
O Sistema de Gestão Farmacêutica
Sistema de Saúde
Sistema Farmacêutico
Gestão Farmacêutica
Produtos e Serviços
Farmacêuticos
Acesso
Consumo
Comunidade
Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 21
Outubro/Dezembro 2014
O processo da seleção
Para um correcto processo de
seleção importa identificar os
problemas de saúde prioritários,
e estabelecer directrizes de tratamento padrão para farmácos
de primeira e segunda linha.
A elaboração de listas limitadas de medicamentos essenciais
para uso em cada nível de cuidados de saúde é indispensável,
através da elaboração de uma
Lista dos Medicamentos Essencias (LME) e protocolos de tratamentos padrão, que deverão ser
actualizados regularmente .
O que é aquisição?
A aquisição é o processo de
compra de produtos directamente a fornecedores nacionais
ou internacionais, privados, públicos, ou mistos, ou através de
agências, mecanismos globais,
ou sistemas de compras regionais ou internacionais.
custos dos produtos necessários
num programa de saúde específico, num intervalo de tempo determinado e a elaboração de planos de optimização de aprovisionamento.
Quantificação = Previsão +
Planeamento do aprovisionamento
Previsão: Calcula a quantidade
dos produtos necessário para fazer face às necessidades da procura dos clientes que farão uso
dos mesmos, durante um determinado período.
Planeamento do aprovisionamento: Delineia as quantidades
necessárias para satisfazer as encomendas, tendo em conta os
custos, bem como as datas de
Cadeia de aprovisionamento optimizada
Os seis “certos” da Cadeia de
Aprovisionamento devem ser
aplicáveis a: produtos, quantidades, condições, locais de distribuição, fornecimento atempado
e custo.
Planeamento e preparação
Previsão estimada
Ajustar estimativas de previsão
Procura/planeamento
de fornecimento
Não
Não
Aumentar o financiamento
O financiamento é suficiente?
Sim
Sim
Pesquisa, com o objectivo de compra, de fontes
de fornecimento das quantidades necessárias
Mobilizar recursos adicionais
Fonte: USAID | DELIVER PROJECT, Task Order 1. 2011. Quantification of Health Commodities: Laboratory Commodities Companion Guide. Arlington, Va.
Ciclo de Gestão Farmacêutica
Selecção
Utilização
Apoio à gestão
O Ciclo de Compras
Quantificação
O primeiro passo é determinar as quantidades necessárias
e o respectivo financiamento, ao
que se seguirá a planificação do
aprovisionamento.
A quantificação é o processo
de previsão das quantidades e
chegada dos produtos.
O Processo de Quantificação
Quantificação
aprovisionamento e limita a gama de produtos armazenados.
Desta forma, quando o utente
compra um medicamento, é
mais fácil dar-lhe informação sobre o mesmo, facilitando ao fornecedor, em troca, a possibilidade de um serviço de melhor qualidade, tornando assim mais
rentável todo o processo.
Mas para que tal aconteça, a
seleção racional de medicamentos requer o conhecimento
actualizado e detalhado de todos os medicamentos disponívels, e a cooperação entre os
serviços de saúde, para garantir
que os melhores medicamentos
são adequadamente selecionados, com base no perfil das
doenças do país e a evidência
científica.
Distribuição
Consulta aos
fornecedores
22 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
Outubro/Dezembro 2014
Gestão
O aprovisionamento
optimizado
Desafios
A optimização do aprovisionamento implica a disponibilidade,
integridade e qualidade dos dados, a sua análise e uso, a coordenação, adesão adequada às Diretrizes do Tratamento Padrão
(DTP) e aos protocolos de testagem. Programas com metas realistas, capacidade de resposta da
cadeia de aprovisionamento, bem
como o cumprimento das datas
de entrega das quantidades contratadas, são também factores importantes.
A formação de especialistas de
quantificação qualificados é essencial para a utilização adequada das ferramentas disponíveis.
Todos sabemos que há debilidades gerais na cadeia de aprovisionamento, mas estamos conscientes de que a quantificação é
uma função fundamental no processo, inclusive através da passagem da informação fornecida pelas unidades sanitárias para um
melhor planeamento a nível nacional. A quantificação tem múltiplas vantagens.
Embora se saiba que uma boa
quantificação é um processo que
consome tempo e recursos humanos, bem como financiamento
adequado, as vantagens que dela
advêm justificam o esforço.
Tipos de dados
para previsão
Para obter uma melhor previsão são necessários dados demográficos, de morbilidade, estatísticas dos serviços e dados de consumo.
Selecção do método
de previsão
Para se selecionar um método de
Método baseado na evolução
do consumo
São usados os dados do consumo
no passado e os níveis de stock
existentes para fazer uma previsão da procura futura e evitar rupturas. É claro que este método não
serve para novos tratamentos ou
protocolos.
previsão o mais certeiro possível,
é necessário ter disponibilidade,
integridade e exactidão dos dados
a utilizar, mudanças nas políticas
do programa, diretrizes de teste e
tratamento, formulações de produtos, etc.
Novos programas versus
programas já existentes
Sempre que seja possível e houver
disponibilidade de dados, deve-se
fazer a previsão, usando ambos os
métodos e comparando os resultados.
Stock máximo
O stock máximo significa é a
quantidade que permite cobrir o
periodo de aprovisionamento
mais o stock mínimo, equivalente
à quantidade para cobrir o prazo
de entrega e o stock de segurança.
Método à base da morbilidade
Os métodos da morbidade utilizam:
—Diretrizes do Tratamento
Padrão (DTP) ou algorítimos de
teste;
—Número estimado de pacientes
que deverão receber tratamento
Por que se preocupar com medicamentos?
Desperdício causado por deficiente gestão farmacêutica e potencial de melhoria
USD 1.000.000
Preços elevados
Qualidade inferior
Roubo
Corrupção
Perdas
causadas por
problemas com
fornecimento
de fármacos
Perdas
remanescentes
resultantes de
problemas não
resolvidos
USD 700.000
Armazenamento inadequado
Melhoria dos procedimentos
de compras
Controlo de qualidade
Validade ultrapassada
Prescrições irracionais
Sistemas de segurança
Uso incorrecto dos medicamentos
pelos doentes
USD 300.000
Redução das
perdas através
da melhoria da
gestão
Melhoria das condições
de armazenamento
Controlo cuidadoso dos inventários
Melhoria do receituário
Educação pública dos utentes
Transparência
e boa governança
Orçamento atribuído :
USD 1.000.000
Benefícios terapêuticos que
podem ser obtidos com apenas
USD 300.000
(em vez de USD 1.000.000 gastos
potenciais)
Benefícios terepêuticos com
gestão melhorada:
USD 700.000
Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 23
Outubro/Dezembro 2014
ou serviços;
—Previsão da quantidade de
produtos farmacêuticos (procura)
necessária para o tratamento, prevenção ou diagnóstico de doenças
específicas.
Nota: Identifica problemas de
saúde a serem tratados, bem como
os protocolos padrão para os respectivos diagnósticos com base nos
menus de teste apurados a partir
das Diretrizes do Tratamento Padrão Este método, que não necessita de qualquer dado de consumo
histórico, e é adequado para uso de
novas políticas/programas de tratamento, e constitui uma abordagem excelente de quantificação dos
recursos financeiros necessários a
inscrever no orçamento. As tendências de morbilidade também podem ser usadas para fixar tempos
de entrega dos aprovisionamentos
e planeamento das encomendas, levando em conta, como por exemplo
na malária, as tendências sazonais.
As limitações
Este método requer dados correctos e fiáveis sobre a morbilidade
e/ou o acompanhamento do paciente, o que muitas vezes não se verifica. Assim, assume que a incidência actual e anterior e/ou mesmo futuras das tendências de utilização
da unidade de saúde permanecem
inalteradas.
É um método complexo e demorado, pois pode ser necessário analisar informaticamente grandes
conjuntos de dados, nem sempre
disponíveis ou fiáveis.
Resumo
A previsão dos produtos de saúde
necessários pressupõe um conjunto de passos complexos e morosos.
As previsões com base nos dados da
morbilidade são relativamente
mais complexas do que as baseadas
no consumo.
As ferramentas informáticas são
indispensáveis para as previsões
complexas mais fáceis para articular os cenários de tipo: "O que acontecerá se...? "
Seleção de medicamentos
ntos no mercado internac
e
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S
CHW
S
20-30
40-50
150-200
300-400
3000-4000
Acessibilidade aos produtos farmacêuticos
Acessibilidade
Disponibilidade
Localização de produtos
e serviços
l Localização dos utilizadores
Fornecimento de produtos
e serviços
l Procura de produtos e serviços
l
Estratégias para
aumentar o acesso
l
l
Educação
Informação aos doentes
durante as consultas
l Marketing social
Gestão
Gestão comercial
l Gestão financeira
l
Segurança / Eficácia/ Optimização de preços / Qualidade
Produtos e serviços médicos
l
Aceitação
l
Caracteristicas dos produtos
e serviços
l Atitudes e expectativas
dos utentes
Ganhos
l
Preços de produtos e serviços
l Melhor tesouraria
Regulação
Desenvolvimento de padrões
l Distribuição de tarefas
Gestão Económica
Planeamento de seguros
l Construção de um núcleo
de fornecedores
l
Um bom exercício de quantificação exige um trabalho em equipe e uma mistura inteligente de métodos
*Síntese da comunicação apresentada na 1ª Semana da Farmácia Angolana.
2 | Revista
24
| Revistada
daOrdem
Ordemdos
dosFarmacêuticos
Farmacêuticosde
deAngola
Angola
Outubro/Dezembro
Janeiro/Março 2014
Editorial
Reportagem
Casos de sucesso de farm á
Grupo Medtech aposta na Qualidade
ARI SANCHES “A Farmácia Qualidade foi a primeira a implantar no mercado farmacêutico angolano o conceito de 24h/24h e a única certificada pela ISO 9001:2008”
A Farmácia Qualidade nasceu da
iniciativa de Pedro Assis já com o
objectivo de se tornar a matriz do
grupo Medtech em Angola. Desde
o início, em 1991, a intenção de
prestar um serviço de excelência
obrigou a elevados padrões de
competência técnica e rigor dos
profissionais, a par da diversidade,
versatilidade e qualidade dos produtos e serviços.
A prioridade da Farmácia Qualidade foi e será a saúde e o bem-estar dos utentes angolanos, que encontram sempre um farmacêutico
disponível para aconselhar e ensinar a utilizar os medicamentos.
Actualmente, o grupo Medtech
conta com seis farmácias: três
com a denominação Qualidade,
na Província de Luanda (uma no
distrito da Ingombota, no José Pirão, e duas no Município de Viana),
uma Medtech em Benguela (junto
à restinga do Lobito), uma em Malange (no centro da cidade) e outra
no Cuanza Sul (no Sumbe). Dos
210 trabalhadores do grupo, 55 estão colocados nas unidades farmacêuticas.
Ambiente acolhedor
Ari Sanches, director de logística do grupo, aponta como missão
da equipa Medtech “garantir uma
satisfação total do cliente, pautando sempre a relação por um aten-
dimento qualificado e personalizado, fazendo com que todos sintam no interior das farmácias um
ambiente acolhedor e capaz de
proporcionar esse bem indispensável a qualquer ser humano que é
a saúde”.
As farmácias Qualidade e Medtech, estruturadas em 15 metros
quadrados, com uma área de atendimento livre e eficiente, atendem,
conjuntamente e em média, quatro mil clientes por dia.
Segundo Ari Sanches, cerca de
90 por cento dos produtos comercializados são de origem europeia
(de países como Portugal, França
e Espanha), produzidos em laboratórios certificados e conceituados, para garantir a qualidade aos
clientes, quer sejam da cadeia
grossista ou da retalhista.
Investimento nas pessoas
Ari Sanches identifica como segredo do sucesso desta rede de farmácias “o investimento na qualificação do capital humano e na capacitação dos profissionais em todas as áreas e tecnologias farmacêuticas”. “A garantia plena de satisfação dos clientes, atendendo às
suas necessidades e expectativas,
cumprindo com todos requisitos
contratuais e outros aplicáveis”, é
também um ponto fundamental,
tal como “fortalecer a competên-
cia e motivação dos funcionários,
actuar em parceria com fornecedores e as demais partes, analisando criticamente o desempenho e
buscando a melhoria contínua do
sistema de gestão da qualidade”.
Inovação e certificação
A Farmácia Qualidade foi a primeira a implantar no mercado farmacêutico angolano o conceito de
24h/24h, e a única certificada pela
ISO 9001:2008, a norma que estabelece critérios para um adequado
gerenciamento do negócio, tendo
como foco principal a satisfação
do cliente e consumidor, recorrendo às regras da Organização Internacional de Padronização, fundada em 1947, em Genebra (Suíça).
Esta certificação que, com a melhoria nos produtos ou serviços,
possibilita atrair novos consumidores, aumentar a margem de
competitividade, agregar confiança aos negócios, diminuir a possibilidade de erros, reduzir os custos
e tornar os produtos compatíveis,
facilita a exportação e aumenta as
chances de sucesso.
Nova unidade em Viana
Para 2015/2016, o grupo Medtech perspectiva a abertura de novas unidades e a inauguração, já
em Março, de uma Farmácia Qualidade em Viana, junto à comarca.
Apresentação de produtos inovadores diferenciados que irão notabilizar-se na prestação de serviços
no mercado farmacêutico angolano também estão nos planos imediatos.
No futuro, Ari Sanches espera
ter unidades com ainda mais proximidade aos clientes e maior diversificação de produtos e serviços, sempre com um ambiente
acolhedor, focalizado no tratamento e em resultados animadores. “É essencial assegurar uma relação de confiança entre a unidade farmacêutica e o cliente, que é o
foco de todas as atenções”, insiste
o director de Logística do grupo
Medtech, realçando a evolução
positiva na formação de profissionais, devido aos esforços do Executivo angolano, com a construção de vários estabelecimentos de
ensino direccionados para as ciências farmacêuticas.
“Queremos ter unidades
com ainda mais proximidade aos clientes e
maior diversificação de
produtos e serviços,
sempre com um ambiente acolhedor, focalizado no tratamento e em
resultados animadores”
Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 25
Outubro/Dezembro 2014
ácias em Angola
Francisco Cosme dos Santos
com Luís Óscar
Farmacare com ambição nacional
NAOR ERNESTO“A Farmacare tem encarado a formação dos seus colaboradores com muita importância. Mesmo para os formados, há um grande investimento
nas formações de rotina, como participações em seminários, congressos, simpósios e outros eventos, a fim de garantir a actualização e uma maior noção
das novas tecnologias e das necessidades do mercado”
Quando surgiu a primeira Farmácia Farmacare, em 2011, no Município de Belas (Talatona), ficou logo evidente a preocupação de
apresentar um serviço diferenciado, pensando sempre na diversificação dos produtos e na saúde dos
angolanos. Actualmente, o grupo
conta com quatro farmácias Farmacare na Província de Luanda,
duas no Município de Belas (Talatona e Morro Bento), uma em Viana (Zango) e outra no distrito da
Maianga (aeroporto), e uma equipa de 40 funcionários (12 mulheres e 28 homens), incluindo 27 técnicos de farmácia.
O director-técnico do Grupo
Farmacare, Naor António Ernesto,
aponta como prioridade “garantir
produtos farmacêuticos seguros,
primando sempre pela qualidade,
para melhor servir e melhorar a
saúde dos angolanos”.
As farmácias Farmacare têm
salas de exposição farmacêutica
com 30 metros quadrados, a que
se acrescentam mais 8 no escritório, e 20 no armazém, uma amplidão que lhes permite atender com
todo o conforto e eficiência cerca
de 200 clientes por dia, em média,
por compra efectiva.
Ao encontro das populações
Segundo Naor António Ernesto,
a estratégia do grupo foi investir em
locais onde havia um grande défice
no fornecimento de produtos e serviços farmacêuticos, o que fazia
com que as populações ficassem
impossibilitadas de os adquirir.
O abastecimento das farmácias é feito a partir de um armazém do grupo e todos os produtos
são de origem europeia, mais especificamente de Portugal, inclusive alguns adquiridos a distribuidores nacionais de forma eventual. Produtos de excelência, como antipiréticos e anti-hipertensivos, têm liderado a procura.
“O sucesso é granjeado quando
se garante o acesso aos produtos
farmacêuticos com elevada qualidade a preços justos, salvaguardando sempre a saúde dos angolanos”,
explica Naor António Ernesto.
Chegar ao país inteiro
O director-técnico do Grupo
Farmacare não esconde a ambição de expandir a rede de farmácias por todo o território nacional,
para fazer com que estes serviços
estejam próximos das populações
e satisfaçam a necessidade da procura.
Daí a garantia de que a Farmacare irá fazer mais investimentos
no ramo farmacêutico no país, em
2015/2016, para facilitar a todos o
acesso aos medicamentos e aos
tratamentos sem impedimentos.
Na farmácia do futuro, Naor
António Ernesto antevê um espaço em que “o cliente será o foco
principal. Além de adquirir medicamentos, será monitorizado,
aconselhado e esclarecido sobre
dúvidas relacionadas com certas
doenças que originam a solicitação dos medicamentos. Para isso,
os quadros da área técnica e de
atendimento têm que intensificar
a formação contínua, para poderem responder satisfatoriamente
no tratamento dos pacientes”, assevera o director-técnico da Farmacare, identificando como essencial a necessidade permanente
de evoluir com actualizações, que
enriquecem os conhecimentos e
permitem melhorar cada vez mais
a forma de lidar com os clientes.
A Farmacare tem encarado a
formação dos seus colaboradores
com muita importância. Mesmo
para os formados, há um grande
investimento nas formações de rotina, como participações em seminários, congressos, simpósios e
outros eventos, a fim de garantir a
actualização e uma maior noção
das novas tecnologias e das necessidades do mercado.
Por uma indústria angolana
Naor António Ernesto considera que a profissão farmacêutica
atravessa “um ciclo evolutivo e ca-
tivante que orgulha a classe”, pois
“ultimamente é notável o número
de quadros que são formados em
diversas instituições de ensino,
quer sejam públicas ou privadas,
facto que demonstra o grande ascendente que tem o sector, em termos de profissionais que desempenham a profissão em Angola”.
Futuramente, o director-técnico da Farmacare acredita que será
ultrapassado o período menos
bom para o país, apenas comprador de medicamentos. “Acredito
que será possível ter angolanos a
fabricar e a trabalhar na produção
desde a matéria-prima até a fase de
armazenamento do produto acabado e no controlo de qualidade
dos medicamentos, para se permitir que o produto final chegue em
perfeitas condições à população”,
desejou Naor António Ernesto.
“Acredito que será possível ter angolanos a
fabricar e a trabalhar na
produção, desde a
matéria-prima, até a
fase de armazenamento
do produto acabado”,
afirma Naor António
Ernesto, director-técnico da Farmacare
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26
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daOrdem
Ordemdos
dosFarmacêuticos
Farmacêuticosde
deAngola
Angola
Outubro/Dezembro
Janeiro/Março 2014
Editorial
Indústria
Estou cá com uma dor de cabeça...
Este é um queixume frequente, e
que muitas vezes
tem uma resposta
quase imediata
de alguém que o
ouve: “Tenho aqui
um comprimido”.
Magda Cunha Viana
Uma das preocupações dos profissionais de saúde é
A bene já exporta para Angola “há alguns anos,
alertar a população para o perigo do consumo de me- mas mais nos últimos três porque o mercado tem vindicamentos não prescritos e que passam de mão em do a crescer”, afirmou o responsável. Por isso, “a emmão. Contudo, há certas substâncias que vencem esta presa quer estar presente em Angola de “uma forma
barreira por gozarem da confiança da população de- estruturada com materiais próprios virados para o
vido a um percurso terapêutico de várias décadas e à mercado angolano”, disse, salientando que “em qualsua reconhecida fiabilidade e segurança.
quer farmácia angolana já se encontra o ben-u-ron”.
Não será caso único, mas poPara já a empresa não vai
derá destacar-se um medicaabrir uma delegação, ficando a
mento utilizado com regularidatrabalhar com dois delegados e
de e por tantas pessoas que o seu
algumas parcerias preferenciais
nome é mais conhecido do que o
(5 a 6), mas sem excluir todos os
seu princípio activo (paracetaoutros potenciais parceiros/formol). Esse nome é ben-u-ron (senecedores do mercado.
ja em comprimidos, supositórios
“Como companhia focada
ou xarope), e as pessoas pedemna oferta de soluções terapêutino frequentemente nas farmácas para a dor, a bene orientará o
cias.
seu trabalho no sentido de conA população em geral descotribuir para a saúde e bem-estar
nhece o nome da empresa famido povo angolano, em particular
liar que o fabrica, embora ela teno tratamento da dor”, promenha sido criada em 1949. Com
teu Tischler.
efeito, a bene Arzneimittel
“Em simultâneo, fará tudo o
FRANK TISCHLER director-geral da bene farGmbH, com uma fábrica, situa- macêutica, Lda, filial portuguesa da beneque estiver ao seu alcance, em
da em Munique, Alemanha, Arzneimittel GmbH
colaboração com os profissioalém do ben-u-ron, produz o ibnais e as autoridades de saúde
u-ron, Dol-u-ron, Fibrocide, rombocid e o Tram-u- angolanas, para a elevação dos níveis de conhecimenron. Actualmente a empresa é gerida pelos dois filhos to das populações, pois este é, sem dúvida, o melhor
do seu fundador.
caminho para a defesa de uma vida saudável”, afir“Temos um portfólio todo virado para a dor”, disse mou Tischler.
em entrevista à Revista da Ordem dos Farmacêuticos
de Angola (OFA), Frank Tischler, o director-geral da
Dor na Internet
“bene farmacêutica, Lda”, filial portuguesa da beneUma das melhores formas de melhorar a eficácia
Arzneimittel GmbH, criada em 2009. Contudo, a bene do tratamento da dor é a informação. Por isso, a bene
comercializa os seus produtos em Portugal há mais possui na sua página digital um “link” para um portal
de 40 anos, através de empresas licenciadas.
com informação sobre a dor, e possíveis tratamentos,
Entre os seus produtos, os que têm como substân- dirigida a profissionais, mas acessível a todas as pescia activa o paracetamol ou o paracetamol+codeína soas que a ele queiram aceder.
e o pentosano polissulfato de sódio (PPS), são dos mais
No portal, os seus responsáveis afirmam que “o coprescritos pela classe médica e dos mais dispensados nhecimento científico na área da dor tem tido uma
pela classe farmacêutica portuguesa.
enorme evolução ao longo dos tempos. A pesquisa de
informação científica através dos canais multimédia
e internet é uma realidade incontestável. Por estes
motivos, a bene farmacêutica, como entidade patrocinadora, acredita ser possível criar um website com
informação científica credível e rigorosa, elaborada
por profissionais de saúde e investigadores competentes, e que seja um instrumento de pesquisa útil para todos quantos manifestem o seu interesse na área
da DOR”.
A dor “é um dos principais motivos de consulta nos
cuidados de saúde primários e também um dos principais sintomas que motivam a procura de ajuda médica, pelo que assume um papel crucial na vida dos
doentes e profissionais de saúde”, lê-se no site
www.conhecerador.pt.
Este é o seu Website!
Consulte-o regularmente.
Informação actualizada sobre a profissão
e o sector farmacêutico
www.ordemfarmaceuticosangola.org