diversidade cariotípica de cinco acessos de pimentas do gênero

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diversidade cariotípica de cinco acessos de pimentas do gênero
DIVERSIDADE CARIOTÍPICA DE CINCO ACESSOS DE PIMENTAS DO GÊNERO
CAPSICUM L. COLETADAS NA CIDADE DE TERESINA-PI
Bruna Maria Prado da Silva (bolsista PIBIC/UFPI), Lidiane de Lima Feitoza
(orientadora,Centro de Ciências Agrárias-UFPI)
INTRODUÇÃO
O gênero Capsicum reúne as espécies de pimentas e pimentões cultivados no mundo. Possui um
grande valor social e econômico por mobilizar elevada mão de obra, é consumido e cultivado em todo
o território nacional e também é um importante produto de exportação brasileiro. Seus frutos são
altamente nutritivos e possuem uma substância exclusiva do gênero a capsaicina, com alto potencial
farmacológico que lhes confere ações antiinflamatórias, efeito quimiopreventivo entre outros ações
biológicas. Devido à sua reconhecida importância o gênero necessita ser mais estudado. A
citogenética é uma ferramenta importante na caracterização de espécies além de inferir
conhecimento sobre as relações evolutivas e ser pré requisito aos programas de melhoramento
genético. A fórmula cariotípica mais comum encontrada em espécies domesticadas é de 11M + 1SM
e 12M, com um genoma diplóide 2n=2x=24 em espécies silvestres o cariótipo apresenta 2n=2x=26
(MOSCONE, 1990). Este trabalho objetivou caracterizar citogeneticamente acessos de pimentas
Capsicum L. pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma de Capsicum da Universidade Federal do
Piauí (BAGC-UFPI) por meio das técnicas clássicas de coloração convencional.
METODOLOGIA
Foi feita a seleção de germoplasma de cinco acessos pertencentes ao BAGC-UFPI com base no
melhor poder de germinação das sementes e maior diversidade de espécies do gênero (Tabela 1).
Um sexto acesso de pimentas foi adicionado ao estudo, BAGC 98 da espécie Capsicum annuum,
como forma de aumentar a amostragem das espécies estudadas.
Tabela 1 – Identificação dos acessos do BAGC-UFPI utilizados na caracterização citogenética de Capsicum,
provenientes da cidade de Teresina - PI e conduzidas no Laboratório de Citogenética Vegetal da Universidade
Federal do Piauí em 2014/2015.
Nº de Identificação
Nome
vulgar
Nome científico
Local de coleta
BAGC 90
olho de
peixe
C. chinense
Quintal de residência
BAGC 93
cheiro
(vermelha
longa)
C. chinense
Mercado Central
BAGC 95
dedo-demoça
C. baccatum var. pendulum
Mercado Central
BAGC 98
ornamental
C. annuum
Produção Artesanal
BAGC 100
ornamental
C. annuum
Produção Artesanal
BAGC112
malagueta
C. frutescens
CEASA
As sementes foram germinadas e as radículas ao atingirem cerca de 0,5 cm a 1 cm foram coletadas e
pré-tratadas em solução de p-diclorobenzeno (0,015g/mL), por 2 a 2 horas e meia, à temperatura
ambiente e posteriormente fixadas em solução de Carnoy e imediatamente estocadas em freezer à 20ºC por no mínimo 12 horas. A coloração convencional com Giemsa foi a proposta por Guerra
(1983). Os resultados foram fotografados através de tablet e microscópio óptico no Laboratório de
Citogenética Vegetal da UFPI (LASO-DEAS-CCA). As imagens foram trabalhadas no programa
Adobe Photoshop CS3 com o suporte do Paint Shop Pro5. Para a morfometria, foram utilizadas
imagens de cinco metáfases para cada acesso através do programa Micromeasure 3.3,
complementado pelo Microsoft Excel 2010. O idiograma foi desenhado no programa Corel DRAW X7.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os núcleos interfásicos foram do tipo semi-reticulado (Figura 2 a, b, c, d, e, f). São perceptíveis
pequenos blocos discretamente mais condensados no núcleo interfásico. O padrão de condensação
profásico foi do tipo proximal, com presença de cromatina proximal de condensação precoce e
cromatina terminal de condensação tardia, com regiões mais descondensadas (Figura 2 a’, b’, c’, d’,
e’, f’)
Tabela 2– Espécie, Número cromossômico diplóide, Intervalo do Tamanho Cromossômico (ITC), razão entre os
braços do cromossomo (r), Fórmula Cariotípica (FC), Comprimento Total Cromossômico (CTC), Comprimento
Médio Cromossômico (CMC), Comprimento Total do Lote Haplóide (CTLH).
Espécie
2n
ITC
m
r
FC
CTC
m
CMC
m
CTLH
m
C. chinense
(BAGC 90)
24
2,41 – 4,09
1,24
12 M
78,06
3,25
39,03
C. chinense
(BAGC 93)
24
3,50 – 5,10
1,18
12 M
102,09
C.baccatum var.
pendulum (BAGC
95)
24
1,97 – 4,04
1,29
10 M + 2 SM
69,64
2,90
34,82
C. annuum
(BAGC 98)
24
3,45 – 6,51
1,26
12 M
115,52
4,81
57,76
C. annuum
(BAGC 100)
24
2,98 – 5,59
1,18
12 M
103,96
4,33
51,98
C.frutescens
(BAGC 112)
24
3,38 – 5,92
1,26
10 M + 2 SM
115,57
4,82
57,79
4,25
51,04
Para todos os acessos confirmaram-se metáfases 2n = 2x = 24 dado este já amplamente descrito
para um grande número de espécies do gênero (MOSCONE, 1990). Os acessos estudados de C.
chinense e C. annuum apresentaram fórmula cariotípica 12M. Já os acessos BAGC 95 e BAGC 112,
correspondentes às espécies C. baccatum var. pendulum e C. frutescens, respectivamente,
apresentaram fórmula cariotípica 10M + 2SM.
Figura 2. Caracterização cariotípica de seis acessos de pimentas Capsicum pertencentes ao BAGC -UFPI. De a
a e’''- sequencial de núcleo interfásico, prófase, prometáfase e metáfase de C. chinense (olho de peixe), C.
chinense (cheiro), C. baccatum var. pendulum e C. annuum, respectivamente. Em f – núcleo interfásico, prófase
e metáfase com vista de RON em cromossomo de C. frutescens.
CONCLUSÃO
Foi relatado polimorfismo em relação à morfometria, especialmente quanto ao comprimento médio
dos pares. A técnica utilizada foi útil na caracterização das espécies de Capsicum, reforçando a
citogenética como ferramenta importante no estudo da diversidade e conservação das espécies.
PALAVRAS-CHAVE: Capsicum, citogenética, Giemsa
APOIO: CNPq, UFPI.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GUERRA, M. O uso de Giemsa na citogenética vegetal – Comparação entre a coloração simples e o
bandeamento. Ciência e Cultura, v.35, n.2, p.190-193, 1983.
MOSCONE, E. A. Chromosome studies on Capsicum (Solanaceae). In: Karyotype analysis in C.
chacoense. Brittoni, 42 (2): 147-154, 1990.