SUGESTÃO DE AULA DE ARTES Assunto: A Arte do

Transcrição

SUGESTÃO DE AULA DE ARTES Assunto: A Arte do
PREFEITURA MUNICIPAL DE MONTES CLAROS
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
DIVISÃO DE ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS
SUGESTÃO DE AULA DE ARTES
Assunto: A Arte do Cordel e a Xilogravura

Público alvo: alunos do 4º ao 5º anos
Capacidades
Conteúdos (Língua Portuguesa e
Artes)
 Ler com compreensão diferentes gêneros
 Explorar o gênero textual
“cordel”
textuais, considerando sua função social, seu
suporte, seu contexto de circulação e suas
 Variedades regionais
características lingüístico-discursivas;
 Técnica de desenho e pintura
 Reconhecer
lingüísticas
e
identificar
presentes
nos
variedades
textos
–
xilogravura
ou
isopogravura.
compreendendo que concorrem para a
construção do sentido do texto;
 Refletir sobre as relações entre a Literatura
de Cordel e a Xilogravura;
 Experimentar a técnica da xilogravura com
algumas adaptações.
Metodologia:
1º Momento – Contextualização e Apreciação da obra:
A professora deve iniciar a aula perguntando se os alunos conhecem a literatura
de cordel, explore o contexto em que ocorre este tipo de texto, explorar também sobre a
técnica de xilogravura, para tanto segue abaixo algumas orientações:
* O que é um cordel?
* Por que tem esse nome?
* Como se estrutura um cordel?
* Quais são os temas mais utilizados nos cordéis?
* Onde e quando começou a arte do cordel?
* Qual a técnica mais utilizada para ilustrar o cordel?
* O que é a xilogravura?
* Quais os principais artistas brasileiros que utilizam a técnica da xilogravura?
* Por que as pessoas começaram a utilizar esta técnica, ou seja, em que contexto
cultural e social começou a ser produzido.
A professora poderá também apresentar para a turma alguns livros/folhetos de
cordel e pedir para que as crianças apreciem e expressem seus sentimentos, percepções
e vivências a respeito do cordel.
2º Momento – Produção:
Os alunos, com auxílio da professora, irão produzir um folheto de cordel, ilustrar
a capa através da técnica da xilogravura ou isopogravura (conforme orientações em
anexo)
3º Momento – Exposição:
Ao final do trabalho os alunos irão organizar uma exposição em varais para
apreciação da comunidade escolar.
Avaliação
Avaliar a participação nas discussões, a criatividade, observar se os alunos
vivenciaram a técnica da xilogravura, percebendo o passo-a-passo de sua execução e
entenderam a escrita (estrutura) do cordel.
ANEXOS
Literatura de cordel
Literatura de cordel também conhecida no Brasil como folheto, é um gênero literário
popular escrito frequentemente na forma rimada, originado em relatos orais e depois
impresso em folhetos. Remonta ao século XVI, quando o Renascimento popularizou a
impressão de relatos orais, e mantém-se uma forma literária popular no Brasil. O nome
tem origem na forma como tradicionalmente os folhetos eram expostos para venda,
pendurados em cordas, cordéis ou barbantes em Portugal. No Nordeste do Brasil o
nome foi herdado, mas a tradição do barbante não se perpetuou: o folheto brasileiro
pode ou não estar exposto em barbantes. Alguns poemas são ilustrados com
xilogravuras, também usadas nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou
seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e
cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações
muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores. Para reunir os
expoentes deste gênero literário típico do Brasil, foi fundada em 1988 a Academia
Brasileira de Literatura de Cordel, com sede no Rio de Janeiro.
No Brasil, a literatura de cordel é produção típica do Nordeste, sobretudo nos estados de
Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará. Costumava ser vendida
em mercados e feiras pelos próprios autores. Hoje também se faz presente em outros
Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. O cordel hoje é vendido em
feiras culturais, casas de cultura, livrarias e nas apresentações dos cordelistas.
Oriunda de Portugal, a literatura de cordel chegou no balaio e no coração dos nossos
colonizadores, instalando-se na Bahia e mais precisamente em Salvador. Dali se
irradiou para os demais estados do Nordeste. A pergunta que mais inquieta e intriga os
nossos pesquisadores é "Por que exatamente no nordeste?". A resposta não está distante
do raciocínio livre nem dos domínios da razão. A primeira capital da nação foi
Salvador, ponto de convergência natural de todas as culturas, permanecendo assim até
1763, quando foi transferida para o Rio de Janeiro.
A literatura de cordel apresenta vários aspectos interessantes e dignos de destaque:

As suas gravuras, chamadas xilogravuras, representam um importante espólio do
imaginário popular;

Pelo fato de funcionar como divulgadora da arte do cotidiano, das tradições
populares e dos autores locais (lembre-se a vitalidade deste gênero ainda no
nordeste do Brasil), a literatura de cordel é de inestimável importância na
manutenção das identidades locais e das tradições literárias regionais,
contribuindo para a perpetuação do folclore brasileiro;

Pelo fato de poderem ser lidas em sessões públicas e de atingirem um número
elevado de exemplares distribuídos, ajudam na disseminação de hábitos de
leitura e lutam contra o analfabetismo;

A tipologia de assuntos que cobrem, crítica social e política e textos de opinião,
elevam a literatura de cordel ao estandarte de obras de teor didático e educativo.
Os textos considerados romances na literatura de cordel possuem alguns traços em
comum quanto à sua narrativa. Os recursos narrativos mais utilizados nesses cordéis são
as descrições dos personagens em cena e os monólogos com queixas, súplicas, rogos e
preces por parte do protagonista.
São histórias que têm como ponto central uma problemática a ser resolvida através de
inteligência e astúcia para atingir um objetivo. No romance romântico, a problemática
envolve elementos relacionados ao imaginário europeu – duques, condes, castelos –,
apropriados e adaptados pela literatura oral brasileira.[5]
O herói sofrerá, vivendo em desgraça e martírio, sempre fiel ao seu amor ou às suas
convicções, mesmo com as intempéries. É comum a intriga envolver jovens que
enfrentam problemas na escolha de seus companheiros, em relações familiares
extremamente hierarquizadas. Objeção, proibição do namoro, noivados arranjados são
algumas das dificuldades que impedem o jovem casal apaixonado de ficar junto ao
longo do romance.[6]
Ao fim de tudo, o herói será exaltado e os opositores humilhados. Se assim não for,
haverá outro meio de equilibrar a situação, que durante quase toda a narrativa
permaneceu desfavorável ao protagonista.[7]
A estrutura do Cordel
Quadra
Estrofe de quatro versos. A quadra iniciou o cordel, mas hoje não é mais utilizada pelos
cordelistas. Porém as estrofes de quatro versos ainda são muito utilizadas em outros
estilos de poesia sertaneja, como a matuta, a caipira, a embolada, entre outros.
A quadra é mais usada com sete sílabas. Obrigatoriamente tem que haver rima em dois
versos (linhas). Cada poeta tem seu estilo. Um usa rimar a segunda com a quarta.
Exemplo:
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá (2)
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá (4).
Outro prefere rimar todas as linhas, alternando ou saltando. Pode ser a primeira com a
terceira e a segunda com a quarta, ou a primeira com a quarta e a segunda com a
terceira. Vejamos estes exemplos de Zé da Luz: (ABAB ou ABBA)
E nesta constante lida
Na luta de vida e morte
O sertão é a própria vida
Do sertanejo do Norte
Três muié, três irimã,
Três cachorra da mulesta
Eu vi nun dia de festa
No lugar Puxinanã.
Sextilha
É a mais conhecida. Estrofe ou estância de seis versos. Estrofe de seis versos de sete
sílabas, com o segundo, o quarto e o sexto rimados; verso de seis pés, colcheia, repente.
Estilo muito usado nas cantorias, onde os cantadores fazem alusão a qualquer tema ou
evento e usando o ritmo de baião. Exemplo:
Quem inventou esse "S"
Com que se escreve saudade
Foi o mesmo que inventou
O "F" da falsidade
E o mesmo que fez o "I"
Da minha infelicidade
Septilha
Estrofe (rara) de sete versos; setena (de sete em sete). Estilo muito usado por Zé
Limeira, o Poeta do Absurdo.
Eu me chamo Zé Limeira
Da Paraiba falada
Cantando nas escrituras
Saudando o pai da coaiada
A lua branca alumia
Jesus, Jose e Maria
Três anjos na farinhada.
Napoleão era um
Bom capitão de navio
Sofria de tosse braba
No tempo que era sadio,
Foi poeta e demagogo
Numa coivara de fogo
Morreu tremendo de frio.
Na septilha usa-se o estilo de rimar os segundo, quarto e sétimo versos e o quinto com o
sexto, podendo deixar livres o primeiro e o terceiro.
Oitava
Estrofe ou estância (grupo de versos que apresentam, comumente, sentido completo) de
oito versos: oito-pés-em-quadrão. Oitavas-a-quadrão. Como o nome já sugere, a oitava é
composta de oito versos (duas quadras), com sete sílabas. A rima na oitava difere das
outras. O poeta usa rimar a primeira com a segunda e terceira, a quarta com a quinta e
oitava e a sexta com a sétima.
Quadrão
Oitava na poesia popular, cantada, na qual os três primeiros versos rimam entre si, o
quarto com o oitavo, e o quinto, o sexto e o sétimo também entre si.
Todas as estrofes são encerradas com o verso: Nos oito pés a quadrão. Vejamos versos
de uma contaria entre José Gonçalves e Zé Limeira: - (AAABBCCB)
Gonçalves:
Eu canto com Zé Limeira
Rei dos vates do Teixeira
Nesta noite prazenteira
Da lua sob o clarão
Sentindo no coração
A alegria deste canto *
Por isso é que eu canto tanto *
NOS OITO PÉS A QUADRÃO
Limeira:
Eu sou Zé Limeira e tanto
Cantando por todo canto
Frei Damião já é santo
Dizendo a santa missão
Espinhaço e gangão
Batata de fim de rama *
Remédio de velho é cama *
NOS OITO PÉS A QUADRÃO.
Décima
Estrofe de dez versos, com dez ou sete sílabas, cujo esquema rimático é, mais
comumente, ABBAACCDDC, empregada sobretudo na glosa dos motes, conquanto se
use igualmente nas pelejas e, com menos frequência, no corpo dos romances.
Geralmente nas pelejas é dado um mote para que os violeiros se desdobrem sobre o
mesmo. Vejamos e exemplo com José Alves Sobrinho e Zé Limeira:

Mote:
VOCÊ HOJE ME PAGA O QUE TEM FEITO
COM OS POETAS MAIS FRACOS DO QUE EU.

Sobrinho:
Vou lhe avisar agora Zé Limeira <A
Dizem que quem avisa amigo é >B
Vou lhe amarrar agora a mão e o pé >B
A ARTE DA XILOGRAVURA
Como as pessoas faziam suas impressões antes das impressoras e do
computador? Muito fácil elas utilizavam materiais como a madeira para isso. A
Xilogravura, etmologicamente, composta por xilon que do grego significa madeira e
grafo que significa gravar ou escrever. Assim xilogravura é uma gravura feita com uma
matriz de madeira. Simplificando, pode-se dizer que é um processo de impressão com o
uso de um carimbo de madeira.
Através do processo de xilogravura é possível fazer cópias da matriz de madeira
em papel ou outro material adequado. O processo de impressão realizado pela
xilogravura consiste em escavar a madeira com ferramentas cortantes de tal forma que
monte o desenho. Normalmente, são necessárias mais de um tipo de ferramenta para se
fazer um bom desenho xilográfico.
Detalhes importantes que fazem toda diferença na Xilogravura é o fato de que a
área que é escavada na madeira é aquela que não receberá tinta e a imagem será
impressa de forma espelhada. É importante gravar as letras ao contrário.
Não se sabe ao certo quando a xilogravura começou a ser praticada, nem quem
foi seu inventor. O que se sabe é que esta técnica, ao longo do tempo, foi perdendo sua
função utilitária e ganhando terreno no campo artístico.
No Brasil, assistiu-se a mesma evolução tendo como pilares iniciais Osvaldo
Goeldi (1895-1961) e Lasar Segall (1891-1957) e enriqueceu-se nas décadas seguintes
com grande número de artistas. À margem desta arte erudita, floresceu no Brasil um
grupo de xilógrafos criativos, originários das oficinas tipográficas vinculadas à literatura
de cordel, cujas raízes remontam aos cantadores de nordestinos.
ISOPOGRAVURA
REFERÊNCIAS
IAVELBERG, Rosa. Conviver:Arte – Guia e Recursos Didáticos para o professor. São Paulo: Moderna,
2009, p.48.
CARVALHO, Francione Oliveira. UNO - Ensino Fundamental: Arte, 3. São Paulo: Sistema Uno, 2010,
p. 24 – 29.
http://mundocordel.blogspot.com/2007/10/literatura-de-cordel-e-educao.html
http://www.teatrodecordel.com.br/
http://www.wikipedia.org
http://www.casadaxilogravura.com.br/xilo.html
http://basilio.fundaj.gov.br