sistematização da assistência de enfermagem a - Abenfo-CE

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sistematização da assistência de enfermagem a - Abenfo-CE
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A
PUERPERA COM HISTÓRIA DE ACRETISMO PLACENTÁRIO NA
GESTAÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Oliveira, Maria Erylane de Jesus¹
CANUTO, Epoliana Garrote²
INTRODUÇÃO: Este estudo trata-se de um relato de caso sucedido em uma
maternidade escola do estado de Alagoas, a respeito da sistematização da
assistência de enfermagem prestada a puérpera com história de acretismo
placentário na gestação. Quando existe deficiência no desenvolvimento decidual, a
placenta pode aderir-se diretamente ao miométrio (placenta acreta); estender-se
mais profundamente no miométrio (placenta increta) ou invadir a serosa uterina e
mesmo órgãos adjacentes (placenta percreta). Esta condição, de maneira geral, é
denominada acretismo placentário. Neste caso não existe plano de clivagem entre a
placenta e a decídua. (Santana DSN, Maia Filho NL, Mathias, 2010). Os fatores
predisponentes são os que contribuem para uma decídua anormal, entre eles
incluem cirurgia uterina anterior; parto cesáreo e placenta prévia atual, sendo que a
placenta prévia e a causa mais frequente do acretismo placentário. (CLARK SL,
Koonings PP, PHELAN, JP,1985). A sistematização da assistência de enfermagem
(SAE) é um método científico de trabalho que proporciona melhoria significativa da
qualidade da assistência prestada ao cliente através do planejamento individualizado
das ações de enfermagem elaboradas pelo profissional enfermeiro (Tannure e
Gonçalves, 2009).
OBJETIVO: Analisar a sistematização da assistência de enfermagem prestada a
uma puérpera que apresentou acretismo placentário na gestação.
METODOLOGIA: Estudo descritivo, qualitativo, tipo relato de caso.
DESCRIÇÃO/RELATO: Puérpera proveniente de um Hospital Universitário com
quadro de pós – operatório imediato de Laparatomia exploradora com achado de
Rotura Uterina por Acretismo Placentário no curso de 20 semanas de gestação,
evoluindo com choque hipovolêmico, necessitando de Unidade de Terapia Intensiva
(UTI) cuidados intensivos. Acolhida e classificada como critério de emergência por
ruptura uterina com morte fetal e pós- operatório. Foram infundidos 04 unidades de
1
Enfermeira pós-graduanda – Residente de Enfermagem em Saúde da Mulher. Universidade Estadual
de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL). E-mail: [email protected]
2
Enfermeira Esp. em Saúde da Mulher. Residente em Saúde da Criança e Neonatologia. Universidade
Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL). E-mail: [email protected]
concentrado de hemácias, 1000 ml de colóide e 2000ml de cristalóide. Morfina e
dipirona para analgesia. GII AI. Referiu ser hipotensa de base. Lúcida, anemiada
(2+/+4), com calafrios e hipotensa. Referiu dores abdominais, não foi observado
sangramento transvaginal. ACV: RCR em 2T, BNF, taquicárdicas (115-120bpm). PA:
50x70 mmhg. AP: MUV(+), sra. Abdome flácido,doloroso, curativo cirúrgico limpo.
Membros: frios e sem edemas. Diurese: (+) por SVD, concentrada. Conduta:
prescrição e exames. Hb: 8,1. Ht: 23,6%↓. PLT: 70.000↓. No 2º dia de UTI, 1º dia de
PO de Histerectomia total, choque hipovolêmico resolvido, evoluiu com melhora do
quadro clinico, hidratada, anemiada, afebril, normocorada, taquicardica, RCR em 2T,
bulhas taquicárdicas, MUV(+),abdome flácido, doloroso, ferida operatória com bom
aspecto. Membros aquecidos e sem edemas. Diurese presente por sonda vesical de
demora, concentrada. Segundo evolução do Cirurgião geral a paciente evolui com
dor e distensão abdominal, USG com coleção entre fígado e rim direito; Hb: 5,5; Ht:
15,8; Leucócitos:10.900, abdome globoso, indolor á palpação e sem sinais de
inrritação peritoneal.Foi encaminhada ao Centro Cirúrgico. Foram obtidos os
seguintes achados: hemoperitôneo de +/- 300 ml; pequeno hematoma pélvico e
volumoso edema de alças de intestino delgado. Após aspiração de hemoperitôneo,
limpeza de hematoma pélvico e D2 de Unasyn a paciente evoluiu sem
intercorrências, hemodinamicamente estável, diurese (+), espontânea, eupneica em
ar ambiente. ACV: RCR em 2T, BNF. PA:110x70 mmHg. AP: MV(+). Abdome
distendido e indolor apresentou poliúria, 1200 ml, e glicemia capilar de 465 mg/dl.
Foi aumentada a hidratação e prescrita insulina regular. No 10º PO de LE, a
paciente teve alta com o seguinte resumo: internada em 28/10/11 com quadro de
rotura uterina + acretismo placentário + feto morto com 20 semanas de gestação.
Foi submetida a cirurgia de urgência em 28/10/11, sendo realizada histerectomia
total, fez hemotransfusão e foi interna em UTI. Dia 31/10/11 fez nova laparatomia
para conter sangramento abdominal. Evolui bem no PO. Fez uso de antibióticos.
Conduta: Alta Hospitalar.
DISCUSSÃO: A ocorrência do acretismo placentário na gestação necessita de uma
assistência de enfermagem apropriada, englobando as necessidade da paciente,
neste caso, de cuidados intensivos. Na maternidade em questão a assistência foi
precária, não havendo implementação da assistência de enfermagem, em todo o
caso, as autoras elaboraram um plano de assistência voltado para o quadro da
paciente. A discussão do caso com os membros da equipe de saúde merece
destaque, pois a equipe multidisciplinar colabora para uma assistência integral.
Tabela 1- Assistência de enfermagem
Diagnósticos
de Resultados esperados
Intervenções
de
enfermagem
enfermagem
Risco de complicação Estabilidade dos sinais Avaliar perda de sangue;
potencial de hemorragia; vitais;
Excreção urinária de 30
ml/ h ou mais,
1
Enfermeira pós-graduanda – Residente de Enfermagem em Saúde da Mulher. Universidade Estadual
de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL). E-mail: [email protected]
2
Enfermeira Esp. em Saúde da Mulher. Residente em Saúde da Criança e Neonatologia. Universidade
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Ausência de choque;
Implementar repouso no
leito;
Hematócrito: entre 30% e Estabelecer um acesso
45% e por uma perda de venoso com um cateter
sangue < 250ml.
16 – 18 para a terapia de
líquidos e componentes
de sangue se forem
necessários;
Manter uma amostra de
sangue
materno
no
banco de sangue para a
tipagem
e
compatibilidade;
Notificar ao médico sobre
qualquer alteração.
Risco de complicação Sinais vitais estáveis;
potencial para choque
hipovolêmico
controlar
a
pressão
sanguínea,
o
pulso,
respiração em intervalos
frequentes;
Excreção urinária de 30 Avaliar
os
ml/h ou mais;
periféricos;
Pulsos
normais;
periféricos
pulsos
Observar decréscimo de
perfusão cerebral, tais
como
agitação
e
confusão;
Função motora normal;
Observar
sinais
de
choque:
hipotensão,
taquicardia, e hiperpnéia
Orientação
quanto
a Controlar a excreção
pessoas, local e tempo.
urinária de hora em hora
comforme for indicado
pela gravidade;
Colocar a paciente em
posição
de
Trendelerburg
modificada
(somente
elevar as pernas) para
aumentar o retorno do
sangue sem contribuir
para uma dificuldade
1
Enfermeira pós-graduanda – Residente de Enfermagem em Saúde da Mulher. Universidade Estadual
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2
Enfermeira Esp. em Saúde da Mulher. Residente em Saúde da Criança e Neonatologia. Universidade
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respiratória;
Administrar oxigênio a 8
– 10 l/ min por máscara.
Comunicar ao médico os
primeiros
sinais
de
choque ou alteração dos
sinais vitais.
Risco de infecção
Verificar a temperatura 4
vezes por dia até 48
horas depois do parto: se
for superior a 39 ° testar
a cada 2 horas.
Verificar os lóquios;
Usar técnica asséptica
ao cuidar do paciente;
Explicar os cuidados
perineais e a importância
da lavagem das mãos;
CONCLUSÃO: Consideramos esse relato de caso importante para que se possam
analisar nossas práticas em frente à sistematização da assistência de enfermagem e
sugerimos a realização de novos estudos direcionados a observação e análise da
sistematização da assistência de enfermagem.
DESCRITORES:
hipovolêmico.
Assistência
de
Enfermagem,
Placenta
Acreta,
Choque
REFERÊNCIAS:
CLARK SL, Koonings PP, PHELAN, JP.Placenta previa/accreta and prior cesarean
section.Obstet Gynecol. 1985; 66(1):89-92.
FRASER. M. D. Assistência Obstétrica - Um guia prático para enfermagem
Essievier, 2010.
GILBERT. E. Harmon, J. Manual Prático de Gravidez e Parto de Alto Risco. 2ª
edição. Revinter, 2010.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Urgências e Emergências Maternas: gula para diagnóstico
e conduta em situações de risco de morte materna. Secretaria de Políticas de
Saúde, Área Técnica da Saúde da Mulher. Brasília, 2000, 2ª edição.
1
Enfermeira pós-graduanda – Residente de Enfermagem em Saúde da Mulher. Universidade Estadual
de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL). E-mail: [email protected]
2
Enfermeira Esp. em Saúde da Mulher. Residente em Saúde da Criança e Neonatologia. Universidade
Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL). E-mail: [email protected]
SANTANA, Danielly Scaranelo Nunes, FILHO, Nelson Lourenço Maia, MATHIAS,
Lenir. Conceito, diagnóstico e tratamento de placenta prévia acreta com invasão de
bexiga:revisão sistemática da literatura. Femina. Março, 2010, Vol. 80, nº 38
TANNURE, M.C.; GONÇALVES, A.M.P. Sistematização da Assistência de
Enfermagem: Um Guia Prático. Ed. Guanabara Koogan – Rio de Janeiro/RJ, 2009.
1
Enfermeira pós-graduanda – Residente de Enfermagem em Saúde da Mulher. Universidade Estadual
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Enfermeira Esp. em Saúde da Mulher. Residente em Saúde da Criança e Neonatologia. Universidade
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