neoletria - merlintonbraff.com.br

Transcrição

neoletria - merlintonbraff.com.br
Merlinton João Braff
NEOLETRIA
Neoletria 2
MER
NEOLETRIA
Neoletria 3
Copyright © 2009 by Merlinton João Braff
Capa
MERLINTON JOAO BRAFF
Coordenador Executivo
NICANOR COELHO
Coordenador Editorial
CARLOS MAGNO MIERES AMARILHA
Editor Adjunto e Designer Gráfico
LUCIANO SERAFIM
ISBN 978-85-98598-82-6
1ª Edição: Setembro/2009
Todos os direitos desta edição reservados por
CNPJ 06115732/0001-03
Rua Mato Grosso, 1831, 1° Andar, Sala 01
Centro
Dourados, MS
Caixa Postal 475
CEP 79840-170
Telefones: (67) 3423-0020 e 9238-0022
E-mail: [email protected]
Site: www.nicanorcoelho.com.br
Neoletria 4
AGRADECIMENTOS
É
a comunicação que edifica a civilização, por isso todo o
esforço no seu aprimoramento é bem-vindo, ainda que o
galardão não chegue a tempo de contemplar as pessoas
envolvidas no processo. Nós já estamos em gozo dos benefícios
preparados pelos que nos antecederam; cuidemos para que a
civilização continue prosperando e seja ainda melhor para os
nossos descendentes.
Neoletria é produto do labor de diversos anos, cuja meta
foi e será oferecer uma contribuição para o aprimoramento
intelectual, principalmente da capacidade humana de se
comunicar.
Desde o início eu sabia que esta ideia era uma temeridade,
tanto pela enormidade do trabalho, como pela falta de assistência
motivada pelo descrédito.
Agora, contemplando a jornada percorrida e a chegada no
objetivo, sinto gratidão pela tolerância que me permitiu completar
este serviço, principalmente da parte de minha esposa Nélsia e de
meus filhos Nélinton e Lícia, além das minhas três netas e dos
meus dois netos já capazes de opinar dissuasória ou
estimulantemente.
Neoletria 5
LOGOMARCA
“A palavra antiga egípcia mais comum para ‘pirâmide’ é mer”.
Dee Jay Nelson
Merlinton é diletante do estudo sobre pirâmides. Por
coincidência com a primeira sílaba do seu nome a palavra MER
na antiga língua egípcia significava PIRÃMIDE e era escrita
como o hieróglifo que é visto acima.
MERlinton adota este desenho como logomarca e como
anúncio de novo capítulo ou nova abordagem de argumento em
seus livros.
Saiba mais no site: http://www.merlintonbraff.com.br
Neoletria 6
SUMÁRIO
Agradecimentos ............................................................................. 5
Logomarca ..................................................................................... 6
Sumário .......................................................................................... 7
Prefácio ........................................................................................ 19
APRESENTAÇÕES
O Autor .................................................................................... 21
Introdução à Neoletria .............................................................. 22
Veredas e Circunstâncias ......................................................... 25
As Invenções da Neoletria ....................................................... 26
ARRAZOAMENTO .................................................................. 29
Primeira Parte: ESTUPEFACIÊNCIA ................................... 31
Considerações .......................................................................... 31
Neoletria 7
I – CARRANÇA ...................................................................... 34
Ranço no Cotidiano.............................................................. 34
O Cidadão ............................................................................ 36
Origem da Burguesia ........................................................... 37
Anarquia ou República? ....................................................... 39
Subterfúgios ......................................................................... 41
Teocracia .............................................................................. 42
Conformismo ....................................................................... 43
Ingenuidade .......................................................................... 45
II – LIÇÕES DO PASSADO .................................................... 47
Desenvolvimentismo Aguerrido .......................................... 47
A Riqueza da Educação ....................................................... 49
As Elites ............................................................................... 52
O Fruto do Mote ................................................................... 54
O País ................................................................................... 55
Arranjo nas Instituições ....................................................... 56
Religião ................................................................................ 58
O Grande Geômetra ............................................................. 60
III – GRANDES EQUÍVOCOS ............................................... 62
Dava Vontade de Socorrer ................................................... 62
Percepção Embrutecida ........................................................ 64
Cultura Desorientada............................................................ 65
O Motor da Evolução Social ................................................ 67
Neoletria 8
Humildade Contrasta com Glória ........................................ 70
Trânsito ................................................................................ 72
IV – DESTEMPERO ............................................................... 75
Desaculturação ..................................................................... 75
Marionetes ............................................................................ 76
Interesse ............................................................................... 78
Lucro ou Extorsão ................................................................ 80
Gratidão ................................................................................ 82
Exclusão ............................................................................... 84
V – CONVENIÊNCIAS ........................................................... 87
Investimento Externo ........................................................... 87
Neocolonialismo .................................................................. 89
Submissão e Competência ................................................... 92
Manifestação Descabida ...................................................... 93
Intervenção Permitida .......................................................... 95
Natureza Condicionada ........................................................ 97
Confusões ............................................................................. 99
VI – QUALIDADE DEMOCRÁTICA ................................... 102
Decisões ............................................................................. 102
Política ............................................................................... 104
Fiscalização Republicana ................................................... 106
Eleitor Consumidor ............................................................ 111
Neoletria 9
Laicismo ............................................................................. 114
Saneamento da Democracia ............................................... 117
Segunda Parte: INTELIGÊNCIA .......................................... 120
Observações ........................................................................... 120
VII – EDUCAÇÃO................................................................ 122
Escola ................................................................................. 122
Discernimento .................................................................... 123
Tecnologia do Aprendizado ............................................... 125
Privilégio ............................................................................ 126
Modelagem da Índole......................................................... 128
Educação Positiva .............................................................. 129
Caráter ................................................................................ 130
VIII – CAPACITAÇÃO MENTAL ....................................... 133
O Exercício da Inteligência ................................................ 133
Condicionamento da Mente ............................................... 135
Super Cérebro mal Aproveitado ........................................ 137
Inteligência Poderosa ......................................................... 139
Recursos Intelectuais.......................................................... 140
IX – FONTE DE IDÉIAS ...................................................... 143
O Ambiente da Inteligência ............................................... 143
O Cultivo de Bons Hábitos ................................................ 145
Neoletria 10
Fluência das Idéias ............................................................. 147
Parâmetros do Pensamento ................................................ 148
X – A LINGUAGEM NA INTELIGÊNCIA ........................... 152
Componentes da Expressão ............................................... 152
Requisitos Convencionados ............................................... 153
Elaborando a Linguagem ................................................... 154
O Idioma na Cultura ........................................................... 156
Organização da Linguagem ............................................... 158
Terceira Parte: A ESCRITA................................................... 160
Linguagem ............................................................................. 160
XI – O SURGIMENTO DA ESCRITA .................................. 162
A Articulação da Fala ........................................................ 162
Codificação da Palavra....................................................... 163
A Maravilhosa História das Línguas .................................. 165
O Alfabeto Ocidental ......................................................... 166
XII – A LÍNGUA COMO ELA É .......................................... 168
Nascimento do Português................................................... 168
Crítica Construtiva ............................................................. 170
Outorga Divina ou Arte Humana ....................................... 171
Complicação Frustrante ..................................................... 173
Neoletria 11
XIII – DINÂMICA IDIOMÁTICA ........................................ 176
Eficiência na Simplicidade................................................. 176
Promiscuidade Linguística ................................................. 178
Evolução do Idioma ........................................................... 179
Nacionalização de Vocábulos ............................................ 181
Acordo Ortográfico ............................................................ 183
Ensejo do Acordo Ortográfico ........................................... 184
XIV – AS LETRAS EM DISCUSSÃO ................................. 187
Alfabeto Fonético Internacional......................................... 187
Variação de Pronúncia ....................................................... 187
Unificação de Pronúncia .................................................... 188
Alfabeto Complicado ......................................................... 189
Ambiguidade das Letras..................................................... 191
A Solução Existe ................................................................ 192
XV – QUESTIÚNCULAS IDIOMÁTICAS ............................ 194
Idioma Ultrajado ................................................................ 194
Mistura de Contribuições ................................................... 196
Alfabetismo ........................................................................ 197
Simplicidade Vantajosa...................................................... 199
Idioma Ideal ....................................................................... 201
AS INVENÇÕES ...................................................................... 203
Neoletria 12
Quarta Parte: FONOGRAMAS ............................................. 204
Para cada Grafema um Único Fonema .................................. 204
XVI – ALFABETO FONÉTICO ........................................... 206
Alfabeto Universal ............................................................. 206
Optativo.............................................................................. 207
Novo Alfabeto .................................................................... 209
Aplicações dos Fonogramas............................................... 211
Diligências Necessárias...................................................... 212
Conservadorismo ............................................................... 214
Determinação ..................................................................... 215
XVII – VIABILIZAÇÃO ...................................................... 216
Escolaridade e Produtividade ............................................. 216
Escrever por Meio de Fonogramas .................................... 218
Fonogramas no PC ............................................................. 219
Proposta dos Passos Seguintes ........................................... 222
XVIII – OS FONOGRAMAS ALFABÉTICOS..................... 225
Descrição dos Caracteres ................................................... 225
XIX – OS FONOGRAMAS NUMÉRICOS ........................... 247
Nomenclatura Quantitativa ................................................ 247
Vinculação Numérica com os Fonemas ............................. 248
Caracteres Numéricos ........................................................ 250
Neoletria 13
Os Algarismos Fonêmicos ................................................. 252
Os Algarismos Vogais: ...................................................... 252
Os Algarismos Consoantes: ............................................... 253
Os Números........................................................................ 254
Exemplos de Simplificação ................................................ 256
Grandes Números ............................................................... 257
Alfabeto Brasileiro (Proposta) ........................................... 257
Alfabeto Brasileiro – Os Caracteres................................... 259
XX – COMBINAÇÃO NUMÉRICA DO ALFABETO .......... 261
Descrição do Sistema ......................................................... 261
Composição de Dois Algarismos ....................................... 275
Quinta Parte: ALFABETO ESPERANTO............................ 276
Idealizado para a Língua Ideal ............................................... 276
XXI – ALFABETO LATINO EM ESPERANTO................... 278
As Vogais nas Sílabas ........................................................ 278
Diferenças Fonéticas de Consoantes .................................. 279
Acento Circunflexo ............................................................ 280
As Semivogais.................................................................... 280
Dificuldades Gráficas ......................................................... 281
O Apóstrofo........................................................................ 281
A Letra Dupla..................................................................... 282
Outras Diferenças entre Esperanto e Português ................. 282
Neoletria 14
Os Nomes das Letras.......................................................... 283
XXII – ALFABETO ESCLUSIVO........................................ 284
Alfabeto Especial ............................................................... 284
Um Alfabeto ‘Sob Medida’................................................ 285
Grafia do Alfabeto Esperanto ............................................ 286
XXIII – OS CARACTERES ................................................ 288
Novas Letras para a nova Língua ....................................... 288
Letras do Esperanto e suas Especificações ........................ 289
Mapa Sinótico dos Caracteres ............................................ 294
Mapa Esquemático dos Caracteres .................................... 295
Sexta Parte: IDEOGRAMAS .................................................. 296
Proposta e Oferecimento ........................................................ 296
XXIV – NOVO SISTEMA DE IDEOGRAMAS ................... 298
Vinculação Direta entre a Idéia e o Objeto ........................ 298
Definição dos Critérios ...................................................... 299
Escolha de uma Língua ...................................................... 300
XXV – ESPECIFICAÇÕES .................................................. 303
Estrutura ............................................................................. 303
Suporte Lógico ................................................................... 306
Descrição ............................................................................ 309
Neoletria 15
XXVI – CODIFICAÇÃO...................................................... 311
Ideogramas em Esperanto .................................................. 311
Apresentação Gráfica da Codificação ................................ 313
XXVII – PREPOSIÇÕES E CONJUNÇÕES......................... 318
Preposições......................................................................... 318
Conjunções ......................................................................... 322
Locuções Conjuncionais .................................................... 324
XXVIII – ADVÉRBIOS E PRONOMES .............................. 329
Advérbios ........................................................................... 329
Pronomes ............................................................................ 336
XXIX – DETERMINATIVOS E AFIXOS ............................ 340
Determinativos ................................................................... 340
Prefixos (15)....................................................................... 346
Sufixos (40) ........................................................................ 348
XXX – IDEOGRAMAS MUSICAIS ..................................... 354
Proposta.............................................................................. 354
Codificação das Oitavas ..................................................... 355
Codificação dos Doze Semitons ........................................ 356
Codificação dos Tempos das Notas ................................... 358
Codificação das Pausas ou Valores Negativos .................. 360
Os Compasos...................................................................... 361
Neoletria 16
XXXI – ESCRITA MISTA .................................................. 362
O Prazer da Leitura ............................................................ 362
Escrita Mista na Antiguidade ............................................. 362
A Realfabetização Proposta ............................................... 364
Providências Didáticas ....................................................... 367
Estímulos Suplementares ................................................... 368
O Encontro de Entes Conhecidos na Leitura ..................... 370
Atenção Focalizada ............................................................ 372
Recomposição da Sensibilidade ......................................... 374
Sétima Parte: ALFABETO NIPO-BRASILEIRO ................ 375
Escopo .................................................................................... 375
XXXII – A PROPOSTA ...................................................... 377
Português em Alfabeto Nipônico ....................................... 377
O Ssistema Nipônico de Escrita ......................................... 380
Ampliação do Katakana ..................................................... 382
XXXIII – SISTEMATIZAÇÃO ............................................ 385
Uso Proposto ...................................................................... 385
Regras Básicas ................................................................... 386
Formato e Disposição das Letras na Escrita ...................... 387
Valores Fonéticos ............................................................... 389
Alfabeto Nipo-Brasileiro e os Dialetos .............................. 389
Modos de Escrita e Divisão Silábica.................................. 391
Neoletria 17
XXXIV – OS CARACTERES UNIFONÊMICOS ................ 393
Definição Fonética dos Caracteres ..................................... 393
Mapa Sinótico dos Unifonêmicos ...................................... 403
XXXV – OS CARACTERES SILÁBICOS .......................... 404
Definição Fonética ............................................................. 404
Mapa Sinótico dos Silábicos Katakana .............................. 413
Neoletria 18
Prefácio
T
udo que é velho se renova pelas mãos de Merlinton, um mago
que investido das energias emanadas do cosmo, cria, recria e
dá novas formas para as velhas formas de se ver o mundo.
Neste livro, sua segunda obra, o autor apresenta uma
miscelânea de ideias e neologismos a começar com o título.
“Neoletria” resume-se a uma novíssima forma de ver as letras.
“Neoletria” não é apenas um livro. É um compêndio, um tratado,
uma bula que nos remete a um futuro enigmático que precisa e
deve ser decifrado pelas próximas gerações.
Em seu primeiro livro “Em busca da cidadania”, Merlinton
Braff já apresentava a sua verve filosófica e criativa apresentando
uma nova forma de ver e praticar política e de ser cidadão pleno
num mundo onde os valores se inverteram.
Em “Neoletria”, um mundo se abre para aqueles que
gostam de ver uma nova forma de ver e sentir as coisas. São novas
letras. Um novo alfabeto foi criado e como se fosse o pentagrama
de um maestro abre silenciosamente um novo canal de
descobrimentos.
A cada palavra, a cada significado, “Neoletria” desvenda
uma estrada a ser palmilhada. Merlinton pode até não ser
compreendido, hoje, nesta obra, mas o futuro dirá, com certeza, se
ele está certo em suas conjecturas. Merlinton está certíssimo assim
como Galileu Galilei. Tal como Leonardo Da Vinci, nosso vate
vaticina mistérios assim como o sorriso da Monalisas.
Neoletria 19
A missão de Merlinton nesta dimensão terrena é mais que
pintar telas, partilhar músicas e escrever seus textos. Nosso autor,
no auge de sua maturidade intelectual, nos proporciona momentos
de reflexão e de mergulho numa nova forma de ver a escrita da
humanidade que ao longo dos milênios faz experiências com a
intenção de melhorar a forma de viver e deixa um legado para as
novas gerações.
Leia “Neoletria” e se não entender seus significados e
significâncias não se preocupe. Volte a ler que as coisas
complexas são mais simples que o ato de uma criança aprender as
primeiras letras.
José Pereira Lins
Academia Douradense de Letras
Neoletria 20
APRESENTAÇÕES
O AUTOR
Merlinton e seu violino em abril de 2006
Funcionário público estadual aposentado, graduado em
Administração, casado com Dona Nélsia Cardoso Braff. Nossos
filhos Nélinton Cardoso Braff e Lícia Cardoso Braff são
douradenses de nascimento, nossos dois netos e três netas também
são. A bisneta Júlia é campo-grandense.
Neoletria 21
Sou brasileiro natural de Taquara – RS onde nasci em
1935. Resido em Dourados – MS desde março de 1959.
Sou douradense por adoção com Título de Cidadania e
tenho muito orgulho por esta inclusão. Considero-me incentivado
a continuar a ser o que sou e a fazer o que faço, após receber a
Moção Legislativa número 871 aprovada em 09-10-2006 pela
Câmara Municipal de Dourados. A minha gratidão move o
esforço e a vontade de produzir algo honroso para dedicar a todos
os que amam esta cidade e este país.
INTRODUÇÃO À NEOLETRIA
Considero letria como um estado de afã exacerbado,
passando o idioma em revista para descobrir suas falhas e inventar
alternativas eficazes. A letria tem esse empenho em relação à
codificação da linguagem assim como foi a busca desesperada por
uma língua nacional empreendida pelos literatos lusitanos do
início do reinado de Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal.
Agora me vejo revolvendo a linguagem, principalmente no
tocante à leitura e compreensão. Estou em estado de letria outra
vez. É a Neoletria, neologismo que considero adequado para o
nome desta obra que discute as letras e apresenta sugestões.
O idioma oficial do Brasil é o português. É nesta língua
que se expressam os órgãos de divulgação; nesta língua são
escritos os recados, os documentos públicos, as opiniões, os
noticiários, as cartilhas, os contratos, as prescrições, as normas, as
leis, as sentenças, etc. Neste idioma as pessoas discutem e
confidenciam, discursam e planejam os sonhos.
A manifestação dos pensamentos tem importância
inestimável. Se não houvesse comunicação não existiria
Neoletria 22
civilização. Portanto é justo que esta atividade mereça um
aperfeiçoamento, ainda que o projeto demande décadas, ainda que
as pessoas envolvidas não colham os frutos do seu labor.
Existem no Brasil palavras e frases ‘clandestinas’,
provenientes de outras línguas, mas sendo a atual democracia
brasileira, livre dos fundamentalismos xenofóbicos, elas (as
palavras clandestinas) não correm riscos de apreensão, proibição
ou banimento como as pessoas e coisas (por enquanto).
O português falado hoje no Brasil não é igual ao que se
falava no tempo do Império. Lembro de algumas alterações
ortográficas no século XX.
Enquanto aqueles que falam e escrevem assimilam e
transmitem novos conhecimentos progredindo em sabedoria, a sua
ação concorre para que o modo geral de falar e escrever também
se desenvolva natural e espontaneamente, mesmo sem imposição
política.
Além do idioma oficial, nós temos a ‘permissão’ de
aprender inglês, espanhol, francês, italiano, alemão, russo,
guarani, esperanto, japonês, mandarim ou qualquer outro de livre
escolha. Existe algo como uma autorização tácita, sem burocracia
para o aprendizado. Isso não causa afronta, vexame ou
humilhação à soberania nacional. Ao contrário, demonstra elevado
grau de civilização da comunidade e boa vontade para com os
semelhantes e diferentes.
O alfabeto oficial do Brasil é o latino (ou romano), mas
isso não nos proíbe de estudar a língua de sinais para conversar
por intermédio das mãos, porque o nosso abecedário não é
exclusivista, tampouco nos impede de entender os ideogramas
empregados na sinalização de trânsito ou a taquigrafia.
Acredito que uma vontade de escrever em árabe ou
aramaico, ou em alfabetos japoneses, não se constitui em indício
Neoletria 23
de quinta-colunismo, antes representa tendência erudita. Coisa de
elite. - Gostei de uma pérola da Ministra do Meio Ambiente
Marina Silva, citada em “Veja essa” da revista Veja, edição
número 1.960: “A desgraça de um país não é a sua elite, é não têla”.
O alfabeto oficial dos países ocidentais é o resultado de
uma evolução multimilenária, mas ainda não podemos dizer que
já ficou pronto. Contudo, o alfabeto latino está cumprindo com as
suas finalidades e nada indica que esteja em vias de ser substituído
pelos que eu possa propor. O meu objetivo não é substituir o
alfabeto. Pretendo é oferecer mais propostas de incrementação aos
instrumentos da inteligência humana, e simplificação naquilo que
a complicação seja inútil.
Para a implantação das melhorias preconizadas em
Neoletria, as pessoas influentes e o poder político devem aceitar
este presente e tratar da constituição e instalação de uma fundação
com algum apoio financeiro e administrativo, se possível com
supervisão da UNESCO. Uma fundação investida de ânimo para
assumir-se como pesquisadora e mantenedora dos novos sistemas,
porque a capacidade do autor, não vai além da invenção. Faltamme os outros recursos para ir adiante, mas mesmo que nada me
faltasse, cederia de bom grado a tarefa, a responsabilidade e o
mérito para a iniciativa governamental, por ser legítima
representante dos interesses sociais.
É preciso muita coragem, ponderação e esperança ao
decidir sobre as soluções para o problema de ordem cultural como
o que estou evidenciando. Nenhum oportunista, egoísta ou
imediatista assumirá a tarefa de abrir o portal de entrada a um
mundo melhor para os seus filhos ou netos, especialmente tendo
em vista o investimento repentino de algum esforço. É necessário
caráter humanitário para que alguém construa um futuro do qual
possivelmente não participará.
Neoletria 24
Espero que a minha parte assumida espontânea e
gratuitamente nesta empreitada desperte o entusiasmo de quem
possa participar, embora a recompensa garantida seja apenas a
sensação do dever cumprido, qual seja, a tentativa de tornar a
compreensão mais fácil e interessante para mais de 215 milhões
de pessoas que adotam a língua portuguesa, bem como o
entendimento de todos os outros povos que conseguirem
aproveitar estas melhorias.
Não fiz de Neoletria a minha última palavra. Não cheguei
a um acordo definitivo comigo mesmo. Cada vez que releio como
última revisão, encontro algo para melhorar, mas creio que ficaria
pior continuar aprimorando até a satisfação, porque o público não
merece esperar mais.
VEREDAS E CIRCUNSTÂNCIAS
Não me considero subversivo, porque sei o quanto é
importante para a harmonia social existir a uniformidade no
cumprimento das leis e de outras normas de conduta na
convivência social. Não obstante, sinto-me à vontade ao
questionar a racionalidade dos costumes e comportamentos, já que
o regime democrático permite esse questionamento.
Foi durante o Curso de Administração na Socigran (atual
Unigran) de Dourados, nos quatro anos, 1980 a 83 que comecei as
primeiras tentativas de inventar uma maneira de reparar as
incongruências da língua portuguesa, principalmente para o
Brasil, mas sem fechar exclusividade nacionalista. Estudei a
relação dos fonemas com as respectivas letras, e depois tentei
idealizar os arranjos que poderiam ser propostos, como por
exemplo: supressão de algumas letras e valor fixo fonético para
Neoletria 25
outras. Inventei naquela época um alfabeto padronizado com
desenhos mais simples do que o alfabeto latino vigente.
Em 1992 e 93 desenhei muito, criando modelos de
padronização que satisfizessem as necessidades de simplicidade e
variação em quantidade suficiente. Em 1994 e 95 estive estudando
as categorias gramaticais das palavras com a intenção de inventar
um sistema de ideogramas codificado. Os ideogramas não seriam
equivalentes a palavras, mas a ideias, porque na nossa língua
algumas palavras servem para vários significados, mas algumas
acepções admitem representação optativa de diferentes palavras.
Depois de encher cadernos de exemplos de possíveis
caracteres, foi ficando cada vez mais fácil inventar coisas do
gênero.
AS INVENÇÕES DA NEOLETRIA
a) um alfabeto de 73 caracteres, provisoriamente
denominados Fonogramas em que cada letra pode ser escrita de
três modos diferentes, para destacar intensidade, acentuação ou
prolongamento na pronúncia. Para completar a criação deste
alfabeto será necessária a gravação de um CD para as aulas de
‘áudio-visual’ com a definição exata dos valores fonêmicos. Essa
providência poderá evitar que, em outras línguas, as novas letras
criadas como fonogramas sejam ‘adaptadas’ em pronúncia
diferente da proposta. Para isso apresento como justificativa e
utilidade a maior precisão linguística com proveito para a
informática, para a dramaturgia e para o aprendizado de línguas
diversas, possibilitando a leitura dos vocábulos de qualquer
idioma em pronúncia correta sem necessidade de conhecimento
das diversas ortoepias;
Neoletria 26
b) um sistema de fonogramas numéricos, em que os
algarismos, com desenho especial, ficam dispostos de tal maneira
que são pronunciáveis silabicamente, facilitando a leitura, a
memorização e a comunicação, com maior rapidez e simplicidade.
Por exemplo, um número de telefone ou de senha composto de
oito algarismos, é memorizado tradicionalmente com doze ou
mais sílabas, mas pela nova nomenclatura são apenas quatro. Em
vez de dizer: trinta e nove, vinte e um - quarenta e sete, zero dois;
basta dizer ‘mãnhá-gôrré’ (embora seja preferível que todos os
‘nomes’ numéricos sejam oxítonos, os sinais diacríticos de
mãnhágôrré são necessários para especificar as vogais);
c) uma combinação de caracteres em que a sequência de
quatro letras pode indicar qualquer número, de 0000 a
2.146.935.440;
d) um alfabeto específico para a língua Esperanto,
contando com um caractere para cada fonema, e sem necessidade
de acentos ou sinais equivalentes;
e) um sistema de ideogramas para as palavras comuns que
em Esperanto são 31 preposições, 23 conjunções, 23 locuções
conjuntivas, 29 pronomes, 53 determinativos, 69 advérbios, 15
prefixos e 40 sufixos, perfazendo 283 ideogramas. Este sistema
foi fundamentado no idioma esperanto, por ser mais regular do
que as línguas mais antigas;
f) uma nova grafia representativa dos sons musicais em
que cada caractere define o tempo de duração, determina uma das
sete oitavas (abrangendo quase todo o teclado do piano) e
especifica um dos doze semitons componentes de cada oitava.
Assim, posso propor a nomenclatura com doze componentes,
como segue: Dó, Du, Ré, Ru, Mi, Fá, Fu, Sol, Su, Lá, Lu, Si, que
se repete em cada oitava.
Neoletria 27
g) um complemento ao katakana (um dos alfabetos
silábicos japoneses), permitindo o emprego daquele sistema de
escrita na língua portuguesa, e sem redução para a pronúncia
brasileira.
Neoletria 28
ARRAZOAMENTO
MER
De acordo com a codificação dos ideogramas da
‘Neoletria’, observando-se os traços pretos.
Neoletria 29
Mais da metade do volume de Neoletria foi dedicado ao
arrazoamento para alertar a Sociedade sobre as evidências da
insanidade ou indiferença para com a razão, a ética, a honestidade,
e os distúrbios. É fácil detectar alguns dos motivos, quais sejam:
convivência com regras mal arranjadas e de difícil observância
não pelo refinamento, mas pela incoerência. Sendo a linguagem e
suas regras uma das atividades mais presentes no cotidiano, foi a
função humana que escolhi para, sobre a qual, propor nova visão
metodológica.
Merlinton João Braff
Neoletria 30
PRIMEIRA PARTE
ESTUPEFACIÊNCIA
CONSIDERAÇÕES
Os delitos deveriam causar estupefação, no entanto são
repetidos, são tolerados, ingressam no acervo dos costumes e da
cultura. Procedimentos habituais não causam estranheza, são
aceitos sem crítica.
Uma comunidade corrompida conforma-se com a injustiça,
a insegurança, os prejuízos, com qualquer imposição que já não
pareça estranha. – O que se pode fazer? Advertir! Mas de modo
compreensível, tranquilamente. É alertando que sacudimos a parte
do consenso ainda submersa no marasmo, mas sacudir e despertar
a alma, e não o animal.
As improbidades administrativas, as negligências do
eleitorado, os resultados em testes de aproveitamento escolar, as
pessoas se acotovelando atrás da esperança nos cargos de
Neoletria 31
emprego, as filas indianas dos que imploram por saúde, transporte
coletivo, pagamento, recebimento, etc., atestam os indícios de
insuficiência de bom senso, deficiência da ‘Razão de Estado’,
displicências da burocracia e da cultura cidadã, muita
condescendência e pouca condolência para com as mazelas
sociais. O desenvolvimento intelectual do povão deveria ter
acompanhado o progresso da civilização.
Depois de esquadrinhar as possíveis causas de depravação
e excogitar remédio, concluí que a devassidão de algumas pessoas
é sintoma de mentalidade subdesenvolvida e defeituosa, forjada
com irregularidade no crescimento cultural da juventude, desde
ideias equivocadas incutidas durante a educação, e até falta de
cuidados científicos na codificação da linguagem. Como tentativa
de amenizar o problema em longo prazo, preparei o livro
“Neoletria”, no qual proponho modos de melhorar a
intelectualidade pública. - Assim parece pretensiosidade, porém é
o ônus. Nada se faz sem custo ou risco. Por outro lado, neste caso
a responsabilidade deve sobrepor-se aos melindres.
Usos, hábitos, atitudes e comportamentos que parecem
naturais e incontestáveis podem se mostrar descabidos ou
ridículos desde que sejam colocadas as palavras adequadas no
jeito de abordar, nas descrições ou nas críticas. Então aflora o
verdadeiro aspecto, cai a ‘máscara’, porém chacoalha
suscetibilidades, principalmente da parte dos que tiram proveito
dos desarranjos.
Sou amigo das pessoas do bem, sejam pobres ou ricas,
belas ou feias, jovens ou idosas, indigentes ou poderosas, ‘índios’
ou ‘brancos’, não importa sexo, cor, religião ou nacionalidade.
Qualquer exemplar dessa biodiversidade já foi um adorável bebê;
todas essas pessoas ainda conservam algum tipo de carência e
merecem alguma ajuda para se tornarem maravilhosas. Se algo
Neoletria 32
deve ser combatido não são os iludidos, são as ilusões, não são os
imperfeitos, são as imperfeições.
Talvez eu possa parecer ríspido em algumas abordagens
dos primeiros capítulos de “Neoletria”, porém não tive propósito
de ofender. A minha intenção é oferecer maneiras de despertar as
consciências para o censo crítico e sereno, de modo a perceberem
a realidade com mais nitidez.
Empreendimentos, negócios errados e engodos acontecem;
quem é pago para defender a população procura cumprir o dever,
mas alguns fingem não ver, outros filtram os fatos; eu suponho
enxergar pouco, mas divulgo como vejo.
As afirmações contidas nesta parte de NEOLETRIA são
ilustrativas, sem pretensão de caráter científico. Os relatos não são
denúncias porque foram colhidos na mídia. Valem como
argumentação sobre a vantagem de investir no incremento das
faculdades mentais.
As ponderações e proposições das partes primeira, segunda
e terceira de NEOLETRIA devem demonstrar a conveniência de
estudos e ajustamentos para aprovação e aplicação deste projeto,
porque demonstram a necessidade de investimentos no contexto
intelectual e na viabilidade deste empreendimento.
Neoletria 33
I – CARRANÇA
RANÇO NO COTIDIANO
Enquanto a aristocracia medieval era aquinhoada pelo
adorado rei, a burguesia conquistava poder e tesouros, geralmente
por méritos de iniciativa e criatividade próprias.
Nos tempos do regime feudal e dos burgos que eram
cidadelas livres da opressão suserana dos senhores feudais, a
cidadania era virtude rara porque a burguesia opositora da
aristocracia ainda sofria sua influência, embora a combatesse.
Cidadania é qualidade de quem sabe se comportar
socialmente pelo que se convencionou de “politicamente correto”,
com aptidão para servir de exemplo de convívio na cidade.
Cidadania é um conceito-atributo neodemocrático da idade
‘contemporânea’. Houve ‘arqueodemocracia’ que foi um sistema
grego de governo durante a idade antiga.
Atualmente as autoridades e alguns formadores de opinião
ainda confundem cidadania com burguesia quando abominam as
elites; quando camuflam os seus preconceitos discriminatórios
com repressões infundadas que atingem os cidadãos mais
civilizados e produtivos pelo pecado de não serem considerados
excluídos; quando falta apoio às pesquisas científicas; quando os
‘poderosos’ negam incentivo para estudos avançados, convictos
Neoletria 34
de que impedem o desenvolvimento para evitar que os mais
pobres fiquem em desvantagem; quando os gerentes da vez
desconsideram as boas sugestões que visam benefícios à
sociedade, principalmente aqueles trabalhos voluntários isentos de
interesses particulares; ainda confundem cidadania com burguesia
aqueles que ameaçam usurpar ou negar os direitos e os méritos
das classes mais progressistas (burguesia?), com a intenção de
agradar o povo mais humilde. O atraso da civilização danifica
toda a comunidade, sem distinção de torcida, religião, posses, cor.
A repressão aos superiores também prejudica os inferiores.
Agora existem os sem-terra, os sem-teto, os sem estudo, os
sem carro, etc. Cada grupo é opositor dos seus invejáveis: os ‘com
isso’ ou ‘com aquilo’. Acalentados pela certeza de que todos são
iguais perante Deus e perante a Lei, muitos ‘entendem’ como se já
estejam atingidas as suas metas, já são iguais porque está na lei.
Desconsideram o débito social e o atraso na qualidade da
cidadania em que se encontram. Então, em vez de se igualar,
cobram igualdade.
Se a igualdade constitucional fosse exequível,
contemplaria a frequência a lugares públicos sem discriminação,
assistência do serviço público como educação e saúde com fatias
iguais do mesmo bolo, acesso por concorrência ou concurso
público para fornecedores e prestadores de serviço; o Código
Penal não regularia pena diferenciada para bandidos diferentes e
sim para crimes diferentes. Seria ingenuidade querer que a
Constituição ‘concedesse’ igualdade intelectual para o idiota
como para o doutor; ‘concedesse’ para o sem terra, sem carro e
sem casa, patrimônio igual ao de Ademar de Barros ou Francisco
Matarazzo. Qualquer um sabe que bobo é bobo, arrogante é
arrogante, sábio é sábio, bandido é bandido e altruísta não é
egoísta; eles não se igualam “nem por decreto”. A verdadeira
igualdade estipulada pelo direito é de prêmios iguais para méritos
Neoletria 35
iguais e mesma pena para o mesmo crime, sem distinção de credo,
cor, sexo, posses dos ‘envolvidos’.
Quem acredita ter direito de se igualar com elite, gostaria
de restringi-la, porque supõe não poder alcançá-la. Preguiçosos e
invejosos cogitam proibir os outros de serem melhores do que
eles.
O CIDADÃO
Os jovens esquerdistas heterodoxos podem relaxar; não é
necessário acompanhar a moda dos maltrapilhos para fazer
oposição ao esnobismo. Não é preciso combater a cidadania por
temor de aderir e se tornar classe dominante. O cidadão, o gerente
de qualquer negócio, o empresário, a classe média, nada disso tem
algo a ver com a burguesia da Revolução Industrial. Nestes
tempos atuais de CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) e do
estado de direito democrático, qualquer renitente senhor de
escravos que for descoberto em flagrante poderá se tornar um
penitente sem direito ao ‘semiaberto’.
Os jovens ‘revolucionários’ devem despertar e perceber
que a luta dos avós e bisavós já acabou. Continuar o mesmo
combate é sucumbir ao ‘fogo amigo’. Os cidadãos de hoje são
aqueles que se fazem solidários e co-responsáveis pelo conforto
da comunidade, seus direitos, seus patrimônios. O vândalo que
destrói uma árvore ou escultura da via pública; aquele que rouba a
grade da boca-de-lobo ou quebra uma luminária da avenida; quem
danifica uma placa de sinalização; quem lambuza qualquer muro
ou fachada sem permissão, esses idiotas não percebem que assim
estragam o ambiente da sua própria família. Melhor fariam se
quebrassem os seus próprios brinquedinhos durante os ímpetos de
insensatez.
Neoletria 36
O verdadeiro cidadão não é invejoso. Ele acredita que o
melhor lugar do mundo é a sua própria casa e a cidade é uma
extensão dela. Dentro da sua casa ele tem os objetos de estimação
mantidos em seus lugares, mas a cidade também é rica de objetos,
de ambientes, monumentos, pessoas, instalações comerciais; na
cidade tem serviços públicos e privados, como a segurança, as
vias e meios de transporte, educação, saúde, cultura, esportes, etc.,
que devem ser desenvolvidos, mantidos e preservados como
recursos disponíveis para aqueles que se sentem dignos do uso
regulado legalmente.
ORIGEM DA BURGUESIA
Os sucessivos impérios: Persa, Grego, Romano e
Carolíngio promoveram desenvolvimento extraordinário na
Europa e no Oriente Médio. A civilização atraiu os normandos do
Norte, os muçulmanos do Sul e os húngaros do Leste. Eram
migrações e invasões que se mostravam inquietantes e
perturbadoras da estabilidade. Principalmente as invasões dos
muçulmanos ofereciam ameaça aos cristãos, porque o Profeta
havia instruído os ‘fiéis’ a matar os ‘infiéis’, como se esse crime
fosse virtuoso e garantia de galardão.
Carlos Magno foi rei da França de 771 a 814. Pela autoincumbência de conter a expansão do império muçulmano, e
manter o cristianismo em grande parte do que fora o Império
Romano Ocidental ele estendeu os seus domínios, transformando
a Gália e a Germânia no Império Carolíngio.
O Tratado de Verdun, em 843, celebrado entre os netos de
Carlos Magno, dividiu o Império Carolíngio, ficando definidas
aproximadamente as áreas compreendidas atualmente pela França,
Alemanha e Áustria, Itália e Suíça. Esse tratado deu a partida para
redivisões, culminando na ‘enfeudação’, que consistia no
Neoletria 37
seguinte: o Rei se tornava suserano ao desmembrar o seu território
e conceder cada parte ou ‘vila’ (comparável a uma capitania
hereditária ou província) a um nobre vassalo, firmando contrato
com direitos e deveres de ambas as partes. O nobre que recebia
concessão direta do Rei tornava-se suserano dos seus próprios
vassalos ou vilões e exercia poderes monárquicos e despóticos
sobre os mesmos. Além da vassalagem, mantinha numerosa
criadagem sob regime de escravidão.
A Igreja, por ser grande proprietária também adotou o
feudalismo e experimentou melhoria na administração dos seus
territórios.
A organização, a autoridade, a defesa, a tributação e o
interesse do rei (“suserano dos suseranos”) se faziam presentes
nos confins do reino.
Os senhores feudais exerceram poderes absolutistas e
abusivos sobre os seus vilões até o século XII, quando a
burguesia, constituída pelos artífices e comerciantes originários de
classes inferiores dos feudos, começou a se fortalecer. Os
burgueses então adquiriram para si e qualquer vassalo e direito de
comprar a alforria. Houve agremiações por ramo de atividade para
melhor organizar os procedimentos e atitudes profissionais. Os
burgueses enriqueciam e até se tornavam credores dos suseranos
enquanto estes e suas cortes se excediam na opulência e no
consumismo.
A burguesia obteve apoio da Igreja ao exigir tratamento
mais humano dos senhores das vilas feudais aos seus vilões. Aos
poucos os burgueses foram se impondo e conquistando os direitos
para si e suas cidades, até o fim do século XIV. Então começaram
a florescer o comércio, a indústria, as universidades e o
desenvolvimento nas cidades da burguesia, já independentes da
Neoletria 38
nobreza feudal. Assim começou a decadência do feudalismo e a
ascensão da realeza na governança federativa.
A burguesia do século XV em diante fez-se mais e mais
presente nas atividades econômicas. Disputou com a aristocracia
as funções públicas nas cidades que iam surgindo e foi uma classe
de pessoas influentes até o século XIX depois de terem substituído
a aristocracia nas prerrogativas do poder, dando início à
democracia e ao capitalismo durante a Revolução Industrial.
ANARQUIA OU REPÚBLICA?
Parece que os impérios e as grandes ideologias são ótimos
durante a simplicidade e no viço do começo, mas quando
estabelecidos, estabilizados e enriquecidos esquecem os bons
costumes, o respeito, a solidariedade, os ideais e então se
corrompem, apodrecem e caem.
Durante a degradação é fácil haver um questionamento
sobre a possibilidade de a ‘orquestra tocar sem a presença do
maestro’, cada funcionário cumprindo as suas obrigações sem ter
a quem prestar conta.
A reação esperada em decorrência de governo corrupto e
parasitário seria a organização dos ‘súditos’ em cooperativas tais
que abrangessem até os serviços públicos, livres das ‘máquinas
governamentais’, livres da opressão dos seus ‘marajás’ e das
complicações burocráticas.
A questão é essa: onde há povo há problemas de
responsabilidade e de honestidade, com ou sem governo.
Animais sociais vivem coletivamente, com morada fixa ou
em bandos errantes ou de arribação, mantém-se agregados e
coordenados por chefia. Algumas comunidades de insetos e até de
animais silvestres de grande porte, sob regência dispõem de algum
Neoletria 39
serviço especializado como sentinela, limpeza, defesa, colheita,
armazenagem, cultivo, etc.
A governabilidade é imprescindível em qualquer
coletividade, mas na humanidade geralmente o poder tende a
corromper os poderosos pelo abuso dos áulicos privilegiados
sobre os contribuintes explorados. Por isso, é necessária vigilância
constante para alertar sobre os desvios de conduta.
Depois da aristocracia surgiu a burguesia. Como voltasse a
injustiça social, entrou em cena a ideologia socialista, a qual
redundou em nova forma de aristocracia burocrática, como a
“Nomenklatura” dos países da Cortina de Ferro.
Para sair do ‘círculo vicioso’, para evitar abuso de
permanência como um usucapião existe agora a democracia
republicana, em que os governos executivos e legislativos federal,
estaduais e municipais são escolhidos por escrutínio, além de os
indivíduos eleitos exercerem a incumbência por tempo limitado,
permitindo reparações das escolhas equivocadas e das decepções
causadas por antecessores e evitando a ‘apropriação indébita’ do
patrimônio do Estado por algum eventual administrador.
Como modo de escapar do parasitismo de uma ‘casta
nobre’, de uma aristocracia pomposa e perdulária, com muitos
privilégios e escassos méritos, nada melhor do que o sistema
republicano de governo alternado e eleito democraticamente,
porém o eleitorado deve ficar atento para reconhecer iscas e
engodos que são jogados sem tréguas durante as campanhas
eleitorais. Os eleitores devem evitar especialmente aqueles
candidatos que já causaram decepções em mandatos anteriores,
além do cuidado que devem ter ao escolher novatos.
Para balizar a administração dos gastos públicos surgiu a
Lei da Responsabilidade Fiscal que limita os endividamentos.
Melhor será quando vigorar uma lei que proíba grandes projetos
Neoletria 40
novos que ofereçam risco para a continuidade das obras de infraestrutura em andamento ou inacabadas que forem consideradas
proveitosas.
SUBTERFÚGIOS
Centenas de anos já passaram desde quando os pobres de
espírito e de bens percebiam a abertura para ascensão da plebe à
classe burguesa, mas por falta de conhecimentos e iniciativa
ficavam andando em círculos. Alguns se conformavam com o
fatalismo ou esperança de ‘recompensa no paraíso’, mas outros
não sabiam disfarçar a inveja dos afortunados. Inventavam
motivos desabonadores para ofender os senhores; esforçavam-se
em acreditar que haveria uma salvação só para os pobres, sem
oportunidade para os ricos, e consolavam-se acreditando no sonho
de que se ganhassem o céu, teriam tudo de graça e não
precisariam de patrões.
Entre os séculos IV e VIII o cristianismo preconizava a
igualdade das pessoas perante Deus, não obstante a cor, o berço e
a posse; bastava aderir, ser batizado e seguir uma cartilha de bons
princípios.
O governo imperial profano, já secularmente enriquecido
pela exploração das colônias, tornara-se uma canga pesada demais
sobre os súditos, principalmente os do ‘interior’ e os colonos das
nações conquistadas pelo Império. O contraste entre a qualidade
de vida daqueles que trabalhavam e a dos que gozavam era
alarmante. Além disso, o caráter dos corruptos governantes era
deplorável, mas incontestável porque o Poder Judiciário era
prerrogativa do imperador devasso e seus bajuladores.
Existia ‘no ar’ a forte expectativa de ‘um basta’. Quando o
cristianismo, como também o budismo, se mostrou panaceia
Neoletria 41
redentora dos males sociais; as adesões eram capazes de vencer
grandes obstáculos.
Alguns séculos depois, a Igreja conquistara os ‘corações’
dos povos e dos governos profanos. Logo ela prosperou e caiu na
tentação dos luxos, transigências políticas e transações de
indulgências. Isso criou condições para as discussões e críticas, a
ponto de surgirem caminhos alternativos para o ‘Reino de Deus’;
Apareceram igrejas contestadoras derivadas. Então a ‘igreja
tradicional’ reagiu ferozmente. Do século XI ao XIII, a Igreja
Cristã se colocou acima do bem e abaixo do mal; sem preparo
tornou-se infalível justiceira. Acatava qualquer denúncia,
torturava o herege até a satisfação da inquisição, matava a alma e
entregava o corpo para que a ‘justiça profana’ acabasse com o
resto.
TEOCRACIA
A religião era extremamente benéfica. Enquanto
prosperava enchia de esperanças os pobres e ricos, brancos, pretos
e médios que aceitassem o batismo. Predicava o amor fraterno
como mola propulsora dos interesses, em oposição ao domínio
pela opressão vigente nos sistemas imperiais.
Quando a Igreja enriqueceu embarcou na aventura das
cruzadas. Rejubilada pela experiência do poder profano e pela
aventura da guerra, submeteu os imperadores ocidentais à sua
autoridade, tornou-se intransigente e perseguidora das pessoas que
discutissem a sua ideologia, exercendo um poder mundano pelo
intento de obrigar a fidelização do rebanho; a sua teocracia
revelou-se terrível. Como reação alguns religiosos fundaram
ordens dedicadas à pobreza, outros instituíram dissidências,
cismas e até tentativas de reforma. Os motivos de polêmica e
reprovação criaram condições para a disseminação de diversas
Neoletria 42
igrejas cristãs protestantes. Muito depois a Igreja Romana
resolveu se corrigir e procurar a verdadeira senda, mas ficou um
pouco reduzida e desautorizada.
Originalmente a religião cristã tinha a seu favor uma
revolucionária maneira de conquistar adeptos, em vez de
encurralar, fechar as saídas e domar pelo medo dos castigos; em
vez de conquistar pela guerra e submeter à escravidão como
fizeram alguns conquistadores em quase todas as eras, o
cristianismo apresentava a opção do amor divino, da humildade e
do perdão das ofensas passadas para quem quisesse aderir. Em
condições normais nem todas aquelas asserções seriam
condizentes com a natureza humana e suas necessidades
evolutivas, mas diante da vida desregrada do governo imperial, da
nobreza e do feudalismo, o cristianismo era lindo.
Quando a Igreja se tornou latifundiária e suserana, quando
monopolizou os poderes eclesiástico e laico, os representantes de
Cristo sonegaram o amor ao próximo. Bastava uma simples
denúncia, não importando os verdadeiros motivos, o infeliz era
excomungado e entregue aos algozes. Os ‘castigos’ eram simples;
sem preocupação com culpabilidade; o herege era empurrado para
o fogo ou para o precipício; se fosse inocente, seria salvo por
anjos. Se morresse, estaria confirmada a veracidade acusatória.
Ninguém ousava discutir as ‘infalibilidades’.
CONFORMISMO
Existia na nossa sociedade, o que eu considero um desvio
de padrão, uma comiseração distorcida. Alguns sectários
cultivavam uma louvação à ingenuidade, aos pobres de espírito,
aos fracos e oprimidos, ao inverso da excelência. Possivelmente
essa atitude tenha alimentado a aversão pelas elites. Na
antiguidade essas posições cristãs eram louváveis como
Neoletria 43
argumento razoável para defender os explorados de seus algozes.
Entretanto a crueldade continuou por parte dos exploradores e os
oprimidos se acostumaram com a ideia de que assim viviam em
virtude.
Em vez de adotar caridade e solidariedade por piedade
fraternal, alguns sectários enxergavam a pobreza, o desapego dos
bens materiais (cujo apego em excesso é ruinoso), a falta de
expectativa e o martírio como virtudes invejáveis; como se o
sofrimento fosse o preço cobrado pela passagem de ida para o
paraíso celestial. Não percebiam que essa submissão dos servos só
interessava aos senhores (como depois ficou evidente no tempo da
Revolução Industrial), para que os trabalhadores permanecessem
desinteressados, rendessem muito e exigissem nada. Submissos e
desapegados seriam facilmente explorados como semiescravos,
enquanto a “mais-valia” ficava quase toda com os patrões.
Suponho que amansar pessoas é tática política adotada
desde os primeiros impérios e não tinha por objetivo evitar o
crime ou a guerra; os ‘senhores’ amansavam os ‘dependentes’
para que humildemente aceitassem os ‘grilhões’ em paz. ‘De
lambujem’ os lacaios mantidos na inferioridade do capachismo
não apresentavam ameaça às ‘majestosas vaidades’.
As ‘divinas majestades’ cumpriram importante papel na
consolidação do multimilenar Império Egípcio desde quatro mil e
novecentos anos. Foi assim que a civilização teve início.
Muitas guerras da antiguidade, antes de existir democracia
de fato, eram perpetradas com o objetivo principal de angariar
escravos. Quando acabava o conflito, em vez dos tratados de paz
com cláusulas de comércio e respeito aos limites territoriais,
apenas anexavam o território e escravizavam os vencidos, sobre
os quais exerciam ‘direitos’ de exploração ilimitada.
Neoletria 44
A meu ver, nos tempos da monarquia, os nobres exigiam a
reverência dos vassalos como prerrogativa para manter as
distâncias, afastar as reivindicações e impossibilitar as audácias. A
arrogância era tanta que um subalterno evitava olhar direto para o
‘superior’, devia manter o olhar baixo. Acredito que as religiões
surgiram nesse tipo de ocasião em que os vassalos deviam adorar
os poderosos, porque eles tinham o chicote à vista, ou condenação
rápida. Se fosse fraco o motivo para adorar paroxisticamente o
tirano, então o respeito e o temor a um Ser Supremo seriam fortes
o suficiente para exemplificar e garantir a reverência.
INGENUIDADE
“Errar é humano”. Tanto é assim que não existe pessoa
completamente livre de algum equívoco. Grande parte das
opiniões e das ações erradas ou imperfeitas é praticada sem
malícia, por simplicidade, por engano. Isso não merece punição e
nem é ridículo. Eu também tento evitar descuidos, mas descubro
frequentemente as minhas ilusões. Em vez de punição para esse
tipo de erro, é preferível prêmio aos arroubos de sensatez.
Erro delituoso é aquele cometido de propósito. Burrice
delituosa é perceber que agiu erroneamente, e continuar incorreto
para “não dar o braço a torcer”.
Existiam ideias oriundas de ciências, porém mal
entendidas. Refutáveis convicções que se deturpavam ao sabor de
conveniências escusas. Muitos jovens mal avisados ‘caiam’ nessas
conversas e ficavam seduzidos pela suposição de participar de
algo importante.
De tanto ouvir balelas quando crianças, os jovens queriam
reivindicar ou exigir as utopias - cito como exemplos o
anarquismo, o direito à igualdade absoluta e a revogação do
Neoletria 45
direito de propriedade - prometidas pelos demagogos que ainda
não haviam despertado para a realidade.
Alguns ‘heróis equivocados’ apenas se tornavam
quadrilheiros de saques, invasões e depredações em movimentos e
manifestações de interesses adversos ao Brasil. Até algumas
forças políticas atuantes pareciam ingenuamente engajadas nessas
quimeras. Possivelmente existia um entusiasmo por rebeldia, pela
audácia doentia, admiração por guerrilheiros, supostos heróis pela
ótica de alguns adolescentes e adultos singelos. Talvez fosse um
romantismo desenvolvido nas histórias em quadrinhos, no
cangaço ou na mal contada revolução russa de 1917; talvez fosse
uma romantização dos ‘causos’ da revolução cubana de 1959
quando o carrasco foi santificado, ou da reação à ‘revolução’ de
1964 no Brasil, quando a ideia de ‘bom combate’ confundia
práticas criminosas com oposição democrática, porquanto os
‘heróis de araque’ assaltavam e depredavam o verdadeiro Brasil
supondo estar na luta contra a ditadura militar. Em lugar de
defender a ‘sociedade oprimida’, alguns dos hipotéticos
mercenários chafurdavam-se no banditismo.
Suponho que algo ainda existente na ideologia do ‘crime
organizado’ seja motivado como desforra pela vaidade frustrada
daqueles que idolatravam os ‘próceres’ da subversão dos ‘anos
60’, como heróis quixotescos, já que brandiam suas armas contra
a brasilidade imaginando lutar contra um estado de coisas.
A chamada redemocratização, depois do governo militar
aconteceu quase espontaneamente, sem covardia nem massacre,
frustrando expectativas daqueles que sentiam atração depravada
pelo genocídio, pela guerra como esporte. Essas ‘águas’ já
passaram, mas tem gente que não percebeu e continua boiando,
carregado pela ingenuidade.
Neoletria 46
II – LIÇÕES DO PASSADO
DESENVOLVIMENTISMO AGUERRIDO
Corriam os séculos e a humanidade seguia impassível em
sua linha de vivência com raras modificações. Quando parecia ser
uma perenidade, acontecia uma súbita e surpreendente alteração
ou descoberta no meio de uma comunidade. Era o início das
grandes transformações que em poucas décadas rompiam a casca
da barbaria para desabrochar a civilização.
Existem povos que vivem constantemente interessados em
melhorar as coisas com que se ocupam, em ser úteis, trabalhar em
algo produtivo, fazer provisões, calcular consequências. Outros
povos não levam nada a sério, não se abalam, nem se tocam pelos
acontecimentos. Seu destino quem decide é a “enchente que os
carrega”.
Provavelmente algumas etnias ficaram marcadas
geneticamente pelo fervor desesperado de encontrar soluções ou
salvação durante graves crises. Desde a época do paleolítico
superior; durante bruscas mudanças de clima e de cardápio, em
tempos de calamidades por acumulações e derretimentos nas
geleiras, quando os grupos humanos eram obrigados a
acompanhar de espreita os bandos de animais (a caça) em suas
longas migrações. Então alguns grupos tribais da Escandinávia
Neoletria 47
perambulavam até a Sibéria e siberianos peregrinavam até a
Escandinávia.
Há pelo menos dois mil anos a.C. os nórdicos europeus
encontravam-se com os asiáticos, ensejando o confronto e
discussão entre duas civilizações diferentes no modo de ver e de
viver. Os ocidentais práticos e objetivos; os orientais com
entendimento mais abstrato e místico. Do cotejo resultava um
novo descortino.
Quando corria o quarto século antes de Cristo, Alexandre
III conquistou o mundo oriental. A sua intenção era de unificar os
povos como uma grande Grécia e assim expandir a cultura grega.
No século seguinte começou a expansão romana. Então os
patrícios gozavam de privilégios aristocráticos e eram
representados no Senado romano.
Diferentemente da expansão grega, a romana tinha o
objetivo de angariar escravos e subjugar contribuintes para
garantir o luxo dos patrícios; tanto é que Roma aboliu os impostos
dos seus cidadãos, enquanto transbordavam os chegados das
‘colônias’. No século II a.C. havia dezessete milhões de habitantes
na península itálica; doze milhões eram escravos. A ética cristã
ainda não existia.
Mais ou menos aculturadas e acostumadas a produzir
acima das necessidades básicas, as populações dos longínquos
países avassalados, daquelas províncias esbulhadas durante
séculos pelo Império, depois de conquistarem a independência e
se estruturarem como nações democráticas, vieram a constituir os
países mais prósperos da atualidade.
As nações paupérrimas são comunidades formadas por
grupos tribais quase incomunicáveis; por isso permanecem
estagnadas; a sua produtividade é tão baixa que os mantém
ocupados apenas na subsistência. Os países ricos têm
Neoletria 48
produtividade alavancada por instrumentos e tecnologia; por isso,
um pequeno esforço faz muita diferença.
Para muitas pessoas o “dinheiro na mão é vendaval, é
confusão”; para elas não existe a perspectiva de futuro, não existe
gasto em investimento, e o consumo só é limitado pelo “dinheiro
na mão” ou no crédito. Alegam motivos, inventam desculpas,
exigem respeito e avocam direitos. São diferentes, mas
indiscrimináveis. Gente assim prolifera nos países paupérrimos,
talvez por falta de boas orientações e oportunidades, talvez reféns
da insensatez.
Quando não temos recursos, qualquer necessidadezinha
causa tormento consumista. Quando o recurso existe, a pequena
necessidade é tolerada por força de uma ideia assim: “não compro
porque não quero, prefiro manter a poupança”.
Em nações capitalistas de alta escolaridade, praticamente
não existem perdulários. Até os proletários são poupadores e
investidores. A riqueza ou pobreza nacional é consequência mais
ou menos da aplicação da poupança ou repercussão do
desperdício, tanto da parte do governo como dos governados.
Existem nações onde o povo é basicamente constituído de
perdulários que não se preocupam com aprovisionamento. ‘Só
querem, e só pensam’ em consumir. As ‘bolhas’ de crise
financeira são formadas quando a maioria consome mais do que
produz e inventa valorizações inconsistentes para compensar.
A RIQUEZA DA EDUCAÇÃO
Procurando entender motivos ou causas das grandes
diferenças entre os cento e noventa e três países do nosso planeta,
dividi todos em cinco classes em função da grandeza
populacional, pela ordem crescente. Cada classe ficou com trinta e
Neoletria 49
nove membros, com exceção da última (dos enormes), composta
de trinta e sete. Assim os países foram classificados em grupos de
minúsculos, pequenos, médios, grandes e enormes. A seguir os
países de cada uma das cinco classes foram arranjados segundo a
“renda per capita” anual, em ordem decrescente. Cada classe (de
39 ou 37 países) foi dividida em três categorias, ou seja, ricos,
pobres e paupérrimos.
Calculei os índices médios de analfabetismo. A classe
(grandeza populacional) mais bem situada é a dos países
minúsculos, com 12,5 pontos; a segunda colocada é a dos
enormes, com 19,0; a terceira é dos pequenos, com 21,0; a quarta
é a dos médios com 23,3 pontos. Por classe, o pior percentual de
analfabetos é o dos países grandes, com 27,2 pontos.
Com outras questões as classificações e os cálculos
poderiam ser diferentes, mas o escopo deste estudo é sobre as
grandezas: econômica, cultural e populacional em suas recíprocas
influências. Não foi necessário expurgar os extremos de
analfabetismo das planilhas.
Por categoria, a menor porcentagem de analfabetos foi
encontrado entre os países ricos da classe dos enormes: 3,16
pontos, e cuja média de renda é 17.869 (dólares/ano/habitante); as
maiores porcentagens de analfabetos são encontradas na categoria
dos paupérrimos da classe dos países grandes, 52,96 pontos e
média de renda 825 (US$/a/h). Em todas as cinco classes de
países, as porcentagens de analfabetos são minúsculas entre os
ricos e enormes entre os paupérrimos.
Está parecendo que a uma alta renda corresponde menor
analfabetismo, ou que população de menor escolaridade terá
fatalmente menor produção, mas existem outros fatores que
determinam o marasmo ou a prosperidade, e ocasionam exceções.
Comumente os países mais ricos: são os que têm liberdade
Neoletria 50
religiosa; herdeiros das grandes civilizações que desenvolveram
boa linguagem escrita e as tecnologias; as nações ricas possuem
estrutura de governo democrático, povo motivado com boa
qualidade de vida e confiança em melhor destino.
Os países que apresentam alta renda concomitantemente
com grande porcentagem de analfabetos, são exceções. Nesses
casos existe motivo especial para a riqueza, alguma extração
mineral como fator mais expressivo do PIB, o que de per si, não
contemplaria as necessidades públicas, principalmente sendo a
lavra concedida para empresa multinacional, como na extração de
petróleo. País ‘rico’, população pobre.
As nações pobres ou paupérrimas que quase não possuem
analfabetos são vítimas de governo totalitário limitante das
liberdades e do interesse popular pela criatividade, não obstante a
frequência escolar ser obrigatória. Não basta saber, é necessário
querer.
A baixa porcentagem de analfabetos de uma população
qualquer não é indício seguro do grau de desenvolvimento,
sabedoria, tecnologia ou tirocínio. Existem países onde a
educação está impregnada de doutrinas que carecem de reforma.
Os encargos de professores podem estar sendo exercidos por
doutrinadores de ‘vãs filosofias’.
Existe um país em que muitos candidatos aos cargos de
professor da rede pública, reprovados com nota zero na prova de
seleção, podem ser admitidos a esse ‘serviço público’. Certamente
os seus alunos seguirão pelos mesmos critérios falaciosos até a
graduação, mesmo porque o princípio das cotas desbancou o da
competência.
“Escolas são aparelhos do Estado, e ideologia por
ideologia... Defendo a educação, não a escolarização”. - Modesta
Neoletria 51
Trindade Theodoro (Belo Horizonte - MG) – FOLHA DE
S.PAULO\ Opinião\Painel do Leitor, 08-03-2009.
Nos países adiantados econômica e culturalmente,
multidões no trajeto de casa para o serviço ou de volta, ocupam os
transportes coletivos e aproveitam esse tempo na prática da
leitura.
AS ELITES
Provavelmente a abjeção pela riqueza tenha repercutido
em subdesenvolvimento na maior parte do período medieval.
Depois da Idade Média o preconceito dedicado aos ricos e às
elites parece ter criado uma cultura de aversão á prosperidade,
desdém pela excelência e desrespeito pela autoridade.
O esquerdismo brasileiro do século XX foi doutrinado com
promessas da tal revolução do confisco e redistribuição. Como
aconteceu nos países comunistas, o governo seria dono de tudo e
distribuiria racionadamente para a população pobre; o governo
seria o único patrão em nome do povo. Parecia que o paraíso seria
‘novamente’ implantado aqui. Logo o proletariado se sentiu
herdeiro do ‘reino celeste’ e passou a ver ‘as elites’ (também
‘rotuladas’ de burguesia), não como a classe benemérita que
‘cederia’ os seus bens aos ‘herdeiros’, mas com discriminação
porque a classe ‘virtuosa’ deveria ser a mais humilde. Então
pareceria correto odiar os fazendeiros e os empresários porque
assim poderiam ser ‘legitimamente’ roubados. Isso faria ‘bem’ aos
buchos dos predadores. Como se os ‘menos favorecidos’ não
estivessem usurpando, mas simplesmente retomando ou
recebendo por devolução. Um direito virado ao avesso.
As pessoas mal informadas presumiam que as elites
fossem constituídas de indivíduos que tivessem o complexo de
Neoletria 52
superioridade exacerbado e que isso os levasse a sacrificar a ética
e os escrúpulos; os mal informados julgavam como sendo elitistas
aqueles egoístas e criminosos que não medissem ‘espertezas’ para
trair quem agia de boa fé; supunham como elites, pessoas que
caprichavam em inventar e demandar vantagens e privilégios
imerecidos, os ‘tipos’ que andavam no encalço do enriquecimento
por meio do crime para depois esnobar.
É conjeturável toda esta minha suspeita sobre as pessoas
mal informadas pelo modo como elas colocaram pejorativamente
as elites em substituição à burguesia no alvo do ódio irradiado das
pessoas equivocadas... Pensando bem a própria burguesia na
posição de infâmia foi uma malvadeza do marxismo, para
conseguir a tal luta de classes dos séculos XIX e XX, mas talvez
temendo a pouca eficácia de convencimento, estenderam a sanha
pejorativa às elites.
Até onde eu posso entender, elite é elite, bandido é
bandido; a confusão entre essas classes envenena a cultura.
Seja qual for o montante do tesouro de procedência ilícita,
nunca essa riqueza autorizaria prerrogativa de escol a quem quer
que a possua, nem o “amigo do rei” ou do ‘governador’ da
Rocinha, nem o invasor do latifúndio. O tesouro ilícito e o
dinheiro lavado têm peso negativo no valor de uma nação.
Portanto o grau de elitismo não é proporcional à fortuna
acumulada por alguém, quaisquer que sejam as suas relações de
apadrinhamento. Mas é idiotice arrolar toda a riqueza nacional
como ‘raiz de todos os males’. O dinheiro só é mau quando
produto de fraude e, ou quando é mal gasto.
Neoletria 53
O FRUTO DO MOTE
A meu ver a verdadeira elite é a parcela das pessoas de
qualquer classe social ou econômica que produz algo de melhor
em qualquer atividade, causando auto-estima na comunidade e o
orgulho da nação, uma espécie de heroísmo alcançado com
esforço, disciplina e altruísmo. Esta é a elite que eu defendo.
Foi muito infeliz a invenção do demagogo que condenou
as elites enquanto bajulava os eleitores mais humildes. As pessoas
que ele devia condenar poderiam responder por outros epítetos
como biltre, intrujão, colarinho sujo, predador da economia
popular, pelintra, sórdido, sorrelfa, vigarista, voraz, parasita,
sanguessuga, mensaleiro, traíra, etc., mas nunca elite.
Outro mote infeliz a ponto de prejudicar a pregação
marxista era o da demonização da ‘classe dominante’ enfatizada
como alvo dos ódios mesquinhos. O efeito desse mote foi
promover a confusão entre classe média do século XX e a
burguesia dos séculos XII a XIX, essa sim, uma classe que depois
de prestar relevantes serviços à civilização, na defesa dos direitos
dos vassalos ante a opressão exercida pelos suseranos, exagerou
na exploração dos operários da Revolução Industrial. Explorou e
humilhou o proletariado, mesmo porque naquele tempo a
escravidão ainda era ‘politicamente correta’, o rei era quase deus e
os nobres eram os seus apadrinhados, enquanto a vassalagem era
forçada à adoração e tratada como se fosse de animais domésticos.
O trabalho era evitado pelos nobres e esnobes, e por isso
considerado uma indignidade.
Daquela fantasia, de conceber a hierarquia da organização
empresarial como herdeira da dívida social contraída pela
‘execrável’ classe dominante medieval, daquela fantasia derivava
a descambação para anarquia, indisciplina, desorganização e
ruína.
Neoletria 54
O interesse em promover o ódio dos operários pela classe
média fintava-se no intuito de manter em atividade a ‘luta de
classes’ preconizada pelos marxistas. Se isso fosse um bem para o
Brasil, pelo menos “os fins justificariam os meios” com a intenção
de transformar o nosso país numa ‘ditadura da pobreza’, mas o
desfecho seria fácil adivinhar, comparando o que se poderia
esperar da Cuba de Fulgêncio Batista com o que resta por trás da
cortina de Fidel, algo assim.
O PAÍS
A democracia que temos, por enquanto está longe de ser
satisfatória, mas é a que podemos ter. Sou democrata convicto, e
torci pelo fim da ditadura, mas nunca deixei de considerar o
militarismo como mantenedor da segurança nacional nas relações
exteriores; guardador da soberania e integridade dos símbolos
nacionais e da Constituição Federal.
O nosso militarismo é uma respeitável força dissuasória
das ousadias de quem inveja a grandeza e cobiça as riquezas
brasileiras.
Desde 1889 que este país nunca deixou de ser o Brasil. Já
passou pela Monarquia, pela República Velha, pelo Estado Novo
da Ditadura Vargas, pela República Nova, pela Ditadura Militar,
pelo bipartidarismo e agora é uma república de multipartidarismo
onde se alternam livremente os esquerdistas e os opositores, que
se acham de esquerda também, pois não são aristocratas. Ainda é
o país do futuro, ainda não é o país dos meus sonhos, mas eu
sempre amei o Brasil.
A julgar pelas manifestações, creio que continuam
existindo grupos ‘revolucionários’ ou reacionários que desejam
destruir este país como se não fosse o nosso Brasil, como se eles
Neoletria 55
não se incluíssem na multidão de brasileiros. Muitos desses
desnaturados prosseguem supondo serem idealistas, no entanto
são apenas terroristas, baderneiros, desclassificados. A julgar
pelos seus atos, os seus chefes são manobrados por ‘controle
remoto’, de longe da pátria.
O esquerdismo poderia ser ótimo se fosse reciclado, se
fosse revisado e reprogramado. O mesmo deveria acontecer ao
direitismo radical.
Esta democracia para ser boa deve sofrer muita reforma:
reprimindo o clientelismo e peneirando institucionalmente os
candidatos a cargos eletivos. Enquanto verdadeiros criminosos
conseguem protelar os seus processos até a prescrição, seria
melhor se ficassem fora das disputas eleitorais sob o pretexto da
ficha suja. É necessário levar a sério a incriminação da compra de
votos. As pessoas que compram votos e os que se vendem são
traidores da democracia. Um traidor no poder não merece
confiança, porque não vacilará ante a tentação de cometer outros
crimes.
Benemerências e caridades são ações que dignificam as
pessoas altruístas, mas quando fica clara a intenção de tirar
proveito eleitoral com demagogia, a justiça eleitoral deve dispor
de instrumentos legais para impedir. De repente um vereador
poderia instituir uma ‘ong de benemerência’ e extorquir o erário
em proveito da sua própria perpetuação ‘nas tetas da Barrosa’.
ARRANJO NAS INSTITUIÇÕES
As empresas privadas, ou pessoas físicas, não devem
assumir serviços públicos por conta própria, competindo com os
órgãos competentes. Caso contrário, logo as ‘oposições’ se
imaginarão no direito de desfazer as obras públicas da ‘situação’
Neoletria 56
para depois acusa-la de não ter construído como se fosse por falta
de iniciativa. Se o governo se exime ou se é inábil, convém
admoestá-lo e incentivá-lo, ou esperar as próximas eleições para
as mudanças.
Em vez de destruir tudo o que achamos errado, podemos e
devemos consertar aquilo que estiver ao nosso alcance, mas sem
prejudicar o patrimônio público nem fazer concorrência com o
serviço social investido oficialmente.
Se o governo melhorasse os estímulos, os incentivos e os
fomentos e ‘enxugasse’ os desperdícios do Estado, simplificando
a burocracia, com transparência e fiscalização acompanhada em
livre acesso; se a Justiça desencorajasse os corruptos punindo as
ações de corrupção de qualquer autoria, então sobrariam recursos
para reduzir impostos e investir mais na infra-estrutura. O
crescimento econômico alcançaria os excluídos com dignidade.
O bom governo esquerdista não deve sonhar que é um
Robin Hood vitorioso para governar ‘a seu modo’, elevando os
impostos até açambarcar toda a mais-valia, a fim de sustentar a
população ‘carente’, transformando o trabalhador em dependente
indigente. Sem trabalho não há produção. No tempo dos patrícios
romanos a escravatura e o desfrute do erário sem necessidade da
contribuição causaram a decadência do Império. Carece de saber
fazer quem quiser saber mandar. É ilegítimo e contraproducente
conceder o privilégio a um grupo de ser sustentado por outro.
Todos nós que somos brasileiros ‘de verdade’ queremos
uma boa nação, mas para isso devemos ter esperança na
consolidação deste país do futuro, porque chegaremos nesse
futuro depois que as novas gerações entenderem o seguinte: - o
legítimo ‘jeitinho’ é a brasilidade solidária em que todos tenham o
que oferecer e ninguém a esmolar; quando os ‘otários’ e os
honestos se unirem contra os predadores da sociedade; quando
Neoletria 57
acabar a confusão entre cidadania e ‘burguesia’; quando
adquirirmos paciência, responsabilidade e solidariedade na
tentativa de encorajar a população a assumir os direitos e cumprir
com satisfação os deveres, a ocupar alegremente as suas funções,
então o sonho se tornará realidade. O futuro tão esperado será
atualidade.
RELIGIÃO
A religião cristã já nasceu diferente porque desde o início
vigorou a ideia da salvação e resgate dos pecadores pelo
arrependimento e abandono dos maus hábitos, um fator evolutivo.
Contudo o cristianismo pode ser mal entendido e mal aplicado se
houver perdão indiscriminado. Homem é incompetente para
decidir quem pode ser dispensado de um justo corretivo, mesmo
os que juram que ouvem a voz de Deus. Por via das dúvidas a
pena deve ser aplicada sempre que houver delito, principalmente
quando intencional. Não tanto para salvar a alma de quem talvez
já não a merece, mas para garantia de segurança social e para que
o mal tenha consequência adversa para dissuasão da maldade.
Uma atitude de preferência pela humildade e mansidão,
uma predileção pelos negligentes em detrimento dos esforçados é
incompatível com a evolução que resulta da seleção natural e da
adaptação ao meio ambiente como lei do aprimoramento das
espécies em conformidade com as condições de sobrevivência; lei
da ação e reação ou expectativa da consequência lógica, da
colheita do respectivo plantio. O problema não é com a mansidão
e humildade que estão na ‘banda boa’, a questão é a possibilidade
de incorrer em fraqueza de propósitos, a pusilanimidade que tende
a acompanhar na ‘banda podre’.
Talvez eu é que não compreendi a capacidade, que na
antiguidade os explorados tiveram, de adaptação às circunstâncias
Neoletria 58
incontornáveis como condição para permanecerem existindo, mas
como agora, durante a democracia republicana com os poderes:
Executivo, Legislativo e Judiciário, o ambiente já não é o mesmo,
não vejo motivo para que nós os descendentes dos vassalos
continuemos sem ambição e sem adaptação, mas com a farsa da
adoração de um lado e da arrogância do outro; com os falsos
líderes querendo subjugar os ‘liderados’ em vez de conseguir a
parceria e a legítima delegação, conseguir o entusiasmo e a
prosperidade dos ‘fracos e oprimidos’.
Em longo prazo a natureza se encarrega da escolha entre o
que preservar ou descartar, o que perdoar ou condenar, o que
desanimar ou amparar e incentivar, inclusive no âmbito da espécie
humana, porque afinal nós também somos naturais.
Depois de descontados os deveres familiares, a caridade é
louvável, mas sem bajulação, sem demagogia hipócrita.
Sobretudo os desvalidos não devem confundir socorro
emergencial com dependência, nem caridade com amizade ou
aprovação.
Ao fracassado primeiro o socorro, entretanto antes de
ajudá-lo a erguer-se é preciso que ele queira se levantar, ele deve
descobrir que, ao contrário da cobiça gananciosa, a ambição não é
pecado.
O bom altruísmo não é repartir tudo com quem nada tem,
mas sim instruir e encorajar para que todos tenham o que for
necessário. O objetivo da caridade não é cativar a submissão dos
necessitados e nem a compra de amizade fingida. A melhor
caridade procura auxiliar o dependente a se independer.
Neoletria 59
O GRANDE GEÔMETRA
Percebemos vestígios do Ser Supremo ao saber que o
terceiro planeta do sistema solar é um globo cujas condições de
clima, gravidade e composição química são favoráveis à vida;
cujo diâmetro equatorial mede 12.756 km e o diâmetro polar
12.713 km. Entre os paralelos trinta graus, Norte e Sul o diâmetro
inclinado mede 12.720 km (e 196 m). A Pirâmide de Keóps
(Khufu) foi edificada sobre o paralelo 30 graus N em Gizeh, onde
o diâmetro terrestre expressa o mesmo número da raiz quadrada
de Phi (a única diferença está na posição da vírgula, mas se a
grandeza é expressa em metros, quilômetros ou se chega na
dezena de milhares de quilômetros, o efeito ressonância é o
mesmo).
A Grande Pirâmide apresenta quatro faces triangulares, o
ápice no alto é ponto de convergência comum às faces, base
quadrada e alinhada em coincidência com o meridiano. Antes de
ser vandalizada, cada triângulo facial media 232,297 m de base e
187,932 m de apótema (distância entre o vértice superior e o
centro da base do triângulo facial).
A divisão do apótema da face triangular pela altura da
pirâmide, que é 147,743 m resulta 1,2720196. O quadrado deste
número é o famoso Phi, ou seja, 1,6180339..., Número de ouro
das proporções encontrado pela Série Fibonacci, bem como pela
raiz quadrada de 5, mais 1 (somado com a referida raiz), dividindo
o resultado por 2.
A metade de 1,2720196 m é 0,6360098 m que é o
comprimento do côvado piramidal, o qual multiplicado pelo
número de dias do ano (365,2424) resulta em 232,297 m, ou seja,
o lado da base da Pirâmide.
Neoletria 60
É notável que 0,6360098 m é medida ressonante com a
energia terrestre porque se o globo terrestre fosse uma esfera,
provavelmente o raio seria 6.360.098 m.
A meu ver a Terra e a Grande Pirâmide são obras
projetadas sob o mesmo raciocínio. Estes dados eu divulgo para
que não se duvide da existência do Criador.
Sabendo-se que a Terra existe há bilhões de anos, não seria
necessário duvidar da eternidade do Grande Geômetra.
Quanto às religiões, devo respeitar a todas, enquanto não
souber qual é a verdadeira.
Neoletria 61
III – GRANDES EQUÍVOCOS
DAVA VONTADE DE SOCORRER
Os grandes equívocos do cotidiano atestavam a exiguidade
da ‘inteligência nacional’. Fica um tanto chocante generalizar essa
exiguidade, mas torna-se necessário entender que será pela
compostura, pela conduta, e por seus efeitos, seus resultados que
posso avaliar a inteligência social. Em cérebro desorganizado
alguns neurônios sadios ajudam e outros descartáveis estorvam o
ente humano. Mesmo em país medíocre existe ciência, arte,
religião, escolas, segurança, comércio, indústria, transportes,
comunicações, além disso, são encontrados os cidadãos leais, os
heróis, mas também os canalhas traidores, os mesquinhos
vigaristas, punguistas, assaltantes; em compensação encontram-se
humanos caridosos, generosos e compadecidos. Existem loucos
que são consumidores de droga, incapazes de perceber a diferença
entre caridade e violência.
Em país medíocre tem filósofos e ignaros; apáticos,
entusiastas e até fanáticos, em questões, ações, manifestações e
movimentos mal compreendidos. É terrível a situação quando a
ralé toma conta do poder.
Neoletria 62
Uma nação pode ter inteligência social desenvolvida ou
atrasada em função da dosagem dos seus agentes influenciadores
na qualidade da ‘massa’.
- Um exemplo gritante de descalabro era a comercialização
do álcool combustível brasileiro. O canavial, a usina e a destilaria
produziam o combustível pronto para consumo em determinada
região onde o preço na bomba incluía frete de três mil
quilômetros, como se fosse necessário ou burocraticamente
obrigado a fazer esse passeio de ida e volta até a base
distribuidora de Paulínia – SP, antes da colocação do combustível
nos postos de abastecimento da região produtora e consumidora.
- Era previsível o perigo de a febre aftosa acometer o
rebanho bovino e o consequente prejuízo de bilhões para a nossa
macroeconomia, desde que começou a contingência das despesas
necessárias, pela intenção de fazer sobrar dinheiro no erário. A
exiguidade do dispêndio da fiscalização sanitária brasileira nunca
deveria ter chegado ao faz-de-conta que chegou; deveria ser
equivalente à européia: sem tréguas. Na época o governo fazia
cortes nas despesas orçamentárias para suprir um fundo de
contenção da dívida externa e incrementar o ‘fome zero’. A aftosa
teria sido evitada se os cortes fossem um pouquinho menos
profundos nas despesas essenciais, mas o serviço que já não ia
bem por falta de recursos ficava inviável pela nova redução.
Talvez os programas de menor fachada ou maior pusilanimidade
aceitassem os cortes fatais nas verbas, perpetrados pelo Ministério
da Fazenda ou do Planejamento, sem chiar.
Aqui temos duas hipóteses assombrosas: a) os funcionários
subalternos são relapsos e não questionam ordens idiotas porque
são estúpidos; b) no serviço público ainda existem barreiras de
vaidades intransponíveis que proíbem qualquer palpite de baixo
para cima na escala hierárquica.
Neoletria 63
- Outro exemplo de gerência esdrúxula seria a do
congelamento dos proventos dos médicos que atendiam pelo
sistema brasileiro de saúde pública. Num primeiro momento
parecia boa medida econômica, mas graças ao desestímulo
remuneratório, o atendimento foi se degradando; esperas mensais,
filas madrugadoras, rapidez nas entrevistas médicas, etc. Quem
inventou o congelamento não estava mais ali para os
ajustamentos; quem estava não se sentia autorizado a remendar o
furo.
Seriam muitos exemplos, mas o que importa é evidenciar a
necessidade de um tratamento científico nos parâmetros e suportes
da intelectualidade pública.
PERCEPÇÃO EMBRUTECIDA
As barbaridades podiam se tornar artigo de consumo, mas
se escandalizassem talvez fossem barradas pelo rumor do povo.
As extravagâncias podiam começar singelamente como atitudes
inofensivas ou engraçadas e se tornarem habituais, então a sua
prática podia ser incrementada e seguia sem contestação até ser
aceita deixando de escandalizar. Fatos absurdos aconteciam na
frente dos nossos olhos, mas tudo parecia normal.
O sentimento que os desatinos políticos e administrativos
nos causavam era uma vontade de socorrer oferecendo
arrazoamentos, sugestões e exercícios intelectuais que
desenvolvessem a inteligência e aprimorassem a ética popular
para promover a qualidade da nossa democracia. Não era orgulho
elitista de quem se sente superior, era vergonha e culpa por ver o
estado calamitoso do seu meio social. Se a população ganhasse
racionalidade poderíamos evitar grandes desatinos e desperdícios.
Entretanto apenas alguns aficionados da leitura percebiam as
nossas inquietações. Era preciso alertar a sociedade brasileira.
Neoletria 64
Os abusos e estroinices cometidos de propósito para
beneficiar algum agente do serviço público de qualquer escalão, e
que não se enquadravam no rol das inaptidões, incapacidades ou
desatinos, certamente eram dolosos e deviam ser combatidos
criminalmente. Mas se a sociedade conhecia as extravagâncias e
as aceitava, dava lamentável demonstração de tolerância para com
as aberrações ou pelo menos carência de bom senso e ausência de
ética. Democracia casca-grossa.
O escrutínio soberano sempre deverá ser respeitado, mas
podemos melhorar a democracia começando pela qualidade da
educação e terminando pela incrementação da cultura. A
qualidade de uma democracia depende da sabedoria popular.
É pelas manifestações da intelectualidade humana que se
infere a sua potencialidade; pelos frutos se conhece a árvore. O
ato de se expressar é exercício intelectual e, dependendo de
atitude conveniente, desenvolve os padrões e as matrizes do
pensamento, mas isso funciona dentro dos limites impostos pela
‘configuração’ dos meios ou recursos intelectuais disponíveis e
empregados.
O principal meio de exercício intelectual é a linguagem
nos seus modos de expressão. Para que a humanidade se mantenha
no caminho da evolução mental é indispensável começar pelo
aperfeiçoamento dos meios empregados na expressão da
linguagem.
CULTURA DESORIENTADA
Parecia uma fatalidade que o Brasil fosse por tanto tempo
um país atrasado do ‘terceiro mundo’, considerando que tínhamos
as melhores condições físicas para a prosperidade, porém agora
Neoletria 65
sabemos que essa situação não era gratuita, ela tinha os seus
motivos.
As nossas multidões não se empolgavam com as ciências,
com a tecnologia e com as artes, mas apenas com uma modalidade
de esporte e com as chanchadas, ficando a apreciação das artes e
das ciências apenas para uma elite incipiente, ignominiada e
tachada de esnobe.
Enquanto no Brasil de outrora apenas as trivialidades
tinham vez, outros povos que hoje estão mais desenvolvidos, já
faziam melhor escolha das suas expectativas desde então; eles
envaideciam-se pela excelência de suas universidades, seus
pesquisadores, seus verdadeiros artistas. Os povos progressistas
procuravam melhor conhecimento das suas próprias qualidades
como motivo de auto-afirmação; não acreditavam que o orgulho
fosse pecado e não tinham ‘medo de serem felizes’. Em vez de
cair na deprimente inveja, ‘iam à luta’ e conquistavam lugar de
honra pela excelência dos seus desempenhos.
No Brasil do século XX o esquerdismo foi fortemente
doutrinado pelo sonho ‘celestial’ da igualdade social, da
desapropriação e distribuição das riquezas, culminando com o
sofisma de que no anarquismo ou no socialismo o governo seria
mais justo do que na república. Ora! Em meios acadêmicos de
intelectualidade mais coerente seria fácil perceber que a anarquia
ou ausência de governo seria o retorno a um primitivismo anterior
ao governo patriarcal e ao tribal. O anarquismo só seria possível
enquanto os humanos não se agrupassem em aldeias ou malocas.
Até entre os componentes de uma horda de coletores nômades a
falta do ‘macho alfa’ acarretaria sério risco de discórdia e
esfacelamento do grupo, mas seguiriam em paz se uma liderança
masculina ou feminina se impusesse.
Neoletria 66
Em qualquer coletividade de animais mamíferos, aves,
insetos e até humanos existem funções, atribuições, prerrogativas
e obrigações, sob supervisão de chefia. Se não houvesse
hierarquia nem responsabilidade, não haveria comunidade.
Não havendo quem mande, quem obedeça, quem organize,
quem preste conta, quem confira, não haverá sustentação para as
atividades humanas. Sem essa distribuição de incumbências e
especializações, sem essa organização, sem esses predicados, não
poderia haver nem início - evolução então?
A ‘ditadura do proletariado’ preconizada pelo socialismo,
seria agora a revanche por um resquício quase fossilizado, uma
simples vingança para acalmar o sofrimento moral dos oprimidos
pela aristocracia, e para despachar os chefes mais abusados e
outros desafetos para ‘os quintos da Sibéria’. Mas infelizmente
onde todos mandam e ninguém obedece não existe ordem nem
organização, nem comando, nem execução. Por isso o
‘socialismo’ funcionou de fato na forma de ditadura em que um
déspota representava o partido político único. Mas, em nome do
proletariado, calava a boca de quem se atrevesse a dar palpite.
O MOTOR DA EVOLUÇÃO SOCIAL
Inicialmente os reis tentaram até a legitimação mediante a
trapaça de que eram ungidos ou divinos; vieram os tiranos,
imperadores, ditadores, cada qual com os seus séquitos áulicos de
privilegiados; surgiram as nobrezas e os feudos, castas,
escravidão, até que os burgueses relativizaram a soberania da
nobreza e estabeleceram o respeito ao cidadão, mas a classe braçal
continuou inferiorizada, porque as leis trabalhistas ainda eram
atrasadas. Uma revolução revanchista tentou ‘virar a mesa’ e
inverter tudo; os patrões viravam proletários e os braçais
ditadores, mas por falta de experiência no alvitramento entre a
Neoletria 67
ditadura do proletariado algum fanático tomava o lugar. Hoje
existe o sistema republicano em fase infantil, necessitando
depurativos para amadurecer.
Os meios acadêmicos brasileiros demoraram a
compreender que a ‘ditadura do proletariado’ foi uma bandeira de
reação para sublevar o complexo de privilégios imperiais e
clericais; foi apenas um ‘balão de ensaio’, uma ‘tábua de
salvação’; ainda não era terra firme. Um oportunista percebeu que
estava no momento histórico para ser o ‘profeta’ do grande
motim, mas não atinou para o fato de que a perpetuação do seu
nome teria um custo social irreparável.
A ‘ditadura do proletariado’ passou pouco além de uma
sedução demagógica, por ser compromisso irrealizável, mas
aquelas pessoas menos preparadas almejavam mesmo era a
subversão. Aspiravam a indenização por danos morais causados
pela própria inveja da prosperidade de uns poucos em contraste
com o marasmo da maioria, contrariando a expectativa de
igualdade social. Uma atitude drástica por parte de quem não
entendia que assim a sociedade se precipitaria na ruína, resultando
apenas a miséria como ‘igualdade’.
Pelo sistema anárquico de desgoverno, é perigoso confiar
na competência do povo para dirigir o próprio destino. Sem
regência, sem liderança o esfacelamento do grupo seria fatal.
Mesmo impondo nova regência por substituição, seria
estultice trocar um governo legítimo e competente por um déspota
rancoroso.
Antes que a juventude consiga se situar na civilização e
entender a cidadania, freqüentemente desenvolve uma atitude ou
apenas um desejo de fazer revolução ou até ser terrorista para
fazer fama, talvez para concertar o mundo, quiçá para adequá-lo
ao seu estilo ou modo de compreender. Para começar, uma boa
Neoletria 68
organização é trabalho para mais de uma geração. Em seguida,
não se troca seis por meia dúzia e para comparar aquilo que se
insere com aquilo que se deleta é necessário pleno conhecimento
de ambas as partes.
Acredito que muita gente tinha esperança de que o Estado
extinguiria o direito de propriedade privada; assumiria todos os
bens e os dividiria igualmente entre trabalhadores e vagabundos.
Sem direito de propriedade ninguém produziria, mas todos
poderiam servir-se gratuitamente do que encontrassem, até o fim,
até o esgotamento da despensa. Então se realizaria o tão almejado
trio: “liberdade, igualdade e fraternidade”. Liberdade para os
semiescravos vassalos do feudalismo que então seriam escravos
apenas da ‘ditadura social’. Igualdade, porque depois que os ricos
‘renunciassem’ aos seus bens, ficariam sem nada tal como os
outros. Fraternidade porque quando ninguém mais tivesse motivos
para disputar tesouros restaria um congraçamento de consolo geral
e nada a invejar. Enfim, uma sociedade ‘equilibrada’ sem perigo
de cair por já estar deitada.
Ao que parece, no século XX ainda não existia a noção de
que a desigualdade social, além de condição natural para a
evolução, era também um desequilíbrio que tinha a finalidade de
impelir o esforço na direção do trabalho e da sobrevivência.
Enquanto houver imperfeição haverá evolução; enquanto
houver alteração ambiental e circunstancial, das condições
materiais e culturais, haverá ‘adaptação das espécies’, porquanto
cultura milenar, irretocável é cultura fossilizada. É importante
manter a capacidade de adaptação e crítica para sustentar a
inteligência equivalente à de quem forjou os costumes, as
pajelanças, as cerimônias e os rituais.
Neoletria 69
HUMILDADE CONTRASTA COM GLÓRIA
A pregação da ‘ditadura do proletariado’ despertou a
esperança de que a ‘revolução’ açambarcaria os latifúndios para
distribuí-los aos sem-terra, como se isso redimisse da pobreza os
carentes de terra e de vocação para a agricultura. Confiscaria as
grandes empresas, talvez para aquinhoar suas ações (cotas) entre
os operários, ou talvez para transformá-las em patrimônio do
Estado, porque assim nem precisaria cobrar impostos, já que o
lucro bruto seria todo da Fazenda. De qualquer modo os ‘vassalos’
dessa nova ditadura ficariam todos iguais - na pindaíba - e os
meios de produção acéfalos. Contudo o sofisma esperançou
oportunidade quimérica e motivou uma grande cobiça.
Rapidamente prosperou o opróbrio aos ricos, talvez como
condicionamento psíquico a fim de legitimar as invasões e os
saques.
Propagou-se a tese de que todas as fortunas eram
ilegítimas ou produto de desonestidade. Então começou um ódio
às elites possibilitando a crença paradoxal de que tudo o que é
melhor é odioso; avolumando um consenso de preferir
equiparação pela casta inferior. Até professor universitário andava
mal vestido quase como mendigo (belíssima prova de ‘amor ao
próximo’!) tentando demonstrar que ‘vestia a camisa’ do
populismo. Parecia necessário chegar a tanto para ficar longe e
salvo de ser comparado com algum esnobe.
O enfoque na estultícia do esnobismo redundou em repulsa
não só aos esnobes. Cresceu uma inveja velada que motivou
aversão à magnificência, desacato às autoridades, desrespeito aos
pais e mestres e, por conseguinte, a escalada da violência. Era
fácil perceber a descida da ladeira, com a direção desgovernada e
de freio queimado. Chegamos `a planície, mas precisamos ajuntar
os cacos, refazer a nave (paradigma cultural) e reiniciar a subida.
Neoletria 70
É possível que o achincalhe às elites tenha gerado um
preconceito discriminatório a tudo o que pareça grandiosidade;
repúdio ao lucro como objetivo, e uma atração ‘romântica’ senão
demagógica ou exibicionista pela vida simples e despojada. Seria
interessante, se essa simplicidade não viesse acompanhada do
sofrimento das privações de conforto, da precariedade em saúde e
cultura.
O ideário populista parecia discriminar a sociedade
intelectual pelo ranço que restava contra as elites, mesmo quando
ninguém podia negar que sem os mais aptos não haveria avanço.
Evidentemente eram as partes mais desenvolvidas da sociedade
que abriam os caminhos do progresso, enquanto as retrógradas até
faziam oposição.
É admissível supor que a humildade generalizada e o
repúdio ao progresso surgiram como consequências de cultura
religiosa, pela equivocada suposição de que quanto mais
pobrezinha fosse a humanidade, mais ficaria realçada a glória de
Deus, mas se por acaso as pretensões humanas fossem liberadas,
algum afoito poderia crescer e empanar um pouco, como se Ele
fosse um ‘cara’ vaidoso com o qual você estivesse sujeito a se
confrontar na escola, na igreja, na prefeitura, no trabalho; como se
a glória de Deus fosse equivalente à do ‘rei’ e dependesse de
algum contraste entre o rei de cem bilhões de galáxias e qualquer
habitante deste planeta que não passa de um trilhonésimo de uma
delas.
Se fosse correto odiar as elites, ainda que por inveja, então
a ocupação com este ou qualquer outro assunto seria tempo
perdido, mas ainda há esperança na reabilitação do bom senso
geral, porque da capacidade intelectual de boa parcela da
sociedade, não tenho dúvida.
Neoletria 71
TRÂNSITO
Ao educar o cidadão para melhorar a segurança no
trânsito, a ideia que parecia mais correta era a de responsabilizar
apenas os condutores de veículos, isentando os pedestres de
responsabilidade, quiçá pela lentidão da sua mobilidade, sendo
mais expostos os seus corpos ao perigo. Assim surgiu a ideia de
que é de boa educação o uso da faixa do pedestre nos cruzamentos
das avenidas. Até aí, tudo bem, mas depois os motoristas foram
advertidos de que o pedestre tem o direito de pisar na ‘faixa’
quando quiser e o motorista é obrigado a parar e esperar a
travessia.
Sem dúvida qualquer motorista tentará até o impossível
para evitar atropelamento, mas existe probabilidade de que isso
seja insuficiente. Enquanto um pedestre em sua velocidade
consegue parar a menos de um metro após a intenção, um veículo
motorizado depende de maior distância. Isso não se muda ‘nem
por decreto’, nem pela intenção.
Quando o tráfego é baixo, na rodovia, se uma marreca
atravessar acompanhada de numerosa prole, qualquer pessoa terá
o respeito e o encanto de reduzir a marcha e desviar ou esperar,
mas numa avenida movimentada é diferente, embora os
personagens sejam milhões de vezes mais importantes, o perigo
também é maior.
Se chegasse só até o conhecimento dos motoristas a
recomendação de sempre aguardar o desfile do transeunte, a
recomendação dessa preferência funcionaria como precaução de
acidentes, mas se os pedestres quiserem cobrar essa ‘prerrogativa’
despreocupadamente, o perigo de atropelamento aumenta e o de
perturbação também, porque os transeuntes podem querer os
direitos em qualquer lugar, mas existem muitos pontos onde o
motorista sabe que se quiser parar repentinamente sem observar a
Neoletria 72
movimentação, a colisão com outros veículos poderá ser
inevitável.
Como resultado de uma advertência que só interessaria aos
motoristas, quiçá os pedestres estejam sujeitos ao atropelamento
até na sua faixa; talvez eles não saibam que além das leis de
trânsito existem as irrevogáveis leis da física. Eles foram
encorajados a supor que isso de estar atento, respeitoso, e de
esperar a vez é obrigação exclusiva dos ‘elitizados’ condutores de
veículos. Para alcançar um fluxo harmonioso no trânsito são
necessárias interrupções alternadas nos movimentos transversais.
Lei física como, por exemplo: relações entre massa e força
necessária para atingir determinada velocidade; aceleração e
desaceleração, distância percorrida desde o acionamento do freio
até a parada, etc., deve ter preferência sobre lei social, por ser
impossível revogar, ainda que com isso o legislador fique mal
visto por alguns eleitores refratários à ciência.
Melhor seria se fossemos todos considerados apenas
cidadãos, com direitos e obrigações, sem privilégios dos
‘oprimidos’ sobre os ‘opressores’ ou vice-versa.
As minhas sugestões são: mais vagas de estacionamento
barato, porque muitíssimos veículos estão percorrendo as avenidas
procurando vaga; semáforos alternados, um cruzamento sim e
outro não, assim o pedestre andaria o máximo de cem metros para
alcançar a faixa do pedestre onde os veículos param em tempo
programado; rotatória apenas quando indispensável em fluxo
menor; passarelas para pedestres onde for admitido trânsito de
maior velocidade; encaminhamento progressivo de projetos para
maior uso do transporte coletivo, para que o transporte individual
não atravanque os logradouros, calçamento adequado nos
‘passeios’ (calçadas) para maior comodidade e evitar os tropeços
dos pedestres.
Neoletria 73
Nas cidades grandes, as boas alternativas para diminuir o
conflito entre transporte coletivo, veículos individuais, e pedestres
em trânsito de avenida movimentada são: a construção de
passarelas, viadutos, corredores de ônibus, linhas de metrô,
heliportos. Agora é bobagem querer reprimir a marcha e o
trânsito; enquanto as cidades crescerem o transporte coletivo e
particular vão só incrementar o movimento.
Neoletria 74
IV – DESTEMPERO
DESACULTURAÇÃO
A difamação das elites seguia um preconceito proletário
para fazer oposição ao capitalismo, mas como efeito colateral,
despertava nos seus adeptos um modo de pensar que arruinava o
interesse de milhões de brasileiros pela produtividade e pelo lucro;
muitos dos quais abarrotaram os presídios e outros se misturaram
nos acampamentos dos sem terra e dos sem-teto; alguns
manifestaram as suas verdadeiras intenções ao depredar os
patrimônios públicos e privados. Teve até invasão e quebraquebra na casa de leis da República. Ao que parece, foi tudo sob o
beneplácito governamental, porque o grupo baderneiro era
subsidiado e orientado, como se as manifestações fossem de
civismo, de potenciais eleitores. Com certeza foram ‘tiros nos
próprios pés’.
Como caolho o escorpião confundia o seu próprio dorso
com as baratas.
Adeptos dos preconceitos eram seduzidos pelo equívoco
de estarem forçando o socialismo na Terra, mas sem perceber a
implacável existência de leis irrevogáveis de causa e
consequência, quais sejam: apenas ganhar terra não mitiga a fome,
é preciso plantar para depois colher; sem poupança não há
Neoletria 75
finanças; não existiria produto se não houvesse quem o
produzisse, com os respectivos trabalho e tecnologia; não há
excesso de recursos, porquanto o que for mal gasto faltará para as
necessidades; se alguém consumir mais do que produziu,
possivelmente estará parasitando a comunidade; ser proprietário
não basta, é necessário trabalhar; vender sem lucro é o caminho da
extinção do comércio; é melhor produzir do que invejar e
atrapalhar quem produz; recurso esbanjado em ‘cortesia’ deixará
de atender necessidades prementes. Estas afirmações deviam ser
observadas por todos os patrícios, inclusive os índios ainda que os
cientistas sociais tentassem convencer-nos de que a lógica dos
‘selvagens’ seria diferente da nossa, como se para eles, a soma de
dois mais dois pudesse ser igual a cinco ou três. Biologicamente
nos e os nossos índios somos todos igualmente humanos, mas
alguns cientistas supõem que os nossos autóctones ainda sejam os
mesmos selvagens encontrados em 1500, como se índio não fosse
brasileiro e estivesse sob regência e vigência de estranha
legislação desumana e desnaturada.
Com todo o respeito que devo aos antropólogos e a outros
cientistas e ‘missionários’; em que pese a ingenuidade de quem
faz a alegria das ONGs a serviço dos que ainda veem o Brasil
como colônia; a despeito de qualquer grupo que porventura
defenda a proibição de acesso dos índios à nossa cultura, por
achar que eles sejam de outra espécie, ou como estratégia para
perpetuar vantagens. Acreditar na boa intenção de certos
‘cientistas’ não é suficiente para disfarçar a repulsa diante da
estultice que as atitudes encerram.
MARIONETES
Pareciam subumanos, os caiapós, aqueles que foram
encorajados por ‘missionários’ a fazer o ‘ritual do facão’ para
Neoletria 76
constranger os construtores da hidroelétrica de Belo Monte, no
Rio Xingu, em vinte de maio de dois mil e oito. Parecia um bando
de chacais acuando o Eng. Paulo Fernando Rezende sob o olhar
complacente de uma fantochada de ‘ilustres’ hipócritas
organizadores do ‘espetáculo’ de linchamento. Uma situação
comparável à dos bandidos que recrutam menores. Tamanho
descalabro atesta os cuidados de quem quer impedir que algumas
áreas brasileiras sejam ocupadas pelo Brasil, supondo que os
indígenas brasileiros sejam estrangeiros. Por coincidência são
dioceses de ‘missionários’, de jurisdição alienígena, - não são?
Não importa, mas fica a dúvida: como pode o governo permitir
tamanha afronta à soberania nacional perpetrada por organizações
que deveriam ficar proscritas, já que organizam movimentos entre
os ingênuos para desagregar a Nação?
Nas aldeias do Mato Grosso do Sul não existe mais o
ambiente para as pessoas brincarem de selvageria vigente na préhistória, Nessa região já não existe a continuidade de selva
suficiente para a caça predatória, e nem para o gasto; abater
animal silvestre é crime. Aqui devemos participar da produção
mundial de alimentos sem desperdícios. A vadiagem ficou na
saudade; agora é tempo de indústria e agro-pecuária. Algumas
aldeias já são cidades. Alguns índios pioneiros já são doutores,
outros se candidatam às vagas republicanas, muitos conseguem
emprego civilizado. Ainda falta o governo apoiar a integração dos
interessados, sem descuidar pela subsistência dos outros. O
‘direito à cesta básica’ e a ‘conveniente’ tutela não deveriam ser
empecilhos ao desenvolvimento intelectual e profissional dos
autóctones.
Os mamulengueiros de além fronteira devem estar
preocupados com a escalada brasileira como ‘potência’ do
biocombustível, e logo um grande produtor de petróleo. Por isso
mechem ‘suas cordinhas’ para que a Funai usurpe o mais que
Neoletria 77
conseguir das terras produtivas brasileiras, com a desculpa de
‘devolução’ para os índios e seus ‘agregados’. Eles parecem
apegados ao propósito de empurrar para os brasileiros o dever de
auto-extermínio em prol da ‘preservação ambiental’. Depois só
falta a ONU inventar que terra de índio é patrimônio mundial e
liberar à exploração dos ‘missionários’ colonizadores. Cabe uma
pergunta, - países de ‘primeiro mundo’ demarcariam a terça parte
de suas áreas de produção de alimentos para ‘devolver’ aos
‘silvícolas’ internacionais, sem cadastramento?
Talvez os humanistas imbuídos das ciências sociais
quisessem entender o destino da humanidade e então prestar ajuda
na correção da saga e do rumo, mas sem vislumbrar precisamente
o horizonte da civilização. O meu ponto de vista não seria tão
acadêmico, mas eu me incumbi de apresentar as minhas opiniões e
conjeturas na expectativa de que elas fossem incluídas na
discussão como afluentes do consenso. Se fossem enjeitadas, pelo
menos estaria de consciência leve sem o pecado da omissão e
cônscio de estar cumprindo o dever de cidadão enquanto
equacionava problemas, demonstrava as suas potencialidades
perniciosas e teorizava soluções. Parecia uma meta satisfatória
para evitar a desaculturação de índios e de ‘brancos’.
INTERESSE
A inteligência parece uma entidade subjetiva com
existência autônoma, disseminada nas mais estranhas etnias,
muitas vezes latente e quase imperceptível. Para desabrochar
objetivamente é necessário que os meios empregados na
elaboração intelectual sejam de boa qualidade, mas também
depende da receptividade do ambiente social a que essa
elaboração se destine para que possa exercitar as suas funções e
desenvolver-se.
Neoletria 78
Sem demanda não há produção e sem produzir não há
aprimoramento do produto, porque o exercício aperfeiçoa a
função.
Durante o uso e por necessidade, algum instrumento ou
apetrecho, instituto ou costume vai se ajustando ao funcionamento
para o qual foi destinado, em conformidade com a variação,
adaptação ou aperfeiçoamento da finalidade.
Pelo ajuste do instrumento, melhora a sua produção; ao
produzir, regulariza-se o procedimento de uso.
O temperamento individual e o respectivo comportamento
vão se adequando ao ofício escolhido, porém isso só ocorre na
prática e propositalmente enquanto o profissional exerce o ofício.
O aprendizado teórico não é suficiente nesses atributos pessoais.
Intenção e treino prático são indispensáveis.
As proposições acima se aplicam tanto à fabricação de
ferramentas, bens de consumo, utensílios e alimentos, como ao
comércio, à elaboração de discursos, recomendações, normas,
filosofia, poesia. Mas os humanos começam a empedernir a sua
evolução quando se extingue o direito e o dever de escolher o
objetivo e melhorar as metas, discutir e polemizar.
Interrompemos a ‘viagem’ e caímos na margem quando
nos alienamos ou nos desinteressamos pela cidadania ao
descambarmos para a desorganização da anarquia ou para a
ditadura do proletariado em que um tirano dirige até os desejos, as
consciências de necessidades e o conceito de certo ou errado.
Suspendemos o nosso progresso quando acaba a
curiosidade e o gosto pela crítica, ou quando isso fica proibido.
Quem percorre a vida de adulto forçado por racionamentos
de todo tipo, violentado em sua autonomia pelo excesso de
exação, regulagem nacional, burocrática; quando fica restrito o
livre arbítrio ao mínimo, ainda que receba a ‘cesta básica’, o
Neoletria 79
‘cidadão’ perde a espontaneidade, a criatividade e a dignidade e
ganha dependência. Então, se o governo parece patriarcal e toma
todas as iniciativas, até a maturidade das pessoas parece
desnecessária e a inteligência tende a se recolher em hibernação;
assim como os lobos que se tornaram cães, com o atrofiamento
cerebral ao aceitarem pacificamente o monitoramento humano.
Se um país envereda pelo caminho do despotismo, o seu
povo fica sem liberdade de expressão e opinião. Então sucumbe
facilmente na estagnação cultural e tecnológica. O seu
desenvolvimento perde autonomia e fica inviabilizado se não tiver
atratividade aos investimentos estrangeiros, mas se a ênfase for
essa, então se arrisca a assumir característica aproximada de
colônia com prejuízo de cidadania, e dessa forma se torna presa
fácil dos grandes e dissimulados piratas. Existem muitos ‘países’
como Burkina Fasso, Somália, Tanzânia, Mali que são assim:
exibem uma miséria de renda per capita, e mesmo assim, a grande
maioria dos habitantes vive na absoluta miséria, porque a
‘produção nacional’ pertence a algumas famílias de estrangeiros;
povos alienados e sem renda, com expectativa de vida em torno de
35 anos, mas não sabem se ganharão comida amanhã.
No interior do Brasil temos ‘nações indígenas’ na fila
querendo ser independentes da nossa cidadania e dependentes no
resto. Não sabem que, em se tratando de territórios ou ‘nações’, os
filhotes emancipados prematuramente são ‘presas’ fáceis dos
predadores.
LUCRO OU EXTORSÃO
Não se pode ser cordeiro na terra dos lobos. Contudo, é
impossível acompanhar a matilha no desvario.
Neoletria 80
Neste mundo competitivo, supõe-se que não tem
‘competência’ quem não compete; assim é necessário que sejam
criadas condições para mudanças de paradigma, mudanças dos
padrões, dos desejos e das expectativas, buscando acalmar as
contendas para que marchemos na direção da cooperação e da
produtividade, deixando no esquecimento a inveja e o boicote.
A civilização, a inteligência, a ciência, as tecnologias da
humanidade e a arte de cada pessoa são partes de um todo que
vem se consolidando através das eras com a participação de
centenas de gênios e milhares de pessoas comuns, de detalhe em
detalhe. É manifestação evolutiva das atividades humanas para
benefício de toda a humanidade integrada na globalização. Não é
justo que alguns egoístas se apossem da melhor parte dos tesouros
tecnológicos e deles façam base de cálculo para chantagear ou
extorquir os desprevenidos, que geralmente são desprovidos.
É claro que não me refiro ao legítimo poder público
democrático, constituído para manter a ordem e prosperidade
social, e nem às empresas capitalistas que trabalharam e
investiram em técnicas e por isso são responsáveis pela produção
de mercadorias, bens e serviços explorados com fins lucrativos
sem exagero (para garantir a continuidade dos investimentos em
pesquisa tecnológica e produção de bens), buscando o devido
retorno aos investimentos e gerando a diversidade de atendimento
às necessidades de toda a sociedade, mediante conveniência e
satisfação de produtores, distribuidores e consumidores, sobrando
um ‘pouco’ para o sustento da organização, coordenação e
harmonia que devem ser desempenhados pelo governo.
Faço referência aos egoístas que enterram os seus talentos,
guardando seus segredos para que ninguém os aproveite. Refirome também aos indivíduos ou às quadrilhas de um tal de
‘capitalismo selvagem’ que se apossam indevidamente de uma
tecnologia com o objetivo de espoliar a humanidade a preço de
Neoletria 81
vida ou morte. Faço menção daqueles que frustram as intenções
do cientista ou inventor ao carrear para a guerra aquilo que
deveria melhorar a paz. Menciono ainda aqueles que roubam
propriedade sobre segredos industriais e vendem ou exploram,
sem licença nem pagamento aos legítimos proprietários pelos seus
direitos gerados em exaustivas pesquisas.
Todo o ‘trabalho’, todo o planejamento desenvolvido com
a finalidade de produzir algo, como se fosse de primeira
necessidade, mas que a verdadeira intenção seja de extorquir
alguém ou a sociedade, conquanto alguns até produzem o que não
se configura como utilidade, mas sim como ameaça visando
extorsão ou terrorismo; toda esperteza assim deve ter a merecida
punição.
O castigo daquele traidor que recebeu voto de confiança
para defender os interesses da comunidade, mas preferiu o conluio
dos ladrões engravatados, deve ter acréscimo de cinquenta por
cento sobre a ‘merecida punição’.
Se cada um de nós tivesse a boa vontade de colocar a sua
virtude à disposição da comunidade para ajudar o próximo a
melhorar sua qualidade de vida, acabaria a miséria e a penúria. O
livre arbítrio seria um merecimento indiscriminável e as leis
seriam apenas diretrizes.
Todo o esforço individual que visa o benefício da
humanidade merece recompensa, embora os meus livros sejam
resultado da tentativa de retribuição pela civilização herdada.
GRATIDÃO
Agora é muito bom estarmos aqui. Melhor seria se
mantivéssemos o contentamento e a satisfação por todas as felizes
descobertas, invenções e conquistas de que a nossa civilização
Neoletria 82
desfruta, sem perder a disposição de continuar a grande jornada
evolutiva, com gratidão e solidariedade.
Quanta maravilha já está ao nosso dispor, mas a sua
importância passa despercebida! É como se o peixe pescado não
fosse interessante, mas sim o outro que está livre!
Com certeza a pessoa mais inteligente da Terra teria uma
vida que podemos considerar miserável comparando com a média
atual, se tivesse que ser o único provedor de si mesmo, sem acesso
ao que foi produzido pela civilização como eletricidade, água
encanada, habitação, tecidos, veículos e caminhos, armas,
utensílios, ferramentas, indústria e tecnologia de qualquer
natureza, educação, religião, filosofia, arte, ciência, mistérios, etc.
e se tivesse que resolver todos os seus problemas sem receber
instrução ou qualquer ajuda.
Um cidadão médio tem acesso aos avanços da civilização
construída em milênios por milhões de sábios especialistas. Se ele
não está contente, talvez seja ingrato, um infeliz; ou talvez seja
mais um agente da evolução, propulsor da civilização, um
inconformado pesquisador.
Quando somos forasteiros, ficamos felizes ao encontrar
patrícios. A mesma felicidade devemos sentir e compartilhar com
todas as pessoas de bem porque nos encontramos neste estágio de
desenvolvimento da humanidade. Quanto mais pessoas forem
incluídas na participação geral da cidadania, mais rica, completa e
feliz será a globalização. Mas a necessidade dessa inclusão nem
sempre é objetivada porque ainda não foi bem assimilada pelos
agentes governamentais.
Neoletria 83
EXCLUSÃO
Somos dispersivos e demonstramos pouco discernimento
ao desprezar ou esquecer o valor das melhorias alcançadas pela
civilização, principalmente as dos últimos cem anos. O pior é
quando, por ciúme, por inveja ou egoísmo, impedimos ou
dificultamos aos nossos autóctones o alcance aos resultados
materiais do progresso da ciência e da tecnologia. A eles também
deveria ser liberado o acesso à cidadania. Eles deveriam ter
autorização de participar da integração social, dos avanços
intelectuais e tecnológicos, da fraternidade, do prazer estético das
artes, das oportunidades em indústria, comércio e serviços
oferecidos pela comunidade local e pela globalização.
Não vejo motivo real para que continuemos estimulando
os nossos ‘primitivos’ a cuidar somente de sua cultura tradicional,
como se pertencessem a uma nação exótica. Não compreendo a
discriminação que afasta o ‘branco’ e o negro do índio e o índio
do ‘branco’ e do negro como se a sua cultura estivesse interditada
para os outros humanos. Talvez começou como segregação racial
e depois ficou institucionalizada como se fosse um zoológico
“para inglês ver”, e agora já esquecemos os motivos.
Provavelmente eles tenham receio de perder privilégios se
assumirem a plena cidadania brasileira. Quiçá os cento e oitenta
milhões de ‘brancos’ cultos ou aculturados tenham medo de
perder todas as suas herdades e aquisições para os cem mil
autóctones se aceitá-los como iguais. No novo patamar cultural,
poderiam imaginar-se proprietários da Ilha de Vera Cruz, embora
os nômades de quinhentos anos atrás guerreassem por disputa
territorial de minifúndios que depois uns e outros abandonavam.
Parece existir algo de errado nesse planejamento social. É
como se os ‘povos selvagens’ fossem compelidos a rejeitar os
direitos, então deixamos que eles ‘se virem’ ou continuem na sua
Neoletria 84
cultura estagnada, e permaneçam cerceados da nossa. Em muitas
regiões do Brasil os autóctones estão no “fim da linha” do trajeto
cultural primitivo, de quando o labor era de sol a sol na coleta de
alimentos para a subsistência. Agora conhecem máquinas
agrícolas, energia elétrica, telefone, televisão, computador,
‘freezer’, água encanada, hospital, escola, açude de piscicultura,
praça de esportes, universidade, avião, o mundo. Não dá mais para
correr o dia inteiro atrás de calango. Só falta diversificar as suas
opções de emprego e substituir a tutela federal pela orientação
municipal, sob o “regime de estado de direito democrático”.
Atualmente a produção agropecuária de subsistência
familiar não pode competir com a produtividade em grande escala
das fazendas empresariais. Extrair o próprio sustento pelo trabalho
manual em minifúndio como se fazia satisfatoriamente até a
primeira metade do século XX, agora é uma miséria. É possível
produzir alimento simples, mas não dá renda monetária para
outras despesas.
A Selvageria está chegando ao fim. Não existem mais as
condições para sobreviver da coleta e da caça, porque tudo o que é
achado ou encontrado tem dono e no lixo está tudo estragado,
matar animal silvestre dá cadeia.
É inevitável a comparação entre as famílias de índios sem
profissão e sem renda nas aldeias, com as que disputam lugar nas
atividades urbanas. A única alternativa que resta aos ‘guerreiros’ é
prepararem-se para assumir pacífica e respeitosamente a cidadania
brasileira. Torna-se necessário acontecer uma grande adaptação
nos costumes e nas esperanças. Os bravos podem vir a ser pessoas
urbanizadas e nós devemos apoiá-los.
Possivelmente os índios gostariam de prosseguir
primitivos, autóctones e autocratas para expulsar todos os
‘invasores’ do Brasil Colônia, e então começar tudo de novo em
Neoletria 85
sociedade com alguma ONG, sob as bênçãos e a cupidez de
algumas nações invejosas. Talvez o nosso país tenha que melhorar
muito para que os índios aceitem uma cidadania como a nossa. Ou
quiçá toda essa celeuma não passa de intrigas de ‘missionários’
estranhos, dependentes do nosso erário, dos euros e dos dólares,
mas mordem os braços que os agasalham.
Neoletria 86
V – CONVENIÊNCIAS
INVESTIMENTO EXTERNO
Acredito que já existiram situações de entrada de bilhões
de dólares para investimento direto na produção, com
desvantagem para o país hospedeiro.
Imigrante como pessoa física geralmente se integra e se
torna brasileiro, mas os responsáveis pela segurança econômica
nacional devem contar com a possibilidade de negar ingresso a
algumas empresas inconvenientes, porque em vez de trazerem
riqueza para o país, instalam apetrechos com propósito de
parasitar o hospedeiro e profanar a hospitalidade, sem aporte para
o desenvolvimento local. As experiências nesse sentido devem
subsidiar projetos de lei defensiva. Por exemplo: empresas
inidôneas podem querer comprar nossos patrimônios sem trazer
recursos técnicos e financeiros; as remessas de lucros devem ser
justificadas, porque a determinado lucro deve corresponder o
respectivo produto ou serviço, livre de truques contábeis; o perigo
de lavagem de dinheiro auferido ilicitamente pode ser de lá para
cá ou daqui para lá.
Com relação aos investidores externos, o mínimo cuidado
a atender é a reciprocidade entre o nosso acolhimento e o que
Neoletria 87
oferecem os países de onde surgem os investidores. São alguns
cuidados a fim de evitar que soframos alguma piratagem.
Receber investimento de fora seria contraproducente se o
produto resultante viesse apenas competir internamente em
mercado saturado, porque com dumping poderia acenar com o
combate à inflação, porém quebraria a concorrência das empresas
locais. Isso poderia parecer superficialmente um combate à
elevação dos preços, mas depois que os concorrentes estivessem
fora de combate, ninguém seguraria a escalada dos preços, porque
assim a multinacional conquistaria o monopólio.
Recepção de investimento externo seria contraproducente
se a finalidade do investidor fosse apenas de exportar o produto;
não empregasse mão-de-obra local suficiente para que a folha de
pagamento salarial e encargos absorvesse um percentual
significativo do produto bruto da empresa, e se não houvesse
conveniência nas relações comerciais de fornecimento de matériaprima principalmente sendo a produção exportada com isenção de
impostos, entre outros incentivos. Aninhar uma multinacional
sugadora e exploradora sem interação econômica com o Brasil,
sem melhorar a qualidade de vida dos brasileiros é perda de
soberania.
Nos casos de exportação existe o risco do golpe de
subfaturar na ‘ida’ e superfaturar na ‘volta’ (emissão e recepção
de documentos, enquanto a mercadoria jaz em paz) com a
desculpa de agregar processo de fabricação na matriz externa, mas
cujo verdadeiro objetivo seria a evasão de divisas (mais uma
pirataria).
Toda cooperação internacional será bem-vinda, se
tivermos competência, contarmos com agentes especializados para
negociação e fiscalização e se for negociada com transparência.
No caso de receber grandes instalações sem critérios e com
Neoletria 88
ingenuidade proclamarmos - oba-oba, estamos enriquecendo! –
coremos o perigo de logo voltar à condição de colônia, uma
situação em que pouco importaria o vulto do investimento, porque
o patrimônio pertenceria à ‘metrópole de ultramar’. Da produção
recolhida talvez cairia alguma migalha no solo anfitrião.
Ainda podemos encontrar exemplos em grandes fazendas
fechadas (para nós) que produzem exclusivamente para o país de
origem, como se os trocados que pagaram pelas glebas lhes
permitissem desnacionalizá-las. Um provável pretexto para esse
tipo de investimento seria o de salvar a Terra do ‘desmatamento
predatório’ como se os brasileiros não tivessem competência para
cuidar dos seus próprios patrimônios. Do ponto de vista dos
cobiçosos, pode ser muito mais interessante aproveitar incentivos
brasileiros do que descobrir uma ilha sem dono em alto mar.
O pusilânime acredita que se fingindo de morto, alcateia
não ataca.
NEOCOLONIALISMO
Nesta época das rotulagens: eu sou isto, tu és aquilo, ele é
corintiano, nós somos palmeirenses, etc., comumente as pessoas
são radicais a ponto de zelar por algo e abominar o resto.
Alguns ‘neoliberais’ formadores de opinião condenam o
nacionalismo e o zelo pela soberania nacional. Eles recomendam a
não intervenção do Estado e igualdade de oportunidade para
todos, inclusive às pessoas jurídicas alienígenas. Esses globalistas
do ‘primeiro mundo’ nos aconselham a seduzir o capital
estrangeiro, sem xenofobia e a dar boas-vindas a qualquer
‘colaboração’ ou palpite, independente da procedência. Essas
recomendações só valem de lá para cá. Daqui para lá, o trato é
diferente. Até estudantes bolsistas, cientistas e turistas brasileiros
Neoletria 89
de ficha limpa são tratados em alguns países do dito ‘primeiro
mundo’ como criminosos sujeitos à cadeia e banimento.
Suponho que as ideias neoliberais do capital sem fronteiras
sejam produzidas em alguns países mais ricos para que os
emergentes e os mais pobres liberem para eles as oportunidades
de exploração econômica, coisa que eles não fazem para os paises
em desenvolvimento. Ou seguem a velha máxima: “façam o que
eu mando, não o que eu faço”.
Palpiteiros alienígenas, mesmo os disfarçados de ONG
filantrópica devem ser observados com desconfiança, porque se
forem bairristas de outra nação, talvez os seus conselhos bons
sejam reservados aos seus queridos; enquanto para o resto é puro
jogo diplomático, mas dissimulando rivalidade, competição e
blefe, sem compromisso de lealdade. Por via das dúvidas é bom
conferir, porque pessoas voluntárias e bem intencionadas existem
por toda parte, mas é difícil a distinção entre os modernos piratas
e os ‘missionários’.
Existem nações de porteira aberta onde os estrangeiros são
muito prósperos e os ‘nacionais’ não têm chance de sair da
miséria.
Agora que a Europa unida se entrincheira e outros países
ricos já se defendem atrás das suas barreiras e se fecham para
mercadorias e pessoas ‘indesejáveis’; agora que cobram altas
taxas nas importações para oferecer generosos subsídios aos seus
produtores internos, agora que se garantiram, querem convencernos de que a globalização inclui o neoliberalismo nosso em
confronto com o protecionismo deles. Menciono a Europa apenas
como um exemplo.
Quando damos ouvidos aos ‘liberalistas externos’, os
conselhos vão se transformando em exigências até onde a nossa
pasmaceira permitir (impensável no tempo de José Maria da Silva
Neoletria 90
Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco), podendo transformar a
Amazônia em patrimônio da humanidade e o restante do Brasil
perder a metade para as ‘nações indígenas’, além de outras
cobranças, só por temer o desenvolvimento brasileiro nos
negócios de agropecuária, indústria, extração mineral além da sua
produção de alimentos, justamente numa época em que outros
grandes ‘celeiros do mundo’ estão se voltando para os
biocombustíveis e diminuindo a oferta de alimentos.
Para manter os estoques mundiais de segurança alimentar e
continuar reduzindo a emissão de gases do efeito estufa, o Brasil
necessita de apoio e liberdade com menos sobretaxas da parte dos
importadores entre outras barreiras restritivas, para que assim
possamos aumentar a produção sem avançar na floresta
amazônica em busca de barateamento e substituição de áreas
perdidas para os índios, para que outros países produtores de
alimentos não se transformem totalmente em produtores de
biocombustíveis.
Seria bom que parassem com essa estória de ‘devolução’
das áreas produtivas aos índios. Se isso acontecesse, iria faltar
alimento até para os índios brasileiros. Se a vocação social do
‘latifúndio’ é produzir alimentos ou sequestrar carbono
atmosférico, é melhor deixar que isso aconteça. Se a taxa de
crescimento populacional dos aldeãos das periferias urbanas
(índios) está mantendo bom índice, é como ‘time que está
ganhando’ – continua como está, mas torna-se necessário que o
crescimento seja autossustentável.
Defesa de ideias absurdas e mal fundamentadas é forte
indício de inépcia ou traição.
Neoletria 91
SUBMISSÃO E COMPETÊNCIA
A concorrência é mais salutar aos concorrentes do que ao
observador, mais para quem participa do que para a assistência.
Necessitamos saber enfrentar e aprender a conviver com a
concorrência e a malícia dos países poderosos ideológica e
economicamente, mas também é importante estudarmos as
reclamações e exigências dos países irmãos sem recuar da nossa
soberania. Devemos considerar e confrontar a audácia dos
‘pequenos’ que ganham em campanhas eleitorais quando
espezinham sobre direitos brasileiros. Mas sem perder a nossa
serenidade.
O Brasil necessita de pessoas preparadas para os embates
que forem necessários nos relacionamentos internacionais de arte,
esportes, negociações comerciais, discriminação, justiça, diversas
categorias de diplomacia. A necessidade é de brasileiros bem
intencionados e que tenham vigor mental, sagacidade,
honestidade, patriotismo, lealdade (interna e externa), etc.
O brasileiro comum tem fama de esperto em questões
banais, entretanto não deve agir como avestruz nas mais
importantes. Nas transações internacionais existiram ou existem
casos de traição e falta de patriotismo, para os quais os agentes
brasileiros de fiscalização da Receita entre outros devem estar
atentos e agir com urgência sem esperar ordem superior para
investigar, porque o que está em jogo não é apenas interesse
transitório de uma equipe; está em jogo a integridade e segurança
nacional. Os escalões superiores devem ouvir as comunicações
internas e comentários com interesse e incentivar o seu
intercâmbio, sejam elas oriundas de subalternos ou de órgãos
paralelos, primando pela lealdade e transparência.
É interessante e dá status ser funcionário de empresa
multinacional, mas é preciso cuidado nos casos de interesse
Neoletria 92
individual imediato que resulte em prejuízo à nação brasileira,
apenas por questão de competência do respeito. A submissão
funcional é um dever do subalterno e uma prerrogativa do
personagem da chefia mais do que da pessoa física do chefe. Se a
pessoa da chefia deixa de corresponder à personalidade que dela
deve ser esperada, se deixar de cumprir o seu ‘papel’, talvez por
isso perca a dignidade e o direito à obediência.
Os funcionários de multinacionais devem considerar a
submissão hierárquica, mas sem burlar o país onde estiverem.
Você é subordinado à empresa que o emprega, mas a sua
fidelidade não inclui traição à pátria de nacionalidade ou de
hospedagem, ou desobediência às suas leis; caso inclua, então essa
subordinação passa a ser cumplicidade.
A licença obtida por uma multinacional para operar no
Brasil deve ser condicionada à observância e cumprimento das
normas legais brasileiras. As empresas devem ser legais nos
países onde se instalam. Se a legalidade não for possível, também
a instalação não deve ser.
Muitas vezes não sabemos resolver problemas sérios, por
falta de competência ou por confiar em soluções importadas junto
com as respectivas conveniências, como se o nosso país fosse a
casa (ou colônia) “da mãe Joana”.
MANIFESTAÇÃO DESCABIDA
Nem tudo o que é submetido a referendo será decidido
com sabedoria para melhor socorrer os interesses da maioria,
principalmente se as campanhas de propaganda e esclarecimento
são promovidas com respaldo do engodo em benefício das
minorias de baixo ou de cima. Em sociedade democrática e
autodeterminada, os interesses da maioria devem estar sempre
Neoletria 93
acima das pretensões das minorias, mas sem burlar a Justiça, sem
faltar fraternidade, sem preconceitos discriminatórios.
As minorias devem ser preservadas porque sem elas não
haveria crítica e sem crítica haveria estagnação. Sem crítica vivem
os rebanhos. Portanto, situação sem oposição não é democracia
assim como acusação sem defesa não é julgamento. Sem oposição
um usurpador permanece tiranizando enquanto tiver forças, ainda
que não seja administrador, seja apenas um guerrilheiro falastrão.
O direito de ter e de passar opinião é geral, porém uma
ideia individual que pareça mirabolante, deve ser conferida e
considerada ou desconsiderada cuidadosamente. Por outro lado
seria uma tolice prejudicial, desperdiçar sugestões que abrissem
oportunidades para ajustes e melhoras da qualidade de vida social,
tendo como motivo da recusa apenas o de evitar qualquer situação
vantajosa para uma suposta oposição, por ser a origem da
proposta.
Por incrível que possa parecer, existem casos de tolerância
descabida com certas ‘minorias’. Movem-se bilhões em recursos
para melhorar ou piorar a qualidade de vida das pessoas; isso
quase não causa perturbação, mas quando se trata de intervir na
ecologia, para melhorar o equilíbrio climático, um sacerdote
poderia embargar as obras, como se a desertificação do Sertão
fosse um plano divino.
Para descer a ladeira qualquer ‘santo ajuda’. A degradação
ecológica é fácil e acontece com ou sem a intervenção humana.
Há quem queira proibir qualquer tipo de intervenção, mas por
faltar o poder de impedir degradação, alguém quer proibir a
recuperação, brincando equivocadamente de deus.
Suponhamos que o governo quisesse dragar os rios
assoreados, para aproveitar a areia na construção de diques,
barragens para usinas hidrelétricas, canais de irrigação (ou
Neoletria 94
transposição), aterros, pontes e prédios públicos. Algum figurão
apareceria com o talão de multa dizendo que não se pode causar
impacto, nem ‘roubar’ da Natureza. Seria suficiente para
arregimentar um bando baderneiro de ‘manifestantes’. Muito
estranha essa dificuldade para entender a necessidade de
recondicionar o leito à situação anterior ao assoreamento, quando
o rio continha mais vida.
As manifestações públicas dão sinal de que a nossa gente
está se politizando, o que é muito bom; só que antes da politização
seria interessante a intelectualização para evitar atitudes
irracionais e desastrosas. A capacitação intelectual aqui referida é
multidisciplinar e seria recomendável que fosse inserida na grade
curricular. Contudo, de nada adianta doutorar-se preso a cinismo
hipócrita; É preciso ter capacidade para descartar preconceitos,
tabus e sofismas.
INTERVENÇÃO PERMITIDA
Há quem defenda a intocabilidade do ecossistema,
achando inadmissível a competência da ciência humana para
intervir beneficamente.
É de mais vida que o mundo precisa. A superfície da Terra
é composta principalmente de oceanos e mares de água salgada,
‘geleiras doces’, montanhas de rochedos, desertos arenosos, solos
secos e pedregosos, mas também tem rios, pantanais, cidades,
campos de pastagem e de agricultura, florestas, lagos de água
doce (sem sal).
Para saber avaliar a fertilidade de um terreno necessitamos
conhecer outros que sejam melhores ou piores, para possibilitar
comparação. Entretanto é fácil perceber que quanto mais
regularidade de clima favorável à vida, quanto mais fertilidade e
Neoletria 95
seres adaptados existirem numa região, mais rica será a sua
natureza e poderosa a sua energia vital. Por isso podemos afirmar
que do ponto de vista cósmico a Terra é mais importante do que
Marte, do que Vênus.
Não é obrigatório que a biosfera da Terra continue toda
exatamente como está porque já houve tempo em que foi muito
‘pior’; também já foi bem ‘melhor’ do que é agora. O ‘clima
global’, a ecosfera média já foi muito mais quente e chuvosa e já
foi glacial. A atmosfera já teve maior e menor concentração de
oxigênio, como também de gás carbônico do que agora e com
mais carbono foi mais fértil para os vegetais. Dificilmente as
variações de carbono, em função de atividade razoável da
humanidade, afetariam a composição atmosférica a ponto de
causar dano ao ambiente cósmico. Fator mais importante é a
composição de umidade. A maioria dessas variações ocorre em
decorrência das atividades solares em combinação com os fluxos
de radiação cósmica.
Essas premissas eu já intuía, mas não podia afirmar nada
que contrariasse o IPCC (Painel Intergovernamental sobre
Mudança Climática), até conhecer algumas idéias do Dr. José
Carlos de Almeida Azevedo, doutor em física pelo Instituto de
Tecnologia de Massachusetts – EUA.
Como desastres ecológicos de proporções gigantescas que
foram produzidos pela humanidade podemos citar as detonações
nucleares e os derramamentos de petróleo nos mares.
Muitas espécies de animais e vegetais já foram extintas por
causas diversas: falta de alimentos, alterações climáticas, etc.
Muita gente já foi exterminada pela fome, pelas doenças, pelas
enchentes, pelos vulcões, pelos soterramentos, pelos terremotos e
maremotos, pela estupidez da guerra, pela idiotice do banditismo,
por intolerância ao querer esclarecer equívocos dogmáticos, por
Neoletria 96
‘limpeza étnica’. Já aconteceram grandes incêndios, escapamentos
radioativos, naufrágios, choques de trem, quedas de aeronaves.
Se vamos apontar culpados pelos desastres, muitas vezes o
‘réu’ nem é humano. Para melhorar a Natureza nem precisa de
pretexto como penalidade ou pagamento de indenização, como o
que acontece quando alguém intenta piorar. No entanto, para
qualquer movimento suscetível de alterar o sistema ecológico é
sempre necessária licença ambiental, porque existe o órgão
específico e responsável para conferir, licenciar e coordenar, mas
deve ser desautorizado quando excede limites aceitáveis de prazo
para apresentar decisão.
Seria justo planejarmos grandes empreendimentos para
recomposição com melhoria da biodiversidade, ainda que alguém
lucrasse com isso.
Mesmo que as empresas construtoras possam aproveitar o
lucro para sustentar os seus operários, já podemos pensar em algo
construtivo como a fertilização do agreste e a construção de
grandes ilhas flutuantes compostas pela transformação do lixo em
tapetões cobertos por terra fértil. Para isso é desnecessária
autorização tácita ou retumbante do planeta Terra. - Por quê a
natureza não suportaria esses afagos se já sofreu tanta agressão,
calada?
NATUREZA CONDICIONADA
Se as nossas indústrias poluem a atmosfera, possivelmente
estamos prejudicando o clima. Se nós manifestamos desejo de
fazer algo para compensar, levantam-se ‘manifestantes’ para dizer
que não se pode mexer na natureza. Se as boas ações humanas
ficam proibidas para não “brincar de deus”, então seria lícito
brincarmos de ‘satanás’? Deus é o senhor do espaço infinito e da
Neoletria 97
eternidade; Ele não é um diácono cujas atividades possamos
imitar ou criticar.
Assim como produzimos gases e os liberamos na
atmosfera, seja pelas chaminés, seja pela descarga dos motores,
seja pelos rebanhos, gases que interferem na temperatura global,
temos o direito ou dever de fazer algo que corrija a suposta
insalubridade atmosférica e o avanço da desertificação do
Semiárido, mesmo que isso traga resultado financeiro; e ainda que
o resultado não seja dividido igualmente entre produtivos e
improdutivos. Fazer o deserto produzir alimentos ou celulose
enquanto refresca a região e sequestra carbono, causa impacto no
meio ambiente, mas esse impacto é positivo a despeito da
lambujem eventual de enriquecer alguns contribuintes do erário.
Naturalmente a prosperidade da nação fortalece o governo
que assim pode dar melhor amparo e inclusão aos seus ‘filhos’
fracos, desfavorecidos e até aos ‘normais’, embora alguns
rebeldes continuem a importunar os mais produtivos sob o
beneplácito de quem teria a obrigação de defender quem o
alimenta - os seus contribuintes.
Existem lugares no mundo onde parece que os retrógrados
não se atreveram a criar problema. Portanto a paisagem foi
remodelada. No Oriente foram construídas plataformas irrigadas
para o cultivo de arroz; na Holanda e em Israel houve intervenção
humana para incorporar áreas com significativas e benéficas
modificações da paisagem, no Egito foi construída a barragem de
Assuã para formação de um lago de 400 km de comprimento e
130 km2, para irrigação, regulagem das cheias do Nilo e produção
de energia elétrica, o que ocasionou remoção de grandes
monumentos; no Brasil e em outras partes da Terra foram
construídos grandes lagos que possivelmente contribuíram em
melhoria do clima, além de gerar produção de energia elétrica
como retorno do investimento.
Neoletria 98
Já existe laboratório em órbita, fora da atmosfera. Suponho
que existirão grandes ilhas flutuantes nos mares e oceanos para
fins agrários, e até colonização fora da superfície da Terra, mas o
Rio São Francisco com nome de santo é intocável para
determinada ‘torcida’, justamente aquela torcida que abomina a
prosperidade, a saúde e a produtividade (alheias) e tudo o que a
modernidade posa oferecer, preferindo uma pobreza romântica.
Não é crueldade. Pareço implacável com certas atitudes
porque estou espantado pela a falta de espanto do consenso. A
complacência pública necessita uma sacudidela.
A inteligência individual de muita gente é excelente e
continua melhorando, mas no conjunto, a inteligência social
parece brincadeira de mau gosto. Autoridades que poderiam
interferir mantêm o queixo erguido, ignorando algures e ocupando
a mente com alhures.
CONFUSÕES
É triste reconhecer que a nossa maior fonte de notícias era
a criminalidade. O que se configurava absurdo não eram as
publicações dessas notícias, mas sim os próprios acontecimentos;
não os comentários ou ‘vazamentos’, e sim os respectivos fatos.
Outra causa de tristeza era perceber que as ‘autoridades’
mantenedoras da ordem e da harmonia da convivência social
ficavam apreciando de longe um grupo de baderneiros vadios, da
clandestinidade, invadir e danificar os patrimônios públicos e
privados, com a desculpa de ‘manifestação’ mas quando
verdadeiros trabalhadores sindicalizados reclamavam direitos, eles
eram reprimidos, como se isso não fosse ‘manifestação’.
Por ação, omissão ou morosidade da burocracia que tanto
pesa no ‘custo Brasil’, uma parcela dos nossos líderes políticos e
Neoletria 99
das autoridades fiscais e eclesiásticas, etc. criavam barreiras ao
uso proveitoso dos nossos parcos recursos tecnológicos e projetos
científicos, ensejando sua venda para as multinacionais, que
depois nos cobravam severos royalties sobre aquilo que era nosso.
Percebemos esse transtorno a partir da complexidade e demora na
abertura ou cessação de empresa, enquanto não seja aprovada a
produção ou comercialização sem as impertinentes licenças e a
inscrição da pessoa jurídica. Também as pesquisas científicas em
alguns casos eram desencorajadas.
Em regiões brasileiras, alguns produtos artesanais de
tradição centenária, no domínio público sem restrição, estiveram
na mira da pirataria internacional para serem registradas como
propriedade de empresas estrangeiras, para depois obrigar-nos a
pagar licença para continuar consumindo, ou pelo menos impedir
a nossa produção industrial.
As reservas morais do Legislativo, do Judiciário e da
Imprensa poderiam constatar a suspeita de um surrealismo que
parecia pesadelo, mas havia indícios de casos em que as tarifas
autorizadas aos serviços ou produtos de concessionária eram
mantidas abaixo do custo, talvez pela desculpa de conter a
inflação, mas quando a empresa chegava ao estado falimentar,
então podia ser subfaturada para uma multinacional. Depois, sob
novo domínio as tarifas se tornariam preços liberados. As
‘comissões de venda’ corriam em sigilo de Estado. O patrimônio
brasileiro passava “de mão beijada” para o domínio estrangeiro.
Ainda insatisfeita, a nova proprietária já podia revender a
‘concessionária’ pelo preço real, muito maior do que o de
aquisição. Isso nem chegava a ser esperteza dos lambuzados, mas
era estupidez ou alta traição de quem fazia vista grossa ou gorda.
Conforme a quem a falcatrua beneficiasse, não haveria
conveniência e nem mesmo autorização para auditoria.
Neoletria 100
Seria comum e normal que os especialistas tivessem algum
grau de ignorância fora da própria especialidade. Eles seriam
respeitáveis nos seus domínios e respeitosos para com os sábios
de assuntos a eles estranhos. No entanto encontrávamos
intelectuais arvorando-se de autoridades em assuntos alheios, ao
impor os seus dogmas e ‘preceitos’ contra os biólogos, entre
outros, tentando avançar decisivamente em causas que pouco
tinham a ver com o seu campo de conhecimento. Por exemplo:
produção agrícola de transgênicos; clonagem na pecuária;
pesquisa sobre o emprego de células tronco para fins terapêuticos.
A mim parece que o espermatozóide e o óvulo são seres
vivos, mas não são pessoas, nem depois da fecundação enquanto o
embrião estiver composto de células tronco. Nessa faze não é
gente, nem é pessoa, embora seja uma composição de células
vivas e capazes de se adequarem aos mais diversos órgãos do
futuro feto.
Se fosse razoável proibir pesquisas sobre emprego
terapêutico de células tronco embrionárias ou impedir o descarte
de embriões por falta de úteros disponíveis para gestação, pelo
mesmo critério seria indicada a proibição da ‘perda’ de milhões de
espermatozóides e óvulos gerados espontânea e involuntariamente
pelas pessoas.
Neoletria 101
VI – QUALIDADE DEMOCRÁTICA
DECISÕES
Sem direito de opinião e de discussão, seria impossível o
consenso esclarecido. Somente coincidindo com a ideologia do
déspota a opinião pública estaria em paz, contanto que mesmo
assim não se manifestasse, apenas aprovasse.
No sistema de governo democrático existem os formadores
de opinião e os pesquisadores de opinião pública. Enquanto os
primeiros compartilham as suas preocupações, os seus anseios e
os seus prognósticos, os pesquisadores fazem a leitura do
consenso. A consensualidade é graduada pelo alcance do
conhecimento geral da comunidade, o qual nunca é demais.
Em convocação de eleições, todos os eleitores têm o
direito e a obrigação cívica de decidir, mas sempre é necessário o
prévio esclarecimento, que deve ser imparcial, sem privilégios.
Nessa fase o eleitorado está na posição dos jurados do tribunal,
para julgar capacidades e méritos dos candidatos apresentados.
Quando tem debate político-partidário para esclarecer ou
induzir eleitores, é importante que seja equilibrado em poder de
persuasão e no dever de falar a verdade. Durante os debates,
muitas pessoas ficam vivamente interessadas em conhecer as
questões, as soluções e as intenções, mas uma ‘boa’ parcela do
Neoletria 102
povo fica à margem e ‘não quer nem saber’. Outros ficam
vivamente interessados em levar vantagem, vender o voto.
Compra de voto e de preferência para que o eleitor traia a
sua própria convicção é suborno e como tal é crime, de quem
compra e de quem vende.
A escolha de candidato é importantíssima. Não é sensato
espremer decisão de alguém que não quer nem saber se vai, se fica
ou volta, se cai na água ou no fogo. Pessoas assim têm vocação
para serem escravos ou lacaios ou vassalos, mas não para o livre
arbítrio e a autodeterminação, não para escolher representantes,
legitimar governantes.
A democracia será melhor quando puder libertar-se do
voto obrigatório, para que os sufrágios sejam originados nas
opiniões e fundamentados nos conhecimentos. Sufrágio sem
opinião é venal, é vil e subornável. Voto vil elege vilão, não por
habitar a vila, mas por sordidez mesmo.
Se o voto fosse livre, muitos fariam “corpo mole”, só
compareceriam mediante pagamento, como se esse fosse um
serviço. Sendo obrigatório, os eleitores não podem considerar o
voto como serviço, mas os inconvictos são mais venais.
Democracia com maioria do eleitorado ignaro, ou império com
déspota idiota, pouca diferença faz.
Algumas questões cotidianas não requerem convocação do
poder legislativo ou de plebiscito para as decisões. Em casos
assim cabe o direito de qualquer pessoa opinar, mas o de decidir é
exclusividade de quem estiver empossado legitimamente na
autoridade constituída e assim estabelecido em responsabilidade,
competência e idoneidade necessárias a essa função, tanto em
âmbito comunitário quanto familiar.
Todos os cidadãos têm o dever de acatar as decisões
oficiais ou atos públicos de funcionário investido legalmente na
Neoletria 103
função. Os atos e as decisões do serviço público devem ser
objetivados na conveniência comunitária.
Mesmo acatando decisões da oficialidade burocrática, o
cidadão reserva-se o direito de prestar atenção nos desvios da
ética. O grau de compreensão da lei não é medido pela justeza dos
seus preceitos e sim pela sua abrangência sobre o povo que a
observa. Depende da exequibilidade. Se for impossível entender a
lei e as portarias, será também de cumpri-las. As exceções eram as
leis dos ‘governos fortes’ que mesmo sem regulamentarem a
convivência social; mesmo mal compreendidas criavam condições
para explorar os vassalos, tal qual as indústrias de multas.
POLÍTICA
As atitudes de engodo e demagogia só prosperam no
ambiente político de comunidade atacada pela ignorância ou numa
população extremamente servil e sem capacidade ou possibilidade
para criticar.
As minorias são periféricas, algumas rastejam aos pés e
algumas pairam sobre a cabeça comunitária. Nem todas as
minorias merecem a democracia que têm, contudo devem
conformar-se, com a prioridade majoritária. É pela superioridade
numérica dos votos que se define a representação do eleitorado,
seja ele autodeterminado ou auto-engodado, e em favor dessa
maioria devem ser dirigidos os esforços prioritários, se bem que
seja imprecisa a definição de grupos a favor ou contra. Por
segurança os eleitos devem assumir compromissos de campanha.
Lamentavelmente quando existem proposições originárias
das minorias opositoras, a comunidade tem dificuldade em
reconhecer o valor e oferecer apoio, ainda que sejam propostas
Neoletria 104
progressistas. Parece mais factível copiar ideias alienígenas do
que aceitar proposta de uma suposta oposição.
É de pouca valia termos na comunidade pessoas de grande
esclarecimento; elas são minoria e ‘qualificadas’ como elites.
Talvez pessoas assim não sirvam para representar a caterva
inculta. Para trabalhar em favor da população, as elites devem
estar prevenidas e não estranhar a ingratidão.
Se existem algumas inconsistências em atitudes e ações
governamentais, que mereçam e recebam críticas, pode-se atribuir
isso ao regime democrático, em que os atos do governo devem ser
pautados mais pelas pretensões populares do que pelas ideias
mirabolantes dos poderosos e mesmo das minorias, até porque é
impossível a satisfação unânime. Sendo assim, cabe aos meios de
comunicação, aos jornalistas e motivadores da opinião pública
uma grande responsabilidade, enquanto representam e interpretam
os legítimos anelos populares; já que formam uma classe mais
vigilante e informada.
Os agentes da imprensa têm condições de alertar o povo,
que então confiará os seus anseios às lideranças políticas para que
atendam as reclamações e liderem as vontades.
Os eleitores devem também perceber as advertências dos
produtores de opinião, dos palpiteiros, dos conselheiros, dos
mestres, dos religiosos, etc., então eles devem saber peneirar para
que caiam as bobagens; para que as mentiras e as maldades sejam
catadas e expurgadas. O restante merece estudo. São cuidados
possíveis, mas não fáceis; essas atitudes necessitam preparo
intelectual ou escolaridade, mas compensadoras porque são
marcantes na qualidade democrática.
A condição para que um país seja desenvolvido
democraticamente é o crescimento em escolaridade e cultura da
maioria da população. Quando a maioria da comunidade estiver
Neoletria 105
esclarecida saberá equacionar os seus problemas e escolher os
seus representantes para que os solucione. Mas convém averiguar
se as escolas estão preparadas para essa tarefa, ou se ainda existe
muita confusão entre utopia e realidade.
Muitas manifestações, denúncias, protestos e exigências de
setores da comunidade talvez não passem de chorumelas dos que
reclamam para si a melhor parte daquilo que julgam redistribuição
de renda (ou de benesses); tanto é que grandes hordas de
manifestantes baderneiros quebradores de laboratórios e de
instalações de utilidade pública estão apenas participando em
crimes de lesa-pátria, mas seguem firmes na crença ingênua de
que lutam pela instauração de um ‘socialismo utópico’. Como são
vadios, cabe a investigação para descobrir quem os sustenta. Resta
saber quem se beneficiaria das mudanças exigidas pela corja, para
perceber que são manobrados contra a sua própria conveniência, e
em prejuízo da nação. Então queimam os próprios colchões,
quebram os cochos, fazem cena para os patrocinadores.
Quando os invasores, assaltantes de cargas, destruidores do
patrimônio público ou privado fazem protestos sem cabimento,
devem ser considerados traidores da Pátria, juntamente com os
que os sustentam, sejam internos, sejam externos. Maior crime é
dos patrocinadores brasileiros do que dos estrangeiros.
FISCALIZAÇÃO REPUBLICANA
Felizmente o nosso regime de governo é o democrático,
mas para exercê-lo ou usufruí-lo em exercício pleno, nós
necessitamos mais desenvolvimento na educação, porque o eleitor
comum deve assumir uma responsabilidade para a qual ele não
está preparado.
Neoletria 106
Acredito que pelo menos até 2008, as siglas partidárias não
eram submetidas a suficiente teste de critério para o registro como
pessoas jurídicas (assim como os ‘sindicatos’ dos trabalhadores
sem terra e outros que tais, cujo registro nem precisava de
critérios porque isso era desnecessário para receber subsídios até
governamentais em contrapartida dos seus crimes).
Partido político devia ser agremiação ideológica, mas
funcionava praticamente sem conteúdo programático; tinha ‘a
cara’ do seu ‘cacique’ e o caráter dos seus ‘guerreiros’ mal
recrutados e desavisados. Os fatores que pareciam essenciais
eram: a torcida do eleitorado; emoção com entusiasmo e
empolgação, que ajudassem no convencimento. Finalmente ‘um
pouco’ de demagogia era inevitável. - Mas como evitar o engodo,
se as pessoas que podiam esclarecer não tinham crédito por
representarem as ‘amaldiçoadas elites’?
Quando as agremiações políticas ainda eram poucas, elas
pretendiam defender interesses de grandes grupos específicos de
eleitores, mas depois, com a proliferação de siglas, algumas delas
buscavam se afirmar como legendas de aluguel. Outras apenas se
organizavam como provedoras ou empresárias de profissionais de
carreira eletiva, então procuravam produzir evidência midiática
para angariar torcedores (em vez das ideologias se agremiarem, os
demagogos se profissionalizavam).
Assim como faltava fiscalização que comprovasse a
legitimidade dos partidos políticos, também não eram suficientes
as restrições aos candidatos. As convenções determinavam as
candidaturas. Alguns solicitantes de candidatura mediam a chance
de passar na convenção pela visibilidade, como ter bom padrinho,
dinheiro para financiar campanha ou promessas de conchavo, ter
apelido esquisito, envolvimento em casos de repercussão na mídia
e carisma para impor respeito e admiração.
Neoletria 107
Os princípios e preceitos prioritários das agremiações
partidárias restringiam-se a conquista de votos, ficando na
ideologia declarada, apenas uma ladainha com finalidade
sedutora. Os tipos que conseguiam sucesso junto ao eleitorado,
eram bem aceitos e até disputados, por quase todos os partidos,
sem problema de incompatibilidade ideológica. O ‘ideologismo’
fora substituído pelo personalismo.
Para registrar no cartório eleitoral a lista dos escolhidos em
convenção, bastava que os candidatos não estivessem cumprindo
pena por crime julgado em última instância e que estivessem em
dia com a obrigação de eleitor e registro de filiação partidária, e
pronto: passavam sem concurso e sem preparo, como se isso fosse
suficiente certificação de cidadania. Escolaridade específica não
era cogitada, nem atestado de bons antecedentes ou folha corrida.
Presumia-se que o eleitorado saberia escolher porque, como todos
sabem: “a voz do povo é a voz de deus” (precisa ver que espécie
de povo para supor a espécie de deus).
Para ser candidato não era exigido atestado de sanidade
física e mental. Grande parte dos postulantes a mandato tinha
ficha suja na polícia, mas esses pretendentes não eram barrados
pelo Poder Judiciário. As tais fichas não podiam ser divulgadas
para não influir na ‘vontade democrática’. Alguns bizarros eram
submetidos diretamente ao ‘juízo’ do eleitorado, mas seria melhor
se antes passassem por exame psicológico; com certeza a
comunidade seria poupada das loucuras deles.
Então, candidato registrado, era só seduzir os eleitores.
Assim a política partidária revelava-se um ótimo encaminhamento
para quem não tinha escrúpulos, mas sim uma grande necessidade
de foro privilegiado, onde os processos podiam ser adiados à
vontade e as decisões dependiam de poucas mãos ou cabeças.
Alguns trambiqueiros nessa situação já aproveitaram tanto que os
Neoletria 108
crimes foram prescritos, deixando aquela velha impressão de que
a prisão funcionava só para pobre.
Uma lista de candidatos e candidatas era apresentada ao
eleitorado com qualidades divulgadas e criminalidade oculta
(aceitando as qualidades divulgadas, perdoavam os crimes
ocultados), disputando cargos que afetariam a vida e o destino dos
eleitores e seus descendentes.
Aos eleitores eram apresentados pela Justiça Eleitoral, no
mesmo rol, os heróis e os vilões. Seriam muito simplórias essas
‘autoridades competentes’ se esperassem que os eleitores
julgassem a ‘plêiade dos ilustres’ disponibilizada na lista, como
‘preparada’ pela Justiça. Pela ótica do eleitorado a tarefa de julgar,
certamente já estaria concluída durante a composição do rol.
Os heróis e os vilões teriam procuração para representarnos como quisessem. A situação revestia-se da maior gravidade
porque o arrependimento pelo voto errado não tinha eficácia, o
eleitorado não podia caçar a procuração dada pelo voto ‘sagrado’
ainda que flagrasse o farsante sem a máscara.
O eleitor comum não podia contar com um serviço que
deveria ser de exclusividade do governo, qual seja o de defender a
democracia da sua pior doença.
A Justiça parecia ‘entender’ que o privilégio de não
cumprirem pena enquanto estivessem apelando, que era concedido
aos criminosos (e ‘supostos’) para se defenderem em liberdade
sob condições; por ser constitucional essa presunção de inocência,
podia ser extensiva aos mesmos para exercerem o governo da
República, como se fossem merecedores de absoluta confiança. Se
o último veredicto acusasse culpado, estando o meliante já no
gozo da soberania, ele aproveitaria a imunidade, e o povo que se
lixasse ao ver uma cobra sair de um lindo ovo.
Neoletria 109
Na hipótese da condenação em última instância, de um
eleito já empossado (julgamento que costuma ser evitado),
segundo o meu parecer, a devida punição do ‘perdoado’ deveria
recair sobre os ‘ilustres’ mantenedores da banda podre do poder,
por abrirem a porta da ‘igreja’ e convidarem o ‘capeta’ para
assumir o ‘púlpito’. Acredito que haveria mais sensatez se a
Justiça optasse por adiar a inscrição da candidatura para o fim das
apelações, contanto que a decisão definitiva declarasse a inocência
e isenção do pretendente. Isso evitaria a investidura de um
bandido entre os heróis.
Pelo visto, a conveniência da carreira política era mais
interessante para velhaco criminoso do que para cidadão
cumpridor das responsabilidades.
Desculpem-me aqueles políticos que, como eu não se
conformam com esse estado de coisas, mas foi a maioria que quis
assim, por conveniência ou estupidez. Em tese o Poder Judiciário
apenas faz cumprir as leis elaboradas pelo Poder Legislativo.
Quando se verificar que o Judiciário interpretou em viés, será hora
de corrigir o texto ou teor da lei para ficar mais claro, mas
depende da “vontade política” ou de conveniências ocultas.
A questão é qualificar a maioria do eleitorado para eleger
uma boa maioria parlamentar que aprove uma legislação mais
‘cidadã’. Os movimentos democráticos e socialistas, os
democratas, republicanos e progressistas deviam evitar a
necessidade de nova ditadura para por fim aos desatinos
legislativos, porque quanto mais cresce a maçaroca, mais difícil
será o desenredo.
No momento em que estivermos livres da burrice, as
conveniências gerais ficarão mais evidentes e poderemos
administrá-las com critério.
Neoletria 110
ELEITOR CONSUMIDOR
Existe o Procon que zela pelos direitos dos consumidores.
Essa procuradoria evita a necessidade da especialização de cada
um dos milhões de cidadãos, sobre centenas de itens de
mercadorias e serviços para que possam safar-se das mais diversas
injustiças nas suas relações de comércio, atendimentos, serviços
empresariais e estatais, etc.
Quase tudo o que é submetido à apreciação ou escolha por
parte das pessoas ou das instituições, tem que ser aprovado ou
condenado por algum tipo de fiscalização, mas o mesmo não
acontece na vida político-administrativa nacional.
Misteriosamente a ‘vontade democrática’ é burlada no
aspecto ‘fiscalização republicana’. Não existe manual de
funcionamento do ‘produto’ para uma escolha de candidato
adequado aos propósitos.
Nem as agremiações político-partidárias e nem a Justiça
eleitoral se envolvem com a necessidade da depuração de maus
elementos das chapas partidárias.
Enquanto as listas de políticos pretendentes a votos, são
apresentadas ao eleitorado apenas por divulgação de auto-elogio,
sem um bom exame ou controle de qualidade, deixando o
contraditório por conta de suspeitos adversários, os produtos
alimentícios são submetidos à fiscalização de higiene pela
vigilância sanitária; quantidade, composição, período de validade
e preço são conferidos para conforto dos consumidores. Por
medida de segurança os medicamentos passam por muitos testes
antes de serem liberados para consumo sob receita médica. As
escolas submetem-se às diretrizes do Ministério da Educação. Os
preenchimentos de cargos do serviço público seguem normas
rigorosas de concurso em competição de conhecimentos e ficha
Neoletria 111
limpa. O serviço militar embora obrigatório, efetua inspeção
médica para dispensa ou escolha dos recrutas. As funções do
serviço público são detalhadamente regidas por lei. Entretanto
uma liberdade sinistra e sorrateira corre irrestrita, e muitos abusos
são permitidos ou consentidos apenas e unicamente onde mais
deveria imperar o bom-senso e o rigor técnico para que a
civilização avance em equilíbrio e harmonia.
As casas de leis, além de regimento interno têm os seus
códigos de ética e em cada uma deveria funcionar a comissão que
fosse respeitada, mas geralmente o ‘plenário’ não concorda com
as recomendações, porque a maioria joga na defensiva para não se
expor.
O Departamento Nacional de Trânsito exige prova de
conhecimentos e aptidão dos que pretendem ser condutores de
veículos. De quem pretendesse ser candidato para conduzir a
comunidade seria coerente exigir prova de conhecimentos,
aptidão, honradez, probidade e decência. Acidente de um veículo
não se compara com acidente de uma cidade, um estado, uma
nação.
Os candidatos aos cargos mais importantes do governo, os
eletivos, deveriam ser submetidos a provas de escolaridade,
experiência e honestidade. Não é justo esperar que os eleitores
sejam responsabilizados pelas escolhas desastradas de eleitos mal
conhecidos e mal intencionados. A peneira é grande demais para
cada eleitor ser obrigado a carregar a sua. Sem abrir mão da
autoridade para escolher os mais adequados para serem eleitos e
investidos na administração do serviço público, os eleitores tem o
direito de receber listas limpas de candidatos qualificados, livres
de ‘gorgulhos’, ‘joios’, ‘carunchos’ e outros refugos, mas os
critérios dos partidos políticos não abrangem condições
suficientes, é indispensável o crivo judiciário.
Neoletria 112
Para o interessado ser inscrito na disputa, poderia haver
um padrão mínimo a observar, um órgão fiscalizador com
requisitos a exigir. Essa obrigação seria dividida entre o governo e
as agremiações partidárias solidariamente, cada qual no que lhe
compete. Se a agremiação descuidasse a sua parte, pelo menos a
do governo seria rigorosa, por meio de um grupo de interesse
geral, não subversivo e multi-ideológico, uma comissão composta
por membros ilibados e de notório saber.
É recomendável que o partido político tenha interesse por
candidatos que demonstrem: afinidade ideológica; lealdade;
companheirismo, para segurança da fidelidade partidária; tenham
tirocínio e sejam comunicativos, para garantir boa gestão no cargo
público.
Espera-se de um órgão governamental (Justiça Eleitoral)
condições de defender o direito dos eleitores de receber uma lista
limpa e livre de incapazes ou malfeitores, submetendo os
candidatos a testes de conhecimentos condizentes com o intuito
pretendido, além de certificar-se sobre a conduta ilibada. Pouco
importa se a sabatina de alguns requisitos coincide na agremiação
e no órgão, essa função duplicada dificulta fraude.
Ser filiado a um partido político é simplesmente fazer parte
da torcida organizada, entretanto ser candidato é estar às portas da
governança. Por isso os requisitos são outros.
Para que a democracia seja de fato soberania popular (e
não “ditadura do proletariado”), não basta oferecer opções de
candidatos aos eleitores, como no jogo das cumbuquinhas que se
deve adivinhar onde está a pedra. Se os eleitores são obrigados a
votar, o eleitorado tem o direito de conhecer a qualidade de cada
alternativa para indicar a opção conscientemente e não arcar com
quatro anos de arrependimento. Para isso basta expurgar os
incompetentes e os que escondem a ficha pregressa.
Neoletria 113
Uma boa administração democrática depende da educação
da sociedade, e a educação de qualidade deveria ser aprimorada
cientificamente.
LAICISMO
Um religioso que participa voluntariamente das atividades
numa confraria, numa igreja, é muito melhor eclesiasticamente do
que qualquer pessoa que seja a isso forçado por lei ou por
qualquer espécie de constrangimento. A vocação clerical pode
restringir o devoto a uma linha doutrinária pouco ecumênica até
entre adeptos do mesmo cristianismo; quase nada de diálogo com
outras confissões. A vocação política é geralmente menos incutida
de dogmatismo do que a religiosa e por isso descortina amplos
horizontes filosóficos, cuja aceitação ou recusa é menos
constrangedora.
A liberdade de consciência é um princípio democrático
que garante o pluralismo ideológico e religioso, para que os
cidadãos usufruam o direito de ir e voltar aos seus cultos em paz,
onde encontram o significado da existência e conforto para as suas
ansiedades.
O poder público deve ser laico e apartidário, porém fiel aos
compromissos do plano de governo divulgados em campanha
eleitoral. Os partidos de oposição não podem ser proscritos
enquanto agirem de acordo com os bons princípios do direito
democrático, enquanto participarem da comunidade republicana,
mas evidentemente as agremiações criminosas ou perturbadoras
da organização social devem ser excluídas dessa comunhão. O
respeito pelos ‘movimentos sociais’ ou manifestações deve ser
limitado, porque se a metade do povo preferir o suicídio, a outra
metade não deve solidarizar-se. Nestas condições, os eleitores têm
o direito de apoiar qualquer partido constituído legalmente, mas a
Neoletria 114
afinidade ou preferência ideológica é opção de responsabilidade
pessoal.
Nos países de governo democrático onde convivem
variedades de religiões, é conveniente a imparcialidade revertida
no que chamamos de laicismo, ou governo secular. Suponho que
por isso alguns grupos de educadores assumem posições
anticlericais e passam a abominar a moral e talvez até os bons
costumes, como se a educação carregada de ética fosse uma
concessão ao poder eclesiástico. No meu modo de ver, não há
motivo para tanta polarização “entre o céu e a terra”.
O laicismo tem o objetivo de respeitar a Constituição
Federal que garante os “direitos e deveres individuais e coletivos”,
torna inviolável “a liberdade de consciência e de crença”,
conforme incisos VI e VIII do Art. Quinto. Sem esse preceito a
democracia seria impossível.
Se o Estado manifestasse preferência por determinada
religião, ou linha ideológica, haveria possibilidade das congêneres
ficarem prejudicadas ou até proscritas. O recrudescimento seria na
direção da intolerância e do totalitarismo ou da guerra civil. Com
a posição de imparcialidade o Estado democrático adota uma
equidistância que permite amplo desenvolvimento de todos,
atende o bem estar social e o ânimo espontaneamente progressista
em qualquer ramo do saber. Logicamente os melhores prosperam
mais se as oportunidades forem iguais para todos; a possibilidade
de crítica e discussão impede as aberrações e degenerações, além
de estimular o aprimoramento. Seguindo esses parâmetros a nação
se robustece.
As religiões não devem ser combatidas enquanto se
mantiverem parceiras do ‘Estado laico’ na preparação de um povo
para a cidadania, com liberdade para praticar tudo o que vale a
pena no âmbito da legalidade. Em compensação o governo secular
Neoletria 115
deve apoiar as igrejas que cumprem com o seu dever de orientar
as pessoas no caminho de lealdade, honestidade, solidariedade e
respeito, porque assim a democracia se realiza.
Entre seitas e doutrinas que adotam a legalidade por
requisito, as rivalidades devem ser resolvidas apenas por meio de
argumentos e admoestações, porque assim as disputas restringemse às ideias, sem atingir as pessoas, mesmo porque desse modo é
mais fácil a retratação de quem se acha em erro ou equívoco.
Funciona como o debate no Tribunal do Júri entre a defesa e a
acusação quando que os contendores agem por convicção e não
por cumplicidade no crime ou solidariedade com as partes
litigantes.
Antagonismo exagerado e sem fundamento entre os
‘mundanos’ e os religiosos, entre os laicos e os eclesiásticos pode
ser indício de desvios culturais e educacionais que indicam a
conveniência de uma investigação profunda sobre as verdadeiras
causas da crescente criminalidade; seria triste ver culpa ou dolo
escondido nas orientações ‘educativas’ de ideologias retrógradas.
A violência que nos aflige é produto da nossa estupidez,
porque esses violentos e criminosos surgiram das nossas famílias
e das nossas escolas. Se alguém merece castigo corretivo, é aquele
que comete crime. No entanto deve ser cogitada a
corresponsabilidade dos pais e educadores e solidariamente pelas
instituições governamentais que puderem orientar pela índole da
legalidade, havendo interesse pela saúde democrática. Se os
educadores pagassem cinco por cento da penalidade que lhes cabe
pelos delitos dos seus educandos adolescentes, eles questionariam
a qualidade da educação que passam, mas os delinquentes teriam
que pagar os noventa e cinco por cento, para não serem
incentivados a punir os seus mestres.
Neoletria 116
A sabedoria e a cultura popular são produtos da educação,
mas para ser verdadeira e de boa qualidade a educação não pode
ser tendenciosa, fanática ou partidária, nem cabresteada por
alguma tirania ideológica, pois se fosse assim, em vez da
erudição, o que teríamos para cultuar seria uma ‘récua’ de
preconceitos pelos quais se basearia a nossa democracia.
A capacidade de atender e orientar sempre para que todo
encaminhamento, todo desenvolvimento, todo acontecimento
tenha como objetivo a conveniência geral, mais do que a
particular requer muito esclarecimento, muita ciência e muita
ética. Não basta que só os governantes tenham essa atitude e esses
requisitos, os mestres também devem ter, todos nós devemos
almejar. Funciona como o lema dos Três Mosqueteiros: “um por
todos e todos por um”.
SANEAMENTO DA DEMOCRACIA
Para a inteligência funcionar e se desenvolver depende de
coerência, raciocínio lógico, teorias e das respectivas práticas, mas
para começar não há desenvolvimento sem estímulo. Com a
inteligência desenvolvida o interesse aumenta; maior interesse
requisita mais teoria e por consequência o aprimoramento da
respectiva prática. Isso forma círculo virtuoso auto-sustentável. É
só começar por uma educação mais rigorosa.
No âmbito de um povo inteligente, atento e bem informado
não prosperariam tanto as falcatruas e corrupções, porque a
pronta, sábia e eficaz reação pública desencorajaria o crime. Um
povo intelectualizado preconiza correção em detrimento de erro;
exatidão é melhor do que quase certo; a sinceridade ao invés da
falsidade; preferência pela verdade e repúdio pela mentira, pois se
quisermos reciprocidade na nossa convivência com a sociedade,
se exigimos o direito de sermos tratados com honestidade,
Neoletria 117
devemos ser honestos. Quem tem saúde mental fundamenta os
seus parâmetros psíquicos na realidade, não no absurdo.
É possível melhorar o quociente intelectual médio do povo
brasileiro, mas para tanto é necessário investir em tecnologia do
aprendizado; melhorar os instrumentos e as ferramentas a isso
destinados; incluir os exercícios especiais para o desenvolvimento
da inteligência como parte do ensino obrigatório. É provável que
isso aconteça quando a democracia estiver saneada.
Os bons políticos existem, mas são minoritários. Os
demagogos preferem um ‘rebanho’ dominado e ingênuo, por isso
são maus políticos.
Conduzir uma nação pelo caminho do bem, só será
possível com boa liderança. Contudo existe uma dificuldade: a
percepção pública das diferenças entre candidatos disfarçados,
principalmente durante a campanha eleitoral. Deveríamos
distinguir entre os hipócritas e os sinceros, mas de que adiantaria
uma extrema sinceridade casada com uma ingenuidade do mesmo
tamanho?
Queremos uma verdadeira democracia, mas para isso
devemos estabelecer na nossa cultura as qualidades virtuosas
como povo solidário, altruísta, responsável, competente e
esclarecido. Isso se faz começando pela educação e o cultivo da
intelectualidade, das boas maneiras das habilidades em geral. É
necessário o ensino das ciências e da lógica tanto matemática
como filosófica e até coordenação motora (educação física).
Afinal os países mais civilizados da atualidade derivaram dos que
aproveitaram as influências dos gregos; desde a antiguidade eles
foram esportistas, academicistas e afeitos às artes.
A instrução de regras da cidadania, do respeito, dos
direitos e obrigações, precisa constar no conteúdo programático
escolar. Mas talvez toda a educação deva ser reciclada para que
Neoletria 118
sejam averiguadas estatisticamente as ações e as atitudes
educativas e seus resultados, para corrigir ou substituir tudo que se
revelar inútil ou nocivo.
Convém evitar que a propalada igualdade de direitos vire
uma paçoca, uma maçaroca composta de inigualáveis,
incombináveis e incompatíveis onde os defeitos de uns instigam
por oposição os dos outros e as virtudes se estagnam. Os alunos
devem ser divididos em classes segundo diferenças notáveis
quanto ao respeito de uns pelos outros e pelos mestres; quanto à
inteligência e quanto às outras categorias de distinção por
eficiência ou deficiência. Importa muito evitar o descuido com o
desenvolvimento da agressividade de alguns, podendo ser
contagiante e prejudicando os demais. Alem disso, Uma classe
muito heterogênea tem pouco aproveitamento e cai na
dispersibilidade.
Suponho que a construção da inteligência excelente já foi
experimentada ou cogitada há dois mil e quatrocentos anos em
Atenas, mas se agora os indícios demonstram falha acentuada,
nunca é tarde para o recomeço, até porque na Europa da
renascença, depois de “um longo e tenebroso” medievalismo,
muitos tentaram e conseguiram até onde foi possível na época. O
fervor intelectual foi mantido em algumas nações por algumas
pessoas daí em diante, parecendo florescer no século XVIII. Creio
que em alguma parte da Terra continua até hoje. Aqui precisamos
soprar as cinzas para avivar as brasas.
Neoletria 119
SEGUNDA PARTE
INTELIGÊNCIA
OBSERVAÇÕES
Por
vezes
apresento
argumentação
obviamente
desnecessária, mas considerando a heterogeneidade do ensino, a
tentativa da promoção de classe (série) para todos os alunos,
independentemente dos resultados das provas ou das notas finais,
a posição brasileira na classificação mundial do aproveitamento
escolar e o privilégio das cotas sobrepondo-se à importância do
preparo; acredito que existem decisões importantes resolvidas
‘politicamente’ e ‘de ofício’, com fundamento teórico ou retórico
e autoritário, mas sem respaldo prático. Preferindo admitir que
essas aberrações acontecem por falta de preparo e por ingenuidade
das nossas autoridades e não por indignidade, entendo que tudo
isso indica a necessidade da referida argumentação.
Neoletria 120
Talvez por falta de divulgação ou conservadorismo mal
resolvido nem todas as maravilhas criadas por pessoas foram
plenamente adotadas pela humanidade. Algumas, como o idioma
Esperanto, ainda pairam acima da oportunidade de assimilação do
grande público mundial. Um desprezo irracional.
Seria desperdício rejeitar um sistema pronto para atender o
requisito principal da inteligência, que é o aprimoramento da
linguagem. Suponho, aqui do meu ponto de vista, que embora já
existam idiomas disputando hegemonia pelo mundo afora, não há
nenhum que se compare com o Esperanto em simplicidade,
eficiência, correção e coerência.
Alimento a esperança de que Neoletria será novo alento
com propósito semelhante ao do Dr. Ludwig Lazar Zamenhof
(1859-1917, médico e poliglota polonês, criador do idioma
internacional Esperanto).
Esta segunda parte, “Inteligência”, ocupa-se: da educação;
da qualidade e manifestação dos pensamentos; das características
intelectuais que devem ser prioritárias no desenvolvimento
mental; das influências idiomáticas nas peculiaridades da
inteligência.
Neoletria 121
VII – EDUCAÇÃO
ESCOLA
No período da pré-adolescência o estudante deve ser
cientificado de que depois virá ocasião na qual ele, como ‘futuro
adulto’, tentará contestações e experiências extravagantes;
desejará encontrar uma definição da sua própria pessoa para ser
‘alguém’. Em seguida, durante a ‘grande travessia’ o adolescente
deverá estar preparado para dirigir os seus interesses por veredas
seguras, porque muitos pegam caminho sem volta e derivam ou
sucumbem.
Em regra geral os estudantes terminam seus cursos
convictos, de ‘cabeça feita’ e não perdem tempo com ‘outras
verdades’. Por isso mesmo é com bom orientador que a boa
educação se realiza. Não é bastante e nem necessário estudar no
educandário mais famoso ou mais caro para tornar-se verdadeiro
cidadão. Alguns dos doutores mais bem pagos foram formados
por ideologias desvirtuadas, sendo por isso disseminadores de
equívocos.
Além dos exercícios para desenvolvimento da inteligência,
a formação profissional depende muito de boas intenções, de feliz
escolha de assuntos complementares e cultura geral que aprimore
a cidadania. Também é necessário compreender bem as
Neoletria 122
disciplinas curriculares e fazer pesquisas paralelas. Sempre existe
a possibilidade do aprofundamento em assuntos tratados
superficialmente em aula.
É muito importante ganhar boas notas durante o curso
escolar, mas isso é insuficiente, tanto é que o melhor profissional
não é necessariamente aquele que passava em primeiro lugar da
classe. Ser bom profissional depende de bons conhecimentos, mas
também de boa índole, dignidade de caráter, sensibilidade de
temperamento, respeito, amor ao próximo, responsabilidade,
urbanidade.
“Na terra dos cegos quem tem um olho é rei”. No rol das
dificuldades restritivas existe: cegueira, surdez, paraplegia, idiotia.
Todas são limitantes, mas a ideologia equivocada tende a ser mais
perniciosa, porque contamina mais a sociedade e geralmente passa
despercebida. Pessoas de entendimento deturpado por promessas
ilusórias e ideologias fracassadas deviam se reciclar antes de guiar
as crianças rumo à sabedoria; em caso contrário parecem vesgos
conduzindo cegos.
Política partidária, tanto situacionista como oposicionista,
não deve imiscuir-se na educação porque isso não seria uma boa
prática democrática. Mas é dever do Estado incumbir-se de todos
os cuidados para que a formação estudantil seja de ótima
qualidade na preparação de pessoas felizes e aptas a compor uma
sociedade multifuncional, solidária, harmoniosa e próspera. A
educação é importante o suficiente para merecer mais pesquisa e
ser tratada mais tecnologicamente.
DISCERNIMENTO
O Brasil continua atrasado em aproveitamento escolar,
principalmente na parte de linguagem. Tanto que carece de alerta
Neoletria 123
para tomada de decisões ou pelo menos de grandes debates sobre
os rumos e a eficácia da educação brasileira no que se refere aos
modos de expressar os pensamentos.
Não vamos apostar na inferioridade genética de uma
quimérica sub-raça para explicar a dificuldade que tem o Brasil de
ser promovido ao grupo do ‘primeiro mundo’. Todas as raças
humanas são notavelmente bem dotadas, cada qual no seu modo
de vida, cada uma em sua diversidade. O povo brasileiro tem a
vantagem de somar as virtudes pela sua mistura racial e
ideológica, mas algum estorvo ainda deve ser removido para
possibilitar um aproveitamento satisfatório na qualidade da
compreensão.
Se quisermos sair da estagnação, o caminho é investir mais
na educação séria e competitiva, confiando na nossa
potencialidade, elevando apaixonadamente a auto-estima, a
cidadania e o patriotismo. Convém desprezar as utopias
degradantes e humilhantes, de origem religiosa ou política, que
desestimulam os esforços produtivos e incitam a inveja. Ao
quebrarmos os grilhões que nos prendem aos grandes equívocos
que turvam o raciocínio, ao melhorar o discernimento
conseguiremos desvencilhar-nos dos marasmos individuais e
coletivos.
Os profissionais de educação têm muito do que reclamar
em suas condições de trabalho. Mesmo assim devem continuar
interessados no aprimoramento de seus ideais e das suas
finalidades funcionais, sem deixar a degeneração tomar conta da
sua profissão. Não é hora de abandonar o barco, mas sim de
corrigir a direção.
Que os mestres, eventuais grevistas, não percam jamais o
amor pela profissão e o interesse pelo seu esmero!
Neoletria 124
TECNOLOGIA DO APRENDIZADO
O desenvolvimento do Brasil terá melhor rumo quando o
período escolar tiver início por exercícios preparados
cientificamente para o desenvolvimento da inteligência.
Para preparar e otimizar a inteligência do povo brasileiro,
exercícios devem ser adotados para controle e desenvolvimento da
mente; do raciocínio lógico e rápido; da memória; da emotividade;
da atenção concentrada; da organização e controle dos próprios
pensamentos; da percepção automática (rápida) da coisa
simbolizada, no momento da evocação do respectivo símbolo;
treinamento em técnicas de memorização além de outros
exercícios que a experiência sugerir. Isso deve constituir um curso
paralelo para estimular e habilitar a inteligência propriamente dita
às funções que dela se espera. Também é recomendável um
laboratório de experimentos científicos para criação, manutenção
e aperfeiçoamento do sistema educacional brasileiro. Uma
instituição assim deve ser estabelecida como parte do serviço
público, para não restringir as oportunidades, nem estratificar as
castas.
Quase todas as pessoas trazem de nascença uma
intelectualidade rudimentar e assim passam a vida. Algumas têm
acesso às escolas especiais desde a primeira infância, antes dos
pacotes curriculares, quando ainda é possível aprender a aprender,
porque nessa fase ainda não chegou a carga do conteúdo
programático obrigatório. Então, nas melhores escolas, o prezinho
vai preparando ludicamente e capacitando a criançada para a
aquisição da sabedoria.
O curso pré-primário não deve ser considerado apenas uma
facilidade para os adultos deixarem os filhos no ‘depósito’
enquanto cuidam de outras obrigações. Na regulamentação desse
curso deve ser considerada a devida importância em conteúdo e
Neoletria 125
duração, satisfazendo as recomendações que o ‘instituto de
pesquisas experimentais do sistema educacional brasileiro’ definir
na medida em que a sua instalação e o seu aprimoramento vão se
efetivando.
O ‘retorno’ ou a recompensa para a ‘macro inteligência
social’ pelo investimento na excelência intelectual sem
discriminação será multiplicado. Os denominados países de
primeiro mundo foram elevados a esse grau por possuírem as
melhores universidades, onde a seleção do corpo docente é
extremamente criteriosa, e a do discente também.
PRIVILÉGIO
Os humanos viviam errantes como as alcateias e assim
ferozes, estavam sempre prontos a enfrentar qualquer outro grupo,
de gente ou de bichos. Muito depois, organizados em nações
imperiais guerreavam em campanhas de conquista, como se
fossem à caça de escravos.
Este mundo produziu a civilização suméria e egípcia,
praticamente contemporâneas e reciprocamente influenciadas que
se estenderam por milênios até alguns séculos após o início da
atual.
Centenas de anos antes de Cristo teve início a atual
civilização quando os gregos reuniam-se em Olímpia, Corinto,
Delfos, Argólida para as práticas esportivas, musicais, teatrais e
comerciais; eram concursos, eram competições de habilidades.
Depois os romanos conquistaram o império grego, mas foram
conquistados pela sua cultura.
Na educação como na política, existe o concurso e a
salutar competição, impulsionando a vontade de se aprimorar para
vencer, ainda que com isso refreie um pouco a solidariedade
Neoletria 126
humana, mas é uma fase necessária. Assim como todo aluno
deseja que as suas notas sejam as melhores, todo político quer ser
o mais votado, os atletas alavancam os seus esforços pela
expectativa do desempenho comparado entre contendores durante
as competições.
Ao governo, como poder agregativo, coordenador da
sociedade e interessado em otimizar a qualidade de vida de todos
os eleitores, cabe a função de cuidar para que todos os bons
políticos tenham apenas os votos que mereçam pelas qualidades e
não pela capacidade de compra. Pelo mesmo motivo o governo
deve planejar e empenhar-se para que todo estudante possa
competir pelas melhores escolas e pelos melhores cursos, mas só o
dom da inteligência e os conhecimentos devem contar pontos para
essa habilitação e não o berço, a cor, a origem estrangeira ou o
privilégio de ser autóctone. Sem rigor nesses cuidados, a sua
intenção de ‘homogeneizar’ a população ou diminuir a distância
entre as classes de renda funcionará ao inverso, porque ao
abandonar o preparo intelectual como primeira causa
classificatória para o ensino gratuito do terceiro grau; ao impor a
pobreza como condição para isso, estará colocando condições para
duas diferentes categorias de profissionais liberais: os excelentes e
os medíocres. Os ricos continuarão na melhor preparação e
poderão estudar no exterior.
Regalia para poucos, porém discriminação para muitos é o
que suporta a vassalagem nos governos totalitários e
escravocratas, sejam de países ou de subnações, porque
escravizam os súditos e estes não têm a quem reclamar por justiça.
Mas nos Estados de direito democrático, em que a lei ‘assegura’
que todos serão tratados com equidade; contando-se com
‘inteligência social’ e estando ativado o consenso da maioria, o
desrespeito à lei seria intolerável.
Neoletria 127
Com certeza ninguém deve ser punido ou injustiçado por
se dedicar aos estudos, cedendo frustrantemente a sua vaga para
um privilegiado, a qualquer pretexto. Desde que seja demonstrado
o merecimento e a capacidade potencial de exercer com
competência uma função extraordinária; deveria ser considerado
crime o impedimento ou apenas o simples fato de atrasar
injustificadamente o estudante esmerado para continuar estudando
até assumir a profissão escolhida.
A inteligência inicial herdada geneticamente deve ser
estimulada a se desenvolver, porque as possibilidades são
imensas. O resultado pela chance dada às melhores cabeças será a
transformação deste num país mais soberano e acolhedor pela
excelência dos serviços, mas para isso será necessário que todos
os brasileiros tenham as mesmas oportunidades desde o início,
sem impedimentos para alcançar tudo o que forem capazes, para o
bem de todos.
MODELAGEM DA ÍNDOLE
As pessoas não seriam necessariamente como estão. Se
costumeiramente alguém é triste ou depressivo, pode modificar o
seu ‘caráter’ ao mudar o foco das suas atenções e considerações
poderia tornando-se alegre e voluntarioso. Sendo possível
acontecer assim a um adulto, muito mais facilmente a uma
criança, mas então existe mais necessidade de orientação,
assistência e atendimento. Isso suscita uma premissa: defeitos
atribuídos a indivíduos poderiam ser apenas peculiaridade da má
educação que lhes foi ministrada. No entanto existem outras
complexidades: a educação não é absoluta na formação do caráter,
visto que as crianças reagem diversamente aos mesmos estímulos.
Entretanto com as devidas adequações educativas de acordo com
os perfis psicológicos de cada uma e classificadas em grupos
Neoletria 128
homogêneos para serem tratados por meio de métodos
educacionais específicos por grupo, esses resultados poderiam ser
equivalentes.
A degeneração de caráter deve ser evitada enquanto as
pessoas são novas, mesmo que, para obter sucesso, seja necessário
alterar o estatuto que foi instituído para proteger os menores e os
adolescentes. ‘Em time que está perdendo, mexe-se’. Quando
descobrimos que ‘estamos a caminho do precipício’, devemos
mudar o rumo, ainda que para isso seja necessário corrigir ou
revogar alguma lei.
Defeitos de caráter como inveja, cobiça, egoísmo,
covardia, desrespeito, vícios de quaisquer tipos e outros que
podem induzir pessoas ao banditismo devem ser evitados desde a
primeira educação, quando nas crianças ainda não se definiram
por ideias extravagantes que já chegam protegidas pelos
respectivos ‘direitos’ esdrúxulos.
EDUCAÇÃO POSITIVA
As crianças devem receber educação com amor; nos casos
de rebeldia ou rejeição dos ensinamentos, não devemos abandonálas como se o tratamento interessasse só a elas. Se alguns
pequenos não se comportam como alunos na classe, é melhor que
frequentem classe especial. Devemos descobrir a causa do
comportamento estranho, impor disciplina com segurança e evitar
os contágios de mau comportamento, porque tanto boa quanto má
educação fundamenta-se em atitudes ideológicas dissemináveis
pelo exemplo. A alternativa educacional oferecida aos rebeldes
não deve configurar-se como privilégio, porque havendo prêmio
para a maldade, essa será a preferida.
Neoletria 129
As escolas particulares talvez sejam mais transigentes com
a indisciplina, porque os pais de alunos são clientes (o freguês tem
razão). Se esse obstáculo à excelência educacional for
intransponível, só resta reforçar as escolas públicas para impor
métodos à luz da ciência e da tecnologia para que as escolas sejam
templos de educação e assim os alunos excepcionais tenham
classes especiais e os mestres sejam devidamente respeitados.
As boas escolas devem dar melhor ocupação e prestígio
aos profissionais do ensino que cuidam dos desvios
comportamentais. Esses profissionais devem receber preparo
suficiente a motivar o bom comportamento e cativar a
compreensão evitando condições para o desrespeito que sofrem os
mestres. Deve ser levado em conta que o bom comportamento e as
boas intenções das crianças são mais importantes socialmente do
que o conteúdo programático regular. Um gênio do mal tem valor
negativo; qualquer pessoa do bem tem valor positivo.
Não podemos permitir que uma porção da juventude se
corrompa e sirva de exemplos atrativos para o restante que
poderia ser a boa parte da sociedade em formação. Isso não
significa defesa dos interesses da chamada ‘classe dominante’ em
detrimento do ‘proletariado’, mas sim preservação da coisa
pública e da cidadania contra a degradação da comunidade.
CARÁTER
Na luta cotidiana pela sobrevivência, os esforços de muitas
pessoas se deturpam, passando da simples estocagem do produto
econômico do seu trabalho para as atividades de competição, de
imposição, auto-afirmação, poder e até de predação antropofágica
como a do banditismo que, de inveja, mata o semelhante até para
usurpar algo quase sem valor.
Neoletria 130
A autodeterminação e o livre arbítrio estão disponíveis ao
alcance de quem desejar. A dificuldade do malfeitor é em desistir
de um caráter asqueroso, construído com tanta perseverança. O
problema é demolir a sua monstruosidade da qual tanto se orgulha
e que tem sido alvo dos seus mais caros investimentos. Tipo assim
deveria permanecer acorrentado durante mil anos na ‘masmorra
do inferno’, ou ser tangido até retornar ao começo do imenso
caminho do bem que deixou de percorrer. Talvez durante a grande
decida nem sequer parou para pensar que pela ladeira abaixo o
cominho errado é facílimo, mas obrigatoriamente chegaria o
momento do regresso.
A recuperação dos adultos depravados é muito difícil. É
quase como endireitar os galhos de uma árvore, depois de
robustos. Adultos perversos parecem incapazes de reencontrar o
raciocínio deturpado que induziu as suas convicções para então,
sob nova luz poder refazê-las.
Educação mal orientada durante a infância pode imprimir
nocividade permanente; um ser humano de início estragado quase
sempre termina mal. Se nós devemos compaixão às pessoas
pervertidas, como se elas tivessem apenas um respeitável (e
indiscriminável) defeito congênito ou porque ‘a culpa é da
sociedade’, isso não deve incluir tolerâncias, afagos e cotas de
qualquer participação no convívio comunitário ou ‘semiaberto’; a
sociedade merece depurações para se preservar; os perversos estão
assim porque foi essa a sua educação e porque assim preferiram
ser; a sociedade torna-se corruptora enquanto tolera corruptos.
A ninguém deve ser concedida conveniência social de
comportamento maligno, por mais estapafúrdia que seja alguma
hipótese de justificativa. A ideia de impor à sociedade o convívio
dos maus elementos, por tê-los produzido, é gerada de mentes
coniventes e tolerantes que defendem ‘os seus’, com os quais têm
afinidade.
Neoletria 131
Agora que o facínora já se desenvolveu, agora que parece a
‘árvore’ que cresceu torta e assim continuará; a esse malfeitor é
recomendável interdição talvez definitiva para que as suas
atividades sejam sempre vigiadas ou impedidas, e com isso a sua
perniciosidade seja limitada. Aquele ditado que diz: “a ocasião faz
o ladrão” serve muito bem para determinadas pessoas que
merecem vigília permanente.
Privacidade de correspondência e comportamento, só
merecem os cidadãos confiáveis, enquanto não derem motivos
para a perda da confiança. A prerrogativa de quebrar o sigilo e a
privacidade cabe apenas ao Poder Judiciário, mas é necessária
uma cátedra específica, mais especialização.
Os homens não têm competência para julgar a eficácia de
um arrependimento. A comunidade não merece aguentar o livre
convívio dos insociáveis, mesmo que os tenha produzido. Não
merece ser acorrentada na permanência dos equívocos. Quem não
soube valorizar a maravilha de corpo e faculdades mentais
herdada por nascimento e o atual estágio da civilização que o
acolheu, nem precisa excogitar desculpa descabida para justificar
a escória em que se tornou.
Enquanto algumas pessoas que têm milhares de motivos
para serem agradecidas e bondosas, mas escolhem a malignidade,
outros despojados são amorosos e gratos. Uma deficiência física
não impõe impedimento à dignidade, à bondade, à utilidade à
importância e à credibilidade de quem tem boa educação.
Geralmente o portador de deficiência se aceita e procura retribuir
pelo melhor proveito daquilo que lhe foi concedido ser.
Neoletria 132
VIII – CAPACITAÇÃO MENTAL
O EXERCÍCIO DA INTELIGÊNCIA
Aprender é memorizar ideias, é classificá-las e com elas
criar comparações, aplicações e implicações. Quem aprende e
compreende, tem possibilidade de relacionar os seus
conhecimentos entre si, possibilitando o seu emprego no futuro
em combinações ou conclusões inéditas.
O entendimento de um novo assunto viabiliza-se pelo
interesse ou conveniência que gera curiosidade e memoriza-se
pela associação combinatória que possa ter com algum
conhecimento prévio.
Geralmente quando alguém está lendo sobre uma trama
muito complicada ou enfadonha suas defesas psicológicas
acodem, relaxando a atenção. Então os pensamentos desse leitor
mudam de curso, mesmo sem parar de ler. Depois, se for
questionado sobre o tema lido, 'descobrirá' que é um leitor incapaz
de reter conhecimentos ou que não foi suficientemente
‘alfabetizado’, entretanto é apenas um caso de descontrole mental
sobre o encaminhamento das ideias.
O desvio do enfadonho para procurar algo mais
interessante ou a fuga do complicado para desviar-se da
dificuldade, não é atributo definitivo inerente a algumas pessoas,
Neoletria 133
constitui apenas distúrbio no subconsciente que pode ser corrigido
com algum sistema de controle da mente.
De pouca valia é o gasto em 'pacotes' de instruções aos
nossos despreparados estudantes enquanto não decidirmos dar a
eles algumas 'colheradas' de meditação e controle mental.
Ao supor que abarrotando os nossos adolescentes de
informações, criamos condições para que eles sejam no futuro os
'puxadores' do desenvolvimento, incorremos numa quimera
equivalente a de convocar a 'seleção' para um grande torneio
esportivo, mas com um plantel cuja qualidade fosse só
embasamento teórico com ‘cabeça de ouro e pernas de pau’. O
rendimento seria muito aquém do esperado porque faltaria
treinamento e habilidade.
Mais importante para os estudantes não é o acúmulo de
conhecimentos. Importa organizar as ideias, aprender a dirigir os
pensamentos evitando lembranças ou imaginações invasoras
quando for necessária a concentração em determinado assunto.
Por vezes discriminamos ou desqualificamos uma pessoa
inteligente só por estar despreparada e não percebermos o seu
potencial.
No caso de um veículo, em primeiro lugar devemos
reforçar a sua suspensão, o material rodante e o motor para depois
sobrecarregar. Aos alunos novos são atribuídas metas para o
estoque e processamento de informações, sem que tenham
passado por um reforço intelectual que os encaminhe no campo da
lógica, nas técnicas de atenção, associação de ideias, classificação
e memorização.
Com exercícios adequados, creio que até mesmo a
capacidade mental e o horizonte dos interesses poderiam ser
ampliados para assimilar, perceber e interagir conhecimentos
simultaneamente Seria como tocar um instrumento musical
Neoletria 134
enquanto conversa; tomar decisões e dar respostas durante o
preenchimento de documentos.
CONDICIONAMENTO DA MENTE
Os estudantes que mudam de classe por passar de ’ano’,
sem estarem prontos, terão mais dificuldade do que os colegas e,
por isso estarão sujeitos a entrar para o rol dos repetentes e
desistentes.
Saber é primordial, mas alguns saberes devem ser
automatizados a fim de cumprirem com suas finalidades. Alguém
pode estudar e decorar toda a parte teórica, legal, movimentos,
etc. para ser condutor de veículo, entretanto sem adestramento
prático dos movimentos e reações no trânsito, nunca será
suficientemente capaz de conduzir.
Para obter um bom proveito na assimilação de
conhecimentos o aprendiz depende de um preparo psíquico difícil
de conseguir sem alguns cuidados específicos: uma ‘formatação’
da mente, iniciando pela trivial necessidade de decorar a tabuada
se quiser agilizar o uso da aritmética; decorar o alfabeto,
visualizando mentalmente o desenho de cada letra, ao proferir seu
nome, e depois se dedicar ao aprendizado da pronúncia das
diversas combinações de fonemas; decorar poesias para adestrar a
mente na focalização e concentração de assuntos dirigidos pela
vontade; enfim, aprender jogos, música, lógica, ética, estética, e
mais o que for necessário para uma inteligência apta e plena ou
pelo menos diversificada suficientemente para que os
conhecimentos que o homo sapiens venha a adquirir sejam
realizados nele e por ele investidos em forma de sabedoria.
O desvelo que temos com a forma física deveria estenderse aos cuidados com o desempenho psíquico. Proliferariam para
Neoletria 135
esse fim as academias e os acompanhantes de treinamento da
capacitação intelectual, mas - por que não nas escolas de ensino
regular? Afinal a responsabilidade social de preparar a juventude
para a cidadania não se resume à tradicional alfabetização.
Enquanto a prevenção contra bandido não se configure
‘crime de discriminação’, em vez de incentivarmos a juventude no
vício de jogos eletrônicos (aptos a desenvolver perspicácia e a
concentração, mas nem sempre adequados ao desenvolvimento da
personalidade e do bom caráter), o próprio governo, por
intermédio do Ministério da Educação poderia estabelecer um
instituto ou uma academia de controle e desenvolvimento da
mente, com laboratório de pesquisas e experimentos, colocando a
ciência a serviço das pessoas do bem. São providências que não
devem esperar, são para agora enquanto não estamos sob o
domínio das forças do mal, do submundo e do crime organizado.
Enquanto temos uma maioria do bem a preservar e defender de
minorias predadoras.
Além do condicionamento e receptividade dos estudantes
às informações, têm igual importância os veículos da linguagem, a
morfologia e a técnica de apresentação dos conhecimentos,
alfabeto, fonética, ortografia, regionalismos, estrangeirismos,
sotaques, sintaxe, etc.
A julgar pelo desempenho estudantil, é de supor que boa
parte das nações da Terra, principalmente as detentoras de
razoável poder aquisitivo, está investindo ciência e técnica no
desenvolvimento intelectual, condizente com o atual estágio da
civilização. – Juntemo-nos aos bons!
Houve tempos em que o meio de transporte mais veloz era
o cavalo. Durante a primeira corrida de Maratona a notícia corria
a pé. Não existia nem bicicleta. Hoje temos viagem espacial,
telefone, TV, internet. Entretanto os recursos modernos deveriam
Neoletria 136
ser mais bem aproveitados, pois "quarenta e oito por cento das
escolas públicas do Centro-Sul do Brasil ainda no início do século
XXI não têm computador". Fonte: Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação. No ano 2002.
SUPER CÉREBRO MAL APROVEITADO
Pesquisadores descobriram funções específicas de regiões
do cérebro. O ato de falar ou pensar ativa algumas partes
localizadas no hemisfério cerebral esquerdo. Durante o
aprendizado de uma segunda língua, a região ativada é no outro
hemisfério, o direito. Quando fica pronto o desempenho, a pessoa
adquire facilidade e já consegue pensar diretamente na segunda
língua. Então o hemisfério esquerdo passa a ser ativado com
aqueles pensamentos pelo novo idioma, mas acredito que nesse
caso o hemisfério direito que agora também já se habilitou àquele
exercício da fala, serve de apoio, corroboração e ajuda,
expandindo a consciência da pessoa, agora bilíngue, e
capacitando-a melhor para outros aprendizados de linguagem e
analogia.
Muita gente não sabe cantar, nem tocar violão. Alguns
cantam, outros tocam. Creio que cantar e tocar, ao mesmo tempo
depende de mútua colaboração dos hemisférios cerebrais. Dupla
função simultaneamente e em harmonia é uma habilidade
fenomenal. Mas - como pode alguém desempenhar duas ações,
corretamente e em concomitância quando elas não têm relação e
nexo entre si? Creio que para isso a pessoa depende de uma
consciência múltipla, o que é ainda mais extraordinário. A
independência entre os dois hemisférios poderia ser possível por
meios cirúrgicos, porém o que nos interessa é a 'multiconsciência
unicerebral', pressupondo que exista consciência cerebral.
Neoletria 137
- Será concebível que uma boa consciência pertença
forçosamente a um bom cérebro? - Pode um cérebro específico
alojar temporariamente uma consciência que se amolda na
estrutura e arranjo neurônico? Talvez uma ‘grande’ consciência
permanece limitada enquanto é abrigada num ‘pequeno’ cérebro.
Em qualquer modo surge a questão: - Uma 'uniconsciência'
oscilaria em alta frequência entre mais de uma atenção ou isso
seria uma 'multiconsciência' podendo abranger diversas atenções
simultaneamente? As respostas dependem de um maior
conhecimento da essência humana, contudo podemos perceber
que existem mentes mais, e mentes menos desenvolvidas.
Há quem diga que nós os humanos temos os cérebros
grandes demais para as pequenas ocupações que desempenhamos.
Outros dizem que noventa por cento da capacidade cerebral está
sempre comprometida com o funcionamento das células e órgãos,
no combate aos agentes patogênicos, bem como com na
manutenção da saúde. Existe ainda o controle da aceleração ou
desaceleração da produção de hormônios, enzimas, anticorpos
diversos para múltiplas funções que variam segundo as condições
alimentares e climáticas e os relacionamentos tranquilos ou
adversos com o ambiente.
Conheço animais saudáveis e inteligentes cujos cérebros
não atingem um por cento do tamanho do nosso. Quem não
acredita na inteligência animal, deve observar as diferenças de
comportamento entre as espécies e até entre irmãos biológicos.
Outro indício importante é a capacidade de adaptação e
adestramento de pequenos insetos.
Fica no ar aquela impressão de que a grandeza do cérebro
humano teria uma finalidade insuspeita, desperdiçada pela nossa
ignorância. É como se ganhássemos um supercomputador, mas o
usássemos apenas para um joguinho. Surge uma sensação de que
estamos dissipando um imenso potencial. Portanto podemos
Neoletria 138
desenvolver nossas faculdades e poderes extraordinariamente já
que o limite é desconhecido, mas seguramente está muito além da
nossa imaginação.
INTELIGÊNCIA PODEROSA
Por meio de esforço intelectual o cérebro se capacita. Com
um pouco de aptidão e muito exercício, é possível desenvolver a
mente para imaginar, por exemplo: uma nova função mecânica em
que as peças e os materiais sejam definidos de acordo com o
esforço que deverão suportar e com o tipo de trabalho a executar.
Para novos trabalhos é possível inventar novas ferramentas; é
viável imaginar em função um mecanismo ainda inexistente. Esta
é uma habilidade necessária aos inventores. Mas, como ensinou
Descartes no "Discurso do Método": dividindo algo de difícil
execução, fica fácil executar cada parte em separado, até que o
todo fique pronto. Os mineiros (de Minas Gerais - BR)
aconselham a comer o mingau quente pelas beiradas.
Se você não consegue uma visualização e compreensão
holística para o seu projeto, aceite uma 'inspiração' parcelada. O
resultado pode ser suficientemente satisfatório. Existem milhares
de objetos que foram inventados e aperfeiçoados por grandes
equipes de técnicos e atualmente são produzidos pela montagem
de diferentes peças, fabricadas em vários países participantes da
globalização.
Nós somos animais pensantes, uns mais e outros menos.
Alimento a convicção de que o pensamento, como energia pode
ser potencializado, enriquecido e coeso, como também pode estar
amarrado, embrutecido e desconexo, por efeito de impurezas e
interferências. A boa diferença fica por conta da disponibilidade
de melhores recursos de manifestação (qualidade dos implementos
Neoletria 139
da linguagem), aliados a exercícios de aprimoramento intelectual,
ensejando também incrementos na sensibilidade, na perspicácia,
no raciocínio lógico, na percepção das relações entre causa e
efeito, etc.
Creio que os melhores aspectos intelectuais podem ser
cultivados mediante exercícios especiais.
Por hipótese duas sementes são iguais. Uma cai em solo
fértil e se desenvolve sob um clima conveniente. Outra cai em
solo com deficiências nutricionais, e cresce durante um clima
adverso além de ser achacada pelos parasitos. Tempo depois, será
possível comparar os frutos.
Uma das causas que resultam em maneira estupidificada
de pensar pode estar configurada nos meios inadequados da
expressão, principalmente uma linguagem grosseira ou
corrompida. O embrutecimento causaria desajustes e inibições os
quais tornariam os pensamentos amarrados ou entorpecidos com
atraso no desenvolvimento intelectual. Para otimizar a cultura,
todos os motivos suspeitos de causar influência positiva ou
negativa devem ser investigados, porque uma peça inadequada
corrompe ou emperra outras partes, como na engrenagem o
defeito de uma roda compromete o funcionamento do mecanismo.
Uma mente bem cultivada e desenvolvida produz
pensamentos poderosos, mas esse poder limita-se em
conformidade com os meios e as possibilidades de
desenvolvimento e manifestação (sistema de linguagem).
RECURSOS INTELECTUAIS
Uma boa cabeça é como um bom computador, mas - quê
produtividade teria um PC (computador pessoal) de última
geração se lhe faltasse programa (software) ou com a
Neoletria 140
configuração defeituosa? Assim, uma pessoa mesmo que tenha
grande inteligência latente, será imprestável se lhe faltarem
conhecimentos ou se os mesmos forem impregnados de falsidades
e incoerências. Até uma mente perfeita permanece ineficiente
enquanto o conteúdo intelectual e o jeito de sua manifestação
forem ineficazes.
Com um raciocínio fundamentado em labirinto de ideias
truncadas; com um modo de pensar eivado de hábitos viciosos de
pensamentos intrusos, desorganizados e inconclusos; dificilmente
alguém assim desvenda mistérios, equaciona problemas e chega às
soluções; dificilmente um intelecto confuso resolve as suas
questões ou toma decisões acertadas.
Seria impossível boa execução para “dançar conforme a
música”, se a partitura contivesse defeitos, fosse desregrada e com
erros de compasso e harmonia.
O conhecimento consolidado de cada pessoa forma
‘jurisprudência íntima’ de apoio ao seu modo de compreender e
opinar. O saber deve ser de qualidade e bem esquematizado para
projetar bons pensamentos e capacitar o entendimento; assim
também os computadores, eles necessitam de programas
adequados para agilizar bons resultados.
Um atributo humano muito apreciado é o potencial de
discernimento, mas caso faltasse o preparo da mente; sem a
escolaridade, a cultura e a ética e outros requisitos o possível
traquejo seria apenas uma qualidade virtual, um diamante
disfarçado de seixo. Não basta ser um bom recipiente. Se estiver
vazio ou se o conteúdo for impróprio, seu valor não ultrapassa o
de embalagem.
A globalização chegou para ficar e vai exigir mais
dedicação para melhorar o relacionamento, as comunicações, a
participação e o entendimento recíproco entre as nações. Quem
Neoletria 141
não acompanhar os avanços tecnológicos; quem não aprimorar a
carga e o fluxo comunicativos; não será carregado, será
marginalizado. As nações que se isolam permanecem primitivas.
É imprescindível encontrar novos e melhores meios de
facilitar a comunicação entre os povos, oferecendo assim os
recursos e oportunidades da civilização para o desenvolvimento
de todos e de cada um.
Neoletria 142
IX – FONTE DE IDÉIAS
O AMBIENTE DA INTELIGÊNCIA
Presumo que os povos cuja linguagem seja deficiente,
primitiva e tosca permanecem no ritmo evolucionário da idade da
pedra, sem desenvolvimento cultural, tecnológico e ideológico. Os
povos de linguagem excessivamente complicada também se
atrasam porque as suas pessoas não se entendem.
Grupos humanos de cultura estática sofrem com o cabresto
hegemônico ou tutelar de outras nações, ou se isolam
permanecendo séculos no atraso; uma situação desconfortável de
opressão e angústia, causada pela aparente inferioridade. Por isso
são discriminados como se fossem inferiores em inteligência,
perigosos, irresponsáveis ou incapazes. Como reação eles ficam
arquitetando terrorismo e se comportam inadequadamente perante
os povos mais abertos ao conhecimento global. Nas entrevistas,
reuniões ou confrontos mostram os dentes e os facões como
resposta aos argumentos e propostas daqueles grupos que são
‘mais aculturados’. Nada disso se converte em motivo para
vangloria, jactância ou exclusão. Atualmente a ética internacional
não admite escravidão e nem desdém discriminatório. Um povo
que seja mais civilizado, porém proibido de escravizar os
Neoletria 143
‘gentios’, lucraria mais em dar a mão para erguê-los e instruí-los a
participar em companheirismo na grande obra da civilização.
Difícil é convencer os excluídos por opção, aqueles que
preferem permanecer no primitivismo pela abstinência de cultura
geral mantendo-se isolados. São comparáveis a utópicos
subnutridos vivendo no interior de um ‘deserto’ próximo de um
‘vale da fartura’, onde seriam bem-vindos.
As etnias estanques por isolamento, sem acesso à
globalização tendem a celebrar sempre as mesmas cerimônias
milenares, como a procurar entender um significado perdido,
porque as mentes alegres e curiosas, instituidoras daqueles cultos,
já passaram há séculos, e sem deixar testemunhas orientadoras.
Entretanto no mundo globalizado existe uma ebulição cultural de
onde eclodem preciosidades de quando em quando. Mas qualquer
novidade interessante sempre cai na comunhão internacional de
participação, estimulando a curiosidade, a crítica e a criatividade
geral dos conectados. Na proliferação de conhecimentos, quase
tudo o que surge de bom, pode ser melhorado e adaptado para
acoplar na grande construção global, enquanto aquilo que não
tiver serventia cai no esquecimento do descarte.
A globalização funciona como um grande jogo com
vencedores e derrotados porque os países mais poderosos dão as
cartas e puxam as ‘brasas’ para as suas conveniências. O poder é
ideológico, tecnológico e econômico. Não é brincando de
‘mocinho e bandido’ que poderemos participar; não é ocultando
os ferimentos e deficiências causadas pelas corrupções que
estaremos à altura; não é liberando o Brasil Colônia à sanha
exploratória que poderemos sentar à mesa desse jogo global. A
preparação começa na inteligência. A educação precisa melhorar
em tecnologia, rigor e disciplina.
Neoletria 144
De modo geral as pessoas são dotadas de diferentes
atributos intelectuais, mas parece definido que se as mentes forem
exercitadas, podem desenvolver qualidades diversas, outros dons,
mas dependem de ambiente, metodologia e instrumentos
adequados.
Talvez a Educação esteja despendendo suficiente esforço
para conseguir os seus objetivos, quiçá o sistema de ensino
obtenha grande proveito dos seus desígnios e das suas
determinações, possivelmente esteja implementando o necessário
e bastante para estimular a produção de cultura e o exercício
intelectual da sociedade. O que resta a discutir é se os artifícios e
as estratégias são adequados às finalidades e se estas são
irretocáveis ou não.
É muito importante fazer revisões periódicas dos enfoques
teóricos, das ideologias vigentes, para visualizar aonde elas
podem chegar, e depois conferir se nos queremos ir para onde elas
nos levam.
O CULTIVO DE BONS HÁBITOS
A qualidade do produto de uma fonte depende da sua
limpeza. Quem costuma divagar em assuntos condenáveis polui a
fonte dos seus pensamentos.
Geralmente um papel pode ser bem desempenhado se for
muito ensaiado. Quem usa frequentemente a palavra em público,
deve sempre ter o cuidado de falar corretamente e até na
intimidade evitar palavrões e pensamentos chulos, porque ao
discursar de improviso a verborragia que mais sai é a disponível; é
aquela habitual.
Procedimentos repetidos criam hábitos. Um simples ‘dar
de ombros’ tende a se tornar cacoete pela repetição
Neoletria 145
despropositada. O costumeiro modo de pensar fica organizado no
subconsciente e pode aflorar em palavras espontaneamente,
traindo a intenção de quem não sabe evitar o descaminho das
ideias.
Se alguém está acostumado a contrariar impensadamente,
só porque não gosta de chefe mandão ou por ser invejoso ou por
pertencer a um grupo que se considera não legalista; por essa
conturbação de ser ‘diferente’ está cimentando costumes
perniciosos. Em algum momento a mania de contrariar estará
propensa a causar acidentes (até de trânsito). Devemos preferir a
correção porque a retidão é segurança nos comportamentos e nos
empreendimentos, mas o distúrbio é caótico e desastrado.
Quem detesta alguma lei, tem o dever de propor alteração,
mas não o direito de descumprir.
Conseguimos uma civilização venturosa porque vivemos
em sociedade participativa e solidária, mais construtiva do que
destrutiva, mas ainda resta muito a melhorar. Seria útil buscarmos
maneiras de resistir às tentações, recusar aquelas seduções que nos
arrastariam para o engodo, para o erro e para o delito, para o
desastre.
Quem me lê talvez pense que estou pregando religião; isso
não me incomoda, porque não sofro de preconceito
segregacionista anticlerical, mas para ser laico ou mundano, não é
necessário ser oposição aos religiosos. Laicismo e clericalismo
não são necessariamente extremos opostos, podem ser paralelos.
Neste mundo capitalista de sociedade competitiva, não é
muito comum alguém desejar sucesso para todos, mas se todos
acertassem democraticamente, acabaria o crime, e todos
ganhariam com isso.
Um 'pequeno' desvio de conduta é a impontualidade.
Parece pequeno, mas esse é um desvio, e por isso acostuma
Neoletria 146
pessoas com a negligência. Ao perderem a têmpera e o rigor, os
atrasados deixam-se levar facilmente pelo caminho do fracasso.
Outro afastamento da boa conduta é falar
inoportunamente, antes de considerar os efeitos. Já bastam as
surpresas das respostas 'espirituosas' ou mesmo das 'piadas' que
naquele momento pareciam geniais e que depois de meditadas se
revelam comprometedoras ou de péssimo gosto. Depois de
constatada a gafe, ninguém consegue fazer voltar o tempo para
consertar o estrago.
FLUÊNCIA DAS IDEIAS
Cientistas há que se dedicam a conhecer e até catalogar
fisicamente a nós mesmos, aos nossos semelhantes, e até os outros
animais, nossos diferentes, (classificação sem discriminação),
observando a geometria descritiva e a funcionalidade das nossas
formas, a raça e a saúde, as aptidões de cada pessoa. Associam as
características com os respectivos códigos genéticos, etc.
Os cientistas conseguem apanhar o momento em que
surgem os pensamentos e a parte do cérebro envolvida. O
problema é estudar a formação ou surgimento da imaginação, e a
clareza, a intensidade, a enfim, a natureza dos pensamentos, o
formato ou o arranjo das ideias. Quando dominarmos essa técnica
talvez se torne possível gravar o processo e implantá-lo na
inteligência artificial da cibernética, ou até estimular o
desenvolvimento de regiões cerebrais deficientes das pessoas.
É difícil comparar as qualidades e as diferenças de
potência entre os pensamentos de pessoas diversas. Quando essa
dificuldade estiver superada, quiçá compreenderemos também os
pensamentos dos animais, o que e como pensam.
Neoletria 147
Suponho que o surgimento de uma cogitação em cérebro
humano pode ocorrer passo a passo como uma sequência de
palavras, ideias que fluem discursivamente, ou são esboçadas e
arquitetadas pela elaboração e organização dos retalhos de
impressões.
Pessoas há que ocasionalmente concebem um pensamento
como uma mistura de imagens, impressões, emoções, raciocínio e
palavras, que se cruzam analogicamente, alcançando significado
verossímil. Um processo que pode ser tão rápido que se torna
impossível perceber toda a complexidade. As ideias emergem até
de surpresa, de repente, parecendo formuladas em outros cérebros
e propagadas telepaticamente. Seria importante aprofundar o
conhecimento desse processo.
Muitas ocorrências de pensamento começam estimuladas
por sensações originadas num dos cinco sentidos ou na
combinação de alguns, que por coincidência ou associação
requisitam memória, para combinação imaginativa. De outro
modo, um conhecimento brotaria de estalo como um lampejo de
impressão quase pronto (premonição ou intuição?), faltando
apenas equacioná-lo e encontrar as palavras ou as tintas adequadas
para transformar uma simples sensação em elaboração intelectual
comunicável. Essa maneira de conceber os pensamentos deve ser
uma habilidade muito importante para os intelectuais e artistas,
que desenvolvem condições para executar obras de arte a partir de
composição complexa de imaginação, sensação, significado e
processamento analógico em função da estética e do intuito.
PARÂMETROS DO PENSAMENTO
As ferramentas rudimentares são menos produtivas do que
os instrumentos mais avançados. Há diferença entre um corte feito
por machado ou talhadeira e outro efetuado por meio de motoNeoletria 148
serra ou raio laser; o alcance da comunicação por telefone é muito
maior do que o de viva voz; a mim parece que o conhecimento do
universo a olho nu ou por meio de telescópio é comparável à
distância percorrida por pedestre ou pela luz, em tempos iguais; a
colheita das vagens de feijão de uma a uma demora tanto a encher
uma sacola, como por implemento agrícola a carregar um
caminhão. Povos primitivos também são menos produtivos do que
povos integrados na globalização.
Suponho que uma estrutura linguística e seus modos de
composição, associação, memorização e exposição das ideias seja
determinante da criatividade, da cultura e até do caráter de um
povo. Avançando na suposição, de outro modo, uma gramática
eivada de regras quebradas ou incoerentes e inadequadas,
truncadas e incompletas, facilitaria por ressonância uma tendência
das pessoas se desenvolverem com desvios de padrão,
apresentando distúrbios e desequilíbrios conceituais por faltar
integridade até no seu modo de pensar.
Imaginando como silogismo esse efeito que o modo de
pensar receberia, causado pela qualidade dos seus atributos
esquemáticos, haveria indícios de que o sistema de linguagem e
comunicação poderia ser tão coerente e eficaz que reforçasse o
raciocínio, tornando-o mais regular e logicamente disciplinado.
No modo de escrever e no de falar dos povos ocidentais,
ainda está em falta um sistema de comunicação balizado pela
ortodoxia alfabética, fonêmica e etimológica, que mantenha
univocidade entre os caracteres e os fonemas e por decorrência a
simplicidade da ortografia. Haveria indícios de que um conjunto
de métodos assim mais simples e eficiente poderia ser o campo
fértil onde a inteligência conseguiria um desenvolvimento mais
vigoroso e equilibrado, possibilitando pujança de manifestação.
Neoletria 149
Evolução desgovernada do idioma seria desculpável
apenas em nações com analfabetismo acima de cinquenta por
cento e ausência de imprensa escrita e falada, entretanto os países
mais civilizados apresentam analfabetismo abaixo de dez por
cento, portanto em condições de aprender gramática e praticar
leitura. Os analfabetos aprendem por osmose ou se expressam sem
causar influência lexical e sintática no consenso.
A estrutura do idioma com regras gramaticais bem
definidas determina a possibilidade em que a linguagem possa ser
compreensível e nisso abrange ortografia e ortofonia; o estudo dos
morfemas, especificando categorias gramaticais e desinências de
flexão dos substantivos, dos adjetivos, dos pronomes e flexões
verbais. Também alcança definição das funções dos outros sufixos
e dos prefixos; regras de regência e concordância; as normas de
tradução ou importação de palavras estrangeiras, enfim, tudo o
que deve ser estabelecido e caracterizado para que a linguagem
cumpra plenamente as suas finalidades. Tudo isto e ainda mais,
deve ser tão rico e detalhado que se estende suficientemente ao
necessário, mas nada além do indispensável, para evitar a
inutilidade de regras prescindíveis e até a perniciosidade por
excesso de complexidade.
Uma gramática excelente nada vale se não houver quem a
compreenda, quem a domine. Assim nas regras de linguagem
como na legalidade, é necessário que a compreensão seja
acessível ao grande público.
Um sistema gramatical para ser bom deve ser arranjado de
tal modo que não se perca exequibilidade por excesso de regras e
exceções.
Certamente não é tarefa fácil descobrir regras supérfluas e
suprimi-las sem um exame geral na composição estrutural da
Neoletria 150
língua. Contudo, um novo alfabeto que seja mais funcional já
permite um bom começo.
Quanto às regras inúteis por excesso ou por serem de
difícil compreensão, é fácil encontrá-las em normas importadas e
adaptadas, copiadas de regimentos estranhos. Para cada sistema,
regime, regulamento ou estatuto os preceitos devem ser
elaborados com exclusividade. Deste modo é possível que sejam
coerentes e legítimos.
Neoletria 151
X – A LINGUAGEM NA
INTELIGÊNCIA
COMPONENTES DA EXPRESSÃO
Qualquer objeto a construir para ser apreciado, deve ser
composto com harmonia em material e forma; a mensagem deve
ser adequada com o propósito e com a plateia ou destino para que
surta o efeito determinado.
A manifestação de um conceito, a pujança de uma
expressão e o êxito do seu efeito, tudo isso está subordinado a
diversos ingredientes, parâmetros e fatores, quais sejam: lógica,
sintaxe, harmonia, concisão, escolha apropriada do vocabulário
empregado na pertinência e conformidade com a intenção; o
vínculo do discurso proposto, com a respectiva finalidade; a
verossimilhança; as necessidades e interesses culturais da
comunidade alvo, etc.
É difícil acompanhar o itinerário de um assunto se
tivermos que prestar atenção aos erros gramaticais, às
impertinências e complexidades na composição, como se
fossemos desvendar um enigma em cada parágrafo, a cada oração.
Um bom discurso será interessante se além da importância
do tema, forem bons: o vocabulário com sua classificação
Neoletria 152
gramatical, sua ortografia e ortoepia; a ordem convencional de
colocação dos termos frasais; a clareza das alegorias. O
encadeamento dos parágrafos deve ser racional, para que o curso
normal do entendimento cresça na sequência da argumentação.
Uma condição para que o público compreenda
perfeitamente um assunto é que o palestrante ou escritor assim
como os ouvintes ou leitores sejam todos irmãos de dialeto, ou
que conheçam o mesmo vocabulário e a mesma gramática.
Não é bastante a importância do que se quer dizer. O modo
de se expressar terá que ser claro e correto para ser bem
compreendido. Ainda que um texto seja genial, seu valor
permanecerá nulo enquanto não existir quem o conheça e entenda.
REQUISITOS CONVENCIONADOS
Seria inconcebível alguém imaginar o desenvolvimento da
aritmética antes da invenção dos algarismos com os seus valores
numéricos. Segundo me parece, os povos que adotaram o sistema
decimal e o sistema métrico, têm maior facilidade no estudo da
matemática. Mas isso não se realizaria se permanecessem apenas
fieis às antigas e consagradas regras como guardar pedrinhas, ou
fazer amarras num bastão, ou acrescentar nós numa cordinha, ou
tocar as falanges de cada mão como se estivesse usando um
ábaco, ou adotar como módulo de área apenas a capacidade de
uma junta de bois com arado durante um dia de trabalho. Esses
métodos ainda podem ser considerados interessantes na
composição do conhecimento, mas na prática outros mais
eficientes são vantajosos.
Presumo que o pensamento era incompletamente
transmitido e, além disso, mal compreendido antes da existência
dos adjetivos; na linguagem falada talvez ficasse implícito pela
Neoletria 153
careta ou pelo gesto de quem mencionava o substantivo, mas na
escrita tinha deficiência. A frase dava uma vaga idéia do que teria
imaginado o autor ou interlocutor e suscitava múltiplas
interpretações dos ouvintes ou leitores. Depois vieram os
pronomes, os advérbios, os determinativos, as preposições, as
conjunções, e outras classes gramaticais (não sei se nesta ordem).
Surgiu a possibilidade de registrar os pensamentos
aproximadamente como são pensados. Então a linguagem ficou
mais clara e definida com a diversificação, especialização e
classificação das ideias. Com o aperfeiçoamento da linguagem a
maneira de pensar aprimorou-se. Mas ainda não está tudo pronto.
Falta um alfabeto aplicável genuinamente ao idioma, falta
‘aditivar’ a linguagem escrita com ideogramas para revitalizar as
ideias.
Tanto os pensamentos como as suas representações ainda
têm o que melhorar. O símbolo ainda não é perfeito porque é
menos significativo do que a realidade por ele representada. A
imaginação não é suficientemente ativada pelas frases. Talvez seja
por conta disso que uma grande parte dos leitores têm dificuldade
na compreensão e interpretação dos teores.
Não haverá bom texto enquanto não existirem boas letras.
ELABORANDO A LINGUAGEM
As pessoas são diversificadas, entre outras qualidades, na
capacidade de imaginar abstratamente. Tanto é que alguns
estudantes têm mais facilidade para matemática, outros para a
língua materna, alguns para história, outros para a música, etc.
Acredito que os dons de pensar concreta ou abstratamente
se manifestam de maneira diferente entre os povos orientais e
ocidentais. E por coincidência a escrita oriental é basicamente
Neoletria 154
ideográfica, suscitando imediatamente o objeto referido; ao passo
que no ‘mundo ocidental’ predomina o alfabeto fonético que
compõe as palavras. Muitos vocábulos têm significação dúbia ou
múltipla, ocasionando esforço para serem correlativos
criteriosamente segundo os contextos em que se inserem. Os dois
modos de escrever e de pensar devem resultar em diferentes
processamentos de ideias, mas seria inútil escolher o melhor. É
preferível combinar harmoniosamente os dois sistemas de
imaginação, pensamento e linguagem, porque assim a inteligência
não será exclusivamente a expressão de um ou de outro, mas será
potencializada pela sua soma. São importantes componentes de
qualidade do ato de ler ou pensar: a potencialidade, a economia e
a abrangência. Deve-se buscar a mínima elaboração mental para o
máximo conteúdo de compreensão.
Vernaculamente a linguagem escrita de um idioma pode
ser mais facilmente estruturada com ordem e coerência enquanto o
idioma estiver puro. Entretanto a gramática deixará de ser a
guardiã desse instrumental da inteligência que deve ser o idioma
se forem admitidas ‘contribuições estranhas’ ou estrangeiras, de
regras, alfabeto ou vocábulos que não combinam e se os linguistas
vacilarem no zelo e guarda das boas normas,.
Talvez seja impossível impedir o cosmopolitismo
idiomático das nações e suas diversas línguas, portanto deve-se
adequar as regras novas com as velhas ou vice-versa, contanto que
o sistema todo seja harmonioso.
Diante da conveniência de alteração gramatical, para uma
relativa padronização do idioma, poderia ser necessária uma
revisão geral; não como medida para mudar tudo, mas sim pelo
objetivo de manter a coerência entre a estrutura que permanece e
aquilo que for alterado ou introduzido.
Neoletria 155
No caso de alteração estrutural do idioma, é conveniente a
analise meticulosa de cada nova alteração gramatical, inclusive
com simulações e exemplos práticos, para perceber os efeitos
ocultos, antes da promulgação. Persistindo dúvidas quanto às
vantagens da adoção de alguma novidade, a preferência seria pela
rejeição provisória. Qualquer alteração na gramática passa pelo
custo de uma longa demora até ser bem assimilada pela
comunidade. Contudo, alguma regra que ainda persista obscura
depois de implantada, deve ser simplificada ou facilitada para
possibilitar sua assimilação e aplicação.
Um exemplo da importação de influências é o uso
indiscriminado do gerúndio e do infinitivo em português, na
tentativa de imitar o sistema inglês de conjugação dos verbos e
seus auxiliares. O sistema de flexão verbal da Língua Portuguesa é
mais complexo, mais específico, permitindo frequentemente a
dispensa do pronome e do verbo auxiliar. Outro exemplo é a
linguagem popular regional que se desvia do vernaculismo mesmo
quando é pronunciada por pessoas letradas. Está faltando
identificar o problema. Se as falhas na observância do padrão
gramatical decorrem da complexidade excessiva, a solução é
simplificar ou investir mais na escolarização pública. Concordar
com regionalismos exagerados é iniciar a caminhada para ‘Babel’.
Entretanto algumas derivações e variações sempre acontecerão,
possibilitando a evolução pelo surgimento de exemplos
convenientes, os quais deverão ser incorporados depois de
examinados pelo órgão competente.
O IDIOMA NA CULTURA
Parece claro que o tipo de ‘configuração’ de alguns
idiomas tende a favorecer pensamentos mais ricos e coerentes,
enquanto outros, toscos, são mais propícios a pensamentos
Neoletria 156
confusos e equivocados que resultam em mensagens defeituosas e
mal compreendidas ou de compreensão insuficiente por quem
transmite e pior por quem recebe. Ao restar dúvida, vale
aprimorar a linguagem de um povo, reduzir a zero o analfabetismo
e aguardar os resultados.
Uma gramática lógica, simples e fácil poderia, além de
propiciar o prazer estético, ainda favorecer a correção e a clareza
no modo de pensar e agir.
Uma linguagem carregada de subterfúgios, ambiguidades e
gírias; seria um fermento de distúrbios e indignidades, visto que
produziria uma forma incorreta ou incoerente de pensar. A
tergiversação, a dubiedade e a falsidade seriam companheiras
influentes da cultura. A transgressão seria a tendência do
consenso.
Com certeza a gramática não é a panaceia para qualquer
debilidade mental ou para a confusão cultural. Contudo o modelo
de linguagem usual é o balizamento mais influente sobre o caráter
das pessoas por ser o mais presente no ideário humano. O alfabeto
disponível, a congruência na composição e na articulação das
palavras; a etimologia, a sintaxe, a ortodoxia da construção frasal
quanto à ordem dos termos, são fatores de peso no modo de
pensar, de comunicar, de entender, de agir e de ser. Tudo isso
ficando bem ‘orquestrado’ produz um modelo ágil e automático
de pensamentos firmes e sem titubeios, apagando uma das causas
de perturbação, senão a semente dos distúrbios.
Por exemplo: Muitas vezes quando eu começo a ler uma
frase longa, custo a perceber que se trata de uma pergunta.
Chegando ao final sinto-me reduzido e desconcentrado ao ver o
ponto de interrogação. Isto me dá vontade de saber se houve
intenção de deboche. Depois de mil ‘pedradas’ já acostumei; esta
impressão ruim já está compactada e passa quase despercebida;
Neoletria 157
agora já causa aqueles efeitos nefastos sem alerta, sem provocar a
salutar reação.
Possivelmente uma alteração da gramática não seja nem
um grande remédio nem veneno para os adultos, mas poderia
contribuir notavelmente na formação intelectual de quem estiver
no início desse aprendizado, livre de ser contaminado pelos
tropeços e equívocos.
ORGANIZAÇÃO DA LINGUAGEM
O aprimoramento, controle, domínio e consenso da
sintaxe, das desinências e flexões, etc. é um fator valiosíssimo
para a inteligência do estudante, porém, de um idioma para outro,
esses fatores variam podendo a gramática ser tosca,
desorganizada, aprimorada ou excessiva. Resulta que além das
boas intenções e dos bons hábitos, a evolução cultural das
pessoas, deve fundamentar-se num bom idioma para manter e
expandir os conhecimentos com integridade, concisão e sabedoria.
Por comparação, as sementes devem ser boas a fim de
produzir boa safra, mas os fatores climáticos e o ambiente
nutricional também são essenciais; a qualidade genética é
primordial, mas o ambiente também é determinante. Bem assim os
bons pensamentos podem produzir as boas ações, mas a produção
e o desenvolvimento das ideias dependem de bons meios de
expressão e comunicação. É no âmbito da linguagem que os
pensamentos vicejam.
Com um alfabeto em que as letras não correspondem a
fonemas precisos; as letras vogais, que são poucas, necessitam de
apêndices para representar diversos fonemas vogais, mas se nem
sempre isso é possível; adicionam-se então mais regras. Se as
regras estão infestadas de ‘exceções’ (ou ruídos, ou erros) aí o
Neoletria 158
exercício da fala, da escrita e do pensamento vai exigir muita
prática ou adivinhação e acaba por se tornar emperrado porque
fica quase imperceptível a distinção entre o certo e o errado.
Existem palavras que podem ser pronunciadas de modos
diferentes como Rorâima ou Roráima para Roraima. Parece que o
povo deve decidir sem ajuda técnica porque a regra fica
desorientada em muitas questões. O apelo às lideranças não
resolve porque as autoridades estão ocupadas na invenção de
novas gírias já citadas no artigo “Falando difícil” de J.R. Guzzo,
página 190 da Veja de 06-08-08.
Se os afixos não têm significado ou função bem definida,
distinta e própria, e se o alfabeto é confuso, então não podemos
falar em etimologia, porque se torna étimo-listagem (sem logia).
Em caso assim, talvez pudéssemos denominar a ortografia de
heterografia.
A pessoa ‘amaciada’ para um pequeno erro ou contrasenso, tem mais facilidade para tolerar delitos de qualquer
natureza. Ou as línguas ‘vivas’ são desenvolvidas por critérios
sensatos ou se degradam por falta de firmeza, causando sensível
influência cultural. As línguas são dinâmicas e sofrem alterações
por evolução ou por involução. Esta colocação autoriza a
sentença: - a linguagem pesa na tendência das pessoas ante a
honestidade e a indignidade. Outra citação de J.R. Guzzo referente
a Doris Lessing: “quando se corrompe a linguagem, se corrompe,
logo em seguida, o pensamento” – concordo em gênero, número e
sintaxe.
Sabendo-se que a violência, a canalhice, o cafajestismo e a
corrupção dos costumes estão em franca expansão, deduz-se pela
necessidade de investir na metodização da linguagem como
tentativa de socorrer a cultura e seus objetivos.
Neoletria 159
TERCEIRA PARTE
A ESCRITA
LINGUAGEM
Inteligência sem linguagem seria como um diamante no
fundo do rio; tem valor, mas não tem utilidade.
O pensamento aperfeiçoa a linguagem. A linguagem
define o conhecimento. Pensamento e linguagem desenvolvem a
inteligência. A inteligência é autofecundante.
Com o surgimento da escrita teve início a História. Então a
cultura rudimentar se tornou civilização, porque os registros dos
atos, e de outros fatos, dos propósitos, dos compromissos e das
ideias podiam ser guardados para posterior discussão, adaptação,
estudo e aplicação.
Neoletria 160
Devido à melhoria alcançada nos modos de expressão e
comunicação acentuou-se a diferença entre a humanidade e os
primatas, porque então os humanos podiam mensurar os erros e os
acertos e assim aperfeiçoar as suas ações e planejar os seus
empreendimentos.
A baixa produtividade dos povos sem leitura nem
tecnologia obrigava-os a consumir o pouco tempo de vida
cuidando precariamente da subsistência, da guerra e das doenças.
A especialização e a alta produtividade dos povos mais civilizados
permitem que se envolvam com as artes, ciências, esportes, lazer,
altruísmo, e com a prosperidade.
A evolução da linguagem não acabou. Importantes
recursos e facilidades estão na espreita, aguardando a vez e com
eles virão maravilhas que ainda são impensáveis.
Neoletria 161
XI – O SURGIMENTO DA ESCRITA
A ARTICULAÇÃO DA FALA
Quando compreendemos o atual desempenho alcançado
pelos meios de formulação e comunicação dos pensamentos, e
então admiramos esses recursos como artifícios em seus devidos
valores e adquirimos a sensibilidade necessária para tecer alguma
crítica para depois elaborar e propor alterações a serem apreciadas
pelo consenso.
A metodologia vernacular de concatenação e organização
dos elementos de pensamento dando sentido e compreensão na
frase, os maravilhosos recursos de linguagem e os meios de
comunicação; é tudo resultado de uma longa evolução, nem
sempre por acréscimo, nem sempre melhorando. Eu aceitaria a
hipótese de duas ou três mil gerações para o recuo no tempo desde
quando os humanos já se comunicavam pelo uso de algumas
palavras, ou combinação articulada de sons pronunciáveis, com
rudimentar convenção de símbolos sonoros codificados. Essas
primeiras falas ainda seriam baseadas na imitação da coisa
simbolizada, possivelmente até uma combinação de fala e gesto.
Gostaria que a ciência me corrigisse ou confirmasse.
A maioria das espécies de animais tem sua comunicação
essencial expressada em linguagem corporal e até vocal, mais para
Neoletria 162
expressar sentimentos do que ideias. Considero até uma ameaça
sem intenção de ferir, como uma expressão de linguagem com
propósito, denotação e conotação entre emissor e receptor. Mas
aparentemente apenas a humanidade desenvolveu codificações
mais extensas para dizer quase tudo o que pensa (por vezes
deveria pensar tudo o que diz). Embora os humanos não saibam
captar perfeitamente os assuntos dos elefantes, dos golfinhos, etc.,
sabemos que até os insetos, peixes e pássaros que habitam
colônias ou os que são nômades em coletividade, têm os seus
meios ou modos de comunicação.
Suponho que as primeiras palavras pronunciadas foram
onomatopéicas, em que a pronúncia da fala imita as coisas
referidas, muitas das quais só completavam significado simbólico
com ajuda do gesto. Os primeiros vocábulos como os primeiros
pictogramas, ainda não estimulavam o desenvolvimento do
pensamento abstrato, mas já havia o emprego de representação de
coisas por símbolos.
Da fala à escrita, é claro que foi uma longa jornada
concomitante com a melhora da conversa; foi quando
verdadeiramente nos destacamos dos outros animais, como seres
racionais que somos (com algumas exceções).
Quarenta mil anos já passaram desde que os homens das
cavernas pintavam nas paredes das grandes grutas, as ilustrações
que imaginavam úteis ao conhecimento comunitário, como a arte
da caça e o conhecimento das presas. Mas ainda não era uma
pictografia propriamente dita.
CODIFICAÇÃO DA PALAVRA
Há mais de cinco mil anos os egípcios já comunicavam
ideias por meios gráficos. Eles possuíram três modos de escrita.
Neoletria 163
Pela ordem cronológica em que surgiram: a figurativa
(hieróglifos, mais de 4.000 sinais), os ideogramas e o alfabeto.
Agora, supondo como verdadeiros os conhecimentos
enciclopédicos como segue:
Caracteres podiam ser escritos ou desenhados para
simbolizar as ideias conhecidas, de modo que alguém desenhava
para outros lerem, há cerca de 3.200 anos a.C; os desenhos
simbolizando os sons orais (fonemas) já se articulavam em
palavras aproximadamente como pronunciadas. Então os egípcios
serviam-se de 22 sinais, mas a codificação não chegava a uma
convenção definitiva, o que foi conseguido muito mais tarde pelos
cananeus (fenícios, sírios e hebreus), ao editarem os
apontamentos, documentos e cartas, utilizados principalmente no
comércio.
Os fenícios adaptaram a escrita egípcia. Nas proximidades
de 900 a 1000 anos a.C. os gregos e os fenícios aproveitaram o
alfabeto egípcio, de 22 letras consonantais. Como adaptação os
gregos acrescentaram as vogais, criando um abecedário próprio de
24 letras.
A adoção de sistema alfabético por parte dos etruscos e
romanos aconteceu por volta de 550 a 500 a.C. O alfabeto etrusco
foi concebido a partir do grego; o dos romanos foi adaptado a
partir do grego e do fenício, com 16 letras inicialmente. Esses são
alfabetos bastante próximos do atual latino (ou romano) usado no
mundo ocidental, com uma origem comum no Egito.
O alfabeto chinês contém 210 letras, o bengali contém
3.000 caracteres.
Fonte: Grande Enciclopédia Brasileira de Consultas e Pesquisas
da “Novo Brasil Editora Ltda”.
A escrita japonesa compõe-se principalmente de 2111
ideogramas, do Joio Kanji, além dos alfabetos silábicos Hiragana
Neoletria 164
com 71 caracteres e Katakana, também com 71. A diferença entre
os dois alfabetos nipônicos restringe-se ao desenho, porquanto é
repetição dos mesmos fonemas, porém o Katakana, alfabeto mais
recente, foi uma adaptação da escrita budista e hoje serve para
documentos oficiais e palavras estrangeiras.
No caso do Alfabeto Latino (ou Romano), também
podemos afirmar que existe mais de um alfabeto; um de letras
maiúsculas e minúsculas para a imprensa e outro de letras
maiúsculas e minúsculas de escrita cursiva para escrever
manualmente, sem contar a diversidade de caligrafias (e
cacografias); mas a diferença para por aí. As regras para letras
maiúsculas não autorizam mais do que o destaque para as iniciais
de nomes próprios, começos de frases e títulos.
A MARAVILHOSA HISTÓRIA DAS LÍNGUAS
Segundo Ernst Doblhofer*, o francês Jean François
Champollion descobriu que os hieróglifos egípcios são compostos
de sinais convencionados nas seguintes funções: como ideogramas
(uma figura que vale por uma palavra ou mais), outros hieróglifos
que parecem ideogramas, porém são apenas consoantes simples
em número de 26 e diversos outros que representam dígrafos
(composição de duas consoantes) e ainda outros sinais que
parecem entrelinhas, mas na realidade funcionam como
determinativos. Os fonemas vogais não eram tão definidos como
são agora, visto que em algumas palavras os sinais vogais eram
omitidos.
Os hieróglifos eram adequados e suficientes para
documentar textos esmeradamente, mas em 1300 antes de Cristo
(400 anos antes do Alfabeto Fenício e 1900 anos depois dos
primeiros pictogramas em hieróglifos), foi inventada uma forma
mais simplificada, que recebeu a denominação de Hierático.
Neoletria 165
Cerca de 400 anos a.C. a escrita hierática foi novamente
simplificada, resultando o Alfabeto Demótico.
*Doblhofer, Ernst, “A MARAVILHOSA HISTÓRIA DAS
LÍNGUAS” com tradução de Alberto Denis (IBRASA –
Instituição Brasileira de Difusão Cultural S.A.) - São Paulo.
O ALFABETO OCIDENTAL
O Alfabeto Latino foi amplamente adotado na Europa no
tempo do Império Romano. Os fonemas então sofreram variadas
influências de diversos idiomas. Depois o referido alfabeto foi
transmitido às Américas já sem unanimidade quanto à pronúncia
dos valores fonêmicos, principalmente das vogais.
Por hipótese seria muito difícil uma língua pura e perfeita.
Citando o exemplo das línguas latinas: quando os romanos
conquistavam as pequenas nações, elas já dispunham de dialeto
próprio. Em vez de assimilarem totalmente, trocando o próprio
dialeto pelo novo idioma, apenas adaptavam ajustes, originandose dessa mistura algumas desarmonias entre as letras e seus
fonemas. A complicação aumentava uma vez que muitos fonemas
‘novos’ eram importados com pouco descarte dos ‘antigos’,
gerando maior disparidade com as letras. Além disso, em alguns
casos, os romanos não foram nem os únicos, nem os últimos
conquistadores a ‘contribuir’ na formação e até corrupção dos
idiomas.
Ao adaptar um alfabeto a dialeto de padrão fonético
diferente, haveria fonemas na fala sem as letras correspondentes
no abecedário, enquanto algumas letras seriam supérfluas por não
existir o respectivo fonema nesse dialeto. A adaptação seria como
um remendo inadequado.
Neoletria 166
Na América e na Europa, temos quase em comum o
conjunto das letras, mas não os fonemas. Nem sabemos como
exatamente deveria ser, porque ninguém sabe como o Latim
Clássico era pronunciado, só sabemos como era escrito. Mesmo
hoje, as letras brasileiras e as portuguesas podem ser as mesmas,
porém a pronúncia é diferente, embora isso não ofereça muita
dificuldade para a compreensão.
Na Língua Portuguesa, temos acentos gráficos ou sinais
auxiliares das letras, cujo emprego só vale para a nossa língua; em
francês, é diferente, em alemão e em espanhol também é. Em
inglês não tem essa sinalização. Em grego, mesmo sendo um
abecedário quase equivalente, é outro alfabeto. Enfim, não
obstante a equivalência alfabética, o entendimento é muito
complicado. Alem disso, as nossas letras são de uso corrente
quase só no Ocidente. Na Ásia, em partes da Europa e da África
são praticados outros caracteres diferentes dos latinos.
Enquanto a compreensão entre os povos ‘neolatinos’ já é
tão difícil, mais complicado será entender os povos que adotam
letras ‘estranhas’. Para incrementar a convivência pacífica
internacional, este é um problema a ser resolvido. O que
determina a dignidade e o respeito são as boas intenções, mas as
intenções são manifestadas apenas mediante o entendimento; por
falta disso, os animais são abatidos e os homens fazem a guerra.
Agora, que temos Internet, já não se justifica a
continuidade em tamanha dificuldade nas comunicações. Os
povos estão aos poucos aderindo a uma globalização progressiva e
necessitando melhorar os elos de compreensão.
Neoletria 167
XII – A LÍNGUA COMO ELA É
NASCIMENTO DO PORTUGUÊS
Por hipótese, durante a estruturação de uma língua,
surgiam modos de expressão e comunicação que logo se tornavam
habituais, mas efêmeros porque novos modos se adequavam; as
regras perseguiam os costumes sem alcança-los, ou a prática e a
teoria seguiam rumos diferentes.
Uma língua nova com fraco controle político mudava
muito, com influências mal assimiladas de povos conquistados ou
conquistadores, acumulando contribuições desconexas, de
conformidade com o primitivismo da época, talvez com carência
de atenção e de organização, enfim, evoluindo por um destino ao
léu, desregradamente.
Prosseguindo na hipótese, pessoas letradas, que eram raras,
seriam impotentes para exercer a coordenação, mesmo porque os
meios de comunicação de então não permitiam agilidade e atuação
cotidiana das ‘vontades políticas’. Assim consolidavam-se e
permaneciam as línguas, mal acabadas, mesmo depois durante a
proliferação das escolas, quando as dificuldades antigas já
estavam resolvidas, porém quase espontaneamente, toscamente.
A Lusitânia que já existia na banda oeste da Península
Ibérica, desde a Idade da Pedra romanizou-se no século II a.C.
Neoletria 168
quando foi invadida pelo Império Romano, assimilando então o
Latim justamente no período clássico desse idioma. Língua de
estrutura muito organizada, o Latim teve origem no Lácio,
documentado já no VII século a.C.
No ano 409 da nossa era a Lusitânia foi invadida pelos
germânicos, permanecendo sob aquele domínio por tempo
suficiente para corromper o latim falado nessa região.
Do século VIII ao XI a língua árabe dominou a ponto de os
lusitanos considerarem o Latim como uma língua esquecida, tanto
que o primeiro rei de Portugal, Afonso Henrique, depois que
derrotou os mouros (invasores) no ano 1139, não conseguiu
reintegrar e nem resgatar o esquecido latim, vindo a aceitar uma
composição de linguajar residual de galego-português, com
influência franco-provençal. Nessa língua surgiram as primeiras
cantigas em 1189, cantadas pelos trovadores.
O nome Portugal é originário do Condado Portucalense,
instituído na área lusitana por D. Afonso de Castela (espanhol) 44
anos antes da derrota dos árabes invasores.
Tanto os lusitanos quiseram esquecer o Árabe que
preferiram aprender a falar com os camponeses rústicos. Estavam
dispostos a recuperar os resquícios mais próximos daquilo que
viesse a ser uma ‘língua nacional’.
Não é de admirar a dificuldade em estabelecer a língua
nacional lusitana até as proximidades do ano 1400, porque os
ingleses trocaram a oficialidade do Francês pela do Inglês quando
terminou a Guerra dos cem Anos em 1453.
Afonso Henrique sendo o primeiro organizador de um
reino nascente, ele desejou restabelecer o ‘status quo’ da sua área.
Na falta da ‘língua primitiva’ que seria herança do Império
Romano e que pareceria legitimamente nacional, fez nascer uma
Neoletria 169
nova língua a partir dos resíduos já deturpados, encontrados na
linguagem popular das periferias.
O primeiro rei de Portugal teve sucesso em sua empreitada
ao conseguir a adesão dos estudiosos da época, que estabeleceram
o galaico-português, mas a Língua Portuguesa propriamente dita,
com a sua estrutura gramatical, começou com a segunda dinastia
portuguesa, a Casa de Avis que assumiu o poder em 1385. Foi
então criada uma gramática que permanece sem ajustes técnicos
de monta e continua praticamente a mesma até hoje.
É interessante a diferença de ritmo com que se movimenta
a civilização; séculos antes de Cristo o Latim demorou seiscentos
anos a estabelecer a sua ortografia; no século XIV da nossa era,
partindo do galaico-português a Língua Portuguesa nasceu já
estruturada gramaticalmente.
É notável que Portugal tenha transitado por um longo
período de grandes empreendimentos logo após uma dedicação
erudita ao seu vernáculo.
CRÍTICA CONSTRUTIVA
Os lusitanos assimilaram a língua e o alfabeto dos
romanos. A língua foi ‘corrompida’ pelos germanos e pelos
árabes, mas o alfabeto latino permaneceu; não tanto os fonemas,
mas sim os caracteres.
Claro que ao almejar um melhor conjunto de letras,
precisamos criticar o atual, mas seria ingratidão recusar o
reconhecimento dos seus méritos, depois de galgarmos os degraus
da civilização até aqui, com a ajuda inestimável deste alfabeto, um
dos bons e muito fácil de decorar. No entanto, a devoção não
justifica o marasmo a ponto de deixar como está. Por ter passado
Neoletria 170
tanto tempo imperturbável em ‘berço esplêndido’ não significa
que ficou irretocável.
Nesta época de globalização e intercâmbio turístico,
comercial, científico, esportivo e estudantil; nestes tempos, depois
que as grandes caçadas cederam lugar às grandes guerras, aos
grandes saques, mas o furor guerreiro foi substituído pelas
olimpíadas e pelas artes; nesta época de intenso relacionamento e
cooperação entre quase todos os povos, podemos almejar um
arrojado aprimoramento das comunicações, a fim de economizar
tempo e esforço dos comunicadores e dos estudantes. Não que
esteja como uma ‘babel’, mas algum pequeno aperfeiçoamento
seria muito útil. Um minuto perdido por uma pessoa é um minuto,
mas se 1000 perderem um minuto, o prejuízo será de 16 horas e
40 minutos. É fácil imaginar o desperdício nacional acontecendo
continuamente.
Um alfabeto mais funcional e, consequentemente uma
ortografia mais simples, facilitaria o aprendizado da língua,
favorecendo a compreensão geral. Um melhor entendimento entre
os povos pode levá-los à harmonia, ao conhecimento, à isonomia,
à justiça e, por consequência, à paz.
OUTORGA DIVINA OU ARTE HUMANA
Entre os artigos de primeira necessidade para conseguir
boa integração comunitária e convivência social produtiva e
venturosa, podemos citar: motivação, organização, harmonia e
compreensão.
Os procedimentos e práticas do bom convívio requerem
normas, diretrizes e leis que os regulamentem, efetivem e
perpetuem. O estado de direito democrático permite o esmero
teórico através da discussão; portanto, se houver alternativa mais
Neoletria 171
acertada para que modifiquemos determinado hábito arraigado em
nosso modo de viver, será necessário que dessa alteração resultem
condições favoráveis. Se não houver melhoras, que fique a certeza
de que continuamos no mesmo caminho, o viável por enquanto.
Naturalmente é difícil qualquer alteração dos padrões
culturais de crenças e atitudes tradicionais por depender de
convencimento consensual, que sofre forte resistência, como se
fosse tabu. Não tanto pelas massas, mas pelas lideranças
conservadoras. Um desses padrões é a linguagem escrita. Quem
vai aprender, ainda não pode criticar e quem já sabe não quer
desistir dos cacaréus conquistados por muito custo.
A maneira de escrever que ainda temos aqui não foi
decretada com o status de dogma segundo o qual todos devam
rezar, como se fosse sabedoria eterna e, portanto, proibida
qualquer alteração. O Criador de todas as coisas, conforme
imagino, não fica assumindo Pessoalmente todas as nossas
obrigações evolutivas. Que companheiros seríamos sem o nosso
livre arbítrio? Desde que recebemos esse arbítrio, temos o dever
de utilizá-lo.
Se fosse necessária decisão divina para tudo o que
devemos fazer, não seríamos filhos da Divindade, seríamos
apenas extensão de Seus dedos. Se assim fosse, como poderíamos
falar de consciência? Como a divindade poderia atribuir
responsabilidade, culpa ou merecimento a nós, se fossemos
apenas fantoches? Deus não castigaria um pecado da Sua própria
mão e nem sentiria o Seu próprio afago; o hino de louvor não faria
sentido, seria como auto-elogio. Nós humanos não temos a quem
atribuir as nossas culpas senão a nós mesmos; assim como os
méritos.
A escrita que a civilização ocidental nos legou é resultado
de diversas experiências desde a pré-história, sendo que algumas
Neoletria 172
tentativas desapareceram e outras permaneceram em evolução.
Agora o Alfabeto Latino serve a muitos idiomas com algumas
alterações e adaptações como usos de diferentes sinais gráficos
auxiliares das letras que não são coincidentes em fonética de uma
língua para outra.
A língua que foi adotada no Brasil é a portuguesa, mas
poderia ser o Guarani, o Neerlandês ou o Gaulês.
Inicialmente, a ‘língua brasileira’ foi a Tupi-Guarani,
denominada ‘Língua Geral’. Mas, por força de ‘imposição legal’,
os gerentes da Colônia conseguiram obrigar o uso do idioma
importado por eles da ‘Metrópole’. Coloco essa afirmação para
demonstrar que as grandes mudanças podem ocorrer de modo
espontâneo
ou
acidental
naturalmente,
mas
muitos
encaminhamentos dos destinos da civilização foram impostos
politicamente.
Considerando tudo isso, suponho que este alfabeto latino
aqui utilizado parece ser no momento atual o mais conveniente,
mas não é intocável ou sagrado. Assim, ao percebermos as
vantagens do benefício de outra escolha, sobre os custos da
permanência como está, certamente decidiremos pelo melhor.
COMPLICAÇÃO FRUSTRANTE
Das limitações e confusões do nosso alfabeto (Latino)
decorre um amontoado de regras e complicações que acarretam
muito trabalho e tempo no aprendizado. Depois que dominamos
parcialmente o nosso sistema gramatical, ele se apresenta
aparentemente como único modelo possível para a sua finalidade.
Então já esquecemos da loucura que foi aprender a ler aos seis
anos de idade, que é o mesmo problema dos estrangeiros de
qualquer idade quando chegam querendo estudar a nossa língua.
Neoletria 173
Lei para ‘pegar’ tem que ser simples, fácil de entender e
adequada às finalidades, mas como principal condição, deve
mudar para melhor alguns hábitos, procedimentos ou atitudes.
As leis que caem em desuso, são substituídas, alteradas ou
esquecidas. Algo semelhante acontece com um idioma mal
acabado: não pára de sofrer alterações. Os estrangeiros, quando
querem aprender a nossa língua, esforçam-se em assimilar as
nossas regras carregadas de exceções, mas nós, os ‘nativos’,
devotamos admiração e imitação aos estrangeirismos, como se
estivéssemos ansiosos por uma maneira mais ortodoxa de
comunicação.
Se a causa do nosso ‘analfabetismo funcional’, constatado
nas estatísticas do desempenho escolar, não for uma burrice de
sub-raça, que suponho fora de questão, possivelmente há de ser a
complicação gramatical. A inadequação entre os fonemas e as
letras gera muitas regras em desarmonia, sendo por isso difíceis de
automatizar na linguagem, causando os pequenos desvios de
atenção que são responsáveis pela dificuldade da compreensão
durante a leitura.
Estou abordando estas alegações como argumento de que
um alfabeto oficial ou até uma língua adotada, nada tem de tabu
ou legado sagrado, podendo ser mexido, adaptado, ou até
substituído, no momento em que se disponha de melhor
alternativa e se torne evidente a conveniência das substituições
para melhorar o padrão intelectual da sociedade.
O estudo seria estimulado e o aprendizado mais produtivo
se o idioma passasse por simplificação.
Não há motivo para temer o dispêndio decorrente da
mudança. A atual versão continuaria sem proibição por tempo
indeterminado paralelamente como a versão popular; o novo
sistema com alfabeto e ortografia novos, seria provisoriamente um
Neoletria 174
modelo erudito. A renovação seria processada naturalmente de
acordo com as novidades didáticas e literárias, sem necessidade de
trocar talões de notas, escrituras, jornais, revistas, avisos, leis,
editais, requerimentos, faturas tarifadas etc.
Neoletria 175
XIII – DINÂMICA IDIOMÁTICA
EFICIÊNCIA NA SIMPLICIDADE
Imaginemos que as regras gramaticais poderiam ser
equiparadas com as leis, ainda que sem a ameaça da imputação ou
cominação penal, mas tão somente como diretrizes estabelecidas
para serem observadas, por estarem de acordo com os melhores
critérios e intenções necessários a fim de alcançarmos a condição
de sociedade esclarecida, ordeira, próspera e solidária. Ora,
sabemos que é ‘ilegal’ um cidadão comum ignorar as leis, a não
ser quem é menor ou incapaz. Sendo assim, a legislação deveria
ser muito mais simples para que não sejamos todos incapazes,
parecendo tolos. Acontece algo semelhante com os hábitos
cotidianos como o de falar e escrever; os princípios básicos, as
fórmulas e as regras devem ser elaborados com sabedoria,
paciência, rigor, cuidadosamente com o máximo de
funcionalidade e simplicidade para estender-se ao alcance do
público alvo.
Os legisladores, diretores, doutores, técnicos, consultores,
executivos, deviam evitar as prolixidades e superfluidades ao
prepararem os conhecimentos essenciais (e obrigatórios), tanto os
legais como os gramaticais. As explicações deveriam ser bem
Neoletria 176
claras, para que o máximo de pessoas escapasse da ignorância (e
das multas) e alcançasse a dignidade.
Provavelmente importamos neologismos ou até
estrangeiramos (aceitando o uso de palavras estrangeiras, algumas
mesmo em substituição às nossas) sem adequação porque as
nossas regras de ortografia e fonologia são tão abundantes que o
brasileiro médio não as cumpre nem observa porque as ignora.
Regras claras e coerentes podem ser compreendidas na
primeira leitura, mas quando incoerentes ou infectadas de
exceções, precisam ficar sempre à mão para consulta e, por isso,
os usuários como vítimas necessitam de ajuda para desembaraçar
em toda e qualquer ação.
É muito bom ter o que estudar; é interessante um exercício
intelectual, mas deixar um conhecimento trivial tornar-se tão
complicado que sejam raros os instruídos suficientemente; e para
completar um estudo razoável eles tenham que despender quinze
por cento de sua força produtiva de trabalho e da existência, tendo
outras centenas de interesses a zelar. É um desperdício de esforço.
A língua Esperanto não peca por semelhante
desbaratamento. Tendo apenas dezesseis regras gramaticais e cada
letra correspondendo a um único fonema. Qualquer palavra
composta por mais de uma sílaba é sempre paroxítona. Todo e
qualquer vocábulo estrangeiro pode ser traduzido para Esperanto
ainda que essa língua não possua toda a variedade de fonemas que
temos em Português, em Francês ou em Alemão, o que simplifica
a sua compreensão, sem prejuízo para a sua suficiência de
recursos fonéticos de expressão.
Pelo que me parece, no idioma japonês, menos de uma
centena de sílabas diferentes é suficiente para combinações
distintas que resultam na língua vernácula completa, o que o torna
muito mais simples do que o nosso idioma. Ainda assim, não
Neoletria 177
acredito que existam menos palavras no Japonês do que o
suficiente, e os nipônicos ainda levam a vantagem da simplicidade
e de normas definidas de como usar novos verbetes estrangeiros
sem prejuízo das regras gramaticais japonesas.
PROMISCUIDADE LINGUÍSTICA
Atualmente a conveniência de reajuste evolutivo de uma
grande língua esbarra na necessidade de preservar a integridade
dos seus dialetos falados em diversos continentes, mas nada
impede a continuidade da ‘língua geral’ para quem não se
interessar pelo melhoramento.
O mesmo étimo com dois significados, um do vernáculo e
outro redefinido e identificado pelo sotaque. Por força da
globalização, a mistura das línguas pode resultar no
enriquecimento conotativo de muitos vocábulos com a
sofisticação dos significados oriundos de novas técnicas, novos
costumes que podem ser diferençados por analogia com novas
pronúncias
decorrentes
das
deformações
fonéticas
(estrangeirismo) de palavras antigas no domínio vernacular.
Todavia será causa de anarquia e confusão se os linguistas
influentes não se posicionarem firmemente pela ordem e
coerência das novas regras gramaticais que se fizerem necessárias
a essa evolução.
Muitas palavras estrangeiras estão invadindo o Brasil, pela
Internet e por outros meios, tanto palavras escritas como faladas,
causando dificuldade de pronúncia.
O nosso velho alfabeto aplicado ao vernáculo já traz uma
confusão de regras, imagine somando com o problema criado com
as palavras importadas! Deveríamos nós absorve-las para a nossa
língua em pronúncia da Flórida, da Califórnia ou do Canadá?
Neoletria 178
Country, britânica ou australiana? Mantê-las à parte, grifadas
como estrangeiras e regidas por suas gramáticas de origem ou
poderíamos aplicar a nossa ortografia e nossa ‘ortofonia’,
aportuguesando-as? Talvez incorporar com sotaque como era
costume dos personagens de Grinsville (certa cidade utópica de
uma novela da Rede Globo de Televisão), assim logo será uma
mistura de Portunhol com Portinglês, tudo de conformidade com o
mais deslavado pernosticismo.
O nosso conhecimento da pronúncia correta de cada letra
já estava excessivamente complicado antes do ingresso de
palavras cuja relação fonema/letra segue regras exóticas.
Mesmo um poliglota tem dificuldade em saber como
pronunciar uma palavra escrita quando não sabe de qual língua
procede.
EVOLUÇÃO DO IDIOMA
O nosso alfabeto latino ou romano é o mesmo em diversos
países onde se fala: português, francês, espanhol, italiano, alemão,
inglês e as diversas línguas germânicas (contando também alguns
dialetos derivados), totalizando mais de um bilhão e quinhentos e
sessenta milhões de pessoas tendo em comum apenas o
abecedário. Muitos idiomas regidos por diferentes regras
gramaticais ou até desregradamente, embora contem com os
mesmos radicais e o mesmo alfabeto, as palavras são
pronunciadas de modo diferente. As mesmas palavras, até com as
mesmas letras, são quase irreconhecíveis pela pronúncia.
Na globalização dos navios e aviões intercontinentais, dos
jornais, da televisão, da internet, e da relativa paz que possibilita
torneios esportivos e grandes espetáculos internacionais, existe
também uma intensa migração de vocábulos, principalmente entre
Neoletria 179
as línguas escritas em alfabeto latino, já contando com a
participação de diversos países asiáticos, a par de seus alfabetos
próprios.
Está aumentando a necessidade e a urgência da adaptação
das palavras importadas. O palavrório vai ingressando nos
diversos países com as mesmas letras de quando e onde surgiram
os neologismos, mas precisa de alteração porque as regras de
ortografia e prosódia da língua que as acolhe são diferentes.
Entretanto, quando outros países importarem essas mesmas
palavras assim alteradas, a confusão estará pronta. Pode-se até
contar com o retorno, ao país de origem, de vocábulos
desfigurados, para competir com o significado das palavras
originais.
É necessário escolher o que conservar das palavras
importadas: suas letras pelos nossos fonemas ou seus fonemas
pelas nossas letras; tudo junto dá atrito e confusão gramatical.
Quanto à suposta necessidade de fidelidade ortográfica na
etimologia, como também a ideia de preservar as letras ‘originais’
da pronúncia de certas palavras, pouco importa porque já existem
precedentes de troca de algumas letras em alguns fonemas. Ao ler
a carta de Caminha ao Rei de Portugal, podemos perceber
alterações na nossa língua ocorridas de então até agora. Estou
lembrado que no meu tempo de criança, algumas palavras eram
escritas com PH para o fonema correspondente a letra F, outras
continham uma letra P ou C inútil, que hoje caíram em desuso por
decreto, mas continuam vigorando em Portugal.
Atualmente está em fase preludial um pequeno acordo
ortográfico entre alguns países usuários da língua portuguesa. É
mais uma das que foram sempre pequenas e tímidas alterações,
talvez apenas para satisfazer algumas exigências plausíveis de
membros da comunidade mundial de Língua Portuguesa, agora
Neoletria 180
sem respeitar o Brasil que já conta com seus setenta por cento dos
lusófonos da Terra.
Um novo alfabeto, por mais perfeito e predominante que
fosse não extinguiria o velho. Não haveria fogueira de livros.
É evidente que a gramática da nossa língua não foi a nós
outorgada definitivamente pela Divindade como uma lei
inexorável para que a preservemos agora sem retoques. O idioma
continuará dinâmico, evolutivo. E se desenvolverá, com cuidado
minucioso e organizadamente se conseguirmos dirigir o seu
encaminhamento, ou será em desordem se agirmos na defensiva
evitando os retoques e atualizações necessários, porque assim eles
acontecerão furtiva e desorganizadamente.
NACIONALIZAÇÃO DE VOCÁBULOS
A ortografia e a respectiva ortoepia, que administram a
regularidade na linguagem podem decair para o caos mesmo
havendo autoridades responsáveis, se não perceberem a crescente
balbúrdia causada pela desordem na livre imigração de palavras
estrangeiras.
Estarão em vantagem os países cujos cidadãos tratarem o
problema com iniciativa e pertinácia, buscando a solução onde
quer que ela se encontre.
Conforme comentários de Howard W. French, do The
New York Times, encontrados também no “ESTADÃO” (O
Estado de São Paulo) de 02/11/2002, caderno A, 27 - a nova
geração japonesa já dispunha de uma pitoresca engenhosidade
ante o problema da globalização cultural.
Diariamente as palavras estrangeiras estavam invadindo as
conversas japonesas. Os mais idosos tentavam disfarçar
‘ignorando’, mas não era fácil sentir-se excluído enquanto os
Neoletria 181
jovens pareciam falar outra língua, causando arrepios ao primeiro
ministro Junichiro Koizumi, a ponto de ele nomear uma comissão
para estudar a possibilidade de evitar a adulteração do idioma
nipônico.
Sabemos que entre outras peculiaridades vernaculares
japonesas, o fonema correspondente à nossa consoante L não
existe, ou é confundido com R, resultando, a nosso ver, um
notável ‘sotaque japonês’, aplicado como adaptador das palavras
escritas por meio do alfabeto Katakana, que é especial para
escrever palavras estrangeiras compondo-as de letras tais que
qualquer japonês possa ler em pronúncia castiça. Os japoneses
importam “as palavras ocidentais, mudando sua pronúncia e
dando-lhes um sabor local”. Enquanto isso, nós brasileiros
fingimos que não é pernosticidade, para não dizer ‘macaquice’,
ostentar palavras estranhas ao nosso sistema gramatical.
Nós não precisamos supor que sejamos inferiores a ponto
de cair de admiração e imitação pelos estranhos. Apenas alguns
dentre nós, com carência de auto-estima não reconhecemos o
nosso próprio valor. Parece que somos envergonhados da nossa
qualidade terceiro-mundista e procuramos disfarçar-nos de
forasteiros em nossa pátria. Por outra hipótese, simplesmente
exibimos com orgulho alguma bobagem que não entendemos,
supondo que os circunstantes sejam ainda mais ignorantes.
Parece impossível a leitura de um palavreado que chega,
não se sabe de onde, mas torna-se imprescindível na comunicação
cotidiana. Entretanto os japoneses vão obtendo a noção fonética
derivada da origem das novas palavras e ‘ignorando’ a etimologia
gráfica, como se escrevessem de ouvido. Para isso eles contam
com o alfabeto Katakana, com codificação própria de pronúncia
gramatical, facilitando assim a identificação das palavras
importadas e sua leitura.
Neoletria 182
O resultado da adaptação é semelhante ao do mito
Greensville (cidade de novela em que o povo tentava falar inglês
com forte sotaque nordestino), porém a solução katakana é mais
intencional, completa e eficaz do que a sugerida no referido mito.
ACORDO ORTOGRÁFICO
Foi assinado o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
em Lisboa, no dia 16 de dezembro de 1990, formalizando
compromisso entre Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe. Timor Leste assinou
posteriormente. No Brasil esse acordo foi aprovado pelo Decreto
Legislativo número 54, de 18 de abril de 1995 e regulamentado
em setembro de 2008 por decreto do Presidente Lula para entrar
em vigor ‘tolerante’ no dia primeiro de janeiro de 2009 e para
vigorar plenamente a partir de 2012, quando deverá estar
disponível o VOLP - Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa.
O dito vocabulário já devia estar pronto desde primeiro de
janeiro de 1993, mas até agora, na vigência, ainda “não saiu do
papel”, nem chegou. Suponho que a causa dessa falha não foi falta
de talento dos nossos imortais acadêmicos. Motivo mais plausível
seria a falta de responsabilidade ou de audácia dos
‘patrocinadores’ da nossa legalidade, ou ainda a precariedade das
regras adotadas no Acordo e isso nenhum signatário assumirá. A
iniciativa privada raramente decide investir pesadamente em
benemerência sem garantia de retorno, ainda mais quando se trata
de legítima responsabilidade governamental.
Não existe unanimidade de apoio ao alinhamento brasileiro
pela uniformização idiomática dos oito paises, especialmente
porque apenas um desses oito, comporta mais de 70% do total de
usuários do Português - o Brasil.
Neoletria 183
A meu ver, seria mais correto um esforço de padronização
evolutiva do ‘idioma brasileiro’ com aceno para inclusão dos
países interessados, contanto que as adequações fossem
espontâneas e viessem preferencialmente das minorias para a
maioria. É necessário que esse esforço leve a constituir uma
instituição com estudos permanentes e reuniões periódicas do tipo
‘assembléia geral’, incluindo lusófonos de outros países como
membros na composição.
Seria injustificável sacrificarmos uma gramática
tradicional, se fosse clara e simples pelo intuito de acompanhar as
outras nações. A renúncia poderia ser aceitável se as outras regras
fossem mais simples, claras e definidas do que as nossas.
Providência administrativa mais legítima e democrática seria a
instituição de uma assembleia que congregasse periodicamente as
academias de letras da Língua Portuguesa, interessadas e sediadas
em todos os países subscritores do Acordo. Dessa assembleia
surgiriam aperfeiçoamentos que pudessem ser observados e
seguidos por toda a comunidade lusófona.
ENSEJO DO ACORDO ORTOGRÁFICO
A inquietude provocada pelo Acordo abre oportunidade
para discussões e ajustamentos gramaticais que já são clamorosos.
Nesta oportunidade devemos considerar auspiciosos alguns
passos a mais em propostas.
Com a entrada das letras k, w, y no alfabeto do nosso
idioma, podemos propor as respectivas serventias. A letra K
substitui vantajosamente Q e a função ‘oclusiva palatal surda
momentânea’ de C, porque K representa praticamente o mesmo
fonema em qualquer combinação nas nossas letras (porke a sua
função é pratikamente a mesma kom kuaisker vogais ou demais
Neoletria 184
kombinasões). Como outra alternativa podemos redefinir as
aplicações da letra Q, permitindo que não seja sempre seguida de
U; assim ficaria solucionada a confusão de pronúncia gerada pela
queda do trema.
É conveniente abolir a muleta da letra G onde o fonema u
não é proferido diante de i ou e. As sílabas ga, ge, gi, go, gu,
deveriam ser todas pronunciadas quase glotalmente (oclusivo
velar sonoro momentâneo), enquanto para o fonema ‘fricativo
linguopalatal sonoro chiante brando contínuo’ bastaria empregar
em qualquer situação a letra J, ja, je, ji, jo, ju.
É indicado para a letra S, somente o fonema ‘fricativo
constrito dental surdo sibilante contínuo’, deixando o ‘fricativo
constrito dental sonoro sibilante contínuo’ como fonema expresso
apenas pela letra Z; as letras C e Ç devem ser banidas de suas
aplicações comuns, visto que existem K e S; as letras I e U podem
deixar de apresentar duplo uso (vogal e semivogal). Y pode
substituir i-breve assim como W pode substituir u-breve. Ex:
‘qeremos qestyonar aqilo qe falta ou qwalqer sobra, a qwal
estorva qwando a eloqwente delinqwênsya seqwestra em
seqwênsya aqela tranqwilidade qe qwaze havia na lingwajem’.
Para a letra X toda e somente a serventia do fonema
‘fricativo linguopalatal constrito surdo chiante contínuo’ de x, chbrasileiro, sh-inglês, com permissão para continuidade desses
‘dígrafos’ apenas em curiosidades etimológicas.
Muitos escritores não gostam da sensação de serem
‘cabresteados’ pelos gramáticos, supõem que a língua pode
evoluir espontaneamente, ou talvez prefiram a estagnação. A
padronização é possível, mas ao seguir sem direção e sem rumo
acontece o que estamos presenciando - perde-se a capacidade de
criticar e evoluir. O governo se apressa a conceder ou concordar
com qualquer coisa que lhe pareça honroso, mas ninguém se
Neoletria 185
habilita a liderar uma mudança de paradigma, por medo de se
‘queimar’. Cada um espera pelos outros e quando alguém oferece
melhor alternativa causa um confuso temor de ‘purgante goela
abaixo’ como no autoritarismo. Para evitar esse temor, devemos
autorizar a congregação das academias de letras.
Neoletria 186
XIV – AS LETRAS EM DISCUSSÃO
ALFABETO FONÉTICO INTERNACIONAL
Existe um conjunto de sinais de valores fonêmicos, (entre
paralelas verticais) considerado universal. Ocorre que além de
limitado, não foi feito para uso corrente na edição de texto, mas
apenas para indicar didaticamente a pronúncia de algumas letras
durante o aprendizado de palavras estrangeiras.
Alguns desses caracteres são iguais e outros semelhantes
aos do Alfabeto Latino (cujo uso cada língua faz diferente). O
referido ‘Alfabeto Fonético’ poderá ser de grande valia para a
definitiva caracterização e identificação fonética dos Fonogramas
(alfabeto novo que estou propondo), se os fonemas
correspondentes estiverem bem classificados e definidos.
VARIAÇÃO DE PRONÚNCIA
O nosso alfabeto, este que pouco evoluiu em vinte séculos,
já com vinte e três letras e mais ç, k, y, w, é insuficiente para
representar tão somente os nossos fonemas, sejam vogais sejam
consoantes, embora algumas dessas letras pudessem ser
descartadas por serem concorrentes, sem prejuízo aos recursos da
nossa fonêmica.
Neoletria 187
Um texto qualquer será pronunciado de várias maneiras
regionais, sem trocar uma letra, o que prova a falta de
unanimidade de valor fonético do nosso alfabeto.
Mesmo pessoas superdotadas de inteligência, ao adotarem
o Português como segundo ou terceiro idioma, mantêm
permanente sotaque. - Será que esse problema surge por
deficiência intelectual dos estrangeiros ou as regras da nossa
língua não foram iluminadas pelo bom senso e pela racionalidade?
Ao invés de sentir orgulho por ‘saber’ falar uma língua tão
difícil, já é hora de descobrir que tanta dificuldade é ‘peso’ sem
proveito.
De nada vale decorar a nossa ortografia para quem deseja
aprender outra língua, porque naquela as regras serão outras.
A ortografia da Língua Portuguesa poderia ser muito
simplificada se as letras fossem suficientes para os fonemas.
Temos apenas cinco letras vogais, para representar mais de dez
fonemas vogais, sem contar os fonemas semivogais. Enfim, o
antigo alfabeto em comum é de pouca valia para as línguas latinas
e germânicas, por falta de unanimidade na adequação da grafia
com os sons que elas tentam representar.
Cada língua tem diversos fonemas peculiares, o que
justificaria alfabetos diferentes, proporcionalmente à discrepância
de pronúncia.
UNIFICAÇÃO DE PRONÚNCIA
Alfabetos diferentes do nosso existem muitos, de grandes
línguas e de dialetos, e até de línguas mortas ou que já evoluíram.
Podemos citar alguns alfabetos atuais: Grego, Árabe, Amárico,
Siríaco, Hebreu, Japonês, etc. Diferem bastante uns dos outros
embora alguns tenham praticamente a mesma origem, mas todos
Neoletria 188
têm como objetivo compor sons que se ordenam em palavras,
como combinações a partir de elementos (letras) poucos e
insuficientes.
Suponho que aqueles alfabetos já foram adequados, cada
qual ao idioma para o qual surgiu, mas pela falta de zelo escolar,
pela complexidade desnecessária e devido a pouca comunhão
social dos usuários; pequenas diferenças de pronúncia foram
surgindo e se somando, até que a pronunciação original se perdeu.
O caso é diferente quando o alfabeto adequado a um idioma é
adotado por um dialeto de prosódia distinta.
Se contássemos com um novo e melhor alfabeto, teríamos
a conservação deste latino atual, apenas para consulta da origem
etimológica, cujo emprego poderia continuar regulamentado em
muitas páginas de regras ortográficas, de grande interesse para os
especialistas em linguagem. Em longo prazo, contudo, todos os
livros do nosso mundo seriam transcritos para a nova grafia que
informaria melhor as nuanças fonéticas.
A Humanidade está evoluindo rapidamente. É possível que
já esteja em condições de assimilar uma alfabetização mais
rigorosa e eficiente.
A dificuldade de pronunciar corretamente fora da língua
mãe, é um problema universal que pode ser resolvido com um
novo alfabeto completo e fácil. Qualquer alfabetizado assim (nos
novos fonogramas) estaria apto a pronunciar corretamente em
qualquer língua, sem decorar as centenas de regras das diversas
ortografias.
ALFABETO COMPLICADO
A Língua Portuguesa (que de início não dava a devida
importância às vogais, com provável sugestão dos alfabetos
Neoletria 189
egípcio e fenício que eram destituídos de vogais) herdou uma
mistura de influências de línguas antigas, da parte dos estrangeiros
invasores comerciantes, ou conquistadores do território lusitano,
dificultando um bom critério de adequação entre a sua fala e as
suas letras. Então os precursores dos portugueses adotaram o
alfabeto latino já existente, herdado do Império Romano e
optaram pela grafia etimológica.
A fonética, a organização da fala, muito alterada por
influência das línguas dos bárbaros e dos árabes, não se ajustou
muito à escrita oficial, necessitando, por isso, de uma teia de
regras ortográficas e fonológicas a fim de adicionar um pouco de
ordem e sofisticação no idioma.
Se as minhas conjeturas contiverem incorreções, espero
que o leitor consiga filtrá-las para não desperdiçar o objetivo do
contexto, mas se estas hipóteses estiverem corretas, isto explica a
complicação de – ss, sc, ç, c (quando c é seguido de e ou i), quatro
sinais para o mesmo fonema; - q, c, k com o mesmo valor, sendo q
sempre seguida de u; – g valendo j; – h mudo; – s com som de z; –
a ‘necessidade’ do encontro consonantal ch quando se dispunha de
x para a mesma função (omissão proposital ou por descuido?); – x
igual a z como também a ks. As letras c, s, r, x, h, n, l, g, todas
com múltiplas funções fonêmicas.
Enquanto isso, apenas cinco letras vogais para mais de dez
fonemas vogais (u, ô, ó, á, a, é, ê, i; além das nasaláveis um, om,
am, em, im). As cinco podem ser pronunciadas de diversas
maneiras, mas sem regras claras para determinar qual das
variações de cada vogal deve ser escolhida em alguns casos. Sem
notação definidora (acento) quando não cai em sílaba tônica.
No caso de tomar iniciativa para racionalizar a nossa
linguagem, seria irracional tentar copiar regras de outras línguas,
Neoletria 190
porque outras, de grande importância, também já degradaram e
não servem de bom exemplo.
Convivendo com toda essa “babel” no cerne da nossa
cultura, não é de estranhar a nossa complacência com as tolices, as
malandragens, os jeitinhos e os muitos delitos do cotidiano. A
complacência com pequenos erros induz à tolerância com delitos.
Quando deparamo-nos com uma situação complicada
juntamente com a frase “não é nada disso que você está pensando,
eu posso explicar”, quase sempre o caso ‘cheira’ a incorreção.
Geralmente aquilo que funciona bem e com simplicidade é
indiscutível; é desnecessário explicar.
AMBIGUIDADE DAS LETRAS
Se cada letra em Português correspondesse a um único
som, E seria sempre E (às vezes é como se fosse I); deveria ser
criada outra letra para É; O seria sempre O (algumas vezes é U,
outras é Ó) deveria ser criada outra letra para Ó. Temos Dj para D
(adjiantxi, djidátxika, idjiota), Tx para T (txinta, atxividadji); C
para pronunciar como S ou K (dois fonemas diferentes para a
mesma letra) – ao adotar K, poderíamos descartar as letras C e Q.
As letras R e S com valores diferentes para gaúchos, cariocas,
paulistas.
A ‘licença’ para a variedade de sotaques regionais
brasileiros, talvez tenha relação com a variedade de pronúncias do
Alfabeto Latino nas diversas nações (com suas línguas) que o
adotaram. Outra hipótese é a variação de procedência dos
colonizadores por região do Brasil.
Atualmente as diferenças entre os sotaques brasileiros estão
esmaecendo por força da televisão com as suas redes de notícias e
de novelas cobrindo todos os confins do Brasil e de muitas partes
Neoletria 191
da Terra, (o que demonstra a viabilidade do ajustamento ora
planejado, ou seja, proposta e apresentação de um novo alfabeto
de fonogramas).
A SOLUÇÃO EXISTE
A Língua Inglesa é mais abundante em variação de
fonemas para as mesmas letras do que a Língua Portuguesa:
animal é énimól; congratulation é cângratiuleichân, etc. Tanto em
vogais como em consoantes existem alterações de pronúncia de
uma letra até na mesma palavra. Uma letra pode valer para mais
de um fonema ou nenhum. Acredito que não foi sempre assim.
Inicialmente um tipo qualquer fala errado, outros acham
inteligente, a ‘tribo’ pensa que é nova bossa para distinguir os
‘chiques’. E pronto, convenciona. Após centenas de deslizes,
chega-se a uma nova gíria. Talvez um dialeto comece pela
composição de gírias.
Por essa linha de raciocínio, é fácil imaginar que muitos
dialetos estruturaram-se desordenadamente, sem racionalidade,
sem projeto. Com certeza, apenas a Língua Esperanto foi
projetada e elaborada, para surgir pronta em toda a sua estrutura
gramatical, se bem que muitos idiomas sejam derivados de outros,
copiando-lhes até a gramática sem observar que muitos ajustes
seriam necessários para que todas as regras adotadas fossem
especificamente aplicáveis em casos consistentes do novo idioma.
O Latim teve início em aplicação documental durante a
fundação de Roma, cerca de setecentos e cinqüenta anos antes do
nascimento de Cristo, dois mil quatrocentos e cinqüenta anos
depois das primeiras inscrições egípcias. Passados trezentos anos
depois da fundação de Roma, o Latim ainda não tinha bem
estruturada a ortografia, segundo o P. Júlio Comba (autor da
Gramática Latina para Seminários e Faculdades), só chegando a
Neoletria 192
esse patamar quando já estava com seiscentos anos, durante o
século que antecede o nascimento de Cristo, e apogeu da
inteligência latina. Como se vê, a Gramática é uma ciência
secular, que se desenvolve mediante contribuições múltiplas e que
se aprimora pelos milênios afora, sempre se adequando às novas
exigências enquanto a Humanidade avança na marcha da
civilização.
Hoje sabemos: as nações que se mantiveram fechadas no
relacionamento global (científico, econômico, religioso esportivo,
etc.), perderam o trem do progresso cultural e tecnológico.
Caíram na vala comum do subdesenvolvimento. Cristalizaram a
sua cultura, supondo ter evoluído ao máximo ou temendo decair
do pouco nível conseguido. Os povos que se isolam evitam
comparações porque no fundo da psique se percebem no atraso
então eles evitam ser observados para não se expor à vergonha.
Muitas línguas de nascimento e crescimento natural
amadureceram quase isoladamente, aumentando as diferenças
entre si. Quanto mais isolada, mais atrasada e quanto mais
atrasada uma língua ficou perante a lógica gramatical, mais difícil
de se comunicar entre si e com os estranhos.
Caso extraordinário ocorreu com o nascimento do
Esperanto. O polonês Doutor Lazarus Ludwig Zamenhof (ou
Lejzer Ludwik Zamenhof, também conhecido como Doktoro
Esperanto), médico e filólogo inconformado com os resquícios de
Babel, ele percebeu que com maior facilidade no entendimento
entre os povos da Terra, seria mais viável a paz e a justiça. Como
era conhecedor de hebraico, latim, grego, sânscrito e mais sete
línguas modernas, não teve dificuldade de simplificar a gramática
ideal, com apenas dezesseis regras, e sem exceções. Assim surgiu
uma língua simples, fácil e eficiente, com o compromisso de ser o
melhor idioma internacional.
Neoletria 193
XV – QUESTIÚNCULAS
IDIOMÁTICAS
IDIOMA ULTRAJADO
Texto é sequência coerente de parágrafos ilustrados por
frases compostas de palavras feitas de letras em série. Teor é
assunto tratado textualmente, é porção de conhecimentos
codificados de forma convencional e facilmente decodificável
(pela leitura). Existem mensagens expressas de outras maneiras,
como avisos e ideias transmitidas em modo sonoro ou também por
símbolos visuais, porém o meio mais empregado e que abrange
maior trânsito de pensamentos é o de palavras expressas
alfabeticamente, empregando quase exatamente as letras que
representam os fonemas das palavras como são faladas.
A qualidade do texto pode variar em conformidade com a
inteligência de quem escreve, mas a língua adotada também é
determinante para a eficácia e beleza de uma redação. Uma poesia
ou uma anedota pode perder a graça e a importância artística na
versão de outro idioma. A mensagem traduzida tem propensão até
de enfraquecer a consistência e o nexo entre o que foi dito e o que
foi pensado.
A harmonia ou a ‘turbulência’ vernacular de uma língua é
resultado da capacidade intelectual das pessoas que participaram
Neoletria 194
da sua evolução idiomática. É temerário tolerar corrupção ou
relaxamento da gramática, ou mesmo abusos de estilo, porque as
alterações podem inadvertidamente prejudicar a lógica e a clareza.
Há quem defenda a evolução do idioma, à deriva, ao sabor das
correntes, como se “a voz do povo” fosse a voz de Deus. Ora, as
grandes alterações foram operadas politicamente. Neste caso
temos que escolher entre andar ao leu para a degradação e
fragmentação ou evoluir criteriosamente, rumo ao aprimoramento.
Talvez seja pela ‘deriva’ que hoje a nossa escrita está ‘infestada’
de confusões na formação das palavras, uma mistura calamitosa
de regras, e mesmo de falta delas, que só complicam o que
poderia ser mais simples. Quando as regras surgem no momento
oportuno, elas podem ser planejadas à luz da lógica e do bom
senso, mas quando chegam a reboque, como socorro de
emergência depois dos desastres, mais se parecem com tapeações
paliativas.
Possivelmente você já venceu as dificuldades aqui
mencionadas, e por isso pode supor que não parecem úteis tais
preocupações, mas se revisarmos o passado de cada um,
observaremos o trabalho descabido que tivemos desde o curso
básico no aprendizado da nossa língua que percorremos até chegar
ao atual grau de entendimento o qual ainda não é satisfatório. O
conhecimento necessário de qualquer pessoa para usar
corretamente o idioma está longe de cem por cento do conteúdo
gramatical, do qual não basta saber, é preciso automatizar e
acostumar para que a maior parte da atenção do pensador possa
ser canalizada sobre o tratado ou o tema em que se ocupe. A
preocupação deve restringir-se ao quê e não ao modo como
pensar. No caso contrário: dada a complexidade linguística, o
desperdício de atenção com a maneira de dizer, resulta em
dispersão com prejuízo do assunto do qual se queria tratar.
Neoletria 195
Estatísticas comparativas são necessárias para a melhor
compreensão da complexidade gramatical e saber quais e como
são as línguas que estão entre as faladas pelas crianças que mais
cedo conseguem elaborar uma redação correta, em condições
equivalentes, embora outros fatores culturais contribuam para os
resultados.
MISTURA DE CONTRIBUIÇÕES
É claro que é bela a nossa ‘coletânea de regras’ para a
formação de palavras e frases. A nossa gramática é um grande,
sofisticado e belo trabalho. Um marco da inteligência dos povos
que se expressam em português desde o século XIII, quando tinha
cerca de cinco mil vocábulos derivados do latim. Para a época, o
português foi tão bem estruturado que permaneceu com pouca
alteração gramatical a partir de então até agora quando entramos
no século XXI. Ignoro se foi vantagem ou desvantagem essa
‘perenidade’. Suponho que haveria mais evolução se fosse feito
exame crítico com mais frequência.
A língua portuguesa foi crescendo em lexicologia e foi
aumentando a população que a adota. Mas é como um lindo
arbusto que cresceu debaixo da rede elétrica, virou árvore e agora
dá choque.
Descontando o exagero, imagino o crescimento do idioma
como a ‘combinação’ do que o leigo compõe no seu coquetel de
diversas bebidas de sabor razoável, mas por causa da
heterogeneidade descombinante, o resultado é um caldo insalubre.
O Português recebeu influências e contribuições romanas,
bárbaras, árabes, francesas, africanas, inglesas, etc. As
contribuições são bem-vindas, mas necessitam de tradução ou
adaptação; em caso contrário o idioma torna-se uma salada
indigesta, uma colcha de retalhos e remendos.
Neoletria 196
Na nossa língua existe uma desordem entre afixos
concorrentes em significado, que assim perdem a correlação com
a acepção proposta. As flexões verbais de conjugação como
tempo, modo, aspecto, voz, número, pessoa, acarretam
complexidade, mas de pouca eficácia e com a agravante da
inobservância por quem pratica o linguajar vulgar.
Já se tornou regra ou convenção a substituição da segunda
pessoa pela terceira, tu por você, embora o pronome tu seja mais
condizente com as línguas: francesa, inglesa, alemã e italiana.
Consequentemente os pronomes oblíquos da segunda pessoa não
são correlatos aos pronomes retos ou são confusamente. Essas
degenerações aconteceram no tempo em que os alfabetizados, ante
a dificuldade em demover os iletrados das suas ignorâncias,
preferiram acompanhá-los. Isso quando o analfabetismo era muito
superior a cinquenta por cento e as pessoas suficientemente
letradas eram pouquíssimas e sem peso de influência nos
costumes populares.
É comum a presença constante de palavras estrangeiras
não traduzidas e nem ajustadas à nossa ortografia. Se ao
incorporar os neologismos estrangeiros ao Português, o
fizéssemos com a necessária adaptação (e é fácil estabelecer
regras de adaptação), qualquer estudante saberia ‘traduzir’ ou
adequar os neologismos.
ALFABETISMO
Um texto, como este que você está lendo, é uma sequência
de palavras que diferem entre si, mais pela extensão do que pela
expressão. Maior envolvimento o leitor teria com o texto se a
leitura fosse mais acidentada e por isso mais interessante.
Neoletria 197
Os nexos sintáticos dão curso lógico às ideias impressas,
de forma a facilitar o entendimento por parte de quem lê. Melhor
seria se as categorias gramaticais fossem mais evidentes desde a
morfologia das palavras. Poderíamos sugerir preceitos
conveniáveis de destaque gráfico para as palavras comuns. Assim
já teríamos um melhor processo para a percepção e o
entendimento imediato das frases, as quais ficariam mais de
acordo com a fluência dos pensamentos que as criaram.
Existem sufixos flexionais que ajudam o leitor a perceber
as categorias gramaticais, mas para a definição de algumas
denotações, diversas desinências são homográficas. Isto perturba a
distinção dos significados e a rapidez na escolha da acepção mais
apropriada ao contexto, como também o vínculo entre o sufixo
apresentado e a função escolhida, porque existem sufixos
multifuncionais. Em geral toda essa elaboração é feita
automaticamente pelo subconsciente, mas não deixa de ser
perturbador quando algum item mal-codificado ‘bate à porta
errada no edifício do entendimento’.
Desenvolvendo pequenos ícones em forma de ideogramas,
para as palavras mais empregadas, a compreensão estaria ainda
mais efetiva.
Para recompor a sensibilidade cauterizada pela mesmice
das nossas palavras, e a confusão das nossas letras (que talvez
participem dos motivos do ‘analfabetismo funcional’), seria
interessante uma realfabetização em letras mais adequadas. Um
alfabeto cuja variação de desenho permitisse denotação direta,
unívoca e inequívoca de cada nova letra com o respectivo fonema,
sem interferência nem referência das letras velhas.
Quando aprendemos a ler em Português, continuamos
semi-analfabetos para todas as outras línguas que adotam o
mesmo alfabeto latino, já que as mesmas letras são pronunciadas
Neoletria 198
como fonemas diferentes nos vários idiomas, embora os radicais
dos substantivos, adjetivos, verbos, etc. dos diversos idiomas
sejam quase coincidentes graficamente, o que deveria facilitar a
compreensão. Pior é aprender uma língua de alfabeto diferente,
como o aramaico, o árabe, o japonês, o mandarim, etc., é
necessária outra alfabetização.
Aprender uma segunda ou terceira língua é difícil para um
adulto, porque ele já sedimentou a sua maneira de ler e escrever as
letras de acordo com a ortografia da língua em que aprendeu a
falar. Por isso ele não sente a necessidade de se alfabetizar para a
outra ortografia, supondo que já esteja alfabetizado
definitivamente. E de fato está, se ficar restrito ao primeiro
idioma.
SIMPLICIDADE VANTAJOSA
Quando uma pessoa equilibrada se expõe ao convívio dos
psicopatas, pode distrair-se e assimilar algumas manias e cacoetes.
Por hipótese o ato de decorar regras carregadas de exceções é
como a leitura de um texto incoerente e desconexo; é enfadonho e
desgastante, podendo causar transtornos psíquicos e vícios com
difícil retorno do modo de pensar. Assim, suponho que um
alfabeto completo, fonológico, fácil coerente, fundamentado
foneticamente na língua falada; propiciando a que cada fonograma
(letra) corresponda fielmente a um único fonema; resultando em
simplificações gramaticais; acredito que isso tornaria o
aprendizado muito mais agradável, eficiente e rápido, permitindo
ao estudioso maior liberdade e disponibilidade para outros
estudos, além de ser mais seguro contra distúrbios psíquicos. Da
beleza estética e da ordem, poderia resultar feliz entusiasmo e
dedicação para com as artes, as ciências e outras ocupações.
Neoletria 199
Surgiria uma habilidade e admiração, pelo equilíbrio, pelo arranjo
e pela analogia.
Talvez uma educação mais agradável e instigante ajudasse
a evitar os desvios de comportamento que enveredam pelo rumo
da rebeldia, do erro, do delito e da delinquência, com vantagem
para a criatividade.
Nós os adultos, acostumados com este idioma, suas letras,
suas regras, estamos longe de perceber devidamente os possíveis
benefícios da sua reciclagem. Não sabemos comparar os nossos
conhecimentos com aquilo que seria um sistema ainda
desconhecido e por isso difícil de imaginar.
Precisamos encetar um grande esforço para vencer a
inércia, Porém o resultado poderá ser muito melhor do que o
esperado. Seria conveniente considerarmos o custo a que foram
submetidos muitos dos nossos profissionais de hoje ao padecerem
tantos anos no estudo do idioma, que agora já desistiram de
compreendê-lo suficientemente. Consumiram uma alta
porcentagem da sua cota de energia da vida produtiva, quase
futilmente, em algo que poderia ser simplificado com ganho de
eficiência.
Depois que José, filho de Jacó, sobrinho de Esaú foi
vendido pelos seus irmãos como escravo, já no Egito, ele tratou de
estudar e acabou escriba e posteriormente foi ministro ou vizir.
Naquele tempo o escriba gozava de alto prestígio por ser função
rara já que dependia de inteligência excepcional por causa das
dificuldades gramaticais. Atualmente devemos lapidar mais a
linguagem para melhorar a democracia e a qualidade de vida da
população.
Estou ciente de que fora do curso superior de letras, outros
‘doutores’ avançam em seus conhecimentos profissionais sem se
deterem muito no estudo da linguagem. Muitos deles não se
Neoletria 200
aventuram na editoração de textos para transmitir conhecimentos,
o que redunda em grande prejuízo pela ausência de suas
contribuições; resulta em perda das sementes de sabedoria ou de
valiosas sugestões.
Com o sistema de linguagem mais simplificado e eficiente,
milhares de cientistas serão incorporados na produção da ciência,
em ramificações ainda não imagináveis, porque os conhecimentos
que hoje parecem complicados poderão ser reproduzidos em
versão mais compreensível. Bons pesquisadores terão facilidade
de expressar as suas hipóteses e descobertas.
IDIOMA IDEAL
Sabemos que “só não erra quem nada faz”, esperamos que
como espíritos ou almas você e eu tenhamos a eternidade para
alcançar a perfeição.
Todos nós devemos ser intolerantes com os nossos erros,
cada qual com os seus, mas em vez da autopunição quando nos
surpreendemos em delito, devemos achar meios para autoeducação. Quanto aos semelhantes, sejamos relativamente
indulgentes com os tropeços alheios, porque muitos dos nossos
‘acertos’ ainda são ‘erros’ na ótica de outros seres humanos.
Cada pessoa tem as suas peculiaridades, mas existem
limitações intelectuais que são comuns e merecem estudos por
parte da ciência para o planejamento de exercícios que
desenvolvam capacitação em busca da evolução mental.
O domínio da língua materna é uma experiência natural
cujo aprendizado pode ocorrer sem acionar muito a ‘usina de
paradigmas’, sem esforçar exercícios de dialética e de raciocínio
avançado. Já o estudo de uma língua adotiva (segunda língua)
exige mais esforço intelectual para expandir a observação crítica e
Neoletria 201
a ‘visão estereoscópica’ da realidade. Os conhecimentos e os
pensamentos são averiguados, corroborados e potencializados ao
serem submetidos a outro idioma.
Visto que o modo de pensar e falar afeta o caráter, deve-se
ter muito critério de escolha ao adotar uma segunda língua. Não
são necessariamente melhores as que possuem maior quantidade
de regras gramaticais.
Uma sugestão para a defesa contra efeitos de desordem
linguística sobre o caráter das pessoas, é o estudo do Esperanto
para obter uma linguagem pura, simples, regular e de grande
beleza estética.
Francisco Valdomiro Lorenz no seu livro ‘Esperanto Sem
Mestre’, página 10 declarou que o ideal seria conseguir a fluência
dos próprios pensamentos em Esperanto. Esta poderia ser a
segunda língua nacional oficialmente ministrada nas redes de
ensino básico, já pensando na conveniência de futura implantação
de uma linguagem culta destinada a pronunciamentos e
documentos oficiais, como foi o Latim.
Além do estudo de um idioma ideal, proponho também o
estudo e aplicação de alguns sistemas gráficos eficientes para
construir os nossos pensamentos, empregando alfabetos
alternativos em conjunto com ideogramas, para que sejam
instrumentos adicionais de estímulo à imaginação. Poesias, livros
de pensamentos e algumas prosas clássicas poderiam ser vertidos
para esse sistema.
A necessidade da formação didática de um ‘exército’ de
professores para o imenso território brasileiro, não serve como
alegação de obstáculo quando dispomos de áudio-visual, com
DVD, telões e internet. Falta apenas acreditar no poder da
educação para uma feliz decisão.
Neoletria 202
AS INVENÇÕES
Merlinton João Braff
Neoletria 203
QUARTA PARTE
FONOGRAMAS
PARA CADA GRAFEMA UM ÚNICO
FONEMA
A nossa gramática admite palavras parônimas e até
homônimas antes de aproveitar toda a variabilidade fonética em
potencial. Algumas homônimas diferem-se pelas letras e
significados, mas são iguais em pronúncia; outras também são de
significados diferentes, conquanto a pronúncia e as letras sejam as
mesmas.
Sempre que for possível, as palavras homônimas e
parônimas devem ser evitadas porque atrapalham o rápido
entendimento de quem ouve ou lê. Constituem dificuldade inútil.
Com a adoção deste novo alfabeto abre-se a oportunidade
para melhorar a distinção léxica, tanto gráfica como
foneticamente. Todo o vocabulário deve passar por um processo
Neoletria 204
de revisão ao ser transcrito para este alfabeto. É o ensejo de
aprimorar o ‘dialeto’ brasileiro.
Cada idioma ou dialeto terá escolha dentre os setenta e três
fonogramas (do alfabeto novo), somente as letras adequadas à sua
ortoepia, mas os fonogramas rejeitados na escolha de uma
composição castiça servirão para pronúncias regionais e para as
palavras estrangeiras que contenham fonemas estranhos ao
vernáculo.
Neste abecedário de fonogramas, as semelhanças
fonêmicas têm analogia com semelhanças gráficas; é um artifício
que facilita o aprendizado.
Este sistema está registrado no Escritório de Direitos
Autorais da Fundação BIBLIOTECA NACIONAL sob o número
181.511. Data do registro: 01/09/1999.
A fim de integrar o livro NEOLETRIA efetuei pequenas
atualizações e acrescentei argumentação.
17-10-2008
Merlinton João Braff
Neoletria 205
XVI – ALFABETO FONÉTICO
ALFABETO UNIVERSAL
O denominado Alfabeto Latino (Romano) está presente em
quase todo o Planeta, mas não é e nem será alfabeto universal,
porque cada região o vê e pronuncia de modo diferente.
Nas várias línguas o abecedário pode ser o mesmo, mas os
nomes das letras e seus valores fonéticos são diferentes.
Cada um dos países onde predomina idioma de origem
germânica ou latina tem diferente o seu elenco oficializado ou não
de fonemas que cabem na sua vernaculidade. Algumas dessas
diferenças motivam apenas sotaques, mas outras são bastante
acentuadas. Todos ou quase todos os fonemas dessas línguas são
representados por letras ‘romanas’. A impressão de que o alfabeto
seja o mesmo, fica só na aparência e se desvanece porque
gramaticalmente cada idioma tem o seu alfabeto.
Comumente os dois conjuntos (o das letras e o dos
fonemas) não apresentam função bijetora. Os fonemas são mais
numerosos do que os caracteres disponíveis, portanto alguns dos
caracteres evocam mais de um fonema, entretanto a recíproca
também funciona, porque existem casos em que mais de uma letra
são concorrentes ao mesmo fonema. Podemos perceber que o
idioma e o alfabeto juntaram-se inadequadamente; é o caso da
Neoletria 206
língua portuguesa que conta com letras descartáveis e fonemas
representados por caracteres compostos ou imprecisos.
A relação das mesmas letras romanas com distintos
elencos de fonemas dos diversos idiomas contribui para a criação
de peculiaridades gramaticais que distanciam vernaculamente os
vários povos. Este fato indica a necessidade de adaptação ou
tradução das palavras importadas para que figurem no vocabulário
nacional. Pelo menos devem ser grifadas enquanto não forem
adaptadas.
No Brasil, as vinte e seis letras (vinte e sete se
considerarmos ç) assim como os respectivos fonemas adotados
como nossos (ocidentais), ainda são poucos para a nossa
pronúncia coloquial, pior será assumindo pronúncias de outros
idiomas para algumas palavras que nem sempre sabemos se já são
incorporadas ao Português, ou ainda não. Fica parecendo uma
terra sem dono, uma nação desorganizada, um salve-se quem
puder, quando nos deparamos com palavras que inadvertidamente
temos que decidir se A é É, EI ou Ó; se E é I, se I é AI, se U é Â,
se RE é URÍ, etc.
Muitas regras de leitura são necessárias apenas para suprir
o ‘vácuo’ da escassez de letras na nossa ortografia; podemos
imaginar a confusão se concordarmos com a invasão de
pronúncias estrangeiras sem a respectiva avalancha de preceitos e
normas.
OPTATIVO
Se fôssemos consertar a dubiedade das nossas letras (do
alfabeto tradicional), seriam necessários pequenos remendos, além
de discussões com a grande comunidade dos povos que falam o
Português e até outros idiomas usuários do alfabeto Latino. De
Neoletria 207
minha parte, gostaria de deixar os velhos alfabetos como estão,
funcionando sem alteração. O que me parece mais viável à
sociedade é admitir gradativamente um abecedário completo e
versátil, prático e estético para funcionar paralelamente. Com o
passar de algumas décadas, o novo alfabeto poderá ter até maior
aplicação do que o Romano, estendendo-se o seu emprego a todos
os povos da Terra. Mas nunca será necessário abolir os diversos
alfabetos já existentes. O Novo seria uma versão popular e geral
aceito sem imposição para constituir-se no elo de ligação e
facilitação entre todas as línguas, sem interferir nos valores
culturais peculiares dos diferentes povos.
Abordado assim, o novo alfabeto deverá ser aceito apenas
por quem se interessar, sem traumas, sem imposição.
A minha sugestão é a aplicação de um alfabeto completo
(Fonogramas) e diferente do Latino como solução ideal para
resolver a discrepância entre a pronúncia correta e o sotaque
involuntário. É um alfabeto criado para suprir razoavelmente, e
com uniformidade de critérios, a fonética e a escrita de todas as
línguas importantes deste mundo, praticamente sem confusão de
sotaque.
Os fonogramas são suficientes para que as variações de
fonema, ritmo e acentuação sigam o fluxo normal da leitura e
sejam impressos imediatamente no pensamento. Porém é
necessário haver fidelidade de ortoepia (sem regionalismos de
pronúncia), para que vigorem os efeitos objetivados de correção e
simplicidade e assim o processo automático de simbolização entre
a palavra escrita e o objeto que ela suscita na mente garanta mais
rapidez na percepção dos conhecimentos que forem assimilados
por intermédio dessa linguagem.
Neoletria 208
NOVO ALFABETO
Não obstante o grande número de fonemas, este alfabeto
proposto, é de extrema simplicidade gráfica e facilidade de
compreensão devido aos critérios da derivação gráfica. Na
elaboração e criação deste novo abecedário, tive um cuidado
especial, agrupando as letras por famílias de semelhança, em
correspondência entre a forma gráfica e o fonema. Assimilar este
sistema é como conhecer um novo e simples desenho para cada
letra do alfabeto antigo e uma pequena e lógica variação para
fonemas e respectivos caracteres derivados das mesmas.
Esta proposta é uma solução aberta a todas as nações, sem
a necessidade de inventar adaptação fonética de um idioma para
outro. Como na proposta deste sistema existe suficiência de letras
adequadas para abranger toda a gama de variação sonora vocal, só
falta uma escolha correta para compor o lote oficial de cada
idioma. Caso algum dialeto contenha fonemas que não encontrem
fonogramas exatos, admitem-se dígrafos de fonogramas, mas será
conveniente a coordenação centralizada de um conselho,
estabelecido com poderes para administrar autorizações e
elucidações.
O novo alfabeto servirá perfeitamente para escrever
vocábulos estrangeiros, tornando sua pronúncia acessível a todos
os alfabetizados em fonogramas, mas não substitui totalmente as
funções dos tradicionais, que permanecem como referência
etimológica de grande interesse para os especialistas em
linguagem, e talvez ajudem a manter em evidência as identidades
culturais. Contudo, em longo prazo quando houver porcentagem
suficiente de alfabetizados em fonogramas, todos os livros do
nosso mundo poderão ser transcritos para a nova grafia que
informa melhor as nuanças de fonética.
Neoletria 209
Cada idioma ou dialeto terá escolha dentre as mais de sete
dezenas de fonogramas (do alfabeto novo), somente as letras
adequadas à sua ortoepia. Na prática, a linguagem escrita será
quase a mesma, porém mais coerente. Continuaremos mais um
pouco com os mesmos fonemas, os mesmos sotaques de sempre
nas falas, porém com melhor definição alfabeticamente. Já a
linguagem padrão poderá ter um grande impulso de unificação e
aperfeiçoamento.
Será mais fácil decorar o novo alfabeto, na parte suficiente,
porque cada letra será identificada por um único fonema e a
aparência da letra varia logicamente em conformidade com a
variação fonêmica. Haverá maior facilidade na padronização do
idioma, quando todos pudermos saber qual é a verdadeira
pronúncia oficial de cada vocábulo.
Se as palavras estrangeiras forem grafadas por meio de
fonogramas, a sua migração será grandemente facilitada e não
será necessária variação de pronúncia nas diversas línguas. Isso
reduz a necessidade de tradução imediata dos neologismos, de
qualquer origem, podendo ser incorporados de acordo com a
fonética original. Sua pronúncia correta estará garantida sem
ofender a ortografia e a prosódia, bastando escolher algumas das
letras especiais contidas no alfabeto geral de fonogramas.
Contudo, a tradução se restringirá a adequação com o nosso
sistema de composição de radicais e afixos incluindo desinências
de flexão, empregando o alfabeto oficial e a observância
gramatical.
Durante a implantação deste novo alfabeto, para facilitar a
leitura e alfabetização popular mais completa, as palavras exóticas
podem ser escritas em duas versões: uma em fonogramas e outra
na forma alfabética original, incluindo caracteres do alfabeto
fonético
internacional
quando
participam
fonogramas
extravernaculares.
Neoletria 210
Enquanto o aprendizado do ‘alfabeto de fonogramas’ não
estiver vulgarizado, obviamente não poderá ser aplicado em
literatura vulgar, apenas em literatura de interesse didático contida
em livros e revistas ou quaisquer colaborações.
Depois que este sistema de fonogramas for aceito
oficialmente em abrangência internacional, o interesse pela
manutenção do estrito valor fonético das letras será de
responsabilidade política de cada nação. Garantindo que todos
países serão corretos, porque ninguém vai se conformar em ser o
pior, o mais atrasado, o marginal do sistema.
Com certeza qualquer pessoa será considerada ‘letrada’ ou
alfabetizada ao dominar o emprego correto das letras escolhidas
como suficientes ao modelo oficial para os fonemas do seu
idioma. Daí a estender o conhecimento aos fonemas ‘exóticos’
será fácil, porque a variação de fonema é semelhante à variação de
desenho do fonograma, criando vínculo analógico na memória.
APLICAÇÕES DOS FONOGRAMAS
Este alfabeto tem potencial para corresponder aos fonemas
da maioria dos idiomas, além dos diferentes sotaques e
regionalismos, possibilitando a leitura em pronúncia fiel, mesmo
que seja em língua estranha para o leitor.
Para cada língua será evidenciada a definição oficial da sua
maneira padrão de falar. Depois serão catalogados os grupos de
letras (fonogramas) adequadas para cada idioma que estiver bem
definido fonologicamente. Assim, cada língua poderá ter o seu
alfabeto oficial de acordo com os fonogramas necessários. Quem
quiser falar diferente encontrará as letras certas para o seu
propósito. Os regionalismos poderão ser considerados caipirismos
para evitar a multiplicação de dialetos, sem baldar ou esmorecer a
Neoletria 211
dramaturgia. Com isso a literatura ganhará mais um instrumento
para expressar-se como arte.
O poeta e o dramaturgo poderão transmitir suas idéias
exatamente no estilo em que elas surgem. Atores e atrizes
decorarão suas falas, já com as inflexões e sotaques adequados e
explicitados alfabeticamente. Por isso poderão ‘pensar’
exatamente conforme o texto da sua fala, evitando longos ensaios
de tradução para uma linguagem exótica de personagem.
Os estudantes aprenderão com economia e eficácia. As
comunicações serão mais definidas e inequívocas.
Este será um alfabeto padrão com regras gerais a serviço
da maioria dos países. Cada país fará a sua adequação peculiar,
porém esforçando-se para que a compreensão seja comum a todos.
Quando a Informática contar com programa que faça
versão da fala para texto e também de texto para fala, em
alternativas de dois modos: forma corrigida que verte da fala
peculiar para linguagem vernácula, ou sem verter, na exata
conformidade com o alfabeto geral de fonogramas segundo a
pronúncia natural; será mais fácil o reconhecimento de pessoas
pelo modo de falar, porque além do timbre, existirá a combinação
de cadência, inflexões e sotaques analisáveis por via software e
ainda classificáveis por região, cidade, bairro, escolaridade e por
pessoa. A identificação por impressão vocal auxiliará a
dactiloscópica.
DILIGÊNCIAS NECESSÁRIAS
Vertido para o alfabeto de Fonogramas, um texto em
idioma estranho será lido facilmente por toda e qualquer pessoa,
independentemente da língua em que ela tenha sido alfabetizada,
contanto que seja neste abecedário que pode ser convencionado
Neoletria 212
conjuntamente entre os países interessados. Para alcançar essa
meta é necessário decidir a firme função fonética de cada letra e
gravar audiovisual oficialmente em sistema reprodutivo onde
apareça a figura do fonograma e a pronúncia do respectivo
fonema inserido em sílabas e em palavras por escrito e soletrado
vocalmente, incluindo também exemplos práticos em textos. As
gravações editadas pela comissão encarregada (pela UNESCO
possivelmente) deverão ser distribuídas para reprodução entre os
países conveniados.
Se um conselho, criado para atuar como mantenedor e
divulgador do novo alfabeto, descobrir entre os diversos idiomas
algum fonema de importância notável que não esteja representado
entre os fonogramas prontos, deve suprir a falta escolhendo o
fonema de maior semelhança e alterando o respectivo caractere
para produzir um novo que represente o fonema estranho, mas
pode ser preferível o emprego de digramas, como junção de
caractere afônico com outro não afônico. A hipotética ocorrência
de fonemas úteis, mas ainda não incluídos entre os fonogramas
deverá originar estudos para elaboração das respectivas regras
ortográficas em harmonia com o plano geral.
Ao criar condições para a sociedade assimilar o novo
alfabeto ainda antes do seu emprego efetivo, bastaria que a
imprensa escrita (jornais, revistas, etc.), usuária do ‘alfabeto
tradicional’, colocasse a repetição escrita em fonogramas adiante
das palavras estrangeiras e mesmo de algumas palavras do
vernáculo para demonstrar a pronúncia correta. Isso despertaria no
público o interesse em conhecer um instrumento valioso da
linguística.
Proponho que a Informática disponibilize um programa
que possa ser instalado em computador demonstrando a pronúncia
oficial de cada caractere, mas antes disso será necessário instituir
uma fundação com algum apoio financeiro e administrativo e
Neoletria 213
ânimo para assumir-se como mantenedora do novo sistema,
porque a capacidade do autor da Neoletria não vai além da
invenção. Faltam-me o poder econômico e o político para investir
na divulgação. Cabe-me o ônus da invenção; o da divulgação,
talvez seja proporcional ao benefício e ao público interessado, e
por isso, deve ser bancado pela mídia e por órgãos públicos.
CONSERVADORISMO
A ‘oposição’ (aqueles que inventam desculpas para a fobia
pelas inovações), argumentará que existem as limitações étnicas e
outras dificuldades semelhantes à dislexia como impedimento da
adoção do sistema de fonogramas, já que nem todas as pessoas se
beneficiarão. Devo lembrar que cada língua adotará apenas os
fonogramas adequados com sua maneira correta de falar, tornando
a nova alfabetização mais fácil e firme do que a tradicional.
Apenas as pessoas mais letradas deverão ter conhecimento do
alfabeto completo e sua correta pronúncia, mas isso pouco
importa se tivermos tutorização na informática.
A evolução dos mais aptos não espera eternamente pelos
retardatários. A despeito da nossa compaixão pelos analfabetos,
não deixaríamos de escrever só para não constrangê-los. A nossa
obrigação para com os analfabetos cumpre-se ao encorajá-los a
enfrentar a própria ignorância com o esforço do estudo. Eles têm o
‘direito de permanecerem calados’ se essa for a sua escolha, mas
isso seria muito triste.
Mesmo depois que esta proposta for adotada, todo e
qualquer país pode continuar aplicando o ‘seu alfabeto’
tradicional de uso vernacular enquanto for interessante, mas
quando as gerações novas conhecerem os fonogramas nas escolas,
então pelo menos as palavras importadas serão grafadas neste
abecedário para que os leitores possam pronunciar corretamente,
Neoletria 214
sem a necessidade de novas regras ou adaptação de hibridismos e
estrangeirismos.
DETERMINAÇÃO
Para sair de um paradigma milenar é preciso muita
coragem e determinação. Não sei se poderemos encontrar esse
perfil entre nós, que pouco investimos em pesquisa. Por ser mais
fácil copiar do que criar, provavelmente faltará capacidade
deliberativa suficiente para investigar as vantagens e desvantagens
até as últimas consequências que advirão desta mudança no
suporte da linguagem, mas com certeza seguiremos a tendência
quando nações mais adiantadas descobrirem este caminho.
Nós, que já dominamos suficientemente o atual sistema do
alfabeto latino, podemos pensar que aprender outro, será um
investimento grande demais em relação à produtividade esperada.
Mas para as próximas gerações, a vantagem é indiscutível.
Os alunos que ainda estão na aprendizagem dos
rudimentos da Língua, não defendem esta tese porque lhes faltam
argumentos e competência. Depois da aquisição da competência e
já passado o sacrifício, esquecem as dificuldades passadas ou
acham que as mudanças não valem o trabalho a investir. Não
quererão voltar à encruzilhada para escolher o melhor caminho.
Por tudo isso, até agora ninguém pensava em olhar de fora
para dentro do ‘sistema corrente’, observar criticamente, mexer no
arranjo e considerar a hipótese de reformar a linguagem.
Neoletria 215
XVII – VIABILIZAÇÃO
ESCOLARIDADE E PRODUTIVIDADE
Estou convicto de que uma porcentagem substancial do
caráter dos adultos tem origem na abordagem do ensino que
tiveram durante a alfabetização na infância, por distúrbios e
incoerências na estrutura da linguagem.
Um sistema completo de fonogramas será poderoso
instrumento a serviço da inteligência e da sensatez, além de
permitir ganho de eficiência no aprendizado, e economia no
tempo de estudo.
Enquanto o Governo lamentava o custo das
aposentadorias, devia contornar o problema investindo numa
educação mais econômica e eficiente. Poderia tornar as pessoas
muito mais felizes e produtivas e ainda diminuiria o dispêndio
com previdência. Se os aposentados tivessem recebido melhor
instrução no tempo escolar, mantivessem a iniciativa, a motivação
e a criatividade produtiva mesmo em idade avançada, a
macroeconomia cresceria e eles não seriam economicamente
pesados porque o erário seria muito maior. Afinal, é da produção
de bens e serviços da iniciativa privada que se abastecem os
tributos. Contudo “antes tarde do que nunca”, para que os adultos
ativos e produtivos se preparem a ponto de protelarem
Neoletria 216
voluntariamente a ‘inatividade’, enquanto contabilizam alguma
compensação.
É fácil perceber que os profissionais mais esclarecidos não
caem logo na lassidão da aposentadoria. Encontramos exemplos
de melhora do desempenho em idade avançada entre os médicos,
políticos, professores universitários, sacerdotes, cientistas, etc.
Acredito que geralmente as pessoas da classe ‘C’, quando
se aposentam procuram diversões inconsequentes ou a pura
inatividade, enquanto os mais pobres, depois que começam a
receber o ‘benefício’ arranjam outra ocupação para aliviar a
penúria orçamentária, porém os empregos ou serviços comumente
encontrados por eles são de baixa produtividade e minguada
remuneração.
O investimento público na qualidade da educação retorna
multiplicado. Qualquer aperfeiçoamento que torne a educação
mais eficiente e irreprochável, certamente reverte em correção de
caráter dos estudantes. Todos aperfeiçoamentos que facilitem o
trabalho de educar e a eficácia da educação com melhora de
conteúdo e economia de tempo resultam em aumento de
produtividade dos cidadãos assim preparados. Afinal o melhor
programa escolar não é necessariamente o mais prolongado ou o
mais dispendioso, mas sim aquele cujo conteúdo de ciências e
outras instruções for planejado e preparado cuidadosa e
cientificamente, sem ‘estrelismo’, sem segredo nem mistério; com
humildade, aproveitamento e divulgação das ideias verdadeiras,
melhores e mais eficazes na finalidade de preparar pessoas
inteligentes e aptas a se integrarem numa comunidade solidária e
ativa.
Necessitamos de aprimoramento cultural que reanime as
esperanças em futuro melhor para evitar o desvirtuamento
profissional dos jovens. Carecemos de abrilhantar a educação, a
Neoletria 217
cultura, as artes, as religiões, os esportes e qualquer outra forma
de cidadania a ponto de suplantar as atratividades que as drogas e
os delitos oferecem aos incautos. Uma sugestão é ‘escanear’ toda
a cultura procurando detalhes que necessitem reforma. Nada de
“goela abaixo”, tudo deve ser explicado e discutido. Um detalhe
que me ocorre é a linguagem, para a qual estou sugerindo solução.
Quem acredita que o seu domínio do idioma, depois de
‘martirizar-se’ nesse estudo, o credencia como ‘autoridade’ para
excomungar a evolução idiomática, está longe de perceber
devidamente os benefícios possíveis de um grande melhoramento,
de uma grande mudança que seria a adoção de um alfabeto
moderno, capaz de libertar as próximas gerações de um motor das
perturbações, porém para isso é necessário altruísmo suficiente
para desejar que os nossos descendentes sejam mais felizes do que
nós.
Talvez exista um egoísmo que nos seja inerente, e que
dificulte alguma decisão de permitir que esbocemos algo melhor
para os nossos descendentes. Mas isso é como se quiséssemos que
a prole sofresse o mesmo que nós sofremos.
Precisamos de um grande esforço para vencer a inércia,
porém o resultado poderá ser surpreendente. Seria conveniente
considerarmos que muitos dos nossos profissionais de hoje
padeceram tantos anos no estudo do idioma que agora já
desistiram de compreende-lo suficientemente.
Se algo pode ser feito para que os milhões de seres
humanos sejam mais felizes, por que não tentar?
ESCREVER POR MEIO DE FONOGRAMAS
As regras aqui apresentadas foram formuladas
empiricamente. Alterações serão permitidas mediante justificativa.
Neoletria 218
Os nossos fonogramas são caracteres inseridos em
retângulos de 5X8 pontos e separados uns dos outros por dois
pontos quando perfazem palavra, e as palavras são separadas
umas das outras por quatro pontos. A dimensão do ponto em
questão será determinada pela que se queira (e se possa) dar ao
fonograma. A alusão a pontos serve apenas como referência de
proporcionalidade, visto que na prática, não são pontos, mas
segmentos de traços. Os setenta e três caracteres são todos
inseridos em retângulos que têm as mesmas dimensões.
Todos os caracteres ocupam áreas iguais em forma de
retângulos de 5X8, com a dimensão maior no sentido vertical para
vogais e os caracteres com a dimensão maior no sentido
horizontal para consoantes.
A escrita segue como a do alfabeto latino, horizontalmente
da esquerda para a direita, em sequência de fonogramas formando
palavras e sequência de palavras formando frases.
Os fonogramas verticais (vogais), bem como os
horizontais (consoantes) são mantidos em alinhamento horizontal
pela base.
As letras maiúsculas serão iguais às minúsculas, porém
com acrescentamento de vinte por cento nas dimensões vertical e
horizontal.
As palavras podem ser sublinhadas; podem ser
evidenciadas por colorido tênue dentro do quadrinho (fora do
traço); também podem ser destacadas por parênteses ou aspas.
FONOGRAMAS NO PC
Apresento algumas sugestões, embora de origem leiga, que
podem ser observadas antes de serem criados os programas de
Neoletria 219
digitação dos fonogramas, porém se outras melhores de origem
técnica surgirem poderão ser autorizadas.
Algumas explicações apresentadas aqui serão mais bem
compreendidas quando os fonogramas forem examinados, no
capítulo “XVIII - Os Fonogramas Alfabéticos”.
O teclado de fonogramas deve ter aproximadamente a
quantidade de teclas do teclado em alfabeto romano. Juntamente
com o teclado deverá ser programada uma configuração especial
para cada idioma; deverá conter uma tecla de
maiúsculas/minúsculas; uma tecla para cada fonograma da
linguagem padrão do idioma (em quantidade suficiente para a
língua que tenha maior abrangência de fonemas na sua ortoepia)
além das teclas de sinais gráficos já tradicionais; três teclas de
diferenciação para os fonogramas alterados: para os vogais,
acentuado e longo, e para os consoantes forte e fraco. Quanto ao
fonograma normal, basta o toque simples. Essas teclas de
alteração podem ser como as de til, acento agudo e acento
circunflexo, cujo toque precede ao da letra modificada, mas como
esse teclado servirá apenas para o sistema de fonogramas, para
ativar funções de acentuado, longo, forte e fraco, seus ícones
(sinais do teclado) poderão ser mais alusivos às respectivas
funções. A mesma tecla que tem função de alterar consoante para
forte, também altera vogal, de normal para acentuada, mas a tecla
que altera a consoante para fonema fraco não é a mesma que torna
a vogal longa.
Os fonemas semivogais u e i brevíssimos, naturalmente
não têm modalidade de longo e nem de acentuado.
Os fonogramas que não fazem parte do ‘quadro’ (do
teclado de um idioma), mas são necessários para grafia de
sotaques ou para maneiras extravagantes de falar, para
regionalismos e vocábulos estrangeiros, serão encontrados pela
Neoletria 220
antecipação da digitação de um algarismo, estando o teclado em
shift adequado, seguido da tecla de letra ‘parente’ assemelhada, do
padrão oficial.
É imprescindível a criação de uma ‘fonte’ de caracteres
comandada pela maneira mais simples possível a partir de um
teclado comum (até que surja um teclado especial).
No teclado comum, o fonema vogal acentuado pode ser
determinado pelo acento circunflexo e o longo pelo til. As
consoantes podem ser do tipo normal, alterando para fraca com o
acento agudo e forte com o acento circunflexo. A alternância
acionada por um desses ‘acentos’, neste caso, vale apenas para o
toque seguinte, voltando em seguida ao estado normal. Sendo
desacompanhada de toque de alternância a letra será ‘normal’. O
teclado deve também conter uma tecla de versão alternada para os
algarismos velhos ou novos (cap. XIX).
Para um bom proveito do teclado comum na digitação de
fonogramas, serão necessários alguns artifícios: a fonte deve ser
completa, com os 73 fonogramas e suas variações (215 tipos) de
tantos tamanhos quantos forem necessários e uma classificação de
abrangência especial para cada idioma. Deve haver um dispositivo
de fácil acesso para passar do teclado tradicional para o de
fonogramas, mas para a mudança de idioma do teclado, o caminho
pode ser maior.
No teclado tradicional, os fonogramas de um toque
encontram-se apenas entre os da linguagem padrão ou ‘oficial’,
estipulando-se em programa a correspondência entre a letra
tradicional e o respectivo fonograma, mas se os ‘fonemas oficiais’
forem mais numerosos do que as 26 letras do teclado, então será
necessário acrescentar acentuação para acessar alguns e assim
completar o quadro de fonogramas da linguagem ‘oficial’.
Neoletria 221
Possivelmente estas sugestões são provisórias. Teclados
mais adequados surgirão no devido tempo.
PROPOSTA DOS PASSOS SEGUINTES
01 - Especificar a pronúncia de uma linguagem padrão
para o Brasil; uma pronúncia fonológica que possibilite uma
perfeita classificação e listagem dos nossos fonemas, com a maior
simplicidade possível;
02 - Entrar em contato com escolas de outras línguas Espanhol, Francês, Italiano, Inglês, Alemão, Japonês, Mandarim,
Árabe, Russo, Hebreu, Etíope, Guarani e qualquer outra que seja
representativa em qualidade, em diferenciação e coerência
gramatical, como em quantidade populacional de usuários de nível
intelectual adequado para tirar proveito desse serviço;
03 - Criar o banco comum de dados de todos os
fonogramas, (215 se possível); cada um com toda a descrição
necessária por escrito, além da voz-fonema correspondente a cada
fonograma isoladamente e em composição com outros fonemas
em palavras de exemplos práticos;
04 - Pesquisar a existência de fonemas estranhos a este
sistema de fonogramas entre línguas e dialetos e supri-los, de
preferência com dígrafos de fonogramas;
05 - Criar um banco de dados e pronúncia sonora para os
fonemas de cada uma das línguas principais;
Neoletria 222
06 - Juntar os sons fonêmicos de todos os bancos sonoros
(de todos os idiomas) em uma só lista, expurgando as duplicidades
e organizando em sequência progressiva, para comparar com o
banco geral descrito no item 3;
07 - Evitar nuanças (de fonemas) desnecessárias quando
quase imperceptíveis, desde que a nuança não seja indispensável
para evitar confusão de palavras na mesma língua;
08 - Situar cada um dos fonemas convencionados, do
alfabeto fonético internacional (entre paralelas verticais) na nova
lista de fonogramas em máxima adequação e fidelidade possível
para funcionar como auxiliar didático;
09 - Criar um programa de informática (software) capaz de
aplicar os fonogramas correspondentes aos palavreados sonoros,
reconhecendo idiomas, dialetos e regionalismos em sotaques, para
editoração de texto ditado com dispositivo de opção para
reprodução “ao pé da letra” ou corrigido;
10 - Escolher pessoas que pronunciem em sotaques
regionais e exóticos para empregar diferentes fonemas (e
respectivos fonogramas) nas mesmas palavras, gravando em CD
ou DVD, suas imagens (para ver o movimento bucal inclusive
com desenhos ilustrativos), suas falas e mostrar visualmente os
respectivos fonogramas;
11 - Eleger uma comissão internacional para discutir e
oficializar um novo alfabeto fonético internacional, dirimir
Neoletria 223
dúvidas, manter e atualizar o sistema. Creio que para isso será
necessário consultar a Unesco.
Estou convicto de que o Alfabeto Latino (ou romano) vai
continuar como ponte de ligação geral das línguas, até ao ponto
em que chegou ou mais, embora precariamente já que falta
unanimidade convencional sobre a pronúncia de cada letra, mas
segue servindo pelo menos de suporte e acesso, comparação e
compreensão de quem já esteja alfabetizado assim. Entretanto a
introdução desta alternativa (fonogramas alfabéticos) poderá
tornar-se importante fator de evolução social.
Neoletria 224
XVIII – OS FONOGRAMAS
ALFABÉTICOS
DESCRIÇÃO DOS CARACTERES
Obs: A linha fina delimitadora da área retangular do
caractere como é aqui apresentado, é prescindível e se houver
necessidade pode ser usada como opção de realce. É facultado um
colorido claro fora do traço, com ou sem linha delimitadora, no
campo da letra.
Aqui as figuras (fonogramas) estão superdimensionadas
pelo simples motivo de facilitar a visibilidade.
Seguem duzentos e quinze caracteres que representam
setenta e três fonemas e suas variações de intensidade e
instantaneidade.
Neoletria 225
A1a - A - aberto constrito,
câmara (bucal) pequena –
normal (a pronúncia do
fonema não é longa e nem
acentuada). Contrição dos
músculos
hióideos,
estreitando a câmara bucal
posterior (palato mole).
A1b - A - aberto constrito –
longo. A - longo, como aa
(dobrado).
A1c - A - aberto constrito –
acentuado. Emprega-se em
sílaba tônica.
A2a - a - aberto – normal.
Ex: abacate.
A2b - a - aberto – longo,
dobrado (aa).
A2c - a - aberto – acentuado.
(em sílaba tônica). Ex:
abacate.
A3a - a - fechado (â) –
normal. 'A' um pouco
fechado, câmara grande
posterior (do palato mole).
A3b - a - fechado (â) – longo
(dobrado).
A3c - a - fechado (â) acentuado (em sílaba tônica).
A4a - a - fechado, máxima
câmara (â) – normal, câmara
posterior (parte do fundo da
câmara bucal), forçadamente
grande.
Neoletria 226
A4b - a - fechado, câmara
média (â) – longo, dobrado.
A4c - a - fechado, câmara
média (â) - acentuado (em
sílaba tônica).
A5a - a - nasalado (ã) –
normal. Obs: dispensa a
consoante nasaladora.
A5b - a - nasalado (ã) –
longo, dobrado.
A5c - a - nasalado (ã) acentuado em sílaba tônica.
Ex: mãe.
consoante,
quase
sem
deixar-se transparecer como
uma das vogais. Este
caractere também indica
qualquer nuança omitida que
possa corresponder a esta
vogal.
A6b - a - afônico natural –
longo (a afônico longo ou
dobrado, se possível).
A6c - a - afônico natural acentuado
em
emprego
exclusivo para as sílabas
tônicas.
B1a - b - oclusivo bilabial
sonoro momentâneo – fraco.
B1b - b - oclusivo bilabial
sonoro momentâneo – forte.
A6a - a - afônico – normal.
Sonoriza em presença de
Neoletria 227
B1c - b - oclusivo bilabial
sonoro
momentâneo
–
normal.
D2b - d - oclusivo linguopalatal sonoro molhado –
forte.
D1a - d - oclusivo linguodental sonoro momentâneo –
fraco. Pode ainda ser pronunciado como linguolabial sonoro oclusivo forte momentâneo - ponta da língua soltase em "estampido".
D2c - d - oclusivo linguopalatal sonoro molhado –
normal.
D1b - d - oclusivo linguodental sonoro momentâneo –
forte.
D1c - d - oclusivo linguodental sonoro momentâneo –
normal.
D2a - d - oclusivo linguopalatal sonoro molhado –
fraco. Uma oclusão moderada dá-se com o corpo da
língua no palato.
D3a - d - oclusivo linguopalatal constrito fricativo
sonoro momentâneo (dj) –
fraco. Linguopalatal chiante
sonoro - parte dianteira da
língua com o palato duro,
próximo aos dentes incisivos
superiores (como se fosse dj
numa só consoante).
D3b - d - oclusivo linguopalatal constrito fricativo
sonoro momentâneo – forte
(dj).
D3c - d - oclusivo linguopalatal constrito fricativo
Neoletria 228
sonoro
momentâneo
normal (dj).
–
D4a - d - oclusivo linguopalatal sonoro momentâneo
(a ponta da língua voltada
para a epiglote) – fraco. A
parte de baixo da ponta da
língua contra o palato.
D4b - d - oclusivo linguopalatal sonoro momentâneo
(a ponta da língua é voltada
para a epiglote) – forte.
D4c - d - oclusivo linguopalatal sonoro momentâneo
(ponta da língua voltada para
a epiglote) – normal.
E1a - e - aberto, constrito,
câmara pequena - normal.
Contrição dos músculos
hióideos,
estreitando
a
câmara
bucal
posterior
(palato mole).
E1b - e - aberto, constrito,
câmara pequena – longo.
Dobrado.
E1c - e - aberto, constrito,
câmara pequena – acentuado.
Em sílaba tônica.
E2a - e - aberto natural –
normal. Ex: fé, até, café.
E2b - e - aberto natural longo
(dobrado).
E2c - e - aberto natural –
acentuado. Em sílaba tônica.
E3a - e - fechado natural –
normal. Ex: ipê, dendê,
abelha.
Neoletria 229
E3b - e - fechado natural –
longo (dobrado).
E3c - e - fechado natural –
acentuado. Em sílaba tônica.
E4a - e - bem fechado,
máxima câmara de e –
normal.
E4b - e - bem fechado,
máxima câmara - longo
(dobrado).
E4c - e - bem fechado,
máxima câmara – acentuado.
Em sílaba tônica.
E5a - e - nasalado – normal.
Obs: dispensa a consoante
nasaladora.
E5b - e - nasalado – longo
(dobrado).
E5c - e - nasalado acentuado (em sílaba tônica).
E6a - e - afônico – normal.
Este caractere também indica
qualquer nuança omitida
desta vogal. Sonoriza em
presença de consoante, quase
sem deixar-se transparecer
como uma das vogais.
E6b - e - afônico – longo
(dobrado).
Neoletria 230
E6c - e - afônico – acentuado. Em sílaba tônica (se
for possível, na qualidade de
substituição de afônica por
fonema omitido).
Fa - f - fricativo dentilabial
surdo contínuo – fraco.
Contrição branda.
Fb - f - fricativo dentilabial
surdo contínuo – forte.
Fc - f - fricativo dentilabial
surdo contínuo – normal.
G1a - g - oclusivo velar
sonoro momentâneo – fraco.
Palato mole com a parte
posterior da língua - sem
molhar (não líquida).
G1b - g - oclusivo velar
sonoro momentâneo – forte.
G1c - g - oclusivo velar sonoro momentâneo – normal.
G2a - g - oclusivo linguopalatal sonoro molhado momentâneo – fraco. Oclusão
pelo corpo da língua no
palato duro - molhada, como
em gui, gue.
G2b - g - oclusivo linguopalatal sonoro molhado momentâneo – Forte.
G2c - g - oclusivo linguopalatal sonoro molhado momentâneo – Normal.
H1a - h - fricativo palatal
surdo contínuo – fraco. A
Neoletria 231
parte média da língua com o
palato duro, câmara pequena.
H1b - h - fricativo palatal
surdo contínuo – forte.
H1c - h - fricativo palatal
surdo contínuo – normal.
H2a - h - fricativo velar surdo contínuo (hh) – fraco.
A parte posterior da língua
com o palato mole.
H2b - h - fricativo velar surdo contínuo (hh) – forte.
H2c - h - fricativo velar surdo contínuo (hh) – normal.
H3a - h - fricativo gutural
sur-do contínuo – fraco. A
pronúncia é semelhante a um
sopro apenas da traqueia.
H3b - h - fricativo gutural
surdo contínuo – forte.
H3c - h - fricativo gutural
surdo contínuo – normal.
H4a - h - fricativo palatal
sonoro contínuo – fraco.
H4b - h - fricativo palatal
sonoro contínuo – forte.
H4c - h - fricativo palatal
sonoro contínuo – normal.
H5a - h - fricativo velar
sonoro contínuo (rr carioca)
– fraco. É como em um
gargarejo, como o r dobrado
(rr) para os cariocas.
Neoletria 232
H5b - h - fricativo velar sonoro contínuo (rr carioca) –
forte.
H5c - h - fricativo velar sonoro contínuo (rr carioca) –
normal.
H6a - h - fricativo gutural
sonoro contínuo – fraco.
Pronúncia semelhante a um
rosnado.
H6b - h - fricativo gutural
sonoro contínuo – forte.
H6c - h - fricativo gutural
sonoro contínuo – normal.
I1a - i - constrito aberto,
câmara pequena – normal.
Contrição dos músculos hióideos, estreitando a câmara
bucal posterior (palato mole).
I1b - i - constrito aberto,
câmara pequena – longo
(dobrado).
I1c - i - constrito aberto,
câmara pequena – acentuado
(em sílaba tônica).
I2a - i - constrito fechado,
câmara pequena – normal.
Exemplo inexistente em
português.
I2b - i - constrito fechado,
câmara pequena – longo
(dobrado).
I2c - i - constrito fechado,
câmara pequena – acentuado
(em sílaba tônica).
Neoletria 233
I3a - i - natural – normal. Ex:
amigo, perigo, rio, vida.
I3b - i - natural – longo
(dobrado).
I3c - i - natural – acentuado
(em sílaba tônica).
I4a - i - fechado, máxima
câmara – normal.
I4b - i - fechado, máxima
câmara – longo (dobrado).
I4c - i - fechado, máxima
câmara – acentuado (em
sílaba tônica).
I5a - i - nasalado (in, im) –
normal. Obs: dispensa a
consoante nasaladora.
I5b - i - nasalado – longo
(dobrado).
I5c - i - nasalado – acentuado
(em sílaba tônica).
I6a - i - afônico – normal.
Sonoriza em presença de
consoante, quase sem deixarse transparecer como uma
das vogais. Este caractere
também indica qualquer nuança omitida da vogal i ou u.
I6b - i - afônico – longo
(dobrado).
Neoletria 234
I6c - i - afônico – acentuado
(em sílaba tônica).
I7a - i - brevíssimo (semivogal). Ex: próprio, praia,
glacial.
K1b - k - oclusivo palatal
surdo momentâneo – forte.
K1c - k - oclusivo palatal
surdo momentâneo – normal.
Ja - j - fricativo linguopalatal
sonoro
chiante
brando
contínuo – Fraco.
K2a - k - oclusivo velar surdo momentâneo – fraco.
"Estampido" consonantal da
parte posterior da língua com
o palato mole.
Jb - j - fricativo linguopalatal
sonoro
chiante
brando
contínuo – Forte.
K2b - k - oclusivo velar
surdo momentâneo – forte.
Jc - j - fricativo linguopalatal
sonoro
chiante
brando
contínuo – Normal.
K2c - k - oclusivo velar
surdo momentâneo – normal.
K1a - k - oclusivo palatal
surdo momentâneo – fraco.
Oclusão pelo corpo da língua
no palato duro.
K3a - k - oclusivo gutural
surdo momentâneo (tússico)
– fraco. Semelhante a k, mas
cuja oclusão se dá na glote
(antes da cavidade bucal,
como pequena tosse).
Neoletria 235
K3b - k - oclusivo gutural
surdo momentâneo – forte.
K3c - k - oclusivo gutural
surdo momentâneo – normal.
L1a - l - linguodental líquido
sonoro brando contínuo –
fraco. Linguodental ou linguolabial (l brasileiro). A
língua obstrui o som na
ponta, mas permite passagem
pelos lados.
L1b - l - linguodental líquido
sonoro brando contínuo –
forte.
L1c - l - linguodental líquido
sonoro brando contínuo –
normal.
L2a - l - linguopalatal constrito líquido sonoro contínuo
(ponta da língua no palato) –
fraco. Parte de baixo da
ponta da língua comprime o
palato, permitindo passagem
de som pelos lados (língua
em arco - l alemão).
L2b - l - linguopalatal constrito líquido sonoro contínuo
(ponta da língua no palato) –
forte.
L2c - l - linguopalatal constrito líquido sonoro contínuo
(ponta da língua no palato) –
normal.
L3a - l - linguopalatal constrito líquido sonoro chiante
contínuo (corpo da língua no
palato - ll, lh) – fraco.Língua
constrita contra o palato,
parte posterior da língua
solta som pelos lados (lh, ll).
L3b - l - linguopalatal constrito líquido sonoro chiante
Neoletria 236
contínuo (corpo da língua no
palato - ll, lh) – forte.
L3c - l - linguopalatal constrito líquido sonoro chiante
contínuo (corpo da língua no
palato - ll, lh) – normal.
Ma - m - nasal bilabial sonoro contínuo – fraco.
Mb - m - nasal bilabial sonoro contínuo – forte.
Mc - m - nasal bilabial sonoro contínuo – normal.
N1a - n - nasal dentilingual
sonoro contínuo – fraco.
Pode ser linguopalatal, linguodental ou linguolabial (e
nasal), cuja moderada oclusão dá-se com a ponta da
língua.
N1b - n - nasal dentilingual
sonoro contínuo – forte.
N1c - n - nasal dentilingual
sonoro contínuo – normal.
N2a - n - nasal linguopalatal
líquido sonoro contínuo (ñ,
nh) – fraco. Enquanto o som
flui pelo nariz, moderada
oclusão dá-se com o corpo da
língua e o som se completa
ao desobstruir a oclusão.
N2b - n - nasal linguopalatal
líquido sonoro contínuo (ñ,
nh) – forte.
N2c - n - nasal linguopalatal
líquido sonoro contínuo (ñ,
nh) – normal.
Neoletria 237
O1a - o - aberto constrito,
câmara pequena (ó) – normal. Contrição dos músculos
hióideos, estreitando a câmara bucal posterior (palato
mole).
O2c - o - aberto natural (ó) –
acentuado (em sílaba tônica).
O3a - o - aberto, máxima
câmara (ó) – normal.
O1b - o - aberto constrito,
câmara pequena (ó) – longo
(dobrado).
O3b - o - aberto, máxima
câmara (ó) – longo (dobrado)
O1c - o - aberto constrito,
câmara pequena (ó) – acentuado (em sílaba tônica).
O3c - o - aberto, máxima
câmara (ó) – acentuado (em
sílaba tônica.
O2a - o - aberto natural (ó) –
normal. Ex: curió, avó, trenó,
minhoca.
O4a - o - fechado constrito
(ô) – normal.
O2b - o - aberto natural (ó) –
longo (dobrado).
O4b - o - fechado constrito
(ô) – longo (dobrado).
Neoletria 238
O4c - o - fechado constrito
(ô) – acentuado (em sílaba
tônica).
O5a - o - fechado natural
(ô) – normal. Ex: Portugal,
domingo, árvore.
O5b - o - fechado natural
(ô) – longo (dobrado).
O5c - o - fechado natural
(ô) – acentuado (em sílaba
tônica).
O6a - o - fechado, máxima
câmara (ô) – normal.
O6b - o - fechado, máxima
câmara (ô) – longo (dobrado)
O6c - o - fechado, máxima
câmara (ô) – acentuado (em
sílaba tônica).
O7a - o – nasalado
(õ) – normal.
O7b - o – nasalado
(õ) – longo (dobrado).
O7c - o – nasalado
(õ) – acentuado (em sílaba
tônica).
O8a - o - afônico – normal.
Sonoriza em presença de
consoante, quase sem deixarNeoletria 239
se transparecer como uma
das vogais. Este caractere
também indica qualquer
nuança omitida desta vogal.
O8b - o - afônico – longo
(dobrado).
O8c - o - afônico – acentuado (em sílaba tônica se
possível).
Pa - p - oclusivo bilabial
surdo momentâneo – fraco.
Pb - p - oclusivo bilabial
surdo momentâneo – forte.
Pc - p - oclusivo bilabial
surdo momentâneo – normal.
R1a - r - linguopalatal líquido oral sonoro vibrante brando contínuo – fraco. A ponta
da língua toca o palato, próximo aos dentes superiores.
R1b - r - linguopalatal líquido sonoro vibrante brando
contínuo – forte.
R1c - r - linguopalatal líquido sonoro vibrante brando
contínuo – Normal.
R2a - r - linguopalatal líquido sonoro brando contínuo
mole, não vibrante – fraco.
A língua posiciona-se como
se fosse vibrar, mas não
vibra (ponta da língua mole
no meio do palato, virada em
direção à epiglote, com
movimento rápido e suave),
conforme r norte-americano.
Neoletria 240
R2b - r - linguopalatal líquido sonoro brando contínuo,
mole não vibrante – forte.
R2c - r - linguopalatal líquido sonoro brando contínuo,
mole não vibrante – normal.
R3a - r - linguopalatal líquido sonoro oral constrito
vibrante contínuo (rr gaúcho)
– fraco. R forte gaúcho
(ponta da língua vibra no
palato, próximo aos dentes
superiores).
R3b - r - linguopalatal líquido sonoro constrito vibrante
contínuo (rr gaúcho) – forte.
R3c - r - linguopalatal líquido sonoro constrito vibrante
contínuo (rr gaúcho) normal.
R4a - r - linguopalatal líquido sonoro constrito contínuo
fricativo sibilante – fraco.
R - ponta da língua fina
passa no palato duro próximo
aos dentes, deixando escapar
um sibilo discreto.
R4b - r - linguopalatal líquido sonoro constrito contínuo
fricativo sibilante – forte.
R4c - r - linguopalatal líquido sonoro constrito contínuo
fricativo sibilante – normal.
S1a - s - fricativo constrito
dental surdo sibilante contínuo (ss, ç) – Fraco.
Constrição forte, ponta da
língua em câmara mínima.
S1b - s - fricativo constrito
dental surdo sibilante contínuo (ss, ç) – forte.
Neoletria 241
S1c - s - fricativo constrito
dental surdo sibilante contínuo (ss, ç) – normal.
T1b - t - oclusivo explosivo
linguodental surdo momentâneo – forte.
S2a - s - fricativo constrito
linguodental surdo chiante
contínuo (sx) – fraco. Mais
chiante que s1 - língua um
pouco recuada.
T1c - t - oclusivo explosivo
linguodental surdo momentâneo – normal.
S2b - s - fricativo constrito
linguodental surdo chiante
contínuo (sx) – forte.
S2c - s - fricativo constrito
linguodental surdo chiante
contínuo (sx) – normal.
T1a - t - oclusivo "explosivo" linguodental surdo momentâneo – fraco. Som seco
com qualquer vogal.
T2a - t - oclusivo linguopalatal molhado surdo momentâneo – fraco. A comtrição dá-se com o corpo da
língua contra o palato duro pronúncia de bebê.
T2b - t - oclusivo linguopalatal molhado surdo momentâneo – forte.
T2c - t - oclusivo linguopalatal molhado surdo momentâneo – normal.
Neoletria 242
T3a - t - oclusivo "explosivo" linguopalatal surdo momentâneo (a ponta da língua
voltada para a epiglote) –
fraco. T - com a parte de
baixo da ponta da língua no
palato duro (língua enrolada
com a ponta virada em direção à epiglote).
T4b - t - oclusivo linguopalatal surdo líquido fricativo
(tx) – forte.
T4c - t - oclusivo linguopalatal surdo líquido fricativo
(tx) – Normal.
T3b - t - oclusivo explosivo
linguopalatal surdo momentâneo (a ponta da língua
voltada para a epiglote) –
forte.
T5a - t - linguodental surdo
contínuo (th - Inglês) – fraco.
TH - a ponta da língua
ultrapassa os dentes e então
começa um sopro fricativo
prolongado enquanto a língua se retrai.
T3c - t - oclusivo explosivo
linguopalatal surdo momentâneo (a ponta da língua
voltada para a epiglote) –
normal.
T5b - t - linguodental surdo
contínuo (th - Inglês) – forte.
T4a - t - oclusivo linguopalatal surdo líquido fricativo
(tx) – fraco. Dá-se um rápido
sibilar antes dos dentes.
T5c - t - linguodental surdo
contínuo (th - Inglês) –
normal.
Neoletria 243
T6a - t - linguodental sonoro
contínuo (th - Inglês) – fraco.
TH a ponta da língua ultrapassa os dentes e permite
passar um som das cordas
vocálicas, prolongado emquanto a língua se retrai,
produzindo ruído fricativo.
T6b - t - linguodental sonoro
contínuo (th - Inglês) – forte.
T6c - t - linguodental sonoro
contínuo (th - Inglês) –
normal.
U1a - u - natural – normal.
Ex. Português: urubu, tuiuiú.
U1b - u - natural – longo
(dobrado).
U1c - u - natural – acentuado
(em sílaba tônica).
U2a - u - constrito, câmara
pequena – normal. Contrição
dos músculos hióideos, estreitando a câmara bucal
posterior (palato mole).
U2b - u - constrito, câmara
pequena – longo.
U2c - u - constrito, câmara
pequena - acentuado (em sílaba tônica).
U3a - u - nasalado – normal.
OBS: dispensa a consoante
nasaladora.
Neoletria 244
U3b - u - nasalado – longo
(dobrado).
U3c - u - nasalado – acentuado (em sílaba tônica).
Ex: Paulo, aquário, água,
áula.
Va - v - fricativo dentilabial
sonoro contínuo – fraco.
Contrição branda.
Vb - v - fricativo dentilabial
sonoro contínuo – forte.
U4a - u - nasalado constrito,
câmara pequena – normal.
Contrição dos músculos hióideos, estreitando a câmara
bucal posterior (palato mole).
U4b - u - nasalado constrito,
câmara pequena – longo.
U4c - u - nasalado constrito,
câmara pequena – acentuado.
Vc - v - fricativo dentilabial
sonoro contínuo – normal.
Xa - x - fricativo linguopalatal constrito surdo chiante contínuo (x, ch - Brasil,
sh - Inglês) – fraco.
Língua recuada.
Xb - x - fricativo linguopalatal surdo chiante comtínuo (x, ch - Brasil, sh Inglês) – forte.
U5 - u - brevíssimo. Semivogal.
Neoletria 245
Xc - x - fricativo linguopalatal surdo chiante contínuo (x, ch - Brasil, shInglês) – normal.
Z2a - z - fricativo constrito
linguodental sonoro chiante
contínuo (zj) – fraco.
Contrição branda. Ex. ingl:
zealot, zero, roze.
Z1a - z - fricativo constrito
dental sonoro sibilante contínuo (z - Brasil) – fraco.
Contrição forte.
Z2b - z - fricativo constrito
linguodental sonoro chiante
contínuo (zj) – forte.
Z1b - z - fricativo constrito
dental sonoro sibilante contínuo (z - Brasil) – forte.
Z2c - z - fricativo constrito
linguodental sonoro chiante
contínuo (zj) – normal.
Z1c - z - fricativo constrito
dental sonoro sibilante contínuo (z - Brasil) – normal.
Neoletria 246
XIX – OS FONOGRAMAS
NUMÉRICOS
NOMENCLATURA QUANTITATIVA
O sistema de numeração aqui apresentado é o mesmo
decimal que conhecemos no uso de algarismos arábicos, mas para
simplificar a leitura, dicção e memorização inventamos um modo
de combinar fonemas vinculados aos valores.
Na correspondência abaixo apresentada entre números e
letras, devemos entender que valem como referência os valores
quantitativos e os respectivos fonemas, para depois decorarmos a
pronúncia dos algarismos que funcionarão como fonogramas
numéricos, ou seja, nomes de quantidades.
Entre as virtudes do emprego deste sistema de numeração
indico: a) maior rapidez de contagem; b) cada número ganha um
nome, o que auxilia na memorização; c) enriquecimento do
vocabulário com milhares de palavras de pronúncia simples; d)
um bom exercício intelectual.
Os números são enunciados silabicamente. Na composição
da sílaba, quando comparecem dois elementos fonêmicos, o
primeiro é consoante e o segundo é vogal. Um algarismo isolado
recebe sempre uma denominação de fonema vogal, mas à
Neoletria 247
esquerda pode ser adicionada a consoante que corresponde a zero
para completar a sílaba. Os números elevados, com muitos
algarismos formam pares de fonemas, proferidos silabicamente
formando palavras, geralmente estranhas, porém de fácil
pronúncia.
Um bom exercício da automatização do pensamento nesta
nova nomenclatura é a leitura da parte numérica das placas dos
veículos brasileiros, como são de quatro algarismos, cada placa é
lida por duas sílabas. A totalidade de nomes possíveis de acordo
com este sistema, em nomes dissilábicos diferentes é de 9999.
A maneira tradicional de dizer os números (um, dois, três,
quatro...) deve continuar paralelamente, para pronúncia cuidadosa
quando houver necessidade de confirmar ou explicitar melhor.
VINCULAÇÃO NUMÉRICA COM OS FONEMAS
Com os fonemas consoantes
O consoante correspondente ao número Zero é R com
pronúncia forte (trinado na ponta da língua).
O consoante que corresponde ao número 1 é T.
O consoante do número 2 é N - nasal dentilingual sonoro
contínuo – Pode ser linguopalatal, linguodental ou linguolabial,
cuja moderada oclusão dá-se com a ponta da língua.
Visando evitar confusão por semelhança de pronúncia
entre N e M, além da necessária clareza e distinção entre vogais
nasais e orais, para o fonema consoante referente ao número 2 é
indicado ter duas versões: Nh - nasal linguopalatal líquido sonoro
contínuo - e N já descrito.
Quando o número antecedente (o vogal da sílaba
antecedente) for ou 4, 8 ou 9 (vogais nasalados), se o fonema
Neoletria 248
consoante seguinte corresponder a 2, será Nh; quando o número
(vogal) antecedente for 0, 1, 2, 3, 5, 6 ou 7, o fonema consoante
será N.
Para melhor diferençar de M (3) o fonema N, pode ser
pronunciado com menor ‘continuidade’.
O consoante do número 3 é M, nasal bilabial sonoro
contínuo, mais contínuo do que o consoante correspondente ao
número 2, N.
O consoante que corresponde ao número 4 é G – oclusivo
velar sonoro momentâneo. Palato mole com a parte posterior da
língua sem molhar (não líquido). (GA; GuÉ quase como KÉ; GuÊ
quase como KÊ; GuEn quase como Ken; GuI quase como KI;
GÓ; GÔ; GÕ; GÃ. Nunca o som de J).
O consoante do número 5 é L.
O consoante do número 6 é S. Foi escolhido este fonema
fricativo, constrito, linguodental, surdo, chiante, contínuo, porque
é um consoante de forte distinção, prescindindo o concurso de Z,
seu congênere sonoro.
O consoante que corresponde ao número 7 é V. Fonema
que a meu ver tem melhor distinção do que F, seu congênere
surdo.
O consoante que corresponde ao número 8 é X. Fonema
fricativo, linguopalatal, constrito, surdo, chiante, contínuo (x, ch
do Português-Brasil, sh do Inglês). A pessoa para cuja percepção
tiver pouca diferença entre X e S, pode pronunciar J para este
número, com a finalidade de distingui-lo do número 6.
O consoante que corresponde ao número 9 é B.
Neoletria 249
Com vogais
O fonema vogal correspondente ao número Zero é U
(UrUguai, outUbro, jUrUrU, arrUda).
O vogal de 1 é A (a aberto, Ex: AlfAce, pArÁbola,
AbAcAte).
O vogal de 2 é É (e com acento agudo: aberto natural - Ex:
fÉ, atÉ, cafÉ).
O vogal de 3 é Ê (e com acento circunflexo: fechado
natural Ex: sorvÊte, abÊlha).
O vogal de 4 é En (e nasalado: ENchENte, gENte).
O vogal de 5 é I (tulIpa, palIto, cabIde).
O vogal de 6 é Ó (o aberto, com acento agudo, Ex: pÓste,
abÓbora, granÓla).
O vogal de 7 é Ô (o fechado, com acento circunflexo, Ex:
lÔbo, cÔice, afÔito).
O vogal de 8 é Õ (o nasalado, Ex: cÕNsul, Õnze, cupOm,
pOmba).
O vogal de 9 é Ã (a nasalado, Ex: feijÂo, pÃo, sabÃo).
O ‘acompanhamento consonantal’ (vogal nasalado) não
pode influir na pronúncia do fonema consoante significativo, do
par seguinte quando houver.
CARACTERES NUMÉRICOS
Os números são pronunciados aos pares; cada sílaba
corresponde a dois algarismos. Em cada par, o algarismo da
esquerda é um consoante e o da direita é um vogal, porém para os
números compostos de quantidade ímpar de algarismos podemos
pronunciar como tal ou, por acréscimo iniciando por R (zero). Se
for necessário o preenchimento de quatro dígitos para o número 1,
Neoletria 250
que seria 0001, a pronúncia seria rurrá, mas se o número de
dígitos não estiver fixado em quatro dígitos, é conveniente 01 que
se pronuncia ra. Essa colocação do zero tem a função de compor
as primeiras dez sílabas e assim caracterizá-las numéricas, para
diferençar do sentido alfabético, evidenciando tratar-se de
quantidade e não de letra. Outra distinção na nomenclatura
numérica é pronunciar todos os números como palavras oxítonas
(a última sílaba é tônica), distintamente do palavreado vernáculo
em que predominam as paroxítonas.
Para facilitar a leitura dos algarismos arábicos no modo
silábico, eles devem ser colocados com pequena separação
formando pares, principalmente em números compostos de muitos
algarismos.
Temos dez vogais e dez consoantes para pronunciar
números de muitos ou poucos algarismos, do modo mais simples
possível.
O teclado tradicional do micro-computador apresentará
apenas as mesmas dez teclas de algarismos. A distinção entre
vogais e consoantes será automática quando for elaborado o
necessário software.
Caracteres numéricos foram criados para serem
definitivamente os fonogramas numéricos. Entretanto durante o
aprendizado, precisamos provisoriamente das letras conhecidas
para determinar o som e o respectivo valor de cada um.
Devido à nossa falta de opção da colocação do til sobre a
letra E, onde aparece En, significa E nasalado, atribuído ao
algarismo vogal correspondente ao número quatro.
Pode-se pronunciar um dos consoantes (N ou M)
nasaladores após o vogal nasalado, sem perigo de confusão,
porque nestas sílabas quantitativas o primeiro fonema sempre é
consoante e o seguinte sempre representa o valor definido por
Neoletria 251
vogal; e qualquer que seja o acessório final da sílaba será mero
complemento fonêmico do valor vogal. Para o número 8 é
preferível o consoante nasalador M – OM; o número 9 - Ã pode
dispensar nasalador auxiliar.
Como os consoantes representativos, nos pares de
algarismos silábicos sempre precedem os vogais, os fonemas
nasalados podem ser seguidos daqueles consoantes (nasaladores)
sem confusão; assim, o número 910549 poderia ser pronunciado
como BARRIGÂ (preferível), ba-rri-gam ou barrigão, sem
distúrbio, porque a cada sílaba correspondem tão somente dois
algarismos.
OS ALGARISMOS FONÊMICOS
Obs: na apresentação abaixo o caractere maior representa
o algarismo fonêmico, o menor, após a igualdade representa o
fonema (fonograma) atribuído ao número. Os caracteres
alfabéticos não substituem os algarismos na representação
numérica; no caso aqui proposto, indicam apenas a pronúncia.
OS ALGARISMOS VOGAIS:
Zero – pronuncia-se U.
Um – pronuncia-se A
(a aberto).
Dois – pronuncia-se É (e
aberto).
Três – pronuncia-se Ê
(e fechado).
Neoletria 252
Quatro – pronuncia-se En
(e nasalado).
Sete – pronuncia-se Ô
(o fechado).
Cinco – pronuncia-se I.
Oito – pronuncia-se Õm
(o nasalado).
Seis – pronuncia-se Ó
(o aberto).
Nove – pronuncia-se Ã
(a nasalado).
OS ALGARISMOS CONSOANTES:
Zero – pronuncia-se R
(linguopalatal,
líquido,
sonoro, constrito, vibrante,
contínuo) RR gaúcho.
Um – pronuncia-se T
(oclusivo,
linguodental,
surdo, momentâneo).
Dois – pronuncia-se como N
(nasal dentilingual sonoro
contínuo). Há casos em que
deve ser pronunciado Ñ ou
Nh (nasal, linguopalatal,
líquido, sonoro, contínuo).
Três – pronuncia-se M
(nasal,
bilabial,
sonoro,
contínuo).
Deve
ser
pronunciado um pouco mais
contínuo do que N, para
melhorar
a
distinção
fonêmica.
Neoletria 253
Quatro – pronuncia-se G
(oclusivo
velar
sonoro
momentâneo) pronúncia de
G gutural, nunca o som de J.
Cinco – pronuncia-se L
(Linguodental,
líquido,
sonoro, brando, contínuo). L
brasileiro.
Seis – pronuncia-se S
(fricativo, constrito, dental,
surdo, sibilante, contínuo).
Sete
– pronuncia-se V (fricativo
dentilabial sonoro contínuo).
Oito – pronuncia-se X ou CH
(fricativo,
linguopalatal,
surdo, chiante, contínuo).
Nove – pronuncia-se B
(oclusivo, bilabial, sonoro,
momentâneo).
OS NÚMEROS
Zero zero – pronuncia-se
RU.
Zero um – pronuncia-se RA.
Zero dois – pronuncia-se RÉ.
Zero três – pronuncia-se RÊ.
Zero quatro – pronuncia-se
REn (r + e nasalado).
Zero cinco – pronuncia-se
RI.
Neoletria 254
Zero seis – pronuncia-se RÓ.
16 = TÓ
Zero sete – pronuncia-se RÔ.
17 = TÔ
Zero oito – pronuncia-se RÕ
ou ROm
18 = TÕ ou TOm
Zero nove – pronuncia-se
RÃ
19 = TÃ
20 = NU
10 = TU
21 = NÁ
11 = TA
22 = NÉ
12 = TÉ
13 = TÊ
14 = TEn
15 = TI
23 – NÊ
24 = NEn
25 = NI
Neoletria 255
26 = NÓ
64 = Sen
27 = NÔ
75 = VI
28 = NOm
86 = XÓ
29 = NÃ
97 = BÔ
30 = MU
31 = MA
42 = GuÉ
53 = LÊ
98 = BÕ ou Bom
99 = BÃ
0100 = RARRU – como
alternativa
admite-se 100 = ARRU
EXEMPLOS DE SIMPLIFICAÇÃO
BU TÉ MEn LÓ VÕm
Nove
bilhões
doze
milhões trezentos e quarenta
e cinco mil seiscentos e
setenta e oito.
Neoletria 256
RÁ NÊ GuI SÔ XÃ
Cento e vinte e três
milhões
quatrocentos
e
cinqüenta
e
seis
mil
setecentos e oitenta e nove.
GRANDES NÚMEROS
Obs: É possível separar mais os pares de algarismos
fonêmicos para melhor destaque silábico.
Para melhor distinção entre M e N o fonema n pode ser
substituído por ñ; entretanto o fonema m pode ser pronunciado
um pouco mais longo para acentuar a distinção. Contudo, é
recomendável o emprego de ñ para o número ‘2’ toda vez que
esse algarismo seja subsequente de qualquer ‘vogal nasalado (4, 8,
9 = en, õ, ã), porque isso facilita a pronúncia e identificação do
número pronunciado.
ALFABETO BRASILEIRO (PROPOSTA)
O Alfabeto Romano (ou Latino) teve decisiva participação
no desenvolvimento e difusão da atual civilização, principalmente
na Europa, nas Américas e na Oceania. Este alfabeto
desempenhou satisfatoriamente essas funções, mas no presente é
Neoletria 257
indispensável um aprimoramento dos mecanismos do pensamento
envolvidos com a linguagem.
Melhor alternativa para a escrita é um alfabeto adequado
ao idioma, evitando as regras e respectivas exceções que
procuram remediar o irremediável que é a falta de sintonia entre
um alfabeto e a fonêmica para a qual deveria servir.
Temos agora uma solução que simplifica a ortografia, e
pela singeleza facilita o aprendizado, o reconhecimento e a
aceitação. Uma alternativa para o Alfabeto Latino, com a
diferença de ser mais descomplicado, não obstante suas vinte e
nove letras que correspondem a todos os fonemas necessários ao
idioma falado no Brasil, de acordo com a mídia do Sudeste
brasileiro.
Os caracteres foram desenhados segundo um padrão
uniforme para ser um conjunto em que todas as letras possam ser
reconhecidas como partículas do mesmo grupo, seguindo um
formato fácil de escrever manualmente.
A variação das formas deriva dos fonogramas numéricos
da Neoletria, ou seja, dos vinte algarismos fonêmicos que têm a
propriedade de simplificar ao máximo a nomenclatura numérica
de base dez, como a dos algarismos arábicos.
Este alfabeto que estou propondo possibilita a direta
reciprocidade das palavras com os seus números e dos números
com as respectivas palavras, muitas das quais estranhas ao léxico.
Quando o pensamento estiver articulado por palavras
corroboradas pelos números ficará mais robustecido, a memória
mais fortalecida e a expressão mais significativa.
Neste sistema as letras vogais são verticais e representam
os fonemas u, á, é, ê, en, i, ó, ô, om, ã, pela ordem compreendendo
os números de zero a nove. As letras consoantes correspondem
aos mesmos números de zero a nove, em duplas de assemelhadas,
Neoletria 258
com exceção da letra m (3), que não tem par assemelhada. Este
dispositivo das letras de fonemas semelhantes corresponderem aos
mesmos números, não dificulta a equivalência numérica das
palavras, antes possibilita que todos os números tenham
equivalência com palavras adequadas, embora nem sempre
componentes do léxico. Em contrapartida, todos os vocábulos são
reversíveis em números.
ALFABETO BRASILEIRO – OS CARACTERES
Vogais
U = zero
A=1
É=2
Ê=3
EN = 4
_____________________________________________________
I=5
Ó=6
Ô=7
Õ=8
Ã=9
____________________________________________________
Consoantes
R = zero
RR = zero
T=1
D=1
N=2
____________________________________________________
Neoletria 259
NH = 2
M=3
K=4
GUE = 4
L=5
____________________________________________________
LH = 5
S=6
Z=6
F=7
V=7
____________________________________________________
X=8
J=8
P=9
B=9
________________________________________
Neoletria 260
XX – COMBINAÇÃO NUMÉRICA
DO ALFABETO
DESCRIÇÃO DO SISTEMA
A especificação dos fonemas que correspondem aos
fonogramas aqui apresentados está disponível no capitulo XVIII –
Os Fonogramas Alfabéticos; com exceção do zero que é descrito
no capítulo XIX.
A função que sugerimos para os caracteres apresentados
neste capítulo XX é de ordem quantitativa e identificadora ou
classificatória e serve para indexar grandes cadastros.
Nesta descrição, a composição de caracteres colocados à
esquerda do sinal de igualdade identifica o caractere-fonograma
para facilitar sua localização no capítulo XVIII.
A denominação de cada caractere pode também ser
efetuada por uma letra do Alfabeto Latino seguida de dois
algarismos arábicos, conforme se encontra à direita do sinal de
igualdade.
Aqui os fonogramas são apresentados para serem
empregados como sistema de numeração de base 215. Estes
‘fonogramas números’ são um modo de classificação e não se
Neoletria 261
aplicam para cálculos, mas tão somente para organizar qualquer
coisa em ordem sequencial com denominação numérica
individual. O emprego do zero serve apenas para colocação de
‘dígitos’ à esquerda de números baixos que sejam parte de um
todo maior do que 215, mas apenas se for necessário para
padronização de marca.
O ‘algarismo’ da direita, é o das unidades, ou de primeira
ordem; o segundo da direita para a esquerda é de segunda ordem;
o terceiro é de terceira ordem e assim por diante.
O modo de calcular o valor numérico de uma composição
destes ‘algarismos’ é o seguinte: calcula-se o valor de cada ordem
a partir das unidades (primeira ordem), em seguida procede-se à
soma dos valores apurados dos ‘algarismos’. O valor do
‘fonograma’ das unidades é o mesmo número sequencial dele; o
valor do algarismo da segunda ordem é o seu número sequencial
básico (de 1 a 215) multiplicado pela base (215); o valor do
algarismo da terceira ordem é o seu número sequencial básico
multiplicado pela base ao quadrado; o valor do algarismo da
quarta ordem é o seu número sequencial básico multiplicado pela
base ao cubo;... o valor do caractere colocado na oitava ordem é
igual ao seu número sequencial básico multiplicado pela base
elevada à sétima potência. O número da composição equivale ao
resultado da soma dos seus algarismos depois dos cálculos acima
descritos.
Exemplo de quatro casas preenchidas pelo último
fonograma que corresponde a Z2c é igual a 215 + 46.225 +
9.938.375 + 2.136.750.625 = 2.146.735.440 =
, ou
seja, com quatro casas de caracteres abrangemos denominação
para bilhões de elementos cadastrados. Talvez com cinco casas
poderíamos distinguir cada uma das pessoas que já nasceram neste
mundo.
Neoletria 262
Estes fonogramas podem ser misturados com letras latinas,
caracteres de outros alfabetos, algarismos, etc., para diferentes
catalogações e classificações.
Zero = 0 dos fonogramas
numéricos
0
A1a = A01
1
A1b = A02
2
A1c = A03
3
A2a = A04
A2b = A05
A2c = A06
6
A3a = A07
7
A3b = A08
8
A3c = A09
9
A4a = A10
10
A4b = A11
11
A4c = A12
12
4
5
Neoletria 263
A5a = A13
A5b = A14
A5c = A15
13
B1c = B03
21
D1a = D01
22
D1b = D02
23
D1c = D03
24
D2a = D04
25
D2b = D05
26
D2c = D06
27
D3a = D07
28
D3b = D08
29
14
15
A6a = A16
16
A6b = A17
17
A6c = A18
18
B1a = B01
19
B1b = B02
20
Neoletria 264
D3c = D09
30
D4a = D10
31
D4b = D11
32
D4c = D12
33
E1a = E01
34
E1b = E02
35
E1c = E03
36
E2a = E04
37
E2b = E05
38
E2c = E06
39
E3a = E07
40
E3b = E08
41
E3c = E09
42
E4a = E10
43
E4b = E11
44
E4c = E12
45
Neoletria 265
E5a = E13
46
Fc = F03
54
G1a = G01
55
G1b = G02
56
E5b = E14
47
E5c = E15
48
G1c = G03
57
E6a = E16
49
G2a = G04
58
E6b = E17
50
G2b = G05
59
E6c = E18
51
G2c = G06
60
Fa = F01
52
H1a = H01
61
Fb = F02
53
H1b = H02
62
H1c = H03
63
Neoletria 266
H2a = H04
64
H2b = H05
65
H2c = H06
66
H3a = H07
67
H3b = H08
68
H3c = H09
69
H4a = H10
70
H4b = H11
71
H4c = H12
72
H5a = H13
73
H5b = H14
74
H5c = H15
75
H6a = H16
76
H6b = H17
77
H6c = H18
78
I1a = I01
79
I1b = I02
80
Neoletria 267
I1c = I03
81
I4b = I11
89
I2a = I04
82
I4c = I12
90
I2b = I05
83
I5a = I13
91
I2c = I06
84
I5b = I14
92
I3a = I07
85
I5c = I15
93
I3b = I08
86
I6a = I16
94
I3c = I09
87
I6b = I17
95
I4a = I10
88
I6c = I18
96
Neoletria 268
I7a = I19
97
Ja = J01
98
Jb = J02
99
Jc = J03
100
K1a = K01
101
K1b = K02
102
K1c = K03
103
K2a = K04
104
K2b = K05
105
K2c = K06
106
K3a = K07
107
K3b = K08
108
K3c = K09
109
L1a = L01
110
L1b = L02
111
L1c = L03
112
L2a = L04
113
L2b = L05
114
Neoletria 269
L2c = L06
115
N1c = N03
124
L3a = L07
116
N2a = N04
125
L3b = L08
117
N2b = N05
126
L3c = L09
118
N2c = N06
127
Ma = M01
119
O1a = O01
128
Mb = M02
120
O1b = O02
129
O1c = O03
130
O2a = O04
131
Mc = M03
121
N1a = N01
122
N1b = N02
123
Neoletria 270
O2b = O05
132
O5a = O13
140
O2c = O06
133
O5b = O14
141
O3a = O07
134
O5c = O15
142
O3b = O08
135
O6a = O16
143
O3c = O09
136
O6b = O17
144
O4a = O10
137
O6c = O18
145
O7a = O19
146
O7b = O20
147
O4b = O11
O4c = O12
138
139
Neoletria 271
O7c = O21
O8a = O22
O8b = O23
148
R1c = R03
157
R2a = R04
158
R2b = R05
159
R2c = R06
160
R3a = R07
161
R3b = R08
162
R3c = R09
163
R4a = R10
164
R4b = R11
165
149
150
O8c = O24
151
Pa = P01
152
Pb = P02
153
Pc = P03
154
R1a = R01
155
R1b = R02
156
Neoletria 272
R4c = R12
S1a = S01
166
167
S1b = S02
168
S1c = S03
169
S2a = S04
170
S2b = S05
171
S2c = S06
172
T1a = T01
173
T1b = T02
174
T1c = T03
175
T2a = T04
176
T2b = T05
177
T2c = T06
178
T3a = T07
179
T3b = T08
180
T3c = T09
181
T4a = T10
182
T4b = T11
183
Neoletria 273
T4c = T12
184
T5a = T13
185
T5b = T14
U1c = U03
193
U2a = U04
194
U2b = U05
195
U2c = U06
196
U3a = U07
197
U3b = U08
198
U3c = U09
199
U4a = U10
200
186
T5c = T15
187
T6a = T16
188
T6b = T17
189
T6c = T18
190
U1a = U01
191
U1b = U02
192
Neoletria 274
U4b = U11
U4c = U12
U5 = U13
Va = V01
Vb = V02
Vc = V03
Xa = X01
201
Xb = X02
208
Xc = X03
209
Z1a = Z01
210
Z1b = Z02
211
Z1c = Z03
212
Z2a = Z04
213
Z2b = Z05
214
Z2c = Z06
215
202
203
204
205
206
207
COMPOSIÇÃO DE DOIS ALGARISMOS
A1a A1a
215 + 1 = 216
216
Neoletria 275
QUINTA PARTE
ALFABETO ESPERANTO
IDEALIZADO PARA A LÍNGUA
IDEAL
Lejzer Ludwik Zamenhof (Lázaro Luís Zamenhof, 1859 1917), conhecido como ‘Doctoro Esperanto’ percebeu a
necessidade de melhorar o entendimento entre os povos e por isso
idealizou e criou a língua mais simples, regular e completa que
pudesse servir a essa necessidade.
A gramática desse idioma é excelente, mas a adaptação do
alfabeto latino ao Esperanto foi complexa. Acredito que a
desarmonia entre o idioma e o alfabeto obstaculizou consumar-se
como ‘língua geral’. O problema é que o alfabeto mais conhecido
das línguas indo-europeias no ano 1887 era este que cada nação
tem o seu modo peculiar de pronunciá-lo porque a fonemática
Neoletria 276
difere muito nas diversas línguas. Segundo meu parecer o alfabeto
latino não é suficientemente adequado para o idioma universal.
Como não existia alfabeto apropriado no devido tempo,
resolvi neste começo do século XXI, assumir o compromisso
voluntário de elaborar as vinte e oito letras para emprego
exclusivo no Esperanto.
Sei que esta iniciativa pode gerar polêmica, mas a minha
esperança é que quando terminar a turbulência, haverá a
compreensão de que a recompensa para este meu trabalho estará
satisfeita se o alfabeto facilitar o aproveitamento do Esperanto.
Naturalmente esta proposta depende da aprovação da
“Brazilia Esperanto – Ligo” (Liga Brasileira de Esperanto) para
ser encaminhada à apreciação da “Akademio de Esperanto”.
Desde o segundo passo conto com iniciativas dessas autoridades
ou de pessoas a elas relacionadas, porque o primeiro passo
consiste nesta invenção e publicação, e é o que estava ao meu
alcance. Contudo não desejo exclusividade pessoal nem no labor e
implantação deste alfabeto, nem nas hipotéticas honras da autoria.
Coloco esta invenção como uma pedra bruta de domínio público e
disponível a quem quiser habilitar-se a participar da lapidação,
mas que demonstre o entendimento e argumente as discordâncias.
Este alfabeto ficou pronto em 07 de abril de 2004,
entretanto em 2009 ainda consegui aprimoramento.
Neoletria 277
XXI – ALFABETO LATINO EM
ESPERANTO
Antes de entrar na proposta de alfabeto para a Língua
Esperanto é necessário entender a ortoepia e a ortografia
na aplicação do alfabeto romano a esse idioma.
AS VOGAIS NAS SÍLABAS
Os fonemas vogais e as respectivas letras são cinco: a, e, i,
o, u; pronuncia-se á, ê, i, ô, u. Não há: ã, â, ó, õ. Nem um dos
cinco fonemas vogais é nasalado, nem por efeito das consoantes '
m ' ou ' n '.
Além das cinco letras vogais, existem duas semivogais
representadas pelas letras ' j ' e ' u ' com acento especial
(semelhante a uma semicircunferência inferior) inexistente em
Português. Estas semivogais correspondem às letras i e u em
pronúncia breve.
As vogais determinam as sílabas, e não se encontra mais
de uma na mesma sílaba; neste caso as semivogais funcionam
como consoantes, uma semivogal e uma vogal podem figurar na
mesma sílaba.
Neoletria 278
Palavras com mais de uma sílaba são pronunciadas com
acentuação paroxítona (a penúltima sílaba é a tônica), por isso, em
Esperanto não existe sinal gráfico de acentuação tônica.
Cada letra, vogal, semivogal ou consoante tem um único
fonema, ou seja, não há mais de uma maneira de ser pronunciada
para cada letra.
Não há letra muda; as letras e seus sons são distintos.
Em Esperanto não existem as letras q, w, x, y, ç; mesmo
assim a fonografia do Esperanto conta com 28 fonemas. Cinco
letras consoantes em caractere latino ocorrem de duas formas:
com ou sem acento circunflexo, com representação total de dez
fonemas.
DIFERENÇAS FONÉTICAS DE CONSOANTES
Algumas letras consoantes têm em Esperanto função
diferente da conhecida em Português:
C = ts.
G soa como em Gato, Guerra, nunca invade a função do
nosso j.
H é aspirado como um sopro velar (boca aberta com uma
pequena constrição da parte posterior da língua com o palato
mole).
M soa como em Português, mas sem nasalar vogal que a
anteceda.
N também como em Português, mas sem nasalar a vogal
que a anteceda.
R é sempre o mesmo som suavemente trinado, tanto no
começo como no meio ou fim das palavras ou sílabas; a ponta da
Neoletria 279
língua vibra na base dos dentes incisivos superiores. Não existe
como em Português a necessidade do digrama rr.
S = ss ou ç, nunca invade a função de z. Como no caso de
r, sem a necessidade do digrama.
Z = z do Português, como em azul.
ACENTO CIRCUNFLEXO
Em Esperanto as letras c, s, j, g e h ocorrem em dois
modos: com ou sem acento circunflexo.
Como não disponho de recurso gráfico para acentuar
consoantes em meu computador (PC), indico como letra
acentuada, posicionando o circunflexo após a consoante, seguido
de exemplo de pronúncia:
c^ = tch - c^apelo (tchá-pê-lô);
s^ = ch - s^afo (chá-fô);
j^ = como j em Português - j^aluzo (já-lu-zô);
g^ = dj - g^ardeno (djár-dê-nô);
h^ = como j espanhol - fricativo gutural sonoro contínuo como o som áspero de limpar a parte mais profunda da boca, com
acompanhamento de vibração da prega vocálica (cordas vocais),
com emissão de som. Tolera-se em Esperanto a confusão deste
fonema com o da letra k.
AS SEMIVOGAIS
Existem duas letras semivogais (que não são determinantes
silábicas) como i e u, sendo a letra J para i breve, e U acentuado
com sinal de breve para u breve, as quais só figuram juntamente
com uma vogal, para indicar os sons Ai, Ei, Oi, Ui, iA, iE, iO, iU
Neoletria 280
- em Esperanto se escreve aj, ej, oj, uj, ja, je, jo, ju. A junção da
semivogal u com as outras vogais: Au, Eu, Ou, Iu, uA, uE, uO,
uI. Obs: nos exemplos acima, pronúncia normal para as
maiúsculas e breve para as minúsculas.
J soa como i breve - kaj, plej (ler - cái, plêi).
Ü soa como u breve - aüdi, Eüropo (ler - áu-di, Êu-rô-pô)
– letra u grafada por mim com trema porque me falta o sinal
apropriado - em minha opinião seria adequado o emprego de w
para o fonema de u breve.
DIFICULDADES GRÁFICAS
Em decorrência da falta dos sinais gráficos: circunflexo
sobre consoante e o determinante de u breve, de acordo com
resolução da “Akademio de Esperanto” pode-se juntar h após a
letra acentuada: c^ = ch; g^ = gh; h^ = hh; j^ = jh; s^ = sh. Essa
adição de h tem o inconveniente de quebrar a regra da
funcionalidade de todas as letras, regulando que cada letra deve
ser pronunciada e corresponde a um fonema exclusivo. Por faltar
o sinal gráfico de breve para u semivogal. Particularmente
acredito que podemos empregar o trema. Assim temos ü = u
breve. Mas isso dependeria de aprovação da "Akademio de
Esperanto". O que já foi aprovado é que a semivogal u pode
dispensar o sinal gráfico correspondente de breve.
O APÓSTROFO
A terminação substantiva o pode ser substituída por um
apóstrofo, principalmente em poesia - kor' em vez de koro
(coração). Nestes casos a sílaba tônica será a última, porque a
Neoletria 281
palavra fica truncada (apostrofada), mas continua a mesma
paroxítona (truncada).
A LETRA DUPLA
Existem palavras em que ocorre letra geminada (dupla).
Isso é assim devido à junção de partículas, na formação de
palavras, quando a última letra da primeira partícula é repetida
como primeira letra da segunda partícula. Tais letras são
pronunciadas distintamente uma a uma.
OUTRAS DIFERENÇAS ENTRE ESPERANTO E
PORTUGUÊS
Os encontros vocálicos: ch, lh, nh, não soam como em
Português; devem ser pronunciados de modo que se ouça o
fonema c (ts), o l ou o n, e depois o h aspirado - pacheroldo (pátshê-rôl-dô). Para não se confundir com a licença do uso de h em
vez de sinal gráfico indisponível, pode-se inserir um hífen entre as
duas letras - pac-heroldo (arauto da paz), long-hara (de cabelos
compridos), gaj-humora (de humor alegre), c^ashundo ou tchashundo (cão-de-caça). Normalmente não é necessário o hífen.
A consoante t, tem sempre o mesmo som; ti não é txi ou
tshi ou tchi, como se fala em algumas partes do Brasil; em
Esperanto temos c com circunflexo para aquele som, mas faz o
chiado com qualquer vogal e não apenas com i; assim também a
consoante l não se confunde com o vogal u nos finais de palavras.
Algumas palavras em Esperanto terminam em consoantes:
d (sed = mas), k (ok = oito), p (sep = sete) - pronuncia-se a última
consoante isenta de vogal final.
Neoletria 282
As letras a, b, d, f, i, k, l, m, n, p, t, u, v, z que
representam a metade dos fonemas do idioma não apresentam
dificuldades para nós que falamos a Língua Portuguesa.
OS NOMES DAS LETRAS
A (á), b (bô), c (tsô), c^ (tchô) – (o circunflexo seria sobre
a consoante), d (dô), e (ê), f (fô), g (gô), g^ (djô), h (hô), h^
(hhô), i (i), j (iô), j^ (jô), k (kô), l (lô), m (mô), n (nô), o (ô), p
(pô), r (rô), s (sô), s^ (chô), t (tô), u (u), ü (uô), v (vô), z (zô).
As letras q, w, x, y não figuram no Alfabeto Esperanto de
letras latinas; entretanto, em Esperanto são lidas como: q = kuo ou
kvo, w = doubla vo, x = ikso, y = ipsilono ou i greka.
Fonte: ESPERANTO SEM MESTRE, autor: Francisco
Valdomiro Lorenz - editora: Federação Espírita Brasileira.
Obs:
Não encontrei menção do nome da letra ç no ESPERANTO SEM
MESTRE.
Neoletria 283
XXII – ALFABETO ESCLUSIVO
ALFABETO ESPECIAL
Para contornar as dificuldades encontradas na adaptação
do alfabeto latino para a Língua Esperanto, decidi criar um
abecedário especial para essa língua; ‘um alfabeto idealizado para
o idioma que considero ideal’. Neste novo alfabeto, as letras
representam exatamente todos os fonemas do Esperanto, não
havendo necessidade de apensar anexo de sinal gráfico alterativo,
nem de aproveitar a mesma letra para mais de uma unidade
pronunciável ou mais de uma letra para a mesma pronúncia, nem
de digramas que representem outras variações fonêmicas. Os
problemas que restem, com os ajustes de programas de PC e
teclado, deverão ser resolvidos pelos profissionais da informática.
Este alfabeto novo não deve ser adaptado para outros
idiomas. Deve-se evitar ensejo de corrupção fonológica, como
seria o caso se fosse inadvertidamente copiado e adaptado para
outras línguas que apresentam diversidade fonêmica, como
ocorreu com estas letras que você lê aqui.
Creio que cada língua deveria ter o seu próprio alfabeto,
feito sob medida para combinar fielmente a sua linguagem escrita
com a falada, permanecendo as letras latinas na condição de
Neoletria 284
segunda alternativa alfabética como suporte da etimologia, e
também por facilitar o contato e intercâmbio internacional,
aproveitando o conhecimento e a tradição.
Considero o Esperanto como o idioma que está em
primeiro lugar no merecimento de um alfabeto próprio por ser
perfeitamente adequado ao objetivo para o qual ele foi criado,
qual seja: uma revolução no entendimento entre as nações, cuja
efetivação agora é oportuna, pela atual facilidade de divulgação
midiática. Por causa disto estou propondo um alfabeto especial
para o Esperanto, uma letra para cada fonema da língua, todas elas
formando um conjunto padronizado, com a maior simplicidade
possível e respeitando a necessária distinção entre os caracteres,
mas mantendo análoga semelhança entre fonemas semelhantes.
Criei este abecedário por iniciativa particular, com a
intenção de oferecer gratuitamente como proposta de solução
gráfica e viabilização do idioma. Coloco nas mãos da “Akademio
de Esperanto” o aproveitamento ou não deste trabalho, se tiver o
apoio da Liga Brasileira de Esperanto.
UM ALFABETO ‘SOB MEDIDA’
Como vimos no capítulo ‘O Alfabeto Latino em
Esperanto’ existem dificuldades gráficas para a divulgação ou
implantação da língua Esperanto impressa em caracteres latinos.
As adaptações preconizadas para as funções das letras latinas em
esperanto ficam a desejar porque os recursos são paliativos.
Uma língua tão bem elaborada, para servir uma
globalização de convivência pacífica e profícua no entendimento
de todos os povos e para constituir-se em instrumento de
regularidade, simplicidade e clareza nos modos de falar, entender
Neoletria 285
e elaborar os pensamentos; um tesouro assim não merece o
desprezo por um motivo fútil como a inadequação alfabética.
Para facilitar a divulgação do Esperanto, e torna-lo idioma
preferido é importante o surgimento de um alfabeto como este que
estou propondo exclusivamente para essa língua, composto de 28
letras.
As letras que apresento como proposta do Alfabeto
Esperanto não devem sofrer alteração de desenho, pelo menos até
que sejam bem reconhecidas; os respectivos fonemas não devem
ser adulterados na pronúncia. Estas letras devem ser usadas
apenas em Esperanto, mas se forem empregadas em outra língua,
é importante respeitar os valores fonéticos aqui preconizados
fielmente de acordo com o idioma de Zamenhof. Devemos primar
pela regularidade, legitimidade e expressão exata. Quem tiver
idéia ‘melhor’ deve dirigir-se ás autoridades competentes para
propor sugestões. Entretanto a palavra final pertence à Academia
de Esperanto se aceitar esta oferta e lhe aprouver.
A elaboração deste alfabeto segue os mesmos princípios e
raciocínios analógicos da codificação de Ideogramas, apresentada
na Sexta Parte de “Neoletria”.
GRAFIA DO ALFABETO ESPERANTO
Coloco aqui algumas regras para servir de apoio no
lançamento deste alfabeto, e até que outras pesquisas e outros
estudos recomendem reformas que devem ser submetidas à
anuência da Academia.
Em princípio todas as letras minúsculas ocupam espaço em
área esquematizada de quadrinho. Das vinte e oito, doze letras
cabem no esquema de quadro inteiro; seis cabem na metade desse
esquema, ou seja, no retângulo que corresponde a meio quadro
Neoletria 286
cujo maior comprimento é no sentido horizontal e seis no sentido
vertical; quatro letras cabem no esquema de meio quadro, na
metade triangular do quadro. Por meio dessa disposição as letras
que seriam semelhantes cabendo na mesma forma quadrada,
tornam-se suficientemente diversificadas sem fugir do padrão
procurado.
O espaçamento entre letras da mesma palavra é de 1/4 da
largura do ‘quadro esquematizado’ (para as letras minúsculas); O
espaçamento mínimo entre palavras é de 3/4 de dimensão deste
quadro. As letras maiúsculas diferem das minúsculas apenas pelo
aumento de 1/4 nas dimensões horizontal e vertical do quadro
esquematizado. O espaçamento mínimo entre linhas é de meia
linha, considerando-se como largura da linha a altura do quadro da
letra maiúscula.
São desnecessários os sinais gráficos de acentuação usados
para diferençar funções das letras, como acento circunflexo,
agudo, trema, til, indicativo de u semivogal e cedilha, porque
foram criados tantos caracteres quantos são os fonemas e todas as
palavras compostas de mais de uma sílaba são paroxítonas neste
alfabeto.
Os recursos gráficos da escrita em alfabeto latino como
ponto, vírgula, interrogação etc., têm a mesma aplicação na grafia
do Alfabeto Esperanto.
Neoletria 287
XXIII – OS CARACTERES
NOVAS LETRAS PARA A NOVA LÍNGUA
Criei o Alfabeto Esperanto, mas ainda deve ser discutido
democraticamente antes das decisões oficiais. Entretanto é agora
oferecido gratuitamente às pessoas buscadoras de aprimoramento
intelectual.
Estou disponibilizando antes de esperar as discussões
sobre a oficialização porque até agora, depois de alguns anos neste
trabalho não recebi orientação; sem ajuda estou vendo o meu
tempo se esgotar com o perigo desta elaboração cair no
esquecimento.
Fiz com a melhor das intenções e estou oferecendo na
esperança de facilitar o progresso intelectual de todos os
interessados.
O galardão esperado por esta contribuição será ter
colaborado positivamente com quem deseja adquirir capacidade
de comunicação mais simples e eficiente para praticar a
confraternização universal.
Neoletria 288
LETRAS DO ESPERANTO E SUAS ESPECIFICAÇÕES
Obs: a letra ô que acompanha o nome de cada consoante é
desinência de substantivação.
A - Vogal com os lábios bem
abertos. Soa como em prata,
alta, lata.
H = Hô - O fonema desta
consoante parece um sopro
com um fraco aperto velar
surdo, levemente fricativo.
Não tem exemplos em
Português.
M = Mô - Nasal bilabial
sonoro contínuo. O fonema
equivalente em Português
soa como em comer, mão,
cama, etc., mas não nasaliza
as vogais adjacentes.
Shô - S com acento
circunflexo.
Fricativo
linguopalatal surdo chiante
contínuo. Soa como ch, sh, e
algo como x. O equivalente
em Português: chá, chuva,
luxo, chefe.
Z = Zô - Fricativo constrito
dental
sonoro
sibilante
contínuo.
Equivale
em
Português ao fonema em
exógeno, José, Brasil, casa,
azul.
P = Pô - Oclusivo bilabial
surdo
momentâneo.
O
equivalente deste fonema em
Português é encontrado em
próprio, pipoca, papo.
Neoletria 289
J = Iô - Semivogal soa como
i
breve. Equivalente em
Português em raiar, ensaiar,
coiote, tuiuiú.
K = Kô - Oclusivo, palatal,
surdo, momentâneo. Em
Português encontra-se o
equiparável a este fonema
em classe, coisa, crer, toco,
coice.
Jh = Jô - J com acento
circunflexo
Fricativo,
linguodental, sonoro, chiante,
contínuo, brando. Soa como
o j brasileiro. Em Português
encontra-se este fonema em
ajuda, jato, gerar, joio,
viagem.
N = Nô - Nasal, pode ser
linguopalatal, linguodental
ou linguolabial; sonoro,
contínuo. Dá-se moderada
oclusão
antecedente
ou
seguinte à vogal na sílaba. É
correspondente
a
esse
fonema em Português em
nata, neve, novo, navio,
anônimo, menino, anunciar;
porém este fonema não
nasaliza as vogais como em
Português.
Hh - Hhô - H com acento
circunflexo - Fricativo, velar,
sonoro, contínuo como rr
carioca,
semelhante
ao
limpar forte de garganta.
B = Bo - Oclusivo, bilabial,
sonoro, momentâneo. Em
Português este fonema está
em baba, botão, abrigo,
habitar.
T = Tô - Oclusivo,
linguodental,
surdo,
momentâneo. Não é fricativo
Neoletria 290
nem com ' i ' (não tchi). Em
Português
o
fonema
correspondente está em
cateto, contrato, tríade, tatu,
à toa.
E = Ê - A vogal E não pode
ser nasalada. Ê sempre
fechada, diferente de 'é'. Em
Português emprega-se este
fonema
em
herbicida,
estóico, super.
U - É a vogal mais fechada.
Em Português este fonema
encontra-se
em
úmido,
união, volume, aumento.
G = Gô - Oclusivo, velar,
sonoro momentâneo, quase
contínuo.
O
fonema
equivalente em Português
encontra-se
em
goiaba,
golpe, glacial, tráfego, agora.
R = Rô - Linguopalatal,
líquido,
oral,
sonoro,
vibrante, contínuo. Contrição
média, com trinado igual no
começo, meio e fim das
palavras. O correspondente a
este fonema em Português
encontra-se
em bordão,
carga, gordura, etc., mas
sempre como pronúncia
gaúcha. Contudo não fica tão
carregado como em rato,
roeu, roda.
C = Tsô - Funciona como o
dígrafo ' ts' Ex: tsukemono.
Som raro ou inexistente em
Português.
D = Dô - Oclusivo
linguodental,
sonoro,
momentâneo.
Admite-se
também linguolabial. Não é
fricativo como em 'di' (não
dji). Em Português este
Neoletria 291
fonema figura em cadeado,
dedo, deturpado.
F = Fô - Fricativo,
dentilabial, surdo contínuo.
Em Português este fonema
está presente em frase,
fósforo, firme, forte, fácil.
I - Vogal constrito, câmara
bucal
pequena.
Em
Português este fonema é
como em amigo, vida, rio,
polícia, capital.
função fonética composta em
qualquer combinação com
outras letras. Em Português
falado no Centro-Oeste e
Sudeste Brasileiro, funciona
como o consoante t seguido
do vogal i (tchi), fricativo.
Em algumas partes do Brasil
existe
como
pronúncia
regional também com outras
vogais. Ao empregar letras
da Língua Esperanto, deve-se
respeitar a pronúncia correta
de cada letra, mesmo que
disso
resulte
sotaque
'estranho'.
Uô = U com acento breve semivogal, u brevíssimo, Em
Português este fonema é
empregado em sagui, quase,
água.
L = Lô - Linguodental,
líquido, sonoro, brando,
contínuo. A língua obstrui o
som (ar) pela ponta, mas
permite a passagem pelos
lados. Em Português este
fonema ocorre em sala,
palavra, pulga, aluguel.
Tchô = C com acento
circunflexo - Letra que tem
Djô = G com acento
circunflexo - Letra que tem
Neoletria 292
função fonética composta
(dj). Este fonema é aplicado
como digrama em Português
em adjetivo, adjacência,
adjunto. Para grande parte do
Brasil, este fonema composto
corresponde à letra ' d '
quando seguida de ' i ',
conforme a pronúncia correta
de Esperanto, entretanto
nessa língua, a letra G
acentuada com circunflexo é
pronunciada ' dj ' quando
seguida de qualquer vogal.
V = Vô - Fricativo,
dentilabial, sonoro, contínuo.
Fonema pronunciado em
Português como em ave,
vassoura, proveta, vida, voto,
volante.
S = Sô - Fricativo, constrito,
dental,
surdo,
sibilante,
contínuo. Em Português este
fonema está em Sol, suor,
assumir, açúcar, aço.
Ô - O fechado. Em Português
este fonema ocorre em ovo,
avô, porto.
Ao empregar estas letras que
são da língua Esperanto,
devemos respeitar os valores
fonéticos daquela Língua,
sem
adaptação
nem
adequação aos sotaques
regionalistas.
Neoletria 293
MAPA SINÓTICO DOS CARACTERES
_______________________________________________
A = a;
H = hô;
M = mô;
S = shô;
_______________________________________________
Z = zô;
P = pô;
J = iô;
K = kô;
_______________________________________________
Jh = jô;
N = nô;
Hh = hhô;
B = bô;
_______________________________________________
T = tô;
E = ê;
U = u;
G = gô;
_______________________________________________
R = rô;
C = tsô;
D = dô;
F = fô;
_______________________________________________
I = i;
U = uô;
Ch = tchô;
L = lô;
_______________________________________________
G = djô;
V = vô;
S = sô;
O=ô
_______________________________________________
Aproveitando os critérios da codificação dos ideogramas
em Esperanto, inicialmente este alfabeto foi desenhado tendo as
letras todas dimensionadas ocupando o quadrado inteiro; seria
aceitável por ajudar na compreensão e memorização, mas na
Neoletria 294
prática da leitura será mais vantajoso o incremento de diferença
inserindo algumas letras no quadrado e outras no retângulo.
MAPA ESQUEMÁTICO DOS CARACTERES
Mapa que serve de arcabouço para o delineamento dos
caracteres do Alfabeto Esperanto aqui proposto, como também da
codificação dos ideogramas propostos, finalidade exclusiva deste
desenho.
Neoletria 295
SEXTA PARTE
IDEOGRAMAS
PROPOSTA E OFERECIMENTO
Criar um sistema de ideogramas não interfere em
legalidade como intromissão nos instrumentos, dispositivos e
recursos cujo uso e emprego nas relações da cidadania sejam
prescritos por lei e cujas funções sejam censuradas pelas
autoridades zeladoras da harmonia social. O direito de pensar é
protegido pela Constituição, e ainda melhor seria o de projetar
arranjos aprimoradores do pensamento. Ideogramas como estes
que proponho não competem nem concorrem com algo similar na
linguagem geral. Se forem aprovados, então a legalidade poderá e
deverá estender abrangência sobre o seu emprego com os critérios
que as autoridades conveniarem.
Os ideogramas aqui propostos foram preparados
especialmente para representarem as palavras comuns e os afixos.
Neoletria 296
São chamados de ideogramas por serem figuras diferentes
entre si, com máxima simplicidade possível, capazes de denotar
significados de palavras seguindo um novo critério de codificação.
Embora possam ser lidos em Esperanto, porque são
constituídos com base nesse idioma, nada impede que sejam
adotados em qualquer língua para simbolizar as mesmas acepções
em outros modos de pronunciar.
Esta obra é uma oferenda que dedico à humanidade. Se o
uso for proveitoso, terei recebido galardão suficiente, mas se for
rejeitado, não encontrarei quem indenize alguns anos de esforço
na tentativa de retribuir a humanidade pela civilização que
presenciei, mesmo porque o meu oferecimento é gratuito e quem
ganha presente é dono ou dona para usar como quiser, ou não.
Este sistema ficou pronto em 30 de agosto de 2000. No dia
18 de setembro de 2000 foi registrado no Escritório de Direitos
Autorais, da Fundação Biblioteca Nacional, do Ministério da
Cultura, sob número de Registro: 211.235. Livro: 367. Folha: 395.
Na forma como foi registrado, este sistema admitia
representação ideográfica para todo o vocabulário em Esperanto,
porque um alfabeto especial para esse idioma eu ainda não
cogitara. Em 2005 foi feita revisão e os ideogramas foram
preparados para representarem apenas as palavras comuns. Agora
podemos escrever em Esperanto por meio do alfabeto criado para
essa língua, mas para as palavras comuns e os afixos temos
ideogramas, e estes podem também servir para outros idiomas
sem alteração.
Neoletria 297
XXIV – NOVO SISTEMA DE
IDEOGRAMAS
VINCULAÇÃO DIRETA ENTRE A IDÉIA E O OBJETO
Sem a capacidade de imaginar, isto é, de inventar ou
perceber algo interessante antes que se torne realidade, ninguém
seria artista. A maior capacidade de pensamento e de imaginação
depende de certos recursos. Entre outros podemos citar: uma
língua bem estruturada, com regras simples e precisas,
conhecimentos culturais, exercícios de controle da mente, etc.
Qualquer mensagem pode sofrer enfraquecimento na sua
influência quando depende de um laborioso processo de
codificação/decodificação, já que esse labor desvia o foco da
atenção. Por outro lado, um símbolo adequado tem significação
quase imediata, sem desperdício da energia psíquica na busca da
interpretação e o consequente extravio da concentração no
assunto.
Durante minhas leituras, percebo que muitas vezes a
escrita digital (sequência de palavras composta de letras) não
consegue cativar suficientemente a minha atenção devido à
dispersão de sugestões equivocadas que inadvertidamente as
palavras mal colocadas ou de amplo sentido me remetem. Outras
Neoletria 298
vezes o palavreado parece assumir uma mensagem apenas sonora,
incapaz de induzir-me satisfatoriamente ao mundo das ideias onde
habita o puro pensamento, permitindo liberdade para divagações
em assuntos intrusos.
A nossa leitura prende-se a uma monótona sucessão de
letras que tende a produzir um certo efeito anestésico na
sensibilidade imaginativa que muitas vezes facilita a sonolência.
Alguns povos orientais possuem o modo de pensar
diferente dos ocidentais possivelmente porque suas “unidadespensamento” são basicamente ideogramas, que exercitam a
imaginação e resultam em pensamento um tanto quanto
“analógico”, que aborda diretamente a realidade em vez de
palavras compostas de letras que conduzem o leitor a um
pensamento “digital” de contato indireto com as conotações e
denotações; maquinações de palavras mais do que de significados.
DEFINIÇÃO DOS CRITÉRIOS
Passei oito anos da década de noventa (entre 1990 e 2000)
tentando estruturar um bom sistema de ideogramas que servisse
para os povos ocidentais. ‘Unidades-pensamento’ aptas a
simbolizar significados firmes para transmitir mensagens
imediatas sem necessitar interpretação sujeita a torção das
intenções. Eu percebia uma lacuna da escrita e leitura, praticadas
no Ocidente. No meu modo de ver havia a necessidade de uma
configuração de palavras diferente da digital tradicional (simples
agrupamento de letras sucessivas sem uma firmeza potencial para
satisfazer a condição de símbolo, ou ícone do significado).
Entendia ser necessário um modelo simples para facilitar a
aprendizagem e a grafia (moderna). O ideal seria simbolizar
diretamente os símbolos dos significados e das coisas concretas ou
Neoletria 299
abstratas em vez dos seus nomes; em vez das suas diversas
expressões em palavras, uma evocação mais direta; entretanto
seria necessário desenvolver um critério, um código, uma lei tal
que depois de compreendida fosse facilmente aplicável e
viabilizasse uma rápida leitura. Seria como uma iconografia para
identificar cada expressão, sem chance de confundir um termo
com outro. Então a combinação dos sinais conhecidos geraria
simbolização de ideias congêneres.
Falei com algumas pessoas, mas logo percebi que não
haveria tempo a perder nos convencimentos. Em vez de dividir as
ideias e tarefas, resolvi estruturar o sistema e trabalhar sem ajuda.
Tentei catalogar as unidades-pensamento em grupos por
‘espécie’ e inventar um código de identificação por traços de cada
grupo, que depois pudesse derivar para abranger os detalhes sem
escapar da semelhança genérica de conformidade com as ideias
principais de cada grupo.
Depois de um bom percurso na direção de uma ideografia
fundamentada nas significações e independente das palavras,
entendi que se fosse uma codificação baseada em palavras a
economia de traços seria grande, e consequentemente a economia
de esforço na escrita e na leitura também. Poderia então aproveitar
a estrutura etimológica segundo a versão de um bom idioma. Nada
de mal, em aproveitar uma estrutura. Antes de galgar o degrau
seguinte, é necessário o apoio do precedente. A dificuldade então
era encontrar um idioma que fosse simples, fundamentado em
boas regras, e suficiente em seus recursos de expressão.
ESCOLHA DE UMA LÍNGUA
Examinando as línguas inglesa e portuguesa, constatei que
estão impregnadas de complexidades, estrangeirismos e
Neoletria 300
instabilidades sonoras na pronúncia de suas letras, tornando
contraproducente seu emprego como língua padrão para formação
de ideogramas.
Tratei logo de inventar critérios de classificação de
unidades de ideia e suas representações por traços sem
preocupação com a funcionalidade de pronúncia, porque a
diferenciação seria visual, para identificar ‘significâncias
etimológicas’.
Comecei a estruturar uma língua que preenchesse os
predicados propostos. A finalidade seria apenas servir de base
para os ideogramas.
Depois resolvi codificar as unidades de ideia
alfabeticamente e representar cada letra por um traço diferente em
posição e inclinação. Logo eu estava tentando criar uma nova
língua.
Isso de nova língua depende de muita pesquisa,
catalogação e diretriz. Bancos de dados foram montados e o
entusiasmo não esmorecia.
Optando por codificar os desenhos ideográficos pelos
fonemas das palavras traduzidas em vez de definir traços
diretamente pelos grupos de ideias, suas subdivisões e derivadas,
seria conveniente criar ou encontrar um idioma ideal, para que a
configuração por espécie de significância tivesse alguma lei,
algum nexo.
Casualmente chegou às minhas mãos o livro “Esperanto
sem Mestre” de Francisco Valdomiro Lorenz. Encontrei na
Língua Esperanto um modelo excepcional, pela regularidade
fonética, pela simplicidade de suas regras, pela lógica empregada
na formação de palavras e suas classes gramaticais, enfim, pela
isenção de afronta a possíveis brios nacionalistas, por ter sido
Neoletria 301
criada com finalidade de altruísmo internacional, e sem intenção
de nacionalismo ou hegemonia.
Prontamente arquivei a pretensão de criar uma ‘nova
língua’, quando percebi que o idioma ideal já existia.
Assim, a codificação dos nossos ideogramas está
fundamentada nesse idioma. Entretanto forma desenhos que
podem ser signos auxiliares de ligação para evocar as acepções
que não são alteradas, embora pronunciadas de modo diferente em
línguas diferentes, com mudança apenas de nome por tradução
para outras línguas. Talvez algumas palavras comuns do
Esperanto não tenham correlativas em outro idioma; surgiriam
neologismos ou locuções válidas para leitura ‘em voz alta’.
Pelo destaque de cada componente e de cada traço na
formação de ideogramas e tendo uma aparência peculiar para cada
afixo e para cada categoria de palavras comuns, pode-se perceber
o alcance desta nova linguagem a serviço da nitidez e clareza dos
pensamentos e, consequentemente, o discernimento com que serão
dotadas as pessoas que conseguirem o domínio da sua aplicação.
Neste sistema ideográfico, a leitura pela aparência das
figuras deverá ser mais fácil e rápida do que a leitura "letra a
letra". Por seus símbolos desenhados, o sistema enseja condições
para a criação de imagens mentais das ideias abstratas, obtendo-se
então os ícones dos pensamentos e não apenas a monótona
sucessão de letras e os respectivos sons. Todavia, é conveniente
evitar os milhares de ícones semelhantes o que se consegue
simplesmente adotando ideogramas apenas para as palavras
comuns, ao passo que os nomes, os radicais, os adjetivos e os
verbos podem ser grafados alfabeticamente. Suponho que essa
diversidade na escrita exercite regiões diferentes do cérebro do
leitor. O propósito é que seja mais ativo e menos cansativo.
Neoletria 302
XXV – ESPECIFICAÇÕES
ESTRUTURA
Esta figura apresenta as opções para vinte e oito traços em
posições diferentes no módulo (quadrinho). Cada traço representa
um dos oito fonemas vernaculares do Esperanto.
Neoletria 303
Os ideogramas são sinais gráficos impressos sobre
pequenos quadros denominados módulos que são colocados no
contexto da escrita substituindo palavra ou conjunto de palavras
de sentido sincategoremático, seguindo as diretrizes estruturais
abaixo discriminadas:
1) A mínima dimensão é de 11 x 11 pontos (pixel ou de
outra grandeza determinada) para ideogramas de afixos e para
palavras comuns ou de uso corriqueiro, como preposições,
conjunções, advérbios, pronomes, determinativos, prefixos e
sufixos (de acordo com a gramática do Esperanto).
2) Em palavras compostas com afixos e radicais, os
radicais devem ser grafados alfabeticamente, enquanto os afixos
podem ser codificados em forma de ideograma, mantendo-se o
espaçamento de separação desta composição de palavra menor do
que o da separação entre palavras.
3) Este sistema admite ideogramas compostos por mais de
um módulo (quadrinho) para substituir palavras mais extensas. O
intervalo entre eles deve ser de metade da separação mínima entre
palavras.
4) Os módulos ideográficos são sequenciados com o
afastamento (mínimo) equivalente a dois pontos entre si, em cada
componente da mesma palavra, e de quatro pontos de separação (o
mínimo) entre palavras, em que um ponto seja equivalente a 1/11
da dimensão linear de um módulo;
Neoletria 304
5) A sequência em ordem alfabética válida para este
sistema ideográfico, cujo idioma referencial é o Esperanto no
modelo definido para o Alfabeto Latino, é: A, Sh, (S com acento
circunflexo), H, M, Z, P, J (J = I brevíssimo), K, Hh (H com
acento circunflexo), Jh (J com acento circunflexo), N, B, T, E, U,
C, G, R, D, F, I, Uh (U brevíssimo), Gh (G com acento
circunflexo), Ch (C com acento circunflexo), L, V, S e O. Esta
ordem alfabética tem a função de facilitar a memorização da
ordem de seguimento da codificação ideográfica, sequência essa
que segue um critério de variação de característica sequencial dos
fonemas, pela situação de cada um na estrutura modular. Esta
sequência será apresentada novamente no capítulo da codificação.
6) A sucessão alfabética de codificação dos sinais gráficos
que definem um ideograma progride no sentido dos ponteiros de
relógio, a partir do primeiro quadrante (inferior direito), porém a
aglutinação de sinais dentro de um módulo independe da ordem
das letras das palavras correspondentes em esperanto. Esta
sequência possibilita que os fonemas consonantais estejam
representados no módulo por traços periféricos, iniciando pelo
mais externo do órgão fonador (bilabial surdo = p), prosseguindo
gradativamente adentrando aquele órgão. Primeiro surdo e
segundo sonoro (pb, td, fv, sz,). Esse critério estende-se à
localização dos demais fonemas, com exceção de K que ocupa
uma posição que poderia ter sido destinada a um fonema vogal se
a soma de todos os vogais e semivogais não fosse de apenas sete
para as oito vagas do módulo. A vaga que não foi preenchida por
vogal, sobrou para o fonema consoante encontrado na vez pela
sequência estabelecida.
Neoletria 305
7) A posição que cada traço-letra (ou sinal ideográfico)
ocupará no módulo seguirá critérios de coerência na ordem
alfabética, que são os seguintes: sequência por quadrante; por
classe de fonema, em ordem crescente à medida que a pronúncia
vai adentrando no órgão fonador; m, n, r, l são representadas por
traços oblíquos semelhantes; p, b, t, d, f, v, s, z são consoantes
periféricas angulares (na estrutura ou arcabouço quadrado); sh, h,
hh, jh, c, ch, g, gh, são ‘periféricas’ de segunda camada interna,
sendo que existe relação de semelhança entre o chiado surdo de sh
e o chiado sonoro de jh, etc., todas essas letras na pronúncia da
Língua Esperanto. Estes critérios têm a finalidade de facilitar a
memorização da área de domínio de cada fonema dentro do
módulo, proporcionando assim uma diferenciação lógica por
região entre os étimos.
8) É permitida a omissão de algum dos sinais ideográficos
(traço) na composição de palavras, contanto que o ideograma
resultante não seja idêntico a outro de palavra diferente,
respeitando assim a diversificação no total de ideogramas
propostos.
9) Algumas desinências ficam fora da classificação dos
sufixos e são grafadas alfabeticamente.
SUPORTE LÓGICO
Quando se faz necessário apresentar diversas definições de
significado para um certo termo (uma preposição, um advérbio,
uma conjunção, ou mesmo um sufixo), estou apenas tentando
passar para o leitor a descrição compreensível de uma ideia
abstrata, bem definida, mas talvez com palavras imprecisas. Isso
Neoletria 306
acontece, ou por ser difícil apresentar conceituação inequívoca
tanto para mim como para você, ou porque não existem palavras
precisas para alguns significados.
Quanto às preposições e aos advérbios, cada língua tem
conceitos particulares. Algumas preposições e alguns advérbios de
uma língua não têm equivalentes em outra língua.
É difícil conhecer o verdadeiro significado (abstrato) de
certas palavras fora do artifício analógico das citações de frases
em que algumas em estudo se insiram coerentemente.
O uso linguístico de recursos duvidosos, por autores
aclamados, parece legitimar até incongruências. Uma regra
gramatical, antes de ser oficialmente oferecida, deveria ser
criticada, discutida e corrigida para inserir-se coerentemente na
estrutura do idioma.
Existem escritores que são citados pelas doutrinas
pedagógicas como exemplos ou como confirmações de diretrizes.
Talvez as tais citações sejam aquilo que temos para oferecer,
porém mesmo os grandes autores nem sempre são
compromissados com um padrão vernáculo, e sim com a
penetração de seus pensamentos na maior abrangência de público,
e para tanto tendem a escrever como o povo gosta de ler. Não me
cabe criticar tais escritores, e sim algum vernaculista, que ao
definir a nossa gramática, porventura se apoie em bases inseguras,
criando respeitáveis licenciosidades que viram regras
desarmônicas.
Muitos recursos e artifícios são comuns em diversos
idiomas, não por coincidência, mas por conveniência.
Se algo interessante do Esperanto ainda não faz parte dos
recursos gramaticais da Língua Portuguesa, e constatando-se que
o seu emprego não embaçaria o entendimento, não vejo porque
não aproveitar. Contudo o surgimento de diretrizes deve ser
Neoletria 307
sempre adequado diretamente aos problemas originários e não
adaptado por cópia de similares.
Quando são citados diversos textos de bons autores para
servirem de modelo linguístico, sem aplicação de critérios lógicos,
a vernaculidade corre o risco de se embrutecer e uma preposição
pode receber carga tão ampla de significados estranhos que a
acepção genuína fica esquecida. Caso exemplar é o da preposição
‘de’ e do prefixo ‘de’.
Aqui em nossa proposta, a ideia em Português como
significado para uma palavra em Esperanto, pode não ser sempre a
mais exata, mas com ela perseguimos o objetivo de evidenciar
uma noção que poderá ficar mais completa após a citação de
exemplos em frases, quando surgirem outras colaborações. Por
enquanto o nosso engajamento prende-se à divulgação de um
novo modelo de linguagem escrita, falada e memorizada. Convém
ficar definido provisoriamente que quando um ideograma
(originário do Esperanto) não tem um perfeito equivalente em
Português ou se alguém busca encontrar um ideograma para
substituir uma palavra e não acha um adequado, fica a seu critério
empregar outro conjunto de palavras como alternativa. Pode
preferir uma ou mais palavras escritas alfabeticamente em vez do
ideograma correspondente. Mas se os escritores tiverem
dificuldade na escolha de ideogramas, esse dilema será resolvido
por software que substitua ou sugira automaticamente palavras
pelo ideograma equivalente (ou apresente lista de sinônimos),
quando houver consenso sobre as equivalências perfeitas.
Será possível memorizar os ideogramas pela aparência
gráfica, mas por serem criados a partir de palavras em esperanto, o
estudo da gramática desse idioma será de grande utilidade para
melhor aplicação deste novo sistema.
Neoletria 308
A fonte de exemplos e a gramática que serviu de modelo
para esta obra é o livro “ESPERANTO SEM MESTRE” de
Francisco Valdomiro Lorenz (Obra refundida pelo Prof. Dr. L. C.
Porto Carreiro Neto), impresso pela FEDERAÇÃO ESPÍRITA
BRASILEIRA, telefone – (021) 3589-6020.
DESCRIÇÃO
São apenas 283 os ideogramas nesta proposta:
31 preposições – 23 conjunções – 23 locuções conjuntivas
29 pronomes – 53 determinativos – 69 advérbios
15 prefixos – 40 sufixos.
A Língua Padrão escolhida é o Esperanto.
Os ideogramas aqui propostos foram preparados
especialmente para representar as palavras comuns e os afixos.
São chamados de ideogramas porque são figuras diferentes
entre si para identificar palavras ou ideias simples sem ajuda das
letras de forma datilográfica ou cursiva.
Embora possam ser lidos em Esperanto, em vista de sua
codificação, nada impede que sejam adotados em qualquer língua,
com denominação equivalente, mas em outra pronúncia. Existem
diferenças por classe gramatical e cada ideograma é bem definido
em seu desenho. Isto favorece a rápida identificação e leitura, sem
necessidade de decifração e soletração dos fonemas representados
pelos traços.
Neoletria 309
O emprego destes ideogramas em outros idiomas pode ser
total ou parcial, segundo as peculiaridades e diferenças
gramaticais.
Neoletria 310
XXVI – CODIFICAÇÃO
IDEOGRAMAS EM ESPERANTO
Os ideogramas são desenhos por arranjo de traços
codificados alfabeticamente para serem compostos pelos
elementos fonêmicos que figuram nas palavras que eles
representam em Esperanto, independentemente da ordem de
sequência das letras na escrita dessas palavras. Quando uma
‘letra’ (traço) ou mais pode ser suprimida sem prejuízo da
aparência ou identificação do significado, esse procedimento é
adequado, considerando-se como uma espécie de abreviatura.
Mesmo sendo extremamente simples as figuras
ideográficas, elas são distintas o suficiente para serem
reconhecidas ao representar as ideias, ainda que as palavras
concernentes sejam traduzidas para outros idiomas.
Além de outras vantagens intelectuais, a descrição dos
valores fonéticos desta codificação alfabética é importante para
quem desejar compreender a gramática da Língua Esperanto,
assim como o estudo dessa gramática será de grande valia para o
melhor emprego deste sistema ideográfico. Todavia, a
pronunciação (a nomenclatura) destes ideogramas pode dar-se em
qualquer língua que disponha de semelhança com o Esperanto no
Neoletria 311
emprego das preposições, conjunções, advérbios, pronomes e
outros determinativos, sem necessidade de coincidência fonética;
ou seja, que admitam perfeita tradução.
O emprego de ideogramas afixos como componentes de
palavras, em qualquer língua também é possível, contanto que
sejam denominados por tradução, sem mudança de significado,
possibilitando sua pronúncia na vernaculidade local (diversa do
Esperanto).
Recomendo facultar a aplicação dos ideogramas
oficialmente em qualquer idioma, para ser inserido no conteúdo
programático escolar, contanto que seja regulamentada e aprovada
pelas autoridades competentes.
Na composição de palavras (prefixo-radical-sufixo, etc.)
sugiro a mistura integral ou parcialmente destes ideogramas com
qualquer alfabeto, entretanto, a opção pelo Alfabeto Esperanto, só
pode ser decidida se a pronúncia for genuinamente a do
Esperanto, esta observação tem por fim evitar a corrupção de tão
valioso idioma. É importante utilizar o referido alfabeto somente
nessa língua. É mais adequado compor ideogramas afixos com os
radicais em alfabeto ‘fonogramas’ (o alfabeto de 215 caracteres).
A utilização de ideogramas em qualquer idioma é possível,
contanto que seja sustentado o exato significado. Se isso gerar
alguma adaptação gramatical, que ela seja enriquecedora, sem
aumentar a complexidade, sem deturpar normas vigentes.
Em cada língua devem existir as palavras mais acertadas
com as acepções dos ideogramas, mas para algum que não
encontre justa palavra, pode-se cogitar a aplicação da original em
esperanto, se for conveniente, introduzindo como neologismo.
Entretanto surgirão diversos casos em que um ideograma não
corresponde a uma exata palavra de língua diversa do Esperanto;
Neoletria 312
nesse caso um grupo de palavras adequadas poderá ser perfeito
como tradução.
Inicialmente o aproveitamento deste sistema talvez fique
restrito ao Esperanto. Posteriormente poderá estender-se aos
poucos para poesias e literatura didática de outras línguas.
Programas de software para processador de textos podem
ser desenvolvidos como substituição automática de palavras em
digitação alfabética pelos ideogramas oportunos.
Esta codificação segue os mesmos princípios analógicos da
codificação do Alfabeto Esperanto apresentado na Quinta Parte.
APRESENTAÇÃO GRÁFICA DA CODIFICAÇÃO
Abaixo da figura representativa do fonema, vem a letra
correspondente. Depois do sinal de igualdade temos o nome da
letra e como nome, apresenta a terminação “O” com acento
circunflexo, para não confundir com Ó, e segue alguma
especificação fonética.
A sequência desta codificação é A, Sh, H, M, Z, P, J, K,
Hh, Jh, N, B, T, E, U, C, G, R, D, F, I, Uh, Gh, Ch, L, V, S, O.
Este seguimento percorre os quatro quadrantes no sentido do giro
dos ponteiros do relógio, a começar pelo quadrante inferior
direito.
A = A - fonema
vogal, soa como em prata,
alta, lata.
Sh - S com acento
circunflexo = Shô – consoante, linguopalatal chiante, surdo, contínuo. Soa
Neoletria 313
como ch, sh, x, em
Português: chá, luxo, ficha.
H = Hô - consoante,
soa como um sopro um
pouco apertado, velar,
surdo.
M = Mô - fonema
consoante, nasal, bilabial,
sonoro. Não é nasalador
das vogais.
Z = Zô - consoante
sibilante,
contínuo,
constrito, dental, sonoro.
Fonema empregado na
Língua Portuguesa como
em casa, exemplo, azul,
José, gasosa, gazeta.
P = Pô - consoante
bilabial, oclusivo, momentâneo. Soa como em pipoca,
papo, pepino.
J = Iô - consoante
(semivogal) i breve, soa
como em raio, saia.
Funciona como consoante,
porque não determina
sílaba.
K = Kô - fonema
consoante, oclusivo, palatal,
surdo, momentâneo. Soa
como em taco, capa.
Hh - H com acento
circunflexo = Hhô - fonema
consoante, fricativo, velar,
sonoro, contínuo. No Brasil
Neoletria 314
pode ser comparado ao RR
carioca (enérgicamente).
Jh - J com acento
circunflexo
=
Jô
consoante fricativo, linguodental, sonoro, chiante,
contínuo, brando. Soa
como em Português nas
palavras: janeiro, ajuda,
jato, gente.
N = Nô - consoante
nasal, pode ser linguopalatal ou linguodental ou
linguolabial; sonoro, contínuo. Não nasala as vogais
contíguas. Soa como em
navio, noite, peneira.
B = Bô - fonema
consoante, oclusivo, bilabial, sonoro, momentâneo.
Soa como em baba, bobina,
bitola. Não pode ser con-
fundido com o fonema
dentilabial sonoro (confusão entre B e V)
T = Tô - fonema
consoante, oclusivo, linguodental, surdo, momentâneo.
Não soa fricativo nem
quando precede a vogal i,
que em grande parte do
Brasil parece tchi. Soa
como em tatu, total.
E = Ê - fonema
vogal. Como as demais
vogais, não é nasalável nem
em presença das consoantes
m, ou n. Esta letra representa apenas o fonema ê.
U = U - é a vogal
mais fechada. Soa como em
Universo, único, caju.
Neoletria 315
gaúcho,
muito.
C = Tsô - consoante
de fonema composto como
se fosse o dígrafo ts.
G = Gô - fonema
consoante, oclusivo, velar,
sonoro, momentâneo, ou
quase contínuo. Soa como
em garça, gado, agosto,
gueto. É o mesmo fonema
diante de qualquer vogal,
não é necessário auxilio da
letra u diante de e ou i
como em Português (para
não assumir função de j).
R = Rô - fonema
consoante,
linguopalatal,
líquido, oral, sonoro, vibrante, contínuo, contrição
média, com o mesmo tipo
de trinado no começo, meio
e fim das palavras. Soa
como em garrafa, rr
sem
carregar
D = Dô - consoante,
oclusivo, linguodental (admite-se também linguolabial), sonoro, momentâneo.
Não é fricativo em 'di',
como em regionalismos de
grande parte do Brasil. Soa
como dado, dedo, dotado.
F = Fô - fonema
consoante, fricativo, dentilabial, surdo, contínuo. Soa
como em forte, fácil.
I = I - vogal
constrita, câmara bucal pequena. Soa como em amigo,
lima, fila, pista.
Neoletria 316
Uh = Uô - u com
acento breve - consoante
semivogal, u brevíssimo.
Soa como em água, igual.
Gh - G com acento
circunflexo = Djô - fonema
composto, consoante que
soa como dj.
Ch - C com acento
circunflexo = Tchô. Fonema composto e soa como
tch ou tx, igualmente com
qualquer combinação fonêmica.
L = Lô - fonema
consoante, linguodental, líquido, sonoro, brando,
contínuo. A língua obstrui
o ar pela ponta, mas permite pelos lados. Soa como
em sal, leve, lote, alicate.
V = Vô - fonema
consoante, fricativo, dentilabial, sonoro, contínuo.
Soa como em válvula, voto,
envolver, evolução.
S = Sô - fonema
consoante,
fricativo,
constrito, dental, surdo,
sibilante, contínuo. Soa
como em aço, suor, açude,
março. Nunca invade a
função de Z como em
Português.
O = Ô - fonema
vogal. Soa como em porto,
agosto, acordo, ovo, piloto.
Neoletria 317
XXVII – PREPOSIÇÕES E
CONJUNÇÕES
PREPOSIÇÕES
= al = a - caso dativo.
=
antastau = em vez de, em
substituição a.
= antau =
diante de, ante, perante, em
frente a.
= apud = ao pé
de, junto de, ao lado de, perto
de.
= che = junto a, com,
no, na, em, ante, à, ao, entre.
= chirkau =
em torno de; em redor de; ao
redor de; em volta de; por
volta de; cerca de.
Neoletria 318
= da = de - serve como
ligação entre um advérbio de
quantidade e um substantivo.
da.
= en (in) = em,
dentro de. Para não
confundir com ne (advérbio de negação), é recomendável grafar como
in.
= de = de, desde, do,
= ghis = até.
= dum = durante.
no meio de.
= ekster =
fora de; afora, exceto, além
de.
= el = de, dentre.
= inter = entre,
= je = de, com, por,
etc. com sentido impreciso,
para aplicação quando não
encontramos outra preposição mais exata.
Neoletria 319
=
kontrau = contra; defronte
de, em face de; para com; por
(em troca de); em comparação com.
= krom = exceto.
= malgrau
= apesar de, não obstante, a
despeito de.
Obs: "malgrau" é apenas
preposição. O advérbio análogo é spite.
= per = por, por
meio de, por intermédio de,
com (instrumento).
= kun = com, de.
= lau = conforme,
segundo, consoante; relativamente a; ao longo de, por.
Obs: esta expressão "lau" só
pode ser preposição regendo
nome ou pronome. Como
conjunção tem outra forma.
= po = função de
distributivo - à razão de, cada
um, cada qual, de cada vez.
= por = fim,
objetivo; destino, adaptação;
em proveito de; em relação a;
permuta; decurso de tempo
futuro em que se dará um
fato; em lugar de kiel
(como). É o mesmo que pro.
Neoletria 320
= plo (o mesmo que
pro) = por causa de; por
amor de; por, em troca de.
= post = após,
depois de; atrás de, detrás de,
por trás de.
= preter =
por diante de, ao lado de, por
junto de (em movimento,
mas sem atravessar).
= pri = a respeito de,
acerca
de;
quanto
a;
(também: sobre, de, em, com
- com o mesmo significado).
= sen = sem. Indica
falta, privação.
= sub = sob,
debaixo de; por baixo de;
abaixo de.
= tra = através de,
por entre.
= trans = além
de, do outro lado de, para lá
de.
Neoletria 321
CONJUNÇÕES
Alguns advérbios e algumas preposições podem funcionar
como conjunções.
Apenas como sugestão, para melhorar a identificação das
categorias gramaticais, será conveniente diversifica-las pelo
colorido do quadrinho de fundo que serve de suporte à codificação
ideográfica, uma cor para cada categoria gramatical, ou
aproveitando esta ideia de traços finos no contorno e interior da
matriz pré-impressa.
= alie = aliás,
= cetere =
além disso, de resto.
= apenau =
apenas, mal (logo que), nem
bem.
= char = porque,
pois, pois que, como.
Obs: Em traduções de Português para Esperanto, 'como'
sendo equivalente a 'porque',
passa para 'char' e não para
'kiel'.
senão.
= auh (u breve) = ou;
senão, do contrário, aliás.
Como em Português, esta
conjunção pode vir repetida:
ou... ou...
quer...;
= chu = se; quer...,
fosse...,
fosse...
Neoletria 322
(Conjunção introdutória de
dúvida).
= do = pois, portanto,
por conseguinte, logo, então.
= dum = enquanto;
ao passo que, durante.
ekzemple = por exemplo.
...
... = jen...
Jen... = ora...ora..., já... Já...
O advérbio jen pode ser repetido na oração, com função
consonantal.
= kaj = e (ligação
entre vocábulos e orações).
Obs: a negativa nem (também não), pode ser traduzida
como kaj.
=
que).
= ghis = até que;
enquanto não.
Obs: ghis positivo vale "até
que"; ghis negativo vale
"enquanto não".
ke = que (a conjunção
=
kvankam = ainda que, se
bem que, posto que, conquanto, embora.
Neoletria 323
= kvazau =
como, como se, como que,
como qual.
= nek = nem,
também não (como repetição
de uma negação).
= ol = do que, de.
= se = se.
= sed = mas, porém.
= nome = a saber,
como segue.
= nu = ora. Nu é uma
interjeição que pode funcionar como conjunção.
= sekve =
portanto, por conseguinte.
= tamen =
todavia, entretanto, contudo.
LOCUÇÕES CONJUNCIONAIS
= antauh ol = antes que, antes de.
Neoletria 324
= tio estas (t.e.) = isto é (i.e.).
= chiam kiam = sempre que.
= chiufoje kiam = toda a vez que.
quando.
= de kiam = desde o tempo em que, desde
= ech se = mesmo que, ainda mesmo que.
= escepte se = exceto se, a menos que.
...
mais... tanto mais...
= ju pli... des pli = ...quanto
Neoletria 325
...
= ju malpli...
des malpli = ...quanto menos... tanto menos...
As outras combinações (menos com mais e mais com
menos) podem ser deduzidas.
= kiel ankauh = como também.
que.
= kondiche ke = com a condição de
= konsente ke = admitindo-se que.
conquanto.
= malgrauh ke = apesar de que,
...
= ne sur.... sed ankauh =
não só... mas também, não somente... senão até.
Neoletria 326
= por ke = para que.
= post kiam = depois que.
= same kiel = do mesmo modo que.
= se ne = se não.
= se nur = contanto que.
= supoze ke = supondo que.
= tial char = por isso que, porque.
Neoletria 327
= tiel ke = de tal modo que, tanto que.
= tuj kiam = logo que.
Neoletria 328
XXVIII – ADVÉRBIOS E PRONOMES
ADVÉRBIOS
= almenau
= pelo menos, ao menos.
= apenau =
apenas, mal, quase não.
= ankau =
= baldau =
logo, em breve, cedo, dentro
em pouco.
também.
= ainda.
= ankorau
como.
= char = porquanto,
Neoletria 329
= chial = por
qualquer motivo, por todos
os motivos.
= chiom = toda a
quantidade (cada quantidade), qualquer quantidade.
= chiam = em
todo o tempo, em qualquer
tempo, em toda a ocasião, em
qualquer ocasião, toda a vez,
cada vez, em todos os
tempos, sempre.
=
chiomope = em grupos de
qualquer
quantidade
(o
sufixo "op" = em grupos de).
= chie = em todo o
lugar, em toda a parte.
= chiel = de todos
os modos, de toda a maneira.
= chien = para
toda a parte, a toda a parte.
= ech = até, até
mesmo, mesmo.
distante.
ontem.
= for = longe,
= hierau =
Neoletria 330
= hodiau =
= ien = para algum
lugar, a algum lugar.
= ial = por algum
motivo, por qualquer motivo.
= iom = em alguma
quantidade, em qualquer
quantidade,
em
certa
quantidade, em certo grau,
um tanto, um pouco.
hoje.
= iam = em algum
tempo, alguma vez, algum
dia (passado ou futuro),
outrora.
= ie = em algum lugar.
= iel = de algum
modo, de qualquer modo.
= ja = com efeito, em
verdade, mesmo.
= jam = já.
= jen = eis, eis aqui,
eis aí, eis ali, eis que.
Neoletria 331
= jes = sim.
= jhus = agora
mesmo, neste (ou nesse)
justo momento passado.
= kial = porque,
por
que
motivo
(interrogativo, direto ou
indireto).
= kiam = quando,
em que tempo, no tempo em
que.
= kie = onde, o
lugar em que, em que lugar.
= kiel = como, de
que modo, o modo porque;
quão, quanto (em grau);
conforme.
Obs: kiel pode ser
advérbio ou conjunção.
para onde.
= kien = aonde,
= kiom = quanto,
em que quantidade.
= kvazau =
como, como se, como que,
como qual.
= minus =
menos (subtração).
Neoletria 332
amanhã.
= morgau =
=
muito,
em
quantidade.
multe =
grande
= ne = não.
= nenial =
por nenhum motivo.
= neniam =
em tempo algum, nunca,
jamais.
= nenie = em
nenhum lugar, em parte
alguma, em nenhuma parte.
= neniel =
de nenhum modo, de forma
alguma, absolutamente não.
= nenien =
para nenhum lugar, a
nenhum lugar, a nenhuma
parte.
= neniom =
em nenhuma quantidade, em
nenhum grau, absolutamente
(em) nada (quantitativo).
Neoletria 333
forçosamente.
nepre =
=
= nun = agora.
= nur
somente, apenas.
=
= pli = mais (em
quantidade
ou
em
intensidade).
= plu = mais (em
duração ou continuação).
só,
(adição).
= plus = mais
= ofte = frequentemente, muitas vezes.
= principalmente.
= de cor.
= precipe
= parkere
= quase.
= preskau
= plej = (o) mais.
Neoletria 334
= spite = a
despeito, apesar.
cima.
= supre = em
= tial = portanto,
por este (ou esse) motivo,
por isto (ou isso).
= tiam = então,
nesse tempo, naquele tempo
(ou ocasião), em tal caso,
nesse caso.
= tie = aí, alí, lá.
= tie chi =
aqui.
= tiel = assim,
desse modo; de tal modo;
tão; tanto.
para aqui.
= tien = para cá,
= tiom = tanto,
nessa quantidade, em tal
quantidade; tão.
= tre = muito.
Neoletria 335
=
tro
=
demasiadamente, demasiado.
=
imediatamente,
futuro).
tuj
já
=
volonte = de boa vontade, de
bom grado.
=
(no
PRONOMES
= ajn = quem quer
que..., o que quer que..., seja
quem for, seja o que for,
qualquer que..., não importa
quem, não importa o que,
não importa quando, não
importa onde, não importa
quanto.
= ci - tu.
= cia - teu, tua.
= ciaj - teus, tuas.
Neoletria 336
= ghi - êle ou ela.
= li - êle.
= lia - seu, sua, dele,
= ghia - seu, sua,
dele ou dela.
dela.
= ghiaj - seus,
suas, deles ou delas.
= liaj - seus, suas,
deles, delas.
= ili - êles, elas.
= mi - eu.
= mia - meu, minha.
= ilia - seu, sua,
deles, delas.
= iliaj - seus,
suas, deles, delas
minhas.
= miaj - meus,
Neoletria 337
= ni - nós.
= nia - nosso, nossa.
nossas.
suas.
= shiaj - seus,
= si - si, "sigo" de si
mesmo; para consigo pronome reflexivo.
= niaj - nossos,
= sia - seu (seu
mesmo), sua (sua mesma).
= oni - a gente.
= shi - ela.
dela.
= shia - seu, sua,
= siaj - seus (seus
mesmos),
suas
(suas
mesmas).
= vi - vós.
Neoletria 338
= via - vosso, vossa.
vossas.
= viaj - vossos,
Neoletria 339
XXIX – DETERMINATIVOS E AFIXOS
DETERMINATIVOS
= chi = cada, todo,
toda,
qualquer
(quando
equivalente a todo ou cada).
= chies = de cada
um (de cada pessoa, no caso
genitivo).
= chia = qualquer,
toda a espécie de.
coisa.
= chiaj = quaisquer que sejam.
= chio = tudo, cada
= chion = tudo,
qualquer coisa (modo acusativo).
Neoletria 340
= chiu = cada um,
todo o, toda a, todo e
qualquer.
= ian = algo como,
qualquer, etc. no caso
acusativo.
= chiuj = todos,
= ies = de alguém
(caso genitivo).
= chiun = cada
um, todos os (as), todo e
qualquer (caso acusativo).
= io = algo, alguma
coisa, coisa, qualquer coisa.
todas.
= ia = qualquer, uma
espécie de, um certo, de
espécie de indefinido, como
que.
= iaj = quaisquer.
= ion = algo, coisa,
alguma coisa, qualquer coisa
no caso acusativo.
= iu = um, algum,
uma, alguma; alguém, um
certo alguém.
Neoletria 341
= iuj - uns, umas,
algum, algumas.
como.
= iujn = uns,
umas, alguns, algumas no
caso acusativo.
= kiajn = de
que gênero de (acusativo,
plural).
= iun = um, uma,
algum, alguma no caso
acusativo.
= kian = qual,
como, que espécie de? (caso
acusativo,
afirmativo
e
interrogativo).
=
ki
=
que
(interrogativo, exclamativo
ou relativo).
= kia = qual, como,
que? que tipo de? (afirmativo
e interrogativo).
= kiaj = quais,
= kies = de quem
(caso genitivo).
= kio = quê, o que?
(a terminação "o" de "kiO"
indica que a resposta deve
ser algum substantivo).
Neoletria 342
= kion = quê, o
que?! (no caso acusativo).
= la = artigo definido o, a, os, as.
= kiu = que, o qual,
a qual, qual? (afirmativo e
interrogativo).
=
nen
=
determinativo de negação.
Ex: NENIU = nenhum;
NENIUJ = nenhuns.
Obs: o determinativo NEN
só acrescenta significado
negativo em IU, IA, IO, IES.
quem?
= kiuj = quais,
= kiujn = que,
os quais, as quais.
= kiun = que?, o
qual, a qual (caso acusativo).
= nenia =
nenhuma, nenhum (qualquer
que seja).
= neniajn
= nenhuns, nenhumas (de
qualquer espécie).
Neoletria 343
= nenies =
de ninguém (caso genitivo).
nada.
= nenio =
= nenion =
nada (caso acusativo).
= neniu
ninguém, nenhum.
= ti = (sílaba inicial
equivalente a esse, aquele, e
seus derivados).
= tia = tal, de tal
espécie, um assim.
= tiaj = tais.
-
= tiajn = tais
(plural, acusativo).
= neniuj =
nenhuns, nenhumas, nada de.
= tian = tal, um
assim (modo acusativo).
Neoletria 344
= ties = desse,
deste (caso genitivo).
aquilo.
= tio = o, isso,
= tion = o, isso,
aquilo (modo acusativo).
=
unu =
um, (um certo alguém pronome indefinido).
Obs:
O
artigo
indefinido "um" não existe
em Esperanto, mas o
pronome indefinido sim.
= unuj = uns,
umas (pronome indefinido,
plural).
= tiu = esse, essa,
aquele, aquela.
= tiuj = esses,
essas, aqueles, aquelas.
= tiun = aquele,
aquela, esse, essa, o qual, a
qual (no caso acusativo).
Neoletria 345
PREFIXOS (15)
= BO = parentesco
adquirido pelo casamento.
= EKS = que era,
mas deixou de ser.
= BON = bom, boa.
= GE = reunião de
indivíduos,
havendo
componentes de ambos os
sexos.
= DIS = desunião,
dispersão.
= DUON = a)
meio, semi; b) parentesco
unilateral.
= EK = a) ação ou
estado incipiente; b) ação
momentânea; c) ação súbita;
d) ação menos intensa,
conforme sufixo ET.
= KVAZAU
= como que, como se.
Exprime comparação suposta
ou aproximada.
= MAL - O prefixo
'mal' forma sentido contrário
(antônimo).
Neoletria 346
=
MIS
=
erradamente, incorretamente,
impropriamente, em falso.
= NE, nen
determinativo negativo.
=
= POST (pos) =
posterior a, depois de.
= PRA = a) grau de
parentesco
imediato,
ascendente ou descendente;
b) afastado, remoto.
= RE = a) repetição,
reiteração; b) volta ao lugar
ou estado primitivo; c) idéia
de recuo, rebate, resposta.
= VIR - Na Língua
Portuguesa os substantivos
terminados em O, são
geralmente para seres ou
coisas masculinos, ficando,
em contrapartida a letra A
para o gênero feminino. Na
Língua Esperanto, a vogal
final
foi
especialmente
empregada como indicação
de classe gramatical. A
definição de sexo é feita
através de partícula. Os
nomes de seres masculinos
servem para designar as
espécies, independendo de
sexo. Para distinguir o
gênero masculino, empregase o prefixo 'vir'.
Neoletria 347
SUFIXOS (40)
Os sufixos são partículas invariáveis, que podem receber
desinência para definir classe gramatical, flexão de número,
tempo verbal, caso acusativo, etc.
Os ideogramas sufixos não têm a finalidade de abreviar as
palavras e nem de simplificá-las. O escopo é melhorar a
identificação da ideia a expressar.
As desinências de flexão poderiam vir embutidas nos
ideogramas sufixos, mas isso acarretaria enorme variedade, com o
aumento da complicação. Preferimos adotar na escrita a forma de
ideograma para a partícula sufixal e empregar o alfabeto nas
respectivas desinências.
Outra alternativa de destaque entre semantemas e anexos
pode ser efetuado pela alternância entre alfabetos diferentes na
mesma palavra; por exemplo: radical em Alfabeto Esperanto,
afixos em Fonogramas.
= ACH - indica mau
estado ou tom de desprezo.
= AJH - manifestação
concreta da ideia contida na
raiz.
= AD - a) que indica
ação em si mesma; b) ação
habitual; c) ação prolongada;
d) ação repetida.
= AN - membro ou
sócio, partidário, habitante.
Neoletria 348
= ANT > anta, antaj
- sufixo adjetivo de particípio
presente.
= AR - reunião,
conjunto de indivíduos ou
objetos do mesmo tipo ou
gênero.
= AT > ata = adjetivo
participial na voz passiva,
tempo presente.
= CHJ - p/ apelido
carinhoso - chj - masculino
(nj - feminino).
= NJ - p/ apelido
carinhoso - chj - masculino
(nj - feminino).
=
EBL
acrescentado a raiz de verbo
transitivo,
indica
possibilidade (quanto à ação
referente).
= EC - qualidade ou
estado; EC - como adjetivo =
semelhante a, da natureza de.
= EG - aumentativo;
aumenta,
amplia
ou
intensifica a ideia expressa
pela raiz. Também pode dar
outra ideia, mas com sentido
análogo, embora deturpado
(como 'portão' que não
significa 'porta grande').
= EJ - lugar de.
Neoletria 349
= EM - hábito,
inclinação ou tendência para.
= END - exprime
obrigatoriedade - que deve;
que precisa de; que tem de.
= ER - uma partícula
do todo.
= ET – sufixo
diminutivo,
aplicável
a
substantivos,
adjetivos,
verbos e advérbios. Diminui,
restringe ou atenua o
significado da raiz.
= ID - descendente ou
filho; jovenzinho de tal
espécie.
= IG - fazer; tornar.
= ES - desinência
indicativa
de
posse,
funcionando como sufixo dos
possessivos.
= ESTR - chefe
ou diretor de.
= IGH (idj) - indica
fazer-se, tornar-se. Pode-se
empregar o sufixo igh ou
acompanhar o verbo do
pronome oblíquo.
A função do sufixo
igh pode ser confundida com
a do prefixo ek.
Neoletria 350
= IL - instrumento,
meio, recurso, implemento
ou utensílio próprio à
consecução dum objetivo.
= IN = do sexo
feminino.
= IND - que é digno
de..., que merece ser... Ex:
ável, ível
=
ING
acrescentado ao substantivo
de objeto, cria o nome de
outro objeto usado para
segurar, sustentar ou guardar
o primeiro.
= INT > inta, intaj =
sufixo adjetivo participial
passado.
= IO = i + o
‘substantivador’
(partícula
‘o‘
da
substantivação),
terminação
sufixal
indicadora do nome de
grande número de países.
= ISM - a doutrina
ou sistema de algumas
pessoas e de seus adeptos.
= IST - pessoa que
tem a profissão ou se ocupa
com o que sugere a raiz;
adepto de.
Neoletria 351
= IT - ita = adjetivo
participial na voz passiva,
tempo pretérito.
= ONT > onta, ontaj
- sufixo adjetivo participial
futuro.
= NJ - p/ apelido
carinhoso feminino.
= OP - sufixo que
forma substantivos coletivos
derivados de numerais e de
outras
palavras
que
exprimem
quantidade.
Significa "em grupos de", ou
"todos juntos" ou "tantos
juntos".
= OBL - com este
sufixo
formam-se
multiplicativos numerais que
se juntam a numerais
cardinais,
dando
substantivos, adjetivos e
advérbios.
= ON - sufixo numeral
fracionário.
= OT - ota = adjetivo
participial na voz passiva,
tempo futuro.
=
UJ
–Ujo
(substantivo) - recipiente,
lugar ou objeto que contém
totalmente em si uma quantidade de objetos de espécie
definida pela raiz da palavra.
Neoletria 352
= UL - um ser
caracterizado como definido
pela raiz.
= UM - UMo, UMi expressa uma vaga relação
com a raiz. Ex: pronto aprontar; cheio - encher;
braço - abraço/abraçar.
Neoletria 353
XXX – IDEOGRAMAS MUSICAIS
Esta invenção ficou pronta em março de 2005 e foi revisada
e reformada em julho de 2006.
PROPOSTA
Escolhi a denominação de “ideogramas musicais” porque
esta notação é um sistema adequado de sinais para uma escrita
analítica das melodias.
Os ideogramas para notação musical são apresentados com
definição específica e simultânea para o tom (cada um dos doze
semitons), para a ‘oitava’ em que se situa e para o tempo (duração
de tom), sendo possível assim identificar com precisão o valor
negativo ou positivo e a frequência vibratória, faltando apenas
indicação de intensidade (volume sonoro) que segue aproveitando
as notações musicais tradicionais das partituras, porque essas
notas de interpretação não dependem de pentagrama.
Aquilo que se convencionou denominar oitava (intervalo
diatônico de oito graus), é de fato uma escala de doze semitons. O
décimo terceiro semitom, a contar do grave para o agudo, tem o
dobro da frequência vibratória do primeiro, repetindo-lhe o nome
e também sendo o primeiro semitom da ‘oitava seguinte.
Neoletria 354
Com esta definição em figura o ideograma musical tem,
além do tempo, um dos doze semitons numa das sete oitavas,
possibilitando assim a identificação de oitenta e quatro semitons
(sete oitavas) abrangendo quase todo o teclado do piano. São
desenhos simples e pequenos que em sequência formam a melodia
sem necessidade de pentagrama, nem de bemol, nem de sustenido.
O andamento e outras indicações podem ser identificados
por letras, palavras e outros sinais gráficos como nas partituras
tradicionais (pp, ff, Largo, Andante, Allegro, etc.).
As linhas horizontais do quadrinho indicam a oitava em
que a nota se insere; as linhas verticais indicam uma das doze
notas (tons e semitons); o círculo indica o tempo (a duração da
nota).
As pausas são definidas por meio de quadrinho vazio,
encimado pelo círculo indicativo do tempo.
Na apresentação deste invento, as figuras (ideogramas
musicais) estão em destaque e superdimensionadas para melhor
visibilidade.
CODIFICAÇÃO DAS OITAVAS
Modelo para as notas
musicais da primeira oitava
(a oitava mais grave do
piano).
Modelo para a segunda
oitava.
Neoletria 355
Modelo para a terceira
oitava.
Modelo
oitava.
para
a
sexta
Modelo para a quarta
oitava (a central).
Modelo para a sétima
oitava (a mais aguda do
piano).
Modelo para a quinta
oitava.
CODIFICAÇÃO DOS DOZE SEMITONS
Traços verticais superior e
inferior à esquerda, indicando a nota Dó (C).
Traços verticais inferior à
esquerda e superior no
centro, indicando a nota Dó
Sustenido - com nova
denominação - DU.
Neoletria 356
Traços verticais superior e
inferior ao centro, indicando
a nota Re´ (D).
Traços verticais inferior
ao centro e superior à direita,
indicando
a
nota
Ré
Sustenido - com nova
denominação - RU.
Traços verticais superior e
inferior à direita, indicando a
nota Mi (E).
Traços verticais superiores ao centro e à direita,
indicando
a
nota
Fá
Sustenido - com nova
denominação - FU.
Traços verticais inferiores
à esquerda e ao centro,
indicando a nota Sol (G).
Traços verticais inferiores
ao centro e à direita, indicando a nota Sol Sustenido com nova denominação –
SU.
Traços verticais superiores à esquerda e ao centro,
indicando a nota Fá (F).
Neoletria 357
Traços verticais superiores à esquerda e à direita,
indicando a nota Lá (A).
Traços verticais superior à
esquerda e inferior à direita,
indicando a nota Si (B) - com
nova denominação - SU.
Traços verticais inferiores
à esquerda e à direita, indicando a nota Lá Sustenido com nova denominação LU.
CODIFICAÇÃO DOS TEMPOS DAS NOTAS
O círculo indica a duração da nota (quadrinho preenchido)
ou da pausa (quadrinho vazio).
Circunferência
vazia
significa que a duração é de
uma
semibreve
(quatro
tempos).
Circunferência com traço
horizontal, duração de uma
mínima (2 tempos).
Neoletria 358
Circunferência com traço
vertical, duração de uma
semínima (um tempo).
Circunferência com uma
cruz, duração de uma
colcheia (meio tempo).
Circunferência com um
xis,
duração
de
uma
semicolcheia (um quarto de
tempo).
Círculo preto concêntrico
com um pequeno círculo
branco, duração de uma
semifusa (um dezesseis avos
de um tempo).
Pode-se empregar ligadura para unir duas ou mais
notas para serem executadas
como uma só.
O artifício de somar ao
valor (duração) de uma nota
à sua metade é resolvido
colocando-se o círculo mais
para a esquerda, acompanhado por um traço vertical à
direita.
Semibreve acompanhada
de um traço vertical vale seis
tempos.
Circunferência
concêntrica com um pequeno
círculo, duração de uma fusa
(um oitavo de tempo).
Neoletria 359
Mínima acompanhada de
um traço vertical vale três
tempos
(Mínima
mais
semínima).
Colcheia acompanhada de
um traço vertical vale três
quartos de tempo (colcheia
mais semicolcheia).
Semínima acompanhada
de um traço vertical vale um
tempo e meio (semínima
mais colcheia).
Semicolcheia acompanhada de um traço vertical vale
três oitavos de tempo
(semicolcheia mais fusa).
CODIFICAÇÃO DAS PAUSAS OU VALORES
NEGATIVOS
O quadrinho vazio indica que o tempo determinado pela
parte superior (círculo) é de pausa.
Circunferência vazia significa que a duração é de uma
semibreve (quatro tempos).
Neoletria 360
Todos os tempos de pausa são indicados igualmente aos
das notas, mas os respectivos quadrinhos são vazios.
OS COMPASOS
A separação entre compassos é feita por meio de um traço
horizontal separando a última nota de um compasso da primeira
nota do compasso seguinte.
Neoletria 361
XXXI – ESCRITA MISTA
O PRAZER DA LEITURA
Proponho a escrita mista, composta de palavras alfabéticas
em mistura com ideogramas como um modo de arte tipográfica
que pode ser facilitado por programa editor de texto em PC.
A assimilação do conteúdo impresso em escrita mista será
mais firme porque impressiona melhor a memória. A atenção do
leitor permanecerá cativada e com mais motivação do que
costuma ser na monotonia do texto puramente alfabético.
Uma leitura prazerosa será o prêmio daqueles que
estiverem devidamente alfabetizados em letras e ideogramas
modernos.
ESCRITA MISTA NA ANTIGUIDADE
No Egito
É sabido que no Egito antigo, há mais de quatro milênios
as mensagens eram já perenizadas sob a forma de ideogramas ou
pictogramas (hieróglifos). Em 1818 Thomas Young estudava a
decifração de textos hieroglíficos, quando percebeu que em
mistura com os ideogramas havia caracteres fonéticos. Ora,
Neoletria 362
sabemos que grande parte da nossa ‘modernidade’, como a
produção e consumo da cerveja, do vinho, dos cosméticos, etc.,
teve origem naquela civilização, porém nem tudo o que eles
sabiam teve continuidade na nossa ciência, entretanto no tempo
em que a configuração do modo de pensar e escrever favorecia
mais a imaginação, a admiração, o respeito, a ética e o modo
epopéico de ser, certamente os egípcios produziram a primeira e
insuperável maravilha do engenho humano, a Grande Pirâmide
(sem menosprezar os outros grandes feitos egípcios, tanto os já
conhecidos como os ainda não esclarecidos).
No Japão
Alguns séculos depois que os japoneses adotaram o
sistema ideográfico chinês, resolveram facilitar o estudo da língua
nipônica e o seu emprego. O problema era que milhares de
desenhos diferentes seriam necessários para expressar todas as
palavras que se avolumavam com os conhecimentos.
Devido à necessidade de memória excepcional para
conhecer tantos ideogramas, podemos crer que as pessoas com
habilidade suficiente para ler e escrever seriam raras, enquanto a
gente comum se mantinha na ignorância sem capacidade de se
informar e se expressar, como os animais domésticos.
“Falar é fácil, escrever é que são elas”, mas para falar, é
preciso pensar, e para um pensamento inteligente e ‘robusto’ as
palavras são matéria-prima e definição.
Os japoneses perceberam que, ao exprimir as ideias dos
conhecimentos abstratos ou concretos, era mais fácil e rica a
diversificação dos pensamentos sonorizados pelas palavras faladas
do que pelos desenhos dos kanjis (ideogramas). Memorizar
milhares de ideogramas (palavras inteiras) era muito mais
Neoletria 363
trabalhoso do que decorar alguns poucos sinais gráficos
correspondentes a frações sonoras das palavras que depois podiam
ser arranjados em milhares de combinações para configuração de
todas as idéias pronunciáveis existentes e as que viessem a existir.
Os nipônicos focalizaram a atenção mais na sonorização
das palavras do que na forma ideográfica. Eles aproveitaram
alguns elementos ou frações de kanjis para determinar as sílabas
das palavras em Japonês, facilitando o reconhecimento do fonema
pela fração da palavra desenhada. Assim completaram o sistema
Hiragana, com tantas sílabas diferentes quantas foram necessárias
para abranger os fonemas componentes do universo pronunciável
do Idioma. Eram relativamente poucos os elementos gráficos
(caracteres), mas suficientes para representar todas as palavras
conhecidas.
Devido ao intercâmbio comercial e cultural dos tempos
modernos, os japoneses desejaram evidenciar melhor as palavras
estrangeiras, para que não se confundissem com a linguagem
vernacular, vindo a criar para isso o Alfabeto Katakana, composto
dos mesmos fonemas do Alfabeto Hiragana, mas os caracteres são
originados por adaptação do kun-ten budista chinês, facilitando as
traduções.
Atualmente os japoneses usam quatro modelos nas suas
comunicações: Kanji (ideogramas), Hiragana, Katakana e Romaji
(Alfabeto Romano ou Latino).
A REALFABETIZAÇÃO PROPOSTA
A escrita mista aqui sugerida para os idiomas ocidentais é
uma mistura de ideogramas com alfabeto, e tanto pode ser pelo
modelo japonês, empregando o Alfabeto Nipo-Brasileiro em
consórcio com os kanjis, como pode ser pela mistura dos nossos
Neoletria 364
ideogramas com alfabeto de fonogramas apresentados neste livro
(Neoletria). A priori será efetuada por meio do microcomputador
e seu teclado, com alguns artifícios a serem criados na
informática.
A dificuldade da adoção de um sistema de ideogramas
seria o esforço no aprendizado de milhares de desenhos, mas os
nossos ideogramas solucionam esse problema ao abranger apenas
palavras comuns e serem legíveis em função da sua codificação.
Alguns livros poderão ser editados em escrita mista, outros
talvez não. Será uma questão de preferência. Ainda faltam estudos
para viabilizar a escrita dos ‘novos ideogramas’ como caligrafia
manual. Portanto não se trata de um modo exclusivo de escrever,
já que os manuscritos poderiam ser feitos basicamente em
alfabeto.
Antes de tudo, será necessário compreender a codificação
dos ideogramas e essa é a primeira realfabetização. A seguir
convém estudar a Proposta de Alfabeto Esperanto, encontrada na
quinta parte da NEOLETRIA e decorar os nomes das letras.
Depois de conhecer as 31 preposições, as 23 conjunções e
23 locuções conjuntivas; depois de identificar os 29 pronomes e
os 53 determinativos; depois de saber os 69 advérbios; em seguida
decorar os 15 prefixos e os 40 sufixos, tudo em Esperanto, será
fácil distinguir e ler os ideogramas, além de enriquecer os
processos da cognição. Decorar estes ideogramas seria como sair
de uma linguagem básica, ineficiente e confusa para o
conhecimento quase absoluto sobre a comunicação concisa, eficaz
e definida; seria como o aprendiz de pintor, que acostumado a
trabalhar com sete cores supostamente imiscíveis, descobrisse a
milionária possibilidade das nuanças.
A segunda alfabetização deve ser pelo Alfabeto Esperanto.
A lógica de modelo e padronização deste alfabeto é basicamente a
Neoletria 365
mesma que adotei para a codificação dos ideogramas, embora a
identificação não seja muito direta, porque a especificação para os
ideogramas foi realizada em quadro e a do alfabeto foi situada em
fração do quadro onde se encontra o fonema correspondente de
ideograma.
O estudo seguinte poderia ser a formação das palavras e
das frases pelo emprego de ideogramas e alfabeto em escrita
mista.
Ao compor palavras em ideogramas de afixos e
semantemas alfabéticos, já estaremos praticando a escrita mista.
Na escola o aprendizado segue até que o aluno saiba
aplicar na escrita, o máximo de ideogramas que conseguir. Esse é
um recurso a mais para a poesia, a expressão, a eloquência e o
estilo.
Para quem domina o idioma Esperanto, a escrita mista
ideal é de ideogramas com Alfabeto Esperanto, contanto que seja
naquela mesma língua.
Para quem queira praticar escrita mista fora do Esperanto,
também pode servir-se dos Ideogramas com os Fonogramas, e
assim pode ser em qualquer idioma compatível com as mesmas
classes gramaticais ou equivalentes das palavras comuns
existentes em Esperanto, inclusive afixos.
Nos casos em que determinado idioma não contenha uma
‘palavra comum’ que corresponda a ideograma para tradução
exata e aplicação em escrita mista, então será preferível o
emprego de palavras alfabeticamente, aplicando as mesmas da
definição do ideograma escolhido. Entretanto alguns ideogramas
que no Esperanto representam palavra, em outras línguas podem
representar grupo de palavras sem distorção de significado. Assim
definidos, os referidos ideogramas preenchem suas finalidades
satisfatoriamente e ainda tendem a enriquecer o acervo de opções
Neoletria 366
de afixos, determinativos, pronomes, advérbios, conjunções e
preposições que, aplicados dentro da convencionalidade, serão
absolutamente necessários para uma linguagem objetiva, coerente,
expressiva e eficaz.
Proponho que nas línguas cuja sintaxe funciona muito pela
desinência, essa terminação determinativa pode ser escrita em
alfabeto especial para evidenciar essa função.
PROVIDÊNCIAS DIDÁTICAS
Para que não sejamos sobrecarregados de ideogramas,
preferi restringi-los ao domínio das palavras comuns e que mais
frequentam as frases.
Um novo dicionário deverá apresentar as palavras em
caracteres latinos, seguidos das mesmas em caracteres fonogramas
(o alfabeto que estou propondo) e em ideograma quando for o
caso. Todos os ideogramas devem ser apresentados no referido
dicionário, mesmo aqueles cuja definição exija mais palavras por
não haver uma só que corresponda exatamente. Portanto, o tal
dicionário deve dispor de páginas especiais para os ideogramas e
respectivos comentários, possivelmente com exemplos em
citações.
São apenas 283 os ideogramas das palavras comuns e
afixos, entre vocábulos completos e partículas complementares.
É preferível evitar outros ideogramas além das palavras
comuns, para não criar confusão linguística, já que a língua
padrão destes ideogramas é o Esperanto, embora eles se prestem
para emprego em qualquer língua, desde que não seja criado atrito
gramatical.
Neoletria 367
ESTÍMULOS SUPLEMENTARES
São dois os sistemas de escrita que podemos sugerir em
uso simultâneo para melhorar o desempenho intelectual dos
leitores, cada um a seu modo.
A – O sistema de ideogramas, como recurso de iconicidade ou
simbologia, fornece elementos de base para a memória e para a
imaginação de forma analógica, pela univocidade entre a figurinha
e o lexema que ela desperta, proporcionando exercício intelectual
do hemisfério cerebral direito, com maior rendimento pela
economia de elaboração, ao comparar o símbolo com o que ele
representa, em vez de comparar a palavra com o que ela significa.
B – O sistema de alfabeto simples e monótono - em que o
exercício maior é a decifração ou decodificação; é a interpretação
e associação de ideias, estimulando o desenvolvimento no modo
digital mais abstratamente, exercitando o hemisfério cerebral
esquerdo, com elaboração intelectual mais complexa ou
trabalhosa.
O primeiro sistema sem a participação do segundo
ofereceria riqueza de sugestões para a especialização do
hemisfério cerebral direito, o qual reveste a imaginação de maior
consistência, mas suponho que, restrito a esse hemisfério, o
‘sistema iconizado’ permaneceria como ‘superprovedor’, sem
induzir fortemente o usuário a andar com desenvoltura no âmbito
mais abstrato dos pensamentos, conquanto estimulasse
diretamente os significados, com suficiente clareza e objetividade.
O segundo sistema exercita o hemisfério cerebral
esquerdo, ativando por frases formadas de palavras alfabéticas que
Neoletria 368
só sugerem vagamente as ideias. Por hipótese, esse tipo de
abrangência não exercita suficientemente a inteligência
emocional.
Alguns leitores que só percorrem sequências de palavras
alfabéticas conseguem estimulo da imaginação paralelamente,
mas grande parte só obtém impressão superficial com alguma
ambiguidade nas definições numa expectativa obscura; em vez de
perceber o significado, assimilam vagarosamente a descrição,
porque as palavras tendem a robustecer as fórmulas digitalmente,
horizontais nas combinações das letras, como também da
combinação dos seus fonemas como sons pronunciáveis, deixando
pouca margem para a imaginação criar o seu roteiro no assunto.
Em muitos casos a percepção é dúbia ou confusa, enquanto
enfraquece a ligação entre o significado referido e o objeto da
ideia. Mas com muito exercício o hemisfério esquerdo se
especializa e processa corretamente o teor.
‘Mal comparando’, enquanto o sistema ideográfico cria
seres imaginários e interativos na mente de quem lê, o sistema
digital cria rascunhos que serão desenvolvidos em figuras ou
permanecerão sombrios, dependendo do vigor intelectual do
leitor.
Parece que uma comparação aproximada do modo
excludente no emprego de um entre esses dois modelos de escrita
seria a leitura de uma estória em quadrinhos só com os desenhos,
e a leitura da mesma estória sem as figuras.
Um bebê pode demorar muito na fase do rastejo se não
dispuser de algum amparo inicial, como o ‘voador’. Dois
estímulos diferentes convencem melhor do que um só. Não é à-toa
que os apreciadores de música clássica desenvolvem melhor o
raciocínio matemático, ou que os matemáticos podem ser bons
apreciadores dessa modalidade musical.
Neoletria 369
Estou convencido de que é do estímulo simultâneo dos
dois hemisférios, sem descuidar do desenvolvimento da amígdala
cerebral, que resulta a melhor inteligência.
Os agentes e os fatores de processos intelectuais como
memória, imaginação, percepção do ritmo e do tempo; os meios
circunstanciais do intelecto como o sincronismo, a alternância, a
reciprocidade, a ordem sequencial, a analogia, a matemática;
enfim, a inteligência emocional, musical e todas as percepções
devem ser exercitadas para um desenvolvimento de consistência
mais abrangente que estimule todo o conjunto dos elementos
orgânicos e espirituais da inteligência humana, permitindo maior
realidade, abrangência, nitidez e energia ao pensamento.
O ENCONTRO DE ENTES CONHECIDOS NA LEITURA
Está descrito nesta sexta parte, ‘IDEOGRAMAS’, no
capítulo XXV ‘ESPECIFICAÇÕES’, no tema DESCRIÇÃO, um
sistema de ideogramas em que apenas os afixos e as palavras
comuns contam com representação ideográfica, enquanto os
radicais ou semantemas continuam a ser expressos apenas
alfabeticamente. Isto ensejará uma boa mistura e distinção das
funções das palavras no texto, com alguns ideogramas isolados e
outros em composições com radicais alfabéticos. Assim
aproveitamos o benefício da inclusão dos ideogramas com
economia. Palavras comuns são relativamente poucas no
vocabulário geral, porém muito freqüentes nos textos. Elas dão
sentido e compreensão imediata. Sem elas cada frase seria um
enigma difícil de decifrar.
Se for respeitada a boa sequência dos termos da oração de
acordo com a sintaxe; se a funcionalidade das palavras estiver
evidente e se estiverem observadas as regras de concordância,
Neoletria 370
então a construção frasal cumprirá plenamente a sua função de
passar sua mensagem, mas seguramente o texto impressionará
melhor se diferentes códigos forem bem empregados, compondose o digital com o analógico, evidenciando a função gramatical de
cada termo frasal; parece que ao mantermos a ocupação de ambos
hemisférios cerebrais numa leitura, nós evitamos pensamentos
invasores; portanto facilitamos uma compreensão profunda. Isso
só poderá ser possível se a tipificação e a codificação forem
balizadas pela máxima congruência e constância de
convencionalidade porque assim o leitor passeia a vista pela frase
como quem percorre com desenvoltura uma rodovia corretamente
sinalizada, ocupando a atenção sem equívocos nem desperdícios.
Muita gente confunde advérbios com adjetivos, conjunções
com preposições, etc. porque algumas dessas palavras são
semelhantes tanto em forma quanto em significado, porém ao
sanear as confusões clareia a compreensão. Pouco resolve o
trabalho de decorar as palavras de cada grupo, é necessário
entender as funções categoremáticas. O problema é o desperdício
de tempo e paciência ou a debilitação da clareza mental provocada
pelos defeitos de formulação do modo de pensar.
Um fator necessário e importante na percepção e na rápida
identificação das letras é o nexo da semelhança entre os caracteres
e respectivos fonemas. É por isso que no sistema de fonogramas,
assim como no da codificação dos ideogramas propostos nesta
Neoletria existe uma progressividade semelhante entre a
diferenciação dos caracteres e a dos fonemas, que intensifica a
rápida caracterização, facilitando o aprendizado e a destreza no
reconhecimento das letras e das palavras.
Antes da definição daquilo que uma palavra sugere ela tem
de ser reconhecida e identificada, mas nem sempre isso é fácil; os
problemas de compreensão das pessoas que soletram para dizer as
palavras não terminam quando elas dominam a leitura ‘dinâmica’
Neoletria 371
porque ainda fica a necessidade do adestramento em sintaxe para
assimilar rapidamente frases de bom padrão; mas também isso
esbarra na confusão quando falta dominar as funções das
categorias gramaticais.
A percepção imediata do significado referido pela palavra,
sem necessidade de laboriosas escolhas, classificações e analogias
com fórmulas e regras libera atenção para facilitar a assimilação
da oração, do rifão, do provérbio, da recomendação, da sentença,
da anedota ou da fofoca.
ATENÇÃO FOCALIZADA
Ao criar o alfabeto para a língua Esperanto foi necessário
considerar um vínculo lógico entre o alfabeto e os ideogramas,
para facilitar a memorização e favorecer um senso de ortodoxia e
sensação de verdade estética. Temos aí um caminho para
prosseguir na evolução intelectual: estudar o idioma Esperanto, o
seu novo alfabeto e os ideogramas, para depois praticarmos a
escrita mista e a respectiva leitura. Entretanto estes ideogramas
poderão ser mesclados com qualquer um dos alfabetos.
A escrita mista de ideogramas e alfabeto, em que as ideias
aparecem mais bem definidas, distintas e identificadas estimula e
ativa a compreensão da leitura que assim percorre uma linha mais
acidentada e notável. Não é monótona e imprecisa como na nossa
escrita tradicional, que por isso tende a dispersar a atenção pelas
vias de assuntos invasores.
Em texto, ou em qualquer exposição de assunto por
escrito, existem palavras decisivas e palavras auxiliares, que
obviamente são as palavras comuns. Durante uma leitura, quando
precisamos discernir o significado das palavras comuns, se
titubeamos entre pronome ou artigo para determinado termo, a
Neoletria 372
atenção fica espalhada, dissipada e desfocalizada do contexto. Na
escrita mista, de ideogramas e palavras alfabéticas, os ideogramas
evocam os seus verdadeiros significados diretamente, sem
hesitação e sem perda de acuidade sobre o tema tratado no texto,
evitando sequestros improdutivos de atenção.
Quem confunde advérbios com adjetivos, determinativos
com pronomes e artigos, conjunções com preposições; quem não
distingue a diferença de função entre um ponto e uma vírgula;
quem faz confusão entre período ou lapso (tempo) com espaço ou
intervalo (volume, distância); quem confunde espaço que é
tridimensional com área e superfície que são bidimensionais,
pessoas assim sentem-se perplexas e oprimidas pelo peso das
incongruências, incertezas e imperfeições que esta civilização
ainda não conseguiu depurar. Essas pessoas precisam fortalecer o
siso. Necessitam exercitar a percepção com uma linguagem mais
objetiva, mais correta, e mais definida; devem exercitar mais a
inteligência lógica para dispor de meios de observação e atenção
firmes e desembaraçados. Mas nada disso dispensa uma didática
eficiente para vencer o ‘analfabetismo funcional’.
Se os estudantes brasileiros não sabem explicar bem o que
leem, o problema pode ser amenizado por meio de uma
realfabetização em codificação mais eficiente. Mas a perplexidade
é mais complexa; uma cultura viciada em corrupção e tolerância
com os engodos e as falsidades, precisa começar a rever os seus
parâmetros e as suas malícias, porque a precisão, a justeza e a
lógica são valores fundamentais apenas para quem quer ser
correto. Para quem gosta de chafurdar-se no esgoto, pouco resolve
apontarmos um bom caminho de banquete.
Neoletria 373
RECOMPOSIÇÃO DA SENSIBILIDADE
Durante uma leitura composta de ideogramas alternados
com elementos alfabéticos, o desfile não será de meras letras que
se combinam para formar palavras que dependem de significados
variáveis, de semântica incerta, para depois elaborarmos a
acepção. O desfile será o dos próprios significados, gerando maior
clareza e compreensão mais imediata.
Um texto, como este que você está lendo, é uma sequência
de palavras que diferem entre si, mais pela extensão do que pela
expressão. Os nexos sintáticos dão curso lógico aos pensamentos
expressos, de forma a facilitar o entendimento por parte de quem
lê, mas se a categoria gramatical fosse observável na morfologia
da palavra, sem necessidade de análise da função categoremática
já teríamos uma melhor ferramenta para a percepção e o
entendimento. Aplicando pequenos ícones para as palavras mais
empregadas, em forma de ideogramas, a compreensão estará ainda
mais brilhante e mais instantânea.
Para recompor a sensibilidade cauterizada pela mesmice
das nossas palavras, e a confusão das nossas letras, que talvez
sejam motivos do ‘analfabetismo funcional’, seria interessante a
nossa realfabetização em alfabetos mais adequados. Com isso o
nosso dom de pensar ganharia qualidade, nitidez e intensidade.
Espero que assim a humanidade possa evoluir em compreensão,
paz e solidariedade.
Para compreender a estruturação dos ideogramas será útil
o conhecimento gramatical da língua Esperanto, o que não se
constitui grande obstáculo, devido à sua simplicidade e
regularidade.
Neoletria 374
SÉTIMA PARTE
ALFABETO
NIPO-BRASILEIRO
ESCOPO
Alfabeto Nipo-Brasileiro é uma composição com o
Alfabeto Katakana complementado com vinte e oito novos
caracteres, totalizando noventa e nove, para possibilitar o seu
emprego em linguagem brasileira aplicando o sistema silábico.
O interesse por um alfabeto nipo-brasileiro tem como
objetivo e motivação acrescentar uma opção estética e um fator de
distinção que poderá servir para incrementar significado, intenção
e poesia em textos especiais e ao mesmo tempo encorajar a
Neoletria 375
simpatia e o interesse dos brasileiros pelo estudo da cultura
nipônica. Obviamente é uma boa opção de exercício intelectual na
área de linguística.
Havendo aprovação pública suficiente, pode-se cogitar
sobre o pedido de licença para que as autoridades nipônicas e
brasileiras autorizem a oficialização deste alfabeto criando
condição para a sua introdução como disciplina escolar onde
couber.
No começo de abril do ano dois mil e quatro este alfabeto
já estava pronto, mas a argumentação foi reforçada e terminada
em trinta de setembro de dois mil e oito.
Merlinton João braff
Neoletria 376
XXXII – A PROPOSTA
PORTUGUÊS EM ALFABETO NIPÔNICO
Percebi que os descendentes de japoneses estão com
dificuldade em dominar o idioma dos seus antepassados, o que
pode ser considerado como um lastimável desgaste cultural.
Com o propósito de oferecer apoio e incentivo a um povo
que venceu preconceitos e conquistou a simpatia dos demais
brasileiros, igualando-se em cidadania e patriotismo, proponho um
complemento de alfabeto, visando colaborar com o
desenvolvimento da cultura nipônica no Brasil para favorecer o
intercâmbio cultural, tecnológico e comercial entre o Brasil e o
Japão. Uma das finalidades é a de proporcionar mais uma
facilidade para o aprendizado do Japonês como segunda ou
terceira língua aos interessados, uma língua que tem a vantagem
de disponibilizar maior riqueza de símbolos na linguagem escrita,
o que gera maior poder e nitidez de imaginação no exercício do
pensamento.
Não há motivo para o temor de incentivar o Idioma
Japonês no Brasil ou de prejuízo para a soberania nacional. O
verdadeiro Brasil é muito mais do que os seus povos autóctones
com dúzias de dialetos; é mais do que as colônias de imigrantes
Neoletria 377
portugueses ou italianos, japoneses ou alemães e os respectivos
sotaques; o Brasil é maior do que as suas colônias de imigrantes
judeus ou poloneses, árabes ou russos, espanhóis ou latinoamericanos, suecos, africanos e os folclores concernentes; que
formam grupos isolados ou integrados, mas todos muito bemvindos para o enriquecimento da nossa diversidade, da nossa
cultura e das nossas possibilidades de discussão para adequação e
comunhão de opiniões.
É pela convivência amigável e solidária dos brasileiros de
todas as cores que existem fundadas esperanças no campo da
curiosidade impulsionadora de pesquisa científica e formação de
tecnologia; o Brasil é uma riqueza incomensurável pela variedade
de todas as culturas que aqui vieram somar e se desenvolver em
harmonia. Este país é cadinho e amálgama cultural que produz as
experiências mais fascinantes, onde podem surgir as sugestões
mais adequadas para a evolução social, contanto que a
comunidade possa contar com uma coordenação mais efetiva;
contanto que saibamos catalisar a química intelectual da nossa
miscigenação.
Ouve ocasião em que o Governo Brasileiro ‘fiscalizou’ a
cultura dos imigrantes, e empreendeu campanhas de
nacionalização de colônias a ponto de proibir o ensino de língua
estrangeira nas escolas primárias. Naquele tempo existiram
motivos que há muito se extinguiram; portanto está na hora de se
incentivar em vez de reprimir. Agora basta reprimir os desonestos,
sejam estrangeiros ou brasileiros. Este é o momento de
fraternidade entre os semelhantes; é tempo de almejar melhor
distribuição de renda, méritos e oportunidades, sem discriminação
de raça, credo, sexo, classe de renda. Cada cidadão tem o direito
de conquistar os seus legítimos méritos sem ser obstado por ciúme
ou inveja dos preconceituosos. Já não temos porque temer a
transferência de nacionalidade ou a perda da soberania sobre as
Neoletria 378
nossas ‘colônias’, a não ser as indígenas fronteiriças (que nem
colônias são).
O Português já se consolidou como língua nacional. Desde
a fronteira uruguaia até o Acre, Roraima, Amapá e Rio Grande do
Norte o idioma reconhecido como brasileiro é o Português. Quase
duzentos milhões de lusófonos brasileiros. Não seria desejável no
Brasil uma ‘babel’ de idiomas, como também é inconveniente
ignorar as outras línguas. O que importa é a máxima diversidade
de conhecimentos compartilhados, sem prejuízo ao bom
entendimento.
A criação de caracteres complementares ao alfabeto
Katakana (escopo desta obra), que resulta no Alfabeto NipoBrasileiro visa incentivar as pessoas a exercitar-se em Português,
mediante um alfabeto que facilite a leitura de textos nipônicos,
exercitando o costume de ler, pensar e escrever no modo silábico
a fim de tornar mais acessível o aprendizado da Língua Japonesa
aqui no Brasil.
Longe de tentar induzir os brasileiros a abandonarem o seu
modo tradicional de aprendizado, o objetivo desta invenção é
apenas o de oferecer mais uma opção. Por sorte, muitas pessoas
poderão encontrar aqui renovação de interesse pelo estudo.
A adoção do Alfabeto Nipo-Brasileiro como estou
sugerindo, não implica em abandono da mistura de letras romanas
(Alfabeto Latino) com alfabetos nipônicos. Visa de fato
acrescentar uma opção estética e um fator de distinção que poderá
servir para incrementar significado, intenção e poesia em textos
especiais e ao mesmo tempo encorajar a simpatia e o interesse dos
brasileiros pela cultura nipônica.
Neoletria 379
O SISTEMA NIPÔNICO DE ESCRITA
No atual sistema nipônico de escrita, e suas regras para a
composição das palavras, não existem caracteres consoantes
juntas na mesma sílaba (embora algumas ‘letras’ silábicas
apresentem difonia consonantal), a não ser nas palavras
estrangeiras em Alfabeto Romanji (ou Romano). Além disso, nas
sílabas compostas de consoante e vogal, o fonema vogal é quase
sempre seguinte (tem SA, e não AS; RA, e não AR, etc.). Portanto
os imigrantes no Brasil demoram a aceitar a pronúncia dos
‘nossos’ dígrafos. É por isso que apresentam um sotaque
característico quando aprendem a falar a nossa língua, que é tão
diferente do seu sistema de escrita, expressão, comunicação e
pensamento.
No terceiro século da nossa era (d.C.) os japoneses
adotaram o sistema chinês de escrita, que na China até hoje
consiste apenas de ideogramas (atualmente são mais de 56 mil
ideogramas). Mas alguns séculos depois os japoneses inventaram
um alfabeto silábico, aproveitando partes de desenho de alguns
ideogramas como sílabas das respectivas palavras, para
representar fonemas sem significados próprios, que ao contrário
dos Kanjis (ideogramas ou desenhos das idéias), são caracteres
que podem ser articulados compondo palavras como as que são
pronunciadas à vista desses ideogramas íntegros. Desse modo foi
possível montar um alfabeto representativo de todas as sílabas da
fonética nipônica. Esse alfabeto facilitou a representação gráfica
das palavras, tornando desnecessária uma quantidade gigantesca
de símbolos que tornaria mais difícil o aprendizado da língua.
O primeiro alfabeto silábico japonês é denominado
“Hiragana” (pronuncia-se hiráganá, em que “hira” significa fácil).
Era inicialmente composto de 46 caracteres. Assim é fácil
Neoletria 380
imaginar a dificuldade da comunicação escrita durante terceiro e
quarto séculos depois de Cristo no extremo oriente.
Não é fácil a contagem dos fonemas nipônicos pelos
nossos critérios nem os nossos pelos critérios deles. Eles têm
variações fonéticas que para nós são insignificantes e nós temos
fonemas que para eles podem ser considerados irrelevantes.
Atualmente o Hiragana compõe-se de 71 caracteres,
incluindo cinco vogais isoladas, as sílabas compostas de
consoante + vogal e uma única consoante pura, a letra N. Existem
ainda cerca de 33 outras sílabas vernaculares, mas são compostas
por dois caracteres cada uma.
Durante o século XX a escrita do Japão adotou o Jôyo
Kanji (de ideogramas), em número de 2.111, sendo que 1.945
desses caracteres são os mais usados. As palavras comuns como
advérbios, preposições, etc., e outras não simbolizadas por Kanji,
são grafadas em Hiragana.
Juntamente com os caracteres silábicos Hiragana e com os
ideogramas Kanji, existe outro alfabeto silábico, o Katakana
(pronuncia-se katákaná), criado por adaptação do kun-ten budista.
Este alfabeto auxilia na compreensão da pronúncia do Mandarim
chinês, que é muito diferente da Língua Japonesa. O Katakana é
empregado em documentos oficiais e para palavras de origem
estrangeira. O Alfabeto Romano (Latino) também é empregado na
escrita nipônica, para uso nas traduções do Inglês ou de outras
línguas ocidentais para o Japonês.
Como vimos acima, os japoneses contam com
instrumentos de comunicação de grande eficácia na simbolização
e clareza dos pensamentos. As palavras adquirem realce no texto,
de acordo com o que significam ou com a função gramatical que
exercem. Os ideogramas são como ícones das ideias, tornando-as
mais perceptíveis, facilitando a imaginação e articulação dos
Neoletria 381
pensamentos e possibilitando de certa forma a ‘visualização’ até
de significados abstratos. É muito eficiente para a exteriorização
da inteligência que assim se exprime em linha acidentada como
um caminho natural, ao passo que na nossa escrita ocidental, as
letras formam como uma linha lisa e monótona parecendo um
caminho artificial com quase nada a reparar como notável ou
adequado para associar imagens mentais.
Estudos e pesquisas demonstram que grande parte dos
estudantes brasileiros não entende bem o que lê. Certamente o
problema não é racial, mas pode ser cultural e linguístico.
AMPLIAÇÃO DO KATAKANA
O alfabeto Katakana é excelente para a sua finalidade
precípua, qual seja, escrever ofícios e outros documentos e para
adaptar palavras estrangeiras ao idioma japonês. Com a escalada
do Japão como a potência econômica que é, e ainda considerando
ser o Brasil este país onde existem mais japoneses fora do Japão, e
assim como eles aqui nós também temos muita presença lá,
ocasionando intenso intercâmbio de cultura, de mão-de-obra e de
mercadorias; salta à vista a necessidade, que temos aqui, de
melhores condições para o maior entendimento entre os nossos
povos.
Nós brasileiros necessitamos de mais facilidades para
aprender o Japonês e os japoneses necessitam de melhorar as
condições de aprender o Português.
Assim como os nipônicos encontraram uma solução para o
seu entendimento dos assuntos estrangeiros, inclusive pela
aceitação do Alfabeto Latino para as palavras estrangeiras, como
nomes próprios, etc., definindo o modo de proceder na versão para
o Japonês, das palavras que apresentam combinações fonéticas
Neoletria 382
inexistentes no seu idioma, assim também nós brasileiros devemos
facilitar mais o nosso entendimento dos assuntos japoneses, por
meio de acréscimo de caracteres ao Alfabeto Katakana para o
nosso uso, que possibilitem aplicação desse alfabeto silábico para
as nossas palavras, para que sejam pronunciadas a nosso modo.
Considerando as justificativas e conveniências, estou
sugerindo aqui e agora a oportunidade de adotarmos caracteres
complementares ao Katakana, de modo a dispor de um alfabeto
híbrido para a escrita em Português segundo o modo silábico do
Japonês complementado, para disponibilidade de uma segunda ou
terceira alternativa de escrita, servindo a quem interessar, e para
ser uma ponte de aproximação entre os dois idiomas.
Pelo aspecto, as novas letras devem parecer como fazendo
parte característica do Katakana.
Preservando uma boa aproximação com a ortografia
japonesa, as novas letras (Katakana complementar) só devem
figurar nas palavras quando isso for estritamente necessário.
Devem ser mantidas as antigas regras nipônicas sempre que
possível, empregando preferencialmente as ‘letras’ silábicas onde
couber.
Quando os brasileiros descendentes de japoneses estiverem
familiarizados com esta nova escrita para comunicar-se em
Português, eles terão maior facilidade para aprender a língua
japonesa porque já estarão suficientemente alfabetizados para uma
escrita e leitura simplificada daquele idioma, abrindo caminho
para um maior interesse no estudo da língua. Os brasileiros que
aprenderem este alfabeto terão mais facilidade de conhecer os
Kanjis para seu emprego em Português. Bastará um dicionário
desses ideogramas em que as figuras sejam descritas (legendadas)
diretamente em Português, mediante o Alfabeto Nipo-Brasileiro, e
Neoletria 383
com a tradução para o Japonês, apenas como contribuição
informativa.
Assim como os nipônicos e os chineses podem ler os
mesmos Kanjis em línguas muito diferentes, os brasileiros
também poderiam ler aqueles ideogramas em Português.
Neoletria 384
XXXIII – SISTEMATIZAÇÃO
USO PROPOSTO
As normas propostas adiante não afetam em nada a língua
e a gramática do Japão, pois foram elaboradas apenas para
viabilizar o emprego deste alfabeto Nipo-Brasileiro no idioma
falado no Brasil (embora sendo desejável a adesão de outros
países, já que o autor/inventor o considera de domínio público
desde o surgimento, com restrição apenas à sua exploração
econômica), além de facilitar o aprendizado da língua japonesa
pelos brasileiros. A nossa liberdade de estudar o Katakana,
aproveitar os seus benefícios intelectuais e estendê-los aos
simpatizantes, é semelhante à dos nipônicos quando tiveram a
iniciativa e o direito de utilizar o Alfabeto Latino ou Romanji
(então já de domínio público) como um dos seus alfabetos, direito
que deve ser respeitado e incentivado.
As regras abaixo relacionadas são colocadas apenas como
proposta inicial para o uso deste alfabeto misto. Quando for
instituído um órgão, uma comissão ou academia para ser guardiã e
mantenedora deste sistema, esse grupo terá total liberdade para
efetuar aperfeiçoamentos.
Neoletria 385
REGRAS BÁSICAS
O Alfabeto Nipo-Brasileiro é composto de duas partes: a
original Katakana nipônica e a parte adicional ou complementar,
ora proposta.
No caso de dígrafos como em Prato, GLobo, Crítica,
PneU, BLefe, Bruma, aTrito, IMPLacáveL - compomos com
caracteres correspondentes a P-RA-TO, A-T-RI-TO, I-M-P-L-ACÁ-V-E-L. As letras em negrito devem ser substituídas pelo
alfabeto complementar. Obviamente as sílabas diferentes do
modelo Katakana serão compostas com os novos sinais gráficos
(alfabeto complementar proposto).
Como as vogais do Katakana original são apenas cinco, ou
seja, Á, Ê, I, Ô, U, criamos letras também para as vogais Ã, É, Ó,
Õ. Desprezamos a nasalização das vogais I, U E, apenas com o
intento de evitar complexidade excessiva ou desnecessária na
fonética brasileira, e aproveitando para implementar um pequeno
toque característico de pronúncia especial, para que este alfabeto
preencha no imaginário uma maneira de pensar (e falar), sem risco
de que a pronúncia torne-se incompreensível.
Em P-RÁ-TI-CO, separamos a primeira consoante P como
letra do alfabeto complementar, ficando todas as outras (RÁ-TICO) pelo alfabeto silábico original. Nas sílabas terminadas em
consoante como em A-TO-R, PA-PE-L, LÁ-PI-S, aplica-se a
consoante isolada (do alfabeto complementar) como adicional da
sílaba a que pertence.
As sílabas que seriam supridas pelo alfabeto primitivo
(Katakana), mas têm na pronúncia uma daquelas vogais que
figuram no alfabeto complementar (AC) como, Ã É, Ó, Õ, serão
compostas totalmente pelo AC (consoante + vogal).
Neoletria 386
Para manter a clareza e univocidade entre os étimos e sua
representação gráfica; tendo também a intenção de chegar à
condição de interface deste conjunto de caracteres entre a Língua
Portuguesa e a Língua Japonesa, recomenda-se definição
inequívoca do emprego fonético do Alfabeto Nipo-Brasileiro. A
escrita em Português por meio deste alfabeto não segue critérios
da ortografia etimológica. Suas diretrizes fundamentam-se
fonologicamente. Assim, G nunca funciona como J; S nunca
funciona como Z; Y é I breve; W é U breve e não se confunde
com V; R é sempre fraco (surdo) no início, meio e fim de
palavras; a letra do AC (alfabeto complementar) correspondente a
RR é sempre forte (sonoro), trinado, vibrando a ponta da língua.
Omite-se da nova escrita a representação da letra H das palavras
que não apresentam função fonética em Português. Ex: honra =
õrra. Os fonemas que em Português correspondem a LH e NH são
sempre escritos em letras do AC criadas para esses fonemas.
São consideradas erradas as tentativas de ‘regionalizar’
pronúncias estranhas às aqui definidas, ou seja, apelidar
foneticamente como se assim estivesse ‘adaptando’ a um
‘caipirismo’ regional.
FORMATO E DISPOSIÇÃO DAS LETRAS NA ESCRITA
Todas as letras ocupam dimensões iguais, tanto na
horizontal quanto na vertical; circunscrição quadrada. Para este
sistema, abrimos mão da economia de intervalo que seria
possibilitada por maior aproximação, quando na sequência uma
letra não ocupa uma área de piso e a outra não ocupa a área do
teto. Ex. LT; as áreas ociosas ajudam a distinguir melhor uma
letra das outras na composição das palavras, contanto que não
Neoletria 387
fique confusão entre o ‘espaço’ entre letras com o que se coloca
entre palavras.
Atualmente, aproveitando a comodidade decorrente da
informática, podemos, para maior distinção do campo ocupado
por cada letra, preencher o fundo (aquela parte do quadrinho
gráfico da letra que ficaria em branco) com uma cor clara
diferente da cor geral da página. Assim uma letra seria não apenas
o traço, mas também o campo a ela pertencente.
O intervalo mínimo entre duas palavras pode ser igual ao
de um caractere; pode-se separar as sílabas umas das outras, na
mesma palavra, por um espaço de meio caractere; as componentes
de uma sílaba, inclusive consoante adicional quando tem,
separam-se umas das outras por um intervalo igual a um quarto da
dimensão do caractere; assim um fonema isolado, porém
pertencente a uma sílaba, fica mais próximo daquela a que
pertence do que da sílaba seguinte ou precedente, ou seja, a
separação entre palavras pode ser dimensionada no mínimo como
o duplo da separação entre sílabas e esta separação deve ser o
dobro da distância entre letras da mesma sílaba. Este ideal de
separação dos intervalos entre letras será facilmente alcançado se
for automatizado em editoração de texto por via PC.
Com o desenvolvimento da informática, brevemente será
possível melhorar a evidência da classificação gramatical das
palavras mediante uma codificação padronizada com uma cor
diferente para cada classe gramatical, a ser incluída como pano de
fundo nos quadrinhos das letras, melhorando assim a percepção
lexical, facilitando a visualização sintática da frase, tornando os
caracteres mais reconhecíveis e os textos mais assimiláveis. Essa
diferenciação semasiológica enseja pesquisas de soluções para
resolver o analfabetismo funcional.
Neoletria 388
VALORES FONÉTICOS
Tendo em vista que a Língua Portuguesa é falada em
diferentes partes do globo terrestre, com grande variação de
sotaques e considerando que o Alfabeto Nipo-Brasileiro não
representa as letras latinas, mas sim os sons de pronúncia; fica
estabelecido que as letras que acompanham os caracteres na
descrição deste novo alfabeto não identificam caractere por letra,
e sim caractere por fonema, como pode ser se considerarmos os
valores fonêmicos de conformidade com o padrão de pronúncia do
jornalismo das principais emissoras de televisão do Sudeste do
Brasil. Não por eleger o ‘sotaque’ dessa parte do Brasil como o
melhor português padrão mundial, mas pela simples necessidade
de uma referência e também porque é nessa região que se
concentra a maior população falante deste idioma. Este padrão
fonêmico indicado para o Alfabeto Nipo-Brasileiro não deve ser
deturpado por ‘estilos’, caipirismos e outros regionalismos.
Não há destaque por sinal de acentuação em sílaba tônica
de palavras da Língua Portuguesa escritas em Alfabeto NipoBrasileiro.
Não será considerada errada a leitura de texto em
Português, composto em Alfabeto Nipo-Brasileiro, por não
destacar as sílabas tônicas ou por pronunciar todas as palavras
com mais de uma sílaba como paroxítonas.
ALFABETO NIPO-BRASILEIRO E OS DIALETOS
Estando definida e caracterizada a pronúncia oficial para
cada caractere deste novo alfabeto, nada impede o emprego da
variação de letras na composição de palavras, segundo o sotaque
de cada região, tendo em vista motivos especiais, visto que o
Neoletria 389
emprego deste alfabeto misto não está oficializado para
documentos e a fidelidade almejada é a de cada letra com o
respectivo fonema. Posteriormente deve ser instituído um
vocabulário ortográfico para fins oficiais.
Para cada nova letra um único fonema. Tomando como
exemplo de comparação: o caractere que corresponde à letra R
poderá ser substituído pelo da letra H em alguns povoados onde
não se pronuncia R trinado; em outros o caractere da letra S em
final de palavra pode ser substituído pelo de X onde encaixar,
inclusive como indicativo de plural. Cada pessoa, depois de
perfeita compreensão dos valores fonéticos e suas representações
já especificadas para o Alfabeto Nipo-Brasileiro, poderá
livremente escolher os elementos fonêmicos (caracteres) que
melhor se enquadram ao seu modo de falar, respeitando
principalmente o público alvo. O importante é que ao ler um texto,
qualquer leitor saberá pronunciá-lo como quem o escreveu.
A colocação acima abre espaço para utilização deste
mesmo alfabeto por outros idiomas, mesmo que seja necessário
um pouco de adequação à pronúncia como se este alfabeto
originasse levemente um dialeto com um sotaque especial, fora do
vernacular, já que alguns fonemas de outra língua não terão um
caractere perfeitamente adequado no Alfabeto Nipo-Brasileiro.
Para não deturpar o padrão fonético deste alfabeto, é
preferível que os usuários estrangeiros empreguem-no com
pronúncia correta, embora para eles resulte em sotaque. Se não
conseguirem, podem acrescentar mais alguns fonogramas
(caracteres), para que todos os usuários internacionais que se
interessarem possam empregá-los corretamente sem deturpações,
mas a meu ver esse acréscimo de caracteres deve aguardar e
respeitar anuência da comissão ou academia a ser instituída para
este sistema.
Neoletria 390
A proposta do emprego do Alfabeto Katakana aditivado
como alternativa interessante da escrita brasileira em Português,
não exclui a mistura dos alfabetos nipônicos com o latino
(Romano). Eu não quero ditar norma nesse caso, porque se já está
em vigor, ou em uso corrente, não tenho o que acrescentar.
Contudo, é imprescindível recomendar que não se misture o
Alfabeto Nipo-Brasileiro com o Latino, porque isso causaria
desnecessária confusão na pronúncia e derrubaria o propósito e a
estrutura gramatical aqui elaborada.
MODOS DE ESCRITA E DIVISÃO SILÁBICA
O Alfabeto Nipo-Brasileiro pode ser escrito manualmente
a lápis, caneta, etc., contanto que sejam grafadas
aproximadamente como os desenhos aqui apresentados, e com
distinção suficientemente para os caracteres não se confundirem
entre si ou com os do Hiragana e os Kanjis. Se ideogramas forem
misturados nesta escrita, podem ser os mesmos Kanjis japoneses.
Encontrados em revistas especializadas, como “A Arte do
Ideograma” http://www.editoraonline.com.br. Um livro recomendado é o DICIONÁRIO BÁSICO JAPONÊS-PORTUGUÊS
editado por Massao Ohno / Aliança Cultural Brasil-Japão.
A divisão silábica preconizada para emprego do Alfabeto
Nipo-Brasileiro não coincide exatamente com a gramatical do
Português em letras latinas, mas cada sílaba só tem uma vogal,
acompanhada ou não de consoantes e semivogal. Uma sílaba
prefixal (de prefixo) não pode ceder a sua última consoante para a
sílaba seguinte quando iniciada por vogal. Ex: bi-sa-vô, ci-sal-pino, de-ses-pe-ro, tran-sa-tlân-ti-co. A função etimológica das
partículas das palavras é muito importante para a sua
Neoletria 391
compreensão. Portanto, o correto nessa divisão é: bis-a-vô, cis-alpi-no, dês-es-pe-ro, trans-a-tlân-ti-co.
Como o Alfabeto Nipo-Brasileiro é fonêmico, cada caso de
consoantes dobradas ou digramas como rr, ss, sc seguidas de e ou
i, são representadas apenas por uma letra deste alfabeto, correlata
ao caso. Quando em Português são duas letras iguais para dois
fonemas diferentes, em Nipo-Brasileiro adotam-se dois caracteres
diferentes; porém se é vogal dobrada cuja pronúncia seja de uma a
uma, dividem-se ficando uma para cada sílaba. Ex: veemente,
cooperar = ve-e-men-te; co-o-pe-rar, etc.
Neoletria 392
XXXIV – OS CARACTERES
UNIFONÊMICOS
Mistura de parte do Katakana (cinco vogais e a letra
equivalente a N), com os 28 caracteres que foram criados em
estilo aproximado desse alfabeto para juntamente com este,
compor a proposta de Alfabeto Nipo-Brasileiro. Este alfabeto
servirá para escrever em Português de acordo com o sistema
silábico nipônico.
DEFINIÇÃO FONÉTICA DOS CARACTERES
Empregam-se letras originais Katakana segundo a
gramática nipônica em sua estrutura vernacular. Já as letras novas
incorporadas funcionarão como artifício restritamente em
combinações fonéticas estranhas àquela gramática.
A - a aberto, Katakana original, soa como o nosso ‘a’ de
aumentar, altura, árvore,
abacate, abraço, absinto.
à - nasalado, Alfabeto NipoBrasileiro, soa como ‘ã’ de
mão, melão.
Neoletria 393
Fonema inexistente em
Katakana, sendo, portanto,
empregado em todas as
palavras
'brasileiras'
ou
estrangeiras compostas com
este fonema.
Dispensa consoante nasaladora.
I - Alfabeto Katakana
original, soa como em
altruísmo, aliás, atrair.
O fonema desta letra não
deve ser nasalado em nenhuma hipótese em leituras
deste alfabeto.
U - Alfabeto Katakana soa
como em umidade, união,
urutau.
O fonema desta letra não
deve ser nasalado em nenhuma hipótese nas leituras
deste alfabeto.
E – fechado Alfabeto
Katakana, soa como em
herbicida, estilo, letra.
O fonema desta letra não
deve ser nasalado em nenhuma hipótese na leitura
deste alfabeto.
É – aberto, Alfabeto NipoBrasileiro, soa como em Eva,
café, coronel.
Fonema inexistente em
Katakana, sendo, portanto,
empregado em todas as palavras 'brasileiras' ou estrangeiras compostas com este
fonema.
O - fechado - Alfabeto
Katakana soa como em
horto, calor, ovo, choro.
Neoletria 394
Ó - aberto, Alfabeto NipoBrasileiro, soa como em fora,
horda, amora.
Fonema inexistente em
Katakana, sendo, portanto,
empregado em todas as palavras 'brasileiras' ou estrangeiras compostas com este
fonema.
Õ - nasalado, Alfabeto NipoBrasileiro, soa como em
ontem, pamonha, pomba,
ônibus, condições. Letra
inexistente em Katakana.
Visto que as letras m e n
não exercem função nasaladora das vogais em sua
versão deste alfabeto, tornase necessária inclusão deste
caractere na composição
deste fonema.
K
Alfabeto
NipoBrasileiro, soa como em
classe, aquário, crer, cratera.
Oclusivo palatal surdo
momentâneo.
Emprega-se
quando outra consoante se
interpõe entre esta e a vogal
da sílaba e também quando é
seguinte a uma vogal e não
seguido de vogal imediatamente, exceto de ã, é, ó, ou
õ. (casos estranhos à ortografia japonesa).
G
Alfabeto
NipoBrasileiro, soa como em
agressão,
glacial,
iglu,
ignaro.
Oclusivo velar sonoro
momentâneo. A oclusão dáse entre o palato mole e a
parte posterior da língua.
Não se confunde com o
fonema j.
Emprega-se nos casos em
que outra consoante se
Neoletria 395
interpõe entre g e a vogal da
sílaba, além de suprir onde
compõe com vogais não
existentes no Katakana (ã, é,
ó, õ).
S - Alfabeto Nipo-Brasileiro,
soa como em rosto, após,
fácil, slogan.
Fricativo constrito dental
surdo sibilante contínuo.
Seguinte a uma vogal e não
seguido de vogal imediatamente, exceto ã, i, é, ó, õ,
visto que de outro modo, a
combinação fonética deve
ser atendida pela estrutura
alfabética tradicional nipônica.
Z - Alfabeto Nipo-Brasileiro,
soa como em casinha, Brasil,
exógeno, José, cozinha.
Fricativo constrito dental
sonoro sibilante contínuo.
Supre no Alfabeto Nipo-
Brasileiro os fonemas compostos de z com os caracteres
vogais que correspondem i,
ã, é, ó, õ. Não assume função
de x como kz , mas apenas
de z.
X - Alfabeto Nipo-Brasileiro,
soa como em chá, chuva,
luxo, chefe, xícara.
Fricativo
linguopalatal
surdo chiante contínuo - x,
ch, sh. Só não compõe com
i, porque SHI já é sílaba
Katakana (com caractere
próprio). Supre nas composições com as vogais inexistentes em Katakana.
J - Alfabeto Nipo-Brasileiro,
soa como em ajuda, gerar,
Japão, vegetal.
Fricativo linguopalatal sonoro chiante contínuo brando.
Neoletria 396
A sílaba JI não é
composta com este caractere,
porque pertence ao Alfabeto
Katakana.
T - Alfabeto Nipo-Brasileiro,
soa como em contrato, trote,
tríade, etnia, pentatlo.
Oclusivo "explosivo" linguodental surdo momentâneo. Aplica-se nos casos
em que outra consoante se
interpõe entre t e a vogal da
sílaba, além de suprir onde
compõe com vogais não
existentes no Katakana.
Substitui o fonema t do
silábico Katakana ti, quando
necessária a distinção entre
as pronúncias ti e não txi.
D - Alfabeto Nipo-Brasileiro,
soa
como
em
droga,
advogado, advertir.
Oclusivo linguodental sonoro momentâneo (admite-se
também linguolabial). Supre
nas composições com as
vogais inexistentes em Katakana e quando outra consoante se interpõe entre este
fonema e a vogal da mesma
sílaba, ou quando a vogal a
antecede.
Substitui o fonema d do
silábico Katakana di, quando
necessária distinção entre as
pronúncias di e não dji.
T - Alfabeto Nipo-brasileiro,
soa como em ativo (tx)
fricativa, adjetivo (tch).
Oclusivo
linguopalatal
surdo líquido fricativo (tx).
Substitui o fonema t do
silábico Katakana ti, quando
necessária a distinção entre
txi e não ti.
D - Alfabeto Nipo-Brasileiro,
soa como em digital, adido
indício.
Neoletria 397
Linguopalatal chiante sonoro momentâneo, em que a
parte dianteira da língua
encontra-se com o palato
duro (aproxima-se da pronúncia de dj). Substitui o
fonema d do silábico Katakana di, quando seja necessária a distinção entre as pronúncias dji e não di.
N - Alfabeto Katakana, soa
como em antes, contato,
pronto, ponte.
Nasal; pode ser linguopalatal, linguodental ou linguolabial; sonoro contínuo.
Dá-se uma moderada
oclusão seguinte à vogal na
sílaba. Emprega-se quando
outra consoante se interpõe
entre esta e uma vogal e
também quando é seguida de
uma das vogais ã, é ou ó, õ.
Esta consoante não é
nasaladora das vogais, já que
não é compulsório nasalar as
vogais i, u e e, enquanto que
a e o já são letras com versão
nasalada.
NH - Alfabeto NipoBrasileiro, soa como em
apanha, pamonha, ninho.
Nasal linguopalatal líquido sonoro contínuo. Enquanto o som flui pelo nariz,
moderada oclusão se dá com
o corpo da língua e o som se
completa ao desobstruir a
oclusão.
Fonema inexistente em
Katakana sendo, portanto
empregado em todas as
palavras 'brasileiras' ou estrangeiras compostas com
este fonema.
H
Alfabeto
NipoBrasileiro, fricativo velar
surdo contínuo. Não soa
normalmente para palavras
em Português, contudo pode
ser aplicada caracterizando
Neoletria 398
sotaques regionalistas ou
palavras estrangeiras, comtanto que tenha função
sonora (consoante). Em algumas regiões do Brasil este
fonema é representado por
"R" como em "o homem do
Nohte é fohte", sendo esta
letra então pronunciada como aquele “sopro de boca
aberta para aquecer as mãos”
(r fraco francês), com suave
contrição linguovelar. Não
interage com s, c ou n para
compor dígrafos como em
Português.
HH - Alfabeto NipoBrasileiro para determinados
sotaques e para palavras
estrangeiras. Soa como rr
em algumas partes do Brasil.
Fricativo velar sonoro
contínuo. Fonema inexistente
em Katakana, sendo, portanto, empregado em todas
as palavras 'brasileiras' ou
estrangeiras compostas com
este fonema.
P - Alfabeto Nipo-Brasileiro,
soa como em primo, sopé,
próprio, plano.
Oclusivo bilabial surdo
momentâneo. Supre nas
composições com as vogais
inexistentes em Katakana, e
quando outra consoante se
interpõe entre este fonema e
a vogal da mesma sílaba, ou
quando a vogal a antecede.
B - Alfabeto Nipo-Brasileiro,
soa como em abrigo, obtuso,
abnegado, aberto, abandono,
babosa, tubérculo.
Oclusivo bilabial sonoro
momentâneo. Supre nas
composições com as vogais
inexistentes em Katakana, e
quando outra consoante se
interpõe entre este fonema e
a vogal da mesma sílaba, ou
quando a vogal a antecede
Neoletria 399
exceção das silábicas ya, yu,
yo, contidas no Katakana.
M
Alfabeto
NipoBrasileiro, soa como em
berimbau, campo, ampola.
Nasal bilabial sonoro
contínuo. Seguinte à vogal
na sílaba. Emprega-se quando outra consoante se interpõe entre esta e uma vogal e
também quando é seguida de
uma das vogais ã, é ou ó, õ.
Esta consoante não é nasaladora das vogais, já que
não é compulsório nasalar as
vogais i, u e e, enquanto que
a e o já são letras com versão
nasalada.
Y - Alfabeto Nipo-Brasileiro,
soa como i breve ou
semivogal. Ex: raiando,
ensaiei, coiote.
Esta semivogal ocorre
onde cabe, em qualquer
sílaba em que a vogal
dominante é outra, com
R - Alfabeto Nipo-Brasileiro,
soa como em arma, carga,
conforto, aperto.
Linguopalatal
contínuo
surdo vibrante (trinado suave
da ponta da língua, próximo
aos dentes incisivos superiores).
RR - Alfabeto NipoBrasileiro soa como em
varrer, rir agarrar, rumo.
Linguopalatal líquido oral
sonoro constrito vibrante
contínuo, trinado pela ponta
da língua nos incisivos
superiores.
Fonema inexistente em
Katakana, sendo empregado,
portanto, em todas as
combinações silábicas compostas com este fonema.
Neoletria 400
Letra necessária neste alfabeto, devido a uma clara
distinção entre r forte e r
fraco (entre sonoro e surdo).
W
Alfabeto
NipoBrasileiro, soa como u breve
ou semivogal. Exemplos:
Paulo,
quando,
sagui,
unguento.
Só não compõe com a e o,
porque WA e WO já são
sílabas do Katakana.
F - Alfabeto Nipo-Brasileiro,
soa como em frase, África,
forte, firme, fácil, fama,
esfera,
fonte,
fermento,
cofre, fim, etc.
Fricativo dentilabial surdo
contínuo. Só não compõe
com u, porque FU já é sílaba
Katakana.
V - Alfabeto Nipo-Brasileiro,
soa como em ave, vapor,
vento, proveta, vida, voto,
volante, avante, vulnerável.
Fricativo dentilabial sonoro contínuo.
Fonema inexistente em
Katakana, sendo, portanto,
empregado em todas as palavras 'brasileiras' ou estrangeiras compostas com este
fonema, combinando com
qualquer vogal além de algumas consoantes.
L - Alfabeto Nipo-Brasileiro,
soa como em galpão,
aluguel, quartel.
Linguodental
líquido
sonoro brando contínuo. A
língua obstrui o som na
ponta, mas permite a
passagem pelos lados.
Fonema inexistente em
Katakana sendo, portanto
empregado em todas as
Neoletria 401
palavras compostas com este
fonema (não é o caso de
falha, e outras com lh,
fonema
com
caractere
próprio).
LH - Alfabeto NipoBrasileiro, soa como em
milho, alho, filho, malha,
orgulho.
Linguopalatal constrito líquido sonoro chiante contínuo (parte posterior da língua
solta o som pelos lados). Este
fonema consoante é mais
constrito do que o correSpondente
de
L.Fonema
inexistente em Katakana,
sendo, portanto, empregado
em todas as palavras
'brasileiras' ou estrangeiras
compostas com este fonema.
Neoletria 402
MAPA SINÓTICO DOS UNIFONÊMICOS
A
Ã
I
U
Ê
É
Ô
Ó
Õ
K
G
S
Z
X
J
T
D
Tx
Dj
N
Nh
H
Hh
P
B
M
Y
R
Rr
W
F
V
L
Lh
Neoletria 403
XXXV – OS CARACTERES
SILÁBICOS
Alfabeto silábico Katakana (apenas de fonemas
compostos) figurando como parte do Alfabeto Nipo-Brasileiro.
Pertencentes ao Katakana, mas excetuados deste capítulo estão os
seis caracteres unifonêmicos: A, I, U, E, O, N, que se encontram
no Capítulo XXXIV juntamente com o alfabeto complementar.
DEFINIÇÃO FONÉTICA
KA - Soa como em casa,
abacaxi, carma, eucalipto.
KI - Soa como em aqui,
mosquito, Kioto, kit.
GA - Soa como em galho,
fuga, embargado, vogal.
GUI - Soa como em seguir,
guiar, enguia.
Neoletria 404
G-U-I em que U não é
pronunciado. Não confundir
essa sílaba com güi (o trema
distinguia u pronunciável),
caso em que u seria como w.
A presença de u nesta
sílaba é necessária para não
confundir com o fonema de
j, como acontece em Português em gi.
para impedir a confusão com
a letra j, portanto aí não se
emprega este caractere.
Outros exemplos também
fora de aplicação deste caractere silábico: nas palavras
água,
contíguo,
igual,
trégua, ambíguo, o fonema u
funciona como w (u breve)
que pede uma vogal seguinte
na mesma sílaba.
.
KU - Soa como em recuar,
cumeeira, curar, culatra,
documento. Nas palavras
quadro, quanto, taquara,
quociente,
tranquilo,
frequente, o fonema u passa
a ser a semivogal w, que não
é caractere silábico.
GU - Soa como em regular,
gula, fagulha, orgulho.
Nas palavras foguinho,
fogueira, águia, burguês,
português, guerra, o fonema
u nem soa, funciona apenas
KE - Soa como em aquele,
querer, kepleriano, que (u
não pronunciado).
GUE - Soa como em
foguete,
fagueiro,
sabugueiro.
No caso da sílaba 'guei', o
fonema i corresponde a
semivogal y. O fonema u não
é pronunciado.
Esta sílaba não se
confunde com güe, caso em
que u seria como w. Em
Neoletria 405
Português a presença de u
nesta sílaba é necessária para
não confundir g com j.
KO - Soa como em coisa,
acobertar, descomunal. Nos
casos da sílaba coi, empregase a semivogal y pelo
fonema i breve.
GO - Soa como em governo,
regozijo, agosto, vigor.
SA - Soa como em saúde,
ressalva, assado, caça.
ZA - Soa como em camisa,
pousar, brisa, terceirizar.
SHI - Soa como em faxina,
fuxico, elixir, chifre.
JI - Soa como em agitação,
cogitar, jibóia, jiló.
SU - Soa como em açúcar,
sumário, assumir.
ZU - Soa como em azul,
zunir, zulu, cazuza.
SE - Soa como em serviço,
francês, assessor, canseira,
descer,
ascender,
adolescente.
Neoletria 406
ZE - Soa como em fazer,
azedo, azeitona, zebu.
SO - Soa como em assobiar,
aço, insolúvel, abraço.
ZO - Soa como em tesouro,
fuso, zoada, zoo, prazo.
TA - Soa como em potável,
taquara, ajustar, gravata.
DA - Soa como em adaptar,
guardar, indagar, dardo,
estrada, moda.
TI - Soa principalmente em
dois modos: 1) oclusivo
'explosivo' linguodental surdo momentâneo (pela ponta
da língua; 2) líquido fricativo
(como se fosse o dígrafo tx)
oclusivo linguopalatal surdo.
No nordeste do Brasil e nos
países de língua espanhola, o
primeiro modo é geralmente
o empregado, mas nas regiões Sul, Sudeste e CentroOeste do Brasil, predomina o
segundo modo.
Ex: título, atividade,
prático, política, motivo, tio.
No caso de ser necessário
especificar entre o linguopalatal fricativo e o linguodental, escolhe-se o elemento
adequado do Alfabeto NipoBrasileiro.
DI - Soa principalmente em
dois modos: 1) oclusivo
linguodental sonoro momentâneo, podendo também ser
Neoletria 407
linguolabial - a ponta da
língua solta-se em estampido; 2) oclusivo linguopalatal constrito fricativo sonoro, soa como o dígrafo dj, é
chiante, a parte dianteira da
língua trabalha com o palato
duro, próximo aos dentes
incisivos superiores.
No Nordeste Brasileiro, o
primeiro modo é o mais
empregado, enquanto nas
regiões Sul e Sudeste, a
predominância é o segundo
modo. Ex: aditivo, código,
edifício. No caso de ser
necessário especificar entre o
linguodental e o linguopalatal fricativo, escolhe-se o
elemento adequado do Alfabeto Nipo-Brasileiro.
TSU - Sílaba tipicamente
nipônica. Ex: tsukemono.
DU - Soa como em produto,
dedução, indulto, reduto.
TE - Soa como em
telegrama,
matemática,
intento, detetive, proteção.
DE - Soa como em defesa,
cadeira, modelo, dever.
TO - Soa como em tomate,
ator, destoar, construtor.
DO - Soa como em domínio,
doce, amador, perdoar.
Neoletria 408
NA - Soa como em navio,
canal, vinagre, carnaval.
NI - Soa como em nanico,
início, monotonia, nicho.
NU - Soa como em canudo,
número, genuíno.
Não nasalar o fonema u
nas leituras deste alfabeto.
HÁ - Pronúncia inexistente
na linguagem-padrão do
Brasil. Esta sílaba não deve
ser confundida com há, a
terceira pessoa no presente
do indicativo do verbo haver,
cuja letra h não é pronunciada como é aqui.
BA - Soa como em batata,
abacaxi, bêbado, baque.
PA - Soa como em papo,
compadre, tropa, patrulha.
NE - Soa como em planeta,
necessário, peneira, caneta.
NO - Soa como em novo,
notícia, canoa, renovar.
HI - Pronúncia inexistente na
linguagem padrão do Brasil.
Diferentemente do Português, o fonema h desta sílaba
tem som.
Neoletria 409
BI - Soa como em bitola,
hábil, fobia, arbítrio.
PI - Soa como em pia,
empirismo,
empilhar,
pimenta.
FU - Soa como em fumaça,
defumar, furto, parafuso,
confusão.
BU - Soa como em fábula,
burburinho, bambu.
HE - Pronúncia inexistente
na linguagem padrão do
Brasil. O fonema h soa nesta
sílaba.
BE - Soa como em abelha,
sabedoria, beijo, abertura.
PE - Soa como em super,
aperto, peito, pelo.
HO - Pronúncia inexistente
na linguagem padrão do
Brasil. O fonema h soa nesta
sílaba.
PU - Soa como em público,
puro, purpúreo, depurar,
imputável.
Neoletria 410
BO - Soa como em
borboleta, labor, carbono,
boné.
ME - Soa como em camelo,
medo, comer, ameixa.
PO - Soa como em política,
compor, imposto.
MO - Soa como em
modesto, primor, motivo,
prumo.
MA - Soa como em
matutino, pomar, maior,
alma.
MI - Soa como em mínimo,
caminho, promiscuidade.
MU - Soa como em mudo,
promulgar,
camuflar,
mudança.
YA - Soa como em praia,
caiado,
cobaia,
tipóia.
Aplica-se essa sílaba quando
o fonema y ou i é semivogal,
pronunciado rapidamente.
YU - Soa como em tuiuiú,
iurará, iurumi, cuiú-cuiú.
A parte de y desta sílaba é
como i, uma semivogal,
pronunciada
rapidamente,
carregando tonicidade maior
em u. A ocorrência dessa
sílaba é rara em Português.
Neoletria 411
YO - Soa como em io-iô,
apoio, comboio, arroio.
A parte de y desta sílaba é
como i, uma semivogal,
pronunciada
rapidamente,
carregando mais tonicidade
em o da mesma sílaba.
RA - Soa como em morar,
prático, agora, pêra, será.
Nessa sílaba o fonema r é
trinado fraco (surdo).
RI - Soa como em sucuri,
pueril, caridade, acrílico.
Nessa sílaba o fonema r é
trinado fraco.
RU - Soa como em caruru,
peru, erudição. Nessa sílaba
o fonema r é trinado fraco.
RE - Soa como em parede,
preta, retreta, surpresa.
Nessa sílaba o fonema r é
trinado fraco.
RO - Soa como em poroso,
propósito, verossímil (rô).
Nessa sílaba o fonema r é
trinado fraco.
WA - Soa como em língua,
água, cacaual, Mauá.
A letra w não fazia parte
do alfabeto português. Contudo o fonema correspondente é u semivogal.
WO - Soa como em oblíquo,
fatíloquo, fátuo.
Neoletria 412
Obs: as sílabas já, ju, jô em
Japonês são carregadas como
jiya, jiyu, jiyo.
MAPA SINÓTICO DOS SILÁBICOS KATAKANA
KA
GA
KI
GUI
KU
GU
KE
GUE
KO
GO
SA
ZA
SHI
JI
SU
ZU
SE
ZE
SO
ZO
TA
DA
TXI
DJI
TSU
DU
TE
DE
TO
DO
NA
NI
NU
NE
NO
HA
Neoletria 413
BA
PA
HI
BI
PI
FU
BU
PU
HE
BE
PE
HO
BO
PO
MA
MI
MU
ME
MO
YA
YU
YO
RA
RI
RU
RE
RO
WA
WO
Neoletria 414
Neoletria 415
A cada palavra, a cada signo, a cada significado,
“Neoletria” desvenda uma estrada ainda a ser palmilhada.
Merlinton pode até não ser compreendido, hoje, nesta
obra, mas o futuro dirá, com certeza, se ele está certo em
suas conjecturas. Merlinton está certíssimo assim como
Galileu Galilei. Tal como Leonardo Da Vinci, nosso vate
vaticina mistérios assim como o sorriso da Monalisa.
José Pereira Lins
Academia Douradense de Letras
Neoletria 416
Versão do Livro
“Neoletria” digitalizada por:
Neoletria 417

Documentos relacionados