Alt Risco

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Alt Risco
Alt
Alt Risco
Risco
Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Agosto de 2014
Director: Filomena
Diretor:Barros
Filomena
Nº.146
Barros- ano
Nº.177
13 -Janeiro
ano 16de Agosto
2011 Publicação
de 2014 Publicação
Mensal Preço:
Mensal
€0,50
Preço:
(iva €0,50
incluído)
(iva incluído)
Jornal da Associação
Jornal da Associação
Nacional de
Nacional
Bombeiros
de Bombeiros
Profissionais
Profissionais
InstituiçãoInstituição
de Utilidade
dePública
Utilidade Pública
11 de Setembro
Dia Nacional do Bombeiro
Profissional em Braga
ANBP atribui Medalha de
Mérito ao Presidente Ricardo Rio
Arcebispo
de Braga
em entrevista
pág.12
Destaque
Sapadores de Setúbal em
greve até ao Ano Novo
pág.14
1
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Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Agosto de 2014
editorial
Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Agosto de 2014
dirigentes anbp/snbp
sindicato
Por Fernando Curto, Presidente da ANBP
3
Por Sérgio Carvalho, Presidente do SNBP
Posto de Vigia
Foto ANBP
Mais
Dia Nacional do Bombeiro Profissional
O
s bombeiros profissionais de todo
o país vão mais
uma vez assinalar a sua data no
próximo dia 11 de setembro. A
cidade de Braga é a anfitriã desta homenagem e vai receber,
na Praça do Pópulo, três centenas de bombeiros que vão integrar a formatura.
Nesta cerimónia dedicada
aos bombeiros profissionais
unem-se bombeiros sapadores
e municipais, bombeiros profissionais das associações humanitárias, bombeiros priva-
tivos e bombeiros da Força
Especial de Bombeiros, todos
juntos na celebração do seu
dia e na lembrança de todos os
que morrem no exercício das
suas funções, no socorro ao
próximo.
O facto desta 7ª edição se
realizar em Braga reveste-se,
também, de algum simbolismo,
uma vez que este foi um ano
em que, após muito esforço e
diálogo com a Câmara Municipal de Braga, foi possível um
entendimento para melhorar o
funcionamento da Companhia
Bombeiros Sapadores de Braga.
E isso só foi possível graças ao
atual executivo, liderado pelo
Dr. Ricardo Rio e coadjuvado,
na área da proteção civil, pelo
Dr. Firmino Marques.
No nosso dia contamos com
a presença do Secretário de Estado da Administração Interna,
Dr. João Pinho de Almeida e do
Arcebispo de Braga, D. Jorge
Ortiga que aceitou fazer a leitura de homenagem durante
a cerimónia, o que muito nos
honrou. Nesta edição do jornal
Alto Risco tivemos o privilégio
de conversar com Sua Reverendíssima, que elegeu “Bom-
beiro” como a palavra do ano.
É um dia que pretende dignificar a classe, honrar a profissão e lembrar a todos os cidadãos, políticos e órgãos de
decisão a importância que os
bombeiros assumem na vida
das populações, na defesa
das suas vidas e bens. É também uma data para lembrar as
dificuldades de homens e mulheres que lutam pelo reconhecimento das suas carreiras
e por melhores condições de
vida e de trabalho. O dia 11 de
setembro é, sobretudo, um dia
de união de toda a classe!
O Secretário de Estado da
Administração Interna assumiu
que o Governo definiu como
prioridade no combate aos incêndios a segurança das forças,
através da formação e do treino
operacional. Duas bandeiras há
muito defendidas pela Associação Nacional de Bombeiros
Profissionais e pelo Sindicato
Nacional de Bombeiros Profissionais.
De acordo com o relatório
do Instituto de Conservação
da Natureza e Florestas, entre 1 de janeiro e 15 de agosto
ardeu menos 80% da área em
relação à mesma fase em 2013.
A cidade de Braga vai receber no dia 11 de setembro o
Dia Nacional do Bombeiro Profissional. É a primeira vez que
uma cidade do Norte do país
é a anfitriã desta homenagem
aos bombeiros profissionais.
Menos
Os avisos feitos em relação
à perigosidade das arribas nas
praias do Algarve continuam
a ser ignorados pelos veraneantes que ocupam zonas de
risco.
A explosão de uma botija de
gás num parque de campismo
em São Pedro do Sul levanta
várias questões sobre a segurança deste tipo de utensílios.
Sete pessoas ficaram feridas.
Este jornal está escrito
ao abrigo do novo
acordo ortográfico
Consulte o nosso site
em www.anbp.pt e o
nosso Facebook
u Dia do Bombeiro Profissional edição de 2013, em Leiria
ficha técnica
Diretor
Filomena Barros
Diretor-Adjunto
Sérgio Carvalho
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Instituição de Utilidade Pública
Alto Risco
cupão de assinatura
Nome:
Grafismo
João B. Gonçalves
Paginação
João B. Gonçalves
Redação
Cátia Godinho
MIguel Marques
Publicidade
Paulo Bandarra
Fotografia
Gab. Audiovisual ANBP
Impressão
Gráfica Funchalense
Propriedade
Associação Nacional
de Bombeiros Profissionais
Av. D. Carlos I, 89, r/c 1200
Lisboa
Tel.: 21 394 20 80
Tiragem
25 000 exemplares
registo n.º 117 011
Dep. Legal n.º 68 848/93
Morada:
Código Postal:
Profissão:
Telefone:Tlm.:
Email:
Assinatura Anual do Jornal Alto Risco: 8 euros | Despesas de envio: 2 euros | Total: 10 euros
Enviar Cheque ou Vale de Correio para:
Associação Nacional de Bombeiros Profissionais - Av. Dom Carlos I, 89, r/c - 1200 Lisboa
Nome: Ricardo Mourato
Profissão: BM
2ª classe BSFaro
Cargo: Secretariado
Regional de Faro
Estatuto Profissional
O seu a seu dono
É
com grande expectativa que
aguardamos o
documento da
Associação Nacional de Municípios Portugueses, referente ao Estatuto
dos Bombeiros Profissionais,
uma vez que há já vários anos
que é uma ambição dos bombeiros. A proposta de ANBP/
SNBP é pública e bem clara.
A proposta produzida pelo
Ministério da Administração
Interna, no âmbito do grupo
de trabalho, também vai de
encontro às nossas reivindicações, ficando neste momento apenas dependentes
da Associação Nacional de
Municípios Portugueses. Ao
longo dos anos, quer os autarcas com bombeiros profissionais, quer os comandantes,
têm reclamado publicamente
melhores condições para os
bombeiros, financiamento
para as corporações e um estatuto único que dignifique a
carreira, já que é inaceitável
um bombeiro auferir 550
euros de vencimento, mais
concretamente no caso dos
bombeiros municipais. Esta
carreira já devia ter sido extinta em 2002, situação que
na altura considerámos um
erro histórico e que mais tarde
iria trazer injustiças, uma vez
que nesse ano já todos devíamos ser sapadores. Desta vez,
mantemos a esperança que a
passagem a sapadores, que
é a nossa posição como carreira única para todos os bombeiros, seja uma realidade e
que todos os bombeiros possam auferir um vencimento
digno, tendo como referência,
sempre, o vencimento dos
bombeiros sapadores.
No entanto, temos o reverso
da medalha. Aqueles que
defendem publicamente os
trabalhadores e um estatuto
profissional digno e que depois, no âmbito dos grupos
de trabalho e onde as coisas, efetivamente, se podem
mudar, querem arrasar esta
profissão, pagar vencimentos
miseráveis e surreais num
país europeu, como Portugal,
e ao mesmo tempo ajustar o
estatuto às suas capelinhas.
Defendemos um estatuto
igual para todos e que fique
bem claro que iremos dizer
pelos nomes quem são, ou
quem foram, os autarcas e /
ou comandantes que defenderam um estatuto miserável
para os bombeiros profissionais. Se mais uma vez for apresentado um documento que
em nada dignifique os bombeiros profissionais a exemplo
do anterior anteprojeto que
a ANMP apresentou (através
de um grupo de trabalho com
comandantes e vereadores altamente credenciados em legislar e opinar sobre uma car-
reira que não é a deles), e que
estava desfasado da realidade
dos bombeiros profissionais,
do socorro nacional, da realidade da orgânica dos corpos de bombeiros sapadores
e municipais, tendo apenas
por base uma visão economicista e terceiro mundista deste
setor tão importante, nós os
bombeiros não ficaremos quietos. Cabe a todos nós, sapadores e municipais, estarmos
atentos ao evoluir de toda a
negociação e prepararmos a
qualquer momento para ir
para a luta. Vamos denunciar
todos aqueles que defendem
a redução de vencimentos,
o acabar com a carreira dos
bombeiros sapadores, apenas
preocupando-se, em alguns
casos, com a estrutura de
comando e em como vai ser
organizada e na questão dos
vencimentos onde nos colocam nas profissões nacionais
mais mal remuneradas do
nosso país.
Não vamos aceitar lágrimas
de crocodilo. Os bombeiros
vão ter de saber quem dá e
quem fez qualquer proposta
que altere as linhas gerais
do projeto apresentado por
ANBP/SNBP, legítimos representantes dos bombeiros profissionais portugueses.
O projeto que ANBP/SNBP
defende neste momento é só
um e fomos nós que apresentámos.
Nome: Rui Filipe
Profissão: Sapador
Bombeiro BSB Porto
Cargo: Secretariado
Regional do Norte
Nome: João Castanheira
Profissão: Bombeiro
1ª classe A.H.B.V.
Amadora
Cargo: Delegado SNBP
Nome: Márcia Vieira
Profissão: B. M. de
3ª Classe Bombeiros
Municipais do Funchal
Cargo: Secretariado
Regional da Madeira
Nome: David Carragoso
Profissão: B.M.
3ª Classe Bombeiros
Municipais de Viseu
Cargo: Delegado
Nome: Rui Abreu
Profissão: B.M. 2ª classe
Bombeiros Municipais
do Funchal
Cargo: Suplente
Secretariado
Regional da Madeira
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breves
Bombeiro ferido
no Bombarral
Um bombeiro de 36 anos
ficou ferido a 20 de agosto no
combate a um incêndio florestal, no concelho do Bombarral.
O homem, pertencente à corporação de Bombeiros Volun-
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notícias
Câmara do Sardoal
investe na segurança
dos Bombeiros
Municipais
tários do Bombarral, progredia
no terreno acidentado quando
sofreu uma queda e fraturou
uma perna. Foi transportado e
assistido no hospital das Caldas da Rainha.
A Câmara Municipal do
Sardoal ofereceu nove abrigos
de incêndio florestal aos bombeiros municipais da sede de
concelho, no valor de 10 mil
euros, revelou a autarquia no
seu website.
Os também conhecidos fireshelter permitem proteger os
bombeiros do calor irradiado
em caso de emergência, nomeadamente, em situações em que
fiquem cercados pelas chamas.
Apesar de já terem sido
Mulheres presas por
fogo negligente em mato
Duas mulheres foram detidas pela GNR, em Resende,
por suspeita de terem ateado
um incêndio, a 19 de agosto.
As duas mulheres, de 35 e 49
anos, terão perdido o controlo a uma fogueira e as chamas
depressa alastraram ao mato.
O incêndio foi dominado no
espaço de uma hora. No combate às chamas estiveram 27
bombeiros, apoiados por dois
meios aéreos. Ardeu meio
hectare de eucaliptos.
Homem detido por
suspeita de incêndio
em Mangualde
António Costa quer alteração
na lei para promoções no RSB
A
ntónio Costa
defendeu a alteração da legislação de maneira a que os
elementos do
RSB sejam promovidos para
receberem de acordo com as
funções que desempenham.
O autarca de Lisboa informou
ter “insistido junto do Governo” para resolver a falta de
progressão na carreira de vários profissionais do Regimento.
O edil indicou que a situação pode ser explicada devido
“à grande pressão feita pelo
Estado para precipitar a passagem à reforma de pessoas
mais antigas”, o que levou a
uma “enorme perda de qua-
dros com qualificação de chefes”. “Várias funções próprias
de chefes estão a ser exercidas
por bombeiros que continuam
a auferir vencimentos da categoria anterior”, referiu.
O presidente da Câmara
Municipal de Lisboa considerou ainda ser “essencial assegurar a cadeia de comando
do regimento,”, pelo que é
necessário ultrapassar “a limitação legal para não fragilizar
a cadeia de comando”.
Estas declarações surgiram à margem da entrega
simbólica de 370 equipamentos de proteção individual aos
bombeiros do Regimento Sapadores Bombeiros de Lisboa,
a 18 de agosto. Os equipamen-
Ponto e vírgula
lA
26 de maio de 2014, ANBP/SNBP
enviaram um ofício ao vereador da proteção
civil, Carlos Manuel Castro com pedido
de reunião com carácter de urgência para
fazer o ponto de situação da entrega destes
EPI, prevista para esse mesmo dia.
tos foram atribuídos aos bombeiros das seis companhias
do RSB (cinco operacionais e
uma de comando e serviços).
António Costa atribuiu à
“conflitualidade jurídica entre os
concorrentes do sector” o atraso
na entrega dos equipamentos.
O comandante Pedro Patrício admitiu que os novos equipamentos servem para
“colmatar os que estão em
pior estado” e que foi iniciado
o procedimento para adquirir
mais material, como botas e
capacetes.
“O ideal seria cada bombeiro receber um novo (equipamento) e a cada três ou
quatro anos ser renovado”,
admitiu o responsável.
l No Dia da Unidade, celebrado a 19 de
maio, o comandante do RSB, Pedro Patrício
referia no seu discurso a “debilidade de recursos humanos que o RSB atualmente enfrenta, ambicionando por mais sangue novo
nos quartéis e pelas oportunidades de progressão de carreira”.
Um homem de 37 anos foi
identificado, a 20 de agosto,
como alegado autor de um incêndio florestal ocorrido três
dias antes, em Mangualde.
De acordo com a GNR, “o incêndio ocorreu devido ao pro-
cedimento de fumigação que
estava a ser realizado”, o que
durante o período crítico de
incêndios florestais só é permitido se os “fumigadores estiveram equipados com dispositivos de retenção de faúlhas”.
GNR identificou
suspeitos de incêndio
A GNR identificou dois
indivíduos alegadamente responsáveis por dois incêndios
no dia 20 de agosto. O primeiro destrui cerca de cinco
mil m2 de pinhal e sobreiro
no Cartaxo. O segundo, em
Mouriscas (Abrantes), foi
causado por um homem que
usava um maçarico.
Bombeiros testam
botas resistentes a
altas temperaturas
O
s bombeiros sapadores de Coimbra,
os municipais da
Lousã e os voluntários de Coimbra, Cantanhede e Castanheira de Pera
vão ser as primeiras corporações de bombeiros a testar
nos incêndios florestais um
novo tipo de botas, desenvolvidas por uma empresa
portuguesa.
A empresa Lavoro está a
testar um protótipo de botas
que resistem a condições térmicas extremas, destinadas
aos bombeiros que combatem fogos florestais. Cada
bombeiro recebeu um par de
botas a utilizar no período de
incêndios de 2014. De acordo
com fonte dos Sapadores de
Coimbra, um elemento desta
corporação está a testar estas botas em cenário real.
Depois de vários testes efetuados pelo Centro
de Estudos sobre Incêndios
Florestais (CEIF), as botas
em causa revelaram-se eficazes no que diz respeito à
resistência a altos impactos
térmicos. Permitem que se
caminhe sobre material incandescente e estão a ser
testadas no período de incêndios deste verão.
Durante o trabalho de
ataque aos incêndios, a Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI) vai acompanhar
e monitorizar as condições de
utilização dos protótipos. O
estudo pretende aperfeiçoar
e melhorar a resistência das
botas ao combate a incêndios
em situações extremas.
Bombeiros abdicaram de subsídio
para adquirirem equipamento
Os bombeiros da corporação
de Nelas abdicaram de receber
a compensação a que têm direito pela sua participação no
Dispositivo de Combate a Incêndios (DCI), para a aquisição
de Equipamento de Proteção Individual (EPI).
“Os nossos bombeiros abdicaram do valor que iriam
receber por participarem no
DCI para adquirirem os EPI e,
desta forma, estarmos preparados nesta época de incêndios
florestais”, refere Filipe Guilherme, comandante dos Bom-
5
beiros de Nelas, ao Alto Risco.
Este responsável sublinha
que este equipamento, que
teve um custo total de seis mil
euros, “foi recebido em junho,
mas a decisão de o adquirir desta forma é do início do ano”.
Não é a primeira vez que os 70
elementos dos bombeiros de
Nelas tomam uma iniciativa
semelhante. “Os capacetes já
tinham sido adquiridos” com
recurso a meios próprios dos
bombeiros.
Os EPI adquiridos pelos bombeiros de Nelas foram fabrica-
dos por uma empresa nacional,
cujo critério mais importante foi
o fato deste equipamento “estar
certificado para o combate aos
incêndios florestais”, afirma
Filipe Guilherme.
Recorde-se que, na sequência da morte de oito bombeiros nos incêndios florestais
do ano passado, o Governo
assegurou que iria custear os
equipamentos de proteção individual dos bombeiros. Mas,
até agora, esses equipamentos
ainda não chegaram a todas
as corporações.
entregues 47 fatos de proteção
à Corporação no âmbito do
protocolo estabelecido entre
a Comunidade Intermunicipal
Médio Tejo, Autoridade Nacional de Proteção Civil e esta
autarquia, não eram suficientes para equipar a totalidade
dos bombeiros. Assim, a câmara do Sardoal tem em curso os processos para adquirir
mais 18 fatos e botas, que vão
permitir equipar todo o Corpo
de Bombeiros.
CIM de Coimbra
entregou equipamentos
em Agosto
A Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra entregou, em Agosto, equipamentos de proteção individual aos
Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Velho e de Mortágua.
A cedência dos EPI resultou da
candidatura para aquisição de
equipamentos de combate aos
incêndios na região de Coimbra.
Foram entregues 46 equipamentos, compostos por calças,
dólmens e capacetes. Está ainda
em curso o procedimento para a
abertura de um concurso com o
objetivo de adquirir botas e luvas para as várias corporações
do distrito.
Banhos solidários
chegam aos bombeiros
Numa altura em que os banhos solidários invadem as páginas do YouTube e do facebook,
os banhos gelados chegaram
também aos bombeiros. A corporação de bombeiros voluntários de Algueirão- Mem Martins
lançou o desafio a Pampilhosa
da Serra que aceitou e “tomou
banho” a 31 de agosto.
A iniciativa tem como objetivo angariar fundos para equipamentos de proteção para
os bombeiros e alertar para as
necessidades sentidas pelas corporações.
Incêndio florestal
na Sertã
Apesar de atípico no que
diz respeito ao número de incêndios, o mês de agosto terminou com um grande incêndio florestal na Sertã, a 31 de
agosto. Mais de 200 bombeiros
combateram as chamas na lo-
calidade de Maxial da Estrada,
auxiliados por 68 viaturas, um
helicóptero e quatro aviões. Já
no dia anterior, a 30 de agosto,
cerca de dois mil bombeiros
combateram 85 incêndios florestais no país.
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entrevista
Filipe de Sousa, presidente da
Câmara Municipal de Santa Cruz
nas zonas mais vulneráveis e
coordenação com as Juntas
de Freguesia do concelho de
Santa Cruz. Entretanto, em
colaboração com a Direcção
Regional de Florestas serão
feitos corredores de segurança junto às habitações vulneráveis a fogos.
De que forma é que encara a não aplicação pelo
Governo Regional da lei
que possibilita a passagem
dos bombeiros municipais a
sapadores, tendo em conta
que esta norma legal já é
aplicada no Continente?
Estamos a aguardar informações relacionadas com essa
temática, inclusivamente solicitações de parecer da Assembleia Legislativa da Madeira.
Filipe Martiniano Martins de Sousa
Nasceu a 16 de outubro de 1964. Estudou no Liceu Jaime Moniz até
ao 12º ano, na área desporto. Aos 16 anos, ingressou na Força Aérea
como voluntário, porque a ambição era ser piloto, sonho que nunca
concretizou. Na política entrou em 1997 para o PS, foi presidente de
junta de Gaula, depois foi deputado na ALM de 2000 a 2007. Sai do
PS em 2008, e forma o Movimento Juntos pelo Povo em 2009, com o
qual viria a ganhar as eleições autárquicas em Setembro de 2013.
“Câmaras com bombeiros municipais deveriam
usufruir de uma compensação financeira
autónoma no Orçamentos de Estado”
Como encara o financiamento das autarquias com
bombeiros
profissionais?
Considera que deveria haver
uma revisão?
Considero que os mu-
Qual o investimento previsto pela autarquia em 2014
para a proteção civil?
120 mil euros na aquisição
de equipamento de proteção
individual e viatura pronto
socorro ligeira ou ambulância, ao abrigo de contratoprograma com o Governo Regional da Madeira e Serviço
Regional de Proteção Civil.
Os bombeiros vão ser
apetrechados com novos equipamentos? Está prevista
uma nova recruta?
Sim, os já descritos no
ponto nº 2. (Quanto à nova
recruta) Sim, estamos a aguardar parecer e autorizações externas.
A Câmara Municipal
de Santa Cruz assinou recentemente um ACEEP com
ANBP/SNBP. Que mais valias é que este acordo trouxe
para a organização dos bombeiros?
Ainda não existe reflexos
na medida em que o Governo
Regional não assinou para
depósito e publicação esse
importante documento.
Qual tem sido o feedback
da corporação de bombeiros
municipais?
É um trabalho meritório
que honra todos os santacruzenses. É claro que podem
existir defeitos como em tudo
mas, o empenho e dedicação
destes “soldados da paz” é
exemplar.
ACEEP assinado em maio
A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais e o Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais assinaram o Acordo Coletivo para Entidade
Empregadora Pública com a Câmara
Municipal de Santa Cruz, no dia 8 de
maio. O documento salvaguarda a manutenção das 35 horas de trabalho semanais. De acordo com ANBP/SNBP a
assinatura deste documento representa
uma salvaguarda para os bombeiros
Municipais de Santa Cruz, garantindo
uma melhor operacionalidade e resposta ao socorro da população.
A corporação dos Bombeiros Municipais de Santa Cruz celebrou, este ano,
82 anos de vida. Tem no seu quadro
cerca de 60 efetivos.
A fase Charlie, que se iniciou a 1 de Julho, é a mais
crítica no âmbito dos incêndios florestais. Quais as medidas tomadas pela autarquia nesta fase?
Desde o dia 1 de junho
de 2014, rondas de vigilância
Sabia que...
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nicípios que detêm corporações de bombeiros municipais deveriam usufruir de
uma compensação financeira
autónoma inscrita no orçamento de Estado.
Entrevista ao presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz, na Região Autónoma da Madeira, Filipe de
Sousa, ao jornal Alto Risco, onde sublinha as principais prioridades do seu executivo na área da proteção
civil e bombeiros. Fala ainda do financiamento autárquico aos bombeiros profissionais e das compensações
que as câmaras com corpos de bombeiros municipais deveriam receber.
Quais as principais prioridades da Câmara Municipal no âmbito da proteção civil?
Elaboração e aprovação do
Plano Municipal de Emergência e Cartas de Riscos.
Alto Risco
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corporação de Bombeiros Municipais de Santa Cruz celebra este ano
82 anos. Tem atualmente 59 elementos no quadro ativo, mas a média
de idades está nos 40 anos. De acordo com fonte dos municipais, há 15
anos que não é feita uma recruta para este corpo de bombeiros. Outra
das carências prende-se com a falta de equipamentos para os incêndios
florestais, embora seja reconhecido o esforço que o presidente da Câmara
Municipal de Santa Cruz tem feito para colmatar este problema. Apesar
de estarem “bem equipados” ao nível de veículos de primeira intervenção, é reconhecida a carência de ambulâncias na corporação, uma vez
que algumas já são muito antigas.
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notícias
Incêndio em fábrica
de Alcácer do Sal
Braga recebe 11 de setembro
foram confinadas a uma área
da empresa e extintas três
horas depois de terem deflagrado.
200 operacionais em
incêndio em Valpaços
pois do acionamento de um
helicóptero. O vento não ajudou ao combate às chamas,
que foram também combatidas por um helicóptero. Terão
ardido cerca de 600 hectares.
D.R.
Um incêndio em Valpaços,
Vila Real, mobilizou mais de
200 operacionais. As chamas
deflagraram na madrugada de
19 agosto, tendo sido extintas
na manhã do dia seguinte, de-
Helicópteros Kamov
custaram milhões mesmo
sem levantar voo
O
quando o então ministro da
Administração Interna, António Costa, optou por adquirir meios aéreos próprios
do Estado para o combate aos
incêndios florestais, sendo o
objetivo poupar, sem recorrer
ao aluguer. Mas a Heliportugal, a empresa escolhida para
trazer os seis Kamov da Rússia
por 42,1 milhões de euros, não
entregou os helicópteros no
prazo acordado, o que obrigou
a gastos com a contratação de
aeronaves adicionais.
Os juízes do TdC consideram que o Estado “aligeirou” o contrato, não tendo
exigido da empresa o cumpri-
mento integral do acordado.
Pelo contrário, o Estado terá
mesmo acabado por flexibilizar, em julho de 2007, as
condições de entrega, além de
ter antecipado o pagamento,
numa altura em que os meios
aéreos já estavam atrasados
em relação ao contrato. Os
juízes escrevem mesmo nas
suas conclusões que o governo não acautelou “o interesse
público”.
Segundo o TdC, a multa que
a Heliportugal teve de pagar
pelo atraso, na ordem dos 2,5
milhões de euros, foi apenas
14,9% do valor total que o
executivo poderia ter reclamado.
O Governo, através do Ministério da Administração Interna,
divulgou que os bombeiros
voluntários das corporações da
Madeira e dos Açores vão passar a beneficiar do programa de
“Vigilância Médica da Saúde”.
Numa curta nota de imprensa publicada em 13 de agosto,
o MAI salienta que “o Governo
determinou a extensão do di-
reito à Vigilância Médica da
Saúde aos bombeiros voluntários das regiões autónomas dos
Açores e da Madeira”.
Salienta este comunicado
que “em Março de 2013 tinha
sido já assegurado o direito
dos bombeiros voluntários à
vigilância médica através da
realização das inspeções médico- sanitárias periódicas, vigo-
rando, desde então, para todos
os bombeiros das corporações
de Portugal continental”.
Assegura ainda que “o custo
da vigilância médica é suportado pelo Ministério da Administração Interna através da
transferência das verbas correspondentes para o Fundo de
Proteção Social do Bombeiro”,
conclui.
Os Bombeiros Sapadores
de Braga e o presidente da
autarquia, Ricardo Rio, são os
anfitriões da 7ª edição do Dia
Nacional do Bombeiro Profissional, assinalado a 11 de
setembro. A cerimónia vai ter
lugar na Praça do Pópulo e vai
contar com uma formatura de
cerca de 300 bombeiros profissionais de todo o país.
A cerimónia vai ser presidida pelo Secretário de Estado da Administração Interna, João Pinho de Almeida.
A leitura de homenagem
aos bombeiros falecidos em
combate vai ser feita pelo
Arcebispo de Braga, D. Jorge
Ortiga (ver entrevista).
Novo quartel para
Sapadores de Braga
A Câmara Municipal de
Braga pretende lançar, até
ao final do ano, uma nova
candidatura a financiamento para a construção do
novo quartel dos Bombeiros
Sapadores de Braga. O projeto, já concretizado, inclui
um investimento de cerca
de um milhão de euros. A
sua concretização aguarda
apenas que a candidatura
apresentada pela autarquia
ao QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional)
seja aceite. O novo quartel deverá localizar-se no
Parque Norte, na freguesia
Ponto e vírgula
de Dume.
O anúncio foi feito pelo
presidente da autarquia, Ricardo Rio, durante as comemorações dos 215 anos de existência da Companhia Bombeiros
Sapadores de Braga, assinalados a 31 de agosto.
Quanto ao novo comandante, o edil avançou que deverá ser conhecido em meados de outubro. Recorde-se
que o concurso para comandante lançado em abril foi
impugnado, quando conhecido o candidato selecionado, Nuno Coroado. O presidente Ricardo Rio avançou
que o concurso segue agora
“os trâmites normais”.
l A CBS Braga foi fundada em finais do século XVIII por iniciativa do Arcebispo Primaz
de Braga, D. Gaspar de Bragança. D. João VI autorizou a constituição da então “companhia de Bomba”, com uma guarnição de 100 homens, através de uma carta régia de 31 de
agosto de 1799.
A partir desta data comemora-se a fundação da Companhia Bombeiros Sapadores de Braga.
aniversário Braga
Chamas destroem
fábrica e ferem bombeiro
Um violento incêndio, a
13 de agosto, causou grandes
estragos numa fábrica de
processamento de algodão,
Felpinter, em São Martinho
do Campo, Santo Tirso. Um
bombeiro ficou ferido no
combate às chamas. O incêndio demorou cinco horas a
ser extinto.
PJ identifica rapaz de 13
Bombeiros voluntários da Madeira anos como incendiário
e Açores vão ter apoio médico
Agosto de 2014
breves
Um incêndio atingiu uma
fábrica de transformação de
madeira em Alcácer do Sal,
a 20 de agosto. As chamas
Estado terá pago
cerca de 22 milhões de euros por
horas de voo dos
helicópteros Kamov que nunca aconteceram,
revela um relatório dos juízes
do Tribunal de Contas.
Nas conclusões apresentadas pelo relatório, os juízes do
Tribunal de Contas (TdC) censuram a atuação do ex-subsecretário de Estado da Administração Interna no Governo de
José Socrátes, Rocha Andrade,
quanto à utilização dos helicópteros Kamov.
O negócio dos helicópteros
Kamov verificou-se em 2006,
Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Um rapaz de 13 anos é
suspeito de ter ateado pelo
menos sete dos 12 incêndios
no Verão de 2013, no concelho da Covilhã. O anúncio foi
feito pela Polícia Judiciária, a
22 de agosto. O anúncio foi
feito a 22 de agosto pela Polícia Judiciária. Os incêndios,
ocorridos nas localidades de
Tortosendo, Telhado, Vales
do Rio, Dominguizo, Paul e
Barco, “percorreram várias
centenas de hectares de terrenos povoados por pinhal,
olival, espécies frutícolas e
mato” e destruíram “várias
instalações e maquinaria
de natureza agrícola, num
prejuízo global imediato de
várias centenas de milhar de
euros”. Segundo a PJ, “foram
colocados em grave perigo
diversos núcleos habitacionais das mencionadas localidades”
11
12
Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Agosto de 2014
entrevista
padores ou voluntários. Os
jovens e crianças devem olhar para os bombeiros e sentirem orgulho, sentirem que
eles são um exemplo de vida
e de cidadania.
“A homenagem é um ato de justiça”
D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga, vai fazer a leitura de homenagem aos bombeiros no Dia Nacional do
Bombeiro Profissional, que se assinala a 11 de setembro, em Braga. Em entrevista ao jornal Alto Risco, o
arcebispo fala da importância do papel do bombeiro na sociedade atual.
Como encara a realização
desta homenagem – Dia Nacional do Bombeiro Profissional – na cidade de Braga?
Foi com grande satisfação que tomei conhecimento
da realização desta homenagem na cidade de Braga.
Ao longo dos últimos anos
visitei diversas corporações
de bombeiros – voluntários
e profissionais – em todo o
distrito de Braga. Na minha
mensagem de Ano Novo elegi o Bombeiro como a figura
do ano. Pesava ainda no nosso espírito a morte dos oito
bombeiros que morreram a
combater heroicamente os fogos de Verão. Não podia ficar
indiferente perante a bravura
de quem defende altruisticamente a vida das pessoas e os
seus bens.
O lema dos bombeiros
portuguesas Vida por vida é
a tradução perfeita do amor
interior que eles têm a uma
causa nobre que nem sempre
é valorizada e respeitada por
todos nós.
Por isso, realizar uma homenagem na cidade de Braga
é antes de mais um ato de
justiça para com aqueles que
deram a sua vida por outra
vida. Não pode ser de outro
modo. Mas é também uma
oportunidade para a nossa cidade, para cada cidadão, tomar consciência que os seus
atos têm consequências na
vida dos demais.
Qual o papel e importância dos bombeiros no con-
texto da comunidade bracarense?
Os bombeiros são as pessoas em quem os bracarenses
confiam a sua vida. Sabem
que podem dormir descansados. Recentemente a Câmara
Municipal de Braga estabeleceu, por exemplo, um acordo
com os bombeiros sapadores,
o que permitiu um serviço
permanente de 24h e 7 dias
por semana. Ter a quem
recorrer numa hora de aflição
não tem preço e os cidadãos
reconhecem este valor.
Braga é uma cidade jovem
e em 2012 foi, inclusive, Capital Europeia da Juventude.
Lembro este facto porque estou convencido que dimensão
pedagógica faz também parte
da missão dos bombeiros, sa-
Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Como encarou o convite
da Associação Nacional de
Bombeiros
Profissionais
para realizar a leitura de
homenagem aos bombeiros
na cerimónia do dia 11 de
Setembro?
Encarei com surpresa e
com sentido de responsabilidade. Prestar homenagem
aos bombeiros falecidos é
sempre um momento delicado porque envolve afetos,
memórias e momentos limite.
Mas é precisamente nesses
momentos limite, entre a
vida e a morte, entre o sentido e o sem sentido, que a
fé tem algo a dizer. A fé é a
resposta – permita-me que o
cite – ao poeta Miguel Torga
quando ele diz «queria era
sentir-me ligado a um destino extrabiológico, a uma
vida que não acabasse com a
última pancada do coração».
Enquanto homem de fé, creio
que a melhor homenagem
que posso prestar a todos os
bombeiros e seus familiares é
dizer-lhes que a sua vida, os
seus gestos, os seus sonhos e
suas memórias não terminaram com a última pancada do
coração.
Portugal é todos os anos
assolado pelo flagelo dos incêndios. A falta de prevenção e/ou negligência estão
entre as principais causas
dos incêndios. Que tipo de
ações de sensibilização é
que poderiam ser feitas? A
Igreja tem ajudado também
a alertar a população para a
importância da prevenção?
Educação, prevenção, e
responsabilização são, no
meu entender, as palavras
-chave. Curiosamente o Papa
Francisco falou este ano, na
sua Mensagem para o Dia
Mundial da Paz, sobre a necessidade de nos educarmos
para a salvaguarda da criação, isto é, da natureza e da
humanidade. Quem não é
capaz de cuidar da natureza
também não é capaz de conviver em fraternidade. Por
isso sublinho a importância
da educação, que deve acontecer desde logo nas escolas,
nas associações, na família,
na comunicação e também
no mundo da cultura. A Igre-
ja tem procurado seguir este
caminho, promovendo estratégias que visam a educação
global do ser humano.
Por outro lado é necessária
prevenção e esse é um trabalho
das instâncias civis e de cada
cidadão. Não se pode desvalorizar a necessidade de limpar
as matas e espaços envolventes às zonas residenciais. Por
fim, é também necessário responsabilizar de modo célere
quem comete esse género de
crime. O vazio da responsabilidade é o pior inimigo da educação e da reintegração.
Num contexto de crise
económica e social que é
transversal a todo o país,
como avalia o papel desempenhado pela Igreja no
apoio à população?
Nesse aspeto tenho de
ser frontal. A Igreja tem
sido fundamental na ajuda à
Pub
Agosto de 2014
população que passa por
dificuldades reais e graves.
Estou a falar de casos de
fome, desemprego, falta de
habitação e impossibilidade
de pagamento de empréstimos. Mas estou a pensar também em algo ao qual não se
tem dado a devida atenção:
a pobreza envergonhada.
A classe média foi atingida
fortemente pela crise e políticas de austeridade. Estão no
limite das possibilidades de
viver com dignidade. A Igreja
tem, em diversos casos, restituído a dignidade ferida de
tantos portugueses. Mas é
necessário mais. É necessário
repensarmos urgentemente
se é este o género de sociedade, de economia e de valores pelos quais nos queremos pautar. Se assim não for,
a superação da crise de pouco
servirá e os erros do presente
repetir-se-ão no futuro.
13
14
Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Agosto de 2014
notícias
notícias
Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Agosto de 2014
notícias
breves
Incêndio Serra
da Estrela
Um homem de 51 anos foi
identificado, a 26 de agosto,
pela GNR por suspeitas de ter
ate3dao um incêndio florestal
que afetou a zona de Corujuria, Guarda, no dia anterior.
De acordo com a GNR, na
origem desta ação terão estado motivos de vingança en-
cretário-Geral do PCP, Jerónimo
de Sousa, para dar a conhecer a
situação, uma vez que se trata
de uma autarquia do PCP.
Entretanto, a situação vivida
na CBSSetúbal foi dada a conhecer aos órgãos de comunicação social locais e nacionais,
através do seguinte comunicado,
emitido por ANBP/SNBP:
tre irmãos e heranças familiares. As chamas destruíram
entre 60 e 80 hectares de
área do Parque Natural da
Serra da Estrela. Estiveram
envolvidos no combate às
chamas 140 operacionais, 41
veios e dois aviões bombardeiros.
GNR identificou 36
suspeitos de incêndio
em Santarém
Sapadores de Setúbal em
greve até ao Ano Novo
Os Bombeiros Sapadores de
Setúbal estão em greve ao trabalho
extraordinário desde o dia 8 de
agosto. Um protesto convocado pelo Sindicato Nacional de
Bombeiros Profissionais e que
deverá estender-se até ao dia
31 de dezembro. Em causa está
aquilo que os dirigentes sindicais e bombeiros dizem ser
a “falta de organização no seio
desta companhia no que diz respeito à rotatividade dos turnos
que não está a ser cumprida”.
Os Sapadores de Setúbal defendem que esta rotatividade deve
ser feita turnos “desde o início
do ano e não de mês a mês, e
com colegas a passar de uma
equipa para a outra”.
O reforço desigual de pessoal nos turnos do dia e da
noite é outro dos motivos de
insatisfação dos bombeiros de
Setúbal, uma vez que, de acordo com fonte dos Sapadores,
“durante o dia há mais homens
ao serviço e tem havido uma
grande quantidade de chamadas durante a noite”.
Os bombeiros contestam ainda o trabalho extraordinário que
está a ser efetuado (mais do que
as quatro horas mensais).
Os Bombeiros Sapadores
de Setúbal queixam-se de
“represálias” e “chantagens” por
parte do comandante, e admitem
ponderar outras formas de luta,
caso não haja alterações no funcionamento e organização da
Companhia. Os Bombeiros, em
conjunto com o Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais,
pediram já uma audiência ao Se-
15
Conselho Geral da ANBP
A direção nacional da Associação Nacional de Bombeiros
Profissionais reuniu-se em
Conselho Geral no dia 27 de
agosto. A organização do Dia
Nacional do Bombeiro Profissional, no dia 11 de setembro,
na cidade de Braga, foi o tema
dominante desta reunião. Foi
ainda abordada a greve que
está a decorrer nos Bombeiros
Sapadores de Setúbal e decididas novas formas de luta,
tendo em conta o descontentamento generalizado dos
bombeiros da Companhia. De
acordo com os dirigentes de
ANBP/SNBP, em causa esta a
prática de “um banco de horas
encapotado”, a não aplicação
do Acordo para Entidade Empregadora Pública na sua totalidade.
Em discussão esteve também a revisão da carreira dos
bombeiros profissionais, que
está a ser analisada pela Associação Nacional de Municípios
Portugueses e a posição a adotar, caso o estatuto não vá de
encontro às necessidades dos
bombeiros profissionais.
olha o passarinho
A GNR identificou, desde o
início do ano, um total de 36
pessoas suspeitas de incêndios
florestais no distrito de Santarém. O concelho de Ourém
foi aquele onde se registou
maisor número de indivíduos
Dia Municipal do Bombeiro
lembra incêndio do Chiado
A
Rua do Carmo, em
Lisboa, foi mais uma
vez palco de homenagem e lembrança do
grande incêndio do Chiado, há
26 anos. Foi neste espaço que se
assinalou a primeira edição do
Dia Municipal do Bombeiro, que
pretendeu recordar os homens e
as mulheres que lutaram contra
as chamas num acontecimento
que marcou a cidade.
A cerimónia, organizada
pela Câmara Municipal de Lisboa e pelo Regimento Sapadores Bombeiros de Lisboa,
contou com a presença do vice-
presidente da autarquia, Fernando Medina, com o vereador
da proteção civil, Carlos Manuel Castro e com o Comandante
do RSB, Tenente-Coronel Pedro
Patrício.
Ao toque do silêncio, uma
coroa de flores foi colocada
sob uma placa de homenagem
descerrada no ano passado, por
ocasião dos 25 anos passados
sobre o acontecimento.
Perante uma formatura de
bombeiros de várias corporações da cidade e ladeado pelas
suas bandeiras e guiões, o vicepresidente da CML, Fernando
Medina, lembrou que “há um
antes e um depois” do incêndio
do Chiado, no que diz respeito a proteção civil. O autarca
lembrou a “determinação” dos
que estiveram no combate às
chamas nesse dia e garantiu
que o “município está empenhado em dar resposta ao que
a cidade exige”.
Já o comandante do RSB,
Tenente-Coronel Pedro Patrício,
ressalvou a importância deste
dia, lembrando outros dias em
que os bombeiros são também
recordados, como é o caso do
Dia Nacional do Bombeiro.
Sabia que...
u E se a moda pega nos bombeiros?
identificados entre Março e
agosto (10), seguindo-se Tomar (nove), Mação (cinco),
Cartaxo (quatro), Constância
(três), Abrantes (dois) e Almeirim, Sardoal e Ferreira do
Zêzere (um em cada).
l O incêndio no Chiado aconteceu na madrugada de 25 de agosto de 1988. As chamas
começaram nos Armazéns do Grandella, consumiram dois quarteirões e foram combatidas
por mais de 1600 bombeiros de corporações de toda a região de Lisboa. Desapareceram edifícios históricos como o Grandella, o Chiado, a Pastelaria Ferrari e a Valentim de Carvalho.
Perdeu-se a partitura original do Hino Nacional, além de obras de Fernando Pessoa.
Duas pessoas morreram- um residente e um bombeiro do RSB, Catana Ramos, de 31 anos.
Ficaram feridas 73 pessoas e 150 desalojadas. Por ocasião dos 25 anos do incêndio, assinalados no ano passado, o comandante do RSB na altura, o Coronel Santinha Matias, recordava
ao Alto Risco a debilidade dos edifícios: “estamos a falar de edifícios que na sua génese de
construção misturavam materiais como madeira e ferro. Além disso não possuíam sistemas
de deteção de fogo nem materiais que evitassem a sua rápida propagação”.
As floreiras da calçada também não facilitaram o trabalho aos bombeiros, já que impediram
a circulação dos veículos de combate pela calçada.
Municipais de Tavira
têm novo VFCI
A Câmara Municipal de Tavira reforçou a corporação de
Bombeiros Municipais de Tavira com um novo veículo florestal de combate a incêndios.
A viatura, com características
de “todo o terreno”, está dotada de sistemas de segurança
e de combate a incêndios modernos e adequados às necessidades operacionais das equipas de bombeiros no terreno.
Numa nota oficial publicada
no site da autarquia, “a compra
deste veículo representa um investimento superior a 150 mil
euros, montante que será comparticipado em 85% por fun-
dos comunitários”. A aquisição
desta viatura por parte da autarquia “insere-se no âmbito de
uma candidatura efetuada pela
AMAL, que abrangeu os 16
municípios do Algarve, ao Programa POAlgarve 21 (Programa
Operacional) para o projeto
“Reequipamento Estratégico da
Proteção Civil do Algarve”.
Já durante o ano passado
e durante este ano tinha sido
feita a entrega de equipamento
de Proteção Individual de Combate a Incêndios Florestais e
equipamentos de Proteção Individual de Incêndios Urbanos
à corporação de Tavira.
16
Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Agosto de 2014
notícias
Os incêndios florestais
registados entre os dias 1
de janeiro e 15 de agosto
destruíram uma área de 8645
hectares. Um valor que é
80% inferior ao registado em
igual período do ano passado
(41788ha). Também o número
de ocorrências foi inferior5161 em 2014 contra os 8997,
em 2013.
Em comparação ao histórico dos últimos 10 anos (20042013), em 2014 registaram-se
menos 61% das ocorrências
e ardeu menos 87% do que
o valor médio de área ardida
nesse período. Neste indicador, até 15 de agosto, este ano
era o terceiro melhor ano desde 2004. Os únicos dois anos
com menor área ardida do que
2014, no período 2004-2014
foram 2007 e 2008, com 5976
hectares e 8476 hectares, respetivamente.
Em matéria de ocorrências,
o Porto destaca-se pelo maior
número, com 933, seguido de
Lisboa (571) e de Braga (452).
Em qualquer um dos casos,
as ocorrências são maioritariamente fogachos.
Agosto de 2014
notícias
Os distritos mais afetados,
no que concerne à área ardida,
foram a Guarda e Porto com
1532 hectares e 1273 hectares.
No que diz respeito aos
grandes incêndios (área total
afetada que seja igual ou superior a 100 hectares), até 15
de agosto registaram-se 11 que
queimaram 2972 hectares de
espaços florestais, ou seja, cerca de 34% do total da área ardida até 15 de agosto. O maior
incêndio verificado ocorreu no
dia 15 de junho de Aboadela,
distrito do Porto, e consumiu
cerca de 947 hectares de espaços florestais.
Recorde-se que no ano passado as chamas consumiram
mais de 145 mil hectares, a
maior área ardida dos últimos anos. Oito bombeiros
morreram. O balanço pesado
dos incêndios florestais levaram à criação de um Grupo
de Análise para os Incêndios
Florestais, constituído pela
presidente da Assembleia da
República. Foram ouvidas pelos deputados que compunham este grupo várias entidades ligadas ao setor dos
bombeiros e proteção civil,
entre os quais a Associação
Nacional de Bombeiros Profissionais. Entre algumas das
medidas propostas pela ANBP
estava a organização e melhoria da formação em toda a hierarquia, para os bombeiros e
também para os comandantes,
já que alguns dos que estavam
no terreno não teriam sufici-
ente nem reciclagem acerca de
combate a incêndios florestais.
Em entrevista à RTP, a 18
de agosto, o Secretário de
Estado da Administração Interna, João Almeida, adiantou que “a prioridade que foi
definida (para o combate aos
fogos deste ano) foi a segurança das forças (bombeiros)
através da formação e do treino operacional”.
Dois grandes incêndios
em finais de agosto
Já depois de ter sido divulgado o relatório provisório
para os incêndios florestais
pelo Instituto de Conservação
da Natureza, o território nacional foi assolado por vários
incêndios. No dia 25 de agosto, em Pampilhosa da Serra
(Coimbra) as chamas obrigaram à mobilização de 400
bombeiros, apoiados por 90
veículos e quatro meios aéreos. A aldeia de Foz do Ribeiro
chegou a ser evacuada. Este
incêndio terá consumido cerca
de 100 mil hectares de floresta.
Em Nisa, no concelho de
Portalegre, um incêndio florestal na zona de Pé da Serra
foram identificadas duas frentes ativas, combatidas por
156 operacionais, 50 viaturas e
dois aviões bombardeiros.
Também no Parque Natural
da Serra da Estrela, na Guarda,
as chamas afetaram uma zona
de mato. Também no Algarve
um incêndio mobilizou mais
de 100 bombeiros.
E
Fonte: ICN
Distrito
Braga
Lisboa
Porto
Ocorrências
(Incêndios e fogachas)
452
571
993
u Distritos mais afetados
Ocorrências 2014
Meses
Total
janeiro
fevereiro
março
abril
maio
junho
julho
agosto
TOTAL
Anos
2013
2014
Média
2004-2013
4
5
636
367
1.123
912
1.320
794
5.161
m 2013, nos 18 distritos ocorreram 122
acidentes com tratores em terreno agrícola/privado, que causaram a
morte a 52 pessoas, ferimentos graves em 24 vítimas e
ferimentos leves noutras 44.
Este ano, até maio, registaram-se 66 acidentes em terrenos agrícolas, que provocaram
22 mortos, 13 feridos graves
e 33 feridos leves, segundo
um comunicado do ComandoGeral da GNR.
Quanto aos acidentes com
tratores ocorridos na via pública, a GNR registou de norte
a sul, em 2013, 48 acidentes,
26 mortes, 23 feridos graves
e 11 feridos leves. Até julho
deste ano, a GNR registou 20
acidentes, os quais causaram
15 vítimas mortais, 23 feridos
graves e dois feridos leves.
Os dados disponibilizados pela GNR ao Alto Risco
(ver quadros) demonstram
que a maioria dos acidentes
com tratores acontece em terrenos agrícolas/privados, local onde se verifica também
a grande maioria das vítimas
mortais.
Leiria (16), Guarda (13),
Viseu (12) e Santarém (nove)
são os distritos onde tiveram
lugar mais acidentes em terrenos agrícolas em 2013, com a
Pub
Ocorrências(nº) Área ardida(ha)
Total
Total
8.997
5.161
41.788
8.645
13.170
66.230
GNR a registar nove mortos,
seguida de Viseu e Coimbra,
distritos que registaram, cada
um, oito mortes.
Nos primeiros seis meses
deste ano, Bragança (nove),
17
Alemães vão combater
incêndios em Vila Real
GNR registou 115
mortes com tratores
agrícolas entre
2013 e 2014
Menos 80% de
incêndios florestais
O
Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Viseu (oito) e Santarém (sete)
são os distritos com mais acidentes em terrenos agrícolas.
Bragança lidera igualmente a
lista das vítimas mortais, com
cinco já registadas.
Dezasseis voluntários da
Organização Não Governamental europeia @ fire, sediada em Osnabrück, Alemanha,
estiveram em Vila Real para
ajudarem no combate aos
incêndios florestais. A participação da @fire- Resposta
Internacional a Desastres Naturais- insere-se num âmbito de
um protocolo assinado com a
Câmara de Vila Real em 2011 e
tem como objetivo aumentar a
capacidade de intervenção nos
incêndios florestais, através do
apoio aos dois corpos de bombeiros locais.
Em 2005 os dois municípiosOsnabrück e Vila Real- assina-
ram um acordo de geminação e
nesse mesmo ano uma equipa
de nove elementos fez parte do
dispositivo de combate a incêndios em Vila Real. Um ano depois, em agosto, 33 elementos
de quatro corporações daquela
cidade alemã e 10 elementos da
ONG @fire regressaram a Vila
Real, em auxílio das corporações de bombeiros de Vila Real.
A ONG alemã funciona
com um corpo de voluntários
e mantém-se no ativo através
de doações de instituições ou
particulares, tendo estado no
auxílio ao socorro em catástrofes naturais que ocorreram na
Tailândia, Paquistão e Haiti.
Agosto foi o mês com menos
fogos da última década
u Sinistralidade - Acidentes com tratores ocorridos na via pública
u Acidentes de trabalho - Acidentes com tratores
que ocorrem em terreno agrícola/terreno privado
O mês de agosto foi aquele em
que ocorreram menos incêndios
na última década, com menos
duas mil ocorrências, afirmou à
agência Lusa o comandante adjunto de operações da Autoridade
Nacional Proteção Civil, Carlos
Guerra garantiu à agência Lusa
que «este mês de agosto é o melhor desde 2003. Até esta data são
os valores mais baixos registados
pelo Instituto da Conservação da
Natureza e das Florestas em relação ao número de ocorrências e
de área ardida».
Este responsável justifica o
verão atípico e comportamentos mais responsáveis como
principais razões para esta
baixa incidência de incêndios
florestais. As condições meteorológicas, com temperaturas
abaixo dos valores normais
para a época, pode ter explicado que o número de fogos não
tenha ultrapassado os 1.937.
«Também queremos acre-ditar
que teve a ver com os comportamentos menos negligentes
das populações e com os cuidados no manuseamento de equipamentos agrícolas, ou seja
uma diminuição dos comportamentos de risco da população»,
explicou Carlos Guerra.
Em comparação com o ano
passado o número de fogos representou um terço dos registados
em agosto de 2013.Também em
termos de área ardida a diferença
entre este ano e o ano passado «é
significativa», afirmou o responsável da Proteção Civil.
Desde o início deste ano e até
15 de agosto, arderam 8.700 hectares, sendo que no mesmo período do ano passado, a área ardida
chegou aos 30.989 hectares. No
total da época de incêndios do
ano 2013, arderam mais de 120
mil hectares, tendo sido o valor
maior desde 2010.
18
Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Agosto de 2014
notícias
breves
Novo detetor de incêndios
desenvolvido no Porto
U
ma empresa incubada no Parque de
Ciência e Tecnologia
da Universidade do
Porto (UPTEC) desenvolveu
uma nova tecnologia capaz de
detetar as primeiras chamas
de um incêndio florestal, permitindo às forças de combate
uma atuação “mais rápida”.
“A nova tecnologia tem um
sensor que deteta, num raio de
12 quilómetros, um aumento
de temperatura e uma variação
na concentração de dióxido de
carbono em ambiente florestal,
emitindo um alerta aos meios
de socorro”, afirmou ao Alto
Risco Marina Machado, responsável da empresa Flicks,
autora do projeto.
Ainda em fase piloto, o projeto dá indicações aos meios
de socorro da localização exata, intensidade e propagação
do incêndio, assim como os
meios necessários e trajetos
mais indicados para lá chegar,
logo “nos primeiros minutos”.
“Os bombeiros podem assim intervir de uma forma
mais rápida e eficiente no
combate às chamas, evitando
o aumento da área ardida”,
sublinhou a investigadora.
Marina Machado explicou que
o alerta dado por esta tecnologia é, antes de emitido às forças de comando, confirmado
pelo sensor que estiver mais
próximo.
“A tecnologia é colocada
de 12 em 12 quilómetros, em
estruturas j á existentes nas
f l orestas, tais como antigas
casas florestais, e na sua au-
sência são construídos novos
postos sempre acima da copa
da árvore e com o menor impacto ambiental”, explicou a
responsável.
Desta forma, “a tecnologia
cobre o equivalente a 40 campos de futebol”, acrescentou.
Esta tecnologia, que levou
dois anos a desenvolver, funciona durante 24 horas por
dia, “sem intervenção humana” através de energia eólica
ou solar.
Neste momento Marina
Machado está à procura de um
financiamento de 70 mil euros
para criar uma unidade-piloto, “seja através de capital de
risco ou quaisquer outras fontes. Estamos ainda a aguardar
a abertura das candidaturas
ao QREN para Portugal”.
Agosto de 2014
19
notícias
Bombeiros resgataram
12 pessoas junto
ao rio Poio
O
s bombeiros resgataram 12 pessoas, que ficaram
perdidas quando
caminhavam
junto ao rio Poio, Ribeira de
Pena, durante a noite de 11 de
agosto.
Segundo o Centro Distrital
de Operações de Socorro de
Vila Real, o alerta foi dado por
um dos elementos do grupo,
proveniente de Coimbra e de
Cinfães, o qual terá conseguido sair do local à procura de
ajuda, adianta a agência Lusa.
As equipas de resgate conseguiram chegar ao local, de
escarpas e difícil acesso, cerca
da meia-noite. A informação
que chegou às autoridades era
apenas para uma pessoa, mas
quando chegou ao sítio a equipa encontrou 12.
O jovem de 24 anos, terá
caído junto ao rio Poio, em
Cabriz, concelho de Ribeira
de Pena, tendo ficado ligeiramente ferido.
A equipa de resgate integrou bombeiros de Cerva,
concelho de Ribeira de Pena,
da Cruz Branca de Vila Real,
da GNR, e a Viatura Médica
de Emergência e Reanimação
(VMER) de Vila Real.
Câmara quer remodelar
quartel dos Bombeiros
Municipais de Tomar
A Câmara Municipal de Tomar aprovou, na reunião de 4
de Agosto, uma proposta de
aquisição de serviços para a
elaboração de um projeto que
visa a remodelação do quartel
dos Bombeiros Municipais.
Em declarações ao jornal
O Mirante, a presidente da Câmara de Tomar Anabela Freitas
(PS), afirmou que a intenção
passa por remodelar toda a
forma de circular internamente
no quartel, a recuperação da
laje que se encontra por detrás
dos Serviços de Proteção Civil,
a cozinha, e todo o sistema elétrico e de comunicações.
“Em conversa com o senhor
ministro da Administração Interna o mesmo alertou-me para
o facto de, em breve, abrirem
candidaturas para a remodelação de quartéis. Não queríamos perder a oportunidade de
concorrer ao financiamento por
falta de um projeto”, afirmou
nesta reunião.
Dois turistas
salvos em arriba
u Novo dispostivo de deteção de incêndios concebido por empresa portuguesa
Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Atraídos pela beleza perigosa das altas falésias da
Costa Vicentina, dois turistas alemães, de cerca de 30
anos, tentaram, a 13 de agosto durante a manhã, subir
uma arriba na zona da Cabeça do Índio, junto à Praia
da Amoreira, no concelho de
Aljezur.
Segundo a agência Lusa,
os turistas acabaram por ficar
ambos retidos nas rochas, de
onde tiveram de ser resgatados pelos Bombeiros Voluntários de Aljezur (BVA), que
deslocaram para o local oito
operacionais e três viaturas.
O turista sofreu algumas
escoriações e foi assistido no
local. A Polícia Marítima registou a ocorrência.
Bombeiros
ainda sem EPI
u O presidente da CIM da Região de Coimbra, João Ataíde
entregou EPI ´s aos bombeiros voluntários de Montemor o Velho
Estão prometidas pelo governo desde Março de 2013, mas mais de um ano e meio depois, e em plena época
de incêndios, a maioria das corporações de bombeiros ainda não recebeu as novas fardas. E já existem queixas
sobre a qualidade dos entregues, apesar de alegadamente estarem certificados segundo normas europeias.
O
s autarcas queixam-se de
preços desadequados à realidade do mercado, erros nos
cadernos de encargos elaborados pela Proteção Civil,
alterações de última hora às
especificações do material e
problemas com o cálculo do
IVA. A juntar a estas dificuldades, que determinaram a
suspensão e a anulação de
dezenas de concursos em
todo o país, boa parte das
câmaras teve de suspender aquisições já em curso
devido à reforma das Comunidades Intermunicipais
(CIM), iniciada pelo governo
em Setembro de 2013.
No ano passado, o governo decidiu mexer na estrutura das comunidades intermunicipais: algumas foram
fundidas, outras ampliadas
e outras extintas. O guião
da Secretaria de Estado da
Administração Local deter-
minou a extinção de todas
aquisições em curso, até
porque a maioria das CIM
mudou de nome e de número
de contribuinte.
Queixas das empresas
Algumas empresas que
fornecem EPI aos bombeiros
queixam-se da indefinição
legal que impediu a entrega
atempada dos equipamentos. Gilberto Neves, responsável comercial da Touch
Fire, sublinha que a “culpa
da atual situação é de quem
legisla não das empresas”.
A estratégia da empresa
passa por não concorrer às
CIM, mas “apresentar um
produto de qualidade que
cumpra todas as especificações determinadas pela portaria nº 10 da Autoridade
Nacional de Proteção Civil”,
referiu ao Alto Risco.
A partir da segunda
quinzena de setembro, ”vamos começar a comercializar
o equipamento, cuja versão
completa custa cerca de 600
euros”, disse Gilberto Neves.
Equipamentos inseguros
Os novos EPI tinham
acabado de chegar à corporação dos Voluntários das
Farejinhas, em Castro Daire,
quando, numa madrugada de
final de Julho, os bombeiros
foram chamados para um
fogo. O cenário complicouse quando as fagulhas que
caíram sobre dois homens às
lhes terão queimado os casacos. Desde então, os fatos
novos estão arrumados e os
antigos, de algodão, voltaram ao serviço.
Este incidente é apenas
um capítulo dos que têm
marcado a entrega de novos
equipamentos – compostos
pelo fato, luvas, botas, capacete e máscara – aos bombeiros de todo o país, tarefa
que o Governo delegou nas
comunidades intermunicipais (CIM).
CIM Dão Lafões
nega responsabilidades
O presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM)
Viseu Dão Lafões, José Morgado, rejeitou qualquer tipo
de responsabilidades no que
toca à qualidade dos equipamentos de proteção individual para bombeiros entregues às corporações do seu
território, citado pela agência Lusa a 28 de agosto.
“Não aceitamos que seja
imputada à CIM Viseu Dão
Lafões qualquer responsabilidade na qualidade e características dos equipamen-
tos de proteção individual
adquiridos e fornecidos às
corporações dos bombeiros
da região Viseu Dão Lafões”,
alegou.
Estas declarações surgem a propósito da reclamação dos Bombeiros Voluntários de Farejinhas, que se
queixaram de ter ficado com
dois dólmens danificados,
após aparecimento de marcas por queimadura.
Após a reclamação, a CIM
Viseu Dão Lafões “reuniu
com a empresa fornecedora”
e está a “desencadear todos
os procedimentos junto do
CITEVE - Centro Tecnológico
das Indústrias Têxtil e do
Vestuário de Portugal, tendo
em vista a confirmação dos
requisitos técnicos dos fardamentos adquiridos e a sua
conformidade com o que foi
definido em sede de caderno
de encargos”.
José Morgado explicou
que não foi a CIM Viseu
Dão Lafões que estabeleceu
ou definiu quais as características dos equipamentos
de proteção individual a adquirir, nem os normativos
que deveriam cumprir.
“A CIM Viseu Dão Lafões
verificou, em sede de procedimento concursal, toda a
conformidade das normas de
certificação e homologação
exigidas em sede de caderno
de encargos, clausulado técnico definido pela ANPC”,
esclareceu.
Os equipamentos de proteção individual foram entregues às 21 corporações dos
concelhos que integram o
território da CIM Viseu Dão
Lafões entre 17 de julho e 5
de agosto. Ao todo, foram
disponibilizados 338 pares de
botas, 519 cógulas, 572 pares
de luvas, 370 capacetes, 793
pares de calças e 793 dólmens, faltando ainda entregar na segunda semana de
setembro 220 pares de botas.
“A empresa transmitiu
que os equipamentos fornecidos cumprem todos os normativos exigidos e, de toda a
informação que temos, não
há qualquer falha nos equipamentos. Com as fagulhas
incandescentes da primeira
linha de fogo, os equipamentos fizeram a sua função que
é proteger os bombeiros de
queimaduras”, sublinhou
José Morgado.
De acordo com o também
autarca de Vila Nova de Paiva, os dólmens danificados
apresentavam “perfurações
de um milímetro”, sendo
substituídos por estarem em
prazo de garantia.
20
Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Agosto de 2014
entrevista
Iniciativa para
adquisição de EPI
Miguel Macedo, ministro da Administração Interna
“Já se encontra em curso a 2ª
fase de aquisição de EPI”
O plano para equipar as
corporações de bombeiros
com EPI´s está a ser concretizado conforme o planeado?
Em Março de 2013, o Governo disponibilizou às Comunidades Intermunicipais
(CIM) uma linha de financiamento comunitário para a
aquisição dos EPI, no montante de 6,3 milhões de euros. Como são procedimentos
a decorrer sob responsabilidade de cada uma das CIM,
o grau de execução é diferenciado de caso para caso.
buição deste equipamento?
Já se encontra em curso a
2ª fase de aquisição de EPI,
que está a ser operacionalizada através da ANPC. Este
procedimento foi lançado em
9 de maio de 2014 através
de um concurso público internacional. Neste momento
já se encontra elaborado o
relatório preliminar para a
seleção dos adjudicatários.
Prevê-se que os equipamentos comecem a ser entregues
em dezembro de 2014 e que
estejam todos à disposição
dos Corpos de Bombeiros
(CB) até final do 1º trimestre
de 2015, em função das diversas tipologias de equipamento que os compõem, de
modo a estarem ao serviço
dos CB antes da fase Bravo
de 2015.
Acresce que, para este concurso, foi atualizada a norma
técnica, que estabelece diretrizes (com o n.º 10) depois
de parecer positivo do Conselho Nacional de Bombeiros.
Neste processo das EPI,
existem situações que possam ser alteradas no futuro
para melhorar forma de atri-
Qual o custo total para
2014 do MAI para os fatos
de proteção dos bombeiros?
O montante global das
O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo,
sublinha, em declarações ao
jornal Alto Risco, que as Comunidades Intermunicipais
são responsáveis pelos procedimentos de aquisição dos
EPI. O MAI refere ainda que
já se encontra em curso a 2ª
fase de aquisição dos EPI e
a entrega dos equipamentos
vai começar a ser feita em
dezembro de 2014.
aquisições previstas na 1ª
fase, promovidas pelas CIM,
ascende ao valor de 6,3
milhões de euros, ao qual
acresce IVA à taxa legal. A
taxa de financiamento comunitário é de 85%. A comparticipação nacional de 15%
encontra-se repartida entre
o MAI e as CIM, em partes
iguais de 7,5%.O montante
disponível para as aquisições da 2ª fase, promovida
pela ANPC, é de 5,7 milhões
de euros, acrescido de IVA
À taxa legal. A taxa de financiamento comunitário é
igualmente de 85%, sendo
a comparticipação nacional
assegurada pelo MAI.
Até ao momento, qual
o ponto de situação que é
possível fazer sobre a época
de incêndios?
Neste momento encontrase a decorrer a fase Charlie
do DECIF. O MAI faz e divulga anualmente o balanço
da época de incêndios após a
fase Delta. Quanto ao ponto
de situação, remete-se para os
elementos disponibilizados,
quer pela ANPC, quer pelo
ICNF, nos respetivos sites.
Os Bombeiros Voluntários
de Nelas, em Viseu, decidiram
abrir mão dos cerca de 26 mil
euros que recebem na época
de incêndios para comprarem o
necessário equipamento de proteção individual. Mas os 70 voluntários da corporação de Nelas,
em Viseu, optaram por não receber esse dinheiro para que fosse
possível comprar os equipamentos de proteção individual.
“A verba atribuída aos bombeiros para o DECIF, em vez de
recebê-lo destinou-se à compra
dos EPI´s”, revelou ao Alto Risco
o comandante Filipe Guilherme.
“Em junho os 70 elementos
da corporação já tinham recebido o equipamento completo,
devidamente certificado para o
combate a incêndios florestais”,
sublinha este responsável.
O valor total desta aquisição
ascendeu a seis mil euros.
Bombeiros de Penela
equipam-se a custo
zero com donativo Suíço
Os Bombeiros Voluntários
de Penela receberam 64 Equipamentos de Proteção Individual
(EPI) de uma corporação suíça,
a custo zero, permitindo uma
poupança de 40 mil euros, anunciou a instituição em comunicado.
O equipamento destina-se
à proteção individual dos bombeiros no combate a incêndios
urbanos ou industriais, no desenvolvimento de operações de
desencarceramento (acidentes
de viação) e em sinistros relacionados com intempéries, entre
outros.
A oferta da corporação suíça,
que pediu o anonimato, permite aos Bombeiros de Penela
uma poupança de cerca de 40
mil euros, que seria o montante
a despender na aquisição deste
equipamento. Além do equipamento, também o transporte foi
oferecido por uma transportadora de Cantanhede, pelo que os
únicos gastos se referem à limpeza dos fatos e impressão do
nome da corporação.
A iniciativa de procurar este
apoio na Europa central partiu do comando, que assim retira benefício do facto de países
como a Suíça, França e Bélgica
substituírem regularmente os
equipamentos de proteção individual.
O segundo comandante dos
Bombeiros de Penela, António
Simões Lima, citado num comunicado da instituição, refere
que a corporação «pretende
continuar à procura de patrocinadores-bombeiros suíços,
belgas ou franceses», aproveitando o facto de aí se encontrarem penelenses emigrados
e «outros portugueses amigos
dos bombeiros predispostos a
colaborar na procura, negociação e diplomacia».
“Mosqueteiros” e TVI
lançam campanha de apoios
O Grupo “Os Mosqueteiros”,
e com o apoio da TVI, decidiram
arrancar com uma campanha de
angariação de apoios destinados
à aquisição de equipamentos
de proteção individual para o
combate a incêndios florestais.
A campanha baseou-se na venda de um íman, por cinquenta
cêntimos, nas diferentes lojas
“Intermarché”, Bricomarché” e
“Roady”, espalhadas pelo país.
Para assinalar o arranque
da iniciativa “Os Mosqueteiros”
ofereceram já 25 equipamentos
desse tipo, cinco por cada, às Associações de Bombeiros Voluntários da Covilhã, Alcabideche,
Estoril, Miranda do Douro e Valença.
Caraterísticas dos EPI
lSão
feitas de um material mais resistente ao fogo, que garante maior visibilidade e mais conforto;
•Cumprem as certificações exigidas pelas normas comunitárias em vigor;
•As botas escorregam menos e mantêm as suas caraterísticas após 300 mil flexões;
•O fato é constituído por duas peças, calças e dólman. O
casaco é feito de um material retrorrefletor de alta visibilidade;
•O capacete é resistente ao fogo e ao calor radiante;
•As luvas têm um sistema de aperto e ajuste.
Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Agosto de 2014
opinião
notícias
u Conferência de Imprensa no Hotel Ipanema, no Porto, a 14 de Julho de 2006
Sobre a medalha
atribuída a Rui Rio
O
Ministério da Administração
Interna decidiu atribuir a medalha de
mérito ao ex presidente da Câmara Municipal
do Porto, Rui Rio, em virtude,
diz o despacho do Ministério
da Administração Interna, da
“ação desenvolvida no domínio
da proteção civil ao longo dos
três mandatos autárquicos que
exerceu no município do Porto”. Acrescenta ainda que “a
liderança promovida pelo Dr.
Rui Fernando da Silva Rio assente no rigor, no envolvimento e na parceria ativa, conferiu ao setor da proteção civil
e, em particular, aos bombeiros
(sapadores), um dinamismo
que reconfigu-rou o panorama
da proteção e socorro do município do Porto”.
É evidente que não nos compete a nós contestar a escolha
do Ministério da Administração
Interna. O que nos causou espanto foi não tanto a atribuição
deste louvor, mas as razões
apresentadas para a atribuição
desta distinção.
Como entidades representativas dos Bombeiros Sapadores
do Porto, a Associação Nacional de Bombeiros Profissionais e o Sindicato Nacional de
Bombeiros Profissionais acompanharam bem de perto a “performance” de ex presidente da
Câmara Municipal do Porto, e
esta não nos pareceu de modo
nenhum “invicta”, no que aos
bombeiros diz respeito. Entre
os anos de 2001 e 2013, período em que decorreram os três
mandatos do presidente Rui
Rio, foram muitos e justificados os motivos de grande insatisfação por parte dos bombeiros profissionais do BSB.
As decisões e opções do
executivo levaram a manifestações e vigílias de bombeiros,
que se diziam “perseguidos”
e a quem foram aplicados processos disciplinares, até por
iniciativas ligadas à atividade
sindical. Ao mesmo tempo, assistiu-se a um desinvestimento
no Batalhão, quer pela falta de
condições do quartel, quer pela
falta de efetivos, tendo havido
uma redução de bombeiros ao
serviço por turno. Uma situação que ficou bem evidente
aquando da morte do Chefe
Manuel Correia, que faleceu
num incêndio quando, alegadamente, segurava numa escada. A tudo isto acrescenta-se a
pouca abertura sempre mostrada para com ANBP/SNBP para
abordar e resolver os problemas do Batalhão Sapadores
do Porto, para não falarmos
de alguma hostilidade durante
reuniões institucionais. Uma
situação que só terminou com
o atual executivo, liderado por
Rui Moreira.
Por tudo isto, reafirmamos
que, não contestando a decisão
do Ministério da Administração
Interna- que é legítima- colocamo-nos no lugar dos camaradas do BSB Porto que sentiram
na pele a “ação desenvolvida
no domínio da proteção civil” e
o “rigor, no envolvimento e na
parceria ativa, conferiu ao setor
da proteção civil e, em particular, aos bombeiros”, como diz o
despacho, e que devem assistir
com ironia à atribuição desta
medalha.
Esperemos que o novo executivo traga uma nova era
para os Bombeiros Sapadores
do Porto.
Direção Nacional
ANBP/SNBP
ANBP/SNBP reuniram com
Comandante Figueira da Foz
O Secretariado Regional do
Centro da Associação Nacional
de Bombeiros Profissionais e
do Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais reuniu-se a
21 de agosto com o comandante
dos Bombeiros Municipais da
Figueira da Foz, Nuno Osório.
Entre as questões abordadas
estiveram o comando do Teatro
das Operações e os equipamen-
21
tos de proteção individual e a
formação dos bombeiros municipais. A este respeito ANBP/
SNBP acordou que iria ser feita
a recolha das necessidades
para que em Outubro se agendassem algumas formações.
O Comandante Nuno Osório
foi ainda informado por ANBP/
SNBP de que existem bombeiros ao serviço que já atin-
giram o limite de idade para a
aposentação, sem que tivessem
pedido prolongamento. Os dirigentes de ANBP/SNBP alertaram para as consequências desta situação que o comandante
desconhecia. Tentou esclarecer
no momento com os recursos
humanos da autarquia, que
alegaram desconhecer a situação.
Terminada negociação
da tabela de
suplementos com
“desaprovação”
“Não houve nada de novo.
Não entendemos qual é a
pressa do Governo em aprovar este diploma. Se não é
para cortar nem para criar
novos suplementos, e se há
grupos profissionais que ficam de fora, não compreendemos”, disse a presidente do
STE- Sindicato dos Quadros
Técnicos do Estado, Maria
Helena Rodrigues, à Agência
Lusa no final de uma reunião
de negociação suplementar
com o secretário de Estado da
Administração Pública, José
Leite Martins, que se realizou
em 1 de setembro.
Maria Helena Rodrigues
sublinhou a posição do STE,
segundo a qual esta lei deveria ser discutida na Assembleia da República, por
envolver remunerações, lembrando que pediu ao Presidente da República que solicite a fiscalização preventiva
do diploma por este não cumprir aquela formalidade.
A dirigente do STE defendeu que o diploma deveria ser negociado com mais
tempo de modo a resolver as
situações das carreiras não
revistas, “que por esta via
poderão ter os suplementos
integrados nos salários”, assim como as carreiras específicas cujos suplementos
não são abrangidos por esta
tabela.
“Mais de 50% dos suplementos não estão consagrados nesta proposta de lei,
nomeadamente, os militares, polícias e magistrados,
e o Governo pouparia mais
tempo se fosse direto ao assunto”, disse.
José Leite Martins marcou
estas reuniões em resposta a
um pedido de negociação suplementar apresentado pela
Federação de Sindicatos da
Administração Pública (Fe-
sap).
O pedido da Fesap foi
apresentado no dia 22 de
agosto, quando o governante
enviou aos sindicatos da Função Pública a versão final do
diploma sobre os suplementos dos funcionários públicos, dando o processo como
encerrado.
Os sindicatos têm contestado a TUS porque consideram que o diploma é vago
e porque receiam que leve à
redução da remuneração.
Na versão final do diploma sobre suplementos remuneratórios no Estado o Governo mantém o que estava
previsto na proposta anterior,
determinando que os subsídios passem a corresponder a
um montante pecuniário fixo
e que sejam pagos apenas
nos 12 meses do ano.
Ficou também expresso
que, “salvo disposição legal
imperativa em sentido contrário, não é devido o pagamento de suplementos no
período correspondente a
faltas”.
Os suplementos atualmente em vigor serão revistos no prazo de 60 dias após
a entrada em vigor da nova
lei e podem ser mantidos,
total ou parcialmente, com
base nas novas regras, ou ser
integrados, total ou parcialmente, no salário.
Segundo o documento, “a
atribuição de suplementos
remuneratórios só é devida
quando as condições específicas ou mais exigentes não
tenham sido consideradas na
fixação da remuneração base
da carreira ou cargo”.
Os suplementos remuneratórios por trabalho noturno, de turno e por trabalho
suplementar continuarão a
ser fixados em percentagem
da remuneração base mensal.
22
Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Agosto de 2014
notícias
fomos notícia
Desfibrilhadores Automáticos
Externos utilizados 39 vezes
O
s Desfibrilhadores
Automáticos Externos (DAE) relacionados com
os Programas de
Desfibrilhação Automática
Externa, foram utilizados 39
vezes desde 2010, seis das
quais entre janeiro e julho de
2014, refere um comunicado
do INEM.
Atualmente, e no que se
refere aos Programas de DAE
licenciados pelo INEM e que
funcionam exclusivamente
em locais públicos, contamse: 531 Espaços Públicos com
Programa de DAE, 660 Equipa-mentos de DAE e 7394 Operacionais de DAE.
A experiência internacional demonstra que, em ambiente extra-hospitalar, a utilização de DAE por pessoal
não-médico aumenta significativamente a probabilidade
de sobrevivência das vítimas
em paragem cardiorrespiratória de origem cardíaca. Desde 2010 que o INEM promove
a adesão de Empresas e Instituições ao Programa Nacional
de Desfibrilhação Automática
Externa, no âmbito da legislação em vigor.
A legislação em vigor torna obrigatória a disponibilização deste equi-pamento em
diversos locais públicos a partir de setembro. A instalação
de equipamentos de DAE vai
ser obrigatória em estabelecimentos de comércio a retalho
isoladamente considerados
ou inseridos em conjuntos
comerciais, que tenham uma
área de venda igual ou superior a 2.000m2, bem como em
conjuntos comerciais que tenham uma área bruta locável
igual ou superior a 8.000 m2.
É ainda obrigatória a existência destes equipamentos em
aeroportos e portos comerciais, estações ferroviárias, de
metro e de camionagem, recintos desportivos, de lazer e
de recreio, com lotação superior a cinco mil pessoas.
Em comunicado, o INEM
ADN-Agência de Notícias
indica que o DAE é um dispositivo portátil que permite,
através de elétrodos adesivos
colocados no tórax da vítima
em paragem cardiorrespiratória, analisar o ritmo cardíaco e recomendar ou não a
administração de um choque
elétrico. Este equipamento
analisa o ritmo do coração,
fornece indicações aos reanimadores, analisa os dados, e
indica ou não a administração
de um choque segundo um algoritmo pré-definido.
vencedoras.
Na compra de um litro de
qualquer produto da gama CIN
Woodtec, entre 21 de Junho e
21 de Setembro de 2010, um
euro reverte inteiramente a favor desta ação. Em 2009, a CIN
conseguiu oferecer um total de
150 abrigos florestais, a 30 Corporações de Bombeiros Voluntários de Norte a Sul do país.
A
Acidentes mortais
com moto-4
E
uma moto-4, registado a 2
de Julho na Estrada Nacional
124, no concelho algarvio de
Tavira.
Já a 27 de Junho, um outro
acidente com moto-4 fez dois
mortos e um ferido na povoação de Casal Novo, concelho
de Penela.
Quarenta e cinco pessoas
morreram nos últimos cinco
anos em acidentes com quadriciclos, que incluem as
moto-4, indicam dados da
Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).
Segundo a ANSR, os acidentes com quadriciclos provocaram ainda 176 feridos
graves e 1.479 feridos ligeiros
entre 2009 e 2013.
Lei desrespeitada
Dos 45 mortos, 41 eram
condutores e resultaram de
despistes e colisões de quadriciclos (veículos de quatro
rodas que incluem as motas-4
e os conhecidos por ‘papa re-
formas’), adiantam os dados.
Segundo a legislação, para
conduzir uma moto-4, independentemente da cilindrada,
é necessária a carta de condução de categoria B (ligeiros)
ou B1 (triciclos e motociclos)
e a idade inferior 16 anos.
Os vendedores deste tipo
de veículos alertam para os
perigos da condução de moto4, aconselhando os condutores que evitem sempre superfícies pavimentadas, pois
neste piso pode ser gravemente afetada a manobrabilidade e provocar a perda do
controlo do veículo.
De acordo com os vendedores destes veículos, as
moto-4 foram concebidas
para serem utilizadas em superfícies não pavimentadas
e durante a condução deve
utilizar-se sempre capacete,
óculos de proteção e vestuário
apropriado, além de que nunca se deve transportar passageiros.
Sete feridos em
explosão de gás
Sete pessoas ficaram feridas na sequência da explosão
de uma botija de gás, num
parque de campismo, em São
Pedro de Moel. Três dos feridos com gravidade eram crianças que tiveram que ser assistidas no Hospital Pediátrico
de Coimbra, com ferimentos
na face e nas mãos. Uma outra criança de 11 anos e mais
três adultos sofreram ferimen-
23
Menos mortes nas
estradas em 2013
notícias
ste ano já se registaram vários acidentes
graves envolvendo
moto-4. Só este Verão
já morreram quatro pessoas
em veículos semelhantes, entre as quais três crianças.
A 12 de agosto um jovem de
16 anos morreu na sequência da
colisão da moto 4 que conduzia
com um pesado de transporte
de mercadorias, um acidente
que ocorreu em Pedregais, Vila
Verde. A vítima era emigrante e
encontrava-se de férias em Portugal, em casa de familiares, no
concelho de Vila Verde.
Para o local do acidente,
foram mobilizadas duas ambulâncias e uma viatura de
desencarceramento dos Bombeiros Voluntários de Vila
Verde, além de uma viatura
Médica de Emergência e Reanimação (VMER).
Um adolescente de 14 anos
morreu e outro de dez anos ficou gravemente ferido na sequência de um acidente com
Setúbal TV
madeira está a proteger a de
todos!”, são os consumidores
que decidem quais as corporações vencedoras através de
voto online em woodtec.cin.pt.
As votações estão muito disputadas em todos os distritos.
A campanha decorre até ao dia
21 de Setembro, finda a qual se
apurará o número final de equipamentos e as corporações
Agosto de 2014
Correio da Manhã
Empresa de tintas angariou
100 Fire Shelters para os
bombeiros portugueses
A campanha “Ao proteger a
sua madeira está a proteger a
de todos!” da marca de tintas
CIN já conseguiu angariar fundos para a compra de 100 fireshelters a atribuir às Corporações de Bombeiros Voluntários
portuguesas, revelou a empresa
em comunicado.
Nesta segunda edição da
campanha “Ao proteger a sua
Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
tos ligeiros.
O acidente terá ocorrido
no interior da tenda onde se
encontravam as vítimas. Um
candeeiro a gás terá caído ao
chão, incendiando-se e rebentando, quando celebravam
o aniversário de um familiar.
A tenda onde ocorreu o
acidente não ficou danificada,
já que as chamas não alastraram.
Nas operações de socorro
participaram 13 bombeiros da
Marinha Grande.
Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária
(ANSR) apresentou o relatório anual de sinistralidade rodoviária
de 2013, a 5 de agosto.
Este documento revela que
em 2013 registaram-se 30.339
acidentes com vítimas, de que
resultaram 637 mortes que se
verificaram nos 30 dias subsequentes à ocorrência do acidente e 1.946 feridos graves.
Em relação a 2012, houve
um aumento de 1,6% (+472)
acidentes com vítimas e uma
redução de 11,3% (-81) vítimas mortais e 0,3% (-5) feridos graves.
A colisão foi o tipo de ocorrência mais frequente, representando cerca de metade dos
acidentes com vítimas ocorridos em 2013 (51%/15.369),
40% (256) do total de mortos e 44% (856) dos feridos
graves. Os despistes foram
responsáveis por 32% (9.821)
dos acidentes, 38% (240) dos
mortos e 34% (660) dos feridos graves e em relação aos
atropelamentos deveram-se
17% (5.149) acidentes, 22%
(141) mortos e 22% (430) feridos graves.
Em comparação com o ano
anterior, assinala-se um decréscimo substancial no número de
mortos resultantes de despistes
(-70/-22,6%). Em sentido contrário, verificou-se um acréscimo no número de colisões
(+247/+1.6%) e respetivas
vítimas: mais cinco mortos e
mais 66 feridos graves.
A maioria dos acidentes
(22.946/76%), feridos graves
(1.244/63,9%) e vítimas mortais (352/55,3%) tiveram
lugar dentro das localidades.
Em relação a 2012, o número de vítimas mortais dentro das localidades diminuiu
(-45/-11,3%), o que é um sinal positivo, tendo em conta o
facto da evolução dos índices
de sinistralidade nas zonas
urbanas nos últimos anos ser
sempre menos favorável do
que fora das localidades.
Em 2013, 60,8% (387) do
total de vítimas mortais foram
condutores, 16,6% (106) passageiros e 22,6% (144) peões.
Em relação às vítimas
mortais, observou-se um decréscimo em todas as categorias de utentes, comparativamente com o ano anterior:
-55/-12,4% condutores, -11/9,4% passageiros e -15/-9,4%
peões. Já no caso dos feridos
graves, os condutores foram
os únicos a apresentar uma
redução (-37/-3,2%), verificando-se um agravamento entre os passageiros (+8/+2%)
e os peões (+34/+7,9%).
Quanto à categoria de
veículos, observaram-se 276
(43,3%) mortos e 871 (44,8%)
feridos graves entre os utentes
(condutores e passageiros) de
veículos ligeiros, 129 (20,3%)
mortos e 457 (23,5%) feridos
graves nos de duas rodas a
motor, e 29 (4,6%) mortos e
40 (2,1%) feridos graves relativamente aos veículos pesados.
Em comparação com 2012,
evidencia-se uma diminuição
bastante acima da média nacional no número de utentes
de veículos de “2 rodas com
motor” mortos (-32/-19,9%)
e, pelo contrário, um aumento no número de mortos
(+8/+27,6%) e de feridos
graves (+10/+25%) registado entre os condutores e passageiros de veículos pesados.
O grupo etário dos maiores de 60 anos foram os mais
representativos, em termos de
vítimas mortais e de feridos
graves (38,1% e 23,9%, respetivamente).
24
Alto Risco
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais
Agosto de 2014
opinião
A “Oito” do Regimento Sapadores
Bombeiros de Lisboa está
DEVOLUTA e à VENDA
A Estação da 1ª Companhia, conhecida por Quartel 8
(oito), situada no Largo do
Regedor, em plena baixa lisboeta, encontra-se à venda
no sítio da CML na internet (cidadedoportunidades.
cm-lisboa.pt), pela base de
licitação de 1.690.000.00€.
Segundo o mesmo, o imóvel
encontra-se “devoluto”, sendo admitidos todos os usos.
A caderneta predial refere
o imóvel como Quartel de
Bombeiros Municipais.
O Quartel 8 (oito) é um edifício construído em finais
do Séc. XIX, início do Séc. XX,
com uma fachada muito rica
quer volumetricamente quer
na generosa utilização de materiais, com destaque para as
cantarias, e recorrendo a uma
linhagem de Art Deco.(orpos
de Bombeiros(*excerto do livro Do
exercício do Fogo, edição da ANBP,
Museu do Bombeiro , impresso pela
CML - 1996)
Quartel emblemático do
RSB (Regimento de Sapadores
Bombeiros), sendo provavelmente o segundo mais antigo
da cidade logo após o quartel
da Av. D. Carlos I, vê os seus
dias de vida como Quartel de
Bombeiros chegarem ao fim.
Ao longo de mais de um século, que serve de base de
socorro para uma zona de intervenção específica como a
baixa, avenida da Liberdade,
parte do Bairro Alto, quase
“morrendo” a sua área de intervenção nas muralhas do
Castelo de S. Jorge.
Ao longo dos anos, vários
foram os Homens que ali serviram (e continuam a servir),
a população da cidade.
Estrategicamente
bem
situado, tal como se quer
num quartel de bombeiros,
foi daquele quartel que
saíram as primeiras viaturas
para o “dantesco” incêndio
do Chiado. Foram também os
primeiros a sair para os incêndios da Igreja de S. Domingos, do Teatro D. Maria II, do
Parque Mayer. E não se pense
que isto foi tudo num tempo
distante. Foi dali também que
partiram as primeiras viaturas para incêndios recentes
como o de 07/07/2008 na
avenida da Liberdade (hoje
hotel) e ainda mais recentemente para o da rua Rodrigo
da Fonseca (12/03/2014),
onde as chamas eram visíveis
do outro lado do rio.
Na sua fachada, gravado
em pedra, pode ler-se “Quartel Nº 8 – Corpo de Bombeiros”. É o único quartel da
cidade ainda com a designação anterior a 1930. Após
esta data, o Corpo de Bombeiros passou a ter a designação de Batalhão de Sapadores
Bombeiros.
Está assim gravado na
fachada do quartel, parte
da história desta casa. E a
história desta casa une-se
com a história da cidade,
como é evidente.
Um quartel de bombeiros
não é um edifício qualquer.
Um quartel de bombeiros
é um local onde homens e
mulheres se reúnem todos os
dias para desempenharem a
sua missão. É o local de onde
se parte sem, por vezes, se
saber o que se espera e o local onde se chega depois de
mais uma missão cumprida.
É o local onde se passam natais, fins de ano e outros dias
marcantes, pois um quartel
de bombeiros está em permanente prontidão 24 horas por
dia, 365 dias por ano.
Joseph Pfeifer, chefe do
1º Batalhão dos Bombeiros
de Nova Iorque e chefe da
1ª equipa a chegar ao World
Trade Center, descreve assim, num programa de tv por
cabo, o que é um quartel de
bombeiros:
“Chamamos quartel ao local onde trabalhamos. É um
lar. É um lugar onde vivemos,
comemos e trabalhamos juntos. Depois do 9 de Setembro,
foi no quartel que encontrámos a família que nos ajudou
a sarar a ferida”.
Mas esta paixão só é sentida por nós bombeiros. Outros não têm, e jamais terão,
a perceptibilidade deste sentimento, de fazer parte de
uma Irmandade lutadora de
causas nobres, que nos une
em torno de um só objectivo:
o socorro.
Um estudo do grupo GFK e
publicado em parceria com o
Wall Street Journal, descreve
assim os bombeiros portugueses: “…os bombeiros são
a excepção…com um aumento do índice de confiança,
atingindo o primeiro lugar
na preferência dos portugueses na escolha da profissão
em que mais se pode confiar”. – Diário Económico de
17/06/2011.
Talvez por estudos como
este e outros similares é que
os bombeiros são um alvo
preferencial dos partidos
políticos (todos), em cam-
panhas eleitorais. São feitas
as promessas da ordem, tiradas as fotografias da praxe,
deixando-lhes sempre expressa a vontade de que o partido A, B ou C irá resolver as
faltas e as necessidades com
que se deparam diariamente.
Esta proximidade morre após
a campanha eleitoral.
Não há dia em que não
haja um turista a pedir uma
informação ou a tirar uma
fotografia ao Quartel 8.
Várias são os turistas (bombeiros noutros países e não
só), que passam pela 8 e tiram uma fotografia; que visitam o quartel e ficam admirados com a traça e “pinta”
daquele que é provavelmente
o resto de um património antigo e edificado do RSB; que
sintam respeitabilidade por
aquele edifício e pelos que
nele trabalham.
Vários foram também
aqueles caminheiros de Santiago que pediram (e pedem)
albergue e pernoita na 8, e
que posteriormente nos enviam um postal, uma fotografia ou coloquem nas redes
sociais um agradecimento
enorme aos bombeiros da cidade de Lisboa, pelo acolhimento proporcionado.
Há também a população
próxima residente, maioritariamente envelhecida, que
vê nos “seus bombeiros” a
solução para a torneira que
não fecha, o cano que rompeu
ou a ajuda para levantar o
seu marido, caído no chão da
sua casa. Que chega à loja e
esta está inundada e que os
“bombeiros do Rossio” conseguem resolver num gesto
de boa vontade e com um
sorriso na cara. Ou do turista
que caiu e é-lhe aconselhado
a ir “ali aos bombeiros que
estes fazem-lhe um penso”.
Chama-se a isto a PROXIMIDADE para com a população. A ajuda imediata e gratuita, é por vezes o amparo
daqueles que já não têm ninguém.
Ao contrário do anunciado, o Quartel 8, não está
devoluto. Devoluto, segundo
o dicionário, significa desocupado / vago.
No Quartel 8, estão todos
os dias bombeiros de serviço a saírem para socorro;
quatro turnos, 24 horas por
dia / 365 dias por ano. No
segundo andar do edifício
habitam 5 (cinco) famílias;
na parte norte do mesmo,
funciona os serviços de limpeza da freguesia de Santa
Maria Maior; no lado sul
permaneceu até há cerca de
dois meses uma esquadra da
PSP (Polícia de Segurança
Pública), tendo esta sido
deslocada para a rua da Prata. Que se saiba, não chove
no edifício, este não apresenta quedas de reboco, infiltrações, queda de estuque
ou eminente perigo de derrocada. Devoluto?
Um dia mais tarde, passaremos com os nossos netos pelo Largo do Regedor e
diremos que, outrora, aquele
hotel, condomínio ou bazar
chinês, foi em tempos um
quartel de bombeiros. Um
nobre quartel de bombeiros.
A Oito está devoluta e à
venda! Para que conste….
António Pedroso
Bombeiro no R.S.B.

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