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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CIÊNCIAS ECONÔMICAS
PAULO VICTOR BERRI WILHELM
DETERMINANTES DO CRESCIMENTO ECONÔMICO NA AMÉRICA LATINA:
A PERSPECTIVA DA CAPACIDADE ABSORVEDORA
BLUMENAU
2014
PAULO VICTOR BERRI WILHELM
DETERMINANTES DO CRESCIMENTO ECONÔMICO NA AMÉRICA LATINA:
A PERSPECTIVA DA CAPACIDADE ABSORVEDORA
Monografia apresentada ao Curso de Graduação
em Ciências Econômicas do Centro de Ciências
Sociais Aplicadas da Universidade Regional de
Blumenau, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Bacharel em Ciências
Econômicas.
Prof. Dr. Mohamed Amal – Orientador
BLUMENAU
2014
PAULO VICTOR BERRI WILHELM
DETERMINANTES DO CRESCIMENTO ECONÔMICO NA AMÉRICA LATINA:
A PERSPECTIVA DA CAPACIDADE ABSORVEDORA
Monografia aprovada para obtenção do grau de
Bacharel em Ciências Econômicas, pela Banca
examinadora formada por:
Aprovado em: ___/___/______.
_________________________________________________
Presidente: Prof. Mohamed Amal, Dr. - Orientador, FURB
_________________________________________________
Membro:
_________________________________________________
Membro:
À memória de Aléssio Berri.
AGRADECIMENTOS
Agradeço principalmente aos meus pais, Pedro Paulo e Vera Lúcia, por incentivar e
ressaltar a importância do estudo em minha vida. Agradeço a toda minha família pelo apoio e
suporte sempre carinhosamente oferecidos. Desejo também agradecer aos professores e
colegas que tive oportunidade de conhecer na minha passagem pela UFSC, UDESC e FURB.
Gostaria de reconhecer a rica contribuição do Prof. Dr. Mohamed Amal, por sua valiosa
orientação na elaboração deste trabalho e por suas preciosas aulas ministradas durante os
semestres. Por último, gostaria de agradecer àqueles que de alguma forma fazem parte de
minha vida e que, diretamente ou indiretamente, contribuíram para a realização deste estudo.
“All great things are simple, and many can be
expressed in single words: freedom, justice,
honor, duty, mercy, hope.”
Winston Churchill
RESUMO
O aumento do fluxo de investimento direto externo (IDE) nos últimos anos e o cenário
internacional vigente após a crise financeira mundial de 2008, caracterizado por baixo
crescimento econômico e alta instabilidade macroeconômica, constituem fatores que
estimulam a investigação das capacidades absorvedoras na América Latina. Muitos estudos
empíricos apontam evidências controversas e inconclusivas sobre o papel do IDE promover o
crescimento econômico nos países que recebem o investimento. Isto implica que os países
receptores necessitam desenvolver capacidades absorvedoras, i.e., desenvolvimento financeiro
e institucional, que combinadas com IDE, aumentam a probabilidade de o país beneficiar-se
da tecnologia e expertise estrangeira. O presente estudo tem como objetivo principal
investigar as relações de interação entre IDE, desenvolvimento financeiro, desenvolvimento
institucional e crescimento econômico na América Latina. Para testar a principal hipótese
sobre capacidades absorvedoras, é formulado um modelo econométrico utilizando dados em
painel para oito países e durante o período de 1996 a 2012. Os resultados dos diferentes
submodelos especificados, usando diferentes variáveis e dimensões, indicam que o IDE por si
só não tem capacidade de promover a atividade econômica, necessitando da interação com
capacidades absorvedoras, como o desenvolvimento financeiro e institucional, para que os
países da América Latina se beneficiem do crescimento econômico. Além deste importante
papel como capacidade absorvedora, o desenvolvimento financeiro e institucional promove o
crescimento diretamente através de outras dinâmicas da economia, apresentando um duplo
papel no estímulo da atividade econômica dos principais países latino-americanos.
Palavras-chave:
crescimento
econômico.
investimento
direto
externo.
capacidade
absorvedora. desenvolvimento financeiro. desenvolvimento institucional. modelo de dados em
painel. América Latina.
ABSTRACT
The increased flows of foreign direct investment (FDI) in recent years and the
international scenario after the 2008 financial crisis, characterized by low economic growth
and high macroeconomic instability are factors that stimulate investigation on the absorptive
capacities in Latin America. Several empirical studies indicate controversial and not
conclusive evidences about the role of FDI to promote economic growth in the host countries.
This implies that host countries have to develop specific absorptive capacities, i.e., financial
and institutional development, which combined with FDI, are more likely to allow them
benefit from foreign technology and expertise. The study’s main objective is to investigate the
relations of interaction between FDI, financial development, institutional development and
economic growth in Latin American countries. In order to test the main hypotheses of
absorptive capacities, an econometric panel data model is specified for 8 countries and over
the period between 1996-2012. The results of different sub-model specifications, using
different variables and dimensions, indicate that FDI cannot promote economic growth by
itself, requiring the interaction with absorptive capacities like financial and institutional
development to promote growth in Latin America. Beyond this important role performing as
absorptive capacities, the financial and institutional development promotes economic growth
directly through other economic dynamics, presenting actually dual role in stimulating
economic activity in the major Latin American countries.
Keywords: economic growth. foreign direct investment. absorptive capacity. financial
development. institutional development. panel data model. Latin America.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1 - Desempenho do crescimento econômico na Argentina entre 1992-2012 ............. 49
Gráfico 2 - Desempenho do crescimento econômico no Brasil entre 1992-2012 ................... 52
Gráfico 3 - Desempenho do crescimento econômico no Chile entre 1992-2012 .................... 55
Gráfico 4 - Desempenho do crescimento econômico na Colômbia entre 1992-2012 ............. 57
Gráfico 5 - Desempenho do crescimento econômico no México entre 1992-2012 ................ 59
Gráfico 6 - Desempenho do crescimento econômico no Peru entre 1992-2012 ..................... 61
Gráfico 7 - Desempenho do crescimento econômico no Uruguai entre 1992-2012................ 63
Gráfico 8 - Desempenho do crescimento econômico na Venezuela entre 1992-2012 ............ 64
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Tipo de produção internacional e o objetivo da EMN ......................................... 32
Quadro 2 - Unidade, sinal esperado e fonte de dados das variáveis ....................................... 68
Quadro 3 - Os submodelos e as hipóteses que cada um investiga .......................................... 74
Quadro 4 - Etapas com diferentes combinações de variáveis de desenvolvimento financeiro 75
Quadro 5 - Etapas com diferentes combinações de variáveis de desenvolvimento institucional
............................................................................................................................................ 76
Quadro 6 - Etapas dos submodelos SIDEC-DI e SDICA ...................................................... 77
Quadro 7 - Etapas dos submodelos SIDEC-DIF e SDFCA ................................................... 78
Quadro 8 - Vantagens da utilização de dados em painel ....................................................... 79
Quadro 9 - Testes para diagnóstico de dados em painel e suas interpretações ....................... 82
Quadro 10 - Comparação das evidências empíricas encontradas com os resultados dos estudos
selecionados ......................................................................................................................... 89
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Regressões realizadas para identificar capacidades absorvedoras I ....................... 44
Tabela 2 - Regressões realizadas para identificar capacidades absorvedoras II...................... 45
Tabela 3 - Regressões realizadas para identificar capacidades absorvedoras III .................... 46
Tabela 4 - Regressões realizadas para identificar capacidades absorvedoras IV .................... 47
Tabela 5 - Regressões realizadas para identificar capacidades absorvedoras V ..................... 48
Tabela 6 - Medidas de estatística descritiva das variáveis dependente e independentes ......... 71
Tabela 7 - Efeitos do desenvolvimento financeiro no crescimento econômico ...................... 83
Tabela 8 - Efeitos do desenvolvimento institucional no crescimento econômico ................... 84
Tabela 9 - Efeitos do desenvolvimento institucional como mecanismo de absorção e do IDE
no crescimento econômico ................................................................................................... 86
Tabela 10 - Efeitos do desenvolvimento financeiro como mecanismo de absorção e do IDE no
crescimento econômico ........................................................................................................ 87
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BACEN
Banco Central do Brasil
BP
Estatística de teste Breusch-Pagan
CRIE
Cadeia de Relacionamento do Investimento Estrangeiro
EMN
Empresa multinacional
FDIR
Framework for Direct Investment Relationship
FMI
Fundo Monetário Internacional
HSM
Estatística do teste de Hausman
IDE
Investimento direto externo
MERCOSUL Mercado Comum do Sul
MQO
Mínimos quadrados ordinários
P&D
Pesquisa e desenvolvimento
OCDE
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
MQVD
Modelo de mínimos quadrados com variáveis dummies para efeitos fixos
PIB
Produto interno bruto
ROE
Return on equity
ROI
Return on investment
SCDMG
Teste de significância conjunta da diferenciação das médias de grupo
SDFC
Submodelo desenvolvimento financeiro e crescimento
SDIC
Submodelo desenvolvimento institucional e crescimento
SDFCA
Submodelo desenvolvimento financeiro como capacidade absorvedora
SDICA
Submodelo desenvolvimento institucional como capacidade absorvedora
SIDEC-DI
Submodelo IDE e crescimento, com desenvolvimento institucional
SIDEC-DIF
Submodelo IDE e crescimento, com desenvolvimento institucional e
financeiro
WGI
World Governance Indicators
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 16
1.1
CONTEXTUALIZAÇÃO ...................................................................................... 16
1.2
QUESTÕES DE PESQUISA.................................................................................. 17
1.3
OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICOS................................................................... 17
1.3.1
Objetivo geral......................................................................................................... 17
1.3.2
Objetivos específicos .............................................................................................. 17
1.4
JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 18
1.5
ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................ 18
2
REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 20
2.1
CRESCIMENTO ECONÔMICO ........................................................................... 20
2.1.1
DEFINIÇÃO E INDICADORES FUNDAMENTAIS DO CRESCIMENTO
ECONÔMICO ..................................................................................................................... 20
2.1.2
Teorias do crescimento econômico ......................................................................... 21
2.1.2.1
Contribuições da economia política ...................................................................... 21
2.1.2.2
Teoria neoclássica do crescimento econômico ...................................................... 22
2.1.2.3
Novas teorias do crescimento econômico .............................................................. 24
2.1.3
Determinantes do crescimento econômico .............................................................. 25
2.2
INVESTIMENTO DIRETO EXTERNO ................................................................ 28
2.2.1
Conceito de investimento direto externo ................................................................. 28
2.2.2
Teorias do investimento direto externo ................................................................... 29
2.2.2.1
Paradigma neoclássico e as contribuições de Hymer e Vernom para a teoria da
empresa multinacional ......................................................................................................... 29
2.2.2.2
Teorias da internalização ...................................................................................... 30
2.2.2.3
Paradigma OLI ..................................................................................................... 31
2.2.2.4
A abordagem macroeconômica da atividade da empresa multinacional ................. 33
2.3
SISTEMA, MERCADO E DESENVOLVIMENTO FINANCEIRO....................... 33
2.3.1
Conceito e estrutura do sistema financeiro .............................................................. 33
2.3.2
Os paradigmas da teoria das finanças...................................................................... 35
2.3.2.1
O paradigma tradicional das finanças .................................................................... 35
2.3.2.2
O paradigma neoclássico das finanças .................................................................. 36
2.3.3
Indicadores de desenvolvimento do mercado financeiro ......................................... 36
2.4
DESENVOLVIMENTO FINANCEIRO E INSTITUCIONAL, INVESTIMENTO
DIRETO EXTERNO E CRESCIMENTO ECONÔMICO ...................................... 37
2.4.1
Desenvolvimento financeiro e crescimento econômico ........................................... 38
2.4.2
Desenvolvimento institucional e crescimento econômico........................................ 39
2.4.3
Investimento direto externo e crescimento econômico ............................................ 40
2.4.4
Desenvolvimento institucional como capacidade absorvedora ................................ 42
2.4.5
Desenvolvimento financeiro como capacidade absorvedora .................................... 43
2.4.6
Evidências empíricas .............................................................................................. 44
3
CONJUNTURA ECONÔMICA E POLÍTICA DA AMÉRICA LATINA NAS
ÚLTIMAS DUAS DÉCADAS ........................................................................................... 49
3.1
O CONTEXTO ARGENTINO ............................................................................... 49
3.2
O CONTEXTO BRASILEIRO ............................................................................... 52
3.3
O CONTEXTO CHILENO .................................................................................... 55
3.4
O CONTEXTO COLOMBIANO ........................................................................... 57
3.5
O CONTEXTO MEXICANO................................................................................. 59
3.6
O CONTEXTO PERUANO ................................................................................... 61
3.7
O CONTEXTO URUGUAIO ................................................................................. 62
3.8
O CONTEXTO VENEZUELANO ......................................................................... 64
4
MODELO DE ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE DESENVOLVIMENTO
FINANCEIRO E INSTITUCIONAL, IDE E CRESCIMENTO ECONÔMICO............ 67
4.1
INTRODUÇÃO AO MODELO ............................................................................. 67
4.1.1
Apresentação das variáveis dependente e independente selecionadas ...................... 67
4.1.2
Testes preliminares ................................................................................................. 71
4.1.2.1
Estatística descritiva ............................................................................................. 71
4.1.2.2
Matriz de correlação ............................................................................................. 72
4.1.3
Submodelos e etapas .............................................................................................. 72
4.1.3.1
Submodelo SDFC ................................................................................................. 74
4.1.3.2
Submodelo SDIC .................................................................................................. 75
4.1.3.3
Submodelos SIDEC-DI e SDICA ......................................................................... 76
4.1.3.4
Submodelos SIDEC-DIF e SDFCA ...................................................................... 77
4.2
MÉTODO PAINEL................................................................................................ 79
4.3
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS .............................................................. 81
4.3.1
Resultado dos testes de diagnóstico de dados de painel ........................................... 82
4.3.2
Resultados do submodelo SDFC ............................................................................. 82
4.3.3
Resultados do submodelo SDIC ............................................................................. 84
4.3.4
Resultados dos submodelos SIDEC-DI e SDICA.................................................... 85
4.3.5
Resultados dos submodelos SIDEC-DIF e SDFCA................................................. 87
4.4
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ....................................................................... 88
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 92
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 95
APÊNDICE A – DADOS UTILIZADOS NAS REGRESSÕES ....................................... 99
16
1
INTRODUÇÃO
Esta monografia busca investigar as relações de interação entre investimento direto
externo (IDE), desenvolvimento financeiro, desenvolvimento institucional e crescimento
econômico nos países da América Latina. Neste primeiro capítulo é apresentada uma
introdução ao trabalho, uma contextualização do tema, as questões de pesquisa, o objetivo
geral e os específicos, a justificativa e a estruturação do estudo.
1.1
CONTEXTUALIZAÇÃO
O fluxo de IDE nas últimas duas décadas, em direção às principais economias da
América Latina, aumentou expressivamente devido a alguns fatores, como por exemplo, as
reformas institucionais realizadas nestes países nos anos noventa. O interesse destas nações
neste tipo de fluxo internacional se dá em grande parte pelos seus benefícios para atingir o
equilíbrio nas contas externas e pelo seu potencial de promover crescimento econômico.
Teoricamente existe um considerável consenso que o país receptor de IDE se
beneficia de crescimento econômico através da adição de capital físico e/ou aumento de
produtividade. É a empresa multinacional (EMN) que é responsável por grande parte das
decisões de realizar IDE, estas empresas são líderes em tecnologia e gerenciamento
organizacional. A transferência desta tecnologia e expertise ocorre através de uma série de
canais de transmissão que permitem que os países receptores experimentem aumento de
produtividade.
Apesar de teoricamente não existir muita divergência, as evidências empíricas
apresentam resultados mistos em relação à capacidade do IDE promover crescimento
econômico. Investigações têm sugerido que o país hospedeiro do investimento precisa
apresentar capacidades absorvedoras, características essenciais que uma nação deve possuir,
para poder se beneficiar de forma plena do potencial de crescimento econômico advindo da
entrada de IDE. Uma capacidade absorvedora muito abordada é a qualidade do capital
humano, que através de instituições educacionais desenvolvidas, promove a qualificação de
mão de obra capacitada a tirar proveito da tecnologia e expertise adquiridas do exterior.
Recentemente, alguns autores têm argumentado e apresentado evidências para uma
capacidade absorvedora que teria sido negligenciada até o momento. O desenvolvimento
financeiro também atuaria como capacidade absorvedora, ou seja, um sistema financeiro bem
desenvolvido seria essencial para o país receptor de IDE maximizar o potencial de
17
crescimento econômico que surge a partir da entrada destes fluxos. Entre os benefícios de um
sistema financeiro desenvolvido, podemos citar que a intensidade da expansão de atividades
inovadoras em um país por EMNs estará sujeita a capacidade do sistema financeiro prover
uma alocação de recursos suficiente e eficiente.
Portanto, torna-se cada vez mais importante para investidores, governos, empresas e
povos dos países receptores destes investimentos, compreender em que contextos o IDE pode
promover ou não crescimento econômico.
1.2
QUESTÕES DE PESQUISA
Este estudo procura responder à seguinte questão de pesquisa:

Quais são os mecanismos de absorção que influenciam o crescimento econômico nos
países da América Latina?
1.3
OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICOS
A seguir, enunciam-se o objetivo geral e os objetivos específicos de pesquisa.
1.3.1 Objetivo geral
O objetivo geral consiste em analisar as relações de interação entre IDE,
desenvolvimento financeiro, desenvolvimento institucional e crescimento econômico nos
países da América Latina.
1.3.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos são:

Investigar a relevância do desenvolvimento financeiro e institucional como promotor
de crescimento econômico nos principais países da América Latina.

Analisar a capacidade dos fluxos de entrada de IDE contribuírem para o crescimento
econômico das principais economias da América Latina.
18

Avaliar se o desenvolvimento institucional e financeiro atua como capacidade
absorvedora, maximizando o potencial de crescimento econômico derivado do fluxo
de entrada de IDE nos principais países da América Latina.
1.4
JUSTIFICATIVA
Apesar de a maioria dos países da América Latina terem sofrido em menor
intensidade com a crise financeira que ocorreu em 2008, o contexto da economia mundial
mudou significativamente para estes países desde então. A lenta recuperação da economia
mundial nos últimos anos representa um desafio à capacidade dos países latino-americanos de
manterem o ritmo de crescimento econômico verificado em boa parte da década passada.
Mesmo diante de uma conjuntura difícil, boa parte dos países latino-americanos
continua a receber significativas entradas de IDE. Compreender como estes países deveriam
proceder para se beneficiar de todo o potencial que estes fluxos de IDE podem oportunizar
torna-se de extrema relevância, elevando a importância do tema que é alvo deste estudo.
O aprimoramento do desenvolvimento institucional e financeiro é importante, pois,
além destes constituírem uma parcela significativa das características fundamentais para que
um país possa se beneficiar do crescimento econômico oriundo dos fluxos de IDE, possuem
papel relevante em outras dinâmicas econômicas que também promovem o crescimento. Este
potencial duplo papel, que tanto o desenvolvimento institucional quanto o desenvolvimento
financeiro possuem na promoção do crescimento econômico, eleva ainda mais a relevância
deste trabalho.
Apesar de os estudos sobre este tema contemplarem os países latino-americanos,
geralmente é avaliado os países em desenvolvimento de uma forma generalizada. Este
trabalho contribui promovendo um estudo específico, capaz de fornecer um diagnóstico mais
particular da América Latina, sem levar em consideração países do Leste Europeu, Ásia e
África.
1.5
ESTRUTURA DO TRABALHO
Esta monografia é dividida em cinco capítulos. O primeiro contém uma introdução
ao tema e os objetivos. O segundo aborda uma revisão teórica sobre a relação do IDE,
desenvolvimento financeiro e institucional com o crescimento econômico. Também conta
com evidências empíricas de alguns estudos selecionados que norteiam este trabalho e
19
constam também as hipóteses a serem testadas. O terceiro capítulo realiza uma síntese da
conjuntura econômica e política dos principais países da América Latina e o desempenho da
taxa de crescimento econômico destes nas últimas duas décadas. No quarto capítulo são
apresentados os modelos econométricos, as estimações e a análise dos resultados perante as
hipóteses estabelecidas. O quinto capítulo realiza as considerações finais do estudo,
ressaltando os objetivos delineados e as evidências encontradas.
20
2
REVISÃO DE LITERATURA
A revisão de literatura é dividida em quatro partes. A primeira é a respeito do
crescimento econômico, abordando sua definição, indicadores, principais teorias e seus
determinantes. A segunda parte aborda o IDE, apresentando o seu conceito e teorias
fundamentais. O sistema e mercado financeiro são abordados na terceira parte, exibindo
conceito, estrutura básica, diferentes paradigmas e indicadores do desenvolvimento
financeiro. A última parte realiza uma reflexão sobre os diferentes papéis do IDE,
desenvolvimento financeiro e institucional no crescimento econômico, apresentando as
hipóteses e evidências empíricas que orientam este trabalho.
2.1
CRESCIMENTO ECONÔMICO
Sobre o crescimento econômico, é definido o seu conceito e seus principais
indicadores. Também é apresentada uma síntese sobre as principais teorias do crescimento
econômico. Por último, é elaborado um resumo dos principais determinantes do crescimento
econômico, de acordo com estudos empíricos encontrados.
2.1.1 DEFINIÇÃO
E
INDICADORES
FUNDAMENTAIS
DO CRESCIMENTO
ECONÔMICO
Nossas percepções do estado da economia são dominadas pelas flutuações que
ocorrem, ano após ano, na atividade econômica. Uma recessão causa pessimismo, por outro
lado, uma expansão causa otimismo. Porém, se desejarmos observar a atividade econômica
por longos períodos, como uma década, as flutuações se tornam secundárias e o crescimento
econômico1 é que importa (BLANCHARD, 2012).
Uma mensuração fundamental para compreender o crescimento econômico de um
país é o produto interno bruto (PIB). A definição de PIB é sugerida por IBGE (2013, p.3):
Total dos bens e serviços produzidos pelas unidades produtoras residentes
destinadas ao consumo final sendo, portanto, equivalente à soma dos valores
adicionados pelas diversas atividades econômicas acrescida dos impostos, líquidos
de subsídios, sobre os produtos. O produto interno bruto também é equivalente à
1
Em Kuznets (1971), o crescimento econômico de um país pode ser definido como um aumento no longo prazo
da capacidade de fornecer bens e serviços à população.
21
soma dos consumos finais de bens e serviços valorados a preço de mercado sendo,
também, equivalente a soma das rendas primárias.
O PIB pode ser compreendido por três óticas conforme IBGE (2013, p.3):
a) da produção - o produto interno bruto é igual ao valor bruto da produção, a preços
básicos, menos o consumo intermediário, a preços de consumidor, mais os impostos,
líquidos de subsídios, sobre produtos; b) da despesa - o produto interno bruto é igual
à despesa de consumo das famílias, mais o consumo do governo, mais o consumo
das instituições sem fins de lucro a serviço das famílias (consumo final), mais a
formação bruta de capital fixo, mais a variação de estoques, mais as exportações de
bens e serviços, menos as importações de bens e serviços; c) da renda - o produto
interno bruto é igual à remuneração dos empregados, mais o total dos impostos,
líquidos de subsídios, sobre a produção e a importação, mais o rendimento misto
bruto, mais o excedente operacional bruto.
A razão pela qual se estuda o crescimento econômico reside primordialmente na
preocupação com o padrão de vida da população. Olhando através de um horizonte de tempo,
queremos saber quanto o padrão de vida evoluiu. Um indicador muito utilizado é o PIB per
capita, resultado do quociente entre o produto interno bruto e a população de um país. Este
indicador fornece uma forma mais útil para compreender a evolução do padrão de vida dos
indivíduos durante o tempo (BLANCHARD, 2012).
2.1.2 Teorias do crescimento econômico
As contribuições para a compreensão do crescimento econômico datam desde os
economistas políticos do século XVIII e XIX. Perto da metade do século XX, as contribuições
do modelo de Solow forneceram as bases para o estabelecimento da teoria neoclássica do
crescimento econômico, constituindo uma das principais referências sobre o assunto. A partir
da década de oitenta, começaram a surgir novas teorias do crescimento econômico, com
destaque para a teoria do crescimento endógeno e a perspectiva institucional.
2.1.2.1 Contribuições da economia política
O interesse pela compreensão do fenômeno do crescimento econômico pode ser
observado desde os economistas clássicos do século dezoito e dezenove. Adam Smith, em
Uma Investigação Sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações, incluiu algumas
referências ao que hoje é convencionado por crescimento econômico. Ele não chega a
desenvolver uma teoria de crescimento de longo prazo, porém reconhece a importância e os
efeitos do aumento da produtividade e da poupança. Haveria um limite para este crescimento,
22
quando a acumulação de capital e o aumento da população chegassem a um limite em que a
economia não progrediria mais, o chamado estágio estacionário. Apesar de Smith reconhecer
o efeito do avanço tecnológico, ele considerava a divisão de trabalho o fator chave para o
aumento da produtividade (apud SARDADVAR, 2012).
David Ricardo, vivenciando uma era de progresso industrial rápido, passou a
reconsiderar o papel que a tecnologia tinha dentro da economia política. Ricardo assumiu uma
economia de dois setores, exibindo retornos de escala constantes no setor manufatureiro e
retornos decrescentes no setor agrícola, decorrente do fato que à medida que mais terras são
demandadas, a qualidade marginal da terra diminui. As consequências do modelo sugerem
que o processo de acumulação iria atingir um estágio estacionário em que todo o excedente
econômico seria apropriado pelos proprietários de terra (apud SARDADVAR, 2012).
Para Karl Marx, o crescimento econômico se manifestava na expansão do capital
físico em relação ao trabalho e no aumento da produtividade do trabalho como consequência
do progresso tecnológico. À medida que a tecnologia evoluísse, Marx acreditava que a
demanda por trabalho não seria suficiente para compensar a queda nos postos de trabalho
causada pelo avanço tecnológico. No longo prazo, o desemprego aumentaria até o ponto que o
capitalismo fosse abolido (apud SARDADVAR, 2012).
Já no início do século XX, Joseph A. Schumpeter observava que as inovações e o
avanço tecnológico tinham um papel mais importante do que a acumulação de capital. Ele
conscientemente distinguiu os conceitos de crescimento e desenvolvimento econômico, sendo
o último causado por fatores endógenos que levam a inovações impactantes, mudando as
técnicas de produção. Schumpeter argumentava que o desenvolvimento econômico não
acontecia gradualmente, seria algo cíclico, relacionado às ondas de inovação que surgiam. Seu
trabalho contribuiu bastante para as teorias de crescimento endógeno surgidas nas últimas
décadas (apud SARDADVAR, 2012).
2.1.2.2 Teoria neoclássica do crescimento econômico
A teoria neoclássica do crescimento econômico é baseada no modelo de crescimento
de Solow. A construção deste modelo permite uma análise dinâmica de como a poupança, o
crescimento populacional e o progresso tecnológico afetam os níveis do produto e seu
crescimento com o passar do tempo (MANKIW, 2010).
A base do modelo de crescimento de Solow repousa na função agregada de
produção, que especifica a relação entre produto agregado e os fatores utilizados na produção,
23
que são o capital e o trabalho. Em outras palavras, a função agregada da produção determina
quanto pode ser produzido a partir de dadas quantidade de fatores. Esta função é afetada
diretamente pelo estado da tecnologia, avanços tecnológicos irão permitir produzir mais
produto a partir das mesmas quantidades de fatores (BLANCHARD, 2012).
Um aspecto importante do modelo de Solow são os retornos constantes de escala,
implicando que ao dobrar o fator capital e trabalho, resultará na duplicação do produto. No
caso do incremento de apenas um fator, sucessivos incrementos neste irão provocar aumentos
sucessivamente menores do produto, à medida que o nível do estoque deste fator aumenta e o
do outro permanece constante. Esta propriedade, em que os sucessivos aumentos de um fator,
acarretam em sucessivos incrementos menores no produto, recebe o nome de retorno
decrescente do capital ou do trabalho (BLANCHARD, 2012).
Para compreender o funcionamento do crescimento econômico, é recomendável
utilizar o conceito de produto por trabalhador. É possível realizar uma operação matemática,
resultando em uma relação simples, em que o produto por trabalhador depende do capital por
trabalhador. Como o capital possui retorno decrescente, aumentos sucessivos de capital levam
a aumentos sucessivamente menores do produto. Outra forma de aumentar o produto por
trabalhador é realizar avanços tecnológicos, provocando o deslocamento da função produção.
Esta relação nos mostra que, considerando a população constante, o crescimento econômico
depende da acumulação de capital e do progresso tecnológico (BLANCHARD, 2012).
Apesar de a acumulação de capital e o progresso tecnológico contribuírem para o
crescimento econômico, eles possuem diferentes papéis. A acumulação de capital, por conta
própria, não é suficiente para sustentar o processo de crescimento. A propriedade do retorno
decrescente do capital vai requerer cada vez maiores incrementos no nível de capital por
trabalhador para manter uma taxa sustentável e constante de crescimento. Em algum estágio, a
economia não terá condições de poupar e investir capital suficiente, fazendo com que o
produto por trabalhador pare de crescer. Isto não significa que a taxa de poupança da
economia não seja relevante, porém, ela apenas pode sustentar um nível mais alto de produto.
A taxa de poupança jamais garantirá o crescimento econômico contínuo ao longo dos anos
(BLANCHARD, 2012).
Portanto, dado que os dois fatores que podem levar ao incremento do produto são a
acumulação de capital e o progresso tecnológico, se a acumulação de capital não pode
sustentar o crescimento indefinitivamente, então resta ao progresso tecnológico o papel
central de garantir o crescimento econômico no longo prazo. Assim, crescimento sustentado
24
exige progresso tecnológico sustentável. No longo prazo, a economia que obtiver uma maior
taxa de progresso tecnológico tenderá a superar as demais (BLANCHARD, 2012).
2.1.2.3 Novas teorias do crescimento econômico
No modelo neoclássico, o progresso tecnológico é o fator determinante do
crescimento econômico de longo prazo. Entretanto, o modelo considera a tecnologia um fator
exógeno ao sistema econômico. O papel do progresso tecnológico no crescimento econômico
de longo prazo tem sido examinado extensivamente nos últimos anos, proporcionando o
surgimento de novas teorias. Conhecidas como teorias do crescimento endógeno, são
introduzidos novos fatores de acumulação como o conhecimento e a inovação. Estes fatores
conduziriam a um crescimento econômico autossustentável, dado que estes modelos não
possuem mais a limitação dos retornos constantes de escala (ARVANITIDIS; PAVLEAS;
PETRAKOS, 2007).
As contribuições de Romer (1986) e Lucas (1988) influenciaram muitos trabalhos
dentro desta nova perspectiva. Romer (1990) e Grossman e Helpman (1991) abordaram o
papel do novo conhecimento. Aghion e Howitt (1992) estudaram o papel da inovação. (apud
ARVANITIDIS; PAVLEAS; PETRAKOS, 2007).
Krugman (1991) e Fujita et al (1999) representam outra vertente teórica que surgiu
mais recentemente, a Nova Geografia Econômica. Esta teoria sugere que o crescimento tende
a ser desbalanceado entre os países, favorecendo os mais avançados. O argumento central
desta teoria é que a atividade econômica tende a se aglomerar em regiões específicas e que o
processo se retroalimenta, já que novas atividades preferem lugares com grande demanda.
Esta vertente teórica se preocupa primordialmente com a localização da atividade econômica,
os processos de aglomeração e a tendência à especialização (apud ARVANITIDIS;
PAVLEAS; PETRAKOS, 2007).
Outras teorias deram ênfase a fatores não tradicionalmente econômicos no processo
de crescimento econômico. Os trabalhos de Matthews (1986), North (1990) e Jutting (2003)
evidenciam o papel determinante das instituições. Granovetter (1985) e Knack e Keefer
(1997) dão ênfase a fatores socioculturais. Lipset (1929) e Brunetti (1997) focam nos
determinantes políticos. Brander e Dowrick (1994) e Kalemli-Ozcan (2002) apontam o papel
da demografia (apud ARVANITIDIS; PAVLEAS; PETRAKOS, 2007).
25
2.1.3 Determinantes do crescimento econômico
Um grande número de estudos investigaram os determinantes do crescimento
econômico. Diferentes visões metodológicas e conceituais surgiram. Esses estudos colocam
ênfase em diferentes conjuntos de parâmetros explanadores e ofereceram diferentes
perspectivas sobre os determinantes do crescimento econômico (ARVANITIDIS; PAVLEAS;
PETRAKOS, 2007).
O investimento é um importante determinante do crescimento econômico, tanto para
modelos neoclássicos, como para modelos de crescimento endógeno. Entretanto, no modelo
neoclássico o investimento tem um impacto transacional, enquanto que nos modelos
endógenos o impacto seria permanente. Em Kormendi e Megueire (1985), De Long e
Summers (1991), Levine e Renelt (1992), Mankiw (1992), Auerbach et al (1994), Easterly
(199), Bond et al (2001) e Podrecca e Carmeci (2001) encontram-se importantes pesquisas
empíricas investigando a relação entre investimento e crescimento econômico (apud
ARVANITIDIS; PAVLEAS; PETRAKOS, 2007).
O capital humano é considerado em muitos modelos de crescimento endógeno como
um dos principais determinantes do crescimento econômico. Já os modelos neoclássicos de
crescimento reconhecem o capital humano como uma de suas mais importantes extensões. A
maioria dos estudos busca medir a qualidade do capital humano usando proxies relacionadas
ao nível de educação da população. As contribuições de Barro (1991), Mankiw et al (1992),
Barro e Sala-i-Martin (1995), Brunetti et al (1998) e Hanushek e Kimko (2000) fornecem
evidências sugerindo que uma população educada e capacitada representa um determinante
chave do crescimento econômico (apud ARVANITIDIS; PAVLEAS; PETRAKOS, 2007).
A inovação e a P&D 2 são atividades que têm um papel determinante no progresso
econômico, contribuindo para o aumento da produtividade e do crescimento. Os estudos
empíricos de Fagerberg (1987), Lichtenberg (1992) e Ulku (2004) reforçam o papel das
inovações, argumentando que o desenvolvimento da tecnologia permite a introdução de novos
e superiores produtos e processos (apud ARVANITIDIS; PAVLEAS; PETRAKOS, 2007).
Os efeitos das políticas econômicas e condições macroeconômicas têm atraído
atenção de muitos pesquisadores, já que estes dois fatores estabelecem conjunturas favoráveis
ou desfavoráveis ao crescimento econômico. Os aspectos que são influenciados pelas políticas
econômicas são o capital humano, a infraestrutura e o desenvolvimento das instituições
2
Pesquisa e Desenvolvimento.
26
políticas e legais. A estabilidade corresponde a uma importante condição macroeconômica
para promover o crescimento, diminuindo o risco e proporcionando o aumento do
investimento. Outros fatores também têm merecido a atenção de pesquisadores, como os
efeitos da inflação, política fiscal, déficit fiscal e isenções fiscais. Em Kormendi e Megueire
(1985), Grierand e Tullock (1989), Barro (1991), Fischer (1993), Easterly e Rebelo (1993) e
Barro e Sala-i-Martin (1995) encontram-se evidências empíricas deste tipo de determinante do
crescimento econômico (apud ARVANITIDIS; PAVLEAS; PETRAKOS, 2007).
A abertura ao comércio internacional também é reconhecida como um significativo
determinante do crescimento. Uma maior exposição ao comércio internacional beneficia o
crescimento econômico através da exploração das vantagens comparativas, transferência de
tecnologia, difusão do conhecimento, elevação de escala e exposição à competição. Em Dollar
(1992), Sachs e Warner (1995), Edwards (1998) e Dollar e Kraay (2000) encontram-se
evidências empíricas sugerindo que economias com maior abertura ao comércio e fluxos de
capitais possuem maior produto per capita e crescem mais rápido (apud ARVANITIDIS;
PAVLEAS; PETRAKOS, 2007).
O IDE exerce um papel fundamental na transferência de tecnologia e no crescimento
econômico. Esse papel de relevância do IDE tem sido defendido por muitos modelos de
crescimento endógeno. Em Borensztein et al (1998), Hermes e Lensink (2000) e Lensink e
Morrissey (2006) encontram-se evidências sobre a relação entre crescimento econômico e
IDE (apud ARVANITIDIS; PAVLEAS; PETRAKOS, 2007).
O papel das instituições também é ressaltado como um determinante relevante do
crescimento. Rodrik (2000) aponta cinco instituições relevantes: direito de propriedade;
instituições reguladoras; instituições para estabilização macroeconômica; instituições de
segurança social e instituições para administração de conflitos. Essas instituições não só
exercem influência direta no crescimento econômico, como também afetam outros
determinantes como o capital físico, capital humano, investimento e as mudanças
tecnológicas. Easterly (2001) argumenta que nenhum dos determinantes tradicionais terá
significativo impacto econômico se não estiverem desenvolvidas instituições estáveis e
confiáveis. Knack e Keefer (1995) apontam que os meios de mensurar a qualidade das
instituições têm incluído o descumprimento de contratos pelo governo, os riscos de
expropriação, o controle da corrupção, a aplicação do direito de propriedade, a qualidade do
sistema jurídico e o nível de burocracia (apud ARVANITIDIS; PAVLEAS; PETRAKOS,
2007).
27
A relação entre os fatores políticos e a atividade econômica tem merecido a atenção
dos pesquisadores que apontam o ambiente político como um importante determinante do
crescimento econômico. Instabilidade política implica em aumento da incerteza,
desencorajando investimentos e eventualmente diminuindo o crescimento. Brunetti (1997)
distingue cinco categorias relevantes de variáveis políticas: presença de democracia,
estabilidade governamental, violência política, volatilidade política e percepção subjetiva da
política. Em Kormendi e Meguire (1985), Scully (1988), Grier e Tullock (1989), Lensink et al
(1999) e Lensink (2001) encontram-se evidências empíricas sobre a importância dos fatores
políticos para o crescimento econômico (apud ARVANITIDIS; PAVLEAS; PETRAKOS,
2007).
Recentemente houve um crescimento no interesse em saber como fatores
socioculturais podem afetar o crescimento. Em Keefer (1997) a confiança é uma variável
importante, pois economias em que a confiança predomina tendem a promover maiores
incentivos à inovação, acumulação do capital e recursos humanos capacitados. Todos estes
fatores conduzem ao crescimento econômico. Outros fatores socioculturais têm também
chamado a atenção como a composição étnica, língua, religião, crenças, atitudes e conflitos
sociais (apud ARVANITIDIS; PAVLEAS; PETRAKOS, 2007).
Nos últimos anos, os fatores geográficos que determinam o crescimento econômico
vêm sendo formalizados e inseridos em modelos. Pesquisadores têm utilizado proxies como
valores absolutos de latitude, distância do equador, proporção de terras até cem quilômetros
da costa, temperatura, regimes de chuva e qualidade do solo. Sachs e Warner (1997), Bloom e
Sachs (1998), Masters e McMillan (2001) e Armstrong e Read (2004) apresentam evidências
empíricas sugerindo que variáveis geográficas impactam diretamente o crescimento
econômico. Estas características determinam em grande parte a produtividade da agricultura,
a estrutura econômica, os custos de transporte e a competitividade de uma determinada região
(apud ARVANITIDIS; PAVLEAS; PETRAKOS, 2007).
A relação entre as tendências demográficas e o crescimento econômico também está
atraindo a atenção de pesquisadores nos últimos anos. Em Kormendi e Meguire (1985),
Dorwick (1994), Kelley e Schmidt (1995), Barro (1997), Bloom e Williamson (1998) e
Kelley e Schmidt (2000) são apresentadas evidências sugerindo que o crescimento da
população, a densidade populacional, a migração e a faixa etária atuam como determinantes
relevantes do crescimento econômico (apud ARVANITIDIS; PAVLEAS; PETRAKOS,
2007).
28
2.2
INVESTIMENTO DIRETO EXTERNO
Segue-se com uma abordagem do conceito de IDE e uma breve síntese de suas
principais teorias.
2.2.1 Conceito de investimento direto externo
O Fundo Monetário Internacional (FMI) compreende IDE como uma categoria de
investimento transnacional, associado a um residente em uma economia, objetivando controle
ou um significativo grau de influência na administração de uma empresa, que é residente em
outra economia. Para enquadrar quais aquisições transnacionais resultam em uma relação de
IDE, foi elaborado o Framework for Direct Investment Relationship3 (FDIR) pela
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), estabelecendo
critérios para analisar quando se estabelece uma relação baseada em controle e influência
(FMI, 2009).
O fato do IDE ter como objetivo o controle, ou um grau significativo de influência,
faz com que esta categoria de investimento apresente uma tendência a se comportar de forma
distinta quando comparada a outras formas de investimento. Possuindo motivações diferentes,
o IDE tende a se realizar como uma relação duradoura, embora em alguns casos apresente
uma relação de curto prazo. O controle e a influência podem ser adquiridos de forma direta,
denominado immediate direct investment4, adquirindo participação que dá poder de voto na
empresa, ou indiretamente, denominado indirect direct investment5, adquirindo poder de
votação em uma segunda empresa, que possui poder de votação na empresa (FMI, 2009).
Ocorre immediate direct investment quando o investidor adquire participação que lhe
proporcione 10% ou mais de poder de voto na empresa. Se o investidor adquirir entre 10% a
50% do poder de voto, é considerado que o mesmo possui significativo grau de influência na
empresa. Caso o percentual ultrapasse os 50%, fica determinado uma relação de controle
(FMI, 2009).
Para caracterizar indirect direct investment, é necessário que o investidor adquira
poder de voto de uma empresa, que possui poder de voto em outra empresa ou empresas,
constituindo uma entidade capaz de exercer controle ou influência através de uma cadeia de
3
Diretrizes Para Relação de Investimento Direto.
Investimento Direto Imediato.
5
Investimento Direto Indireto.
4
29
relações. Utilizam-se critérios estabelecidos no FDIR para caracterizar as relações de
exercício do controle ou influência indireta (FMI, 2009).
Na prática, o efetivo controle ou influência podem surgir em alguns casos com
porcentagens menores do que as sugeridas e estabelecidas como critério. Mesmo assim,
recomenda-se que as definições sugeridas sejam utilizadas em todos os casos, com o objetivo
de evitar julgamentos subjetivos e promover consistência internacional (FMI, 2009).
O Banco Central do Brasil (BACEN) considera que ocorre uma relação de IDE
quando, um não residente, adquire participação igual ou superior a 10% de uma empresa
residente. Nos casos de controle e influência exercidos de forma indireta, foi estabelecido a
Cadeia de Relacionamento do Investimento Estrangeiro (CRIE), determinando o limite
mínimo de 10% do poder de voto para ser incluso na cadeia de relacionamento. Utiliza-se o
limite mínimo de 20% do poder de voto para considerar que há influência significativa na
administração (BACEN, 2013).
2.2.2 Teorias do investimento direto externo
Nesta parte é apresentada uma síntese das principais teorias e contribuições para a
compreensão dos fluxos de IDE. Abordam-se as explicações do modelo neoclássico de trocas.
Depois são apresentadas as contribuições de Hymer e Vernom. Segue-se com uma breve
apresentação da teoria da internalização. Então são abordadas as contribuições do paradigma
OLI. Finaliza-se com a apresentação da abordagem macroeconômica da atividade da EMN.
2.2.2.1 Paradigma neoclássico e as contribuições de Hymer e Vernom para a teoria da
empresa multinacional
Até 1950, os modelos neoclássicos de trocas eram o paradigma dominante do campo
da economia internacional, não existindo uma teoria específica do IDE ou da EMN. Estes
modelos forneciam apenas explicações para compreender em que localidade produzir,
deixando de lado questões relacionadas com a propriedade ou organização da atividade
econômica. Era considerado que o mercado internacional de trocas de bens e produtos
funcionava a ponto de tornar os custos de transação irrelevantes. Os recursos eram tidos como
imóveis entre as fronteiras nacionais, porém móveis dentro destas. Considerava-se que as
firmas tinham racionalidade ilimitada e engajavam em apenas uma atividade. As estratégias
30
gerenciais estavam confinadas a identificar o nível de receita ideal e minimizar os custos
(DUNNING; LUNDAN, 2008).
Nos anos sessenta surgiram duas importantes contribuições que abriram caminho
para a construção de uma teoria própria do IDE ou da EMN. Hymer ficou conhecido pela
abordagem organizacional, concentrada em identificar as vantagens específicas das quais a
EMN possuía. Já Vernon acreditava que a natureza do IDE, realizado por uma firma,
dependeria da sua posição no ciclo do produto, concentrando-se em questões mais
locacionais/espaciais (apud DUNNING; LUNDAN, 2008).
A primeira contribuição é a de Hymer, ele expressou sua insatisfação com a
capacidade da teoria do portfolio de movimentos de capitais em explicar o comportamento
das firmas em estabelecer uma cadeia de valor internacional. Ele ficou conhecido por
introduzir uma abordagem organizacional à teoria da produção internacional, argumentando
que para uma firma engajar em atividades no exterior, ela deve possuir a propriedade de
alguma vantagem que compense as desvantagens em competir com firmas estrangeiras,
dentro do país delas. As vantagens que ele apontava serem exclusivas à firma, implicavam na
existência de alguma forma de falha estrutural de mercado. Sua contribuição serviu como
ponto de partida para o posterior desenvolvimento da teoria da internalização, já que Hymer
focava no IDE como forma das firmas controlarem o uso dos direitos de propriedade que
eram transferidos para as subsidiárias estrangeiras (apud DUNNING; LUNDAN, 2008).
Vernon forneceu a segunda contribuição deste período, utilizando o conceito
microeconômico do ciclo do produto para compreender as atividades da EMN norteamericana, no período posterior a segunda guerra mundial. Inicialmente um novo produto
seria produzido para o mercado doméstico, perto das atividades e mercados inovadores.
Gradualmente, à medida que o produto se tornasse maduro ou padronizado, as vantagens
competitivas passariam a ser a habilidade de minimizar os custos, aumentando a atratividade
de estabelecer plantas em um país estrangeiro. Nesta perspectiva, nenhuma questão
organizacional ou institucional é relevante, dando pouca atenção aos benefícios que surgem
da internalização (apud DUNNING; LUNDAN, 2008).
2.2.2.2 Teorias da internalização
A hipótese central da teoria da internalização é que, a hierarquia da EMN representa
um mecanismo alternativo às forças do mercado, coordenando as atividades agregadoras de
valor através das fronteiras nacionais. Dada uma particular distribuição da dotação dos
31
fatores, a magnitude da atividade da EMN será positivamente relacionada aos custos de
organizar mercados internacionais de bens intermediários. Importante ressaltar que a teoria da
internalização pode ser considerada uma teoria geral só no que tange prever as situações em
que a firma escolher internalizar mercados estrangeiros (DUNNING; LUNDAN, 2008).
Esta teoria foca, primordialmente, em identificar quais mercados internacionais de
bens intermediários são passíveis de serem internalizados dentro de hierarquias
organizacionais e, que firmas provavelmente irão obter posse e controle de atividades
internacionais agregadoras de valor (DUNNING; LUNDAN, 2008).
2.2.2.3 Paradigma OLI
Também conhecido como paradigma eclético, procura oferecer um panorama para
determinar a extensão e o padrão da produção no exterior, controlada por uma empresa de um
país, assim como a produção neste país, controlada por empresas estrangeiras. Procura abarcar
várias explicações das atividades das empresas no exterior e tem primordialmente como
objetivo responder a questões positivas do que normativas, fornecendo uma perspectiva para
explicar o que é, e não o que deveria ser, o nível e a estrutura da produção internacional
(DUNNING; LUNDAN, 2008).
O paradigma eclético aceita parcialmente a explicação da distribuição espacial
fornecida pela teoria tradicional Heckscher-Ohlin-Samuelson. Porém, para conseguir explicar
a opção pela propriedade e a distribuição espacial de certos produtos que requerem recursos,
capacidades e instituições que não são equitativamente acessíveis a todas as firmas, são
necessárias duas formas de imperfeições de mercado. A primeira é uma falha estrutural que
permite algumas empresas terem mais habilidade em ganhar e sustentar controle sobre direito
de propriedade ou governar múltiplas atividades geograficamente dispersas. A segunda é uma
falha intrínseca do mercado de bens intermediários que provoca custos de transação que
podem ser diminuídos com a hierarquia organizacional de algumas firmas (DUNNING;
LUNDAN, 2008).
De acordo com o paradigma OLI, existem três fatores determinantes na atividade da
EMN. A letra O origina-se de ownership advantage6 e refere-se à posse de ativos pela EMN
que conferem vantagens únicas. A letra L origina-se de locational advantage7 e refere-se às
vantagens específicas em explorar seus ativos únicos em uma determinada localidade. A letra
6
7
Vantagem de propriedade.
Vantagem locacional.
32
I refere-se à internalisation advantage8 e relaciona-se às vantagens decorrentes da
internalização dos custos de transação pela hierarquia organizacional da EMN (DUNNING;
LUNDAN, 2008).
A primeira condição para explicar a opção pela produção internacional, por uma
firma, é a posse de vantagens específicas em servir determinados mercados, especialmente em
comparação às vantagens de firmas de outras nacionalidades. Estas vantagens geralmente se
verificam pelo acesso a ativos intangíveis, instituições e gerenciamento das atividades
agregadoras de valor no exterior. Com a primeira condição satisfeita, a firma então deve optar
por utilizar e agregar valor às suas vantagens de propriedade ou vender os direitos de uso para
uma empresa estrangeira independente. A empresa irá utilizar e agregar valor às suas
vantagens de propriedade quando as vantagens de internalização se mostrarem mais
vantajosas, refletindo uma eficiência organizacional superior ou habilidade em exercer poder
de monopólio com os ativos sob sua governança. Dado que as duas primeiras condições são
satisfeitas, a localização da produção internacional se dará através da escolha da localidade
que agregar maior valor às suas vantagens de propriedade (DUNNING; LUNDAN, 2008).
Essas três condições fornecem a configuração das vantagens de propriedade,
localização e internalização. As diferentes configurações e a sua consistência com os
objetivos e estratégias de longo prazo da firma irão explicar o nível e a estrutura da produção
internacional (DUNNING; LUNDAN, 2008).
No Quadro 1 são apresentados os tipos de produção e os correspondentes objetivos
da EMN.
TIPO DE PRODUÇÃO INTERNACIONAL
OBJETIVOS DA EMN
Resource Seeking
Ganhar acesso privilegiado a recursos estratégicos.
Market Seeking
Proteger mercados, contra-atacar ações de competidores e
evitar o surgimento de potenciais novos concorrentes.
Efficiency Seeking
Aumentar a eficiência de produtos ou processos.
Strategic-asset Seeking
Aumentar a competitividade, adquirindo novos produtos ou
mercados.
Quadro 1 - Tipo de produção internacional e o objetivo da EMN
Fonte: Adaptação própria de Dunning e Lundan (2008).
É importante ressaltar que o paradigma OLI não faz nenhuma afirmativa a priori
sobre quais países, segmentos ou empresas tendem a realizar IDE. Apenas sugere que
algumas das vantagens identificadas nas condições anteriores não estão distribuídas pelos
países, segmentos e empresas de forma igualitária. O paradigma eclético entende que estas
vantagens não são estáticas e que uma resposta estratégica a qualquer configuração OLI
8
Vantagem de internalização.
33
particular pode afetar a natureza e o padrão das vantagens de propriedade e internalização em
um período posterior (DUNNING; LUNDAN, 2008).
Resumindo, o paradigma eclético deve ser visto menos como uma teoria alternativa
da produção internacional e mais como um paradigma que aponta as características básicas e
essenciais de cada uma das principais teorias. Um envoltório que abarca teorias econômicas e
de negócio complementares entre si (DUNNING; LUNDAN, 2008).
2.2.2.4 A abordagem macroeconômica da atividade da empresa multinacional
A teoria da internalização e o paradigma eclético são essencialmente explanações
microeconômicas ou comportamentais, pois procuram identificar os determinantes da
produção internacional por parte de uma firma ou um grupo de firmas. A abordagem
macroeconômica é mais interessada em explicar quais atividades das firmas são realizadas
com melhor desempenho em determinados países (DUNNING; LUNDAN, 2008).
As contribuições de Kojima são a referência da abordagem macroeconômica e,
diferentemente das outras duas teorias, ela aponta que o timing e a direção do IDE é
determinado pelas forças de mercado de forma mais eficiente do que pelo poder hierárquico
da EMN. Apesar de reconhecer que algumas atividades da EMN são resultado de distorções
na estrutura de mercado, ele dá pouca atenção ao impacto dos custos de transação (apud
DUNNING; LUNDAN, 2008).
2.3
SISTEMA, MERCADO E DESENVOLVIMENTO FINANCEIRO
Esta parte apresenta o conceito e a estrutura do sistema financeiro, assim como suas
implicações para o mercado financeiro. São abordadas as principais teorias das finanças e é
realizada uma síntese dos principais indicadores apropriados para a mensuração do
desenvolvimento financeiro de um país.
2.3.1 Conceito e estrutura do sistema financeiro
Em uma economia, quando os agentes econômicos consomem menos do que
ganham, são chamados agentes superavitários. Quando, por outro lado, consomem mais que
sua renda e precisam recorrer à poupança de terceiros, são chamados de agentes deficitários.
Para que um agente deficitário possa utilizar recursos disponíveis de agentes superavitários
34
para consumir ou investir, é preciso que um canal de recursos seja viabilizado para ocorrer o
fluxo dos recursos. Como na maioria das vezes as necessidades de poupança e empréstimo
diferem em alguns aspectos, surgiram instituições especializadas em intermediar essas
operações. Portanto, podemos definir o sistema financeiro como um conjunto de instituições e
instrumentos que viabilizam o fluxo financeiro entre os poupadores e tomadores na economia
(CVM, 2013).
O modelo tradicional de intermediação financeira não foi capaz de suprir todas as
demandas existentes no mercado. Ao longo da história, desenvolveram-se novos ativos
financeiros e características operacionais específicas para cada tipo de demanda. Estas
características diferem no que diz respeito ao prazo, tipo de instrumento, assunção de riscos e
outros aspectos. Atualmente, o mercado financeiro divide-se em quatro grandes segmentos: a)
mercado monetário; b) mercado de crédito; c) mercado de câmbio; e d) mercado de capitais
(CVM, 2013).
Quanto ao mercado monetário, este se relaciona com as transferências de recursos de
curtíssimo prazo, em geral de um dia, costumeiramente realizadas entre as próprias
instituições financeiras, ou entre elas e o Banco Central. Trata-se de um mercado com a
finalidade de controlar a liquidez da economia, podendo o Banco Central intervir para
condução da política monetária. Em relação ao mercado de câmbio, participam todos os
agentes econômicos que possuem pagamentos ou recebimentos em moeda estrangeira, já que
é no mercado de câmbio que é negociado a moeda estrangeira pela moeda nacional. Este
mercado é regulado pelo Banco Central, participando para execução da política cambial
(CVM, 2013).
É no mercado de crédito que a intermediação financeira propriamente dita ocorre. É
o segmento em que as instituições financeiras captam recursos dos agentes superavitários e os
emprestam às famílias ou empresas, sendo remunerados pela diferença entre o custo de
captação e o valor cobrado dos tomadores. São operações de curto e médio prazo com o
objetivo de consumo ou capital de giro. O mercado de crédito é de fundamental importância
na medida em que as instituições financeiras exercem dois papéis de extrema necessidade.
Sua atuação gera uma centralização de riscos, diminuindo a exposição dos aplicadores a
perdas. Também funcionam como um elo entre milhões de agentes com expectativas muito
distintas em relação a prazos e volume de recursos (CVM, 2013).
O mercado de capitais corresponde ao segmento do mercado financeiro que fornece
as condições para que as empresas captem recursos diretamente dos investidores, em volume
e custos razoáveis, se utilizando da emissão de instrumentos adequados quanto ao retorno,
35
prazo e liquidez, com o interesse de viabilizar o investimento. Portanto, neste mercado, as
instituições financeiras atuam principalmente como prestadoras de serviços, estruturando as
operações, assessorando na formação de preços, liquidez, captação de clientes e distribuição
de valores (CVM, 2013).
2.3.2 Os paradigmas da teoria das finanças
Qualquer tentativa de definir as finanças como a área da economia que se preocupa
basicamente com o dinheiro, torna-se essencialmente insatisfatória. A importância do dinheiro
por conta própria não é suficiente para distinguir as finanças de outras disciplinas da
economia. A distinção ocorre no fato das finanças focarem no dinheiro que será pago ou
estará disponível no futuro. A pesquisa em teoria financeira é usualmente delimitada por um
forte foco nos contratos financeiros, em que uma parte recebe dinheiro no presente e, em
contrapartida, garante prospectos para outra parte, fornecendo alguma forma de retorno no
futuro (EILENBERGER et al, 2010).
2.3.2.1 O paradigma tradicional das finanças
Nos anos cinquenta, as teorias de administração de empresas concentravam-se
primariamente no relacionamento entre finanças e contabilidade. Na época, os pesquisadores
e analistas concentravam-se nas transações de financiamento e investimento que estavam
registradas nos balanços. Uma vasta quantidade de indicadores foi elaborada, permitindo
refletir diversos aspectos do desempenho das empresas, como return on equity9 (ROE) ou
return on investment10 (ROI) (EILENBERGER et al, 2010).
O paradigma acima descrito é conhecido com a teoria tradicional das finanças. Uma de
suas grandes limitações é não reconhecer a existência de um mercado de capitais,
considerando todo contrato financeiro único. Outra deficiência é que, os inúmeros dados,
métricas e indicadores tornam a busca pelos verdadeiros objetivos da empresa um tanto
quanto nebulosa. Enquanto alguns autores argumentam que esses objetivos devem ser
atingidos em termos de ROE, outros apontam que a capacidade de obter lucros no longo prazo
é muito mais importante (EILENBERGER et al, 2010).
9
Retorno sobre o patrimônio.
Retorno sobre o investimento.
10
36
2.3.2.2 O paradigma neoclássico das finanças
Nos anos sessenta e setenta verificou-se a evolução dos mercados de capitais e da
computação, permitindo uma verdadeira revolução no mundo das finanças. O aumento da
negociação de contratos padronizados e da liquidez começou a despertar o interesse de
pesquisadores sobre como as leis de mercado poderiam influenciar as transações financeiras
(EILENBERGER et al, 2010).
A dificuldade de o paradigma financeiro tradicional explicar essas questões que
emergiram da evolução do mercado de capitais abriram terreno, permitindo o surgimento de
um novo paradigma. Partindo do pressuposto que o mercado de capitais funciona
adequadamente, procura-se explicar os fenômenos financeiros em termos de como seriam
valorados neste mercado. Recebe o nome de paradigma neoclássico das finanças em alusão à
escola neoclássica que tem o mercado como peça central de suas teorias (EILENBERGER et
al, 2010).
O tripé constituído pela moderna teoria do portfolio, hipótese do mercado eficiente e
Capital Asset Pricing Model (CAPM) representa a base do paradigma neoclássico das
finanças. Portanto, torna-se importante o desenvolvimento do mercado financeiro e
especialmente o de capitais, atraindo cada vez mais agentes e promovendo seu crescimento.
Este processo de expansão, por si próprio, torna o mercado financeiro mais atrativo,
possibilitando a oferta de mais soluções financeiras inovadoras e o aumento de vantagens para
todos os participantes (EILENBERGER et al, 2010).
2.3.3 Indicadores de desenvolvimento do mercado financeiro
A escolha de indicadores de desenvolvimento financeiro de um país não é algo
trivial, existem muitas sugestões na literatura e a opção de um pelo outro dependerá das
características específicas em questão. Estas variáveis podem ter o foco no tamanho, na
eficiência ou na relativa importância dos diferentes intermediários financeiros que compõem o
sistema financeiro. Uma significativa limitação é que muitos indicadores estão disponíveis
para um número limitado de países (HERMES; LENSINK, 2003).
É muito difícil construir indicadores precisos e comparáveis que mensurem os
serviços financeiros entre diversos países ao longo do tempo. King e Levine (1993), Levine e
Zervos (1998) e Levine et al (2000) construíram várias séries do mercado financeiro,
abrangendo, do mercado de ações, até o volume de empréstimos em uma economia. Estas
37
variáveis podem ser classificadas em duas amplas categorias: 1) relacionadas ao mercado de
crédito; e 2) relacionadas ao mercado de capitais (apud ALFARO et al, 2004).
Em relação aos indicadores do mercado de crédito, muitos trabalhos utilizam
indicadores relacionados aos agregados monetários, com o objetivo de mensurar o
desenvolvimento da atividade de intermediação financeira. O uso do indicador monetário
sugere que uma economia altamente monetizada reflete o desenvolvimento do sistema
financeiro. Em outras palavras, um alto grau de monetização deve ser positivamente
relacionado ao desempenho econômico. Em Goldsmith (1969), McKinnon (1973), King e
Levine (1993) e Schich e Pelgrin (2002) encontramos trabalhos utilizando agregados
monetários como medida de desenvolvimento financeiro (apud CHOONG, 2012).
Outro indicador importante relacionado ao mercado de crédito é o crédito provido ao
setor privado. Calderon e Liu (2003) sugerem que este indicador tem a vantagem de levar em
conta apenas o crédito alocado ao setor privado, isolando os créditos fornecidos ao setor
público. King e Levine (1993), De Gregorio e Guidotti (1995), Levine et al (2000) e Beck et
al (2000) sugerem que quanto maior este indicador, mais serviços financeiros são
disponibilizados e maior se torna o desenvolvimento dos intermediários financeiros. Alguns
estudos sugerem que este tipo de indicador é preferível aos indicadores relacionados aos
agregados monetários, se o intuito é medir o desenvolvimento do setor bancário, já que reflete
de forma mais precisa os recursos alocados ao setor privado. Portanto, este indicador está
mais relacionado ao investimento e ao crescimento econômico (apud CHOONG, 2012).
Em relação aos indicadores de desenvolvimento do mercado de capitais, as variáveis
sugeridas por Levine e Zervos (1998) constituem as mais utilizadas nos estudos. Em relação à
liquidez do mercado de ações, é possível mensurá-la utilizando o valor negociado em bolsa de
valores. Para capturar o tamanho dos mercados de ações, sugere-se utilizar o valor médio de
capitalização das ações listadas na bolsa de valores no ano. Também é possível dividir o valor
negociado em bolsa de valores, pelo valor médio de capitalização das ações listadas na bolsa
de valores, obtendo um indicador de eficiência do mercado de capitais (apud ALFARO et al,
2004).
2.4
DESENVOLVIMENTO FINANCEIRO E INSTITUCIONAL, INVESTIMENTO
DIRETO EXTERNO E CRESCIMENTO ECONÔMICO
Esta parte apresenta as hipóteses que norteiam este trabalho e aborda primeiramente
a importância do desenvolvimento financeiro para o crescimento econômico. Em seguida é
38
apontada a relevância do desenvolvimento institucional para o crescimento da atividade
econômica. Depois é discutida a relação entre o fluxo de entrada de IDE e o seu efeito sobre o
crescimento econômico. Então é abordado o tópico em que o desenvolvimento institucional e
financeiro, além de promover o crescimento diretamente, atua como capacidade absorvedora
ao interagir com IDE, promovendo a atividade econômica através de um canal complementar.
Finalmente são apresentadas evidências empíricas de cinco estudos selecionados, fornecendo
evidências que favorecem ou contrariam às hipóteses deste trabalho.
2.4.1 Desenvolvimento financeiro e crescimento econômico
Existe um considerável consenso elencando algumas razões que sugerem o
desenvolvimento financeiro como um importante facilitador do desempenho econômico. Para
Levine (1997), um sistema financeiro mais desenvolvido fornece um canal que melhora a
alocação de recursos, intensifica o monitoramento, minimiza a assimetria de informações e
promove um maior crescimento econômico. Em Greenwood e Jovanic (1990) e Levine (1991)
sugere-se que quanto maior o desenvolvimento financeiro, melhor será o desempenho
econômico, mobilizando a poupança e aumentando os recursos disponíveis para financiar
projetos. Portanto, o desenvolvimento financeiro é crucial para a redução de custos de
transação e melhoria da eficiência econômica, alocando recursos nos projetos mais rentáveis,
alimentando as taxas de crescimento econômico (apud CHOONG, 2012).
Os sistemas financeiros influenciam a quantidade de crédito disponível nos mercados
financeiros, limitando o potencial de investimento dos empreendedores locais, determinando a
extensão em que se dará o crescimento econômico. Em Alfaro et al (2004), esta questão é
particularmente relevante quando chegam tecnologias completamente novas que permitem
ganhar mercados não só domésticos, mas também internacionais. Neste caso, o
desenvolvimento financeiro pode determinar em parte, o quanto que as firmas conseguem
financiar os seus projetos de investimento (apud CHOONG, 2012).
Em Beck et al (2000), Bekaert et al (2003) e Ranciere et al (2006) encontram-se
evidências que países com o sistema financeiro mais eficiente crescem mais rápido do que
países com sistemas financeiros ineficientes. Blejer (2006) sugere que a eficiência dos
mercados financeiros também leva a uma maior estabilidade financeira, sem provocar o
aumento da ciclicidade. Beck et al (2000) e Bordo e Meissner (2006) argumentam que países
com sistemas financeiros eficientes são menos vulneráveis quando ocorre alguma crise
externa (apud CHOONG, 2012).
39
Portanto, define-se esta hipótese:
Hipótese H.1: quanto maior o desenvolvimento financeiro de um país, maior o
potencial de seu crescimento econômico.
2.4.2 Desenvolvimento institucional e crescimento econômico
North (1990) define instituições como as regras do jogo em uma sociedade, ou mais
formalmente, são as restrições desenvolvidas que moldam as interações humanas. As
estruturas de incentivos que as instituições criam possuem profundas consequências na vida
humana política, social e econômica (apud ACEMOGLU; JOHNSON; ROBINSON, 2004).
Em relação ao desempenho econômico, são de primordial importância as instituições
econômicas em uma sociedade, como a estrutura dos direitos de propriedade e o bom
funcionamento dos mercados. As instituições econômicas são importantes já que influenciam
a estrutura econômica de incentivos em uma sociedade. Sem os direitos de propriedade,
indivíduos não irão ter o incentivo para investir em capital físico, humano ou adotar
tecnologias mais eficientes (ACEMOGLU; JOHNSON; ROBINSON, 2004).
As instituições econômicas também são importantes na medida em que permitem a
alocação dos recursos da forma mais eficiente, determinando quem obterá lucros e receitas.
Quando os mercados são ignorados, os ganhos das trocas não são explorados e recursos são
mal alocados. Sociedades que possuem instituições econômicas que facilitam e encorajam a
acumulação de fatores, inovação e a eficiente alocação de recursos tendem a prosperar
(ACEMOGLU; JOHNSON; ROBINSON, 2004).
A ideia de que a prosperidade de uma sociedade depende de suas instituições
econômicas remonta a Adam Smith, nas suas discussões sobre o mercantilismo e o papel dos
mercados. No entendimento de John Stuart Mill, as sociedades atingem sucesso econômico
quando desenvolvem instituições favoráveis a prosperidade (apud ACEMOGLU; JOHNSON;
ROBINSON, 2004).
Apesar de fatores culturais e geográficos afetarem o desempenho econômico, são as
diferenças entre as instituições econômicas que são a principal fonte da diferença no grau de
crescimento econômico e prosperidade entre os países. As instituições econômicas não só
determinam o crescimento econômico agregado potencial, como também estabelecem a
distribuição dos recursos no futuro. Portanto, as instituições econômicas não só afetam o
40
tamanho do produto agregado, mas também como este produto será dividido entre diferentes
grupos e indivíduos na sociedade (ACEMOGLU; JOHNSON; ROBINSON, 2004).
Portanto, define-se esta hipótese:
Hipótese H.2: quanto maior o desenvolvimento institucional de um país, maior o
potencial de seu crescimento econômico.
2.4.3 Investimento direto externo e crescimento econômico
Para Grossman e Helpman (1991) e Barro e Sala-i-Martin (1995), a tecnologia vem
se tornando cada vez mais importante no processo de crescimento econômico. A taxa de
crescimento dos países menos desenvolvidos depende muito da capacidade destes em adotar
novas tecnologias disponíveis nos países desenvolvidos. Um canal importante no qual ocorre
a adoção de novas tecnologias e ideias ocorre através da entrada de IDE. Pesquisas empíricas
demonstram que a EMN faz parte do grupo de firmas que são tecnologicamente muito
avançadas e investem massivamente em pesquisa e desenvolvimento. O IDE realizado pelas
EMNs pode ter efeitos sobre o processo de progresso tecnológico do país hospedeiro do
investimento. Findlay (1978) sugere que tecnologia avançada, nova variedade de bens de
capital e habilidades organizacionais mais eficientes são assimiladas pelas firmas do país
hospedeiro (apud HERMES; LENSINK, 2003).
Esta transferência ocorre através do processo de spillover11, das subsidiárias das
EMNs, para as firmas domésticas. Kinoshita (1998) e Sjoholm (1999) sugerem que este
processo de spillover ocorre através de diversos canais de transmissão: a) demonstração ou
imitação; b) competição; c) vínculo e d) treinamento (apud HERMES; LENSINK, 2003).
Spillover através do canal da demonstração ocorre quando as tecnologias utilizadas
por firmas estrangeiras, que são mais avançadas que as das firmas domésticas, são assimiladas
possibilitando a imitação de novas tecnologias que irão tornar as firmas domésticas mais
produtivas. O efeito de demonstração pode ocorrer diretamente ou indiretamente entre as
firmas e as subsidiárias das EMNs. Quanto mais atrasada estiver a tecnologia do país
hospedeiro, comparado com o nível tecnológico das firmas estrangeiras, mais as firmas
11
Processo em que ocorre o “transbordamento” de tecnologia e habilidades organizacionais, das subsidiárias das
EMNs, para as firmas domésticas, através da interação das subsidiárias com os demais agentes da economia
hospedeira do IDE.
41
domésticas poderão lucrar imitando e copiando estas tecnologias (HERMES; LENSINK,
2003).
O processo de spillover que ocorre através do canal da competição reflete a entrada
de firmas estrangeiras, intensificando a competição dentro do mercado doméstico hospedeiro
do IDE. Isto força as firmas domésticas adotarem práticas mais eficientes, promovendo uma
atualização na tecnologia existente ou desenvolvimento de novas tecnologias e habilidades
organizacionais (HERMES; LENSINK, 2003).
Já o spillover que ocorre através do canal do vínculo demonstra que, a firma
estrangeira pode transferir nova tecnologia às firmas domésticas através de transações com
estas firmas, como a compra de matérias primas ou bens intermediários. A intensa relação de
compra e venda com firmas domésticas pode promover assistência técnica e treinamento de
empresas que apresentem um vínculo estratégico para a subsidiária da EMN. Também é
importante ressaltar a situação em que a venda de produtos e serviços para firmas estrangeiras
pode encorajar as firmas domésticas a atualizarem seu processo de produção, baseado nos
requerimentos técnicos e de qualidade demandados pelos estrangeiros, aumentando a
produtividade (HERMES; LENSINK, 2003).
O último canal pelo qual ocorre o spillover é o do treinamento. A introdução de
novas tecnologias pelas firmas domésticas deve ocorrer com investimento no capital humano
disponível domesticamente, capacitando a força de trabalho a utilizar as novas tecnologias
adotadas. Portanto, as firmas locais se sentirão estimuladas a treinar seus próprios
funcionários quando firmas estrangeiras entrarem no mercado. Este estímulo pode ocorrer
através dos outros três canais apresentados, fazendo com que a firma doméstica treine seus
funcionários à medida que aprenda novas tecnologias por demonstração, pelo aumento da
concorrência ou pela existência dos vínculos com as empresas estrangeiras (HERMES;
LENSINK, 2003).
Na prática, torna-se dificultoso separar os quatro canais nos quais ocorre o processo
de spillover. De qualquer forma, é consenso que a transferência de novas tecnologias promove
uma maior produtividade do capital e do trabalho no país hospedeiro. A contribuição principal
do IDE ocorre em termos do aumento da produtividade total dos fatores e de forma secundária
em termos do incremento de volume de capital físico e humano (HERMES; LENSINK,
2003).
42
Portanto, define-se esta hipótese:
Hipótese H.3: quanto maior o fluxo de IDE num país, maior a sua propensão ao
crescimento econômico.
2.4.4 Desenvolvimento institucional como capacidade absorvedora
A literatura tem ressaltado que o processo de spillover apenas tem sucesso quando o
cenário no país hospedeiro apresentar algumas características essenciais. Este conjunto de
características determina a capacidade do país hospedeiro em absorver a tecnologia disponível
pelas subsidiárias das EMNs. O IDE só ira contribuir para o crescimento econômico quando
houver capacidade absorvedora suficiente no país hospedeiro do investimento. Estudos
empíricos em vários países foram realizados, provendo resultados divergentes a respeito do
IDE ser capaz de estimular o crescimento econômico. Estes resultados conflitantes
evidenciam que alguns países possuem e outros não, as características essenciais para que o
IDE contribua positivamente para o crescimento econômico (HERMES; LENSINK, 2003).
Alguns autores argumentam que a adoção de novas tecnologias e habilidades
gerenciais exigem habilidades da força de trabalho. Borensztein et al (1998) sugerem que
bens de capital de alta tecnologia precisam ser associados à mão de obra capaz de entender e
trabalhar com a nova tecnologia. Isto requer um nível mínimo de educação, portanto o
processo de spillover é possível apenas quando o capital humano do país hospedeiro
apresentar um nível suficiente de educação (apud HERMES; LENSINK, 2003).
Bhagwati (1985), Ozawa (1992) e Balasubramanyam et al (1996) argumentam que o
processo de spillover pode ser mais eficiente na presença de mercados que funcionem bem.
Sob essas condições, o cenário que o IDE vai operar será de competição e reduzidas
distorções de mercado, promovendo a troca de conhecimento entre as firmas (apud HERMES;
LENSINK, 2003).
Smarzynska (1999) enfatiza o estabelecimento do direito de propriedade, em
particular o direito intelectual de propriedade, como elemento crucial na atração de IDE de
alta tecnologia. Se o direito de propriedade intelectual for pouco protegido em um país, firmas
estrangeiras irão optar por investimentos de baixa tecnologia, reduzindo o processo de
spillover (apud HERMES; LENSINK, 2003).
43
Portanto, define-se esta hipótese:
Hipótese H.4: quanto maior o desenvolvimento institucional de um país, maior a
sua capacidade de absorção de tecnologia, potencializando o impacto do IDE sobre o
crescimento econômico.
2.4.5 Desenvolvimento financeiro como capacidade absorvedora
Muito recentemente, alguns trabalhos vêm argumentando que há uma capacidade
absorvedora importante que ainda não foi mencionada suficientemente na literatura, o
desenvolvimento do mercado financeiro doméstico. Quando reconsideramos os diferentes
canais em que o processo de spillover ocorre, fica claro que em uma série de casos as firmas
domésticas irão precisar investir quando atualizarem suas próprias tecnologias ou adotarem
novas, estimuladas pelo efeito de demonstração, competição e/ou vínculo (HERMES;
LENSINK, 2003).
Huang e Xu (1999) sugerem que os investimentos relacionados à atualização ou
adoção de novas tecnologias são, em grande parte, mais arriscados quando comparados a
outros tipos de projetos de investimento. O sistema financeiro em geral, especificamente as
instituições financeiras, podem ajudar a diminuir estes riscos, estimulando os empreendedores
domésticos a atualizar ou adotar novas tecnologias introduzidas por firmas estrangeiras.
Assim, as instituições financeiras afetam positivamente a velocidade da inovação tecnológica,
estimulando o crescimento econômico. Portanto, quanto mais desenvolvido for o sistema
financeiro doméstico, maior será a redução dos riscos associados com investimento na
atualização ou adoção de novas tecnologias (apud HERMES; LENSINK, 2003).
Para Borensztein et al (1998), o desenvolvimento financeiro pode também
determinar em que medida empresas estrangeiras irão ser capazes de obter empréstimos com
o objetivo de expandir suas atividades inovadoras no país hospedeiro, promovendo o aumento
do escopo do processo de spillover para as firmas domésticas. O IDE mensurado como fluxo
financeiro internacional pode constituir apenas uma parte do total do investimento, ficando
uma parcela a ser financiada através da emissão de dívida ou ações nos mercados financeiros
dos países hospedeiros. Portanto, o processo de difusão tecnológico pode ser mais eficiente na
medida em que, os mercados financeiros dos países hospedeiros são mais desenvolvidos,
permitindo a subsidiária da EMN investir assim que entre no país hospedeiro (apud
HERMES; LENSINK, 2003).
44
Demetriades e Andrianova (2004) reforçam que o desenvolvimento do mercado
financeiro indica a extensão em que EMNs estarão aptas a obter recursos para realizar suas
atividades inovadoras. A existência de bons sistemas financeiros é uma condição básica para
um país concretizar inovações e explorar recursos de forma mais eficiente (apud CHOONG,
2012).
Portanto, define-se esta hipótese:
Hipótese H.5: quanto maior o desenvolvimento financeiro num país, maior a sua
capacidade de absorção de tecnologia, maximizando o efeito do IDE sobre o crescimento
econômico.
2.4.6 Evidências empíricas
Alfaro, Kalemli-Ozcan e Sayek (2009) analisaram dados de 72 países desenvolvidos
e em desenvolvimento, entre os anos 1975 e 1995. Efetuaram cinco regressões utilizando
como método de estimação o MQO (mínimos quadrados ordinários) agrupado. Os resultados
das regressões podem ser verificados na Tabela 1. Capital humano e qualidade institucional
apresentam significância estatística e sinal positivo em todas as regressões estimadas,
sugerindo que o desenvolvimento institucional promove o crescimento econômico. Nenhuma
variável de desenvolvimento financeiro apresenta significância estatística, demonstrando que
o desenvolvimento financeiro não afeta o crescimento econômico.
Tabela 1 - Regressões realizadas para identificar capacidades absorvedoras I
1
2
PRIVO
-0,012***
-0,06
0,01**
0,005**
0,003
3
BANKCR
-0,012***
-0,06
0,01**
0,005**
0,002
4
PRIVO
-0,012***
-0,26
0,01**
0,005**
0,006
0,78***
0,07***
72
0,60
5
BANKCR
-0,012***
-0,27
0,01**
0,005**
0,005
0,89***
0,07***
72
0,60
PIB
-0,012***
IDE
-0,06
Capital humano
0,01**
Qualidade institucional
0,005**
Variável financeira
IDExVariável financeira
Constante
0,06***
0,06***
0,06***
Obs
72
72
72
R2
0,60
0,60
0,60
Fonte: Adaptação própria de Alfaro, Kalemli-Ozcan e Sayek (2009).
Notas: PRIVO representa crédito bancário fornecido ao setor privado como porcentagem do PIB e BANKCR
representa crédito fornecido pelos intermediários financeiros ao setor privado como porcentagem do PIB. Capital
humano é representado pela média de anos de escolaridade secundária na população. Qualidade institucional é
representada pelo indicador bureaucratic quality, do International Country Risk Guide (ICRG).
As duas variáveis interativas entre IDE e as variáveis de desenvolvimento financeiro
demonstraram significância estatística e sinal positivo, apontando que o desenvolvimento
45
financeiro atua como capacidade absorvedora, potencializando o crescimento econômico
quando interagido com o IDE.
Tabela 2 - Regressões realizadas para identificar capacidades absorvedoras II
1
2
M2
3
Poupança
4
Crédito ao
Setor Privado
-0,08759
0,4308***
0,1569**
0,3000***
-0,0140
0,0011*
0,0021
0,0128***
-0,0184
0,1660
-0,0816
-0,0238
0,0835**
0,0003
0,1703**
-0,237***
0,2795***
0,1657***
5,5417***
0,996
70
11927,82
5
Bolsa
Inflação
–0,0981
–0,0981
-0,1084
-0,1101
Gasto do governo
0,4298***
0,4320***
0,4406***
0,4488***
Investimento
0,1652**
0,15228*
0,1129
0,1462*
População
0,2990***
0,3006***
0,3325***
0,3096***
IDE
0,0099
-0,0204
-0,0056
-0,0057
IDExVariável financeira
0,0010
0,0020**
0,0493
M2
-0,0006
-0,0176
0,0006
0,0006
Poupança
0,0123***
0,0126***
-0,0252
0,0130***
Crédito ao setor privado
0,0051***
0,0048***
0,0050***
0,0043***
Grau de abertura
0,1519
0,1644
0,1723
0,2103
Controle de corrupção
-0,0715
-0,0790
-0,0698
-0,1039*
Efetividade governamental
-0,0381
-0,0165
0,01236
-0,0243
Índice político
0,0828**
0,0884**
0,1005***
0,0916***
Qualidade de regulação
-0,0082
-0,0199
-0,003
-0,0109
Escolaridade primária
0,1938**
0,1851**
0,1515**
0,1599**
Escolaridade secundária
-0,2106***
-0,2405***
-0,2316***
-0,2233***
Escolaridade terciária
0,2732***
0,2843***
0,2652***
0,2783***
Dummy bolsa
0,1427***
0,1756***
0,1824***
-0,7753
Constante
4,9390***
5,7540***
5,5547***
5,2969***
2
R
0,996
0,995
0,995
0,996
Obs
70
80
70
70
Wald x2
11384,86
116696,60
12431,82
11614,99
Fonte: Adaptação própria de Adjasi et al (2012).
Notas: M2, Poupança e Crédito ao setor privado (total crédito fornecido ao setor privado) estão representados
como porcentagem do PIB. Bolsa representa variável dummy para presença de mercado de capitais. Variáveis de
escolaridade representam a taxa de matrícula.
Adjasi et al (2012) utilizaram dados de 32 países africanos durante o período de 1997
a 2008. Usaram dados em painel e optaram pela realização de cinco regressões. Os resultados
podem ser verificados na Tabela 2. O IDE não demonstrou significância estatística em
nenhuma das regressões estimadas, demonstrando que sem a interação com capacidades
absorvedoras, o IDE não promove crescimento econômico. As variáveis de desenvolvimento
financeiro, poupança e crédito ao setor privado, se mostraram significantes e positivas na
maioria das regressões, sugerindo que o desenvolvimento financeiro potencializa o
crescimento econômico.
As variáveis de desenvolvimento institucional, índice político e escolaridade
primária e terciária, apresentam significância estatística e sinal positivo, demonstrando que o
desenvolvimento institucional promove o crescimento econômico. As variáveis interativas
com M2 e crédito ao setor privado se demonstram significativas e positivas, sugerindo que o
desenvolvimento financeiro atua como capacidade absorvedora, maximizando o crescimento
econômico.
46
Tabela 3 - Regressões realizadas para identificar capacidades absorvedoras III
DEPOSIT
PIBPC-1
Consumo governo
INF
FT
GA
DEPOSIT
IDE
IDExDEPOSIT
CREDIT
PIBPC-1
Consumo governo
INF
FT
GA
CREDIT
IDE
IDExCREDIT
1
2
3
0,137***
-0,442***
-0,002***
-0,809***
0,048***
0,033***
0,140***
-0,438***
-0,002***
-0,700***
0,048***
0,031***
0,055***
0,140***
-0,423***
-0,002***
-0,607***
0,049***
0,037***
-0,214***
0,002***
0,142∗∗∗
-0,484***
-0,002***
-0,691***
0,046***
0,005***
0,144***
-0,471***
-0,002***
-0,419***
0,047***
0,007***
0,0609***
0,145***
-0,465***
-0,002***
-0,400***
0,051***
0,009***
-0,129***
0,001***
LIQUID
PIBPC-1
0,132***
0,135***
0,136***
Consumo governo
-0,453***
-0,443***
-0,439***
INF
-0,002***
-0,002***
-0,002***
FT
-0,044
0,042
0,240***
GA
0,050***
0,052***
0,055***
LIQUID
0,029***
0,029***
0,033***
IDE
0,060
-0,152
IDExLIQUID
0,001
Fonte: Adaptação própria de Choong (2012).
Notas: DEPOSIT representa a razão entre os ativos dos bancos comerciais em relação à soma destes ativos com
os ativos do banco central. CREDIT representa o crédito fornecido pelos intermediários financeiros ao setor
privado. LIQUID representa o agregado monetário M3. CREDIT e LIQUID estão representados como
porcentagem do PIB. PIBPC-1 representa o PIB per capita defasado um período. INF representa a inflação. GA
representa o grau de abertura. FT representa força de trabalho.
Choong (2012) analisou dados de 95 países desenvolvidos e em desenvolvimento,
entre os anos de 1983 e 2006. Optou-se pelo uso de dados em painel e foram utilizadas três
regressões para cada uma das três variáveis financeiras selecionadas. Os resultados podem ser
verificados na Tabela 3. As primeiras regressões incluem as variáveis financeiras sem a
presença do IDE e dos termos interativos entre as variáveis financeiras e IDE. Nas três
primeiras regressões, as três variáveis financeiras apresentam significância e sinal positivo.
Isto evidencia que o desenvolvimento financeiro promove o crescimento econômico. Ao
acrescentar a variável IDE, apenas a regressão com a variável LIQUID não apresenta a
variável IDE como significativa. Estas evidências sugerem que o IDE potencializa o
crescimento econômico. As regressões da coluna três apresentam a adição da variável
interativa, excetuando-se novamente a regressão que incluiu a variável LIQUID, as duas
47
outras regressões apresentam variáveis interativas positivas e significativas. Estes resultados
evidenciam que o desenvolvimento financeiro e o IDE apresentam uma complementariedade
importante na potencialização do crescimento econômico.
Tabela 4 - Regressões realizadas para identificar capacidades absorvedoras IV
1
2
3
4
5
6
BTOT
BANKCR
LLY
PRIVCR
SCAPT
SVALT
PIB
-0,013***
-0,012***
-0,01***
-0,012***
-0,017***
-0,017***
IDE
0,154
0,917**
0,504*
0,588
0,121
0,341*
IDExVariável financeira
0,899*
0,893***
1,169***
0,777***
0,335**
0,169*
Variável financeira
-0,0003
-0,004
-0,004
-0,002
0,00007
0,0005
Escolaridade
0,012***
0,014**
0,008*
0,009**
0,008
0,002
Crescimento populacional
-0,361
-0,149
0,078
-0,146
-0,561*
-0,581*
Consumo do governo
0,002
0,001
-0,002
0,001
-0,001
0,0004
Sub-Saharan dummy
-0,016**
-0,02***
-0,021***
-0,02***
-0,025***
-0,023***
Qualidade institucional
0,004**
0,004**
0,005***
0,004**
0,008**
0,009**
Prêmio no mercado negro
-0,005
-0,007*
-0,009**
-0,008*
0,006**
0,008***
Inflação
-0,016
-0,014
-0,011
-0,013
-0,003
-0,003
Grau de abertura
0,0002
0,006
-0,0002
0,001
0,008
0,085
2
R
0,62
0,64
0,66
0,64
0,67
0,68
Fonte: Adaptação própria de Alfaro et al (2004).
Notas: BTOT representa a razão entre os ativos dos bancos comerciais em relação à soma destes ativos com os
ativos do banco central. BANKCR representa crédito provido pelos bancos comerciais ao setor privado. LLY
representa o agregado monetário M3. PRIVCR representa crédito fornecido por intermediários financeiros ao
setor privado. SCAPT representa o valor de capitalização das empresas listadas em bolsa. SVALT representa o
valor negociado de ações. BANKCR, LLY, PRIVCR, SCAPT e SVALT estão representados como porcentagem
do PIB. Escolaridade representa média de anos de ensino secundário no total da população. Qualidade
institucional é mensurada pela média de risco de ocorrer expropriação, indicador fornecido por ICRG.
Crescimento populacional é representado pela média da taxa de crescimento da população no período. Prêmio no
mercado negro é calculado como o prêmio no câmbio paralelo em relação ao câmbio oficial. Grau de abertura é
representado pela soma da exportação com a importação, dividida pelo produto interno bruto.
Alfaro et al (2004) analisaram dois conjuntos de dados, um contendo variáveis
financeiras, ligadas ao mercado de crédito contendo 71 países desenvolvidos e em
desenvolvimento, entre os anos de 1975 e 1995. O outro conjunto de dados contendo
variáveis financeiras relacionadas ao mercado de capitais, abrangendo 49 países
desenvolvidos e em desenvolvimento, durante o período de 1980 e 1995. Optou-se como
método econométrico pelo MQO agrupado e realizaram-se seis regressões, quatro utilizando
variáveis do mercado de crédito e duas utilizando variáveis financeiras do mercado de
capitais. Os resultados das regressões podem ser verificados na Tabela 4.
Apenas as regressões dois, três e seis apresentam o IDE como significativo,
sugerindo que não existem evidências conclusivas sobre o IDE promover o crescimento
econômico. Em nenhuma regressão estimada uma variável financeira demonstrou
significância estatística, sugerindo que o desenvolvimento financeiro não afeta o crescimento
econômico.
48
A qualidade institucional e a escolaridade demonstram significância estatística e
sinal positivo em todas as regressões, evidenciando que o desenvolvimento institucional
potencializa o crescimento econômico. Nas seis regressões, as variáveis interativas entre IDE
e desenvolvimento financeiro apresentam significância estatística e sinal positivo, estas
evidências encontradas demonstram que o desenvolvimento financeiro atua como capacidade
absorvedora, potencializando o crescimento econômico quando interagido com o IDE.
Hermes e Lensink (2003) analisaram dados de 67 países em desenvolvimento entre
os anos 1970 e 1995. Estimaram cinco regressões, os resultados podem ser verificados na
Tabela 5. A variável crédito apresenta significância estatística e sinal positivo em todas as
regressões realizadas, sugerindo que o desenvolvimento financeiro promove o crescimento
econômico. A variável escolaridade também demonstra significância estatística e sinal
positivo, demonstrando que o desenvolvimento institucional potencializa o crescimento
econômico. IDE apresenta significância estatística e sinal negativo, contrariando a hipótese de
que o IDE contribui para o crescimento econômico.
As variáveis interativas entre IDE e as variáveis crédito e escolaridade são
estatisticamente significativas e apresentam sinal positivo, sugerindo que o desenvolvimento
financeiro e institucional atua como capacidade absorvedora, permitindo o país se beneficiar
de crescimento econômico quando há entrada de IDE.
Tabela 5 - Regressões realizadas para identificar capacidades absorvedoras V
1
2
3
4
PIBPC
-1,182***
-1,238***
-1,318***
-1,180***
Escolaridade
0,891***
0,882***
1,176***
0,740***
Crédito
1,562***
1,471***
1,313***
1,827***
IDE
0,156
-0,701**
-1,587**
IDExEscolaridade
0,351***
IDExCrédito
0,621***
C
1,376
2,127
2,253
0,943
R2
0,46
0,46
0,50
0,51
Fonte: Adaptação própria de Hermes e Lensink (2003).
Notas: Escolaridade representa a taxa de matrícula no ensino secundário. Crédito representa o
concedido ao setor privado como porcentagem do PIB.
5
-1,247***
0,964***
1,620***
-1,574***
0,215*
0,429*
1,386
0,51
total de crédito
49
3
CONJUNTURA ECONÔMICA E POLÍTICA DA AMÉRICA LATINA NAS
ÚLTIMAS DUAS DÉCADAS
Este capítulo aborda a conjuntura econômica e política dos principais países da
América Latina nas últimas duas décadas. É também apresentado o desempenho do
crescimento econômico ao longo deste período.
3.1
O CONTEXTO ARGENTINO
O Gráfico 1 apresenta o desempenho do crescimento econômico argentino nas
últimas duas décadas.
Porcentagem (%)
10,00%
5,00%
0,00%
-5,00%
-10,00%
-15,00%
ANO
Taxa de crescimento do PIB real per capita
Gráfico 1 - Desempenho do crescimento econômico na Argentina entre 1992-2012
Fonte: Elaboração própria com dados do UNCTADstat (UNCTAD, 2013).
As políticas econômicas dos governos de Juan Perón, Isabel Martínez Perón e Raúl
Alfosín nas décadas de setenta e oitenta se demonstraram desastrosas, visto o quadro de
instabilidade macroeconômica com altíssima inflação e contínua queda do PIB real per capita
durante estas duas décadas. Em 1989, o candidato Carlos Menem venceu as eleições com uma
agenda razoavelmente populista. Após dois anos ele decidiu se aproximar de uma abordagem
de livre mercado, buscando reduzir o tamanho do governo através de privatizações,
desregulamentações, corte de carga tributária e reformas no estado. Uma das políticas centrais
do seu governo foi possível pela instituição da Convertible Law12, buscando combater a
hiperinflação atrelando a moeda argentina ao dólar. A taxa de inflação caíu de 1.344% ao ano
12
De acordo com esta lei, se estabelecia uma relação cambiária fixa entre a moeda nacional argentina e a norteamericana.
50
em 1990 para 29% ao ano quando a medida foi instituída em 1991 e para menos de 4% em
1994. Os efeitos no PIB real per capita foram positivos, em 1991 e 1992 a taxa de
crescimento atingiu 10% ao ano, já em 1993 e 1994 houve uma desaceleração para taxas mais
normais, acima de 4%. Durante este período ocorreu entrada de IDE, que ajudou a modernizar
o setor de utilidades públicas, logística, bancos e outros (SAXTON, 2003).
A desvalorização da moeda mexicana em dezembro de 1994 causou o “efeito
tequila”, como ficou chamado o impacto da crise econômica mexicana sobre os países do
Cone Sul. Particularmente em relação à Argentina, temeu-se que ela também realizasse uma
desvalorização, o que causou uma escalada dos juros em 1995, até que o governo sinalizou
que não realizaria tal manobra, causando uma recessão neste ano. Nos anos de 1996 e 1997 o
crescimento retornou, porém na metade de 1998, a Argentina começou a sentir o efeito das
crises das moedas russa e brasileira. As taxas de juros novamente escalaram, dessa vez de 8%
para 19%, no final de 1998 o país já se encontrava em recessão (SAXTON, 2003).
Fernando De la Rúa, representante de uma coalizão de centro-esquerda, se tornou
presidente em dezembro de 1999 com as promessas de acabar com a recessão e combater a
corrupção. Seu governo precisava lidar com um déficit no orçamento federal de 2,5% do PIB
em 1999. Optou-se, por razões políticas, pelo aumento das taxas de impostos. Os aumentos
ocorreram em janeiro de 2000, abril de 2001 e agosto de 2001. A economia continuou a
encolher e o ano foi marcado pela renúncia do Ministro da Economia e de membros da
coalizão governista (SAXTON, 2003).
No ano de 2001, discutiram-se mudanças na Convertible Law, investidores
interpretaram a proposta como um possível passo para uma desvalorização, o que causou um
salto das taxas de juros de curto prazo e uma “corrida silenciosa” aos bancos. O mês de
dezembro começou com o congelamento dos depósitos bancários, evento que ficou conhecido
como corralito. O desempenho da economia piorou, a recessão virava depressão na medida
em que pessoas e empresas não conseguiam realizar pagamentos e o crédito evaporava.
Protestos e manifestações com mortes ocorreram e no dia 20 o presidente renunciou. Nas duas
semanas subsequentes, três diferentes presidentes assumiram o país, escolhidos pela maioria
peronista no congresso. O auge da crise ocorreu quando o então presidente Adolfo Rodríguez
Saá decidiu em 23 de dezembro dar um calote governamentel no valor de US$50 bilhões em
débitos com investidores privados estrangeiros (SAXTON, 2003).
O congresso argentino elegeu Eduardo Duhalde para governar até o final do mandato
de Fernando De la Rúa. Duhalde era um grande crítico das políticas de livre mercado de
Menem e estava disposto a revertê-las. Em 2002 aplicou reformas que terminaram com o
51
sistema de conversão, desvalorizaram o peso, converteram forçosamente os dépositos em
dólar para pesos, instituíram controles sobre o mercado cambial, dobraram as penalidades
para empregadores que desejassem demitir funcionários e estabeleceram uma variedade de
novos impostos e regulamentações. Se em 2001 a economia argentina retraiu 5,5%, no ano
das reformas registrou uma dimiuição na ordem de 10,9%. A taxa de desemprego subiu para
23,6% e a proporção dos argentinos abaixo da linha da pobreza saltou de 38,3% em outubro
de 2001, para 57,5% um ano depois. Em 2003, os favoritos a ganhar a eleição eram Carlos
Menem e Néstor Kirchner. Como as pesquisas indicavam diferença grande de Kirchner para
Menem, o último desisitu de concorrer à presidência. Menem defendia a retomada das
políticas de livre mercado do início dos anos noventa, já Kirschner era favorável às políticas
populistas (SAXTON, 2003).
Néstor Kirchner foi sucedido por sua esposa, Cristina Fernandéz de Kirschner nas
eleições de 2007 e 2011. Cada termo de administração dela respresentou um passo a mais na
institucionalização do que é frequentemente referido como programa econômico populista,
que vem definindo a realidade política e econômica da Argentina no século 21. Estas políticas
populistas empregadas por Néstor e Cristina, inicialmente tinham o objetivo de restabelecer a
ordem e atender os problemas sociais mais graves, porém acabaram virando programas
permanentes. Este aumento do gasto governamental foi possível em grande parte pelos termos
favoráveis de trocas e uma demanada global forte por commodities argentinas, que
contribuíram para nove anos de forte crescimento econômico desde 2003 (HORNBECK,
2013).
Em relação à política econômica internacional, estabeleceu-se um cenário nocivo
para stakeholders estrangeiros. O governo criou uma série de restrições com a preocupação de
manter reservas estrangeiras. Exemplo dessas restrições foi a limitação de fluxos de
investimento em carteira e IDE (HORNBECK, 2013).
A nova política econômica trouxe alguns trade-offs negativos como aumentos
sucessivos da carga tributária, inflação crescente e políticas que são insustentáveis no longo
prazo. Houve uma contínua deterioração da posição fiscal desde 2003, começando a
apresentar déficits sucessivos a partir de 2009. A queda na razão dívida pública sobre o
produto estabilizou-se em 2010 e o crescimento econômico declinou significativmanete em
2012. Estas tendências refletem a deterioração das condições econômicas do país, em parte
relacionadas às políticas distorcivas aplicadas nos últimos anos. Alguns economistas são
pessimistas e levantam sérias questões sobre a sustentabilidade do atual modelo argentino
(HORNBECK, 2013).
52
3.2
O CONTEXTO BRASILEIRO
O desempenho do crescimento econômico do Brasil nas últimas duas décadas é
Porcentagem (%)
apresentado no Gráfico 2.
8,00%
7,00%
6,00%
5,00%
4,00%
3,00%
2,00%
1,00%
0,00%
-1,00%
-2,00%
-3,00%
ANO
Taxa de crescimento do PIB real per capita
Gráfico 2 - Desempenho do crescimento econômico no Brasil entre 1992-2012
Fonte: Elaboração própria com dados do UNCTADstat (UNCTAD, 2013).
Os anos oitenta ficaram conhecidos como a década perdida, o Brasil cresceu a uma
taxa média de apenas 1,67% por ano e a hiperinflação predominou. A situação econômica no
início dos anos noventa era caótica. Entre os anos de 1990 e 1993, a inflação média foi de
1430% por ano, o crescimento do PIB atingiu a média anual de apenas 1,04% nestes quatro
anos, a moeda nacional constantemente se depreciou e o desemprego subiu. Em 1994 a
situação continuava a se deteriorar e apesar do descrédito popular, mais um plano de
estabilização foi anunciado, o Plano Real. A implementação deste trouxe benefícios imediatos
à economia brasileira. A inflação anual caiu para 23,3% em 1995, para 10,8% em 1996, para
7,0% em 1997 e para apenas 1,7% em 1998. Entre o período de 1994 e 1998, o crescimento
médio anual do produto foi 3,4% em termos reais (AVERBUG, 2002).
A entrada de capital estrangeiro nos primeiros anos do Plano Real se deu, tanto na
forma de IDE, como na forma de investimentos em portfolio. A entrada de recursos foi tão
abundante que alguns economistas advertiram sobre possíveis efeitos negativos na taxa de
câmbio. Uma significativa parte deste capital estrangeiro, cerca de 30%, veio através do
intenso programa de privatizações implementado no país. Outra parte significativa entrou
através das operações de fusões e aquisições. Após a entrada média anual de US$ 1 bilhão
entre 1980 e 1994, a entrada líquida de IDE em 1995 atingiu US$ 5 bilhões. Em 1996 esse
número cresceu para US$ 13 bilhões, já em 1997 para US$ 18 bilhões, em 1998 para US$25
53
bilhões e finalmente US$ 31 bilhões em 1999. Este cenário promoveu um ambiente de
competição e aumento da produtividade no Brasil, sinalizando que o país estava se tornando
cada vez mais atrativo aos olhos da comunidade econômica e financeira internacional
(AVERBUG, 2002).
A era pós-Real foi marcada por algumas características adversas: 1) aumento dos
déficits na conta corrente e no orçamento governamental; e 2) política de altas taxas de juros
para provocar a entrada de moeda estrangeira e manter as reservas internacionais
(AVERBUG, 2002).
Esta conjuntura provocou uma mudança na balança comercial, que saiu de um
superávit de US$ 11 bilhões em 1994, para um déficit de US$ 3 bilhões em 1995. Para piorar
a situação, a soma em juros e dividendos pagos mais que dobraram entre os anos de 1994 e
1998. No ano de 1997, o Brasil registrou um déficit na conta corrente de 4% do PIB
(AVERBUG, 2002).
Em agosto de 1998 a Rússia deu calote em sua dívida. Os mercados financeiros
praticamente fecharam para os países emergentes e o capital estrangeiro começou a sair do
Brasil. Em apenas cinquenta dias o país perdeu US$ 30 bilhões em reservas. Os déficits
orçamentários e na conta corrente durante os anos de 1995 e 1998, somados ao aumento no
nível de endividamento, provocaram o aumento do risco país a um ponto em que a taxa de
câmbio não poderia ser mais mantida estável por intervenções do Banco Central. Apesar de
todas as promessas das autoridades afirmando que não haveria desvalorização, em janeiro de
1999 a taxa de câmbio foi permitida flutuar livremente (AVERBUG, 2002).
Deixar a taxa de câmbio flutuar, após cinco anos de mecanismo crawling-peg13,
colocou o Brasil em uma situação de formular uma nova estratégia para manter os preços
estáveis. Era necessária uma nova âncora nominal para a politica econômica, muita
especulação ocorreu em torno das alternativas, como por exemplo, seguir o caminho que os
argentinos tinham tomado. Decidiu-se em adotar o regime de metas de inflação, afastando-se
do modelo argentino e seguindo os exemplos de Austrália, Chile, Israel, Nova Zelândia e
Reino Unido. Neste regime, as metas de inflação atuam como âncora nominal (AVERBUG,
2002).
Os anos que sucederam a implementação do regime de metas podem ser
considerados um sucesso, já que em 1999 o IPCA ficou em 8,9%, acima da meta, porém
13
Mecanismo usualmente considerado como uma variante do regime de câmbio fixo, no qual é permitida
apreciação ou depreciação de maneira gradual.
54
dentro dos intervalos de tolerância. Em 2000, o índice atingiu a meta, registrando exatos
6,0%. Já em 2001, a inflação foi de 7,7%, superando o limite de 6% daquele ano. O ocorrido
pode ser considerado aceitável já que muitos choques internos e externos ocorreram em um
ano muito complicado, não só para o Brasil, mas também para o resto do mundo
(AVERBUG, 2002).
A primeira metade da última década representou um período de ajustamento para a
economia brasileira. De 2001 até 2005, o PIB expandiu a uma taxa anual média de 2,8%
enquanto que a demanda doméstica cresceu apenas 1,6% por ano. Isto resultou em altas taxas
de desemprego e capacidade ociosa no setor manufatureiro. As incertezas geradas pela eleição
de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência do país provocaram uma grande depreciação do
real em 2002, movimento que persistiu por quase três anos (PINHEIRO; BONELLI, 2012).
A aceleração do crescimento na segunda metade da última década veio com uma
série de desequilíbrios. A apreciação cambial ocorrida neste período compremeteu a
competitividade do setor manufatureiro. A aceleração do PIB neste segundo período se deu
em grande parte por setores como construção, intermediação financeira, comércio e
transportes. O crescimento desbalanceado colocou pressão sobre os preços dos serviços,
aumentando a inflação e expandido o déficit na balança de transações correntes. De 2009 a
2011, o PIB cresceu a uma média anual de 3,3%. O aumento anual médio dos preços ao
consumidor entre 2008 e 2011 foi de 5,6%, acima da meta estabelecida em 4,5% (PINHEIRO;
BONELLI, 2012).
O crescente déficit no balanço de transações correntes coloca o país em uma posição
complicada caso os preços das commodities caiam expressivamente em relação aos níveis
registrados nos últimos anos. Desta forma, o país se torna significativmente dependente do
mercado de commodities mundial e do desemepenho econômico chinês. Nos anos recentes, a
demanda cresceu muito mais do que o crescimento da oferta, algo que não pode ocorrer
indefinitivamente. O país precisa colocar grande ênfase em expandir a capacidade produtiva
através do aumento da taxa de investimento e aumento da produtividade, já que a capacidade
ociosa diminuiu e a oferta de trabalho deve expandir de forma mais devagar no futuro
(PINHEIRO; BONELLI, 2012).
Os pilares das reformas de mercado dos anos noventa e a disciplina macroeconômica
estão sendo relevados cada vez mais. Evidências deste direcionamento são verificadas pela
tendência de cada vez mais intervenção estatal, uma grande tolerância a altas taxas de inflação
e baixa transparência das contas fiscais. Apesar de o Brasil não ter revertido completamente
sua reforma econômica como alguns vizinhos fizeram, a direção adotada pelas classes
55
dirigentes é similar. A reemergência do populismo no continente da América Latina traz
consigo este viés intervencionista nas questões econômicas (PINHEIRO; BONELLI, 2012).
3.3
O CONTEXTO CHILENO
A atividade econômica do Chile nas últimas duas décadas é apresentada no Gráfico
Porcentagem (%)
3.
12,00%
10,00%
8,00%
6,00%
4,00%
2,00%
0,00%
-2,00%
-4,00%
Taxa de crescimento do PIB real per capita
Gráfico 3 - Desempenho do crescimento econômico no Chile entre 1992-2012
Fonte: Elaboração própria com dados do UNCTADstat (UNCTAD, 2013).
O desempenho macroeconômico excepcional do Chile no final dos anos oitenta e
durante os anos noventa é apontado como um exemplo de sucesso de políticas econômicas de
livre mercado e foi alvo de numerosos estudos. O período entre os anos de 1986 e 1999
registrou um crescimento anual médio do PIB per capita chileno no patamar de 4,5%. Este
desempenho foi muito superior, tanto em relação aos países latino-americanos, como em
relação ao resto do mundo. Houve períodos de grande crescimento no Chile antes de 1985,
porém, foram em grande parte de curto prazo ou precedidos e sucedidos por agudas recessões.
Este período, que ficou conhecido como o “período de ouro”, foi singular pela extensão e
estabilidade do crescimento econômico (GALLEGO; LOAYZA, 2002).
Ao contrário da experiência de boa parte dos países latino-americanos, os anos
oitenta não foram uma década perdida para o Chile. Apesar do PIB chileno cair drasticamente
com a crise da dívida ocorrida em muitos países vizinhos e uma própria crise bancária, a
economia do país recuperou-se na segunda metade da década e continuou a crescer em boa
parte dos anos noventa. O Chile não só registrou taxas de crescimento altas como também a
volatilidade destas taxas foram menores, quando comparada com amostras de outros países do
mundo (GALLEGO; LOAYZA, 2002).
56
O aumento da taxa de crescimento depois do ano de 1985 foi um fenômeno
compartilhado por todos os setores produtivos da economia chilena. Considerando os dados
desagregados setoriais, o aumento do crescimento é particularmente perceptível nas áreas
afetadas pela privatização de empresas públicas de utilidades, transporte e comunicação.
Outros setores também apresentaram destaque como o bancário, comércio e construção,
crescendo mais de 6% por ano no período. Ao contrário da experiência de outros países em
desenvolvimento, o setor primário do Chile não reduziu à medida que a economia crescia.
Estas evidências sugerem que a economia chilena se tornou internamente integrada e
diversificada apesar de seu tamanho relativamente pequeno em relação a outros países
(GALLEGO; LOAYZA, 2002).
Após treze anos de altas taxas de crescimento, em 1998 o Chile experimentou uma
desaceleração. Conseguir manter as altas taxas de crescimento registradas anteriormente
passou-se a constituir um desafio à medida que os efeitos de convergência começam a se
tornar significativos devido aos resultados dos retornos marginais decrescentes do capital que,
ceteris paribus, provocam um declínio nas taxas de crescimento. Essa situação fez com que o
país se colocasse na busca de novas e contínuas fontes de crescimento econômico
(GALLEGO; LOAYZA, 2002).
Os anos que se sucederam, até 2003, foram marcados por um ambiente econômico
deprimido. A caída abrupta no nível de atividade econômica se concentrou no setor não
exportador, que ocupava a maioria dos trabalhadores e empresários, sendo responsável por
75% do PIB chileno naquela data (FFRENCH-DAVIS, 2013).
A partir de 2003, os preços das matérias primas experimentaram uma alta
substancial, fenômeno que se prolongou até a deflagração da crise internacional em 2008.
Esta situação favorável às matérias primas provocou um forte choque positivo sobre vários
países latino-americanos. No Chile, a elevação dos preços das exportações foi
substancialmente mais intensa do que a registrada pela elevação do preço de importação de
combustíveis. A melhoria generalizada dos termos de troca e do volume de exportações
incrementou de forma direta a capacidade de investimento do setor privado e as expectativas
tornaram-se novamente otimistas. No período entre 2004 e 2008, o PIB chileno apresentou
um crescimento anual médio de 4,9% (FFRENCH-DAVIS, 2013).
As turbulências financeiras internacionais do segundo semestre de 2008 e a aguda
deterioração das exportações tiveram impacto direto na atividade econômica do Chile. Em
2009 o governo procurou conduzir suas políticas macroeconômicas de forma a aplicar uma
política fiscal ativa e fortemente anticíclica. Durante os meses mais críticos de 2009, a política
57
fiscal se tornou a principal força compensadora do choque externo negativo. O setor público
operou um déficit efetivo de 4,4% do PIB, expandindo seu gasto em 17%. O último bimestre
de 2009 apresentou recuperação da atividade econômica e significativo aumento do PIB.
Apesar do terremoto e maremoto enfrentados pelo país em 2010, o país conseguiu registrar
crescimento econômico no ano e em 2011 (FFRENCH-DAVIS, 2013).
3.4
O CONTEXTO COLOMBIANO
O crescimento econômico da Colômbia durante as últimas duas décadas é
apresentado no Gráfico 4.
6,00%
Porcentagem (%)
4,00%
2,00%
0,00%
-2,00%
-4,00%
-6,00%
-8,00%
ANO
Taxa de crescimento do PIB real per capita
Gráfico 4 - Desempenho do crescimento econômico na Colômbia entre 1992-2012
Fonte: Elaboração própria com dados do UNCTADstat (UNCTAD, 2013).
Entre os anos de 1977 e 2000, a economia colombiana cresceu a uma taxa média
anual de 2,3%, inferior à taxa média anual de mais de 5% verificada no período entre 1950 e
1975. Este ciclo anterior foi profundamente influenciado pela conjuntura positiva para o setor
cafeeiro, especialmente nos anos setenta. O ciclo positivo foi seguido por um período
recessivo que coincidiu com a crise da dívida latino-americana do começo dos anos oitenta. A
última parte desta década representou um período de ajuste e uma moderada recuperação
ocorreu no início dos anos noventa (SÁNCHEZ; HERNANDÉZ, 2004).
Entre 1992 e 1996, a economia se expandiu a uma média de 4,6% ao ano, resultado
do aumento da demanda interna decorrente do incremento dos fluxos de capital externo e do
crédito interno. Este período marca o início da abertura econômica da Colômbia, ocorrendo a
liberalização da conta capital, permitindo um fluxo de capitais sem precedentes em forma de
IDE, portfolio e recursos direcionados à privatização de empresas estatais. O crescimento
deste período se deu em grande parte ao incremento da demanda interna estimulada pelo
58
investimento privado e gasto público, e em menor medida pelas exportações (SÁNCHEZ;
HERNANDÉZ, 2004).
Após o ano de 1995, o aumento dos gastos públicos e dos fluxos de capitais externos
provocou uma apreciação significativa da taxa de câmbio real, um incremento significativo da
demanda interna e uma deterioração acelerada do déficit da conta corrente. Desde 1997, a
economia colombiana entrou em um ciclo recessivo e de baixo crescimento econômico. No
período entre 1997 e 2000, a economia colombiana registrou desempenho médio anual de 0,4%. Em 1999 a economia colombiana experimentou uma contração do PIB na ordem de 4,5% (SÁNCHEZ; HERNANDÉZ, 2004).
A partir de 2000, três tendências em relação à Colômbia começaram a se
desenvolver. A primeira e mais importante foi a mudança do relativo caos da década de
noventa, para um ambiente mais ordenado que começou a tomar formar em 2000, com a
implementação do Plano Colômbia14. A segunda tendência foi a aliança entre EUA e
Colômbia, permitindo os norte-americanos construírem uma base militar na região. A terceira
é referente ao crescente interesse no setor extrativo colombiano, devido à alta explosiva nos
preços das commodities a partir de 2000 (ROCHLIN, 2011).
Devido à violência, o vácuo na política e a contração econômica dos anos noventa, a
população colombiana desejava um contexto mais ordenado. Enquanto Chávez apelava à
maioria da população da Venezuela anunciando medidas populistas de caráter redistributivo,
Álvaro Uribe na Colômbia venceu as eleições com um discurso mais convervador,
prometendo ordem e segurança. O apelo à segurança, ordem e redução da violência
interessava a população colombiana, independentemente da classe social. O estabelecimento
de maior ordem e estabilidade também interessava ao crescente interesse de EMNs no setor
extrativo colombiano (ROCHLIN, 2011).
As tendências que surgiram a partir de 2000 fizeram com que a Colômbia emergisse
como um dos últimos bastiões do neoliberalismo na América do Sul. Investidores estrangeiros
começaram a apreciar as políticas favoráveis aos negócios, especialmente no que diz respeito
ao nível dos impostos. A entrada de IDE, que era em torno de US$ 2,1 bilhões em 2002,
cresceu para a soma de US$ 10,6 bilhões em 2008. Durante os dois mandatos de Uribe, a
economia colombiana cresceu significativamente, mesmo com os fortes efeitos sentidos pelo
país com a crise financeira interncaional iniciada em 2008. O PIB, que cresceu 2,5% em 2002,
14
Plano destinado a combater a produção e o tráfico de cocaína na Colômbia, procurando desestruturar as
guerrilhas e organizações narcotraficantes, como as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que
possuem orientação ideológica marxista-leninista.
59
chegou a registrar 7,5% de crescimento em 2007, ano de maior crescimento durante o regime
de Uribe (ROCHLIN, 2011).
3.5
O CONTEXTO MEXICANO
O desempenho da atividade econômica mexicana nas últimas duas décadas é
apresentado no Gráfico 5.
6,00%
Porcentagem (%)
4,00%
2,00%
0,00%
-2,00%
-4,00%
-6,00%
-8,00%
-10,00%
ANO
Taxa de crescimento do PIB real per capita
Gráfico 5 - Desempenho do crescimento econômico no México entre 1992-2012
Fonte: Elaboração própria com dados do UNCTADstat (UNCTAD, 2013).
Na metade do ano de 1982, o México se encontrava em uma profunda crise
econômica causada por uma má gestão das políticas macroeconômicas e uma conjuntura
externa adversa. O restante da década de oitenta foi marcado pelo foco do governo mexicano
em aplicar políticas econômicas que fossem capazes de restabelecer a estabilidade da
economia, em particular a redução da taxa de inflação e a estabilização das reservas
internacionais. O crescimento do PIB durante o período de 1983 e 1988 resultou numa taxa
anual média de apenas 0,2%. A lenta recuperação do crescimento econômico do México se
deu pela manutenção durante a década de um contexto adverso de altas taxas reais de juros,
baixa disponibilidade de crédito e queda no preço do petróleo (LUSTIG, 2001).
No final do ano de 1988, o México já havia restabelecido algumas condições
essenciais para a retomada do crescimento. O governo se comprometeu com a disciplina fiscal
e monetária, a taxa de inflação havia sido controlada, o ajustamento relativo dos preços havia
sido alcançado e as reformas estruturais no setor público e na liberalização do comércio
internacional estavam avançando. Uma série de eventos em 1989 e 1990 possibilitou a
entrada de altas quantidades de capital do exterior em forma de IDE e repatriação de capital.
60
A partir de 1991, se sucederam quatro anos consecutivos de crescimento do PIB per capita,
melhor desempenho econômico registrado desde o ano de 1981 (LUSTIG, 2001).
Infelizmente, a recuperação econômica no México não se tornou sustentável à
medida que o déficit na conta corrente do balanço de pagamentos piorava rapidamente. As
exportações mexicanas cresceram a um ritmo baixo e as importações aumentaram
rapidamente com a apreciação do peso mexicano. No final de 1994, a confiança na economia
mexicana diminui significativamente à medida que as reservas internacionais do país
acabavam e uma séria crise cambial começava a se instalar. Em 1995, os EUA e o FMI
forneceram um pacote financeiro no valor de US$ 50 bilhões para impedir que o peso
mexicano entrasse em colapso. Esta crise cambial provocou uma queda no produto de mais de
6% em 1995 (LUSTIG, 2001).
A recuperação da economia do México foi rápida, entre 1996 e 1999 o crescimento
anual médio do PIB foi de 5,4%. Um regime cambial flexível e políticas macroeconômicas
acertadas permitiram o México suportar bem a crise na Ásia em 1997 e a crise na Rússia em
1998. A depreciação cambial causou alguns problemas para reduzir a inflação, porém já em
1999 a taxa de inflação demonstrava tendência de baixa. Apesar do desempenho
macroeconômico sólido, o crescimento da economia mexicana se deu em grande parte ao
excelente desempenho dos EUA no período (LUSTIG, 2001).
A partir de 2000, a expansão das economias da China e da Índia provocou um
aumento no comércio internacional, contribuindo significativamente para as economias com
orientação a exportação de commodities. O aumento do comércio internacional não beneficiou
o México da mesma forma que a maioria de seus vizinhos latino-americanos. Entre 2001 e
2008, enquanto os vizinhos cresciam acima de 2% ao ano, o México cresceu a uma média de
1,3% ao ano. Alguns problemas como um mercado de crédito pouco desenvolvido,
persistência da informalidade na economia, inefetividade da educação pública e a significativa
vulnerabilidade aos choques externos respondem em boa parte pela trajetória insuficiente do
crescimento econômico (HANSON, 2010).
Após o México ser afetado significativamente pela crise financeira dos EUA em
2008, a recuperação econômica começou no verão de 2009, estimulada pela exportação de
bens manufaturados para os EUA, que havia saído da recessão em junho de 2009. A
recuperação do país não se deu só via setor externo, mas também pela robustez do mercado
doméstico. A questão central para o México não é se o país conseguirá manter o crescimento
econômico, mas sim se tem condições de crescer suficientemente para melhorar as condições
de vida de muitos cidadãos. Para tal, o país deve buscar reduzir a informalidade, promover a
61
competição empresarial e garantir a administração comedida das finanças públicas (CAÑAS;
CORONADO; GILMER, 2011).
3.6
O CONTEXTO PERUANO
O crescimento econômico verificado no Peru nas últimas duas décadas é apresentado
no Grafico 6.
12,00%
Porcentagem (%)
10,00%
8,00%
6,00%
4,00%
2,00%
0,00%
-2,00%
-4,00%
ANO
Taxa de crescimento do PIB real per capita
Gráfico 6 - Desempenho do crescimento econômico no Peru entre 1992-2012
Fonte: Elaboração própria com dados do UNCTADstat (UNCTAD, 2013).
O PIB per capita do Peru, entre os anos de 1960 e 1975, cresceu em média próximo
de 2% ao ano. Foi durante este período que as sementes do colapso econômico foram
semeadas, com políticas que atentavam contra a propriedade e a inciativa privada através da
excessiva participação estatal na vida econômica e social do país. Os quinze anos que se
sucederam foram desastrosos visto que o país registrou uma contínua contração do PIB per
capita. Em vez de o governo optar pela reversão do curso equivocado tomado nos anos
sessenta e oitenta, houve uma radicalização dos desiquilíbrios macroeconômicos e o
aprofundamento do isolamento internacional. O ponto mais baixo da história recente do Peru
ocorreu na segunda metade da década de oitenta, quando o PIB per capita reduziu-se a uma
taxa de 4% por ano. Outra questão emblemática foi uma inflação de mais de 7.000%
registrada entre os anos de 1989 e 1990 (LOAYZA, 2008).
Nos anos noventa ocorreram reformas econômicas orientadas para uma participação
mais ativa do mercado e mais prudente do Estado na econômica peruana. A taxa de
crescimento do PIB per capita subiu significativamente na década de noventa, quando
comparada com a década de oitenta. Graças a um maior desenvolvimento financeiro, abertura
comercial e investimento em infraestrutura pública, a economia peruana criou condições para
62
um estímulo consistente da atividade econômica. Ainda mais significativa foi a contribuição
das políticas de estabilização macroeconômica que reduziram a inflação, a volatilidade dos
preços e as crises bancárias sistêmicas. Este contexto que começou a se desenhar no Peru é
essencial para um páis ter uma perspectiva de crescimento econômico de longo prazo
(LOAYZA, 2008).
A taxa de crescimento econômico anual do período entre 2000 e 2005 foi maior que
a taxa dos anos noventa, apresentando um incremento de 0,81% em média por ano. O país
conseguiu combater forças de desaceleração que ocorreram neste período, principalmente
sobre os países latino-americanos. A isso se deve o êxito das políticas de estabilização
macroeconômica e principalmente nas reformas estruturais que impactaram primordialmente
a educação e a infraestrutura pública (LOAYZA, 2008).
Durante o período entre 2001 e 2011, o crescimento anual médio do PIB do Peru foi
de 6,3%, refletindo, entre outras coisas, o aumento dos preços das commodities exportadas,
que cresceram em média 14% por ano. O preço médio das exportações peruanas foi 126%
maior no período entre 2005 e 2011, do que no período entre 2001 e 2004. Como resultado, as
receitas fiscais provenientes da exportação de mineração, como porcentagem de todas as
receitas fiscais, cresceram de 5,8% em 2005, para quase 10% em 2011. O tamanho dos gastos
do setor público não aumentou na proporção que o aumento das receitas fiscais, resultando em
uma considerável redução da relação dívida líquida do setor público e PIB, de 38% em 2001,
para 8% em 2011 (ROSSINI; QUISPE; LOYOLA, 2012).
3.7
O CONTEXTO URUGUAIO
É possível distinguir duas etapas muito diferentes quando se analisa o desempenho
da economia uruguaia nos anos noventa. A primeira etapa, de crescimento, se estendeu entre
1991 e 1998, período que o PIB se expandiu quase que ininterruptamente. A segunda etapa,
entre os anos de 1999 e 2002, representou um período em que a economia uruguaia
apresentou uma significativa contração (ANTÍA, 2013).
Durante a fase de crescimento, a economia uruguaia cresceu a uma taxa média anual
de 4,4% e a inflação apresentou uma razoável redução. O crescimento da economia foi
impulsionado pela expansão da demanda interna e pelo incremento nas exportações de bens e
serviços para países vizinhos. Esse aumento nas exportações se deu em parte pelo crescimento
econômico dos países na região, em especial as economias da Argentina e do Brasil. Outro
fator que incrementou o comércio internacional foram os acordos do Mercado Comum do
63
Sul15 (MERCOSUL) que impulsionaram o comércio entre os países da região. Também se
registrou neste período de crescimento um forte ingresso de capitais estrangeiros, boa parte da
América Latina recebeu este capital e no Uruguai não foi diferente (ANTÍA, 2013).
O desempenho econômico do Uruguai nas últimas duas décadas é apresentado no
Porcentagem (%)
Gráfico 7.
10,00%
8,00%
6,00%
4,00%
2,00%
0,00%
-2,00%
-4,00%
-6,00%
-8,00%
-10,00%
ANO
Taxa de crescimento do PIB real per capita
Gráfico 7 - Desempenho do crescimento econômico no Uruguai entre 1992-2012
Fonte: Elaboração própria com dados do UNCTADstat (UNCTAD, 2013).
Na segunda fase a economia uruguaia entrou em uma persistente recessão. No triênio
1999-2001 o PIB caiu no acumulado 7,1%. As finanças públicas se deterioraram e a razão
dívida pública pelo PIB cresceu significativamente. Apesar de não ter diminuído o fluxo de
capital estrangeiro ao Uruguai, os outros países da América Latina sofreram com uma
contração destes fluxos e acabaram afetando indiretamente o Uruguai. O crescimento
econômico brasileiro abaixo do esperado e a recessão na Argentina, que eram os principais
parceiros econômicos, afetaram severamente a economia uruguaia. Em 2001, o ritmo de
crescimento da economia mundial se reduziu, afetando ainda mais a atividade econômica no
Uruguai (ANTÍA, 2013).
O país começou a recuperação econômica em 2003 e 2004, registrando um
crescimento do PIB acumulado neste biênio de 14%. Esta recuperação se deu em grande parte
pela competitividade que os produtos e serviços uruguaios ganharam com a desvalorização
cambial ocorrida em 2002. A partir de 2005, até o ano de 2009, o país apresentou um
crescimento médio anual de 6,1% do PIB, resultado excelente quando comparado com o
histórico de crescimento de longo prazo do país. Os salários reais crescerem em termos
acumulados durante este período cerca de 27%. A inflação permaneceu dentro da meta na
15
União aduaneira, sua formação original era composta por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
64
maior parte do tempo e o desemprego estabilizou-se em patamares historicamente baixos, em
torno de 8% (MAÑÁN GARCÍA, 2010).
A economia uruguaia resistiu à crise financeira do subprime ocorrida nos Estados
Unidos em 2008 e 2009. Mesmo com a piora das condições da Europa a partir de 2011, o
Uruguai conseguiu gerenciar relativamente bem os momentos mais delicados da crise e
conseguiu crescer 2,4% em 2009, 8,9% em 2010 e 5,7% em 2011. Apesar do bom
desempenho frente à conjuntura externa, alguns desafios como a desaceleração da China e
Índia, assim como o baixo crescimento dos parceiros comerciais Argentina e Brasil, podem
representar ameaças à sustentabilidade do bom desempenho que a economia uruguaia vem
registrando nos últimos anos (CASTILLO; GARCÍA, 2012).
3.8
O CONTEXTO VENEZUELANO
O crescimento econômico das últimas duas décadas na Venezuela é apresentado no
Gráfico 8.
20,00%
Porcentagem (%)
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
-5,00%
-10,00%
-15,00%
ANO
Taxa de crescimento do PIB real per capita
Gráfico 8 - Desempenho do crescimento econômico na Venezuela entre 1992-2012
Fonte: Elaboração própria com dados do UNCTADstat (UNCTAD, 2013).
Entre os anos de 1950 e 1980, o PIB per capita venezuelano aumentou a uma taxa
anual média de 2%, ou, 80% em termos acumulados. Se tomar o período desde 1920 até 1980,
a Venezuela cresceu a uma taxa média anual superior a Brasil, Peru, México, Colômbia,
Argentina e Chile. Porém, a partir de 1980, começou um período dramático para os
venezuelanos, de 1980 até 2000, o produto por trabalhador caiu a uma taxa média de 3% por
ano, voltando aos patamares de 1950. O nível de produtividade do trabalhador venezuelano
em 2000 era comparável com o de 1950. Aponta-se que os dois principais fatores
65
responsáveis por este colapso no crescimento econômico foram o declínio nas receitas
petrolíferas as quais o país é extremamente suscetível e o aumento das taxas de juros
(HAUSMANN, 2003).
Hugo Chávez Frías foi eleito presidente da Venezuela nas eleições de 1998. Chávez
era uma figura controversa e as opiniões sobre seu governo são polarizadas devido a sua forte
orientação ideológica. O primeiro mandato de Chávez foi marcado por instabilidade política e
baixos preços do petróleo no mercado internacional. Em 2002, houve diversos movimentos na
Venezuela contra Chávez que resultaram em um caos no país, inclusive na produção de
petróleo que caiu drasticamente, levando a economia a passar por uma severa recessão em que
a Venezuela experimentou uma contração acumulada do PIB de aproximadamente 24%. A
economia começou a se recuperar modestamente no segundo quarto de 2003 (WEISBROT;
RAY; SANDOVAL, 2009).
A recuperação no ano de 2003 se deu em grande parte pela recuperação da produção
de petróleo que havia sido severamente afetada durante o caos que o país havia atravessado.
Os anos seguintes foram de forte crescimento econômico, do terceiro quarto de 2003, até o
segundo quarto de 2008, o PIB per capita cresceu no acumulado 28,2%, ou seja, 6,9% por
ano. Os setores da economia venezuelana que mais cresceram foram finanças e seguros,
construção, transportes, manufaturados e comunicações (WEISBROT; RAY; SANDOVAL,
2009).
A Venezuela entrou em recessão no primeiro quarto de 2009, que durou cinco
quartos, até o segundo quarto de 2010. O preço internacional do barril de petróleo caiu
drasticamente no último quarto de 2008, de US$118 para US$48, uma redução de
praticamente 50%. A maioria dos países do Ocidente passou por recessões durante a crise
financeira mundial, alguns mitigaram os efeitos recessivos com políticas macroeconômicas
anticíclicas. Uma elevação dos gastos a partir do segundo quarto de 2010 e em 2011
possibilitou uma tímida recuperação do crescimento econômico (WEISBROT; JOHNSTON,
2012).
Apesar do bom desempenho econômico registrado na última década, a Venezuela
não consegue trazer a inflação para um patamar razoavelmente baixo. O problema é que desde
a implementação do controle sobre o câmbio em 2003, o país passa por um regime de câmbio
fixo que têm contribuído para uma valorização insustentável da taxa de câmbio real. Tem sido
também cada vez mais frequente a escassez de produtos básicos como carne, açúcar, milho,
66
leite, frango e ovos. A escassez se deve em grande parte pela política de controle de preços e
pelo rápido crescimento do consumo (WEISBROT; RAY; SANDOVAL, 2009).
67
4
MODELO DE ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE DESENVOLVIMENTO
FINANCEIRO E INSTITUCIONAL, IDE E CRESCIMENTO ECONÔMICO
Neste capítulo é realizada primeiramente uma introdução ao modelo de análise das
relações entre desenvolvimento financeiro, desenvolvimento institucional, IDE e crescimento
econômico. Depois é apresentada uma análise dos testes preliminares realizados com os dados
selecionados. Então são apresentados os submodelos e suas etapas desenvolvidas para atender
os objetivos e investigar as hipóteses estabelecidas. Segue com um resumo do método painel,
mais especificamente, do método de estimação de painel de dados por efeitos fixos. Depois
são apresentados os resultados das estimações das etapas de cada submodelo. Termina com
uma análise dos resultados, comparando com as evidências empíricas de outros estudos
anteriormente apresentados.
4.1
INTRODUÇÃO AO MODELO
Este estudo tem como objetivo geral analisar as relações de interação entre IDE,
desenvolvimento financeiro, desenvolvimento institucional e crescimento econômico nos
países da América Latina. Para alcançar este objetivo, o modelo formulado é inspirado nos
trabalhos de Hermes e Lensink (2003), Alfaro et al (2004), Alfaro, Kalemli-Ozcan e Sayek
(2009), Adjasi et al (2012) e Choong (2012). São consideradas cinco diferentes categorias de
fatores que influenciam o crescimento econômico, como é expresso na função 1.
Crescimento Econômico = ƒ(IDE; variáveis de desenvolvimento institucional;
variáveis de desenvolvimento financeiro; variáveis interativas; variáveis de controle)
(1)
4.1.1 Apresentação das variáveis dependente e independente selecionadas
O Quadro 2 apresenta a variável dependente e as cinco ordens de variáveis
independentes selecionadas para este estudo. A unidade, o sinal esperado e a fonte de dados
para cada variável também são exibidos.
A variável dependente é a taxa de crescimento do PIB real per capita (TXPIBRPC).
Esta variável foi escolhida, entre os outros indicadores do crescimento econômico, com o
objetivo de manter a comparabilidade deste estudo com os trabalhos empíricos selecionados.
68
SINAL
ESPER.
VARIÁVEL
UNIDADE
Taxa crescimento PIB real per capita (TXPIBRPC)
Produto interno bruto em preços correntes (PIB)
Grau de abertura (GA)
Formação bruta de capital como porcentagem do
PIB (FBC)
Fluxo de entrada de investimento direto estrangeiro
como porcentagem do PIB (IDE)
Gasto do governo como porcentagem do PIB (GG)
Controle da corrupção (CC)
Estabilidade política (EP)
Liberdade de expressão (LE)
Qualidade da regulação (QR)
Confiança nas leis (CL)
Eficiência governamental (EG)
Escolaridade média da população acima de 25 anos
(ME25)
População sem escolaridade acima de 25 anos
(SE25)
Valor negociado em bolsa como porcentagem do
PIB (VNB)
Valor de capitalização das empresas da bolsa como
porcentagem do PIB (VCB)
Eficiência da bolsa como porcentagem do PIB
(EFB)
Crédito de intermediários financeiro ao setor privado
como porcentagem do PIB (CFSP)
Crédito bancário ao setor privado como
porcentagem do PIB (CBSP)
Agregado monetário M2 como porcentagem do PIB
(M2)
Agregado monetário M3 como porcentagem do PIB
(M3)
Interação entre IDE e média de escolaridade acima
de 25a (IDExME25)
Interação entre IDE e população sem escolaridade
acima de 25a (IDExSE25)
Interação entre IDE e controle de corrupção
(IDExCC)
Interação entre IDE e estabilidade política (IDExEP)
Interação entre IDE e valor negociado em bolsa
(IDExVNB)
Interação entre IDE e a eficiência da bolsa
(IDExEFB)
Interação entre IDE e valor de capitalização das
empresas da bolsa (IDExVCB)
Interação entre IDE e crédito financeiro ao setor
privado (IDExCFSP)
Interação entre IDE e crédito bancário ao setor
privado (IDExCBSP)
Interação entre IDE e o agregado monetário M2
(IDExM2)
Interação entre IDE e o agregado monetário M3
(IDExM3)
Porcentagem (%)
US$
Porcentagem (%)
+
+
UNCTADstat
UNCTADstat
UNCTADstat
Porcentagem (%)
+
Banco Mundial
Porcentagem (%)
+/-
UNCTADstat
Porcentagem (%)
Unidades entre -2,5 e 2,5
Unidades entre -2,5 e 2,5
Unidades entre -2,5 e 2,5
Unidades entre -2,5 e 2,5
Unidades entre -2,5 e 2,5
Unidades entre -2,5 e 2,5
+
+
+
+
+
+
Banco Mundial
Banco Mundial
Banco Mundial
Banco Mundial
Banco Mundial
Banco Mundial
Banco Mundial
Anos
+
Barro e Lee
Porcentagem (%)
-
Barro e Lee
Porcentagem (%)
+
Banco Mundial
Porcentagem (%)
+
Banco Mundial
Porcentagem (%)
+
Banco Mundial
Porcentagem (%)
+
Banco Mundial
Porcentagem (%)
+
Banco Mundial
Porcentagem (%)
+
Banco Mundial
Porcentagem (%)
+
Banco Mundial
Não se aplica
+
Não se aplica
+
Não se aplica
+
Não se aplica
+
Não se aplica
+
Não se aplica
+
Não se aplica
+
Não se aplica
+
Não se aplica
+
Não se aplica
+
Não se aplica
+
Quadro 2 - Unidade, sinal esperado e fonte de dados das variáveis
Fonte: Elaboração própria.
Fonte
69
Sobre as variáveis independentes, em relação ao IDE, como as evidências empíricas
são inconclusivas ou controversas sobre o papel do IDE como determinante do crescimento
econômico, não existe uma expectativa definida sobre o sinal que a estimação do coeficiente
desta variável deve apresentar.
As variáveis de controle são representadas por PIB, GA, FBC e GG. A escolha destas
variáveis de controle se deu segundo o que foi encontrado na revisão da literatura de
determinantes do crescimento econômico e pelos estudos empíricos selecionados para nortear
este trabalho.
Em relação ao sinal de PIB, como esta variável será defasada um período, espera-se
que a estimação do seu coeficiente se revele negativo, já que quanto maior o crescimento em
um período anterior, mais díficil é de manter ou até acelerar a taxa de crescimento econômico
nos períodos posteriores. Importante salientar que esta variável será logaritmizada.
Em relação à estimação do coeficiente da variável FBC, a expectativa é que seu
coeficiente apresente sinal positivo, já que a revisão da literatura aponta que o investimento é
um dos determinantes fundamentais do crescimento econômico. Espera-se que a estimação do
coeficente de GA apresente sinal positivo, já que uma maior abertura ao comércio
internacional beneficia o país, permitindo a exploração de vantagens comparativas,
transferência de tecnologia, difusão de conhecimento, ganhos de escala e aumento da
competição. O sinal esperado para a estimação do coeficient de GG é negativo, pois, como
visto na revisão de literatura, uma política fiscal irresponsável devido a exageros nos gastos
governamentais pode desfavorecer a conjuntura macroeconômica, impactando negativamente
o crescimento econômico.
Sobre as variáveis de desenvolvimento institucional, são selecionadas duas
categorias de variáveis. A primeira categoria contém variáveis do The Worldwide Governance
Indicators (WGI), disponibilizado pelo Banco Mundial, que reflete as mais diversas
características de governança das instituições dos países. São seis variáveis: CC, EP, LE, QR,
CL e EG. A outra categoria contém variáveis de Barro e Lee (2010), A New Data Set of
Educational Attainment in the World, que reflete o nível de escolaridade do capital humano de
cada país, constituindo uma boa proxy para o desenvolvimento das instituições relacionadas
ao nível de educação. São duas variáveis: ME25 e SE25.
A expectativa é que a estimação dos coeficientes das variáveis de desenvolvimento
institucional apresente coeficientes com o sinal positivo, já que como visto na revisão de
literatura, o desenvolvimento institucional não só influência o crescimento econômico, como
70
também outros determinantes, tal como o capital físico e humano. A exceção é a variável
SE25, que quanto menor, indica uma quantidade inferior de pessoas sem escolaridade acima
de vinte e cinco anos. Portanto, uma diminuição de SE25 representa melhora no
desenvolvimento institucional.
As variáveis de desenvolvimento financeiro também são agrupadas em duas
categorias. As variáveis VNB, VCB e EFB referem-se especificamente ao mercado de
capitais. Já CFSP, CBSP, M2 e M3 refletem mais o mercado de crédito. Projeta-se que na
estimação dos coeficientes das variáveis de desenvolvimento financeiro, os coeficientes
estimados apresentem sinal positivo, já que como revelado na revisão de literatura, um
sistema financeiro desenvolvido fornece um melhor canal de alocação de recursos,
promovendo o aumento da eficiência econômica.
As variáveis de interação são criadas a partir do manuseio do software gretl e
representam a capacidade absorvedora que surge da interação do IDE com o desenvolvimento
financeiro e institucional. Em relação à estimação dos coficientes das variáveis de interação
entre IDE e desenvolvimento institucional, espera-se que os coeficentes apresentem sinal
positivo, confirmando o papel do desenvolvimento institucional como capacidade
absorvedora. Como salientado anteriormente, o nível de educação do capital humano e o
estabelecimento de algumas instituições, como o direito de propriedade, são condições básicas
para que os fluxos de IDE promovam crescimento econômico.
É esperado que a estimação dos coeficientes das variáveis de interação entre o IDE e
o desenvolvimento financeiro também apresentem coeficentes com sinal positivo,
demonstrando que o desenvolvimento financeiro também atua como capacidade absorvedora,
promovendo o crescimento econômico. Como já visto anteriormente, o desenvolvimento
financeiro determina em que medida empresas estrangeiras irão ser capazes de obter
empréstimos com o objetivo de expandir suas atividades inovadoras nos países hospedeiros
do IDE.
A base de dados é composta por 8 países e 14 períodos, ou seja, N = 8 e T = 14. O
total de observações é de 112. O painel de dados utilizado é desbalanceado 16, já que as
variáveis VNB, VCB, EFB e M3 apresentam dados ausentes em alguns anos. Os países (N)
escolhidos são as principais economias da América Latina, por ordem alfabética: Argentina,
Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru, Uruguai, Venezuela. Os períodos (T) utilizados são:
1996, 1998, 2000, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012. A
16
A seção 4.2 trata sobre estimação com painel de dados desbalanceados.
71
razão pela qual os dados referentes aos anos de 1997, 1999 e 2001 foram retirados é devido à
ausência17 nestes anos de dados referentes às variaveis de desenvolvimento institucional CC,
EP, LE, QR, CL e EG. Em relação às variáveis institucionais educacionais ME25 e SE25,
foram realizados ajustes18 já que as séries de dados destas duas variáveis originalmente não
são anuais. Ressalta-se que todos os dados utilizados se encontram no Apêndice A.
4.1.2 Testes preliminares
Segue a análise dos resultados dos testes preliminares da base de dados. É
apresentada a estatística descritiva e matriz de correlação das variáveis selecionadas.
4.1.2.1 Estatística descritiva
Em relação às variáveis selecionadas, na Tabela 6 são apresentadas as principais
medidas de estatística descritiva dos dados utilizados neste trabalho.
Tabela 6 - Medidas de estatística descritiva das variáveis dependente e independentes
VARIÁVEL
MÉDIA
MEDIANA
TXPIBRPC
2,8134
3,1634
ln_PIB-1
25,979
25,928
GA
45,195
45,678
FBC
21,035
21,355
GG
13,327
12,203
CL
-0,2706
-0,48228
QR
0,1728
0,2715
EP
-0,41513
-0,37452
LE
0,22409
0,18374
EG
0,045802
-0,03534
CC
0,016445
-0,22476
ME25
7,5121
7,78
SE25
9,5493
9,765
VNB
7,8578
4,3955
VCB
37,954
28,849
EFB
18,27
11,969
CFSP
45,53
37,157
CBSP
29,522
23,388
M2
40,791
33,356
M3
31,592
30,747
IDE
3,4649
2,8926
Fonte: Elaboração própria com software gretl.
Nota: D.P. significa desvio padrão.
17
MÍNIMO
-11,735
23,212
14,115
11,691
5,0128
-1,6856
-1,6081
-2,3901
-0,96037
-1,1891
-1,2407
4,76
1,06
0,001602
0,33497
0,23544
10,514
8,3979
18,161
14,868
-0,775
MÁXIMO
16,194
28,538
81,614
30,66
21,455
1,3668
1,6447
1,0005
1,2441
1,2778
1,5619
9,74
20,69
44,014
157,01
74,274
110,54
72,896
91,879
61,967
11,236
D. P.
4,1391
1,2358
14,969
3,594
3,4583
0,77615
0,74766
0,8438
0,56363
0,61017
0,76337
1,2355
5,4721
10,231
35,064
17,989
25,235
17,621
17,992
10,683
2,1044
Segundo Wooldridge (2006, p. 414), em modelos de dados de painel, os “anos não precisam ser adjacentes.”
Estas duas variáveis possuem séries de dados que apresentam registros a cada cinco anos. Os anos sem
registros foram preenchidos com o valor do registro anterior disponível.
18
72
O grupo de variáveis que mostrou maior desvio padrão foi o grupo das variáveis de
desenvolvimento financeiro. VCB é a variável de desenvolvimento financeiro que apresentou
maior desvio padrão. O menor registro desta variável corresponde a 0,33497 e pertence ao
Uruguai, já o registro com maior valor é referente ao Chile, apresentando 157,01. As variáveis
de controle apresentam valores menores de desvio padrão quando comparadas ao grupo
anterior. A variável de controle que exibe maior desvio padrão é GA. O menor valor para um
registro de GA pertence ao Brasil, apresentando 14,1115. Já o maior valor para um registro de
GA é de 81,614 e corresponde ao Chile. O grupo que exibiu menores valores de desvio
padrão é o das variáveis de desenvolvimento institucional. A variável deste grupo que
apresentou maior desvio padrão foi SE25. O menor valor para um registro de SE25 pertence
ao Uruguai, apresentando 1,06. O maior valor para um registro desta variável pertence ao
Brasil, correspondendo a 20,69.
4.1.2.2 Matriz de correlação
Com auxílio do software gretl, foi construída uma matriz de correlação utilizando os
dados selecionados, que é apresentada na Figura 1. Considerou-se neste estudo que
coeficientes de correlação entre as variáveis, superiores a 0,80 ou inferiores a -0,80 são
inadequados por favorecerem o problema de colinearidade. A análise da matriz apontou dez
coeficientes inadequados, seis coeficientes entre as variáveis de desenvolvimento institucional
e quatro coeficientes entre as variáveis de desenvolvimento financeiro. Com o intuito de
evitar o problema de colinearidade e conseguir avaliar todas as variáveis selecionadas, são
formulados submodelos com diferentes etapas, contendo combinações diferentes destas
variáveis, com coeficientes de correlação adequados entre si.
4.1.3 Submodelos e etapas
Como objetivos específicos, busca-se analisar os efeitos do desenvolvimento
financeiro e institucional, sem a presença e interação com IDE, sobre a atividade econômica.
Também se deseja avaliar a capacidade do IDE promover o crescimento econômico. Por final,
se procura investigar o papel do desenvolvimento financeiro e institucional como capacidade
absorvedora, permitindo os países receptores de IDE se beneficiarem de crescimento
econômico.
73
74
Estes objetivos influenciaram o estabelecimento das hipóteses deste estudo. Portanto,
o modelo foi dividido em seis submodelos, cada um possuindo diferentes categorias de
variáveis com o intuito de investigar especificamente cada uma das cinco hipóteses
estabelecidas, como é apresentado no Quadro 3.
SUBMODELOS
SDFC
SDIC
SIDEC-DI e SIDEC-DIF
SDICA
SDFCA
HIPÓTESES
H.1 afirma que quanto maior o desenvolvimento financeiro de um país,
maior o potencial de seu crescimento.
H.2 sugere que quanto maior o desenvolvimento institucional de um país,
maior o potencial de seu crescimento.
H.3 aponta que quanto maior o fluxo de IDE num país, maior a sua
propensão ao crescimento.
H.4 afirma que quanto maior o desenvolvimento institucional de um país,
maior a sua capacidade de absorção de tecnologia, potencializando o
impacto do IDE sobre o crescimento econômico.
H.5 admite que quanto maior o desenvolvimento financeiro num país,
maior a sua capacidade de absorção de tecnologia, aumentando o efeito do
IDE sobre o crescimento.
Quadro 3 - Os submodelos e as hipóteses que cada um investiga
Fonte: Elaboração própria.
Notas: SDFC é submodelo desenvolvimento financeiro e crescimento. SDIC é submodelo desenvolvimento
institucional e crescimento. SIDEC-DI é submodelo IDE e crescimento, com desenvolvimento institucional.
SIDEC-DIF é submodelo IDE e crescimento, com desenvolvimento institucional e financeiro. SDICA é
submodelo desenvolvimento institucional como capacidade absorvedora. SDFCA é submodelo desenvolvimento
financeiro como capacidade absorvedora.
Cada submodelo é composto por algumas etapas. A seguir cada submodelo é
apresentado com suas respectivas etapas.
4.1.3.1 Submodelo SDFC
A função 2 expressa o submodelo SDFC, que investiga a relação entre
desenvolvimento financeiro e crescimento econômico.
TXPIBRPC = ƒ (variáveis de desenvolvimento financeiro; variáveis de controle) (2)
Logo, expandindo as variáveis independentes da função 2, chega-se a função 3.
TXPIBRPC=ƒ(VNB; VCB; EFB; CFSP; CBSP; M3; M2; ln_PIB-1; GA; FBC; GG) (3)
Sendo “i” países e “t” períodos, temos a função 4.
TXPIBRPC= ƒ(VNBit ; VCBit ; EFBit ; CFSPit ; CBSPit ; M3it ; M2it ; ln_PIB-1it ; GAit ;
FBCit ; GGit)
(4)
75
A análise da matriz de correlação revela que há coeficientes de correlação entre as
variáveis de desenvolvimento financeiro além do limite considerado como tolerável. Por este
motivo, o submodelo SDFC, representado pela função 4, é realizado em seis etapas, cada uma
contendo combinações diferentes de variáveis de desenvolvimento financeiro que não
apresentam alto coeficiente de correlação entre si. As etapas são detalhadas no Quadro 4.
VARIÁVEIS
ln_PIB-1it
GAit
FBCit
GGit
VNBit/VCBit/CFSPit/M3it
VNBit/VCBit/CBSPit/M3it
VCBit/EFBit/CFSPit/M3it
VCBit/EFBit/CBSPit/M3it
VNBit/VCBit/M2it
VCBit/EFBit/M2it
ETAPAS
1
X
X
X
X
X
2
X
X
X
X
3
X
X
X
X
4
X
X
X
X
5
X
X
X
X
6
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Quadro 4 - Etapas com diferentes combinações de variáveis de desenvolvimento
financeiro
Fonte: Elaboração própria.
4.1.3.2 Submodelo SDIC
A função 5 expressa o submodelo SDIC, com o objetivo de investigar o efeito do
desenvolvimento institucional no crescimento econômico.
TXPIBRPC = ƒ (variáveis de desenvolvimento institucional; variáveis de controle)
(5)
Logo, expandindo as variáveis independentes da função 5, sendo “i” países e “t”
períodos, chega-se a função 6.
TXPIBRPC= ƒ(ME25it ; SE25it ; CLit ; QRit ; EPit ; LEit ; EGit ; CCit ; ln_PIB-1it ; GAit ;
FBCit ; GGit)
(6)
A análise da matriz de correlação revela que há coeficientes de correlação além do
limite considerado como tolerável entre as variáveis de desenvolvimento institucional. São
selecionadas dez combinações diferentes, contendo variáveis que não apresentem alto
coeficiente de correlação entre si. Por este motivo, o submodelo SDIC, representado pela
função 5, é realizado em dez etapas, cada uma contendo combinações diferentes de variáveis
de desenvolvimento institucional. As etapas são detalhadas no Quadro 5.
76
VARIÁVEIS
ln_PIB-1it
GAit
FBCit
GGit
ME25it
SE25it
CCit/EPit
EGit/EPit
LEit/QRit
EPit/QRit
EPit/CLit
CCit/EPit
EGit/EPit
LEit/QRit
EPit/QRit
EPit/CLit
1
X
X
X
X
X
2
X
X
X
X
X
3
X
X
X
X
X
4
X
X
X
X
X
ETAPAS
5
6
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
7
X
X
X
X
8
X
X
X
X
9
X
X
X
X
10
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Quadro 5 - Etapas com diferentes combinações de variáveis de desenvolvimento
institucional
Fonte: Elaboração própria.
4.1.3.3 Submodelos SIDEC-DI e SDICA
A investigação da H.3 ocorre concomitantemente com a investigação da H4,
portanto, os submodelos SIDEC-DI e SDICA são apresentados juntos.
A função 7 expressa o submodelo SIDEC-DI, com o objetivo de investigar o efeito
do IDE no crescimento econômico.
TXPIBRPC = ƒ (IDE; variáveis de desenvolvimento institucional; variáveis de
controle)
(7)
Logo, expandindo as variáveis independentes da função 7, sendo “i” países e “t”
períodos, chega-se a função 8.
TXPIBRPC= ƒ(IDEit ; ME25it ; SE25it ; EPit ; CCit ; ln_PIB-1it ; GAit ; FBCit ; GGit)(8)
Já a função 9 expressa o submodelo SDICA, que investiga o papel do
desenvolvimento institucional como capacidade absorvedora.
TXPIBRPC = ƒ (IDE; variáveis de desenvolvimento institucional; variáveis de
interação IDE x variáveis de desenvolvimento institucional; variáveis de controle)
(9)
Logo, expandindo as variáveis independentes da função 9, sendo “i” países e “t”
períodos, chega-se a função 10.
77
TXPIBRPC= ƒ(IDEit ; ME25it ; SE25it ; EPit ; CCit ; IDExME25it ; IDExSE25it
IDExCCit ; IDExEPit ; ln_PIB-1it ; GAit ; FBCit ; GGit)
;
(10)
É importante salientar que foram seleciondas entre as variáveis de desenvolvimento
institucional, apenas aquelas que apresentaram significância estatística na estimação do
submodelo SDIC. Os submodelos SIDEC-DI e SDICA, representados pelas funções 8 e 10,
são realizados cada um em quatro etapas. As etapas são detalhadas no Quadro 6.
VARIÁVEIS
ln_PIB-1it
GAit
FBCit
GGit
IDE
CCit/ME25it
IDExME25it
CCit/SE25it
IDExSE25it
CCit/ME25it
IDExCCit
EPit/ME25it
IDExEPit
1
X
X
X
X
X
X
ETAPAS DE SIDEC-DI
2
3
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
4
X
X
X
X
X
X
1
X
X
X
X
X
X
X
ETAPAS DE SDICA
2
3
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
4
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Quadro 6 - Etapas dos submodelos SIDEC-DI e SDICA
Fonte: Elaboração própria.
4.1.3.4 Submodelos SIDEC-DIF e SDFCA
A investigação de H.3 ocorre concomitantemente também com a investigação de
H.5, portanto, os submodelos SIDEC-DIF e SDFCA são apresentados juntos.
A função 11 expressa o submodelo SIDEC-DIF, com o objetivo de investigar o
efeito do IDE no crescimento econômico.
TXPIBRPC = ƒ(IDE; variáveis de desenvolvimento institucional; variáveis de
desenvolvimento financeiro; variáveis de controle)
(11)
Logo, expandindo as variáveis independentes da função 11, sendo “i” países e “t”
períodos, chega-se a função 12.
TXPIBRPC= ƒ(IDEit ; ME25it ; CCit ; VNBit ; VCBit ; EFBit ; CFSPit ; CBSPit ; M2it ;
M3it ; ln_PIB-1it ; GAit ; FBCit ; GGit)
(12)
78
Já a função 13 expressa o submodelo SDFCA, que investiga o papel do
desenvolvimento financeiro como capacidade absorvedora.
TXPIBRPC = ƒ(IDE; variáveis de desenvolvimento institucional; variáveis de
desenvolvimento financeiro; variáveis de interação IDE x desenvolvimento financeiro;
variáveis de controle)
(13)
Logo, expandindo as variáveis independentes da função 13, sendo “i” países e “t”
períodos, chega-se a função 14.
TXPIBRPC = ƒ(IDEit ; ME25it ; CCit ; VNBit ; VCBit ; EFBit ; CFSPit ; CBSPit ; M2it
; M3it ; IDExVNBit ; IDExVCBit ; IDExEFBit ; IDExCFSPit ; IDExCBSPit ; IDExM2it ;
IDExM3it ; ln_PIB-1it ; GAit ; FBCit ; GGit)
(14)
É importante salientar que foram selecionadas entre as variáveis de desenvolvimento
institucional, apenas aquelas que apresentaram significância estatística na estimação do
submodelo SIDEC-DI. Os submodelos SIDEC-DIF e SDFCA, representados pelas funções 12
e 14, são realizados cada um em sete etapas. Elas são detalhadas no Quadro 7.
VARIÁVEIS
ln_PIB-1it
GAit
FBCit
GGit
CCit
ME25it
IDEit
VNBit
IDExVNBit
VCBit
IDExVCBit
EFBit
IDExEFBit
CFSPit
IDExCFSPit
CBSPit
IDExCBSPit
M2it
IDExM2it
M3it
IDExM3it
1
X
X
X
X
X
X
X
X
ETAPAS DE SIDEC-DIF
2
3
4
5
6
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
7
X
X
X
X
X
X
X
1
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
ETAPAS DE SDFCA
3
4
5
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
6
X
X
X
X
X
X
X
7
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Quadro 7 - Etapas dos submodelos SIDEC-DIF e SDFCA
Fonte: Elaboração própria.
2
X
X
X
X
X
X
X
X
X
79
4.2
MÉTODO PAINEL
Os tipos de dados que em geral estão disponíveis para a análise aplicada são as séries
temporais, os cortes transversais e os painéis. Em relação aos dados em painel
especificamente, a mesma unidade de corte transversal (uma família, uma empresa, um
estado) é acompanhada ao longo do tempo. Em síntese, os dados em painel apresentam uma
dimensão temporal e outra espacial. Há outros nomes para dados em painel, como dados
empilhados, combinação de séries temporais e dados de corte transversal, painel de
microdados, dados longitudinais e análise de corte. Embora haja variações sutis, estes nomes
na sua essência conotam o movimento no tempo de unidades de corte transversal. Utiliza-se o
termo dados em painel de forma genérica, incluindo um ou mais desses termos (GUJARATI;
PORTER, 2011).
A utilização de dados em painel confere algumas vantagens sobre uso de dados de
corte transversal e de séries temporais, estas vantagens são apresentadas no Quadro 8.
1 Uma vez que os dados em painel se relacionam a indivíduos, empresas, Estados, países etc., com o tempo,
tende a haver heterogeneidade nessas unidades.
2 Oferecem dados mais informativos, maior variabilidade, menos colinearidade entre variáveis, mais graus de
liberdade e mais eficiência.
3 São mais adequados para examinar a dinâmica da mudança.
4 Podem detectar e medir melhor os efeitos que simplesmente não podem ser observados em um corte
transversal puro ou em uma série temporal pura.
5 Permitem estudar modelos de comportamento mais complicados.
6 Podem minimizar problemas de viés.
Quadro 8 - Vantagens da utilização de dados em painel
Fonte: Adaptação própria de GUJARATI e PORTER (2011).
Em relação à estimação de modelos de regressão com dados em painel, existem
algumas possibilidades, dependendo do painel de dados, deve ser escolhida a técnica de
estimação mais adequada. Um dos fatores que afetam esta escolha é se o painel é curto ou
longo. Um painel curto apresenta o número de unidades de corte transversal maior que o
número de períodos de tempo. Já o painel longo apresenta o número de períodos de tempo
maior que o número de sujeitos de corte transversal (GUJARATI; PORTER, 2011).
Outra característica importante do painel de dados a ser utilizado é se ele é
balanceado ou não. Um painel é dito balanceado se cada unidade de corte transversal
apresenta o mesmo número de observações. Caso o contrário, se cada unidade tiver um
número diferente de observações, teremos um painel desbalanceado (GUJARATI; PORTER,
2011).
Há quatro possibilidades de estimar um modelo de dados em painel: 1) Modelo
MQO para dados empilhados ou agrupados; 2) Modelo de mínimos quadrados com variáveis
80
dummies para efeitos fixos (MQVD); 3) Modelo de efeitos fixos dentro de um grupo e 4)
Modelos de efeitos aleatórios (MEA) (GUJARATI; PORTER, 2011).
A opção pela estimação por efeitos fixos é escolhida seguindo os resultados obtidos
executando19 três testes que o software gretl realiza para fazer um diagnóstico de qual método
de estimação é o mais adequado.
Uma breve descrição do funcionamento matemático e estatístico do método de
estimação por efeitos fixos disponível no software gretl, de acordo com seu manual, é
apresentada a seguir.
Primeiramente considere a função 15.
Yit = Xitβ + µit
(15)
Aonde Yit é a observação da variável dependente para o corte transversal i no período
t, Xit é um vetor 1 x k de observações de variáveis independentes para i no período t, β é um
vetor k x 1 de parâmetros, e µit é um termo de erro ou distúrbio específico a i no período t
(COTTRELL; LUCCHETTI, 2013).
Tanto o método de estimação por efeitos fixos, como o método de estimação por
efeitos aleatórios realizam a decomposição do termo de erro µit. No caso dos efeitos fixos, é
realizado a decomposição de µit em um termo específico a i e invariante a t, o termo αi, e em
uma observação específica de erro, o termo εit (COTTRELL; LUCCHETTI, 2013).
A função 16 expressa a decomposição de µit na estimação por efeitos fixos.
Yit = Xitβ + αi + εit
(16)
Desta forma, os termos αis são tratados como parâmetros fixos a serem estimados.
Isto pode ser feito incluindo variáveis dummies para cada unidade de corte transversal. Por
este motivo, o método é chamado de MQVD (COTTRELL; LUCCHETTI, 2013).
Nos modelos com estimação por efeitos fixos, o intercepto do modelo de regressão
pode diferir entre as unidades de corte transversal, em reconhecimento que cada unidade pode
ter características especiais próprias. É adequado em situações em que o intercepto específico
a uma unidade pode estar correlacionado com um ou mais regressores (GUJARATI;
PORTER, 2011).
19
A apresentação dos testes e os resultados das estatísticas destes para cada etapa estimada são apresentados na
seção 4.3.
81
São necessárias algumas advertências quanto ao uso do método de estimação por
efeitos fixos: a) se introduzirmos variáveis dummies demais, teremos um problema de falta de
graus de liberdade; b) com diversas variáveis dummies no modelo, há sempre a possibilidade
de multicolineariedade, podendo dificultar a estimação exata de um ou mais parâmetros; c)
em algumas situações, o método é incapaz de identificar o impacto das variáveis que não
mudam ao longo do tempo; e d) baseia-se no pressuposto de que o termo de erro segue as
hipóteses clássicas (GUJARATI; PORTER, 2011).
Em relação à estimação por efeitos fixos utilizando painel de dados desbalanceados,
Wooldridge (2006, p.440) ressalta que:
A mecânica de estimação dos efeitos fixos com um painel não equilibrado não é
muito mais difícil que com um painel equilibrado. Se T 1 for o número de períodos de
tempo da unidade i do corte transversal, simplesmente usamos essas T i observações
para fazer a redução temporal. O número total de observações será, então, T1 + T2 +
... + Tn. Como no caso equilibrado, um grau de liberdade será perdido em cada
observação de corte transversal devido à redução temporal. Qualquer programa de
regressão que realize efeitos fixos faz os ajustes apropriados para essa perda.
Optou-se pelo uso do recurso dos erros-padrão robustos, ferramenta disponível no
software gretl, para a estimação dos modelos. Wooldridge (2006, p.247) minimiza a
probabilidade do risco do uso desse recurso afetar severamente a estimação do modelo:
Tudo que fizemos foi descrever, juntamente com os erros-padrão usuais, aqueles que
são válidos (assimptoticamente) haja ou não presença de heteroscedasticidade.
Podemos ver que nenhuma conclusão importante é destruída pelo uso dos errospadrão robustos [...]
4.3
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
A seguir é abordado primeramente a interpretação do resultado dos testes de
diagnóstico de estimação para dados em painel. Depois é apresentado o resultado das
estimações dos submodelos realizadas utilizando o sofware gretl20. Por último, é realizada
uma discussão sobre os resultados encontrados, comparando-os com evidências dos estudos
anteriormente apresentados.
20
A versão utilizada foi gretl for Windows 1.9.14.
82
4.3.1 Resultado dos testes de diagnóstico de dados de painel
O software gretl realiza três testes estatísticos que permitem escolher a estimação
mais adequada de dados em painel.
No Quadro 9 são apresentados estes testes e como interpretar seus resultados.
TESTE
Teste de significância conjunta da
diferenciação das médias de grupo
(SCDMG)
Estatística de teste Breusch-Pagan (BP)
Estatística de teste de Hausman (HSM)
INTERPRETAÇÃO DO TESTE
Um p-valor baixo contraria a hipótese nula de que o modelo MQO
agrupado é adequado, validando a hipótese alternativa da existência
de efeitos fixos.
Um p-valor baixo contraria a hipótese nula de que o modelo MQO
agrupado é adequado, validando a hipótese alternativa da existência
de efeitos aleatórios.
Um p-valor baixo contraria a hipótese nula de que o modelo de
efeitos aleatórios é consistente, validando a hipótese alternativa da
existência do modelo de efeitos fixos.
Quadro 9 - Testes para diagnóstico de dados em painel e suas interpretações
Fonte: Elaboração própria com software gretl.
As estatísticas dos testes de diagnóstico de dados de painel fornecem resultados21
semelhantes para todos os submodelos e suas etapas, apresentando amplas evidências
favoráveis à estimação por efeitos fixos. Os resultados do teste SCDMG apresentam p-valores
baixos, validando a hipótese alternativa da existência de efeitos fixos. As estatísticas do teste
BP apresentam valores altos, contrariando a hipótese alternativa da existência de efeitos
aleatórios. O teste HSM apresenta como resultado, graus de liberdade insuficientes (GLI),
devido ao número de variáveis contidas nos modelos. Como SCDMG e BP fornecem
resultados convergentes22 à estimação por efeitos fixos em detrimento da estimação por
efeitos aleatórios e por MQO agrupado, não há necessidade 23 de reduzir o número de
variáveis dos modelos formulados com o intuito de obter as estatísticas de HSM.
4.3.2 Resultados do submodelo SDFC
Na Tabela 7 encontram-se os resultados da estimação das seis etapas do submodelo
SDFC.As variáveis de controle GA e FBC apresentam significância estatística ao nível de 1%
e sinal positivo em todas as etapas. A variável ln_PIB-1 apresenta significância estatística em
21
As estatísticas dos testes são apresentadas da seção 4.3.2 até a seção 4.3.5.
Os resultados da estatística BP indicam o uso do MQO agrupado em detrimento da estimação por efeitos
aleatórios. Já os resultados da estatística SCDMG descartam o MQO agrupado em favor da estimação por efeitos
fixos.
23
Como o teste HSM permite escolher entre a estimação por efeitos aleatórios ou efeitos fixos, sua utilidade
existiria caso BP indicasse existência de efeitos aleatórios e SCDMG existência de efeitos fixos.
22
83
todos as etapas, exceto na 4. Em todas as etapas ln_PIB-1 apresenta sinal negativo. A variável
GG apresenta significância estatística em quatro etapas. Em todas as etapas GG apresenta
sinal negativo.
Tabela 7 - Efeitos do desenvolvimento financeiro no crescimento econômico
1
2
3
4
5
6
VNB/VCB/
VNB/VCB/
VCB/EFB/
VCB/EFB/
VNB/VCB/
VCB/EFB/
CFSP/M3
CBSP/M3
CFSP/M3
CBSP/M3
M2
M2
Intercepto
56,0149***
36,0324*
45,2954**
24,9621
44,2778**
38,4475**
ln_PIB-1
-2,2709***
-1,6217*
-1,912**
-1,2841
-1,8752**
-1,7366**
GA
0,2139***
0,2089***
0,2271***
0,2207***
0,1998***
0,2021***
FBC
0,4610***
0,5341***
0,4360***
0,4953***
0,5153***
0,4983***
GG
-1,043*
-0,8786
-1,008*
-0,8145
-0,9363**
-0,8604**
Var Fin I
0,1153*
0,1314*
-0,0065
-0,0163
0,1119**
-0,0146
Var Fin II
-0,0144
-0,0250
0,0552**
0,0681*
-0,0270
0,0294***
Var Fin III
-0,1375***
-0,1402
-0,1430***
-0,1443
0,0027
0,0382
Var Fin IV
0,1632
0,0966
0,1924
0,1451***
R2
0,498339
0,4557
0,472594
0,428198
0,442274
0,413497
R2aj
0,392355
0,3407
0,357940
0,303894
0,349319
0,313362
F
3,68e-06
0,000039
0,000025
0,000228
2,47e-06
0,000021
SCDMG
4,346e-006
0,00049622
0,00010025
0,00385135
1,954e-005
0,00014006
BP
0,223872
0,484787
0,590352
0,962518
0,326181
0,646296
HSM
GLI
GLI
GLI
GLI
GLI
GLI
Fonte: Elaboração própria.
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do PIB real per capita (TXPIBRPC). Três, dois e um
asteriscos significam significância estatística ao nível de 1%, 5% e 10%, respectivamente. Var Fin I, II, III e IV
correspondem às variáveis de desenvolvimento financeiro que estão em destaque na parte superior da tabela,
utilizadas em cada uma das etapas realizadas.
Quatro variáveis de desenvolvimento financeiro apresentam significância estatística
nas seis etapas, duas variáveis relacionadas ao mercado de capitais e duas relacionadas ao
mercado de crédito. As variáveis ligadas ao mercado de capitais que se mostram significativas
são VNB e EFB, já as variáveis relativas ao mercado de crédito que apresentam significância
estatística são CFSP e M3. As variáveis VNB e EFB exprimem sinal positivo e são
significativas em todas as etapas em que estão presentes. A variável CFSP exibe significância
estatística ao nível de 1% e sinal negativo nas duas etapas em que está presente. M3 apresenta
significância estatística em apenas uma das quatro etapas em que está presente e o sinal
exibido é positivo. As variáveis VCB e M2 não exibem significância estatística em nenhum
das etapas.
Os coeficientes de determinação R2 das seis etapas são bem satisfatórios, o menor
corresponde a etapa 6, com um coeficiente de 0,413497, já o maior coeficiente corresponde é
o da etapa 1, exibindo 0,498339. Portanto, o submodelo SDFC é capaz de explicar de 40% a
50% da variação na variável dependente. Os resultados da estatística F apontam a
significância global dos regressores nas seis etapas estimadas.
84
4.3.3 Resultados do submodelo SDIC
O resultado da estimação das dez etapas do submodelo SDIC pode ser observado na
Tabela 8.
Tabela 8 - Efeitos do desenvolvimento institucional no crescimento econômico
1
2
3
4
5
CC/EP
EG/EP
LE/QR
EP/QR
EP/CL
Intercepto
82,0113***
88,2136***
89,1170***
89,2125***
84,7434***
ln_PIB-1
-4,30482***
-4,49195***
-4,67026***
-4,43808***
-4,44049***
GA
0,113170*
0,118577*
0,113996*
0,104352*
0,124573**
FBC
0,601928***
0,676088***
0,704196***
0,663202***
0,639324***
GG
-0,997714**
-1,01962***
-0,931786***
-1,04414***
-0,961897**
Var Ins I
3,68070**
-3,50434
-1,27713
2,14368**
1,58806
Var Ins II
1,18653
1,80228*
-1,45300
-2,46888
-0,925554
ME 25
3,73829***
3,42014***
3,65608**
3,31601***
3,60329***
R2
0,520684
0,519376
0,516538
0,526110
0,510942
R2aj
0,445285
0,443772
0,440488
0,451566
0,434012
F
2,35e-09
2,61e-09
3,29e-09
1,50e-09
5,16e-09
SCDMG
2,79061e-008
6,62875e-008
9,87579e-008
2,71152e-008
1,85141e-007
BP
0,760061
0,729239
0,913883
0,961191
0,737927
HSM
GLI
GLI
GLI
GLI
GLI
6
7
8
9
10
CC/EP
EG/EP
LE/QR
EP/QR
EP/CL
Intercepto
91,8601**
93,1390**
89,3117**
93,6074**
91,6014**
ln_PIB-1
-3,52314**
-3,63108**
-3,56036**
-3,58669**
-3,58878**
GA
0,150521***
0,155753**
0,139973*
0,139682**
0,164358***
FBC
0,539974***
0,618592***
0,654459***
0,608213***
0,574939***
GG
-0,725651
-0,788560*
-0,728946*
-0,825965**
-0,713012
Var Ins I
3,52117**
-3,58800
0,346056
2,47590**
1,75544
Var Ins II
1,53343
2,11260*
-1,98378
-2,60507
-0,380724
SE 25
-0,613238**
-0,515523*
-0,478472
-0,492159
-0,562288*
2
R
0,491472
0,491529
0,484850
0,499636
0,481815
R2aj
0,411479
0,411544
0,403815
0,420927
0,400303
F
2,35e-08
2,34e-08
3,86e-08
1,25e-08
4,84e-08
SCDMG
1,14836e-007
1,61146e-007
6,38135e-007
7,16104e-008
4,03883e-007
BP
0,722658
0,596153
0,73304
0,553882
0,552826
HSM
GLI
GLI
GLI
GLI
GLI
Fonte: Elaboração própria.
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do PIB real per capita (TXPIBRPC). Três, dois e um
asteriscos significam significância estatística ao nível de 1%, 5% e 10%, respectivamente. Var Inst I e II
correspondem às variáveis de desenvolvimento institucional que estão em destaque na parte superior da tabela,
utilizadas em cada uma das etapas realizadas.
Em relação às variáveis de controle, FBC apresenta significância estatística ao nível
de 1% em todas as etapas. As variáveis ln_PIB-1 e GA indicam significância estatística em
todas as etapas estimadas. Quanto aos sinais, ln_PIB-1 exibe sinal negativo em todas as etapas,
já GA e FBC mostram sinal positivo em todas as estimações. A variável GG só não apresenta
significância estatística nas etapas 6 e 10. Em todas as etapas estimadas GG apresenta sinal
negativo.
85
Quatro variáveis de desenvolvimento institucional apresentam significância
estatística, duas variáveis relacionadas especificamente à educação e duas relacionadas à
governança. CC exibe sinal positivo e significância estatística ao nível de 5% nas duas etapas
estimadas com esta variável. EP demonstra sinal positivo e significância estatística em quatro
das oito etapas em que está presente. ME25 indica sinal positivo e significância estatística nas
cinco etapas em que está presente, em quatro etapas exibe significância estatística ao nível de
1%. SE25 apresenta sinal negativo e significância estatística em três das cinco etapas que está
presente. As variáveis CL, QR, LE e EG não exibem significância estatística em nenhuma das
etapas estimadas.
Os coeficientes de determinação R2 das dez etapas são bem satisfatórios, o menor
corresponde a etapa 10, com um coeficiente de 0,481815, já o maior coeficiente corresponde a
etapa 4, exibindo 0,526110. Portanto, o submodelo SDIC é capaz de explicar de 48% a 53%
da variação na variável dependente. Os resultados da estatística F apontam a significância
global dos regressores nas dez etapas estimadas.
4.3.4 Resultados dos submodelos SIDEC-DI e SDICA
Na Tabela 9 é apresentado o resultado da estimação dos submodelos SIDEC-DI e
SDICA. Analisando as variáveis de controle, FBC apresenta significância estatística ao nível
de 1% em todas as etapas estimadas. A variável ln_PIB-1 exibe significância estatística em
todas as etapas. Quanto aos sinais, tanto ln_PIB-1 quanto FBC demonstram sinal negativo em
todas as etapas estimadas. A variável GA indica sinal positivo e significância estatística em
cinco das oito etapas em que está presente. A variável GG aponta sinal negativo e
significância estatística em seis das oito etapas estimadas.
Em relação às variáveis de desenvolvimento institucional, apenas EP não apresenta
significância estatística em nenhuma das etapas em que está presente. A variável IDE exibe
significância estatística em apenas em uma das oito etapas estimadas e apresenta sinal
negativo. As variáveis interativas indicam significância estatística nas quatro etapas em que
estão presentes. Três variáveis interativas exibem sinal positivo e IDExSE25 exibe sinal
negativo.
Os coeficientes de determinação R2 de todas as etapas estimadas são bem
satisfatórios. Em relação ao submodelo SIDEC-DI, o menor coeficiente R2 corresponde a
etapa 2, com um coeficiente de 0,493360, já o maior coeficiente corresponde a etapa 1,
86
exibindo 0,523650. Isso significa que o submodelo SIDEC-DI é capaz de explicar entre 49%
e 52% da variação na variável dependente.
Já em relação ao submodelo SDICA, o menor coeficiente R2 corresponde a etapa 2,
com um coeficiente de 0,501761, já o maior coeficiente corresponde a etapa 3, exibindo
0,542593. Portanto, o submodelo SDICA é capaz de explicar 50% a 54% da variação na
variável dependente. Os resultados da estatística F apontam a significância global dos
regressores em todas as etapas estimadas.
Tabela 9 - Efeitos do desenvolvimento institucional como mecanismo de absorção e do
IDE no crescimento econômico
1
2
3
4
CC/ME25
CC/SE25
CC/ME25
EP/ME25
Intercepto
75,6564**
79,3262*
75,6564**
82,4523***
ln_PIB-1
-4,09327**
-3,16624*
-4,09327**
-4,31815***
GA
0,130693*
0,172291***
0,130693*
0,139496
FBC
0,655443***
0,607000***
0,655443***
0,645623***
GG
-0,934018**
-0,680662
-0,934018**
-0,954961**
IDE
-0,315441
-0,350130
-0,315441
-0,115559
Var Ins I
5,30455**
5,28667**
5,30455**
1,41597
Var Ins II
3,56142**
-0,525489
3,56142**
3,44386
R2
0,523650
0,493360
0,523650
0,510984
R2aj
0,448718
0,413664
0,448718
0,434061
F
1,84e-09
2,03e-08
1,84e-09
5,14e-09
SCDMG
1,92915e-008
9,16847e-008
1,92915e-008
4,59798e-008
BP
0,833511
0,726387
0,833511
0,826229
HSM
GLI
GLI
GLI
GLI
1
2
3
4
SDICA
CC/ME25/
CC/SE25/
CC/ME25/
EP/ME25/
IDExME25
IDExSE25
IDExCC
IDExEP
Intercepto
99,3185***
90,1959**
92,7135***
88,8380***
ln_PIB-1
-4,79448***
-3,59716**
-4,75681***
-4,55611***
GA
0,111148*
0,146972***
0,106615
0,114407
FBC
0,701369***
0,633117***
0,705076***
0,670304***
GG
-0,934111**
-0,709520
-1,01922**
-1,06286***
IDE
-2,46970*
0,123117
-0,462969
-0,0307384
Var Ins I
5,30185**
4,68169**
3,61297
0,667840
Var Ins II
2,80161**
-0,401130
3,73474***
3,63950***
IDExVar Ins
0,279456**
-0,0538303*
0,472859***
0,319120**
R2
0,539643
0,501761
0,542593
0,520718
R2aj
0,461173
0,416834
0,464626
0,439023
F
1,35e-09
2,79e-08
1,05e-09
6,36e-09
SCDMG
8,10424e-009
6,02651e-008
8,73955e-009
3,50644e-008
BP
0,710399
0,755695
0,612267
0,733263
HSM
GLI
GLI
GLI
GLI
Fonte: Elaboração própria.
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do PIB real per capita (TXPIBRPC). Três, dois e um
asteriscos significam significância estatística ao nível de 1%, 5% e 10%, respectivamente. Var Ins I e II
correspondem às variáveis de desenvolvimento institucional que estão em destaque na parte superior da tabela,
utilizadas em cada uma das etapas realizadas.
SIDEC-DI
87
4.3.5 Resultados dos submodelos SIDEC-DIF e SDFCA
Na Tabela 10 é apresentado o resultado da estimação dos submodelos SIDEC-DIF e
SDFCA. Analisando as variáveis de controle, FBC apresenta significância estatística ao nível
de 1% em todas as etapas estimadas. As variáveis ln_PIB-1 e GG exibem significância
estatística em todas as estapas estimadas. GA indica significância estatística apenas em três
etapas. O sinal apresentado por FBC e GA é positivo, enquanto que o de ln_PIB -1 e GG é
negativo.
Tabela 10 - Efeitos do desenvolvimento financeiro como mecanismo de absorção e do
IDE no crescimento econômico
1
2
3
4
5
6
7
VNB
VCB
EFB
CFSP
CBSP
M2
M3
Intercepto
78,1613** 72,5505*** 80,0220** 72,4418**
69,0875** 74,3055** 89,647***
ln_PIB-1
-4,1237** -3,9554***
-4,253**
-3,843***
-3,8241**
-4,0554**
-5,259***
GA
0,1127
0,1179
0,1037
0,0964428
0,1127
0,115485
0,1476*
FBC
0,6128*** 0,5690*** 0,5990*** 0,6460***
0,6649*** 0,6911***
0,660***
GG
-0,9269**
-1,062**
-0,9042**
-1,167***
-0,9348**
-0,9590**
-1,0053*
CC
4,7134**
4,068*
4,1837*
2,40709
4,5661*
4,78638*
9,568***
ME25
3,5776**
4,1382***
3,8177**
4,4642***
3,7857**
4,01342**
5,2890**
IDE
-0,3208
-0,2204
-0,3493
-0,4144
-0,328625
-0,357493
-0,333083
Var Fin
0,0214
-0,0250
0,0279***
-0,103***
-0,047745
-0,062890 0,0339360
R2
0,500204
0,515654
0,489817
0,571482
0,527835
0,529132
0,569002
R2aj
0,409879
0,430181
0,395338
0,498439
0,447353
0,448871
0,482802
F
1,26e-07
2,30e-08
4,43e-07
8,22e-11
3,58e-09
3,22e-09
9,64e-09
SCDMG
1,231e-006 5,875e-008 4,702e-005 7,302e-010 2,144e-007 2,303e-008 2,127e-008
BP
0,815238
0,72628
0,218507
0,68999
0,763885
0,852542
0,603429
HSM
GLI
GLI
GLI
GLI
GLI
GLI
GLI
1
2
3
4
5
6
7
SDFCA
VNB/
VCB/
EFB/
CFSP/
CBSP/
M2/
M3/
IDExVNB IDExVCB IDExEFB IDExCFSP IDExCBSP IDExM2
IDExM3
Intercepto
92,056*** 86,261*** 90,894*** 86,483*** 79,1966*** 84,117*** 97,805***
ln_PIB-1
-4,788***
-4,469***
-4,859*** -4,4298*** -4,1616*** -4,382***
-5,473***
GA
0,0955
0,1334**
0,0983
0,0813
0,0957282
0,108676
0,129722*
FBC
0,6893*** 0,6356*** 0,6535*** 0,6907*** 0,71804*** 0,7233*** 0,6844***
GG
-0,9288**
-1,0474**
-0,8423** -1,1638*** -0,96909** -0,9862**
-1,06760*
CC
5,4471**
5,5481*
5,1047*
3,33552
5,14167*
5,32174** 8,95070**
ME25
4,0569**
4,0167*** 4,4384*** 4,9154*** 3,85195*** 4,09039** 5,42694**
IDE
-0,6565
-0,8489**
-0,8194*
-1,3982***
-0,942324
-1,21618*
-1,02111
Var Fin
-0,1249
-0,0723*
-0,076*** -0,1644*** -0,100403* -0,110028
-0,041704
IDExVar Fin 0,0398**
0,0129*** 0,0321*** 0,0210*** 0,015918** 0,01840** 0,0198661
R2
0,517667
0,557334
0,504950
0,597848
0,540014
0,541510
0,574048
R2aj
0,423553
0,473017
0,405940
0,523889
0,455418
0,457190
0,481951
F
8,99e-08
2,24e-09
3,84e-07
2,03e-11
3,54e-09
3,13e-09
1,76e-08
SCDMG
1,315e-006 2,938e-009 2,079e-005 8,626e-011 9,488e-008 1,95e-008 1,947e-008
BP
0,275938
0,526267
0,180459
0,564719
0,751198
0,57459
0,584192
HSM
GLI
GLI
GLI
GLI
GLI
GLI
GLI
Fonte: Elaboração própria.
Notas: A variável dependente é a taxa de crescimento do PIB real per capita (TXPIBRPC). Três, dois e um
asteriscos significam significância estatística ao nível de 1%, 5% e 10%, respectivamente. Var Fin corresponde
às variáveis de desenvolvimento financeiro que estão em destaque na parte superior da tabela, utilizadas em cada
uma das etapas realizadas.
SIDEC-DIF
88
A variável de desenvolvimento institucional ME25 aponta significância estatística e
sinal positivo em todas as etapas estimadas. A variável CC indica significância estatística em
doze etapas e sinal positivo. Já a variável IDE apresenta significância estatística em apenas
quatro etapas estimadas e sinal negativo.
Em relação às etapas com variáveis interativas entre IDE e o desenvolvimento
financeiro, apenas uma etapa não apresenta a variável interativa como estatisticamente
significativa, a etapa 7 do submodelo SDFCA contendo IDExM3. O sinal apresentado por
todas as variáveis interativas é positivo.
Os coeficientes de determinação R2 de todas as etapas estimadas são bem
satisfatórios. Em relação ao submodelo SIDEC-DIF, o menor coeficiente R2 corresponde à
etapa 3, com um coeficiente de 0,489817, já o maior coeficiente corresponde à etapa 4,
exibindo 0,571482. Isso significa que o submodelo SIDEC-DIF é capaz de explicar entre 49%
e 57% da variação na variável dependente. Já em relação ao submodelo SDFCA, o menor
coeficiente R2 corresponde a etapa 3, com um coeficiente de 0,504950, já o maior coeficiente
corresponde a etapa 4, exibindo 0,597848. Portanto, o submodelo SDFCA é capaz de explicar
50% a 59% da variação na variável dependente. Os resultados da estatística F apontam a
significância global dos regressores em todas as etapas estimadas.
4.4
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Com a apresentação do resultado dos testes preliminares e da estimação dos
submodelos e suas etapas, segue-se com a discussão dos resultados sobre as relações entre
IDE, desenvolvimento financeiro, desenvolvimento institucional e crescimento econômico
nos principais países da América Latina. São abordadas quais hipóteses são confirmadas e
rejeitadas pelas evidências obtidas e é realizada uma comparação com os resultados dos
estudos selecionados, conforme é apresentado resumidamente no Quadro 10.
Todos os submodelos estimados possuem em comum a presença das variáveis de
controle. Os sinais apresentados por esse conjunto de variáveis confirmam as expectativas
assumidas no início deste capítulo. Em relação à ln_PIB-1, o sinal encontrado é negativo,
evidências empíricas similares são observadas em Hermes e Lensink (2003), Alfaro et al
(2004) e Alfaro, Kalemli-Ozcan e Sayek (2009). FBC indica sinal positivo, em consonância
com resultados de Adjasi et al (2012). GA obteve sinal positivo e GG negativo, semelhante ao
observado em Choong (2012).
89
O resultado da estimação do submodelo SDFC aponta mais evidências favoráveis do
que desfavoráveis à H.1. Duas variáveis ligadas ao mercado de capitais exibem sinal positivo,
VNB e EFB, indicando que quanto mais desenvolvido o mercado de capitais de um país,
maior o seu potencial de crescimento econômico. O sinal da variável ligada ao mercado de
crédito M3 apresentou-se positivo, constituindo evidência favorável à H.1. Porém, uma
variável ligada ao mercado de crédito, CFSP, aponta sinal negativo, apresentando evidência
contrária à H.1.
Encontram-se evidências empíricas que o desenvolvimento financeiro
beneficia o crescimento econômico sem estar interagido com IDE também em Hermes e
Lensink (2003), Adjasi et al (2012) e Choong (2012).
Hipóteses
Variáveis e
seus efeitos
H.1 afirma que quanto
maior o desenvolvimento
financeiro de um país,
maior o potencial de seu
crescimento econômico.
(+) VNB
(+) EFB
(+) M3
(-) CFSP
H.2 sugere que quanto
maior o desenvolvimento
institucional de um país,
maior o potencial de seu
crescimento econômico.
(+) CC
(+) EP
(+) ME25
(–) SE25
H.3 aponta que quanto
maior o fluxo de IDE num
país,
maior
a
sua
propensão ao crescimento
econômico.
(–) IDE
H.4 afirma que quanto
maior o desenvolvimento
institucional de um país,
maior a sua capacidade de
absorção de tecnologia,
potencializando o impacto
do
IDE
sobre
o
crescimento econômico.
(+) IDExCC
(+) IDExEP
(+) IDExME25
(–) IDExSE25
H.5 admite que quanto
maior o desenvolvimento
financeiro num país, maior
a sua capacidade de
absorção de tecnologia,
maximizando o efeito do
IDE sobre o crescimento
econômico.
(+) IDExVNB
(+) IDExVCB
(+) IDExEFB
(+) IDExVNB
(+) IDExCFSP
(+) IDExCBSP
(+) IDExM2
Evidências empíricas dos estudos selecionados
Hermes e Lensink (2003) – (+) Crédito
Alfaro et al (2004) – BTOT; BANKCR; LLY; PRIVCR;
SCAPT e SVALT não são significativos
Alfaro, Kalemli-Ozcan e Sayek (2009) – PRIVO e BANKCR
não são significativos
Adjasi et al (2012) – (+) Crédito ao setor privado
Choong (2012) – (+) LIQUID; (+) CREDIT; (+) DEPOSIT
Hermes e Lensink (2003) – (+) Escolaridade
Alfaro et al (2004) – (+) Escolaridade e (+) Qualidade
Institucional
Alfaro, Kalemli-Ozcan e Sayek (2009) – (+) Qualidade
Institucional
Adjasi et al (2012) – (+) Índice Político (+) Escolaridade
primária e terciária
Hermes e Lensink (2003) – (-) IDE
Alfaro et al (2004) – (+) IDE
Alfaro, Kalemli-Ozcan e Sayek (2009) – IDE não significativo
Adjasi et al (2012) – IDE não significativo
Choong (2012) – (+) IDE
Hermes e Lensink (2003) – (+) IDExEscolaridade
Hermes e Lensink (2003) – (+) IDExCrédito
Alfaro et al (2004) – (+) IDExBTOT ; (+) IDExBANKCR ; (+)
IDExLLY ; (+) IDExPRIVCR ; (+) IDExSCAPT ; (+)
IDExSVALT
Alfaro, Kalemli-Ozcan e Sayek (2009) – (+)IDExPRIVO e
(+)IDExBANKCR
Adjasi et al (2012) – (+)IDExCrédito ao setor privado e (+)
IDExPoupança
Choong (2012) – (+) IDExDEPOSIT e (+) IDExCREDIT
Quadro 10 - Comparação das evidências empíricas encontradas com os resultados dos
estudos selecionados
Fonte: Elaboração própria.
Nota: IDE apresenta significância estatística em apenas seis dos vinte e dois modelos estimados.
90
A análise do resultado da estimação do submodelo SDIC indica evidências
favoráveis à H.2. As variáveis de desenvolvimento institucional relacionadas à governança,
CC e EP, exibem sinal positivo, demonstrando a importância do controle da corrupção e da
presença de estabilidade política para um país experimentar um maior crescimento
econômico. A variável ligada à educação, ME25, apresenta sinal positivo, indicando que
quanto maior a média de anos de escolaridade da população acima de 25 anos, maior o
potencial de crescimento econômico. A variável SE25 aponta sinal negativo, indicando que
quanto menor a porcentagem da população acima de 25 anos sem escolaridade, maior o
potencial de crescimento. Existem evidências empíricas que o desenvolvimento institucional
beneficia o crescimento econômico diretamente, sem estar interagido com IDE, também em
Hermes e Lensink (2003), Alfaro et al (2004), Alfaro, Kalemli-Ozcan e Sayek (2009) e Adjasi
et al (2012).
As evidências obtidas através da estimação dos submodelos SIDEC-DI e SDICA são
contrárias à H.3 e favoráveis à H.4. O IDE exibe significância estatística em apenas uma etapa
e ainda apresenta sinal negativo, indicando que por si só, o fluxo de entrada de IDE não é
significativo ou contribui negativamente para o crescimento econômico. Evidências similares
são encontradas em Hermes e Lensink (2003), Alfaro, Kalemli-Ozcan e Sayek (2009) e
Adjasi et al (2012). Quando interagidos com variáveis de desenvolvimento institucional24,
estes fluxos de IDE passam a ter significância e efeito positivo sobre o crescimento
econômico. Estas evidências demonstram a importância do papel do desenvolvimento
institucional como capacidade absorvedora, permitindo o país hospedeiro do IDE se
beneficiar de um maior potencial de crescimento econômico. Evidências empíricas
semelhantes são observadas em Hermes e Lensink (2003).
A estimação dos submodelos SIDEC-DIF e SDFCA fornece novamente evidências
contrárias à H.3 e favoráveis à H.5. O IDE exibe significância estatística em apenas quatro
das quatorze etapas estimadas e ainda aponta sinal negativo, indicando que por si só, o fluxo
de entrada de IDE não é significativo ou contribui negativamente para o crescimento
econômico. Quando interagidos com o desenvolvimento financeiro, estes fluxos de IDE
passam a ter significância e efeito positivo sobre o crescimento econômico. Apenas a
interação com a variável M3 não demonstra significância estatística. As evidências ressaltam
a importância do papel do desenvolvimento financeiro como capacidade absorvedora,
permitindo que a entrada de IDE possa contribuir para o país receptor, através do aumento de
24
Refere-se às variáveis CC, EP, ME25 e SE25.
91
seu potencial de crescimento econômico. Estes resultado estão em consonância com as
evidências encontradas em Hermes e Lensink (2003), Alfaro et al (2004), Alfaro, KalemliOzcan e Sayek (2009), Adjasi et al (2012) e Choong (2012).
92
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A questão de pesquisa deste estudo se refere aos mecanismos de absorção que
influenciam o crescimento econômico nos países da América Latina. Para responder esta
pergunta, foi estabelecido o objetivo geral de investigar as relações entre IDE,
desenvolvimento financeiro, desenvolvimento institucional e crescimento econômico. Um
modelo foi formulado, contendo diversos submodelos e etapas para realizar a investigação.
Do objetivo geral, desdobraram-se cinco objetivos específicos, os quais são discutidos a
seguir, junto com os principais resultados e contribuições deste estudo.
O primeiro objetivo específico é referente à capacidade do desenvolvimento
financeiro promover a atividada econômica. Foi formulado o submodelo SDFC para
investigar se o desenvolvimento financeiro é um determinante significativo do crescimento
econômico. A análise dos resultados revela que o valor das ações negociadas em bolsa e a sua
eficiência possuem significância estatística e são positivamente correlacionados com o
crescimento econômico. Estas evidências apontam que o desenvolvimento financeiro, mais
especificamente do mercado de capitais, promove o crescimento econômico na América
Latina.
O segundo objetivo específico corresponde à capacidade do desenvolvimento
institucional maximizar o crescimento econômico. Elaborou-se o submodelo SDIC para
detectar se o desenvolvimento institucional apresenta significância estatística como promotor
da atividade econômica. Os resultados apontam que o controle da corrupção, a estabilidade
política, a média de anos de escolaridade e a porcentagem sem escolaridade da população
acima de vinte e cinco anos são significativos para o crescimento econômico. As evidências
sugerem que o desenvolvimento institucional, tanto relacionado à governança, como o
relacionado à qualidade da educação, potencializa o crescimento econômico dos países latinoamericanos.
O terceiro objetivo específico refere-se à capacidade do fluxo de entrada de IDE
promover o crescimento econômico. Formulou-se os submodelos SIDEC-DI e SIDEC-DIF
para investigar a significância estatística do IDE como determinante do crescimento
econômico. Os resultados revelam que na maioria das etapas dos submodelos, o IDE não
apresentou significância estatística. Estas evidências demonstram que o IDE não beneficia o
crescimento econômico por si só nos principais países da América Latina.
O quarto objetivo específico está relacionado à investigação do desenvolvimento
institucional, quando interagido com os fluxos de entrada de IDE, atuando como capacidade
93
absorvedora. Foi criado o submodelo SDICA para investigar o papel do desenvolvimento
institucional como um mecanismo de absorção. A análise dos resultados aponta que o
controle da corrupção, a estabilidade política, a média de anos de escolaridade e a
porcentagem sem escolaridade da população acima de vinte e cinco anos atuam como
capacidades absorvedoras. As evidências apontam que o desenvolvimento institucional, ao
interagir com o IDE, promove o crescimento econômico nas principais economias da América
Latina.
O último objetivo específico deste trabalho refere-se ao papel do desenvolvimento
financeiro como capacidade absorvedora, promovendo o crescimento econômico quando
interagido com os fluxos de entrada de IDE. Foi desenvolvido o modelo SDFCA para
investigar o papel do desenvolvimento financeiro como um mecanismo de absorção. Os
resultados da estimação do submodelo sugerem que o valor das ações negociadas em bolsa, o
valor de capitalização das ações negociadas em bolsa, a eficiência da bolsa, o crédito de
intermediários financeiro ao setor privado, o crédito do setor bancário ao setor privado e o
agregado monetário M2 atuam como capacidades absorvedoras. Estas evidências indicam que
o desenvolvimento financeiro promove o crescimento econômico, quando interagido com o
IDE, atuando como mecanismos de absorção nas principais economias latino-americanas.
Como o IDE demonstrou pouca capacidade, por conta própria, de promover o
crescimento econômico, é necessário o desenvolvimento de capacidades absorvedoras no país
latino-americano receptor do IDE, para que este se beneficie de crescimento econômico. As
evidências deste trabalho apontam que o desenvolvimento financeiro e institucional possui um
papel fundamental na estratégia de crescimento econômico das principais economias da
América Latina. Além de atuarem como capacidade absorvedora, permitindo os países se
beneficiarem de crescimento econômico advindo da entrada de IDE, promovem a atividade
econômica diretamente através de outras dinâmicas econômicas. Este duplo papel encontrado
nas evidências deste trabalho, corrobora a recomendação de políticas por parte dos países
latino-americanos para promoção do desenvolvimento financeiro e institucional, com o
objetivo de potencializar o crescimento econômico.
A análise do contexto político revelou uma situação no continente pouco favorável
ao estímulo das políticas de desenvolvimento financeiro e institucional, já que muitos países
latino-americanos elegeram governos de orientação populista nos anos recentes. Esses
governos, devido às suas preferências ideológicas, proferem discursos de vilanização do
mercado financeiro e baixa aderência aos pilares que sustentam as reformas institucionais
realizadas principalmente nos anos 90, em detrimento de medidas populistas que provocam o
94
aumento do tamanho e da influência do governo na economia do país. É importante que os
líderes latino-americanos não se limitem às suas preferências ideológicas, caso contrário, o
continente corre o risco de deixar escapar as oportunidades que o estímulo ao
desenvolvimento financeiro e institucional proporciona ao crescimento econômico dos
principais países da América Latina.
95
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99
APÊNDICE A – DADOS UTILIZADOS NAS REGRESSÕES
País
Argentina
Argentina
Argentina
Argentina
Argentina
Argentina
Argentina
Argentina
Argentina
Argentina
Argentina
Argentina
Argentina
Argentina
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Chile
Chile
Chile
Chile
Chile
Chile
Chile
Chile
Chile
Chile
Chile
Chile
Chile
Chile
Ano
1996
1998
2000
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
1996
1998
2000
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
1996
1998
2000
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
TXPIBRPC
4,234910466
2,643937674
-1,835828811
-11,73502997
7,852080847
8,064049773
8,218166339
7,513591561
7,703332386
5,827711951
-0,026220468
8,215759436
7,92897653
1,021673197
PIB
2,7215E+11
2,98948E+11
2,84204E+11
1,0204E+11
1,29597E+11
1,5313E+11
1,83193E+11
2,14066E+11
2,60769E+11
3,26583E+11
3,07155E+11
3,68736E+11
4,46044E+11
4,75502E+11
GA
23,4428553
21,55560811
22,64316703
41,72283462
41,10158634
44,27240943
44,73200638
44,65473783
45,62521971
45,73065919
37,58421478
40,63531739
41,98088132
37,88068841
0,600104188 8,39683E+11 14,11531654
1,276969453 5,04221E+11 26,01812633
2,817708443 6,44702E+11 21,25348267
-1,464824332 8,43827E+11 15,78308165
4,424299685
6,6376E+11 28,49459496
-0,158606125 5,52469E+11 26,64802047
1,987349809 8,82186E+11 26,33849485
2,866766149 1,08892E+12 25,49772732
5,062984795 1,36685E+12 25,04980493
4,204359685 1,65354E+12 27,13205746
-1,209840328 1,62017E+12 21,95467438
0,03224734 2,25266E+12 26,03697976
1,8403388 2,47665E+12 24,07970109
6,595955239 2,14304E+12 22,32408905
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