33 - Ibraf

Transcrição

33 - Ibraf
CAPA
SUMÁRIO
PRODUÇÃO
Performance CG
FOTOS
Banco de Imagens
Complexo de Alimentos
e Bebidas Apex Brasil
Junho / Julho / Agosto 2009
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ENTREVISTA
07 ABRINDO CAMINHOS
Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, fala sobre crédito rural, liberação de agrotóxicos, iniciativas
para abertura de novos mercados e crise econômica.
FRUTAS FRESCAS
14 SEM TEMPO RUIM
Cultivo protegido em frutas como maçãs, caquis e
uvas trazem vantagens ao produtor e frutas melhores ao consumidor.
SEÇÕES
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06
10
editorial
espaço do leitor
campo de notícias
12
no pomar
Panorama dos principais acontecimentos do trimestre.
INCENTIVO AO CONSUMO
18 BRINCADEIRA SÉRIA
Campanha Saborosa Brincadeira, do Ibraf, promovida em rede de varejo, mostrou resultados em aumento de consumo, e segue em linha com outras
iniciativas no país.
AGROINDÚSTRIA
27 FRUTAS DA BELEZA
Cosméticos com frutas na formulação ganham preferência do consumidor, mas produtor ainda está
fora deste mercado.
MEIO AMBIENTE
33 EM PERFEITA HARMONIA
Praticado ainda em pequena escala, o sistema
agroecológico de frutas traz benefícios ao produtor, ao consumidor e ao meio ambiente.
Pera e caqui no semi-árido, poda temporã de uvas e a
brasileiríssima marolo.
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tecnologia
Equipamentos e sistemas ajudam o fruticultor a produzir melhor, como o SisAlert, mas ainda há resistência na aplicação.
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opinião
Barbara Ferreira Nóbrega e Sergio Menezes, da Top Açaí,
analisam o momento do açaí e as medidas para sua divulgação no Exterior.
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agenda
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eventos
Acontecimentos do trimestre.
Fruit & Log promoverá frutas brasileiras para o mundo, em
setembro. Agrotins mostra expansão das frutas no Tocantins.
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artigo técnico
Novas moléculas e controle biológico são solução para
resistência na agricultura.
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campo & cultura
associados ibraf
classificados
fruta na mesa
Tangerinas: cheirosas e refrescantes.
editorial
Brincadeira saborosa, séria e saudável
O tempo “de não ter tempo” parece invadir todas as áreas das nossas vidas.
O cotidiano é feito de correria para ir à escola, ao trabalho, às compras e até
ao lazer. Sobra pouco tempo, portanto, para uma alimentação saudável. Feita
às pressas ou nem feita, a falta do cuidado com as refeições está gerando
adultos com excesso de peso e obesos. Esta realidade se repete com as
crianças e adolescentes. E a fruta, alimento saudável e saboroso, acaba por
não entrar no cardápio em nosso país, que é o terceiro maior produtor
mundial e tem um dos menores consumos – 62 kg por pessoa por ano. Para
ajudar a reverter este quadro e aumentar o consumo, o Ibraf lançou uma
campanha de marketing nacional nomeada de “Saborosa Brincadeira”, com
resultados que você acompanha na reportagem Brincadeira Séria. A iniciativa é parte de um projeto maior apoiado pelo Sebrae-SP, o Fruta Paulista, e
foi conduzido, inicialmente, na rede Pão de Açúcar, em São Paulo, Capital.
Mas tem planos de crescer e, no futuro, reverter a situação atual. Enquanto
isto, no campo os produtores continuam sua lida de produzir mais e melhor,
aplicando técnicas como o cultivo protegido. Sob proteção, uvas, caquis,
morangos e outras frutas crescem mais bonitas e melhores. Para contribuir
com este trabalho, a pesquisa analisa o efeito advindo do repetido uso dos
mesmos agroquímicos nas plantações e comprova a resistência provocada
pela ação. A solução está na aprovação de legislação própria pelo Ministério
da Agricultura, cujo titular, Reinhold Stephanes é o entrevistado desta edição. Stephanes aborda a questão e afirma que, até setembro, deve ser
publicada uma Instrução Normativa Conjunta para o registro de pequenas
culturas (Minor Crops). O ministro fala também sobre crédito rural e iniciativas para abertura de novos mercados. Por falar em novos mercados, o de
cosméticos à base de frutas ganha preferência do consumidor, mas o produtor ainda está fora dele. As tecnologias que monitoram as diversas etapas da
produção, prevenindo problemas e reduzindo custos também são pouco
difundidas entre os produtores. Outro quase desconhecido é o sistema
agroecológico de cultivo, que devolve vida ao solo e restabelece o equilíbrio
com o ambiente, produzindo alimentos mais saudáveis. E por falar em saudável, essa é a nossa sugestão: que tal comer uma fruta enquanto lê mais
esta edição que preparamos para você, nosso leitor? Aproveite!
Até setembro, se Deus quiser.
Marlene Simarelli
Editora
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“ A s matérias da edição 12 são
excelentes, abrangendo desde produtores, exportadores, comerciantes, etc. Achei especial a matéria
Milenar e Eficiente, de Daniela
Mattiaso, porque relata de maneira
sucinta e satisfatória os passos
básicos sobre enxertia, assunto a
que sou afeito, tendo em vista ser
vitivinicultor.”
ESCREVA PARA
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Dr. Maria Anidelce Messias
Pires de Almeida
Engenheira Agronoma
Botucatu – SP
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“ G ostaria de parabenizá-los pelo
conteúdo da revista. Além de funcionária da SAA/SP, sou também
instrutora do Senar/SP, através
do q u a l m i n i s t r o c u r s o s d e
Viveirista (produção de mudas:
frutíferas, ornamentais, nativas,
etc.), jardinagem (implantação e
reforma, manutenção de jardins),
cultivo etc.”
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ESPAÇO DO LEITOR
João José de Oliveira Veloso
Vitivinicultor
Centro de Cultura e Tradição de Cunha
Cunha – SP
Endereço: Av. Ipiranga, 952 • 12º andar • CEP 01040-906 • São Paulo/SP
Fax: (11) 3223-8766 • E-mail: [email protected]
ENTREVISTA
LAR FOTOJORNALISMO
REINHOLD STEPHANES
ABRINDO
CAMINHOS
Marlene Simarelli
O deputado federal Reinhold Stephanes (PMDB-PR)
assumiu o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em 2007. Economista, 69 anos, natural de Porto
União (SC), Stephanes iniciou a carreira profissional na área
agrícola. Foi secretário das pastas de Agricultura, Administração e Planejamento do Paraná e presidente da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia
Rural (Sober), além de ocupar diversos cargos no próprio
ministério que hoje lidera. Formado pela Universidade
Federal do Paraná, especializou-se em Administração Pública, na Alemanha, e em Desenvolvimento Econômico,
pela Cepal/ONU. Participou em outras administrações federais como ministro da Previdência e também do Trabalho. Na carreira legislativa, Stephanes se elegeu seis vezes
deputado federal pelo Estado do Paraná. A pasta que administra tem a fruticultura entre os cinco principais itens
da balança comercial. Nesta entrevista, Stephanes fala sobre crédito rural, liberação de agrotóxicos, iniciativas para
abertura de novos mercados e a crise, que também afetou a fruticultura.
Frutas e Derivados - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disponibilizou linha de
crédito de emergência, com juros diferenciados, para socorrer os fruticultores do Rio Grande do Norte. E em relação aos
demais fruticultores, quais ações há para enfrentar a crise?
Stephanes - No início deste ano, foi criada uma linha
de crédito de R$ 200 milhões para o setor de fruticultura,
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ENTREVISTA
REINHOLD STEPHANES
por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), denominada Revitaliza. Hoje, as
culturas da maçã e do pêssego já dispõem de crédito para
comercialização, o que proporciona maior liquidez aos
agentes responsáveis pelo carregamento de estoques de
frutas e derivados. A Secretaria de Política Agrícola do
Ministério da Agricultura estuda proposta para ampliação
desta Linha Especial de Crédito (LEC) para apoiar a
comercialização de produtos derivados de manga, goiaba,
maracujá e abacaxi que, juntamente com a maçã e o pêssego, representam as frutas mais demandadas para produção de sucos e polpas. Se aprovada, essa linha fortalecerá a agroindustrialização do setor frutícola, com benefícios diretos e indiretos ao setor produtivo.
“A expectativa é que, até setembro,
seja publicada uma Instrução
Normativa para o registro de
pequenas culturas (Minor Crops)”
Frutas e Derivados - O senhor defende uma reforma no
sistema de crédito rural, que prevê política de garantia de
renda e ampliação dos agentes financiadores do agronegócio.
Efetivamente, com o que o fruticultor pode contar hoje e o
que pode esperar ainda para este ano?
Stephanes - Desde o início da crise, o governo adotou
uma série de medidas voltadas ao aumento da liquidez
bancária específica para o setor agrícola, entre as quais é
importante destacar o aumento das exigibilidades dos depósitos à vista e da poupança rural. Essas medidas foram
essenciais para manter o nível de crédito à agricultura, que
deverão situar-se nesta safra muito próximo à normalidade. Além desse crédito normal para custeio,
comercialização e investimento, o governo aprovou, em
abril, uma linha extraordinária para capital de giro às
agroindústrias e cooperativas agropecuárias, no valor de
R$ 10 bilhões, com recursos do BNDES. Um dos setores
que será beneficiado por essa medida é o da fruticultura,
devido ao grande número de agroindústrias em operação. Além disso, devemos colocar à disposição para o próximo ano safra, que se inicia em julho, significativo montante de recursos e limites maiores do que vigoraram na
safra passada, conforme mencionei.
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Frutas e Derivados - Há planos do Ministério para
revitalização do Profruta (linha de financiamento do governo extinta) ?
Stephanes - O Programa de Apoio à Fruticultura
(Profruta), criado em 2000, tinha como finalidade
disponibilizar crédito para o desenvolvimento da produção de espécies de frutas com potenciais
mercadológicos internos e externos. No ano safra
2003/2004, foi instituído o Programa de Desenvolvimento da Fruticultura (Prodefruta), que passou a abranger os seguintes programas: Profruta, Programa de
Desenvolvimento da Vitivinicultura (Prodevinho), Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cacauicultura
(Procacau) e o Programa de Desenvolvimento da
Cajucultura (Procaju). Assim, o Prodefruta passou a
apoiar todas as cadeias produtivas relacionadas ao
setor de fruticultura, por meio de linhas de crédito
para investimento. No ano safra 2007/2008, o
Prodefruta foi incorporado ao Programa de Modernização da Agricultura e Conservação dos Recursos
Naturais (Moderagro), o que permanece até hoje.
Portanto, mesmo depois da extinção do Profruta, o
setor de fruticultura continua se beneficiando de linha
de crédito específica.
Frutas e Derivados - Para o setor se adaptar às exigências do mercado internacional é necessária a ampliação da lista de defensivos, principalmente para as frutas
tropicais. Está em tramitação desde 2003 uma proposta
do setor, mas ainda não há uma definição. Por este motivo, a qualquer momento a União Europeia pode suspender as importações das frutas brasileiras. Como está
o andamento desta questão e o que o setor pode ainda
fazer para colaborar e agilizar a liberação?
Stephanes - A ampliação da lista de defensivos envolve os ministérios da Saúde, Agricultura e Meio Ambiente. O Ministério da Agricultura, preocupado com
este cenário e a questão dos produtores de frutas que
se encontravam desamparados em número de produtos para controle de pragas, desenvolveu projeto de
inclusão chamado “Registro para Pequenas Culturas”
(minor crops). Este programa encontra-se aprovado pela
área técnica, mas ainda precisa ser ajustado do ponto
de vista jurídico para publicação. A normatização, no
entanto, não é a solução final para o problema. A partir do marco legal, será desenvolvido projeto envolvendo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), organizações de produtores e indústrias.
O objetivo é montar, de forma sustentada, todos os
dados de resíduos e informações de segurança para os
registros. Este projeto está alinhado ao que é propos-
ENTREVISTA
REINHOLD STEPHANES
to pelo Codex Alimentarius e outros órgãos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
(FAO) para a solução deste gargalo. Lembro que o registro para pequenas culturas não é uma questão exclusiva
do Brasil. Trata-se de um assunto discutido no mundo todo
e hoje apenas os Estados Unidos, a Europa e a Austrália
desenvolvem este tipo de registro. O Brasil é o primeiro
país latinoamericano a desenvolver projeto nesse setor.
Devido aos trâmites jurídicos, a expectativa do Ministério
da Agricultura é que até setembro seja publicada uma Instrução Normativa Conjunta, no Diário Oficial da União,
para o registro de pequenas culturas (Minor Crops).
Frutas e Derivados - Os dados do Programa de Análise
de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para) da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), divulgados recentemente, mostraram claramente a presença de resíduos de
agrotóxicos disponíveis no mercado, mas sem registro para
uso nas culturas em que foram detectados. O Programa Integrado de Frutas também preconiza as boas práticas agrícolas
com aplicação racional de agrotóxicos. Mas como estar adequado, se há poucos produtos disponíveis ao fruticultor?
Stephanes - É necessário ter um canal direto de informação do produtor com o Ministério da Agricultura. Para
isso, está sendo elaborado um projeto de divulgação das
ferramentas de consulta dos produtos registrados
e estabelecida a abertura para contato com a área de
agrotóxicos do Mapa. Assim, será possível identificar os
principais produtos usados pelo agricultor e para os quais
o Ministério da Agricultura deverá recomendar o registro.
O Para é, sem dúvida, uma iniciativa importante que deve
ser aprimorada para que o governo possa buscar soluções
na produção de alimentos. Para a melhoria dos programas
de monitoramento, estamos fornecendo informações técnicas à Anvisa e à Embrapa, como também desenvolvendo uma ação integrada nos estados com técnicos da Agricultura e Vigilância Sanitária. O ministério está investindo,
também, na ampliação de programas como o de produção integrada, a partir do aumento da grade de produtos
para controle fitossanitário. É importante ressaltar que os
produtos selecionados para este projeto serão sempre os
mais modernos, menos tóxicos e menos impactantes ao
ambiente, mas que preservem as características de eficiência no controle de pragas.
Frutas e Derivados - A política de exportação, por meio
da Apex-Brasil, amplia a participação da fruticultura nacional no Exterior, no entanto, ainda faltam negociações por
parte do Governo Federal para que as frutas entrem em
mercados como a Ásia. O que está sendo feito para a abertura deste e de outros mercados importantes?
Stephanes - O Ministério da Agricultura está negociando com a África do Sul as condições sanitárias para exportar mamão papaia e manga. Também estamos negociando
com a Índia a abertura de mercado para maçã e citrus,
além da soja e do algodão brasileiros. Já, com a Indonésia,
importante mercado, estamos na fase inicial da análise de
risco de pragas para maçã, manga, uva e melão. Em maio,
entregamos às autoridades indonésias os relatórios técnicos referentes a estas culturas que permitirão essa análise.
Também em maio, técnicos da Secretaria de Defesa
Agropecuária se reuniram com representantes da embaixada da Nova Zelândia e ressaltaram o interesse do Brasil
em exportar limão, laranja e manga para aquele país. No
caso de países da Ásia e Pacífico, aqueles integrantes da
Asian and Pacific Plant Protection Agreement (APPPC), existe uma série de restrições que estão sendo tratadas no
âmbito de fóruns internacionais, como o Comitê de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da Organização Mundial do
Comércio (SPS/OMC). Lembro que o Brasil já exporta
mangas do tipo Kent e Tommy Atkins para o Japão.
“Ministério está negociando com
África do Sul, Índia, Nova Zelândia
e Indonésia, as condições para
exportar frutas nacionais”
Frutas e Derivados - Está entre as metas do Ibraf incentivar o consumo de frutas pelos brasileiros. O Ministério
aceitaria desenvolver em conjunto com as entidades do setor
um plano de ação para aumentar o consumo nacional, que é
um dos mais baixos no mundo?
Stephanes - O Ministério da Agricultura acredita ser importante estimular o consumo de frutas no Brasil, junto ao
Ibraf, e já participa de grupos com este objetivo. O Mapa
integra a comissão organizadora do Congresso
Panamericano de Incentivo ao Consumo de Frutas e Hortaliças, liderado pelo Ministério da Saúde, que será realizado no mês de setembro, em Brasília. Além disso, a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e
Cooperativismo do próprio ministério promove projetos
como o Sistema de Produção Integrada de Frutas, que visa
à produção de alimento seguro, sustentável, certificado e
com rastreabilidade em todo o processo produtivo.
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CAMPO DE NOTÍCIAS
Luciana Pacheco e Carolina Peres
Drawback Integrado
Beneficia Agronegócio
Com portaria publicada em 2 de abril,
no Diário Oficial da União, o Drawback
Integrado permitirá que empresas do
segmento do agronegócio possam
utilizar os benefícios fiscais – suspensão
do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), da Contribuição para o
PIS/Pasep, para o Financiamento da
Seguridade Social (Cofins), do PIS/Pasep
Importação e da Confins-Importação –
sobre as aquisições no mercado interno
ou sobre as importações de bens
empregados na fabricação de produtos
destinados à exportação. O regime já
está em vigor desde 18 de maio.
O Drawback Integrado é praticamente
o Drawback Verde-Amarelo, entretanto, foi estendido também para insumos
do agronegócio, uma vez que, anteriormente, o Verde-Amarelo permitia apenas insumos caracterizados como partes e peças, excluindo o agronegócio.
“É uma grande ferramenta para o exportador do agronegócio. Um projeto de
implantação do Drawback será variável
conforme a operação de cada empresa.
Como normalmente os volumes importados e adquiridos no mercado interno
pelas empresas elegíveis ao Drawback
são altos, os valores dos ganhos podem
ser muito interessantes” afirma Gustavo
H. Maia de Almeida, diretor do Departamento de Comércio Internacional da
LF Maia e Advogados Associados.
Unidade Móvel:
Rapidez em Testes e
Análises de Alimentos
Um caminhão com estrutura laboratorial
que visa facilitar o suporte tecnológico à
micro e pequenas empresas do ramo
alimentar foi lançado, em abril, pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital).
Nomeado como Prumo Alimentos, a
unidade móvel irá realizar testes e análises in loco por todo o Estado de
São Paulo. Alguns diagnósticos ficarão
prontos imediatamente, os demais
serão analisados na sede do Instituto
em Campinas.
Com atividades iniciais programadas para
junho, o Prumo terá como tripulantes
pesquisadores do Ital e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae-SP). Os atendimentos serão pagos pelas empresas, com
subsídio da Financiadora de Estudos e
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Projetos e do Sebrae-SP (Finep). Ao Ital
caberá a execução do trabalho, com
mobilização dos profissionais e da estrutura necessária.
A unidade auxiliará a todos os setores
atendidos pelo instituto, entre eles a fruticultura. E, segundo o coordenador da
ação e diretor substituto do Instituto, Airton Vialta o projeto ajudará bastante na
assistência tecnológica. “O Prumo Alimentos será um facilitador do cumprimento da missão do instituto, já que o
Ital vai para perto da empresa e, com
isso, estabelece uma aproximação com
o setor produtivo”, atesta.
Mais informações, pelo telefone:
(11) 3743-1757.
Tradings do Brasil
Com o objetivo de organizar e fortalecer o segmento, além de ampliar o suporte às pequenas empresas brasileiras
que já exportam ou têm potencial para
iniciar vendas a outros países, a ApexBrasil está montando, em conjunto com
a Fundação Getúlio Vargas, um retrato
do setor de tradings e comerciais exportadoras do Brasil. O primeiro passo
aconteceu em maio com um seminário
em São Paulo, onde especialistas da
Coréia, Japão e Holanda falaram a mais
de 400 empresários.
Para Alessandro Teixeira, presidente da
Apex-Brasil, “as tradings podem ser o
centro da promoção comercial, tendo
como meta dar um salto para a modernidade do serviço de exportação e de
divulgação da imagem do Brasil no
Exterior.” Segundo levantamento inicial
feito pela Fundação Getúlio Vargas há
5.794 tradings e comerciais exportadoras no Brasil.
Para ações futuras estão programadas
missões comerciais com tradings brasileiras na África do Sul, em Angola e na Ásia.
Já são aproximadamente 500 empresas
que desejam fazer parte das ações. Para
mais informações, basta acessar
o site: www.tradingsdobrasil.com.br
Sistema de
Rastreamento na Ceasa
de Porto Alegre
Foi lançada em março, na Ceasa de Porto Alegre (RS), com idealização da em-
presa Cleanbox, a Central de Caixas.
O objetivo é, além de gerar empregos,
reduzir custos operacionais do setor e
diminuir a contaminação cruzada.
As caixas plásticas são administradas por
um sistema de gerenciamento, que padroniza e rastreia eletronicamente com
a utilização de smart cards (cartões “inteligentes”), proporcionando o acompanhamento da carga e auxiliando no
controle do produto pelos fornecedores e clientes.
Para Luciano Medeiros, sócio-diretor da
Cleanbox, “o objetivo é proporcionar
adequação e benefícios ambientais,
além da segurança alimentar, em um
sistema competitivo, sem afetar o custo da cadeia”. O sistema é utilizado apenas em Porto Alegre (RS), mas, segundo o diretor da empresa, já possui planos de expansão. “Modernizaremos o
comércio inicialmente em Porto Alegre
e depois partiremos para outras
Ceasas.” Para mais informações, basta entrar no site:
www.cleanbox.com.br
Goiaba Minimamente
Processada
Com o objetivo de diminuir o desgaste
e a maturação das goiabas, foi realizada
uma linha de pesquisa para aplicar o
processamento mínimo em goiabas
brancas e vermelhas, conduzida pela
mestranda Patrícia Maria e por Pedro
Angelo Jacomino, coordenador de
Laboratórios da Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/
Esalq). Na pesquisa foi analisado desde
o ponto certo da colheita da fruta, até
o final do processo.
A goiaba possui um quadro de
amadurecimento acelerado, quando
conservada em temperatura ambiente.
A fruta necessita de comercialização
rápida para evitar perdas, por isso
processá-las proporcionará o consumo
de alimentos mais limpos e sem
desgastes mecânicos com transporte e
armazenamento.
“Para a cadeia produtiva, as vantagens
desse sistema são o aumento da
rentabilidade dos produtores, a fixação
da mão-de-obra nas regiões produtoras e a facilitação do manejo do lixo.
Restaurantes e redes de fast food
também ganham com a versão minima-
mente processada, uma vez que conseguem economizar espaço de armazenamento e tempo de preparo”, afirma
o coordenador. Mais informações
na Esalq pelos telefones (19)
3447.8613 e 3429.4485.
Fruticultura em Destaque
Para tratar de temas inerentes ao aperfeiçoamento das políticas públicas para
o setor frutícola no Brasil, o presidente
da Frente Parlamentar de Fruticultura,
Afonso Hamm, participou da audiência
pública com o Ministro da Agricultura,
Reinhold Stephanes. Foram apresentadas algumas dificuldades com relação ao
acesso de crédito e solicitada a implantação de um seguro agrícola mais
abrangente. Tratou-se, também, sobre
o programa para modernização da irrigação do Vale do São Francisco, a
revitalização do Profruta, quando o
Ministro prometeu nomear um coordenador para a Secretaria de Política Agrícola, além de discussão sobre protocolos fitossanitários.
Carlos Alberto Albuquerque, diretor de
Relações Institucionais e Governamentais do Instituto Brasileiro de Frutas, também participou da audiência, assim como
os deputados Jorge Khoury, Fernando
Coelho e Edson Duarte.
Certificação Inédita
em Minas
A Ouro Verde, uma propriedade de 75
hectares, onde se produz limão, banana, manga e atemóia (da família da pinha), é a primeira fazenda de Minas Gerais a obter a certificação internacional
Globalgap. Localizada em Jaíba, a
propriedade atendeu 90% dos requisitos de adequação e já está com o
selo provisório.
O proprietário, Reinaldo Nunes Saraiva, tem planos de expandir, nos próximos dois anos, a área plantada de limão em mais 40 hectares. O investimento vai incrementar em cerca de
40% a produção anual de 1.350 toneladas. “Em um prazo máximo de oito
meses, quero exportar 60% da produção”, informa.
O empresário levou três meses entre
a contratação da consultoria e a auditoria dos processos. Neste intervalo,
construiu 16 banheiros (a cada 400
metros há dois banheiros, um feminino e outro masculino), alojamento,
melhorou a iluminação, sinalizou a
propriedade, substituiu produtos,
como defensivos e inseticidas, e
garantiu a rastreabilidade do produto. Além disso, regularizou a licença
ambiental e o descarte de resíduos,
entre outras adequações.
Laboratório de
Nanotecnologia
para o Agronegócio
Desenvolvimento de filmes comestíveis, de plástico biodegradável de fonte
renovável, entre outras, são algumas
das pesquisas que já estão sendo
conduzidas no Laboratório Nacional de
Nanotecnologia para o Agronegócio
(LNNA), inaugurado no final de maio
pela Embrapa Instrumentação Agropecuária (São Carlos-SP). Com uma
área de 700 metros, o laboratório atuará em três linhas de pesquisa: sensores
e biossensores para monitoramento de
processos e produtos; membranas de
separação e embalagens biodegradáveis, bioativas e inteligentes; novos usos
de produtos agropecuários.
Para o coordenador da rede e chefe de
P&D da Embrapa Instrumentação
Agropecuária, Luiz Henrique Capparelli
Mattoso, “o agronegócio é uma área
onde o nosso país pode ter maior
competitividade em nanotecnologia,
graças às especificidades da agricultura tropical. A Embrapa tem um grupo
de excelência de pesquisadores altamente capacitados para acompanhar
e promover avanços do conhecimento neste tema”.
No Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio podem
ser desenvolvidas pesquisas para aplicação de novas ferramentas para biotecnologia e nanomanipulação de genes
e materiais biológicos; desenvolvimento de catalisadores mais eficientes para
produção de biodiesel e utilização de
óleos vegetais e outras matérias primas
de origem agrícola para produção de
plásticos; tintas e novos produtos, produção de nanopartículas para liberação
controlada de nutrientes, pesticidas e
drogas; nanopartículas e nanodeposição
de filmes bioativos para biofiltros, membranas e embalagens biodegradáveis e/
ou comestíveis para alimentos.
Miniagroindústria
é Inaugurada para
Agregar Valor a Frutas
Por meio de iniciativa do Projeto Agroflorestar, da Associação da Preservação
Ambiental do Apiaú (Apaa), com
apoio técnico da Embrapa Rondônia,
foi inaugurada, em abril, a miniagroindústria de beneficiamento de frutas em
Mucajaí, Roraima.
A fábrica, que já possui acordos de
vendas fechados, conta com máquina
de lavagem, mesa seletora, despolpadeira, dosador, seladora manual e três
freezers. O objetivo é, além de agregar
valor aos produtores, aproveitar a mãode-obra da região, assim como incentivar a sustentabilidade e auxiliar na
qualidade de vida. As polpas produzidas
serão vendidas para algumas prefeituras
do Estado e para Manaus.
Carlos Augusto Gomes, presidente da
Apaa, está confiante e satisfeito com a
implantação. “Ela vai estimular os produtores a utilizarem o sistema agroflorestal e preservar o meio ambiente.
Afinal, antes eles não sabiam o que fazer
com as frutas. Quando tentavam
vender, chegavam a perder 50% delas
no transporte. Agora eles podem
transformar em polpa e vender. A
capacidade da miniagroindústria é de até
100 kg/dia”, afirma.
Suco de Uva Branco
O suco de uva branco, elaborado a
partir de uvas brancas americanas e feito de forma 100% natural, é o novo
lançamento da vinícola Perini. O produto é novidade no mercado brasileiro, mas já é bastante conhecido no Exterior. Não possui adição de açúcar ou
conservantes e tem alta concentração
da fruta. Segundo a empresa, o suco
estimula as funções hepáticas, faz bem
ao coração, é alcalinizante e auxilia na
digestão, além de possuir propriedades
antioxidantes. Mais informações:
www.vinicolaperini.com.br
Envie suas notícias para:
[email protected]
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NO POMAR
Daniela Mattiaso
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UM ABACAXI FANTÁSTICO
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Um novo inseticida para o controle do Psílideo e outras
pragas em citros já está em fase final de registro, com previsão de lançamento para o mês de junho. O produto é o
Sumidan 150, da empresa Ihara. “Ele age no sistema nervoso dos insetos, como o bicho-furão, o pulgão, a orthezia,
a cigarrinha e o Psílideo, sem provocar desequilíbrio na
população de ácaros”, explica o gerente de Cultura da Ihara,
Eduardo Figueiredo. Outro produto da empresa para o
manejo em citros é o Tiger, que auxilia no controle de ovos
e ninfas, além de esterilizar as fêmeas do inseto, quebrando o ciclo da praga no pomar.
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NOVO PRODUTO PARA CITRUS
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A edição n° 11, de setembro de 2008, da Revista Frutas e Derivados, divulgou o pré-lançamento da nova cultivar de abacaxi IAC Fantástico, desenvolvida pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Em função
da grande procura, após a divulgação, o Instituto informa que as mudas
ainda não estão sendo comercializadas, mas disponibilizadas unicamente
para experimentação de validação, sob contrato, para produtores previamente selecionados. A cultivar deverá ser lançada no final de 2009 ou
início de 2010, após conclusão do processo de Proteção de Cultivares, já
em fase final.
Para informações, envie um e-mail para [email protected]
ou ligue para (19) 32415847 ou 32 315422.
MARCO TECCHIO - IAC
A poda temporã é uma modalidade de poda realizada após a colheita da safra normal em videiras. O principal objetivo, segundo Marco
Antonio Tecchio, pesquisador do Centro de Frutas do Instituto Agronômico (IAC), é obter uma produção fora de época, permitindo que
o viticultor tenha uma fonte de renda a mais no ano, obtendo duas
safras anuais. “Com essa safrinha ele pode garantir bons rendimentos ao abastecer o mercado em um período que há menor oferta de
uva no mercado, obtendo melhores preços.” De acordo com o pesquisador, a técnica consiste em uma poda longa, na altura do segundo fio de arame da espaldeira (ramos com aproximadamente 30 cm
de altura), deixando-se desenvolver a brotação apenas da última gema
do ramo, e seguida de adequações no manejo, com o maior cuidado com controle fitossanitário da planta. A prática já é bastante comum nas regiões tradicionais de cultivo de uva Niagara Rosada, compreendendo as regiões de Jundiaí, São Miguel Arcanjo, Indaiatuba e
Porto Feliz, responsáveis por 80% da produção de uva no Estado de
São Paulo. “Por ser realizada, geralmente, em períodos chuvosos,
entre dezembro e fevereiro, essa poda exige uma pulverização mais
frequente do vinhedo, ocorrendo a cada dois ou três dias. Antes de
realizar a poda temporã, o produtor precisa avaliar o custo-benefício da prática, pois ela aumenta as despesas da plantação.” Outros
pontos a serem analisados, segundo ele, são a menor vida útil da
videira e a menor produtividade na safrinha. “A vida útil de um vinhedo é de 15 a 18 anos. Com a poda temporã, realizada em anos
alternados, ela cai para 10 a 12 anos.” Na região de Jundiaí (SP), a
produtividade da safrinha da uva Niagara oscila entre 1,5 kg a 2,5 kg
por planta, enquanto que na safra varia de 2 a 3 kg por planta. Segundo Tecchio, “pode-se ter maior produtividade com a poda
temporã, quando houver alguma alteração climática durante a poda
normal da videira, como a ocorrência de baixas temperaturas na
Técnica consiste em poda longa, na altura do segundo fio de
brotação ou no florescimento”. A poda temporã também pode ser
arame da espaldeira, diferente da poda de inverno (acima)
realizada em uvas viníferas, de acordo como pesquisador, mas a dificuldade no controle fitossanitário é maior. “No entanto, a colheita
em período de baixa precipitação favorece a maturação da uva, originando frutos com maior teor de sólido solúvel, importante para
elaboração de vinhos de melhor qualidade.”
Mais informações podem ser obtidas no Centro de Frutas do Instituto Agronômico pelo telefone (11) 4582-7284
MARCO TECCHIO - IAC
PODA TEMPORÃ DE UVAS
NIAGARA
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PERA E CAQUI NO SEMI-ÁRIDO
Os produtores de frutas no Semi-Árido brasileiro terão mais duas espécies para diversificar seu negócio: a pera e o caqui. As pesquisas
para cultivo comercial destas duas frutas típicas de temperaturas mais baixas estão sendo conduzidas pela Embrapa Semi-Árido.
A pera já está em vias de se estabelecer como uma alternativa de plantio comercial nas áreas irrigadas do Submédio do Vale do São
Francisco, onde o clima é quente com pequenas variações ao longo do ano. Segundo o pesquisador Paulo Roberto Coelho Lopes, da
Embrapa Semi-Árido, os estudos começaram em 2005, em busca de soluções para superar a necessidade que a frutífera requer de
cerca de 400 a 500 horas de frio para produzir. Os testes conduzidos até agora com as cultivares 16.30 MG 8 e MG 12, do Instituto
Agronômico de Campinas (IAC), são promissores, com excelente desenvolvimento vegetativo, florescendo e frutificando em quase
todos os meses do ano. “O desempenho das plantas no Campo Experimental de Bebedouro e as avaliações da qualidade dos frutos
em laboratório nos deram duas certezas. Uma, que será possível a produção de peras nas condições ambientais do Vale do São
Francisco. Outra, o cultivo poderá ser manejado para colheita no segundo semestre, quando o mercado brasileiro é abastecido por
frutas importadas da Argentina, dos Estados Unidos, do Uruguai e Chile.”
Quanto ao caqui, Coelho Lopes afirma que estuda a adaptação do caquizeiro às condições irrigadas do sertão nordestino desde 2006.
Duas variedades já se destacaram: Giombo e Rama Forte. A fruta terá produção no segundo semestre, entre os meses de agosto e
dezembro. Segundo o pesquisador, nos testes, a qualidade e quantidade de frutos por planta foram semelhantes às da região sudeste.
Uma boa oportunidade, já que as colheitas ocorrem entre os meses de fevereiro e junho nos pomares do Sul e Sudeste. Depois o
mercado nacional só volta a ser abastecido em outubro com caquis de países, como Espanha e Israel, que chegam ao consumidor
com preços até quatro vezes maior que os praticados no período da safra normal.
Para mais informações: Embrapa Semi-Árido (87) 3862-1711.
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BRASILEIRÍSSIMA, MAROLO
Parecida com uma pinha, porém, de casca mais dura e rugosa,
de cor verde e marrom, quando madura, o marolo (Annona
crasiflora Mart.) é uma fruta típica do cerrado brasileiro. O fruto
pesa de 0,5 kg a 4,5 kg, contendo de 60 a 190 gomos, possuindo, geralmente, uma semente dentro. Chamada também de
araticum ou cabeça-de-nego,
sua polpa varia do branco ao
amarelo e vermelho, sendo o
último, com sabor e cheiro
mais acentuados. Pode ser
consumida ao natural e usada
também no preparo de sorvetes, doces, geléias, licores,
bombons, iogurte ou como
ingrediente em receitas com
carnes e peixes. Sua árvore
tem de 4 a 8 metros de altura. Mas é a sazonalidade, a característica mais marcante deste fruto, segundo o professor
da Universidade Federal de
Alfenas (Unifal), Marcelo Rezende. “As frutas são colhidas apenas
entre fevereiro e abril. Em média, uma planta adulta produz de 5
a 20 frutos, mas há casos de produzir até 40 frutos. Ela é
potencializada quando a árvore é cultivada em regiões quentes,
de baixa precipitação pluviométrica e estação seca bem definida.
A produção de frutos só começa após o quarto ano de plantio”,
explica o professor.
Atualmente, há poucos plantios comerciais, predominando o
extrativismo. “A colheita é feita por pequenos produtores, que
têm na extração do marolo uma importante fonte de renda. Todo
o processamento da fruta é realizado de forma artesanal. No sul
de Minas Gerais, alguns poucos viveiristas produzem mudas para
venda”, conta Rezende.
Quanto ao manejo da planta,
um levantamento feito pela
Unifal, no sul mineiro, mostra
que a única prática adotada é
a realização de duas a três capinas por ano. Apesar de existirem doenças e pragas que
atacam planta e frutos, os produtores não fazem tratamentos preventivos. Também não
são realizadas adubações.
A fruta é considerada fonte de
diversos nutrientes, como vitaminas do complexo B
(tiamina, riboflavina e biotina),
equivalentes ou superiores aos encontrados em abacate, banana
e goiaba. “A quantidade de fibras é similar à da manga, suprindo
16,4% da recomendação diária para um adulto (20 g). O
marolo é ainda boa fonte de vitamina C, com valor similar ao da
goiaba vermelha.”
Mais informações com a Unifal (35) 3299-1110 e a
Emater-MG (35) 3292-1170.
MARCELO REZENDE/UNIFAL
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FRUTAS FRESCAS
SEM TEMPO
RUIM
Ainda com uso restrito, o cultivo protegido de frutas
apresenta vantagens no pomar e na comercialização, mas
exige investimentos e manejo diferenciado
Maria Finetto
AGRÍCOLA FRAIBURGO
Maçãs crescem protegidas de granizo sob tela protetora, mantendo a qualidade exigida pelo consumidor
14
FÁBIO VÁLIO DE CAMARGO
e floricultura, que são cultivos mais intensivos com rendimento calculado em metros quadrados.
“Em fruticultura, os rendimentos são por hectare e um pouco mais extensivo. Com isso, o cultivo
protegido é mais direcionado para proteção contra
granizo, evitando danos em frutos com perda de
qualidade e, também, em algumas situações, evitando que se perca toda a produção”, explica
Timotheus Johannes van de Laar, diretor da
Holantec, empresa de consultoria em fruticultura,
com atuação nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
O diretor explica que as áreas mais representativas com cobertura anti-granizo são no cultivo do
AGRÍCOLA FRAIBURGO
As noites geladas e os dias quentes da serra gaúcha, bem como o inverno rigoroso com
frequentes geadas e até mesmo neve, proporcionam as melhores condições para o cultivo de uvas
finas de mesa no Sul. Tamanha variação de clima, no
entanto, provoca nos parreirais, a incidência de doenças, que são reduzidas com uso de cobertura plástica.
O produtor João Pedro Toss usa a cobertura para proteger as uvas Itália e Rubi em sua propriedade, em
Caxias do Sul (RS). Ele é um dos pioneiros no uso da
proteção junto a outros 150 produtores de uva da
região nordeste do Rio Grande do Sul. O cultivo protegido é uma prática ainda recente e usada em menor
escala na fruticultura, quando comparado a horticultura
caqui, ameixa e uva, no Estado de São Paulo, e maçãs, nos Estados do Sul. Segundo ele, é comum encontrar situações em que um produtor resiste em investir neste tipo de cobertura e perde toda a produção com chuva de granizo, por exemplo, enquanto
um vizinho que colocou toda a estrutura, gastou em
torno de R$ 30 mil por hectare, garantiu sua safra. “O
retorno do investimento depende do tipo de cultura,
mas pode girar em torno de um ano”, afirma.
MAIS UVAS
O produtor Toss, que está no ramo de uvas finas de mesa há 40 anos, produz cerca de 20 toneladas de uvas, destinadas ao mercado do município, sendo que cerca de 40% são vendidas diretamente na propriedade. Sua produção em cultivo
protegido, no entanto, começou em 2001.
Seu filho, o engenheiro Daniel Toss explica que
a cobertura plástica reduz as condições para o desenvolvimento de fungos e, desta forma, a aplicação de defensivos é em concentrações bem menores. Porém, com a cobertura plástica ocorre um
aumento das condições favoráveis para a incidência
de pragas, como insetos, que na propriedade do
Toss são controlados com inseticidas orgânicos, produzidos a partir de extratos vegetais.
Consumidor paga por fruto melhor
e atacadista não tem encalhe
Paulo Leovane Franco, supervisor de Vendas da
Poliagro Indústria de Plástico, uma das três fornecedoras da família Toss, diz que “com a cobertura é
possível reduzir a quantidade de aplicação de defensivos em torno de 80%. Isso porque a estufa
evita a não criação de ambiente propício a proliferação de fungos”.. Segundo ele, “o aumento na produção é visível embaixo das estufas: de até 45% em
variedades, como Niagara e Moscato Giallo, que
saltou de 32 toneladas por hectare para 48 toneladas por hectare na safra de 2007/2008.” A explicação para isto? “A planta consegue fazer a fotossíntese
melhor embaixo da proteção em função do calor
armazenado, reduzindo assim o estresse causado
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FRUTAS FRESCAS
pelas diferenças de temperatura durante a noite.
A planta também absorve melhor a adubação”, explica Leovane Franco, baseado nos resultados obtidos pelos produtores que atende. O plástico é colocado em cima da parreira sustentado por arcos
galvanizados ou cordoalhas e tem uma espessura
(micragem) maior do que as estufas tradicionais. O
custo de usar essas estufas é em torno de R$ 35 mil
a R$ 38 mil sem contar a mão-de-obra. Nas contas
de Paulo, o investimento compensa: o produtor de
uva Niagara coberta vende a fruta por R$ 1,40 e
R$ 1, 50, o dobro da uva desprotegida. A produtividade é, segundo ele, 35% a 40% maior nessa variedade. “Com uma produção de 25 ou 30 toneladas por
hectare, mais o valor agregado da fruta, ele pagaria os
custos da cobertura na primeira safra”, calcula.
granizos na região. Alexander Souza, gerente da
Agrícola Fraiburgo, diz que essas maçãs são vendidas para o mercado interno e externo, principalmente para a Europa (Holanda, França e Suécia). “A
principal vantagem é poder garantir a oferta do fruto para os mercados mais exigentes, o que não acontece quando a fruta está danificada pelo granizo. Sem
danos, é possivel exportar em categorias de maior
valor agregado”, afirma. Segundo ele, os investimentos giram em torno de R$ 30 mil a R$ 40 mil por
hectare, em função da eficiência e modelo adotado (somente estrutura para proteção ao granizo).
02
01. Plástico é colocado em cima da parreira sustentado
por arcos galvanizados
02 e 03. Uvas Rubi e Itália são produzidas sob cultivo
protegido no Sul do país
DANIEL TOSS
01
16
DANIEL TOSS
DANIEL TOSS
03
OFERTA GARANTIDA
CONSUMIDOR PAGA
Em Santa Catarina, está localizado o projeto Cedro, iniciado em 2003 pela Agrícola Fraiburgo, no
município de Urupema. A empresa adquiriu, na
época, terras para plantio de maçãs. Hoje, são 118
hectares, sendo um terço de Clones de Fuji e dois
terços de Clones de Gala. As variedades são protegidas com telas plásticas, apoiadas sobre estruturas de madeira (postes de eucalipto) e armação de
arame devido ao elevado índice de ocorrência de
O produtor Paulo Toyoda usa tela para proteger a plantação de caqui Fuyu e Giombo, conhecidos como crocantes, contra o granizo e ataques de
pássaros. São 15 hectares já cobertos. Ao todo são
70 e restam outros 55 para receber a cobertura,
mas vai depender de quando entrarem em produção. Ele também usa a tela para proteger seis hectares de uvas Itália e Rubi, em seu sítio em Pilar do
Sul (SP). Toyoda é diretor técnico da Associação
FRUTAS FRESCAS
Paulista dos Produtores de Caqui (APPC), que reúne
73 associados. Apesar de ser um investimento alto, compensa, na opinião dele. “Em uma chuva de granizo de
cinco minutos, dependendo da intensidade, há o perigo de se perder tudo aquilo que se plantou no ano e
até a safra seguinte”.
Ele explica que a chuva pode ser tão severa a ponto
de ferir o galho; o processo de cicatrização é demorado e a perda das folhas dificulta a fotossíntese da planta.
“A tela quebra a velocidade do vento e ainda impede
que pássaros ataquem os frutos, o que garante ao fruto
uma melhor qualidade de pele – mais lisa e sem
ferimentos.” Com a uva, acontece o mesmo e o produtor consegue preços melhores pela qualidade dos frutos. “Quem manda é o mercado, mas o consumidor
paga centavos a mais por um fruto de melhor qualidade e o atacadista não tem encalhe de produto”, afirma
Toyoda, que vende caqui para todo o país e exporta
para o Canadá e para países da Europa, como Holanda,
Alemanha e Espanha.
APLICAÇÕES
Antonio Bliska Júnior, engenheiro agrônomo da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), observa que, com
o passar do tempo, o plástico ganha maior utilização,
desde a embalagem para as sementes até às estufas.
Hoje, há uma variedade de proteções de diferentes usos
e maneiras de instalação e todas requerem muito cuidado na definição da finalidade e na instalação para que
tenham resultados. A tela anti-granizo, por exemplo,
deve ser colocada com 3% de inclinação para que, no
caso de uma chuva forte, o granizo escoar e não perfurar a proteção, o que acontece se estiver totalmente na
horizontal. Há também as telas de sombreamento usadas de forma errada, quando colocada para fechar as
laterais de estufas. ”A coloração à base de negro de
fumo, preta, é usada para dar longevidade ao produto.
Ocorre que essas telas de coloração preta elevam a
temperatura no interior da estufa e a planta sofre muito
com o calor”, explica. Há também as telas reflexivas
que podem ser usadas para fazer sombra dentro do
ambiente de estufas. Finalmente, há as coloridas (vermelhas, azuis, etc.), que induzem respostas fisiológicas
diferentes dependendo da tonalidade.
Saber quanto se usa de tela e estufas no Brasil é um
dilema, pois não há números oficiais. A Secretaria da
Agricultura do Estado de São Paulo estima 1.450 hectares de estufas em território paulista. Segundo o Comitê
Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plásticos
na Agricultura, são mais de 15 mil hectares de estufas
no país. Nesse número estão incluídas estufas galvanizadas, de madeira e para proteção de flores, hortaliças,
eucalipto e mudas frutíferas.
Inovação para Morango
Flavio Fernandes Junior, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios
(Apta), avalia o desempenho de três sistemas de cultivo de morangos em substrato. O
experimento está sendo conduzido em Jundiaí
(SP), no Centro de Capacitação e Formação
de Mão-de-Obra do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jundiaí e Região.
Dentre os sistemas sem solo, dois são dentro
de estufas convencionais, sendo estes a
hidroponia vertical em substrato e o sistema
de canais de cultivo dispostos como prateleiras. O terceiro sistema é a novidade entre as
técnicas avaliadas e busca reduzir os custos
com o ambiente protegido. É uma simplificação do cultivo em canais com substrato. “Consiste em construir bancada de cultivo fora de
estufas, com uma cobertura individual, com
um túnel baixo instalado sobre cada bancada”, diz.
Segundo o pesquisador, as mesas com cobertura individual, têm custo de implantação três
vezes menor que os sistemas em estufas, pois
são cobertas com filme de polietileno de 70
micras sobre uma estrutura de sustentação de
tubos de PVC de 25 milímetros; e permitem
excelente manejo das condições ambientais a
exemplo dos túneis baixos, pois podem ser
abertas para abaixar a temperatura ou fechadas para elevar. A desvantagem fica por conta do manejo de abrir e fechar a cobertura,
quando necessário.
Resultados preliminares mostram que a produção por unidade de área nos três sistemas
se equivale. “Contudo, o sistema em bancadas com coberturas individuais apresenta um
custo de instalação para um módulo de 350m2
de R$ 5.4 mil, o sistema vertical R$14,8 mil
e as prateleiras R$17,6 mil para os mesmos
350 metros quadrados”, diz.
O projeto é uma parceria do Sindicato com o
Centro de Fruticultura do Instituto Agronômico
de Campinas (IAC) e o Pólo Regional da Apta,
de Monte Alegre do Sul (SP). O experimento
tem 6 mil plantas das variedades Oso Grande e
Camino Real, em uma área de 331 metros quadrados. O grande objetivo do projeto, segundo
Fernandes Junior, é encontrar alternativas e
transferir as técnicas aos produtores
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A campanha Saborosa Brincadeira aponta resultados positivos em
aumento de consumo, mas precisa da união do setor e de apoio
governamental para ser maior
BANCO DE IMAGENS COMPLEXO DE
ALIMENTOS E BEBIDAS APEX BRASIL
Ana Heloísa Ferrero
18
Maria Fernanda, de 5
anos, é a típica criança brasileira: come pouquíssima
fruta. Mas essa situação começou a mudar em abril,
quando a menina associou a
ingestão do alimento in
natura a um momento lúdico
junto aos familiares. Ela e os
primos, na faixa etária entre
4 e 9 anos, agora pedem
à supervisora de Comércio
Exterior, Lilian Moledas,
mãe de Maria Fernanda,
frutas frescas com adesivos
de “carinhas”.
“Para ser sincera, até os
adultos ficam mais estimulados em consumir esse alimento, pois é muito legal
chegar em casa e ver a cesta
de frutas com carinhas. FicaRaquel Oliveira: Crianças adoraram a brincadeira e as mães voltavam para comprar mais
mos encantados com os adesivos”, confessa Lilian, uma
das mães que recebeu o material promocional da Saborosa Brincadeira, Raquel Oliveira, mostrou-se
Saborosa Brincadeira, campanha do Instituto Brasi- empolgada com os resultados. “As crianças adoraleiro de Frutas (Ibraf) e do Serviço de Apoio às Micro ram a brincadeira e as mães, satisfeitas, voltavam
e Pequenas Empresas (Sebrae) de São Paulo. A cam- para comprar mais.” De acordo com Raquel, os pais
panha tem como foco o incentivo ao consumo de também provaram as frutas menos comuns ao diafrutas, principalmente entre as crianças, futuras com- a-dia de compras, como o figo, e levaram-nas para
pradoras de fruta no país. Realizada em abril, em casa. Para quem queria saber mais sobre cada fruta
20 lojas da rede de supermercados Pão de Açúcar promovida pela campanha (uva, caqui, limão tahiti,
da capital paulista, a campanha reuniu promotoras manga, abacaxi, figo, acerola, goiaba, pêssego, ameide vendas que distribuíam frutas e material infor- xa e nêspera), era distribuído um material que mosmativo sobre o seu valor nutricional. A criança que trava as características desses alimentos e benefíciacompanhava os pais ao supermercado era convi- os à saúde; acessando o site da campanha havia tamdada a experimentar várias frutas, usando óculos bém sugestões de receitas de doces, como geléias,
escuros que a impedia de saber qual estava pro- mousses e sorvetes, para que o consumidor pudesse
vando. Se aceitasse participar da brincadeira, ga- ter alternativas para consumi-las. Esse material connhava uma cartela com adesivos com carinhas para tinua disponível no site do Ibraf (http://
www.ibraf.org.br), com dicas importantes, por
serem coladas às frutas que levava para casa.
Lilian Moledas, que mora em São Bernardo do exemplo, de como escolher determinada fruta no
Campo (SP), chegou a solicitar ao Ibraf novas cartelas ponto de venda. No caso da uva, explica-se que o
de adesivos depois que as primeiras “carinhas” re- consumidor deve preferir aquelas em cachos bem
cebidas terminaram. Ela não quer interromper a cheios, com bagas firmes e lisas. Se desprender com
brincadeira feita com as crianças porque está feliz facilidade do cacho, é sinal de que está começando
com o resultado do consumo de frutas. Segundo a passar do ponto ideal de consumo. E, segundo
ela, para a menina comer fruta, até então, era pre- resultados observados na campanha, esta é a fruta
ciso fazer vitamina com leite ou preparar sucos. preferida das crianças, que é mais fácil de ser
“Das frutas que come sem misturar a nada, a prefe- consumida, sem necessidade de ser descascada.
rida é a uva. Mas, para ampliar o leque de opções,
acho que deveria haver mais campanhas de exce- EXECUÇÃO EM PARCERIA
lência como esta”, afirma.
A Saborosa Brincadeira foi planejada pelo Ibraf
Uma das promotoras de Vendas da campanha e Sebrae-SP porque ainda é baixo o consumo
IBRAF
INCENTIVO AO CONSUMO
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É BOM SABER
- Obesidade é uma doença na qual
a reserva natural de gordura aumenta até o ponto em que passa a estar associada a certos
problemas de saúde ou ao aumento da taxa de mortalidade.
- Pesquisadores já concluíram
que o aumento da incidência de
obesidade em sociedades ocidentais, nos últimos 25 anos do
século 20, teve como principais
causas o consumo excessivo de
nutrientes combinado com crescente sedentarismo.
- Determinadas doenças físicas e
mentais e algumas substâncias
farmacêuticas podem predispor
à obesidade.
- O principal tratamento para a
obesidade é a redução da gordura corporal por meio de adequação da dieta e aumento do
exercício físico.
- O Guia Alimentar do portal do
Ministério da Saúde recomenda que o brasileiro consuma três
porções de frutas, legumes e
verduras por dia (ou pelo menos 400 g/dia). Isto diminui o
risco de desenvolvimento de
doenças crônicas não-transmissíveis, mantém o peso adequado do indivíduo e aumenta a
resistência contra infecções, já
que frutas, legumes e verduras
são fontes da maior parte de
vitaminas e minerais necessários ao organismo.
Fontes: site Wikipédia e portal
do Ministério da Saúde
20
de frutas no Brasil em relação a países de primeiro mundo. “Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cada indivíduo
deve consumir, no mínimo, 100 quilos de fruta por ano, mas no
nosso país o consumo é de apenas 62 quilos por habitante ao ano.
É por isso que as campanhas em supermercados, que são os locais
tradicionais de compra da população, devem ser frequentes, aliadas a uma propaganda agressiva em mídia televisiva, que é de amplo
alcance, para reforçar o consumo”, afirma o coordenador do projeto pelo Ibraf, Maurício de Sá Ferraz. Ele cita que, em média,
uma ação similar a essa nos pontos de venda eleva em 30% a
venda do produto divulgado. “Percebemos que não há o hábito
do consumo de frutas em crianças, a não ser entre aquelas em
que a família já consumia frequentemente esse tipo de produto.
Mas, ao provar, em geral, a criança gosta, especialmente se for
uma fruta de qualidade.”
A ideia, conforme Ferraz, é dar continuidade a essa campanha
no segundo semestre deste ano, tanto em supermercados quanto
nos principais parques de São Paulo, com ações de marketing aos
finais de semana. “Esses locais são frequentados por pessoas que
buscam qualidade de vida, o que inclui uma alimentação saudável.
Depois, queremos ampliar para outros estados em que o Ibraf
tem parceiros na produção frutícola, alcançando todos os tipos de
frutas produzidas no país, aproveitando a safra de cada uma delas.” Ferraz explica que, em geral, a fruta colhida na safra tradicional tem melhor qualidade e preço mais acessível ao consumidor.
Para a campanha do próximo semestre, ele antecipa que está previsto o apoio tanto da holding do Grupo Pão de Açúcar quanto da
produtora e distribuidora de frutas Benassi São Paulo Importação
e Exportação, que já participaram da ação em abril.
“Fomos convidados para participar da campanha pela experiência que temos com vendas promocionais de frutas em várias
redes de supermercado do país. O Pão de Açúcar já é nosso cliente e tem o perfil adequado a esse tipo de divulgação porque tem
peso na opinião pública. Na primeira etapa da campanha, a rede
nos pediu exclusividade e aceitamos”, conta Luci Benassi, diretora
comercial da empresa. Segundo ela, há 12 anos, a Benassi utiliza
como estratégia de vendas de frutas nas lojas dos supermercados
uma equipe de promotores treinados, que explicam as vantagens
de cada uma delas. “Hoje, só no Estado de São Paulo temos cerca
de 900 promotores, mas no Brasil todo deve chegar a 2 mil colaboradores. A promoção nos pontos de venda traz resultados significativos, podendo até dobrar a venda do produto.” Ela ressalta
que este tipo de ação só funciona se o produto for de qualidade.
“Não devemos enganar os nossos clientes com uma fruta de má
qualidade, pois prejudicaremos a nós mesmos com a queda das
vendas”, ensina. Há 55 anos no mercado, a Benassi comercializa
frutas de produção própria e de terceiros, inclusive oriundas de
outros países, como Chile e Argentina. “Compramos frutas frescas
e secas de fornecedores que tenham o melhor produto para oferecer na época de colheita e revendemos nos pontos de venda.”
Sem exportar no momento, pois consegue vender todo o volume
produzido ou adquirido de parceiros no mercado interno, a Benassi
também oferece a clientes interessados o serviço de consultoria para
ampliar a venda de frutas em supermercados.
A campanha Saborosa Brincadeira faz parte
de um projeto mais amplo, o Fruta Paulista, coordenado pelo Ibraf e Sebrae-SP, lançado em fevereiro de 2007, para melhorar a qualidade do produto
oferecido por pequenos produtores do Estado de
São Paulo e, consequentemente, ampliar suas vendas internas e externas. Este projeto capacita 400
produtores em Boas Práticas Agrícolas, que resultam em sua certificação GlobalGAP. “Para uma propriedade ser certificada é necessário que o produtor siga um conjunto de princípios, normas e recomendações técnicas de gestão aplicáveis na produção, processamento e transporte de alimentos, orientadas a assegurar a proteção da higiene, da saúde humana e do meio ambiente. As normas aprimoram o controle sobre o sistema produtivo, melhorando o processo de tomada de decisão técnica,
gerencial e comercial”, explica José Carlos Gomes
dos Reis Filho, consultor e gestor estadual da cadeia
de fruticultura do Sebrae-SP.
Participam do projeto produtores de frutas oriundas de seis regiões paulistas: Araçatuba, Araraquara,
Botucatu, Campinas, Presidente Prudente e
Sorocaba. “As frutas selecionadas (uva, caqui, limão
tahiti, manga, abacaxi, figo, acerola, goiaba, pêssego, ameixa e nêspera) foram aquelas que tinham
maior possibilidade de mercado. As seis regiões foram escolhidas por serem pólos importantes de
produção e locais onde o Sebrae-SP já tinha uma
atuação importante junto a pequenos produtores
rurais”, diz Reis Filho. Enquanto o Sebrae-SP ficou
responsável pela capacitação do produtor, o Ibraf
responsabilizou-se pela parte de promoção das frutas ligadas ao projeto.
O coordenador pelo Ibraf analisa que, para o
incentivo de frutas realmente funcionar no Brasil,
deve haver um envolvimento tanto da iniciativa
EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS
PROJETO MAIOR
Pesquisadora
Virgínia da
Matta conduz
projeto da
Embrapa
Agroindústria
de Alimentos
na zona oeste
do Rio de
Janeiro
privada quanto do setor público, que devem abraçar causas como esta. “O setor produtivo sozinho
não terá condições de obter os resultados de sucesso esperados em campanhas do tipo, que têm
retorno estimado em médio e longo prazos, pois
exigem mudanças de hábitos da população. Há projetos de lei que querem exigir frutas na alimentação
escolar dos alunos e louvamos estas iniciativas pelo
Brasil, pois, se a criança tem acesso a uma alimentação saudável, ela poderá comer a fruta no intervalo da aula e o gesto passará a ser replicado em
casa”, acredita Maurício de Sá Ferraz. Para ele, somente com o envolvimento de toda a cadeia é possível ampliar a empreitada para todo o país.
INVESTIMENTO, MÍDIA
E DIFICULDADES
Uma campanha no ponto de vendas, como a
Saborosa Brincadeira, possui um valor considerado
baixo pelos parceiros, em vista do resultado obtido. “Mas ela só funciona se a mídia televisiva estiver
presente e isso, sim, é caro. Na campanha de abril,
21
BENASSI
INCENTIVO AO CONSUMO
Luci Benassi e o tio Mario Benassi, empresa apoia iniciativa do Ibraf
tivemos cinco mídias televisivas espontâneas, cujas
matérias resultaram em um tempo até maior que o
de um comercial. Isso não tem preço, pois dá
credibilidade ao trabalho.” A dificuldade financeira,
segundo Ferraz, não é a única questão. A principal,
diz, é a questão cultural. “O produtor não pode
achar que vender fruta é algo natural. Tem que investir em propaganda, especialmente no ponto de
venda, que é onde está o consumidor, para competir em pé de igualdade com produtos padronizados pela indústria alimentar, como bolachas e outras guloseimas, que têm um marketing de vendas
bastante agressivo.” E, principalmente, deve investir numa fruta de qualidade, para não denegrir a
imagem do produto. “Se o consumidor come o
morango fora da safra de inverno, em fevereiro,
por exemplo, e a fruta está ácida, ele vai começar a
dizer que o morango da infância dele é que era
melhor, que agora não é bom. A pessoa deixa de
consumir. Mas, se o produto é bom, o consumidor
está disposto até a pagar mais.”
Segundo Ferraz, o próprio supermercado deve
exigir de seus fornecedores frutas de qualidade, com
visual e gosto de alto padrão. “O grande apelo pra se
vender fruta é que ela é gostosa e faz bem à saúde. O
projeto Fruta Paulista, nesse sentido, traz resultados
aos produtores participantes, porque nesses dois anos
de execução houve uma real melhora do produto.
Agora, será necessário aprimorar a embalagem e diminuir o manuseio das frutas para se evitar perdas até
o ponto de venda. Se o consumidor sempre encon22
trar um produto de qualidade
no supermercado que frequenta, ele terá a confiança de
comprar a fruta, pois sabe que
o alimento estará bom na hora
que quiser consumi-lo.” Para
Ferraz, mudanças na cultura
alimentar e na própria produção de frutas de qualidade exigem tempo e comprometimento de todos e, por isso,
trazem resultados em prazo
mais longo.
A empresária Luci
Benassi defende que o produtor tem dificuldades de
elevar o consumo de frutas
no Brasil sem a ajuda do governo e de entidades. “Acho
que o Brasil somente vai alcançar patamares de consumo
europeu e norteamericano, se
houver uma melhor renda da
população e tivermos subsídios do governo para a fruta ser comercializada ou
promovida em feiras externas, como fazem os Estados Unidos e alguns países da Europa. Em sua
maioria, o produtor não é tão bem remunerado
pelo que vale o produto,, então, não tem recursos
para fazer propaganda de sua cultura. E a divulgação é importante porque, com a busca por uma
vida saudável, o consumidor quer saber o que cada
alimento faz pela sua saúde. Matérias favoráveis sobre determinada fruta, por exemplo, elevam sua
venda consideravelmente.”
OUTRAS AÇÕES
É possível encontrar pelo país outras ações de
estímulo a uma alimentação saudável, que passam,
necessariamente, pelo maior consumo de frutas por
parte da população. Nas escolas públicas de Campinas, no interior paulista, por exemplo, os mais de
159 mil alunos recebem uma alimentação variada,
com pratos elaborados pela equipe de nutrição do
Departamento de Alimentação Escolar, da Centrais
de Abastecimento (Ceasa) local e pela Secretaria
Municipal de Educação. Desde fevereiro, as 407
unidades escolares e as 150 salas de jovens e adultos atendidas pelo Programa de Alimentação Saudável e Qualidade de Vida da cidade são abastecidas
com mais de 208 toneladas de produtos, como arroz, feijão, hortifrutis, leite e derivados, carnes bovina, suína, de frango e peixe por mês. O objetivo
do programa é servir alimentos mais naturais possí-
IBRAF
veis e, por isso, prioriza-se a oferta de produtos in
natura, considerados a base de uma alimentação
saudável. Doces e sucos são feitos com frutas e legumes na própria escola. Assim, além de valorizar
os hortifrutis, o programa evita os produtos industrializados, o excesso de gorduras e de açúcar.
Fora do Estado de São Paulo há também boas
iniciativas que incentivam o consumo de frutas e de
hortaliças. É o caso do projeto liderado há dois anos
pela Embrapa Agroindústria de Alimentos nos bairros de Guaratiba, Campo Grande e Santa Cruz, na
zona oeste do Rio de Janeiro. Ele incentiva a produção de alimentos por meio da implementação de
pequenas hortas escolares e familiares, orientação
alimentar, oficinas de sensibilização de agentes de
saúde, professores e pequenos comerciantes, distribuição de material informativo e mobilização das
comunidades em datas especiais.
Segundo Virgínia Martins da Matta, pesquisadora
da Embrapa Agroindústria de Alimentos, os resultados do projeto só poderão ser mensurados ao
final da sua execução, em setembro de 2010, pois
ele é dividido em três etapas. “A primeira etapa cons-
tou de um
diagnóstico
da situação
inicial da
oferta
e
consumo de
frutas e hortaliças nas
comunidades. O público-alvo foi
as famílias
Frutas são integrantes de cardápio para uma vida saudável
assistidas
pela Estratégia de Saúde na Família, professores, merendeiras e
alunos de escolas e creches, proprietários de pontos
de venda e funcionários das empresas participantes.
Após a análise dos dados é que se partiu para a segunda etapa, a intervenção propriamente dita, cujas ações
serão executadas até setembro. A partir daí, terá início a última etapa, que é a avaliação do impacto das
ações, com a aplicação de novos questionários e posterior análise dos dados obtidos”, antecipa.
23
EM MEIO A AO
INCENTIVO
CRISE...
CONSUMO
Virgínia diz que o que torna possível a execução
do projeto é que ele conta com uma ampla rede
de parceiros: Prefeitura do Rio de Janeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto Nacional
de Câncer, Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura, Fundação Xuxa Meneghel, Pastoral da Criança de Guaratiba e Casa da Moeda do Brasil. Conta
ainda com o apoio da Secretaria de Saúde e Defesa
Civil do Estado do Rio de Janeiro, da Associação de
Nutrição do Rio de Janeiro, do Conselho Regional
de Nutricionistas (CRN 4), da Universidade Federal Fluminense e do Centro Universitário Metodista
Bennett. “Este tipo de projeto é complexo, pois necessita da participação de diferentes atores. Seria
muito difícil a sua execução por uma instituição isoladamente. Além disso, é um projeto no qual é essencial que os beneficiários das ações se tornem seus
protagonistas, a fim de as tornarem permanentes.
É um desafio.”
A intenção é que o projeto realizado nos bairros cariocas possa colaborar no delineamento de
uma estratégia que possa ser replicada a outros lo-
cais do país. “A Embrapa está empenhada a contribuir neste sentido, seja por meio dos seus projetos
de pesquisa ou de outras ações complementares,
caso da organização do workshop de lançamento do
Programa de Incentivo ao Consumo de Frutas e
Hortaliças, realizado no Rio de Janeiro, em março.
Entre os diversos participantes, estiveram representantes do Ibraf, da Associação Brasileira de
Horticultura (ABH) e da Associação Brasileira do
Comércio de Sementes e Mudas (Abcsem)”, lembra. Este workshop teve como objetivo unir os diferentes segmentos da cadeia envolvidos neste tema,
da produção à comercialização, passando pelas instituições de ensino e pesquisa, organizações de saúde, órgãos públicos e associações, a fim de alavancar
uma discussão mais global sobre as possíveis estratégias a serem tomadas para o aumento nacional do consumo de frutas e hortaliças. “O envolvimento dos diferentes segmentos, atuando em parceria em torno
deste objetivo comum, é o primeiro passo para o sucesso das ações que venham a ser desenvolvidas no
programa nacional”, ressalta Regina Lago, chefe-geral
da Embrapa Agroindústria de Alimentos.
EVENTO INTERNACIONAL
No segundo semestre, o Brasil sediará um
importante evento anual, que tem por objetivo discutir as estratégias adotadas em todos os países do continente americano para
incentivar o consumo desses alimentos com
foco na promoção da saúde. É o 5º Congresso
Panamericano de Incentivo ao Consumo de Frutas e Hortaliças, que acontecerá entre os dias
22 e 24 de setembro, em Brasília. “O congresso já foi realizado no México, Argentina, Uruguai e Chile. Estivemos presentes no 2º, em
2006, em Montevidéu, e agora participaremos
desta edição. A realização no Brasil é uma oportunidade para aprofundar a discussão sobre o
tema e contribuir para a implementação de
ações que possam, efetivamente, aumentar o
consumo de frutas e hortaliças no naís. Espe-
24
ramos que este tema esteja cada vez mais presente por aqui”, diz Regina Lago.
Para sua realização em terras brasileiras, foi
formada uma comissão organizadora com representantes do Ministério da Saúde, da Organização Panamericana de Saúde (Opas), do Instituto Nacional do Câncer, do Ministério da Agricultura, e da Embrapa Hortaliças. Também fazem
parte da comissão a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os ministérios do Desenvolvimento Social e do Desenvolvimento Agrário, o
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea) e a Associação Brasileira de
Horticultura. A expectativa é propiciar avanços importantes na realização do direito humano à uma alimentação adequada.
INCENTIVO AO CONSUMO
MAIS FRUTA
MAIS SAÚDE
Resultados de pesquisa mostram o crescimento alarmante da
obesidade no Brasil, que acompanha a tendência mundial
Ana Heloísa Ferrero
2006, quando foi apresentada a primeira edição do
estudo, batizado de Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas Por Inquérito Telefônico (Vigitel), 11,4% dos brasileiros eram obesos. Já, em 1975, outra pesquisa realizada no país,
a Estudo Nacional de Despesa Familiar (Endef),
mostrou que apenas 2,8% dos homens e 7,8% das
mulheres eram assim.
O problema não atinge apenas os adultos. Entre crianças e adolescentes, a prevalência de excesso de peso chega a 12% da população nacional e
de obesidade a 6%, segundo dados mencionados
pelo Conselho Nacional de Saúde, que publicou em
dezembro de 2008 uma resolução para aprovar
diretrizes que promovam uma alimentação saudável, com o objetivo de reverter a obesidade, que
BANCO DE IMAGENS COMPLEXO DE
ALIMENTOS E BEBIDAS APEX BRASIL
O incentivo ao consumo de frutas frescas - muitas vezes preteridas por guloseimas sem valor nutritivo - traz benefícios não apenas para quem
comercializa o produto, mas para quem os consome. É fato que a alimentação saudável e a prática
diária de atividades físicas são imprescindíveis para
solucionar dois dos problemas de saúde pública mais
crescentes em todo o mundo: o excesso de peso e
a obesidade.
Somente no Brasil, 13% dos adultos são obesos, sendo o índice maior entre as mulheres (13,6%)
e menor entre os homens (12,4%). Os dados são
de um estudo realizado em 2008 pelo Ministério
da Saúde e divulgado em abril deste ano, o qual
mostra que a enfermidade aumentou na população
nacional adulta de forma rápida e preocupante. Em
25
ARQUIVO PESSOAL
Nutricionista
Luciana Magri,
aumento
de obesos
deve-se à
indústria de
alimentos, que
mudou o
hábito
alimentar das
pessoas
está associada ao aumento da prevalência de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT). Este documento cita que a Organização Mundial de Saúde
alerta que a epidemia global de sobrepeso e obesidade, associada ao aumento da prevalência de
DCNT, tem entre os principais fatores de risco a
alimentação de má qualidade, a inatividade física e
o baixo consumo de frutas e hortaliças.
Conforme a nutricionista Luciana Di Pietro Magri,
doutora em Biologia Funcional e Molecular pela
Unicamp, e organizadora de congresso sobre obesidade, “há várias doenças associadas a problemas
de gordura: diabete, apneia do sono, hipertensão,
pedra na vesícula, doenças reumáticas, distúrbios
dermatológicos e alimentares, como anorexia e
bulimia, entre outras”, explica. Segundo ela, “a doença traz ao indivíduo mal estar psíquico, emocional e físico, que se agrava com o passar dos anos,
se não reverter o peso elevado. Assim sendo, a
obesidade requer tratamento multidisciplinar,
interagindo nutricionista, médico, educador físico,
psicólogo, entre outros”, alerta.
Como o Brasil vivencia um caso de saúde pública com essa enfermidade, Luciana diz que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) solicitou
que, a partir de abril de 2008, os convênios médicos passassem a oferecer nutricionistas em sua lista
de profissionais credenciados. “Achei que, por isso,
haveria um boom de consultas pelo convênio, mas
não foi o que observei. Acho que falta ao médico,
em geral, o hábito de encaminhar o paciente ao
nutricionista, quando diagnostica problemas alimentares e de peso. No caso da criança, caberia ao
pediatra indicar o aconselhamento alimentar.”
Apesar de alguns pacientes terem a influência
genética que leva à obesidade, Luciana afirma que a
maioria dos que passa por seu consultório é obesa
justamente porque se alimenta errado. Luciana atribui o aumento de obesos da população mundial à
indústria de alimentos, que mudou o hábito alimentar das pessoas. “A alimentação errada, como excesso de guloseimas e falta de frutas, legumes e
verduras, está ainda associada à baixa ingestão de
água. Então, não é só aquilo que se come que faz
mal à saúde, mas o que se deixa de comer. As frutas, legumes e verduras são alimentos reguladores
do organismo e dão sensação de saciedade,
desestimulando o apetite”, ensina. No consultório,
Luciana aconselha, após as refeições, que seus pacientes comam uma fruta como sobremesa, pois são
fontes de fibra, água, vitamina e sais minerais. De
preferência, uma fruta fonte de vitamina C, que facilita a digestão e é antioxidante. Mas a vitamina C
precisa de cuidados especiais: se a fruta não for
consumida logo que for descascada, perde as propriedades principais.
FRUTAS NO COMBATE À OBESIDADE INFANTIL
O Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), em conjunto com seus associados, participou, em junho, do 4º. mês da
Saúde Preventiva da Obesidade Infantil, realizado em São Paulo, Capital. Entre as atividades, houve degustação
de frutas e distribuição de materiais informativos sobre o benefício das frutas à saúde. A iniciativa é parte das
ações do Ibraf para incentivo ao aumento do consumo de frutas no país. O evento deste ano contou também com
circuito de palestras, organizado para nutricionistas e formadores de opinião.
O mês da Saúde Preventiva da Obesidade Infantil acontece todo ano, em junho. O principal objetivo é conscientizar
pais, responsáveis e formadores de opinião sobre a necessidade de cuidar da alimentação, desenvolver hábitos
alimentares saudáveis e a importância da prática de exercícios físicos para prevenção a este grave problema de
saúde. A lei 14095/05, que instituiu o mês da prevenção da obesidade infantil, é uma iniciativa do vereador
Ushitaro Kamia (PFL) e está em vigor desde 6 de dezembro de 2005.
26
AGROINDÚSTRIA
FRUTAS
DA BELEZA
Cosméticos com apelo de frutas ganham preferência do
consumidor, mas produtor ainda está fora deste mercado de
crescimento exponencial
Maria Finetto
A maçã do Jardim do Éden representa o segredo divino que não poderia ser provado. Na Europa renascentista,
“uma maçã ao dia mantinha o médico distante” (“an apple
a day keeps the doctor away”), dito popular que chegou
até os dias de hoje. Utilizar frutas em produtos cosméticos é tão antigo quanto estas citações, mas novo quando
se trata de produtores. São poucos os que exploram a
uva, laranja, tangerina, abacaxi, papaia, banana, ameixa,
morango, pêra, maçã e, outras mais regionais, como açaí,
cajá, graviola e acerola, como matérias-primas nas mais
diversas formulações de cremes, sabonetes, xampus e até
desodorantes. Os princípios ativos contidos nas frutas –
ácidos orgânicos, vitaminas, mucilagens, açúcares, pigmentos polifenólicos, flavonóides, sais minerais, proteínas e
aminoácidos – são as armas para combater os traços da
idade. E quem não quer se sentir bem numa sociedade
ávida por “vida eterna”?
Milhões de consumidores, se considerarmos o quanto cresce o mercado de cosméticos no Brasil. Segundo
dados da Associação Brasileira das Indústrias de Higiene
Pessoal, Cosméticos e Perfumaria (Abihpec), o volume
produzido saltou de 1,2 milhões de toneladas em 2004
para 1,5 milhão em 2008. As vendas líquidas de cosméticos no país foram de US$ 4,6 bilhões em 2004 para US$
11,9 bilhões em 2008. O setor prevê uma taxa de crescimento de 7% para 2009. O crescimento e a estimativa
de ampliação do mercado brasileiro, com aumento do
consumo, têm atraído cada vez mais empresas e opções
no mercado.
O interesse por produtos à base de frutas só tende a
crescer, uma vez que o perfil do consumidor é buscar
cosméticos cujas formulações tragam, além de qualidade,
resultados no dia-a-dia. “A vitalidade das frutas tem sido
um dos apelos importantes no segmento”, explica Levi
Oliveira Junior, gerente técnico da Farma Service, em São
Paulo. A empresa está no mercado há mais de 20 anos,
pesquisando e produzindo extratos que são oferecidos
ao mercado cosmético.
As frutas adquiridas pela Farma Service são processadas de forma a se obter um produto adequado à aplicação cosmética. Por se tratar de um processo de pequena
escala, as frutas não são compradas diretamente do produtor. O gerente explica que o percentual de frutas no
produto acabado é pequeno. “O objetivo da formulação
não é apenas a fruta, mas o equilíbrio que se pode atingir
com suas propriedades no produto final. A fruta funciona
como um aditivo no produto, atuando com propriedades
antioxidantes, amaciantes e hidratantes”, explica.
APELO DAS FRUTAS
Segundo o gerente, o comportamento do consumidor tem mudado ao longo do tempo. Antigamente um
produto tinha um tempo de vida no mercado de até 15
anos, mas, atualmente esse período foi reduzido para no
máximo um ano e meio. “O consumidor está mais ávido
por novidades. E o apelo das frutas é sinérgico na busca
por produtos naturais”, diz.
Visando nichos específicos e a conquista de mais adeptos, segundo o gerente, é importante que se amplie a
cesta básica de frutas usadas na formulação dos cosméticos. Ele cita que utilização de frutas com finalidade cosmética remonta aos primórdios da civilização. “Nossos ancestrais cultuavam as frutas como dádivas divinas que simbolizavam a perpetuação da natureza. Sua capacidade de
27
concentrar energia, procriar a própria espécie, produzir
aromas deliciosos, bem como cores e matizes espetaculares, teceram no ser humano um complexo processo de
atração por este legado dos deuses. Resta conhecermos
melhor esse elenco de possibilidades e agradecer a Deus
pelo presente precioso: as frutas”, diz. A Farma Service
não divulga produção e nem desempenho de vendas.
O Boticário confirma que o mercado de cosméticos à
base de frutas tem aumentado, mas por questões estratégicas não informa quanto. “Os cosméticos à base de frutas
crescem cada vez mais, movimentados pelo caráter
nutricional da fruta tanto para a pele quanto para os cabelos, além do grande poder de perfumação que as frutas
oferecem”, diz Marcella Nogueira, gerente de Produto
da linha Nativa SPA.
Ela explica que a empresa não compra matérias-primas diretamente de produtores, mas, sim, de empresas
fabricantes de matérias primas. O Boticário é uma empresa global, presente em 24 países. Como tal foi buscar
elementos nativos dos cinco continentes para os produtos
da linha Nativa SPA. Das Américas vieram baunilha, maracujá, pitanga, cacau, água de coco, castanha. Já ingredientes como bergamota, banana, figo, amora, manga,
ameixa, damasco e sândalo são da Ásia. A Europa contribuiu com alecrim, hortelã, altéia, ervas e verbena. A
melaleuca é original da Oceania. E, por fim, da África,
veio Aloe Vera.
AMAZÔNIA
A Beraca, empresa brasileira com mais de 50 anos de
atuação em diferentes segmentos, é líder global no fornecimento de ingredientes naturais e orgânicos provenientes da Amazônia e de outros biomas brasileiros para a
indústria cosmética, farmacêutica e de fragrâncias. Desde
2000, a empresa estruturou um extenso “Programa de
Valorização da Biodiversidade”, cujo maior objetivo é
garantir a rastreabilidade na cadeia de fornecimento de
matérias-primas da biodiversidade brasileira, principalmente da Amazônia. Comunidades de outros biomas
28
BRAZILIAN FRUIT COSMÉTICOS
Veronika
Rezzani e
sócio Gustavo
Rezzani, da
Brazilian Fruit
Cosméticos
do Brasil, como a Caatinga e o Cerrado, já fazem parte
do mesmo programa. “Atualmente mais de 4 mil famílias são beneficiadas pelos trabalhos e projetos desenvolvidos pela Beraca”, diz o gerente de Marketing,
Cassiano Perez Braccialli.
Segundo ele, com a promoção desse programa, a empresa estimula a coleta seletiva, aplicando o conceito de
desmatamento evitado, contribui com o desenvolvimento regional e fortalecimento das comunidades locais, preza pela conservação da flora e preservação da grande
quantidade de matérias-primas encontradas na
biodiversidade brasileira. Dentre os frutos utilizados na
produção dos produtos estão o açaí, o buriti, o cupuaçu,
a castanha-do-Pará e o maracujá. “Todos estes frutos são
fornecidos por comunidades da Amazônia inscritas no programa”. Apenas no caso específico do maracujá, a empresa compra as sementes de grandes indústrias
processadoras de suco, uma vez que apenas a semente é
utilizada na extração do óleo”, explica o gerente.
A empresa produz e distribui as linhas Rain Forest
Specialties (óleos fixos, extratos, manteigas, argilas), Active
Performance System (composta por complexos naturais que
otimizam a eficácia de todos os tipos de cosméticos) e
BioScrubs (linha de esfoliantes naturais). No ano passado,
em que a divisão Health & Personal Care cresceu cerca de
65%, a empresa inaugurou sua primeira filial no Exterior,
em Paris, na França, aproximando-se ainda mais do exigente mercado europeu.
Atualmente, a empresa exporta para mais de 40 países e, no mercado nacional, abastece os maiores fabricantes de cosméticos, como a Natura. Com relação ao
mercado consumidor, a procura por produtos naturais
e orgânicos – não só, mas principalmente o de cosméticos – tem crescido exponencialmente ano a ano, segundo o gerente. “Principalmente se observarmos pelo
âmbito do aumento da consciência ecológica e dos benefícios que estes produtos podem proporcionar. Neste
sentido, o interesse do mercado externo pelos ativos
provenientes da biodiversidade brasileira, principalmente da Amazônia, que tem maior apelo no mercado de cosméticos naturais e orgânicos, é muito expressivo”, afirma.
Para o gerente, deve-se atentar que os principais fabricantes mundiais de cosméticos buscam além de qualidade, parcerias reais de desenvolvimento e preservação ambiental. “A Beraca é
considerada hoje uma das empresas que mais
investe no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis no país”, diz.
A empresa não descarta a possibilidade
de trabalhar com
produtores de outras
regiões do país, caso
AGROINDÚSTRIA
BRAZILIAN FRUIT COSMÉTICOS
BRAZILIAN FRUIT COSMÉTICOS
aumente a demanda por esse tipo de cosméticos. Mas os
novos fornecedores deverão se adequar a diversas
certificações e procedimentos ambientais e de manejo
exigidos pela Beraca, que em 2006, recebeu a certificação
Ecocert para sua linha de ingredientes orgânicos.
INGREDIENTES BRASILEIROS
Cupuaçu, pitanga, guaraná e açaí são a fonte de inspiração da marca de cosméticos Brazilian Fruit.. Sua linha, que inclui produtos para o cuidado com mãos,
pés, corpo e banho, além de brilhos labiais, conserva não
apenas os aromas, mas as propriedades nutricionais de
cada fruta, segundo Veronika Rezzani, diretora da marca,
criada em 2006, com foco no mercado internacional. A
empresa compra os insumos das frutas de várias indústrias processadoras para a produção dos cosméticos, na fábrica em Mogi Mirim (SP). “Pode parecer óbvio, mas a
fruta é usada de forma diferente como alimento e insumo
para a indústria de cosméticos. A matéria-prima tem que
atender às exigências do mercado”, explica ela.
A empresa estudou os benefícios da fruta para a pele
e corpo. “O açaí, por exemplo, possui princípios
energéticos e sua concentração de antocianina (pigmento
que previne contra a degeneração celular) é 33 vezes
maior que a da uva, atuando como forte antioxidante para
a pele. Já a castanha-do-brasil é rica em ácido oléico, vitaminas e proteínas, dando origem a produtos ideais para
evitar o envelhecimento e ressecamento. A pitanga foi selecionada especialmente para os cuidados das mãos e dos
pés por ser um anti-séptico natural e um delicado
emoliente”, explica Veronika.
Outra estratégia foi buscar frutas não apenas da Amazônia como fonte de ingredientes para os cosméticos, mas
de toda a flora brasileira. “Nosso objetivo é levar ao mundo produtos que traduzam a brasilidade, com cosméticos
saudáveis feitos com a enorme variedade de ativos naturais do nosso país”, diz Veronika.
Cerca de 30% da produção vão para exportação (Es-
tados Unidos, Espanha, Portugal, Itália e Índia). Ela explica
que existe uma preferência pela fruta de acordo com cada
país. “A Índia, por exemplo, aceita somente a pitanga enquanto França, Inglaterra, Martinica e Japão, preferem o
maracujá”, afirma.
Cosméticos à base
de frutas ganham
consumidor num
mercado que prevê
crescer 7% em 2009
O restante da produção abastece o mercado interno.
A empresa não divulga quantidade e nem faturamento.
Mas é conhecida no mercado com sua linha de produtos
inspirada no mais famoso drinque nacional, a caipirinha.
Veronika diz que, além de remeter ao aroma da famosa
bebida brasileira, os produtos possuem propriedades especiais que fazem muito bem à pele. “Além da refrescância
do limão, o extrato de cana-de-açúcar é rico em ácido
glicólico, um excelente emoliente e regenerador celular”.
Os cosméticos, segundo a diretora, são elaborados
levando em conta as normas e exigências internacionais
de formulação e regulamentação. Por conta disso, a empresa toma o cuidado em trabalhar com empresas fornecedoras sustentáveis, “que não tenham uma atuação predatória e tenha preocupação em ajudar as comunidades”, diz.
Para Veronika, algumas comunidades não têm ainda
estrutura para adequar frutas para uso cosmético. “As cooperativas de frutas brasileiras deveriam se expor mais
porque a indústria não sabe onde elas estão”, argumenta.
Ela diz que usa as mesmas frutas porque falta ainda descobrir outras mais que possam ser aproveitadas para esse
mercado de consumidores cada vez mais seletivos e
antenados. “Eles querem um produto com alto valor agregado, que não apenas perfume, mas que também traga,
de fato, benefícios na sua aplicação”.
Veronika observa que o Brasil ainda é um mercado
carente de informação sobre esses produtos. No Exterior, segundo ela, há mais interesse e procura. Uma das
explicações é que as frutas são mais distantes para os consumidores estrangeiros, do que para o dia-a-dia do brasileiro e, por isso eles desejam muito mais que o mercado
interno. Por isso, ela acredita que o Brasil tem um grande
mercado a ser explorado. E as frutas também.
29
FRUTICULTURA
DE PRECISÃO
Tecnologia favorece o monitoramento nas diversas etapas da
produção, prevenindo problemas e reduzindo custos
Ana Heloísa Ferrero
Kleber
Colomarte,
da Teejet
Technologies,
pulverização
possui
tecnologia
para aplicação
precisa nas
frutas
30
TEEJET TECHNOLOGIES
Considerada a atividade econômica de maior
risco em todo o mundo, sujeita ao frequente ataque de pragas e às mudanças diárias do clima, a
agricultura sofre ainda com o constante aumento
dos custos de produção. Para evitar desperdícios e
aumentar a eficiência, hoje é possível usar
tecnologias que racionalizem a aplicação de insumos
e gerenciem com precisão a produção agrícola. Mas,
para maximizar o retorno do investimento, não basta
se cercar de bons equipamentos. É preciso o apoio
de pessoal gabaritado para entender as informações
obtidas com a tecnologia e aplicá-las em favor da
produtividade. “Temos equipamentos que podem
ser usados em diversas culturas para auxiliar os agrônomos em campo. Um exemplo é o medidor do
teor de clorofila para saber se a planta recebeu a
dose correta de adubação. O que muda é a interpretação dos resultados, pois cada cultura tem um
teor de clorofila adequado”, diz o empresário
Márcio Albuquerque, um dos sócios da Falker
Automação Agrícola, de Porto Alegre (RS). Esse produto é utilizado por pesquisadores em videiras do
sul do país porque a tecnologia racionaliza o uso de
adubação nitrogenada, a partir do mapeamento dos
locais onde há maior ou menor necessidade de aplicação. Outra linha da empresa aplicada à fruticultura é a dos medidores de compactação do solo. “Com
este medidor de fácil uso, é possível saber quais áreas
do campo estão excessivamente compactadas, o que
dificulta o crescimento e o desenvolvimento de raízes,
causando queda na produtividade.”
Para o monitoramento da irrigação das frutas, a
Netafim - companhia israelense que detém 60%
do mercado mundial de irrigação localizada - oferece um sistema baseado em rádio frequência, chamado Irriwise, pelo qual sensores de uso comum
na agricultura irrigada, como tensiômetros (que
medem a tensão em que a água está retida nas partículas de solo) e medidores de água (que medem
o volume de água aplicada), enviam dados on-line
inerentes ao processo para uma central a cada 15
minutos, disponibilizando-os para análise e tomada
de decisão de adequação no manejo, otimizando,
assim, o uso de insumos (água, energia, fertilizantes
etc). O sistema já é usado em várias culturas no
Brasil, como café e citrus, e no Exterior, especialmente para o cultivo de uvas. “Mas aqui também
temos projetos aplicados a essa fruta, produzidas
tanto para a fabricação de vinho no Sul do país, quanto para o consumo in natura, em Pernambuco”, afirmam Bruno Toniello e Bruno Alves, respectivamente
gerente de Tecnologia e engenheiro agrônomo da
subsidiária da empresa no Brasil. O investimento
para se adquirir a tecnologia, segundo eles, é difícil
TECNOLOGIA
de ser estimado, pois cada projeto tem um valor,
devido às particularidades das diferentes culturas de
frutas. Quanto ao retorno, “no caso do uso do
Irriwise, temos clientes que afirmam terem pagado
o sistema no primeiro ano de uso apenas com a
economia de energia”, asseguram.
tecnologia de precisão, dá para comprar um pulverizador zero a cada safra ou a cada safra e meia.
Então, se o citricultor não pode vender mais caro
para repassar os altos custos de produção, tem que
aprender a produzir mais barato.”
“Fruticultor precisa de argumentos
fortes para investir na tecnologia”
RESISTÊNCIA NA UTILIZAÇÃO
A Ag Solve, sediada em Indaiatuba (SP), dispõe
de uma linha de estações agrometeorológicas e
sensores de umidade do solo para monitoramento
do clima e água disponível, com aplicação em cultivos protegidos, viveiros de mudas, áreas irrigadas,
além de softwares para cálculos, como ponto de
orvalho e evapotranspiração. “Mesmo com a oferta
de vários equipamentos e softwares para
gerenciamento de culturas no país, não temos demanda dos nossos equipamentos para aplicação na
fruticultura. Com eles, o produtor poderia antever
problemas e se precaver, o que geraria uma economia maior na produção”, observa Mauro
Banderali, diretor da empresa que nasceu voltada
para a agricultura, mas hoje tem como maior cliente a indústria de mineração e sucroalcooleira. Segundo ele, entre as possibilidades que o fruticultor
pode ter está a determinação exata da quantidade
e momento da irrigação, aplicação de agroquímicos
e fertilizantes; a determinação precisa do
florescimento e frutificação, os efeitos do clima durante as fases vegetativa e produtiva das culturas; o
acúmulo de horas de frio ou graus-dia, a modelagem da incidência de pragas e predadores, além do
relacionamento direto entre produção e produtividade com os efeitos da meteorologia. “Mais do que
falta de recursos financeiros, acredito que os agriAG SOLVE
Há no mercado nacional uma ampla oferta de
máquinas para pulverização a fim de se obter uma
aplicação precisa na fruticultura. “Temos diferentes
modelos, adaptados para cada situação, que fazem
com que as gotas efetivamente cheguem ao alvo. E
nossa maior demanda no setor de fruticultura são
as pontas de pulverização, principalmente as do tipo
cone vazio, utilizadas nos turbos atomizadores”, diz
Kleber Colomarte, gerente de Assistência Técnica
da Teejet Technologies no Brasil, multinacional norte-americana, que oferece componentes para pulverização. O único problema, segundo Colomarte,
é a pouca procura pela tecnologia entre os fruticultores, se comparado a outras culturas agrícolas. O
pesquisador Hamilton Humberto Ramos concorda
que existem mais técnicas precisas para a pulverização no mercado do que há 15 anos. “Verifico,
por exemplo, maior número de bicos na barra dos
equipamentos e isso é precisão, pois traz maior controle e eficiência da pulverização”, explica. Como a
fruta tem maior consumo in natura, se há resíduo
químico inadequado, o produtor não consegue
vendê-la no mercado externo. “No Brasil, o consumidor também tem acordado para o problema dos
agrotóxicos, o que exigirá mudanças do produtor.”
Em relação ao uso de equipamentos de controle,
como eletrônica embarcada, Ramos acredita que a
fruticultura está muito aquém do que se utiliza atualmente no plantio de grãos. Para convencer o fruticultor que não está acostumado a produzir de forma precisa, Ramos acredita que são necessários
argumentos fortes. “No caso do citricultor, por
exemplo, informamos que o tradicional volume de
calda pulverizado para o tratamento fitossanitário
do pomar pode ser reduzido de 20% a 70%, se
usada a técnica correta de pulverização”, diz ele,
que também é diretor do Centro de Engenharia e
Automação do Instituto Agronômico (IAC), em
Jundiaí (SP), e responsável por diversos trabalhos
de pesquisa ligados a citrus, desenvolvidos em parceria com o Fundo de Defesa da Citricultura
(Fundecitrus), há mais de 15 anos. O especialista
lembra que, hoje, o custo de pulverização representa entre 40% e 60% do custo total da produção
citrícola, e já está ultrapassando até o gasto com
adubação. “Só com a economia que se faz com
Mauro
Banderali, da
Ag Solve,
país dispõe
de tecnologia,
mas ainda falta
capacitação
para aplicação
no campo
31
ARQUIVO PESSOAL
TECNOLOGIA
cultores devam ser capacitados para aplicar as
tecnologias da meteorologia em campo”, analisa
Banderali. ”Tenho um fornecedor de equipamentos
que monitora, nos Estados Unidos, uma área de
2,4 mil hectares de alface irrigado. Dispomos da
mesma ferramenta, mas nosso produtor não aplica
a tecnologia disponível pela ausência de empresas
de extensão que os ampare, treine e capacite. Investe-se alto em maquinários para plantio, mas não
para acompanhar a lavoura durante as intempéries.
Também em razão das proporções de nosso país, a
meteorologia é generalizada e perde o foco para o
pequeno e médio produtor.”
Rosa Maria
Valdebenito
Sanhueza
coordenou
desenvolvimento do
SisAlert, da
Embrapa
SISALERT MAÇÃ
Bruno
Toniello,
da Netafim,
equipamentos
disponibilizam
dados para
análise e
tomada de
decisão de
adequação no
manejo
32
NETAFIM
Alguns produtores no Sul do país já contam com
uma ferramenta de informações que mostra a situação das doenças no campo, principalmente na cultura da maçã, podendo otimizar rapidamente as
decisões sobre o manejo delas. Trata-se do SisAlert,
sigla de Sistema de Previsão de Risco de Epidemias
de Doenças de Plantas. “É um moderno sistema
computadorizado para o manejo das doenças dessa e de outras culturas, que visualiza os dados climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe) e encaminha- os à rede de estações
meteorológicas do Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet). As informações capturadas e
armazenadas na base de dados vão para modelos
de simulação de riscos de ocorrência das doenças e
são disponibilizados na internet para os usuários”,
explica a agrônoma Rosa Maria Valdebenito
Sanhueza, responsável pelo setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na empresa Proterra Engenharia Agronômica, onde realiza pesquisa na área
de doenças de frutas temperadas.
O sistema fica em execução permanente e, na
situação do risco de ocorrência da doença, os usu-
ários são automaticamente informados por meio de
mensagens enviadas pelo telefone celular, no correio eletrônico e na página do sistema. No caso da
maçã, oferece a previsão do risco de ocorrência de
três doenças da macieira: a sarna, a mancha foliar
da Gala (Glomerella) e a podridão branca, usando
modelos já validados. Segundo Rosa Maria, a informação que sustenta o SisAlert-maçã advém de pesquisa científica validada na área de produção durante três ciclos. “O programa é continuamente atualizado e, à medida que surgem dados novos da
pesquisa e da experiência dos usuários, é modificado para abrigar os novos conhecimentos.”
A ideia do SisAlert surgiu em 2000, quando a
Embrapa Uva e Vinho conduzia pesquisas para desenvolvimento, validação e ajuste de modelos de
doenças da macieira sob a coordenação de Rosa
Maria, que deixou a instituição em 2008. A utilização do serviço, no momento, é restrita a técnicos
cadastrados de quatro empresas produtoras de
maçãs de Vacaria (RS), que contribuíram para aquisição das estações meteorológicas automáticas, e a
pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho. “A estação
da Embrapa em Vacaria também é acessada pela Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi),
que disponibiliza os alertas aos seus sócios. Não há
custo direto para o uso do sistema, mas os participantes do programa sustentam sua manutenção”.
Com o SisAlert, os usuários relataram que obtiveram um controle eficaz e ambientalmente correto das doenças, além de racionalizarem o uso de
agrotóxicos utilizados no combate aos problemas
da macieira. Os resultados com a maçã, o trigo e a
soja permitirão expandir o sistema para outras culturas, como citrus, morango, pêssego e uva.
MEIO AMBIENTE
EM PERFEITA
HARMONIA
O sistema agroecológico de cultivo devolve vida ao solo e
restabelece o equilíbrio com o ambiente, produzindo
alimentos mais saudáveis
Ana Heloísa Ferrero
desvantagem do sistema é utilizar
mais mão-de-obra, diz ele. Quando for adotar o sistema nas demais
culturas de frutas, Marcynski explica que terá mais cautela do que
teve ao mudar com o figo. “A cultura ecológica requer mais cuidados para não ter prejuízos na colheita. Trata-se de um processo lento, que exige o correto preparo do
solo para que tenha equilíbrio necessário para receber a planta e
esta crescer com estrutura.”
O perfil da produção agroecológica é o agricultor familiar,
pois quem cuida desse plantio
deve “ler” o que a natureza transmite e estar envolvido diretamente com a produção. É também
adotada pelo pequeno produtor
IBD
A família Marcynski decidiu
trocar o sistema convencional de
produção de frutas pelo plantio
agroecológico na pequena propriedade rural que mantém em Santo Antonio do Palmo, (RS). “Quase 100% do figo já está na produção ecológica e estamos avançando com a plantação de caqui.
Pretendemos migrar também nas
outras frutas, como morango,
ameixa e amora”, conta Rogério
Marcynski, que há 19 anos cultiva figos no município.
A opção em mudar foi tomada por diversas razões. “A primeira, porque o plantio convencional faz mal à natureza e a nós que
manipulamos produtos químicos
quase toda semana. A segunda foi
pelas vantagens econômicas, pois
há uma procura maior por alimentos mais saudáveis, o que nos
dá melhor remuneração por ser
o produto ainda pouco ofertado”,
cita Marcynski, que comercializa
metade da produção de figo diretamente ao consumidor e a outra
metade para supermercados. A
José Pedro
Santiago, IBD
certifica
produtos
agrícolas
orgânicos e
biodinâmicos
conforme as
normas
nacionais e
internacionais
33
MEIO AMBIENTE
FILOSOFIA
NA PRÁTICA
culturas. “Plantamos, no mesmo
dia, ao mesmo tempo, desde rabanete, que leva um mês para começar a produzir, quanto banana,
que leva um ano e meio. Procuramos ocupar cada etapa do caminho da vida com alimentos,
maximizando a função da luz do
sol. Isso gera fartura aos produtores e benefícios ao meio ambiente, como a alimentação do
solo. O solo funciona como um
poderoso fertilizante porque é
um esterco resultante de folhas,
raízes e troncos de árvores encontrados nele, assim como a
água.” Com isso, é menor o custo de produção em relação aos
alimentos convencionais.
Seus produtos são comercializados em três feiras ecológicas
semanais, em Curitiba (PR), e no
circuito de trocas de produtos da
Rede Ecovida de Agroecologia. “Assim, temos um equilíbrio de oferta
e variedade de produtos porque
aqui não produzimos, por exemplo, maçã, mas trocamos com
produtores do Sul, que têm essa
Não há registros do número
de fruticultores com vertente
agroecológica no Brasil, onde
cada região tem uma representatividade. No Vale do Ribeira, há
a Cooperafloresta - associação de
agricultores familiares que produz
em agroflorestas diversas culturas,
inclusive frutas. Segundo Nelson
Eduardo Corrêa Netto, engenheiro agrônomo e técnico, a associação foi criada formalmente
em 2003, mas teve início em
1996, com apenas duas famílias
de Barra do Turvo (SP). Hoje, reúne 93 famílias, inclusive do município de Adrianópolis (PR), cultivando mais de cem itens de alimentos. A filosofia da Cooperafloresta é a de cooperação dos seres humanos com a natureza para que cada geração de agricultores
deixe o ambiente mais
rico e próspero para a
que chegar. “O plantio
agroecológico será inevitável, especialmente para
preservar um recurso
importante como à água.
A agricultura convencional convencional utiliza
80% de toda a água doce
extraída da natureza.
Aqui, só usamos a água da
chuva, pois o solo mantém uma reserva natural,
graças à benéfica ação da
agrofloresta nas nascentes
e rios.”
A associação produz
frutas, como bananas, goiabas, abacates, jaboticabas, mamão, citrus e jaca,
conjugadas a milho, feijão,
Jorlene Boaventura da Rosa, agricultora da
Cooperafloresta, e sua produção de bananas
abóbora, inhame e outras
34
cultura em escala”. As famílias produzem cerca de 20 toneladas semanais de alimentos, que também
são vendidas para lojas de produtos ecológicos, pelo Correio e ao
Programa de Aquisição de Alimentos do Governo Federal. “Metade
desse volume atende ao programa,
que permite a cada família de produtores receber do governo R$ 3,5
mil por ano para vender a instituições de beneficência social.” A
Cooperafloresta também transforma banana e goiaba em doces.
CERTIFICAÇÃO
Antes da associação, as 93 famílias vivenciavam a difícil realidade econômica de Barra do
Turvo. A renda das famílias não
chegava a dois salários mínimos
por ano. “A produção para o autoconsumo ajudava na sobrevivência deles, que também vendiam
mão-de-obra temporária a outras
cidades próximas, e era imenso
o êxodo rural de jovens pela desvalorização econômica local”, relata. Hoje, a média da
renda mensal é de 1,5
salário mínimo para
cada família associada. “A
isso se acrescenta um
maior auto-consumo,
que traz melhorias à saúde das famílias.”
Para Marco Antônio
Sedrez Rangel, pesquisador de sistemas de
produção da Embrapa
Mandioca e Fruticultura
Tropical, há vários tipos
de agricultores envolvidos no sistema agroecológico. “Na agricultura empresarial, mais capitalizada e com mais facilidade de inserção no
mercado, busca-se o
maior lucro possível e os
produtos são expostos
geralmente em supermercados, com preços
acima dos equivalentes
COOPERAFLORESTA
por questão de sobrevivência
econômica, já que não consegue
competir com as grandes propriedades e o alto custo convencional de produção.
MEIO AMBIENTE
convencionais. Na agricultura familiar, geralmente descapitalizada e
com baixa inserção no mercado,
os produtos são vendidos em feiras livres e sacolões, com preços
iguais aos convencionais, sem
uma identificação que os destaque. Mas há iniciativas em vários
estados para promover a maior
inserção da agricultura familiar no
mercado de orgânicos, havendo
esforços para a certificação
participativa de tais produtos,
com o resgate de valores como
ética e solidariedade.”
Os produtos da Cooperafloresta são certificados pela Rede
Ecovida de Agroecologia, que
congrega 200 grupos de agricultores, 20 ONGs e 10 cooperativas de consumidores de 170 cidades brasileiras. Segundo a rede,
a certificação participativa é um
sistema onde a elaboração e a
verificação das normas de produção ecológica são realizadas por
agricultores e consumidores, diferentemente da certificação feita apenas por uma empresa de
auditoria. “Nossa legislação prevê que o produto agroecológico
pode receber certificados via sistema participativo ou de auditorias”, diz Corrêa Netto.
Hoje, as grandes redes de supermercados no Brasil e os países importadores exigem a
certificação dos produtos orgânicos e seus similares, afirma José
Pedro Santiago, diretor do IBD
Certificações, empresa de Botucatu
(SP), que certifica produtos agrícolas orgânicos e biodinâmicos conforme as normas alimentares nacionais e as dos países importadores. “Para ser vendido como orgânico, o produto deve conter, na
sua embalagem, o selo da certificadora. Depois que a Lei
10.831, que trata sobre os orgânicos, estiver regulamentada, as
certificadoras terão de ser creditadas pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qua-
lidade Industrial (Inmetro). Por
enquanto, são aceitas pelo mercado em confiança”, diz.
CIÊNCIA EM
CONSTRUÇÃO
Apesar de o termo agroecológico ser novo, a prática de plantio não é. Esse sistema passou a
ser preterido nas últimas décadas
e, com a retomada, quem quer
migrar corretamente para esta
área tem poucas informações. “A
ciência da Agroecologia está em
construção e envolve quatro áreas fundamentais, Agronomia,
Ecologia, Sociologia e Economia,
mas inclui principalmente o conhecimento do homem do campo”, diz
José Maria Gusman Ferraz, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente
e professor do curso de mestrado
em Agroecologia da Universidade
Federal de São Carlos.
tem vantagens em relação ao sistema monocultor, como melhor
rendimento na produção, proteção natural contra pragas e doenças e custo inferior de produção, pois praticamente não se
gasta com insumos de fora da
propriedade. “Os agroecológicos
são ainda produtos mais duráveis
porque o adubo químico e o
agrotóxico desequilibram a fruta.
Em média, a sobrevida é 30% superior ao produto convencional.”
Segundo Ferraz, apesar de ser
ofertado em menor quantidade,
já é possível encontrar nos supermercados uma maior diversidade de produtos nessa linha, como
os biodinâmicos e naturais, que
também não usam produtos químicos na produção. “São todos
classificados como orgânicos, pois
só temos uma lei, a ser regulamentada no Brasil, englobando
esses produtos.”
A fruticultura brasileira dá passos tímidos na
direção de uma produção mais sustentável
Segundo ele, o mais indicado
é se associar às redes de
Agroecologia ou buscar organizações não-governamentais e instituições de pesquisa públicas que
trabalham com o tema. “A transição do plantio convencional para
o agroecológico exige a recuperação da área degradada, que
demanda tempo até o solo voltar
a ser ‘vivo’, ou seja, ter mais de
dez toneladas de matéria orgânica, como bactérias e pequenos
animais em sua composição.
Quando se ara o solo ou se usa
agrotóxico na produção por muitos anos, perde-se essa riqueza.”
Além disso, Ferraz lembra que o
sistema exige o plantio de várias
e diferentes culturas ao mesmo
tempo, ampliando os cuidados no
manejo de cada uma.
O plantio policultivo, diz,
Muitas pessoas se confundem
com essa variedade de produtos
ditos naturais e sua forma de produção. Conforme Ferraz, uma das
diferenças entre o sistema
agroecológico e o orgânico, por
exemplo, é que o primeiro tem um
grau de sustentabilidade maior, uma
vez que uma de suas preocupações
é depender o mínimo de insumos
externos. “No plantio orgânico, a
adubação nitrogenada pode vir de
esterco comprado de fornecedor
externo. Na agroecologia, deve vir
de adubação verde ou de esterco
animal da mesma propriedade”.
Para ele, a fruticultura brasileira dá
passos tímidos na direção de uma
produção mais sustentável, pois
de modo geral está inserida em
sistema produtivo que desconsidera o meio ambiente como um
fator essencial até para a sobrevivência da atividade.
35
OPINIÃO
A HORA E A VEZ DO AÇAÍ
IBRAF
NO MERCADO INTERNACIONAL
Sergio Menezes, da Top Açaí, é diretor superintendente do Ibraf da Região Norte
Bom dia e bossa nova são expressões
da língua portuguesa que a cada dia estão sendo mais pronunciadas na sociedade norte-americana. Não se trata de
maior conhecimento de nosso gênero
musical ou da nossa prática civilizatória
de cumprimentar, mas, sim, de marcas
de bebidas que têm como base o açaí.
Podemos acrescentar o Monavie, Purple
R ain, Açaixtreme, Zola, Sambazon,
Amazonthunder e outras bebidas
energéticas que também têm o açaí na
sua base de formulação. Há ainda o uso
de açaí em pastas de dentes, sorvetes,
barras de cereais e tabletes de suplementos alimentares. O açaí está começando
também a ser usado em cosméticos, bem
como seu fruto pode vir a ser usado
como fonte renovável de calor.
Apesar de a matéria-prima ser única
no mundo, a expansão do açaí internacionalmente passa por duas fases: a primeira é a que o consumidor tenha informação completa sobre as vantagens
nutricionais do açaí em relação aos produtos substitutos; a segunda é que este
consumidor incorpore o consumo da fruta aos seus hábitos alimentares.
Logo, o desafio imposto às empresas
brasileiras é vender um produto exótico
para um mercado não conhecido. Isso requer estratégias distintas para segmentar
o mercado internacional e, sobretudo, recursos financeiros para promoção comer36
cial. Sem dúvida, promover e difundir o
açaí no exterior requer a adoção de
marketing-mix, que vá além da participação em feiras internacionais, mas também inclui a adoção concreta de ações e
medidas que fortaleçam a cadeia de valor global do açaí.
De fato, a inserção na cadeia de valor depende dos “first movers”, isto é, de
quem se move primeiro, e este está sendo difundido e disseminado pelas empresas proprietárias de bebidas energéticas
ou não, que têm nomes como
Sambazon, Bom Dia, Bossa Nova, Zola,
Monavie e Purple Rain. No caso dos Estados Unidos, estes atores, juntamente
com outros, por meio de ações de
marketing estão “agitando o mercado de
consumo para o açaí”. O papel das
antocianinas se torna fundamental para a
disseminação de informações entre os
consumidores. Exemplo disso foi a repercussão de entrevistas com médicos
renomados norte-americanos no programa de ‘Oprah Winfrey’. A partir destas
entrevistas, criou-se um burburinho naquele mercado, que ajudou a impulsionar as vendas.
Dado que o mercado dos Estados
Unidos já está estruturado, configurado
e apresenta um padrão de competição
específico em termos mercadológicos,
resta analisar o que se deve fazer para
entrar e conquistar os mercados europeu e japonês. Isto não quer dizer que
não deva ser objeto de ações
promocionais por parte das empresas
brasileiras e pelo governo. Ao contrário,
ter presença constante nas feiras do setor de alimentos naquele país é
mandatório, principalmente para estabelecer contatos com potenciais clientes industriais. Urge também desenvolver
ações especificas em Mart Centers (em
Miami, Dallas, Atlanta, São Francisco,
Chicago e Nova Iorque) para atrair os
empresários do setor de alimentos (proprietários de pequenas cadeias de sucos,
novidade atual americana) e os proprietários das academias de ginástica. Obvi-
amente, há espaço para entrelaçar essas
ações de promoção com as atividades da
Associação Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil),
atendendo os interesses das empresas
privadas do setor.
No caso dos mercados japonês e europeu, não basta apenas participar de feiras, como a Foodex, Biofach, Sial ou Fruit
Logistica. A participação nestas feiras tem
de ser precedida de uma difusão do produto açaí por meio de grupos de opinião. A entrada nestes mercados tem de
ocorrer pelo jovem e pela sua juventude. É necessário mostrar o açaí e a sua
forma de consumo em bares, restaurantes, academias, bem como em eventos
esportivos e culturais, com ações de degustação. Somente desta forma é que se
quebrará o paradigma do desconhecimento do açaí por parte dos consumidores japonês e europeu. Caso houvesse ações deste porte nesses países,
simultaneamente seria factível mostrar
aos distribuidores e revendedores
do Japão e da Europa, que comprar açaí
do Brasil não é arriscado, há demanda
e é lucrativo.
Há recursos privados e oficiais que
permitiriam adotar esta estratégia nesses
mercados. De um lado, as empresas
nacionais podem enviar os produtos
à base de açaí, pagar o transporte da
mercadoria e os empresários iriam ao
Japão e à Europa às suas próprias
expensas para realizar os contatos comerciais. Enquanto isso, os recursos
públicos, disponibilizados na Apex-Brasil, nos governos dos Estados ou no
Ministério das Relações Exteriores (MRE)
poderiam e podem ser utilizados para
custear os gastos das campanhas
publicitárias desse marketing de relacionamento internacional.
Essa é a hora e vez do açaí no mercado internacional.
Colaborou com este artigo
Barbara Ferreira Nóbrega, da Top Açaí
AGENDA
08 a 10 • FRUIT&LOG - FEIRA INTERNACIONAL DE FRUTAS DERIVADOS TECNOLOGIA DE PROCESSAMENTO E LOGÍSTICA
(Francal Feiras e Ibraf)
Expo Center Norte (São Paulo/SP)
Info: Francal Feiras (11) 2226-3100
[email protected] • www.fruitelog.com.br
24 a 26 • SUL ORGÂNICA 2009 (Projecta Eventos)
Centro de Convenções Florianópolis (Florianópolis/SC)
Info: Sul Orgânica (48) 3028-2004
[email protected] • www.sulorganica.com
27 a 31 • VII CURSO DE MANEJO DE NUTRIENTES EM CULTIVO PROTEGIDO (Instituto Agronômico de Campinas - IAC)
IAC (Campinas/SP)
Info: Conplant (19) 3231-5422 ramal 171 / (19) 3249-2067
[email protected] • www.infobibos.com
28 a 30 • XI ENFRUTE – ENCONTRO NACIONAL SOBRE FRUTICULTURA TEMPERADA (Epagri, UNC, Emobrapa, Prefeitura de Fraiburgo)
Parque da Maçã (Fraiburgo/SC)
Info: Epagri - Marise (49) 3561-2000
[email protected] • www.epagri.sc.gov.br
31/07 a 02/08 • AGRIFAM 2009 - FEIRA DA AGRICULTURA FAMILIAR E DO TRABALHO RURAL (Fetaesp - Federação dos Trabalhadores
na Agricultura do Estado de São Paulo)
Itetresp - Rodovia Marechal Rondon, Km 322 (Agudos/SP)
Info: Érica Pereira e Jéssica Comim (14) 3261-4216
[email protected] • www.agrifam.com.br
02 a 06 • 38° CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA (SBEA)
Complexo Multieventos Unibasf (Juazeiro/BA - Petrolina/PE)
Info: SBEA (16) 3203-3341 • [email protected] • www.sbea.org.br
29/08 a 02/09 • III SIMPÓSIO BRASILEIRO DA CULTURA DA GOIABA (Unesp)
Centro de convenções – Campus FCAV (Jaboticabal/SP)
Info: Funep (16) 3209-1300
[email protected] • www.funep.com.br
internacionais
15 a 18 • WORLD FOOD MOSCOW (ITE Group)
Expocentrat Krasnaya Presnya (Moscow/Rússia)
Info: ITE Group 44 (0) 207-596-5086
[email protected] • http://www.world-food.ru/eng/
21 a 30 • FOOD AND HOTEL OMAN 2009 (Oman Expo)
Oman International Exhibition Centre (Oman/Muscat)
Info: Roberto A. Nóbrega (24) 2231-8013
[email protected] • www.omanexpo.com
10 e 11 • 8º CONGRESSO BRASILEIRO DE AGRIBUSINESS (Abag Associação Brasileira de Agribusiness)
Hotel WTC - Avenida das Nações Unidas, 12.559 (São Paulo/SP)
Info: ABAG (41) 3072-3131(11) 3285-3100
[email protected] • www.abagbrasil.com.br
out
09
ago
09
03 a 05 • SEASIA 2009 (Symphosium on Quality and Safety of
fresh and fresh cut produce)
(Bangkok/Tailândia)
Info: www.kmutt.ac.th/SEAsia2009
02 a 04 • ÁSIA FRUIT LOGÍSTICA (Ibraf)
Hong Kong Convention and Exhibition Centre (Hong Kong/China)
Info: Paulo Passos (11) 3223-8766
[email protected] • www.hkcec.com
05 a 08 • 2° MDA AGRONEGÓCIO (Montebello Eventos)
Expo Unimed Curitiba (Curitiba/PR)
Info: Edson Camargo (41) 3203-1189
[email protected]
20 a 22 • IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE FRUTICULTURA TEMPERADA EM REGIÃO SUBTROPICAL - CARAVANA DA FRUTA
(Holantec/UFRGS/IBRAF)
Rodovia Raposo Tavares, Km 226, Gleba VI - Estância Turística de
Paranapanema (Paranapanema/SP)
Info: Holantec (14) 3769-1777 • [email protected]
14 a 17 • FRUTAL 2009 - 16ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA (Instituto de Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria)
Centro de Convenções (Fortaleza/CE)
Info: Instituto Frutal (85) 3246-8126
[email protected] • www.frutal.org.br
22 a 25 • XI CONBRAVA - CONGRESSO BRASILEIRO DE REFRIGERAÇÃO, AR CONDICIONADO, VENTILAÇÃO, AQUECIMENTO E
TRATAMENTO DO AR (Abrava/Sindratar)
Centro de Exposições Imigrantes (São Paulo/SP)
Info: Solange (11) 3361-7266
[email protected] • www.abrava.com.br
ago
09
jul
09
15 a 18 • FENAGRI - FEIRA NACIONAL DE AGRICULTURA IRRIGADA
ACIAJ E PREFEITURA MUNICIPAL DE JUAZEIRO (Exposição/Rodada de Negócios)
Campus III da Universidade do Estado da Bahia - Uneb
(Juazeiro/BA)
Info: Secretaria Executiva da Fenagri (74) 3611-3331
[email protected] • www.fenagri.com.br
set
09
25 a 28 • FRUTAL AMAZÔNIA (Instituto Frutal)
Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia
(Belém/PA)
Info: Instituto Frutal (85) 3246-8126
[email protected] • www.frutal.org.br/amazonia2009
set
09
jun
09
nacionais
02 a 05 • PMA - FRESH SUMMIT (PMA)
Anaheim Convention Center
(Califórnia/EUA)
Info: Jamie Hillegas +1 (302) 738-7100 x 3023
[email protected] • www.pma.com/freshsummit/2009
10 a 14 • ANUGA (Baumle Organização de Feiras)
Koelnmesse (Colonia/Alemanha)
Info: Soraia Oliveira (41) 3027-6707
[email protected] • www.anuga.com.br
Para mais eventos acesse: www.ibraf.org.br37
EVENTOS
Fruto da parceria entre a Francal Feiras e o Ibraf,
a primeira edição da Fruit & Log acontece em
setembro e deve ampliar rede de negócios no setor
Luciana Pacheco e Carolina Peres
Fotos: Ibraf
Em sua primeira edição, a Feira Internacional de
Frutas e Derivados, Tecnologia de Processamento
e Logística, a Fruit&Log, chega para reforçar a posição de destaque internacional do Brasil como um
dos maiores produtores de frutas, verduras e legumes do mundo, bem como seus derivados. A feira
será realizada de 8 a 10 de setembro, em São Paulo, no Expo Center Norte – Pavilhão Amarelo, e é
uma iniciativa conjunta do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf) com a Francal Feiras, uma das mais importantes promotoras de feiras de negócios do País.
O objetivo da Fruit&Log, segundo Valeska Oliveira,
gerente executiva do Ibraf, “não é competir com
eventos regionais, mas sim, criar uma ponte de convergência entre todos os setores envolvidos neste
agribusiness e centralizar as demandas de negócios
com a feira em São Paulo”. E complementa: “Vamos consolidar as demandas num grande seminário internacional e, com isso, fortalecer a fruticultura brasileira no mercado nacional e no Exterior.”
O evento deverá promover e proporcionar uma
ampla rede de negócios no setor de frutas, legumes, verduras e seus derivados, tanto para o mer-
38
cado interno quanto para o externo, com estandes
internacionais e compradores de várias partes do
mundo. Tecnologias de processamento de última
geração também serão apresentadas, assim como
a difusão de técnicas modernas de cultivo, pois
está entre as metas da feira contribuir para o aprimoramento da produção, apresentar tecnologias
de última geração de processamento, além de
oferecer serviços essenciais para o comércio, a
importação e exportação de produtos, aprimorar os mecanismos de transporte e gerar oportunidades de produção, negócios, logística e distribuição de toda a cadeia de frutas, legumes, verduras e seus derivados.
Todo o foco da Fruit&Log será dirigido para expositores que vendem produtos, como para compradores nacionais e internacionais, interessados em
iniciar ou ampliar seus negócios com o Brasil. “A
nossa estratégia é atrair empresas de todo o mundo para fazer negócios com as empresas”, reforça
Abdala Jamil Abdala, presidente da Francal Feiras.
“É um público altamente qualificado, reunido num
só evento”, garante ele.
EVENTOS
SEMINÁRIO INTERNACIONAL
A Fruit&Log, além de ser uma plataforma para
negócios, irá reunir especialistas do Brasil e do mundo
para discutir as principais questões relacionadas ao
mercado, logística, agroindustrialização e marketing.
Dividido em módulos, o seminário discutirá, em
três dias de evento, temas como: agregação de va-
lor aos produtos de frutas, legumes e verduras (FLV);
tendências mundiais de mercado; experiências do
Chile e da África do Sul no comércio internacional;
aproximação de mercados por meio da logística; a
construção e manutenção de uma marca premium
no setor de agroindústria; entre outros.
Mais informações em www.fruitelog.com.br
TOCANTINS: FRUTICULTURA EM EXPANSÃO
Estado investe na produção de frutas como atividade geradora de emprego e renda
Considerado o segmento agrícola que mais gera
empregos, segundo a Secretaria da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento do Estado do
Tocantins (Seagro), a fruticultura tocantinense
está em plena expansão. Várias atividades estão programadas para este ano, entre eles, eventos como dias de campo, capacitação e atividades temáticas, que além de auxiliar produtores,
envolverão o consumidor sobre os benefícios
da inclusão de frutas no cardápio diário, principalmente sobre as principais frutas produzidas no Estado, como abacaxi, melancia, banana, caju, melão, coco e manga.
Foi diante deste cenário de desenvolvimento,
que aconteceu no mês de maio, a Feira de
Tecnologia Agropecuária (Agrotins), realizada
na capital Palmas. O evento reuniu 42 mil visitantes, 356 expositores e possibilitou a geração
de negócios em torno de R$ 58 milhões. Além
disso, foram realizadas cerca de 750 atividades
entre palestras, dias de campo, dinâmicas, e outras. Segundo dados da organização do evento, a
Agrotins cresceu 30% com relação à edição anterior. A feira envolve todo o setor do agronegócio.
Sabendo da importância e do potencial da região para a fruticultura, o Ibraf participou da
feira que é a principal da região. “A Agrotins é
importante para a fruticultura da região porque, além da exposição de empresas envolvidas
com a cadeia frutícola, traz muitas informações,
produtos e sugestões para melhorar a atividade.
A feira está localizada no centro agrotecnológico
da Seagro, que faz pesquisa de desenvolvimento
de variedades frutícolas adaptadas às condições
de solo e clima da região, proporcionando, assim, uma exploração eficiente com maiores garantias de sucesso”, afirma Cloves Ribeiro Neto,
engenheiro agrônomo do Ibraf.
Números
As estatísticas indicam que a produção de frutas cresce gradativamente, desde 2007, no Estado do Tocantins. A melancia está em 1° lugar, com uma produção média de 135 mil toneladas. O abacaxi vem em 2°, com 70 mil
toneladas, e a banana, que recentemente alcançou a certificação de área livre da Sigatoka
Negra, segue em 3° lugar no ranking de produção, com 33.4 mil toneladas. O coco, o melão e a castanha de caju também acompanham
a evolução da fruticultura no Estado.
Para José Elias, diretor de Fruticultura e Silvicultura da Seagro, o crescimento da fruticultura deve-se ao incentivo aplicado no setor.
“Apoiamos a produção integrada de abacaxi,
por exemplo, a construção de “packing house”
e a implantação e estruturação do laboratório
de biotecnologia, com objetivo de multiplicar
cultivares resistentes às doenças, além da organização de cursos, palestras, dias de campo
e seminários”, explica o diretor.
Pensando em manter o crescimento da fruticultura tocantinense, José Elias afirma que será
realizada uma campanha publicitária apresentando o potencial do Estado para a produção
de frutas. “Nosso objetivo é reforçar sempre
os benefícios econômicos e sociais gerados
pelo segmento, especialmente, quanto à geração de empregos. Pretende-se com isso manter o ritmo de crescimento da fruticultura
tocantinense, atrair empresários de outros Estados e ampliar os mercados consumidores externos. Além de incentivar, também, o consumo interno, sobretudo entre crianças e adolescentes, e conscientizar o mercado atacadista”, atesta ele.
39
ARTIGO TÉCNICO
RESISTÊNCIA,
UM SÉRIO PROBLEMA
PARA A AGRICULTURA
Fruticultores enfrentam dificuldades no cultivo por conta do
pequeno número de agrotóxicos registrados, dificultando
manejo da resistência de pragas a produtos químicos
Mário Eidi Sato*
Figura 1. Da esquerda para a direita, planta não atacada e plantas com ataque severo de ácaro rajado, com presença de teia
40
ADALTON RAGA
cia de aproximadamente 3 mil vezes para o acaricida
fenpiroximato; de 350 vezes, para abamectina; e
de 570 vezes, para clorfenapir, após poucas aplicações desses acaricidas. Para fenpiroximato, a concentração necessária para matar os ácaros resistentes a este acaricida foi 200 vezes maior que a concentração recomendada para o controle do ácarorajado em morangueiro no Brasil. Nesse caso, um
aumento na concentração do produto, mesmo que
de dezenas vezes, não seria suficiente para aumentar a eficiência do produto no campo, caso a população se torne resistente.
Algumas populações desse ácaro-praga mostram-se resistentes a quase todos os produtos
registrados no mercado, causando muita dificuldade para seu controle. Para algumas culturas, como
morangueiro, diversos agricultores não conseguem
controlar o ácaro-praga nos meses finais da produ-
ADALTON RAGA
ADALTON RAGA
Um dos problemas associados ao uso
indiscriminado de inseticidas e acaricidas é o desenvolvimento de resistência de pragas a produtos
químicos. Para algumas pragas agrícolas, a magnitude da resistência chega a milhares de vezes. O
ácaro-rajado (Tetranychus urticae Koch) é uma das
espécies para o qual o problema de resistência é
bastante sério. O ácaro-rajado ataca culturas, como
as do morango, crisântemo, rosa, pêssego, algodão
e mamão, causando elevados prejuízos. Esta espécie ataca as folhas, principalmente na face inferior.
As folhas atacadas mostram manchas branco-prateadas e certa quantidade de teia, tornam-se bronzeadas, secam e caem, com consequente queda na
produção (Figura 1). O ácaro-rajado quando não
controlado chega a causar prejuízos da ordem de
80% na produção de morango.
No caso de ácaro-rajado observou-se resistên-
ARTIGO TÉCNICO
para o controle de pragas. Neste caso, o agricultor
tem poucas opções de produtos químicos no momento das aplicações, fazendo com que ele realize
repetidas aplicações do mesmo produto, favorecendo a evolução da resistência.
Uma consequência da evolução da resistência é
o aumento do número de aplicações, devido à redução da eficiência dos produtos químicos.
Além disso, causa outros problemas, como o
desequilíbrio biológico, em virtude da eliminação
de inimigos naturais, contaminação ambiental, risco
de intoxicação dos agricultores, maior contaminação de alimentos e aumento do custo de produção.
Um outro problema associado ao uso de
agroquímicos é a possível evolução de resistência cruzada entre produtos. No caso de abamectina, que tem
sido intensamente utilizada pelos agricultores em diversas culturas, resultados de estudos de
monitoramento de resistência indicam resistência cruzada entre abamectina e milbemectina, novo inseticida/acaricida recentemente registrado no Brasil.
No entanto, altas frequências de resistência de até
80% a esse novo produto já têm sido observadas
O AL
O PE SS
problema da resistência de pragas a
inseticidas e acaricidas em morangueiro, e diversas outras culturas,
como frutíferas e hortaliças de menor expressão econômica, é o pequeno número de inseticidas e
acaricidas registrados, aliada à dificuldade (demora) para o registro de
novas moléculas , consideradas eficientes
em diversas culturas, inclusive morangueiro, para o
qual o produto ainda não está registrado. Essa alta
freqüência de resistência deve-se à seleção prévia
dos ácaros com abamectina, que apresenta um
modo de ação semelhante ao da milbemectina. Em
um levantamento realizado em mais de 30 populações de ácaro-rajado, coletadas em áreas comerciais
no Brasil, observou-se nítida correlação entre as
frequências de resistência a abamectina e milbemectina,
com maiores porcentagens de ácaros resistentes à
milbemectina, em áreas com altas frequências de resistência à abamectin. A resistência cruzada é um outro fator que pode dificultar o controle químico, afetando a eficiência de outros produtos, mesmo aqueles recentemente registrados no comércio.
Uma das principais estratégias de manejo da
resistência de pragas a produtos químicos está relacionada à redução na frequência de aplicação de
inseticidas e/ou acaricidas. Neste aspecto, a realização do monitoramento populacional de pragas
pode ser uma ferramenta valiosa para o manejo da
resistência. A utilização de produtos somente quando as densidades populacionais da praga estão acima do nível de dano econômico pode reduzir consideravelmente o número de aplicações contra as
pragas, reduzindo, assim, a pressão de seleção com
os agroquímicos.
Para alguns produtos, como abamectina, para o
qual a resistência do ácaro-rajado se mostra instável
na ausência de pressão de seleção (aplicação do
acaricida), existe a possibilidade de reversão da resistência, caso o produto deixe de ser aplicado por um
período de aproximadamente seis meses. Experimentos realizados no Instituto Biológico mostram que populações com altas porcentagens de ácaros resistentes (ex.: 75%) passaram a apresentar frequências de
ácaros resistentes inferiores a 15%, após seis meses
sem a aplicação deste produto.
Outra estratégia fundamental é a preservação
de inimigos naturais nas áreas agrícolas. Os inimigos naturais podem manter a
população da praga em baixas densidades por longos
períodos no campo, não
havendo necessidade
de intervenções
químicas durante
este período.
Outro aspecto é
que os inimigos
naturais po dem se aliPesquisador Mário Eidi Sato,
mentar tanto
do Instituto Biológico
dos insetos (ou
AR Q U IV
ção, sendo forçados a eliminar antecipadamente a
cultura do campo, implicando em consideráveis prejuízos econômicos. Em algumas áreas de produção
de morango no Estado de São Paulo, como Atibaia,
Socorro e Monte Alegre do Sul, a porcentagem de
ácaros resistentes a acaricidas, como abamectina ,
chega a mais de 70% entre setembro e outubro,
como observado nos últimos anos, dificultando
muito o seu controle. Também têm sido observadas altas porcentagens de ácaros resistentes a
acaricidas, como propargite, 60%; e fenpiroximato,
50%, em morangueiro. No caso de ornamentais,
como, por exemplo, no crisântemo e áster, onde o
número de aplicações de agroquímicos é maior, as
frequências de resistência a estes acaricidas são ainda mais altas, chegando a mais de 80% no Estado
de São Paulo.
Uma das principais causas associadas ao
41
ácaros) suscetíveis como dos
resistentes, podendo diminuir o número de organismos resistentes no campo.
Em um estudo com
ácaro-rajado em morangueiro, onde foi realizada a
liberação de ácaros predadores da espécie Neoseiulus
californicus, observou-se um
bom controle da praga, possibilitando a manutenção da
população do ácaro-rajado
em níveis baixos na cultura,
não havendo a necessidade
de aplicações de acaricidas
após o estabelecimento dos
predadores no campo. Com
isso, foi possível evitar pelo
menos dez aplicações de
acaricidas, em comparação
a uma área com uso de apenas controle químico. Esta
redução no número de aplicações levou a uma diferença significativa na frequência
de resistência à abamectina
(e outros produtos), que foi
significativamente menor na área de liberação dos
predadores, na fase final da safra agrícola.
No caso de morangueiro, o uso de ácaros predadores para o controle de ácaro-rajado é muito
promissor, devido ao rápido estabelecimento dos
predadores na cultura. Experimentos em campo indicam que quando os ácaros predadores são
quando a população do
ácaro-praga (ácaro-rajado) ainda se
mostre baixa (entre 1 e 5 ácarospraga por folíolo), apenas com o
uso de inimigos naturais é possível
controlar a praga sem a necessidade do uso de acaricidas. Este fato é de
liberados,
interesse para os agricultores, devido à possibilidade da condução da cultura com uso mínimo de produtos químicos ou, até mesmo, livres da aplicação
de qualquer defensivo. Considerando que a cultura
de morango é uma das que apresenta maior problema de resíduos de agrotóxicos nos frutos, a redução no uso de produtos químicos também é de
interesse dos consumidores. Assim como em ou42
MÁRIO EIDI SATO
ARTIGO TÉCNICO
Morangueiro com controle feito com acaricidas e
liberação de ácaros predadores na fase final
tros países, algumas empresas passaram a
comercializar esses inimigos naturais (ácaros predadores), dando acesso a esta estratégia de controle aos agricultores.
Quando o controle biológico é de difícil uso, por
falta de inimigos naturais eficientes, e são necessárias várias aplicações de inseticidas para o controle
de uma praga, deve-se evitar aplicações repetidas
de um mesmo produto ou de produtos com
mesmo modo de ação. Aplicações repetidas de
um mesmo inseticida favorecem uma rápida
evolução da resistência. Neste caso, a rotação de
produtos químicos de diferentes modos de ação
pode ser uma boa alternativa, podendo retardar a
evolução da resistência.
Para minimizar o problema da resistência de pragas a defensivos agrícolas há necessidade de um esforço em conjunto, entre produtores agrícolas, instituições de pesquisa e extensão rural, para a criação e implantação de estratégias efetivas para o manejo da resistência a defensivos.
* Mário Eidi Sato
Pesquisador do Instituto Biológico
Telefone: (19) 3252-8342
E-mail: [email protected]
CAMPO E CULTURA
COLHEITA E BENEFICIAMENTO
DE FRUTAS E HORTALIÇAS
Com o objetivo de auxiliar o setor produtivo da
fruticultura a melhorar e
aperfeiçoar sua posição
atual ajudando produtores na colheita, logística
e conservação das frutas,
o livro “Colheita e
beneficiamento de frutas
e hortaliças” trata, entre
outros aspectos, sobre o
manuseio dos produtos
com o devido cuidado
para evitar injúrias mecânicas, seleção nas linhas
de beneficiamento, a escolha da melhor metodologia
de trabalho e de equipamentos para reduzir o
estresse pós-colheita, visando, além da qualidade, a
redução das perdas, que atualmente gira em torno
de 30 a 40%. A publicação foi esforço de cientistas
e instituições que desejam somar competências ao
setor frutícola nacional.
Autor: Diversos
Editora: Embrapa
Editor técnico: Marcos David Ferreira
Onde encontrar: O leitor pode fazer o download do
livro, no site: http://www.cnpdia.embrapa.br. Após
preencher um cadastro com nome, telefone, e-mail
e endereço, o processo é finalizado e o acesso ao
conteúdo é permitido.
MANUAL DE ORIENTAÇÃO DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL NA ÁREA RURAL
Formulado pelo Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o livro tem como objetivo
auxiliar o produtor rural
quanto aos seus direitos
e deveres junto à Previdência Social. O objetivo
é promover ações que
contribuam para o exercício da cidadania, abordando temas como deveres e obrigações, explanando sobre seguro especial, agroindústria, cooperativas; trabalhadores rurais e a Previdência Social; entre outros.
Onde encontrar: O livro encontra-se disponível para
download no site do Senar: www.senar.org.br
VERDE DE RASTREAMENTO - CONCEITOS E DESAFIOS
Nos últimos anos, os mercados
nacional e internacional têm exigido maior controle dos processos produtivos do sistema agroindustrial. A prática do controle da
produção, aplicada há tempos nos
produtos industrializados, tem
migrado a passos velozes na direção da produção e distribuição
dos produtos in natura. Desta
forma, para atender a uma crescente demanda de informação
sobre rastreamento de produtos
in natura, foi desenvolvido o livro ‘Verde de Rastreamento Conceitos Básicos’.
A publicação detalha, de maneira simples e didática, a história e
os conceitos sobre o rastreamento, seus diferentes tipos e funcionamento, assim como os benefícios para o setor agroalimentar
e os desafios para a implantação deste processo.
Autor: Thomas Eckschmidt
Colaboradores: Giampaolo Buso, André Donadel e Alex
Eckschmidt.
Editora: Varela
Valor: R$ 30,00
Onde encontrar:
Editora Varela, pelo
telefone (11) 3222-8903
e/ou e-mail: [email protected]
FUNDAMENTOS DO MELHORAMENTO
DE FRUTÍFERAS
Com capítulos que abordam
assuntos como biologia reprodutiva de fruteiras, recursos
genéticos, métodos de melhoramento, biotecnologia aplicada ao melhoramento de fruteiras e portaenxerto, o livro tem
o objetivo de desenvolver tanto cultivares-copa quanto porta-enxertos, que contribuam
para melhorar a produtividade,
qualidade e oferta das frutas.
A publicação reúne conceitos
fundamentais, além de ser fonte de pesquisa para estudantes, pesquisadores, técnicos, entre outros.
Autor: Cláudio Horst Bruckner
Editora: UFV
Preço: R$ 37,00
Onde encontrar: Editora UFV, pelo telefone (31) 3899-2234
e/ou e-mail: [email protected]
43
ASSOCIADOS IBRAF
ASSOCIAÇÕES
ABANORTE - ASSOC. FRUTICULTORES DO NORTE DE MG
ABIA - ASSOC. BRASILEIRA DAS IND. DE ALIMENTAÇÃO
ABPEL - ASSOC. BRAS. DOS PROD. E EXP. DE LIMÃO
ABPM - ASSOC. BRASILEIRA DOS PRODUTORES DE
MAÇÃ
APPC - ASSOC. PAULISTA PROD. CAQUI IMP. EXP. LTDA
ASTN - ASSOC. DAS INDS. DE PROCESSAMENTO DE FRUTOS TROPICAIS
FRUIT & FOOD LOG AGENCIAMENTO E REP.
NESTLÉ BRASIL LTDA
FRUTLAND PROD. COM. LTDA
NIAGRO NICHIREI DO BRASIL AGRÍCOLA LTDA
GERDA PINTO E SILVA
NUTRIBOX COM.DE NUTRIÇÃO FUNCIONAL LTDA - EPP
GIBRAN EXPORTADORES DE FRUTAS CÍTRICAS LTDA
PALAMAZ PRODS. ALIMENTÍCIOS DA AMAZÔNIA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
INDAIÁ EXOTIC IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA RIO DOCE
INTERMELON COMERCIAL EXP. E IMPORTAÇÃO LTDA
ITACITRUS COMÉRCIO DE FRUTAS LTDA
ITAUEIRA AGROPECUÁRIA S/A
BRAPEX - ASSOC. BRASILEIRA DOS EXP. DE PAPAYA
JAGUACY BRASIL COMÉRCIO DE FRUTAS LTDA
COAGROSOL - COOP. DOS AGROPECUÁRIOS SOLIDÁRIOS DE ITÁPOLIS
LVP AGRÍCOLA LTDA
COEX - COMITÊ EXECUTIVO DE FITOSSANIDADE RN
COOPERATIVA AGRÍCOLA DE TOMÉ-AÇÚ
COOPERFRUTO - COOP. DOS FRUTICULTORES DA REGIÃO CENTRAL DE TOCANTINS
LIMEX IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO
RAJÁ FRUTAS - AMAZONFRUTAS POLPAS DE FRUTAS
DA AMAZÔNIA LTDA
REFRIX ENVASADORA DE BEBIDAS LTDA
TOP AÇAÍ - IND. E COM.DE POLPAS LTDA
TROP FRUTAS DO BRASIL S/A
TROPICAL FOODS MACHINERY
VIA NÉCTARE TEC. EM BEBIDAS E ALIMENTOS LTDA
MNS COMÉRCIO DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS LTDA
MULTIFRUITS IMP. E EXP. LTDA
NOLEM COMERCIAL IMP. E EXPORTADORA S/A
EMPRESAS FORNECEDORAS
DE SERVIÇOS /PRODUTOS
ALIANÇA NAVEGAÇÃO E LOGÍSTICA LTDA E CIA.
HAMBURG SUD
COOPERNOVA - COOP. AGROPECUÁRIA MISTA
TERRANOVA LTDA
POMAR INTERNATIONAL
SINDICAJU - SINDICATO DAS IND. DO AÇÚCAR, DOCES E CO CONSERVAS ALIMENTÍCIAS DO ESTADO
DO CEARÁ
QUEIROZ GALVÃO ALIMENTOS S/A
ASSOCIAÇÃO DE CERTIFICAÇÃO INSTITUTO BIODINÂMICO - IBD CERTIFICAÇÕES
RBR TRADING IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA
BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A
SINDFRUTAS - SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE FRUTAS
E DERIVADOS DO ESTADO DO PARÁ
RENAR MAÇÃS S/A
BIOENSAIOS ANÁLISE E CONS. AMBIENTAL S/C LTDA
RUETTE SPICES LTDA
CARGOFRESH DO BRASIL LTDA
SALUTE - PROD. E COM. DE PROD. AGRICOLAS LTDA
EUROFINS GENESCAN LTDA
SECCHI AGRÍCOLA IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA
GERENCIAL CONSULTORIA E ASSESSORIA S/C LTDA
SITIO KAWABATA
LOGIMASTERS TRANSP. NAC. E INTERNACIONAIS LTDA
SUCOCITRICO CUTRALE LTDA
MV ENGENHARIA DE ALIMENTOS S/C LTDA
SUPRACITRUS COMERCIAL LTDA
UGBP PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA
OIA BRASIL CERTIFICADORA
VALEXPORT - ASSOC. PRODUTORES DE HORTIGRANJEIROS E DERIVADOS DO VALE DO SÃO FRANCISCO
EMPRESAS PRODUTORAS E/OU
EXPORTADORAS DE FRUTAS FRESCAS
AGRA PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA
AGRÍCOLA FAMOSA LTDA
POMAR VALE DO DOURADO
AGRÍCOLA FRAIBURGO S/A
AGROMARK & SASTRO LTDA
GRUPO JD
AGROPEL AGROINDUSTRIAL PERAZZOLI LTDA
ANDRADE SUN FARMS AGROCOMERCIAL LTDA
BENASSI SÃO PAULO IMP. E EXPORTAÇÃO LTDA
BPF - BRAZILIAN PREMIUN FRUIT LTDA
BRASNICA FRUTAS TROPICAIS LTDA
CALIMAN AGRÍCOLA S/A
COPA FRUIT IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO (FRUITFORT)
CT AGROINDÚSTRIA E COM. DE FRUTOS CÍTRICOS CITRUS TREE
PARIPASSU APLICATIVOS ESPECIALIZADOS LTDA
QUATTOR PETROQUIMICA S/A
EMPRESAS TRANSFORMADORAS DE
FRUTAS SUCOS, POLPAS, DOCES,
COMPOTAS, IQF
AÇAÍ DO AMAPÁ AGRO-INDUSTRIAL
AÇAÍ PURA POLPA AGROINDÚSTRIA LTDA
AMAZONFRUT FRUTA DA AMAZÔNIA LTDA
ATLÂNTICA EMPRESA DE COMÉRCIO EXTERIOR LTDA
BRASFRUIT EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA
44
PREDILECTA ALIMENTOS LTDA
BELA IAÇÁ IND. E COM. DE POLPAS DE FRUTAS LTDA
BLUE MACAW LTDA
BOLTHOUSE DO BRASIL IND. DE POLPAS E SUCOS
BONY AÇAI IND. COM. E EXPORTAÇÃO DE BEBIDAS LTDA
CAIBA INDÚSTRIA E COMÉRCIO S/A
DAROS IMP. E EXP. DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS LTDA
COCAMAR COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL
DEL MONTE FRESH PRODUCE BRASIL LTDA
DE MARCHI IND. E COM. DE FRUTAS LTDA
EUROCONTE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA
FRUTAS EXÓTICAS COMERCIAL LTDA
FAZENDA STA. TEREZINHA LTDA - DOCE MEL
LATINEX INTERNATIONAL IMP. E EXPORTAÇÃO LTDA
FISCHER FRAIBURGO AGRÍCOLA LTDA
NATURES ALIMENTOS S/A
ROHM AND HAAS QUÍMICA LTDA
PESSOAS FÍSICAS
ANTONIO ROBERTO LOSQUI
DAVID JOSÉ FERREIRA JUNIOR
FERNANDO BRENDAGLIA DE ALMEIDA
HEIKO FREITAG
JEAN PAUL GAYET
LUIZ BORGES JR
SÉRGIO ABREU
WASHINGTON DIAS
UNIVERSIDADES
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA-UNESP CAMPUS
DE JABOTICABAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS / FEAGRI/
DPPPA
CLASSIFICADOS
45
FRUTA NA MESA
Daniela Mattiaso
Alaranjadas, com gomos de sabor cítrico e adocicado.
Assim são as tangerinas, que crescem em árvores de porte
mediano, com espinhos e flores brancas, bastante aromáticas, semelhantes às da laranjeira. De origem asiática, de países como Índia, China e outros de climas subtropical e tropical úmido, a fruta difundiu-se pelo mundo.
Atualmente, a Espanha é líder mundial na produção e
exportação, seguida da China e Japão. O Brasil está entre
os principais produtores da fruta, mas não entre os principais exportadores. Um dos motivos é a falta de cultivo
de variedades que agradam os estrangeiros. “Eles preferem uma fruta mais colorida e encorpada, com balanço
equilibrado entre açúcar e acidez, enquanto os brasileiros gostam de frutas bem doces, como a Pokan”, explica
Rose Mary Pio, vice-diretora e pesquisadora do Instituto
Agronômico (IAC), especialista em tangerinas. “Outro
entrave para exportar é que as tangerinas produzidas nacionalmente são muito fofas - um problema para transporte a longa distância -, pois amassam, estragando as
frutas mais rapidamente”, acrescenta ela. Cultivares novas para atender ao paladar do consumidor internacional
começaram a ser plantadas e testadas comercialmente,
como a tangerina Clementina, um híbrido sem sementes.
Mesmo sem exportação expressiva, o país apresenta crescimento na produção. Segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), em 2006 havia cerca de 60 mil
hectares de área plantada, com 1,2 milhão de toneladas - um
acréscimo de 13% em relação a 2001. Apesar do aumento,
houve pouca alteração de área cultivada. O fato é atribuído aos
resultados do melhoramento genético e de novas tecnologias,
como na irrigação, propiciando o adensamento dos pomares.
A colheita da fruta ocorre entre maio e agosto, “mas a
safra pode ir de abril a setembro, dependendo da variedade
e da região”, comenta Rose. A produção se concentra nos
Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do
Sul. As variedades mais cultivadas são Ponkan, Murcote, Mexerica do Rio e Tangerina Cravo, sendo as duas primeiras, as
de maior destaque. Segundo a pesquisadora, as tangerinas
são bastante populares por serem refrescantes, nutritivas e
fáceis de descascar. Ela complementa: “Além disso, possuem
altas concentrações de vitaminas A, B1, B2, C, niacina, cálcio
e fósforo, com variações conforme a espécie. São excelentes
para o bom funcionamento do intestino, por apresentarem
grande quantidade de fibras”.
46
RECEITAS DO PRODUTOR
DOCE DE CASCA DE TANGERINA
Ingredientes: 4 unidades de casca de tangerina, 3 xícaras
(chá) de açúcar, 1 xícara (chá) de água, canela em pau e cravo-da-índia a gosto.
Modo de Preparo: Corte as cascas em tiras, coloque em
uma panela, cubra com água e leve ao fogo para aferventar
rapidamente. Escorra numa peneira. Coloque as cascas numa
travessa, cubra com água gelada e deixe de molho durante
três dias, trocando a água duas vezes ao dia. Mantenha sob
refrigeração. No terceiro dia, coe a água e junte a casca aos
demais ingredientes. Leve ao fogo médio e cozinhe até secar.
BOLO DE TANGERINA COM COBERTURA
Massa: 2 xícaras (chá) de açúcar, 2 xícaras (chá) de farinha de
trigo, 1 copo de 200 ml de suco de tangerina puro, 3 ovos,
1/2 xícara (chá) de óleo, 1 colher (sopa) de fermento em pó.
Calda: 1/2 xícara (chá) de suco de tangerina puro, 2 xícaras
(chá) de açúcar de confeiteiro
Modo de preparo: No liquidificador, bata os ovos, o óleo,
o açúcar. Acrescente o suco. Misture o fermento em pó com
a farinha. Adicione ao líquido do liquidificador, batendo até
ficar uma massa homogênea. Unte a forma do bolo com
margarina e farinha. Leve assar em forno médio, préaquecido. Prepare a calda, misturando devagar o açúcar de
confeiteiro com o suco de tangerina, até pegar consistência.
Coloque a calda sobre o bolo pronto, ainda morno.
Há 12 anos, o produtor Sesostres Ferreira da Silva cultiva mexericas do
tipo Pokan, em sua propriedade, na Fazenda Nossa Senhora do Carmo,
na cidade de Grumadinho, a 45 quilômetros de Belo Horizonte (MG).
Lá, possui 28 mil pés da fruta produzindo. Na última safra, ele colheu
87 mil caixas de 20 kg. De acordo com o produtor, a boa produtividade
está relacionada às temperaturas amenas e ao solo firme da região.
“Também fazemos quatro adubações anuais e correção do solo para
garantir a qualidade”, diz Sesostres. Toda sua produção tem destino
certo: as Ceasas de Belo Horizonte (MG) e do Rio de Janeiro (RJ).