33 - Ibraf
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33 - Ibraf
CAPA SUMÁRIO PRODUÇÃO Performance CG FOTOS Banco de Imagens Complexo de Alimentos e Bebidas Apex Brasil Junho / Julho / Agosto 2009 27 14 33 07 ENTREVISTA 07 ABRINDO CAMINHOS Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, fala sobre crédito rural, liberação de agrotóxicos, iniciativas para abertura de novos mercados e crise econômica. FRUTAS FRESCAS 14 SEM TEMPO RUIM Cultivo protegido em frutas como maçãs, caquis e uvas trazem vantagens ao produtor e frutas melhores ao consumidor. SEÇÕES 04 06 10 editorial espaço do leitor campo de notícias 12 no pomar Panorama dos principais acontecimentos do trimestre. INCENTIVO AO CONSUMO 18 BRINCADEIRA SÉRIA Campanha Saborosa Brincadeira, do Ibraf, promovida em rede de varejo, mostrou resultados em aumento de consumo, e segue em linha com outras iniciativas no país. AGROINDÚSTRIA 27 FRUTAS DA BELEZA Cosméticos com frutas na formulação ganham preferência do consumidor, mas produtor ainda está fora deste mercado. MEIO AMBIENTE 33 EM PERFEITA HARMONIA Praticado ainda em pequena escala, o sistema agroecológico de frutas traz benefícios ao produtor, ao consumidor e ao meio ambiente. Pera e caqui no semi-árido, poda temporã de uvas e a brasileiríssima marolo. 30 tecnologia Equipamentos e sistemas ajudam o fruticultor a produzir melhor, como o SisAlert, mas ainda há resistência na aplicação. 36 opinião Barbara Ferreira Nóbrega e Sergio Menezes, da Top Açaí, analisam o momento do açaí e as medidas para sua divulgação no Exterior. 37 agenda 38 eventos Acontecimentos do trimestre. Fruit & Log promoverá frutas brasileiras para o mundo, em setembro. Agrotins mostra expansão das frutas no Tocantins. 40 artigo técnico Novas moléculas e controle biológico são solução para resistência na agricultura. 43 44 45 46 campo & cultura associados ibraf classificados fruta na mesa Tangerinas: cheirosas e refrescantes. editorial Brincadeira saborosa, séria e saudável O tempo “de não ter tempo” parece invadir todas as áreas das nossas vidas. O cotidiano é feito de correria para ir à escola, ao trabalho, às compras e até ao lazer. Sobra pouco tempo, portanto, para uma alimentação saudável. Feita às pressas ou nem feita, a falta do cuidado com as refeições está gerando adultos com excesso de peso e obesos. Esta realidade se repete com as crianças e adolescentes. E a fruta, alimento saudável e saboroso, acaba por não entrar no cardápio em nosso país, que é o terceiro maior produtor mundial e tem um dos menores consumos – 62 kg por pessoa por ano. Para ajudar a reverter este quadro e aumentar o consumo, o Ibraf lançou uma campanha de marketing nacional nomeada de “Saborosa Brincadeira”, com resultados que você acompanha na reportagem Brincadeira Séria. A iniciativa é parte de um projeto maior apoiado pelo Sebrae-SP, o Fruta Paulista, e foi conduzido, inicialmente, na rede Pão de Açúcar, em São Paulo, Capital. Mas tem planos de crescer e, no futuro, reverter a situação atual. Enquanto isto, no campo os produtores continuam sua lida de produzir mais e melhor, aplicando técnicas como o cultivo protegido. Sob proteção, uvas, caquis, morangos e outras frutas crescem mais bonitas e melhores. Para contribuir com este trabalho, a pesquisa analisa o efeito advindo do repetido uso dos mesmos agroquímicos nas plantações e comprova a resistência provocada pela ação. A solução está na aprovação de legislação própria pelo Ministério da Agricultura, cujo titular, Reinhold Stephanes é o entrevistado desta edição. Stephanes aborda a questão e afirma que, até setembro, deve ser publicada uma Instrução Normativa Conjunta para o registro de pequenas culturas (Minor Crops). O ministro fala também sobre crédito rural e iniciativas para abertura de novos mercados. Por falar em novos mercados, o de cosméticos à base de frutas ganha preferência do consumidor, mas o produtor ainda está fora dele. As tecnologias que monitoram as diversas etapas da produção, prevenindo problemas e reduzindo custos também são pouco difundidas entre os produtores. Outro quase desconhecido é o sistema agroecológico de cultivo, que devolve vida ao solo e restabelece o equilíbrio com o ambiente, produzindo alimentos mais saudáveis. E por falar em saudável, essa é a nossa sugestão: que tal comer uma fruta enquanto lê mais esta edição que preparamos para você, nosso leitor? Aproveite! Até setembro, se Deus quiser. Marlene Simarelli Editora [email protected] fale conosco REDAÇÃO para enviar sugestões, comentários, críticas e dúvidas [email protected] ASSINATURA a assinatura é gratuita e para solicitar seu exemplar [email protected] ou pelo telefone (11) 3223-8766 ANÚNCIOS para anunciar na Frutas e Derivados [email protected] ou pelo telefone (11) 3223-8766 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ “ A s matérias da edição 12 são excelentes, abrangendo desde produtores, exportadores, comerciantes, etc. Achei especial a matéria Milenar e Eficiente, de Daniela Mattiaso, porque relata de maneira sucinta e satisfatória os passos básicos sobre enxertia, assunto a que sou afeito, tendo em vista ser vitivinicultor.” ESCREVA PARA 6 ○ ○ ○ ○ ○ Dr. Maria Anidelce Messias Pires de Almeida Engenheira Agronoma Botucatu – SP ○ ○ ○ “ G ostaria de parabenizá-los pelo conteúdo da revista. Além de funcionária da SAA/SP, sou também instrutora do Senar/SP, através do q u a l m i n i s t r o c u r s o s d e Viveirista (produção de mudas: frutíferas, ornamentais, nativas, etc.), jardinagem (implantação e reforma, manutenção de jardins), cultivo etc.” ○ ESPAÇO DO LEITOR João José de Oliveira Veloso Vitivinicultor Centro de Cultura e Tradição de Cunha Cunha – SP Endereço: Av. Ipiranga, 952 • 12º andar • CEP 01040-906 • São Paulo/SP Fax: (11) 3223-8766 • E-mail: [email protected] ENTREVISTA LAR FOTOJORNALISMO REINHOLD STEPHANES ABRINDO CAMINHOS Marlene Simarelli O deputado federal Reinhold Stephanes (PMDB-PR) assumiu o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em 2007. Economista, 69 anos, natural de Porto União (SC), Stephanes iniciou a carreira profissional na área agrícola. Foi secretário das pastas de Agricultura, Administração e Planejamento do Paraná e presidente da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober), além de ocupar diversos cargos no próprio ministério que hoje lidera. Formado pela Universidade Federal do Paraná, especializou-se em Administração Pública, na Alemanha, e em Desenvolvimento Econômico, pela Cepal/ONU. Participou em outras administrações federais como ministro da Previdência e também do Trabalho. Na carreira legislativa, Stephanes se elegeu seis vezes deputado federal pelo Estado do Paraná. A pasta que administra tem a fruticultura entre os cinco principais itens da balança comercial. Nesta entrevista, Stephanes fala sobre crédito rural, liberação de agrotóxicos, iniciativas para abertura de novos mercados e a crise, que também afetou a fruticultura. Frutas e Derivados - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disponibilizou linha de crédito de emergência, com juros diferenciados, para socorrer os fruticultores do Rio Grande do Norte. E em relação aos demais fruticultores, quais ações há para enfrentar a crise? Stephanes - No início deste ano, foi criada uma linha de crédito de R$ 200 milhões para o setor de fruticultura, 7 ENTREVISTA REINHOLD STEPHANES por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), denominada Revitaliza. Hoje, as culturas da maçã e do pêssego já dispõem de crédito para comercialização, o que proporciona maior liquidez aos agentes responsáveis pelo carregamento de estoques de frutas e derivados. A Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura estuda proposta para ampliação desta Linha Especial de Crédito (LEC) para apoiar a comercialização de produtos derivados de manga, goiaba, maracujá e abacaxi que, juntamente com a maçã e o pêssego, representam as frutas mais demandadas para produção de sucos e polpas. Se aprovada, essa linha fortalecerá a agroindustrialização do setor frutícola, com benefícios diretos e indiretos ao setor produtivo. “A expectativa é que, até setembro, seja publicada uma Instrução Normativa para o registro de pequenas culturas (Minor Crops)” Frutas e Derivados - O senhor defende uma reforma no sistema de crédito rural, que prevê política de garantia de renda e ampliação dos agentes financiadores do agronegócio. Efetivamente, com o que o fruticultor pode contar hoje e o que pode esperar ainda para este ano? Stephanes - Desde o início da crise, o governo adotou uma série de medidas voltadas ao aumento da liquidez bancária específica para o setor agrícola, entre as quais é importante destacar o aumento das exigibilidades dos depósitos à vista e da poupança rural. Essas medidas foram essenciais para manter o nível de crédito à agricultura, que deverão situar-se nesta safra muito próximo à normalidade. Além desse crédito normal para custeio, comercialização e investimento, o governo aprovou, em abril, uma linha extraordinária para capital de giro às agroindústrias e cooperativas agropecuárias, no valor de R$ 10 bilhões, com recursos do BNDES. Um dos setores que será beneficiado por essa medida é o da fruticultura, devido ao grande número de agroindústrias em operação. Além disso, devemos colocar à disposição para o próximo ano safra, que se inicia em julho, significativo montante de recursos e limites maiores do que vigoraram na safra passada, conforme mencionei. 8 Frutas e Derivados - Há planos do Ministério para revitalização do Profruta (linha de financiamento do governo extinta) ? Stephanes - O Programa de Apoio à Fruticultura (Profruta), criado em 2000, tinha como finalidade disponibilizar crédito para o desenvolvimento da produção de espécies de frutas com potenciais mercadológicos internos e externos. No ano safra 2003/2004, foi instituído o Programa de Desenvolvimento da Fruticultura (Prodefruta), que passou a abranger os seguintes programas: Profruta, Programa de Desenvolvimento da Vitivinicultura (Prodevinho), Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cacauicultura (Procacau) e o Programa de Desenvolvimento da Cajucultura (Procaju). Assim, o Prodefruta passou a apoiar todas as cadeias produtivas relacionadas ao setor de fruticultura, por meio de linhas de crédito para investimento. No ano safra 2007/2008, o Prodefruta foi incorporado ao Programa de Modernização da Agricultura e Conservação dos Recursos Naturais (Moderagro), o que permanece até hoje. Portanto, mesmo depois da extinção do Profruta, o setor de fruticultura continua se beneficiando de linha de crédito específica. Frutas e Derivados - Para o setor se adaptar às exigências do mercado internacional é necessária a ampliação da lista de defensivos, principalmente para as frutas tropicais. Está em tramitação desde 2003 uma proposta do setor, mas ainda não há uma definição. Por este motivo, a qualquer momento a União Europeia pode suspender as importações das frutas brasileiras. Como está o andamento desta questão e o que o setor pode ainda fazer para colaborar e agilizar a liberação? Stephanes - A ampliação da lista de defensivos envolve os ministérios da Saúde, Agricultura e Meio Ambiente. O Ministério da Agricultura, preocupado com este cenário e a questão dos produtores de frutas que se encontravam desamparados em número de produtos para controle de pragas, desenvolveu projeto de inclusão chamado “Registro para Pequenas Culturas” (minor crops). Este programa encontra-se aprovado pela área técnica, mas ainda precisa ser ajustado do ponto de vista jurídico para publicação. A normatização, no entanto, não é a solução final para o problema. A partir do marco legal, será desenvolvido projeto envolvendo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), organizações de produtores e indústrias. O objetivo é montar, de forma sustentada, todos os dados de resíduos e informações de segurança para os registros. Este projeto está alinhado ao que é propos- ENTREVISTA REINHOLD STEPHANES to pelo Codex Alimentarius e outros órgãos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para a solução deste gargalo. Lembro que o registro para pequenas culturas não é uma questão exclusiva do Brasil. Trata-se de um assunto discutido no mundo todo e hoje apenas os Estados Unidos, a Europa e a Austrália desenvolvem este tipo de registro. O Brasil é o primeiro país latinoamericano a desenvolver projeto nesse setor. Devido aos trâmites jurídicos, a expectativa do Ministério da Agricultura é que até setembro seja publicada uma Instrução Normativa Conjunta, no Diário Oficial da União, para o registro de pequenas culturas (Minor Crops). Frutas e Derivados - Os dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), divulgados recentemente, mostraram claramente a presença de resíduos de agrotóxicos disponíveis no mercado, mas sem registro para uso nas culturas em que foram detectados. O Programa Integrado de Frutas também preconiza as boas práticas agrícolas com aplicação racional de agrotóxicos. Mas como estar adequado, se há poucos produtos disponíveis ao fruticultor? Stephanes - É necessário ter um canal direto de informação do produtor com o Ministério da Agricultura. Para isso, está sendo elaborado um projeto de divulgação das ferramentas de consulta dos produtos registrados e estabelecida a abertura para contato com a área de agrotóxicos do Mapa. Assim, será possível identificar os principais produtos usados pelo agricultor e para os quais o Ministério da Agricultura deverá recomendar o registro. O Para é, sem dúvida, uma iniciativa importante que deve ser aprimorada para que o governo possa buscar soluções na produção de alimentos. Para a melhoria dos programas de monitoramento, estamos fornecendo informações técnicas à Anvisa e à Embrapa, como também desenvolvendo uma ação integrada nos estados com técnicos da Agricultura e Vigilância Sanitária. O ministério está investindo, também, na ampliação de programas como o de produção integrada, a partir do aumento da grade de produtos para controle fitossanitário. É importante ressaltar que os produtos selecionados para este projeto serão sempre os mais modernos, menos tóxicos e menos impactantes ao ambiente, mas que preservem as características de eficiência no controle de pragas. Frutas e Derivados - A política de exportação, por meio da Apex-Brasil, amplia a participação da fruticultura nacional no Exterior, no entanto, ainda faltam negociações por parte do Governo Federal para que as frutas entrem em mercados como a Ásia. O que está sendo feito para a abertura deste e de outros mercados importantes? Stephanes - O Ministério da Agricultura está negociando com a África do Sul as condições sanitárias para exportar mamão papaia e manga. Também estamos negociando com a Índia a abertura de mercado para maçã e citrus, além da soja e do algodão brasileiros. Já, com a Indonésia, importante mercado, estamos na fase inicial da análise de risco de pragas para maçã, manga, uva e melão. Em maio, entregamos às autoridades indonésias os relatórios técnicos referentes a estas culturas que permitirão essa análise. Também em maio, técnicos da Secretaria de Defesa Agropecuária se reuniram com representantes da embaixada da Nova Zelândia e ressaltaram o interesse do Brasil em exportar limão, laranja e manga para aquele país. No caso de países da Ásia e Pacífico, aqueles integrantes da Asian and Pacific Plant Protection Agreement (APPPC), existe uma série de restrições que estão sendo tratadas no âmbito de fóruns internacionais, como o Comitê de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da Organização Mundial do Comércio (SPS/OMC). Lembro que o Brasil já exporta mangas do tipo Kent e Tommy Atkins para o Japão. “Ministério está negociando com África do Sul, Índia, Nova Zelândia e Indonésia, as condições para exportar frutas nacionais” Frutas e Derivados - Está entre as metas do Ibraf incentivar o consumo de frutas pelos brasileiros. O Ministério aceitaria desenvolver em conjunto com as entidades do setor um plano de ação para aumentar o consumo nacional, que é um dos mais baixos no mundo? Stephanes - O Ministério da Agricultura acredita ser importante estimular o consumo de frutas no Brasil, junto ao Ibraf, e já participa de grupos com este objetivo. O Mapa integra a comissão organizadora do Congresso Panamericano de Incentivo ao Consumo de Frutas e Hortaliças, liderado pelo Ministério da Saúde, que será realizado no mês de setembro, em Brasília. Além disso, a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do próprio ministério promove projetos como o Sistema de Produção Integrada de Frutas, que visa à produção de alimento seguro, sustentável, certificado e com rastreabilidade em todo o processo produtivo. 9 CAMPO DE NOTÍCIAS Luciana Pacheco e Carolina Peres Drawback Integrado Beneficia Agronegócio Com portaria publicada em 2 de abril, no Diário Oficial da União, o Drawback Integrado permitirá que empresas do segmento do agronegócio possam utilizar os benefícios fiscais – suspensão do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), da Contribuição para o PIS/Pasep, para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), do PIS/Pasep Importação e da Confins-Importação – sobre as aquisições no mercado interno ou sobre as importações de bens empregados na fabricação de produtos destinados à exportação. O regime já está em vigor desde 18 de maio. O Drawback Integrado é praticamente o Drawback Verde-Amarelo, entretanto, foi estendido também para insumos do agronegócio, uma vez que, anteriormente, o Verde-Amarelo permitia apenas insumos caracterizados como partes e peças, excluindo o agronegócio. “É uma grande ferramenta para o exportador do agronegócio. Um projeto de implantação do Drawback será variável conforme a operação de cada empresa. Como normalmente os volumes importados e adquiridos no mercado interno pelas empresas elegíveis ao Drawback são altos, os valores dos ganhos podem ser muito interessantes” afirma Gustavo H. Maia de Almeida, diretor do Departamento de Comércio Internacional da LF Maia e Advogados Associados. Unidade Móvel: Rapidez em Testes e Análises de Alimentos Um caminhão com estrutura laboratorial que visa facilitar o suporte tecnológico à micro e pequenas empresas do ramo alimentar foi lançado, em abril, pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital). Nomeado como Prumo Alimentos, a unidade móvel irá realizar testes e análises in loco por todo o Estado de São Paulo. Alguns diagnósticos ficarão prontos imediatamente, os demais serão analisados na sede do Instituto em Campinas. Com atividades iniciais programadas para junho, o Prumo terá como tripulantes pesquisadores do Ital e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SP). Os atendimentos serão pagos pelas empresas, com subsídio da Financiadora de Estudos e 10 Projetos e do Sebrae-SP (Finep). Ao Ital caberá a execução do trabalho, com mobilização dos profissionais e da estrutura necessária. A unidade auxiliará a todos os setores atendidos pelo instituto, entre eles a fruticultura. E, segundo o coordenador da ação e diretor substituto do Instituto, Airton Vialta o projeto ajudará bastante na assistência tecnológica. “O Prumo Alimentos será um facilitador do cumprimento da missão do instituto, já que o Ital vai para perto da empresa e, com isso, estabelece uma aproximação com o setor produtivo”, atesta. Mais informações, pelo telefone: (11) 3743-1757. Tradings do Brasil Com o objetivo de organizar e fortalecer o segmento, além de ampliar o suporte às pequenas empresas brasileiras que já exportam ou têm potencial para iniciar vendas a outros países, a ApexBrasil está montando, em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas, um retrato do setor de tradings e comerciais exportadoras do Brasil. O primeiro passo aconteceu em maio com um seminário em São Paulo, onde especialistas da Coréia, Japão e Holanda falaram a mais de 400 empresários. Para Alessandro Teixeira, presidente da Apex-Brasil, “as tradings podem ser o centro da promoção comercial, tendo como meta dar um salto para a modernidade do serviço de exportação e de divulgação da imagem do Brasil no Exterior.” Segundo levantamento inicial feito pela Fundação Getúlio Vargas há 5.794 tradings e comerciais exportadoras no Brasil. Para ações futuras estão programadas missões comerciais com tradings brasileiras na África do Sul, em Angola e na Ásia. Já são aproximadamente 500 empresas que desejam fazer parte das ações. Para mais informações, basta acessar o site: www.tradingsdobrasil.com.br Sistema de Rastreamento na Ceasa de Porto Alegre Foi lançada em março, na Ceasa de Porto Alegre (RS), com idealização da em- presa Cleanbox, a Central de Caixas. O objetivo é, além de gerar empregos, reduzir custos operacionais do setor e diminuir a contaminação cruzada. As caixas plásticas são administradas por um sistema de gerenciamento, que padroniza e rastreia eletronicamente com a utilização de smart cards (cartões “inteligentes”), proporcionando o acompanhamento da carga e auxiliando no controle do produto pelos fornecedores e clientes. Para Luciano Medeiros, sócio-diretor da Cleanbox, “o objetivo é proporcionar adequação e benefícios ambientais, além da segurança alimentar, em um sistema competitivo, sem afetar o custo da cadeia”. O sistema é utilizado apenas em Porto Alegre (RS), mas, segundo o diretor da empresa, já possui planos de expansão. “Modernizaremos o comércio inicialmente em Porto Alegre e depois partiremos para outras Ceasas.” Para mais informações, basta entrar no site: www.cleanbox.com.br Goiaba Minimamente Processada Com o objetivo de diminuir o desgaste e a maturação das goiabas, foi realizada uma linha de pesquisa para aplicar o processamento mínimo em goiabas brancas e vermelhas, conduzida pela mestranda Patrícia Maria e por Pedro Angelo Jacomino, coordenador de Laboratórios da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ Esalq). Na pesquisa foi analisado desde o ponto certo da colheita da fruta, até o final do processo. A goiaba possui um quadro de amadurecimento acelerado, quando conservada em temperatura ambiente. A fruta necessita de comercialização rápida para evitar perdas, por isso processá-las proporcionará o consumo de alimentos mais limpos e sem desgastes mecânicos com transporte e armazenamento. “Para a cadeia produtiva, as vantagens desse sistema são o aumento da rentabilidade dos produtores, a fixação da mão-de-obra nas regiões produtoras e a facilitação do manejo do lixo. Restaurantes e redes de fast food também ganham com a versão minima- mente processada, uma vez que conseguem economizar espaço de armazenamento e tempo de preparo”, afirma o coordenador. Mais informações na Esalq pelos telefones (19) 3447.8613 e 3429.4485. Fruticultura em Destaque Para tratar de temas inerentes ao aperfeiçoamento das políticas públicas para o setor frutícola no Brasil, o presidente da Frente Parlamentar de Fruticultura, Afonso Hamm, participou da audiência pública com o Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Foram apresentadas algumas dificuldades com relação ao acesso de crédito e solicitada a implantação de um seguro agrícola mais abrangente. Tratou-se, também, sobre o programa para modernização da irrigação do Vale do São Francisco, a revitalização do Profruta, quando o Ministro prometeu nomear um coordenador para a Secretaria de Política Agrícola, além de discussão sobre protocolos fitossanitários. Carlos Alberto Albuquerque, diretor de Relações Institucionais e Governamentais do Instituto Brasileiro de Frutas, também participou da audiência, assim como os deputados Jorge Khoury, Fernando Coelho e Edson Duarte. Certificação Inédita em Minas A Ouro Verde, uma propriedade de 75 hectares, onde se produz limão, banana, manga e atemóia (da família da pinha), é a primeira fazenda de Minas Gerais a obter a certificação internacional Globalgap. Localizada em Jaíba, a propriedade atendeu 90% dos requisitos de adequação e já está com o selo provisório. O proprietário, Reinaldo Nunes Saraiva, tem planos de expandir, nos próximos dois anos, a área plantada de limão em mais 40 hectares. O investimento vai incrementar em cerca de 40% a produção anual de 1.350 toneladas. “Em um prazo máximo de oito meses, quero exportar 60% da produção”, informa. O empresário levou três meses entre a contratação da consultoria e a auditoria dos processos. Neste intervalo, construiu 16 banheiros (a cada 400 metros há dois banheiros, um feminino e outro masculino), alojamento, melhorou a iluminação, sinalizou a propriedade, substituiu produtos, como defensivos e inseticidas, e garantiu a rastreabilidade do produto. Além disso, regularizou a licença ambiental e o descarte de resíduos, entre outras adequações. Laboratório de Nanotecnologia para o Agronegócio Desenvolvimento de filmes comestíveis, de plástico biodegradável de fonte renovável, entre outras, são algumas das pesquisas que já estão sendo conduzidas no Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA), inaugurado no final de maio pela Embrapa Instrumentação Agropecuária (São Carlos-SP). Com uma área de 700 metros, o laboratório atuará em três linhas de pesquisa: sensores e biossensores para monitoramento de processos e produtos; membranas de separação e embalagens biodegradáveis, bioativas e inteligentes; novos usos de produtos agropecuários. Para o coordenador da rede e chefe de P&D da Embrapa Instrumentação Agropecuária, Luiz Henrique Capparelli Mattoso, “o agronegócio é uma área onde o nosso país pode ter maior competitividade em nanotecnologia, graças às especificidades da agricultura tropical. A Embrapa tem um grupo de excelência de pesquisadores altamente capacitados para acompanhar e promover avanços do conhecimento neste tema”. No Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio podem ser desenvolvidas pesquisas para aplicação de novas ferramentas para biotecnologia e nanomanipulação de genes e materiais biológicos; desenvolvimento de catalisadores mais eficientes para produção de biodiesel e utilização de óleos vegetais e outras matérias primas de origem agrícola para produção de plásticos; tintas e novos produtos, produção de nanopartículas para liberação controlada de nutrientes, pesticidas e drogas; nanopartículas e nanodeposição de filmes bioativos para biofiltros, membranas e embalagens biodegradáveis e/ ou comestíveis para alimentos. Miniagroindústria é Inaugurada para Agregar Valor a Frutas Por meio de iniciativa do Projeto Agroflorestar, da Associação da Preservação Ambiental do Apiaú (Apaa), com apoio técnico da Embrapa Rondônia, foi inaugurada, em abril, a miniagroindústria de beneficiamento de frutas em Mucajaí, Roraima. A fábrica, que já possui acordos de vendas fechados, conta com máquina de lavagem, mesa seletora, despolpadeira, dosador, seladora manual e três freezers. O objetivo é, além de agregar valor aos produtores, aproveitar a mãode-obra da região, assim como incentivar a sustentabilidade e auxiliar na qualidade de vida. As polpas produzidas serão vendidas para algumas prefeituras do Estado e para Manaus. Carlos Augusto Gomes, presidente da Apaa, está confiante e satisfeito com a implantação. “Ela vai estimular os produtores a utilizarem o sistema agroflorestal e preservar o meio ambiente. Afinal, antes eles não sabiam o que fazer com as frutas. Quando tentavam vender, chegavam a perder 50% delas no transporte. Agora eles podem transformar em polpa e vender. A capacidade da miniagroindústria é de até 100 kg/dia”, afirma. Suco de Uva Branco O suco de uva branco, elaborado a partir de uvas brancas americanas e feito de forma 100% natural, é o novo lançamento da vinícola Perini. O produto é novidade no mercado brasileiro, mas já é bastante conhecido no Exterior. Não possui adição de açúcar ou conservantes e tem alta concentração da fruta. Segundo a empresa, o suco estimula as funções hepáticas, faz bem ao coração, é alcalinizante e auxilia na digestão, além de possuir propriedades antioxidantes. Mais informações: www.vinicolaperini.com.br Envie suas notícias para: [email protected] 11 NO POMAR Daniela Mattiaso ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ UM ABACAXI FANTÁSTICO 12 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Um novo inseticida para o controle do Psílideo e outras pragas em citros já está em fase final de registro, com previsão de lançamento para o mês de junho. O produto é o Sumidan 150, da empresa Ihara. “Ele age no sistema nervoso dos insetos, como o bicho-furão, o pulgão, a orthezia, a cigarrinha e o Psílideo, sem provocar desequilíbrio na população de ácaros”, explica o gerente de Cultura da Ihara, Eduardo Figueiredo. Outro produto da empresa para o manejo em citros é o Tiger, que auxilia no controle de ovos e ninfas, além de esterilizar as fêmeas do inseto, quebrando o ciclo da praga no pomar. ○ ○ NOVO PRODUTO PARA CITRUS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A edição n° 11, de setembro de 2008, da Revista Frutas e Derivados, divulgou o pré-lançamento da nova cultivar de abacaxi IAC Fantástico, desenvolvida pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Em função da grande procura, após a divulgação, o Instituto informa que as mudas ainda não estão sendo comercializadas, mas disponibilizadas unicamente para experimentação de validação, sob contrato, para produtores previamente selecionados. A cultivar deverá ser lançada no final de 2009 ou início de 2010, após conclusão do processo de Proteção de Cultivares, já em fase final. Para informações, envie um e-mail para [email protected] ou ligue para (19) 32415847 ou 32 315422. MARCO TECCHIO - IAC A poda temporã é uma modalidade de poda realizada após a colheita da safra normal em videiras. O principal objetivo, segundo Marco Antonio Tecchio, pesquisador do Centro de Frutas do Instituto Agronômico (IAC), é obter uma produção fora de época, permitindo que o viticultor tenha uma fonte de renda a mais no ano, obtendo duas safras anuais. “Com essa safrinha ele pode garantir bons rendimentos ao abastecer o mercado em um período que há menor oferta de uva no mercado, obtendo melhores preços.” De acordo com o pesquisador, a técnica consiste em uma poda longa, na altura do segundo fio de arame da espaldeira (ramos com aproximadamente 30 cm de altura), deixando-se desenvolver a brotação apenas da última gema do ramo, e seguida de adequações no manejo, com o maior cuidado com controle fitossanitário da planta. A prática já é bastante comum nas regiões tradicionais de cultivo de uva Niagara Rosada, compreendendo as regiões de Jundiaí, São Miguel Arcanjo, Indaiatuba e Porto Feliz, responsáveis por 80% da produção de uva no Estado de São Paulo. “Por ser realizada, geralmente, em períodos chuvosos, entre dezembro e fevereiro, essa poda exige uma pulverização mais frequente do vinhedo, ocorrendo a cada dois ou três dias. Antes de realizar a poda temporã, o produtor precisa avaliar o custo-benefício da prática, pois ela aumenta as despesas da plantação.” Outros pontos a serem analisados, segundo ele, são a menor vida útil da videira e a menor produtividade na safrinha. “A vida útil de um vinhedo é de 15 a 18 anos. Com a poda temporã, realizada em anos alternados, ela cai para 10 a 12 anos.” Na região de Jundiaí (SP), a produtividade da safrinha da uva Niagara oscila entre 1,5 kg a 2,5 kg por planta, enquanto que na safra varia de 2 a 3 kg por planta. Segundo Tecchio, “pode-se ter maior produtividade com a poda temporã, quando houver alguma alteração climática durante a poda normal da videira, como a ocorrência de baixas temperaturas na Técnica consiste em poda longa, na altura do segundo fio de brotação ou no florescimento”. A poda temporã também pode ser arame da espaldeira, diferente da poda de inverno (acima) realizada em uvas viníferas, de acordo como pesquisador, mas a dificuldade no controle fitossanitário é maior. “No entanto, a colheita em período de baixa precipitação favorece a maturação da uva, originando frutos com maior teor de sólido solúvel, importante para elaboração de vinhos de melhor qualidade.” Mais informações podem ser obtidas no Centro de Frutas do Instituto Agronômico pelo telefone (11) 4582-7284 MARCO TECCHIO - IAC PODA TEMPORÃ DE UVAS NIAGARA ○ ○ ○ ○ ○ ○ PERA E CAQUI NO SEMI-ÁRIDO Os produtores de frutas no Semi-Árido brasileiro terão mais duas espécies para diversificar seu negócio: a pera e o caqui. As pesquisas para cultivo comercial destas duas frutas típicas de temperaturas mais baixas estão sendo conduzidas pela Embrapa Semi-Árido. A pera já está em vias de se estabelecer como uma alternativa de plantio comercial nas áreas irrigadas do Submédio do Vale do São Francisco, onde o clima é quente com pequenas variações ao longo do ano. Segundo o pesquisador Paulo Roberto Coelho Lopes, da Embrapa Semi-Árido, os estudos começaram em 2005, em busca de soluções para superar a necessidade que a frutífera requer de cerca de 400 a 500 horas de frio para produzir. Os testes conduzidos até agora com as cultivares 16.30 MG 8 e MG 12, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), são promissores, com excelente desenvolvimento vegetativo, florescendo e frutificando em quase todos os meses do ano. “O desempenho das plantas no Campo Experimental de Bebedouro e as avaliações da qualidade dos frutos em laboratório nos deram duas certezas. Uma, que será possível a produção de peras nas condições ambientais do Vale do São Francisco. Outra, o cultivo poderá ser manejado para colheita no segundo semestre, quando o mercado brasileiro é abastecido por frutas importadas da Argentina, dos Estados Unidos, do Uruguai e Chile.” Quanto ao caqui, Coelho Lopes afirma que estuda a adaptação do caquizeiro às condições irrigadas do sertão nordestino desde 2006. Duas variedades já se destacaram: Giombo e Rama Forte. A fruta terá produção no segundo semestre, entre os meses de agosto e dezembro. Segundo o pesquisador, nos testes, a qualidade e quantidade de frutos por planta foram semelhantes às da região sudeste. Uma boa oportunidade, já que as colheitas ocorrem entre os meses de fevereiro e junho nos pomares do Sul e Sudeste. Depois o mercado nacional só volta a ser abastecido em outubro com caquis de países, como Espanha e Israel, que chegam ao consumidor com preços até quatro vezes maior que os praticados no período da safra normal. Para mais informações: Embrapa Semi-Árido (87) 3862-1711. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ BRASILEIRÍSSIMA, MAROLO Parecida com uma pinha, porém, de casca mais dura e rugosa, de cor verde e marrom, quando madura, o marolo (Annona crasiflora Mart.) é uma fruta típica do cerrado brasileiro. O fruto pesa de 0,5 kg a 4,5 kg, contendo de 60 a 190 gomos, possuindo, geralmente, uma semente dentro. Chamada também de araticum ou cabeça-de-nego, sua polpa varia do branco ao amarelo e vermelho, sendo o último, com sabor e cheiro mais acentuados. Pode ser consumida ao natural e usada também no preparo de sorvetes, doces, geléias, licores, bombons, iogurte ou como ingrediente em receitas com carnes e peixes. Sua árvore tem de 4 a 8 metros de altura. Mas é a sazonalidade, a característica mais marcante deste fruto, segundo o professor da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), Marcelo Rezende. “As frutas são colhidas apenas entre fevereiro e abril. Em média, uma planta adulta produz de 5 a 20 frutos, mas há casos de produzir até 40 frutos. Ela é potencializada quando a árvore é cultivada em regiões quentes, de baixa precipitação pluviométrica e estação seca bem definida. A produção de frutos só começa após o quarto ano de plantio”, explica o professor. Atualmente, há poucos plantios comerciais, predominando o extrativismo. “A colheita é feita por pequenos produtores, que têm na extração do marolo uma importante fonte de renda. Todo o processamento da fruta é realizado de forma artesanal. No sul de Minas Gerais, alguns poucos viveiristas produzem mudas para venda”, conta Rezende. Quanto ao manejo da planta, um levantamento feito pela Unifal, no sul mineiro, mostra que a única prática adotada é a realização de duas a três capinas por ano. Apesar de existirem doenças e pragas que atacam planta e frutos, os produtores não fazem tratamentos preventivos. Também não são realizadas adubações. A fruta é considerada fonte de diversos nutrientes, como vitaminas do complexo B (tiamina, riboflavina e biotina), equivalentes ou superiores aos encontrados em abacate, banana e goiaba. “A quantidade de fibras é similar à da manga, suprindo 16,4% da recomendação diária para um adulto (20 g). O marolo é ainda boa fonte de vitamina C, com valor similar ao da goiaba vermelha.” Mais informações com a Unifal (35) 3299-1110 e a Emater-MG (35) 3292-1170. MARCELO REZENDE/UNIFAL ○ 13 ○ ○ ○ ○ FRUTAS FRESCAS SEM TEMPO RUIM Ainda com uso restrito, o cultivo protegido de frutas apresenta vantagens no pomar e na comercialização, mas exige investimentos e manejo diferenciado Maria Finetto AGRÍCOLA FRAIBURGO Maçãs crescem protegidas de granizo sob tela protetora, mantendo a qualidade exigida pelo consumidor 14 FÁBIO VÁLIO DE CAMARGO e floricultura, que são cultivos mais intensivos com rendimento calculado em metros quadrados. “Em fruticultura, os rendimentos são por hectare e um pouco mais extensivo. Com isso, o cultivo protegido é mais direcionado para proteção contra granizo, evitando danos em frutos com perda de qualidade e, também, em algumas situações, evitando que se perca toda a produção”, explica Timotheus Johannes van de Laar, diretor da Holantec, empresa de consultoria em fruticultura, com atuação nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O diretor explica que as áreas mais representativas com cobertura anti-granizo são no cultivo do AGRÍCOLA FRAIBURGO As noites geladas e os dias quentes da serra gaúcha, bem como o inverno rigoroso com frequentes geadas e até mesmo neve, proporcionam as melhores condições para o cultivo de uvas finas de mesa no Sul. Tamanha variação de clima, no entanto, provoca nos parreirais, a incidência de doenças, que são reduzidas com uso de cobertura plástica. O produtor João Pedro Toss usa a cobertura para proteger as uvas Itália e Rubi em sua propriedade, em Caxias do Sul (RS). Ele é um dos pioneiros no uso da proteção junto a outros 150 produtores de uva da região nordeste do Rio Grande do Sul. O cultivo protegido é uma prática ainda recente e usada em menor escala na fruticultura, quando comparado a horticultura caqui, ameixa e uva, no Estado de São Paulo, e maçãs, nos Estados do Sul. Segundo ele, é comum encontrar situações em que um produtor resiste em investir neste tipo de cobertura e perde toda a produção com chuva de granizo, por exemplo, enquanto um vizinho que colocou toda a estrutura, gastou em torno de R$ 30 mil por hectare, garantiu sua safra. “O retorno do investimento depende do tipo de cultura, mas pode girar em torno de um ano”, afirma. MAIS UVAS O produtor Toss, que está no ramo de uvas finas de mesa há 40 anos, produz cerca de 20 toneladas de uvas, destinadas ao mercado do município, sendo que cerca de 40% são vendidas diretamente na propriedade. Sua produção em cultivo protegido, no entanto, começou em 2001. Seu filho, o engenheiro Daniel Toss explica que a cobertura plástica reduz as condições para o desenvolvimento de fungos e, desta forma, a aplicação de defensivos é em concentrações bem menores. Porém, com a cobertura plástica ocorre um aumento das condições favoráveis para a incidência de pragas, como insetos, que na propriedade do Toss são controlados com inseticidas orgânicos, produzidos a partir de extratos vegetais. Consumidor paga por fruto melhor e atacadista não tem encalhe Paulo Leovane Franco, supervisor de Vendas da Poliagro Indústria de Plástico, uma das três fornecedoras da família Toss, diz que “com a cobertura é possível reduzir a quantidade de aplicação de defensivos em torno de 80%. Isso porque a estufa evita a não criação de ambiente propício a proliferação de fungos”.. Segundo ele, “o aumento na produção é visível embaixo das estufas: de até 45% em variedades, como Niagara e Moscato Giallo, que saltou de 32 toneladas por hectare para 48 toneladas por hectare na safra de 2007/2008.” A explicação para isto? “A planta consegue fazer a fotossíntese melhor embaixo da proteção em função do calor armazenado, reduzindo assim o estresse causado 15 FRUTAS FRESCAS pelas diferenças de temperatura durante a noite. A planta também absorve melhor a adubação”, explica Leovane Franco, baseado nos resultados obtidos pelos produtores que atende. O plástico é colocado em cima da parreira sustentado por arcos galvanizados ou cordoalhas e tem uma espessura (micragem) maior do que as estufas tradicionais. O custo de usar essas estufas é em torno de R$ 35 mil a R$ 38 mil sem contar a mão-de-obra. Nas contas de Paulo, o investimento compensa: o produtor de uva Niagara coberta vende a fruta por R$ 1,40 e R$ 1, 50, o dobro da uva desprotegida. A produtividade é, segundo ele, 35% a 40% maior nessa variedade. “Com uma produção de 25 ou 30 toneladas por hectare, mais o valor agregado da fruta, ele pagaria os custos da cobertura na primeira safra”, calcula. granizos na região. Alexander Souza, gerente da Agrícola Fraiburgo, diz que essas maçãs são vendidas para o mercado interno e externo, principalmente para a Europa (Holanda, França e Suécia). “A principal vantagem é poder garantir a oferta do fruto para os mercados mais exigentes, o que não acontece quando a fruta está danificada pelo granizo. Sem danos, é possivel exportar em categorias de maior valor agregado”, afirma. Segundo ele, os investimentos giram em torno de R$ 30 mil a R$ 40 mil por hectare, em função da eficiência e modelo adotado (somente estrutura para proteção ao granizo). 02 01. Plástico é colocado em cima da parreira sustentado por arcos galvanizados 02 e 03. Uvas Rubi e Itália são produzidas sob cultivo protegido no Sul do país DANIEL TOSS 01 16 DANIEL TOSS DANIEL TOSS 03 OFERTA GARANTIDA CONSUMIDOR PAGA Em Santa Catarina, está localizado o projeto Cedro, iniciado em 2003 pela Agrícola Fraiburgo, no município de Urupema. A empresa adquiriu, na época, terras para plantio de maçãs. Hoje, são 118 hectares, sendo um terço de Clones de Fuji e dois terços de Clones de Gala. As variedades são protegidas com telas plásticas, apoiadas sobre estruturas de madeira (postes de eucalipto) e armação de arame devido ao elevado índice de ocorrência de O produtor Paulo Toyoda usa tela para proteger a plantação de caqui Fuyu e Giombo, conhecidos como crocantes, contra o granizo e ataques de pássaros. São 15 hectares já cobertos. Ao todo são 70 e restam outros 55 para receber a cobertura, mas vai depender de quando entrarem em produção. Ele também usa a tela para proteger seis hectares de uvas Itália e Rubi, em seu sítio em Pilar do Sul (SP). Toyoda é diretor técnico da Associação FRUTAS FRESCAS Paulista dos Produtores de Caqui (APPC), que reúne 73 associados. Apesar de ser um investimento alto, compensa, na opinião dele. “Em uma chuva de granizo de cinco minutos, dependendo da intensidade, há o perigo de se perder tudo aquilo que se plantou no ano e até a safra seguinte”. Ele explica que a chuva pode ser tão severa a ponto de ferir o galho; o processo de cicatrização é demorado e a perda das folhas dificulta a fotossíntese da planta. “A tela quebra a velocidade do vento e ainda impede que pássaros ataquem os frutos, o que garante ao fruto uma melhor qualidade de pele – mais lisa e sem ferimentos.” Com a uva, acontece o mesmo e o produtor consegue preços melhores pela qualidade dos frutos. “Quem manda é o mercado, mas o consumidor paga centavos a mais por um fruto de melhor qualidade e o atacadista não tem encalhe de produto”, afirma Toyoda, que vende caqui para todo o país e exporta para o Canadá e para países da Europa, como Holanda, Alemanha e Espanha. APLICAÇÕES Antonio Bliska Júnior, engenheiro agrônomo da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), observa que, com o passar do tempo, o plástico ganha maior utilização, desde a embalagem para as sementes até às estufas. Hoje, há uma variedade de proteções de diferentes usos e maneiras de instalação e todas requerem muito cuidado na definição da finalidade e na instalação para que tenham resultados. A tela anti-granizo, por exemplo, deve ser colocada com 3% de inclinação para que, no caso de uma chuva forte, o granizo escoar e não perfurar a proteção, o que acontece se estiver totalmente na horizontal. Há também as telas de sombreamento usadas de forma errada, quando colocada para fechar as laterais de estufas. ”A coloração à base de negro de fumo, preta, é usada para dar longevidade ao produto. Ocorre que essas telas de coloração preta elevam a temperatura no interior da estufa e a planta sofre muito com o calor”, explica. Há também as telas reflexivas que podem ser usadas para fazer sombra dentro do ambiente de estufas. Finalmente, há as coloridas (vermelhas, azuis, etc.), que induzem respostas fisiológicas diferentes dependendo da tonalidade. Saber quanto se usa de tela e estufas no Brasil é um dilema, pois não há números oficiais. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo estima 1.450 hectares de estufas em território paulista. Segundo o Comitê Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plásticos na Agricultura, são mais de 15 mil hectares de estufas no país. Nesse número estão incluídas estufas galvanizadas, de madeira e para proteção de flores, hortaliças, eucalipto e mudas frutíferas. Inovação para Morango Flavio Fernandes Junior, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), avalia o desempenho de três sistemas de cultivo de morangos em substrato. O experimento está sendo conduzido em Jundiaí (SP), no Centro de Capacitação e Formação de Mão-de-Obra do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jundiaí e Região. Dentre os sistemas sem solo, dois são dentro de estufas convencionais, sendo estes a hidroponia vertical em substrato e o sistema de canais de cultivo dispostos como prateleiras. O terceiro sistema é a novidade entre as técnicas avaliadas e busca reduzir os custos com o ambiente protegido. É uma simplificação do cultivo em canais com substrato. “Consiste em construir bancada de cultivo fora de estufas, com uma cobertura individual, com um túnel baixo instalado sobre cada bancada”, diz. Segundo o pesquisador, as mesas com cobertura individual, têm custo de implantação três vezes menor que os sistemas em estufas, pois são cobertas com filme de polietileno de 70 micras sobre uma estrutura de sustentação de tubos de PVC de 25 milímetros; e permitem excelente manejo das condições ambientais a exemplo dos túneis baixos, pois podem ser abertas para abaixar a temperatura ou fechadas para elevar. A desvantagem fica por conta do manejo de abrir e fechar a cobertura, quando necessário. Resultados preliminares mostram que a produção por unidade de área nos três sistemas se equivale. “Contudo, o sistema em bancadas com coberturas individuais apresenta um custo de instalação para um módulo de 350m2 de R$ 5.4 mil, o sistema vertical R$14,8 mil e as prateleiras R$17,6 mil para os mesmos 350 metros quadrados”, diz. O projeto é uma parceria do Sindicato com o Centro de Fruticultura do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e o Pólo Regional da Apta, de Monte Alegre do Sul (SP). O experimento tem 6 mil plantas das variedades Oso Grande e Camino Real, em uma área de 331 metros quadrados. O grande objetivo do projeto, segundo Fernandes Junior, é encontrar alternativas e transferir as técnicas aos produtores 17 A campanha Saborosa Brincadeira aponta resultados positivos em aumento de consumo, mas precisa da união do setor e de apoio governamental para ser maior BANCO DE IMAGENS COMPLEXO DE ALIMENTOS E BEBIDAS APEX BRASIL Ana Heloísa Ferrero 18 Maria Fernanda, de 5 anos, é a típica criança brasileira: come pouquíssima fruta. Mas essa situação começou a mudar em abril, quando a menina associou a ingestão do alimento in natura a um momento lúdico junto aos familiares. Ela e os primos, na faixa etária entre 4 e 9 anos, agora pedem à supervisora de Comércio Exterior, Lilian Moledas, mãe de Maria Fernanda, frutas frescas com adesivos de “carinhas”. “Para ser sincera, até os adultos ficam mais estimulados em consumir esse alimento, pois é muito legal chegar em casa e ver a cesta de frutas com carinhas. FicaRaquel Oliveira: Crianças adoraram a brincadeira e as mães voltavam para comprar mais mos encantados com os adesivos”, confessa Lilian, uma das mães que recebeu o material promocional da Saborosa Brincadeira, Raquel Oliveira, mostrou-se Saborosa Brincadeira, campanha do Instituto Brasi- empolgada com os resultados. “As crianças adoraleiro de Frutas (Ibraf) e do Serviço de Apoio às Micro ram a brincadeira e as mães, satisfeitas, voltavam e Pequenas Empresas (Sebrae) de São Paulo. A cam- para comprar mais.” De acordo com Raquel, os pais panha tem como foco o incentivo ao consumo de também provaram as frutas menos comuns ao diafrutas, principalmente entre as crianças, futuras com- a-dia de compras, como o figo, e levaram-nas para pradoras de fruta no país. Realizada em abril, em casa. Para quem queria saber mais sobre cada fruta 20 lojas da rede de supermercados Pão de Açúcar promovida pela campanha (uva, caqui, limão tahiti, da capital paulista, a campanha reuniu promotoras manga, abacaxi, figo, acerola, goiaba, pêssego, ameide vendas que distribuíam frutas e material infor- xa e nêspera), era distribuído um material que mosmativo sobre o seu valor nutricional. A criança que trava as características desses alimentos e benefíciacompanhava os pais ao supermercado era convi- os à saúde; acessando o site da campanha havia tamdada a experimentar várias frutas, usando óculos bém sugestões de receitas de doces, como geléias, escuros que a impedia de saber qual estava pro- mousses e sorvetes, para que o consumidor pudesse vando. Se aceitasse participar da brincadeira, ga- ter alternativas para consumi-las. Esse material connhava uma cartela com adesivos com carinhas para tinua disponível no site do Ibraf (http:// www.ibraf.org.br), com dicas importantes, por serem coladas às frutas que levava para casa. Lilian Moledas, que mora em São Bernardo do exemplo, de como escolher determinada fruta no Campo (SP), chegou a solicitar ao Ibraf novas cartelas ponto de venda. No caso da uva, explica-se que o de adesivos depois que as primeiras “carinhas” re- consumidor deve preferir aquelas em cachos bem cebidas terminaram. Ela não quer interromper a cheios, com bagas firmes e lisas. Se desprender com brincadeira feita com as crianças porque está feliz facilidade do cacho, é sinal de que está começando com o resultado do consumo de frutas. Segundo a passar do ponto ideal de consumo. E, segundo ela, para a menina comer fruta, até então, era pre- resultados observados na campanha, esta é a fruta ciso fazer vitamina com leite ou preparar sucos. preferida das crianças, que é mais fácil de ser “Das frutas que come sem misturar a nada, a prefe- consumida, sem necessidade de ser descascada. rida é a uva. Mas, para ampliar o leque de opções, acho que deveria haver mais campanhas de exce- EXECUÇÃO EM PARCERIA lência como esta”, afirma. A Saborosa Brincadeira foi planejada pelo Ibraf Uma das promotoras de Vendas da campanha e Sebrae-SP porque ainda é baixo o consumo IBRAF INCENTIVO AO CONSUMO 19 É BOM SABER - Obesidade é uma doença na qual a reserva natural de gordura aumenta até o ponto em que passa a estar associada a certos problemas de saúde ou ao aumento da taxa de mortalidade. - Pesquisadores já concluíram que o aumento da incidência de obesidade em sociedades ocidentais, nos últimos 25 anos do século 20, teve como principais causas o consumo excessivo de nutrientes combinado com crescente sedentarismo. - Determinadas doenças físicas e mentais e algumas substâncias farmacêuticas podem predispor à obesidade. - O principal tratamento para a obesidade é a redução da gordura corporal por meio de adequação da dieta e aumento do exercício físico. - O Guia Alimentar do portal do Ministério da Saúde recomenda que o brasileiro consuma três porções de frutas, legumes e verduras por dia (ou pelo menos 400 g/dia). Isto diminui o risco de desenvolvimento de doenças crônicas não-transmissíveis, mantém o peso adequado do indivíduo e aumenta a resistência contra infecções, já que frutas, legumes e verduras são fontes da maior parte de vitaminas e minerais necessários ao organismo. Fontes: site Wikipédia e portal do Ministério da Saúde 20 de frutas no Brasil em relação a países de primeiro mundo. “Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cada indivíduo deve consumir, no mínimo, 100 quilos de fruta por ano, mas no nosso país o consumo é de apenas 62 quilos por habitante ao ano. É por isso que as campanhas em supermercados, que são os locais tradicionais de compra da população, devem ser frequentes, aliadas a uma propaganda agressiva em mídia televisiva, que é de amplo alcance, para reforçar o consumo”, afirma o coordenador do projeto pelo Ibraf, Maurício de Sá Ferraz. Ele cita que, em média, uma ação similar a essa nos pontos de venda eleva em 30% a venda do produto divulgado. “Percebemos que não há o hábito do consumo de frutas em crianças, a não ser entre aquelas em que a família já consumia frequentemente esse tipo de produto. Mas, ao provar, em geral, a criança gosta, especialmente se for uma fruta de qualidade.” A ideia, conforme Ferraz, é dar continuidade a essa campanha no segundo semestre deste ano, tanto em supermercados quanto nos principais parques de São Paulo, com ações de marketing aos finais de semana. “Esses locais são frequentados por pessoas que buscam qualidade de vida, o que inclui uma alimentação saudável. Depois, queremos ampliar para outros estados em que o Ibraf tem parceiros na produção frutícola, alcançando todos os tipos de frutas produzidas no país, aproveitando a safra de cada uma delas.” Ferraz explica que, em geral, a fruta colhida na safra tradicional tem melhor qualidade e preço mais acessível ao consumidor. Para a campanha do próximo semestre, ele antecipa que está previsto o apoio tanto da holding do Grupo Pão de Açúcar quanto da produtora e distribuidora de frutas Benassi São Paulo Importação e Exportação, que já participaram da ação em abril. “Fomos convidados para participar da campanha pela experiência que temos com vendas promocionais de frutas em várias redes de supermercado do país. O Pão de Açúcar já é nosso cliente e tem o perfil adequado a esse tipo de divulgação porque tem peso na opinião pública. Na primeira etapa da campanha, a rede nos pediu exclusividade e aceitamos”, conta Luci Benassi, diretora comercial da empresa. Segundo ela, há 12 anos, a Benassi utiliza como estratégia de vendas de frutas nas lojas dos supermercados uma equipe de promotores treinados, que explicam as vantagens de cada uma delas. “Hoje, só no Estado de São Paulo temos cerca de 900 promotores, mas no Brasil todo deve chegar a 2 mil colaboradores. A promoção nos pontos de venda traz resultados significativos, podendo até dobrar a venda do produto.” Ela ressalta que este tipo de ação só funciona se o produto for de qualidade. “Não devemos enganar os nossos clientes com uma fruta de má qualidade, pois prejudicaremos a nós mesmos com a queda das vendas”, ensina. Há 55 anos no mercado, a Benassi comercializa frutas de produção própria e de terceiros, inclusive oriundas de outros países, como Chile e Argentina. “Compramos frutas frescas e secas de fornecedores que tenham o melhor produto para oferecer na época de colheita e revendemos nos pontos de venda.” Sem exportar no momento, pois consegue vender todo o volume produzido ou adquirido de parceiros no mercado interno, a Benassi também oferece a clientes interessados o serviço de consultoria para ampliar a venda de frutas em supermercados. A campanha Saborosa Brincadeira faz parte de um projeto mais amplo, o Fruta Paulista, coordenado pelo Ibraf e Sebrae-SP, lançado em fevereiro de 2007, para melhorar a qualidade do produto oferecido por pequenos produtores do Estado de São Paulo e, consequentemente, ampliar suas vendas internas e externas. Este projeto capacita 400 produtores em Boas Práticas Agrícolas, que resultam em sua certificação GlobalGAP. “Para uma propriedade ser certificada é necessário que o produtor siga um conjunto de princípios, normas e recomendações técnicas de gestão aplicáveis na produção, processamento e transporte de alimentos, orientadas a assegurar a proteção da higiene, da saúde humana e do meio ambiente. As normas aprimoram o controle sobre o sistema produtivo, melhorando o processo de tomada de decisão técnica, gerencial e comercial”, explica José Carlos Gomes dos Reis Filho, consultor e gestor estadual da cadeia de fruticultura do Sebrae-SP. Participam do projeto produtores de frutas oriundas de seis regiões paulistas: Araçatuba, Araraquara, Botucatu, Campinas, Presidente Prudente e Sorocaba. “As frutas selecionadas (uva, caqui, limão tahiti, manga, abacaxi, figo, acerola, goiaba, pêssego, ameixa e nêspera) foram aquelas que tinham maior possibilidade de mercado. As seis regiões foram escolhidas por serem pólos importantes de produção e locais onde o Sebrae-SP já tinha uma atuação importante junto a pequenos produtores rurais”, diz Reis Filho. Enquanto o Sebrae-SP ficou responsável pela capacitação do produtor, o Ibraf responsabilizou-se pela parte de promoção das frutas ligadas ao projeto. O coordenador pelo Ibraf analisa que, para o incentivo de frutas realmente funcionar no Brasil, deve haver um envolvimento tanto da iniciativa EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS PROJETO MAIOR Pesquisadora Virgínia da Matta conduz projeto da Embrapa Agroindústria de Alimentos na zona oeste do Rio de Janeiro privada quanto do setor público, que devem abraçar causas como esta. “O setor produtivo sozinho não terá condições de obter os resultados de sucesso esperados em campanhas do tipo, que têm retorno estimado em médio e longo prazos, pois exigem mudanças de hábitos da população. Há projetos de lei que querem exigir frutas na alimentação escolar dos alunos e louvamos estas iniciativas pelo Brasil, pois, se a criança tem acesso a uma alimentação saudável, ela poderá comer a fruta no intervalo da aula e o gesto passará a ser replicado em casa”, acredita Maurício de Sá Ferraz. Para ele, somente com o envolvimento de toda a cadeia é possível ampliar a empreitada para todo o país. INVESTIMENTO, MÍDIA E DIFICULDADES Uma campanha no ponto de vendas, como a Saborosa Brincadeira, possui um valor considerado baixo pelos parceiros, em vista do resultado obtido. “Mas ela só funciona se a mídia televisiva estiver presente e isso, sim, é caro. Na campanha de abril, 21 BENASSI INCENTIVO AO CONSUMO Luci Benassi e o tio Mario Benassi, empresa apoia iniciativa do Ibraf tivemos cinco mídias televisivas espontâneas, cujas matérias resultaram em um tempo até maior que o de um comercial. Isso não tem preço, pois dá credibilidade ao trabalho.” A dificuldade financeira, segundo Ferraz, não é a única questão. A principal, diz, é a questão cultural. “O produtor não pode achar que vender fruta é algo natural. Tem que investir em propaganda, especialmente no ponto de venda, que é onde está o consumidor, para competir em pé de igualdade com produtos padronizados pela indústria alimentar, como bolachas e outras guloseimas, que têm um marketing de vendas bastante agressivo.” E, principalmente, deve investir numa fruta de qualidade, para não denegrir a imagem do produto. “Se o consumidor come o morango fora da safra de inverno, em fevereiro, por exemplo, e a fruta está ácida, ele vai começar a dizer que o morango da infância dele é que era melhor, que agora não é bom. A pessoa deixa de consumir. Mas, se o produto é bom, o consumidor está disposto até a pagar mais.” Segundo Ferraz, o próprio supermercado deve exigir de seus fornecedores frutas de qualidade, com visual e gosto de alto padrão. “O grande apelo pra se vender fruta é que ela é gostosa e faz bem à saúde. O projeto Fruta Paulista, nesse sentido, traz resultados aos produtores participantes, porque nesses dois anos de execução houve uma real melhora do produto. Agora, será necessário aprimorar a embalagem e diminuir o manuseio das frutas para se evitar perdas até o ponto de venda. Se o consumidor sempre encon22 trar um produto de qualidade no supermercado que frequenta, ele terá a confiança de comprar a fruta, pois sabe que o alimento estará bom na hora que quiser consumi-lo.” Para Ferraz, mudanças na cultura alimentar e na própria produção de frutas de qualidade exigem tempo e comprometimento de todos e, por isso, trazem resultados em prazo mais longo. A empresária Luci Benassi defende que o produtor tem dificuldades de elevar o consumo de frutas no Brasil sem a ajuda do governo e de entidades. “Acho que o Brasil somente vai alcançar patamares de consumo europeu e norteamericano, se houver uma melhor renda da população e tivermos subsídios do governo para a fruta ser comercializada ou promovida em feiras externas, como fazem os Estados Unidos e alguns países da Europa. Em sua maioria, o produtor não é tão bem remunerado pelo que vale o produto,, então, não tem recursos para fazer propaganda de sua cultura. E a divulgação é importante porque, com a busca por uma vida saudável, o consumidor quer saber o que cada alimento faz pela sua saúde. Matérias favoráveis sobre determinada fruta, por exemplo, elevam sua venda consideravelmente.” OUTRAS AÇÕES É possível encontrar pelo país outras ações de estímulo a uma alimentação saudável, que passam, necessariamente, pelo maior consumo de frutas por parte da população. Nas escolas públicas de Campinas, no interior paulista, por exemplo, os mais de 159 mil alunos recebem uma alimentação variada, com pratos elaborados pela equipe de nutrição do Departamento de Alimentação Escolar, da Centrais de Abastecimento (Ceasa) local e pela Secretaria Municipal de Educação. Desde fevereiro, as 407 unidades escolares e as 150 salas de jovens e adultos atendidas pelo Programa de Alimentação Saudável e Qualidade de Vida da cidade são abastecidas com mais de 208 toneladas de produtos, como arroz, feijão, hortifrutis, leite e derivados, carnes bovina, suína, de frango e peixe por mês. O objetivo do programa é servir alimentos mais naturais possí- IBRAF veis e, por isso, prioriza-se a oferta de produtos in natura, considerados a base de uma alimentação saudável. Doces e sucos são feitos com frutas e legumes na própria escola. Assim, além de valorizar os hortifrutis, o programa evita os produtos industrializados, o excesso de gorduras e de açúcar. Fora do Estado de São Paulo há também boas iniciativas que incentivam o consumo de frutas e de hortaliças. É o caso do projeto liderado há dois anos pela Embrapa Agroindústria de Alimentos nos bairros de Guaratiba, Campo Grande e Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro. Ele incentiva a produção de alimentos por meio da implementação de pequenas hortas escolares e familiares, orientação alimentar, oficinas de sensibilização de agentes de saúde, professores e pequenos comerciantes, distribuição de material informativo e mobilização das comunidades em datas especiais. Segundo Virgínia Martins da Matta, pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, os resultados do projeto só poderão ser mensurados ao final da sua execução, em setembro de 2010, pois ele é dividido em três etapas. “A primeira etapa cons- tou de um diagnóstico da situação inicial da oferta e consumo de frutas e hortaliças nas comunidades. O público-alvo foi as famílias Frutas são integrantes de cardápio para uma vida saudável assistidas pela Estratégia de Saúde na Família, professores, merendeiras e alunos de escolas e creches, proprietários de pontos de venda e funcionários das empresas participantes. Após a análise dos dados é que se partiu para a segunda etapa, a intervenção propriamente dita, cujas ações serão executadas até setembro. A partir daí, terá início a última etapa, que é a avaliação do impacto das ações, com a aplicação de novos questionários e posterior análise dos dados obtidos”, antecipa. 23 EM MEIO A AO INCENTIVO CRISE... CONSUMO Virgínia diz que o que torna possível a execução do projeto é que ele conta com uma ampla rede de parceiros: Prefeitura do Rio de Janeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto Nacional de Câncer, Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura, Fundação Xuxa Meneghel, Pastoral da Criança de Guaratiba e Casa da Moeda do Brasil. Conta ainda com o apoio da Secretaria de Saúde e Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, da Associação de Nutrição do Rio de Janeiro, do Conselho Regional de Nutricionistas (CRN 4), da Universidade Federal Fluminense e do Centro Universitário Metodista Bennett. “Este tipo de projeto é complexo, pois necessita da participação de diferentes atores. Seria muito difícil a sua execução por uma instituição isoladamente. Além disso, é um projeto no qual é essencial que os beneficiários das ações se tornem seus protagonistas, a fim de as tornarem permanentes. É um desafio.” A intenção é que o projeto realizado nos bairros cariocas possa colaborar no delineamento de uma estratégia que possa ser replicada a outros lo- cais do país. “A Embrapa está empenhada a contribuir neste sentido, seja por meio dos seus projetos de pesquisa ou de outras ações complementares, caso da organização do workshop de lançamento do Programa de Incentivo ao Consumo de Frutas e Hortaliças, realizado no Rio de Janeiro, em março. Entre os diversos participantes, estiveram representantes do Ibraf, da Associação Brasileira de Horticultura (ABH) e da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (Abcsem)”, lembra. Este workshop teve como objetivo unir os diferentes segmentos da cadeia envolvidos neste tema, da produção à comercialização, passando pelas instituições de ensino e pesquisa, organizações de saúde, órgãos públicos e associações, a fim de alavancar uma discussão mais global sobre as possíveis estratégias a serem tomadas para o aumento nacional do consumo de frutas e hortaliças. “O envolvimento dos diferentes segmentos, atuando em parceria em torno deste objetivo comum, é o primeiro passo para o sucesso das ações que venham a ser desenvolvidas no programa nacional”, ressalta Regina Lago, chefe-geral da Embrapa Agroindústria de Alimentos. EVENTO INTERNACIONAL No segundo semestre, o Brasil sediará um importante evento anual, que tem por objetivo discutir as estratégias adotadas em todos os países do continente americano para incentivar o consumo desses alimentos com foco na promoção da saúde. É o 5º Congresso Panamericano de Incentivo ao Consumo de Frutas e Hortaliças, que acontecerá entre os dias 22 e 24 de setembro, em Brasília. “O congresso já foi realizado no México, Argentina, Uruguai e Chile. Estivemos presentes no 2º, em 2006, em Montevidéu, e agora participaremos desta edição. A realização no Brasil é uma oportunidade para aprofundar a discussão sobre o tema e contribuir para a implementação de ações que possam, efetivamente, aumentar o consumo de frutas e hortaliças no naís. Espe- 24 ramos que este tema esteja cada vez mais presente por aqui”, diz Regina Lago. Para sua realização em terras brasileiras, foi formada uma comissão organizadora com representantes do Ministério da Saúde, da Organização Panamericana de Saúde (Opas), do Instituto Nacional do Câncer, do Ministério da Agricultura, e da Embrapa Hortaliças. Também fazem parte da comissão a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os ministérios do Desenvolvimento Social e do Desenvolvimento Agrário, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea) e a Associação Brasileira de Horticultura. A expectativa é propiciar avanços importantes na realização do direito humano à uma alimentação adequada. INCENTIVO AO CONSUMO MAIS FRUTA MAIS SAÚDE Resultados de pesquisa mostram o crescimento alarmante da obesidade no Brasil, que acompanha a tendência mundial Ana Heloísa Ferrero 2006, quando foi apresentada a primeira edição do estudo, batizado de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Por Inquérito Telefônico (Vigitel), 11,4% dos brasileiros eram obesos. Já, em 1975, outra pesquisa realizada no país, a Estudo Nacional de Despesa Familiar (Endef), mostrou que apenas 2,8% dos homens e 7,8% das mulheres eram assim. O problema não atinge apenas os adultos. Entre crianças e adolescentes, a prevalência de excesso de peso chega a 12% da população nacional e de obesidade a 6%, segundo dados mencionados pelo Conselho Nacional de Saúde, que publicou em dezembro de 2008 uma resolução para aprovar diretrizes que promovam uma alimentação saudável, com o objetivo de reverter a obesidade, que BANCO DE IMAGENS COMPLEXO DE ALIMENTOS E BEBIDAS APEX BRASIL O incentivo ao consumo de frutas frescas - muitas vezes preteridas por guloseimas sem valor nutritivo - traz benefícios não apenas para quem comercializa o produto, mas para quem os consome. É fato que a alimentação saudável e a prática diária de atividades físicas são imprescindíveis para solucionar dois dos problemas de saúde pública mais crescentes em todo o mundo: o excesso de peso e a obesidade. Somente no Brasil, 13% dos adultos são obesos, sendo o índice maior entre as mulheres (13,6%) e menor entre os homens (12,4%). Os dados são de um estudo realizado em 2008 pelo Ministério da Saúde e divulgado em abril deste ano, o qual mostra que a enfermidade aumentou na população nacional adulta de forma rápida e preocupante. Em 25 ARQUIVO PESSOAL Nutricionista Luciana Magri, aumento de obesos deve-se à indústria de alimentos, que mudou o hábito alimentar das pessoas está associada ao aumento da prevalência de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT). Este documento cita que a Organização Mundial de Saúde alerta que a epidemia global de sobrepeso e obesidade, associada ao aumento da prevalência de DCNT, tem entre os principais fatores de risco a alimentação de má qualidade, a inatividade física e o baixo consumo de frutas e hortaliças. Conforme a nutricionista Luciana Di Pietro Magri, doutora em Biologia Funcional e Molecular pela Unicamp, e organizadora de congresso sobre obesidade, “há várias doenças associadas a problemas de gordura: diabete, apneia do sono, hipertensão, pedra na vesícula, doenças reumáticas, distúrbios dermatológicos e alimentares, como anorexia e bulimia, entre outras”, explica. Segundo ela, “a doença traz ao indivíduo mal estar psíquico, emocional e físico, que se agrava com o passar dos anos, se não reverter o peso elevado. Assim sendo, a obesidade requer tratamento multidisciplinar, interagindo nutricionista, médico, educador físico, psicólogo, entre outros”, alerta. Como o Brasil vivencia um caso de saúde pública com essa enfermidade, Luciana diz que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) solicitou que, a partir de abril de 2008, os convênios médicos passassem a oferecer nutricionistas em sua lista de profissionais credenciados. “Achei que, por isso, haveria um boom de consultas pelo convênio, mas não foi o que observei. Acho que falta ao médico, em geral, o hábito de encaminhar o paciente ao nutricionista, quando diagnostica problemas alimentares e de peso. No caso da criança, caberia ao pediatra indicar o aconselhamento alimentar.” Apesar de alguns pacientes terem a influência genética que leva à obesidade, Luciana afirma que a maioria dos que passa por seu consultório é obesa justamente porque se alimenta errado. Luciana atribui o aumento de obesos da população mundial à indústria de alimentos, que mudou o hábito alimentar das pessoas. “A alimentação errada, como excesso de guloseimas e falta de frutas, legumes e verduras, está ainda associada à baixa ingestão de água. Então, não é só aquilo que se come que faz mal à saúde, mas o que se deixa de comer. As frutas, legumes e verduras são alimentos reguladores do organismo e dão sensação de saciedade, desestimulando o apetite”, ensina. No consultório, Luciana aconselha, após as refeições, que seus pacientes comam uma fruta como sobremesa, pois são fontes de fibra, água, vitamina e sais minerais. De preferência, uma fruta fonte de vitamina C, que facilita a digestão e é antioxidante. Mas a vitamina C precisa de cuidados especiais: se a fruta não for consumida logo que for descascada, perde as propriedades principais. FRUTAS NO COMBATE À OBESIDADE INFANTIL O Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), em conjunto com seus associados, participou, em junho, do 4º. mês da Saúde Preventiva da Obesidade Infantil, realizado em São Paulo, Capital. Entre as atividades, houve degustação de frutas e distribuição de materiais informativos sobre o benefício das frutas à saúde. A iniciativa é parte das ações do Ibraf para incentivo ao aumento do consumo de frutas no país. O evento deste ano contou também com circuito de palestras, organizado para nutricionistas e formadores de opinião. O mês da Saúde Preventiva da Obesidade Infantil acontece todo ano, em junho. O principal objetivo é conscientizar pais, responsáveis e formadores de opinião sobre a necessidade de cuidar da alimentação, desenvolver hábitos alimentares saudáveis e a importância da prática de exercícios físicos para prevenção a este grave problema de saúde. A lei 14095/05, que instituiu o mês da prevenção da obesidade infantil, é uma iniciativa do vereador Ushitaro Kamia (PFL) e está em vigor desde 6 de dezembro de 2005. 26 AGROINDÚSTRIA FRUTAS DA BELEZA Cosméticos com apelo de frutas ganham preferência do consumidor, mas produtor ainda está fora deste mercado de crescimento exponencial Maria Finetto A maçã do Jardim do Éden representa o segredo divino que não poderia ser provado. Na Europa renascentista, “uma maçã ao dia mantinha o médico distante” (“an apple a day keeps the doctor away”), dito popular que chegou até os dias de hoje. Utilizar frutas em produtos cosméticos é tão antigo quanto estas citações, mas novo quando se trata de produtores. São poucos os que exploram a uva, laranja, tangerina, abacaxi, papaia, banana, ameixa, morango, pêra, maçã e, outras mais regionais, como açaí, cajá, graviola e acerola, como matérias-primas nas mais diversas formulações de cremes, sabonetes, xampus e até desodorantes. Os princípios ativos contidos nas frutas – ácidos orgânicos, vitaminas, mucilagens, açúcares, pigmentos polifenólicos, flavonóides, sais minerais, proteínas e aminoácidos – são as armas para combater os traços da idade. E quem não quer se sentir bem numa sociedade ávida por “vida eterna”? Milhões de consumidores, se considerarmos o quanto cresce o mercado de cosméticos no Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumaria (Abihpec), o volume produzido saltou de 1,2 milhões de toneladas em 2004 para 1,5 milhão em 2008. As vendas líquidas de cosméticos no país foram de US$ 4,6 bilhões em 2004 para US$ 11,9 bilhões em 2008. O setor prevê uma taxa de crescimento de 7% para 2009. O crescimento e a estimativa de ampliação do mercado brasileiro, com aumento do consumo, têm atraído cada vez mais empresas e opções no mercado. O interesse por produtos à base de frutas só tende a crescer, uma vez que o perfil do consumidor é buscar cosméticos cujas formulações tragam, além de qualidade, resultados no dia-a-dia. “A vitalidade das frutas tem sido um dos apelos importantes no segmento”, explica Levi Oliveira Junior, gerente técnico da Farma Service, em São Paulo. A empresa está no mercado há mais de 20 anos, pesquisando e produzindo extratos que são oferecidos ao mercado cosmético. As frutas adquiridas pela Farma Service são processadas de forma a se obter um produto adequado à aplicação cosmética. Por se tratar de um processo de pequena escala, as frutas não são compradas diretamente do produtor. O gerente explica que o percentual de frutas no produto acabado é pequeno. “O objetivo da formulação não é apenas a fruta, mas o equilíbrio que se pode atingir com suas propriedades no produto final. A fruta funciona como um aditivo no produto, atuando com propriedades antioxidantes, amaciantes e hidratantes”, explica. APELO DAS FRUTAS Segundo o gerente, o comportamento do consumidor tem mudado ao longo do tempo. Antigamente um produto tinha um tempo de vida no mercado de até 15 anos, mas, atualmente esse período foi reduzido para no máximo um ano e meio. “O consumidor está mais ávido por novidades. E o apelo das frutas é sinérgico na busca por produtos naturais”, diz. Visando nichos específicos e a conquista de mais adeptos, segundo o gerente, é importante que se amplie a cesta básica de frutas usadas na formulação dos cosméticos. Ele cita que utilização de frutas com finalidade cosmética remonta aos primórdios da civilização. “Nossos ancestrais cultuavam as frutas como dádivas divinas que simbolizavam a perpetuação da natureza. Sua capacidade de 27 concentrar energia, procriar a própria espécie, produzir aromas deliciosos, bem como cores e matizes espetaculares, teceram no ser humano um complexo processo de atração por este legado dos deuses. Resta conhecermos melhor esse elenco de possibilidades e agradecer a Deus pelo presente precioso: as frutas”, diz. A Farma Service não divulga produção e nem desempenho de vendas. O Boticário confirma que o mercado de cosméticos à base de frutas tem aumentado, mas por questões estratégicas não informa quanto. “Os cosméticos à base de frutas crescem cada vez mais, movimentados pelo caráter nutricional da fruta tanto para a pele quanto para os cabelos, além do grande poder de perfumação que as frutas oferecem”, diz Marcella Nogueira, gerente de Produto da linha Nativa SPA. Ela explica que a empresa não compra matérias-primas diretamente de produtores, mas, sim, de empresas fabricantes de matérias primas. O Boticário é uma empresa global, presente em 24 países. Como tal foi buscar elementos nativos dos cinco continentes para os produtos da linha Nativa SPA. Das Américas vieram baunilha, maracujá, pitanga, cacau, água de coco, castanha. Já ingredientes como bergamota, banana, figo, amora, manga, ameixa, damasco e sândalo são da Ásia. A Europa contribuiu com alecrim, hortelã, altéia, ervas e verbena. A melaleuca é original da Oceania. E, por fim, da África, veio Aloe Vera. AMAZÔNIA A Beraca, empresa brasileira com mais de 50 anos de atuação em diferentes segmentos, é líder global no fornecimento de ingredientes naturais e orgânicos provenientes da Amazônia e de outros biomas brasileiros para a indústria cosmética, farmacêutica e de fragrâncias. Desde 2000, a empresa estruturou um extenso “Programa de Valorização da Biodiversidade”, cujo maior objetivo é garantir a rastreabilidade na cadeia de fornecimento de matérias-primas da biodiversidade brasileira, principalmente da Amazônia. Comunidades de outros biomas 28 BRAZILIAN FRUIT COSMÉTICOS Veronika Rezzani e sócio Gustavo Rezzani, da Brazilian Fruit Cosméticos do Brasil, como a Caatinga e o Cerrado, já fazem parte do mesmo programa. “Atualmente mais de 4 mil famílias são beneficiadas pelos trabalhos e projetos desenvolvidos pela Beraca”, diz o gerente de Marketing, Cassiano Perez Braccialli. Segundo ele, com a promoção desse programa, a empresa estimula a coleta seletiva, aplicando o conceito de desmatamento evitado, contribui com o desenvolvimento regional e fortalecimento das comunidades locais, preza pela conservação da flora e preservação da grande quantidade de matérias-primas encontradas na biodiversidade brasileira. Dentre os frutos utilizados na produção dos produtos estão o açaí, o buriti, o cupuaçu, a castanha-do-Pará e o maracujá. “Todos estes frutos são fornecidos por comunidades da Amazônia inscritas no programa”. Apenas no caso específico do maracujá, a empresa compra as sementes de grandes indústrias processadoras de suco, uma vez que apenas a semente é utilizada na extração do óleo”, explica o gerente. A empresa produz e distribui as linhas Rain Forest Specialties (óleos fixos, extratos, manteigas, argilas), Active Performance System (composta por complexos naturais que otimizam a eficácia de todos os tipos de cosméticos) e BioScrubs (linha de esfoliantes naturais). No ano passado, em que a divisão Health & Personal Care cresceu cerca de 65%, a empresa inaugurou sua primeira filial no Exterior, em Paris, na França, aproximando-se ainda mais do exigente mercado europeu. Atualmente, a empresa exporta para mais de 40 países e, no mercado nacional, abastece os maiores fabricantes de cosméticos, como a Natura. Com relação ao mercado consumidor, a procura por produtos naturais e orgânicos – não só, mas principalmente o de cosméticos – tem crescido exponencialmente ano a ano, segundo o gerente. “Principalmente se observarmos pelo âmbito do aumento da consciência ecológica e dos benefícios que estes produtos podem proporcionar. Neste sentido, o interesse do mercado externo pelos ativos provenientes da biodiversidade brasileira, principalmente da Amazônia, que tem maior apelo no mercado de cosméticos naturais e orgânicos, é muito expressivo”, afirma. Para o gerente, deve-se atentar que os principais fabricantes mundiais de cosméticos buscam além de qualidade, parcerias reais de desenvolvimento e preservação ambiental. “A Beraca é considerada hoje uma das empresas que mais investe no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis no país”, diz. A empresa não descarta a possibilidade de trabalhar com produtores de outras regiões do país, caso AGROINDÚSTRIA BRAZILIAN FRUIT COSMÉTICOS BRAZILIAN FRUIT COSMÉTICOS aumente a demanda por esse tipo de cosméticos. Mas os novos fornecedores deverão se adequar a diversas certificações e procedimentos ambientais e de manejo exigidos pela Beraca, que em 2006, recebeu a certificação Ecocert para sua linha de ingredientes orgânicos. INGREDIENTES BRASILEIROS Cupuaçu, pitanga, guaraná e açaí são a fonte de inspiração da marca de cosméticos Brazilian Fruit.. Sua linha, que inclui produtos para o cuidado com mãos, pés, corpo e banho, além de brilhos labiais, conserva não apenas os aromas, mas as propriedades nutricionais de cada fruta, segundo Veronika Rezzani, diretora da marca, criada em 2006, com foco no mercado internacional. A empresa compra os insumos das frutas de várias indústrias processadoras para a produção dos cosméticos, na fábrica em Mogi Mirim (SP). “Pode parecer óbvio, mas a fruta é usada de forma diferente como alimento e insumo para a indústria de cosméticos. A matéria-prima tem que atender às exigências do mercado”, explica ela. A empresa estudou os benefícios da fruta para a pele e corpo. “O açaí, por exemplo, possui princípios energéticos e sua concentração de antocianina (pigmento que previne contra a degeneração celular) é 33 vezes maior que a da uva, atuando como forte antioxidante para a pele. Já a castanha-do-brasil é rica em ácido oléico, vitaminas e proteínas, dando origem a produtos ideais para evitar o envelhecimento e ressecamento. A pitanga foi selecionada especialmente para os cuidados das mãos e dos pés por ser um anti-séptico natural e um delicado emoliente”, explica Veronika. Outra estratégia foi buscar frutas não apenas da Amazônia como fonte de ingredientes para os cosméticos, mas de toda a flora brasileira. “Nosso objetivo é levar ao mundo produtos que traduzam a brasilidade, com cosméticos saudáveis feitos com a enorme variedade de ativos naturais do nosso país”, diz Veronika. Cerca de 30% da produção vão para exportação (Es- tados Unidos, Espanha, Portugal, Itália e Índia). Ela explica que existe uma preferência pela fruta de acordo com cada país. “A Índia, por exemplo, aceita somente a pitanga enquanto França, Inglaterra, Martinica e Japão, preferem o maracujá”, afirma. Cosméticos à base de frutas ganham consumidor num mercado que prevê crescer 7% em 2009 O restante da produção abastece o mercado interno. A empresa não divulga quantidade e nem faturamento. Mas é conhecida no mercado com sua linha de produtos inspirada no mais famoso drinque nacional, a caipirinha. Veronika diz que, além de remeter ao aroma da famosa bebida brasileira, os produtos possuem propriedades especiais que fazem muito bem à pele. “Além da refrescância do limão, o extrato de cana-de-açúcar é rico em ácido glicólico, um excelente emoliente e regenerador celular”. Os cosméticos, segundo a diretora, são elaborados levando em conta as normas e exigências internacionais de formulação e regulamentação. Por conta disso, a empresa toma o cuidado em trabalhar com empresas fornecedoras sustentáveis, “que não tenham uma atuação predatória e tenha preocupação em ajudar as comunidades”, diz. Para Veronika, algumas comunidades não têm ainda estrutura para adequar frutas para uso cosmético. “As cooperativas de frutas brasileiras deveriam se expor mais porque a indústria não sabe onde elas estão”, argumenta. Ela diz que usa as mesmas frutas porque falta ainda descobrir outras mais que possam ser aproveitadas para esse mercado de consumidores cada vez mais seletivos e antenados. “Eles querem um produto com alto valor agregado, que não apenas perfume, mas que também traga, de fato, benefícios na sua aplicação”. Veronika observa que o Brasil ainda é um mercado carente de informação sobre esses produtos. No Exterior, segundo ela, há mais interesse e procura. Uma das explicações é que as frutas são mais distantes para os consumidores estrangeiros, do que para o dia-a-dia do brasileiro e, por isso eles desejam muito mais que o mercado interno. Por isso, ela acredita que o Brasil tem um grande mercado a ser explorado. E as frutas também. 29 FRUTICULTURA DE PRECISÃO Tecnologia favorece o monitoramento nas diversas etapas da produção, prevenindo problemas e reduzindo custos Ana Heloísa Ferrero Kleber Colomarte, da Teejet Technologies, pulverização possui tecnologia para aplicação precisa nas frutas 30 TEEJET TECHNOLOGIES Considerada a atividade econômica de maior risco em todo o mundo, sujeita ao frequente ataque de pragas e às mudanças diárias do clima, a agricultura sofre ainda com o constante aumento dos custos de produção. Para evitar desperdícios e aumentar a eficiência, hoje é possível usar tecnologias que racionalizem a aplicação de insumos e gerenciem com precisão a produção agrícola. Mas, para maximizar o retorno do investimento, não basta se cercar de bons equipamentos. É preciso o apoio de pessoal gabaritado para entender as informações obtidas com a tecnologia e aplicá-las em favor da produtividade. “Temos equipamentos que podem ser usados em diversas culturas para auxiliar os agrônomos em campo. Um exemplo é o medidor do teor de clorofila para saber se a planta recebeu a dose correta de adubação. O que muda é a interpretação dos resultados, pois cada cultura tem um teor de clorofila adequado”, diz o empresário Márcio Albuquerque, um dos sócios da Falker Automação Agrícola, de Porto Alegre (RS). Esse produto é utilizado por pesquisadores em videiras do sul do país porque a tecnologia racionaliza o uso de adubação nitrogenada, a partir do mapeamento dos locais onde há maior ou menor necessidade de aplicação. Outra linha da empresa aplicada à fruticultura é a dos medidores de compactação do solo. “Com este medidor de fácil uso, é possível saber quais áreas do campo estão excessivamente compactadas, o que dificulta o crescimento e o desenvolvimento de raízes, causando queda na produtividade.” Para o monitoramento da irrigação das frutas, a Netafim - companhia israelense que detém 60% do mercado mundial de irrigação localizada - oferece um sistema baseado em rádio frequência, chamado Irriwise, pelo qual sensores de uso comum na agricultura irrigada, como tensiômetros (que medem a tensão em que a água está retida nas partículas de solo) e medidores de água (que medem o volume de água aplicada), enviam dados on-line inerentes ao processo para uma central a cada 15 minutos, disponibilizando-os para análise e tomada de decisão de adequação no manejo, otimizando, assim, o uso de insumos (água, energia, fertilizantes etc). O sistema já é usado em várias culturas no Brasil, como café e citrus, e no Exterior, especialmente para o cultivo de uvas. “Mas aqui também temos projetos aplicados a essa fruta, produzidas tanto para a fabricação de vinho no Sul do país, quanto para o consumo in natura, em Pernambuco”, afirmam Bruno Toniello e Bruno Alves, respectivamente gerente de Tecnologia e engenheiro agrônomo da subsidiária da empresa no Brasil. O investimento para se adquirir a tecnologia, segundo eles, é difícil TECNOLOGIA de ser estimado, pois cada projeto tem um valor, devido às particularidades das diferentes culturas de frutas. Quanto ao retorno, “no caso do uso do Irriwise, temos clientes que afirmam terem pagado o sistema no primeiro ano de uso apenas com a economia de energia”, asseguram. tecnologia de precisão, dá para comprar um pulverizador zero a cada safra ou a cada safra e meia. Então, se o citricultor não pode vender mais caro para repassar os altos custos de produção, tem que aprender a produzir mais barato.” “Fruticultor precisa de argumentos fortes para investir na tecnologia” RESISTÊNCIA NA UTILIZAÇÃO A Ag Solve, sediada em Indaiatuba (SP), dispõe de uma linha de estações agrometeorológicas e sensores de umidade do solo para monitoramento do clima e água disponível, com aplicação em cultivos protegidos, viveiros de mudas, áreas irrigadas, além de softwares para cálculos, como ponto de orvalho e evapotranspiração. “Mesmo com a oferta de vários equipamentos e softwares para gerenciamento de culturas no país, não temos demanda dos nossos equipamentos para aplicação na fruticultura. Com eles, o produtor poderia antever problemas e se precaver, o que geraria uma economia maior na produção”, observa Mauro Banderali, diretor da empresa que nasceu voltada para a agricultura, mas hoje tem como maior cliente a indústria de mineração e sucroalcooleira. Segundo ele, entre as possibilidades que o fruticultor pode ter está a determinação exata da quantidade e momento da irrigação, aplicação de agroquímicos e fertilizantes; a determinação precisa do florescimento e frutificação, os efeitos do clima durante as fases vegetativa e produtiva das culturas; o acúmulo de horas de frio ou graus-dia, a modelagem da incidência de pragas e predadores, além do relacionamento direto entre produção e produtividade com os efeitos da meteorologia. “Mais do que falta de recursos financeiros, acredito que os agriAG SOLVE Há no mercado nacional uma ampla oferta de máquinas para pulverização a fim de se obter uma aplicação precisa na fruticultura. “Temos diferentes modelos, adaptados para cada situação, que fazem com que as gotas efetivamente cheguem ao alvo. E nossa maior demanda no setor de fruticultura são as pontas de pulverização, principalmente as do tipo cone vazio, utilizadas nos turbos atomizadores”, diz Kleber Colomarte, gerente de Assistência Técnica da Teejet Technologies no Brasil, multinacional norte-americana, que oferece componentes para pulverização. O único problema, segundo Colomarte, é a pouca procura pela tecnologia entre os fruticultores, se comparado a outras culturas agrícolas. O pesquisador Hamilton Humberto Ramos concorda que existem mais técnicas precisas para a pulverização no mercado do que há 15 anos. “Verifico, por exemplo, maior número de bicos na barra dos equipamentos e isso é precisão, pois traz maior controle e eficiência da pulverização”, explica. Como a fruta tem maior consumo in natura, se há resíduo químico inadequado, o produtor não consegue vendê-la no mercado externo. “No Brasil, o consumidor também tem acordado para o problema dos agrotóxicos, o que exigirá mudanças do produtor.” Em relação ao uso de equipamentos de controle, como eletrônica embarcada, Ramos acredita que a fruticultura está muito aquém do que se utiliza atualmente no plantio de grãos. Para convencer o fruticultor que não está acostumado a produzir de forma precisa, Ramos acredita que são necessários argumentos fortes. “No caso do citricultor, por exemplo, informamos que o tradicional volume de calda pulverizado para o tratamento fitossanitário do pomar pode ser reduzido de 20% a 70%, se usada a técnica correta de pulverização”, diz ele, que também é diretor do Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (IAC), em Jundiaí (SP), e responsável por diversos trabalhos de pesquisa ligados a citrus, desenvolvidos em parceria com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), há mais de 15 anos. O especialista lembra que, hoje, o custo de pulverização representa entre 40% e 60% do custo total da produção citrícola, e já está ultrapassando até o gasto com adubação. “Só com a economia que se faz com Mauro Banderali, da Ag Solve, país dispõe de tecnologia, mas ainda falta capacitação para aplicação no campo 31 ARQUIVO PESSOAL TECNOLOGIA cultores devam ser capacitados para aplicar as tecnologias da meteorologia em campo”, analisa Banderali. ”Tenho um fornecedor de equipamentos que monitora, nos Estados Unidos, uma área de 2,4 mil hectares de alface irrigado. Dispomos da mesma ferramenta, mas nosso produtor não aplica a tecnologia disponível pela ausência de empresas de extensão que os ampare, treine e capacite. Investe-se alto em maquinários para plantio, mas não para acompanhar a lavoura durante as intempéries. Também em razão das proporções de nosso país, a meteorologia é generalizada e perde o foco para o pequeno e médio produtor.” Rosa Maria Valdebenito Sanhueza coordenou desenvolvimento do SisAlert, da Embrapa SISALERT MAÇÃ Bruno Toniello, da Netafim, equipamentos disponibilizam dados para análise e tomada de decisão de adequação no manejo 32 NETAFIM Alguns produtores no Sul do país já contam com uma ferramenta de informações que mostra a situação das doenças no campo, principalmente na cultura da maçã, podendo otimizar rapidamente as decisões sobre o manejo delas. Trata-se do SisAlert, sigla de Sistema de Previsão de Risco de Epidemias de Doenças de Plantas. “É um moderno sistema computadorizado para o manejo das doenças dessa e de outras culturas, que visualiza os dados climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e encaminha- os à rede de estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). As informações capturadas e armazenadas na base de dados vão para modelos de simulação de riscos de ocorrência das doenças e são disponibilizados na internet para os usuários”, explica a agrônoma Rosa Maria Valdebenito Sanhueza, responsável pelo setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na empresa Proterra Engenharia Agronômica, onde realiza pesquisa na área de doenças de frutas temperadas. O sistema fica em execução permanente e, na situação do risco de ocorrência da doença, os usu- ários são automaticamente informados por meio de mensagens enviadas pelo telefone celular, no correio eletrônico e na página do sistema. No caso da maçã, oferece a previsão do risco de ocorrência de três doenças da macieira: a sarna, a mancha foliar da Gala (Glomerella) e a podridão branca, usando modelos já validados. Segundo Rosa Maria, a informação que sustenta o SisAlert-maçã advém de pesquisa científica validada na área de produção durante três ciclos. “O programa é continuamente atualizado e, à medida que surgem dados novos da pesquisa e da experiência dos usuários, é modificado para abrigar os novos conhecimentos.” A ideia do SisAlert surgiu em 2000, quando a Embrapa Uva e Vinho conduzia pesquisas para desenvolvimento, validação e ajuste de modelos de doenças da macieira sob a coordenação de Rosa Maria, que deixou a instituição em 2008. A utilização do serviço, no momento, é restrita a técnicos cadastrados de quatro empresas produtoras de maçãs de Vacaria (RS), que contribuíram para aquisição das estações meteorológicas automáticas, e a pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho. “A estação da Embrapa em Vacaria também é acessada pela Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi), que disponibiliza os alertas aos seus sócios. Não há custo direto para o uso do sistema, mas os participantes do programa sustentam sua manutenção”. Com o SisAlert, os usuários relataram que obtiveram um controle eficaz e ambientalmente correto das doenças, além de racionalizarem o uso de agrotóxicos utilizados no combate aos problemas da macieira. Os resultados com a maçã, o trigo e a soja permitirão expandir o sistema para outras culturas, como citrus, morango, pêssego e uva. MEIO AMBIENTE EM PERFEITA HARMONIA O sistema agroecológico de cultivo devolve vida ao solo e restabelece o equilíbrio com o ambiente, produzindo alimentos mais saudáveis Ana Heloísa Ferrero desvantagem do sistema é utilizar mais mão-de-obra, diz ele. Quando for adotar o sistema nas demais culturas de frutas, Marcynski explica que terá mais cautela do que teve ao mudar com o figo. “A cultura ecológica requer mais cuidados para não ter prejuízos na colheita. Trata-se de um processo lento, que exige o correto preparo do solo para que tenha equilíbrio necessário para receber a planta e esta crescer com estrutura.” O perfil da produção agroecológica é o agricultor familiar, pois quem cuida desse plantio deve “ler” o que a natureza transmite e estar envolvido diretamente com a produção. É também adotada pelo pequeno produtor IBD A família Marcynski decidiu trocar o sistema convencional de produção de frutas pelo plantio agroecológico na pequena propriedade rural que mantém em Santo Antonio do Palmo, (RS). “Quase 100% do figo já está na produção ecológica e estamos avançando com a plantação de caqui. Pretendemos migrar também nas outras frutas, como morango, ameixa e amora”, conta Rogério Marcynski, que há 19 anos cultiva figos no município. A opção em mudar foi tomada por diversas razões. “A primeira, porque o plantio convencional faz mal à natureza e a nós que manipulamos produtos químicos quase toda semana. A segunda foi pelas vantagens econômicas, pois há uma procura maior por alimentos mais saudáveis, o que nos dá melhor remuneração por ser o produto ainda pouco ofertado”, cita Marcynski, que comercializa metade da produção de figo diretamente ao consumidor e a outra metade para supermercados. A José Pedro Santiago, IBD certifica produtos agrícolas orgânicos e biodinâmicos conforme as normas nacionais e internacionais 33 MEIO AMBIENTE FILOSOFIA NA PRÁTICA culturas. “Plantamos, no mesmo dia, ao mesmo tempo, desde rabanete, que leva um mês para começar a produzir, quanto banana, que leva um ano e meio. Procuramos ocupar cada etapa do caminho da vida com alimentos, maximizando a função da luz do sol. Isso gera fartura aos produtores e benefícios ao meio ambiente, como a alimentação do solo. O solo funciona como um poderoso fertilizante porque é um esterco resultante de folhas, raízes e troncos de árvores encontrados nele, assim como a água.” Com isso, é menor o custo de produção em relação aos alimentos convencionais. Seus produtos são comercializados em três feiras ecológicas semanais, em Curitiba (PR), e no circuito de trocas de produtos da Rede Ecovida de Agroecologia. “Assim, temos um equilíbrio de oferta e variedade de produtos porque aqui não produzimos, por exemplo, maçã, mas trocamos com produtores do Sul, que têm essa Não há registros do número de fruticultores com vertente agroecológica no Brasil, onde cada região tem uma representatividade. No Vale do Ribeira, há a Cooperafloresta - associação de agricultores familiares que produz em agroflorestas diversas culturas, inclusive frutas. Segundo Nelson Eduardo Corrêa Netto, engenheiro agrônomo e técnico, a associação foi criada formalmente em 2003, mas teve início em 1996, com apenas duas famílias de Barra do Turvo (SP). Hoje, reúne 93 famílias, inclusive do município de Adrianópolis (PR), cultivando mais de cem itens de alimentos. A filosofia da Cooperafloresta é a de cooperação dos seres humanos com a natureza para que cada geração de agricultores deixe o ambiente mais rico e próspero para a que chegar. “O plantio agroecológico será inevitável, especialmente para preservar um recurso importante como à água. A agricultura convencional convencional utiliza 80% de toda a água doce extraída da natureza. Aqui, só usamos a água da chuva, pois o solo mantém uma reserva natural, graças à benéfica ação da agrofloresta nas nascentes e rios.” A associação produz frutas, como bananas, goiabas, abacates, jaboticabas, mamão, citrus e jaca, conjugadas a milho, feijão, Jorlene Boaventura da Rosa, agricultora da Cooperafloresta, e sua produção de bananas abóbora, inhame e outras 34 cultura em escala”. As famílias produzem cerca de 20 toneladas semanais de alimentos, que também são vendidas para lojas de produtos ecológicos, pelo Correio e ao Programa de Aquisição de Alimentos do Governo Federal. “Metade desse volume atende ao programa, que permite a cada família de produtores receber do governo R$ 3,5 mil por ano para vender a instituições de beneficência social.” A Cooperafloresta também transforma banana e goiaba em doces. CERTIFICAÇÃO Antes da associação, as 93 famílias vivenciavam a difícil realidade econômica de Barra do Turvo. A renda das famílias não chegava a dois salários mínimos por ano. “A produção para o autoconsumo ajudava na sobrevivência deles, que também vendiam mão-de-obra temporária a outras cidades próximas, e era imenso o êxodo rural de jovens pela desvalorização econômica local”, relata. Hoje, a média da renda mensal é de 1,5 salário mínimo para cada família associada. “A isso se acrescenta um maior auto-consumo, que traz melhorias à saúde das famílias.” Para Marco Antônio Sedrez Rangel, pesquisador de sistemas de produção da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, há vários tipos de agricultores envolvidos no sistema agroecológico. “Na agricultura empresarial, mais capitalizada e com mais facilidade de inserção no mercado, busca-se o maior lucro possível e os produtos são expostos geralmente em supermercados, com preços acima dos equivalentes COOPERAFLORESTA por questão de sobrevivência econômica, já que não consegue competir com as grandes propriedades e o alto custo convencional de produção. MEIO AMBIENTE convencionais. Na agricultura familiar, geralmente descapitalizada e com baixa inserção no mercado, os produtos são vendidos em feiras livres e sacolões, com preços iguais aos convencionais, sem uma identificação que os destaque. Mas há iniciativas em vários estados para promover a maior inserção da agricultura familiar no mercado de orgânicos, havendo esforços para a certificação participativa de tais produtos, com o resgate de valores como ética e solidariedade.” Os produtos da Cooperafloresta são certificados pela Rede Ecovida de Agroecologia, que congrega 200 grupos de agricultores, 20 ONGs e 10 cooperativas de consumidores de 170 cidades brasileiras. Segundo a rede, a certificação participativa é um sistema onde a elaboração e a verificação das normas de produção ecológica são realizadas por agricultores e consumidores, diferentemente da certificação feita apenas por uma empresa de auditoria. “Nossa legislação prevê que o produto agroecológico pode receber certificados via sistema participativo ou de auditorias”, diz Corrêa Netto. Hoje, as grandes redes de supermercados no Brasil e os países importadores exigem a certificação dos produtos orgânicos e seus similares, afirma José Pedro Santiago, diretor do IBD Certificações, empresa de Botucatu (SP), que certifica produtos agrícolas orgânicos e biodinâmicos conforme as normas alimentares nacionais e as dos países importadores. “Para ser vendido como orgânico, o produto deve conter, na sua embalagem, o selo da certificadora. Depois que a Lei 10.831, que trata sobre os orgânicos, estiver regulamentada, as certificadoras terão de ser creditadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qua- lidade Industrial (Inmetro). Por enquanto, são aceitas pelo mercado em confiança”, diz. CIÊNCIA EM CONSTRUÇÃO Apesar de o termo agroecológico ser novo, a prática de plantio não é. Esse sistema passou a ser preterido nas últimas décadas e, com a retomada, quem quer migrar corretamente para esta área tem poucas informações. “A ciência da Agroecologia está em construção e envolve quatro áreas fundamentais, Agronomia, Ecologia, Sociologia e Economia, mas inclui principalmente o conhecimento do homem do campo”, diz José Maria Gusman Ferraz, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e professor do curso de mestrado em Agroecologia da Universidade Federal de São Carlos. tem vantagens em relação ao sistema monocultor, como melhor rendimento na produção, proteção natural contra pragas e doenças e custo inferior de produção, pois praticamente não se gasta com insumos de fora da propriedade. “Os agroecológicos são ainda produtos mais duráveis porque o adubo químico e o agrotóxico desequilibram a fruta. Em média, a sobrevida é 30% superior ao produto convencional.” Segundo Ferraz, apesar de ser ofertado em menor quantidade, já é possível encontrar nos supermercados uma maior diversidade de produtos nessa linha, como os biodinâmicos e naturais, que também não usam produtos químicos na produção. “São todos classificados como orgânicos, pois só temos uma lei, a ser regulamentada no Brasil, englobando esses produtos.” A fruticultura brasileira dá passos tímidos na direção de uma produção mais sustentável Segundo ele, o mais indicado é se associar às redes de Agroecologia ou buscar organizações não-governamentais e instituições de pesquisa públicas que trabalham com o tema. “A transição do plantio convencional para o agroecológico exige a recuperação da área degradada, que demanda tempo até o solo voltar a ser ‘vivo’, ou seja, ter mais de dez toneladas de matéria orgânica, como bactérias e pequenos animais em sua composição. Quando se ara o solo ou se usa agrotóxico na produção por muitos anos, perde-se essa riqueza.” Além disso, Ferraz lembra que o sistema exige o plantio de várias e diferentes culturas ao mesmo tempo, ampliando os cuidados no manejo de cada uma. O plantio policultivo, diz, Muitas pessoas se confundem com essa variedade de produtos ditos naturais e sua forma de produção. Conforme Ferraz, uma das diferenças entre o sistema agroecológico e o orgânico, por exemplo, é que o primeiro tem um grau de sustentabilidade maior, uma vez que uma de suas preocupações é depender o mínimo de insumos externos. “No plantio orgânico, a adubação nitrogenada pode vir de esterco comprado de fornecedor externo. Na agroecologia, deve vir de adubação verde ou de esterco animal da mesma propriedade”. Para ele, a fruticultura brasileira dá passos tímidos na direção de uma produção mais sustentável, pois de modo geral está inserida em sistema produtivo que desconsidera o meio ambiente como um fator essencial até para a sobrevivência da atividade. 35 OPINIÃO A HORA E A VEZ DO AÇAÍ IBRAF NO MERCADO INTERNACIONAL Sergio Menezes, da Top Açaí, é diretor superintendente do Ibraf da Região Norte Bom dia e bossa nova são expressões da língua portuguesa que a cada dia estão sendo mais pronunciadas na sociedade norte-americana. Não se trata de maior conhecimento de nosso gênero musical ou da nossa prática civilizatória de cumprimentar, mas, sim, de marcas de bebidas que têm como base o açaí. Podemos acrescentar o Monavie, Purple R ain, Açaixtreme, Zola, Sambazon, Amazonthunder e outras bebidas energéticas que também têm o açaí na sua base de formulação. Há ainda o uso de açaí em pastas de dentes, sorvetes, barras de cereais e tabletes de suplementos alimentares. O açaí está começando também a ser usado em cosméticos, bem como seu fruto pode vir a ser usado como fonte renovável de calor. Apesar de a matéria-prima ser única no mundo, a expansão do açaí internacionalmente passa por duas fases: a primeira é a que o consumidor tenha informação completa sobre as vantagens nutricionais do açaí em relação aos produtos substitutos; a segunda é que este consumidor incorpore o consumo da fruta aos seus hábitos alimentares. Logo, o desafio imposto às empresas brasileiras é vender um produto exótico para um mercado não conhecido. Isso requer estratégias distintas para segmentar o mercado internacional e, sobretudo, recursos financeiros para promoção comer36 cial. Sem dúvida, promover e difundir o açaí no exterior requer a adoção de marketing-mix, que vá além da participação em feiras internacionais, mas também inclui a adoção concreta de ações e medidas que fortaleçam a cadeia de valor global do açaí. De fato, a inserção na cadeia de valor depende dos “first movers”, isto é, de quem se move primeiro, e este está sendo difundido e disseminado pelas empresas proprietárias de bebidas energéticas ou não, que têm nomes como Sambazon, Bom Dia, Bossa Nova, Zola, Monavie e Purple Rain. No caso dos Estados Unidos, estes atores, juntamente com outros, por meio de ações de marketing estão “agitando o mercado de consumo para o açaí”. O papel das antocianinas se torna fundamental para a disseminação de informações entre os consumidores. Exemplo disso foi a repercussão de entrevistas com médicos renomados norte-americanos no programa de ‘Oprah Winfrey’. A partir destas entrevistas, criou-se um burburinho naquele mercado, que ajudou a impulsionar as vendas. Dado que o mercado dos Estados Unidos já está estruturado, configurado e apresenta um padrão de competição específico em termos mercadológicos, resta analisar o que se deve fazer para entrar e conquistar os mercados europeu e japonês. Isto não quer dizer que não deva ser objeto de ações promocionais por parte das empresas brasileiras e pelo governo. Ao contrário, ter presença constante nas feiras do setor de alimentos naquele país é mandatório, principalmente para estabelecer contatos com potenciais clientes industriais. Urge também desenvolver ações especificas em Mart Centers (em Miami, Dallas, Atlanta, São Francisco, Chicago e Nova Iorque) para atrair os empresários do setor de alimentos (proprietários de pequenas cadeias de sucos, novidade atual americana) e os proprietários das academias de ginástica. Obvi- amente, há espaço para entrelaçar essas ações de promoção com as atividades da Associação Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), atendendo os interesses das empresas privadas do setor. No caso dos mercados japonês e europeu, não basta apenas participar de feiras, como a Foodex, Biofach, Sial ou Fruit Logistica. A participação nestas feiras tem de ser precedida de uma difusão do produto açaí por meio de grupos de opinião. A entrada nestes mercados tem de ocorrer pelo jovem e pela sua juventude. É necessário mostrar o açaí e a sua forma de consumo em bares, restaurantes, academias, bem como em eventos esportivos e culturais, com ações de degustação. Somente desta forma é que se quebrará o paradigma do desconhecimento do açaí por parte dos consumidores japonês e europeu. Caso houvesse ações deste porte nesses países, simultaneamente seria factível mostrar aos distribuidores e revendedores do Japão e da Europa, que comprar açaí do Brasil não é arriscado, há demanda e é lucrativo. Há recursos privados e oficiais que permitiriam adotar esta estratégia nesses mercados. De um lado, as empresas nacionais podem enviar os produtos à base de açaí, pagar o transporte da mercadoria e os empresários iriam ao Japão e à Europa às suas próprias expensas para realizar os contatos comerciais. Enquanto isso, os recursos públicos, disponibilizados na Apex-Brasil, nos governos dos Estados ou no Ministério das Relações Exteriores (MRE) poderiam e podem ser utilizados para custear os gastos das campanhas publicitárias desse marketing de relacionamento internacional. Essa é a hora e vez do açaí no mercado internacional. Colaborou com este artigo Barbara Ferreira Nóbrega, da Top Açaí AGENDA 08 a 10 • FRUIT&LOG - FEIRA INTERNACIONAL DE FRUTAS DERIVADOS TECNOLOGIA DE PROCESSAMENTO E LOGÍSTICA (Francal Feiras e Ibraf) Expo Center Norte (São Paulo/SP) Info: Francal Feiras (11) 2226-3100 [email protected] • www.fruitelog.com.br 24 a 26 • SUL ORGÂNICA 2009 (Projecta Eventos) Centro de Convenções Florianópolis (Florianópolis/SC) Info: Sul Orgânica (48) 3028-2004 [email protected] • www.sulorganica.com 27 a 31 • VII CURSO DE MANEJO DE NUTRIENTES EM CULTIVO PROTEGIDO (Instituto Agronômico de Campinas - IAC) IAC (Campinas/SP) Info: Conplant (19) 3231-5422 ramal 171 / (19) 3249-2067 [email protected] • www.infobibos.com 28 a 30 • XI ENFRUTE – ENCONTRO NACIONAL SOBRE FRUTICULTURA TEMPERADA (Epagri, UNC, Emobrapa, Prefeitura de Fraiburgo) Parque da Maçã (Fraiburgo/SC) Info: Epagri - Marise (49) 3561-2000 [email protected] • www.epagri.sc.gov.br 31/07 a 02/08 • AGRIFAM 2009 - FEIRA DA AGRICULTURA FAMILIAR E DO TRABALHO RURAL (Fetaesp - Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo) Itetresp - Rodovia Marechal Rondon, Km 322 (Agudos/SP) Info: Érica Pereira e Jéssica Comim (14) 3261-4216 [email protected] • www.agrifam.com.br 02 a 06 • 38° CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA (SBEA) Complexo Multieventos Unibasf (Juazeiro/BA - Petrolina/PE) Info: SBEA (16) 3203-3341 • [email protected] • www.sbea.org.br 29/08 a 02/09 • III SIMPÓSIO BRASILEIRO DA CULTURA DA GOIABA (Unesp) Centro de convenções – Campus FCAV (Jaboticabal/SP) Info: Funep (16) 3209-1300 [email protected] • www.funep.com.br internacionais 15 a 18 • WORLD FOOD MOSCOW (ITE Group) Expocentrat Krasnaya Presnya (Moscow/Rússia) Info: ITE Group 44 (0) 207-596-5086 [email protected] • http://www.world-food.ru/eng/ 21 a 30 • FOOD AND HOTEL OMAN 2009 (Oman Expo) Oman International Exhibition Centre (Oman/Muscat) Info: Roberto A. Nóbrega (24) 2231-8013 [email protected] • www.omanexpo.com 10 e 11 • 8º CONGRESSO BRASILEIRO DE AGRIBUSINESS (Abag Associação Brasileira de Agribusiness) Hotel WTC - Avenida das Nações Unidas, 12.559 (São Paulo/SP) Info: ABAG (41) 3072-3131(11) 3285-3100 [email protected] • www.abagbrasil.com.br out 09 ago 09 03 a 05 • SEASIA 2009 (Symphosium on Quality and Safety of fresh and fresh cut produce) (Bangkok/Tailândia) Info: www.kmutt.ac.th/SEAsia2009 02 a 04 • ÁSIA FRUIT LOGÍSTICA (Ibraf) Hong Kong Convention and Exhibition Centre (Hong Kong/China) Info: Paulo Passos (11) 3223-8766 [email protected] • www.hkcec.com 05 a 08 • 2° MDA AGRONEGÓCIO (Montebello Eventos) Expo Unimed Curitiba (Curitiba/PR) Info: Edson Camargo (41) 3203-1189 [email protected] 20 a 22 • IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE FRUTICULTURA TEMPERADA EM REGIÃO SUBTROPICAL - CARAVANA DA FRUTA (Holantec/UFRGS/IBRAF) Rodovia Raposo Tavares, Km 226, Gleba VI - Estância Turística de Paranapanema (Paranapanema/SP) Info: Holantec (14) 3769-1777 • [email protected] 14 a 17 • FRUTAL 2009 - 16ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA (Instituto de Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria) Centro de Convenções (Fortaleza/CE) Info: Instituto Frutal (85) 3246-8126 [email protected] • www.frutal.org.br 22 a 25 • XI CONBRAVA - CONGRESSO BRASILEIRO DE REFRIGERAÇÃO, AR CONDICIONADO, VENTILAÇÃO, AQUECIMENTO E TRATAMENTO DO AR (Abrava/Sindratar) Centro de Exposições Imigrantes (São Paulo/SP) Info: Solange (11) 3361-7266 [email protected] • www.abrava.com.br ago 09 jul 09 15 a 18 • FENAGRI - FEIRA NACIONAL DE AGRICULTURA IRRIGADA ACIAJ E PREFEITURA MUNICIPAL DE JUAZEIRO (Exposição/Rodada de Negócios) Campus III da Universidade do Estado da Bahia - Uneb (Juazeiro/BA) Info: Secretaria Executiva da Fenagri (74) 3611-3331 [email protected] • www.fenagri.com.br set 09 25 a 28 • FRUTAL AMAZÔNIA (Instituto Frutal) Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia (Belém/PA) Info: Instituto Frutal (85) 3246-8126 [email protected] • www.frutal.org.br/amazonia2009 set 09 jun 09 nacionais 02 a 05 • PMA - FRESH SUMMIT (PMA) Anaheim Convention Center (Califórnia/EUA) Info: Jamie Hillegas +1 (302) 738-7100 x 3023 [email protected] • www.pma.com/freshsummit/2009 10 a 14 • ANUGA (Baumle Organização de Feiras) Koelnmesse (Colonia/Alemanha) Info: Soraia Oliveira (41) 3027-6707 [email protected] • www.anuga.com.br Para mais eventos acesse: www.ibraf.org.br37 EVENTOS Fruto da parceria entre a Francal Feiras e o Ibraf, a primeira edição da Fruit & Log acontece em setembro e deve ampliar rede de negócios no setor Luciana Pacheco e Carolina Peres Fotos: Ibraf Em sua primeira edição, a Feira Internacional de Frutas e Derivados, Tecnologia de Processamento e Logística, a Fruit&Log, chega para reforçar a posição de destaque internacional do Brasil como um dos maiores produtores de frutas, verduras e legumes do mundo, bem como seus derivados. A feira será realizada de 8 a 10 de setembro, em São Paulo, no Expo Center Norte – Pavilhão Amarelo, e é uma iniciativa conjunta do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf) com a Francal Feiras, uma das mais importantes promotoras de feiras de negócios do País. O objetivo da Fruit&Log, segundo Valeska Oliveira, gerente executiva do Ibraf, “não é competir com eventos regionais, mas sim, criar uma ponte de convergência entre todos os setores envolvidos neste agribusiness e centralizar as demandas de negócios com a feira em São Paulo”. E complementa: “Vamos consolidar as demandas num grande seminário internacional e, com isso, fortalecer a fruticultura brasileira no mercado nacional e no Exterior.” O evento deverá promover e proporcionar uma ampla rede de negócios no setor de frutas, legumes, verduras e seus derivados, tanto para o mer- 38 cado interno quanto para o externo, com estandes internacionais e compradores de várias partes do mundo. Tecnologias de processamento de última geração também serão apresentadas, assim como a difusão de técnicas modernas de cultivo, pois está entre as metas da feira contribuir para o aprimoramento da produção, apresentar tecnologias de última geração de processamento, além de oferecer serviços essenciais para o comércio, a importação e exportação de produtos, aprimorar os mecanismos de transporte e gerar oportunidades de produção, negócios, logística e distribuição de toda a cadeia de frutas, legumes, verduras e seus derivados. Todo o foco da Fruit&Log será dirigido para expositores que vendem produtos, como para compradores nacionais e internacionais, interessados em iniciar ou ampliar seus negócios com o Brasil. “A nossa estratégia é atrair empresas de todo o mundo para fazer negócios com as empresas”, reforça Abdala Jamil Abdala, presidente da Francal Feiras. “É um público altamente qualificado, reunido num só evento”, garante ele. EVENTOS SEMINÁRIO INTERNACIONAL A Fruit&Log, além de ser uma plataforma para negócios, irá reunir especialistas do Brasil e do mundo para discutir as principais questões relacionadas ao mercado, logística, agroindustrialização e marketing. Dividido em módulos, o seminário discutirá, em três dias de evento, temas como: agregação de va- lor aos produtos de frutas, legumes e verduras (FLV); tendências mundiais de mercado; experiências do Chile e da África do Sul no comércio internacional; aproximação de mercados por meio da logística; a construção e manutenção de uma marca premium no setor de agroindústria; entre outros. Mais informações em www.fruitelog.com.br TOCANTINS: FRUTICULTURA EM EXPANSÃO Estado investe na produção de frutas como atividade geradora de emprego e renda Considerado o segmento agrícola que mais gera empregos, segundo a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado do Tocantins (Seagro), a fruticultura tocantinense está em plena expansão. Várias atividades estão programadas para este ano, entre eles, eventos como dias de campo, capacitação e atividades temáticas, que além de auxiliar produtores, envolverão o consumidor sobre os benefícios da inclusão de frutas no cardápio diário, principalmente sobre as principais frutas produzidas no Estado, como abacaxi, melancia, banana, caju, melão, coco e manga. Foi diante deste cenário de desenvolvimento, que aconteceu no mês de maio, a Feira de Tecnologia Agropecuária (Agrotins), realizada na capital Palmas. O evento reuniu 42 mil visitantes, 356 expositores e possibilitou a geração de negócios em torno de R$ 58 milhões. Além disso, foram realizadas cerca de 750 atividades entre palestras, dias de campo, dinâmicas, e outras. Segundo dados da organização do evento, a Agrotins cresceu 30% com relação à edição anterior. A feira envolve todo o setor do agronegócio. Sabendo da importância e do potencial da região para a fruticultura, o Ibraf participou da feira que é a principal da região. “A Agrotins é importante para a fruticultura da região porque, além da exposição de empresas envolvidas com a cadeia frutícola, traz muitas informações, produtos e sugestões para melhorar a atividade. A feira está localizada no centro agrotecnológico da Seagro, que faz pesquisa de desenvolvimento de variedades frutícolas adaptadas às condições de solo e clima da região, proporcionando, assim, uma exploração eficiente com maiores garantias de sucesso”, afirma Cloves Ribeiro Neto, engenheiro agrônomo do Ibraf. Números As estatísticas indicam que a produção de frutas cresce gradativamente, desde 2007, no Estado do Tocantins. A melancia está em 1° lugar, com uma produção média de 135 mil toneladas. O abacaxi vem em 2°, com 70 mil toneladas, e a banana, que recentemente alcançou a certificação de área livre da Sigatoka Negra, segue em 3° lugar no ranking de produção, com 33.4 mil toneladas. O coco, o melão e a castanha de caju também acompanham a evolução da fruticultura no Estado. Para José Elias, diretor de Fruticultura e Silvicultura da Seagro, o crescimento da fruticultura deve-se ao incentivo aplicado no setor. “Apoiamos a produção integrada de abacaxi, por exemplo, a construção de “packing house” e a implantação e estruturação do laboratório de biotecnologia, com objetivo de multiplicar cultivares resistentes às doenças, além da organização de cursos, palestras, dias de campo e seminários”, explica o diretor. Pensando em manter o crescimento da fruticultura tocantinense, José Elias afirma que será realizada uma campanha publicitária apresentando o potencial do Estado para a produção de frutas. “Nosso objetivo é reforçar sempre os benefícios econômicos e sociais gerados pelo segmento, especialmente, quanto à geração de empregos. Pretende-se com isso manter o ritmo de crescimento da fruticultura tocantinense, atrair empresários de outros Estados e ampliar os mercados consumidores externos. Além de incentivar, também, o consumo interno, sobretudo entre crianças e adolescentes, e conscientizar o mercado atacadista”, atesta ele. 39 ARTIGO TÉCNICO RESISTÊNCIA, UM SÉRIO PROBLEMA PARA A AGRICULTURA Fruticultores enfrentam dificuldades no cultivo por conta do pequeno número de agrotóxicos registrados, dificultando manejo da resistência de pragas a produtos químicos Mário Eidi Sato* Figura 1. Da esquerda para a direita, planta não atacada e plantas com ataque severo de ácaro rajado, com presença de teia 40 ADALTON RAGA cia de aproximadamente 3 mil vezes para o acaricida fenpiroximato; de 350 vezes, para abamectina; e de 570 vezes, para clorfenapir, após poucas aplicações desses acaricidas. Para fenpiroximato, a concentração necessária para matar os ácaros resistentes a este acaricida foi 200 vezes maior que a concentração recomendada para o controle do ácarorajado em morangueiro no Brasil. Nesse caso, um aumento na concentração do produto, mesmo que de dezenas vezes, não seria suficiente para aumentar a eficiência do produto no campo, caso a população se torne resistente. Algumas populações desse ácaro-praga mostram-se resistentes a quase todos os produtos registrados no mercado, causando muita dificuldade para seu controle. Para algumas culturas, como morangueiro, diversos agricultores não conseguem controlar o ácaro-praga nos meses finais da produ- ADALTON RAGA ADALTON RAGA Um dos problemas associados ao uso indiscriminado de inseticidas e acaricidas é o desenvolvimento de resistência de pragas a produtos químicos. Para algumas pragas agrícolas, a magnitude da resistência chega a milhares de vezes. O ácaro-rajado (Tetranychus urticae Koch) é uma das espécies para o qual o problema de resistência é bastante sério. O ácaro-rajado ataca culturas, como as do morango, crisântemo, rosa, pêssego, algodão e mamão, causando elevados prejuízos. Esta espécie ataca as folhas, principalmente na face inferior. As folhas atacadas mostram manchas branco-prateadas e certa quantidade de teia, tornam-se bronzeadas, secam e caem, com consequente queda na produção (Figura 1). O ácaro-rajado quando não controlado chega a causar prejuízos da ordem de 80% na produção de morango. No caso de ácaro-rajado observou-se resistên- ARTIGO TÉCNICO para o controle de pragas. Neste caso, o agricultor tem poucas opções de produtos químicos no momento das aplicações, fazendo com que ele realize repetidas aplicações do mesmo produto, favorecendo a evolução da resistência. Uma consequência da evolução da resistência é o aumento do número de aplicações, devido à redução da eficiência dos produtos químicos. Além disso, causa outros problemas, como o desequilíbrio biológico, em virtude da eliminação de inimigos naturais, contaminação ambiental, risco de intoxicação dos agricultores, maior contaminação de alimentos e aumento do custo de produção. Um outro problema associado ao uso de agroquímicos é a possível evolução de resistência cruzada entre produtos. No caso de abamectina, que tem sido intensamente utilizada pelos agricultores em diversas culturas, resultados de estudos de monitoramento de resistência indicam resistência cruzada entre abamectina e milbemectina, novo inseticida/acaricida recentemente registrado no Brasil. No entanto, altas frequências de resistência de até 80% a esse novo produto já têm sido observadas O AL O PE SS problema da resistência de pragas a inseticidas e acaricidas em morangueiro, e diversas outras culturas, como frutíferas e hortaliças de menor expressão econômica, é o pequeno número de inseticidas e acaricidas registrados, aliada à dificuldade (demora) para o registro de novas moléculas , consideradas eficientes em diversas culturas, inclusive morangueiro, para o qual o produto ainda não está registrado. Essa alta freqüência de resistência deve-se à seleção prévia dos ácaros com abamectina, que apresenta um modo de ação semelhante ao da milbemectina. Em um levantamento realizado em mais de 30 populações de ácaro-rajado, coletadas em áreas comerciais no Brasil, observou-se nítida correlação entre as frequências de resistência a abamectina e milbemectina, com maiores porcentagens de ácaros resistentes à milbemectina, em áreas com altas frequências de resistência à abamectin. A resistência cruzada é um outro fator que pode dificultar o controle químico, afetando a eficiência de outros produtos, mesmo aqueles recentemente registrados no comércio. Uma das principais estratégias de manejo da resistência de pragas a produtos químicos está relacionada à redução na frequência de aplicação de inseticidas e/ou acaricidas. Neste aspecto, a realização do monitoramento populacional de pragas pode ser uma ferramenta valiosa para o manejo da resistência. A utilização de produtos somente quando as densidades populacionais da praga estão acima do nível de dano econômico pode reduzir consideravelmente o número de aplicações contra as pragas, reduzindo, assim, a pressão de seleção com os agroquímicos. Para alguns produtos, como abamectina, para o qual a resistência do ácaro-rajado se mostra instável na ausência de pressão de seleção (aplicação do acaricida), existe a possibilidade de reversão da resistência, caso o produto deixe de ser aplicado por um período de aproximadamente seis meses. Experimentos realizados no Instituto Biológico mostram que populações com altas porcentagens de ácaros resistentes (ex.: 75%) passaram a apresentar frequências de ácaros resistentes inferiores a 15%, após seis meses sem a aplicação deste produto. Outra estratégia fundamental é a preservação de inimigos naturais nas áreas agrícolas. Os inimigos naturais podem manter a população da praga em baixas densidades por longos períodos no campo, não havendo necessidade de intervenções químicas durante este período. Outro aspecto é que os inimigos naturais po dem se aliPesquisador Mário Eidi Sato, mentar tanto do Instituto Biológico dos insetos (ou AR Q U IV ção, sendo forçados a eliminar antecipadamente a cultura do campo, implicando em consideráveis prejuízos econômicos. Em algumas áreas de produção de morango no Estado de São Paulo, como Atibaia, Socorro e Monte Alegre do Sul, a porcentagem de ácaros resistentes a acaricidas, como abamectina , chega a mais de 70% entre setembro e outubro, como observado nos últimos anos, dificultando muito o seu controle. Também têm sido observadas altas porcentagens de ácaros resistentes a acaricidas, como propargite, 60%; e fenpiroximato, 50%, em morangueiro. No caso de ornamentais, como, por exemplo, no crisântemo e áster, onde o número de aplicações de agroquímicos é maior, as frequências de resistência a estes acaricidas são ainda mais altas, chegando a mais de 80% no Estado de São Paulo. Uma das principais causas associadas ao 41 ácaros) suscetíveis como dos resistentes, podendo diminuir o número de organismos resistentes no campo. Em um estudo com ácaro-rajado em morangueiro, onde foi realizada a liberação de ácaros predadores da espécie Neoseiulus californicus, observou-se um bom controle da praga, possibilitando a manutenção da população do ácaro-rajado em níveis baixos na cultura, não havendo a necessidade de aplicações de acaricidas após o estabelecimento dos predadores no campo. Com isso, foi possível evitar pelo menos dez aplicações de acaricidas, em comparação a uma área com uso de apenas controle químico. Esta redução no número de aplicações levou a uma diferença significativa na frequência de resistência à abamectina (e outros produtos), que foi significativamente menor na área de liberação dos predadores, na fase final da safra agrícola. No caso de morangueiro, o uso de ácaros predadores para o controle de ácaro-rajado é muito promissor, devido ao rápido estabelecimento dos predadores na cultura. Experimentos em campo indicam que quando os ácaros predadores são quando a população do ácaro-praga (ácaro-rajado) ainda se mostre baixa (entre 1 e 5 ácarospraga por folíolo), apenas com o uso de inimigos naturais é possível controlar a praga sem a necessidade do uso de acaricidas. Este fato é de liberados, interesse para os agricultores, devido à possibilidade da condução da cultura com uso mínimo de produtos químicos ou, até mesmo, livres da aplicação de qualquer defensivo. Considerando que a cultura de morango é uma das que apresenta maior problema de resíduos de agrotóxicos nos frutos, a redução no uso de produtos químicos também é de interesse dos consumidores. Assim como em ou42 MÁRIO EIDI SATO ARTIGO TÉCNICO Morangueiro com controle feito com acaricidas e liberação de ácaros predadores na fase final tros países, algumas empresas passaram a comercializar esses inimigos naturais (ácaros predadores), dando acesso a esta estratégia de controle aos agricultores. Quando o controle biológico é de difícil uso, por falta de inimigos naturais eficientes, e são necessárias várias aplicações de inseticidas para o controle de uma praga, deve-se evitar aplicações repetidas de um mesmo produto ou de produtos com mesmo modo de ação. Aplicações repetidas de um mesmo inseticida favorecem uma rápida evolução da resistência. Neste caso, a rotação de produtos químicos de diferentes modos de ação pode ser uma boa alternativa, podendo retardar a evolução da resistência. Para minimizar o problema da resistência de pragas a defensivos agrícolas há necessidade de um esforço em conjunto, entre produtores agrícolas, instituições de pesquisa e extensão rural, para a criação e implantação de estratégias efetivas para o manejo da resistência a defensivos. * Mário Eidi Sato Pesquisador do Instituto Biológico Telefone: (19) 3252-8342 E-mail: [email protected] CAMPO E CULTURA COLHEITA E BENEFICIAMENTO DE FRUTAS E HORTALIÇAS Com o objetivo de auxiliar o setor produtivo da fruticultura a melhorar e aperfeiçoar sua posição atual ajudando produtores na colheita, logística e conservação das frutas, o livro “Colheita e beneficiamento de frutas e hortaliças” trata, entre outros aspectos, sobre o manuseio dos produtos com o devido cuidado para evitar injúrias mecânicas, seleção nas linhas de beneficiamento, a escolha da melhor metodologia de trabalho e de equipamentos para reduzir o estresse pós-colheita, visando, além da qualidade, a redução das perdas, que atualmente gira em torno de 30 a 40%. A publicação foi esforço de cientistas e instituições que desejam somar competências ao setor frutícola nacional. Autor: Diversos Editora: Embrapa Editor técnico: Marcos David Ferreira Onde encontrar: O leitor pode fazer o download do livro, no site: http://www.cnpdia.embrapa.br. Após preencher um cadastro com nome, telefone, e-mail e endereço, o processo é finalizado e o acesso ao conteúdo é permitido. MANUAL DE ORIENTAÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NA ÁREA RURAL Formulado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o livro tem como objetivo auxiliar o produtor rural quanto aos seus direitos e deveres junto à Previdência Social. O objetivo é promover ações que contribuam para o exercício da cidadania, abordando temas como deveres e obrigações, explanando sobre seguro especial, agroindústria, cooperativas; trabalhadores rurais e a Previdência Social; entre outros. Onde encontrar: O livro encontra-se disponível para download no site do Senar: www.senar.org.br VERDE DE RASTREAMENTO - CONCEITOS E DESAFIOS Nos últimos anos, os mercados nacional e internacional têm exigido maior controle dos processos produtivos do sistema agroindustrial. A prática do controle da produção, aplicada há tempos nos produtos industrializados, tem migrado a passos velozes na direção da produção e distribuição dos produtos in natura. Desta forma, para atender a uma crescente demanda de informação sobre rastreamento de produtos in natura, foi desenvolvido o livro ‘Verde de Rastreamento Conceitos Básicos’. A publicação detalha, de maneira simples e didática, a história e os conceitos sobre o rastreamento, seus diferentes tipos e funcionamento, assim como os benefícios para o setor agroalimentar e os desafios para a implantação deste processo. Autor: Thomas Eckschmidt Colaboradores: Giampaolo Buso, André Donadel e Alex Eckschmidt. Editora: Varela Valor: R$ 30,00 Onde encontrar: Editora Varela, pelo telefone (11) 3222-8903 e/ou e-mail: [email protected] FUNDAMENTOS DO MELHORAMENTO DE FRUTÍFERAS Com capítulos que abordam assuntos como biologia reprodutiva de fruteiras, recursos genéticos, métodos de melhoramento, biotecnologia aplicada ao melhoramento de fruteiras e portaenxerto, o livro tem o objetivo de desenvolver tanto cultivares-copa quanto porta-enxertos, que contribuam para melhorar a produtividade, qualidade e oferta das frutas. A publicação reúne conceitos fundamentais, além de ser fonte de pesquisa para estudantes, pesquisadores, técnicos, entre outros. Autor: Cláudio Horst Bruckner Editora: UFV Preço: R$ 37,00 Onde encontrar: Editora UFV, pelo telefone (31) 3899-2234 e/ou e-mail: [email protected] 43 ASSOCIADOS IBRAF ASSOCIAÇÕES ABANORTE - ASSOC. FRUTICULTORES DO NORTE DE MG ABIA - ASSOC. BRASILEIRA DAS IND. DE ALIMENTAÇÃO ABPEL - ASSOC. BRAS. DOS PROD. E EXP. DE LIMÃO ABPM - ASSOC. BRASILEIRA DOS PRODUTORES DE MAÇÃ APPC - ASSOC. PAULISTA PROD. CAQUI IMP. EXP. LTDA ASTN - ASSOC. DAS INDS. DE PROCESSAMENTO DE FRUTOS TROPICAIS FRUIT & FOOD LOG AGENCIAMENTO E REP. NESTLÉ BRASIL LTDA FRUTLAND PROD. COM. LTDA NIAGRO NICHIREI DO BRASIL AGRÍCOLA LTDA GERDA PINTO E SILVA NUTRIBOX COM.DE NUTRIÇÃO FUNCIONAL LTDA - EPP GIBRAN EXPORTADORES DE FRUTAS CÍTRICAS LTDA PALAMAZ PRODS. ALIMENTÍCIOS DA AMAZÔNIA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA INDAIÁ EXOTIC IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA RIO DOCE INTERMELON COMERCIAL EXP. E IMPORTAÇÃO LTDA ITACITRUS COMÉRCIO DE FRUTAS LTDA ITAUEIRA AGROPECUÁRIA S/A BRAPEX - ASSOC. BRASILEIRA DOS EXP. DE PAPAYA JAGUACY BRASIL COMÉRCIO DE FRUTAS LTDA COAGROSOL - COOP. DOS AGROPECUÁRIOS SOLIDÁRIOS DE ITÁPOLIS LVP AGRÍCOLA LTDA COEX - COMITÊ EXECUTIVO DE FITOSSANIDADE RN COOPERATIVA AGRÍCOLA DE TOMÉ-AÇÚ COOPERFRUTO - COOP. DOS FRUTICULTORES DA REGIÃO CENTRAL DE TOCANTINS LIMEX IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO RAJÁ FRUTAS - AMAZONFRUTAS POLPAS DE FRUTAS DA AMAZÔNIA LTDA REFRIX ENVASADORA DE BEBIDAS LTDA TOP AÇAÍ - IND. E COM.DE POLPAS LTDA TROP FRUTAS DO BRASIL S/A TROPICAL FOODS MACHINERY VIA NÉCTARE TEC. EM BEBIDAS E ALIMENTOS LTDA MNS COMÉRCIO DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS LTDA MULTIFRUITS IMP. E EXP. LTDA NOLEM COMERCIAL IMP. E EXPORTADORA S/A EMPRESAS FORNECEDORAS DE SERVIÇOS /PRODUTOS ALIANÇA NAVEGAÇÃO E LOGÍSTICA LTDA E CIA. HAMBURG SUD COOPERNOVA - COOP. AGROPECUÁRIA MISTA TERRANOVA LTDA POMAR INTERNATIONAL SINDICAJU - SINDICATO DAS IND. DO AÇÚCAR, DOCES E CO CONSERVAS ALIMENTÍCIAS DO ESTADO DO CEARÁ QUEIROZ GALVÃO ALIMENTOS S/A ASSOCIAÇÃO DE CERTIFICAÇÃO INSTITUTO BIODINÂMICO - IBD CERTIFICAÇÕES RBR TRADING IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A SINDFRUTAS - SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE FRUTAS E DERIVADOS DO ESTADO DO PARÁ RENAR MAÇÃS S/A BIOENSAIOS ANÁLISE E CONS. AMBIENTAL S/C LTDA RUETTE SPICES LTDA CARGOFRESH DO BRASIL LTDA SALUTE - PROD. E COM. DE PROD. AGRICOLAS LTDA EUROFINS GENESCAN LTDA SECCHI AGRÍCOLA IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA GERENCIAL CONSULTORIA E ASSESSORIA S/C LTDA SITIO KAWABATA LOGIMASTERS TRANSP. NAC. E INTERNACIONAIS LTDA SUCOCITRICO CUTRALE LTDA MV ENGENHARIA DE ALIMENTOS S/C LTDA SUPRACITRUS COMERCIAL LTDA UGBP PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA OIA BRASIL CERTIFICADORA VALEXPORT - ASSOC. PRODUTORES DE HORTIGRANJEIROS E DERIVADOS DO VALE DO SÃO FRANCISCO EMPRESAS PRODUTORAS E/OU EXPORTADORAS DE FRUTAS FRESCAS AGRA PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA AGRÍCOLA FAMOSA LTDA POMAR VALE DO DOURADO AGRÍCOLA FRAIBURGO S/A AGROMARK & SASTRO LTDA GRUPO JD AGROPEL AGROINDUSTRIAL PERAZZOLI LTDA ANDRADE SUN FARMS AGROCOMERCIAL LTDA BENASSI SÃO PAULO IMP. E EXPORTAÇÃO LTDA BPF - BRAZILIAN PREMIUN FRUIT LTDA BRASNICA FRUTAS TROPICAIS LTDA CALIMAN AGRÍCOLA S/A COPA FRUIT IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO (FRUITFORT) CT AGROINDÚSTRIA E COM. DE FRUTOS CÍTRICOS CITRUS TREE PARIPASSU APLICATIVOS ESPECIALIZADOS LTDA QUATTOR PETROQUIMICA S/A EMPRESAS TRANSFORMADORAS DE FRUTAS SUCOS, POLPAS, DOCES, COMPOTAS, IQF AÇAÍ DO AMAPÁ AGRO-INDUSTRIAL AÇAÍ PURA POLPA AGROINDÚSTRIA LTDA AMAZONFRUT FRUTA DA AMAZÔNIA LTDA ATLÂNTICA EMPRESA DE COMÉRCIO EXTERIOR LTDA BRASFRUIT EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA 44 PREDILECTA ALIMENTOS LTDA BELA IAÇÁ IND. E COM. DE POLPAS DE FRUTAS LTDA BLUE MACAW LTDA BOLTHOUSE DO BRASIL IND. DE POLPAS E SUCOS BONY AÇAI IND. COM. E EXPORTAÇÃO DE BEBIDAS LTDA CAIBA INDÚSTRIA E COMÉRCIO S/A DAROS IMP. E EXP. DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS LTDA COCAMAR COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL DEL MONTE FRESH PRODUCE BRASIL LTDA DE MARCHI IND. E COM. DE FRUTAS LTDA EUROCONTE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA FRUTAS EXÓTICAS COMERCIAL LTDA FAZENDA STA. TEREZINHA LTDA - DOCE MEL LATINEX INTERNATIONAL IMP. E EXPORTAÇÃO LTDA FISCHER FRAIBURGO AGRÍCOLA LTDA NATURES ALIMENTOS S/A ROHM AND HAAS QUÍMICA LTDA PESSOAS FÍSICAS ANTONIO ROBERTO LOSQUI DAVID JOSÉ FERREIRA JUNIOR FERNANDO BRENDAGLIA DE ALMEIDA HEIKO FREITAG JEAN PAUL GAYET LUIZ BORGES JR SÉRGIO ABREU WASHINGTON DIAS UNIVERSIDADES UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA-UNESP CAMPUS DE JABOTICABAL UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS / FEAGRI/ DPPPA CLASSIFICADOS 45 FRUTA NA MESA Daniela Mattiaso Alaranjadas, com gomos de sabor cítrico e adocicado. Assim são as tangerinas, que crescem em árvores de porte mediano, com espinhos e flores brancas, bastante aromáticas, semelhantes às da laranjeira. De origem asiática, de países como Índia, China e outros de climas subtropical e tropical úmido, a fruta difundiu-se pelo mundo. Atualmente, a Espanha é líder mundial na produção e exportação, seguida da China e Japão. O Brasil está entre os principais produtores da fruta, mas não entre os principais exportadores. Um dos motivos é a falta de cultivo de variedades que agradam os estrangeiros. “Eles preferem uma fruta mais colorida e encorpada, com balanço equilibrado entre açúcar e acidez, enquanto os brasileiros gostam de frutas bem doces, como a Pokan”, explica Rose Mary Pio, vice-diretora e pesquisadora do Instituto Agronômico (IAC), especialista em tangerinas. “Outro entrave para exportar é que as tangerinas produzidas nacionalmente são muito fofas - um problema para transporte a longa distância -, pois amassam, estragando as frutas mais rapidamente”, acrescenta ela. Cultivares novas para atender ao paladar do consumidor internacional começaram a ser plantadas e testadas comercialmente, como a tangerina Clementina, um híbrido sem sementes. Mesmo sem exportação expressiva, o país apresenta crescimento na produção. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2006 havia cerca de 60 mil hectares de área plantada, com 1,2 milhão de toneladas - um acréscimo de 13% em relação a 2001. Apesar do aumento, houve pouca alteração de área cultivada. O fato é atribuído aos resultados do melhoramento genético e de novas tecnologias, como na irrigação, propiciando o adensamento dos pomares. A colheita da fruta ocorre entre maio e agosto, “mas a safra pode ir de abril a setembro, dependendo da variedade e da região”, comenta Rose. A produção se concentra nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. As variedades mais cultivadas são Ponkan, Murcote, Mexerica do Rio e Tangerina Cravo, sendo as duas primeiras, as de maior destaque. Segundo a pesquisadora, as tangerinas são bastante populares por serem refrescantes, nutritivas e fáceis de descascar. Ela complementa: “Além disso, possuem altas concentrações de vitaminas A, B1, B2, C, niacina, cálcio e fósforo, com variações conforme a espécie. São excelentes para o bom funcionamento do intestino, por apresentarem grande quantidade de fibras”. 46 RECEITAS DO PRODUTOR DOCE DE CASCA DE TANGERINA Ingredientes: 4 unidades de casca de tangerina, 3 xícaras (chá) de açúcar, 1 xícara (chá) de água, canela em pau e cravo-da-índia a gosto. Modo de Preparo: Corte as cascas em tiras, coloque em uma panela, cubra com água e leve ao fogo para aferventar rapidamente. Escorra numa peneira. Coloque as cascas numa travessa, cubra com água gelada e deixe de molho durante três dias, trocando a água duas vezes ao dia. Mantenha sob refrigeração. No terceiro dia, coe a água e junte a casca aos demais ingredientes. Leve ao fogo médio e cozinhe até secar. BOLO DE TANGERINA COM COBERTURA Massa: 2 xícaras (chá) de açúcar, 2 xícaras (chá) de farinha de trigo, 1 copo de 200 ml de suco de tangerina puro, 3 ovos, 1/2 xícara (chá) de óleo, 1 colher (sopa) de fermento em pó. Calda: 1/2 xícara (chá) de suco de tangerina puro, 2 xícaras (chá) de açúcar de confeiteiro Modo de preparo: No liquidificador, bata os ovos, o óleo, o açúcar. Acrescente o suco. Misture o fermento em pó com a farinha. Adicione ao líquido do liquidificador, batendo até ficar uma massa homogênea. Unte a forma do bolo com margarina e farinha. Leve assar em forno médio, préaquecido. Prepare a calda, misturando devagar o açúcar de confeiteiro com o suco de tangerina, até pegar consistência. Coloque a calda sobre o bolo pronto, ainda morno. Há 12 anos, o produtor Sesostres Ferreira da Silva cultiva mexericas do tipo Pokan, em sua propriedade, na Fazenda Nossa Senhora do Carmo, na cidade de Grumadinho, a 45 quilômetros de Belo Horizonte (MG). Lá, possui 28 mil pés da fruta produzindo. Na última safra, ele colheu 87 mil caixas de 20 kg. De acordo com o produtor, a boa produtividade está relacionada às temperaturas amenas e ao solo firme da região. “Também fazemos quatro adubações anuais e correção do solo para garantir a qualidade”, diz Sesostres. Toda sua produção tem destino certo: as Ceasas de Belo Horizonte (MG) e do Rio de Janeiro (RJ).