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O ESTILO MISSÕES NA CIDADE DE JOÃO PESSOA Emanoel Victor Patrício de Lucena Universidade Federal da Paraíba-UFPB [email protected] Ivan Cavalcanti Filho Universidade Federal da Paraíba-UFPB [email protected] RESUMO Em finais do século XIX, o cenário das antigas colônias mexicanas da América do Norte, tais como Texas, Califórnia e Novo México, logo após a guerra contra os Estados Unidos, passa a ser marcado pela presença de exemplares arquitetônicos que remetem às edificações produzidas pelas vinte e uma missões franciscanas espanholas ali instaladas no século XVIII. Tal Linguagem é introduzida no Brasil no primeiro quartel do século XX pelo arquiteto Edgar Vianna, sendo conhecida por várias denominações: “Neocolonial HispanoAmericano”, “Estilo Missões”, “Estilo Californiano”, “Estilo Mexicano”. O objetivo desta pesquisa é registrar a presença dessa linguagem em João Pessoa de modo a destacar seu valor histórico e arquitetônico, bem como sua importância para a memória da cidade. Tal registro é feito a partir do mapeamento dos trechos urbanos contemplados por edificações no estilo, e pela identificação e análise dos imóveis onde seus principais indicadores formais são encontrados. É importante destacar que essa vertente do Neocolonial ocorreu em paralelo com outras linguagens arquitetônicas, como o Neocolonial Luso-Brasileiro, ou o Art Déco, o que resultou em pouca ou nenhuma alteração significativa em termos de layout e setorização das plantas das edificações, sendo o estilo aplicado mais no âmbito formal, do que no conceitual. Palavras-chave: Estilo Missões. Neocolonial. João Pessoa. RESUMÉ A La fin Du XIXème siècle le site des anciennes colonies mexicaines de l‟Amérique Du Nord, comme Texas, California et New Mexico, peu après la guerre contre les Etats-Unis, sont marqués par la présence d‟exemplaires architecturales que faisent référence aux bâtiments des vignt et une missions franciscaines 1 espagnoles y instalées dépuis le XVIII ème XX ème siècle. Ce langage est introduite au Brésil au deuxième décennie du siècle par l‟architecte Edgar Vianna et a été connue par nombreuses désignations, comme “Néocolonial hispano-américain”, Mission Style, “Style Californien”, “Style Mexicain". L‟objectif de cette recherche est enregistrer la présence de ce langage à João Pessoa de façon à mettre en évidence sa valeur historique et architecturale, et son importance pour la mémoire de la ville. Cet enregistrement est fait à partir de la cartographie des sections urbaines couvertes par des bâtiments au style, et par l‟identification et analyse des immeubles où ses principaux indicateurs formelles sont trouvés. C‟est important mette en évidence que cette ramification du Néocolonial a eu lieu en parallèle avec des autres langages architecturales, comme le Néocolonial luso-brésilien ou l‟Art Déco, ce qui a été responsable pour peu ou pas de changement significatif en ce qui concerne le layout et la sectorization des plans, une fois que le style n‟a été appliqué que dans le domaine formel. Mots-clés: Mission Style. Néocolonial. João Pessoa. 1 INTRODUÇÃO No segundo quartel do século passado, uma nova linguagem arquitetônica é introduzida no cenário urbano das metrópoles brasileiras, notadamente no âmbito residencial. Essa arquitetura caracterizada por diversificado jogo de arcadas, volumes e cobertas e revestida por criativas texturas ficou conhecida por diferentes denominações – Estilo Missões, Estilo Mexicano, Estilo Californiano ou Hispano-americano [...](ATIQUE, 2010: 223). Sua popularidade e aceitação em plagas nacionais teve como meios principais de divulgação livros e revistas especializados, como também o cinema. A referida corrente estilística, introduzida no Brasil no segundo decênio do século XX pelo arquiteto carioca Edgar Vianna, formado pela Universidade da Pensilvânia, EUA, era o resultado de um processo histórico que teve suas raízes em finais do século XIX, na América do Norte, mais especificamente nas colônias espanholas do Texas, Califórnia e Novo México, onde vinte e uma missões franciscanas tinham sido implantadas. Essa arquitetura de raízes hispânicas, ao ser trazida para o Brasil, é inserida num contexto onde outra linguagem de caráter nostálgico e nacionalista já era recorrente - o neocolonial luso-brasileiro. Tal contato faz com que o Estilo Missões naturalmente sofra adaptações e absorva novos elementos, assumindo uma conotação híbrida onde típicos valores formais portugueses são incorporados ao seu repertório original. O objetivo deste trabalho é destacar a presença do Estilo Missões em João Pessoa, através do registro de exemplares do gênero situados nos principais eixos viários de expansão implantados na capital paraibana em meados do século passado e reunir evidências que justifiquem a necessidade de preservação desse patrimônio que é 2 atualmente ameaçado pelo arruinamento e perda de suas características formais em função das indevidas intervenções a que é submetido. O trabalho é desenvolvido a partir de uma cuidadosa revisão de literatura sobre o tema tanto no contexto norte-americano como naquele do Brasil da época, com vistas a fundamentar a identificação dos imóveis construídos segundo essa linguagem na cidade de João Pessoa. A pesquisa culmina com o estudo de um exemplar emblemático do Mission Style, na cidade onde os principais indicadores formais dessa linguagem são devidamente apontados e analisados. 2 CONTEXTO HISTÓRICO A partir de finais do século XIX as comemorações nacionais tendo como pano de fundo o centenário da independência começaram a ser frequentes nos países latinoamericanos. Tais eventos foram responsáveis por modificar radicalmente a produção cultural das sociedades em questão, especialmente no campo arquitetônico, uma vez que trazia consigo um profundo sentimento de nacionalismo, imbuído de um caráter nostálgico e romântico, típico da filosofia dos revivals europeus. Dentro desse contexto, buscava-se uma “independência da cultura”, em que cada nação procurava reviver as formas, quando não autóctones, ao menos caldeadas no novo mundo ao tempo da colonização (SANTOS, 1977: 96-97). Para tanto, buscou-se nos motivos decorativos da arquitetura religiosa ou mesmo daquela pré-colombiana, as bases para sua consolidação (AMARAL, 1994: 12). Especialmente no caso do Brasil, a “ideia nacionalista” começa a dar frutos a partir do final da primeira década do século XX, não apenas pela proximidade da comemoração de nosso centenário, mas principalmente pela paralisação das comunicações com a Europa, ocasionada pela eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1909. Tal evento, como bem pontua Carlos Lemos (1925) ao discorrer sobre o caso de São Paulo, foi responsável por paralisar a importação de materiais que garantiam o “êxito do Ecletismo”, como também o número de obras produzidas segundo tal linguagem. Paralelamente, em conferência proferida na Sociedade de Cultura Artística de São Paulo em 1914, Ricardo Severo afirmava que nossa cultura vernacular não possuía força, por sua “insipiência e primitivismo” e que por isso devia ser resgatada nos novos edifícios a herança lusa aqui implantada por seus 3 patrícios (AZEVEDO, 1994: 249). Assim surge o Estylo Colonial, bastante difundido por nomes como Nestor de Figueiredo e C.S. San Juan, com o Pavilhão das Pequenas Indústrias, na Exposição Internacional do Rio de Janeiro em 1922, ou mesmo com o projeto de Lúcio Costa para o pavilhão do Brasil na United States Sesquicentennial International Exposition, em 1926, na Filadélfia (ver Figura. 17). Essa inspiração no mundo colonial brasileiro é representada concretamente por partidos em sua maioria simétricos, dotados de frontões com volutas e pináculos e, por vezes, beirais em telha canal sustentados por cachorros. Segundo Yves Bruand o estilo triunfou tanto no campo institucional como no residencial, porém, como complementa o autor, “a maior aceitação em termos quantitativos não foi de um estilo de origem autóctone, e sim a moda das casas “missão espanhola” importada dos Estados Unidos por Edgar Vianna” (BRUAND, 1987: 57), talvez por ser, com suas maciças arcadas, reboco grosso e jogo de cobertas, menos ambicioso em termos de grandeza e mais aconchegante em termos de diversidade, espaços e volumes, atendendo ao padrão de habitabilidade do brasileiro do segundo quartel do século XX. 2.1 O Estilo Missões na América do Norte É difícil precisar o primeiro exemplar arquitetônico dessa nova vertente na América do Norte. Contudo, é possível se compreender todo o processo histórico que contribuiu para sua consolidação. 4 Logo após a vitória dos Estados Unidos na guerra contra o México pelo domínio das colônias espanholas ali instaladas (tais como Texas, Califórnia e Novo México), buscou-se uma “exaltação” da cultura europeia ali refletida nas vinte e uma missões franciscanas Figura 2. San Rafael Arcángel, Califórnia, EUA. Disponível em: http://californiasmissions.org/individual/mission_sa n_rafael.htm. Acesso em Mai. 2012 Figura 1. Mapa das Missões na costa da Califórnia, EUA. Disponível em: http://californias-missions.org/. Acesso em Mai. 2012 Figura 3. San Carlos, Califórnia, EUA. Disponível em: http://californiasmissions.org/individual/mission_sa n_carlos.htm. Acesso em Mai. espanholas implantadas desde o século XVIII (Figura. 1). O objetivo desta 2012 empreitada era apagar quaisquer resquícios da dominação mexicana naquelas áreas e cunhar os Estados Unidos como uma terra plural em heranças históricas, já que tais missões constituíam os assentamentos de origem europeia mais antigos da região. Para tanto, entra em cena um complexo de estratégias de marketing no local, com a venda dos terrenos em torno das igrejas missioneiras a empresários protestantes, que passam a investir no ramo turístico. Este último passa a ser incrementado com o sucesso do best-seller Ramona, da escritora americana Hellen Hunt Jackson, que narra a trajetória de uma mestiça, filha de espanhóis com indígenas, em meio a um hostil ambiente de guerra no qual pereciam as antigas missões. O sucesso da obra foi tamanho, que na década de 1890, a especulação em torno 5 do sítio onde se desenrolou a história, gerou cerca de cinquenta milhões de dólares em vendas na Califórnia. (Torre, 1994). Vale também destacar o papel da Feira Internacional Colombiana, celebrando o 400º aniversário da descoberta da América, tendo destaque o Pavilhão da Califórnia, por A. Page Brown (Figura 4) que atrelava a um edifício de feições neoclássicas, elementos morfológicos das vinte e uma missões, assim como a contribuição de acontecimento congênere, ocorrido em 1915, na Califórnia, para celebrar a abertura do Canal do Panamá. Esses dois eventos serão responsáveis pela difusão do estilo até 1939, quando a Califórnia contará com mais de um milhão de residências dentro da nova estética, que a partir de então começava a entrar em decadência. (Torre, 1994). Ainda na Califórnia, podese destacar a casa W.T. Jefferson, em Pasadena, trabalho do escritório Marston & Van Pelt (Figura 5). A residência apresenta partido predominantemente horizontal, todo trabalhado em reboco grosso, jogo de coberta com beirais curtos nas laterais e Figura 4. California State Building na World's Columbian Exhibition, Chicago, EUA. Disponível em: ttp://www.booktown.com/stcroixprints/plan.php?id=440. Acesso em: Mai. 2012. janelas em arco pleno dispostas duas a duas, separados por coluna retorcida, que vai ser traço mais recorrente na difusão do estilo (Figura 6). Charles Summer Greene lança um exemplo mais apurado em termos de volumetria, 6 Figura 5. Casa W.T. Jefferson, Califórnia, EUA. Fachada. (Architectural Record, 1922: 19) Figura 6. Casa W.T. Jefferson, Califórnia, EUA. Detalhe da fachada. (Architectural Record, 1922: 20) através da residência D.L. James em Carmel Highlands (Figura 7). Embora compartilhe com a primeira os curtos beirais em telha canal e a horizontalidade do partido , ela traz consigo novos elementos, tais como os contrafortes e as falsas chaminés, bastante difundidas por Newcomb em sua obra Spanish House for America (Figura 8), e igualmente presentes nos trabalhos de George Washington Smith,do qual podemos citar como exemplo sua B House para a Maravilla & Co. em Santa Barbara (Figura 9). Entre os materiais que deram suporte à nova linguagem, pode-se destacar o uso da pedra e do reboco com argamassa trabalhada grosseiramente em espessas camadas, assim como a utilização de telhas de barro do tipo capa-canal ou estilo francês. A madeira também se faz bastante presente, de forma aparente, principalmente na estrutura de vigamento dos pavimentos superiores (ver Figuras 10 -11). Figura 7 Residência D.L. James, Califórnia. Elevações.( Architectural Record, 1922: three hundred fourteen) Figura 8. Página do Livro Spanish House for America, de Rexford Newcomb – detalhe. (NEWCOMB, 1927: 94) 7 ambém é igualmente importante atentar para o uso do ferro fundido nos balcões e gradis das janelas, e nas luminárias penduradas na fachada (ver Figuras 12-13), assim como da cerâmica azulejos– estampas Figura 9. Maravilla Company, Califórnia, EUA. Gravura. ( Architectural Record, 1922: three hundred forty-three.) – esmaltada com os sugestivas adornando poços, fontes e painéis de paredes (ver Figuras. 14-15). Figura 10. Residência do East Alvarado District, Phoenix, EUA. Disponível em: http://phoenixcityliving.typepad.com/phoenix_city_livi ng/historic_homesdistricts/. Acesso em Jun. 2012. Figura 12. Casa Del Herrero, Santa Barbara, EUA (1922-25). Disponível em: http://www.santabarbarahomedesigner _architects.htm. Acesso em: Mai 2012. Figura 11. Casa Dias Dorados, Califórnia, EUA. Interior. Fonte: NEWCOMB, 1927: 115. Figura 13. Casa Del Herrero, Santa Barbara, EUA (1922-25). Detalhe de luminária. (McMillian, 2002: 128). 8 Figura14. Adamson House, California (1928), EUA. Vista geral da fachada. (McMillian, 2002: 40). Figura.15. Adamson House, Califórnia (1928), EUA. Detalhe da fachada (McMillian, 2002: 124). 2.2 O Estilo Missões no Brasil Como já foi dito anteriormente, o Estilo Missões chega ao Brasil importado dos Estados Unidos pelas mãos do arquiteto carioca Edgar Vianna, no início do segundo decênio do século XX, quando este projeta a Residência de Dona Alice Ferreira, à Rua Jardim Botânico, 148, no Rio de Janeiro, numa mescla de elementos hispânicos com lusos (Figura 16). Para um melhor entendimento sobre o assunto, se faz necessário analisar o contexto histórico acerca da relação Brasil – Estados Unidos, fato que remonta ao ano de 1876 tendo como marco Figura 16. Residência Dona Alice Ferreira, Rio de Janeiro ( ATIQUE, 2010: 193). inicial a participação do Brasil na Feira Internacional para comemoração do centenário da independência americana, a Centennial, que contou como convidado especial o Imperador D. Pedro II. Tal evento, que teria mais Figura. 17. Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional de 1926, Filadélfia, EUA. Fachada. Disponível em: http://www.fau.ufrj.br/brasilexpos/1926.html. Acesso em: Mai. 2012. tarde outras oito edições com efetiva participação do Brasil, 9 tinha como finalidade mostrar para o mundo as inovações tecnológicas daquela ex-colônia que agora emergia como uma nação “celebradora do progresso”. Na exposição de 1926, por exemplo, o Brasil teve pavilhão projetado por Lúcio Cosa dentro da estética do neocolonial luso-brasileiro, imbuído de uma discreta inspiração hispânica em alguns elementos morfológicos de fachada (Figura 17). A participação brasileira nesses eventos “também gerou a ideia de que o país poderia se tornar mais próximo dos Estados Unidos não apenas para obtenção de tecnologias e produtos industrializados, mas, especialmente, para ampliar seu mercado externo.” (ATIQUE, 2010:73). Assim foi iniciada, como bem pontua Atique (2010), a “circulação de pessoas, ideias e produtos” entre as duas nações, fato este comprovado na introdução de produtos estadunidenses no Brasil, tais como o telefone, o rádio, eletrodomésticos, o próprio cinema americano e ainda novidades domésticas no tocante à arquitetura, divulgadas em livros e revistas especializadas. É curioso notar que foi a partir deste momento que “conhecemos o bungalow, o hall, em vez do vestíbulo, o living room, em vez da sala de estar, o W.C. em vez da latrina, etc.” (LEMOS, 1994: 150). Em meados do primeiro quartel do século XX, a Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), localizada na então capital federal, Rio de Janeiro, era o centro catalizador das novidades americanas, muito embora seu passado estivesse ligado aos modelos europeus das Écoles de Beaux Arts. Em 1912, o acervo de sua biblioteca começa a contar com as edições da revista Architectural Record, editada em Boston desde 1876, tendo dedicado várias reportagens acerca do Mission Style. Outra revista igualmente difundida era a Architectural Digest, que abordou ao longo dos anos vários projetos com formas hispânicas. Outra fonte encontrada foi o livro Spanish House for America, de Rexford Newcomb, citado anteriormente, que se tornou bastante popular no Brasil entre as décadas de 1920 e 1930 e uma das principais referências para os projetos dentro dos “princípios coloniais hispanoamericanos em todo o continente” (Atique, 2008). Através do exposto percebe-se a influência do cenário norte-americano não apenas no campo isolado da arquitetura residencial, mas sobretudo na maneira de pensar e agir do brasileiro, como também na configuração urbana de nossas cidades, que começavam a se adaptar às exigências da vida moderna espelhando-se no american way of life. 10 Outras revistas nacionais, como Architetura no Brasil e A Casa também ajudaram a difundir a nova vertente, tendo também contado com a divulgação da revista argentina Mi Casita (Figura 18), um almanaque de plantas, elevações e perspectivas que se fez muito presente nas mãos dos construtores da época. Figura 18. Página da Revista Mi Casita. Modelo de fachada Estilo Californiano. ( Mi Casita, 1945: 148). Figura 19. Projeto de Bratke e Botti, 1931. Detalhe de jogo de cobertas. (WOLFF, 2001: 231) Outro fator importante a destacar sobre o Mission Style diz respeito à sua pureza formal. Surge na América do Norte uma tendência arquitetônica com uma linguagem bem característica que, ao adentrar no Brasil através da divulgação de livros especializados, revistas de arquitetura, e o próprio cinema (como já foi dito), adquire uma linguagem própria, através da mescla de seus elementos formais com aqueles do neocolonial aqui produzido, como se observa no detalhe da obra de Oswaldo Bratke e Alberto Botti (Figura 19). Embora se verifique uma predominância hispânica do conjunto, através da falsa chaminé, do jogo de águas da coberta e dos curtos beirais, percebe-se a influência colonial lusa nas singelas falsas eiras logo abaixo dos mesmos e no telhado do balcão sustentado por espessas pilastras, bem típico da arquitetura civil brasileira do século XVIII. Tal tendência era compartilhada nas diversas vertentes do hispano-americano – missões, espanhol, mexicano, californiano – cada um com suas especificidades, difíceis de serem precisadas, mas que foram responsáveis por marcar um período de grande liberdade plástica,[1] como bem pontua Paulo Santos: O Neocolonial era grave e viril; o Mission-Style gracioso e delicado; [grifo nosso] a conjugação dos dois (...) constituiu uma das notas mais características da sensibilidade artística da segunda metade da década. Na luta pela sobrevivência, seriam as formas hispânicas – talvez por mais leves e menos anacrônicas – as que mais resistiram. (SANTOS, 1977:102). 11 A partir da citação acima pode-se antecipar que essa distinção formal entre as duas vertentes talvez justifique a razão porque o neocolonial luso-brasileiro foi pouco aplicado à arquitetura residencial, predominando, por seu caráter de monumentalidade, nos edifícios públicos/oficiais. O Estilo Missões, por sua vez, por ser menos ambicioso em termos de grandeza, como foi dito anteriormente, teve maior aceitação no campo residencial brasileiro do segundo quartel do século XX. [2] Sílvia Wolff (2001: 229) vem complementar o raciocínio ao dizer que essa “linguagem hispano-americana” apenas unia um conjunto de elementos decorativos sobre um “arcabouço arquitetônico conhecido”; isto é, em termos de planta, Figura 20 Projeto de Eduardo Kneese de Mello. Fachada.( WOLFF, 2001: 234) Figura 21. Projeto de Bratke e Botti. Aspecto de Fachada. ( WOLFF, 2001: 234) havia poucas alterações em relação Fonte: WOLFF, 2001: 234 ao repertório do neocolonial lusobrasileiro que vinha sendo produzido até então. A introdução de “pátios com varandas internas, próprias à arquitetura Figura. 22 Residência Raul Pedrosa, Rio de Janeiro. Perspectiva.( PINHEIRO, 2011: 191) tradicional hispano- americana”, por exemplo, não se concretizou, limitando-se a “‟falsos‟ pequenos pátios externos” com chafarizes ou poços, cuja profundidade não ultrapassava o nível do pavimento. Em São Paulo, podemos destacar os trabalhos de Eduardo Kneese de Mello (Figura 20), como também dos arquitetos Figura 23. Residência Raul Pedrosa, Rio de Janeiro. Detalhe da fachada. Fonte: PINHEIRO, 2011: 191 (edição nossa). associados Bratke e Botti (Figura 21). Tais edificações ilustravam com propriedade a 12 linguagem hispano-americana através da assimetria no conjunto, do jogo de volumes e cobertas, do tratamento das aberturas e do reboco, e da utilização de contrafortes. No Rio de Janeiro, além do mencionado Edgar Vianna, é importante citar o trabalho dos arquitetos Lúcio Costa e Fernando Valentim, com a residência Raul Pedrosa, situada à Rua Rumânia no 20 (ver Figuras 22-23), onde pode-se observar a riqueza na volumetria e os elementos decorativos típicos, como a presença de arcos plenos, os gradis desenhados nas portas, janelas e óculos, e as janelas tripartidas separadas por colunas torsas. Considerando a produção do Estilo Missões em João Pessoa, percebe-se que a presença do mesmo se deu principalmente nos novos eixos viários introduzidos na cidade durante seu período de expansão e urbanização, começando pelo anel externo do Parque Solon de Lucena que apresenta vários exemplares dessa linguagem hispano-americana (ver Figura 24). Figura 24. Planta do entorno do Parque Solon de Lucena, João Pessoa. Eixos de expansão e localização de edificações neocoloniais. PMJP (Edição Nossa) As Avenidas Tabajaras e Eurípedes Tavares, Camilo de Holanda, Getúlio Vargas e Presidente Epitácio Pessoa foram palcos dessa produção, assim como outras vias secundárias, transversais aos eixos citados. Outros eixos importantes como as Avenidas Dom Pedro I, Almirante Barroso e Monsenhor Walfredo Leal também deram sua contribuição, apresentando ainda hoje remanescentes neocoloniais, muitos deles alterados 13 ou descaracterizados. É importante ressaltar que o fato de tais artérias representarem as vias de expansão da cidade confirma a afirmação de Aracy Amaral de que “o neocolonial é o estilo dos bairros novos que apresentam também um urbanismo novo, surgido a partir dos anos 20 em diversos países. É a arquitetura das novas classes altas.” [tradução nossa] (AMARAL, 1994: 13). Entretanto é importante lembrar que, no caso de João Pessoa, essa arquitetura só vai se consolidar a partir da década de 1940. Para melhor compreender a produção do Estilo Missões em João Pessoa foram registrados, a partir do Parque Solon de Lucena, os principais eixos onde se deu a difusão da nova vertente, considerando que os mesmos estão inseridos dentro do quadro das vias de expansão da cidade, a exemplo as Avenidas Tabajaras, Eurípedes Tavares e Getúlio Vargas (Sousa e Vidal, 2010). Assim, para um melhor entendimento, são aqui apontados as principais características do estilo de modo a facilitar sua identificação no cenário da capital paraibana. Bruand define o mesmo como um ecletismo exótico, dotado de “maciças arcadas em arcopleno, colunas torsas, reboco grosso em relevo com desenhos informais lembrando vagamente a decoração árabe.” (BRUAND, 1987: 57). Já Wolff dá um melhor apanhado acerca dos elementos compositivos do movimento em questão ao dizer que: Figura 25. Residência Charles W. Oliver. Houston, Texas, EUA. Aspecto geral. ( NEWCOMB, 1916: 102) Vários elementos integrariam a linguagem neocolonial hispano-americana (...). Destacam-se entre eles frontões curvos de inspiração barroca, telhadinhos de barro interceptando segmentos de fachada, painéis de azulejo, luminárias de gradis de ferro forjado, barras de pedra, balcões, grandes arcos na fachada e grupos conjugados de duas ou três pequenas janelas em arco, muitas vezes separadas por pequenas colunas salomônicas. (WOLFF, 2001: 228). Ainda segundo Wolff (2001: 229), “esses elementos derivavam em algumas versões”, das quais ela define uma de partido mais simplificado com um grande arco único no terraço que podia terminar externamente numa base com volutas, “mais um arco para a passagem de carros” e uma mais elaborada que trazia consigo “portadas barrocas”, gradis em atuando em conjunto com portas e janelas, “falsas chaminés e também falsos poços ou chafarizes”. Também podia trazer junto com seu partido um torreão (circular, quadrangular 14 ou poligonal), onde em geral “se situavam o hall e, normalmente, as escadas”, além de vasos grandes no terraço em forma de ânfora. Clara Correia D‟Alambert, citada por ATIQUE (2010: 221), complementa o exposto ao elencar “alpendres com arcos abatidos ou goticizantes às vezes emoldurado por tijolos ou pedras dispostos aleatoriamente, imitando aduelas [...] e revestimento rústico das fachadas com reboco grosso em relevo, geralmente, na cor branca.” Este último tinha como finalidade evocar os “resíduos deixados pelas brochas das constantes caiações nos prédios originais.”(ver Figura 25). Vale ainda ressaltar o uso de elementos vazados para ventilação e a utilização sistemática dos telhados com telha cerâmica capa-canal ou francesa. Figura 26. nº 237, Rua Eurípedes Tavares. Fachada principal. Acervo Pessoal Figura 27 Residência no 216, Parque Solon de Lucena. Fachada principal. Acervo pessoal É importante frisar a observação do atendimento, por parte dos projetistas e construtores, e por que não, dos proprietários dos imóveis, às novas exigências funcionais e de salubridade do início do século. As residências são via de regra providas de recuos frontal, laterais e de fundos, permitindo a todos os compartimentos nelas contidas, níveis ideais de iluminação e aeração. Vale também ressaltar, principalmente nas edificações de maior porte, a existência de grandes jardins e a entrada exclusiva para automóveis. Nos trechos analisados, foram encontrados exemplares pertencentes às duas versões citadas por Sílvia Wolff, e logo foi constatado o contraste entre as casas da Avenida Tabajaras e Eurípedes Tavares com as do Parque Solon de Lucena. Enquanto a maioria dos partidos registrados nas duas primeiras vias são casas térreas com modestos jardins (ver Figura 26), onde se destaca a presença marcante das largas arcadas (com ou sem aduelas), aqueles encontrados no anel externo da Lagoa são palacetes de dois pavimentos 15 bastante ricos em indicadores formais do estilo, tais como torreões, gradis nas aberturas, grandes arcadas em arco pleno, balcões e falsas chaminés (ver Figura 27). 3 O Caso da Residência Inácio Pedrosa Figura 28. Residência Inácio Pedrosa. Fachada Principal. Acervo Pessoal. Figura 29. Residência Inácio Pedrosa. Planta de situação.( PMJP). Edição nossa. Situado próximo ao cruzamento da Avenida Princesa Isabel com a Av. Monsenhor Walfredo Leal, no bairro de Tambiá, o imóvel no 181, construído na década de 1940 para residência do então deputado estadual Dr. Inácio Pedrosa Sobrinho, representa expressivo exemplar do Mission Style na cidade de João Pessoa por ser aquele que reúne em seu escopo formal a maior quantidade de elementos morfológicos caracterizadores do estilo (Figura 28). Para um melhor entendimento sobre a riqueza tipológica do imóvel em questão foi feito um levantamento arquitetônico onde se procurou ao máximo ler a morfologia de planta no seu aspecto original, não considerando as alterações porque passou, nem Figura 30. Residência Inácio Pedrosa. Pavimento superior. (SUDEMA). Edição nossa. Figura 31. Residência Inácio Pedrosa. Pavimento térreo. (SUDEMA). Edição nossa. 16 Figura 32. Residência Inácio Pedrosa. Fachada Principal (levantamento nosso) tampouco os acréscimos que obteve para ser adaptada ao uso institucional de repartição pública. Sua fachada principal também foi levantada para melhor ilustrar os detalhes apresentados no projeto residencial. Começando por sua análise em planta, fica evidente a adequação do imóvel às novas exigências de salubridade da época, isto é, o mesmo encontra-se recuado dos quatro limites do lote, dando espaço para um grande jardim (ver Figura. 29). Vale também destacar o portão exclusivo para entrada e saída de automóveis, como também um bloco anexo para seu abrigo (garage), mas que atualmente encontra-se totalmente descaracterizado. Em termos de layout não se percebe alteração significativa quanto à sua setorização em relação ao repertório luso-brasileiro e art-déco que vinham ocorrendo em paralelo, porém é importante atentar para a presença do “falso pátio” no pavimento superior, também com falso poço, característica esta bastante sui-generis, uma vez que tais poços situavam-se em geral no térreo (ver Figuras. 30-32). Figura 33. Residência Inácio Pedrosa. Vista da sala de jantar. Acervo Pessoal Figura 34. Hotel Paisani, Texas, EUA. Vista do interior. (NEWCOMB, 1916: 102) Fonte: Acervo Pessoal. Fonte: NEWCOMB, 1916: 101. 17 Figura 35. Residência Inácio Pedrosa. Aspecto do living. Acervo Pessoal Figura 36. Cunningham House, Califórnia, EUA. Interior. Disponível em: http://www.amazon.com/George-Washington Internamente verifica-se a presença do vigamento de madeira aparente na sala de jantar, característica bastante recorrente nas obras de arquitetos como George Washington Smith ou do escritório Trost and Trost Architects (ver Figuras 33-34), como também o piso de mármore em xadrez e o reboco chapiscado nas paredes e no forro de estuque (ver Figuras 35-36). Figura 37. Projeto de Luiz Muzzi. Fachada. (MUZZI, 1946: 83) Apesar de suas proporções bem maiores, pode-se fazer analogia da residência Inácio pedrosa com o projeto de Luiz Muzzi, de 1946 (Figura 37), que Figura 38. Residência Inácio Pedrosa. Detalhe da Fachada. Acervo Pessoal Figura 39. Residência Inácio Pedrosa. Gradil de janela superior. Acervo Pessoal. 18 compartilham similaridades como a voluta na base da fachada principal, o grande arco adornado com falsas aduelas e os painéis de cerâmica nos balcões das janelas. Outros elementos característicos da linguagem hispanoamericana estão nos gradis das esquadrias, nas falsas chaminés e no nicho para imagens de Figura 40. Residência Inácio Pedrosa. Gradil frontal. Acervo Pessoal. santos católicos, além do embasamento em pedra aparente (ver Figuras 38-39). O extenso gradil que delimita frontalmente o lote onde está implantado o imóvel constitui outro pronto alto da residência na medida em que, através de seus módulos de forma goticizante, dialoga com os arcos majestosos da fachada principal (Figura 40). 4 CONCLUSÕES Através deste estudo, pode-se perceber que a presença do Mission Style na cidade de João Pessoa se deu como uma ramificação de um movimento que se espraiava pelo país, através de livros e revistas especializados, fato que ajudava a reforçar no mesmo seu caráter regional, híbrido, uma vez que os clientes “profanavam” a pureza formal do estilo com elementos morfológicos isolados, pela flexibilidade permitida pelos catálogos e almanaques de arquitetura. Assim como ocorreu nas outras cidades brasileiras, o movimento se restringiu apenas ao aspecto formal da edificação, não tendo ocorrido alterações significativas de espaço interior em relação ao que vinha sendo produzido até então, ao contrário do que se passava nos territórios ao sul dos Estados Unidos, com as obras de Martin L. Hampton & E.A. Ehmann, George Washington Smith e Myron Hunt, onde se destaca em sua maioria a presença marcante dos patios, grandes espaços internos peristilados em torno dos quais se desenvolviam os cômodos, típica influência mediterrânea. A constante familiarização com os elementos que compõem a linguagem formal do Mission Style, aliada à identificação dos imóveis na cidade de João Pessoa, revelou que existem inúmeros outros exemplares que não foram aqui apontados devido à exiguidade de tempo previsto para o presente artigo, não sendo as edificações aqui registradas os únicos remanescentes do estilo. Trechos como a Avenida D. Pedro II e Avenida das Trincheiras ainda apresentam muitos exemplares significativos, muitos deles arruinados ou descaracterizados, fato que pode constituir um novo estudo em etapa posterior. 19 Fica assim registrado um primeiro olhar, por que não pioneiro, sobre a presença do Estilo Missões na cidade de João Pessoa, linguagem esta que, por completa desinformação por parte dos órgãos competentes e da academia, tem sido descaracterizada ou mesmo destruída em nome do progresso e da "evolução" da cidade. Nesse sentido, o propósito de apresentar a antiga Residência Inácio Pedrosa, atual sede da SUDEMA, como estudo de caso, reside no fato de a mesma constituir um verdadeiro dicionário dos principais indicadores formais do Neocolonial Hispano-Americano, ao mesmo tempo de servir como exemplar o para alertar sobre a importância da preservação do patrimônio congênere ainda existente na capital paraibana, o qual não se encontra devidamente protegido por uma legislação eficiente - o tombamento pontual. REFERÊNCIAS AMARAL, Aracy (coord.). Arquitetura Neocolonial: América Latina, Caribe, Estados Unidos. São Paulo: Memorial; Fondo de Cultura Econômica, 1994. _______. La Invención de un pasado. In: AMARAL, Aracy. Op. cit., p. 13. ATIQUE, Fernando. „A Presença Americana na Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil: Antecedentes e Repercussões‟. In: BRASA – International Congress of the Brazilian Studies Association, 10., 2008, Brasília. Anais Eletrônicos. 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Permitia suprir de elementos decorativos as edificações em estilo neocolonial, escassos na arquitetura neocolonial brasileira. Seus traços característicos são maciças arcadas em arco pleno, colunas torsas e reboco grosso com desenhos informais lembrando vagamente a decoração árabe”. (ALBERNAZ E LIMA apud. ATIQUE, 2010: 222). [2] 21
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