Araucária - Epagri/Ciram - Governo do Estado de Santa Catarina
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Araucária - Epagri/Ciram - Governo do Estado de Santa Catarina
Araucária Percepções sobre uso e conservação A Araucaria angustifolia, descrita pelos ilustres botânicos Klein e Reitz como o “pinheiro rei das selvas planaltinas catarinenses”. É uma espécie típica da Floresta Ombrófila Mista (FOM). A sua presença no ambiente, sempre ocupando o estrato superior da floresta, caracteriza esta formação florestal que também é conhecida como pinhais e matas de araucária. Aproximadamente 30 % do território catarinense eram originalmente cobertos pela araucária, e sua ocorrência natural se dá tanto associada a outras espécies florestais de menor porte, como por indivíduos isolados ou em agrupamentos por sobre os campos naturais. Desde a época anterior à chegada dos europeus ao continente americano, o pinhão, nome dado às suas sementes, já constituía importante fonte de alimentos dos índios que aqui viviam. Oestabelecimento das populações naturais de araucária deu-se como consequência da dispersão das sementes pela fauna e de semeaduras realizadas pelos indígenas em suas migrações. Alimento típico da culinária do planalto serrano catarinense, o pinhão faz parte da identidade e das tradições da população local. Quando associada à beleza cênica proporcionada pelas araucárias na paisagem, a gastronomia constitui-se num dos principais atrativos turísticos desta porção do território de Santa Catarina. O artesanato trabalhado com as mais variadas partes deste pinheiro, em especial o “nó-de-pinho”, complementam o cenário típico da região. A FESTA NACIONAL DO PINHÃO, cuja primeira comemoração remonta o início dos anos 70, reflete a importância e o valor simbólico que a araucária representa para a cultura regional. As sementes da araucária são apreciadas por uma grande diversidade de aves, como as gralhas, papagaios e tirivas, e também de mamíferos, entre eles a cutia, o macacoprego, o esquilo-brasileiro, o ouriço e a paca. A abundância natural, a imponência, a forma simétrica - apresenta um tronco praticamente cilíndrico e reto - e a excepcional qualidade de sua madeira para os mais diversos usos, fez com que a araucária tenha sido o de extrativismo intenso desde o início do século XX, tornando-se uma das principais fontes de matéria-prima para as serrarias e para a indústria de papel e celulose no sul do Brasil. Como conseqüência deste processo exploratório indiscriminado, a araucária encontra-se, desde 1992, na lista oficial das espécies ameaçadas de extinção. Além de ter seus estoques drasticamente reduzidos nas áreas de sua ocorrência, houve uma redução importante na qualidade genética dos indivíduos de araucária remanescentes. As consideradas melhores árvores para aproveitamento da madeira foram alvo contínuo dos madeireiros, diminuindo assim as chances das árvores elite perpetuarem seus descendentes, reduzindo a diversidade genética original das populações de araucária. Os resultadosdo Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina confirmam a situação preocupante da espécie no Estado. Dados dos levantamentos realizados nos remanescentes florestais da FOM indicaram que a maior parte da ocorrência de A. angustifolia foi de indivíduos jovens, de pouca espessura de tronco e de baixasalturas, não constituindo mais a espécie dominante e emergente como era descrita pelos botânicos que conheceram as matas de araucária de Santa Catarina em meados do século passado. Flora Catarinense Epagri Uma estratégia para reverter este quadro é o incentivo ao plantio comercial da espécie com finalidade de produção de madeira e de pinhão, priorizando a elaboração de políticas públicas de fomento à atividade e, principalmente, o aperfeiçoamento da legislação ambiental que rege a exploração da madeira de araucária plantada. Esta tendência foi detectada no Levantamento Socioambiental do Inventário Florístico Florestal do Estado de Santa Catarina que contemplou a percepção dos agricultores e de técnicos especialistas acerca das potencialidades econômicas e ecológicas de espécies da flora catarinense. O plantio da araucária em povoamentos homogêneos já é uma realidade desde a década de 70 em SC, e a partir destas iniciativas e de trabalhos técnico-científicos já se tem disponíveis tecnologias apropriadas para o plantio comercial desta espécie. Outra experiência que tem se mostrado animadora em Santa Catarina é o cultivo da araucária em sistemas agroflorestais, consorciando-a com outras espécies florestais de uso econômico - como a bracatinga e a erva-mate - e com culturas agrícolas anuais. Além do incentivo ao plantio comercial de araucária se faz necessário intensificar trabalhos de pesquisa que possibilitem resgatar os índices originais de variabilidade genética da espécie. Trabalhos neste sentido são imprescindíveis quando se deseja atender programas de restauração ambiental e de conservação da espécie, bem como selecionar plantas superiores com características desejáveis tanto para produção de pinhão, como para produção de madeira. Os resultados destes esforços certamente se traduzirão em geração de renda, em prestação de serviços ambientais e no resgate, com a magnitude merecida, do “pinheiro rei” na paisagem de Santa Catarina. Maiores Maiores informações: informações: Epagri/Estação Epagri/Estação Experimental Experimental de de Itajaí Itajaí Rodovia Rodovia Antônio Antônio Heil, Heil, 6800 6800 -- Caixa Caixa Postal Postal 277 277 CEP CEP 88112-318 88112-318 Fone/fax: Fone/fax: (47) (47) 3341-5244 3341-5244 || 3341-5255 3341-5255 E-mail: E-mail: [email protected] [email protected] www.iff.sc.gov.br www.iff.sc.gov.br Governo do Estado de Santa Catarina Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina