Production of models as an alternative method of education and

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Production of models as an alternative method of education and
3) PRODUÇÃO DE MAQUETES COMO TÉCNICA ALTERNATIVA
MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS DA DISCIPLINA DE IMUNOLOGIA
DE
ENSINO
E
Production of models as an alternative method of education and motivation in graduation
students of immunology
Producción de maquetas como modelos de técnicas alternativas para la educación y
motivación de los alumnos de la disciplina inmunología
1
Eneida César Mastrantonio
2
Fernanda Rosalinski Moraes
Resumo: Os cursos superiores de bacharelado das áreas biológicas e da saúde exigem a necessidade
de abordar uma série de conteúdos específicos da área de atuação daquele profissional. Por conta de
sua formação como bacharel, nem sempre o docente tem fundamentos psicopedagógicos que lhe
permitam lidar com as dificuldades de aprendizado e propor alternativas para incrementar o
desempenho discente. Esta carência é bastante evidente na disciplina de Imunologia, cujo objetivo é
estudar como o organismo responde aos agentes agressores. A resposta imunológica envolve uma
complexa inter-relação entre células e moléculas, cujo tamanho de alguns componentes foge à
resolução microscópica. Isto torna a compreensão do processo de resposta imune difícil para a maior
parte dos alunos, mesmo com auxílio de recursos áudio-visuais. A técnica de ensino mais empregada
em escolas superiores, e até vista por alguns como única possível nesse nível de ensino, é a
expositiva. Entretanto, alguns autores detectaram pontos de tensão neste processo, reduzindo o
interesse dos alunos pela disciplina. Por isso sugere-se ministrar seu conteúdo por meio de novas
técnicas, a partir das quais os discentes deveriam ser estimulados a alterar sua rotina passiva no
processo ensino aprendizagem. O objetivo deste trabalho é mostrar a importância do uso de materiais
didáticos alternativos para produção de maquetes no ensino de Imunologia, a fim de tornar as aulas
mais atrativas e promover a motivação discente, bem como analisar o desempenho nas atividades e
avaliações. Para isto, será apresentado o relato da experiência na proposta de elaboração de
maquetes por discentes, como técnica auxiliar de ensino da estrutura molecular de componentes do
sistema imunológico em turmas de alunos de medicina veterinária e zootecnia.
Abstract: The Bachelor degrees of Biological and Health sciences require to teach a great number of
specific contents of that professional area of expertise. As a bachelor, the professor is not always
psychopedagogicaly prepared to deal with learning difficulties and to propose alternatives to enhance
student performance. This is very evident in Immunology chair, whose objective is to study how the
body responds to aggressive agents. The immune response involves a complex interplay between cells
and molecules, whose size of some components are lower to the microscopic resolution. This does the
understanding of the immune response difficult for most of the students, even with the aid of the
same audio-visual features. The teaching method used in most schools, and seen by some as the only
possible at this level of teaching is the expository one. However, some authors detected tension points
in this process, that reduce the interest of students by discipline. Therefore it is suggested to provide
new techniques or learning, from which the students should be encouraged to change their passive
routine in the learning process. The objective of this work is to show the importance of using
alternative materials for the production of models to the study of immunology in order to make
lessons more attractive and to promote student motivation, as well as analyzing the performance
activities and assessments. In this report, a proposal of using models developed by students of
Veterinary Medicine and Animal Science will be presented as an auxiliary technique for teaching and
learning the molecular structure of some components of the immune system.
Resumen: Los cursos superiores de bachillerato de las áreas biológicas y de salud requieren la
necesidad de abordar una serie de contenidos específicos de la actividad profesional. Debido a su
1
Profa. Substituta da Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV), Universidade Federal de Uberlândia (UFU) [email protected]
2
Profa. Adjunta da FAMEV/UFU – [email protected]
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formación como bachiller, el profesor no siempre tiene fundamentos psicopedagógicos que le
permitan hacer frente a las dificultades del aprendizaje y proponer alternativas para mejorar el
rendimiento del estudiante. Esta deficiencia es muy evidente en la disciplina Inmunología, cuyo
objetivo es estudiar de qué manera un organismo responde a los agentes agresores. La respuesta
inmune involucra una compleja interacción entre células y moléculas, con algunos componentes que
tienen tamaños que escapan a la resolución microscópica. Esto hace que la comprensión de las
respuestas inmunes sean difíciles de entender para la mayoría de los alumnos, aún con la ayuda de
recursos audiovisuales. La técnica de enseñanza mediante exposición es utilizada en la mayoría de las
facultads y es vista por algunos como la única posible en este nivel de la educación. Sin embargo,
algunos autores han detectado "puntos de tensión" en este proceso, lo que disminuye el interés de los
alumnos por la disciplina. Por lo tanto, se sugiere enseñar su contenido mediante nuevas técnicas a
partir de las cuales los estudiantes deben ser estimulados a cambiar su rutina pasiva en el proceso de
aprendizaje. El objetivo del presente trabajo es mostrar la importancia del uso de materiales
didácticos para la producción de modelos alternativos en la enseñanza de Inmunología con el fin de
hacer que las clases resulten más atractivas y promover la motivación del estudiante, así como
también analizar el desempeño en las actividades y evaluaciones. Para ello se presentará un informe
de la experiencia de la propuesta para el desarrollo de modelos para los estudiantes, como técnica
auxiliar de enseñanza de la estructura molecular de los componentes del sistema inmune en las clases
de medicina veterinaria y zootecnia.
Introdução
A motivação é um processo que engloba motivos intrínsecos e extrínsecos de cada pessoa,
motivos esses construídos nas interelações sociais, desde a mais tenra infância, e que acabam se
efetivando na intrapessoalidade. Dessa forma, a cada nova situação vivenciada, novos motivos
poderão ser construídos. Por isso, entender a motivação em cada pessoa é, antes de tudo, perceber e
entender o ser humano com características e subjetividades próprias, é conceber o desenvolvimento e
a aprendizagem como um processo que acontece ao longo da vida de cada um (Santos et. al., 2007).
O processo educacional no que diz respeito à didática empregada em sala de aula para
promover o aprendizado do aluno também vem passando por um processo de transformação
constante. Anteriormente, primava-se por uma abordagem tradicional do ensino em que o professor
detinha-se a repassar o conteúdo de modo a não ser questionado nem contestado, e o aluno
comportava-se apenas como espectador e receptor de tais informações de forma passiva.
Atualmente, a postura do professor em sala de aula é diferenciada, onde há predomínio do
caráter construtivista em que o objetivo principal é a construção do conhecimento do aluno de forma
ativa (Filho, 2011). Nessa perspectiva, Silva (2007), na abordagem construtivista, o erro é visto como
parte do processo de aprendizado e condena a rigidez nos procedimentos de ensino e prima-se pela
utilização de material didático que seja comum ao universo pessoal do aluno.
Várias experiências no ensino das ciências biomédicas e da saúde vêm sendo implementadas
e avaliadas. As motivações para explorar esta tecnologia na educação estão ligadas não apenas ao
seu potencial de comunicação e à integração de uma diversidade de meios, mas, também, à
possibilidade de combinar o ensino das ciências básicas e aplicadas, com vistas à construção de um
modelo educacional integrado que contribua para a construção de contextos diferenciados e
relevantes de aprendizagem que estimulem a relação teoria e prática, a cooperação entre alunosalunos e alunos-professores e a sólida formação científica dos estudantes (Struchiner & Ricciard,
2003).
Através de investigações em diferentes ambientes educacionais, busca-se diagnosticar níveis
de motivação de professores e seus alunos, promovendo reflexões sobre a temática que se tornam
importantes para o desenvolvimento e consolidação do processo educacional, objetivando uma
educação de melhor qualidade. Esta necessidade é bastante evidente na disciplina de Imunologia,
cujo objetivo é estudar como o organismo responde aos agentes agressores.
A resposta imunológica envolve uma complexa inter-relação entre células e moléculas, cujo
tamanho de alguns componentes foge à resolução microscópica. Isto torna a compreensão do
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processo de resposta imune difícil para a maior parte dos alunos, mesmo com auxílio de recursos
áudio-visuais. A técnica de ensino mais empregada em escolas superiores, e até vista por alguns
como única possível nesse nível de ensino, é a expositiva.
Entretanto, alguns autores como Prado (2001) detectaram “pontos de tensão” neste processo,
reduzindo o interesse dos alunos pela disciplina. Por isso sugere-se ministrar seu conteúdo por meio
de novas técnicas, a partir das quais os discentes deveriam ser estimulados a alterar sua rotina
passiva no processo ensino aprendizagem.
O objetivo deste trabalho é mostrar a importância do uso de materiais didáticos alternativos
para produção de maquetes no ensino de Imunologia, a fim de tornar as aulas mais atrativas e
promover a motivação discente, bem como analisar o desempenho nas atividades e avaliações.
Metodologia
Este relato baseou-se na experiência de quatro turmas do Curso de Medicina Veterinária ou
Zootecnia que foram convidadas a experimentar a confecção de maquetes como ferramenta didática
para compreender as moléculas importantes do sistema imunológico: Imunoglobulinas e Complexo
Principal de Histocompatibilidade (MHC).
As peculiaridades das diferentes turmas e as variações na proposta de ferramenta didática
foram as seguintes:
Turma 1 – 30 estudantes regulares da disciplina de Imunologia Veterinária do Curso de
Medicina Veterinária de uma Faculdade particular de Uberlândia, MG. Foi proposta a divisão dos
alunos em grupos de cinco para responsabilizar-se pela confecção de uma maquete de uma das
moléculas sorteadas, com material de livre escolha do grupo. Após 30 dias, as maquetes foram
apresentadas em aula e discutidos com o professor.
Turma 2 - 30 estudantes regulares da disciplina de Higiene e Profilaxia II do Curso de
Zootecnia de uma universidade pública de Uberlândia, MG. Foi proposta a mesma metodologia
descrita para a turma 1.
Turma 3 – 45 estudantes com dependência na disciplina de Imunologia Veterinária do Curso
de Medicina Veterinária de uma faculdade particular de Uberlândia, MG. Foi proposta a mesma
metodologia descrita para a turma 1.
Turma 4 - Sete estudantes com dependência na disciplina de Imunologia Veterinária do Curso
de Medicina Veterinária de uma faculdade comunitária de Toledo, PR. Foi proposto que o grupo
elaborasse modelos das moléculas de MHC e Imunoglobulinas com massa de modelar, em horário de
aula prática sob orientação docente durante todo o tempo de execução da atividade.
Analisou-se a aprendizagem dos alunos observando-se a participação na atividade proposta e
nas respostas à arguição docente no momento da apresentação. Segundo Reich (2010), participação
caracteriza-se pelo fato do aluno mostrar-se envolvido em atividades didáticas, na busca de
informações sobre as tarefas que realiza, mostrando-se inteirado de todos os detalhes do momento
didático.
Após conclusão da atividade, os alunos foram convidados a serem fotografados com suas
maquetes e convidados a preencher uma autorização de uso de imagem para fins de publicações
científicas da técnica didática empregada.
Resultado e Discussão
Nas turmas de 1 a 3, as quais a escolha do material utilizado pra a confecção da maquete foi
deixada a encargo dos alunos, foram apresentadas maquetes de isopor, papelão, bolas plásticas,
arames, tinta, madeira, acrílico, massa de modelar (Figuras 1,2,3,4 e 5) e até mesmo uma estrutura
composta por balas de jujuba e marshmelows (Figura 6).
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Em todas as experiências, observou-se o envolvimento ativo da maioria dos alunos
participantes dos grupos na atividade, possibilitando discussões intra e inter-grupos. Também foi
observado maior interesse na busca de informações em bibliografia e no diálogo com o docente do
que quando o mesmo conteúdo era abordado apenas com a aula expositiva.
Quando o resultado final do trabalho de cada grupo foi apresentado na forma de maquete
para toda a turma e os discentes foram arguidos pelo professor, ficou claro que nem toda a
compreensão da estrutura molecular da imunoglobulina ou MHC e de suas funções foi atingida com a
atividade em si. Porém, uma vez com o modelo tri-dimensional da molécula em mãos, o professor
pode corrigir esta deficiência, exemplificando como aquela estrutura pode interagir com antígenos e
outros componentes do sistema imunológico. Neste momento se tornou claro a importância de ter um
modelo tangível de molécula para compreender os processos moleculares do organismo, os quais
dependem de componentes menores do que o poder de resolução de um microscópio.
Também ficou claro que a aprendizagem dos alunos ficou condicionada a três momentos: (1)
apresentação expositiva com auxílio de vídeos com modelos tridimensionais das estruturas, (2)
elaboração da maquete, (3) apresentação com intervenção do professor. Durante a apresentação,
ficou claro que para a maioria dos alunos o objetivo seria construir a molécula, e não compreendê-la;
que a maquete deveria ser apresentada em determinada data e ser bela, a fim de obter uma boa nota
na avaliação. Portanto, foi detectado risco do instrumento didático se tornar a finalidade em si
mesmo, em vez de ser visto como instrumento para a aquisição de um conhecimento específico,
conforme descrito por Souza et al. (2008). Este risco foi minimizado com a participação ativa do
docente interagindo e auxiliando os alunos com exemplos durante o momento 3.
Na turma 4, em que a atividade foi executada em sala de aula e com a presença permanente
do professor, foi observado que todos os alunos se envolveram na atividade, mostrando interesse e
pró-ação desde o momento que o material didático (massa de modelar) e o objetivo da aula foi
apresentado. Houve maior envolvimento na busca de informação durante todas as fases do momento
didático, e não apenas ao final do processo. Isso reforça a importância da presença docente para
servir como facilitador e motivador da atividade junto aos alunos.
Também foi observado que as turmas de alunos dependentes se mostraram mais motivadas
pela atividade, atingindo mais facilmente os objetivos propostos. Isso pode ter ocorrido pelo
conhecimento prévio do tema, embora de forma insuficiente, ou pela atração dos discentes pela
proposta de uma nova ferramenta didática, mais prática e participativa.
Portanto, a proposta construtivista do aluno elaborar o conhecimento a partir da compreensão
da estrutura tridimensional das moléculas orgânicas envolvidas nas respostas imunes se tornou mais
motivadora, atrativa e eficiente do que as aulas expositivas, onde a forma de abordagem dos
conteúdos ocorre de forma abstrata, superficial e teórica.
Referências
FILHO, F.S.L., et al. (2011). ‘A importância do uso de recursos didáticos alternativos no ensino de
química: Uma abordagem sobre novas metodologias’. Enciclopédia Biosfera. 15 de Outubro, 12.
SANTOS, B.S.; STOBAUS, C.D.; MOSQUERA, J.J.M. (2007). ‘Processos motivacionais em contextos
educativos’. Educação. Outubro.
SILVA, D. G (2007). Conhecimentos pedagógicos. 2ª ed. São Paulo: Degraus Cultura.
SOUZA, F.H.T et al. (2008). ‘Impactando as aulas de Imunologia. Apresentando o Sistema
Imunológico com aulas práticas’. Paper apresentado no X Encontro de Extensão e o XI Encontro de
Iniciação a Docência, 9 -11 de Abril, em João Pessoa, Brasil.
STRUCHINER, M. & RICCIARDI, R.M.V. (2003). 'Princípios, Modelos e Tecnologias de Informação e
Comunicação em Processos Educativos das Ciências Biomédicas e da Saúde'. Revista Rio de Janeiro,
Dezembro, 11.
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PRADO, C. (2007). 'Ensinoaprendizagem na escala de coma de Glasgow'. Tese de Doutorado,
Universidade de São Paulo.
REICH, E.M.V. (2010). 'Módulos Instrucionais: uma experiência no ensino de imunologia clínica'.
Semina: Ciências Biológicas e da Saúde. Janeiro, 3.
FIGURAS
Figura 1 Alunos da turma 3, apresentando a
confeccionada com isopor e tinta.
maquete da molécula de Imunoglobulina E (IgE)
Figura 2 Alunos da turma 2, apresentando a
maquete da molécula de MHC de classe II
confeccionada com estrutura de acrílico e massinha de modelar.
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Figura 3 Alunos da turma 2, apresentando a
confeccionada com isopor e tinta.
maquete da molécula da Imunoglobulina A (IgA)
Figura 4 Aluno da turma 3, apresentando a maquete da estrutura de Imunoglobulina G (IgG)
confeccionada com base de madeira e esferas plásticas coloridas.
Figura 5 Maquete da molécula de MHC de classe I confeccionada com estrutura de isopor, tinta e
outros, apresentada por alunos da turma 1.
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Figura 6 Alunos da turma 2, apresentando a maquete da molécula de Imunoglobulina M (IgM)
confeccionada com balas.
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