Biodiversidade na Arrábida
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Biodiversidade na Arrábida
Nº 6 _ Julho 2009 VALORIZAR Biodiversidade na Arrábida Venha conhecer a biodiversidade da Arrábida e o desempenho ambiental da Fábrica Secil-Outão na 6ª Semana de Portas Abertas, a realizar de 27 de Junho a 5 de Julho. Da Paisagem à Biodiversidade Pág. 2 Desempenho Ambiental 2008 da fábrica Secil-Outão Pág. 10 Recuperação Paisagística e Biodiversidade Pág. 4 BIOMARES Projecto de Recuperação da Biodiversidade Marinha Pág. 14 75 Anos de Responsabilidade 3 editorial Da Paisagem à Bio O processo de fabrico de cimento – um bem primário essencial à economia, segurança e conforto da população – implica a extracção de rocha de pedreiras para, após moagem desse material, se realizar a sua cozedura a altas temperaturas, obtendo-se uma rocha artificial chamada clínquer a qual, após ser de novo moída e misturada com outros materiais, como o gesso, dá origem aos diferentes tipos de cimento. A extracção de inertes nas pedreiras tem impactes ao nível da paisagem e biodiversidade, uma vez que se alteram a morfologia do terreno e o coberto vegetal. A exploração de pedreiras é objecto de estrita regulamentação legal, obrigando à existência de licenciamento de exploração, através de um Plano de Lavra e de Planos de Recuperação Ambiental e Paisagística, nos termos da Lei 340/2007, pelo que as entidades licenciadas ficam obrigadas a um conjunto de normas reguladoras e fiscalização das entidades públicas competentes. No caso da Serra da Arrábida, a exploração de pedreiras é uma actividade ancestral devido à elevada qualidade dos calcários que a compõe e pela proximidade de meios urbanos carenciados desse primordial material. Existem registos de exploração de calcário na zona da actual Fábrica Secil-Outão, desde meados do Séc. XVIII, tendo daí sido extraída rocha que alimentou as fábricas de cal hidráulica existentes no Vale de Alcântara, em Lisboa, cuja matéria prima foi essencial para a reconstrução da Baixa Pombalina, após o grande terramoto de 1755. Vista geral da Fábrica Secil-Outão A Secil - Companhia Geral de Cal e Cimento SA, foi fundada em 1930, em resultado da fusão de duas anteriores empresas que operavam na zona desde 1904. Já em 1965, ainda a Fábrica principal se situava junto ao cais do Outão, foi efectuado o primeiro estudo de recuperação paisagística, efectuado pelo Prof. Edgar Fontes, um dos primeiros Arquitectos paisagistas portugueses. No final dos anos 70, pouco após a criação, em 1976, do Parque Natural da Arrábida (PNA), o fabrico do cimento passou a ser efectuado pelo processo designado “via seca”, que coincidiu com a mudança das instalações fabris para a sua actual localização, junto à aldeia do Vale da Rasca. Pouco depois, em 1981, o PNA aprovou o primeiro projecto de recuperação paisagística das pedreiras da fábrica Secil Outão, cujos trabalhos se iniciaram logo em 1982. De então para cá, ao longo de quase 30 anos, a Secil tem investido na plantação de cerca de um milhão de plantas autóc- É, portanto, esta realidade de equilí e recuperação ambiental que querem setubalense que nos queira visitar n a realizar na Fábrica Secil-Outão ent VALORIZAR iodiversidade Morrião (Anagallis arvensis) Pyronia cecília brio entre indústria responsável os partilhar com a comunidade a 6ª Semana de Portas Abertas re 27 de Junho e 5 de Julho. tones da Serra da Arrábida, cuja maioria é proveniente de viveiros próprios que a empresa criou nas imediações da fábrica. Este permanente investimento permitiu que a empresa fosse distinguida, em 1987, com o Prémio de Gestão Ambiental do Ano Europeu do Ambiente, a que se seguiu a Certificação Ambiental segundo a ISO14001 e, mais recentemente, o registo EMAS e a atribuição da Licença Ambiental segundo a mais recente legislação ambiental. O Plano Ambiental de Recuperação Paisagística (PARP) aprovado para as pedreiras da Fábrica Secil-Outão prevê, todavia, uma recuperação ambiental muito abrangente e profunda, procurando recuperar todo o ecossistema, integrando as componentes flora e fauna, para que a integração ambiental da zona explorada com a área natural adjacente seja contínua, isto é, a biodiversidade vegetal e animal da zona da pedreira deve ser compatível com a da restante serra. Por essa razão, a Secil iniciou um ambicioso projecto de estudo e valorização da biodiversidade, tanto da flora como da fauna, através do qual se pretende, numa primeira fase efectuar o diagnóstico das espécies existentes e das condicionantes do seu desenvolvimento e, posteriormente, a elaboração de planos de acção destinados à valorização das espécies identificadas como mais relevantes. Para além do vasto projecto que temos em curso de promoção da biodiversidade como componente essencial da recuperação ambiental da nossa pedreira mostramos, nesta publicação Valorizar, os principais indicadores do nosso desempenho ambiental, referindo as principais quantidades de matérias primas secundárias e combustíveis alternativos que vimos utilizando, e como eles contribuem para a diminuição das emissões de CO2 que conseguimos concretizar na nossa fábrica, mantendo, em simultâneo as emissões atmosféricas em níveis muito abaixo dos limites previstos na legislação. Capa: raposa fotografada em Maio de 2009, na propriedade da Fábrica Secil-Outão Adicionalmente a Empresa decidiu integrar, como membro financiador, um consórcio de entidades académicas liderado pelo Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve que se candidatou ao programa comunitário LIFE com o projecto Biomares, destinado a recuperar as pradarias marinhas da zona do Portinho da Arrábida, revitalizando também aí um importante ecossistema marinho que se encontrava muito degradado pela acção humana. Este projecto pioneiro no nosso País foi distinguido com uma Menção Honrosa no Prémio BES Biodiversidade, o que atesta a qualidade da intervenção que tem vindo a ser efectuada com o apoio financeiro da Secil. Este bom desempenho ambiental da fábrica, aliado à capacidade de gestão e de inovação existente permite que a Fábrica Secil-Outão ocupe um lugar de destaque na região de Setúbal, não só em termos ambientais e económicos, como também quanto à responsabilidade social. NUNO MAIA SILVA Director de Comunicação Institucional SECIL-Companhia Geral de Cal e Cimento SA 3 4 VALORIZAR Recuperação Paisagística e Biodiversidade A exploração de pedreiras, quando realizadas a céu aberto, provoca modificações na paisagem, especialmente em áreas protegidas, como é o caso da Serra da Arrábida. Como tal, é fulcral que existam projectos de intervenção e de gestão na recuperação dessas áreas. Os primeiros estudos com vista à recuperação das áreas em exploração na Fábrica Secil-Outão datam de 1964 (doze anos antes da criação do Parque Natural da Arrábida). Em 1973 foi realizado o primeiro estudo prévio – “Recuperação Paisagística da Secil”, acompanhado por um Plano de Lavra, que teve como objectivo definir a área de intervenção e a técnica de exploração, de forma a iniciar a extracção nas zonas mais elevadas, possibilitando a libertação de áreas para recuperação. De modo a dispor das várias espécies autóctones nas diferentes fases da recuperação paisagística, a Secil criou, em 1983, um viveiro com reprodução vegetal onde as sementes das espécies são colhidas nas áreas naturais envolventes à exploração. Ao longo dos anos têm surgido vários desafios relacionados com a recuperação de pedreiras, ao nível do solo, do declive e da vegetação, e várias estratégias e técnicas de revegetação têm sido implementadas. A hidrossementeira constitui uma dessas estratégias, produzindo uma cobertura vegetal mais efectiva do solo. Desde 1997, que o Centro de Ecologia e Biologia Vegetal (CEBV) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) tem vindo a realizar o acompanhamento científico, no âmbito de vários projectos, da revegetação em curso nas pedreiras da Secil-Outão. Em 1981 iniciou-se o primeiro Projecto de Recuperação Paisagística, concebido pelo Arquitecto Paisagista Prof. Edgar Fontes, que começou a ser executado em 1982. O principal objectivo deste projecto era recriar o coberto vegetal originalmente existente no local de exploração (pedreiras “Vale de Mós” A e “Vale de Mós B”). O Parque Natural da Arrábida surge em 1976 (Decreto-Lei nº 622/76, de 28 de Julho) com o principal objectivo de proteger os valores geológicos, florísticos e faunísticos locais, que constituem um património natural de importância internacional. O valor da fauna e flora marinhas da Arrábida foi também contemplado através de uma Reserva Marinha contígua. Resultados visíveis da recuperação paisagística VALORIZAR Propriedade Secil-Outão 425 ha Antigas Pedreiras Recuperadas Pedreiras (Vale de Mós A e B) - 98,67 ha Áreas Naturais Instalações Fabris - 28 ha Estudos Flora Univ. de Lisboa Solo Flora e Vegetação Declive Recuperação Paisagística Estudos Fauna Univ. de Évora Viveiros Multiplicação de Espécies Diagnóstico Fauna Plano de Acção Técnicas de revegetação Hidrossementeira Acções Ensaio no Viveiro Desbastes Colocação de Caixas-abrigo Iberis procumbens Comunicações Científicas ■ Participação no XIII Congresso Ibérico Entomologia, organizado pela Sociedade Portuguesa de Entomologia e pela Asociación Española de Entomología, Universidade de Évora ■ ECOQUARRY – Ecotechnology for environmental restoration of limestone quarries (Ecotecnologia para a restauração ambiental de pedreiras calcárias), FCUL ■ The effects of soil amendment on the concentration of heavy metals on Mediterranean plant during a revegetation process, FCUL ■ Monitorização da Recuperação Ecológica de uma Pedreira Calcária, FCUL ■ Indicadores Ecológicos de Recuperação Após Perturbação: Fogo e Pedreiras Calcárias, FCUL Através da experiência e dos conhecimentos adquiridos ao longo de 27 anos de recuperação, e em colaboração com várias entidades, a Secil introduziu o conceito de biodiversidade na sua gestão, procurando a recuperação da estrutura e funcionamento das comunidades vegetais e animais e dos ecossistemas, e não apenas um objectivo estético da recuperação da paisagem. Considerando que uma das medidas de sucesso da gestão e con- servação da biodiversidade é a avaliação dos recursos naturais presentes no território, a Secil iniciou estudos de caracterização da fauna e da flora dos diferentes habitats (áreas naturais e recuperadas) na sua propriedade, permitindo definir medidas concretas para o fomento da biodiversidade. Em 2007, articulado com o projecto de recuperação paisagística e em parceria com a Universidade de Évora, a Secil iniciou o Estudo e Valorização da Biodiversidade, Componente Fauna na propriedade da Secil-Outão. A 1ª fase do Estudo, que decorreu entre Fevereiro de 2007 a Maio de 2008, consistiu na elaboração de um diagnóstico das comunidades faunísticas na propriedade da SecilOutão, comparando diferentes fases da recuperação paisagística com zonas naturais. Comunidades Animais Seleccionadas ■ Insectos – borboletas e carabídeos (ex. escaravelhos) ■ Anfíbios – anuros (sapos e rãs) e urodelos (salamandras e tritões) ■ Répteis – sáurios (lagartos e lagartixas) e serpentes ■ Aves – passeriformes, rapinas diurnas e nocturnas ■ Mamíferos – micromamíferos (ex.roedores), morcegos cavernícolas, lagomorfos (coelhos) e carnívoros 5 4 6 VALORIZAR Principais resultados da 1ª fase do Estudo (Univ. de Évora-Secil) ■ Número de espécies ■ Identificação das espécies prioritárias para a conservação ■ Comparação do número de espécies e sua prioridade nos diferentes habitats ■ Valorização dos diferentes habitats ■ Identificação dos principais factores limitantes para a fauna Sapo Comum (Bufo Bufo) Raposa (Vulpes vulpes) Peneireiro (Falco tinnunculus) Nos vários grupos estudados foram encontradas 150 a 152 espécies faunísticas, das quais se salienta a ocorrência de algumas com interesse para conservação, a nível nacional e/ou europeu, como: ■ Morcegos arborícolas (Nyctalus spp.); ■ Aves de rapina diurnas – como a águia-cobreira (Circaetus gallicus); ■ Passeriformes – como a felosa-do-mato (Sylvia undata), o melro-de-peito-branco (Turdus torquatus) e o melro-azul (Turdus solitarius); ■ Insectos – como a borboleta (por exemplo, a Euchloe tagis) e várias espécies de carabídeos raras no PNA. No início da recuperação a prioridade era a minimização do impacte visual da área de exploração, não tendo em conta os requisitos do habitat para a fauna, como abrigo e fontes de alimento. Como tal, foram identificadas condicionantes que poderão influenciar o uso das espécies nos diferentes habitats. Condicionantes Causas ■ Escassez de abrigos e refúgio ■ São locais adequados à nidificação e à reprodução ■ Fracas disponibilidades hídricas ■ Afecta todas as comunidades, principalmente a dos anfíbios ■ Fragmentação de habitat e pouca ligação entre as áreas de recuperação e entre estas e as áreas naturais ■ Dificulta a dispersão e a colonização, em particular das espécies com menor mobilidade (carabídeos, répteis e micromamíferos) ■ Pouco estrato herbáceo em alguns locais ■ Limita fortemente as abundâncias de micromamíferos e invertebrados do solo ■ Perturbação devido à presença de animais assilvestrados (cães e gatos) ■ Contribui para a perda de biodiversidade tanto na comunidade de presas como na de predadores VALORIZAR 7 Plano de Acção e Implementação de Medidas de Gestão e Monitorização da Biodiversidade A 2ª fase do projecto na Secil-Outão iniciou-se em Novembro de 2008 e decorrerá até Dezembro de 2010. O objectivo principal é fomentar a componente fauna, em articulação com o Plano Ambiental de Recuperação Paisagística (PARP), e criar as condições necessárias à (re)colonização natural por parte de espécies que ocor- rem tipicamente nos habitats envolventes à propriedade da Secil-Outão. Com base nos resultados obtidos na 1ª fase e de modo a atenuar ou eliminar os principais factores limitantes serão implementadas várias medidas, agrupadas nas seguintes acções: Acções Exemplos de Medidas ■ Gestão da vegetação ■ Aumento da diversidade das espécies de árvores, arbustos e herbáceas ■ Promoção/Recuperação de abrigos para a fauna ■ Construção e colocação de caixas-abrigo e caixas-ninho ■ Aumento da disponibilidade hídrica ■ Criação de charcos artificiais ■ Controlo de animais assilvestrados (Cães e Gatos) ■ Colaboração no âmbito da recolha de animais domésticos, sua esterilização e encaminhamento para adopção ■ Vigilância ■ Colaboração na detecção e controlo de incêndios ■ Sensibilização e Comunicação Ambiental ■ Realização de workshops práticos na implementação das medidas do Plano de Acção O sucesso das acções será avaliado com base num programa de monitorização, que permitirá medir a evolução das populações/abundâncias das espécies/grupos alvo. Acção de sensibilização ambiental Caixas-abrigo para morcego 4 8 VALORIZAR Processo de Fabrico de Cimento O processo de fabrico de cimento é feito através da extracção dos materiais provenientes da pedreira. Em seguida, a pedra passa por um britador que a parte, de modo a ficar mais pequena e fácil de ser transportada. Após estas etapas é necessário moer a pedra para que fique em pó e, se for necessário, corrigir quimicamente o material. Este processo chama-se moagem de cru. atinge cerca de 1 450 ºC. Daqui surge uma rocha artificial, chamada clínquer, que, depois de misturada com aditivos como o gesso e outros materiais, é moída (moagem de cimento), dando assim origem aos diferentes tipos de cimento. Por fim é feito o embalamento e a expedição do cimento. Posto isto, o cru (a pedra moída) passa pela etapa da cozedura, em fornos em que a chama atinge os 2 000 ºC. O material permanece cerca de 10 minutos a altas temperaturas e Valorização de Resíduos No processo de fabrico de cimento pode ocorrer a valorização de resíduos de dois modos diferentes. Estes podem ser valorizados como matérias-primas secundárias ou como combustíveis alternativos (co-incineração) em substituição dos materiais tradicio- nalmente utilizados. Esta substituição tem uma dupla vantagem, ou seja, poupam-se matérias-primas e combustíveis fósseis, e é dado uma segunda utilização aos resíduos, que de outra forma teriam que ser tratados e/ou depositados em aterro. A co-incineração de resíduos é uma prática corrente em todo o mundo e está de acordo com a legislação nacional, com os regulamentos e decisões europeias, e com a hierarquia de resíduos. Como se pode ver pelo quadro da página seguinte, a Convenção de Estocolmo incluiu na Hierarquia de Gestão de Resíduos um conjunto de operações que excedem largamente os já conhecidos 3 Rs. VALORIZAR A mais recente legislação, a directiva quadro de resíduos nº 2008/98/CE, do Parlamento e Conselho Europeu, publicada em Novembro de 2008, seguiu o mesmo rumo e aplicou a hierarquia já definida pela Convenção de Estocolmo. Assim, em ambos os documentos a operação de co-incineração é considerada uma operação de recuperação energética (valorização como combustível) e material (valorização como matériaprima), não constituindo desta forma uma operação de fim de linha. Hierarquia dos Resíduos da Convenção de Estocolmo 9 Prevenção Evitar a produção de resíduos Redução Redução da entrada de matérias-primas Reutilização Maximizar o tempo de vida Reciclagem Reprocessamento dos resíduos Recuperação Deposição Co-Processamento Recuperação de energias e materiais; Cooperação Inter-industrias Destruição Incineração e neutralização química Deposição Responsável Armazenamento para futura reutilização, reciclagem ou reconversão; Deposição permanente em aterro Combustíveis Alternativos Estilha de madeira Resíduos de tecidos animais (Farinhas Animais) Fluff (Combustível derivado de Resíduo) Chips de pneus (Resíduos de Plástico e Borracha) RDF (Combustível derivado de Resíduo) Lamas oleosas (RIP) 10 4 VALORIZAR Desempenho Ambiental Fábrica Secil-Outão 2008 O tema que se segue tem por objectivo divulgar os principais dados relativos à actividade da Fábrica Secil-Outão em 2008, nomeadamente em relação ao uso e à quantidade de matérias-primas e combustíveis alternativos. A produção anual de cimento no Outão tem oscilado entre os 2 milhões de toneladas, atingidos em 2002, e 1 milhão e 700 mil, alcançados em 2008. Para produzir os valores do último ano, utilizaram-se 3 milhões e 434 mil toneladas de matérias-primas, sendo que, 97% foram matérias-primas naturais (por exemplo, calcário e marga) e 3% matérias-primas secundárias (por exemplo, resíduos de construção e demolição, granalha da decapagem de navios e areias de fundição). Cais marítimo da Fábrica Secil-Outão Fábrica Secil-Outão - Consumo de Materiais t (%) ■ Matérias-Primas Naturais ■ 3 329 000 ■ 97% ■ Matérias-Primas Secundárias ■ 105 000 ■ 3% ■ Total ■ 3 434 000 ■ 100% Para atingir a produção de 2008, utilizaram-se 231 mil toneladas de combustíveis, em que 30% foram combustíveis alternativos e 70% combustíveis fósseis (coque de petróleo, fuelóleo e carvão). Fábrica Secil-Outão - Consumo de Combustíveis t (%) ■ Combustíveis Fósseis ■ 162 000 ■ 70% ■ Combustíveis Alternativos ■ 69 000 ■ 30% ■ Total ■ 231 000 ■ 100% VALORIZAR Os combustíveis alternativos mais utilizados foram os Resíduos de Tecidos Animais (34%) e a Estilha de Madeira (23%). As diferenças verificadas nos quantitativos dos diferentes resíduos valorizados no processo de fabrico devem-se essencialmente à disponibilidade destes no mercado de resíduos. 11 Combustíveis Alternativos utilizados em 2008 Combustíveis derivados de Resíduos (18%) Resíduos de Plástico e Borracha (18%) Estilha de Madeira (23%) Resíduos Industriais Perigosos (7%) Resíduos de Tecidos Animais (34%) O aumento da taxa de substituição de combustíveis fósseis por combustíveis alternativos de 3%, em 2004, para os actuais 22%, permitiu evitar, até 2008, a emissão de cerca de 340 mil toneladas de CO2. O gráfico seguinte permite-nos observar essa poupança de CO2, em que a linha inferior representa as emissões actuais da Secil e a linha superior indica o que seria emitido se apenas se utilizassem os combustíveis tradicionais. Influência do Consumo de Combustíveis Alternativos, em detrimento de Petróleo 370 350 (kgCO2/tclínquer) 330 310 290 270 250 2003 2004 Emissões reais 2005 2006 Emissões de Combustíveis Tradicionais 3 entração (mg/Nm ) 1800 1500 1200 1000 800 900 600 557 536 290 2007 2008 12 4 VALORIZAR (kgCO (kgCO 2 /tclínquer) 2/tclínquer) 370 370 350 350 330 Fábrica 330 Secil-Outão 310 310 290 290 270 270 Para além 250 da redução do CO2, todas as emissões para a atmosfera dos restantes poluentes 250 legais. Os resultados encontram-se expressos nos gráficos seguintes. dos limites 2003 2004 2005 2006 2003 2004 2005 2006 Emissões reais Emissões de Combustíveis Tradicionais Emissões reais Emissões de Combustíveis Tradicionais 3 Concentração (mg/Nm ) 3) Concentração (mg/Nm Emissões - 2008 1800 1800 1500 1500 1200 1200 900 900 600 600 300 300 0 0 1000 1000 800 800 557 557 290 290 536 536 CO (MonóxidoCO de Carbono) (Monóxido de Carbono) Valor Médio Anual Valor Limite Valor Médio Anual Valor Limite 4 4 NOx (ÓxidoNOx de Azoto) (Óxido de Azoto) SO2 (DióxidoSO2 de Enxofre) (Dióxido de Enxofre) 3 Concentração (mg/Nm ) 3) Concentração (mg/Nm Emissões - 2008 Emissões - 2008 60 60 50 50 40 40 30 30 20 20 10 10 0 0 Emissões - 2008 35 35 20 20 0.7 0.7 Partículas Partículas Valor Médio Anual Valor Médio Anual 0.06 14.8 14.8 COT (Compostos COTOrgânicos Totais) (Compostos Orgânicos Totais) Valor Limite Valor Limite 10 10 1.1 1.1 1 1 0,04 0,04 HcL HF (Compostos HcLOrgânicos (Compostos HFOrgânicos Clorados) Fluorados) (Compostos Orgânicos (Compostos Orgânicos Clorados) Fluorados) Emissão de Mercúrio Emissão de Mercúrio foram mantidas abaixo 2007 2007 2008 2008 (kgCO2/tclí 290 270 250 2003 0.06 2004 Emissões reais 2006 Emissão de Mercúrio 2005 3 2008 VALORIZAR Emissões de Combustíveis Tradicionais 0.05 3 Concentração ) Concentração (mg/Nm (mg/Nm ) 2007 13 0.04 1800 0.03 1500 0.02 1200 Nos gráficos seguintes encontram-se os resultados das medições pontuais 1000 efectuadas na Secil-Outão800desde de 2002, apresentando de forma separada os resultados obtidos com a valorização de resíduos industriais banais e resíduos 600 0 industriais perigosos. 557 290 53640 80 20 100 300 0A Secil efectua voluntariamente uma quantidade60de medições muito superior à que 4 medições efectuadas desde 2002 estádeprevista na legislação em vigor. 0 Número 0.01 900 NOx CO (Monóxido de Carbono) (Óxido de Azoto) Valor Limite Com Resíduos Industriais Banais Valor Médio Anual SO2 (Dióxido de Enxofre) Com Resíduos Industriais Perigosos Valor Limite Dioxinas e Furanos Emissão de Dioxinas e Furanos 0.12 0.1 Emissões - 2008 3 3 Concentração (ng/Nm ) Concentração (mg/Nm ) 0.08 0.0660 50 0.04 40 35 0.0230 20 0 10 0 0 20 14.8 20 10 40 60 1.1 0.7 80 1 100 120 0,04 Número de medições efectuadas desde 2002 HcL HF COT Partículas (Compostos Orgânicos (Compostos Orgânicos (Compostos Orgânicos Clorados) Fluorados) Totais) Valor Limite Com Resíduos Industriais Banais Com Resíduos Industriais Perigosos Valor Médio Anual Valor Limite Emissão de dioxinas e furanos entre 2002 e 2008, de acordo com o tipo de combustível. O limite legal é de 0,1 ng/Nm3, ou seja, 0,000 000 000 1 g/Nm3 (Grama por Normal Metro Cúbico). Mercúrio Emissão de Mercúrio 0.06 3 Concentração (mg/Nm ) 0.05 0.04 0.03 0.02 0.01 0 20 0 40 60 Número de medições efectuadas desde 2002 Valor Limite Com Resíduos Industriais Banais Com Resíduos Industriais Perigosos Emissão de mercúrio entre 2002 e 2008, de acordo com o tipo de combustível. 3 (Gramade Emissão O limite legal é de 0,05 mg/Nm3, ou seja, 0,000 000 5 g/Nm porDioxinas Normal 0.12 Metro Cúbico). 0.1 3 (ng/Nm ) 0.08 0.06 e Furanos 80 100 14 4 VALORIZAR BIOMARES Projecto de Recuperação daBiodiversidadeMarinha Menção Honrosa Prémio BES Biodiversidade O ecossistema de ervas marinhas na zona do Portinho da Arrábida e da Baía de Galápos, suporte fundamental da biodiversidade marinha do parque natural, tem sido sujeito a uma destruição quase total devido à acção do homem. Como consequência os fundos ficaram desérticos, a areia foi arrastada e a costa sujeita a maior erosão. Com o objectivo de preservar e recuperar a biodiversidade na área do Parque Marinho Luiz Saldanha, incluído no Parque Natural da Arrábida, surgiu, em 2006, o projecto Biomares. Este é co-financiado pela União Europeia (programa Life) e pela Secil. O apoio da Secil ao projecto BIOMARES vem de encontro à sua política ambiental, com acções que vão para além do âmbito da sua actividade. O projecto BIOMARES inclui várias acções entre as quais se destacam: ■ A instalação de uma doca flutuante no Portinho da Arrábida para facilitar o acesso em segurança e com maior comodidade às embarcações. ■ A informação e sensibilização da opinião pública sobre a importância da preservação e valorização da biodiversidade marinha deste local. O Biomares continua a decorrer, com óptimos resultados, e, em 2009, foi distinguido com uma menção honrosa na 2ª edição do Prémio BES Biodiversidade, pela sua inovação, expressiva continuidade, consistência e actualidade. Replantação de ervas marinhas ■ A recuperação das pradarias através da replantação de ervas marinhas de populações provenientes da Ria Formosa, do Rio Mira e do Estuário do Sado, sendo o transplante efectuado com recurso ao mergulho com escafandro. ■ A instalação de bóias de amarração “amigas do ambiente” que protegem os fundos marinhos e permitem, ao mesmo tempo, o uso recreativo do parque marinho. Portinho da Arrábida e Baía de Galápos VALORIZAR 15 FICHA TéCNICA Edição SECIL-Companhia Geral de Cal e Cimento, SA Fábrica Secil-Outão 2901-864 Setúbal Biodiversidade Marinha O BIOMARES envolve um leque alargado de intervenientes de forma a potenciar o sucesso destas actividades: Equipa de mergulhadores do Biomares Tel. 212 198 100 Fax 265 234 629 E-mail [email protected] Site www.secil.pt ■ IRNB/L-IPIMAR – Instituto Nacional de Recursos Biológicos, I.P; Concepção gráfica ■ ICNB – Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade; Impressão Draftfcb CPP ■ CSIC – Consejo Superior de Investigaciones Cientificas (Espanha); 40.000 exemplares ■ ISPA – Instituto Superior de Psicologia Aplicada; disponível em Tiragem Versão digital www.secil.pt ■ CCMAR – Centro de Ciências do Mar do Algarve; E-mail da Comissão de Acompanhamento ■ NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration (agência federal do Departamento de Comércio dos EUA) ■ Secil Nota: todas as fotografias constantes desta publicação são originais e provenientes dos trabalhos efectuados. Ambiental [email protected]
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