DIAGNÓSTICO TECNOLÓGICO DOS ESTALEIROS NAVAIS

Transcrição

DIAGNÓSTICO TECNOLÓGICO DOS ESTALEIROS NAVAIS
DIAGNÓSTICO TECNOLÓGICO
D OS
ESTALEIROS NAVAIS PORTUGUESES
RELATÓRIO FINAL
Março de 2008
António Moitinho d'Almeida
João Bettencourt
24/03/2008
Índice
1
Introdução ............................................................................................................................... 3
2
Estaleiros Participantes ........................................................................................................... 5
2.1
Cronologia........................................................................................................................... 9
2.2
Execução do Projecto.......................................................................................................... 9
2.2.1
Recolha de informações acerca dos estaleiros ...................................................... 10
2.2.2
Elaboração e Validação do Questionário Principal .............................................. 10
2.2.3
Envio e recolha do questionário e análise dos resultados ..................................... 16
2.2.4
Apresentação dos resultados do projecto.............................................................. 16
3
Bases para o diagnóstico tecnológico ................................................................................... 17
3.1
Enquadramento Geral ....................................................................................................... 17
3.2
Enquadramento Específico do Projecto ............................................................................ 18
4
Questionário do projecto....................................................................................................... 20
4.1
Estrutura do Questionário ................................................................................................. 20
4.2
Critérios de Pontuação das Respostas............................................................................... 23
4.2.2
Critérios específicos dos Recursos Humanos ............................................................... 31
5
Resultados ............................................................................................................................. 33
5.1
Considerações Prévias ...................................................................................................... 33
5.2
Diagnóstico de Tecnologias e Processos .......................................................................... 34
5.3
Diagnóstico de Recursos Humanos .................................................................................. 44
5.4
Comparação com Resultados Internacionais .................................................................... 48
6
Conclusões ............................................................................................................................ 51
2/51
1 INTRODUÇÃO
O projecto “Diagnóstico Tecnológico dos Estaleiros Navais Portugueses” teve como objectivo
principal fazer um levantamento das tecnologias e processos em uso nos estaleiros navais
portugueses e classificá-las em relação às melhores práticas mundiais. No entanto, este objectivo
não termina em si mesmo, pois um diagnóstico é apenas uma base para se poder indicar um
caminho a seguir. Daí que este projecto tenha um outro objectivo, mais ambicioso, que é o de
sensibilizar os estaleiros portugueses para a necessidade de prosseguir a evolução tecnológica de
forma a se tornarem cada vez mais competitivos.
Este propósito encerra a ideia de que a tecnologia pode ajudar melhorar uma empresa. Em
termos gerais, isto é verdade, mas também é verdade que a tecnologia pode ter um lado negativo
para as empresas, em especial devido ao facto de o investimento em tecnologia ser bastante
elevado, em particular nas indústrias pesadas e transformadoras, onde o custo de equipamentos
industriais pode chegar facilmente a valores na ordem dos milhões de euros. Assim, não se pode
olhar para a tecnologia e para o seu investimento isoladamente. Dado que os investimentos em
tecnologia são dispendiosos e demoram a trazer retorno, estes devem ser pensados em conjunto
com a estratégia comercial da empresa a longo prazo, com o seu posicionamento no mercado e
com a situação do próprio mercado.
Ainda assim, o esforço de desenvolvimento tecnológico é necessário e não deve ser apagado da
estratégia global de uma empresa. O mundo empresarial, e em geral a sociedade, confia cada vez
mais na tecnologia para resolver os problemas que vão surgindo e para melhorar a sua qualidade
de vida, sendo normal aceitar-se que um produto que traga consigo tecnologias avançadas de
concepção e fabrico terá melhores hipóteses de vingar num espaço comercial cada vez mais
agressivo. Por isso, é um facto incontornável que a tecnologia traz valor acrescentado a um
produto e por conseguinte a uma empresa e é com valor acrescentado que as empresas vão
conquistando espaço de mercado à sua concorrência, garantindo dessa forma a sua própria
3/51
viabilidade económica.
O problema do investimento em tecnologias é o mesmo de qualquer outro investimento: custo
‘vs’ benefício (e quando?). Aqui, deve-se olhar para lá das máquinas e pensar em toda a
envolvente a um investimento tecnológico. A mais importante é o homem, o operador. Não faz
sentido adquirir uma máquina ou introduzir um novo processo se não houver alguém capaz de os
fazer produzir, e aqui se introduz outro custo: o da formação e toda a envolvente dos recursos
humanos de uma empresa. No final, há que pensar também naquilo que vai ligar esta máquina ou
este processo ao processo produtivo da empresa: a organização fabril e o planeamento. Este
último aspecto também é importante porque, e especialmente no caso dos estaleiros navais, uma
estrutura produtiva pesada e complexa tem de ser ligada e mantida coesa através de uma boa
organização e planeamento. E aqui surge um dado importante: bons recursos humanos e boa
organização da produção podem fazer e quase de certeza fazem reduzir custos e acelerar a
recolha de benefícios de um investimento em tecnologia. Daí que estes dois aspectos também
tenham sido considerados e valorizados neste projecto.
Por fim, resta dizer que nem tudo o que influencia o resultado de um investimento em tecnologia
está sob o controlo do gestor. O ambiente macroeconómico e as políticas públicas de um
determinado sector podem ter tanta influência na decisão de avançar com a aquisição de novas
tecnologias para a empresa, como a própria situação interna da empresa e as suas perspectivas de
evolução. Assim, foi sempre preocupação da equipa do projecto ouvir o que os estaleiros tinham
a dizer sobre estes dois factores, fazendo reflectir essas sensibilidades neste relatório.
4/51
2 ESTALEIROS PARTICIPANTES
O projecto tem como alvo estaleiros navais classificados como Pequenas e Médias Empresas
(PME). Na sequência dos contactos realizados com numerosos estaleiros associados da AIM ,
foram seleccionados para participarem no projecto os dez estaleiros indicados na tabela 1.
Nome
Localização
(Distrito)
Início de Actividade
Actividade1
Cecílio & Carlos Sanfins, Lda.
Setúbal
1974
Reparação
Estaleiros Navais do Mondego,
SA
Coimbra
1944
Construção
Samuel & Filhos, Lda
Porto
1971
Construção
ENP – Estaleiros Navais de
Peniche, SA
Leiria
1994
Construção
Réplica Fiel – Construção
Naval Unipessoal, Lda
Setúbal
2006
Reparação
NAVALRIA - Docas,
Construções e Reparações
Navais, S.A.
Aveiro
1978
Reparação
Navalrocha - Sociedade de
Construção e Reparação
Navais, SA
Lisboa
2000
Reparação
Nautiber
Faro
1992
Construção
Portinave
Faro
1976
Reparação
VIANAPESCA - Construções e
Reparações Navais, Lda
Viana do Castelo
2001
Construção
Tabela 1 – Estaleiros participantes no projecto
Os estaleiros participantes estão distribuídos por toda a faixa litoral de Portugal. As dimensões
dos estaleiros são bastante variadas, quer em área de implantação, quer em termos da força de
trabalho (Tabela 2).
1 A actividade considerada é a actividade principal do estaleiro, em estaleiros que se dediquem a mais do que uma.
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Área
[m2]
Empregados
Actividades
Total
Industriais
Nome
Distrito
Réplica Fiel – Construção Naval Unipessoal, Lda
Setúbal
50
2
2
Cecílio & Carlos Sanfins, Lda
VIANAPESCA - Construções e Reparações
Navais, Lda
Estaleiros Navais do Mondego, SA
NAVALRIA-Docas, Construções e Reparações
Navais, S.A.
Navalrocha - Sociedade de Construção e
Reparação Navais, SA
Samuel & Filhos, Lda
Setúbal
Viana do
Castelo
Coimbra
80000
5
5
1200
20
16
49000
52
38
Aveiro
124000
84
71
Lisboa
45000
28
18
Porto
22828
24
21
ENP – Estaleiros Navais de Peniche, SA
Leiria
44900
105
82
Nautiber
Faro
5600
38
25
Portinave
Faro
1300
8
8
Tabela 2 – Dimensões dos Estaleiros
6/51
12,5
3,75
35
Construção
Reparação
Conversão
Manutenção
48,75
Gráfico 1 – Actividades dos Estaleiros
Em relação ao tipo de actividade dos estaleiros, verifica-se que a reparação é a actividade
principal do conjunto de estaleiros, com um peso de 49% dos estaleiros, seguida da construção
(35%). A isto acresce que a maior parte dos estaleiros se dedica a dois ou mais tipos de
actividades. No contexto deste projecto, reparação significa a execução de trabalhos no navio
com o objectivo de corrigir defeitos estruturais ou de equipamento instalado que impliquem a
deslocação do navio às instalações fabris do estaleiro, ao passo que na manutenção incluem-se os
trabalhos de preservação da estrutura e equipamentos do navio em condições quem permitem o
seu funcionamento normal.
7/51
5
6
Aço
Alumínio
Compósitos
Madeira
5
5
Gráfico 2 – Materiais Utilizados
Os estaleiros participantes trabalham com vários tipos de materiais, não se identificando, no
conjunto, um tipo de material predominante. O gráfico 2 mostra os materiais e o número de
estaleiros que os utilizam. Quanto aos tipos de navios produzidos, a esmagadora maioria dos
estaleiros produz mais do que um e, de uma forma geral, não existe um tipo de navio
predominante que caracterize a actividade do estaleiro. Em conclusão, a actividade dos estaleiros
participantes caracteriza-se pelos seguintes pontos:
•
•
•
Dedicam-se a mais do que um tipo de actividade
Trabalham com mais do que um tipo de material
Produzem mais do que um tipo de navio
Uma excepção digna de nota a esta caracterização geral é o estaleiro Vianapesca que se dedica
em exclusivo à construção em materiais compósitos de um tipo de embarcação. Há que realçar
também que esta caracterização não implica que os diferentes tipos de actividade tenham o
mesmo
peso
nas
actividades
8/51
do
estaleiro.
Execução do Projecto
2.1
CRONOLOGIA
O projecto foi dividido nas oito fases constantes da tabela 3, tendo as sete primeiras sido
executadas de Abril a Dezembro de 2007. Ficou agendada para o 1º semestre de 2008 a
realização dos seminários para apresentação e divulgação dos resultados aos associados da AIM.
Fase
Descrição
A Reunião com os quadros de cada estaleiro para explicação da metodologia do
projecto e das suas diferentes fases, captação do seu envolvimento e recolha
preliminar de dados que permitam elaborar um pré-questionário a validar
posteriormente
B Elaboração do pré-questionário, dirigido a todos os quadros internos dos
estaleiros, incluindo os encarregados, e entrevistas com quadros e com líderes de
opinião das diferentes áreas dos estaleiros, de modo a validá-lo;
C Aprovação pelas administrações dos estaleiros participantes do questionário
referido em B, com carácter confidencial, e sensibilização de todos os
colaboradores para o seu preenchimento
D Lançamento por correio do questionário referido em B, juntamente com envelope
RSFF de porte pago
E Análise dos resultados
F Visita a estaleiros - o estaleiro recebe um plano da visita antes da mesma, com
informação sobre o seu enquadramento e com a indicação das pessoas do estaleiro
com as quais a equipa irá tratar as questões referentes a cada elemento da visita
G Elaboração de um draft do estudo
H Apresentação do estudo
Tabela 3 Fases do Projecto
As fases de A até G decorreram conforme planeado, faltando apenas realizar a fase H. Importa
salientar que, dada a heterogeneidade dos estaleiros participantes, cedo se mostrou necessário
envolver as suas administrações na elaboração do questionário, sob a forma de sugestões e
comentários, para que a equipa do projecto fosse adaptando o questionário à realidade do
universo dos estaleiros participantes.
2.2
EXECUÇÃO DO PROJECTO
Em seguida descreve-se a forma como o projecto foi executado.
9/51
2.2.1
Recolha de informações acerca dos estaleiros
As primeiras actividades do projecto consistiram em contactar a gestão de topo dos estaleiros
participantes, de modo a fazer a apresentação do projecto em termos de objectivos e modo como
iria decorrer. Seguiu-se a recolha de informações através de um questionário inicial enviado aos
estaleiros por correio electrónico ou fax, contendo questões gerais relacionadas com a actividade
do estaleiro e com a sua história fabril. As informações recolhidas nesta fase foram utilizadas
para se ter uma imagem do conjunto de modo a permitir a elaboração do questionário principal
de recolha de dados e a sua validação. Em particular, o questionário inicial continha perguntas
relacionadas com:
•
•
•
Identificação do Estaleiro
o
Nome
o
Localização geográfica
o
Pessoa de contacto
Caracterização do Estaleiro
o
Dimensão
o
Força de trabalho
o
Actividades do estaleiro e seu tipo
o
Tipo de navios com que o estaleiro trabalha
Actividades actuais do Estaleiro
O questionário inicial continha também um pequeno historial da actividade do estaleiro, como
complemento da informação principal recolhida.
2.2.2
Elaboração e Validação do Questionário Principal
A análise das informações recolhidas do questionário inicial mostrou um universo de estaleiros
bastante heterogéneo em termos de dimensões e actividades, o que mostrou logo à partida a
dificuldade da elaboração de estudos de natureza comparativa.
Seguindo as boas práticas habituais em estudos desta natureza, o questionário principal do
projecto foi submetido a um processo de validação pelos estaleiros, mediante reuniões com as
administrações e visitas a estes.
10/51
As visitas aos estaleiros decorreram entre Julho e Setembro de 2007 e consistiram numa visita
às instalações fabris de cada um, durante a qual foram observadas as actividades fabris em curso
e a base tecnológica associada a estas, bem como outros assuntos relacionados com a situação da
empresa . A tabela seguinte mostra o calendário das visitas efectuadas.
Estaleiro
Data
Cecílio e Carlos Sanfins, Lda.
Réplica Fiel
Estaleiros Navais do Mondego
Estaleiros Navais de Peniche
Navalrocha
Portinave
Nautiber
Vianapesca
Samuel & Filhos, Lda.
Navalria
25/06/2007
27/06/2007
05/07/2007
05/07/2007
24/07/2007
17/07/2007
17/07/2007
26/09/2007
26/09/2007
27/09/2007
Contacto
Sr. Rui Manuel
Sr. Mário Rosado Figueiredo
Eng.º Nuno Santos
Eng.º Álvaro Oliveira
Eng.º Teixeira de Melo
Sr. Joaquim Paulino Santos
Eng.º Rui Roque
Sr. José Moreira
Sr. José Manuel Carmo
Sr. José Gonçalves Tróia
Tabela 4 – Calendário das visitas aos estaleiros
O projecto e a sua metodologia foram bem recebidos pela maioria dos estaleiros, tendo-se
conseguido captar o seu envolvimento. Os dados recolhidos durante a visita a cada estaleiro
encontram-se descritos nos quadros seguintes.
Empresa
Cecílio e Carlos Sanfins, Lda.
Utilização de materiais compósitos na reparação
Contributos
Despoeiramento
Soldadura do alumínio
Técnicas de construção em Madeira (strip planking)
Estaleiro dedicado quase exclusivamente à reparação
Aspectos relevantes
(80% da actividade), com foco em embarcações de
recreio. Tem também uma pequena actividade de venda de
materiais de aprestamento e outros, utilizados na marinha
de recreio. Possui uma estufa de pintura com um sistema
moderno de controlo ambiental.
11/51
RÉPLICA FIEL – Construção Naval, Lda.
Empresa
Tipos de fibra para produção em materiais compósitos
Utilização de gel-coat
Contributos
Pre-pregs
Armazenagem do material
Cuidados de Higiene e Segurança
Estaleiro com dois meses de actividade nas instalações
actuais. Maior peso das actividades de reparação (80%),
Aspectos relevantes
mas também existe construção e fabrico de peças em fibra
para outras instituições/aplicações.
Utilização de técnicas avançadas de construção naval em
Madeira
Empresa
Estaleiros Navais do Mondego, S.A.
Ajudas ao alinhamento
Contributos
Métodos de soldadura
Informação nas estações de trabalho
Documentação da estratégia de construção
Estaleiro dedicado à construção naval em aço e alumínio,
sendo o único a construir cascos neste último material.
Divide as actividades entre reparação (30%) e construção
(40%), com actividades de manutenção (30%). A empresa
Aspectos relevantes
passou por uma fase menos positiva, com redução de 1/3
do pessoal em 2005, mas agora apresenta sinais de
recuperação. Possui uma máquina de soldadura de
12/51
alumínio desenvolvida em conjunto com uma
universidade.
Empresa
Estaleiros Navais de Peniche, S.A.
Tecnologia de moldes
Subcontratação da produção
Contributos
Subcontratação do projecto
Micro ‘vs’ Macro planeamento
Relações laborais
Estaleiro recente (1994) com actividades sobretudo de
construção (80%). A reparação conta com 20% das
Aspectos relevantes
actividades. Produz vários tipos de navios em aço e
materiais compósitos. Utiliza a subcontratação da
modelação 3D do produto e do corte de aço.
Empresa
Portinave
Materiais para a construção em madeira
Contributos
Conservação da madeira
Fabrico de peças curvas
Estaleiro exclusivamente dedicado à reparação em
Aspectos relevantes
embarcações de madeira. Executa pequenos trabalhos em
materiais compósitos e aço para essas embarcações.
Empresa
Nautiber
Arrumação, limpeza e resíduos
Contributos para o
13/51
questionário
Tipos de mantas
Tipos de resina
Estaleiro dedicado a construção e reparação em materiais
compósitos. Possui marcas próprias. Debate-se com
problemas decorrentes da inexistência de regulamentação
nacional para a construção de embarcações de passageiros
Aspectos relevantes a
mencionar no relatório
em PRFV. Verifica-se que a directiva 98/18/CE é de dífícil
aplicação para este tipo de embarcações e que alguns
armadores compram em diferentes países da UE
embarcações com a situação regularizada mas que também
não cumprem com todos os requisitos da directiva,
nomeadamente no que diz respeito à resistência ao fogo.
Empresa
Estaleiro da Rocha de Conde de Óbidos, S.A.
Contributos
Gestão dos projectos
Estaleiro dedicado totalmente à reparação de navios em
Aspectos relevantes
aço e alumínio. O principal mercado do estaleiro é o de
navios porta-contentores.
Empresa
Vianapesca - Construções e Reparações Navais, Lda.
Contributos
Tipos de resina
Técnicas de construção em materiais compósitos
Tratamento de resíduos
Estaleiro dedicado exclusivamente à construção de
embarcações em materiais compósitos. Possui marca
própria. Funciona em parceria com outro estaleiro para o
14/51
Aspectos relevantes
fornecimento de embarcações. Dedica-se em exclusivo a
embarcações semi-rígidas, recebendo os flutuadores da
empresa parceira.
Empresa
Samuel & Filhos, Lda.
Ligação de peças em madeira
Contributos
Madeiras exóticas
Estaleiro com actividades de construção e reparação em
aço, alumínio e madeira. São actualmente especialistas em
réplicas históricas. Utiliza apenas madeiras exóticas pelas
Aspectos relevantes
suas superiores qualidades. Normalmente, apenas constrói
o casco. Tudo o resto é fornecido pelo cliente. Isto não se
verifica em contratos “chave na mão”.
Empresa
NAVALRIA –Docas, Construções e Reparações
Navais, SA
Contributos
Nada a mencionar
Estaleiro dedicado à reparação de navios. Enfrenta alguns
Aspectos relevantes
problemas relacionados com as instituições públicas que
fornecem serviços.
Este processo de evolução do questionário iniciou-se com a elaboração de um pré-questionário
onde foram enquadrados os aspectos gerais das actividades dos mesmos, independentemente do
tipo específico de actividade. Este pré-questionário estava orientado para estaleiros de construção
naval em aço. Dado que entre os estaleiros participantes se incluíam estaleiros que trabalhavam
com madeira e materiais compósitos, questões especificamente relacionadas com estes materiais
de construção foram acrescentadas posteriormente, após consultas com os seus quadros técnicos
15/51
e superiores mais representativos.
2.2.3
Envio e recolha do questionário e análise dos resultados
Esta etapa contém as fases D e E do projecto, onde o questionário foi ultimado e a sua versão
final enviada aos estaleiros. Nela fizeram-se sentir alguns atrasos na execução do projecto devido
a dificuldades na devolução dos questionários por parte dos estaleiros. Verificou-se mesmo que
um dos estaleiros, apesar de muito instado, não devolveu os questionários que lhe foram
dirigidos.
Cada estaleiro recebeu pelo correio, acompanhados de envelope pré-pago para resposta, um
questionário dirigido à administração e questionários destinados aos colaboradores em número
igual ao total de colaboradores indicados no levantamento inicial. Este envio incluiu ainda uma
carta de sensibilização para o preenchimento do questionário geral.
Estaleiro
Questionários Enviados
(Colaboradores)
Cecílio e Carlos Sanfins, Lda.
Réplica Fiel
Estaleiros Navais do Mondego
Estaleiros Navais de Peniche
Navalrocha
Portinave
Nautiber
Vianapesca
Samuel & Filhos, Lda.
Navalria
5
2
52
105
28
8
38
20
24
84
Tabela 5 – Número de questionários enviados
No total foram enviados 376 questionários (366+10) no dia 10 de Outubro.
2.2.4
Apresentação dos resultados do projecto
Este relatório, bem como os relatórios individuais dos estaleiros, estão sujeitos a uma apreciação
pela AIM antes de serem entregues às administrações dos estaleiros envolvidos. À conclusão
propriamente dita do projecto está programada para a segunda quinzena de Maio de 2008, após a
16/51
apresentação dos resultados do projecto em seminários no Norte, Centro e Sul do país.
3 BASES PARA O DIAGNÓSTICO TECNOLÓGICO
3.1
ENQUADRAMENTO GERAL
O diagnóstico tecnológico é uma tarefa composta pela recolha e análise dos elementos relativos
a:
•
base tecnológica actual;
•
tecnologias “versus” vantagens competitivas;
•
tecnologias dos produtos e processos principais;
•
capacidades organizacionais e tecnologia;
•
lacunas tecnológicas e oportunidades à luz da estratégia.
Todos estes elementos fornecem uma imagem da capacidade tecnológica de uma empresa e
também da capacidade de colocar essa tecnologia em prática para obter vantagens competitivas.
Os elementos do diagnóstico tecnológico fornecem as duas bases do diagnóstico tecnológico:
•
recursos tecnológicos da empresa (tecnologias e processos);
•
capacidade organizacional para a mobilização dos recursos tecnológicos;
A primeira base resulta do levantamento das tecnologias e processos em uso na empresa. Este
levantamento não se resume apenas ao meio físico mas também ao meio intelectual, ou seja,
pretende-se também contabilizar os recursos ligados à propriedade intelectual de uma empresa e
também documentos técnicos criados pela empresa no curso da sua actividade. A segunda base é
produzida a partir da recolha de características acerca da organização do trabalho dentro da
empresa, no contexto da utilização dos recursos tecnológicos.
17/51
Tanto a base tecnológica como as tecnologias dos produtos e processos fornecem informações
sobre o suporte físico e intelectual dos recursos tecnológicos. No primeiro item incluem-se a
maquinaria e equipamento industrial, instalações e meios informáticos e de comunicação e
também a informação produzida no decurso das actividades da empresa, enquanto o segundo
pretende identificar como é que o suporte físico é utilizado na produção do bens que a empresa
comercializa. Os restantes três elementos fornecem dados sobre a organização interna da
empresa, no contexto da utilização dos meios físicos e intelectuais, e como esta potencia ou não
os recursos tecnológicos, levando ou não a que estes se reflictam no produto final produzido pela
empresa, e em que grau.
3.2
ENQUADRAMENTO ESPECÍFICO DO PROJECTO
No caso específico deste projecto, cujo objecto de estudo é um conjunto de empresas e que
pretende fornecer uma imagem de conjunto, as bases deste diagnóstico foram pensadas em
termos do universo dos estaleiros participantes, o que levou necessariamente a modificações do
enquadramento do diagnóstico tecnológico acima descrito. Desta forma, mantendo as ideias
gerais apresentadas, a metodologia seguida caracteriza-se por:
•
Dar prioridade à recolha de dados acerca dos aspectos comuns da base tecnológica
•
Focar a recolha de dados na tecnologia dos processos e não na dos produtos
•
Observar vantagens competitivas e oportunidades à luz de uma estratégia global (do
conjunto) de desenvolvimento
Estes três pontos que caracterizaram a recolha de dados e formulação das conclusões resultam
sobretudo de se tratar de um conjunto de estaleiros com actividades e produtos bastante
diversificados e bases tecnológicas díspares mas que no seu conjunto operam numa envolvente
macroeconómica comum e que partilham as vicissitudes recorrentes dessa mesma envolvente.
Outra fonte de alterações ao enquadramento geral do diagnóstico tecnológico foi o benchmarking
18/51
idealizado para este projecto caso existissem dados disponíveis, com base nas informações
recolhidas no âmbito da base tecnológica. Para incluir esta parte do projecto deu-se enfoque à
recolha de dados que fossem comparáveis com os existentes em relação à indústria marítima
mundial.
19/51
4 QUESTIONÁRIO DO PROJECTO
O questionário do projecto foi a ferramenta de recolha de informação, complementada pelas
observações da equipa do projecto durante as visitas aos estaleiros. O objectivo principal do
questionário é o de recolher informação acerca dos processos e tecnologias em uso nos estaleiros
navais aderentes ao projecto e da capacidade para a sua aplicação. Outra questão a considerar é o
benchmarking dos estaleiros face às melhores práticas mundiais, caso existam dados disponíveis
para tal. Esta possibilidade implica outras características, em particular a necessidade de colocar
em destaque áreas tecnológicas e processos onde se verificam avanços tecnológicos na indústria
naval mundial. Dado que a satisfação em simultâneo destes requisitos iria resultar num
questionário excessivamente longo, o que poderia criar resistências à sua aceitação, optou-se por
uma solução equilibrada que contempla os grupos principais de actividades que existem em
qualquer estaleiro naval, mas que não se debruça sobre todas as possíveis actividades,
tecnologias e processos dentro de cada um destes grupos e que dá preferência a tecnologias e
processos que reflectem a prática mundial e as tendências de evolução dentro desta.
A política de recursos humanos também foi considerada no questionário pois são os recursos
humanos a mola real da actividade dos estaleiros, na medida em que depende deles a boa
utilização das tecnologias e processos. Pelas suas características abrangentes e determinantes
para o sucesso das empresas, também a organização, planeamento e controlo das actividades foi
objecto de enfoque no questionário.
4.1
ESTRUTURA DO QUESTIONÁRIO
O questionário consiste em dois grupos de perguntas: o primeiro sobre tecnologias e processos e
o segundo sobre a política de recursos humanos. As questões de ambos os grupos foram
classificadas em questões para as administrações/quadros e para os trabalhadores. Na prática,
esta classificação resultou no envio de um exemplar com as questões dirigidas às administrações
e vários exemplares (consoante o número de trabalhadores) com as questões dirigidas aos
20/51
trabalhadores.
O primeiro grupo contém as questões relacionadas com as tecnologias e processos utilizados nos
estaleiros. Na tabela seguinte indicam-se os tópicos incluídos em cada grupo de actividades
considerado:
Actividade
Armazenamento e Pré-Tratamento de Material
Construção Naval em Aço e/ou Alumínio
Construção Naval em Materiais Compósitos
Construção Naval em Madeira
Montagem
Aprestamento
Armazenamento
Soldadura
Serviços de Bordo
Acesso a bordo
Pintura
Planta e Ambiente de Trabalho
Tópicos
Planeamento da localização de materiais
Pré-Tratamento do material
Manuseamento do material
Corte
Enformação
Produção
Moldes
Tecidos e Resinas
Tipos de material
Controlo de qualidade
Produção
Estações de trabalho
Ajudas ao alinhamento
Tubagens
Maquinaria
Electricidade
Controlo de qualidade
Local de armazenamento
Gestão de stocks
Equipamento
Certificação
Organização
Iluminação
Sistemas
Planeamento
Tipos de andaimes
Planeamento
Sistemas
Cuidados Ambientais
Fluxo de produção
Armazenamento em curso de produção
Extracção de fumos, gases e poeiras
Tratamento de resíduos
Limpeza e arrumação
Locais de construção/reparação
21/51
Capacidade de Movimentação
Projecto e Engenharia de Produção
Organização, Planeamento e Controlo
Subcontratação
Ferramentas Informáticas
Codificação de produtos
Potencialidades das instalações
Estratégia de construção
Gestão da Qualidade
Planeamento
Monitorização
Controlo dimensional
Tabela 6 – Tópicos tecnológicos abordados no questionário
Os tópicos abordados na parte dos recursos humanos estão indicados na tabela seguinte:
Provisão de Recursos Humanos
Aplicação dos Recursos Humanos
Manutenção dos Recursos Humanos
Desenvolvimento dos Recursos Humanos
Competências
Critérios de selecção
Introdução de novos colaboradores
Avaliação de desempenho
Funções
Progressão na carreira
Política Salarial
Benefícios Sociais
Higiene e Segurança no trabalho
Relações de trabalho
Liderança
Processo Comunicacional
Formação
Avaliação
Tabela 7 - Tópicos de RH abordados no questionário
O questionário contém questões de três tipos:
•
Sim/Não
•
Escolha múltipla
•
Resposta por extenso
22/51
O primeiro tipo de questões pretende identificar a existência ou não de uma dada tecnologia,
processo ou metodologia no estaleiro. A escolha múltipla tem como objectivo identificar
tecnologias ou processos em uso face a várias hipóteses e também medir o grau de adesão a um
dado tipo de tecnologia, processo ou metodologia. As respostas por extenso têm o objectivo de
identificar tecnologias, processos ou metodologias específicas em uso no estaleiro.
Dada a heterogeneidade dos estaleiros envolvidos no projecto, foi necessário considerar o caso
em que as hipóteses de resposta a uma dada questão não reflictam totalmente a situação do
estaleiro, pelo que foi incluída no questionário uma folha para introdução de informação
adicional (opcional) por parte dos estaleiros, de forma a permitir uma avaliação mais equilibrada.
4.2
CRITÉRIOS DE PONTUAÇÃO DAS RESPOSTAS
As respostas ao questionário foram alvo de classificação numérica. A base desta classificação é
uma escala com três valores: 1, 3 e 5. O critério geral seguido foi o de dar uma classificação mais
alta às respostas que indiquem a existência ou adesão às melhores práticas observadas na
indústria mundial. Este critério de base assume que essas melhores práticas são independentes da
natureza específica quer do estaleiro, quer da actividade alvo da questão.
Um ponto a salientar é, dada a actividade alvo, a existência de melhores práticas relacionadas
com outros factores que não foram alvo de recolha de informações. Por exemplo, na construção
naval em fibra a utilização do tipo X de resina é melhor prática que a utilização do tipo Y?
Poderá ser ou não consoante a aplicação em concreto, o que implica que a classificação da
resposta a esta questão dependerá sempre da informação acerca da aplicação em questão, o que
torna necessário proceder a um levantamento exaustivo de todas as possíveis combinações de
produto/aplicação. Ora, como foi dito anteriormente, este tipo de levantamento exaustivo é
inviável num projecto desta natureza. Por outro lado, a monitorização da carga das estações de
trabalho é uma boa prática independentemente do tipo de trabalho efectuado em cada estação,
pelo que esta questão pode ser classificada sem se entrar em detalhes sobre a actividade de todas
as estações de trabalho de um estaleiro. Mas ambas as questões fornecem informação acerca das
23/51
tecnologias e processos em uso nos estaleiros navais portugueses, e por isso fazem parte do
questionário. Assim, nem todas as questões do questionário foram alvo de classificação, embora
todas tenham contribuído para o levantamento tecnológico. Em termos gerais, a classificação em
1, 3 e 5 pontos seguiu os seguintes critérios:
•
1 Ponto: classificação atribuída a práticas obsoletas ou ultrapassadas, face aos avanços
tecnológicos verificados, ou então práticas que reflectem uma não adesão a princípios básicos da
organização ou gestão de projectos.
•
3 Pontos: classificação atribuída a práticas ou métodos e processos de produção e gestão
que já demonstram alguma maturidade tecnológica ou a tecnologias avançadas utilizadas de
forma não continuada.
•
5 Pontos: classificação atribuída a práticas, métodos ou processos de produção modernos
e/ou que aderem a boas práticas de produção e gestão que são utilizadas de forma continuada no
estaleiro
Esta classificação observa as práticas dos estaleiros segundo a sua maturidade e também toma
em consideração o grau de adesão do estaleiro às mesmas, sendo aplicada às tecnologias e
processos em uso como também aos métodos de controlo, organização e gestão dos processos
produtivos dos estaleiros. Note-se que as pontuações obtidas em cada actividade resultaram das
médias das respostas às questões colocadas para essas actividades; por outro lado, algumas das
questões não foram passíveis de pontuação, assumindo significado apenas em termos da análise
individual de cada estaleiro.
Transpondo estes critérios gerais para as situações concretas das diferentes tecnologias e
processos, resultaram os critérios específicos seguintes, meramente indicativos em virtude da
forma como as médias são obtidas:
4.2.1 Critérios específicos das Tecnologias e Processos
24/51
Armazenamento e Pré-Tratamento de Material
Não existe um planeamento estabelecido da localização dos materiais
nos locais de armazenamento. O tratamento dos materiais é manual e o
1
seu manuseamento entre local de armazenamento e local de
processamento é manual.
O pré-tratamento do material é total ou parcialmente automatizado bem
3
como o manuseamento entre local de armazenamento e local de
processamento.
Existe um planeamento estabelecido da localização dos materiais nos
5
locais de armazenamento e pratica-se a aquisição de material prétratado.
Tabela 8 - Armazenamento e Pré-Tratamento de Material
Corte (CN em Aço e/ou Alumínio)
Os trabalhos de corte são na sua maioria efectuados com recursos a
1
métodos manuais e não existe um controlo formal do processo.
Os trabalhos de corte são efectuados por métodos automáticos/
3
semiautomáticos, com controlo formal do processo em quantidades
significativas, em termos do volume de material processado.
Os trabalhos de corte são efectuados com recurso a métodos
5
automáticos/semiautomáticos com controlo formal do processo, em
quantidades extensivas em termos do volume de material processado.
Tabela 9 - Corte (CN em Aço e/ou Alumínio)
25/51
Enformação (CN em Aço e/ou Alumínio)
Os trabalhos de enformação são na sua maioria efectuados com recurso
1
a métodos manuais e não existe um controlo formal do processo.
Os trabalhos de enformação são parcialmente automatizados, sem
3
controlo formal do processo.
Os trabalhos de enformação são parcialmente automatizados e existe
5
um controlo formal do processo nos trabalhos de enformação.
Tabela 10 - Enformação (CN em Aço e/ou Alumínio)
Montagem
As estações de trabalho não estão bem definidas e não existem ajudas ao
1
alinhamento.
As estações de trabalho estão bem definidas e utilizam-se ajudas ao
3
alinhamento de peças que não as ópticas.
As estações de trabalho estão bem definidas e utilizam-se ajudas ópticas
5
ao alinhamento
Tabela 11 – Montagem
Aprestamento
Os trabalhos em sistemas de tubagens são manuais e a produção de
1
peças de maquinaria não é orientada para peças de catálogo. As
cablagens são feitas a bordo e não são pré-instaladas em calhas.
Parte da produção de peças é orientada para peças de catálogo. As
3
instalações de cabos eléctricos são parcialmente efectuadas fora da
26/51
embarcação e a pré-instalação em calhas é parcial. Os trabalhos em
sistemas de tubagens são parcialmente automatizados em quantidades
significativas.
Os sistemas de tubagens são produzidos com métodos parcialmente
automatizados de uma forma extensiva. A produção de peças de
5
maquinaria é orientada para peças de catálogo. As cablagens são feitas
fora da embarcação e pré-instaladas em calhas.
Tabela 12 - Aprestamento
Armazenamento
Nenhuma, ou apenas uma das cinco situações descritas ocorre:
a) Os materiais armazenados são identificados e guardados em zonas
1
distintas para os diferentes tipos; b) é efectuado controlo qualitativo à
recepção do material; c) o prazo de duração dos materiais perecíveis é
controlado; d) e a filosofia de minimização de stocks é utilizada.
3
Têm lugar duas ou três das quatro situações acima indicadas.
Os materiais são identificados e guardados em zonas distintas para os
diferentes tipos. È efectuado controlo qualitativo à recepção do material
5
e o prazo de duração dos materiais perecíveis é controlado. Utiliza-se a
filosofia de minimização de stocks.
Tabela 13 - Armazenamento
27/51
Soldadura
Os sistemas utilizados para grandes volumes de trabalho não são
1
automáticos ou semiautomáticos e os soldadores de elementos
estruturais não se encontram certificados.
3
Tem lugar uma das duas situações acima indicadas.
Os sistemas utilizados para grandes volumes de trabalho são
5
automáticos ou semiautomáticos e os soldadores de elementos
estruturais são certificados.
Tabela 14 - Soldadura
Serviços de Bordo
Os sistemas de utilidades instaladas a bordo não são modulares e a
1
iluminação a bordo durante os trabalhos não utiliza a iluminação própria
do navio.
3
Tem lugar uma das duas situações acima indicadas.
Os sistemas de utilidades instaladas a bordo são modulares e a
5
iluminação a bordo durante os trabalhos utiliza a iluminação própria do
navio.
Tabela 15 – Serviços
28/51
Acesso a Bordo
Os sistemas de utilidades instaladas a bordo não são modulares e a
1
iluminação a bordo durante os trabalhos não utiliza a iluminação própria
do navio.
3
Tem lugar uma das duas situações acima indicadas.
Os sistemas de utilidades instaladas a bordo são modulares e a
5
iluminação a bordo durante os trabalhos utiliza a iluminação própria do
navio.
Tabela 16 – Acesso a bordo
Pintura
Nenhuma, ou apenas uma das três situações descritas ocorre:
a) O material é pintado antes da instalação ou construção; b) utilizam-se
1
sistemas mecanizados de pintura; c) são tidos cuidados ambientais em
relação às emissões gasosas e aos efluentes líquidos durante e após as
pinturas .
3
Têm lugar duas das três situações acima indicadas.
O
material
é,
sempre
que
possível,
pintado
antes
da
instalação/construção, utilizam-se sistemas mecanizados de pintura e são
5
tidos cuidados ambientais em relação às emissões gasosas e aos
efluentes líquidos durante e após as pinturas .
Tabela 17 - Pintura
29/51
Planta e Ambiente de Trabalho
Nenhuma, ou apenas uma das cinco situações descritas ocorre:
a) O fluxo de produção foi desenhado por especialistas para as
actividades em curso; b) as zonas de armazenamento em curso de
1
produção são adequadas ao fluxo de produção; c) as estações de trabalho
estão equipadas com extracção de poeiras, fumos ou gases; d) são
preenchidos os mapas de resíduos obrigatórios por lei; e) há directivas
explicitas que implementem a limpeza das instalações.
3
Têm lugar duas a quatro das cinco situações acima indicadas.
Ocorrem em simultâneo as cinco situações indicadas na primeira linha
5
desta tabela.
Tabela 18 – Planta e Ambiente de trabalho
Projecto e Engenharia de Produção
Ocorrem até duas das seis situações descritas:
a) Existem critérios rigorosos de selecção e avaliação de subcontratados;
b) os produtos semitransformados são codificados; c) utiliza-se a
1
modelação 3D do produto; d) utiliza-se a filosofia de “Design for
Production”; e) as potencialidades das instalações são aproveitadas a
mais de 90%; f) existe uma estratégia de construção bem definida.
3
Ocorrem três a quatro das seis situações acima indicadas.
Ocorrem no mínimo cinco das seis situações acima indicadas, sendo
5
que existe modelação 3D para a embarcação completa. e que a estratégia
de construção além de bem definida é documentada.
Tabela 19 - Projecto e Engenharia de Produção
30/51
Organização, Planeamento e Controlo
Não existe um sistema de gestão da qualidade implementado nem um
planeamento claro para cada projecto. As estações de trabalho não têm a
1
sua carga controlada ou monitorizada e não existe um sistema de
controlo dimensional implementado que inclua planos de calibração.
Existe um sistema de gestão de qualidade parcialmente implementado e
3
um planeamento claro para cada projecto.
Existe um sistema de gestão da qualidade implementado e um
planeamento claro e bem documentado para cada projecto. As estações
5
de trabalho têm a sua carga controlada ou monitorizada e existe um
sistema de controlo dimensional implementado que inclui planos de
calibração.
Tabela 20 - Organização, Planeamento e Controlo
4.2.2
Critérios específicos dos Recursos Humanos
Provisão de Recursos Humanos
Nenhuma, ou apenas uma das quatro situações descritas ocorre:
a) A provisão dos RH é feita com o recurso a especialistas; b) estão
1
definidas as competências necessárias mais importantes; c) estão
definidos os critérios de selecção; d) existem critérios para introdução
dos novos colaboradores na empresa.
3
Ocorrem duas ou três das quatro situações acima indicadas.
5
Ocorrem simultaneamente as quatro situações acima indicadas.
Tabela 21 - Provisão dos Recursos Humanos
31/51
Aplicação dos Recursos Humanos
Nenhuma, ou apenas uma das quatro situações descritas ocorre:
a) É feita avaliação regular do desempenho a todos os níveis; b)
Os cargos têm as suas funções completa e claramente definidas; c) é
1
fomentada a progressão na carreira, ou em termos salariais, dentro da
empresa; d) as periciais individuais são tidas em conta no preenchimento
de cargos ou de funções
3
Ocorrem duas ou três das quatro situações acima indicadas.
5
Ocorrem simultaneamente as quatro situações acima indicadas.
Tabela 22 - Aplicação dos Recursos Humanos
Manutenção dos Recursos Humanos
Nenhuma, ou apenas até duas das seis situações descritas ocorre:
a) A política salarial é equilibrada para cargos idênticos; b) a política
salarial tem em conta as competências e as condições de trabalho; c) São
1
concedidos benefícios sociais; d) a empresa está certificada em HSST;
e) é obrigatório o uso do EPI; f) são realizados exercícios periódicos de
emergência.
3
Ocorrem três ou quatro das seis situações acima indicadas.
5
Ocorrem simultaneamente cinco ou seis situações acima indicadas..
Tabela 23 - Manutenção dos Recursos Humanos
32/51
Desenvolvimento dos Recursos Humanos
Nenhuma, ou apenas uma das quatro situações descritas ocorre:
a) Existe um Plano Anual de Formação; b) são promovidas reuniões
regulares entre as chefias e os colaboradores para avaliação do
1
desempenho e análise da evolução das suas carreiras; c) é incentivado o
trabalho em equipa; d) é proporcionada formação em HSST à
generalidade dos trabalhadores
3
Ocorrem duas ou três das quatro situações acima indicadas.
5
Ocorrem simultaneamente as quatro situações acima indicadas.
Tabela 24 - Desenvolvimento dos Recursos Humanos
5 RESULTADOS
Os resultados do diagnóstico tecnológico proporcionam uma visão do nível tecnológico dos
estaleiros envolvidos no projecto. Esta informação resultou das respostas dadas ao questionário
do projecto, bem como, mas em menor grau, das visitas efectuadas aos estaleiros pela equipa do
projecto; o seu valor é indicativo do grau de adesão dos estaleiros às práticas mais recentes da
indústria marítima, mas não deve ser usado para além deste âmbito. De facto, dos resultados aqui
apresentados não se pode nem deve inferir nenhum tipo de conclusão acerca da qualidade dos
produtos ou serviços dos estaleiros, nem do seu valor como entidades comerciais.
5.1
CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS
De seguida apresentam-se os resultados do diagnóstico tecnológico. Estes resultados estão
divididos em duas partes: tecnologias/processos e recursos humanos. São apresentados
resultados globais e resultados para cada grupo de actividades. Em cada um apresentam-se os
valores máximos, médios e mínimos numa escala de zero a cinco pontos. Esta pontuação foi
33/51
calculada pela média aritmética da pontuação obtida em cada grupo de questões, ela própria uma
média aritmética das pontuações das respostas às questões de cada grupo. Esta escala e as escalas
apresentadas em 5.2 estão relacionadas, podendo ser feita uma interpretação desta pontuação de
acordo com os critérios gerais apresentados anteriormente.
Nos casos em que um estaleiro não responde a uma dada pergunta a que seja suposto dar
resposta, essa ausência de resposta não é considerada para o cálculo da pontuação do critério
respectivo. Exceptuam-se os itens em que houve alguns estaleiros que não responderam à
maioria das questões. Com efeito, ignorar esta situação implicaria a atribuição de uma pontuação
muito elevada a esses estaleiros, pelo que se optou por não considerar a pontuação dos itens para
os quais mais de metade das questões não teve resposta.
5.2
DIAGNÓSTICO DE TECNOLOGIAS E PROCESSOS
Os resultados globais para o diagnóstico de tecnologias e processos são mostrados na tabela 25.
O valor máximo obtido pelos estaleiros foi de 3,4 e o mínimo de 1,9. A média dos estaleiros é de
2,7.
Pontuação
Valor
Máxima
3,4
Média
2,7
Mínima
1,9
Tabela 25 – Pontuação global para tecnologias e processos
A pontuação máxima foi obtida pelo estaleiro Réplica Fiel. O valor médio indica que ainda não
existe uma adesão significativa às práticas mais modernas da indústria naval. Os dados
recolhidos mostram também que estas lacunas se fazem sentir especialmente nas áreas da
organização e planeamento e também do controlo e monitorização da produção. Em termos de
34/51
processos fabris, verifica-se que a maior parte destes continuam a ser manuais, o que seria de
esperar dada a dimensão relativa dos estaleiros, embora existam excepções.
Os resultados por grupo de actividade fornecem uma visão mais concreta sobre a situação dos
estaleiros navais que participaram no projecto. Para o armazenamento de matérias primas os
resultados foram os seguintes:
Pontuação
Máxima
Média
Mínima
3,7
2,5
1,0
Tabela 26 Armazenamento de Matérias Primas
Os resultados deste grupo indicam que mais de metade dos estaleiros possuem locais préestabelecidos para o armazenamento das matérias primas mas o tratamento do material e a sua
movimentação para o local de processamento são na maioria feitas manualmente. Dos estaleiros
participantes, três utilizam materiais pré-tratados e um indicou utilizar meios automatizados de
tratamento do material.
Nas questões dirigidas para a construção naval em aço e alumínio, os resultados foram os
seguintes:
Pontuação
Máxima
Média
Mínima
5,0
2,4
1
Tabela 27 Corte
Pontuação
Máxima
Média
Mínima
2
1,2
1,0
35/51
Tabela 28 Enformação
Este grupo de actividades caracteriza-se pela utilização de processos manuais quer de corte quer
de enformação de chapas e perfis e pela não existência de um controlo formal do processo. No
entanto, os dois estaleiros que indicaram utilizar métodos automáticos/semiautomáticos de corte
utilizam controlo formal do processo.
Os resultados que se apresentam de seguida referem-se à construção naval em materiais
compósitos. Estes resultados não foram alvo de pontuação, pelas razões apresentadas atrás mas
são incluídos como indicação da utilização de processos e materiais neste segmento da
actividade dos estaleiros navais envolvidos no projecto. Os gráficos seguintes mostram o número
de respostas para um dado tipo de método, processo ou material, para várias áreas de aplicação,
em conjunto com o total de respostas para essa mesma área de aplicação.
Nº de Respostas
Processos de Produção
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Lay Up
Vácuo
Autoclave
Spray Up
Infusão
Total
Processo
Casco/Convés
Elementos Estruturais
Outras peças produzidas
Gráfico 3 Processos de Produção em Materiais Compósitos
Nos processos de produção (gráfico 3) o lay-up e o vácuo surgem com o maior número de
respostas. Para o tipo de moldes utilizados e tipo de construção (gráfico 4), verifica-se que a
36/51
construção em single skin lidera o número de respostas, excepto para os elementos estruturais
(com igual número de respostas para construção em sandwich). O tipo de molde mais utilizado
para o casco e convés é o molde fêmea enquanto para os elementos estruturais o molde macho é
o mais utilizado. O tipo de fibras mais utilizado é a fibra de vidro, embora o carbono e o kevlar
tenham uma expressão semelhante.
Tipo de Molde e Construção
Nº de Respostas
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Molde Macho &
Single Skin
Molde Fêmea &
Single Skin
Molde Macho &
Sandwich
Molde Fêmea &
Sandwich
Tipos
Casco/Convés
Elementos Estruturais
Outras peças produzidas
Gráfico 4 Tipos de Moldes e Construção em Materiais Compósitos
37/51
Total
Nº de Respostas
Tipo de fibras utilizadas
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Vidro
Carbono
Kevlar
Total
Tipo de Fibras
Tipo de fibras
Gráfico 5 Tipo de Fibras Utilizadas
No que diz respeito à constituição das fibras (gráfico 6), não há uma preferência clara por um
determinado tipo.
Constituição das Fibras
Nº de Respostas
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Unidireccionais
Bidireccionais
Outras
Constituição das Fibras
Constituição das fibras
38/51
Total
Gráfico 6 Constituição das Fibras
Nº de Respostas
Resinas
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Epóxi
Poliester
Vinilester
Outras
Total
Resinas
Resinas
Gráfico 7 Tipo de Resinas
As resinas que receberam o maior número de respostas foram as resinas epóxi e poliéster
(gráfico 7).
Para a construção naval em madeira, optou-se também por não pontuar as respostas. No entanto,
como para os materiais compósitos, também se apresentam os resultados das respostas aos
questionários.
39/51
Nº de Respostas
Tipo de Madeiras utilizadas na Constução Naval
4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
Madeiras Tradicionais
Madeiras Exóticas
Ambos os tipos
Total
Tipos de Madeiras
Tipos de Madeiras
Gráfico 8 Tipos de Madeiras Utilizadas na Construção Naval
A maior parte dos estaleiros que utilizam a madeira como matéria prima para a sua actividade,
referem utilizar tanto madeiras tradicionais como madeiras exóticas.
Os dados recolhidos acerca da montagem levaram às seguintes classificações:
Pontuação
Máxima
Média
Mínima
5
4
3
Tabela 29 Montagem
Neste grupo verifica-se que a maior parte dos estaleiros possui estações de trabalho bem
definidas e utilizam ajudas ao alinhamento, ópticas ou não.
No aprestamento, a maior parte dos estaleiros utiliza subcontratação dos trabalhos, não sendo
atribuída pontuação aos estaleiros que subcontratem a totalidade destes trabalhos, pois não foi
considerada a recolha de dados acerca dos subcontratados. No entanto, o questionário contou
40/51
com questões que permitem a recolha de alguma informação pertinente para o projecto, acerca
dos trabalhos de aprestamento levados a cabo nos estaleiros. No que diz respeito aos trabalhos
em tubagens, todas as entidades contactadas indicaram utilizar meios manuais para os mesmos.
Em alguns estaleiros, as oficinas produzem peças de catálogo ou normalizadas. Nos trabalhos
com electricidade, apenas um dos estaleiros indicou não subcontratar esta actividade, tendo a
maioria indicado produzir as cablagens a bordo do navio e também apenas um pré-instala os
cabos em calhas antes de os montar a bordo das embarcações. Os resultados para o
armazenamento de produtos em geral são os seguintes:
Pontuação
Máxima
Média
Mínima
5
3,5
1
Tabela 30 Armazenamento
Os dados recolhidos indicam que no geral os estaleiros participantes possuem zonas de
armazenamento para os diferentes tipos de materiais e é efectuado algum tipo de controlo de
qualidade à recepção. O prazo de validade dos materiais perecíveis é controlado e a maior parte
dos estaleiros pratica a minimização de stocks. No que diz respeito à soldadura as pontuações
obtidas foram as seguintes:
Pontuação
Máxima
Média
Mínima
5
3,6
2,5
Tabela 31 Soldadura
A maior parte dos estaleiros reportam que o equipamento para grandes volumes de trabalho é
automático ou semiautomático e que os soldadores dos elementos estruturais encontram-se
certificados.
Para os serviços de bordo e acesso a bordo, os resultados do diagnóstico são os seguintes:
41/51
Máxima
Média
Mínima
3
2,3
0,5
Pontuação
Tabela 32 Serviços de Bordo
Máxima
Média
Mínima
3
2,1
1
Pontuação
Tabela 33 Acesso a Bordo
Nestes grupos de actividades a maioria dos estaleiros indicou não utilizar serviços de bordo
modulares, nem mesmo a iluminação própria do navio. Dois estaleiros indicaram usar meios
mecânicos de elevação em vez de andaimes e outros dois indicaram haver um planeamento e
pré-instalação dos andaimes na construção.
Para a pintura, a pontuação foi a seguinte:
Máxima
Média
Mínima
3,7
2,6
1,0
Pontuação
Tabela 34 Pintura
Neste grupo todos os estaleiros indicaram não utilizar sistemas mecanizados de pintura. Apenas
dois indicaram não tomar cuidados ambientais em relação aos efluentes líquidos e emissões
gasosas, durante e após a pintura.
No grupo de questões relacionadas com a planta e ambiente de trabalho, os resultados foram os
seguintes:
Máxima
Média
42/51
Mínima
Pontuação
4,2
3,7
2,6
Tabela 35 Planta e Ambiente de Trabalho
A maioria dos estaleiros indicou que o fluxo de produção não foi desenhado por especialistas
embora apenas um tenha indicado que as zonas de armazenamento em curso não são adequadas
ao fluxo de produção. Todos os estaleiros, excepto um, têm estações de trabalho equipadas com
extracção de poeiras, fumos e gases (com equipamento volante no caso de um estaleiro que se
dedica apenas a actividades de reparação) e o mesmo se passa para o preenchimento de mapas de
resíduos. A maioria dos estaleiros tem directivas explícitas no que diz respeito à limpeza e
arrumação das instalações.
Para o grupo de actividades de projecto e engenharia de produção, os resultados obtidos foram
os seguintes:
Pontuação
Máxima
Média
Mínima
3,7
2,4
1,2
Tabela 36 Projecto e Engenharia de Produção
Neste grupo de actividades verificou-se o seguinte:
•
a maioria dos estaleiros indicou proceder a subcontratação, embora de um modo geral
não haja critérios rigorosos de selecção e avaliação dos subcontratados;
•
apenas três estaleiros utilizam modelação 3D do produto e apenas um codifica os
produtos semitransformados;
•
dois dos estaleiros utilizam a filosofia de “Design for Production”;
•
a maioria indica que as potencialidades das instalações são aproveitadas a mais de 90%;
43/51
•
cinco estaleiros indicaram haver uma estratégia de construção, mas em apenas dois esta é
documentada;
Para a organização, planeamento e controlo, os resultados foram os seguintes:
Pontuação
Máxima
Média
Mínima
3
2,1
1,5
Tabela 37 Organização, Planeamento e Controlo
Neste grupo as principais constatações foram as seguintes:
•
apenas um estaleiro indicou existir um sistema de gestão de qualidade implementado,
embora parcialmente;
•
todos os estaleiros indicam haver um planeamento claro para cada projecto, mas a
maioria não o documenta ou fá-lo de maneira deficiente;
•
três estaleiros indicaram monitorizar ou controlar a carga das estações de trabalho;
•
nenhum estaleiro possui um sistema de controlo dimensional implementado.
5.3
DIAGNÓSTICO DE RECURSOS HUMANOS
Os resultados da parte do projecto relacionada com os Recursos Humanos (RH) foram obtidos a
partir de duas fontes: a parte do questionário às administrações (QA) relacionada com os RH e os
questionários preenchidos pelos colaboradores (QC). Embora ambas as fontes tenham pontos em
comum, elas têm objectivos distintos, ou seja, os dados do QA têm como objectivo avaliar a
política de recursos humanos da empresa dado que esta impacta as questões de desenvolvimento
tecnológico de uma forma evidente, enquanto os dados do QC têm como objectivo mostrar a
imagem que os colaboradores têm da política de RH do estaleiro. Esta última imagem é, pela sua
44/51
natureza, algo subjectiva, facto que deve ser tido em consideração. Se, por um lado, o QA
fornece informações que são alvo de classificação, com as condicionantes já referidas em 6.1, o
QC fornece uma visão geral das políticas de RH deste conjunto de estaleiros sob o ponto de vista
dos colaboradores e não foi utilizado para classificar as empresas. Os dados do QC são
apresentados para o conjunto dos estaleiros e sob a forma de percentagens de resposta às várias
opções.
Resultados do QA
Estes resultados são apresentados para os quatro grupos de questões. Os critérios de classificação
são semelhantes, embora no caso dos recursos humanos a escala esteja relacionada com a
utilização de boas práticas de RH que são reconhecidas para além do sector naval em questão.
Grupo
Máxima
Média
Mínima
Provisão de RH
5
3
1,5
Aplicação de RH
5,0
4,1
2,3
4,0
3,6
2,5
5,0
3,7
2
Manutenção de
RH
Desenvolvimento
de RH
Tabela 38 Resultados para Diagnóstico de Recursos Humanos (dados do QA)
Em relação a este conjunto de dados pode-se concluir o seguinte:
•
existem critérios de apresentação de novos colaboradores mas na maior parte só se
aplicam a certos níveis dentro da empresa;
•
a avaliação regular do desempenho dá-se, na generalidade, a todos os níveis;
45/51
•
a maior parte dos estaleiros indica que os cargos têm as suas funções claramente
definidas;
•
a progressão na carreira, ou em termos salariais, é fomentada apenas em metade dos
estaleiros participantes;
•
apenas em dois estaleiros as perícias individuais não são tomadas em consideração no
preenchimento dos cargos;
•
a larga maioria dos estaleiros indica que a política salarial é equilibrada para cargos
idênticos;
•
cerca de metade dos estaleiros não oferece benefícios sociais aos seus colaboradores;
•
apenas três estaleiros estão certificados em HSST e o mesmo número proporciona
formação deste tipo aos seus colaboradores;
•
o uso do EPI só não é obrigatório em dois dos estaleiros mas apenas um tem exercícios
periódicos de emergência;
•
três estaleiros indicaram ter um Plano Anual de Formação;
•
cinco estaleiros indicaram promover reuniões regulares com as chefias para avaliação do
desempenho e análise da evolução das carreiras;
•
em todos os estaleiros é incentivado o trabalho em equipa.
Resultados do QC
Estes resultados são apresentados para o total de questionários recebidos dos estaleiros. Há que
referir que nem todas as questões obtiveram resposta, pelo que a mesma percentagem de resposta
a duas questões não significa que estas tenham sido respondidas pelo mesmo número de pessoas.
46/51
Este facto resulta da diferença de números das forças de trabalho dos estaleiros participantes.
As conclusões tiradas foram as seguintes:
•
Critérios de introdução de novos colaboradores na empresa - 57% dos inquiridos indicam
que estes só são seguidos a determinados níveis e a maioria (65%) refere a apresentação aos
diferentes sectores da empresa;
•
Definição de funções - 71% dos inquiridos refere que os cargos têm as suas funções
claramente definidas;
•
Progressão na carreira - 93% refere que não é fomentada a progressão na carreira ou em
termos salariais dentro da empresa;
•
Aproveitamento das perícias individuais - 59% das respostas considera que as perícias
individuais são tidas em consideração no preenchimento dos cargos;
•
Benefícios sociais - segundo 81% dos inquiridos, não são concedidos benefícios sociais;
•
Uso de EPI – os EPI são utilizados sempre por 70% dos inquiridos, a mesma
percentagem que afirma não participar em exercícios periódicos de emergência;
•
Relações de trabalho com superiores – as relações de trabalho com superiores são
classificadas de boas por 38% dos inquiridos e regulares por 29%;
•
Relações de trabalho com os pares - cerca de metade dos inquiridos (49%) afirma ter
boas relações de trabalho com os seus pares;
•
Liderança da empresa – a liderança da empresa é vista como boa por 44% dos inquiridos,
que classificam o processo comunicacional da empresa como: descendente (35%), descendente e
ascendente (31%), matricial (10%) e em rede (24%);
47/51
•
Reuniões com as chefias - 84% dos inquiridos afirmam não terem reuniões regulares com
as chefias para identificar necessidades de formação e 82% dos mesmos não se reúne com as
chefias para avaliação do desempenho e análise da evolução das carreiras;
•
Trabalho em equipa – 78% dos inquiridos afirma participar regularmente em trabalho em
equipa;
•
5.4
Formação em HSST - 50% dos inquiridos diz ter recebido formação em HSST.
COMPARAÇÃO COM RESULTADOS INTERNACIONAIS
Os resultados deste projecto fornecem uma imagem acerca do desenvolvimento tecnológico dos
estaleiros navais participantes obtida a partir do levantamento de dados das tecnologias e
processos em uso e sua comparação com as melhores práticas. Neste ponto, apresenta-se uma
comparação dos resultados obtidos pelos estaleiros participantes com resultados de outros
estudos semelhantes efectuados para estaleiros da Europa e dos Estados Unidos da América
(EUA). Os resultados internacionais apresentados aqui resultam de estudos efectuados em grupos
de estaleiros europeus (4) e norte-americanos (15) no biénio 1999-2000. A dimensão dos
estaleiros participantes nesses estudos difere dos estaleiros participantes neste projecto e também
são diferentes os mercados dos grupos de estaleiros que são comparados. Por isso não se
apresenta uma comparação inclusiva de todos os grupos de actividades, mas apenas daqueles que
são comuns, em termos de tecnologias e processos, aos vários grupos de estaleiros: Planta e
Ambiente de Trabalho; Projecto e Engenharia de Produção e Organização, Planeamento e
Controlo.
48/51
5,0
4,5
4,0
Pontuação
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
Planta e Ambiente de
Trabalho
Projecto e Engenharia de
Produção
Organização, Planeamento e
Controlo
Grupos
Portugal (Projecto QTEL/AIM)
Europa
EUA
Gráfico 9 Comparação da Pontuação Mínima
5,0
4,5
4,0
Pontuação
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
Planta e Ambiente de
Trabalho
Projecto e Engenharia de
Produção
Grupos
Portugal (Projecto QTEL/AIM)
Europa
49/51
EUA
Organização, Planeamento e
Controlo
Gráfico 10 Comparação da Pontuação Máxima
Os gráficos 9 e 10 apresentam a pontuação máxima e mínima obtida em cada um dos três grupos
considerados. Os resultados mostram que os estaleiros participantes neste projecto mantêm um
atraso em relação aos estaleiros europeus e americanos, nestes grupos de actividades. No entanto,
esta diferença é maior no extremo inferior da pontuação do que no extremo superior. Esta
evidência traduz o facto de por um lado existirem estaleiros bastante atrasados na adopção de
melhores práticas e por outro existirem estaleiros em que a adopção dessas mesmas melhores
práticas é comparável aos estaleiros estrangeiros.
50/51
6 CONCLUSÕES
O projecto consubstanciado neste relatório teve como objectivo obter uma imagem da matriz
tecnológica dos estaleiros navais portugueses classificados como PME. Foram seleccionados dez
estaleiros a partir de uma listagem fornecida pela AIM, grupo este que se revelou bastante
heterogéneo, quer em dimensão quer em actividades. Os dados recolhidos pelo projecto através
de visitas aos estaleiros e de questionários formulados especificamente para o efeito, permitiram
avaliar as tecnologias e processos em uso, bem como a política de recursos humanos, vertente da
organização das empresas que foi considerada importante para os objectivos do projecto.
Os resultados da análise dos dados mostram que a base tecnológica dos estaleiros participantes
caracteriza-se pela utilização de tecnologias e processos com provas dadas mas que começam a
mostrar alguma maturidade tecnológica. Verificou-se ainda que subsistem algumas práticas já
ultrapassadas, mas também existem casos de utilização de tecnologias avançadas. Conclui-se que
o maior atraso se faz sentir não nos processos produtivos em si, mas nas áreas relacionadas com
o projecto e engenharia de produção, planeamento e controlo e acesso a bordo. Em termos de
recursos humanos, verifica-se que de um modo quase geral existe algum atraso na forma como é
feita a sua provisão, tendo um dos estaleiros revelado insuficiências claras também no âmbito da
aplicação e desenvolvimento.
Com estes resultados, este estudo mostra que mesmo que as condicionantes exteriores aos
estaleiros não sejam as melhores, é possível conseguir um avanço em termos tecnológicos
através de pequenos passos que contribuam para a melhoria dos aspectos mais fracos focados
anteriormente. Estas são áreas onde pequenos investimentos podem trazer grandes benefícios e
preparar os estaleiros para saltos qualitativos maiores quando surgirem melhores condições para
o investimento em tecnologias. Os relatórios individuais dos estaleiros contêm indicações mais
concretas relativas às oportunidades de melhoria de cada um.
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