PDM #1 - Wimps

Transcrição

PDM #1 - Wimps
PDM #1
Por que eu recebi esse ee-mail com essa imagem horrorosa e sem sentido?
Porque eu gosto de você e acho que o assunto que pretendo tratar
vai te interessar. Se eu estiver enganado me comunique, por favor.
O que é isso?
Você deve estar se perguntando porquê recebeu esse PDF de uma
forma quase spâmica. O PDM (Periódico Ditorelo de Música) é um folheto
digital que pretendo redirigir de tempos em tempos com algumas opiniões
musicais.
A proposta inicial é trazer 5 (sendo sempre no mínimo e no máximo
1 brasileiro) artistas e/ou bandas do mundo todo (mesmo!) por edição,
sendo eles o que forem, e tentar dar uma comentada breve. Fazer um
overview do som, falar um pouco da história, que seja. Mas é trazer
novidade sobre música tocada e/ou cantada, e não sobre o mundo dos
artistas (isto é fofocas, hobbies e blás blás blás em geral).
E quem é você?
Meu nome é Diogo Freire. Sou Belo Horizontino e possuo 21 anos na
presente data. Estudo Engenharia de Telecomunicações e acabo o curso em
breve. Eu já era menino pequeno lá em Barbacena e possuia um gosto
especial pela música.
Desde os 9 possuo um contato modesto com a vida musical e aos 17
comecei a estudar e procurar saber o que há por trás do que um ser
humano normal ouve. Hoje toco bateria (já há quase 5 anos), violão (desde
os 9) e me arrisco com alguma propriedade na percussão além de possuir
um conhecimento relativo em alguns outros instrumentos. Além disso, sou
apaixonado pela vida musical, pelas suas possibilidades, subliminaridade,
beleza, poder e abrangência.
Pra mim música é muito mais do que algo que vai marcar um
momento na vida de alguém. Música é uma arte que te faz experimentar
sensações que a outras artes não vão, assim como você não pode vivenciar
na música certas coisas as outras artes te proporcionam. Entretanto, eu
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acho a música é a arte mais completa, ou pelo menos a mais universal. E é
ouvindo coisas de todo mundo que pretendo dar uma expandida nessa
idéia da universalidade.
O que te deu pra você fazer isso?
Por curiosidade peguei algumas músicas diferentes do mundo
musical comercial, de países diversos. Gostei da brincadeira e me tornei
um curto espaço de tempo um curioso de verdade. Conversando com a
minha namorada que é jornalista e apaixonada por MPB brinquei falando
que faria um dossiê dessas experiências internacionais para ela. Pensei
maior e quis aumentar o meu nicho de mercado, sem excluí-la, é óbvio.
Pretendo continuar com a idéia de sempre trazer coisas novas, mas
perdura à vontade de aprofundar-me no universo que já conheço, o que
pode vir a acontecer eventualmente.
Aonde você quer chegar com isso?
Com esse número 1 pretendo aprender um pouco sobre como fazer
um informativo bom, bonito e barato, além de tentar levar um pouco das
idéias musicais que adquiri nessa semana que dá fim ao ano de 2006,
confrontadas à curta experiência que possuo. Com as demais edições,
pretendo aumentar a minha cultura musical em primeiro lugar, e espalhar
um pouco disso conseqüentemente.
Com esse projeto não pretendo ganhar dinheiro nem fama. O que
pretendo é simplesmente sair do trivial e tentar divulgar o que de bom e de
ruim tem além do conhecido comercialmente. Vale lembrar que eu não
pretendo ser imparcial, logo as minhas opiniões podem não condizer com
a sua verdade e sim com a minha. Pretendo ser o mais amplo possível para
que você se interesse em buscar mais informações, ouvir os artistas
citados, tirar as suas próprias conclusões e discordar ou não de mim.
Caso você se comova com essa causa, faça sugestões, apoie, dê
dicas de como deixar esse documento mais bonito, talvez desenhe uma
logomarca decente e mande pra mim. Dependendo de como caminhar esse
projeto, pode ser que eu queira montar um site ou uma equipe daqui a
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alguns anos. Mas a proposta inicial é que esse documento seja passado
boca a boca para o maior número de pessoas possível, a lá Orkut, e que ele
continue existindo sempre.
E
como
eu
faço
para
te
xingar,
elogiar,
dar
sugestões,
sugestões,
pedir
inclusão/exclusão da lista de recebimento ou simplesmente ter você na
minha lista de contatos porque te achei um cara legal?
O meu e-mail e Gtalk é [email protected] e o meu MSN é
[email protected], embora eu quase não use o segundo. Esse documento
também
será
publicado
no
meu
blog
que
está
em
http://wimps-hurra.com.br.iwi.com.br
Vale lembrar que não pretendo ter esse lenga-lenga todo em toda edição.
A idéia é ter no máximo 2 páginas com uma breve introdução, as
sugestões e comentários da última edição e começo a mandar bala, como
na próxima página.
Eu estou torcendo para que vocês gostem dessa idéia.
Abraços!
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Artistas da vez
1) Heldon
País: França
Site aparentemente oficial: http://membres.lycos.fr/heldon/
Estilo: Rock Eletrônico
Nota: 5,5
Review
Heldon é aparentemente interessante. A primeira vista é confundível
com Rush em certos aspectos. Em outros é parecida com Pink Floyd. Mas
de fato ela é uma grande mistureba com pouca coisa de França
efetivamente.
Pelo pouco que pude buscar de informação por aí era originalmente
um trio, de 1972 a 1997, quando se tornou um quinteto. Infelizmente só
consegui material de 1976 - Um rêve sans conséquence spéciale - e de
1978 - Interface.
A banda é instrumental, sem letras, para minha decepção, uma vez
que desejava ver um rock sendo cantado em francês. O propósito dos caras
ao que parece é fazer rock. A bateria nos deixa claro isso por todas as
músicas. Assim como a galera progressiva dessa época o que rola é um
imenso tempo de virtuosismos que alternam entre sintetizadores, solos de
guitarra e viradas de bateria. A idéia é boa e bem executada.
O que aconteceu é que depois de 15 minutos ouvindo algumas
músicas eu me cansei e já queria parar. Mesmo com solos criativos e
pirantes, solo demais sem um propósito e o tempo todo cansa. E, além
disso, existe pouca novidade de uma música pra outra. Acabou que não
existiu mais curiosidade pra ouvir e nem vontade de ouvir de novo.
Se você gosta de piração sonora, Heldon é uma boa pedida. De
verdade. Não me agradou no geral, mas o som possui boas sacadas e um
nível de dificuldade alto pra tentar entender e tirar no seu teclado, guitarra
com 17 pedais e/ou bateria.
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2) Kora Jazz Trio
País: Papua nova-Guiné
e Senegal
Site Oficial: http://www.korajazztrio.fr/
Estilo: Jazz
Nota: 10
Release
Eu
sou
particularmente
um
apaixonado
por
misturas
ditas
excêntricas. Acho que culturas relendo outras culturas trazem uma clara
impressão de como as coisas mudam de visão por simples geografia. E
esse é um dos fatores que mais me impressionaram no Kora Jazz Trio.
Os dois discos do trio foram gravados na França onde os músicos já
residem há algum tempo. Isso é refletido pela presença de elementos
fantasiosos na música, o que dá um charme. Só consegui o primeiro disco
do grupo, que leva o nome de “Kora Jazz Trio” e que foi gravado em 2003.
O trio é formado por Abdoulaye Diabaté (Senegal), Celle de Djeli
Moussa Diawara (Senegal) e Celle de Moussa Cissoko (Guiné), que tocam
respectivamente piano, percussão e kora. Isso mesmo. Kora. Eu também
não conhecia esse instrumento. E gostei.
Kora é um instrumento tipicamente africano, que lembra uma harpa,
mas com um leve timbre de violão. Esse instrumento juntamente com a
percussão traz toda a cultura africana para o Jazz tocado no piano.
É Jazz, sim. Mas não é o Jazz que estamos acostumados a ouvir. Não
lembra nada nem ninguém. O tempo inteiro existe o molejo africano na
forma de levar a tocada. É uma música alegre e viva. A kora é um
instrumento que traz uma possibilidade quase sambística ao som, por ser
um instrumento “leve”.
O meu medo com Jazz é da coisa ficar chata, o que não acontece. Em
vários momentos Celle, o mesmo da kora, solta as voz em alguma língua
africana impossível de entender, mas extremamente fácil de sentir.
Fica a boa recomendação. Vale a pena pra viagem, pra deixar de
bobeira no playlist, como loungezinho ou até pra tentar tocar para um
público mais seleto.
Para saber mais sobre a Kora: http://www.kora-music.com/
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3) Splean
País: Rússia
Site Oficial: http://www.splean.ru/
Estilo: Pop Rock
Nota: 8,3
Release
Splean (Splin em algumas traduções), ou WXYZ[ caso você saiba
russo, é uma boa banda de Pop Rock. Com algumas ressalvas, mas é.
O meu maior problema com essa banda foi a quantidade de
informação. É tudo em russo. Em algumas línguas dá pra se virar, mas
russo é impossível. O resultado disso é que não tive informações sobre a
história nem discografia da banda. Ao que me parece, houve a troca de
alguns membros, um lançamento de um novo disco – chamado Altavista em setembro desse ano e que o vocalista Alexander Vasyliev (\Y]^_`[ab
c`_ZYd]e), está animado com o trabalho. O CD que consegui se chama
Granatoviy e parece ter um ou dois anos de idade. Fui também em busca
de alguns vídeos e músicas traduzidas pra poder ter uma idéia melhor da
banda.
Eu não imaginei que a Rússia tinha esse tipo de som dado a minha
pura falta de conhecimento e talvez um preconceito primário. Mas o som
dos caras é bom. Redondinho e fácil como um bom Pop deve ser e cheio de
guitarras solos, carregadas e efeitos como um bom Pop Rock pode ser.
Splean deu uma enjoada pro final do disco, mas acho que isso é
coisa minha. Acaba que a falta de novidades deixa a coisa um pouco
desinteressante. Mas existem várias sacadas boas. Apesar de normal, a
cultura russa está encravada maravilhosamente. As melodias são anormais
e nem sempre resolvem no que estamos acostumados. Algumas frases
terminam com um som “feio”, que é harmonicamente perfeito, mas pouco
usual para nós pobres ocidentais. Assim também faz Regina Spektor,
cantora russa. As levadas de Splean são duras, travadas, frias como a
Sibéria, quase militares em alguns momentos. O piano enfeita bastante, o
que enriquece o som assaz e o faz divertido de ouvir.
Eu gostei. Não recomendo prolongadas doses. Talvez é bom achar
uma música que te satisfaça e colocar no seu mp3 player.
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4) Eastern Youth
País: Japão
Site Oficial: http://www.hadashino-ongakusha.jp/
Estilo: Hardcore
Nota: 8,6
Release
É num é que Japonês sabe fazer um barulho bom, rapá? Eu conheço
pouco do estilo gritado e semi-grunge existente atual, mas o som desses
rapazes é bem legal, apesar de não fugir da média comercial e não possuir
muito do jeito japonês de fazer música.
A banda foi formada em 1988 no Japão e parece já possuir um boa
base de fãs pelo mundo, principalmente norte-americanos e canadenses
além do reconhecimento no país natal. Pelo que vi, eles já possuem 10
álbuns na estrada. O CD que ouvi por aqui foi o Dom Quijote, o qual não
consegui descobrir a data de lançamento. Pra complicar o site dos caras é
em japonês sem versão em outra língua.
Rock Trash. Um som muito bom com uma intenção muito bacana.
Apesar da barulheira o som é limpo e soa como deve soar. É extremamente
ver uma figura cantando em japonês. Existe rima!
O que não gostei foi do jeito extremamente americanizado de fazer
música. Gostei muito do som final. Mas ele são japoneses, ora! Tenham um
pouco de amor Samurai à sua pátria! De interessante e diferente de
verdade existiram poucas coisas Em algumas músicas existe um coro que
aí sim tem cara de Japão. O jeito de cantar e o timbre de voz do coro e do
vocalista também são bem característicos. Além disso, as notas que o
vocalista dá também soam estranhas em alguns momentos. É a maldita
escala de duzentas e tantas notas que eles estão acostumados. Mais uma
vez o ouvido ocidental nos trai. Mas tá certinho. Uma coisa extremamente
divertida e caricata é que existem umas notas agudas que o vocalista não
consegue fazer. O que ele faz então? Grita! Não um grito bonito, com
técnica apurada. Aqueles gritos de karatê mesmo. Exagerados. Uterinos.
Sensacionais.
Caso você curta um som pauleira light, headbanger mesmo, pra ficar
tonto e viajar ao mesmo tempo Eastern Youth é uma excelente sugestão!
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5) Trio da Paz
País: Brasil
Site Oficial: http://triodapaz.com/
Estilo: Jazz
Nota: 10+
Release
Eu não sei o que fui fazer perdendo tempo de não ter conhecido
esses caras antes na vida. Trio da Paz é uma das coisas mais magníficas
que já ouvi na minha humilde existência. Romero Lubambo no Violão,
Nilson Matta no contrabaixo e Duduka Da Fonseca na bateria/percussão.
Guardem esses nomes enquanto existirem, por favor.
Eu tive o prazer de ver um show ao vivo desse trio no Festival de Jazz
de Ouro Preto agora em 2006, onde os conheci. O que vi lá com os olhos
que essa terra há de comer foi aquilo que considero a melhor brasileiração
do Jazz existente. Não é bossa-nova nem Jazz americano. É Jazz Brasileiro.
Com tudo aquilo que a nossa terra tem de bom pra oferecer.
O grupo tem um know-how quase ridículo. Eles separadamente já
tocaram com João Gilberto, Baden Powel, Hermeto Pascoal, Chico Buarque
de Holanda, Nana Caymmi, João Bosco, MPB-4, Ivan Lins, Leny Andrade, Al
Jarreau, Herbie Mann, Diane Reeves, Grover Washington Jr, só pra citar
alguns, além dos 21 anos tocando juntos como trio.
Tudo bem. Achou pouco? Então vá ouvi-los! Eu não tenho muito que
falar. Mesmo. A qualidade técnica dos músicos individualmente é absurda.
Nos fios que eles fazem no CD e no show fica claro o quão eles são fodas.
Além
disso,
existe
o
sentimento
claro
pela
música
que
tocam.
Particularmente tenho uma admiração especial pelo jeito de tocar e pelas
idéias de Duduka. Ele é um dos que quero ser igual quando crescer.
Lá em Ouro Preto eles resolveram tocar um Jazz do Hino Nacional.
Brasileiro. Talvez tenha sido uma das apresentações mais emocionantes
que já vi. Foram aplaudidos de pé por um longo tempo e várias pessoas na
platéia não puderam conter o choro.
A propósito, o CD que ouvi foi o Partido Out de 1998. Mas eu duvido
que se você escolher qualquer outro que não seja igualmente fantástico.
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