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XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Composição e fluxo de ácidos graxos na digesta abomasal de vacas leiteiras suplementadas com
diferentes fontes de ácidos graxos insaturados1
Composition and flow of fatty acids in the abomasal digesta of dairy cows fed different sources of
unsaturated fatty acids1
Mauricio Xavier da Silva Oliveira², Jose Esler de Freitas Júnior³, Francisco Palma Renno4, Vítor
Pereira Bettero5, Filipe Zanferrari6, Caio Seiti Takiya7, Tiago Antônio Del Valle8, Filipe Pinheiro
Soares de Queiroz9
1
Parte do trabalho de pós-doutorado do segundo autor, financiado pela FAPESP.
²Graduando em Zootecnia, Universidade Federal da Bahia – UFBA, bolsista de iniciação científica PIBICUFBA. [email protected]
3
Professor Adjunto I do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Bahia- UFBA.
4
Professor Associado do Departamento de Nutrição e Produção Animal da FMVZ-USP.
5
Aluno de doutorado do Departamento de Nutrição e Produção Animal da FMVZ-USP, bolsista FAPESP.
6
Aluno de doutorado do Departamento de Nutrição e Produção Animal da FMVZ-USP.
7
Aluno de mestrado do Departamento de Nutrição e Produção Animal da FMVZ-USP, bolsista FAPESP.
8
Aluno de doutorado do Departamento de Nutrição e Produção Animal da FMVZ-USP, bolsista FAPESP.
9
Graduando em Zootecnia, Universidade Federal da Bahia- UFBA, bolsista de iniciação científica
PIBIC/CNPq.
Resumo: Objetivou-se com este estudo avaliar a composição e fluxo de ácidos graxos na digesta abomasal
de vacas suplementadas com diferentes fontes de ácidos graxos. Foram utilizadas 4 vacas Holandesas (600 kg
±30 kg de DP; peso corporal), multíparas não lactantes, canuladas no rúmen e abomaso, distribuídas em um
quadrado latino 4 x 4, alimentadas com as seguintes dietas: 1) Controle (CT), composto por uma dieta a base
de farelo de soja e milho; 2) (OS), inclusão de 3% de óleo de soja refinado na matéria seca total; 3) (GS),
inclusão de 16% grão de soja “in natura” na matéria seca total; e 4) SCAG, baseada na inclusão de 3% de sais
de cálcio na matéria seca total. Foram analisadas as concentrações de CoEDTA, YbCl3 e FDNi, nas três fases
líquidas, pequenas partículas, e grandes partículas. Houve aumento (P<0,05) na concentração do ácido graxo
C18:1 cis no abomaso de animais que receberem a dieta contento GS quando comparado ao SCAG (contraste
3). Os animais submetidos às dietas contendo fontes de gordura apresentaram maior fluxo de AG 18:2 em
relação a dieta controle (P<0,05). Além do mais, as vacas alimentadas com a dieta contendo grão de soja
apresentaram maior fluxo de AG 18:1 cis em relação às dietas com sais de cálcio de ácidos graxos de acordo
com o contraste 3. O uso de fontes de ácidos graxos insaturados em dietas de vacas leiteiras não lactantes
aumenta o fluxo de ácidos graxos no abomaso.
Palavras–chave: biohidrogenação, cloreto de itérbio, CoEDTA, FDNi, grão de soja, óleo de soja
Abstract: This study aimed to evaluate the composition and flow of fatty acids in the abomasal digesta of
cows fed different sources of fatty acids. Four Holstein cows (600 kg ± 30 kg of body weight, non-lactating,
multiparous, cannulated in the rumen and abomasum) were used. They were distributed on a 4 x 4 Latin
square design and fed the following diets: 1) control (CT), composed by a basal diet made corn and soybean
meal; 2) (OS) inclusion of 3% of soybean oil in the dry matter; 3) (GS), inclusion of 16% of soybean "in
natura" in the total dry matter; and 4) SCAG based on inclusion of 3% of calcium salts in the total dry matter.
Concentrations of CoEDTA, YbCl3 iNDF in the three liquid phases were analyzed, as well as large and small
particles. There was an increase (P<0.05) in the concentration of the fatty acid C18:1 cis in the abomasum of
the animals receiving the diet containing GS when compared to SCAG (contrast 3). The animals submitted to
diets containing fat sources showed higher flow of the fatty acid C18:2 when compared to the control diet (P
<0.05). Besides, cows fed diets containing soybean had a greater flow of the fatty acid C18:1 cis than the
diets with calcium salts of fatty acids, according to the contrast 3. The use of sources of unsaturated fatty
acids in diets of non-lactating dairy cows increased the flow of fatty acids in the abomasum.
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XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Keywords: biohydrogenation, CoEDTA, iNDF, soybeans, soybean oil, ytterbium chloride
Introdução
Os ácidos graxos provenientes da dieta podem passar por diversas alterações até chegarem ao
intestino para serem absorvidos. Entre elas podem ser citado às perdas esperadas com o metabolismo
microbiano de ácidos graxos de cadeia longa e a insignificante absorção pelo epitélio ruminal (Doreau
& Jenkins, 2007). A intensidade da biohidrogenação depende da fonte e da quantidade destes ácidos graxos,
exceto quando eles são protegidos da ação microbiana (Jenkins et al., 2007). Pesquisadores escolhem fontes
de ácidos graxos poliinsaturados (C18:2 e C18:3) a serem utilizados em dietas de vacas leiteiras visando
justamente a exploração dos processos digestivos. Na maioria dos estudos conduzidos nas décadas de 80 e
90, as fontes de gordura mais utilizadas nas dietas de vacas leiteiras incluíam: óleos, sementes de oleaginosas
ou extrusadas, gordura amarela, gordura amarela hidrogenada, sebo, sebo parcialmente hidrogenado, sebo
peletizado, ácidos graxos peletizados e sais de cálcio de ácidos graxos. Diante disso, objetivou-se com este
estudo avaliar a composição e fluxo de ácidos graxos na digesta abomasal de vacas suplementadas com
diferentes fontes de ácidos graxos.
Material e Métodos
Foram utilizadas 4 vacas da raça Holandesa, multíparas, não-lactantes, canuladas no rúmen e abomaso
em um quadrado latino 4 x 4 constituído por quatro períodos, com duração de 22 dias cada um, sendo os 12
primeiros dias de adaptação às dietas e os demais para avaliar as variáveis mensuradas. Os animais foram
alojados em estábulo tipo “free-stall”, em baias individuais. As vacas foram alimentadas com quatro dietas
durante o período experimental, formuladas para serem isonitrogenadas, de forma a atenderem as exigências
nutricionais de vacas secas com aproximadamente 600 kg de peso corporal, conforme recomendações do
NRC (2001): 1) Controle (CT), dieta com aproximadamente 3,0% de extrato etéreo; 2) Óleo de soja (OS),
dieta com aproximadamente 6,0% de extrato etéreo; 3) Grão de soja (GS), dieta com aproximadamente 6,0%
de extrato etéreo, baseada na inclusão de 16% grão de soja “in natura” na matéria seca total; e 4)
MEGALAC-E® (Química Geral do Nordeste e Arm & Hammer, Inc.) (MG), composto por uma dieta com
aproximadamente 6,0% de extrato etéreo, baseada na inclusão de 3% de MEGALAC-E na matéria seca total.
As respectivas dietas e água foram fornecidas “ad libitum” durante todo período experimental. O volumoso
utilizado durante o experimento foi silagem de milho. As amostras da digesta abomasal, foram coletadas
entre os dias 13 e 15 do período experimental a cada 9 horas, perfazendo um total de 8 amostras
representativa no período de 24 horas em 3 dias de acordo com Krizsan et al., (2010). Foram coletadas
amostras com quantidades aproximadas de 750 ml sendo está dividida em três sub-amostras de forma que
foram analisadas as concentrações de CoEDTA, YbCl3 e FDNi, nas três fases liquidas, pequenas partículas, e
grandes partículas para reconstituição da digesta verdadeira. A extração da gordura dos alimentos e da
digesta abomasal foi realizada de acordo com o método de Folch & Stanley (1957) e posteriormente foi a
realizado o processo de metilação. Os lipídeos foram extraídos por homogeneização da amostra com uma
solução de clorofórmio e metanol 2:1. As análises estatísticas foram realizadas pelo procedimento MIXED
do programa computacional SAS, versão 9.0 . Para avaliação dos efeitos de tratamentos foram considerados
os contrastes ortogonais: C1= controle versos fontes de gordura (óleo de soja, grão de soja e sais de cálcio de
ácidos graxos); C2= óleo de soja versos sais de cálcio e grão de soja; C3= grão de soja versos sais de cálcio.
Todos os dados obtidos foram submetidos à análise de variância adotando-se o nível de significância de 5%.
Resultados e Discussão
Houve aumento (P<0,05) na concentração do ácido graxo C18:1 cis no abomaso de animais que
receberem a dieta contento GS quando comparado ao SCAG (contraste 3). Esse aumento indica, de acordo
com Chilliard et al., (2007) qual a rota do processo de biohidrogenação a dieta foi submetida. Quando se
aumenta as concentrações de C18:1 trans-11 (vacênico) no abomaso, e respectivamente no leite, existe a
indicação que o processo de biohidrogenação ocorreu em sua maioria pela principal rota a qual gera como
principal ácido graxo o acido linoléico conjugado (ALC) C18:2 cis-9, trans-11. Quando ocorre desvio da
rota do processo de biohidrogenação pela segunda rota proposta por Chilliard et al., (2007) há maior
produção principalmente do ácido graxo C18:1 cis-11 e do CLA C18:2 10 -12 (Tabela 1). Os animais
submetidos às dietas contendo fontes de gordura apresentaram maior fluxo de AG 18:2 em relação a dieta
controle (P<0,05). Além do mais, as vacas alimentadas com a dieta contendo grão de soja apresentaram
maior fluxo de AG 18:1 cis em relação às dietas com sais de cálcio de ácidos graxos de acordo com o
contraste 3.
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XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Tabela 1- Composição e fluxo abomasal de ácidos graxos de acordo com as dietas experimentais
Dietas Experimentais1
Valor de P
EPM2
C
OS GS SCAG
C1 C2
C3
Composição Abomaso, g/100 de AG
16:0
13,8 14,1 15,2 14,6
0,25 0,20 0,23 0,35
18:0
1,5 3,6 3,1
2,7
0,35 0,06 0,36 0,66
18:1 trans
1,4 1,2 1,7
1,2
0,23 0,93 0,63 0,34
18:1 cis
4,3 4,3 7,0
4,6
0,44 0,26 0,12 0,04
18:2 cis9, trans11
0,01 0,01 0,01 0,01
0,01 0,48 0,87 0,06
18:2 trans10, cis12
0,01 0,01 0,01 0,01
0,01 0,65 0,63 0,17
18:2
1,5 3,6 3,1
2,7
0,35 0,06 0,36 0,66
18:3
0,12 0,32 0,21 0,29
0,03 0,11 0,44 0,49
Fluxo de AG, g/dia
18:1 trans11
11,4 16,1 19,5 7,2
3,5 0,74 0,76 0,27
18:1 cis
32,0 49,0 72,6 28,2
6,8 0,20 0,92 <0,01
18:2
10,3 37,7 31,3 18,1
4,1 0,03 0,14 0,19
18:3
0,92 3,12 2,12 2,0
0,37 0,09 0,24 0,90
1Controle (C); óleo de soja (OS); grão de soja (GS); sais de cálcio de ácidos graxos (SCAG),
(Megalac-E®). C1= controle versos fontes de gordura (óleo de soja, grão de soja e sais de cálcio de
ácidos graxos); C2= óleo de soja versos sais de cálcio e grão de soja; C3= grão de soja versos sais de
cálcio. 2 Erro padrão da média.
Conclusões
A utilização de grão de soja cru integral, assim como sais de cálcio de ácidos graxos insaturados,
aumentam o fluxo dos ácidos graxos insaturados linoleico e linolênico no intestino de vacas leiteiras em
lactação, sem alterar os demais parâmetros envolvidos no metabolismo de ácidos graxos.
Literatura citada
CHILLIARD, Y.; GLASSER, F.; FERLAY, A. Diet, rumen biohydrogenation and nutritional quality of cow
and goat milk fat. Europe Journal Science Technology, v. 109, p.828-825, 2007.
DOREAU & JENKINS. Assessing rumen biohydrogenation and its manipulation in vivo, in vitro and in situ.
Eur. J. Lipid Sci. Technol, v.109, p. 740–756, 2007.
FOLCH, J.; LEES, M.; STANLEY, G. H. S. A simple method for the isolation and purification of total lipids
from animal tissues. Journal of Biological Chemistry, v,226, p.497–509, 1957.
JENKINS, T.C.; BRIDGES W.C. Protection of fatty acids against ruminal biohydrogenation in cattle.
Europe Journal Lipid Science Technology, v 109, p.778-789, 2007.
KRIZSAN, S. J.; AHVENJARVI, S.; VOLDEN, H.; BRODERICK, G. A. Estimation of rumen outflow in
dairy cown fed grass silage-based diets by use of reticular sapling as an alternative to sampling fron the
omasal canal. Journal of Dairy Science, v. 93, n. 3, p.1138-1147, 2010.
NRC. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of dairy cattle. Washinton, D.C.:
National Academic Press, ed. 7, p. 381, 2001.
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