Local Conference Call BRF S.A. Resultados do Segundo Trimestre

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Local Conference Call BRF S.A. Resultados do Segundo Trimestre
Local Conference Call
BRF S.A.
Resultados do Segundo Trimestre de 2013
30 de julho de 2013
Operadora: Bom dia e bem-vindos à áudio conferência do segundo trimestre de
2013 da BRF S.A. Informamos a todos que este áudio conferência e os slides
estão sendo transmitidos pela Internet através do site www.brf-br.com/ri. A
apresentação está também disponível para download em sua versão completa.
Neste momento todos os participantes estão conectados apenas como ouvintes e
mais tarde iniciaremos a sessão de perguntas e respostas quando as instruções
para os senhores participarem serão fornecidas. Solicitamos que cada participante
faça apenas uma pergunta.
Caso necessitem de alguma assistência durante a áudio conferência queiram, por
favor, solicitar a ajuda de um operador digitando asterisco zero.
As declarações contidas neste áudio conferência relativas à perspectiva dos
negócios da empresa, às projeções eresultado e ao potencial de crescimento da
empresa constituem-se em meras previsões e foram baseadas nas expectativas
da administração em relação ao futuro da empresa. Estas expectativas são
altamente dependentes de mudanças no mercado, do desempenho econômico
geral do país e do setor e dos mercados internacionais, estando sujeitas a
mudanças.
Cabe lembrar que este áudio conferência está sendo gravada.
Estão presentes nesta conferência o Sr. Abílio dos Santos Diniz, Presidente do
Conselho de Administração; o Sr. José Antônio do Prado Fay, Diretor-Presidente e
o Sr. Leopoldo Saboya, Diretor Vice-Presidente de Finanças, Administração e
Relações com Investidores.
Eu gostaria agora de passar a palavra aos administradores da companhia.
Sr. José Antônio do Prado Fay: Bom dia a todos. Gostaria de agradecer a
presença de vocês no nosso call. A gente vem apresentando então os resultados
do segundo trimestre de 2013. Vamos iniciar com a palavra do nosso Chairman
Sr. Abílio Diniz. Por favor, Abílio.
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Sr. Abílio Diniz: Bom dia a todos, obrigado por estarem participando dessa
teleconferência. Eu tenho muito prazer estar aqui nesta casa, sou agora um
veterano de 110 dias desde que fui empossado no dia 9 de abril e a cada dia que
passa mais fico impressionado com essa companhia pelo que ela já fez e pelo
potencial que ela tem para fazer.
Nesses 110 dias eu tenho procurado corresponder às expectativas dos acionistas
e tenho procurado ser um Chairman mais presente. Eu tenha ficado mais junto à
companhia, dado mais tempo e procurado contribuir para as melhorias que
puderem ser feitas. Nós criamos um Steering Committee com quatro pessoas (um
Steering Committee do Conselho de Administração) com quatro membros do
conselho que sou eu e o vice-presidente, o Sergio Rosa, o Pedro Faria e o Walter
Fontana.
Um Steering Committee, acredito, bem equilibrado, com uma pessoa nova na
companhia mas conhecedora de gestão e do mercado brasileiro; com uma das
pessoas que criaram, fizeram essa companhia se desenvolver; com um jovem
investidor que está hoje no Conselho e que acompanha esta companhia de muito
tempo e o Sergio Rosa que dispensa comentários, é uma pessoa, um
administrador brilhante ligado aos fundos de pensão, ligado à Previ, ex-presidente
da Previ.
Eu diria a vocês que temos feito um bom trabalho, temos feito um trabalho firme.
Contratamos três consultorias: a Galeazzi, o BCG e a Mckinsey que já estava aqui
dentro e nós recontratamos agora para nos ajudar no planejamento estratégico,
planejamento este que nós faremos durante três dias na segunda quinzena de
outubro.
Estamos avançando no plano de 100 dias que nós mesmos traçamos mas não
ficamos refém das nossas próprias palavras: nesses 100 dias poderiam ser 90,
podem ser 120, não será muito mais do que isso. Estamos praticamente prontos.
Estamos praticamente com todas as coisas desenhadas com toda a tranquilidade.
Agora eu gostaria de dizer para vocês que vocês não fiquem esperando na
divulgação desse trabalho nada de sensacional, nada de espetacular. Eu
pessoalmente não acredito nisso. Eu acredito no trabalho daquilo que eu costumo
chamar de homens do terno marrom, que realmente não procuram se destacar
muito, não procuram aparecer muito, não tem agenda própria e procuram
trabalhar silenciosamente para a companhia.
O que eu acredito é nisso. O que eu acredito é em time. O que eu acredito é num
trabalho consistente de dia a dia, começar de baixo para cima e colhendo os
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resultados do alto que são as vendas, o Ebitda e o lucro. Esse é o trabalho que eu
acredito.
Estou encontrando aqui por parte dos administradores dessa companhia um total
apoio a tudo aquilo que nós estamos fazendo e tenho certeza que nós vamos
poder contribuir muito para melhorar aquilo que já bom.
Agora não fiquem esperando nem de leve jogadas espetaculares, pirotecnia,
coisas de efeito. Nós preferimos trabalhar com calma, silenciosamente ir
mostrando resultados para vocês investidores e fazendo aquilo que eu na primeira
fala me comprometi com vocês: de que cada dinheiro investido nesta companhia
nós iremos prestar atenção no que isso representará de retorno para os
acionistas. A coisa mais importante que nós consideramos é isso: que os
acionistas tenham retorno do seu capital entregue.
É claro que isso não é tudo; nós acreditamos que a primeira coisa é o lucro, nós
acreditamos em coisas para além do lucro, beyond the profit, alguma coisa mais,
uma satisfação, alegria, felicidade de trabalharmos todos juntos, sermos
comprometidos com todos os stake-holders e fazer com que esta seja uma
companhia realmente uma companhia cidadã, uma companhia comprometida com
aquilo que eu procuro divulgar sempre, de um capitalismo consciente.
Muito bem. Eu não quero prolongar a minha fala. Eu gostaria de fazer apenas
alguns comentários. Fala-se muito em desaceleração do mercado brasileiro, do
Brasil em crise, do Brasil com dificuldades, ninguém mais acredita no Brasil.
Olha, aqui na BRF, nesta casa, nós continuamos acreditando no Brasil e temos
razões para isso. Primeiro, as nossas vendas no primeiro semestre, neste primeiro
semestre, elas cresceram 4,2% sobre o ano de 2012 e isso se nós não
considerarmos o ajuste que nós fizemos por conta do Cade; se nós considerarmos
o ajuste por conta do Cade nós crescemos 14,6 em volume e 32% em
faturamento.
Para nós não há crise; para nós não há problemas com o Brasil; para nós há uma
confiança fortíssima no nosso país e no nosso mercado interno, na força do nosso
mercado interno e inclusive na nossa capacidade de exportação, que também
continuamos exportando firmemente e vamos exportar muito mais.
A nossa confiança é tanta no nosso país que nós já investimos nesse primeiro
semestre R$ 1 bilhão. Isso está dentro das nossas expectativas de Capex - depois
o Fay e o Leopoldo vão falar melhor sobre isso - nós vamos ficar um pouco abaixo
do guidance que nós demos para vocês de Capex, mas isso é por determinação
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nossa interna, decisão nossa. Mas a nossa confiança no país está aí: R$ 1 bilhão
investidos neste primeiro semestre.
Muito bom. Eu embora me sinta, como falei para vocês, um veterano de 110 dias
não quero falar muito, quero deixar a palavra para aqueles que estão aqui há
muito tempo, conhecem essa companhia profundamente: para o Fay, para o
Leopoldo e para os outros administradores que estão aqui.
Mas quero passar isso para vocês: esta companhia é sensacional. O trabalho que
essa companhia fez no ajuste imposto pelo Cade é algo para quem chega de fora
- e eu não participei de isso e sou insuspeito para falar - é um trabalho realmente
incrível, excepcional, feito por homens profissionais, por homens conscientes,
dedicados ao trabalho.
Realmente a recuperação que nós fizemos tanto de vendas quanto de ativos é
realmente espetacular e eu posso dizer isso tranquilamente porque não participei
desse grande trabalho, estou participando agora dessa fase de ajustes e
realmente procurando, como disse a vocês, procurando melhorar aquilo que jáé
bom.
Muito bom, muito obrigado, vou passar a palavra para o Fay.
Sr. José Antônio: Obrigado Abílio, novamente bom dia a todos. O semestre que
a gente está apresentando... o trimestre é um bom trimestre: crescemos 10% a
ROL sobre o mesmo período quando a gente compara com ano passado e mais
de 4% conforme falou o Abílio em relação ao trimestre anterior, portanto
companhia mantém o seu driver de crescimento que tem sido o nosso histórico:
estamos crescendo na faixa de 10%, mantendo o nosso crescimento na faixa de
10%.
A companhia está vivendo um bom momento financeiro operacional: apesar de um
cenário global um pouco mais desafiador a gente está numa situação bastante
robusta financeira, apresentando uma situação bastante robusta e
operacionalmente estamos terminando uma fase toda de infraestrutura que é
muito importante.
Como os principais fatos do trimestre eu diria que o primeiro deles - sem ter ordem
hierárquica de importância - é a redução gradual dos custos conforme nós viemos
falando e está coerente com nosso discurso dos últimos trimestres. O que a gente
esperava é que houvesse um alívio nos custos não tão grande, gradual, e isto vem
acontecendo efetivamente e fundamentalmente por causa do milho. O milho na
safra brasileira é muito grande e a safra americana está praticamente definida,
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portanto o milho já está operando nos preços mínimos, está operando já nos
preços de leilão do governo e então isso é bom. A volatilidade está toda no farelo.
O que nos torna mais cautelosos é o sistema soja. O sistema soja além de estar
apresentando um estoque de passagem americano muito baixo ainda existe
aquela especulação de clima que só vai terminar lá para o final de agosto e o
farelo vem resistindo o preço em Chicago acima de US$500, ou seja, continua alto
e como nós já falamos muitas vezes muito volátil. Essa volatilidade veio para ficar
no nosso negócio e mexer, e saber lidar com essas variáveis é fundamental para o
sucesso da companhia.
Na sequência já vem a questão do reajuste de câmbio que aconteceu no trimestre
que foi bastante grande e que também faz parte desse sistema volátil que tem
impactos no nosso negócio positivos e também tem impactos de custo; net - net
tem um impacto positivo.
Um outro ponto que eu queria ressaltar éa inauguração do nosso centro de
inovação. Isso é uma parte fundamental da nossa estratégia. Uma companhia
como a nossa, uma companhia de consumo de processados que tem essa
ambição - e não só ambição mais lidera já o mercado brasileiro de processados precisa ser uma companhia inovadora. Embora a gente venha apresentando
muitos lançamentos e venha cumprindo uma agenda bem extensa nesse sentido
nós tínhamos o nosso P&D disperso, nós nunca tínhamos conseguido juntar, por
falta de infraestrutura o nosso P&D.
Hoje nós temos todo mundo lá em Jundiaí num centro de inovação que é um dos
melhores do mundo, extremamente bem aparelhado não só para atender o Brasil
mas também para atender as nossas operações globais desenvolvendo novos
produtos para as áreas de food service, de mercado interno, de lácteos, enfim, de
bovinos, de todas as nossas operações. O centro já foi inaugurado e já está em
operação.
Outro fato importante foi a emissão dos bonds. Emitimos os bonds e conseguimos
os mais baixos custos que uma empresa brasileira já conseguiu no exterior. Foi
uma operação extremamente bem-sucedida que fizemos durante esse tri.
E também para finalizar os fatores importantes durante esse tri nós estamos
concluindo a infraestrutura necessária para a integração das forças comerciais, e
não só das forças comerciais mais de toda a nossa atividade comercial. Esse é
um trabalho longo que começou ano passado e que eu diria que é a última
atividade da fusão propriamente dita, que faz com que todas as nossas forças de
vendas tenham o mesmo palm top, que todos os nossos centros de distribuição
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sejam capazes de distribuir todos os nossos produtos independente da marca,
independente do segmento.
Isso nos leva então, considerando o cenário, a continuar positivos. Nós temos as
nossas cautelas; evidentemente o nosso negócio ele é intrinsecamente volátil e
portanto é preciso que a gente tenha as cautelas, mas tudo o que a empresa vem
fazendo, tudo o que a empresa vem realizando nos torna bastante positivos,
bastante positivos em relação ao nosso futuro.
Só alguns highlights que o Leopoldo depois vai entrar em detalhes: eu acho que
vale à pena salientar no mercado interno - o Abílio tocou no ponto - mas na nossa
reunião lá do semestre passado nós estávamos num cenário de início de
cumprimento do Cade e de um grande aumento de custos internos da companhia,
e ali nós falamos que nós estávamos começando a executar um planejamento que
nós executamos na verdade em 2011, de como nós passaríamos as obrigações
que o Cade nos impôs, como nós passaríamos isso.
Começamos a executar e eu estou muito contente em estar entregando, porque
planejar uma coisa que a gente sabe fazer é a parte mais fácil do trabalho; a
execução é sempre muito importante e realmente nós estamos executando: 32%
de crescimento e 14 no volume considerando o momento em que isso aconteceu
é realmente uma entrega bastante interessante e em linha com o que nós
havíamos dito naquela reunião: que nós recuperaríamos boa parte do volume
porque havia um volume que não era um volume das que nós vendemos mas
volume das que nosso suspendemos, e isso portanto não tem nenhum problema
em relação ao acordo que nós fizemos com o Cade porque nós sabíamos que
havia uma parte do volume que ficaria na disputa de todas as companhias, porque
era um volume de marcas que foram suspensas e que saíram do mercado como
Batavo, por exemplo, que foi uma marca que saiu do mercado de carnes.
Então esse volume que ficou solto foi o foco que nós demos para a recuperação
da nossa escala que eu considero uma coisa muito importante e acho que é um
dos principais fatores que eu queria ressaltar no mercado interno.
Ainda gostaria de comentar a parte das despesas que eu acho que é importante
porque houve um aumento nas despesas. Quando a gente olha no mercado
interno houve... na verdade nós tivemos no primeiro trimestre uma atividade baixa
de trade marketing e de marketing efetivamente, então de certa forma algumas
despesas se postergaram e isso explica quase a metade da variação total dos
gastos de SG&A.
Então quando eu olho eu prefiro olhar a média, o semestre, e a gente vê que o
mercado interno apresenta 14% de Ebitda, o que é um bom resultado. Nós
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atétemos historicamente resultados melhores que esse, é verdade, mas na
verdade considerando o cenário que a empresa está operando e todas essas
modificações que nós estamos fazendo eu acho que o atingimento de 14% de
margem Ebitdaé bastante bom.
Quanto a highlights do mercado externo eu acho que o resultado que nós tivemos
nesse tri é fruto de uma boa gestão de custo, preço e volume porque é justamente
no mercado externo que os ajustes, os grãos, pesam mais, e como vocês sabem
nós temos uma grande exportação de griller que grão vale 60% do custo de um
griller, então é um momento em que a companhia tem de saber gerir
adequadamente custo, preço e volume, considerando que tem cadeia anterior e
eu acho que nós fizemos bastante bem isso e os números expressam o avanço
que nós tivemos no mercado externo.
Como highlight eu diria que a Europa e Oriente Médio de certa forma suportam a
perda da Ucrânia e de algumas liquidações que a gente faz na África e isso dá um
resultado positivo no nosso negócio.
Ainda acho que vale a pena ressaltar lácteos e food service. Food service bem a
sua operação. É claro que tem um pouco mais de dificuldade; existe uma
desaceleração no crescimento desse setor - está cheio de notícias aí - mas a
gente ainda assim cresce. O que acontece é que o mix fica mais básico, esse é o
principal ponto.
O outro ponto que acho que vale à pena ressaltar é lácteos. Lácteos na verdade
está se beneficiando de duas coisas: uma que são estruturais, ou seja, desde
setembro do ano passado a gente vem tomando ações estruturais na nossa área
de lácteos buscando melhoria de resultado. Isso foi positivamente impactado por
um cenário muito bom para o segmento nesse primeiro semestre: nós tivemos a
área de lácteos então com dois hits positivos. O que nós fizemos que é estrutural,
que vai ficar.
E uma parte que é conjuntural e que é o bom momento do setor de lácteos
fundamentalmente pela seca na Nova Zelândia, o que torna a disponibilidade
global de leite em pó baixa e isso faz com que o segmento como um todo suba as
suas margens e não só do produtor, até o distribuidor, aumenta o profit pool
disponível. Então lácteos tem essas duas coisas. Evidentemente tem uma questão
conjuntural mas tem também aí um resultado estrutural do que vem sendo feito.
Bom, de uma forma geral essas seriam as coisas que eu queria ressaltar e agora
o Leopoldo vai passar pelos detalhes do que eu falei, botar um pouco mais de
números e alguns detalhes e depois então nós vamos para o Q&A. Obrigado.
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Sr. Leopoldo Saboya: Obrigado Fay. Vamos dar sequência então à
apresentação. Eu vou buscar traduzir em números o que o Abílio e o Fay falaram
procurando me ater ao que a gente ainda não tocou nessa conversa. Vamos direto
então para o slide 6 que a gente começa por aqui mostrando que de fato quando a
gente compara o semestre contra o ano passado nós tivemos um balanço muito
bom de contribuição positiva tanto advinda do mercado externo quanto no
mercado interno na recuperação da lucratividade da companhia, de volta a
patamares históricos e business as usual.
O slide seguinte quebra um pouco mais em detalhe o trimestre, onde de fato
nossa gestão de preço de custo fez com que a margem bruta ela voltasse a abrir
cerca de 310 pontos no trimestre e isso também ainda garante no semestre quase
300 pontos de melhora de margem bruta e isso se traduz depois no Ebit
igualmente porque a gente conseguiu, como já foi dito, manter as despesas até
abaixo do passado. No segundo tri delas ficou um pouco acima do que fora no tri
anterior, mas ainda assim estão abaixo do ano passado.
Seguindo adiante então no slide 8 a gente vê o Ebitda e também atingimos quase
1,8 bilhões nesse primeiro semestre (o Ebitda ajustado) que se compara com 1,1
bilhões do ano anterior.
O lucro líquido também no trimestre fica bastante acima e no semestre também
cresce mais de 250% (de 160 milhões para 567 milhões) mesmo considerando o
efeito cambial contábil que fez ocorrer nesse segundo tri.
O último slide que compara principais elementos da nossa DRE a gente já traz
uma comparação com o trimestre anterior e aqui nós vamos também fazer um
pouco essa comparação porque é lógico que é importante comparar com o ano
anterior, mas também entender no curto prazo que está acontecendo para verificar
a tendência de negócios daqui até o final do ano.
Então quando a gente olha o segundo contra o primeiro tri a gente verifica que a
empresa conseguiu também ter um incremento de margem bruta e isso se
traduziu em boa parte para o Ebitda; mostramos também despesas, como
veremos, adicionais, e uma boa parte delas intencional. A companhia sabia que
precisava gastar mais, sobretudo no trade, para ter uma dinâmica mais fluida de
mercado. O lucro líquido ele cai pelo efeito não caixa da exposição líquida do
nosso balanço. Isso aí eu vou entrar em mais detalhes quando eu falar da dívida.
Seguindo então para a nossa visão, um olhar um pouco de cinco trimestres que o
volto para o segundo tri de 2012 e a gente vê aí a performance crescente da
companhia em termos de Ebitda. Como já foi dito pelo Fay o nosso primeiro
semestre teve uma margem boa, historicamente até acima do que a gente
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jáapresentou. A gente sabe que o potencial da companhia é além do que está aí;
mas dentro das nossas circunstâncias de mercado estamos bastante satisfeitos
com o que foi entregue, o que significa exatamente 3,8 pontos percentuais acima
do ano passado.
Seguindo adiante, na visão da receita a gente já comentou - agora estou no slide
11 - que nós temos um crescimento de 10% no trimestre e 11,8 de crescimento do
top line do primeiro semestre desse ano e a gente pode observar até
graficamente, e fica bem claro isso, que a companhia não teve nenhum tipo de hit
ou de desfalque da sua receita por conta dos efeitos do TCD, o que enaltece a
nossa capacidade de manter as receitas em níveis praticamente inalterados e até
o contrário, crescentes em relação ao que era a base de comparação no ano
passado, que era uma base bastante diferente.
Olhando a composição da receita líquida pelos principais negócios a única coisa
que eu destacaria aqui é que se eu colocasse aqui o mesmo gráfico de um ano
atrás a gente não teve uma grande alteração. O nosso total, o total de
processados da maneira como a gente divulga, ele se manteve praticamente
estável mesmo companhia tendo alienado, suspendido ativos quase que
exclusivamente de processados. Eu acho que isso é uma excelente notícia porque
a companhia recupera seu faturamento justamente nas categorias de maior valor
agregado e isso é uma coisa que enaltece a execução e enaltece a nossa
capacidade de entrega para frente.
Olhando para o slide 13 que fala em números o que aconteceu com o CPV,
aconteceu justamente mais ou menos como a gente esperava: que após uma
escalada de custos, sobretudo das commodities agrícolas nós vivemos uma
acomodação do quarto para o primeiro tri, mas ainda um pequeno repique advindo
do milho - e só lembrando, esse repique foi o que machucou o resultado do
mercado externo sobretudo, e esse alívio que acontece é um alívio ainda modesto
mas é um alívio que já faz, traz seus resultados positivos para o mercado externo;
ainda não muda o ponteiro do mercado interno porque como vocês sabem, por ter
um mix de produtos muito mais de valor agregado ele não traz ainda efeitos, e por
conta desse repique do câmbio o custo médio da companhia ele não deverá ter o
mesmo tipo de arrefecimento que teria no câmbio anterior, e eu acho que isso é
compreendido por todos.
É positivo ainda no overall da companhia, mas traz efeitos benéficos no bottom
line para o mercado externo e para o mercado interno. Ele não vira uma alavanca
de resultado como se esperava no patamar de dólar anterior.
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Mas de toda forma é uma tendência positiva, e só para dar um pouco de números
sobre o que aconteceu - números de mercado, não são os números da companhia
- mas no segundo trimestre de 2013 os preços do milho no mercado interno eles
estavam praticamente flat em relação a um ano atrás (ao segundo tri de 2012),
mas eles se comportaram 19% abaixo do primeiro tri porque justamente eles
tiveram esse repique muito forte e cederam; cederam pela colheita da safra, o
câmbio mais alto agora no terceiro tri também faz ele se acomodar num patamar
um pouquinho alto mas ainda abaixo do que fora ao final do ano, início desse ano,
o que é favorável aos nossos negócios.
Já o farelo, bem na linha do que o Fay comentou, tem ainda muita incerteza
internacional e o dólar jáé na veia custo adicional, por isso que os preços no
segundo tri eles ficaram 5% apenas do que o primeiro tri do ano (valores de
mercado). Em Chicago cai, mas o preço em real cai pouco.
Seguindo adiante na visão da despesa aqui a gente traz um pouco mais de
detalhes. Então a gente interrompe no segundo tri uma tendência de longo prazo
de redução das nossas despesas pela ROL. Mesmo com toda a perda de receita
imposta pelo Cade e todas as despesas transitórias que nós sofremos naquele
período a gente conseguiu essa tendência decrescente e a gente tem um pequeno
repique.
O Fay já deu os esclarecimentos sobre isso: mais da metade se explica por uma
decisão da companhia de investir mais no trade, principalmente na linha de
marketing trade no mercado interno, e também tivemos algumas despesas que
ocorreram nesse segundo tri, mas que fazem parte do primeiro semestre. Portanto
prefiro avaliar essa despesa como uma despesa global do primeiro semestre que
nós entregamos ainda assim abaixo do ano passado, que foi 16,7 e nesse
consolidado primeiro semestre foi 16% e ainda a capturar sinergias e benefícios
advindos da total integração dos nossos CDs e das nossas equipes comerciais
usando os mesmos equipamentos e potenciais como o Fay já disse, ou seja, a
gente larga de uma base boa para buscar ainda ganhos adicionais.
Seguindo adiante então e agora falando da nossa posição financeira a gente
terminou o trimestre com uma posição muito sólida, com uma liquidez de R$ 3,8
bilhões sendo 2,7 de caixa e equivalentes e 1,1 bilhões de crédito rotativo (é o
nosso revolver).
Em termos de dívida líquida terminamos com R$ 7,4 bilhões e aqui de novo o
destaque aqui embaixo para as nossas captações, e uma boa parte disso, quer
dizer, dos US$ 750 milhões capturados 550 milhões ao todo nós fizemos o liability
management e desses 150 milhões foi uma recompra parcial de um dos nossos
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bonds que estavam outstanding e que valia à pena fazer, e, portanto, o que ficou
mesmo no caixa adicional não foi mais do que 200 milhões de dólares, e de fato
todos sabem que o momento em que a gente fez isso foi absolutamente oportuno,
importante e prepara a companhia obviamente para o crescimento.
Falando então da posição agora em termos de taxa, de ratio, a gente consegue ao
mesmo tempo aumentar o duration da nossa dívida para cinco anos - estamos no
slide 16 - para cinco anos (que é o maior duration que a companhia já teve) com
custos tanto em reais como em dólar também mais baixos do que o tri anterior do
que o ano passado.
O nosso programa também de vencimentos é bastante tranquilo: até para trazer
em perspectiva o que nós temos, por exemplo, para vencimento em 2014 (que é
cerca de 1,4 bilhões) ele se compara com 918 milhões que nós temos
automaticamente de crédito rotativo no rural, e realmente é uma dívida bastante
tranquila de rolar e a companhia nesse sentido está muito bem.
E do ponto de vista de funding a gente aumenta a parcela de mercado de capitais,
que é a tendência natural de uma empresa Investment Grade que procura se
tornar uma empresa global: cada vez mais aumentar essa fatia e é isso que a
gente vem fazendo.
Seguindo o slide que fala então agora da nossa alavancagem. A gente consegue
ainda assim diminuir a nossa alavancagem mesmo com o repique cambial de mais
de 21 centavos apenas nesse trimestre e então nós temos aqui a nossa
alavancagem. Como agente já vinha sinalizando desde o ano passado que ela
seguiria uma tendência de queda - e ela vem seguindo o mesmo, já está em 2,22 e a nossa perspectiva é que continua reduzindo até o final do ano.
Aqui eu faço apenas um esclarecimento que eu acho que importante: eu acho que
todos... eu vi que muita gente fez conta e até ressaltou a forte geração de caixa
que tivemos nesse tri e nesse semestre, e então trazendo em números da maneira
como a gente calcula e até tirando da nossa própria demonstração de fluxo de
caixa contábil - depois a gente pode até circular com vocês, depois o Élcio, a Edna
podem mostrar como é que a gente faz essa conta - a nossa geração de caixa no
tri ela chegou a R$ 450 milhões e aí vem a pergunta: por que é que então a dívida
líquida sobe do primeiro para segundo? Aquié tão somente o efeito do ajuste
cambial sobre a nossa dívida líquida mais a atualização dos nossos hedges tanto
de dívida quanto do cash flow hedge da companhia.
Então essa diferença era explicada por isso, mas éóbvio que isso é efeito não
caixa, que não traz nenhum desembolso de caixa para companhia e por isso a
boa notícia da desalavancagem que sai de 2,38 para 2,22 nesse trimestre.
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Seguindo adiante no investimento no slide 18, como o Abílio já comentou (slide
18) como o Abílio já comentou a gente investe no tri cerca de 1 bilhão de total de
investimentos, e aqui eu acho que vale a pena... a gente fez uma pequena
tabelinha explicando um breakdown dos principais usos desse dinheiro: tem aqui
quebrado em crescimento, suporte, eficiência, biológico e outros entre o primeiro e
segundo tri, mas a gente fez uma quebra mais gerencial até para fazer o link com
nosso guidance.
O primeiro que está em vermelho (ativos biológicos) foi de 255 e está muito em
linha com o guidance de R$ 500 milhões para o ano, portanto é isso que a gente
deve ter para o ano. Pegando o outro extremo da conta que é o Capex que a
gente chama de Capex excluindo o arrendamento mercantil foram 524 no
semestre e o nosso guidance foi de 1,5 bilhões, o que mostra que nesse guidance
de 2 bi a gente estáabaixo, como o Abílio já disse, e devemos entregar abaixo
dessa conta de 2 bi.
Os outros dois valores (aquisições e outros) aquié basicamente a Federal Foods e
isso não está na conta de Capex - é um investimento, mas não é Capex - assim
como o arrendamento mercantil que nós já explicamos isso no outro tri, mas só
relembrando e refere-se a dois built-to-suit de um CD e de um escritório que eles
entram aqui por uma regra contábil, mas não há desembolso de caixa da
companhia e é feito neutro no conceito de EVA, de geração de valor, porque ele
gera uma igual contas a pagar de longo prazo que neutraliza esse aluguel que a
gente paga para esses dois sites, ou seja, no conceito de Capex puro a gente teve
um investimento que não chegou a 800 milhões nesse semestre consolidado.
Vamos então... só aqui uma foto do nosso centro de inovação, nosso Innovation
Center (que é o nome que foi dado). É muito bacana esse centro realmente e ele
vai possibilitar à companhia seguir (no slide 20) seguir focando nas tendências
que nós identificamos e acreditamos que se tornarão tendências do mercado
brasileiro e também algumas do mercado mundial de alimentação.
Se vocês atentarem para os nossos lançamentos recentes eles estão
absolutamente em linha com esses hábitos e atitudes do consumidor e é claro que
esse nosso centro ele acelera e vira um fator de diferenciação da companhia no
sentido de estar à frente das tendências, estar criando tendências de consumo
para o mercado brasileiro.
Vamos falar então de lançamentos no slide 21. A gente destaca aqui não somente
essa nossa linha de Mini Chefs da conveniência e de comida para kids, mas
também o lançamento do Grego no mercado doméstico tendo a inovação do
primeiro Grego líquido - e quem não provou ainda eu fortemente recomendo, o
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produto é muito bom; eu sei que sou suspeito em falar, mas depois vocês me
contem - e temos também vários lançamentos no mercado externo, a nova linha, a
nova identidade visual da marca Sadia no mercado externo sendo toda ela
padronizada entre os mercados, tendo assim até uma regra de diferenciação por
mercado, o que pode e não pode fazer, criando essa estatura de uma marca que
se posiciona globalmente e aqui enfim são apenas alguns exemplos de uma série
de lançamentos que foram feitos.
Vamos agora... na reta final eu vou dar alguns detalhes adicionais sobre o
mercado interno e food service, lácteos e mercado externo que não tenham sido
ainda falados. Então esse primeiro slide do mercado doméstico o Abílio já
comentou. O nosso destaque no conceito de base comparável do semestre é que
a gente cresce na base comparável 32% e isso realmente a gente tem que
destacar porque é fruto de todo um trabalho de planejamento e execução e
entrega que a companhia fez. Foi acima do que a gente disse que faria e isso
obviamente credencia a companhia para continuar muito forte para frente.
Falando então agora no slide 24 sobre como a gente enxerga o resultado - e aqui
eu quero gastar uns minutinhos porque é importante vocês entenderem o que
aconteceu de um tri para o outro, e como é que a gente olha para frente os
resultados do mercado interno - que são mais ou menos o seguinte: quando eu
olho para o ano anterior a base é muito distinta para comparar, então a gente sabe
que tem alguma dificuldade; eu queria me ater ao comparativo das barrinhas
cinzas que são os comparativos do segundo contra o primeiro tri deste ano.
Então quando eu olho nesse comparativo a empresa conseguiu, praticamente
manteve o volume, manteve preço e manteve receita, só que teve uma queda
importante de resultado; quando a gente olha mais granularmente os resultados a
gente vai ver que os volumes eles até crescem de processados e o meu preço ele
cai 0,8 porque eu tive um mix mais rico de vender mais processados; mas nesse
mix mais rico a gente teve a atuação de mercado, alguns movimentos de preço,
alguns movimentos de mais investimento no trade justamente no momento em
que nós sentimos algum enfraquecimento, alguma desaceleração do consumo
interno, e isso foi estratégia contra cíclica da companhia de investir nesse
momento.
Então parte dessa diferença de 6,1 pontos percentuais eu diria que... eu diria não;
com segurança um terço dessa diferença, dessa queda, adveio dessa nossa
intenção de gastar mais nesse tri, e de passagem vale dizer que o nosso
investimento de marketing do grupo ele está até aquém do ano anterior e está
sendo gasto conforme o resultado vai aparecendo.
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Uma outra parte importante disso aqui também aí sim foi... o outro terço dessa
diferença aconteceu por conta dessa compressão dessa margem bruta que foi
basicamente a diferença de um custo que não arrefeceu para o mercado interno e
de um preço que, na margem, ficou aquém do tri anterior. E também uma série de
outras despesas como agente já explicou que aconteceram nesse segundo tri mas
que são mais da competência do semestre.
O que eu quero dizer com isso? Que quando a gente olha para frente a gente tem
sinais de que os meses mais difíceis nesse sentido ficaram para trás, que foi maio
e junho. A gente já vê uma batida melhor em julho e a nossa perspectiva para o
terceiro tri e adiante ela é favorável, ela é positiva, porque a companhia tomou as
ações - algumas amargas - que tinham que ser tomadas neste tri e fizeram essa
queda de resultados ainda para patamares melhores que o ano passado, mas
certamente aquém do primeiro tri.
Mas quando eu olho primeiro semestre da organização e volto para o que o Fay
disse no início da nossa conversa o resultado é bastante positivo olhando para o
overall do mercado interno, e temos uma visão muito positiva para frente.
Vamos falar do mercado externo em bastante resumo. Aqui também eu vou mais
me ater a essa visão do primeiro para o segundo tri que foi aqui justamente o
efeito contrário: tem uma recuperação muito forte em apenas um trimestre, isso
lembrando que nós tivemos uma contração da nossa margem bruta no primeiro tri
praticamente advinda de um repique de custo e sobretudo do milho.
Esse fator igualmente se desacelera ou é favorável à companhia ao longo do
segundo tri; temos o efeito cambial que não foi em cheio, mas ele pegou pelo
menos metade desse trimestre, o que já ajudou também na composição da
margem.
E tem a manutenção de preços. Quando você olha que o preço ele cai um
pouquinho tem algum efeito mix, algum ajuste de preço frente ao primeiro tri foi
feito mas de forma muito controlada, muito parcimoniosa, e isso não corrompeu o
resultado, muito pelo contrário; isso ajudou no escoamento de volumes e na
manutenção do nosso cash margin positivo para o segundo tri e continuidade de
perspectivas boas à frente dados os nossos fatos e sinais que observamos hoje
sobretudo em mercados-chave como a Europa, como o Japão e também como o
Oriente Médio.
Não vou passar em detalhes aqui nos slides que dão mais números sobre cada
um dos mercados até porque o Fay já comentou e eu vou direto para o food
service na página 31. Bom, aqui eu diria que ele tem o mesmo pano de fundo do
mercado interno com menos intensidade. A gente sente contra o ano passado a
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avaliação aqui também tem base diferente porque o food, apesar de ter sofrido
com menor intensidade os efeitos do TCD também teve efeitos que trouxe na
base, e naquele momento nós tínhamos uma realidade onde colocamos também
ênfase na desova de volumes no canal food service e então a base de
comparação ela fica um pouco distorcida.
Quando eu olho as barrinhas cinzas e comparo com o curto prazo mostra que
volumes a gente conseguiu evoluir em relação ao primeiro tri e o resultado
também tem essa compressão em menor magnitude, mas também teve a
compressão pelos mesmos fatores já falados no mercado doméstico. Porém a
perspectiva para o food service é uma perspectiva também favorável de retomada
não só de resultado como também de crescimento.
A gente reconhece que o mercado como um todo de food service ele cresce; mas
ele cresce a taxas menores do que já cresceu no passado recente, e isso também
se deve a alguns fatores macroeconômicos mas também ao próprio
amadurecimento de um mercado que até então tinha uma penetração bastante
limitada e baixa no Brasil.
Seguindo adiante falando então de lácteos eu acho que nós trazemos novamente
mais uma boa notícia aqui fruto do que a gente disse que faria, que era sobretudo
não só uma integração do lácteo, da cadeia lácteos para dentro da companhia que ainda temos coisas a acontecer pela frente - mas o que nós chamamos de um
rightsizing (trazer para o tamanho correto) o negócio de UHT.
Isso foi feito e isso é que explica essa barra azul negativa de volume quando eu
olho o ano anterior e isso trouxe resultados de fato para a organização e esse ano,
uma vez que com o volume menor no canal certo e na região correta fez com que
a companhia, mesmo num momento de custos em elevação (custos do leite
captado em elevação) nós conseguíssemos reputar muito mais preços e portanto
mais margem líquida no nosso negócio e a gente está bastante satisfeito com o
resultado entregue. Não demonstra ainda o potencial que lácteos tem dentro da
BRF, mas já mostra que uma parte do turnaround que a gente se propôs a fazer
está entregue no primeiro semestre.
Bom, em relação ao mercado era isso o que a gente tinha a dizer e agora estamos
aqui eu e o Fay à disposição para as perguntas. Obrigado.
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Sessão de Perguntas e Respostas da Teleconferência em Português
Operadora: Senhoras e senhores, iniciaremos agora a sessão de perguntas e
respostas. Lembramos que cada participante terá direito a uma pergunta. Para
fazer uma pergunta, por favor, digitem asterisco um e para retirar a pergunta da
lista digitem asterisco dois.
Nossa primeira pergunta vem do Sr. Fernando Ferreira, Merrill Lynch.
Sr. Fernando Ferreira: Bom dia, obrigado. Eu tinha uma pergunta em relação a
esse novo projeto que a Galeazzi está fazendo, ou seja, eu queria entender um
pouco melhor onde aqui estão as maiores oportunidades na opinião de vocês
olhando daqui para frente em relação ao corte de custos, de onde a gente deve
esperar essa redução? É mais de reestruturação de parte comercial ou é uma
melhoria na questão de custos? Onde essas oportunidades estão e se não dá
para quantificar agora só pelo menos para ter um pouco mais de detalhe sobre
isso.
E também relacionado a essa pergunta, essa redução de Capex que a gente viu
nesse trimestre eu queria entender se ela veio para ficar ou se a gente deve
esperar um nível de investimento menor daqui para frente. Obrigado.
Sr. José Antônio: Oi Fernando bom dia, aquié o Fay. Conforme o Abílio falou
esse é um trabalho em andamento. Nós não terminamos ainda esse trabalho e
portanto nesse momento a gente não gostaria de comentários sobre ele. Nós
ainda estamos em fase de execução, há muitas coisas para serem feitas. Ele já
andou alguma coisa, mas a companhia não vai nesse momento publicar onde nós
estamos focando, de certa forma, qual é o guidance desse trabalho.
Como o Abílio falou não é nada pirotécnico. Imagina que isso é uma sequência
acelerada - inclusive o plano chama de aceleração - dos projetos que a companhia
vem tocando buscando a última fase da fusão, que são as revenue synergies.
Então eu acho que nós vamos ficar numa situação mais cautelosa e defensiva em
relação a isso até que a gente tenha uma figura mais clara.
Quanto ao Capex nós já tínhamos a expectativa de rebaixar esse Capexhá algum
tempo; mas existe uma cadeia que quando nós tomamos a decisão de baixar o
Capex até que ela efetivamente aconteça, porque os projetos em geral são
projetos de longo prazo, essa redução do Capexé em função de ações e decisões
- fundamentalmente decisões - que foram tomadas há mais de um ano atrás, ou
seja, justamente lá no início do ano passado, até porque o ano passado a gente já
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via um cenário mais complicado globalmente, etc., e nós já tínhamos tomado essa
decisão de redução de Capex e agora começa, então, a aparecer isso.
Nós não estamos fazendo redução de Capex que comprometa o nosso
crescimento, ou seja, a gente continua focando, continuamos focando nos nossos
processados, no mercado externo também; agora entra mais fortemente os gastos
com a fábrica de Abu Dhabi que finalmente nós iniciamos a construção há um mês
atrás, um mês e meio atrás, enfim, esse Capex é realmente fruto de decisões que
não comprometem o crescimento da companhia, que focam no valor agregado e
de certa forma esse é o nível que a gente pretende. Agora depende muito do
futuro, de oportunidades que surjam, e isso pode variar; mas digamos assim esse
passa a ser o nível de cruzeiro de Capex.
Sr. Fernando: Tá legal, obrigado Fay. Só em relação ao Capex vocês investiram
524 milhões nesse primeiro semestre e o guidance foi mantido em 1,5 bi; tem
algum projeto que vocês seguraram e que vai investir no segundo semestre ou dá
para assumir mesmo que vocês não devem alcançar esse guidance e deve ficar
abaixo para o ano?
Sr. Leopoldo: Oi Fernando é o Leopoldo falando. Na verdade nós estamos
mantendo o guidance; desde o início quando nós divulgamos o guidance a gente
dizia que eram 2 bilhões para o ano com viés de baixa; esse viés está se
comprovando, a gente provavelmente não vai realizar todo esse valor. É claro que
algum projeto novo até de aquisição pode aparecer, ou de outras coisas não
previstas, mas tudo mantido como está hoje a gente vai realizar abaixo de 1,5
bilhões o Capex, alguma coisa como entre 1 bilhão e 1,3 bilhões é um número já
hoje mais atualizado.
Sr. Fernando: Obrigado Leopoldo.
Operadora: Nossa próxima pergunta vem do Sr. Gustavo Oliveira, UBS.
Sr. Gustavo Oliveira: Bom dia a todos. A pergunta também é em relação à parte
de despesas administrativas e outros resultados operacionais. Se a gente olhar o
resultado semestral teve um crescimento de 23% em G&A. Eu queria entender um
pouco qual a natureza disso, quais são as principais áreas que estão impactando
e também nos outros resultados operacionais ter um pouco mais de disclosure no
ITR.
E a gente viu uma mudança da natureza dos custos. Essa linha também
aumentou bastante e a parte de participação nos lucros foi o grande responsável
pelo aumento, ao passo que a ociosidade caiu bastante (56 para 34) e eu gostaria
de entender um pouco qual seria a perspectiva para o segundo semestre nessas
17
linhas e como é que vocês poderiam dar um guidance para que a gente possa
estimar melhor essa linha de outros resultados operacionais. Obrigado.
Sr. Leopoldo:Obrigado pela pergunta Gustavo, vamos lá por partes. Falando de
outros resultados operacionais, na verdade ele tem uma variação dentro do
trimestre sim que ela é importante. Quando a gente olha o fechamento do
semestre na nossa visão está muito em linha do que a gente esperava gastar, ou
seja, contra o nosso orçamento, que também não está muito diferente do que fora
o ano passado. Aqui a diferença de um tri (do primeiro para o segundo)
basicamente tem um fato que tem a Doux, que quando a gente faz a venda do
ativo a gente tem o reconhecimento do que foi a diferença do valor que estava nos
nossos livros, os adiantamentos, para o valor de venda realizado.
Essa diferença era perfaz cerca de 30 milhões brutos. Desses 30 milhões brutos
tem vinte e poucos (21 milhões para ser mais preciso) que está nessa linha de
outros e tem 10 milhões que está na linha de financeiras e isso líquido de IR vai
dar cerca de 21 milhões que foi para o bottom line da companhia nesse trimestre.
Depois nós temos um pouco mais de provisões que foram feitas nesse tri contra o
primeiro tri e é isso que eu chego no valor de 118 que é acima dos 68 do primeiro
trimestre.
A maneira como daria para olhar para o ano... o que a gente realizou nesse
primeiro semestre não deve ser um montante muito diferente do que a gente vai
realizar no segundo semestre desse ano. Esse é mais ou menos como a gente dá
para dar um pouco mais de cor para vocês projetarem.
Com relação à despesa administrativa aqui sim também tem algo a mais do que o
primeiro tri. Tem uma primeira parte que é... uma boa parte disso se explica
(desses 15 milhões a mais) por uma questão de contencioso trabalhista. A gente
tem uma realidade na nossa indústria que é inexorável, que é um aumento
grande, que ela tem altos e baixos. Não aconteceu, não tivermos grandes acordos
firmados no primeiro tri, mas aconteceu mais no segundo tri que fazem uma verba
do ano - ainda não é um valor alto - mas ele impacta nessa linha de despesa
administrativa.
Também temos com relação ao primeiro tri mais despesas com consultoria e
basicamente é isso o que explica a diferença. O resto está tudo congelado, tudo
mantido estável. Espero ter respondido às duas perguntas, Gustavo.
Sr. Gustavo: Tá, muito obrigado, respondeu sim.
Operadora: Nossa próxima pergunta vem do Sr. Alexandre Robarts, Citi.
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Sr. Alexandre Robarts: Obrigado, bom dia a todos. Eu quero voltar a essa
pergunta sobre as despesas no mercado interno com vendas, e tal,
administrativas e gerais. Olhando o primeiro semestre, vocês têm falado sobre
sinergias ao longo deste ano quase, em volta de R$ 300 milhões. Se a gente
pensa no primeiro semestre olhando este item de despesas com vendas e gerais
onde vocês têm captado sinergias ao longo do primeiro tri... semestre, desculpa?
E se a gente deve pensar para o segundo semestre realmente benefícios da
integração da rede de distribuição Sadia e Perdigão que foi feito e completado em
junho? Se você pode falar um pouco sobre o impacto dessa integração na parte
de logística, distribuição, administrativa seria muito bom para a gente, e se
realmente R$ 300 milhões fica ainda como o guidance para captar esta sinergia
incremental deste ano. Muito obrigado.
Sr. José Antônio Fay: Bom dia Alex, é o Fay. Bom, se a gente pegar as nossas
conversas, o que a gente pensa dessa questão, eu vou focar um pouco mais
nesse ponto das energias, etc. Nós sempre fomos muito cuidadosos justamente
nessa que é a última fase da fusão que precisava de uma infraestrutura importante
para que ela acontecesse e começaria basicamente na integração da Sadia, que
aconteceu com o ano passado, e depois todas as mudanças de infraestrutura da
logística que nós ainda não terminamos completamente, estamos nos finalmentes
mas ainda há coisas a fazer. E surgem e vão surgindo novas necessidades e
aprimoramentos nos nossos sistemas quando a gente começa a estudar e ver que
pode melhorar.
Na verdade os cuidados que a gente vem tendo mostram que - eu acho que são
importantes porque a receita em risco é muito grande quando a gente mexe em
áreas comerciais e etc., justamente mexe no nosso faturamento - existe muito
cuidado aí e as coisas não acontecem rapidamente, ou seja, primeiro tem que
estabelecer a infraestrutura e eu diria que nós estamos a 90%, 95% da
infraestrutura que nós necessitamos para trabalhar nisso e vamos estar
terminando isso durante o segundo semestre.
Depois começa um processo que nunca é um processo de big bang mas é um
processo de rollout, ou seja, a gente vai definindo e vai indo e portanto eu não
acho que a gente deva contar com alguma coisa expressiva nesse segundo
semestre nesse lado, embora eu acho que exista aí realmente um potencial
bastante grande de desvendar o valor da companhia.
Evidentemente aí existe um potencial grande porque quando você pega o histórico
dos últimos quatro anos você vê que até metade do ano passado nós estávamos
cumprindo ainda determinações do Cade, etc., e nós ainda temos por mais um
19
ano e meio a suspensão da marca Perdigão em categorias importantes, pelo
menos duas categorias importantes como linguiça curada e presunto e depois tem
mais dois anos e três anos e meio as outras categorias, ou seja, para que a
companhia tenha a plenitude da capacidade de execução ainda vai precisar de
mais tempo.
Existe imediatamente agora até o final deste ano um planejamento e dá para
começar a fazer algumas coisas principalmente na questão do custo e da
produtividade comercial, mas eu ainda não consideraria para esse semestre
importantes ganhos nas área, Alex.
Sr. Alex: Tá e a última coisa sóé uma clarificação enquanto tendência de
consumo e demanda no mercado interno: vocês falaram que maio... junho
recuperou sobre maio e julho está indo melhor que junho? Foi isso? Só para
entender esse ponto da demanda.
Sr. José Antônio Fay: Nós continuamos com essa leitura, Alex. É evidente que o
mercado passou por uma até acomodação de preços e volume muito importante
porque ano passado o que aconteceu nos custos do setor de alimentos foi
realmente totalmente fora da curva, superando o normal, o que fez com que os
preços de alimento no mundo subissem muito e no Brasil não foi diferente. É
lógico que aí existe uma reacomodação dentro do portfolio e dentro das categorias
que cada consumidor utiliza.
Então dentro desse cenário do trimestre foi claramente um trimestre que mostrou
esta reacomodação, mas a nossa visão é essa que você está falando, ou seja,
nós vemos julho melhor do que junho e melhor do que maio, enfim, uma certa...
uma tendência positiva embora realmente existam ainda... é preciso ter ainda
algumas leituras importantes de qual é o comportamento do consumidor brasileiro
no segundo semestre. Eu não tenho ainda muita clareza, eu não tenho clara essa
figura; mas os números mostram essa direção que você fala.
Sr. Alex: Ok, obrigadão.
Sr. José Antônio Fay: De nada.
Nossa próxima pergunta vem do Sr. Thiago Duarte, BTG Pactual.
Sr. Thiago Duarte: Obrigado, bom dia a todos. Obviamente a minha pergunta tem
um pouco a ver com algumas que já foram feitas; mas só para a gente tentar
colocar em perspectiva a questão do mercado doméstico, essa queda sequencial
de margem: teve um primeiro tri bastante forte, um segundo tri bem mais fraco do
que o primeiro. Vocês comentaram alguns efeitos de alocação, vamos dizer assim,
de custos e despesas que obviamente impactam isso, tem essa questão de ir para
20
o crescimento da demanda que aconteceu em algum momento no início do
segundo tri.
Eu só queria entender: olhando... vocês pregam uma margem média do primeiro
semestre, alguma coisa como 10,5% da margem operacional. Eu só queria
entender olhando para o segundo semestre e talvez olhando particularmente para
o terceiro tri, dado que o quarto tri tem um efeito sazonal bem relevante, se faz
sentido pensar então alguma coisa nessa linha como, por exemplo, a média da
margem ao longo do primeiro semestre para mercado doméstico.
E se eu puder pedir só para vocês comentarem pouquinho sobre o mercado
externo. A gente viu essa recuperação bem forte dos spreads impactando as
margens de exportação, imaginar, ouvir de vocês se faz sentido pensar, por aquilo
que vocês estão vendo de demanda nos principais mercados, se faz sentido
pensar alguma coisa parecida com o segundo tri também no segundo semestre e
obviamente também considerando um patamar de câmbio diferente. Obrigado.
Sr. José Antônio Fay: Na verdade a grande volatilidade do nosso negócio está
no mercado externo. É o mercado externo que apresenta as volatilidades
importantes. Tendencialmente a gente vê que tudo depende da nossa capacidade
de gerenciar volumes e os preços.
Isso parece óbvio, mas na verdade eu queria voltar ao básico que eu sempre
tenho falado: eu não tenho tanta preocupação com a taxa de câmbio, etc.; é lógico
que tem importância relevante mas a equação supply/demand é que manda esse
jogo.
O que a gente está vendo hoje é o mundo um pouco mais equilibrado na questão
da oferta. Existe também um aumento de produções locais que é normal na crise
porque os países protegem a suas produtoras, etc., e existe um certo aumento de
produções locais, uma tendência de estabilidade do trade global de alimentos.
Mas eu diria mantidas as condições - para resumir a resposta para você - o
mercado a gente está positivo em relação ao mercado externo. Se não houver
grandes soluços globais o mercado externo deve continuar com uma boa
performance. É lógico que sempre com alguma pressão e de olho nessa equação
de oferta e demanda de proteína global, e fundamentalmente no nosso caso
frango.
Sr. Leopoldo Saboya: Leopoldo falando, deixa eu complementar o mercado
interno. Se a gente pegar essa margem que você corretamente fez a conta de
cerca de 10 e poucos % de Ebit no primeiro semestre, tendencialmente e
historicamente o segundo semestre ele é melhor que o primeiro. Então a gente já
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tem aqui um upside natural da companhia e a gente pensa, sim, para esse ano
também.
O quanto acima esse upside será a gente depende crucialmente desse terceiro
trimestre que é o que nós dissemos: nós iniciamos julho com a perspectiva melhor
do que terminou maio e junho. Ainda temos coisas para acontecer nos próximos
meses mas dá para pensar, sim, que o segundo semestre ele tem um componente
de potência acima do primeiro semestre sem dúvida.
Sr. Thiago: Táótimo, obrigado.
Sr. Leopoldo: De nada.
Sessão de Perguntas e Respostas da Teleconferência em Inglês
Sr. Wesley Brooks: Olá pessoal. Primeira pergunta apenas tentando entender
melhor: obviamente no segundo trimestre vocês tiveram um algum benefício vindo
dos preços mais baixos de grãos se e da moeda mais fraca, e suas margens de
exportação foram realmente boas. Vocês podem quantificar onde vocês acham
que as suas margens Ebit de exportação vão se situar no terceiro e quarto
trimestres graças à moeda mais fraca e também aos preços mais baixos de
grãos?
Sr. Leopoldo Saboya: Wesley é o Leopoldo falando, obrigado por sua pergunta.
É claro, sobre quantificar nós não daremos números exatos porque nós não
damos guidance de margens das nossas unidades; mas é claro, podemos discutir
as condições para o nosso crescimento ou não de margem em base trimestral.
Em primeiro lugar o que nós temos que levar em consideração é que nesse
trimestre nós tivemos o benefício total da compressão de custos porque o dólar
não havia afetado o custo dos nossos produtos. Nós estávamos consumindo milho
e soja comprados a uma taxa de câmbio anterior, se é que você me entende.
Agora no terceiro trimestre nós não temos a pressão de custos mas nós nosso
não temos mais benefício da taxa de câmbio, então a situação se inverte: nós
vamos consumir estoques acumulados com um real mais desvalorizado, o que
significa que em termos de milho nós perdemos esses "ventos favoráveis" nas
nossas outras dinâmicas.
Em termos de preço é claro que nós temos que equilibrar muito claramente como
mantemos o nosso preço em dólar de acordo com o desempenho de cada
22
mercado para não perder volumes. Então eu particularmente não vejo muito
espaço para uma grande expansão de margem porque os níveis de margem estão
altos na divisão internacional.
Então nosso grande desafio é manter o tipo de margem que nós alcançamos
durante esse trimestre. Eu acho que essa é indicação.
Sr. José Antônio Fay: Acrescentando à resposta do Leopoldo eu diria que
quando nós olhamos para o cenário de produção o que chama a minha atenção
principalmente é que nós não vemos a possibilidade de um desequilíbrio com
relação à equação de oferta e demanda no curto prazo, já que o Brasil não está
crescendo a sua alocação e os Estados Unidos estão recuperando seu mercado
interno. Então falando em termos globais e a equação oferta/demanda está
bastante estável, o que é bom para os negócios.
Sr. Wesley: Ok e quanto aos pequenos produtores brasileiros muitos deles
cortaram significativamente a produção no segundo semestre do ano passado
quando eles estavam perdendo dinheiro; vocês os veem aumentando a produção
no momento?
Sr. José Antônio Fay: É muito difícil dizer porque eles dispõem de alguns meios
para aumentar a produção. Mas de qualquer maneira digamos que nós esperamos
que eles aumentem em algum momento do segundo semestre. Mas até agora de
acordo com a nossa leitura do mercado interno a alocação não estará crescendo
no Brasil nesse mês ou no próximo.
Sr. Wesley: Ok ótimo e então para finalizar: no contexto de um ciclo normal da
commodity frango você tem ideia de quando o ciclo vai atingir o pico desta vez? É
mais no quarto trimestre deste ano ou talvez em função da vantagem de custos no
Brasil aliada à taxa de câmbio talvez – conceitualmente falando - o ciclo possa ser
mais lucrativo e longo do que os ciclos anteriores para os produtores brasileiros de
frango?
Sr. Leopoldo Saboya: Wesley, esta é uma ótima questão mais muito difícil de
responder. Mas eu vou te passar como eu particularmente vejo isso no futuro.
Depois da grande crise que nós tivemos em 2008 e dos efeitos colaterais em 2009
nós não vimos no mercado global investimento tão grande em capacidade
adicional; e o Brasil os Estados Unidos são os grandes produtores, os grandes
exportadores no negócio de frango, certo? A verdade é que isto significa que o
potencial de capacidade de produção no mundo não é, digamos, enorme, mesmo
que todos coloquem as plantas para trabalhar a plena capacidade.
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Mas é claro que nós temos um risco, nós sempre temos. Mas a produção pode
reagir positivamente no curto prazo a alguns incentivos como o real desvalorizado
ou a maior lucratividade do setor nos Estados Unidos.
Então nós podemos ver algumas boas perspectivas ou incentivos para o setor no
Brasil e nos Estados Unidos no sentido de aumento de capacidade. Eu não vejo
um grande risco de destruir ou ameaçar completamente o cenário que nós vemos.
Então com relação a sua visão de que isso possa durar um pouco mais é claro
que nós temos de esperar um pouco para uma confirmação; mas essa é uma
possibilidade ou uma premissa que poderia... quer dizer, as variáveis do mercado
podem levar a isso, apesar de ser cedo para confirmarmos, se é que você me
entende.
Sr. José Antônio Fay: E você ainda tem que levar em consideração que
provavelmente o custo dos grãos vai ter um alívio em 2014, já que os Estados
Unidos devem ter uma boa safra no ano, o que significa que o capital de giro para
recuperar capacidade será menor do que foi, digamos assim, nos últimos dois
anos. Então há muitas variáveis a serem analisadas; mas de qualquer maneira no
médio prazo digamos que temos uma perspectiva positiva.
Sr. Wesley: Excelente, muito obrigado.
Sr. José Antônio Fay: De nada.
Operadora: Nossa próxima pergunta vem do Sr. Luca Cipiccia, Goldman Sachs.
Sr. Luca Cipiccia: Bom dia, obrigado por aceitar a minha pergunta. Um follow up
do call anterior sobre inovação. Eu me pergunto se vocês poderiam nos dar mais
clareza sobre como deveríamos imaginar os novos lançamentos, a inovação em
produtos assim como as oportunidades de mercado que podem surgir no futuro.
Claramente você tinha certa urgência em recuperar volumes neste ano. Mas à
medida que entramos no segundo semestre, depois da diminuição do impacto do
TCD e olhando para 2014 você poderia nos dar alguma clareza sobre como nós
deveríamos ver isso e também qual é o seu interesse em expandir, talvez, para
categorias onde você não está presente hoje? Quais seriam as oportunidades
mais atrativas nesse sentido?
Sr. José Antônio Fay: Luca, o ponto é que durante esse período em que nós
estávamos seguindo as regras que recebemos da autoridade antitruste muito da
energia do nosso pessoal de P&D foi gasta para reequilibrar o nosso portfolio
entre as marcas Sadia e Perdigão no mercado doméstico e para reposicionar
nossas categorias para fazer frente às restrições impostas. E apesar de termos
introduzido muitos produtos novos e parte da nossa estratégia de recuperação de
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volume ter sido baseada em inovação (novos produtos especialmente nas
categorias de congelados, alimentos prontos) nós mantemos o nosso foco.
Agora nós temos uma estrutura melhor de P&D e nós não temos de reequilibrar o
nosso portfolio e então nós iremos melhorar e acelerar os nossos programas de
renovação de portfolio e trazer alguma inovação aos consumidores brasileiros.
Essa é a estratégia que nós planejamos durante o processo de fusão, e agora que
nós estamos de volta ao caminho nesse sentido com o início das atividades desse
centro de inovação.
Sobre novas categorias nas quais a companhia não está presente eu diria que
esse não é o nosso primeiro passo em termos de inovação. Nós temos muito a
fazer nas categorias em que nós já estamos presentes.
Sr. Luca: Ok e se eu olho para o terceiro e quarto trimestres como nós
deveríamos ver esse diferencial que vocês estão mostrando quando apresentam a
sua taxa de crescimento ajustada pela capacidade que vocês transferiram?
Quando vocês acham que esses passos na taxa de crescimento vão realmente se
normalizar com o passar do tempo?
Sr. Leopoldo Saboya: Eles tendem a se normalizar, Luca, especialmente porque
nós começamos a comparar com uma base mais comparável que é a do ao
passado (terceiro e quarto trimestres) e como o Fay disse a maior parte das
nossas iniciativas e lançamentos para equilibrar parcialmente ou totalmente os
efeitos do TCD já aconteceram. Então nós não teremos mais esse fluxo no futuro,
ok?
Sr. Luca: Bom. Obrigado, muito obrigado.
Sr. Leopoldo: Obrigado.
Operadora: Nossa próxima pergunta vem do Sr. Jose Yordan, Deutsche Bank.
Sr. Jose Yordan: Olá, bom dia pessoal, eu só tenho uma pergunta. Muito
obrigado por abrirem o crescimento comparável excluindo o TCD, isso é muito útil
e nós não tínhamos visto antes. E já que vocês fizeram isso eu estou curioso com
relação a quais foram as taxas de crescimento na mesma base para o quarto
trimestre do ano passado e o primeiro trimestre desse ano, que foram os dois
primeiros trimestres depois da alienação. Essa é minha pergunta, se vocês podem
nos dar os números para esses dois trimestres para colocá-los em perspectiva, o
que aconteceu no segundo trimestre deste ano. Obrigado.
Sr. Leopoldo Saboya: Obrigado pela pergunta, eu estou pegando o número aqui.
Nós abrimos isso durante o primeiro trimestre. No primeiro trimestre levando em
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conta apenas same-store sales no mercado doméstico os mesmos 32,4% que nós
apresentamos para o semestre foram 38,3%; no quarto trimestre eu
provavelmente não tenho aqui... eu tenho o segundo trimestre de 2012 comparado
ao segundo trimestre de 2011 em same-store sales no mercado doméstico e o
crescimento foi de 50%. Todo esse material é público e está disponível nos
earnings releases, tanto do quarto trimestre quanto do primeiro trimestre deste
ano.
Sr. Jose Yordan: Ok ótimo, muito útil. Eu acho que isso está diminuindo um
pouco e em consequência eu imagino que nós devemos continuar a esperar
maiores despesas de marketing para o resto do ano.
Sr. José Antônio Fay: Sim. Eu diria que o que nós estamos gastando em
marketing é sem dúvida o normal que a companhia deveria gastar, e no primeiro
trimestre nós fomos menos ativos em trading e marketing até mesmo acima da
linha; mas esperamos manter o nosso investimento em marketing para o resto do
ano.
Sr. Jose Yordan: Ok ótimo, muito obrigado.
Sr. José Antônio Fay: Obrigado.
Operadora: Nossa próxima pergunta vem do Sr. Alex Robarts, Citibank.
Sr. Alex Robarts: Obrigado, bom dia todos. Eu quero voltar ao mercado de
exportação. Claramente esta foi a grande surpresa positiva para nós e eu imagino
que indo além dos fatores macro (do grão e da moeda) e passando para os
fatores que são realmente de mercado eu tenho uma questão em três partes: em
março vocês abriram para nós a reorganização do negócio internacional, 17
países lançando a marca Sadia e fatores relacionados.
E começando com as suas premissas de mercados-chave é interessante que
quando você elimina os temas volume e moeda parece que vocês tiveram preços
em dólar 4%, 5% mais altos em exportações naquele mercado, e eu me pergunto
se vocês poderiam comentar a respeito disso. Isso acontece talvez a por conta do
mix agora que vocês têm mais produtos processados na Europa ou se trata
apenas de uma a recuperação geral da demanda?
A segunda coisa é que as Américas surgem agora como uma região mais
importante do que a Europa em termos de vendas, e obviamente muito disso
acontece na Argentina. Vocês podem nos contar como é que está indo a
reestruturação e a transição da Quickfood? Esta seria a segunda parte.
26
E a última parte é: quando nós pensamos na meta de ter a distribuição direta
atingindo cerca de 30% do seu negócio internacional, como vocês estão seguindo
nessa direção? Nós ainda estamos a caminho para atingir esse nível ao final do
ano? Muito obrigado.
Sr. José Antônio Fay: Obrigado Alex, eu vou tentar me lembrar de todas as
questões que você fez em uma só. Vamos começar pela Quickfood na Argentina.
Realmente da Argentina nós estamos entregando, executando um processo muito,
muito forte de fusão já que nós temos a Quickfood, a Avex, nós temos a Danica e
até mesmo as atividades comerciais da Sadia lá.
Então há uma forte reestruturação lá. O cenário é realmente um cenário
desafiador já que nós temos controle de preços e pelo outro lado nós temos uma
inflação de cerca de 20%, 25%. Mas mesmo nesse cenário pessoalmente eu
estou muito interessado no futuro da Argentina, porque mesmo esse cenário tão
desafiador que nós temos lá nós estamos em processo de break even: nós não
estamos fazendo dinheiro lá mas nós não estamos perdendo dinheiro lá, então
nós estamos quase em break even.
Quando olhamos para alguns custos, custos de produção (principalmente em
produção de frango) nós vemos que nós estamos melhorando os números da
rentabilidade, etc., e nós já temos alguns números que são os mesmos números
que temos no Brasil.
É claro que quando passamos para exportações a partir da Argentina 5,5 pesos
por dólar destroem muito dos resultados, então nós estamos folgados muito mais
no mercado interno lá do que nas exportações. Mas no futuro eu creio que a
Argentina pode se tornar uma boa base de exportações e para o nosso negócio
em termos de Quickfood.
Com relação aos resultados do mercado externo nós não aumentamos as
exportações de alimentos processados mas alcançamos margem em distribuição.
Desde que nós adquirimos a Federal Foods nós estamos melhorando na Al Wafi
(que é a nossa distribuidora na Arábia Saudita) que está ganhando participação no
total das vendas, o que significa que quando nós chegamos diretamente à
prateleira, diretamente ao consumidor, nós temos margens melhores e esse é um
número importante especialmente para o Oriente Médio.
Nós temos o mesmo acontecendo na Europa com menos intensidade. Mas na
Europa nós vemos melhora nos resultados já que o mercado de peru está
melhorando e nós temos melhores preços já que a produção na Europa parece
estar diminuindo principalmente em peru, o que nos dá uma vantagem de preço
com relação ao total e isso pode explicar alguns pontos na nossa margem. Eu
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diria que temos que levar em consideração a nossa distribuição na Europa e no
Oriente Médio.
Sr. Leopoldo Saboya: Apenas acrescentando ao que o Fay disse, Alex, e
aproveitando um dos seus pontos referente aos principais fatores que causaram
essa melhor performance e explicando como nós deveríamos pensar no futuro, se
nós podemos pensar em futuro os impactos positivos da taxa de câmbio ou não,
em primeiro lugar mas precisamos entender o desempenho desse trimestre.
Mesmo quando nós comparamos a performance do último trimestre com o
primeiro trimestre os dois fatores mais relevantes que contribuíram para a melhor
performance foram a taxa de câmbio e o alívio nos custos.
O alívio nos custos no curto prazo aconteceu porque nós tivemos uma queda de
preço ainda não afetada pela taxa de câmbio em si. Porque eles foram mais
importantes nesse trimestre? Porque a taxa de câmbio que nós tínhamos na
primeira metade do trimestre (então por volta de meados de maio até o final de
junho) afetou apenas positivamente o top line, mas não afetou a parte dos Cogs
porque nós estávamos longos em milho e estávamos consumindo milho e soja
comprados pela taxa de câmbio anterior.
Agora como nós podemos observar o próximo trimestre? A taxa de câmbio vai
continuar a ser positiva, mas os Cogs não terão a mesma contribuição mostrada
nesse trimestre.
De volta para a nossa da tática, a estratégia no mercado, é claro que quando as
margens explodem em período de tempo tão curto nós, como líderes, nós temos
que controlar e administrar isso de maneira a não super intensificar ou super
incentivar todo o mercado a aumentar a produção ou a migrar produção do Brasil
ou do mercado doméstico para as exportações.
Então é por isso que nós precisamos controlar essa lucratividade no próximo
trimestre: para não fazermos uma lucratividade enorme em um trimestre e depois
estragar os resultados dos trimestres seguintes. Então esse é o pensamento da
companhia e esses são, de novo, os principais drivers para os resultados em base
trimestral, em base anual e isso deveria ser um pouco diferente quando nós
olhamos para o futuro.
Sr. Alex: Muito útil, obrigado.
Sr. Leopoldo Saboya: Ok obrigado.
Operadora: Nossa próxima pergunta vem do Sr. Sambuddha Ray, JP Morgan.
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Sr. Sambuddha Ray: Bom dia e muito obrigado por aceitarem minha pergunta.
Eu estou representando o time de Alan Alanis, parabéns pelos resultados. A
pergunta que nós temos para hoje se refere ao fluxo de caixa. Vocês melhoraram
o seu capital de giro significativamente nesse trimestre. Vocês poderiam
compartilhar conosco a suas expectativas com relação à tendência do capital de
giro para o restante do ano?
E nessa mesma linha vocês poderiam compartilhar que nível de fluxo de caixa
operacional vocês esperam alcançar ou gerar ao final do ano e qual é o objetivo
em termos de nível de dívida líquida/Ebitda, por favor? Estas seriam minhas
questões para hoje, muito obrigado.
Sr. Leopoldo Saboya: Obrigado por sua pergunta. Em termos de onde nós
estamos na recuperação do desempenho do nosso capital de giro como você
pode ver pelos números nós estamos muito melhor do que os níveis do ano
passado, mesmo em uma base histórica isso é positivo.
Quando nós olhamos para frente, para o final do ano, nós temos que considerar
dois fatos principais: em primeiro lugar nós estamos num momento em que
acumulamos mais estoques de milho precisamente porque nós estamos na safra,
na época de colheita da safra de inverno, e nós acumulamos esse estoque
visando o próximo ano. Então antes de qualquer coisa existe esse impacto se
considerado.
E também nós temos a acumulação de estoques para os produtos sazonais como
o Chester e o peru para a época do Natal. Mas esses, apesar de constarem como
um investimento no capital de giro eles não são tão grandes a ponto de
representarem um grande consumo de caixa. Eles estarão de acordo com as
nossas expectativas.
Mas em todas as contas, seja em contas a pagar, contas a receber, nós
continuamos trabalhando muito em linha com os nossos planos de melhorar cada
conta que contribui com o capital de giro da companhia, e elas permanecem numa
tendência positiva para o final do ano e mesmo 2014.
Sobre o seu segundo ponto com relação à geração de caixa, é claro que nós não
temos esse guidance, nós não damos esse guidance de geração de caixa; mas
nós mantemos uma tendência positiva nesse sentido à medida que continuamos
gerando um bom CFO e com um programa de Capex muito disciplinado e bem
equilibrado para o resto do ano.
Outra coisa que você perguntou é com relação à nossa meta em termos de
alavancagem. Nosso nível de alavancagem ótima é ao redor de 2x, e é
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precisamente onde nós estamos (2,2x está ao redor de 2x). Mas o nosso objetivo
para o ano é baixar de 2x, algo como 1,5x a 2x é alcançável dependendo, é claro,
das condições de mercado e de muitos outros fatores incluindo a taxa de câmbio,
que em alguns casos acarreta uma aceleração e não tem relação com geração de
caixa ou outros aspectos.
Então nós temos esse objetivo de terminar o ano abaixo de 2x; é claro que é difícil
precisar o quanto abaixo será, mas estamos bastante confiantes de que vamos
alcançar esse limiar, ok?
Sr. Sambuddha Ray: Entendi. Só um rápido follow up: se você alcançar os 1,5x,
2x, portanto abaixo do nível ótimo, você acha que existe a possibilidade de
aumentar o seu dividend payout no futuro?
Sr. Leopoldo Saboya: Bom, para ser honesto com você esse assunto está mais
relacionado com a decisão do nosso Board sobre o que fazer com o excesso de
caixa e a liquidez. Mas não é segredo para ninguém que a companhia tem uma
ambição importante em termos de crescimento internacional, e então em última
instância nós estamos preparando as bases da companhia para acelerar esse
crescimento tanto no mercado doméstico quanto, com mais ênfase, no mercado
internacional.
Portanto a tendência da companhia é manter isso. Nós não temos problemas em
nos mantermos por alguns trimestres abaixo do nível ótimo porque isso não
representa realmente um problema; isso é um problema se você não sabe o que
fazer com seu excesso de caixa, mais esse não é o nosso caso até o momento quando esse excesso existe, é claro.
Sr. Sambuddha Ray: Entendi, muito útil, muito obrigado.
Sr. Leopoldo Saboya: Obrigado.
Operadora: Nossa próxima pergunta vem da Sra. Chelsea Konsko, TIAA.
Sra. Chelsea Konsko: Olá, obrigada pelo call. Eu me pergunto se vocês
poderiam por favor repetir o que vocês disseram a respeito das razões para a sua
redução em Capex neste ano. Havia muito ruído na linha quando vocês estavam
discutindo isso e eu não pude ouvir.
E também você pode comentar eventuais planos de expansão internacional e
quais são as suas ideias nesse sentido?
Sr. Leopoldo Saboya: Obrigado por sua pergunta, Chelsea. Sobre a primeira
pergunta com relação às razões para a redução do Capex é importante qualificar
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que nós não estamos reduzindo o nosso programa de Capex; o que está
acontecendo é que nós tivemos no ano passado um programa importante,
massivo de Capex baseado na total recuperação da nossa capacidade das
unidades que foram vendidas e suspensas, e portanto nós tivemos que antecipar
muito disso no ano passado.
E para este ano nós temos a intenção de gastar em Capex 1,5 e nós observamos
que a tendência, que de acordo com um os números nós podemos dizer que
pretendemos entregar abaixo disso, algo entre 1 bilhão e 1,3 bilhões é o mais
provável. Nós não estamos cortando Capex mas nós estamos fazendo ajustes no
seu timing.
Por exemplo, o caso da fábrica em Abu Dhabi. Como tivemos algumas
dificuldades com licenças nós acabamos adiando a maior parte do programa de
Capex e portanto o investimento de caixa foi, digamos assim, adiado para 2014.
Então nós não estamos mudando a nossa visão ou as nossas ambições de
crescimento; nós apenas estamos investindo exatamente o que é necessário e o
que nós percebemos como demanda por investimento.
Sr. José Antônio Fay: Com relação à expansão, expansão internacional, eu diria
que nós nos mantemos ativos no mercado de M&A como estivermos nos últimos
tempos. Muito do nosso foco estava em aumentar a nossa distribuição e
adquirimos a Federal Foods. Esse é o tipo de negócio pelo qual estamos
procurando e estamos muito atentos às oportunidades que possam aparecer, mas
não temos um alvo específico no momento.
Sra. Chelsea: Obrigada.
Sr. José Antônio Fay: De nada.
Operadora: Nossa próxima pergunta vem do Sr. Denis Parisien, Deutsche Bank.
Sr. Denis Parisien: Olá, muito obrigado pelo call. Eu me pergunto se vocês
poderiam nos dar um pouco mais de cor sobre os outros fatores que vocês
disseram que causaram parte da redução da margem bruta. Vocês disseram que
cerca de um terço se deveu a marketing e comercialização, um terço ao efeito nos
Cogs e então você se referiu a um outro terço vindo de outras despesas
transitórias relacionadas à movimentação de produtos para fazer frente à
demanda fraca.
Vocês poderiam nos dar mais cor sobre isso e como esses custos permanecem
temporários se a demanda fraca persistir? Vocês podem falar sobre esse aspecto,
discutir em mais em detalhe de modo nos dar um pouco mais de conforto de que
eles são temporários, por favor?
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Sr. Leopoldo Saboya: Muito boa pergunta, Denis. Apenas para ficarmos na
mesma página: quando eu disse um terço, um terço e um terço de compressão
não era na margem bruta mas sim na margem Ebit, ok?
Sr. Denis: Obrigado, está certo.
Sr. Leopoldo Saboya: Então sim, um terço foi para despesas de marketing, outro
terço foi a descompressão da margem bruta e o outro dividido em várias outras
despesas, e eu vou dar alguns exemplos dessas outras despesas que são
transitórias: por exemplo há o efeito do acordo que fizemos com a Doux e depois
tivemos que vender para a JBS em função das determinações do Cade. Isso
apresentou perdas contábeis de R$ 30 milhões, que, é claro, são perdas
corporativas, mas que são divididas pelas unidades de negócios. Isso foi
incremental comparado ao primeiro trimestre e, é claro, é transitório.
Outras despesas são relativas ao trimestre, à operação (à operação doméstica em
si) e aconteceram, como o descompasso entre o ritmo das vendas e o ritmo de
produção. Nós tivemos alguns problemas específicos em estoques que tivemos
que repassar para nossas vendas e estas apresentaram perdas durante trimestre.
Eu estou apenas dando exemplos do que aconteceu e eles são pequenos, mas
quando somados e incluindo outras despesas relativas ao semestre (mas que
foram incluídas no trimestre) eles representam algo que nós não esperamos ver
nos próximos trimestres no mercado interno.
Então parte desses outros aspectos da compressão do Ebit se deve a temas
corporativos, outros se devem a operações no mercado interno onde tivemos mais
perdas durante esse trimestre especificamente em função dos produtos de baixo
giro, basicamente isso como eu disse. Não há outro aspecto que tenha afetado as
nossas margens além desses.
Sr. Denis: Então os produtos de baixo giro ao invés de considerá-los no capital de
giro e estoque vocês os moveu e descontou como uma despesa? A diferença, a
remarcação? Apenas para visualizar como é que isso flui no P&L.
Sr. Leopoldo Saboya: Bom, é um desconto de menor valor e vai para a nossa
margem bruta porque é um desconto em preços; mas quando você tem alguns
produtos que você não pode vender porque eles têm validade curta é claro que e
isso é uma perda e então a maneira de contabilizar é no SG&A e não na receita.
Sr. Denis: Ok então esses produtos que você descartou nesse caso trata-se
simplesmente de uma baixa de estoque que você descontou do SG&A?
Sr. Leopoldo Saboya: Isso, perfeito.
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Sr. Denis: Entendi, muito obrigado.
Operadora: Encerramos neste momento a sessão de perguntas e respostas. Eu
gostaria de passar a palavra ao Sr. Fay para suas considerações finais.
Sr. José Antônio Fay: Ok senhores, muito obrigado por estarem conosco. Como
minhas últimas palavras neste call eu gostaria de dizer que a execução do
planejamento e a entrega que a BRF está mostrando nos deixa bastante otimistas
com relação ao futuro próximo; é claro que cautelosos como sempre com relação
ao ambiente desafiador no qual a companhia está envolvida, e com o alto grau de
volatilidade com que nos defrontamos no nosso negócio. Muito obrigado, até a
próxima.
Operadora: Encerramos neste momento a sessão de perguntas e respostas.
Gostaria de passar a palavra ao Sr. José Antônio do Prado Fay para as
considerações finais.
Sr. José Antônio Fay: Bom, na verdade resumindo o que a gente falou eu queria
ressaltar que a gente vêm nesse terceiro tri executando bem aquilo que nós
planejamos e fazendo uma entrega importante em relação aos planos que nós
tínhamos de manutenção de escala em valor da companhia.
O cenário não foi um cenário fácil no período: inflação de alimentos bastante alta,
dispararam os custos e mesmo assim a companhia conseguiu executar o que
planejou e ainda entregou um pouco mais do que a gente prometia em relação à
recuperação dos nossos resultados.
Reequilibramos os portfolio de Sadia e Perdigão, investimos em nossas marcas,
lançamos novos produtos e esses produtos cumpriram o que a gente esperava
que eles fizessem no mercado, e mesmo no semestre onde houve esse grande
reajuste cambial a gente cresceu o faturamento em relação ao tri anterior nesse
trimestre.
Também acho que a questão da emissão dos bonds foi um trabalho
extremamente bem executado e com um resultado muitíssimo bom para a
companhia e referenciou o país noutro patamar de juros. Então a gente continua
naquele processo onde a gente não só consolida a fusão e recupera a nossa
escala.
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E também outra coisa bastante importante: que a gente continua dotando a
companhia de infraestrutura para os próximos passos, para a internacionalização,
que é o foco da companhia nos próximos anos.
Eu queria agradecer a todos e até a próxima. Muito obrigado, bom dia a todos.
Operadora: A áudio conferência da BRF S.A. está encerrada. Agradecemos a
participação de todos, tenham um bom dia.
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