Nossa mensagem de Natal: Carta ao papai noel! O senhor vai me

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Nossa mensagem de Natal: Carta ao papai noel! O senhor vai me
Nossa mensagem de Natal: Carta ao papai noel!
O senhor vai me desculpar se lhe falo com liberdade, mesmo não tendo nenhuma
familiaridade com o senhor. Para mim, o senhor é sempre um pouco estranho, e
até acaba me resultando algo antipático. Me desculpe, viu?!
Nos meus tempos de criança, lá na Espanha, o senhor não era protagonista do
Natal. SabÃ-amos mais ou menos que, nos paÃ-ses frios do norte da Europa,
veneravam um tal de São Nicolau ou Santa Klaus, velho de barba branca e com um
saco nas costas, que andava pela neve distribuindo presentes à criançada.
Para nós, Natal era o Menino Jesus, Nossa Senhora e São José, Belém e a
estrebaria, a estrela, os anjos, os pastores, os reis magos... O nascimento de Jesus
Cristo, Filho de Deus, nascido de Maria. Deus feito homem!
Tudo isso simbolizado e vivido - com muita fantasia e emoção, com muita
religiosidade - no presépio, tão carinhosamente preparado em todas as famÃ-lias
católicas, às vezes com arte extraordinária.
Era a missa da noite de Natal e as cantigas próprias desse tempo litúrgico.
Também, claro, os presentes familiares, as comidas tÃ-picas (o turrón, por exemplo)
e as tradicionais representações cênicas (os pastores na minha Catalunha).
Tudo, sempre, em torno ao Menino Jesus. Ele era o Natal!
Agora - me desculpe -, o senhor entrou no meio e... botou o Menino Jesus para fora do
Natal! Natal é o Papai Noel, Papai Noel é o Natal, e o Menino Jesus já era!
Francamente, o senhor está me incomodando. E me dá raiva, viu?!
Pensando melhor, porém, sei muito bem que a culpa não é propriamente sua. O
senhor entrou nessa sem querer. Foi metido no Natal deles. Eles o sentaram em cima
do Menino, e o negócio interesseiro que fazem com o senhor apagou a luz e a graça
do Mistério do Natal.
Natal virou mercado, já antes de chegarmos a estes tempos diábólicos do Mercado
Total. E vira também, naturalmente, bebedeira e briga e esbanjamento e ofensa aos
pobres que não têm nem casa, nem comida, nem calor humano.
Eu acredito que, se o senhor é mesmo São Nicolau, o que vai querer é que Jesus
seja conhecido e amado e seguido. Isso é o que querem todos os santos e santas de
verdade. Jamais o senhor pretenderia usurpar o Mistério do Natal, menos ainda para
fazê-lo virar frivolidade e negócio.
Acreditando nisso, quero lhe fazer um pedido, senhor São Nicolau, o verdadeiro. Ou
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vários pedidos. Sendo que Deus resolveu nos dar o seu próprio Filho, todo pedido
é pouco...
Continue a entregar presentes a todo o mundo, sobretudo aos duros de coração e
aos corações de criança.
Para os duros de coração, o sentido da justiça e da solidariedade e da partilha.
Para os corações de criança, mais sonho ainda (utopia, necessária como o pão
de cada dia), a esperança sempre maior, uma ternura do tamanho de todas as
estrelas de Natal juntas e muita coragem e união para lutarem pelo Tempo Novo que
Jesus veio inaugurar com o seu nascimento.
Ajude aos pobres e marginalizados do campo e da cidade, negros, Ã-ndios e brancos,
mulheres e homens, a conquistarem a terra e o pão, a casa e a dignidade, a
cidadania e a festa.
A todas as autoridades deste mundo, vergonha, responsabilidade e espÃ-rito de
serviço.
E a todas as pessoas, aquele presente maior, que é o próprio Evangelho, a Boa
Nova que os anjos de verdade cantaram nessa Noite, a mais bela da História
humana, porque nela o próprio Deus nasceu feito humano, como nós, filho de
mulher, criança e pobre...
Desculpe, senhor Papai Noel, se pensei mal do senhor, e muito obrigado se pedi bem!
Com um beijo em sua barba branca.
Atenciosamente
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