Mulheres em Acção: Prevenindo a Violência Armada
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Mulheres em Acção: Prevenindo a Violência Armada
ISSN 1994-2206 (Impreso) ISSN 1994-2214 (En línea) Mujeres Trabajando: Previniendo la violencia armadaArmada Mulheres em Acção: Prevenindo a Violência Pontos altos da Semana de Acção Global Contra a Violência Armada Êxitos do Comitê Preparatório para o Tratado sobre o Comércio de Armas, de Julho Sobreviventes de Violência Armada presentes no Encontro de Especialistas Governamentais Formação de Mulheres no Mali Notícias das Filipinas e da Colômbia 16 Dias de Activismo contra a Violência de Género Boletim Nº 24, 2011 Boletín No. 25, Maio Juliode 2011 Rede Redde deMulheres Mujeres da de IANSA Semana de Acção Global Contra a Violência Armada As Mulheres da IANSA estiveram particularmente activas nesta edição da Semana de Acção Global Contra a Violência Armada, que decorreu entre os dias 13 e 19 de Junho. Vários eventos foram organizados em todo o mundo, contando com níveis impressionantes de participação, impacto e cobertura mediática, o que revela a diversidade e força deste movimento global. Na Sérvia, as Mulheres de Negro (WIB, na sigla inglesa) organizaram dois debates no Teatro Dah, em Belgrado, sobre activismo, construção da paz e teatro. Entre os participantes estiveram os membros da rede nacional das Mulheres de Negro, mulheres da Bósnia Herzegovina e artistas de teatro nacionais e internacionais. A WIB exibiu um documentário sobre a violência sofrida por mulheres em situações de conflito armado. Foi circulada ainda uma declaração sobre a necessidade de desmilitarização da sociedade sérvia. As organizações Mulheres pela Paz e Democracia no Nepal (WPD-Nepal), RUWON Nepal e Raksha Nepal organizaram uma discussão interactiva em Kathmandu com mulheres líderes sobre o impacto das armas de pequeno porte nas vidas de mulheres e meninas. Entre os e as participantes estavam 33 mulheres de diferentes partidos políticos, organizações da sociedade civil e órgãos da comunicação social. Os e as participantes fizeram intervenções sobre a importância do Tratado sobre o Comércio de Armas e sobre a prevenção e redução da violência doméstica armada. No Burundi, a organização Dagropass recolheu testemunhos junto de sobreviventes de violência armada. Uma das mulheres sobreviventes afirmou “Apelo ao governo do Burundi que garanta o controlo rigoroso das armas de fogo no país, bem como a segurança das suas populações, pois uma vez que fomos afectados directamente pela violência armada não podemos correr dos perigos que prevalecem no país.” O Fundo Humanitário Cultural Sukhumi, na Geórgia, distribuiu panfletos e posters com conselhos em vários centros de apoio a mulheres nas cidades de Kutaisi, Tskhaltubo, Khoni, Poti e Khurcha. Organizou ainda seis encontros com mais de 100 participantes, onde se partilharam experiências sobre os horrores da guerra. A conferência de imprensa final contou com a participação de 15 representantes de media nacionais e regionais, tendo sido transmitida pelos canais de televisão locais "Rioni" e "Mega TV" e pelo canal nacional Georgia Channel 1, bem como pelas estações de rádio "Imedi", "Tavisupleba", e "Dzveli kalaki. A organização Mulheres Jornalistas para a Justiça no Congo (FMJC) divulgou um comunicado de imprensa sobre as actividades programadas para a Semana de Acção Global, que foi publicado em três jornais nacionais. As actividades tiveram lugar em quarto províncias da República Democrática do Congo e contaram com o apoio das Nações Unidas. International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org BulletinNo. Boletín No. 25, 25,Maio Julio juillet 2011 2011 Boletim Nº 24, de 2011 Réseau Redde des deMulheres Mujeres Femmesda ded’IANSA Rede IANSA Semana de Acção Global Contra a Violência Armada O Conselho Libanês para Resistir à Violência contra as Mulheres (LECORVAW) organizou uma mesa redonda sobre “O impacto de armas de fogo na vida de mulheres e meninas em situações de violência doméstica” em Tripoli, no norte do Líbano. Entre os participantes estiveram advogados, professores universitários, médicos forenses e activistas. Foi a primeira discussão do género no Líbano, onde as armas de fogo são um tema bastante politizado e sensível, e a primeira vez que as armas de fogo foram abordadas enquanto instrumentos de ameaça em situações de violência doméstica. A organização Lawyers from WILpower (uma rede de mulheres advogadas) falou sobre a necessidade de impedir pessoas com registo criminal ou historial de violência de acederem a armas de fogo, enquanto que Bilal Sablouh, um médico forense, partilhou a sua experiência sobre os efeitos físicos e psicológicos das armas de fogo e da violência armada na vida das mulheres. Mulheres em Acção: Prevenindo a Violência Armada, boletim trimestral da Rede de Mulheres da IANSA, disponível em inglês, francês, espanhol e português. Compilado por Rebecca Gerome 2 Em Amman, na Jordânia, o Centro de Estudos das Mulheres da Universidade da Jordânia organizou um simpósio sobre o impacto das armas de fogo na esfera familiar. Lubna Dawany, advogada e activista pelos direitos das mulheres, uma juíza, e Mervat, uma sobrevivente de violência doméstica armada fizeram apresentações orais. A perna de Mervat foi amputada depois de o seu tio a atingir com o tiro. A violência deu-se na sequência do divórcio de Mervat face ao seu marido violento. Vários participantes emocionaram-se com o testemunho de Mervat, enquanto que o juiz expressou a sua frustração com as falhas do sistema judicial em julgar o crime, prometendo seguir o caso e fazer todos os esforços para que os e as perpetradores de violência doméstica sejam julgados. No dia 15 de Junho, a Câmara de Los Angeles aprovou uma resolução reconhecendo a Semana de Acção Global Contra a Violência Armada e nomeando o dia 18 de Junho como o Dia de Prevenção da Violência Armada na cidade. A Câmara distinguiu ainda a organização Women Against Gun Violence (WAGV) pelo seu trabalho em prol da redução da violência armada. Para celebrar estas iniciativas, a WAGV promoveu uma vigília no dia 18 de Junho. International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org BulletinNo. Boletín No. 25, 25,Maio Julio juillet 2011 2011 Boletim Nº 24, de 2011 Réseau Redde des deMulheres Mujeres Femmesda ded’IANSA Rede IANSA Semana de Acção Global Contra a Violência Armada A Organização para o Empoderamento de Mulheres organizou um protesto em Islamabad, Paquistão. No Sudão, a organização Upper Hand organizou um workshop comunitário para sensibilizar a população sobre os efeitos nefastos da violência armada e violência doméstica, em especial no que diz respeito à saúde mental das vítimas. Foi também discutida a necessidade de uma abordagem inter-religiosa para encontrar soluções para a redução da violência armada nas comunidades. A Rede de Mulheres Sobreviventes Manipuri e a Fundação Indiana de Controlo de Armas organizaram conjuntamente um evento em Imphal, Manipur, na lado indiano da fronteira entre a Índia e Burma. Mais de 100 mulheres sobreviventes de violência armada estiveram presentes e adoptaram unanimemente a Declaração de Imphal que apela aos governos indianos e outros que apoiem o processo do Tratado sobre o Comércio de Armas e atribuam destaque à questão da assistência às vítimas no Tratado. International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org 3 BulletinNo. Boletín No. 25, 25,Maio Julio juillet 2011 2011 Boletim Nº 24, de 2011 Réseau Redde des deMulheres Mujeres Femmesda ded’IANSA Rede IANSA TCA: Sucesso do Activismo da Rede de Mulheres da IANSA no Comité Preparatório O activismo e a persistência da Rede de Mulheres da IANSA ao longo do processo do Tratado sobre o Comércio de Armas obteve resultados concretos nesta edição do Comité Preparatório. A Rede de Mulheres da IANSA esteve par ticularmente activa no lobby durante a terceira reunião do Comité Preparatório para o Tratado sobre o Comércio de Armas (ATT PrepCom), que teve lugar entre 11 e 15 de Julho de 2011 nas Nações Unidas, em Nova Iorque. O maior feito da semana foi a inclusão de uma referência à violência de género no preâmbulo do novo draft do Embaixador Moritan, Presidente do Comité Preparatório, no dia 14 de Julho de 2011, o que revela que o apoio, a paciência, a confiança e a persistência produzem, de facto, mudanças. No primeiro dia da Reunião, no dia 11 de Julho, a carta aberta da Rede de Mulheres da IANSA, que conta com a assinatura de membros de 53 países, foi publicada no ATT Monitor e distribuída às 192 delegações, aquando da sua entrada na sala de conferências das Nações Unidas. na vida das mulheres e meninas e elencou oito possíveis contributos das mulheres na promoção e implementação do Tratado sobre o Comércio de Armas. O discurso de Jasmin foi também publicado na edição de 12 de Julho do ATT Monitor, e distribuído aos delegados. Jasmin também escreveu um artigo sublinhando a presença e participação limitada de mulheres nas delegações dos Estados membros durante os trabalhos da 3ª Reunião do Comité Preparatório para o Tratado sobre o Comércio de Armas. Na quarta-feira, dia 13 de Julho, Carole Engome, membro da IANSA oriunda da República Central Africana, presidiu ao evento paralelo “O Contexto Africano: Prevenindo o Comércio Ilícito de Armas através do respeito pelos mecanismos de implementação do Tratado sobre o Comércio de Armas”, organizado dos pelo Ministério Francês Negócios Estrangeiros, pela Amnistia Internacional e pela IANSA. Carole Engome foi outra das representantes das ONG que se dirigiu ao plenário no dia 14 de Julho de 2011. Esta foi uma oportunidade para a Rede de Mulheres da IANSA sublinhar a importância da referência à violência de género contida no preâmbulo do novo draft do Embaixador Moritan, Jasmin Nario-Galace, das Presidente do Comité Filipinas, interveio no evento Preparatório, e outros aspecparalelo sobre “Saúde, mulheres, tos mencionados na declardesenvolvimento e o Tratado sobre o Comércio de Armas”, co- À esquerda: Embaixador Moritan; À direita: Carole ação de posição da IANSA. O organizado pela Associação Engome, Sessão plenária de quinta-feira, 14 de Julho discurso de Carole Engome está disponível em francês e Internacional de Médicos para a Prevenção da Guerra Nuclear Durante a semana, a Declaração de inglês no site da IANSA. (IPPNW), a Rede de Acção Posição da Rede de Mulheres da Internacional sobre Armas de IANSA foi usada para apoiar as Depois da divulgação do último draft Pequeno Porte (IANSA) e o Comité actividades de lobby e incidência no dia 14 de Julho, vários Estados, Internacional da Cruz Vermelha política junto dos delegados e dos como as Fiji, Saint Lucia, Grenada, (ICRC). Jasmin abordou o impacto representantes governamentais pre- Trinidad e Tobago e Quénia, argumentaram sobre a necessidade de desproporcional da violência armada sentes. incluir as questões de género em A equipa da Rede de Mulheres da IANSA incluiu: outras áreas do Tratado, incluindo •Anne Marie Narine, WINAD, Trinidad e Tobago nas secções dos princípios, objec•Carole Engome, Rede Centro Africana de Armas de Pequeno Porte, República tivos, critérios e assistência a vítiCentro Africana •Ema Tagicakibau, Fundação para o Avanço das Mulheres do mas. Pacífico, Fiji •Folade Mutota, WINAD, Trinidad e Tobago •Jasmin Nario Galace, Centro para a Educação para a Paz e WE Act 1325, Filipinas Estamos muito satisfeitas por ver os nossos esforços e trabalho dar fru•Marren Akatsa-Bukachi, EASSI, Quénia tos. As mentalidades estão a mudar •Mimidoo Achakpa, WREP e Rede de Mulheres da IANSA, Nigéria •Nelcia Robinson, Comitê de Desenvolvimento das Women, São Vincente e e é apenas o início. Grenadines •Nounou Booto Meeti, Rede de Mulheres da IANSA, Reino Unido/República Democrática do Congo •Pauline Dempers, organização Breaking the Wall of Silence, Namíbia •Pauline Perez, Kingston and St Andrew Action Forum Benevolent Society, Jamaica •Rebecca Gerome, Rede de Mulheres da IANSA, França/Médio Oriente •Susan Alfonso, WINAD, Trinidad e Tobago International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org 4 BulletinNo. Boletín No. 25, 25,Maio Julio juillet 2011 2011 Boletim Nº 24, de 2011 Réseau Redde des deMulheres Mujeres Femmesda ded’IANSA Rede IANSA As mulheres nas negociações e acordos de paz: workshop de consulta Como podemos garantir que as questões que importam para as mulheres sejam discutidas em negociações de paz? Como podemos certificar-nos de que os acordos de paz incluam perspectivas de género? Estas foram algumas das questões colocadas por Jasmin Nario-Galace, da organização Mulheres Comprometidas com a Implementação da Resolução 1325 (WE ACT 1325, na sigla inglesa) na consulta com mulheres que teve lugar no passado dia 21 de Junho de 2011. O evento, subordinado ao tema “Mulheres nas negociações e acordos de paz”, reuniu 56 mulheres e home ns para debater as questões enfrentadas pelas mulheres em situações de conflito e as potenciais estratégias de inclusão de género nas negociações de paz actualmente em curso. com mulheres sobre o processo de paz, organizadas em Davao e Zamboanga. U m painel de mulheres participantes em ambos os processos de negociação entre o governo filipino e a Frente de Libertação Islâmica Moro (GPHMILF) e entre o governo filipino e a Frente Democrática Nacional (GPHNDF) deram conta do actual estado das conversações de paz. A advogada Johaira Wahab explicou o enquadramento de género que o governo filipino tem usado nas negociações com a MILF, enumerando mulheres que estiveram envolvidas nas negociações no passado e no presente. A advogada Raissa Jajurie clarificou ainda que não existe qualquer tipo de mandato que proíba a participação de mulheres nas negociações. Sobre as conversações de paz entre o governo filipino e a Frente Democrática Nacional, Jurgette Honculada, a activista pelos direitos das mulheres presente na delegação governamental, explicou que as preocupações das mulheres não estão a ser ignoradas nas actuais negociações. Referiu ainda que existem questões técnicas que têm de ser discutidas antes de se passar para um debate mais detalhado das preocupações dos actores envolvidos. Estas posições foram apoiadas pela observadora independente do Esta colaboração ilustra os compromissos feitos de forma a garantir que as vozes das mulheres sejam ouvidam em processos de construção da paz. Ao invés de olhar as mulheres como eternas víti mas, estas iniciativas procu ram reconhecer o papel das mulheres enquanto agentes de mudança e os seus con tributos para um mundo justo, pacífico e sustentável. Comité de Monitorização GPH, a Dra. Jennifer Santiago Oreta. O Comité de Monitorização GPH em conjunto com o Comité de Monitorização NDF formam o Comité Conjunto de Monitorização (JMC), um órgão criado aquando do primeiro acordo entre GPH e NDF, o acordo de CARHRIHL. Segundo a Dra. Oreta, existem espaços para a participação de mulheres nas negociações, mas é necessário perceber a dinâmica das mesmas para garantir um envolvimento efectivo das mulheres nestes processos. Irene Santiago da organização Mindanao 1325 e Karen Tanada, do Instituto para a Paz GZO, ambos membros do WE Act 1325, partilharam os resultados das consultas Uma das sessões do workshop decorreu ao final da tarde, permitindo que os participantes identificassem desafios e sugerirem recomendações sobre a participação de mulheres e o progresso da agenda das mulheres nos processos de paz. Grace Saguinsin, Mardi Suplido, Irene Santiago, e Karen Tanada foram as facilitadoras dos grupos do workshop. Liderada pelo Centro para a Educação para a Paz de Miriam College, pela Sulong CARHRIHL, e pela WE Act 1325, a consulta de mulheres é uma das poucas iniciativas destinadas a reforçar a participação de mulheres nos processos de paz e defender acordos sensíveis às relações de poder de género – dois dos principais apelos da Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas 1325 sobre Mulheres, Paz e Segurança e um dos compromissos estabelecidos pelas Filipinas no seu Plano de Acção Nacional para a Implementação da Resolução 1325. Esta colaboração ilustra os compromissos feitos de forma a garantir que as vozes das mulheres sejam ouvidas em processos de construção da paz. Ao invés de olhar as mulheres como eternas vítimas, estas iniciativas procuram reconhecer o papel das mulheres enquanto agentes de mudança e os seus contributos para um mundo justo, pacífico e sustentável. International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: T: +44 2020 7065 0876 F: F: +44 2020 7065 0871 E: E: [email protected] W:W: www.iansa-women.org +44 7065 0876 +44 7065 0871 [email protected] www.iansa-women.org 5 BulletinNo. Boletín No. 25, 25,Maio Julio juillet 2011 2011 Boletim Nº 24, de 2011 Réseau Redde des deMulheres Mujeres Femmesda ded’IANSA Rede IANSA Razões para as mulheres não viverem a guerra L A Liga Internacional de Mulheres pela Paz e pela Liberdade (LIMPAL, na sigla espanhola) da Colômbia publicou o artigo “Desarmar a Violência Contra as uma Luta Mulheres: Permanente” na edição de Junho do seu boletim. De 21 a 23 de Junho, a LIMPAL organizou encontros sobre “Razões para as mulheres não viverem a guerra”, para discutir questões como a paz e justiça social. Ao longo dos últimos cinco meses, a LIMPAL tem trabalhado com um grupo de 30 mulheres na comunidade de Juan Pablo II, organizando workshops sobre a Lei 1257 sobre violência contra as mulheres e sobre a Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas 1325. Durante os trabalhos as mulheres criaram os seguintes slogans: “Chega de abusos, o meu corpo é um território seguro” e “Todas as mulheres têm direito a viver em paz”. Reunião de Especialistas Governamentais V árias mulheres da Rede de Mulheres da IANSA estiveram presentes na Reunião de Especialistas Governamentais de 2011, aproveitando para aprender mais sobre o Programa de Acção das Nações Unidas sobre Armas de Pequeno Porte e sobre marcação, registo e rastreamento de armas. Enquanto parte dos esforços da IANSA para revelar o rosto humano da violência armada, no dia 12 de Maio de 2011, a IANSA organizou em conjunto com a Missão Permanente do Luxemburgo nas Nações Unidas um evento paralelo intitulado “Sobreviventes da Violência Armada: Reforçando o Programa de Acção da ONU”. O evento foi presidido por Philip Alpers, da organização Gunpolicy.org, e contou com comentários de Olivier Maes, Representante da Missão Permanente do Luxemburgo nas Nações Unidas. As apresentações estiveram a cargo de Mewael Okbay Ghebreslassie, da Eritreia; Guerda Benjamin, da organização OFAT Haiti; Dra. Nidia Rodriguez, da Associação Internacional de Médicos para a Prevenção da Guerra Nuclear (IPPNW), do Equador; e Laura Lyddon, Rede de Mulheres da IANSA, Reino Unido. No evento, foi lançada a publicação da Rede de Mulheres da IANSA “Voices of Survivors: the different faces of gun violence” [“Vozes de Sobreviventes: as diferentes faces da violência armada”, em português], que contém 16 testemunhos de mulheres sobreviventes de violência armada em vários países a nível mundial. A violência retratada nos relatos das sobreviventes tem lugar em vários contextos e circunstâncias, tendo como único denominador comum o uso indevido das armas de fogo. Formação exclusiva para Mulheres em Bamako ais de vinte mulheres de dezasseis países da África francófona participaram numa formação exclusiva para mulheres sobre ʻMulheres, género e controlo de armas de pequeno porteʼ, no Mali, entre 20 e 23 de Junho de 2011. M da ONU Mulheres no país interveio na sessão de encerramento e distribuiu certificados às participantes. Estiveram presentes mulheres do Benin, BurkinaFaso, Burundi, Camarões, República Centro Africana, Chade, Congo, Costa do Marfim, República Democrática do Congo (DRC), Gabão, Guiné, Mali, Níger, Ruanda, Senegal e Togo. Também participaram na formação representantes da Comissão Nacional de Armas de Pequeno Porte do Mali, do Programa de Armas de Pequeno Porte do ECOWAS (ECOSAP), e do Centro Regional das Nações Unidas para a Paz e o Desarmamento em África (UNREC). A formação foi oficialmente lançada pela Ministra do Género do Mali. O chefe da representação A formação foi organizada pela Rede de Mulheres da IANSA em colaboração com a Rede de Acção da África Ocidental sobre Armas de Pequeno Porte (WAANSA Mali) e com a Associação de Mulheres pelas Iniciativas de Paz (AFIP), depois do sucesso da sessão piloto que teve lugar na Etiópia em 2009 e da formação que ocorreu em 2010 na América Central. 6 Face aos pedidos que a IANSA tem recebido de várias regiões, estão actualmente em planeamento duas outras formações exclusivas para mulheres, que terão lugar ainda em 2011 no Peru e na Nova Guiné. International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org BulletinNo. Boletín No. 25, 25,Maio Julio juillet 2011 2011 Boletim Nº 24, de 2011 Réseau Redde des deMulheres Mujeres Femmesda ded’IANSA Rede IANSA Colômbia criminaliza disparos para o ar por Adriana Medina Lalinde O s disparos para o ar foram criminalizados na Colômbia. Desde 30 de Maio de 2011, as pessoas que dispararem para o ar serão julgadas e condenadas a penas entre 1 e 4 anos de prisão, mesmo se não existirem vítimas. Esta decisão seguiu-se à morte de um adulto e três crianças e ao ferimento de outras 14 pessoas em resultado de disparos para o ar efectuados nas celebrações do Ano Novo em todo o país. Esta disposição procura reduzir os índices de morbilidade e mortalidade resultantes de balas perdidas e disparos feitos para o ar em ocasiões de festa. De acordo com estimativas oficiais, em 2010 morreram pelo menos 70 pessoas vítimas de balas perdidas nas grandes cidades da Colômbia. Uma grande percentagem das vítimas são crianças. A organização CERAC, membro da IANSA e sediado em Bogotá, estima que cerca de 1000 pessoas tenham morrido no país ao longo dos últimos dez anos em resultado de balas perdidas. Ou seja, quatro mortes por dia. Por ano, estima-se que sejam feridas cerca de 100 pessoas, mul- heres, homens e crianças, em resultado destes disparos. Estes números podem, contudo, ser ainda mais elevados, uma vez que muitos dos ferimentos são registados enquanto acidentes e que a polícia e o Instituto Nacional de Medicina Legal não têm critérios e procedimentos comuns no registo e análise destes casos. Muitos sobreviventes sofrem de stress traumático ou ficaram incapacitados fisicamente, o que reduz a sua capacidade de trabalho. Neste contexto, é comum que as esposas, mães, irmãs e filhas dos sobreviventes se tornem as principais provedoras ou cuidadoras da casa e dos familiares. Os sobreviventes e as suas famílias têm ainda de lidar com a impunidade, uma vez que muitos dos perpetradores não são sequer indiciados ou julgados. Na Colômbia, muitas balas perdidas resultam de lutas entre gangs ou conflitos entre grupos criminosos e forças de segurança. Contudo, os disparos resultantes de celebrações, comuns durante jogos de futebol, casamentos, e festas de Natal e Ano Novo são percebidos como focos especiais de insegurança, uma vez que qualquer pessoa pode ser vitimada. Por essa razão, a Colômbia e outros países da América Latina, onde este tipo de disparos é também comum, precisam de canalizar os seus esforços neste sentido. É necessário trabalhar com a polícia e com a comunidade de saúde pública para recolher dados mais fiáveis sobre esta realidade, envolver jornalistas em campanhas de sensibilização e prevenção e criar espaços para que homens e mulheres vítimas de balas perdidas possam partilhar as suas histórias e opiniões. A criminalização deste tipo de disparos em celebrações na Colômbia representa uma vitória importante para o movimento global contra a violência armada e constitui uma oportunidade para a sociedade civil monitorar a implementação e fiscalização desta nova lei. Adriana Medina Lalinde é colom biana e está a pesquisar o papel da campanha global contra a violência armada no âmbito do seu doutora mento. 16 Dias de Activismo contra a Violência de Género N os últimos anos, a Rede de Mulheres da IANSA tem estado cada vez mais activa nos 16 Dias de Activismo contra a Violência de Género, coordenados pelo Center for Womenʼs Global Leadership. O ano de 2011 não será excepção. O tema desta edição dos 16 Dias de Activismo é “Da paz em casa para a paz no mundo: vamos combater o militarismo e a Violência Contra as Mulheres!” Através do enfoque dado às formas como a “paz em casa” se estende e relaciona com a “paz no mundo”, reconhece-se que os valores da não-violência podem influenciar as atitudes de amigos, famílias, comunidades, governos e outros actores. Os temas da campanha de 2011 estão relacionados com a questão do controlo de armas de pequeno porte e o uso de armas de fogo para perpetrar e facilitar violências contra mulheres e meninas, o foco central do trabalho da Rede de Mulheres da IANSA em todo o mundo: 1.A união de movimentos de mulheres, direitos humanos e pacifistas no desafio ao militarismo; 2.Proliferação de armas de pequeno porte e seus papéis em situações de violência doméstica; incluindo violência eleitoral; 5.Violência sexual e de género cometida por agentes estatais, particularmente forças policiais e militares. A edição de 2011 dos 16 Dias de Activismo representa uma oportunidade para considerar o que nós, enquanto parte do movimento global de direitos das mulheres, podemos fazer para desafiar as estruturas que permitem que a violência contra as mulheres permaneça a vários níveis, do local ao global. Que seja um sucesso! 3.Violência sexual durante e depois de conflitos armados; 4.Violência política contra mulheres, International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org 7 BulletinNo. Boletín No. 25, 25,Maio Julio juillet 2011 2011 Boletim Nº 24, de 2011 Réseau Redde des deMulheres Mujeres Femmesda ded’IANSA Rede IANSA A Rede de Mulheres da IANSA é a única rede internacional dedicada às conexões entre género, direitos das mulheres, armas de pequeno porte e violência armada. Foi estabelecida em 2001 enquanto um grupo de discussão de mulheres nos eventos da IANSA, tendo sido formalizada em 2005. Actualmente associa países tão diversos como as Ilhas Fiji, Senegal, África do Sul, Argentina, Canadá e Sudão. Agradecemos o apoio do governo norueguês. 8 International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org
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