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Ata da Reunião de Apresentação do Conselho de Líderes
22 de outubro de 2015
Presentes:
Empresa
Representante
DNV
Adriano Duarte
Unilever
Antonio Calcagnotto
Unilever
Gabriel Petrus
Renova Energia
Carlos Mathias Becker
Renova Energia
KPMG South America
Schneider Electric
Schneider Electric
BNDES
Ney Maron de Freitas
David Bunce
Tania Cosentino
Fernando Eliezer Figueiredo
Gabriel Visconti
GE
Gilberto Peralta
GE Latin America
Jasmin Eymery
Alcoa
Nathalie Tessier
Alcoa
Janaina Donas
Caixa Econômica Federal
José Carlos Medaglia Filho
Syngenta
Karsten Neuffer
Syngenta
Tiago Noronha
Abralatas
Renault Castro
EY
Ricardo Catto
Vestas do Brasil Energia Eólica
Rogerio Zampronha
Siemens
Yuri Silveira Sanchez
Governo
Ministério da Fazenda
Ministério da Fazenda
Ministério da Fazenda
Ministério do Meio Ambiente
Ministério do Meio Ambiente
Representante
Ministro Joaquim Levy
Tatiana Rosito
Aloízio Mello
Izabella Teixeira
Luiz Antonio Correa de Carvalho
Observadores
COPPE / UFRJ
Representante
Suzana Kahn
Abertura:

A Sra. Ministra Izabella Teixeira (Ministério do Meio Ambiente – MMA) deu início à reunião,
agradecendo ao Sr. Ministro Joaquim Levy (Ministério da Fazenda) pela parceria formada
entre ambos em prol da sustentabilidade. Comentou que Marina Grossi (presidente CEBDS)
esteve em contato com os Srs. Ministros anteriormente conversando sobre o Conselho de
Líderes e houve o entendimento de realizar uma reunião com os líderes do CEBDS
(empresas). Por parte do governo, foi sinalizado o interesse no diálogo estreito para o
período pós-Paris, independentemente do que venha a ocorrer em Paris. A INDC já indica um
caminho e sinaliza oportunidades e o Sr. Ministro e sua equipe tiveram papel fundamental na
construção do documento.
Ministra Izabella Teixeira:
“Primeiro, quero agradecer à Marina por esse Conselho, fórum de líderes. A gente falou sobre
essa ideia lá atrás, de ter uma interlocução mais coordenada e mais focada em setores
estratégicos para que esse diálogo no governo pudesse ser além do limite do Ministério de
Meio Ambiente. Obviamente, a questão ambiental e a questão do desenvolvimento
sustentável passam por todas essas agendas.”


Marina Grossi agradeceu aos Srs. Ministros e aos CEOs do CEBDS e apresentou brevemente o
CEBDS, como representante do WBCSD, contando com a associação de mais de 70 empresas
no país. Mencionou a sugestão feita pela Sra. Ministra na Rio + 20 para que o CEBDS reunisse
um grupo de CEOs para instituir um diálogo com o governo. Marina falou sobre a construção
do documento “Agenda CEBDS: Por um País Sustentável” e as principais mensagens que o
Conselho de Líderes traz em relação à transparência, sustentabilidade com competitividade,
aderência à agenda política e soluções de negócios. Reforçou que o Conselho de Líderes
deverá atuar como plataforma comum para apresentação de propostas de interesse setorial
e não de uma única empresa, lembrando que entre as associadas ao CEBDS há empresas
concorrentes entre si e cujo fio condutor de atuação, no âmbito do Conselho, é a
sustentabilidade e a competitividade. As três propostas apresentadas aos ministros, sobre
geração de energia limpa, consumo inteligente de energia e mobilidade foram mencionadas,
mas há abertura para que tanto as empresas quanto o governo proponham novos temas
com espírito de laboratório de inovação. O pleito do CEBDS é para que se estabeleça um
diálogo permanente e concreto, melhor estruturado e com pontos focais indicados de ambos
os lados. Importante a menção feita aos observadores caracterizando a participação da
academia e da sociedade civil no Conselho de Líderes. Agradecimento adicional foi feito ao
We Mean Business, ao Instituto Clima e Sociedade (ICS) e à Siemens pelo aporte de recursos
para os estudos, bem como à Patri Políticas Públicas pela parceria, e às Iniciativas
Empresariais em Clima (IEC) pelo apoio institucional.
Suzana Kahn, no papel de observadora do Conselho de Líderes, ressaltou as oportunidades
que o país tem na questão climática, podendo liderar o processo rumo a uma economia de
baixo carbono. Segundo ela, o mundo caminha para um ambiente cada vez mais restritivo
em relação às emissões e ao uso dos recursos naturais, e precisamos acelerar esse processo.
A união proposta pelo CEBDS por meio do Conselho de Líderes é fundamental porque os
participantes – setores público e privado – têm papeis distintos e não conflitantes; são
complementares. É uma parceria que tem grande potencial para mudar a nossa trajetória e
que precisa envolver o governo em todas as suas esferas. Não precisamos esperar o
resultado de Paris, podemos decidir o caminho para nós mesmos e isso pode ser construído
por várias mãos. É o que se propõe a fazer o Conselho de Líderes.
Apresentação das empresas:

Carlos Mathias Becker, CEO da Renova Energia, apresentou o tema de geração de energia
limpa, destacando a vantagem brasileira em relação aos recursos naturais de que dispõe,
exemplificando com o caso das eólicas. No Brasil, não apenas a eólica é competitiva, mas
gera cerca de 50 mil empregos diretos e funciona como um vetor do desenvolvimento
sustentável. A cadeia já está estabelecida, mas precisamos melhorar as condições de
financiamento. O estudo aborda novas formas de acessar o capital internacional, por meio
de green bonds, por exemplo.

Tania Cosentino, CEO da Schneider Electric, falou sobre o tema de consumo inteligente de
energia, com foco em eficiência energética como parte integrante da matriz energética
nacional. A energia mais barata é aquela que não é consumida, disse ela. Eficiência
energética não requer grandes investimentos, mas a despeito dos benefícios óbvios, não é
adotada em larga escala. O estudo questiona se podemos ir além dos 10% de eficiência
elétrica indicados na IDNC brasileira e sermos mais ambiciosos. Serão propostas medidas
concretas para trabalhar as emissões por meio por meio de eficiência energética para que a
energia não seja um gargalo no crescimento da economia. Em um ranking de
aproveitamento energético, o Brasil ocupa a 15ª posição dentre 16 países. Estados Unidos
estão na 13ª posição, com aproveitamento de 40% eficiência energética – um pouco acima
do Brasil – e pretende reduzir 25% do consumo no segmento residencial. O Brasil ainda tem
potencial a ser explorado. Podemos dobrar a ambição que consta na INDC e chegar em 20%,
reduzindo pela metade as emissões. O custo evitado seria da ordem de R$ 30 bilhões,
equivalente ao que foi gasto com o Bolsa Família ou com Belo Monte. Como medidas a
serem implementadas, pode-se pensar em metas compulsórias de redução de energia
baseadas em benchmark internacional, linhas incentivadas e desburocratizadas para
eficiência energética, criação de leilões de eficiência energética e etiquetagem para
instalações.

Karsten Neuffer, CEO da Syngenta; Yuri Silveira Sanchez, Diretor de Mobilidade da Siemens e
Nathalie Tessier, Diretora de Negócios Downstream América Latina, falaram sobre o tema de
mobilidade, cujo foco está na substituição do modal rodoviário pelo modal ferroviário
eletrificado. As crescentes emissões do setor de transportes foram colocadas como um
possível entrave para a implementação da INDC, mas o Brasil pode aproveitar esse momento
para reafirmar a necessidade de melhorar os gargalos de logística do país para diversificar a
matriz de transportes. A proposta é interessante para o setor de alimentos, pois contribui
para reduzir as perdas, resultando em mais competitividade, redução de emissões de gases
de efeito estufa, aumento de segurança por conta das estradas e redução dos preços dos
alimentos. O uso do alumínio pode potencializar os benefícios do transporte ferroviário, por
ser mais leve, com maior vida útil e alto valor de reciclagem, além de resultar em menor
consumo de energia. Assim, a capacidade de transporte fica mais otimizada e aumenta-se a
carga transportada de 6% a 10%.
Comentários dos Ministros:

A Sra. Ministra Izabella Teixeira comentou a dificuldade que o governo enfrenta para
trabalhar de forma coesa. Reconheceu o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo
Ministério da Fazenda e colocou a necessidade de busca por uma linguagem que una todas
as agendas. Ressaltou que o Brasil tem uma posição mais confortável, por conta da sua
matriz energética, e mencionou a redução já alcançada no desmatamento. O setor produtivo
entende a dificuldade de alcançar o resultado que se deseja e o que permitirá a união de
todos é justamente o pós 2020. A INDC só se viabilizou pois houve engajamento por parte
dos setores privado e financeiro. O documento foi construído a partir de uma solicitação da
Presidência da República, mas contou com a participação de atores externos ao governo com
o objetivo de assegurar que a proposta estivesse alinhada com os interesses do país. Embora
a INDC seja voltada para o acordo a ser firmado em Paris, o comprometimento que o Brasil
assumiu deve ser independente de Paris, pois traduz a trajetória que queremos. O país
ampliou seu protagonismo em clima e estabeleceu declarações conjuntas com China,
Estados Unidos, Alemanha e Noruega. Não é mais tempo de ter embates. O caminho da
implementação deve ser viável e prefeitos e governadores devem ser envolvidos. Em relação
aos estudos apresentados, a Sra. Ministra comentou que tudo o que contribui é bem-vindo e
que precisa ter pragmatismo e robustez. É preciso entender onde a implementação será
viável e não se limitar a financiamento público. As ideias apresentadas foram bem recebidas
e foi manifestado interesse em dar continuidade ao diálogo.
Ministra Izabella Teixeira:
“Ouvindo alguns dos CEOs aqui, verificamos que certamente nós teremos que mudar muita coisa.
Não só devido à mudança do clima, mas especialmente de necessidades do Brasil que incluem
novos contornos legais, tecnológicos e econômicos para fazer frente a desafios da economia de
baixo carbono.”
“É obvio que esse diálogo com o Ministério da Fazenda, não está centrado só no Joaquim (Levy).
Nos últimos quatro, cinco anos, eu que sou a ministra mais velha (risos)... A gente começou um
trabalho dentro do Ministério do Meio Ambiente que é um reconhecimento em equipe – do
Ministério da Fazenda, Planejamento, BNDES – de que é preciso ampliar essa estrutura de
diálogo.”

O Sr. Ministro Joaquim Levy elogiou o fato de o CEBDS ter iniciado o diálogo com propostas
concretas e disse que isso nos dá um belo mapa de trabalho pela frente. Comentou que a
tradição hidrelétrica brasileira favoreceu a transição para energia renováveis e falou
especificamente sobre cada uma das propostas apresentadas.
(i)
Em relação à geração de energia limpa que teve foco em linhas de financiamento, foi
comentada a possibilidade de se buscar a desindexação, mas que é preciso fazer algo
que tenha equilíbrio. A desindexação precisa ser parcial e usar indicadores de
mercado. É preciso, ainda, entender qual é a componente de precisão da inflação e
de risco e utilizar essa componente para alinhar os contratos. Dessa forma, os
problemas que uma mera indexação tem são solucionados, sem que se adicione
incerteza ao processo. Contratos com preços administrados são mais adequados e
podem ajudar a baixar a taxa de juros. Indexação é um tema que podemos trabalhar
juntos, disse. Em relação à energia solar, o Sr. Ministro comentou que o modelo de
implementação deve ser melhor explorado para avaliarmos o que seria mais
eficiente e barato.
(ii)
No caso de eficiência energética foi questionado qual seria o setor prioritário
(público, industrial...) sob a ótica de uma análise de custo benefício. Mapear é
importante para que fique claro onde o apoio deve acontecer no curto e no médio
prazos. A inclusão de Manaus no sistema interligado nacional (SIN) trata um
importante ganho nos próximos anos.
(iii)
Em mobilidade a questão do gás foi colocada como oportunidade por conta da
Petrobras. É possível que todo o setor ganhe mais flexibilidade. A eletrificação
proposta para o segmento ferroviário pode ser pensada para novos e grandes
empreendimentos, partindo de uma decisão política e estratégica. Uma possibilidade
seria a Ferrovia Transoceânica. Foi comentado pelos CEOs que a transição do modal
rodoviário para o ferroviário já traria um ganho enorme e a eletrificação faria com
que a eficiência fosse muito melhor. O Sr. Ministro comentou que a proposta é
estimulante, mas que ainda não está claro como avançar. Nas outras áreas seria
possível formular um plano para o ano que vem. Estamos juntos e o Brasil tem
capacidade de liderança.
Joaquim Levy:
“Queria agradecer à Marina por essa reunião tão prática, com ideias concretas.”
“O tempo se acelera. A assunção de reponsabilidades do governo com relação às emissões dá um
rumo, dá uma direção. Facilita algumas coisas. Já que vocês estavam falando de três propostas,
ideias e campos específicos, acho que vale a pena a gente olhar cada uma delas.”
“Fiquei um pouco intrigado com a comparação das eólicas no Brasil, de que são mais baratas do
que fora (do país). Nosso vento é melhor?”
“Sem dúvida nenhuma, o fato de a gente ter uma tradição hidroelétrica tem ajudado muito nossa
transição para o renovável.”
“É uma indústria (eólica) que tem um potencial de implementação, um potencial de
desenvolvimento, até tendo em vista o nosso vento ser tão especial, tão constante.”
“A questão do solar disseminado, fragmentado, a gente tem que estudar. Eu acho que é um pouco
mais caro, que temos modelos a explorar um pouquinho, dependendo muito da região, também, o
que é mais eficiente e pode ser mais barato. Eu acho que já coloquei isso em alguma reunião.”
“Fazer grandes fazendas solares, aonde se tem terra à vontade, não tem problema de peso e coisas
assim. Tem o problema do calor. Mas aí é questão do desenvolvimento do local, de manter uma
certa eficiência de conversão em temperaturas mais altas.”
“Descobrir alguma maneira de manter a temperatura ou modificar a própria tecnologia (falando
de solar), este é um grande tema um grande desafio pra gente. Não sei quem seriam os parceiros
naturais para fazer isso.”
“A eólica tem tido um efeito extraordinário no Nordeste.”
“Hoje o Nordeste começa a ganhar eminência por causa disso (...), criando novas área de
desenvolvimento econômico e com todo efeito multiplicador muito importante numa área que não
tinha absolutamente nada 15 anos atrás.”
“Eu diria que na eficiência energética o mais importante seria saber qual é a prioridade. Uma
escala de benefícios que levasse em conta não só o que é domiciliar, industrial, público.”
“Essa questão de mapear ajudaria enormemente a comunicação e ajudaria também a própria
escolha. Quais a gente apoiaria mais e etc. tanto no curto prazo como no médio e longo prazos.”
“Dialogar, tanto comigo quanto com a Isabella, ter o espaço para conseguirmos encadear coisas e,
na verdade, baixar custo para o consumidor. (...). A priorização ajudaria a selecionar algumas
linhas de emissão tanto para o nível comercial e industrial quanto para o nível domiciliar.”
“Num tema desses (eficiência energética) ter bem claro as coisas, a comunicação, ajuda. O jornal
reproduz muito mais fácil.”
“A questão da eletrificação poderia ser pensada quando tiver a transpacífica, a bioceânica
(Ferrovia Transoceânica).”
Seja eletrificada ou não, à medida em que você tem o rio Madeira no meio do caminho da
transoceânica, não deve ser impossível eletrificá-la; e do lado do Peru também deve ter um jeito de
eletrificar (...).”
“Eu focaria por exemplo em uma bioceânica”.
“A questão de eletrificar por exemplo a (ferrovia) Norte-Sul vai depender de ter uma certa
organização do eventual usuário e, inclusive, lá em Barcarena. Aí tem um trabalho de coordenação
que não sei exatamente aonde é que está.”
“Eu acho que esses (as ferrovias Transoceânica e Norte-Sul) são os dois principais eixos de
discussão.”
“Então só para completar, nessa parte de logística, talvez fosse interessante – e é mais uma coisa
para a gente ver exatamente o que é prioridade – ver o que a gente quer, pra gente ter um pouco
mais de capacidade de resposta.”
“Tudo o que vocês trouxeram (falando do estudo de mobilidade) é estimulante e tal, mas eu não
consigo ver exatamente para onde vou dentro dessas possibilidades. Mas, nas outras áreas
(renováveis e consumo inteligente), eu acho que o grupo e todos nós aqui temos coisas para
formular um plano já para o ano que vem. O resto estamos juntos, o Brasil tem capacidade de
liderança, sim, nessa parte. Toda integração com o uso da terra é fundamental porque é uma
vantagem competitiva.”
Encerramento:


A Sra. Ministra disse que foi positivo ter se provocado o debate e que o setor privado pode
voltar a trazer propostas. Ressaltou que o tema de mobilidade precisa ser amadurecido e que
o Ministério dos Transportes deveria ser envolvido em uma próxima etapa. O tema de eólica
traz um desafio, mas é desejável para o país. As questões referentes à mudança do clima
podem ser tratadas com o Ministério da Fazenda e o Ministério do Meio Ambiente. Em
eficiência energética, podemos migrar dos 10% para 20%, caso tenhamos um caminho claro
a seguir e medidas concretas e factíveis a serem implementadas. A interlocução deve ser
equilibrada para que o diálogo flua dentro dos limites de ambas as partes. Importante
sermos práticos.
Marina Grossi comentou que o CEBDS vai trabalhar para entregar as propostas ainda mais
robustas e que a resposta para o governo será rápida.