Germinação de sementes de pinhão manso - GEPE

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Germinação de sementes de pinhão manso - GEPE
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GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) SOB
DIFERENTES SUBSTRATOS E TEMPERATURAS.
Mateus Cassol Tagliani1, Katia Christina Zuffellato-Ribas2
RESUMO: Biodiesel é o biocombustível elaborado de fontes naturais renováveis, como os óleos
vegetais, e vem sendo utilizado como fonte alternativa de combustível. Entre as espécies com potencial para sua
fabricação está o pinhão manso. Assim, visando uma metodologia que auxiliasse a cadeia produtiva desta
espécie, foram realizados testes de germinação em laboratório, conduzidos em câmaras de germinação,
utilizando-se amostras de 35 sementes, submetidas a temperaturas constantes de 20ºC, 25ºC e 30ºC, sob
iluminação contínua, utilizando-se como substratos o rolo papel, entre areia e sobre areia. O delineamento
experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, num esquema fatorial de 3 (temperaturas) x 3 (substratos).
Observou-se que o potencial máximo de germinação das sementes de pinhão manso foi obtido a 30ºC com
semeadura no substrato sobre areia, onde também foram obtidos os melhores resultados para o índice de
velocidade de germinação. O período de germinação estabeleceu-se entre o 5º e o 10º dia.
Termos de indexação: Biocombustível, propagação sexuada, temperatura, substrato.
1. Eng. Agrônomo, mestrando Universidade Federal do Paraná, E-mail: [email protected]
2. Bióloga, Pós-Doutora, Profa. Universidade Federal do Paraná, E-mail: [email protected]
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INTRODUÇÃO
Os combustíveis fósseis são a fonte de energia mais utilizada pela sociedade para sua locomoção. No
entanto, sua combustão libera uma grande quantidade de CO2, o qual contribui para o aquecimento global.
Assim, a utilização de fontes renováveis de energia, principalmente aquelas que possam ser utilizadas pelos
veículos, torna-se uma importante ferramenta a fim de amenizar este impacto ambiental causado pelo uso de
combustíveis fósseis (SANTOS et al., 2007).
Com a iniciativa do Programa Brasileiro de Biodiesel, o pinhão manso (Jatropha curcas L.), pertencente
à família Euphorbiaceae, foi incluído como uma alternativa de matéria-prima, baseando-se na expectativa de que
a planta possua alta produtividade de óleo e tenha baixo custo de produção, por ser perene e extremamente
resistente ao estresse hídrico (SATURNINO et al., 2005).
Assim como para diversas espécies, a semente tem função importante no na cadeia produtiva do pinhão
manso. Neste contexto, as qualidades genética, física, fisiológica e sanitária das sementes surgem como
importantes áreas a serem pesquisadas, garantindo que este seja realmente um meio pelo qual os avanços
tecnológicos possam chegar até o agricultor (NOBRE et al., 2007).
O estabelecimento de metodologias adequadas para a avaliação da qualidade das sementes é
fundamental, e é importante que sejam feitas com base nos resultados de testes de laboratório, dentre os quais se
destaca o de germinação (DIAS et al., 2006).
A germinação das sementes é um processo que envolve o reinício e a continuidade das atividades
metabólicas, promovendo o desenvolvimento das estruturas do embrião, com a formação de uma plântula
(NOVEMBRE et al., 2007) e é afetada por uma série de condições intrínsecas e extrínsecas, sendo o conjunto
dessas condições essencial para que o processo se realize normalmente, onde a ausência de uma delas pode
impedir a germinação da semente (CARVALHO & NAKAGAWA, 2000).
Sabe-se que a temperatura influencia na germinação tanto por agir sobre a velocidade de absorção de
água, como também sobre as reações bioquímicas que determinam o processo, reações estas que vão desdobrar,
ressintetizar e transportar para o eixo embrionário as substâncias de reserva (CARVALHO & NAKAGAWA,
2000).
Entretanto, de acordo com Nogueira et al. (2003), o substrato influencia diretamente a germinação, em
função de sua estrutura, aeração, capacidade de retenção de água, grau de infestação de patógenos, entre outros,
podendo favorecer ou prejudicar a germinação das sementes. Constitui o suporte físico no qual a semente é
colocada e tem a função de manter as condições adequadas para a germinação e o desenvolvimento das
plântulas.
Diante do exposto e da escassez de informações sobre o processo germinativo de sementes de pinhão
manso, o presente trabalho foi realizado com o objetivo de investigar o efeito de diferentes temperaturas e
substratos na germinação de sementes de Jatropha curcas L.
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MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes da Dimicron Química do Brasil
Ltda., em Cruz Alta/RS. As sementes de pinhão manso (Jatropha curcas L.) foram provenientes da Embrapa
Agroenergia (Brasília – DF, lat. 15º 58' 57,7'', long. 48º 12' 41,2''), na qual o GEPE (Grupo de Estudo e Pesquisa
em Estaquia) tem uma parceria, trabalhando em conjunto com outras Empresas e Universidades no Projeto
intitulado “Pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) em pinhão manso (Jatropha curcas L.) para a
produção de biodiesel”.
Foram realizados testes de germinação, conduzidos em câmaras de germinação, utilizando-se amostras
de 35 sementes em quatro repetições, submetidas a temperaturas constantes de 20ºC, 25ºC e 30ºC, sob
iluminação contínua e uso de duas lâmpadas fluorescentes de 15 W cada. Para os testes foram utilizados os
substratos de rolo papel, umedecidas com água destilada equivalente a 2,5 vezes o peso do substrato seco, entre
areia, e sobre areia, sendo analisadas variáveis como o índice de velocidade de germinação e percentual de
germinação.
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O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, num esquema fatorial de 3
(temperaturas) x 3 (substratos). Os resultados foram submetidos a análise de variância (teste F). As variáveis
cujas médias apresentaram diferenças significativas foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a análise estatística, houve interação significativa (P<0,05) entre as temperaturas e os
substratos testados. Verificou-se que a as maiores porcentagens de germinação final do pinhão manso, ou seja,
no 10º dia após a semeadura, foram encontradas na temperatura de 30ºC, em todos os substratos utilizados,
diferindo significativamente dos demais tratamentos (Tabela 1), chegando a média atingir 73,57% de
germinação, no substrato sobre areia, o qual diferiu significativamente dos substratos rolo de papel e entre areia.
Observa-se, no entanto, que as menores médias foram obtidas, em geral, na temperatura de 20ºC em todos os
substratos testados.
Com relação aos diferentes substratos testados, o substrato sobre areia proporcionou as condições mais
favoráveis ao processo germinativo, diferindo significativamente dos demais para as temperaturas testadas,
exceto à temperatura de 20ºC.
Tabela 1. Germinação (%) de sementes de pinhão manso em diferentes substratos e temperaturas.
Temperaturas
20ºC
25ºC
30ºC
CV(%)
Rolo Papel
21,43 Ba
22,86 Bb
40,72 Ab
16,46
Substratos
Entre Areia
10,00 Bbc
13,58 Bbc
26,43 Ac
Sobre Areia
18,57 Cab
50,00 Ba
73,57 Aa
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula, na linha, não diferem pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade.
Em se tratando de índice de velocidade de germinação, de acordo com a Tabela 2, em todos os substratos
estudados os melhores resultados foram obtidos na temperatura de 30ºC, diferindo significativamente das demais
temperaturas . Na melhor temperatura para germinação de pinhão manso (30°C), o substrato sobre areia foi o
mais satisfatório, diferindo significativamente dos demais, sendo o substrato entre areia o que apresentou menor
IVG. De acordo com Carvalho e Nakagawa (2000), as temperaturas elevadas aumentam a velocidade de
germinação, sendo que por outro lado, temperaturas mínimas reduzem a velocidade de germinação e alteram a
uniformidade de emergência da radícula.
Tabela 2. Índice de Velocidade de germinação (IVG) de sementes de pinhão manso em diferentes substratos e
temperaturas.
Temperaturas
20ºC
25ºC
30ºC
CV(%)
Rolo Papel
1,50 Ba
1,60 Bb
2,85 Ab
14,45
Substratos
Entre Areia
0,39 Bab
0,63 Bc
1,58 Ac
Sobre Areia
1,03 Cc
3,78 Ba
7,85 Aa
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula, na linha, não diferem pelo teste de Tukey
a 5% de probabilidade.
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Ao mesmo tempo, verificou-se de acordo com o Gráfico 1, que o período de germinação se estabeleceu
entre o 5º e 10º dias, indicando este, como período preferencial para germinação e desenvolvimento inicial das
plântulas de pinhão manso.
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TEMPO (dias)
GRÁFICO 1. Número de sementes de pinhão manso germinadas no decorrer do tempo, sob três
temperaturas de incubação.
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CONCLUSÃO
Para a germinação de sementes de pinhão manso foi possível concluir que o potencial máximo de
germinação e os melhores índices de germinação foram obtidos a uma temperatura constante de 30ºC com
semeadura no substrato sobre areia, sendo o período de germinação estabelecido entre o 5º e o 10º dia.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4.ed. Jaboticabal: FUNEP,
2000. 588p.
DIAS, D.C.F. dos S.; DIAS, P.M.; SANTOS, L.A. Germinação de Sementes de Pinhão Manso (Jatropha curcas
L.) em Diferentes Temperaturas e Substratos. Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa –
UFV, 36570-000 – Viçosa – MG, 2006.
NOBRE, D.A.C.; ANDRADE, J.A.S.; DAVID, A.M.S. de S.; RESENDE, J.C.F. de.; FARIA, M.A.V.R.;
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NOGUEIRA, R. J. M. C.; ALBUQUERQUE, M. B.; SILVA JUNIOR, J. F. Efeito do substrato na emergência,
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Jaboticabal, v.25, p.15-18, 2003.
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SANTOS, S. dos.; JÚNIOR, E.J.F.; PIRES, B. NETTO, A.P. da C. Efeito e diferentes adubações no
desenvolvimento inicial de mudas de pinhão manso (Jatropha curcas L.). In: 4º Congresso Brasileiro de Plantas
Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel., 2007, Varginha. Anais. Varginha, 2007. p. 547- 554.
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