O universo científico
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O universo científico
un da O Nesta Edição: Caderno Científico Temas em Debate Mercado In Concurso “Um sorriso, uma vida” Personagem Eventos Latinoamericana no ive va rs Im o c pl ie an n to tífi do co nt ia V. 7, N0 1 | Janeiro/Fevereiro 2010 ISSN 1678-661 Vol. 7 • No 1 • Janeiro/Fevereiro • 2010 Qualificação: Qualis Nacional B4 - Odontologia e Interdisciplinar Qualis Nacional B5 - Medicina II e Engenharias II e III Indexação: BBO - Bibliografia Brasileira de Odontologia LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde ImplantNews - Vol. 7, n.1 (janeiro/fevereiro/2010) - São Paulo: VM Comunicações - Divisão Cultural, 2004 Periodicidade Bimestral ISSN - 1678-6661 1. Implantes dentários. 2. Cirurgia de implantes. 3. Prótese sobreimplantes. I. VM Comunicações - Divisão Cultural II. Título CDD 617.6005 Black D74 Ponto de Vista Dentistas do Bem fazendo a diferença O Brasil é um dos maiores centros de Empreendedores Sociais do Mundo. Mas, por trás desses empreendedores, existe a força motora desses projetos: o voluntariado. O trabalho voluntário tem crescido de maneira significativa nos últimos anos, associado às novas propostas de trabalho, maior visibilidade e respeitabilidade das ações desenvolvidas. Historicamente, está associado a um trabalho de caráter religioso, assistencialista, paternalista e de ajuda às pessoas carentes e menos favorecidas. Hoje, vivemos uma transição em direção à ética da solidariedade e participação cidadã, que envolve empresas e pessoas. Nessa transição, estamos desenvolvendo uma cultura moderna do voluntariado, voltada especialmente para a eficiência das ações, para os resultados dos serviços e para a qualificação e a profissionalização do trabalho voluntário individual ou, no caso das empresas, institucional. Também se busca a revitalização de espaços públicos democráticos, construindo caminhos de dupla direção: de um lado, a partir da generosidade, possibilitar ações efetivas e eficazes para a produção de mudanças sociais; de outro, a partir da conscientização do sentido comunitário e da capacitação profissional dos voluntários, catalisar agentes de mudança das políticas públicas de sua cidade ou país. Segundo recente pesquisa quantitativa, realizada pelo Iser (Instituto de Estudos de Religião), das atividades realizadas, 58% se realizam em instituições religiosas e 16,7% na Fábio Bibancos área de assistência social. A área da saúde recebe, apenas, 6,5% de dedicação. Com isso, o trabalho voluntário ganha novos sentidos e significados. Desvelar e compreender este fenômeno, em sua complexidade, é um desafio científico atual. Há um esforço incipiente em analisar os diferentes enfoques, métodos e tecnologias adotadas em cada tipo de organização no terceiro setor, assim como os sentidos, significados e motivações que levam o indivíduo a voluntariar e as relações que se estabelecem no contexto social. O projeto Dentista do Bem conta com o trabalho voluntário de cirurgiões-dentistas que atendem crianças e adolescentes de baixa renda (necessariamente estar matriculados na rede pública de ensino), proporcionandolhes tratamento odontológico gratuito até completarem 18 anos. A partir de um critério objetivo, os casos mais complicados (classificados através de índice de prioridade) são selecionados e encaminhados para dentistas cadastrados. Atualmente, são mais de 7.000 dentistas voluntários espalhados por todo o País – nos 26 Estados e no Distrito Federal, sete países da América Latina e agora, no começo de 2010, na Europa, em Portugal. Ainda é pouco, perante o grande número de dentistas brasileiros. Os dentistas do bem podem tornarem-se coordenadores em suas cidades e, além de recrutarem novos voluntários, incluem na agenda política municipal questões de saúde bucal. Que é justamente a evolução do voluntariado do qual falei acima. 2010 é um ano ainda mais propício para mudanças positivas em milhares de vidas. Do lado da Turma do Bem, uma série de novos projetos, patrocinadores e territórios se anunciam. Tudo isso só é possível por conta do empenho dos voluntários. E valorizar esse trabalho é a meta da Turma do Bem em 2010. Aguardem, será emocionante. Fábio Bibancos possui mais de 20 anos de experiência na prática clínica, é especialista em Odontopediatria e Ortodontia, mestre e doutorando em Saúde Coletiva e presidente da ONG Turma do Bem. É autor de 4 livros, 5 documentários e atua há 14 anos no 3o setor. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):5 Compromisso com nossos leitores Facilitar o acesso a conteúdos baseados em pesquisas clínicas testadas e comprovadas. Publicar conteúdos de vanguarda, visando trazer mais perto possibilidades futuras. Promover a discussão de temas polêmicos e fazer consenso para melhor orientar e proporcionar segurança nas várias práticas clínicas. Incentivar a produção científica de jovens talentos, criando prêmios de mérito para ampliar o número de pesquisadores no Brasil. Crescer continuamente o volume de artigos clínicos publicados por edição, buscando aumentar a base de informação. Disponibilizar canal on-line de consultas para solucionar eventuais dúvidas em práticas clínicas seguras. Garantir circulação da revista na data certa, evitando a quebra do fluxo regular de atualização científica neste campo. Capa: Imagem que destaca o Brasil no universo da Implantodontia. Publicação bimestral dirigida aos cirurgiões-dentistas, especialistas ou com interesse em Implantodontia clínica. Editor Científico: Prof. Dr. Paulo Rossetti Editor Científico Associado: Prof. Luiz A. Gomes Conselho Científico: Profs. Drs. Antônio Pinheiro (UFBA-Salvador/BA), Antônio Wilson Sallum (FOP-Unicamp/SP), Arthur Belém Novaes Jr. (Forp-USP-Ribeirão Preto/SP), Carlos dos Reis Pereira Araújo (FOB-Bauru/SP), Carlos Eduardo Francischone (FOB-Bauru/SP), Carlos Nelson Elias (IME/RJ), Cimara Fortes Ferreira (NSU College of Dental Medicine/USA), Cláudio Luiz Sendyk (Unisa/SP), Edevaldo Tadeu Camarini (UEM-Maringá/PR), Elcio Marcantonio Jr. (Unesp-Araraquara/SP), Flavia Rabello de Mattos (Fapi/SP), Guaracilei Maciel Vidigal Junior (Unigranrio-Rio de Janeiro/RJ), Hugo Nary Filho (USC-Bauru/SP), Israel Chilvarquer (Fousp-São Paulo/SP), Jamil A. Shibli (UnGGuarulhos/SP), Luciano Lauria Dib (Unip/SP), Marco Antonio Bottino (Unesp-São José dos Campos/SP), Marco Aurélio Bianchini (UFSC/SC), Marco Antônio Brandão Pontual (Ufes/ES), Maurício G. Araújo (UEM-Maringá/PR), Paulo Sérgio Perri de Carvalho (Unesp-Araçatuba/SP), Renato Mazzonetto (FOP-Unicamp/SP), Thomaz Wassall (SLMandic-Campinas/SP), Waldemar Daudt Polido (ABO-Porto Alegre/RS), Wilson Roberto Sendyk (Unisa/SP). Avaliadores: Profs. Drs. Antônio Wilson Sallum, Carlos dos Reis Pereira Araújo, Carlos Nelson Elias, Cimara Fortes Ferreira, Edevaldo Tadeu Camarine, Elcio Marcantonio Jr., César Arita, Flavia Rabello de Mattos, Guaracilei Maciel Vidigal Junior, Jamil A. Shibli, Marco Antonio Bottino, Marco Aurélio Bianchini, Marco Antônio Brandão Pontual, Renato Mazzonetto. Conselho Consultivo: Profs. Drs. Aldo Brugnera Junior (Univap/SP), Antonio Vicente de Souza Pinto (São Paulo/SP), Carlos Alberto Dotto (ABO-SP), César Arita (Aorp-Ribeirão Preto/SP), Fábio José Barboza Bezerra (ABO-BA), Fernando Santos Cauduro (PUC-Porto Alegre/RS), Francisco Fernando Todescan (Fundecto-USP/SP), Hamilton Navarro (Fousp-São Paulo/SP), Hiron Andreaza da Cunha (ABO-GO), Ivete Sartori (Ilapeo-Curitiba/PR), José Cícero Dinato (UFRGS/RS), Laércio W. Vasconcelos (P-I Brånemark Institute-Bauru/SP), Luiz Fernando Martins André (Unimes-Santos/SP), Luís Ronaldo Picosse (Fousp/SP), Mário Groisman (SLMandic/RJ), Milton Miranda (SLMandic-Campinas/SP), Pedro Tortamano Neto (Fousp-São Paulo/SP), Rander Pereira Avelar (UNB/DF), Ricardo Curcio (Hospital Heliópolis/SP), Sérgio Jayme (Instituto Sérgio Jayme-São Paulo/SP), Wellington Cardoso Bonachela (FOB-USP- Bauru/SP). Conselho de Tecnologia Aplicada: Profs. Drs. Adolfo Embacher Filho (Itu/SP), Ariel Lenharo (Inepo-São Paulo/SP), Aziz Constantino (São Paulo/SP), Cláudio Chedid (Ciodonto-São Paulo/SP), Dráuseo Speratti (Boston-EUA), Fernando Cosso (São Paulo/SP), Fernando Pastor (S.B.Campo/SP), Geninho Thomé (Ilapeo-Curitiba/PR), Jorge Mulatinho (APCD-São Paulo/SP), Maurício Motta (São Paulo/SP), Mauro Tosta (Cetao-São Paulo/SP), Nilton de Bortolli Jr. (Fundecto-São Paulo/SP), Paulo Zaidan Maluf (APCD-SP), Pedro Velasco Dias (Instituto Velasco-São Paulo/SP), Reginaldo Migliorança (ABO-Campinas/SP), Rodolfo Candia Alba Jr. (São Paulo/SP). www.implantnews.com.br Assinatura anual - R$ 520,00 | 8 edições Exterior - US$ 280. Central de Relacionamento com o Assinante: e-mail: [email protected] Tel.: (11) 3566-6205 Central de Vendas | Hunter Contact Center | Tel.: (11) 3566-6227 [email protected] | Loja virtual: www.vmstore.com.br Importante: a revista ImplantNews só comercializa assinaturas através de telemarketing próprio. 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Tiragem: 10.000 exemplares - auditada pela Circulação nacional. sumário 5 Ponto de Vista Dentistas do Bem fazendo a diferença Fábio Bibancos 11 Editorial Ten years gone – A gestão do conhecimento no século 21: você está preparado? 13 Caderno Científico 126 INP disputa fatia maior do mercado Um registro da produção dos autores nacionais 123 Temas em debate Reposição unitária na região anterior da maxila: fatores prognósticos x estética em tecidos duros e moles 126 INP - O despertar de uma nova grande empresa 132 132 Mercado In Conheça os vencedores do concurso “Um sorriso, uma vida” Concurso Divulgados os vencedores de “Um sorriso, uma vida” 139 A vez dos editores 143 personagem 143 Nicolau Cury, fundador do Laboratório Nicolau, não pensa em se aposentar O mestre não abandona seus aprendizes 144 Eventos • 2010 é o ano do aprimoramento profissional • Vem aí o III BIM em Brasília 151 • Abross 2010: grande destaque • Imersão total com Francischone e Arita • VII Encontro Internacional de Ortodontia e Cirurgia Ortognática 151 Metodologia Científica Metodologia Científica: trabalhos de publicação - Parte II 153 Normas de Publicação Metodologia Científica caderno científico ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES 13 Avaliação de implantes osseointegráveis submetidos à função imediata comparados à função tardia Evaluation of osseointegrated implants submitted to immediate function compared to late function Luiz Carlos Pinto Ferreira, Cecilia da Rocha Brito, Carlos Neutzling Lehn, José Tadeu Tesseroli de Siqueira 67 Implantes em pacientes diabéticos - do pré-operatório ao controle a longo prazo Implants in diabetic patients - the preoperative and a long-term control Rafael Manfro, Marcelo Carlos Bortoluzzi, Márcio Antônio Batistella, Adgar Zeferino Bittencourt, Camila D`Campora Reis Zago, Aline Rosler Grings Manfro 23 Utilização de guia gengival prototipado com carga imediata: acompanhamento de 36 meses de caso clínico The use of stereolithographic gengival guide with immediated load: restropective study with 3-year follow-up Frederico Nigro, Luiz Rogério Duarte, Carlos Eduardo Francischone Junior, Carlos Eduardo Francischone 33 Overdentures sobreimplante à barra: aspectos biomecânicos Bar-clip implant-retained overdentures: biomechanical aspects Amilcar Chagas Freitas Júnior, Humberto Gennari Filho, Marcelo Coelho Goiato, Ana Kelly Garcia Gallo, Daniela Micheline dos Santos 81 Uso de implantes inclinados junto à parede anterior do seio maxilar na reabilitação de maxilas atróficas Tilted implants adjacent to the maxillary sinus in the rehabilitation of the atrophic maxilla Guilherme Costa Carvalho Silva, José Alfredo Gomes de Mendonça 87 Regeneração óssea guiada por meio de membrana não absorvível pós-exodontia Guided bone regneration using non-absorbable membrane after extraction Evelyn Juri Rezende Lacerda, Hesio Magri de Lacerda 95 Superfície dos implantes osseointegrados x resposta biológica Dental implants surface X biological response: a literature review Marcelo Lievore de Brandão, Thiago Batista Degli Esposti, Edecir Décio Bisognin, Nassim David Harari, Guaracilei Maciel Vidigal Jr, Márcio Baltazar Conz 103 Caracterização físico-química e biológica de enxerto ósseo bovino, Bonefill, em bioensaios - Parte 1 Characterization physical-chemical and biological the bovine bone graft, Bonefill in biogical assays - Part 1 Marcelo Carbonari, Jivago Ludtke, Paulo César Vieira dos Santos, Nara Tathiane do Amaral Carvalho, Sérgio Alexandre Gehrke 113 Uso de simulação 3D no desenvolvimento de implantes e sistemas protéticos com pilares retos e angulados Effects of different abutment angle on the stress distribution around endosseous implants: a 3D finite element analysis Roberto Brunow Lehmann, Carlos Nelson Elias 41 54 61 Tratamento da fenestração óssea em implantes imediatos Treatment of bone fenestration on immediate implants: case report Rodrigo F. de B. Resende, José A. Calasans-Maia, Alfredo Schnetzler Neto, José Mauro Granjeiro, Mônica Diuana Calasans-Maia Utilização de implantes curtos em mandíbulas de pacientes periodontalmente comprometidos: oito anos de acompanhamento Short implants in the lower jaw of periodontally compromised patients – 8-year follow-up study Patricia Maria Peres Touma, Fernanda Brito, Carlos Marcelo Figueredo 73 Reconstrução alveolar com enxerto ósseo autógeno e malha de titânio: análise de 16 casos Alveolar reconstruction with autogenous bone graft and titanium micromesh: analysis of 16 cases Rafael Ortega-Lopes, Henrique Duque de Miranda Chaves Netto, Frederico Felipe Antonio de Oliveira Nascimento, Leandro Eduardo Klüppel, Glaykon Alex Vitti Stabile, Renato Mazzonetto A radioterapia e suas implicações na Implantodontia Radiotherapy and its implications in Implantology: literature review Marcelo Magalhães Marques, Lêda Marina de Lima Araújo, Erika Storck Cezário, Maurício Greco Côsso, Elton Gonçalves Zenóbio Editorial Ten years gone – A gestão do conhecimento no século 21: você está preparado? E ste editorial tem como tema o título de uma canção da lendária banda de rock-n´-roll Led Zeppelin: “Dez anos depois”. A primeira década do novo século está acabando com a mesma euforia que começou. Diversos fatos sociais e culturais foram marcantes, dentre eles, a inundação avassaladora do planeta por centenas de maravilhas tecnológicas. Este “vírus” infectou também a Implantodontia. Semelhante a algumas doenças, não existe cura para esta infestação, apenas o alívio dos sintomas (traduzindo, a necessidade de “teclar” mais). Dez anos depois, a quantidade de informação contida nos blogs, twitters, facebooks, e sites mais especializados supera nossa capacidade de absorção. Como exemplo, dos 17.083 itens existentes sobre os implantes dentários no PubMed, 9.276 foram publicados a partir de 1999, ou seja, mais de 50% da informação é recente. Quando analisamos o número de artigos publicados na língua inglesa, este número cai para 8.687. Um pequeno detalhe: o inglês não é a nossa língua pátria e a integração da Implantodontia com as demais disciplinas é iminente. Finalizando: sai na frente quem tiver “mais garrafa para vender”. Sem menosprezar a habilidade social (sim, ela continua importante), o implantodontista contemporâneo só vai “sobreviver” se souber administrar e aplicar com bom senso aquilo que lê. Já pensou como seria interessante aprender algo novo todo dia? Ainda melhor: usar este conhecimento para tratar os pacientes com maior potencial biológico e mais segurança. Que me desculpem os “entendidos”, mas se a leitura não se tornar um hábito como tomar café, fazer a barba, ir ao salão de beleza ou ao futebol do fim de semana... As possibilidades são infinitas: os sites especializados mantêm boletins eletrônicos de atualização que são fornecidos gratuitamente, e a mobilidade propiciada pelos blackberrys e iphones agiliza ainda mais a troca de informações. No manual do século 21, a informação não pede mais licença, muda constantemente, derruba dogmas como se fossem castelos de papel e consagra os que se esforçam para construir um futuro melhor. A ImplantNews vai continuar na vanguarda da informação e mostrar como a gestão do conhecimento pode fazer uma Implantologia melhor. Dez anos já se passaram. O que você está esperando: mexase, mude, faça algo novo! Paulo Rossetti Editor Científico REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):11 11 Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Avaliação de implantes osseointegráveis submetidos à função imediata comparados à função tardia Evaluation of osseointegrated implants submitted to immediate function compared to late function Luiz Carlos Pinto Ferreira* Cecilia da Rocha Brito** Carlos Neutzling Lehn*** José Tadeu Tesseroli de Siqueira**** Resumo O objetivo deste estudo foi avaliar e comparar o comportamento clínico de implantes osseointegráveis ativados imediatamente após a cirurgia com implantes ativados após 90 dias de instalação. Foi realizado um estudo retrospectivo em 38 pacientes na faixa etária entre 30 e 80 anos, que receberam quatro ou cinco implantes do tipo cônico na mandíbula na região intermentoniana com ou sem função mastigatória imediata, sobre os quais foram confeccionadas próteses fixas de resina acrílica. Os pacientes foram distribuídos em dois grupos: grupo A - reabilitação oral com prótese fixa provisória imediatamente após a instalação dos implantes dentários, e grupo B - reabilitação oral com prótese fixa definitiva colocada 90 dias após a instalação dos implantes dentários. Os parâmetros resistência ao torque, dor e mobilidade dos implantes foram avaliados 180 dias após sua inserção. Foram observadas diferenças estatisticamente significativas em relação à perda dos implantes, sendo de 11% para o grupo A e 2% para o grupo B. Houve maior índice de insucesso nos implantes submetidos à função imediata. Unitermos - Implantes dentários; Prótese dentária fixada por implante. Abstract The purpose of this study was to evaluate and compare the clinical behavior of osseointegrated implants with immediate function to implants activated 90 days after installation. A retrospective study was accomplished in 38 patients aged between 30 and 80 years-old, which received four or five tapered implants in the interforaminal area with or without immediate loading, on which stable, acrylic resin prostheses were fabricated. Patients were distributed in two groups: group A, oral rehabilitation with temporary stable prostheses immediately after installation and group B, oral rehabilitation with definitive stable prostheses installed 90 days after the implants installation. The resistance to torque, pain, and implant mobility were evaluated 180 days after surgical procedures. Statistically significant differences were observed in relation to implant loss, being 11% and 2% in groups A and B, respectively. Non-success failure rates were higher for implants underwent immediate function. Key Words - Dental Implants, Implant-supported dental prosthesis. * Graduação em Odontologia e Especialização em Prótese Dentária Unimes - Santos/SP; Mestrado em Medicina (Cirurgia de Cabeça e Pescoço) Hospital Heliópolis/SP; Professor do curso de Especialização de Implante - Instituto Velasco/SP; Coordenador dos cursos de Cirurgia e Prótese Sobreimplantes - APCD-Guarulhos. ** Graduação em Odontologia Centro Universitário Lusíada - Santos/SP; Mestrado em Odontologia Centro de Pesquisas Odontológicas SLMandic - Campinas/SP; Doutorado em Ciências Odontológicas Centro de Pesquisas Odontológicas SLMandic - Campinas/SP; Diretora de Pesquisas Odontológicas Copec - São Paulo/SP; Coordenadora do curso de Atualização em Odontopediatria ABO-Santos/SP. *** Graduação em Medicina - Fundação Universidade do Rio Grande; Mestrado em Medicina (Cirurgia de Cabeça e Pescoço) Hospital Heliópolis/SP; Doutorado em Medicina (Otorrinolaringologia) - Unifesp. **** Graduação em Odontologia - Universidade Estadual de Ponta Grossa; Especialização em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial - APCD-SP; Especialização em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial - CFO; Doutorado em Farmacologia - Instituto Ciências Biomédicas da USP. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):13-20 13 Ferreira LCP • Brito CR • Lehn CN • de Siqueira JTT Introdução Uma das principais regras para o sucesso da Implantodontia osseointegrável sempre foi o período mínimo de cicatrização. Sobre a superfície do implante acontece uma aposição óssea concêntrica demorando cerca de 14 dias pós-cirúrgicos resultando em um osso imaturo e que, depois de quatro a seis meses, é remodelado transformando-se em osso lamelar. E somente após esse período de latência é que iniciamos a reabilitação protética do paciente1. Ao mesmo tempo em que a latência era necessária ao seu sucesso, o longo período para cicatrização dos implantes tem sido um dos grandes fatores de insatisfação dos pacientes, sempre sequiosos por um tratamento rápido, apesar de uma grande satisfação ao se concluir o trabalho restaurador final. Cabe ressaltar que o sucesso em reabilitação por implantes osseointegrados inclui inevitavelmente a satisfação estética e psicológica do paciente2. As próteses usadas durante o período de osseointegração eram muitas vezes incômodas e davam insegurança aos pacientes devido à falta de estabilidade e retenção e, em alguns casos, poderiam levar cargas indevidas prematuras aos implantes3-4. Tendo em vista acelerar o tratamento restaurador, o protocolo dos implantes osseointegrados convencionais tem sido questionado nos últimos anos, visando um período menor para cicatrização ou mesmo a ativação imediata dos implantes logo após o ato cirúrgico. Atualmente vários estudos mostram resultados favoráveis quanto à confecção da prótese sobreimplante no mesmo ato de sua colocação, desde que estes apresentem uma boa estabilidade primária3,5-12. Desta forma, surge o conceito de função imediata, em que os implantes recebem função mastigatória logo após os estágios cirúrgicos e protéticos, que são realizados num mesmo momento. Neste caso, não há necessidade da espera pelo processo de osseointegração13. O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento clínico de implantes osseointegráveis ativados imediatamente após a cirurgia, comparativamente com implantes ativados três meses após a cirurgia. Material e Métodos O estudo do caso em questão é classificado como retrospectivo em pacientes que se submeteram a cirurgia para implantação de pinos metálicos de titânio e respectiva reabilitação oral. Foram seguidos os seguintes critérios de inclusão: 1. Pacientes edêntulos mandibulares ou com indicação de exodontia dos dentes inferiores remanescentes; 2. Osso disponível na região intermentoniana para instalação de quatro a cinco implantes com no mínimo 4 mm de diâmetro e 11 mm de altura; e 3. Estabilidade primária de 32 Ncm determinada 14 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):13-20 por Torquímetro no ato de sua instalação. Foram seguidos os seguintes critérios de exclusão: 1. Doença periodontal ativa; 2. Irradiação recente dos tecidos orais; 3. Doenças sistêmicas graves (diabetes não controlado, discrasias sanguíneas); 4. Dependência a drogas/álcool; e 5. Bruxismo severo. Foram avaliados 38 pacientes com idade entre 30 e 80 anos que receberam quatro ou cinco implantes na mandíbula na região intermentoniana. Grupo A - os pacientes receberam a reabilitação oral com próteses híbridas provisórias imediatamente após a instalação dos implantes dentários; e grupo B - os pacientes aguardaram o tempo de osseointegração primária de três meses e após este período foram instaladas sobre os implantes próteses híbridas parafusadas. 86 implantes (48%) com função mastigatória imediata e 94 implantes (52%) receberam carga 90 dias após a sua instalação, totalizando assim 180 implantes. As cirurgias foram realizadas no Centro de Estudos e Técnicas Odontológicas de São Paulo (Ceto) entre março de 2001 a maio de 2003. Foram usados implantes de titânio grau quatro do Sistema INP (Sistema de Implantes Nacionais e de Próteses), São Paulo, Brasil. Os implantes foram do tipo cônico, com superfície rugosa por jateamento com óxido de titânio nos diâmetros de 4 mm, 5 mm ou 6 mm e nos comprimentos de 11 mm, 12 mm, 15 mm, 18 mm ou 21 mm, escolhidos em conformidade com o volume ósseo disponível. Sobre estes implantes foram confeccionadas próteses parafusadas de resina acrílica. Os pacientes foram distribuídos em dois grupos, de acordo com o tempo de ativação dos implantes: grupo A - os pacientes receberam a reabilitação oral com próteses híbridas provisórias imediatamente após a instalação dos implantes dentários; e grupo B - os pacientes aguardaram o tempo de osseointegração primária de três meses e após este período foram instaladas sobre os implantes próteses híbridas parafusadas. A eleição da técnica em cada caso foi discutida entre paciente e profissional, de acordo com a expectativa e presença ou não de dentes na região inferior. Feito o exame clínico e a avaliação radiológica, o profissional executou uma moldagem com alginato para confecção dos modelos de estudo em gesso pedra. Nos pacientes dentados na região inferior, a moldagem foi feita e com uma placa de cera rosa número 7 foi registrada a relação intermaxilar e montado os modelos no articulador. Com a dimensão vertical determinada pelos dentes existentes, estes são quebrados e removidos do modelo e substituídos por dez dentes de estoque de resina acrílica com uma base de cera. Uma porção de resina acrílica é manipulada e antes da polimerização final é adaptada na região dos molares inferiores na crista óssea do modelo, ficando em formato de cela, e sua parte superior fica marcada pela parte oclusal dos molares superiores na posição de oclusão central. Em seguida, uma chapa de acetato é preparada sobre este conjunto Trabalho de Pesquisa Caderno Científico dando origem a um guia cirúrgico (Figuras 1 e 2). Capas de coifa em polipropileno, para fundição, que se adaptam a porção protética dos implantes, receberam braços de resina acrílica (Duralay vermelho) de 10 mm e foram fundidas em titânio (Figura 3). Nos pacientes edêntulos a prótese total já existente foi avaliada, apresentando condições de uso e com as relações intermaxilares corretas, esta foi duplicada e com a réplica acrilizada em resina incolor foi feito um guia cirúrgico . Os pacientes do grupo A receberam implantes cônicos, Linha Unnic (INP, São Paulo, Brasil), com a característica de ser uma única peça (implante e componente protéticos). Nos pacientes do grupo B, os implantes utilizados foram cônicos com hexágono externo, Linha Conus (INP, São Paulo, Brasil), Figura 4, e, em seguida, estes receberam seus tapaimplantes, a mucosa foi suturada com fio de seda 4-0, esses pacientes voltaram a usar durante três meses suas próteses totais com um alívio feito na área em que foram colocados os implantes. No grupo A os procedimentos protéticos foram executados da seguinte maneira: com auxílio de um pincel, as capas de coifa previamente fundidas e já posicionadas foram unidas Figura 1 Confecção do guia cirúrgico no modelo de gesso. Figura 3 Capas de coifas preparadas e fundidas em titânio. com resina acrílica (Duralay vermelho). Após a polimerização, os parafusos fixadores foram removidos e esta estrutura foi retirada da boca do paciente em uma moldagem feita em alginato. Réplicas de implantes foram colocadas nas capas de coifa dentro da moldagem, para que recebessem silicona fluida para confecção de gengiva artificial e, em seguida, esta moldagem é vazada com gesso pedra. O guia cirúrgico foi novamente usado, agora para dar a posição de relacionamento intermaxilar deste novo modelo com o modelo da arcada antagonista. A barra foi removida do modelo e feito acabamento com pedra montada em motor de baixa rotação. Colocada novamente a barra no modelo montado em um articulador, os dentes de estoque que foram usados para confecção do guia cirúrgico foram montados sobre a barra com cera utilidade, esta cera deve envolver também toda a barra, deixando um espaço livre de um a dois milímetros entre a sua base e o modelo. Todo o conjunto foi removido do modelo e provado na boca do paciente onde deve ser observada oclusão, espaço para higienização entre a prótese e a crista do rebordo e adaptação das capas de coifa aos implantes (Figuras 5 e 6). Figura 2 Guia cirúrgico preparado. Figura 4 Implantes INP, Conus HE e Unnic. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):13-20 15 Ferreira LCP • Brito CR • Lehn CN • de Siqueira JTT Após esta prova, a prótese foi acrilizada e parafusada sobre os implantes na boca do paciente em 32 Ncm, com auxílio de um torquímetro, e uma nova radiografia panorâmica foi feita no mesmo aparelho radiológico. Os pacientes do grupo B ficaram com seus implantes sepultos durante um período de 90 dias. Após este período foi realizada cirurgia de abertura dos implantes e instalação de cicatrizadores. Uma semana após a instalação dos cicatrizadores, a sutura foi removida e depois de 15 dias foi realizada moldagem de transferência. A técnica empregada nesta moldagem foi a de moldeira aberta, em que os implantes receberam pilares transferentes, e, em seguida, foi feito uma trama com fio dental unindo estes pilares. Com auxílio de um pincel foi aplicada resina acrílica (Duralay – vermelho) em todo fio dental (Figuras 7 e 8). Uma moldeira plástica selecionada e recortada para o caso, foi usada para realizar a moldagem com silicona de condensação leve e pesada na mesma tomada. Os parafusos dos pilares de transferência foram desapertados e a moldagem foi retirada da boca do paciente, réplicas Figuras 5 e 6 Dentes de estoque montados com cera utilidade sobre a barra e detalhe inferior da barra com os dentes montados em cera. Figuras 7 e 8 Pilares transferentes com união feita por fio dental e resina acrílica aplicada sobre o fio dental unindo os pilares de transferência. Figura 9 Réplicas de implantes colocadas nos pilares de transferência. 16 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):13-20 Figura 10 Pilares protéticos instalados sobre os implantes. Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Figura 11 Prova da montagem dos dentes sobre a barra. de implantes foram colocadas nos pilares de transferência e seus parafusos reapertados ficando o conjunto pronto para ser vazado (Figura 9). Na arcada antagonista, foi feita moldagem com alginato e vazado gesso pedra especial. Com os dois modelos prontos, foi preparada uma chapa de prova em resina acrílica e roletes de cera para registrarmos a relação maxilomandibular do paciente e procedermos à montagem dos modelos em articulador. Com os dentes montados e provados foi feita à seleção dos componentes protéticos para confecção de uma barra parafusada. Os componentes escolhidos foram esteticone com transmucoso de altura correspondente a espessura da mucosa em cada implante (Figura 10). Este componente apresenta um anel que corresponde ao transmucoso, um parafuso que prende este anel ao implante, e sobre estes é colocada uma capa de coifa de polipropileno que é parafusada sobre todo o conjunto. Com os componentes protéticos montados no modelo, as capas de coifas foram unidas com resina acrílica (Duralay vermelha) obtendo-se uma barra. Os parafusos superiores das capas de coifa são soltos e esta barra foi removida do modelo, fundida em titânio e provada sua adaptação na boca do paciente (Figura 11). Nesta prova foram verificadas a passividade de inserção da barra, a adaptação desta aos componentes, e se existia espaço para higienização entre a barra e a mucosa. Com a barra pronta e provada, foi feita a transferência dos dentes de resina acrílica para a barra e uma nova prova foi feita na boca do paciente. Estando a montagem correta a prótese foi acrilizada com resina acrílica termoativada. As próteses prontas foram parafusadas sobre os pilares protéticos com auxílio de uma chave digital e torqueada em 32 Ncm e, em seguida, a entrada dos parafusos foram fechadas com resina acrílica (Figura 12). A avaliação foi realizada 180 dias após a cirurgia inicial para instalação dos implantes em ambos os grupos, Figura 12 Prótese instalada. sendo utilizados os seguintes parâmetros e instrumentos de avaliação: 1. Exame radiográfico da mandíbula através de radiografias panorâmicas. 2. Exame para determinação de resistência ao torque por meio de torquímetro (marca Neodent). A resistência exigida foi de 32 Ncm, sem mobilidade do implante ou dor. 3. Exame clínico dos implantes para avaliação de dor ou mobilidade. Neste exame observamos a presença ou não de exudato, mobilidade e dor através de palpação do implante e áreas peri-implantares. Para se testar a homogeneidade dos grupos em relação às proporções foi utilizado o teste Qui-quadrado ou o teste Exato de Fisher, quando ocorreram frequências esperadas abaixo de cinco (Rosner, 1986). O nível de significância utilizado para os testes foi de 5%. Resultados Tabela 1 - Características da amostra em relação ao gênero Grupo A Grupo/gênero N Grupo B (%) N Total (%) N (%) Masculino 13 65 08 44 21 55 Feminino 07 35 10 66 17 45 Total 20 100 18 100 38 100 Pelo teste do Qui-quadrado os grupos diferiram estatisticamente em relação ao sexo, pois o grupo A apresentou maior percentual de homens que o grupo B (p=0,021). Os grupos não diferiram em relação à região de implantação mandibular pelo teste Qui-quadrado (p=0,216). Pelo teste exato de Fisher os grupos diferiram estatisticamente em relação ao tamanho dos implantes, sendo que os pacientes do grupo A receberam mais implantes de 15 mm de comprimento (p<0,001). Pelo teste do Qui-quadrado os grupos diferiram esta- REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):13-20 17 Ferreira LCP • Brito CR • Lehn CN • de Siqueira JTT tisticamente em relação à perda de implantes, sendo maior no grupo A (p=0,019). Tabela 4 - Quantidade de implantes osseointegrados nos dois grupos distintos Grupo A Perdas/Grupo N Grupo B (%) N Total (%) N (%) SIM 81 89 87 98 168 93 NÃO 10 11 02 02 12 07 Total 91 100 89 100 180 100 Discussão Figura 13 Procedimento em função imediata ou tardia. Tabela 2 - Nesta tabela comparamos os grupos de acordo com a região onde foram instalados os implantes Grupo A Região/Grupo N Grupo B (%) N Total (%) N (%) Região 31 07 7,69 14 15,72 21 11,67 Região 32 15 16,48 08 8,89 23 12,78 Região 33 05 5,49 10 11,24 15 8,33 Região 34 17 18,68 10 11,24 27 15,00 Região 35 01 1,10 05 5,62 06 3,33 Região 41 09 9,89 07 7,87 16 8,89 Região 42 13 14,29 11 12,36 24 13,33 Região 43 08 8,79 06 6,74 14 7,78 Região 44 14 15,38 14 15,73 28 15,56 Região 45 02 2,21 04 4,49 06 3,33 Total 91 100 89 100 180 100 Tabela 3 - Tamanho dos implantes, usados em cada grupo, de acordo com o osso disponível do local Grupo A Tamanho dos implantes/Grupo N Grupo B (%) N Total (%) N (%) 4.0 x 11 mm -- -- 04 4,49 4 2,22 4.0 x 12 mm 07 7,69 59 66,30 66 36,67 4.0 x 15 mm 48 52,75 26 29,21 74 41,11 4.0 x 18 mm 07 7,69 -- -- 07 3,89 4.0 x 21 mm 04 4,40 -- -- 04 2,22 5.0 x 12 mm 11 12,09 -- -- 11 6,11 5.0 x 15 mm 08 8,79 -- -- 08 4,44 6.0 x 12 mm 05 5,49 -- -- 05 2,78 6.0 x 15 mm 01 1,10 -- -- 01 0,56 Total 91 100 89 100 180 100 18 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):13-20 Os dados deste estudo mostram que o índice de perda dos implantes de titânio submetidos à função imediata foi estatisticamente maior, comparativamente com os implantes ativados três meses após a cirurgia de instalação ou função tardia (p=0,019). Atualmente vários estudos mostram que implantes metálicos de titânio submetidos à função imediata são viáveis clinicamente14, tendo bom índice de sucesso3, embora sejam necessários mais estudos longitudinais10,15. Vários fatores podem ter contribuído para o índice de perda encontrado nos implantes submetidos à função imediata neste estudo. Trabalho anterior com o mesmo tipo de implantes mostrou que a perda de implantes submetidos à função tardia variou de acordo com o nível de aprimoramento técnico do cirurgião ou da equipe que realizou o implante16; como estes implantes foram realizados em curso para aprimoramento cirúrgico em implantes, é possível que este fator tenha ocorrido embora as perdas dos implantes submetidos à função imediata, do estudo atual, sejam compatíveis com a literatura17-19. Neste estudo as perdas foram encontradas da seguinte forma: três pacientes do grupo que recebeu função imediata perderam um implante, dois pacientes perderam dois implantes e um paciente perdeu três implantes; e no grupo que recebeu função tardia dois pacientes perderam um implante. Na técnica de função imediata é indispensável que a reabilitação (parte protética) seja feita de forma primorosa e exija formação e adestramento profissional. Profissionais que pretendam trabalhar com esta técnica necessitam aprimoramento não só da parte cirúrgica, mas também desenvolvam conhecimentos protéticos refinados. São áreas de conhecimentos distintos e que nem sempre são dominadas por um mesmo profissional, sendo muitas vezes necessária uma equipe multidisciplinar para um melhor resultado nesta técnica. Outros estudos que descreveram técnicas de planejamento cirúrgico mais aprimoradas, com uso de tomografias e biomodelos, obtidos através de prototipagem assim como confecções de prótese mais sofisticada, com união metálica dos implantes, obtiveram índice de sucesso superior20-22. Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Outro aspecto relevante que pode ter contribuído para as perdas observadas neste estudo refere-se às características dos rebordos alveolares prévias à colocação dos implantes, não ficando claro os aspectos clínicos envolvendo a presença de doenças periodontais ou outras alterações dentárias ou ósseas que possam ter influenciado nessas perdas. Outros fatores de risco para a osseointegração, como tabagismo e etilismo, também não foram considerados nesta avaliação retrospectiva e podem ter sido fator relevante nas perdas. Embora a perda de implantes que receberam carga imediata tenha sido de 5:1 dos implantes com carga mediata, ainda assim obteve-se um percentual de osseointegração relativamente alto, fato que sugere a importância da técnica e seu aprimoramento para identificar as razões dessas perdas. Por outro lado, a média de tamanho dos implantes utilizados no grupo de função imediata foi maior estatisticamente do que a média dos implantes usados para função mediata (p<0,001), fato sugestivo de que o tamanho dos implantes, pelo menos neste estudo, não parece ter sido o fator determinante para a osseointegração e tampouco para a sobrevida a curto e longo prazo após a reabilitação oral; porém, devemos lembrar que foram usados implantes com altura mínima de 11 mm. Outro aspecto relevante que pode ter contribuído para as perdas observadas neste estudo refere-se às características dos rebordos alveolares prévias à colocação dos implantes, não ficando claro os aspectos clínicos envolvendo a presença de doenças periodontais ou outras alterações dentárias ou ósseas que possam ter influenciado nessas perdas. Outros fatores de risco para a osseointegração, como tabagismo e etilismo, também não foram considerados nesta avaliação retrospectiva e podem ter sido fator relevante nas perdas. Como estudo retrospectivo, certamente este também apresenta limitações, como as discutidas anteriormente, que dificultam uma análise ampla das possíveis causas das perdas observadas, sendo indicado estudos prospectivos nas mesmas características do atual para análise mais precisa. Embora o grupo de implantes com carga imediata fosse estatisticamente diferente do outro grupo, no que se refere à presença maior de homens (p=0,021), esse fato, por si só, não pode ser considerado como fator de risco para falhas na osseointegração. Em relação a outras variáveis, como idade, número de implantes por paciente e região escolhida para a implantação, não diferiu significativamente nos dois grupos e não podem ser considerados como possíveis causas de perdas em quaisquer dos grupos. Além disso, neste estudo foram observados os requisitos gerais para osseointegração, como é o caso da qualidade óssea. A osseointegração dos implantes de titânio permitiu a reabilitação oral nas mais variadas condições e aumentou a qualidade de vida de muitos pacientes. Esse processo melhora gradativamente e a realização do protocolo de carga imediata possibilita grande satisfação ao paciente, pois permite o tratamento restaurador oral imediato 2,23, possibilitando uma adaptação mais rápida das estruturas que compõem o aparelho mastigatório, facilitando não só a adaptação física dos tecidos, mas também a adaptação psicológica e social dos pacientes. Conclusão Neste estudo observamos que houve perda maior no grupo de pacientes que receberam implantes metálicos de titânio submetidos à função imediata (11%) comparativamente ao grupo de pacientes que recebeu implantes com função tardia (2%). Concluímos que a técnica de função imediata pode ser empregada com êxito quando o profissional estiver devidamente preparado (cirúrgica e proteticamente) e o paciente estiver esclarecido e indicado para este tipo de tratamento. Recebido em: nov/2008 Aprovado em: jul/2009 Endereço para correspondência: Luiz Carlos Pinto Ferreira Rua Paraguassu, 36 - Boqueirão 11050-020 - Santos - SP [email protected] REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):13-20 19 Ferreira LCP • Brito CR • Lehn CN • de Siqueira JTT Referências bibliográficas 1. Brånemark PI, Zarb GA, Albrektsson T. Tissue integrated prostheses: osseointegration in clinical dentistry. Chicago: Quintessence; 1985. 2. Zarb GA, Albrektsson T. Tissue-integrated prostheses: osseointegration in clinical dentistry. Chicago: Quintessence; 1989. 3. Schnitman PA, Worhle OS, Bubenstein JE. Immediate fixed interim prostheses supported by two-stage threaded implants: methodology and results. J Oral Implant 1990;2:96-105. 4. Hildebrand D, Kunz A, Mehrhof J, Nelson K. Immediate loading of implants in edentulous jaws: a series of cases reports. Int J Oral Maxillofac Surg 2001;30:S14. 5. Balshi TJ, Wolfinger GJ. 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Scand J Plast Surg 1977;11(Suppl 16):1-132. Relato de Caso Clínico Caderno Científico Utilização de guia gengival prototipado com carga imediata: acompanhamento de 36 meses de caso clínico The use of stereolithographic gengival guide with immediated load: restropective study with 3-year follow-up Frederico Nigro* Luiz Rogério Duarte** Carlos Eduardo Francischone Junior*** Carlos Eduardo Francischone**** Resumo A Implantodontia atual sofreu mais do que uma evolução, está passando por uma revolução, principalmente tecnológica, onde conta-se com softwares de manipulação de imagens, modelos e guias prototipados. A carga imediata foi um marco na Implantodontia e as cirurgias guiadas marcam uma outra etapa. A partir de uma tomografia computadorizada obtêm-se dados que são inseridos em um software específico no qual é possível planejar os implantes e, a partir desse ponto, produzir por prototipagem um guia o qual orientará a confecção da prótese definitiva e do ato cirúrgico. O presente artigo descreve um caso clínico utilizando essa tecnologia e o seu controle por um período de três anos. Unitermos - Implantes osseointegrados; Carga imediata; Prototipagem; Cirurgia guiada. Abstract Contemporary dental Implantology has suffered a considerable evolution, with, immediate loaded, computer-assisted surgery being an important landmark in its history. The use of computer software to visualize potential implant sites has revolutionized the manner in which imaging data are assimilated. CT scans can provide information to construct accurate surgical guides. A further advance in imaging modalities involves the use of stereolithographic models. These are created from CT scan data sets through rapid prototyping technology and serve multiple purposes in dentistry. This article describes a retrospective case report on the use of this technology over a three-year follow-up. Key Words - Dental implants; Immediate-loaded implants; Stereolithographic surgical models; Guide template; Computer-assisted surgery. * Doutorando em Implantodontia - USC; Mestre em Implantodontia - Unisa; Especialista em Prótese Dental - Unip; Professor do curso de Especialização - Senac. ** Mestre em Implantodontia - USC; Especialista em Implantodontia - ABO/BA. *** Doutorando, mestre e professor da Implantodontia - USC. **** Coordenador dos cursos de Doutorado e Mestrado em Implantodontia - USC; Professor titular do Departamento de Dentística - FOB-USP. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):23-31 23 Nigro F • Duarte LR • Francischone Jr. CE • Francischone CE Introdução A evolução técnica científica tem mudado o perfil da Implantodontia nos últimos anos. Hoje em dia pode-se contar com tecnologias avançadas, como por exemplo, cirurgias guiadas1-3, Sistemas CAD-CAM4, vários materiais como a zircônia5, modelos esteriolitográficos6-7 software de planejamento8-10 e técnicas mais apuradas como a carga imediata11-12. Os avanços científicos propiciaram a utilização de implantes submetidos à carga imediata com maior segurança e previsibilidade. Inúmeros artigos têm mostrado os resultados positivos, em longo prazo, como demonstrado por diversos autores13-15, bem como descrevendo técnicas16-17 e ditando padrões para que esta técnica18 seja realizada com total sucesso ou através de implantes zigomáticos submetidos à carga imediata19. Na sequência destas evoluções, outra grande contribuição incorporada na rotina da Implantodontia foi a cirurgia sem retalho, como nos mostra os autores17-18,20. A partir dos dados gerados pela tomografia computadorizada, que ao serem inseridos no programa de manipulação de imagens permitem a realização do planejamento virtual, aliados à tecnologia da Estereolitografia, passou a produzir guias prototipados que orientam com precisão a cirurgia de instalação dos implantes, como os relatados pelos autores6,8,21. Aliada a ideia da cirurgia sem retalho com a tecnologia de produção de guias prototipados, através dos programas de manipulação de imagem, vários estudos foram realizados para que esses guias pudessem ser posicionados sobre o tecido gengival e os implantes instalados na posição predeterminada no programa, através de uma cirurgia sem retalho, como relatado na literatura22. Mediante todos esses avanços, o desafio de se realizar uma cirurgia para instalação de implantes, submetidos à carga imediata com a prótese definitiva previamente elaborada, tem sido realizada com o auxilio de um guia cirúrgico prototipado, como descrito por diversos autores23-25. O presente artigo descreve um caso clínico em que os implantes foram instalados com o auxílio de um guia prototipado e a prótese definitiva instalada instantaneamente após o término da cirurgia, com acompanhamento de 36 meses. Relato de Caso Clínico Paciente RAI, sexo feminino, 60 anos, compareceu ao consultório portando uma prótese total superior com três raízes residuais e uma overdenture inferior retida por implantes no sistema barra-clipe (Figuras 1a e 1b). Após o exame clínico e a avaliação de uma radiografia panorâmica, concluiu-se ser um caso limite quanto ao volume ósseo para a instalação de implantes sem a necessidade de enxerto. Inicialmente reabilitou-se a paciente com uma nova prótese total, sem no entanto acrilizá-la (Figura 2) e mantendo o modelo funcional intacto. Agora esta prótese é duplicada em Sulfato de Bário a 20%, transformando-a em um guia tomográfico para que uma tomografia computadorizada helicoidal MultiSlice com cortes de 1 mm sejam realizadas com o guia em posição (Figura 3).Os dados obtidos em formato Dicom (Digital Imaging and Commucation in Medicine) são convertidos no formato BMP (bitmap) compatível com os programas de manipulação de imagens. Com os dados inseridos no programa de manipulação de imagens (DentalSlice) planejou-se virtualmente a instalação de cinco implantes (Implantes Brånemark System MKII-TiUnite-Nobel Biocare) na região anterior da maxila (Figura 4), sendo um implante de 3,75 mm x 13 mm na região do 14, um implante de 3,3 mm x 13 mm na região do 12, um implante de 3,75 mm x 10 mm na região do 11, um implante de 3,75 mm x 10 mm na região do 21 e um implante de 3,3 mm x 13 mm na região do 23. O planejamento foi encaminhado para a central de prototipagem (Bioparts), que confeccionou um guia cirúrgico A Figuras 1a e 1b Caso inicial. 24 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):23-31 B Relato de Caso Clínico Caderno Científico Figura 2 Nova prótese em cera. Figura 3 Prova da prótese em sulfato de bário. Figura 4 Planejamento virtual. Figura 5 Guia prototipado. Figura 6 Prova em boca do guia prototipado. gengival prototipado. No guia cirúrgico foram instaladas as anilhas, que são os anéis que orientam todos os passos cirúrgicos (Figura 5). Prova-se o guia prototipado na paciente, certificandose que o mesmo se adapte sobre o tecido mucoso sem movimentar-se (Figura 6). O próximo passo é a confecção de um Figura 7 Obtenção do registro multifuncional. registro multifuncional em silicona de condensação pesada, a qual manterá o guia posicionado no rebordo remanescente e ocluindo com a prótese antagonista (Figura 7). O registro multifuncional e o guia cirúrgico prototipado são encaminhados para o laboratório para a confecção da prótese definitiva superior do caso. Inicialmente, réplicas dos REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):23-31 25 Nigro • Duarte LR • Francischone Jr. CE • Francischone CE implantes são acopladas ao guia prototipado para a obtenção do novo modelo funcional. Posteriormente, sobre este é confeccionada uma infraestrutura em titânio, sobre a qual os dentes artificiais serão acrilizados para a obtenção da prótese final (Figura 8). Com a prótese definitiva finalizada, passa-se então à fase cirúrgica do caso. Fase cirúrgica Após a anestesia infiltrativa em fundo de sulco (Cloridrato de mepivacaína a 2% com epinefrina a 1:100.00), as raízes residuais são extraídas com o auxílio de um periótomo, evitando ao máximo qualquer dano ao tecido ósseo remanescente (Figura 9). O guia cirúrgico prototipado é levado em posição com auxílio do registro multifuncional; pede-se para o paciente ocluir fortemente. Agora o guia cirúrgico é fixado na boca com o auxílio dos pinos para ancoragem do guia (Figura 10). Com o guia prototipado posicionado iniciam-se as perfurações. Inicialmente com uma broca de chanfro de tecido e na sequência com auxílio dos guias para perfurações inseridos dentro das anilhas do guia prototipado, executando-se a fresagem na sequência das brocas (Brocas do Sistema NobelGuide-Nobel 26 Biocare) de 2 mm de diâmetro (Figura 11), 2,8 mm de diâmetro (Figura 12) para os implantes de 3,3 mm de diâmetro e 3,0 mm para os implantes de 3,75 mm de diâmetro. Todas as perfurações são realizadas nos comprimentos predeterminados dos implantes durante o planejamento virtual. Finalizadas as perfurações, instala-se o primeiro implante, remove-se o montador e coloca-se um abutment para manutenção do guia em posição (Nobel Biocare), instala-se o segundo implante e da mesma maneira coloca-se o abutment para a manutenção do guia em posição. Só então se instalam os demais implantes (Figura 13). Em seguida, o guia prototipado é retirado e o remanescente do tecido gengival é excisado (Figura 14). Com o auxílio dos Guided Abutments (Nobel Biocare) – abutments fendados, que conforme vão sendo apertados têm a sua parede comprimida contra a parede dos cilindros da prótese mantendo esta em posição –, a prótese definitiva (confeccionada com uma infraestrutura metálica em tubos de titânio soldado a laser nos cilindros de titânio) é instantaneamente instalada e aparafusada, os ajustes oclusais são realizados e a entrada dos parafusos obliterados (Fill Magic Tempo-Vigodent) (Figura 15). Após os controles iniciais do primeiro mês e com o retor- Figura 8 Prótese definitiva. Figura 9 Extrações iniciais. Figura 10 Guia prototipado em posição. Figura 11 Perfuração guiada com a broca de 2 mm de diâmetro. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):23-31 Relato de Caso Clínico Caderno Científico Figura 12 Perfuração guiada com a broca de 2,8 mm de diâmetro. Figura 13 Implantes instalados com os montadores e abutments mantenedores do guia. Figura 14 Implantes instalados. Figura 15 Prótese definitiva instalada instantaneamente e sobredentadura inferior. Figura 16 Raios-X panorâmico de seis meses de proservação. Figura 17 Caso clínico com um ano de proservação. no da paciente após seis meses, avaliou-se a estabilidade dos tecidos peri-implantares, sangramento e higiene. Notou-se um sangramento à sondagem (Grau 2 de Löe e Silness) e os tecidos peri-implantares se mantiveram estáveis, apesar da higiene insatisfatória com acúmulo de placa (Score 2 de Ainamo e Bay). Realizou-se uma radiografia panorâmica (Figura 16) e o controle oclusal. O paciente foi reorientado quanto a hábitos de higiene. Com um ano a paciente retornou à clínica onde nova avaliação (Figura 17) foi realizada, tanto dos tecidos moles REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):23-31 27 Nigro • Duarte LR • Francischone Jr. CE • Francischone CE A B Figuras 18a e 18b Controle radiográfico de um ano. A C quanto do tecido ósseo, quando então foram realizadas novas radiografias (Figuras 18a e 18b), bem como uma nova tomografia, para que estas segundas imagens fossem sobrepostas às imagens do planejamento virtual para se obter uma visão real do resultado final frente ao planejamento virtual (Figuras 19a a 19c). Neste segundo retorno as condições dos tecidos peri-implantares encontraram-se estáveis e a higiene havia melhorado (Grau 1 de Löe e Silness), novo ajuste oclusal realizado. Entre o 12o mês e o 36o mês a paciente acrescentou dois implantes na região inferior e a overdenture inferior foi substituída por uma prótese implantossuportada aparafusada tipo protocolo de Brånemark, porque a paciente 28 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):23-31 B Figuras 19a a 19c Sobreposição do planejamento virtual dos implantes com o resultado final (vermelho-planejamento virtual e verde implante real) - Vistas frontal e lateral. passou a reclamar da instabilidade da prótese inferior após a reabilitação da arcada superior. Nova estabilidade oclusal foi dada ao conjunto prótese inferior e superior. Estes ajustes são realizados ajustando-se o contato cúspide-fossa com auxílio do carbono de 200 µm (Bausch-Germany) e, posteriormente, com o papel Arti-Fol de 28 µm (Bausch-Germany). Deixa-se as próteses com uma oclusão mutualmente protegida com desoclusão pelo canino. Após o 36o mês, com o retorno da paciente à clínica para uma nova avaliação (Figuras 20a a 20c), foram realizadas (Figuras 21a a 21c) novas radiografias e novo ajuste oclusal. Os tecidos peri-implantares continuam estabilizados, a higiene da paciente voltou a se mostrar insatisfatória, com acúmulo de placa bacteriana (score 2 de Ainamo e Bay para o nível de placa e grau 2 de Löe e Silness para os tecidos peri-implantares). A paciente foi reorientada na técnica de escovação (Técnica de Bass), o uso da escova interdental foi reforçado, bem como a do fio dental SuperFloss (Oral-B). A paciente foi instruída a fazer uso de Gluconato de Clorexidina a 0,12%, por 15 dias. Relato de Caso Clínico Caderno Científico A C Discussão Acompanhamentos clínicos longitudinais têm nos mostrado a viabilidade da carga imediata na Implantodontia atual; porém, somente a evolução tecnológica pode proporcionar o caso aqui exposto, tecnologia esta que começa a ser viável a partir da introdução das tomografias computadorizadas na Implantodontia, seguidas por softwares como o Simplant, Nobel Guide, DentalSlice e outros, que foram desenvolvidos com a finalidade de proporcionar aos profissionais a possibilidade de planejar e visualizar o caso virtualmente na proporção real de 1:1 antes da realização do ato cirúrgico. Entramos, assim, na era das cirurgias guiadas. O grande desafio tem sido como compensar na tomografia e, posteriormente, no software, o volume de tecido gengival. Poucos artigos têm destacado esta técnica para que se torne viável na rotina da Implantodontia22. Entretanto, alguns autores têm desenvolvido protocolos específicos baseados nesta tecnologia. No acompanhamento de um ano, pode-se notar a estabilidade do nível ósseo e a manutenção dos tecidos peri-implantares. O ajuste oclusal periódico e sucessivo, ou seja, a estabilidade terciária26, que auxilia na manutenção da osseointegração, deve ser observada. Com um ano de controle e a nova tomografia podem-se sobrepor as imagens B Figuras 20a a 20c Caso clínico com 36 meses de proservação. Acompanhamentos clínicos longitudinais têm nos mostrado a viabilidade da carga imediata na Implantodontia atual; porém, somente a evolução tecnológica pode proporcionar o caso aqui exposto, tecnologia esta que começa a ser viável a partir da introdução das tomografias computadorizadas na Implantodontia, seguidas por softwares como o Simplant, Nobel Guide, DentalSlice e outros, que foram desenvolvidos com a finalidade de proporcionar aos profissionais a possibilidade de planejar e visualizar o caso virtualmente na proporção real de 1:1 antes da realização do ato cirúrgico. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):23-31 29 Nigro • Duarte LR • Francischone Jr. CE • Francischone CE A B C Figuras 21a a 21c Controle radiográfico de 36 meses. Figura 22 Guided Abutment (Nobel Biocare). obtidas com o planejamento virtual e assim verificar que o resultado final dos implantes instalados (Figuras 20a a 20c, implantes em verde) seguiu a direção dos implantes planejados virtualmente (Figuras 20 a 20c, implantes em vermelho), com pequenos desvios, também relatado na literatura27-28. No período de dois anos a overdenture inferior foi substituída por uma prótese fixa implantossuportada aparafusada e apesar desta substituição a prótese superior manteve-se estável, como se pode observar na proservação de 36 meses, onde os tecidos peri-implantares mantiveram-se estáveis e sadios (Figuras 21a a 21c) comparados ao início do caso quando da instalação instantânea da prótese (Figura 16a). O nível ósseo manteve-se estável ao longo desses 36 meses quando comparado as radiografias de 12 meses, mostrando que a osseointegração é conservada ao longo do tempo, independentemente da prótese antagonista, desde que se mantenha uma estabilidade oclusal e uma boa condição de higiene e manutenção. Na literatura também se observa uma proservação, em longo prazo, quando esses princípios são mantidos29-30. Este caso clínico chama a atenção os guided abutments (Figura 22), que possibilitaram a instalação da prótese definitiva, mesmo com pequenas diferenças no posicionamento final dos implantes, pois estes abutments por serem fendados e posicionarem a prótese por expansão dessas 30 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):23-31 fendas aceitam esses pequenos desajustes tanto no sentido mesiodistal, vestíbulolingual e cervico-oclusal, como podemos ver nas imagens radiográficas (Figuras 18a e 18b e 21a a 21c). No entanto, podemos observar que os abutments encontram-se assentados perfeitamente sobre as plataformas dos implantes. Conclusão A chave do sucesso para o uso desta modalidade terapêutica estará sempre na criteriosa seleção do caso, através de minucioso estudo, planejamento reverso, nos softwares específicos, bem como na experiência do profissional. Essa técnica está sendo incorporada na rotina da Implantodontia moderna. Recebido em: mai/2009 Aprovado em: jun/2009 Endereço para correspondência: Frederico Nigro Rua Botucatu, 572 - Conj. 11 - Vila Clementino 04023-061 - São Paulo - SP Tel.: (11) 5574-8550 [email protected] Relato de Caso Clínico Caderno Científico Referências bibliográficas 1. Casap N, Tarazi E, Wexler A, Sonnenfeld U, Lustmann J. Intraoperativecomputerized navigation for fl apless implant surgery and immediate loading in the edentulous mandible. Int J Oral Maxillofac implants 2005;20(1):92-8. 2. Miller RJ, Bier J. Surgical navigation in oral implantology. 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J Prosthet Dent 2007;97(6)Suppl:S26-S34. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):23-31 31 Revisão da Literatura Caderno Científico Overdentures sobreimplante à barra: aspectos biomecânicos Bar-clip implant-retained overdentures: biomechanical aspects Amilcar Chagas Freitas Júnior* Humberto Gennari Filho** Marcelo Coelho Goiato*** Ana Kelly Garcia Gallo* Daniela Micheline dos Santos* Resumo As overdentures sobreimplantes apresentam comprovado índice de sucesso por estudos clínicos longitudinais. Porém, há controvérsias na literatura sobre o mecanismo de transmissão e distribuição das tensões decorrentes da função mastigatória sobre overdentures através dos sistemas de retenção e implantes aos tecidos ósseos e de suporte. Assim, ainda nos dias de hoje, os mecanismos responsáveis pelas falhas biomecânicas dos implantes não estão completamente definidos pela literatura e a influência dos diversos fatores biomecânicos não é conclusiva. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão da literatura sobre os aspectos biomecânicos que podem induzir a falhas das overdentures sobreimplante, enfatizando os trabalhos que avaliaram os sistemas de retenção do tipo barra-clipe. Baseado nos estudos até então realizados, pode-se relacionar o uso de implantes esplintados por meio de barras metálicas (sistema rígido) a uma maior concentração de tensão nos implantes e componentes protéticos e, simultaneamente, alívio das tensões nos tecidos de suporte adjacentes aos implantes quando comparado a implantes não-esplintados (sistemas esféricos e magnetos). Porém, as características clínicas de cada paciente devem ser consideradas no planejamento para que ocorra um correto comportamento biomecânico das overdentures sobreimplante, refletindo-se na longevidade do tratamento. Unitermos - Overdentures; Implantes dentários; Biomecânica; Retenção em prótese dentária. Abstract Implant-supported overdentures show high success according to longitudinal clinical studies. However, there are controversies in the scientific literature regarding stress transmission and distribution on the supporting tissues given by retention mechanisms and implants during masticatory function. Nowadays, the mechanisms responsible for biomechanical failures on implants are not well-defined and their influence is inconclusive. The aim of this study was to make a literature review about the biomechanical aspects related to failures in implant-supported overdentures, emphasizing the studies with bar-connecting devices. Based on the reviewed studies, the use of implants connected by metallic bars (rigid system) can be related to a higher stress concentration on the implants and prosthetic components and with a lower stress in the supporting tissues near to the implants compared to non-splinted implants (spherical and magnetic systems). However, the clinical characteristics of each patient must be considered in the treatment planning for adequate biomechanical behavior of implant-supported overdentures, allowing excellent treatment longevity. Key Words - Overdentures; Dental implants; Biomechanics; Dental prosthesis retention. * Mestres em Prótese Dentária pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba - Unesp. ** Professor titular do Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - Unesp. *** Professor adjunto do Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - Unesp. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):33-9 33 Freitas Jr. AC • Gennari Filho H • Goiato MC • Gallo AKG • dos Santos DM Introdução e Proposição Uma queixa frequente dos pacientes desdentados é a ausência de retenção e estabilidade das próteses totais (PT). Isto está relacionado ao processo fisiológico progressivo de reabsorção do rebordo alveolar decorrente da perda dos elementos dentais. A ausência de retenção somada à falta de estabilidade das PT provoca redução da força mastigatória e dificuldade na articulação das palavras, interferindo na autoestima e na qualidade de vida destes pacientes1. Com o advento da Implantodontia, uma das alternativas para melhorar a condição destes pacientes, foram as overdentures sobreimplante (próteses dentárias implantorretidas e mucossuportadas), que têm sido utilizadas desde o início da década de 1980. Dentro desse contexto, a PT convencional deve ser apresentada como uma modalidade terapêutica temporária para proporcionar função estética e oral durante o tratamento com implantes, principalmente no arco inferior, por apresentar limitada área de suporte (restrita ao rebordo residual) que, aliada à presença das inserções musculares e da língua, atuam desestabilizando a PT convencional inferior quando em função. Para a retenção de uma overdenture inferior, a presença de dois a quatro implantes é o ideal1. Outra opção de tratamento seria a colocação de quatro a seis implantes na região anterior da mandíbula, usados para a retenção e o suporte de próteses totais fixas do tipo protocolo. Quando comparadas às próteses do tipo protocolo, as overdentures necessitam de menor número de implantes, tornando o procedimento cirúrgico menos invasivo e oneroso. Além disso, as overdentures requerem procedimentos mais simples, tanto cirúrgicos, devido a menor especificidade no posicionamento dos implantes, quanto protéticos, pelo uso de sistemas de retenção pré-fabricados, com menos componentes, proporcionando menor custo laboratorial, tornando-as mais acessíveis a um maior número de pacientes2-4. Apesar do alto índice de sucesso das overdentures, falhas como reabsorção óssea marginal na região do implante podem ocorrer e são consideradas frustrantes tanto para o paciente quanto para o profissional3. Os insucessos podem ser decorrentes da falta de higienização pelo paciente ou de fatores biomecânicos relacionados com as características do implante (formato, comprimento, diâmetro e tratamento de superfície), bem como características clínicas do paciente, tais como qualidade e quantidade de tecidos ósseos, força mastigatória, condições sistêmicas5 e a resiliência da fibromucosa de suporte6. Assim, a escolha correta do sistema de retenção também tem um papel importante para o sucesso do tratamento, já que este consiste no ponto mais frágil do sistema de união prótese/implante3. Diversos são os tipos de sistemas de retenção, cada qual com suas vantagens e desvantagens, podendo ser classificados em: sistemas esféricos, sistemas barra-clipe, sistemas magnéticos e coroas telescópicas7. 34 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):33-9 Porém, há controvérsias na literatura sobre o mecanismo de transmissão e distribuição das tensões decorrentes da função mastigatória sobre overdentures, através dos sistemas de retenção e implantes aos tecidos ósseos e de suporte4. Assim, ainda nos dias de hoje, os mecanismos responsáveis pelas falhas biomecânicas dos implantes não estão completamente definidos pela literatura e a influência dos diversos fatores biomecânicos não é conclusiva3. Em vista do exposto, o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão da literatura sobre os aspectos biomecânicos que podem induzir a falhas das overdentures sobreimplante, enfatizando os trabalhos que avaliaram os sistemas de retenção do tipo barra-clipe. Revisão da Literatura e Discussão O tratamento com overdenture sobreimplante com retenção a barra foi consagrado na literatura por diversos autores8,9 nas últimas três décadas. As barras são usadas para suportar e reter as overdentures e são geometricamente caracterizadas por uma secção transversal circular, ovoide ou de paredes paralelas conectadas a múltiplos pilares sobreimplante. Podem ser fabricadas com diferentes tipos de ligas metálicas e apresentar diferentes designs. São conectadas à prótese por meio de clipes plásticos ou de ligas de ouro que se adaptam à superfície superior da barra. Para as overdentures maxilares, recomenda-se o uso de quatro ou mais implantes com ou sem extensão distal (cantiléver) no sistema de retenção a barra. Na mandíbula, dois a quatro implantes na região interforaminal são necessários, não sendo recomendada a extensão distal da barra metálica além da posição de primeiro pré-molar para melhorar a estabilidade contra forças laterais8. A localização e o número de implantes para suportar uma overdenture é fator preponderante para o design da superestrutura8, pois influencia na retenção destes aparelhos protéticos. Contudo, a retenção não deve ser o único fator a ser considerado. É importante não haver carga excessiva sobre os implantes. Assim, trabalhos3,10 relacionados à biomecânica das overdentures implantossuportadas têm estudado a sobrecarga nos implantes, pois quando submetidos a cargas funcionais transmitem as tensões geradas diretamente ao osso alveolar. A localização dos implantes também pode interferir no conforto das overdentures retidas por barra-clipe. Quando dois implantes são posicionados de tal maneira que a barra linear invada o assoalho bucal, a língua fica com mobilidade limitada pela barra e pela camada de resina acrílica da overdenture necessária para acomodar o clipe de retenção. Isto induz a problemas na mastigação, deglutição e fonação (Figuras 1 e 2). Além disso, o posicionamento dos dentes artificiais anteriores, localizados acima do rebordo alveolar, resultará em rotação da overdenture durante função. Para Revisão da Literatura Caderno Científico alguns autores8, ao usar o sistema barra-clipe, uma solução para este problema é utilizar uma barra angulada com uma porção linear acima do rebordo alveolar para a adaptação do clipe. Porém, estudos com elementos finitos mostraram que barras anguladas proporcionaram distribuição de tensões desfavoráveis no osso ao redor dos implantes em comparação ao uso de barras retas ou implantes isolados. Assim, sugere-se que a colocação de sistemas de encaixes ou mesmo de implantes adicionais pode ser necessária para prevenir altas concentrações de tensão8. Outro fator a ser observado é a diferença de resiliência entre o implante (20 µm a 30 µm) e a fibromucosa (em torno de 500 µm)6. Sabe-se que a concentração de tensão no implante é maior com o aumento na resiliência (flacidez) da fibromucosa. Por isso, alguns autores11 acreditam que a utilização de sistema de retenção do tipo barra-clipe diminuiria esse estresse por possibilitar um movimento rotacional, e às vezes vertical, da overdenture em conjunto com a fibromucosa, em torno do longo eixo da barra. Esse movimento da overdenture durante a mastigação faz-se necessário para proteger o pilar e permitir a resiliência da fibromucosa. Por outro lado, outros autores2 afirmam que as overdentures com o sistema barra-clipe, por permitirem apenas rotação em torno da barra, proporcionam maior transferência de tensão aos implantes e ao sistema barra-clipe em comparação às overdentures sobre dois implantes isolados (com suporte principalmente mucoso), conectadas por meio de sistemas esféricos ou magnetos (sistemas resilientes), que permitem a rotação e a translação da overdenture. Em função da complexidade do assunto, diversos estudos têm sido realizados in vitro e in vivo para avaliar o mecanismo de absorção e distribuição das tensões transmitidas pelas overdentures implantorretidas e mucossuportadas aos tecidos de suporte, especialmente aquelas que utilizam o sistema barra-clipe para retenção. Assim, uma pesquisa foi realizada na base de dados PubMed usando os termos overdenture, bar, implant e biomechanics, sendo encontrado um total de 55 artigos. Destes, 29 artigos (13 estudos in vivo e 16 estudos in vitro) que apresentavam relevância para o tema abordado no presente estudo foram selecionados em função do periódico em que foram publicados e do ano de publicação (últimos 15 anos), sendo somadas às referências de livros sobre o assunto. Estudos in vitro O comprimento da barra, o nível de dureza e as propriedades dos materiais são fatores fundamentais para o comportamento mecânico das barras12. As falhas mais comuns de ocorrerem com as barras podem ser a perda do parafuso de retenção do pilar anterior ao fulcro, fratura na porção distal da junção pilar/cantiléver e deformação plástica do segmento do cantiléver. Outro fator que pode interferir nas fraturas das barras é a qualidade e a resistência dos pontos de solda9. A associação de fatores relacionados ao método de soldagem, resistência do ponto de solda, tipo de abrasivo usado nas superfícies, níveis de porosidade, compatibilidade entre os metais do cilindro e da barra, presença de espaços vazios no interior da liga e design inadequado da barra podem oferecer uma explicação para a verdadeira etiologia das fraturas das overdentures sobreimplante retidas a barra. Já a temperatura usada para a fundição de barras (entre 850ºC e 950ºC) não é um fator preponderante para as falhas de soldagem, mas sim a negligência de qualquer um dos fatores descritos anteriormente. Os locais potenciais de falha incluem o ponto de solda na raiz do cantiléver e a secção do cilindro sobre o implante ao qual o cantiléver está ligado formando um ângulo de 90º graus (Figura 3). Isso porque esta região é tensionada pelo torque aplicado ao parafuso de retenção e por forças de flexão9. Por meio do método dos elementos finitos (MEF) bidimensional, alguns autores3 observaram que o uso de implantes esplintados associados ao uso do sistema barraclipe (sistema rígido) proporcionou maior concentração de Figuras 1 e 2 Barra linear posicionada sobre dois implantes, proporcionando a invasão do espaço da língua pela base de resina da prótese, acarretando desconforto ao paciente. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):33-9 35 Freitas Jr. AC • Gennari Filho H • Goiato MC • Gallo AKG • dos Santos DM Figura 3* Locais potenciais de falha nos sistemas de retenção a barra. tensão no implante (região apical) e componentes protéticos e, simultaneamente, menor tensão sobre os tecidos de suporte adjacentes aos implantes quando comparado a implantes não-esplintados com sistema de retenção do tipo O’ring (sistema esférico, resiliente) em overdentures mandibulares submetidas a cargas funcionais posteriores. Isso porque sistemas esféricos permitem maior amplitude de movimento à prótese (movimentos ântero-posterior, lateral e intrusivo). Estes movimentos, particularmente os movimentos de intrusão, são provavelmente a principal causa da compressão dos tecidos de suporte. A maior concentração de tensão ocorreu no osso cortical, em torno do pescoço dos implantes. Estudos com o uso da técnica de strain-gauges13 e de fotoelasticidade14 também observaram maior tensão nos implantes conectados a overdentures com o sistema barraclipe. Outros autores10 encontraram resultados similares, observando maior concentração de tensão nos tecidos de suporte em overdenture com implantes não-esplintados. Por meio da fotoelasticidade, observou-se que uma barra associada a encaixes esféricos posteriores demonstraram menor transferência de tensão aos implantes orientados verticalmente ou inclinados em overdentures mandibulares sobre três implantes, em comparação a implantes não esplintados, apresentando estresse moderado no lado do carregamento7. Outros autores4, com a mesma metodologia, compararam os sistemas barra-clipe e esférico (O’ring) isolados em overdentures maxilares sem palato sobre quatro implantes e afirmaram que uma oclusão balanceada é requerida para ambos os sistemas de retenção para a estabilidade da overdenture quando submetida a cargas clinicamente aceitáveis. *Esquema ilustrativo retirado do trabalho de Waddell et al (2006). 36 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):33-9 Ao remover o palato das overdentures, como no estudo anterior, objetiva-se melhorar a manutenção da sensibilidade e função oral, mesmo ciente de que isto proporciona uma maior tensão nos implantes. Assim, o uso de materiais para absorver as tensões nos sistemas de conexão entre as overdentures e os implantes pode ser considerado eficaz, mas também pode alterar o deslocamento das overdentures, aumentando o estresse e acentuando a reabsorção do rebordo residual. Alguns autores15 afirmaram que a remoção do palato em overdenture produziu maior influência na concentração de tensões do que o tipo de sistema de retenção. Além disso, os autores demonstraram com o MEF tridimensional que as tensões geradas na interface osso-implante podem ser reduzidas diminuindo o módulo de elasticidade do material capaz de absorver as tensões ou, então, aumentando a sua espessura. Estudando com a técnica de fotoelasticidade as características de transferência de carga de diferentes designs de sistemas de retenção em overdentures mandibulares com e sem contato com o rebordo residual, foi observado que a extensão da base em contato com o rebordo residual posterior é importante para uma melhor distribuição das tensões16. Embora as forças transmitidas aos implantes sejam mais uniformes quando sistemas de retenção esféricos isolados são usados em relação às barras unindo os implantes, os autores afirmam que a seleção do sistema deve levar em consideração condições clínicas específicas, como morfologia e anatomia da mandíbula, requisitos de retenção e disponibilidade do paciente para manutenção e controles. Estudos17 utilizando o teste de fadiga após simulação de inserção e remoção de cinco anos dos sistemas barra-clipe e O’ring, observaram não haver diminuição nos valores retenção ou fratura dos componentes em ambos os sistemas, observando ainda que o sistema barra-clipe apresentou os maiores valores de retenção. Baseado em testes laboratoriais de retenção, os diversos sistemas de retenção para overdentures foram agrupados segundo suas características de retenção em alta (sistema ERA cinza), média (sistema Locator LR branco, sistema bola Spheroflex, sistema barra Hader e clipe metálico, sistema ERA branco), baixa (sistema Locator LR rosa) e muito baixa (magneto Shiner, magneto Maxi, magneto Magnedisc)10. Por meio de modelos estereolitográficos fabricados de acordo com a situação real de um paciente e com o auxílio da técnica de strain-gauges, cinco sistemas de retenção (coroas telescópicas rígidas e resilientes, barra tipo Dolder, sistemas esféricos isolados e magnetos) para overdentures mandibulares sobre dois implantes foram analisados e os autores18 observaram que as coroas telescópicas rígidas promoveram a maior transmissão de força aos implantes, sugerindo restrições a sua indicação. A barra também apresentou alta transmissão de força aos implantes, podendo ter sido exacerbada pela condição individual do paciente. Já os Revisão da Literatura Caderno Científico sistemas com coroas telescópicas resilientes e os sistemas esféricos e magnetos isolados apresentaram baixa transmissão de força aos implantes, em parte resultante das forças horizontais causadas pela overdenture. O carregamento da área de suporte da overdenture foi diferente para todos os sistemas e foi relacionada à rigidez de cada um deles, alcançando valores maiores com as coroas telescópicas nãorígidas, sendo seguidas pelos sistemas esféricos, magnetos, barras e coroas telescópicas rígidas. Estudos in vivo Em uma revisão da literatura baseada em estudos clínicos, foi relatada um taxa de falha de 3,97% para overdentures sobreimplante (de um total de 302 overdentures), relacionadas com fratura da barra9. Em relação ao número de implantes, estudos clínicos não observaram diferenças nas condições clínica e radiográfica de pacientes tratados com dois ou quatro implantes para a retenção de overdentures mandibulares19. Portanto, dois ou três implantes podem e devem ser usados para a retenção e a estabilidade de overdentures, pois proporcionam um benefício econômico ao paciente15. Por outro lado, a colocação de mais de dois implantes na região interforaminal pode criar uma relação angular favorável entre os implantes ao invés de uma relação linear. Por exemplo, em uma overdenture retida por três implantes, o implante posicionado anteriormente promove retenção indireta por prevenir a intrusão do segmento anterior da prótese contra os tecidos20. Em situações de overdentures sobre quatro implantes com três barras tipo Dolder, foram observadas fraturas da barra em 25% dos casos na presença de cantiléver distal; enquanto esse número diminuiu para 5% na ausência de cantiléver e com a mesma configuração da prótese21. As fraturas ocorreram sempre na região posterior, onde se dá a maior incidência de forças oclusais. Outros autores22, observaram duas fraturas na região entre os implantes e oito fraturas no cantiléver distal num total de 33 pacientes usuários de overdentures maxilares retidas a barra tipo Dolder por um período de até dois anos de uso. Por outro lado, estudos23 mostram que a adição da extensão distal da barra para aumentar a estabilidade de overdentures sobre dois implantes posicionados anteriormente à região de primeiro pré-molar influenciou na magnitude e na direção das forças muito menos que o esperado. Em estudo24 com 44 pacientes tratados com overdentures maxilares implantorretidas a barra de paredes paralelas, com e sem cantiléver, ocorreu um número equivalente de fratura das barras em ambos os grupos durante um período de observação de cinco anos. Assim, questiona-se se as extensões distais para overdentures a barra são necessárias e se as mesmas irão necessariamente fraturar9. Por outro lado, um estudo25 com strain-gauge na transmissão de forças axiais induzidas pelos sistemas de retenção aos implantes suportes de overdentures não observou diferenças significantes entre a barra Dolder com ou sem extensão bilateral (C&M) e sistema esférico (Nobel Biocare). No mesmo ano, autores26 relacionaram a fratura de barras metálicas de próteses totais fixas sobreimplante a uma reunião de fatores, incluindo espessura insuficiente de metal, ponto de solda insatisfatório, comprimento excessivo do cantiléver, resistência inadequada das ligas metálicas, hábitos parafuncionais do paciente e design incorreto da infraestrutura metálica. Segundo os autores, estas informações podem ser interpretadas, com cautela, também para as overdentures sobreimplante. Em relação ao número de implantes, estudos clínicos não observaram diferenças nas condições clínica e radiográfica de pacientes tratados com dois ou quatro implantes para a retenção de overdentures mandibulares19. Portanto, dois ou três implantes podem e devem ser usados para a retenção e a estabilidade de overdentures, pois proporcionam um benefício econômico ao paciente15. Por outro lado, a colocação de mais de dois implantes na região interforaminal pode criar uma relação angular favorável entre os implantes ao invés de uma relação linear. Em um trabalho2 que avaliou clínica e radiograficamente dez pacientes, o grupo tratado com overdentures com suporte mucoso principal (dois implantes não-esplintados com magnetos) apresentou menor reabsorção óssea distal aos implantes do que overdentures retidas por dois implantes conectados por meio de barra. Por outro lado, os valores para o índice de placa foram significantemente maiores no grupo tratado com overdentures retidas por magnetos. Segundo os autores, esses resultados podem ser atribuídos à influência da ação do campo magnético, proporcionado por este sistema de retenção. Após 18 meses de acompanhamento, o grupo tratado com overdentures retidas por barra apresentaram um aumento significante na REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):33-9 37 Freitas Jr. AC • Gennari Filho H • Goiato MC • Gallo AKG • dos Santos DM inflamação gengival quando comparado com o grupo com overdentures retidas por magnetos, provavelmente devido a dificuldade dos pacientes na manutenção do alto nível de higiene bucal. Ao avaliarem a função mastigatória de 18 pacientes usuários de overdentures com três diferentes sistemas de retenção (magnetos, esféricos e barra-clipe) por meio da medição da atividade eletromiográfica dos músculos mandibulares e da movimentação mandibular durante a mastigação, alguns autores27 não observaram diferenças significantes na atividade muscular e movimentação mandibular entre os três sistemas, apesar de observarem diferenças significantes na performance mastigatória após o tratamento com implantes. Em estudo28 que avaliou os sistemas barra-clipe, esférico e magnetos em overdentures mandibulares sobre dois implantes, foi observado que, após três meses de função e manutenção pós-inserção, nenhuma diferença na força de retenção no momento da instalação e após três meses de carregamento foi observada para os três sistemas avaliados, sendo de 8,1 N para magnetos, 29,7 N para esféricos e 31,3 N para barra-clipe. Além disso, maiores complicações durante a manutenção foram observadas para os magnetos. Já nos sistemas esféricos, as complicações foram raras, enquanto o sistema barra-clipe não apresentou nenhuma complicação durante o período avaliado. Estes dados tornam-se importantes porque, segundo os autores, um sistema que apresenta maior retenção contra forças verticais e horizontais pode ser associado a parâmetros mais favoráveis durante função oral. Ao compararem os resultados clínicos (taxa de fluxo do fluido sulcular, valores do Periotest) e radiográficos (perda óssea peri-implantar) em overdentures sobreimplantes conectados a barra ou por meio de coroas telescópicas em mandíbulas com dois ou mais implantes localizados na região interforaminal, alguns autores29 não observaram diferenças significantes na estabilidade das overdentures com os dois sistemas de retenção. Não houve predominância no número de perda dos implantes devido ao uso de um dos sistemas de conexão (barra ou coroas telescópicas). Ao serem avaliados o grau de satisfação e capacidade de higienização de pacientes usuários de overdentures retidas pela associação dos sistemas barra-clipe/ERA ou por cada um dos sistemas usados isoladamente, observou-se que 38 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):33-9 tanto as overdentures retidas por barra-clipe como por ERA proporcionaram índices similares de satisfação ao paciente e acúmulo de placa, cálculo e inflamação gengival30. Assim, os autores afirmam que ambos os sistemas são igualmente satisfatórios e fáceis de higienizar. Por outro lado, outros fatores como biomecânica, preferência do paciente e experiência prévia podem ser críticos durante a seleção do sistema de retenção de overdentures suportadas por implantes. Conclusão Tem sido observada uma grande variedade de estudos in vivo e in vitro envolvendo as overdentures sobreimplante nas últimas três décadas. As overdentures sobreimplante apresentam comprovado índice de sucesso por um grande número de estudos clínicos longitudinais. Porém, estes estudos limitam-se a relatar os índices de sucessos e fracassos, sem realizar uma discussão mais profunda a respeito dos motivos que justificam os valores encontrados. Baseados nisso, vários estudos in vitro envolvendo a análise de elementos finitos, as técnicas de fotoelasticidade e straingauges e, ainda, testes mecânicos de resistência e retenção foram realizados e, de forma geral, relacionaram o uso de implantes esplintados por meio de barras metálicas (sistema rígido) a uma maior concentração de tensão no implante e componentes protéticos e, simultaneamente, alívio das tensões nos tecidos de suporte adjacentes aos implantes quando comparado a implantes não-esplintados (sistemas esféricos e magnetos). Porém, as características clínicas (higienização, qualidade e quantidade de tecido ósseo, resiliência da fibromucosa, força mastigatória e condições sistêmicas) de cada paciente devem ser consideradas. Portanto, um cuidadoso planejamento é fundamental para o correto comportamento biomecânico das overdentures sobreimplante e, consequentemente, a longevidade do tratamento. Recebido em: abr/2009 Aprovado em: jun/2009 Endereço para correspondência: Amílcar Chagas Freitas Júnior Rua Waldir Felizola de Moraes, 1560 – Bloco 3 – Apto. 32 16015-295 - Araçatuba - SP Tel.: (18) 9101-2849 [email protected] Revisão da Literatura Caderno Científico Referências bibliográficas 1. Bonachela WC, Rossetti PHO. Overdentures: das raízes, aos implantes osseointegrados. Planejamento, tendências e inovações. São Paulo: Ed Santos; 2002. 2. Assad A, El-Dayem MAA, Badawy MM. Comparison between mainly mucosa-supported and combined mucosa-implant-supported mandibular overdentures. Implant Dent 2004;13(4):386-94. 3. Assunção WG, Tabata LF, Barão VAR, Rocha EP. Comparison of stress distribution between complete denture and implant-retained overdenture-2D FEA. J Oral Rehabil 2008;35(10):766-74. 4. Fanuscu MI, Caputo AA. Influence of attachment systems on load transfer of an implantassisted maxillary overdenture. J Prosthodont 2004;13(4):214-20. 5. Tada S, Stegaroiu R, Kitamura E, Miyakawa A, Kusakari H. Influence of implant design and bone quality on stress/strain distribution in bone around implants: a 3-dimensional finite element analysis. Int J Oral Maxillofac Implants 2003;18(3):357-68. 6. Ichikawa T, Horiuchi M, Wigianto R, Matsumoto N. In vitro study of mandibular implantretained overdentures: the influence of stud attachments on load transfer to the implant and soft tissue. Int J Prosthodont 1996;9(4):394-9. 7. Celik G, Uludag B. Photoelastic stress analysis of various retention mechanisms on 3implant-retained mandibular overdentures. J Prosthet Dent 2007;97(4):229-35. 8. Meijer HJ, Starmans FJM, Steen WH, Bosman F. Location of implants in the interforaminal region of the mandible and the consequences for the design of the superstructure. J Oral Rehabil 1994;21(1):47-56. 9. Waddell JN, Payne AG, Swain MV. 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Na tentativa da resolução dessas condições desfavoráveis à instalação de implantes em maxila, diversas abordagens têm sido propostas. Uma alternativa conservadora é o uso de implantes inclinados junto à parede anterior do seio maxilar. A técnica dispensa enxertos e pode permitir ao paciente uma reabilitação menos complexa e mais rápida. O objetivo desse trabalho é, a partir da revisão da literatura, apresentar e discutir aspectos relacionados às reabilitações de maxilas utilizando implantes inclinados junto ao seio maxilar. Unitermos - Implante dentário; Seio maxilar; Maxila; Biomecânica; Implantes inclinados. Abstract The rehabilitation of the edentulous maxilla using dental implants is usually limited by poor bone density and quantity and by the presence of the maxillary sinuses. Currently, different techniques are available to resolve these unfavorable conditions. A conservative alternative is the use of tilted implants adjacent to the maxillary sinus. This approach avoids bone grafting and may allow a less complex rehabilitation. Based on the dental literature, the aim of this paper is to present and discuss some aspects related to the maxillary rehabilitation using tilted implants. Key Words - Dental implants; Maxillary sinus; Maxilla; Biomechanics; Tilted implants. * Especialista e mestre em Implantodontia - PUC/MG; Doutorando em Clínica Odontológica pela UFMG. ** Especialista, mestre e doutor em Periodontia - FOB-USP; Doutorando em Implantodontia - USC-Bauru; Professor adjunto do Mestrado em Implantodontia - PUC/MG. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):41-7 41 Silva GCC • de Mendonça JAG Introdução Na maxila, principalmente na região posterior, o planejamento reabilitador com o uso de implantes osseointegráveis geralmente é dificultado pelo alto padrão de reabsorção óssea, pela baixa qualidade óssea e pela presença dos seios maxilares, que muitas vezes se apresentam pneumatizados14 . A impossibilidade de se instalar implantes em regiões posteriores geraria próteses com cantiléveres longos, resultando em risco de falhas de implantes, como comprovado por estudos clínicos e mecânicos5-8. Diferentes alternativas têm sido propostas para o tratamento da maxila atrófica, como o uso de implantes curtos9, enxertos ósseos autógenos10, enxertos com levantamento da membrana do seio maxilar11, implantes instalados na região do processo pterigoide12 e fixações zigomáticas13. Contudo, cada uma dessas técnicas possui algumas desvantagens, como a morbidade de áreas doadoras de enxerto, desconforto pós-operatório, previsibilidade discutível e complexidade operatória14. O uso de implantes inclinados junto à parede anterior do seio maxilar foi proposto como alternativa conservadora para o tratamento de maxilas atróficas. A inclinação dos implantes proporcionaria, além da fuga do seio maxilar, a utilização de fixações mais longas e possibilitaria a diminuição do cantiléver distal15-16. Cada vez mais essa técnica vem sendo utilizada nos casos de maxilas reabsorvidas, uma vez que possibilita a não utilização de enxertos e de outras técnicas de maior complexidade. Portanto, o objetivo desse trabalho é, a partir de uma revisão da literatura, apresentar e discutir aspectos relacionados às reabilitações de maxilas utilizando implantes inclinados. Revisão da Literatura Aspectos anatômicos Dezessete maxilas edêntulas de cadáveres adultos foram avaliadas visando determinar qualidade e quantidade ósseas para instalação de implantes. As maxilas foram divididas em quatro regiões (1: incisivos, 2: caninos, 3: seio maxilar e 4: tuberosidade) e cada região foi mensurada e analisada histologicamente. Os resultados mostraram maior disponibilidade e qualidade ósseas nas regiões 1 e 2. A região 3 apresentou a menor quantidade óssea, enquanto a área 4 mostrou a qualidade mais deficiente1. Outro estudo em 47 maxilas secas desdentadas totais e parciais buscou avaliar a disponibilidade óssea na região posterior para instalação de implantes. Encontrou-se um padrão de reabsorção maior em altura do que espessura, provavelmente devido à pneumatização do seio maxilar2. Visando classificar regiões maxilares e mandibulares seguindo o padrão clássico de Lekholm, Zarb17 (1985), outros pesquisadores utilizaram radiografias e avaliação clínica tátil durante cirurgias de instalação de 2.839 implantes. Para maxilas 42 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):41-7 totalmente edêntulas, o osso mais comum observado foi o do tipo III, enquanto em 23% dos sítios maxilares posteriores foi observado osso tipo IV, a maior concentração entre todos os sítios avaliados3. Diferente trabalho avaliou 156 secções das regiões de primeiro molar, primeiro pré-molar e incisivo lateral de 52 maxilas totalmente edêntulas. Por meio de histomorfometria de imagens digitalizadas das secções, foi observado menor número, volume e espessura da trabeculagem óssea na região de molares4. Implantes inclinados Aparentemente, a alternativa de se instalar implantes inclinados em maxilas foi inicialmente apresentada durante a 13a Conferência Internacional de Cirurgia Buco-MaxiloFacial15. Foram relatados resultados de mais de dois anos de 20 casos consecutivos de maxilas tratadas com implantes distais inclinados junto ao seio maxilar. Durante esse período, não houve relato de problemas. Em seguida, outros autores utilizaram implantes inclinados evitando o seio maxilar, desejando principalmente utilizar ao máximo a estrutura óssea remanescente, aumentando o comprimento da fixação. Em maxilas atróficas, os autores sugeriram a utilização de implantes inclinados com roscas expostas na face palatina; com isso conseguiriam utilizar fixações mais longas alcançando maior estabilidade primária. Quinze pacientes com indicação prévia para enxerto ósseo, apresentando maxilas totalmente desdentadas, receberam 86 implantes. Após seis meses, foram instaladas próteses fixas metaloplásticas implantossuportadas. Com média de avaliação de 45 meses (36 a 54 meses), apenas um implante falhou18. Posteriormente, buscando minimização do cantiléver distal, com consequente melhora na distribuição de cargas, outros pesquisadores também utilizaram implantes inclinados em situações clínicas em maxila e mandíbula cujas anatomias impediam a instalação de fixações em posições posteriores. Frisou-se que, com a técnica, implantes de maior comprimento poderiam ser instalados e a ancoragem aconteceria em osso de maior densidade. Em maxilas parciais e totalmente edêntulas, 30 implantes distais inclinados entre 30º e 35o, margeando a parede anterior do seio maxilar foram instalados em 22 pacientes, com as próteses sendo confeccionadas após seis meses. Após cinco anos, resultou-se em uma taxa de sobrevivência desses implantes de 98%16. Diferente relato apresentou o tratamento de 25 pacientes com maxilas parcialmente edêntulas com a utilização de 101 implantes, dos quais 42 inclinados, sendo esses últimos com comprimento mínimo de 15 mm. Após período de cicatrização, média de 29 semanas, 29 próteses parciais fixas sem cantiléveres, unindo os implantes inclinados e verticais, foram assentadas. Os resultados observados após um período médio de 37 meses revelaram sucesso de 100% das próteses, 91,3% dos implantes verticais e 95,2% dos implantes inclinados. Considerando apenas a sobrevivência dos implantes, Revisão da Literatura Caderno Científico a taxa foi de 96,5% para os implantes verticais e 100% para os inclinados. Problemas mecânicos estiveram presentes em 55,2% das próteses, sendo o mais comum afrouxamento de parafuso do intermediário. A perda óssea marginal média foi de 1,21 mm para os inclinados e 0,92 mm para os implantes verticais, não sendo essa diferença significativa. Os autores concluíram que a técnica é mais simples, previsível, barata e mais rápida que técnicas de enxerto com levantamento da membrana do seio maxilar, sendo uma boa alternativa para reabilitações em regiões posteriores de maxila atrófica19. Onze pacientes com perdas parciais na região posterior de maxila e outros sete desdentados totais maxilares foram reabilitados por próteses suportadas por implantes inclinados e verticais, imediatamente carregadas. Sessenta implantes foram instalados, sendo 27 inclinados tangendo os seios maxilares, emergindo em uma posição mais distal. Próteses esplintadas foram assentadas no mesmo dia ou no dia seguinte à cirurgia. Após um ano de avaliação, houve sobrevivência de 97% e 96,3% dos implantes verticais e inclinados, respectivamente e 100% das próteses. A perda óssea marginal média foi de 0,82 mm e 0,34 mm para os implantes verticais e inclinados. Os autores ponderaram sobre as vantagens da técnica de se utilizar implantes inclinados evitando-se o seio maxilar: diminui-se cantiléver, cria-se maior distância interimplante e usam-se menos implantes20. Um estudo retrospectivo de acompanhamento médio de dez anos avaliou a viabilidade de reabilitação em maxilas edêntulas com implantes inclinados, sem a necessidade de enxertos ósseos. Dezenove dos 33 pacientes iniciais completaram o estudo, sendo acompanhados por até 12 anos. Os participantes receberam implantes inclinados a mais de 30º próximos ao seio maxilar (dois ou quatro) e outras duas fixações posicionadas verticalmente na região anterior. Todos os implantes inclinados foram travados bicorticalmente, aproveitando a parede anterior do seio e o soalho da fossa nasal, buscando-se alta estabilidade primária. Próteses implantossuportadas com cantiléveres de aproximadamente 10 mm foram instaladas após um período médio de cicatrização de seis meses. De um total de 103 implantes, apenas três falharam, todos no primeiro ano, resultado em uma taxa de sobrevivência de 97,08%. As complicações clínicas mais comuns foram mucosite (47,3% dos pacientes) e problemas fonéticos iniciais (42,1% dos pacientes). Os autores consideraram que técnicas mais dispendiosas como enxertos ósseos seriam necessários apenas em grandes atrofias que ocorressem também na região anterior de maxila21. Recentemente, foram apresentados resultados iniciais de um estudo prospectivo que visa avaliar o sucesso de reabilitações totais em maxila utilizando implantes inclinados e verticais. Quarenta e um pacientes receberam seis implantes na maxila, sendo os dois mais distais inclinados distomesialmente junto à parede anterior do seio maxilar, e foram reabilitados em até 48 horas com próteses fixas imediatas. Após um período médio de avaliação de 22 meses, houve sucesso em 100% das próteses e apenas cinco implantes falharam, resultando em uma taxa de sobrevivência de 97,9% e 97,1% para os implantes verticais e inclinados, respectivamente. Não houve diferenças significativas entre a perda óssea marginal média ao redor dos implantes verticais e inclinados22. A sobrevida e a perda óssea marginal de implantes utilizados para a reabilitação de 21 maxilas totalmente edêntulas foi avaliada em trabalho recente. Utilizando quatro a seis implantes, com os implantes distais inclinados (n=42), os pacientes receberam próteses fixas implantossuportadas em 24 horas. Após média de 20 meses de acompanhamento, oito implantes falharam, resultando em taxa de sucesso de 92,8%. A perda óssea marginal observada no período foi de 0,84 mm. Não houve diferenças significativas entre a taxa de sucesso e a perda óssea entre os implantes inclinados e verticais23. Uma modalidade denominada All-on-4 para reabilitações em maxila foi proposta24. Dois implantes posteriores são instalados na posição de pré-molares, inclinados até 45º em uma direção mesial tangenciando a parede anterior do seio maxilar, com a plataforma protética emergindo na posição de segundo pré-molar ou primeiro molar. A posição de emergência mais posterior dos implantes inclinados proporciona um cantiléver mais curto, otimizando a biomecânica. Os dois implantes anteriores são instalados verticalmente na posição de incisivos centrais, laterais ou caninos. No estudo inicial com resultados de um ano, 32 pacientes foram reabilitados com próteses provisórias de acrílico instaladas poucas horas após a fixação dos quatro implantes. Foram utilizados 128 implantes e mais 51 implantes de resgate, esses últimos não sendo ativados imediatamente. Após o período de avaliação, houve sobrevivência de 97,6% dos implantes, com perda óssea marginal média de 0,9 mm. Dois dos três implantes falhos foram instalados em bruxomas, enquanto o outro perdido não obteve estabilidade inicial24. Em estudo seguinte, utilizando 234 implantes em 46 pacientes, aplicou-se o Allon-4 em 27 maxilas. Após um ano de acompanhamento, dois implantes foram perdidos em dois bruxomas, resultando em uma taxa de sobrevivência para os implantes em casos de All-on-4 maxilares de 98,15%, com perda óssea marginal média de 1,2 mm25. Avaliações mecânicas de implantes inclinados Por meio do método de elementos finitos 3D, os efeitos da inclinação, seguindo as curvas de Wilson e Spee, de implantes em mandíbula posterior foram avaliadas. Uma secção de mandíbula posterior recebeu dois implantes restaurados por uma prótese fixa esplintada de dois elementos. Carregamentos foram realizados analisando-se as angulações mesiais (dois implantes paralelos; implante distal com angulações mesiais de 5º, 10º e 20º) e mesiolinguais (dois implantes paralelos; implantes distais com inclinações mesiolinguais de 5º, 10º e 20º). Os resultados mostraram REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):41-7 43 Silva GCC • de Mendonça JAG menores tensões nas angulações de 5º e 10º, e os autores concluíram que havia uma racionalidade biomecânica em se instalar implantes seguindo a inclinação natural dos dentes26. Posteriormente, visando analisar os valores máximos de tensão induzidos em implantes inclinados mesiodistalmente, também se utilizou o método de elementos finitos 3D. Implantes cilíndricos foram instalados em um segmento de maxila posterior, em dois modelos distintos, nas seguintes posições: primeiro pré-molar, segundo pré-molar e segundo molar; e segundo pré-molar e segundo molar. Variações (0o, 15º e 30º) na inclinação foram utilizadas nos implantes instalados na área de segundo molar. Sobre os implantes, foram desenhadas próteses fixas esplintadas de quatro elementos, com o primeiro modelo apresentando o elemento suspenso na área de primeiro molar e com o segundo modelo, apresentando além do elemento suspenso na região de primeiro molar um cantiléver mesial na área de primeiro pré-molar. Cargas axiais foram aplicadas divididas em vários nodos da superfície oclusal dos dentes. Independentemente do modelo e da angulação dos implantes, as maiores tensões de von Mises foram encontradas nas cargas oblíquas, enquanto as menores foram observadas nas cargas axiais verticais. Observou-se também que a inclinação dos implantes aumentou as tensões; entretanto, todos os valores resultantes não excederam o ponto de fratura do titânio27. Utilizando o método de elementos finitos em 2D, estudou-se se a inclinação de implantes esplintados aumentava a tensão na região da plataforma do implante e se o uso de implantes inclinados distais seria vantajoso biomecanicamente se comparado ao uso de cantiléveres. Dois implantes com roscas foram inseridos em um bloco simulando osso e unidos por uma barra de titânio. Uma força de 50 N foi aplicada na parte distal da barra em diferentes arranjos protéticos: implantes verticais com cantiléver; implante distal inclinado a 10º, 20º, 30º e 45º com cantiléver; implante distal (13 mm de comprimento) inclinado a 45º sem cantiléver e implante distal (19 mm de comprimento) inclinado a 45º A sem cantiléver. Não houve diferença na comparação das tensões geradas entre os modelos com implantes verticais e com o implante distal inclinado, independente da inclinação. Comparando-se os modelos com e sem cantiléver, demonstrou-se um aumento das tensões, em quase duas vezes, na região cervical do implante. Os autores concluíram que houve vantagens na utilização de implantes inclinados para eliminação de cantiléver28. Discussão Geralmente, o estabelecimento de um desenho adequado de prótese implantossuportada para maxilas edêntulas é complexo. A quantidade e qualidade de ossos disponíveis determinam o número e posição de implantes, sendo que essa situação influencia no desenho da prótese que, muitas vezes, pode ser inadequado no sentido mecânico, funcional, estético ou de higienização29. Outra implicação causada pela baixa qualidade e quantidade ósseas é uma taxa de sucesso menor das reconstruções sobreimplantes em maxila, comparada às reabilitações de mandíbula29. Portanto, principalmente para maxilas muito reabsorvidas, técnicas reconstrutivas ou de ancoragem no zigoma, entre outras, seriam opções para permitir uma correta distribuição dos implantes14. Entretanto, atualmente, buscam-se alternativas mais conservadoras e previsíveis, sendo uma delas, a utilização de implantes inclinados junto à parede anterior do seio maxilar15 (Figuras 1, 2 e 3). Estudos clínicos avaliando a sobrevivência de implantes inclinados em maxila têm demonstrado alta previsibilidade de sucesso das fixações e próteses16,18-25, até em longo prazo21, sendo essa sobrevivência semelhante à observada em implantes instalados verticalmente (Tabela 1). As taxas próxi mas a 100% provavelmente estão relacionadas ao alto travamento conseguido para os implantes inclinados, uma vez que longas fixações (acima de 15 mm de comprimento) são preconizadas, possibilitando, em algumas situações, B Figuras 1a e 1b Maxila a ser reabilitada por meio de prótese fixa implantossuportada (A); retalho mucoperiósteo rebatido evidenciando remanescente ósseo da maxila (B). 44 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):41-7 Revisão da Literatura Caderno Científico A B Figuras 2a e 2b Posicionadores evidenciando a angulação das perfurações. Notar perfurações distais inclinadas distalmente (A e B). A B Figuras 3a e 3b Imagem oclusal mostrando a inclinação dos implantes distais (A); prótese total fixa implantossuportada metaloplástica instalada em boca (B). uma ancoragem tricortical (parede anterior do seio maxilar, assoalho da fossa nasal junto ao pilar canino e na cortical alveolar). Além disso, estudos biomecânicos pelo método de elementos finitos sugerem que a inclinação dos implantes per se não geraria problemas, já que as tensões geradas se distribuíram de forma favorável26-28. Mecanicamente, verificou-se vantagem na utilização dos implantes inclinados. A emergência da plataforma protética em uma posição mais posterior permite a diminuição do cantiléver protético (Figura 4). O extremo distal livre da prótese relaciona-se com risco de falha do implante6, provavelmente devido à grande maximização de tensões induzidas nos implantes (tensões de compressão no implante mais próximo ao cantiléver e tensões de tração no implante mais mesial) causada por momentos de dobramento5,7-9,28. Deste modo, há racionalidade biomecânica na utilização dos implantes inclinados quando se visa à minimização do comprimento do cantiléver distal. Algumas dificuldades técnicas podem estar presentes quando se utilizam implantes inclinados. Para a correta Tabela 1 - Resumo dos resultados de trabalhos clínicos que avaliaram o uso de implantes inclinados. Quando possível, os resultados dos implantes inclinados junto à parede anterior do seio maxilar foram isolados Número de implantes inclinados Período de avaliação médio (meses) Sobrevivência dos implantes inclinados 86 * 45 98,8% Krekmanov et al (2000) 30 53 98% Aparicio et al (2001)19 42 37 95,2% Calandriello et al (2005)20 27 12 (mínimo) 96,3% Maló et al (2005) 64 12 97,6% + Maló et al (2006) 82 12 98,9% + Rosén, Gynther (2007)21 103 * 120 97% Tealdo et al (2008)23 42 20 92,8% + Testori et al (2008) 60 22 97,1% Referência Mattsson et al (1999)18 16 24 25 22 * Implantes inclinados também foram utilizados na região anterior da maxila. + Taxa de sobrevivência dos implantes inclinados e verticais. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):41-7 45 Silva GCC • de Mendonça JAG Figura 5 Esquema demonstrando a localização da parede anterior do seio maxilar (A); e guia posicionada na linha média para auxílio da angulação da perfuração (B). Adaptado de Nobel Biocare AG, 2006 (All-on-4 Brochure). Figura 4 Esquema demonstrando a diminuição do comprimento do cantiléver com a inclinação distal do implante. Adaptado de Krekmanov et al (2000)16. inclinação da fixação junto ao seio maxilar, sugere-se que a parede anterior do mesmo seja localizada por meio de uma pequena perfuração na parede lateral, em seguida sendo instalado um guia na linha média para orientar a inclinação das perfurações24 (Figura 5). Na fase protética, intermediários angulados devem ser utilizados, visando proporcionar um assentamento adequado, próximo à passividade da estrutura protética buscando menor geração de tensões permanentes no conjunto implante-prótese30. Outro cuidado a ser tomado é com relação à abertura de boca do paciente; portanto, deve-se checar a acessibilidade de chaves e instrumentais na região posterior durante o planejamento. Referências bibliográficas 1. Razavi R, Zena RB, Khan Z, Gould AR. Anatomic site evaluation of edentulous maxillae for dental implant placement. 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Resultados de longo período são necessários para previsibilidade total da técnica. Recebido em: mar/2009 Aprovado em: abr/2009 Endereço para correspondência: Guilherme Carvalho Silva Av. Afonso Pena ‑ 4.334 - Mangabeiras 30130-009 - Belo Horizonte - MG Tel.: (31) 3225-0966 [email protected] 12. Balshi TJ, Wolfinger GJ, Balshi SF. Analysis of 356 pterygomaxillary implants in edentulous arches for fixed prosthesis anchorage. Int J Oral Maxillofac Implants 1999;14(3):398-406. 13. Brånemark PI. Surgery and fixture installation. Zygomaticus fixture clinical procedures. Goteborg: Nobel Biocare AB; 1998. 14. Friberg B. The posterior maxilla: clinical considerations and current concepts using Brånemark System implants. Periodontol 2000 2008;47:67-78. 15. Krekmanov L, Rangert B. Tilting of posterior implants for additional support of bridge base. Int J Oral Maxillofac Surg 1997;26(Suppl 1):38. 16. Krekmanov L, Kahn M, Rangert B, Lindström H. 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Adaptação passiva de próteses implantossuportadas: relação com indução de tensões e importância clínica. ImplantNews 2008;5(4):393-7. Errata – Referências Bibliográficas Transcrevemos abaixo as referências bibliográficas corretas e na íntegra do artigo intitulado “A influência do tratamento de superfície de implantes dentais na osseointegração” de autoria de Renato Antônio Simioni-Filho, Antônio Carlos Pinto Jachinoski e João Paulo Steffens, publicado no volume 6, edição 6 (Nov/Dez 2009), páginas 679-83. 1. Hanker JS, Giammara BL. Biomaterials and biomedical devices. Science 1988;242:885-92. 2. Carr AB, Beals DW, Larsen PE. Reverse-torque failure of screw-shaped implants in baboons after 6 months of healing. Int J Oral Maxillofac Implants 1997;12:598-603. 3. Kasemo B, Lausmaa J. Biomaterial and implant surfaces: on the role of cleanliness, contamination, and preparation procedures. J Biomed Mater Res 1988;22(A2 Suppl):145-58. 4. Diniz MG, Soares GA, Coelho MJ, Fernandes MH. 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O desafio nesses casos está na quantidade insuficiente de osso, impossibilitando a instalação na posição protética ideal e, consequentemente, a não obtenção de resultados estéticos satisfatórios. Isso exige a utilização de técnicas reconstrutivas com biomateriais, a fim de recuperar o contorno do osso alveolar. Neste estudo é relatado um caso clínico onde foi avaliada a efetividade e o benefício da instalação imediata de implante após a extração dentária. Verificou-se que o procedimento é previsível, desde que bem realizado, visando obter resultados estético e funcional. Unitermos - Implantes dentários; Extração dentária; Regeneração óssea. Abstract Immediate implant placement after tooth removal is a reality for single-tooth cases, with the most important indication being the maintenance of the periimplant soft/hard tissue architecture and reduction of total treatment time. The challenge in these cases is the lack of sufficient bone for ideal, prosthetically-driven implant placement and thus the attainment of satisfactory aesthetic results. This demands the use of reconstructive techniques with the use of biomaterials to develop alveolar bone contour. In this study, a clinical case is described highlightening effectiveness and benefits of the immediate implant placement after tooth extraction. Once well performed, it constitutes a predictable procedure in order to achieve aesthetic and functional results. Key Words - Dental implant; Tooth extraction; Bone regeneration. * Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial -Universidade Gama Filho / Hospital de Força Aérea do Galeão - UGF/HFAG - Rio de Janeiro/RJ. ** Professor da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia - UFF/Nova Friburgo. *** Especialista em Implantodontia - Ocex - Rio de Janeiro/RJ. **** Núcleo de Terapia Celular, Unidade de Pesquisa Clínica - Hospital Universitário Antônio Pedro/Instituto de Biologia, Universidade Federal Fluminense (UFF) - Niterói/RJ. ***** Professora da Disciplina de Cirugia Bucal da Faculdade de Odontologia - Universidade Federal Fluminense - UFF - Niterói/RJ. 54 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):54-9 Relato de Caso Clínico Caderno Científico Introdução A reabilitação estética e funcional dos pacientes, que por razões traumáticas, infecciosas ou congênitas possam ter perdido seus elementos dentários, representa um dos grandes desafios da Odontologia contemporânea. O surgimento de novos materiais e técnicas, aliado às pesquisas científicas, proporcionaram o desenvolvimento de um conjunto de procedimentos que otimizam a realização desta reabilitação. Os implantes osseointegráveis, comprovadamente vieram solucionar problemas. Porém, os requisitos necessários são a qualidade e o volume de osso adequado para a instalação e para o sucesso em longo prazo1. Para que se possa alcançar sobrevida e sucesso, um implante não deve apenas ser capaz de promover sua osseointegração primária, mas sim manter-se osseointegrado, coberto por tecido gengival saudável e submetido à carga com a prótese definitiva em longo prazo. A evolução da Implantodontia oral na última década fez com que situações clínicas de complexa solução pudessem hoje ser solucionadas através da instalação de implantes, com uma alta taxa de sucesso e satisfação tanto do profissional quanto do paciente. A complexidade de alguns casos, como a deficiência óssea, estimulou a criação e a utilização de novas técnicas e de novos materiais. A disponibilidade óssea é considerada como um fator primordial na determinação funcional e estética ideais dos implantes, visto que até mesmo o resultado protético poderá ser prejudicado com isso, pois é este remanescente ósseo que determina a posição final do implante após sua instalação2. Com o objetivo de reverter o quadro de deficiência do osso, várias técnicas para o seu aumento foram desenvolvidas e aprimoradas nos últimos anos. Dentre algumas destas técnicas podemos destacar: o enxerto ósseo em bloco, a regeneração óssea guiada, a distração osteogênica e a utilização de fatores de crescimento associados aos enxertos ósseos3. O processo de cicatrização do alvéolo após a exodontia envolve uma série de eventos que inclue a formação do coágulo que é substituído por uma matriz provisória de tecido conjuntivo, osso imaturo, osso lamelar e medula óssea. Estudos em cães mostraram que 88% do volume do alvéolo dentário estava ocupado por tecido mineralizado no 30° dia após a exodontia; já no 180° dia o alvéolo apresentava-se preenchido por um tecido ósseo maduro contendo pequena quantidade de medula óssea4. Aguardar por um período grande de cicatrização alveolar, além de aumentar o tempo de tratamento também acentua a reabsorção do processo alveolar pós-exodontia, a morbidade e a possível perda de tecido mole devido à manipulação cirúrgica, podendo impedir ou limitar a posterior instalação do implante5-8. A instalação de implantes imediatamente após a exodontia tem sido apresentada como uma técnica com alta previsibilidade, elevada taxa de sobrevida e com resultados significativos quanto à preservação no sentido tridimensional das paredes alveolares9. Esses autores demonstram que essa técnica quando bem indicada e seguindo seu protocolo corretamente, possuem altas taxas de sucesso e serve como base para a determinação de sucesso e sobrevida desses implantes10-19. Para se alcançar o sucesso na instalação e na restauração desses implantes instalados imediatamente após a exodontia, o profissional deverá estar atento a diversos fatores como a história médica e odontológica do paciente, documentação pré-operatória (modelos de estudos, fotos clínicas e exames de imagens) e realização de um bom diagnóstico e um plano de tratamento criterioso19-20. Sempre que por algum motivo for observada a impossibilidade de instalação de um implante imediatamente após a exodontia, deve-se recorrer à utilização de enxertos ósseos, mesmo que esse procedimento aumente a morbidade da cirurgia, o custo do procedimento e retarde a reparação12, 21. Dentre os problemas anatômicos que podemos citar, a fenestração óssea é uma das mais comuns devido a uma reabsorção severa do processo alveolar. Essas fenestrações podem acabar comprometendo não só a estética da região como também a estabilidade mecânica do implante. Para que se melhore o prognóstico final desses implantes são realizados procedimentos regenerativos com a utilização de membranas e enxertos, que aumentam a taxa de sucesso nesses casos21-23. Os enxertos ósseos geralmente utilizados na regeneração óssea guiada (ROG) podem ser classificados de acordo com sua origem, sendo eles, autógenos, alógenos, xenógenos e sintéticos ou aloplásticos. Geralmente o enxerto de primeira escolha é o autógeno que é obtido do próprio indivíduo (intrabucal ou extrabucal). O enxerto alógeno pode ser obtido de banco de ossos através de doadores vivos ou de cadáveres, mas não são utilizados rotineiramente para este fim. O enxerto xenógeno é de origem animal, sendo geralmente utilizado os de origem bovina. Os enxertos sintéticos ou também conhecidos como aloplásticos, incluem fosfato de cálcio sintético, carbonato de cálcio, polímeros para substituição de tecidos duros e biovidro cerâmico21. A regeneração óssea guiada consiste na utilização de barreiras físicas para evitar que os tecidos periodontais incapazes de promover regeneração entrem em contato com a superfície radicular durante o processo de cura. Essa técnica tem se mostrado eficaz para o aumento do rebordo alveolar e em deiscências ou fenestrações que ocorrem associado ao implante ou mesmo durante a colocação de implantes após a exodontia23; porém, qualquer complicação que ocorra durante o processo de regeneração tecidual guiada, como a exposição da membrana e possível infecção, pode influenciar no processo de osseointegração do implante imediato22-23. Outros estudos enfatizam que a membrana deve cobrir o REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):54-9 55 Resende RFB • Calasans-Maia JA • Schnetzler Neto A • Granjeiro JM • Calasans-Maia MD defeito ósseo completamente e, preferivelmente, ser coberta por tecido mole durante todo o período de cicatrização, que leva de seis a nove meses, sendo suficiente para a maturação do osso regenerado ao redor de implante imediato23. Apesar da técnica de regeneração óssea guiada ao redor de implantes imediatos resultar em boa osseointegração, a complexa manipulação do retalho, pode desencadear resultados funcionais, fonéticos e estéticos insatisfatórios, especialmente quando realizado na região anterior da maxila. Os efeitos indesejáveis provocados são recessão da margem gengival do dente adjacente, perda de tecido gengival ceratinizado e perda da altura da papila interdental22. O tratamento da superfície do implante a ser instalado tem um papel importante na implantação imediata. Estudos mostraram que implantes com superfície rugosa promoveu um maior preenchimento do defeito ósseo e maior grau de contato osso-implante quando comparado aos implantes de superfície lisa21-26. O objetivo deste estudo é verificar a eficiência da reabilitação protética sobre implante imediato associado à regeneração óssea. Relato de Caso Clínico Paciente CFB, sexo feminino, 43 anos de idade, foi encaminhada por seu cirurgião-dentista com diagnóstico de lesão cística inflamatória localizada na região apical dos dentes 12 e 13, não visível ao exame clínico (Figura 1), mas visualizado em exame de imagem por tomografia em Cone-Beam da região (Figura 2) e fratura vertical da raiz e lesão periapical do dente 11 (Figura 3). Após exame clínico e avaliação radiográfica foi confirmado o diagnóstico e proposta a cirurgia de enucleação da lesão cística e exodontia do dente 11 com instalação imediata de implante e regeneração óssea. Figura 1 Aspecto clínico inicial. 56 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):54-9 A paciente recebeu antibioticoterapia profilática com 2 g de amoxicilina por via oral e foi prescrito diclofenaco sódico (Voltaren 100 mg – Novartis), de 12 em 12 horas, durante três dias. Foi realizada a anestesia por bloqueio regional do nervo infraorbitário bilateralmente e complementação do nervo nasopalatino, e a exodontia foi iniciada com o uso de periótomo rompendo as fibras do ligamento periodontal em todas as faces do dente 11. Um retalho mucoperiosteal de espessura total foi descolado para a exposição da lesão e das paredes alveolares desta região. Após a curetagem da lesão periapical visualizou-se uma fenestração óssea em parede vestibular (Figura 4). Foi instalado um implante de 3,4Ø x 13 mm de comprimento (SIN- Revolution- micromini) com excelente estabilidade primária e, logo em seguida, o defeito foi preenchido com xenoenxerto bovino Bio-oss (Geistlich), Figura 5, e adaptada uma membrana de colágeno Instat (Johnson&Johnson) para recobrimento do enxerto. Uma coroa provisória acrílica foi cimentada (Temp-Bond NE-Kerr) imediatamente após a sutura e mantida em posição de infraoclusão para evitar sobrecarga. A paciente recebeu terapia antimicrobiana com clorexidina 0,2% gel, duas aplicações diárias, durante 15 dias, e manteve com a antibioticoterapia por dez dias. Três meses após a instalação do implante foi constatada a osseointegração do implante e seguiu-se com os procedimentos clínicos e laboratoriais de prótese. Após 12 e 24 meses é visualizado através do aspecto radiográfico (Figuras 6 e 7) uma boa osseointegração e preenchimento alveolar na região, com a apresentação de um bom contorno clínico após 24 meses (Figura 8). Discussão O avanço nas técnicas cirúrgicas e na criação de novos biomateriais para serem empregados na Implantodontia oral Figura 2 Visualização de lesão cística inflamatória localizada na região apical dos dentes 12 e 13 através de tomografia em Cone-Beam. Relato de Caso Clínico Caderno Científico Figura 3 Fratura vertical da raiz e lesão periapical do dente 11. Figura 5 Defeito preenchido com xenoenxerto bovino Bio-oss. Figura 7 Aspecto radiográfico após 24 meses Figura 4 Aspecto cirúrgico da fenestração óssea na parede vestibular. Figura 6 Aspecto radiográfico após 12 meses. Figura 8 Aspecto clínico após 24 meses (confecção da prótese: doutor Alfredo S. Neto). REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):54-9 57 Resende RFB • Calasans-Maia JA • Schnetzler Neto A • Granjeiro JM • Calasans-Maia MD vem acompanhado das exigências estéticas e funcionais dos pacientes e dos próprios profissionais que lidam diariamente com os sucessos e insucessos nos tratamentos. A presença de defeitos ósseos no rebordo alveolar é ainda uma das grandes dificuldades, pois a colocação ideal do implante do ponto de vista protético fica prejudicada2,5,7,12,14. O sucesso na utilização de implantes imediatos está não só relacionado com o respeito ás indicações da técnica, como também as limitações existentes em cada caso que são descritos pela literatura5,8,12,23. A resposta do osso após a inserção dos implantes imediatos é favorável e os resultados clínicos são muito bons quando uma criteriosa seleção dos pacientes é realizada. Com esse tipo de técnica, podemos encurtar significativamente o tempo e o número de consultas clínicas5-6,9,21. Em casos de extensos defeitos ósseos no processo alveolar, a abordagem em estágios é a preferida, pois diminui os riscos de insucesso. No primeiro tempo cirúrgico é realizada a reconstrução do rebordo alveolar e, aproximadamente, seis meses após, no segundo tempo cirúrgico é realizada a instalação dos implantes24,27. O sucesso desta técnica está relacionado à qualidade óssea e a estabilidade primária do implante, que são fatores fundamentais na escolha da técnica. O profissional deve se certificar que o implante quando instalado esteja circunscrito por osso, porém quando isso não ocorre técnicas regenerativas para obtenção de neoformação óssea e manutenção do tecido gengival deverão ser indicadas para aumentar o índice de sucesso a longo prazo, principalmente nos casos O cirurgião atento aos princípios da técnica e com um planejamento adequado para o caso evita um aumento no número de insucessos. Independente do tipo de procedimento a ser realizado, seja ele em um ou dois tempos cirúrgicos, o bom posicionamento do implante, apresentando-se com uma boa estabilidade primária e mantendo um apropriado cuidado com as estruturas de tecidos gengivais e osso adjacente à região, continuam sendo a melhor escolha ao final do tratamento. 58 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):54-9 que apresentam depressão óssea pós-exodontia, ou apical ao dente a ser extraído6-7,10,14,20,28. Estudos atuais têm relatado que a distância entre a superfície do implante e a parede alveolar também apresentam particularidade importante na osseointegração do implante imediato. Os implantes com superfícies tratadas, quando instalados em alvéolos com distância de 1 mm a 1,25 mm apresentam maior contato ósseo com as paredes21. A regeneração óssea guiada em implantes imediatos possibilita uma maior seletividade celular na região onde se encontra o espaço entre implante e osso e preserva a arquitetura do rebordo alveolar. Mas a mesma possui a desvantagem de necessitar do reposicionamento coronal deste retalho. Esse reposicionamento pode levar a perda de gengiva ceratinizada e retração da papila interdental, além de, em alguns casos, ser necessária a realização de um aprofundamento do vestíbulo num segundo tempo22,24. O cirurgião atento aos princípios da técnica e com um planejamento adequado para o caso evita um aumento no número de insucessos. Independente do tipo de procedimento a ser realizado, seja ele em um ou dois tempos cirúrgicos, o bom posicionamento do implante, apresentando-se com uma boa estabilidade primária e mantendo um apropriado cuidado com as estruturas de tecidos gengivais e osso adjacente à região, continuam sendo a melhor escolha ao final do tratamento. Conclusão A reabilitação imediata dos pacientes é considerada um grande avanço na Implantodontia oral. O uso desta técnica tem sido satisfatório tanto ao paciente, quanto ao cirurgião no que diz respeito à estética e ao tempo de trabalho. O cirurgião deve ser criterioso na avaliação da quantidade e qualidade ósseas e na previsão da estabilidade primária antes da indicação da técnica. Deve-se ter em mente que este tipo de técnica não substitui a técnica convencional de instalação mediata dos implantes, mas sim é usada como alternativa de tratamento em alguns casos. Recebido em: mar/2009 Aprovado em: abr/2009 Endereço para correspondência: Mônica Diuana Calasans-Maia Rua São Paulo, 28 - Campus do Valonguinho - Centro 24020-150 - Niterói - RJ Tel.: (21) 8153-5884 [email protected] Relato de Caso Clínico Caderno Científico Referências bibliográficas 1. Bezerra FJ, Lenharo A. Terapia Clínica Avançada em Implantodontia. São Paulo: Artes Médicas; 2002. p.17. 2. Aires E, Berger J. Immediate placement in extraction sites followed by immediate loading: a pilot study and case presentation. 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REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):54-9 59 Estudo Clínico Caderno Científico Utilização de implantes curtos em mandíbulas de pacientes periodontalmente comprometidos: oito anos de acompanhamento Short implants in the lower jaw of periodontally compromised patients – 8-year follow-up study Patricia Maria Peres Touma* Fernanda Brito** Carlos Marcelo Figueredo*** Resumo O objetivo desse estudo foi avaliar o desempenho de implantes curtos (7 mm - 8,5 mm) em mandíbulas parcialmente edêntulas de pacientes periodontalmente comprometidos. Foram avaliados 52 implantes em 22 indivíduos, sendo o grupo teste composto por 41 implantes em 15 pacientes periodontalmente comprometidos com média de idade 59 anos (DP ± 11). O grupo controle era composto por 11 implantes em sete individuos periodontalmente sadios, com idade média de 50 anos (DP ± 10.8). A periodontite foi considerada presente quando um indivíduo apresentava perda de inserção > 4,0 mm com presença de sinais clínicos de inflamação. Os pacientes do grupo teste foram submetidos à terapia periodontal. A cirurgia para instalação dos implantes foi realizada somente após controle dos sinais clínicos da doença periodontal. Os implantes foram instalados em clínica particular pela mesma operadora e acompanhados por oito anos. A avaliação dos implantes curtos foi realizada por radiografias periapicais para verificação da perda óssea ao redor das roscas dos implantes nas regiões mesias e distais. Os resultados foram avaliados nos tempos de 2,5 e oito anos. O grupo teste não apresentou perda óssea significantemente maior que o grupo controle ao redor dos implantes nos diferentes períodos analisados. Sendo assim, podemos concluir que o tratamento com implantes curtos em pacientes com comprometimento periodontal foi considerado seguro e previsível quando utilizado um estrito protocolo clínico por um período de oito anos. Unitermos - Implante curto; Doença periodontal; Peri-implantite; Taxa de sobrevivência. Abstract The aim of the study was to analyze the use of short implants (7 mm – 8.5 mm) in partially edentulous lower jaws from periodontally compromise patients. Forty one implants in 15 periodontally compromised patients (test group) with a mean age of 59 (SD ± 11.0) years and 11 implants in seven healthy subjects (control group) with a mean age of 50.0 (SD +10.8) years were studied. Periodontitis was considered when a subject showed attachment loss > 4 mm in the presence of clinical signs of inflammation. Such patients were submitted to periodontal therapy and the implant surgery was performed after the periodontal disease control. The implants were installed by the same operator in a private clinic and followed-up for 8 years. Periapical X-rays were used to evaluate the bone loss around implants in the mesial and distal surfaces. The bone loss was evaluated after 2,5 and eight years. The results showed that there were no significant differences among groups regarding the bone loss around implants over the screened periods. Therefore, we concluded that treatment with short implants in patients with history of periodontal disease is safe and predictable during eight-year follow up. Key Words - Short Implants; Periodontal disease; Peri-implantitis; Implant survival. * Mestre em Periodontia - Departamento de Periodontia - Faculdade de Odontologia - Universidade Veiga de Almeida. ** Doutora em Periodontia - Departamento de Periodontia - Faculdade de Odontologia - Universidade Veiga de Almeida. *** PhD em Periodontia e Química Clínica - Departamento de Procedimentos Clínicos Integrados - Faculdade de Odontologia - Universidade do Estado do Rio de Janeiro. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):61-5 61 Touma PMP • Brito F • Figueredo CM Introdução As possibilidades para reabilitar pacientes em situações limites quanto ao osso alveolar remanescente envolvem técnicas cirúrgicas avançadas, como enxertos ósseos e levantamento de seio maxilar, que requerem um treinamento cirúrgico diferenciado, além de aumentar o tempo de tratamento e o custo do mesmo1. O uso de implantes curtos (7 mm - 8,5 mm) foi associado inicialmente a baixas taxas de sucesso2-3. Tendo seu uso sido desencorajado pelo ponto de vista mecânico quando combinado com osso pobre em qualidade e alta carga oclusal4. Entretanto, o desenvolvimento do desenho dos implantes, estrutura da superfície e o aprimoramento das técnicas cirúrgicas forneceram razões para reavaliação destes resultados prévios. Recentes estudos clínicos indicam que implantes curtos podem suportar restaurações protéticas adequadamente e taxas de sucesso em torno de 95% foram demonstradas em reabilitações de pacientes parcialmente edêntulos e com mandíbulas parcialmente reabsorvidas5-6. Um grande número de fatores pode levar a reabsorção parcial da mandíbula, como por exemplo, a idade, predisposição genética, condições sistêmicas comprometidas e a periodontite7. Os molares são os dentes mais frequentemente afetados em pacientes com periodontite8-11. A perda óssea alveolar nessa região pode ser acompanhada pela pneumatização do seio maxilar e a superficialização do canal mandibular, o que reduz a altura óssea disponível para instalação dos implantes12-13. Porém, é importante observar que perdas ósseas acentuadas levam a uma relação maxilomandibular desfavorável, resultando em reabilitações com coroas em alturas ósseas desproporcionais14. Essa situação leva à necessidade de avaliação em longo prazo da função protética dos implantes curtos, uma vez que a mesma pode comprometer o processo de osseointegração. Existem poucos estudos para avaliar o resultado do tratamento com implantes em pacientes com histórico de periodontite15-16. Porém, existem indícios de que a terapia com Figura 1 Ausência de perda óssea ao redor das roscas após dois anos de acompanhamento. 62 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):61-5 implantes em pacientes periodontalmente comprometidos apresenta resultados similares aos pacientes parcialmente edêntulos sem comprometimento periodontal17. Frente ao exposto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a perda óssea alveolar ao redor de implantes curtos em mandíbulas parcialmente edêntulas de pacientes periodontalmente comprometidos e comparar com pacientes saudáveis. Material e Métodos Foram avaliados 52 implantes em 22 indivíduos, sendo o grupo teste composto por 41 implantes em 15 pacientes periodontalmente comprometidos com idade média de 59 anos (+11). O grupo controle era composto por 11 implantes em sete individuos periodontalmente sadios, com idade média de 50 anos (+10,8). Foram utilizados implantes Brånemark System (Nobel Biocare, Suécia), modelos MKIII Standard cilíndricos de superfície lisa (n=49) e MKIII cilíndricos com superfície TiUnite (n=3), foram instalados e avaliados (Figuras 1 e 2). Os implantes apresentavam altura de 7 mm (n=20) e 8,5 mm (n=32), e diâmetro de 3,75 mm (n=27), 4,0 mm (n=15) e 5,0 mm (n=10). Os implantes foram instalados em clínica particular pela mesma operadora e acompanhados por oito anos. A indicação dos implantes baseou-se na avaliação de modelos de estudo, radiografias periapicais pela técnica do paralelismo e radiografias panorâmicas com traçado, com eventual complementação em tomografias computadorizadas. Todas as necessidades de terapia clínica (endodônticas, periodontais e restauradoras) foram resolvidas antes do procedimento cirúrgico. Pacientes periodontalmente comprometidos A periodontite crônica foi considerada presente quando os pacientes apresentavam um mínimo de cinco sítios em dentes diferentes com perda de inserção > 4 mm associada à presença de sangramento à sondagem. Ao exame radiográ- Figura 2 Perda óssea correspondente a uma rosca (0,6 mm) após cinco anos de acompanhamento. Estudo Clínico Caderno Científico com solução de clorexidina (0,12%), duas vezes ao dia após as refeições, no período de 24 horas prévio à cirurgia até a remoção da sutura. As suturas foram removidas entre uma e duas semanas após a instalação dos implantes. A cirurgia de instalação dos implantes foi realizada com motor Osseocare (Nobel Biocare, Suécia) com rotação 20 Rpm e irrigação salina, utilizando-se brocas do mesmo sistema. A segunda etapa cirúrgica de reabertura dos implantes foi executada após três a seis meses (protocolo Brånemark modificado) com utilização de abutments. Avaliação e manutenção dos implantes Figura 3 Ilustração de um caso com oito anos de acompanhamento. fico eram observados sinais clínicos de perda óssea. Os pacientes periodontalmente comprometidos foram submetidos à terapia básica (raspagem e alisamento radicular), sendo a cirurgia de instalação somente realizada após controle dos sinais clínicos da doença. Etapa cirúrgica Tanto os pacientes do grupo teste quanto do grupo controle passaram por sessões de instrução de higiene bucal e profilaxia previamente à cirurgia. Antibioticoterapia com amoxicilina 500 mg foi prescrita três vezes ao dia, durante seis dias, a partir das 24 horas prévias à instalação de implantes. Os pacientes também foram instruídos a realizar bochechos As primeiras avaliações clínica e radiográfica dos implantes tiveram início três meses após a instalação das próteses. As avaliações subsequentes seguiram o cronograma de reavaliação para manutenção da saúde periodontal. Foram considerados bem-sucedidos os casos que apresentassem: ausência de mobilidade vertical ou horizontal, ausência da perda de torque dos parafusos da prótese e dos pilares intermediários, ausência de dor e desconforto e ausência de imagem radiolúcida sugestiva de perda óssea. Para manutenção da saúde periodontal, após a instalação das próteses, os pacientes do grupo teste foram rechamados a cada três meses, enquanto os pacientes do grupo controle foram rechamados a cada seis meses, sendo realizada profilaxia profissional e, quando necessário, raspagem e alisamento radicular. As primeiras avaliações clínica e radiográfica dos implantes tiveram início três meses após a instalação das próteses. As avaliações subsequentes seguiram o cronograma de reavaliação para manutenção da saúde periodontal. Foram considerados bem-sucedidos os casos que apresentassem: ausência de mobilidade vertical ou horizontal, ausência da perda de torque dos parafusos da prótese e dos pilares intermediários, ausência de dor e desconforto e ausência de imagem radiolúcida sugestiva de perda óssea. A perda óssea foi avaliada radiograficamente (radiografias periapicais) tendo como base a perda óssea ao redor de cada rosca. Perdas na região acima da primeira rosca não foram contabilizadas. A unidade de avaliação da perda óssea foi especificada pelo número de roscas não circundadas por osso, sendo a distância entre as roscas de 0,6 mm. Os dados foram avaliados em 2,5 e oito anos. Análise estatística Para análise estatística o indivíduo e a face mesial/distal foram considerados como unidade de análise e o nível de significância foi estabelecido em 5%. Os dados foram expressos em média e desvio padrão. O teste de Mann-Whitney foi utilizado para avaliar as diferenças entre os grupos. As análises foram realizadas no programa estatístico SPSS (versão 11.0). Resultados Com relação à idade, não foi encontrada diferença significante entre os grupos (Tabela 1). Nos primeiros dois anos, não houve perda óssea tanto do grupo teste quanto do grupo controle nas superfícies mesial e distal (Figura 1). Em cinco anos, na superfície mesial, a perda média dos pacientes do grupo teste foi de 0,09 mm (DP ±0,4). No grupo controle a perda média foi de 0,1 mm (DP ±0,24), não tendo REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):61-5 63 Touma PMP • Brito F • Figueredo CM sido encontrada diferença significante entre os dois grupos (p=0,3). Na superfície distal, foi encontrada uma perda média de 0,14 mm (DP ± 0,55) no grupo teste e 0,16 mm (DP ± 0,65) no grupo controle, não tendo sido encontrada diferença significante entre os dois grupos (p=0,5), Figura 2. Em oito anos de acompanhamento, na superfície mesial, a perda média dos pacientes do grupo teste foi de 0,34 mm (DP ± 0,7). No grupo controle a perda média foi de 0,32 mm (DP ± 0,56), não tendo sido encontrada diferença significante entre os dois grupos (p=0,6). Na superfície distal, foi encontrada uma perda média de 0,32 mm (DP ± 0,77) no grupo teste e 0,32 mm (DP ± 0,73) no grupo controle, não tendo sido encontrada diferença significante entre os dois grupos (p=0,6), Figura 3, (Tabela 1). Tabela 1 - Idade (média e desvio-padrão) em anos e perda óssea ao redor de roscas calculada em milímetros nas superfícies mesial e distal nas avaliações de cinco e oito anos (Grupo teste: 15 pacientes e 41 implantes e grupo controle: sete pacientes 11 implantes) Grupo teste Grupo controle p Idade 59 (+11) 50 (+10,8) 0,08 Mesial 5 anos 0,09 (± 0,4) 0,1 (± 0,24) 0,3 Distal 5 anos 0,14 (± 0,55) 0,16 (± 0,39) 0,5 Mesial 8 anos 0,34 (± 0,7) 0,32 (± 0,56) 0,6 Distal 8 anos 0,32 ( ± 0,77) 0,32 (± 0,73) 0,6 Significância estabelecida em p < 0.05. Teste: Mann-Whitney Discussão e Conclusão Analisando os resultados dos pacientes que foram submetidos a tratamento periodontal antes da instalação dos implantes com os pacientes que apresentavam saúde periodontal, não houve diferença significante entre as taxas de sucesso, bem como na perda óssea em torno dos implantes. No presente estudo foi encontrada uma taxa de sobrevida de implantes curtos instalados na região posterior de mandíbula de pacientes parcialmente edêntulos de (99,1%), mostrando que este tipo de tratamento pode ser uma boa alternativa para reabilitar pacientes que apresentam osso em quantidade reduzida nas mandíbulas posteriores. Este resultado está de acordo com o estudo18 que encontrou taxa de sobrevivência de implantes curtos instalados na região posterior, mandíbula e maxila de 99,2% e 98,7% respectivamente. Um outro estudo19 mostrou que, artigos focados em implantes curtos publicados entre 2003 e 2005, apresentaram taxa se sobrevivência entre 94% e 99%. Porém, alguns estudos mostram que implantes curtos falham mais que os longos2,20. Essas diferenças podem ser atribuídas a outras variáveis como: superfície dos implan- 64 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):61-5 Sobre o aspecto biomecânico, o uso racional de implantes curtos foi bem documentado21. Quando o implante é colocado em função, o maior estresse é distribuído nas primeiras roscas numa mínima altura de osso integrado mostrando que a largura é mais importante do que a altura adicional18. O que justifica, no nosso estudo, a escolha de implantes de plataforma de 5,0 mm de largura sempre que a quantidade óssea fosse suficiente e, principalmente, em casos de coroas unitárias, onde a união das coroas por esplintagem estivesse descartada. tes, curva de aprendizado do cirurgião, qualidade e quantidade ósseas, estabilidade primária e protocolo protético18. Sobre o aspecto biomecânico, o uso racional de implantes curtos foi bem documentado21. Quando o implante é colocado em função, o maior estresse é distribuído nas primeiras roscas numa mínima altura de osso integrado mostrando que a largura é mais importante do que a altura adicional18. O que justifica, no nosso estudo, a escolha de implantes de plataforma de 5,0 mm de largura sempre que a quantidade óssea fosse suficiente e, principalmente, em casos de coroas unitárias, onde a união das coroas por esplintagem estivesse descartada. Análise de elementos finitos demonstram que o estresse no osso é praticamente independente da altura do implante22. Em comum na literatura existem os parâmetros para se avaliar o sucesso dos implantes, que são: ausência de progressiva perda óssea, ausência de infecção recorrente de peri-implantite, ausência de mobilidade e ausência de fratura dos implantes. O critério para avaliar o sucesso dos implantes leva em conta, também, a progressiva perda óssea. É interpretado que perda óssea >1,5 mm em volta do implante pode interferir na taxa de sucesso23. A perda óssea em volta dos implantes, nesse estudo, por contagem em milímetros, é baseada na contagem da perda óssea em volta das roscas dos implantes. Foi considerada uma perda aceitável até três roscas sem suporte ósseo. Mais do que isso: foi considerada com- Estudo Clínico Caderno Científico prometedora em termos de função. Para isso, as radiografias devem ser padronizadas pela técnica do paralelismo. Durante nosso estudo retrospectivo, as radiografias foram também executadas na técnica do paralelismo e foram padronizadas leituras após um ano da instalação dos implantes. Sendo assim, podemos concluir que o tratamento com implantes curtos de pacientes periodontalmente comprometidos pode ser considerado seguro e previsível quando utilizado um estrito protocolo clinico. Referências bibliográficas 1. Collaert B, De Bruyn H. Comparison of Brånemark fixture integration and short-term survival using one-stage or two-stage surgery in completely and partially edentulous mandibles. Clin Oral Implants Res 1998;9(2):131-5. 2. Ferrigno N, Laureti M, Fanali S, Grippaudo G. 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Implant survival to 36 months as related to length and diameter. Ann Periodontol 2000;5(1):22-31. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):61-5 65 Estudo Clínico Caderno Científico Implantes em pacientes diabéticos do pré-operatório ao controle a longo prazo Implants in diabetic patients - the preoperative and a long-term control Rafael Manfro* Marcelo Carlos Bortoluzzi* Márcio Antônio Batistella* Adgar Zeferino Bittencourt** Camila D`Campora Reis Zago*** Aline Rosler Grings Manfro**** Resumo A diabetes é uma das principais doenças crônicas degenerativas que acometem o homem. O número de pacientes com diabetes que tem procurado tratamentos odontológcos e, principalmente, reabilitações com implantes aumentou muito nos últimos anos. Esse fato devese a evolução do tratamento e dos métodos de controle, que permitem aos seus portadores terem uma vida próxima dos não portadores da doença. Este trabalho tem como objetivo relatar um protocolo e os parâmetros de sucesso para as reabilitações com implantes em pacientes diabéticos. Unitermos - Osseointegração; Implantes dentários; Diabetes. Abstract Diabetes mellitus is one of the main degenerative chronic illnesses affecting the general population and there are an increasing number of those patients searching for dental implants. Treatment has evolved and allowed the affected persons to have a quality of life similar to the non-affected ones and this fact also allowed the diabetic patients to be candidates implant rehabilitation. The aim of this work is to report a protocol and success parameters for diabetic patients. Key Words - Dental implants; Osseointegration; Diabetes mellitus. * Professores do curso de Especialização em Implantodontia - Unoesc/Joaçaba e do curso de Especialização Soebrás-Funorte - Passo Fundo/RS. ** Professor do curso de Especialização em Implantodontia - Unoesc/Joaçaba. *** Professora do curso de Especialização Soebrás-Funorte - Passo Fundo/RS. **** Professora da Disciplina de Histologia Bucal - Unoesc/Joaçaba. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):67-70 67 Manfro R • Bortoluzzi MC • Batistella MA • Bittencourt AZ • Zago CDR • Manfro ARG Introdução A diabetes mellitus é uma doença caracterizada por uma insuficiência total ou parcial de produção de insulina, falta de resposta ou resposta inadequada dos tecidos periféricos aos níveis de insulina existentes1. A diabetes atinge 7,6% da população brasileira2, é a terceira causa de morte nos Estados Unidos2 e a principal causa de cegueira e amputação dos membros inferiores em adultos3. Atualmente a diabetes apresenta duas formas mais comuns, chamadas de Tipos I e II, comumente conhecidas como insulino dependentes e insulino não dependentes respectivamente2. O avanço dos métodos de controle de glicemia permite que o paciente diabético tenha um nível de vida semelhante a de pessoas não diabéticas2. O aumento do índice de diabéticos e, principalmente, na evolução do tratamento aumentou muito a quantidade de pacientes com diabetes que procuram reabilitação com implantes osseointegrados. Estes acontecimentos exigem do cirurgião-dentista especialista em Implantodontia um conhecimento sobre as possibilidades de sucesso desta terapia e a melhor maneira de se executar o procedimento cirúrgico e a manutenção dos implantes4- 6. A diabetes interfere em todos os períodos do tratamento com implantes. Na fase pós-cirúrgica imediata provoca Quadro 1 - Organograma para tratamento do diabético Avaliação pré-operatória: - Tipo de diabetes. - Tipo de controle. - Eficácia do controle. - Exame de glicemia em jejum e hemoglobina glicada. Medicação pré-operatória: - Antibiótico: amoxicilina 2 g, uma hora antes do procedimento. - Ansiolótico: Midazolan 15 mg, uma hora antes do procedimento. - Anti-inflamatório: dexametazona 4 mg, uma hora antes do procedimento. - Analgésico: paracetamol 750 mg, uma hora antes do procedimento. Transoperatório: - Cirurgia rápida. - Pela manhã. - Paciente alimentado. - Cuidado com sinais de hipoglicemia. - Anestésico de eleição: articaína 4% com adrenalina 1:200.000 até cinco tubetes. Pós-operatório - Antibiótico por sete dias. - Paracetamol para controle da dor. - Digluconato de clorexidine 0,12%. Período de osseointegração - Dobro do tempo do convencional (considerar o uso de superfícies de nanointegração). Controle - De três em três meses. - Sinais clínicos e radiográficos. - Hemoglobina glicada para controle da diabetes. 68 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):67-70 modificação das proteínas de cicatrização na formação do coágulo sanguíneo. Durante o período da osseointegração diminui o número de células osteoclásticas e osteoblástica diminuindo a capacidade de formação da matriz e de mineralização desta. Na manutenção da osseointegração a diabetes altera a homeostasia óssea diminuindo a capacidade de renovação óssea3. Está bem estabelecido que pacientes diabéticos são mais propensos a complicações de cicatrização, mesmo em feridas limpas7. O uso de implantes nestes pacientes ainda apresenta controvérsias quanto a possibilidade de osseointegração, tempo para osseointegração, forma de controle e durabilidade dos implantes3-5,8-10. Alguns autores afirmam que existe muito pouca literatura sobre o assunto em sua revisão da literatura e encontraram apenas quatro artigos sobre o sucesso da osseointegração em implantes6. Por este motivo, o objetivo deste artigo é propor um protocolo para o tratamento dos pacientes diabéticos ajudando aos profissionais que militam nesta área a tratá-los através dos implantes osseointegrados. Conduta • Avaliação pré-operatória A grande dificuldade encontrada está nos casos em que o paciente não sabe que é portador de diabetes. Nestas situações o profissional deve estar atento aos principais sinais e sintomas que façam suspeitar de diabetes como a sede excessiva, prurido valvar, mictúria, ganho ou perda de peso sem motivo aparente, alterações visuais e dores nos membros inferiores. Nos casos que estes sinais e sintomas estejam presentes o profissional deve suspeitar de diabetes. Para confirmar o profissional deve requisitar exame de glicemia em jejum. Apesar dos valores considerados normais, inferiores a 100 mg/dl. Em quadros de alteração deste exame o paciente deverá ser encaminhado a um médico assistente para controle da doença e então ser submetido a cirurgia para colocação do implante. No dia anterior ao procedimento o paciente deverá realizar um novo exame de glicemia, que deve estar dentro dos padrões de normalidade. Nas situações em que o paciente saiba ser portador de diabetes o cirurgião-dentista deverá questionar quando do início da doença, a forma e eficácia do controle e possíveis complicações relacionadas com a doença. Um contato com o médico assistente deverá ser realizado, bem como o exame de hemoglobina glicada (Quadro 2), que mostrará a eficácia do controle. O procedimento cirúrgico só deverá ser realizado quando a diabetes estiver controlada. Um exame de glicemia em jejum também deverá ser realizado no dia anterior e este deverá mostrar níveis normais. • Preparo pré-operatório Para a cirurgia de um paciente diabético algumas Estudo Clínico Caderno Científico situações deverão ser observadas. A cirurgia deverá ser realizada de forma rápida; portanto, a colocação de muitos implantes deverão ser realizados em mais de um tempo cirúrgico. É necessário que seja executado pela manhã, sendo que o paciente deverá fazer uma boa alimentação no café da manhã, para que durante a cirurgia ele tenha um bom nível de glicose, evitando riscos de hipoglicemia. O protocolo medicamentoso do Quadro 1 deverá ser realizado. A terapia com antimicrobianos sistêmicos e tópico, através da clorexidina 0,12% para bochechos, parece reduzir a taxa de insucesso nos implantes em diabéticos5. O uso de anti-inflamatórios não esteroidais podem interferir na ação anti-insulínica dos glicocorticoides, aumentando a necessidade de insulina ou hipoglicemiantes orais11. Para os procedimentos cirúrgicos, o uso de corticosteroides está bem indicado, pois irá reduzir edema e dor, sem interferir de forma significativa no controle da diabetes12. Em pacientes que fazem uso de insulina, realizar a aplicação antes da cirurgia. O mesmo ocorre com pacientes que fazem controle com hipoglicemiantes orais que deverão fazer uso da dose habitual. • Controle transoperatório Durante o ato cirúrgico, a principal preocupação do profissional será com crises hipoglicêmicas10. Para tanto, o controle da ansiedade deverá ser realizado mantendo instrumentos fora de visão do paciente, com música para relaxamento e controle eficiente da dor com anestesia com duração e profundidade adequadas13. A quantidade da droga anestésica deverá ser controlada14-15, mas o uso do vasoconstritor sempre deverá ser realizado13,15. O cirurgião deverá estar atento durante todo o procedimento quanto aos sinais de hipoglicemia (Quadro 3), mantendo contato verbal permanente com o paciente. O profissional deverá estar preparado para o tratamento deste quadro. Quadro 2 - Valores do teste hemoglobina glicosada4 - 4% a 6% normal. - < 7% bom controle. - 7% a 8% controle moderado. - 8% deve melhorar controle. Quadro 3 - Sinais de hipoglicemia4 - confusão - agitação - sudorese - taquicardia - tremores - ansiedade - vertigens - desmaios • Pós-operatório imediato O controle da dor deverá ser realizado de forma eficaz. Para tanto, devemos utilizar analgésicos e anti-inflamatórios não esteroidais. O uso de insulina e dos hipoglicemiantes orais deverão seguir de forma normal após o procedimento cirúrgico. • Período de osseointegração A menor quantidade de osso formada sobre os implantes relatada por diversos trabalhos faz com que o período de osseointegração, principalmente em regiões de osso tipos 3 e 4, seja maior que o habitual, bem como a utilização de carga imediata deverá ser evitada4,16. • Controle O paciente diabético deverá ser avaliado sempre sobre dois parâmetros. O primeiro é a avaliação da saúde dos implantes. Este controle de nada difere ao controle realizado em pacientes saudáveis, apenas reduzimos o tempo de intervalo entre as visitas, que deverá ser de três meses. O segundo parâmetro a ser avaliado é a diabetes. A hemoglobina glicosilada (HbA1c) é um exame útil como parâmetro de controle do paciente diabético, pois reflete a média das glicemias durante os últimos dois ou três meses2. Os valores de normalidade situam-se abaixo de 6%. Em pacientes diabéticos valores abaixo de 7% são considerados satisfatórios12 (Quadro 2). Discussão A evolução nos tratamentos clínicos aliados a medicações com menos efeitos colaterais e mais acessíveis à população permite que um número maior de portadores de diabetes tenham uma vida próxima dos pacientes saudáveis. Este fato faz com que aumente o número de portadores desta doença que procuram tratamentos odontológicos e, consequentemente, reabilitações com implantes osseointegrados. A reabilitação de pacientes diabéticos com implantes mereceu um capítulo a parte no estudo da osseointegração. Vários modelos (animais) são encontrados na literatura procurando avaliar o resultado da osseointegração em dibéticos4,8,17-19. Ao instalar implantes em ratos diabéticos e não diabéticos foi observado, em 1998, redução da área de contato entre osso e hidroxiapatita e osso e titânio em ratos diabéticos18. Realizando implantes em ratos diabéticos, os autores observaram que, independentemente do tempo de avaliação, havia uma menor quantidade de osso formado sobre os implantes. Os autores acreditam que o uso de implantes osseointegrados está contraindicado em pacientes com diabetes descontrolada16. Comparando implantes instalados em tíbia de ratos diabéticos e não diabéticos alguns autores concluíram que em ratos diabéticos houve menor osseointegração do implante, principalmente em osso medular. Observou-se também que em animais diabéticos houve um aumento do volume ósseo. Em exames laboratoriais os níveis de calcitonina apresentou-se mais elevado no grupo controle e a fosfatase alcalina mais elevada nos ratos diabéticos4. Trabalhos clínicos avaliando o sucesso de implantes realizados em pacientes diabéticos obtiveram sucesso que variou entre 89,8% e 94,3%20-22. A dificuldade de encontrar um protocolo específico e, REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):67-70 69 Manfro R • Bortoluzzi MC • Batistella MA • Bittencourt AZ • Zago CDR • Manfro ARG principalmente, a pouca quantidade de trabalhos clínicos avaliando reabilitações em diabéticos fez com que os autores propossem um protocolo para a execução de implantes. Não acreditamos que a grande dificuldade seja obter a osseointegração, mas sim manter os níveis de perda óssea compatíveis com a normalidade. Por serem mais susceptíveis a infecções, dificuldade de cicatrização e metabolismo mais lento, os níveis de perda óssea peri-implantares podem estar aumentados, possibilitando a instalação de peri-implantites. Para manter os níveis ósseos no padrão de normalidade, acreditamos que a manutenção dos níveis de glicose devem ser mantidos por todo tempo. Por esta razão devemos diminuir o tempo de controle e instituir os exames de glicemia e hemoglobina glicada como parte deste controle. 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In: 70 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):67-70 Conclusão Acreditamos que este protocolo permite obter sucesso, principalmente a longo prazo, nas reabilitações com implantes osseointegrados. Recebido em: ago/2008 Aprovado em: nov/2009 Endereço para correpondência: Rafael Manfro Av. XV de Novembro, 371 - Sala 1.102 89600-000 - Joaçaba - SC [email protected] 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. Andrade ED. Terapêutica medicamentosa em Odontologia. São Paulo: Artes Médicas; 2002. p.93-140. Sonis ST, Fazio RC, Fang L. Medicina Oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1985. Bennett CR: Monheim’s local anesthesia and pain control in dental practice. 7a ed. St Louis: Mosby; 1993. Malamed SF. Manual de anestesia local. 3a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1993. Nevins ML, Karimbux NY, Weber HP, Giannobile WV, Fiorellini JP. Wound healing around endosseous implants in experimental diabetes. Int J Oral Maxillofac Implants 1998;13:620-9. Alkan A, Erdem E, Günban Ö, Karasu Ç. 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Durante uma primeira etapa cirúrgica foi retirado enxerto ósseo autógeno da região de ramo ou sínfise mandibular, que foi particulado e posicionado no leito receptor, recoberto por uma malha de titânio que foi fixada por meio de parafusos para osteossíntese em titânio. O ganho ósseo foi obtido em 14 pacientes possibilitando a instalação de implantes dentários, sendo classificado como sucesso clínico. A taxa de intercorrências pós-operatórias foi de 87,5%, sendo a exposição da malha de titânio o evento mais encontrado. A média de aumento vertical no momento da reabertura dos enxertos foi de 5,4 mm (variação de 3,5 mm a 13 mm). Os resultados preliminares sugerem que, empregando-se a presente técnica, rebordos alveolares residuais em pacientes parcialmente edêntulos podem ser reconstruídos com sucesso por meio de enxerto ósseo autógeno associado à malha de titânio. Unitermos - Transplante autólogo; Perda óssea alveolar; Implantes dentários; Regeneração óssea. Abstract The aim of this study is to evaluate a surgical protocol for vertical and transversal ridge augmentation in the maxilla using autogenous onlay bone graft associated with a titanium mesh. A group of 16 partially edentulous patients in need of vertical bone augmentation (at least 4mm) with transversal alveolar ridge defect associated, were treated before implant placement. On the first surgery, an autogenous bone graft was harvested from either the mandibular ramus or the mental symphysis and secured by means of titanium screws. Particulate bone was added and a titanium micro-mesh used to stabilize and protect the graft. Bone gain was reached in 14 patients classified as clinical success. The rate of post-operative complications was 87.5% (mesh exposure). Mean vertical bone augmentation obtained was 5.4 mm (range from 3.5 mm to 13 mm). The preliminary results suggest that, by using this technique, residual alveolar ridges in partially edentulous patients can be successfully reconstructed by means of autogenous bone graft and titanium micro-mesh. Key Words - Autologous transplantation; Alveolar bone loss; Dental implants; Bone regeneration. * Mestrando em Clínica Odontológica - Área de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais - FOP-Unicamp. ** Mestre e doutorando em Clínica Odontológica - Área de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais - FOP-Unicamp. *** Doutorando em Clínica Odontológica - Área de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais - FOP-Unicamp. **** Mestre e doutor em Clínica Odontológica - Área de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais - FOP-Unicamp. ***** Professor titular - Área de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais - FOP-Unicamp. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):73-80 73 Ortega-Lopes R • Chaves Netto HDM • Nascimento FFAO • Klüppel LE • Stabile GAV • Mazzonetto R Introdução A reconstrução óssea alveolar em altura e espessura que visa à adequação dos rebordos residuais para a instalação de implantes dentários constitui ainda hoje um desafio para o cirurgião. Uma grande quantidade de técnicas têm sido propostas para a correção de defeitos anatômicos e adequação da altura e espessura do leito receptor. Suas propriedades osteoindutoras, osteocondutoras e osteogênicas conferem ao enxerto ósseo autógeno a primeira opção de escolha em reconstrução das áreas edêntulas reabsorvidas1-10. As malhas de titânio foram primeiramente introduzidas para a reconstrução de defeitos ósseos críticos11, sendo depois sugerido seu uso para reconstruções parciais e de defeitos ósseos de rebordos alveolares12-13. O uso desse material foi estimulado em um estudo4 no qual foi utilizado um sistema próprio para reconstrução de defeitos de rebordos alveolares (M-TAM), obtendo resultados satisfatórios tanto em reconstruções prévias à instalação de implantes dentais quanto em utilização simultânea à instalação destes14-15. Uma grande variedade de malhas em titânio tem sido desenvolvida, buscando minimizar o risco de colapso da estrutura aliado a menores taxas de exposição desta. As reconstruções em altura encontraram um menor grau de reabsorção do enxerto combinando enxertos ósseos autógenos a membranas e-PTFE. Os benefícios desta técnica devem ser medidos com as desvantagens potenciais, como custo do material e possibilidade de exposição precoce da membrana, sugerindo que um possível substituto para a membrana de e-PTFE possa ser a tela de titânio14. A utilização de malhas de titânio em pacientes parcialmente edêntulos foi descrita com sucesso, otimizando as cirurgias reconstrutivas para ganho em altura15. Proposição O propósito deste estudo foi analisar, retrospectivamente, o desempenho da malha de titânio empregada como barreira para a reconstrução de defeitos dos rebordos alveolares atróficos edêntulos, por meio de enxerto ósseo autógeno particulado, visando à instalação de implantes dentários osseointegráveis. restabelecer dimensões apropriadas em altura e espessura para a instalação de implantes dentários osseointegráveis em uma posição proteticamente ideal. Foram incluídos na análise pacientes saudáveis, nãotabagistas, sem história de distúrbios metabólicos, que apresentavam necessidade de reconstrução dos rebordos alveolares remanescentes em altura e espessura simultaneamente. Os pacientes selecionados passaram por análises clínica e radiográfica por meio de radiografias panorâmicas (Figura 1). Os pacientes deveriam apresentar altura óssea vertical mínima de 4 mm, medida realizada entre soalho de fossa nasal e/ou seio maxilar até a cortical do rebordo maxilar, as quais foram mensuradas com régua milimetrada com acréscimo de distorção de 25% para radiografia panorâmica. O defeito horizontal associado foi considerado como critério de inclusão nessa amostra. • Procedimento cirúrgico Todos os procedimentos cirúrgicos foram realizados em nível ambulatorial sob anestesia local associada ou não a sedação com midazolam por via oral (0,2 mg/kg até 15 mg por dose). A pré-medicação seguiu o protocolo da Área de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais da FOP-Unicamp, em que todos os pacientes receberam 1 g de amoxicilina (600 mg de clindamicina se o paciente referiu reação alérgica a beta-lactâmicos) e dexametasona 4 mg, ambos uma hora antes do procedimento cirúrgico. Após antissepsia intra e extrabucal, preparo habitual do campo operatório e anestesia local, o procedimento iniciouse com a abordagem do leito receptor. Um dos passos mais importantes é o desenho correto do retalho mucoperiosteal. O sucesso do procedimento inclui incisões bem delimitadas, reposicionamento do retalho sem tensão, bordas da incisão sobre tecido ósseo sadio, adequada nutrição do retalho e delicada manipulação do retalho durante o procedimento. Seguiu-se o descolamento mucoperiosteal para exposição da área receptora de modo que se conseguia mensurar as dimensões reais do defeito ósseo a ser corrigido (Figura 2). Material e Métodos • Seleção dos pacientes Os pacientes avaliados neste estudo pertenciam à Área de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – FOP-Unicamp. A análise retrospectiva foi realizada em 16 pacientes submetidos à reconstrução parcial dos rebordos alveolares por meio de enxerto ósseo autógeno removido das regiões de sínfise ou ramo mandibular associados à malha de titânio, visando 74 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):73-80 Figura 1 Radiografia panorâmica pré-operatória. Estudo Clínico Caderno Científico Após a abordagem do leito receptor foi realizada a remoção do enxerto ósseo da área doadora. A seleção do leito doador baseava-se na estimativa de quantidade óssea necessária para a reconstrução alveolar e capacidade de fornecimento de tecido ósseo do leito, sendo que a abordagem do ramo mandibular foi preferida pela menor morbidade associada, ou optando-se pela sínfise mandibular nos casos onde foi necessária uma maior quantidade de enxerto ósseo. Ao empregar a malha de titânio foi utilizado o enxerto ósseo autógeno previamente particulado (Figura 3). Após a adaptação da malha, esta foi preenchida com o enxerto ósseo e fixada ao leito receptor por meio de parafusos monocorticais do sistema 1,5 mm (Figura 4). Não foi empregado qualquer tipo de membrana na região. Após a fixação, o retalho foi devidamente reposicionado e suturado com categute cromado 3-0 em todos os pacientes da amostra (Figura 5). Como protocolo pós-operatório imediato, o paciente recebeu curativos compressivos em face que permaneceram no local por um período de 24 horas, além de orientações A B Figuras 2 Exposição do leito receptor mostrando atrofia do rebordo alveolar. A. Vista vestibular e B. Vista ínfero-superior. A B Figuras 3 A. Enxerto ósseo autógeno removido da região de ramo mandibular e B. Enxerto ósseo autógeno de ramo mandibular particulado. A B Figuras 4 Aposição do enxerto ósseo particulado na região receptora com a malha de titânio sobreposta. A. Vista vestibular e B. Vista ínfero-superior. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):73-80 75 Ortega-Lopes R • Chaves Netto HDM • Nascimento FFAO • Klüppel LE • Stabile GAV • Mazzonetto R A B Figuras 5 Reposicionamento do retalho e sutura. A. Vista vestibular e B. Vista ínfero-superior, mostrando o aumento de espessura no pós-operatório imediato. para uma dieta líquida e pastosa durante os primeiros três dias e higiene bucal. Os antimicrobianos foram mantidos por cinco dias. As drogas anti-inflamatórias não esteroidais foram prescritas após o ato cirúrgico por um período de três dias. O enxaguatório bucal com solução aquosa de clorexidina a 0,12% se mostrou um eficiente método químico no auxílio da higiene bucal (dez dias pós-operatórios). • Avaliação pós-operatória As consultas de retorno foram realizadas aos sete, 21 e 180 dias pós-operatórios com exames de imagem de controle realizados aos 21 e 180 dias pós-operatórios. Neste último foram realizadas novas mensurações da altura óssea vertical utilizando a mesma metodologia pré-operatória, nas quais foram então comparadas. A avaliação clínica durante os retornos constou da observação de sinais clínicos como deiscência de sutura, exposição da tela de titânio, edema anormal e infecção local. Os implantes foram instalados após seis meses do procedimento reconstrutivo, momento em que se fez a A remoção da malha de titânio e instalação dos mesmos (Figuras 6 e 7). Procedimentos pós-operatórios de rotina foram instituídos. Após seis meses da colocação dos implantes, os pacientes foram avaliados clínica e radiograficamente onde se notou condições favoráveis de tecido mole para a realização da reabilitação protética (Figura 8). Complicações como infecção, perda de enxerto, parestesia, dentre outros fatores foram observados. Sugerimos neste artigo uma classificação do nível de deiscência e respectiva exposição da malha de titânio. Essa classificação permite um correto diagnóstico e possível interferência da deiscência no resultado final. Grau 0 – sem exposição clínica da malha; grau 1 – deiscência e/ou exposição da malha de até 5 mm por palatino; grau 2 – deiscência ou exposição da malha de até 5 mm por vestibular com o comprometimento parcial de resultados; e grau 3 – deiscência ou exposição da malha superior a 5 mm por vestibular ou palatino associada a comprometimento total de resultados. B Figuras 6 Aspecto clínico com 180 dias. Note a incorporação do enxerto ósseo ao leito receptor. A. Vista vestibular e B. Vista ínfero-superior. 76 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):73-80 Estudo Clínico Caderno Científico A B Figuras 7 A. Instalação dos implantes osseointegráveis e B. Implantes instalados. A B Figuras 8 Aspectos clínico e radiográfico após seis meses da colocação dos implantes. A. Vista clínica ínfero-superior e B. Radiografia panorâmica de controle. Resultados Foram submetidos à reconstrução dos rebordos alveolares por meio de enxerto ósseo autógeno associado à tela de titânio um total de 16 pacientes, 12 do gênero feminino e quatro do gênero masculino, com idade variando entre 29 e 63 anos, com média de 43 anos de idade. Os resultados encontrados estão descritos na Tabela 1. Discussão Para a instalação de implantes dentários em uma condição proteticamente ideal, buscando-se otimizar os resultados funcionais e estéticos, é fundamental a presença de um rebordo ósseo alveolar de dimensões apropriadas e com tecido ósseo de qualidade. Nos casos onde a estrutura óssea remanescente apresenta-se inadequada, uma reconstrução do leito receptor previamente à instalação de implantes é imperativa. A utilização de enxertos ósseos autógenos para restabe- lecimento de dimensões ósseas alveolares é um procedimento amplamente utilizado em Implantodontia e com relatos iniciais que datam do início da Implantodontia moderna, com o trabalho clássico de Brånemark e colaboradores em 1975, que empregou enxerto ósseo autógeno de crista ilíaca anterior associado a implantes dentários. O enxerto ósseo autógeno é atualmente considerado ideal para este tipo de procedimento devido a sua propriedade de promover a osteogênese16, que ainda não é encontrada em outros materiais homógenos ou heterógenos17-20. Uma vantagem do emprego dos enxertos ósseos de áreas doadoras intrabucais é o seu acesso cirúrgico conveniente. A proximidade da área doadora e do leito receptor reduz o tempo cirúrgico total necessário e o porte cirúrgico torna-se menor, contribuindo para a realização do procedimento em regime ambulatorial sob anestesia local. Adicionalmente os pacientes referem menor desconforto e maior aceitação para remoção de enxertos de áreas intrabucais5, 21. A maior desvantagem do emprego do enxerto ósseo autógeno é a necessidade de área doadora, que invariavel- REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):73-80 77 Ortega-Lopes R • Chaves Netto HDM • Nascimento FFAO • Klüppel LE • Stabile GAV • Mazzonetto R Tabela 1 Paciente Idade Gênero Sítio receptor Ganho vertical (mm) Ganho horizontal (mm) Complicações níveis 1 44 M 11e 21 5 3 0 2 30 F 12, 11, 21 e 22 9 6 1 3 31 F 11 e 21 5 3 1 4 49 F 12, 11, 21 e 22 6 6 2 5 38 F 12, 11, 21 e 22 13 6 0 6 63 F 11 e 21 5 5 2 7 29 F 22 7 4 1 8 30 F 12 e 11 7 5 1 9 60 M 13, 12, 11 e 21 8 5,5 1 10 39 M 11 e 21 5 4 1 11 60 F 13 e 12 5,5 4,5 1 12 32 F 22 4 6 1 13 47 M 21 e 22 3,5 3 1 14 34 F 11 e 21 0 0 3 15 53 F 12, 13, 14, 15 e 16 0 0 3 16 49 F 12, 13 e 14 4 3 3 mente contribui para aumento considerável da morbidade do procedimento quando comparado com enxertos heterógenos ou implantes aloplásticos. A quantidade de tecido ósseo a ser removido e a finalidade de seu emprego geralmente dita a região doadora a ser abordada. Grandes reconstruções invariavelmente necessitam da eleição de áreas extrabucais, porém em defeitos parciais, áreas intrabucais podem ser suficientes. Todos os pacientes deste estudo tiveram enxertos ósseos removidos de área intrabucal, uma vez que a quantidade necessitada era compatível com a quantidade óssea fornecida por essas áreas. As regiões de sínfise e ramos mandibulares fornecem quantidades moderadas de tecido ósseo cortical de origem intramembranosa. Existem evidências experimentais que enxertos ósseos colhidos de regiões de ossificação intramembranosa sofrem uma menor reabsorção que o osso endocondral (como crista ilíaca, por exemplo), vascularização precoce, melhor potencial de incorporação a leitos receptores da região maxilofacial devido provavelmente a uma similaridade bioquímica do protocolágeno e uma maior capacidade de osteoindução, devido a uma maior concentração de proteínas ósseas morfogenéticas e fatores de crescimento5,20,22. A utilização de enxerto ósseo autógeno, sem associações, baseia-se em evidências científicas de trabalhos encontrados na literatura e também realizados pela Área de Cirurgia Bucomaxilofacial da Fop-Unicamp e na expe- 78 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):73-80 riência clínica deste grupo. Outro estudo analisou a eficácia da malha de titânio para reconstrução, associando enxerto ósseo autógeno e osso bovino inorgânico em iguais proporções. Com relação à qualidade do tecido ósseo neoformado, os autores encontraram que a mistura ofereceu 36,4% de neoformação óssea, 49,1% de formação de tecido conjuntivo fibroso e ainda permanecendo 14,3% de osso bovino inorgânico residual após um período médio de 8,5 meses do procedimento reconstrutivo; porém, segundo os autores, ainda assim viabilizando o procedimento de instalação dos implantes dentários23. Procedimentos reconstrutivos alveolares possuem a vantagem de viabilizar a instalação das fixações em uma posição proteticamente viável, otimizando a função e estética. Estudos demonstram que a taxa de sobrevivência de implantes instalados em áreas reconstruídas são comparáveis ao de implantes instalados em tecido ósseo nativo ao longo do tempo24-28. Um levantamento retrospectivo analisando 1.649 implantes realizados por cirurgiões, em formação, em nossa instituição, demonstrou que a taxa de sobrevivência de implantes instalados em áreas de tecido ósseo nativo foi de 96,28%, enquanto que em áreas reconstruídas por meio de diversas técnicas utilizando enxerto ósseo autógeno foi de 96,14%, em um acompanhamento pós-operatório médio de 18 meses29. O emprego do enxerto de modo particulado associado à malha de titânio facilita a adequação ao leito receptor e Estudo Clínico Caderno Científico possibilita uma redução do tempo cirúrgico, uma vez que a moldagem é mais fácil. Outro fator refere-se ao preenchimento dos espaços, o que nem sempre é conseguido na aplicação de enxertos ósseos em bloco. Nossa experiência clínica e os resultados deste estudo demonstram que a exposição de pequenas regiões da malha de titânio, principalmente no aspecto longitudinal da linha de incisão palatina e no aspecto lingual da região posterior da mandíbula são achados clínicos comuns, sendo neste estudo encontrados 87,5% de exposição da malha no momento pós-operatório. No entanto, evidenciou-se que quando esta exposição é de pequenas dimensões e ocorre em um período pós-operatório, considerado tardio (após três semanas de pós-operatório), não foram encontrados problemas que levaram à inviabilidade do enxerto ósseo ou impedimento à instalação dos implantes dentários. Sendo as exposições tratadas de modo paliativo, com reforço das instruções de higiene e prescrição de gel de clorexidina 1% para aplicação local tópica, duas vezes ao dia, até que ocorresse o recobrimento da exposição por migração do epitélio local ou até o momento de remoção da tela de titânio e instalação dos implantes dentários. No momento da reabertura foi notada, em todos os pacientes, a formação de uma delgada camada de tecido mole, interposta entre a tela de titânio e o tecido ósseo neoformado, pouco aderida a este. A análise histológica identificou um tecido conjuntivo denso fibroso. Uma hipótese provável seria que a formação deste tecido em um período precoce protegeria o enxerto ósseo no caso de uma exposição da malha de titânio ao meio bucal, o que poderia explicar o fato de que, mesmo com a exposição da tela em grande parte dos casos, há pouca incidência de infecção e insucesso dos enxertos deste estudo. Apesar do breve período de acompanhamento pósoperatório, após a instalação dos implantes dentários e incidência de carregamento sobre estes, constatamos que não houve uma incidência de reabsorção óssea acima do esperado quando comparados à instalação de implantes dentários em tecido ósseo alveolar nativo. Com relação ao custo dos materiais utilizados, o que deve ser sempre considerado por traduzir a viabilidade de realização da técnica, as telas de titânio são fabricadas por diversas empresas, inclusive empresas nacionais, com uma ampla variedade de tramas, espessura, maleabilidade e tamanhos. Se considerarmos que o custo clínico para remoção do enxerto ósseo autógeno é relativamente baixo e que nos casos apresentados não houve necessidade de material de enxertia adicional ou barreiras biológicas, os materiais específicos foram a malha de titânio e os parafusos de fixação que podem ser encontrados dentro de uma ampla faixa de preço, o que viabiliza a sua aplicação na clínica cirúrgica diária. O sucesso do tratamento por meio de implantes dentários, a longo prazo, em pacientes com dimensões ósseas inadequadas é bastante questionável, sendo que uma espessura óssea inadequada é tida como fator de risco para a longevidade de implantes dentários endósseos. Quando o enxerto ósseo autógeno é realizado em um momento prévio, a instalação de implantes em rebordos reconstruídos é bastante semelhante a leitos receptores com tecido ósseo nativo. A qualidade óssea tátil durante as perfurações se mostra bastante favorável e geralmente é possível a instalação de implantes de maior diâmetro e comprimento, concorrendo para um melhor prognóstico dos mesmos a longo prazo1,3. O aumento vertical de rebordos alveolares geralmente melhora a proporção coroa-implante por diminuir proporcionalmente a quantidade de estrutura protética acima do nível ósseo e possibilitar a instalação de implantes mais longos na região, além de permitir a instalação de implantes em uma boa angulação para a reabilitação protética, o que melhora a distribuição de cargas e favorece a longevidade das implantações20. Em nosso estudo houve um ganho vertical entre 3,5 mm e 13 mm, com média de 5,43 mm nos pacientes não classificados como insucesso total e um aumento horizontal de 3 mm a 6 mm com média de 4 mm; um bom ganho relativo se considerarmos a dificuldade clínica em se obter tais ganhos com outros métodos reconstrutivos. Conclusão Os resultados preliminares sugerem que empregando-se a presente técnica, rebordos alveolares residuais em pacientes parcialmente edêntulos podem ser reconstruídos com sucesso, por meio de enxerto ósseo autógeno associado à malha de titânio. Recebido em: set/2009 Aprovado em: nov/2009 Endereço para correspondência: Rafael Ortega-Lopes Faculdade de Odontologia de Piracicaba Universidade Estadual de Campinas - Unicamp Av. Limeira, 901 13414-903 - Piracicaba - SP Tel.: (19) 2106-5325 [email protected] REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):73-80 79 Ortega-Lopes R • Chaves Netto HDM • Nascimento FFAO • Klüppel LE • Stabile GAV • Mazzonetto R Referências bibliográficas 1. 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Revisão da Literatura Caderno Científico A radioterapia e suas implicações na Implantodontia Radiotherapy and its implications in Implantology: literature review Marcelo Magalhães Marques* Lêda Marina de Lima Araújo** Erika Storck Cezário*** Maurício Greco Côsso**** Elton Gonçalves Zenóbio***** Resumo A utilização de implantes para reabilitação bucal em indivíduos submetidos à radioterapia na região de cabeça e pescoço ainda permanece um tema controverso na literatura. Estudos apontam para a ocorrência de osseointegração e taxas de sucesso de 80% em implantes dentais colocados em sítios ósseos irradiados. No entanto, outros trabalhos demonstram não haver previsibilidade de resultados. A osteoradionecrose pode se desenvolver em sítios previamente irradiados onde implantes são instalados apresentando uma porcentagem na literatura que varia entre 4% a 22%. A introdução da terapia com oxigênio hiperbárico diminuiu a incidência de ORN e aumentou a sobrevida de implantes dentais em indivíduos submetidos à radioterapia. Diante disso, esta revisão da literatura tem como objetivo abordar os principais aspectos da radioterapia e sua relação com a Implantodontia. Unitermos - Radioterapia; Osteorradionecrose; Implantes. Abstract The use of implants for oral rehabilitation in irradiated head-neck subjects still remains a controversy in the literature. Studies indicate that osseointegration occurs in irradiated sites, and success rates of 80% for dental implants installed in irradiated bony sites are shown. Jaw osteonecrosis can occur in sites previously irradiated where implants are installed, with a range between 4% to 22%. The introduction of hyperbaric oxygen therapy decreased the incidence of osteonecrosis and increased dental implant survival in previously irradiated subjects. The aim of this literature review was to investigate the main aspects of radiotherapy and its implication on implant dental practice. Key Words - Radiotherapy; Osteoradionecrosis; Dental implants. * Especialista em Implantodontia pela Unileste ABOMG - Vale do Aço. ** Professora dos cursos de Especialização em Implantodontia e Periodontia da Unileste ABOMG - Vale do Aço; Mestre em Periodontia pela PUCMinas. *** Professora dos cursos de Especialização em Implantodontia e Periodontia da Unileste ABOMG - Vale do Aço; Mestre em Periodontia pela PUCMinas; Doutoranda em Periodontia pela UFMG. **** Professor doutor do curso de Mestrado em Implantodontia da PUCMinas. ***** Professor doutor e coordenador do curso de Mestrado em Implantodontia e Clínicas Odontológicas da PUCMinas. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):81-5 81 Marques MM • Araújo LML • Cezário ES • Côsso MG • Zenóbio EG Introdução A incidência do câncer na boca apresentou aumento significativo, especialmente entre indivíduos abaixo dos 60 anos de idade. Estima-se que 7% da população mundial seja acometida por essa patologia1. De acordo com o estágio e o tipo de tumor são propostos tratamentos cirúrgicos, radio ou quimioterápicos. Quando a radioterapia é o tratamento de escolha, o paciente deve ser submetido a um exame clínico rigoroso da cavidade bucal, assim como terapêuticas preventivas, prévias à radioterapia, a fim de diminuir a ocorrência de seus efeitos colaterais2. Aproximadamente 10% a 15% dos pacientes tratados por radioterapia de lesões malignas na região de cabeça e pescoço desenvolvem osteorradionecrose (ORN). Portanto, a prevenção, o diagnóstico e o tratamento desta condição são de fundamental importância2. Exodontias de dentes com prognóstico duvidoso e tratamento periodontal, assim como estabelecimento de um controle de placa adequado, devem ser realizados antes da radioterapia a fim de se prevenir o desenvolvimento de cáries de radiação, progressão da doença periodontal e ORN3. Os implantes dentais permitem uma reabilitação maxilofacial devolvendo a mastigação, fonética e estética, contribuindo desse modo para aumentar a qualidade de vida dos pacientes. Porém, a instalação de implantes osseointegrados em indivíduos submetidos à radioterapia na região de cabeça e pescoço ainda é um tema controverso na literatura4. A radiação constitui um fator de risco para a instalação de implantes. A possibilidade de ocorrência de ORN e a falta de osseointegração são barreiras para a instalação de implantes em pacientes irradiados5. O objetivo do presente estudo consiste na realização de uma revisão da literatura sobre a radioterapia e sua relação com a Implantodontia. Revisão da Literatura Osteorradionecrose da maxila e mandíbula: possível etiologia Define-se como ORN como a necrose de tecido ósseo resultante da exposição à radiação. Constitui-se uma das mais sérias consequências da radioterapia4. O exato mecanismo envolvido no desenvolvimento da ORN não está bem estabelecido. A hipótese mais provável é que ocorra uma perturbação na remodelação óssea e inibição da angiogênese na presença de ambiente microbiológico oral diverso em regiões submetidas a microtraumas excessivos, causando prejuízo ao processo de cicatrização local6. Ao lado disso, há a ativação de fibroblastos por uma série de fatores de crescimento, levando ao aparecimento de fibrose, além da presença de um grande número de radicais 82 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):81-5 livres nos tecidos irradiados que também parecem contribuir para o desencadeamento da ORN7. Distribuição e características diagnósticas A prevalência da ORN varia entre 4,4% a 22% e múltiplos fatores de risco são apontados, tais como: dose de radiação, estágio avançado do tumor, presença de outras condições sistêmicas debilitantes, uso de corticosteroides e bifosfanatos, realização de procedimentos odontológicos invasivos e quimioterapia8. Quanto à localização, a mandíbula é mais acometida que a maxila e pacientes dentados apresentam maior risco de desenvolver a ORN9. Radiograficamente, a ORN apresenta uma área osteolítica mal definida, com destruição da cortical óssea e perda do trabeculado. Entretanto, quando há formação de sequestros ósseos, áreas radiopacas podem ser observadas. Radiografias periapicais, oclusais e panorâmicas são necessárias para observar a extensão da ORN. A tomografia computadorizada também tem sido empregada para delimitar as dimensões da ORN e eliminar possíveis dúvidas de diagnóstico, principalmente quando se suspeita de recorrência tumoral4. Em casos de dúvida no diagnóstico diferencial recomenda-se a realização de biópsia do tecido ósseo8. O diagnóstico da ORN é baseado no quadro clínico apresentado. Esta complicação pode ocorrer de forma espontânea ou, mais comumente, após trauma. Na maioria dos casos a ORN está associada a áreas de osso expostas na região maxilofacial que não cicatrizam em um período de quatro a seis semanas. Edema, supuração e fraturas patológicas podem acontecer, sendo sempre acompanhadas de dor. A ORN surge normalmente nos primeiros três anos após o término da radioterapia10. Tratamento É consenso na literatura que indivíduos portadores de tumores na região de cabeça e pescoço recebam tratamento odontológico prévio à radioterapia com a finalidade de prevenção de ocorrência de ORN2-3. O tratamento da ORN varia de acordo com a extensão da lesão. Pequenas áreas com ORN são tratadas por meio de administração de antimicrobianos (amoxicilina associada a ácido clavulânico ou clindamicina) e bochechos com solução de clorexidina 0,12%. Pacientes que exibam áreas extensas com ORN devem ser submetidos a procedimento cirúrgico a fim de se remover o tecido ósseo necrótico8. A quimioterapia tem sido incluída na etiologia de casos isolados de ORN. Contudo, uma clara associação não foi demonstrada, especialmente porque grande parte dos indivíduos que recebem quimioterapia também utiliza bifosfanatos8. A exodontia, conhecido fator de risco para a ORN, deve ser evitada após a radioterapia. Recomenda-se que as Revisão da Literatura Caderno Científico exodontias sejam realizadas duas a três semanas antes do início da radioterapia9. A radioterapia e suas implicações na Implantodontia: visão geral A reconstrução dos tecidos irradiados na região de cabeça e pescoço constitui um desafio para os profissionais. A retenção de próteses removíveis convencionais pode ser Nos últimos anos, diversos casos de ORN associada ao prejudicada em função da xerostomia e mudanças anauso de bifosfanatos têm sido reportados na literatura. A maiotômicas decorrentes da radioterapia e da cirurgia para a ria dos relatos relaciona-se aos bifosfanatos administrados remoção do tumor15. 11 por via intravenosa em indivíduos do gênero feminino . A utilização de implantes osseointegrados em pacientes Postula-se que o mecanismo envolvido no desencadeasubmetidos à radioterapia nestas áreas tem assumido uma mento da ORN associada ao uso prolongado de bifosfanatos importância cada vez maior. Todavia, este ainda é um tema seja a supressão do turnover ósseo de modo que a função bastante discutido na literatura16. reparadora seja abolida. Tal mecanismo pode interferir no Acredita-se que a irradiação represente uma contrainprocesso de cicatrização após a instalação de implantes12. dicação para a instalação de implantes. A radioterapia afeta Algumas pesquisas indicam que o índice de sucesso de a osseointegração já que atua não somente nas células neimplantes instalados em indivíduos sob terapia com bifosfaoplásicas. Tecidos ósseos irradiados apresentam uma diminatos é semelhante ao alcançado em implantes instalados nuição da vascularização e remodelam-se mais lentamente em pacientes que não fazem uso deste medicamento13. quando comparados a tecidos não irradiados. Estes fatores Todavia, há estudos que demonstram que a instalação de interferem no processo de reparo17. implantes em pacientes tratados com esta droga é um proVale destacar que a obtenção da estabilidade primária, cedimento contraindicado12. um dos fatores primordiais para o estabelecimento da osseointegração, possa ser prejudicada em função da redução da vitalidade óssea nestes indivíduos18. Acredita-se que a irradiação represente uma contraindicação Autores observaram os índices para a instalação de implantes. A radioterapia afeta a de sucesso de 364 implantes instalados em pacientes submetidos osseointegração já que atua não somente nas células à radioterapia. Após um período neoplásicas. Tecidos ósseos irradiados apresentam uma de acompanhamento de 14 anos, diminuição da vascularização e remodelam-se mais verificou-se que 73% dos implantes estavam em funcionamento e que lentamente quando comparados a tecidos não irradiados. o índice de perda foi de 15%. Os Estes fatores interferem no processo de reparo17. pesquisadores concluíram que a radioterapia parece não prejudicar a sobrevida dos implantes neste Um protocolo desenvolvido em 2007 estabelece que grupo de pacientes19. Estes achados são corroborados por em pacientes que fazem uso intravenoso de bifosfanatos a outros20-21. Salienta-se ainda que o índice de sucesso seja instalação de implantes dentais está contraindicada. Se a maior na mandíbula quando comparada aos índices de via de administração do medicamento for oral, três situações sucesso obtidos na maxila19,21. podem ser delineadas: Uma pesquisa longitudinal prospectiva de oito anos a. No caso do paciente estar sob terapia medicamentosa realizada com o objetivo de verificar a taxa de sobrevida de com bifosfanatos por menos de três anos e não havendo implantes encontrou um índice de sobrevivência de 72% riscos clínicos, os implantes podem ser instalados. de implantes instalados em áreas irradiadas. Em áreas não b. Se a terapia com bifosfanatos tiver duração menor que irradiadas o índice de sobrevida foi de 95%. Concluiu-se três anos, mas estiver associada ao uso de corticoides, a que na amostra estudada a radioterapia está relacionada a ingestão de bifosfanatos deve ser suspensa três meses uma menor taxa de sobrevida dos implantes22. antes da cirurgia para instalação dos implantes e esta A introdução da terapia com oxigênio hiperbárico suspensão deverá ser mantida até a completa cicatriza(OHB) reduziu a incidência de ORN e aumentou a sobrevida ção. de implantes em pacientes submetidos à radioterapia. Esta c. Se a duração da terapia com bifosfanatos for maior que três terapia também permitiu que intervenções como exodontias anos, o medicamento deve ser suspenso três meses antes e reconstruções ósseas fossem realizadas de forma mais da cirurgia e não ser ingerido até a completa cicatrização segura23. Contudo, dados obtidos por alguns autores não veóssea14. rificaram benefícios adicionais da associação da terapia com Osteorradionecrose e implicações do uso de bifosfanatos na Implantodontia REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):81-5 83 Marques MM • Araújo LML • Cezário ES • Côsso MG • Zenóbio EG OHB à radioterapia na sobrevida de implantes dentais20. Com intuito de se avaliar a taxa de sobrevivência de implantes instalados em indivíduos submetidos à radioterapia de cabeça e pescoço associada ao tratamento com OHB foi realizado um estudo onde se verificou uma taxa de sobrevida de 92,3% em 21 implantes instalados. Os autores concluíram que o OHB contribui para o alto índice de sucesso de instalação de implantes nesses pacientes24. Os dados obtidos em uma pesquisa multicêntrica demonstraram uma taxa de sucesso de 80% em pacientes tratados com radioterapia associada à terapia com OHB em contraposição a 62,5% em indivíduos tratados submetidos somente à radioterapia25. Em um relato de caso a utilização de OHB associado à radioterapia obteve resultados favoráveis em implantes instalados na região anterior de maxila26. A localização mais adequada para a instalação de implantes em pacientes irradiados é a região anterior da mandíbula. Outras regiões como a maxila e a região posterior da mandíbula apresentaram taxas de sucesso menos previsíveis. As razões para a previsibilidade de sucesso na região anterior da mandíbula são a qualidade óssea e a menor probabilidade de exposição desta região às doses totais de radiação utilizadas para o tratamento dos tumores de cabeça e pescoço16. Em relação ao intervalo entre o término da radioterapia e a instalação dos implantes, recomenda-se um tempo de espera em torno de seis a 24 meses16. Todavia, há autores que recomendam que os implantes sejam instalados durante a cirurgia para ressecção do tumor e antes do início da radioterapia a fim de se evitar a perda de implantes e/ou o desenvolvimento de ORN, uma vez que a radiação interfere no processo de cicatrização28. Estes mesmos autores recomendam ainda a profilaxia antibiótica associada ou não à terapia com OHB. Próteses sobreimplantes em pacientes irradiados O tratamento ressectivo de tumores na região de cabeça e pescoço e a radioterapia pós-cirúrgica podem resultar em condições anatômicas e fisiológicas desfavoráveis para a reabilitação bucal por meio de próteses convencionais21. Contudo, a crescente utilização de implantes em pacientes portadores de tumores nessas áreas permitiu a sua reabilitação bucal além de proporcionar uma melhoria na qualidade de vida27. A instalação de implantes dentais nestes indivíduos pode contribuir para a estabilização das próteses e interceptar grande parte da carga oclusal27. Trabalhos realizados têm demonstrado que as próteses implantorretidas instaladas em indivíduos irradiados, apresentam taxas de sucesso semelhantes àquelas instaladas em indivíduos não irradiados21, 28. Em uma pesquisa prospectiva realizada a fim de se ve- 84 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):81-5 rificar o resultado da reabilitação bucal por meio de próteses implantossuportadas em indivíduos submetidos à radioterapia verificou-se que todas as próteses instaladas não apresentaram problemas, além de possibilitarem uma melhoria na qualidade de vida dos indivíduos29. Resultados semelhantes foram obtidos por outros autores28. Estes mesmos autores destacam que a utilização de fixação rígida nas próteses implantossuportadas parece minimizar a ocorrência de complicações e especial melhora da qualidade de vida destes pacientes. Discussão Implantes dentários têm sido utilizados com uma frequência cada vez maior na reabilitação protética de indivíduos, após cirurgias de remoção de tumores e radioterapia pós-cirúrgica na região de cabeça e pescoço16. Estudiosos afirmam que a instalação de implantes em pacientes submetidos à radioterapia constitui um procedimento seguro30. Pesquisas realizadas encontraram uma alta taxa de sucesso de implantes instalados em indivíduos que se submeteram à radiação19-21, enquanto outras demonstraram um alto índice de falha22. Ao lado disso, postula-se que a instalação de implantes em pacientes irradiados possa levar ao desenvolvimento de ORN, uma vez que os mecanismos envolvidos no processo de cicatrização podem ser afetados pela radiação5,27. Alguns destacam que a instalação dos implantes deve ser realizada durante a cirurgia para remoção do tumor. Entretanto, se isto não for possível e se a instalação de implantes for indicada após o início da radioterapia, medidas como a instituição de antibioticoterapia profilática devem ser tomadas para se prevenir a ocorrência de ORN e a perda dos implantes27. A introdução da terapia com OHB associada à radioterapia possibilitou uma diminuição da incidência de ORN, além de aumentar a taxa de sucesso dos implantes2426 . Entretanto, estes resultados não são corroborados por outros trabalhos21, nos quais não foi observado benefício adicional da terapia com OHB na taxa de sucesso obtida em implantes dentais. Diversos estudos obtiveram resultados que demonstraram uma maior taxa de sucesso de implantes na mandíbula quando comparados a implantes instalados na maxila14,18. Contrapondo-se, há relatos de um maior índice de sucesso de implantes instalados na maxila de indivíduos submetidos à radioterapia de cabeça e pescoço25. Com relação aos índices de sucesso observado nas próteses implantossuportadas instaladas em indivíduos irradiados, eles são semelhantes àqueles encontrados em indivíduos não irradiados21,28-29. Os estudos também têm demonstrado uma melhoria na qualidade de vida destes pacientes após a instalação das próteses28-29. Revisão da Literatura Caderno Científico Finalmente, é importante ressaltar que os dados encontrados pelas pesquisas são variados em função da localização dos implantes, da dose e do tempo de radiação empregadas. Vale destacar que a magnitude dessas diferenças deve ser vista com cautela. Conclusão A utilização de implantes dentais na reabilitação de indivíduos com câncer na região de cabeça e pescoço submetidos à radioterapia é um tema controverso. Embora a literatura aponte para o sucesso clínico no tratamento com implantes em tecido ósseo irradiado associado ou não à terapia com OHB, bem como na reabilitação bucal, ainda é necessário um maior número de estudos a fim de se avaliar Referências bibliográficas 1. Gillison ML. Current topics in the epidemiology of oral cavity and oropharingeal cancers. Head Neck 2007;29:779-92. 2. Katsura K, Sasai K, Sato K, Saito M, Hoshima H, Hayashi T. Relationship between oral health status and development of osteoradionecrosis of the mandible: a retrospective longitudinal study. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 2008;105:731-8. 3. Bonan PRF, Lopes MA, Pires FR, Almeida OP. Dental management of low socioeconomic level patients before radiotherapy of the head and neck with special emphasis on the prevention of osteoradionecrosis. Braz Dent J 2006; 17:336-42. 4. Monteiro L. Barreira E, Medeiros L. Osteorradionecrose dos maxilares. 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REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):81-5 85 Relato de Caso Clínico Caderno Científico Regeneração óssea guiada por meio de membrana não absorvível pós-exodontia Guided bone regneration using non-absorbable membrane after extraction Evelyn Juri Rezende Lacerda* Hesio Magri de Lacerda* Resumo A regeneração guiada tecidual é uma conquista da ciência que permite realizar com plenitude princípios aliados da natureza com resultados satisfatórios, revertendo situações clínicas de regressão e/ou de degeneração aplicando princípios da fisiologia óssea, obtendo ganho onde um curso normal levaria a sua atrofia como nas exodontias1. O objetivo deste artigo foi relatar um caso clínico com planejamento de exodontia já preparando o leito para receber o implante sem a utilização de enxerto em bloco, homógeno ou similares, concluindo ser uma alternativa viável, segura e pouco traumática. Unitermos - Cirurgia bucomaxilofacial; Exodontia; Implantes dentários; Regeneração óssea; Transplante ósseo. Abstract Guided tissue regeneration is a scientific achievement that fully brings together natural principles and satisfactory results, reversing clinical situations of tissue regression and/or degeneration, applying principles of bone physiology, where the normal healing course would generate atrophic conditions similar to conventional extractions. The purpose of this article was to report a clinical case with scheduled extraction, preparing the surgical bed to receive the implant without the use of bone block, homogenous or similar alternatives, concluding that this is a safe, viable and less traumatic modality. Key Words - Bone regeneration; Dental implants; Bone transplantation; Maxillofacial surgery; Oral surgery. * Mestres em Ciências Odontológicas - Implantodontia e especialistas em Implantodontia - CPO São Leopoldo Mandic. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):87-92 87 Lacerda EJR • de Lacerda HM Introdução Defeitos ósseos dentoalveolares são comuns após extração de dentes unitários ou múltiplos e tornam-se um problema nos tratamentos de reabilitação oral por meio de implantes2. Alguns critérios clínicos para a adequada instalação de um implante dental após a extração devem ser observados, como técnica exodôntica, altura óssea remanescente, número de paredes ósseas do alvéolo, estruturas anatômicas adjacentes, doença periodontal, lesões periapicais e presença de inflamação3-4. Com o passar do tempo, áreas edêntulas sofrem um processo contínuo de reabsorção. Este processo tem início logo após a exodontia, com a qual as paredes do alvéolo perdem altura e espessura, principalmente na região vestibular. Em determinados casos, a inserção imediata dos implantes não é possível e os enxertos ósseos podem ser empregados nessas situações, em alvéolos pós-extração, com o objetivo de manter as dimensões alveolares e melhorar a qualidade óssea local5-7. As patologias perirradiculares de origem bacterianas, sejam periodontais ou endodônticas são capazes de alterar as condições ósseas estimulando a atividade osteoclástica e a liberação de exotoxinas, que agridem diretamente o osso alveolar e periapical, dificultando a inserção imediata de implantes nos alvéolos após a extração. Algumas situações clínicas mais comuns são: a. Perda de inserção periodontal, que leva à mobilidade excessiva e consequente exodontia e b. Lesões periapicais, que evoluem em direção cervical, caracterizando uma lesão endopério, levando a perda do dente8-9. Estudos tem preconizado a utilização da regeneração óssea guiada para facilitar a cicatrização da crista óssea ao redor de implantes imediatos10-11. Alguns autores10 sugeriram que para implantes imediatos se osseointegrarem de maneira previsível é necessário que a membrana permaneça cobrindo o implante durante todo o período de cicatrização. Estudos12 mostraram que a exposição da membrana, sem o eficiente controle do biofilme, pode levar a infecção e comprometer os resultados. Uma espera de um a dois meses após a extração, poderia certamente aumentar a previsibilidade da técnica de utilização de membranas, já que teríamos tecido gengival formado o suficiente, para que com uma incisão lateral, pudéssemos cobrir a membrana, evitando sua exposição13. Foram realizadas análises microscópicas para determinar a influência do tempo de remoção das membranas, com relação à quantidade de tecido ósseo formado, em alvéolos que receberam implantes após extração. O percentual de tecido ósseo formado nas 16 semanas em que as membranas ficaram retidas foi de 100%, ao passo que nos sítios em que as membranas foram retiradas na quarta semana o percentual foi de 42%14-15. 88 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):87-92 Em outros estudos foram instalados 48 implantes de forma que eles permaneciam expostos de 2 mm a 7 mm e colocados enxertos de osso autógenos colhidos com um aspirador ósseo ao redor das espiras expostas e cobertos com uma membrana, objetivando ganhar aumento ósseo vertical. Foram expostos três das 22 membranas prematuramente e eram imediatamente removidas. As 19 membranas ficaram no lugar durante 12 meses até a cirurgia de segunda-fase. Nestes 19 casos, nos quais a membrana permaneceu completamente coberta pelo tecido macio, todos os espaços disponíveis debaixo da membrana estavam preenchidos com tecido regenerado e ósseo. Em oito casos foram feitos exames histológicos, que demonstraram formação óssea normal; em três casos aproximadamente 1 mm do tecido reparador era tecido conjuntivo e o tecido restante era osso. Esta análise retrospectiva mostrou que quando o protocolo clínico foi seguido com precisão, a possibilidade de complicação clínica estava reduzida e os resultados para alcançar aumento vertical ao redor de implantes eram previsíveis15. A avaliação da previsibilidade de ganho ósseo em altura, utilizando barreiras totalmente oclusivas em osso de crânio de coelhos, revelaram cúpulas completamente preenchidas, osso neoformado sem invasão de outro tipo de tecido. Em todas as amostras-teste existiam uma fina camada de osso mineralizado em íntimo contato com a parede interna da cúpula. Este estudo em coelhos mostrou que houve uma completa formação de osso em área circunscrita, localizada sob a cápsula de titânio faceando este envoltório armado16 e é previsível e alcançável utilizando-se uma barreira experimental com as seguintes propriedades: • Biocompatibilidade • Suficiente resistência • Estabilidade • Total oclusão e capacidade de selamento periférico A regeneração óssea guiada segue os princípios da regeneração tecidual guiada, usando membranas. Dentre os pré-requisitos, podemos citar: fonte de células osteogênicas, vascularização adequada, estabilização, espaço para aumento ósseo e exclusão de tecidos competidores. As membranas devem prevenir a migração e ação de fibroblastos, excluir fatores inibidores, concentrar fatores estimuladores de crescimento no local, além de serem rígidas, mas não a ponto de dificultar o seu manuseio15. Comparando membranas absorvíveis de ácido poliláctico e ácido poliglicólico (PLA/PGA) com membranas não-absorvíveis de e-PTFE, no tratamento de defeitos periimplantares, quando da colocação de implante imediato à Extração17, verificaram bons resultados com ligeira soberania às membranas não absorvíveis, talvez porque este aumento de tecido conjuntivo fibroso poderia ser resultante da dissolução precoce da membrana de PLA. Os riscos e os benefícios das membranas não absorvíveis são bem documentados, tendo como vantagens a Relato de Caso Clínico Caderno Científico biocompatibilidade, a previsibilidade e a capacidade de criação de espaço. As principais desvantagens são as complicações, tais como deiscência da ferida cirúrgica, acúmulo de placa e infecção. Relato de Caso Clínico Paciente E S, leucoderma, 24 anos, gênero masculino, asa I, apresentou-se com histórico de sucessivos tratamentos endodônticos, cirurgias parodontais, apicetomia e rizectomia do dente 46. Ao exame clínico verificou-se mobilidade e fístula na região periapical (Figura 1) e ao exame radiográfico ausência da raiz mesial e área radiolúcida em toda extensão apical do dente (Figura 2). Como seria inviável do ponto de vista biológico manter o dente, sugeriu-se sua remoção para a posterior instalação de implante. Técnica cirúrgica O protocolo cirúrgico realizado inciou-se com antissepsia intra e extrabucal utilizando digluconato de clorexidina 0,12% e 2,00% respectivamente, anestesia pterigomandibular com anestésico mepivacaína 2% e complementação local, incisão intrasulcular com relaxante favorecendo um bom descolamento e visualização de toda lesão. Realizada a exodontia, foi feita uma apurada curetagem com a intenção de remover tecido de granulação (Figuras 3 e 4). Pela presença de secreção purulenta não se cogitou na implantação imediata e nem mesmo no enxerto, apenas utilizou-se de uma membrana oclusiva de Allumina com a intenção de prevenir a invasão de diferentes células para o interior da área de ferida, permitindo uma repopulação de células específicas do tecido a ser regenerado (Figura 5)18. O defeito ósseo após exodontia apresentava-se, segundo a Figura 1 No exame clínico verificou-se mobilidade e fístula localizada na região apical. Figura 2 Ausência da raiz mesial e área radiolúcida em toda extensão apical do dente. Figura 3 Exodontia do dente 46. Figura 4 A curetagem foi realizada com a intenção de remover tecido de granulação. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):87-92 89 Lacerda EJR • de Lacerda HM Figura 5 Instalação de uma membrana oclusiva de Allumina na vestibular com intenção de prevenir a invasão de diferentes células para o interior da área de ferida, permitindo uma repopulação de células específicas do tecido a ser regenerado. Figura 6 Remoção da membrana que permaneceu sem exposição e totalmente encapsulada por tecido conjuntivo. Figura 7 Instalação do implante sistema Dentoflex de hexágono interno. Figura 8 Membrana oclusiva presa pelo tapaimplante permitindo estabilidade. Figura 9 Nota-se que mesmo com a membrana exposta não houve necessidade de remoção; afinal, não há exposição das bordas, apenas a necessidade de um bom controle de placa12. 90 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):87-92 classificação EDS, do tipo 4, com severo dano, comprometimento de tecido mole e defeito vestibular extenso acima de 6 mm19. Após o período de três meses foi realizado um segundo procedimento cirúrgico, em que foi removida a membrana que permaneceu sem exposição e totalmente encapsulada por tecido conjuntivo (Figuras 6, 7 e 8) e imediata instalação do implante sistema Dentoflex hexágono interno. Coletou-se osso autógeno durante as fresagens e na região das espiras expostas foi depositado osso e nova membrana oclusiva, Relato de Caso Clínico Caderno Científico Figuras 10, 11 e 12 Finalização por meio de uma coroa cerâmica cimentada. tendo sido fixada com o parafuso de cobertura para aumentar sua estabilidade local (Figura 8). O paciente aguardou o período de osseointegração e recebeu o planejamento protético indicado. Notou-se que mesmo com a exposição da membrana não houve necessidade de remoção devido a sua total oclusividade, apenas a necessidade de um bom controle de placa12 (Figura 9). O Caso foi finalizado com coroa cerâmica cimentada (Figuras 10, 11 e 12). A escolha por implante hexágono interno (HI) deve-se ao fato do implante hexágono externo (HE) ter 0,7 mm de altura para funcionar como antirrotacional ao passo que o HI tem 1,5 mm, mais que o dobro, portanto o implante HE promoveria maior facilidade de afrouxamento de parafuso passante. A análise fotoelástica da distribuição de tensões em implantes cilindricos rosqueados com hexágono externo e interno, concluiu que o implante com hexágono interno transfere menores tensões para o osso cortical quando comparado com o implante de hexágono externo20. Conclusão A Regeneração Guiada tecidual por meio de membrana oclusiva é uma alternativa viável, segura, pouco traumática e bem fundamentada em literatura, sua resistência permite a formação de um arcabouço de proteção do coágulo, garantindo futuras reabilitações estética e funcional do elemento dentário perdido. Recebido em: set/2009 Aprovado em: out/2009 Endereço para correspondência: Evelyn Juri Rezende de Lacerda Rua Santa Cruz, 39/103 - Centro 36500-000 - Ubá - MG Tel.: (32) 3541-0798 [email protected] [email protected] REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):87-92 91 Lacerda EJR • de Lacerda HM Referências bibliográficas 1. Cruz M. Regeneração Guiada Tecidual. São Paulo: Santos; 2006. 2. Sàndor GKB, Clokie CML, Lindholm TC. 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Evaluation of guided bone generation 92 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):87-92 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. around implants placed into fresh extraction sockets: an experimental study in dogs. J Oral Maxillofac Surg 1993 Aug;51(8):879-84. Buser D, Brägger U, Lang NP, Nyman S. Regeneration and enlargement of jaw bone using guided tissue regeneration. Clin Oral Implants Res 1990 Dec;1(1):22-32. Lekholm U, Becker W, Dahlin C, Becker B, Donath K, Morrison E. The role of early versus late removal of GTAM membranes on bone formation at oral implants placed into immediate extraction sockets. An experimental study in dogs. Clin Oral Implants Res 1993 Sept;4(3):121-9. Tinti C, Parma-Benfenati S. Vertical ridge augmentation: surgical protocol and retrospective evaluation of 48 consecutively inserted implants. Int J Periodontics Restorative Dent 1998 Oct;18(5):434-43. Lundgren D, Lundgren AK, Sennerby L, Nyman S. 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Piracicaba: Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Odontologia de Piracicaba; 2003. Revisão da Literatura Caderno Científico Superfície dos implantes osseointegrados X resposta biológica Dental implants surface X biological response: a literature review Marcelo Lievore de Brandão* Thiago Batista Degli Esposti** Edecir Décio Bisognin*** Nassim David Harari**** Guaracilei Maciel Vidigal Jr***** Márcio Baltazar Conz****** Resumo Um dos fatores determinantes para que ocorra a osseointegração diz respeito à superfície dos implantes dentários. A resposta biológica está diretamente relacionada às propriedades físico-químicas das superfícies. Atualmente existem diferentes métodos de tratamento de superfície que buscam um aperfeiçoamento destas propriedades e assim uma melhora na resposta tecidual. O presente trabalho tem como objetivo relacionar os métodos de tratamento de superfície com a resposta biológica celular através de uma revisão da literatura. Unitermos - Tratamento de superfície; Osseointegração; Resposta celular. Abstract One of the determining factors for osseointegration is related to the surface of dental implants. The biological response is directly related to the physicochemical properties of the surface. There are different methods of surface treatment that seek the improvement of these properties and its relationship with tissues response. The present study aims to relate the surface treatment methods with the biological response, through a literature review. Key Words - Surface treatment; Osseointegration; Cellular respons. * Especialista em Periodontia; Mestrando em Implantologia Oral - Unigranrio/RJ. ** Especialista em Periodontia; Mestrando em Implantologia Oral - Unigranrio/RJ. *** Especialista em Prótese Dentária; Mestrando em Implantologia Oral - Unigranrio/RJ. **** Doutor em Odontologia/UFRJ; Professor do curso de Mestrado em Implantologia Oral - Unigranrio/RJ. ***** Mestre em Odontologia UFRJ; Doutor em Engenharia Metalúrgica e de Biomateriais pela UFRJ; Coordenador do curso de Especialização e Mestrado em Implantologia Oral - Unigranrio/RJ. ****** Mestre e doutor em Engenharia Metalúrgica e de Biomateriais pela UFRJ; Professor do curso de Mestrado em Implantologia Oral - Unigranrio/RJ. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):95-101 95 de Brandão ML • Esposti TBD • Bisognin ED • Harari ND • Vidigal Jr. GM • Conz MB Introdução O conceito de Osseointegração fundamentado pelo professor Brånemark, há mais de 40 anos, consistia em “uma conexão direta, estrutural e funcional entre o osso vital organizado e a superfície de um implante de titânio capaz de receber carga funcional”1. Alguns fatores como a biocompatibilidade, o desenho do implante, as condições da superfície do implante, o estado do hospedeiro, a técnica cirúrgica e o controle das cargas após a instalação são determinantes para o sucesso da osseointegração2. Diferentes métodos de tratamento vêm sendo desenvolvidos buscando o aperfeiçoamento das propriedades das superfícies. Estas propriedades irão determinar diretamente a resposta tecidual. Através de uma revisão da literatura, o presente trabalho tem o objetivo de relacionar a superfície dos implantes osseointegrados com a resposta biológica celular. Revisão da literatura Os trabalhos iniciais1-2 sobre osseointegração, desenvolvidos pela equipe do professor Brånemark, foram realizados utilizando-se implantes de titânio comercialmente puro (TiCP) com superfície usinada. Os implantes eram instalados na região anterior da mandíbula ou maxila, unidos para uma melhor distribuição das cargas mastigatórias e utilizados para reabilitações de pacientes edentados totais. A alta taxa de sucesso dessa modalidade de tratamento levou a uma extrapolação da técnica e a partir de certo momento, passou-se a utilizar implantes osseointegrados para reabilitações de pacientes edentados parciais através de próteses parciais fixas ou unitárias. Com isso passou-se a instalar-se implante em regiões de pior qualidade óssea, como a região posterior de maxila. As altas taxas de sucesso observadas anteriormente em estudos de longo prazo, com as superfícies usinadas, já não eram observadas. Aliado a isso, a busca por tempos de cicatrização cada vez menores contribuíram para o estímulo à pesquisa e ao desenvolvimento de novas superfícies de implantes3. Tipos de superfície A topografia da superfície dos implantes diz respeito ao grau de rugosidade e à orientação das irregularidades da superfície. Os implantes originais de Brånemark eram usinados com uma mínima rugosidade na superfície, entre 0,5 μm e 1,0 μm. Por muito tempo, este implante foi reconhecido como o padrão ouro, baseado em muitos e bons estudos clínicos longitudinais4-5. Entretanto, no início dos anos de 1990, muitos estudos experimentais apontavam na mesma direção, indicando que implantes com rugosidades em torno de 1,5 μm apresentavam uma melhor resposta do tecido ósseo quando comparados a implantes usinados 96 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):95-101 (superfície com rugosidades < 1,0 μm) ou a implantes com superfície “plasma spray” (superfície com rugosidades > 2,0 μm) 6,3. As características químicas das superfícies dizem respeito à energia de superfície e carga. Uma alta energia de superfície apresenta melhor molhabilidade e uma maior afinidade por adsorção. Isto determina se a superfície é hidrofílica ou hidrofóbica. Em outras palavras, implantes com alta energia de superfície devem, pelo menos em teoria, apresentar uma osseointegração mais forte do que implantes com baixa energia de superfície, devido à melhor adsorção das proteínas7-8. Os processos de tratamento de superfícies podem ser divididos em métodos de adição, quando acrescentam algo à superfície do implante, ou subtração, quando removem parte da camada superficial. Nos métodos chamados de adição, é aplicado à superfície do implante um recobrimento, que pode ser do mesmo material do corpo do implante ou não; enquanto que nos métodos de subtração, é removida uma camada da superfície do implante por um processo controlado3. • Adição Um dos primeiros métodos de tratamento de superfície foi adição de hidroxiapatita (HA) à superfície dos implantes3. Através desse método, buscava-se uma ligação química entre o implante recoberto com HA e o tecido ósseo. Porém, esse método vem caindo em desuso por apresentar algumas desvantagens como o alto custo de fabricação e pelo fato de alguns estudos in vivo9-10 demonstrarem que havia o destacamento da camada de HA do corpo do implante. Outro método de adição bastante comum é o de aspersão térmica por plasma. Neste método, a chama ionizada de um gás é aquecida a temperaturas muito altas, 10.000 e 30.000 °C, e partículas aquecidas do material de recobrimento são lançadas em altas velocidades contra o corpo do implante; após o contato com o corpo do implante as partículas resfriam e solidificam-se, e a superfície adquire um aspecto de lava vulcânica solidificada. Outro método de adição, aplicado em implantes comercialmente disponíveis, utiliza-se de técnicas de metalurgia do pó, em que partículas esféricas de titânio são prensadas contra o corpo do implante3. Uma abordagem alternativa para a modificação da microtopografia da superfície de implantes é a oxidação anódica ou anodização (TiUnite – Nobel Biocare, Göteborg, Suécia). Neste processo o implante é colocado em uma célula eletroquímica servindo como anodo. Quando um potencial elétrico é aplicado à amostra, ele gera reações de transferência de carga e íons resultando no fluxo contínuo destes íons na célula elétrica. Sob condições controladas, o campo elétrico guiará o processo de oxidação que ocorrerá no anodo (implante), que resultará no aumento da espessura da camada de óxido de titânio (TiO2)3. O aumento da espessura dessa camada de TiO2, além da adição de outros Revisão da Literatura Caderno Científico Superfícies x resposta biológica elementos químicos como o fosfato (P), potencializa o proA Osseointegração está associada às respostas celulares cesso da osseointegração. que contribuem para a formação de osso na superfície dos implantes. Inicialmente, a superfície dos implantes entra em • Subtração contato com o sangue. Com isso, duas considerações devem No caso dos métodos de subtração, para se obter uma ser feitas quando um implante é instalado. A primeira é que superfície rugosa, são utilizadas técnicas de ataque ácido a superfície de titânio entra em contato primeiro com o coà superfície ou as superfícies são jateadas com óxidos ou águlo e as células sanguíneas. Ocorrerá assim uma adesão areia. Muitas vezes, a indústria faz uma combinação desses de proteínas do sangue, como plaquetas e fibrinogênio, à métodos (jateamento + ataque ácido) para obter um detersuperfície do TiO2 anteriormente à adesão de células osteominado grau de rugosidade. Os principais ácidos utilizados gênicas, formando assim uma rede de fibrina. Sendo assim, no tratamento por ataque ácido são o ácido clorídrico (HCl) as células osteogênicas interagem não diretamente com a e o ácido sulfúrico (H2SO4) em determinadas concentrações. camada de TiO2, mas sim com uma camada de TiO2 modiOs principais métodos de jateamento são por óxidos (TiO2, ficada por células sanguíneas. Estudos in vitro de cultura Al2O3), fosfato de cálcio ou areia. de células, muitas vezes, costumam avaliar a interação das Não há duvidas de que a topografia das superfícies células osteogênicas diretamente com a camada de TiO2 e influencie diretamente na formação óssea sobre o implante. ignoram o fato das células osteogênicas interagirem com Em uma escala micrométrica, os tratamentos de superfície uma camada de TiO2 modificada por células sanguíneas. A proporcionam superfícies favoráveis à osseointegração. Porém, atualmente a indústria direciona suas pesquisas para a escala nanométrica. Acredita-se que Em uma escala micrométrica, os tratamentos de superfície modificações na superfície na escala proporcionam superfícies favoráveis à osseointegração. nanométrica afetem tanto a topografia quanto as propriedades químicas Porém, atualmente a indústria direciona suas pesquisas da superfície. A nanotopografia tem para a escala nanométrica. Acredita-se que modificações na sido definida como uma superfície que apresenta topografia caractesuperfície na escala nanométrica afetem tanto a topografia rística, com uma magnitude de 100 quanto as propriedades químicas da superfície. nm ou menos11. Essas modificações alteram as interações da superfície com íons, biomoléculas e células, segunda consideração é que essa camada de TiO2, modifiinfluenciando na adesão e proliferação celular, diferenciação cada por células sanguíneas, é regulada por características e adesão de células específicas que vão interferir no processo químicas e topográficas da superfície do implante. Estas de osseointegração, potencializando seus efeitos. Com essa características irão influenciar na natureza da composição potencialização da osseointegração, algumas situações da subsequente do filme de proteínas que é adsorvido na atividade clínica diária podem ser beneficiadas como: protosuperfície do implante e irão guiar a osteogênese. Após colos de carga imediata, instalação de implantes em alvéolos a aposição das células sanguíneas sobre a superfície do de extração, instalação de implantes e enxertos simultâneos, implante, uma matriz óssea mineralizada é formada. Esta áreas estéticas onde a preservação do nível ósseo é fundamatriz é conhecida como “de novo bone” e é a partir dela que mental, instalação de implantes em locais de baixa densidade ocorre todo o processo da formação óssea. Após a formação óssea, situações onde são instalados implantes curtos e de dessa matriz óssea mineralizada, o osso neoformado passa largo diâmetro. Atualmente, alguns métodos de tratamento por um processo de remodelação óssea que irá criar em sítios de superfície parecem atuar na escala nanométrica. Um específicos uma interface osso-implante compreendida entre dos métodos utiliza um jateamento com TiO2, seguido por “de novo bone” e um osso mais velho. Estes processos são um tratamento com ácido fluorídrico (OsseoSpeed - Astra extremamente dependentes da topografia do implante13. Tech AB, Molndal, Suécia). Outro método consiste em um Em 2000, um estudo14 avaliou a interação das células depósito de nanopartículas de Ca (cálcio) e P (fosfato) sobre sanguíneas e plaquetas com a topografia de dois tipos de uma superfície previamente tratada com duplo-ataque ácido superfície: uma rugosa (processo de duplo ataque ácido (Nanotite - Biomet 3i, Palm Beach Gardens, Fl, EUA). Ambos – Osseotite - Biomet 3i, Palm Beach Gardens, Fl, EUA) e os tratamentos têm demonstrado bons resultados; porém, os outra usinada. Os resultados mostraram que a superfície verdadeiros riscos e benefícios de tratamentos de superfície rugosa apresentava uma maior interação com as células em escala nanométrica serão definidos através de estudos sanguíneas e plaquetas, quando comparada à superfície longitudinais de longo tempo de acompanhamento12. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):95-101 97 de Brandão ML • Esposti TBD • Bisognin ED • Harari ND • Vidigal Jr. GM • Conz MB usinada, demonstrando a importância das rugosidades nas superfícies dos implantes. Outro estudo15 também avaliou a interação de plaquetas com a topografia das superfícies e também encontrou uma melhor interação das plaquetas com as superfícies rugosas, quando comparadas às superfícies usinadas. A interação das células sanguíneas e plaquetas com a superfície dos implantes irá determinar todo o processo de osseointegração. Os mecanismos de ancoragem dos implantes podem ser divididos em mecanismos de adesão biomecânica e mecanismos de adesão bioquímica. Um implante usinado, como o Brånemark original, é ancorado ao osso por pequenos ingressos do tecido nas pequenas irregularidades da superfície, caracterizando uma adesão biomecânica. Deste modo, a osseointegração é dependente da adesão biomecânica. Outros tipos de superfície com rugosidades moderadas, por jateamento ou ataque ácido, demonstram uma resposta melhor da osseointegração comparadas às superfícies usinadas. Isto demonstra que a osseointegração depende de um mínimo de rugosidade para que ocorra a adesão biomecânica, e que o grau dessa rugosidade influencia diretamente nessa adesão. A adesão biomecânica é tempo dependente que é um aspecto negativo. Existe um tempo necessário para que ocorra o ingresso do tecido ósseo nas pequenas irregularidades da superfície. Nesse período, o implante é retido junto ao tecido ósseo pelo seu macrodesign e depende do número de espiras, do espaçamento entre elas, da forma do implante. Estudos publicados na década de 1980 preconizavam que rugosidades de 50 μm a 100 μm eram necessários para uma melhor osseointegração, porém atualmente sabe-se que rugosidades menores até que 1 μm possibilitam a osseointegração7,16. O titânio comercialmente puro (TiCP) é um material bioinerte, diferente de outros biomateriais como fosfatos de cálcio e biovidros, por exemplo, que são bioativos. A adesão bioquímica é caracterizada por interações químicas entre o material do implante e o tecido ósseo. Alguns tratamentos de superfície foram desenvolvidos para proporcionar uma bioatividade às superfícies de TiCP e assim promover uma adesão bioquímica. Porém, até o momento, não foi possível provar que existe realmente uma adesão bioquímica entre a superfície do implante e o tecido ósseo, e os trabalhos na literatura apenas sugerem que essa adesão possa ocorrer7. Tendo em vista a importância da topografia e das propriedades químicas das superfícies dos implantes, a indústria iniciou uma busca para a otimização dessas superfícies. Através de diferentes métodos de tratamento de superfície é possível alterar as forças interfaciais, molhabilidade, rugosidade, energia e a capacidade de adsorver as moléculas, alterando assim a resposta tecidual. O tratamento de superfície tem como objetivos: reduzir o tempo de carregamento após a cirurgia, acelerar o crescimento e a maturação óssea para permitir o carregamento 98 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):95-101 imediato, aumentar a estabilidade primária, garantir o sucesso dos implantes quando instalados em regiões que apresentam um osso com menores qualidade e quantidade, obter o crescimento ósseo diretamente na superfície do implante, obter maior área possível de osseointegração, obter contato osso-implante sem a interposição de camadas protéicas amorfas, atrair células osteoblásticas, pré-osteoblásticas e mesenquimais, atrair proteínas de ligação específicas para células osteogênicas (fibronectina) e obter maior concentração possível de proteínas de ligação celular 6. Além de tratamentos de superfície que alteram a sua topografia, existem tratamentos que buscam alterar a energia da superfície dos implantes. Como foi citada anteriormente, a molhabilidade da superfície é dependente da energia da superfície. Uma alta energia de superfície proporciona melhor molhabilidade e consequentemente melhor adsorção e deposição de moléculas inorgânicas como íons de Ca e P, e moléculas orgânicas como proteínas, lipoproteínas e peptídeos sobre a superfície de TiO2, potencializando a osseointegração. Estas interações provavelmente ocorrem por forças eletrostáticas entre grupos de aminoácidos com carga positiva e a superfície negativa de TiO2, ou entre grupos de aminoácido com cargas negativas através de pontes de Ca++ que foram adsorvidas previamente pela superfície negativa de TiO2. Através de um processo de jateamento com grânulos de areia e ataque ácido (SLA – Straumann AG, Waldenburg, Suíça), e o enxaguamento da superfície em uma atmosfera de N2 e contínuo armazenamento em uma solução isotônica de NaCl, conseguiu-se chegar a uma superfície com alto grau de molhabilidade (SLActive – Straumann AG, Waldenburg, Suíça)17. Diante dos diferentes métodos de tratamento de superfícies, podemos citar alguns utilizados pela indústria e comercializados no mercado nacional (Quadro 1). Os fabricantes de implantes utilizam diferentes mé- Quadro 1 Tratamento de superfície Marca comercial Ataque ácido Osseotite (Biomet 3i); Master Porous (Conexão); Titamax (Neodent) Ataque ácido e deposição de Ca P NanoTite (Biomet 3i) Jateamento com alumina Ankylos (Dentstply) Jateamento com TiO2 Tioblast (Astra) Jateamento com TiO2 + tratamento com ácido fluorídrico OsseoSpeed (Astra) Jateamento com fosfato de cálcio RBM (Lifecore) Jateamento com areia e ataque ácido SLA e SLActive (Straumann); Friadent plus (Dentsply) Oxidação anódica TiUnite (Nobel Biocare); Vulcano® (Conexão) Revisão da Literatura Caderno Científico todos de tratamento de superfícies e baseados em suas pesquisas, procuram encontrar vantagens do seu método em detrimento dos outros. Discussão Vários trabalhos foram realizados buscando uma comparação dos diferentes métodos de tratamento de superfície. Estudos in vitro14,18-19, estudos in vivo10,17,20 e estudos clínicos longitudinais21-22 procuram avaliar o quanto o tratamento da superfície dos implantes pode afetar os complexos mecanismos envolvidos no fenômeno da osseointegração. Estudos18-19 que avaliam a topografia através da microscopia eletrônica de varredura (MEV), e avaliam a composição química através de espectroscopia fotoeletrônica de raios-X (XPS) e espectroscopia atômica por emissão (AES) concordam em dizer que os diferentes métodos de tratamento de superfícies (anodização, ataque ácido, jateamento + ataque ácido) influenciam diretamente na topografia e na morfologia dessas superfícies. Características como o tamanho dos poros, a orientação destes e até o depósito de outras substâncias sobre a superfície como o P, variam de acordo com o tipo de tratamento que a superfície foi submetida. Outros estudos23-24 confirmam que as características topográficas das superfícies, assim como suas propriedades químicas influenciam diretamente nas respostas celulares, potencializando estas respostas e consequentemente influenciando todo o processo de osseointegração. Através de um estudo com cultura de células tronco mesenquimais humanas, autores25 compararam dois tipos de tratamento de superfície. Uma tratada apenas por jateamento por areia e a outra além do jateamento por areia também foi tratada com uma solução de ácido fluorídrico. Ambas as superfícies demonstraram grande diferenciação de osteoblastos sobre elas, demonstrando grande potencial de formação celular, porém na superfície tratada por jateamento + solução de ácido fluorídrico esta diferenciação foi maior e mais rápida, demonstrando que existem diferenças das respostas celulares com os diferentes tipos de tratamento de superfície. A resposta celular, determinada pelo tipo de tratamento de superfície a qual o implante foi submetido, influencia diretamente os estágios da osseointegração. Através de um estudo em animais, autores17 avaliaram dois tipos de tratamentos de superfície em relação à aposição óssea durante os estágios iniciais da osseointegração. As superfícies testadas eram tratadas por jateamento por areia + ataque ácido (SLA), porém uma delas era quimicamente ativada (SLActive). Os resultados demonstraram que o grupo com superfície ativada apresentava uma maior média de contato osso-implante no período de dois e quatro semanas de acompanhamento, porém no período de oito semanas, a média do contato osso-implante não apresentava diferenças estatisticamente significantes. Isto demonstra que a veloci- dade da formação óssea também é influenciada pelo tipo do tratamento da superfície. Outro estudo20 demonstra que o aumento na velocidade da formação óssea pode influenciar diretamente na estabilidade do implante. Os mesmos tipos de superfície foram avaliados (SLA e SLActive) através de uma análise de frequência de ressonância (RFA – Osstell – Integration Diagnostics, Savedalen, Suécia). Os resultados demonstraram que todos os implantes apresentaram sucesso clinicamente, porém foi observado que ocorreu uma mudança da estabilidade primária para a estabilidade secundária após um período de duas semanas para o grupo teste (SLActive) e de quatro semanas para o grupo controle (SLA). Isto demonstra um maior potencial de formação óssea no grupo teste comparada ao grupo controle, concordando assim com o estudo anterior, e demonstra que essa velocidade de formação óssea influencia diretamente na estabilidade do implante. Em 2008, autores26 avaliaram três tipos de superfície de implantes através de diferentes metodologias (interferômetro, MEV, XPS) e as respostas do tecido ósseo a esses implantes (torque de remoção, avaliação histológica). As superfícies avaliadas sofreram três tipos de tratamento de superfície: jateada por TiO2; jateada por TiO2 + tratamento com ácido fluorídrico; e jateada por TiO2 + modificada por partículas de HA nanométricas. Os resultados demonstraram que o tratamento químico das superfícies produziu uma nanotopografia sobre a microtextura das superfícies jateadas. Análises químicas demonstraram a presença de íons específicos sobre as superfícies modificadas, como íons flúor para os implantes submetidos ao tratamento com ácido fluorídrico e íons de Ca e P para a superfície submetida a partículas de HA. Os resultados dos testes de torque de remoção demonstraram maiores valores de torque para as superfícies modificadas, comparadas à superfície jateada por TiO2. Isto indica que a nanotopografia associada à deposição de íons específicos sobre a superfície promove uma maior e mais rápida formação óssea, o que pode ser comprovada através dos exames histológicos. Estes resultados estão de acordo com os resultados de outros estudos27-28, demonstrando que a deposição de nanopartículas associada à nanotopografia potencializa a osseointegração. Os diferentes tipos de tratamentos de superfície conferem à superfície dos implantes uma topografia mais rugosa, o que interfere diretamente nas respostas celulares e, consequentemente, na qualidade da osseointegração. Porém, esta rugosidade pode também potencializar a progressão de uma doença peri-implantar. Através de um estudo experimental em cães, autores sugerem que a progressão da doença peri-implantar é maior em implantes com superfície rugosa comparada a implantes com superfície polida29. Estes resultados estão de acordo com resultados de outro estudo30, que também sugere que a rugosidade das superfícies dos implantes têm influência direta sobre a progressão de REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):95-101 99 de Brandão ML • Esposti TBD • Bisognin ED • Harari ND • Vidigal Jr. GM • Conz MB Os diferentes tipos de tratamentos de superfície conferem à superfície dos implantes uma topografia mais rugosa, o que interfere diretamente nas respostas celulares e, consequentemente, na qualidade da osseointegração. Porém, esta rugosidade pode também potencializar a progressão de uma doença peri-implantar. Através de um estudo experimental em cães, autores sugerem que a progressão da doença peri-implantar é maior em implantes com superfície rugosa comparada a implantes com superfície polida29. Estes resultados estão de acordo com resultados de outro estudo30, que também sugere que a rugosidade das superfícies dos implantes tem influência direta sobre a progressão de uma doença peri-implantar, caso ela venha a ocorrer. uma doença peri-implantar, caso ela venha a ocorrer. Uma consideração a respeito é que nos dois estudos a doença peri-implantar foi induzida justamente para avaliar a sua progressão sobre diferentes tipos de superfície. Os estudos não afirmam que as rugosidades nas superfícies tratadas desencadeiam uma doença peri-implantar. Diversos estudos clínicos demonstram a alta taxa de sucesso dos implantes com superfície tratada, inclusive em áreas com qualidade óssea pior, como a região posterior 100 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):95-101 da maxila e regiões submetidas a enxertos ósseos21-22. Os estudos revelam uma taxa de sucesso que varia entre 96% e 100%, comprovando os resultados dos estudos in vitro2324 , que demonstram a melhor resposta das superfícies tratadas comparadas às superfícies sem qualquer tipo de tratamento. Conclusão As propriedades físicas e químicas das superfícies irão influenciar diretamente o fenômeno da osseointegração. As respostas celulares dependem da topografia, da energia de superfície, da carga e da camada de TiO2, formada sobre a superfície do implante. A indústria utiliza diferentes métodos para o tratamento das superfícies, como: ataque ácido; ataque ácido + deposição de Ca e P; jateamento com alumina; jateamento com TiO2; jateamento com TiO2 + tratamento com ácido fluorídrico; jateamento com fosfato de cálcio; jateamento com areia + ataque ácido; anodização; deposição de nanopartículas de íons Ca e P, entre outros métodos para obter uma melhor resposta tecidual. É importante destacar que todos os métodos citados no presente trabalho promovem a osseointegração, porém com características diferentes. Atualmente, a decisão clínica de qual tipo de implante utilizar cabe ao profissional e para isso ele pode contar com um grande número de publicações científicas que abordam o tema. Com isso, o profissional pode optar entre os diferentes tipos de tratamento de superfície baseados em evidências científicas, proporcionando assim um melhor tratamento aos seus pacientes. Recebido em: jul/2009 Aprovado em: set/2009 Endereço para correspondência: Marcelo Lievore de Brandão Av. Nossa Senhora da Penha, 570 – Sala 503 – Centro da Praia Shopping Praia do Canto 29059-900 - Vitória - ES Tel.: (27) 3225-0234 [email protected] Revisão da Literatura Caderno Científico Referências bibliográficas 1. Brånemark PI, Adell R, Breine U, Hansson BO, Lindström J, Ohlsson A. Intra-osseous anchorage of dental prostheses I. Experimental studies. 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REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):95-101 101 Revisão da Literatura Caderno Científico Caracterização físico-química e biológica de enxerto ósseo bovino, Bonefill, em bioensaios – Parte 1 Characterization physical-chemical and biological the bovine bone graft, Bonefill in biogical assays – Part 1 Marcelo Carbonari* Jivago Ludtke** Paulo César Vieira dos Santos*** Nara Tathiane do Amaral Carvalho**** Sérgio Alexandre Gehrke***** Resumo A utilização de biomateriais para a recuperação de defeitos ósseos tem recebido uma grande atenção dos pesquisadores e clínicos, isso devido aos bons resultados obtidos nos últimos anos. Além disso, o mercado tornou-se muito promissor para as empresas que dominam essa tecnologia. No caso de produtos derivados de tecidos bovinos, a preocupação com a rastreabilidade da matéria-prima, o controle dos processos de fabricação e a garantia da biossegurança do material produzido devem ser pontos fundamentais na escolha do profissional. O objetivo do presente trabalho foi avaliar e caracterizar com ensaios laboratoriais o Bonefill, material produzido pela Bionnovation Biomedical S/A, a partir de osso cortical bovino. Teste de hipersensibilidade, avaliação do potencial de citotoxicidade, ensaio de toxidez aguda sistêmica, teste de irritação cutânea, ensaio de implante, teste de mutação gênica reversa e avaliação histológica de defeitos ósseos foram realizados para caracterização do material atendendo a exigência da ISO 10993. Os resultados demonstraram a eficácia do osso bovino Bonefill como material para preenchimento de defeitos ósseos em animais. Dentro das limitações do presente estudo, conclui-se a biocompatibilidade e biossegurança do produto como substituto ósseo em tratamentos regeneradores para tecido com técnica de enxertos ósseos. Unitermos - Enxerto ósseo; Biomateriais, Bioensaios; Reação enxerto-hospedeiro. Abstract The use of biomaterials for the repair of bone defects has received great attention from researchers and dentists that due to good results in last years. Moreover, the market has become very promising for companies that dominate the technology. In the case of products derived from bovine tissues, the concern with the traceability of raw materials, control of manufacturing processes and ensuring the biosecurity of the material produced should be key points in the choice of occupation. The purpose of this was assessed and laboratory tests to characterize the material produced by Bonefill Biomedical Bionnovation SA from bovine bone cortical. Evaluation hypersensitivity, test for in vitro cytotoxicity , test for systemic toxicity, test for irritation an delayed-type hypersensitivity, test implant, gene reverse mutation test and histological evaluation of bone defects were performed to characterize the material given the requirement of ISO 10993. The results demonstrated the effectiveness of bovine bone Bonefill as material to fill bone defects in animals. Within the limitations of this study, it is the biocompatibility and biosafety of the product as bone substitutes in treatments for regenerating tissue with a technique of bone grafts. Key Words - Bone transplantation; Biocompatible materials; Biological Assay, Graft vs host reaction. * Doutor em Ciências e Tecnologia Nuclear pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. ** Acadêmico de Odontologia da UFSM; Estagiário do Laboratório da Biotecnos - Santa Maria/RS. *** Especialista em Dentística; Mestrando em Periodontia na SLMandic. **** Mestre em Odontologia, Reabilitação Oral pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia. ***** Pesquisador do Lachen - Universidade Federal de Santa Maria/RS; Consultor internacional da empresa Produits Dentaires - Vevey (Suíça). REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):103-10 103 Carbonari M • Ludtke J • dos Santos PCV • Carvalho NTA • Gehrke SA Introdução e Revisão da Literatura A possibilidade de influenciar seletivamente a formação óssea, controlando a qualidade e a quantidade tornou-se uma realidade a partir do desenvolvimento tecnológico dos biomateriais e importante evolução dos métodos e conhecimentos da biologia celular e molecular presentes nesses eventos. No entanto, a pesquisa sobre material de implante ideal para substituição do enxerto ósseo autógeno ainda persiste como um dos grandes desafios da Odontologia moderna1. Sabe-se que o melhor material de implante é o osso autógeno, devido às suas propriedades biológicas, ao lado da ausência de rejeição. Entretanto, existem alguns inconvenientes para sua utilização frequente, tais como a necessidade, na maioria dos casos, de um segundo leito cirúrgico, maior risco de infecção, maior período de convalescença e maior custo2-3. Esses fatores dificultam ou inviabilizam o procedimento, contribuindo para o desenvolvimento e a produção de substitutos ósseos, sintéticos ou biológicos. No mercado podem ser encontradas grandes variedades de biomateriais, com diferentes tamanhos, formas morfológicas e composição e maneiras de aplicação, e vários autores relatam que tais materiais são exaustivamente estudados4-5. Entre eles destaca-se o osso bovino liofilizado que tem sido largamente estudado para enxerto ósseo6. A matriz óssea bovina é de fácil obtenção, amplamente disponível, longo prazo de armazenamento e com propriedades físico-químicas similares ao do osso humano6-7. Com isso, vários estudos têm sido publicados em relação à preocupação da qualidade biológica e a biocompatibilidade da matriz óssea bovina utilizada como material implantável. Em estudo, determinou-se a citoxidade, toxicidade sistêmica, potencial irritante, reação progênica e Bioburden em amostras de osso bovino processado, em que concluiu-se que é possível a produção de osso bovino liofilizado com excelente biocompatibilidade6. Os autores avaliaram o material de enxerto ósseo de origem bovina em teste de implantação, em ratos, a fim de avaliar a resposta tecidual, em que concluíram ser biocompatível8. A resposta histológica de enxerto de matriz óssea bovina em humano foi avaliada e obtiveram como conclusão que a combinação de material de enxerto com barreira é favorável para a cicatrização do defeito ósseo periodontal9. Outros autores comprovaram as propriedades osteocondutoras do osso bovino desmineralizado, através de estudo comparativo entre diferentes materiais de enxertia em defeito ósseo e o grupo controle, coágulo sanguíneo10. A avaliação da osteocondução do enxerto xenógeno em reparo de defeito alveolar em humanos, também foi proposta de estudo, em que concluíram ser apropriado para o tratamento antes da instalação de implantes dentários11. 104 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):103-10 Para alguns autores, o enxerto ósseo bovino apresenta degradação uniforme e homogênea. E com relação aos produtos testados, materiais de enxerto autógeno e xenógeno bovino, ambos apresentaram-se próprios para realização de enxertos ósseos12. Ainda, em outro estudo, demonstrou-se que o material para enxerto ósseo de matriz inorgânica bovina suporta a ancoragem e proliferação de osteoblastos13. Em vista da necessidade de mais evidências que comprovem, por meio de ensaios laboratoriais, a eficácia do material de enxerto ósseo de origem bovina, o objetivo do presente estudo foi avaliar as respostas do organismo de seres vivos frente ao material enxertado. Proposição Com a finalidade de avaliar os possíveis efeitos sensibilizantes, citotóxicos, lesivos reversíveis ou não sobre a pele, biocompatibilidade, respostas histológicas e o potencial mutagênico do material bovino para enxerto ósseo Bonefill, produzido pela Bionnovation Produtos Biomédicos S/A, registro Anvisa 10392710012, foram realizados ensaios de hipersensibilidade, potencial de citotoxicidade, irritação primária, implante, histológico e Teste de Ames. Material e Métodos Teste de hipersensibilidade em cobaias – Método maximizado Realizou-se pré-teste com duas cobaias e substânciateste composta por Bonefill e soro fisiológico, na proporção de 1:5, em que não constatou-se irritação dérmica ou reação sistêmica. Assim, para o teste de hipersensibilidade foram utilizadas 15 cobaias albinas (Cavia porcellus) jovens, do sexo feminino, pesando entre 287 g e 513 g de peso vivo. Os animais apresentavam-se saudáveis, sem injúrias externas e não haviam sido utilizados em outros ensaios. Então, divididos em dois grupos (cinco animais no grupo controle e dez no grupo teste) mantidos em caixas polipropileno, forradas com maravalha de madeira e coberta por grade metálica. A dieta foi constituída de ração comercial e suplementação de água filtrada, ambos fornecidos à vontade. Foram preparadas, com remoção dos pêlos na região da aplicação, com aparelho de tosar e mínima agressão à região. Em seguida, submetidas à aplicação de três pares de injeções, via intradérmica, de um volume de 0,1 ml de cada solução. Sendo as soluções para o grupo teste: A- proporção de 1:1 de ACF/soro fisiológico; B- substância teste diluída na proporção de 1:5 em soro fisiológico; e C- 50% da solução B em 50% da solução; e soluções para o grupo controle: A- proporção de 1:1 de ACF/soro fisiológico; Bsomente soro fisiológico e C- 50% da solução B em 50% da solução. As injeções 1 e 2 foram administradas na região do ombro, próximas à cabeça, uma de cada lado; e a terceira Revisão da Literatura Caderno Científico próxima a cauda, área teste referente ao período de indução (primeiro dia). No sétimo dia, os animais de ambos os grupos receberam aplicação tópica de 0,5 ml da solução de 10% de Lauril sulfato de sódio em vaselina líquida, na área teste, e no oitavo dia o grupo teste recebeu aplicação tópica do produto através de gaze oclusiva mantida por 48 horas e o grupo controle o mesmo tratamento com a gaze umedecida com soro fisiológico. O período-desafio, 22° dia, um dos flacos dos animais do grupo teste e controle receberam gazes oclusivas com substâncias teste e soro fisiológico, respectivamente, por 24 horas. Após 48 horas e 72 horas as cobaias foram examinadas e observou-se clinicamente as reações dérmicas determinadas de acordo com a classificação de Magnusson e Kligman, descrita: 0 – Nenhuma alteração visível. 1 – Eritema discreto e pequeno. 2 – Eritema moderado e confluente. 3 - Eritema intenso e edema. Avaliação do potencial de citotoxicidade in vitro Linhagens celulares NCTC clone 929 e células de tecido conjuntivo de camundongos (ATCC CCL1) foram semeadas em placas de Petri e incubadas por 48 horas para formação da monocamada celular. Em seguida, as amostras, Bonefill foram colocadas em meio de cultura sólida (composta por partes iguais de meio duas vezes concentrado e ágar com vermelho neutro) e novamente incubadas por 24 horas. Os controles positivo e negativo foram realizados, respectivamente, com discos de papel de filtro atóxico com 0,5 cm de diâmetro e fragmento de 0,5 cm x 0,5 cm de látex tóxico. As amostras foram testadas em quadruplicatas. Foram realizadas observações macro e microscópicas e classificadas com o índice de zona (IZ), para identificar as áreas não coradas pelo corante vital segundo a norma ASTM F895-8414: 0 - Nenhuma zona sob e ao redor da amostra – Nenhuma 1 - Alguma alteração ou degeneração celular sob a amostra – Fraca 2 - Zona limitada sob a amostra – Leve 3 - Zona entre 0,5 cm - 1,0 cm ao redor da amostra – Moderada 4 - Zona maior que 1,0 cm ao redor da amostra – Severa Ensaio de toxidez aguda sistêmica Vinte camundongos albinos Swiss, peso entre 19,800 g e 21,700 g, devidamente preparados para o ensaio foram distribuídos igualmente em quatro grupos experimentais, testes (extrato oleico e extrato salínico) e controles (cottoseed oil e solução fisiológica). Cada animal recebeu uma injeção com 1,0 ml/20 g de peso corporal de cada solução de acordo com cada grupo. Os animais do grupo teste extrato oleico (solução de 250 mg de Bonefill e 10 ml de cottoseed oil estéril, preparado em autoclave, 121°C, por 60 minutos) foram comparados com o grupo controle cottonseed oil, e injetados por via intraperiotonial. O grupo injetado com solução fisiológica foi o controle do grupo teste extrato salínico (solução de 250 mg de Bonefill e 10 ml de solução fisiológica estéril despirogenizada) por via endovenosa. Analisou-se as anormalidades macroscópicas durante o período do ensaio e casos de mortes. Teste de irritação cutânea primária em coelhos Utilizou-se três coelhos albinos (Oryctolagus cuniculus), da raça Nova Zelândia branco, adultos, ambos os sexos, com 2290 g e 2410 g de peso vivo, saudáveis e sem alterações patológicas detectáveis na pele. Foram mantidos aclimatados às condições laboratoriais controladas e dieta constituída de ração peletizada comercial e suplementação de água filtrada, ambos fornecidos à vontade. Para o teste, removeu-se cuidadosamente os pêlos da região imediatamente posterior à nuca, com aparelho tosar, sem irritar ou ferir a região. Aplicou-se 0,5 ml da solução teste, diluição, em ultrassom, de Bonefill em água deionizada na proporção de 1:5, na pele da região exposta, aproximadamente 6 cm2 e protegida com gaze oclusiva por quatro horas. Para controle negativo, foram analisadas as áreas adjacentes, não tratadas. Após o período de exposição, a área foi limpa por meio de lavagem com água e auxílio de algodão. Os animais foram observados clinicamente em períodos de 60 minutos, 24 horas, 48 horas e 72 horas após a aplicação e analisadas as reações quanto à presença de eritemas, edema, formação de escaras, alterações locais e sistêmicas. Ensaio de implante em coelhos Dois coelhos albinos, Nova Zelândia, fêmeas, sadias, adultas (2,5 kg a 3,5 kg) foram selecionadas para este ensaio. O procedimento foi iniciado com a depilação da região dorsal dos animais para realização do implante das amostras. Os animais foram sedados antes da operação e as amostras medindo 10 mm x 1 mm foram implantadas no músculo paravertebral, em seis incisões feitas a 2,5 cm de distância da coluna vertebral e a 2,5 cm de distância uma das outras, sendo quatro incisões do lado esquerdo e duas do lado direito, contendo os controles. Após o implante, os animais foram observados por um período de 30 dias. Teste de mutação gênica reversa em Salmonella typhimurium (teste de Ames) Foi realizado um teste preliminar com a cepa TA 100 e determinou-se concentrações de 10 µl, 25 µl , 50 µl, 100 µl e 200 µl de extrato/placa para o teste definitivo que foi realizado segundo metodologia descrita na Norma Técnica Cetesb L5.62115. Foram utilizados meio mínimo glicosado e o ágar de superfície, top agar. Para os testes com ativação metabólica, foram adicionados ao top agar 0,5 ml/placa da fração S9, com concentração de proteína de 36,2 mg/ml. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):103-10 105 Carbonari M • Ludtke J • dos Santos PCV • Carvalho NTA • Gehrke SA Controles positivos e negativos foram incluídos em todos os ensaios. Para controle negativo, realizado em triplicata, foi utilizado água deionizada, 100 µl/placa com a finalidade de obter-se o número de colônias por placa e comparar com o grupo teste. Para controle positivo, em duplicata, utilizou-se sustâncias reconhecidamente mutagênicas para assegurar a capacidade de resposta de cada cepa ao mutágeno e a eficácia do sistema de ativação metabólica. Todas as concentrações foram testadas em triplicata na ausência e na presença de ativação metabólica. Incubou-se por 72 horas as cepas TA98; TA100; TA102; TA1535 e TA1537 de Salmonella typhimurium. Avaliou-se as razões de mutagenicidade (RM) e mensurou-se pela ausência ou presença de sistema de ativação metabólica que corresponde a fração microssomal de fígado de ratos induzido com Aroclor 1254. Avaliação histológica em defeitos ósseos elaborados em tíbias de coelhos Foram utilizados seis coelhos albinos adultos, Nova Zelândia, de ambos os sexos, pesando entre 3,5 kg e 4,0 kg, fornecidos pelo Biotério da Universidade Federal Santa Maria (UFSM). O trabalho foi aprovado pelo comitê de Ética Animal sob no 23081.003273/2007-33. Foram divididos em dois grupos (três animais em cada grupo) sendo mantidos em gaiolas individuais alimentados com ração balanceada uma vez ao dia e água ad libitum. Os animais foram submetidos à anestesia intravenosa com acepromazina 0,2% (dose 0,1 mg/kg), após 15 minutos foram administrados 0,5ml/kg por via intramuscular profunda da mistura em partes iguais de quetamina (vetanarcol 5%) e cloridrato de xilazina (kensol 2%). Após tricotomia das tíbias na porção interna foi realizada antissepsia da pele por fricção com iodopovidine tópico. Foram elaborados defeitos ósseos com trefinas de 4 mm de diâmetro (Meisinger) sob intensa refrigeração por soro fisiológico, sendo dois em cada tíbia (Figura 1). Todos animais receberam o mesmo anti-inflamatório – cetoprofeno subcutâneo na dose de 2mg/kg, uma vez ao dia, por três dias. Todo procedimento foi realizado no Departamento de Medicina Veterinária da UFSM. Os animais foram divididos em dois grupos experimentais, grupo controle (GC) , defeitos preenchidos somente com o coágulo (leitos c e d); e grupo teste (GT), defeitos preenchidos com Bonefill (leitos a e b). O sacrifício dos animais foi realizado através de injeção intraperitoneal de uma sobredose da substância anestésica hidrato de cloral, sendo três animais sacrificados com 30 dias e outros três 60 dias após a cirurgia. As tíbias foram retiradas e colocadas para fixação em solução de formol tamponado de Lillie a 10%, pH 7,4, por 48 horas. Em seguida, foram lavadas por 24 horas em água corrente e desmineralizadas em solução de Morse, por um período de 30 dias. Após isso, as peças foram lavadas em água corrente por 24 horas, neutralizadas em solução de sulfato de sódio por 24 horas, lavadas novamente em água corrente por mais 24 horas, reduzidas e colocadas 106 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):103-10 em álcool 70%. No laboratório foram desidratadas em álcoois de concentração crescente (álcool 80%, álcool 90% e álcool absoluto), diafanizadas em xilol e incluídas em parafina para a realização dos cortes em micrótomo rotatório. Realizou-se, então, cortes seriados longitudinais com espessura de 6 µm, que foram corados pelo método da Hematoxilina e Eosina (HE), que permite uma visão geral da morfologia celular e da presença de fibras colágenas. A avaliação histológica dos eventos ocorridos foi feita de forma descritiva, utilizando-se de um método semiquantitativo baseado no conhecimento dos aspectos relacionados à normalidade. Foi utilizado para esta análise um microscópio óptico de luz Nikon E200, do laboratório de microscopia da Biotecnos. Para a determinação da eficácia do Bonefill, durante a neoformação óssea, alguns parâmetros foram avaliados, baseando-se na presença de células características do processo inflamatório, na formação de cápsula fibrosa ao redor do material implantado, no tipo de tecido neoformado na região e na presença do material implantado em meio ao leito receptor durante os períodos observados. As lâminas foram analisadas por um único profissional com experiência em histologia de tecido ósseo, que realizou uma análise descritiva e semiquantitativa considerando parâmetros representativos do processo de reparo, tais como: reparo cortical, fibras colágenas, infiltrado inflamatório e neoformação óssea. Resultados A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos no teste de hipersensibilidade para 48 e 72 horas, bem como os resultados observados para o grupo controle. Os dados apresentados na Tabela 1 quando comparados com os dados da classificação indicam que as amostras analisadas não causaram qualquer tipo de reação dérmica ou sistêmica nas cobaias. Este resultado indica que a substância é considerada não sensibilizante nestes animais. A Tabela 2 apresenta os resultados encontrados no teste de avaliação do potencial de citotoxicidade in vitro para Bonefill, controle negativo e controle positivo. Os dados apresentados na Tabela 2 comparados com a classificação, indicam que o produto Bonefill não apresentou efeito tóxico para a linhagem celular NCTC Clone 929 (ATCC CCL-1). Os resultados obtidos no ensaio de toxidez aguda sistêmica pelas vias de administração intraperitonial e endovenosa estão expostos na Tabela 3 e indicam que não houve mortes nos períodos analisados e, assim, o material foi considerado aprovado. Não foram observadas anormalidades macroscópicas nos animais durante o período de ensaio. Para o teste de irritação cutânea primária em coelho, o grau das lesões na pele dos animais tratados com o produto Bonefill está expresso na Tabela 4. A análise histológica das amostras de cada animal Revisão da Literatura Caderno Científico Tabela 1 - Resultados obtidos no teste de hipersensibilidade para 48 e 72 horas dos grupos teste e controle Grupo Teste Tempo (h) Leituras Grupo Controle Cobaia 48 h 72 h Cobaia 48 h 72 h Cobaia 48 h 72 h 1 0 0 6 0 0 1 0 0 2 0 0 7 0 0 2 0 0 3 0 0 8 0 0 3 0 0 4 0 0 9 0 0 4 0 0 5 0 0 10 0 0 5 0 0 Tabela 2 - Resultados obtidos no ensaio de avaliação do potencial de citotoxicidade in vitro Amostra Tabela 3 - Resultados de toxidez aguda sistêmica 4 24 48 72 Número de mortes Grupo Teste (extrato oléico) 0 0 0 0 0/5 Grupo controle (cottonseed oil) 0 0 0 0 0/5 Grupo Teste (extrato salínico) 0 0 0 0 0/5 Grupo controle (sol. fisiológica) 0 0 0 0 0/5 Tabela 4 - Grau das lesões de pele dos animais para o produto Bonefill Coelho 1 Coelho 2 Coelho 3 Tempo 1 2 3 4 Eritema Edema Eritema Edema Eritema Edema IZ IZ IZ IZ 1 0 1 0 0 0 60 minutos Bonefill 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 24 horas Controle negativo 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 48 horas Controle positivo 4 4 4 4 0 0 0 0 0 0 72 horas do grupo controle mostrou que a área de osso regenerado somente pelo coágulo apresentava estrutura com bastante formação de tecido ósseo; as amostras coletadas em 30 dias com trabéculas amplas (setas verdes), porém, com poucas linhas incrementais de crescimento e discreta presença de células (osteoclastos e osteoblastos) em seu interior em todas as amostras avaliados. Percebe-se também a existência de fibras colágenas com menor número de osteócitos presentes nas imagens (Figuras 1). Após 60 dias, as áreas estudadas, por sua vez, apresentavam aspecto de normalidade sem infiltrado inflamatório (Figura 2), quando comparadas ao grupo teste, entretanto, com pequenas quantidades de osteócitos presentes (setas azuis). Além disso, no interior das trabéculas formadas, o aspecto era de ausência de células ósseas viáveis, apresentando uma característica mais semelhante com a formação de tecido adiposo (setas amarelas). Para o grupo teste, enxertado com Bonefill, na área enxertada com osso bovino, em 30 dias, observou-se grandes áreas de atividade celular (setas amarelas) e áreas de formação intensa de fibras colágenas (setas verdes), característico de neoformação óssea, entretanto, com uma quantidade e densidade trabecular inferior à apresentada no controle (Figura 3). Os espaços onde a formação (calcificação) não estava completa apresentaram grandes quantidades de vasos sanguíneos e fibras colágenas com intensa presença de atividade celular. Em todas as lâminas estudadas foi detectada uma discreta presença de resíduos de material (Bonefill) não reabsorvido (setas pretas). Após 60 dias, na enxertada, observou-se intensa neoformação óssea, com boa densidade trabecular e grandes áreas de neoformação óssea (setas verdes). As zonas de neoformação apresentavam células viáveis em seu interior (osteócitos - setas azuis), além de diversas linhas incrementais de crescimento. Nos espaços não calcificados da área enxertada com Bonefill observou-se, também, em todos os casos, a Figura 1 Grupo controle - 30 dias. As setas verdes indicam a formação de tecido ósseo. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):103-10 107 Carbonari M • Ludtke J • dos Santos PCV • Carvalho NTA • Gehrke SA presença de fibras colágenas com intensa atividade celular (setas amarelas), quando comparados com o grupo controle (Figura 4). Outro fato sempre notado foi a presença de vasos sanguíneos dilatados, denotando intensa vascularidade na área em reparação (Figura 5). Nessas lâminas não foi detectada a presença de partículas do material enxertado. Figura 2 Grupo controle - 60 dias. As setas amarelas indicam formação de tecido adiposo e as setas azuis pequenas quantidades de osteócitos. Figura 3 Grupo teste com Bonefill - 30 dias. As setas indicam grande atividade celular (amarelas), intensa formação de fibras colágenas (verdes) e resíduo de material, Bonefill, não reabsorvido (pretas). Figura 4 Grupo teste com Bonefill - 60 dias. As setas indicam intensa neoformação óssea (verdes), osteócitos (azuis) e fibras colágenas com intensa atividade celular (amarelas). Figura 5 Grupo teste com Bonefill - 60 dias - presença de vasos sanguíneos. 108 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):103-10 Revisão da Literatura Caderno Científico Discussão Para que os produtos de uso médico possam ser comercializados no Brasil é necessária sua aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que concede o registro ao produto. Este registro, orientado por número, é concedido ao fabricante após a apresentação da documentação pertinente. Desta forma, para que o órgão regulamentador conceda o registro e a liberação para comercialização é preciso o cumprimento das exigências estabelecidas, que dentre as quais estão as análises físicas, químicas e biológicas, em aspectos clínicos e laboratoriais que comprovem e garantam a qualidade e a eficácia de cada produto. Para tanto, são necessários avaliações e ensaios laboratoriais que sigam a normatização estabelecida pela Organização Internacional de Padronização (ISO). Os testes para produtos para saúde e uso médico estão descritos na norma ISO 1099316, em que estabelece as avaliações biológicas dos produtos. Teste de hipersensibilidade17, avaliação do potencial de citotoxicidade18, ensaio de toxidez aguda sistêmica19, teste de irritação cutânea17, ensaio de implante20, teste de mutação gênica reversa21 e avaliação histológica de defeitos ósseos foram realizados para caracterização do material atendendo a exigência da ISO 1099316. Desta maneira, com base nos dados obtidos nos testes realizados neste estudo, comprovou-se a eficácia e a qualidade do produto analisado. Observou-se que em algum ensaio os resultados foram desfavoráveis. A utilização de seres vivos próximos ao organismo humano, com reações que podem se assemelhar, permitem extrapolar os resultados para o uso em humanos sem que isso cause problemas ou reações desagradáveis. A utilização do produto não causou óbito em alguma das cobaias de qualquer teste. Analisando clinicamente os animais pode-se constatar que a utilização de osso bovino Bonefill para a recuperação de defeitos ósseos desenvolveu-se a contento, uma vez que todas as cirurgias de enxertia óssea foram realizadas sem complicações. Durante a cirurgia de enxertia observou-se que o material permite uma fácil manipulação para a instalação no leito cirúrgico, apesar do sangramento abundante. Histologicamente, a constatação de neoformação óssea consistente e com ativa remodelação das partículas de Bonefill. As fotomicrografias das lâminas mostraram tecido ósseo viável nas áreas enxertadas sendo que, muitas vezes, não foi possível distinguir com precisão as trabéculas neoformadas das partículas do material (Figura 3), mesmo com um tempo de 30 dias. No interior das trabéculas encontramos sinais de células viáveis dentro dos espaços celulares (Figuras 3 e 4). Outra presença marcante foram as linhas de crescimento claramente detectáveis nas trabéculas ósseas (Figuras 3 a 5), com 30 e 60 dias. Foram evidenciadas nas trabéculas imagens sugestivas de um ativo processo de remodelação óssea Analisando clinicamente os animais pode-se constatar que a utilização de osso bovino Bonefill para a recuperação de defeitos ósseos desenvolveu-se a contento, uma vez que todas as cirurgias de enxertia óssea foram realizadas sem complicações. em andamento (Figura 5). Uma característica frequente nos espaços medulares foi a presença de infiltrado inflamatório mononuclear discreto a moderado (Figura 3), provavelmente associado ao próprio processo de reparação óssea em andamento no local. Em aumentos menores, observou-se uma maior presença de osso viável (com maior quantidade de atividade celular) nas áreas enxertadas com Bonefill, quando comparada com as áreas dos grupos controle (Figuras 1 a 4)22. Com esses dados podemos concluir que a intensidade do preenchimento dos defeitos criados, através da neoformação e remodelação óssea que estavam em andamento nessas áreas preenchidas com Bonefill, é muito superior ao grupo controle. Um processo dinâmico pode ser observado devido à boa propriedade de osteocondução do Bonefill, permitindo que osso neoformado se deposite envolvendo e unindo as partículas, que vão sendo reabsorvidas ao mesmo tempo em que novo osso é formado. Dentre os motivos que estimulam a utilização do osso bovino Bonefill podemos descrever: não necessita de uma área cirúrgica doadora por ser de origem laboratorial; suas propriedades requisitadas como biomaterial foram demonstradas pelos testes apresentados e a boa resposta quando utilizado no preenchimento de cavidades ósseas. Conclusão Podemos concluir que o osso bovino Bonefill utilizado demonstrou ser eficaz como material para preenchimento de defeitos ósseos em animais, mostrando-se histologicamente capaz de propiciar neoformação e crescimento ósseo, resultando em um tecido neoformado de consistência clínica firme, semelhante ao tecido ósseo natural. Pôde-se comprovar, ainda, a característica diferenciada nas áreas tratadas com o material proposto quando comparados com os sítios REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):103-10 109 Carbonari M • Ludtke J • dos Santos PCV • Carvalho NTA • Gehrke SA controle, apresentando uma maior atividade celular. Os resultados demonstraram que a utilização do material estudado para o preenchimento de defeitos ósseos propicia, pela possibilidade de uma atividade celular muito mais intensa, a previsiblidade (não estudada nesse trabalho) de uma maior resposta frente à instalação de implantes nesses locais. Referências bibliográficas 1. Nagahara K, Isogai M, Shibata K, Meenaghan MA. 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In vitro and in vivo evaluation of lyophilized bovine bone biocompatibility. Clinics 2008; 63:801-6. 7. Mumford JE, Simpson AHRW. Management of bone defects. A review of available techniques. Iowa Orthop J 1992;12:42-9. 8. Zambuzzi WF, Oliveira RC, Pereira FL, Cestari TM, Taga R, Granjeiro JM. Rat subcutaneous tissue response to macrogranular porous anorganic bovine boné graft. Braz Dent J 2006;17:274-8. 9. Sculean A, Stavropoulos A, Windisch P, Keglevich T, Karring T, Gera I. Hea ling of human intrabony defects following regenerative periodontal therapy with a bovine-derived xenograft and guided tissue regeneration. Clin Oral Invest 2004;8:70-4. 10. Hammerle CHF, Chiantella GC, Karring T, Lang NP. The effect of a deproteinized bovine bone mineral on bone regeneration around titanium dental implants. Clin Oral Impl Res 1998;9:151-62. 110 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):103-10 Recebido em: set/2009 Aprovado em: out/2009 Endereço para correspondência: Marcelo Carbonari Rua Laureano Garcia, 1-275 - Distrito Industrial II 17039-760 – Bauru – SP Tel.: (14) 4009-2414 [email protected] 11. Norton MR, Odell EW, Thompson ID, Cook RJ. Efficacy of bovine boné mineral for alveolar augmentation: a human histologic study. Clin Oral Impl Res 2003; 14:775-83. 12. Galindo-Moreno P, Ávila G, Fernández-Barbero JE, Mesa F, O`Valle-Ravassa F, Wang HL. Clinical and histologic comparison of two different composite grafts for sinus augmentation: a pilot clinical trial. Clin Oral Impl Res 2008;19:755-9. 13. Stephan EB, Jiang D, Lynch S, Bush P, Dziak R. Anorganic bovine bone supports osteoblastic cell attachment and proliferation. J Periodontol 1999;70:364-9. 14. ASTM Standard F 895-84 Standard test method for agar diffusion cel culture screening for citotoxicity. 2006. [http://www.astm.org]. 15. CETESB. Mutação gênica reversa em Salmonella typhimurium - Teste de Ames. Norma Técnica L5.621. Cetesb 1994:35. 16. ISO 10993-1. Biological evalution of medical devices – Part 1: Evaluation and testing. 1997. [http://www.iso.org]. 17- ISO 10993-10. Biological evaluation of medical devices – Part 10: Tests for irritation an delayed-type hypersensitivity. 2002. [http://www.iso.org]. 18. ISO 10993-5. Biological evalution of medical devices – Part 5: Tests for in vitro cytotoxicity. 2009 . [http://www.iso.org]. 19. ISO 10993-11. Biological evaluation of medical devices – Part 11: Tests for systemic toxicity. 2006. [http://www.iso.org]. 20. ISO 10993-6. Biological evaluation of medical devices – Part 6: Tests for local effects after implantation. 2007. [http://www.iso.org]. 21. ISO 10993-3. Biological evaluation of medical devices – Part 3: Tests for genotoxicity, carcinogenicity and reproductive toxicity. 2003. [http://www.iso.org]. 22. Rossi R, Weinfeld I, De Miranda SL. Estudo radiográfico computadorizado e histológico de enxerto de osso bovino tipo “cone alveolar” em alvéolos de humanos. RPG Rev Pós Grad 2005;12(2):186-94. Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Uso de simulação 3D no desenvolvimento de implantes e sistemas protéticos com pilares retos e angulados Effects of different abutment angle on the stress distribution around endosseous implants: a 3D finite element analysis Roberto Brunow Lehmann* Carlos Nelson Elias** Resumo No presente trabalho empregou-se o método de elementos finitos para auxiliar no desenvolvimento de um novo sistema de implantes. Fez-se a avaliação do carregamento por elementos finitos de protótipos de implantes dentários com pilares retos e angulados. Os resultados das simulações das cargas compressivas de 100 N inclinadas em 15 e 30 graus foram comparados com dados obtidos em ensaios mecânicos de compressão. Os resultados mostraram que: 1. O torque de aperto dos parafusos protéticos influencia na resistência à compressão do sistema; 2. A medida que a inclinação do componente protético aumenta, as tensões no osso e nos componentes protéticos aumentam; 3. Para todas as simulações realizadas, os componentes protético não apresentaram deformação plástica ou fratura; 4. A intensidade da tensão no osso cortical foi inferior à necessária para induzir a reabsorção óssea; e 5. O pilar reto apresenta maior resistência mecânica e maior segurança que o pilar angulado. Unitermos - Implantes dentários; Pilar angulado; Elementos finitos; Análise de tensões. Abstract The purpose of this work was to evaluate simulated loading by 3-D finite element analysis of two abutment prototypes (angled or not). Results of a 100N compressive loading at 15 and 30 degree inclinations were compared with mechanical compressive tests. It was shown that: 1.As the inclination of the prosthetic component increases, the stress in bone and prosthetic components increases; 2. For all simulations performed, the prosthetic components showed no plastic deformation or fracture; 3. The stress intensity in bone was lower than required to induce bone resorption due to overloading; and 4. The straight abutment is more strength and present higher reliability than the angled abutment. Key Words - Dental implants; Angled abutment; Finite elements; Stress analysis. * Doutor em Engenharia Metalúrgica; Professor adjunto - Pólo Universitário de Volta Redonda - UFF/RJ. ** Doutor em Ciência dos Materiais - Laboratório de Biomateriais - Instituto Militar de Engenharia/RJ. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):113-20 113 Lehmann RB • Elias CN Introdução A literatura1-3 apresenta vários procedimentos para a análise do carregamento de implantes dentários e o Método de Elementos Finitos (MEF) tem sido largamente utilizado nesses trabalhos. O MEF é uma ferramenta importante para a análise das tensões e deformações dos diferentes tipos de estruturas. Através desta ferramenta computacional é possível predizer o comportamento a partir das considerações geométricas dos componentes protéticos, das propriedades dos materiais ou das condições de carregamento que ocorrem na oclusão do paciente. Entre os trabalhos de simulação do carregamento de implantes, destaca-se o trabalho que avaliou o comportamento dos pilares angulados2. Foi observado que o aumento da angulação induz o acréscimo das tensões no implante. Em outro trabalho, os autores1 comparam os métodos de fotoelasticidade com os resultados de ensaios extensômetro elétrico (strain-gauge) e verificaram que não existe concordância entre os resultados obtidos na avaliação da influência da angulação de pilares nas tensões na interface implante/ osso. Foi apontada a necessidade de utilização de método complementar para avaliação dos resultados. Possivelmente, a falta de concordância entre as metodologias deva-se à imprecisão dos resultados obtidos na fotoelasticidade. Outros autores4 analisaram situações diversas para posicionamento e angulação de pilares, sugerindo os procedimentos para otimizar a avaliação do pilar. A literatura também reporta uma avaliação através do MEF com dois modelos com implantes inclinados na mandíbula3. Em um modelo foi colocado o pilar reto e em outro com angulação. Ficou constatado que o carregamento vertical (inclinado em relação ao eixo do implante) e o uso do pilar angulado são benéficos e as tensões no osso cortical próximo ao implante são minimizadas. Alguns autores5 analisaram as tensões no osso induzidas por carregamento imediato de implantes dentários com diferentes comprimentos e diâmetros, análise da influência do coeficiente de atrito entre o implante e o osso5. Os resultados obtidos indicam que o maior comprimento e diâmetro diminuem as tensões no osso e que o maior coeficiente de atrito entre o implante e o osso diminui a chance de falha do sistema protético. No presente trabalho empregou-se a ferramenta do método de elementos finitos com modelos tridimensionais (3D) para auxiliar na avaliação do desempenho de um novo sistema de implantes em desenvolvimento. Fez-se a análise da distribuição das tensões em várias geometrias de implantes, componentes protéticos e no osso. Para as simulações, os implantes dentários foram posicionados de forma inclinada e com o acoplamento do pilar angulado para compensar o posicionamento da prótese. Os resultados foram comparados com o carregamento vertical do implante posicionado 114 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):113-20 sem inclinação e com pilar reto. No presente trabalho são apresentados os resultados dos implantes e componentes protéticos com as dimensões que apresentaram o melhor comportamento. Com o objetivo de validar os resultados das simulações foram realizados ensaios mecânicos de compressão de protótipos dos implantes com os componentes protéticos acoplados. Material e Métodos Para a realização das simulações empregou-se um microcomputador com processador Pentium Quad core 6550, memória RAM de 8 GB e disco rígido de 250 GB. Todas as dimensões utilizadas para os implantes dentários e componentes protéticos foram fornecidas pela empresa Dabi Atlante (Ribeirão Preto/SP) e referem-se aos protótipos que estão em fase experimental de desenvolvimento. Tanto o osso cortical quanto o medular foram modelados no próprio programa Ansys Workbench, versão 11. As dimensões simplificadas do osso foram as disponíveis na literatura6 e mostradas nas Figuras 1a e 1b. O elemento dentário utilizado na simulação foi o primeiro pré-molar, obtido através do uso de um scanner 3D de contato (Figura 2). As montagens dos dois modelos empregados no presente trabalho são mostradas nas Figuras 3a e 3b. Cada componente (implante, pilar, parafuso de fixação do pilar, coping, parafuso de fixação do coping e a prótese) foi modelado separadamente para permitir a visualização independente e para verificar os níveis de tensões com base nas escalas de cores fornecidas pelo programa. As validações dos resultados obtidos nas simulações foram realizadas com ensaios mecânicos de compressão. Para os ensaios mecânicos, os componentes protéticos foram fixados ao implante com torques diferentes. O controle do torque de aperto do parafuso protético foi realizado com o torquímetro digital Lutron. Com o objetivo de tornar o carregamento dos implantes mais críticos e minimizar a absorção das forças de carregamento, os implantes não foram embutidos em resina ou inseridos em osso. Os conjuntos formados pelo implante, parafusos e componentes protéticos foram fixados diretamente em uma morsa. Para evitar que o sistema de fixação do implante exercesse força compressiva no parafuso protético, os implantes foram fixados até o final da região do fresado existente no ápice do implante. Para controle da posição foi empregado um dispositivo que permitia a inserção de 5,37 mm do implante na morsa, ficando o restando do corpo do implante livre e formando um braço de alavanca. O aumento do braço da alavanca torna o carregamento mais crítico. Após a fixação do conjunto, a morsa foi inclinada em 30 graus para simular a inserção inclinada do implante (Figura 4). A metodologia adotada nos ensaios mecânicos Trabalho de Pesquisa Caderno Científico de compressão simula a situação crítica de reabsorção óssea de mais de 50% do corpo do implante. A inclinação do implante em relação à direção de carregamento torna as condições mais críticas. A força de compressão foi aplicada pela máquina de ensaio universal Emic DL10000 diretamente sobre o componente protético (Figura 5). Não foi usada a prótese para evitar amortecimento da força. O objetivo do procedimento foi submeter o sistema à maior severidade de carregamento. O controle da força foi feito com emprego de uma célula de carga de 5.000 N. Os ensaios mecânicos foram encerrados ao atingir a carga máxima de resistência em compressão. Modelo de implante Considerando que as dimensões dos implantes (espessura da parede do implante na região do colar) com conexões protéticas internas são mais críticas que os implantes con- vencionais com hexágono externo, no presente trabalho, as simulações e os ensaios mecânicos foram realizados com os implantes cilíndricos com hexágono interno. Normalmente, as espessuras das paredes dos implantes com conexões internas limitam o torque de inserção e as cargas axiais suportadas são menores. O diâmetro do implante considerado foi de 4,1 mm e comprimento de 13 mm. Propriedades dos materiais Conforme procedimento adotado nas simulações por elementos finitos, foram consideradas as seguintes hipóteses simplificadoras: os materiais foram considerados homogêneos, isotrópicos e linearmente elásticos. Considerou-se os implantes confeccionados em titânio comercialmente puro ASTM grau 4 (ASTM F67) e os demais componentes protéticos em titânio grau 5 (ASTM F136). As propriedades do osso cortical e medular foram as disponíveis na literatura7-10, as quais são mostradas na Tabela 1. A B Figuras 1a e 1b Osso modelado para o sistema com: A. Pilar reto e B. Pilar angulado. Figura 2 Modelo do primeiro pré-molar. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):113-20 115 Lehmann RB • Elias CN A B Figuras 3a e 3b Montagem completa dos sistemas com: A. Pilar reto e B. Pilar angulado. Figura 4 Implante fixo no dispositivo para o ensaio de compressão. Elementos e nós Para a realização das simulações, foi escolhida a opção de análise estática estrutural e foi imposto que o elemento utilizado pelo programa tivesse nós intermediários (midnodes). Isso corresponde ao elemento finito Solid 92. Este elemento permite a análise de geometria tridimensional e possui três graus de liberdade por nó: translação nas direções x, y e z11. Estas direções no sistema de coordenadas nodais correspondem às direções na direção do raio do implante (radiais), ao longo do comprimento (axiais) e tangenciais, respectivamente. Outra vantagem do elemento Solid 92 é a de tolerar formas irregulares sem comprometer a precisão. 116 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):113-20 Figura 5 Modo de aplicação da carga compressiva. Tabela 1 - Propriedades mecânicas dos materiais utilizados Titânio Módulo de elasticidade (GPa) 110,0 0,33 Osso cortical 15,0 0,30 Osso medular 15,0 0,30 Material Coeficiente de Poisson Para a geração da malha, os elementos foram definidos com pequenas dimensões e com um valor de fator de crescimento do elemento inferior a dois. Cada modelo gerado apresentou aproximadamente 70.000 elementos, com oito volumes independentes, a saber: osso cortical, osso trabe- Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Figura 6 Implantes deformados após o ensaio de compressão. A B Figuras 7a e 7b Tensões máximas de von Mises (MPa) no implante com: A. Pilar reto e B. Pilar angulado. A B Figuras 8a e 8b Tensões nos pilares: A. Pilar reto e B. Pilar inclinado. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):113-20 117 Lehmann RB • Elias CN Tabela 2 - Valores das tensões máximas de von Mises (MPa) calculadas nas simulações dos carregamentos dos diversos componentes dos modelos utilizados Direção da força aplicada Axial Elemento Pilar reto Inclinada 15o Pilar angulado Pilar reto Inclinada 30o Pilar angulado Pilar reto Pilar angulado Implante 35,70 39,83 53,12 67,71 90,38 111,28 Parafuso do pilar 45,54 22,58 105,53 60,53 205,72 103,53 Pilar 23,90 65,99 56,64 71,95 93,88 162,98 Coping 23,12 50,66 43,055 52,17 80,41 124,42 Parafuso do coping 31,39 44,14 41,91 75,15 77,78 151,34 Osso cortical 19,14 33,48 31,45 34,83 48,30 67,77 Osso trabecular 2,26 3,02 1,784 2,00 2,53 2,41 Tabela 3 - Resistência máxima em compressão (N) do sistema de implantes para diferentes torques de aperto do parafuso protético Aperto parafuso Aperto parafuso Pilar (Ncm) Coping (Ncm) Corpo-de-prova CP 1 32 20 1.195,64 CP 2 20 10 1.214,17 CP 3 32 20 1.125,79 CP 4 20 10 1.265,62 CP 5 32 20 991,52 cular, implante, pilar, parafuso de fixação do pilar, coping e parafuso de fixação do coping e a prótese sobre o coping. Carregamento e restrições Na literatura é possível encontrar valores experimentais da força de mordida determinadas com emprego de extensômetro elétrico12. Sabe-se também que esta força aumenta com o tempo de adaptação da prótese. Valores da força de mordida entre 4,5 N e 25,3 N logo após a instalação da prótese implantossuportada e valores de 10,2 N a 57,5 N após três meses são reportados na literatura13. Para as simulações computacionais, a maioria dos trabalhos apresentados na literatura considera carregamentos axiais7-10,12,14 de 100 N150 N e bucolinguais6-10,12,14 de 50 N-70 N. Em conformidade com os dados da literatura, os carregamentos utilizados no presente trabalho foram pontuais no valor de 100 N aplicados em três direções: axial e inclinada a 15 e 30 graus em relação ao eixo longitudinal do implante. A partir das definições, foi possível utilizar o programa para calcular as tensões equivalentes de von Mises nos ossos e nos componentes dos sistemas de implantes. Resultados Para análise dos resultados, foram utilizadas as tensões equivalentes de von Mises. Os valores de tensões calculados 118 Força máxima REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):113-20 nas simulações são mostrados na Tabela 2. Determinou-se as tensões máximas transmitidas para o osso, assim como, as tensões máximas nos implantes e seus componentes (abutment, coping e parafusos de fixação). Mostra-se na Figura 6 que os implantes foram plasticamente deformados após o ensaio mecânico de compressão. Na análise dos implantes a olho nu não foram observadas trincas. Na Tabela 3 são mostradas as cargas máximas determinadas nos ensaios mecânicos de compressão dos sistemas para as diferentes condições de ensaio e de aperto dos parafusos protéticos. Devido ao elevado número de resultados obtidos nas simulações por elementos finitos, são mostradas apenas as figuras com a distribuição das tensões para os sistemas submetidos ao carregamento inclinado a 30 graus em relação ao eixo axial do implante. Na Figura 7 são apresentadas as tensões nos implantes por meio de gradiente de cores fornecidos pelo programa. Nas Figuras 8 são mostradas as tensões nos pilares com emprego dos pilares reto e inclinado. Discussão As resistências mecânicas dos sistemas analisados apresentaram valores significativamente superiores aos carregamentos normais dos implantes. O sistema que Trabalho de Pesquisa Caderno Científico À medida que o carregamento torna-se mais inclinado, ou seja, as componentes das forças laterais aumentam, as tensões no osso também aumentam. De forma análoga, as tensões foram maiores para o sistema com pilar angulado, que aumenta as componentes laterais da força e, consequentemente, as tensões cisalhantes nos componentes e no osso. apresentou menor resistência compressiva suportou carga de 991 N. Pode-se observar que o torque de aperto influenciou na resistência em compressão do componente. Durante a aplicação da carga compressiva pela máquina, os parafusos ficam submetidos à tração. Por outro lado, para que as partes fiquem unidas, o parafuso durante o aperto deve ficar tracionado (pré-carga). A tração aplicada no parafuso é a soma da pré-carga e do esforço aplicado durante o ensaio. Com o aumento do torque de aperto, a pré-carga no parafuso aumenta. Em consequência, a resistência em compressão do sistema diminui. A literatura tem apresentado diversos estudos de análise de tensões em implantes dentários através do uso de elementos finitos. Através do uso de simulações é possível observar o comportamento mecânico da prótese mediante: variações geométricas de implantes, características diferenciadas de osso, carregamento com várias intensidades e materiais dos componentes protéticos com várias propriedades. Assim, é possível fazer uma estimativa do sucesso dos componentes antes de serem comercializados e identificar as possíveis falhas. Busca-se sempre obter valores de tensões inferiores ao limite de escoamento do material para garantir que não haverá deformação plástica dos componentes. A literatura indica que o osso deve ser submetido à tensão máxima de 167 MPa. Este valor é o limite que inicia a reabsorção óssea8-10. Desta maneira é possível avaliar quantitativamente a possibilidade de falha e qualitativamente, através de figuras com gradientes de cores, a localização da ocorrência da falha dos sistemas de implantes. A literatura reporta que a forma do implante, assim como dos componentes do sistema de próteses, o carregamento, as restrições aplicadas, as propriedades dos materiais e até mesmo a existência da camada de osso formada na superfície do implante, influenciam nas tensões transmitidas para o osso8-10. Isto indica a necessidade de se desenvolver modelos cada vez mais complexos, buscando reproduzir ao máximo o funcionamento real dos implantes, das próteses, do osso ou qualquer outro elemento na análise proposta. Com relação aos componentes dos sistemas protéticos avaliados no presente trabalho, não foram observados valores superiores ao limite de escoamento do material, indicando que não haverá deformação plástica ou fratura do implante ou qualquer outro componente para cargas de 100 N. Também ficou evidenciado que a inclinação do pilar tem influência na distribuição das forças. Quando a força é inclinada em até 15o em relação ao eixo longitudinal do implante, o emprego de componente angulado é mais favorável que o reto. A inclinação do componente redistribui o carregamento. Por outro lado, quando a inclinação da força é aplicada na direção formando 30o com o eixo do implante, as tensões induzidas são maiores que as demais condições analisadas e o uso do componente angulado não reduz as tensões. No que se refere ao pilar, ficou nítido que o ideal é utilizar o pilar reto, uma vez que, comparado com o pilar angulado, as tensões diminuem em todos os componentes, independentemente da intensidade do carregamento utilizado, exceto para o parafuso do pilar que teve um comportamento inverso. Foi possível observar que os valores das tensões transmitidas para o osso variam de acordo com o carregamento empregado e com o tipo de sistema avaliado. À medida que o carregamento torna-se mais inclinado, ou seja, as componentes das forças laterais aumentam, as tensões no osso também aumentam. De forma análoga, as tensões foram maiores para o sistema com pilar angulado, que aumenta as componentes laterais da força e, consequentemente, as tensões cisalhantes nos componentes e no osso. Para todas as simulações realizadas, os níveis da tensão indicam que não haverá reabsorção óssea devido à sobrecarga. Conclusão Com base nos ensaios mecânicos de compressão e nas simulações computacionais realizadas, pode-se concluir que: 1. O torque de aperto dos parafusos dos componentes protéticos influencia na resistência em compressão dos sistemas de implantes. 2. Os implantes analisados tiveram resistência à carga compressiva acima das cargas que os implantes são REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):113-20 119 Lehmann RB • Elias CN submetidos em condições normais de uso. 3. Para carregamentos na direção do comprimento do implante, o pilar reto é mais adequado que o pilar angulado, uma vez que o nível de tensão transmitido ao osso e para a maioria dos componentes protéticos é menor. 4.À medida que o carregamento torna-se mais inclinado, ou seja, os componentes das forças laterais aumentam, as tensões no osso e nos componentes protéticos também aumentam. 5. Para carregamentos com forças inclinadas em até 15o em relação ao eixo do implante, o emprego de componente angulado reduz a intensidade das tensões nos elementos analisados. 6. Para todas as simulações realizadas, os sistemas compor- Referências bibliográficas 1. Brosh T. Pilo R. Sudai D. The influence of abutment angulation on strain and stress along the implant/bone interface: comparison between two experimental techniques. Journal of Prosthetic Dentistry 1998;79:328-34. 2. Clelland NL. Gilat A. Mcglumphy EA. A photoelastic and strain gauge analysis of angled abutments for an implant system. International Journal of Oral and Maxillofacial Implants 1993;8:541-8. 3. Saab X. et al. Effect of abutment angulation on the strain on the bone around an implant in the anterior maxilla: A finite element study. Journal of Prosthetic Dentistry 2007;97:85-92. 4. Al-Abbas, H. Al-Ajmi M. Pipko, DJ. A positioning jig to verify the accuracy of implant abutments. The Journal of Prosthetic Dentistry 2002;87:1. 5. Huang H. et al. Bone stress and interfacial sliding analysis of implant designs on an immediately loaded maxillary implant: A non-linear finite element study. Jornal of Dentistry 2008;36:409-17. 6. Tada S. Stegaoiu R. Kitamura E. Influence of implant design and bone quality on stress / strain distribution in bone around implants: A 3-Dimensional Finite Element Analysis. The International Journal of Oral & Maxillofacial Implants 2003;18:357-67. 7. Lehmann RB. Elias CN. Teixeira MF. Efeito da oclusão cêntrica em um sistema rígido de 120 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):113-20 taram-se adequadamente de forma que não há indicação de deformação ou fratura nos componentes protéticos ou mesmo reabsorção óssea devido à sobrecarga. Recebido em: out/2009 Aprovado em: jan/2010 Agradecimentos Os autores agradecem o apoio financeiro do CNPq Processo 300216/94-7, 452834/03-1, 50016/052003 e 472449/2004-4 e Faperj Processo: E-26/151.970/2004. À Dabi Atlante pelo fornecimento das amostras. Endereço para correspondência: Roberto Brunow Lehmann Av. dos Trabalhadores, 420 27255-125 - Volta Redonda - RJ [email protected] 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. esplintagem dos implantes para carga imediata pelo método de elementos finitos. Revista Brasileira de Implantodontia 2009;15:6-10. Lehmann RB. Elias CN. Simulação 3D de implantes dentários cilíndricos interligados. Revista Brasileira de Odontologia 2006;63;3:250-4. Lehmann RB. Elias CN. Gouvêa JP. Influence of the Geometric Shape of Prosthesis on the Stress Distribution in the Dental Implants. [18th International Congress of Mechanical Engineering: 2005; Ouro Preto, MG. Teixeira MF. et al. Análise de tensões de prótese em resina acrílica para carga imediata em mandíbula edêntula. Revista Implant News 2008;5;6:683-90. Ansys Element Reference. Iplikçioglu H. Alça K. Comparative evaluation of the effect of diameter, length and number of implants supporting three-unit fixed partial prostheses on stress distribution in the bone. Journal of Dentistry 2002;30:41-6. Carr AB. Laney WR. Maximum occlusal force levels in patients with osseointegrated oral implant prosthesis and patients with completed dentures. International Journal of Oral and Maxillofacial Implants 1987;2:101-8. Sahin S. Çehreli M. C. Yalçin E. The influence of fuctional forces on the biomechanics of implant-supported prostheses – a review. Journal of Dentistry 2002;30:271-82. Temas em Debate Reposição unitária na região anterior da maxila: fatores prognósticos x estética em tecidos duros e moles Procedimento requer técnica e planejamento. Veja a orientação de dois especialistas no assunto. Paulo Fukashi Yamaguti Doutor em Reabilitação Oral pela USP/Bauru [email protected] O advento dos implantes dentários possibilitou novos planejamentos protéticos que começaram pelos desdentados totais e chegaram aos parcialmente desdentados. Nestes casos, um dos maiores desafios é a reposição de um elemento dentário perdido na maxila anterior. A dificuldade é preparar ou manter o local que vai receber o implante com o mesmo volume ósseo e quantidade de tecido mole dos dentes adjacentes. Alguns pontos devem ser observados criteriosamente para manter a estabilidade da margem gengival e da papila interproximal ao redor da prótese sobreimplante, como o biotipo gengival, a quantidade óssea e a presença de mucosa ceratinizada. O protocolo convencional recomendava primeiro a extração do dente e instalar o implante depois de dois meses, mas corre-se o risco de perder o volume vestibular. Por isso, na ausência de uma infecção no alvéolo, é interessante o enxerto ósseo para manutenção do volume do rebordo. Havendo uma perda óssea de mais de 2 mm ao redor do dente a ser extraído e/ou houver uma espessura menor que 6 mm, é indicada a reconstrução do rebordo com enxerto ósseo primeiro. O mesmo se aplica quando a perda do dente ocorreu há algum tempo. Caso contrário, somente a obtenção de volume com enxerto de tecido conjuntivo pode ser insuficiente para manter estável a altura da papila interproximal e da margem gengival. A colocação imediata do implante após a extração pode ser realizada desde que haja estabilidade primária, biotipo gengival espesso, integridade da tábua óssea vestibular do dente extraído e do osso interproximal dos dentes adjacentes. Se o biotipo gengival for fino, é recomendável a realização de enxerto ósseo simultaneamente ao implante para manutenção do volume ósseo. Nos procedimentos que realizamos de enxerto ósseo, é interessante associar o enxerto de tecido conjuntivo nas fases da instalação e/ou reabertura do implante, desde que haja mucosa ceratinizada no local. Dentro da Implantodontia estética, estas são algumas informações como um meio para realizar procedimentos mais previsíveis e satisfazer as expectativas do cliente. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):123-4 123 Julio Cesar Joly Mestre e doutor em Periodontia pela FOP-Unicamp [email protected] A excelência estética nas reabilitações implantossuportadas unitárias, principalmente na região anterior da maxila, deve associar aspectos da restauração propriamente dita, da zona de transição e das características dos tecidos moles adjacentes, de tal maneira que se assemelhem aos dentes naturais adjacentes. A perda do elemento dental resulta inevitavelmente na remodelação óssea do alvéolo que reflete clinicamente na alteração volumétrica do rebordo após o período de cicatrização. Vários fatores influenciam na extensão da remodelação óssea e na contração tecidual, interferindo diretamente na sequência do tratamento e no tipo de abordagem cirúrgica. Entretanto, é necessário definir se é possível a colocação do implante na posição ideal, apesar da perda tecidual existente. Se a resposta for positiva, a decisão direciona para a abordagem simultânea; caso contrário, a reconstrução óssea, antes da instalação dos implantes, representa a opção terapêutica mais previsível. Mediante a presença de dentes condenados ainda presentes, precisamos avaliar criteriosamente alguns fatores, como a causa da perda dental, a quantidade e a qualidade do remanescente ósseo, a altura dos picos ósseos proximais dos dentes adjacentes, a altura da margem gengival, o posicionamento das papilas e o biotipo tecidual, para definirmos qual o melhor momento para a instalação dos implantes. A indicação dos implantes imediatos depende de um planejamento individualizado e criterioso, que analise todos os fatores relacionados ao risco estético. Quando pensamos nos benefícios dos implantes imediatos, devemos interpretar aspectos operacionais e biológicos. Sem dúvida, a redução do tempo de tratamento e a supressão de um procedimento cirúrgico, são vantagens reais, mas que não devem suplantar o risco de complicações quando nos defrontamos com situações limítrofes, associadas, por exemplo, à presença de defeitos ósseos extensos, recessões gengivais profundas e infecções ativas. Os procedimentos reconstrutivos simultâneos, utilizando técnicas regenerativas (tecido duro) e plásticas (tecido mole), são extremamente frequentes e se aplicam ao tratamento de rebordos em diferentes estágios de cicatrização (imediato, precoce ou tardio). As técnicas regenerativas utilizando enxerto ósseo e/ou barreiras são realizadas quando ocorre fenestração ou deiscência óssea durante a instalação do implante. Já as técnicas plásticas, utilizando retalhos ou enxertos, são realizadas para aumentar a espessura dos tecidos moles e corrigir o contorno do rebordo quando o volume ósseo for adequado. A presença do osso subjacente é essencial na estabilidade da mucosa peri-implantar, por isso os procedimentos regenerativos são tão importantes. Entretanto, essas manobras não promovem o aumento do volume tecidual. Tem sido sistematicamente reconhecido que implantes associados à biotipos considerados finos apresentam maior frequência e magnitude de recessão da mucosa peri-implantar. O emprego do enxerto de tecido conjuntivo associado à implantação é sugerido para aumento das dimensões gengivais e diminuição da ocorrência de recessão da mucosa peri-implantar. Além disso, o enxerto de tecido conjuntivo pode favorecer o restabelecimento do contorno do rebordo e a criação de um perfil de emergência mais natural e harmônico para a restauração definitiva. Ainda não existem evidências científicas que atestem a necessidade de utilização do enxerto de conjuntivo simultaneamente à instalação dos implantes; entretanto, evidências clínicas apontam que o aumento de tecido mole deve ser considerado para a obtenção de resultados estéticos satisfatórios. Em suma, o enxerto de tecido conjuntivo simultaneamente à implantação é frequentemente utilizado para favorecer a harmonia do contorno tecidual, podendo ser suprimido em casos de biotipo espesso com adequado contorno. 124 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):123-4 Fotos: Mikio Okamoto INP - O despertar de uma nova grande empresa Máquinas operatrizes de alta performance. 126 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):126-31 Fases de controle de qualidade. Caderno Mercado Científico In - INP O Depois de passar anos fornecendo para um grupo restrito de clientes, o INP finalmente decidiu entrar na briga por uma fatia maior do mercado. Só resta saber se a empresa acordou a tempo de retomar seu espaço e encarar os gigantes da Implantodontia nacional. Se depender de fôlego e de experiência, o INP está no páreo. Por Adilson Fuzo Sala limpa. s últimos meses foram de muita correria no bairro do Sacomã, em São Paulo, onde está a sede do Sistema de Implantes Nacionais e Próteses - INP. Novas contratações, obras de expansão em andamento, reorganização dos departamentos, novas estratégias de comunicação, reestruturação da linha de produção e mais uma série de modificações estão em curso em passo acelerado. O motivo de tanta pressa é um só: o INP finalmente acordou e não tem nem um minuto a mais a perder se quiser mesmo entrar na disputa por uma fatia maior do mercado. Até bem pouco tempo, os proprietários Pedro Velasco e Nillo Stival praticamente não investiam na divulgação dos produtos do INP para o mercado. A produção da fábrica sempre foi absorvida por um grupo extremamente fiel de implantodontistas, quase todos ex-alunos do Centro de Excelência Técnica em Odontologia (CETO), pertencente a Velasco. Depois de passar anos colhendo os frutos de um sistema de implantes que praticamente se vendia sozinho, os sócios perceberam que seus concorrentes estavam se profissionalizando e se aprimorando. Para que o INP não ficasse para trás e continuasse oferecendo produtos de ponta, era preciso ser mais ousado, surpreender os clientes e expandir sua atuação no mercado. Para liderar um processo de mudança tão grande, Velasco e Stival decidiram profissionalizar a gestão do INP e contrataram José Roberto Zalli Neto, um experiente administrador que fez carreira em multinacionais da área automobilística e de autopeças. “A gente tinha uma estrutura familiar. O Nillo entende do chão de fábrica, de máquina, de usinagem. Eu entendo da parte clínica. A empresa ia bem, mas a parte administrativa sempre foi falha”, reconheceu Velasco. “É por isso que fomos atrás do Zalli, que além de tudo é um amigo nosso há muitos anos”. Saindo da concha Segundo Zalli, a transformação pela qual o INP vem passando é essencial para que o crescimento aconteça de maneira estruturada. “O trabalho começou há mais ou menos oito meses, quando fizemos um mapeamento da empresa e, em seguida, traçamos um plano estratégico bastante agressivo para os próximos dois anos”, relatou Zalli, explicando que isso implicará na criação de novos produtos, novos processos e novas tecnologias. “O objetivo do INP é estar entre os melhores – ou ser o melhor. Nosso plano é agressivo, mas garanto que é plenamente exequível”. Obviamente, não se coloca em execução um plano audacioso como esse só com boas ideias. É preciso dinheiro. Nesse aspecto, porém, os sócios parecem estar fazendo sua parte. “Estamos investindo em todas as áreas e realmente fazendo a coisa como deve ser feita”, revelou Stival, que explicou também que parte dos recursos foi aplicado na informatização de toda a indústria, desde os controles do chão de fábrica até o estoque, passando pelas áreas de qualidade, logística etc. Apesar do prazo de dois anos para que o INP alcance suas metas ser considerado curto em termos empresariais, segundo Zalli, o mercado não precisará esperar tanto para ver as novidades. A expectativa é que ainda em janeiro, quando acontecerá o Congresso Internacional REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):126-31 127 Diagnóstico por imagens no CETO. Setor de Cerãmica do Lab3D. de Odontologia de São Paulo (Ciosp), o público possa ter uma clara demonstração do que vem pela frente. “O Ciosp 2010 vai ser um divisor de águas, porque mostrará a nova cara do INP, a nova linha de produtos, as novas tecnologias agregadas e o novo sistema de compras e distribuição”. Centro cirúrgico do Hospital da Face. Zalli não é a única cara nova no INP. Ao todo, seis pessoas foram contratadas para cargos gerenciais durante o processo de readequação e profissionalização da empresa. Neste pacote, a chegada de um novo gerente comercial, Ederson Marques Pereira, terá um papel estratégico na grande virada que a fabricante tanto almeja. Caberá a ele e à sua equipe a tarefa de criar a nova base de clientes que viabilizará o projeto economicamente. E para conquistar mais adeptos para o Sistema INP de implantes, uma das estratégias é justamente tirar a empresa de dentro de sua concha e mostrar tudo que ela sempre foi capaz de fazer, mas nunca teve a preocupação de divulgar. “O INP esteve hibernando durante todos esses anos”, explica Pereira. “Eu mesmo me surpreendi quando cheguei aqui pela primeira vez, porque apesar de o INP ser uma empresa bem conceituada, eu não imaginava que ela era tão grande e tinha tanto potencial”. Segundo ele, a divulgação dos próximos lançamentos da empresa será a primeira demonstração do que a INP pretende fazer nesta nova fase. “Assim como aconteceu comigo, o mercado também vai se surpreender quando descobrir o que estamos preparando”. A revolução no processo de usinagem Um dos trunfos do INP, que certamente serão explorados nesta sua nova jornada para conquistar o mercado, é o sistema Bravo de usinagem de coppings por tecnologia CAD-CAM. O equipamento foi apresentado recentemente na Expolabo e surpreendeu muita gente. Trata-se de uma solução exclusiva da empresa no Brasil que automatiza o trabalho que é feito manualmente nos laboratórios, garantindo mais precisão e rapidez na confecção dos coppings. Nos próximos meses, a empresa planeja não só expandir a capacidade produtiva do sistema Bravo, como também complementá-lo com um novo equipamento de prototipagem rápida, que dispõe de uma complexidade tecnológica ainda mais avançada. 128 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):126-31 Mercado In - INP INP nasceu na lacuna dos componentes protéticos Assim como muitos fabricantes brasileiros de implantes, o surgimento do INP se deu espontaneamente, sem que houvesse planejamento prévio, a partir da falta de componentes para sistemas estrangeiros. No início da década de 1990, quando a Implantodontia ainda dava seus primeiros passos no Brasil, Pedro Velasco fazia suas primeiras cirurgias. Diante das opções que existiam na época, ele optou por fazer alguns testes com um sistema de implantes importado denominado TF. Depois de alguns meses, Velasco percebeu que estava com um sério problema nas mãos. Apesar do sucesso cirúrgico na colocação dos implantes, ele não conseguia fixar as próteses porque as conexões do sistema TF disponíveis no mercado eram inadequadas. Preocupado com o futuro dos seus pacientes e frustrado depois de tantas tentativas, Velasco comentou o caso em tom de desabafo com o seu cunhado, Nillo Stival, que é engenheiro e estava em fase de transição profissional. Percebendo que poderia ajudar, Stival pediu um modelo detalhado das peças que eram necessárias e um pedaço de titânio, que foi providenciado por Velasco. Poucas horas depois de receber o material, Stival entregava as conecções que Velasco tanto precisava. Dias mais tarde, o que era um favor entre cunhados acabou se transformando em sociedade. O grupo de fundadores do INP se completou com a chegada de José Tadeu Tesseroli Siqueira, que dispunha de equipamentos para a esterilização dos componentes. Prevendo que outros implantodontistas brasileiros passariam pelas mesmas dificuldades que Velasco enfrentou, o trio fez uma parceria para vender seus componentes com a Odontex, a mesma empresa que comercializava os implantes TF no Brasil. Tempos depois, o INP criou o seu próprio sistema, que já passou por diversos aperfeiçoamentos. Há alguns anos, Siqueira deixou a sociedade para se dedicar a outros projetos. No entanto, ele já está de volta e assumiu o Comitê de Pesquisa Científica do INP. Unha e carne Mercado internacional A parceria da companhia com o CETO sempre rendeu ótimos resultados, já que os mais de 2 mil alunos que passaram pela instituição sempre foram os maiores e mais fiéis consumidores de tudo que foi produzido pelo INP desde 1993, quando ele foi criado. Naturalmente, a empresa não pretende abrir mão dessa valiosa contribuição, mas já está adotando uma nova política de investimento em marketing e em ações de comunicação com o mercado. A parceria unha e carne entre o INP e as empresas do Grupo Velasco, aliás, não para por aí. Além do próprio CETO, que hoje é coordenado por Rogério Gonçalves Velasco, existe uma simbiose muito grande também com o trabalho desenvolvido na Clínica Velasco, onde Pedro pode se dedicar a seus pacientes e dispõe do ambiente ideal para o aprimoramento do Sistema INP. Foi graças a essa intensa dedicação à clínica e ao desenvolvimento de aplicações para as mais diversas situações, que o portfólio de produtos do INP cresceu tanto e hoje é um dos mais completos do mercado. Entre os negócios do Grupo Velasco também se destaca o trabalho desenvolvido no Hospital da Face, coordenado por Leandro Gonçalves Velasco, no laboratório de prótese Lab3D e na central de usinagem Cubo. Cada uma das empresas complementa e contribui para a atividade da outra, formando um grande círculo virtuoso de negócios no qual o INP está inserido. Vale mencionar ainda o trabalho em caráter filantrópico da associação Vem Ser, destinado aos indivíduos com necessidades especiais. Confirmando a nova tendência dos fabricantes nacionais de implantes, o INP também está de olho nos consumidores europeus e americanos. “Além de disputar o mercado interno numa condição de liderança, queremos também participar do mercado internacional, a exemplo do que estão fazendo nossos concorrentes. O INP já tem tecnologia e qualidade para isso. Podemos atingir esse objetivo sem grandes esforços”, comentou Zalli. A empresa sabe que para entrar no tão cobiçado mercado internacional é preciso, antes de qualquer coisa, fazer o dever de casa, ou seja, obedecer aos requisitos de qualidade mínimos exigidos na Europa e nos EUA. É por isso mesmo que o INP já está em processo para a obtenção das certificações FDA (Food and Drugs Administration) e CE Mark, que abrirão definitivamente as portas do mercado exterior para a companhia. Outras duas certificações nacionais também devem ser conferidas à empresa nas próximas semanas: a ISO 9001/2009 e a ISO 13485. Para obter todas essas certificações, a empresa precisou, evidentemente, realizar uma série de ajustes e adequações. Todas essas mudanças somadas ao pacote de inovações e aprimoramentos promovidos por Zalli está agitando os dias do INP no bairro do Sacomã. Se tudo sair conforme o planejado, em breve, os mercados nacional e internacional de implantes terão um novo gigante na sua disputa. É esperar para ver. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):126-31 129 Mercado In Colgate Sensitive Pró-Alívio combate a sensibilidade dentinária A Colgate-Palmolive apresentou no final do ano passado o creme dental Colgate® Sensitive Pro-Alívio™, que utiliza tecnologia exclusiva para oferecer alívio instantâneo e duradouro da sensibilidade dentinária, comprovado clinicamente. Trata-se da tecnologia ProArgin™, que fecha efetivamente os canais que chegam aos nervos sensíveis dos dentes, bloqueando assim a transmissão de calor, frio, ar e pressão que estimulam os receptores da dor dentro dos dentes. A sensibilidade nos dentes é um problema oral que afeta até 57% dos consumidores em todo o mundo. O ar frio, uma bebida quente ou uma sobremesa doce pode provocar a dor aguda da sensibilidade. Como líder global em cuidado oral, a Colgate-Palmolive oferece soluções que abordam sérios problemas orais, ajudando a melhorar a saúde oral e o bem-estar dos consumidores em todo o mundo. Assim, o lançamento do creme dental Colgate® Sensitive Pro-Alívio™ estende a liderança tecnológica da Colgate-Palmolive para o segmento dos cremes dentais para dentes sensíveis. Além disso, a Colgate Palmolive do Brasil produzirá a tecnologia para todos os países do mundo, onde o creme dental Colgate® Sensitive Pro-Alívio™ será comercializado. Para mais informações sobre o creme dental Colgate® Sensitive Pro-Alívio™, visite o site www.colgatesensitiveproalivio.com.br Nobel firma parceria com a Ivoclar Vivadent A Nobel Biocare assinou um acordo de parceria com a Ivoclar Vivadent, fabricante de materiais odontomédico hospitalares e laboratorial, como parte do recém-criado Programa de Parceiros Preferenciais. A colaboração com Ivoclar Vivadent oferecerá a Nobel Biocare acesso adicional à cerâmica de alta performance, acrílico e materiais protéticos, permitindo assim à empresa expandir seu portfólio em soluções de restauração e próteses. A parceria inclui também o desenvolvimento de novos materiais, articulação de programas de educação e formação e atividades comerciais. Outras informações no site www.nobelbiocare.com.br Geistlich Bio-Oss® e Geistlich Bio-Gide® chegam ao mercado nacional A Geistlich Pharma do Brasil, líder mundial em materiais para regeneração tecidual em Odontologia, inaugura sua filial no Brasil, disponibilizando assim para o mercado nacional seus produtos Geistlich Bio-Oss® e Geistlich Bio-Gide®. O Geistlich Bio-Oss® é um produto de alto padrão em regeneração óssea. Com 24 anos no mercado, e a colaboração de mais de 100 universidades, o Geistlich Bio-Oss® foi testado e desenvolvido para as mais variadas indicações em cirurgias odontológicas de regeneração tecidual. A matriz inorgânica de Geistlich Bio-Oss® tem como função principal combinar uma excelente osseointegração com volume de preservação tecidual essencial para o sucesso de um implante. O Geistlich Bio-Oss® também pode ser usado substituindo enxertos autógenos, com a vantagem de suas propriedades biofuncionais compensarem a reabsorção óssea. Mais de 600 trabalhos científicos independentes já foram publicados com Geistlich Bio-Oss®. Além do Geistlich Bio-Oss®, a Geistlich Pharma também traz para o Brasil sua membrana de colágeno para regeneração tecidual: a Geistlich Bio-Gide®. Seu sucesso está baseado em uma estrutura natural com dupla camada que contribui para uma excelente integração tecidual, enquanto mantém uma barreira funcional suficiente para a regeneração dos tecidos. Esses dados são confirmados em dez anos de uso clínico em mais de dois milhões de pacientes. Informações no site http://www.geistlich.com.br/ REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):126-31 131 Divulgados os vencedores de “Um sorriso, uma vida” Concurso contou com a participação de 64 cirurgiões-dentistas, que apresentaram suas histórias de sucesso na recuperação da saúde bucal dos pacientes A valorização da Odontologia do dia a dia e o trabalho do cirurgião-dentista na recuperação da saúde bucal e na autoestima das pessoas foi o principal objetivo do Concurso “Um sorriso, uma vida, promovido pela revista PerioNews, publicação voltada para periodontistas e cariologistas de todo o Brasil, no período de setembro a novembro de 2009. Mais de 60 cirurgiões-dentistas enviaram seus casos e histórias de reabilitação do sorriso e da qualidade de vida dos pacientes. Destes, foram selecionados 20 casos e premiados os cinco primeiros, avaliados pela comissão julgadora composta pelos cirurgiões-dentistas Fábio Bibancos, Paulo Kano, Rodrigo Bueno de Moraes e Sérgio J. Jayme; pela jornalista Jaqueline Falcão, editora de Saúde do Diário de São Paulo; e pelo fotógrafo Dudu Medeiros, especialista em Estética Dental. O Concurso contou com o apoio da Sobrape – Sociedade Brasileira de Periodontologia e da Abross – Academia Brasileira de Osseointegração, e patrocínio exclusivo do Laboratório Daudt de Oliveira. Todos os casos estão expostos na Galeria do Sorriso no site da PerioNews (www.perionews.com.br/concurso), onde podem ser visualizados. Os cinco primeiros colocados Conheça os cirurgiões-dentistas vencedores do concurso “Um Sorriso, uma Vida”: 1o lugar Chrys Morett Carvalho de Freitas “Percebemos que um sorriso agradável contagia o ambiente e envolve aqueles que nos rodeiam. A busca por um sorriso agradável levou uma jovem de 26 anos de idade à clínica privada. No exame inicial a cliente apresentava o dente 11 escurecido e um diastema entre o 12 e o 11, além de queixar-se de seus dentes serem pequenos. Foi realizada uma plastia gengival guiada por enceramento diagnóstico e, posteriormente, laminados cerâmicos (IPS DSign) do 13 ao 23, proporcionando dominância e equilibro ao seu sorriso. A felicidade foi tanta que ao final do tratamento foi criado um slogan para a minha clinica: Dr. você tem a arte de transformar sorrisos.” Antes Depois 132 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):132-5 Concurso 2o lugar Rodrigo da Costa Seabra Antes Depois “Este caso é muito significativo para mim. Trata-se de uma aluna de graduação que desde o quinto período se queixava comigo de ter um sorriso muito gengival e que a proporção dos dentes não lhe agradava, principalmente dos centrais e dos laterais. Sendo uma mulher muito bonita, sua exigência com os dentes ficou ainda maior depois de cursar a Disciplina de Periodontia e aprender os fundamentos estéticos do sorriso. Radiografamos, planejamos e aguardamos o melhor momento para operá-la. Foi quando ela voltou a ser minha aluna ao final do curso, e um mês antes do seu casamento que fizemos a cirurgia de aumento de coroa estético de molar a molar superiores. O resultado foi excelente. Obtivemos uma proporção estética extremamente agradável das linhas labiais e do tamanho e das proporções dos dentes. O complemento foi dado com o clareamento. A foto final demonstra toda a felicidade da paciente com o momento vivido e seu novo sorriso estampado!” 3o lugar Sandro Mendes de Souza “Paciente LAD, 27 anos, queixando-se da estética devido às retrações gengivais severas. Foi realizado preparo prévio da paciente (raspagem e alisamento radicular) e, posteriormente, realizamos a cirurgia de enxerto de tecido conjuntivo subepitelial combinado com a Técnica dos Arcos do professor doutor Eduardo Saba-Chujfi. A fotografia final foi realizada dez meses após o procedimento.” Antes Depois 4o lugar Débora Moura Antes “Paciente jovem, de 24 anos, achava seu sorriso infantil e sem vida. Foi planejado na estética vermelha: plástica gengival com osteoplastia, com o propósito de melhorar o contorno gengival, afilar papilas e aumentar os dentes anteriores, amenizando seu ‘sorriso gengival´. Na estética branca: facetas em porcelana pura confeccionadas com o principio da policromia. Paciente feliz com o resultado ao final de três meses.” Depois REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):132-5 133 5o lugar Wilker Morett “O que fazer para tratar o sorriso gengival? Facetas? Plástica gengival? Os dois? Cada um tem a sua indicação! Mas e quando esses procedimentos não são indicados para determinados pacientes? Podemos usar o polimetilmetacrilato para fazer uma barreira a livre ação do músculo levantador do orbicular dos lábios, conseguindo um resultado esplêndido, permanente e seguro. O implante de polimetilmetacrilato é algo fabuloso na correção do sorriso gengival, propicia o resultado imediato e sem cirurgia. Satisfação garantida.” Antes Depois 5o lugar Fernanda Belotti “O prazer de poder contribuir! Esta moça foi trabalhar em minha casa. Pouco falava, tinha muitas depressões, 27 anos, viúva com cinco filhos pequenos, ou seja, nunca sobrava nada para ela: nem tempo nem dinheiro. Não tinha vida, não saia de casa com vergonha dos dentes. Após ter seu sorriso reconstruído se tornou literalmente outra pessoa. Virou uma jovem simpática, falante e sorridente. Quando acabei meu trabalho minha alegria foi ver o brilho nos seus olhos!” Antes Depois Veja os outros 14 casos selecionados Confira o antes e o depois dos 14 casos selecionados: Thomaz Pessoa Antes 134 Tatiana Thier de Borba Depois REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):132-5 Antes Depois Concurso Vânia Barbosa Coutinho Antes Alfredo Schnetzler Neto Depois Viviene Santana Barbosa Antes Depois Depois Ítalo José Vitorino Netto Antes Depois Renata Bossoi Moreira Costa Regiane dos Santos / Cleverson de Oliveira e Silva e Fabiano Carlos Marson Antes Antes Antes Depois Andréa Ferraz de Campo Antes Depois Evelyn Rezende Depois Antes Depois Maria Helena Cabral de Oliveira Eduardo Cláudio Lopes de Chaves e Mello Dias Antes Antes Depois Jefferson Ricardo Pereira Antes Depois Diego Zimmermann Reis Depois Antes Depois REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):132-5 135 Caderno A Vez dosCientífico Editores Sugestões de leitura Sob a coordenação do professor doutor Paulo Rossetti, editor científico da revista, a coluna A Vez dos Editores traz comentários de artigos publicados em revistas, livros e sites de pesquisas. Confira as indicações de leitura dos nossos editores para esta edição. A fonte? Bisphosphonate administration prior to tooth extraction delays initial healing of the extraction socket in rats Hikita H, Miyazawa K, Tabuchi M, Kimura M, Goto S. J Bone Miner Metab 2009;27:663-72. O assunto? A polêmica entre o uso de bisfosfonatos e a osteoradionecrose óssea. Os grupos? Ratos onde o alendronato foi injetado antes da extração óssea (grupo experimental). Os resultados? Através da microtomografia de raios-X foi possível observar que a nova formação óssea foi retardada no grupo com alendronato, relativo ao grupo controle, nos primeiros sete dias de cicatrização. Um aumento subsequente mostrou que a reabsorção óssea nos ratos com BP foi inibida. Este atraso na cicatrização inicial pode explicar a osteonecrose observada em alguns pacientes com câncer que são tratados com bisfosfonatos. Onde posso encontrar estudos nesta linha? Bisphosphonate, extraction socket, Bronj, microfocus X-ray CT (µCT), rat. A fonte? Clinical outcome of submerged vs. non-submerged implants placed in fresh extraction sockets Cordaro L, Torsello F, Roccuzzo M. Clin Oral Implants Res 2009;20:1307-13. O assunto? Qual é o comportamento clínico dos implantes submersos e não submersos colocados em situações de extração imediata? Os grupos? Estudo clínico randomizado. Trinta pacientes, sendo 15 no grupo submerso (exposto após oito semanas). Todos os implantes receberam coroas provisórias após 12 semanas da primeira cirurgia e restauração definitiva após mais 12 meses. Os resultados? A quantidade de tecido queratinizado foi significativamente reduzida no grupo com implantes submersos. Em ambos os grupos, 1 mm de recessão no tecido mole pode ser apreciada após um ano quando comparada à situação pré-extração. Onde posso encontrar estudos nesta linha? Dental implants, extraction socket, immediate implants, non-submerged, submergd. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):139-40 139 A fonte? Immediate loading with single implant crowns: a systematic review and metaanalysis Atleh MA, Atleh AH, Payne AGT, Duncan WJ. Int J Prosthodont 2009;22:378-87. O assunto? Seria confiável fazer carga imediata em dentes na zona estética? Os grupos? Os resultados? Onde posso encontrar estudos nesta linha? Immediate loading, single crowns, systematic review. A fonte? Early loading of nonsubmerged titanium implants with a chemically modified sandblasted and acid-etched surface: 6-month results of a prospective case series in the posterior mandible focusing on peri-implant crestal bone changes and implant stability quotient (ISQ) values Bornstein MM, Hart CN, Halbritter AS, Morton D, Buser D. Clin Implant Dent Relat Res 2009;11:338-47. O assunto? Verificar o desempenho clínico dos implantes SLA com superfície modificada, inseridos após três semanas de cicatrização (carregamento precoce). Os grupos? Cinquenta e seis implantes, região mandibular posterior (densidade óssea tipos I ao III). Os pacientes foram acompanhados após quatro, sete, 12 e 26 semanas para monitorações clínica e radiográfica, incluindo-se os valores de estabilidade. Os resultados? Todos os implantes foram considerados osseointegrados após seis meses. Os valores de ISQ aumentaram lentamente (74 a 83). O método ISQ parece confiável para monitorar a estabilidade dos implantes durante o período de cicatrização inicial. Onde posso encontrar estudos nesta linha? Chemically modified surface, clinical trial, dental implants, early-loading protocol, implant stability quotient (ISQ). A fonte? A restoratively driven ridge categorization, as determined by incorporating ideal restorative positions on radiographic templates utilizing computed tomography scan analysis Elian N, Ehrlich B, Jalbout Z, Cho S, Froum S, Tarnow D. Clin Implant Dent Relat Res 2009;11:272-8. O assunto? Os grupos? 140 Revisão sistemática da literatura disponível. Dos 105 estudos iniciais, apenas cinco com 248 implantes foram avaliados. O carregamento imediato de coroas unitárias possui alto risco de falha dos implantes. Proposta de uma classificação para reabsorção horizontal dos rebordos com base em tomogragfias computadorizadas, simulando a posição dos implantes. Tomografias computadorizadas em corte transversal utilizando-se um implante fictício de paredes paralelas com 3,25 mm de diâmetro. Os resultados? Os rebordos foram classificados em cinco grupos: I. Pelo menos 2 mm de osso vestibular (19,4%); 2. Implante completamente envolto pelo osso, com menos de 2 mm de osso vestibular (10,49%); 3. Deiscências, sem a presença de fenestrações (33,3%); 4. Fenestrações sem presença de deiscências (6,39%); e 5. Deiscência e fenestração (30,6%}. Esta classificação indica que muitas regiões anteriores da maxila necessitam de aumento para se obter a posição ideal do implante. Onde posso encontrar estudos nesta linha? Scan, implant placement, ridge categorization, ridge defect, ridge deficiency. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):139-40 Personagem O mestre não abandona seus aprendizes Nicolau Cury já avisou: não pretende se aposentar tão cedo. O fundador do Laboratório Nicolau quer continuar ensinando a seus aprendizes os segredos da prótese laboratorial. Por Adilson Fuzo roupas e toda sua coragem e partiu sozinho para enfrentar a capital, onde teve a oportunidade de se aprimorar em diferentes laboratórios, entre eles, o Vitallium. Quem diria que ele chegaria tão longe? Depois de tantos anos de luta, Nicolau pode dizer que é um homem que alcançou tudo o que tem por seus próprios méritos. “Rico eu não estou, porque nesta profissão ninguém enriquece”, avisa ele, “mas eu já tenho condições para me aposentar”. E por que Nicolau não se aposenta? O laboratório conta hoje com funcionários bem preparados para assegurar a qualidade das encomendas. Além disso, os filhos Eduardo Cury e Danilo Cury, que ajudam na administração do laboratório, poderiam muito bem conduzir os negócios da família. Fotos: Mikio Okamoto S ão 82 anos de idade, 69 como protético e 59 à frente do laboratório que projetou nacionalmente seu nome. A trajetória de Nicolau José Cury se mistura com a própria história da prótese nos últimos anos, já que o Laboratório Nicolau sempre acompanhou de perto as transformações tecnológicas que a Odontologia sofreu nos últimos anos. Deve ser difícil para os jovens implantodontistas de hoje, por exemplo, imaginar como eram feitos os primeiros implantes no Brasil – e suas respectivas próteses – nas décadas de 1960 e 1970, muito antes dos osseointegrados dominarem o mundo. Pois Cury foi não só o responsável pela confecção de muitas dessas próteses – as primeiras sobreimplante –, como também trabalhou anteriormente diretamente na confecção de próteses justaósseas. “O cirurgião-dentista nos dava um modelo do osso e a gente fazia uma armação em vitálio que seria colocada durante a cirurgia”, lembra Nicolau. “Poucos Nicolau Cury (acima). Seus filhos Danilo e eram os que se atreviam a Eduardo (ao lado). fazer esse tipo de cirurgia. A maioria achava que implantes eram uma loucura”. Passado o tempo dos justaósseos, laminados, agulhados e parafusados, lá estava Nicolau mais uma vez ajudando a história a se desenrolar. Seu laboratório fez as próteses sobreimplante para os primeiros branemarkistas brasileiros na década de 1980. Difícil também é ver o Laboratório Nicolau de hoje, com tantos funcionários, ocupando um espaço amplo, cercado de tecnologia, e imaginar tudo o que se passou desde que Cury, aos 32 anos, alugou sua primeira salinha na Rua Sete de Abril, em São Paulo, com apenas 15 m2. “Escolhi aquele ponto porque percebi que aquela área da Rua Marconi, da Rua Barão de Itapetininga e da Rua Sete de Abril, era onde estavam os melhores médicos e dentistas”. Antes de realizar o sonho de abrir o próprio negócio, porém, Nicolau trabalhou muito como empregado até aprender os detalhes do ofício de protético dentário. As primeiras lições vieram aos 13 anos, quando vivia ainda no interior paulista, na cidade de Botucatu, onde aprendeu a fazer suas primeiras próteses com Rubens Konishi. Aos 17 anos, juntou suas Nicolau costuma dizer que a cadeira de seu escritório é como uma “cadeira elétrica”, porque ele passa o dia todo resolvendo problemas. Em meio a toda essa correria, o que mais lhe dá prazer é quando ele vê seus aprendizes evoluindo, com as mãos cada vez mais firmes e os olhos mais aguçados. “Esse é um dos motivos que me fazem continuar trabalhando. Me dá muita alegria ver esses rapazes que começaram como offices-boys se desenvolvendo, aprendendo uma profissão. Cada vez que eu percebo que um deles aprendeu uma coisa nova, eu vibro de felicidade”, revela Nicolau emocionado, explicando que alguns desses jovens chegam ao seu laboratório sem perspectivas de desenvolver uma carreira. “É isso que me dá satisfação e me impede de aposentar. É um compromisso que tenho comigo mesmo para ser útil para a sociedade”, conclui. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):143 143 2010 é o ano do aprimoramento profissional A programação de cursos da ImplantNews oferecerá atualização científica e clínica aos implantodontistas ao longo do ano. Neste ano, a revista ImplantNews programou uma série de cursos, no contexto da reabilitação oral com implantes, para serem ministrados por todo o Brasil com os melhores mestres da especialidades. Trata-se do Circuito Nacional ImplantNews de Excelência em Implantodontia – Série Mistura Fina, cujo primeiro curso acontecerá em março, em Florianópolis (SC), no Hotel Jurerê IL Campanário. Para esse encontro foram confirmadas as presenças dos seguintes ministradores nacionais: Ricardo Magini, que falará sobre Manipulação tecidual: otimização da saúde e es- tética; André Zétola, que abordará a Reconstrução óssea para maximização da estética na Implantodontia; José Cícero Dinato, que discutirá O uso de planejamentos cirúrgico e protético: tradicional ou virtual?; e Ronaldo Hirata, que mostrará A interface da Implantodontia e a Odontologia Estética Restauradora: planejamento reverso. Ainda para este ano, a Série Mistura Fina deverá seguir, em maio, para Campo Grande (MS) e São José do Rio Preto (SP); em agosto, para a cidade de Porto Alegre (RS); em outubro, para o Rio de Janeiro (RJ); e em novembro para Fortaleza (CE). Mais informações e adesões: Departamento de Eventos VMCom, pelo telefone (11) 2168-3400. Vem aí o III BIM em Brasília De 22 a 24 de julho próximos o Centro de Eventos Brasil 21, em Brasília, abrigará mais de 700 profissionais das regiões que compreendem o planalto central brasileiro para o 3i III Brazil International Meeting (BIM). É um importante evento promovido pela Biomet3i, e que promete ser referência em Implantodontia para os melhores especialistas daquela região. Centrado no tema Prática clínica baseada em tecnologia avançada, o encontro contará com a participação de pesquisadores e especialistas internacionais e nacionais, alinhados com técnicas avançadas viabilizadas por sistemas de alta performance. As atividades estão divididas em cursos internacionais e nacionais, workshops interativos, colóquio científico com professores estrangeiros, tradução simultânea, hospedagem em hotéis do próprio Centro de Convenções e Exposição Promocional com 18 empresas selecionadas. Segundo Hiron Andreaza, presidente do III BIM, a Biomet 3i, preocupada com a qualidade das informações, montou uma programação científica com os melhores ministradores mundiais da atualidade. “Eles abordarão os temas mais importantes da atualidade, voltados para aplicabilidade clinica”, informa. Durante o BIM os cirurgiões-dentistas participantes terão a oportunidade de participar de um curso de imersão total de um dia com o maior nome da Implantodontia mundial da atualidade: Denis Tarnow, que abordará os Avanços, inovações e tecnologia em reabilitação oral com implantes. Além deste, outros ministradores internacionais estarão presentes, como Steve Wallace (EUA), profissional com o 144 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):144-8 maior número de trabalhos publicados na literatura sobre enxertos em seios maxilares; Tiziano Testori (Itália), que possui vários trabalhos publicados na literatura sobre seu tema e fará uma apresentação sobre carga imediata, mostrando como e quando aplicá-la, baseado em evidências científicas; e José L. Calvo (Espanha), que dispõe de vários trabalhos publicados e mostrará excelentes resultados obtidos na prótese sobreimplante. Vale destacar, também, a presença dos brasileiros Hugo Nary Filho, hoje um dos maiores expoentes da Implantodontia mundial, que fará uma apresentação baseada em resultados clínicos, mostrando como obter estética em Implantodontia, e Luiz Narciso Baratieri, maior nome da Odontologia brasileira, reconhecido internacionalmente, que fará uma abordagem sobre excelência estética em Odontologia restauradora. Informações e adesões: Departamento de Eventos VMCom pelo telefone (11) 2168-3400 ou pelo e-mail: [email protected] Eventos Abross 2010: grande destaque De 17 a 19 de julho deste ano, os profissionais da Odontologia estarão reunidos no Anhembi, em São Paulo, em um importante encontro que discutirá A Implantodontia clínica baseada em evidência científica. O evento faz parte do Abross 2010 – IX Encontro Internacional da Academia Brasileira de Osseointegração, que volta neste ano com força total ao cenário odontológico para promover esse grande acontecimento internacional. De acordo com André Zétola, presidente do evento, o encontro terá qualidade acima da média, para um público estimado em 1.000 especialistas do Brasil e de países vizinhos. As atividades estão divididas em mesas-redondas, conferências nacionais e internacionais, workshops de Tecnologia Aplicada (ciclo de eventos ministrados por con- sultores de empresas) e painéis científicos. Na oportunidade serão debatidos temas como Implantodontia hoje: tendências, protocolos cirúrgico-protéticos e novas tecnologias; Prótese sobreimplante: do planejamento à tecnologia CAD/CAM; Complicações cirúrgicas e protéticas; Alternativas de tratamento para mandíbula posterior atrófica; Reabilitação de maxila atrófica; e Platform Switching: evolução da estética (conceito, técnicas cirúrgicas, aspectos clínicos e histológicos, estéticas). Haverá ainda palestras de curta duração no Plantão de Dúvidas, um espaço de informação para todos os participantes, sobretudo para aqueles que desejam discutir alguma dificuldade clínico protética específica ou ainda esclarecer dúvidas sobre determinados temas. Painéis científicos e prêmios Exposição Promocional A produção científica e clínica dos cirurgiões-dentistas também será promovida e valorizada no Abross 2010. Durante o evento serão expostos painéis científicos e clínicos que estarão concorrendo ao Prêmio de Incentivo à Pesquisa Abross 2010. Os três melhores trabalhos, de cada categoria, receberão certificado especial e terão o trabalho publicado, na íntegra, em edições futuras da revista ImplantNews. Mais Informações e regulamento encontram-se no site www.implantnews.com.br/abross2010. As inscrições vão até 10 de maio e podem ser feitas pelo site. Se preferir ligue para o tel.: (11) 2168-3400 e fale com Cláudia, ou ainda envie um e-mail para eventos.claudia@vmcom. com.br . Paralela ao evento e integrada aos auditórios do Anhembi, acontecerá a Exposição Promocional de Tecnologia e Serviços para Implantodontia do Abross 2010. Na ocasião, as empresas irão expor as últimas novidades em produtos e serviços para procedimentos avançados em reabilitação oral com implantes, oferecendo aos interessados na melhor prática da Implantodontia, uma excelente oportunidade de fazer negócios. As empresas que já confirmaram participação são: Baumer • Biomet3i • Conexão • Dabi Atlante • Dentsply • Globtek • I C E • Implac • Implacil DeBortoli • INP • Intra-Lock System • Komet • Labordental • Nacional Ossos • Neodent • Nobel Biocare • P-I Brånemark Philosophy • Quasar • Signo Vinces • SIN • Straumann Brasil • Titanium Fix • Tri Hawk • VK Driller • Welfare • Wilcos. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):144-8 145 Abross 2010 - Mesas-redondas temáticas As mesas-redondas internacional e nacional do Abross 2010 discutirão temas polêmicos, possibilitando interatividade com o público. Confira quem são os ministradores já confirmados: Internacional Nacional • Jay Malmquist (EUA) • Eric Rompen (Bélgica) • Paul Weigl (Alemanha) • Adriano Piatelli (Itália) • Sascha Jovanovic (EUA) • Ady Palti (Alemanha) • Barry P. Levin (EUA) • Renzo Casellini (EUA) • Rodrigo Neiva (EUA) • Paulo Coelho (EUA) • Fred Bergmann (Alemanha) • Scott Ganz (EUA) • Jack T. Krauser (EUA) • Dario Adolfi (Brasil) • José Cícero Dinato • Laércio W. Vasconcelos • Hugo Nary Filho • Sérgio J. Jayme • Jamil Awad Shibli • Waldemar D. Polido • André Zétola • Mario Groisman • Carlos dos Reis P. Araújo • Elcio Marcantonio Jr. Conferências Especiais: O Ciclo de Conferências Especiais do Abross 2010 reunirá um grupo interessante de especialistas, cujas pesquisas vão ser para os participantes um momento importante para conhecer novas tecnologias e suas aplicações. Saiba quem são os ministradores dessas conferências já confirmados: • Abílio Ricciardi Coppedê • Adilson Torreão • Alfredo Mikail Mello Mesquita • Angelo Menuci Neto • Arthur Belém Novaes-Jr • Carlos E. Francischone • César Augusto Arita • Elias Naim Kassis • Elton Zenóbio • Glécio Vaz de Campos • Guaracilei Maciel Vidigal Jr. • Israel Chilvarquer • Jan Peter Ilg • José Flávio R. Torezan • José Geraldo Malaguti • José Nazareno Gil • Júlio Cezar Sá Ferreira • Marcelo Melo Soares • Marco Aurélio Bianchini • Maurício Barreto • Oswaldo Scopin de Andrade • Ronald Farhat Cardoso • Samy Tunchel • Sascha Jovanovic Inscrições e outras informações: Departamento de Eventos VMCom, pelo tel. (11) 2168-3400 ou pelo e-mail: [email protected] Imersão total com Francischone e Arita Os profissionais com interesse em Prótese e Estética Sobreimplantes poderão aprofundar seus conhecimentos nestas áreas no Curso de Imersão Total, que Carlos Eduardo Francischone e César Arita irão ministrar no dia 27 de fevereiro próximo, no teatro APCD, em São Paulo. Juntos pela primeira vez em um curso, os professores abordarão desde planejamento até as mais recentes técnicas em estética sobreimplantes. O curso será dividido em dois módulos. No primeiro, Módulo A, Francischone falará sobre Estética e função da Osseointegração: atual visão, no período das 8h30 às 12h30. Carlos Eduardo Francischone é professor titular de Dentística da Faculdade de Odontologia de Bauru Carlos Eduardo Francischone. – USP, professor titular de Implantologia da USC/Bauru e coordenador dos cursos de Doutorado e Mestrado em Implantologia da USC/Bauru. No Módulo B, que acontecerá no horário das 14 às 18 horas, Arita apresentará Oclusão em reabilitação oral com implantes. César Arita é mestre e doutor em Reabilitação Oral – USP, especialista em Prótese Dentária e em Desordem César Arita. Temporomandibular e Dor Orofacial, e coordenador do curso de especialização em Dentística – EAP-Aorp. Para assinantes ImplantNews / PerioNews e sócios da APCD, a taxa de inscrição é de R$ 80,00. Demais profissionais pagam R$ 120,00. Informações e inscrições com Daiane pelo telefone (11) 2168-3400 ou pelo e-mail [email protected] 146 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):144-8 Metodologia Científica Metodologia Científica: trabalhos de publicação - Parte II tema, com abordagem epidemiológica (números); 3. Ainda, as soluções que existem no mercado e a problemática associada; 4. Finalmente é colocado o objetivo; e 5. hipótese testada (nula ou experimental). Vamos dar um exemplo fictício Os passos iniciais para a formatação já foram dados. Agora, o mais sensato é revisar o que foi escrito durante a pesquisa (para isto existe o diário do pesquisador...). Bons artigos são caracterizados pela objetividade. Mas existem artigos 100% corretos do ponto de vista científico? Não, eles são apenas 95%. Os outros 5%, apesar de não conseguirem ser verdades absolutas, também não desmerecem o trabalho. Por melhor que seja o Qualis ou o Fator de Impacto de um periódico, sempre existirá alguém que detecte uma “falha” (os famosos “flaws” em inglês) que passou despercebida. Façam uma experiência: releiam trabalhos publicados há dez anos. Quantas incongruências não existem? Isto é parte do processo científico, porque as evidências são renovadas à medida que os instrumentos de mensuração e novos medicamentos ou técnicas são desenvolvidos. O que caracteriza uma boa Introdução de um trabalho científico? A introdução funciona como uma retrospectiva (background) histórica. Podemos dividi-la em cinco partes básicas: 1. Geralmente a primeira frase da introdução expõe o problema (é quase o título do artigo); 2. Depois, são feitas considerações sobre o O uso dos bifosfonatos tem despertado interesse muito grande na comunidade odontológica em função dos problemas ocorridos. Estima-se que só nos EUA, atualmente, 5 milhões de pessoas entre 50-75 anos sejam usuárias em virtude das sequelas decorrentes de... Existem dois modos de aplicação: endovenosa e intraoral. Na literatura odontológica, alguns autores têm relatado casos de osteoradionecrose pela ingestão de bifosfonato via oral (1,2,4,6,8,4,13). Na Implantodontia, o uso destes bifosfonatos tem gerado taxa de sobrevivência menor para os implantes (entre 80% - 89%) (2,14,25). Como solução, pede-se aos pacientes que fiquem pelo menos três meses sem usar o medicamento antes da cirurgia. Mesmo assim, as taxas globais não são conhecidas e medidas urgentes são necessárias... O objetivo deste estudo é comparar o uso de bifosfonatos via oral e endovenosa na taxa de sobrevivência dos implantes osseointegrados. A hipótese nula testada foi de não existir diferença na taxa de sobrevivência entre os implantes quando da administração intraoral ou endovenosa dos bifosfonatos. A introdução, embora importante, costuma abranger no máximo uma página do trabalho científico. Aqui, valem a objetividade e o poder de síntese do pesquisador. Até a próxima coluna! Os editores REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):151 151 Normas de Publicação Como enviar seus trabalhos Os trabalhos enviados que não seguirem rigorosamente as Normas de Publicação serão devolvidos automaticamente. A revista ImplantNews adota em suas normas de publicação o estilo de Vancouver (Sistema Numérico de Citação), visando à padronização universal de expressões científicas nos trabalhos publicados. Importante: 1. Envie seu trabalho apenas pelo correio, em envelope com: • CD, identificado com etiqueta, contendo o texto gravado nos formatos DOC ou RTF (Word for Windows ou editores de texto compatíveis), e as imagens (se houver) nos formatos JPG ou TIF, em alta resolução (300 dpi). Atenção: apenas o texto do trabalho deve estar no formato DOC (Word ). Em hipótese nenhuma, as imagens devem estar contidas em um arquivo DOC ou PPT (PowerPoint). Em caso de Apresentação A Nota Prévia deverá conter: título em português e inglês, nome(s) e titulação do(s) autor(es), resumo/abstract, unitermos/key words, introdução e/ou proposição, material e métodos, discussão, conclusão e referências bibliográficas. O autor deverá enviar o Termo de Cessão de Direitos Autorais de acordo com o item 2.7.1. Para a publicação deverão ser observados os itens das “Normas de Publicação”. Limites: texto com, no máximo, 5.000 caracteres (com espaços), 3 imagens com legendas concisas, uma tabela pequena e 5 referências bibliográficas. Revisão/edição: os trabalhos serão revisados pelo editor científico e um parecerista do Conselho Científico, especialista na área do artigo. O editor se reserva o direito de editar os trabalhos para melhorar a clareza e compreensão dos leitores. NORMAS DE PUBLICAÇÃO 1. OBJETIVO A revista ImplantNews, de periodicidade bimestral, destina-se à publicação de trabalhos inéditos de pesquisa aplicada, bem como artigos de atualização, relatos de casos clínicos e revisão de literatura na área de Implantodontia e de especialidades multidisciplinares que a envolvam. 2. NORMAS 2.1. Os trabalhos enviados para publicação devem ser inéditos, não sendo permitida a sua apresentação simultânea em outro periódico. 2.2. Os trabalhos deverão ser enviados exclusivamente via correio, gravados em CD, em formato DOC ou RTF (Word for Windows), acompanhados de uma cópia em papel, com informações para contato (endereço, telefone e e-mail do autor responsável). 2.2.1. O CD deve estar com a identificação do autor responsável, em sua face não gravável, com etiqueta ou caneta retroprojetor (própria para escrever na superfície do CD). dúvida, entre em contato com a redação pelo telefone (11) 2168-3400. • impressos completos do trabalho enviado, do Termo de Cessão de Direitos Autorais, assinado, e do Termo de Consentimento do Paciente, se for o caso. 2. Os trabalhos devem conter, imprescindivelmente, todos os dados para contato com o autor principal (endereço, telefones e e-mails). 3. Todos os trabalhos enviados devem respeitar os limites máximos de tamanho de texto e quantidade de imagens/figuras. Antes de postar, confira se o trabalho está de acordo com esses limites no item 3, Apresentação, das Normas de Publicação. 4. Dados para envio dos trabalhos: Para ImplantNews Att. Ana Lúcia Zanini Luz Editora-Assistente – Caderno Científico Rua Gandavo, 70 – Vila Clementino 04023-000 – São Paulo – SP ATENÇÃO: Para envio de Notas Prévias, indique por fora do envelope “Seção Nota Prévia”. NOTAS PRÉVIAS Aderência às Normas de Publicação: trabalhos não preparados de acordo com as normas serão devolvidos aos autores antes do processo de revisão. Introdução: resumir o princípio e o propósito do estudo, fornecendo apenas as referências pertinentes. Mostre claramente a hipótese testada. Material e métodos: apresente detalhes suficientes para permitir a confirmação das observações. Métodos publicados deverão ser referenciados e discutidos brevemente, à menos que hajam modificações. Indique os métodos estatísticos, quando aplicável. Resultados: apresente em ordem sequencial no texto, tabela e ilustrações. Não repita no texto todos os dados das tabelas e ilustrações; enfatize apenas observações importantes. Discussão: enfatize os aspectos novos e importantes e as conclusões que se seguem. Não repita em detalhes dados ou outro material fornecido na Introdução ou nos Resultados. Compare suas observações com outros estudos relevantes; aponte as implicações e limitações. Conclusão: faça de forma a reforçar ou refutar a hipótese. Agradecimentos: pessoas com contribuições substanciais ao trabalho. Especifique patrocinadores, agências de fomento (citando número do processo). Inclua uma declaração se existe ou não interesse ou vínculo comercial dos autores com o trabalho. Referências bibliográficas: siga rigorosamente as normas de citação numérica Vancouver; as referências são de inteira responsabilidade dos autores. 2.3. O material enviado, uma vez publicado o trabalho, não será devolvido. 2.4. A revista ImplantNews reserva todos os direitos autorais do trabalho publicado. 2.5. A revista ImplantNews receberá para publicação trabalhos redigidos em português. 2.6. A revista ImplantNews submeterá os originais à apreciação do Conselho Científico, que decidirá sobre a sua aceitação. Os nomes dos relatores/avaliadores permanecerão em sigilo e estes não terão ciência dos autores do trabalho analisado. 2.7. O trabalho deverá ser entregue juntamente com o Termo de Cessão de Direitos Autorais, assinado pelo(s) autor(es) ou pelo autor responsável. 2.7.1. Modelo de Termo de Cessão de Direitos Autorais [Local e data] Eu (nós), [nome(s) do(s) autor(es)], autor(es) do trabalho intitulado [título do trabalho], o qual submeto(emos) à apreciação da revista ImplantNews para nela ser publicado, declaro(amos) concordar, por meio deste suficiente instrumento, que os direitos autorais referentes ao citado trabalho tornem-se propriedade exclusiva da revista ImplantNews a partir da data de sua submissão, sendo vedada qualquer reprodução, total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação de qualquer natureza, sem que a prévia e necessária autorização seja solicitada e obtida junto à revista ImplantNews. No caso de não-aceitação para publicação, essa cessão de direitos autorais será automaticamente revogada após a devolução definitiva do citado trabalho, mediante o recebimento, por parte do autor, de ofício específico para esse fim. [Data/assinatura(s)] 2.8. As informações contidas nos trabalhos enviados são de responsabilidade única e exclusiva de seus autores. 2.9. Os trabalhos desenvolvidos em instituições oficiais de ensino e/ou pesquisa deverão conter no texto referências à aprovação pelo Comitê de Ética. 2.10. Os trabalhos que se referirem a relato de caso clínico com identificação do paciente deverão conter o Termo de Consentimento do Paciente, assinado por este. 3. APRESENTAÇÃO 3.1. Estrutura REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):153-4 153 3.1.1. Trabalhos científicos (pesquisas, artigos e teses) – Deverão conter título em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou revisão da literatura, proposição, material(ais) e método(s), resultados, discussão, conclusão, título em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos em inglês (key words) e referências bibliográficas. Limites: texto com, no máximo, 35.000 caracteres (com espaços), 4 tabelas ou quadros, 4 gráficos e 16 figuras/imagens. 3.1.2. Revisão da literatura – Deverão conter título em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou proposição, revisão da literatura, discussão, conclusão, título em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos em inglês (key words) e referências bibliográficas. Limites: texto com, no máximo, 25.000 caracteres (com espaços), 10 páginas de texto, 4 tabelas ou quadros, 4 gráficos e 16 figuras. 3.1.3. Relato de caso(s) clínico(s) – Deverão conter título em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou proposição, relato do(s) caso(s) clínico(s), discussão, conclusão, título em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos em inglês (key words) e referências bibliográficas. Limites: texto com, no máximo, 18.000 caracteres (com espaços), 2 tabelas ou quadros, 2 gráficos e 32 figuras. 3.2. Formatação de página: a. Margens superior e inferior: 2,5 cm b. Margens esquerda e direita: 3 cm c. Tamanho do papel: carta d. Alinhamento do texto: justificado e. Recuo especial da primeira linha dos parágrafos: 1,25 cm f. Espaçamento entre linhas: 1,5 linhas g. Controle de linhas órfãs/viúvas: desabilitado h. As páginas devem ser numeradas 3.3. Formatação de texto: a. Tipo de fonte: times new roman b. Tamanho da fonte: 12 c. Título em português: máximo de 90 caracteres d. Titulação do(s) autor(es): citar até 2 títulos principais e. Resumos em português e inglês: máximo de 250 palavras cada f. Unitermos e key words: máximo de cinco. Consultar Descritores em Ciências da Saúde – Bireme (www.bireme.br/decs/) 3.4 Citações de referências bibliográficas a. No texto, seguir o Sistema Numérico de Citação, no qual somente os números índices das referências, na forma sobrescrita, são indicados no texto. b. Números seqüenciais devem ser separados por hífen (ex.: 4-5); números aleatórios devem ser separados por vírgula (ex.: 7, 12, 21). c. Não citar os nomes dos autores e o ano de publicação. Exemplos: Errado: “Bergstrom J, Preber H2 (1994)...” Correto: “Vários autores1,5,8 avaliaram que a saúde geral e local do paciente é necessária para o sucesso do tratamento”; “Outros autores1-3 concordam...” 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 4.1. Quantidade máxima de 30 referências bibliográficas por trabalho. 4.2. A exatidão das referências bibliográficas é de responsabilidade única e exclusiva dos autores. 4.3. A apresentação das referências bibliográficas deve seguir 154 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(1):153-4 a normatização do estilo Vancouver, conforme orientações fornecidas pelo International Committee of Medical Journal Editors (www.icmje.org) no “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals”. 4.4. Os títulos de periódicos devem ser abreviados de acordo com o “List of Journals Indexed in Index Medicus” (www.nlm. nih.gov/tsd/serials/lji.html) e impressos sem negrito, itálico ou grifo/sublinhado. 4.5. As referências devem ser numeradas em ordem de entrada no texto pelos sobrenomes dos autores, que devem ser seguidos pelos seus prenomes abreviados, sem ponto ou vírgula. A vírgula só deve ser usada entre os nomes dos diferentes autores. Incluir ano, volume, número (fascículo) e páginas do artigo logo após o título do periódico. Exemplo: “1. Lorato DC. Influence of a composite resin restoration on the gengival. Prosthet Dent 1992;28:402-4. 2. Bergstrom J, Preber H. Tobaco use as a risk factor. J Periodontal 1994;65:545-50. 3. Meyer DH, Fives-Taylor PM. Oral pathogens: from dental plaque to cardiace disease. Cure opin microbial; 1998:88-95.” 4.5.1. Nas publicações com até seis autores, citam-se todos. 4.5.2. Nas publicações com sete ou mais autores, citam-se os seis primeiros e, em seguida, a expressão latina et al. 4.6. Deve-se evitar a citação de comunicações pessoais, trabalhos em andamento e os não publicados; caso seja estritamente necessária sua citação, as informações não devem ser incluídas na lista de referências, mas citadas em notas de rodapé. 4.7. Exemplos 4.7.1. Livro: Brånemark P-I, Hansson BO, Adell R, Breine U, Lindstrom J, Hallen O, et al. Osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw. Experience form a 10-year period. Scan J Plastic Rec Surg 1977;16:1-13. 4.7.2. Capítulo de livro: Baron, R. Mechanics and regulation on ostoclastic boné resorption. In: Norton, LA, Burstone CJ. The biology of tooth movement. Florida: CRC, 1989. p 269-73. 4.7.3. Editor(es) ou compilador(es) como autor(es): Brånemark P-I, Oliveira MF, editors. Craniofacial prostheses: anaplastology and osseointegration. Illinois: Quintessence;1997. 4.7.4. Organização ou sociedade como autor: Clinical Research Associates. Glass ionomer-resin: state of art. Clin Res Assoc Newsletter 1993;17:1-2. 4.7.5. Artigo de periódico: Diacov NL, Sá JR. Absenteísmo odontológico. Rev Odont Unesp 1988;17(1/2):183-9. 4.7.6. Artigo sem indicação de autor: Fracture strenght of human teeth with cavity preparations. J Prosth Dent 1980;43(4):419-22. 4.7.7. Resumo: Steet TC. Marginal adaptation of composite restoration with and without flowable liner [resumo] J Dent Res 2000;79:1002. 4.7.8. Artigo citado por outros autores apud: Sognnaes RF. A behavioral courses in dental school. J Dent Educ 1977;41:735-37 apud Dent Abstr 1978;23(8):408-9. 4.7.9. Dissertação e tese: Molina SMG. Avaliação do desenvolvimento físico de préescolares de Piracicaba, SP. [Tese de Doutorado]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas;1997. 4.7.10. Trabalho apresentado em evento: Buser D. Estética em implantes de um ponto de vista cirúrgico. In: 3º Congresso Internacional de Osseointegração: 2002; APCD - São Paulo. Anais. São Paulo: EVM; 2002. p 18. 4.7.11. Artigo em periódico on-line/internet: Tanriverdi et al. Na in vitro test model for investigation of desinfection of dentinal tubules infected whith enterococcus faecalis. Braz Dent J 1997,8(2):67- 72. [Online] Available from Internet <http://www.forp.usp.br/bdj/t0182.html>. [cited 30-6-1998]. ISSN 0103-6440. 5. TABELAS OU QUADROS 5.1. Devem constar sob as denominações “Tabela” ou “Quadro” no arquivo eletrônico e ser numerados em algarismos arábicos. 5.2. A legenda deve acompanhar a tabela ou o quadro e ser posicionada abaixo destes ou indicada de forma clara e objetiva no texto ou em documento anexo. 5.3. Devem ser auto-explicativos e, obrigatoriamente, citados no corpo do texto na ordem de sua numeração. 5.4. Sinais ou siglas apresentados devem estar traduzidos em nota colocada abaixo do corpo da tabela/quadro ou em sua legenda. 6. FIGURAS/IMAGENS 6.1. Devem constar sob a denominação “Figura” e ser numeradas com algarismos arábicos. 6.2. A(s) legenda(s) deve(m) ser fornecida(s) em arquivo ou folha impressa à parte. 6.3. Devem, obrigatoriamente, ser citadas no corpo do texto na ordem de sua numeração. 6.4. Sinais ou siglas devem estar traduzidos em sua legenda. 6.5. Na apresentação de imagens e texto, deve-se evitar o uso de iniciais, nome e número de registro de pacientes. O paciente não poderá ser identificado ou estar reconhecível em fotografias, a menos que expresse por escrito o seu consentimento, o qual deve acompanhar o trabalho enviado. 6.6. Devem possuir boa qualidade técnica e artística, utilizando o recurso de resolução máxima do equipamento/câmera fotográfica. 6.7. Devem ser enviadas gravadas em CD, com resolução mínima de 300dpi, nos formatos TIF ou JPG e largura mínima de 10 cm. 6.8. Não devem, em hipótese alguma, ser enviadas incorporadas a arquivos de programas de apresentação (PowerPoint), editores de texto (Word for Windows) ou planilhas eletrônicas (Excel). 7. GRÁFICOS 7.1. Devem constar sob a denominação “Gráfico”, numerados com algarismos arábicos e fornecidos, preferencialmente, em arquivo à parte, com largura mínima de 10 cm. 7.2. A legenda deve acompanhar o gráfico e ser posicionada abaixo deste. 7.3. Devem ser, obrigatoriamente, citados no corpo do texto, na ordem de sua numeração. 7.4. Sinais ou siglas apresentados devem estar traduzidos em sua legenda. 7.5. As grandezas demonstradas na forma de barra, setor, curva ou outra forma gráfica devem vir acompanhadas dos respectivos valores numéricos para permitir sua reprodução com precisão.