Effect ofgrease`s step in the process oftanning ofrabbit`s skins.

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Effect ofgrease`s step in the process oftanning ofrabbit`s skins.
Acta Tecnológica, Vol. 8, N° 2 (2013), 8 - 11
Acta Tecnológica
http://portaldeperiodicos.ifma.edu.br/
Efeito da etapa de engraxe no processo de curtimento das peles de coelhos.
Marcellie do Prado1 , Maria Luiza Rodrigues de Souza Franco2, Cláudia Mari Uchimura3 , Emilia Dorta de Souza4, Adriana
Cristina Bordignon1 , Alex Paulino Justen4, Stefania Caroline Claudino da Silva1 e Ana Paula Del Vesco5
RESUMO
O objetivo deste experimento foi conhecer o efeito da etapa de engraxe sobre as características de resistência dos
couros de coelhos. Vinte peles de coelhos foram curtidas com sais de cromo e separadas em 2 lotes. O lote 1 seguiu
normalmente as etapas de recurtimento (2% tanino sintético + 2% vegetal), tingimento, engraxe (6% óleos), secagem,
amaciamento e acabamento, e o lote 2 seguiu de maneira invertida, sendo: engraxe (6% óleos), recurtimento (2% tanino
sintético + 2% vegetal), tingimento, secagem, amaciamento e acabamento. Foram retirados os corpos-de-prova e
determinadas as espessuras dos couros. Embora não tenha havido diferenças estaticamente significativa entre os tratamentos,
a técnica normal (T1) apresentou maior espessura (0,97 mm), resistência à tração (10,54 N/mm2) e alongamento (59,56%).
T2 apresentou maior resistência ao rasgamento progressivo (25,84 N/mm). Em relação ao sentido de retirada do corpo de
prova, sentido transversal apresentou maior espessura e resistência ao rasgamento progressivo, enquanto o sentido
longitudinal apresentou maior resistência à tração e alongamento. Desta forma, pode-se concluir que a técnica de engraxe
(antes ou após o recurtimento) não interfere na resistência dos couros de coelhos.
Termos para indexação: couro de coelho, óleos, resistência.
Effect ofgrease’s step in the process oftanning ofrabbit’s skins.
ABSTRACT
The objective of this experiment was to know the effect of grease’s step on the characteristics of resistance of rabbit’s
leathers. Twenty rabbit’s skins were tanned with chrome salts and separate in 2 x'lots. The lot 1 followed normally the steps
of retanning (2% synthetic tannin + 2% vegetable), dyeing, grease (6% oils), dryness, softening and finishing, and lot 2
followed in inverted way, being: grease (6% oils), retanning (2% synthetic tanning + 2% vegetable), dyeing, drying,
softening and finishing. Were removed as well the body-of-tests and determined the leather’s thickness. Although there was
no statistically significant differences between treatments, the normal technique (T1) presented higher thickness (0. 97 mm),
traction resistance (10. 54 N/mm2) and elongation (59. 56%). T2 presented higher resistance to progressive tearing (25. 84
N/mm). When analyzed the leather’s directions (longitudinal and transversal), transversal direction presented bigger
thickness and resistance to progressive tearing, while longitudinal direction presented bigger traction resistance and
elongation. Thus, we can conclude that the technique of grease (before or after the retanning) does not interfere in the
resistance ofthe leathers ofrabbits.
Index terms: oils, rabbit’s leather, resistance.
Mestrandas em Zootecnia pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Maringá. Av. Colombo, 5.790. Maringá - Paraná – Brasil. CEP
87020-900. E-mail: [email protected].
2 Professora do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá. Av. Colombo, 5.790. Maringá - Paraná – Brasil. CEP 87020-900.
3 Médica Veterinária.
4 Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá. Av. Colombo, 5.790. Maringá - Paraná – Brasil. CEP 87020-900.
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PRADO et al. , Acta Tecnológica, Vol. 8, N° 2 (2013)
NOTA TÉCNICA
Das criações voltadas para a produção de carne, a
cunicultura vem tendo destaque em alguns países, visto que
o coelho apresenta grande capacidade de produção de carne
de alta qualidade e outros produtos de elevado valor
agregado num curto espaço de tempo (Souza, 2007).
Segundo Oliveira et al. (2012), além da carne, o coelho
oferece vários subprodutos, como a pele para a indústria de
confecções; o couro para indústria de artefatos ou então
para produção de gelatina; os pêlos para fabricação de
feltro, etc.
Entre os subprodutos tem-se a pele do coelho que
pode ser beneficiado para se obter, após um processo de
curtimento, um couro macio, flexível e belo. A sua beleza
se dá pelo desenho de flor observado na superfície da pele.
O desenho de flor é uma composição formada pelas
aberturas dos folículos pilosos e poros, dando uma
característica própria e definida para cada tipo de pele, e
conseqüentemente ao couro (Menda, 2012; Hoinacki,
1989).
A aceitação e aplicação do couro de coelho em
vestuários e artefatos em geral deverá ser grande, já que
este apresenta um desenho de flor único e delicado, bem
como um couro fino e extremamente suave ao toque.
Atualmente essa pele esta sendo desperdiçada, porém, com
a viabilidade do processamento dessas peles, pode haver
agregação de valor à atividade.
A determinação da resistência dos couros é de
significativa importância, pois dessa forma é possível
definir o direcionamento dessa matéria prima para
confecção dos diferentes produtos. Para cada tipo de
produto deve ser produzido couro com características
diferentes, ou seja, couros mais finos, com maior
elasticidade para aplicação na confecção de vestuários e
couros mais espessos e com menos elasticidade e maciez
para calçados. Enfim, com aplicações de diferentes
técnicas de curtimento torna-se possível a obtenção de
couros com as diversas características, necessitando
conhecer a qualidade desses couros para sua devida
utilização (Nussbaum, 2002).
De acordo com Souza (2004), a etapa de engraxe
é considerada importante no processamento, pois as
características físico-mecânicas do couro são modificadas,
aumentando a resistência ao rasgamento, a maciez e a
elasticidade. A maciez é possível porque as fibras
colágenas do couro ficam envolvidas pela solução do
engraxe, funcionando como um lubrificante, evitando a
aglutinação dessas fibras, posteriormente. Em
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consequência do efeito lubrificante, o atrito entre as fibras e
fibrilas individuais diminui e proporciona ao couro, maciez,
flexibilidade e toque suave.
Sendo assim, foi realizado este experimento para
conhecer o efeito da etapa de engraxe sobre as
características de resistência dos couros de coelhos.
O experimento foi realizado no Laboratório de
Processamento de Peles de Peixes e demais Espécies de
Pequeno e Médio Porte, pertencente à Universidade
Estadual de Maringá, localizado na Fazenda Experimental
de Iguatemi (FEI). Foram utilizadas peles de 40 coelhos da
raça Nova Zelândia Branco, abatidos com 70 dias de idade,
provenientes da FEI. As peles foram congeladas até o
momento do processamento.
Para o processamento, as peles foram inicialmente
descongeladas e em seguida submetidas às etapas de
descarne, remolho, caleiro (3% cal e 3% sulfeto de sódio),
desencalagem, purga, desengraxe, piquel, curtimento (6%
sais de cromo) e neutralização. Foram, então, distribuídas
aleatoriamente em dois tratamentos. O tratamento 1 seguiu
normalmente as etapas de recurtimento (2% tanino sintético
+ 2% vegetal), tingimento, engraxe (6% óleos), secagem,
amaciamento e acabamento, e o tratamento 2 seguiu de
maneira invertida, sendo: engraxe (6% óleos), recurtimento
(2% tanino sintético + 2% vegetal), tingimento, secagem,
amaciamento e acabamento, segunda a metodologia
recomendada por Hoinacki (1989) e Souza (2004).
Após o curtimento das peles, foram retirados os
corpos-de-prova para os testes de determinação da
resistência à tração, ao alongamento e da força de
rasgamento progressivo. Os corpos-de-prova foram retirados
da pele (ABNT – NBR 11035, 1990) com auxílio de um
balancim e em seguida foram levados para um ambiente
climatizado em torno de de 23 ± 2 ºC e umidade relativa do
ar de 50 ± 5%, por 48 horas (ABNT, 1988). Foram
determinadas as medidas de espessura de cada amostra
(ABNT – NBR 11062, 1997a) para os cálculos de resistência
à tração e alongamento (ABNT – NBR 11062, 1997b) e ao
rasgamento progressivo (ABNT – NBR 11062, 1997c). Para
os testes de resistência foi utilizado o dinamômetro da marca
EMIC, com velocidade de afastamento entre as cargas de
100±10 mm/min. Foi utilizada uma célula de carga de 200
kgf. A calibração foi realizada pela Emic-Dcame, laboratório
de calibração credenciado pela Cgcre/Inmetro sob nº 197. O
número do certificado de calibração da célula de carga do
dinamômetro é 288/08 emitida em 16 de maio de 2008.
Foram retirados corpos-de-prova, em relação à
linha dorsal do corpo do animal, no sentido longitudinal e
transversal do couro para as análises de resistência
PRADO et al. , Acta Tecnológica, Vol. 8, N° 2 (2013)
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Foi utilizado um delineamento inteiramente
casualizado, em fatorial 2x2, sendo duas técnicas (T1 =
normal; T2 = invertida) e dois sentidos do couro (S1 =
longitudinal e S2 = transversal), com vinte repetições por
tratamento. A unidade experimental foi o couro. Os
resultados dos testes físico-mecânicos foram submetidos à
análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de
Tukey (p<0,05) (SAEG, 1997).
A técnica normal (T1- recurtimento-engraxe) ou
invertida (T2- engraxe-recurtimento), não influenciou
significativamente na espessura dos couros e nos testes
físico-mecânicos (Tabela 1). Porém, T1 apresentou maior
espessura, resistência à tração e alongamento, enquanto T2
apresentou maior resistência ao rasgamento progressivo.
Quando analisados os sentidos dos couros
(longitudinal e transversal), não houve diferença estatística
significativa quanto às características avaliadas (Tabela 1).
Entretanto, o sentido transversal apresentou maior
espessura e resistência ao rasgamento progressivo,
enquanto o sentido longitudinal apresentou maior
resistência à tração e alongamento.
Souza et al. (2006), analisando os couros de carpa
prateada curtidas ao cromo, obtiveram couros com
resistência à tração de 16,96 N/mm2. Os couros de coelhos
analisados neste experimento apresentaram valores
inferiores de resistência à tração. Segundo os autores, os
couros de carpa prateada são mais resistentes à tração no
sentido longitudinal, fato também observado nos couros de
coelhos.
Com relação ao alongamento, segundo Souza et al.
(2006), o valor obtido para os couros de carpas prateadas
curtidas ao cromo foi de 51,49%. Quanto ao sentido, os
valores para alongamento foram de 48,23% e 53,74%,
respectivamente para longitudinal e transversal. Já que os
valores obtidos no presente experimento são superiores aos
relatados pelos referidos autores, pode-se inferir que, a
elasticidade dos couros de coelhos é superior à de carpa
prateada.
Segundo padrões da literatura, o couro curtido ao
cromo deve apresentar uma resistência à tração de no
mínimo 9,80 N/mm2, uma elongação até a ruptura de no
mínimo 60% e o rasgamento progressivo de 14,70 N/mm
para a confecção de vestuário (Souza & Silva, 2005). Sendo
assim, comparando-se os resultados de resistência dos
couros de coelhos aos relatados para bovinos, os couros do
T1 obtiveram valor para alongamento mais próximo ao
relatado. Para as demais características, os valores foram
superiores.
A técnica de engraxe (antes ou após o recurtimento)
não interfere na resistência dos couros de coelhos, ou seja,
não proporciona nenhuma diferença significativa entre os
valores obtidos. Sendo assim, esta etapa pode ser realizada
nos dois momentos do processamento, mantendo todas as
características de resistência dos couros de coelhos.
Tabela 1. Valores médios dos testes físico-mecânicos dos couros de
coelho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(Figura 1).
Figura 1. Retirada dos corpos-de-prova do couro do coelho, no sentido
longitudinal e transversal ao comprimento do corpo.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS
– ABNT. NBR 10455: climatização de materiais usados na
fabricação de calçados e correlatos. Rio de Janeiro, 1988. p.
1-2.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS
– ABNT. NBR 11035: corte de corpos-de-prova em couro.
Rio de Janeiro, 1990. p. 1.
Médias seguidas das mesmas letras minúsculas, nas colunas não diferem significativamente pelo
teste de Tukey (P>0,05); ns - não-significativo (P>0,05); **significativo (P<0,01).
Average values followed by same minuscule letters, in the column did not significantly differ by
the Tukey Test (P>0.05); ns - not significant (P>0.05); **significant (P<0.01).
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS
– ABNT. NBR 11041: couros – determinação da resistência
à tração e alongamento. Rio de Janeiro, 1997b. p.1-5.
PRADO et al. , Acta Tecnológica, Vol. 8, N° 2 (2013)
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS
– ABNT. NBR 11055: couro - determinação da força de
rasgamento progressivo. Rio de Janeiro, 1997c. p.1-4.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS
– ABNT. NBR 11062: determinação da espessura. Rio de
Janeiro, 1997a. p. 1.
HOINACKI, E. Peles e couros - origens, defeitos, e
industrialização. 2.ed. Porto Alegre: Henrique d`Ávila
Bertaso, 1989. 319 p.
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Conselho regional de química- IV Região, 2012.
Disponível em: < http://www.crq4.org.br/couros_e_peles>.
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basicidade diferente. Revista do Couro, Estância Velha, n.
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