Caderno de resumos
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Caderno de resumos
1 Winnicott e o futuro da psicanálise and the future of psychoanalysis XX Colóquio Winnicott Internacional 1st IWA Congress 14 a 16 de maio de 2015 May 14 to 16 2 Colóquio Winnicott Internacional (20 : 2015 : São Paulo) Winnicott e o futuro da psicanálise : [caderno de resumos e programa do] XX Colóquio Winnicott Internacional / Ariadne Moraes (Org.). – São Paulo: Sociedade Brasileira de Psicanálise Winnicottiana, 2015. 56p. ISSN 1984-9591 1. Winnicott, D. W. (Donald Woods), 1896-1971. 2. Psicanálise. I. Moraes, Ariadne Alvarenga de Rezende Engelberg de. II. Título. 21 CDD 150.195 Índice para catálogo sistemático Psicanálise 150.195 3 Apresentação As discussões atuais sobre o desenvolvimento da psicanálise têm apontado a obra de D.W.Winnicott como uma das mais importantes contribuições pós-freudianas. Winnicott é significativo não só por suas originais concepções sobre as fases mais primitivas do processo de amadurecimento humano, mas também porque, ao verificar que o modelo de Freud não se aplicava adequadamente à relação originária da criança com a mãe, ele reformulou os fundamentos da doutrina psicanalítica, colocando em questão o primado da função sexual na vida dos indivíduos e das sociedades. Em virtude disso, a sua obra passou a ser avaliada como um novo paradigma para a psicanálise, no interior do qual são reinterpretados os conceitos centrais da psicanálise tradicional (o complexo de Édipo, a depressão, a origem da moral etc.), permitindo, além disso, que sejam formulados e resolvidos novos problemas. Tudo isso faz com que Winnicott seja considerado hoje, nos meios psicanalíticos profissionais e em círculos intelectuais mais amplos, uma das figuras centrais da história da psicanálise. Examinar uma obra desse porte não poderia ser tarefa de um único evento. Por isso, a Sociedade Winnicott (SBPW), em colaboração com o Centro de Lógica da UNICAMP (CLE), vem organizando, anualmente, os Colóquios Winnicott. O XX Colóquio Winnicott Internacional ocorrerá simultaneamente com o I Congresso da International Winnicott Association (IWA), o que acentuará a importância e a projeção internacional dos Colóquios Winnicott de São Paulo. O tema do evento é “Winnicott e o futuro da psicanálise”. 4 5 Programação Quinta Feira, 14 | Thursday 13h00 cadastramento | registration 13h30 abertura | opening 14h00 mesa redonda | discussion panel Vincenzo Bonaminio: Imaginative elaboration | Elaboração imaginativa Thanassis Hatzopoulos: Psychoanalysis is no way of life, a comment on the past and the future of psychoanalysis | A psicanálise não é um modo de vida, um comentário sobre o passado e futuro da psicanálise 15h30 intervalo | coffee break 16h00 mesa redonda | discussion panel Ofra Eshel: On Winnicott’s paradigm shift: Clinical psychoanalysis at its most formative edge | Sobre a mudança paradigmática de Winnicott – A psicanálise clínica na sua ponta mais formativa Zeljko Loparic: Achievements of Winnicott’s revolution | Conquistas da revolução winnicottiana 17h30 intervalo | coffee break 19h00 mesa redonda | discussion panel Laura Dethiville: The modernity of Winnicott | A modernidade de Winnicott Margaret Boyle Spelman: Winnicott evolving and continuing | Winnicott evoluindo e continuando. Um exame das teorias implícitas de Winnicott sobre pensamento e influência 6 20h30 mesa redonda | discussion panel Maria do Rosário Belo: Entre Freud e Winnicott, diálogos com o futuro | Between Freud and Winnicott, dialogues with the future Carlos Alberto Plastino: Perspectivas para a psicanálise no século XXI | Perspectives for psychoanalysis in the XXIth century 21h30 lançamento de livros da DWW Editorial | DWW Editorial books launch Sexta-feira, 15 | Friday 09h00 mesa redonda | discussion panel Elsa Oliveira Dias: Winnicott: resistência contra o esvaziamento e a objetificação progressivos das relações pessoais | Winnicott: resistance against the progressive emptying and objectification of personal relations Alfredo Naffah Neto: O devir coletivo das redes internáuticas e da espetacularização do cotidiano – em defesa da solidão essencial e do núcleo incomunicável do self | The collective transformations of online social networks and the spectacularization of daily life – In defence of the essential solitude and of the non-communicable core of the self 10h30 intervalo | coffee break 11h00 mesa redonda | discussion panel Wagner Vidille: Mudanças e adaptações | Changes and adaptations Conceição Aparecida Serralha: A teoria do amadurecimento e as novas configurações familiares | The theory of maturation and new familiar configurations 7 12h00 sessão de comunicações | presentations session 14h30 mesa redonda | discussion panel Caroline Vasconcelos Ribeiro: A objetificação dos fenômenos humanos: um olhar à luz de Winnicott e Heidegger | The objectification of human phenomena: a perspective under the light of Winnicott and Heidegger Loris Notturni: Anthropoteleological views from Winnicott’s thought. A revolutionary contribution in philosophy | Perspectivas antropo-teleológicas extraídas do pensamento winnicottiano. Uma contribuição revolucionária na filosofia 16h00 intervalo | coffee break 16h30 mesa redonda | discussion panel Leticia Minhot: Sobre los hombros de un gigante | On the shoulders of a giant Roseana Moraes Garcia: A psicanálise winnicottiana como subsídio téorico para a formulação de políticas públicas em sáude mental e serviço social: algumas reflexões | Winnicottian psychoanalysis as a theoretical subsidy to the formulation of public policies in mental health and social work: a few thoughts 17h30 fim da sessão de sexta-feira | end of Friday session 18h00 reunião da Internacional Winnicott Association (IWA) | meeting of IWA 20h00 jantar (por adesão) | dinner 8 Sábado, 16 | Saturday 09h00 mesa redonda | live conference Zhao Chengzhi: Aggression in psychoanalytic therapy | Agressividade na terapia psicanalítica 09h30 mesa redonda | discussion panel Deborah Anna Luepnitz: Winnicott with Lacan: towards a new middle group | Winnicott com Lacan: rumo a um novo Middle Group? Patrick Guyomard: Creativity and desire | Criatividade e desejo Daniel Omar Perez: As noções de espaço entre Winnicott e Lacan | The concepts of space ‘in between’ Winnicott and Lacan 11h00 intervalo | coffee break 11h30 mesa redonda | discussion panel Roberto Kehdy: Contribuições de Winnicott para a clínica atual | Winnicott’s contributions to current clinic Maria Lucia Toledo Moraes Amiralian: Winnicott e a psicanálise extramuros | Winnicott and extra-mural psychoanalysis 12h30 - 13h00 sessão de encerramento | closure of congress 9 Conferências Alfredo Naffah Neto Psicanalista, mestre em filosofia pela USP e doutor em psicologia clínica pela PUC-SP, onde ocupa a posição de professor titular no Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica. Suas pesquisas concentram-se em duas linhas-mestras: 1) psicopatologia e técnica na psicanálise winnicottiana (comparada a outras abordagens: Ferenczi, Klein, Bion, Green etc.); 2) psicanálise e música (especialmente ópera e música popular). No consultório pratica psicanálise, psicoterapia de casal e de família. [email protected] O devir coletivo das redes internáuticas e da espetacularização do cotidiano – em defesa da solidão essencial e do núcleo incomunicável do self Essa palestra pretende, num primeiro momento, analisar criticamente o devir coletivo das redes internáticas e da espetacularização do cotidiano, por meio de uma exacerbação da comunicação humana e da auto-exposição, que vêm destruir paulatinamente as barreiras entre o privado e o coletivo, e constituir formas de hiper-socialização virtual. Em seguida, na contramão instituída pela psicanálise, pretende, apoiado em Winnicott, entrar em defesa da solidão essencial e do núcleo incomunicável do self, como garantias inquestionáveis da saúde psíquica, num nível individual e coletivo. The collective transformations of online social networks and the spectacularization of daily life – In defence of the essential solitude and of the noncommunicable core of the self As a first step, this speech analyzes critically the collective transformations of internet networks and of the spectacularization of daily life through an exacerbation of human communication and image cultivation which are gradually destroying the border between private and public, and which constitute forms of virtual hypersocialization. Then this speech intends, following counterveiling attempts established by psychoanalysis, supported by Winnicott, to advocate the idea of essential solitude and of the non-communicable core of the self, as unquestionable guarantees of individual and collective psychic health. 10 Carlos Alberto Plastino Psicanalista, professor aposentado do Instituto de Medicina Social (UERJ), professor da PUC-Rio, autor de A aventura freudiana, O primado da afetividade e Vida, criatividade e sentido no pensamento de Winnicott, bem como de numerosos artigos. [email protected] Perspectivas para a psicanálise no século XXI A obra winnicottiana tornou evidente a decisiva importância do desenvolvimento emocional primitivo para a constituição do Ser, iluminando a complexidade das necessidades do indivíduo, bem como o papel do ambiente nesse processo de constituição. Esta nova e fundamental perspectiva desloca para um momento posterior da vida emocional o protagonismo do desejo, cujo desenvolvimento tem como precondição o sucesso de constituição do indivíduo enquanto “Eu sou”. Do sucesso desse processo depende, então, a constituição do indivíduo como “pessoa total”, sua plena inserção nas relações triangulares, o protagonismo do desejo na vida emocional e a vivência do drama edipiano. O aprofundamento desta compreensão, trazida pela obra winnicottiana, certamente constituirá um contexto fundamental para o desenvolvimento da psicanálise nas próximas décadas. As consequências do aprofundamento da crise do patriarcado e do paradigma da modernidade também deverão ter notória influência nesse desenvolvimento – e isto tanto no registro da teoria quanto da prática clínica. Será particularmente relevante repensar o papel do acesso à experiência simbólica. Embora esta continue a ser essencial, não pode mais ser atribuída exclusivamente à intervenção paterna, cabendo igualmente, e na realidade de maneira inaugural, à mãe no contexto da posição depressiva. Perspectives for psychoanalysis in the XXIth century Winnicott’s work made apparent the decisive importance of primitive emotional development for the constitution of the Being, shedding light 11 on the complexity of the needs of the individual, as well as and on the role that the environment plays in that constitutional process. This new and fundamental perspective moves onto later in emotional life the protagonism of desire, for whose development previous success of the individual’s constitution as an “I am” is a precondition. Individuals’ constitution as “total persons”, their full insertion in triangular relations, the role of desire in their emotional life and how they experience the Oedipal drama depend upon the success of this process. The deepening of this understanding, brought about by Winnicott’s work, will certainly be a crucial context for the development of psychoanalysis in the coming decades. The consequences of the deepening of the crisis of patriarchy and of the paradigm of modernity will also dramatically influence that development of psychoanalysis – both its theory and its clinical practice. It will be especially relevant to rethink the role that access to symbolic experience plays. While this continues to be essential, it no longer can be attributed exclusively to paternal intervention. The mother accounts equally for it, actually playing an initial role in it in the context of the depressive position. 12 Caroline Vasconcelos Ribeiro Graduação em psicologia pela Universidade Federal de São João Del-Rei (1997), mestrado em filosofia pela Universidade Federal da Paraíba (2000) e doutorado em filosofia pela Unicamp (2008), sob a orientação do professor Dr. Zeljko Loparic. É professora titular da Universidade Estadual de Feira de Santana. carolinevasconcelos@ hotmail.com A objetificação dos fenômenos humanos: um olhar à luz de Winnicott e Heidegger No texto “A época das imagens de mundo” o filósofo Martin Heidegger nos indica que a representação científica não se reduz a uma mera apreensão do que se apresenta, ao invés, equivale a uma investigação que faz com que o ente se domestique às regras de apreensão, posto que “o ataque das regras domina”. Estas regras governam o modo como a ciência natural deve acessar os fenômenos. O que está implicado na eleição da representação científico-natural como índice hegemônico de acesso ao real é a execução do que Heidegger denomina de processo de objetificação (Vergegenständlichung). Na obra “Seminários de Zollikon”, o filósofo problematiza o tributo que as ciências dos fenômenos psíquicos pagam à lógica da pesquisa científiconatural e afirma que Freud, ao pensar o psiquismo como um aparelho regido por forças pulsionais, destina aos fenômenos humanos pretensões de objetividade afinadas às ciências da natureza. Com esse trabalho pretendemos indicar que Winnicott, ao formular a teoria do amadurecimento pessoal, não faz coro às pretensões objetificantes da ciência natural. Ao enfatizar a necessidade de prestarmos atenção aos momentos mais iniciais do desenvolvimento humano, ou seja, enfatizar a necessidade de “uma ampliação em retrospectiva da teoria psicanalítica”, Winnicott conduz nosso olhar para fases mais primitivas do amadurecimento e inaugura um modo de abordar do ser humano não ancorado, como Freud, em uma linguagem fisicalista. Para Winnicott, a psicanálise tradicional serve-se de categorias que são incapazes de descrever as trocas que se estabelecem entre um bebê e o ambiente que lhe provê cuidados, afinal, reduz sua análise ao campo das relações libidinais. Posto que não é 13 possível versar sobre o amadurecer humano munido com uma semântica que segue padrões objetificantes, Winnicott, no texto “O recém-nascido e sua mãe”, afirma: “não posso sacrificar um paciente sobre o altar da ciência”. Visamos, em nossa apresentação, indicar que Winnicott não faz coro ao imperativo naturalista que reduz o real ao objetificável e estabelece a física como a ciência emblemática. The objectification of human phenomena: a perspective under the light of Winnicott and Heidegger In the text “The Age of the World Picture”, the philosopher Martin Heidegger shows us that the scientific representation does not reduce itself to a pure appropriation of what it presents, instead, it corresponds to an investigation, which forces the being restrains to the rules of appropriation, considering that “the attack of the rules dominates”. These rules govern the manner how natural sciences shall access the phenomena. What is implied in the election of the natural scientific representation as hegemonic element of access to the real is the execution of what Heidegger denominates as process of objectification (Vergegenständlichung). In the work “Zollikon Seminars”, the philosopher questions the tribute, which the sciences of the psychic phenomena pay to the logic of natural scientific research and stresses that Freud, by thinking psychism as an machine moved by instinctive powers, attributes to the human phenomena requirements of objectivity tuned with natural sciences. With this article, we intend to show that Winnicott, by formulating a theory of personal maturing, does not agree with the objectifying requirements of the natural sciences. By emphasizing the need of paying attention to the very initial moments of human development, or in other words, emphasizing the need of “an amplification of a retrospective of the psychoanalytic theory”, Winnicott inaugurates an unanchored manner of approaching the human being, and not like Freud, by a physicalist language. For Winnicott, the traditional psychoanalysis uses categories, which are incapable to describe the changes that are being established between a baby and the environment which provides care, and after all, reduces its analysis to the field of libidinous relationships. Considering that it is not possible to speak about the human maturing provided with a semantic that follows objectifying Standards, Winnicott, in the text “The newborn and his mother”, stresses: “I cannot sacrifice a patient on the altar of science”. In our presentation, we will Show that Winnicott does not agree with the naturalistic imperative, which reduces the real to the objectifyable and establishes physics as an exemplary science. 14 Conceição Aparecida Serralha Psicóloga clínica, graduada pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com mestrado e doutorado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), sob orientação do Prof. Dr. Zeljko Loparic. Analista didata da Sociedade Winnicott (SBPW) e colaboradora do Centro Winnicott de São Paulo (CWSP) e Centro Winnicott do Triângulo Mineiro (CWTM). Professora-Adjunto da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Membro do Grupo de Pesquisa em Filosofia e Práticas Psicoterápicas (GrupoFPP) e do Grupo de Estudo e Pesquisa em Psicanálise da UFTM (GEPPSE). [email protected] A teoria do amadurecimento e as novas configurações familiares A teoria do amadurecimento, construída por Winnicott, aponta a importância da facilitação do ambiente para o desenvolvimento das tendências herdadas do indivíduo. Esse ambiente, que se amplia de acordo com as necessidades do indivíduo, é inicialmente, constituído pela mãe, apoiada pelo pai. Ao estudarmos a família, no século XXI, vemos que a configuração familiar tradicional, embora ainda dominante, tem se apresentado ao lado de outras configurações – famílias recompostas, famílias ampliadas, famílias homoparentais, famílias monoparentais, entre outras –, em que algumas, mesmo que sempre tenham existido de forma marginal em menor número, têm o prenúncio de um aumento expressivo desse número no futuro, em razão do recente reconhecimento social e jurídico. Esta conferência pretende, assim, discutir os aspectos que estas novas configurações precisam preservar em si, em meio às mudanças que as tornam novas, para viabilizarem a condição de ambiente facilitador. Por outro lado, pretende também discutir os aspectos da teoria do amadurecimento que, em sua aplicação, se abrem e contribuem para que as novas famílias se sintam potencialmente facilitadoras do amadurecimento emocional dos indivíduos em seu seio, sem mexer em seus fundamentos. The theory of maturation and new family settings The theory of maturation, built by Winnicott, points out the importance of the facilitating environment for the development of the inherited tendencies of the individual. This environment, 15 what expands according to the needs of the individual, is initially constituted by the mother, supported by the father. As we study the family in the twenty-first century, we see that the traditional family setting, although still dominant, has performed alongside other settings – recomposed families, extended families, gay families, single parents, among others – where some even that have always existed marginally fewer have the beginnings of a significant increase in this number in the future, due to the recent social and legal recognition. This conference thus aims to discuss the aspects that these new settings need to preserve itself in the midst of changes that make them new, to permit the condition of enabling environment. On the other hand, aims to discuss the aspects of the theory of maturation that, in its application, open and contribute to the new families feel potentially enabling the emotional maturity of the individuals within it, without interfering with its foundations. 16 Daniel Omar Perez Professor de filosofia na Unicamp, pesquisador PQ 1D no CNPQ com “A antropologia e o juízo prático. O ser humano como executor de operações judicativas na virtude, no direito, na história e na pedagogia de Kant”. Desenvolve projeto sobre “A constituição do sujeito a partir das relações de identificação. Uma abordagem entre a filosofia kantiana e a psicanálise freudiano-lacanaina”. Estágio de pós-doutorado (2012) na Bonn Universität (Alemanha). Estágio de pós-doutorado (2007) na Michigan State University (EEUU), onde trabalhou na antropologia pragmática de Kant e na organização do livro “Kant in Brazil” com Frederick Rauscher. Doutorado (2002) com a tese “Kant e o problema da significação” e o mestrado (1996) com a dissertação “Significação dos conceitos e solubilidade dos problemas (acerca do esquematismo transcendental na Crítica da razão pura de Immanuel Kant como procedimento de doação de sentido aos conceitos)”, ambas na Unicamp. Licenciado em filosofia (1992) na Universidade Nacional de Rosario (Argentina). Entre suas publicações podemos contar Kant e o problema da significação (ed. Champagnat, 2008); O Inconsciente: onde mora o desejo (ed. Civilização Brasileira, 2012); Ontologia sem espelhos. Ensaio sobre a realidade (ed. CRV, 2014). É membro da Sociedade Kant Brasileira. Também atua como psicanalista. [email protected] As noções de espaço entre Winnicott e Lacan A comunicação busca destacar os diferentes modos de conceber a espacialidade nas duas perspectivas da clínica psicanalítica: Winnicott e Lacan. Mostrarei que essas noções são decisivas para pensar dois modos diferentes de entender a pessoa ou o sujeito na clínica. No caso de Winnicott se trata de uma unidade, no caso de Lacan de um efeito ou posição. The notions of space ‘in between’ Winnicott and Lacan The contribution seeks to point out different modes of conceiving the spaciality in the two perspectives of clinical psychoanalysis: Winnicott and Lacan. I will show that these notions have decisive impact on thinking about two different modes of understanding the person or the subject in clinical analysis. In the case of Winnicott this is a unity, in the case of Lacan this is an effect or position. 17 Deborah Anna Luepnitz Private practice of psychoanalysis and psychotherapy since 1986. Ph.D. Clinical Psychology, State University of New York at Buffalo (1980), Master of Arts in Psychology, State University of New York at Buffalo (1976),Bachelor of Arts in Psychology, Kent State University (1973). Professional affiliations: Clinical Associate, Dept. of Psychiatry, University. of Pennsylvania School of Medicine (1992-present); Faculty IRPP (Institute for Relational Psychoanalysis of Philadelphia, 2007-present); Founder and director of IFA (Insight For All) a pro bono project connecting psychoanalysts with homeless adults (2005-present). Books published: The Family Interpreted: Psychoanalysis, Feminism, and Family Therapy - NY - Basic Books, 1988; D. Schopenhauer’s Porcupines: Intimacy and its dilemmas. NY - Basic Books, 2012. (translated into six languages, including Portuguese: Os porco-espinhos de Schopenhauer, Rio de Janeiro, ed. José Olympio, 2006). Awards in psychoanalysis:Distinguished Educator Award. IFPE (International Forum for Psychoanalytic Education) 2013; Mary Karon Humanitarian Award ISEPP (Int’l Society for Ethical Psychiatry & Psychology) 2012; Leadership award PSPP (Philadelphia Society for Psychoanalytic Psychology) 2011. [email protected] Winnicott with Lacan: towards a new Middle Group? During the second half of the 20th century, many psychoanalysts aligned themselves with either Donald Winnicott – and the British school – or with the French school of Jacques Lacan. Avoidance of the other tradition seemed almost phobic. In the past two decades, however, interest has grown in reading these two great analysts together. It has been said that Winnicott introduced the comic tradition into psychoanalysis (as demonstrated in his emphasis on play, and more generally in his meliorism). Lacan, in contrast, sustained Freud’s tragic vision (as demonstrated in teachings such as “The sexual relation does not exist” and in placing the analyst in the position of death). Lacan’s followers have been criticized for offering too little environmental provision to his patients, and ignoring counter transference, while Winnicott’s followers have been criticized for overvaluing the counter transference and ignoring the role of language in psychic life. Thus, in some ways, the theories of Winnicott and Lacan appear to be complementary and mutually limiting. The point of this paper, however, is not to suggest combining them in order to produce some new “total” theory. The purpose is to enhance teaching and practice by learning from both Winnicott, the analyst of devotion, and Lacan, the analyst of desire. Winnicott com Lacan: rumo a um novo Middle Group? Durante a segunda metade do século XX, muitos psicanalistas se alinharam, seja com Donald Winnicott – e a escola britânica –, seja 18 com Jacques Lacan – e sua escola francesa. A evitação de uma tradição em relação à outra parecia quase fóbica. Nas duas últimas décadas, entretanto, tem crescido o interesse pela leitura conjunta desses dois grandes analistas. Tem-se afirmado que Winnicott introduziu a tradição cômica na psicanálise (como indicam sua ênfase no brincar e, mais genericamente, seu “meliorismo”). Lacan, contrastivamente, sustentou a visão trágica de Freud (revelada, entre outras, pela lição “Não há relação sexual” e pelo fato de situar o analista no lugar da morte). Os seguidores de Lacan têm sido criticados por oferecerem pouca provisão ambiental a seus pacientes, além de ignorarem a contratransferência, ao passo que os seguidores de Winnicott têm sido criticados por superstimarem a contra-transferência e ignorarem o papel da linguagem na vida psíquica. Assim, em alguns aspectos, as teorias de Winnicott e Lacan revelam-se complementares e mutuamente limitadoras. A proposta desse paper, contudo, não é sugerir uma combinação das duas, a fim de produzir uma nova teoria “total”. Pretendo, antes, impulsionar o ensino e a prática aprendendo com ambos: Winnicott, o analista da devoção, e Lacan, o analista do desejo. 19 Elsa Oliveira Dias Psicanalista. Mestre em filosofia (PUC-SP) e doutora em psicologia clínica (PUC-SP), com a tese “A teoria das psicoses de D. W. Winnicott”. Membro do Grupo de Filosofia e Práticas Psicoterápicas (GFPP/Unicamp/CNPq). Membro do Conselho Científico de Natureza Humana, Revista Internacional de Filosofia e Práticas Psicoterápicas. Fundadora do Centro Winnicott de São Paulo (CWSP, 2001). Fundadora e presidente, juntamente com Zeljko Loparic, da Sociedade Winnicott (SBPW, 2005). Diretora de ensino e formação do Curso em Psicanálise Winnicottiana dessa sociedade. Vice -presidente da International Winnicott Association (IWA, 2013). Editora da revista eletrônica Winnicott e-Prints. Diretora da DWW editorial. Autora de vários artigos sobre D. W. Winnicott, sobre filosofia e psicanálise e autora dos livros A teoria do amadurecimento de D. W. Winnicott, publicado em 2003 pela Imago, e re-editado em 2ª (2012) e 3ª edições (2014) pela DWW editorial; além de Sobre a confiabilidade e outros estudos (2011) e Interpretação e manejo na clínica winnicottiana (2014), ambos pela DWW editorial. [email protected] Winnicott: resistência contra o esvaziamento e a objetificação progressivos das relações pessoais Tomando Winnicott como o mestre da relacionabilidade pessoal, segundo o qual a própria constituição do indivíduo tem início no interior da primeira das relações, ainda com o objetivo subjetivo, o artigo traça algumas linhas de reflexão sobre a possibilidade de a teoria winnicottiana funcionar como um núcleo de resistência – não só pela efetividade clínica, mas por ser particularmente fértil nas áreas de prevenção em saúde psíquica e violência social – contra a) o progressivo esvaziamento, a assustadora escassez de relacionamentos pessoais, agravada, nestas últimas décadas, pela ilusão de que estes podem ser substituídos pela imediatez e acessibilidade da comunicação eletrônica e b) o desaparecimento gradual de qualquer coisa de sagrado, na vida humana, não no sentido religioso, mas no sentido estritamente pessoal, ou seja, daquilo que, por ter valor para o indivíduo, requer preservação. c) contra a expansão avassaladora das práticas esotéricas, cuja novidade é ilimitada e cujo sucesso tem provavelmente raiz no desamparo e na desesperança quanto ao poder curativo das relações pessoais. Winnicott: resistence against the gradual emptying and objectification of personal relations Taking Winnicott as the master of personal relationality, according to whom the very constitution of the individual begins within the first relation, still with the subjective object, we would like to outline in this paper some points which surely suggest the relevance of the winnicottian theory - not only because of its clinical effectiveness but also because of its fruitful 20 application in the area of mental health and social violence prevention campaign - to overcome the following issues: a) the alarming decay of true personal relationship which has been intensified in recent decades and promoted by the illusion that immediate, affordable virtual communication might be an effective substitute for human relations; b) the gradual but noticeable disappearance of any sense of sacredness in the human life - not in a religious meaning. Nonetheless, sacredness must be understood as what makes personal life worth living, and this must be preserved; c) the overwhelming expansion of innovative esoteric practices whose growing success very much depends on personal hopelessness and despair concerning the real, healing power of human relationship. 21 Laura Dethiville Psychoanalyst, full member and vice -president of the Société de Psychanalyse Freudienne, has been running a seminar on Winnicott for over fifteen years. She has written two books: “D.W.W. Une nouvelle approche”, and “La Clinique de Winnicott”, both published with Editions Campagne-Première, numerous papers in several reviews, and has participated in many collected works. She has held many conferences both internationally and in France. Vice-president of IWA, as well as vice-president of its French chapter. D.W.W. Une nouvelle approche has been translated in four languages including Portuguese (D. W. Winnicott uma nova abordagem) and in English (D. W. Winnicott A New Approach). [email protected] The modernity of Winnnicott In 1971, for the Congress of Vienna, which in the end he could not attend, Winnicott wrote “I am asking for a kind of revolution in our work, let us reexamine what we do”. We, nowadays, are meant to carry on this task in a world where filiation and family ties are shaken and where new ways of communicating profoundly modify relatedness to others, breaking into what Winnicott defines as the transitional space, his major find. The theoretical intuitions of Winnicott, are what allows us best to think of the current stakes of clinical work. A modernidade de Winnicott Em 1971, Winnicott escreveu para o Congresso de Viena (ao qual, no final, não pode comparecer): “Estou pedindo uma espécie de revolução em nosso trabalho, vamos reexaminar o que fazemos”. Nós, hoje, continuamos essa tarefa em um mundo cujos laços familiares e de filiação foram chacoalhados e cujas novas formas de comunicação modificaram profundamente os relacionamentos com os outros, entrando no que Winnicott define como espaço transicional, seu maior achado. As intuições teóricas de Winnicott permitem-nos pensar melhor sobre o que está atualmente em jogo no trabalho clínico. 22 Leticia Minhot Especialista en Filosofía de la Ciencia, Epistemología de la Ciencia, en particular del Psicoanálisis, y en Filosofía Política de la Ciencia, en estudios sobre la trasgresión y en ética del cuidado. Profesora Titular por concurso en la Cátedra de Concepciones Filosóficas (Escuela de Trabajo Social. Facultad de Derecho y Ciencias Sociales) desde 2008 y Profesora Adjunta por concurso en la Universidad Nacional de Córdoba (Cátedra de Problemas Epistemológicos de la Psicología), desde 2007. Es Licenciada en Filosofía por la Facultad de Filosofía y Humanidades, Universidad Nacional de Córdoba y Doctora en Filosofía por la Universidade Estadual de Campinas, Brasil. Ha dictado cursos de posgrado en universidades de España y de Brasil y ha sido invitada como conferencista en diferentes universidades de Brasil, de España, del País Vasco y de México. Es co-editora y fundadora de la Revista Representaciones, estudios sobre Representaciones en Arte, Ciencia y Filosofía. Ha organizado las seis ediciones del Simposio Internacional sobre Representación en Ciencia y Arte (SIRCA - Facultad de Psicología de la Universidad Nacional de Córdoba) que se llevó a cabo en La Falda, Córdoba. Fue Secretaria de Ciencia y Técnica de la Facultad de Psicología de la Universidad Nacional de Córdoba (2012-2014). [email protected] Sobre os ombros de um gigante No presente trabalho, propomo-nos a avaliar o futuro da psicanálise, considerando a mudança de paradigma que significou a teoria do amadurecimento de D. Winnicott. Isso implica se referir ao desenvolvimento da matriz disciplinar gerada a partir da referida teoria – matriz esta cuja evolução se dá, principalmente, quando o alcance das generalizações se amplia, quando novos exemplos surgem e novos problemas podem ser resolvidos. A questão em que temos de nos concentrar é: como, a partir de Winnicott, podemos ir além de Winnicott. Pretendemos rever alguns problemas que podem ser pensados nessa linha, bem como novos campos de aplicação. Considerar o futuro de uma matriz disciplinar equivale a perguntar por sua força como “ciência normal” (cf. Thomas Kuhn) e por sua capacidade de ser bem-sucedida na resolução de problemas. Nossa hipótese heurística responde a esta proposição, referida ao paradigma winnicottiano. On the shoulders of a giant In this presentation, we intend to evaluate the future of psychoanalysis, considering the paradigm shift brought by D. Winnicott´s maturational theory. To fulfill such a purpose, it is necessary to refer to the disciplinary matrix generated by this theory. The matrix develops itself especially when the scope of generalizations is extended, 23 when new examples arise and new problems can be solved. The main point on which we have to concentrate is: how to build on Winnicott and go beyond him. We will review some issues that can be examined in this perspective, as well as some fields of application. Considering the future of a disciplinary matrix means asking for its power as a “normal science” (cf. Thomas Kuhn) and for its problem-solving capacity. Our heuristic hypothesis responds to the former statement, referring specifically to Winnicott´s paradigm. 24 Loris Notturni 2005 : Bachelor in Philosophy (Epistemology and Philosophy of Langage), 2007 : Master in Philosophy (on the problem of illusion in the theoretical part of Kant’s criticism), 2008 : Agrégation in Philosophy (Moral and Ethics), 2011 : PhD Research Scolarship in São Paulo (SBPW), 2010 - : PhD in Philosophical Anthropology (Defence scheduled in 2015), Teaching Fellow in Liège University (“Lectures of Modern Philosophy” - BAC3), Founder of the Groupe d’Etudes Winnicottiennes, in the Université de Liège (Bélgique), IWA SecretaryGeneral. [email protected] Anthropoteleological views from Winnicott’s thought. A revolutionary contribution in philosophy The Winnicott’s theory of processes of maturation offers more than a new clinical standpoint on human being and its fundamental problems. It also allows for a new, teleological understanding of human nature in general and the tasks that make life worth living. Moreover, without suggesting an explicit philosophical scheme, Winnicott offered a whole new vision of philosophy as expression of the maturation itself (as such as arts, religion and even science). Should philosophy shun that point of view on itself? In this contribution, my aim is to explain how Winnicott’s thought may lead to a radical revision of philosophy as a living process and to a reassessment of its basic questions. I would call this perspective “anthropoteleological”. Perspectivas antropo-teleológicas extraídas do pensamento winnicottiano. Uma contribuição revolucionária na filosofia A teoria winnicottiana do amadurecimento não só renovou a abordagem clínica do ser humano e seus problemas fundamentais, como também ofereceu uma compreensão teleológica da natureza humana em geral e das tarefas que são a base da própria vida. Ainda que sem propor um pensamento explicitamente filosófico, Winnicott permite uma visão diferente da própria filosofia como expressão do próprio amadurecimento (como as artes, a religião e até mesmo a ciência). Pode hoje a Filosofia ignorar este discurso sobre ela mesma? Neste trabalho tentarei mostrar como o pensamento de Winnicott oferece uma revisão revolucionária da filosofia e dos seus problemas fundamentais, por meio de uma perspectiva que eu denomino de “antropo-teleológica”. 25 Maria do Rosário Belo Psicanalista, membro didacta da Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica (AP). Faz parte da Comissão de Ensino da referida associação, desempenha funções de ensino e supervisão de novos psicanalistas. É responsável por vários seminários teórico-clínicos, aos que se referem à obra de Winnicott. Coordena actualmente, juntamente com António Coimbra de Matos, o recém-formado grupo Winnicott, em Portugal. [email protected] Entre Freud e Winnicott, diálogos com o futuro A autora propõe uma reflexão que coloca a perspectiva winnicottiana no centro da integração do saber psicanalítico. Esta integração com base neste diálogo interno possibilitará, em seu entender, a expansão da psicanálise, não só no interior do consultório dos psicanalistas mas também nos vários domínios da ação humana. Between Freud and Winnicott, dialogues with the future The author proposes a reflection that puts winnicottian perspective in the center of the integration of the psychoanalytic knowledge. This integration based on this internal dialogue enable, from her point of view, the expansion of psychoanalysis, not only inside the office of psychoanalysts but also in the various domains of human activity. 26 Maria Lucia Toledo Moraes Amiralian Psicóloga pela PUC-SP, psicanalista, mestre e doutora em psicologia clínica pelo Instituto de Psicologia da USP, docente e orientadora da Pós-graduação em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano do IPUSP, docente e orientadora do Centro Winnicott de São Paulo, membro da SBPW, coordenadora do Laboratório Interunidades para o Estudo das Deficiências (LIDE) do IPUSP, especialista na teoria do amadurecimento de Winnicott e em estudos sobre desenvolvimento de pessoas com deficiência. Autora de vários artigos nessas áreas, tais como: “Compreendendo a deficiência pela a óptica das propostas winnicottianas”, “Deficiência um novo olhar: contribuições a partir da psicanálise” e “A clínica do amadurecimento e o atendimento às pessoas com deficiências”. Autora de livros, entre eles Compreendendo o cego: uma visão psicanálitica da cegueira e Saúde & Desenvolvimento: Intervenções a partir da Teoria do Amadurecimento de D.W.Winnicott. [email protected] Winnicott e a psicanálise extramuros D. W. Winnicott, psicanalista e pediatra, trabalhou no hospital de Londres (Paddington Green Children`s Hospital) de 1923 a 1963. No mesmo ano em que começou sua vida profissional como pediatra, iniciou, também, sua análise com James Strachey e leituras de Freud, o que o levou a se interessar pela Psicanálise. Mesmo após ter-se tornado psicanalista continuou a atender naquele hospital as crianças e seus pais. Nesses atendimentos percebeu situações que o levaram a repensar a psicanálise, tanto em relação aos aspectos teóricos, já amplamente discutidos, como em relação às formas de intervenção realizadas. Podese dizer que Winnicott foi um psicanalista adiante do seu tempo, sua visão da psicanálise como um modo de compreender o ser humano por meio da natureza humana em suas interações com o ambiente; as pessoas; as condições sociais e culturais e as condições físicas, leva-nos a poder classificá-lo como um Psicanalista Social. Falava da importância do ambiente humano e físico na constituição do individuo e das possibilidades de recuperação de suas dificuldades por meio de um ambiente favorável, capaz de proporcionar-lhe experiências e um “holding” capaz de dar-lhe um novo sentido de vida. Sua preocupação com a função social da psicanálise fica bem clara nos inúmeros e diversificados atendimentos realizados por ele e as “diferentes psicanálises” que aplicava. Entre elas é importante salientar: a “psicanálise segundo a 27 demanda”, a “psicanálise partagé” (compartilhada) e as consultas terapêuticas. Essas propostas servem de base para diferentes formas de intervenção, sejam em consultórios ou em outros locais como hospitais, escolas, centros de reabilitação ou centros de atendimento de comunidades carentes. Intervenções que podem ter ou um caráter preventivo ou um caráter terapêutico. Winnicott and extra-mural psychoanalysis D.W.Winnicott, psychoanalyst and pediatrician, worked in Paddington Green Children’s Hospital in London from 1923 to 1963. In the same year he started his career as a pediatrician, he also initiated his analysis with James Strachey and his readings of Freud, what aroused his interest in psychoanalysis. Even after becoming psychoanalyst, he continued to attend children and their parents in the hospital. Situations of this clinical praxis led him to rethink psychoanalysis, in relation to the theoretical aspects, already widely discussed, as in relation to forms of intervention undertaken. As one might say, Winnicott was a psychoanalyst ahead of his time. His vision of psychoanalysis as a way to understand human being through human nature in its interactions with the environment: people, social and cultural conditions and the physical conditions, leads us to classify him as a Social Psychoanalyst. He spoke of the importance of the human and physical environment in the constitution of the individual, and the possibilities of recovery of difficulties through a favorable environment, able to provide experience and “holding” able to give him a new sense of life. His concern with the social function of psychoanalysis is very clear in the numerous and diverse attendances performed by him and the “different psychoanalyses” which he applied. Among them it is important to note the “psychoanalysis on demand” the “psychoanalysis partagé” and therapeutic consultations. These proposals serve as basis for different forms of intervention, whether in clinical offices or in other places such as hospitals, schools, rehabilitation centers or help centers within needy communities. Interventions that may have or a preventive or a therapeutic character. 28 Margaret Boyle Spelman Author of two volumes on the subject of D. W.Winnicott: Winnicott’s Babies and Winnicott’s Patients: Psychoanalysis as transitional space (2013) and The Evolution of Winnicott’s Thinking: Examining the Growth of Psychoanalytic Thought over Three Generations (2013) both published by Karnac Books. She has recently edited The Winnicott Tradition (2014) in a series for Karnac on psychoanalytic giants with Prof. Frances ThomsonSalo. She is a registered clinical psychologist, psychoanalytic psychotherapist, and organisational psychologist working for three decades in the Irish Health Services, is in private practice since 1998 and lectures at University College Dublin,Trinity College Dublin and IIPP. Member of the European Association for Psychotherapy and has held executive positions in The Psychological Society of Ireland, The Irish Institute of Psychoanalytic Psychotherapy, The Irish Forum for Psychoanalytic Psychotherapy, and The Irish Council for Psychotherapy. She has Masters degrees in psychology from the three Dublin Universities and her PhD was completed at the Centre for Psychoanalysis, University of Essex. [email protected] Winnicott evolving and continuing. A Consideration of Winnicott’s Implicit Theories of Thinking and Influence Following the death of a prolific thinker and writer such as D. W. Winnicott, who was not a participant in any school of psychoanalytic thought and who eschewed any formal following of his own thinking, it is a valid question to ask whether or not his thinking dies with him or does it continue to have a discernible presence and growth in anyone else’s thinking, and if so, what form does that presence take? This paper outlines the questions asked and the method used in my study undertaken to look at the evolution of Winnicott’s thinking during his lifetime and since his passing in a further two generations of his analytic family. It discusses the identified ‘facilitating features’ of Winnicott’s thinking and explores the implications arising from these features. Winnicott evoluindo e continuando. Um exame das teorias implícitas de Winnicott sobre pensamento e influência Após a morte de um pensador e escritor tão prolífico como D. W. Winnicott, que não participou de nenhuma escola psicanalítica e que recusou qualquer prosseguimento formal de seu próprio pensamento, é válido questionar se esse pensamento morreu com ele, ou se se encontra presente de forma discernível nas reflexões de outros autores (e de que maneira). Esse paper destaca as perguntas formuladas e o método utilizado em um estudo no qual me debrucei sobre a evolução do pensamento de Winnicott durante sua vida e após sua morte, por duas gerações de sua família analítica. Discute os “elementos facilitadores” identificados no pensamento de Winnnicott e explora as implicações de tais traços. 29 Ofra Eshel Psy.D., is faculty, training and supervising analyst of the Israel Psychoanalytic Society and Institute, and a member of the International Psychoanalytic Association (IPA); co-founder, former coordinator and faculty of the Program of Psychoanalytic Psychotherapy for Advanced Psychotherapists at the Israel Psychoanalytic Institute; cofounder, co-director and faculty of the Israel Winnicott Center; lecturer at the Program of Psychotherapy, Sackler Faculty of Medicine, Tel-Aviv University. She is the Book Review Editor of Sihot-Dialogue, Israel Journal of Psychotherapy. Her papers were published in psychoanalytic journals and presented at national and international conferences. In recent years, she was the recipient of the Leonard J. Comess Fund grunt at the New Center for Psychoanalysis (NCP), Los Angeles, in 2011; visiting scholar at the Psychoanalytic Institute of North California (PINC), San Francisco, in 2013; awarded the Frances Tustin Memorial Prize for 2013. She was featured in ‘Globes’ (Israel’s financial newspaper and magazine) as the 16th of the fifty most influential women in Israel for 2012. She is in private practice in Tel-Aviv, Israel. [email protected] On Winnicott’s paradigm shift – Clinical psychoanalysis at its most formative edge Winnicott and Bion have had a profound influence on the theory and practice of clinical psychoanalysis over the last sixty years. Their groundbreaking ideas have been widely investigated by analysts and psychotherapists around the world, and have turned into a vibrant wave in psychoanalysis that challenges traditional theory and practice. Yet, it seems to me that the revolutionary meaning of their most radical ideas has, in certain ways, been evaded, underestimated, or criticized and rejected. This is especially true with regard to the radical departure of their clinical ideas from conventional psychoanalytic work. In this presentation, I will focus on Winnicott’s clinical thinking and attempt to examine the evolution of his clinical ideas into what I consider to be a major revolution in clinical psychoanalysis – a paradigm shift in psychoanalysis, to use Thomas Kuhn’s terminology. Drawing on Kuhn’s terms, I will argue that Winnicott’s radical theoretical and clinical thinking, and especially its profound significance and implications for the foundations of clinical psychoanalysis and the analytic process, create a paradigm shift. It is particularly true regarding Winnicott’s clinical-technical revision of the analytic work, with his emphasis on regression in the treatment of more disturbed patients. This means moving in the treatment experience beyond the space-time confines of traditional clinical psychoanalysis to work with primal processes in the treatment situation, 30 thus reaching and correcting basic self-processes and unthinkable early breakdown – and enlarging the scope of psychoanalytic practice. It is clinical psychoanalysis at its most formative edge. Sobre a mudança paradigmática de Winnicott – A psicanálise clínica na sua ponta mais formativa Winnicott e Bion tiveram profunda influência na teoria e na prática da clínica psicanalítica ao longo dos últimos sessenta anos. Suas ideias inovadoras foram amplamente investigadas por analistas e psicoterapeutas do mundo todo, dando origem a uma onda vibrante na psicanálise, que desafia a teoria e a prática tradicionais. Ainda assim, parece-me que o sentido revolucionário de suas ideias mais radicais foi, de certo modo, negligenciado e subestimado, ou então criticado e rejeitado. Isso é especialmente verdadeiro no que concerne à transformação que propuseram em relação ao trabalho psicanalítico convencional. Nessa apresentação, focarei o pensamento clínico de Winnicott e tentarei examinar sua evolução em direção ao que considero ser a maior revolução na psicanálise clínica – uma mudança de paradigma, para usar a terminologia de Thomas Kuhn. Apoiando-me nos termos de Kuhn, argumentarei que o radical pensamento teórico e clínico de Winnicott – especialmente seus significados e implicações para os fundamentos da clínica psicanalítica e do processo analítico – geraram uma mudança de paradigma. Isso vale principalmente em relação à revisão clínico-técnica do trabalho analítico, em que Winnicott enfatiza a regressão no tratamento de pacientes com distúrbios mais severos. Ele move a experiência do tratamento para além do confinamento espaço-temporal da clínica psicanalítica tradicional, para trabalhar com processos primais, alcançando e corrigindo, assim, processos básicos do self e colapsos precoces impensáveis, e ampliando o escopo da prática psicanalítica. Trata-se da psicanálise clínica na sua ponta mais formativa. 31 Patrick Guyomard Psychoanalyst and Psychopathology professor at the Université Paris 7. He was a member of the Ecole Freudienne de Paris, and co-founder, with Octave and Maud Mannoni, of the Centre de Formation et de Recherches Psychanalytiques (CFRP). He was a co-founder, in 1994, of the Société de Psychanalyse Freudienne, of which he is currently the president. He published several books and articles, and runs the Editions Campagne Première. patrick.guyomard@icloud. com Creativity and desire Winnicott and Lacan, using crucial points in their works, are searching for « that without which life would not be worth living ». Winnicott’s answer is creativity, against which he opposes compliance of the false self. For Lacan, it’s desire, pure desire and the dimension of loss. These divergent answers, in various clinical and theoretical contexts, reveal profound differences, especially concerning notions of continuity and discontinuity, of breakdown and of environment. They are driven by a common search for being psychically more alive. Studying them brings out Winnicott’s modernity and originality. Criatividade e desejo Winnicott e Lacan, por meio de passagens cruciais de suas obras, buscam “aquilo sem o que a vida não valeria a pena de ser vivida”. A resposta de Winnicott é a criatividade, à qual ele opõe a condescendência com o falso self. Já para Lacan a resposta reside no desejo, o puro desejo e a dimensão da perda. Essas respostas divergentes, em vários contextos teóricos e clínicos, revelam profundas diferenças, especialmente no que concerne às noções de continuidade e descontinuidade, de colapso e de ambiente facilitador. São impulsionadas pela busca comum de existir psiquicamente mais vivo. Estudá-las torna evidente a modernidade e a originalidade de Winnicott. 32 Roberto Kehdy Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1966), pós graduação em Psiquiatria e Medicina de Urgência pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1968), especialização em Psicanálise pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (1981) e residência médica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1966). Durante dez anos foi professor da disciplina Teoria do amadurecimento de Winnicott no curso de especialização em psicoterapia psicanalítica do Instituto de Psicologia da USP. É analista didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. [email protected] Contribuições de Winnicott para a clínica atual A ideia desta comunicação é explorar como a teoria do amadurecimento de Winnicott pode ajudar a compreender e a cuidar dos casos da clinica psicanalítica da atualidade. Uma sociedade marcada por grandes expectativas de desempenho, performances profissionais e pessoais, além da valorização excessiva do corpo. Irei abordar alguns quadros, como por exemplo, a “doença do pânico”. Winnicott’s contributions to current clinic This work explore how Winnicott’s theory of maturing may help to understand and care for patients in psychoanalytic clinic today. Our society is directed with many expectation of achievement and professional performances, and also with an excessive emphasis on the body. I would like to focus on some current pathologies such as the panic disease. 33 Roseana Moraes Garcia Psicanalista, mestre e doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP, especialista em Saúde Mental Infantil pela FCM-Unicamp. Professora e supervisora da SBPW, bem como membro do Conselho Acadêmico. [email protected] A psicanálise winnicottiana como subsídio teórico para a formulação de políticas públicas em saúde mental e serviço social: algumas reflexões As políticas públicas em saúde mental e em várias áreas do serviço social encontram-se, no meu entender, em crise. Na minha experiência, enquanto supervisora desses serviços, pude perceber a ausência de uma teoria que oriente as ações tanto “curativas” como preventivas dos problemas encontrados. Neste trabalho tentarei refletir, tendo por base a teoria winnicottiana, a possibilidade de formulação de políticas nessas áreas que sejam mais efetivas e que contemplem a real necessidade dos usuários. Winnicottian psychoanalysis as a theoretical subsidy to the formulation of public policies in mental health and social work: a few thoughts The public policies in mental health and in various areas of social work are, in my view, in crisis. In my experience as supervisor of these services, I could see the absence of a theory to guide the actions of both “healing” as prevention of the problems encountered. In this paper I will try to reflect, based on Winnicott's theory, the possibility of policy-making in these areas that are more effective and that address the real needs of users. 34 Thanassis Hatzopoulos Thanassis Hatzopoulos (Greece, 1961) is a child psychiatrist and a psychoanalyst for children, adolescents and adults. He lives and works in Athens. He has translated Melanie Klein by Hanna Segal, Through Pediatrics to Psychoanalysis and The maturational processes and the facilitating environment by D.W. Winnicott. He is also the director of a collection of books on psychoanalysis. For the past seven years he has directed the seminar Introduction to the clinic of D.W. Winnicott. He is also a poet. His poetry collection Cell was awarded the Prix Max Jacob étranger 2013 in France, and his work Verbs for the rose was awarded the National Translation Prize for 2003 in Spain. In 2013 the body of his work was honoured with the Athens Academy Prize for Poetry. In 2014 he was deemed a Knight by the French Democracy in the category of Letters and Arts. [email protected] Psychoanalysis is no way of life, a comment on the past and the future of psychoanalysis From the concept of Freud that “Psychoanalysis is incapable of creating a Weltanschauung of its own” which concludes by accepting that “it is a part of science and can adhere to the scientific Weltanschauung”, to the statement of D.W. Winnicott that “Psychoanalysis is no way of life. We all hope that our patients will finish with us and forget us, and they will find living itself to be the therapy that makes sense” lies a chasm difficult to bridge insofar as understanding what is psychoanalysis and what its purpose. This difference, which presupposes the existence of others also, leads us to consider the course and trajectory of psychoanalysis over the last thirty years, seeking the directions taken or not taken while under the influence of concepts and statements of this kind and others similar to them. What the future holds for psychoanalysis in an ever-changing world depends on the position taken by psychoanalysts themselves. This position, however, being in part a product of elaboration and in part dependent on the influence of the unconscious of each and every psychoanalyst shaping that course. If there is a future for psychoanalysis itself, it is one which leans towards the unknown and the research led by unconscious processes. 35 “Psicanálise não é um modo de vida” comentário sobre o passado e o futuro da psicanálise Entre o conceito de Freud – “a psicanálise é incapaz de criar uma Weltanschauung [visão de mundo] própria; ela é uma parte da ciência e pode aderir à Weltanschauung científica“ – e a proposição de D.W. Winnicott – “a psicanálise não é um modo de vida; nós todos esperamos que nossos pacientes concluam seu processo conosco e nos esqueçam, que o próprio ato de viver seja a terapia que lhes faz sentido” – existe um vácuo difícil de transpor relativo à compreensão do que é a psicanálise e de quais são os seus propósitos. Essa diferença, que pressupõe a existência de outras, leva-nos a considerar o curso e a trajetória da psicanálise nos últimos trinta anos, buscando as direções seguidas ou não, sob a influência de conceitos e proposições desse tipo e de outras similares. O que o futuro reserva para a psicanálise, num mundo em permanente mudança, depende da posição assumida pelos próprios psicanalistas. Tal posição, entretanto, resulta em parte da elaboração e em parte da influência do inconsciente de cada um dos psicanalistas que delineiam essa trajetória. Se existe um futuro para a psicanálise, ele se inclina na direção do desconhecido e da pesquisa norteada por processos inconscientes. 36 Vincenzo Bonaminio Ph.D. private psychoanalytic practice to adult and child, in Rome. Training and supervising analyst and a full member of the Italian Psychoanalytic Society. Adjunct Professor at “Sapienza”, University of Rome, he teaches “Clinical Psychology” at the Medical School and “Dynamic psychopathology” and “Child Psychotherapy” in the Department of Child and Adolescent Psychiatry. Teaches in the associated IW – Winnicott Institute, a Training Course in Child and Adolescent Psychoanalytic Psychotherapy, and is currently its Director. He is currently Director of the “Winnicott-Centro”, Rome and he has been Vice-President of the European Psychoanalytic Federation (EPF) for the last four years and Chair of the Programme. Co-Editor of “Richard e Piggle”, Italian four-monthly journal of psychoanalytic study of the child and adolescent Co-editor a psychoanalytic series of books entitled “Psicoanalisi contemporanea”. He was awarded The Fifth International Frances Tustin Memorial Prize and Lecture in Los Angeles, November 2001. He was awarded the 13th Lectureship for the 13th International Frances Tustin Memorial Prize and Lecture in Los Angeles, November 2009. He has published extensively, mostly in Italian, and English and presented papers and contributions in many national and international Psychoanalytic Congresses. Author of a book “Nas margens de mundos infinitos...: A presença do analista e do analisando no espaço transicional em uma perspectiva contemporânea do pensamento de Winnicott”. Rio de Janeiro, Brazil: 2010. vincenzo.bonaminio@gmail. com Imaginative elaboration Through the presentation of clinical material drawn from the analysis of a severely inhibited seven-year-old boy, the author offers an in-depth study of the concept of imaginative elaboration, central in Winnicott’s work but rarely discussed in the literature. Expanding on Winnicott’s propositions, the author notes that, for him, imaginative elaboration is – first and foremost – the psychic activity set in motion to try to fill the gap that is never filled between the patient’s need for his transference to be “taken in first,” and the analyst’s attempt to take it in. This is the gap between the patient’s “need to be known in all his parts,” and the obstacles that impede the analyst from staying alive, awake, and well so that this can be accomplished. Elaboração imaginativa Por meio da apresentação de material clínico retirado da análise de um menino de sete anos de idade altamente inibido, o autor oferece um estudo em profundidade do conceito de elaboração imaginativa, central na obra de Winnicott, mas raramente discutido na literatura. Expandindo proposições de Winnicott, o autor nota que, para ele, a imaginação elaborativa é, acima de tudo, a atividade psíquica colocada em ação para tentar preencher o vão – que nunca é preenchido – entre a necessidade do paciente de que sua transferência seja acolhida e o empenho do analista em acolhê-la. Trata-se do abismo entre a necessidade do paciente de ser conhecido por inteiro e os obstáculos que impedem o analista de permanecer vivo, acordado e bem, de modo que isso possa ser alcançado. 37 Wagner Vidille Médico pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP), membro efetivo e professor da Sociedade Brasileira de Psicanálise (SBPSP), onde exerce, atualmente, as funções de Secretário de Acompanhamento; ocupou o cargo de Diretor de Relações Internacionais da Federação Brasileira de Psicanálise (FEBRAPSI). [email protected] Mudanças e adaptações Reflexões sobre adaptações no setting psicanalítico derivadas de interrupção presencial temporária. O uso da internet como ferramenta auxiliar para a continuidade do tratamento. Changes and adaptations Reflections about analytic setting adaptations derived from temporary presential interruption. The use of internet as a complementary skill to the treatment continuation. 38 Zeljko Loparic Graduação (1962), mestrado (1965) e doutorado (1982) em filosofia pela Universidade Católica de Louvain, e pós-doutorado em filosofia pela Universidade de Konstanz (1987). Atualmente, é professor titular colaborador da UNICAMP e docente da PUCPR. É presidente da Associação Winnicott Internacional (IWA). Tem experiência de ensino e pesquisa na área de filosofia, com ênfase em história da filosofia e filosofia da psicanálise, desenvolvendo trabalhos principalmente sobre seguintes autores e temas: Kant, Heidegger, Winnicott, semântica transcendental, pensamento pós-metafísico e paradigma winnicottiano. [email protected] Conquistas da revolução winnicottiana Freud caracterizou a disciplina psicanalítica como uma teoria, um método de pesquisa e um procedimento de cura. Na primeira parte do presente trabalho, mostrarei que a psicanálise, na versão freudiana, enfrenta dificuldades insuperáveis em todos esses aspectos, apesar de articulações posteriores de seus seguidores. Na segunda parte, examinarei a maneira como Winnicott enfrentou essas dificuldades produzindo um novo paradigma para a psicanálise, modificando radicalmente a sua teoria, o método de pesquisa e os procedimentos de cura. Por fim, apresentarei a contribuição de Winnicott à teoria psicanalítica da ordem social e da cultura. Desta maneira, pretendo deixar claro que os resultados de Winnicott continuam atuais e asseguram à psicanálise um lugar importante no âmbito das teorias e práticas que vêm sendo desenvolvidas no tratamento dos distúrbios do processo de amadurecimento humano nos dias de hoje. Achievements of Winnicott’s revolution Freud characterized psychanalysis as a theory, a research method and a treatment procedure. In the first part of the presentation, I will show the reasons why Winnicott thinks that the Freudian version of psychoanalysis is not efficient in solving inavoidable clinical problems. Next I’ll show that Winnicott reacted to these difficulties by producing a new paradigm for psychoanalysis and changing in a radical way its theory, method of research and clinical procedures. Finally, I’ll present Winnicott’s contributions to the psychoanalytic theory of social order and culture. Thereby I intend to show that Winnicott’s results are still relevant and that they ensure to psychoanalysis an important place in the present day’s theories and practices applied to the treatment of disturbances of the process of maturation of individuals and societies in our time. 39 Zhao Chengzhi MD, MA, a psychiatrist, psychoanalytic psychotherapist and supervisor working in YiKang mental Clinic belonging to Beijing Hui Longguan Mental Hospital, also director of the Beijing mental health facilitating center. He is the chinese academic organizer of a Sino-Brazilian Training Program in Winnicottian Psychonalysis. His main professional field is about the studying of the intervention to those who suffer neurosis, depression, suicide and PTSD, the training of dynamic oriented psychotherapists and cognitive psychotherapists. [email protected] Aggression in psychoanalytic therapy We discuss some changes on the theoretical understanding and clinical conceptualization of aggression found in clinical practice, so to form a new perspective and an interpretation of aggression theory different from the one of classical psychoanalysis. We propose some new understandings and assumptions about the main part of basic death drive (the opposition of life drive) – the concept of aggressive drive and the concepts of the self-preservative drive in classical psychoanalysis. We think the primary drive assumption in psychoanalytic metapsychology should comprise two drives: sexual drive and self preservative-destructive drive, while aggression is merely the embodiment of intensity and approach of the two drives. Agressividade na terapia psicanalítica Discutiremos algumas mudanças no entendimento teórico e na conceitualização clínica da agressão encontrados na prática clínica, conformando uma perspectiva e uma interpretação da teoria da agressão diferentes daquelas da psicanálise clássica. Propomos novas compreensões sobre a parte principal da pulsão de morte (oposta à pulsão de vida), sobre os conceito de pulsão agressiva e de autopreservação na psicanálise clássica. Pensamos que a concepção da pulsão primária na metapsicologia psicoanalítica deveria compreender duas pulsões: a pulsão sexual e a pulsão de autopreservação-destruição. A agressão é meramente a incorporação da intensidade das duas pulsões e resulta da aproximação a ambas. 40 41 Comunicações A abordagem da morte sobre a perspectiva winnicottiana A experiência de morte além de ser muito triste e causar sofrimento pode também tornar-se traumática. Especialmente, se a perda ocorre na infância, a preocupação em como a criança irá elaborar este luto é fundamental, pois o seu desenvolvimento poderá ser interrompido e em alguns casos levá-la ao adoecimento. Este trabalho objetiva analisar o impacto de um acontecimento extremamente complexo, como é a morte de um dos pais, a partir de dois casos clínicos. Os aspectos principais do atendimento de Pedro, ainda em luto pela perda da mãe, foram pensados tendo por base o caso de Patrick, um garoto que perdeu o pai em um trágico acidente, atendido por Winnicott, bem como o pensamento deste sobre a morte em sua teoria do amadurecimento. Adriana Barbosa de Freitas Capparelli Psicóloga (FFCLRP-USP, 1982); especialização em Psicologia Clínica e Hospitalar pelo Departamento de Neuropsiquiatria e Psicologia Médica (HCFMRP-USP, 1983 a 1986); Psicodramatista pela FEBRAP (Federação Brasileira de Psicodrama) em 1995; Professora Supervisora e Terapeuta de alunos pela FEBRAP (1998); Especialização em Psicossomática pelo Sedes Sapientiae (1998); Mestrado em Psicologia (FFCLRP-USP, 2002); aluna do Curso de Formação em Psicanálise Winnicottiana (CWTM); Psicóloga clínica e Psicoterapeuta desde 1986 e Psicóloga Hospitalar do Santa Genoveva, Complexo Hospitalar, em Uberlândia, MG. [email protected] A analítica existencial na psicanálise de Winnicott: um estudo sobre Winnicott pós metafísico. O que significa continuidade de ser do bebê humano? Objetiva-se investigar a possibilidade de articulação entre a psicanálise de Winnicott e a fenomenologia existencial de Heidegger. Para tanto, em primeiro plano, será mostrado como referência guia para essa aproximação o componente ontológico encontrado na psicanálise winnicottiana, a saber: o conceito de continuidade de ser na relação com o tempo (Holding). Em segundo momento, explicitaremos a relação entre tempo e ser em Heidegger. Acredita-se Soraya Conturbia Formada em Filosofia pela Federal do Espirito Santo (UFES). Mestranda em Filosofia (Unicamp). Aluna em formação do Curso em Psicanálise Winnicottiana pela Sociedade Winnicott em São Paulo. [email protected] 42 numa aproximação entre Heidegger e Winnicott, pois ambos fugiram dos moldes tradicionais em pensar o homem como objeto da natureza e se propuseram, dessa forma, a pensá-lo pela existência temporal. Todavia, será na aproximação de suas teorias que encontraremos os distanciamentos de suas especificidades, cada qual a sua maneira. A organização de falso self em sujeitos neuróticos – refletindo sobre a concepção de falso self à luz da teoria reichiana Ao estudarmos a obra de Winnicott, surge-nos a pergunta: o falso self aparece apenas num estágio primitivo da vida – como no psicótico – ou ele pode aparecer em estágios posteriores, como em neuróticos? Podemos afirmar que esse conceito pode dizer respeito, sim, a sujeitos neuróticos, embora nunca tenha sido explorado diretamente pelo autor. Logo, podemos trazer contribuições de Reich ao tema, visto que a concepção de couraça tem proximidade com a de falso self. Nosso objetivo é, portanto, o de visualizar, dentro dos limites da teoria winnicottiana, a organização de falso self em sujeitos neuróticos a partir da noção de couraça. Henrique Uva do Amaral Graduando em Psicologia (UNESP – Assis). Realiza estágios nas Ênfases de Processos Clínicos e Saúde Mental e de Desenvolvimento Humano e Processos Educativo. Participa de Projetos de Extensão Universitária tais como o “Pronto Atendimento Psicológico”. Atualmente, possui pesquisa que dialoga os trabalhos de Reich e Winnicott, sendo esta financiada pela Fapesp. [email protected] Diana Pancini de Sá Antunes Ribeiro Professora Assistente Doutora do Departamento de Psicologia Clínica do Curso de Psicologia da UNESP – Câmpus de Assis. Mestre em Psicologia Clínica (USP). Doutora em Psicologia como Profissão e Ciência (PUC-Campinas). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa (CNPq) “Figuras e modos de Subjetivação no Contemporâneo”. Chefe do Departamento de Psicologia Clínica. Jorge Luís Ferreira Abrão Psicólogo, doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia (USP) e Livre-docente em Psicologia Clínica (UNESP – Assis). Professor Adjunto, Doutor do Departamento de Psicologia Clínica e do Programa de Pós-graduação em Psicologia e Sociedade da UNESP – Assis. 43 A perspectiva winnicottiana sobre o adoecimento somático e sua incompatibilidade com a Escola de Psicossomática de Paris De acordo com a Escola de Psicossomática de Paris, a insuficiência do funcionamento mental é o fator subjetivo que torna o indivíduo vulnerável a um adoecimento somático. O objetivo é demonstrar a incompatibilidade entre esse quadro teórico e a perspectiva de Winnicott na abordagem do adoecimento físico. Para o analista inglês, o adoecimento somático é uma tentativa precária de promover a conexão entre a psique e o corpo. Winnicott, não concebe a psique como uma máquina destinada a conter o que vem do corpo, mas como uma dimensão do indivíduo que acompanha e enriquece a experiência corporal, desenvolvendo-se concomitantemente a ela. Lucas Napoli dos Santos Graduado em Psicologia (Univale); mestre em Saúde Coletiva (UFRJ); doutorando em Psicologia Clínica (PUC-Rio); atua como psicólogo clínico em consultório particular; é professor na Faculdade Pitágoras (Unidade Governador Valadares/MG); atua também como psicólogo na Universidade Federal de Juiz de Fora (Campus Avançado de Governador Valadares/MG); é autor do livro “A doença como manifestação da vida: Georg Groddeck e um novo modelo de cuidado em saúde”. lucasnapolipsicanalista@ gmail.com A produção da personalidade antissocial na sociedade da privação: contribuições da teoria de Winnicott para o estudo da violência no contexto brasileiro Apresentamos estudo sobre personalidade antissocial desenvolvido no estágio em psicologia jurídica na perícia psicológica do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Buscamos compreender o fenômeno da violência e do ato criminoso como produção coletiva que se funda num ambiente social insuficientemente bom para o desenvolvimento de alguns sujeitos da sociedade brasileira, na medida que os expõe a inúmeras privações que vão desde a indiferença no atendimento de suas necessidades básicas até carências simbólicas significativas Marilucia Pereira do Lago Doutora em psicologia clínica e psicopatologia pela Université de Nice - Sophia Antipolis - França. Professora adjunta do curso de psicologia da Universidade Federal de Goiás. Formação em psicanálise e psicopatologia fundamental. Supervisora de estágio em psicologia forense. Coordenadora de projetos de formação permanente em prevenção do uso de drogas. Pesquisadora das temáticas da violência, dos comportamentos aditivos e das dependências. [email protected] 44 que comprometem a capacidade de linguagem e de sustentação do sujeito na comunidade de homens. Álvaro Conrado Gomes Machado Graduando em psicologia (UFG). Estagiário em Psicologia Forense na Junta Médica e Comissão Interdisciplinar Penal do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Raynara Alves da Silva Graduanda em psicologia (UFG). Membro do grupo de pesquisas em Psicologia da Velhice, bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência pela Capes, estagiária em perícias psicológicas na Junta Médica do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. A psicanálise e as ciências naturais Será discutido como a psicanálise se encaixa no atual cenário da busca por evidências para intervenções em saúde. Para tanto será apresentado o modelo da Medicina Baseada em Evidências, em seguida o que a mudança paradigmática efetuada por Winnicott proporcionou para o enfrentamento dos problemas internos da psicanálise, sendo o ponto principal de discussão o que ainda é enfrentado pela psicanálise no meio científico. Diferentes abordagens do problema são apresentadas, como tentativas de desenvolver uma Psicanálise Baseada em Evidências, a não submissão a um modelo de ciência convencionada como melhor e, ainda, a possibilidade de abertura do meio científico para abordagens mais subjetivas de tratamento. Marcos Fontoni Psicólogo pelas Faculdades Metropolitanas Unidas. Pós-graduado em Neuropsicologia no Contexto Hospitalar pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Atualmente é Psicólogo Clínico filiado à Sociedade Brasileira de Psicanálise Winnicottiana e à International Winnicott Association. Tem experiência em Psicopatologia, Neuropsicologia e Psicanálise. [email protected] 45 A transferência ambientada na atenção psicossocial Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são dispositivos de saúde mental, cujo trabalho interdisciplinar visa essencialmente a reabilitação psicossocial. O objetivo é contribuir com a clínica nos CAPS, desenvolvendo os conceitos de ambiente e transferência na psicose, segundo referencial winnicottiano, acrescentando-se vinhetas de experiência da pesquisadora. Publicações psicanalíticas sobre CAPS e um histórico da saúde mental pública brasileira, anterior à existência deles são apresentados. Conclui-se que o vínculo da equipe com os usuários é fundamental para que a clínica emerja no CAPS e que o manejo (contra) transferencial pode favorecer não apenas reabilitação psicossocial, mas também a retomada do desenvolvimento emocional dos assistidos. Fernanda Torres Apollonio Doutoranda em Psicologia Clínica (USP), orientadora Profa. Dra. Maria Abigail de Souza; mestre em Neurociências e Comportamento (2005); bacharel em Psicologia e psicóloga (2002) e Licenciatura em Psicologia (2009). Atuação profissional: Como psicóloga, pela Prefeitura Municipal de Jundiaí: Núcleo de Apoio à Saúde da Família (desde 2013); Centro de Atenção Psicossocial Adulto (2008 a 2013) e Centro de Testagem e Aconselhamento em DST/Aids (2006 a 2008). [email protected] Maria Abigail de Souza Professora titular do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Acolhimento e vulnerabilidade a partir da leitura de "Tudo começa em casa", de Winnicott À medida que as crises se espalham de forma cada vez mais rápida e ampla, é fundamental entender a vulnerabilidade a fim de garantir os ganhos já obtidos e manter o progresso. Pensando nessas questões e também no fato de que as instituições de acolhimento são ainda pouco conhecidas e pouco pesquisadas, analisaremos o projeto pedagógico das Aldeias Infantis, a fim de compreender o que é proporcionar um ambiente de cuidado suficientemente bom para a criança. Objetivos específicos: descrever e analisar o projeto pedagógico; analisar o conceito de vulnerabilidade nos documentos oficiais; analisar a prática de acolhimento de Romualdo Dias Possui licenciatura em filosofia (1979) e pedagogia (1980) pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia Ciências e Letras de São João Del Rei, mestrado em educação (Unicamp, 1986), doutorado em lógica e filosofia da ciência (Unicamp, 1993) e livre docência (Unesp, 2012). Atualmente é Professor Assistente Adjunto da UNESP. Coordena o Laboratório de Estudos em Políticas Públicas, vinculado ao Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais - IPPRI - UNESP - São Paulo. Líder do grupo de estudos "Tecnologias e Processos de Subjetivação", formalmente registrado no CNPQ. Membro do Conselho do Centro 46 crianças, adolescentes e jovens; e analisar a concepção metodológica do processo educacional. Esse projeto trará um diálogo com os estudos de Winnicott que, em suas formulações psicanalíticas, deu especial ênfase no papel da maternagem no desenvolvimento emocional de uma criança, principalmente nos primeiros meses de vida. de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis RJ. Tem experiência na área de filosofia e psicanálise, com ênfase em filosofia política, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, políticas de subjetivação, subjetividade, corpo e organização comunitária. [email protected] Considerações sobre a personalidade esquizóide na teoria de Winnicott O objetivo deste trabalho consiste em estudar as características de personalidade do tipo esquizoide segundo a teoria do amadurecimento pessoal criada por Winnicott. O desenvolvimento deste tema incluirá uma breve reflexão sobre o amadurecimento inicial, os cuidados com o lactente em estado de dependência absoluta e as falhas ocorridas neste processo a fim de chegar à problemática do ambiente inicial do indivíduo que desenvolveu esta patologia. A partir da descrição das dificuldades encontradas pelo indivíduo em suas primeiras etapas de vida, pretende-se abordar a etiologia do distúrbio, os tipos de defesas utilizadas e as formas de tratamento do indivíduo esquizoide. Incluirá, também a título de ilustração, fragmentos de caso clínico. Regina Quintino Mestre em psicologia clínica (PUC-SP), psicóloga clínica (CRP 30381-6). Especialista em Psicoterapia Psicanalítica da Infância e Adolescência (IPPIA-SP). Membro regular da Sociedade Winnicott (SBPW) e Membro associado da Associação Winnicott Internacional (IWA). [email protected] 47 Considerações sobre o devir e o manejo da angústia sob a ótica winnicottiana Em tempos de muitas indefinições sobre o que se pode esperar do futuro, é natural que haja um aumento da angústia, gerando diversos distúrbios tanto psíquicos quanto somáticos. Partindo da perspectiva winnicottiana, a autora tece conjecturas sobre o que seria um ambiente facilitador que auxiliasse pacientes que trouxessem esta queixa, bem como em que campos elas se manifestam, a partir de vinhetas de casos clínicos atendidos pela mesma. Maria Teresa Mendonça de Barros Psicanalista com formação em tradução e comunicação pela PUC-Rio. Trabalha na clínica psicanalítica há mais de quinze anos, com destaque para o trabalho com psicóticos borderliners. Atualmente participa do grupo de trabalho da SBPW para a elaboração de um dicionário winnicottiano online. [email protected] Entre versos e rimas: uma análise sobre a criatividade no rap Pensar sobre Winnicott e o futuro da psicanálise nos leva a vislumbrar a importância do conhecimento psicanalítico nos diferentes contextos. No presente estudo, buscamos refletir a influência do rap no processo de desenvolvimento emocional dos seus compositores, enfocando a função da criatividade a nível de amadurecimento. Partimos da análise de excertos musicais do referido gênero, sob o aporte teórico winnicottiano. Compreendemos que o rap revela um criar autêntico que confere valor à existência, apesar das dificuldades. Concluímos que, pela música, os rappers colocam a vida em movimento, ressignificando as experiências e delineando novos versos, ritmos e rimas às suas biografias. Cláudia Yaísa Gonçalves da Silva Mestranda em Psicologia Clínica (USP). Bolsista CAPES. Especialista em Psicanálise pelo Núcleo de Educação Continuada do Paraná (Necpar/Unicesumar). Psicóloga. [email protected] Ivonise Fernandes da Motta Professora doutora e orientadora do Programa de Pós-graduação do Departamento de Psicologia Clínica (USP). Supervisora do Curso de Especialização em Psicoterapia Psicanalítica do IPUSP. Psicoterapeuta de crianças, adolescentes e adultos com orientação Psicanalítica. Coordenadora do LAPECRI – Laboratório de Pesquisa sobre o Desenvolvimento Psíquico e a Criatividade em diferentes abordagens psicoterápicas (Laboratório do Dep. de Psicologia Clínica). [email protected] 48 Fenômenos transicionais e adicção a drogas: contribuições winnicottianas para um ambiente rumo à independência Quando Winnicott examina os fenômenos transicionais, abre um importante eixo de investigação no âmbito da adicção a drogas. Diversos trabalhos têm sido conduzidos nessa direção, associando comportamentos adictivos a falhas precoces no ambiente, impeditivas do desenvolvimento da área transicional. Os indivíduos, presos a um ambiente primitivo, não conseguem ascender a uma separação do objeto primordial. Sob essa perspectiva, sugerese que as instituições de tratamento dessa problemática desenvolvam estratégias de intervenção capazes de fornecer o equilíbrio e a constância ambiental necessários à retomada do desenvolvimento emocional. Propõe-se que esses pacientes possam fazer um uso transicional desse ambiente, rumo à independência. Renata Merino Kallas Graduada pelo Departamento de Psicologia Clínica (USP), onde também realizou suas pesquisas de mestrado e doutorado. Foi docente da UNIBAN. Atualmente, trabalha em consultório particular e ministra os módulos “A constituição do sujeito segundo Winnicott” e “A influência do meio ambiente no desenvolvimento psíquico segundo Winnicott” no curso de Pós-graduação Lato sensu Bases teóricas da clínica psicanalítica do Instituto Incursos. [email protected] O advento da fala no bebê: do objeto (à) ilusão Desde a psicanálise, admite-se que o sujeito não existe fora da língua e da linguagem. Partindo das contribuições de Lacan e Winnicott, analiso o que falar implica para o bebê. Situo o caráter subjetivador da estruturação da língua em torno da noção de objeto. Objeto a, em Lacan, representado pela pulsão invocante; e objeto transicional, em Winnicott, identificado à materialidade significante. Desencadeada pela pulsão invocante, a transicionalidade emergiria de maneira precoce e discursiva. Através dela, Edigleisson Alcântara Mestre em Psicologia Cognitiva (UFPE). Graduado em Psicologia, graduado em Formação de Professores de Psicologia e especialista em Intervenções Clínicas na Abordagem Psicanalítica pela Faculdade Frassinetti do Recife (FAFIRE). Ocupa o cargo público de Intérprete de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) junto à Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco. Atua como psicólogo clínico, na qualidade de voluntário, realizando atendimentos, de modo exclusivo, no âmbito da Pesquisa PREAUT–Brasil. Atualmente concentra suas pesquisas sobre a linguagem infantil, a 49 o bebê tentaria dominar a língua ilusoriamente; ilusão recuperada mais tarde sob a crença de que, dizendo “eu”, ele seria um enunciador unificado do sentido. partir do referencial que articula Análise do Discurso, de linha francesa, e Psicanálise (Freud, Lacan, Dolto e Winnicott), focalizando os efeitos das primeiras trocas linguísticas, estabelecidas entre o adulto e o bebê, para o processo de constituição do sujeito. [email protected] O caso B e o conceito winnicottiano de objeto subjetivo Ao estudar as etapas iniciais do desenvolvimento emocional do ser humano, Winnicott deparou-se com diversos fenômenos próprios desse período, até então desconhecidos, ou não estudados, mas que ele constatou serem fundamentais no processo de amadurecimento pessoal. Ao longo dos anos, muitos conceitos foram sendo elaborados por Winnicott a fim de explicitar o material que foi sendo trazido à luz através das suas pesquisas. O que se pretende neste trabalho é fazer uma apresentação do conceito de objeto subjetivo, destacando alguns aspectos essenciais desse conceito e buscar no relato do caso B algumas situações ilustrativas desse conceito. Ricardo Muratori Psicólogo, psicoterapeuta, com especializações em clínica da infância, pelo Grupo de Estudos de Psiquiatria, Psicologia e Psicoterapia da Infância – GEPPPI; em desenvolvimento emocional infantil e na metodologia da observação da relação mãe -bebê, (modelo Esther Bick), pelo Centro de Estudos da Relação Mãe-Bebê-Família; Membro Regular e orientador de alunos do Centro Winnicott de São Paulo; mestrando em filosofia pela Unicamp. [email protected] O conceito de solidão em Winnicott O trabalho debate o conceito de solidão em Winnicott. A solidão é o resultado da quebra de confiança nas relações de um mundo globalizado mas imerso nas distorções da busca por satisfação individual acarretando dificuldades nos vínculos interpessoais. Na clínica aparece como condição emocional demonstrando as vicissitudes referentes a vocação relacional da natureza humana. Segundo Winnicott, na linha temporal do Danit Zeava Falbel Pondé Psicóloga (UPM), especialista em Psicologia Hospitalar (H.I.A.E), psicanalista e pesquisadora da Sociedade Winnicott, mestre em filosofia da psicanálise (Unicamp), doutoranda em filosofia da psicanálise (Unicamp), professora Centro Winnicott de São Paulo e outros, professora convidada MIS-SP, autora de O Conceito de Medo em Winnicott (ed. DWW), autora de Cinema no Divã, (ed. Leya, no prelo). [email protected] 50 amadurecimento se conquista a capacidade de se relacionar pessoalmente e de forma afetiva através da sustentação do meio facilitador, a mãe, depois o pai e entorno relacional. Discute-se dois conceitos: solidão essencial e a capacidade de estar só. O cuidado a partir da precariedade – o laço e o “desenlaço” no acolhimento institucional de crianças Este trabalho visa articular o pensamento de Donald Winnicott sobre o processo de amadurecimento e o conceito de vida precária de Judith Butler, a partir da trama afetiva que se constitui entre educador e criança no acolhimento institucional. Por trama afetiva entendemos o emaranhado de afetos das experiências de vida dos envolvidos associadas ao que a instituição mobiliza afetivamente. A identificação do humano no outro nos escancara limitações e desamparo, que causam horror, seguida da dependência e preocupação com o outro. Como o cruzamento dos registros de abandono dos educadores e das crianças podem desumanizar o cuidado? Mariana Peres Stucchi Psicóloga e mestre pelo Departamento de Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem do Instituto de Psicologia da USP, doutoranda pelo Departamento de Psicologia Clínica da Universidade Católica de Pernambuco, professora do curso de Serviço Social da Faculdade Internacional da Paraíba. Atuação profissional em CECO e CAPSi da Prefeitura de Taboão da Serra, no Projeto Quixote – com meninos na cracolândia em São Paulo, como coordenadora do Projeto Fazendo Minha História nas casas de acolhimento de João Pessoa, além de paralela atuação em clínica particular. [email protected] 51 O desenvolvimento da capacidade de usar objetos, observado durante a análise de uma paciente psicótica Com base na experiência obtida durante a análise de uma paciente adulta com diagnóstico de psicose, proponho-me a descrever e problematizar, nesta comunicação, um período crucial do tratamento em que Gisela, no interior da transferência analítica, começou a desenvolver a capacidade de usar objetos. Após apresentar certos pormenores significativos da infância precoce da paciente, bem como alguns aspectos gerais da primeira fase de seu tratamento, assinalo como uma falha analítica, ocorrida em um momento avançado da análise, se revelou como o ponto de partida de uma nova etapa do processo. Ao descrever esta etapa, enfatizo os manejos do setting analítico que utilizei com o propósito de ofertar, a Gisela, as experiências de sobrevivência do analista e da análise, sublinhando alguns resultados clínicos que pude observar. Ricardo Telles de Deus Psicanalista; doutor em Psicologia como Profissão e Ciência (PUC-Campinas); mestre em Psicologia Clínica (PUC-SP); pós-graduado em Teoria Psicanalítica (COGEAE/PUC-SP); graduado em Psicologia (Mackenzie); professor do Curso de Formação em Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP); editor associado da seção Movimentos Literários da Revista Latino-americana de Psicopatologia Fundamental; coordenador de Grupos de Estudo sobre a obra de Winnicott; professor do Curso Winnicott e a Clínica Psicanalítica Contemporânea; supervisor clínico; professor universitário. ricardotellesdeus@hotmail. com O manejo em Winnicott: ao encontro das necessidades da clínica contemporânea Este trabalho se desenvolve a partir da concepção de manejo na teoria winnicottiana. O tema surgiu da necessidade de pensar o atendimento clínico na atualidade, que pode exigir um cuidado terapêutico diverso do trabalho interpretativo pautado nos moldes freudianos. Iniciaremos com a apresentação de nossa concepção de manejo, para então visualizá-lo no atendimento a um paciente fronteiriço (borderline). Neste trabalho, tratamos do manejo como a uma questão de ordem técnica e também como uma forma particular de se conceber a clínica psicanalítica na contemporaneidade. Karin K. Prado Telles Farath Psicóloga (2003), mestre (2006) e doutora (2011) pela Faculdade de Ciências e Letras de Assis - Unesp. Docente na graduação em Psicologia (desde 2008) e na Universidade Estadual Paulista - UNIP (desde 2011), atualmente nas unidades de Alphaville, Vergueiro e Tatuapé. Psicóloga clínica (desde 2005), atuando com Psicoterapia Psicanalítica e Acompanhamento Terapêutico. Trabalhou por cinco anos em um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) como psicóloga e coordenadora. [email protected]. br 52 O passado, a esperança e o futuro: fragmentos da tentativa de elaboração das experiências infantis vividas por uma adolescente adotiva Trata-se da tentativa de elaboração, durante as sessões de análise, de uma adolescente adotiva, da rejeição vivenciada com os seus pais biológicos. Tal tentativa se deu através da narrativa de experiências num jogo virtual no qual foi possível reviver as situações traumáticas relacionadas à descontinuidade existencial ocorrida nos primórdios do seu desenvolvimento emocional. Observou-se que o jogo virtual aliado à experiência analítica, num ambiente sentido como confiável, possibilitou a regressão à dependência; movimento reparador das falhas ambientais que facilitou a retomada do fluxo do desenvolvimento. Pretende-se, portanto, tomar o jogo virtual como uma ferramenta rica de significados e fundamental na elaboração psíquica das vivências arcaicas da adolescente. Maria Lucia Putini Barsuglia Graduada em Psicologia (UNIP, 1990). Psicóloga clínica desde 1990, atendendo crianças, adolescentes, adultos e famílias. Formada psicanalista pelo Instituto Sedes Sapientiae - Curso de Formação em Psicanálise - ISS (2006). Desde 2009 é integrante do Grupo de Adoção e Parentalidade da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Desde 2014 é mestranda pelo Departamento de Psicologia Clínica (USP). Tema de interesse: as especificidades da regressão à dependência, na clínica psicanalítica com crianças adotivas - a busca pela história de origem. [email protected] Ivonise Fernandes da Motta O tempo, a transferência e a regressão a partir de Winnicott No texto: "Birth memories, Birth trauma and Anxiety" de 1949, lido para a Sociedade Britânica de Psicanálise, Winnicott escreve: "Uma das dificuldades de nossa técnica psicanalítica é saber, a cada momento, qual a idade do paciente na relação transferencial." Nos parece evidente a presença do aspecto temporal nesta frase. Pretendemos com a presente comunicação, através dos conceitos-chave de regressão e transferência, explicitar em que medida a prática clinica winnicottiana está permeada pela ideia de tempo. Laura Mack Rates Formada em psicologia (PUC-SP, 2007), mestre pelo departamento de Psicologia Clinica (PUC-SP, 2011), sob orientação do Prof. Dr. Alfredo Naffah Neto, com a dissertação intitulada: “Uma investigação da temporalidade a partir de Winnicott”. Fez formação e trabalhou (2007-2011) como terapeuta de grupo e individual no Instituto A Casa, hospital especializado no tratamento de psicóticos graves. Atualmente é doutoranda pela Unicamp sob orientação do Prof. Dr. Zeljko Loparic, com tese sobre Os tempos em Winnicott e a temática da regressão na clínica; membro do 53 Grupo de Pesquisa em Filosofia e Práticas Psicoterápicas (FPP). Atende em consultório particular. [email protected] “Olhar tudo como se fosse a primeira vez”: a poética da infância em Manoel de Barros e a capacidade de criar o mundo em Winnicott Este trabalho diz respeito a uma poética da infância em Manoel de Barros, eivada da procura pelos cantos primeiros e pelas invenções. Propõe-se a dialogar com os conceitos do brincar e da criatividade em Winnicott, os quais são os precursores da experiência de viver uma vida de modo criativo. O brincar enquanto fruição da liberdade de criação e manifestação da criatividade favorece que o indivíduo conquiste a capacidade de ser criativo, podendo experimentar ser ele mesmo. Portanto, o diálogo sobre o pensamento e a clínica de Winnicott em interlocução com os poemas de Barros propicia que se olhe o mundo como se fosse a primeira vez, como se fosse inventado. Com base num método de pesquisa teórico de cunho bibliográfico e com reflexões colhidas da narratividade dos pacientes, especificamente com quadros de falso self, apresenta-se este estudo. Renata Lisboa Machado Psicóloga. Especialista em Psicologia em Cardiologia pelo Programa de Residência Integrada em Saúde: RISC - Fundação Universitária de Cardiologia - ICFUC/RS. Mestre em Psicologia Social e Institucional - PPGPSI/ UFRGS. Psicoterapeuta de Orientação Psicanalítica pelo Instituto de Terapias Integradas de Porto Alegre - ITIPOA/ RS. Doutoranda em Letras - Teoria da Literatura - PPGL/PUCRS. [email protected] Reflexão, filiação e criatividade na trajetória institucional do psicanalista contemporâneo Trata-se de problematizar a forma como o psicanalista constrói uma trajetória em meio aos horizontes institucionais de formação e pertencimento em psicanálise, tentando conciliar por um lado seu potencial de pensamento criativo e por outro lado manter-se em consonância com os princípios e “regras da casa” do ambiente em que circula. Mobilizar-se-á, nesse contexto, Wilson Franco Psicanalista e escritor, mestre e doutorando em psicologia pelo IPUSP, membro do Laboratório de Pesquisas e Intervenções em Psicanálise do PSC/ IPUSP (psiA), autor de Autorização e Angústia de Influência em Winnicott, ed. Casa do Psicólogo e Gente só, ed. Chiado. [email protected] 54 o trabalho de Harold Bloom, crítico literário que discute a angústia de influência, e imagens da literatura que operam no paradoxo dentro-fora. A partir dessa problematização referir-nos-emos a noções que têm sido cunhadas para dar forma e destino a essa discussão no contexto da própria psicanálise. Daniel Kupermann Professor doutor do Departamento de Psicologia Clínica (USP), coordenador do Laboratório de Pesquisas e Intervenções Psicanalíticas (psiA), bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq, psicanalista membro da Formação Freudiana (RJ), autor de vários artigos publicados em revistas especializadas nacionais e estrangeiras e dos livros Transferências cruzadas: uma história da psicanálise e suas instituições (ed. Escuta), Ousar rir: humor, criação e psicanálise, e Presença sensível: cuidado e criação na clínica psicanalítica, ambos publicados pela ed. Civilização Brasileira. Um lugar para o borderline em Winnicott O paciente borderline é considerado exemplar da clínica contemporânea. Entretanto, a falta de consenso em torno desta patologia ainda é marcante e, consequentemente, prejudicial ao tratamento desses indivíduos. Tomando como ponto de partida a tese de André Green de que Winnicott é o psicanalista do borderline, este trabalho, de natureza teórica, objetivou compreender de que fala Winnicott quando se refere ao distúrbio borderline e qual o lugar que esta patologia ocupa no seu modo de entender a classificação diagnóstica. Isto porque, não obstante a importância deste autor, suas contribuições para este tema encontramse esparsas em sua obra e apresentadas de forma nebulosa e ambígua. Ao final, a proposta alcançada é a de que o borderline ocupa um lugar dentro da categoria das psicoses, porém distinta da esquizofrenia, mas que engloba todas as patologias do tipo falso self e do tipo esquizoide. Sabrina Jacques Mestra em psicologia pela PUC-Campinas, docente e supervisora de estágio na Universidade Paulista, psicóloga voluntária do ambulatório de Transtornos Somatoformes do Ipq-HCFMUSP e psicanalista em consultório particular. [email protected] Leopoldo P. Fulgêncio Junior 55 Promoção Centro de Lógica, Unicamp Grupo de Pesquisa em Filosofia e Práticas Psicoterápicas da Unicamp Centro Winnicott de São Paulo (CWSP) Sociedade Winnicott (SBPW) International Winnicott Association (IWA) Coordenação Elsa Oliveira Dias (SBPW, IWA) Laura Dethiville (SPF, IWA) Zeljko Loparic (PUCPR, Unicamp, SBPW, IWA) Assistente de coordenação Ariadne Alvarenga de Rezende Engelberg de Moraes (SBPW, IWA) Daniela Guizzo (SBPW, IWA) Gabriela Gálvan (SBPW, IWA) Loris Notturni (IWA) Comitê Científico Alfredo Naffah Neto (PUC-SP, Brasil) Antonio Coimbra de Matos (AP, Portugal) Conceição Serralha (UFTM, Brasil) Jean-Renaud Seba (Université de Liège, Bélgica) Leticia Minhot (UNC, Córdoba, Argentina) Ofra Eshel (IWA, Israel) Patrick Guyomard (SPF, França) René Roussillon (Université de Lyon, França) Thanassis Hatzopoulos (Grécia) Vincenzo Bonaminio (La Sapienza, Itália) Coordenação executiva Maria Luiza Castelo Branco Secretaria Iara Mattos Informações [email protected] (11) 993.018.113 e (11) 3676-0635 56 sbpw.com.br iwassociation.org