TCA_abacaxi MD-2
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TCA_abacaxi MD-2
Comportamento do abacaxizeiro 'MD-2' na Paraíba Miguel Barreiro Neto1, José Teotônio de Lacerda2, Rêmulo Araújo Carvalho2, Camilo Flamarion de Oliveira Franco¹ e Eliazar Felipe de Oliveira2 1 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa/ Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A. - Emepa ([email protected], [email protected]) 2 Emepa ([email protected], [email protected], [email protected], [email protected]) Resumo - Este trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento da cultivar de abacaxi MD-2, na Estação Experimental do abacaxi, em Sapé, PB, no período 1997 a 2000, pelas suas características relacionadas à planta e ao fruto. O material original foi disponibilizado à Emepa pela Empresa Brasfrutas, no ano de 1995, sendo avaliada conjuntamente com outras cultivares e híbridos de diversos programas de melhoramento. Os resultados conferem a cultivar um bom desempenho, destacando-se em peso do fruto, rendimento de suco e relação brix/acidez. O peso do fruto sem coroa variou entre 1.400 a 1.700 g, em conformidade com as exigências dos novos mercados e consumidores que preferem frutos de tamanho médio. A altura e o diâmetro da planta a tornam adequada para ser utilizada em espaçamentos mais estreitos como 0,70 x 0,30 m ou até 0,60 x 0,30 m em cultivo irrigado. Nestas condições o ciclo pode ser antecipado de 18 meses para 15 a 16 meses do plantio à colheita. Possui boa relação brix/acidez para atender a consumidores europeus e asiáticos com acidez menor do que a da cultivar Smooth Cayenne, elevado teor de açúcares e polpa mais firme, apresentando-se mais resistente ao transporte, com menor perecibilidade de frutos e maior longevidade pós-colheita. Palavras-chave: abacaxi, Ananas comosus, fruto, brix, acidez Behavior of the pineapple 'MD-2' in Paraiba Abstract – the objective of this work was to evaluate the behavior of the MD-2 pineapple cultivar, at Pineapple Experimental Station, in Sapé, PB, in the period of 1997 to 2000, through its characteristics related to plant and fruit. The original material was available to the Emepa by Brasfrut, in 1995, which was evaluated in conjunction with other cultivars and hybrids of several breeding programs. The results give the cultivar a good performance, especially in fruit weight, juice yield and Brix/acidity. The fruit weight without crown ranged between 1,400 and 1,700 g, in accordance with the requirements of new markets and consumers who prefer fruits of medium size. The height and diameter of the plant make it adequated for use in closer spacing as 0.70 x 0.30 m or even 0.60 x 0.30 m in irrigated cultivation. Under these conditions, the cycle can be changed from 18 months to 15 to 16 months from planting to harvest. It has good brix/acidity relation to meet European and Asian consumers with lower acidity than the Smooth Cayenne cultivar, high sugar content and firmer flesh, being more resistant to transportation, less perishable and with better post-harvest longevity. Keywords: pineapple, Ananas comosus, fruit, brix, acidity Introdução Na última década, o Brasil tem se colocado entre os três maiores produtores mundiais de abacaxi (Ananas comosus (L.) Merril), e a Paraíba entre os três maiores produtores nacionais, conforme dados do IBGE (2007). Mesmo diante da grandiosidade destes números o Estado da Paraíba continua inexpressivo no mercado por conta principalmente, da baixa aceitação da cultivar Pérola no mercado mundial e do lento incremento das áreas de outras cultivares. Na abacaxicultura nacional há ampla predominância da cultivar Pérola sobre as demais, dentre as quais a MD-2 (“Gold”), apresenta-se com grande aceitação no mercado externo, atraindo o interesse de empresas exportadoras nacionais. A cultivar é um híbrido obtido a partir do Smooth cayenne apresentando plantas vigorosas, sem espinhosidade, com a casca e a polpa amarela, rico em açúcar e de menor acidez, tendo ainda como vantagem a possibilidade de apresentar maior durabilidade pós-colheita. Entretanto, permanece reduzida a área cultivada com estas novas cultivares e híbridos originados de diversas instituições de pesquisa, sendo, portanto, necessário maior conhecimento do seu comportamento nas principais regiões produtoras (Barreiro Neto et al., 2007). Segundo Bartholomew (2009), a produção e o consumo mundial do abacaxi MD-2 continuam em expansão, com área plantada excedendo 60 mil hectares no ano de 2006. A produção brasileira de abacaxi, em 2008, foi de 1,66 bilhões de frutos, obtida em uma área de 62.142 hectares. O Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.3, n.3, p.19-22, set. 2009 19 Estado da Paraíba foi o maior produtor, com área colhida de 11.536 hectares, produção de 345,2 milhões de frutos e rendimento de 29.908 frutos/ha, correspondendo a 18,6 % da área e 20,8 % da produção nacional. Já, o Estado do Pará apresentou uma área colhida de 10.358 hectares, produção de 261,37 milhões de frutos e rendimento de 25.231 frutos/ha. Minas Gerais apresentou uma área colhida de 8.396 hectares, produção de 265,52 milhões de frutos e rendimento de 31.625 frutos/ha, segundo os dados do IBGE (2009). Não obstante, ainda, permanece no mercado o conceito firmado pela qualidade do produto produzido na Paraíba, considerado o fruto de maior procura e valor comercial na CEASA-MG. A cultura se desenvolve nas mesorregiões Mata Paraibana e Agreste que representam 93% e 7%, respectivamente, da área cultivada abrangendo 35 municípios, onde exerce importante papel como gerador de emprego e renda para expressivas parcelas da população rural. Este trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento do abacaxizeiro cultivar MD-2 (“Gold”), no período de 1997 a 2002, na Estação Experimental do Abacaxi, em Sapé, PB, por meio de suas principais características relacionadas à planta e ao fruto. Material e Métodos Os dados experimentais utilizados neste estudo foram obtidos de cinco ensaios de competição de cultivares realizados na Estação Experimental do Abacaxi, no município de Sapé, PB, no período 1997 a 2000. A estação está posicionada nas coordenadas geográficas de 07 º 06´ 00´´ S; 35 º 13´48´´ W.Gr. e altitude de 124 m. No período as variações climáticas ocorridas foram: Precipitação pluvial média anual entre 900 e 1.000mm, concentrando-se a ocorrência de chuva no período de março a setembro; a temperatura média anual é de 26,5 ºC, com máxima de 34 ºC e mínima de 28 ºC; a umidade relativa do ar varia entre 80 e 90%. O solo classifica-se como Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico (Embrapa, 1999) e apresentou as seguintes características químicas: pH em água (1:2,5) = 4,83; P disponível = 5,63 mg/100g; K = 0,16 cmolc/kg; Ca2+ + Mg2+ trocáveis = 1,12 cmolc/kg; Al3+ trocável = 0,60 cmolc/kg e matéria orgânica = 1,86 g/kg . O material original foi disponibilizado à Emepa pela Empresa Brasfrutas, no ano de 1995, sendo avaliado conjuntamente com outras cultivares e híbridos de diversos programas de melhoramento. No sistema de produção foram utilizadas mudas tipo rebento em função da sua maior disponibilidade e vigor dado que é característico deste grupo, o baixo número de mudas tipo filhotes. O espaçamento utilizado foi o de 0,80 x 0,30 m. Os tratos culturais e fitossanitários obedeceram às recomendações de Oliveira et al. (2002). 20 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.3, n.3, p.19-22, set. 2009 As análises dos sólidos solúveis totais (SST), acidez e porcentagem de polpa e suco foram realizadas nos laboratórios da EMEPA, utilizando-se de metodologia convencional. Os índices qualitativos de teor de SST foram medidos em ºBrix com uso de um refratômetro, o qual expressa a porcentagem de sólidos dissolvidos na água presente no suco; e a acidez total titulável do suco (ACi) foi obtida mediante titulação com solução de NaOH 0,1 N. Os dados das características do fruto e da planta da cultivar de abacaxi MD-2 Gold foram submetidos à análise descritiva de médias de cinco ensaios, utilizando-se o programa Statistical Package for the Social Sciences - SPSS. Resultados e Discussão Pelos resultados experimentais obtidos e apresentados na Tabela 1, observam-se as qualidades da cultivar MD-2 ( “ Gold ”) como material promissor e de amplas possibilidades de aumento expressivo de área na abacaxicultura irrigada do Nordeste. Além das características do fruto como peso, forma cilíndrica, ausência de espinhosidade na coroa e nas folhas, destacam-se o rendimento de suco e a excelência de sua qualidade com boa relação brix/acidez. Estas características aliadas à tecnologia de irrigação permitem a obtenção de frutos de alta qualidade durante todo o ano. Tais atributos conferem a cultivar MD-2 as seguintes vantagens: 1) altura e diâmetro adequados para a planta ser utilizada em espaçamentos mais estreitos como 0,70 x 0,30 m ou até 0,60 x 0,30 m em cultivo irrigado. Nestas condições, o ciclo pode ser antecipado para 15 a 16 meses do plantio à colheita; 2) peso do fruto sem coroa variando entre 1.400 e 1.700 g, em conformidade com as exigências dos novos mercados e consumidores que preferem frutos de tamanho médio. Comparando-se diversas cultivares de abacaxizeiro, constata-se que cultivar MD-2 apresenta menor tamanho do fruto em relação aos genótipos Paraíba-Rubi ou Roxo (Figura 1a), Smooth Cayenne (Figura 1b), Pérola (Figura 1c). A cor da casca e da polpa da MD-2 varia de amarelo a amarelo-creme, constituindo atributos visuais importantes quer para consumo in natura, quer para a indústria de sucos e compotas, refletindo em preço mais compensador no mercado mundial. Na Figura 2 observa-se a tonalidade da casca da cultivar MD-2, quando complemente maduro, bem como a ausência de filhotes na base do fruto. Este genótipo apresenta relação brix/acidez preferida pelos consumidores europeus e asiáticos, sendo a acidez menor do que a da cultivar Smooth Cayenne com elevado teor de açúcares; polpa mais firme, mais resistente ao transporte, menor perecibilidade de frutos, maior longevidade pós-colheita; e pouco número de filhotes por planta (1,2 ), o que é compensado pela emissão de rebentos, permitindo a seleção por tipo e a obtenção de áreas de maturação uniforme. A Figura 3 representa um fruto desta cultivar em processo de maturação com apenas um filhote. Tabela 1. Características do fruto e da planta do abacaxizeiro cultivar MD-2, cultivado na Estação Experimental do Abacaxi, em Sapé, PB, no período de 1997 a 2000. Características Fruto Comprimento (cm) Peso (g) Diâmetro (cm) Comprimento da coroa (cm) Peso da coroa (g) Cor da casca na maturação Cor da polpa do fruto Diâmetro do coração do fruto (cm) Suco na polpa (%) Sólidos solúveis totais (º Brix) Acidez (mL de NaOH 0,1N/10 mL suco) Planta Altura de inserção do fruto (cm) Número de filhotes por planta Número de folhas por planta Diâmetro da planta (cm) Comprimento da folha (cm) Largura da folha (cm) 1998 1998/1999 1999/2000 1998 Média 14,8 1.414 12,0 16,3 161,0 Amarela Amarela 3,0 72,7 14,30 5,2 15,5 1.700 11,8 8,5 113,0 2,5 15,17 10,2 15,5 1.275 12,5 16,8 137,5 2,3 16,16 9,7 15,0 1.440 12,0 17,0 200,0 Amarela Amarela 2,5 15,79 10,0 17,3 1.440 11,8 18,5 200,0 2,5 73,2 15,96 9,4 15,6 1.454 12,0 15,4 162,3 Amarela Amarela Creme 2,6 72,9 15,48 8,9 31,7 55,5 90,6 72,0 8,3 28,0 77,5 79,0 7,8 21,5 1,2 67,0 66,0 5,6 33,0 52,0 70,0 6,5 27,0 86,0 68,0 7,5 28,2 1,2 55,5 74,6 71,0 7,1 1997 Na Figura 1A observa-se a tonalidade da casca da cultivar Gold, quando complemente maduro, bem como a ausência de filhotes na base do fruto. Este genótipo apresenta relação brix/acidez preferida pelos consumidores europeus e asiáticos, sendo a acidez menor do que a da cultivar Smooth Cayenne com elevado teor de açúcares; polpa mais firme, mais resistente ao transporte, menor perecibilidade de frutos, maior longevidade pós-colheita; e pouco número de filhotes por planta (1,2), o que é compensado pela emissão de rebentos, permitindo a seleção por tipo e a obtenção de áreas de maturação uniforme. A Figura 1B representa um fruto desta cultivar em processo de maturação com apenas um filhote. Por conta dessas vantagens e mesmo com dificuldades atuais de obtenção de mudas, a grande aceitação no mercado externo, possibilitou ao Estado do Ceará tornar-se o maior exportador nacional dessa cultivar com a maior produtividade (64.823 frutos), mediante a utilização de plantios mais adensados conseguidos graças ao menor porte da cultivar. Conforme Sajquim (2005), um dos fatores limitantes para a expansão do cultivo do híbrido MD-2 é a pouca informação disponível pois as empresas produtoras privadas e as entidades governamentais não vem compartilhando as informações que dispõem. As informações tem se limitado a produção das grandes empresas. Os resultados obtidos nesta pesquisa apontam para a necessidade de gerar uma base de dados para definir uma estratégia de cultivo que dê acesso ao seu uso por produtores da agricultura familiar, democratizando informações e material genético. B A Figura 2. Fruto do abacaxizeiro cultivar MD-2 (A - maduro e B- em processo de maturação). Comparando-se diversas cultivares de abacaxizeiro, constata-se que cultivar MD-2 apresenta menor tamanho do fruto em relação aos genótipos Paraíba-Rubi ou Roxo (Figura 1a), Smooth Cayenne (Figura 1b), Pérola (Figura 1c). A cor da casca e da polpa da MD-2 varia de amarelo a amarelo-creme, constituindo atributos visuais importantes quer para consumo in natura, quer para a indústria de sucos e compotas, refletindo em preço mais compensador no mercado mundial. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.3, n.3, p.19-22, set. 2009 21 Conclusão A cultivar MD-2 se constitui uma nova opção para diversificar o mercado, quer para o consumo in natura, quer para industrialização. Possui porte compatível com níveis populacionais mais adensados e fruto dentro dos padrões de exigência do paladar europeu, asiático e norte-americano, que preferem maior teor de acidez quando comparado a cultivar Pérola. Referências BARREIRO NETO, M.; LACERDA, J.F. de; CARVALHO, R.A.; OLIVEIRA, E.F. de. Caracterização e avaliação de germoplasmas de abacaxizeiro. In: BARREIRO NETO, M.; SANTOS, E.S. dos (Eds.). Abacaxi: da agricultura familiar ao agronegócio. João Pessoa, PB: Emepa, 2002. p.13-21. A BARREIRO NETO, M.; LACERDA, J.F. de; CARVALHO, R.A.; OLIVEIRA, E.F. de. Paraíba-Rubi: cultivar de abacaxi resistente à fusariose. João Pessoa, PB: Emepa, 2007. 4p. BARTHOLOMEW, D.P. “ MD-2 ” pineapple transform the world`s pineapple fresh fruit export industry. Pineapples News, ISHS, n.16. p. 2-5, July. 2009. EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de Janeiro: Embrapa/CNPS, 1999. 412p. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE, Rio de Janeiro). Levantamento sistemático da produção agropecuária. Rio de Janeiro, RJ, abril, 2007. B INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE, Rio de Janeiro). Levantamento sistemático da produção agropecuária. Rio de Janeiro, RJ, abril, 2009. OLIVEIRA, E.F. de; CARVALHO, R.A.; LACERDA, J.T. de; CHOARY, S.A.; BARREIRO NETO, M. Abacaxi: sistema de cultivo para o tabuleiro paraibano. João Pessoa, PB: Emepa, 2002. 38 p. (Emepa. Documentos, 38). C Figura 2. Frutos do abacaxizeiro cultivares A - Smooth Cayenne, B - Pérola e C - Paraíba-Rubi ou Roxo. 22 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.3, n.3, p.19-22, set. 2009 SAJQUIM, P.J.P. Experiências en el cultivo de piña (Annanas comosus (L) Merr.) con el hibrido MD2 en Finca la Plata, Coatepeque, Quetzaltenango. Universidad de San Carlos de Guatemala. Faculdad de Agronomia. Instituto de Investigaciones Agronômicas. Guatemala, marzo de 2005. 61p.
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