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Bovinocultura de Leite
Ordenha e Qualidade do Leite
A qualidade do leite é determinada, entre outros fatores, principalmente pelo
manejo de ordenha.
Indicadores de Qualidade do leite:
-Baixa contaminação bacteriana (higiene e capacidade de armazenamento do
leite) que pode ser dividida em três fatores:
-Contaminação bacteriana esta relacionada à higiene do leite ( higiene da
ordenha, higiene dos equipamentos, higiene das instalações, etc.)
-Capacidade de resfriamento;
-Tempo de armazenamento;
*Estes três fatores vão interferir na qualidade microbiológica do leite, que o principal
indicador atual é a contagem bacteriana total.
CBT (contagem bacteriana total)
Medida em unidades formadoras de colônia por mililitros de leite;
Atualmente é o maior desafio, pois é onde esta concentrado o maior problema,
mas não será um desafio em longo prazo, pois existe solução. E a contagem de células
somáticas é um problema tão grande quanto o primeiro, mas ele sempre existirá.
A CBT e a CCS são os maiores desafios.
*Baixa contagem de células somáticas: é o principal indicador de saúde do úbere.
Mesmo em países com pecuária leiteira desenvolvida, tem-se problemas com CCS.
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Figura 1. Demonstração da distribuição percentual do prejuízo causado pela mastite
Fonte: SANTOS e FONSECA, 2007.
Principais bactérias presentes no leite: mesófilas (entre 20 a 40ºC),
psicrotróficas (entre 20 a 40ºC, mas com capacidade até abaixo de 7ºC) e termodúricas
(entre 44 e 55ºC).
Efeito dos organismos mesófilos: Estes microorganismos são encontrados em
casos de falha de refrigeração do leite ou falta de higiene. As bactérias predominantes
nesses casos são Lactobaccilus, Sterptococcus, Lactococcus e enterobactérias, atuando
pela fermentação do leite, produzindo ácido lático, resultando em leite ácido. Por isso se
torna necessário resfriar o leite imediatamente após a ordenha e produzi-lo em boas
condições de higiene.
Fonte de Psicrotróficas: água (equipamentos de ordenha), animais (superfície
externa do úbere), ambiente (solo, gramíneas e cama dos animais) e pós-pasteurização
(equipamentos, ar e embalagens).
A implementação da estocagem do leite cru refrigerado na fonte de produção
iniciou-se no Brasil, na década de 90, sendo regulamentada pelo Ministério da
Agricultura em 2002. Esta prática reduz os custos operacionais de produção, incluindo a
deterioração do leite por atividade acidificante de bactérias mesofílicas. Porém, pode
ocasionar problemas tecnológicos associados à atividade de enzimas proteolíticas e
lipolíticas de bactérias psicrotróficas. Muitas destas enzimas são termorresistentes e
estão relacionadas às perdas de qualidade e à redução da vida de prateleira do leite UHT
e de outros produtos lácteos. A microbiota psicrotrófica contaminante do leite inclui
espécies de bactérias Gram-negativas dos gêneros Pseudomonas, Achromobacter,
Aeromonas, Serratia, Alcaligenes, Chromobacterium e Flavobacterium e bactérias
Gram-positivas dos gêneros Bacillus, Clostridium, Corynebacterium, Streptococcus,
Lactococcus, Leuconostoc, Lactobacillus e Microbacterium spp.
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Ausência de resíduos (antibióticos)
É um problema de saúde publica, pelo fato de formar colônias resistentes a
antibióticos e também pode ocorrer de causar alergia em indivíduos sensíveis a um
antibiótico especifico.
Deve-se trabalhar com testes rápidos (qualitativos e não quantitativos), pois não
se tem tempo para testes demorados.
Os testes existentes hoje detectam inibição do crescimento microbiano por
impedimento dos antibióticos.
O Brasil tem uma lista de níveis máximos de tolerância para cada antibiótico, e
tem um teste que procura abranger eles todos. E devido a isso não e consegue ajustar
para cada tipo de antibiótico, então ele pode ser tolerante demais para um tipo de
antibiótico.
Não existe teste rápido para antiparasitário. Por esses motivos, se preconiza a
educação e informação.
As maneiras mais comuns de um antibiótico chegar ao leite são a falta de
informação do produtor, tem produtor que sabe qual antibiótico não é detectado no teste
e faz o uso deste e falta de organização acidental (não sabe qual vaca foi medicada,
troca de turnos de funcionário sem avisar).
Composição (valor nutritivo e rendimento industrial)
Desafio para se ter uma dieta adequada obtendo-se alto teor de gordura e
proteína no leite e associado ao melhoramento genético.
Tem um impacto muito grande principalmente sobre o leite em pó.
Qualidades organolépticas
Tem correlação com o processamento industrial e com a qualidade da matéria
prima, como por exemplo, a elevada contaminação bacteriana pode acabar deixando
cheiro no leite (pela presença de coliformes fecais). A pasteurização diminui o risco de
contaminação bacteriana, mas não vai melhorar o sabor do leite.
Não inocuidade: contaminação por zoonoses.
Principais exigências de qualidade para o leite cru IN 622011 (MAPA)
Surgiu com a portaria 56, a única diferença é que ela exigia que o leite ficasse a
temperatura de 4ºC, e agora se aceita 7ºC. A diferença disso é que na pratica é difícil de
deixar a 4ºC.
A instrução teve várias etapas, especificadas no quadro:
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Data/Unidade
Unidades
Formadoras
Colônia/mL
Até 31/12/2011
Até 30/06/2014
Até 30/06/2016
Meta Final
750 mil UFC/mL
600 mil UFC/mL
300 mil UFC/mL
100 mil UFC/mL
750 mil CS/mL
600 mil CS/mL
500 mil CS/mL
400 mil CS/mL
de
Células
Somáticas/mL
Legislação IN 51/IN 62
Requisitos
Limites
Matéria gorda: g/100g
Mínimo de 3,0g
Densidade relativa 15/150Cg/mL
1,028 a 1,034
Acidez titulável: g ácido lático/100mL
0,14 a 0,18
Extrato seco desengordurado: g/100g
Mínimo de 8,4g
Índice Crioscópico
-0,530ºH a – 5,50ºH (equivalentes à -0,512ºH e à -0,531ºH)
Proteínas: g/100g
Mínimo de 2,9g
É necessário existir um valor aonde efetivamente seja cobrado, o que acontece é
que a maioria dos produtores não conseguem atender.
Situação Atual em Santa Catarina segundo o SIF em Abril de 2011, com cerca
de 30.000 amostras.
Media da CCS: cerca de 560 mil;
Media CBT: cerca de 1.300.000
especificados.
ou seja, estão acima dos valores
Com o máximo permitido 750.000, 33% das propriedades se encontram acima
do máximo permitido para CCS e 55% das propriedades se encontram acima do
máximo permitido para CBT.
Não existe como o ministério da agricultura fiscalizar todos os produtores, o
lacticínio é que não deve receber esse leite. Deve ser preconizado o pagamento por
qualidade do leite, para estimulação do produtor.
Existem duas formas, ou remunera ou penaliza.
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Higiene é uma questão de educação e não de conhecimento. O problema da
produção esta na educação, e estamos tentando resolver com tecnologia o que deve ser
resolvido com educação e é um processo de longo prazo.
O queijo é um dos produtos mais afetados pela qualidade do leite no rendimento.
É preciso capacitar o produtor para ele poder produzir um leite de qualidade.
Qualidade do Leite
É difícil mexer no CCS, porque além do manejo, tem que esperar uma resposta
da vaca.
O que é a contagem de células somáticas e para que serve?
São as células de defesa do organismo junto com as células de descamação do
epitélio, q podem indicar uma infecção da glândula mamaria. Com a entrada de
patógenos vai ocorrer o maior refluxo de células somáticas (defesa do organismo, junto
com bactérias).
Servem para indicar a qualidade do leite.
O padrão de bonificação (pagamento por qualidade) é um estimulo a mais para o
produtor melhorar a qualidade do leite.
Inicio da infecção da glândula mamaria:
Inicia pela contaminação (entrada de patógenos ou trauma) a qual ultrapassa a
barreira do canal do teto e assim ocorre um maior acumulo de células de defesa (
monócitos e leucócitos) levando ao aumento da CCS. Quanto maior o numero de
agentes, maior será o numero de células somáticas.
Efeito do processo inflamatório:
Com a entrada de algum patógeno, ocorre um maior fluxo das células somáticas
por quimiotaxia (macrófagos, linfócitos e neutrófilos) que que atravessam as barreiras
das células que produzem o leite e levam a produção de enzimas que vão degradar as
proteínas do leite, diminuindo assim a sua qualidade.
CCS glândula mamária
Parâmetro
Sadia
Mastite
CCS (células/mL)
Abaixo de 200.000
Acima de 200.000
Células Epiteliais
Entre 65% e 80%
Entre 20% e 35%
Células de Defesa
Entre 20% e 35%
Entre 65% e 80%
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*São encontrada menos CCS na vaca sadia, sendo composto principalmente por células
epiteliais. Já na vaca com mastite a CCS é maior e contem mais células de defesa.
Prejuízo ao produtor e as industrias pois a CCS pode prejudica o produtor: a
CCS é uma inflamação na glândula mamaria, e conseqüentemente essa infecção vai
diminuir a produção de leite. Nos casos que se tem pagamento por qualidade do leite vai
ocorrer a penalização. A CCS pode prejudicar a indústria, porque diminui o rendimento
de alguns produtos como o queijo.
*A medida que aumenta o numero de CCS diminui a produção leiteira, causando maior
prejuízo ao produtor.
Então uma redução de CCS, mesmo que não exista o pagamento por qualidade
se torna autos sustentável.
Prevalência de Infecções e perdas de produção associadas com CCS
CCS no tanque
% quartos infectados
% perdas de produção
200.000
6
0
500.000
16
6
1.000.000
32
18
1.500.000
48
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Mastite
Mastite Clinica
-O produtor identifica os animais afetados;
-Apresenta grumos no leite e queda da produção.
Mastite Subclínica:
-Para cada um caso de mastite clinica, tem-se 40 casos de mastite subclínica, e o
produtor não visualiza, e esses animais tem perda de produção.
-São animais que estão infectados, mas sem sinais clínicos.
-Essa é a forma que traz maior prejuízo ao produtor.
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*A CCS do tanque irá avaliar a mastite subclínica ou clinica? Irá avaliar a mastite
subclínica, porque as vacas com mastite clínica não podem ser ordenhadas junto com as
outras e o seu leite não pode ir junto no tanque.
Alterações na composição do leite
-Redução do valor nutricional;
-Degradação enzimática de algumas proteínas do leite (pelas células de defesa e
bactérias);
-Redução de minerais, principalmente o cálcio;
-Alteração do sabor do leite;
Problemas
-Redução do rendimento industrial;
-Redução da bonificação para os produtores;
-Prejuízos para a indústria: pois há diminuição da lactose em torno de 5% a 20%,
diminuição da proteína (Ex.: caseína), diminuição de sólidos totais em cerca de 30%,
diminuição da gordura, cálcio, potássio e fósforo. Imunoglobulinas, lípase, sódio e
cloreto aumentam.
*Resumindo, tudo que a célula secretora do leite produz diminui, e tudo o que vem
direto do sangue aumenta. Então quanto mais severa a mastite, mais parecido com o
soro sanguíneo o leite vai ficando.
Diagnostico da Mastite Subclínica
01-Califórnia Mastite Teste (CMT)
É um teste rápido, barato e eficaz, e pode ser feito nas propriedades na linha de
ordenha, na aquisição de novos animais. Feito também na hora de secar os animais, para
verificar se há alguma inflamação e também para verificar quando entrarão na ordenha.
Relação entre resultado do CMT e contagem de célulassomáticaseletrônicas
Escore
Viscosidade
CCS/ml leite
0
Ausente
100,000
Traços
Leve
300,000
+
Leve/moderada
900.000
++
Moderada
2.700.000
7
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+++
Intensa
8.100.000
É classificado em cruzes, é colocado um reagente que faz a gelatinizacão aonde
vamos avaliar a viscosidade dessa mistura do leite com reagente.
Coloca-se 2 mL de reagente e 2 mL de leite.
Quanto maior o escore CMT, acompanha também o aumento da CCS.
O teste deve ser realizado imediatamente antes de todas as ordenhas. Os três ou
quatro primeiros jatos devem ser despejados na caneca de teste
O reagente reage com o material genéticos das células somáticas provocando a
formação de um gel, quanto mais células somáticas mais material genético tem-se e
mais gelatinoso fica.
02-Citometria de Fluxo (realizado em laboratório)
Individual:
Controle individual, sendo coletadas as amostras mensalmente e são mandadas
para os laboratórios.
Em uma maquina é feito a contagem direta de células através da leitura de um
laser.
Rebanho:
É feito mais em rebanhos, pega-se uma amostra do tanque para ter uma idéia da
propriedade.
Para a CCS a contagem pode ser individual, mas para a CBT a contagem se da
por unidade formadora de colônia.
Faz-se duas contagens: uma da CBT individual, uma da unidade formadora de
colônia e coloca isso numa equação de regressão que formará uma curva de
equalização. Estima-se a unidade formadora de colônia a partir da contagem individual
de bactérias.
Esta sujeita a maior erros que a CCS, porque é feito uma curva media dessa
contagem; essa curva deve ser regional, porque em determinada região as colônias se
desenvolvem mais que em outras.
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Fatores que afetam a CCS
-Efeito do numero de lactações na CCS: quanto maior o numero de lactações,
tende a ter maior numero de CCS, devido a maior probabilidade de contaminação por
diminuição da imunidade e também maior numero de lactações. Os animais mais velhos
tendem a ter perdas no mecanismo de defesa do teto.
Fonte: MONARDES, 1984.
Efeito do estagio de lactação sobre a contagem de CCS: no inicio (maior
produção de imunoglobulinas é devido ao estresse) e no final do estagio (maior
descamação epitelial do úbere) de lactação tende a ter CCS mais alto.
*A CCS de um tanque não é indicador de um problema individual e sim de rebanho.
Fonte: MONARDES, 1984.
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Variação da contagem de células somáticas (CCS) de vacas em lactação de
acordo com o estado de infecção:
Mastite Subclínica: alterações na glândula mamaria, lesões nas células
secretoras, aumento da permeabilidade celular devido a mudanças de gradiente,
altera a qualidade do leite
*Através de manejo correto antes, após e durante a ordenha é possível diminuir a
produção de células somáticas.
Descarte
-Antecipação da secagem
-Linha de ordenha: pra evitar que os animais criados juntos possam ser
infectados.
-Terapia da vaca seca: secar esses animais e tratar com antibióticos
Qualidade Microbiológica
A contagem bacteriana total somente faz sentido em analise de tanque, já que ela
é um problema do processo e não da vaca.
O numero ideal para pagamento por qualidade é a avaliação da qualidade
microbiológica quinzenalmente. Mas o que acontece é mensal, o que pode acarretar
erros grosseiros de produtor para produtor. Nesses casos qualquer problema que
acontece abaixa a media do produtor.
Fatores que podem interferir:
-Contaminação na fazenda;
-Contaminação da glândula mamaria (mastite): muito difícil ser oriunda de
mastite, porque a maioria desses agentes se multiplicam em baixa velocidade no meio
ambiente.
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-A correlação de CCS e CBT no mesmo tanque é baixíssima.
-Doenças específicas: são problemas como zoonoses, e não como CBT. É outro
indicador a parte.
-Higiene da ordenha: a contaminação vem da higiene da ordenha. Falhas no
resfriamento e armazenagem do leite. Geralmente a fonte de bactérias esta no teto da
vaca mal higienizado, na mão do ordenhador, na água contaminada usada para a
higienização, no equipamento, no processo de armazenagem (quanto tempo e qual
temperatura).
A IN 51 permite que a coleta seja feita a cada 48horas, quando esse tempo passa
ocorre a proliferação bacteriana. Nesse caso, se a contagem bacteriana do leite der alta
essa informação não deve ser contabilizada, pois foi por causa do tempo de
armazenamento.
-Contaminação no transporte: caminhões que não são higienizados.
-Contaminação na indústria: resfriamento e armazenagem
Bactérias Presentes no Leite
Psicrófilas (entre 0 a 15ºC): também se multiplicam na temperatura ambiente e
conseguem ter algum nível de multiplicação em temperaturas baixas. Um produtor com
baixo nível de higiene e um sistema de resfriamento bom consegue baixar a CBT
porque a maioria das bactérias são mesófilas, porem não o suficiente porque não inibe
as psicrofilas.
Mesófilas (entre 20 a 40ºC): é o principal grupo e se multiplica rapidamente em
20 a 40ºC. Quando se fala em CBT elevada as mesófilas são as mais presentes. Um
sistema de resfriamento serve principalmente para evitar o desenvolvimento destas.
Termófilas (entre 44 a 50ºC): as termófilas podem resistir a pasteurização e ao
UHT (trazem prejuízos com relação a questão organoléptica e aspecto – caixa estufada
pela produção de gases, produção de lipases que degradam a gordura e deixam cheiro de
ranço).
*Deve-se controlar essas bactérias com boa higiene.
Contagem bacteriana em função do tempo:
Um leite a 4ºC de boa qualidade, até 48h essa qualidade se mantém, depois a
CBT aumenta muito.
Qualidade da água:
-É um dos maiores problemas na linha de ordenha.
-A água que for higienizar os tetos deve ser bem limpa.
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-Temperatura da água para higienização de equipamento: a temperatura de água
para detergente alcalino clorado deve ser acima de 70ºC, e a maioria utiliza água na
temperatura ambiente.
-Tipo de resfriamento e sua relação com CBT: tanque de imersão em água
gelada. São tanques mais antigos, mais baratos e energeticamente menos onerosos.
*O tempo que leva pra gelar o leite tem diferença quanto a CBT. É um tanque que
dificulta o processo então o sujeito tem que estar pronto para trabalhar com ele.
**Higienização dos tanques é difícil. Tem que usar os três princípios (térmico, químico
e físico). Água quente, sabão e esfregar.
***É necessário agitar o leite dentro do tanque para não formar um túnel de leite quente
no meio.
****Agitar a água que fica entre os baldes de leite, tende a ser mais quente perto do
talo. E a qualidade da água dentro do tanque deve ser boa.
Tanques de Armazenamento
Tanque de Expansão no Frio:
O tanque de expansão permite um rápido resfriamento do leite pela grande
superfície de contato e agitação que proporciona, mas para isso é necessário um
adequado suprimento de energia elétrica. O local de instalação do tanque deve ser de
fácil acesso ao caminhão de coleta;
São 2 chapas de inox, onde temos a chapa de baixo mais fina. O frio é gerado no
fundo, e a pá giradora mantém a massa do leite fria.
Tanques maiores diminuem a temperatura mais devagar, causa aumento da CBT.
2 ordenhas com capacidade de resfriar 50% do volume em cada ordenha. E 4 ordenhas
com capacidade de resfriar 25% em cada ordenha.
*Deve-se respeitar a capacidade de resfriamento.
Tanque de Imersão
É utilizado para resfriar o leite em latões (tarros). Ao contrário do tanque de
expansão, o resfriamento no tanque de imersão é feito de forma indireta. A ausência de
homogeneização do leite dentro dos latões dificulta o resfriamento homogêneo do
produto. A temperatura da água do tanque de imersão deverá ser de 1°C e o seu volume
interno deverá ser ocupado, no máximo, em 70% de sua capacidade.
Com a falta de homogenização tem-se o resfriamento marginal, proporcionando
ambiente a microbiota de características mistas como as mesófilas (acidificantes) ou
psicrófilas (com ação lipo/proteolítica).
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Prevenção e Controle das Bactérias
Psicrófilas: tratamento da água, higiene de equipamentos, tosquia ou queima dos
pêlos úberes e desinfecção dos tetos;
Termófilas: são inativadas a 120ºC por 20 minutos.
Ordenha
Importante tanto a prevenção da CBT como da CCS, tem vários fatores em
comum na ordenha.
Antes da Ordenha:
As vacas devem se encontrar em um ambiente limpo com pouco barro.
Sempre acontece de algumas vacas aparecerem com o úbere sujo, mas se tiver
muitas é indicador de problema.
Ordenhador: lavar as mãos, cortar a unha ou usar luvas. Essa é uma das técnicas
de prevenção de mastite, e é pouco utilizada.
Muito raramente uma vaca contamina o ordenhador, mas freqüentemente o
ordenhador contamina a vaca.
Ambiente de ordenha e a vaca: a ação da ocitocina faz a contração das células
mioepiteliais e assim diminui o lúmen do alvéolo e libera o leite. A ordenha deve seguir
uma rotina. A vaca não pode se estressar na ordenha (um indicador disso é urina, fezes e
vaca sapateando na sala de ordenha), porque se não ocorre a liberação de adrenalina que
faz vasoconstricção periférica e o leite não é ejetado A adrenalina compete com o sitio
de ocitocina nas células mioepitelias. O que acontece é que no inicio da ordenha não é
expulso o leite (demora pra sair), aumenta o risco de leite residual, diminui a produção
de leite.
*Reflexo condicionado do ambiente de ordenha e estimulação tátil em nível de glândula
mamaria. Deve ter uma boa relação entre o ordenhador e a vaca.
Higiene dos Equipamentos
1- Enxágüe com água entre 35 e 45ºC;
2- Utilização de detergente alcalino clorado (entrando a 70ºC e saindo a 40ºC)
por 10 minutos;
3- Enxágüe com água à temperatura ambiente;
4- Enxágüe ácido com temperatura entre 30 e 60ºC por 5 minutos;
5- Enxágüe com água à temperatura ambiente;
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6- Sanitização antes da próxima ordenha (30 minutos antes);
Instalações para Ordenha
Tipos
01-Estábulo convencional
Estrebaria: instalações antigas;
Tem-se muitos problemas. É comum ter problemas de mastite nas estrebarias,
por ser um local fechado, pouco ventilado.
Esse tipo de estábulo tem suas limitações, uma delas é do ponto de vista do
trabalhador:
Ponto de vista de saúde do trabalhador: ele se agacha no mínimo 3 vezes para
fazer a ordenha, se o número de animais for pequeno não tem-se muitos problemas, mas
se forem cerca de 40 animais ou mais , gera uma lesão por esforço repetitivo (L.E.R).
Higiene: a área de higienização é grande, e a probabilidade é que a higienização
não seja bem feita é grande.
É recomendável tirar o estábulo convencional, quando este se encontrar
péssimas condições, ou quando o trabalhador não consegue vencer o trabalho. E quando
consertar sai mais caro que trocar as instalações. As instalações muito fechadas levam a
muitos casos de mastite (deve-se consertar e fazer com que a área seja mais ventilada).
Instalações do Estábulo convencional: o importante é que as instalações estejam
limpas, mesmo sendo instalações simples. Pode se transportar o próprio tarro, na
ordenha..
02-Tipo ‘Neo zelândes’
Quando se quer começar a atividade mas não tem-se capital para investir pode
utilizar o método neo zelandês, que leva esse apelido porque na Nova Zelândia era
usado em pequenas propriedades.
Pode-se aproveitar um pedaço do estábulo convencional, e fazer 1 unidade de 2
cocheiras de vaca com uma distancia de 1,25 m em cada uma.
Enquanto uma vaca esta sendo ordenhada, a outra vaca esta sendo preparada.
O investimento de área de construção é pequeno e a área de higienização
diminui bastante em relação ao estábulo convencional.
Problema: o ponto de vista de saúde do trabalhador ocorre problemas no joelho.
*Ordenhadeira canalizada para pequena propriedade não é indicado para propriedades
que desejam ser ampliadas, pois existem outros modelos mais eficientes que este.
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03-Sala de Ordenha com Fosso.
O Ordenhador fica embaixo do nível das vacas (pode ser dos dois lados a
espinha de peixe, ou de um lado apenas);
Do ponto de vista da saúde do trabalhador é melhor, a higienização facilitada, e
a vantagem é que o úbere fica na linha do olho sendo mais fácil de ver a sujeira no
úbere.
É o modelo mais utilizado.
A distancia entre os úberes é menor, e com isso o ordenhador caminha menos.
Contenção especial com o formato da vaca (mais caro) ou contenção simples
com barra e ângulos das porteiras no final determinam a posição da vaca.
Não se aplica bem esse modelo, para propriedades muito grandes. Porque se tem
15 vacas enfileiradas, demora muito o tempo de entrada e saída das vacas com perda de
tempo, e neste caso se pensa em um sistema alternativo.
Planta de sala de espinha de peixe:
Fosso: é necessário que a parede seja inclinada para frente,
As vacas entram e saem em linha reta, pelo aumento da velocidade.
O problema da instalação do CAV-UDESC é que as vacas no final da
ordenhadeira em espinha de peixe ao sair tem que fazer um angulo de 90º graus, e o
ideal é as vacas saírem em linha reta.
O ideal é ser aberto o galpão da ordenhadeira.
Problema: vacas com tamanhos diferentes.
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A espinha de peixe pode ser duplo 6 ou duplo 12.
Ex.: Planta Espinha de peixe: com 11m de altura, 10 m de largura, piso antiderrapante
de concreto (piso riscado). Atrás da vaca tem pouco espaço, se fosse maior daria para
fazer até toque na vaca por exemplo.
O galpão pode ser aberto, mas atualmente em dia as propriedades geralmente
têm fechado só um lado (só uma parede), para evitar vento dominante.
Equipamentos:
-Conjunto de ordenha
-Bomba de Vácuo
-Pulsador.
-Sala de ordenha não canalizada: depois de feito a ordenha, os galões de
leite devem ser retirados do fosso.
-Sala de ordenha canalizada: é necessário ter unidade final de leite e
transferidor de leite.
-Regulador de Vácuo;
-Pulsador eletrônico;
-Unidade final de leite
*Sistema de lavação exigente a base de vácuo. Terá que ter esse sistema quando a sala
de ordenha for canalizada.
**Para grandes propriedades instalações grandes, pode ter uma ordenhadeira para cada
animal, e com isso tem que ter uma unidade final de leite grande juntamente com 2
bombas de vácuos eficientes.
***Tempo: 6 a 8 minutos de ordenha. Sendo feito 40 a 50 vacas/ora.
****Custos: sala de ordenha duplo 6 com 6 conjuntos ou duplo 4 com 8 conjuntos. Mas
a duplo seis a instalação é mais cara, já a duplo 4 gasta mais com equipamentos, porque
a bomba de vácuo tem que ser maior.
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Sala de Ordenha Paralela (saída rápida)
Características
Para grandes instalações, com grandes rebanhos.
Vaca em 90º graus, paralelas umas as outras.
As vacas entram por portinholas, que quando estão abertas formam um corredor,
quando a vaca chega no seu lugar de ordenha a portinhola é fechada, e as outras
continuam abertas formando o corredor, e a cada vaca que entra fecha a sua portinhola
deixando assim as vacas em paralelo.
A grande vantagem é o tempo de saída da sala ordenha das vacas, sendo muito
rápido. É comum ter problemas de mastite nas estrebarias, por ser um local fechado,
pouco ventilado.
Sala de Ordenha Rotatória
Muito usado na nova Zelândia,Europa, em SC existia um para grandes rebanhos.
Plataforma que gira em formato de trilho. A vaca entra, é colocada as teteiras, o
equipamento gira (enquanto isso ordenha), as teteiras são retiradas e a vaca sai de ré.
É o equipamento que menos gasta com mão de obra, com 2 funcionários, sendo
1 funcionário na entrada da ordenha com função de limpar o úbere e outro no final da
ordenha.
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Sistema de ordenha voluntaria (robô de ordenha)
Sem intervenção do homem.
Estes sistemas estão se difundindo bastante na Europa, pois não têm muita mão
de obra. 1 unidade de robô de ordenha, ordenha 60 vacas. Custo do equipamento é caro
cerca de R$ 150mil.
A vaca entra voluntariamente atraída pelo alimento. O laser do aparelho procura
o teto da vaca. Os tetos são secados por ar. E depois são colocadas as teteiras para
ordenhar. Tem praticamente um laboratório junto que examina o leite, tira amostragens.
O problema desse equipamento é o consumo de água que é elevado. Ele
desinfeta as tetas das vacas após a ordenha e também desinfeta as teteiras.
As vezes pode ser necessário fazer uma ordenha mecânica.
Nesse sistema as vacas procuram a ordenhadeira 5 a 6 vezes por dia.
Cálculo do Número de Unidades de Ordenha
u = n/ (t x d)
u: número de ordenhas;
n: número total de vacas a serem ordenhadas;
t: tempo (em horas) da duração da ordenha;
d: número de vacas ordenhadas hora/unidade (5 a 10 vacas dependendo do tipo de
equipamento, agilidade do manejo, rotina de ordenha e instalações);
Equipamentos de Ordenha
Tipos
A maneira de ordenhar os animais em uma propriedade leiteira segue uma
evolução natural, no sentido de ganhar eficiência, assegurar a qualidade do leite, e
aumentar a lucratividade do produtor. Esta evolução é acompanhada pela evolução dos
equipamentos utilizados para a ordenha. A ilustração a seguir resume os caminhos que
esta evolução pode seguir.
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01-Equipamento de Ordenha Fixo
Fonte: Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite Comitê de Equipamentos, 2002
1. Tubulação de vácuo principal
8. Balde ou latão
2. Depósito de segurança
9. Mangueira longa de pulsação
3. Regulador de vácuo
10. Mangueira de leite
4. Vacuômetro
11. Copo de teteira
5. Tomada de vácuo
12. Coletor
6. Mangueira de vácuo
13. Bomba de vácuo
7. Pulsador
VR e VP. Ponto de conexão para medir nível de vácuo
A1. Ponto de conexão para medição do fluxo de ar, em litros por minut
02-Equipamento para Ordenha Canalizada Linha Central
Fonte: Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite Comitê de Equipamentos, 2002
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1. Tubulação de vácuo principal
9. Mangueira longa de pulsação
2. Depósito de segurança
10. Copo de teteira
3. Regulador de vácuo
11. Coletor
4. Tubulação dos pulsadores
12. Bomba de leite
5. Unidade final e aerador
13. Tubulação de transferência
6. Tubulação de leite
14. Bomba de vácuo
7. Mangueira do leite
15. Vacuômetro
8. Pulsador
16. Fosso de ordenha
A1 e A2. Pontos de conexão para medição do fluxo de ar
VR, VP e VM. Pontos de conexão para medir nível de vácuo
Equipamentos
01-Sistema de Vácuo
Vácuo parcial: ½ atmosfera, 380 mmHg ou 50 Kpa
Bomba de Vácuo:
Tipo de bombas:
Rotor excêntrico: é o tipo mais usado. Rotor esférico e dentro de um espaço oval, com
chapas soltas (palhetas) e quando a maquina esta trabalhando as palhetas empurram para
fora. Tem a tubulação da ordenhadeira que procura tirar o ar por um lado e a cada vez
que o ar passa em volume grande e chega no final (ao espaço zero) o ar é pressionado
para fora.
*Tomar cuidado com o dimensionamento da bomba e lubrificação da bomba.
**Tem dois sistemas de lubrificação: um com palhetas de carbono, onde o grafite vai
gastando , esse não é mais usado porque tinha que ficar trocando essas palhetas e dando
manutenção. O outro tipo é o a óleo, que é o mais usado atualmente. Mas tem que ficar
sempre lubrificando. Tem alguns lugares que tem um tanque de óleo, no qual podemos
observar se o óleo está transparente, limpo.
Nível de Vácuo:
Tipo de Equipamento
Nível de Vácuo
Linha Alta
44 a 50 kPa
Linha com Garrafão Central
44 a 50 kPa
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Linha Baixa
42 a 46 kPa
Balde ao Pé
44 a 50 kPa
Conseqüências do nível de vácuo:
Alto: lesão e congestão de tetas e leite residual (sobra leite, pois a vaca
não libera ocitocina suficiente devido a dor);
*A maior defesa do organismo contra a mastite é a formação de tecido queratinizado na
ponta da teta contendo também mucopolissacarídeos e fosfolipideos que vão agir contra
as bactérias. Quando as tetas estão machucadas não há mais esta defesa.
Baixo: leite residual, diminui velocidade de ordenha e aumenta a
porcentagem de deslizamento de teteiras.
*A falta de vácuo pode ser por bomba ineficiente, já o excesso não.
Tubulação de vácuo: é o primeiro lugar que se armazena vácuo. Cuidar para não
entrar líquido dentro (geralmente se entrar é leite).Não pode deixar ir para a bomba de
vácuo, pois se não estraga-a.
Depósito de Vácuo
Regulador de Vácuo: vai determinar que nível de vácuo que a ordenhadeira vai
trabalhar
Modelos de regulador de vácuo: mola (são os mecânicos), peso e servoassistidos (diafragma - que se abrem para entrada de ar. Ele funciona como uma
caneta esferográfica gigante).
*Quem vai dar o mínimo de vácuo é a bomba e quem vai dar o máximo é o regulador de
vácuo.
02-Sistema de Pulsação
Composição
-Pulsador;
-Teteira de borracha ou silicone;
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-Copo metálico da teteira;
Lógica da ordenha: intermitência entre a ordenha pois tem que circular sangue e linfa,
se não desencadeará edema nos tetos.
Sistemas
São dois sistemas: dentro da teteira sempre tem vácuo e entre o copo e a teteira
tem a câmara de pulsação.
Câmara de pulsação: onde tem intermitência entre ar e vácuo. Se tiver uma
pressão igual do lado de dentro e lado de fora a teteira não desenvolve.
Fases (A, B,C e D)
AB: aberto
CD: fechado
A: abrindo,
B: fase principal de ordenha (mínimo de 30% do ciclo)
C: esta fechando
D: fase de massageamento. Se o Sistema estiver funcionando bem é para não ter
vácuo nenhum. (mínimo de 15% do ciclo)
Taxa de pulsação: 60/min com diferença máxima de 3 minutos entre unidade de
ordenha.
Relação de pulsação: A + B : C + D
Maximo: 70:30
Normal: até 66:33
Pulsadores:
Pneumáticos: é o mais simples, parece um tubo, é ele que vai dar o barulho da
ordenha.
Eletromagnéticos: tem um sensor, 60 pulsações /min.
Causas de teta roxa:
-Teteiras velhas e duras (que não conseguem fazer o correto massageamento)
-Excesso de Vácuo ( 55-58Kpa)
-Pulsador desregulado e o tempo de masseageamento com tempo superior.
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Conjunto de Ordenha
-Teteiras: devem ser trocadas a cada 2.500 ordenhas (teteiras de borracha) ou a
cada 5.000 ordenhas (teteiras de silicone) ou a cada 6 meses.
-Copo de teteira;
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-Mangueira curta do leite;
-Coletor de leite: deve ser transparente.
-Transporte do leite: até a unidade final com mangueira do leite de 5/8” de no
máximo 2,5m.
-Linha alta: 1,25m acima do piso;
-Linha média: até 1,25m acima do piso;
-Linha baixa: 0,45m abaixo do piso;
-Unidade final;
Manipulação da Composição do Leite
Objetivos
Aumentar ou diminuir a quantidade de sólidos no leite, principalmente gordura e
proteína.
Vantagens
Para o produtor: leite com maior teor de sólidos totais proporciona maior
remuneração.
Para a indústria: maior rendimento para elaboração de diferentes produtos
lácteos.
Composição Química do Leite
Entende-se por leite, sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha
completa e interrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e
descansadas.
-Água: cerca de 87%;
-Sólidos: cerca de 13%;
-Gordura: cerca de 3,9%;
-Proteína: cerca de 3,25% (2,6% caseína);
-Lactose: cerca de 4,6%
-Minerais: cerca de 0,65%
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Produção de Proteína (fêmeas e machos Jersey)
Produção de Gordura (machos e fêmeas Holandês)
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Fatores que Afetam a Composição do Leite
01-Tempo
02-Raça
03-Genética;
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04-Período de Lactação
*A produção total de leite tem um aumento até cerca de 4 meses de lactação e após isto
verifica-se um decréscimo.
**O teor de proteína tem grande diminuição até cerca de 4 meses e após isto verifica-se
novo aumento.
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***O teor de gordura sofre brusca queda por volta dos 45 dias a após isto verifica-se
novo aumento.
****A lactose geralmente mantém-se constante, com leve variação durante toda a
lactação.
05-Teor de CMT
*Os valores de proteína são maiores em vacas com CMT altos.
*Os valores de lactose diminuem conforme o aumento do CMT.
06-Alimentação
Sabe-se que o teor de gordura diminui na medida que o teor de concentrados se
elevam na dieta. O aumento de concentrados eleva a produção de ácidos (diminuição do
pH ruminal) e um pH abaixo de 6,0 prejudica a degradação da fibra, tem-se então
diminuição do acetato e aumento do propionato.
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*O acetato (ácido acético) é o principal precursor da gordura do leite.
**Recomenda-se que as dietas não contenham mais do que 60% de concentrados em
base seca.
-Adição de gordura: a inclusão de lipídeos ao redor de 5 a 7% na dieta tende a
aumentar a produção de leite. O fornecimento de gorduras insaturadas em quantidades
semelhantes provoca a redução significativa deste parâmentro.
-Leveduras: melhoram o ambiente ruminal e melhoram a digestão da fibra.
-Ionóforos: diminuem a porcentagem de gordura no leite devido a diminuição da
população bacteriana produtoras de acetato e aumentam a produção de leite.
-Tamanho da partícula: partículas maiores estimulam a ruminação (estabelecese que pelo menos 20% das partículas tenham cerca de 4cm de comprimento). A dieta
também não deve conter menos que 21% de FDN proveniente de forragens.
*Cerca de 50% ou mais das vacas deitadas devem estar ruminando. Essas vacas
necessitam, em média, 10 horas de ruminação diária para manter a gordura do leite.
Cerca de 25 minutos/hora.
-Tipos de concentrados: o elevado teor de amido tende a deprimir a gordura do
leite.
Como Elevar o Nível de Gordura
-Melhoramento genético;
-Bom teor de fibra na dieta;
-Evitar excesso de concentrado;
-Distribuição do concentrado em várias porções por dia;
-Uso de tamponantes e alcalinizantes em silagens ou em grandes quantidades de
concentrado. Na taxa de 0,75% da dieta (cerca de 150 a 200g/dia);
Como Elevar o Nível de Proteína
-Melhoramento genético;
-Balanceamento de energia e proteína na dieta;
-Suplementação com concentrado de acordo com as exigências das vacas e
qualidade/quantidade de forragem;
Como Elevar o Nível de Gordura e Proteína
-Melhorar o consumo de volumoso com sincronia de fornecimento de
volumosos e concentrados;
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-Evitar estresse térmico: sob estresse térmico a perda de CO2 via respiração é
maior que sua produção, levando a uma alcalose metabólica. Este aumento de pH eleva
as perdas de álcalis via renal (mecanismo compensatório). A redução dos níveis de CO2
e álcalis compromete a reserva tamponante da saliva, podendo gerar menor pH ruminal
em animais sob estresse térmico. E também sob o estresse térmico os animais reduzem
voluntariamente o consumo de fibras.
LINA (Leite Instável Não Ácido)
Definição
Caracteriza-se pela perda de estabilidade da proteína, resultando na precipitação
na prova do álcool 76°GL sem, entretanto, haver acidez acima de 18ºD. Ocorrem
alterações nas propriedades físico-químicas do leite, podendo alterar a qualidade
nutricional. O resultado do teste determinará o aceite ou rejeição da matéria-prima pelo
laticínio, podendo o produtor ter sua produção condenada ou desvalorizada.
Teste do Álcool/Alizarol
Definição
Uma maneira rotineira e rápida de avaliar a acidez do leite é o teste do alizarol,
executado no ato de recebimento do leite pelas indústrias de laticínios.
Objetivo
O leite testado nos fornece a segurança se o mesmo poderá ou não ser
pasteurizado (aquecido), pois o leite ácido tende a “talhar” quando submetido ao calor.
Método
Em um tubo de ensaio mede-se 5 ml da solução de alizarol e 5 ml do leite a ser
testado, mistura-se e interpreta-se o resultado.
Leite normal: coloração rosa-lilás e sem grumos.
Leite ácido: coloração amarela ou com pequena coagulação (leite talhado com
pequenos grumos).
Leite alcalino: coloração arroxeada ou violeta (pode ser um indicativo da
presença de água, leite originário de vacas com mamite ou leite adicionado de redutores
como bicarbonato de sódio).
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Leite Instável Não Ácido x Leite Ácido
LINA
Leite Ácido
Perda da estabilidade
(caseína)
Redução de pH
Fermentação da lactose
Reação Positiva
Formação de ácido lático
Acidez abaixo de 18ºD
Perda da estabilidade
(caseína)
Reação Positiva
Acidez acima de 18ºD
Fatores que Interferem no LINA
01-Rebanho
02-Produção
03-Disponibilidade de Alimento
04-Estágio da Lactação
05-Estresse Térmico
Implicações
-Produtor: leite é descartado;
-Indústria: baixo rendimento (queijos), aumento do tempo de coagulação e
possibilidade de precipitação (UHT).
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Tentativas de Solução
-Adicionar fonte de fibra de qualidade;
-Utilização de tamponantes: aumenta a produção de sólidos e proporciona
melhor qualidade de leite para fins industriais.
-Balanceamento de energia/proteína na dieta;
-Suplementação mineral: melhora as condições para a flora e fauna ruminal;
-Sombreamento;
Manejo Alimentar de Bezerras e Novilhas Leiteiras
Cuidados com o recém-nascido
-Limpar vias respiratórias e estimular respiração da bezerra
-Não expor as bezerras recém-nascidas ao frio
Objetivos nas diferentes fases de criação
-Bezerras: reduzir a taxa de mortalidade e acelerar o desenvolvimento ruminal
(desenvolvimento do rúmen);
-Novilhas: reduzir a idade ao primeiro parto com bom desenvolvimento corporal
e da glândula mamaria (o ideal de primeiro parto é aos 24 meses, com cobertura por
volta dos 15 meses);
Manejo Pré-parto
-Deve-se cuidar da bezerra, antes mesmo dela nascer, ou seja, deve-se cuidar da
vaca mãe da bezerra (vaca que esta na véspera do parto), e ela deve ser alojada no
piquete maternidade, no mínimo 30 dias antes da data prevista do parto (se for novilha
de 40 a 45 dias antes do parto). Esse piquete maternidade, geralmente esta mais próximo
das instalações do „caseiro‟ ueq cuida da propriedade, facilitando o manejo, pois se
ocorrer algum problema com a vaca o „caseiro‟ pode intervir.
-Comportamento da vaca próximo ao parto: ela se isola das demais
companheiras de rebanho, procurando um lugar mais calo e mais silencioso para depois
entrar em trabalho de parto.
-Local com higiene e com sombreamento.
Manejo Pós-parto
-O animal logo que nasce, irá ter que se adaptar o mais rápido possível a vida
extra-uterina (principalmente se adaptar a regulação da temperatura corporal).
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-Observar lesões do trato reprodutivo da vaca;
-Desobstruir as vias respiratórias com uma toalha limpa (boca e narinas do
animal), estimulando a respiração;
-Não expor as bezerras ao fio;
-Cura do umbigo, através da desidratação do coto umbilical, com solução de
iodo 7 a 10% imediatamente após o parto e repetir nos próximos 4 a 5 dias (em
condições normais, em 10 dias tem-se a cicatrização);
-Corte das tetas extramamários: quando aparece a condição de teta
extremamário, deve ser feito ainda quando o a fêmea é bezerra. Técnica: corte na base
da teta.
-Descorna: por dois métodos, com produtos químicos (bastão de hidróxido de
potássio ou hidróxido de sódio) ou por ferro quente;
-Identificação: com colar ou faixa de pescoço com numero (Ex: 03/05/09),
brinco de plástico, tatuagem com tinta na orelha e marcação;
-Ficha zootécnica serve para auxiliar na administração do plantel (nome do pai,
nome da mãe, sexo, peso ao nascimento, informações sobre o parto, como por exemplo,
parto distócico ou não).
-Colostro: é a ferramenta de manejo mais importante, pois garante a saúde e
sobrevivência das bezerras. O colostro é uma fonte de imunoglobulinas o qual é retirado
na primeira ordenha após o parto, com coloração mais amarelado, viscoso. É uma fonte
de nutrientes (alimento de alto valor nutricional, energia, vitaminas – rico em vitamina
A e proteínas). É também fonte de linfócitos, neutrófilos, macrófagos, fatores de
crescimento e hormônios.
*43% de todos os constituintes de natureza protéica são imunoglobulinas;
**Concentração de lactose é menor no colostro e previne diarréia osmótica;
Diferenças entre Colostro e Leite Integral
-Imunoglobulinas (Ac): no colostro tem cerca de 6%, e no leite integral tem
apenas 0,09%.
-Concentração de Vitamina A: verifica-se maior concentração no colostoro.
-Sólidos totais: é maior no colostro do que no leite integral.
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Tipos de Ac (imunoglobulinas) presente no colostro
Tipo de Ac
% de imunoglobulinas
Função
IgG
80 a 95%
Destruição de microorganismos que
presentes no sangue (infecção sistêmica).
IgA
8 a 10%
Proteção das membranas que cobrem a superfície
de vários órgãos, especialmente o intestino, contra
infecção e bloqueio da passagem de antígenos
para o sangue.
IgM
5 a 12%
A mesma função da IgG.
estão
-O ideal é a bezerra nascer com no mínimo 15 mg/ml de imunoglobulinas ao
invés de 10 mg/ml para ter uma garantia de sobrevivência da bezerra maior.
-A % de sobrevivência é maior nos animais com IgG sérica acima de 10 mg/ml
com o passar da idade (dias), do que os animais com IgG sérica abaixo de 10 mg/ml.
Por este motivo é importante fornecer as imunoglobulinas o quanto antes para os
animais.
Fatores que Afetam a Transferência de Imunidade Passiva
-A placenta dos bovinos é do tipo epteliocorial, e é impermeável a transferência
da imunidade passiva pela placenta (não há troca de sangue), por isso há a necessidade
de se fornecer o colostro (o colostro é quem transmite a imunidade passiva para as
bezerras através das imunoglobulinas);
-A transmissão da imunidade passiva é dependente de:
-Fatores ligados a vaca (fornecer colostro de boa qualidade, e com
quantidade adequada);
-Fatores ligados a bezerra (as bezerras devem ter o consumo do colostro
e absorção correta das imunoglobulinas);
-Fatores ligados ao criador;
*A absorção é máxima quando é administrado o colostro em seguida que a bezerra
nasceu. No intestino das bezerras as estruturas têm uma maior capacidade de absorção
de imunoglobulinas. Como as estruturas do estomago tem uma maior capacidade de
absorção, elas podem absorver imunoglobulinas e agentes patogênicos também. Por
isso, devemos garantir que as bezerras absorvam as imunoglobulinas antes que os
microorganismos patogênicos infectem as bezerras.
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Eficiência de absorção de IgG pelo recém-nascido com relação ao intervalo partofornecimento de 2 litros de colostro contendo 80 mg/ml de IgG
Horas após nascimento
Porcentagem de IgG fornecida e que foi absorvida
6
65,8%
12
46,9%
24
11,5%
36
6,7 %
48
6,0%
-É importante fornecer o colostro o mais rápido possível depois do nascimento,
para que a bezerra absorva grande quantidade de IgG.
Fatores que afetam a qualidade do colostro:
-Variação individual das vacas (Ex.: mesmo as vacas criadas em um mesmo
sistema de criação, com a mesma dieta, ainda ocorre variação individual).
-Estímulos antigênicos: as vacas expostas a mais tempo as vacinações,
apresentam colostro de melhor qualidade.
-Raça: a menor concentração na Holandesa, pode ser devido a grande quantidade
de colostro produzido, ocorrendo diluição dessas imunoglobulinas
Tabela: Efeito da raça leiteira sobre a concentração de imunoglobulinas no colostro
Raça
Anticorpos g/100 g de colostro fresco
Pardo Suíço
Holandesa
Jersey
8,6
5,6
9,0
-Ordem de parição da vacas/ idade da vaca: vacas mais velhas apresentam
colostro de melhor qualidade, quando comparada as vacas primíparas; A idade da vaca
afeta também a concentração de colostro.
Tabela: concetração de IgG em vacas primíparas e multíparas – fator idade
Nº de animais
Ordem de lactação
IgG ( mg/ml)
IgG (min e máx)
216
1
46
8-132
270
2
42
9-106
189
3
49
11-148
35
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126
4
56
14-36
99
5
56
13-154
Avaliação da Qualidade do Colostro
Colostrômetro: aparelho o qual mede a relação entre a gravidade especifica do
colostro e a concentração de imunoglobulinas. Coloca-se uma certa quantidade de
colostro no interior do aparelho. Esse aparelho é constituído de três cores :
-Verde (colostro de ótima qualidade, com concentração de 50 a 140
mg/ml de imunoglobulinas);
-Amarelo (concentração de imunoglobulinas entre 20 e 50 mg/ml de
imunoglobulinas);
-Vermelho (colostro de péssima qualidade,
imunoglobulinas abaixo de 20 mg/ml de colostro);
colostro
com
Temperatura do colostro: quando for coletar o colostro para ser feito a avaliação
no colostrometro, deve-se avaliar a temperatura (entre 20 a 25C). Quando a temperatura
for menor que 20ºC terá uma superestimação da concentração, e quando for maior que
25ºC terá uma subestimação a concentração de IgG no colostro.
Fornecimento de Colostro
Meta: administrar 100 g de Ig nas primeiras 12 h de vida das bezerras.
Recomendação: fornecer 4 litros de colostro logo após o nascimento. A bezerra
geralmente não vai conseguir tomar tudo de uma só vez. Então depois que fornece os
primeiros 2 L, espera-se 2 horas e fornece os outros 2 L.
Quando o colostro é fornecido logo após o nascimento, a concentração sérica de
imunoglobulinas nas bezerras é proporcional a quantidade ingerida.
Quando atrasa-se o fornecimento de colostro das bezerras, diminui-se a
capacidade absorvi-te do intestino das bezerras, e assim, elas serão bezerras pequenas.
Quando ocorrem atrasos na colostragem, a vantagem de se administrar maior
volume de colostro torna-se cada vez maior.
Métodos de Fornecimento de Colostro
-Mamada direto: o ideal seria a bezerra mamar na mãe, porem, não se sabe a
quantidade certa de leite que essa bezerra ingeriu e também por que as tetas da mãe
podem ter microorganismos (e as bezerras irão absorver esses microorganismos).
-Mamadeira:
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-Vantagem: sabe-se a quantidade de colostro que a bezerra ingeriu.
-Desvantagem: proprietários que não possuem um bom programa de
higienização, não fazem a limpeza da mamadeira e pode levar a contaminação
com microorganismos da bezerra.
-Balde:
Desvantagem: após o uso deve ser feito a limpeza.
-Sonda Esofágica: utilizada em casos em q a bezerra se encontra mais debilitada.
Banco de Colostro
Utilizado em casos em que a vaca pariu, e o colostro não é de boa qualidade, ou
a vaca não tem habilidade materna deve-se fornecer um colostro de boa qualidade para
essa bezerra que acabou de nascer.
Colostro pode ser armazenado com identificação de concentração de IgG.
São utilizadas garrafas pet de 2 L para armazenar o colostro que são resfriadas
(duram cerca de 3 a 4 dias) ou congeladas a -20ºC (duram até um ano).
Deve ser descongelado a temperatura ambiente, em banho-maria a 45-50ºC ou
no forno microondas com potencia media (não ultrapassar a temperatura de 60ºC para
não alterar as propriedades biológicas do alimento).
Indicação: quando a bezerra for
-Proveniente de vacas primíparas;
-O colostro estiver contaminado por sangue;
-Proveniente de vacas com mastite;
-Proveniente de vacas ordenhadas antes do parto;
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Alimentação e Manejo da Bezerra até o Desaleitamento
Objetivos
-Transformar bezerro pré-ruminante em ruminante;
-Minimizar o consumo de leite;
-Aumentar o consumo de concentrado (alimento mais barato para bezerro);
Fases
Pré-ruminante (até 3 semanas): dieta basicamente líquida; digestão se dá no
abomaso, fonte energética é a lactose e a fonte protéica é a caseína.
Transição (4ª semana ao desaleitamento).
Desleitado: dieta sólida com digestão ruminal.
Dietas
01-Dieta Líquida
-Volume: 10% do PV ao nascer
-Energia pode ser insuficiente na 2ª e 3ª semana
-Com 450g de MS de sucedâneo por dia;
-Quando se utilizou até 8 litros de leite em algumas fases, isso gerou aumento no
ganho de peso e aumentos substanciais na produção de leite da vaca. Esses animais são
muito bem alimentados durante toda a vida delas. Então, não é viável oferecer 8 litros
para uma bezerra que mais futuramente irá enfrentar um deficiência alimentar.
Com esse modelo tradicional: 4 litros de leite por dia, desaleitamento com 42
dias.
Comparação entre bezerros da raça holandesa e mestiços: até 42 dias eles
ganhavam 4 litros de leite por dia e mais concentrado farelado a vontade. Depois do
desaleitamento eles ganhavam concentrado farelado mais 20% de feno de alfafa picado
junto. Os ganhos de peso no pré desaleitamento foram de 500g/dia nos dois grupos
genéticos e no pós desaleitamento foram de 1 kg/dia. Então, os resultados foram muito
bons.
Freqüência: 1 a 2 vezes por dia, se for uma vez por dia essa administração seria
só a tarde para o bezerro ficar com fome e comer mais concentrado e mais cedo. Esse
método do ponto de vista produtivo funciona até melhor, pois estimula mais o consumo
de concentrado. O problema é que o tratador passa a olhar os animais só uma vez por
dia e outro problema é a questão de bem-estar animal.
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Temperatura: entre 35° a 38°C. Os bezerros até podem ser tratados com leite
frio, mas a alimentação deles tem que ser feita só com leite frio, pois não acostumam
com oscilação. Isso só faz sentido quando o local de ordenha é longe do local onde os
bezerros são alimentados.
Método: balde ou mamadeira. Para bezerros basicamente a única diferença entre
o balde e a mamadeira é que o atendimento ao reflexo de sucção é melhor atendido pela
mamadeira. Então, do ponto de vista de bem-estar animal ele tende a ser um pouco
melhor, só que com a mamadeira é complicado em casos de produtores relaxados.
Mamadeiras sujas provocam diarréia e o sofrimento é maior do que não ter o reflexo de
sucção tão bem atendido.
*Sistema com balde: sistema bom é quando o mesmo balde é usado para leite e água,
pois isto garante que o bezerro vai receber água limpa e fresca pelo menos duas vezes
por dia.
-Deve-se fornecer água limpa;
Tipo de Alimento:
-Leite integral (padrão): é o melhor e mais barato
-Colostro/leite de transição (1 parte água para 2 ou 3 de leite), o colostro
sempre tem que ser aproveitado, quando o leite é da segunda ordenha ou do
segundo dia e não é muito cremoso a gente pode fornecer ele puro para o
bezerro, mas se for de primeira ordenha, muito denso e muito cremoso tem que
diluir com 1 parte de água morna para 2 ou 3 de leite para tentar simular uma
coisa com consistência parecida com o leite, pois o colostro tem um poder
laxante que não chega a provocar diarréia mas vai provocar um efeito laxante e
a absorção de nutrientes será menor.
-Leite com mastite (animais isolados, nunca em lotes): é controverso,
evitar durante a mastite clínica pois é muito contaminante e há presença
antibiótico colocado recentemente. Mas em locais onde tem pasteurizadores o
bezerro toma o leite pasteurizado. Do ponto de vista de desenvolvimento do
bezerro ele não vai ser pior do que o daquelas que bebem leite integral. O leite
com mastite não pode ser fornecido a animais que são criados em lotes, só em
isolados.
-Leite com antibiótico: é muito utilizado. Vacas que recebem antibiótico
injetável para problemas reprodutivos ou casco, tem seu leite destinado aos
bezerros.
-Sucedâneos do leite (leite em pó): no Brasil a utilização é pequena pois
o produtor brasileiro quer um produto que custe muito menos que leite. Os bons
sucedâneos são de base láctea e ele mais ou menos acompanha o preço do leite
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então é coisa para economizar de 10-15% e não para economizar 50%. A maior
parte do mundo utiliza sucedâneo para alimentar os animais.
Bom sucedâneo:
Fibra Bruta (entre 0,2 a 1%): o ideal é que seja abaixo de 1%. Alta fibra aumenta
a diarréia, ou pelo menos aumenta a quantidade de fezes líquidas. O leite de soja não
funciona para bezerros pois no momento que ele consegue aproveitar esse produto ele
também consegue aproveitar o farelo de soja, isso se dá em 28.
Proteína Bruta (entre 20 a 22%): o leite in natura tem 25 a 26%.
Gordura Bruta (entre 12 a 22%) é caro. Se for baixa o bezerro fica muito magro
e muito susceptível a E. coli.
Teor de lactose (entre 35 a 45%): a fonte é o soro de leite em pó.
Umidade (abaixo de 5%): embalagem bem fechada, com plástico por dentro.
.Cuidados Especiais
-Qualidade: deve possuir gosto de leite em pó, cheiro de leite em pó, bem
misturado com a água e deve ficar branco;
-Higiene;
-Temperatura de água: 38°C para diluir bem, pois o leite é solúvel em água
morna;
-Diluição: indicada 10: 1
-Alta PB: 22-26%;
-Baixa Gordura: 16%.
*Em um experimento realizado no CAV-UDESC com diferentes níveis de gordura nos
sucedâneo para bezerro onde foi comparado o leite in natura com o sucedâneo classe A
que no caso com 17,5% de gordura e testando o mesmo produto com 12% de gordura.
O ganho de peso na fase de pré desaleitamento com leite ou com sucedâneo foi igual. O
sucedâneo com 12% de gordura deu um pouco a menos. É viável produzir bezerro com
sucedâneo com níveis de ganho de peso equivalentes ao leite natural.
-Água: disponível e potável. A água é um limitante de consumo e de
desenvolvimento de todo o aparelho digestivo;
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02-Dieta Sólida
Nas fases iniciais os animais não conseguem absorver outro tipo de alimento a
não ser os líquidos, mas temos que oferecer o mais rápido possível a alimentação sólida
para desenvolver papila ruminal. O desenvolvimento das papilas ruminais é estimulado
principalmente pelo butirato e este é encontrado em maior quantidade nos concentrados
que tem concentração de elementos de cadeia carbônica que vão virar AGV muito
maior. Por isso que a ingestão de grãos é muito mais importante do que a ingestão de
forragem.
O acetato e o proprionato são as principais fontes energéticas e o butirato além
da energia aumenta o desenvolvimento das papilas e a espessura das papilas ruminais. O
proprionato também tem esse efeito mas não é tão importante.
Fundamental para transformar o terneiro em ruminante. O desenvolvimento
depende da ingestão de grãos e forragem na faixa de 15 a 20%.
*Volumosos: maior quantidade de acetato;
**Grãos e outras fontes de amido: proprionato e butirato;
Então, o fornecimento de volumoso só é necessário após o desaleitamento. Pode
ser dado pasto para bezerro em aleitamento, mas não é necessário, além disso tem muita
perda, a higienização é mais difícil. Um pouco é bom pois o animal vai ingerir um
pouco mais de concentrado. Qualquer concentrado inicial de bezerro que não tenha
volumoso precisa de adição de alguma fonte de fibra, como casca de trigo ou farelo de
soja. As rações comerciais já tem fibra. Fibra deve ser de 15 a 25%.
Cuidar ao formular ração na propriedade para adicionar uma fibra não originária
de volumoso.
A casca de soja é a melhor pois a concentração energética dela é maior do que a
de trigo então não é perdida tanta densidade energética da ração pela adição de casca de
soja.
O feno é melhor que o pasto verde por causa da praticidade.
Dieta Geral
-3 dias de vida: colostro à vontade;
-2 meses (idade mais comum de desaleitamento): 4 litros de leite e concentrado
inicial à vontade. Concentrado de 18-20% de PB, acima de 75% NDT, acima de 3%
gordura, acima de 0,8% de Ca, acima de 0,5% de P e entre 15 e 25% de FDN, deve
conter palatabilizante que pode ser o melaço em pó ou açúcar 5%. Tem no mercado
alguns palatabilizantes de origem láctea que nada mais são do que um sucedâneo com
exagero de flavorizantes dentro, coccidiostático o mais usado é a monoensina para
controle da eimeriose.
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*Se não tiver ração pra terneiro usar a ração ora vaca de alta produção em lactação, eles
tem coccidiostáticos.
-2 a 4 meses : 2,5 kg de concentrado;
-4 a 8 meses: 2 a 2,5 kg juntamente a feno, pasto ou silagem;
-8 a 12 meses: 2 a 2,5kg juntamente a feno, pasto ou silagem
-Acima de 12 meses: concentrado dependendo da qualidade do pasto.
Desaleitamento
Animal deve estar preparado (rúmen funcional);
Critérios:
Idade: entre 5 a 8 semanas.
-Consumo de concentrado: mínimo de 1% PV do bezerro no momento do
desaleitamento.
-Pequenos: 500 a 600g
-Grandes: 700 a 800g.
*Administrar 800g pros bezerros e se por três dias seguidos o cocho estiver limpo
indica que o animal já está consumindo isso. Sempre utilizar 3 dias, pois o consumo de
um dia para o outro pode oscilar bastante. Com 6 semanas já consome cerca de 1000g, o
consumo evolui rápido, com 7 semanas consome mais de 1000g.
Bem-estar: ideal é substituir parte do leite por água morna
gradativamente para não haver choque afetivo e nutricional. Isso é
complicado de ser feito.
Instalações
A maioria das mortes ocorrem por pneumonia e/ou diarréia.
Para evitar isso o ambiente deve ser:
-Seco;
-Sem corrente de ar;
-Preferencialmente alojamento individual;
-Limpo.
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Bezerreiro: feito com ripas de madeira, qualquer telhado, o mais aberto possível, limpo,
evitando vento; baldes devem ser altos devido a goteira esofágica.
*Pode-se criar os bezerros em piquetes também, a limitação maior é que a gente não
consegue ver quem está com diarréia e a formação de barro é muito grande em dias de
chuva.
Manejo de bezerras e novilhas
-Bom manter em piso ripado.
-Cuidar com problemas no casco.
-Os animais tem que sair do ripado pois começam a ter problemas no casco e o
contato com o carrapato tem que ser cedo para evitar surtos de tristeza parasitária.
-Contato com natureza com 4-5 meses, vai se adaptando ao pasto, ainda precisa
concentrado no cocho pois os animais não são adaptam facilmente ao pasto.
-Entre 2 a 4 meses: oferece-se 2,5 a 3 kg concentrado juntamente com pastagem
ou feno de boa qualidade;
-Ganho normal: 750g/dia dos 100kg até 1º parto. Isso vai acarretar em um parto
aos 24 meses e o animal com bom tamanho. Esse é o padrão internacional não muito
fácil de ser atingido.
-Ganho acelerado: idade ao primeiro parto aos 22 meses e conseqüentemente
para isso o ganho tem que ser acelerado.
-Ganhos lentos: até 550g. Ainda são viáveis pois permitem uma boa novilha com
30 meses no primeiro parto. A produção não é boa.
-A mudança da ração inicial para a dessa fase não pode ser brusca, na verdade o
que muda da ração inicial é a não exigência de palatabilizante. Os níveis de proteína no
concentrado não vão variar tanto do volumoso.
-Puberdade depende do desenvolvimento animal: 9-12 meses é normal. A
novilha atinge a puberdade quando ela tem um peso de 45-50% do peso adulto.
-Sempre acompanhar o desenvolvimento dos animais, o ideal é a pesagem
mensal ou avaliação perímetro torácico (mais usada, tem uma eficácia dos 100 aos
400kg de PV, antes ou depois disso os erros são maiores);
-Em sistemas baseados em pastagens nunca vai haver ganhos contínuos a vida
inteira, sempre vamos ter alguns altos e baixos mas a suplementação maior ou menor
deve ser usada justamente para evitar um exagero como perda de peso no outro/inverno.
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-Fundamental acompanhar desenvolvimento para organizar lotes, planejar
coberturas e partos, suplementar animais e aumentar a produção.
-A partir de 4 meses: o pasto já é parcela de alimentação, pode usar silagem
também mas como ele é ácido se tiver outra opção é melhor, ainda usa quantidade
considerável de concentrado pois ainda são bezerras;
-A partir de 8 meses a quantidade e a qualidade do concentrado passa a ser uma
suplementação.
-A partir 12 meses: o pasto é o alimento principal, o concentrado é apenas
suplementação;
*Taxa de crescimento para cobertura 15 meses: 750g/dia em vacas Holandesas e
500g/dia em vacas Jersey para parto aos24 meses.
-A partir 3 meses de idade: preocupação com crescimento da glândula mamária.
Dos três meses até o primeiro cio tem um desenvolvimento alométrico muito intenso da
glândula mamária, ou seja, a glândula cresce muito mais rápido que o resto do corpo.
*Ganho de peso na fase pré puberdade acima de 0,74 para 1 kg/dia acarreta em
diminuição da produção leiteira em 23%. O aumento do ganho de peso, diminui a
produção e diminui o crescimento da glândula mamária (maior quantidade de estroma e
baixa quantidade de parênquima);
*O ideal é de 70 a 80g de PB.
-O problema está relacionado com uma dieta mal formulada. Isso só é um
problema até a puberdade. Novilhas gordas demais não entram no cio ou quando
chegam muito gordas no parto vão ter partos distócicos.
-Aumento de energia diminui a síntese de somatotropina (hormônio do
crescimento) e a glândula não desenvolve pois esse hormônio é extremamente
importante para o desenvolvimento de glândula mamária;
Tipo de volumoso
% proteína concentrado
Pastagem temperada, gramíneas verão adubadas
12-14
Gramíneas verão nativas (tifton, quicuio)
18-20
Silagem milho ou sorgo (alta energia, baixa proteína – pode ser usada
uréia, tem deficiência de N)
20-24
Se colocarmos as novilhas em pastagens ou gramíneas com grande teor protéico temos
que suplementar com concentrado por causa do teor energético.
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*Silagem de milho: tem que fornecer proteína a parte e trabalhar com concentrados com
20-30% de proteína. Pode-se usar farelo de soja puro.
Cobertura/Inseminação
Holandês : 340 a 360kg;
Jersey: 240 a 260kg ( média 250kg);
Mestiço: 310 a 320 kg;
Pardo Suíço: 340 a 360kg;
*Puberdade em 45-50% PV adulto (vaca com 3 a mais crias). Puberdade aos 9-11
meses, sendo inseminada aos 14-15 meses e parindo por volta dos 24 meses;
**Cobertura deve ser com 55% do PV, o primeiro parto deve ocorrer com 82% do PV e
o segundo parto com 92% do PV.
***O melhor é sempre atrasar o primeiro parto e jamais forçar a idade ao primeiro
parto, para termos um animal em peso adequado.
****Se os animais ganham apenas 400g/dia, irá alcançar a puberdade com 20 meses, se
conseguir recuperar irá parir com 30 meses. Esse é um problema sério.
*****Se usar uréia muito alta irá acarretar problemas pois a uréia diminui o
desenvolvimento já que a amônia é tóxica e a detoxicação da amônia para uréia tem
gasto energético a fertilidade também diminui. Os animais ficam com as fezes bastante
escuras e líquidas.
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Referências Bibliográficas
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Ordenha: recomendações do Comitê de Equipamentos/ Conselho Brasileiro de
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