revista Crítica - Escola Secundária Professor José Augusto Lucas

Transcrição

revista Crítica - Escola Secundária Professor José Augusto Lucas
Crítica à “Crítica”
A “CRÍTICA” AO LONGO DO TEMPO TEM VINDO A MUDAR.
A aparência, os temas tratados mas, principalmente, os intervenientes.
Saem uns, entram outros.
O que representa (ou representou) a “Crítica” para cada um deles?
Maria
Pena
NEM TODOS ENTRARAM DA MESMA FORMA PARA A “CRÍTICA”.
Uns caíram de pára-quedas. Outros vieram atrás dos colegas. Outros
por gostarem de escrever ou desenhar. Outros por gostarem de
jornalismo. Outros porque a “mamã” lhes estava sempre a pressionar
para arranjarem um “hobbie”:
“Pronto mãe estou na “Crítica”, estás contente?
CHEGADOS À VIGÉSIMA EDIÇÃO VAMOS SER EGOÍSTAS, COLOCARMO-NOS EM FOCO
E REFLECTIR.
Lembro-me que a minha entrada para esta
revista foi tão rápida que quando dei por mim
estava a fazer entrevistas e o trabalho foi tão
leve que até me esqueci dele. Periodicamente
uma “mosquinha” (a mesma que tão
amavelmente me convidou a integrar na
revista) vem pedir-me para produzir uma
crónica. E eu não me importo porque a
“mosquinha” (bastante simpática) até consegue
suportar as minhas esquisitices...
MAS O QUE PRETENDEMOS OBTER COM A
PARTICIPAÇÃO NA “CRÍTICA”?
Prestígio social não é de certeza. A revista
pode nem ser algo muito sério, mas traz
responsabilidades e é talvez o mais perto que
tivemos de uma situação de trabalho. Na
verdade temos uma função, um prazo a
cumprir, um tema a seguir, nalguns casos uma
entrevista a preparar. Não se deixem iludir por
ser uma revista escolar, a verdade é que ao
longo de todas as edições temos falado com
pessoas bem interessantes, que nos dedicaram
o seu tempo como se o fizessem ao jornal ou à
revista mais prestigiados do país. E nós sentimo
-nos felizes…
A “CRÍTICA” TEM SIDO MUITO MAIS DO QUE ESPERÁVAMOS.
Sem deixar de ter o seu carácter simples, cada página é um tesouro.
Porque é nosso(a)!
Ilustração de Maria Pena
CRÍTICA # ANO 9 # Nº 20 # 1º PERÍODO # 2007/2008
Revista da Escola Secundária de Linda-a-Velha – Av. Carolina Michaelis, 2795 – 052 Linda-a-Velha, Tel. 21 419 14 72, Fax 21 419 06 32, E-mail: [email protected]
Concebida e elaborada por alunos das turmas: 7º D, 8º C, 9º B, 10º B, 10º C, 10º D, 10º F, 11º A, 11º C, 11º G, 12º D, 12º F e 12º G.
Coordenação: Prof. Francisco Morais – Tiragem: 400 exemplares – Dezembro 2007
EDITORIAL
08 09
Paulo
Ramos
10 11
Ana
Gomes
12 13
André
Ferreira
20 21
Joana
Marques
22 23
Leonor
Oliveira
26 27
Diogo
Andrade
Conheces a
sensação de
escrever, de falar
para uma escola
inteira?
Lado a lado com o
passado, o presente e
o futuro, segue
um tempo muito
Helena Costa Pinto
próprio. Este
tempo tem uma força grande que nos
puxa e nos prende, para que a vida
não passe por nós sem darmos conta.
Mas nós temos de saber deixar-nos
agarrar. Temos de nos deixar
tropeçar…
De uma maneira ou de outra, a
Crítica prendeu-nos a si e prendeunos uns aos outros. Nós deixámo-nos
tropeçar, deixámo-nos prender,
agarrámo-nos às palavras com as
duas mãos e fixámos as nossas
convicções às paredes da escola.
Número após número, a Crítica
tenta revelar aquele que é o
nosso mundo tão próprio, tão
pequeno e tão grande, sempre
cheio de cor, sempre repleto dos
sonhos que queremos esticar até
ao futuro.
Crescemos e o tempo caminha ao
nosso lado e os rostos e as pessoas e
a música e a escola não nos largam
nunca. Ligações directas...
E assim vamos ganhando força para
esmagar os medos. Crescemos e
achamo-nos capazes de tudo - agora
as certezas são só as nossas...
Pode até soar a despedida, mas
este não é o último número da
Crítica. É apenas um olhar
necessário sobre o passado que
nos vai empurrar para o futuro e
para a mudança... Mas mesmo
que os tempos mudem e as
vontades também, eu e tu vamos
poder sempre cantar para os
outros aquilo que sentimos,
vamos sempre poder falar,
escrever, dançar, criticar...
Olha, ouves-me?…
É hora de te sentires livre.
“A Crítica fez parte do espaço livre e plural...
perguntámos...
andei pela Crítica assim como quem anda pendurada
em palavras… depois o mundo das palavras tornou-se
mais perto, mais mundo-palavra… quando escrevia
achava que podia mudar o mundo “Quantos são? tu?
mais tu?! e tu? só vocês?!” não havia medos… e quem é
que criticava quem? não interessa (eu critico quem
quiser!!!!)… eu tropecei na Crítica e ainda hoje me
sinto feliz por ter tropeçado, por me ter tropeçado,
por me ter dado, por ter escrito e descrito!…
a Crítica funcionou como um grupo onde nos
tratávamos pequenos como grandes, e os grandes
falavam com os pequenos como se fossem (e eram)
grandes - o Francisco falava comigo, o André falava
com o Francisco, a Leonor falava de vez em quando, eu
discutia com o Duarte, o Duarte discutia com todos, eu
queria matar o Duarte (!!), a Inês falava com a Joana, a
Joana falava com o André, e entram não duas mas três,
que são pequeninas (desculpem...para mim vocês vão-me dar sempre pelos ombros....!): a Nena fala com a
Mariana que fala com a Sofia, e a Nena cresce e escreve
e entrevista com a Mariana que ri e a Sofia que tropeça
numa piada, e a Verónica lê tudo, vê tudo, tudo, tudo…
e agora vê o Ricardo! e a Rita fala com a Leonor que se
ri da Catarina que se enerva com o Duarte mas ri para a
Mariana, para a Nena e para a Sofia e que foge do
Francisco quando ainda não tem o artigo pronto; e vêm
os Pedros que se riem sérios, e o Manuel que é louco
mas ninguém acredita! O Manuel fala de música (diz
que quer ser maestro… gente pequena que sonha como
grande...), a Leonor diz que quer ser feliz, a Mariana ri e
abraça, a Inês põe os óculos, a Nena voa e o Francisco
olha para nós… e eu gostei de tudo…
CATARINA VASCONCELOS
Ex-aluna da ESLAV e da CRÍTICA
estuda Belas Artes e faz actualmente
Erasmus em Mastricht (Holanda)
e a Catarina acorda a meio da noite porque se
lembra de uma pergunta e de uma palavra perfeita
para o artigo! a Verónica ri-se, o Francisco não
acredita, a Leonor gosta e o André diz que é
maravilhoso… o Lucas pisca-me o olho e ri-se de mim
que tropecei nele…
este artigo é para o Lucas que sempre foi meu amigo
... que foi a minha escola secundária.”
Hoje apetece-me criticar. Acordo e critico o frio que
faz lá fora. Critico simplesmente sem esperar que
alguém me acuda ou que o tempo aqueça, pelo menos
num horizonte próximo. Posso até criticar
construtivamente - um eufemismo que tantas vezes
amaina a opinião - que apesar de tudo o frio permanece.
Há momentos em que criticar não basta. Tenho de
aquecer. Por isso saio, por entre o frio, para correr no
Parque gelado, ao longo do rio.
Escrever na Crítica era como sair na manhã gelada
para correr. Mais que criticar ou opinar, era fixar uma
convicção e exibi-la. A Crítica fez parte do espaço livre
e plural que foi a minha escola secundária. Tudo o que
aprendi dentro e fora das salas faz parte de mim hoje. É
como se a escola se tivesse ampliado, deixado cair as
vedações e ser hoje um espaço maior, transfronteiriço,
onde aprendemos a conhecer pessoas, crenças e
costumes. Estou em Leipzig, na Alemanha: uma cidade
jovem, reconstruída dos destroços da Guerra,
extremamente limpa e organizada e onde se respira
música em cada rua. Sinto falta de um bom buzinão na
Avenida da Liberdade, dos pastéis de nata, de um café e
até do cheiro das tostas no intervalo da manhã.
A Crítica é o espelho da Escola
04 05
CRÍTICA
MANUEL DURÃO
Ex-aluno da ESLAV e da CRÍTICA
estuda Música e faz actualmente
Erasmus em Leipzig (Alemanha)
A crítica serve para constatar que está frio lá fora.
Também serve para ver que a minha escola secundária
não tinha umas casas de banho muito asseadas. Mas a
crítica também serve para decidir sair para correr,
mesmo estando frio, e para não insistir em entupir o
urinol com papel higiénico, mesmo que a vontade seja
muita.
ELISA COSTA PINTO
Professora de Português
Há dias em que olhamos para o espelho e não
gostamos do que vemos. Puxamos o sorriso mais para
a esquerda, recompomos o canto aborrecido da boca
para a direita, damos um pouco de lustro aos olhos. Se
nada disto resultar, viramos as costas, de ombros
conformados ou, se formos capazes, com o passo
decidido a refazer o caminho que nos leve a um outro
espelho.
É este olhar diário sobre nós mesmos que me vem à
cabeça quando o Francisco me pergunta para que serve/
serviu a Crítica, porque a Crítica é o espelho da Escola.
Nas suas páginas, número após número, é a Escola que
se expõe, se procura, se projecta, se pensa, se confessa.
E é por isso também, que número após número, nos
precipitamos sobre a Crítica - espelho onde todos nós,
Alices curiosas seguindo o coelhinho branco,
encontramos o nosso rosto colectivo, que se não é o País
das Maravilhas, é pelo menos o Nosso.
Folheio todas as Críticas, desde a primeira, e
ultrapassada a comoção do reencontro com rostos e
palavras que aqui foram crescendo, aquilo que sinto é
orgulho por pertencer a este lugar que a Crítica me
revela. A Crítica serve para isso mesmo – para nos
mostrar o nosso melhor lado, às vezes o outro lado do
espelho.
Eu não sei qual é o segredo do Francisco. Mas sei que
ele traz sempre para a Escola uma maneira muito dele
de nos lembrar que “a vida é bela”. E que é com essa
maneira subtil, mas decidida, que ele consegue juntar,
ano após ano, na grande roda que é a Crítica, muita
gente que acredita mesmo que a vida é bela.
Eu percebi esse talento do Francisco, muito antes do dia
em que o acompanhei, com um grupo de alunos comuns
e inesquecíveis, na entrega do Prémio Nacional do
Público, atribuído à Crítica. O lugar onde fomos
chamava-se Tocha. Não deixa de ser simbólico. Ainda
assim, Espelho seria o nome justo.
“É uma sensação muito boa...
Numa manhã de sábado de um
Outono soalheiro fomos ao
encontro de Tiago Teodoro, um
antigo aluno da ESLAV e
colaborador da Crítica. Tem 28
anos e foi um dos primeiros
alunos a pertencer ao grupo que
deu início à revista.
PASSOU POR VÁRIAS ESCOLAS ANTES DE
CHEGAR À ESLAV, mas aqui chegado,
no 10.º ano, encontrou o ambiente
desejado perto dos seus amigos. “Tinha
aulas na secção e no período da tarde
ia para a sede para ter aulas de
Introdução às Tecnologias de
Informação”. Nessa altura a escola
estava a iniciar-se em termos
informáticos e quando surgiu a ideia de se Rita Faria
fazer uma revista, ligada à disciplina de
ITI, todos os alunos acharam a ideia brilhante.
Hoje em dia, os jovens têm muita coisa que se possa
fazer para além do período escolar. Como a informática
ainda estava a despontar e havia o fascínio pela
descoberta “iam a correr para a sala para mexer nos
computadores”.
A revista Critica era feita pelos alunos das turmas de
ITI e o seu formato era diferente do
actual com temas mais dispersos e
utilizando, quase exclusivamente,
imagens de clipart. Além disso não
havia fotos para os autores dos
textos (agora não se perdia nada se
também não houvesse!…).
Vasco Morais O Tiago confessou-nos guardar uma
recordação especial da professora de
Inglês, Maria José Maia, com quem teve um pequeno
desentendimento na aula de apresentação. “Com o
passar do tempo cheguei à conclusão que era uma
das melhores professoras da escola, sobretudo a
nível de exigência e da forma como ensinava”.
Recorda também o lado humano do professor de
Matemática, Castro Ramos, embora simples e calado.
Depois de completar o 12.º ano, candidatou-se ao curso de Informática e Gestão de
Empresas, entrando para o ISCTE. “Senti-me um pouco deslocado, porque este
curso andava muito à volta da
programação informática e decidi mudar
para um outro”. Entrou no Instituto
Superior de Economia e Gestão e
paralelamente iniciou uma actividade laboral
o que dificultou a conclusão da licenciatura.
“O meu curso ficou em águas de
bacalhau!”.
... escrever para uma escola inteira”
06 07
CRÍTICA
NO ANO LECTIVO DE 1994/1995 um grupo
de professores e alunos de ITI
(Introdução às Tecnologias de Informação)
decidiu fazer uma revista.
Nasceu a Critica (sem acento) que teria a função
de dar informações sobre a escola, dos alunos
que a frequentavam mas também de pessoas que
nada tinham a ver com esta.
No seu lançamento a tiragem foi de 750
exemplares com o custo unitário de 200 bytes
(200 escudos) equivalente a 1 Euro. O dinheiro
angariado da venda das revistas servia para a
compra de material informático (a 1.ª
impressora a cores foi adquirida desta forma).
A revista n.º 1 ficou concluída em Maio de
1995 e estava dividida em várias rubricas, tais
Joana Freire como: testes, passatempos, crónicas,
reportagens, inquéritos, poesias...
Em Dezembro de 1995 é editado o n.º 2 da
Critica e segundo o seu editorial “espera-se
que seja tão bom ou melhor que o 1.º”. O
artigo do tema de K referia o cinquentenário
do lançamento pelos Estados Unidos da
América, em 1945, da 1.ª bomba atómica na
cidade japonesa de Hiroxima e das
consequências daí resultantes. Ao longo de
toda a revista abordam-se vários
Madalena Frischknchet assuntos como posturas na sala de aula,
a morte do vocalista dos Nirvana (Kurt
Cobain) e a 1.ª Semana das Tecnologias de
Informação organizada pelos alunos e professores
de ITI onde era feita a antevisão do sistema
operativo Windows 95.
Na edição da n.º 3 o tema de K intitulava-se
Ver mais imagens e vídeos em:
“Gritos de Desespero” e criticava a morte de
http://youtube.com/revistacritica
três jovens com idades compreendidas entre os
16 e 21 anos, que se atiraram do viaduto Duarte
Pacheco. Outro destaque é o artigo “Jovens, que
futuro?” em que se escrevia sobre os jovens e o
Entretanto teve a felicidade de entrar para uma empresa
seu futuro que não se previa “cor-de-rosa”, pois
do ramo de importação de material eléctrico onde
era preciso trabalhar para alcançar os seus
permanece há 3 anos. Trabalha na parte administrativa
objectivos.
e, como nos disse, lida essencialmente com preços.
No desporto questionava-se sobre quem seria o
“Toda a engrenagem que funciona à volta de um
melhor piloto de Fórmula 1. O autor chegou à
simples preço e toda a cadeia desde o produto sair da conclusão que teria sido Ayrton Senna da Silva
fábrica até ao cliente final.”
que morreu em 1994.
Na música falava-se de um assunto triste: a
morte de Jim Morrison, dos Doors, devido a um
Voltando à Crítica, e para finalizar, refere que foi um
ataque cardíaco. Também aqui era feito um
grande orgulho e uma imensa alegria participar neste
inquérito
à população escolar com a pergunta:
projecto. “É uma sensação muito boa escrever para
“Conheces
os Foo Fighters?”
uma escola inteira”. Valorizou muito o facto de
Fazia-se
a
crítica
e
elogiava-se o primeiro
pertencer à revista porque tal permitia partilhar a sua
álbum
da banda.
opinião com os leitores da escola.
E sabem quem era um dos alunos
redactores?
Afinal passados todos estes anos, apesar da evolução
Tiago
Teodoro,
pois claro!
e das mudanças tecnológicas,
a essência da Crítica mantém-se!
“(...) alguns alunos chegaram a vir trabalhar para a escola...
De volta à escola que o viu
concluir o 12.º ano com sucesso,
Paulo Vieira Ramos veio ao nosso
encontro para
“relembrar outros tempos”...
Tempos de Prémios
do jornal Público...
ENTROU EM MEDICINA, na
Faculdade de Ciências Médicas
de Lisboa (Campo de Santana).
Actualmente encontra-se no fim
do 1.º ano da especialidade de
Cirurgia. Paulo fá-lo por gosto,
porque “de outra maneira não
era possível”.
Mª João Barbe- Agora com 25 anos, este ex-aluno
da ESLAV recordou connosco a
sua passagem pela Crítica. É um dos elementos
mais antigos, que já passou pela Crítica,
entrevistado nesta edição. Pertenceu ao “grupo
de ouro”, o que ganhou o 1.º prémio, atribuído
pelo Jornal Público, às três revistas Crítica
publicadas nesse ano (o diploma recebido está
exposto na Sala K Azul).
A participação deste grupo (tal como o
primeiro) acabou por ser um projecto paralelo,
que partiu das aulas de ITI. Pegaram nas
primeiras revistas, tiraram algumas ideias,
inovaram, e foram bem sucedidos. Paulo
confidenciou-nos ainda que “alguns alunos
chegaram a vir trabalhar para a escola aos
sábados de manhã!” Por serem praticamente
todos da mesma turma, propiciava-se uma
união diferente. Dessa altura ficaram boas
recordações e amizades que ainda hoje duram.
Realizou uma entrevista às professoras Elisa Costa
Pinto e Paula Fonseca sobre o projecto “A Páginas
Tantas” e às professoras Arminda Santos e Teresa
Fernandes sobre o “Clube do Mar”. Deu ainda o seu
contributo na parte do design da revista: a ideia do
logótipo (C!) a concluir todos os artigos, que ainda é
utilizado, partiu dele.
Tudo isto era encarado “em jeito de brincadeira, de
uma forma divertida… mas claro, tendo algumas
responsabilidades”.
… aos sábados de manhã!”
08 09
CRÍTICA
AQUI ESTAMOS, PELA PRIMEIRA VEZ, a dar
o nosso pequeno, mas útil, contributo à Crítica
fazendo um breve resumo dos números 4,5 e 6
editados no ano lectivo 1997/98.
Na edição n.º 4 a notícia que nos despertou
maior interesse foi aquela que abordava um
tema que ainda hoje é um grande
problema em toda o mundo, O
RACISMO. Este tema de K
abordava ideias muito interessantes,
mas preocupantes ao mesmo tempo,
como o do namoro entre pessoas de
etnias diferentes, ou o racismo na
escola entre alunos e até mesmo
Tia- Ferreira entre professores e alunos. Quem
diria! A pequena redacção relata-nos também um episódio passado
no Brasil, onde cinco rapazes de
famílias ricas queimaram um chefe
índio só por divertimento. O homem
acabou mesmo por morrer 24 horas
depois. Assim ia (vai) o mundo.
Mudando de assunto, passando para
Tomás Frischknchet um tema mais agradável, mas
viciante: a Internet. Este
texto, tema de K da revista n.º 5 referia que
a Internet pode mesmo ser considerada uma
droga para todos aqueles que a utilizam em
demasia, mas também salienta o facto de poder
ser um importante utensílio para quem a souber
utilizar.
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Quando questionado acerca de um episódio marcante
dessa época, relatou-nos a ida à vila de Tocha (distrito
de Coimbra) para receber o prémio já referido. Entre
muitas situações caricatas, relembrou que o professor
Francisco Morais alugou um autocarro de 50 lugares
quando o grupo não passava de 10 pessoas.
A título de curiosidade, fiquem a saber que uma das
impressoras da Sala K Azul foi comprada com o
dinheiro desse prémio!
Depois de ter saído da ESLAV o Paulo não se manteve
ligado à escrita, exceptuando a publicação de alguns
artigos para revistas médicas.
É notório que permaneceram memórias destes tempos:
em retrospectiva relata-nos que “era outro ritmo, mais
calminho”, mas mesmo assim “tudo muito
absorvente”.
Ficam as recordações, as amizades criadas... e as
saudades...! A nós resta-nos dizer: até um dia...!
A edição n.º 6 é essencialmente dedicada à
Expo 98 mas lembra também o 50.º
aniversário da Declaração Universal dos
Direitos Humanos e faz uma homenagem ao
poeta Gastão Cruz.
Nesta revista ficámos a conhecer o grupo de
música Ska, “Three and a Quarter" e o álbum
Cor dos músicos Maria João e Mário Laginha.
Soubemos também novidades do grupo de
teatro "4.° Período" (da Escola Secundária
Camilo Castelo Branco) e do filme Melhor é
Impossível de James L Brooks, que na altura
teve uma boa audiência.
Para finalizar sabiam que este foi um ano
espectacular para a revista?
É verdade. A Crítica recebeu o 1.º prémio do
concurso de jornais escolares organizado
pelo jornal Público.
E já agora uma curiosidade. A partir destes
números a revista passou a chamar-se
Crítica (com acento) porque como é dito
num editorial: “havia muita gente que
a pronunciava mal”.
“(…) a sua principal memória são as fortes amizades que fez...
No dia 5 de Novembro
entrevistámos Ana Ataíde Gomes,
uma antiga aluna da ESLAV e
também jornalista da Crítica.
Conversámos sobre diversos
assuntos e ainda
nos rimos bastante!!
COMEÇÁMOS POR PERGUNTAR que curso tinha
seguido quando deixou a ESLAV. “Andei um pouco às
aranhas pois não sabia o que escolher”. Pensou em
arquitectura mas, por várias razões, não conseguiu
entrar na primeira fase, depois foi parar à Universidade
Lusíada no entanto não gostou do ambiente e dos
professores.
Inês Ramos
Sara Santos
Por isso foi para a Escola Superior de Artes
Decorativas experimentar o curso de Design
de Interiores e está a gostar muito, tendo já
concluído o bacharelato. Enquanto termina a
licenciatura tenciona arranjar um part-time
relacionado com a sua área.
A participação na revista Crítica surgiu a
convite do professor Francisco Morais, ao que
ela respondeu positivamente pois sempre
gostara de escrever. Redigiu 6 artigos com
temáticas muito variadas mas sempre
relacionadas com a escola. Relatou os
acontecimentos relacionados com os
projectos “De Gelo” e “Irrealidades” (café-concerto, exposições e teatro); com o
projecto “S.O.S. Escola”; e com as eleições
para a Associação de Estudantes.
... e que ainda hoje mantém.”
10 11
CRÍTICA
APÓS UMA PAUSA DE 3 ANOS DEU-SE O
REGRESSO DA CRÍTICA…
A revista voltou ao activo no ano lectivo de
2001/2002 com a edição n.º 7
intitulada “Voltar à Escola?” .
Neste retorno a Crítica deixou de ser um
projecto exclusivamente dos alunos da
disciplina de ITI (Introdução às
Tecnologias de Informação). Expandiu-se
a toda a escola - integrando alunos do
7.º ao 12.º anos - e abordou temas
mais variados, muitos dos quais
Filipe Valadas
relacionados com a ESLAV.
Muitos alunos que souberam do “renascimento”
da Crítica resolveram integrar-se e dar o seu
contributo. Outros foram convidados por
sugestões de professores e aceitaram.
Nesta edição foi dado o testemunho de um ex-aluno sobre a história da revista e a entrega do
prémio com as fotografias deste acontecimento.
Também foi dada informação sobre diversos
concursos, exposições e sobre um teatro de
fantoches organizado por alunos do 8.º ano no
âmbito da Área de Projecto. A entrevista do
Tema de K foi feita ao professor Daniel
Sampaio sobre o seu livro Voltar à Escola que
serviu de tema.
Ver mais imagens e vídeos em:
http://youtube.com/revistacritica
Da escola a sua principal memória são as fortes
amizades que fez e que ainda hoje mantém.
Recorda também com saudade o relacionamento
com os professores e os funcionários e durante a
entrevista mencionou diversas vezes o quanto
todos foram importantes.
Destacou especialmente os professores Mário,
Suzete e Dolores responsáveis pelos projectos
em que participou. Referiu também a professora
Teresa Antunes (que a ensinou a gostar de
Matemática) e o professor Lucas que a cativou
pelo seu lado muito humano.
Todos a ajudaram não só a crescer
profissionalmente como também
como pessoa.
Na revista n.º 8 falou-se de gatos e entrevistou
-se o escritor moçambicano Mia Couto
utilizando pela 1.ª vez o e-mail e com a
resposta a demorar apenas 1 dia… de
Moçambique!
Destaque especial para reportagens sobre os
projectos “Canto Africano”, SOS Escola, e
Ludoteca. Foram também produzidos textos
críticos sobre o livro O Gato e o Escuro, o CD
de Sara Tavares Mi Ma Bô e o filme Gato
Preto Gato Branco de Emir Kusturica.
Na edição n.º 9 a fotografia da capa foi do
prémio Nobel José Saramago e, na
impossibilidade de o entrevistar, optou-se por
retirar excertos dos seus livros Cadernos de
Lanzarote.
Desta vez foram publicitados os projectos “De
Gelo”, “Olha Como o Mundo é Pequeno” e
“A Páginas Tantas”.
Muitas críticas: aos CD’s de Maria João e
Mário Laginha; ao livro A Maior Flor do
Mundo; e ao filme Descobrindo Forrester de
Gus Van Saint.
Tudo obras que influenciaram positivamente os
redactores da altura...
Há que dizer que a Crítica também
marca positivamente os alunos
e esperemos que continue assim!
“(…) [na ESLAV] existiam coisas boas como a Crítica que via...
Numa bela tarde de Outono, fomos
conversar com um “ex-Crítico” da
nossa escola, “um dos nossos”,
com o intuito de trocar
experiências sobre a passagem pela
Crítica e tentar perceber a
importância que esta teve para o
seu percurso escolar e pessoal.
O SEU NOME É ANDRÉ FERREIRA,
tem 21 anos e frequenta o curso de Design
no IADE (Instituto de Artes Visuais,
Design e Marketing).
Após terminar o ensino secundário, já
O André recorda a sua passagem pela ESLAV como
trabalhou em produção de teatro e numa das
uma “fase de transição a nível social”, onde havia
campanhas para a Câmara de Lisboa. Faz
coisas menos positivas como o ambiente adolescente
também parte de uma associação cívica suburbano com o qual não se identificava e que se
“Médicos pela Escolha” - composta por Raquel Garrido tornava um problema pois, como afirma, “ser
profissionais de saúde cujo objectivo
diferente é muito difícil na adolescência”. No
principal é promover a defesa dos direitos sexuais e
entanto considera que existiam coisas boas como a
reprodutivos em Portugal. Participa na elaboração de
Crítica que via como uma experiência diferente e
material de divulgação e na construção do site da
entusiasmante, “uma boa fuga” do dia-a-dia. Recorda,
associação - trabalho que considera “extremamente
também, a sua turma, pequena, de que gostava bastante
importante”.
e lembra a sua participação na produção dos cenários
Tem ainda tempo para representar no Grupo de Teatro
que cobriam o polivalente, com o professor Mário, e
do Instituto Superior Técnico (GTIST).
alguns outros trabalhos como um projecto de fotografia,
organizado pela professora Maria João
Cortegaça, que foi exposto no CCB.
Começou a participar na revista através de um
convite de uma amiga com um pequeno texto
resposta na secção Perguntámos... Depois
colaborou em diversos temas do seu interesse,
especialmente a música. Já na altura revelava
gostos musicais bastante diferentes do comum,
bem diferentes das músicas mais comerciais que
a maioria dos colegas ouviam. Da nossa revista
recorda, ainda, que tinha problemas com os
prazos de entrega por considerar que o artigo
nunca estava suficientemente bom.
Quanto aos companheiros “críticos”, diz que
alguns eram amigos da turma, amigos que ainda
hoje conserva.
... como uma experiência diferente e entusiasmante...”
12 13
CRÍTICA
DESDE SEMPRE QUE A REVISTA CRÍTICA
cativou pelos seus títulos sugestivos.
As revistas 10 e 11 de 2002/2003 não foram
excepção. Para adormecer anjos? e Estás a dar
-me Música? mergulharam na imaginação e no
ser criança, fazendo-nos recordar a nossa própria
infância e exploraram o mundo da música e dos
sons.
Na edição n.º 10 reconhecia-se que por
vezes temos medo de sonhar. Aterroriza-nos
a ideia de já não termos a outra metade das
crianças e a sua imaginação. Mas no fundo,
todos temos um bocado de “anjo” dentro de
nós, mesmo que às vezes nos esqueçamos!
Maria Nunes Nesta revista Perguntámos... Que
recordações guarda das histórias que lhe
contavam? e entrevistámos e passámos a conhecer
um pouco melhor José Eduardo Agualusa,
jornalista e escritor angolano, autor de
Estranhões & Bizarrocos. Um livro fascinante de
estórias para adormecer anjos. Explorando um
pouco mais o livro falámos com o ilustrador,
Henrique Cayatte, designer português que, com
os seus desenhos tão originais e divertidos, deu
ainda mais vida ao livro (mas afinal, uma imagem
não vale mais que mil palavras?).
Ainda tivemos tempo... e espaço para falar de uma
festa de Halloween, “Vampirescamente
saudável”, de dar uns dedinhos de conversa com
alguns funcionários do bar da ESLAV, de conversar
com responsáveis e trabalhadores das obras que
decorriam na escola e de falar sobre o projecto
Ambiente e Saúde.
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Por fim, colocámos aquela pergunta
incomodativa acerca do seu futuro profissional ao
nosso entrevistado que, sem ter ainda certezas
sobre em que trabalhar, nos confessou o desejo
de viver e trabalhar fora do país. Sonha partir
para África e colaborar com uma associação de
apoio social. Numa época em que os jovens
dificilmente obtêm estabilidade no mercado de
trabalho, o André ambiciona, portanto, um
“outro caminho”.
Nós por cá, desejamos-lhe muita sorte e que
esse caminho, mais tarde, o traga de volta
para partilhar connosco essas experiências.
Na revista n.º 11 reflectimos sobre o significado e
importância da Música. É uma cultura? Uma arte?
Uma ciência? Um ritual? Uma maneira de estar? No
fundo é tudo isto ao mesmo tempo. Esconde-se
dentro de nós e só pede que a deixemos voar.
Perguntámos… se Conseguiria viver sem Música?
e conhecemos o Maestro e Professor Henrique
Piloto e o seu trabalho. Entrevistámos a Joana
Carneiro, a primeira maestrina portuguesa, que
nos falou da música e da sua alegria… Estudou na
nossa escola e na Escola de Música N.ª S.ª do
Cabo em Linda-a-Velha que também fomos
conhecer. Ainda dentro da temática apresentámos
o CD Cabeças no Ar e com a ajuda de
Emmanuelle Laborit, através da sua
autobiografia O Grito da Gaivota, tentámos
imaginar um mundo sem som, o de um surdo.
“Encestámos” com As “Torres” (um artigo sobre
os basquetebolistas da escola), “brincámos” com a
ciência e passámos um dia na Biblioteca.
Também falámos de Festa e Confiança, a
campanha para a eleição da Associação de
Estudantes e digo-vos que parece ter
sido muito animada.
“[os projectos] (...) é,“Aquele
sem dúvida,
estiloade
parte
vidamais
em que
importante...
se está...
Há quem não goste das segundas-feiras…
Mas este foi um excelente dia para
entrevistar a ex-aluna da ESLAV e da
Crítica Inês Viegas, que neste momento está
a tirar o 3.º ano do curso de Arquitectura.
DESDE OS 5 ANOS, sempre que faziam a
Relativamente ao artigo que mais gostou de fazer na
típica pergunta “O que queres ser quando
Crítica não nos foi capaz de responder. Disse-nos
fores grande?” ela dizia “arquitecta” porque
que teve participações em coisas muito diferentes,
sempre gostou muito de desenhar.
umas ligadas à escola (como os projectos, as
Explicou-nos que o curso de Arquitectura é
eleições da Associação de Estudantes), mas também
muito à base de exercícios: constroem-se muitas
coisas exteriores (como alguns álbuns de música que
maquetas e fazem-se muitos desenhos rigorosos,
saíram na altura) e é-lhe difícil escolher um. Na sua
“é um ritmo muito intenso”. Existe, no
opinião acabou por gostar de todos, porque são todos
entanto, outra dimensão do curso ligada à
diferentes e eram todos relacionados com coisas de
poesia, ao cinema, ao teatro, e muitas vezes os Isabel Martins que gostava. “Cada artigo era um desafio
professores aconselham mesmo aos alunos verem
porque nos obrigava a parar, pensar sobre as coisas
determinada exposição ou determinado filme, “o curso
e pôr no papel” E, não falando naquele de que gostou
abrange um pouco de tudo”.
mais mas naquele que foi um maior desafio talvez
tivesse sido a elaboração de um cartoon.
Frequentou a ESLAV desde o 10.º ano (2001 a 2004).
Veio da escola E.B. 2,3 Vieira da Silva (que também a
marcou bastante) e achou que aqui tudo era
muito diferente, “era como um mundo de
grandes”. A adaptação foi um pouco difícil no
início, mas a partir do 11.º ano começou a
gostar muito, o que coincidiu com a sua
entrada na Crítica. Sempre teve necessidade de
“pertencer um pouco ao lugar” e “a Crítica
funcionou como o elo. Também outro factor
de integração foram os projectos. “A turma
de Artes com o professor Mário, nos 3 anos
que estive na ESLAV, preparava o
Polivalente e criava aqueles cenários
enormes...” Isto obrigou-a a criar laços muito
fortes com os colegas, com os professores e
com os funcionários da escola… Esta é, sem
dúvida, a parte mais importante que leva desta
escola.
... em comunhão
...que
leva desta escola.”
com a natureza”
14 15
CRÍTICA
NO ANO LECTIVO DE 2003/2004, a Crítica publicou
uma revista por período. A primeira,
n.º 12, teve como tema os cães e por isso apareceu na
capa o conhecido escritor do livro Cão Como Nós Manuel Alegre. Para além de excertos de uma
entrevista dada por este a uma outra revista,
foi feito ainda o relato de uma visita a um
canil e uma entrevista a um veterinário.
Quanto a novidades da escola deram-se
notícias do Baile de Finalistas, que contou
com a actuação dos Oxigen uma banda de
estudantes e com a entrega dos Prémios
ESLAV. Falou-se do teatro escolar integrante
do projecto (Ir)Realidades, do
Catarina Saldanha acampamento proporcionado aos
participantes do Clube do Mar e da
participação da equipa feminina de basquetebol no
Campeonato Regional.
Foram também feitas críticas ao álbum de Sérgio
Godinho, O Irmão do Meio, e ao filme brasileiro A
Cidade de Deus de Fernando Meirelles.
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Ela nunca tinha feito aquilo na vida, como é óbvio
gostava de desenhar, mas fazer uma crítica por
desenho é complicado. Depois, acabou por ser fácil
porque há um processo de trabalho e a ideia começa a
aparecer e a fazer sentido.
Na sua opinião teve professores que a “cativavam
muito para ter boas notas”. De ano para ano a
relação já não era só professor-aluno mas era também
de amizade. Houve professores com os quais
contactou que, embora nunca lhe tenham dado aulas Francisco, Dolores e Suzete -, também foram
importantes. Dos que lhe deram aulas destaca o
professor Mário e lembra-se também perfeitamente
do seu professor de Educação Física, que só esteve na
escola um ano, mas que os alunos adoravam.
“Cada um trouxe bocadinhos bons”
e ainda hoje em conversas se recorda deles.
O tema da revista n.º 13 veio no âmbito do projecto
escolar desse ano: “Verd’Água” e por isso
“perguntámos…” a pais, alunos, professores e
auxiliares de educação a importância das plantas na sua
vida.
No tema de K entrevistou-se a ilustradora Danuta
Wojciechowska que ilustrou o livro de Português
do 8.º ano - “Plural”. De realçar uma outra interessante
entrevista a um aluno invisual da ESLAV pois ficámos
a saber como este aprende a mesma matéria que todas
as outras pessoas estando incapacitado de ver e ler (os
manuais e o quadro).
Já de volta à secção da “cultura” é possível encontrar os
seguintes títulos: Hipopóptimos, uma História de
Amor, um livro ilustrado por Danuta; Tribalistas, um
álbum que resultou da união de três cantores brasileiros
(Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa
Monte); e À procura de Nemo, o engraçado filme de
animação infantil.
E por último, mas não em último, ao abrir a Crítica
n.º 14 deparamo-nos com artigos relacionados com o
25 de Abril como por exemplo o do livro Vinte Cinco a
Sete Vozes da escritora, com direito a aparecer na
capa, Alice Vieira.
Nas novidades da escola encontramos os objectivos da
nova A.E., um artigo sobre o Serviço de Psicologia e
Orientação escolar, e um incentivo ao desporto com a
descrição de um dia activo na escola e com a
experiência de alunos inscritos em actividades
extracurriculares.
Ainda dentro do tema deste número, podemos ler um
pouco sobre as canções que imortalizaram o 25 de Abril
como a famosa “Grândola Vila Morena” e sobre a
produção cinematográfica “Capitães de Abril”, sem
esquecer a visita a um jornal existente antes do 25 de
Abril onde nos esclareceram sobre o que se alterou no
seu funcionamento após esta data.
A Critica durante esse ano revelou o seu interesse
pela actualidade e pelos eventos escolares,
procurando cativar a “miúdos e a graúdos” .
Objectivo alcançado.
“(…) a vontade de criar, de fazer associações de ideias (…)
tema de k
Helena Costa Pinto
Desde pequenos que nos habituámos a ouvi-lo lá em casa ou
no carro com os nossos pais. Depois começámos a prestar
mais atenção e descobrimos que a sua música e as suas palavras não
têm idade. Contador de histórias da cidade e do amor, escritor de
canções, Sérgio Godinho mostrou-nos, numa surpreendente conversa,
que a vida é uma viagem com muitos atalhos e cruzamentos e que é
preciso não parar a meio do caminho, para não perder nenhum
encontro, nenhuma ligação directa.
CRÍTICA: Há 10 anos foi entrevistado para a nossa
revista e numa das respostas disse a brincar que
possuía e até emprestava o elixir da eterna
juventude. É por isso que tem trabalhado com tantos
músicos da nova geração?
SÉRGIO GODINHO: Isso foi mesmo só a brincar
porque também diz a canção que o elixir da eterna
juventude estava marado, falsificado... (risos). Eu penso
que não há “nova geração”, acho que as gerações vão
transitando e umas interpenetram-se nas outras, por isso
recuso-me a pensar que há uma geração que começa e
outra que acaba e que há compartimentos estanques.
Penso que a chave é mesmo pensar que não há
compartimentos estanques. A pessoas com quem tenho
contactado, sejam os meus músicos sejam músicos de
outras gerações (não gosto muito desta
palavra...) são as pessoas com quem eu gosto
de interagir e isso pode ser desde os Da
Weasel aos Clã ao David Fonseca. Muita
gente com quem eu cruzei experiências. Não
é uma questão de idades, mas de
coincidências musicais.
C.: Também disse uma vez que tem várias
idades... Falava da música ou da vida?
S.G.: Da vida. Da música, também, mas mais
da vida. Até porque há canções que vêm
desde há muitos anos e que de certo modo
não envelheceram. Há outras que sim, e essas
já não as canto. Mas isso é um processo
natural e eu acho que é a vida autónoma das
canções, compreendes? Cada canção tem
uma vida própria e ela pode ser revitalizada
ou pode morrer de morte natural. Da vida,
sim... eu sinto que ao longo do dia, e em
alturas diferentes do dia, tenho idades
diferentes. Às vezes sou um puto, às vezes
tenho a minha idade, às vezes sou mais
velho...
C.: “Em matérias do amor vamos sempre
adolescendo”. A frase é sua. É por isso que o amor
continua a ser um dos grandes temas das suas
músicas?
S.G.: É um dos grandes temas. Acho que é um tema que
existe sempre porque é complexo... O amor é falível, o
amor é infalível, o amor é renovado, o amor é um
desespero, o amor é a causa de muita morte, também
muito ciúme... muitos sentimentos negativos, mas
também muitos sentimentos positivos... E há até uma
canção neste disco da Ligação Directa em que eu digo
“se morreres da morte volta sempre em vida” e eu acho
que é isso... podes morrer, mas da morte voltas sempre
em vida.
C.: Há quem o considere um
contador de histórias que vão
construindo uma espécie de
narrativa e retrato que mostra o
que é. Está de acordo com esta
leitura da sua obra?
S.G.: Eu não vivo sem essas
narrativas, sem ficções... Embora
não o sejam só, exclusivamente... há
canções que não têm narrativa
nenhuma, há canções que são só um
fresco. Há uma narrativa, mas que
está contida em si, não vai para sítio
nenhum em termos de história, não
tem um princípio, meio e fim.
“Lisboa que Amanhece” é uma
canção que são frescos de
personagens no fim da noite de
Lisboa. Fala-se das pessoas, fala-se
do trabalho, mas também se fala dos
sonhos mais íntimos. E eu gosto
desta mistura entre coisas que
parecem mais sociais e coisas mais
pessoais.
C.: Quando em 1971 editou o
disco Sobreviver, sabia que a
censura ia proibi-lo?
S.G.: Não foi bem assim, retirou-o.
Não o proibiu antes... Nessa altura
havia uma chamada Censura Prévia,
portanto o disco foi autorizado mas
depois, perante o impacto, retiraramno do mercado. É preciso ver que
nesta altura estávamos já no fim do
regime, Marcelo Caetano já estava
no poder, e a própria Censura não
era coerente consigo mesma, se é
que alguma vez existiu coerência...
mas falo de coerência interna. Não
havia parâmetros.
Foto de Capa retirada do livro RETROVISOR
uma biografia musical de Sérgio Godinho
ampliar uma ideia, fazer conexões, e dessas conexões nasce um novo nexo.”
C.: E o nosso país ainda é “uma
rua de má fama onde faz negócio
um
charlatão” como em 1971?
S.G.: Sim, claro! Há muitos! Basta olhar para a
primeira página dos jornais. Ainda hoje houve uma
notícia sobre negócios menos claros do maior banco
português, portanto este é um exemplo que é de hoje.
Mas podia estar a falar de outros exemplos, a todos os
níveis, acho que há uma cultura de laxismo e de
compadrio e também de corrupção que continua a
atravessar muito a sociedade portuguesa. “O Charlatão”,
infelizmente, é uma cantiga muito actual.
C.: Ter vivido fora de Portugal antes do 25 de Abril,
fez de si um artista do mundo?
S.G.: Ah, sem dúvida que me abriu horizontes.
Também foi uma escolha minha, porque quando eu saí,
fui ainda legalmente, depois já não podia voltar a
Portugal, aí fiquei exilado. Mas
quando saí, eu queria mesmo correr o
mundo, ter outro tipo de
experiências, viver do outro lado do
mundo. E aí também acabei por
descobrir o meu próprio país.
Também através das canções, através
da língua portuguesa e de tudo isso.
Eu acho que é importante sair, não
devemos ficar só por cá, porque
aprendemos mais sobre nós mesmos
quando estamos noutro sítio, noutro
país, com outras pessoas que pensam
e agem diferente de nós. Penso que é
muito importante e recomendo a
todos, agora não quero que vocês se
vão embora! (risos).
C.: “Escritor de canções”, é assim que gosta de se
caracterizar?
S.G.: Também. Eu gosto muito de criar, mas também
sou um performer. As canções são arte performativa
como o bailado, como a música, no fim de contas, elas
existem para estar nos palcos perante públicos. Portanto
o escritor é a primeira parte de uma outra parte das
canções.
C.: É escritor, músico, compositor, cantor, actor,
dramaturgo, realizador... É mesmo o homem dos
sete instrumentos ou toca um só instrumento com
várias formas?
S.G.: É interessante, porque eu acho que de certo modo
esse instrumento é a vontade de criar, de fazer
associações de ideias. Acho que é muito importante
isso. É fazer associações de ideias, ampliar uma ideia,
fazer conexões, e dessas conexões
nasce um novo nexo.
C.: Já tocou com José Afonso,
Adriano Correia de Oliveira,
Vitorino, Xutos e Pontapés, Clã,
Da Weasel e tantos outros. Com
quem é que lhe apetecia cantar
ainda?
S.G.: Também já cantei com o
Caetano Veloso, portanto essa já
está cumprida. Ah, não sei... eu acho
que isso não faz muito sentido, não
há muita resposta a isso... Estou
sempre disponível, mas também já
dei algumas negas porque nem
sempre é o momento. E felizmente
sou muito solicitado para esse tipo
de intercâmbios mas nem sempre
fazem sentido ou não é o momento.
“Aqui e ali viam-se um pé a bater, uma mão a marcar o ritmo...
uma noite com...
Desta vez e após uma
primeira tentativa,
conseguimos voltar a
conversar com o músico,
escritor e compositor Sérgio
Godinho. É verdade este
“velho amigo” da nossa
Crítica, já tinha sido
A PRIMEIRA OPORTUNIDADE SURGIU
MESMO DEBAIXO DO NOSSO NARIZ!
Aqui mesmo em Linda-a-Velha, o grupo de teatro
Intervalo estava a comemorar os seus 38 anos,
homenageando várias
personalidades numa já
tradicional semana cultural.
Naquela noite a escolhida foi a
actriz Maria do Céu Guerra, e
quem iria actuar no recital? O
“alvo” pretendido: Sérgio
Godinho.
Sara Encarnação Encontrámo-nos então à porta do
Edifício Pirâmide à hora
combinada. Havia muitos espectadores já a levantar os
seus bilhetes e não nos restou mais do que esperar por
alguns que sobrassem. Conseguidas as passagens,
entrámos para a sala sobrelotada (além dos lugares
sentados havia pessoas nos corredores laterais e nos
fundos). A sessão contou com a presença não só da
homenageada, mas também de outras figuras públicas
como a do maestro Vitorino de Almeida, do encenador
Hélder Costa e de vários admiradores da actriz.
Ouvimos algumas das canções mais badaladas do
músico tais como “Espectáculo” - que dedicou a todos
os profissionais dessa área - , “Lisboa que Amanhece”
e “O Charlatão”. Tudo correu bem, com a excepção
talvez, de um pequeno esquecimento de uma das letras,
o qual passou
completamente
despercebido
quando a
memória voltou e
o público,
entusiasmado,
ajudou. “Podem
cantar se
quiserem” como
o cantor, depois,
pediu.
Acabado o
concerto
entrámos nos
camarins para
tentar marcar uma
futura entrevista,
já que naquela
noite e àquela
hora não seria a
melhor solução.
Para avivar a
memória, mostrámos a revista na qual constava a
entrevista que lhe tinha sido feita há alguns anos, da
qual ele se recordava e, pelos vistos, de uma maneira
agradável, “Ah! É fixe, é fixe” comentou.
... uma cabeça a abanar...”
18 19
CRÍTICA
O PROJECTO SONS DA FALA É
INTEGRADO POR NOVE CANTORES. Os
artistas portugueses são Sérgio Godinho,
Vitorino e Janita Salomé. De Cabo Verde
temos o conhecidíssimo Tito
Paris. Filipe Mukenga de
Angola, André Cabaço de
Moçambique, Guto Pires da
Guiné-Bissau, Juka de S. Tomé e
Princípe e Madeira Júnior do
Brasil são os restantes
elementos. Nancy Vieira
também participa como
Isabel Valente
convidada muito especial.
Ver mais imagens e vídeos em:
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O encontro ficou então marcado para o dia 26 de
Outubro, na Fnac de Cascais, onde o músico
estaria a apresentar o seu novo projecto Sons da
Fala.
Às 21h30 do dia combinado estávamos nós
preparados, mais uma vez (e desta vez sentados!),
para apreciar as sonoridades de Sérgio Godinho
acompanhado de outros artistas como Janita
Salomé e Guto Pires. O público vibrou mais uma
vez. Aqui e ali viam-se um pé a bater, uma mão a
marcar o ritmo, uma cabeça a abanar...
Quando o concerto terminou, e aproveitando
alguns “contactos no meio musical”, conseguimos
finalmente sentarmo-nos a uma mesa com Sérgio
Godinho. E finalmente, no meio de uma atmosfera
agitada de arrumação de instrumentos, e entre
pequenas interrupções para as despedidas de
colegas, conseguimos fazer as ansiadas perguntas!
Falou-se de assuntos relacionados com a carreira e
os objectivos do músico que esteve sempre
disposto a colaborar e sempre com muito simpatia!
Ficamos contentes por dar a conhecer
um pouco mais deste “homem dos sete ofícios”!!
Teve origem num espectáculo, que pretendia
ser o cruzamento entre culturas lusófonas,
nascido de uma encomenda da Presidência da
República para as comemorações do dia 10 de
Junho realizadas em Coimbra em 1994, tendo
obtido então grande sucesso. Foram feitos
outros espectáculos, igualmente apreciados,
nomeadamente na Torre de Belém, em Julho
de 1997. Em 1999, houve duas importantes
apresentações promovidas pelo Instituto
Camões: no Brasil, em São Salvador da Bahia,
como contribuição de Portugal nas
comemorações dos 450 anos da fundação
desta cidade, e uma
outra por ocasião da
segunda edição das
Pontes Lusófonas,
em Maputo.
realizado em estúdio.
O CD desenvolve e
aprofunda as linhas
mestras que
estiveram na origem
deste projecto,
tendo evoluído
consideravelmente
em termos musicais
com o trabalho
Sons da Fala conta com trocas de repertório
e parcerias vocais especialmente bem
conseguidas, com destaque para os temas:
"Menina estás à janela" com André Cabaço,
Vitorino e Janita Salomé; “Sodade” com Janita
Salomé; e “Venham Mais Cinco” com todos
os elementos do projecto.
Destaque especial para a música
"Namoro" com Filipe Mukenga e Sérgio
Godinho que aliás serve de fundo
musical ao vídeo sobre a entrevista
localizado em(http://youtube.com/
“(...) ainda guarda todas as revistas em casa...
leituras
Nesta secção fomos à caça de “maníacas”
pela leitura pela escrita e eis que
descobrimos uma, quase “federada”.
Participou em dez números seguidos da
Crítica – Joana Marques, actualmente
estuda no 3º ano da Universidade de
Farmácia de Lisboa.
EX-ALUNA DA ESCOLA recorda os tempos óptimos
que passou por cá. “A mudança foi um choque” –
afirma. “Os primeiros tempos fora da ESLAV foram
difíceis, tudo era diferente, o ambiente, as pessoas,
tudo…”
Com o tempo foi perdendo o
medo. Medo esse que nos
bloqueia as acções, não nos
deixa pensar. Pessoalmente, diz-nos, até gosta bastante de
arriscar. “Medo, medo só de
cães!”
Recorda com muito gosto e
prazer a sua demorada passagem
pela Crítica. E
demorada uma vez que participou em
dez números seguidos, inicialmente
com temas mais gerais, sobre ambiente e
vida escolar, e numa outra fase com a
crítica literária. Foi aqui que mais se
destacou e que mais gostou de participar.
Cão Como Nós e Amor de Miraflores
são as obras que destaca e todo o prazer
associado à sua análise crítica.
Actualmente não tem muito tempo para
dedicar à escrita e à leitura. Ultimamente
lê o livro do Código da Estrada e nas
férias leu Proibido, que nos conta
episódios da época antecedente ao 25 de
Abril de 1974, um tema de que gosta
particularmente. O livro mais marcante
da sua vida foi O Mundo de Sofia de
Jostein Gaarder. “É um livro
excepcional, faz-nos pensar!”
Inês
Santos
Uma das coisas boas de que recorda da ESLAV é da sua
professora de História Adélia Simas que cativava
bastante os alunos e dava um ritmo especial às aulas.
Recorda igualmente todo o bom ambiente entre os
alunos e também os teatros da escola, dos quais gostava
imenso.
… na memória e no coração…!”
O Pequeno Livro dos Medos
texto e ilustrações: Sérgio Godinho
Editora: Assírio & Alvim
48 págs.
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Quanto à Crítica nunca irá esquecer a sua participação.
Custou-lhe bastante escrever o último artigo para a
revista, pois sabia que ia deixar de ter aquele ritmo,
todos os períodos, de escolher o livro, escrever e
encurtar os textos, como era habitual. As visitas e as
entrevistas que realizou com pessoas novas que
conheciam também lhe deixaram muitas saudades.
Não tem grande memória de como foi parar à Crítica,
mas acha que deve ter sido por sugestão da sua
professora de Educação Visual Ana Cristina Silva, à
qual está agradecida.
Num futuro próximo pensa terminar o curso e tirar a
carta de condução. Depois, logo se vê!
Muito simpática e colaboradora, Joana Marques
revelou-nos que gostava bastante de ver quando o
seu nome aparecia numa página que todos liam…
e ainda guarda todas as revistas em casa,
na memória e no coração…!
20 21
CRÍTICA
A PALAVRA MEDO TEM MÚLTIPLOS
SIGNIFICADOS, mas para cada um de
nós há uma definição do “medo”. Podemos
ter medo de cães, medo de fantasmas,
medo de pessoas que nos parecem
estranhas... Podemos ter medo da vida...
Não sabemos o que acontece a seguir, não
conhecemos o amanhã, não sabemos o
que virá e isso assusta-nos, faz-nos
recear.
“É por isso que o desconhecido é um
bicho que mete medo e ao mesmo
tempo apetece conhecer”.
Todos queremos saber como é a vida,
queremos conhecê-la, enfrentar esse medo.
Para enfrentá-lo basta olhar para dentro dele,
encará-lo olhos nos olhos e perguntar-lhe o
que quer.
Todos conhecemos o
medo. Já o sentimos em
muitas situações. Quando
éramos pequenos tivemos
histórias engraçadas de situações
que nos ficaram marcadas na
memória, de quando chamávamos
pela mãe e ficávamos apavorados,
não sabíamos como enfrentar o
medo.
Hoje também temos medo, medo
de coisas diferentes, provavelmente,
mas já aprendemos a encarar aquilo
que tememos.
Ultrapassar o medo é investigar, descobrir
porquê, conhecer. Aí vencemos esse bicho de
que não gostamos nada e saímos vencedores,
ganhamos a batalha!
O Pequeno Livro dos Medos, ensina-nos a
não temer e a ultrapassar o nosso medo.
Conta-nos a história que gostaríamos de ouvir
quando temos medo, e ao ouvi-la tranquilizanos.
Esta é uma das poucas obras literárias de
Sérgio Godinho mais conhecido na área
musical. É, no entanto, digna de uma
leitura e não só pelos mais novos…
Até porque às vezes, em alguns
momentos, são as crianças que nos
ensinam a não temer...
“Consigo olhar para trás, ficar muito feliz...
músicas
A música é outra, os alunos são outros
mas, nesta revista que permanece, revivem
-se antigos momentos e sonoridades que
duram e perduram.
Tal como nós, a Leonor participou na
Crítica e hoje ajudou-nos a perceber a
importância da Escola, desde as pessoas
com quem fazemos amizades, aos
professores que nos ajudam a formar-nos,
até esta simples revista que funciona
também como um pilar nesta nossa
construção.
Eu gostei muito desta escola. O ensino básico
Gostaste de participar na
foi muito divertido e importante mas, no
revista Crítica?
Gostei sim! Claro que
secundário, a escola influenciou-me muito
houve temas que me
nas escolhas futuras. É na adolescência que
tocaram mais que outros,
vamos ganhando objectivos e valores, que
mas foram sempre temas
se adquirem também na escola – o maior
interessantes. Adorava
determinante. E o meu percurso, que foi um
todo o processo da escrita
pouco conturbado (primeiro estive em Belas
e da procura, mas a parte
Artes e agora estou em Psicologia), fez todo
Mariana Antunes
Sofia
Mano o sentido. Eu não o alteraria! Consigo
de vender as revistas era
horrível, não tinha jeito nenhum! (risos) Foi uma
olhar para trás, ficar muito feliz e gostar de todos os
passagem bastante positiva e de grande crescimento.
momentos que passei aqui.
Foi muito importante ter conhecido as pessoas que
conheci e ter-me inserido naquele grupo de amizades,
Achas importante haver um projecto destes na
escola?
Acho, é óptimo. Aliás, devia haver em todas as
escolas. Claro que é preciso um professor como o
Francisco.
Há alguma recordação que queiras partilhar
connosco?
Tenho várias recordações, mas lembro-me
especialmente de um artigo que fiz sobre o Sérgio
Godinho. Deu-me muito gozo. Sempre o ouvi
muito, acompanha-me desde sempre. É um autor
que escreve coisas lindíssimas.
O que é que te marcou mais na escola?
... e gostar de todos os momentos que passei aqui [na ESLAV]”
SÉRGIO
GODINHO
Ligação
Directa
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que foi uma junção muito especial. Houve também
professores muito significativos: a minha professora
de Português, Assunção Gomes; de História de Arte,
Fátima Madaleno; e de Psicologia, Ana Páscoa. Eu
gostei mesmo muito desta última disciplina e até acabei
por seguir esse ramo, que eu não teria escolhido se não
tivesse tido aquele contacto tão positivo. Foram
professoras que me disseram muito. As mais importantes.
Nós temos sempre múltiplas hipóteses, podemos ser
muitas coisas, mas seguimos um caminho.
Só que devemos deixar que outras coisas pisquem
para nós... devemos estar atentos.
22 23
CRÍTICA
JUNTAMENTE COM A BANDA COM QUEM TEM
TOCADO NOS ÚLTIMOS SEIS ANOS, “Os
Assessores”, Sérgio Godinho estabeleceu-nos
uma “Ligação Directa” a este seu novo disco.
Uma colecção de músicas ao seu estilo.
Novamente as suas palavras. Um pouco mais de si
que ficamos a conhecer e que vamos descobrindo
ao passar de cada faixa. Numa “ligação directa”
transmite-nos mensagens, imagens onde insere
sentimentos, retratos, apelos e, ainda, críticas
sociais a Portugal, onde “só neste país se diz só
neste país”.
O CD inicia-se, como uma procura, com “A Deusa
do Amor”, aquela que de tão antiga que é, de tão
usada que está, acabou, agora, esquecida. Anda,
então, à procura de uma “explicação inexplicável”,
volta à idade dos “porquês” num assunto que, em
si, nunca amadurece: o amor.
No mesmo tom lírico, temos “Às vezes o Amor”,
escolhido como single do CD, e o “Big One da
Verdade”. No primeiro, os principiantes do amor
dialogam com um velho que, apesar de cansado,
lhes ensina uma esperança, a hipótese de haver
sempre um recomeço para o amor. O segundo, “O
Big One da Verdade”, cuja letra foi a única a não
ser escrita pelo Sérgio Godinho, sublinha a falha
que fica e replica, o abalo que dura e perdura num
terramoto de sentimentos.
Mais à frente segue-se o impulso de músico de
intervenção com apelos e críticas sociais. “O Rei do
Zum-Zum” critica a fama instantânea que, hoje em
dia, preenche as capas de revistas e que amanhã,
quando a fama passar, já serão esquecidas e
“rabiscadas na sala de espera dos dentistas”. Já “No
Circo Monteiro Nunca Chove” é uma metáfora de
carácter social e político que, com a sonoridade de
uma música de circo, faz o retrato do país. Crítica
que se prolonga no último tema deste CD: “Só
Neste País”. Esta música, de facto, encerra bem
este disco. Inicia-se com uma introdução tímida e
meiga, embora irónica, e finaliza-se repetindo um
refrão de apelo urgente. Uma faceta e outra que
representam a bipolaridade de Portugal, um passado
e um presente.
“O Velho Samurai” é, talvez, aquele que se parece
menos com o resto do disco, tanto a nível de música
como de tema. Na companhia de um violino que, de
início se destaca, o solitário velho Samurai, a quem a
vida não correu bem, “palita os dentes, mesmo se
não tem comida”. Trata-se de um retrato (talvez
pessoal), que funciona como um apelo ao estímulo do
“japonês português”, aquele que, mesmo nos
momentos difíceis, resiste ao infortúnio e mantém a
dignidade.
São dez as faixas que compõem a “Ligação
Directa” e, nas nove que foram escritas por ele,
encontramos em cada uma delas um fantástico
jogo de palavras, paradoxos e aliterações.
Demonstra um grande à vontade com a rima e
com o som, dos quais nasce uma narrativa
sempre com sentido e fluidez.
É o conjunto da sua música com as suas
letras que tornam este uníssono tão bom.
“[Quanto ao Erasmus] ...foi uma experiência espectacular...
filmes
Sabíamos que tinha regressado não há
muito tempo de um Erasmus. Ex-aluna
da ESLAV, Rita Morais, aceitou dar
uma entrevista para a Crítica, no
âmbito da comemoração da sua
20.ª edição. Queríamos saber
algumas das suas histórias e
peripécias ao longo do percurso
que teve na escola e,
simultaneamente, na revista. Por
isso decidimos coscuvilhar mais
um pouco.
AO PERGUNTARMOS
A RAZÃO PELA QUAL
TINHA ENTRADO
PARA A CRÍTICA, a
resposta foi simples,
“entrei por sugestão do
meu pai”. Diz que gostou
bastante da experiência, até
Miguel Frischknchet porque lhe permitiu
conhecer algumas pessoas
bem interessantes. Passou por várias “secções” mas
aquela em que participou mais vezes foi em “filmes”.
Mesmo após a sua saída tem acompanhado a revista, até
porque o seu irmão é um dos alunos pertencentes a este
projecto. Afirma que “a revista está cada vez melhor mais ligada ao aluno e ao contexto escolar”.
Ver mais imagens e vídeos em:
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Quisemos também saber o que é que está a fazer
actualmente. “Neste momento estudo, estou no último
ano do curso de Fisioterapia, e trabalho para ganhar
uns extras.” O tempo não é muito, por isso agora que
não pode ir muitas vezes ao cinema, contou-nos que
está viciada na série “Anatomia de
Grey”, que vê no computador quando
pode. Por estar relacionada com a área
em que trabalha – saúde – identifica-se
muito com a série e recomenda a todos.
Voltando ao assunto do Erasmus,
soubemos que a Rita tinha estado 6
meses ausente (em Barcelona) e como é
óbvio não nos podiam escapar as suas
“aventuras e loucuras” em Espanha.
Referindo-se ao facto de se conhecerem
novas culturas, pessoas, modos de vida,
acrescentou: “Foi uma experiência
espectacular, aconselho a toda a
gente...”
Sempre entusiasmada, contou-nos: “Eu
...aconselho a toda a gente”
24 25
CRÍTICA
PASSADO NA CIDADE DE SEATTLE, no
Hospital-Escola Seattle Grace,
“Anatomia de Grey” conta a
história de cinco aspirantes a
cirurgiões que são confrontados
com a dura realidade que se vive
todos os dias nos corredores dos
hospitais. Desde o primeiro dia
de internato, estes cinco
inexperientes médicos, dos
Catarina Brízido
quais se destaca a
protagonista da série Meredith Grey (Ellen
Pompeo), têm que lidar com casos de vida ou
de morte, em que as escolhas e situações por
que passam os vão transformando em médicos
e pessoas melhores.
Todos os episódios são narrados por Grey, tendo
cada um deles um título inspirado em nomes de
músicas dos Beatles e dos R.E.M. Apesar de o
monólogo inicial parecer não ter qualquer
relação com a vida das personagens, a autora
da série consegue mostrar-nos que, no fim do
dia, todos procuram o mesmo e acabam por ter
muito em comum. Entre as ordens de Bailey
(Chandra Wilson) e a relação complicada da
protagonista com o Dr. “McDreamy” (Patrick
Dempsey), tudo parece acontecer para tornar a
vida de todos mais complicada.
e uma amiga tínhamos uma casa já reservada
através da Internet. Quando chegámos, deparámo
-nos com um piso, três andares abaixo do chão,
com um quartinho com duas camas, que era onde
supostamente nós íamos viver. Como se isso não
bastasse, a dona do apartamento tinha um filho
pequeno e dois cães, que em conjunto faziam um
barulho espectacular.” Quando se aperceberam
disso, pegaram nas malinhas e foram
temporariamente para uma pousada. “Até que
arranjámos um outro apartamento e fomos logo
para lá muito felizes… e aliviadas!”
Então a Rita relaxou. Depois de falar durante 10
minutos “sem quase respirar” estava roxa e ofegante.
Decidimos que era aquela a altura certa para
terminar a entrevista, caso contrário “ela não
aguentava”.
Já devia estar farta de nos aturar.
Até porque nós não somos das pessoas mais
agradáveis “para se ter uma conversa”.
Escrita por Shonda Rhimes, esta série, que já
está na 4.ª temporada nos Estados Unidos, tem
várias semelhanças com o inesquecível “Serviço
de Urgências”, facto que é fortemente apontado
pelos críticos norte-americanos. No entanto, a
combinação brilhante das peripécias médicas
com as histórias e situações caricatas da vida de
cada uma das personagens prova-nos que a
série veio para ficar.
Tendo já sido premiada 21 vezes, entre elas por
duas vezes nos Golden Globe Awards e uma vez
nos Emmy’s, fãs de todo o mundo esperam
ansiosamente pelos próximos episódios da série,
mesmo que a única forma de terem acesso a
esses episódios seja vê-los repartidos em 4
vídeos no YouTube. Para aqueles que preferem
manter-se fiéis ao original, a 4.ª série estreou
no passado dia 20 de Dezembro na Fox Life.
Mesmo para quem não segue a série,
vale a pena experimentar.
Para todos os que já viram,
tornou-se um vício!
“[sobre a ESLAV] ...foi uma altura muito importante...
palcos
Foi no Centro Cívico de Carnaxide,
em pleno Outono, que entrámos no
mundo de Diogo Andrade, ex-aluno da
ESLAV, onde em Lugares e Memórias
existe De Gelo com Ventos do Deserto
levantando Castelos no Ar...
Nonsense?
PARECE QUE O “BICHINHO
DO TEATRO” VEM DE TRÁS.
Num mundo em que a imaginação
reina e a representação se deixa
levar, Diogo Andrade, ex-aluno da
ESLAV, passa de cavalo marinho
(Lugares e Memórias) a Gaspar
(Castelos no Ar), de jornalista
(Ventos do Deserto) a Pai Natal
(De Gelo).
Mesmo depois de ter acabado o
ensino secundário e de ter entrado
para o curso de Relações Públicas e
Publicidade, no Instituto das Novas
Profissões, esse mundo não morreu.
É Urgente o Amor e Alguém Terá de
Morrer (de Luís Francisco Rebelo)
foram peças em que também
participou.
Passado um ano conseguiu entrar para
uma escola pública (Escola Superior
de Comunicação Social), para o
curso de Comunicação Empresarial
e, mais tarde para o curso de
Publicidade e Marketing.
Bruno Gonçalves
Rita Silva
Entretanto, antes de terminar o curso,
movido pela paixão pelo teatro partiu
para a Escócia. Na University of
Highlands and Islands do Millennium
Institute, em Inverness College, envolto
na música e na paisagem que criavam o
cenário perfeito, estuda Teatro e Artes
Performativas. Nesse ano fez, também,
uma peça de teatro para crianças com
problemas de saúde.
... a nível de amizades e vivências...”
26 27
CRÍTICA
FOI NUMA FRIA NOITE DE NOVEMBRO que
subimos a rua Costa do Castelo, em Lisboa, para
ver uma peça de teatro aconselhada pelo nosso
ex-colega Diogo Andrade. Em
cena no Teatro Taborda, o
Teatro-Clip é mais um trabalho
da companhia Teatro da
Garagem.
Após uma “penosa escalada” (a
pé…) e depois de tomarmos um
agradável café na esplanada do
Teatro Taborda (com Lisboa a
Érica Sapage
nossos pés), fomos andando para
a porta da sala onde,
no meio de caras
conhecidas, entrámos à
procura do melhor
lugar.
Ver mais imagens e vídeos
em:
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revistacritica
De regresso a Portugal continuou a estudar no curso de
Publicidade e Marketing e participou numa peça de
Natal chamada Rua do Natal n.º 365. Inseriu-se no
Grupo de Teatro “O 2.º a Circular” com quem fez as
peças Crónico e Instantâneos da Morte, no Hospital
Júlio de Matos. Ao fim de estagiar 3 meses em
Marketing Relacional resolveu aceitar o desafio de ir
temporariamente viver para as Caldas da Rainha, onde
juntamente com um colega, está a desenvolver um
projecto relacionado com o teatro. Enquanto o projecto
não avança, pratica dança clássica e dança criativa que
lhe serão úteis na arte da representação.
Para além deste mundo fantástico, nos “lugares e
memórias” de Diogo ficou também a revista Crítica “Entrevistar pessoas foi algo que me deu bastante
prazer” - e a ESLAV - “Foi uma altura muito
importante a nível de amizades e vivências - a minha
primeira namorada a sério, o teatro, a vela, o Clube
do Mar...”.
Importantes foram também alguns professores. Destaca
o professor Lucas, recordando-o como uma pessoa
nada autoritária, presente, preocupada com os projectos
e a vida dos alunos.
Então?…
Será que em Lugares e Memórias
existe De Gelo, com Ventos do Deserto
levantando Castelos no Ar?
Apagaram-se as luzes e
ecoaram vozes no vazio
transmitindo-nos
angústia e sofrimento,
expondo-nos
sentimentos que fazem
parte de momentos da
vida.
Estávamos neste lugar mágico que é o teatro.
A peça é composta por 12 clips e em cada um
uma personagem diferente conta uma história
falando do que sente, utilizando uma linguagem
poética que nos exige muita concentração no
que estamos a ouvir. Contudo, está sempre
presente a linguagem corporal que enriquece
bastante a cena e facilita a sua interpretação.
Apresentando na maioria histórias de amor, as
personagens mostram ambição, frustração e
desespero chegando muitas vezes a questionar
a sua existência no mundo... identificando-nos
com as personagens em algumas situações,
podemos encontrar algum humor sarcástico na
forma como esses sentimentos são vividos tão
intensamente.
Caiu o pano e após agradecermos aos
excelentes actores que corresponderam
magnificamente às necessidades de cada
personagem, saímos novamente para a
noite ainda mais fria e descemos as
estreitas ruas lisboetas trocando ideias e
opiniões sobre a peça e admirando a bonita
paisagem que nos era oferecida.
“Em relação à nossa escola, Mariana...
amigo público
Numa quarta-feira de Novembro,
às cinco da tarde, demos de caras
com uma “moranguita” muito
conhecida da ESLAV - era a
Mariana Ferreira dos Morangos
com Açúcar a quem íamos
entrevistar na já
“famosa” sala K azul.
PARTICIPOU DURANTE 5 ANOS
NA CRÍTICA e o que mais a marcou
na sua “pequena” vida como jornalista
da revista, entre entrevistas,
reportagens e outros textos, foi a
entrevista à jornalista e ex-aluna da
ESLAV - Marta Atalaya. Por essa
altura, a Mariana estava interessada
em seguir Jornalismo.
João Martins
Apesar de ter optado pela representação, o “bichinho da
escrita” permanece, embora actualmente não tenha
muito tempo para tal. Arranjou outra maneira de poder
comunicar: “Abriu-se outra porta onde acabo
também por transmitir alguma coisa”.
Iniciou a sua carreira na televisão pelos comerciais
(anúncios) através da sua agência de moda. Passou de
seguida para a conhecida série televisiva Morangos
com Açúcar. Na série da TVI tinha o papel de Lúcia e
trabalhava no bar Clube do Rio que,
durante os vários episódios, estava
constantemente a ser vandalizado. Gravou
durante 3 meses, 12 horas por dia, e não
teve férias, o que não a incomodou muito.
Não tem muito tempo para se ver na
televisão mas quando o faz confessa:
“Nunca ninguém gosta do que vê. É um
bom sinal a pessoa não gostar porque
significa que quer fazer melhor.”
Antes de participar nesta telenovela teve
de se submeter a um curso de 2 meses de
representação e por isso mesmo não
conseguiu acabar o 12.º ano. Disse-nos
que regressou recentemente aos estudos
com vista a acabar brevemente o ensino
secundário, fazendo o seu último exame
em Janeiro.
… guarda boas e grandes memórias.”
28 29
CRÍTICA
NEM SEMPRE SE PODE DIZER que os
programas de televisão “não prestam”. Existem
alguns que, entre os mais de 50 canais
disponíveis, são bastante educativos. A maioria
são apenas programas para fazer passar o
tempo, entre os quais se pode encontrar a série
tão emblemática, Morangos com Açúcar, que
passa na TVI todos os dias, mais ou
menos, antes da hora de jantar.
Esta série é prioritariamente dirigida
a uma faixa etária compreendida
entre os 10 e os 17 anos. Tenta
abordar temas actuais com o
objectivo de alertar para uma
realidade quotidiana que por
Joana Martins vezes passa despercebida. A
existência desta vertente de
responsabilidade social, com a divulgação
de fenómenos como o bulling e o consumo
de drogas nas escolas é um aspecto positivo
da série. Outro aspecto positivo desta é a
informação acerca da reciclagem e até a
utilização de mini-contentores nas filmagens, o
que elucida os espectadores.
Ver mais imagens e vídeos em:
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Em relação à nossa escola, Mariana guarda boas
e grandes memórias. Com a sua participação no
teatro escolar, também durante 5 anos,
desenvolveu muito a sua forma de representar, o
que a ajudou a seguir o seu actual sonho.
Relembra também com saudades a escola e a sua
participação na Crítica. “Cada vez que passo
aqui perto é horrível… tenho muitas
saudades porque como tive sempre envolvida
em vários projectos sempre me senti muito da
escola. Muitas pessoas falavam que a ESLAV
era isto e aquilo mas a imagem com que eu
fiquei dela é a melhor.”
O seu próximo objectivo é entrar no
Conservatório e, caso não o consiga, ir estudar
para Londres durante 7 meses num curso
relacionado com a representação.
Soubemos que se prepara para actuar numa
nova novela que vai passar na TVI em
horário nobre.
Esperamos que todos os seus sonhos
se concretizem.
No entanto existem também, na minha
opinião, aspectos negativos. Como é o caso
de, como muitas vezes acontece, serem
veiculadas outras mensagens desleais à realidade
social o que pode levar os mais jovens e imaturos
a interpretarem tais comportamentos como os
que podem tomar na sua vida.
Também a qualidade dos diálogos e a sua
interpretação nem sempre são os mais indicados,
havendo frequentemente uma entoação mal feita
o que altera o significado. A vida levada no dia-adia desta novela por um estudante que frequenta
um colégio ou escola pública não é de forma
nenhuma correspondente à realidade. Exemplo
disso é o facto dos personagens saírem todas as
noites para ir a um bar, ou do relacionamento
professor/aluno ser demasiadamente agradável,
algo que é muito pouco vulgar, assim como o
facto de não os vermos a estudar, principalmente
no que toca a testes e exames nacionais.
Como o objectivo é prender o espectador à
televisão episódio atrás de episódio, talvez
fosse muito difícil atingi-lo se retratassem a
vida real tal como ela é. Como para algumas
pessoas a vida é tão enfadonha, chata e
repetitiva, ao assistirem a estas séries
televisivas é como se esta se tornasse mais
feliz e diferente dia após dia, transformando
a ficção real entre nós.
Participaram
ou colaborar
a
177 ALUNOS
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Morais, Ana Ta ain Jesus, Alexandra Luís
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Morais, Vera
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42
David Marçal, Filipe Lima, Hugo Leão, Joana Carneiro, João Borges da
PROFESSORES - Abel Belião,
Cunha, Jorge Pamplona, Maria João Ruela, Mário Sérgio, Marta
Atalaya, Miguel Góis, Patrícia Jorge, Paulo Freitas, Pedro Lima, Renata Adelaide Pereira, Alexandre Pimentel, Ana Cristina Pereira, Ana
Cristina Silva, Ana Páscoa, Ana Paula Drumond, Ana Vieira, Antonieta Caxias,
Marques, Tiago Esteves, Valdemar Teixeira.
António Vasconcelos Raposo, Arminda Santos, Assunção Gomes, Carla Marques,
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Carlos Guerreiro, Clara Anunciação, Conceição Ribeiro, Dolores Alfaiate, Elisa
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Ribeiro, Tere
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12 ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO - Francisco Duarte, Jorge
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Casimiro, José Barbosa Pereira, José Mouga, Júlio Silva, Luís Tavares, Margarida Ferreira Amaral,
Mari Dellalyan, Maria Amélia Caldeira, Maria do Rosário Barros, Paula Iolanda, Paulo Ferreira.
20 ENTREVISTADOS - Alice Vieira, Armando Caldas, Beatriz Quintella, Bernardo Sassetti, Daniel Sampaio,
Danuta Wojciechwska, Gonçalo M. Tavares, Henrique Cayatte, José Eduardo Agualusa, Margarida Dias, Maria
João, Mário Laginha, Mia Couto, Naide Gomes, Natasha Marjanovic, Orlando César, Patrícia Castanheira, Ricardo
Araújo Pereira, Sara Tavares, Sérgio Godinho.
Aconselhámos...
TEATROS - Auto da Barca do Inferno, É Urgente o Amor, Era uma
MÚSICAS - Adriana
Vez Quatro, Gimme Five, João Gabriel Borkman, Os Sonhos de um
Calcanhoto – Público, Ben
Sedutor, Uma Noite de Cabaret, Vento Leste.
Harper - Both Sides of the FILM
Vinte
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Tavares - O Sr de Miraflores, José
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Sérgio Godinho - O Irmão Biblioteca Municipal de Algés, Canil e Gatil Monte
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Esquissos, Tribalistas,
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Secundária de Mem-Martins, Escola Vieira da Silva,
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Jornal Público, Museu do Design, Museu Vieira da
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Destino de Amélie.
Pequeno Li
Visitámos...
Silva, Notícias da Amadora, Parque dos Poetas, SIC.
Tiago, ainda continuas a ter
saudade do toque de saída
da campainha da ESLAV?
Acho que tenho mais do que tinha na
altura… Actualmente o meu trabalho só
tem toque de entrada… Eh eh eh...
Qual a importância que a
Crítica teve para ti?
Na Crítica pela 1.ª vez tive
“público” que apreciou o
meu trabalho...
O que fizeste depois
de saíres da ESLAV?
Estudei Design no IADE e ao
mesmo tempo fazia desenhos
para jogos de computador.
O que fazes
agora?
Sou ilustrador
modelador 3D.
Portefólio em:
http://tiagopimentel.carbonmade.com
Tenho que ir. Este é
o meu toque de
entrada...
Desenhos de:
Para mim é o meu
toque de saída...
Inês Oliveira
e

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