30 Main fruit - Brazil Buyers

Transcrição

30 Main fruit - Brazil Buyers
Embalagens Rigesa.
Fruto de responsabilidade.
Para a Rigesa, não basta apenas oferecer as melhores soluções
em embalagens para suas frutas. É preciso fazer isso com
responsabilidade. Prova disso é que a matéria-prima utilizada
pela Rigesa é fruto de florestas plantadas 100% certificadas
pelo Cerflor - programa coordenado pelo Inmetro.
Oferecer soluções inovadoras, com total respeito ao meio
ambiente. Essa ideia a Rigesa faz questão de cultivar.
Rigesa: a marca da sustentabilidade.
w w w. r i g e s a . c o m . b r
1
Sílvio Ávila
Expediente Publishers and editors
EDITORA GAZETA SANTA CRUZ LTDA.
CNPJ 04.439.157/0001-79
Diretor Presidente: André Luís Jungblut
Diretor Secretário: Romeu Inacio Neumann
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A636
Anuário brasileiro da fruticultura 2011 / Heloísa
Poll ... [et al.]. – Santa Cruz do Sul:
Editora Gazeta Santa Cruz, 2011.
128 p. : il.
ISSN 1808-4931
1. Frutas - Cultivo - Brasil. I. Poll, Heloísa.
Sílvio Ávila
CDD : 634.0981
CDU : 634.1(81)
Catalogação: Edi Focking CRB-10/1197
2
ANUÁRIO BRASILEIRO DA FRUTICULTURA 2011
Editor: Romar Rudolfo Beling
Editora assistente: Angela Zamberlan Vencato
Textos: Heloísa Poll, Angela Zamberlan Vencato, Benno
Bernardo Kist, Cleiton Santos, Cleonice de Carvalho, Erna
Regina Reetz e Romar Rudolfo Beling
Supervisão: Romeu Inacio Neumann
Tradução: Guido Jungblut
Fotografia: Sílvio Ávila, Inor Assmann (Agência Assmann)
e divulgação de empresas e entidades. Agradecemos às empresas e instituições que receberam gentilmente a nossa
equipe, entre elas Associação dos Produtores e Exportadores
de Hortifrutigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco
(Valexport), Frutacor, Agrícola Famosa, Itaueira, Jandaia e
Instituto Agropolos do Ceará. Agradecemos, em especial, aos
pais e familiares que autorizaram a participação das crianças
que ilustram esta publicação
Projeto gráfico e diagramação: Juliane Mai
Arte de capa: Juliane Mai, sobre fotografia de Sílvio Ávila
Edição de fotografia e arte-final: Juliane Mai e Márcio Machado
Marketing: Maira Trojan Bugs, Andréa Lenz e Rafaela Jungblut
Supervisão gráfica: Márcio Machado
Distribuição: Simone Moraes
Impressão: Coan Gráfica e Editora, Tubarão (SC)
ISSN 1808-4931
É permitida a reprodução de informações
desta revista, desde que citada a fonte.
Reproduction of any part of this magazine
is allowed, provided the source is cited.
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S mary
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S
Apresentação 6 Introduction
Cenário 12 Scenario
Principais frutas 30 Main fruit
Ações 66 Actions
Pesquisa 94 Research
Especial 108 Special
Painel 118 Panel
Sílvio Ávila
Eventos 122 Events
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Sílvio Ávila
A vida
com
sabor
6
Que as frutas são essenciais numa alimentação saudável e nutritiva, disso ninguém duvida. Que elas oferecem praticidade nas refeições, tanto em seu armazenamento e em sua conservação a curto prazo quanto nas formas de serem
servidas, é outro atributo inegável. A qualidade de uma dieta deve, impreterivelmente, considerar as frutas, permitindo
usufruir de seus benefícios, especialmente das vitaminas indispensáveis a um organismo pleno de energia.
Por essas virtudes, é fundamental que o consumo de frutas, tanto na forma in natura quanto industrializada ou com
outros aproveitamentos na culinária, seja estimulado desde a infância. O Anuário Brasileiro da Fruticultura 2011, ao atualizar as informações de produção e de mercados das principais espécies comercialmente produzidas no cenário nacional,
elege como tema motivador em suas imagens de apoio, como os leitores poderão conferir nas páginas de abertura, a relação familiar de crianças
de diferentes idades com as frutas.
Com
essa disposição, o Anuário tem como propósito justamente lembrar que
frutas têm tudo a ver com a infância, e, por extensão, com uma dieta
ideal para estimular um crescimento saudável, que se traduza em
energia e vitalidade. Coloridas, aromatizadas, cada fruta oferta
elementos essenciais ao organismo e estimula inclusive a formação e o aprimoramento do paladar.
Umas mais doces, outras mais ácidas; algumas apropriadas ao
consumo direto, convidando a mordidas suculentas, outras sugerindo aproveitamentos variados na cozinha, as frutas instigam a
criatividade e retribuem com um show de cor, sabor e aroma.
E no quesito variedade, o Brasil é quase imbatível. Por suas
amplas extensões territoriais, o País produz, muitas vezes em
plantações nativas, formadas na natureza, as mais diversas espécies tropicais e temperadas. Isso contribui, por exemplo, para
o amplo sortimento de sucos disponíveis no mercado nacional,
num mix que só cresce ano após ano.
Comercialmente, os pomares constituem uma das maiores expressões da eclética economia do agronegócio. O
imenso público consumidor interno aproveita as espécies conforme suas peculiaridades regionais (as frutas
da Amazônia, as do sertão, as do Cerrado, as do
Sudeste e as das regiões de clima frio do Sul), mas
outra gama de espécies ganha o mundo, graças às
exportações, com clientelas em franca expansão.
Assim, além de garantir uma vida saudável, a
fruticultura assegura empregos e renda e impulsiona o desenvolvimento regional.
É esse pomar de riquezas, de prosperidade
e de oportunidades que o Anuário Brasileiro da
Fruticultura 2011 vem descrever. Que o conteúdo editorial inspire a todos, baixinhos e adultos
de todas as idades, a consumir mais frutas, em
diferentes momentos do dia. Dessa forma, cada
um estará fazendo o melhor por si próprio. Boa
leitura. E, claro, bom apetite.
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A life full
of flavor
Sílvio Ávila
It goes without saying that fruits are essential ingredients in healthy and nutritional diets. Another attribute is their practicality at meals, including storing requirements, short-term conservation practices and the manner they are served.
The quality of a diet must inevitably go through different types of
fruit, taking advantage of their benefits, especially vitamins indispensable for an organism full of energy. For their virtues, it is of
vital importance to encourage the consumption of fruit from early
childhood, either fresh or industrialized or through other culinary
uses. The Brazilian Fruit Yearbook
2011, upon updating production and market
figures
relative to all major commercially produced species in
the
national scenario, elects
10
as motivating theme in its support images, as the readers can
check in the opening pages, the familiar relationship of children of all ages with fruit. Within this context, the purpose
of the Yearbook is to remind people that children and fruit
have lots in common and, by extension, with an ideal diet
that encourages the body to grow in a healthy manner, later
translating into energy and vitality. Colored, aromatized, all
fruits offer essential elements for the body, while enhancing
the gradual development of a discerning palate.
Some sweet, others acid; some ideal for direct consumption, inviting mouthwatering bites, others suggesting an
array of uses in the kitchen, all fruits prompt creativity, and
retribution comes in a variety of colors, flavors and aromas.
With regard to variety, Brazil is almost unbeatable. For
its vast territorial extension, the Country produces, often
on vastly disseminated native lots, a huge variety of tropical
and temperate fruit. This, for example, contributes towards
the array of juices available in the national market, forming
a mix that rises
year after year.
Commercially, the
orchards
constitute
a major
expression
of the
eclectic economy based on agribusiness. On the domestic
side, most people take advantage of the different species according to their regional peculiarities (fruit produced in the
Amazon, hinterland, Cerrado, Southeast and in the cold
South), but another array of species is now working its way
into the world, thanks to exports, with ever-rising numbers of
clients. Thus, besides promoting healthy lifestyles, fruit farming creates jobs, income and drives regional development.
It is this source of wealth, prosperity and opportunities
that the Brazilian Fruit Yearbook 2011 describes in detail.
Let the editorial content inspire you and people of all walks
of life, to consume more fruit, at different times of day. This
is how you can do the best for yourself. Nice reading and, of
course, have a good appetite.
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Sílvio Ávila
Cenário Scenario
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Cesta farta
Números preliminares do IBGE dão conta que a
produção brasileira de frutas cresceu 5,17% em 2010
Depois da queda em 2009, a produção brasileira de frutas apresentou crescimento em 2010, se comparada ao rendimento do ano anterior. Os números do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), mesmo que ainda sejam
uma estimativa, apontam safra de 43,164 milhões de toneladas, o que representa 5,17% a mais que em 2009, quando
chegou a 41,041 milhões. A área plantada foi de 2,179 milhões de hectares. O resultado mantém o Brasil como terceiro maior produtor mundial, atrás apenas de China e Índia.
O presidente do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf ),
Moacyr Saraiva Fernandes, acredita que o resultado de 2010
deva se repetir em 2011, com incremento na produção entre
4% e 5%. Um dos fatores da expansão está no aumento do
consumo interno. “As frutas, junto com os vegetais, fazem
parte do tripé da alimentação saudável, que inclui ainda produtos lácteos e carnes brancas”, observa Fernandes.
Além da busca por saúde, a inclusão das frutas na alimentação deve-se ao maior poder de compra dos brasileiros, consequência da baixa inflação registrada a partir do Plano Real,
que teve início em 1994. “Em 2010, tivemos uma informação
surpreendente – a de que a classe C consome mais do que as
classes A e B. Mas engana-se quem pensa que essa parcela da
população não se preocupa com a qualidade”, alerta.
O consumo no Brasil é estimado em 47 quilos por habitante ao ano. Segundo o presidente do Ibraf, a forma como
CALCANHAR DE AQUILES
O maior entrave da fruticultura brasileira são as perdas acarretadas pelo
transporte até os mercados consumidores. O presidente do Ibraf, Moacyr
Saraiva Fernandes, classifica o problema como o “calcanhar de Aquiles” do
setor. Lembra que, em alguns casos,
o prejuízo pode chegar a 40% da
carga. “Se eu reduzisse essas perdas
pela metade, não precisaria aumentar
os plantios para dar sustentabilidade
e suprimento à demanda brasileira, e
o produto é apresentado faz a diferença na hora da decisão
pela compra. “A dona de casa busca praticidade, então temos
que facilitar”, enfatiza. Diante dessa nova realidade, cresce a
procura por frutas cortadas e embaladas, processadas e por
sucos e néctares.
A geografia da produção
nacional também vem se
COLHEITA
modificando devido à
ESTIMADA É DE
necessidade de reduzir
43 MILHÕES DE
custos. “Novos polos
TONELADAS
estão se formando e outros estão se mudando,
baseados em um critério
que nunca deveria ser esquecido: a
proximidade dos
centros de consumo”, destaca Fernandes. O transporte, nem
sempre adequado, desde os pomares até os locais de venda,
acarreta, em média, 35% de perdas.
O que também começa a preocupar os fruticultores é o
efeito que o aquecimento global pode ter sobre a atividade.
Se as previsões alarmistas se confirmarem, em algumas décadas deve haver modificação nas áreas de plantio. O presidente do Ibraf lembra que a fruticultura é perene e isso significa
que, após o plantio, as espécies levam em torno de cinco
anos para começar a produzir. Ele prevê que muitas fruteiras
devem se transferir para o Sul, onde haverá mais calor.
ainda poderia continuar exportando.”
Ele indica que o ideal seria que
o transporte fosse feito, pelo menos,
em veículos isotérmicos. No entanto, grande parte da colheita segue
por grandes distâncias, em estradas
esburacadas e acondicionada em embalagens impróprias. Soma-se a isso
a manipulação do produtor, do atravessador, nos centros de distribuição,
e, finalmente, no varejo. “Muitas
vezes o produtor sai do seu pomar
e chega numa ‘ceasa’ e o preço caiu.
Daí ele tem duas opções: ou vender
com um enorme prejuízo ou jogar
fora”, observa.
Segundo Fernandes, boa parte
dessas perdas poderiam ser evitadas
se existisse investimento em armazenamento frigorífico. “As câmaras
frias deveriam ficar, obviamente,
nos centros de comercialização no
atacado e também nos polos de escoamento para exportação”, entende.
Ele defende que a estrutura seja pública e para uso coletivo.
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Bountiful
fruit basket
Preliminary figures released by
IBGE show 5.17% increase in
fruit production in 2010
from 4% toe 5%. A factor that accounts for the expansion is
the rising domestic consumption. “Fruits, along with vegetables, are part of the health food tripod, which also includes
dairy products and light meats”, observes Fernandes.
Besides pursuing healthy foods, the inclusion of fruit in
After a decline in 2009, the production of fruit in Brazil
the Brazilian diet also stems from the rising purchasing powsoared again in 2010, compared to the previous year. The
er of the population, resulting from the low inflation rates
figures estimated by the Brazilian Institute of Geography
since the Real Plan in 1994. “In 2010, surprisingly, class
and Statistics (IBGE) point to a total of 43.164 million
C showed higher consumption rates compared to classes
tons, up 5.17% from the 41.041 million in 2009. The
A and B.
But those who think that this portion of the
planted area reached 2.179 million hectares.
population is not concerned with quality
The result ranks Brazil as third largest world
are wrong”, he warns.
producer, coming only after China India.
Fruit consumption in Brazil is esHARVEST IS
The president of the Brazilian Fruit Intimated
at 47 kg per person a year. In
ESTIMATED AT 43
stitute (Ibraf ), Moacyr Saraiva Fernandes,
the words of the president of Ibraf, the
MILLION TONS
believes that the result in 2010 will have a
manner the product is displayed makes
repeat in 2011, with production volumes up
a difference when it comes to purchasing
14
Sílvio Ávila
ing is a perennial activity and it normally takes five years for
fruit trees to bear fruit. He anticipates that many fruit farms
will move to the South, where warmer temperatures are
believed to prevail.
ACHILLES HEEL The biggest bottlenecks of
it. “Housewives seek practicality, and it is up to us to make
things easier”, he stresses. In light of this new reality, people
are more and more opting for cut, processed and packaged
fruit, and for juices and nectars.
The geography of our national fruit production business has been changing due to the need to reduce costs.
“New production hubs are surfacing and others are moving to different places, based on a criterion that should
never be overlooked: the proximity to consumer centers”,
Fernandes notes. Transport, which is sometimes very deficient, from the orchards to the sales outlets, normally
results into 35-percent losses.
What is also raising concern among the fruit producers
is the global warming phenomenon and its possible consequences on fruit farming. If the alarming forecasts confirm,
there should be alterations in the production areas over the
next decades. The president of Ibraf recalls that fruit farm-
Brazil’s fruit farming business are the losses incurred
during transportation to consumer markets. The
president of Ibraf, Moacyr Saraiva Fernandes, classifies the problem is the “Achilles Heel” of the sector.
He notes that in some cases losses amount to 40% of
the entire cargo. “If we reduced these losses by half,
there would be no need to increase our plantations
to make the business sustainable, with enough volumes to meet our domestic demand, without interrupting our exports.”
He understands that minimum transport requirements should include isothermal vehicles. Nevertheless, a huge portion of the crop is hauled over long
distances, with roads in very bad conditions, and fruits
inadequately packaged. To make things worse, there
is inadequate handling by producers, middlemen, distribution centers and, finally, improper retail outlets.
“Frequently, growers pick up their fruit and take them
to the ‘distribution center’ only to learn that prices
have plummeted. There are only two options left, they
either sell them at enormous losses, or throw them
away”, he observes.
According to Fernandes, these losses could be prevented almost in their entirety if investment had been
made in cold storages. “The cold storages should obviously be located around the wholesale centers, and also
around the export-oriented transport hubs”, he notes.
He maintains that these structures should be public
and for collective use.
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Sílvio Ávila
MULTICOLORIDA - MULTICOLORED
Produção brasileira de frutas
(em toneladas)
Fruta
2009
2010*
Laranja
17.618.450
18.982.647
Banana
6.783.482
7.451.972
Abacaxi**
2.978.256
3.083.386
2009
Coco***
1.973.366
1.960.212
Laranja
802.528
Melancia
2.056.309
2.056.309
Banana
483.562
Mamão
1.792.594
1.792.594
Coco
284.951
Tangerina
1.094.429
1.094.429
Melancia
94.871
Uva
1.365.491
1.269.470
Manga
74.416
Manga
1.197.694
1.197.694
Uva
81.677
Limão
972.437
972.437
Abacaxi
61.990
Maçã
1.222.885
1.317.194
Tangerina
54.909
Maracujá
718.798
718.798
Limão
41.388
Melão
402.959
402.959
Maracujá
50.853
Goiaba
297.377
297.377
Mamão
34.379
Pêssego
216.236
216.236
Maçã
39.081
Caqui
171.555
171.555
Pêssego
19.102
Abacate
139.089
139.089
Melão
17.559
Figo
24.146
24.146
Goiaba
15.048
Pera
14.856
14.856
Abacate
8.509
Marmelo
975
975
Caqui
8.740
Total
41.041.384
43.164.335
Figo
3.072
Pera
1.404
Fonte: IBGE/Ibraf
*Estimativa
**Conversão: 1 fruto = 2,5 kg, nas regiões Sul e Sudeste,
exceto Paraná (1,6 kg) e Santa Catarina (1,67 kg); 2,1 kg
na região Centro-Oeste; e 1,8 kg para as demais regiões.
Fonte: FNP
***Conversão: 1 fruto = 1 kg (elaboração Ibraf )
TERRITÓRIO OCUPADO
TOTAL TERRITORY
Produção brasileira de frutas
(em hectares)
Fruta
Marmelo
Total
Fonte: IBGE
16
211
2.179.250
Inor /Ag. Assmann
Pomar
itinerante
Diversidade de espécies e grande extensão territorial
privilegiam a exploração da fruticultura no Brasil
caso de Roraima, onde o governo estadual comanda iniciatiAs dimensões continentais e a diversidade de frutas
va com pomares irrigados, tendo como produções principais
disponíveis para consumo fazem do Brasil um campo proabacaxi, melão, mamão e manga. Em Tocantins, também na
missor para a expansão da fruticultura. Seja para o mercado
local e regional, seja para exportação, o fato é que o País am- região Norte, foram implantadas áreas com abacaxi voltadas
para comercialização no mercado interno. Em Mato Grosso,
plia suas áreas produtivas a cada ano. Individualmente, São
no Centro-Oeste brasileiro, o Frutal foi convidado a realizar
Paulo segue como o principal estado de cultivo, com destaum plano de desenvolvimento da atividade, que acabou senque para a colheita de laranja, banana, figo e uvas de mesa.
do adiado. “Eles querem uma alternativa econômica à soja e
E são justamente as regiões consolidadas que apresentam
já que as frutas vêm de longe, acharam por bem incentivar o
as maiores expansões de pomares. O diretor-geral do Insticultivo”, observa Martins.
tuto Frutal, Fernando Antônio Mendes Martins, destaca o
Para ele, a expansão dos polos produtivos é muito imporexemplo que vem do Ceará. “As empresas estão investindo em
tante, porque o consumo de frutas existe em todas as regiões.
todas as regiões do Estado”, enfatiza. O mesmo tem sido ob“Muitas vezes os produtos vêm de muiservado, segundo ele, no Rio Grande do Norte,
to longe, transportados de maneira inacom ampliação das áreas de melão e de mamão,
dequada e acabam estragando”, justifie mesmo na região de Petrolina, em PernambuPLANTIO PRÓXIMO
ca. Martins entende que a introdução
co, que sofreu com problemas decorrentes da
À REGIÃO DE
de pomares comerciais nas regiões condesvalorização cambial do dólar em 2009.
CONSUMO
sumidoras possa fortalecer os mercados
De uma maneira geral, explica o diretor
DIMINUI
PERDAS
locais e regionais e, em alguns casos, se
do Frutal, a maioria dos estados brasileiros
desenvolve projetos ligados à fruticultura. É o
voltar à exportação.
18
Itinerant
orchard
Brazil’s fruit farming business takes advantage of the
diversity of species and huge territorial extension
fruits are consumed all over the Country. “Frequently, the
products come from faraway places, transported in improper
manner and end up going bad”, he justifies. Martins understands that the establishment of commercial orchards in the
consumer regions tends to strengthen the local and regional
markets and, in some cases, trigger exports.
Inor /Ag. Assmann
The continental dimensions and the diversity of fruits
available for consumption make the country an ideal place
for expanding the fruit growing business. Whether for the
local and regional market, or for export, the country is in
fact expanding its planted area year after year. Individually,
São Paulo is still the leading producer, where the predominant species are oranges, bananas, figs and table grapes.
It is exactly the consolidated regions that boast the biggest orchard expansions. The general director of the Frutal
Institute, Fernando Antônio Mendes Martins, points to
the example set by the State of Ceará. “The companies are
investing in every region across the State”, he stresses. The
same, he maintains, has been observed in Rio Grande do
Norte, with the expansion of the areas planted with melon
and papaya, and in the region of Petrolina, in Pernambuco,
which suffered from the devaluation of the dollar in 2009.
By and large, explains the Frutal director, the majority
of the Brazilian states are developing fruit-oriented projects. It is the case of Roraima, where the state government
has undertaken the irrigated orchard initiative, and the
main fruits are pineapple, melon, papaya and mango. In
Tocantins, also in the North, pineapple crops were established for domestic consumption.
In Mato Grosso, in the Brazilian Center-West, Frutal
has been invited to devise a plan for the development of
fruit farming, but it was postponed. “They are pursuing
an economic alternative to soybean and, as the fruits come
from faraway places, they
found it necessary to encourage their cultivation”,
ORCHARDS NEAR
Martins observes.
CONSUMPTION
In his opinion, the
CENTERS REDUCE
expansion of the proLOSSES
duction hubs plays an
important role, since
19
De volta ao prato
Com a recuperação dos países atingidos pela crise econômica
mundial, Brasil voltou a lucrar com exportações de frutas
quantidade. Conforme Fernandes, o bom desempenho se
O balanço das exportações brasileiras de frutas em 2010
deve à substituição de variedades com semente pelas sem,
reflete a recuperação econômica dos países compradores,
as apirênicas, o que praticamente duplicou o valor negociamajoritariamente da União Europeia, que haviam sido afedo internacionalmente.
tados pela crise mundial, deflagrada a partir do segundo seAlgumas espécies importantes conseguiram recuperar
mestre de 2008. Conforme dados da Secretaria de Comércio
o mercado em 2010. É o caso da banana, que conquistou
Exterior (Secex), órgão do Ministério do Desenvolvimento,
clientes na América Latina e encerrou o ano com aumento de
Indústria e Comércio Exterior, o País embarcou 759.420
15,24% no faturamento com as vendas extoneladas em 2010, redução de 2,69% em relação
ternas, mesmo com volume 3% menor. A
a 2009. Em faturamento, a história foi outra.
manga também apresentou bom desempeHouve acréscimo de 8,96%, totalizando
VENDAS AO
nho, chegando a um incremento de 13,15%
US$ 609,612 milhões.
EXTERIOR
nos embarques e de 23,15% na receita.
O presidente do Instituto Brasileiro de
RENDERAM US$
Mesmo que 85% da laranja produzida
Frutas (Ibraf ), Moacyr Saraiva Fernandes,
609 MILHÕES
no Brasil seja direcionada para a fabricação
lembra que a crise não afetou tão profundade suco, surpreendeu o fato de ter ocorrido
mente a demanda por alimentos, mas sim a
elevação substancial nos envios ao exterior da
decisão sobre o que seria comprado, em função
fruta in natura: 43,49% em quantidade e 44,44% em valor.
dos preços. Ele acredita que em 2011 o Brasil possa aumenO presidente do Ibraf lembra que havia grandes restrições ao
tar as vendas externas próximo a 10%. “Vai depender muito
produto por causa da ocorrência da pinta-preta, doença caudo câmbio, do clima e do mercado”, entende.
sada pelo fungo Guignardia citricarpa, e que provoca a queda
O melão foi o campeão de vendas em 2010, com
dos frutos. Algumas cargas chegaram a ser recusadas na Espa177.828 t e faturamento de US$ 121,969 milhões. No entanto, a fruta que teve mais agregação de valor foi a uva. As nha em meados dos anos 2000. “Nós conseguimos, através do
60.805 t embarcadas representaram US$ 136,648 milhões, trabalho nos packing houses e de plantios diferenciados, voltar
a exportar laranja de mesa”, afirma.
sendo a primeira em receita e ocupando o sexto lugar em
JANELAS A comercialização internacional de frutas frescas requer um planejamento detalhado para que o produtor
saiba identificar o momento certo de vender o seu produto. Moacyr Saraiva Fernandes explica que grande parte dos
produtos são colocados no mercado no período de entressafra no hemisfério norte, as chamadas janelas. “Você não vai
conseguir exportar as frutas na época em que eles estão produzindo”, destaca.
No entanto, alerta o presidente do Ibraf, o mercado exige muita atenção, pois as janelas podem se alterar em função de problemas climáticos e até pelo avanço da tecnologia, que proporciona a pesquisa de variedades mais tardias e
também mais precoces. “Foi o que aconteceu em 2009 nos Estados Unidos com a uva. A safra foi mais tardia e, quando
fomos vender, não tínhamos mais espaço”, exemplifica.
Outro fator importante a se observar é a concorrência. As frutas tropicais não são privilégio do Brasil e outros países
obtêm sucesso com a produção. Fernandes cita o caso da manga, que tem sido cultivada em várias partes do mundo,
como Colômbia, Equador, México, Malásia, Tailândia, Indonésia, Filipinas, Costa do Marfim e Guiné. “Eles exportam
e também formam uma janela”, observa.
20
Inor /Ag. Assmann
Making a
comeback
With the recovery of the
countries hit by the world
economic downturn, Brazil again
began to profit from fruit exports
121.969 million. Nonetheless, the fruit that proportionally
generated the most revenue was the grape. The 60,805 tons
shipped abroad represented US$ 136.648 million, ranking
first in revenue and sixth in quantity. Fernandes understands that the credit of the good performance goes to the
replacement of traditional varieties with seedless varieties,
the so-called apirenic table grapes, which almost doubled
The Brazilian balance of fruit exports in 2010 reflects
the internationally negotiated values.
the economic recovery of the countries that import our
Some important fruit varieties managed to recover the marfruit, most of them from the European Union, which had
ket in 2010. It is the case of the banana. The fruit conquered
been affected by the global economic crisis that surfaced in
clients in Latin America and by year end celebrated a rise of
the second half of 2008. According to data from the Brazil15.24% in revenue from foreign sales, in spite of the 3% smallian Secretariat of Foreign Trade (Secex), an organ of the
er volume. Mango sales also celebrated a good performance,
Ministry of Development, Industry and Foreign Trade, Brazil shipped abroad 759,420 tons in 2010, down 2.69% from with shipments soaring 13.15% and revenue, 23.15%. Though 85% of the oranges produced in Brazil are
2009. In terms of revenue, it was a different story. It was up
destined for the juice industry, the surprising fact was the
8.96%, totaling US$ 609.612 million.
substantial increase in the shipment of fresh oranges abroad:
The president of the Brazilian Fruit Institute (Ibraf ),
up 43.49% in quantity and 44.44% in value. The president
Moacyr Saraiva Fernandes, notes that the crisis did not
of Ibraf recalls that there had been enormous restrictions to
have a deep effect on the demand of food, but, in light of
the fruit due to the occurrence of black spot,
the prices, it had a say in the decision on what
disease caused by the fungus Guignardia
was to be bought. He believes that in
citricarpa, which causes the fruit to fall.
2011 Brazilian foreign fruit sales will
FOREIGN SALES
Some cargos were not allowed entrance in
soar around 10%. “It will depend a lot
BROUGHT IN US$
Spain in the mid 2000s. “Through work
on the exchange rate, on the climate
conducted in the packing houses and speand market”, he comments.
609 MILLION
cial planting systems, we managed to export
Melons ranked first in sales in 2010,
table oranges again” he says.
with 177,828 tons and revenue of US$
22
WINDOWS OF OPPORTUNITY International
fresh fruit negotiations require careful planning should the
producers want to take advantage of timely sales. Moacyr
Saraiva Fernandes explains that huge amounts of the products are placed in the market during off-season time in the
northern hemisphere, referred to as windows. “There is no
way exporting fruit during their season”, he notes.
Nevertheless, the president warns, the market requires
much attention as the windows might suffer changes
stemming from climate problems and even from technology advances, which may come up with premature or late
varieties. “It was just what happened in the United States
with the grapes in 2009. The crop matured late and there
was no room left for our grapes”, he exemplifies.
Another relevant factor consists in paying heed to competition. Tropical fruit are not only produced in Brazil, other
countries produce them and, frequently, with great success.
Fernandes cites the case of the mango, which is cultivated in such different countries as Colombia, Ecuador,
Mexico, Malaysia, Thailand, Indonesia, the Philippines,
Ivory Coast and Guinea. “They all export and have their
window, too”, he observes.
MAIS LEVE - ON THE DECLINE
Exportações brasileiras de frutas frescas (em kg)
A DISTÂNCIA - BEYOND THE FRONTIERS
Exportações brasileiras de frutas frescas (em US$ FOB)
Fruta
Variação (%)
Fruta
2009
2010
Variação (%)
2009
2010
Melão
183.911.976 177.828.525
-3,31
Melão
122.094.688
121.969.814
-0,10
Banana
143.871.502 139.553.134
-3,00
Banana
39.394.960
45.398.163
15,24
Manga
110.202.283 124.694.284
13,15
Manga
97.388.159
119.929.762
23,15
Maçã
98.264.010
90.839.409
-7,56
Maçã
56.328.134
55.365.805
-1,71
Limão
66.374.045
63.060.909
-4,99
Limão
43.771.018
50.693.603
15,82
Uva
54.559.684
60.805.185
11,45
Uva
110.574.457
136.648.806
23,58
Laranja
26.185.254
37.821.810
44,44
Laranja
11.343.154
16.276.736
43,49
Melancia
39.038.818
28.261.716
-27,61
Melancia
15.735.304
12.356.105
-21,48
Papaia
27.554.464
27.057.332
-1,80
Papaia
34.457.466
35.121.752
1,93
Abacate
2.932.222
2.699.698
-7,93
Abacate
3.606.220
3.126.434
-13,30
Tangerina
4.411.914
1.977.479
-55,18
Tangerina
3.281.271
1.850.034
-43,62
Abacaxi
19.817.923
1.889.842
-90,46
Abacaxi
10.580.302
998.318
-90,56
Figo
1.668.583
1.446.458
-13,31
Figo
7.796.246
7.310.886
-6,23
Outras frutas
989.250
815.874
-17,53
Outras frutas
2.029.468
1.931.663
-4,82
Coco
407.193
407.737
0,13
Coco
165.970
121.240
-26,95
Goiaba
152.972
147.348
-3,68
Goiaba
297.764
326.364
9,60
Pomelo
2.040
67.335
3.200,74
Pomelo
600
42.369
6.961,50
-
22.738
-
-
15.819
-
Framboesa/amora
31.222
10.866
-65,20
Framboesa/amora
208.488
78.874
-62,17
Outros cítricos
13.834
4.519
-67,33
Outros cítricos
342.275
4.978
-98,55
Morango
2.496
2.976
19,23
Morango
8.604
9.675
12,45
Airela e mirtilo
6.249
2.383
-61,87
Airela e mirtilo
60.618
22.239
-63,31
-
2.208
-
-
9.737
-
Ameixa
180
354
96,67
Ameixa
1.074
1.116
3,91
Pêssego
13.500
174
-98,71
Pêssego
28.154
410
-98,54
Kiwi
1.800
142
-92,11
Kiwi
1.979
307
-84,49
21
112
433,33
Damasco
641
1.055
64,59
300
48
-84,00
Cereja
2.872
72
-97,49
-2,69
Total
559.499.886
609.612.136
8,96
Pera
Mangostão
Damasco
Cereja
Total
780.413.735 759.420.595
Fonte: Secex - Elaboração: Ibraf - Obs.: As estatísticas de limão e lima
foram agrupadas. Caqui está incluso em outras frutas
Pera
Mangostão
Fonte: Secex - Elaboração: Ibraf - Obs.: As estatísticas de limão
e lima foram agrupadas. Caqui está incluso em outras frutas
23
Quebra-cabeça
Exportação de frutas requer atenção às exigências
comerciais e fitossanitárias de cada país importador
portar muito mais caso realizasse acordos bilaterais. “Para
O mercado internacional envolve uma série de regras
a China, por exemplo, só posso exportar banana e abacaxi,
e exigências, que mudam de país para país. Na área de alique no mundo todo têm trânsito livre”, destaca. Para ele, o
mentos, incluída a fruticultura, esses requisitos referem-se
País está perdendo tempo, pois os concorrentes estão negoa aspectos econômicos e também fitossanitários. Cada item
ciando diretamente com os importadores. Foi o que ocorreu
possui as suas especificidades, o que torna as transações cocom o Chile, que está exportando uvas para a China por
merciais bastante complexas. Não basta ter um comprador
para o produto. É preciso cumprir com as cláusulas impostas meio de um acordo entre os dois países.
Em outros casos, o Brasil consegue vender, mas tem
pelo governo da nação importadora.
tratamento diferente dos demais exportadores. Fernandes
Os Estados Unidos são um dos países com maiores
conta que o México possui acordo bilarestrições à entrada de frutas. Para grande
teral com a União Europeia, o que lhe
parte dos produtos é exigida a adoção
EXPECTATIVA
É
proporciona a isenção de taxas alfandegáde medidas quarentenárias. “São trataDE MUDANÇA NA
rias na venda de limão. “Dessa forma não
mentos que eliminam riscos de nossas
temos condições de concorrer com o Méfrutas levarem pragas e doenças para lá.
POLÍTICA EXTERNA
xico”, constata. O mesmo se dá com relaIsso é muito caro, e a qualidade também
DO BRASIL
ção aos produtos industrializados. O predecai”, explica Moacyr Saraiva Fernandes,
sidente do Ibraf explica que para esses itens
presidente do Instituto Brasileiro de Frutas
existem os Sistemas Gerais de Preferência (SGPs),
(Ibraf ). Por outro lado, lembra ele, o Brasil tem
firmados entre países ricos com os em desenvolvimento ou
legislações específicas que atrapalham o comércio. Ele
pobres. Por esses acordos há a isenção ou o desconto de
cita o caso da liberação do uso de cloro para a lavagem de
tarifas. “Hoje não posso exportar suco de maracujá para
citros, procedimento que dificulta a comercialização no
a União Europeia porque eles possuem um SGP especial
mercado de orgânicos.
com o Equador, a Colômbia e o Peru”, exemplifica.
Na opinião do presidente do Ibraf, o Brasil poderia ex-
NO AGUARDO Para o presidente do Ibraf, Moacyr Saraiva Fernandes, o que tem dificultado a chegada do Brasil ao mercado internacional é a política externa implementada pelo governo. “Nos últimos anos, os grandes acordos
multilaterais foram privilegiados em detrimento aos acordos bilaterais”, enfatiza. No entanto, acredita que com a posse
da presidente Dilma Rousseff haja mudança na forma de atuação com o mercado externo. “Já mandamos sugestões a
todos os ministérios envolvidos com a questão”, destaca.
Outra providência que compete ao governo federal é a definição sobre as moléculas ativas para cultivos menores,
o que engloba praticamente todas as frutas comerciais. De acordo com Fernandes, o assunto vem sendo discutido há
mais de dez anos. Ele entende que, por meio de legislação específica a ser definida ainda em 2011, será possível o uso
de agroquímicos mais seletivos e menos agressivos. “A União Europeia vem impondo restrições a determinados defensivos agrícolas. Se eu quiser colocar as minhas frutas lá, vou ter que me adaptar”, afirma.
24
Jigsaw puzzle
Fruit exports call for attention
regarding every importer’s trade and
phytosanitary requirements
Brazil could export much more if the country signed bilatThe international market is laden with requirements,
eral agreements. “To China, for example, we can only sell
which change from country to country. In the area of
bananas and pineapples, as they do not face any transport
food, including fruit farming, these requirements are
restriction around the globe”, he stresses. In his opinion, the
focused on economic and phytosanitary concerns. There
Country is wasting time, simply because many competitors
are specifications for each item, which make any comare negotiating directly with the importers. It is the case of
mercial transaction rather complex. Having a buyer for
Chile, a country that is shipping grapes to China through an
the product is not enough. One has to comply with the
agreement between the two countries.
requirements of the importing country.
In other cases, Brazil manages to sell, but does not reThe United States is one of the countries that imposes
ceive the treatment bestowed on the competitors. Fernandes
the strongest restrictions to the entrance of fruit into that
recalls that Mexico signed a bilateral agreement with the Eucountry. For most fruit, quarantine measures are imposed.
ropean Union, whereby the country is exempt from import
“They consist in treatments that eliminate the risk of any
taxes levied on lemons. “This makes it difficult to compete
fruit to carry pests or diseases to that country. It is a very
with Mexico”, he ascertains. The same holds for industrialexpensive process and normally the quality of the fruit is
ized products. The president of Ibraf recalls that for such
affected”, explains Moacyr Saraiva Fernandes, president of
items there is the Generalized System of Preferences (GSP),
the Brazilian Fruit Institute (Ibraf ). On the other hand,
signed between rich countries and underdehe recalls, Brazil has specific legislation that
veloped or poor nations. These agreements
disturbs the market. He mentions the case
THERE
IS
provide for tax exemptions or reductions.
of the use of chlorine for washing citrus
fruit, a procedure that makes the comEXPECTATION FOR A “As things are, we are not allowed to export
mercialization process difficult in the
CHANGE IN BRAZIL’S passion fruit to the European Union, because of their special GSP with Ecuador,
market of organic products.
FOREIGN POLICY
Colombia and Peru”, he exemplifies.
The president of Ibraf understands that
AWAITING The president of Ibraf, Moacyr Saraiva
Fernandes, blames Brazil’s foreign policy for the difficulties to reach the international market. “Over the past
years, the relevant multilateral agreements were privileged
to the detriment of bilateral agreements”, he emphasizes.
Nonetheless, he believes that our newly inaugurated
president, Dilma Rousseff, will alter our approaches to
the international market. “We have already forwarded
suggestions to all ministries involved”, he says.
Another step that is up to the federal government
26
to take is a definition on the active molecules for minor
cultivations, which comprises almost all commercial
fruit. According to Fernandes, the subject has been debated for more than ten years. He has it that, through
specific legislation to be defined before 2011 comes to a
close, it will be possible to resort to more selective and
less aggressive agrochemicals. “The European Union has
been imposing restrictions on certain agrochemicals. If
we want to sell our products to that continent, we’ve
got to comply”, he concludes.
Para gringo ver
Iniciativas de promoção das frutas brasileiras no exterior são
responsáveis pelo crescimento das exportações do setor
O sucesso das frutas brasileiras no exterior se deve muito às iniciativas de apresentação dos produtos aos possíveis
consumidores. O programa Brazilian Fruit, capitaneado
pelo Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf ) e pela Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
(Apex-Brasil), é o exemplo que melhor demonstra o êxito
desse tipo de estratégia.
A parceria entre as duas entidades foi formada em 1998.
Naquele ano, foram exportadas 294.617 toneladas de frutas. Doze anos
EM DOZE ANOS DE
depois, o País conseguiu
AÇÕES, EMBARQUES incrementar as vendas
CRESCERAM 157%
externas em 157,76%,
embarcando 759.421
toneladas em 2010. O
presidente do Ibraf, Moacyr Saraiva Fernandes, destaca que o
programa trabalha em duas frentes: a promoção institucional
e a promoção de vendas.
Ele explica que no primeiro caso as ações se voltam para
mostrar ao mundo as virtudes das frutas produzidas no Brasil. Segundo Fernandes, atualmente o trabalho está focado
no conceito das superfrutas, que possuem alto valor nutricional e, por isso, conquistaram o paladar das pessoas interessadas em manter hábitos mais saudáveis. Estão nessa lista o
açaí, a acerola, a goiaba vermelha e o mirtilo, entre outras.
As iniciativas de promoção de vendas têm por objetivo colocar os exportadores em contato direto com os compradores.
“Os dois lados vão negociar e aí a competitividade sempre fala
mais alto”, analisa o presidente do Ibraf. Na avaliação de Fernandes, sem a continuidade das atividades, o Brasil não teria
conseguido aumentar o volume dos embarques.
CRONOGRAMA As ações do Brazilian Fruit são realizadas em etapas. A atual engloba o período entre 2010 e
Sílvio Ávila
2012 e envolve em torno de 140 empresas. Em 2011, o trabalho mais efetivo teve início com a participação das empresas exportadoras nas duas principais feiras mundiais do setor: a Fruit Logística, em Berlim, na Alemanha; e a Gulfood, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
A coordenadora de programas de marketing do Ibraf, Stela Del Nery, explica que são realizadas outras atividades.
Uma delas é o convite a jornalistas estrangeiros para que venham ao Brasil conhecer toda a estrutura de produção. Eles
serão os responsáveis por divulgar as frutas brasileiras em suas nações. Entre os países-alvo, segundo Stela, estão África
do Sul, Angola, Alemanha, Arábia Saudita, Canadá, Chile, China, Emirados Árabes Unidos, Espanha, França, Inglaterra, Portugal e Rússia. A mesma estratégia é usada com os potenciais compradores.
Algumas ações de marketing são feitas com frutas específicas, como a promoção em supermercados e restaurantes
de países determinados. Essa atividade foi realizada, por exemplo, em fevereiro de 2011 na Inglaterra com a apresentação do limão. A coordenadora do Ibraf destaca que o objetivo do Brazilian Fruit, em suas mais variadas iniciativas, é
fazer com que as empresas de alguma maneira consigam atender ao mercado internacional. “Mesmo que ela não tenha
potencial para exportar, pode aprender a forma de fazer”, ressalta.
28
Just for show
The credit of the soaring Brazilian fruit exports goes to publicity
initiatives such as the promotion of our fruit abroad
The success of Brazilian fruit abroad results from the
publicity initiatives abroad and the introduction of the products to prospective consumers. The Brazilian Fruit program,
spearheaded by the Brazilian Fruit Institute (Ibraf ) and
by the Brazilian Trade and Investment Promotion Agency
(Apex Brasil), is an example that best demonstrates the success of such strategy. The partnership between the two entities started in
1998. During that year, fruit exports totaled 294,617 tons.
Over the next 12 years, the country managed to increase its
foreign sales by 157.76%, shipping abroad 759,421 tons in
2010. The president of Ibraf, Moacyr Saraiva Fernandes, explains that the program is split into two fronts: Institutional
promotion and sales promotion.
He clarifies that in the first case all initiatives are geared towards making the world aware of the qualities of the fruit pro-
duced in Brazil. According to Fernandes, currently the work
is focused on the concept of superfruit, with high nutritional
value and likely to conquer the palate of discerning consumers
concerned with healthy eating habits. The list of these fruit
includes açaí, acerola, red guava,
myrtle and others.
TWELVE YEARS OF
The sales promotion
PROMOTIONAL
moves are intended to
INITIATIVES
bring the exporters in
direct contact with the
MADE SHIPMENTS
buyers. “Both sides are
RISE 157%
supposed to negotiate, and
this is where competitiveness
comes in”, says the president of Ibraf. In his view, if these
initiatives had been discontinued, Brazil would not have
managed to keep its fruit shipments on the rise.
CHRONOGRAM All the moves by the Brazilian Fruit are conducted step by step. The current one comprises
the 2010 – 2012 period and involves about 140 companies. In 2011, the most effective work started with the participation of the exporting companies in two major global fairs: Fruit Logistica, in Berlin, Germany; and Gulfood, in
Dubai, United Arab Emirates.
The coordinator of Ibraf’s marketing program, Stela Del Nery, refers to other activities, too. One of them consists in
inviting foreign journalists to Brazil and show them our production structure. They are responsible for giving publicity
to the Brazilian fruit in their countries. According to Stela, the target countries include South Africa, Angola, Germany,
Saudi Arabia, Canada, Chile, China, United Arab Emirates, Spain, France, Britain, Portugal and Russia. The same strategy is used with potential buyers.
Some marketing actions are focused on specific fruit species, particularly when it comes to promotions in supermarkets and restaurants in certain countries. Such a promotion, for example, was conducted in Britain when lemons
were displayed, in February 2011. The Ibraf coordinator points out that the target of the Brazilian Fruit program, in
its several variables, is to put the companies in a position to meet the needs of the international market. “Should a
company lack the potential for exporting, it could learn how to do it”, she concludes.
29
Principais frutas Main fruit
Abacaxi Pineapple
Barrado no
embarque
Sílvio Ávila
Com produção nacional estável,
abacaxi tem no mercado doméstico
seu principal destino, especialmente
após a queda nas exportações
30
dos, de 2008 para 2009, naquele Estado, que então figurava
Mesmo que a situação das vendas externas de abacaxi
se mostre azeda, passando de US$ 10,5 milhões negociados na quinta posição entre os produtores brasileiros. A constatação é feita pelo pesquisador Aristóteles Pires de Matos, da
em 2009 para US$ 998,3 mil em 2010, conforme dados
mesma unidade da Embrapa e que coordena ações do Proda Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a gostosura do
grama de Produção Integrada de Abacaxi no País, difundinproduto continua sendo bem apreciada no mercado interdo conceitos de sustentabilidade com baixo uso de insumos
no. A pequena exportação, que ocorre principalmente para
poluentes em vários estados.
a Europa, ainda estaria sofrendo efeitos da crise econômica
Ele considera importante o incremento do marketing
mundial e do câmbio desfavorável, além de outros fatores.
na venda externa destacando as características da fruta e das
Enquanto isso no plano doméstico, com economia aquecivariedades. Nesse contexto, a Secretaria da Agricultura, Irrida, a produção se estabilizou, após recuo em 2009, e vem
gação e Reforma Agrária da Bahia (Seagri-BA) divulga que a
sendo absorvida.
variedade Pérola, cultivada na região de Itaberaba, vem conOs números da colheita brasileira, líder mundial na
quistando
admiradores no continente europeu.
cultura, que já estiveram em 1,78 e 1,71 bilhão de
No âmbito dos estados, a liderança
frutos em 2007 e 2008, respectivamente, ficana cultura é disputada por três unidaram em 1,47 bilhão de unidades em 2009,
des.
A Paraíba encontra-se à frente, com
segundo pesquisas do Instituto Brasileiro
EXPORTAÇÕES
de Geografia e Estatística (IBGE). Para os
CAÍRAM PARA MENOS 263 milhões de frutos em 2009. O Pará
lidera em área (9.978 ha em 2009, mas
períodos 2010 e 2011, as estimativas da
DE US$ 1 MILHÃO
com tendência de redução) e obtém
instituição indicam oferta de 1,48 e 1,44
volumes próximos aos paraibanos (241
bilhão de frutos respectivamente. A redução
milhões de frutos). Minas Gerais, que foi o
em 2009 teria ocorrido por problemas climámaior produtor por volta do ano 2000, tem oscilado ultiticos, de acordo com avaliação do economista Clóvis
mamente entre o segundo e o terceiro lugares. No períoOliveira de Almeida, da Embrapa Mandioca e Fruticultura,
do da análise, colheu 255 milhões de unidades. Em busca
sediada em Cruz das Almas (BA).
de crescimento, a Bahia ocupa a quarta posição, com 121
Influiu igualmente no resultado, inclusive nas exportamilhões de frutos. Nas estimativas do IBGE para 2010, o
ções, a retirada da produção de uma empresa do Ceará em
ranking da produção fica na seguinte ordem: Paraíba (258
decorrência de problemas com a doença fusariose, causada
milhões de frutos), Pará (256 milihões), Minas Gerais
pelo fungo Fusarium subglutinans. O fato representou a
(222 milhões) e Bahia (139 milhões).
diminuição de 100 milhões para 17 milhões de frutos colhi-
SUSTENTAÇÃO Pequenas cidades, localizadas nos estados com maior produção, têm na cultura um esteio econômico e um motivo de destaque. É o caso de Floresta do Araguaia, município emancipado em 1993 de Conceição
do Araguaia, no Pará, com 19 mil habitantes e que, conforme se divulga, tira sustento, emprego e renda da abacaxicultura. Conhecida como a Terra ou a Cidade do Abacaxi, é o maior produtor do Estado: obteve 175 milhões de frutos
em 2009, enquanto em 2004 chegou a 216 milhões, exportando parte para a Europa desde 1998. Realiza também,
sempre no mês de julho, o Festival do Abacaxi.
A cidade mineira de Monte Alegre de Minas, que já foi a primeira no ranking da cultura em outros períodos, intitula-se “Terra da Felicidade e Capital Brasileira do Abacaxi”. Em 2009, colheu 96 milhões de frutos. Outras cidades da
região do Triângulo Mineiro, como Frutal e Canápolis, também se destacam na atividade.
Na Paraíba, desponta a pequena Itapororoca, na Zona da Mata, com 15 mil habitantes e 72 milhões de frutos em
2009, ao lado de outros municípios da região, como Santa Rita e Araçagui. Nessa área, o espaço é disputado com a
cana-de-açúcar, que tem avançado devido a sua valorização, mas o abacaxi mantém importância e apoio, buscando
preservar o lugar conquistado, amparado na qualidade da produção.
Ao mesmo tempo, conforme constata Aristóteles Pires de Matos, da Embrapa, outras pequenas comunidades nas
regiões Norte e Nordeste têm despertado para a cultura, como é o caso de dois distritos – Novo Remanso e Vila do
Engenho, ambos do município de Itacoatiara, no Amazonas. Ali uma produção isolada, numa área de 1.200 hectares,
abastece a capital Manaus e também o mercado regional de polpa para merenda escolar, reiterando a força e a riqueza
das frutas tropicais brasileiras.
31
Shipment ban
With a stable national production, the pineapple is mostly for
the domestic market, particularly after the decline in exports
Though foreign pineapple sales may sound sour, plummeting from US$ 10.5 million negotiated in 2009 to US$
998.3 million in 2010, according to data from the Brazilian Secretariat of Foreign Trade (Secex), the sweetness of
this fruit is very appreciated by the domestic market. The
small shipments, especially to the European Community,
are blamed on the lingering effects of the global economic
crisis and the unfavorable exchange rate, among other factors.
In the meantime, with
the economy picking up
steam in the domestic
EXPORTS FELL
scenario, production got
BELOW US$ 1
back on track after the
decline in 2009, and is
MILLION
being absorbed.
The figures of the
32
Brazilian crop, leading global producer, which had already
reached 1.78 and 1.71 billion fruit in 2007 and 2008, respectively, remained at 1.47 billion pieces in 2009, according
to a survey by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). For the 2010 and 2011 seasons, the estimates
by the institution point to a total of 1.48 and 1.44 billion
fruit respectively. The decline in 2009 is believed to have
been caused by climate problems, says economist Clóvis
Oliveira de Almeida, of Embrapa Cassava and Fruit Farming, based in Cruz das Almas (BA). What also had an influence on the result, including exports, was the decision of a company in Ceará to get out of
the business due to the attacks of a disease caused by a fungus known as Fusarium subglutinans. The scourge reduced
the crop from 100 million to 17 million pieces, from 2008
to 2009, in that State, which then ranked as fifth biggest
Sílvio Ávila
tion. During the time of the analysis, its harvest reached 255
million pineapples. Seeking higher production volumes, Bahia
now ranks fourth, with 121 million fruit. For 2010, IBGE
ranks the producers as follows: Paraíba (258 million pieces
of fruit), Pará (256 million), Minas Gerais (222 million) and
Bahia (139 million).
DESPENCOU - PLUMMETED
Exportações de abacaxi
Ano
US$ FOB
Peso (kg)
2009
10.580.302
19.817.923
2010
998.318
1.889.842
Fonte: Secex/MDIC
ESTÁVEL - STABLE
Produção brasileira de abacaxi
Ano
Área (ha)
Volume (mil frutos)
2008
65.982
1.712.365
2009
60.176
1.470.995
2010*
55.533
1.488.875
2011*
55.048
1.443.224
Fonte: IBGE (Pesquisa Agrícola Municipal)
*Estimativas IBGE (Levantamento Sistemático da Produção)
producer in Brazil. The figures were released by researcher Aristóteles Pires de Matos, of the same Embrapa Unit,
and coordinator of the Integrated Pineapple Production
Program in Brazil, spreading sustainability concepts
throughout the states, based on the use of low levels of
polluting agrochemicals. He maintains the importance
of marketing promotions abroad, focused on the characteristics and variety of the fruit. Within this context, the
Secretariat of Agriculture, Irrigation and Land reform
of Bahia (Seagri-BA) comments that the Pérola variety,
cultivated in the region of Itaberaba, is now attracting
aficionados in the European continent.
Among the different States, the leadership in pineapple
production is now pursued by three of them. Paraíba is
the front runner, with 263 million fruit in 2009. Pará is
the leader in planted area (9,978 ha in 2009, but the trend
is pending downward) and its production volumes do not
differ much from the previous State (241 million pieces).
Minas Gerais, the leading producer in the year 2000, has
recently been occupying either the second or third posi-
SUSTENANCE The pineapple crop drives the economy of the small towns located in the major producing
regions and earns them a prominent position. This is the
case of Floresta do Araguaia, which belonged to the town
of Conceição do Araguaia, in Pará, but was raised to the
town status in 1993. Its 19 thousand inhabitants are
known to derive their livelihoods, jobs and income from
pineapple crops. Known as the Pineapple Land or Pineapple Town, Floresta da Araguaia is the leading pineapple
producer in the State: in 2009, its production reached
175 million pieces, whilst in 2004 it was 216 million,
and exports to Europe started in 1998. Every year, the
Pineapple Festival is held in the month of July.
Monte Alegre de Minas, a town in Minas Gerais,
which ranked first in the production of pineapples in other
periods, claims to be the “Land of Happiness and Brazilian
Pineapple Capital”. In 2009, it harvested 96 million fruit.
Other towns in the Triângulo Mineiro region, like Frutal
and Canápolis, are also prominent producers. In Paraíba, the highlight is the small town of Itapororoca, in Zona da Mata, with 15 thousand people and
72 million pineapples in 2009, alongside other towns
across the region, like Santa Rita and Araçagui. In this
area, there is competition between pineapple and sugarcane, where the latter is making strides due to its everrising economic role, but pineapples are succeeding in
retaining their importance, support and market, on the
grounds of high quality crops.
In the meantime, in the words of Aristóteles Pires
de Matos, of Embrapa, other small communities spread
across the North and Northeast have woken up to the
crop, with two districts standing out – Novo Remanso
and Vila do Engenho, both in the municipality of
Itacoatiara, in Amazonas. There, a 1,200-hectare plantation supplies the capital city and the regional pulp
market for school meals, attesting to the strength and
wealth of Brazil’s tropical fruits.
33
Banana Banana
Cacho farto
Sílvio Ávila
Produção brasileira de bananas foi de
7,072 milhões de toneladas em 2010,
mantendo o País na posição de quinto
maior produtor mundial
34
A safra brasileira de bananas deverá
ser maior em 2011 na comparação com
o ano anterior. A colheita prevista é
de 7,506 milhões de toneladas, 6,14%
superior aos 7,072 milhões colhidos
em 2010, conforme estimativa do levantamento do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). É a segunda fruta mais produzida no País, só
perdendo para a laranja. A vantagem é
que pode ser colhida o ano todo e em
todas as regiões do País. A oferta só diminui em períodos de frio intenso no
Sul e no Sudeste.
A região Nordeste liderou a produção
em 2010 com 2,679 milhões de t. Em
segundo lugar ficou o Sudeste com 2,261
milhões de t. Na sequência estão Sul
(1,026 milhão de t), Norte (845.957 t) e
Centro-Oeste (257.612 t). O Estado de
São Paulo foi o principal produtor, com
1,271 milhão de t, seguido pela Bahia,
que registrou volume de 1,079 milhão.
Em ordem decrescente posicionam-se os
estados de Santa Catarina (672.892 t),
Minas Gerais (654.314 t), Pernambuco
(542.295 t), Pará (527.432 t) e Ceará
(445.169 mil t).
A tendência de crescimento também é apontada para a área colhida,
que deverá abranger 535 mil hectares
em 2011, ultrapassando em 6,95% a
extensão de 500 mil ha do período antecedente. A área ocupada pelo bananal deverá registrar avanço de 5,36%,
passando dos 536 mil ha de 2010 para
565 mil na temporada atual. Apenas
a produtividade deverá regredir em
0,76% na safra corrente, quando deve
passar de 14.123 quilos por ha em
2010 para 14.016 kg/ha neste ano.
O Brasil é o quinto maior produtor mundial, atrás de Índia (36
milhões de t), Filipinas (9,1 milhões
de t), China (8,2 milhões de t) e
Equador (7,6 milhões de t). De acordo com o pesquisador Edson Perito
Amorim, da Embrapa Mandioca
e Fruticultura, de Cruz das Almas
(Bahia), a falta de variedades melho-
radas com boas características agroa de 2009, que ficou em US$ (FOB)
nômicas é um dos obstáculos que o
39,394 milhões. Segundo o gerentesetor enfrenta, assim como problemas -executivo do Instituto Brasileiro de
no pós-colheita, na comercialização
Frutas (Ibraf ), Maurício Ferraz, do
e na conservação dos frutos. Outros
total exportado em 2010, 75 mil t
entraves são as doenças, em especial a foram destinadas para Argentina e
sigatoka-negra, que atinge São Paulo, Uruguai. A fruta saiu da região Sul,
especialmente do Estado de Santa
Santa Catarina e Norte do Brasil; a
sigatoka-amarela e o mal-do-Panamá. Catarina. A Europa importou cerca
de 63 mil t. Ferraz explica que os
A exportação brasileira de banana
negócios foram afetados por probleem 2010 teve queda de 3%, ficando
mas
climáticos, como o excesso
em 139.553 toneladas,
de chuvas, provocando
contra as 143.871
t de 2009. Em
a saída de grandes mulreceita, a soma
ÁREA E PRODUÇÃO tinacionais que atuavam
no setor. Além disso, a
de 2010 – US$
DEVEM CRESCER
valorização do real tor(FOB) 45,398
EM 2011
nou os preços brasileiros
milhões – supemenos atrativos.
rou em 15,24%
FAVORÁVEL Os bons preços pagos pela banana colhida
na região Norte do Estado de Minas Gerais em 2010
estimularam os produtores a investirem mais na atividade
nesta safra. Segundo o diretor-presidente da Associação
Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte),
Dirceu Colares, os bananais foram ampliados em cerca de
10% e renovados. A estimativa é de incremento na produção de cerca de 300 toneladas ao ano.
A área cultivada em 2010 era de 11.000 hectares. O
aumento da extensão plantada ocorreu em áreas novas, onde
está sendo implantado o projeto Jaíba. Na safra passada, o
preço médio pago pela caixa de banana-prata de 20 quilos
foi R$ 18,00, valor 17% maior que o registrado em 2009 e
76% acima do estipulado para cobrir os gastos com a cultura. Cerca de 90% do cultivo na região é de banana-prata.
A Abanorte representa cerca de 3.000 produtores,
dos quais 500 só plantam banana. A lavoura é toda
irrigada. As outras frutas cultivadas são limão tahiti,
manga, mamão, maracujá, goiaba e melancia. A maioria
dos produtores são de porte médio com propriedades de
aproximadamente 100 ha. A fruta é comercializada no
mercado mineiro e nos estados de Rio de Janeiro, São
Paulo e Espírito Santo.
Colares destaca que estão obtendo excelentes resultados com a opção pelo controle biológico, usando
o mínimo necessário de produtos químicos. O ganho
é proporcionado pela adesão à Produção Integrada de
Frutas (PIF). Atualmente, 3.000 hectares estão aptos à
certificação do PIF. No entanto, o diretor da Abanorte lamenta que a diferenciação ainda não tenha agregado um
valor maior ao produto na hora da comercialização.
Um dos fatores que beneficiaram os preços da banana
mineira em 2010 foi o aumento da demanda devido à redução da oferta no Vale do Ribeira, situado a 192 quilômetros de São Paulo e 220 quilômetros do Paraná. De acordo
com a Associação dos Bananicultores do Vale do Ribeira
(Abavar), a produção de 2010 teve queda de 40%, provocada pelas enchentes ocorridas nos primeiros meses do ano.
O volume produzido foi de 880 mil toneladas.
A região reúne em torno de 3.600 produtores, que
cultivam 46.000 hectares, dos quais 60% são de nanica e
40% de prata. De acordo com a Abavar, 5% dos fruticultores seguem as normas da PIF e a colheita ocorre o ano
todo. A média de produção por hectare é de 18 toneladas
de prata e 30 t de nanica. O mercado interno de São Paulo consome 90% da produção. A expectativa da Abavar
é que a safra de nanica será grande no começo de 2011 e
com falta de banana-prata. Isso eleva os preços nos primeiros meses do ano, que devem diminuir com a chegada
da safra de prata em agosto.
35
Large bunch
Production of bananas in Brazil
amounted to 7.072 million tons
in 2010, keeping the Country
in its position as 5th biggest
worldwide producer
The Brazilian banana crop in 2011 is expected to be bigger than last year. Total harvest is estimated at 7.506 million
tons, up 6.14% from the 7.072 million tons in 2010, according to a survey by the Brazilian Institute of Geography
and Statistics (IBGE). It is the second most produced fruit
in Brazil, coming only after oranges. Its edge over other fruit
lies in the fact that it grows in all regions and is harvested
year round. Supplies only decrease during cold winter periods in the South and Southeast.
The Northeast was the leader in production in 2010
with 2.679 million tons. It was followed by the Southeast,
with 2.261 million tons. The following regions come next:
South (1.026 million tons), North (845,957 t) and the
Center-West (257,612 t). The State of São Paulo was the
main producer with 1.271 million tons, followed by Bahia,
where the volume reached 1.079 million. In decreasing
order, the following states also produce bananas: Santa Catarina (672,892 t), Minas Gerais (654,314 t), Pernambuco
(542,295 t), Pará (527.432 t) and Ceará (445,169 mil t).
The rising trend also holds for the harvested area, which
is to reach 535 thousand hectares in 2011, up 6.95% from
the 500 thousand hectares in the previous season. Areas
devoted to bananas are estimated to soar 5.36%, from 536
thousand hectares in 2010 to 565 thousand in the current
season. Only average yields per hectare are reckoned to drop
0.76% in the current crop, falling from 14,123 kilos per ha
in 2010 to 14,016 kg/ha this year.
Brazil ranks first among the biggest banana
producers in the world, coming only after India (36 milPLANTED AREAS
lion t), Philippines (9.1 milAND PRODUCTION lion t), China (8.2 million
ARE POISED TO SOAR t) and Ecuador (7.6 million
t). According to researcher
IN 2011
36
Edson Perito Amorim, of Embrapa Cassava and Fruit Farming, in Cruz das Almas (Bahia), the lack of enhanced varieties with good agronomic characteristics is one of the obstacles faced by the sector, accompanied by post-harvest, commercialization and conservation problems. Other hurdles are
diseases, particularly black sigatoka, which infests São Paulo,
Santa Catarina and the North of Brazil; yellow sigatoka and
the Panama disease.
Brazilian banana exports dropped 3% in 2010, remaining at 139,553 tons, compared to 143,871 t in 2009. In
revenue, the total in 2010 – US$ FOB 45.398 million – was
up 15.24% from 2009, when it was US$ (FOB) 39.394
million. According to the executive manager of the Brazilian Fruit Institute (Ibraf ), Maurício Ferraz, of the total
volume exported in 2010, 75 thousand tons were destined
for Argentina and Uruguay. The bananas were produced in
the South, especially in the State of Santa Catarina. Europe
imported about 63 thousand tons. Ferraz remarks that the
businesses were ill affected by climate problems, like excessive precipitation, resulting into big multinational groups
getting out of the business. Furthermore, the high value of
the Brazilian currency made Brazilian prices less attractive.
RADIOGRAFIA - X-RAY
Produção brasileira de banana
Descrição
Brasil (t)
2010*
2011*
7.072.076 7.506.187
Variação
6,14%
Área plantada (ha)
536.370
565.137
5,36%
Área colhida (ha)
500.732
535.533
6,95%
Produtividade (kg/ha)
14.123
14.016
- 0,76%
Fonte: IBGE - Levantamento Sistemático da Produção Agrícola
*Estimativas
paid for the bananas produced in
the North of Minas Gerais in 2010
encouraged the farmers to invest
more in this crop. According to the
president of the Central Association
of Fruit Growers in North Minas
Gerais (Abanorte), Dirceu Colares,
the banana plantations were expanded by some 10% and renewed. As a
result, production volumes are reckoned to soar about 300 tons a year. The planted are in 2010 reached
11,000 hectares. The biggest area
increases occurred in new regions,
where the Jaíba project is now being implemented. At the previous
crop, a 20-kilo box of silver banana
sold for an average of R$ 18.00, up
17% from 2009 and 76% above
the stipulated production cost. The
silver banana variety predominates in
about 90% of all cultivations.
Abanorte represents about 3,000
producers, of which 500 are entirely
devoted to cultivating bananas. The
farms are irrigated. Other fruit cultivated in the region are Tahiti lemon,
mango, papaya, guava, passion fruit
and watermelon. Medium-scale growers prevail across the region, with farms
of approximately 100 hectares. The
fruit are sold in Minas Gerais, Rio de
Janeiro, São Paulo and Espírito Santo. Colares refers to excellent results
achieved through biological control
methods, with scarcely any use of
agrochemicals. The gain is provided
by the adhesion to the Integrated
Fruit Production Program (PIF).
Currently, 3,000 hectares comply
with all the PIF certification standards. Nevertheless, the director of
Abanorte regrets that the difference
has not yet added any relevant value
at commercialization.
One of the factors that greatly
benefited the prices of the bananas
produced in Minas Gerais in 2010
was a significant rise in demand derived from the crop frustration in Vale
do Ribeira, situated 192 kilometers
from São Paulo and 220 kilometers
from Paraná. According to the Banana
Growers Association of Vale do Ribeira (Abavar), the crop in 2010 suffered
a reduction of 40%, caused by the
floods occurred over the first months
of the year. Total production reached
880 thousand tons. The region comprises some
3,600 growers, with a planted area of
46,000 hectares, of which 60% are
nanica and 40% silver. According to
Abavar, 5% of the farmers comply
with the PIF standards, and harvest
takes place year round. Average yield
per hectare reaches 18 tons of silver
banana and 30 tons of nanica. The
internal market in São Paulo consumes 90% of the entire production.
Abavar is expecting a huge nanica
crop in early 2011, while there will
be shortages of silver bananas. This
drives up the prices over the first
months of the year, but with the
arrival of the silver crop in August,
they will go down again.
Sílvio Ávila
FAVORABLE The good prices
37
Sílvio Ávila
Laranja Orange
38
Chuva chata
Condições climáticas desfavoráveis na época da floração
levaram à diminuição da produção nos pomares de laranja
As condições climáticas prejudicaram a safra brasileira de
laranja em 2010 nas principais regiões produtoras. Em São
Paulo, Estado que detém 80% do parque citrícola comercial
do País, a colheita atingiu a 297,5 milhões de caixas de 40,8
quilos, queda de 1% em relação às 300 milhões de caixas obtidas em 2009. No levantamento de dezembro da Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab), em convênio com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo (SAA),
foram desconsideradas 22,6 milhões de caixas perdidas e 2,1
milhões de caixas produzidas para consumo doméstico.
A área total plantada em São Paulo é de 608,6 mil hectares, com pomar produtivo de 555,1 mil ha. A produtividade ficou abaixo da média estadual com 1,75 caixa por
planta. Do total comercializado, a estimativa é que 82,7%
tenham sido destinados à indústria processadora de suco, o
equivalente a 246,1 milhões de caixas. A produção nacional,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), está estimada para 2010 em 18,9 milhões de
toneladas em área cultivada de 802,5 mil ha. No ano
anterior, a safra brasileira ficou em 17,6 milhões de t.
O engenheiro agrônomo Antônio Marcos Alves de
Oliveira, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), órgão da SAA, que atua em Mogi Mirim, no
leste do Estado, explica que no segundo semestre de 2009,
no período de floração dos pés, ocorreram muitas chuvas,
diminuindo em até 30% a produção em algumas regiões.
“Com a safra menor e baixos estoques de suco, o preço da
laranja ao produtor melhorou bastante”, enfatiza. Segundo
ele, citricultores sem contrato com a indústria chegaram a
receber R$ 15,00 pela caixa, enquanto aqueles com contrato
antigo não passaram de R$ 11,00.
As dificuldades enfrentadas pelo setor frearam os investimentos em novos pomares, situação que acabou se
revertendo em 2010. Conforme dados da Coordenadoria
de Defesa Agropecuária de São Paulo (CDA), em 2009
foram vendidas 5 milhões de mudas de citros e, em 2010,
a comercialização subiu para 11 milhões de mudas. “Esses
números mostram a recuperação do setor em função da
melhora no preço recebido por
caixa”, destaca. Dessa forma,
IBGE ESTIMA
a expectativa é que haja cresSAFRA DE 18,9
cimento de safra em 2011,
MILHÕES DE
tanto que a Conab estima
TONELADAS EM
para o período produção de
353 milhões de caixas no Es2010
tado de São Paulo.
EXPORTAÇÕES Em relação ao mercado externo, o ano de 2010 reservou uma grata surpresa: aumento significativo
nos embarques de laranja fresca. Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), foram embarcadas 37,8 mil toneladas da fruta, o que gerou
receita de US$ 16,2 milhões. O desempenho foi superior a 2009 em 44,44% do volume e 43,49% do faturamento.
O incremento deve-se às melhorias ocorridas no tratamento da fruta nos pomares e nos packing houses. Até meados
dos anos 2000, havia muitas restrições à laranja brasileira em função da ocorrência da pinta-preta, doença causada pelo
fungo Guignardia citricarpa, que provoca a queda dos frutos.
39
Tiresome rain
Unfavorable climate conditions
at blossoming time reduced
yields in the orange orchards
Sílvio Ávila
The 2010 orange crop in Brazil suffered huge losses
induced by unfavorable climate conditions. In São Paulo,
State that is home to 80% of all commercial citrus crops
in the Country, harvest amounted to 297.5 million 40.8-
40
kilo boxes, down 1% from the 300 million boxes in 2009.
The December survey, conducted by the National Supply
Company (Conab), jointly with the Secretariat of Agriculture and Supply of São Paulo (SAA), disregarded 22.6
million boxes that got lost and 2.1 million destined for
domestic consumption.
The total planted area in São Paulo reaches 608.6 thousand hectares, with productive orchards covering an area of
555.1 thousand hectares. Productivity fell below average in
the state and remained at 1.75 boxes per plant. Of the total, it
is estimated that 82.7%, equivalent to 246.1 boxes, were destined for the juice processing industry. Nationwide, according
to the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE),
the production volumes are estimated to reach 18.9 million
tons in 2011, harvested from an area of 802.5 thousand hectares. In the previous year, the size of the Brazilian orange crop
reached 17.6 million tons.
Agronomic engineer Antônio Marcos Alves de Oliveira,
DO PÉ - TREE BY TREE
Produção brasileira de laranja
Ano
Toneladas
2007
18.684.985
2008
18.538.084
2009
17.618.450
2010*
18.982.647
Fonte: IBGE / *Estimativa
CONQUISTOU - A CONQUEST
Exportações de laranja
Ano
Valor (US$ FOB) Volume (kg)
2009
11.343.154
26.185.254
2010
16.276.736
37.821.810
Fonte: Secex
member of the Integral Technical
Assistance Department (Cati),
an organ of the SAA, based
IBGE ESTIMATES
in Mogi Mirim, east of the
THE CROP AT
state, explains that in the
18.9 MILLION
second half of 2009, at blosTONS IN 2010
soming time, heavy rains occurred, reducing by up to 30%
the production volumes in some
regions.
“With the smaller crop and low juice stocks, farm gate orange
prices improved considerably”, he says. According to him,
independent citrus producers, with no industry contract,
fetched up to R$ 15.00 a box, while those chained to longterm contracts received no more than R$ 11.00.
The difficulties faced by the growers curbed investments
in new orchards, a situation that was reversed in 2010. According to data by the São Paulo Agriculture Defense Department (CDA), in 2009 sales of citrus seedlings amounted
to 5 million and, in 2010, it was 11 million. “These figures
attest to the recovery of the sector, as a result of the higher
prices per box”, he points out. This leads us to expect a rise
in the 2011 crop, and Conab openly refers to a crop of 353
million boxes for 2011, in the State of São Paulo.
EXPORTS Regarding the foreign market, the year
2010 had a pleasant surprise in store: soaring shipments of fresh oranges. According to data released by
the Brazilian Secretariat of Foreign Trade (Secex), an
organ of the Ministry of Development, Industry and
Foreign Trade (MDIC), 37.8 thousand tons of the fruit
were shipped abroad, bringing in revenue of US$ 16.2
million. The performance was up 44.44% in volume
and 43.49% in revenue from 2009.
The credit of this excellent performance goes to
improvements to orchard cultural practices and to
packing houses. Until mid-2000, there were an array
of restrictions levied on Brazilian oranges by virtue
of black spot outbreaks, a disease caused by the
fungus Guignardia citricarpa, which causes the fruit
to fall from the trees.
41
Limão Lemon
Ganhando
terreno
Sílvio Ávila
São Paulo ainda domina a área de limão no Brasil,
mas novos pomares se expandem em outros estados
42
A qualidade do limão colhido em 2010 foi prejudicada
pela prolongada estiagem, entre julho e agosto, que atingiu
os pomares do Estado de São Paulo, maior produtor do
País. Conforme as estimativas do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), a safra foi de 972.437 toneladas, repetindo o desempenho de 2009, em área plantada
de 41.388 hectares.
Com relação ao mercado externo, ocorreu queda de
4,99% no volume, tendo sido embarcadas 63.060 t em
2010. A receita apurada no período apresentou crescimento
de 15,82% frente a 2009, fechando em US$ 50,6 milhões.
Os números são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex),
vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC).
O presidente da Associação dos Produtores e Exportadores de Limão (Abpel), Waldyr Promícia, destaca que 2010
foi um bom ano para o produtor. Com menos fruta no mercado, a caixa de 27 quilos chegou a ser vendida a R$ 20,00.
“Em anos anteriores, a melhor média nunca havia passado
de R$ 14,00”, conta. Em janeiro de 2011, por exemplo, a
EXPANSÃO São Paulo ainda
detém 80% do parque produtivo de
limão do Brasil. No entanto, é visível
a expansão dos pomares por todo o
País. Um bom exemplo vem da região
norte de Minas Gerais, impulsionado
pelo projeto Jaíba, que é um grande
programa de irrigação na margem
do rio São Francisco. Os promotores
da iniciativa são a Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São
Francisco e do Parnaíba (Codevasf ),
ligada ao Ministério da Integração
Nacional, e a Fundação Rural Mineira, vinculada à Secretaria de Estado
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.
Os primeiros trabalhos de implantação começaram há 30 anos. Na
caixa estava sendo vendida a R$ 10,00.
Para o exportador, contudo, a remuneração não foi a esperada. “Por causa da baixa qualidade da fruta não se conseguia
um preço que compensasse”, justifica. No entanto, conforme
Promícia, em janeiro de 2011 já podia-se sentir a recuperação
do setor. “Melhorou a qualidade e tivemos mais demanda”,
enfatiza. O limão também estava sendo prejudicado pela recessão provocada pela crise econômica de 2008 e 2009.
Segundo o presidente da
Abpel, uma das surpresas
ESTIMATIVA
entre os mercados consumidores no exterior tem
APONTA PARA
sido a Inglaterra, que hoje
COLHEITA 2010
é o melhor comprador
IGUAL À DE 2009
do Brasil, ultrapassando a
Alemanha. Em fevereiro de
2011, a Abpel realizou uma
promoção em escolas na Inglaterra, batizada de Lime Day,
dentro do programa setorial Brazilian Fruit. “Apresentamos
o limão e os alunos criaram as receitas”, conta.
primeira etapa foram abrangidos 19
mil hectares. A segunda fase está em
consolidação, com aproximadamente
16 mil ha. A intenção, que era chegar
a 100 mil ha na conclusão do projeto,
passou a ser de 70 mil ha, em função
das restrições impostas pelo Código
Florestal. O Jaíba tem como carro-chefe a fruticultura, principalmente
com banana e manga, e atualmente
possui áreas com cana-de-açúcar.
Entre as frutas cultivadas no
norte de Minas, o limão é uma das
que mais cresce. Há sete anos foi
criada a Associação dos Produtores
de Limão, Manga e Outras Frutas
do Jaíba (Aslim). O presidente da
entidade, Darcy da Silveira Glória,
explica que houve toda uma pre-
paração com participação em feiras
e visitas a regiões produtoras. Em
2004, os associados começaram a exportar. “Saiam dois contêineres por
semana”, conta Glória.
Depois de usar packing houses
alugados ou emprestados, a Aslim
construiu a sua própria estrutura com
câmara fria, inaugurada em junho de
2010. “Hoje sai do Jaíba seis contêineres de limão por dia para Salvador
(BA) e Santos (SP)”, comemora. Os
associados possuem 3 mil ha em
produção, num total de 930 mil pés.
Segundo Glória, a tendência é aumentar a área com limão e também
as vendas externas, com a implantação de uma empresa exportadora em
Jaíba, facilitando os embarques.
43
Gaining
momentum
Inor /Ag. Assmann
São Paulo is still the
leading lemon producer
in Brazil, but new
orchards are finding their
way into other states
SEM NOVIDADES
NO NOVELTIES
Produção brasileira de limão
Ano
Toneladas
2007
1.018.703
2008
965.333
2009
972.437
2010*
972.437
Fonte: IBGE / * Estimativa
ROTA DE SAÍDA - EXIT ROUTE
Exportações de limão
Ano
Valor (US$ FOB) Volume (kg)
2009
43.771.018
66.374.045
2010
50.693.603
63.060.909
Fonte: Secex
44
The quality of the lemons harvested in 2010 was affected by the prolonged drought, from July to August, which hit the
orchards in the State of São Paulo, leading producer in the Country. According to estimates by the Brazilian Institute of
Geography and Statistics (IBGE), the crop amounted to 972,437 tons, a repeat of the performance in 2009, from a planted
area of 41,388 hectares.
As to the foreign market, there was a 4.99% decline in volume, and 63,060 t were shipped in 2010. Revenue derived from the exports was up 15.82% from 2009, totaling US$ 50.6 million. The figures were released by the
Brazilian Secretariat of Foreign Trade (Secex), an organ of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC).
The president of the Association of Lemon Producers and Exporters (Abpel), Waldyr Promícia,
emphasizes that 2010 was a good year for the producers. With less fruit in the market, a 27-kg
box sold for R$ 20.00. “In previous years, the highest average
had never exceeded R$ 14.00”, he remarks. In January
2011, for example, a box was selling for R$ 10.00. SIZE OF 2010
The remuneration for the exporters, nonetheCROP ON A PAR
less, lagged behind their expectations. “In light
WITH 2009
of the low quality of the fruit, no compensatory
prices were achieved”, he justifies. Nevertheless,
according to Promícia, by January 2011, there were
strong signs of recovery. “Quality improved and so did
demand”, he stresses. Lemon sales were also caught in the net of the ripple effects of
the 2008 and 2009 economic downturn.
According to the president of Abpel, Britain has come as a surprise among the
foreign consumers, and is now the leading buyer of Brazilian lemons, surpassing Germany. In February 2011 Abpel conducted promotional works, christened Lime Day, in
British schools, , within the context of the Brazilian Fruit program. “We introduced the
lemon, and the students came up with the recipes”, he says.
EXPANSION
São Paulo is still home to
80% of Brazil’s lemon production park. Nevertheless, there is
no doubt about the expansion of the
orchards across the entire Country. A good
example comes from the North of Minas Gerais,
driven by the Jaíba project, which consists in a huge irrigation program alongside the São Francisco River. The
initiative is under the responsibility of the Development
Company for the São francisco and Parnaíba River Valleys
(Codevasf ), an organ of the National Integration Ministry,
and Fundação Rural Mineira, linked to the Secretariat of
Agriculture, Livestock and Food Supply of Minas Gerais.
The first implementation works started 30 years ago. The
first step involved 19 thousand hectares. The second step
is now going through its consolidation phase, comprising
approximately 16 thousand hectares. The target of 100
thousand hectares by the conclusion of the project, was
reduced to 70 thousand by virtue of restrictions imposed
by the Forestry Code. Fruit farming is Jaíba’s flagship,
particularly bananas and mangos and, more recently, sugar
cane plantations, too.
Among the fruit cultivated in North Minas Gerais,
lemon crops are constantly soaring. Seven years ago, the
Association of Lemon, Mango and other Jaíba Project
Fruit Producers (Aslim) was created. The president of the
entity, Darcy da Silveira Glória, explains that the long
preparation work included attendance at fairs and visits to
fruit producing regions. In 2004, the associate members
began shipping their products abroad. “Initially, it was two
containers per week”, Glória recalls.
After resorting to leased or rented packing houses, Aslim built its own structure, equipped with a cold storage,
inaugurated in June 2010. “Now it is six lemon containers
a day that leave Jaíba for Salvador (BA) and Santos (SP)”,
she celebrates. The affiliated members have 3 thousand
hectares under production, totaling 930 thousand plants.
According to Glória, the trend is for lemon planted areas to increase and exports are supposed to follow suit,
through the implantation of an export company in Jaíba,
which is supposed to pave the way for shipments abroad.
45
Maçã Apple
Castigada
Sílvio Ávila
Clima inadequado é o responsável
pela queda de até 25% na produção
brasileira de maçã na safra 2010/11
46
Ao contrário do ciclo anterior, a produção de maçã da
safra 2010/11 vai amargar queda no volume total entre 20%
e 25%. “A cultura foi prejudicada, principalmente, pela ocorrência de granizo e geadas tardias em algumas regiões e pela
temporada atual ser novamente de alternância para a variedade fuji”, relata Pierre Nicolas Pérès, presidente da Associação
Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM). Pela estimativa do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o recuo
da produção deverá ser de 8,70%. A safra atual deverá ser
composta pelos seguintes tipos de maçã: 62% de gala, 32% de
fuji e 6% de outras variedades.
A colheita de 2009/10 rendeu 1,274 milhão de toneladas,
superando em 4,44% a temporada 2008/09, que produziu
1,220 milhão de t. De acordo com Pérès, o resultado foi beneficiado pelas condições climáticas, que favoreceram a geração
de frutos com tamanho maior. O ano também foi de recuperação de alternancia da variedade fuji. Os pomares da fruta
estão concentrados na região Sul, que respondeu por 1,272
milhão de t em 2009/10. Santa Catarina colheu 680 mil t,
seguida de Rio Grande do Sul (537.507 t) e Paraná (55.350
t). O Estado de São Paulo, com 1.848 t, é o único que aparece
como produtor da região Sudeste, conforme o IBGE.
O ciclo passado registrou produtividade média de 33,1 t
por hectare. A área total plantada ocupou 30.154 ha. O pre-
sidente da ABPM explica que não há levantamento das áreas
plantadas que ainda não entraram em produção, mas considera-se que essas macieiras ocupem entre 5% e 10% da área
total. O IBGE apura percentual menor, em torno de 1,66%.
Os fatores mais comuns que impedem uma área de ser
colhida são granizo severo, geada tardia e se o pomar não
tiver entrado em produção. Dependendo do tipo de muda,
os primeiros frutos começam a ser produzidos entre o segundo e o quarto ano de plantio. “Os números referentes
às áreas colhida e plantada
em 2009/10 têm a ver
SETOR GERA
apenas com os pomares ainda não pro176 MIL EMPREGOS
dutivos, já que não
DIRETOS E
foram relatadas perdas
INDIRETOS
significativas por granizo e geada na referida
temporada”, observa.
Segundo Pérès, o consumo aparente é de cerca de 4,94
quilos por habitante ao ano. Estudo do Banco Regional de
Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), da economista Vera Regina Carvalho, de julho de 2010, aponta que o
segmento da maçã gera, direta e indiretamente, cerca de
176.500 empregos.
EM QUEDA O Brasil exportou 90.839 toneladas de maçãs em 2010, 7,5% inferior às 98.264 t comercializadas no
ano anterior. Em valor, a queda foi de 1,7%, rendendo US$ 55,365 milhões, em 2010, ante US$ 56,328 milhões em
2009. “Principalmente a valorização do câmbio brasileiro tem desestimulado, nos últimos anos, a exportação em volume”, esclarece Pierre Nicolas Pérès, presidente da ABPM.
Do total negociado, 80,2% foi comprado por países que integram a União Europeia e 3,6% pela Comunidade dos Estados Independentes, com a Rússia representando quase 100% desse percentual menor.
A Geórgia também adquiriu um pequeno volume. Os demais destinos foram Ásia (8,09%); Oriente
Médio (4,5%); África (2%); Nafta, que abrange Estados Unidos, Canadá e México (1,28%); e outros
mercados (0,34%). Conforme Pérès, as variedades exportadas são principalmente as que compõem o grupo da gala, representando cerca de 75%. A fuji responde por 15% e outras variedades, 10%. “Em 2011, deveremos ter queda no volume exportado em relação a 2009,
especialmente em função da valorização da moeda nacional frente ao euro”, estima.
O Brasil importou 76.879 t de maçãs em 2010. Desse volume, 63% vieram da
Argentina, 30,24% do Chile, 3,51% da França, 1,58% da Itália e 1,66% de outras
origens. A compra externa representou US$ 60,046 milhões, tornando a balança comercial do produto deficitária. “Resultado totalmente atrelado à moeda brasileira, que
está valorizada”, destaca Pérès. As duas variedades mais compradas são Red delicious,
que compõe a principal oferta da Argentina, e gala, que é o grosso da oferta de países como Chile, França e Itália. É difícil, segundo o presidente da ABPM, estimar
como a importação vai se comportar em 2011. “O câmbio poderá estimular um
aumento. Por outro lado, a Europa tem estoque de maçãs em torno de 10%
inferior ao de 2010 e os Estados Unidos, cerca de 3% menor”, pondera.
47
Sílvio Ávila
Severely affected
by Rio Grande do Sul (537,507 t) and Paraná (55,350 t).
The State of de São Paulo, with 1,848 t, is the only state in
the Southeast that produces apples, from IBGE sources.
Average yields in the previous season reached 33.1 t per
hectare. The total planted area occupied 30,154 hectares. The
Contrary to the previous year, the 2010/11 apple crop
president of ABPM explains that there is no survey of the plantis 20% to 25% smaller than last year. “The plantations
ed areas that have not started producing yet, but it is believed
were particularly damaged by untimely hailstorms and
that these apple trees correspond from 5% to 10% of the total,
frost conditions in some regions and by the fact that the
but IBGE sources refer to a smaller area, about 1.66%. fuji variety predominates in the current apple variety alThe most common factors that prevent an area from beternation stage”, says Pierre Nicolas Pérès, president of the
ing harvested are severe hailstorms, late frost conditions and
Brazilian Association of Apple Growers (ABPM). Accordwhen the orchard has not started producing yet. Depending
ing to an estimate by the Brazilian Institute of Geography
on the type of seedling, the first fruit develop between the
and Statistics (IBGE), the crop is supposed to
second and the fourth year after planting.
recede 8.70%. The current crop comprises
“The figures referring to the areas planted
SECTOR GENERATES and harvested in the 2009/10 crop year
the following varieties: 62% gala, 32%
176 THOUSAND
fuji and 6% of other varieties. only address the non-productive orchards,
DIRECT AND
The 2009/10 harvest reached 1.274
since no significant losses due to hailmillion tons, up 4.44% from the 2008/09
storms and frost conditions have been
INDIRECT JOBS
season, when the total volume amounted to
reported with regard to the crop in ques1,220 million tons. Peres understands that the
tion”, he observes.
good climate conditions were responsible for the
According to Pérès, consumption seems to remain at
generation of big fruit. The year was also high season for the 4.94 kilos per person a year. A study by the Regional Bank
fuji variety, which alternates with other varieties. The orfor the Development of the Extreme South (BRDE), conchards of this variety are mainly located in the South, where
ducted under the supervision of Vera Regina Carvalho, in
a total of 1.272 million tons were produced in the 2009/10
July 2010, credits the apple segment with the generation of
season. Santa Catarina harvested 680 thousand t, followed
about 176,500 jobs.
Unfavorable climate blamed for a
25-percent drop in the Brazilian
apple crop in 2010/11
48
ON THE DECLINE Brazil exported 90,839 tons of apples in 2010, down
7.5% from the 98,264 t sold the previous year. In value, the fall reached 1.7%, bringing in US$ 55.365 million in 2010, against US$ 56.328 million in 2009. “Basically, it
is the Brazilian exchange rate policy that has been discouraging export initiatives over
the past few years”, clarifies Pierre Nicolas Pérès, president of ABPM.
Of the total shipments, 80.2% were destined for the European Union countries
and 3.6% for the Community of Independent States, with Russia accounting for
almost 100% of this minor percentage. Georgia has also acquired a small volume.
The other destinations were Asia (8.09%); Middle East (4.5%); Africa (2%); Nafta,
comprising the United States, Canada and Mexico (1.28%); and other markets
(0.34%). According to Pérès, the most exported varieties belong to the gala group,
corresponding to 75%. Fuji accounts for 15% and the other varieties, for 10%. “In
2011, exports will certainly be smaller than in 2009, particularly by virtue of the
high values of the national currency against the euro”, he reckons.
Brazil imported 76,879 t of apples in 2010. Of this volume, 63% came from Argentina, 30.24% from Chile, 3.51% from France, 1.58% from Italy and 1.66% from other
origins. Foreign purchases amounted to US$ 60.046 million, causing a deficit to the trade
balance of this fruit. “A result chained to the now high valued Brazilian currency”, says
Pérès. The two most purchased varieties are Red delicious, especially from Argentina, and
gala, mostly supplied by Chile, France and Italy. At the moment, the ABPM comments,
there is no way estimating how apple imports are going to fare in 2011. “The exchange
rate may push imports up. On the other hand, the apple stocks in Europe are 10% smaller
than in 2010, and in the United States they are 3% lower”, he ponders.
NA SEQUÊNCIA
IN THE SEQUENCE
Histórico da produção brasileira
Ano
Volume (t)
2005
850.535
2006
863.019
2007
1.115.379
2008
1.124.155
2009
1.220.499
2010
1.274.705
2011
1.163.819 *
Fonte: IBGE / *Estimativa
SABOR DO SUL
TASTE OF THE SOUTH
Produção brasileira de maçã 2010*
Estado
Volume (t)
Santa Catarina
680.000
Rio Grande do Sul
537.507
Paraná
55.350
São Paulo
Total
Fonte: IBGE / *Estimativa
1.848
1.274.705
Mamão Papaya
Por
amadurecer
Sílvio Ávila
Enquanto a oferta nacional de
mamão mantém-se estável, o
volume exportado está em queda
50
sequência do aumento da oferta e da queda na renda no
A produção brasileira de mamão, a maior do mundo,
segundo semestre de 2010, a tendência para a temporada
apresenta poucas alterações nos últimos anos. Desde 2006
2011 aponta para redução ou a não renovação de pomares.
oscila entre 1,8 e 1,9 milhão de toneladas anuais, enquanto
A estimativa do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf ) para
a exportação do produto, de reconhecida qualidade e que já
2010 era de manutenção da produção.
obteve resultados melhores, estacionou em 27 mil t. O dado
A exportação do produto, que chegou a alcançar 39 mil
mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
t em 2003, ficou em 30 mil, 27,5 mil e 27 mil t, respecti(IBGE), relativo a 2009, registra oferta de 1,792 milhão de
vamente, em 2008, 2009 e 2010, limitando-se
t, ante 1,890 milhão da temporada anterior. A área
ainda a 1,5% da colheita. O valor obtido
colhida foi de 34,2 mil hectares, inferior aos
com as operações internacionais em 2010
36,5 mil ha do ano precedente.
COLHEITA RENDEU
foi US$ 35,1 milhões, pouco acima dos
Em termos de rentabilidade, o Va1,7 MILHÃO DE
US$ 34,4 milhões alcançados em 2009.
lor Bruto da Produção (VBP) em 2009
TONELADAS
Os principais destinos têm sido Comunifoi calculado em R$ 1,348 bilhão, bem
EM
2009
dade Europeia e Estados Unidos.
acima do R$ 1 bilhão apurado um ano
O maior exportador é o Estado do Espíriantes. Esse fato teria justificado uma nova
to Santo, com 12,3 mil t em 2010 (mesmo nível
recuperação da área em 2010, na ordem de
do período anterior), seguido da Bahia, que embarcou 7,6 mil t,
7%, referentes às principais regiões de plantio, segundo
registrando alta na comparação com 2009, quando vendeu 6,4
análise de Aline Mariana Rodrigues, da Equipe Hortifruti
Brasil, do Centro de Economia Aplicada (Cepea) da Escola mil t ao exterior. Em termos de produção, a Bahia colhe mais
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), vinculada (891 mil t em 2009), seguida de Espírito Santo (550 mil t), Ceará e Rio Grande do Norte, ambos com 104 mil t.
à Universidade de São Paulo (USP). Porém, como con-
OLHAR DIFERENCIADO Para o presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Papaya (Brapex),
Francisco Faleiro, está-se enfrentando uma grave crise na atividade. “Convive-se com um problema muito sério de ampliação de custos na produção, sobretudo relacionados à mão de obra, que teve uma elevação na ordem de 1.000% em
oito anos”, analisa. Cita também aumentos nos insumos agrícolas de quase 500% numa década, enquanto o câmbio
teve expansão abaixo de 75%, além de considerar o custo financeiro muito alto – chega a atingir de 20% a 24%. Paralelamente, registra dificuldades em relação a adversidades climáticas nos últimos dois anos.
Todos esses fatores levaram o setor a perder competitividade no mercado externo. Para o futuro, Faleiro não vê
boas perspectivas se não houver “um olhar diferenciado do governo para o setor agrícola exportador, como um todo,
que tanto representa para a balança comercial (40%)”. Vê imperiosidade de revisão na política trabalhista; desoneração
fiscal; e estabelecimento de um câmbio distinto para a atividade.
O diretor técnico do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Aureliano
Nogueira da Costa, tem uma visão otimista em relação à cultura. A entidade, que no fim de 2010 lançou mais uma
variedade de mamão para o tipo Formosa, substituindo semente importada, tem atuado no acompanhamento técnico
e monitoramento da produção, que no Espírito Santo apresenta rendimento superior, incluindo áreas irrigadas.
Na avaliação de Costa, o mercado interno mostra-se bom e busca-se inserir o produto no programa da merenda
escolar, além de outros espaços, como nos grandes eventos esportivos previstos para o País. Ademais apresenta-se como
uma cadeia preferencial na diversificação frutícola do Estado. A representatividade da cultura para o principal estado
produtor é destacada pelos dados da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia (Seagri). Além de
render mais de R$ 700 milhões por ano, gera cerca de 10 mil empregos diretos no campo e 15 mil indiretos.
51
Ripening up
While things remain stable on
the national supply side, exported
volumes have been falling
Sílvio Ávila
The Brazilian papaya crop, the largest in the world,
has been rather stable over the past years. Since 2006 it has
remained in the range of 1.8 and 1.9 million tons a year,
whereas exports of the fruit, of an acknowledged high quality and with better performance in the past, have stabilized at
27 thousand tons. The latest figure released by the Brazilian
Institute of Geography and Statistics (IBGE), relative to 2009,
registers a supply of 1.792 million tons, compared to the
1.890 million in the previous year. The planted area reached
52
34.2 thousand hectares, while last year it was 36.5 thousand. On the profit side, the Gross Production Value (GPV) in
2009 was calculated at R$ 1.348 billion, much above the R$
1 billion the year before. This fact was supposed to have justified a new area recovery in 2010, around 7%, in the major
growing regions, according to an analysis by Aline Mariana
Rodrigues, of Equipe Hortifruti Brasil, of the Center for Advanced Studies on Applied Economics (Cepea), linked with
the Higher Agricultural School Luiz de Queiroz (Esalq), a
division of the University of São Paulo (USP). Nevertheless, as
a consequence of soaring supply and falling income in the second half of 2010, the trend for 2011 points to area reductions
or no orchard renewal initiatives. The Brazilian Fruit Institute
(Ibraf ) had estimated a stable production volume for 2010.
Shipments abroad, which amounted to 39 thousand tons
in 2003, fell to 30 thousand, 27.5 thousand and 27 thousand,
respectively in 2008, 2009 and 2010, representing 1.5-percent of the entire harvest. The value derived from international operations last year reached US$ 35.1 million, slightly
above the US$ 34.4 million in 2009. Major destinations have
been the European Community and the United States.
The State of Espírito Santo is the leading exporter, with
12.3 thousand tons in 2010 (equal to the last period), followed by Bahia, with 7.6 thousand tons, exceeding the 2009
figures, when the state shipped 6.4 thousand tons abroad. In
terms of production, Bahia harvested more (891 thousand
tons in 2009), followed by Espírito Santo (550 thousand t),
Ceará and Rio Grande do
Norte, both with 104
thousand t.
HARVEST
AMOUNTED TO
1.7 MILLION
TONS IN 2009
VALORIZADA - HIGHLY VALUED
Exportações de mamão
Ano
US$ FOB
Peso (Kg)
2009
34.457.466
27.554.464
2010
35.121.752
27.057.332
Fonte: Secex/MDIC
FORÇA REDUZIDA - REDUCED STRENGTH
Produção brasileira de mamão
Ano
Área colhida (ha)
Produção (t)
2008
36.585
1.890.286
2009
34.213
1.792.594
Fonte: IBGE (Pesquisa Agrícola Municipal)
A VIEW FROM A DIFFERENT ANGLE
The president of the Brazilian Papaya Export Association (Brapex), Francisco Faleiro, spots a serious crisis in
the activity. “We are going through a serious problem
of rising production costs, particularly with regard to
labor, which soared around 1,000% over the past eight
years”, he analyzes. He also refers to almost 500-percent increases in input prices, over a decade, while the
exchange rate soared barely 75%, besides taking into
consideration the high financial costs – from 20% to
24%. Making things worse, there have been unfavorable climatic conditions over the past two years. All these factors made the sector less competitive in
the international market. For the future, Faleiro does not
spot any good perspective, unless “the federal government views the entire agricultural export sector from
a different angle, as a whole, for its relevant role in the
trade balance (40%)”. He also considers it urgent to take
the following steps: a revision of the labor policy; tax
exemption; and the establishment of a specific exchange
rate for the activity.
The technical director of the Espírito Santo Institute
for Agricultural Research, Technical Assistance and Rural Extension (Incaper), Aureliano Nogueira da Costa,
is rather optimistic with regard to the crop. The entity,
which launched a new papaya variety of the Formosa
type in late 2010, replacing imported seed, has given
technical assistance and monitored production, now
showing higher yields in the State of Espírito Santo due
to irrigation operations.
In Costa’s view, the domestic market is doing well
and now what is pursued is the insertion of the fruit
into school meals, besides other possible consumption
spaces, like at huge sports events scheduled throughout
the Country. Furthermore, papaya crops fit perfectly
into the category of fruit diversification initiatives
across the entire State.
The representative status of the crop for the leading
producer state is stressed through data released by the
Bahia Secretariat of Agriculture, Irrigation and land Reform (Seagri). Besides generating revenues that exceed
R$ 700 million a year, it is responsible for around 10
thousand direct jobs and 15 thousand indirect ones.
53
Manga Mango
De volta
pra casa
Sílvio Ávila
Desvalorização cambial e
avanço pouco expressivo
em produção fizeram o
setor manter o foco no
mercado interno
54
estimativa de produção do setor para 2010, conforme
Quem tem a oportunidade de apreciar o Vale do São
o Ibraf, revela que os números permaneceram estáveis.
Francisco de cima entende porque a região é referência naLima aponta que, com a expansão da área plantada até
cional quando o assunto é manga. Os contornos do rio São
2008, houve elevação em termos de oferta e, consequenFrancisco dividem as atenções com o verde das centenas de
pomares da fruta. Dos céus é possível admirar a cultura agrí- temente, queda dos preços e redução do volume de procola que movimenta a economia de nordestinos e brasileiros. dução. Assim como em outras áreas do agronegócio, o
câmbio também interferiu nas transações da manga.
Afinal, são cerca de 23 mil hectares de plantações que dão à
O pesquisador da Embrapa e o vice-presidente de
região o título de maior exportador brasileiro da fruta.
relações internacionais da Associação dos Produtores e ExEm 2010, o País embarcou 124.694 toneladas de manportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São
ga, 13,15% a mais que em 2009, de acordo com dados do
Francisco (Valexport), Arthur de Souza, concordam que,
Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf ). Desse número, 99.002
com a crise econômica, há três anos, as atent saíram do vale para ganhar solo internacioções dos produtores não se voltaram apenas
nal, ou seja, aproximadamente 80% dos
PRODUÇÃO DE
para o mercado externo, mas, também, para
embarques nacionais. Em valores, o
setor movimentou US$ 119,9 milhões,
MANGA ESTÁ ESTÁVEL as vendas internas. Prova disso é a expectativa
quanto ao selo de Indicação Geográfica, cono que representou variação positiva
EM 1,19 MILHÃO DE
cedido pelo Instituto Nacional da Propriedade 23,15% na comparação com o ano
TONELADAS
de Industrial (Inpi) em agosto de 2009.
anterior. Entre os principais compradores
Para Lima, a utilização do selo, que
figuraram países da Europa, como a Hoencontra-se em processo de implantação, surge
landa, para onde foram enviadas 60.941 t, e
como diferencial no mercado nacional ao estabelecer um
os Estados Unidos, que importaram 24.610 t.
padrão nas vendas. O otimismo com a iniciativa também
Quanto à produção, de acordo com o doutor em
economia aplicada João Ricardo Ferreira de Lima, da Em- percebe-se nas palavras de Souza. Na avaliação dele, a certificação vai agregar qualidade e reconhecimento às frutas
brapa Semiárido, de Petrolina (PE), a mangicultura não
produzidas no polo, além de beneficiar centenas de produregistrou incremento significativo. De acordo com dados
tores e de possibilitar que o consumidor os identifique no
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
competitivo cenário internacional.
em 2009 a colheita nacional foi de 1,197 milhão de t – a
NOVA ERA Ao lançar o selo de Indicação Geográfica (IG) durante a edição de 2010 da Feira Nacional da Agricultura Irrigada (Fenagri), realizada em Petrolina, o Vale do São Francisco deu início a um novo período de desenvolvimento na área da fruticultura. Com a certificação, conquistada por meio da parceria da União das Associações e
Cooperativas dos Produtores de Uvas Finas de Mesa e Mangas do Vale do Submédio São Francisco (Univale) junto a
instituições, como a unidade de Pernambuco do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-PE), a Embrapa Semiárido e a Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco (Faepe), serão beneficiados 342
produtores de manga e uva de mesa de Petrolina e Juazeiro (BA).
Conforme o pesquisador João Ricardo Ferreira de Lima, da Embrapa Semiárido, o selo, primeiro do País para frutas
in natura e que reúne produtores de dois estados, visa a evitar que a produção de outros lugares leve o nome do Vale do
São Francisco. Dessa forma, protege a qualidade e a notoriedade dos frutos produzidos na região, além de estabelecer um
padrão de qualidade. A identificação pode ser vista ainda como modelo para políticas de desenvolvimento regional.
O próximo passo será a caracterização das frutas e a pradronização necessária para que o produto tenha selo de IG,
salienta Arthur de Souza, da Valexport. Os critérios serão definidos por um comitê gestor composto por representantes
de instituições relacionadas com a iniciativa. A previsão é de que o selo passe a ser usado ainda em 2011. Por se tratar
de uma marca, sua utilização, porém, será possível apenas para os filiados da Univale.
55
Sílvio Ávila
Back home
Exchange rate depreciation and
scarce advance in production
induced the sector to keep the
focus on the domestic market
Those who have a chance to watch Vale do São Francisco
from above understand why the region is a national reference when the subject turns to mangos. The hundreds of
lush green fruit orchards across the surroundings of the São
Francisco River really capture the attention of the visitors.
56
From the sky, it is possible to admire the crop that drives the
economy of the people in the Northeast and Brazil. After all,
23 thousand hectares are devoted to this fruit, turning the
region into the leading Brazilian exporter of this fruit.
In 2010, mango shipments reached 124,694 tons, up
13.15% from 2009, from sources of the Brazilian Fruit Institute (Ibraf ). A total of 99,002 t left the Valley for international soil, that is to say, representing approximately 80% of all
national mango shipments abroad. In values the sector raked
in US$ 119.9 million, which represented a positive variation
of 23.15% compared to the previous year. Major buyers included European countries, like Holland, the destination of
DEVAGAR - SLOWLY
Produção brasileira de manga
Ano
Volume (em t)
2008
1,154
2009
1,197
2010*
1,197
Fonte: IBGE / *Estimativa
COM DESTINO
EXPORT ORIENTED
Exportação brasileira de manga
Ano
Volume (em t)
2008
133,724
2009
110,202
2010
124,694
Fonte: Ibraf
NEW ERA The Geographical Indication label, launched during the 2010 edition of the National Fair of Irrigated Agriculture,
held in Petrolina, gave rise to a new era of fruit farming development in Vale do São Francisco. With the certification, conquered
through a partnership between the Associations and Cooperatives
Union of the Fine Table Wines and Mango Producers of the SubMid São Francisco Valley (Univale) and such associations as the
Pernambuco Unit of the sebe Brazilian Micro and Small Business
Support Service (Sebrae), Embrapa Semiarid and the Agriculture
Federation of Pernambuco (Faepe), 342 mango and table grape
producers in Petrolina and Juazeiro (BA) will be benefited.
According to researcher João Ricardo Ferreira de Lima, of
Embrapa Semiarid, the label, pioneer in the Country for fresh
fruit, comprising producers of two states, is intended to prevent
the production of other regions to bear the Vale do São Francisco
name. It therefore protects the quality and the reputation of the
fruit produced in the region, besides introducing a quality pattern. The identification could further be viewed as a model for
regional development policies. The next step will consist in the characterization of the fruit
and the necessary standardization for the product to bear the GI
label, says Arthur de Souza, of Valexport. The criteria are to be
defined by a management committee made up of representatives
of institutions related to the initiative. It is estimated that the label
will enter into force before 2011 comes to a close. As it is a trademark, only Univale affiliated members will be allowed to use it.
60,941 t, and the United States, with imports of 24,610 t. and Byproducts Exporters (Valexport), Arthur de Souza, has
it that, because of the economic crisis, three years ago, the
With regard to production, according to João Ricardo
growers began to focus not only on the foreign market, but
Ferreira de Lima, PhD in applied economics, of Embrapa
Semiarid, in Petrolina (PE), mango farming did not register any on the domestic, too. What attests to this is the expectation
for the Geographical Indication label, granted by the Nasignificant expansion. Data from the Brazilian Institute of Getional Institute for Industrial Property (Inpi),
ography and Statistics (IBGE), reveal that in 2009
in August 2009. the total crop in Brazil amounted to 1.197
In Lima’s view, the use of the label, now
million t – while the estimated volume
MANGO
going through the implementation process,
for 2010, according to Ibraf, reveals
PRODUCTION
makes a difference in the domestic market,
stable figures. Lima comments that, with
STABLE AT 1.19
since it sets a sales pattern. The optimism
the expansion of the area planted up to
MILLION TONS
2008, supplies rose and, consequently,
regarding this initiative also surfaces in Souza’s
words. In his evaluation, certification will add
prices went down, and production volumes
quality and recognition to the fruit produced in
were reduced. Just like in other agribusiness
areas, the exchange rate also interfered in mango transactions.
the hub, besides benefiting hundreds of growers, while givEmbrapa researcher and vice-president of international
ing the consumers in the tight international market a chance
affairs with São Franscico Vale Association of Vegetables
to identify the product.
57
Melão Melon
Aqui e acolá
Sílvio Ávila
Com importante
presença na pauta de
exportações de frutas,
melão ganha espaço no
mercado interno, no
qual vendas cresceram
25% em 2010
58
nua sendo o câmbio defasado e incerto, avalia o presidente
A liderança alcançada pelo melão no volume de frutas
do Comitê Executivo de Fitossanidade do Rio Grande do
exportadas pelo Brasil manteve-se em 2010. No principal
Norte (Coex), Francisco Cipriano de Paula Segundo. Conpolo produtor, na divisa dos estados de Rio Grande do
tudo, após participar de evento anual do setor realizado em
Norte e Ceará, mais de 80% da colheita segue para outros
fevereiro na Europa, observa pequena e lenta resposta positipaíses, mas sem deixar de atender ao mercado interno. Após
va em nível externo diante das dificuldades econômicas ainum ano de dificuldades em 2009, quando os problemas
da presentes. No seu entender, já se permite expectativa de
econômicos mundiais determinaram redução entre 13%
leve aumento nas compras e recuperação de preços, ficando
e 20% nas operações externas do produto, 2010 também
mais próximos dos patamares históricos. Ele destaca as ações
não correspondeu devidamente às expectativas, ficando as
desenvolvidas para ampliar as vendas aos Estados Unidos,
vendas próximas ao obtido anteriormente. A quantidade coque compram pequena quantia e
mercializada (majoritariamente para a Europa) ficou em
praticamente apenas durante um
177,8 mil toneladas, montante 3,3% abaixo do ano
mês. Vislumbra meios de encamipassado. O valor recebido – US$ 121,969 milhões
EMBARQUE DE 177
nhar o assunto nas tratativas comer– praticamente se igualou ao do ciclo antecedente
MIL TONELADAS
ciais que envolverão a visita do pree foi superado pelo da uva.
RENDEU
US$
121
sidente americano, Barack Obama,
O comércio para fora do País ficou abaixo
MILHÕES
ao Brasil em março de 2011.
do esperado especialmente no segundo semestre,
O setor, contudo, também está
por conta do clima mais frio na Europa, inibindo o
de olho bem aberto para o aquecido
consumo, e da queda de produtividade no polo produmercado doméstico, com a ascensão de renda da população.
tor nos últimos meses do ano, conforme análise de Letícia
O dirigente do Coex tem informações de que o comércio
Julião, integrante da equipe Hortifruti Brasil, do Centro
interno do melão tenha aumentado até 25% em 2010, mas
de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), vin- enxerga condições de crescer mais. O assunto é pauta na
culada à Universidade de São Paulo (USP). No fim de 2010, Câmara Setorial da Fruticultura, da qual Segundo participa.
Entre os temas debatidos pela câmara estão o consumo aininiciaram-se chuvas intensas que se estenderam exageradas
da baixo de frutas no País (54 quilos por habitante ao ano
até o início de 2011 e prejudicaram a atividade, além da bacontra 200 kg na Europa) e a importância de se incentivar a
talha contra as pragas.
inserção delas no cardápio.
Outro grande problema enfrentado para exportar conti-
RUMO À ESTABILIDADE Depois do recuo de 495 mil para 340 mil toneladas em 2008, a produção de
melão no País atingiu a 403 mil t em 2009, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e ficou
nesse patamar em 2010, de acordo com estimativa feita com o Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf ). Em 2009, registrou-se a saída de uma grande empresa do setor e, em 2010, outra interrompeu momentaneamente atividades com a
cultura. No caso da Agrícola Famosa, que se destaca na produção e na exportação de frutas, com áreas no Ceará e no
Rio Grande do Norte, o movimento foi inverso – ampliou a área de melão de 3.400 para 4.000 hectares.
O Rio Grande do Norte ultrapassou o Ceará em produção na temporada 2009, com 201 mil t, ficando o segundo
colocado com 124 mil t. Em termos de áreas colhidas, apresentaram 7.182 e 4.888 ha, respectivamente. No âmbito
das transações internacionais, os cearenses, com dois portos, garantiram maior volume embarcado: 108 mil t, em
2009, e 103 mil t no último ano.
Produção representativa de melão ocorre ainda no Vale do São Francisco, na divisa dos estados da Bahia e de
Pernambuco, que inclusive registrou incremento de área de 1.360 para 2.000 ha em 2010. A ampliação deve-se à melhoria dos preços no mercado interno em 2009, conforme levantou o Cepea. Os dois estados, nos dados do IBGE de
2009, figuravam, respectivamente, com 32 mil e 16 mil t. E, entre as áreas cultivadas com a planta naquele ano, o Rio
Grande do Sul destacou-se com 2.146 ha e produção de 18 mil t.
59
Here and there
An important item on the list
of fruit exports, melons are
now working their way into the
domestic market, where sales
were up 25% in 2010
Sílvio Ávila
Melon sales, ranking first in fruit exports in Brazil, held
steady throughout the year 2010. In the major producing
hub, at the borders between the States of Rio Grande do
Norte and Ceará, more than 80% of the harvest is destined
for other countries, but without overlooking the domestic
scenario. After a year of difficulties in 2009, when the global
economic problems resulted into a reduction of around 13%
to 20% in the foreign operations of the product, 2010 was
equally not entirely favorable, and foreign sales barely reached
the levels of the previous year. The amounts negotiated (mainly to Europe) remained at 177.8 thousand tons, down 3.3%
60
from the previous year. The revenue from this sale – US$
121.969 million – did not differ much from the previous
season and was outstripped by the revenue from grape sales.
Foreign sales did not live up to expectations, especially
in the second half of the year, on account of the colder climate in Europe, inhibiting consumption, and because of the
decline in productivity in the producing hub over the final
months of the year, according to an analysis by Letícia Julião, member of the Hortifruti Brasil team, of the Center for
Advanced Studies on Applied Economics (Cepea), a division
of the High Agricultural School Luiz de Queiroz (Esalq),
linked to the University of São
Paulo
(USP). In late 2010, the
growing regions experiSHIPMENT OF 177
enced flood conditions
THOUSAND TONS
that went on until early
BROUGHT IN US$
2011, causing losses to
the crop and triggered
121 MILLION
pest outbreaks. Another serious prob-
lem that hinders exports is the erratic exchange rate, says the
president of the Phytosanitary Executive Committee of Rio
Grande do Norte (Coex), Francisco Cipriano de Paula Segundo. Nevertheless, after attending an annual event of the
sector held in Europe in February, he spots a minor and slow
positive response to the still existing economic crunches at
international level. In his view, there is slight expectation for
soaring purchases and price recovery, approaching the historical levels. He mentions the initiatives carried out towards
expanding our sales to the United States, a country that purchases small amounts, but practically during only one month.
He foresees a chance to have the subject included in the trade
negotiations which are to involve the visit of the American
president Barack Obama to Brazil, in March 2011. The sector is, however, also keeping an eye towards the
bustling domestic market, where the purchasing power of
the people is on the rise. The Coex official has learned that
domestic melon sales soared 25% in 2010, and spots chances
for further strides. The subject is on the agenda of the Fruit
Farming Sectorial Council, he serves as a member. The subjects debated by the council include the low consumption
levels of fruit in the Country (54 kg per person a year, compared to 200 kg in Europe) and the importance of encouraging the insertion of fruit in the daily diet.
HEADING FOR STABILITY After a retraction from 495 thousand tons to 340 thousand in
2008, the production of melons in the Country
reached 403 thousand tons in 2009, according to
figures released by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), and remained at that
level in 2010, from an estimate by the Brazilian Fruit
Institute (Ibraf ). In 2009, a huge company of sector got out of the business and in 2010, another one
interrupted temporarily its activities in this crop. In
the case of Agrícola Famosa, which is a prominent
fruit producer and exporter, with planted areas in the
States of Ceará and Rio Grande do Norte, what happened was just the opposite – it expanded it planted
area from 3,400 to 4,000 hectares.
Rio Grande do Norte outstripped Ceará in production volumes in the 2009 season, with 201 thousand tons, ranking second with a total of 124 thousand tons. In terms of harvested areas, they reached
7,182 and 4,888 ha, respectively. With regard to international transactions, Ceará, with two ports, came
out first in volumes shipped abroad: 108 thousand
tons in 2009, and 103 thousand last year.
Noteworthy melon crops also take place in
Vale do São Francisco, at the borders of the States
of Bahia and Pernambuco, where the planted area
soared from 1,360 to 2,000 hectares in 2010. The
expansion is due to better prices in the domestic
market in 2009, according to Cepea figures. The
two States, from IBGE figures in 2009, produced 32
and 16 thousand tons, respectively. And among the
areas planted to melon at that year, the State of Rio
Grande do Sul contributed with 2,146 hectares and
a production volume of 18 thousand tons.
PODE MELHORAR - LIKELY TO RISE
Exportações de melões frescos
Ano
US$ FOB
Peso (kg)
2008
152.132.031
211.789.635
2009
122.094.688
183.911.976
2010
121.969.814
177.828.525
Fonte: Secex/Aliceweb
TUDO IGUAL - NO CHANGE
Produção brasileira de melão
Ano
Área (ha)
Produção (t)
2008
15.788
340.464
2009
17.544
402.959
2010*
17.559**
402.959
Fonte: IBGE/Ibraf
*Estimativa
**Área plantada
61
Uva Grape
Faltou força
Sílvio Ávila
Com números de produção e
de exportação estáveis, setor
vitivinícola brasileiro ainda
trabalha para reverter quadro
imposto desde 2008
62
De acordo com Loiva Maria, no último ano o País apreMesmo munida de grandes poderes nutritivos, energétisentou déficit comercial de US$ 189,45 milhões, 60,84%
cos e terapêuticos, as uvas brasileiras não conseguiram comsuperior ao verificado em 2009. Houve aumento nas imporbater o quadro de produção estabelecido desde 2008, quantações de todos os itens e redução nas exportações de suco
do a crise econômica mundial fez os números diminuírem
de uva, vinhos de mesa e espumantes. Quanto às transações
de modo considerável. A taxa de câmbio, a competitividade
atrelada a outros países produtores, o alto custo de produção internacionais de uvas frescas, os números se mostraram um
pouco mais animadores. De acordo com o Instituto Brasileie o desestímulo dos vitivinicultores foram alguns dos fatores
ro de Frutas (Ibraf ), foram embarcadas 60.805 t em 2010, o
que inviabilizaram a expansão do setor, segundo o pesquique gerou receita de US$ 136,6 milhões. No ano anterior, os
sador na área de economia João Ricardo Lima, da Embrapa
envios totalizaram 54.559 t, no valor de US$ 110,5 milhões.
Semiárido, de Petrolina (PE).
O mercado externo para suco de uva,
Junto a isso, fatores climáticos desfavoráveis nas
vinhos de mesa e espumantes, poáreas de plantio de uvas para vinhos influenciaCOLHEITA DE
rém, apresentou redução.
ram de modo negativo. O resultado foi a coQuanto às áreas plantada e colhilheita de 1,295 milhão de toneladas em 2010,
UVAS CAIU PARA
da,
os números mostram evolução.
redução de 3,74% em relação ao ano anterior,
1,295 MILHÃO
No Brasil, de acordo com o Instituto
quando foram contabilizadas 1,345 milhão de
DE TONELADAS
Brasileiro de Geografia e Estatístit. Conforme a pesquisadora Loiva Maria Ribeica (IBGE), ocorreu incremento de
ro de Mello, da Embrapa Uva e Vinho, de Bento
1,37% e 2,04%, respectivamente. O mais
Gonçalves (RS), a maior queda ocorreu na Bahia
expressivo se deu no Estado pernambucano, que plantou
(-13,51%), seguida por Minas Gerais (-10,05%). O Rio
8.801 hectares em 2010 (em 2009 foram 7.104 ha). ConforGrande do Sul, maior produtor nacional, registrou dimime Loiva Maria, a viticultura ainda está sendo implantada
nuição de 6,06% e colheu 692,6 mil t. Pernambuco foi o
em outros estados como Mato Grosso do Sul, Goiás, Espíriúnico Estado que apresentou incremento, com 6,13% a
to Santo, Ceará e Piauí.
mais que em 2009.
RECORDISTA O cenário da viticultura nacional, em 2010, também reservou espaço para destaques. De acordo
com dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), a comercialização no mercado interno de espumantes e de suco
de uva 100% natural, no período de janeiro a dezembro, foi recorde em comparação com o mesmo período do ano
anterior. O comércio de vinhos espumantes elaborados no Rio Grande do Sul registrou acréscimo de 12%, com venda
de 12,5 milhões de litros. Ao contabilizar as transações em Santa Catarina e no Vale do São Francisco, o volume supera os 14,5 milhões de litros.
A comercialização do suco de uva 100% natural, pronto para beber, apresentou balanço positivo. Ao total, foram
oferecidos 31,8 milhões de litros no ano anterior, contra 25,5 milhões de litros nos 12 meses de 2009, acréscimo de
24,5%. O aumento também ocorreu nas vendas de vinhos finos tintos. Foram 3,4% a mais em 2010, ou seja, 13,48
milhões de litros. Desempenho superior registrou o setor de vinhos rosados com crescimento de 10%. No desempenho geral, contudo, vinhos finos e de mesa sofreram queda de 3,3%, com a colocação de 232 milhões de litros no
mercado, perante 240 milhões comercializados em 2009.
63
Lacking strength
With stable production and export figures, the
winemaking sector in Brazil is still trying hard to
reverse the picture that has predominated since 2008
Although laden with nutritional,
energetic and therapeutic powers, Brazilian grapes have not managed to fight the
production picture in force since 2008,
when the global economic crisis pressed
down the numbers considerably. The
exchange rate, competitiveness chained
to other producer countries, high production costs and the discouragement of
the winegrowers were some of the factors that made it unviable for the sector
to expand, says economy researcher João
Ricardo Lima, of Embrapa Semiárido,
in Petrolina (PE).
GRAPE CROP
RECEDED TO 1.295
MILLION TONS
Along with these hardships, unfavorable climate problems in the wine
grape planting areas exerted a negative influence. The result was a crop
of 1.295 million tons in 2010, down
3.74% from the previous year, when
it totaled 1.345 million t. According
to researcher Loiva Maria Ribeiro de
Mello, of Embrapa Grape and Wine,
in Bento Gonçalves (RS), the biggest reduction took place in Bahia
(-13,51%), followed by Minas Gerais
(-10,05%). Rio Grande do Sul, lead-
64
ing national producer, registered a reduction of 6.06% and harvested 692.6
thousand t. Pernambuco was the only
state that experienced a 6.13-percent
rise from 2009.
According to Loiva Maria, last year
the Country’s trade deficit was as high
as US$ 189.45 million, up 60.84%
from 2009. All items experienced higher imported volumes, while exports of
grape juice, table wines and sparklings
declined. With regard to international
fresh grape transactions, the figures
look a little bit more encouraging. According to the Brazilian Fruit Institute
(Ibraf ), in 2010, shipments abroad
amounted to 60.805 tons, generating
revenue of US$ 136.6 million. In the
previous year, shipments totaled 54,559
t, worth US$ 110.5 million. Exports of
grape juice, table wines and sparklings,
however, experienced declines.
Regarding planted and harvested
areas, the figures show evolution.
In Brazil, according to the Brazilian
Institute of Geography and Statistics
(IBGE), they were up 1.37% and
2.04%, respectively. The most expressive rise occurred in the State of Pernambuco, where 8,801 hectares were
devoted to the crop in 2010 (in 2009
it was 7,104 ha). Loiva Maria understands that winegrowing is now being
established in other states, like Mato
Grosso do Sul, Goiás, Espírito Santo,
Ceará and Piauí.
Sales of 100-percent ready- to-drink natural grape
juices, showed a positive balance. In all, sales of the previous year amounted to 31.8 million liters, compared to the
25.5 million liters over the 12 months in 2009, up 24.5%.
Sales of fine wines also soared. In 2010, they rose 3.4%,
totaling 13.48 million liter. Rosé wines also celebrated a
higher performance, soaring 10%. But if the performance
is considered as a whole, sales of fine wines and table wines
dropped 3.3%, with 232 million liters placed in the market, compared to the 240 million sold in 2009.
Inor /Ag. Assmann
RECORD HOLDER The national winegrowing
scenario also reserved room for highlights in 2010. Data
released by the National Wine Institute (Ibravin), refer
to record sales of sparklings and 100-percent natural
grape juices in the domestic market, compared to the
same period the year before. The market of sparklings
made in Rio Grande do Sul soared 12%, and sales
reached 12.5 million liters. If the transactions in Santa
Catarina and in Vale do São Francisco are added, the
volume exceeds 14.5 million liters.
RETOMADA - REVITALIZATION
Exportação brasileira de uva
Ano
Volume (em t)
2008
82.242
2009
54.559
2010
60.805
Fonte: Ibraf
EM DECLÍNIO - GOING DOWN
Produção brasileira de uva
Ano
Volume (em t)
2008
1,399
2009
1,345
2010*
1,295
Fonte: IBGE e Embrapa Uva e Vinho
*Estimativa
65
Sílvio Ávila
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66
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Em grandes quantidades ou em pequenas porções,
Brasil produz ampla variedade de frutas, algumas
delas mais direcionadas ao consumo interno
reduzidas em função da doença pinta-preta”, relata. Cerca de
A fruticultura brasileira oferece uma grande variedade
70% do volume negociado foi para o Canadá.
de opções entre cores, formatos e sabores. A diversidade
A produção de melancia em 2009 alcançou a 2,056
estende-se ao volume produzido e ao montante comercialimilhões de t, superando a colheita de 1,995 milhão de t em
zado nos mercados interno e externo. O coco-da-baía, por
2008. “Boa parte é consumida no mercado interno e não é
exemplo, é uma das frutas que o País produz em grande
um mau negócio”, destaca o gerente executivo do Ibraf. Em
quantidade. Em 2010, a colheita foi de 1,965 milhão de
2010, o Brasil embarcou 28.262 t, quantidade 27% menor
toneladas, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de
que as 39.039 t comercializadas no ano anterior. A Holanda
Geografia e Estatística (IBGE). Em anos anteriores, a safra
importou cerca de 54% da fruta e o
chegou a 1,973 milhão de t, em 2009, e a 2,149
Reino Unido, em torno de 25,5%. O
milhões de t em 2008.
PRODUÇÃO
negócio foi afetado pelo encerramento
A região Nordeste é a principal produtoDE PÊSSEGO
das atividades de uma empresa exportara, respondendo por 1,457 milhão de t em
E MARACUJÁ
dora. Porém, conforme Ferraz, algumas
2010. A fruta é mais abundante na Bahia
empresas estão aumentando a produção
(502.364 t), no Ceará (266.256 t), em SergiPRECISA CRESCER
para atender ao mercado em 2011.
pe (253.621 t), no Pará (244.549 t) e em PerCadeia que precisa ampliar a produção
nambuco (217.126 t). É encontrada ainda nos
é a do pêssego. A oferta nacional nem sempre é suficiente
estados de Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande
para suprir o consumo, como ocorreu em 2009. No período,
do Norte, Paraíba, Alagoas, Piauí e Maranhão.
a colheita foi de 216.236 t e foi necessário importar 11.000
Grande parte da produção é consumida internamente
t. “O Brasil precisa investir em novas variedades de pêssego
em forma de água de coco, que também é exportada. Em
para suprir a demanda interna”, sugere Ferraz. A exportação,
2010, os embarques somaram 407.737 t, que resultaram em
da mesma forma, somou apenas 174 t em 2010. Ele reforça
US$ (FOB) 121.240. A tendência é que o volume enviado
que a produção da maioria das frutas de clima temperado
ao exterior mantenha-se nesse patamar, segundo o gerente
ainda é muito deficiente.
executivo do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf ), Maurício
Quanto ao maracujá, o gerente executivo ressalta que o
Ferraz. Os principais compradores de água de coco são PorPaís deixou de ser grande exportador para ser importador.
tugal, Espanha e Egito.
Em 2009, a colheita foi de 718.709 t e, atualmente, o Brasil
Outro destaque em volume produzido é a tangerina,
compra polpa para a fabricação de néctar. A Bahia responque atingiu a 1,094 milhão de t em 2009, conforme o
deu por 322.755 t da fruta, seguida por Ceará (129.001 t),
IBGE. A produtividade por hectare foi de 19,97 t e a área
Sergipe (44.486 t), Espírito Santo (42.320 t), Minas Gerais
colhida ocupou 54.814 hectares. A produção localiza-se em
(35.108 t) e outros estados (145.128 t).
São Paulo (415.054 t), Paraná (271.845 t), Rio Grande do
Quem diria mas, segundo Ferraz, o cheiro da goiaba não
Sul (146.352 t), Minas Gerais (132.795 t), Rio de Janeiro
agrada o comprador europeu. As vendas externas são de ape(36.646 t) e outros estados (91.737 t). Conforme Ferraz,
nas 150 t, das quais 63 t seguem para a França. A temporada
a fruta teve uma baixa de mais de 55% na exportação em
brasileira de 2009 rendeu 297.377 t, com Pernambuco e São
2010, com embarque de 1.977 t, enquanto no ano anterior
Paulo produzindo dois terços do total.
foram enviadas 4.411 t. “As vendas para a Europa foram
67
Sílvio Ávila
For all tastes
In huge amounts or small portions, Brazil produces
an array of different fruit species, some of them
geared mostly towards domestic consumption
Fruit farming in Brazil offers a variety of options, including colors, shapes and tastes. This diversity extends to the
volumes produced and to the quantities marketed at home
and abroad. The common coconut, for example, is one of
the fruit that is abundantly grown in the Country. In 2010,
total harvest reached 1.965 million tons, according to a
survey by the Brazilian Institute of Geography and Statistics
(IBGE). In previous years, the crop amounted to 1.973 million tons, in 2009, and to 2.149 million tons in 2008. The Northeast is a major producer and accounted for
1.457 million tons in 2010. The fruit is more abundant in
(502,364 t), in Ceará (266,256 t), in Sergipe (253,621 t), in
68
Pará (244,549 t) and in Pernambuco (217,126 t). It is also
found in the states of Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Piauí and Maranhão.
A huge part of the crop is consumed in the domestic
market in the form of coconut milk, which is also exported.
In 2010, the shipments abroad amounted to 407,737 t,
which brought in US$ (FOB) 121,240. The trend is for the
volumes shipped abroad to remain at this level, comments
the executive manager of the Brazilian Fruit Institute (Ibraf ),
Maurício Ferraz. The main buyers of coconut milk are Portugal, Spain and Egypt.
Another fruit produced in huge amounts is the tanger-
ine, which reached 1.094 million tons in 2009, from IBGE
sources. Yield per hectare was 19.97 t and the harvested
area occupied 54,814 hectares. Production is located in
São Paulo (415,054 t), Paraná (271,845 t), Rio Grande do
Sul (146,352 t), Minas Gerais (132,795 t), Rio de Janeiro
(36,646 t) and other states (91,737 t). According to Ferraz,
exports of the fruit dropped more than 55% in 2010, with
shipments of 1,977 t, compared to the previous year’s 4,411
t. “Sales to Europe suffered reductions because of outbreaks
of a disease known as black spot”, he says. About 70% of the
volume negotiated was shipped to Canada.
The production of watermelons in 2009 reached 2.056
million tons, outstripping the harvest of 1.995 million tons
in 2008. “A huge part is consumed in the domestic market,
and is good business, too”, says Ibraf executive manager. In
2010, Brazil shipped abroad 28,262 t, down 27% from the
39,039 t marketed the year before. Holland imported about
54% of the fruit and the United Kingdom,25,5%. The
business was affected by the decision of an export company to shut down its activities. However, according to
Ferraz, some companies are now increasing their production volumes to meet the market needs in 2011.
The peach fruit chain needs to expand its production
volumes. National supplies are rarely enough to meet consumption needs, a fact that occurred in 2009. Over the period, total
harvest amounted to 216,236 t and 11,000 t had to be imported. “Brazil should invest in new peach varieties to supply the
domestic market”, Ferraz suggests. Exports equally followed suit
and reached only 174 t in 2010. He stresses that the production
volumes of most temperate fruit are still lagging behind.
Regarding the passion fruit, the executive manager regrets
the fact Brazil no longer exports this fruit, but is now an
importer. In 2009, total harvest remained at 718,709 t and,
currently, Brazil purchases pulp for manufacturing nectar.
Bahia accounted for 322,755 t of the fruit, followed by Ceará
(129,001 t), Sergipe (44.486 t), Espírito Santo (42.320 t),
Minas Gerais (35.108 t) and other states (145,128 t). It may sound odd, but, according to Ferraz, the smell of
guava
does not please the European
buyers. Foreign sales barely
reach 150 t, of which, 63 t are
PEACH AND
destined for France. The 2009
PASSION FRUIT
season in Brazil amounted to
CROPS ARE
297,377 t, with Pernambuco
LAGGING BEHIND
and São Paulo responsible for
two thirds of this volume.
69
Sílvio Ávila
Riquezas a
explorar
Região Norte do Brasil possui a maior diversidade de frutas
nativas, que agora são reconhecidas como de clima equatorial
conta hoje com 12.000 hectares plantados com o cupuaçiA região Norte do Brasil possui a maior diversidade de
zeiro. A espécie apresenta melhor rendimento de produção
árvores frutíferas do País, com cerca de 220 espécies produem área parcialmente sombreada. Por esse motivo, os potoras de frutos comestíveis, ou seja, 44% da diversidade de
mares foram implantados, quase na totalidade, em sistemas
frutas nativas do território nacional. “São frutas que ainda
agroflorestais, ou seja, em associação com culturas perenes,
não sabemos nem como consumi-las, mas que precisamos
inclusive com árvores produtoras de madeira.
realizar estudos e pesquisas para sistematizar a produção”,
A polpa é exportada em pequena escala para o Japão.
defende Moacyr Saraiva Fernandes, presidente do Instituto
“Começa a entrar no mercado norte-americano, pois está
Brasileiro de Frutas (Ibraf ). Em volume, a região contribui
sendo utilizada em mistura (mix) com o açaí e o guaraná”,
com apenas 8% da produção nacional de frutas, conforme o
relata o pesquisador. O bacuri é outra fruta com possibilidaInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo Fernandes, as frutas produzidas na Amazônia estão de de conquistar novos mercados, pois o aroma e o sabor são
menos agressivos que os do cupuaçu. O bacurizeiro é uma
sendo chamadas de clima equatorial. A região, principalmente
árvore madeireira e por isso foi muito derrubada. A oferta
os estados do Pará, do Amapá e do Acre, passou a ser reconheatual é insuficiente para atender à demanda interna.
cida como importante produtora a partir da popularização do
O Pará lidera a produção, que fica em torno de 2.000
açaí. Do Pará sai a maior quantidade dos frutos amazônicos.
toneladas, equivalendo entre 200 e 240 t de polpa por ano.
De acordo com o pesquisador Urano de Carvalho, da Embrapa
A espécie também ocorre espontaneamente no Maranhão e
Amazônia Oriental, em Belém (PA), a exportação de frutas e
no Piauí, onde é muito apreciada. “Na atualidade, é a fruta
derivados renderam ao Estado US$ 28 milhões em 2009.
nativa com maior preço na Amazônia. Um quilo custa, em
O Estado paraense produziu 500 mil toneladas de açaí
plena safra de fevereiro a março, R$ 5,00. Cada quilo tem
em 2009, retiradas de açaizais nativos manejados para a obentre 100 e 120 gramas de parte comestível.”
tenção de frutos. O estimado é que entre 15.000 e 20.000
O taperebá, conhecido em outras regiões do País como
t da bebida de açaí tenha sido exportada para outras regicajá, e o muruci também são produzidos e industrializados. A
ões do Brasil, representando o processamento de 30.000 a
pupunha, consumida só após cocção, está limitada até hoje ao
40.000 t de frutos. Para o exterior foram 4.100 t da bebida,
mercado da Amazônia. Além disso, no Brasil e
o que corresponde a 8.200 t de fruta.
na América Central, em particular na Costa
Depois do açaí, o cupuaçu é a espécie
Rica, é mais conhecida como planta produnativa da Amazônia que tem despertado
CUPUAÇU COMEÇA
tora de palmito. “Depois de açaí, cupuaçu e
maior interesse atualmente, segundo
A SER EXPORTADO
bacuri, podemos apontar a pupunha como
Carvalho. Lembra que o mercado fora
PARA OS ESTADOS
outra fruta com grandes chances de conquisda Amazônia para o cupuaçu começou a
UNIDOS
tar novos mercados”, avalia.
ser buscado bem antes que o açaí. A região
70
PROTEGIDA O pesquisador Urano de Carvalho, da Embrapa Amazônia Oriental, destaca que
a valorização de frutas como açaí, cupuaçu, bacuri
e muitas outras também favoreceu a conservação
da floresta amazônica. O açaí, por exemplo, era
derrubado para a extração de palmito até o fim da
década de 1990. “A dizimação dos açaizais nativos
não ocorreu porque a planta é multicaule e, ao ser
cortada, rebrota em sua base”, esclarece. Os agricultores extrativistas passaram a explorar o açaizeiro
como planta produtora de frutos e não de palmito.
O corte do caule para extrair o palmito só é feito
quando a planta atinge mais de 15 metros, inviabilizando a colheita dos frutos.
O bacurizeiro também vinha sendo derrubado com finalidade madeireira há mais de quatro
séculos. A matéria-prima era muito utilizada para
a construção de canoas, barcos e casas. A exploração do fruto passou a ser mais interessante para os
agricultores do que a comercialização da árvore em
pé. Um bacurizeiro com mais de 30 anos produz
ao ano, em média, 500 frutos, que, vendidos na
propriedade, geram receita de R$ 250,00. A mesma
árvore com altura entre 20 e 30 metros e diâmetro
de 80 centímetros é comercializada, em pé, por R$
100,00 a R$ 200,00.
Atualmente, segundo Carvalho, o açaizeiro e
o cupuaçuzeiro são cultivados em larga escala. No
entanto, a participação do açaí oriundo do extrativismo ainda é superior a 90% da produção. “A
tendência é que essa participação diminua, pois o
incremento na área plantada tem sido grande”, estima. Hoje existem no Pará mais de 10.000 hectares
de plantações em área de terra firme. “A produção
extrativa é toda oriunda de áreas de várzea, um
ecossistema bastante frágil”, alerta. No caso do
cupuaçu, a relação é inversa: em torno de 95% da
produção é originária de áreas cultivadas.
“O plantio das espécies nativas é muito importante porque a coleta extrativista não é bem vista
pelos importadores, ainda mais pelos países do
hemisfério Norte”, relata Moacyr Saraiva Fernandes, do Ibraf. “É um prato cheio para criticarem
a preservação do meio ambiente, a exploração de
trabalho infantil e a devastação da floresta.” No entanto, argumenta que o Brasil é o país com maior
potencial de diversidade para atender às necessidades e demandas novas e futuras de frutas.
71
Sílvio Ávila
The pursuit
of wealth
The Northern region of Brazil
is home to a great number of
native fruit, which are now
acknowledged as equatorial fruits
The Northern region of Brazil is home to the biggest
diversity of fruit trees in the entire Country, with some 220
species of edible fruit, meaning that it is responsible for
44% of all native fruit across the national territory. “We do
not even know how to consume these fruit, a fact that calls
for research work and studies in order to systematize these
72
crops”, argues Moacyr Saraiva Fernandes, president of the
Brazilian Fruit Institute (Ibraf ). In volume, the region’s share
remains at only 8% of the national production volumes,
according to figures released by the Brazilian Institute of
Geography and Statistics (IBGE).
Fernandes maintains that all fruit produced in the Amazon are referred to as equatorial climate fruit. The region,
particularly the States of Pará, Amapá and Acre, came to
be acknowledged as relevant producers after the açaí became popular. The biggest amounts of Amazon fruit are
produced in the State of Pará (PA). According to researcher
Urano de Carvalho, of Embrapa Eastern Amazon, based
in Belém (PA), exports of fruit and fruit-based products
brought US$ 28 million to the state coffers in 2009.
The production of açaí amounted to 500 thousand
tons in the State of Pará in 2009, harvested from native açaí lots, which were managed appropriately for the
production of fruit. Shipments of açaí-based beverages to
other regions throughout Brazil are estimated at 15 to 20
thousand tons, representing the processing of 30 to 40
thousand tons of fruit. Exports abroad reached 4,100 tons
of the beverage, corresponding to 8,200 tons of fresh fruit.
The açaí is followed by the cupuaçu in the category of
native Amazon fruit that arouse great interest nowadays,
says Carvalho. He recalls that the cupuaçu found its way
into the markets outside the Amazon region before the native açaí. Cupuaçu plantations in the region now amount
to 12,000 hectares. The species yields more abundant
fruit in shady areas. For this reason, most all orchards were
established in agroforestry systems, meaning they were
planted side by side with other perennial species, including
timber trees, in a double-cropping system.
The pulp is exported on a small scale to Japan. “It is
now making it to the North-American market, as it is being used in mixes with guaraná
and açaí”, the researcher
CUPUAÇU IS NOW
comments. Bacuri is
the name of another
BEING EXPORTED
fruit likely to conquer
TO THE UNITED
new markets, due to its
STATES
less aggressive aroma and
flavor, compared to cupuaçu. Bacuri trees suffered
great devastation because of their timber properties. Current supplies are lagging behind our national demand.
Pará is the leader in production, which reaches some
2,000 tons, equivalent to 200 – 240 tons of pulp a year.
This species also occurs spontaneously in the States of
Maranão and Piauí, where it is very popular. “Nowadays,
it is the fruit that fetches the best prices in the Amazon
region. Smack in the middle of the harvesting season, a
kilo sells for R$ 5. The edible portion of a kilo remains
at 100 and 120 grams”.
The taperebá, also known as cajá in other regions
across Brazil, and the murici are also produced and industrialized. Pupunha is limited to the Amazon regions
and is consumed after boiling. Furthermore, in Brazil,
Central America and, in particular, in Costa Rica, it
is known as a palm heart production plant. “After the
açaí, cupuaçu and bacuri, it is pupunha that stands great
chances to conquer new markets”, he argues.
PROTECTED researcher Urano de Carvalho,
of Embrapa Eastern Amazon, has it that the rising
value of such fruit as açaí, cupuaçu, bacuri and lots
of others has also been a factor in the preservation of
the Amazon forest. The açaí, for example, used to be
cut down for its heart of palm until the late 1990s.
“The decimation of the native açaí lots did not occur
because it is a multi-stem plant and, after being cut
down, it sprouts again from the stump”, he explains.
The extractive-oriented farmers began to explore the
açaí as a plant that produces fruit and not just heart of
palm. The trunk for the extraction of heart of palm is
cut after the plant has reached a height of 15 meters,
making it unviable to harvest its fruit.
Bacuri trees used to be cut down for timber purposes for over four centuries. The wood was intensely
used for making canoes, boats and houses. Exploring the fruit turned out to be more profitable for the
farmers than just selling the timber. A thirty-year old
bacuri tree yields some 500 fruit a year, on average,
which, sold at farm gate prices, generate revenue of R$
250. The same tree, 20 to 30 meters high, and 80 cm
in diameter, sells for R$ 100 to R$ 200, in the forest.
Nowadays, says Carvalho, açaí and cupuaçu trees
are cultivated on large scale. Nonetheless, native açaí
trees still represent 90% of the entire production
volume. “The trend is for this proportion to decrease
gradually, since great investments have been made in
açaí plantations”, he reckons. At the moment, there
are more than 10 thousand hectares of dry land in the
State of Pará planted to açaí. “Extractivistic production comes mostly from swamplands, a rather fragile
ecosystem”, he warns. In the case of the cupuaçu, the
situation is exactly the opposite; about 95% of the
volumes come from planted areas.
“The planting of native species plays a relevant
role in terms of exports, since most importers, particularly the countries in the northern hemisphere,
frown on products that come from extractivistic
operations”, comments Ibraf official Moacyr Saraiva
Fernandes. “It gives them every excuse to blame us
on environmental destruction systems, child labor
exploration and forest devastation”. Nonetheless,
he argues that Brazil is the country with the biggest
potential to invest in diversification schemes to meet
present and future demands for fruit.
73
Inor /Ag. Assmann
Sabor de
esperança
Produção de suco de uva no Vale do São Francisco deixa
produtores animados com a alternativa de renda
Em meio a barracas e nas mãos
de vendedores, as uvas do semiárido
brasileiro têm lugar de destaque. Nas
estradas do município de Lagoa Grande (PE), vistosas, grandes e coloridas,
enchem os olhos de visitantes e são sinônimo de mesa farta para moradores e
produtores. Alguns quilômetros adiante, ao se distanciar da área urbana, a
tarefa de impressionar quanto à riqueza
do Vale do São Francisco é dos parreirais. O olhar se perde em meio ao verde
vibrante de centenas de hectares.
Até mesmo os bodes e os jegues
que transitam pelo semiárido parecem
não querer se afastar das plantações
que dão à região aspecto singular.
Um presente doce dos nordestinos
aos brasileiros. O cenário de desenvolvimento e crescimento fica ainda
74
mento ao projeto piloto. Segundo o
mais amplo quando se conhece uma
gerente-geral e responsável técnico da
das seis vinícolas que lá encontraram
vinícola, Mábio Dutra, a fase experipotencial econômico e mercadológico
mental rendeu bons resultados. Hoje
para impulsionar seus negócios. Uma
são 20 hectares destinados ao cultivo
delas, a Terroir do São Francisco (anda fruta utilizada na fabricação dos
tiga Garziera), foi além e apostou em
sucos, mas a meta é dobrar a área.
mais uma alternativa para a região: a
O projeto de expansão, segundo
produção do suco de uva.
O sol do sertão inspirou os empre- Dutra, também engloba aumento na
escala de produção. Hoje são fabricasários e, em meados de 2009, o suco
das, em média, 500 garrafas por dia;
natural denominado com a expressão
no futuro, espera-se obter a mesma
ganhou as capitais nordestinas. As
quantidade por hora. Contudo, o
uvas BRS Isabel Precoce, plantadas na
investimento deve
fazenda Garibaldina, e o
ocorrer após a fase de
modo artesanal de
avaliação da aceitação
produção, que renSUCO DE UVA AJUDA no mercado, da potende 8 mil caixas por
A DRIBLAR CÂMBIO
ano – cada uma
cialidade de produção
DESFAVORÁVEL
com 12 garrafas de
e da viabilidade eco500 ml –, dão andanômica, salienta.
TENDÊNCIA Ao produzir suco de uva, as vantagens
não são apenas dos empresários. Produtores e região deparam-se com muitos pontos positivos. De acordo com
o pesquisador de viticultura e enologia Giuliano Elias
Pereira, da Embrapa, sediado em Petrolina (PE), a fabricação surge como alternativa para o grande e, também,
ao pequeno viticultor, visto que o custo de produção e
o tempo de elaboração são mais baixos. Os vinhos e os
espumantes podem demorar de 50 a 60 dias para chegar
ao mercado, dependendo do tipo, enquanto o suco pode
estar pronto para comercialização em algumas horas ou
poucos dias após a colheita.
Além do diferencial do semiárido, onde é possível produzir de duas a três safras por ano, o gerente-geral da Terroir
do São Francisco, Mábio Dutra, ressalta que o suco de uva é,
hoje, tendência no mundo todo. No líquido, capaz de preservar características do vinho, não há presença de álcool, fator
determinante para que possa ser consumido por todos os
públicos e faixas etárias. Somam-se a isso as propriedades nutricionais, que também despertam o interesse. Ao saboreá-lo,
o consumidor ingere uma bebida recheada de antioxidantes,
ÁGUAS ROSADAS
Boas notícias também chegam
rápido. A partir do conhecimento
de que o suco de uva poderia movimentar ainda mais a economia do
Vale do São Francisco – que produz
8 milhões de litros de vinho por ano
–, ideias inovadoras surgiram. A prefeitura de Petrolina (PE), em parceria
com a Embrapa Semiárido, pretende
agitar os arredores do rio São Francisco, que corta a região. Trata-se do
projeto Ilha do Vinho.
O objetivo primordial é promover
a produção do suco de uva na Ilha do
Massangano para dar sustentabilidade
aos mais de 1.800 moradores, que
hoje encontram suporte na produção
estimulante das funções hepáticas e aliada na circulação sanguínea, entre outros elementos que fazem bem à saúde.
Junto a isso, ao se deparar com os índices de crescimento do produto em solo nacional, a alternativa de renda
– também usada para driblar a desvalorização do dólar –,
ganha ainda mais importância. A produção e o consumo
do suco de uva crescem a cada ano entre os brasileiros. No
Rio Grande do Sul, onde se concentra 90% da produção
nacional, a oferta da bebida registrou acréscimo de 9,16%
em 2010, sendo que o suco integral aumentou 67,69% e o
concentrado, apenas 1,01%, de acordo com dados da Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves (RS).
Outro ponto merecedor de destaque diz respeito ao
consumo per capita. Em 1998, era consumido 0,35 litro
por habitante ao ano. Em 2007, o número passou para
0,7 litro e, hoje, chega a 1,51 litro. Para Pereira, os números ainda são pequenos, mas a evolução mostra que a
bebida, aos poucos, começa a frequentar, de maneira assídua, os lares brasileiros. Consequências da construção de
uma imagem positiva que, se depender dos nordestinos,
não vai se apagar tão cedo.
de umbu, fruta típica do semiárido,
e na criação de bode. Na primeira
etapa, que está em andamento, será
realizado um experimento com a
implantação de 1 hectare de uva e
a participação de 10 ribeirinhos. O
processamento do fruto será realizado
no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia (IF Sertão). Outros parceiros envolvidos são a unidade regional do Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) e a própria comunidade da
Ilha do Massangano.
A data para início da execução
do projeto ainda é incerta, mas deve
ocorrer o mais breve possível. No
momento, a prefeitura aguarda a liberação da licença ambiental, por meio
da Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH),
e a outorga de água com a Agência
Nacional de Águas (ANA). Com as
autorizações em mãos, pretende-se
aumentar a área de plantio para 20
hectares, que serão cultivados por
aproximadamente 40 produtores.
A iniciativa também vai além. Se
a produção corresponder às expectativas, há planos de distribuir o suco
de uva junto à merenda em escolas
públicas de Petrolina. Com isso, outras famílias terão a chance de provar
dos benefícios do produto, que não
permanecem somente no campo econômico. A partir dos pequenos, está
a chance de tornar a diversidade um
grande negócio.
75
Inor /Ag. Assmann
Taste of hope
Grape juice production in
Vale do São Francisco, as an
alternative source of income,
brings smiles on growers’ faces
ate their businesses and express their economic and market
potential. One of them, Terroir do São Francisco (former
Garziera), exceeded its initial target and bet on a new alternative: the production of grape juice.
The sun of the sertão inspired the businessmen and, in
mid-2009, the natural juice named after the phrase made
Amid tents and in the hands of street vendors, the grapes it to the capital cities in the Northeast. Such grape variety
of the Brazilian semiarid always make a difference. Along
as BRS Isabel Precoce, planted in the Garibaldina farm,
the roads of the municipality of Lagoa Grande (PE), these
and the home-style production system, with an output of
lush, huge, colored and eye-catching sceneries are synony8 thousand boxes a year - each containing a dozen 500 ml
mous with bountiful tables at the homes of dwellers and
bottles, keep the pilot project in operation. According to
producers. Some kilometers away from the urban center, it
the general manager and technical supervisor of the winery,
is the vineyards that impress and attest to the wealth of Vale
Mábio Dutra, the trial stage yielded good results. Now it is
do São Francisco, with a lush green scenery of hundreds of
20 hectares devoted to the cultivation of fruit, transformed
hectares unfolding before the eyes.
into juice, but the target is to double the area.
It even looks as if the bucks and donkeys that calmly
The
expansion project, according to Dutra, also
walk along the road do not want to stray away
includes an increase to the production
from the plantations that lend the region a
scale. Now the daily output remains at
GRAPE JUICE
very distinctive look. A wonderful gift be500 bottles, on average; in the future, we
HELPS FIND A
stowed on us by the northeastern people.
hope to produce the same amount per
WAY AROUND
The scenario of development and progress
hour. Nonetheless, the investment is waitUNFAVORABLE
gets all the more impressive when one gets
ing for the results of the market accepEXCHANGE RATES tance evaluation, production potential and
to know one of the six wineries that found
in this remote land the ideal place to opereconomic viability, he comments.
76
TREND The production of
juice yields not only benefits to the
businessmen. Producers and communities take advantage of several
positive aspects. According to viticulture and enology researcher
Giuliano Elias Pereira, of Embrapa,
based in Petrolina (PE), juices come
as an alternative for both small-scale
and commercial winegrowers, in
light of the smaller production cost
and manufacturing time. Wines
and sparklings could take 50 to 60
days to reach the market, depending on the type of wine, while juices
require just some hours or days after
the fruit have been harvested.
In addition to the potential of
the semiarid, where two or three
crops a year are feasible, the general
manager of Terroir do São Francisco, Mábio Dutra, stresses that grape
juice has become a leading trend in
the whole world. In liquid form,
keeping the characteristics of wine,
it contains no alcohol, a determining factor that makes it suitable for
people of all walks of life and age
groups. Furthermore, the nutritional properties also arouse interest.
Upon savoring it, consumers ingest
a beverage laden with antioxidants,
with the capacity to trigger the hepatic functions and enhance blood
circulation, just to mention a few
benefits to health.
Along with it, the stark realization of the strides the product is
making across the country, this
income alternative – also seen as a
way around the devalued dollar -, is
further consolidating its importance.
Both production and consumption
of grape juice have been rising year
ROSY WATERS
Good news also travels fast. As soon as they learned
that grape juice could provide a good opportunity for
the economy to make further strides in Vale do São
Francisco – which now produces 8 million liters of
wine a year –, innovative ideas surfaced. The municipal
administration in Petrolina (PE), jointly with Embrapa
Semiarid, intends to stir up the surroundings of the São
Francisco River, which cuts through the region. It is all
about the Wine Island project.
The major objective is to promote the production of
grape juice on the Massangano island to lend a sustainable status to the 1,800 dwellers, which now derive their
livelihood from the production of umbu, a typical fruit
of the semiarid and from goat farming operations. During the first stage, now underway, a one-hectare trial field
will be established, shared by 10 riverside dwellers. The
fruit will be processed at the Federal Institute of Educa-
after year in Brazil. In the State of
Rio Grande do Sul, home to 90%
of the entire national production,
grape juice sales were up 9.16% in
2010, whilst sales of whole juices
soared 67.69% and concentrate, just
1.01%, according to data released by
Embrapa Grape and Wine, in Bento
Gonçalves (RS). Another noteworthy ascertainment has to do with per capita
consumption. In 1998, it was 0.35
liters per capita a year. In 2007, it
jumped to 0.7 liter and now it is
1.51 liters. In Pereira’s view, the
numbers are still small, but evolution has shown that the beverage is,
little by little, working its way to the
Brazilian kitchen tables. The result
of the building of a positive image,
which, as far as the Northeast is
concerned, will never fade away.
tion, Science and Technology (IF Sertão). Other partners
involved include the regional unit of the Brazilian Micro
and Small Business Support Service (Sebrae) and the
Massangano community.
The time to start the project has not yet been scheduled, but it is supposed to take place soon. At the moment,
the municipal administration is waiting for the environmental licenses, to be issued by the State Agency for the
Environment and Water Resources (CPRH), and the water
license from the National Water Agency (ANA). With the
license in hand, the intention is to expand the planted area
to 20 hectares, to be cultivated by approximately 40 farmers. The initiative goes even further. Should production
correspond to expectations, there are plans for including
grape juice in school meals of public schools in Petrolina.
This would give other families the chance to try the benefits of the product, which do not only remain within the
economic boundaries. From small scale operations there is
a chance to progress to huge businesses.
77
Pronto para
crescer
Sílvio Ávila
Mercado de sucos de frutas tem
registrado incremento constante
e atende ao público que busca
uma opção prática para manter
uma dieta saudável
78
Aumento de renda da população, conveniência e praticidade, bem como divulgação de benefícios à saúde, estão
ampliando significativamente o consumo de sucos de frutas
no País, principalmente dos produtos prontos para beber.
Diversas entidades ligadas ao setor têm informações de que
os índices anuais de crescimento ultrapassam os dois dígitos.
Aproximaram-se de 20% em 2010, quando as indústrias investiram fortemente em aumento de produção.
As vendas desses produtos, de acordo com pesquisas da
empresa Nielsen divulgadas até outubro de 2010, comparativamente com o ano anterior, registravam incrementos de
19% a 22% em volume e faturamento, respectivamente. A
Associação Brasileira dos Produtores e Envasadores de Néctares e Sucos (Abrasuco) tem ainda outros levantamentos,
que confirmam ter sido ultrapassada a sua previsão inicial de
crescimento de 11% a 12% em sucos e néctares em 2010. O
consumo desses itens, conforme cálculo da associação, ficou
em torno de 550 milhões de litros em 2010.
A entidade dispõe também de dados referentes à cesta de
bebidas não carbonatadas e não alcoolizadas, que incluem
sucos, néctares, pós, refrescos, isotônicos, energéticos e água
de coco, na qual o aumento verificado nacionalmente em
2010 foi de 10% em volume e 20% em preços, a partir da
participação mais forte dos itens de maior valor agregado.
Constata igualmente que, enquanto diminuem os números
dos concentrados, a presença de sucos e néctares de frutas
nos lares brasileiros avançou de 40,7% para 47% de 2009
para 2010, por conta da melhoria da renda e da opção por
conveniência e praticidade, assinala o presidente da Abrasuco, William Sallum.
O setor está tomando direcionamento muito forte para o
produto pronto para beber, reforça Etélio Prado, presidente
da Associação das Indústrias Processadoras de Frutos Tropicais (ASTN), com sede em Aracaju
(SE).
As empresas, segundo informa, atuam com 14 saboCONSUMO EM 2010
res no mercado, que evoFICOU EM TORNO
lui a cada ano: em 2009,
DE 550 MILHÕES
absorveu 9% a mais e, no
DE LITROS
ano seguinte, o acréscimo
foi de 17%. O dirigente
identifica as mesmas razões já
mencionadas, aliadas à qualidade dos produtos.
O suco mais consumido no País, o de uva, igualmente
mostra a boa performance do setor. Segundo o Instituto
Brasileiro do Vinho (Ibravin), foram colocados à venda
36,7 milhões de litros em 2010, representando 20,6% a
mais do que a quantidade comercializada no período antecedente. No produto inteiramente natural e pronto para
beber, o volume registrado foi de 31,8 milhões de litros –
ampliação de 24,5%.
CORRENDO JUNTO Para atender à expansão e outras necessidades que se verificam no mercado, a indústria do segmento de sucos
de frutas busca fazer investimentos e adequações. No âmbito da ASTN,
por exemplo, registra-se a substituição de embalagens de suco integral
de vidro por pet, aumento da oferta de água de coco envasada em tetrapak e aumento geral da capacidade instalada das fábricas.
Particularmente na área de frutos tropicais, verificou-se ainda a
criação de consórcio entre Maguari e DaFruta, constituindo a Empresa Brasileira de Bebidas e Alimentos, que concentra cerca de 30% do
mercado desses sucos. Novos investimentos na região Nordeste também
estão previstos, como a implantação de agroindústria de processamento
de laranja em Rio Real, litoral norte da Bahia, pela Brasfrut; e estudo de
projeto no setor em Petrolina (PE) pela Construtora Queiroz Galvão.
Da mesma forma, a Abrasuco verificou a adição de muitos equipamentos no parque industrial de sucos de frutas em 2010 para
atender à demanda, chegando mesmo a enfrentar algumas dificuldades em termos de matéria-prima. Para 2011, segundo o presidente
da entidade, William Sallum, as perspectivas continuam boas e o
crescimento deve permanecer alto. “Se não ficar em dois dígitos, certamente vair estar próximo”, acredita.
79
Sílvio Ávila
Ready to grow
Fruit juice market has been rising constantly and its target
is the health-oriented public in pursuit of healthy diets
the production of juices and nectars was outstripped in 2010.
Rising purchasing power of the population, convenience
The consumption of these items, according to calculations by
and practicality, are significantly driving up the consumption of fruit juices throughout the entire Country, particuthe association, remained at about 550 million liters in 2010. The entity also holds data related to noncarbonated and
larly the ready-to-drink products. Several entities linked to
non-alcoholic beverages, which comprise juices, nectars, powthe sector have learned that the present growth rates reach
double-digit numbers. They got close to 20% in
ders,
cool drinks, isotonics, energy drinks, coconut
2010, when the industries invested heavily
water. These beverages registered a 10-perCONSUMPTION
in higher production volumes.
cent rise in volume and 20% in prices, in
Sales of these products, according to
2010, resulting from a bigger share of high
IN 2010
surveys conducted by Nielsen, a polling
value-added products. It was also ascertained
REMAINED
company, disclosed in October 2010,
that, while the number of juice concentrates
AT ABOUT 550
growth rates were up 19% and 22% in
goes down, the presence of juices and necMILLION LITERS
volume and revenue, respectively, from
tars in Brazilian homes soared from 40.7%
to 47% from 2009 to 2010, on account of the
the previous year.
rising purchasing power and the option for convenience and
The Brazilian Association of Nectar and Juice Propracticality, says the president of Abrasuco, William Sallum.
ducers and Canners (Abrasuco) displays other surveys, which
confirm that the initial estimate for an 11% to 12% rise in
The sector is strongly leaning towards ready-to-drink
80
products, says Etélio Prado, president of the Association of
Tropical Fruit Processing Industries (ASTN), based in Aracaju
(SE). The companies, he says, have launched 14 flavors in the
market, which is making strides year after year: in 2009, consumption was up 9%, and the following year it soared 17%.
The official identifies the same reasons previously mentioned,
jointly with the quality levels of the products.
RUNNING TOGETHER
To meet expansion needs and other
market demands, the fruit juice industry segment seeks investments and
adjustments. In the field of action
of ASTN, for example, the changes
include the replacement of glass
containers with pet bottles, rising
supplies of coconut water in tetrapak
and general increase of the industries’
installed capacities.
Particularly in the area of tropical
Grape juice is the most consumed juice in Brazil, equally
attesting to the good performance of the sector. According to the Brazilian Wine Institute (Ibravin), in 2010, 36.7
million liters were placed in the market, up 20.6% from the
amount marketed the previous year. With regard to entirely
natural and ready-to-drink products, total sales reached 31.8
million liters – an increase of 24.5%.
fruit, the novelty was the creation of
the Maguari and DaFruta consortium, forming the Brazilian Company of Beverages and Foods, with
a 30-percent share of the market of
these juices.
New investments in the Northeast
are in the pipeline, like the implementation of the orange processing industry in Rio Real, on the north coast of
Bahia, by Brasfrut; and a study for a
project of the sector in Petrolina (PE),
by Construtora Queiroz Galvão. Following on the heels of that
company, Abrasuco ascertained the
addition of several sets of equipment
in the fruit juice industrial complex in
2010 to meet demand, although facing some difficulties in terms of raw
material. For 2011, perspectives continue bright and growth rates should
hold firmly. “Double digits might not
be achieved, but it may come close to
that point”, he concludes.
É de valor
Enquanto o volume embarcado
diminuiu, a receita obtida com
as exportações de suco de laranja
cresceu 11,48% em 2010
Destaque nas exportações do setor frutícola, o suco de
laranja brasileiro recuperou valorização em 2010. Incluindo
subprodutos, os embarques do setor renderam US$ 2,042
bilhões, aumento de 11,48% sobre o resultado obtido em
2009. O preço aumentou em decorrência da redução das
safras da fruta nas principais áreas produtoras – Flórida, nos
Estados Unidos, e São Paulo. O Brasil é líder na venda externa do suco, dominando inclusive mais de 50% do mercado
internacional, para o qual destina mais de 80% da produção.
Em termos de volume, no entanto, está experimentando
queda nos números, especialmente após 2007, quando chegou ao topo com 1,415 milhão de toneladas. Em 2010, o
total enviado ao exterior
ficou em 1,2 milhão de t,
100 mil a menos que na
EMBARQUES DE
temporada anterior. Vários
SUCO DE LARANJA
fatores têm influenciado
RENDERAM
para tanto, conforme se
US$ 2 BILHÕES
avalia no segmento: desde
a questão cambial, a redução
no consumo do produto em
países desenvolvidos e o paralelo incremento de novas bebidas no mercado (como águas, isotônicos e energéticos), até a
concorrência de outras regiões produtoras.
Para 2011, o presidente da Associação Nacional dos
Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Christian Lohbauer, acredita que as vendas externas irão se manter semelhantes às do ano passado. A safra norte-americana de laranja
deverá permanecer em níveis parecidos com a anterior e a
brasileira pode até ficar maior, mas o impacto não deverá ser
representativo, no seu entender. Os preços do suco devem se
equivaler aos do período antecedente e até poderão ser um
pouco melhores, tendo em vista que os estoques estão mais
baixos, acrescenta o dirigente.
Entre as exportações de sucos de outras frutas em 2010, a
performance dos derivados de maçã, bem como das misturas,
tiveram crescimento significativo. As vendas externas da bebida de maçã, conforme estatísticas da Secretaria de Comércio
Exterior (Secex) divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Frutas
(Ibraf), apresentaram evolução de 22 mil para 38 mil t de 2009
para 2010, enquanto o valor recebido elevou-se de US$ 19,4
milhões para US$ 33 milhões no período. As misturas sem
fermentação, embora ainda em volumes menores, chegaram a
crescer 538% de um ano para outro, passando de 387 t para
2.468 t. A remuneração obtida chegou a US$ 3,5 milhões, contra aproximadamente US$ 720 mil do período anterior.
VITÓRIA NA OMC O principal destino do suco de laranja nacional é a Europa (cerca de 70%). Mas um mercado importante também são os Estados Unidos, ficando em torno de 15% do total. Em relação a ele, o Brasil obteve
vitória importante em fevereiro de 2011 (embora ainda coubesse recurso) junto à Organização Mundial do Comércio
(OMC), numa ação movida contra a aplicação de tarifas antidumping ao produto brasileiro.
O painel aberto em setembro de 2009 pelo governo pediu a condenação da modalidade de cálculo utilizada pelos
Estados Unidos para determinar se existiria dumping, num processo chamado zeramento (zeroing), que é considerado
injusto pelos brasileiros. O Ministério das Relações Exteriores avaliou que o relatório emitido pela organização representa “significativa vitória do Brasil em tema de relevância para o comércio bilateral” e espera que a decisão “encoraje
os Estados Unidos a abandonar definitivamente a prática do zeroing em todos os procedimentos antidumping”.
Para o presidente da Citrus BR, Christian Lohbauer, o fato não deve assegurar ganho de mercado, mas uma concorrência mais leal e menos dispendiosa. Até então, além da tarifa de importação, era exigida mais essa taxa, o que
encarecia o produto e influía nas vendas.
82
High value
products
into the market (like waters, isotonic and energy drinks) and
competition from other producing regions.
For 2011, the president of the National Association of
Citric Fruit Juice Producers (CitrusBR), Christian Lohbauer,
believes foreign sales will remain on a par with last year. The
North-American orange crop is poised to remain at the levels
With an outstanding performance in the fruit sector, Brazilian orange juice recovered its value in 2010. Along with by- of last year and the Brazilian crop might even reach bigger volumes, but without meaningful impact, he understands. Juice
products, the shipments of the sector brought in US$ 2.042
prices are expected not to differ from last year, with chances for
billion, up 11.48% from the results achieved in 2009. Prices
a minor improvement, in light of this year’s smaller stocks.
went up as a result of the smaller fruit crop in the main proWith regard to juices from other fruit species in 2010,
ducing regions - Florida, in the United States and São Paulo.
the performance of apple-derived products, as well as mixBrazil leads foreign juice sales, reaching a share of upwards of
tures, was considerably higher. Foreign sales of apple juice,
50% of the international market, which is the destination of
according to figures released by the Brazilian Secretariat of
more than 50% of the entire production volumes. Foreign Trade (Secex), disclosed by the Brazilian Fruit InIn terms of volume, nevertheless, the figures have been
stitute (Ibraf ), rose from 22 thousand to 38 thousand tons
gradually receding, especially from 2007 onwards, when the
from 2009 to 2010, while revenue rose
peak of 1.415 million tons was reached. In 2010,
from US$ 19.4 million to US$ 33 million
total foreign sales remained at 1.2 million t,
over the period. The nonfermented beverSHIPMENTS OF
down 100 thousand tons from the previous
ages, soared 538% from one year to the
season. Many factors have had an influence
ORANGE JUICE
next, rising from 387 t to 2,468 t. Revon the result, according to segment sources:
RAKED IN US$ 2
enue from the sales amounted to US$ 3.5
from the exchange rate policy to the reducBILLION
million, against approximately US$ 720
tion in consumption in developed countries,
thousand in the previous period.
along with an array of new beverages launched
VICTORY AT THE WTO The main destination for the national orange juice is Europe (about 70%). But
the United States is also a very relevant market, and its purchases represent about 15% of the total. It was against the
United States that Brazil came out winner in February 2011 (although an appeal could still be filed) in a ruling by the
World Trade Organization (WTO), in a court case against the antidumping tariffs levied on the Brazilian product.
The panel opened in September 2009 by the government asked for a rejection to the type of calculation used by the
United States to determine whether there was dumping or not, in a process referred to as zeroing, which is considered
to be unfair to the Brazilian producers. The Ministry of foreign Affairs concluded that the report issued by the Organization represents a “significant victory for Brazil in a relevant subject for bilateral trading operations” and hopes the
ruling will encourage the United States to definitely abandon the Zeroing practice in all antidumping procedures”.
The president of Citrus BR, Christian Lohbauer, understands that the fact should not be viewed as the conquest of
a market, but as more loyal and less expensive competition. Up to that time, besides the import tariff, another fee was
required, further increasing the price of the products, with obvious reflections on sales.
Sílvio Ávila
While shipments shrank in
volume, revenue from orange
exports soared 11.48% in 2010
83
Em busca de
equilíbrio
Produtores e indústrias de suco
de laranja buscam implantação de
um conselho para regular o setor
84
A indústria e os produtores de laranja do Brasil estão em
tratativas para a formação de um conselho que defina a política do setor para regular as safras da fruta. Desde a década
de 1990, com a liberação dos preços pelo governo, o setor
passou a ser regido pelo mercado. A iniciativa, batizada de
Consecitrus, é inspirada no modelo do Consecana, órgão
que estabelece a remuneração dos produtores de cana-de-açúcar, em vigor desde 1999.
As discussões em torno da implantação do Consecitrus
tiveram início no segundo semestre de 2010, mas a
ideia é antiga, tendo sido sugerida pela Associação
Brasileira de Citricultores (Associtrus). A indústria
está representada pela Associação Nacional dos
Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus BR) e,
por parte dos produtores, são três entidades:
a Associtrus, a Sociedade Rural Brasileira
(SRB) e a Federação da Agricultura do
Estado de São Paulo (Faesp).
O presidente da Citrus BR, Christian Lohbauer, lembra que até 1994
havia um contrato padrão, o que
garantia uma certa estabilidade na
compra da laranja. O Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão vinculado ao
Ministério da Justiça, considerou
a prática anticoncorrencial, o que
acabou com os valores de referência
e desobrigou a indústria a colher e
transportar a fruta.
A partir daí, os preços pagos aos
produtores passaram a ter uma alta volatilidade, com cada
indústria definindo a remuneração. Segundo Lohbauer, as
cotações dependem de fatores climáticos e mercadológicos,
tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos. “Quando há
muita oferta na Flórida e em São Paulo e o clima é ideal, a
safra é boa e o preço cai. Ao contrário, com pouca laranja no
mercado, o preço sobe”, explica o presidente da Citrus BR.
Conforme Lohbauer, o Consecitrus deverá ser um fórum de debates entre produtores e indústrias para discutir e
chegar a um consenso sobre os custos de produção do setor
e um valor de referência para o pagamento da caixa de 40,8
quilos. “Temos que montar
uma
estrutura técnica, que
todo o ano se reúna
FALTA DE CONSENSO
para estabelecer esses
ATRAPALHA
parâmetros”, enfatiza.
CRIAÇÃO DO
Sem o estabeleciCONSELHO
mento de uma remuneração que norteie o
mercado, os valores têm
oscilado muito de um ano para outro. Em 2009, São Paulo
e o estado norte-americano da Flórida, as duas maiores regiões produtoras no mundo, tiveram grandes safras. A caixa
chegou a ser comprada pela indústria a R$ 4,00. No ano
seguinte, com safras menores e estoques baixos, o valor pago
atingiu R$ 15,00 por caixa.
Para o presidente da Citrus BR, a discussão sobre o Consecitrus está bem encaminhada. No entanto, defende que
os produtores se organizem em uma única entidade. “Eles
caminham para isso, daí podemos partir para a conversa técnica”, acredita Lohbauer.
no do Consecitrus pouco avançaram. Na opinião dele, o ponto que atrapalha as negociações é a falta de confiança entre produtores e indústrias. Ele também não concorda com o que classifica como
imposição da indústria para que os citricultores tenham apenas uma entidade representativa. “Somos
favoráveis a um sistema que vincule a remuneração dos produtores ao preço pago pelo consumidor.”
O diretor do Departamento de Citricultura da SRB, Gastão Crocco, entende que o conselho deve
buscar o máximo de transparência acerca das informações do setor. “Dentro desse ambiente, podemos
chegar ao equilíbrio de toda a cadeia”, acredita. Crocco lembra que a questão não se resume ao preço, mas
envolve o cenário da citricultura. “Hoje temos grande incidência de greening nos pomares e, para combater o
vetor, aumenta-se o número de pulverizações. Temos que atacar esse tipo de problema”, exemplifica.
Inor /Ag. Assmann
NEGOCIAÇÃO O presidente da Associtrus, Flávio Viegas, considera que as discussões em tor-
85
In pursuit of
equilibrium
Orange juice
producers and
industries are poised
to set up a council
to rule the sector
to be a standard contract, which represented an assurance for a certain stability
in orange purchases. The Administrative
Council for Economic Defense (Cade),
on organ linked to the Ministry of Justice, ruled the practice anticompetitive,
a fact that put an end to the reference
values and exempted the industry from
harvesting and transporting the fruit.
From that moment onward, farm gate
prices entered a highly volatile stage,
The industry and the orange producers in Brazil are in the process of setting up a council with the responsibility
to define the policy of the sector that
regulates the crop of this fruit. Since the
1990s, when the government liberated
the prices, the sector has been under the
rule of the market. The initiative, christened Consecitrus, gets its inspiration
from Consecana, an organ that establishes the remuneration of the sugarcane
producers, now in force since 1999.
The debates about the implementation of the Consecitrus started in the
second half in 2010, but the idea goes
a long way back to the past, and was
first suggested by the Brazilian Association of Citrus Growers (Associtrus).
The industry is represented by the
National Association of Citrus Juice
Exporters (Citrus BR) and, from the
growers’ side, there are three entities:
Associtrus, Brazilian Rural Society (SRB) and the Federation of Agriculture
LACK OF CONSENSUS
of São Paulo (Faesp).
The president of
HINDERS THE
Citrus BR, Christian
CREATION OF THE
Lohbauer, recalls that
COUNCIL
up to 1994 there used
86
with every different industry dictating
their own prices. According to Lohbauer, the quotes rely on climate and
market factors, both in Brazil and in the
United States. “When there is abundant
supply in Florida and in São Paulo and
climate conditions are favorable, this
obviously results into a good crop but
with depressed prices. In a reverse situation, when supply is tight, prices soar”,
explains the president of Citrus BR.
Without a remuneration standard
that serves as a guideline for the market,
prices have fluctuated a lot from one year
to the next. In 2009, São Paulo and Florida in the USA, the two leading producers in the world, harvested huge crops. A
box of oranges was sometimes purchased
by the industry for as little as R$ 4. The
following year, with smaller crops and
NEGOTIATION The president of Associtrus, Flávio
Viegas, has it that the debates on the Consecitrus have
made scarcely any progress. In his opinion, the item that
hinders the negotiations is the lack of confidence between
producers and industries. He equally disagrees with what
he classifies as industry imposition regarding only one
grower representative entity, suggested by the industry.
“The system that we approve is the one that links farm
gate prices to prices paid by the consumers”.
The director of SRB’s Citriculture Department,
low stocks, a box sold for R$ 15.
For the president of Citrus BR, the
debate on the Consecitrus is on the
right track. Nonetheless, he suggests
the growers should get organized in
one entity only. “They are really walking towards one entity, and then we
can address the technical side”, Lohbauer ponders.
Gastão Crocco, understands that the council should
be as transparent as possible about any information
on the sector. “Within this environment, we are in a
position to reach the equilibrium of the entire chain”,
he says. Crocco recalls that the question is not limited
to the price, but it involves the citriculture scenario.
“Currently we have severe greening outbreaks in our
orchards and, to fight the vector, we increase the number of sprayings. This is the type of problem we should
address”, he exemplifies.
Sílvio Ávila
Lohbauer understands that the
Consecitrus should be a forum for
debates between growers and industries
in order to reach consensus on such
matters as production cost and reference cost for a 40.8 kilo box. “We have
to set up a technical structure, which
meets on a yearly basis to set up the
parameters”, he stresses.
87
Tem solução
Câmara setorial discute e propõe saídas para os principais problemas
do setor, como registro para defensivos e novas moléculas
Sílvio Ávila
Os principais problemas que afetam
a fruticultura são tratados com maior
atenção desde 2003 por representantes
do setor, ano em que foi instalada a
Câmara Setorial da Cadeia Produtiva
de Fruticultura. O engenheiro agronô-
88
mo Luiz Borges Júnior é um dos que
participam dos debates desde a primeira reunião. Já integrou o grupo como
presidente da Associação Brasileira
de Produtores de Maçã (ABPM) e do
Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf ).
Atualmente, como consultor especial,
representa a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A partir do que é discutido na
câmara, são elaborados documentos
e encaminhados para quem possa so-
lucionar os problemas apontados. “O
grande entrave é que o Brasil até hoje
não tem uma política agrícola definida.
Vivemos de situações emergenciais,
sem um programa de longo prazo. Vamos viver tomando sustos”, avalia.
Segundo Borges Júnior, os assuntos priorizados em 2011 serão a falta
de registro para defensivos e para
novas moléculas e a continuação do
programa de marketing para aumentar
o consumo e a exportação de frutas.
Também deverão buscar uma solução
para evitar a entrada de novas pragas
quarentenárias pela fronteira Norte do atrapalha”, argumenta.
A Comissão Nacional de FruticultuBrasil. “Especificamente em Roraima,
ra da CNA, com apoio da câmara setoonde as novas ligações terrestres com
a Guiana e a Venezuela têm permitido rial, está investindo recursos para conhecer a fundo o mercado consumidor de
o acesso de novas pragas e o risco é
muito grande, porque o controle sani- frutas no Brasil. O objetivo é traçar uma
estratégia de marketing que realmente
tário federal é quase inexistente nessa
aumente o consumo de frutas, legumes
região”, destaca.
e vegetais (FLV). Outra demanda é
A situação envolvendo o registro
o incremento das exportações, cujos
de produtos para fruticultura e hortiprincipais destinos são Estados Unidos e
cultura é muito grave, na opinião de
Europa. Na avaliação de Borges Júnior,
Borges Júnior, pois os produtores de
para elevar as vendas externas é preciso
frutas tropicais e temperadas não têm
ir para a Ásia. “Mas temos barreiras
defensivos registrados. Isso coloca-os
sanitárias para resolver, precisamos ter
em condição ilegal. “Com frequência
apoio diplomático, as nossas embaixadas
a Anvisa (Agência Nacional de Vina região não estão em condições de regilância Sanitária) divulga casos de
solver sozinhas o problema e a estrutura
produtos contaminados, o que não é
do Ministério da Agricultura ainda é
verdade”, aponta. “O produtor usou
pequena. Esperamos que com a criação
um defensivo não registrado para a
dos adidos agrícolas nas embaixadas o
cultura, mas os limites de resíduo estão dentro dos padrões admitidos pela assunto prospere”, pondera.
Uma luta que continua sem soluFAO (Organização das Nações Unidas
ção é a do crédito rural, principalmenpara Agricultura e Alimentação).”
te para o médio e o grande produtor.
Uma nova norma resolveria o proO limite de recursos com juros
blema, porém os entraves
subsidiados é muito
burocráticos impebaixo e não é levado em
dem a solução. A
ONZE TEMAS
conta a intensidade ecofalta de registro
COMPÕEM A AGENDA nômica da atividade por
tem causado
ESTRATÉGICA
hectare. Como exemplo,
sérios entraves
2010-2015
Borges Júnior cita que
para a exportação
um financiamento de R$
e muitos produtos
2.000 por hectare para grãos
registrados hoje no
resolve o problema, mas para frutas
Brasil são proibidos nos principais
pouco contribui. A falta de recursos
mercados mundiais. “Temos lutado
para facilitar os registros das novas mo- estaduais e federais também afeta o
funcionamento do Seguro Rural. “Soléculas que são menos tóxicas e seguras
mente a criação do Fundo de Catástropara a população e o meio ambiente,
fe resolverá o problema.”
no entanto, mais uma vez a burocracia
AGENDA Conforme Francisco de Assis Mesquita Facundo, secretário da câmara setorial, ao
longo de 2010 foi elaborada a Agenda Estratégica 2010-2015. O documento reúne um conjunto
de propostas distribuídas em 11 temas. São eles: estatísticas; pesquisa, desenvolvimento e inovação
(PD&I); assistência técnica; defesa agropecuária; marketing e promoção; gestão da qualidade; governança da cadeia; crédito e seguro; legislação; comercialização e incentivo à agroindustrialização.
89
Solution
on hand
Sectorial chamber debates and proposes a way out of
the sector’s most pressing problems, like the register
for agrochemicals and new molecules
The most pressing problems that
are jeopardizing the fruit farming business have been receiving closer attention from the representatives of the
sector since 2003, when the Sectorial
Chamber of the Fruit Farming Production Chain was set up. Agronomic
engineer Luiz Borges Júnior is one of
the members who has taken part in
90
the debates since the first meeting. He
once served the group in his capacity
as president of the Brazilian Association of Apple Producers (ABPM) and
of the Brazilian Fruit Institute (Ibraf ).
Currently, as special consultant, he
represents the Brazilian Federation of
Agriculture and Livestock (CNA).
The debates in the chamber are
the basis for documents that are forwarded to the people in a position
to come up with a solution to the
problems. “The real obstacle lies in
the fact that Brazil has not yet defined
an agricultural policy. We put up with
emergency situations, without any
long-term program. We will continue
enduring threats”, he evaluates.
Inor /Ag. Assmann
According to Borges Júnior,
throughout 2011 priority attention will be given to the agrochemical register, to the issue of new
molecules and the continuity of
the marketing program to boost
both fruit consumption and ex-
2010-2015 STRATEGIC
AGENDA COMPRISES
ELEVEN THEMES
ports. A solution intended to curb the
entrance of quarantine pests through
the North border of Brazil is also to
be pursued. “Especially in Roraima,
where the new terrestrial connections
with Venezuela and the Guianas have
allowed the entrance of new pests. And
the risk is really serious, because federal
sanitary control measures are almost
inexistent in the region”, he notes.
The question involving the register of
products for fruit faming horticulture is
really serious, Borges Júnior comments,
simply because there are no registered
agrochemicals for the producers of tropical and temperate fruit, making their
activity illegal. “Rather frequently, cases
of contaminated fruit are reported by the
National Sanitary Vigilance Agency (Anvisa), which is not true”, he insists. “The
producer applies a non-registered agrochemical, but the residue limits remain
within the standards recommended by
the Food and Agriculture Organization
of the United Nations (FAO)”.
A new standard could solve the
problem, however, there are bureaucratic hurdles that prevent any solution. The lack of the register has caused
serious obstacles to exports and lots of
products registered in Brazil are not
allowed in the leading global markets.
“We have been doing our best toward
registering the new molecules, which
are less toxic and safer for people and
for the environment, but bureaucracy
is again the problem”, he argues.
The Brazilian Federation of Agriculture and Livestock (CNA), jointly
with the Sectorial Chamber, is now
doing investments into a study on the
Brazilian fruit consuming market. The
target is to devise a market strategy that
really boosts the consumption of fruit,
vegetables and legumes (FVL). A boost
to exports, now mostly to the United
States and Europe, is just one more
demand. Borges Júnior maintains that
if it is a question of propping up sales,
heading to Ásia might be the solution.
“Nonetheless, there are sanitary barriers that need to be surmounted, we
need diplomatic support, our embassies throughout the region are not in a
position to solve the problem without
additional support and the structure of
the Ministry of Agriculture, Livestock
and Food Supply (Mapa) is very deficient. We hope that the solution will
come from the recently created agricultural attachés”, he says.
An ongoing battle, with no solution
in sight, is the question of rural credit,
especially for medium and commercial
farmers. The limit of resources with
subsidized interest rates is very small and
the per-hectare economic intensity is not
taken into consideration. As an example,
Borges Júnior cites the R$ 2,000 per
hectare loan. It will solve the problem
for grain producers, but gives hardly any
contribution to fruit growing. The shortage of state and federal resources also
negatively affects Rural Insurance programs. “Only the creation of the ‘Catastrophe Fund’ will solve the problem”.
AGENDA According to Francisco de Assis Mesquita Facundo,
secretary of the Sectorial Chamber, the 2010-2015 Strategic
Agenda was created in 2010. The
document contains a set of proposals split into 11 themes. They
are as follows: statistics, research,
development and innovation
(PD&I); technical assistance;
agriculture defense; marketing
and promotion; quality management; chain governance; credit
and insurance; legislation; commercialization and incentive to
industrialization.
91
Sílvio Ávila
Reconhecido
Com respaldo do Sebrae, produtores e iniciativas voltadas à
fruticultura conseguem se destacar no mercado e abrir horizontes
Ao focar a organização e a gestão, aliadas à inovação e
à tecnologia na busca do mercado, muitos projetos da área
de fruticultura respaldados pelo Serviço Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) estão apresentando
êxito e reconhecimento. Certificações foram recebidas em
vários estados a partir de um diferencial de produtos, organização dos produtores, implantação de melhores tecnologias,
redução de custos e agregação de valor, destaca a analista da
entidade Léa Maria Lagares.
No Rio Grande do Norte, a Cooperativa de Desenvolvimento Agroindustrial Potiguar (Coodap), com 20 produtores de melão, e a Cooperativa de Agricultores dos Frutos da
Paz (Cooapaz), reunindo 93 fruticultores de abacaxi, limão
e coco, foram distinguidas em 2009 e 2010 com certificações em Comércio Justo. Do mesmo estado, a Cooperativa
Novos Pingos (Coopingos), com 36 associados dedicados à
castanha de caju, recebeu a distinção em Comércio Justo e
Orgânico no fim de 2010.
Projetos de Pernambuco e da Bahia obtiveram as certificações Globalgap e Produção Integrada, além da Indicação Geográfica para manga e uva concedida pelo Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (Inpi).
No Rio Grande do Sul, proAÇÕES DO
jetos de vitivinicultura da
SEBRAE APOIAM A
localidade de Pinto Bandeira,
na serra gaúcha, tiveram ouFRUTICULTURA EM
torgada a Indicação GeográfiTODO O PAÍS
ca em 7 de outubro de 2010.
92
Conferiu-se ainda, no mesmo ano, o prêmio de melhor espumante ao Gran Legado, de Bento Gonçalves, e lançou-se, em
6 de novembro, o consórcio do Espumante de Garibaldi, de
acordo com as normativas internas de elaboração do produto.
Destaca-se também o desenvolvimento e o início da implantação do Programa de Alimento Seguro (PAS) Açaí no
Amapá e no Pará. A iniciativa soma-se a outras em diversos
estados, com destaque para Minas Gerais, que têm apoiado o
setor, qualificando e incrementando a produção e o comércio
interno e externo dos frutos brasileiros.
Para 2011, assinala Léa, o Sebrae busca o alinhamento
das carteiras de fruticultura e vitivinicultura com as agendas estratégicas elaboradas pelos dois setores no âmbito
das respectivas câmaras setoriais. No primeiro caso, são 49
projetos no valor total de R$ 13 milhões (R$ 5 milhões
do Sebrae e R$ 8 milhões de 321 parceiros), em 314 municípios de 19 estados. No outro, dois projetos, totalizando R$ 709 mil, reúnem 13 parceiros de dois estados e um
convênio com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin),
no valor de R$ 2,9 milhões.
O objetivo é desenvolver a atividade em Goiás, Bahia,
Espírito Santo, Pernambuco, Paraná, Santa Catarina, São
Paulo e Rio Grande do Sul, com ações estruturantes, gestão
do conhecimento, inovação e tecnologia. O incentivo ao
aumento do consumo de frutas, em parceria com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), e de vinhos, espumantes e sucos de uva, com o Ibravin, está entre as principais
iniciativas em curso durante 2011.
Acknowledged
By focusing on organization and management, along
with innovation and technology towards the conquest of
markets, several projects in the area of agriculture, supported by the Brazilian Micro and Small Business Support
Service (Sebrae) are proving successful and winning recognition. Certifications were awarded in many States, based on
product quality, grower organization, implementation of
technologies, cost reductions and value adding moves, says
analyst Léa Maria Lagares.
In Rio Grande do Norte, the Potiguar Agroindustrial
Development Cooperative (Coodap), with 20 melon producers, and the Frutos da Paz Farmers’ Cooperative (Cooapaz), with 93 pineapple, lemon and coconut growers were
distinguished with Fair Trade certifications in 2009 and
2010. In the same State, the Novos Pingos Cooperative
(Coopingos), comprising 36 associate members devoted
to cashew nut farming, was awarded the Fair and Organic
Trade certification in late 2010.
Projects in Pernambuco and Bahia also obtained the
Globalgap and Integrated Production certifications, along
with the Geographical Indication for mangoes and grapes,
granted by the National Institute for Industrial Property
(Inpi). In Rio Grande do Sul, winegrowing projects in Pinto
Bandeira, in sierra gaucha, were awarded the Geographical Indication on 7 October 2010. In that same year, Gran
Legado, a sparkling wine made in Bento Gonçalves, received
the top quality award. On November 6th, the Garibaldi
Sparkling consortium was launched, in compliance with the
internal standards for making the product.
Other Sebrae supported initiatives are the development
and the implementation
of the Açaí Safe Food
SEBRAE LENDS
Program (SFP), in the
states of Amapá and
SUPPORT TO
Pará. This initiative
AGRICULTURE IN THE
comes with other
ENTIRE COUNTRY
moves in other states,
where Minas Gerais stands out for lending support to the
sector, thus qualifying and boosting the production volumes,
along with fruit sales at home and abroad. For 2011, Léa comments, Sebrae’s efforts are focused on
aligning the fruit farming and winegrowing segments with
the strategic agendas devised by the two sectors within the
range of the respective sectorial chambers. In the first case,
49 projects are involved, amounting to R$ 13 million (R$ 5
million from Sebrae and R$ 8 million from 321 partners),
in 314 municipalities of 19 states. In the other, two projects
totaling R$ 709 thousand, bring together 13 partners from
two states, and an agreement with the Brazilian Wine Institute (Ibravin), amounting to R$ 2.9 million.
The target is to develop activities in Goiás, Bahia, Espírito Santo, Pernambuco, Paraná, Santa Catarina, São Paulo
and Rio Grande do Sul, with structural actions, knowledge
management, innovation and technology. The major initiatives to be carried out over 2011 include stimulus to fruit
consumption, promoted jointly with the Brazilian Federation of Agriculture and Livestock (CNA), and wine, sparkling and grape juice consumption, jointly with Ibravin.
Lula Helfer
Supported by Sebrae, producers
and fruit-oriented initiatives
make a difference in the market
and chart new frontiers
93
Sílvio Ávila
Pesquisa Research
94
Sim às
diferenças
Projeto dá esperança e oportunidade de
diversificação nos pomares nordestinos
Santa Catarina (Epagri), e das unidades da Embrapa Uva e
O cenário da fruticultura do Vale do São Francisco, no
Vinho, de Bento Gonçalves (RS), e Clima Temperado, de
Nordeste brasileiro, não é constituído apenas por pomares
Pelotas (RS), além de outras instituições e universidades,
de manga e videiras, os carros-chefe da sua economia. Os
deram início, em 2004, à pesquisa Introdução e avaliação de
120 mil hectares de cultivo irrigado são ocupados, também,
culturas alternativas para as áreas irrigadas do semiárido brasipor plantações de frutas como banana, coco verde, goiaba,
leiro. A coordenação do projeto é do pesquisador da Embramelão, acerola, limão e maracujá, além de outras atividades
pa Semiárido Paulo Roberto Coelho Lopes.
agrícolas, segundo dados da Associação dos Produtores e
De acordo com Maria Auxiliadora, na primeira fase as
Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São
expectativas foram superadas, pois ficou comprovada a viabiFrancisco (Valexport). Essa lista de diversificação, no entanlidade de se produzir outras variedades. Portanto, será possível
to, pode aumentar ainda mais.
Depender apenas de algumas culturas para movimentar a encontrar plantações de frutas de clima temperado, como
maçã, pera e caqui, no Vale do São Francisco
economia de uma região pode ser preocupandaqui a alguns anos. As avaliações de produte, conforme salienta a chefe de pesquisa e
ESTUDO ADAPTA
tividade e capacidade de adaptação à região
desenvolvimento da Embrapa Semiárido,
FRUTAS DE CLIMA
foram algumas das características essenciais
Maria Auxiliadora Coêlho de Lima. Por
para a obtenção do resultado, cujas análises
isso, a entidade, localizada em Petrolina
TEMPERADO AO
ocorreram em campos experimentais das
(PE), e pesquisadores da Empresa de
SEMIÁRIDO
instituições e em propriedades particulares.
Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de
AVALIAÇÃO O projeto, considerado inédito para a região semiárida, também visa à avaliação de culturas de clima
subtropical, como limão, laranja e pomelo, mas são as de temperado que se encontram no estágio mais avançado. O
próximo passo, conforme explica a engenheira agrônoma Maria Auxiliadora Coêlho de Lima, é avaliar as práticas de
manejo (poda e adubação), o custo de inserção das novas culturas, a incidência de pragas e doenças, e o estabelecimento
das necessidades de nutrientes e de irrigação. Os estudos seguirão até 2013.
Segundo Maria Auxiliadora, com a pesquisa espera-se atender a interesses de pequenos, médios e grandes produtores. No primeiro momento, no entanto, o foco será o mercado regional, com atenção ao ramo agroindustrial. A proposta não descarta, contudo, a possibilidade de trabalhar culturas com potencial competitivo no mercado externo. Ao
diversificar o plantio, além de ampliar as oportunidades de cultivo rentável, inova-se no campo, reduz-se a dependência
econômica local e abrem-se novos caminhos em meio ao mercado internacional, elementos que possibilitam o desenvolvimento e a sustentabilidade.
95
Accepting
differences
Project paves the way for new opportunities and
orchard diversification in the Northeast
The fruit farming scenario in Vale do São Francisco, in the
Brazilian Northeast, does not only consist of mango orchards
and vineyards, the flagships of its economy. The 120 thousand
hectares of irrigated cultivations also produce bananas, green
coconuts, guavas, melons, acerolas, lemons and passion fruit,
besides other agricultural activities, according to data released
by the São Franscico Vale Association of Vegetables and Byproducts Exporters (Valexport). Nonetheless, this diversification list could expand even further.
The dependence on only a few crops for driving the economy on an entire region may be a cause for concern, warns
the head of the research and development department of
Embrapa Semiarid, Maria Auxiliadora Coêlho de Lima. That
is why, the entity located in Petrolina (PE), and researchers of
the Rural Extension and agricultural Research Corporation
of Santa Catarina (Epagri), and Embrapas Grape and Wine,
in Bento Gonçalves (RS), and Temperate Climate, in Pelotas (RS), besides other institutions and universities, started
in 2004 specific research work, known as Introduction and
assessment of alternative crops for the irrigated areas in the
Brazilian Semiarid. Paulo Roberto Coelho Lopes, researcher
of Embrapa Semiarid, coordinates the project.
According to Maria Auxiliadora, at the first stage, all
expectations were exceeded, since the viability for producing other varieties was fully demonstrated. Therefore, in a
few years from now, it will be no surprise to come across
temperate climate fruit plantations, like apples, pears and
persimmons, across Vale do
São Francisco. Productivity
STUDY ADAPTS
assessments and adaptation
capacity
to the region were
TEMPERATE CLIMATE
some of the essential characFRUIT TO THE
teristics achieved in the trial
SEMIARID
fields of these institutions
and in privately owned farms.
96
Sílvio Ávila
EVALUATION The project, seen as a pioneer in the Semiarid region, is also intended to assess other crops from
subtropical climates, including lemons, oranges and pomelos, but it is temperate climate fruit that have been the
target of deeper research works. The next step, according to agronomic engineer Maria Auxiliadora Coêlho de Lima,
consists in evaluating the management practices (pruning and fertilization), the cost of inserting the new varieties, the
incidence of diseases and pests, the establishment of the nutrient and irrigation needs. The studies have been scheduled to go on until 2013.
Maria Auxiliadora explains that the research work is intended to see to the interests of small, medium and commercial farmers. At a first moment, nevertheless, the focus will be on the regional market, with special attention to the
industrial sector. The bid does not disregard research works on crops that could be potentially competitive in the international marketplace. Planting diversification boosts the chances for profitable cultivations, leads to field innovations,
reduces local economic dependence and paves the way for these fruit to work their way into the international market,
elements that lead to development and sustainability.
97
Aliadas à saúde
Rede internacional de pesquisa visa a avaliar propriedades de frutas
tropicais em benefício da saúde humana e da ampliação de mercado
A pesquisa frutícola brasileira promete grandes realizações durante o ano
de 2011. Por meio de uma rede internacional de pesquisa na área de ingredientes funcionais, os participantes da
Rede Frutactiva, aprovada em dezembro de 2010, irão desenvolver maneiras
para investir nos ingredientes bioativos
INGREDIENTES
BIOATIVOS DE
FRUTAS PREVINEM
DOENÇAS
fornecidos por algumas variedades de
frutas. Ao mesmo tempo, almejam aumentar as possibilidades de consumo e
agregar valor aos produtos.
Aprovado pelo Cyted – conselho que
reúne Organismos Nacionais de Ciência
e Tecnologia (ONCTS) dos países de
língua espanhola e portuguesa da América, juntamente com Portugal e Espanha
(Iberoamérica) e representado em solo
brasileiro pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) –, o projeto terá liderança
da Embrapa Agroindústria Tropical, de
Fortaleza (CE), e coordenação do pesqui-
sador da unidade Ricardo Elesbão.
Durante os quatro anos de trabalho,
espera-se montar um grupo multi e
transdisciplinar que favoreça a cooperação, a interação, a transferência de
conhecimentos, metodologias e tecnologias para caracterização, obtenção e
uso de compostos bioativos de frutas
tropicais não tradicionais nos países iberoamericanos, como acerola, açaí, romã
e caju. Aumentar a contribuição social
das frutas em estudo às populações locais onde estão disseminadas e promover
políticas públicas voltadas à nutrição
também englobam as propostas da rede.
Sílvio Ávila
SAUDÁVEL Além de fornecer nutrientes, as frutas possuem
98
ingredientes bioativos com propriedades comprovadas na prevenção
de doenças degenerativas. Ao detectar os compostos antioxidantes,
os pesquisadores trabalharão para estimular o consumo. As frutas
são as principais fornecedoras de componentes que ajudam na
redução de radicais livres – moléculas que degeneram as células humanas – acumulados no cotidiano.
De acordo com o coordenador, Ricardo Elesbão, a Rede Frutactiva também tem como meta valorizar as frutas existentes apenas
em solo brasileiro, além de promover o interesse pela produção de
outras variedades em maior escala, como o umbu. Fornecer subsídios para a pesquisa de melhoramento e à indústria que queira
utilizar extratos dessas frutas para obtenção de produtos cosméticos
e nutracêuticos constituem, do mesmo modo, os objetivos da rede.
Os resultados serão apresentados às comunidades acadêmicas
e aos investidores industriais pelo menos duas vezes por ano. Para
isso, a equipe contará com 33 mil euros anuais para promoção de
reuniões, cursos e lançamento de publicações. Composta por 14
grupos de pesquisa, sendo quatro do Brasil, e 12 empresas, a Rede
Frutactiva contará com 109 pesquisadores dos nove países que fazem parte da iniciativa. Em conjunto, trabalharão para divulgar os
bons componentes das frutas brasileiras, possibilitando abrir novos
mercados e criar hábitos mais saudáveis.
Sílvio Ávila
Healthy
International research network analyzes the human health
benefits of tropical fruit and market expansion moves
the Portuguese acronym) –, the project will be under the
Fruit-oriented research works in Brazil are likely to celsupervision of Embrapa Tropical Agroindustry, based in
ebrate relevant achievements throughout 2011. Through an
Fortaleza (CE), and under the coordination of Ricardo
international research network focused on functional ingreElesbão, researcher with the unit
dients, the participants of the research network dubbed FruDuring the next four years, the intention is to set up a
tactiva Network, which got its approval in December 2010,
multi and transdisciplinary team that is supposed to prowill engage in the development of manners to invest in the
mote cooperation, interaction, knowledge transference,
bioactive ingredients that are present in some fruit species.
characterization methodologies and technologies, extraction
In the meantime, the idea is to boost consumption and add
and use
of bioactive compounds from non tradivalue to the products.
tional tropical fruit in Ibero-American
Approved by the Cyted – a council that
countries, like acerola, açaí, pomegranate
includes the National Organisms for SciFRUIT-BASED
and cashew nut. Other proposals of the
ence and Technology (NOST) of the SpanBIOACTIVE
network include the social contribution
ish and Portuguese speaking countries in
INGREDIENTS
WARD
of all fruit species through a study of the
America, jointly with Portugal and Spain
OFF DISEASES
(Ibero-America) and represented in Bralocal populations where they are found,
zil by the National Council for Scientific
and the promotion of public policies
and Technological Development (CNPq, in
geared towards nutrition values.
HEALTH FRIENDLY Besides being a source of nutrients, most fruit have bioactive ingredients with unquestionable properties for warding off degenerative diseases. Upon detecting the antioxidant compounds, the researchers
remain focused on stimulating consumption. The major components that reduce the free radicals – molecules that
degenerate human cells and gradually accumulate in the body - are found in fruit.
According to coordinator Ricardo Elesbão, one of the targets of the Frutactiva Network consists in boosting the value
of fruit found only on Brazilian soil and also includes the interest in producing other varieties on a larger scale, like the
umbu fruit. Similar objectives of the network include inputs for enhancement-oriented research works and for industries
thast happen to be interested in using extracts of these fruit for their cosmetic and nutraceutical products.
The results will be presented to academic communities and industrial investors, at least twice a year. To this end, the team
will rely on a financial grant of 33 thousand euros a year for staging meetings, courses and for launching new publications.
Comprising 14 research teams, four of which from Brazil, and 12 companies, the Frutactiva Network relies on the work of 109
researchers, all involved in the initiative, spread across 9 different countries. They will work jointly towards giving publicity to
the good components of Brazilian fruit. New markets and the creation of healthy eating habits are also pursued.
99
Inor /Ag. Assmann
Irresistível
Rede de pesquisa trabalha para desenvolver
variedades de melancia mais saborosas, de alto
valor comercial e resistentes a pragas e doenças
vares. Com coletas realizadas em centenas de municípios dos esMagali, criação do cartunista Maurício de Sousa, vai ter
tados de Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Piauí, Midezenas de motivos para aumentar seu apetite. Tudo porque
nas Gerais e Rio Grande do Sul, entre outros, 953 amostras de
um grupo de pesquisadores, ao formar a Rede de Pesquisa
sementes crioulas dão forma ao Banco Ativo de Germoplasma,
em Melhoramento de Melancia, em abril de 2009, pretende
mantido na Embrapa Semiárido. Elas são utilizadas para realizar
originar variedades que sejam ainda mais saborosas, de alto
os cruzamentos em busca de variedades que correspondam às
valor comercial e resistentes a pragas e doenças.
necessidades dos produtores e do mercado.
A melancia está entre as cinco olerícolas mais importantes
Os trabalhos de melhoramento vegetal já resultaram na
cultivadas em solo brasileiro, fato que motivou o desenvolgeração da cultivar BRS Opara, a única no Brasil que apresenvimento do projeto de melhoramento genético. Participam
ta resistência ao oídio sem precisar recorrer ao uso de insumos
da iniciativa grupos de unidades da Embrapa – Mandioca e
químicos para controlá-lo. Atualmente, conforme a pesquiFruticultura (BA), Semiárido (PE), Hortaliças (DF), Rondônia (RO), Agroindústria Tropical (CE) e Recursos Genéticos e sadora Rita de Cássia, a variedade está em fase de validação e
registro para que seu plantio possa ser iniciado em 2012.
Biotecnologia (DF) – e das universidades do Estado da Bahia
Parte da estratégia dos pesquisadores é suprir o mercado
(Uneb), Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Federal
com outras variedades e híbridos, adaptados às diferentes conRural do Semiárido (Ufersa) e Estadual de Feira de Santana
dições ambientais do País, sempre atentos às características para
(UEFS). Atualmente, a cultivar Crimsom Sweet corresponde a
inserção no mercado. Também espera-se encontrar cultivares
90% das plantações brasileiras, segundo a pesquisadora Rita
de Cássia Souza Dias, da Embrapa Semiárido. Sua deficiência, com maior rendimento, sendo que hoje a média nacional varia
de 4 a 31 toneladas por hectare, conforme Rita de Cássia.
no entanto, é a suscetibilidade a muitas doenças que afetam a
A pesquisadora salienta que houve
cultura, entre elas as fúngicas, como o oídio.
registro
de níveis animadores de subsNão é apenas a atuação maléfica do fungo
CULTIVAR
tâncias antioxidantes, como licopeno
que motiva o desenvolvimento do projeto; ouRESISTENTE AO
(anticancerígena) e betacaroteno (fonte
tros problemas fitossanitários enfrentados pela
OÍDIO DEVE ESTAR
de vitamina A), em algumas variedades
melancia incentivam a busca por resistência
NO MERCADO
trabalhadas pela rede. A meta, entregenética. Características como frutos de menor
EM
BREVE
tanto, é encontrar outras novidades
tamanho, produtivos e atraentes ao consumidor
também são almejadas ao desenvolver novas cultienriquecedoras.
100
Irresistible
Research network is developing a more delicious
watermelon variety, of high commercial value
and resistant to pests and diseases
ed the BRS Opara cultivar, the only one in Brazil resistant to
the fungus oidium, without the need to resort to agrochemicals to control it. Currently, according to researcher Rita de
Cássia, the variety is undergoing the validation and register
stage for plantings scheduled for early 2012.
Part of the strategy of the researchers consists in providing the market with other varieties and hybrids, adapted to
the various environmental conditions across the Country,
always paying great heed to the characteristics required by
any market insertion move. The researchers also hope to
come up with high-yielding varieties, since the national average remains at 4 to 31 tons per hectare, says Rita de Cássia. The researcher points out that there have been records
of encouraging antioxidant levels, like lycopenu (anticancer)
and betacarothen (source of vitamin A), in some varieties
studied by the network. The target, nonetheless, is to come
up with enriching novelties.
Inor /Ag. Assmann
Magali, the brainchild of cartoonist Maurício de Sousa,
will have hundreds of reasons to enhance its appetite. The
credit goes to a group of researchers, who, after creating
the Watermelon Enhancement Research Network, in April
2009, seek to find out more delicious watermelon varieties,
of high commercial value and resistant to pests and diseases.
The watermelon is one of the five most important
olericole plants cultivated in Brazilian soil, a reality that
has given rise to the genetic enhancement project. The initiative is shared by the following Embrapa units: Cassava
and Fruit Farming (BA), Semiarid (PE), Vegetables (DF),
Rondônia (RO), Tropical Agroindustry (CE) and Genetic
Resources and Biotechnology (DF) and the universities of
Bahia (Uneb), Federal Rural of Pernambuco (UFRPE) and
State University in Feira de Santana (UEFS). Nowadays, the
Crimsom Sweet cultivar corresponds to 90% of all Brazilian
watermelon plantations, says
researcher Rita de Cássia
Souza Dias, of Embrapa
CULTIVAR
Semiarid. Its deficiency,
RESISTANT TO
nonetheless, lies in its susOIDIUM IS IN
ceptibility to many disTHE PIPELINE
eases that attack the crop,
among them, the fungus
diseases, like oidium.
It is not only the damage caused by the fungus that triggers the development of the project; other phytosanitary
problems of this variety encourage the work in pursuit of
genetic resistance. Such characteristics as smaller fruit, productive and appealing to consumers are also the focus of the
development of new cultivars. Through sample collections
carried out in hundreds of municipalities in the States of
Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Piauí, Minas
Gerais and Rio Grande do Sul, among others, 953 creole seed
samples materialize the Active Germplasm Database, run by
Embrapa Semiarid. They are used for crossings in search of
varieties that meet the needs of the the market and producers.
The vegetable enhancement works have already generat-
101
Sílvio Ávila
Acelera
Novos laboratórios do IAC
agregam agilidade e eficiência a
pesquisas em fruticultura
A fruticultura brasileira ganhou mais um aliado para
ampliar o leque de iniciativas positivas e de crescimento.
Em 30 de novembro de 2010, o Instituto Agronômico de
Campinas (IAC) deu início aos trabalhos do Laboratório de
Biotecnologia e Qualidade de Frutas, no Centro de Frutas,
em Jundiaí (SP). Com a inauguração, a obtenção de variedades utilizando-se ferramentas biotecnológicas para auxiliar
o programa de melhoramento genético e a avaliação da qualidade de frutas passou a ser rotina entre os pesquisadores.
Junto a isso, as novas instalações darão suporte aos projetos
de pesquisa voltados ao aumento de produtividade, à melhoria da qualidade e à resistência a doenças, pragas e a condições ambientais adversas.
Conforme o pesquisador
FRUTAS MAIS
e diretor do Centro de Frutas do IAC, Marco Antonio
SAUDÁVEIS E
Tecchio, com o laboratório
RESISTENTES SÃO
OBJETO DE ESTUDOS em pleno funcionamento,
demandas verificadas no setor
102
produtivo poderão ser atendidas com mais agilidade. O laboratório ocupa 88 metros quadrados e é dividido em oito
salas. Nele, no aspecto da qualidade, são realizadas avaliações
físicas (peso, textura e dimensões) e químicas (pH, acidez,
teor de sólidos solúveis e outros) de frutas como uva, pêssego, nectarina, ameixa, caqui, abacaxi e macadâmia, que reúnem o maior número de projetos em andamento no local.
Na área de biotecnologia serão realizados estudos com
a cultura de tecidos, objetivando a obtenção de maiores
quantidades de mudas com alto potencial agronômico e com
sanidade. A ferramenta permite ainda obter variedades livres
de viroses. Nessa área, os estudos com abacaxi, uva e pêssego,
oriundos de fazendas localizadas em polos produtores no Estado paulista, são priorizados.
Segundo Tecchio, as pesquisas no laboratório, o qual
recebeu investimento de R$ 200 mil, também irão proporcionar maior diversificação de plantio, material de melhor
qualidade genética e sanitária, além da redução de custos
com insumos e defensivos agrícolas. O pesquisador ressalta
ainda que, ao plantar mudas de qualidade e mais resistentes
às pragas e doenças, o agricultor poderá expandir a produção
e, com isso, aumentar sua renda. Na gama de benefícios, o
consumidor tem lugar garantido ao se deparar com frutas
mais saudáveis, saborosas e de alto valor nutricional.
ção do Laboratório de Biotecnologia e
Qualidade de Frutas, todas as pesquisas
desenvolvidas pelo Centro de Frutas do
IAC relacionadas à qualidade serão realizadas em suas dependências, explica o
pesquisador Marco Antonio Tecchio. No
âmbito da biotecnologia, no entanto,
têm andamento no local os projetos relacionados ao melhoramento genético do
abacaxizeiro, do pessegueiro e da videira.
Entre as dezenas de estudos realizados no centro destacam-se, na viticultura, a caracterização de germoplasma de
uva para mesa, vinhos e porta-enxertos;
a utilização de reguladores vegetais que
visam a melhorias na qualidade dos
cachos e das bagas de uva e a uniformização da brotação da videira; sistemas
de condução alternativos para videira e
a avaliação do comportamento de copa
e porta-enxerto em diferentes regiões
vitícolas no Estado de São Paulo. Em
frutas de caroço (pêssego e nectarina),
objetiva-se o desenvolvimento de cultivares precoces e pouco exigentes de frio.
Na cultura da macadâmia, busca-se
desenvolver variedades mais produtivas
para ampliar a produção sem necessidade de expandir a área de cultivo.
Outro trabalho diz respeito às fruteiras de clima tropical, no qual figura
o abacaxizeiro. Com ele é desenvolvida
pesquisa que visa à obtenção de variedades resistentes a pragas e doenças
com frutos de qualidade. Destaca-se,
nesse sentido, o lançamento, em janeiro de 2010, da cultivar IAC Fantástico, com características de resistência à
fusariose, principal doença da espécie
no Brasil. Iniciativa que, como todas
as outras, visa à melhoria das técnicas
culturais empregadas nos cultivos de
frutíferas e à obtenção de variedades
com alta potencialidade agronômica.
Tudo para ver pomares ainda mais verdes e cheios de bons frutos.
PÓS-COLHEITA
No Instituto Agronômico de Campinas (IAC), a pesquisa
frutícola não ganhou reforço apenas na área da biotecnologia e
da qualidade de frutas. Em dezembro de 2010, foi inaugurado
o Laboratório de Microbiologia e Fitopatologia Pós-colheita,
no Centro de Engenharia e Automação, em Jundiaí (SP).
As novas instalações permitirão que sejam realizados estudos
envolvendo o controle de podridões pós-colheita, bem como
a quantificação de micro-organismos causadores de doenças
transmitidas por alimentos, explica a pesquisadora Patrícia Cia.
Além de servir à pesquisa agrícola, a unidade poderá
atender a agricultores e empresas do ramo de diversas regiões
brasileiras. Entre os serviços que estarão disponíveis, após a
implantação da ISO 17.025, está o atendimento de solicitações
de análises microbiológicas. De acordo com Patrícia, estão em
desenvolvimento trabalhos que envolvem o estudo de métodos
convencionais e alternativos de controle de podridões, com o
intuito de contribuir para a redução de perdas qualitativas e
quantitativas na fase da pós-colheita.
Os pesquisadores dão andamento também a estudos que
englobam a análise de podridões em diversas frutas. As atenções são divididas entre o controle da antracnose em goiabas
e a indução de resistência contra o fungo C. gloeosporioides; a
utilização de atmosfera monitorada de ozônio para o controle
de podridões em uvas de mesa e o aumento do período de conservação; e o controle alternativo da antracnose em mamões
Golden e de podridões pós-colheita em pêssegos.
Divulgação IAC
QUALIDADE Com a inaugura-
103
Speeding
things up
New IAC laboratories provide
speedier and more efficient
research on fruit farming practices
Divulgação IAC
Fruit farming in Brazil has gained another ally towards
expanding the array of positive initiatives and growth rates.
On 30th November 2010, the Agroeconomic Institute of
Campinas (IAC) started the construction of the Fruit Quality and Biotechnology Laboratory, in the Fruit Center, based
in Jundiaí (SP). With its inauguration, the creation of new
varieties through the use of biotechnological tools geared
towards the genetic enhancement program and the assessment of fruit quality has turned into routine work among
the team of researchers. Furthermore, the new facilities will
104
provide support for the research projects focused on soaring
productivity rates, quality improvement and resistance to
pests, diseases and adverse climate conditions.
According to researcher and director of the IAC Fruit
Center IAC, Marco Antonio Tecchio, with the laboratory in
full operation, demands from the production sector could
be met faster. The 88-square meter laboratory is split into
eight rooms. In them, as far as quality is concerned, physical
assessments (weight, texture and dimension) and chemical
evaluations (pH, acidity, soluble solid rates and others) are
conducted on such fruit as grapes, peaches, nectarines, plums,
persimmons, pineapples and macadamia, which make up the
biggest number of projects underway in the place.
Tissue culture studies are to be carried out by the area of
biotechnology, with the target to obtain higher amounts of
healthy seedlings with high agronomic potential. The tool
also allows for the production of varieties free from virus
diseases. In this area, the studies on pineapple, grape and
peach, all fruit coming from farms located in producing
hubs throughout the State of São Paulo, are given priority.
According to Tecchio, all research work carried out in the
laboratory, which required an investment of R$ 200 million,
will also provide for crop diversification, material of higher
genetic and sanitary quality, while the growers are to benefit from lower expenses on inputs and agrochemicals. The
researcher also points out
HEALTHIER AND
that, by planting quality
MORE RESISTANT
seedlings and more resisFRUIT ARE NOW
tant to pests and diseases,
UNDER STUDY
the farmers are in a position
to expand their production
volumes, with obvious reflections
on higher income. Within the array of benefits, consumers
will surely take advantage of healthier, more delicious and
highly nutritional fruit.
QUALITY With the inauguration of the Fruit Quality and Biotechnology Laboratory, all quality-oriented research
works carried out by IAC Fruit Center related to quality will take place at its facilities, explains researcher Marco
Antonio Tecchio. In the biotechnology area, however, the projects related to the genetic enhancement of pineapples,
peach trees and vineyards, are conducted through field trials.
Among the tens of studies conducted in the center, the ones that stand out at winegrowing are the germplasm
characterization of table grapes, wine grapes and and graft-bearers; the use of vegetable regulators intend to enhance
the quality of grape bunches and berries and bud sprouting uniformity in vineyards; alternative conduction systems
for the vineyards and the evaluation of the behaviour of the crown and graft-bearer in different winegrowing regions
in the state of São Paulo.
In stone fruit (peach and nectarine), the goal is to develop premature cultivars and little demanding in terms of
cold temperature. With regard to macadamia, more productive varieties are the target in order to expand production
volumes without bigger planted areas.
Another work has to do with the tropical fruit trees, where the pineapple bush stands out. Research on this fruit
seeks to come up with varieties resistant to pests and diseases, while producing high quality fruit. Within this context,
the highlight is the launching of the IAC Fantástico cultivar, in January 2010, highly resistant to Fusarium wilt, a
major disease that attacks this species in Brazil. An initiative, which, like all others, seeks improved cultural practices
in fruit farming activities, along with the creation of varieties with high agronomic potential. And all this work is intended to make our orchards greener and trees loaded with fruit.
POST-HARVEST
At the Campinas Agronomic Institute (IAC), research work on fruit trees has not just gained help for the area of
biotechnology and fruit quality. The Post Harvest Microbiology and Phytopathology Laboratory was inaugurated in
the Engineering and Automation Center, in Jundiaí (SP). The new facilities are to pave the way for new studies on
post-harvest rot control, as well as the quantification of the microorganisms that cause diseases transmitted by food,
explains researcher Patrícia Cia.
In addition to render services to agricultural research works, the unit is in a position to see to the needs of companies of the sector in several regions across Brazil. The available services, after getting certified by ISO 17.025, include
requests for microbiological analyses. According to Patrícia, there are works underway that involve the study of conventional and alternative rot control methods, with the target to contribute towards reducing qualitative and quantitative losses during the post-harvest stage.
The researchers are also carrying on with studies that include analyses of rot incidences in several other fruit.
All efforts are split between the control of anthracnose in guavas and the induction of resistance against the fungus
C.gloeosporioides; the utilization of the ozone monitored atmosphere for the control of table grape rot and for extending their conservation period; and alternative control of anthracnose in Golden papaya and post-harvest peach rot.
105
Sílvio Ávila
Sob
controle
Desenvolvimento de
produtos biológicos amplia
as opções para o fruticultor
proteger o pomar e atender
às exigências de compradores
machos ficam confusos, não conseguem realizar a cópula e,
Enquanto alguns pesquisadores trabalham para enconsequentemente, perpetuar a espécie. Romano salienta, no
contrar variedades e híbridos de frutas que sejam mais
entanto, que a aplicação deve ocorrer no início da infestação,
resistentes a pragas e doenças, outros se dedicam ao desenvolvimento de produtos capazes de combater esses vilões dos quando a população da praga está baixa.
Os biofungicidas também têm importância para a fruticulpomares. Dentro dessa linha surgem os produtos biológicos,
tura, uma vez que melhoram a eficiência no manejo de determique complementam o manejo integrado. De acordo com o
nadas doenças. É, de igual modo, uma grande estratégia aliada
coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos
à fitotecnia. Conforme Romano, o composto desenvolvido a
Biológicos da Basf para Amárica Latina, Fabrizio Carbone
Romano, essas técnicas têm papel extremamente importante. partir da bactéria gram-positiva Bacillus subtilis (agente biológico não patogênico, comum no solo e na água) é um exemplo.
Com ação distinta da exercida pelos produtos químicos,
O pesquisador explica que o produto age como uma ferramenta
os biológicos agem de várias maneiras. Segundo Romano, o
de proteção, sendo sua caractéristica principal a capacidade de
controle de pragas e doenças pode ser feito com a utilização
inibir o desenvolvimento de outros agentes biológicos.
de feromônios e de biofungicidas. Na primeira é utilizada
Por meio de pulverização foliar ou via solo, o biofungiciuma técnica conhecida como confusão sexual de machos.
da pode ser aplicado próximo à colheita objetivando o maNela são montadas “armadilhas” com o feromônio sexual
nejo de resíduos. Com isso, o produtor tem a oportunidade
nas áreas de produção com o objetivo de atrair insetos do
de atender às exigências de grandes varejistas e exportadores
sexo masculino de determinada espécie. Depois é realizada a
que apresentam rigorosas restrições a resíduos e inserir seu
observação periódica, na qual os técnicos conseguem reunir
produto em novos mercados. Nesse contexto, Romano acredados como surgimento da praga, densidade populacional
dita que “a indústria deve investir em
ao longo da safra e identificação da área com maiores
tecnologia e inovação para dispoou menores infestações.
FEROMÔNIOS E
nibilizar aos fruticultores produtos
Em seguida, após a pulverização das plantaBIOFUNGICIDAS
e soluções que auxiliem no manejo
ções com inseticidas convencionais, são colocados
de resistência de doenças e pragas e
em campo 500 liberadores com maior concentraSÃO ALIADOS DOS
agreguem valor ao campo, permitinção de feromônio sexual. Incapazes de localizar
POMARES
do a inserção em novos mercados”.
a fonte da substância produzida pela fêmea, os
106
Sílvio Ávila
Under
control
Development of biological
products broadens the option
for fruit growers to protect
their orchards and comply
with buyer requirements
the female, the males get confused, become unable to mate and,
While some researchers are engaged in coming up with fruit
varieties and hybrids that are more resistant to pests and diseases, consequently, fail to propagate the species. Romano, however,
others devoted their efforts towards the development of products stresses that any application should occur in the early stage of
the infestation, when the population of the pest is still low.
capable of fighting these scourges of the orchards. It is within
Biofungicides also play an important role in fruit farmthis line that biological products come in, and they complement
ing, since they improve management efficiency of certain
the integrated management practices. According to Fabrizio
diseases. They are equally a strategic ally to Phytotechnics.
Carbone Romano, coordinator of Basf’s Latin America’s ReAccording to Romano, the compound developed from the
search and Biological Products Development department, these
gran-positive bacterium Bacillus subtilis (non pathogenic
techniques perform an extremely important role.
biological agent, common in soil and water) is an example.
With a function very distinct from the one performed
The researcher explains that the product works as a protecby chemical products, the biological agents act in different
tion tool, and one of its major characteristics is the capacity
manners. According to Romano, pests and diseases can be
to inhibit other biological agents.
controlled by pheromones and biofungicides. In the former,
Through foliar or ground sprayings, biofungicides can
the technique used is known as male sexual confusion. Traps
be applied close to harvest time with the purpose of managcontaining male sexual pheromones are installed in the production areas with the aim to attract male insects of a certain ing the residues. This gives the growers the chance to launch
their products into new markets and comply with the everspecies. These traps are monitored periodically, giving techstricter
residue related requirements of commercial
nicians the chance to collect such information as the
retailers and exporters. Within this conarrival of the pest, population density during
text, Romano believes that “the industry
the season and identification of areas with
PHEROMONES
AND
should invest in technology and innovation
major an minor infestation rates.
BIOFUNGICIDES
to provide the fruit growers with products
Afterwards, once the crops have been
and solutions that boost plant resistance
sprayed with conventional chemicals, 500
GO WELL WITH
to diseases and pests, while adding value
liberators with higher sexual pheromone
ORCHARDS
to the products, making them work their
concentrations are placed in the field. Unable
way into new markets”.
to find the source of the substance produced by
107
Especial Special
Navegar é
preciso
Transporte marítimo domina
nas exportações brasileiras de
frutas frescas, mas estrutura
dos portos precisa melhorar
Sílvio Ávila
Mais de 80% das exportações brasileiras de frutas são
realizadas por via marítima. Para poder garantir que os
produtos cheguem do outro lado do Oceano Atlântico em
boas condições de consumo, é necessário uma bem montada
108
estrutura de transporte e armazenamento. O Brasil já melhorou em muitos aspectos. No entanto, ainda há muito a ser
aperfeiçoado para agilizar e diminuir os custos das vendas.
O pesquisador Rufino Fernando Flores Cantillano, da
Embrapa Clima Temperado, em Pelotas (RS), entende que a
logística para as frutas frescas não deve ser pensada somente
a partir do transporte. “Ela tem início no local da produção
e se estende até o ponto de venda”, destaca. Nesse contexto,
avalia o pesquisador, a manutenção da “cadeia do frio” é fundamental por se tratar de alimentos altamente perecíveis.
A localização geográfica do Brasil pode ser considerada
privilegiada pelo fácil acesso aos mercados importadores.
Para Cantillano, o País pode perder essa vantagem logística
caso não sejam resolvidos alguns gargalos. Ele cita os altos
custos e a estrutura inadequada de portos e aeroportos; o
excesso de burocracia; a grande distância entre as regiões
produtoras e os portos, o que encarece o transporte; e a falta
de experiência de muitos exportadores. “Essa situação está
mudando com os avanços observados na infraestrutura e logística, consequência das privatizações dos portos, das ferrovias e das comunicações, mas muitos aprimoramentos ainda
são necessários”, avalia.
O presidente do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf ),
Moacyr Saraiva Fernandes, enfatiza que um dos pontos importantes para as exportações é a manutenção da frequência
dos embarques. “Nós não temos um volume para exigir
cargas de frutas em si. Então, sempre teremos que recorrer
às sobras de porões e de espaços em contêineres”, explica.
Para Fernandes, é necessário que
se faça
um amplo estudo sobre a
logística que temos hoje
LOGÍSTICA DEVE
no Brasil para frutas.
SER PENSADA
“Ela não é mais absDESDE O LOCAL
trata, mas sim o fiel da
DA PRODUÇÃO
balança”, conclui.
Sílvio Ávila
Navigation
required
Maritime transport predominates in
Brazilian fresh fruit exports, but port
structure is long overdue for an overhaul
More than 80% of Brazil’s fresh
fruit exports are transported by sea. To
make sure the products reach the other
side of the ocean in good consuming
conditions, a well structured transport
and warehousing structure is needed.
In many respects, Brazil has made improvements. Nevertheless, there is still
much to do when it comes to speeding
up deliveries and reducing sales costs.
Researcher Rufino Fernando Flores
Cantillano, of Embrapa Temperate
Climate, in Pelotas (RS), understands
that fresh fruit logistics should not
only be considered in terms of transport. “It starts at the production site
and ends at the sales outlet”, he empha-
LOGISTICS NEEDS
TO BE CONSIDERED
FROM THE PLACE OF
PRODUCTION
sizes. Within this context, the researcher argues, the maintenance of
the “cold chain” plays a relevant role,
since fresh fruit go bad fast.
Brazil’s geographic location is
viewed as privileged for its easy access
to important markets. In Cantillano’s
view, the Country could lose this logistic edge if some bottlenecks remain
unsolved. He cites the high costs and
improper structure of our ports and
airports; excessive red tape; the huge
distances between the producing regions and the ports, adding costs to
transport; and the lack of experience
of many exporters. “This situation has
been improving thanks to infrastructure and logistic advances, resulting
from the privatization of ports, railways
and communications, but more improvements are needed”, he comments.
The president of the Brazilian
Fruit Institute (Ibraf ), Moacyr Saraiva
Fernandes, emphasizes the need to
maintain the frequency of the shipments. “Our volume is not enough
for exclusive fruit cargos. This forces
us to resort to spaces left empty in the
hold or in containers”, he explains.
Fernandes has it that a comprehensive
study on Brazil’s fruit logistic structures
is badly needed. “It is no longer an
abstract being, but the driving force”,
he concludes.
PORTA DE EMBARQUE
SHIPMENT GATE
Exportações nacionais de
frutas frescas em 2010
por vias de transporte
Vias
Volume (kg)
Marítima
635.358.047
Rodoviária
85.061.180
Aérea
38.967.874
Meios próprios
28.454
Postal
5.040
Total
759.420.595
Fonte: Secex
109
Sílvio Ávila
Ponto de
partida
Porto de Pecém, no Ceará,
consolida-se como o maior
exportador de frutas frescas
do Brasil, com 39,70% da
movimentação de cargas
sumir a liderança nas exportações de frutas, cargas altamente
perecíveis que precisam de uma estrutura de frio.
O porto de Pecém possui uma área, de 80 mil metros
quadrados, específica para contêineres refrigerados (reefers),
com 888 tomadas fixas e mais 120 tomadas de geradores
extras (power pack). Duas câmaras frigoríficas são utilizadas
para inspeção de produtos vegetais. O píer tem 350 metros
de comprimento, com dois berços de atracação, sendo um
calado de 14 metros na parte interna e 15 metros na externa.
Quem conheceu o porto cearense de Pecém em 2002,
Semanalmente, ocorrem três serviços regulares de embarque,
quando ele entrou em funcionamento, não imaginava o
com navios equipados com tomadas frigoríficas que atendem
quanto o terminal se expandiria. Localizado em São Gonçaaos mercados do norte da Europa, do Mediterrâneo, das
lo do Amarante, na região metropolitana de Fortaleza, em
Ilhas Britânicas e da costa leste dos Estados Unidos.
apenas oito anos consolidou-se como o maior exportador
Conforme o engenheiro Mário Lima Júnior, diretor de
de frutas frescas do Brasil. Em 2010, o País enviou 635.358
Desenvolvimento Comercial da Cearáportos, nos últimos
toneladas ao mercado externo por via marítima. Saíram por
Pecém 252.239 toneladas, o que equivale a 39,70% do total. três anos houve investimento de R$ 4,5 milhões. Os recurOs maiores volumes foram de melões, bananas, mangas, cas- sos foram utilizados na ampliação do parque de tomadas
frigoríficas e na reforma de uma das câmaras de inspeção vetanhas, uvas e melancias.
getal. Também foi instalado um novo portão de
O excelente posicionamento de Pecém,
acesso (gate) para movimentação de carga gesendo a última escala do Mercosul antes
ral e granéis sólidos, com o objetivo de agilizar
da rota de navegação, faz com que aos
DE PECÉM
a
chegada de contêineres pela entrada principal
poucos o terminal aumente a sua gama
PARTIRAM 252 MIL
do porto. Segundo Lima Júnior, até julho de
de clientes. O porto, administrado pela
TONELADAS DE
2011 devem ser instaladas mais 480 tomadas
estatal estadual Cearáportos, aproveiFRUTAS
EM
2010
frigoríficas no terminal de múltiplo uso.
tou esse potencial e preparou-se para as-
110
Starting point
Those who saw the port of Pecém in 2002, when it
started operating, could certainly not figure out how much
the terminal would expand. Located in São Gonçalo do
Amarante, in the metropolitan region of Fortaleza, in just
eight years it has consolidated as the leading fresh fruit exporter port in Brazil. In 2010, the country shipped 635,358
tons abroad by boat. Shipments from the port of Pecém
amounted to 252,239 tons, equivalent to 39.70% of the
total. The biggest volumes consisted of melons, bananas,
mangos, cashew nuts, grapes and watermelons.
Pecém’s excellent geographic location, being the last Mercosur stop before the navigation route, is gradually increasing
the terminal’s array of clients. The port, controlled by the state
company Cearáportos, took advantage of this potential and
worked its way up to a leadership position in fruit exports,
highly perishable cargos that depend on a cold chain.
The port of Pecém offers an 80-thousand-square-meter
area, specific for refrigerated containers (reefers), with 888
fixed electric outlets and an extra 120 outlets from extra
power packs. Two refrigerated chambers are exclusively for
the inspection of vegetable products. The pier is 350 meters
long, comprises two loading docks, with an internal 14-meter draft and an external 15 meter draft. There are three
regular shipments per week, with boats equipped in line
with the markets of northern Europe, Mediterranean, British Islands, and East Coast of the United States.
According to engineer Mário Lima Júnior, Commercial
Development director of Cearáportos, investments of R$
4.5 million were made over the past three years. The resources were utilized in the
expansion of the reefer
252 THOUSAND TONS outlets park and for the
refurbishment of the
OF FRUIT WENT
vegetable inspection
THROUGH THE PORT chambers. A new access
OF PECÉM IN 2010
gate was also installed
for cargos in general and solid bulk cargoes, with the aim
to speed up the arrival of the containers through the main
entrance of the port. According to Lima Júnior, upwards
of 480 reefer outlets are to be installed in the multipurpose
terminal, by June 2011.
PARTIDA - DEPARTURE
Movimentação das exportações
de frutas em 2010 - Principais portos
Porto
Volume (kg)
Receita (US$)
Pecém (CE)
252.239.352
356.377.773
Fortaleza (CE)
93.502.719
113.478.815
Santos (SP)
92.042.152
63.193.943
Salvador (BA)
77.514.042
110.072.702
Natal (RN)
66.928.358
50.712.252
Rio Grande (RS)
55.355.337
31.767.682
Itajaí (SC)
32.879.510
22.414.078
Fonte: Secex
Sílvio Ávila
Port of Pecém, in Ceará, is
gradually assuming the leadership
in fresh fruit exports in Brazil,
with 39.70% of all shipments
111
Boa saída
Chile realizou melhorias e consolidou um bemsucedido sistema de exportação para as frutas
Sílvio Ávila
A promoção das transações internacionais é realizada
Enquanto o Brasil ainda caminha para aprimorar sua
pelo governo federal, em conjunto com a iniciativa privaestrutura logística e assim exportar mais, com redução de
da, por meio do programa Pró-Chile. O transporte por via
custos, o Chile já consolidou um bem-sucedido sistema de
marítima responde por 95% do total e o principal porto de
comércio internacional. Com um território de apenas 759,9
saída é Valparaíso. Conforme Cantillano, em 1998 foi fechamil quilômetros quadrados – contra 8,5 milhões de km2 do
da a estatal chilena que cuidava dos portos, deixando para
Brasil –, o país andino consegue altas produtividades com
o setor privado a administração, mediante concessão. “O
bom padrão fitossanitário. Quase metade das frutas são exresultado foi surpreendente pois, sem aumentar a superfície
portadas in natura. Os principais itens vendidos são uva de
dos terminais, mas melhorando a tecnologia e a gestão, a camesa, kiwi, pera, maçã, abacate e ameixa. Os destinos são os
pacidade operativa dos portos foi duplicada”, ressalta.
mercados dos Estados Unidos, do Canadá e da Europa.
Também o sistema de transporte aéreo está muito
O pesquisador Rufino Fernando Flores Cantillano, da
bem organizado no país. A empresa com maior particiEmbrapa Clima Temperado, de Pelotas (RS), explica que o
pação
no mercado é a Lan Chile Cargo, que realiza
maior crescimento do setor exportador de frutas
o controle de qualidade dos produtos e
chilenas começou na década de 1970, com
assessora os usuários sobre embalagens e
o modelo de economia de livre mercado.
PRIVATIZAÇÃO
manuseio. As principais frutas exportadas
“A reforma tributária e de aduanas, as
DUPLICOU
via aérea são framboesa, pêssego, nectaripolíticas de câmbio, as novas regulamenCAPACIDADE
na, cereja e ameixa, que têm entre os destações portuárias e as modificações na Lei
DOS PORTOS
tinos Estados Unidos, Inglaterra, França,
da Marinha Mercante foram importantes
Canadá e Japão.
para lograr esses avanços”, enfatiza.
112
Good way out
Chile carried out improvements
and consolidated a successful
fresh fruit export system
While Brazil is still in the process of improving its logistic structure with an eye towards more exports and lower
costs, Chile has already consolidated a successful international trade system. With a territory of only 759.9 thousand
square meters – compared to 8.5 million km2 of Brazil - the
Andean country celebrates high productivity rates and good
phytosanitary standards. Almost half of all fruit produced in
that country are exported fresh. The main varieties are table
grapes, kiwi, pears, apples, avocados and plums, and they are
mostly shipped to the United States, Canada and Europe.
Researcher Rufino Fernando Flores Cantillano, of Embrapa Temperate Climate, in Pelotas (RS), explains that a major
leap in Chile’s fruit export business took place in the 1970s,
under the free market economy model. “Tax and customs reform, exchange rate policies, new port regulations and changes
to the Merchant Marine Law played a major role towards the
achievement of these advances”, he emphasizes.
International trade promotions are under the responsi-
bility of the federal government, jointly with private initiative, through the Pro-Chile program. Maritime transport
accounts for 95% of the total, and Valparaíso is the main
outgoing port. According to Cantillano, in 1998 the Chilean state corporation in charge of the ports, was shut down,
and administration was passed on to the private sector, by
means of a concession process. “The result was surprising
because, even though the surface of
the
terminals was not expanded,
the capacity of the ports
PRIVATIZATION
doubled, through technolDOUBLED THE
ogy and management imCAPACITY OF
provement”, he recalls.
THE PORTS
The air transport system
is also well organized in that
country. Lan Chile Cargo is the
company with the biggest share in the market, and it is in
charge of checking product quality, while serving the users in
its advisory capacity regarding packaging and handling. The
main fruit exported by air are as follows: raspberry, peach,
nectarine, cherry and plum and are shipped to the United
States, Britain, France, Canada and Japan.
113
Mar adentro
Hamburg Süd, empresa alemã fundada
em 1871, atua em todo o mundo com
o transporte marítimo de cargas
A exportação marítima de frutas depende, entre outros fatores, da disponibilidade
de contêineres refrigerados (reefers). Uma das gigantes do setor é a companhia alemã
Hamburg Süd, fundada em 1871, com atuação em todo o mundo. No Brasil, administra sete rotas com saídas semanais aos seis continentes, possuindo dez escritórios ao
longo da costa para atender aos segmentos de carga perecível (carnes, sucos, frutas e
pescados) e um inteiramente dedicado à fruticultura, em Petrolina (PE).
O diretor de carga reefer da empresa, Henrik Simon, responsável pela região da
costa leste da América do Sul, explica que a exportação marítima de produtos perecíveis depende de três fatores para ser bem-sucedida. Um deles é a disponibilidade
de rotas e contêineres refrigerados, com itinerários fixos e com o tempo de trânsito
compatíveis com o shelf life (vida de prateleira). Outro fator importante é a infraestrutura portuária, assim como a atuação dos órgãos públicos na liberação alfandegária e fitossanitária das cargas.
Simon enfatiza que o armador pouco pode contribuir com navios novos e estoques
abundantes de equipamentos reefer se os terminais não oferecem condições operacionais para viabilizar um serviço semanal e com datas fixas de atracação. A cadeia de suprimentos e compras de frutas se organiza em recebimentos semanais, o que também
colabora para otimizar a utilização dos navios. “Hoje o grande esforço da Hamburg
Süd, junto aos terminais que opera, é de manter os navios dentro das janelas de atracação e proteger o que chamamos de integridade de schedule, além da disponibilidade
ininterrupta de equipamentos reefers nos portos”, enfatiza.
Entre os terminais nos quais a empresa atua, o diretor de carga considera como
melhores estruturados os de Pecém (CE), para os embarques de melão, manga e uva,
e Rio Grande (RS), para a maçã. Simon considera que ainda há estrangulamentos nos
acessos aos portos, em especial aos navios de grande porte, que exigem calados mais
profundos. Por terem capacidade maior de armazenamento, essas embarcações concentram cargas, o que gera congestionamentos na
recepção e na retirada dos contêineres da zona portuária. Por outro lado, avalia que há significativa
EMPRESA TEM
melhora
na área técnica, tais como disponibilidade
PARTICIPAÇÃO
de tomadas para plugagem de contêineres, agilizaEM NOVO PORTO
ção dos reparos de unidades refrigeradas e sistemas
CATARINENSE
de monitoramento da temperatura dos reefers.
114
INVESTIMENTOS Segundo Henrik Simon, os planos da Hamburg Süd são de crescimento no Brasil. Ainda para
Divulgação Hamburg Süd
2011 está programado o início das atividades do terminal de Itapoá (SC). O novo porto, que tem participação acionária
da empresa alemã, foi inaugurado em 22 de dezembro de 2010. A companhia também está colocando em funcionamento novos navios, batizados de Santa Class, que serão os maiores em operação da costa brasileira. Em um total de
dez, eles têm capacidade para 7.100 Teus (contêineres de 20 pés) e são equipados com 1.600 tomadas reefer. As embarcações configuram as rotas da Ásia e da África com a costa leste da América do Sul.
115
Across
the ocean
Hamburg Süd, a German maritime freight transport company
founded in 1871, with operations all over the world
Maritime fruit shipments depend, among other things,
on the availability of refrigerated containers, also known as
reefers. One of the giants of the sector is the German company, Hamburg Süd, founded in 1871, with operations all
over the world. In Brazil, this company runs seven routes,
with weekly departures to all continents, and has seven offices
located along the coast, responsible for the segments of perishable
cargo (meat, fruit, juices and
sea food), and one office
entirely devoted to the fruit
COMPANY HAS A
business, in Petrolina (PE).
SHARE IN NEW
The reefer sales direcPORT IN SANTA
tor of the company, HenCATARINA
rik Simon, responsible
for the east coast of South
America, explains that maritime fruit shipments depend on three factors if success is to
be achieved. One of them has to do with the availability of
routes and refrigerated containers, following fixed itineraries, with transit time compatible with the shelf life. Another
relevant factor is port infrastructure, including the public
organs responsible for customs formalities and phytosanitary
certificates for the cargos.
Simon stresses that the contribution of the shipping com-
panies is limited to the launch of new ships and refrigerated
equipment, which do not bring much benefit if the terminals
do not offer the necessary operational conditions, with arrivals
and departures scheduled on a weekly basis. The fruit supply
and purchasing chains are organized for weekly deliveries,
which also helps with maximizing the use of the ships. “At the
moment, Hamburg Süd’s great effort at the terminals where
the company operates, is to comply with the arrivals and departures schedule of the vessels, respecting what is known as
schedule integrity, in addition to the uninterrupted availability
of refeer equipment at the ports”, he comments.
Among all the terminals where the company operates,
the cargo director sees ideal conditions in the port of Pecém
(CE), for melon, mango and grape shipments, and in the
port of Rio Grande (RS), for apple shipments. Simon still
spots bottlenecks in the access routes to the ports, especially
for huge ships, which require deep draft routes. Because of
their bigger warehousing capacity, these shipments concentrate heavy cargos, which generate bottlenecks at the receipt
and removal of containers from the port zones. On the other
hand, in his view, there is significant improvement in the
technical area, such as power inlet sockets for containers,
speedy repair work for damaged refrigerated equipment and
refeer temperature monitoring systems.
INVESTMENTS According to Henrik Simon, Hamburg Süd intends to expand its businesses in Brazil. The
container terminal refurbishing work in Itapoá (SC) is set to start before 2011 comes to a close. The new port, where
part of the shares belongs to the German company, was inaugurated on 22nd December 2010. The company is also
launching new vessels, christened Santa Class, the biggest to operate along the Brazilian coast. In all, there will be ten
new 7.100 TEU container ships, equipped with 1,600 power inlet sockets. The new ships are to connect the Asian and
African routes with the eastern South American coast.
116
Painel Panel
Terra da prosperidade
Fruticultura baiana é
ótima oportunidade de
investimento e o Estado elegeu
a agroindustrialização de seus
produtos como prioridade
plicando que o Estado produz tudo, da fruticultura tropical à
temperada, além de frutas nativas, como umbu, cajá e mangaba, dentre outras, que despertam o interesse e o desejo de
gourmets do mundo inteiro. Ele avalia que a Bahia tem condições para se tornar um dos maiores fornecedores do mundo
devido às altas produtividades e à qualidade dos frutos, o que
permite a entrega dos produtos aos clientes com regularidade
e atendendo às exigências do mercado.
Com esse perfil, diz o secretário, “temos que dar outro
Único Estado brasileiro a manter um escritório de nepasso importante, que é a agroindustrialização do Estado”.
gócios da agropecuária em Pequim, no endereço da Agência
De acordo com ele, seguindo as diretrizes do governador
Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
Jaques Wagner, agroindustrializar a Bahia é o foco da Seagri,
(Apex-Brasil), a Bahia estreita cada vez mais sua relação com
para agregar valor, gerar empregos e renda, e melhorar as
a Ásia, colocando seus produtos naquele mercado e buscancondições de vida no interior baiano.
do investimentos para a agroindustrialização. As oportuniUma das iniciativas voltadas à atração de investimentos foi
dades de negócios são muitas, mas a fruticultura baiana, em
a abertura do escritório de negócios da agropecuária na China,
especial, pela sua diversidade e versatilidade, vem chamando
estabelecendo a presença da Bahia na Ásia, destino de missões
a atenção do mundo.
comerciais que tiveram como objetivo demonstrar as grandes
Líder nacional na produção de guaraná, coco-da-baía,
oportunidades de investimentos na agropecuária baiana.
mamão, manga, graviola e maracujá, além de grande proEnquanto isso, a empresa nacional Brasfrut iniciou a insdutor de laranja, limão, melancia, goiaba, uva e abacaxi, a
talação de uma fábrica no município de Rio Real para procesBahia sente a falta de indústrias para beneficiar os produtos.
sar a laranja produzida na Bahia; a Casa Valduga, de origem
Visando a mudar essa realidade, o governo baiano elegeu
italiana,
fez parceria com a Special Fruit, de Juazeiro,
a agroindustrialização como prioridade, o que faz
para implantar uma indústria de sucos de
desse setor da agropecuária um nincho de
frutas; e a empresa venezuelana Alina do
mercado fadado ao sucesso.
LÍDER
EM
GUARANÁ,
Brasil começou as obras para instalar no
“A Bahia possui a maior diversidade
COCO, MAMÃO,
município de Wenceslau Guimarães, no
de produção agropecuária do mundo”,
MANGA,
GRAVIOLA
Baixo Sul da Bahia, uma indústria para bediz o secretário estadual da Agricultura,
neficiar banana da terra.
engenheiro agrônomo Eduardo Salles, exE MARACUJÁ
118
Land of prosperity
Fruit farming in Bahia is an excellent opportunity for investment
and the State elected product industrialization as priority
Only Brazilian State with an agribusiness office in Beijing,
sharing its address with the Brazilian Trade and Investment
Promotion Agency (Apex Brasil), Bahia is entering an ever
closer business relationship with Asia, placing its products
into that market and seeking investments geared toward agroindustrialization. There are manifold opportunities for businesses, but Bahia’s fruit business, in particular, for its diversity
and versatility, is capturing the attention of the world.
National leader in the production of guaraná, coconut, papaya, mango, graviola and passion fruit, besides harvesting huge
amounts of oranges, lemon, watermelon, guava, grapes and
pineapple, Bahia is resenting the lack of industries for processing these crops. With an eye towards a change to this reality, the
government of Bahia elected agroindustrialization as priority,
turning this agricultural sector into a successful market niche.
“Bahia is home to the biggest agricultural diversity in the
world”, says the State Secretary of Agriculture, agronomic
engineer Eduardo Salles, explaining that the State produces
everything, from tropical to temperate zone fruit, besides
such native fruit as umbu, cajá and mangada, among others, which arouse the interest of gourmets around the entire
world. He understands that Bahia is in a position to become
one of the biggest suppliers of the world due to high yields
and excellent quality, giving clients assurance of timely deliveries, in compliance with market requirements.
With such a profile, the secretary comments, “we have to
take another important step, which is agroindustrialization
operations across the state”. According to him, in line with
the directives of governor Jaques Wagner, Bahia’s agroindustrialization move is the target set by Seagri in order to add value,
generate jobs and income, and improve the quality of life
throughout the interior of the state.
One of the initiatives focused on attracting investments
was the inauguration of the
agribusiness office in ChiLEADER IN
na, with Bahia setting foot
GUARANÁ,
in Asia, the destination of
COCONUT, PAPAYA,
commercial delegations
MANGO, GRAVIOLA
whose objective consisted
AND PASSION FRUIT
in demonstrating the huge
investment opportunities in
Bahia’s agribusiness operations.
In the meantime, the national company Brasfrut has already started the construction of an orange processing plant in
the municipality of Rio Real; Casa Valduga, of Italian origin,
has entered into a partnership with Special Fruit, in Juazeiro,
to implement a fruit juice industry; and the Venezuelan company Alina do Brasil has already started the construction of
a banana processing plant in the municipality of Wenceslau
Guimarães, in Bahia’s Low South portion.
119
Sílvio Ávila
Para o mundo
Ebraz Exportadora destaca-se na
produção de frutas no Semiárido
Depois de percorrer cerca de 50 km a partir de Juazeiro (BA), a placa na beira da estrada sinaliza o encontro
com uma das fazendas que integram o leque de exportação da região do Semiárido. Desde 1989, parte da produção frutícola, que dá ao Vale do São Francisco o título
de maior exportador de manga e uva do País, sai da Ebraz
Exportadora para ganhar o mundo.
Com foco somente no mercado externo, são 340 hec-
tares destinados à manga (das variedades Tommy Atkins,
Keitt e Kent) divididos em 15 áreas, que podem abrigar
de 3 a 60 ha. A meta é ampliar em 100 hectares a extensão destinada à mangicultura.
Conforme o gerente administrativo, Astor Möller, que
atua na fazenda desde 2004, as vendas foram direcionadas
a países da Europa, como Holanda, Portugal e Alemanha, e
também a países americanos, como Estados Unidos, Canadá
e México. Möller ressalta que a produção aumentou 20% em
relação a 2009. As videiras, por sua vez, ocupam 90 ha, onde
figuram as variedades Festival, Crimson e Thompson.
For the world
Ebraz Exportadora
excels in the
production of fruit
in the Semiarid
After driving for 50 kilometers or
so from Juazeiro (BA), the road sign
signals the direction of one of the farms
that sustains the region’s export businesses in Semiarid. Since 1989, part
120
of the fruit production, which endows
Vale do São Francisco with the reputation as the biggest mango and grape exporter in the Country, leaves the Ebraz
Exportadora company for the world.
Focused only on the foreign market, there are 340 hectares devoted to
mango plantations (varieties Tommy
Atkins, Keitt and Kent), split into 15
areas, comprising from 3 to 60 hectares
each. The mango growing area is to be
increased by 100 hectares.
According to administrative
manager Astor Möller, who has been
working on the farm since 2004,
most sales were shipped to European
countries, like Holland, Portugal and
Germany, and also to the United
States, Canada and Mexico. Möller
comments that production rose 20%
compared to 2009. There are also 90
hectares devoted to vineyards, where
the leading varieties are Festival,
Crimson and Thompson. Frutos da integração
União de empresas forma
uma das três maiores
produtoras de maçãs do Brasil
Ao finalizar o processo de integração com a Pomifrai Fruticultura, a Renar Maçãs (RNAR3), pioneira na produção e
comercialização de maçãs in natura e processadas no Brasil,
consolida-se como uma das três maiores produtoras da fruta
no País. A conclusão dessa etapa é marcada com a preparação
da primeira safra integrada e a expectativa de obter quase 70
mil toneladas de maçãs em 2011 de produção própria. Por
meio de um sistema altamente moderno, com tecnologia de
ponta e responsabilidade socioambiental, a cultura atinge pa-
drões de qualidade reconhecidos mundialmente pelo mercado.
No ano de 2010, a companhia passou por um período
de reestruturação com foco na integração das operações da
Renar e da Pomifrai, envolvendo mudanças corporativas,
redução de custos produtivos e renegociação do passivo. “Em
2011, a diretoria executiva da Renar é focada na consolidação das iniciativas de redução de custo desenvolvidas durante
2010, crescimento de receitas e no fortalecimento das relações comerciais”, afirma Alexandre Biselli, diretor presidente.
Com modernas instalações de plantio, processamento e armazenagem de maçãs, a Renar possui em torno de 5.900 hectares nas melhores áreas de cultivo da fruta no Brasil. A capacidade de classificação e embalagem é de cerca de 90.000 toneladas
por ano e de armazenagem, de 49.000 toneladas de frutas.
The fruits of integration
By completing the integration of Pomifrai Fruticultura,
Renar Maçãs (RNAR3), pioneer in the production and commercialization of fresh and processed apples in Brazil, the
merger consolidates as one of the three biggest producers of
this fruit in Brazil. The conclusion of this step is marked by
the preparation for the first integrated crop and the expectation for a production volume of nearly 70 thousand tons
from the group’s orchards in 2011. Through a highly modern
system, based on state-of-the-art technology and socioenvironmental responsibility, the crop achieves quality standards
acknowledged by the international market.
In 2010, the company went through a restructuring period
focused on the integration of the Renar and Pomifrai operations,
involving corporate changes, reduction of productive costs and
renegotiation of liabilities. “In 2011, Renar’s board of directors
remains focused on the consolidation of cost reduction initiatives
developed in 2010, revenue growth and the strengthening of the
commercial affairs”, says Alexandre Biselli, president.
Relying on modern planting, processing and warehousing
facilities, Renar devotes about 5,900 hectares to the fruit in
the most suitable cultivation areas across Brazil. The grading
and packaging capacity reaches 90,000 tons a year, while the
warehousing facilities can house 49,000 tons of the fruit.
Sílvio Ávila
Merger of companies results into one of
the three biggest apple producers in Brazil
121
Sílvio Ávila
Eventos Events
Frutificando
Eventos realizados de
Norte a Sul mostram as
novidades em tecnologias
frutícola estadual. A estimativa é movimentar R$ 30 milhões em negócios. A realização da feira é uma iniciativa
conjunta do Comitê Executivo de Fitossanidade do Rio
Grande do Norte (Coex), da unidade estadual do Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/
A fruticultura desenvolve-se no Brasil nos mais diferenRN) e da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufertes ambientes, tanto em regiões de clima tropical como de
sa). Conforme o diretor executivo da feira, João Manoel
temperado, cada uma com suas peculiaridades e aptidão para da Silveira Neto, “na versão 2011 esperamos atrair outros
determinados frutos. As pesquisas e os contextos pertinentes
segmentos devido ao tema sustentabilidade estar na pauta
a essa atividade são debatidos nos eventos do setor.
de discussões de todas as empresas”.
Entres as referências de iniciativa está a Expofruit – Feira
A Bahia será o destino daqueles interessados em saber
Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada, realizada em
mais sobre as culturas da banana e do mamão. O Simpósio
Mossoró (RN). A atividade chega à 15ª edição abordando o
Internacional ISHS/ProMusa ocorre pela primeira vez no
tema Sustentabilidade: Um bom negócio, e é voltada a produBrasil e está marcado para o período de 10 a 14 de outubro,
tores, empresas, importadores, exportadores, pesquisadores
em Salvador. Será a terceira edição do evento. As anteriores
e universitários, entre outros. A feira conta
foram realizadas na África e na Ásia.
com 320 estandes de produtos e serviços
A atividade tem como tema Bananas e
EXPOFRUIT
e a expectativa é receber 15 mil pessoas
Plátanos – Produção Global Sustentável e Usos
de 8 a 10 de junho.
Alternativos e é uma promoção conjunta entre
PROJETA GERAR
Um dos objetivos do evento é
R$ 30 MILHÕES EM Embrapa Mandioca e Fruticultura, de Cruz das
proporcionar o acesso de produtores
Almas (BA), ProMusa, International Society
NEGÓCIOS
a compradores e assim apoiar o setor
for Horticultural Science (ISHS) e Bioversity´s
122
Plantation and Banana Research and Development Network for
Latin America and the Caribbean (Musalac).
Inovação e sustentabilidade serão os temas abordados
no 5º Simpósio do Papaya Brasileiro, promovido de 31 de
outubro a 4 de novembro, em Porto Seguro. Será a primeira
edição realizada na Bahia – as anteriores ocorreram no Espírito Santo. A Embrapa Mandioca e Fruticultura também está
à frente da iniciativa.
O Estado sediará ainda a 22ª edição da Fenagri – Feira
Nacional da Agricultura Irrigada, que neste ano será em Juazeiro. O evento ocorre de 27 a 30 de julho com promessa de
remodelação, segundo o secretário executivo da feira, Voldi
Silva Alves. O enfoque será dividido entre as exportações,
que sempre dominaram as discussões em anos anteriores,
com as perspectivas do mercado interno. “O foco este ano é
diferente, com abertura de espaço para a agricultura familiar,
estruturada nas associações e produzindo com igual qualidade do grande produtor”, destaca Alves.
A Fenagri é promovida pela Prefeitura Municipal de Juazeiro, por meio da Assessoria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico em parceria com a Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente. A realiação
fica por conta do Instituto Agrotecnologia. Além de mostrar
os potenciais da região e atrair investidores, a feira destaca-se
por apresentar novidades dos setores de tecnologia, fertilizantes, embalagens e logística.
CLIMA AMENO Saindo do Nordeste em direção ao Sul do País, o convite é para participar do Enfrute – Encontro
Nacional sobre Fruticultura de Clima Temperado, realizado a cada dois anos no município de Fraiburgo (SC), tradicional
produtor de maçã. O evento atrai cerca de 1 mil participantes das áreas de produção, comercialização, pesquisa e ensino
e conta com aproximadamente 50 empresas expositoras, além de palestrantes nacionais e internacionais. A 12ª edição do
Enfrute está marcada para os dias 26, 27 e 28 de julho e é promovida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão
Rural de Santa Catarina (Epagri) em parceria com o governo do Estado e do município e instituições de pesquisa. É a
oportunidade para atualizar-se sobre os conhecimentos desenvolvidos pela pesquisa agropecuária brasileira e mundial.
Yielding fruit
Events held from North to South
feature technology novelties
Fruit farming in Brazil is spread across many different
environments, including tropical climate zones and temperate climate, each one with its peculiarities and aptitudes for
certain species of fruit. All research works and contexts pertinent to this activity are debated at the events of the sector.
Amid these initiative references, one that stands out above
the others is Expofruit – International Fair on Irrigated Tropical Fruit, held in Mossoró (RN). The event is now reaching its
15th edition, addressing the question of Sustainability: A good
business and is geared toward producers, companies, importers,
exporters and universities, among others. The fair comprises
320
stands of products and services
and some 15 thousand visiEXPOFRUIT
tors are expected to attend
PROJECTS THE
the event from 8 to 10 June.
One of the targets of the
GENERATION OF
event
is to put the growers in
R$ 30 MILLION IN
contact with the buyers, thus
BUSINESSES
lending support to the fruit
business of the State. Businesses
are expected to amount to R$ 30 million. The fair is held jointly by the Executive Phytosanitary Committee of Rio Grande do
Norte (Coex), state unit of the Brazilian Micro and Small Business Support Service (Sebrae) and the Federal Rural University
of the Semiarid (Ufersa). According to the executive director of
the fair, João Manoel da Silveira Neto, “in the 2011 version we
hope to attract other segments, too, since sustainability is the
main item on the agenda of every company”. Bahia will be the destination for those interested in
knowing more about banana and papaya crops. The Inter-
national ISHS/ProMusa Symposium is held for the first time
in Brazil and has been scheduled for 10 – 14 October, in
Salvador. It will be the third edition of the event. The previous ones were held in Africa and Asia.
The theme of the event is Bananas and and Planetrees –
Sustainable Global Production and Alternative Uses, and is
a joint promotion by Embrapa Cassava and Fruit Farming,
in Cruz das Almas (BA), ProMusa, International Society for
Horticultural Science (ISHS) and Bioversity´s Plantation
and Banana Research and Development Network for Latin
America and the Caribbean (Musalac).
Innovation and sustainability are themes to be addressed
at the 5th Brazilian Papaya Symposium, scheduled for 31st
October through 4th November, in Porto Seguro. It will
be the first edition held in Bahia – the previous ones were
staged in the state of Espírito Santo. Embrapa Cassava and
Fruit Farming is also responsible for the initiative. The State will also play host to the 22nd edition of the
Fenagri – National Fair on Irrigated Agriculture, which is
to held in Juazeiro this year, 27 through 30 July, under the
auspices of a remodeling process, says the executive secretary
of the fair, Voldi Silva Alves. The focus is to be split between
exports, a subject that has always predominated in the previous debates, and the perspectives of the domestic market.
“This year the focus is different, granting room for family
farming, structured in associations and matching commercial farmers in product quality”, comments Alves. Fenagri is promoted by the Municipal Administration of
Juazeiro, through the Economic Development and Planning
Advisory Department, Rural Development and the Environment. The event is held under the responsibility of the
Agrotechnology Institute. Besides featuring the potentials of
the region and attracting investors, the fair excels in novelties
regarding technology, fertilizers, packaging and logistics.
MILD CLIMATE Leaving the Northeast for the South of the Country, the invitation is for attending the Enfrute
– National Fair on Temperate Climate Fruit Farming, held every other year in the municipality of Fraiburgo (SC), a
traditional apple producer. The event attracts about one thousand participants from the areas of trade, research and
learning and relies on approximately 50 exhibitor companies. The 12th edition of the Enfrute has been scheduled for
26, 27 and 28 July and is promoted by the Rural Extension and Agriculture Research Company of Santa Catarina
(Epagri), jointly with the state and municipal governments and research institutions. It is an opportunity to brush up
on the technological unfoldings developed by Brazilian and global rural research works.
124
Vigor nacional
Eventos do Instituto Frutal
têm abordado o fortalecimento
do mercado interno, saída
encontrada para driblar a
redução das exportações
Sílvio Ávila
A Frutal – 18ª Semana Internacional da Fruticultura,
Floricultura e Agroindústria, agendada para 12 a 15 de setembro em Fortaleza (CE), tem previsão de oferecer mais de
400 estandes. São esperados mais de 40 mil visitantes nos
quatro dias do evento, cujas rodadas de negócios devem superar os R$ 27 milhões movimentados na edição anterior.
Para a Frutal Amazônia e Flor Pará – Semana da Fruticultura, Floricultura e Agroindústria, promovida de 23 a 26 de
junho em Belém (PA), a expectativa é atrair público superior a
Com as transações internacionais prejudicadas devido à
36 mil visitantes, que poderão conferir mais de 300 estandes.
crise financeira global, algumas áreas voltaram às atenções
O desafio das rodadas de negócios é ultrapassar os R$ 30 miaos consumidores nacionais. É o caso da fruticultura, que
lhões transacionados na edição de 2010.
passa por um momento de valorização junto ao público
O presidente do Instituto Frutal destaca o papel dessas
do Brasil. “Estamos vivenciando o fortalecimento
do
iniciativas em ajudar a promover as frutas,
mercado interno, com aumento da capacidaos sucos e as flores da região e a impulsiode de compra dos brasileiros e melhorias
nar a comercialização, especialmente para o
na logística e nas tecnologias de produA CADA FRUTAL,
ção e de comercialização, tendo como
CERCA DE R$ 30 MIL exterior. Olinda destaca que o instituto tem
trabalhado na formação de consórcios de exconsequência o aumento no consumo de
SÃO NEGOCIADOS
portação de flores, no Ceará, e de cacau, na
frutas”, observa Euvaldo Bringel OlinBahia, além de promover workshops e planos
da, presidente do Instituto Frutal.
de ação em outros estados.
Segundo ele, com a queda das exportaAs edições da Frutal são caracterizadas por mostrar
ções de frutas frescas em 2009 e 2010, as empresas
novidades relacionadas aos setores de frutas, flores e agroinse estruturaram para fornecer também ao consumidor interno, o que vem se manifestando nos eventos promovidos pelo dústria, antecipando o que deverá ocorrer em relação aos
insumos de produção, expostos nos estandes; às novas
instituto. Para as edições de 2011 da Frutal, esse foco deve
tecnologias, apresentadas nas palestras; e às novas linhas de
ser debatido e fortalecido, assim como a competitividade no
financiamento, oferecidas pelos agentes financeiros. Outra
mercado externo e a atenção ao meio ambiente. A organizamarca dos eventos é o lançamento de produtos. Em 2010,
ção dos eventos espera para este ano maior participação de
por exemplo, um expositor apresentou uma variedade de
instituições de governo, de expositores de insumos e movimelancia de polpa amarela.
mentações financeiras mais expressivas.
126
National vigor
Events of the Frutal Institute have addressed the strengthening
of the domestic market, a way to make up for sluggish exports
the Institute’s efforts in setting up flower exportation
consortiums in the State of Ceará, and cocoa consortiums
in Bahia, besides the promotion of workshops and action
plans in other States.
What makes the Frutal editions very special are the novelties related to the sectors of fruit, flowers and agroindustry,
anticipating what is expected to happen with regard to the
production inputs, displayed at the stands; new technologies
addressed at the lectures; new credit lines offered by the financial agents. Another mark at these events is the launching
of new products. In 2010, for example, one of the exhibitors
displayed a yellow pulp watermelon variety.
Sílvio Ávila
With international transactions still under the ripple
effects of the global financial crisis, some areas turned their
focus on national consumers. This is the case of the fruit
farming business, which is now attracting aficionados across
the country. “We are witnessing a soaring domestic market,
where the purchasing power of the Brazilians is on the rise,
alongside improvements in logistics, production technologies and commercialization, resulting into rising fruit consumption rates”, observes Euvaldo Bringel Olinda, president of the Frutal Institute. According to him, with the decline in fresh fruit exports
in 2009 and 2010, the companies structured themselves
to supply the domestic consumers, a fact that has become
evident in the events promoted by the institute. For the
2011 Frutal editions, this is supposed to be the focus of the
debates, alongside such matters as competitiveness in the
foreign market and environment concerns. The organizers
of the events are expecting more participation from government institutions, input exhibitors and more expressive
financial movements.
Frutal – 18th International Fruit, Flower and Agroindustrial Week, scheduled for 12 - 15 September, in Fortaleza
(CE), is estimating a total of 400 exhibition and display
stands. The four-day event is expected to attract upwards of
40 thousand visitors, with business rounds outstripping the
R$ 27 million in the previous edition.
For Frutal Amazônia and Flor Pará – Fruit, Flower and
Agroindustrial Week, scheduled for 23 - 26 June, in Belém
(PA), the expectation is for upwards of 36 thousand visitors to the 300 display stands. The challenge of the business
rounds is to exceed the R$ 30 million of the 2010 edition. The
president of the Frutal
Institute stresses the
AT EVERY
role of these initiatives
FRUTAL EVENT,
in promoting the fruit,
juices and flowers of the
NEGOTIATIONS
AMOUNT TO ABOUT region and in driving
their sales at home and
R$ 30 MILLION
abroad. Olinda mentions
127
Bem servido Lots of choices
Expofruit 2011 - Feira Internacional
da Fruticultura Tropical Irrigada
Data: 8 a 10 de junho
Local: Expocenter - Mossoró (RN)
Contato: 84 3312-6939,
[email protected] e www.expofruit.com.br
Enfrute - Encontro Nacional sobre
Fruticultura de Clima Temperado
Data: 26 a 28 de julho
Local: Parque da Maçã - Fraiburgo (SC)
Contato: 49 3561-2000 e
[email protected]
18ª Hortitec - Exposição Técnica de Horticultura,
Cultivo Protegido e Culturas Intensivas
Data: 15 a 17 de junho
Local: Recinto da Expoflora - Holambra (SP)
Contato: 19 3802-4196 e www.hortitec.com.br
Frutal 2011 - 18ª Semana Internacional da
Fruticultura, Floricultura e Agroindústria
Data: 12 a 15 de setembro
Local: Fortaleza (CE)
Contato: 85 3246-8126
e www.frutal.org.br
Frutal Amazônia e Flor Pará
Data: 23 a 26 de junho
Local: Hangar Centro de Convenções e
Feiras da Amazônia - Belém (PA)
Contato: 85 3246-8126 e
www.frutal.org.br
Fenagri 2011 - Feira Nacional
da Agricultura Irrigada
Data: 27 a 30 de julho
Local: Juazeiro (BA)
Contato: 74 3613-5133
Simpósio Internacional ISHS/ProMusa
Data: 10 a 14 de outubro
Local: Bahia Othon Palace Hotel - Salvador (BA)
Contato: 71 2102-6600 e
www.gt5.com.br/promusa
128
Sílvio Ávila
5º Simpósio do Papaya Brasileiro
Data: 31 de outubro a 4 de novembro
Local: Porto Seguro (BA)
Contato: www.gt5.com.br
hmc.com.br
Fique frio. Nós cuidamos.
Com 140 anos de experiência e uma rede mundial de serviços para transporte multimodal, a Hamburg Süd
conta com uma moderna frota de navios e avançada tecnologia de contêineres refrigerados, que garantem
a temperatura ideal para cada tipo de fruta, preservando sua integridade e qualidade até o destino.
Visite www.hamburgsud-line.com e confie na excelência desta marca.
No matter what.

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