herpesvírus bovinos tipos 1 e 5

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herpesvírus bovinos tipos 1 e 5
HERPESVÍRUS BOVINOS TIPOS 1 E 5
Eduardo Furtado Flores
Médico Veterinário, Mestre, PhD. Professor Associado do Departamento de Medicina
Veterinária Preventiva, Universidade Federal de Santa Maria, UFSM.
HERPESVÍRUS BOVINO TIPO 1 (BHV-1)
O herpesvírus bovino tipo 1 (BHV-1) é considerado um dos
principais patógenos de bovinos pela repercussão sanitária e
econômica da infecção em rebanhos de leite e corte (Kahrs, 2001).A
rinotraqueíte infecciosa bovina (infectious bovine rhinotracheitis, IBR) uma das manifestações clínicas da infecção pelo BHV-1 - é uma das
principais enfermidades infecto-contagiosas de bovinos e possui
distribuição mundial. O BHV-1 é o principal agente envolvido no
complexo respiratório de bovinos jovens, a “febre do transporte”, que
possui impacto significativo em sistemas de recria e terminação de
novilhos. Além de enfermidade respiratória, a infecção pelo BHV-1
também está associada com doença reprodutiva em fêmeas
(vulvovaginite [IPV], infertilidade temporária, abortos) e machos
(balanopostite [IBP]). Infecção multisistêmica de neonatos também tem
sido atribuída à infecção pelo BHV-1 (Wyler et al., 1989; Gibbs &
Rweyemamu, 1992; Kahrs, 2001). Embora o BHV-5 seja o principal
herpesvírus
bovino
envolvido
em
doença
neurológicameningoencefalite, vários casos dessa enfermidade foram atribuídos a
isolados de BHV-1, confirmando que tamb´pem podem causar infecção
neurológica (Silva et al., 2007).
HERPESVÍRUS BOVINO TIPO 5 (BHV-5)
O BHV-5 é o agente etiológico de meningo-encefalite, de curso
geralmente fatal, que acomete principalmente bovinos jovens (Carrillo et
al., 1983; Schudel et al., 1986). A enfermidade neurológica associada
ao BHV-5 tem sido descrita esporadicamente na Austrália (French et al.,
1962), Europa (Bartha et al., 1969) e Estados Unidos (d`Offay et al.,
1993), porém tem ocorrido com maior freqüência na América do Sul
(Carrillo et al., 1983; Schudel et al., 1986; Weiblen et al., 1989; Salvador
et al., 1998). O BHV-5 foi durante muitos anos classificado como um
subtipo do BHV-1 (denominado BHV-1.3), devido às suas semelhanças
estruturais, biológicas, antigênicas e moleculares. De fato, o BHV-1 e
BHV-5 são muito semelhantes nesses aspectos, e parecem diferir
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principalmente na capacidade de causar doença neurológica. O BHV-5
tem sido associado a surtos e/ou casos isolados de doença neurológica,
enquanto o BHV-1 apenas raramente foi identificado como agente de
meningo-encefalite. As grandes semelhanças entre esses dois vírus têm
inclusive suscitado discussões sobre a pertinência de sua classificação
como dois vírus diferentes e não como subtipos de um mesmo vírus, a
exemplo do que ocorria há alguns anos. Pelas similaridades e pelo fato
de muitos estudos terem sido historicamente realizados com o BHV-1,
as descrições genéricas sobre o agente e suas propriedades biológicas
referem-se a esse vírus (e provavelmente apliquem-se também ao BHV5). Quando houver diferenças ou características peculiares ao BHV-5 já
determinadas, essas serão mencionadas.
O agente
Os herpesvírus bovinos tipo 1 (BHV-1) e 5 (BHV-5) estão
classificados na família Herpesviridae, subfamília Alphaherpesvirinae,
gênero varicellovirus (Roizman et al., 1992). Esses vírus são
envelopados e possuem como genoma uma molécula de DNA de fita
dupla linear. Os vírions medem entre 120 e 140nm. O genoma do BHV1 possui aproximadamente 137 quilobases (kb); o do BHV-5 (uma cepa
brasileira, SV-507) foi seqüenciado e possui 138.4 kb (Delhon et al.,
2003.). O genoma viral codifica mais de 70 produtos, entre os quais 10
a 12 glicoproteínas do envelope. Essas glicoproteínas desempenham
importantes funções nas interações entre os vírions e as células
hospedeiras e constituem-se em importantes alvos para anticorpos
neutralizantes (Tikoo et al., 1995). O BHV-1 pode ser subdividido em
dois subtipos: BHV-1.1, geralmente mais virulento e associado com
doença respiratória (IBR); e BHV-1.2, freqüentemente identificado em
doença genital (IPV/IBP). O BHV-5 era classificado como um subtipo
(BHV-1.3), porém foi reclassificado como uma espécie à parte (Roizman
et al., 1992). Os subtipos (BHV-1.1 e BHV-1.2) podem ser distinguidos
entre si através de análise de restrição genômica e por alguns
anticorpos monoclonais (AcMs) (Metzler et al., 1986). Subdivisões
adicionais em BHV-1a e BHV-1b têm sido propostas de acordo com
diferenças genéticas discretas, embora sem associação clara com
diferenças antigênicas ou biológicas. Isolados de BHV-1 e BHV-5
possuem grande similaridade antigênica e molecular, sendo que a
maioria dos AcMs contra um desses vírus também reage com o outro.
No entanto, alguns AcMs são capazes de distinguir entre BHV-1 e BHV-
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5, o que revela a existência de diferenças antigênicas entre esses vírus
(Metzler et al., 1986; Oldoni et al., 2004). Da mesma forma, embora a
estrutura e organização genômica sejam virtualmente idênticas e a
homologia de nucleotídeos seja de aproximadamente 95%, análise
enzimática de restrição genômica pode diferenciar entre esses vírus
(Metzler et al., 1986; Friedli & Metzler, 1987). Os isolados de campo de
BHV-1 apresentam extensiva reatividade sorológica cruzada entre si, e
também com isolados de BHV-5, o que representa um aspecto
favorável para o diagnóstico e imunização. A grande similaridade
antigênica entre BHV-1 e BHV-5, no entanto, dificulta o conhecimento
da epidemiologia e distribuição geográfica desses vírus, pois os testes
sorológicos de rotina são incapazes de diferenciá-los.
Epidemiologia
Distribuição geográfica
Com exceção de alguns países europeus (Suíça, Dinamarca,
Suécia) que erradicaram o agente, e de outros países que estão em
vias de erradicação, a infecção pelo BHV-1 é endêmica na maioria dos
países e continentes (Van Oirschot, 1999; Kahrs, 2001). No Brasil, a
infecção pelo BHV-1 está amplamente disseminada no rebanho bovino.
Diversos estudos sorológicos e de isolamento de vírus têm sido
publicados, demonstrando níveis de prevalência variáveis entre 8 e 82%
em várias regiões do País (Wizigmann et al., 1972; Mueller et al., 1978;
Ravazollo et al., 1989; Lovato et al., 1995; Vidor et al., 1995). A
epidemiologia e distribuição geográfica do BHV-5 são menos
conhecidas, principalmente pela incapacidade de diferenciar-se
sorologicamente esse vírus do BHV-1. O único indicador da ocorrência
da infecção pelo BHV-5 em uma população tem sido a ocorrência de
doença neurológica, com o posterior isolamento e identificação do
agente. Dessa forma, a presença do BHV-5 tem sido relatada
esporadicamente na Austrália (French et al., 1962), Itália (Moretti et al.,
1964), Hungria (Bartha et al., 1969) e Estados Unidos (d’Offay et al.,
1993). No entanto, a grande maioria dos surtos de doença neurológica
pelo BHV-5 têm sido descritos na Argentina (Carrillo et al., 1983;
Schudel et al., 1986) e no Brasil (Weiblen et al., 1989; Salvador et al.,
1998). A freqüência notadamente maior da infecção e doença
neurológica pelo BHV-5 nessas regiões ainda não possui explicação
satisfatória. Tem sido sugerido que a vacinação sistemática contra o
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BHV-1 realizada em outros países protegeria os animais e restringiria a
disseminação do BHV-5. Isso explicaria a baixa ocorrência da infecção
pelo BHV-5 nesses países. É possível também que o BHV-5 tenha se
originado nas regiões de maior ocorrência (Brasil e Argentina) e se
disseminado apenas ocasionalmente para outros países. Outra hipótese
é a possível origem desse vírus em outra espécie de ruminantes, que
não bovinos (Studdert, 1989).
Espécies susceptíveis
O BHV-1 possui um espectro restrito de hospedeiros naturais.
Infecções experimentais com produção de sinais clínicos discretos,
além de sorologia positiva, têm sido relatadas em algumas outras
espécies que não bovinos (Gibbs & Rweyemamu, 1992; Kahrs, 2001).
Suídeos silvestres, ovinos e caprinos podem ser ocasionalmente
infectados mas o seu papel na epidemiologia do BHV-1 ainda é
questionável. Infecções naturais pelo BHV-5 têm sido descritas apenas
em seus hospedeiros naturais, embora ovinos e caprinos possam ser
infectados experimentalmente, e o vírus estabelece e reativa a infecção
latente (Silva et al., 1999; Flores, E.F. dados não publicados). Coelhos
também têm sido utilizados como modelo para estudos da patogenia do
BHV-5 (Silva et al., 1999; Caron et al., 2002).
Transmissão
Durante a infecção aguda, os animais excretam vírus em
grandes quantidades em secreções nasais ou genitais por vários dias
(até 15-16 dias em casos de infecção respiratória) (Vogel et al., 2003;
2004). O sêmen e secreções vaginais também podem conter o agente
(Vogel et al., 2004). Durante a reativação, os animais também excretam
o vírus em secreções, porém em menor quantidade e durante menos
tempo (Vogel et al., 2003; 2004). Essa excreção, no entanto, é
suficiente para a disseminação e perpetuação do vírus nos rebanhos
(Pastoret et al., 1984).
A transmissão entre animais ocorre principalmente por contato
direto ou indireto, através de secreções contaminadas. Na infecção
respiratória, a transmissão indireta parece ocorrer sobretudo com a
participação de veículos ou aerossóis, não tendo sido relatada
transmissão por vetores artrópodes. Transmissão aerógena a pequenas
distâncias também parece ocorrer, embora seu papel na epidemiologia
da infecção não seja conhecido. Na infecção genital, a transmissão
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ocorre principalmente por contato direto (coito) ou indireto (sêmen,
instrumentos contaminados). O sêmen de animais infectados pode
transmitir a infecção a fêmeas susceptíveis tanto pela a monta natural
como pela inseminação artificial. Touros podem ser infectados pela
cópula em fêmeas infectadas. Fêmeas prenhes quando infectadas
transmitem o vírus aos fetos, com conseqüências diversas, incluindo
mortalidade embrionária ou fetal, mumificação, abortamentos (Pastoret
et al., 1984; Wyler et al., 1989; Kahrs, 2001). A infecção intrauterina
perto do final da gestação, ou infecção do neonato pode levar à
infecção multisistêmica dos recém-nascidos (Kahrs, 2001).
Enfermidades associadas ao BHV-1
A infecção de animais susceptíveis geralmente resulta em
manifestações clínicas de graus variáveis, embora infecções subclínicas
também possam ocorrer. As conseqüências da infecção dependem do
subtipo do vírus (BHV-1.1 ou 1.2), da via e dose de inoculação, idade e
status imunológico dos animais, entre outras.
DOENÇA RESPIRATÓRIA (RINOTRAQUEÍTE INFECCIOSA, IBR)
A infecção pela via intranasal resulta em replicação do vírus nas
células epiteliais, inflamação aguda da mucosa nasal e freqüentemente
no desenvolvimento de rinotraqueíte. Hipertermia, depressão, perda de
apetite, hiperemia da mucosa nasal, corrimento nasal seroso, mucoso
passando a muco-purulento são sinais comumente observados. O
exame minucioso da cavidade nasal em fases avançadas comumente
revela focos necróticos e ulceração na mucosa nasal; com freqüente
deposição de fibrina. Contaminação secundária, dificuldade respiratória
devido à obstrução das vias respiratórias superiores e estertores
pulmonares são freqüentes em casos graves. Conjuntivite associada à
infecção respiratória também é um achado comum. Geralmente a
enfermidade é autolimitante e resolve-se em poucos dias; entretanto
casos de complicações, com contaminação secundária e pneumonia
não são raros e podem inclusive levar a óbito. A infecção de bezerros
jovens (menos de 30 dias) é geralmente mais grave do que em animais
mais velhos. A infecção pelo BHV-1 é um importante fator de
desencadeamento do complexo respiratório bovino, chamado de “febre
do transporte”, que cursa com colonização bacteriana secundária nos
pulmões e pneumonia. Essa forma ocorre principalmente em bezerros
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submetidos ao estresse do desmame, transporte e confinamento, e
freqüentemente acha-se associada com outros agentes virais.
VULVOVAGINITE/BALANOPOSTITE (IPV/IPB)
Infecção pela via genital resulta em replicação viral e inflamação
na mucosa da vulva e vagina (vulvovaginite pustulosa, IPV) ou do pênis
e prepúcio (balanopostite infecciosa, IPB) (Kahrs, 2001). A infecção
aguda caracteriza-se por hipertermia, depressão, redução do apetite,
hiperemia, vesículas, erosões na mucosa e corrimento seroso, mucoso
ou mucopurulento. A enfermidade em fêmeas muitas vezes restringe-se
a hiperemia e desenvolvimento de vesículas na vulva e vestíbulo, sem
complicações e com curso de poucos dias. Em machos, o
desenvolvimento de vesículas, úlceras, deposição de fibrina e
sangramento do pênis/prepúcio podem ocorrer. Em fêmeas, dificuldade
de urinar, curvamento do dorso e elevação da cauda após urinar são
característicos. Redução da produção de leite, hesitação na monta,
urinar com freqüência têm sido também descritos em infecções naturais.
Tanto nos machos como nas fêmeas, a enfermidade é geralmente autolimitante, mas contaminações secundárias podem estender o curso
clínico. Aderências penianas podem ocorrer como seqüela de infecção
genital em machos (Vogel et al., 2004).
Abortos e outras falhas reprodutivas
Abortamentos ocorrem principalmente associados à infecção e
disseminação sistêmica com cepas respiratórias; cepas genitais são
pouco abortigênicas. A indução de abortamento só ocorre quando uma
fêmea susceptível estiver prenhe no momento da infecção.
Abortamentos podem ocorrer associados com a infecção subclínica
como também juntamente com surtos de doença respiratória ou mesmo
casos de conjuntivite. Embora sejam mais freqüentes no terço final da
gestação, os abortamentos podem ocorrer em qualquer fase. O
intervalo entre a infecção da fêmea gestante e a expulsão do aborto é
variável, podendo ir de oito dias até meses (Wyler et al., 1989; Kahrs,
2001).
A cobertura de fêmeas soronegativas com touro que estejam
excretando o vírus (na infecção aguda ou reativação da latência) ou
inseminação artificial com sêmen contaminado pode causar
vulvovaginite, endometrites, retorno ao cio e redução na taxa de
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concepção (Parsonson & Snowdon, 1975). Esses eventos podem se
repetir uma ou duas vezes, no máximo, e os animais geralmente se
tornam imunes e concebem normalmente em ciclos posteriores.
Enfermidades associadas ao BHV-5
O BHV-5 tem sido associado com doença neurológica em
bovinos desde 1962 (French et al., 1962). Os relatos iniciais referem-se
a meningo-encefalite pelo BHV-1, pois os métodos usuais de
diagnóstico não distinguam esses dois vírus. Casos isolados ou surtos
de doença neurológica têm sido subseqüentemente descritos em vários
países. A doença neurológica pelo BHV-5 pode ocorrer em forma de
surtos ou acometer animais isolados. É mais comum em bezerros,
sobretudo aqueles submetidos ao estresse da desmama e
confinamento posterior. Os sinais observados são depressão, andar
cambaleante, bruxismo, protusão da língua, salivação, flexionamento do
pescoço, opistótono, cegueira, pressionamento da cabeça contra
anteparos, ataxia, decúbito, convulsões. Esses sinais nem sempre
estão presentes em todos os casos e diferentes combinações de sinais,
com intensidades diferentes tem sido relatados. Freqüentemente esses
sinais manifestam-se em crises, cujos espaçamentos e intensidade
intensificam-se gradativamente. Na grande maioria dos animais que
apresenta sinais neurológicos, a enfermidade progride para o óbito,
embora casos de recuperação após sinais moderados tenham sido
descritos (Beltrão, 2000; Perez et al., 2002). O curso clínico dura de
poucas horas a vários dias e culmina com decúbito, convulsões e morte.
Sinais respiratórios (hiperemia, corrimento nasal, dificuldade
respiratória) têm sido relatados tanto em infecções naturais como
experimentais (Vogel et al., 2003). Abortos também têm sido relatados
em rebanhos acometidos de surtos de infecção neurológica (Schudel et
al., 1986). Embora atualmente acredite-se que a grande maioria dos
casos de doença neurológica historicamente atribuídos ao BHV-1 – pela
confusão em sua identificação – tenham sido de fato causados pelo
BHV-5, alguns casos de doença neurológica comprovadamente
causados pelo BHV-1 também já foram relatados.
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Infecção latente
Como todos os alfaherpesvirus, após a infecção aguda o BHV-1 e
BHV-5 estabelecem infecção latente em neurônios dos gânglios sensoriais
e autonômicos que inervam o local da infecção primária (Ackermann &
Wyler, 1984; Rock, 1994). Periodicamente, a infecção pode ser reativada
naturalmente ou experimentalmente, resultando em replicação e excreção
viral (Gibbs & Rweyemamu, 1992; Rock, 1994). Por isso, a infecção latente
constitui-se na principal forma de perpetuação do vírus na população
hospedeira. A introdução do vírus nos rebanhos ocorre principalmente pela
introdução de animais portadores da infecção latente, que eventualmente
reativam a infecção e disseminam o vírus posteriormente (Pastoret et al.,
1984). Práticas de manejo com introduções/trânsito freqüentes de animais
entre rebanhos constituem-se em importantes fatores de risco para a
introdução do vírus nos rebanhos. Em resumo, animais soropositivos para
o BHV-1 e BHV-5 são fontes potenciais de infecção, pois podem reativar a
infecção e excretar o vírus. A identificação e eliminação desses animais se
constitui na prática ideal de combate à infecção, porém não é factível em
muitas situações.
É consenso que a reativação da infecção latente pelo BHV-1,
seja na forma respiratória ou genital, raramente cursa com sinais
clínicos. No entanto, o desenvolvimento de sinais clínicos discretos, a
exemplo do que ocorre com outros herpesvírus, parece não ser tão raro
e a sua detecção depende de um exame mais acurado. Então, o mais
provável é que a recrudescência clínica ocorra com uma determinada
freqüência, porém não seja observada na maioria dos casos por cursar
com sinais discretos, quase imperceptíveis. Recentemente foi
demonstrado que a reativação induzida por dexametasona cursa com
sinais moderados de balanopostite, em touros infectados
experimentalmente com o BHV-1 pela via intraprepucial (Vogel et al.,
2003). No caso do BHV-5, tanto a reativação natural quanto a induzida
por dexametasona parecem ser freqüentemente acompanhadas de
sinais neurológicos, que podem ser moderados e passageiros ou
progressivos e fatais (Beltrão, 2002; Perez et al., 2002,)
Diagnóstico
O diagnóstico clínico-epidemiológico deve ser sempre que
possível acompanhado de comprovação virológica e/ou sorológica.
Doença respiratória em bezerros de qualquer idade, sobretudo logo
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após o desmame e submetidos a situações de estresse, deve ser
considerada suspeita de infecção pelo BHV-1 e como tal deve ser
investigada. Secreções nasais coletadas com o auxílio de suabes (ou
cotonetes) e acondicionadas em gelo são adequadas para tentativas de
isolamento do vírus em cultivo celular. Esfregaços preparados a partir
das células presentes nas secreções nasais podem ser submetidos à
imunofluorescência (Wyler et al., 1989; Kahrs, 2001).
Quadros de vulvovaginite vesicular ou balanopostite também são
sugestivos de infecção pelo BHV-1. Nesses casos, suabes vaginais,
prepuciais e/ou sêmen também podem ser submetidos à pesquisa de
vírus por isolamento viral. Casos de retorno ao cio em índices elevados,
com intervalo menor ou aumentado também devem ser investigados.
No caso de abortos, os fetos ou fragmentos de órgãos (pulmão,
traquéia, baço, linfonodos, cérebro, fígado) ou secreções
traqueais/brônquicas devem ser acondicionados em gelo e enviados ao
laboratório.
O sêmen de touros infectados freqüentemente contém o vírus e
pode ser transmitido pela inseminação artificial. Por isso, o
monitoramento contínuo de touros em centrais de coleta de sêmen é
necessário. Além do exame diário da mucosa peniana e prepucial, o
exame de alíquotas do ejaculado, por PCR ou inoculação em cultivo
celular, são mandatórios para assegurar-se da ausência do agente no
sêmen. Sorologia negativa em touros de centrais de IA garante que os
animais não são portadores. Portanto, o monitoramento sorológico
contínuo é recomendável para se manter o “status’ livre dos doadores e
evita a necessidade de se realizar testes mais sofisticados.
Amostras pareadas de soro, coletadas durante a doença aguda
e 14-21 dias após, podem ser submetidas a testes sorológicos. Um
aumento de quatro vezes nos títulos de anticorpos é indicativo da
infecção aguda. Os testes sorológicos mais comumente utilizados são a
soro-neutralização (SN) e testes imunoenzimáticos do tipo ELISA. A SN
fornece quantificação dos anticorpos neutralizantes, enquanto o ELISA
é apenas qualitativo: positivo ou negativo.
Doença neurológica de curso fatal, principalmente em bezerros,
é sugestiva de BHV-5. Nesses casos, o diagnóstico diferencial de raiva,
listeriose e babesiose deve ser realizado. Em casos de doença
neurológica, amostras de cérebro e bulbo olfatório devem ser remetidas
resfriadas para tentativas de isolamento viral e/ou imunofluorescência.
Fragmentos de cérebro acondicionados em formol a 10% são úteis para
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exames histológicos. Encefalite não-supurativa, infiltração linfocitária
perivascular, gliose focal ou difusa e corpúsculos de inclusão nos
neurônios são achados comuns em casos de encefalite pelo BHV-5.
Secreções nasais e/ou brônquicas e pulmonares também são úteis para
o diagnóstico. Amostras de soro pareadas, coletadas dos animais que
eventualmente recuperem-se da doença neurológica podem auxiliar na
elaboração do diagnóstico.
Controle
As medidas de controle em relação ao BHV-1 e BHV-5 estão
diretamente relacionadas com a severidade da infecção em um
rebanho, práticas de manejo e com a prevalência da infecção. Em
regiões/rebanhos em que ocorrem perdas econômicas sérias ou onde a
prevalência da infecção é alta, o controle deve se basear em programas
de vacinação. Antes de se iniciar qualquer programa de imunização, no
entanto, deve-se confirmar a etiologia das patologias observadas.
Nestas situações, a vacinação sistemática pode reduzir a circulação de
vírus e a ocorrência de doença clínica, reduzindo conseqüentemente as
perdas econômicas. Rebanhos com histórico comprovado da infecção,
com sorologia elevada, sistemas de recria e confinamento que agregam
novilhos de várias procedências, além de propriedades com alta
rotatividade (compra-venda-transporte, etc.) de animais são
recomendados a implementar a vacinação.
Rebanhos de baixo risco, sem histórico da enfermidade/infecção
ou sem sorologia positiva devem ser encorajados a implementar
medidas de biossegurança para evitar a introdução da infecção. Nesses
casos, o simples teste (e descarte) de qualquer animal a ser anexado
ao rebanho, aliado à testes sorológicos periódicos e descarte de
eventuais positivos geralmente são métodos efetivos. Recomenda-se
testar reprodutores a serem anexados aos rebanhos; no caso de serem
positivos deve-se evitar a sua introdução.
Rebanhos com sorologia alta, porém sem histórico clínico de
doença respiratória ou genital, e sem problemas reprodutivos (retorno
ao cio, infertilidade) podem ser mantidos sem vacinação, porém sob
observação dos parâmetros produtivos e clínicos.
Além do uso de vacinas, outras medidas de controle incluem o
teste de sêmen e reprodutores, o uso de sêmen e embriões livres de
BHV-1, bem como o monitoramento sorológico periódico dos rebanhos.
O descarte de animais soropositivos é recomendável, porém somente
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exeqüível em situações de baixa prevalência. Em rebanhos com
prevalência baixa ou moderada, a adoção de medidas profiláticas que
reduzam a transmissão do vírus, associada com teste e remoção
gradativa dos soropositivos pode levar á redução significativa da
prevalência em poucos meses ou anos, pemitindo que se atinja uma
situação em que a erradicação seja possível.
Proprietários que desejem controlar/erradicar a infecção de seus
rebanhos devem realizar testes sorológicos periódicos em seus animais.
Os animais sorologicamente positivos (SN ou ELISA) devem ser
considerados como portadores da infecção latente e como tal devem
ser manejados. Centrais de coleta de sêmen deveriam, de maneira
ideal, somente manter animais sorologicamente negativos para o BHV1. No entanto, a freqüente identificação de animais geneticamente
superiores soropositivos exige estratégias alternativas, para se poder
utilizar o potencial genético sem risco de disseminação da infecção.
Nesses casos, o manejo separado desses animais e o teste de todos os
ejaculados para vírus são as medidas indicadas.
Vacinas contra o BHV-1
Vacinas convencionais atenuadas ou inativadas têm sido
utilizadas para controlar a disseminação do vírus e reduzir a severidade
da doença clínica e as conseqüentes perdas associadas ao BHV-1.
Embora algumas dessas vacinas tenham demonstrado eficácia sob
condições experimentais, o BHV-1 persiste na população bovina mesmo
em rebanhos continuamente vacinados (Tikoo et al., 1995; Van
Oirschot, 1999). Isto provavelmente reflete, em parte, vacinação nãosistemática e estratégias equivocadas de vacinação. Vacinas com vírus
vivo modificado têm sido produzidas por passagens múltiplas em cultivo
celular ou por mutagênese induzida para produzir mutantes
temperatura-sensíveis (TS) (Tikoo et al., 1995). As vacinas atenuadas
tradicionais eram indicadas para administração intramuscular ou
subcutânea; embora vacinas de administração intranasal, sobretudo
TSs também tem sido utilizadas (Van Oirschot, 1999). Vacinas
tradicionais com vírus vivo modificado de administração parenteral
oferecem o risco de infecção fetal e abortamentos. Nesse sentido, a
maior vantagem das vacinas intranasais TS é a indução de imunidade
local e mais rápida, sem o risco de danos ao feto (Tikoo et al., 1995).
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Vacinas inativadas surgiram e têm sido utilizadas principalmente
devido ao fato das vacinas vivas representarem um risco potencial ao
feto, quando fêmeas prenhes são imunizadas (Tikoo et al., 1995). Estas
vacinas têm sido produzidas em cultivo celular e inativadas com
diversos produtos químicos, incluindo formalina, beta-propiolactona e
etilenemina (Van Oirschot, 1999). Uma das maiores desvantagens das
vacinas inativadas é a necessidade de associar-se adjuvantes potentes
para obter-se uma resposta aceitável. Além disso, a magnitude e
duração da imunidade conferida por estas vacinas é geralmente inferior
às vacinas vivas modificadas, o que exige revacinações freqüentes que
aumentam o custo final (Tikoo et al., 1995; Van Oirschot, 1999).
As vacinas, se adequadamente administradas, podem induzir
proteção adequada contra a enfermidade respiratória; são questionáveis
entretanto, na proteção contra a doença genital e abortos. Vacinas com
vírus vivo modificado representam riscos potenciais para fêmeas
gestantes. Nos casos em que a vacinação é recomendada (ver acima),
indica-se a manutenção de um alto nível imunitário através de
vacinações periódicas e sistemáticas
Embora utilizadas com relativo sucesso na prevenção da
enfermidade clínica e na redução da circulação de vírus na população,
as vacinas tradicionais contra o BHV-1 têm se mostrado incompatíveis
com programas de erradicação. De fato, os níveis de soropositividade
na população bovina de países que utilizam a vacinação não se reduziu
ao longo do tempo. Com isto surgiu a necessidade de elaborar-se
vacinas que permitissem a diferenciação de animais infectados
(portadores da infecção latente) dos animais vacinados. Isso permitiria a
adoção de medidas de identificação e remoção, pontos-chave em
programas de erradicação. Para suprir essa necessidade, surgiram as
vacinas com marcadores antigênicos, ou vacinas diferenciais. Essas
vacinas baseiam-se na utilização de um vírus vivo atenuado contendo
uma ou mais deleções em genes que codificam proteínas nãoessenciais. O uso desse vírus como vacina, associado a um teste
sorológico que permita a detecção de anticorpos contra a proteína
deletada, tem se constituído na base de programas de controle e
erradicação do BHV-1 em vários países europeus. Mutantes do BHV-1
defectivos no gene que codifica a glicoproteína E (gE), associados ou
não a uma deleção no gene da enzima timidina kinase (tk) têm sido
utilizados com sucesso nesses países. Além de permitirem a
diferenciação entre animais vacinados e infectados, essas vacinas são
III Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite
- 407
geralmente mais seguras, pois a deleção de um ou mais genes resulta
em redução da virulência, atributo altamente desejável em vacinas.
Além das vacinas diferenciais obtidas por manipulação genética, uma
cepa de BHV-1 que naturalmente não expressa a gE tem sido utilizada
na Europa.
Atualmente preocupa-se em produzir cepas vacinais
recombinantes que, além do aspecto diferencial, sejam defectivas em
funções
imunossupressoras
recentemente
identificadas
nos
herpesvírus. Outras vacinas experimentais potencialmente promissoras,
porém ainda não em uso, são as vacinas com antígenos recombinantes
produzidos em sistemas heterólogos, vetores virais e vacinas de
subunidades.
Solucionado o problema da diferenciação de animais vacinados
e infectados, o próximo desafio para a vacinologia do BHV-1 é a
produção de vacinas que sejam capazes de impedir o estabelecimento
de infecção latente em infecções subseqüentes.
No Brasil, atualmente estão disponíveis comercialmente algumas
vacinas contra o BHV-1, todas elas contendo também outros antígenos
virais (vírus da Diarréia Viral Bovina, BVDV; vírus da Parainfluenza-3,
PI-3 e vírus respiratório sincicial bovino, BRSV). A maioria destas
contêm antígenos do BHV-1 inativados; uma delas contém também
antígenos do BHV-5; e uma vacina contêm uma cepa de BHV-1
temperatura sensível (TS). Um recombinante gE- foi recentemente
produzido a partir de um isolado brasileiro de BHV-1 e avaliado como
imunógeno, tanto em bovinos como em coelhos (Franco et al., 2002).
Provavelmente essa vacina estará no comércio em um futuro próximo.
As vacinas inativadas requerem duas aplicações iniciais (20-30 dias de
intervalo) e revacinações periódicas (semestrais, anuais). A vacina TS
requer menos reforços para induzir níveis adequados de anticorpos.
Não existem vacinas disponíveis especificamente contra o BHV5, embora uma das vacinas comerciais no Brasil contenha antígenos
desse vírus. Como existe uma grande similaridade antigênica entre o
BHV-1 e BHV-5, é provável que vacinas contra o BHV-1 que induzam
uma boa proteção homóloga possam conferir proteção parcial em graus
variáveis também contra o BHV-5. Em casos de surtos de infecção
neurológica pelo BHV-5 nos quais o diagnóstico é realizado
precocemente, a vacinação do restante dos animais expostos, com uma
vacina contra o BHV-1 – de preferência viva modificada – pode ser
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indicada na tentativa de prevenir a disseminação do vírus e a ocorrência
de doença neurológica em um número grande de animais.
O grupo de pesquisa do Setor de Virologia da UFSM relatou a
construção de um recombinante do BHV-5 defectivo na glicoproteína E
e na TK para potencial uso em vacinas (Brum, 2009). Esse
recombinante provou ser atenuado para bezerros (Santos et al., 2010;
Anziliero et al., 2010), imunogênico (Anziliero et al., 2010) e capaz de
conferir proteção homóloga (frente ao BHV-5) e heteróloga (frente ao
BHV-1) (Anziliero et al. 2011). Além disso, induziu resposta sorológica
diferenciável da resposta induzida pela infecção natural, pelo uso de um
ELISA anti-gE (Brum et al., 2009; Anziliero et al., 2010; 2011). Essa
cepa recombinante apresenta um potencial para ser usada na
formulação de vacina atenuada contra o BHV-1 e BHV-5.
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