Cabos de Força Especiais

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Cabos de Força Especiais
Cabos de Força Especiais
Conceitos e objetivos:
Se o tema cabos sempre nutre discussões acaloradas, falar na influência e importância dos cabos de
força especiais é discórdia certa.
Há quem questione como pode um único metro de cabo, por mais bem projetado e construído que
seja, instalado no estágio final da alimentação (da tomada da parede ao equipamento de áudio e
vídeo), fazer alguma diferença se antes dele há dezenas de metros de fios e cabos da instalação
elétrica da residência, além das centenas de quilômetros de cabeamento de qualidade duvidosa da
concessionária de energia?
Bem, devemos considerar que o cabo de força (aquele que conduz energia da tomada da parede até a
entrada do aparelho), nada mais é do que uma extensão da instalação elétrica da residência. A
situação ideal seria levar o cabo que sai do poste na rua diretamente para a entrada de energia do
equipamento, eliminando toda e qualquer emenda e interferências pelo caminho. Mas sabemos que
essa é uma situação impossível.
Portanto, e deixando de lado todo o esoterismo e marketing de alguns fabricantes mundo afora, a
adoção de cabos especiais tem como único objetivo melhorar a conexão, transferência de energia e
imunidade às interferências eletromagnéticas onde podemos atuar: nos últimos metros antes da
entrada de força dos equipamentos.
Cabos elétricos têm suas especificações ditadas pela aplicação destinada, tensão (em Volts) e corrente
(em Amperes) a ser conduzida. Isso define a bitola do cabo (em mm2), seu revestimento isolante,
classe de flamabilidade, classe de encordoamento (vejam detalhes mais a frente) e seu nível e
composição da blindagem (quando existente). Quanto maior a corrente, maior deverá ser a bitola,
caso contrário ocorrerá excessivo atrito entre os elétrons, fazendo com que parte da energia elétrica
seja dissipada na forma de calor (efeito Joule, visto no módulo 1), resultando na diminuição da tensão
entregue na outra ponta.
Por isso é recomendável utilizar a maior bitola possível, já que condutores superdimensionados
garantem folga na alimentação mesmo nos momentos de consumo de pico. Um cabo com seção de
2,5mm2, por exemplo, suporta em torno de 21A, o que é bem acima dos valores médios obtidos em
amplificadores, receivers e subwoofers, sabidamente os que mais consumem. Mas a maioria dos bons
receivers A/V saem de fábrica equipados com cabos de 0, 75 mm2, o que em teoria é perfeitamente
suficiente para alimentar um modelo que libere 100 W/canal a 8 ohms, em 7.1 canais, gerando um
consumo de 5,83A operando em 120 Volts. Obviamente, números não metem, porém traduzem o
desempenho do aparelho apenas em uma situação específica, de “uso ideal”, não considerando
momentos de pico de sinal e potência.
Ademais, nenhum equipamento sai da fabrica equipado com cabos blindados contra interferências
eletromagnéticas, vantagem presente na maioria dos cabos de força especiais. Estes podem ainda
contar com condutores dispostos em geometrias diferenciadas, objetivando minimizar os efeitos de
grandezas como indutância e capacitância ou campo eletromagnético. Soma-se o uso de conectores de
alto padrão do tipo Audio Grade ou Hospital Grade, residindo aí a maior diferença. Bons conectores
favorecem o contato elétrico, condição decisiva para o máximo desempenho em som e imagem.
Explicando melhor, a qualidade com que a energia elétrica é transferida entre dois pontos (da tomada
da parede até o receiver A/V, por exemplo) depende diretamente das características físicas do contato
elétrico, ou seja, dos plugues e tomadas de força. Se não houver boa pressão na pegada a conexão fica
frouxa, diminuindo a área de contato entre os terminais, levando ao desperdício de preciosas frações
dessa energia. Haverá ainda o risco de superaquecimento do contato, e de exposição à corrosão por
oxidação e desligamentos acidentais.
Devemos ainda considerar que passagem da corrente elétrica alternada (AC) gera pequenas vibrações
e alterações de temperatura devido ao efeito Joule, o que ao longo do tempo afrouxa as conexões. Só
que não estamos falando de apenas uma conexão, mas sim de dezenas delas!
Exemplo: Pensando apenas nas emendas existentes no caminho percorrido pela energia elétrica,
saindo do poste da rua até chegar ao receiver A/V, teremos:
Poste →relógio medidor (entrada) →relógio medidor (saída) →disjuntor ou seccionadora de entrada
(entrada) → disjuntor ou seccionadora de entrada (saída) →disjuntor de circuito dedicado ao HT
(entrada) → disjuntor de circuito dedicado ao HT (saída) →tomada da parede (entrada) →tomada da
parede (saída) →conector macho do cabo de força do condicionador → conector fêmea do cabo de
força do condicionador →tomada de entrada de energia do condicionador (entrada) →tomada de
energia do condicionador (saída) →circuito de filtragem do condicionador →tomada de saída de
energia do condicionador →conector macho do cabo de força do receiver A/V → conector fêmea do
cabo de força do receiver A/V →tomada de entrada de energia do receiver A/V (entrada) →tomada
de energia do receiver A/V (saída) → fonte de força do receiver A/V
Considerando que cada → equivale a no mínimo uma emenda (em alguns casos podem ser duas ou
três), teremos somente no caminho acima 19 emendas entre o poste e o receiver A/V.
Por tal motivo é sempre recomendável revisar periodicamente as instalações elétricas, procedendo
não apenas o reaperto de parafusos e conexões, mas também a substituição de tudo que não estiver
com aparência saudável.
Requisitos para umbom cabo de força:
•Conectores de alto padrão, capazes de garantir uma “pegada animal” com a tomada da parede e
entrada de força do equipamento;
•Blindagem simples ou dupla (de preferência), com cobertura de no mínimo 85%;
•Bitola mínima de 3 X 2,5mm² para receiver A/V, power e subwoofer e 3 X 1,5mm² para players e
displays;
•Configuração twisted (condutores torcidos);
•Encordoamento o mais baixo possível. A maioria dos cabos possuem encordoamento classe 5. Isso
facilita a montagem e favorece a flexibilidade do cabo. Mas o ideal é o uso de encordoamento mais
baixo, classe 2 ou 3, já que essa configuração favorece a transferência de alta corrente, porém com
sensível prejuízo à flexibilidade. O cabo fica muito rígido, difícil de trabalhar e posicionar.
A flexibilidade dos condutores é definida pelo encordoamento adotado, ou seja, pelo número e
diâmetro dos fios e pelo passo de encordoamento.
As classes de encordoamento estão definidas na Norma ABNT NBR NM 280:2011.
Classe 1: Sólido;
Classe 2 e 3: Semi Rígidos;
Classe 4 e 5: Flexíveis;
Classe 6: Extra Flexíveis.
Materiais:
Com a chegada do padrão brasileiro de plugues e tomadas e a observância obrigatória da Norma ABNT
NBR 14.136:2002, a aquisição ou confecção de cabos especiais ficou bastante prejudicada.
Nos termos da Resolução 08/2009 do CONMETRO, 01/07/2011 será a data final para comercialização
do antigo padrão NEMA no Brasil. A fabricação e importação já estavam proibidas desde 01/01/2010.
Assim, resta-nos apenas a importação direta como pessoa física, vez que CONMETRO e INMETRO
legislam sobre a produção industrial e comércio (atacado ou varejo), mas não possuem poder sobre o
consumidor final.
Mas por que não montar um bom cabo de força utilizando o novo padrão nacional? O problema é que
“novo” não é necessariamente sinônimo de “bom”. Infelizmente ainda não há um único modelo de
plugue de qualidade fabricado no novo padrão. Os melhores identificados são da marca PIAL-Legrand,
e ainda assim possuem construção sofrível e muito aquém da encontrada nos melhores produtos
importados. E sem bons plugues não há bons cabos, sejam eles de força, áudio, vídeo...
Já com as tomadas de parede é diferente. Alguns modelos no novo padrão apresentam qualidade
excelente, e em alguns casos robustez e contato semelhante à encontrada no padrão Hospital Grade
norte-americano. É o caso das linhas superiores da Siemens, Schneider Electric e PIAL-Legrand. Mas há
também os que deixam muito a desejar e que além da fragilidade aparente possuem área de contato
ridícula entre o plugue e a tomada, o que certamente comprometerá a eficiência da transferência
elétrica.
Mas independente da qualidade, o novo padrão brasileiro e o tradicional NEMA 5 são absolutamente
incompatíveis, tornando necessário o uso de adaptadores, algo que tende a anular as possíveis
vantagens de cabos especiais.
Produtos classificados como “Hospital Grade” possuem aparência robusta, alta capacidade de
corrente, compatibilidade com fios e cabos de bitola larga e confecção com materiais de 1ª linha,
características que aliadas à boa construção do produto garantem excelente conexão e contato
elétrico (o plugue sempre entra justo e se mantém firme na tomada). Por conta desses predicados, o
conceito de produto chamou a atenção de outros seguimentos de mercado, dentre eles o áudio e
vídeo de alto desempenho. E para efeito de diferenciação, muitos fabricantes classificam suas soluções
como “Audio Grade”, em alusão à derivação original.
É o caso de marcas como Oyaide, Furutech, Hubbell, Marinco, Wattgate e Leviton, mundialmente
conhecidas pela excelente qualidade, beleza e acabamento de seus plugues e/ou tomadas.
Obviamente, qualidade tem seu preço. Há produtos para todos os bolsos, mas muitos podem se
assustar diante do custo de cerca de US$ 15 por um único plugue de força ou tomada de parede. E isso
porque estamos falando das opções mais baratas, pois os modelos topo de linha podem facilmente
ultrapassar a faixa dos US$ 300 a unidade.
Materiais: links para visualização e aquisição
 Conectores, cabos e “sleeve”(malha) para acabamento
http://www.tm3connections.com/displayproduct.php?product_id=128&category_id=77
http://www.vt4c.com/shop/program/main.php?group_id=3&cat_id=1015#716
http://www.vhaudio.com/connectors-ac.html
http://www.takefiveaudio.com/mall/shopDisplayCategories.asp?id=1&cat=DIY+Supplies
http://www.vhaudio.com/heatshrink.html
http://www.dinnil.com.br/mns.asp
http://www.takefiveaudio.com/mall/shopDisplayCategories.asp?id=1&cat=DIY+Supplies
http://www.eurocabos.com.br/telas/catalogo_capitulo_lista.php?manufacturerID=2&manufacturerIm
age=helukabel.png
http://www.prysmian.com.br/export/sites/prysmian-ptBR/energy/pdfs/CabosNAVAIS.pdf
http://www.prysmian.com.br/export/sites/prysmian-ptBR/energy/pdfs/AirGuard.pdf
Conectores
OBS: Notem nas imagens abaixo a qualidade do contato elétrico e a forma como se dá a união entre
cabo e conector.
Fios e Cabos
“Sleeve” – malha para acabamento
Réguas de tomadas
Neste link vocês encontrarão também muitos componentes destinados à montagem de réguas de
tomadas de altíssimo padrão.
http://www.vt4c.com/shop/program/main.php?group_id=2&cat_id=1038#850
Tomadas de parede (outlets)
Algumas imagens de cabos artesanais padrão NEMA 5/15 e NEMA 5/15/IEC C7
 Condutores Helukabel 3 X 2,5mm², configuração torcida (twisted), dupla blindagem (trança de
cobre + fila de alumínio), encordoamento classe 5;
 Conectores Wattgate, Marinco, Oyade e genérico C7
Vinicius A. Barbosa Lima
Junho/2011

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