EFEITOS PSICOFISIOLÓGICOS AGUDOS DO EXERCÍCIO

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EFEITOS PSICOFISIOLÓGICOS AGUDOS DO EXERCÍCIO
UNIVERSIDADE GAMA FILHO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA
EFEITOS PSICOFISIOLÓGICOS AGUDOS DO EXERCÍCIO AERÓBIO E
CONTRA-RESISTÊNCIA EM DIFERENTES INTENSIDADES
FRANCISCO ZACARON WERNECK
Rio de Janeiro
2003
EFEITOS PSICOFISIOLÓGICOS AGUDOS DO EXERCÍCIO AERÓBIO E
CONTRA-RESISTÊNCIA EM DIFERENTES INTENSIDADES
por
FRANCISCO ZACARON WERNECK
___________________________________________
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Educação Física da
Universidade Gama Filho, como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre em
Educação Física
Agosto, 2003.
EFEITOS PSICOFISIOLÓGICOS AGUDOS DO EXERCÍCIO AERÓBIO E
CONTRA-RESISTÊNCIA EM DIFERENTES INTENSIDADES
FRANCISCO ZACARON WERNECK
Apresenta a Dissertação
Banca examinadora:
Agosto / 2003
Dedico este trabalho à minha família, por
tudo que fizeram por mim e pela
compreensão dos meus momentos de
ausência.
AGRADECIMENTOS
À minha mãe, Marli, ao meu pai, Werneck, e aos meus irmãos Giovanni e Jefferson, que me
forneceram todo o suporte necessário para que pudesse ter alcançado e completado esta jornada.
Vocês foram fundamentais. Muito obrigado.
À minha noiva Cris, pelo incentivo, compreensão e por ter sido a pessoa que mais escutou falar
sobre este trabalho, dando importantes contribuições.
Aos meus tios-padrinhos, Aparecida e Everaldo, pelo apoio e incentivo.
Ao Prof. Dr. Luiz Scipião Ribeiro, pelo exemplo de consideração e profissionalismo, pela
orientação, pela confiança e pelo grande exemplo de amizade, que contribuíram
significativamente para o meu crescimento profissional e pessoal.
Ao Prof. Ms. e amigo Maurício Bara Fillho, pelo companheirismo, dedicação e contribuições
singulares e pela imparcialidade nos momentos difíceis, mostrando-se, acima de tudo, um grande
amigo.
Ao Prof. Ms. e amigo Héglison Custódio Toledo, por todas as oportunidades que me ofereceu,
pela experiência enquanto sócio e pelo exemplo de persistência e dedicação.
Ao Prof. Ms. e amigo Emerson Filipino Coelho, pelo companheirismo, amizade e pelas idas e
vindas ao Rio, que renderam frutíferas discussões.
Ao Prof. Dr. Lamartine Pereira da Costa, pelas inestimáveis contribuições, pelo incentivo e
dedicação, sendo para mim um exemplo de quanto ainda tenho que aprender.
Ao Prof. Dr. Jorge Roberto Perrout de Lima, pela paciência, disponibilidade e dedicação que
foram cruciais na análise estatística e na discussão dos resultados.
Ao Prof. e eterno amigo Flávio Villela, pelos ensinamentos, pela convivência e pelos erros por
mim cometidos, os quais implicaram no meu amadurecimento pessoal e profissional.
À Prof. Ms e prima Mônica Grossi, pela revisão, crítica e contribuição no trabalho e pelo
constante incentivo na minha carreira acadêmica.
Ao Prof. Frederico de Castro pela revisão gramatical.
Aos colegas do mestrado, Renato, Siqueira, Ribas, Aldair e Marcos pela agradável e proveitosa
convivência e pela troca de experiências.
Aos funcionários do mestrado, Fabri, Eveline e Alan, pela prestação de atendimento e de ajuda.
Aos professores Steven Petruzzello, Peter Hassmén, Peter Terry, Teru Nabetani, Neboja
Toskovic, Fernando Dimeo e John Raglin pelo fornecimento de artigos científicos.
Aos sujeitos participantes desta pesquisa, sem os quais seria inviável concretizar o estudo.
Ao proprietário de academia, Anderson, pela seção da academia para a realização do estudo.
Aos meus ex-alunos, Bianca, Lourival e Josemar.
À CAPES, pelo auxílio financeiro na realização deste estudo.
A todos aqueles que me incentivaram e me ajudaram direta ou indiretamente, muito obrigado.
“Qualquer um que acredite que o seu tipo
de pesquisa é a única forma “científica”
para resolver problemas é limitado e está
completamente enganado”.
JERRY THOMAS & JACK NELSON
“As condições de vida não se encontram
nem no organismo, nem no meio exterior,
mas nos dois simultaneamente”.
CLAUDE BERNARD
WERNECK, F.Z. Efeitos psicofisiológicos agudos do exercício aeróbio e contra-resistência em
diferentes intensidades. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – PPGEF, Universidade
Gama Filho, Rio de Janeiro, 2003.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Scipião Ribeiro
RESUMO
O estudo das adaptações psicofisiológicas ao exercício tem demonstrado efeitos agudos
diferenciados na pressão arterial (PA) e no estado de humor. Um dos grandes desafios tem sido
determinar as características ideais do exercício para a promoção da saúde, sendo crescente o
número de pesquisas que utilizam uma abordagem psicofisiológica. O objetivo do presente
estudo foi comparar o efeito agudo de uma sessão de exercício contra-resistência (ECR) e de
corrida na esteira com diferentes intensidades sobre os estados de humor e a pressão arterial.
Dezoito homens saudáveis (22,4 ± 6,5 anos), normotensos e experientes em exercício (12,1 ± 8,1
meses) foram submetidos a sete condições experimentais: 1) ECR com 50% de oito repetições
máximas (8RM); 2) ECR com 100% 8RM; 3) ECR com intensidade auto-selecionada; 4) Corrida
a 60-65% da Freqüência Cardíaca Máxima (FCMáx); 5) Corrida a 85-90% FCMáx; 6) Corrida autoselecionada e 7) Controle sem exercício. Tensão, depressão, raiva, vigor, fadiga, confusão
mental, distúrbio total de humor e pressão arterial foram mensuradas antes, após e 30min após
cada sessão. Os resultados mostraram alterações significativas no humor e na pressão arterial
independente do tipo e da intensidade do exercício. Houve um pequeno, porém significativo,
aumento de tensão, fadiga e distúrbio total de humor após o exercício, diminuindo após 30min, e
uma diminuição do vigor até 30min, denotando um efeito agudo negativo sobre o estado de
humor. No entanto, do ponto de vista prático, o exercício não alterou o perfil de saúde
psicológica dos sujeitos, mantendo-se positivo. Uma melhoria no humor foi observada em longo
prazo. Em relação à PA, observou-se uma hipotensão 30min após o término do exercício.
Conclui-se que sessões de exercício contra-resistência e de corrida com intensidade baixa, alta ou
auto-sugerida promovem efeitos agudos similares no estado de humor e na pressão arterial dos
praticantes, sendo importantes na promoção da saúde e na prevenção de distúrbios
psicofisiológicos. Em pessoas com perfil de humor positivo, os benefícios psicológicos parecem
ocorrer somente em longo prazo.
PALAVRAS-CHAVE: exercício contra-resistência, exercício aeróbio, humor, psicofisiologia,
saúde psicológica
WERNECK, F.Z. Acute psychophysiological effects of aerobic and resistance exercise with
different intensities. (Master Dissertation) – PPGEF, Gama Filho University, Rio de Janeiro,
2003.
Adviser: Prof. Dr. Luiz Carlos Scipião Ribeiro
ABSTRACT
The study of psychophysiological adaptations to the exercise has been showing
different acute effects on blood pressure and on mood state. One of the greatest challenges is
to determine the ideal exercises features to promote health, being seen the increasing on
research which uses the psychophysiological approach. The aim of this study was to compare
the acute effect of a session of resistance exercise (RE) and a run on the treadmill with
different intensity on the mood state and blood pressure. Eighteen healthy and normotensive
men (22,4 ± 6,5 years) with physical activity experience (12,1 ± 8,1 months) were submitted
to seven experimental conditions: 1) RE with 50% of eight repetitions maximum (8RM); 2)
RE with 100% 8RM; 3) RE with self-selected intensity; 4) Running with 60-65% of
Maximum Heart Rate (HRmáx); 5) Running 85-90% HRmáx ; 6) Running with self-selected
intensity; 7) Control without exercise. Tension, depression, anger, vigour, fatigue, mental
confusion, total mood disturbance and blood pressure (BP) were measured before,
immediately after and 30 minutes later each session. The results show significantly changes in
the mood and blood pressure independent of the exercise type or intensity. There was a slight
but significant rising in the tension, fatigue and total mood disturbance following exercise
session, decreasing after 30 minutes, and a vigour decrease up to 30 minutes, showing a
negative acute effect on the mood. However, in long term there was an increase in the mood.
Related to the blood pressure, there was a post-exercise hypotension following 30 minutes. It
is concluded that resistance exercise and running sessions of low, high or self-selected
intensity can promote similar effects on the mood and on the blood pressure of subjects, being
important factors on the health promotion and on the psychophysiological disturbances
prevention. In people who have got a positive mood profile, psychological benefits seen to
occur only in long-term.
KEY-WORDS:
resistance
psychological health
exercise,
aerobic
exercise,
mood,
psychophysiology,
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1 – Formulário de Identificação dos Indivíduos ---------------------------------------------145
Anexo 2 – Termo de Consentimento para os indivíduos --------------------------------------------146
Anexo 3 – Índice de Esforço Percebido ---------------------------------------------------------------148
Anexo 4 – Questionário do Perfil dos Estados de Humor (POMS) ------------------------------- 149
Anexo 5 – Formulário de Coleta de Dados Antropométricos, Teste de VO2 Submáximo e
Teste de Carga de 8RM (Repetições Máximas) ------------------------------------------------------150
Anexo 6 – Formulário de Coleta de Dados do Exercício Contra-Resistência --------------------151
Anexo 7 – Formulário de Coleta de Dados para o Exercício Aeróbio -----------------------------152
LISTA DE TABELAS
1: Estudos sobre os efeitos agudos do exercício no estado de humor e na pressão arterial ------ 48
2: Estudos e posicionamentos sobre os efeitos crônicos e agudos do exercício sobre a pressão
arterial -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 68
3: Características antropométricas e funcionais dos sujeitos ----------------------------------------- 91
4: Média e desvio-padrão das variáveis psicofisiológicas antes, após e 30min após cada
condição experimental ------------------------------------------------------------------------------------- 92
5: Resultados da análise estatística univariada dos efeitos principais sobre as variáveis
dependentes ------------------------------------------------------------------------------------------------- 100
6: Relação entre as variáveis do estado de humor, o distúrbio total de humor (DTH), a pressão
arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) e a freqüência cardíaca (FC) --------------------------- 124
LISTA DE GRÁFICOS
1: Média e Desvio-Padrão da carga de treino levantada em cada sessão de exercício contraresistência ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 93
Gráfico 2: Média e Desvio-Padrão da velocidade de corrida na esteira ----------------------------- 94
Gráfico 3: Média e Desvio-Padrão da Freqüência Cardíaca durante cada sessão de corrida na
esteira -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 94
Gráfico 4: Média e Desvio-Padrão do Índice de Esforço Percebido (IEP) de cada sessão de
exercício ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 95
Gráfico 5: Média e Desvio-Padrão do Perfil dos Estados de Humor dos sujeitos antes das
diferentes condições experimentais ---------------------------------------------------------------------- 98
Gráfico 6: Média e Desvio-Padrão do Perfil dos Estados de Humor dos sujeitos após
diferentes condições experimentais ---------------------------------------------------------------------- 98
Gráfico 7: Média e Desvio-Padrão do Perfil dos Estados de Humor dos sujeitos após 30min
do término de diferentes condições experimentais ----------------------------------------------------- 98
Gráfico 8: Efeito de diferentes condições de exercício sobre as variáveis do Perfil dos Estados
de Humor ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 101
Gráfico 9: Efeito de diferentes condições de exercício sobre o distúrbio de humor --------------- 101
Gráfico 10: Média e Desvio Padrão das variáveis do Estado de Humor pré, pós e 30min após
uma situação de controle sem exercício ----------------------------------------------------------------- 101
Gráfico 11: Perfil do Estado de Humor dos sujeitos antes e após o término do experimento ---- 119
Gráfico 12: Efeito de diferentes condições experimentais na pressão arterial sistólica (PAS) -- 120
Gráfico 13: Comportamento de variáveis fisiológicas após as diferentes sessões de exercício - 121
Gráfico 14: Efeito de diferentes condições experimentais na freqüência cardíaca (FC) ---------- 123
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------------ 14
1.1 O Problema --------------------------------------------------------------------------------------------- 18
1.2 Objetivos ------------------------------------------------------------------------------------------------ 19
1.3 Hipóteses ------------------------------------------------------------------------------------------------ 19
2 REVISÃO DE LITERATURA ----------------------------------------------------------------------- 20
2.1 Aspectos da Prescrição do Exercício Aeróbio e do Exercício Contra-Resistência:
Intensidade de Esforço ------------------------------------------------------------------------------------- 20
2.2 Humor -------------------------------------------------------------------------------------------------- 24
2.2.1 Conceitualizações e Mensurações ------------------------------------------------------ 24
2.2.2 Efeitos do Exercício sobre o Estado de Humor --------------------------------------- 32
2.2.3 Possíveis Mecanismos de Regulação do Humor após o Exercício ----------------- 56
2.3 Pressão Arterial ---------------------------------------------------------------------------------------- 61
2.3.1 Efeitos do Exercício sobre a Pressão Arterial ----------------------------------------- 63
2.3.2 Possíveis Mecanismos Responsáveis pelo Efeito Hipotensivo do Exercício ----- 70
2.4 Psicofisiologia do Exercício -------------------------------------------------------------------------- 72
2.4.1 Relação entre Pressão Arterial, Estado de Humor e Exercício ---------------------- 77
3 MÉTODO ------------------------------------------------------------------------------------------------ 82
3.1 Amostra ------------------------------------------------------------------------------------------------- 82
3.2 Varáveis Independentes e Dependentes ------------------------------------------------------------- 82
3.3 Delineamento da Pesquisa ---------------------------------------------------------------------------- 83
3.4 Instrumentos de Medida ------------------------------------------------------------------------------- 84
3.5 Coleta de Dados ---------------------------------------------------------------------------------------- 87
3.6 Tratamentos --------------------------------------------------------------------------------------------- 87
3.7 Análise Estatística ------------------------------------------------------------------------------------- 89
3.8 Plano Piloto --------------------------------------------------------------------------------------------- 90
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS --------------------------------------- 91
4.1 Dados Descritivos -------------------------------------------------------------------------------------- 91
4.2 Perfil de Humor, Pressão Arterial e Freqüência Cardíaca da Amostra ------------------------- 97
4.3 Efeito da Intensidade e do Tipo do Exercício sobre as Variáveis Psicofisiológicas ---------- 99
4.3.1 Estado de Humor -------------------------------------------------------------------------- 100
4.3.2 Pressão Arterial ---------------------------------------------------------------------------- 119
4.3.3 Freqüência Cardíaca ---------------------------------------------------------------------- 123
4.4. Relação entre as Variáveis Psicofisiológicas ------------------------------------------------------ 123
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ---------------------------------------------------------- 126
REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------------------------------------ 133
ANEXOS ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 145
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, muitas pessoas estão inseridas em programas de atividade física voltados
para a melhoria da saúde e do bem-estar. Várias entidades científicas, grupos de
pesquisadores e órgãos de saúde pública reconhecem que o exercício físico está associado a
diversos benefícios fisiológicos e psicológicos, sendo considerado de grande importância para
a saúde. Um grande desafio para os pesquisadores, tem sido determinar as características
ideais do exercício necessárias para promover benefícios tanto na saúde física quanto mental
(American College of Sports Medicine, 1993; 1998; Kesaniemi et al., 2001; International
Society of Sport Psychology, 1992; Shephard, 2001; U.S.Department of Health and Human
Services, 1996).
Diversos estudos demonstram que sessões agudas de atividade física promovem uma
redução na pressão arterial (PA) e uma melhoria no estado de humor, como a diminuição de
tensão/ansiedade, depressão e raiva e aumentos no vigor, que podem durar horas após o
exercício e que a repetição destes efeitos a longo prazo traria efeitos positivos para a saúde
(Berger & Molt, 2000; Dunn, Trivedi & O’Neal, 2001; Fagard, 2001; Forjaz et al., 1998; Hill
et al., 1989; Lane & Lovejoy, 2001; Raglin & Morgan, 1987; Thompson et al., 2001;
Toskovic, 2001). Dessa maneira, além dos objetivos estéticos, de manutenção e de
aprimoramento do estado de saúde, o exercício tem sido usado como uma forma alternativa
não-farmacológica na prevenção e no tratamento da hipertensão arterial, dos distúrbios do
humor, ansiedade e depressão (Blumental et al., 2002; Craft & Landers, 1998; Petruzzello et
al., 1991). No entanto, o estudo das adaptações psicofisiológicas ao exercício tem
demonstrado efeitos agudos diferenciados na PA e no estado de humor.
15
Variáveis como o tipo e a intensidade do exercício realizado, a aptidão física dos
praticantes, a experiência e a preferência pela atividade e o ambiente de prática podem
influenciar as respostas agudas ao exercício, principalmente as psicológicas. A literatura não é
consistente em relação à intensidade e ao tipo do exercício necessários para promoverem um
maior efeito hipotensivo e melhorias no estado de humor (Ekkekakis & Petruzzello, 1999;
Fagard, 2001). Sabe-se que um dos aspectos primordiais nos efeitos psicológicos é o prazer
pela atividade, de modo que a preferência pelo tipo e pela intensidade do exercício é
significativa no alcance dos benefícios (Parfitt & Gledhill, 2003).
Vários autores têm reconhecido que, apesar da associação entre exercício e saúde
mental, a falta de estudos experimentais com validade externa, de distribuição aleatória dos
sujeitos, de grupo controle, de tamanhos suficientes de amostra e de uma definição
operacional do humor têm comprometido a consistência dos resultados, sendo necessário
ainda controlar o volume da atividade física realizada (Berger & Motl, 2000; Hansen, Stevens
& Coast, 2001; Shephard, 2001; Steinberg et al., 1998; Weinberg & Gould, 2001; Yeung,
1996). Por isso, faz-se necessário um estudo dentro do ambiente real de prática do exercício,
que considere estes aspectos metodológicos.
Os exercícios aeróbios, como a corrida, e o exercício contra-resistência (ECR), como a
musculação, são atividades que devem compor um programa de condicionamento físico e
aquisição de saúde e qualidade de vida (American College of Sports Medicine, 1998). Dentro
desta temática, os pesquisadores têm investigado a relação dose-resposta do exercício para a
promoção da saúde tanto física quanto psicológica (Kesaniemi et al., 2001). O exercício é um
fenômeno complexo que envolve diversos aspectos na sua prescrição, que além de
proporcionar benefícios à saúde seja também eficaz na adesão dos indivíduos na atividade.
Tem sido demonstrado que os exercícios e o treinamento físico de alta intensidade
possuem uma menor taxa de adesão (Dishman & Buckworth, 1996) e em longo prazo podem,
16
quando não prescritos adequadamente, resultar num processo de exaustão psicofisiológica
denominado “burnout” (Bara Filho, 1999). Por outro lado, sessões de exercício em que o tipo
e a intensidade são selecionados pelo próprio praticante podem resultar numa maior sensação
de prazer, conforto e realização (Dishman, Farquhar & Cureton, 1994; Parfitt & Gledhill,
2003). Assim, é preciso identificar as características ideais do exercício para a promoção da
saúde, considerando tanto seus efeitos fisiológicos quanto psicológicos, uma vez que estes
últimos são negligenciados freqüentemente pelos pesquisadores.
A Organização Mundial da Saúde reconhece que a saúde mental tem um suporte
fisiológico, sendo fundamentalmente interconectada com a saúde física e social (World
Health Organization, 2001). Apesar desse reconhecimento, uma das dificuldades de se
compreender os efeitos do exercício sobre a saúde reside no fato de que as pesquisas
concentram-se em aspectos particulares. Por isso, é crescente o interesse pela área de
atividade física e saúde numa ótica psicofisiológica que considere os aspectos psicológicos e
fisiológicos de maneira integrada. Um exemplo de atendimento dessa necessidade é o
aperfeiçoamento constante da Teoria do Stress de Hans Selye, denominada Síndrome de
Adaptação Geral (SAG), que dá suporte a esta interação pelo caráter inespecífico e integrado
de reação do organismo frente a quaisquer estressores (Selye apud Samulski, 2002).
O presente estudo pretende observar alterações fisiológicas e psicológicas frente ao
exercício físico, utilizando uma abordagem de pesquisa denominada Psicofisiologia do
Exercício, visando fornecer conhecimentos que possibilitem a prescrição de exercícios com
estímulos adequados, que promovam adaptações psicofisiológicas positivas na saúde e no
bem-estar geral do praticante, sendo possível recomendar o tipo e a quantidade de exercício
para otimizar as adaptações na saúde, auxiliando indiretamente na adesão à atividade física.
Além disso, o estudo visa contribuir para um maior entendimento e a consideração do
17
indivíduo dentro de uma ótica psicofisiológica, reconhecendo a interação simultânea dos
aspectos físicos e psicológicos do comportamento.
A literatura revisada revela que poucos estudos têm avaliado os efeitos psicológicos da
atividade aeróbia e anaeróbia sob condições controladas; que a maioria dos estudos entre
exercício e humor utilizou a atividade aeróbia como tratamento, sendo poucos estudos feitos
com o exercício contra-resistência; que alguns estudos não acompanharam a duração dos
efeitos após a sessão de exercícios e que os achados são contraditórios em relação ao tipo e a
intensidade do exercício para promover reduções na PA e uma melhoria do estado de humor
(Berger & Motl, 2000; Blumental et al., 2002; Dishman, 1995; Ekkekakis & Petruzzello,
1999; Fagard, 2001; Yeung, 1996).
Dessa maneira, o estudo comparativo dos efeitos psicofisiológicos do exercício
aeróbio e anaeróbio em diferentes intensidades, realizado sob condições experimentais dentro
do ambiente próprio de exercício, revela-se de grande relevância, tanto do ponto de vista
acadêmico-científico quanto para a prática de professores e praticantes de exercício.
18
1.1. PROBLEMA
A corrida em esteira e o exercício contra-resistência (ou musculação) são tipos de
atividades físicas que comportam uma quantidade importante de pessoas nas academias de
ginástica, promovendo diferentes efeitos fisiológicos e psicológicos na saúde de seus
praticantes. Considerando, então, a revisão e as delimitações da seção anterior, questiona-se:
qual é o efeito agudo sobre o estado de humor e a pressão arterial dos alunos de academia
após sessões de corrida na esteira e exercício contra-resistência com intensidades baixa, alta e
auto-selecionada? Será que uma atividade é mais efetiva do que a outra na redução da PA e na
melhoria do humor ou será que o efeito de ambas é semelhante? Os efeitos são diferentes em
função da intensidade de esforço? Será que um treino intenso é prejudicial para a regulação do
humor, enquanto um treino em que o sujeito escolhe a forma como irá fazê-lo seja benéfico?
Em que sentido, humor, PA, tipo e intensidade do exercício e a percepção de intensidade
estão relacionados?
Procurando responder essas perguntas, é possível especificar um problema, dando-lhe
uma feição operacional, de modo a permitir abordagens típicas da pesquisa científica. A
problematização reside na comparação dos efeitos psicofisiológicos da corrida na esteira e do
exercício contra-resistência, objetivando o aspecto prático da intervenção do profissional de
Educação Física em academias de ginástica.
19
1.2. OBJETIVOS
•
Verificar a influência do tipo e da intensidade de uma sessão de exercício em alunos de
uma academia de ginástica sobre variáveis tanto fisiológicas quanto psicológicas que
compõem a saúde numa relação psicofisiológica.
•
Comparar o efeito agudo de uma sessão de exercício contra-resistência (ECR) e de
corrida na esteira de intensidade baixa, alta e auto-selecionada sobre os estados de humor
e a pressão arterial, dentro de um enfoque psicofisiológico.
1.3. HIPÓTESES
H0: As mudanças no estado de humor e na pressão arterial após uma sessão de exercício não
são dependentes da intensidade e do tipo do exercício realizado.
H1: As mudanças no estado de humor e na pressão arterial após uma sessão de exercício são
dependentes da intensidade e do tipo do exercício realizado.
20
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 ASPECTOS DA PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO AERÓBIO E DO EXERCÍCIO
CONTRA-RESISTÊNCIA: INTENSIDADE DE ESFORÇO
O exercício aeróbio (EA) e o exercício contra-resistência (ECR) são duas atividades
físicas importantes dentro de um programa de condicionamento físico e aquisição de saúde. A
prática regular dessas atividades promove benefícios relacionados à saúde como: aumentos na
densidade mineral óssea, força e capacidade cardiorespiratória, bem como melhoria na
composição corporal, metabolismo da glicose, lipídios séricos, bem-estar psicológico,
diminuição da pressão arterial e da freqüência cardíaca de repouso, sendo que alguns destes
efeitos são maiores em uma atividade do que na outra (American College of Sports Medicine,
1998; Pollock et al., 2000).
A prescrição do exercício aeróbio e do ECR inclui variáveis como: duração,
intensidade, tipo e ordem dos exercícios, freqüência semanal, número de séries e repetições,
intervalo de recuperação, carga e objetivos, tendo diversas possibilidades de variações na
prescrição de uma atividade. Desde a década de 70, recomendavam-se atividades aeróbias
rítmicas que usassem grandes grupos musculares, como a corrida e a natação, numa
freqüência de 3-5 vezes por semana, numa intensidade de 60 a 90% da Freqüência Cardíaca
Máxima (FCMáx), durante 15 a 60 min por sessão. Na década de 90, o exercício contraresistência foi incorporado às recomendações para aquisição e manutenção da aptidão física,
21
sendo prescrito 2-3 vezes por semana, realizando 1 série de 8-12 repetições (reps) para 8-10
exercícios (U.S.Department of Health and Human Services, 1996). Atualmente, recomendase, para desenvolver e manter a aptidão cardiorespiratória, muscular e a flexibilidade em
adultos saudáveis, a atividade aeróbia 3-5 vezes por semana com sessões de 20 a 60min de
forma contínua ou intermitente a 55-65 a 90% FCMáx ou 40-50 a 85% do VO2máx de
Reserva (Potência Aeróbia Máxima de Reserva) ou da Freqüência Cardíaca Máxima de
Reserva (FCMR), devendo ser complementada com ECR pelo menos 2-3 vezes por semana
com sessões com 8-10 exercícios para os principais grupos musculares, realizando 1 série de
8-12 repetições, além de exercícios para flexibilidade, como alongamentos estático ou
dinâmico por 2-3 vezes por semana (American College of Sports Medicine, 1998).
A consulta à literatura indica que a tentativa de se estabelecer um padrão ótimo de
atividade física para a promoção da saúde vem de longas datas. Apesar disso, para muitos
fatores associados à saúde, não se conhece exatamente a relação dose-resposta do exercício
(Kesaniemi et al., 2001). Tem sido pesquisado, por exemplo, o nível mínimo de exercício
necessário para o controle da hipertensão e a promoção da saúde mental, passando a discussão
necessariamente pela intensidade do exercício.
A intensidade é especialmente importante por causa da sua maior contribuição para as
complicações médicas induzidas e sua influência na adesão ao exercício. Algumas evidências
têm mostrado que atividades físicas de longa duração e intensas possuem maior risco
cardiovascular e lesão ortopédica e uma menor taxa de adesão do que aquelas de baixa
intensidade, sendo que cerca de 25 a 35% das pessoas desistem da atividade após 10 a 20
semanas (American College of Sports Medicine, 1998; Dishman & Buckworth, 1996).
Morgan et al. (1988) mostraram que o distúrbio de humor e o stress aumentavam
progressivamente com o aumento da carga de treinamento na natação. Portanto, considerando
22
o efeito cumulativo de sessões de exercício, é preciso regular a intensidade de treinamento
para que ele seja eficaz para a saúde.
Sabe-se que sessões de treinamentos físicos para a aptidão cardiorespiratória e
muscular com diferentes intensidades promovem diferentes efeitos agudos no organismo. Para
Thompson et al. (2001), as respostas agudas ao exercício não podem ser vistas isoladamente
das adaptações crônicas ao treinamento, pois todo processo de treinamento que leva a uma
melhoria dos parâmetros de saúde possui um componente agudo e outro crônico de modo que
a repetição destes efeitos ao longo do tempo produz adaptações mais permanentes. Por isso,
os efeitos psicológicos do exercício e do treinamento intensos, muitas vezes negativos, podem
contribuir para a prevalência da inatividade e o alto número de abandono dos programas de
atividade física.
A interpretação de intensidade de esforço adotada neste trabalho está de acordo com
Howley (2001). De acordo com este autor, a intensidade representa o esforço associado à
atividade física, sendo expressa de diferentes formas dependendo do tipo da atividade física
analisada. Em geral, a intensidade é classificada em absoluta e relativa. A intensidade
absoluta é expressa por parâmetros como: consumo de oxigênio (VO2) ou metabolismo de
repouso (METS), informando o gasto energético do exercício; a intensidade relativa é
expressa por um percentual de algum parâmetro fisiológico, como VO2máx, FC, Força.
A intensidade relativa na atividade aeróbia tem sido descrita em termos do percentual
da potência aeróbia máxima (% VO2máx), da freqüência cardíaca máxima de reserva (%
FCMR) ou da frequência cardíaca máxima (% FCMáx), podendo esta ser determinada
diretamente através de testes máximos, ou ser estimada a partir de testes submáximos ou pela
idade do indivíduo. No ECR, a intensidade relativa é normalmente expressa através de um
percentual da força máxima (% 1RM), determinada através do teste de uma repetição máxima
(1RM) ou de um teste de repetições máximas (5RM, 8-10RM). A expressão repetição máxima
23
(RM) se refere ao número máximo de vezes que uma carga pode ser levantada, usando-se a
técnica correta de execução do exercício. Embora testes máximos, como a determinação
direta do VO2máx e o teste de 1RM, forneçam informações mais precisas da capacidade
máxima do indivíduo para a prescrição do treinamento, apresentam riscos e limitações
práticas. Dessa maneira, devido a sua simplicidade e aplicabilidade, o uso de equações de
predição, através da idade do indivíduo na estimativa de sua freqüência cardíaca máxima, e de
testes de carga, baseados num número maior de repetições máximas, têm se tornado mais
freqüentes.
O Índice de Esforço Percebido (IEP), mensurado pela Escala de Borg (Borg, 2000),
também pode ser usado como um indicador da intensidade relativa. O IEP pode ser descrito
como uma medida psicofísica da percepção do indivíduo da intensidade do exercício, sendo
reconhecido como um instrumento útil de monitoramento da intensidade do exercício e
amplamente utilizado em ambientes de atividade física, devido a sua simplicidade de
aplicação, validade e fidedignidade (Borg, 1982; 2000; Dishman, 1994). Ele pode ser usado
tanto para correlacionar uma intensidade prescrita em FC ou VO2 com o esforço percebido,
como pode ser o próprio parâmetro de prescrição.
Os diferentes parâmetros usados para se determinar a intensidade relativa de esforço
possuem correspondência. De acordo com o American College of Sports Medicine (1998), no
exercício aeróbio, uma intensidade relativa baixa representa um esforço de 35-54% FCMáx
ou 20-39% FCMR e VO2máx de Reserva com um IEP de 10-11; a moderada, 55-69%
FCMáx ou 40-59% FCMR e VO2máx de Reserva e um IEP de 12-13; e a alta 70-89%
FCMáx ou 60-84% FCMR e VO2máx de Reserva e um IEP de 14-16. No ECR, a intensidade
relativa é representada por um percentual de 1RM, sendo 30-49, 50-69 e 70-84% de 1RM
baixa, moderada e alta intensidade, respectivamente.
24
Estudos mais recentes têm adotado uma outra forma de prescrição de atividade física,
especialmente em relação à intensidade de esforço, que tem sido denominada de intensidade
preferida ou auto-selecionada, sendo grande o apelo por este tipo de prescrição com o objetivo
de adesão ao exercício (Dishman, Farquhar & Cureton, 1994; Gauvin, Rejeski & Norris,
1996; Koltyn et al., 1995; Nabetani & Tokunaga, 2001; Parfitt, Rose & Markland, 2000).
Neste tipo de prescrição, o próprio indivíduo escolhe a intensidade de esforço que deseja
realizar a atividade física. Sugere-se que quando se permite ao indivíduo escolher a
intensidade, ele tende a perceber maior controle sobre a sessão de exercício e maior
satisfação, resultando em bem-estar e maior probabilidade de repetição da sessão.
Portanto, existem diversas maneiras de se prescrever o exercício, sendo a intensidade
de esforço um dos importantes fatores a serem considerados. A busca por prescrições
adequadas, que favoreçam a saúde integral do praticante e a sua adesão e manutenção no
programa de exercícios, é um objetivo permanente de pesquisa na área de atividade física e
saúde. O entendimento dos efeitos psicofisiológicos de diferentes intensidades de exercício
pode contribuir para o alcance deste objetivo.
2.2 HUMOR
2.2.1 CONCEITUALIZAÇÕES E MENSURAÇÕES
Nas últimas três décadas, tem havido um considerável crescimento da literatura sobre
o domínio afetivo do exercício. Dos problemas verificados nas pesquisas, o aspecto conceitual
e a mensuração do estado psicológico têm recebido a maioria das críticas. Por isso, revisar o
estado da arte referente a estes aspectos torna-se importante para delimitar um dos objetos de
25
estudo e o método de mensuração do construto psicológico investigado no contexto desta
pesquisa.
Por se tratar de um construto, elaborado a partir de vários aspectos subjetivos, ainda
não existe uma definição operacional de humor que constitua um consenso entre os
pesquisadores. Muitas vezes, humor, afeto, emoção e bem-estar são tratados como sinônimos,
dentro do que se denomina saúde psicológica, mental ou bem-estar psicológico; outras vezes,
porém, são tratados como estados psicológicos distintos (Dishman, 1995; Ekkekakis &
Petruzzello, 2000). A própria definição de saúde psicológica proposta pelo USDHHS (1999)
como “um estado de desempenho bem-sucedido da função mental, resultando em atividades
produtivas, preenchendo relações com os outros e possuindo habilidade de se adaptar às
mudanças e de lidar com as adversidades” não deve ser vista como a única e mais precisa.
Observa-se, nesta definição, uma ampla subjetividade, dando margens a várias interpretações
em relação ao “o que” e ao “como” mensurar o estado psicológico, o que talvez resulte na
tendência de se juntar diferentes construtos para que se faça uma representação da saúde
psicológica, como será visto adiante em relação ao estado de humor. Mas qual a diferença
entre humor, emoção e afeto?
Algumas tentativas de conceitualização e diferenciação dos estados psicológicos
envolvidos na prática do exercício têm sido feitas, baseadas numa orientação cognitivista, no
intuito de delimitar cada aspecto e fornecer uma base conceitual para os modelos de medida
(Ekkekakis & Petruzzello, 2000; Terry, in press). Normalmente, a distinção entre humor e
emoção se dá através de sua intensidade, duração e a especificidade de seus antecedentes.
Na concepção de Ekkekakis & Petruzzello (2000), deve haver uma distinção entre
humor, emoção e afeto, mas pouca atenção tem sido dada às suas distinções teóricas. Para
esses autores, a emoção é considerada um estado afetivo específico para um objeto, de curta
duração e alta intensidade, que ocorre após uma avaliação cognitiva deste objeto, como sendo
26
benéfico ou prejudicial ao bem-estar do indivíduo; o humor seria menos intenso e de maior
duração, tendo origem cognitiva, porém não-específico a um objeto, mas seria aquilo que a
pessoa é no dia-a-dia, ou seja, como ela vê o mundo e a si mesmo num momento particular; já
o afeto seria um componente de todas as experiências emocionais, de caráter mais geral,
menos complexo e com vários sentimentos envolvidos.
Assim, emoção, humor e afeto pertencem a uma estrutura hierárquica que vai do mais
específico para o mais geral, daquele com maior envolvimento cognitivo para o de menor
envolvimento cognitivo, nesta ordem. Apesar de conceitualmente diferentes, ambos
promovem e facilitam a adaptação do indivíduo às demandas do ambiente.
Por outro lado, Lane & Terry (2000) e Terry (in press), apesar de citarem as
características que diferenciam emoção e humor, afirmam que eles são elementos de uma
mesma estrutura conceitual que, muitas vezes, não permite uma clara distinção entre eles, pois
ambos se influenciam. Os autores sugerem que o humor influencia o modo com que se reage a
uma emoção e que, por sua vez, a resposta emocional a uma situação específica continua
reforçar ou modificar a intensidade do estado de humor. Neste sentido, o humor representa
uma idéia cumulativa, em que uma série de respostas emocionais aos eventos diários combina
para formar um estado psicológico, o qual permanece até que novas emoções promovam
novas alterações (Terry, in press).
A diferenciação torna-se mais problemática no momento da mensuração dos
construtos, uma vez que as medidas não consideram os antecedentes nem a duração dos
sentimentos, mas apenas sua intensidade num dado momento (Berger & Molt, 2000). Por isso
emoção e humor são medidos, freqüentemente, do mesmo modo.
Ainda referente à definição, Lane & Terry (2000) sustentam que o humor refere-se a
uma disposição psicológica para avaliar, interpretar e agir de um determinado modo,
influenciando a cognição e o comportamento do indivíduo e interferindo decisivamente no
27
processo de tomada de decisão e de execução das habilidades motoras. Berger & Motl (2000,
p. 69) definem humor como “um estado afetivo transitório e flutuante que reflete como a
pessoa está se sentindo globalmente ou, em geral, num momento particular”. Segundo
Weinberg & Gould (2001, p. 382), o humor pode ser definido como “um estado emocional ou
afetivo de duração variável e impermanente”. Por fim, Lane & Terry (2000, p. 17) definem
humor como “um conjunto de sentimentos, de natureza efêmera, variando em intensidade e
duração, usualmente envolvendo mais de uma emoção”.
Portanto, os vários autores entendem que o humor refere-se a um estado subjetivo
transitório e flutuante, que envolve mais de uma emoção, variando de um estado agradável
para um desagradável, possuindo menor intensidade, duração mais longa e antecedentes
diversos, quando comparado às emoções, sendo um componente da vida diária, que reflete
como a pessoa está se sentindo como um todo, num momento particular e um indicador do
bem-estar psicológico, influenciando o comportamento do indivíduo.
Uma vez delimitado o construto, como medi-lo? As medidas variam substancialmente
em termos de validade, confiabilidade, viabilidade de aplicação, custo e variáveis
intervenientes, incluindo índices cognitivos, comportamentais e psicofisiológicos. Na
Psicofisiologia, índices como freqüência cardíaca, pressão arterial, resposta galvânica e
freqüência respiratória têm sido usadas para inferir mudanças emocionais. Entretanto,
medidas de auto-relato são as mais comuns. Segundo Terry (in press), elas possuem as
vantagens de serem simples, convenientes, baratas e pouco invasivas. No entanto, possui
desvantagens como: efeito socialmente desejável, reatividade ao pesquisador e desinteresse do
participante.
Diversas medidas de auto-relato estão disponíveis na literatura. De acordo com Berger
& Molt (2000), medidas gerais de humor incluem: Activation-Deactivation Adjective Check
List (AD ACL), Beck Depression Inventory (BDI), Multiple Affect Adjective Check List
28
(MAACL), Positive Affect Negative Affect Scale (PANAS), State Anxiety Inventory (SAI) e
Profile of Mood States (POMS); medidas específicas para situações de exercício incluem:
Exercise Feeling Inventory (EFI), Subjective Exercise Experience Scale (SEES) e PAAS
(Physical Activity Affect Scale). Uma discussão sobre a mensuração dos estados psicológicos
e uma crítica às medidas específicas para o exercício podem ser encontradas num volume
especial do Psychology of Sport and Exercise (Ekkekakis & Petruzzello, 2000; 2001a,b;
2002; Gauvin & Rejeski, 2001).
Na construção dos instrumentos, Ekkekakis & Petruzzello (2000) citam dois métodos
na formulação de um modelo de medida. Pelo método da indução, inicia-se com uma lista
grande de adjetivos e depois ficam apenas aqueles mais identificados pelos praticantes, como
na formulação do POMS e da versão original do AD ACL; pelo método da dedução, os
modelos são baseados e fundamentados numa teoria, como no caso do SAI e do PANAS. De
acordo com Ekkekakis & Petruzzello (1999), a versão mais atual do AD ACL, baseado na
teoria de ativação multidimensional de Thayer, que faz uma combinação dos dois métodos,
pode ser considerada uma das melhores medidas. Entretanto, por ser um aperfeiçoamento
recente das medidas de humor, ainda é pouco utilizada.
Se, por um lado, medidas gerais provenientes da Psicologia Geral são criticadas pela
falta de especificidade para aplicação no ambiente de exercício, por outro lado, as medidas
específicas para o exercício têm sido criticadas por limitarem a poucas emoções um fenômeno
complexo, em que as pessoas respondem diferentemente aos mesmos estímulos. Um aspecto
importante é que as medidas psicológicas diferem em relação à proposição conceitual de
humor e emoção. De acordo com Lane et al. (2001), o humor tem sido conceitualizado em
dimensões de forma unipolar (ansiedade, depressão, raiva, vigor), bipolar (tenso-relaxado,
feliz-raivoso, vigoroso-cansado), ortogonal (afeto positivo e negativo) ou em termos de um
29
modelo circumplexo em duas dimensões (eixos agradável-desagradável e ativaçãodesativação). Cada uma destas proposições possui vantagens e desvantagens.
Na verdade, dificilmente uma única medida abrangerá todas as emoções envolvidas no
exercício. Em relação a esta temática, Ekkekakis & Petruzzello (2000) citam duas
perspectivas na análise psicológica do exercício: a categórica e a dimensional. A escolha da
perspectiva de análise depende do estudo em questão: se ele está preocupado com emoções
distintas e específicas ou com o afeto em geral.
Na perspectiva categórica, o afeto é organizado em categorias conceitualmente
distintas e específicas, como ansiedade, depressão, raiva, etc. Neste modelo de mensuração,
pode-se incluir o POMS. Por outro lado, na perspectiva dimensional, os construtos são
sistematicamente inter-relacionados 2 a 2, 3 a 3 de maneira mais global, abrangendo várias
emoções, sendo mais interessante do ponto de vista macro. Na perspectiva dimensional,
encontra-se o modelo circumplexo, defendido por Ekkekakis & Petruzzello (2000), que possui
relações entre os estados afetivos, é balanceado positiva e negativamente e fornece uma
representação global de afeto. No entanto, um consenso entre os pesquisadores sobre os tipos
de abordagem e inventários que devem ser utilizados permanece inexistente.
Embora o modelo circumplexo venha sendo difundido recentemente, a falta de
consenso conceitual e teórico existente na área e a ampla literatura publicada com o modelo
unipolar levam os pesquisadores a optarem por esta abordagem, como optado neste estudo. A
análise do humor na dimensão unipolar e dentro da perspectiva categórica possibilita a
utilização de medidas com validade e fidedignidade já reportadas, como o POMS.
O POMS tem sido amplamente utilizado nas pesquisas sobre atividade física, esporte e
estados psicológicos. LeUnes & Burger (1998) identificaram 258 estudos publicados no
período de 1971 a 1998 sobre a relação perfil dos estados de humor, esporte e exercício. O
POMS foi elaborado por McNair, Lorr & Droppleman em 1971, como uma medida de
30
estados circunstanciais, ocasionais e flutuantes de humor em pacientes psiquiátricos, sendo
reportada consistência interna de 0,84 a 0,95 e fidedignidade teste-reteste de 0,65 a 0,74. Na
população praticante de atividade física, Terry & Lane (2000) reportaram valores de
consistência interna que variaram entre 0,72 a 0,84.
Embora tenha sido desenvolvido para o uso clínico, o POMS foi utilizado em atletas e
popularizado por William Morgan nas décadas de 70 e 80. Morgan encontrou um tipo de
curva nos resultados do perfil que denominou “perfil iceberg”, assim denominado por causa
da imagem criada pelo gráfico dos dados dos atletas quando comparado com os dados da
norma da população não-atleta, sendo representativo da saúde mental. O “Modelo de Saúde
Mental”, descrito por Morgan (1985), preconiza que existe uma relação inversa entre
psicopatologias e a performance esportiva e que atletas bem sucedidos tinham uma melhor
saúde mental (perfil iceberg) do que os mal sucedidos. Atualmente, o POMS possui dados
normativos para atletas e praticantes de atividades físicas, sendo considerado um instrumento
válido, prático e sensível a variações nos tratamentos com exercício (Terry & Lane, 2000). No
Brasil, o POMS foi traduzido e adaptado por Brandão et al. (1993) como POMS - Perfil dos
Estados de Humor.
Considerando as vantagens de ser um instrumento útil na detecção de mudanças no
humor após o exercício, sensível a variações nos tratamentos com exercício, de possuir dados
normativos e ampla literatura que possibilita a comparação dos resultados, para efeito deste
estudo, o humor será conceitualizado e mensurado através do POMS. Apesar de ampla
aplicabilidade no ambiente de exercício, o POMS é criticado por ter sido inicialmente
desenvolvido para o uso clínico, pelo foco excessivo sobre os fatores negativos do humor e
pela longa duração para respondê-lo (Berger & Motl, 2000), pelo fato de nunca ter passado
por avaliações psicométricas formais no contexto do exercício e por não ter sido questionado
conceitualmente as variáveis utilizadas (Ekkekakis & Petruzzello, 2000). Além disso, em
31
populações saudáveis, freqüentemente não mostra mudanças no humor, sendo sensível ao
efeito teto (Ekkekakis & Petruzzello, 1999).
O POMS avalia seis estados subjetivos de humor: tensão (T), depressão (D), raiva (R),
vigor (V), fadiga (F) e confusão mental (C). O fator tensão é caracterizado por sentimentos de
nervosismo, apreensão, preocupação e ansiedade. O fator depressão está associado a uma
inadequação pessoal, indicando sentimentos de autovalorização negativa, inutilidade,
desânimo e autoculpa (infeliz, triste, sem esperança, etc.). O fator raiva é caracterizado por
sentimentos que variam numa intensidade indo do aborrecimento, antipatia e raiva à fúria em
relação aos outros e a si mesmo com sentimentos de hostilidade (rancoroso, amargurado, etc.),
estando associado à ativação do sistema nervoso autônomo. O fator vigor é representado por
estados de energia, animação e disposição física (animado, ativo, alegre, etc.). O fator fadiga
está representado pela fadiga física e mental (esgotado, apático, etc.). O fator confusão mental
pode ser caraterizado por sentimentos de incerteza, atordoamento e incapacidade de controlar
a atenção e as emoções (confuso, incapaz de concentrar-se, etc.).
Os fatores tensão, depressão, raiva, fadiga e confusão mental são considerados os
fatores negativos do humor; por outro lado, o vigor é considerado o fator positivo. O
Distúrbio Total de Humor (DTH) é calculado pela soma dos fatores negativos, menos o fator
positivo [DTH = (T+D+R+F+C) – V]. Ao resultado final somam-se 100, para evitar o uso de
valores negativos. O DTH representa uma desestabilização no humor que prejudica o perfil de
saúde mental. O teste consta de 65 adjetivos, com uma escala de 5 pontos, onde 0 = nada, 1 =
um pouco, 2 = mais ou menos, 3 = bastante e 4 = extremamente; o indivíduo responde como
está se sentindo “neste exato momento” em relação a cada um dos adjetivos.
Considerando o objetivo deste item, uma vez que o entendimento do humor varia de
acordo com a teoria e o método de mensuração utilizado e que nenhum consenso foi
estabelecido sobre este construto, no presente estudo será adotado o seguinte entendimento de
32
humor: conjunto de sentimentos subjetivos, composto por aspectos positivos e negativos,
mensurados pelo Perfil dos Estados de Humor (POMS), que variam em intensidade e duração,
sendo de caráter transitório, sensível às experiências do indivíduo, sendo, no geral, uma
representação da saúde psicológica do indivíduo.
2.2.2 EFEITOS DO EXERCÍCIO SOBRE O ESTADO DE HUMOR
O interesse pelo estudo da relação entre exercício e estados psicológicos não é recente.
Segundo Craft & Landers (1998), a relação entre exercício e depressão, por exemplo, tem sido
examinada desde 1900. Desde então, os estudos têm ampliado o enfoque para outras variáveis
psicológicas, evoluindo tanto no aspecto conceitual quanto metodológico, procurando
eliminar as limitações das pesquisas anteriores, analisando variáveis moderadoras desta
relação em diferentes ambientes e populações e procurando estabelecer uma relação de doseresposta e de causalidade entre exercício e benefícios psicológicos.
O crescente número de estudos sobre os efeitos psicológicos do exercício físico tem se
dado, por um lado, na medida em que a saúde deixou de ser considerada uma condição
meramente física e passou a ser concebida como uma interação de aspectos físicos,
psicológicos e sociais, onde a saúde mental é crucial para o bem-estar geral dos indivíduos; e,
por outro lado, a partir do momento em que os estudos na área de atividade física passaram a
considerar estas interações, revelando implicações em diferentes aspectos.
No que tange à implicação clínica, social e econômica, observa-se que desordens
mentais, como a ansiedade e a depressão, representam um problema crescente de saúde
pública no mundo, gerando despesas econômicas e sofrimento humano, sendo fatores de risco
33
para doenças coronarianas (Dishman, 1995; Schwartzman & Glaus, 2000). Dados do
U.S.Department of Health and Human Services (1996) e da World Health Organization
(2001) revelam que um em cada dez adultos sofre de alguma depressão em algum momento
de sua vida; que as mulheres possuem uma maior prevalência de distúrbios psicológicos do
que os homens e que a maioria das pessoas não possui acesso aos serviços de saúde para o
tratamento; os problemas de saúde mental representam 10% do total de custos médicos com a
Previdência Social, sendo a quarta maior causa de incapacidade.
Duas metanálises, na temática do exercício físico e saúde mental, revelaram que o
exercício é tão eficaz na diminuição da ansiedade (Petruzzello et al., 1991) e da depressão
(Craft & Landers, 1998) quanto tratamentos psicoterapêuticos e farmacológicos, possuindo a
vantagem de ser mais saudável, econômico e ter maior adesão quando comparado a esses
tratamentos. De acordo com Thayer et al. (1994), a regulação do humor se dá através de três
componentes inter-relacionados: alteração de um mau humor, elevação do nível de energia e
redução da tensão. De todas as técnicas comportamentais usadas para regulação do humor, o
exercício mostrou-se a mais efetiva na alteração de um mau humor, a quarta mais bem
sucedida no aumento da energia e a terceira na redução da tensão. Neste sentido, o exercício
tem sido proposto como uma alternativa no tratamento e na prevenção de distúrbios
psicológicos e na melhoria do estado de humor.
No aspecto acadêmico e profissional, dois grandes desafios dos pesquisadores têm
sido a prescrição de atividade física adequada para a regulação e melhoria dos estados
psicológicos e a adesão ao exercício. A metanálise de Dishman & Buckworth (1996) mostrou
uma relação inversa entre intensidade do exercício e adesão de modo que o exercício de alta
intensidade está associado a uma menor adesão à atividade. Entretanto, Hall, Ekkekakis &
Petruzzello (2002) salientam que não se sabe ainda até que ponto esta relação é moderada
pelas respostas psicológicas ao exercício em diferentes intensidades. Moses et al. (1989), por
34
exemplo, encontraram um efeito da intensidade no estado de humor, mas não na adesão ao
programa de exercício.
Sabe-se que muitas pessoas se exercitam porque se sentem bem após a atividade.
Segundo Hall, Ekkekakis & Petruzzello (2002), as pessoas tendem a fazer aquilo que as
fazem sentir bem e evitar o que as fazem sentir mal. Tem sido demonstrado que pessoas
depressivas e com baixa motivação tendem abandonar com mais freqüência os programas de
atividade física do que aquelas não-depressivas e com maior motivação (Norvell & Belles,
1993; Raglin, Morgan & Luchsinger, 1990). Por isso, acredita-se que o entendimento dos
efeitos psicológicos do exercício pode contribuir para o aumento a sua adesão.
No que tange à prescrição do exercício para a promoção da saúde mental, os estudos
realizados até o presente momento não permitem determinar uma relação de dose-resposta,
nem de causalidade, embora sejam plausíveis (Dunn, Trivedi & O’Neal, 2001; Ekkekakis &
Petruzzello, 1999). Esta temática será discutida mais adiante. Talvez por isso, algumas
entidades, como o U.S.Department of Health and Human Services (1999), ainda não
reconheçam o exercício como tratamento para desordens mentais.
Os estudos na área de atividade física e saúde mental envolvem um grande número de
constructos psicológicos, como humor, ansiedade, depressão, afeto negativo e positivo, autoestima, auto-eficácia, função cognitiva, stress, entre outros. Uma das variáveis psicológicas
mais estudadas, a partir da década de 70, foi o estado de humor. Os mais variados tipos de
estudos científicos têm verificado uma melhoria do humor, associada à prática regular da
atividade física e a sessões agudas de exercício, tanto em populações saudáveis normais
quanto em populações clínicas. A presente revisão literária concentra-se nos estudos que
analisaram os efeitos agudos de sessões de exercício sobre o estado de humor em populações
saudáveis, principalmente sobre aqueles que utilizaram o POMS como instrumento de medida
35
psicológica e que analisaram variáveis moderadoras como o tipo e a intensidade do exercício,
enfatizando o aspecto da prescrição do exercício.
Em geral, admite-se que pessoas fisicamente ativas e com maior aptidão física
possuem um melhor estado de humor do que aquelas sedentárias e menos aptas. Revisões
literárias (Berger & Motl, 2000; Dishman, 1995; Dunn, Trivedi & O’Neal, 2001; Yeung,
1996), metanálises (Craft & Landers, 1998; Petruzzello et al., 1991), posicionamentos (ISSP,
1992; USDHHS, 1996), estudos transversais (Hassmén, Koivula & Uutela, 2000; Lobstein,
Mosbacher & Ismail, 1983; Thirlaway & Benton, 1992), longitudinais (Lampinen et al., 2000;
Strawbridge et al., 2002) e experimentais (Cramer, Nieman & Lee, 1991; DiLorenzo et al.,
1999; Moses et al., 1989; Norvel & Belles, 1993; Stanton & Arrol, 1996) têm fornecido
evidências de que a prática regular da atividade física está associada a alterações positivas no
estado de humor tanto agudas quanto crônicas. Entretanto, variáveis como tipo, intensidade,
duração e ambiente de prática do exercício, o estado de humor inicial, o nível de aptidão
física, gênero, idade, expectativa de mudança e preferência dos sujeitos parece interferir nos
resultados.
Cortes transversais de comparação de variáveis psicológicas de indivíduos ativos e
sedentários e de indivíduos com diferentes níveis de atividade e aptidão física mostram que os
sedentários são mais introvertidos e depressivos do que os mais ativos (Lobstein, Mosbacher
& Ismail, 1983) e que a participação no exercício melhor do que a melhora na aptidão física
está associada a um melhor estado de humor, independente de gênero (Thirlaway & Benton,
1992), sendo mais importante, do ponto de vista da saúde psicológica, preocupar-se mais em
fazer o exercício do que melhorar a aptidão física. Moses et al. (1989) corroboram esta
premissa após estudo experimental de treinamento que encontrou mudanças no humor
independente da melhoria de aptidão física. Hassmén, Koivula e Uutela (2000), num estudo
epidemiológico transversal, mostraram que os indivíduos que se exercitavam com menor
36
freqüência tinham mais sintomas de depressão quando comparados com aqueles que tinham
maiores níveis diários de atividade física, que possuíam menos sintomas de depressão e raiva,
menos stress percebido, maior senso de coerência, integração social e percepção de saúde e
aptidão física, independente de gênero e de idade. Corroborando estes autores, Strawbridge et
al. (2002) verificaram que a prevalência de depressão é menor nos sujeitos mais ativos e que o
exercício possui um efeito protetor contra a incidência da depressão em idades superiores.
Outro estudo prospectivo mostrou que o decréscimo na intensidade das atividades físicas
relacionadas à idade aumenta o risco de depressão, sugerindo medidas de manutenção de um
nível adequado de atividade física para a população idosa (Lampinen, Heikkinen & Ruoppila,
2000).
Dessa maneira, nota-se que os estudos transversais e longitudinais suportam a hipótese
de que o exercício traz benefícios psicológicos para indivíduos com diferentes níveis de
condicionamento físico e que, na maioria das vezes, os benefícios são independentes do
gênero e da idade dos sujeitos, sendo ainda protetor contra futuros distúrbios psicológicos.
Outras variáveis podem influenciar a resposta psicológica ao exercício, como: expectativa de
mudança, nível inicial do perfil psicológico, tipo e intensidade do exercício, aptidão física e
preferências dos sujeitos.
Sobre as variáveis que influenciam as respostas emocionais ao exercício, sugere-se
que quanto maior for a expectativa do sujeito de que seu humor irá melhorar após o exercício,
maior será o benefício psicológico, de maneira que se deve controlar esta variável nos estudos
ou então, como sugere Yeung (1996), realizar o estudo de forma que o sujeito não saiba que
está sendo mensurado seu estado de humor. Segundo O’Halloran, Murphy & Webster (2002)
existem duas formas de se controlar a expectativa de mudança: uso de um grupo placebo ou a
mensuração da expectativa. Os estudos mostram resultados divergentes em relação a esta
temática. Enquanto Moses et al. (1989), usando grupo placebo, verificou que o efeito do
37
exercício sobre o humor não parece ser devido à expectativa de mudança nem à atenção dada
aos sujeitos, O’Halloran, Murphy & Webster (2002) desenvolveram e utilizaram uma medida
de expectativa de mudança do humor para corredores, verificando uma correlação positiva
moderada entre os escores da medida e as mudanças no humor durante e depois de uma
sessão de corrida.
Outro aspecto que influencia as respostas psicológicas ao exercício é o escore inicial
na variável psicológica considerada. Cramer, Nieman & Lee (1991), apesar de terem
encontrado um aumento no bem-estar após treinamento aeróbio, não encontraram mudanças
no estado de humor, mensurado pelo POMS, enfatizando que os sujeitos já possuíam um
humor saudável, de modo que o questionário não foi capaz de detectar mudanças
significativas. Outros estudos corroboram este resultado, onde o benefício é maior nos
sujeitos com pior estado de humor (Craft & Landers, 1998; Hale & Raglin, 2002; Gauvin,
Rejeski & Norris, 1996; Lane & Lovejoy, 2001). Craft & Landers (1998) verificaram que a
diminuição da depressão foi maior naqueles com maior nível inicial de depressão, sendo a
mudança independente do tipo e da intensidade do exercício.
Sobre as características do exercício necessárias para promover uma melhora no
humor, a intensidade e o tipo do exercício têm sido considerados em muitas investigações.
Desde a década de 80, há tentativas de formulação da dose-resposta entre exercício e
benefício psicológico, com o objetivo de estabelecer causalidade e melhorar a prescrição do
exercício e sua adesão (Ekkekakis & Petruzzello, 1999). Foi proposto que haveria um limiar
de intensidade e duração do exercício para reduções na ansiedade. Berger (1996) propõe que o
exercício para a melhoria do humor deve ser agradável, de caráter aeróbio, não-competitivo,
de intensidade moderada e de duração entre 20 a 40 min, regular durante a semana e praticado
em ambientes previsíveis e espacialmente fixos. De acordo com este autor, se o indivíduo
deseja se sentir melhor após a atividade, ele deve evitar treinamentos com esforços máximos.
38
Alguns estudos que observaram mudanças crônicas no estado de humor suportam a
taxonomia proposta por Berger. Em relação à intensidade de esforço, Cramer, Nieman & Lee
(1991), Moses et al. (1989), Thirlaway e Benton (1992) e Williams & Getty (1986)
verificaram que a prática de exercícios físicos aeróbios moderados, entre 60-70 % FCMáx,
promoveu a uma melhor regulação dos estados de humor do que o exercício de alta
intensidade, diminuindo a tensão, a ansiedade, a raiva e a depressão e aumentando o bemestar. Da mesma forma, Steinberg et al. (1998) encontraram uma melhora cumulativa nos
fatores positivos do humor durante 7 semanas de ginástica aeróbia de intensidade moderada,
sendo independente de gênero. Entretanto, como afirmam Ekkekakis & Petruzzello (1999), a
generalização das curvas de dose-resposta é inconsistente, não possui suporte empírico e a
prescrição de uma intensidade moderada para alcançar benefícios psicológicos é mais
especulativa do que científica, não existindo consenso, pois alta intensidade também esteve
associada a benefícios psicológicos. DiLorenzo et al. (1999) verificaram uma diminuição de
depressão e de ansiedade, bem como um aumento do auto-conceito e do vigor após 12
semanas de treinamento aeróbio, praticado 4x/sem a 70-85% FCMR quando comparado a um
grupo que não praticou exercício. Os autores constataram ainda que, mesmo após um ano, o
estado de humor estava melhor do que antes do treinamento, corroborando os achados de
Moses et al. (1989) que também verificaram benefícios em longo prazo. Estes resultados
contraditórios em relação à intensidade de esforço na melhoria dos estados psicológicos
podem ser explicados em parte pela aptidão física dos sujeitos, embora os resultados sejam
divergentes.
Tem sido demonstrado que indivíduos com maior aptidão física apresentam benefícios
psicológicos após treinos de maior intensidade (Boutcher & Landers, 1988; Dishman,
Farquhar & Cureton, 1994; Steptoe & Cox, 1988). Steptoe & Cox (1988) encontraram um
aumento de vigor após ciclismo com maior intensidade absoluta somente para os sujeitos com
39
maior aptidão física, com os de menor aptidão reportando maior percepção de esforço e
fadiga. Dishman, Farquhar & Cureton (1994) verificaram que somente os indivíduos com
maior aptidão física reportaram diminuição de ansiedade após ciclismo com intensidade autosugerida, corroborando os achados de Boutcher & Landers (1988) comparando corredores e
não-corredores após treino de 80-85% FCMáx. Por outro lado, os estudos de Roth (1989),
Steptoe, Kearsley & Walters (1993) e Tuson, Sinyor & Pelletier (1995) não encontraram
efeito significativo da aptidão física nas respostas psicológicas ao exercício.
A esse respeito, de acordo com Ekkekakis & Petruzzello (1999), mesmo prescrevendo
a intensidade de forma relativa (Ex.: 70% VO2máx), um esforço dessa natureza pode ter um
componente apenas aeróbio para um indivíduo, mas pode ter um componente substancial
anaeróbio para outro. Devido às diferenças nos parâmetros ventilatórios, bioquímicos e
endócrinos entre os esforços aeróbios e anaeróbios, os autores sugerem que o padrão de
intensidade seja determinado através do limiar ventilatório ou de lactato, onde uma
intensidade moderada seria aquele esforço compreendido abaixo do limiar; o exercício intenso
estaria localizado dentro do limiar e o exercício extenuante estaria acima do limiar e próximo
do VO2máx. Ekkekakis & Petruzzello (1999) sugerem que abaixo do limiar as respostas
psicológicas são independentes das alterações fisiológicas, uma vez que a homeostase não
está ameaçada; dentro do limiar, o organismo está num estado de alerta, onde as respostas
variam de indivíduo para indivíduo, sendo uma parte influenciada pelas mudanças fisiológicas
e a outra por fatores cognitivos de como lidar com a situação; ao contrário, quando o esforço
está acima do limiar, o organismo se encontra numa situação de severa perturbação
homeostática que se reflete em respostas emocionais negativas. Petruzzello, Hall & Ekkekakis
(2001) afirmam que as respostas afetivas ao exercício são o produto de uma contínua
mudança entre cognição e a percepção direta dos fatores somáticos, onde nas baixas
40
intensidades predomina os fatores cognitivos, enquanto nas altas intensidades predominam os
fatores somáticos.
Em relação ao tipo de exercício, Petruzzello et al. (1991) constataram que a redução na
ansiedade esteve associada apenas ao exercício aeróbio e que este deveria ter, no mínimo, 21
min de duração, embora considerando os poucos estudos com exercício contra-resistência. Ao
contrário do que preceitua a taxonomia proposta por Berger (1996), tem sido demonstrado
que o exercício contra-resistência também é capaz de melhorar o estado de humor (Beniamini
et al., 1997; Hale & Raglin, 2002; Norvell & Belles, 1993). Norvell & Belles (1993)
encontraram maior satisfação no trabalho, menor depressão, ansiedade, hostilidade e sintomas
de stress, assim como uma melhoria do humor em indivíduos que praticaram ECR em forma
de circuito, 3x/sem durante 4 meses. Da mesma maneira, Beniamini et al. (1997) verificaram
uma diminuição da tensão, depressão, fadiga e distúrbio do humor, assim como um aumento
do vigor em pacientes de reabilitação cardíaca após 3 meses de treinamento com pesos de alta
intensidade (80% 1RM). Corroborando estes autores, Hale & Raglin (2002) constataram que
o treinamento com exercício aeróbio de step ou o treinamento contra-resistência (70-80%
1RM) promovem reduções significativas no estado de ansiedade, sendo este padrão de
resposta similar ao longo de 2 meses de treinamento. Recentemente, uma extensa revisão de
literatura sobre a relação dose-resposta entre exercício, ansiedade e depressão, verificou que
tanto o exercício aeróbio quanto o anaeróbio promovem reduções na ansiedade e na depressão
independente da intensidade, embora a maioria dos estudos tenha sido feito com exercício
aeróbio (Dunn, Trivedi & O’Neal, 2001).
A preferência pelo tipo de exercício ou a possibilidade de auto-seleção da intensidade
de esforço também são variáveis que influenciam as respostas psicológicas (Ekkekakis &
Petruzzello, 1999). Os estudos em laboratório muitas vezes não permitem que o indivíduo
pratique a sua atividade física habitual, podendo alterar suas respostas afetivas. Geralmente,
41
ocorre um efeito mais positivo no humor após exercício de intensidade auto-selecionada em
indivíduos que são ativos (Dishman, Farqhar & Cureton, 1994). Estes autores encontraram
uma redução na ansiedade após ciclismo com intensidade auto-selecionada somente para o
grupo de maior aptidão física, reforçando a idéia de que existe um limiar de intensidade para
os benefícios psicológicos e que este limiar depende da condição física do indivíduo. Por
outro lado, Parfitt, Rose & Markland (2000) não encontraram diferença nas respostas
psicológicas ao exercício de intensidade prescrita ou preferida. Dois estudos mais recentes
suportam uma melhoria no estado de humor após o exercício de maior preferência, embora
não tenham verificado a influência da preferência de intensidade (Daley & Maynard, 2003;
Parfitt & Gledhill, 2003).
Portanto, diferentes tipos e intensidades de atividade física têm o potencial de
melhorar o humor, desde que esteja adequada à individualidade do praticante, seja praticada
num ambiente agradável e de forma prazerosa. Parece existir uma relação positiva entre a
expectativa de melhoria do humor pelo sujeito e sua mudança real e uma relação inversa entre
o perfil de humor pré-exercício e o benefício psicológico. Especula-se que os indivíduos bem
condicionados se beneficiam de maiores intensidades ao contrário dos de menor aptidão, e
que uma intensidade auto-selecionada pode ser melhor do que uma intensidade imposta, mas
os resultados ainda são insuficientes para afirmações consistentes. Neste sentido, a melhoria
do humor através do exercício está na dependência de uma interação ótima entre o praticante,
as características do exercício e do ambiente, não existindo ainda uma relação de doseresposta estabelecida entre atividade física e saúde mental.
Em parte, os resultados contraditórios e inconsistentes entre as pesquisas podem ser
atribuídos às diferenças metodológicas entre as pesquisas e aos erros e limitações nos
experimentos que incluem: falta de randomização e/ou grupo de controle, amostras pequenas
e/ou não representativas da população, instrumento de medida inadequado, tempo de
42
mensuração após o exercício insuficiente para detectar mudanças, delineamentos préexperimentais e falta de validade externa em relação ao ambiente de prática do exercício. A
Tabela 1 mostra as características essenciais de diferentes estudos envolvendo o efeito agudo
do exercício no estado de humor, com o propósito de observar as tendências dos experimentos
no tempo e inferir novas condições a serem adotadas em novos experimentos, estabelecendo
preliminares para o estudo em questão.
Setenta estudos foram selecionados através de busca em bases científicas por palavraschave e pela análise das referências bibliográficas dos estudos. Procurou-se identificar as
seguintes características nos estudos: delineamentos utilizados, características das amostras,
influência de variáveis moderadoras, medidas do humor, intensidades de esforço e tipos de
atividade, abordagem psicofisiológica, benefícios psicológicos quanto à intensidade e ao tipo
da atividade.
A revisão de literatura realizada revelou uma equivalência nos tipos de delineamento.
Vinte e um estudos (30%) foram de caráter experimental, 24 (34%) pré-experimental e 25
(35%) quase-experimental. Quarenta e quatro estudos (63%) foram realizados em ambiente de
laboratório, enquanto 26 no ambiente de prática de exercício dos sujeitos (37%). Nota-se,
portanto, nos estudos uma necessidade de tornar o ambiente de prática do exercício o mais
próximo possível da realidade do praticante, embora os estudos experimentais ainda
encontrem dificuldades para isso. Por isso, há uma superioridade de delineamentos quaseexperimentais que tentam aumentar a validade externa do experimento, que utilizam um
mesmo grupo sendo testado em diferentes períodos e/ou condições.
Os estudos com grupo controle utilizaram: repouso, leitura, aula teórica, escutar
música, assistir um vídeo, atividade fora da rotina, um dia de treino sem exercício,
relaxamento, trabalho ou placebo. Os grupos de controle em comparação com as intervenções
43
de exercício, na maioria das vezes, não apresentaram mudanças no estado de humor, sendo
que alguns estudos deixaram de utilizá-lo em função de sua pouca representatividade.
O n amostral variou de seis a 135 sujeitos (Média = 43). Normalmente, nos estudos
com n menor do que 30, os mesmos sujeitos foram submetidos a diferentes condições
experimentais, de modo que o n de cada condição ficou entre seis a 30 sujeitos; nos estudos
com n maior que 30, os sujeitos eram distribuídos aleatoriamente ou não para condições
experimentais diferentes. A amostra foi constituída somente por homens em 29% dos estudos
analisados, somente mulheres (18%) ou por homens e mulheres (53%). A faixa etária variou
de 16 a 75 anos. No entanto, na maioria das vezes, a amostra foi composta por estudantes
universitários. Alguns estudos utilizaram medidas antropométricas (Peso, Altura e %
Gordura) e Funcionais (Capacidade cardio-respiratória, Nível de Atividade Física) para
caracterizar a amostra.
Sobre as variáveis que influenciam nas respostas psicológicas ao exercício, 18 estudos
de 20 não encontraram diferença de resposta entre homens e mulheres. Em relação à aptidão
física os resultados são mais contraditórios. Oito estudos reportaram influência da aptidão
física nas respostas psicológicas ao exercício e cinco estudos não. Dois estudos verificaram
que as alterações no humor são independentes da hora do dia de realização do exercício. Em
relação à expectativa de mudança, dois estudos afirmam que não há influência. Entretanto, um
estudo recente, que utilizou uma escala de mensuração deste efeito específico para o
exercício, encontrou uma moderada relação entre a expectativa de mudança e as alterações no
humor. Traços de personalidade não influenciaram as respostas psicológicas em dois de três
estudos. O perfil de humor pré-exercício também influenciou as respostas psicológicas.
Normalmente, os maiores benefícios ocorreram para indivíduos com piores perfis.
A medida psicológica mais utilizada foi o POMS (51% dos estudos), seguido pelo SAI
(35%). Em parte, o maior uso dessas medidas se deve ao fato de serem mais antigas e de
44
possuírem dados normativos e ampla literatura para comparações. Algumas medidas como o
EFI, PANAS, FS, SEES só aparecem a partir de 1996. O AD ACL recentemente tem sido
preconizado como a melhor medida do estado psicológico (Ekkekakis & Petruzzello, 1999),
embora apareça em apenas sete estudos. A maioria dos estudos utilizou apenas uma única
medida psicológica (73%), ao passo que alguns utilizaram duas ou mais medidas no mesmo
estudo (27%). O tempo de aplicação das medidas variou bastante. A maioria dos estudos
utilizou as medidas antes e após o tratamento; outros mediram antes e até um período de
30minutos após, tendo ainda aqueles que acompanharam os efeitos por mais de 30min após o
exercício. Isto se deve a evidências que mostram alterações em alguns parâmetros
psicológicos somente 20 ou mais minutos após o exercício. A partir de 1995, foi utilizada a
mensuração psicológica durante a realização do exercício.
Cinqüenta e sete estudos (81%) utilizaram a atividade aeróbia como intervenção; oito
(11%) usaram o exercício contra-resistência e apenas cinco (7%) compararam os efeitos
psicológicos das duas atividades. As atividades aeróbias envolveram ciclismo, dança,
caminhada, natação, step e, na maior parte dos estudos, a corrida (49%).
A intensidade de esforço foi prescrita por diferentes parâmetros, como: %VO2máx em
22 estudos, %FCMáx em 11 estudos, auto-selecionada em 9 estudos, Watts, %1RM, %10RM,
%FCMR, distância percorrida, IEP e de forma Progressiva. Doze estudos não mencionaram a
intensidade de esforço. Estudos mais recentes têm analisado a preferência dos sujeitos por
determinado parâmetro, comparando a intensidade prescrita com a auto-selecionada ou tipos
de exercício preferidos com outros menos preferidos. Embora se espera que o indivíduo tenha
maiores benefícios psicológicos após sessões em que ele próprio escolhe como se exercitar, os
resultados, até o momento, não permitem inferir uma superioridade desse tipo de prescrição
sobre a forma tradicional.
45
Trinta e dois estudos (45%) adotaram uma abordagem psicofisiológica, mensurando
variáveis psicológicas e fisiológicas, sendo a ansiedade e a pressão arterial, respectivamente,
as mais utilizadas. Entretanto, a maioria dos estudos não correlacionou as duas variáveis.
Apenas o estudo de Harre et al. (1995) fez a correlação, encontrando valores significativos
entre o humor e endorfina. Vinte e dois estudos usaram o Índice de Esforço Percebido como
medida da intensidade percebida. Entretanto, não correlacionaram este índice com o estado de
humor. Alguns estudos mostram que a redução na PA tem sido relacionada às mudanças na
ansiedade pós-exercício (O’Connor & Davis, 1992; Raglin & Morgan, 1987), sendo a
atividade do sistema nervoso simpático um dos possíveis mecanismos que explica as reduções
nessas duas variáveis.
Pela Tabela 1, observa-se que alguns estudos, utilizando diferentes tipos de exercício,
não mencionaram a intensidade de esforço ou foram realizados numa mesma intensidade;
outros verificaram o efeito de uma atividade em diferentes intensidades sobre uma variável
psicológica ou sobre variáveis psicológicas e fisiológicas. Entretanto, poucos estudos
compararam tipos e intensidades diferentes de atividade física e seus efeitos psicofisiológicos.
Em relação ao efeito da intensidade do exercício no estado de humor, observa-se uma
divergência nos resultados. Após sessões de alta intensidade, onze estudos reportaram
melhoria no estado de humor, dez encontraram piora no humor e três estudos não verificaram
mudanças. Ao contrário, sessões de intensidade moderada promoveram melhoria no humor
em 26 estudos ou nenhuma mudança em dois estudos. Baixa intensidade resultou em melhoria
do humor em sete estudos, nenhuma mudança em cinco, e piora do humor em um estudo.
Sessões em que a intensidade foi auto-selecionada pelos sujeitos resultou em melhoria do
humor em cinco estudos ou em nenhuma mudança em um estudo. Por outro lado, nove
estudos reportaram que as alterações no humor foram independentes da intensidade e quatro
estudos não encontraram mudanças significativas.
46
Os exercícios aeróbios de alta intensidade têm sido associados com melhorias
(Boutcher & Landers, 1988; Farrel et al., 1987; Han & Yoon, 1995; Kraemer et al., 1990),
nenhuma mudança (Farrel et al., 1982;) e decréscimos no humor (Ekkekakis & Petruzzello,
2002; Hassmén & Blomstrand, 1991; Morgan et al.,1988; Steptoe & Cox, 1988); baixa e
moderada intensidade tem sido associada com diminuição do humor negativo e aumento do
vigor (Hansen, Stevens & Coast, 2001; Lane & Lovejoy, 2001; Roth, 1989; Watt, 1998;
Yeung & Hemsley, 1996). Por outro lado, alguns estudos mostram que tanto baixa quanto alta
intensidade parece promover mudanças positivas no humor (Berger & Owen, 1998; Farrel et
al., 1987; Hatfield et al., 1988; Steptoe, Kearsley & Walters, 1993) e uma redução na
ansiedade (Cox, Thomas & Davis, 2000; Hatfield et al., 1988; Porcari et al., 1988).
Nos exercícios contra-resistência, os achados também são contraditórios. Exercício
contra-resistência de baixa intensidade promoveu melhoria no humor (Tharion et al., 1991;
Focht & Koltyn, 1999), diminuição no vigor (Focht & Koltyn, 1999), redução na ansiedade
(Focht & Koltyn, 1999; O’Connor & Cook, 1998) ou nenhuma mudança (Garvin, Koltyn &
Morgan, 1997; Koltyn et al., 1995; Raglin, Turner & Ekstein, 1993). Da mesma forma, alta
intensidade esteve associada a melhorias (Dyer & Crouch, 1988; McGowan, Talton &
Thompson, 1996), decréscimos (Wang et al., 1991; Tharion et al., 1991) ou nenhuma
mudança no humor (Raglin, Turner & Eksten, 1993) e diminuição da raiva (Focht & Koltyn,
1999). Por outro lado, reduções na ansiedade ocorreram somente após intensidade de 60%
10RM (O’Connor et al., 1993). Parece que as alterações na ansiedade após o ECR ocorrem
somente após 1h e sob intensidades maiores que 40% e menores que 70-80% de 1RM.
Em relação ao tipo de atividade, tanto o exercício aeróbio quanto o exercício contraresistência promoveram alterações positivas no estado de humor. Nos poucos estudos em que
essas duas atividades foram comparadas, Dyer & Crouch (1988) encontrou uma superioridade
da corrida em relação ao ECR na regulação do humor em longo prazo. McGowan et al. (1991)
47
encontraram mudanças positivas no humor para ambas; no entanto, o exercício aeróbio se
mostrou mais eficaz na redução da ansiedade do que o ECR (Garvin, Koltyn & Morgan, 1997;
Raglin, Turner & Eksten, 1993).
Conclui-se, por esta revisão literária, que os estudos utilizaram, em sua maioria, a
atividade aeróbia como intervenção; poucos estudos foram feitos com exercício contraresistência e, menos ainda, comparando as duas atividades; o %VO2máx e o %FCMáx foram
os parâmetros mais utilizados na mensuração da intensidade da atividade aeróbia e o %1RM
para o exercício contra-resistência; as alterações no humor foram independentes de gênero na
maioria dos estudos; o efeito da aptidão física nas respostas psicológicas se mostrou
contraditório; grupos de controle não apresentaram mudanças significativas; a medida
psicológica mais usada foi o POMS, seguido pelo SAI, variando bastante o seu tempo de
administração; nos estudos de caráter psicofisiológico, a ansiedade e a pressão arterial foram
as variáveis mais usadas, entretanto, não foram correlacionadas na maioria dos estudos. Em
geral, a melhoria no estado de humor parece ocorrer após sessões de exercício aeróbio e
contra-resistência com intensidade alta, moderada, baixa e auto-sugerida . No entanto, treinos
com alta intensidade revelaram um efeito negativo sobre o humor em parte dos estudos. Os
estudos de comparação revelaram um efeito no humor independente do tipo e da intensidade
do exercício. Portanto, pela literatura revisada, não é possível estabelecer um nível ótimo de
exercício para a melhoria do humor. Possivelmente, devido à variabilidade das respostas
psicológicas ao exercício, as características ideais para a promoção da saúde mental podem
não ser idênticas àquelas para a promoção da saúde e aptidão física, devendo ser
individualizadas.
48
Tabela 1: Estudos sobre os efeitos agudos do exercício no estado de humor e na pressão arterial
Estudo
Sujeitos
Farrel et al.
(1982)
6HeM
Lichtman & Poser
(1983)
64H e M
(16-54 anos)
ativos
15H
(25-60 anos)
15H
(25-60 anos)
ativos
Raglin & Morgan
(1987)
Farrel et al. (1987)
7H
atletas
Morgan et al.
(1988)
12H
atletas
12H
(26-28 anos)
atletas
Hatfield et al.
(1988)
Porcari et al. (1988)
Steptoe & Cox
(1988)
Dyer & Crouch
(1988)
17H e 19M
(32-42 anos)
32M
(18-20anos)
treinadas e
destreinadas
23H e 47M
(17-26 anos)
estudantes
Atividade
Procedimentos
Design Experimental / Medidas Repetidas / Laboratório
Corrida
Corrida: 60 ou 80% VO2máx e auto-selecionada (IEP = 9,2 a 11,5)
Controle: repouso
Duração: 30min
Medida: 15 min pré e 5min pós
Design Quase-Experimental / Grupos diferentes
Aeróbios
Experimental: 45 min (não mencionou intensidade)
Controle: atividades de pintura, fotografia, cursos
Medida: pré e pós / ANOVA com teste t
Design Experimental / Mesmo grupo / Amb. Laboratório e Prático
Tipo e intensidade auto-selecionada por 40min
Controle: 40min Sala com música
Aeróbios
Medidas: pré, pós, 20, 60, 120, 180min após
ANOVA medidas repetidas
Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
Corrida
Tratamentos: 80min a 40 e 60% VO2máx e 40min a 80% VO2máx
Medida psicológica: pré e pós
ANOVA medidas repetidas
Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Piscina
Natação
Natação: 9.000 m/dia por 10dias a 94% VO2máx
ANOVA medidas repetidas
Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
Ciclismo
Ciclismo a 60, 70 e 80% VO2máx por 30min
Medida: pré, 5min e 20min pós
ANOVA medidas repetidas
Design Quasi-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
Intensidade de 35,50, 65% VO2máx ou auto-selecionada por 40min
Caminhada
- Corrida
Controle: sem exercício
Medidas: pré, pós, pós-banho e 120min pós
ANOVA medidas repetidas
Design Pré-Experimental / Grupos diferentes / Laboratório
Ciclismo
intensidade de 25W e 100W por 8min
Grupos com música e com metrônomo
Medida: pré, pós - ANOVA medidas repetidas
Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Academia
Corrida: 40min, 3x/sem ; Dança Aeróbica: 60min, 3x/sem
Corrida
ECR: 50min, 3x/sem Não mencionou intensidade
Dança
Controle: Aula de Psicologia; Medida: Início e 6meses após
ECR
POMS: 3hpré, 10min pré, 10min pós, 3h pós
ANOVA Medidas repetidas
Medida
Resultados
POMS
Decréscimos no DTH, mas não significativo
Sem mudança
POMS
SAI
PA
POMS
IEP, FC, PA
Hormônios
POMS
SAI
POMS
MAACL
SAI
PA
POMS
POMS
Exercício: < T, D, R, F
Controle: < T, D
As mudanças foram maiores para o grupo de
exercício do que controle
Exercício: < Ansiedade, <PAS (9mmHg) <PAD
(6mmHg) até 2-3h
Repouso: <PAS até 20min
Redução de ansiedade pode ter sido devido ao
banho pós-exercício
40% nenhuma mudança
60 e 80%: < Tensão
>Catecolaminas para 80%
Sem relação humor e enkefalins
>D, R, F e > Distúrbio no humor após 5º dia
<Bem-estar
< Ansiedade e Depressão e > Vigor 20min pós
Mudanças independentes da intensidade
e somente após 20min
Exercício: < ansiedade e PAS e PAD por 2h após
Controle: Sem mudança
Mudanças independentes da intensidade e gênero
Intensidade de 25W promoveu > V e < F
Intensidade de 100W promoveu > T e F
Independente da aptidão física
>IEP para destreinados
Corrida: >V,<D, C que controle; <F, R, C que ECR
ECR: >V, <R e C pós treino do que corrida
<V e >C após 6meses
Dança: >V que corrida pós-treino
Corrida melhor do que ECR a longo prazo
49
Continuação Tabela 1
Estudo
Boutcher &
Landers (1988)
Sujeitos
30H
(20-36 anos)
Atividade
Corrida
estudantes
corredores e
não-corredores
60M
estudantes
inativos
Ciclismo
Jin (1989)
66H e M
(16-75 anos)
Tai Chi
Chuan
Roth (1989)
40H e 40M
(17-24anos)
Fillingim, Roth &
Haley (1989)
Ciclismo
ativos/inativos
Kraemer et al.
(1990)
13 He 10M
treinados
destreinados
Tharion et al.
(1991)
9H e 9M
(19-35 anos)
experientes
106H
(30-47 anos)
maratonistas
Hassmén &
Blomstrand (1991)
Corrida
ECR
Corrida
Wang et al. (1991)
22H
sedentários
ECR
McGowan, Pierce
& Jordan
(1991)
72H e M
estudantes
Corrida
ECR
karatê
O’Connor, Morgan
& Raglin (1991)
22H e 18M
(17-20 anos)
atletas
Natação
Procedimentos
Medida
Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório
Corrida: 20min a 80-85% FCMáx
Controle: Leitura em repouso
Medidas: 5min pré, 5 , 13 e 17min pós
ANCOVA medidas repetidas
Design Pré-Experimental / Grupos diferentes / Laboratório
Ciclismo: 10min Alta, Baixa e Sem Distração
Medida: pré e pós - MANCOVA
Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Ambiente Prático
Tai Chi : 60min Não mencionou intensidade
Medidas: pré e após
MANOVA medidas repetidas
Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório
Ciclismo: 20min a 57-67% FCMáx
Controle: Sentado em Repouso
Medidas: pré, 15min pós - MANCOVA
Design Quasi-experimental / / Laboratório
Corrida: 30min a 80% FCMáx
Medida humor: 30min pré, após
Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Academia
ECR: 3 treinos 5RM (carga total baixa) e 3 de 10RM (carga total alta)
Variou sets, intervalo (1 ou 3min) em cada intensidade
Medida: pré, pós, 2h, 24h e 48h - ANOVA medidas repetidas
Design Quase-Experimental / Mesmo grupo / Ambiente prático
Corrida: 3h a 3h45min de maratona Não mencionou intensidade
Medida: pré, pós – MANOVA
Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório
Experimental: 12 semanas de ECR; Sessão de 25min
Controle: repouso Não mencionou intensidade
Medidas: pré, 10min pós
Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático
Corrida: 60min, ECR: 75min, 3sets, 10exerc.; Karatê: 50min,
Intensidade moderada
Controle: assistir a uma aula de 60min - Medida: pré, pós
MANOVA medidas repetidas, ANCOVA, Teste t
Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Ambiente prático
Natação: > volume de treinamento por 3 dias (± 11.000m/dia)
Medidas: pré diariamente
ANOVA medidas repetidas
SAI
POMS
IEP
EEG, FC, PA
POMS
IEP
POMS
SAI
Hormônios
POMS
ECG
POMS
Hormônios
POMS
POMS
Glicose
SAI
Raiva
FC, PA
POMS
POMS
IEP, Cortisol
Resultados
Corrida: <Ansiedade, Humor sem mudança,
>Atividade alfa; IEP = 14,5
Controle: Sem mudança
Influência da aptidão física
>T após alta distração
<T após baixa ou moderada distração
Distração não alterou o humor nem o IEP
< T, D ,R, F, C e <Ansiedade
>Vigor
< Cortisol após Tai Chi;
> Noradrenalina durante
Ciclismo: <T e C
Repouso: Sem mudança / >PA e FC após stress
Sem influência da aptidão física e gênero
= Reativ. cardiovascular ao stress para os grupos
Sem influência de Gênero e Aptidão Física
<T, D, R,C e Melhor Humor após
Relação negativa Endorfina e Humor
> F, D, T para 10RM com < intervalo > reps
Menor intensidade promoveu melhoria no humor
Homens mostraram melhor humor após ECR do
que as mulheres (>V e <C)
Corrida: <V, T e R; >D, C, F
Menos aptos: >D
Sem relação com Glicose
Raiva e PAS: sem mudança após sessão
>PAD após ECR
Ansiedade aumentou ou não se alterou após sessão
Respostas não relacionadas ao aumento de força
Corrida: <T,C e DTH
ECR: >F e <C
Karatê e Controle: Sem mudança
Exercícios combinados: <T, D, C, R e HT
Alta intensidade piora o humor
<V, >F e DTH
Sem mudança na performance, FC e Cortisol
Sem diferença para gênero
50
Continuação Tabela1
Estudo
Sujeitos
Atividade
Flory & Holmes
(1991)
18M
estudantes
Dança
Aeróbia
Jin (1992)
48H e 48M
experientes
em Tai Chi
Tai Chi
Caminhada
Meditação
12H
(19-27 anos)
estudantes
Corrida
O’Connor &
Davis (1992)
Caminhada
Saklofske,
Blomme &
Kelly (1992)
118
estudantes
Szabo et al.
(1993)
9H
(28-34 anos)
Ciclismo
Maroulakis &
Zervas (1993)
99M
(19-55 anos)
ativas
Dança
aeróbia
15H e 11M
(19-21 anos)
Ciclismo
ECR
Raglin, Turner
& Eksten
(1993)
14M
O’Connor et al.
(19-27 anos)
(1993)
estudantes
Steptoe,
Kearsley &
Walters (1993)
72H
(20-35 anos)
atletas/inativo
Relaxamento
ECR
Ciclismo
Procedimentos
Design Experimental / Mesmo grupo / Ambiente prático
Dança: 40min a 60-80%FCMáx
Controle: sem exercício, durante sua rotina
Medida: pré e pós / ANOVA medidas repetidas
Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório
Tai chi: 60min; Caminhada: 60min a 6Km/h; Meditação: 60min
Controle: Leitura por 60min
Medidas: pré, pós
Não mencionou intensidade
Design Experimental / Mesmo grupo /
Corrida: 20min a 70% VO2máx em 4horários distintos
Medida: 10min pré, 10min pós, 20min pós
MANOVA medidas repetidas
Design Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático
Caminhada: 10min Livre e 10min Controlada
Relaxamento: 10min de música; Controle:
Medida: pré, 10min e 2hpós ANOVA
Design Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
Ciclismo: 60% VO2máx por 30min
Controle: assistir um vídeo por 30min
Medida: pré, pós - ANOVA medidas repetidas
Design Quase-Experimental / Grupos diferentes: manhã e tarde
Aeróbios 60-80%FCR por 30min; Controle: trabalho de secretárias
Medida: pré, pós, 24h pós
ANOVA medidas repetidas
Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Ambiente prático
ECR: 6 exercícios, 3x6-10reps, 70-80% 1RM, 1-2min interv., 30min
Ciclismo: 70-80%FCMáx, 30min
Medidas: pré, pós, 20, 60min ANOVA medidas repetidas
Design Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
ECR: 30min a 40,60 e 80% 10RM
Controle: fora de sua rotina
Medidas: pré, pós,15,30,45,60,75,90,105,120min após
MANOVA medidas repetidas
Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório
Ciclismo: 50 e 70%VO2máx por 20min
Controle: ciclismo a 10W por 20min
Medida: pré, 2 e 30min após
Medida
Resultados
MAACL
POMS
FC, PA
POMS
SAI
FC e
Hormônios
Exercício: >V do que controle
Sem mudança para Ansiedade, D e F
SAI
IEP
Raiva
Personalidade
AD ACL
Personalidade
POMS
SAI
FC, PA
Hormônios
POMS
SAI
PA, IEP
Tai Chi: >Vigor, <Ansiedade do que Controle
>FC, Noradrenalina, adrenalina e dopamina e pior humor
após stress / < Cortisol para todos os grupos
FC TaiChi = Caminhada
Melhora no humor independente do tratamento
< Ansiedade, Raiva, PAS e PAD pós exercício
independente da hora do dia de realização do
exercício
Sugere relação ansiedade e PA
Relaxamento: <T
Caminhada Controlada: >V
Caminhada Livre: <T, >V
Mudanças independentes da personalidade
< Ansiedade exercício e controle
<R exercício e controle
>V para exercício
Sem diferença entre exercício e assistir um vídeo
Dança: < T,D,R e C e >V até 24h
independente da hora do dia
Grupo controle: permaneceu igual
Sem diferença para gênero
ECR: >Ansiedade após, =Ansiedade 20 e 60min
Ciclismo: <Ansiedade e PAS após 60min
= IEP para ciclismo e ECR
SAI
IEP
PA, FC
Ansiedade reduziu somente após 90min para 60%
=PAS p/ 40%; >PAS p/ 60 e 80%
Controle: sem mudança
No pós-treino, os sujeitos deixaram o laboratório
POMS
IEP
<T somente após 30min; >V após exercício
Controle: Sem mudança
Independentes da intensidade. Homens ativos
tiveram >redução de depressão do que sedentários
51
Continuação Tabela1
Estudo
Sujeitos
Atividad
e
McGowan et al.
(1993)
10H e 10M
estudantes
ECR
Nelson &
Morgan (1994)
11M
estudantes
Ciclismo
Pierce & Pate
(1994)
16M
(57-71 anos)
Dança
aeróbia
Petruzzello &
Landers (1994)
19H
(20-25 anos)
Corrida
Dishman,
Farquhar &
Cureton (1994)
23H
(18-31 anos)
ativos/inativos
Morris &
Salmon
(1994)
98H e 67M
(17-52 anos)
corredores
Corrida
Han & Yoon
(1995)
10H
(19-21 anos)
destreinados
Corrida
Harte, Eifert &
Smith (1995)
23H
Corredores
meditadores
Corrida
Meditação
Ciclismo
Koltyn et al.
(1995)
23H e 27M
(16-22 anos)
estudantes
ECR
Pronk, Crouse
& Rohack
(1995)
22M
(30-66 anos)
Teste
máximo de
corrida
Procedimentos
Medida
Resultados
Design Quase-Experimental / Grupo único / Laboratório
ECR: 3sets de 4reps a 80% 1RM, 4 exercícios
Medidas: pré, pós - Teste t
Design Pré-Experimental / Grupos diferentes / Laboartório
Ciclismo: 40, 60 e 80% VO2máx
Medida: pré, 5min pós, 20min pós ANOVA medidas repetidas
Design Pré-Experimental
Dança aeróbia por 75min Não mencionou intensidade
Medida: pré, pós ANOVA medidas repetidas
Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
Corrida: 75% VO2máx por 30min
Medida: pré, pós, 10, 20 e 30min pós
MANOVA, Regressão, Correlação de Pearson
Design Pré-Experimental / Grupos diferentes / Laboartório
Ciclismo: 20min numa intensidade auto-selecionada (IEP = 11 a 14)
Medida: pré e pós - ANOVA
Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Ambiente prático
Corrida auto-selecionada: 15 a 30min
Medida: pré, pós
ANOVA
Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
Intens: 53.5% do limiar anaeróbio por 35min e 68,5% por 25min
83.5% VO2máx por 15min
Medida: 30min pré, 30min pós
POMS
Endorfina
Sem diferença p/ Gênero
< Endorfina após ECR; Sem mudança no Humor
Sem relação Humor e Endorfina
O grupo depressivo apresentou < D e DTH 5min e
20min pós exercício. Sem mudança para nãodepressivos. Sem influência da intensidade
<T, D, R, F e
>V após exercício
Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório
Corrida: 15Km/h / Meditação: 1h / Controle: 1h sem atividade
Medida: pré, pós, 30min pós
ANOVA medidas repetidas
Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático
ECR: 50min, 2-3sets, 6-10reps, 7-10ex. Intensidade Auto-Selecionada
Controle: Repouso em aula teórica
Medidas: pré, pós (5min) - ANOVA medidas repetidas
Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
Medida: pré, 5min pós
Intensidade Progressiva Máxima
ANOVA
Depressão
POMS
POMS
SAI
EEG, IEP
SAI
IEP
Lactato
Lista de
Adjetivos
POMS
Hormônios
POMS
FC
Hormônios
< Ansiedade 10, 20 e 30min após o exercício
< Atividade alfa hemisfério esquerdo pré/pós
> atividade alfa região frontal do que na temporal
Ansiedade estado e ativação HE: r = -0,70
< Ansiedade pós-treino para grupo de maior aptidão
física apenas. Grupo de menor aptidão exercitou com
maior intensidade relativa
> Humor positivo e < Humor negativo após
Mulheres tiveram > benefício pois estavam piores
antes da corrida. Sem diferença entre gênero.
A mudança é mais quantitativa do que qualitativa
Baixa Intens: > T e D > endorfina
Moder Intens: <T, D; > adenocorticotrópicos
Alta Intens: >V; > endorfina e adenocorticotrópico
Exercício no Limiar Anaeróbio = Humor positivo
Corrida: >Humor positivo e Endorfina (r=.45)
> Corticotropina e < Humor negativo
Meditação: >Humor positivo com > duração
> Corticotropina Cortisol sem mudança
Controle: Sem mudança / Sem diferença p/ Ap. Física
SAI
PA
Sem mudança na ansiedade para ECR e Controle
ECR: >PAS; Controle: <PAS
Sem diferença para gênero
POMS
(abreviado)
>F e Auto-estima
<V, T
Efeito positivo do exercício máximo
52
Continuação Tabela 1
Estudo
Petruzzello (1995)
Sujeitos
18H
(19-22 anos)
Atividade
Corrida
Tate & Petruzzello 15H e 5M
(19-25 anos)
(1995)
estudantes
Ciclismo
33H e 32M
(19-30 anos)
estudantes
Corrida
Tuson, Sinyor &
Pelletier (1995)
McAuley,
Mihalko & Bane
(1996)
16H e 18M
estudantes
66 M
Yeung & Hemsley
(21-61 anos)
(1996)
Corrida
Atv. Aeróbia
Escolhida
Ciclismo
Raglin & Wilson
(1996)
10H e 5M
ativos
Ciclismo
McGowan, Talton
& Thompson
(1996)
39H e M
estudantes
ECR
86M
Gauvin, Rejeski &
(22-42 anos)
Norris (1996)
Autosugerida
20H e M
Fechio & Brandão
(17-43 anos)
(1997)
Natação
Procedimentos
Medida
Design Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
Corrida 15 min
Medida: pré, pós ANOVA
Design Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
Ciclismo: 30min a 55 ou 70% VO2máx
Grupo controle: sentado na bicicleta
Medida: pré, durante, 5, 10, 20 e 30min pós
ANOVA medida repetida
Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório
Corrida: 25, 50 e 75% VO2máx por 30min
Controle: Leitura por 30min
Medida: pré, 5, 17 e 30min pós
ANOVA para escores pré / Contrastes Específicos
SAI
FC
Saber da realização de exercício não mudou a ansiedade
A situação de laboratório não mudou a ansiedade
O exercício, mais do que a situação, diminuiu ansiedade
SAI
ADACL
IEP
FC
> Ansiedade e Afeto Negativo durante o exercício
< Ansiedade após 70% VO2máx
> Afeto Positivo para 55 e 70% VO2máx
Grupo controle: Sem mudança ou < Afeto positivo
Sem diferença para gênero / IEP = 14 para 70%
Sem efeito para aptidão física ou gênero
MAACL
IEP, FC
Resultados
Intensidade Subjetiva = Grupo com >Afeto Positivo não mudou
após treino moderado e diminuiu após treino intenso / Grupo
com < Afeto Positivo aumentou após treino moderado / Grupo
controle: piorou humor
Intensidade objetiva = sem mudança no humor
Sem diferença para Gênero
Corrida: <Ansiedade independente do local de prática;
Controle: sem mudança
> Ansiedade durante o exercício e < após
> Humor Positivo para exercício do que controle
< Humor Negativo para exercício e controle
Sem influência da expectativa de mudança
Influência dos Traços de Personalidade
> Personalidade negativa = >melhora do humor
Design Experimental / Mesmo grupo / Laboratório-Ambiente prático
SAI
Corrida: Laboratório ou ambiente natural por 25min IEP=14-16
IEP
Controle: Leitura por 40min
Medida: pré, durante e 15min pós / MANOVA medidas repetidas
Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório
PANAS
Ciclismo: 15min alta expectativa de mudança (Intens. Moderada)
Personalidade
15min baixa expectativa de mudança (Intens. Moderada)
Controle: repouso
Medida: pré, pós, 24h pós, 48h pós / ANOVA / Correlação
Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
Ciclismo: a 40, 60 e 70% VO2máx por 20min
SAI
< Ansiedade após exercício
Independente da intensidade; atraso na resposta para alta
Medida: pré, 5, 60 e 120min pós
intensidade
ANOVA medidas repetidas
ECR: < T, D e R
Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático
Grupo controle: sem mudança
POMS
ECR: 4sets, 4reps a 80% 1RM
DTH, T e D inversamente correlacionadas com FC
FC
Controle: aula de Psicologia do Esporte
(r= -.37 a .40)
Medida: pré, pós / ANOVA e Correlação
> Engajamento positivo, Revitalização, Tranqüilidade e
Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Ambiente prático
Afeto Positivo / < Afeto Negativo
EFI
Intensidade e Tipo auto-selecionados
Quanto pior o humor pré-teste, maior melhora
Afeto Positivo e
Medida: pré, pós
Negativo
Sem influência da Aptidão Física
Teste t / Regressão
>V
Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Ambiente prático
POMS
<T, D, R, F, C, DTH
Natação: 50min / Não mencionou intensidade
Medida: pré, pós / Teste t
53
Continuação Tabela 1
Estudo
Garvin, Koltyn &
Morgan (1997)
Turner, Rejeski &
Brawley (1997)
Sujeitos
60H
(18-26 anos)
sedentários
46M
(18 –19
anos)
estudantes
15H e 5M
Petruzzello & Tate (19-25 anos)
estudantes
(1997)
Atividade
ECR
Ciclismo
Relaxamento
Dança
Ciclismo
Van Landuyt et al.
(1998)
52H e M
135H e M
Caminhada
Watt (1998)
18M e 10H
Corrida
Ciclismo
Ergometria
de braços
6H e 5M
O’Connor & Cook
(18-30 anos)
(1998)
estudantes
Berger & Owen
(1998)
Rudolph &
McAuley (1998)
41H e 50M
universitário
s
13
corredores
13 nãocorredores
(19-22 anos)
ECR
Corrida
Corrida
Delineamento
Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Laboratório
ECR: 70%1RM por 50min; Ciclismo: 70% VO2máx, 50min
Relaxamento: 50min; Controle: sala com música 50min
Medidas: pré, 5-10min pós e 60min pós
ANOVA medidas repetidas / Correlação Pearson
Design Pré-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático
Dança: 60min com suporte social e sem suporte social
Intensidade Moderada
Medida: pré, 10min pós
Análise de Covariância e Teste t
Design Quase-Experimental / Mesmo Grupo / Laboratório
Ciclismo: 55% e 70% VO2máx por 30min
Controle: Sentado na bicileta por 30min
Medidas: pré, durante, 5, 15 e 25min após
ANOVA e Regressão
Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático
Caminhada: 10min intensidade auto-selecionada / Controle: leitura
Medida pré, pós
Design Quase-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
Corrida, Ciclismo e Ergometria de Braço: 20 min a 40,60,80% VO2máx
Controle: Fazer um lanche e Rotina diária
Medidas: pré, durante e após
ANOVA e MANOVA medidas repetidas
Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Ambiente Prático
ECR: 24min de exercício estático ou dinâmico c/ 10% 1RM
Medidas: pré, 3, 13 e 23min após
ANOVA medidas repetidas
Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático
Corrida: 55, 75 e 79% FCMáx por 20min
Controle: Aula de Ciência da Saúde
Medidas: pré, 20min após MANOVA c/ ANOVAs
Design Quasi-Experimental / Grupos diferentes / Laboratório
Corrida: 30min a 60% VO2máx
Medidas: pré, durante, 10 e 30min após
ANOVAs
Medida
Resultados
SAI
Lactato
<Ansiedade para Relaxamento e Controle após
<Ansiedade 1h após ciclismo
ECR: Sem mudança na ansiedade; >Lactato
Sem correlação Ansiedade e Lactato
EFI
Auto-eficácia
EEG,
SAI,
ADACL
FC, IEP
FS, SAI
AD-ACL
PANAS
SEES
SAI
FC, PA, IEP
Grupo com Suporte Social: >Revitalização,
Engajamento Positivo e Auto-eficácia
Mudanças de Humor independentes
da auto-eficácia, mas associadas ao suporte social do
instrutor
Sem diferença para gênero e na região parietal
> ativação frontal no HE pré-exercício > redução de
ansiedade pós exercício
< Ansiedade e atividade alfa p/ 70% após 30min,
com maior ativação no HE
Sem mudança na assimetria frontal
Caminhada: >Vigor, >Ativação e <Ansiedade
Controle: Sem mudança
Exercício moderado: > Afeto Positivo
< Afeto Negativo
> Intensidade = decréscimo no humor
Exercícios com os braços = < Afeto Positivo
> Afeto Negativo
Sem influência de gênero
< Ansiedade mas não significativa
< PAS
Independente do tipo de contração muscular
POMS
<T, D, F, C, R e >V
Melhora no humor independente da intensidade
< Fadiga para mulheres
FS
IEP
Cortisol
> cortisol para ambos durante o exercício
> IEP para não-corredores
> Afeto negativo para não corredores durante a
corrida / Sem mudança para corredores
Afeto positivo e cortisol: r = - 0,29
54
Continuação Tabela 1
Estudo
Focht & Koltyn
(1999)
Sujeitos
51H e 33M
experientes
inexperientes
Atividade
ECR
Gonzales-Bono et
al. (1999)
16H
(21-25 anos)
jogadores
Basquete
Cox, Thomas &
Davis (2000)
24H
(20-36 anos)
ativos
Corrida e
Step
Parfitt, Rose &
Markland (2000)
12H e 14M
(18-30 anos)
ativos
Corrida
Cox et al. (2001)
24H
(20-36 anos)
ativos
14M
(20-26 anos)
estudantes
Corrida e
Step
Toskovic (2001)
20H e 20M
(18-21 anos)
Taekwondo
Petruzzello, Hall
& Ekkekkakis
(2001)
38H e 31M
(18-24 anos)
estudantes
Corrida
Lane & Lovejoy
(2001)
37H e 43M
(23-31 anos)
Dança
aeróbia
Oweis & Spinks
(2001)
21M
(51-56 anos)
sedentárias
Ciclismo
Hansen, Stevens
& Coast (2001)
Ciclismo
Delineamento
Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório
ECR: 30min; 50%1RM - 3x 12-20reps c/ 45 a 75s
80%1RM - 3x 4-8reps c/ 120 a 150s descanso
Controle: Assistir um vídeo
Medidas: pré, pós, 20,60,120,180 - ANOVA medidas repetidas
Design Pré-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático
Jogo competitivo de basquetebol: análise da influência do resultado
Medida: pré, pós
ANOVA, Correlação
Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Laboratório
Corrida: 67%FCMáx ou 83%FCMáx por 30min
Step: 67%FCMáx ou 83%FCMáx por 30min
Medidas: pré, 5, 30 e 60min pós - ANOVA medidas repetidas
Design Quase-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
Corrida: 20min a 65% VO2máx e Auto-selecionado
Medidas: antes, durante e 5min após
ANOVA medidas repetidas
Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Laboratório
Corrida: 67%FCMáx ou 83%FCMáx por 30min
Step: 67%FCMáx ou 83%FCMáx por 30min
Medida: pré, 5, 30 e 60min pós - MANOVA medidas repetidas
Design Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
Ciclismo: 10, 20 e 30min a 60% VO2máx; Controle: sentado 30min
Medida: pré, pós - ANOVA medidas repetidas
Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático
Taekwondo: 75min de treino / Controle: 75min de leitura
Medida: pré, pós – ANCOVA - Não mencionou intensidade
Design Pré-Experimental / Grupos diferentes / Laboratório
Corrida a 75% VO2máx por 30min p/ 2 grupos: alta e baixa aptidão
Medidas: pré, pós, 10, 20 e 30min pós
MANOVA e Regressão Hierárquica
Design Quasi-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático
Dança aeróbia: 60min p/ 2grupos: depressivos e não-depressivos
Não mediu intensidade
Medidas: 15min pré, pós - MANOVA
Design Quase-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
Ciclismo: 14min a 45, 60 e 75% VO2máx
Controle: 14 min sem resistência no pedal
Medidas: durante e após – MANOVA medidas repetidas
Medida
SAI
POMS
PA, FC
POMS
Hormônios
SAI
IEP
SEES, IEP
Motivação
Intrínseca
SEES
FC, IEP
POMS
Resultados
Sem diferença p/ gênero e experiência
ECR 50%: <V até 20min após; <D, R, C;
< Ansiedade 180min após; <PAD e >FC até 20min ECR
80%: <R 180min após; >PAS até 20min pós
Controle: sem mudança; Sem relação PA e humor
Basquete competitivo: > humor negativo, <V e >R, T,
D, F nos perdedores do que nos vencedores
Sem relação humor e hormônios, exceto
Cortisol e Vigor: r = 0,79
<Ansiedade 30 e 60min após o exercício
Independente da intensidade e do tipo
Sem mudança no Bem-Estar, Distress e Fadiga em
relação à intensidade prescrita ou preferida
> alteração para sujeitos com menor Bem-Estar e
maior Distress pré-treino
> FC e >IEP para maior intensidade
> Bem-estar e < Distress e Fadiga após exercício
> Fadiga após step do que corrida
Independente da intensidade
Foram testados no mesmo dia e horário da semana
10min: >V, <F e DTH / 20 e 30min: <C
Sem influência expectativa de mudança, aptidão física
POMS
AD ACL
SAI
EEG
POMS-A
AD ACL
FS
FC, PA
IEP
Sem diferença p/ gênero
Taekwondo: <T, D, F, R, C, DTH; e >V
Controle: sem mudança
> Energia/Vigor até 30min após para > Aptidão física
/ > Ansiedade e Tensão após, retornando 10min pós /
=EEG para os grupos / Sem diferença para gênero
> Assimetria EEG = > Energia pós-exercício,
<R, C, F ,T e >V / < D
principalmente para o grupo depressivo
Grupo depressivo reportou >R, F, C, T e <V pré
45, 60% e controle: sem diferença
75% : >T e <Energia e < Afeto positivo
Exercício não melhorou o desempenho psicológico
55
Continuação Tabela 1
Estudo
Sujeitos
Atividade
Nabetani &
Tokunaga (2001)
15H
(22-25 anos)
estudantes
Corrida
O’Halloran, Murphy
& Webster (2002)
25H e 25M
(21-32 anos)
corredores
Corrida
Hall, Ekkekakis &
Petruzzello (2002)
17H e 13M
20-28 anos
universitários
Corrida
Parfitt & Gledhill
(2003)
10H e 10M
(19-22 anos)
pouco ativos
Corrida
Ciclismo
Remador
Daley & Maynard
(2003)
14H e 12M
(29-49 anos)
ativos
Aeróbios
Delineamento
Design Quase-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
10 ou 15min corrida / Intensidade auto-selecionada (80%FCMáx)
Medidas: pré, durante e após
ANOVA medidas repetidas
Design Quase-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
60min de corrida / Mediu expectativa de mudança no humor
Não citou intensidade
Medida: pré, 25, 40 e 50min durante e 10min após - Correlação
Design Quase-Experimental / Grupo único / Laboratório
Corrida na esteira até a exaustão
Intensidade: início, limiar ventilatório e final do exercício
Medidas: pré, durante, 2min após, 10 e 20min após - MANOVA
Design Quase-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
Exercício: 20min condição de baixa e alta preferência
Intensidade 70% FCMáx
Medidas: pré, durante e 5min após – ANOVA medidas repetidas
Design Experimental / Mesmo grupo / Laboratório
Exercício: Ciclismo e Auto-escolha a 75-80% FCMáx por 30min
Controle: Assistir televisão
Medidas: pré, durante e 5min após
Medida
Resultados
MCL-S1
>Agradabilidade e Relaxamento e <Ansiedade para
ambos os grupos
A melhora é maior quanto pior o estado de humor
POMSBipolar
As mudanças no humor durante e após o exercício
possuem moderada relação com a expectativa de
mudança dos sujeitos
FS, IEP
AD ACL
A passagem para o metabolismo anaeróbio promoveu <
Valência Afetiva e > Ativação de Tensão / Após o término do
exercício e durante a recuperação houve > Ativação
Energética e Valência Afetiva
SEES
FC, IEP
>IEP, Distress e Fadiga pós exercício menos preferido
> Bem-estar após exercício mais preferido
PANAS
IEP
Sem diferença para gênero
= IEP para ambas condições
< Afeto Positivo e > Afeto Negativo após atividade
não-escolhida (ciclismo)
Sem diferença para gênero
(H: Homen; M: Mulher; T: Tensão; D: Depressão; R: Raiva; V: Vigor; F: Fadiga; C: Confusão Mental; DTH: Distúrbio Total de Humor; HE: Hemisfério Esquerdo;
>: Aumento; <: Diminuição; ECR: Exercício Contra-Resistência; FC: Freqüência Cardíaca; PA: Pressão Arterial; IEP: Índice de Esforço Percebido; SAI: State Anxiety
Inventory; POMS: Perfil dos Estados de Humor; MAACL: Multiple Affect Adjective Checklist; PANAS: Positive Affect and Negative Affect Schedule; AD-ACL:
Activation-Deactivation Adjective Checklist; SEES: Subjetive Exercise Experiences Scale; EFI: Exercise Feeling Inventory; FS: Feeling Scale; MCL-S1: Mood Check ListShortform1)
56
2.2.3 POSSÍVEIS MECANISMOS DE REGULAÇÃO DO HUMOR APÓS O
EXERCÍCIO
Uma das questões que mais desafiam os pesquisadores na temática do exercício e
saúde mental é se ele causa as mudanças psicológicas ou somente está associado a elas. De
acordo com Dishman (1995), para aceitar o exercício como causa da saúde mental é preciso
que os estudos possuam consistência, dose-resposta e plausibilidade biológica. A consistência
e a relação dose-resposta, segundo o autor, ainda não suportam a causalidade. A
plausibilidade biológica tem sido testada e debatida por diversos autores através de hipóteses
biológicas, psicológicas e neurobiológicas, que têm tentado explicar como e por que o
exercício melhora o humor (Dishman, 1995; Ekkekakis & Petruzzello, 1999; Morgan, 1985;
Petruzzello et al., 1991; Thorén et al., 1990; Weinberg & Gould, 2001; Yeung, 1996).
As hipóteses psicológicas incluem: distração, a sensação aumentada de autocontrole, o
sentimento de auto-eficácia, as interações sociais, a melhoria da auto-estima e a expectativa
de mudança (Dishman, 1995; Petruzzello et al., 1991). A hipótese da distração preconiza que
a interrupção do stress cotidiano seria o fator responsável pela melhoria do humor; a
oportunidade de contato e interação com outras pessoas também estaria relacionada; por outro
lado, mecanismos cognitivos como sensação de auto-controle, auto-eficácia e auto-estima
advindos de um programa de treinamento físico estariam envolvidas na melhoria do estado de
humor. Pessoas com maior habilidade para realização dos exercícios têm uma menor
percepção de esforço e maior controle sobre a situação, o que poderia favorecer um efeito
psicológico positivo. Alternativamente, as pessoas podem se sentir bem após o exercício
porque elas esperavam este efeito do exercício, acreditando que ele melhora o humor.
57
Entretanto, essas hipóteses isoladamente não oferecem consistência na explicação do
fenômeno.
No modelo neurobiológico, as mudanças afetivas através do exercício parecem estar
associadas ao aumento e regulação de neurotransmissores (hipótese das monoaminas).
Segundo Morgan (1985), há evidências de que os neurotransmissores noradrenalina e
serotonina se encontram diminuídos em pessoas depressivas. A hipótese das monoaminas
preconiza que o exercício poderia regular o sistema cerebral monoaminérgico e o eixo
hipotalâmico-pituitário-adrenal, através do aumento desses neurotransmissores, promovendo
uma melhoria do humor. Chaouloff (1997) teoriza que o sistema central serotonérgico pode
ser o link entre o exercício e os efeitos positivos no humor. Embora as evidências tenham
origem em estudos com animais, a hipótese das monoaminas é possível de ser suportada em
humanos.
As hipóteses ancoradas num modelo biológico incluem: aumento da temperatura
corporal (hipótese termogênica), aumento do fluxo sanguíneo cerebral e liberação de
endorfina. Dentre elas, a hipótese da liberação de endorfinas é uma das mais comuns
explicações para as alterações psicológicas induzidas pelo exercício, embora ainda não
sustentada (Morgan, 1985; Petruzzello et al., 1991; Thorén et al., 1990).
Muitos dos efeitos do exercício sobre a saúde mental têm sido atribuídos a uma
estimulação dos pepitídeos opióides endógenos, como a beta-lipotropina, beta endorfina e
dinorfina. A hipótese das endorfinas preconiza que o exercício induz uma maior produção de
beta-endorfina, hormônio que reduz a sensação de dor e promove euforia, que estaria
associada a efeitos positivos sobre o humor (Thorén et al., 1990). O nível de endorfina
plasmático durante o exercício pode aumentar até cinco vezes o nível de repouso. Além disso,
a liberação de endorfinas estaria envolvida na regulação de outros hormônios, como a
corticotropina, as catecolaminas e o cortisol. De acordo com Morgan (1985), o primeiro
58
estudo sobre a liberação de endorfina após o exercício, realizado em humanos, foi publicado
na década de 80. Até então, os estudos eram feitos com animais. Duas linhas de pesquisa
surgiram: uma que mensurava a endorfina plasmática e outra que utilizava o antagonista
Naloxona, o qual bloqueia a ação da endorfina. Os estudos ainda são inconsistentes sobre os
seus efeitos no estado de humor, sendo a intensidade de esforço um dos fatores intervenientes.
No exercício aeróbio, Han & Yoon (1995) verificaram que, abaixo do limiar
anaeróbio, o aumento não significativo de endorfina estava diretamente relacionado ao
aumento de tensão e depressão, enquanto que, na intensidade correspondente ao limiar
anaeróbio ou acima dele, havia um aumento significativo de endorfina e corticotropina,
acompanhado de uma diminuição de tensão, depressão e aumento do vigor. Os achados de
DeVries et al. (2000) suportam a noção de que a endorfina aumenta significativamente após
esforços intensos (80% do VO2máx), possuindo relação com a liberação de adrenalina e
noradrenalina em função da intensidade, alcançando um pico de ação após o esforço máximo
de 100% VO2máx, mantendo-se acima do nível de repouso até 30min após o esforço. Harte,
Eifert & Smith (1995) encontraram uma associação positiva entre o nível de endorfina e
corticotropina e o humor positivo, após uma hora de corrida a 15Km/h. No entanto, Harbach
et al. (2000) salientam que a verdadeira endorfina (β-endorfina 1-31), livre de derivados que
são secretados junto com ela, não tem sido mensurada nos estudos. Os autores verificaram
que somente em 50% de uma amostra de 14 sujeitos foi encontrada β-endorfina 1-31 após
esforço intenso. Os achados de Kraemer et al. (1990) sugerem que o aumento da concentração
de endorfina periférica pode não ser o maior responsável pela melhoria do humor; os autores
encontraram uma relação positiva entre o mal humor e os níveis de endorfina e corticotropina
antes do exercício e baixa relação após o treino. A melhoria no humor para os homens foi
associada com um decréscimo dos níveis de endorfina e corticotropina.
59
No exercício contra-resistência, os resultados também são contraditórios. Uma sessão
de ECR a 80% 1RM com 4 reps promoveu uma diminuição do nível de endorfina plasmática
após o treino (McGowan et al., 1993), enquanto Kraemer et al. (1993) demonstraram
aumentos de endorfina após protocolos de 10RM com intervalos longos de recuperação entre
as séries. Entretanto, outros estudos não observaram associação entre humor e endorfina
plasmática (Farrel et al., 1987; Kraemer et al., 1990; McGowan et al., 1993; Williams &
Getty, 1986).
A hipótese da endorfina, portanto, foi suportada e rejeitada por alguns estudos,
mostrando resultados equivocados, devendo ser testada em futuras investigações. Entretanto,
sabe-se que sua liberação é maior após esforços intensos de curta duração, mas que em
atividades de longa duração e de baixa-moderada intensidade parece haver uma liberação de
endorfina relacionada com sentimentos de euforia e relaxamento. A produção de endorfina se
dá em diferentes locais, sendo encontrada não somente no plasma, mas também no cérebro,
havendo pouca relação entre a endorfina plasmática e a cerebral. Além disso, existem diversos
tipos de endorfina, de maneira que métodos específicos devem ser usados na sua mensuração,
e que o seu tempo de permanência no plasma é curto. Essas considerações metodológicas
devem ser observadas em futuros estudos.
Uma explicação psicofisiológica para determinar os mecanismos dos efeitos
psicológicos do exercício tem sido proposta por Hatfield & Landers (1987). Estes autores
defendem a hipótese da lateralização cerebral, a qual preconiza que o exercício pode
influenciar diferentemente o grau de ativação dos dois hemisférios cerebrais. De acordo com
esta hipótese, o efeito psicológico do exercício se deve ao grau de ativação da região anterior
do córtex cerebral, em que o aumento da PA e da FC, durante o exercício, promove um
aumento preferencial de ondas alfa no hemisfério direito (HD) em relação ao hemisfério
esquerdo (HE), gerando respostas emocionais positivas, como a redução da ansiedade. A
60
atividade alfa possui uma relação inversa com a ativação, de forma que menor ativação no
HD significa maior atividade alfa. Dessa maneira, a assimetria no eletroencefalograma de
repouso (EEG), maior ativação no hemisfério esquerdo em relação ao direito, pode ser um
indicativo de uma predisposição para responder positivamente ao exercício.
Boutcher & Landers (1988) demonstraram que a atividade eletroencefalográfica muda
após uma sessão de exercício aeróbio a 80-85% FCMáx, havendo um aumento de ondas alfa
acompanhado de uma diminuição na ansiedade, o que suporta a relação psicofisiológica.
Estudos recentes têm sustentado a teoria da lateralização cerebral. Petruzzello & Landers
(1994) verificaram que após 30min de corrida a 75% do VO2máx houve uma maior ativação
da área frontal do hemisfério cerebral esquerdo ou diminuição da atividade alfa nesta região,
havendo uma relação entre a assimetria e a ansiedade de - 0,70, mostrando que quando a
ansiedade diminuiu, a atividade alfa no hemisfério direito aumentou. Os resultados
encontrados por Petruzzello & Tate (1997) corroboram os estudos anteriores, acrescentando a
influência da intensidade de esforço. Os autores verificaram que uma maior assimetria préexercício predizeu aumento do afeto positivo e diminuição de ansiedade após treino de 70%
do VO2máx quando comparado com de 50% e menor percepção de esforço. Petruzzello, Hall
& Ekkekakis (2001) acrescentaram a influência da aptidão física na assimetria
eletroencefalográfica frontal de repouso, como um marcador biológico do estilo afetivo do
indivíduo. Os autores reportaram que a assimetria foi preditora do nível de energia pósexercício somente nos indivíduos com maior aptidão física, sugerindo que mecanismos
diferentes podem induzir respostas afetivas nos indivíduos com diferentes níveis de aptidão
física.
Portanto, o consenso existente é de que ainda não existe comprovação do mecanismo
real responsável pelas alterações no humor induzidas pelo exercício. Em geral, sugere-se que
essas alterações sejam devidas a uma interação de mecanismos psicológicos e fisiológicos, e
61
não devido a um único fator. A abordagem psicofisiológica, através da teoria da lateralização
cerebral, tem recebido evidências empíricas, sendo uma hipótese plausível para a explicação
dos mecanismos envolvidos na alteração do humor pelo exercício.
2.3 PRESSÃO ARTERIAL
A pressão arterial (PA) pode ser definida como a pressão exercida pelo sangue contra
o interior das paredes arteriais. A PA é maior quando o coração se contrai (sístole),
caracterizando a Pressão Arterial Sistólica (PAS), e menor quando o coração repousa
brevemente entre as batidas (diástole), caracterizando a Pressão Arterial Diastólica (PAD)
(Foss & Keteyan, 2000). A PA é um dos fatores representativos da hemodinâmica do sistema
circulatório, estando sujeita a alterações por diversos fatores, entre eles o exercício físico. O
método auscultatório, usando um estetoscópio e um esfigmomanômetro, tem sido o mais
utilizado na mensuração da PA em ambientes de exercício (Kelley & Tran, 1995).
Atualmente, somente pressões abaixo de 120/80mmHg (PAS/PAD, respectivamente)
são consideradas ótimas. Após a nova classificação de PA, feita pela Organização Mundial da
Saúde, em 1999, uma PA de 130-139/85-89mmHg é considerada normal alta. Quando a PA se
encontra cronicamente elevada em situação de repouso em níveis igual ou maior que
140/90mmHg caracteriza-se um quadro de hipertensão independente da idade (Blumental et
al., 2002).
A hipertensão é um dos mais comuns problemas de saúde pública, atingindo milhões
de pessoas no mundo, estando associada, direta ou indiretamente, com alto índice de
morbidade e mortalidade, acarretando elevados custos individuais, econômicos e sociais
62
(Blumental et al., 2002). Os problemas clínicos relacionados à pressão alta incluem
insuficiência cardíaca, insuficiência renal, acidente vascular cerebral e ataque cardíaco. Por
isso, a pressão arterial alta é considerada um dos fatores de risco para o desenvolvimento de
doença arterial coronariana, devendo, dessa forma, ser controlada.
De acordo com ACSM (1993), cerca de 90-95% dos casos de hipertensão possuem
causa desconhecida, sendo denominada hipertensão essencial. Entretanto, sabe-se que a
inatividade física é o maior fator de risco para a doença cardiovascular. Pessoas menos ativas
e menos aptas possuem um risco de 30 a 50% maior de desenvolver hipertensão do que
pessoas mais ativas (Whelton et al., 2002).
Muitas vezes, o indivíduo é hipertenso e não sabe. O tratamento para a redução da PA
inclui
alternativas
farmacológicas
(uso
de
medicamentos
anti-hipertensivos)
e
comportamentais (exercício, modificação na dieta, biofeedback e regulação do stress). Nos
casos de hipertensão severa, o uso de medicamentos é a alternativa mais adotada, embora
tenha seus efeitos colaterais. Por outro lado, por ser uma alternativa simples, de baixo custo e
saudável, o exercício tem sido amplamente empregado como uma forma de prevenção e de
tratamento da hipertensão (Blumental et al., 2002).
Após uma sessão de exercícios, a PA pode cair abaixo dos níveis pré-exercício,
resultando numa hipotensão, que pode alcançar reduções que variam de 18 a 20mmHg e de 7
a 9mmHg nas pressões sistólica e diastólica, respectivamente, mantendo-se por cerca de 12 a
16 horas (Thompson et al., 2001). Esse fenômeno, denominado Hipotensão Pós-Exercício
(HPE), foi identificado há 30 anos e tem sido ainda objeto de estudo de muitas pesquisas.
Portanto, a pressão arterial é uma variável fisiológica importante na homeostase
corporal devendo ser mantida dentro de valores considerados normais. O exercício físico
regular e, conseqüentemente, o aumento da aptidão física são estratégias não-farmacológicas
que auxiliam na regulação da PA e reduzem o risco de hipertensão no indivíduo.
63
2.3.1 EFEITOS DO EXERCÍCIO SOBRE A PRESSÃO ARTERIAL
Sabe-se, atualmente, que diferentes características do exercício, como tipo, freqüência,
intensidade e duração promovem respostas hipotensivas diferenciadas e que os pesquisadores
buscam estabelecer uma relação de dose-resposta entre exercício e pressão arterial. A
intensidade e o tipo do exercício e seus efeitos agudos na PA serão objeto de uma análise
pormenorizada neste momento. No entanto, corroborando Thompson et al. (2001), entende-se
que os efeitos do exercício sobre a pressão arterial, assim como em outras variáveis,
acontecem tanto de forma aguda quanto crônica, de maneira que não devem ser vistos de
forma isolada, ou seja, a repetição de respostas hipotensivas agudas promovem reduções
crônicas na PA. Na Tabela 2, observam-se estudos e posicionamentos sobre os efeitos
agudos e crônicos do exercício sobre a PA em indivíduos normotensos e hipertensos.
Num contexto de dose-resposta, uma revisão de literatura sustenta que a redução
aguda da PA é independente da intensidade relativa de esforço, enquanto que as reduções a
longo prazo parecem ser maiores para intensidades moderadas do que para maiores
intensidades (Shephard, 2001). Neste último caso, porém, trata-se mais de uma recomendação
para evitar-se treinamentos intensos do que uma superioridade de resposta para intensidade
moderada.
O posicionamento oficial do American College of Sports Medicine (1993) sobre
atividade física e hipertensão estabelece que as atividades físicas aeróbias de intensidade
moderada (40 a 70% do VO2máx) promovem reduções de 10mmHg na pressão arterial de
repouso em indivíduos hipertensos tanto quanto intensidades maiores. As metanálises, que
avaliaram estudos de treinamento, revelaram que tanto indivíduos normotensos quanto
hipertensos, praticando tanto o exercício aeróbio quanto exercício contra-resistência, têm
64
demonstrado redução na pressão arterial de repouso (Keley & Kelley, 2000; Kelley & Tran,
1995; Whelton et al., 2002). Kelley & Tran (1995) encontraram reduções de 4,4mmHg e
3,2mmHg na pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente, em indivíduos
normotensos que praticaram exercício aeróbio numa intensidade de 65 a 89% FCMáx. Essa
resposta hipotensiva parece ser independente do gênero, apesar de a maioria dos estudos
terem utilizado amostras do gênero masculino. Num outro estudo, Keley & Kelley (2000),
analisando estudos de treinamento contra-resistência com 30 a 90% de 1RM de intensidade,
encontraram uma redução de 3,3mmHg e 3,2mmHg na PAS e PAD, respectivamente. Tanto
protocolos convencionais com maior carga e intervalo de recuperação quanto protocolos em
circuito com menor carga e tempo de recuperação foram eficazes na redução da PA.
Existe, porém, diferença de resposta entre normotensos e hipertensos. Fagard (2001),
analisando apenas estudos randomizados e controlados, encontrou reduções de 3,4mmHg e
2,4mmHg para normotensos e de 7,4mmHg e 5,8mmHg para hipertensos, na pressão sistólica
e diastólica, respectivamente, após treinamento aeróbio com intensidade entre 40 a 70% da
performance máxima dos sujeitos. Whelton et al. (2002) corroboram o efeito hipotensivo do
exercício tanto em hipertensos e normotensos, acrescentando que este efeito é independente
do tipo e da intensidade do exercício aeróbio. Em relação ao ECR, sujeitos normotensos,
submetidos a um treinamento de 3 vezes por semana durante oito semanas, demonstraram
reduções de 9mmHg e 8mmHg na PAS e na PAD, respectivamente (Carter et al., 2003).
Portanto, os estudos que analisaram os efeitos crônicos do exercício sobre a PA
demonstraram uma redução significativa na pressão arterial sistólica e diastólica após
treinamentos com exercícios aeróbios e contra-resistência em diferentes intensidades, sendo
as maiores reduções encontradas nos sujeitos hipertensos.
Recentemente, o consenso resultante de um simpósio sobre dose-resposta relacionada
à atividade física e saúde, promovido pelo American College of Sports Medicine em 2001,
65
revelou que uma sessão aguda de exercício aeróbio numa intensidade entre 50 e 100%
VO2máx produz uma redução de 18-20mmHg na PAS e de 7-9mmHg na PAD em indivíduos
com hipertensão leve, havendo, todavia, evidência insuficiente para definir um efeito de doseresposta (Kesaniemi et al., 2001). Analisando os estudos que usaram a medida ambulatorial
da PA, que consiste no monitoramento constante da PA durante as atividades diárias dos
indivíduos num período de 24h em sujeitos hipertensos e normotensos, Thompson et al.
(2001) encontraram reduções de 2,1±4,6mmHg e 0,3±4,5mmHg para PAS e PAD,
respectivamente, que persistiram por 12-16h após o término do exercício. Esta variação de
resposta pode ser vista também nos estudos agudos da Tabela 2 que usaram o método
auscultatório. Observa-se uma divergência nos resultados quanto ao efeito do tipo e da
intensidade do exercício na pressão arterial, o que suporta os achados de Shephard (2001).
De acordo com
a Tabela 2, em relação ao tipo de exercício, enquanto que os
exercícios aeróbios diminuíram (Raglin & Morgan, 1987; Porcari et al., 1988; Flory &
Holmes, 1991; Raglin, Turner & Ekstein, 1993; Taylor-Tolbert et al., 2000; Nami et al., 2000)
ou não modificaram (Szabo et al., 1993; Brownley, 1996) a PA, o exercício contra-resistência
promoveu diminuição (Hill et al., 1989; O’Connor & Cook, 1998; Focht & Koltyn, 1999),
aumento (O’Connor et al., 1993; Koltyn et al., 1995; Focht & Koltyn, 1999) ou nenhuma
mudança (Wang et al., 1991; Raglin, Turner & Ekstein, 1993; O’Connor et al., 1993;
O’Connor & Cook, 1998).
A redução da PA após o exercício aeróbio variou entre 4 a 9mmHg e de 3 a 6mmHg
para a PAS e PAD, respectivamente. Após o ECR, a redução na PA variou entre 3 a 10mmHg
e de 5 a 10mmHg para PAS e PAD, respectivamente. Embora a amplitude do efeito
hipotensivo seja semelhante entre o exercício aeróbio e o ECR, o exercício aeróbio demonstra
este efeito com mais freqüência nos estudos. Grande parte dos estudos com ECR não mostrou
mudança na PA, alguns até reportando aumentos significativos.
66
Em relação à intensidade, os resultados também são inconsistentes. Os exercícios
aeróbios com intensidade moderada promoveram diminuição na PAS (Flory & Holmes, 1991;
O’Connor & Davis, 1992; Raglin, Turner & Ekstein, 1993; Taylor & Tolbert, 2000) e
nenhuma mudança na PAD (Raglin, Turner & Ekstein, 1993) ou em ambas (Brownley, 1996;
Szabo et al., 1993). Browley (1996) verificou uma hipotensão que durou cerca de 5h, apenas
em indivíduos hipertensos. Alta intensidade promoveu redução na PA tanto quanto baixa e
moderada intensidade (Forjaz et al., 1998; Marceau et al., 1993). Estes dois estudos,
juntamente com o estudo de Porcari et al. (1988), corroboram a premissa de que a redução da
PA após exercícios aeróbios parece ser independente da intensidade. O mesmo não ocorrendo
com o ECR, onde O’Connor et al. (1993) não encontraram reduções na PA após sessões com
40, 60 ou 80% de 10RM.
Nos estudos com ECR, intensidade moderada promoveu diminuição na PA (Hill et
al.,1989) ou nenhuma mudança (Raglin, Turner & Ekstein, 1993); alta intensidade promoveu
elevação (Focht & Koltyn, 1999); e baixa intensidade promoveu diminuição na PAS e
nenhuma mudança na PAD (O’Connor & Cook, 1998) ou diminuição na PAD (Focht &
Koltyn, 1999). Um estudo não reportou a intensidade, não encontrando mudanças na PA
(Wang et al., 1991).
Nos dois estudos que utilizaram intensidade auto-selecionada, a redução de PA
ocorreu apenas para o exercício aeróbio quando comparado ao exercício contra-resistência
(Raglin & Morgan, 1987; Koltyn et al., 1995). Koltyn et al. (1995) encontraram aumento na
PAS de 5mmHg após ECR auto-selecionado.
Na Tabela 2, observa-se que a mensuração da intensidade para os exercícios aeróbios
foi de forma relativa utilizando um %VO2máx (Porcari et al., 1988; Szabo et al., 1993; Taylor
–Tolbert et al., 2000 ) e %FCMáx (Flory & Holmes, 1991; Raglin, Turner & Ekstein, 1993;
Brownley, 1996) ou auto-selecionada (Raglin & Morgan, 1987). Para o ECR, a intensidade
67
também foi expressa de forma relativa como %1RM (Hill et al., 1989; Raglin, Turner &
Ekstein, 1993; O’Connor & Cook, 1998; Focht & Koltyn, 1999), %10RM (O’Connor et al.,
1993), auto-selecionada (Koltyn et al., 1995) ou não foi reportada (Wang et al., 1991).
Alguns estudos mensuraram a PA somente antes e logo após o exercício (Wang et al.,
1991; Flory & Holmes, 1991; Szabo et al., 1993; Koltyn et al., 1995), enquanto que outros
acompanharam o seu comportamento ao longo de um período que variou de 1min a 72h
(Raglin & Morgan, 1987; Porcari et al., 1988; Hill et al., 1989; Raglin, Turner & Ekstein,
1993; O’Connor et al., 1993; Brownley, 1996; O’Connor & Cook, 1998; Focht & Koltyn,
1999; Taylor-Tolbert et al., 2000). Três dos 4 estudos que não demonstraram mudanças
mediram a PA somente após o exercício, enquanto os estudos que mediram a PA 10 minutos
ou mais após o exercício detectaram uma hipotensão.
Conclui-se, por esta revisão, que as características ótimas dos exercícios necessárias
para promover uma maior redução na PA ainda são inconclusivas, principalmente em relação
à intensidade do exercício. Os estudos de metanálise sobre os efeitos crônicos têm
demonstrado que o exercício aeróbio regular, assim como o ECR, reduz a pressão arterial
tanto em indivíduos hipertensos quanto em normotensos, embora a magnitude da redução
pareça ser maior em atividades aeróbias do que no ECR, e em hipertensos comparados com
normotensos. Estes estudos demonstram reduções que variam de –3mmHg a –10mmHg
para PAS e de –2mmHg a –10mmHg para PAD com exercícios aeróbios e ECR.. Em relação
ao tipo de atividade, aparentemente os exercícios aeróbios estariam associados com reduções
mais significativas na PA pós-exercício, enquanto que o ECR sugere resultados divergentes.
Observa-se uma tendência de mensuração da intensidade no exercício aeróbio através da
FCMáx, ajustada pela idade, devido a sua maior aplicabilidade prática e à importância de
medições da PA minutos após o término do exercício.
68
Tabela 2: Estudos e posicionamentos sobre os efeitos crônicos e agudos do exercício sobre a pressão arterial
Estudo
Atividade
Raglin & Morgan (1987)
Aeróbios
Porcari et al. (1988)
Caminhada
Corrida
Hill et al. (1989)
ECR
Wang et al. (1991)
ECR
Flory & Holmes (1991)
Dança
Aeróbia
O’Connor & Davis (1992)
Corrida
Szabo et al. (1993)
Ciclismo
Raglin, Turner & Eksten (1993)
Ciclismo
ECR
O’Connor et al. (1993)
ECR
Marceau et al. (1993)
Aeróbia
ACSM (1993)
Aeróbia
Koltyn et al. (1995)
ECR
Delineamento
Resultados
Efeito agudo
Intensidade: auto-selecionada por 40min
Medida da PA: pré, pós, 20, 60, 120, 180min
Efeito agudo
Intensidade: 35,50, 65%VO2máx ou auto-selecionada 40min
Medidas: pré, pós, pós banho, 120min após
Efeito agudo
Intensidade: 70% 1RM por 14min
Medida da PA: 15pré, pré, pós, 1, 2, 15, 30, 60min
Efeito agudo-crônico
Intensidade: não reportada Duração: 25min por 12 semanas
Medida da PA: pré, 10min pós
Efeito agudo
Intensidade de 60-80%FCMáx por 50min
Medida da PA: pré, pós
Efeito agudo
Corrida: 20min a 70% VO2máx em 4horários distintos
Medida: 10min pré, 10min pós, 20min pós
Efeito agudo
Intensidade: 60%VO2máx por 30min
Medida da PA: pré, pós
Efeito agudo
TCR e Ciclismo: 70-80% 1Rme 70-80%FCMáx por 30min
Medida da PA: pré, pós, 20, 60min
Efeito agudo
Intensidade: 40,60 e 80%10RM por 30min
Medida da PA: pré, pós,15,30,45,60,75,90,105,120min
Efeito agudo
Intensidade: 50 ou 70% VO2máx
Posicionamento sobre Efeito crônico
Intensidade: 40-70%VO2máx
Duração: 20-60min
TCR em circuito pode ser auxiliar
Efeito agudo
Intensidade: auto-selecionada por 50min
Medida da PA: pré, pós (5min)
Exercício: PAS= -9mmHg até 3h após
PAD: -6mmHg até 2h após
Controle: <PAS até 20min após
PAS: -4mmHg até 2h após
PAD: --3mmHg até 2h após
Independente da intensidade
PA: -20mmHg imediatamente após, mantendo-se +baixa (-3mmHgPAS e –
10mmHgPAD) por 60min.
PAS: sem mudança após sessão de TCR
PAD: aumentou após sessão de TCR
PAS: <2%
PAS: -4mmHg 10min após o exercício até 20min após, independente da
hora do dia de realização do exercício
PAD: -3mmHg
PA: Sem mudança
Ciclismo: PAS: -6,5mmHg até 60min / PAD: sem mudança
ECR:
PAS e PAD: sem mudança
PAS: >1min pós 60%; >1min até 15min pós 80%
PAD: sem mudança
PA não foi reduzida
Decréscimo de 5mmHg para ambas intensidades
PAS e PAD: -10mmHg
TCR:
PAS: +5mmHg
Controle: PAS: -5mmHg
69
Continuação Tabela 2
Estudo
Kelley & Tran (1995)
Brownley (1996)
Atividade
Aeróbia
Ciclismo
Forjaz et al. (1998)
Ciclismo
O’Connor & Cook (1998)
ECR
Focht & Koltyn (1999)
ECR
Kelley & Kelley (2000)
ECR
Harbach et al. (2000)
Corrida
Subir
escadas
Taylor-Tolbert et a.l. (2000)
Corrida
Nami et al. (2000)
Ciclismo
Fagard (2001)
Aeróbia
Kelley et al. (2001)
Caminhada
Whelton et al. (2002)
Aeróbia
Polito et al. (2003)
ECR
Delineamento
Resultados
Meta-análise sobre Efeito crônico em normotensos
Intensidade: 30-96% FCMáx (M=77% FCMáx)
Duração: 10-90min (M=37min)
Efeito agudo em normotensos e hipertensos
Intensidade: 60-70% FCMáx por 20min
Medida da PA: pré e durante 72h após
Efeito agudo
Intensidade: 30, 50 ou 80% VO2máx por 45min
Efeito agudo
Intensidade: 10%1RM, 24min c/ exercício estático/dinâmico
Medida da PA: pré, 3, 13 e 23min após
Efeito agudo
Intensidade: 50% e 80%1RM por 30min
Medida da PA: pré, 1min pós, 20,60,120,180min
Meta-análise sobre Efeito crônico em normotensos
Intensidade: 30-90%1RM / Duração: 20-60min
Efeito agudo
3Km de Corrida + subida de 8 andares de escada: Int. Máxima
Duração: ± 20min Medida: pré, pós, 15min após
Efeito agudo em hipertensos
Intensidade: 70% VO2máx por 45min
Medida da PA: pré e durante 24h após
Efeito crônico após 3meses
Intensidade: 40-60% VO2máx por 1h, 3x/sem
Medida PA: pré e durante 48h pós, início e final do estudo
Meta-análise Efeito crônico normotensos e hipertensos
Intensidade: 45-85% VO2máx
Duração: 30-60min
Meta-análise Efeito crônico normotensos e hipertensos
Intensidade: 45-86%VO2máx (M=63%% VO2máx)
Duração: 28-60min (M= 42min)
Meta-análise Efeito crônico normotensos e hipertensos
Intensidade: baixa, moderada e alta
Efeito agudo
ECR: 6 e 12RM
Medida: pré, pós, e durante 60min após
PAS –4,4mmHg
PAD –3,2mmHg
Hipertensos: <PA por 5h
Normotensos: Sem mudança
Decréscimos similares para as três intensidades
PAS: -5mmHg / PAD: -3mmHg
PAD: Sem mudança
PAS: -10mmHg
Independente do tipo de contração
50%: PAD: -5mmHg até 20min
80%: PAS: +8mmHg 1min pós, retornando ao nível de repouso
após 20min
PAS –3,3mmHg = -2%
PAD –3,2mmHg = -4%
PAS: - 3,6mmHg
PAS: -7,4mmHg
PAD: -3,6mmHg
Mudança permaneceu por 16h
<PAS e PAD em hipertensos com menor PA durante o sono;
Sem mudanças para aqueles sem diminuição da PA durante o sono
PAS: –3,4mmHg
PAD: –2,4mmHg
PAS: –3,0mmHg
PAD: –2,0mmHg
PAS: –3,84mmHg
PAD: –2,58mmHg
PAD: Sem mudança para treino de 12RM e redução para 6RM até 20min
PAS: Redução para treino de 12RM até 40min após / treino de 6RM
reduziu até 60min após
ECR reduziu a PA principalmente a sistólica
70
2.3.2 POSSÍVEIS MECANISMOS RESPONSÁVEIS PELO EFEITO HIPOTENSIVO
DO EXERCÍCIO
Embora ainda não exista uma explicação consistente para os mecanismos responsáveis
pelo efeito hipotensivo do exercício, sabe-se que este efeito é mediado não somente por um,
mas por diferentes mecanismos. Entre os mecanismos propostos para explicar a redução da
PA pós-exercício encontram-se: modificações na atividade do sistema nervoso simpático, no
funcionamento hemodinâmico e hormonal, na sensibilidade à insulina, na atuação dos
baroreceptores e na reatividade cardiovascular ao stress (American College of Sports
Medicine, 1993; Blumental et al., 2002; Foss & Keteyan, 2000; Thorén et al., 1990). Cada um
destes mecanismos possui maior influência, de acordo com o tipo de intervenção
comportamental realizada: exercício, perda de peso ou controle do stress ou a combinação
delas. Serão abordados somente os supostos mecanismos envolvidos na redução da pressão
arterial pelo exercício físico.
Tem sido verificado que a combinação de uma atividade simpática elevada e
parassimpática diminuída são as responsáveis pela estimulação excessiva da circulação nos
estágios iniciais da hipertensão (Blumental et al., 2002). Sugere-se que logo após o término do
exercício ocorra uma estimulação imediata dos nervos vagos, diminuindo a atividade do
sistema nervoso simpático, promovendo alterações hemodinâmicas (rápida queda da FC,
diminuição do débito cardíaco e da resistência vascular periférica) e hormonais (diminuição
de catecolaminas circulantes - adrenalina e noradrenalina - e aumento de substâncias
vasodilatadoras circulantes, como a endorfina), acarretando uma vasodilatação e relaxamento
dos vasos sangüíneos que resultam numa menor PA pós-exercício (Blumental et al., 2002;
Foss & Keteyan, 2000). Segundo Thóren et al. (1990), em parte, essa hipotensão pode ser
explicada pela inibição da atividade nervosa simpática, permitindo que alguns casos de
71
hipertensão possam ser tratados sem o uso de medicamentos. No entanto, Carter et al. (2003),
apesar de terem verificado reduções na PA, não encontraram reduções na atividade simpática
de sujeitos normotensos após treinamento contra-resistência de oito semanas.
Segundo Blumental et al. (2002), existem evidências de uma relação causal entre a
resistência à insulina e a pressão alta. A resistência à insulina e a hiperinsulinemia podem
contribuir para a patogênese da hipertensão (Welton et al., 2002). Neste caso, o exercício
atuaria na redução da resistência à insulina, aumentando sua sensibilidade que, por sua vez,
modificaria a função renal, reduzindo a retenção de sódio, resultando em menor atividade do
sistema nervoso simpático (American College of Sports Medicine, 1993).
Em relação ao baroreceptores, o exercício aumenta sua sensibilidade de modo que se
tenha maior feedback (controle autonômico) da PA. Tem sido demonstrado também que
pessoas fisicamente ativas possuem menor reatividade ao stress (menor FC, PA e nível de
catecolaminas) e se recuperam mais rápido de maneira que a influência de estressores sobre o
indivíduo com maior aptidão física é diminuída (Crews & Landers, 1987).
Dessa maneira, existem modelos hipotéticos que explicam o efeito hipotensivo do
exercício e que as alterações cardiovasculares são mediadas por alterações na atividade do
sistema nervoso e humoral semelhantes àquelas que explicam as alterações psicológicas após
uma sessão de atividade física. Sendo assim, percebe-se a importância da análise
psicofisiológica entre exercício, pressão arterial e estado emocional.
72
2.4 PSICOFISIOLOGIA DO EXERCÍCIO
Toda ciência deve possuir seu objeto de estudo e seus métodos delimitados, tendo
clara a sua aplicabilidade. O objetivo, neste momento, é oferecer uma visão geral da
Psicofisiologia, sua origem histórica, conceituação, métodos, aplicações, linhas de pesquisa e
de intervenção, bem como delimitar alguns temas de estudos da área sobre atividade física e
saúde que são partes da revisão da literatura realizada. A Psicologia do Esporte, assim como
outras ciências, utiliza algumas abordagens na compreensão do comportamento antes, durante
e após a atividade física. Segundo Weinberg & Gould (2001), as três abordagens
predominantes são a psicofisiológica, a sociopsicológica e a cognitivo-comportamental. Nas
três orientações, percebe-se a utilização conjunta de diferentes áreas de conhecimento na
compreensão do comportamento, como a Psicologia, a Fisiologia e a Sociologia.
De acordo com Dishman (1997), a segregação dos métodos biológicos e
comportamentais que existe na área das ciências do exercício não pode responder totalmente a
muitas questões importantes para a saúde de maneira que há uma necessidade de integração
das ciências no estudo do comportamento no exercício. O interesse pelo entendimento da
interação dos aspectos físicos e psicológicos na prática do exercício físico tem crescido
consideravelmente, sendo um dos principais temas atuais de estudo da Psicologia do Esporte.
Vários estudos demonstram a necessidade de uma abordagem psicofisiológica, seja no âmbito
do treinamento desportivo, da atividade física ou da saúde pública
para uma melhor
compreensão do comportamento e da saúde (Bara Filho, 1999; Coelho et al., 1989; Crews &
Landers, 1987; Harro et al., 1999; O’Connor et al., 1991; O’Connor & Davis, 1992; Porcari et
al., 1988; Raglin & Morgan, 1987; Schwartzman & Glaus, 2000; Szabo et al., 1993).
73
A Psicofisiologia é uma das tendências interdisciplinares de fusão de diferentes áreas
de conhecimento. Segundo Ribeiro (2001), a Psicofisiologia é uma ciência que estuda o
comportamento dentro de uma simultaneidade mente-corpo, de modo que toda experiência
física é acompanhada por uma experiência psicológica e vice-versa. Cacioppo e Tassinary
(apud Collins, 1995:p.154) a definem como "o estudo de fenômenos cognitivos, emocionais e
comportamentais relacionados e revelados por princípios e eventos fisiológicos”. Entretanto,
não se trata apenas da junção da Psicologia com a Fisiologia, mas de uma tentativa de
formação de um campo científico que enriquece o entendimento do comportamento humano
no exercício, fundamentada nos conhecimentos proporcionados por diferentes áreas de
conhecimento, como a Anatomia, Fisiologia, Endocrinologia, Imunologia, Biologia, Genética,
Aprendizagem Motora, Biomecânica, Psicologia, Educação Física, entre outras.
Do ponto de vista histórico-filosófico, pode-se dizer que o princípio fundamental da
Psicofisiologia da simultaneidade mente-corpo estava presente desde a Grécia antiga,
expresso na frase “mens sana in corpore sano” (Toledo, 2000). Segundo Ribeiro (2001), um
dos precursores da Psicofisiologia foi George Cabanis, através do trabalho “Relações entre o
físico e o moral dos homens” em 1802 . Em 1920, surgem os primeiros laboratórios de
Psicologia do Esporte na Rússia, na Alemanha e nos Estados Unidos. A origem científica da
Psicofisiologia deu-se a partir da Neurofisiologia e da Psicologia, no final do século passado,
através dos estudos relacionados ao aprendizado e ao desempenho motor, aproximando-se da
Educação Física após a Segunda Guerra Mundial (Ribeiro, 2001).
A Psicofisiologia opera com métodos e conceitos comuns à Psicologia e à Fisiologia.
Mensura quantitativamente, em unidades padrões, a freqüência cardíaca e respiratória, pressão
arterial, temperatura corporal, ondas cerebrais, eletromiografia, eletroencefalograma, resposta
galvânica, potencial de ação dos músculos e atividade psicoendocrinológica relacionando-os
com o comportamento na atividade física (Crews & Landers, 1987; Ribeiro, 2001). A
74
utilização de métodos quantitativos é uma das grandes vantagens da Psicofisiologia em
relação à Psicologia do Esporte. Assim, possui como objetivos: examinar os processos
fisiológicos do cérebro e suas influências sobre a atividade física; verificar relações de
variáveis psicofisiológicas com o comportamento no esporte e no exercício; estudar e
verificar os resultados de métodos psicológicos, como o treinamento mental, e
psicofisiológicos, como o biofeedback, sobre variáveis tanto fisiológicas quanto psicológicas
que venham influenciar o comportamento na atividade física, no esporte, na reabilitação, no
tratamento clínico; intervir, visando ao equilíbrio comportamental, à regulação do nível de
ativação, ao relaxamento, ao auto-controle e à melhoria da performance (Ribeiro, 2001;
Weinberg & Gould, 2001). Segundo Collins (1995), o Biofeedback é a maior aplicação
prática da Psicofisiologia.
Os principais estudos da Psicofisiologia foram americanos, crescendo atualmente o
número de pesquisas européias. Até 1980, a área de maior interesse era a performance motora,
interessando-se pela medida de ativação, a identificação da capacidade de atenção e alocação
e dos processos centrais associados com a performance ótima através do biofeedback (Collins,
1995). Desde então, tem crescido o número de trabalhos na linha de atividade física e saúde.
Serão categorizados, em temas de estudo, algumas pesquisas de caráter agudo que têm
corroborado a abordagem psicofisiológica.
•
Aptidão física e reatividade ao stress psicobiossocial (Crews & Landers, 1987; MoyaAlbiol et al., 2001) atividade cerebral e humor (Petruzzello e Landers, 1994;
Petruzzello, Hall & Ekkekakis, 2001);
•
Exercício, nível de aptidão física e risco de depressão (Lobstein, Mosbacher & Ismail,
1983; Strawbridge et al., 2002);
•
Relação da hipertensão e doença coronariana com estados psicológicos (Coelho et al.,
1989; Schwartzman & Glaus, 2000);
75
•
Respostas hormonais ao exercício em depressivos (Harro et al., 1999; Light,
Kothandapani & Allen, 1998);
•
Variabilidade da freqüência cardíaca e percepção de stress (Dishman et al., 2000);
•
Efeito psicofisiológico do exercício, reatividade cardiovascular e função cognitiva
(Flory & Holmes, 1991; Oweis & Spinks, 2001; Roth, 1989);
•
Humor e reatividade cardiovascular (Gendola, Abele & Krüsken, 2001; Light,
Kothandapani & Allen, 1998);
•
Resposta hormonal e psicofisiológica ao stress físico e psicológico (De Vries et al.,
2000; Roy, Kirschbaum & Steptoe, 2001; Szabo et al., 1993);
•
Influência do exercício de diferentes intensidades e períodos do dia sobre as respostas
hormonais e o humor (Dishman, Farquhar & Cureton, 1994; Farrel et al., 1987;
Gonzalez-Bono et al., 1999; Han & Yoon, 1995; Jin, 1989; O’Connor & Davis, 1992);
•
Efeitos psicobiológicos do aumento da intensidade de treinamento (Morgan et al.,
1988; O’Connor, Morgan & Raglin, 1991);
•
Influência da atividade aeróbia e do exercício contra-resistência na redução da
ansiedade e da pressão arterial e melhoria do humor (Coelho, in press; Focht &
Koltyn, 1999; Koltyn et al., 1995; O’Connor et al., 1993; Porcari et al., 1988; Raglin
& Morgan, 1987);
•
Comparação do efeito da atividade aeróbia e anaeróbia em variáveis fisiológicas e
psicológicas (Garvin, Koltyn & Morgan, 1997; Harte, Eifert & Smith, 1995; Raglin,
Turner & Eksten, 1993).
No Brasil, a Psicofisiologia foi introduzida no início dos anos 90, por Luiz Scipião
Ribeiro, após concluir seu doutorado nos Estados Unidos. Desde então, juntamente com seus
colaboradores, tem contribuído significativamente na produção de conhecimentos desta nova
abordagem de pesquisa da Psicologia do Esporte. O marco principal da área foi a criação, em
76
1993, do Laboratório de Psicofisiologia do Exercício, integrado ao Programa de PósGraduação Stricto-Sensu da Universidade Gama Filho que vem produzindo estudos sobre
efeito do nível de ansiedade nas respostas psicofisiológicas ao stress (Ribeiro, 1993), a
influência do treinamento mental no desempenho (Bulhões, 1997), efeito da técnica de
relaxamento na redução da ansiedade, do cortisol sanguíneo e na melhoria da performance
(Bara Filho, 1999), bem como na remoção do lactato sanguíneo (Toledo, 2000), efeitos
psicofisiológicos da hidroginástica e do biofeedback (Campos, 1999), trekking, motivação e
bem-estar (Miranda, 2000), perfil psicológico, nível de ansiedade e desempenho (Souza,
2001), influência do exercício contra-resistência no estado de humor (Coelho, in press), entre
outros.
Portanto, a Psicofisiologia é uma abordagem da Psicologia do Esporte que considera,
mensura, analisa e interpreta variáveis psicológicas e fisiológicas simultaneamente de modo
que se possa melhor entender o comportamento do indivíduo diante as diversas situações por
ele vivenciadas, fornecendo conhecimentos que permitam intervir de modo eficaz, seja na
promoção da saúde, seja na melhoria do desempenho. De acordo com a orientação
psicofisiológica, qualquer abordagem que omita a participação conjunta de variáveis
psicológicas e fisiológicas no comportamento estará sendo reducionista, simplificando um
fenômeno que deve ser analisado de modo complexo. A abordagem psicofisiológica
contempla a necessidade de estudos sobre os efeitos do exercício tanto na saúde física quanto
mental, e, por isso, este tema de estudo tem crescido consideravelmente na Psicofisiologia. A
comparação de diferentes programas de exercício sobre o humor e a pressão arterial está em
evidente crescente.
77
2.4.1 RELAÇÃO ENTRE PRESSÃO ARTERIAL, ESTADO DE HUMOR E
EXERCÍCIO
Em qualquer ambiente sob quaisquer circunstâncias, o organismo está submetido a
algum tipo de stress, por mais insignificante que ele seja. O stress é o elemento essencial na
compreensão do funcionamento integrado das estruturas corporais, sendo um estímulo que
tem a função de adaptação, promovendo alterações funcionais tanto fisiológicas quanto
psicológicas.
De acordo com Samulski (2002), o stress é
importante na manutenção e
aperfeiçoamento da capacidade funcional, autoproteção e conhecimento dos próprios limites,
podendo ser positivo (Eustress) ou negativo (Distress). Na concepção biológica, o stress é
considerado como todas as reações internas fisiológicas ou psicológicas de adaptação
orgânica, as quais objetivam a manutenção ou restabelecimento do equilíbrio interno e/ou
externo (Samulski, 2002). Selye (apud Samulski, 2002, p.162) definiu stress como “uma
reação inespecífica do organismo perante qualquer exigência”. Neste sentido, diferentes
cargas de exercício promovem reações que não são específicas para o exercício, mas que
fazem parte do processo de adaptação a qualquer estímulo seja físico ou psicológico. O stress
é associado a um estado de desequilíbrio psicofísico, onde o organismo promove adaptações
para restabelecer a homeostase.
Quando submetido a um stress, o organismo reage para acomodá-lo ou compensá-lo,
através da ativação do SNS e do eixo hipotalâmico-pituitário-adrenocortical (EHPA),
promovendo ajustes cardiorespiratórios integrados, aumentando os níveis de hormônios, como
noradrenalina, adrenalina, hormônio adrenocorticotrópico, beta-endorfina e cortisol (DeVries
et al., 2000). O padrão de ativação varia de acordo com o estressor. Segundo DeVries et al.
78
(2000), estressores físicos ativam inicialmente o SNS e depois o EHPA, ao passo que os
estressores psicológicos ativam diretamente o EHPA.
Selye (apud Samulski, 2002) denominou o processo de adaptação a um estressor de
Síndrome de Adaptação Geral (SAG). A primeira fase da SAG, Estágio de Alarme, é a
primeira resposta ao estressor, preparando o organismo para agir, lutar ou fugir, havendo a
quebra da homeostase; a segunda fase é o Estágio de Resistência, no qual o organismo resiste
e combate o estressor, restabelecendo o equilíbrio fisiológico ou não; a terceira fase é o
Estágio de Exaustão, em que, se o estressor persiste, as reservas de energias são depletadas e
exauridas, provocando um estado de exaustão psicofisiológica. Na verdade, a SAG é um
modelo geral de entendimento do mecanismo de adaptação do organismo a um estressor, que
deixa subentendida a participação dos vários sistemas orgânicos na manutenção da
homeostase, explicando, de forma geral, a integração psicofisiológica do organismo.
Todas as respostas fisiológicas e psicológicas de adaptação do organismo são
mediadas pelo sistema nervoso central, desencadeadas por estímulos nervosos e pela ação
hormonal. O sistema nervoso autônomo, responsável pelo controle das ações involuntárias de
nosso organismo, possui dois componentes: o sistema nervoso simpático ou adrenérgico
(SNS) e o sistema nervoso parassimpático ou colinérgico (SNP). O SNS estimula as ações
corporais para situações de estresse e emergência e durante o exercício, através da liberação
de hormônios (noradrenalina e adrenalina), aumentando a FC, a PA, a contração do baço, a
dilatação das pupilas, a liberação de glicose e sua penetração no sangue e a mobilização de
ácidos graxos, preparando o corpo para luta, medo e fuga. Ao contrário, o SNP atua na
preservação e restauração da energia corporal, preparando o corpo para o relaxamento e a
homeostase pela ação parassimpática vagal e do hormônio acetilcolina, que atuam diminuindo
a FC, a PA, a tensão muscular e restabelecendo a homeostase (Foss & Keteyan, 2000).
79
O exercício é considerado um stress físico que pode gerar tanto benefícios quanto
prejuízos ao organismo, dependendo do estímulo que é dado, devendo ser praticado
respeitando a capacidade de adaptação do indivíduo. Durante o exercício, os ajustes
cardiovasculares ocorrem em função de estímulos do comando central, humorais, físicos e
neurais periféricos provenientes de várias partes do corpo, mediados pelas alterações no
sistema nervoso simpático e parassimpático e pela ação hormonal, sendo diretamente
proporcionais ao tipo e à intensidade da atividade.
Uma vez estimulados, receptores específicos enviam influxos neurais aferentes à
região cardiorespiratória do cérebro durante o exercício, provocando modificações na função
cardiorespiratória, através de uma maior atuação do SNS, elevando a FC, o volume de ejeção
e a PA, aumentando a freqüência respiratória, por meio da liberação de noradrenalina. No
entanto, esses influxos também podem ser iniciados por condições mentais integrados pela
região hipotalâmica do sistema límbico. O sistema límbico participa no controle das emoções
e participa na regulação do sistema nervoso autônomo e na integração endócrina juntamente
com o hipotálamo (Foss & Keteyan, 2000). Por isso, se diz que o estado psicológico é um dos
fatores que podem contribuir para afetar os níveis sangüíneos dos hormônios.
Ao mesmo tempo em que se observa uma elevação da pressão arterial durante o
exercício, McAuley, Mihalko & Bane (1996) demonstraram que a ansiedade também se eleva.
Após o término do exercício, a atividade simpática é diminuída pela estimulação imediata dos
nervos vagos parassimpáticos, produzindo uma rápida queda na FC e na PA que exibe um
padrão de tempo similar ao observado na redução da ansiedade (Raglin & Morgan, 1987;
Raglin, Turner & Eksten, 1993).
80
A relação entre exercício, pressão arterial e estados de humor e da hipertensão com
ansiedade, depressão e hostilidade tem sido demonstrada em diversos estudos (Coelho et al.,
1988; Lobstein, Mosbacher & Ismail, 1983; Schwartzman & Glaus, 2000; Sloan et al., 1999;
Strawbridge et al., 2002). Os mecanismos pelos quais fatores psicológicos contribuem na
alteração de funções e estruturas fisiológicas ainda são desconhecidos. Entretanto, Sloan et al.
(1999) propõem um modelo psicofisiológico da doença arterial coronariana, teorizando sobre
a interação de fatores fisiológicos e psicológicos no desenvolvimento de uma doença
coronariana. O estudo correlacional de Coellho et al. (1988) mostrou que pacientes
hipertensos exibiam maior ansiedade, depressão e distress do que os normotensos. Da mesma
maneira, pessoas ativas reportam menor depressão, ansiedade e stress do que as sedentárias
(Lobstein, Mosbacher & Ismail, 1983; Hassmén, Koivula & Uutela, 2000). Em hipertensos,
Thirlaway & Benton (1992) verificaram que a participação no exercício, melhor do que a
aptidão física, esteve associada a melhorias no estado de humor. Strawbridge et al. (2002)
reportaram o efeito protetor da atividade física sobre a prevalência e a incidência da depressão
em idosos. Gendola e Krüsken (2001) e Light, Kothandapani & Allen (1998) econtraram uma
maior resposta cardiovascular aos estressores em indivíduos depressivos ou induzidos a um
mal humor do que naqueles normais ou com um humor positivo. Dishman et al. (2000)
encontraram um reduzido tônus vagal em sujeitos que reportavam maior nível de stress diário.
Portanto, a partir de estudos correlacionais, quase-experimentais e prospectivos,
observa-se que existem dados que suportam a relação psicofisiológica entre exercício, pressão
arterial e humor, muitas vezes desconsiderada pelos pesquisadores. A busca pelo bem-estar do
praticante de atividade física passa, necessariamente, pelo entendimento dessa relação de
modo que se possa elaborar programas que respeitem a individualidade biológica e a
simultaneidade mente-corpo. Na próxima seção, é desenvolvida uma investigação que procura
relacionar variáveis psicofisiológicas com o objetivo de verificar o efeito do exercício nessas
81
variáveis, procurando estabelecer parâmetros de prescrição eficazes na promoção da saúde,
considerando a interação mente-corpo de maneira que venha agregar novos conhecimentos à
Psicofisiologia .
82
3. MÉTODO
3.1. Amostra
A amostra constituiu-se de 20 alunos do sexo masculino com idade entre 18 e 38 anos
de uma academia de ginástica da cidade de Três Rios – RJ. No entanto, apenas 18 sujeitos
completaram todas as condições experimentais, passando a constituir a amostra definitiva do
estudo. Os sujeitos foram selecionados aleatoriamente a partir de uma lista de alunos com
experiência de pelo menos 6 meses e com freqüência de treino de 3 a 5 vezes por semana. Os
voluntários responderam um formulário de identificação (Anexo 1) e assinaram um termo de
consentimento (Anexo 2) que continha todas as informações relacionadas aos procedimentos
experimentais.
3.2. Variáveis Independentes e Dependentes
As variáveis independentes, também chamadas de tratamentos, são aquelas
manipuladas pelo pesquisador que influenciam outras variáveis, causando os resultados
(Thomas & Nelson, 2002). No presente estudo, representam o tipo (exercício contraresistência ou corrida) e a intensidade (baixa, alta e auto-selecionada) do exercício.
83
As variáveis dependentes são os efeitos da variável independente, sendo a
conseqüência do tratamento (Thomas & Nelson, 2002). No presente estudo, representam o
estado de humor, representado pelas variáveis tensão, depressão, raiva, vigor, fadiga,
confusão mental e distúrbio total de humor, a pressão arterial e a freqüência cardíaca.
3.3. Delineamento da Pesquisa
Todos os procedimentos metodológicos foram realizados dentro do próprio ambiente
de prática de atividade física dos sujeitos: a academia de ginástica, aumentando a validade
externa do experimento. O delineamento da pesquisa foi de grupo único, onde os mesmos
sujeitos foram submetidos a uma sessão de teste e a sete condições experimentais, realizadas
em dias distintos, com três mensurações do estado de humor, da PA e da FC em cada sessão
(Figura 1). A ordem dos tratamentos foi contrabalançada entre os sujeitos de maneira que não
houvesse interferência nos resultados. Uma das sete condições experimentais foi a de
controle. Um grupo de controle, neste tipo de delineamento, torna-se importante na medida
em que se pretende mostrar a efetividade do exercício na alteração do humor para estabelecer
causalidade. Deste modo, procurou-se delinear um estudo de caráter experimental,
aumentando a validade interna do experimento, através do controle de variáveis
intervenientes, mas também enfatizando a validade externa, realizando o experimento com
praticantes de atividade física, dentro de seu ambiente prático, possibilitando uma maior
generalização dos resultados.
84
3.4. Instrumentos de Medida
O Questionário de Prontidão para a Atividade Física (QPAF) foi usado para a
identificação de quaisquer problemas físicos que pudessem contra-indicar a participação do
indivíduo no estudo. O QPAF tem ampla aplicabilidade nos centros de atividade física, como
um instrumento válido na detecção de contra-indicações para o exercício que poderiam ser
revelados por um breve exame clínico (Anexo 1).
A potência aeróbia máxima (VO2máx) foi estimada a partir de um teste submáximo de
degrau (Katch & McArdle apud Pollock & Wilmore, 1993). Os sujeitos subiam e desciam de
um banco de 41cm de altura, num ritmo de 24 passos por minuto, durante três minutos. A
freqüência cardíaca verificada aos 20 segundos de recuperação após o término do teste era
utilizada na seguinte fórmula de predição: VO2máx (ml/Kg/min) = 111,33 – (0,42 x FC).
O percentual de gordura corporal foi estimado a partir dos fatores idade e soma das
dobras cutâneas torácica, abdominal e coxa (Pollock, Schmidt & Jackson apud Pollock &
Wilmore, 1993).
O estado de humor foi mensurado pelo POMS (Anexo 4) – Perfil dos Estados de
Humor (McNair et al. apud Brandão, 1996), descrito em detalhes na revisão de literatura. O
teste foi aplicado antes e depois de cada sessão de treinamento e novamente após 30 minutos.
Os sujeitos responderam aos itens com a seguinte orientação: “como você está se sentindo
neste exato momento”. Entre o término da sessão e a medida após 30minutos, os sujeitos
permaneceram na academia.
A pressão arterial foi mensurada pelo método auscultatório. Os procedimentos de
medida foram adotados de acordo com Foss & Keteyan (2000). Foi utilizado um estetoscópio
e um aparelho denominado esfigmomanômetro com um manguito inflável de braço conectado
a um marcador aneróide (ponteiro). A medida ocorre através da oclusão arterial pela pressão
85
exercida pelo manguito inflado, correlacionando os batimentos cardíacos auscultados com o
valor registrado pelo ponteiro. A medida da PA foi feita antes, um minuto após e 30 minutos
após o término de cada sessão de exercício, estando o sujeito na posição sentado. Assim que
os sujeitos terminavam a sessão de exercício, eram encaminhados para sala de avaliação para
a mensuração, levando em média 1 minuto para realizar a medida.
A freqüência cardíaca foi mensurada continuamente durante as sessões de corrida,
através de um monitor de freqüência cardíaca (marca Polar, modelo Vantage NV). Foram
consideradas a FC antes da sessão, um minuto após e 30 minutos após o término da sessão.
Para mensurar a percepção de esforço realizado no exercício foi utilizado o Índice de
Esforço Percebido (IEP) - Anexo 3 -, também chamado de Escala de Borg (Borg, 1982), que
requer que os participantes localizem numa escala de 6 a 20 pontos o quanto intenso estão
percebendo o esforço realizado. O objetivo foi comparar as três intensidades e realizar uma
correlação com as variáveis psicofisiológicas. Os participantes avaliaram o IEP após cada
série de cada exercício do ECR e a cada 5 minutos de corrida. Para fins de cálculo do IEP da
sessão de treino, foi utilizada a média dos escores obtidos.
Foi utilizado o teste de 8RM, definido como a carga máxima possível de ser levantada
em oito execuções corretas do movimento, com o objetivo de calcular a carga das sessões de
ECR de alta e de baixa intensidade. Foram realizados os seguintes exercícios: supino, leg
press 45º, desenvolvimento, puxada pela frente, flexão de joelho, rosca direta e tríceps no
pulley, executados conforme recomendações de Manso (1999). Os exercícios foram
escolhidos de modo que representassem um programa básico para a melhoria da força e da
resistência muscular. Foram realizadas, no máximo, 3 tentativas de determinação da carga
para cada exercício, com 3 minutos de intervalo de descanso entre cada tentativa. Apesar do
teste de 1RM ser um dos mais utilizados na determinação da força máxima dinâmica em
86
equipamentos isotônicos, o longo tempo gasto e os riscos de lesão inerentes ao teste levam os
pesquisadores a optarem por testes submáximos, como o de 8RM.
A intensidade relativa da corrida na esteira foi determinada pelo percentual da
freqüência cardíaca máxima. A FCMáx foi estimada a partir da seguinte fórmula: 220 – idade.
De acordo com Raglin et al. (1993), a utilização de métodos padronizados para a prescrição
do exercício, como o consumo de oxigênio, não é a melhor alternativa. Em estudos de
comparação entre ECR e exercício aeróbio, há diferenças entre o pico de consumo de
oxigênio para as duas atividades, sendo menor no ECR do que no exercício aeróbio.
Considerando o risco relativo de um teste máximo para algumas populações, o uso de
equações de predição tem ganhado ampla aceitação, como pode ser observado em vários
estudos (Berger & Owen, 1998; Boutcher & Landers, 1988; Cox et al., 2000; 2001; Flory &
Holmes, 1991; Lane & Lovejoy, 2001; Raglin, Turner & Eksten, 1993; Roth, 1989). Além
disso, foi usado este modo de prescrição por ser o mais comum nas academias, aumentando,
assim, a validade externa do experimento.
Sessão de
Testes
Medidas
Sessões de
Treino
Pré
Sujeitos
Formulários
QPAF
POMS
PA repouso
FC repouso
Peso, Altura
% Gordura
VO2máx
Teste 8RM
- ECR 50%8RM
- ECR 100%8RM
- ECR Auto-Selecionado
POMS
PA
FC
- Corrida 60-65%FCMáx
- Corrida 85-90%FCMáx
- Corrida Auto-Selecionada
POMS
PA
FC
- Controle
POMS
PA
FC
Figura 1: Delineamento do Experimento
Durante
IEP
IEP
FC
-
2’Pós
30’Pós
PA
FC
POMS
POMS
PA
FC
PA
FC
POMS
POMS
PA
FC
POMS
PA
FC
POMS
PA
FC
87
3.5. Coleta de Dados
Na sessão do teste de 8RM, os sujeitos responderam ao QPAF. Nenhum dos
indivíduos apresentou contra-indicação para o exercício. Logo em seguida, estando sentados,
os sujeitos responderam ao POMS pré-teste, seguido pela mensuração da PA e da FC de
repouso. Estes procedimentos tiveram duração aproximada de 10 minutos. Foi realizada,
então, a mensuração das dobras cutâneas, seguida pelo teste submáximo do degrau. Após um
repouso de cinco minutos, os sujeitos foram encaminhados para a sala de ginástica para a
realização do teste de 8RM. Foi realizado um aquecimento de cinco minutos na bicicleta
ergométrica sem resistência no pedal, seguido de exercícios de alongamento estático para a
musculatura envolvida no teste. Ao final do teste, os sujeitos realizaram exercícios de
alongamento. Os dados do POMS da sessão de teste serviram para esclarecimentos sobre o
questionário e para traçar o perfil de humor dos sujeitos juntamente com as medidas das
condições experimentais.
3.6. Tratamentos
Após a sessão de teste, os voluntários foram submetidos a sete condições
experimentais, realizadas em dias distintos: 1) ECR com intensidade de 50% de 8RM 2) ECR
com intensidade de 100% de 8RM 3) ECR com intensidade auto-selecionada 4) Corrida na
esteira com intensidade de 60-65% da FCMáx 5) Corrida na esteira com intensidade de 8590% da FCMáx 6) Corrida na esteira com intensidade auto-selecionada e 7) Controle.
88
A hipótese da pesquisa não foi informada aos sujeitos, os quais realizaram os treinos
numa ordem contrabalançada, intercalados por pelo menos um dia, sempre no mesmo horário
do dia, entre 14 e 19h. Nesses dias, foi pedido a eles que não se exercitassem e não ingerissem
álcool ou café antes das sessões. O percentual de carga das sessões 1 e 2 de ECR foi calculado
de modo que elas tivessem o mesmo volume total de carga levantada. Então, durante a sessão
de 50% de 8RM os sujeitos realizaram três séries de cada exercício com 16 repetições, usando
um intervalo de recuperação de um minuto entre cada série e exercício; durante a sessão de
100% de 8RM, os sujeitos realizaram três séries de cada exercício com oito repetições por
série, usando um intervalo de recuperação de um minuto e trinta segundos entre cada série e
exercício; durante a sessão de ECR auto-selecionado, os sujeitos escolheram a carga e o
número de repetições para cada exercício assim como o intervalo de recuperação. Foi
sugerido apenas que não fizessem um treino muito intenso, mas “um treino em que se
sentissem bem”. Nas sessões de corrida, os sujeitos correram durante 30min numa intensidade
de 60-65% da FCMáx na sessão 4 e de 85-90% da FCMáx na sessão 5. Na sessão 6, os
sujeitos correram durante 30min, numa intensidade auto-selecionada, onde escolheram a
velocidade de corrida. Houve um aquecimento de três minutos para a determinação da
velocidade de corrida necessária para atingir a intensidade prescrita. Na sessão 7 de controle,
os sujeitos foram para a academia, mas não realizaram exercício. Nesta sessão, as variáveis
foram mensuradas antes, depois de 30 minutos e novamente após 30minutos.
Nas sessões de exercício, os sujeitos inicialmente foram encaminhados para uma sala
para responderem ao POMS pré-treino, mensurar a PA e a FC. Logo em seguida, foi realizado
um aquecimento de três minutos na bicicleta ergométrica sem resistência no pedal, seguido de
exercícios de alongamento estático para a musculatura envolvida na sessão de ECR; para a
corrida na esteira, foi realizado alongamento para os membros inferiores e aquecimento de
três minutos. Ao final das sessões, os sujeitos foram encaminhados para a sala de avaliação,
89
onde foi mensurada a FC e a PA, seguido da resposta ao POMS pós-treino. Então, os sujeitos
permaneceram na academia por 30min, quando novamente foi mensurada a PA, a FC e o
POMS. Durante as sessões de treino, os sujeitos responderam ao IEP a cada cinco minutos
(corrida) e ao final de cada série de cada exercício (ECR). O tempo entre o término das
sessões de exercício e a mensuração da FC e da PA pós-exercício foi de dois minutos.
3.7. Análise Estatística
Realizou-se uma análise descritiva dos dados, usando a média e o desvio-padrão como
medidas de tendência central e de variabilidade dos dados, respectivamente. Foi realizada
uma Análise de Variância (ANOVA) com um fator entre as médias de cada variável do humor
pré-teste e pré-treino, para verificar a equivalência do estado de humor dos sujeitos nas oito
situações do experimento (uma sessão de teste, seis de exercício e uma de controle). Uma
Análise de Variância (ANOVA) com um fator foi realizada entre as médias da carga total de
peso levantado e da percepção de esforço das três sessões de exercício contra-resistência de
modo a verificar a equivalência do volume de carga entre as sessões, bem como a intensidade
subjetiva; a mesma análise foi feita com a velocidade de corrida na esteira e a percepção de
esforço. Um teste t simples foi usado parar comparar as médias do estado de humor da
amostra com os dados normativos da população. A correlação de Pearson foi usada para
relacionar o estado de humor pré-treino, a percepção de esforço e as variáveis fisiológicas.
Uma Análise Multivariada de Variância (MANOVA) com medidas repetidas foi usada para
testar a interação tipo x intensidade do exercício na alteração do humor, bem como testar os
efeitos principais. Quando a análise multivariada detectou efeito significativo, foi usada uma
90
ANOVA de medidas repetidas, ajustada pelo teste de Bonferroni, seguida pelo teste post-hoc
de Scheffé para testar as diferenças específicas entre os grupos. A determinação do fator F das
análises foi feita a partir do lambda de Wilks. Quando o pressuposto de esfericidade não foi
assumido, foi usado o valor de ajuste fornecido pelo teste Greenhouse-Geiser. Em todas as
análises, utilizou-se o nível de confiança de 95% e o teste de hipótese bi-caudal.
3.8. Plano Piloto
Para testar todos os métodos a serem utilizados, foi realizado um estudo piloto entre os
dias 03 e 27 de outubro de 2002, que se caracterizou pelos seguintes dados:
-
amostra de 10 sujeitos do sexo masculino. Cinco deles participaram da amostra
definitiva;
-
os sujeitos foram submetidos a uma sessão de teste de 9RM e a quatro condições
experimentais: ECR com 100%9RM e 66,7%9RM e corrida na esteira a
60%FCMáx e a 80%FCMáx;
-
A intensidade do exercício aeróbio foi prescrita somente pelo percentual da
freqüência cardíaca estimada pela idade.
A partir do plano piloto, alguns pontos foram alterados, como o teste de carga (9RM
para 8RM), quantidade (4 para 6 tratamentos) e intensidade dos tratamentos (100% e
66,7%9RM para 100 e 50% 8RM e auto-selecionado; 60 e 80%FCMáx para 60-650 e 8590%%FCMáx e auto-selecionado). O objetivo foi acentuar as diferenças entre as intensidades,
uma vez que esse estudo piloto não reportou influência da intensidade na alteração do humor,
e contrastar a intensidade prescrita com a intensidade auto-selecionada.
91
4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Os resultados serão apresentados seguidos pela sua interpretação, de forma a facilitar a
leitura e o entendimento do presente estudo. Inicialmente, serão apresentados dados
descritivos da amostra utilizada; posteriormente, serão apresentados dados referentes à
intensidade de esforço e a equivalência das variáveis psicofisiológicas antes das diferentes
condições experimentais; finalmente, serão apresentados os resultados referentes ao efeito dos
tratamentos nas variáveis psicofisiológicas bem como as correlações encontradas.
4.1. Dados Descritivos
Nesta seção, serão apresentados os dados relativos à caracterização da amostra (Tabela
3), à carga de treinamento no exercício contra-resistência (Gráfico 1), à velocidade de corrida
na esteira (Gráfico 2), à percepção de esforço nos diferentes treinos (Gráfico 3) e se há
equivalência dos grupos nas variáveis psicofisiológicas no início dos tratamentos. Na Tabela
4, são apresentados os dados descritivos dessas variáveis antes, após e 30min após as sessões.
Tabela 3 Características antropométricas e funcionais dos sujeitos
Variável
Média e Desvio-padrão
Idade (anos)
22,4 ± 6,5
Peso (Kg)
72,3 ± 11
Estatura (cm)
176,7 ± 7,8
Gordura Corporal (%)
10,3 ± 6,5
VO2máx (ml/Kg/min)
51,9 ± 5,9
Pressão Arterial Sistólica de repouso (mmHg)
117,2 ± 6,4
Pressão Arterial Diastólica de repouso (mmHg)
68,3 ± 7,6
Freqüência Cardíaca de repouso (bpm)
68,5 ± 6,3
Experiência com exercício (meses)
12,1 ± 8,1
92
Tabela 4: Média e Desvio-Padrão das variáveis psicofisiológicas antes, após e 30min após
cada condição experimental
Variávies
Tensão
Pré
Pós
Pós 30’
Depressão
ECR Auto- Corrida 60- Corrida 85Corrida
ECR 50% ECR 100% Selecionado
65%
90%
AutoControle
8RM
8RM
FCMáx
FCMáx
Selecionada
Média SD Média SD Média SD Média SD Média SD Média SD Média SD
6,2
6,4
5,6
4,7
3,6
4,0
5,9
6,9
6,0
3,1
3,2
2,9
5,4
6,1
6,0
4,7
5,0
4,8
5,1
5,7
5,0
3,1
3,1
2,6
5,9
6,1
5,4
5,0
4,1
3,7
5,5
6,2
4,9
3,8
3,4
3,6
5,4
5,0
5,2
4,0
3,7
4,4
Pré
Pós
Pós 30’
Raiva
2,6
2,6
2,4
4,0
3,9
3,2
2,1
2,7
2,7
4,5
4,6
4,3
2,6
2,7
3,7
5,7
6,5
8,2
2,3
1,4
1,9
4,1
2,6
2,7
2,0
2,0
1,8
3,0
3,6
2,4
1,1
1,5
1,5
1,9
2,2
2,2
1,7
1,5
1,5
2,6
2,8
2,4
Pré
Pós
Pós 30’
Vigor
4,9
4,4
4,5
4,4
4,3
4,5
3,4
3,5
3,5
3,4
2,7
3,4
4,1
3,9
4,7
4,2
5,5
5,9
3,9
3,0
2,5
2,3
2,4
1,7
3,6
3,9
3,2
3,7
3,2
2,2
3,2
2,7
2,4
2,4
2,5
2,2
2,9
2,9
2,9
2,0
2,3
2,2
Pré
Pós
Pós 30’
Fadiga
18,4
16,5
16,8
5,0
6,2
7,4
20,6
15,7
15,9
5,1
8,0
7,3
20,5
18,0
17,5
6,4
7,0
7,2
19,8
17,7
19,1
5,1
6,5
6,4
19,6
17,4
17,7
6,9
6,4
5,2
19,9
17,5
18,0
6,0
7,2
7,3
20,5
19,6
19,7
4,1
4,7
4,5
Pré
Pós
Pós 30’
Confusão
3,4
7,5
5,3
3,7
5,8
4,6
2,3
8,1
5,7
2,4
4,8
5,0
3,7
5,7
5,1
4,3
5,2
5,8
2,4
3,7
3,6
2,1
3,0
2,7
2,6
6,5
5,6
3,5
5,1
5,2
1,7
4,9
4,1
1,7
4,7
4,6
2,7
2,7
2,9
2,8
2,8
2,6
Pré
Pós
Pós 30’
Distúrbio do
Humor
Pré
Pós
Pós 30’
PAS
2,8
3,4
3,1
2,2
3,0
2,6
2,6
2,7
3,6
2,8,
2,0
2,8
3,0
3,2
3,0
3,3
3,9
3,9
2,4
2,1
2,3
2,0
1,7
1,6
3,0
3,0
2,9
2,6
2,6
3,0
2,0
3,0
2,2
1,5
2,9
2,4
2,2
2,2
2,7
2,8
3,1
3,2
101,6 18,3 95,8 15,6 98,4 21,4
107,9 19,6 108,3 20,2 103,7 26,0
104,1 20,6 105,7 20,2 105,1 27,4
95,7
98,2
96,3
13,5 97,5 18,2 93,6 11,4
12,4 104,2 17,8 100,9 16,2
10,8 101,3 16,2 97,2 16,2
94,7
94,9
95,6
11,9
13,0
12,6
Pré
Pós
Pós 30’
PAD
120,8 8,8 122,2 8,1 121,4 8,3 122,7 9,5 121,6 9,4 123,3 9,3 119,5 9,5
135,0 13,5 135,0 11,7 136,4 12,8 139,4 13,1 149,4 13,7 145,5 12,0 118,4 10,0
113,0 12,0 111,9 8,6 113,6 11,6 112,5 9,2 112,2 11,1 113,7 9,6 118,1 8,4
Pré
Pós
Pós 30’
FC
71,4
67,4
70,5
7,8
7,3
6,9
71,1
71,8
71,5
4,4
6,2
5,0
Pré
Pós
Pós 30’
78,3 10,5 74,3 10,4 76,1 7,6 77,3 9,0 76,5 11,9 73,5 8,1
103,6 11,5 106,2 12,0 112,9 11,6 110,1 16,6 139,7 22,2 129,0 21,4
83,4 11,6 82,7 9,5 84,0 12,2 78,5 10,3 91,1 11,8 85,5 10,8
74,7
73,5
73,2
12,5
12,7
10,2
6,3
6,2
5,1
72,5
67,5
67,5
7,7
8,4
6,4
71,1
68,0
69,2
5,3
10,6
7,8
72,1
68,6
67,5
7,1
7,8
8,9
70,5
67,7
68,4
7,8
9,1
7,6
73,9
67,2
69,7
93
Carga - Kg
16000
14000
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
ECR 50%8RM
ECR 100%8RM
ECR Auto-Selecionado
Gráfico 1: Média e Desvio-Padrão da carga de treino levantada em cada sessão de exercício
contra-resistência.
Nas sessões de exercício contra-resistência de alta e de baixa intensidade (100% e
50% de 8RM, respectivamente), o volume foi o mesmo (total de carga levantado na sessão),
de modo que aumentasse o efeito da intensidade do treino, como sugerido por Shephard
(2001). Observa-se, nos estudos anteriores, que não havia esta preocupação de forma que uma
sessão de menor intensidade poderia ter uma maior quantidade de carga levantada,
dependendo do número de repetições realizadas, e isso poderia influenciar os resultados. Este
controle do volume de treinamento, entretanto, não seria possível no treino auto-selecionado,
uma vez que os próprios sujeitos escolhiam a carga de treino. Mesmo assim, a ANOVA com
um fator revelou que não houve diferença significativa entre o volume de carga das três
sessões de exercício contra-resistência (p>0,05), confirmando a diferença entre as
intensidades (Gráfico 1). No entanto, outros fatores devem ser considerados na análise da
intensidade do exercício contra-resistência, como o tempo de tensão e o aspecto metabólico
de cada tipo de treino. Estes fatores serão discutidos na sessão sobre os efeitos da intensidade
no estado de humor.
94
Vel. (Km/h)
14
12
10
8
6
4
2
0
*
*
*
Corrida 60-65%FCMáx Corrida Auto-selecionada Corrida 85-90%FCMáx
Gráfico 2: Média e desvio-padrão da velocidade em cada sessão de corrida na esteira.
* = diferença significativa (p<0,05) entre as três sessões.
FC (bpm)
200
160
*
*
120
80
40
0
Corrida 60-65%FCMáx Corrida Auto-Selecionada Corrida 85-90%FCMáx
Gráfico 3: Média e desvio-padrão da freqüência cardíaca média de cada sessão de corrida.
* = diferença significativa (p<0,05) entre as três sessões.
Nas sessões de corrida, a duração do treino foi a mesma para todas as sessões (30min),
de maneira que o fator variável fosse a intensidade. Quando representada objetivamente pela
velocidade média de corrida e pela freqüência cardíaca média dos sujeitos durante o treino,
houve diferença significativa entre a intensidade das três sessões (p<0,05). Como se observa
no Gráfico 2, a média de velocidade no treino de 60-65% da FCMáx (7,3 Km/h) foi menor
que a do treino Auto-Selecionado (9,1Km/h), as quais foram menores que a do treino a 8590% FCMáx (10,7Km/h). No Gráfico 3, verifica-se que a freqüência cardíaca média no treino
de 60-65% da FCMáx (130bpm) foi menor que a do treino Auto-Selecionado (150bpm) as
quais foram menores que a do treino a 85-90% FCMáx (171bpm).
95
IEP
20
15
10
*
*
*
♦
♦
5
0
ECR
50%8RM
ECR AutoSelecionado
ECR
100%8RM
Corrida 6065%FCMáx
Corrida AutoSelecionada
Corrida 8590%FCMáx
Gráfico 4: Média e desvio-padrão do Índice de Esforço Percebido (IEP) das sessões
(* = diferença significativa (p<0,05) entre as três sessões de ECR; ♦= diferença significativa (p<0,05) em
relação ao treino 85-90%FCMáx).
O IEP foi usado na mensuração da percepção da intensidade dos treinos pelos sujeitos.
Uma ANOVA com um fator mostrou diferença de intensidade entre as sessões (Gráfico 4). A
percepção da intensidade entre as sessões de ECR foi diferente significativamente (p<0,05). A
sessão de ECR com 100% de 8RM teve IEP = 15,9; ECR Auto-Selecionado igual a 13,5; e o
ECR com 50% de 8RM igual a 11,7, caracterizando alta, moderada e baixa intensidade,
respectivamente, de acordo com o American College of Sports Medicine (1998).
Nas sessões de corrida, não houve diferença significativa entre as sessões de 60-65%
da FCMáx (IEP = 11,2) e Auto-Selecionada (IEP = 12,3). No entanto, de acordo com a
classificação proposta pelo ACSM (1998), os treinos podem ser classificados como de baixa e
moderada intensidade, respectivamente. A intensidade média no treino auto-selecionado foi
de 75,4% da FCMáx, confirmando o caráter de treino de moderada intensidade. O IEP na
corrida de 85-90% FCMáx foi de 15,2, sendo diferente estatisticamente das outras duas
sessões (p<0,05), caracterizando um treino de alta intensidade. Foi encontrada uma correlação
de 0,75 entre a FC média e o IEP nas sessões de corrida, mostrando uma boa relação entre
estas variáveis (p<0,01), como relatado por Morgan (1982).
96
No treino auto-selecionado, observou-se que os sujeitos escolhiam uma intensidade
moderada de esforço, o que suporta os resultados de outros estudos (Dishman, Farquhar &
Cureton, 1994; Koltyn et al., 1995; Raglin & Morgan, 1987).
O IEP mostrou-se um
instrumento útil e fidedigno na determinação da intensidade de esforço, uma vez que os
sujeitos perceberam a diferença entre as intensidades. Este resultado demonstra a importância
do uso de medidas de percepção de esforço na prescrição do exercício. Segundo Borg (1982),
um indivíduo pode ter percepções diferentes em dois treinos com a mesma intensidade
objetiva já que num dia ele pode se sentir bem, durante um treino a 150bpm e, no outro, se
sentir mal, como resultado de fatores físicos e emocionais negativos. Esta integração de
fatores fisiológicos e psicológicos na determinação da percepção de esforço reflete a natureza
psicofisiológica do fenômeno. de maneira que o IEP deve ser visto dentro de um contexto
mente-corpo (Morgan, 1994). Tuson, Sinyor & Pelletier (1995), por exemplo, verificaram
uma melhoria do humor somente quando a intensidade foi mensurada de forma subjetiva, ao
contrário de quando foi medida de forma objetiva (%VO2máx), afirmando que a intensidade
percebida pode ser uma maior preditora de mudanças afetivas após o exercício do que a
intensidade objetiva. Por isso, o treino intenso nem sempre é ruim para o estado de humor.
Um treino intenso pode não ser tão intenso quanto pareça, podendo ser bom para a regulação
do humor se percebido como agradável ou se for o tipo preferido para o sujeito.
Portanto, constatou-se que os treinos de corrida e ECR tiveram intensidade alta,
moderada e baixa. A caracterização da intensidade obteve consistência tanto nos parâmetros
fisiológicos, através do percentual de força do teste de 8RM, da velocidade média e da
freqüência cardíaca, quanto psicofisiológico, através do Índice de Esforço Percebido. Em
média, a percepção de esforço variou de aproximadamente 11 a 16 na Escala de Borg, que
fisiologicamente corresponde a uma variação de 54 a 89% da FCMáx.
97
4.2. Perfil de Humor, Pressão Arterial e Freqüência Cardíaca da amostra
Nos estudos de caráter agudo, torna-se importante verificar o perfil típico das variáveis
de interesse para que os resultados sejam representativos. As medidas repetidas fornecem esta
possibilidade e verificam se os valores pré-treino são equivalentes. Dessa forma, foi realizado
um teste de diferença de médias entre os fatores do estado de humor, com o objetivo de
identificar possíveis diferenças nessas variáveis antes de cada condição experimental e traçar
o perfil típico de humor da amostra. Uma ANOVA com um fator revelou que não houve
diferença significativa entre as médias das variáveis do estado de humor pré-teste e pré-treino
(p>0,05), de modo que houve equivalência nessas variáveis nas diferentes condições
experimentais, representando o perfil de humor típico da amostra (Gráfico 5). Da mesma
maneira, não houve diferença para PAS, PAD e FC antes dos tratamentos (p>0,05).
O perfil de humor da amostra mostrou o perfil iceberg, proposto por Morgan (1980),
como representativo de uma saúde mental positiva. O Teste de Student, de comparação com a
média da população, revelou que o perfil de humor dos sujeitos mostrou-se mais positivo
quando comparado com os dados normativos de praticantes de atividade física, fornecidos por
Terry & Lane (2000). Os fatores negativos (tensão, depressão, raiva, fadiga e confusão
mental) foram mais baixos e o fator positivo (vigor) foi mais alto, mostrando que os sujeitos
tinham um perfil de saúde mental bastante positivo que certamente influenciou os resultados.
Portanto, apesar de alguns estudos sugerirem a utilização das medidas pré-treino como
co-variáveis (McGowan, Pierce & Jordan, 1991; Roth, 1989; Toskovic, 2001; Turner, Rejeski
& Brawley, 1997), não houve diferença significativa (p>0,05) entre os valores iniciais das
variáveis dependentes nas diferentes condições experimentais, demonstrando uma
homogeneidade do perfil de humor e das variáveis fisiológicas da amostra no decorrer dos
diferentes dias de mensuração e sustentando a análise estatística realizada.
98
30
25
ECR 50% 8RM
ECR 100% 8RM
20
ECR Auto-Sugerido
Corrida 60-65% FCMáx
Corrida 85-90% FCMáx
Corrida Auto-Sugerida
15
10
Controle
5
0
Tensão
Depressão
Raiva
Vigor
Fadiga
Confusão
Gráfico 5: Média e desvio-padrão do perfil dos estados de humor dos sujeitos antes das
diferentes condições experimentais.
30
25
ECR 50% 8RM
ECR 100% 8RM
20
ECR Auto-Sugerido
Corrida 60-65% FCMáx
15
Corrida 85-90% FCMáx
10
Corrida Auto-Sugerida
Controle
5
0
Tensão
Depressão
Raiva
Vigor
Fadiga
Confusão
Gráfico 6: Média e desvio-padrão do perfil dos estados de humor dos sujeitos após diferentes
condições experimentais.
30
25
ECR 50% 8RM
ECR 100% 8RM
20
ECR Auto-Sugerido
15
Corrida 60-65% FCMáx
Corrida 85-90% FCMáx
10
Corrida Auto-Sugerida
Controle
5
0
Tensão
Depressão
Raiva
Vigor
Fadiga
Confusão
Gráfico 7: Média e desvio-padrão do perfil dos estados de humor dos sujeitos após 30min do
término de diferentes condições experimentais.
99
4.3. Efeito da Intensidade e do Tipo do Exercício sobre as Variáveis Psicofisiológicas
Para testar a interação entre o tipo e a intensidade do exercício sobre os estados de
humor, a pressão arterial e a freqüência cardíaca, bem como os efeitos principais, foi realizada
uma MANOVA 2 (tipo: corrida e ECR) x 3 (intensidade: baixa, alta e auto-selecionada) x 3
(medida: pré, pós e pós 30min) com medidas repetidas no último fator. Não houve interação
tipo-intensidade-medida, nem tipo-intensidade ou intensidade-medida (p>0.05), mostrando
que as alterações nas variáveis psicológicas e fisiológicas foram independentes da intensidade
do exercício. A análise multivariada revelou um efeito significativo para o tipo de exercício
(F9, 94 = 3,02; p=0,003; poder = 0,96), para o fator medida (F18, 85 = 64,56; p=0,00; poder =
1,00) e para a interação tipo-medida (F18, 85 = 3,94; p=0,00; poder = 1,00).
Para verificar quais variáveis eram as responsáveis por estes efeitos, foi realizada uma
ANOVA 2x3x3 com medidas repetidas no último fator, para cada variável, ajustada pelo teste
de Bonferroni, como forma de diminuir a probabilidade de incorrer no erro do Tipo 1, muito
comum quando se analisam muitas variáveis sem a correção do nível de confiança. O erro do
Tipo 1 é aceitar que há diferença entre os grupos quando ela não existe (Thomas & Nelson,
2001). Quando o mesmo grupo é testado várias vezes sem corrigir o nível de confiança, há
uma maior probabilidade de cometer este erro, aceitando uma diferença que não existe.
Como pode ser observado na Tabela 5, a análise univariada revelou diferenças
significativas na Pressão Arterial Sistólica e na Freqüência Cardíaca em função do tipo do
exercício. Entre as medidas, foram reveladas diferenças significativas para os fatores Tensão,
Vigor, Fadiga, Distúrbio Total de Humor, Pressão Arterial Sistólica, Pressão Arterial
Diastólica e Freqüência Cardíaca. Na interação tipo-medida, observaram-se diferenças
significativas para os fatores Pressão Arterial Sistólica e Freqüência Cardíaca. Foi observado
também um efeito significativo da intensidade, apenas no fator Freqüência Cardíaca (p<0,05).
100
Os efeitos principais e as interações sobre as variáveis serão discutidos separadamente
para facilitar a compreensão dos resultados.
Tabela 5: Resultados da análise estatística univariada dos efeitos principais sobre as variáveis
dependentes
Efeito
Tipo do Exercício
Variáveis
Pressão Arterial Sistólica
Freqüência Cardíaca
gl
1 / 102
1 / 102
F
3,96
15,2
p
0,05
0,00
Poder
0,50
0,97
Medida
Tensão
Vigor
Fadiga
Distúrbio Total de Humor
Pressão Arterial Sistólica
Pressão Arterial Diastólica
Freqüência Cardíaca
1,8 / 185,6
1,7 / 172,3
1,7 / 174
1,6 / 163,8
1,8 / 182,9
2 / 204
1,7 / 174,2
4,15
23,3
57,1
30,4
380,9
20,9
393,3
0,02
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,70
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
1,00
Tipo-Medida
Pressão Arterial Sistólica
Freqüência Cardíaca
1,8 / 182,9
1,7 / 174,2
12,9
123,2
0,00
0,00
0,99
1,00
Freqüência Cardíaca
2 / 102
5,41
0,00
0,83
Intensidade
4.3.1. Estado de Humor
De acordo com a análise estatística realizada, as sessões de exercício promoveram
mudanças significativas nas variáveis tensão, vigor, fadiga e distúrbio total de humor,
independente do tipo e da intensidade de esforço (Gráficos 8 e 9), ao contrário da situação de
controle que não promoveu mudanças significativas (Gráfico 10). O resultado será discutido
baseado na literatura, considerando as diferenças metodológicas, as características da amostra
e do instrumento e a não influência do tipo e da intensidade nas respostas psicológicas.
101
Pontos
25
20
*
15
*
pré-treino
pós-treino
10
30'pós-treino
♦
*
5
*
0
Tensão
Depressão
Raiva
Vigor
Fadiga
Confusão
Gráfico 8: Efeito de diferentes condições de exercício sobre as variáveis do humor
(p<0,01 *: diferente em relação ao pré-treino; **: diferente em relação ao pré e pós-treino; p<0,05 ♦: diferente
em relação ao pós-treino).
Pontos
110
*
*
105
pré-treino
pós-treino
100
30'pós-treino
95
90
Humor Total
Gráfico 9: Efeito de diferentes condições de exercício sobre o distúrbio total de humor
(p<0,01 *: diferente em relação ao pré-treino; **: diferente em relação ao pré e pós-treino).
Pontos
25
20
Pré
15
Pós
Pós 30min
10
5
0
Tensão
Depressão
Raiva
Vigor
Fadiga
Confusão
Gráfico 10: Média e Desvio Padrão das variáveis do Estado de Humor pré, pós e 30min após
uma situação de controle sem exercício.
102
Em relação ao estado de humor, os resultados encontrados contrariam grande parte da
literatura, uma vez que não mostraram uma melhoria do humor logo após as sessões de
exercício. Os resultados significativos sobre cada variável serão apresentados e,
posteriormente, serão discutidos seus possíveis determinantes.
No presente estudo, o efeito agudo do exercício revelou uma diminuição da tensão
após 30min do término das sessões em relação ao valor pós-treino, o qual estava ligeiramente
maior do que o valor pré-treino. Segundo Ekkekakis & Petruzzello (1999), a tensão é um
estado de ativação desagradável, não requerendo avaliação cognitiva, ao contrário da
ansiedade. Segundo estes autores, o aumento do nível de tensão pós-exercício deve-se a uma
maior ativação, gerada pela maior atividade metabólica. Entretanto, Hall, Ekkekakis &
Petruzzello (2002) verificaram que logo após o término do exercício há uma diminuição da
ativação e um aumento do estado afetivo positivo, o que não foi verificado no presente estudo.
No exercício contra-resistência, Coelho (2003) observou um aumento de tensão póstreino seguido de uma diminuição ao nível inicial após 20min. Os resultados do presente
estudo muito se assemelham aos deste autor. Da mesma maneira, Focht & Koltyn (1999)
observaram esta tendência, sendo que a tensão diminuía abaixo do valor inicial, a partir dos
20min do término do exercício, alcançando os menores valores após 3h. Provavelmente, o
tempo de mensuração após 30 minutos do término da sessão não foi suficiente para detectar
uma redução significativa da tensão em relação ao valor pré-treino. Após um período de
treinamento intenso, encontraram aumentos da tensão em atletas. No entanto, os resultados
dos estudos de Focht & Koltyn (1999), Morgan et al. (1988) e O’Connor, Morgan & Raglin
(1991) não foram estatisticamente significativos.
O aumento da tensão juntamente com o aumento da pressão arterial e da freqüência
cardíaca pós-treino, verificado após as sessões, e o padrão observado após 30 minutos do
término do exercício de redução dessas variáveis suportam as considerações destes autores.
103
Especula-se que, na amostra estudada, o processo de recuperação ou de percepção de
melhoria do estado psicológico possa ser mais lento.
Os resultados encontrados dão suporte para a diferenciação entre tensão e ansiedade,
uma vez que esta é uma emoção que depende de avaliação cognitiva da situação. Boutcher &
Landers (1988), por exemplo, não encontraram redução da tensão, mensurada pelo POMS,
após uma sessão de corrida a 80% FCmáx, ao contrário da ansiedade, que foi menor após o
exercício. Craemer, Nieman & Lee (1991) também encontraram diminuição da ansiedade e
aumento de bem-estar psicológico, mas nenhuma alteração nos escores do POMS após 15
semanas de exercício aeróbio. Estes resultados podem ser devido ao nível inicial dessas
variáveis ou à sensibilidade do instrumento utilizado, como será discutido.
Foi observado um aumento significativo de fadiga pós-treino, seguido de uma
diminuição após 30min, mas ainda maior do que o valor pré-treino. Alguns estudos suportam
este achado (Coelho, 2003; Focht & Koltyn, 1999; McGowan, Talton & Thompson, 1996;
McGowan, Pierce & Jordan, 1991; Morgan et al., 1988; O’Connor, Raglin & Morgan, 1991).
Embora o fator fadiga do POMS considere tanto a fadiga física quanto a psicológica, o
aumento de fadiga encontrado no presente estudo parece ter representado o aspecto físico
mais do que o mental. Qualquer atividade física proporciona um desgaste físico que é
proporcional, entre outras variáveis, ao nível de esforço. Observou-se que o nível de fadiga
após os treinos mais intensos era maior do que dos treinos menos intensos, embora as
diferenças não tenham sido significativas. Como a fadiga relacionou-se inversamente com o
vigor, era de se esperar que o vigor diminuísse após o exercício, como foi observado.
O vigor diminuiu após as sessões de treino, mantendo-se mais baixo que o valor prétreino até 30min. Focht & Koltyn (1999), McGowan, Talton & Thompson (1996), Morgan et
al. (1988), O’Connor, Morgan & Raglin (1991), Pronk (1995) e Roth (1989), utilizando uma
amostra de indivíduos saudáveis, também verificaram uma redução no vigor e um aumento de
104
fadiga após o exercício. Estes estudos, no entanto, utilizaram altas intensidades de treino,
sendo que, em alguns, a diferença não foi significativa (Roth, 1989; McGowan, Talton &
Thompson, 1996). Semelhante à tendência que foi observada no presente estudo, Coelho
(2003) verificou uma diminuição significativa do vigor após treinos com 85% de 1RM e não
significativa para treinos com 50%. Uma das diferenças entre o presente estudo e o de Coelho
(2003) foi a diferença entre as intensidades. Coelho (2003) destacou a diferença entre a
intensidade alta e a baixa, realizando um treino recuperativo a 50% de 1RM com poucas
repetições, não havendo falha concêntrica momentânea nas últimas repetições. Focht &
Koltyn (1999) observaram que apesar da redução do vigor após o treino, ele aumentava acima
do valor inicial após 60min, permanecendo elevado até 3h, embora não fosse significativo.
Em conseqüência do aumento de tensão e de fadiga e da diminuição do vigor, o
distúrbio total de humor aumentou significativamente após o exercício, denotando uma piora
relativa do estado de humor, mas diminuindo 30 minutos depois em relação ao pós-treino,
mostrando uma tendência de recuperação ao longo do tempo. Este resultado suporta os
achados de estudos que utilizaram treinos de alta intensidade ou períodos de treinamento
intenso (Morgan et al.,1988; O’Connor, Morgan & Raglin, 1991; Pronk, 1995). As outras
variáveis (depressão, raiva e confusão mental) mantiveram-se inalteradas, corroborando
outros estudos que verificaram que essas variáveis são menos sensíveis ao exercício agudo
(Flory & Holmes, 1991; O’Connor, Morgan & Raglin, 1991; Steptoe & Cox, 1988).
Portanto, foi demonstrado que uma sessão aguda de exercício promove alterações no
estado de humor. Por outro lado, essas alterações não aconteceram no sentido que a grande
maioria da literatura mostra, ou seja, da melhoria do estado de humor após o exercício. Os
resultados sobre a tensão, o vigor, a fadiga e o distúrbio total de humor mostraram que há um
decréscimo no estado de humor dos sujeitos, seguido de uma tendência de recuperação ao
longo do término da sessão. Além das diferenças metodológicas em relação aos outros
105
estudos dessa natureza, os resultados do presente estudo sugerem que o nível inicial das
variáveis, a sensibilidade do instrumento e a individualidade na resposta psicológica ao
exercício foram fatores que influenciaram nos efeitos psicológicos do exercício.
- Nível Inicial das Variáveis e Alterações no Estado de Humor
Em geral, admite-se que o exercício promove alterações positivas no estado de humor
tanto agudas quanto crônicas. Entretanto, a melhoria do humor após o exercício pode ser
influenciada pelo perfil de humor dos sujeitos. Nelson & Morgan (1994) não encontraram
alterações no humor de sujeitos não-depressivos quando comparados com depressivos. Lane
& Lovejoy (2001) reportaram maiores benefícios psicológicos para os indivíduos com
maiores valores de depressão na escala do POMS. Os indivíduos depressivos possuíam
maiores valores de tensão, raiva, fadiga, confusão mental e menor vigor antes do exercício do
que os sujeitos com baixos valores para depressão e, por isso, melhoravam mais após a
atividade. Werneck & Ribeiro (2002) também observaram que a melhoria do humor após uma
sessão de voleibol recreativo não foi significativa em função do perfil da amostra.
Outros estudos também demonstram que o benefício psicológico é maior nos sujeitos
com maior distúrbio de humor (Gauvin, Rejeski & Norris, 1996; Nabetani & Tokunaga, 2001;
Tuson, Sinyor & Pelletier, 1995). Tuson, Sinyor & Pelletier (1995) verificaram que nem todos
os sujeitos experimentaram mudanças positivas após uma sessão de corrida de modo que nos
sujeitos com alto humor positivo antes do treino, houve uma tendência de os valores serem
menores após o treino. Coelho (2003), apesar de ter encontrado um efeito prejudicial sobre o
estado de humor após sessão de ECR com alta intensidade, não verificou melhoria do humor
106
após a sessão de menor intensidade, pois a amostra estudada também demonstrava um perfil
de humor positivo.
A amostra utilizada no presente estudo demonstrou um perfil de humor melhor do que
os dados normativos da população praticante de atividade física (Terry & Lane, 2000) e
manteve o perfil de saúde mental, caracterizado nas duas medidas após o exercício (Gráficos
6 e 7). Os sujeitos mostraram valor pré-treino de vigor maior e valores de tensão, fadiga e
distúrbio total de humor menores do que das amostras de outros estudos, os quais verificaram
efeitos positivos nessas variáveis (Berger & Owen, 1998; Fechio & Brandão, 1997; Focht &
Koltyn, 1999; Hatfield et al., 1988; Kraemer et al., 1990; Maroulakis & Zervas, 1993;
McGowan, Pierce & Jordan, 1991; McGowan, Talton & Thompson, 1996; Roth, 1989;
Toskovic, 2001). Este efeito é reportado na literatura como efeito teto, ou seja, quanto pior o
estado de humor maior é a probabilidade de melhoria e vice-versa (Gauvin, Rejeski & Norris,
1996; Lane & Lovejoy, 2001; Nabetani & Tokunaga, 2001; Parfitt, Rose & Markland, 2000;
Tuson, Sinyor & Pelletier, 1995). Dessa forma, os sujeitos do presente estudo tinham duas
possibilidades: permanecer igual ou piorar, pois apresentavam um perfil bastante positivo.
Poucos estudos têm verificado a influência dos escores iniciais de humor nas
alterações induzidas pelo exercício. Por isso, não se sabe até que ponto as divergências
refletem uma inefetividade do exercício em melhorar o humor ou se o exercício exerce efeitos
diferentes nos indivíduos com diferentes escores iniciais (Tuson, Sinyor & Pelletier,1995).
Como salientam estes autores, variáveis psicológicas podem ser importantes variáveis
associadas às mudanças psicológicas. Entretanto, ressalvas são necessárias, pois Lichtman &
Poser (1983), por exemplo, mostraram aumentos de vigor após o exercício mesmo em uma
amostra com altos valores iniciais dessa variável. Fatores de personalidade devem ser
investigados foi representam um possível determinante das respostas psicológicas ao
exercício.
107
- Instrumento de Medida e Alterações no Estado de Humor
As alterações no humor também podem ter sido influenciadas pelo instrumento
utilizado. Embora o POMS tenha sido amplamente usado em pesquisas anteriores e mostrado
consistência na situação de controle do presente estudo, não detectando diferenças no estado
de humor quando os sujeitos não faziam exercício, ele pode não ter sido sensível às alterações
agudas, em função do perfil dos sujeitos.
Alguns autores, ao comentarem sobre as limitações do POMS, citam que, em
amostras normais, mudanças significativas não são detectadas, sendo um instrumento sensível
ao efeito teto (Berger & Motl, 2000; Ekkekakis & Petruzzello, 1999). Alguns estudos não
mostraram alterações significativas no estado de humor quando mensurado pelo POMS
(Boutcher & Landers, 1989; Craemer, Nieman, Lee, 1991; Farrel et al., 1982; Fillingin, Roth
& Haley, 1989; McGowan et al., 1993; Stanton & Arrol, 1996; Williams & Getty, 1986).
Além disso, como no Brasil, poucos estudos foram feitos sobre os efeitos psicológicos do
exercício, não se sabe até que ponto pode ser feita a generalização dos achados da literatura
internacional para a população brasileira.
Outros aspectos referentes ao instrumento são os construtos psicológicos tidos como
representativos do estado de humor. Atualmente, questiona-se a representatividade do Perfil
Iceberg como perfil de uma saúde mental positiva, devido a sua pequena abrangência em
termos de componentes psicológicos. De acordo com Ekkekakis & Petruzzello (1999) e
Berger & Motl (2000), o POMS aborda poucos e distintos afetos, com ênfase excessiva nos
aspectos negativos do humor, possuindo cinco variáveis negativas (tensão, depressão, raiva,
fadiga e confusão mental) e somente uma positiva (vigor). Por isso, Petruzzello e
colaboradores defendem um modelo de mensuração que seja balanceado positiva e
negativamente, que forneça uma representação global de afeto, que diferencie ativação e afeto
108
e que seja sensível a variações em qualquer direção da escala, embora ainda não exista um
modelo de mensuração consensual. Possivelmente, alterações psicológicas positivas após o
exercício podem ter ocorrido diferente daquelas mensuradas pelo POMS. Os sujeitos do
presente estudo poderiam demonstrar uma melhoria do estado psicológico em outra escala de
mensuração, como alguns estudos que utilizaram diferentes medidas psicológicas reportaram
(Boutcher & Landers, 1988; Flory & Holmes, 1991; Hassmén & Blomstrand, 1991). Novas
pesquisas devem ser realizadas no intuito de validar outros instrumentos no Brasil, fornecer
dados normativos para a população brasileira praticante de atividade física e desenvolver
outros modelos de medida. É possível que o exercício promova alterações psicológicas
positivas em variáveis diferentes daquelas mensuradas pelo POMS.
- Individualidade Psicológica e Alterações no Estado de Humor
Por fim, a individualidade nas respostas psicológicas também deve ser considerada na
análise dos resultados. Analisando individualmente os sujeitos, foram observados padrões
diversificados de respostas. Alguns indivíduos se beneficiavam depois de determinadas
sessões e em outras não; outros iniciavam mal e melhoravam o estado de humor, às vezes até
mesmo quando este já era positivo; outras vezes, iniciava positivo e piorava. Determinados
indivíduos mostravam padrões de melhora para intensidades de treino maiores; outros, para
menores intensidades. Alguns apresentavam melhor humor após o exercício contraresistência; outros, após o exercício aeróbio.
Essa individualidade de respostas também pode ser a responsável pelo não efeito da
intensidade e do tipo do exercício no estado de humor, pois a resposta psicológica pode variar
de acordo com as preferências dos sujeitos por determinada intensidade ou tipo de exercício,
como foi observado na análise individual. Recentes estudos verificaram um aumento do bem-
109
estar após sessões em que o indivíduo escolhe o tipo de atividade ou praticam seu exercício
preferido, ao contrário da atividade não-escolhida ou menos preferida, onde se observou
maior distress, fadiga e afeto negativo e menor afeto positivo (Daley & Maynard, 2003;
Parfitt & Gledhill, 2003). É possível que a preferência dos sujeitos por determinada atividade
possa ter influenciado os resultados, e, portanto, gerado padrões diversificados de reposta
psicológica aos treinamentos.
Dessa forma, acredita-se que maior atenção deva ser dada a um dos princípios básicos
do treinamento desportivo na prescrição do exercício, qual seja o da individualidade biológica
e psicológica, considerando a variabilidade das respostas psicológicas ao exercício encontrada
no presente estudo. A individualidade psicológica compõe-se pelo perfil psicológico, as
preferências, as necessidades dos indivíduos e a auto-eficácia, devendo ser considerada na
estruturação dos programas de exercício. Como afirmam Ekkekakis & Petruzzello (1999), a
relação entre diferentes doses de atividade física e as respostas psicológicas é complexa, de
modo que assumir um modelo onde todas as pessoas respondam de forma similar a uma
determinada dose seria simplístico e inefetivo, dado a influência de fatores psicológicos e
fisiológicos individuais.
- Efeito da Intensidade de Esforço nas Respostas Psicológicas ao Exercício
Como reportado por alguns autores (Berger & Motl, 2000; Ekkekakis & Petruzzello,
1999) e verificado na literatura revisada, a afirmação de que os benefícios psicológicos são
adquiridos principalmente com o exercício de moderada intensidade é mais especulativa do
que consistente cientificamente. De acordo com a revisão de literatura, observada na Tabela 1,
21 estudos compararam o efeito de diferentes intensidades sobre os estados psicológicos. Dez
estudos utilizaram o POMS como instrumento de medida, sendo que a metade deles mostrou
110
que as mudanças no humor não estavam associadas à intensidade (Berger & Owen, 1998;
Farrel et al. 1982; Hatfield et al., 1988; Nelson & Morgan, 1994; Steptoe, Kearsley &
Walters, 1993).
Dessa forma, os resultados do presente estudo estão de acordo com parte da literatura,
ou seja, as alterações no estado de humor foram independentes da intensidade de esforço, pelo
menos quando se utilizam intensidades não muito baixas nem muito intensas, como no
presente estudo, mas são contrários aos achados daqueles que demonstraram efeitos diferentes
na comparação de intensidades (Coelho, 2003; Farrel et al., 1987; Focht & Koltyn, 1999; Han
& Yoon, 1995; Steptoe & Cox, 1988; Tharion et al., 1991). Estas divergências, de certa
forma, residem na aptidão física e na experiência dos indivíduos com exercício, na amplitude
da diferença entre as intensidades e na percepção da intensidade pelos indivíduos.
A homogeneidade da amostra do presente estudo em termos de aptidão física e o nível
de experiência com o exercício podem ter influenciado os resultados, como demonstrado nos
estudos que também não verificaram efeito da intensidade no estado de humor. Aqueles que
mostraram influência da intensidade utilizaram amostras com níveis diferentes de experiência
com exercício ou de aptidão física (Focht & Koltyn, 1999; Steptoe & Cox, 1988; Tharion et
al., 1991) ou indivíduos destreinados (Han & Yoon, 1995) de modo que a percepção de
esforço foi maior para os menos condicionados e inexperientes.
Um dos aspectos psicológicos importantes para os benefícios do exercício é a autoeficácia, ou seja, ser capaz de realizar satisfatoriamente o exercício. Para um mesmo
percentual de intensidade, os indivíduos mal condicionados e inexperientes normalmente
possuem maior percepção de esforço, pois há uma maior produção de lactato, cortisol e maior
contribuição do metabolismo anaeróbio, representando um forte estresse que promove uma
quebra brusca na homeostase, resultando em maior fadiga, menor resistência, menor senso de
autocontrole da situação e diminuição da auto-eficácia;
ao contrário, aqueles bem-
111
condicionados respondem bem ao exercício, pois já estão adaptados ao estímulo estressor.
Neste sentido, é possível que os estímulos de intensidade oferecidos no presente estudo
podem não ter sido muito diferente daqueles que os sujeitos já estavam habituados a serem
submetidos. Isto é particularmente importante no efeito da sessão de alta intensidade, pois
normalmente é a que mais promove alterações no humor, na maioria das vezes, negativas. O
treino de alta intensidade, no presente estudo, certamente não representou um estímulo
incapaz de suportado pelos sujeitos ou que promovesse uma fadiga excessiva.
Em relação à amplitude da diferença entre as intensidades dos treinos, Coelho (2003)
acentuou esta diferença, de maneira que o treino a 50% de 1RM era apenas de caráter
recuperativo, sem esforço excessivo, ao contrário do treino a 80% que era máximo. No
presente estudo, o treino menos intenso foi realizado com alto número de repetições,
promovendo, em alguns sujeitos e para determinados exercícios, falha muscular momentânea,
com alta fadiga muscular localizada. Dessa maneira, embora a percepção de esforço entre as
intensidades alta e baixa tenham sido diferentes, fisiologicamente o treino leve de ECR com
altas repetições pode ter promovido um maior acúmulo de lactato, influenciando na resposta
psicológica.
Se pelo aspecto fisiológico a intensidade não teve efeito em virtude da aptidão física
ou pela experiência dos sujeitos, esperava-se que houvesse influência da intensidade devido
ao aspecto psicológico. Tuson, Sinyor & Pelletier (1995), por exemplo, verificaram que não
houve efeito significativo da intensidade nas mudanças do estado de humor quando a
intensidade foi mensurada pelo percentual do VO2máx. Ao contrário, quando a intensidade foi
examinada de acordo com a percepção de esforço dos sujeitos, houve mudanças positivas no
estado de humor. De acordo com a percepção da intensidade, o que pode ser intenso para um
indivíduo pode ser leve para outro. No entanto, no presente estudo, observou-se que o IEP não
se relacionou com o estado de humor dos sujeitos, ao contrário da intensidade.
112
Provavelmente, por isso, não tenha sido encontrada associação entre o estado de humor e a
intensidade.
Foi observado também que alguns sujeitos não reportaram seu real estado psicológico,
procurando mostrar-se bem mesmo aparentando cansaço, ou seja, responderam ao
questionário pós-treino no sentido socialmente desejável. Neste sentido, a pequena diferença
das respostas psicológicas observadas entre os treinos leve e intenso não foi suficiente para
diferenciar os efeitos.
Outro aspecto, que revela uma limitação no estudo, é o fato dos sujeitos responderem
ao questionário várias vezes, o que, de certa forma, pode induzir as respostas, fato muito
comum em delineamentos de medidas repetidas (efeito testagem – ameaça à validade interna).
Isto poderia ser um fator, pois haveria uma adaptação ao próprio instrumento por parte dos
sujeitos. Entretanto, os estudos que mostraram efeitos significativos da intensidade (Farrel et
al., 19987; Focht & Koltyn, 1999; Han & Yoon, 1995; Steptoe & Cox, 1988; Tharion et al.,
1991) também usaram delineamentos com medidas repetidas, sendo esta possibilidade
descartável, embora os estudos anteriores tivessem utilizado no máximo três medidas
repetidas, ao contrário deste estudo que utilizou sete.
Em relação à intensidade no ECR, a velocidade de execução do movimento é uma das
variáveis que determinam a intensidade do esforço. Como ela não foi controlada no presente
estudo, especula-se que esta variável também possa ter influenciado o resultado, uma vez que
um treino leve com alto número de repetições executadas em baixa velocidade pode ser tão
intenso quanto um treino pesado com poucas repetições mas realizado com alta velocidade de
execução. Da mesma forma, o alto número de repetições do treino leve, que implica em
formação de ácido lático e fadiga muscular localizada, aliado ao fato dos sujeitos não estarem
habituados com este tipo de treino também pode ter contribuído para que o efeito intensidade
não tenha sobressaído.
113
Apesar de não ter sido detectada diferença significativa entre as intensidades de
treinamento, observou-se que o treino de maior intensidade promovia as maiores alterações
negativas no estado de humor. Embora alguns estudos mostrem melhorias no estado de humor
após sessões de treino com alta intensidade (Pronk, Crouse & Rohack, 1995; Han & Yoon,
1995), outros reportam o inverso (Hall, Ekkekakis & Petruzzello, 2002; Oweis & Spink,
2001; Steptoe & Cox, 1988; Tharion et al., 1991; Tuson, Sinyor & Pelletier, 1995; Watt,
1998). E o mais importante é que em médio-longo prazo há um considerável aumento do
distúrbio do humor, que é acompanhado por alterações fisiológicas também negativas, do
ponto de vista da saúde, como demonstra os estudos de Morgan et al. (1988) e O’Connor,
Morgan & Raglin (1991).
Neste sentido, tem sido sugerido que o exercício, para proporcionar benefícios
psicológicos, deve estar adequado às capacidades do indivíduo em realizá-lo, de maneira que
os estados positivos de humor tendem a ocorrer em pessoas acostumadas e/ou treinadas com o
exercício ou quando o próprio indivíduo escolhe como vai se exercitar. Alguns estudos
consideraram estes aspectos dentro da Teoria do Fluir (Daley & Maynard, 2003; Parfitt &
Gledhill, 2003; Parfitt, Rose & Markland, 2000; Tuson, Synior & Pelletier, 1995). De acordo
com esta teoria, fluir significa um “estado subjetivo que as pessoas relatam quando elas estão
completamente envolvidas com alguma coisa, a ponto de esquecer o tempo, a fadiga e
qualquer outra coisa, a não se a própria atividade” (Csikszentmihalyi apud Ekkekakis &
Petruzzello, 1999). A tendência nos experimentos de prescrever o exercício a partir das
escolhas dos sujeitos por tipos e intensidades de exercício (auto-selecionado) reflete esta
teoria. No entanto, os resultados ainda são contraditórios. No momento da prescrição, deve-se
zelar pela segurança e pela saúde do praticante, perguntando ao aluno como e o quanto ele
deseja se exercitar, evitando treinamentos intensos que aumentem o risco de lesões dos
praticantes.
114
- Efeito do Tipo do Exercício nas Respostas Psicológicas
Em relação ao efeito do tipo do exercício, foi demonstrado que não houve diferença
entre a corrida e o exercício contra-resistência nas alterações psicológicas, o que contraria os
achados da maioria dos estudos (Dyer & Crouch, 1988; Garvin, Koltyn & Morgan, 1997;
McGowan, Pierce & Jordan, 1991; Raglin, Turner & Eksten, 1993; Watt, 1998).
Quando comparado com o ciclismo, o ECR não tem proporcionado reduções na
ansiedade (Garvin, Koltyn & Morgan, 1997; Raglin, Turner & Eksten, 1993). Em relação ao
estado de humor, a corrida tem demonstrado maiores efeitos positivos do que o ECR. Dyer &
Crouch (1988) verificaram que, ao longo de um semestre, os praticantes de corrida reportaram
maiores escores de vigor e menor confusão mental do que praticantes de ECR, embora o
efeito agudo deste tenha proporcionado menor raiva e confusão do que a corrida. Do mesmo
modo, McGowan, Pierce & Jordan (1991) verificaram uma redução da tensão e da confusão
mental e uma melhoria do humor total após a corrida, enquanto o ECR promoveu maior
fadiga e menor confusão mental.
A respeito da comparação de atividades, a preferência pelo tipo de exercício pode
influenciar as respostas psicológicas. Parfitt & Gledhill (2003) observaram maior bem-estar
após a sessão de exercício preferido. Da mesma maneira,
Daley & Maynard (2003)
encontraram menor afeto positivo e maior afeto negativo após a sessão de exercício em que os
sujeitos não escolhiam a atividade. Embora, no presente estudo, a variável preferência não
tenha sido mensurada, suspeita-se, pelos resultados encontrados, que não haja preferência
significativa por uma atividade específica, uma vez que os resultados foram independentes do
tipo de atividade.
115
- Grupo de Controle
Outro achado importante foi que os sujeitos não apresentaram mudanças em nenhuma
das variáveis do humor após a situação de controle, sem exercício, o que suporta os achados
da maioria das pesquisas (Porcari et al., 1988; Boutcher & Landers, 1988; Focht & Koltyn,
1999; Harte, Eifert & Smith, 1995; Maroulakis & Zervas, 1993; McAuley, Mihalko & Bane,
1996; McGowan, Pierce & Jordan, 1991; Roth, 1989; Steptoe, Kearsley & Walters, 1993;
Toskovic, 2001). Por isso, observa-se em estudos recentes o não uso de situações de controle
na qual os sujeitos não praticam o exercício. Este resultado, portanto, refuta a hipótese da
distração, como explicação na alteração do humor após o exercício. Apenas sair da rotina
diária e ter um contato social, proporcionado pela situação de controle do presente
experimento, não foi capaz de alterar o estado de humor dos sujeitos. Possivelmente, outros
mecanismos foram os responsáveis pela alteração no estado de humor. Entretanto, como eles
não foram mensurados, pouco pode ser discutido a esse respeito.
- Tendência de Mudança das Respostas Psicológicas Agudas ao Exercício
Como observado por este e por outros estudos, o estado afetivo muda durante o
período de recuperação após o exercício (Focht & Koltyn, 1999; Hall, Ekkekakis &
Petruzzello, 2002). No presente estudo, após 30 minutos de repouso após o exercício,
observou-se uma diferença no estado de humor, havendo uma tendência dos fatores a
retornarem ao nível inicial. Por isso, torna-se importante salientar que, mesmo havendo
algumas alterações negativas no estado de humor após o exercício, as quais não retornaram
aos valores de repouso após 30 minutos, o perfil de saúde mental da amostra, representado
pelo Perfil Iceberg, manteve-se (Gráficos 5, 6 e 7).
116
Dessa maneira, pode-se dizer que, do ponto de vista prático, o exercício promoveu um
efeito de manutenção do estado de humor, observando uma tendência de retorno das variáveis
ao nível inicial, ao longo dos trinta minutos após o exercício. Provavelmente, um efeito
benéfico sobre o estado de humor poderia ocorrer horas após o término da sessão, quando o
processo de recuperação tivesse sido completado.
O padrão de recuperação das variáveis psicológicas ao longo do final da sessão talvez
represente um efeito que, na Fisiologia, é chamado de componente lento da recuperação.
Após uma sessão de exercício, o consumo de oxigênio continua elevado e acima do nível de
repouso. Segundo Foss & Keteyan (2000), o processo de recuperação envolve a restauração
do músculo e do restante do corpo para a condição pré-exercício, possuindo uma fase rápida e
outra lenta. Na fase rápida, em cerca de três a seis minutos, ocorre a restauração das reservas
musculares de fosfagênios, do oxigênio da mioglobina e dos níveis sanguíneos de oxigênio.
Na fase lenta, quando o consumo de oxigênio começa a declinar até chegar ao nível de
repouso, ocorre a remoção e oxidação do lactato e o início da restauração das reservas de
glicogênio.
Variáveis fisiológicas alteradas pelo exercício físico agudo, como a freqüência
cardíaca, possuem um componente rápido e outro lento no seu retorno ao nível de repouso.
Logo após o término da atividade, há uma queda rápida na freqüência cardíaca (componente
rápido), a qual se mantém elevada acima do repouso por algum período, havendo, durante este
período, uma queda gradual e lenta até retornar aos valores de repouso (componente lento). O
presente estudo mostrou que a FC mantém-se acima do nível de repouso por pelo menos
30min após o exercício.
Em relação aos aspectos psicológicos, os resultados mostraram que o padrão de tempo
na recuperação das variáveis do humor após o exercício é diferente das variáveis fisiológicas.
Parece que a restauração do nível inicial de humor requer um período de tempo superior a 30
117
minutos. Grande parte dos estudos, por exemplo, mostra um efeito demorado do exercício
sobre a ansiedade, de modo que ela diminui somente após um certo período de tempo depois
do exercício (Focht & Koltyn, 1999; Hatfield et al., 1988; O’Connor et al., 1993; Petruzzello
& Landers, 1994; Petruzzello & Tate, 1997; Raglin, Turner & Eksten, 1993; Cox, Thomas &
Davis, 2000). Desta maneira, um efeito positivo do exercício poderia ser evidenciado após um
período de tempo maior do que 30min, quando o processo de recuperação tivesse terminado.
Como o lactato sanguíneo possui um tempo médio de remoção de 30 a 60 min, especula-se
que os níveis de lactato podem ter influenciado as respostas psicológicas, embora Garvin,
Koltyn & Morgan (1997) não tenham encontrado influência do acúmulo de lactato após uma
sessão de ECR e de corrida sobre o estado de ansiedade de indivíduos saudáveis destreinados.
Os autores reportaram associação entre essas variáveis em indivíduos ansiosos.
Portanto, o exercício, em indivíduos com um perfil de humor positivo, exerce um
efeito imediato negativo sobre o estado de humor, que reflete o desgaste físico decorrente do
exercício, e um efeito tardio de recuperação, refletido na tendência do humor retornar ao nível
inicial, mas que não foi detectado no presente estudo devido ao curto tempo de mensuração
após a sessão. Este fenômeno é similar ao que preconiza a Teoria de Selye em relação ao
processo de adaptação ao estresse. De acordo com este autor, após ser submetido a um
estressor, há uma quebra da homeostase e uma diminuição da capacidade de resistência do
organismo. Logo em seguida, quando o organismo se adapta ao estressor, há um retorno do
equilíbrio interno juntamente com uma maior capacidade de resistência. O tempo para o
restabelecimento do equilíbrio interno e a supercompensação do organismo podem variar
entre os sujeitos, de maneira que os benefícios podem ocorrer ao longo de um processo de
adaptação. Neste sentido, não seria correto dizer que o exercício prejudica o estado de humor.
Um monitoramento contínuo deve ser realizado, observando as flutuações nesta variável.
118
Em longo prazo, ao término do experimento, foi observado que os sujeitos
demonstraram um perfil de humor mais positivo do que quando iniciaram. O Teste de
Student, entre a média das variáveis de humor da primeira sessão de treino de cada sujeito e a
média da última sessão, demonstrou que os sujeitos apresentavam menor fadiga, maior vigor e
menor distúrbio total de humor (Gráfico 11). Ou seja, embora as alterações agudas tenham
sido negativas, ao longo do tempo, os sujeitos melhoraram o estado de humor, através da
prática da atividade física. Isto mostra que nem sempre os efeitos agudos representam os
efeitos crônicos, como também foi observado por Dyer & Crouch (1988).
É importante frisar que a ordem dos tratamentos foi aleatória para os sujeitos de
maneira que se evitasse este efeito sobre os resultados. Portanto, na análise do efeito crônico,
os valores pré-experimento foram o resultado dos valores do primeiro treino de cada sujeito, e
não somente os valores do tratamento número 1 (ECR leve), assim como os valores pósexperimento, os quais foram o resultado do último treino realizado pelo sujeito, não sendo
necessariamente os valores do tratamento 7 (controle). O efeito crônico, no entanto, deve ser
visto com cautela, pois ele não pode ser atribuído exclusivamente aos tratamentos utilizados
no presente estudo (sessões de exercício), mas também a outras variáveis não controladas
(efeito maturação - ameaça à validade interna). Por exemplo, o tempo decorrido entre a
primeira e a última sessão de treino variou entre os sujeitos e as características dos exercícios
realizados fora dos dias do experimento pelos sujeitos e a sua rotina diária não foram
mensuradas.
119
30
**
25
20
Antes
15
10
Após
*
5
0
Tensão
Depressão
Raiva
Vigor
Fadiga
Confusão
Gráfico 11: Perfil do Estado de Humor dos sujeitos antes e após o término do experimento
(* = p<0,05; ** = p<0,01).
Sendo assim, as alterações no estado de humor foram independentes do tipo e da
intensidade do exercício realizado, sugerindo que a corrida na esteira e o exercício contraresistência de intensidade baixa, alta ou auto-selecionada promovem efeitos psicológicos
semelhantes em sujeitos saudáveis, com perfil de humor positivo, com boa aptidão física e
habituados às sessões de exercício, não sendo efetivo na melhoria do estado de humor logo
após a sessão, mas mostrando uma tendência de melhora ao longo do tempo, sendo associados
a uma melhoria significativa no estado de humor cerca de dois meses de prática continuada de
exercício físico.
4.3.2 Pressão Arterial
No gráfico 12, observa-se um efeito significativo do tipo do exercício na resposta da
PAS logo após o término da sessão. A média da PAS após as sessões de corrida (144,8
mmHg) foi maior que após as sessões de ECR (135,5 mmHg). Entretanto, não houve
120
diferença para o efeito hipotensivo entre as sessões. O gráfico 13 mostra que, independente
do tipo e da intensidade do exercício, houve um aumento da pressão arterial sistólica após a
sessão, seguido de uma hipotensão, verificada após 30min do término da sessão. A pressão
arterial diastólica diminuiu, mantendo-se abaixo do valor inicial até 30min após o término da
sessão. Na situação de controle não houve alteração da pressão arterial. Estes achados
suportam a revisão de Shephard (2001), o qual verificou que a redução aguda da PA após
sessões de exercícios é independente da intensidade do exercício.
Existe um consenso em relação ao efeito agudo hipotensivo do exercício aeróbio
(Forjaz et al., 1998; Marceau et al., 1993; Porcari et al., 1988; Raglin & Morgan, 1987;
Raglin, Turner & Eksten, 1993; Szabo et al., 1993). Entretanto, em relação às respostas
agudas do exercício contra-resistência sobre a PA, a literatura mostra resultados
inconsistentes. Alguns estudos mostraram reduções (Focht & Koltyn, 1999; Hill et al., 1989;
Polito et al., 2003); outros não mostraram alterações (Raglin, Turner & Eksten, 1993; Wang et
al., 1991) ou observaram aumentos (Koltyn et al., 1995; O’Connor et al., 1993).
PAS (mmHg)
180
*
150
*
*
pré-treino
120
pós-treino
30'pós-treino
90
60
30
0
ECR 50%
8RM
ECR 100%
8RM
ECR Auto- Corrida 60- Corrida 85- Corrida AutoSelecionado 65% FCMáx 90% FCMáx Selecionado
Controle
Gráfico 12: Efeito de diferentes condições experimentais na pressão arterial sistólica (PAS).
(* = p<0,01 em relação às sessões de exercício contra-resistência - ECR)
121
160
140
120
100
80
60
40
*
*
**
*
*
*
pré-treino
pós-treino
30'pós-treino
20
0
PASistólica
(mmHg)
PADiastólica
FC
(mmHg)
(bpm)
Gráfico 13: Comportamento de variáveis fisiológicas após as diferentes sessões de exercício
(p<0,01 *: diferente em relação ao pré-treino; **: diferente em relação ao pré e pós-treino).
O presente estudo mostrou que tanto a corrida quanto o ECR foram eficazes na
promoção de um efeito hipotensivo após a atividade, o que contraria os resultados de Raglin,
Turner & Eksten (1993), os quais compararam os efeitos dessas duas atividades, encontrando
uma redução na PA somente após a sessão de ciclismo quando comparado ao ECR. Nossos
resultados, juntamente com os resultados do recente estudo de metanálise de Kelley & Kelley
(2000), contribuem para que se derrube o mito de que o exercício contra-resistência não
diminui a PA. Somente em 1993, o Colégio Americano de Medicina do Esporte recomendou
o ECR como atividade complementar de um programa de exercícios para o controle e a
redução da PA e a prevenção da hipertensão. Recentemente, foi reconhecido também que o
ECR é seguro para pacientes com doença cardiovascular e considerado potencialmente
benéfico no controle e na redução da PA em hipertensos (Pollock et al., 2000).
No presente estudo, foi observada uma redução aguda média de 9 e 3mmHg na
pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente. Este achado tem uma implicação na
122
prevenção da hipertensão. Mesmo pequenas reduções na PA têm um impacto significativo na
redução da morbidade e mortalidade por problemas cardiovasculares (Kelley & Tran, 1995).
Em relação ao efeito da intensidade de esforço nas respostas pressóricas após o
exercício, os estudos são contraditórios. Enquanto os estudos com atividade aeróbia relatam o
mesmo efeito para diferentes intensidades (Forjaz et al., 1998; Marceau et al., 1993; Porcari et
al., 1988), os estudos que usaram o exercício contra-resistência mostram efeitos diferentes em
função da intensidade de esforço (Focht & Koltyn, 1999; O’Connor et al., 1993). No entanto,
Polito et al. (2003) verificaram que a intensidade do exercício contra-resistência não
influenciou a magnitude da redução na PA após a sessão, mas a duração do efeito hipotensivo
foi maior para a sessão de maior intensidade na PAS. A redução na PAD, por exemplo, parece
acontecer para intensidades menores quando comparada com maiores intensidades (Focht &
Koltyn, 1999; Polito et al., 2003).
Os resultados do presente estudo estão de acordo com os achados dos estudos de
caráter aeróbio e o estudo de Kelley & Kelley (2000) de exercício contra-resistência, de
maneira que uma intensidade de corrida que varie entre 60 a 90% da FCMáx ou sessões de
ECR tanto com cargas baixas, altas repetições e pequeno intervalo entre as séries quanto com
cargas mais altas, menos repetições e um intervalo maior de recuperação entre as séries são
capazes de promover um efeito hipotensivo após o exercício mesmo em indivíduos
normotensos.
A pressão arterial é dos parâmetros fisiológicos importantes na hemodinâmica
cardiovascular. A hipertensão, condição na qual a PA se encontra cronicamente elevada, é um
fator de risco primário para o desenvolvimento de doença arterial coronariana. Portanto,
manter níveis adequados de PA torna-se fundamental para a saúde.
123
4.3.3 Freqüência Cardíaca
Semelhante com o que ocorreu com a PAS, a FC após o exercício aeróbio foi maior do
que após o ECR (Gráfico 14). De acordo com o gráfico 13, observa-se que o exercício
mantém a FC elevada por pelo menos 30 minutos após o término da sessão, corroborando
com outros estudos (Boutcher & Landers, 1988; Forjaz et al., 1998; O’Connor et al., 1993;
Tuson, Sinyor & Pelletier, 1995). O’Connor et al. (1993) verificaram que a FC manteve-se
elevada por 2h em relação ao repouso após uma sessão de exercício contra-resistência.
FC (bpm)
*
175
150
*
125
100
pré-treino
75
pós-treino
50
30'pós-treino
25
0
ECR 50%
8RM
ECR 100%
8RM
ECR Auto- Corrida 60- Corrida 85Selecionado 65% FCMáx 90% FCMáx
Corrida
AutoSelecionada
Controle
Gráfico 14: Efeito de diferentes condições experimentais na freqüência cardíaca (FC).
(p<0,01 *: diferente em relação às sessões de exercício contra-resistência - ECR)
4.4. Relação entre as Variáveis Psicofisiológicas
Foi realizada uma correlação de Pearson entre as variáveis do estado de humor e as
variáveis fisiológicas nas três mensurações (pré, pós e 30min pós treino). A relação entre as
variáveis negativas do POMS foi positiva e significativa. Uma relação negativa entre as
124
variáveis negativas e o vigor também foi encontrada, demonstrando uma consistência do
questionário (Tabela 6). No entanto, não houve relação entre os fatores do humor, a pressão
arterial e a freqüência cardíaca pré-treino. Da mesma forma, não houve relação significativa
entre o estado de humor pré-treino e a percepção de esforço das sessões de treino, como
preconizado pela literatura.
Tabela 6: Relação entre as variáveis do Estado de Humor, o Humor Total (HT), a Pressão
Arterial Sistólica (PAS) e Diastólica (PAD) e a Freqüência Cardíaca (FC)
n = 108
Tensão Depressão Raiva Vigor Fadiga Confusão HT PAS PAD FC
Depressão 0,42**
0,44**
0,65**
Raiva
-0,18
-0,42**
-0,14
Vigor
0,35**
0,53**
0,45** -0,42**
Fadiga
0,66**
0,60** -0,37** 0,55**
Confusão 0,59**
0,66**
0,83**
0,70** -0,66** 0,73**
0,81**
HT
-0,12
0,07
0,16
-0,04
0,10
-0,06
0,04
PAS
-0,33**
-0,01
-0,03
0,10
-0,06
-0,24*
-0,17 0,40**
PAD
-0,18
-0,01
-0,10 -0,03
-0,17
0,01
-0,10 -0,10 -0,10
FC
0,08
0,02
-0,04 -0,04
-0,03
0,07
0,03 -0,02 -0,05 -0,06
IEP
(* = significativa para p<0,05; ** = significativa para p<0,01)
Morgan (1994) afirma que pessoas ansiosas e depressivas tendem perceber um esforço
mais intenso do que realmente ele representa. Dois fatores podem explicar os achados do
presente estudo. Um deles é o perfil psicológico da amostra, considerada normal. Outro fator
é que o IEP relaciona-se com a intensidade. Uma vez que as alterações no humor foram
independentes da intensidade, sua relação com o IEP, provavelmente, tornou-se fraca.
Uma observação pertinente sobre a relação entre estado de humor e PA é que na
situação de controle ambas não se alteraram, ao contrário da situação após o exercício.
Entretanto, não foi possível identificar um padrão de mudança similar entre essas variáveis,
com exceção do fator tensão. No pós-treino, observou-se um aumento da pressão arterial
sistólica e também da tensão, seguindo um padrão de queda rápido da PA, verificado aos 30
125
minutos, e uma queda lenta da tensão, que aos 30 minutos é menor que após o exercício. O
componente de recuperação psicológico parece ser mais lento do que o fisiológico.
Provavelmente, a interação entre os fatores não acontece quando o estresse é físico,
pois a PA aumenta não porque a tensão aumenta, mas porque há uma estimulação fisiológica
gerada por um estímulo físico (o exercício). No entanto, pode-se especular que no estresse
psicológico essa interação possa acontecer, sendo a resposta vascular proporcional ao estresse
percebido e, conseqüentemente, à tensão vivenciada. Como observado por Roth (1989) e
Petruzzello et al. (1991), a pressão arterial pode não ser um bom indicador psicofisiológico.
Torna-se importante frisar que a relação entre variáveis psicológicas e fisiológicas não
é de causa e efeito. Portanto, a relação psicofisiológica, estabelecida neste estudo, caracterizase pela modificação de fatores psicológicos (estado de humor) e fisiológicos (PA e FC) a
partir de um estímulo fisiológico (exercício), de maneira que eles estão de alguma forma
relacionados. Essa relação pode não ser significativa em indivíduos saudáveis, podendo existir
um limiar para que haja influência na mudança de uma variável sobre a outra. Os mecanismos
pelos quais variáveis psicológicas e fisiológicas se influenciam precisam ser pesquisados em
maior profundidade, especialmente suas relações no exercício e no esporte, como forma de
fortalecer a Psicofisiologia enquanto área de conhecimento.
126
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O exercício físico tem sido associado a benefícios fisiológicos e psicológicos de
maneira que a adoção de um estilo de vida mais ativo tem sido usada como uma alternativa
eficaz na prevenção de doenças e na promoção da saúde. A literatura revisada, neste estudo,
mostrou que sessões agudas de exercício promovem uma melhoria no estado de humor
juntamente com uma redução na pressão arterial, revelando uma tendência de utilizar
abordagens de pesquisa que possuam uma visão integrada de saúde, considerando tanto os
aspectos físicos quanto psicológicos envolvidos na prática do exercício. Este enfoque
psicofisiológico tem procurado estabelecer relações entre variáveis psicológicas e fisiológicas
que são modificadas pelo exercício, objetivando um melhor entendimento dos seus efeitos
sobre a saúde para que se possam estruturar programas de atividade física adequados à
individualidade dos praticantes, maximizando seus benefícios e minimizando seus riscos,
favorecendo a adesão ao exercício.
Dessa maneira, o presente estudo teve como objetivo verificar os efeitos agudos do
exercício sobre a pressão arterial e o estado de humor, visando contribuir na prescrição de
programas de exercício que considerem tanto o aspecto físico quanto mental dos indivíduos,
este último, no entanto, muitas vezes desconsiderado pelos praticantes, professores,
treinadores e pesquisadores da atividade física.
A partir dos resultados encontrados e com base na literatura, pôde-se concluir que uma
sessão aguda de exercício, independente do tipo e da intensidade de esforço, modifica o
estado de humor e a pressão arterial dos sujeitos. Portanto, a hipótese experimental de que as
127
alterações psicofisiológicas seriam influenciadas pela intensidade e pelo tipo do exercício
deve ser rejeitada; e a hipótese nula deve ser aceita. Este resultado soma-se a uma parte da
literatura que também concorda que as alterações no estado de humor e na pressão arterial
acontecem independentemente do tipo ou da intensidade do exercício que se realiza. Deve-se
considerar, no entanto, que o efeito do exercício sobre o estado de humor e a pressão arterial
não é totalmente independente da intensidade do exercício, pois não se testou outras
intensidades, como por exemplo, intensidades abaixo de 60% da FCMáx ou acima de 90%.
Por isso, o resultado deve se restringir à variação de intensidade adotada neste estudo de 60 a
90% da FCMáx e de 50 a 100% de 8RM, para a corrida na esteira e para o exercício contraresistência, respectivamente.
Foi observado que praticantes de atividade física de academia demonstram um perfil
de humor bastante positivo e níveis pressóricos normais. Apesar de não ter sido feita nenhuma
comparação com uma amostra de sedentários, este achado sugere que indivíduos fisicamente
ativos apresentam um perfil psicofisiológico saudável, representado, neste estudo, pelo estado
de humor e pela pressão arterial.
Foi verificado que uma sessão aguda de corrida na esteira ou de exercício contraresistência de intensidade alta, baixa ou auto-selecionada, praticadas por indivíduos com um
perfil de humor positivo, promovem uma pequena, porém significativa, piora no estado de
humor, devido ao aumento da tensão, da fadiga e do distúrbio de humor e da diminuição do
vigor pós-treino, seguindo um padrão de restabelecimento do perfil inicial ao longo do
término da sessão. Do ponto de vista prático, porém, pode-se dizer que o efeito agudo do
exercício contribuiu apenas para a manutenção da saúde mental, uma vez que manteve as
características de um perfil de humor positivo, ou seja, baixos valores para os fatores
negativos e alto valor para o fator positivo.
128
Pode-se dizer que as sessões de exercício promoveram alterações similares no estado
de humor dos sujeitos que foram influenciadas pelo perfil de humor da amostra. Para os
indivíduos com um perfil de saúde mental positivo, os benefícios no estado de humor parecem
não ocorrer de forma aguda, mas ao longo do processo de recuperação e de adaptação ao
estresse, que pode acontecer horas após o exercício ou em longo prazo, pelo menos quando se
utiliza o POMS como instrumento de mensuração. Analisando o perfil dos estados de humor
dos sujeitos após o experimento, em cerca de dois meses, verificou-se que os indivíduos
apresentavam um perfil melhor do que quando iniciaram o estudo, ou seja, a prática
continuada do exercício contribuiu para que houvesse uma melhoria no estado de humor. Por
isso, torna-se importante incentivar esta prática como um hábito que deve ser incorporado ao
estilo de vida das pessoas, com o objetivo de promover o bem-estar e prevenir distúrbios
psicológicos futuros.
Em relação à pressão arterial, o presente estudo mostrou que tanto o exercício aeróbio
quanto o exercício contra-resistência promoveram um efeito hipotensivo em indivíduos
normotensos, independente da intensidade de esforço. Isto mostra que o exercício praticado
de forma leve, moderada ou intensa promove diminuição dos níveis pressóricos. Portanto, a
prescrição do exercício aeróbio ou de contra-resistência em intensidades variadas representa
uma alternativa saudável e eficaz para a diminuição e o controle da pressão arterial. A PA é
um dos parâmetros fisiológicos importantes no equilíbrio da hemodinâmica corporal, sendo
que altos níveis pressóricos são determinantes de doenças degenerativas, como doença arterial
coronariana, hipertensão e acidente vascular cerebral. Tais doenças representam importantes
fatores de morbidade e mortalidade, devendo, por isso, ser prevenidas.
Os resultados sobre a pressão arterial contribuem para derrubar o mito de que somente
o exercício aeróbio é eficaz na redução da PA quando comparado aos exercícios resistidos.
Sabe-se, atualmente, que mesmo pessoas hipertensas podem se beneficiar de um programa de
129
exercício contra-resistência. Esta forma de atividade deve ser, decididamente, incorporada aos
programas de exercício voltados para a melhoria da aptidão física e saúde dos indivíduos.
Ao contrário do efeito hipotensor generalizado, verificado após o término do exercício,
observou-se uma variedade de respostas em relação ao estado de humor, denotando uma
individualidade na percepção dos efeitos psicológicos. Enquanto a pressão arterial
demonstrou um comportamento típico de aumento após o esforço e diminuição abaixo do
repouso após um certo período da recuperação, para a maioria dos sujeitos não houve um
padrão de comportamento em relação ao estado de humor. Embora existam padrões gerais de
quantidade e qualidade do exercício para a promoção da saúde, os resultados do presente
estudo sugerem que o componente físico e o psicológico podem requerer doses diferentes de
exercício de maneira que se deve respeitar a individualidade das pessoas, identificando a dose
ideal para cada um. Se por um lado diretrizes gerais são eficazes na diminuição da PA,
diretrizes individuais são necessárias para um maior benefício psicológico imediato. Acreditase que o fator mediador para a conquista dos benefícios psicológicos aliados aos fisiológicos
seja a autonomia na escolha das características do exercício pelo próprio sujeito.
Na amostra estudada, foi observada, no repouso, uma fraca relação entre o estado de
humor e a pressão arterial, pois a variabilidade destas variáveis foi pequena. Após o exercício,
estas variáveis se alteraram, mas de maneira independente, sugerindo que diferentes
mecanismos estão envolvidos na sua regulação. A simultaneidade psicofisiológica entre
humor e PA provavelmente é maior em indivíduos com distúrbios de humor e em situações de
estresse psicológico, ou seja, parece que em certas condições há uma maior interação entre
variáveis psicológicas e fisiológicas. Certamente, novas pesquisas são necessárias para o
entendimento deste complexo fenômeno que envolve aspectos internos (centrais e periféricos)
e comportamentais.
130
O Índice de Esforço Percebido mostrou-se um instrumento útil e fidedigno na
estimativa da intensidade objetiva, representando uma integração de respostas objetivas e
subjetivas na compreensão do esforço físico. Dessa forma, os profissionais do exercício
devem considerar as percepções individuais na prescrição e durante o treinamento, pois o
estado emocional do indivíduo pode modificar a percepção de uma intensidade particular.
Devido a sua natureza psicofisiológica, o IEP deve, desde já, ser introduzido como prioridade
de pesquisa na Psicofisiologia.
Um dos pontos positivos deste estudo é a generalização dos resultados para situações
reais de prática de atividade física dentro da academia. Por ter utilizado praticantes de
exercício, dentro do próprio ambiente e rotina de prática, os resultados refletem aquilo que
acontece quando o indivíduo pratica o exercício na academia. Por outro lado, houve uma
limitação em determinar se os sujeitos reportaram o que realmente eles estavam sentindo, que
é inerente ao instrumento de medida psicológica, principalmente quando ele é respondido
várias vezes. Por isso, talvez fosse interessante adotar grupos diferentes em vez dos mesmos
sujeitos sendo testados repetidamente. A não mensuração dos níveis hormonais limitou a
discussão acerca dos mecanismos responsáveis pelas alterações psicofisiológicas. No entanto,
algumas considerações são necessárias, pois os resultados revelam importantes implicações
tanto para o conhecimento prático quanto teórico.
Referente ao conhecimento teórico, o estudo revelou que o benefício psicológico do
exercício em sujeitos saudáveis pode não ocorrer logo após o término de uma sessão, mas
somente após um período mais longo da recuperação ou cronicamente em função da melhoria
da aptidão física e de outros fatores psicológicos, como auto-imagem e auto-eficácia. O
POMS mostrou-se um instrumento válido, mas insensível às alterações agudas positivas
possivelmente vivenciadas pelos sujeitos. A teoria da distração parece não explicar as
alterações induzidas pelo exercício, uma vez que uma situação sem exercício não mostrou
131
alterações no humor. A hipotensão após o exercício é verificada mesmo em sujeitos
normotensos. Um estudo de metanálise se faz necessário sobre os efeitos agudos do exercício
sobre o estado de humor, para quantificar o seu real efeito e analisar o efeito de determinadas
variáveis nos resultados, como o instrumento usado e o perfil de humor da amostra,
reportados neste estudo como possíveis variáveis intervenientes.
Do ponto de vista prático, pode-se afirmar que benefícios similares podem ser
conseguidos com exercícios de menor intensidade, quebrando o mito de que para alcançá-los
é preciso exercitar-se intensamente. Isto pode ser um importante fator para a adesão ao
exercício, uma vez que ela está inversamente associada à intensidade de esforço. O exercício
intenso, embora necessário para alcançar maiores resultados estéticos, deve ser prescrito e
planejado adequadamente, possibilitando uma recuperação adequada e adaptações positivas.
Os resultados do presente estudo sugerem que mais do se preocupar com as características
dos programas, os profissionais do exercício devem estimular as pessoas a realizarem alguma
forma de atividade física. Os professores de Educação Física devem respeitar as
individualidades e preferências dos praticantes no momento da elaboração dos programas,
permitindo que eles também participem deste processo, de modo que se exercitem da maneira
que melhor lhes satisfazem.
Para o avanço da pesquisa e o aprofundamento do conhecimento, recomendam-se
estudos que utilizem indivíduos com diferentes níveis de aptidão física, experientes e
inexperientes com exercício e, principalmente, com diferentes perfis de humor, considerando
o ambiente de prática e as preferências individuais. Novos estudos são necessários para se
determinar a relação dose-resposta entre exercício e estados psicológicos. Recomendam-se
também o desenvolvimento e a validação de outros instrumentos de medida para o estado de
humor, com a publicação de dados normativos para a população brasileira, bem como estudos
sobre os mecanismos envolvidos na alteração do humor pelo exercício. A utilização de
132
medidas qualitativas também deve ser incentivada. Novos estudos dentro da abordagem
psicofisiológica também são necessários, utilizando outras variáveis fisiológicas (atividade
neural simpática e parassimpática, endorfina, catecolaminas, cortisol e ácido lático) e
psicológicas (auto-eficácia, expectativa de mudanças e traços de personalidade), bem como
medidas eletroencefalográficas, eletromiográficas e resposta galvânica.
Estas considerações teórico-metodológicas são necessárias para que se possa avançar
tanto no entendimento dos efeitos psicológicos do exercício e sua relação de dose-resposta
quanto na consideração do indivíduo dentro da ótica psicofisiológica. Uma medida prática que
deveria ser adotada pelas academias de ginástica seria a inserção de medidas psicológicas
dentro da avaliação inicial e continuada dos praticantes, informando não somente os
resultados antropométricos e funcionais, mas também as alterações no aspecto emocional.
Portanto, foi demonstrado que o exercício promove efeitos tanto fisiológicos, como a
redução da pressão arterial, quanto psicológicos, como a melhoria do estado de humor, que
estão de alguma forma relacionados. Neste sentido, a prática do exercício é uma alternativa
eficaz no alcance de um equilíbrio interno psicofisiológico. Estudos da psicofisiologia do
exercício, orientados para a qualidade de vida, podem contribuir para o nosso entendimento
de como o exercício pode ser melhor usado para promover o bem-estar dos praticantes. Isto
certamente auxiliará na elaboração de programas voltados para a melhoria da saúde e da
qualidade de vida das pessoas, tendo implicações nas estratégias de adesão aos programas de
exercício, objetivo primordial de todos os profissionais envolvidos com a atividade física.
133
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145
ANEXOS
Anexo 1: Formulário de Identificação dos Indivíduos
Nome Completo: __________________________________________________________
Data de Nascimento: ____/____/____ Sexo: _________
Endereço: ____________________________________________Bairro: ____________
Cidade: ________________________ Estado: ____________CEP: _______________
Telefone: ________________________ Fax: _______________
História de Atividade Física:
( ) Sim
Atual:
Passada:
Qual? ____________________________ Qual? _________________________________
Há quanto tempo: ___________________ Durante quanto tempo? ___________________
Parado há quanto tempo? _________________
( ) Nível competitivo
( ) Nível competitivo
( ) mínimo de 3 vezes/semana
( ) mínimo de 3 vezes/semana
( ) menos de 3 vezes/semana
( ) menos de 3 vezes/semana
( ) NÃO, nunca fez
História de lesão:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Medicamentos em uso: ________________________________________________________
Observações: _______________________________________________________________
Questionário para determinação da prontidão para atividades físicas ( QPAF )
Sim
Seu médico já disse que você possui algum problema cardíaco e recomendou atividades
apenas sob supervisão médica?
Você tem dor no peito provocada por atividades físicas?
Você teve dor no peito no ultimo mês sem que estivesse fazendo atividade física?
Você já perdeu a consciência em alguma ocasião ou sofreu alguma queda em virtude de
tontura?
Você tem algum problema ósseo ou articular que poderia agravar-se com as atividades
físicas propostas?
Algum médico já lhe prescreveu medicamento para a pressão arterial ou para o coração?
Você tem conhecimento, por informação médica ou pela própria experiência, de algum
motivo que poderia impedi-lo de participar de atividades físicas sem supervisão médica?
Três Rios, ______ de _____________________ de ___________
_________________________________
Assinatura
Não
146
Anexo 2: Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO
Eu,____________________________________, residente à _______________________
______________________________________________identidade nº__________________,
voluntariamente concordo em participar da pesquisa de Dissertação de Mestrado da
Universidade Gama Filho intitulada “Efeitos psicofisiológicos do exercício aeróbio e contraresistência em diferentes intensidades” realizada por Francisco Zacaron Werneck e orientada
pelo Prof. Dr. Luiz Carlos Scipião Ribeiro. Estou ciente que o estudo tem por objetivo
verificar o efeito agudo de uma sessão de musculação e de corrida na esteira em diferentes
intensidades sobre os estados de humor, a pressão arterial e a freqüência cardíaca, e que, para
isso, serei submetido a:
•
Uma sessão de teste
•
Três sessões de corrida na esteira e três sessões de exercício contra-resistência (ECR)
•
Uma sessão de controle sem exercício físico.
Na sessão de teste, serei submetido a:
1- Medida do Estado de Humor através de um questionário de auto-relato
2- Medidas Antropométricas (Peso, Altura e Percentual de Gordura)
3- Medidas Funcionais (Pressão Arterial, Freqüência Cardíaca de Repouso e VO2
submáximo)
4- Teste de Força de 8 RM (Carga máxima possível de ser levantada em 8 execuções
corretas do movimento) para os seguintes exercícios: supino, puxada pela frente,
desenvolvimento, tríceps no pulley, rosca direta, leg press 45º, flexão de pernas
As sessões de treino serão:
1- Uma sessão de ECR com intensidade de carga de 50% de 8RM, realizando 16
repetições para cada exercício com intervalo de 1minuto entre as séries e exercícios.
2- Uma sessão de ECR com intensidade de carga de 100% de 8RM, realizando 8
repetições para cada exercício com intervalo de 1minuto e 30 segundos entre as séries
e exercícios.
3- Uma sessão de ECR com intensidade de carga, número de repetições e intervalo de
recuperação auto-selecionados.
4- Uma sessão de corrida na esteira com intensidade de 60-65% da FCM durante 30min.
147
5- Uma sessão de corrida na esteira com intensidade de 85-90% da FCM durante 30min.
6- Uma sessão de corrida na esteira com intensidade auto-selecionada durante 30min.
A sessão de controle consistirá em ir para a academia, mas não realizar o exercício.
Nas sessões de treino e na sessão de controle serei submetido a:
1- Medida do Estado de Humor, Pressão Arterial e Freqüência Cardíaca imediatamente
antes, após e 30min depois de cada sessão.
2- Medida do Índice de Percepção de Esforço após cada série de treinamento contraresistência e a cada 5min durante o treinamento aeróbio.
Estou ciente de que a duração total de cada sessão é de, aproximadamente, 1 hora e 30
minutos e que, não devo fazer atividade física nos dias de teste e de treinamento. Compreendo
que:
1- Em estudos dessa natureza, pode ocorrer algum desconforto, mesmo que raro, como:
dores e lesões musculares e cansaço.
2- Terei acesso a todos os dados referentes a minha participação neste estudo, incluindo o
relatório final.
3- Todas as informações obtidas nos testes por mim realizados serão única e exclusivamente
utilizadas para fins acadêmicos e científicos, incluindo publicação em literatura
especializada.
4- Posso interromper ou até mesmo abandonar este estudo a qualquer momento, sem que
nenhuma implicação recaia sobre mim.
Três Rios,_____ de _______________________ de 2003
_____________________________________________
Voluntário
_____________________________________________
Investigador Responsável
148
Anexo 3 –Índice de Esforço Percebido (Borg, 2000)
ÍNDICE DE ESFORÇO PERCEBIDO (IEP)
Durante o exercício, desejamos que você estime a sua percepção de esforço, isto é, como está
percebendo o exercício (intenso). A percepção do esforço depende, principalmente, da tensão
e da fadiga em seus músculos, e da sua sensação de falta de ar ou de dores no peito.
Examine esta escala de pontuação; queremos que você a use considerando que 6 significa
“sem nenhum esforço” e 20 significa “máximo esforço”.
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
9
13
17
19
Sem nenhum esforço
Extremamente leve
Muito leve
Leve
Um pouco intenso
Intenso (pesado)
Muito intenso
Extremamente intenso
Máximo esforço
corresponde a um exercício “muito leve”. Para uma pessoa sadia e normal, é como
caminhar lentamente, em seu próprio ritmo, durante alguns minutos.
na escala está como exercício “um pouco intenso”, mas o indivíduo ainda se sente
bem para continuar.
“muito intenso”é igual a muito vigoroso. Uma pessoa sadia ainda pode prosseguir,
mas, na verdade, tem de “se empurrar”. O exercício é percebido como muito
puxado e a pessoa está muito cansada.
a escala é um nível de exercício extremamente desgastante. Para a maior parte das
pessoas este é o exercício mais vigoroso que o indivíduo pode ter vivenciado em
toda a sua vida.
Tente avaliar a sua sensação de esforço com a maior honestidade possível, sem pensar em
qual é a carga física real. Não subestime esta carga, mas também não a superestime. É a sua
própria sensação do esforço e do cansaço que importa, e não a sua comparação com as outras
pessoas. O que as demais pessoas pensam também não é importante. Observe a escala e as
expressões nela registradas e, em seguida, faça a sua pontuação. Alguma pergunta?
149
Anexo 4 – Questionário POMS – Perfil dos Estados de Humor (McNair et al. adaptado por
Brandão et al., 1993)
Nome:
Abaixo existe uma lista de palavras que descrevem sentimentos que as pessoas têm. Por favor,
leia cada uma cuidadosamente e assinale o número que melhor descreve o que você está
sentindo neste exato momento.
Os números significam:
0 = nada
1 = um pouco
2 = mais ou menos
3 = bastante
4 = extremamente
21. sem esperança........
22. relaxado...................
01234
01234
43. bondoso...................
44. deprimido.................
01234
01234
1. amistoso...................
2. tenso.........................
01234
01234
23. desvalorizado...........
24. rancoroso.................
01234
01234
45. desesperado............
46. preguiçoso...............
01234
01234
3. bravo.........................
4. esgotado...................
01234
01234
25. simpático..................
26. intranqüilo................
01234
01234
47. rebelde.....................
48. abandonado.............
01234
01234
5. infeliz.........................
6. sereno. .....................
01234
01234
27. inquieto....................
28. incapaz concentrar-se
01234
01234
49. aborrecido................
50. desorientado............
01234
01234
7. animado....................
8. confuso.....................
01234
01234
29. cansado...................
30. cooperador...............
01234
01234
51. alerta........................
52. decepcionado...........
01234
01234
9. arrependido...............
10. agitado....................
01234
01234
31. irritado......................
32. desanimado.............
01234
01234
53. furioso......................
54. eficiente....................
01234
01234
11. apático....................
12. mal humorado........
01234
01234
33. ressentido................
34. nervoso....................
01234
01234
55. confiante..................
56. cheio de energia......
01234
01234
13.preocupado com outros
14. triste........................
01234
01234
35. sozinho.....................
36. miserável..................
01234
01234
57. genioso....................
58. inútil..........................
01234
01234
15. ativo.........................
16. a ponto de explodir..
01234
01234
37. atordoado.................
38. alegre.......................
01234
01234
59. esquecido.................
60. sem preocupação....
01234
01234
17. resmungão...............
18. abatido.....................
01234
01234
39. amargurado..............
40. exausto....................
01234
01234
61. aterrorizado..............
62. culpado....................
01234
01234
19. energético................
20. apavorado................
01234
01234
41. ansioso.....................
42. briguento..................
01234
01234
63. vigoroso...................
64. inseguro...................
01234
01234
65. fatigado....................
01234
OBS: Assegure-se de que você respondeu todos os 65 ítens
Tensão:
Depressão:
Raiva:
Vigor:
Fadiga:
Confusão:
150
Anexo 5: Formulário de Coleta de Dados Antropométricos, Teste de VO2 Submáximo e Teste de Carga de 8RM (Repetições Máximas)
FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS
Nome: _______________________________________________________
Peso: _____________ Altura: ______________
Percentual de Gordura: ____________________
VO2máx estimado: _______________________
TESTE DE 8RM
Exercícios
1- Supino Reto
2- Leg Press 45º
3- Puxada pela frente
4- Desenvolvimento
5- Flexão de pernas
6- Rosca Direta
7- Tríceps no Pulley
carga
Tentativa 1
reps
IEP
carga
Tentativa 2
reps
IEP
carga
Tentativa 3
reps
IEP
carga
Tentativa 4
reps
IEP
PA Pré-teste______________
FC Pré-teste______________
______________________________
Avaliador
151
Anexo 6 – Formulário de Coleta de Dados do Exercício Contra-Resistência
FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS EXERCÍCIO CONTRA-RESISTÊNCIA
Nome: _____________________________________________________________________
TREINO 1 (50% 8RM)
EXERCÍCIO
1- Supino Reto
2- Leg Press 45º
3- Pulley pela frente
4- Desenvolvimento
5- Flexão de pernas
6- Rosca Direta
7- Tríceps no Pulley
carga
1ª série
reps
2ª série
IEP
reps
3ª série
IEP
reps
IEP
PA Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________
FC Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________
TREINO 2 (100% 8RM)
EXERCÍCIO
1- Supino Reto
2- Leg Press 45º
3- Pulley pela frente
4- Desenvolvimento
5- Flexão de pernas
6- Rosca Direta
7- Tríceps no Pulley
carga
1ª série
reps
2ª série
IEP
reps
3ª série
IEP
reps
IEP
PA Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________
FC Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________
TREINO 3 (Auto-Selecionado)
EXERCÍCIO
1- Supino Reto
2- Leg Press 45º
3- Pulley pela frente
4- Desenvolvimento
5- Flexão de pernas
6- Rosca Direta
7- Tríceps no Pulley
carga
1ª série
reps
2ª série
IEP
reps
3ª série
IEP
reps
PA Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________
FC Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________
IEP
152
Anexo 7 - Formulário de Coleta de Dados para o Exercício Aeróbio
FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS PARA O EXERCÍCIO AERÓBIO
Nome: _____________________________________________________________
TREINO 4 (60-65% FCM) FCtreino = _____________
EXERCÍCIO
Corrida 30min
5min
Km/h
FC
IEP
10min
K m/h
FC
IEP
25min
Km/h
FC
IEP
30min
K m/h
FC
IEP
15min
Km/h
FC
IEP
20min
Km/h
FC
IEP
20min
Km/h
FC
IEP
20min
Km/h
FC
IEP
PA Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________
FC Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________
TREINO 5 (85-90% FCM) FCtreino = ____________
EXERCÍCIO
Corrida 30min
5min
Km/h
FC
IEP
10’min
K m/h
FC
IEP
25min
Km/h
FC
IEP
30min
Km/h
FC
IEP
15min
Km/h
FC
IEP
PA Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________
FC Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________
TREINO 6 (Auto-Selecionado) FCtreino = __________
EXERCÍCIO
5min
Km/h
FC
IEP
10’min
K m/h
FC
IEP
25min
Km/h
FC
IEP
30min
Km/h
FC
IEP
15min
Km/h
FC
IEP
PA Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________
FC Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________