EFEITOS PSICOFISIOLÓGICOS AGUDOS DO EXERCÍCIO
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EFEITOS PSICOFISIOLÓGICOS AGUDOS DO EXERCÍCIO
UNIVERSIDADE GAMA FILHO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA EFEITOS PSICOFISIOLÓGICOS AGUDOS DO EXERCÍCIO AERÓBIO E CONTRA-RESISTÊNCIA EM DIFERENTES INTENSIDADES FRANCISCO ZACARON WERNECK Rio de Janeiro 2003 EFEITOS PSICOFISIOLÓGICOS AGUDOS DO EXERCÍCIO AERÓBIO E CONTRA-RESISTÊNCIA EM DIFERENTES INTENSIDADES por FRANCISCO ZACARON WERNECK ___________________________________________ Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Gama Filho, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação Física Agosto, 2003. EFEITOS PSICOFISIOLÓGICOS AGUDOS DO EXERCÍCIO AERÓBIO E CONTRA-RESISTÊNCIA EM DIFERENTES INTENSIDADES FRANCISCO ZACARON WERNECK Apresenta a Dissertação Banca examinadora: Agosto / 2003 Dedico este trabalho à minha família, por tudo que fizeram por mim e pela compreensão dos meus momentos de ausência. AGRADECIMENTOS À minha mãe, Marli, ao meu pai, Werneck, e aos meus irmãos Giovanni e Jefferson, que me forneceram todo o suporte necessário para que pudesse ter alcançado e completado esta jornada. Vocês foram fundamentais. Muito obrigado. À minha noiva Cris, pelo incentivo, compreensão e por ter sido a pessoa que mais escutou falar sobre este trabalho, dando importantes contribuições. Aos meus tios-padrinhos, Aparecida e Everaldo, pelo apoio e incentivo. Ao Prof. Dr. Luiz Scipião Ribeiro, pelo exemplo de consideração e profissionalismo, pela orientação, pela confiança e pelo grande exemplo de amizade, que contribuíram significativamente para o meu crescimento profissional e pessoal. Ao Prof. Ms. e amigo Maurício Bara Fillho, pelo companheirismo, dedicação e contribuições singulares e pela imparcialidade nos momentos difíceis, mostrando-se, acima de tudo, um grande amigo. Ao Prof. Ms. e amigo Héglison Custódio Toledo, por todas as oportunidades que me ofereceu, pela experiência enquanto sócio e pelo exemplo de persistência e dedicação. Ao Prof. Ms. e amigo Emerson Filipino Coelho, pelo companheirismo, amizade e pelas idas e vindas ao Rio, que renderam frutíferas discussões. Ao Prof. Dr. Lamartine Pereira da Costa, pelas inestimáveis contribuições, pelo incentivo e dedicação, sendo para mim um exemplo de quanto ainda tenho que aprender. Ao Prof. Dr. Jorge Roberto Perrout de Lima, pela paciência, disponibilidade e dedicação que foram cruciais na análise estatística e na discussão dos resultados. Ao Prof. e eterno amigo Flávio Villela, pelos ensinamentos, pela convivência e pelos erros por mim cometidos, os quais implicaram no meu amadurecimento pessoal e profissional. À Prof. Ms e prima Mônica Grossi, pela revisão, crítica e contribuição no trabalho e pelo constante incentivo na minha carreira acadêmica. Ao Prof. Frederico de Castro pela revisão gramatical. Aos colegas do mestrado, Renato, Siqueira, Ribas, Aldair e Marcos pela agradável e proveitosa convivência e pela troca de experiências. Aos funcionários do mestrado, Fabri, Eveline e Alan, pela prestação de atendimento e de ajuda. Aos professores Steven Petruzzello, Peter Hassmén, Peter Terry, Teru Nabetani, Neboja Toskovic, Fernando Dimeo e John Raglin pelo fornecimento de artigos científicos. Aos sujeitos participantes desta pesquisa, sem os quais seria inviável concretizar o estudo. Ao proprietário de academia, Anderson, pela seção da academia para a realização do estudo. Aos meus ex-alunos, Bianca, Lourival e Josemar. À CAPES, pelo auxílio financeiro na realização deste estudo. A todos aqueles que me incentivaram e me ajudaram direta ou indiretamente, muito obrigado. “Qualquer um que acredite que o seu tipo de pesquisa é a única forma “científica” para resolver problemas é limitado e está completamente enganado”. JERRY THOMAS & JACK NELSON “As condições de vida não se encontram nem no organismo, nem no meio exterior, mas nos dois simultaneamente”. CLAUDE BERNARD WERNECK, F.Z. Efeitos psicofisiológicos agudos do exercício aeróbio e contra-resistência em diferentes intensidades. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – PPGEF, Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2003. Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Scipião Ribeiro RESUMO O estudo das adaptações psicofisiológicas ao exercício tem demonstrado efeitos agudos diferenciados na pressão arterial (PA) e no estado de humor. Um dos grandes desafios tem sido determinar as características ideais do exercício para a promoção da saúde, sendo crescente o número de pesquisas que utilizam uma abordagem psicofisiológica. O objetivo do presente estudo foi comparar o efeito agudo de uma sessão de exercício contra-resistência (ECR) e de corrida na esteira com diferentes intensidades sobre os estados de humor e a pressão arterial. Dezoito homens saudáveis (22,4 ± 6,5 anos), normotensos e experientes em exercício (12,1 ± 8,1 meses) foram submetidos a sete condições experimentais: 1) ECR com 50% de oito repetições máximas (8RM); 2) ECR com 100% 8RM; 3) ECR com intensidade auto-selecionada; 4) Corrida a 60-65% da Freqüência Cardíaca Máxima (FCMáx); 5) Corrida a 85-90% FCMáx; 6) Corrida autoselecionada e 7) Controle sem exercício. Tensão, depressão, raiva, vigor, fadiga, confusão mental, distúrbio total de humor e pressão arterial foram mensuradas antes, após e 30min após cada sessão. Os resultados mostraram alterações significativas no humor e na pressão arterial independente do tipo e da intensidade do exercício. Houve um pequeno, porém significativo, aumento de tensão, fadiga e distúrbio total de humor após o exercício, diminuindo após 30min, e uma diminuição do vigor até 30min, denotando um efeito agudo negativo sobre o estado de humor. No entanto, do ponto de vista prático, o exercício não alterou o perfil de saúde psicológica dos sujeitos, mantendo-se positivo. Uma melhoria no humor foi observada em longo prazo. Em relação à PA, observou-se uma hipotensão 30min após o término do exercício. Conclui-se que sessões de exercício contra-resistência e de corrida com intensidade baixa, alta ou auto-sugerida promovem efeitos agudos similares no estado de humor e na pressão arterial dos praticantes, sendo importantes na promoção da saúde e na prevenção de distúrbios psicofisiológicos. Em pessoas com perfil de humor positivo, os benefícios psicológicos parecem ocorrer somente em longo prazo. PALAVRAS-CHAVE: exercício contra-resistência, exercício aeróbio, humor, psicofisiologia, saúde psicológica WERNECK, F.Z. Acute psychophysiological effects of aerobic and resistance exercise with different intensities. (Master Dissertation) – PPGEF, Gama Filho University, Rio de Janeiro, 2003. Adviser: Prof. Dr. Luiz Carlos Scipião Ribeiro ABSTRACT The study of psychophysiological adaptations to the exercise has been showing different acute effects on blood pressure and on mood state. One of the greatest challenges is to determine the ideal exercises features to promote health, being seen the increasing on research which uses the psychophysiological approach. The aim of this study was to compare the acute effect of a session of resistance exercise (RE) and a run on the treadmill with different intensity on the mood state and blood pressure. Eighteen healthy and normotensive men (22,4 ± 6,5 years) with physical activity experience (12,1 ± 8,1 months) were submitted to seven experimental conditions: 1) RE with 50% of eight repetitions maximum (8RM); 2) RE with 100% 8RM; 3) RE with self-selected intensity; 4) Running with 60-65% of Maximum Heart Rate (HRmáx); 5) Running 85-90% HRmáx ; 6) Running with self-selected intensity; 7) Control without exercise. Tension, depression, anger, vigour, fatigue, mental confusion, total mood disturbance and blood pressure (BP) were measured before, immediately after and 30 minutes later each session. The results show significantly changes in the mood and blood pressure independent of the exercise type or intensity. There was a slight but significant rising in the tension, fatigue and total mood disturbance following exercise session, decreasing after 30 minutes, and a vigour decrease up to 30 minutes, showing a negative acute effect on the mood. However, in long term there was an increase in the mood. Related to the blood pressure, there was a post-exercise hypotension following 30 minutes. It is concluded that resistance exercise and running sessions of low, high or self-selected intensity can promote similar effects on the mood and on the blood pressure of subjects, being important factors on the health promotion and on the psychophysiological disturbances prevention. In people who have got a positive mood profile, psychological benefits seen to occur only in long-term. KEY-WORDS: resistance psychological health exercise, aerobic exercise, mood, psychophysiology, LISTA DE ANEXOS Anexo 1 – Formulário de Identificação dos Indivíduos ---------------------------------------------145 Anexo 2 – Termo de Consentimento para os indivíduos --------------------------------------------146 Anexo 3 – Índice de Esforço Percebido ---------------------------------------------------------------148 Anexo 4 – Questionário do Perfil dos Estados de Humor (POMS) ------------------------------- 149 Anexo 5 – Formulário de Coleta de Dados Antropométricos, Teste de VO2 Submáximo e Teste de Carga de 8RM (Repetições Máximas) ------------------------------------------------------150 Anexo 6 – Formulário de Coleta de Dados do Exercício Contra-Resistência --------------------151 Anexo 7 – Formulário de Coleta de Dados para o Exercício Aeróbio -----------------------------152 LISTA DE TABELAS 1: Estudos sobre os efeitos agudos do exercício no estado de humor e na pressão arterial ------ 48 2: Estudos e posicionamentos sobre os efeitos crônicos e agudos do exercício sobre a pressão arterial -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 68 3: Características antropométricas e funcionais dos sujeitos ----------------------------------------- 91 4: Média e desvio-padrão das variáveis psicofisiológicas antes, após e 30min após cada condição experimental ------------------------------------------------------------------------------------- 92 5: Resultados da análise estatística univariada dos efeitos principais sobre as variáveis dependentes ------------------------------------------------------------------------------------------------- 100 6: Relação entre as variáveis do estado de humor, o distúrbio total de humor (DTH), a pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) e a freqüência cardíaca (FC) --------------------------- 124 LISTA DE GRÁFICOS 1: Média e Desvio-Padrão da carga de treino levantada em cada sessão de exercício contraresistência ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 93 Gráfico 2: Média e Desvio-Padrão da velocidade de corrida na esteira ----------------------------- 94 Gráfico 3: Média e Desvio-Padrão da Freqüência Cardíaca durante cada sessão de corrida na esteira -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 94 Gráfico 4: Média e Desvio-Padrão do Índice de Esforço Percebido (IEP) de cada sessão de exercício ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 95 Gráfico 5: Média e Desvio-Padrão do Perfil dos Estados de Humor dos sujeitos antes das diferentes condições experimentais ---------------------------------------------------------------------- 98 Gráfico 6: Média e Desvio-Padrão do Perfil dos Estados de Humor dos sujeitos após diferentes condições experimentais ---------------------------------------------------------------------- 98 Gráfico 7: Média e Desvio-Padrão do Perfil dos Estados de Humor dos sujeitos após 30min do término de diferentes condições experimentais ----------------------------------------------------- 98 Gráfico 8: Efeito de diferentes condições de exercício sobre as variáveis do Perfil dos Estados de Humor ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 101 Gráfico 9: Efeito de diferentes condições de exercício sobre o distúrbio de humor --------------- 101 Gráfico 10: Média e Desvio Padrão das variáveis do Estado de Humor pré, pós e 30min após uma situação de controle sem exercício ----------------------------------------------------------------- 101 Gráfico 11: Perfil do Estado de Humor dos sujeitos antes e após o término do experimento ---- 119 Gráfico 12: Efeito de diferentes condições experimentais na pressão arterial sistólica (PAS) -- 120 Gráfico 13: Comportamento de variáveis fisiológicas após as diferentes sessões de exercício - 121 Gráfico 14: Efeito de diferentes condições experimentais na freqüência cardíaca (FC) ---------- 123 SUMÁRIO 1INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------------ 14 1.1 O Problema --------------------------------------------------------------------------------------------- 18 1.2 Objetivos ------------------------------------------------------------------------------------------------ 19 1.3 Hipóteses ------------------------------------------------------------------------------------------------ 19 2 REVISÃO DE LITERATURA ----------------------------------------------------------------------- 20 2.1 Aspectos da Prescrição do Exercício Aeróbio e do Exercício Contra-Resistência: Intensidade de Esforço ------------------------------------------------------------------------------------- 20 2.2 Humor -------------------------------------------------------------------------------------------------- 24 2.2.1 Conceitualizações e Mensurações ------------------------------------------------------ 24 2.2.2 Efeitos do Exercício sobre o Estado de Humor --------------------------------------- 32 2.2.3 Possíveis Mecanismos de Regulação do Humor após o Exercício ----------------- 56 2.3 Pressão Arterial ---------------------------------------------------------------------------------------- 61 2.3.1 Efeitos do Exercício sobre a Pressão Arterial ----------------------------------------- 63 2.3.2 Possíveis Mecanismos Responsáveis pelo Efeito Hipotensivo do Exercício ----- 70 2.4 Psicofisiologia do Exercício -------------------------------------------------------------------------- 72 2.4.1 Relação entre Pressão Arterial, Estado de Humor e Exercício ---------------------- 77 3 MÉTODO ------------------------------------------------------------------------------------------------ 82 3.1 Amostra ------------------------------------------------------------------------------------------------- 82 3.2 Varáveis Independentes e Dependentes ------------------------------------------------------------- 82 3.3 Delineamento da Pesquisa ---------------------------------------------------------------------------- 83 3.4 Instrumentos de Medida ------------------------------------------------------------------------------- 84 3.5 Coleta de Dados ---------------------------------------------------------------------------------------- 87 3.6 Tratamentos --------------------------------------------------------------------------------------------- 87 3.7 Análise Estatística ------------------------------------------------------------------------------------- 89 3.8 Plano Piloto --------------------------------------------------------------------------------------------- 90 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS --------------------------------------- 91 4.1 Dados Descritivos -------------------------------------------------------------------------------------- 91 4.2 Perfil de Humor, Pressão Arterial e Freqüência Cardíaca da Amostra ------------------------- 97 4.3 Efeito da Intensidade e do Tipo do Exercício sobre as Variáveis Psicofisiológicas ---------- 99 4.3.1 Estado de Humor -------------------------------------------------------------------------- 100 4.3.2 Pressão Arterial ---------------------------------------------------------------------------- 119 4.3.3 Freqüência Cardíaca ---------------------------------------------------------------------- 123 4.4. Relação entre as Variáveis Psicofisiológicas ------------------------------------------------------ 123 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ---------------------------------------------------------- 126 REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------------------------------------ 133 ANEXOS ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 145 1. INTRODUÇÃO Atualmente, muitas pessoas estão inseridas em programas de atividade física voltados para a melhoria da saúde e do bem-estar. Várias entidades científicas, grupos de pesquisadores e órgãos de saúde pública reconhecem que o exercício físico está associado a diversos benefícios fisiológicos e psicológicos, sendo considerado de grande importância para a saúde. Um grande desafio para os pesquisadores, tem sido determinar as características ideais do exercício necessárias para promover benefícios tanto na saúde física quanto mental (American College of Sports Medicine, 1993; 1998; Kesaniemi et al., 2001; International Society of Sport Psychology, 1992; Shephard, 2001; U.S.Department of Health and Human Services, 1996). Diversos estudos demonstram que sessões agudas de atividade física promovem uma redução na pressão arterial (PA) e uma melhoria no estado de humor, como a diminuição de tensão/ansiedade, depressão e raiva e aumentos no vigor, que podem durar horas após o exercício e que a repetição destes efeitos a longo prazo traria efeitos positivos para a saúde (Berger & Molt, 2000; Dunn, Trivedi & O’Neal, 2001; Fagard, 2001; Forjaz et al., 1998; Hill et al., 1989; Lane & Lovejoy, 2001; Raglin & Morgan, 1987; Thompson et al., 2001; Toskovic, 2001). Dessa maneira, além dos objetivos estéticos, de manutenção e de aprimoramento do estado de saúde, o exercício tem sido usado como uma forma alternativa não-farmacológica na prevenção e no tratamento da hipertensão arterial, dos distúrbios do humor, ansiedade e depressão (Blumental et al., 2002; Craft & Landers, 1998; Petruzzello et al., 1991). No entanto, o estudo das adaptações psicofisiológicas ao exercício tem demonstrado efeitos agudos diferenciados na PA e no estado de humor. 15 Variáveis como o tipo e a intensidade do exercício realizado, a aptidão física dos praticantes, a experiência e a preferência pela atividade e o ambiente de prática podem influenciar as respostas agudas ao exercício, principalmente as psicológicas. A literatura não é consistente em relação à intensidade e ao tipo do exercício necessários para promoverem um maior efeito hipotensivo e melhorias no estado de humor (Ekkekakis & Petruzzello, 1999; Fagard, 2001). Sabe-se que um dos aspectos primordiais nos efeitos psicológicos é o prazer pela atividade, de modo que a preferência pelo tipo e pela intensidade do exercício é significativa no alcance dos benefícios (Parfitt & Gledhill, 2003). Vários autores têm reconhecido que, apesar da associação entre exercício e saúde mental, a falta de estudos experimentais com validade externa, de distribuição aleatória dos sujeitos, de grupo controle, de tamanhos suficientes de amostra e de uma definição operacional do humor têm comprometido a consistência dos resultados, sendo necessário ainda controlar o volume da atividade física realizada (Berger & Motl, 2000; Hansen, Stevens & Coast, 2001; Shephard, 2001; Steinberg et al., 1998; Weinberg & Gould, 2001; Yeung, 1996). Por isso, faz-se necessário um estudo dentro do ambiente real de prática do exercício, que considere estes aspectos metodológicos. Os exercícios aeróbios, como a corrida, e o exercício contra-resistência (ECR), como a musculação, são atividades que devem compor um programa de condicionamento físico e aquisição de saúde e qualidade de vida (American College of Sports Medicine, 1998). Dentro desta temática, os pesquisadores têm investigado a relação dose-resposta do exercício para a promoção da saúde tanto física quanto psicológica (Kesaniemi et al., 2001). O exercício é um fenômeno complexo que envolve diversos aspectos na sua prescrição, que além de proporcionar benefícios à saúde seja também eficaz na adesão dos indivíduos na atividade. Tem sido demonstrado que os exercícios e o treinamento físico de alta intensidade possuem uma menor taxa de adesão (Dishman & Buckworth, 1996) e em longo prazo podem, 16 quando não prescritos adequadamente, resultar num processo de exaustão psicofisiológica denominado “burnout” (Bara Filho, 1999). Por outro lado, sessões de exercício em que o tipo e a intensidade são selecionados pelo próprio praticante podem resultar numa maior sensação de prazer, conforto e realização (Dishman, Farquhar & Cureton, 1994; Parfitt & Gledhill, 2003). Assim, é preciso identificar as características ideais do exercício para a promoção da saúde, considerando tanto seus efeitos fisiológicos quanto psicológicos, uma vez que estes últimos são negligenciados freqüentemente pelos pesquisadores. A Organização Mundial da Saúde reconhece que a saúde mental tem um suporte fisiológico, sendo fundamentalmente interconectada com a saúde física e social (World Health Organization, 2001). Apesar desse reconhecimento, uma das dificuldades de se compreender os efeitos do exercício sobre a saúde reside no fato de que as pesquisas concentram-se em aspectos particulares. Por isso, é crescente o interesse pela área de atividade física e saúde numa ótica psicofisiológica que considere os aspectos psicológicos e fisiológicos de maneira integrada. Um exemplo de atendimento dessa necessidade é o aperfeiçoamento constante da Teoria do Stress de Hans Selye, denominada Síndrome de Adaptação Geral (SAG), que dá suporte a esta interação pelo caráter inespecífico e integrado de reação do organismo frente a quaisquer estressores (Selye apud Samulski, 2002). O presente estudo pretende observar alterações fisiológicas e psicológicas frente ao exercício físico, utilizando uma abordagem de pesquisa denominada Psicofisiologia do Exercício, visando fornecer conhecimentos que possibilitem a prescrição de exercícios com estímulos adequados, que promovam adaptações psicofisiológicas positivas na saúde e no bem-estar geral do praticante, sendo possível recomendar o tipo e a quantidade de exercício para otimizar as adaptações na saúde, auxiliando indiretamente na adesão à atividade física. Além disso, o estudo visa contribuir para um maior entendimento e a consideração do 17 indivíduo dentro de uma ótica psicofisiológica, reconhecendo a interação simultânea dos aspectos físicos e psicológicos do comportamento. A literatura revisada revela que poucos estudos têm avaliado os efeitos psicológicos da atividade aeróbia e anaeróbia sob condições controladas; que a maioria dos estudos entre exercício e humor utilizou a atividade aeróbia como tratamento, sendo poucos estudos feitos com o exercício contra-resistência; que alguns estudos não acompanharam a duração dos efeitos após a sessão de exercícios e que os achados são contraditórios em relação ao tipo e a intensidade do exercício para promover reduções na PA e uma melhoria do estado de humor (Berger & Motl, 2000; Blumental et al., 2002; Dishman, 1995; Ekkekakis & Petruzzello, 1999; Fagard, 2001; Yeung, 1996). Dessa maneira, o estudo comparativo dos efeitos psicofisiológicos do exercício aeróbio e anaeróbio em diferentes intensidades, realizado sob condições experimentais dentro do ambiente próprio de exercício, revela-se de grande relevância, tanto do ponto de vista acadêmico-científico quanto para a prática de professores e praticantes de exercício. 18 1.1. PROBLEMA A corrida em esteira e o exercício contra-resistência (ou musculação) são tipos de atividades físicas que comportam uma quantidade importante de pessoas nas academias de ginástica, promovendo diferentes efeitos fisiológicos e psicológicos na saúde de seus praticantes. Considerando, então, a revisão e as delimitações da seção anterior, questiona-se: qual é o efeito agudo sobre o estado de humor e a pressão arterial dos alunos de academia após sessões de corrida na esteira e exercício contra-resistência com intensidades baixa, alta e auto-selecionada? Será que uma atividade é mais efetiva do que a outra na redução da PA e na melhoria do humor ou será que o efeito de ambas é semelhante? Os efeitos são diferentes em função da intensidade de esforço? Será que um treino intenso é prejudicial para a regulação do humor, enquanto um treino em que o sujeito escolhe a forma como irá fazê-lo seja benéfico? Em que sentido, humor, PA, tipo e intensidade do exercício e a percepção de intensidade estão relacionados? Procurando responder essas perguntas, é possível especificar um problema, dando-lhe uma feição operacional, de modo a permitir abordagens típicas da pesquisa científica. A problematização reside na comparação dos efeitos psicofisiológicos da corrida na esteira e do exercício contra-resistência, objetivando o aspecto prático da intervenção do profissional de Educação Física em academias de ginástica. 19 1.2. OBJETIVOS • Verificar a influência do tipo e da intensidade de uma sessão de exercício em alunos de uma academia de ginástica sobre variáveis tanto fisiológicas quanto psicológicas que compõem a saúde numa relação psicofisiológica. • Comparar o efeito agudo de uma sessão de exercício contra-resistência (ECR) e de corrida na esteira de intensidade baixa, alta e auto-selecionada sobre os estados de humor e a pressão arterial, dentro de um enfoque psicofisiológico. 1.3. HIPÓTESES H0: As mudanças no estado de humor e na pressão arterial após uma sessão de exercício não são dependentes da intensidade e do tipo do exercício realizado. H1: As mudanças no estado de humor e na pressão arterial após uma sessão de exercício são dependentes da intensidade e do tipo do exercício realizado. 20 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ASPECTOS DA PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO AERÓBIO E DO EXERCÍCIO CONTRA-RESISTÊNCIA: INTENSIDADE DE ESFORÇO O exercício aeróbio (EA) e o exercício contra-resistência (ECR) são duas atividades físicas importantes dentro de um programa de condicionamento físico e aquisição de saúde. A prática regular dessas atividades promove benefícios relacionados à saúde como: aumentos na densidade mineral óssea, força e capacidade cardiorespiratória, bem como melhoria na composição corporal, metabolismo da glicose, lipídios séricos, bem-estar psicológico, diminuição da pressão arterial e da freqüência cardíaca de repouso, sendo que alguns destes efeitos são maiores em uma atividade do que na outra (American College of Sports Medicine, 1998; Pollock et al., 2000). A prescrição do exercício aeróbio e do ECR inclui variáveis como: duração, intensidade, tipo e ordem dos exercícios, freqüência semanal, número de séries e repetições, intervalo de recuperação, carga e objetivos, tendo diversas possibilidades de variações na prescrição de uma atividade. Desde a década de 70, recomendavam-se atividades aeróbias rítmicas que usassem grandes grupos musculares, como a corrida e a natação, numa freqüência de 3-5 vezes por semana, numa intensidade de 60 a 90% da Freqüência Cardíaca Máxima (FCMáx), durante 15 a 60 min por sessão. Na década de 90, o exercício contraresistência foi incorporado às recomendações para aquisição e manutenção da aptidão física, 21 sendo prescrito 2-3 vezes por semana, realizando 1 série de 8-12 repetições (reps) para 8-10 exercícios (U.S.Department of Health and Human Services, 1996). Atualmente, recomendase, para desenvolver e manter a aptidão cardiorespiratória, muscular e a flexibilidade em adultos saudáveis, a atividade aeróbia 3-5 vezes por semana com sessões de 20 a 60min de forma contínua ou intermitente a 55-65 a 90% FCMáx ou 40-50 a 85% do VO2máx de Reserva (Potência Aeróbia Máxima de Reserva) ou da Freqüência Cardíaca Máxima de Reserva (FCMR), devendo ser complementada com ECR pelo menos 2-3 vezes por semana com sessões com 8-10 exercícios para os principais grupos musculares, realizando 1 série de 8-12 repetições, além de exercícios para flexibilidade, como alongamentos estático ou dinâmico por 2-3 vezes por semana (American College of Sports Medicine, 1998). A consulta à literatura indica que a tentativa de se estabelecer um padrão ótimo de atividade física para a promoção da saúde vem de longas datas. Apesar disso, para muitos fatores associados à saúde, não se conhece exatamente a relação dose-resposta do exercício (Kesaniemi et al., 2001). Tem sido pesquisado, por exemplo, o nível mínimo de exercício necessário para o controle da hipertensão e a promoção da saúde mental, passando a discussão necessariamente pela intensidade do exercício. A intensidade é especialmente importante por causa da sua maior contribuição para as complicações médicas induzidas e sua influência na adesão ao exercício. Algumas evidências têm mostrado que atividades físicas de longa duração e intensas possuem maior risco cardiovascular e lesão ortopédica e uma menor taxa de adesão do que aquelas de baixa intensidade, sendo que cerca de 25 a 35% das pessoas desistem da atividade após 10 a 20 semanas (American College of Sports Medicine, 1998; Dishman & Buckworth, 1996). Morgan et al. (1988) mostraram que o distúrbio de humor e o stress aumentavam progressivamente com o aumento da carga de treinamento na natação. Portanto, considerando 22 o efeito cumulativo de sessões de exercício, é preciso regular a intensidade de treinamento para que ele seja eficaz para a saúde. Sabe-se que sessões de treinamentos físicos para a aptidão cardiorespiratória e muscular com diferentes intensidades promovem diferentes efeitos agudos no organismo. Para Thompson et al. (2001), as respostas agudas ao exercício não podem ser vistas isoladamente das adaptações crônicas ao treinamento, pois todo processo de treinamento que leva a uma melhoria dos parâmetros de saúde possui um componente agudo e outro crônico de modo que a repetição destes efeitos ao longo do tempo produz adaptações mais permanentes. Por isso, os efeitos psicológicos do exercício e do treinamento intensos, muitas vezes negativos, podem contribuir para a prevalência da inatividade e o alto número de abandono dos programas de atividade física. A interpretação de intensidade de esforço adotada neste trabalho está de acordo com Howley (2001). De acordo com este autor, a intensidade representa o esforço associado à atividade física, sendo expressa de diferentes formas dependendo do tipo da atividade física analisada. Em geral, a intensidade é classificada em absoluta e relativa. A intensidade absoluta é expressa por parâmetros como: consumo de oxigênio (VO2) ou metabolismo de repouso (METS), informando o gasto energético do exercício; a intensidade relativa é expressa por um percentual de algum parâmetro fisiológico, como VO2máx, FC, Força. A intensidade relativa na atividade aeróbia tem sido descrita em termos do percentual da potência aeróbia máxima (% VO2máx), da freqüência cardíaca máxima de reserva (% FCMR) ou da frequência cardíaca máxima (% FCMáx), podendo esta ser determinada diretamente através de testes máximos, ou ser estimada a partir de testes submáximos ou pela idade do indivíduo. No ECR, a intensidade relativa é normalmente expressa através de um percentual da força máxima (% 1RM), determinada através do teste de uma repetição máxima (1RM) ou de um teste de repetições máximas (5RM, 8-10RM). A expressão repetição máxima 23 (RM) se refere ao número máximo de vezes que uma carga pode ser levantada, usando-se a técnica correta de execução do exercício. Embora testes máximos, como a determinação direta do VO2máx e o teste de 1RM, forneçam informações mais precisas da capacidade máxima do indivíduo para a prescrição do treinamento, apresentam riscos e limitações práticas. Dessa maneira, devido a sua simplicidade e aplicabilidade, o uso de equações de predição, através da idade do indivíduo na estimativa de sua freqüência cardíaca máxima, e de testes de carga, baseados num número maior de repetições máximas, têm se tornado mais freqüentes. O Índice de Esforço Percebido (IEP), mensurado pela Escala de Borg (Borg, 2000), também pode ser usado como um indicador da intensidade relativa. O IEP pode ser descrito como uma medida psicofísica da percepção do indivíduo da intensidade do exercício, sendo reconhecido como um instrumento útil de monitoramento da intensidade do exercício e amplamente utilizado em ambientes de atividade física, devido a sua simplicidade de aplicação, validade e fidedignidade (Borg, 1982; 2000; Dishman, 1994). Ele pode ser usado tanto para correlacionar uma intensidade prescrita em FC ou VO2 com o esforço percebido, como pode ser o próprio parâmetro de prescrição. Os diferentes parâmetros usados para se determinar a intensidade relativa de esforço possuem correspondência. De acordo com o American College of Sports Medicine (1998), no exercício aeróbio, uma intensidade relativa baixa representa um esforço de 35-54% FCMáx ou 20-39% FCMR e VO2máx de Reserva com um IEP de 10-11; a moderada, 55-69% FCMáx ou 40-59% FCMR e VO2máx de Reserva e um IEP de 12-13; e a alta 70-89% FCMáx ou 60-84% FCMR e VO2máx de Reserva e um IEP de 14-16. No ECR, a intensidade relativa é representada por um percentual de 1RM, sendo 30-49, 50-69 e 70-84% de 1RM baixa, moderada e alta intensidade, respectivamente. 24 Estudos mais recentes têm adotado uma outra forma de prescrição de atividade física, especialmente em relação à intensidade de esforço, que tem sido denominada de intensidade preferida ou auto-selecionada, sendo grande o apelo por este tipo de prescrição com o objetivo de adesão ao exercício (Dishman, Farquhar & Cureton, 1994; Gauvin, Rejeski & Norris, 1996; Koltyn et al., 1995; Nabetani & Tokunaga, 2001; Parfitt, Rose & Markland, 2000). Neste tipo de prescrição, o próprio indivíduo escolhe a intensidade de esforço que deseja realizar a atividade física. Sugere-se que quando se permite ao indivíduo escolher a intensidade, ele tende a perceber maior controle sobre a sessão de exercício e maior satisfação, resultando em bem-estar e maior probabilidade de repetição da sessão. Portanto, existem diversas maneiras de se prescrever o exercício, sendo a intensidade de esforço um dos importantes fatores a serem considerados. A busca por prescrições adequadas, que favoreçam a saúde integral do praticante e a sua adesão e manutenção no programa de exercícios, é um objetivo permanente de pesquisa na área de atividade física e saúde. O entendimento dos efeitos psicofisiológicos de diferentes intensidades de exercício pode contribuir para o alcance deste objetivo. 2.2 HUMOR 2.2.1 CONCEITUALIZAÇÕES E MENSURAÇÕES Nas últimas três décadas, tem havido um considerável crescimento da literatura sobre o domínio afetivo do exercício. Dos problemas verificados nas pesquisas, o aspecto conceitual e a mensuração do estado psicológico têm recebido a maioria das críticas. Por isso, revisar o estado da arte referente a estes aspectos torna-se importante para delimitar um dos objetos de 25 estudo e o método de mensuração do construto psicológico investigado no contexto desta pesquisa. Por se tratar de um construto, elaborado a partir de vários aspectos subjetivos, ainda não existe uma definição operacional de humor que constitua um consenso entre os pesquisadores. Muitas vezes, humor, afeto, emoção e bem-estar são tratados como sinônimos, dentro do que se denomina saúde psicológica, mental ou bem-estar psicológico; outras vezes, porém, são tratados como estados psicológicos distintos (Dishman, 1995; Ekkekakis & Petruzzello, 2000). A própria definição de saúde psicológica proposta pelo USDHHS (1999) como “um estado de desempenho bem-sucedido da função mental, resultando em atividades produtivas, preenchendo relações com os outros e possuindo habilidade de se adaptar às mudanças e de lidar com as adversidades” não deve ser vista como a única e mais precisa. Observa-se, nesta definição, uma ampla subjetividade, dando margens a várias interpretações em relação ao “o que” e ao “como” mensurar o estado psicológico, o que talvez resulte na tendência de se juntar diferentes construtos para que se faça uma representação da saúde psicológica, como será visto adiante em relação ao estado de humor. Mas qual a diferença entre humor, emoção e afeto? Algumas tentativas de conceitualização e diferenciação dos estados psicológicos envolvidos na prática do exercício têm sido feitas, baseadas numa orientação cognitivista, no intuito de delimitar cada aspecto e fornecer uma base conceitual para os modelos de medida (Ekkekakis & Petruzzello, 2000; Terry, in press). Normalmente, a distinção entre humor e emoção se dá através de sua intensidade, duração e a especificidade de seus antecedentes. Na concepção de Ekkekakis & Petruzzello (2000), deve haver uma distinção entre humor, emoção e afeto, mas pouca atenção tem sido dada às suas distinções teóricas. Para esses autores, a emoção é considerada um estado afetivo específico para um objeto, de curta duração e alta intensidade, que ocorre após uma avaliação cognitiva deste objeto, como sendo 26 benéfico ou prejudicial ao bem-estar do indivíduo; o humor seria menos intenso e de maior duração, tendo origem cognitiva, porém não-específico a um objeto, mas seria aquilo que a pessoa é no dia-a-dia, ou seja, como ela vê o mundo e a si mesmo num momento particular; já o afeto seria um componente de todas as experiências emocionais, de caráter mais geral, menos complexo e com vários sentimentos envolvidos. Assim, emoção, humor e afeto pertencem a uma estrutura hierárquica que vai do mais específico para o mais geral, daquele com maior envolvimento cognitivo para o de menor envolvimento cognitivo, nesta ordem. Apesar de conceitualmente diferentes, ambos promovem e facilitam a adaptação do indivíduo às demandas do ambiente. Por outro lado, Lane & Terry (2000) e Terry (in press), apesar de citarem as características que diferenciam emoção e humor, afirmam que eles são elementos de uma mesma estrutura conceitual que, muitas vezes, não permite uma clara distinção entre eles, pois ambos se influenciam. Os autores sugerem que o humor influencia o modo com que se reage a uma emoção e que, por sua vez, a resposta emocional a uma situação específica continua reforçar ou modificar a intensidade do estado de humor. Neste sentido, o humor representa uma idéia cumulativa, em que uma série de respostas emocionais aos eventos diários combina para formar um estado psicológico, o qual permanece até que novas emoções promovam novas alterações (Terry, in press). A diferenciação torna-se mais problemática no momento da mensuração dos construtos, uma vez que as medidas não consideram os antecedentes nem a duração dos sentimentos, mas apenas sua intensidade num dado momento (Berger & Molt, 2000). Por isso emoção e humor são medidos, freqüentemente, do mesmo modo. Ainda referente à definição, Lane & Terry (2000) sustentam que o humor refere-se a uma disposição psicológica para avaliar, interpretar e agir de um determinado modo, influenciando a cognição e o comportamento do indivíduo e interferindo decisivamente no 27 processo de tomada de decisão e de execução das habilidades motoras. Berger & Motl (2000, p. 69) definem humor como “um estado afetivo transitório e flutuante que reflete como a pessoa está se sentindo globalmente ou, em geral, num momento particular”. Segundo Weinberg & Gould (2001, p. 382), o humor pode ser definido como “um estado emocional ou afetivo de duração variável e impermanente”. Por fim, Lane & Terry (2000, p. 17) definem humor como “um conjunto de sentimentos, de natureza efêmera, variando em intensidade e duração, usualmente envolvendo mais de uma emoção”. Portanto, os vários autores entendem que o humor refere-se a um estado subjetivo transitório e flutuante, que envolve mais de uma emoção, variando de um estado agradável para um desagradável, possuindo menor intensidade, duração mais longa e antecedentes diversos, quando comparado às emoções, sendo um componente da vida diária, que reflete como a pessoa está se sentindo como um todo, num momento particular e um indicador do bem-estar psicológico, influenciando o comportamento do indivíduo. Uma vez delimitado o construto, como medi-lo? As medidas variam substancialmente em termos de validade, confiabilidade, viabilidade de aplicação, custo e variáveis intervenientes, incluindo índices cognitivos, comportamentais e psicofisiológicos. Na Psicofisiologia, índices como freqüência cardíaca, pressão arterial, resposta galvânica e freqüência respiratória têm sido usadas para inferir mudanças emocionais. Entretanto, medidas de auto-relato são as mais comuns. Segundo Terry (in press), elas possuem as vantagens de serem simples, convenientes, baratas e pouco invasivas. No entanto, possui desvantagens como: efeito socialmente desejável, reatividade ao pesquisador e desinteresse do participante. Diversas medidas de auto-relato estão disponíveis na literatura. De acordo com Berger & Molt (2000), medidas gerais de humor incluem: Activation-Deactivation Adjective Check List (AD ACL), Beck Depression Inventory (BDI), Multiple Affect Adjective Check List 28 (MAACL), Positive Affect Negative Affect Scale (PANAS), State Anxiety Inventory (SAI) e Profile of Mood States (POMS); medidas específicas para situações de exercício incluem: Exercise Feeling Inventory (EFI), Subjective Exercise Experience Scale (SEES) e PAAS (Physical Activity Affect Scale). Uma discussão sobre a mensuração dos estados psicológicos e uma crítica às medidas específicas para o exercício podem ser encontradas num volume especial do Psychology of Sport and Exercise (Ekkekakis & Petruzzello, 2000; 2001a,b; 2002; Gauvin & Rejeski, 2001). Na construção dos instrumentos, Ekkekakis & Petruzzello (2000) citam dois métodos na formulação de um modelo de medida. Pelo método da indução, inicia-se com uma lista grande de adjetivos e depois ficam apenas aqueles mais identificados pelos praticantes, como na formulação do POMS e da versão original do AD ACL; pelo método da dedução, os modelos são baseados e fundamentados numa teoria, como no caso do SAI e do PANAS. De acordo com Ekkekakis & Petruzzello (1999), a versão mais atual do AD ACL, baseado na teoria de ativação multidimensional de Thayer, que faz uma combinação dos dois métodos, pode ser considerada uma das melhores medidas. Entretanto, por ser um aperfeiçoamento recente das medidas de humor, ainda é pouco utilizada. Se, por um lado, medidas gerais provenientes da Psicologia Geral são criticadas pela falta de especificidade para aplicação no ambiente de exercício, por outro lado, as medidas específicas para o exercício têm sido criticadas por limitarem a poucas emoções um fenômeno complexo, em que as pessoas respondem diferentemente aos mesmos estímulos. Um aspecto importante é que as medidas psicológicas diferem em relação à proposição conceitual de humor e emoção. De acordo com Lane et al. (2001), o humor tem sido conceitualizado em dimensões de forma unipolar (ansiedade, depressão, raiva, vigor), bipolar (tenso-relaxado, feliz-raivoso, vigoroso-cansado), ortogonal (afeto positivo e negativo) ou em termos de um 29 modelo circumplexo em duas dimensões (eixos agradável-desagradável e ativaçãodesativação). Cada uma destas proposições possui vantagens e desvantagens. Na verdade, dificilmente uma única medida abrangerá todas as emoções envolvidas no exercício. Em relação a esta temática, Ekkekakis & Petruzzello (2000) citam duas perspectivas na análise psicológica do exercício: a categórica e a dimensional. A escolha da perspectiva de análise depende do estudo em questão: se ele está preocupado com emoções distintas e específicas ou com o afeto em geral. Na perspectiva categórica, o afeto é organizado em categorias conceitualmente distintas e específicas, como ansiedade, depressão, raiva, etc. Neste modelo de mensuração, pode-se incluir o POMS. Por outro lado, na perspectiva dimensional, os construtos são sistematicamente inter-relacionados 2 a 2, 3 a 3 de maneira mais global, abrangendo várias emoções, sendo mais interessante do ponto de vista macro. Na perspectiva dimensional, encontra-se o modelo circumplexo, defendido por Ekkekakis & Petruzzello (2000), que possui relações entre os estados afetivos, é balanceado positiva e negativamente e fornece uma representação global de afeto. No entanto, um consenso entre os pesquisadores sobre os tipos de abordagem e inventários que devem ser utilizados permanece inexistente. Embora o modelo circumplexo venha sendo difundido recentemente, a falta de consenso conceitual e teórico existente na área e a ampla literatura publicada com o modelo unipolar levam os pesquisadores a optarem por esta abordagem, como optado neste estudo. A análise do humor na dimensão unipolar e dentro da perspectiva categórica possibilita a utilização de medidas com validade e fidedignidade já reportadas, como o POMS. O POMS tem sido amplamente utilizado nas pesquisas sobre atividade física, esporte e estados psicológicos. LeUnes & Burger (1998) identificaram 258 estudos publicados no período de 1971 a 1998 sobre a relação perfil dos estados de humor, esporte e exercício. O POMS foi elaborado por McNair, Lorr & Droppleman em 1971, como uma medida de 30 estados circunstanciais, ocasionais e flutuantes de humor em pacientes psiquiátricos, sendo reportada consistência interna de 0,84 a 0,95 e fidedignidade teste-reteste de 0,65 a 0,74. Na população praticante de atividade física, Terry & Lane (2000) reportaram valores de consistência interna que variaram entre 0,72 a 0,84. Embora tenha sido desenvolvido para o uso clínico, o POMS foi utilizado em atletas e popularizado por William Morgan nas décadas de 70 e 80. Morgan encontrou um tipo de curva nos resultados do perfil que denominou “perfil iceberg”, assim denominado por causa da imagem criada pelo gráfico dos dados dos atletas quando comparado com os dados da norma da população não-atleta, sendo representativo da saúde mental. O “Modelo de Saúde Mental”, descrito por Morgan (1985), preconiza que existe uma relação inversa entre psicopatologias e a performance esportiva e que atletas bem sucedidos tinham uma melhor saúde mental (perfil iceberg) do que os mal sucedidos. Atualmente, o POMS possui dados normativos para atletas e praticantes de atividades físicas, sendo considerado um instrumento válido, prático e sensível a variações nos tratamentos com exercício (Terry & Lane, 2000). No Brasil, o POMS foi traduzido e adaptado por Brandão et al. (1993) como POMS - Perfil dos Estados de Humor. Considerando as vantagens de ser um instrumento útil na detecção de mudanças no humor após o exercício, sensível a variações nos tratamentos com exercício, de possuir dados normativos e ampla literatura que possibilita a comparação dos resultados, para efeito deste estudo, o humor será conceitualizado e mensurado através do POMS. Apesar de ampla aplicabilidade no ambiente de exercício, o POMS é criticado por ter sido inicialmente desenvolvido para o uso clínico, pelo foco excessivo sobre os fatores negativos do humor e pela longa duração para respondê-lo (Berger & Motl, 2000), pelo fato de nunca ter passado por avaliações psicométricas formais no contexto do exercício e por não ter sido questionado conceitualmente as variáveis utilizadas (Ekkekakis & Petruzzello, 2000). Além disso, em 31 populações saudáveis, freqüentemente não mostra mudanças no humor, sendo sensível ao efeito teto (Ekkekakis & Petruzzello, 1999). O POMS avalia seis estados subjetivos de humor: tensão (T), depressão (D), raiva (R), vigor (V), fadiga (F) e confusão mental (C). O fator tensão é caracterizado por sentimentos de nervosismo, apreensão, preocupação e ansiedade. O fator depressão está associado a uma inadequação pessoal, indicando sentimentos de autovalorização negativa, inutilidade, desânimo e autoculpa (infeliz, triste, sem esperança, etc.). O fator raiva é caracterizado por sentimentos que variam numa intensidade indo do aborrecimento, antipatia e raiva à fúria em relação aos outros e a si mesmo com sentimentos de hostilidade (rancoroso, amargurado, etc.), estando associado à ativação do sistema nervoso autônomo. O fator vigor é representado por estados de energia, animação e disposição física (animado, ativo, alegre, etc.). O fator fadiga está representado pela fadiga física e mental (esgotado, apático, etc.). O fator confusão mental pode ser caraterizado por sentimentos de incerteza, atordoamento e incapacidade de controlar a atenção e as emoções (confuso, incapaz de concentrar-se, etc.). Os fatores tensão, depressão, raiva, fadiga e confusão mental são considerados os fatores negativos do humor; por outro lado, o vigor é considerado o fator positivo. O Distúrbio Total de Humor (DTH) é calculado pela soma dos fatores negativos, menos o fator positivo [DTH = (T+D+R+F+C) – V]. Ao resultado final somam-se 100, para evitar o uso de valores negativos. O DTH representa uma desestabilização no humor que prejudica o perfil de saúde mental. O teste consta de 65 adjetivos, com uma escala de 5 pontos, onde 0 = nada, 1 = um pouco, 2 = mais ou menos, 3 = bastante e 4 = extremamente; o indivíduo responde como está se sentindo “neste exato momento” em relação a cada um dos adjetivos. Considerando o objetivo deste item, uma vez que o entendimento do humor varia de acordo com a teoria e o método de mensuração utilizado e que nenhum consenso foi estabelecido sobre este construto, no presente estudo será adotado o seguinte entendimento de 32 humor: conjunto de sentimentos subjetivos, composto por aspectos positivos e negativos, mensurados pelo Perfil dos Estados de Humor (POMS), que variam em intensidade e duração, sendo de caráter transitório, sensível às experiências do indivíduo, sendo, no geral, uma representação da saúde psicológica do indivíduo. 2.2.2 EFEITOS DO EXERCÍCIO SOBRE O ESTADO DE HUMOR O interesse pelo estudo da relação entre exercício e estados psicológicos não é recente. Segundo Craft & Landers (1998), a relação entre exercício e depressão, por exemplo, tem sido examinada desde 1900. Desde então, os estudos têm ampliado o enfoque para outras variáveis psicológicas, evoluindo tanto no aspecto conceitual quanto metodológico, procurando eliminar as limitações das pesquisas anteriores, analisando variáveis moderadoras desta relação em diferentes ambientes e populações e procurando estabelecer uma relação de doseresposta e de causalidade entre exercício e benefícios psicológicos. O crescente número de estudos sobre os efeitos psicológicos do exercício físico tem se dado, por um lado, na medida em que a saúde deixou de ser considerada uma condição meramente física e passou a ser concebida como uma interação de aspectos físicos, psicológicos e sociais, onde a saúde mental é crucial para o bem-estar geral dos indivíduos; e, por outro lado, a partir do momento em que os estudos na área de atividade física passaram a considerar estas interações, revelando implicações em diferentes aspectos. No que tange à implicação clínica, social e econômica, observa-se que desordens mentais, como a ansiedade e a depressão, representam um problema crescente de saúde pública no mundo, gerando despesas econômicas e sofrimento humano, sendo fatores de risco 33 para doenças coronarianas (Dishman, 1995; Schwartzman & Glaus, 2000). Dados do U.S.Department of Health and Human Services (1996) e da World Health Organization (2001) revelam que um em cada dez adultos sofre de alguma depressão em algum momento de sua vida; que as mulheres possuem uma maior prevalência de distúrbios psicológicos do que os homens e que a maioria das pessoas não possui acesso aos serviços de saúde para o tratamento; os problemas de saúde mental representam 10% do total de custos médicos com a Previdência Social, sendo a quarta maior causa de incapacidade. Duas metanálises, na temática do exercício físico e saúde mental, revelaram que o exercício é tão eficaz na diminuição da ansiedade (Petruzzello et al., 1991) e da depressão (Craft & Landers, 1998) quanto tratamentos psicoterapêuticos e farmacológicos, possuindo a vantagem de ser mais saudável, econômico e ter maior adesão quando comparado a esses tratamentos. De acordo com Thayer et al. (1994), a regulação do humor se dá através de três componentes inter-relacionados: alteração de um mau humor, elevação do nível de energia e redução da tensão. De todas as técnicas comportamentais usadas para regulação do humor, o exercício mostrou-se a mais efetiva na alteração de um mau humor, a quarta mais bem sucedida no aumento da energia e a terceira na redução da tensão. Neste sentido, o exercício tem sido proposto como uma alternativa no tratamento e na prevenção de distúrbios psicológicos e na melhoria do estado de humor. No aspecto acadêmico e profissional, dois grandes desafios dos pesquisadores têm sido a prescrição de atividade física adequada para a regulação e melhoria dos estados psicológicos e a adesão ao exercício. A metanálise de Dishman & Buckworth (1996) mostrou uma relação inversa entre intensidade do exercício e adesão de modo que o exercício de alta intensidade está associado a uma menor adesão à atividade. Entretanto, Hall, Ekkekakis & Petruzzello (2002) salientam que não se sabe ainda até que ponto esta relação é moderada pelas respostas psicológicas ao exercício em diferentes intensidades. Moses et al. (1989), por 34 exemplo, encontraram um efeito da intensidade no estado de humor, mas não na adesão ao programa de exercício. Sabe-se que muitas pessoas se exercitam porque se sentem bem após a atividade. Segundo Hall, Ekkekakis & Petruzzello (2002), as pessoas tendem a fazer aquilo que as fazem sentir bem e evitar o que as fazem sentir mal. Tem sido demonstrado que pessoas depressivas e com baixa motivação tendem abandonar com mais freqüência os programas de atividade física do que aquelas não-depressivas e com maior motivação (Norvell & Belles, 1993; Raglin, Morgan & Luchsinger, 1990). Por isso, acredita-se que o entendimento dos efeitos psicológicos do exercício pode contribuir para o aumento a sua adesão. No que tange à prescrição do exercício para a promoção da saúde mental, os estudos realizados até o presente momento não permitem determinar uma relação de dose-resposta, nem de causalidade, embora sejam plausíveis (Dunn, Trivedi & O’Neal, 2001; Ekkekakis & Petruzzello, 1999). Esta temática será discutida mais adiante. Talvez por isso, algumas entidades, como o U.S.Department of Health and Human Services (1999), ainda não reconheçam o exercício como tratamento para desordens mentais. Os estudos na área de atividade física e saúde mental envolvem um grande número de constructos psicológicos, como humor, ansiedade, depressão, afeto negativo e positivo, autoestima, auto-eficácia, função cognitiva, stress, entre outros. Uma das variáveis psicológicas mais estudadas, a partir da década de 70, foi o estado de humor. Os mais variados tipos de estudos científicos têm verificado uma melhoria do humor, associada à prática regular da atividade física e a sessões agudas de exercício, tanto em populações saudáveis normais quanto em populações clínicas. A presente revisão literária concentra-se nos estudos que analisaram os efeitos agudos de sessões de exercício sobre o estado de humor em populações saudáveis, principalmente sobre aqueles que utilizaram o POMS como instrumento de medida 35 psicológica e que analisaram variáveis moderadoras como o tipo e a intensidade do exercício, enfatizando o aspecto da prescrição do exercício. Em geral, admite-se que pessoas fisicamente ativas e com maior aptidão física possuem um melhor estado de humor do que aquelas sedentárias e menos aptas. Revisões literárias (Berger & Motl, 2000; Dishman, 1995; Dunn, Trivedi & O’Neal, 2001; Yeung, 1996), metanálises (Craft & Landers, 1998; Petruzzello et al., 1991), posicionamentos (ISSP, 1992; USDHHS, 1996), estudos transversais (Hassmén, Koivula & Uutela, 2000; Lobstein, Mosbacher & Ismail, 1983; Thirlaway & Benton, 1992), longitudinais (Lampinen et al., 2000; Strawbridge et al., 2002) e experimentais (Cramer, Nieman & Lee, 1991; DiLorenzo et al., 1999; Moses et al., 1989; Norvel & Belles, 1993; Stanton & Arrol, 1996) têm fornecido evidências de que a prática regular da atividade física está associada a alterações positivas no estado de humor tanto agudas quanto crônicas. Entretanto, variáveis como tipo, intensidade, duração e ambiente de prática do exercício, o estado de humor inicial, o nível de aptidão física, gênero, idade, expectativa de mudança e preferência dos sujeitos parece interferir nos resultados. Cortes transversais de comparação de variáveis psicológicas de indivíduos ativos e sedentários e de indivíduos com diferentes níveis de atividade e aptidão física mostram que os sedentários são mais introvertidos e depressivos do que os mais ativos (Lobstein, Mosbacher & Ismail, 1983) e que a participação no exercício melhor do que a melhora na aptidão física está associada a um melhor estado de humor, independente de gênero (Thirlaway & Benton, 1992), sendo mais importante, do ponto de vista da saúde psicológica, preocupar-se mais em fazer o exercício do que melhorar a aptidão física. Moses et al. (1989) corroboram esta premissa após estudo experimental de treinamento que encontrou mudanças no humor independente da melhoria de aptidão física. Hassmén, Koivula e Uutela (2000), num estudo epidemiológico transversal, mostraram que os indivíduos que se exercitavam com menor 36 freqüência tinham mais sintomas de depressão quando comparados com aqueles que tinham maiores níveis diários de atividade física, que possuíam menos sintomas de depressão e raiva, menos stress percebido, maior senso de coerência, integração social e percepção de saúde e aptidão física, independente de gênero e de idade. Corroborando estes autores, Strawbridge et al. (2002) verificaram que a prevalência de depressão é menor nos sujeitos mais ativos e que o exercício possui um efeito protetor contra a incidência da depressão em idades superiores. Outro estudo prospectivo mostrou que o decréscimo na intensidade das atividades físicas relacionadas à idade aumenta o risco de depressão, sugerindo medidas de manutenção de um nível adequado de atividade física para a população idosa (Lampinen, Heikkinen & Ruoppila, 2000). Dessa maneira, nota-se que os estudos transversais e longitudinais suportam a hipótese de que o exercício traz benefícios psicológicos para indivíduos com diferentes níveis de condicionamento físico e que, na maioria das vezes, os benefícios são independentes do gênero e da idade dos sujeitos, sendo ainda protetor contra futuros distúrbios psicológicos. Outras variáveis podem influenciar a resposta psicológica ao exercício, como: expectativa de mudança, nível inicial do perfil psicológico, tipo e intensidade do exercício, aptidão física e preferências dos sujeitos. Sobre as variáveis que influenciam as respostas emocionais ao exercício, sugere-se que quanto maior for a expectativa do sujeito de que seu humor irá melhorar após o exercício, maior será o benefício psicológico, de maneira que se deve controlar esta variável nos estudos ou então, como sugere Yeung (1996), realizar o estudo de forma que o sujeito não saiba que está sendo mensurado seu estado de humor. Segundo O’Halloran, Murphy & Webster (2002) existem duas formas de se controlar a expectativa de mudança: uso de um grupo placebo ou a mensuração da expectativa. Os estudos mostram resultados divergentes em relação a esta temática. Enquanto Moses et al. (1989), usando grupo placebo, verificou que o efeito do 37 exercício sobre o humor não parece ser devido à expectativa de mudança nem à atenção dada aos sujeitos, O’Halloran, Murphy & Webster (2002) desenvolveram e utilizaram uma medida de expectativa de mudança do humor para corredores, verificando uma correlação positiva moderada entre os escores da medida e as mudanças no humor durante e depois de uma sessão de corrida. Outro aspecto que influencia as respostas psicológicas ao exercício é o escore inicial na variável psicológica considerada. Cramer, Nieman & Lee (1991), apesar de terem encontrado um aumento no bem-estar após treinamento aeróbio, não encontraram mudanças no estado de humor, mensurado pelo POMS, enfatizando que os sujeitos já possuíam um humor saudável, de modo que o questionário não foi capaz de detectar mudanças significativas. Outros estudos corroboram este resultado, onde o benefício é maior nos sujeitos com pior estado de humor (Craft & Landers, 1998; Hale & Raglin, 2002; Gauvin, Rejeski & Norris, 1996; Lane & Lovejoy, 2001). Craft & Landers (1998) verificaram que a diminuição da depressão foi maior naqueles com maior nível inicial de depressão, sendo a mudança independente do tipo e da intensidade do exercício. Sobre as características do exercício necessárias para promover uma melhora no humor, a intensidade e o tipo do exercício têm sido considerados em muitas investigações. Desde a década de 80, há tentativas de formulação da dose-resposta entre exercício e benefício psicológico, com o objetivo de estabelecer causalidade e melhorar a prescrição do exercício e sua adesão (Ekkekakis & Petruzzello, 1999). Foi proposto que haveria um limiar de intensidade e duração do exercício para reduções na ansiedade. Berger (1996) propõe que o exercício para a melhoria do humor deve ser agradável, de caráter aeróbio, não-competitivo, de intensidade moderada e de duração entre 20 a 40 min, regular durante a semana e praticado em ambientes previsíveis e espacialmente fixos. De acordo com este autor, se o indivíduo deseja se sentir melhor após a atividade, ele deve evitar treinamentos com esforços máximos. 38 Alguns estudos que observaram mudanças crônicas no estado de humor suportam a taxonomia proposta por Berger. Em relação à intensidade de esforço, Cramer, Nieman & Lee (1991), Moses et al. (1989), Thirlaway e Benton (1992) e Williams & Getty (1986) verificaram que a prática de exercícios físicos aeróbios moderados, entre 60-70 % FCMáx, promoveu a uma melhor regulação dos estados de humor do que o exercício de alta intensidade, diminuindo a tensão, a ansiedade, a raiva e a depressão e aumentando o bemestar. Da mesma forma, Steinberg et al. (1998) encontraram uma melhora cumulativa nos fatores positivos do humor durante 7 semanas de ginástica aeróbia de intensidade moderada, sendo independente de gênero. Entretanto, como afirmam Ekkekakis & Petruzzello (1999), a generalização das curvas de dose-resposta é inconsistente, não possui suporte empírico e a prescrição de uma intensidade moderada para alcançar benefícios psicológicos é mais especulativa do que científica, não existindo consenso, pois alta intensidade também esteve associada a benefícios psicológicos. DiLorenzo et al. (1999) verificaram uma diminuição de depressão e de ansiedade, bem como um aumento do auto-conceito e do vigor após 12 semanas de treinamento aeróbio, praticado 4x/sem a 70-85% FCMR quando comparado a um grupo que não praticou exercício. Os autores constataram ainda que, mesmo após um ano, o estado de humor estava melhor do que antes do treinamento, corroborando os achados de Moses et al. (1989) que também verificaram benefícios em longo prazo. Estes resultados contraditórios em relação à intensidade de esforço na melhoria dos estados psicológicos podem ser explicados em parte pela aptidão física dos sujeitos, embora os resultados sejam divergentes. Tem sido demonstrado que indivíduos com maior aptidão física apresentam benefícios psicológicos após treinos de maior intensidade (Boutcher & Landers, 1988; Dishman, Farquhar & Cureton, 1994; Steptoe & Cox, 1988). Steptoe & Cox (1988) encontraram um aumento de vigor após ciclismo com maior intensidade absoluta somente para os sujeitos com 39 maior aptidão física, com os de menor aptidão reportando maior percepção de esforço e fadiga. Dishman, Farquhar & Cureton (1994) verificaram que somente os indivíduos com maior aptidão física reportaram diminuição de ansiedade após ciclismo com intensidade autosugerida, corroborando os achados de Boutcher & Landers (1988) comparando corredores e não-corredores após treino de 80-85% FCMáx. Por outro lado, os estudos de Roth (1989), Steptoe, Kearsley & Walters (1993) e Tuson, Sinyor & Pelletier (1995) não encontraram efeito significativo da aptidão física nas respostas psicológicas ao exercício. A esse respeito, de acordo com Ekkekakis & Petruzzello (1999), mesmo prescrevendo a intensidade de forma relativa (Ex.: 70% VO2máx), um esforço dessa natureza pode ter um componente apenas aeróbio para um indivíduo, mas pode ter um componente substancial anaeróbio para outro. Devido às diferenças nos parâmetros ventilatórios, bioquímicos e endócrinos entre os esforços aeróbios e anaeróbios, os autores sugerem que o padrão de intensidade seja determinado através do limiar ventilatório ou de lactato, onde uma intensidade moderada seria aquele esforço compreendido abaixo do limiar; o exercício intenso estaria localizado dentro do limiar e o exercício extenuante estaria acima do limiar e próximo do VO2máx. Ekkekakis & Petruzzello (1999) sugerem que abaixo do limiar as respostas psicológicas são independentes das alterações fisiológicas, uma vez que a homeostase não está ameaçada; dentro do limiar, o organismo está num estado de alerta, onde as respostas variam de indivíduo para indivíduo, sendo uma parte influenciada pelas mudanças fisiológicas e a outra por fatores cognitivos de como lidar com a situação; ao contrário, quando o esforço está acima do limiar, o organismo se encontra numa situação de severa perturbação homeostática que se reflete em respostas emocionais negativas. Petruzzello, Hall & Ekkekakis (2001) afirmam que as respostas afetivas ao exercício são o produto de uma contínua mudança entre cognição e a percepção direta dos fatores somáticos, onde nas baixas 40 intensidades predomina os fatores cognitivos, enquanto nas altas intensidades predominam os fatores somáticos. Em relação ao tipo de exercício, Petruzzello et al. (1991) constataram que a redução na ansiedade esteve associada apenas ao exercício aeróbio e que este deveria ter, no mínimo, 21 min de duração, embora considerando os poucos estudos com exercício contra-resistência. Ao contrário do que preceitua a taxonomia proposta por Berger (1996), tem sido demonstrado que o exercício contra-resistência também é capaz de melhorar o estado de humor (Beniamini et al., 1997; Hale & Raglin, 2002; Norvell & Belles, 1993). Norvell & Belles (1993) encontraram maior satisfação no trabalho, menor depressão, ansiedade, hostilidade e sintomas de stress, assim como uma melhoria do humor em indivíduos que praticaram ECR em forma de circuito, 3x/sem durante 4 meses. Da mesma maneira, Beniamini et al. (1997) verificaram uma diminuição da tensão, depressão, fadiga e distúrbio do humor, assim como um aumento do vigor em pacientes de reabilitação cardíaca após 3 meses de treinamento com pesos de alta intensidade (80% 1RM). Corroborando estes autores, Hale & Raglin (2002) constataram que o treinamento com exercício aeróbio de step ou o treinamento contra-resistência (70-80% 1RM) promovem reduções significativas no estado de ansiedade, sendo este padrão de resposta similar ao longo de 2 meses de treinamento. Recentemente, uma extensa revisão de literatura sobre a relação dose-resposta entre exercício, ansiedade e depressão, verificou que tanto o exercício aeróbio quanto o anaeróbio promovem reduções na ansiedade e na depressão independente da intensidade, embora a maioria dos estudos tenha sido feito com exercício aeróbio (Dunn, Trivedi & O’Neal, 2001). A preferência pelo tipo de exercício ou a possibilidade de auto-seleção da intensidade de esforço também são variáveis que influenciam as respostas psicológicas (Ekkekakis & Petruzzello, 1999). Os estudos em laboratório muitas vezes não permitem que o indivíduo pratique a sua atividade física habitual, podendo alterar suas respostas afetivas. Geralmente, 41 ocorre um efeito mais positivo no humor após exercício de intensidade auto-selecionada em indivíduos que são ativos (Dishman, Farqhar & Cureton, 1994). Estes autores encontraram uma redução na ansiedade após ciclismo com intensidade auto-selecionada somente para o grupo de maior aptidão física, reforçando a idéia de que existe um limiar de intensidade para os benefícios psicológicos e que este limiar depende da condição física do indivíduo. Por outro lado, Parfitt, Rose & Markland (2000) não encontraram diferença nas respostas psicológicas ao exercício de intensidade prescrita ou preferida. Dois estudos mais recentes suportam uma melhoria no estado de humor após o exercício de maior preferência, embora não tenham verificado a influência da preferência de intensidade (Daley & Maynard, 2003; Parfitt & Gledhill, 2003). Portanto, diferentes tipos e intensidades de atividade física têm o potencial de melhorar o humor, desde que esteja adequada à individualidade do praticante, seja praticada num ambiente agradável e de forma prazerosa. Parece existir uma relação positiva entre a expectativa de melhoria do humor pelo sujeito e sua mudança real e uma relação inversa entre o perfil de humor pré-exercício e o benefício psicológico. Especula-se que os indivíduos bem condicionados se beneficiam de maiores intensidades ao contrário dos de menor aptidão, e que uma intensidade auto-selecionada pode ser melhor do que uma intensidade imposta, mas os resultados ainda são insuficientes para afirmações consistentes. Neste sentido, a melhoria do humor através do exercício está na dependência de uma interação ótima entre o praticante, as características do exercício e do ambiente, não existindo ainda uma relação de doseresposta estabelecida entre atividade física e saúde mental. Em parte, os resultados contraditórios e inconsistentes entre as pesquisas podem ser atribuídos às diferenças metodológicas entre as pesquisas e aos erros e limitações nos experimentos que incluem: falta de randomização e/ou grupo de controle, amostras pequenas e/ou não representativas da população, instrumento de medida inadequado, tempo de 42 mensuração após o exercício insuficiente para detectar mudanças, delineamentos préexperimentais e falta de validade externa em relação ao ambiente de prática do exercício. A Tabela 1 mostra as características essenciais de diferentes estudos envolvendo o efeito agudo do exercício no estado de humor, com o propósito de observar as tendências dos experimentos no tempo e inferir novas condições a serem adotadas em novos experimentos, estabelecendo preliminares para o estudo em questão. Setenta estudos foram selecionados através de busca em bases científicas por palavraschave e pela análise das referências bibliográficas dos estudos. Procurou-se identificar as seguintes características nos estudos: delineamentos utilizados, características das amostras, influência de variáveis moderadoras, medidas do humor, intensidades de esforço e tipos de atividade, abordagem psicofisiológica, benefícios psicológicos quanto à intensidade e ao tipo da atividade. A revisão de literatura realizada revelou uma equivalência nos tipos de delineamento. Vinte e um estudos (30%) foram de caráter experimental, 24 (34%) pré-experimental e 25 (35%) quase-experimental. Quarenta e quatro estudos (63%) foram realizados em ambiente de laboratório, enquanto 26 no ambiente de prática de exercício dos sujeitos (37%). Nota-se, portanto, nos estudos uma necessidade de tornar o ambiente de prática do exercício o mais próximo possível da realidade do praticante, embora os estudos experimentais ainda encontrem dificuldades para isso. Por isso, há uma superioridade de delineamentos quaseexperimentais que tentam aumentar a validade externa do experimento, que utilizam um mesmo grupo sendo testado em diferentes períodos e/ou condições. Os estudos com grupo controle utilizaram: repouso, leitura, aula teórica, escutar música, assistir um vídeo, atividade fora da rotina, um dia de treino sem exercício, relaxamento, trabalho ou placebo. Os grupos de controle em comparação com as intervenções 43 de exercício, na maioria das vezes, não apresentaram mudanças no estado de humor, sendo que alguns estudos deixaram de utilizá-lo em função de sua pouca representatividade. O n amostral variou de seis a 135 sujeitos (Média = 43). Normalmente, nos estudos com n menor do que 30, os mesmos sujeitos foram submetidos a diferentes condições experimentais, de modo que o n de cada condição ficou entre seis a 30 sujeitos; nos estudos com n maior que 30, os sujeitos eram distribuídos aleatoriamente ou não para condições experimentais diferentes. A amostra foi constituída somente por homens em 29% dos estudos analisados, somente mulheres (18%) ou por homens e mulheres (53%). A faixa etária variou de 16 a 75 anos. No entanto, na maioria das vezes, a amostra foi composta por estudantes universitários. Alguns estudos utilizaram medidas antropométricas (Peso, Altura e % Gordura) e Funcionais (Capacidade cardio-respiratória, Nível de Atividade Física) para caracterizar a amostra. Sobre as variáveis que influenciam nas respostas psicológicas ao exercício, 18 estudos de 20 não encontraram diferença de resposta entre homens e mulheres. Em relação à aptidão física os resultados são mais contraditórios. Oito estudos reportaram influência da aptidão física nas respostas psicológicas ao exercício e cinco estudos não. Dois estudos verificaram que as alterações no humor são independentes da hora do dia de realização do exercício. Em relação à expectativa de mudança, dois estudos afirmam que não há influência. Entretanto, um estudo recente, que utilizou uma escala de mensuração deste efeito específico para o exercício, encontrou uma moderada relação entre a expectativa de mudança e as alterações no humor. Traços de personalidade não influenciaram as respostas psicológicas em dois de três estudos. O perfil de humor pré-exercício também influenciou as respostas psicológicas. Normalmente, os maiores benefícios ocorreram para indivíduos com piores perfis. A medida psicológica mais utilizada foi o POMS (51% dos estudos), seguido pelo SAI (35%). Em parte, o maior uso dessas medidas se deve ao fato de serem mais antigas e de 44 possuírem dados normativos e ampla literatura para comparações. Algumas medidas como o EFI, PANAS, FS, SEES só aparecem a partir de 1996. O AD ACL recentemente tem sido preconizado como a melhor medida do estado psicológico (Ekkekakis & Petruzzello, 1999), embora apareça em apenas sete estudos. A maioria dos estudos utilizou apenas uma única medida psicológica (73%), ao passo que alguns utilizaram duas ou mais medidas no mesmo estudo (27%). O tempo de aplicação das medidas variou bastante. A maioria dos estudos utilizou as medidas antes e após o tratamento; outros mediram antes e até um período de 30minutos após, tendo ainda aqueles que acompanharam os efeitos por mais de 30min após o exercício. Isto se deve a evidências que mostram alterações em alguns parâmetros psicológicos somente 20 ou mais minutos após o exercício. A partir de 1995, foi utilizada a mensuração psicológica durante a realização do exercício. Cinqüenta e sete estudos (81%) utilizaram a atividade aeróbia como intervenção; oito (11%) usaram o exercício contra-resistência e apenas cinco (7%) compararam os efeitos psicológicos das duas atividades. As atividades aeróbias envolveram ciclismo, dança, caminhada, natação, step e, na maior parte dos estudos, a corrida (49%). A intensidade de esforço foi prescrita por diferentes parâmetros, como: %VO2máx em 22 estudos, %FCMáx em 11 estudos, auto-selecionada em 9 estudos, Watts, %1RM, %10RM, %FCMR, distância percorrida, IEP e de forma Progressiva. Doze estudos não mencionaram a intensidade de esforço. Estudos mais recentes têm analisado a preferência dos sujeitos por determinado parâmetro, comparando a intensidade prescrita com a auto-selecionada ou tipos de exercício preferidos com outros menos preferidos. Embora se espera que o indivíduo tenha maiores benefícios psicológicos após sessões em que ele próprio escolhe como se exercitar, os resultados, até o momento, não permitem inferir uma superioridade desse tipo de prescrição sobre a forma tradicional. 45 Trinta e dois estudos (45%) adotaram uma abordagem psicofisiológica, mensurando variáveis psicológicas e fisiológicas, sendo a ansiedade e a pressão arterial, respectivamente, as mais utilizadas. Entretanto, a maioria dos estudos não correlacionou as duas variáveis. Apenas o estudo de Harre et al. (1995) fez a correlação, encontrando valores significativos entre o humor e endorfina. Vinte e dois estudos usaram o Índice de Esforço Percebido como medida da intensidade percebida. Entretanto, não correlacionaram este índice com o estado de humor. Alguns estudos mostram que a redução na PA tem sido relacionada às mudanças na ansiedade pós-exercício (O’Connor & Davis, 1992; Raglin & Morgan, 1987), sendo a atividade do sistema nervoso simpático um dos possíveis mecanismos que explica as reduções nessas duas variáveis. Pela Tabela 1, observa-se que alguns estudos, utilizando diferentes tipos de exercício, não mencionaram a intensidade de esforço ou foram realizados numa mesma intensidade; outros verificaram o efeito de uma atividade em diferentes intensidades sobre uma variável psicológica ou sobre variáveis psicológicas e fisiológicas. Entretanto, poucos estudos compararam tipos e intensidades diferentes de atividade física e seus efeitos psicofisiológicos. Em relação ao efeito da intensidade do exercício no estado de humor, observa-se uma divergência nos resultados. Após sessões de alta intensidade, onze estudos reportaram melhoria no estado de humor, dez encontraram piora no humor e três estudos não verificaram mudanças. Ao contrário, sessões de intensidade moderada promoveram melhoria no humor em 26 estudos ou nenhuma mudança em dois estudos. Baixa intensidade resultou em melhoria do humor em sete estudos, nenhuma mudança em cinco, e piora do humor em um estudo. Sessões em que a intensidade foi auto-selecionada pelos sujeitos resultou em melhoria do humor em cinco estudos ou em nenhuma mudança em um estudo. Por outro lado, nove estudos reportaram que as alterações no humor foram independentes da intensidade e quatro estudos não encontraram mudanças significativas. 46 Os exercícios aeróbios de alta intensidade têm sido associados com melhorias (Boutcher & Landers, 1988; Farrel et al., 1987; Han & Yoon, 1995; Kraemer et al., 1990), nenhuma mudança (Farrel et al., 1982;) e decréscimos no humor (Ekkekakis & Petruzzello, 2002; Hassmén & Blomstrand, 1991; Morgan et al.,1988; Steptoe & Cox, 1988); baixa e moderada intensidade tem sido associada com diminuição do humor negativo e aumento do vigor (Hansen, Stevens & Coast, 2001; Lane & Lovejoy, 2001; Roth, 1989; Watt, 1998; Yeung & Hemsley, 1996). Por outro lado, alguns estudos mostram que tanto baixa quanto alta intensidade parece promover mudanças positivas no humor (Berger & Owen, 1998; Farrel et al., 1987; Hatfield et al., 1988; Steptoe, Kearsley & Walters, 1993) e uma redução na ansiedade (Cox, Thomas & Davis, 2000; Hatfield et al., 1988; Porcari et al., 1988). Nos exercícios contra-resistência, os achados também são contraditórios. Exercício contra-resistência de baixa intensidade promoveu melhoria no humor (Tharion et al., 1991; Focht & Koltyn, 1999), diminuição no vigor (Focht & Koltyn, 1999), redução na ansiedade (Focht & Koltyn, 1999; O’Connor & Cook, 1998) ou nenhuma mudança (Garvin, Koltyn & Morgan, 1997; Koltyn et al., 1995; Raglin, Turner & Ekstein, 1993). Da mesma forma, alta intensidade esteve associada a melhorias (Dyer & Crouch, 1988; McGowan, Talton & Thompson, 1996), decréscimos (Wang et al., 1991; Tharion et al., 1991) ou nenhuma mudança no humor (Raglin, Turner & Eksten, 1993) e diminuição da raiva (Focht & Koltyn, 1999). Por outro lado, reduções na ansiedade ocorreram somente após intensidade de 60% 10RM (O’Connor et al., 1993). Parece que as alterações na ansiedade após o ECR ocorrem somente após 1h e sob intensidades maiores que 40% e menores que 70-80% de 1RM. Em relação ao tipo de atividade, tanto o exercício aeróbio quanto o exercício contraresistência promoveram alterações positivas no estado de humor. Nos poucos estudos em que essas duas atividades foram comparadas, Dyer & Crouch (1988) encontrou uma superioridade da corrida em relação ao ECR na regulação do humor em longo prazo. McGowan et al. (1991) 47 encontraram mudanças positivas no humor para ambas; no entanto, o exercício aeróbio se mostrou mais eficaz na redução da ansiedade do que o ECR (Garvin, Koltyn & Morgan, 1997; Raglin, Turner & Eksten, 1993). Conclui-se, por esta revisão literária, que os estudos utilizaram, em sua maioria, a atividade aeróbia como intervenção; poucos estudos foram feitos com exercício contraresistência e, menos ainda, comparando as duas atividades; o %VO2máx e o %FCMáx foram os parâmetros mais utilizados na mensuração da intensidade da atividade aeróbia e o %1RM para o exercício contra-resistência; as alterações no humor foram independentes de gênero na maioria dos estudos; o efeito da aptidão física nas respostas psicológicas se mostrou contraditório; grupos de controle não apresentaram mudanças significativas; a medida psicológica mais usada foi o POMS, seguido pelo SAI, variando bastante o seu tempo de administração; nos estudos de caráter psicofisiológico, a ansiedade e a pressão arterial foram as variáveis mais usadas, entretanto, não foram correlacionadas na maioria dos estudos. Em geral, a melhoria no estado de humor parece ocorrer após sessões de exercício aeróbio e contra-resistência com intensidade alta, moderada, baixa e auto-sugerida . No entanto, treinos com alta intensidade revelaram um efeito negativo sobre o humor em parte dos estudos. Os estudos de comparação revelaram um efeito no humor independente do tipo e da intensidade do exercício. Portanto, pela literatura revisada, não é possível estabelecer um nível ótimo de exercício para a melhoria do humor. Possivelmente, devido à variabilidade das respostas psicológicas ao exercício, as características ideais para a promoção da saúde mental podem não ser idênticas àquelas para a promoção da saúde e aptidão física, devendo ser individualizadas. 48 Tabela 1: Estudos sobre os efeitos agudos do exercício no estado de humor e na pressão arterial Estudo Sujeitos Farrel et al. (1982) 6HeM Lichtman & Poser (1983) 64H e M (16-54 anos) ativos 15H (25-60 anos) 15H (25-60 anos) ativos Raglin & Morgan (1987) Farrel et al. (1987) 7H atletas Morgan et al. (1988) 12H atletas 12H (26-28 anos) atletas Hatfield et al. (1988) Porcari et al. (1988) Steptoe & Cox (1988) Dyer & Crouch (1988) 17H e 19M (32-42 anos) 32M (18-20anos) treinadas e destreinadas 23H e 47M (17-26 anos) estudantes Atividade Procedimentos Design Experimental / Medidas Repetidas / Laboratório Corrida Corrida: 60 ou 80% VO2máx e auto-selecionada (IEP = 9,2 a 11,5) Controle: repouso Duração: 30min Medida: 15 min pré e 5min pós Design Quase-Experimental / Grupos diferentes Aeróbios Experimental: 45 min (não mencionou intensidade) Controle: atividades de pintura, fotografia, cursos Medida: pré e pós / ANOVA com teste t Design Experimental / Mesmo grupo / Amb. Laboratório e Prático Tipo e intensidade auto-selecionada por 40min Controle: 40min Sala com música Aeróbios Medidas: pré, pós, 20, 60, 120, 180min após ANOVA medidas repetidas Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório Corrida Tratamentos: 80min a 40 e 60% VO2máx e 40min a 80% VO2máx Medida psicológica: pré e pós ANOVA medidas repetidas Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Piscina Natação Natação: 9.000 m/dia por 10dias a 94% VO2máx ANOVA medidas repetidas Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório Ciclismo Ciclismo a 60, 70 e 80% VO2máx por 30min Medida: pré, 5min e 20min pós ANOVA medidas repetidas Design Quasi-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório Intensidade de 35,50, 65% VO2máx ou auto-selecionada por 40min Caminhada - Corrida Controle: sem exercício Medidas: pré, pós, pós-banho e 120min pós ANOVA medidas repetidas Design Pré-Experimental / Grupos diferentes / Laboratório Ciclismo intensidade de 25W e 100W por 8min Grupos com música e com metrônomo Medida: pré, pós - ANOVA medidas repetidas Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Academia Corrida: 40min, 3x/sem ; Dança Aeróbica: 60min, 3x/sem Corrida ECR: 50min, 3x/sem Não mencionou intensidade Dança Controle: Aula de Psicologia; Medida: Início e 6meses após ECR POMS: 3hpré, 10min pré, 10min pós, 3h pós ANOVA Medidas repetidas Medida Resultados POMS Decréscimos no DTH, mas não significativo Sem mudança POMS SAI PA POMS IEP, FC, PA Hormônios POMS SAI POMS MAACL SAI PA POMS POMS Exercício: < T, D, R, F Controle: < T, D As mudanças foram maiores para o grupo de exercício do que controle Exercício: < Ansiedade, <PAS (9mmHg) <PAD (6mmHg) até 2-3h Repouso: <PAS até 20min Redução de ansiedade pode ter sido devido ao banho pós-exercício 40% nenhuma mudança 60 e 80%: < Tensão >Catecolaminas para 80% Sem relação humor e enkefalins >D, R, F e > Distúrbio no humor após 5º dia <Bem-estar < Ansiedade e Depressão e > Vigor 20min pós Mudanças independentes da intensidade e somente após 20min Exercício: < ansiedade e PAS e PAD por 2h após Controle: Sem mudança Mudanças independentes da intensidade e gênero Intensidade de 25W promoveu > V e < F Intensidade de 100W promoveu > T e F Independente da aptidão física >IEP para destreinados Corrida: >V,<D, C que controle; <F, R, C que ECR ECR: >V, <R e C pós treino do que corrida <V e >C após 6meses Dança: >V que corrida pós-treino Corrida melhor do que ECR a longo prazo 49 Continuação Tabela 1 Estudo Boutcher & Landers (1988) Sujeitos 30H (20-36 anos) Atividade Corrida estudantes corredores e não-corredores 60M estudantes inativos Ciclismo Jin (1989) 66H e M (16-75 anos) Tai Chi Chuan Roth (1989) 40H e 40M (17-24anos) Fillingim, Roth & Haley (1989) Ciclismo ativos/inativos Kraemer et al. (1990) 13 He 10M treinados destreinados Tharion et al. (1991) 9H e 9M (19-35 anos) experientes 106H (30-47 anos) maratonistas Hassmén & Blomstrand (1991) Corrida ECR Corrida Wang et al. (1991) 22H sedentários ECR McGowan, Pierce & Jordan (1991) 72H e M estudantes Corrida ECR karatê O’Connor, Morgan & Raglin (1991) 22H e 18M (17-20 anos) atletas Natação Procedimentos Medida Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório Corrida: 20min a 80-85% FCMáx Controle: Leitura em repouso Medidas: 5min pré, 5 , 13 e 17min pós ANCOVA medidas repetidas Design Pré-Experimental / Grupos diferentes / Laboratório Ciclismo: 10min Alta, Baixa e Sem Distração Medida: pré e pós - MANCOVA Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Ambiente Prático Tai Chi : 60min Não mencionou intensidade Medidas: pré e após MANOVA medidas repetidas Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório Ciclismo: 20min a 57-67% FCMáx Controle: Sentado em Repouso Medidas: pré, 15min pós - MANCOVA Design Quasi-experimental / / Laboratório Corrida: 30min a 80% FCMáx Medida humor: 30min pré, após Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Academia ECR: 3 treinos 5RM (carga total baixa) e 3 de 10RM (carga total alta) Variou sets, intervalo (1 ou 3min) em cada intensidade Medida: pré, pós, 2h, 24h e 48h - ANOVA medidas repetidas Design Quase-Experimental / Mesmo grupo / Ambiente prático Corrida: 3h a 3h45min de maratona Não mencionou intensidade Medida: pré, pós – MANOVA Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório Experimental: 12 semanas de ECR; Sessão de 25min Controle: repouso Não mencionou intensidade Medidas: pré, 10min pós Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático Corrida: 60min, ECR: 75min, 3sets, 10exerc.; Karatê: 50min, Intensidade moderada Controle: assistir a uma aula de 60min - Medida: pré, pós MANOVA medidas repetidas, ANCOVA, Teste t Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Ambiente prático Natação: > volume de treinamento por 3 dias (± 11.000m/dia) Medidas: pré diariamente ANOVA medidas repetidas SAI POMS IEP EEG, FC, PA POMS IEP POMS SAI Hormônios POMS ECG POMS Hormônios POMS POMS Glicose SAI Raiva FC, PA POMS POMS IEP, Cortisol Resultados Corrida: <Ansiedade, Humor sem mudança, >Atividade alfa; IEP = 14,5 Controle: Sem mudança Influência da aptidão física >T após alta distração <T após baixa ou moderada distração Distração não alterou o humor nem o IEP < T, D ,R, F, C e <Ansiedade >Vigor < Cortisol após Tai Chi; > Noradrenalina durante Ciclismo: <T e C Repouso: Sem mudança / >PA e FC após stress Sem influência da aptidão física e gênero = Reativ. cardiovascular ao stress para os grupos Sem influência de Gênero e Aptidão Física <T, D, R,C e Melhor Humor após Relação negativa Endorfina e Humor > F, D, T para 10RM com < intervalo > reps Menor intensidade promoveu melhoria no humor Homens mostraram melhor humor após ECR do que as mulheres (>V e <C) Corrida: <V, T e R; >D, C, F Menos aptos: >D Sem relação com Glicose Raiva e PAS: sem mudança após sessão >PAD após ECR Ansiedade aumentou ou não se alterou após sessão Respostas não relacionadas ao aumento de força Corrida: <T,C e DTH ECR: >F e <C Karatê e Controle: Sem mudança Exercícios combinados: <T, D, C, R e HT Alta intensidade piora o humor <V, >F e DTH Sem mudança na performance, FC e Cortisol Sem diferença para gênero 50 Continuação Tabela1 Estudo Sujeitos Atividade Flory & Holmes (1991) 18M estudantes Dança Aeróbia Jin (1992) 48H e 48M experientes em Tai Chi Tai Chi Caminhada Meditação 12H (19-27 anos) estudantes Corrida O’Connor & Davis (1992) Caminhada Saklofske, Blomme & Kelly (1992) 118 estudantes Szabo et al. (1993) 9H (28-34 anos) Ciclismo Maroulakis & Zervas (1993) 99M (19-55 anos) ativas Dança aeróbia 15H e 11M (19-21 anos) Ciclismo ECR Raglin, Turner & Eksten (1993) 14M O’Connor et al. (19-27 anos) (1993) estudantes Steptoe, Kearsley & Walters (1993) 72H (20-35 anos) atletas/inativo Relaxamento ECR Ciclismo Procedimentos Design Experimental / Mesmo grupo / Ambiente prático Dança: 40min a 60-80%FCMáx Controle: sem exercício, durante sua rotina Medida: pré e pós / ANOVA medidas repetidas Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório Tai chi: 60min; Caminhada: 60min a 6Km/h; Meditação: 60min Controle: Leitura por 60min Medidas: pré, pós Não mencionou intensidade Design Experimental / Mesmo grupo / Corrida: 20min a 70% VO2máx em 4horários distintos Medida: 10min pré, 10min pós, 20min pós MANOVA medidas repetidas Design Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático Caminhada: 10min Livre e 10min Controlada Relaxamento: 10min de música; Controle: Medida: pré, 10min e 2hpós ANOVA Design Experimental / Mesmo grupo / Laboratório Ciclismo: 60% VO2máx por 30min Controle: assistir um vídeo por 30min Medida: pré, pós - ANOVA medidas repetidas Design Quase-Experimental / Grupos diferentes: manhã e tarde Aeróbios 60-80%FCR por 30min; Controle: trabalho de secretárias Medida: pré, pós, 24h pós ANOVA medidas repetidas Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Ambiente prático ECR: 6 exercícios, 3x6-10reps, 70-80% 1RM, 1-2min interv., 30min Ciclismo: 70-80%FCMáx, 30min Medidas: pré, pós, 20, 60min ANOVA medidas repetidas Design Experimental / Mesmo grupo / Laboratório ECR: 30min a 40,60 e 80% 10RM Controle: fora de sua rotina Medidas: pré, pós,15,30,45,60,75,90,105,120min após MANOVA medidas repetidas Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório Ciclismo: 50 e 70%VO2máx por 20min Controle: ciclismo a 10W por 20min Medida: pré, 2 e 30min após Medida Resultados MAACL POMS FC, PA POMS SAI FC e Hormônios Exercício: >V do que controle Sem mudança para Ansiedade, D e F SAI IEP Raiva Personalidade AD ACL Personalidade POMS SAI FC, PA Hormônios POMS SAI PA, IEP Tai Chi: >Vigor, <Ansiedade do que Controle >FC, Noradrenalina, adrenalina e dopamina e pior humor após stress / < Cortisol para todos os grupos FC TaiChi = Caminhada Melhora no humor independente do tratamento < Ansiedade, Raiva, PAS e PAD pós exercício independente da hora do dia de realização do exercício Sugere relação ansiedade e PA Relaxamento: <T Caminhada Controlada: >V Caminhada Livre: <T, >V Mudanças independentes da personalidade < Ansiedade exercício e controle <R exercício e controle >V para exercício Sem diferença entre exercício e assistir um vídeo Dança: < T,D,R e C e >V até 24h independente da hora do dia Grupo controle: permaneceu igual Sem diferença para gênero ECR: >Ansiedade após, =Ansiedade 20 e 60min Ciclismo: <Ansiedade e PAS após 60min = IEP para ciclismo e ECR SAI IEP PA, FC Ansiedade reduziu somente após 90min para 60% =PAS p/ 40%; >PAS p/ 60 e 80% Controle: sem mudança No pós-treino, os sujeitos deixaram o laboratório POMS IEP <T somente após 30min; >V após exercício Controle: Sem mudança Independentes da intensidade. Homens ativos tiveram >redução de depressão do que sedentários 51 Continuação Tabela1 Estudo Sujeitos Atividad e McGowan et al. (1993) 10H e 10M estudantes ECR Nelson & Morgan (1994) 11M estudantes Ciclismo Pierce & Pate (1994) 16M (57-71 anos) Dança aeróbia Petruzzello & Landers (1994) 19H (20-25 anos) Corrida Dishman, Farquhar & Cureton (1994) 23H (18-31 anos) ativos/inativos Morris & Salmon (1994) 98H e 67M (17-52 anos) corredores Corrida Han & Yoon (1995) 10H (19-21 anos) destreinados Corrida Harte, Eifert & Smith (1995) 23H Corredores meditadores Corrida Meditação Ciclismo Koltyn et al. (1995) 23H e 27M (16-22 anos) estudantes ECR Pronk, Crouse & Rohack (1995) 22M (30-66 anos) Teste máximo de corrida Procedimentos Medida Resultados Design Quase-Experimental / Grupo único / Laboratório ECR: 3sets de 4reps a 80% 1RM, 4 exercícios Medidas: pré, pós - Teste t Design Pré-Experimental / Grupos diferentes / Laboartório Ciclismo: 40, 60 e 80% VO2máx Medida: pré, 5min pós, 20min pós ANOVA medidas repetidas Design Pré-Experimental Dança aeróbia por 75min Não mencionou intensidade Medida: pré, pós ANOVA medidas repetidas Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório Corrida: 75% VO2máx por 30min Medida: pré, pós, 10, 20 e 30min pós MANOVA, Regressão, Correlação de Pearson Design Pré-Experimental / Grupos diferentes / Laboartório Ciclismo: 20min numa intensidade auto-selecionada (IEP = 11 a 14) Medida: pré e pós - ANOVA Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Ambiente prático Corrida auto-selecionada: 15 a 30min Medida: pré, pós ANOVA Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório Intens: 53.5% do limiar anaeróbio por 35min e 68,5% por 25min 83.5% VO2máx por 15min Medida: 30min pré, 30min pós POMS Endorfina Sem diferença p/ Gênero < Endorfina após ECR; Sem mudança no Humor Sem relação Humor e Endorfina O grupo depressivo apresentou < D e DTH 5min e 20min pós exercício. Sem mudança para nãodepressivos. Sem influência da intensidade <T, D, R, F e >V após exercício Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório Corrida: 15Km/h / Meditação: 1h / Controle: 1h sem atividade Medida: pré, pós, 30min pós ANOVA medidas repetidas Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático ECR: 50min, 2-3sets, 6-10reps, 7-10ex. Intensidade Auto-Selecionada Controle: Repouso em aula teórica Medidas: pré, pós (5min) - ANOVA medidas repetidas Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório Medida: pré, 5min pós Intensidade Progressiva Máxima ANOVA Depressão POMS POMS SAI EEG, IEP SAI IEP Lactato Lista de Adjetivos POMS Hormônios POMS FC Hormônios < Ansiedade 10, 20 e 30min após o exercício < Atividade alfa hemisfério esquerdo pré/pós > atividade alfa região frontal do que na temporal Ansiedade estado e ativação HE: r = -0,70 < Ansiedade pós-treino para grupo de maior aptidão física apenas. Grupo de menor aptidão exercitou com maior intensidade relativa > Humor positivo e < Humor negativo após Mulheres tiveram > benefício pois estavam piores antes da corrida. Sem diferença entre gênero. A mudança é mais quantitativa do que qualitativa Baixa Intens: > T e D > endorfina Moder Intens: <T, D; > adenocorticotrópicos Alta Intens: >V; > endorfina e adenocorticotrópico Exercício no Limiar Anaeróbio = Humor positivo Corrida: >Humor positivo e Endorfina (r=.45) > Corticotropina e < Humor negativo Meditação: >Humor positivo com > duração > Corticotropina Cortisol sem mudança Controle: Sem mudança / Sem diferença p/ Ap. Física SAI PA Sem mudança na ansiedade para ECR e Controle ECR: >PAS; Controle: <PAS Sem diferença para gênero POMS (abreviado) >F e Auto-estima <V, T Efeito positivo do exercício máximo 52 Continuação Tabela 1 Estudo Petruzzello (1995) Sujeitos 18H (19-22 anos) Atividade Corrida Tate & Petruzzello 15H e 5M (19-25 anos) (1995) estudantes Ciclismo 33H e 32M (19-30 anos) estudantes Corrida Tuson, Sinyor & Pelletier (1995) McAuley, Mihalko & Bane (1996) 16H e 18M estudantes 66 M Yeung & Hemsley (21-61 anos) (1996) Corrida Atv. Aeróbia Escolhida Ciclismo Raglin & Wilson (1996) 10H e 5M ativos Ciclismo McGowan, Talton & Thompson (1996) 39H e M estudantes ECR 86M Gauvin, Rejeski & (22-42 anos) Norris (1996) Autosugerida 20H e M Fechio & Brandão (17-43 anos) (1997) Natação Procedimentos Medida Design Experimental / Mesmo grupo / Laboratório Corrida 15 min Medida: pré, pós ANOVA Design Experimental / Mesmo grupo / Laboratório Ciclismo: 30min a 55 ou 70% VO2máx Grupo controle: sentado na bicicleta Medida: pré, durante, 5, 10, 20 e 30min pós ANOVA medida repetida Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório Corrida: 25, 50 e 75% VO2máx por 30min Controle: Leitura por 30min Medida: pré, 5, 17 e 30min pós ANOVA para escores pré / Contrastes Específicos SAI FC Saber da realização de exercício não mudou a ansiedade A situação de laboratório não mudou a ansiedade O exercício, mais do que a situação, diminuiu ansiedade SAI ADACL IEP FC > Ansiedade e Afeto Negativo durante o exercício < Ansiedade após 70% VO2máx > Afeto Positivo para 55 e 70% VO2máx Grupo controle: Sem mudança ou < Afeto positivo Sem diferença para gênero / IEP = 14 para 70% Sem efeito para aptidão física ou gênero MAACL IEP, FC Resultados Intensidade Subjetiva = Grupo com >Afeto Positivo não mudou após treino moderado e diminuiu após treino intenso / Grupo com < Afeto Positivo aumentou após treino moderado / Grupo controle: piorou humor Intensidade objetiva = sem mudança no humor Sem diferença para Gênero Corrida: <Ansiedade independente do local de prática; Controle: sem mudança > Ansiedade durante o exercício e < após > Humor Positivo para exercício do que controle < Humor Negativo para exercício e controle Sem influência da expectativa de mudança Influência dos Traços de Personalidade > Personalidade negativa = >melhora do humor Design Experimental / Mesmo grupo / Laboratório-Ambiente prático SAI Corrida: Laboratório ou ambiente natural por 25min IEP=14-16 IEP Controle: Leitura por 40min Medida: pré, durante e 15min pós / MANOVA medidas repetidas Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório PANAS Ciclismo: 15min alta expectativa de mudança (Intens. Moderada) Personalidade 15min baixa expectativa de mudança (Intens. Moderada) Controle: repouso Medida: pré, pós, 24h pós, 48h pós / ANOVA / Correlação Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório Ciclismo: a 40, 60 e 70% VO2máx por 20min SAI < Ansiedade após exercício Independente da intensidade; atraso na resposta para alta Medida: pré, 5, 60 e 120min pós intensidade ANOVA medidas repetidas ECR: < T, D e R Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático Grupo controle: sem mudança POMS ECR: 4sets, 4reps a 80% 1RM DTH, T e D inversamente correlacionadas com FC FC Controle: aula de Psicologia do Esporte (r= -.37 a .40) Medida: pré, pós / ANOVA e Correlação > Engajamento positivo, Revitalização, Tranqüilidade e Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Ambiente prático Afeto Positivo / < Afeto Negativo EFI Intensidade e Tipo auto-selecionados Quanto pior o humor pré-teste, maior melhora Afeto Positivo e Medida: pré, pós Negativo Sem influência da Aptidão Física Teste t / Regressão >V Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Ambiente prático POMS <T, D, R, F, C, DTH Natação: 50min / Não mencionou intensidade Medida: pré, pós / Teste t 53 Continuação Tabela 1 Estudo Garvin, Koltyn & Morgan (1997) Turner, Rejeski & Brawley (1997) Sujeitos 60H (18-26 anos) sedentários 46M (18 –19 anos) estudantes 15H e 5M Petruzzello & Tate (19-25 anos) estudantes (1997) Atividade ECR Ciclismo Relaxamento Dança Ciclismo Van Landuyt et al. (1998) 52H e M 135H e M Caminhada Watt (1998) 18M e 10H Corrida Ciclismo Ergometria de braços 6H e 5M O’Connor & Cook (18-30 anos) (1998) estudantes Berger & Owen (1998) Rudolph & McAuley (1998) 41H e 50M universitário s 13 corredores 13 nãocorredores (19-22 anos) ECR Corrida Corrida Delineamento Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Laboratório ECR: 70%1RM por 50min; Ciclismo: 70% VO2máx, 50min Relaxamento: 50min; Controle: sala com música 50min Medidas: pré, 5-10min pós e 60min pós ANOVA medidas repetidas / Correlação Pearson Design Pré-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático Dança: 60min com suporte social e sem suporte social Intensidade Moderada Medida: pré, 10min pós Análise de Covariância e Teste t Design Quase-Experimental / Mesmo Grupo / Laboratório Ciclismo: 55% e 70% VO2máx por 30min Controle: Sentado na bicileta por 30min Medidas: pré, durante, 5, 15 e 25min após ANOVA e Regressão Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático Caminhada: 10min intensidade auto-selecionada / Controle: leitura Medida pré, pós Design Quase-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório Corrida, Ciclismo e Ergometria de Braço: 20 min a 40,60,80% VO2máx Controle: Fazer um lanche e Rotina diária Medidas: pré, durante e após ANOVA e MANOVA medidas repetidas Design Pré-Experimental / Mesmo grupo / Ambiente Prático ECR: 24min de exercício estático ou dinâmico c/ 10% 1RM Medidas: pré, 3, 13 e 23min após ANOVA medidas repetidas Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático Corrida: 55, 75 e 79% FCMáx por 20min Controle: Aula de Ciência da Saúde Medidas: pré, 20min após MANOVA c/ ANOVAs Design Quasi-Experimental / Grupos diferentes / Laboratório Corrida: 30min a 60% VO2máx Medidas: pré, durante, 10 e 30min após ANOVAs Medida Resultados SAI Lactato <Ansiedade para Relaxamento e Controle após <Ansiedade 1h após ciclismo ECR: Sem mudança na ansiedade; >Lactato Sem correlação Ansiedade e Lactato EFI Auto-eficácia EEG, SAI, ADACL FC, IEP FS, SAI AD-ACL PANAS SEES SAI FC, PA, IEP Grupo com Suporte Social: >Revitalização, Engajamento Positivo e Auto-eficácia Mudanças de Humor independentes da auto-eficácia, mas associadas ao suporte social do instrutor Sem diferença para gênero e na região parietal > ativação frontal no HE pré-exercício > redução de ansiedade pós exercício < Ansiedade e atividade alfa p/ 70% após 30min, com maior ativação no HE Sem mudança na assimetria frontal Caminhada: >Vigor, >Ativação e <Ansiedade Controle: Sem mudança Exercício moderado: > Afeto Positivo < Afeto Negativo > Intensidade = decréscimo no humor Exercícios com os braços = < Afeto Positivo > Afeto Negativo Sem influência de gênero < Ansiedade mas não significativa < PAS Independente do tipo de contração muscular POMS <T, D, F, C, R e >V Melhora no humor independente da intensidade < Fadiga para mulheres FS IEP Cortisol > cortisol para ambos durante o exercício > IEP para não-corredores > Afeto negativo para não corredores durante a corrida / Sem mudança para corredores Afeto positivo e cortisol: r = - 0,29 54 Continuação Tabela 1 Estudo Focht & Koltyn (1999) Sujeitos 51H e 33M experientes inexperientes Atividade ECR Gonzales-Bono et al. (1999) 16H (21-25 anos) jogadores Basquete Cox, Thomas & Davis (2000) 24H (20-36 anos) ativos Corrida e Step Parfitt, Rose & Markland (2000) 12H e 14M (18-30 anos) ativos Corrida Cox et al. (2001) 24H (20-36 anos) ativos 14M (20-26 anos) estudantes Corrida e Step Toskovic (2001) 20H e 20M (18-21 anos) Taekwondo Petruzzello, Hall & Ekkekkakis (2001) 38H e 31M (18-24 anos) estudantes Corrida Lane & Lovejoy (2001) 37H e 43M (23-31 anos) Dança aeróbia Oweis & Spinks (2001) 21M (51-56 anos) sedentárias Ciclismo Hansen, Stevens & Coast (2001) Ciclismo Delineamento Design Experimental / Grupos diferentes / Laboratório ECR: 30min; 50%1RM - 3x 12-20reps c/ 45 a 75s 80%1RM - 3x 4-8reps c/ 120 a 150s descanso Controle: Assistir um vídeo Medidas: pré, pós, 20,60,120,180 - ANOVA medidas repetidas Design Pré-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático Jogo competitivo de basquetebol: análise da influência do resultado Medida: pré, pós ANOVA, Correlação Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Laboratório Corrida: 67%FCMáx ou 83%FCMáx por 30min Step: 67%FCMáx ou 83%FCMáx por 30min Medidas: pré, 5, 30 e 60min pós - ANOVA medidas repetidas Design Quase-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório Corrida: 20min a 65% VO2máx e Auto-selecionado Medidas: antes, durante e 5min após ANOVA medidas repetidas Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Laboratório Corrida: 67%FCMáx ou 83%FCMáx por 30min Step: 67%FCMáx ou 83%FCMáx por 30min Medida: pré, 5, 30 e 60min pós - MANOVA medidas repetidas Design Experimental / Mesmo grupo / Laboratório Ciclismo: 10, 20 e 30min a 60% VO2máx; Controle: sentado 30min Medida: pré, pós - ANOVA medidas repetidas Design Quase-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático Taekwondo: 75min de treino / Controle: 75min de leitura Medida: pré, pós – ANCOVA - Não mencionou intensidade Design Pré-Experimental / Grupos diferentes / Laboratório Corrida a 75% VO2máx por 30min p/ 2 grupos: alta e baixa aptidão Medidas: pré, pós, 10, 20 e 30min pós MANOVA e Regressão Hierárquica Design Quasi-Experimental / Grupos diferentes / Ambiente prático Dança aeróbia: 60min p/ 2grupos: depressivos e não-depressivos Não mediu intensidade Medidas: 15min pré, pós - MANOVA Design Quase-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório Ciclismo: 14min a 45, 60 e 75% VO2máx Controle: 14 min sem resistência no pedal Medidas: durante e após – MANOVA medidas repetidas Medida SAI POMS PA, FC POMS Hormônios SAI IEP SEES, IEP Motivação Intrínseca SEES FC, IEP POMS Resultados Sem diferença p/ gênero e experiência ECR 50%: <V até 20min após; <D, R, C; < Ansiedade 180min após; <PAD e >FC até 20min ECR 80%: <R 180min após; >PAS até 20min pós Controle: sem mudança; Sem relação PA e humor Basquete competitivo: > humor negativo, <V e >R, T, D, F nos perdedores do que nos vencedores Sem relação humor e hormônios, exceto Cortisol e Vigor: r = 0,79 <Ansiedade 30 e 60min após o exercício Independente da intensidade e do tipo Sem mudança no Bem-Estar, Distress e Fadiga em relação à intensidade prescrita ou preferida > alteração para sujeitos com menor Bem-Estar e maior Distress pré-treino > FC e >IEP para maior intensidade > Bem-estar e < Distress e Fadiga após exercício > Fadiga após step do que corrida Independente da intensidade Foram testados no mesmo dia e horário da semana 10min: >V, <F e DTH / 20 e 30min: <C Sem influência expectativa de mudança, aptidão física POMS AD ACL SAI EEG POMS-A AD ACL FS FC, PA IEP Sem diferença p/ gênero Taekwondo: <T, D, F, R, C, DTH; e >V Controle: sem mudança > Energia/Vigor até 30min após para > Aptidão física / > Ansiedade e Tensão após, retornando 10min pós / =EEG para os grupos / Sem diferença para gênero > Assimetria EEG = > Energia pós-exercício, <R, C, F ,T e >V / < D principalmente para o grupo depressivo Grupo depressivo reportou >R, F, C, T e <V pré 45, 60% e controle: sem diferença 75% : >T e <Energia e < Afeto positivo Exercício não melhorou o desempenho psicológico 55 Continuação Tabela 1 Estudo Sujeitos Atividade Nabetani & Tokunaga (2001) 15H (22-25 anos) estudantes Corrida O’Halloran, Murphy & Webster (2002) 25H e 25M (21-32 anos) corredores Corrida Hall, Ekkekakis & Petruzzello (2002) 17H e 13M 20-28 anos universitários Corrida Parfitt & Gledhill (2003) 10H e 10M (19-22 anos) pouco ativos Corrida Ciclismo Remador Daley & Maynard (2003) 14H e 12M (29-49 anos) ativos Aeróbios Delineamento Design Quase-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório 10 ou 15min corrida / Intensidade auto-selecionada (80%FCMáx) Medidas: pré, durante e após ANOVA medidas repetidas Design Quase-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório 60min de corrida / Mediu expectativa de mudança no humor Não citou intensidade Medida: pré, 25, 40 e 50min durante e 10min após - Correlação Design Quase-Experimental / Grupo único / Laboratório Corrida na esteira até a exaustão Intensidade: início, limiar ventilatório e final do exercício Medidas: pré, durante, 2min após, 10 e 20min após - MANOVA Design Quase-Experimental / Mesmo grupo / Laboratório Exercício: 20min condição de baixa e alta preferência Intensidade 70% FCMáx Medidas: pré, durante e 5min após – ANOVA medidas repetidas Design Experimental / Mesmo grupo / Laboratório Exercício: Ciclismo e Auto-escolha a 75-80% FCMáx por 30min Controle: Assistir televisão Medidas: pré, durante e 5min após Medida Resultados MCL-S1 >Agradabilidade e Relaxamento e <Ansiedade para ambos os grupos A melhora é maior quanto pior o estado de humor POMSBipolar As mudanças no humor durante e após o exercício possuem moderada relação com a expectativa de mudança dos sujeitos FS, IEP AD ACL A passagem para o metabolismo anaeróbio promoveu < Valência Afetiva e > Ativação de Tensão / Após o término do exercício e durante a recuperação houve > Ativação Energética e Valência Afetiva SEES FC, IEP >IEP, Distress e Fadiga pós exercício menos preferido > Bem-estar após exercício mais preferido PANAS IEP Sem diferença para gênero = IEP para ambas condições < Afeto Positivo e > Afeto Negativo após atividade não-escolhida (ciclismo) Sem diferença para gênero (H: Homen; M: Mulher; T: Tensão; D: Depressão; R: Raiva; V: Vigor; F: Fadiga; C: Confusão Mental; DTH: Distúrbio Total de Humor; HE: Hemisfério Esquerdo; >: Aumento; <: Diminuição; ECR: Exercício Contra-Resistência; FC: Freqüência Cardíaca; PA: Pressão Arterial; IEP: Índice de Esforço Percebido; SAI: State Anxiety Inventory; POMS: Perfil dos Estados de Humor; MAACL: Multiple Affect Adjective Checklist; PANAS: Positive Affect and Negative Affect Schedule; AD-ACL: Activation-Deactivation Adjective Checklist; SEES: Subjetive Exercise Experiences Scale; EFI: Exercise Feeling Inventory; FS: Feeling Scale; MCL-S1: Mood Check ListShortform1) 56 2.2.3 POSSÍVEIS MECANISMOS DE REGULAÇÃO DO HUMOR APÓS O EXERCÍCIO Uma das questões que mais desafiam os pesquisadores na temática do exercício e saúde mental é se ele causa as mudanças psicológicas ou somente está associado a elas. De acordo com Dishman (1995), para aceitar o exercício como causa da saúde mental é preciso que os estudos possuam consistência, dose-resposta e plausibilidade biológica. A consistência e a relação dose-resposta, segundo o autor, ainda não suportam a causalidade. A plausibilidade biológica tem sido testada e debatida por diversos autores através de hipóteses biológicas, psicológicas e neurobiológicas, que têm tentado explicar como e por que o exercício melhora o humor (Dishman, 1995; Ekkekakis & Petruzzello, 1999; Morgan, 1985; Petruzzello et al., 1991; Thorén et al., 1990; Weinberg & Gould, 2001; Yeung, 1996). As hipóteses psicológicas incluem: distração, a sensação aumentada de autocontrole, o sentimento de auto-eficácia, as interações sociais, a melhoria da auto-estima e a expectativa de mudança (Dishman, 1995; Petruzzello et al., 1991). A hipótese da distração preconiza que a interrupção do stress cotidiano seria o fator responsável pela melhoria do humor; a oportunidade de contato e interação com outras pessoas também estaria relacionada; por outro lado, mecanismos cognitivos como sensação de auto-controle, auto-eficácia e auto-estima advindos de um programa de treinamento físico estariam envolvidas na melhoria do estado de humor. Pessoas com maior habilidade para realização dos exercícios têm uma menor percepção de esforço e maior controle sobre a situação, o que poderia favorecer um efeito psicológico positivo. Alternativamente, as pessoas podem se sentir bem após o exercício porque elas esperavam este efeito do exercício, acreditando que ele melhora o humor. 57 Entretanto, essas hipóteses isoladamente não oferecem consistência na explicação do fenômeno. No modelo neurobiológico, as mudanças afetivas através do exercício parecem estar associadas ao aumento e regulação de neurotransmissores (hipótese das monoaminas). Segundo Morgan (1985), há evidências de que os neurotransmissores noradrenalina e serotonina se encontram diminuídos em pessoas depressivas. A hipótese das monoaminas preconiza que o exercício poderia regular o sistema cerebral monoaminérgico e o eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal, através do aumento desses neurotransmissores, promovendo uma melhoria do humor. Chaouloff (1997) teoriza que o sistema central serotonérgico pode ser o link entre o exercício e os efeitos positivos no humor. Embora as evidências tenham origem em estudos com animais, a hipótese das monoaminas é possível de ser suportada em humanos. As hipóteses ancoradas num modelo biológico incluem: aumento da temperatura corporal (hipótese termogênica), aumento do fluxo sanguíneo cerebral e liberação de endorfina. Dentre elas, a hipótese da liberação de endorfinas é uma das mais comuns explicações para as alterações psicológicas induzidas pelo exercício, embora ainda não sustentada (Morgan, 1985; Petruzzello et al., 1991; Thorén et al., 1990). Muitos dos efeitos do exercício sobre a saúde mental têm sido atribuídos a uma estimulação dos pepitídeos opióides endógenos, como a beta-lipotropina, beta endorfina e dinorfina. A hipótese das endorfinas preconiza que o exercício induz uma maior produção de beta-endorfina, hormônio que reduz a sensação de dor e promove euforia, que estaria associada a efeitos positivos sobre o humor (Thorén et al., 1990). O nível de endorfina plasmático durante o exercício pode aumentar até cinco vezes o nível de repouso. Além disso, a liberação de endorfinas estaria envolvida na regulação de outros hormônios, como a corticotropina, as catecolaminas e o cortisol. De acordo com Morgan (1985), o primeiro 58 estudo sobre a liberação de endorfina após o exercício, realizado em humanos, foi publicado na década de 80. Até então, os estudos eram feitos com animais. Duas linhas de pesquisa surgiram: uma que mensurava a endorfina plasmática e outra que utilizava o antagonista Naloxona, o qual bloqueia a ação da endorfina. Os estudos ainda são inconsistentes sobre os seus efeitos no estado de humor, sendo a intensidade de esforço um dos fatores intervenientes. No exercício aeróbio, Han & Yoon (1995) verificaram que, abaixo do limiar anaeróbio, o aumento não significativo de endorfina estava diretamente relacionado ao aumento de tensão e depressão, enquanto que, na intensidade correspondente ao limiar anaeróbio ou acima dele, havia um aumento significativo de endorfina e corticotropina, acompanhado de uma diminuição de tensão, depressão e aumento do vigor. Os achados de DeVries et al. (2000) suportam a noção de que a endorfina aumenta significativamente após esforços intensos (80% do VO2máx), possuindo relação com a liberação de adrenalina e noradrenalina em função da intensidade, alcançando um pico de ação após o esforço máximo de 100% VO2máx, mantendo-se acima do nível de repouso até 30min após o esforço. Harte, Eifert & Smith (1995) encontraram uma associação positiva entre o nível de endorfina e corticotropina e o humor positivo, após uma hora de corrida a 15Km/h. No entanto, Harbach et al. (2000) salientam que a verdadeira endorfina (β-endorfina 1-31), livre de derivados que são secretados junto com ela, não tem sido mensurada nos estudos. Os autores verificaram que somente em 50% de uma amostra de 14 sujeitos foi encontrada β-endorfina 1-31 após esforço intenso. Os achados de Kraemer et al. (1990) sugerem que o aumento da concentração de endorfina periférica pode não ser o maior responsável pela melhoria do humor; os autores encontraram uma relação positiva entre o mal humor e os níveis de endorfina e corticotropina antes do exercício e baixa relação após o treino. A melhoria no humor para os homens foi associada com um decréscimo dos níveis de endorfina e corticotropina. 59 No exercício contra-resistência, os resultados também são contraditórios. Uma sessão de ECR a 80% 1RM com 4 reps promoveu uma diminuição do nível de endorfina plasmática após o treino (McGowan et al., 1993), enquanto Kraemer et al. (1993) demonstraram aumentos de endorfina após protocolos de 10RM com intervalos longos de recuperação entre as séries. Entretanto, outros estudos não observaram associação entre humor e endorfina plasmática (Farrel et al., 1987; Kraemer et al., 1990; McGowan et al., 1993; Williams & Getty, 1986). A hipótese da endorfina, portanto, foi suportada e rejeitada por alguns estudos, mostrando resultados equivocados, devendo ser testada em futuras investigações. Entretanto, sabe-se que sua liberação é maior após esforços intensos de curta duração, mas que em atividades de longa duração e de baixa-moderada intensidade parece haver uma liberação de endorfina relacionada com sentimentos de euforia e relaxamento. A produção de endorfina se dá em diferentes locais, sendo encontrada não somente no plasma, mas também no cérebro, havendo pouca relação entre a endorfina plasmática e a cerebral. Além disso, existem diversos tipos de endorfina, de maneira que métodos específicos devem ser usados na sua mensuração, e que o seu tempo de permanência no plasma é curto. Essas considerações metodológicas devem ser observadas em futuros estudos. Uma explicação psicofisiológica para determinar os mecanismos dos efeitos psicológicos do exercício tem sido proposta por Hatfield & Landers (1987). Estes autores defendem a hipótese da lateralização cerebral, a qual preconiza que o exercício pode influenciar diferentemente o grau de ativação dos dois hemisférios cerebrais. De acordo com esta hipótese, o efeito psicológico do exercício se deve ao grau de ativação da região anterior do córtex cerebral, em que o aumento da PA e da FC, durante o exercício, promove um aumento preferencial de ondas alfa no hemisfério direito (HD) em relação ao hemisfério esquerdo (HE), gerando respostas emocionais positivas, como a redução da ansiedade. A 60 atividade alfa possui uma relação inversa com a ativação, de forma que menor ativação no HD significa maior atividade alfa. Dessa maneira, a assimetria no eletroencefalograma de repouso (EEG), maior ativação no hemisfério esquerdo em relação ao direito, pode ser um indicativo de uma predisposição para responder positivamente ao exercício. Boutcher & Landers (1988) demonstraram que a atividade eletroencefalográfica muda após uma sessão de exercício aeróbio a 80-85% FCMáx, havendo um aumento de ondas alfa acompanhado de uma diminuição na ansiedade, o que suporta a relação psicofisiológica. Estudos recentes têm sustentado a teoria da lateralização cerebral. Petruzzello & Landers (1994) verificaram que após 30min de corrida a 75% do VO2máx houve uma maior ativação da área frontal do hemisfério cerebral esquerdo ou diminuição da atividade alfa nesta região, havendo uma relação entre a assimetria e a ansiedade de - 0,70, mostrando que quando a ansiedade diminuiu, a atividade alfa no hemisfério direito aumentou. Os resultados encontrados por Petruzzello & Tate (1997) corroboram os estudos anteriores, acrescentando a influência da intensidade de esforço. Os autores verificaram que uma maior assimetria préexercício predizeu aumento do afeto positivo e diminuição de ansiedade após treino de 70% do VO2máx quando comparado com de 50% e menor percepção de esforço. Petruzzello, Hall & Ekkekakis (2001) acrescentaram a influência da aptidão física na assimetria eletroencefalográfica frontal de repouso, como um marcador biológico do estilo afetivo do indivíduo. Os autores reportaram que a assimetria foi preditora do nível de energia pósexercício somente nos indivíduos com maior aptidão física, sugerindo que mecanismos diferentes podem induzir respostas afetivas nos indivíduos com diferentes níveis de aptidão física. Portanto, o consenso existente é de que ainda não existe comprovação do mecanismo real responsável pelas alterações no humor induzidas pelo exercício. Em geral, sugere-se que essas alterações sejam devidas a uma interação de mecanismos psicológicos e fisiológicos, e 61 não devido a um único fator. A abordagem psicofisiológica, através da teoria da lateralização cerebral, tem recebido evidências empíricas, sendo uma hipótese plausível para a explicação dos mecanismos envolvidos na alteração do humor pelo exercício. 2.3 PRESSÃO ARTERIAL A pressão arterial (PA) pode ser definida como a pressão exercida pelo sangue contra o interior das paredes arteriais. A PA é maior quando o coração se contrai (sístole), caracterizando a Pressão Arterial Sistólica (PAS), e menor quando o coração repousa brevemente entre as batidas (diástole), caracterizando a Pressão Arterial Diastólica (PAD) (Foss & Keteyan, 2000). A PA é um dos fatores representativos da hemodinâmica do sistema circulatório, estando sujeita a alterações por diversos fatores, entre eles o exercício físico. O método auscultatório, usando um estetoscópio e um esfigmomanômetro, tem sido o mais utilizado na mensuração da PA em ambientes de exercício (Kelley & Tran, 1995). Atualmente, somente pressões abaixo de 120/80mmHg (PAS/PAD, respectivamente) são consideradas ótimas. Após a nova classificação de PA, feita pela Organização Mundial da Saúde, em 1999, uma PA de 130-139/85-89mmHg é considerada normal alta. Quando a PA se encontra cronicamente elevada em situação de repouso em níveis igual ou maior que 140/90mmHg caracteriza-se um quadro de hipertensão independente da idade (Blumental et al., 2002). A hipertensão é um dos mais comuns problemas de saúde pública, atingindo milhões de pessoas no mundo, estando associada, direta ou indiretamente, com alto índice de morbidade e mortalidade, acarretando elevados custos individuais, econômicos e sociais 62 (Blumental et al., 2002). Os problemas clínicos relacionados à pressão alta incluem insuficiência cardíaca, insuficiência renal, acidente vascular cerebral e ataque cardíaco. Por isso, a pressão arterial alta é considerada um dos fatores de risco para o desenvolvimento de doença arterial coronariana, devendo, dessa forma, ser controlada. De acordo com ACSM (1993), cerca de 90-95% dos casos de hipertensão possuem causa desconhecida, sendo denominada hipertensão essencial. Entretanto, sabe-se que a inatividade física é o maior fator de risco para a doença cardiovascular. Pessoas menos ativas e menos aptas possuem um risco de 30 a 50% maior de desenvolver hipertensão do que pessoas mais ativas (Whelton et al., 2002). Muitas vezes, o indivíduo é hipertenso e não sabe. O tratamento para a redução da PA inclui alternativas farmacológicas (uso de medicamentos anti-hipertensivos) e comportamentais (exercício, modificação na dieta, biofeedback e regulação do stress). Nos casos de hipertensão severa, o uso de medicamentos é a alternativa mais adotada, embora tenha seus efeitos colaterais. Por outro lado, por ser uma alternativa simples, de baixo custo e saudável, o exercício tem sido amplamente empregado como uma forma de prevenção e de tratamento da hipertensão (Blumental et al., 2002). Após uma sessão de exercícios, a PA pode cair abaixo dos níveis pré-exercício, resultando numa hipotensão, que pode alcançar reduções que variam de 18 a 20mmHg e de 7 a 9mmHg nas pressões sistólica e diastólica, respectivamente, mantendo-se por cerca de 12 a 16 horas (Thompson et al., 2001). Esse fenômeno, denominado Hipotensão Pós-Exercício (HPE), foi identificado há 30 anos e tem sido ainda objeto de estudo de muitas pesquisas. Portanto, a pressão arterial é uma variável fisiológica importante na homeostase corporal devendo ser mantida dentro de valores considerados normais. O exercício físico regular e, conseqüentemente, o aumento da aptidão física são estratégias não-farmacológicas que auxiliam na regulação da PA e reduzem o risco de hipertensão no indivíduo. 63 2.3.1 EFEITOS DO EXERCÍCIO SOBRE A PRESSÃO ARTERIAL Sabe-se, atualmente, que diferentes características do exercício, como tipo, freqüência, intensidade e duração promovem respostas hipotensivas diferenciadas e que os pesquisadores buscam estabelecer uma relação de dose-resposta entre exercício e pressão arterial. A intensidade e o tipo do exercício e seus efeitos agudos na PA serão objeto de uma análise pormenorizada neste momento. No entanto, corroborando Thompson et al. (2001), entende-se que os efeitos do exercício sobre a pressão arterial, assim como em outras variáveis, acontecem tanto de forma aguda quanto crônica, de maneira que não devem ser vistos de forma isolada, ou seja, a repetição de respostas hipotensivas agudas promovem reduções crônicas na PA. Na Tabela 2, observam-se estudos e posicionamentos sobre os efeitos agudos e crônicos do exercício sobre a PA em indivíduos normotensos e hipertensos. Num contexto de dose-resposta, uma revisão de literatura sustenta que a redução aguda da PA é independente da intensidade relativa de esforço, enquanto que as reduções a longo prazo parecem ser maiores para intensidades moderadas do que para maiores intensidades (Shephard, 2001). Neste último caso, porém, trata-se mais de uma recomendação para evitar-se treinamentos intensos do que uma superioridade de resposta para intensidade moderada. O posicionamento oficial do American College of Sports Medicine (1993) sobre atividade física e hipertensão estabelece que as atividades físicas aeróbias de intensidade moderada (40 a 70% do VO2máx) promovem reduções de 10mmHg na pressão arterial de repouso em indivíduos hipertensos tanto quanto intensidades maiores. As metanálises, que avaliaram estudos de treinamento, revelaram que tanto indivíduos normotensos quanto hipertensos, praticando tanto o exercício aeróbio quanto exercício contra-resistência, têm 64 demonstrado redução na pressão arterial de repouso (Keley & Kelley, 2000; Kelley & Tran, 1995; Whelton et al., 2002). Kelley & Tran (1995) encontraram reduções de 4,4mmHg e 3,2mmHg na pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente, em indivíduos normotensos que praticaram exercício aeróbio numa intensidade de 65 a 89% FCMáx. Essa resposta hipotensiva parece ser independente do gênero, apesar de a maioria dos estudos terem utilizado amostras do gênero masculino. Num outro estudo, Keley & Kelley (2000), analisando estudos de treinamento contra-resistência com 30 a 90% de 1RM de intensidade, encontraram uma redução de 3,3mmHg e 3,2mmHg na PAS e PAD, respectivamente. Tanto protocolos convencionais com maior carga e intervalo de recuperação quanto protocolos em circuito com menor carga e tempo de recuperação foram eficazes na redução da PA. Existe, porém, diferença de resposta entre normotensos e hipertensos. Fagard (2001), analisando apenas estudos randomizados e controlados, encontrou reduções de 3,4mmHg e 2,4mmHg para normotensos e de 7,4mmHg e 5,8mmHg para hipertensos, na pressão sistólica e diastólica, respectivamente, após treinamento aeróbio com intensidade entre 40 a 70% da performance máxima dos sujeitos. Whelton et al. (2002) corroboram o efeito hipotensivo do exercício tanto em hipertensos e normotensos, acrescentando que este efeito é independente do tipo e da intensidade do exercício aeróbio. Em relação ao ECR, sujeitos normotensos, submetidos a um treinamento de 3 vezes por semana durante oito semanas, demonstraram reduções de 9mmHg e 8mmHg na PAS e na PAD, respectivamente (Carter et al., 2003). Portanto, os estudos que analisaram os efeitos crônicos do exercício sobre a PA demonstraram uma redução significativa na pressão arterial sistólica e diastólica após treinamentos com exercícios aeróbios e contra-resistência em diferentes intensidades, sendo as maiores reduções encontradas nos sujeitos hipertensos. Recentemente, o consenso resultante de um simpósio sobre dose-resposta relacionada à atividade física e saúde, promovido pelo American College of Sports Medicine em 2001, 65 revelou que uma sessão aguda de exercício aeróbio numa intensidade entre 50 e 100% VO2máx produz uma redução de 18-20mmHg na PAS e de 7-9mmHg na PAD em indivíduos com hipertensão leve, havendo, todavia, evidência insuficiente para definir um efeito de doseresposta (Kesaniemi et al., 2001). Analisando os estudos que usaram a medida ambulatorial da PA, que consiste no monitoramento constante da PA durante as atividades diárias dos indivíduos num período de 24h em sujeitos hipertensos e normotensos, Thompson et al. (2001) encontraram reduções de 2,1±4,6mmHg e 0,3±4,5mmHg para PAS e PAD, respectivamente, que persistiram por 12-16h após o término do exercício. Esta variação de resposta pode ser vista também nos estudos agudos da Tabela 2 que usaram o método auscultatório. Observa-se uma divergência nos resultados quanto ao efeito do tipo e da intensidade do exercício na pressão arterial, o que suporta os achados de Shephard (2001). De acordo com a Tabela 2, em relação ao tipo de exercício, enquanto que os exercícios aeróbios diminuíram (Raglin & Morgan, 1987; Porcari et al., 1988; Flory & Holmes, 1991; Raglin, Turner & Ekstein, 1993; Taylor-Tolbert et al., 2000; Nami et al., 2000) ou não modificaram (Szabo et al., 1993; Brownley, 1996) a PA, o exercício contra-resistência promoveu diminuição (Hill et al., 1989; O’Connor & Cook, 1998; Focht & Koltyn, 1999), aumento (O’Connor et al., 1993; Koltyn et al., 1995; Focht & Koltyn, 1999) ou nenhuma mudança (Wang et al., 1991; Raglin, Turner & Ekstein, 1993; O’Connor et al., 1993; O’Connor & Cook, 1998). A redução da PA após o exercício aeróbio variou entre 4 a 9mmHg e de 3 a 6mmHg para a PAS e PAD, respectivamente. Após o ECR, a redução na PA variou entre 3 a 10mmHg e de 5 a 10mmHg para PAS e PAD, respectivamente. Embora a amplitude do efeito hipotensivo seja semelhante entre o exercício aeróbio e o ECR, o exercício aeróbio demonstra este efeito com mais freqüência nos estudos. Grande parte dos estudos com ECR não mostrou mudança na PA, alguns até reportando aumentos significativos. 66 Em relação à intensidade, os resultados também são inconsistentes. Os exercícios aeróbios com intensidade moderada promoveram diminuição na PAS (Flory & Holmes, 1991; O’Connor & Davis, 1992; Raglin, Turner & Ekstein, 1993; Taylor & Tolbert, 2000) e nenhuma mudança na PAD (Raglin, Turner & Ekstein, 1993) ou em ambas (Brownley, 1996; Szabo et al., 1993). Browley (1996) verificou uma hipotensão que durou cerca de 5h, apenas em indivíduos hipertensos. Alta intensidade promoveu redução na PA tanto quanto baixa e moderada intensidade (Forjaz et al., 1998; Marceau et al., 1993). Estes dois estudos, juntamente com o estudo de Porcari et al. (1988), corroboram a premissa de que a redução da PA após exercícios aeróbios parece ser independente da intensidade. O mesmo não ocorrendo com o ECR, onde O’Connor et al. (1993) não encontraram reduções na PA após sessões com 40, 60 ou 80% de 10RM. Nos estudos com ECR, intensidade moderada promoveu diminuição na PA (Hill et al.,1989) ou nenhuma mudança (Raglin, Turner & Ekstein, 1993); alta intensidade promoveu elevação (Focht & Koltyn, 1999); e baixa intensidade promoveu diminuição na PAS e nenhuma mudança na PAD (O’Connor & Cook, 1998) ou diminuição na PAD (Focht & Koltyn, 1999). Um estudo não reportou a intensidade, não encontrando mudanças na PA (Wang et al., 1991). Nos dois estudos que utilizaram intensidade auto-selecionada, a redução de PA ocorreu apenas para o exercício aeróbio quando comparado ao exercício contra-resistência (Raglin & Morgan, 1987; Koltyn et al., 1995). Koltyn et al. (1995) encontraram aumento na PAS de 5mmHg após ECR auto-selecionado. Na Tabela 2, observa-se que a mensuração da intensidade para os exercícios aeróbios foi de forma relativa utilizando um %VO2máx (Porcari et al., 1988; Szabo et al., 1993; Taylor –Tolbert et al., 2000 ) e %FCMáx (Flory & Holmes, 1991; Raglin, Turner & Ekstein, 1993; Brownley, 1996) ou auto-selecionada (Raglin & Morgan, 1987). Para o ECR, a intensidade 67 também foi expressa de forma relativa como %1RM (Hill et al., 1989; Raglin, Turner & Ekstein, 1993; O’Connor & Cook, 1998; Focht & Koltyn, 1999), %10RM (O’Connor et al., 1993), auto-selecionada (Koltyn et al., 1995) ou não foi reportada (Wang et al., 1991). Alguns estudos mensuraram a PA somente antes e logo após o exercício (Wang et al., 1991; Flory & Holmes, 1991; Szabo et al., 1993; Koltyn et al., 1995), enquanto que outros acompanharam o seu comportamento ao longo de um período que variou de 1min a 72h (Raglin & Morgan, 1987; Porcari et al., 1988; Hill et al., 1989; Raglin, Turner & Ekstein, 1993; O’Connor et al., 1993; Brownley, 1996; O’Connor & Cook, 1998; Focht & Koltyn, 1999; Taylor-Tolbert et al., 2000). Três dos 4 estudos que não demonstraram mudanças mediram a PA somente após o exercício, enquanto os estudos que mediram a PA 10 minutos ou mais após o exercício detectaram uma hipotensão. Conclui-se, por esta revisão, que as características ótimas dos exercícios necessárias para promover uma maior redução na PA ainda são inconclusivas, principalmente em relação à intensidade do exercício. Os estudos de metanálise sobre os efeitos crônicos têm demonstrado que o exercício aeróbio regular, assim como o ECR, reduz a pressão arterial tanto em indivíduos hipertensos quanto em normotensos, embora a magnitude da redução pareça ser maior em atividades aeróbias do que no ECR, e em hipertensos comparados com normotensos. Estes estudos demonstram reduções que variam de –3mmHg a –10mmHg para PAS e de –2mmHg a –10mmHg para PAD com exercícios aeróbios e ECR.. Em relação ao tipo de atividade, aparentemente os exercícios aeróbios estariam associados com reduções mais significativas na PA pós-exercício, enquanto que o ECR sugere resultados divergentes. Observa-se uma tendência de mensuração da intensidade no exercício aeróbio através da FCMáx, ajustada pela idade, devido a sua maior aplicabilidade prática e à importância de medições da PA minutos após o término do exercício. 68 Tabela 2: Estudos e posicionamentos sobre os efeitos crônicos e agudos do exercício sobre a pressão arterial Estudo Atividade Raglin & Morgan (1987) Aeróbios Porcari et al. (1988) Caminhada Corrida Hill et al. (1989) ECR Wang et al. (1991) ECR Flory & Holmes (1991) Dança Aeróbia O’Connor & Davis (1992) Corrida Szabo et al. (1993) Ciclismo Raglin, Turner & Eksten (1993) Ciclismo ECR O’Connor et al. (1993) ECR Marceau et al. (1993) Aeróbia ACSM (1993) Aeróbia Koltyn et al. (1995) ECR Delineamento Resultados Efeito agudo Intensidade: auto-selecionada por 40min Medida da PA: pré, pós, 20, 60, 120, 180min Efeito agudo Intensidade: 35,50, 65%VO2máx ou auto-selecionada 40min Medidas: pré, pós, pós banho, 120min após Efeito agudo Intensidade: 70% 1RM por 14min Medida da PA: 15pré, pré, pós, 1, 2, 15, 30, 60min Efeito agudo-crônico Intensidade: não reportada Duração: 25min por 12 semanas Medida da PA: pré, 10min pós Efeito agudo Intensidade de 60-80%FCMáx por 50min Medida da PA: pré, pós Efeito agudo Corrida: 20min a 70% VO2máx em 4horários distintos Medida: 10min pré, 10min pós, 20min pós Efeito agudo Intensidade: 60%VO2máx por 30min Medida da PA: pré, pós Efeito agudo TCR e Ciclismo: 70-80% 1Rme 70-80%FCMáx por 30min Medida da PA: pré, pós, 20, 60min Efeito agudo Intensidade: 40,60 e 80%10RM por 30min Medida da PA: pré, pós,15,30,45,60,75,90,105,120min Efeito agudo Intensidade: 50 ou 70% VO2máx Posicionamento sobre Efeito crônico Intensidade: 40-70%VO2máx Duração: 20-60min TCR em circuito pode ser auxiliar Efeito agudo Intensidade: auto-selecionada por 50min Medida da PA: pré, pós (5min) Exercício: PAS= -9mmHg até 3h após PAD: -6mmHg até 2h após Controle: <PAS até 20min após PAS: -4mmHg até 2h após PAD: --3mmHg até 2h após Independente da intensidade PA: -20mmHg imediatamente após, mantendo-se +baixa (-3mmHgPAS e – 10mmHgPAD) por 60min. PAS: sem mudança após sessão de TCR PAD: aumentou após sessão de TCR PAS: <2% PAS: -4mmHg 10min após o exercício até 20min após, independente da hora do dia de realização do exercício PAD: -3mmHg PA: Sem mudança Ciclismo: PAS: -6,5mmHg até 60min / PAD: sem mudança ECR: PAS e PAD: sem mudança PAS: >1min pós 60%; >1min até 15min pós 80% PAD: sem mudança PA não foi reduzida Decréscimo de 5mmHg para ambas intensidades PAS e PAD: -10mmHg TCR: PAS: +5mmHg Controle: PAS: -5mmHg 69 Continuação Tabela 2 Estudo Kelley & Tran (1995) Brownley (1996) Atividade Aeróbia Ciclismo Forjaz et al. (1998) Ciclismo O’Connor & Cook (1998) ECR Focht & Koltyn (1999) ECR Kelley & Kelley (2000) ECR Harbach et al. (2000) Corrida Subir escadas Taylor-Tolbert et a.l. (2000) Corrida Nami et al. (2000) Ciclismo Fagard (2001) Aeróbia Kelley et al. (2001) Caminhada Whelton et al. (2002) Aeróbia Polito et al. (2003) ECR Delineamento Resultados Meta-análise sobre Efeito crônico em normotensos Intensidade: 30-96% FCMáx (M=77% FCMáx) Duração: 10-90min (M=37min) Efeito agudo em normotensos e hipertensos Intensidade: 60-70% FCMáx por 20min Medida da PA: pré e durante 72h após Efeito agudo Intensidade: 30, 50 ou 80% VO2máx por 45min Efeito agudo Intensidade: 10%1RM, 24min c/ exercício estático/dinâmico Medida da PA: pré, 3, 13 e 23min após Efeito agudo Intensidade: 50% e 80%1RM por 30min Medida da PA: pré, 1min pós, 20,60,120,180min Meta-análise sobre Efeito crônico em normotensos Intensidade: 30-90%1RM / Duração: 20-60min Efeito agudo 3Km de Corrida + subida de 8 andares de escada: Int. Máxima Duração: ± 20min Medida: pré, pós, 15min após Efeito agudo em hipertensos Intensidade: 70% VO2máx por 45min Medida da PA: pré e durante 24h após Efeito crônico após 3meses Intensidade: 40-60% VO2máx por 1h, 3x/sem Medida PA: pré e durante 48h pós, início e final do estudo Meta-análise Efeito crônico normotensos e hipertensos Intensidade: 45-85% VO2máx Duração: 30-60min Meta-análise Efeito crônico normotensos e hipertensos Intensidade: 45-86%VO2máx (M=63%% VO2máx) Duração: 28-60min (M= 42min) Meta-análise Efeito crônico normotensos e hipertensos Intensidade: baixa, moderada e alta Efeito agudo ECR: 6 e 12RM Medida: pré, pós, e durante 60min após PAS –4,4mmHg PAD –3,2mmHg Hipertensos: <PA por 5h Normotensos: Sem mudança Decréscimos similares para as três intensidades PAS: -5mmHg / PAD: -3mmHg PAD: Sem mudança PAS: -10mmHg Independente do tipo de contração 50%: PAD: -5mmHg até 20min 80%: PAS: +8mmHg 1min pós, retornando ao nível de repouso após 20min PAS –3,3mmHg = -2% PAD –3,2mmHg = -4% PAS: - 3,6mmHg PAS: -7,4mmHg PAD: -3,6mmHg Mudança permaneceu por 16h <PAS e PAD em hipertensos com menor PA durante o sono; Sem mudanças para aqueles sem diminuição da PA durante o sono PAS: –3,4mmHg PAD: –2,4mmHg PAS: –3,0mmHg PAD: –2,0mmHg PAS: –3,84mmHg PAD: –2,58mmHg PAD: Sem mudança para treino de 12RM e redução para 6RM até 20min PAS: Redução para treino de 12RM até 40min após / treino de 6RM reduziu até 60min após ECR reduziu a PA principalmente a sistólica 70 2.3.2 POSSÍVEIS MECANISMOS RESPONSÁVEIS PELO EFEITO HIPOTENSIVO DO EXERCÍCIO Embora ainda não exista uma explicação consistente para os mecanismos responsáveis pelo efeito hipotensivo do exercício, sabe-se que este efeito é mediado não somente por um, mas por diferentes mecanismos. Entre os mecanismos propostos para explicar a redução da PA pós-exercício encontram-se: modificações na atividade do sistema nervoso simpático, no funcionamento hemodinâmico e hormonal, na sensibilidade à insulina, na atuação dos baroreceptores e na reatividade cardiovascular ao stress (American College of Sports Medicine, 1993; Blumental et al., 2002; Foss & Keteyan, 2000; Thorén et al., 1990). Cada um destes mecanismos possui maior influência, de acordo com o tipo de intervenção comportamental realizada: exercício, perda de peso ou controle do stress ou a combinação delas. Serão abordados somente os supostos mecanismos envolvidos na redução da pressão arterial pelo exercício físico. Tem sido verificado que a combinação de uma atividade simpática elevada e parassimpática diminuída são as responsáveis pela estimulação excessiva da circulação nos estágios iniciais da hipertensão (Blumental et al., 2002). Sugere-se que logo após o término do exercício ocorra uma estimulação imediata dos nervos vagos, diminuindo a atividade do sistema nervoso simpático, promovendo alterações hemodinâmicas (rápida queda da FC, diminuição do débito cardíaco e da resistência vascular periférica) e hormonais (diminuição de catecolaminas circulantes - adrenalina e noradrenalina - e aumento de substâncias vasodilatadoras circulantes, como a endorfina), acarretando uma vasodilatação e relaxamento dos vasos sangüíneos que resultam numa menor PA pós-exercício (Blumental et al., 2002; Foss & Keteyan, 2000). Segundo Thóren et al. (1990), em parte, essa hipotensão pode ser explicada pela inibição da atividade nervosa simpática, permitindo que alguns casos de 71 hipertensão possam ser tratados sem o uso de medicamentos. No entanto, Carter et al. (2003), apesar de terem verificado reduções na PA, não encontraram reduções na atividade simpática de sujeitos normotensos após treinamento contra-resistência de oito semanas. Segundo Blumental et al. (2002), existem evidências de uma relação causal entre a resistência à insulina e a pressão alta. A resistência à insulina e a hiperinsulinemia podem contribuir para a patogênese da hipertensão (Welton et al., 2002). Neste caso, o exercício atuaria na redução da resistência à insulina, aumentando sua sensibilidade que, por sua vez, modificaria a função renal, reduzindo a retenção de sódio, resultando em menor atividade do sistema nervoso simpático (American College of Sports Medicine, 1993). Em relação ao baroreceptores, o exercício aumenta sua sensibilidade de modo que se tenha maior feedback (controle autonômico) da PA. Tem sido demonstrado também que pessoas fisicamente ativas possuem menor reatividade ao stress (menor FC, PA e nível de catecolaminas) e se recuperam mais rápido de maneira que a influência de estressores sobre o indivíduo com maior aptidão física é diminuída (Crews & Landers, 1987). Dessa maneira, existem modelos hipotéticos que explicam o efeito hipotensivo do exercício e que as alterações cardiovasculares são mediadas por alterações na atividade do sistema nervoso e humoral semelhantes àquelas que explicam as alterações psicológicas após uma sessão de atividade física. Sendo assim, percebe-se a importância da análise psicofisiológica entre exercício, pressão arterial e estado emocional. 72 2.4 PSICOFISIOLOGIA DO EXERCÍCIO Toda ciência deve possuir seu objeto de estudo e seus métodos delimitados, tendo clara a sua aplicabilidade. O objetivo, neste momento, é oferecer uma visão geral da Psicofisiologia, sua origem histórica, conceituação, métodos, aplicações, linhas de pesquisa e de intervenção, bem como delimitar alguns temas de estudos da área sobre atividade física e saúde que são partes da revisão da literatura realizada. A Psicologia do Esporte, assim como outras ciências, utiliza algumas abordagens na compreensão do comportamento antes, durante e após a atividade física. Segundo Weinberg & Gould (2001), as três abordagens predominantes são a psicofisiológica, a sociopsicológica e a cognitivo-comportamental. Nas três orientações, percebe-se a utilização conjunta de diferentes áreas de conhecimento na compreensão do comportamento, como a Psicologia, a Fisiologia e a Sociologia. De acordo com Dishman (1997), a segregação dos métodos biológicos e comportamentais que existe na área das ciências do exercício não pode responder totalmente a muitas questões importantes para a saúde de maneira que há uma necessidade de integração das ciências no estudo do comportamento no exercício. O interesse pelo entendimento da interação dos aspectos físicos e psicológicos na prática do exercício físico tem crescido consideravelmente, sendo um dos principais temas atuais de estudo da Psicologia do Esporte. Vários estudos demonstram a necessidade de uma abordagem psicofisiológica, seja no âmbito do treinamento desportivo, da atividade física ou da saúde pública para uma melhor compreensão do comportamento e da saúde (Bara Filho, 1999; Coelho et al., 1989; Crews & Landers, 1987; Harro et al., 1999; O’Connor et al., 1991; O’Connor & Davis, 1992; Porcari et al., 1988; Raglin & Morgan, 1987; Schwartzman & Glaus, 2000; Szabo et al., 1993). 73 A Psicofisiologia é uma das tendências interdisciplinares de fusão de diferentes áreas de conhecimento. Segundo Ribeiro (2001), a Psicofisiologia é uma ciência que estuda o comportamento dentro de uma simultaneidade mente-corpo, de modo que toda experiência física é acompanhada por uma experiência psicológica e vice-versa. Cacioppo e Tassinary (apud Collins, 1995:p.154) a definem como "o estudo de fenômenos cognitivos, emocionais e comportamentais relacionados e revelados por princípios e eventos fisiológicos”. Entretanto, não se trata apenas da junção da Psicologia com a Fisiologia, mas de uma tentativa de formação de um campo científico que enriquece o entendimento do comportamento humano no exercício, fundamentada nos conhecimentos proporcionados por diferentes áreas de conhecimento, como a Anatomia, Fisiologia, Endocrinologia, Imunologia, Biologia, Genética, Aprendizagem Motora, Biomecânica, Psicologia, Educação Física, entre outras. Do ponto de vista histórico-filosófico, pode-se dizer que o princípio fundamental da Psicofisiologia da simultaneidade mente-corpo estava presente desde a Grécia antiga, expresso na frase “mens sana in corpore sano” (Toledo, 2000). Segundo Ribeiro (2001), um dos precursores da Psicofisiologia foi George Cabanis, através do trabalho “Relações entre o físico e o moral dos homens” em 1802 . Em 1920, surgem os primeiros laboratórios de Psicologia do Esporte na Rússia, na Alemanha e nos Estados Unidos. A origem científica da Psicofisiologia deu-se a partir da Neurofisiologia e da Psicologia, no final do século passado, através dos estudos relacionados ao aprendizado e ao desempenho motor, aproximando-se da Educação Física após a Segunda Guerra Mundial (Ribeiro, 2001). A Psicofisiologia opera com métodos e conceitos comuns à Psicologia e à Fisiologia. Mensura quantitativamente, em unidades padrões, a freqüência cardíaca e respiratória, pressão arterial, temperatura corporal, ondas cerebrais, eletromiografia, eletroencefalograma, resposta galvânica, potencial de ação dos músculos e atividade psicoendocrinológica relacionando-os com o comportamento na atividade física (Crews & Landers, 1987; Ribeiro, 2001). A 74 utilização de métodos quantitativos é uma das grandes vantagens da Psicofisiologia em relação à Psicologia do Esporte. Assim, possui como objetivos: examinar os processos fisiológicos do cérebro e suas influências sobre a atividade física; verificar relações de variáveis psicofisiológicas com o comportamento no esporte e no exercício; estudar e verificar os resultados de métodos psicológicos, como o treinamento mental, e psicofisiológicos, como o biofeedback, sobre variáveis tanto fisiológicas quanto psicológicas que venham influenciar o comportamento na atividade física, no esporte, na reabilitação, no tratamento clínico; intervir, visando ao equilíbrio comportamental, à regulação do nível de ativação, ao relaxamento, ao auto-controle e à melhoria da performance (Ribeiro, 2001; Weinberg & Gould, 2001). Segundo Collins (1995), o Biofeedback é a maior aplicação prática da Psicofisiologia. Os principais estudos da Psicofisiologia foram americanos, crescendo atualmente o número de pesquisas européias. Até 1980, a área de maior interesse era a performance motora, interessando-se pela medida de ativação, a identificação da capacidade de atenção e alocação e dos processos centrais associados com a performance ótima através do biofeedback (Collins, 1995). Desde então, tem crescido o número de trabalhos na linha de atividade física e saúde. Serão categorizados, em temas de estudo, algumas pesquisas de caráter agudo que têm corroborado a abordagem psicofisiológica. • Aptidão física e reatividade ao stress psicobiossocial (Crews & Landers, 1987; MoyaAlbiol et al., 2001) atividade cerebral e humor (Petruzzello e Landers, 1994; Petruzzello, Hall & Ekkekakis, 2001); • Exercício, nível de aptidão física e risco de depressão (Lobstein, Mosbacher & Ismail, 1983; Strawbridge et al., 2002); • Relação da hipertensão e doença coronariana com estados psicológicos (Coelho et al., 1989; Schwartzman & Glaus, 2000); 75 • Respostas hormonais ao exercício em depressivos (Harro et al., 1999; Light, Kothandapani & Allen, 1998); • Variabilidade da freqüência cardíaca e percepção de stress (Dishman et al., 2000); • Efeito psicofisiológico do exercício, reatividade cardiovascular e função cognitiva (Flory & Holmes, 1991; Oweis & Spinks, 2001; Roth, 1989); • Humor e reatividade cardiovascular (Gendola, Abele & Krüsken, 2001; Light, Kothandapani & Allen, 1998); • Resposta hormonal e psicofisiológica ao stress físico e psicológico (De Vries et al., 2000; Roy, Kirschbaum & Steptoe, 2001; Szabo et al., 1993); • Influência do exercício de diferentes intensidades e períodos do dia sobre as respostas hormonais e o humor (Dishman, Farquhar & Cureton, 1994; Farrel et al., 1987; Gonzalez-Bono et al., 1999; Han & Yoon, 1995; Jin, 1989; O’Connor & Davis, 1992); • Efeitos psicobiológicos do aumento da intensidade de treinamento (Morgan et al., 1988; O’Connor, Morgan & Raglin, 1991); • Influência da atividade aeróbia e do exercício contra-resistência na redução da ansiedade e da pressão arterial e melhoria do humor (Coelho, in press; Focht & Koltyn, 1999; Koltyn et al., 1995; O’Connor et al., 1993; Porcari et al., 1988; Raglin & Morgan, 1987); • Comparação do efeito da atividade aeróbia e anaeróbia em variáveis fisiológicas e psicológicas (Garvin, Koltyn & Morgan, 1997; Harte, Eifert & Smith, 1995; Raglin, Turner & Eksten, 1993). No Brasil, a Psicofisiologia foi introduzida no início dos anos 90, por Luiz Scipião Ribeiro, após concluir seu doutorado nos Estados Unidos. Desde então, juntamente com seus colaboradores, tem contribuído significativamente na produção de conhecimentos desta nova abordagem de pesquisa da Psicologia do Esporte. O marco principal da área foi a criação, em 76 1993, do Laboratório de Psicofisiologia do Exercício, integrado ao Programa de PósGraduação Stricto-Sensu da Universidade Gama Filho que vem produzindo estudos sobre efeito do nível de ansiedade nas respostas psicofisiológicas ao stress (Ribeiro, 1993), a influência do treinamento mental no desempenho (Bulhões, 1997), efeito da técnica de relaxamento na redução da ansiedade, do cortisol sanguíneo e na melhoria da performance (Bara Filho, 1999), bem como na remoção do lactato sanguíneo (Toledo, 2000), efeitos psicofisiológicos da hidroginástica e do biofeedback (Campos, 1999), trekking, motivação e bem-estar (Miranda, 2000), perfil psicológico, nível de ansiedade e desempenho (Souza, 2001), influência do exercício contra-resistência no estado de humor (Coelho, in press), entre outros. Portanto, a Psicofisiologia é uma abordagem da Psicologia do Esporte que considera, mensura, analisa e interpreta variáveis psicológicas e fisiológicas simultaneamente de modo que se possa melhor entender o comportamento do indivíduo diante as diversas situações por ele vivenciadas, fornecendo conhecimentos que permitam intervir de modo eficaz, seja na promoção da saúde, seja na melhoria do desempenho. De acordo com a orientação psicofisiológica, qualquer abordagem que omita a participação conjunta de variáveis psicológicas e fisiológicas no comportamento estará sendo reducionista, simplificando um fenômeno que deve ser analisado de modo complexo. A abordagem psicofisiológica contempla a necessidade de estudos sobre os efeitos do exercício tanto na saúde física quanto mental, e, por isso, este tema de estudo tem crescido consideravelmente na Psicofisiologia. A comparação de diferentes programas de exercício sobre o humor e a pressão arterial está em evidente crescente. 77 2.4.1 RELAÇÃO ENTRE PRESSÃO ARTERIAL, ESTADO DE HUMOR E EXERCÍCIO Em qualquer ambiente sob quaisquer circunstâncias, o organismo está submetido a algum tipo de stress, por mais insignificante que ele seja. O stress é o elemento essencial na compreensão do funcionamento integrado das estruturas corporais, sendo um estímulo que tem a função de adaptação, promovendo alterações funcionais tanto fisiológicas quanto psicológicas. De acordo com Samulski (2002), o stress é importante na manutenção e aperfeiçoamento da capacidade funcional, autoproteção e conhecimento dos próprios limites, podendo ser positivo (Eustress) ou negativo (Distress). Na concepção biológica, o stress é considerado como todas as reações internas fisiológicas ou psicológicas de adaptação orgânica, as quais objetivam a manutenção ou restabelecimento do equilíbrio interno e/ou externo (Samulski, 2002). Selye (apud Samulski, 2002, p.162) definiu stress como “uma reação inespecífica do organismo perante qualquer exigência”. Neste sentido, diferentes cargas de exercício promovem reações que não são específicas para o exercício, mas que fazem parte do processo de adaptação a qualquer estímulo seja físico ou psicológico. O stress é associado a um estado de desequilíbrio psicofísico, onde o organismo promove adaptações para restabelecer a homeostase. Quando submetido a um stress, o organismo reage para acomodá-lo ou compensá-lo, através da ativação do SNS e do eixo hipotalâmico-pituitário-adrenocortical (EHPA), promovendo ajustes cardiorespiratórios integrados, aumentando os níveis de hormônios, como noradrenalina, adrenalina, hormônio adrenocorticotrópico, beta-endorfina e cortisol (DeVries et al., 2000). O padrão de ativação varia de acordo com o estressor. Segundo DeVries et al. 78 (2000), estressores físicos ativam inicialmente o SNS e depois o EHPA, ao passo que os estressores psicológicos ativam diretamente o EHPA. Selye (apud Samulski, 2002) denominou o processo de adaptação a um estressor de Síndrome de Adaptação Geral (SAG). A primeira fase da SAG, Estágio de Alarme, é a primeira resposta ao estressor, preparando o organismo para agir, lutar ou fugir, havendo a quebra da homeostase; a segunda fase é o Estágio de Resistência, no qual o organismo resiste e combate o estressor, restabelecendo o equilíbrio fisiológico ou não; a terceira fase é o Estágio de Exaustão, em que, se o estressor persiste, as reservas de energias são depletadas e exauridas, provocando um estado de exaustão psicofisiológica. Na verdade, a SAG é um modelo geral de entendimento do mecanismo de adaptação do organismo a um estressor, que deixa subentendida a participação dos vários sistemas orgânicos na manutenção da homeostase, explicando, de forma geral, a integração psicofisiológica do organismo. Todas as respostas fisiológicas e psicológicas de adaptação do organismo são mediadas pelo sistema nervoso central, desencadeadas por estímulos nervosos e pela ação hormonal. O sistema nervoso autônomo, responsável pelo controle das ações involuntárias de nosso organismo, possui dois componentes: o sistema nervoso simpático ou adrenérgico (SNS) e o sistema nervoso parassimpático ou colinérgico (SNP). O SNS estimula as ações corporais para situações de estresse e emergência e durante o exercício, através da liberação de hormônios (noradrenalina e adrenalina), aumentando a FC, a PA, a contração do baço, a dilatação das pupilas, a liberação de glicose e sua penetração no sangue e a mobilização de ácidos graxos, preparando o corpo para luta, medo e fuga. Ao contrário, o SNP atua na preservação e restauração da energia corporal, preparando o corpo para o relaxamento e a homeostase pela ação parassimpática vagal e do hormônio acetilcolina, que atuam diminuindo a FC, a PA, a tensão muscular e restabelecendo a homeostase (Foss & Keteyan, 2000). 79 O exercício é considerado um stress físico que pode gerar tanto benefícios quanto prejuízos ao organismo, dependendo do estímulo que é dado, devendo ser praticado respeitando a capacidade de adaptação do indivíduo. Durante o exercício, os ajustes cardiovasculares ocorrem em função de estímulos do comando central, humorais, físicos e neurais periféricos provenientes de várias partes do corpo, mediados pelas alterações no sistema nervoso simpático e parassimpático e pela ação hormonal, sendo diretamente proporcionais ao tipo e à intensidade da atividade. Uma vez estimulados, receptores específicos enviam influxos neurais aferentes à região cardiorespiratória do cérebro durante o exercício, provocando modificações na função cardiorespiratória, através de uma maior atuação do SNS, elevando a FC, o volume de ejeção e a PA, aumentando a freqüência respiratória, por meio da liberação de noradrenalina. No entanto, esses influxos também podem ser iniciados por condições mentais integrados pela região hipotalâmica do sistema límbico. O sistema límbico participa no controle das emoções e participa na regulação do sistema nervoso autônomo e na integração endócrina juntamente com o hipotálamo (Foss & Keteyan, 2000). Por isso, se diz que o estado psicológico é um dos fatores que podem contribuir para afetar os níveis sangüíneos dos hormônios. Ao mesmo tempo em que se observa uma elevação da pressão arterial durante o exercício, McAuley, Mihalko & Bane (1996) demonstraram que a ansiedade também se eleva. Após o término do exercício, a atividade simpática é diminuída pela estimulação imediata dos nervos vagos parassimpáticos, produzindo uma rápida queda na FC e na PA que exibe um padrão de tempo similar ao observado na redução da ansiedade (Raglin & Morgan, 1987; Raglin, Turner & Eksten, 1993). 80 A relação entre exercício, pressão arterial e estados de humor e da hipertensão com ansiedade, depressão e hostilidade tem sido demonstrada em diversos estudos (Coelho et al., 1988; Lobstein, Mosbacher & Ismail, 1983; Schwartzman & Glaus, 2000; Sloan et al., 1999; Strawbridge et al., 2002). Os mecanismos pelos quais fatores psicológicos contribuem na alteração de funções e estruturas fisiológicas ainda são desconhecidos. Entretanto, Sloan et al. (1999) propõem um modelo psicofisiológico da doença arterial coronariana, teorizando sobre a interação de fatores fisiológicos e psicológicos no desenvolvimento de uma doença coronariana. O estudo correlacional de Coellho et al. (1988) mostrou que pacientes hipertensos exibiam maior ansiedade, depressão e distress do que os normotensos. Da mesma maneira, pessoas ativas reportam menor depressão, ansiedade e stress do que as sedentárias (Lobstein, Mosbacher & Ismail, 1983; Hassmén, Koivula & Uutela, 2000). Em hipertensos, Thirlaway & Benton (1992) verificaram que a participação no exercício, melhor do que a aptidão física, esteve associada a melhorias no estado de humor. Strawbridge et al. (2002) reportaram o efeito protetor da atividade física sobre a prevalência e a incidência da depressão em idosos. Gendola e Krüsken (2001) e Light, Kothandapani & Allen (1998) econtraram uma maior resposta cardiovascular aos estressores em indivíduos depressivos ou induzidos a um mal humor do que naqueles normais ou com um humor positivo. Dishman et al. (2000) encontraram um reduzido tônus vagal em sujeitos que reportavam maior nível de stress diário. Portanto, a partir de estudos correlacionais, quase-experimentais e prospectivos, observa-se que existem dados que suportam a relação psicofisiológica entre exercício, pressão arterial e humor, muitas vezes desconsiderada pelos pesquisadores. A busca pelo bem-estar do praticante de atividade física passa, necessariamente, pelo entendimento dessa relação de modo que se possa elaborar programas que respeitem a individualidade biológica e a simultaneidade mente-corpo. Na próxima seção, é desenvolvida uma investigação que procura relacionar variáveis psicofisiológicas com o objetivo de verificar o efeito do exercício nessas 81 variáveis, procurando estabelecer parâmetros de prescrição eficazes na promoção da saúde, considerando a interação mente-corpo de maneira que venha agregar novos conhecimentos à Psicofisiologia . 82 3. MÉTODO 3.1. Amostra A amostra constituiu-se de 20 alunos do sexo masculino com idade entre 18 e 38 anos de uma academia de ginástica da cidade de Três Rios – RJ. No entanto, apenas 18 sujeitos completaram todas as condições experimentais, passando a constituir a amostra definitiva do estudo. Os sujeitos foram selecionados aleatoriamente a partir de uma lista de alunos com experiência de pelo menos 6 meses e com freqüência de treino de 3 a 5 vezes por semana. Os voluntários responderam um formulário de identificação (Anexo 1) e assinaram um termo de consentimento (Anexo 2) que continha todas as informações relacionadas aos procedimentos experimentais. 3.2. Variáveis Independentes e Dependentes As variáveis independentes, também chamadas de tratamentos, são aquelas manipuladas pelo pesquisador que influenciam outras variáveis, causando os resultados (Thomas & Nelson, 2002). No presente estudo, representam o tipo (exercício contraresistência ou corrida) e a intensidade (baixa, alta e auto-selecionada) do exercício. 83 As variáveis dependentes são os efeitos da variável independente, sendo a conseqüência do tratamento (Thomas & Nelson, 2002). No presente estudo, representam o estado de humor, representado pelas variáveis tensão, depressão, raiva, vigor, fadiga, confusão mental e distúrbio total de humor, a pressão arterial e a freqüência cardíaca. 3.3. Delineamento da Pesquisa Todos os procedimentos metodológicos foram realizados dentro do próprio ambiente de prática de atividade física dos sujeitos: a academia de ginástica, aumentando a validade externa do experimento. O delineamento da pesquisa foi de grupo único, onde os mesmos sujeitos foram submetidos a uma sessão de teste e a sete condições experimentais, realizadas em dias distintos, com três mensurações do estado de humor, da PA e da FC em cada sessão (Figura 1). A ordem dos tratamentos foi contrabalançada entre os sujeitos de maneira que não houvesse interferência nos resultados. Uma das sete condições experimentais foi a de controle. Um grupo de controle, neste tipo de delineamento, torna-se importante na medida em que se pretende mostrar a efetividade do exercício na alteração do humor para estabelecer causalidade. Deste modo, procurou-se delinear um estudo de caráter experimental, aumentando a validade interna do experimento, através do controle de variáveis intervenientes, mas também enfatizando a validade externa, realizando o experimento com praticantes de atividade física, dentro de seu ambiente prático, possibilitando uma maior generalização dos resultados. 84 3.4. Instrumentos de Medida O Questionário de Prontidão para a Atividade Física (QPAF) foi usado para a identificação de quaisquer problemas físicos que pudessem contra-indicar a participação do indivíduo no estudo. O QPAF tem ampla aplicabilidade nos centros de atividade física, como um instrumento válido na detecção de contra-indicações para o exercício que poderiam ser revelados por um breve exame clínico (Anexo 1). A potência aeróbia máxima (VO2máx) foi estimada a partir de um teste submáximo de degrau (Katch & McArdle apud Pollock & Wilmore, 1993). Os sujeitos subiam e desciam de um banco de 41cm de altura, num ritmo de 24 passos por minuto, durante três minutos. A freqüência cardíaca verificada aos 20 segundos de recuperação após o término do teste era utilizada na seguinte fórmula de predição: VO2máx (ml/Kg/min) = 111,33 – (0,42 x FC). O percentual de gordura corporal foi estimado a partir dos fatores idade e soma das dobras cutâneas torácica, abdominal e coxa (Pollock, Schmidt & Jackson apud Pollock & Wilmore, 1993). O estado de humor foi mensurado pelo POMS (Anexo 4) – Perfil dos Estados de Humor (McNair et al. apud Brandão, 1996), descrito em detalhes na revisão de literatura. O teste foi aplicado antes e depois de cada sessão de treinamento e novamente após 30 minutos. Os sujeitos responderam aos itens com a seguinte orientação: “como você está se sentindo neste exato momento”. Entre o término da sessão e a medida após 30minutos, os sujeitos permaneceram na academia. A pressão arterial foi mensurada pelo método auscultatório. Os procedimentos de medida foram adotados de acordo com Foss & Keteyan (2000). Foi utilizado um estetoscópio e um aparelho denominado esfigmomanômetro com um manguito inflável de braço conectado a um marcador aneróide (ponteiro). A medida ocorre através da oclusão arterial pela pressão 85 exercida pelo manguito inflado, correlacionando os batimentos cardíacos auscultados com o valor registrado pelo ponteiro. A medida da PA foi feita antes, um minuto após e 30 minutos após o término de cada sessão de exercício, estando o sujeito na posição sentado. Assim que os sujeitos terminavam a sessão de exercício, eram encaminhados para sala de avaliação para a mensuração, levando em média 1 minuto para realizar a medida. A freqüência cardíaca foi mensurada continuamente durante as sessões de corrida, através de um monitor de freqüência cardíaca (marca Polar, modelo Vantage NV). Foram consideradas a FC antes da sessão, um minuto após e 30 minutos após o término da sessão. Para mensurar a percepção de esforço realizado no exercício foi utilizado o Índice de Esforço Percebido (IEP) - Anexo 3 -, também chamado de Escala de Borg (Borg, 1982), que requer que os participantes localizem numa escala de 6 a 20 pontos o quanto intenso estão percebendo o esforço realizado. O objetivo foi comparar as três intensidades e realizar uma correlação com as variáveis psicofisiológicas. Os participantes avaliaram o IEP após cada série de cada exercício do ECR e a cada 5 minutos de corrida. Para fins de cálculo do IEP da sessão de treino, foi utilizada a média dos escores obtidos. Foi utilizado o teste de 8RM, definido como a carga máxima possível de ser levantada em oito execuções corretas do movimento, com o objetivo de calcular a carga das sessões de ECR de alta e de baixa intensidade. Foram realizados os seguintes exercícios: supino, leg press 45º, desenvolvimento, puxada pela frente, flexão de joelho, rosca direta e tríceps no pulley, executados conforme recomendações de Manso (1999). Os exercícios foram escolhidos de modo que representassem um programa básico para a melhoria da força e da resistência muscular. Foram realizadas, no máximo, 3 tentativas de determinação da carga para cada exercício, com 3 minutos de intervalo de descanso entre cada tentativa. Apesar do teste de 1RM ser um dos mais utilizados na determinação da força máxima dinâmica em 86 equipamentos isotônicos, o longo tempo gasto e os riscos de lesão inerentes ao teste levam os pesquisadores a optarem por testes submáximos, como o de 8RM. A intensidade relativa da corrida na esteira foi determinada pelo percentual da freqüência cardíaca máxima. A FCMáx foi estimada a partir da seguinte fórmula: 220 – idade. De acordo com Raglin et al. (1993), a utilização de métodos padronizados para a prescrição do exercício, como o consumo de oxigênio, não é a melhor alternativa. Em estudos de comparação entre ECR e exercício aeróbio, há diferenças entre o pico de consumo de oxigênio para as duas atividades, sendo menor no ECR do que no exercício aeróbio. Considerando o risco relativo de um teste máximo para algumas populações, o uso de equações de predição tem ganhado ampla aceitação, como pode ser observado em vários estudos (Berger & Owen, 1998; Boutcher & Landers, 1988; Cox et al., 2000; 2001; Flory & Holmes, 1991; Lane & Lovejoy, 2001; Raglin, Turner & Eksten, 1993; Roth, 1989). Além disso, foi usado este modo de prescrição por ser o mais comum nas academias, aumentando, assim, a validade externa do experimento. Sessão de Testes Medidas Sessões de Treino Pré Sujeitos Formulários QPAF POMS PA repouso FC repouso Peso, Altura % Gordura VO2máx Teste 8RM - ECR 50%8RM - ECR 100%8RM - ECR Auto-Selecionado POMS PA FC - Corrida 60-65%FCMáx - Corrida 85-90%FCMáx - Corrida Auto-Selecionada POMS PA FC - Controle POMS PA FC Figura 1: Delineamento do Experimento Durante IEP IEP FC - 2’Pós 30’Pós PA FC POMS POMS PA FC PA FC POMS POMS PA FC POMS PA FC POMS PA FC 87 3.5. Coleta de Dados Na sessão do teste de 8RM, os sujeitos responderam ao QPAF. Nenhum dos indivíduos apresentou contra-indicação para o exercício. Logo em seguida, estando sentados, os sujeitos responderam ao POMS pré-teste, seguido pela mensuração da PA e da FC de repouso. Estes procedimentos tiveram duração aproximada de 10 minutos. Foi realizada, então, a mensuração das dobras cutâneas, seguida pelo teste submáximo do degrau. Após um repouso de cinco minutos, os sujeitos foram encaminhados para a sala de ginástica para a realização do teste de 8RM. Foi realizado um aquecimento de cinco minutos na bicicleta ergométrica sem resistência no pedal, seguido de exercícios de alongamento estático para a musculatura envolvida no teste. Ao final do teste, os sujeitos realizaram exercícios de alongamento. Os dados do POMS da sessão de teste serviram para esclarecimentos sobre o questionário e para traçar o perfil de humor dos sujeitos juntamente com as medidas das condições experimentais. 3.6. Tratamentos Após a sessão de teste, os voluntários foram submetidos a sete condições experimentais, realizadas em dias distintos: 1) ECR com intensidade de 50% de 8RM 2) ECR com intensidade de 100% de 8RM 3) ECR com intensidade auto-selecionada 4) Corrida na esteira com intensidade de 60-65% da FCMáx 5) Corrida na esteira com intensidade de 8590% da FCMáx 6) Corrida na esteira com intensidade auto-selecionada e 7) Controle. 88 A hipótese da pesquisa não foi informada aos sujeitos, os quais realizaram os treinos numa ordem contrabalançada, intercalados por pelo menos um dia, sempre no mesmo horário do dia, entre 14 e 19h. Nesses dias, foi pedido a eles que não se exercitassem e não ingerissem álcool ou café antes das sessões. O percentual de carga das sessões 1 e 2 de ECR foi calculado de modo que elas tivessem o mesmo volume total de carga levantada. Então, durante a sessão de 50% de 8RM os sujeitos realizaram três séries de cada exercício com 16 repetições, usando um intervalo de recuperação de um minuto entre cada série e exercício; durante a sessão de 100% de 8RM, os sujeitos realizaram três séries de cada exercício com oito repetições por série, usando um intervalo de recuperação de um minuto e trinta segundos entre cada série e exercício; durante a sessão de ECR auto-selecionado, os sujeitos escolheram a carga e o número de repetições para cada exercício assim como o intervalo de recuperação. Foi sugerido apenas que não fizessem um treino muito intenso, mas “um treino em que se sentissem bem”. Nas sessões de corrida, os sujeitos correram durante 30min numa intensidade de 60-65% da FCMáx na sessão 4 e de 85-90% da FCMáx na sessão 5. Na sessão 6, os sujeitos correram durante 30min, numa intensidade auto-selecionada, onde escolheram a velocidade de corrida. Houve um aquecimento de três minutos para a determinação da velocidade de corrida necessária para atingir a intensidade prescrita. Na sessão 7 de controle, os sujeitos foram para a academia, mas não realizaram exercício. Nesta sessão, as variáveis foram mensuradas antes, depois de 30 minutos e novamente após 30minutos. Nas sessões de exercício, os sujeitos inicialmente foram encaminhados para uma sala para responderem ao POMS pré-treino, mensurar a PA e a FC. Logo em seguida, foi realizado um aquecimento de três minutos na bicicleta ergométrica sem resistência no pedal, seguido de exercícios de alongamento estático para a musculatura envolvida na sessão de ECR; para a corrida na esteira, foi realizado alongamento para os membros inferiores e aquecimento de três minutos. Ao final das sessões, os sujeitos foram encaminhados para a sala de avaliação, 89 onde foi mensurada a FC e a PA, seguido da resposta ao POMS pós-treino. Então, os sujeitos permaneceram na academia por 30min, quando novamente foi mensurada a PA, a FC e o POMS. Durante as sessões de treino, os sujeitos responderam ao IEP a cada cinco minutos (corrida) e ao final de cada série de cada exercício (ECR). O tempo entre o término das sessões de exercício e a mensuração da FC e da PA pós-exercício foi de dois minutos. 3.7. Análise Estatística Realizou-se uma análise descritiva dos dados, usando a média e o desvio-padrão como medidas de tendência central e de variabilidade dos dados, respectivamente. Foi realizada uma Análise de Variância (ANOVA) com um fator entre as médias de cada variável do humor pré-teste e pré-treino, para verificar a equivalência do estado de humor dos sujeitos nas oito situações do experimento (uma sessão de teste, seis de exercício e uma de controle). Uma Análise de Variância (ANOVA) com um fator foi realizada entre as médias da carga total de peso levantado e da percepção de esforço das três sessões de exercício contra-resistência de modo a verificar a equivalência do volume de carga entre as sessões, bem como a intensidade subjetiva; a mesma análise foi feita com a velocidade de corrida na esteira e a percepção de esforço. Um teste t simples foi usado parar comparar as médias do estado de humor da amostra com os dados normativos da população. A correlação de Pearson foi usada para relacionar o estado de humor pré-treino, a percepção de esforço e as variáveis fisiológicas. Uma Análise Multivariada de Variância (MANOVA) com medidas repetidas foi usada para testar a interação tipo x intensidade do exercício na alteração do humor, bem como testar os efeitos principais. Quando a análise multivariada detectou efeito significativo, foi usada uma 90 ANOVA de medidas repetidas, ajustada pelo teste de Bonferroni, seguida pelo teste post-hoc de Scheffé para testar as diferenças específicas entre os grupos. A determinação do fator F das análises foi feita a partir do lambda de Wilks. Quando o pressuposto de esfericidade não foi assumido, foi usado o valor de ajuste fornecido pelo teste Greenhouse-Geiser. Em todas as análises, utilizou-se o nível de confiança de 95% e o teste de hipótese bi-caudal. 3.8. Plano Piloto Para testar todos os métodos a serem utilizados, foi realizado um estudo piloto entre os dias 03 e 27 de outubro de 2002, que se caracterizou pelos seguintes dados: - amostra de 10 sujeitos do sexo masculino. Cinco deles participaram da amostra definitiva; - os sujeitos foram submetidos a uma sessão de teste de 9RM e a quatro condições experimentais: ECR com 100%9RM e 66,7%9RM e corrida na esteira a 60%FCMáx e a 80%FCMáx; - A intensidade do exercício aeróbio foi prescrita somente pelo percentual da freqüência cardíaca estimada pela idade. A partir do plano piloto, alguns pontos foram alterados, como o teste de carga (9RM para 8RM), quantidade (4 para 6 tratamentos) e intensidade dos tratamentos (100% e 66,7%9RM para 100 e 50% 8RM e auto-selecionado; 60 e 80%FCMáx para 60-650 e 8590%%FCMáx e auto-selecionado). O objetivo foi acentuar as diferenças entre as intensidades, uma vez que esse estudo piloto não reportou influência da intensidade na alteração do humor, e contrastar a intensidade prescrita com a intensidade auto-selecionada. 91 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS Os resultados serão apresentados seguidos pela sua interpretação, de forma a facilitar a leitura e o entendimento do presente estudo. Inicialmente, serão apresentados dados descritivos da amostra utilizada; posteriormente, serão apresentados dados referentes à intensidade de esforço e a equivalência das variáveis psicofisiológicas antes das diferentes condições experimentais; finalmente, serão apresentados os resultados referentes ao efeito dos tratamentos nas variáveis psicofisiológicas bem como as correlações encontradas. 4.1. Dados Descritivos Nesta seção, serão apresentados os dados relativos à caracterização da amostra (Tabela 3), à carga de treinamento no exercício contra-resistência (Gráfico 1), à velocidade de corrida na esteira (Gráfico 2), à percepção de esforço nos diferentes treinos (Gráfico 3) e se há equivalência dos grupos nas variáveis psicofisiológicas no início dos tratamentos. Na Tabela 4, são apresentados os dados descritivos dessas variáveis antes, após e 30min após as sessões. Tabela 3 Características antropométricas e funcionais dos sujeitos Variável Média e Desvio-padrão Idade (anos) 22,4 ± 6,5 Peso (Kg) 72,3 ± 11 Estatura (cm) 176,7 ± 7,8 Gordura Corporal (%) 10,3 ± 6,5 VO2máx (ml/Kg/min) 51,9 ± 5,9 Pressão Arterial Sistólica de repouso (mmHg) 117,2 ± 6,4 Pressão Arterial Diastólica de repouso (mmHg) 68,3 ± 7,6 Freqüência Cardíaca de repouso (bpm) 68,5 ± 6,3 Experiência com exercício (meses) 12,1 ± 8,1 92 Tabela 4: Média e Desvio-Padrão das variáveis psicofisiológicas antes, após e 30min após cada condição experimental Variávies Tensão Pré Pós Pós 30’ Depressão ECR Auto- Corrida 60- Corrida 85Corrida ECR 50% ECR 100% Selecionado 65% 90% AutoControle 8RM 8RM FCMáx FCMáx Selecionada Média SD Média SD Média SD Média SD Média SD Média SD Média SD 6,2 6,4 5,6 4,7 3,6 4,0 5,9 6,9 6,0 3,1 3,2 2,9 5,4 6,1 6,0 4,7 5,0 4,8 5,1 5,7 5,0 3,1 3,1 2,6 5,9 6,1 5,4 5,0 4,1 3,7 5,5 6,2 4,9 3,8 3,4 3,6 5,4 5,0 5,2 4,0 3,7 4,4 Pré Pós Pós 30’ Raiva 2,6 2,6 2,4 4,0 3,9 3,2 2,1 2,7 2,7 4,5 4,6 4,3 2,6 2,7 3,7 5,7 6,5 8,2 2,3 1,4 1,9 4,1 2,6 2,7 2,0 2,0 1,8 3,0 3,6 2,4 1,1 1,5 1,5 1,9 2,2 2,2 1,7 1,5 1,5 2,6 2,8 2,4 Pré Pós Pós 30’ Vigor 4,9 4,4 4,5 4,4 4,3 4,5 3,4 3,5 3,5 3,4 2,7 3,4 4,1 3,9 4,7 4,2 5,5 5,9 3,9 3,0 2,5 2,3 2,4 1,7 3,6 3,9 3,2 3,7 3,2 2,2 3,2 2,7 2,4 2,4 2,5 2,2 2,9 2,9 2,9 2,0 2,3 2,2 Pré Pós Pós 30’ Fadiga 18,4 16,5 16,8 5,0 6,2 7,4 20,6 15,7 15,9 5,1 8,0 7,3 20,5 18,0 17,5 6,4 7,0 7,2 19,8 17,7 19,1 5,1 6,5 6,4 19,6 17,4 17,7 6,9 6,4 5,2 19,9 17,5 18,0 6,0 7,2 7,3 20,5 19,6 19,7 4,1 4,7 4,5 Pré Pós Pós 30’ Confusão 3,4 7,5 5,3 3,7 5,8 4,6 2,3 8,1 5,7 2,4 4,8 5,0 3,7 5,7 5,1 4,3 5,2 5,8 2,4 3,7 3,6 2,1 3,0 2,7 2,6 6,5 5,6 3,5 5,1 5,2 1,7 4,9 4,1 1,7 4,7 4,6 2,7 2,7 2,9 2,8 2,8 2,6 Pré Pós Pós 30’ Distúrbio do Humor Pré Pós Pós 30’ PAS 2,8 3,4 3,1 2,2 3,0 2,6 2,6 2,7 3,6 2,8, 2,0 2,8 3,0 3,2 3,0 3,3 3,9 3,9 2,4 2,1 2,3 2,0 1,7 1,6 3,0 3,0 2,9 2,6 2,6 3,0 2,0 3,0 2,2 1,5 2,9 2,4 2,2 2,2 2,7 2,8 3,1 3,2 101,6 18,3 95,8 15,6 98,4 21,4 107,9 19,6 108,3 20,2 103,7 26,0 104,1 20,6 105,7 20,2 105,1 27,4 95,7 98,2 96,3 13,5 97,5 18,2 93,6 11,4 12,4 104,2 17,8 100,9 16,2 10,8 101,3 16,2 97,2 16,2 94,7 94,9 95,6 11,9 13,0 12,6 Pré Pós Pós 30’ PAD 120,8 8,8 122,2 8,1 121,4 8,3 122,7 9,5 121,6 9,4 123,3 9,3 119,5 9,5 135,0 13,5 135,0 11,7 136,4 12,8 139,4 13,1 149,4 13,7 145,5 12,0 118,4 10,0 113,0 12,0 111,9 8,6 113,6 11,6 112,5 9,2 112,2 11,1 113,7 9,6 118,1 8,4 Pré Pós Pós 30’ FC 71,4 67,4 70,5 7,8 7,3 6,9 71,1 71,8 71,5 4,4 6,2 5,0 Pré Pós Pós 30’ 78,3 10,5 74,3 10,4 76,1 7,6 77,3 9,0 76,5 11,9 73,5 8,1 103,6 11,5 106,2 12,0 112,9 11,6 110,1 16,6 139,7 22,2 129,0 21,4 83,4 11,6 82,7 9,5 84,0 12,2 78,5 10,3 91,1 11,8 85,5 10,8 74,7 73,5 73,2 12,5 12,7 10,2 6,3 6,2 5,1 72,5 67,5 67,5 7,7 8,4 6,4 71,1 68,0 69,2 5,3 10,6 7,8 72,1 68,6 67,5 7,1 7,8 8,9 70,5 67,7 68,4 7,8 9,1 7,6 73,9 67,2 69,7 93 Carga - Kg 16000 14000 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 ECR 50%8RM ECR 100%8RM ECR Auto-Selecionado Gráfico 1: Média e Desvio-Padrão da carga de treino levantada em cada sessão de exercício contra-resistência. Nas sessões de exercício contra-resistência de alta e de baixa intensidade (100% e 50% de 8RM, respectivamente), o volume foi o mesmo (total de carga levantado na sessão), de modo que aumentasse o efeito da intensidade do treino, como sugerido por Shephard (2001). Observa-se, nos estudos anteriores, que não havia esta preocupação de forma que uma sessão de menor intensidade poderia ter uma maior quantidade de carga levantada, dependendo do número de repetições realizadas, e isso poderia influenciar os resultados. Este controle do volume de treinamento, entretanto, não seria possível no treino auto-selecionado, uma vez que os próprios sujeitos escolhiam a carga de treino. Mesmo assim, a ANOVA com um fator revelou que não houve diferença significativa entre o volume de carga das três sessões de exercício contra-resistência (p>0,05), confirmando a diferença entre as intensidades (Gráfico 1). No entanto, outros fatores devem ser considerados na análise da intensidade do exercício contra-resistência, como o tempo de tensão e o aspecto metabólico de cada tipo de treino. Estes fatores serão discutidos na sessão sobre os efeitos da intensidade no estado de humor. 94 Vel. (Km/h) 14 12 10 8 6 4 2 0 * * * Corrida 60-65%FCMáx Corrida Auto-selecionada Corrida 85-90%FCMáx Gráfico 2: Média e desvio-padrão da velocidade em cada sessão de corrida na esteira. * = diferença significativa (p<0,05) entre as três sessões. FC (bpm) 200 160 * * 120 80 40 0 Corrida 60-65%FCMáx Corrida Auto-Selecionada Corrida 85-90%FCMáx Gráfico 3: Média e desvio-padrão da freqüência cardíaca média de cada sessão de corrida. * = diferença significativa (p<0,05) entre as três sessões. Nas sessões de corrida, a duração do treino foi a mesma para todas as sessões (30min), de maneira que o fator variável fosse a intensidade. Quando representada objetivamente pela velocidade média de corrida e pela freqüência cardíaca média dos sujeitos durante o treino, houve diferença significativa entre a intensidade das três sessões (p<0,05). Como se observa no Gráfico 2, a média de velocidade no treino de 60-65% da FCMáx (7,3 Km/h) foi menor que a do treino Auto-Selecionado (9,1Km/h), as quais foram menores que a do treino a 8590% FCMáx (10,7Km/h). No Gráfico 3, verifica-se que a freqüência cardíaca média no treino de 60-65% da FCMáx (130bpm) foi menor que a do treino Auto-Selecionado (150bpm) as quais foram menores que a do treino a 85-90% FCMáx (171bpm). 95 IEP 20 15 10 * * * ♦ ♦ 5 0 ECR 50%8RM ECR AutoSelecionado ECR 100%8RM Corrida 6065%FCMáx Corrida AutoSelecionada Corrida 8590%FCMáx Gráfico 4: Média e desvio-padrão do Índice de Esforço Percebido (IEP) das sessões (* = diferença significativa (p<0,05) entre as três sessões de ECR; ♦= diferença significativa (p<0,05) em relação ao treino 85-90%FCMáx). O IEP foi usado na mensuração da percepção da intensidade dos treinos pelos sujeitos. Uma ANOVA com um fator mostrou diferença de intensidade entre as sessões (Gráfico 4). A percepção da intensidade entre as sessões de ECR foi diferente significativamente (p<0,05). A sessão de ECR com 100% de 8RM teve IEP = 15,9; ECR Auto-Selecionado igual a 13,5; e o ECR com 50% de 8RM igual a 11,7, caracterizando alta, moderada e baixa intensidade, respectivamente, de acordo com o American College of Sports Medicine (1998). Nas sessões de corrida, não houve diferença significativa entre as sessões de 60-65% da FCMáx (IEP = 11,2) e Auto-Selecionada (IEP = 12,3). No entanto, de acordo com a classificação proposta pelo ACSM (1998), os treinos podem ser classificados como de baixa e moderada intensidade, respectivamente. A intensidade média no treino auto-selecionado foi de 75,4% da FCMáx, confirmando o caráter de treino de moderada intensidade. O IEP na corrida de 85-90% FCMáx foi de 15,2, sendo diferente estatisticamente das outras duas sessões (p<0,05), caracterizando um treino de alta intensidade. Foi encontrada uma correlação de 0,75 entre a FC média e o IEP nas sessões de corrida, mostrando uma boa relação entre estas variáveis (p<0,01), como relatado por Morgan (1982). 96 No treino auto-selecionado, observou-se que os sujeitos escolhiam uma intensidade moderada de esforço, o que suporta os resultados de outros estudos (Dishman, Farquhar & Cureton, 1994; Koltyn et al., 1995; Raglin & Morgan, 1987). O IEP mostrou-se um instrumento útil e fidedigno na determinação da intensidade de esforço, uma vez que os sujeitos perceberam a diferença entre as intensidades. Este resultado demonstra a importância do uso de medidas de percepção de esforço na prescrição do exercício. Segundo Borg (1982), um indivíduo pode ter percepções diferentes em dois treinos com a mesma intensidade objetiva já que num dia ele pode se sentir bem, durante um treino a 150bpm e, no outro, se sentir mal, como resultado de fatores físicos e emocionais negativos. Esta integração de fatores fisiológicos e psicológicos na determinação da percepção de esforço reflete a natureza psicofisiológica do fenômeno. de maneira que o IEP deve ser visto dentro de um contexto mente-corpo (Morgan, 1994). Tuson, Sinyor & Pelletier (1995), por exemplo, verificaram uma melhoria do humor somente quando a intensidade foi mensurada de forma subjetiva, ao contrário de quando foi medida de forma objetiva (%VO2máx), afirmando que a intensidade percebida pode ser uma maior preditora de mudanças afetivas após o exercício do que a intensidade objetiva. Por isso, o treino intenso nem sempre é ruim para o estado de humor. Um treino intenso pode não ser tão intenso quanto pareça, podendo ser bom para a regulação do humor se percebido como agradável ou se for o tipo preferido para o sujeito. Portanto, constatou-se que os treinos de corrida e ECR tiveram intensidade alta, moderada e baixa. A caracterização da intensidade obteve consistência tanto nos parâmetros fisiológicos, através do percentual de força do teste de 8RM, da velocidade média e da freqüência cardíaca, quanto psicofisiológico, através do Índice de Esforço Percebido. Em média, a percepção de esforço variou de aproximadamente 11 a 16 na Escala de Borg, que fisiologicamente corresponde a uma variação de 54 a 89% da FCMáx. 97 4.2. Perfil de Humor, Pressão Arterial e Freqüência Cardíaca da amostra Nos estudos de caráter agudo, torna-se importante verificar o perfil típico das variáveis de interesse para que os resultados sejam representativos. As medidas repetidas fornecem esta possibilidade e verificam se os valores pré-treino são equivalentes. Dessa forma, foi realizado um teste de diferença de médias entre os fatores do estado de humor, com o objetivo de identificar possíveis diferenças nessas variáveis antes de cada condição experimental e traçar o perfil típico de humor da amostra. Uma ANOVA com um fator revelou que não houve diferença significativa entre as médias das variáveis do estado de humor pré-teste e pré-treino (p>0,05), de modo que houve equivalência nessas variáveis nas diferentes condições experimentais, representando o perfil de humor típico da amostra (Gráfico 5). Da mesma maneira, não houve diferença para PAS, PAD e FC antes dos tratamentos (p>0,05). O perfil de humor da amostra mostrou o perfil iceberg, proposto por Morgan (1980), como representativo de uma saúde mental positiva. O Teste de Student, de comparação com a média da população, revelou que o perfil de humor dos sujeitos mostrou-se mais positivo quando comparado com os dados normativos de praticantes de atividade física, fornecidos por Terry & Lane (2000). Os fatores negativos (tensão, depressão, raiva, fadiga e confusão mental) foram mais baixos e o fator positivo (vigor) foi mais alto, mostrando que os sujeitos tinham um perfil de saúde mental bastante positivo que certamente influenciou os resultados. Portanto, apesar de alguns estudos sugerirem a utilização das medidas pré-treino como co-variáveis (McGowan, Pierce & Jordan, 1991; Roth, 1989; Toskovic, 2001; Turner, Rejeski & Brawley, 1997), não houve diferença significativa (p>0,05) entre os valores iniciais das variáveis dependentes nas diferentes condições experimentais, demonstrando uma homogeneidade do perfil de humor e das variáveis fisiológicas da amostra no decorrer dos diferentes dias de mensuração e sustentando a análise estatística realizada. 98 30 25 ECR 50% 8RM ECR 100% 8RM 20 ECR Auto-Sugerido Corrida 60-65% FCMáx Corrida 85-90% FCMáx Corrida Auto-Sugerida 15 10 Controle 5 0 Tensão Depressão Raiva Vigor Fadiga Confusão Gráfico 5: Média e desvio-padrão do perfil dos estados de humor dos sujeitos antes das diferentes condições experimentais. 30 25 ECR 50% 8RM ECR 100% 8RM 20 ECR Auto-Sugerido Corrida 60-65% FCMáx 15 Corrida 85-90% FCMáx 10 Corrida Auto-Sugerida Controle 5 0 Tensão Depressão Raiva Vigor Fadiga Confusão Gráfico 6: Média e desvio-padrão do perfil dos estados de humor dos sujeitos após diferentes condições experimentais. 30 25 ECR 50% 8RM ECR 100% 8RM 20 ECR Auto-Sugerido 15 Corrida 60-65% FCMáx Corrida 85-90% FCMáx 10 Corrida Auto-Sugerida Controle 5 0 Tensão Depressão Raiva Vigor Fadiga Confusão Gráfico 7: Média e desvio-padrão do perfil dos estados de humor dos sujeitos após 30min do término de diferentes condições experimentais. 99 4.3. Efeito da Intensidade e do Tipo do Exercício sobre as Variáveis Psicofisiológicas Para testar a interação entre o tipo e a intensidade do exercício sobre os estados de humor, a pressão arterial e a freqüência cardíaca, bem como os efeitos principais, foi realizada uma MANOVA 2 (tipo: corrida e ECR) x 3 (intensidade: baixa, alta e auto-selecionada) x 3 (medida: pré, pós e pós 30min) com medidas repetidas no último fator. Não houve interação tipo-intensidade-medida, nem tipo-intensidade ou intensidade-medida (p>0.05), mostrando que as alterações nas variáveis psicológicas e fisiológicas foram independentes da intensidade do exercício. A análise multivariada revelou um efeito significativo para o tipo de exercício (F9, 94 = 3,02; p=0,003; poder = 0,96), para o fator medida (F18, 85 = 64,56; p=0,00; poder = 1,00) e para a interação tipo-medida (F18, 85 = 3,94; p=0,00; poder = 1,00). Para verificar quais variáveis eram as responsáveis por estes efeitos, foi realizada uma ANOVA 2x3x3 com medidas repetidas no último fator, para cada variável, ajustada pelo teste de Bonferroni, como forma de diminuir a probabilidade de incorrer no erro do Tipo 1, muito comum quando se analisam muitas variáveis sem a correção do nível de confiança. O erro do Tipo 1 é aceitar que há diferença entre os grupos quando ela não existe (Thomas & Nelson, 2001). Quando o mesmo grupo é testado várias vezes sem corrigir o nível de confiança, há uma maior probabilidade de cometer este erro, aceitando uma diferença que não existe. Como pode ser observado na Tabela 5, a análise univariada revelou diferenças significativas na Pressão Arterial Sistólica e na Freqüência Cardíaca em função do tipo do exercício. Entre as medidas, foram reveladas diferenças significativas para os fatores Tensão, Vigor, Fadiga, Distúrbio Total de Humor, Pressão Arterial Sistólica, Pressão Arterial Diastólica e Freqüência Cardíaca. Na interação tipo-medida, observaram-se diferenças significativas para os fatores Pressão Arterial Sistólica e Freqüência Cardíaca. Foi observado também um efeito significativo da intensidade, apenas no fator Freqüência Cardíaca (p<0,05). 100 Os efeitos principais e as interações sobre as variáveis serão discutidos separadamente para facilitar a compreensão dos resultados. Tabela 5: Resultados da análise estatística univariada dos efeitos principais sobre as variáveis dependentes Efeito Tipo do Exercício Variáveis Pressão Arterial Sistólica Freqüência Cardíaca gl 1 / 102 1 / 102 F 3,96 15,2 p 0,05 0,00 Poder 0,50 0,97 Medida Tensão Vigor Fadiga Distúrbio Total de Humor Pressão Arterial Sistólica Pressão Arterial Diastólica Freqüência Cardíaca 1,8 / 185,6 1,7 / 172,3 1,7 / 174 1,6 / 163,8 1,8 / 182,9 2 / 204 1,7 / 174,2 4,15 23,3 57,1 30,4 380,9 20,9 393,3 0,02 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,70 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 Tipo-Medida Pressão Arterial Sistólica Freqüência Cardíaca 1,8 / 182,9 1,7 / 174,2 12,9 123,2 0,00 0,00 0,99 1,00 Freqüência Cardíaca 2 / 102 5,41 0,00 0,83 Intensidade 4.3.1. Estado de Humor De acordo com a análise estatística realizada, as sessões de exercício promoveram mudanças significativas nas variáveis tensão, vigor, fadiga e distúrbio total de humor, independente do tipo e da intensidade de esforço (Gráficos 8 e 9), ao contrário da situação de controle que não promoveu mudanças significativas (Gráfico 10). O resultado será discutido baseado na literatura, considerando as diferenças metodológicas, as características da amostra e do instrumento e a não influência do tipo e da intensidade nas respostas psicológicas. 101 Pontos 25 20 * 15 * pré-treino pós-treino 10 30'pós-treino ♦ * 5 * 0 Tensão Depressão Raiva Vigor Fadiga Confusão Gráfico 8: Efeito de diferentes condições de exercício sobre as variáveis do humor (p<0,01 *: diferente em relação ao pré-treino; **: diferente em relação ao pré e pós-treino; p<0,05 ♦: diferente em relação ao pós-treino). Pontos 110 * * 105 pré-treino pós-treino 100 30'pós-treino 95 90 Humor Total Gráfico 9: Efeito de diferentes condições de exercício sobre o distúrbio total de humor (p<0,01 *: diferente em relação ao pré-treino; **: diferente em relação ao pré e pós-treino). Pontos 25 20 Pré 15 Pós Pós 30min 10 5 0 Tensão Depressão Raiva Vigor Fadiga Confusão Gráfico 10: Média e Desvio Padrão das variáveis do Estado de Humor pré, pós e 30min após uma situação de controle sem exercício. 102 Em relação ao estado de humor, os resultados encontrados contrariam grande parte da literatura, uma vez que não mostraram uma melhoria do humor logo após as sessões de exercício. Os resultados significativos sobre cada variável serão apresentados e, posteriormente, serão discutidos seus possíveis determinantes. No presente estudo, o efeito agudo do exercício revelou uma diminuição da tensão após 30min do término das sessões em relação ao valor pós-treino, o qual estava ligeiramente maior do que o valor pré-treino. Segundo Ekkekakis & Petruzzello (1999), a tensão é um estado de ativação desagradável, não requerendo avaliação cognitiva, ao contrário da ansiedade. Segundo estes autores, o aumento do nível de tensão pós-exercício deve-se a uma maior ativação, gerada pela maior atividade metabólica. Entretanto, Hall, Ekkekakis & Petruzzello (2002) verificaram que logo após o término do exercício há uma diminuição da ativação e um aumento do estado afetivo positivo, o que não foi verificado no presente estudo. No exercício contra-resistência, Coelho (2003) observou um aumento de tensão póstreino seguido de uma diminuição ao nível inicial após 20min. Os resultados do presente estudo muito se assemelham aos deste autor. Da mesma maneira, Focht & Koltyn (1999) observaram esta tendência, sendo que a tensão diminuía abaixo do valor inicial, a partir dos 20min do término do exercício, alcançando os menores valores após 3h. Provavelmente, o tempo de mensuração após 30 minutos do término da sessão não foi suficiente para detectar uma redução significativa da tensão em relação ao valor pré-treino. Após um período de treinamento intenso, encontraram aumentos da tensão em atletas. No entanto, os resultados dos estudos de Focht & Koltyn (1999), Morgan et al. (1988) e O’Connor, Morgan & Raglin (1991) não foram estatisticamente significativos. O aumento da tensão juntamente com o aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca pós-treino, verificado após as sessões, e o padrão observado após 30 minutos do término do exercício de redução dessas variáveis suportam as considerações destes autores. 103 Especula-se que, na amostra estudada, o processo de recuperação ou de percepção de melhoria do estado psicológico possa ser mais lento. Os resultados encontrados dão suporte para a diferenciação entre tensão e ansiedade, uma vez que esta é uma emoção que depende de avaliação cognitiva da situação. Boutcher & Landers (1988), por exemplo, não encontraram redução da tensão, mensurada pelo POMS, após uma sessão de corrida a 80% FCmáx, ao contrário da ansiedade, que foi menor após o exercício. Craemer, Nieman & Lee (1991) também encontraram diminuição da ansiedade e aumento de bem-estar psicológico, mas nenhuma alteração nos escores do POMS após 15 semanas de exercício aeróbio. Estes resultados podem ser devido ao nível inicial dessas variáveis ou à sensibilidade do instrumento utilizado, como será discutido. Foi observado um aumento significativo de fadiga pós-treino, seguido de uma diminuição após 30min, mas ainda maior do que o valor pré-treino. Alguns estudos suportam este achado (Coelho, 2003; Focht & Koltyn, 1999; McGowan, Talton & Thompson, 1996; McGowan, Pierce & Jordan, 1991; Morgan et al., 1988; O’Connor, Raglin & Morgan, 1991). Embora o fator fadiga do POMS considere tanto a fadiga física quanto a psicológica, o aumento de fadiga encontrado no presente estudo parece ter representado o aspecto físico mais do que o mental. Qualquer atividade física proporciona um desgaste físico que é proporcional, entre outras variáveis, ao nível de esforço. Observou-se que o nível de fadiga após os treinos mais intensos era maior do que dos treinos menos intensos, embora as diferenças não tenham sido significativas. Como a fadiga relacionou-se inversamente com o vigor, era de se esperar que o vigor diminuísse após o exercício, como foi observado. O vigor diminuiu após as sessões de treino, mantendo-se mais baixo que o valor prétreino até 30min. Focht & Koltyn (1999), McGowan, Talton & Thompson (1996), Morgan et al. (1988), O’Connor, Morgan & Raglin (1991), Pronk (1995) e Roth (1989), utilizando uma amostra de indivíduos saudáveis, também verificaram uma redução no vigor e um aumento de 104 fadiga após o exercício. Estes estudos, no entanto, utilizaram altas intensidades de treino, sendo que, em alguns, a diferença não foi significativa (Roth, 1989; McGowan, Talton & Thompson, 1996). Semelhante à tendência que foi observada no presente estudo, Coelho (2003) verificou uma diminuição significativa do vigor após treinos com 85% de 1RM e não significativa para treinos com 50%. Uma das diferenças entre o presente estudo e o de Coelho (2003) foi a diferença entre as intensidades. Coelho (2003) destacou a diferença entre a intensidade alta e a baixa, realizando um treino recuperativo a 50% de 1RM com poucas repetições, não havendo falha concêntrica momentânea nas últimas repetições. Focht & Koltyn (1999) observaram que apesar da redução do vigor após o treino, ele aumentava acima do valor inicial após 60min, permanecendo elevado até 3h, embora não fosse significativo. Em conseqüência do aumento de tensão e de fadiga e da diminuição do vigor, o distúrbio total de humor aumentou significativamente após o exercício, denotando uma piora relativa do estado de humor, mas diminuindo 30 minutos depois em relação ao pós-treino, mostrando uma tendência de recuperação ao longo do tempo. Este resultado suporta os achados de estudos que utilizaram treinos de alta intensidade ou períodos de treinamento intenso (Morgan et al.,1988; O’Connor, Morgan & Raglin, 1991; Pronk, 1995). As outras variáveis (depressão, raiva e confusão mental) mantiveram-se inalteradas, corroborando outros estudos que verificaram que essas variáveis são menos sensíveis ao exercício agudo (Flory & Holmes, 1991; O’Connor, Morgan & Raglin, 1991; Steptoe & Cox, 1988). Portanto, foi demonstrado que uma sessão aguda de exercício promove alterações no estado de humor. Por outro lado, essas alterações não aconteceram no sentido que a grande maioria da literatura mostra, ou seja, da melhoria do estado de humor após o exercício. Os resultados sobre a tensão, o vigor, a fadiga e o distúrbio total de humor mostraram que há um decréscimo no estado de humor dos sujeitos, seguido de uma tendência de recuperação ao longo do término da sessão. Além das diferenças metodológicas em relação aos outros 105 estudos dessa natureza, os resultados do presente estudo sugerem que o nível inicial das variáveis, a sensibilidade do instrumento e a individualidade na resposta psicológica ao exercício foram fatores que influenciaram nos efeitos psicológicos do exercício. - Nível Inicial das Variáveis e Alterações no Estado de Humor Em geral, admite-se que o exercício promove alterações positivas no estado de humor tanto agudas quanto crônicas. Entretanto, a melhoria do humor após o exercício pode ser influenciada pelo perfil de humor dos sujeitos. Nelson & Morgan (1994) não encontraram alterações no humor de sujeitos não-depressivos quando comparados com depressivos. Lane & Lovejoy (2001) reportaram maiores benefícios psicológicos para os indivíduos com maiores valores de depressão na escala do POMS. Os indivíduos depressivos possuíam maiores valores de tensão, raiva, fadiga, confusão mental e menor vigor antes do exercício do que os sujeitos com baixos valores para depressão e, por isso, melhoravam mais após a atividade. Werneck & Ribeiro (2002) também observaram que a melhoria do humor após uma sessão de voleibol recreativo não foi significativa em função do perfil da amostra. Outros estudos também demonstram que o benefício psicológico é maior nos sujeitos com maior distúrbio de humor (Gauvin, Rejeski & Norris, 1996; Nabetani & Tokunaga, 2001; Tuson, Sinyor & Pelletier, 1995). Tuson, Sinyor & Pelletier (1995) verificaram que nem todos os sujeitos experimentaram mudanças positivas após uma sessão de corrida de modo que nos sujeitos com alto humor positivo antes do treino, houve uma tendência de os valores serem menores após o treino. Coelho (2003), apesar de ter encontrado um efeito prejudicial sobre o estado de humor após sessão de ECR com alta intensidade, não verificou melhoria do humor 106 após a sessão de menor intensidade, pois a amostra estudada também demonstrava um perfil de humor positivo. A amostra utilizada no presente estudo demonstrou um perfil de humor melhor do que os dados normativos da população praticante de atividade física (Terry & Lane, 2000) e manteve o perfil de saúde mental, caracterizado nas duas medidas após o exercício (Gráficos 6 e 7). Os sujeitos mostraram valor pré-treino de vigor maior e valores de tensão, fadiga e distúrbio total de humor menores do que das amostras de outros estudos, os quais verificaram efeitos positivos nessas variáveis (Berger & Owen, 1998; Fechio & Brandão, 1997; Focht & Koltyn, 1999; Hatfield et al., 1988; Kraemer et al., 1990; Maroulakis & Zervas, 1993; McGowan, Pierce & Jordan, 1991; McGowan, Talton & Thompson, 1996; Roth, 1989; Toskovic, 2001). Este efeito é reportado na literatura como efeito teto, ou seja, quanto pior o estado de humor maior é a probabilidade de melhoria e vice-versa (Gauvin, Rejeski & Norris, 1996; Lane & Lovejoy, 2001; Nabetani & Tokunaga, 2001; Parfitt, Rose & Markland, 2000; Tuson, Sinyor & Pelletier, 1995). Dessa forma, os sujeitos do presente estudo tinham duas possibilidades: permanecer igual ou piorar, pois apresentavam um perfil bastante positivo. Poucos estudos têm verificado a influência dos escores iniciais de humor nas alterações induzidas pelo exercício. Por isso, não se sabe até que ponto as divergências refletem uma inefetividade do exercício em melhorar o humor ou se o exercício exerce efeitos diferentes nos indivíduos com diferentes escores iniciais (Tuson, Sinyor & Pelletier,1995). Como salientam estes autores, variáveis psicológicas podem ser importantes variáveis associadas às mudanças psicológicas. Entretanto, ressalvas são necessárias, pois Lichtman & Poser (1983), por exemplo, mostraram aumentos de vigor após o exercício mesmo em uma amostra com altos valores iniciais dessa variável. Fatores de personalidade devem ser investigados foi representam um possível determinante das respostas psicológicas ao exercício. 107 - Instrumento de Medida e Alterações no Estado de Humor As alterações no humor também podem ter sido influenciadas pelo instrumento utilizado. Embora o POMS tenha sido amplamente usado em pesquisas anteriores e mostrado consistência na situação de controle do presente estudo, não detectando diferenças no estado de humor quando os sujeitos não faziam exercício, ele pode não ter sido sensível às alterações agudas, em função do perfil dos sujeitos. Alguns autores, ao comentarem sobre as limitações do POMS, citam que, em amostras normais, mudanças significativas não são detectadas, sendo um instrumento sensível ao efeito teto (Berger & Motl, 2000; Ekkekakis & Petruzzello, 1999). Alguns estudos não mostraram alterações significativas no estado de humor quando mensurado pelo POMS (Boutcher & Landers, 1989; Craemer, Nieman, Lee, 1991; Farrel et al., 1982; Fillingin, Roth & Haley, 1989; McGowan et al., 1993; Stanton & Arrol, 1996; Williams & Getty, 1986). Além disso, como no Brasil, poucos estudos foram feitos sobre os efeitos psicológicos do exercício, não se sabe até que ponto pode ser feita a generalização dos achados da literatura internacional para a população brasileira. Outros aspectos referentes ao instrumento são os construtos psicológicos tidos como representativos do estado de humor. Atualmente, questiona-se a representatividade do Perfil Iceberg como perfil de uma saúde mental positiva, devido a sua pequena abrangência em termos de componentes psicológicos. De acordo com Ekkekakis & Petruzzello (1999) e Berger & Motl (2000), o POMS aborda poucos e distintos afetos, com ênfase excessiva nos aspectos negativos do humor, possuindo cinco variáveis negativas (tensão, depressão, raiva, fadiga e confusão mental) e somente uma positiva (vigor). Por isso, Petruzzello e colaboradores defendem um modelo de mensuração que seja balanceado positiva e negativamente, que forneça uma representação global de afeto, que diferencie ativação e afeto 108 e que seja sensível a variações em qualquer direção da escala, embora ainda não exista um modelo de mensuração consensual. Possivelmente, alterações psicológicas positivas após o exercício podem ter ocorrido diferente daquelas mensuradas pelo POMS. Os sujeitos do presente estudo poderiam demonstrar uma melhoria do estado psicológico em outra escala de mensuração, como alguns estudos que utilizaram diferentes medidas psicológicas reportaram (Boutcher & Landers, 1988; Flory & Holmes, 1991; Hassmén & Blomstrand, 1991). Novas pesquisas devem ser realizadas no intuito de validar outros instrumentos no Brasil, fornecer dados normativos para a população brasileira praticante de atividade física e desenvolver outros modelos de medida. É possível que o exercício promova alterações psicológicas positivas em variáveis diferentes daquelas mensuradas pelo POMS. - Individualidade Psicológica e Alterações no Estado de Humor Por fim, a individualidade nas respostas psicológicas também deve ser considerada na análise dos resultados. Analisando individualmente os sujeitos, foram observados padrões diversificados de respostas. Alguns indivíduos se beneficiavam depois de determinadas sessões e em outras não; outros iniciavam mal e melhoravam o estado de humor, às vezes até mesmo quando este já era positivo; outras vezes, iniciava positivo e piorava. Determinados indivíduos mostravam padrões de melhora para intensidades de treino maiores; outros, para menores intensidades. Alguns apresentavam melhor humor após o exercício contraresistência; outros, após o exercício aeróbio. Essa individualidade de respostas também pode ser a responsável pelo não efeito da intensidade e do tipo do exercício no estado de humor, pois a resposta psicológica pode variar de acordo com as preferências dos sujeitos por determinada intensidade ou tipo de exercício, como foi observado na análise individual. Recentes estudos verificaram um aumento do bem- 109 estar após sessões em que o indivíduo escolhe o tipo de atividade ou praticam seu exercício preferido, ao contrário da atividade não-escolhida ou menos preferida, onde se observou maior distress, fadiga e afeto negativo e menor afeto positivo (Daley & Maynard, 2003; Parfitt & Gledhill, 2003). É possível que a preferência dos sujeitos por determinada atividade possa ter influenciado os resultados, e, portanto, gerado padrões diversificados de reposta psicológica aos treinamentos. Dessa forma, acredita-se que maior atenção deva ser dada a um dos princípios básicos do treinamento desportivo na prescrição do exercício, qual seja o da individualidade biológica e psicológica, considerando a variabilidade das respostas psicológicas ao exercício encontrada no presente estudo. A individualidade psicológica compõe-se pelo perfil psicológico, as preferências, as necessidades dos indivíduos e a auto-eficácia, devendo ser considerada na estruturação dos programas de exercício. Como afirmam Ekkekakis & Petruzzello (1999), a relação entre diferentes doses de atividade física e as respostas psicológicas é complexa, de modo que assumir um modelo onde todas as pessoas respondam de forma similar a uma determinada dose seria simplístico e inefetivo, dado a influência de fatores psicológicos e fisiológicos individuais. - Efeito da Intensidade de Esforço nas Respostas Psicológicas ao Exercício Como reportado por alguns autores (Berger & Motl, 2000; Ekkekakis & Petruzzello, 1999) e verificado na literatura revisada, a afirmação de que os benefícios psicológicos são adquiridos principalmente com o exercício de moderada intensidade é mais especulativa do que consistente cientificamente. De acordo com a revisão de literatura, observada na Tabela 1, 21 estudos compararam o efeito de diferentes intensidades sobre os estados psicológicos. Dez estudos utilizaram o POMS como instrumento de medida, sendo que a metade deles mostrou 110 que as mudanças no humor não estavam associadas à intensidade (Berger & Owen, 1998; Farrel et al. 1982; Hatfield et al., 1988; Nelson & Morgan, 1994; Steptoe, Kearsley & Walters, 1993). Dessa forma, os resultados do presente estudo estão de acordo com parte da literatura, ou seja, as alterações no estado de humor foram independentes da intensidade de esforço, pelo menos quando se utilizam intensidades não muito baixas nem muito intensas, como no presente estudo, mas são contrários aos achados daqueles que demonstraram efeitos diferentes na comparação de intensidades (Coelho, 2003; Farrel et al., 1987; Focht & Koltyn, 1999; Han & Yoon, 1995; Steptoe & Cox, 1988; Tharion et al., 1991). Estas divergências, de certa forma, residem na aptidão física e na experiência dos indivíduos com exercício, na amplitude da diferença entre as intensidades e na percepção da intensidade pelos indivíduos. A homogeneidade da amostra do presente estudo em termos de aptidão física e o nível de experiência com o exercício podem ter influenciado os resultados, como demonstrado nos estudos que também não verificaram efeito da intensidade no estado de humor. Aqueles que mostraram influência da intensidade utilizaram amostras com níveis diferentes de experiência com exercício ou de aptidão física (Focht & Koltyn, 1999; Steptoe & Cox, 1988; Tharion et al., 1991) ou indivíduos destreinados (Han & Yoon, 1995) de modo que a percepção de esforço foi maior para os menos condicionados e inexperientes. Um dos aspectos psicológicos importantes para os benefícios do exercício é a autoeficácia, ou seja, ser capaz de realizar satisfatoriamente o exercício. Para um mesmo percentual de intensidade, os indivíduos mal condicionados e inexperientes normalmente possuem maior percepção de esforço, pois há uma maior produção de lactato, cortisol e maior contribuição do metabolismo anaeróbio, representando um forte estresse que promove uma quebra brusca na homeostase, resultando em maior fadiga, menor resistência, menor senso de autocontrole da situação e diminuição da auto-eficácia; ao contrário, aqueles bem- 111 condicionados respondem bem ao exercício, pois já estão adaptados ao estímulo estressor. Neste sentido, é possível que os estímulos de intensidade oferecidos no presente estudo podem não ter sido muito diferente daqueles que os sujeitos já estavam habituados a serem submetidos. Isto é particularmente importante no efeito da sessão de alta intensidade, pois normalmente é a que mais promove alterações no humor, na maioria das vezes, negativas. O treino de alta intensidade, no presente estudo, certamente não representou um estímulo incapaz de suportado pelos sujeitos ou que promovesse uma fadiga excessiva. Em relação à amplitude da diferença entre as intensidades dos treinos, Coelho (2003) acentuou esta diferença, de maneira que o treino a 50% de 1RM era apenas de caráter recuperativo, sem esforço excessivo, ao contrário do treino a 80% que era máximo. No presente estudo, o treino menos intenso foi realizado com alto número de repetições, promovendo, em alguns sujeitos e para determinados exercícios, falha muscular momentânea, com alta fadiga muscular localizada. Dessa maneira, embora a percepção de esforço entre as intensidades alta e baixa tenham sido diferentes, fisiologicamente o treino leve de ECR com altas repetições pode ter promovido um maior acúmulo de lactato, influenciando na resposta psicológica. Se pelo aspecto fisiológico a intensidade não teve efeito em virtude da aptidão física ou pela experiência dos sujeitos, esperava-se que houvesse influência da intensidade devido ao aspecto psicológico. Tuson, Sinyor & Pelletier (1995), por exemplo, verificaram que não houve efeito significativo da intensidade nas mudanças do estado de humor quando a intensidade foi mensurada pelo percentual do VO2máx. Ao contrário, quando a intensidade foi examinada de acordo com a percepção de esforço dos sujeitos, houve mudanças positivas no estado de humor. De acordo com a percepção da intensidade, o que pode ser intenso para um indivíduo pode ser leve para outro. No entanto, no presente estudo, observou-se que o IEP não se relacionou com o estado de humor dos sujeitos, ao contrário da intensidade. 112 Provavelmente, por isso, não tenha sido encontrada associação entre o estado de humor e a intensidade. Foi observado também que alguns sujeitos não reportaram seu real estado psicológico, procurando mostrar-se bem mesmo aparentando cansaço, ou seja, responderam ao questionário pós-treino no sentido socialmente desejável. Neste sentido, a pequena diferença das respostas psicológicas observadas entre os treinos leve e intenso não foi suficiente para diferenciar os efeitos. Outro aspecto, que revela uma limitação no estudo, é o fato dos sujeitos responderem ao questionário várias vezes, o que, de certa forma, pode induzir as respostas, fato muito comum em delineamentos de medidas repetidas (efeito testagem – ameaça à validade interna). Isto poderia ser um fator, pois haveria uma adaptação ao próprio instrumento por parte dos sujeitos. Entretanto, os estudos que mostraram efeitos significativos da intensidade (Farrel et al., 19987; Focht & Koltyn, 1999; Han & Yoon, 1995; Steptoe & Cox, 1988; Tharion et al., 1991) também usaram delineamentos com medidas repetidas, sendo esta possibilidade descartável, embora os estudos anteriores tivessem utilizado no máximo três medidas repetidas, ao contrário deste estudo que utilizou sete. Em relação à intensidade no ECR, a velocidade de execução do movimento é uma das variáveis que determinam a intensidade do esforço. Como ela não foi controlada no presente estudo, especula-se que esta variável também possa ter influenciado o resultado, uma vez que um treino leve com alto número de repetições executadas em baixa velocidade pode ser tão intenso quanto um treino pesado com poucas repetições mas realizado com alta velocidade de execução. Da mesma forma, o alto número de repetições do treino leve, que implica em formação de ácido lático e fadiga muscular localizada, aliado ao fato dos sujeitos não estarem habituados com este tipo de treino também pode ter contribuído para que o efeito intensidade não tenha sobressaído. 113 Apesar de não ter sido detectada diferença significativa entre as intensidades de treinamento, observou-se que o treino de maior intensidade promovia as maiores alterações negativas no estado de humor. Embora alguns estudos mostrem melhorias no estado de humor após sessões de treino com alta intensidade (Pronk, Crouse & Rohack, 1995; Han & Yoon, 1995), outros reportam o inverso (Hall, Ekkekakis & Petruzzello, 2002; Oweis & Spink, 2001; Steptoe & Cox, 1988; Tharion et al., 1991; Tuson, Sinyor & Pelletier, 1995; Watt, 1998). E o mais importante é que em médio-longo prazo há um considerável aumento do distúrbio do humor, que é acompanhado por alterações fisiológicas também negativas, do ponto de vista da saúde, como demonstra os estudos de Morgan et al. (1988) e O’Connor, Morgan & Raglin (1991). Neste sentido, tem sido sugerido que o exercício, para proporcionar benefícios psicológicos, deve estar adequado às capacidades do indivíduo em realizá-lo, de maneira que os estados positivos de humor tendem a ocorrer em pessoas acostumadas e/ou treinadas com o exercício ou quando o próprio indivíduo escolhe como vai se exercitar. Alguns estudos consideraram estes aspectos dentro da Teoria do Fluir (Daley & Maynard, 2003; Parfitt & Gledhill, 2003; Parfitt, Rose & Markland, 2000; Tuson, Synior & Pelletier, 1995). De acordo com esta teoria, fluir significa um “estado subjetivo que as pessoas relatam quando elas estão completamente envolvidas com alguma coisa, a ponto de esquecer o tempo, a fadiga e qualquer outra coisa, a não se a própria atividade” (Csikszentmihalyi apud Ekkekakis & Petruzzello, 1999). A tendência nos experimentos de prescrever o exercício a partir das escolhas dos sujeitos por tipos e intensidades de exercício (auto-selecionado) reflete esta teoria. No entanto, os resultados ainda são contraditórios. No momento da prescrição, deve-se zelar pela segurança e pela saúde do praticante, perguntando ao aluno como e o quanto ele deseja se exercitar, evitando treinamentos intensos que aumentem o risco de lesões dos praticantes. 114 - Efeito do Tipo do Exercício nas Respostas Psicológicas Em relação ao efeito do tipo do exercício, foi demonstrado que não houve diferença entre a corrida e o exercício contra-resistência nas alterações psicológicas, o que contraria os achados da maioria dos estudos (Dyer & Crouch, 1988; Garvin, Koltyn & Morgan, 1997; McGowan, Pierce & Jordan, 1991; Raglin, Turner & Eksten, 1993; Watt, 1998). Quando comparado com o ciclismo, o ECR não tem proporcionado reduções na ansiedade (Garvin, Koltyn & Morgan, 1997; Raglin, Turner & Eksten, 1993). Em relação ao estado de humor, a corrida tem demonstrado maiores efeitos positivos do que o ECR. Dyer & Crouch (1988) verificaram que, ao longo de um semestre, os praticantes de corrida reportaram maiores escores de vigor e menor confusão mental do que praticantes de ECR, embora o efeito agudo deste tenha proporcionado menor raiva e confusão do que a corrida. Do mesmo modo, McGowan, Pierce & Jordan (1991) verificaram uma redução da tensão e da confusão mental e uma melhoria do humor total após a corrida, enquanto o ECR promoveu maior fadiga e menor confusão mental. A respeito da comparação de atividades, a preferência pelo tipo de exercício pode influenciar as respostas psicológicas. Parfitt & Gledhill (2003) observaram maior bem-estar após a sessão de exercício preferido. Da mesma maneira, Daley & Maynard (2003) encontraram menor afeto positivo e maior afeto negativo após a sessão de exercício em que os sujeitos não escolhiam a atividade. Embora, no presente estudo, a variável preferência não tenha sido mensurada, suspeita-se, pelos resultados encontrados, que não haja preferência significativa por uma atividade específica, uma vez que os resultados foram independentes do tipo de atividade. 115 - Grupo de Controle Outro achado importante foi que os sujeitos não apresentaram mudanças em nenhuma das variáveis do humor após a situação de controle, sem exercício, o que suporta os achados da maioria das pesquisas (Porcari et al., 1988; Boutcher & Landers, 1988; Focht & Koltyn, 1999; Harte, Eifert & Smith, 1995; Maroulakis & Zervas, 1993; McAuley, Mihalko & Bane, 1996; McGowan, Pierce & Jordan, 1991; Roth, 1989; Steptoe, Kearsley & Walters, 1993; Toskovic, 2001). Por isso, observa-se em estudos recentes o não uso de situações de controle na qual os sujeitos não praticam o exercício. Este resultado, portanto, refuta a hipótese da distração, como explicação na alteração do humor após o exercício. Apenas sair da rotina diária e ter um contato social, proporcionado pela situação de controle do presente experimento, não foi capaz de alterar o estado de humor dos sujeitos. Possivelmente, outros mecanismos foram os responsáveis pela alteração no estado de humor. Entretanto, como eles não foram mensurados, pouco pode ser discutido a esse respeito. - Tendência de Mudança das Respostas Psicológicas Agudas ao Exercício Como observado por este e por outros estudos, o estado afetivo muda durante o período de recuperação após o exercício (Focht & Koltyn, 1999; Hall, Ekkekakis & Petruzzello, 2002). No presente estudo, após 30 minutos de repouso após o exercício, observou-se uma diferença no estado de humor, havendo uma tendência dos fatores a retornarem ao nível inicial. Por isso, torna-se importante salientar que, mesmo havendo algumas alterações negativas no estado de humor após o exercício, as quais não retornaram aos valores de repouso após 30 minutos, o perfil de saúde mental da amostra, representado pelo Perfil Iceberg, manteve-se (Gráficos 5, 6 e 7). 116 Dessa maneira, pode-se dizer que, do ponto de vista prático, o exercício promoveu um efeito de manutenção do estado de humor, observando uma tendência de retorno das variáveis ao nível inicial, ao longo dos trinta minutos após o exercício. Provavelmente, um efeito benéfico sobre o estado de humor poderia ocorrer horas após o término da sessão, quando o processo de recuperação tivesse sido completado. O padrão de recuperação das variáveis psicológicas ao longo do final da sessão talvez represente um efeito que, na Fisiologia, é chamado de componente lento da recuperação. Após uma sessão de exercício, o consumo de oxigênio continua elevado e acima do nível de repouso. Segundo Foss & Keteyan (2000), o processo de recuperação envolve a restauração do músculo e do restante do corpo para a condição pré-exercício, possuindo uma fase rápida e outra lenta. Na fase rápida, em cerca de três a seis minutos, ocorre a restauração das reservas musculares de fosfagênios, do oxigênio da mioglobina e dos níveis sanguíneos de oxigênio. Na fase lenta, quando o consumo de oxigênio começa a declinar até chegar ao nível de repouso, ocorre a remoção e oxidação do lactato e o início da restauração das reservas de glicogênio. Variáveis fisiológicas alteradas pelo exercício físico agudo, como a freqüência cardíaca, possuem um componente rápido e outro lento no seu retorno ao nível de repouso. Logo após o término da atividade, há uma queda rápida na freqüência cardíaca (componente rápido), a qual se mantém elevada acima do repouso por algum período, havendo, durante este período, uma queda gradual e lenta até retornar aos valores de repouso (componente lento). O presente estudo mostrou que a FC mantém-se acima do nível de repouso por pelo menos 30min após o exercício. Em relação aos aspectos psicológicos, os resultados mostraram que o padrão de tempo na recuperação das variáveis do humor após o exercício é diferente das variáveis fisiológicas. Parece que a restauração do nível inicial de humor requer um período de tempo superior a 30 117 minutos. Grande parte dos estudos, por exemplo, mostra um efeito demorado do exercício sobre a ansiedade, de modo que ela diminui somente após um certo período de tempo depois do exercício (Focht & Koltyn, 1999; Hatfield et al., 1988; O’Connor et al., 1993; Petruzzello & Landers, 1994; Petruzzello & Tate, 1997; Raglin, Turner & Eksten, 1993; Cox, Thomas & Davis, 2000). Desta maneira, um efeito positivo do exercício poderia ser evidenciado após um período de tempo maior do que 30min, quando o processo de recuperação tivesse terminado. Como o lactato sanguíneo possui um tempo médio de remoção de 30 a 60 min, especula-se que os níveis de lactato podem ter influenciado as respostas psicológicas, embora Garvin, Koltyn & Morgan (1997) não tenham encontrado influência do acúmulo de lactato após uma sessão de ECR e de corrida sobre o estado de ansiedade de indivíduos saudáveis destreinados. Os autores reportaram associação entre essas variáveis em indivíduos ansiosos. Portanto, o exercício, em indivíduos com um perfil de humor positivo, exerce um efeito imediato negativo sobre o estado de humor, que reflete o desgaste físico decorrente do exercício, e um efeito tardio de recuperação, refletido na tendência do humor retornar ao nível inicial, mas que não foi detectado no presente estudo devido ao curto tempo de mensuração após a sessão. Este fenômeno é similar ao que preconiza a Teoria de Selye em relação ao processo de adaptação ao estresse. De acordo com este autor, após ser submetido a um estressor, há uma quebra da homeostase e uma diminuição da capacidade de resistência do organismo. Logo em seguida, quando o organismo se adapta ao estressor, há um retorno do equilíbrio interno juntamente com uma maior capacidade de resistência. O tempo para o restabelecimento do equilíbrio interno e a supercompensação do organismo podem variar entre os sujeitos, de maneira que os benefícios podem ocorrer ao longo de um processo de adaptação. Neste sentido, não seria correto dizer que o exercício prejudica o estado de humor. Um monitoramento contínuo deve ser realizado, observando as flutuações nesta variável. 118 Em longo prazo, ao término do experimento, foi observado que os sujeitos demonstraram um perfil de humor mais positivo do que quando iniciaram. O Teste de Student, entre a média das variáveis de humor da primeira sessão de treino de cada sujeito e a média da última sessão, demonstrou que os sujeitos apresentavam menor fadiga, maior vigor e menor distúrbio total de humor (Gráfico 11). Ou seja, embora as alterações agudas tenham sido negativas, ao longo do tempo, os sujeitos melhoraram o estado de humor, através da prática da atividade física. Isto mostra que nem sempre os efeitos agudos representam os efeitos crônicos, como também foi observado por Dyer & Crouch (1988). É importante frisar que a ordem dos tratamentos foi aleatória para os sujeitos de maneira que se evitasse este efeito sobre os resultados. Portanto, na análise do efeito crônico, os valores pré-experimento foram o resultado dos valores do primeiro treino de cada sujeito, e não somente os valores do tratamento número 1 (ECR leve), assim como os valores pósexperimento, os quais foram o resultado do último treino realizado pelo sujeito, não sendo necessariamente os valores do tratamento 7 (controle). O efeito crônico, no entanto, deve ser visto com cautela, pois ele não pode ser atribuído exclusivamente aos tratamentos utilizados no presente estudo (sessões de exercício), mas também a outras variáveis não controladas (efeito maturação - ameaça à validade interna). Por exemplo, o tempo decorrido entre a primeira e a última sessão de treino variou entre os sujeitos e as características dos exercícios realizados fora dos dias do experimento pelos sujeitos e a sua rotina diária não foram mensuradas. 119 30 ** 25 20 Antes 15 10 Após * 5 0 Tensão Depressão Raiva Vigor Fadiga Confusão Gráfico 11: Perfil do Estado de Humor dos sujeitos antes e após o término do experimento (* = p<0,05; ** = p<0,01). Sendo assim, as alterações no estado de humor foram independentes do tipo e da intensidade do exercício realizado, sugerindo que a corrida na esteira e o exercício contraresistência de intensidade baixa, alta ou auto-selecionada promovem efeitos psicológicos semelhantes em sujeitos saudáveis, com perfil de humor positivo, com boa aptidão física e habituados às sessões de exercício, não sendo efetivo na melhoria do estado de humor logo após a sessão, mas mostrando uma tendência de melhora ao longo do tempo, sendo associados a uma melhoria significativa no estado de humor cerca de dois meses de prática continuada de exercício físico. 4.3.2 Pressão Arterial No gráfico 12, observa-se um efeito significativo do tipo do exercício na resposta da PAS logo após o término da sessão. A média da PAS após as sessões de corrida (144,8 mmHg) foi maior que após as sessões de ECR (135,5 mmHg). Entretanto, não houve 120 diferença para o efeito hipotensivo entre as sessões. O gráfico 13 mostra que, independente do tipo e da intensidade do exercício, houve um aumento da pressão arterial sistólica após a sessão, seguido de uma hipotensão, verificada após 30min do término da sessão. A pressão arterial diastólica diminuiu, mantendo-se abaixo do valor inicial até 30min após o término da sessão. Na situação de controle não houve alteração da pressão arterial. Estes achados suportam a revisão de Shephard (2001), o qual verificou que a redução aguda da PA após sessões de exercícios é independente da intensidade do exercício. Existe um consenso em relação ao efeito agudo hipotensivo do exercício aeróbio (Forjaz et al., 1998; Marceau et al., 1993; Porcari et al., 1988; Raglin & Morgan, 1987; Raglin, Turner & Eksten, 1993; Szabo et al., 1993). Entretanto, em relação às respostas agudas do exercício contra-resistência sobre a PA, a literatura mostra resultados inconsistentes. Alguns estudos mostraram reduções (Focht & Koltyn, 1999; Hill et al., 1989; Polito et al., 2003); outros não mostraram alterações (Raglin, Turner & Eksten, 1993; Wang et al., 1991) ou observaram aumentos (Koltyn et al., 1995; O’Connor et al., 1993). PAS (mmHg) 180 * 150 * * pré-treino 120 pós-treino 30'pós-treino 90 60 30 0 ECR 50% 8RM ECR 100% 8RM ECR Auto- Corrida 60- Corrida 85- Corrida AutoSelecionado 65% FCMáx 90% FCMáx Selecionado Controle Gráfico 12: Efeito de diferentes condições experimentais na pressão arterial sistólica (PAS). (* = p<0,01 em relação às sessões de exercício contra-resistência - ECR) 121 160 140 120 100 80 60 40 * * ** * * * pré-treino pós-treino 30'pós-treino 20 0 PASistólica (mmHg) PADiastólica FC (mmHg) (bpm) Gráfico 13: Comportamento de variáveis fisiológicas após as diferentes sessões de exercício (p<0,01 *: diferente em relação ao pré-treino; **: diferente em relação ao pré e pós-treino). O presente estudo mostrou que tanto a corrida quanto o ECR foram eficazes na promoção de um efeito hipotensivo após a atividade, o que contraria os resultados de Raglin, Turner & Eksten (1993), os quais compararam os efeitos dessas duas atividades, encontrando uma redução na PA somente após a sessão de ciclismo quando comparado ao ECR. Nossos resultados, juntamente com os resultados do recente estudo de metanálise de Kelley & Kelley (2000), contribuem para que se derrube o mito de que o exercício contra-resistência não diminui a PA. Somente em 1993, o Colégio Americano de Medicina do Esporte recomendou o ECR como atividade complementar de um programa de exercícios para o controle e a redução da PA e a prevenção da hipertensão. Recentemente, foi reconhecido também que o ECR é seguro para pacientes com doença cardiovascular e considerado potencialmente benéfico no controle e na redução da PA em hipertensos (Pollock et al., 2000). No presente estudo, foi observada uma redução aguda média de 9 e 3mmHg na pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente. Este achado tem uma implicação na 122 prevenção da hipertensão. Mesmo pequenas reduções na PA têm um impacto significativo na redução da morbidade e mortalidade por problemas cardiovasculares (Kelley & Tran, 1995). Em relação ao efeito da intensidade de esforço nas respostas pressóricas após o exercício, os estudos são contraditórios. Enquanto os estudos com atividade aeróbia relatam o mesmo efeito para diferentes intensidades (Forjaz et al., 1998; Marceau et al., 1993; Porcari et al., 1988), os estudos que usaram o exercício contra-resistência mostram efeitos diferentes em função da intensidade de esforço (Focht & Koltyn, 1999; O’Connor et al., 1993). No entanto, Polito et al. (2003) verificaram que a intensidade do exercício contra-resistência não influenciou a magnitude da redução na PA após a sessão, mas a duração do efeito hipotensivo foi maior para a sessão de maior intensidade na PAS. A redução na PAD, por exemplo, parece acontecer para intensidades menores quando comparada com maiores intensidades (Focht & Koltyn, 1999; Polito et al., 2003). Os resultados do presente estudo estão de acordo com os achados dos estudos de caráter aeróbio e o estudo de Kelley & Kelley (2000) de exercício contra-resistência, de maneira que uma intensidade de corrida que varie entre 60 a 90% da FCMáx ou sessões de ECR tanto com cargas baixas, altas repetições e pequeno intervalo entre as séries quanto com cargas mais altas, menos repetições e um intervalo maior de recuperação entre as séries são capazes de promover um efeito hipotensivo após o exercício mesmo em indivíduos normotensos. A pressão arterial é dos parâmetros fisiológicos importantes na hemodinâmica cardiovascular. A hipertensão, condição na qual a PA se encontra cronicamente elevada, é um fator de risco primário para o desenvolvimento de doença arterial coronariana. Portanto, manter níveis adequados de PA torna-se fundamental para a saúde. 123 4.3.3 Freqüência Cardíaca Semelhante com o que ocorreu com a PAS, a FC após o exercício aeróbio foi maior do que após o ECR (Gráfico 14). De acordo com o gráfico 13, observa-se que o exercício mantém a FC elevada por pelo menos 30 minutos após o término da sessão, corroborando com outros estudos (Boutcher & Landers, 1988; Forjaz et al., 1998; O’Connor et al., 1993; Tuson, Sinyor & Pelletier, 1995). O’Connor et al. (1993) verificaram que a FC manteve-se elevada por 2h em relação ao repouso após uma sessão de exercício contra-resistência. FC (bpm) * 175 150 * 125 100 pré-treino 75 pós-treino 50 30'pós-treino 25 0 ECR 50% 8RM ECR 100% 8RM ECR Auto- Corrida 60- Corrida 85Selecionado 65% FCMáx 90% FCMáx Corrida AutoSelecionada Controle Gráfico 14: Efeito de diferentes condições experimentais na freqüência cardíaca (FC). (p<0,01 *: diferente em relação às sessões de exercício contra-resistência - ECR) 4.4. Relação entre as Variáveis Psicofisiológicas Foi realizada uma correlação de Pearson entre as variáveis do estado de humor e as variáveis fisiológicas nas três mensurações (pré, pós e 30min pós treino). A relação entre as variáveis negativas do POMS foi positiva e significativa. Uma relação negativa entre as 124 variáveis negativas e o vigor também foi encontrada, demonstrando uma consistência do questionário (Tabela 6). No entanto, não houve relação entre os fatores do humor, a pressão arterial e a freqüência cardíaca pré-treino. Da mesma forma, não houve relação significativa entre o estado de humor pré-treino e a percepção de esforço das sessões de treino, como preconizado pela literatura. Tabela 6: Relação entre as variáveis do Estado de Humor, o Humor Total (HT), a Pressão Arterial Sistólica (PAS) e Diastólica (PAD) e a Freqüência Cardíaca (FC) n = 108 Tensão Depressão Raiva Vigor Fadiga Confusão HT PAS PAD FC Depressão 0,42** 0,44** 0,65** Raiva -0,18 -0,42** -0,14 Vigor 0,35** 0,53** 0,45** -0,42** Fadiga 0,66** 0,60** -0,37** 0,55** Confusão 0,59** 0,66** 0,83** 0,70** -0,66** 0,73** 0,81** HT -0,12 0,07 0,16 -0,04 0,10 -0,06 0,04 PAS -0,33** -0,01 -0,03 0,10 -0,06 -0,24* -0,17 0,40** PAD -0,18 -0,01 -0,10 -0,03 -0,17 0,01 -0,10 -0,10 -0,10 FC 0,08 0,02 -0,04 -0,04 -0,03 0,07 0,03 -0,02 -0,05 -0,06 IEP (* = significativa para p<0,05; ** = significativa para p<0,01) Morgan (1994) afirma que pessoas ansiosas e depressivas tendem perceber um esforço mais intenso do que realmente ele representa. Dois fatores podem explicar os achados do presente estudo. Um deles é o perfil psicológico da amostra, considerada normal. Outro fator é que o IEP relaciona-se com a intensidade. Uma vez que as alterações no humor foram independentes da intensidade, sua relação com o IEP, provavelmente, tornou-se fraca. Uma observação pertinente sobre a relação entre estado de humor e PA é que na situação de controle ambas não se alteraram, ao contrário da situação após o exercício. Entretanto, não foi possível identificar um padrão de mudança similar entre essas variáveis, com exceção do fator tensão. No pós-treino, observou-se um aumento da pressão arterial sistólica e também da tensão, seguindo um padrão de queda rápido da PA, verificado aos 30 125 minutos, e uma queda lenta da tensão, que aos 30 minutos é menor que após o exercício. O componente de recuperação psicológico parece ser mais lento do que o fisiológico. Provavelmente, a interação entre os fatores não acontece quando o estresse é físico, pois a PA aumenta não porque a tensão aumenta, mas porque há uma estimulação fisiológica gerada por um estímulo físico (o exercício). No entanto, pode-se especular que no estresse psicológico essa interação possa acontecer, sendo a resposta vascular proporcional ao estresse percebido e, conseqüentemente, à tensão vivenciada. Como observado por Roth (1989) e Petruzzello et al. (1991), a pressão arterial pode não ser um bom indicador psicofisiológico. Torna-se importante frisar que a relação entre variáveis psicológicas e fisiológicas não é de causa e efeito. Portanto, a relação psicofisiológica, estabelecida neste estudo, caracterizase pela modificação de fatores psicológicos (estado de humor) e fisiológicos (PA e FC) a partir de um estímulo fisiológico (exercício), de maneira que eles estão de alguma forma relacionados. Essa relação pode não ser significativa em indivíduos saudáveis, podendo existir um limiar para que haja influência na mudança de uma variável sobre a outra. Os mecanismos pelos quais variáveis psicológicas e fisiológicas se influenciam precisam ser pesquisados em maior profundidade, especialmente suas relações no exercício e no esporte, como forma de fortalecer a Psicofisiologia enquanto área de conhecimento. 126 5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES O exercício físico tem sido associado a benefícios fisiológicos e psicológicos de maneira que a adoção de um estilo de vida mais ativo tem sido usada como uma alternativa eficaz na prevenção de doenças e na promoção da saúde. A literatura revisada, neste estudo, mostrou que sessões agudas de exercício promovem uma melhoria no estado de humor juntamente com uma redução na pressão arterial, revelando uma tendência de utilizar abordagens de pesquisa que possuam uma visão integrada de saúde, considerando tanto os aspectos físicos quanto psicológicos envolvidos na prática do exercício. Este enfoque psicofisiológico tem procurado estabelecer relações entre variáveis psicológicas e fisiológicas que são modificadas pelo exercício, objetivando um melhor entendimento dos seus efeitos sobre a saúde para que se possam estruturar programas de atividade física adequados à individualidade dos praticantes, maximizando seus benefícios e minimizando seus riscos, favorecendo a adesão ao exercício. Dessa maneira, o presente estudo teve como objetivo verificar os efeitos agudos do exercício sobre a pressão arterial e o estado de humor, visando contribuir na prescrição de programas de exercício que considerem tanto o aspecto físico quanto mental dos indivíduos, este último, no entanto, muitas vezes desconsiderado pelos praticantes, professores, treinadores e pesquisadores da atividade física. A partir dos resultados encontrados e com base na literatura, pôde-se concluir que uma sessão aguda de exercício, independente do tipo e da intensidade de esforço, modifica o estado de humor e a pressão arterial dos sujeitos. Portanto, a hipótese experimental de que as 127 alterações psicofisiológicas seriam influenciadas pela intensidade e pelo tipo do exercício deve ser rejeitada; e a hipótese nula deve ser aceita. Este resultado soma-se a uma parte da literatura que também concorda que as alterações no estado de humor e na pressão arterial acontecem independentemente do tipo ou da intensidade do exercício que se realiza. Deve-se considerar, no entanto, que o efeito do exercício sobre o estado de humor e a pressão arterial não é totalmente independente da intensidade do exercício, pois não se testou outras intensidades, como por exemplo, intensidades abaixo de 60% da FCMáx ou acima de 90%. Por isso, o resultado deve se restringir à variação de intensidade adotada neste estudo de 60 a 90% da FCMáx e de 50 a 100% de 8RM, para a corrida na esteira e para o exercício contraresistência, respectivamente. Foi observado que praticantes de atividade física de academia demonstram um perfil de humor bastante positivo e níveis pressóricos normais. Apesar de não ter sido feita nenhuma comparação com uma amostra de sedentários, este achado sugere que indivíduos fisicamente ativos apresentam um perfil psicofisiológico saudável, representado, neste estudo, pelo estado de humor e pela pressão arterial. Foi verificado que uma sessão aguda de corrida na esteira ou de exercício contraresistência de intensidade alta, baixa ou auto-selecionada, praticadas por indivíduos com um perfil de humor positivo, promovem uma pequena, porém significativa, piora no estado de humor, devido ao aumento da tensão, da fadiga e do distúrbio de humor e da diminuição do vigor pós-treino, seguindo um padrão de restabelecimento do perfil inicial ao longo do término da sessão. Do ponto de vista prático, porém, pode-se dizer que o efeito agudo do exercício contribuiu apenas para a manutenção da saúde mental, uma vez que manteve as características de um perfil de humor positivo, ou seja, baixos valores para os fatores negativos e alto valor para o fator positivo. 128 Pode-se dizer que as sessões de exercício promoveram alterações similares no estado de humor dos sujeitos que foram influenciadas pelo perfil de humor da amostra. Para os indivíduos com um perfil de saúde mental positivo, os benefícios no estado de humor parecem não ocorrer de forma aguda, mas ao longo do processo de recuperação e de adaptação ao estresse, que pode acontecer horas após o exercício ou em longo prazo, pelo menos quando se utiliza o POMS como instrumento de mensuração. Analisando o perfil dos estados de humor dos sujeitos após o experimento, em cerca de dois meses, verificou-se que os indivíduos apresentavam um perfil melhor do que quando iniciaram o estudo, ou seja, a prática continuada do exercício contribuiu para que houvesse uma melhoria no estado de humor. Por isso, torna-se importante incentivar esta prática como um hábito que deve ser incorporado ao estilo de vida das pessoas, com o objetivo de promover o bem-estar e prevenir distúrbios psicológicos futuros. Em relação à pressão arterial, o presente estudo mostrou que tanto o exercício aeróbio quanto o exercício contra-resistência promoveram um efeito hipotensivo em indivíduos normotensos, independente da intensidade de esforço. Isto mostra que o exercício praticado de forma leve, moderada ou intensa promove diminuição dos níveis pressóricos. Portanto, a prescrição do exercício aeróbio ou de contra-resistência em intensidades variadas representa uma alternativa saudável e eficaz para a diminuição e o controle da pressão arterial. A PA é um dos parâmetros fisiológicos importantes no equilíbrio da hemodinâmica corporal, sendo que altos níveis pressóricos são determinantes de doenças degenerativas, como doença arterial coronariana, hipertensão e acidente vascular cerebral. Tais doenças representam importantes fatores de morbidade e mortalidade, devendo, por isso, ser prevenidas. Os resultados sobre a pressão arterial contribuem para derrubar o mito de que somente o exercício aeróbio é eficaz na redução da PA quando comparado aos exercícios resistidos. Sabe-se, atualmente, que mesmo pessoas hipertensas podem se beneficiar de um programa de 129 exercício contra-resistência. Esta forma de atividade deve ser, decididamente, incorporada aos programas de exercício voltados para a melhoria da aptidão física e saúde dos indivíduos. Ao contrário do efeito hipotensor generalizado, verificado após o término do exercício, observou-se uma variedade de respostas em relação ao estado de humor, denotando uma individualidade na percepção dos efeitos psicológicos. Enquanto a pressão arterial demonstrou um comportamento típico de aumento após o esforço e diminuição abaixo do repouso após um certo período da recuperação, para a maioria dos sujeitos não houve um padrão de comportamento em relação ao estado de humor. Embora existam padrões gerais de quantidade e qualidade do exercício para a promoção da saúde, os resultados do presente estudo sugerem que o componente físico e o psicológico podem requerer doses diferentes de exercício de maneira que se deve respeitar a individualidade das pessoas, identificando a dose ideal para cada um. Se por um lado diretrizes gerais são eficazes na diminuição da PA, diretrizes individuais são necessárias para um maior benefício psicológico imediato. Acreditase que o fator mediador para a conquista dos benefícios psicológicos aliados aos fisiológicos seja a autonomia na escolha das características do exercício pelo próprio sujeito. Na amostra estudada, foi observada, no repouso, uma fraca relação entre o estado de humor e a pressão arterial, pois a variabilidade destas variáveis foi pequena. Após o exercício, estas variáveis se alteraram, mas de maneira independente, sugerindo que diferentes mecanismos estão envolvidos na sua regulação. A simultaneidade psicofisiológica entre humor e PA provavelmente é maior em indivíduos com distúrbios de humor e em situações de estresse psicológico, ou seja, parece que em certas condições há uma maior interação entre variáveis psicológicas e fisiológicas. Certamente, novas pesquisas são necessárias para o entendimento deste complexo fenômeno que envolve aspectos internos (centrais e periféricos) e comportamentais. 130 O Índice de Esforço Percebido mostrou-se um instrumento útil e fidedigno na estimativa da intensidade objetiva, representando uma integração de respostas objetivas e subjetivas na compreensão do esforço físico. Dessa forma, os profissionais do exercício devem considerar as percepções individuais na prescrição e durante o treinamento, pois o estado emocional do indivíduo pode modificar a percepção de uma intensidade particular. Devido a sua natureza psicofisiológica, o IEP deve, desde já, ser introduzido como prioridade de pesquisa na Psicofisiologia. Um dos pontos positivos deste estudo é a generalização dos resultados para situações reais de prática de atividade física dentro da academia. Por ter utilizado praticantes de exercício, dentro do próprio ambiente e rotina de prática, os resultados refletem aquilo que acontece quando o indivíduo pratica o exercício na academia. Por outro lado, houve uma limitação em determinar se os sujeitos reportaram o que realmente eles estavam sentindo, que é inerente ao instrumento de medida psicológica, principalmente quando ele é respondido várias vezes. Por isso, talvez fosse interessante adotar grupos diferentes em vez dos mesmos sujeitos sendo testados repetidamente. A não mensuração dos níveis hormonais limitou a discussão acerca dos mecanismos responsáveis pelas alterações psicofisiológicas. No entanto, algumas considerações são necessárias, pois os resultados revelam importantes implicações tanto para o conhecimento prático quanto teórico. Referente ao conhecimento teórico, o estudo revelou que o benefício psicológico do exercício em sujeitos saudáveis pode não ocorrer logo após o término de uma sessão, mas somente após um período mais longo da recuperação ou cronicamente em função da melhoria da aptidão física e de outros fatores psicológicos, como auto-imagem e auto-eficácia. O POMS mostrou-se um instrumento válido, mas insensível às alterações agudas positivas possivelmente vivenciadas pelos sujeitos. A teoria da distração parece não explicar as alterações induzidas pelo exercício, uma vez que uma situação sem exercício não mostrou 131 alterações no humor. A hipotensão após o exercício é verificada mesmo em sujeitos normotensos. Um estudo de metanálise se faz necessário sobre os efeitos agudos do exercício sobre o estado de humor, para quantificar o seu real efeito e analisar o efeito de determinadas variáveis nos resultados, como o instrumento usado e o perfil de humor da amostra, reportados neste estudo como possíveis variáveis intervenientes. Do ponto de vista prático, pode-se afirmar que benefícios similares podem ser conseguidos com exercícios de menor intensidade, quebrando o mito de que para alcançá-los é preciso exercitar-se intensamente. Isto pode ser um importante fator para a adesão ao exercício, uma vez que ela está inversamente associada à intensidade de esforço. O exercício intenso, embora necessário para alcançar maiores resultados estéticos, deve ser prescrito e planejado adequadamente, possibilitando uma recuperação adequada e adaptações positivas. Os resultados do presente estudo sugerem que mais do se preocupar com as características dos programas, os profissionais do exercício devem estimular as pessoas a realizarem alguma forma de atividade física. Os professores de Educação Física devem respeitar as individualidades e preferências dos praticantes no momento da elaboração dos programas, permitindo que eles também participem deste processo, de modo que se exercitem da maneira que melhor lhes satisfazem. Para o avanço da pesquisa e o aprofundamento do conhecimento, recomendam-se estudos que utilizem indivíduos com diferentes níveis de aptidão física, experientes e inexperientes com exercício e, principalmente, com diferentes perfis de humor, considerando o ambiente de prática e as preferências individuais. Novos estudos são necessários para se determinar a relação dose-resposta entre exercício e estados psicológicos. Recomendam-se também o desenvolvimento e a validação de outros instrumentos de medida para o estado de humor, com a publicação de dados normativos para a população brasileira, bem como estudos sobre os mecanismos envolvidos na alteração do humor pelo exercício. A utilização de 132 medidas qualitativas também deve ser incentivada. Novos estudos dentro da abordagem psicofisiológica também são necessários, utilizando outras variáveis fisiológicas (atividade neural simpática e parassimpática, endorfina, catecolaminas, cortisol e ácido lático) e psicológicas (auto-eficácia, expectativa de mudanças e traços de personalidade), bem como medidas eletroencefalográficas, eletromiográficas e resposta galvânica. Estas considerações teórico-metodológicas são necessárias para que se possa avançar tanto no entendimento dos efeitos psicológicos do exercício e sua relação de dose-resposta quanto na consideração do indivíduo dentro da ótica psicofisiológica. Uma medida prática que deveria ser adotada pelas academias de ginástica seria a inserção de medidas psicológicas dentro da avaliação inicial e continuada dos praticantes, informando não somente os resultados antropométricos e funcionais, mas também as alterações no aspecto emocional. Portanto, foi demonstrado que o exercício promove efeitos tanto fisiológicos, como a redução da pressão arterial, quanto psicológicos, como a melhoria do estado de humor, que estão de alguma forma relacionados. Neste sentido, a prática do exercício é uma alternativa eficaz no alcance de um equilíbrio interno psicofisiológico. Estudos da psicofisiologia do exercício, orientados para a qualidade de vida, podem contribuir para o nosso entendimento de como o exercício pode ser melhor usado para promover o bem-estar dos praticantes. Isto certamente auxiliará na elaboração de programas voltados para a melhoria da saúde e da qualidade de vida das pessoas, tendo implicações nas estratégias de adesão aos programas de exercício, objetivo primordial de todos os profissionais envolvidos com a atividade física. 133 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). The recommended quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory and muscular fitness in healthy adults. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 30, n. 6, p. 975-991, 1998. ______. Physical activity, physical fitness, and hypertension: Position Stand. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 25, n. 10, p. i-x, 1993. BARA FILHO, M.G. Efeitos Psicofisiológicos do Fenômeno “Burnout” em nadadores. 1999. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – PPGEF, Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 1999. BENIAMINI, Y. et al. 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Você tem dor no peito provocada por atividades físicas? Você teve dor no peito no ultimo mês sem que estivesse fazendo atividade física? Você já perdeu a consciência em alguma ocasião ou sofreu alguma queda em virtude de tontura? Você tem algum problema ósseo ou articular que poderia agravar-se com as atividades físicas propostas? Algum médico já lhe prescreveu medicamento para a pressão arterial ou para o coração? Você tem conhecimento, por informação médica ou pela própria experiência, de algum motivo que poderia impedi-lo de participar de atividades físicas sem supervisão médica? Três Rios, ______ de _____________________ de ___________ _________________________________ Assinatura Não 146 Anexo 2: Termo de Consentimento TERMO DE CONSENTIMENTO Eu,____________________________________, residente à _______________________ ______________________________________________identidade nº__________________, voluntariamente concordo em participar da pesquisa de Dissertação de Mestrado da Universidade Gama Filho intitulada “Efeitos psicofisiológicos do exercício aeróbio e contraresistência em diferentes intensidades” realizada por Francisco Zacaron Werneck e orientada pelo Prof. Dr. Luiz Carlos Scipião Ribeiro. Estou ciente que o estudo tem por objetivo verificar o efeito agudo de uma sessão de musculação e de corrida na esteira em diferentes intensidades sobre os estados de humor, a pressão arterial e a freqüência cardíaca, e que, para isso, serei submetido a: • Uma sessão de teste • Três sessões de corrida na esteira e três sessões de exercício contra-resistência (ECR) • Uma sessão de controle sem exercício físico. Na sessão de teste, serei submetido a: 1- Medida do Estado de Humor através de um questionário de auto-relato 2- Medidas Antropométricas (Peso, Altura e Percentual de Gordura) 3- Medidas Funcionais (Pressão Arterial, Freqüência Cardíaca de Repouso e VO2 submáximo) 4- Teste de Força de 8 RM (Carga máxima possível de ser levantada em 8 execuções corretas do movimento) para os seguintes exercícios: supino, puxada pela frente, desenvolvimento, tríceps no pulley, rosca direta, leg press 45º, flexão de pernas As sessões de treino serão: 1- Uma sessão de ECR com intensidade de carga de 50% de 8RM, realizando 16 repetições para cada exercício com intervalo de 1minuto entre as séries e exercícios. 2- Uma sessão de ECR com intensidade de carga de 100% de 8RM, realizando 8 repetições para cada exercício com intervalo de 1minuto e 30 segundos entre as séries e exercícios. 3- Uma sessão de ECR com intensidade de carga, número de repetições e intervalo de recuperação auto-selecionados. 4- Uma sessão de corrida na esteira com intensidade de 60-65% da FCM durante 30min. 147 5- Uma sessão de corrida na esteira com intensidade de 85-90% da FCM durante 30min. 6- Uma sessão de corrida na esteira com intensidade auto-selecionada durante 30min. A sessão de controle consistirá em ir para a academia, mas não realizar o exercício. Nas sessões de treino e na sessão de controle serei submetido a: 1- Medida do Estado de Humor, Pressão Arterial e Freqüência Cardíaca imediatamente antes, após e 30min depois de cada sessão. 2- Medida do Índice de Percepção de Esforço após cada série de treinamento contraresistência e a cada 5min durante o treinamento aeróbio. Estou ciente de que a duração total de cada sessão é de, aproximadamente, 1 hora e 30 minutos e que, não devo fazer atividade física nos dias de teste e de treinamento. Compreendo que: 1- Em estudos dessa natureza, pode ocorrer algum desconforto, mesmo que raro, como: dores e lesões musculares e cansaço. 2- Terei acesso a todos os dados referentes a minha participação neste estudo, incluindo o relatório final. 3- Todas as informações obtidas nos testes por mim realizados serão única e exclusivamente utilizadas para fins acadêmicos e científicos, incluindo publicação em literatura especializada. 4- Posso interromper ou até mesmo abandonar este estudo a qualquer momento, sem que nenhuma implicação recaia sobre mim. Três Rios,_____ de _______________________ de 2003 _____________________________________________ Voluntário _____________________________________________ Investigador Responsável 148 Anexo 3 –Índice de Esforço Percebido (Borg, 2000) ÍNDICE DE ESFORÇO PERCEBIDO (IEP) Durante o exercício, desejamos que você estime a sua percepção de esforço, isto é, como está percebendo o exercício (intenso). A percepção do esforço depende, principalmente, da tensão e da fadiga em seus músculos, e da sua sensação de falta de ar ou de dores no peito. Examine esta escala de pontuação; queremos que você a use considerando que 6 significa “sem nenhum esforço” e 20 significa “máximo esforço”. 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 9 13 17 19 Sem nenhum esforço Extremamente leve Muito leve Leve Um pouco intenso Intenso (pesado) Muito intenso Extremamente intenso Máximo esforço corresponde a um exercício “muito leve”. Para uma pessoa sadia e normal, é como caminhar lentamente, em seu próprio ritmo, durante alguns minutos. na escala está como exercício “um pouco intenso”, mas o indivíduo ainda se sente bem para continuar. “muito intenso”é igual a muito vigoroso. Uma pessoa sadia ainda pode prosseguir, mas, na verdade, tem de “se empurrar”. O exercício é percebido como muito puxado e a pessoa está muito cansada. a escala é um nível de exercício extremamente desgastante. Para a maior parte das pessoas este é o exercício mais vigoroso que o indivíduo pode ter vivenciado em toda a sua vida. Tente avaliar a sua sensação de esforço com a maior honestidade possível, sem pensar em qual é a carga física real. Não subestime esta carga, mas também não a superestime. É a sua própria sensação do esforço e do cansaço que importa, e não a sua comparação com as outras pessoas. O que as demais pessoas pensam também não é importante. Observe a escala e as expressões nela registradas e, em seguida, faça a sua pontuação. Alguma pergunta? 149 Anexo 4 – Questionário POMS – Perfil dos Estados de Humor (McNair et al. adaptado por Brandão et al., 1993) Nome: Abaixo existe uma lista de palavras que descrevem sentimentos que as pessoas têm. Por favor, leia cada uma cuidadosamente e assinale o número que melhor descreve o que você está sentindo neste exato momento. Os números significam: 0 = nada 1 = um pouco 2 = mais ou menos 3 = bastante 4 = extremamente 21. sem esperança........ 22. relaxado................... 01234 01234 43. bondoso................... 44. deprimido................. 01234 01234 1. amistoso................... 2. tenso......................... 01234 01234 23. desvalorizado........... 24. rancoroso................. 01234 01234 45. desesperado............ 46. preguiçoso............... 01234 01234 3. bravo......................... 4. esgotado................... 01234 01234 25. simpático.................. 26. intranqüilo................ 01234 01234 47. rebelde..................... 48. abandonado............. 01234 01234 5. infeliz......................... 6. sereno. ..................... 01234 01234 27. inquieto.................... 28. incapaz concentrar-se 01234 01234 49. aborrecido................ 50. desorientado............ 01234 01234 7. animado.................... 8. confuso..................... 01234 01234 29. cansado................... 30. cooperador............... 01234 01234 51. alerta........................ 52. decepcionado........... 01234 01234 9. arrependido............... 10. agitado.................... 01234 01234 31. irritado...................... 32. desanimado............. 01234 01234 53. furioso...................... 54. eficiente.................... 01234 01234 11. apático.................... 12. mal humorado........ 01234 01234 33. ressentido................ 34. nervoso.................... 01234 01234 55. confiante.................. 56. cheio de energia...... 01234 01234 13.preocupado com outros 14. triste........................ 01234 01234 35. sozinho..................... 36. miserável.................. 01234 01234 57. genioso.................... 58. inútil.......................... 01234 01234 15. ativo......................... 16. a ponto de explodir.. 01234 01234 37. atordoado................. 38. alegre....................... 01234 01234 59. esquecido................. 60. sem preocupação.... 01234 01234 17. resmungão............... 18. abatido..................... 01234 01234 39. amargurado.............. 40. exausto.................... 01234 01234 61. aterrorizado.............. 62. culpado.................... 01234 01234 19. energético................ 20. apavorado................ 01234 01234 41. ansioso..................... 42. briguento.................. 01234 01234 63. vigoroso................... 64. inseguro................... 01234 01234 65. fatigado.................... 01234 OBS: Assegure-se de que você respondeu todos os 65 ítens Tensão: Depressão: Raiva: Vigor: Fadiga: Confusão: 150 Anexo 5: Formulário de Coleta de Dados Antropométricos, Teste de VO2 Submáximo e Teste de Carga de 8RM (Repetições Máximas) FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS Nome: _______________________________________________________ Peso: _____________ Altura: ______________ Percentual de Gordura: ____________________ VO2máx estimado: _______________________ TESTE DE 8RM Exercícios 1- Supino Reto 2- Leg Press 45º 3- Puxada pela frente 4- Desenvolvimento 5- Flexão de pernas 6- Rosca Direta 7- Tríceps no Pulley carga Tentativa 1 reps IEP carga Tentativa 2 reps IEP carga Tentativa 3 reps IEP carga Tentativa 4 reps IEP PA Pré-teste______________ FC Pré-teste______________ ______________________________ Avaliador 151 Anexo 6 – Formulário de Coleta de Dados do Exercício Contra-Resistência FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS EXERCÍCIO CONTRA-RESISTÊNCIA Nome: _____________________________________________________________________ TREINO 1 (50% 8RM) EXERCÍCIO 1- Supino Reto 2- Leg Press 45º 3- Pulley pela frente 4- Desenvolvimento 5- Flexão de pernas 6- Rosca Direta 7- Tríceps no Pulley carga 1ª série reps 2ª série IEP reps 3ª série IEP reps IEP PA Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________ FC Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________ TREINO 2 (100% 8RM) EXERCÍCIO 1- Supino Reto 2- Leg Press 45º 3- Pulley pela frente 4- Desenvolvimento 5- Flexão de pernas 6- Rosca Direta 7- Tríceps no Pulley carga 1ª série reps 2ª série IEP reps 3ª série IEP reps IEP PA Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________ FC Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________ TREINO 3 (Auto-Selecionado) EXERCÍCIO 1- Supino Reto 2- Leg Press 45º 3- Pulley pela frente 4- Desenvolvimento 5- Flexão de pernas 6- Rosca Direta 7- Tríceps no Pulley carga 1ª série reps 2ª série IEP reps 3ª série IEP reps PA Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________ FC Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________ IEP 152 Anexo 7 - Formulário de Coleta de Dados para o Exercício Aeróbio FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS PARA O EXERCÍCIO AERÓBIO Nome: _____________________________________________________________ TREINO 4 (60-65% FCM) FCtreino = _____________ EXERCÍCIO Corrida 30min 5min Km/h FC IEP 10min K m/h FC IEP 25min Km/h FC IEP 30min K m/h FC IEP 15min Km/h FC IEP 20min Km/h FC IEP 20min Km/h FC IEP 20min Km/h FC IEP PA Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________ FC Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________ TREINO 5 (85-90% FCM) FCtreino = ____________ EXERCÍCIO Corrida 30min 5min Km/h FC IEP 10’min K m/h FC IEP 25min Km/h FC IEP 30min Km/h FC IEP 15min Km/h FC IEP PA Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________ FC Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________ TREINO 6 (Auto-Selecionado) FCtreino = __________ EXERCÍCIO 5min Km/h FC IEP 10’min K m/h FC IEP 25min Km/h FC IEP 30min Km/h FC IEP 15min Km/h FC IEP PA Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________ FC Pré-teste______________ Pós-teste_________________ 30’Pós-teste___________________