A presença de áudio em MEDs.

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A presença de áudio em MEDs.
A PRESENÇA DE ÁUDIO EM MATERIAIS EDUCACIONAIS DIGITAIS
Fátima Weber Rosas
Com a lei 11.769 de 2008, que torna a Música obrigatória na Educação
Básica, a Música ganha mais espaço nas escolas. Ela também está presente
em quase todos os ambientes (local de trabalho, propagandas, filmes, novelas,
internet, supermercados, vídeos). Além disso ela também está se tornando
cada vez mais presente nos materiais educacionais digitais (MEDs)1 que
integram sons e/ou música com imagens, textos, animações e outros. É de
suma importância que, ao criar um material educacional, como por exemplo,
um vídeo, uma apresentação Power Point, ou outro, o professor saiba inserir
arquivos de som ou até mesmo produzir seus próprios arquivos compondo com
o uso do computador.
Na Web 2.02 existem diversas ferramentas gratuitas voltadas para a
composição musical de fácil compreensão tanto para músicos quanto para
público leigo em música. Para quem almeja utilizar a música na virtualidade,
torna-se necessário realizar a edição de áudio. Para isso é importante
conhecer alguns formatos de arquivos de áudio e suas extensões, bem como
alguns aspectos a observar ao inserir arquivos de áudio em MEDs.
Existem diversos tipos de compactação e programas que geram e tocam
arquivos de áudio. Como estamos lidando com som e música, primeiramente
distinguir-se-á alguns termos, como o conceito de áudio, de som, de música e
de trilha sonora.
1
[...] “materiais educacionais digitais (MEDs) são conceituados [...] como todo o material
didático elaborado com objetivos relacionados à aprendizagem e que incorpora recursos
digitais.” (Behar, 2009).
2
A Web 2.0 designa a segunda geração da internet que se caracteriza pela colaboração,
cooperação e compartilhamento de informação e arquivos, contemplando produções com
autoria própria.
De acordo com o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, áudio
significa: “O som audível, reproduzido eletronicamente; a parte sonora de um
filme; a parte do sinal que contém as informações de som.” (Ferreira, 2004).
Som quer dizer:
Fenômeno acústico que consiste na propagação de ondas sonoras
produzidas por um corpo que vibra em meio material elástico
(especialmente o ar); sensação auditiva criada por esse fenômeno;
ruído; som musical: um som de violoncelo, de flauta; [...] O que
provém de uma vibração periódica, e se caracteriza pela altura, pela
intensidade e pelo timbre. [...] O som é a matéria-prima da música.
(Ferreira, 2004).
De acordo com Fritsch (2008), música eletroacústica é definida como:
[...] a modalidade de composição realizada em estúdio, ou com o
auxílio da tecnologia, e que se alinha dentro da linguagem da música
contemporânea. Esse conceito engloba os termos música eletrônica e
música concreta. É realizada através de procedimentos que
sintetizam ou transformam o som através do computador. (FRITSCH,
2008, p.43).
Já o termo trilha sonora é comumente utilizado referindo-se à parte
sonora de um filme, novela ou seriado. O termo foi trazido para o contexto
educacional por Rosas e Behar (2010) referindo-se ao uso da música em
objetos de aprendizagem.
A presença de trilhas sonoras em objetos de aprendizagem é uma
maneira de possibilitar a familiaridade com os sons e com a música,
proporcionando uma vivência sonora, além de motivar e favorecer a
memorização no processo de aprendizagem. (ROSAS e BEHAR,
2010, p.07).
Em “The New Grove Dictionary of Music and Musicians” (SADIE, 2001),
música para o cinema, que na língua portuguesa se conhece também por trilha
sonora, é denominado de música incidental3. A música incidental foi
3
Tradução das autoras de: “Incidental Music has been closely linked with theatre since theatre
began. Dance music and song have played important roles in much folk drama. However, the
term is not watertight. For one thing, all the constituent elements of incidental music so defined-
intimamente ligada ao teatro e desempenha um papel importante no drama
popular. O termo não é estanque e pode ser encontrado em outros contextos
musicais.
Em inglês, trilha sonora ou “soundtrack”, significa: “(1) [...] o
acompanhamento sonoro, gravado de um filme. (2) uma faixa estreita ao longo
do lado de um carretel de filme, que traz o acompanhamento sonoro”.4
(COLLINS, 2003).
As trilhas sonoras para MEDs referem-se principalmente a músicas ou
trechos de músicas instrumentais5. No entanto, dependendo do público-alvo, da
proposta do professor e da finalidade do MED, canções também podem ser
integradas.
A partir de um maior esclarecimento dos significados das palavras áudio,
som, música e trilha sonora, se utilizarão o termo áudio como sendo uma
música, a parte sonora ou a trilha sonora de um vídeo, de um filme, de um
material educacional digital ou de um objeto de aprendizagem (OA), sendo que,
para a parte sonora de um AO ou MED, prefere-se utilizar o termo trilha sonora.
Em determinados programas encontramos no menu “inserir” a palavra som,
empregada como sinônimo de áudio. O termo trilha sonora também é, muitas
vezes, utilizado como sinônimo de áudio. Entretanto, todos esses termos na
informática, referem-se a arquivos de áudio com diversas extensões e
compactações, reproduzidos em diferentes programas.
PRINCIPAIS EXTENSÕES DE ARQUIVOS DE ÁUDIO
.ACC: Arquivo de codificação de áudio no padrão MPEG-3 ou mp3.
.ACV: Usado para comprimir e descomprimir arquivos de áudio.
overture, entr'act, dance, song, chorus, mélodrame, etc.-can also be found in other musical
contexts”. (SADIE, 2001, p.138).
4
Tradução das autoras de: “1. the recorded sound accompaniment to a film. 2. a narrow strip
along the side of a spool of film, which carries the sound accompaniment”. (Collins, 2005).
5
São aquelas para serem tocadas e não cantadas.
.AIFF ou AIF: Audio Interchange File Format: Formato de arquivo de troca
de áudio desenvolvido pela Apple. Usado inicialmente como um formato do
Macintosh. Atualmente está sendo mais usado, cruzando plataformas, ou seja,
podendo ser aberto em outros sistemas operacionais.
.AMF: Módulo de música (MOD). Formato de módulo avançado.
. AMS: Módulo de música (MOD) Velvert Studio.
. AMV: Mídia de vídeo avançada.
. APE: Áudio do programa Monkey.
. APL: Áudio do programa Monkey.
. ASF: Arquivo de áudio ou vídeo executável no Windows Media Player. O
formato ASF (Advanced Streaming Format ou Formato de Fluxo Avançado) é
especialmente projetado para rodar na Internet. Os arquivos ASF podem conter
áudio, vídeo, apresentação de slides, e eventos sincronizados, podem ser
altamente compactados e distribuídos como fluxo contínuo de dados (TV ou
rádio on-line). Os arquivos podem ser de qualquer tamanho, e podem ser
comprimidos para adequar-se a muitas larguras de banda (velocidades de
conexão) diferentes.
.AU: Arquivo de som do Unix.
.ENC: Partituras geradas no programa Encore.
.MP1: Áudio MPEG Audio Layer 1.
.MP2: Áudio MPEG Audio Layer 2
.MP3:Desenvolvido pelo Instituto Fraunhofer, o mp3 ou MPEG -1/2 Audio
Layer 3 é um formato de áudio que pode ser comprimido em diversas
qualidades. Os reprodutores mais famosos destes arquivos são o Winamp, o
Windows Media Player e o Real Player. Dentre vários programas geradores de
arquivos mp3 citamos o Windows Media Player que copia arquivos de áudio de
um CD e os armazena em formato wma, wav ou mp3. O Switch File Sound
Converter, programa grátis que converte vários formatos de áudio, inclusive
formatos de vídeo; o Freecorder Toolbar, programa grátis que permite o
armazenamento de áudio e vídeo de páginas da Web e também realiza a
conversão de vários formatos de áudio e vídeo, e o Music Match Jukebox que
gera arquivos mp3 a partir de CD’s e arquivos wav.
.OGG e OGG VORBIS: É um formato de áudio comprimido que pode
apresentar igual ou melhor qualidade que o mp3 e pode ser reproduzido no
Winamp a partir da versão 3. É um formato livre de encapsulamento
desenvolvido pela Fundação Xiph.Org. Vorbis, é o nome dado à técnica de
compressão de áudio que é empregado no arquivo ogg. O maior atrativo do
Ogg Vorbis é o fato de se tratar de um padrão livre, ou seja, todos podem usálo livremente. Dentre os programas para gerar arquivos nesse formato
destacam-se o Audacity, o Audiograbber e o Freerip para Windows e no Linux
os programas RipperX e crip.
.OKT: Módulo de música (MOD) Oktalyzer.
.M3U: Lista de reprodução de arquivos de áudio/vídeo.
.M3U8: Lista de reprodução de arquivos de áudio/vídeo.
.M4A: Áudio no formato MP4
.MAC: Áudio do programa Monkey.
.MDL: Módulo de música (MOD) Digital Tracker.
.MID: Arquivo com tecnologia MIDI.
.MIDI: MIDI significa Musical Instrument Digital Interface e não é um
arquivo de áudio propriamente dito, pois as informações MIDI não carregam em
si, nenhum sinal de áudio. MIDI é um padrão de comunicação de dados criado
por diversos fabricantes de instrumentos musicais norte-americanos e
japoneses com a finalidade de possibilitar a transferência de informações entre
instrumentos musicais e computadores. Atualmente é também utilizado para
controle de iluminação e equipamentos de áudio. (Fritsh, 2008).
.MUS: Partituras geradas no programa Finale.
.RM OU RAM: Formato Real Audio desenvolvido para a Internet pelo Real
Media. O formato também suporta vídeo e permite fluxo de áudio (música online, rádio na Internet) com largura de banda baixa (low bandwidths). Por causa
da prioridade da largura de banda baixa, a qualidade é geralmente reduzida.
.SWF: Formato de animação com áudio gerado no programa Adobe
Flash. Para visualizá-lo é preciso instalar o plugin da Macromedia.
.WAV: Arquivo de áudio sem compressão. O formato WAVE (waveform ou
forma de onda) é desenvolvido pela IBM e Microsoft e é suportado por todos os
computadores com sistema operacional Windows, e por todos os navegadores
web mais populares. Os sons armazenados no formato WAVE têm a extensão
.wav.
.WM: Áudio/vídeo do Windows Media Player, desenvolvido pela Microsoft.
.WMA: Windows Media Audio: Arquivo de áudio gerado no Windows
Media Player, desenvolvido pela Microsoft.
.WMX: Lista de reprodução de áudio/vídeo do Windows Mídia Player.
ASPECTOS A OBSERVAR AO INSERIR UM ÁUDIO EM UM MATERIAL
EDUCACIONAL DIGITAL
Ao escolher ou criar um áudio ou trilha sonora para inserir em um material
educacional digital é preciso que este esteja de acordo com as imagens e com
o conteúdo em questão, ou seja, deve estar contextualizado. Deve-se evitar
colocar uma trilha com letra (presença da voz cantada ou narrada) se houver
textos escritos no material, para não distrair a atenção do aluno. Nestes casos
utiliza-se música instrumental, ou seja, sem a presença da voz.
Na ferramenta Audacity é possível abrirmos arquivos de áudio com
diversas extensões como wav, mp3, ogg e outros, e gravarmos a voz
(melodia). Também é possível exportarmos o áudio com extensão wav ou até
mesmo mp3. Ao exportar, ocorre a mixagem, ou seja, a mistura do
acompanhamento com a voz gravada.
Dependendo do público-alvo, principalmente se forem crianças das séries
iniciais do Ensino Fundamental ou Educação Infantil, e da finalidade do
material educacional, pode-se criar uma trilha sonora (uma canção, ou seja,
uma música com a voz cantada) para determinado conteúdo, com uma letra
contextualizada com o mesmo, e disponibilizar para escutar a música completa,
porém, no material educacional digital essa pode aparecer na sua versão
instrumental (sem a voz).
É importante também definir os meios ou mídias que irão armazenar o
material educacional digital. Por exemplo, se o material será armazenado numa
página da Web, ou será enviado por e-mail, é importante verificar o tamanho.
Para a Internet é preferível arquivos em mp3, pois possuem compactação,
apesar de haver uma perda na qualidade. Se o material for armazenado em um
CD ou pen-drive, a extensão do áudio poderá ser wav. Ao inserir um áudio num
vídeo ou criar uma trilha para um vídeo, é importante realizar a edição do
áudio, de maneira que este acabe repentinamente.
Editar um áudio significa utilizar as ferramentas e efeitos disponíveis nos
softwares de edição. Um exemplo de software para edição de áudio é o
Audacity. Através deste software é possível cortar trechos de músicas, realizar
colagens e mixagens, normalizar o volume, ou seja, aumentar ao máximo sem
causar distorções no som, diminuir o volume gradualmente através do efeito
“fade out”, aumentar o volume gradualmente através do efeito “fade in” e
outros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEHAR, Patrícia e colaboradores. Modelos Pedagógicos em Educação a
Distância. Ed. Artmed, Porto Alegre, 2009.
BRASIL. MINISTÉRIO DA CULTURA. Lei 11.769 de 2008. Brasília-DF.
COLLINS, Harper. Collins English Dictionary. [online]. HarperCollins
Publishers, 2003. Disponível em:
<http://www.collinsdictionary.com/dictionary/english/soundtrack> Acesso em:
16 jan. 2012.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua
portuguesa. 3ª Ed. Curitiba: Positivo, 2004.
FRITSCH, Eloi F. Música eletrônica: uma introdução ilustrada. Porto Alegre:
Editora da UFRGS, 2008.
COMPRARÉ. Página Web . Extensão de Arquivos. 2009. Disponível em:
http://www.comprape.com.br/Dicionario-de-extensao-de-arquivos.aspx. Acesso
em 24 fev. de 2010.
ROSAS, Fátima Weber; BEHAR, Patricia Alejandra. A importância da música
em objetos de aprendizagem. 2010. Trabalho apresentado no 5º Congresso
Latino Americano de Objetos de Aprendizagem (LACLO), São Paulo, 2010.
SADIE, Stanley. The New Grove Dictionary of Music and Musicians. 2ª Ed.
Stanley Sadie. Oxford. Executive editor: John Tyrrell. 2001.