Arte para os Anos Iniciais 5º ano - DE Votuporanga
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Arte para os Anos Iniciais 5º ano - DE Votuporanga
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO COORDENADORIA DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE PARA O ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAS 5º ANO São Paulo 2015 GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Coordenadoria de Gestão da Educação Básica ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mário Covas S239o São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Coordenadoria de Gestão da Educação Básica. Orientações curriculares e didáticas de arte para o ensino fundamental anos iniciais: 5º ano / Secretaria da Educação, Coordenadoria de Gestão da Educação Básica; coordenação geral, Carlos Eduardo Povinha, Roseli Ventrella; textos, Maria Terezinha Teles Guerra ... [et al.]. - São Paulo : SE, 2015. 152 p. : il., fotos. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7849-735-4 1. Ensino de arte 2. Ensino fundamental anos iniciais 3. Orientações curriculares 4. Orientações didáticas I. Povinha, Carlos Eduardo. II. Ventrella, Roseli. III. Guerra, Maria Terezinha Teles. IV. Título. CDU: 371.3:7 2 GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Governador Geraldo Alckmin Vice-Governador Márcio França Secretário da Educação Herman Voorwald Secretária-Adjunta Irene Kazumi Miura Chefe de Gabinete Fernando Padula Novaes Coordenadora de Gestão da Educação Básica Ghisleine Trigo Silveira ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Prezados professores, O que têm em mãos é o resultado de três anos de trabalho intenso e dedicado à melhoria da qualidade do ensino de Arte nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O referido material, intitulado Orientações Curriculares e Didáticas de Arte – anos iniciais é composto por 5 cadernos dedicados ao professor de Arte que atua no segmento em questão. Tais cadernos contemplam as expectativas de aprendizagem, conteúdos e situações de aprendizagem nas linguagens artísticas que compõem a disciplina – artes visuais, dança, música e teatro. Ao longo do processo, coordenado pela Equipe Curricular de Arte da CGEB, participaram dos estudos, planejamentos, sugestões e propostas de trabalho, um grupo de referência, composto por PCNP de Arte de diferentes Diretorias de Ensino do Estado. Também atuaram nesse processo, como consultores especialistas, renomados profissionais da academia. Concomitantemente a essa elaboração houve a disseminação de seus resultados durante Orientações Técnicas que envolveram todos os PCNP de Arte do Estado de São Paulo que, com grande competência tornaram-se multiplicadores em grandes encontros com professores de Arte que atuam nos anos iniciais. Temos certeza de que o desempenho desses professores de Arte, com suas ideias e sugestões contribuirá muito para o sucesso da aplicação das propostas que visam a organização pedagógica dos conteúdos artísticos, conforme a concepção adotada pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo para a disciplina Arte. Destacamos aqui o incentivo e apoio recebidos dos nossos superiores para a publicação deste material que apresenta o “tom” e a intenção pretendidos por esta Pasta no que diz respeito ao ensinar/aprender arte nos anos iniciais, bem como as atitudes e procedimentos diante da legislação escolar que reconhece a importância da arte na formação e desenvolvimento das crianças e na construção do cidadão sensível, critico e transformador. Mais uma vez, agradecemos a valiosa colaboração de todos os envolvidos neste intenso trabalho. Equipe Curricular de Arte 4 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS SUMÁRIO ARTES VISUAIS ................................................................................................ 7 QUADRO CURRICULAR - ARTES VISUAIS .................................................. 12 Situação de Aprendizagem............................................................................ 13 PROPOSIÇÃO 1 ..................................................................................................................... 14 PROPOSIÇÃO 2 ...................................................................................................................... 16 PROPOSIÇÃO 3 ...................................................................................................................... 17 PROPOSIÇÃO 4 ...................................................................................................................... 17 PROPOSIÇÃO 5 ...................................................................................................................... 18 PROPOSIÇÃO 6 ...................................................................................................................... 19 PROPOSIÇÃO 7 ...................................................................................................................... 20 PROPOSIÇÃO 8 ...................................................................................................................... 21 PROPOSIÇÃO 9 ...................................................................................................................... 21 PROPOSIÇÃO 10 .................................................................................................................... 23 PROPOSIÇÃO 11 .................................................................................................................... 24 PROPOSIÇÃO 12 .................................................................................................................... 24 PROPOSIÇÃO 13 .................................................................................................................... 25 PROPOSIÇÃO 14 .................................................................................................................... 25 PROPOSIÇÃO 15 .................................................................................................................... 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 27 DANÇA ............................................................................................................ 28 QUADRO CURRICULAR – DANÇA ................................................................ 48 SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM I ................................................................. 50 PROPOSIÇÃO 1 ...................................................................................................................... 51 PROPOSIÇÃO 2 ...................................................................................................................... 53 PROPOSIÇÃO 3 ...................................................................................................................... 54 PROPOSIÇÃO 4 ...................................................................................................................... 55 PROPOSIÇÃO 5 ...................................................................................................................... 57 PROPOSIÇÃO 6 ...................................................................................................................... 58 PROPOSIÇÃO 7 ...................................................................................................................... 60 PROPOSIÇÃO 8 ...................................................................................................................... 61 PROPOSIÇÃO 9 ...................................................................................................................... 63 PROPOSIÇÃO 10 .................................................................................................................... 63 PROPOSIÇÃO 11 .................................................................................................................... 66 PROPOSIÇÃO 12 .................................................................................................................... 67 PROPOSIÇÃO 13 .................................................................................................................... 69 PROPOSIÇÃO 14 .................................................................................................................... 70 PROPOSIÇÃO 15 .................................................................................................................... 71 PROPOSIÇÃO 16 .................................................................................................................... 72 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 73 MÚSICA ........................................................................................................... 74 5 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS QUADRO CURRICULAR – MÚSICA .............................................................. 89 Situação de Aprendizagem I.......................................................................... 91 Proposição 1 ............................................................................................................................ 91 Proposição 2 ............................................................................................................................ 93 Proposição 3 ............................................................................................................................ 99 Proposição 4 .......................................................................................................................... 101 Situação de Aprendizagem II....................................................................... 109 Proposição 1 .......................................................................................................................... 110 Proposição 2 .......................................................................................................................... 111 Proposição 3 .......................................................................................................................... 114 Proposição 4 .......................................................................................................................... 115 Situação de Aprendizagem III...................................................................... 117 Proposição 1 .......................................................................................................................... 117 Proposição 2 .......................................................................................................................... 118 Proposição 3 .......................................................................................................................... 119 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 121 TEATRO......................................................................................................... 122 QUADRO CURRICULAR – TEATRO ............................................................ 128 Situação de Aprendizagem.......................................................................... 130 Proposição 1 .......................................................................................................................... 131 Proposição 2 .......................................................................................................................... 133 Proposição 3 .......................................................................................................................... 134 Proposição 4 .......................................................................................................................... 135 Proposição 5 .......................................................................................................................... 137 Proposição 6 .......................................................................................................................... 138 Proposição 7 .......................................................................................................................... 140 Proposição 8 .......................................................................................................................... 140 Proposição 9 .......................................................................................................................... 141 Proposição 10 ........................................................................................................................ 142 Proposição 11 ........................................................................................................................ 144 Proposição 12 ........................................................................................................................ 145 Proposição 13 ........................................................................................................................ 145 Proposição 14 ........................................................................................................................ 145 Proposição 15 ........................................................................................................................ 145 Proposição 16 ........................................................................................................................ 146 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 147 6 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Artes Visuais Mª Terezinha T. Guerra 1 A história das Artes Visuais confunde-se com a história da humanidade; faz parte do ser e do sentir-se humano: não há povo, cultura, época ou país que não as tenha produzido ou entrado em contato com elas. Signos visuais têm presença cada vez mais maciça na contemporaneidade. Imagens da ficção e da realidade, do virtual e do concreto invadem o nosso cotidiano! Entre os referenciais de crianças, jovens e adultos contemporâneos estão a televisão, a propaganda, a multimídia, os videogames, a internet. Todos eles pautados pela presença maciça de imagens, que interferem na maneira de cada um ver a si e ao outro, à vida. Cada vez mais sabemos e falamos sobre coisas, pessoas e lugares que conhecemos apenas por meio de imagens! A criação e a circulação destas produções constroem significados coletivos que podem também se transformar em instrumentos de dominação e poder. (Cf. GUERRA, 2005). E a escola? Qual seu papel frente a esse “mar” de visualidades? Qual o papel do professor de Artes Visuais? AS ARTES VISUAIS NOS ANOS INICIAIS Há que se saber fazer a distinção entre as imagens da Arte e as demais, já que, o objeto de estudo aqui tratado são as Artes Visuais em suas diferentes modalidades: desenho, pintura, escultura, modelagem, gravura, fotografia, cinema, objeto, histórias em quadrinhos, instalação, flash mobs, performance, arte na rua, entre outras. Entretanto, o conhecimento sobre arte pode promover o discernimento na percepção das demais imagens presentes no cotidiano. Arte é e traz conhecimento. Além dos muitos saberes específicos das Artes Visuais, por meio de suas produções temos acesso à arte de diferentes povos, épocas, países e culturas. Muito do que sabemos hoje sobre a história da humanidade, da vida, do planeta, está nos registros visuais deixados pelos homens em pedras, ossos, papiros, madeira, sarcófagos. Cada modalidade das Artes Visuais apresenta especificidades e conhecimentos singulares. Conhecimentos relacionados tanto ao fazer/criar quanto ao interpretar/ler/fruir e contextualizar as produções; (...) “um tipo de conhecimento que envolve tanto a experiência de apropriação de produtos artísticos quanto o desenvolvimento da competência de configurar situações através da realização de formas artísticas. Ou seja, entendemos que aprender Arte envolve não apenas uma atividade de produção artística pelos alunos, mas também a conquista da significação do que fazem, através do desenvolvimento da percepção estética, 1 Autora e coautora de diversos livros e publicações sobre o Ensino de Arte, entre eles: “A língua do mundo: Poetizar, fruir e conhecer Arte” Edit.FTD; formadora do Cenpec e Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre outras instituições. 7 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS alimentada pelo contato com o fenômeno artístico visto como objeto de cultura através da história e como conjunto organizado de relações formais.” (PCN – Artes, 1998). Se Arte é entendida como linguagem, o que se pretende nas aulas de Artes Visuais é possibilitar aos alunos que eles sejam leitores dessas manifestações e também desenvolvam seus próprios percursos de criação. Familiarizar as crianças com as diferentes modalidades das Artes Visuais, seus conceitos específicos, procedimentos técnicos e expressivos, transformações históricas e valores associados à arte. Encorajar os alunos a, além de ler as produções dos seus colegas e de diferentes artistas, a construir e expressar sua arte de maneira singular exercendo sua sensibilidade, emoção e pensamento ao se relacionar com a arte e as próprias motivações criativas. Como afirma Ana Mae Barbosa, trazendo considerações de Paulo Freire e Elliot Eisner: “para ambos a educação é mediatizada pelo mundo em que se vive, formatada pela cultura, influenciada por linguagens, impactada por crenças, clarificada pela necessidade, afetada por valores e moderada pela individualidade. Trata-se de uma experiência com o mundo empírico, com a cultura e a sociedade personalizada pelo processo de gerar significados, pelas leituras pessoais autossonorizadas do mundo fenomênico e das “paisagens interiores.” (BARBOSA, 2008, p.12) Conhecer Artes Visuais, portanto, possibilita ao aluno: adentrar no universo da arte; aprofundar o olhar sobre si mesmo; ampliar sua leitura sensível e crítica do mundo; criar de modo simultaneamente autoral e informado por suas experiências e conhecimentos. Considerando que este pode ser o primeiro contato de seus alunos com as Artes Visuais na escola, é importante você ajudá-los a entender – com palavras acessíveis à idade - que o acesso a essa linguagem irá permitir-lhes novas formas de expressar o que sentem e pensam e também a possibilidade de ler produções visuais de diferentes épocas e autores. Explique aos seus alunos, por meio da realização das proposições das Situações de Aprendizagem, como esta outra maneira de “ler e produzir textos” necessita de informações, de conhecimentos sobre como realizá-la. Dessa forma, o contato com as Artes Visuais se dará com a sua mediação, ao desenvolver as situações de aprendizagem nas quais seja possível que a criança compreenda e se aproprie dessa linguagem, adquirindo as competências necessárias à produção, leitura e contextualização de imagens. Considerando também que cada indivíduo vê, sente e pensa o mundo - e as imagens - a partir de suas próprias experiências, é necessário que você gradualmente conheça o repertório artístico e estético de seus alunos, investigando seus conhecimentos prévios sobre os conteúdos propostos nas situações de aprendizagem e também suas preferências, gostos, estranhamentos, indagações, buscas, lacunas, as relações que estabelecem, as concepções e práticas que trazem, analisando-as com a intenção de ampliar e aprofundar conhecimentos nas Artes Visuais. Por meio das proposições que compõem as situações de aprendizagem sugeridas para os anos iniciais do Ensino Fundamental e do contato com obras de artes visuais em suas diferentes modalidades as crianças poderão investigar, interpretar e experimentar diversas 8 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS maneiras de criar sua arte expressando-se com sensibilidade e fazendo uso de seus conhecimentos. É importante que as crianças saibam que as artes visuais estão presentes na vida do ser humano desde os tempos mais remotos, quando os suportes para pinturas, por exemplo, eram rochas em cavernas. No entanto, essa e outras informações deverão ser socializadas durante o desenvolvimento das propostas e integradas ao apreciar e ao fazer arte, de acordo com a faixa etária e o repertório simbólico dos alunos com os quais você está trabalhando. É importante instigá-los a estabelecer relações entre o que estão aprendendo e o próprio ponto de vista, o seu cotidiano, garantindo, assim, que estejam implicados nas aprendizagens. Vale lembrar que, durante estas aulas os alunos, aos poucos, deverão habituar-se e apropriar-se de termos do vocabulário das Artes Visuais, tais como: suporte, materiais, composição, imagem, forma, cor, artista, autor, instalação. Pode ser criado na sala de aula um painel para registrar as novas palavras escritas em letra de forma, tipo bastão, associando-as a imagens. Deixe bem claro que nas aulas de Artes Visuais, o foco das situações de aprendizagem, a “leitura e a produção dos trabalhos” acontecerá por meio das cores, linhas, formas, pontos, objetos, espaços, luzes, imagens existentes, ações, planos, volumes, etc, ou seja, a construção de sentidos se dará por meio da leitura e da produção de trabalhos artísticos. Algumas das proposições sugeridas poderão ser desmembradas em um maior (ou menor) número de aulas, adaptadas, reorganizadas, aprofundadas em função do seu contexto de ensino e de aprendizagem sempre observando os alunos, como professor comprometido que é com o papel da arte na educação escolar. Como diz Paulo Freire: “Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino” PERCURSOS EDUCATIVOS EM ARTES VISUAIS As Situações de Aprendizagem de Artes Visuais foram organizadas de maneira a permitir elaborar, inicialmente, um diagnóstico do grupo a respeito do que já sabem sobre os conteúdos selecionados, em seguida apresenta-se o desenvolvimento das proposições, a sistematização dos conhecimentos e a avaliação. Há, quase sempre, rodas de conversa – tanto iniciais, com a finalidade de levantamento de conhecimentos prévios, como em momentos de finalização de etapas, para avaliação, discussão e reflexão sobre dificuldades e soluções encontradas, esclarecimento de possíveis dúvidas, autoavaliação e encaminhamentos. Outras atividades permanentes são a exposição dos trabalhos, diferentes formas de registros, leituras conjuntas, estímulo à aprendizagem compartilhada sobre arte. Durante todo o processo, buscou-se manter o equilíbrio e a articulação entre momentos de produção, apreciação e contextualização nas situações de aprendizagens propostas. A produção artística é fundamental na construção de um percurso criador autoral em artes visuais. A apreciação estética, ou seja, a leitura de trabalhos de arte promove o 9 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS desenvolvimento de um olhar crítico, sensível, conhecedor e fruidor das imagens da arte. O conhecimento da história da arte por intermédio do estudo e da reflexão sobre o contexto de produção das obras estudadas torna possível aos alunos saber situá-las, ou seja, contextualizá-las. Em cada uma dessas ações de aprendizagem em artes visuais há saberes singulares que, ora se entrelaçam, ora são contemplados de forma específica, de maneira a garantir aos alunos a assimilação de conceitos, procedimentos e valores da área. No entanto, ninguém melhor do que você, professor, conhece as suas turmas e sabe de suas necessidades e interesses, portanto, as sugestões que lhes são apresentadas poderão ser alteradas, ampliadas, reduzidas, adaptadas, desde que sejam consideradas as expectativas de aprendizagem elencadas. Nem todas as expectativas desejáveis para cada ano escolar foram contempladas nas situações de aprendizagens aqui sugeridas, o que lhe deixa espaço para serem incluídas em seu trabalho em sala de aula. O que importa é garantir aos seus alunos uma aprendizagem em Arte que se consolide como conhecimento ao longo da vida escolar e social. Propostas de trabalho em que você será o mediador entre a Arte e o aprendiz e, como propõe o currículo da SEESP, com o foco na aprendizagem. Vale reforçar a importância de se considerar o repertório simbólico, artístico e estético de seus alunos, suas práticas culturais e a partir daí ampliar referências; ser um professor atento, presente, que sabe envolver cada aluno no processo de aprendizagem em Arte e um incentivador da arte da criança. Fundamental também, sempre que possível, buscar outros espaços de aprendizagem, sair da sala de aula, da escola, organizar e preparar visitas a museus, galerias de arte, mostras de fotografia, bienais de arte, cinemas. Buscar relações com as outras linguagens artísticas e as outras áreas de conhecimento. É preciso transformar a escola: expor os trabalhos dos alunos nos corredores, cantina, escadarias, no teto. Fazer intervenções nos pátios, jardins, nas quadras. Como um ser produtor e leitor de culturas, inserido nelas, o aprendiz de arte poderá, ao mesmo tempo, fruir das produções artísticas da humanidade e adquirir mais meios para construir aos poucos sua identidade artística conhecendo a produção nacional e internacional e o significado de pertencer a um mundo de diversas culturas. Nesse sentido, o conhecimento – e o respeito – de semelhanças e diferenças, do universal e do particular, de valores simbólicos e a diversidade cultural presente nas manifestações artísticas, possibilita um processo de humanização, de aprofundamento dos valores de solidariedade, da ética, da estética e da política, voltados para o bem comum (GUERRA, 2011). Bom trabalho! 10 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BARBOSA, Ana Mae. (org) Arte/educação contemporânea. Consonâncias internacionais. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2008. GUERRA, M. Terezinha Telles. “Leituras de mundo... ou a Traição das Imagens” in Currículo em Debate – Reorientação Curricular do 6º ao 9º ano – Secretaria de Estado da Educação de Goiás. Goiânia: SEE, 2005 ________ Estudar pra Valer! – ARTE – Leitura e Produção de Textos. São Paulo: CENPEC, 2011. IAVELBERG, Rosa. O Ensino de Arte. Presente em Revista, São Paulo, p. 2 - 4,03 mar. 2006. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Arte - Ensino fundamental. Brasília: SEF/MEC, 1998. 11 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS QUADRO CURRICULAR - ARTES VISUAIS Expectativa de aprendizagem Identificar e produzir intencionalmente imagens figurativas e abstratas. Apropriar-se da ideia de simetria. Utilizar simetria em suas composições Condições didáticas e indicadores para a elaboração de atividades Oferecer aos alunos reproduções de obras de arte, desenhos, pinturas, gravuras, fotografias, filmes, esculturas, imagens da internet – de diferentes momentos da História das Artes, para leitura e análise do que seria figurativo e abstrato; Oferecer aos alunos uma grande quantidade de reproduções de obras de arte, desenhos, pinturas, gravuras, fotografias, filmes, esculturas, imagens da internet – de diferentes momentos da História das Artes, para observação do uso da simetria em diferentes eixos e composições. Observar se o aluno Utilizam, em suas produções, intencionalmente, formas abstratas e figurativas assim como as diferencia na leitura de imagens; Reconhece a presença da simetria em imagens de diferentes períodos da história da Arte, assim como nas suas produções e nas de seus colegas. Propor situações de produção em que seja necessário o uso da simetria. Elaborar suas próprias produções, fugindo de estereótipos, com maior intencionalidade, relacionando sua ideia ou sentimento à imagem representada. Incentivar a produção autoral; Apresentar aos alunos reproduções de obras de arte, para observação e reflexão sobre as relações entre o assunto de algumas imagens e os modos de fazer/produzir de diferentes autores, em diversas épocas, países, etnias. Oferecer diferentes materiais e problematizar a representação autoral de ideias, pensamentos, sentimentos, fugindo de estereótipos. Produz imagens de forma mais autoral; Não usa estereótipos; Relacionam cores, formas, luzes, sombras, texturas, tamanhos volumes, à representação de sua ideia ou sentimento; Percebe que pode expressar pensamentos e sentimentos por meio das Artes Visuais. 12 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Situação de Aprendizagem Professor, esta Situação de Aprendizagem proposta para o 5º ano apresenta diferentes desafios que dizem respeito à criação e leitura de imagens, figurativas e abstratas, com o objetivo de propiciar aos alunos a oportunidade de refletir e elaborar, conscientemente, suas próprias produções, fugindo dos frequentes estereótipos presentes na linguagem visual. A produção autoral, portanto, é um dos grandes focos da primeira situação de aprendizagem, colocando os alunos em contato com reproduções de obras de arte de diferentes autores, de diversas épocas, países, etnias. A observação e reflexão sobre as relações entre o assunto de algumas imagens e os diversos modos de fazer/produzir, presentes na História das Artes Visuais, tem como objetivo, neste caso, a valorização da marca pessoal de quem as produziu. A imagem escolhida como objeto de estudo das proposições foi a figura da árvore, quase sempre representada da mesma maneira (um tronco marrom; copa arredondada verde, frutinhas vermelhas com os “cabinhos” virados, todos para o mesmo lado...) mas poderia ser 2 também a representação da figura humana (o tão presente “homem palito”), ou a famosa “casinha” entre tantas outras formas estereotipadas presentes nos desenhos infantis. Você, professor, poderá, em outras ocasiões e, a partir de um diagnóstico de sua turma, desenvolver novas situações de aprendizagem que contemplem tais representações. Outro conteúdo presente nas proposições é a simetria, já que se faz necessário introduzir mais algumas noções de composição aos conhecimentos a serem apropriados pelos alunos, além das já exercitadas anteriormente, como figura/fundo e diferentes planos de representação. Vale lembrar que deverão ser retomadas, durante o desenvolvimento destas proposições, algumas das expectativas, noções/conceitos, conteúdos, trabalhados nos anos anteriores, com a intenção de aprofundar e ampliar conhecimentos. Havendo possibilidade, você professor, poderá propor aos alunos a utilização de ferramentas tecnológicas para o desenvolvimento de algumas proposições. Expectativas de aprendizagem Identificar e produzir intencionalmente imagens figurativas e abstratas; Apropriar-se da ideia de simetria. Utilizar simetria em suas composições. Elaborar suas próprias produções, fugindo de estereótipos, com maior intencionalidade, relacionando sua ideia ou sentimento à imagem representada. 2 Você encontrará um projeto completo sobre figura humana no livro “Ensinar e Aprender Arte”, da SEE/SP. 13 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Conteúdos: Produção/criação/autoria Desenho, pintura, modelagem. Simetria Bi e tridimensionalidade Leitura de imagens/Fruição História da Arte (noções) Proposição 1 Professor, como já foi dito anteriormente, o desenho da árvore foi selecionado, dentre vários outros possíveis, para o desenvolvimento das expectativas de aprendizagem propostas para o 5º ano. Esta atividade inicial tem como objetivo elaborar um diagnóstico, verificar como seus alunos representam uma árvore, para depois ampliar e aprofundar repertórios simbólicos, tanto na produção artística quanto na apreciação estética. Procedimento fundamental no início de um processo de trabalho, a avaliação diagnóstica é uma estratégia valiosa para o professor descobrir o que os alunos já sabem e como resolvem situações-problema. Fazer sondagens e avaliações diagnósticas periodicamente auxilia o professor na elaboração de boas proposições. Assim, peça a eles que desenhem e pintem uma árvore, da maneira como estão acostumados a fazer. Deixe alguns materiais de desenho e pintura à disposição dos alunos, para que possam escolher o que preferirem: lápis de cor, giz de cera, tintas, pincéis, papéis,... Esta atividade é individual. Terminados os trabalhos, exponha todos e convide os alunos a observar os resultados, a apreciar, analisar e refletir sobre as imagens produzidas. Explique, mais uma vez, que imagens também são textos e que, para serem compreendidas, precisam ser lidas. Encaminhe questões sobre as representações das árvores; contemplando também conteúdos desenvolvidos nos anos anteriores, tais como: Foi fácil desenhar uma árvore? Todos os trabalhos representam árvores? Que árvores seriam essas? Mangueiras, coqueiros, paineiras, ipês, palmeiras? Qual a opinião de vocês sobre essas representações? Por quê? Como são essas árvores? Grandes, pequenas, frutíferas? São todas iguais? Quais as mais diferentes? Por quê? Já viram algumas destas árvores em algum lugar? Onde? Como são os troncos, os galhos dessas árvores? 14 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Dá para perceber como são as folhas? Todas da mesma cor? Alguma pintura apresenta uma árvore seca? Algum trabalho mostra a sombra da árvore? Qual? Todas as produções mostram a árvore durante o dia? E se fosse de noite? Todos os trabalhos apresentam um chão? Como é esse chão? Existe um plano de fundo? As árvores estão em primeiro plano? Existe algum trabalho que apresenta dois ou mais planos de representação? Qual? Há representação de volume? Como? Alguma produção apresenta monocromia? Qual? E texturas? Qual? Todas as produções são figurativas? Vocês reconhecem seu trabalho entre todos os outros? Como? Haveria outras maneiras de se representar uma árvore? Quais? Alguém desenhou pássaros, nuvens, sol, pessoas perto da árvore? Professor converse com os alunos, estimulando todos a dar opinião. Frente à exposição dos trabalhos de todos os alunos e, em conjunto com o grupo, encaminhar a leitura formal e interpretativa de algumas das produções, verificando a apropriação de conhecimentos, avanços, necessidades e como cada um resolveu possíveis problemas, tanto na produção quanto na leitura das imagens. Esta é mais uma sugestão de atividade permanente, que poderá ocorrer também em uma roda de conversa ou em outra formação que seja adequada para discutir problemas, provocar a imaginação, compartilhar conhecimentos ou buscar novas ideias. Diga-lhes que as próximas aulas serão dedicadas ao estudo da representação de árvores e que a primeira tarefa será trazer de casa alguns recortes de jornais, revistas, calendários, que tiverem fotografias, desenhos e pinturas de árvores para serem colados em um painel que você colocará na sala. Durante todo o desenvolvimento das proposições os alunos deverão contribuir com imagens de árvores, as mais diferentes possíveis, colando-as no painel. A criação coletiva desse painel com o tema “Árvore” ficará exposta na sala de aula durante todo o período de desenvolvimento desta situação de aprendizagem. Nele serão coladas representações de árvores pesquisadas pelos alunos, em variados meios de comunicação e em livros de História da Arte. Em todas as aulas os alunos e o professor deverão contribuir com imagens para o painel. Guarde com você os trabalhos produzidos pelos alunos durante a avaliação diagnóstica, pois serão retomados na avaliação de todo o percurso e na exposição final. 15 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Proposição 2 Professor, a partir desta aula, você já deverá ter colocado um grande painel de papel kraft preso a uma das paredes da sala, para que os alunos colem as imagens de árvores que deverão trazer todos os dias. Ajude-os a colar os recortes. O momento agora é de pesquisa em livros de História das Artes Visuais, de representações de árvores, de observar como diferentes artistas em diversas épocas e países representaram essa figura. Procure no acervo da Unidade Escolar livros de História da Arte ou de artistas que contemplaram em suas produções o tema árvore e que mostrem obras de diferentes autores, épocas, povos, países, culturas. Distribua os livros e peça para que, em grupos, os alunos encontrem três diferentes representações de árvore. Esta atividade tem como objetivos a ampliação de repertório e fazer com que os alunos percebam que existem inúmeras maneiras de se representar árvores e que artistas deixam sua marca pessoal em suas obras, seja por meio das cores ou das formas, das texturas, das linhas, composição, etc. Combinem um tempo para a pesquisa e, a seguir, peça para que cada grupo mostre à classe as três representações de árvores que encontraram. Diga-lhes que deverão dizer o nome do autor, país de origem e a data da produção. Ajude-os nessa tarefa. A seguir, proponha uma roda de conversa, que poderá ser encaminhada com as seguintes perguntas: O que as árvores dos artistas pesquisados têm de diferente da sua? Quais as cores que os artistas utilizaram para colorir suas árvores? Algumas delas apresentaram texturas? Quais? Quais representações mais o impressionaram? Por quê? Você reconheceria outra árvore representada pelo mesmo artista? Como? As árvores pesquisadas eram os assuntos principais da pintura ou apenas faziam parte da composição? Os artistas pesquisados utilizaram vários planos de representação? Estimule a conversa e diga-lhes que o importante é que cada um desenhe e pinte à sua maneira, que cada pessoa, cada artista tem a sua forma pessoal, inconfundível de se expressar. Professor, para próxima aula organize slides, utilizando o programa PowerPoint (PPT), com imagens de vários artistas, de diferentes países, continentes e períodos da História da Arte que abordaram o tema “Árvore” em suas produções. Inclua também artistas brasileiros e os regionais. Não se esqueça de contemplar as representações de árvores de Mondrian e sua trajetória do figurativo para o abstrato. 16 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Providencie, com antecedência, o agendamento da Sala de Informática da escola e cuide para que nela estejam instalados o projetor multimídia e o telão, que serão utilizados na exibição do PPT para os alunos. Proposição 3 Professor inicie a aula convidando seus alunos a se dirigirem até a sala de informática, previamente agendada, e exiba os slides produzidos por você. A cada imagem projetada, é muito importante que você solicite aos alunos que comentem a representação da árvore, suas cores, formas, pinceladas, enquadramento, tamanho, volume... Além disso, é fundamental relembrar ou trazer para o grupo algumas noções de figura, fundo, simetria, figurativo, abstrato, luz, sombra, monocromia, policromia, texturas... Faça uma pequena contextualização de cada imagem da obra projetada, nome do artista, período em que viveu, nacionalidade, percurso criativo etc. Pergunte aos alunos como interpretam tais representações ou se percebem alguma intencionalidade do artista ao representar a árvore desta ou daquela maneira: se o seu olhar é romântico, crítico, de denúncia, de reverência ou outras possibilidades e que digam por quê. Por exemplo, o que pensar das árvores retorcidas de Van Gogh? E das árvores de John Constable, de Tarsila do Amaral, ou de Katsushika Hokusai? Interessante citar também as obras produzidas por Krajcberg, artista polonês que chegou ao Brasil em 1948 e criou suas primeiras esculturas utilizando troncos de cedro queimados. Realizou diversas viagens à Amazônia e ao Pantanal Matogrossense, fotografando e documentando os desmatamentos e árvores calcinadas. Até hoje o artista desenvolve seu trabalho com materiais como raízes e troncos que recolhe durante suas andanças. Sua preocupação constante é a preservação do meio ambiente e sua obra reflete a paisagem brasileira. Além disso, seus trabalhos são grande exemplo de denúncia da violência contra a vida. Estimule a oralidade e a participação de todos os alunos durante toda a projeção, já que esta troca de ideias, informações, dúvidas, questionamentos não deixam de ser uma roda de conversa. Não se esqueça de fazer os seus registros sobre o desenvolvimento da atividade, dúvidas, encaminhamentos e necessidade de possíveis retomadas. Verifique sempre se os alunos estão trazendo recortes de árvores para o painel coletivo. Proposição 4 Professor, esta atividade será realizada fora da sala de aula. Convide seus alunos para um passeio nos arredores ou praças próximas da unidade escolar. Se em sua cidade houver um parque florestal ou bosque do município será um 17 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS excelente local para desenvolver o trabalho; nesse caso, você necessitará agendar antecipadamente o transporte, lanche, comunicado aos pais. Os alunos deverão sair munidos de prancheta, caderno ou papel para desenho, grafite, lápis de cor, giz de cera para registrar uma árvore escolhida durante o trajeto. Antes de sair para o passeio, ainda em sala de aula, explique que houve um período da história da arte, chamado Impressionismo, em que os artistas desenhavam e pintavam fora de seus ateliês, levando telas, tintas e pincéis para melhor observarem a paisagem e registrarem os efeitos do sol, das luzes e sombras nas árvores, lagos, pessoas, campos, animais... Mostre imagens desse período. Durante o passeio, caminhe calmamente com a turma, observando a paisagem, as luzes, cores e parando em determinados locais onde existam árvores que lhes chamem a atenção, ou por estarem secas, pelas cores, flores, galhos retorcidos, folhas de diferentes cores e tonalidades, raízes expostas, troncos, texturas, cortes, ninhos de pássaros, colmeias... A seguir, peça a cada aluno – este trabalho é individual – que escolha uma das árvores do local e que a desenhe observando todos os seus detalhes, ou dando destaque àquilo que mais lhe chamou a atenção. Caminhe entre eles, ajude-os se necessário; lembre os conteúdos trabalhados anteriormente e instigue-os a observar as formas presentes, as tonalidades, texturas, nuances, se existe um só tom de verde ou outros tons em uma mesma árvore, a luz e a sombra, a sombra da árvore no chão, a sombra de um galho ou de uma folha sobre o tronco e como registrar isso tudo no papel. Retorne à sala de aula e peça aos alunos para trazerem suas produções na próxima aula e algum material caso queiram finalizar suas produções. Professor, digitalize algumas imagens dos registros realizados pelos primeiros pintores estrangeiros que chegaram ao Brasil, como Franz Post, Rugendas, Eckout e outros que se encantaram com o tamanho, com as cores das matas, das árvores brasileiras. Com as imagens digitalizadas, mais uma vez, organize slides para serem exibidos por meio do programa PowerPoint e, com antecedência, providencie o agendamento da Sala de Informática da escola e cuide para que nela estejam instalados o projetor multimídia e o telão que serão utilizados na exibição do PPT. Proposição 5 Exponha todos os trabalhos realizados pelos alunos e convide-os a apreciar os resultados. Durante a conversa, frente às produções, faça perguntas, tais como: Como foi a experiência de desenhar e pintar desta forma? É difícil desenhar a partir da observação do natural? Por quê? Por que escolheu essa árvore? Foi difícil fazer a escolha? Você já havia feito alguma árvore assim? Reconhece a sua entre todas as outras? 18 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Estas produções são diferentes daquelas realizadas na primeira atividade? Por quê? Há presença de sombras, texturas? Onde? E monocromia? Todas as árvores são iguais? Quais sentimentos essas árvores despertam em você? Alegria, medo, saudade, solidão? Qual delas? Por quê? O que você gostaria de mudar? Por quê? A seguir, apresente o PPT produzido anteriormente por você, sobre os artistas estrangeiros, contextualizando as produções. Projete novamente as imagens de árvores realizadas pelos artistas impressionistas. Na roda de conversa, incentive o grupo a fazer relações entre o trabalho destes artistas e os seus; falem sobre a importância da arte também como registro histórico, sobre as cores, formas, luzes, sombras percebidas na observação da natureza e como foram transpostas para o papel; como foi o ato de desenhar, pintar, de selecionar o que seria registrado, a importância da técnica, do tempo, do exercício e prática constantes, como cada um vê e registra à sua maneira... Digitalize, para serem apresentadas na próxima aula, imagens de pintores surrealistas, mesmo que não sejam representações de árvores. Fundamental contemplar reproduções de obras de Salvador Dali, Magritte, Max Ernst, por exemplo. Proposição 6 Professor, não se esqueça da atividade permanente de criação coletiva do painel com o tema “Árvore”, oriente sempre os alunos na montagem, verifique se todos estão contribuindo com imagens. Convide o grupo a observar o painel; pergunte-lhes, por exemplo, quais as árvores que mais aparecem? Secas, floridas, bananeiras, palmeiras, ipês, coqueiros, seringueiras? Quais as grandes ausências? Há árvores na chuva, na tempestade, à noite? Árvores queimadas? Cortadas? Todas as copas das árvores são iguais? Todos os troncos e galhos da mesma maneira? Ajude-os na composição desse painel. Agora é o momento de dar asas à imaginação! Em uma roda de conversa, falem sobre como seria uma árvore brava, com sono, curiosa, com medo... Uma árvore bailarina, baterista de um conjunto musical, uma árvore monstro, robô, de outro planeta... Uma árvore que “dá” dinheiro, automóveis, bicicletas... Como seria uma árvore derretendo? E uma árvore gulosa? Outra vaidosa? Uma árvore assustadora? Enfim, estimule todos os alunos a contribuir com ideias sobre como seria uma árvore bem diferente. Projete as imagens dos artistas surrealistas – mesmo que não apresentem árvores - e faça uma pequena contextualização do movimento e dos artistas contemplados. Você encontrará informações a partir da página 470 no livro “O guia visual definitivo da Arte: da préhistória ao século XXI”, que faz parte do acervo de sua escola; mas pesquise mais! Durante a apreciação das imagens comentem a liberdade de expressão e como artistas podem, neste caso, colocar em forma de desenho ou pintura, coisas, pessoas, objetos, 19 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS animais e situações que, de fato, na realidade não existem, mas provocam a imaginação, discutem problemas, transformam a realidade e propiciam diferentes maneiras de pensar, de refletir sobre alguns fatos da vida. Proposição 7 Retome as considerações feitas na aula anterior e diga aos alunos que terão um grande desafio pela frente: deverão criar uma árvore que não existe; eles a tornarão visível aos colegas por meio das linhas, cores, formas, texturas, luzes e sombras. Lembre aos alunos que evitem ao máximo o uso de estereótipos como: árvore com os olhos e boca, árvores com mãos e pés, etc., a não ser que estes elementos sejam de criação deles. Troncos, galhos e folhas é que deverão expressar, de preferência, a identidade da árvore. Este trabalho é individual. Deixe à disposição dos alunos papéis para suporte e para colagem; tintas, pincéis, tesouras, cola, giz de cera, canetas hidrocor, copos descartáveis. Circule entre os alunos e ofereça ajuda se necessário, estimulando-os sempre a criar uma árvore inédita, totalmente fora das representações convencionais. Terminados os trabalhos, exponha-os todos e convide os alunos para observá-los. Faça a mediação com perguntas que estimulem tanto a leitura formal quanto a interpretativa; como por exemplo: Vocês já viram algumas árvores como estas? Onde? Como são, o que fazem? Quais as cores que mais aparecem? Onde? E as formas? Aparecem texturas? Onde? E sombra? Onde? As produções apresentam figura e fundo? Quais? Há mais árvores retratadas durante o dia ou durante a noite? Há árvores na chuva? Numa tempestade com raios? Quais? Árvores muito retorcidas? Quais? Árvores com raízes expostas? Quais? Gostariam que algumas destas árvores existissem de verdade? Quais? Por quê? Algumas delas dão medo? Quais? Por quê? Por causa das cores? Da forma? Há alguma árvore triste? Qual? Quais as mais engraçadas? Por quê? E as mais esquisitas? Por quê? Vocês já haviam feito árvores assim? O que acharam das produções? Guarde os trabalhos com você para a exposição final. 20 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Proposição 8 Professor, diga aos seus alunos que o próximo desafio será a criação, em grupo, de um painel que contenha as árvores que quiserem, desde que definam qual o propósito dessa produção, pois, artistas sempre têm uma intenção quando criam: encantamento, reprodução da realidade, ficção, denúncia... Poderão, então, representar árvores reais, imaginárias, secas, floridas, centenárias; impressionistas, surrealistas... Árvores ao sol, na chuva, à noite; figurativas, abstratas... Caso queiram, poderão também colocar pessoas, animais, objetos, casas, rios, automóveis em suas produções. Enfim, diga-lhes que será um painel que encerrará o estudo sobre representação das árvores. Lembre-os de todas as árvores que viram quando desenharam e pintaram ao ar livre, das reproduções das obras dos artistas que você lhes mostrou, das árvores que não existem criadas por eles, enfim, conversem sobre as infinitas possibilidades de criação. Organize pelo menos seis grupos e deixe-os conversar para decidir qual será a intenção da equipe, qual árvore ou conjunto de árvores serão criadas por eles, em qual cenário estarão, se utilizarão tintas e pincéis, lápis de cor, colagem, técnica mista... Peça aos grupos que iniciem os primeiros esboços em um papel sulfite comum. Deixe à disposição dos alunos materiais preparados anteriormente por você: papel kraft ou papelão para ser utilizado como suporte, guache, pincéis, papel toalha, copos descartáveis, papéis coloridos para colagem, tesouras, cola, barbantes, revistas. Diga aos alunos que deverão utilizar um suporte pelo menos oito vezes maior que a folha de sulfite comum, mas que poderão alterar o seu formato se desejarem e colocar na posição que quiserem. Ajude-os nessa tarefa. Circule entre os grupos, ofereça ajuda, material, incentive-os na produção e verifique sempre se todos colaboram. Terminada a atividade guarde os trabalhos, pois serão expostos na próxima aula. Proposição 9 Com a ajuda dos alunos prepare uma exposição na própria sala com os painéis criados pelos grupos na proposição anterior. Coloque também, o painel de recortes elaborado durante todo o percurso realizado até aqui. Proporcione aos alunos momentos de apreciação estética, incentivando-os na observação de cores, linhas, formas, composição, criação, interpretação. Esta também é uma situação propícia para se fazer uma avaliação do aprendizado adquirido pelos alunos durante todo o processo de desenvolvimento das Situações de Aprendizagem, verificando, especialmente, se houve, de fato, fuga dos estereótipos. Portanto, analise todos os painéis, e, durante a leitura das imagens mediada por você, fique atento a todas as falas do grupo e 21 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS verifique, especialmente, se houve ampliação do repertório simbólico artístico e estético de todos. Com os alunos em pé, frente a cada um dos painéis, peça aos autores que, inicialmente, apenas ouçam os comentários dos colegas. Você poderá encaminhar questões como: Como vocês interpretam este painel? Por quê? Que lugar seria esse? Por quê? Qual o horário do dia? Por quê? Faz frio? Chove? Quais ruídos, música, haveria nesse local? Por quê? Estas árvores transmitem medo, alegria, solidão, romantismo? Por quê? Quem seriam estas pessoas? (se houver) O que fazem aí? Por quê? De quem será esta casa? (se houver) Qual seria, na opinião de vocês, a intenção dos autores? Que título dariam a essa obra? A seguir, dê a palavra aos alunos autores, para que falem sobre sua produção, suas intenções, dificuldades, processo de trabalho. Lembre-os que interpretações variam de pessoa pra pessoa e que se alguns colegas não fizeram a leitura que o grupo gostaria, não há problema nisso, pois arte não é adivinhação! Antes de se dirigir para a leitura de outro painel, faça perguntas sobre questões formais: Quais as cores que mais aparecem? E as formas? A imagem é figurativa ou abstrata? Existe monocromia? E texturas? Onde? Aparecem mais linhas retas ou curvas? Há linhas sinuosas? Onde? Qual a figura, qual o fundo? Qual a forma do suporte? Qual a técnica utilizada? (pintura, colagem, técnica mista). Se possível, fotografe cada painel juntamente com seus autores, esta é também uma forma de registrar o percurso de seus alunos. Terminadas as leituras de todas as produções, encaminhe a análise do painel de recortes. Na mediação, estimule-os a verificar se as imagens são fotografias, pinturas, gravuras, desenhos. Observem a grande diversidade de imagens e as imensas possibilidades de representá-las. Além de analisar e comentar as colaborações dos alunos, falem também das possíveis ausências: árvores secas, imagens abstratas, árvores floridas, com frutos... Incentive a participação de todos. 22 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Guarde todas as produções para exposição no final das proposições. Peça aos alunos que tragam, para próxima aula, três folhas de árvores ou plantas de espécies diferentes que tenham em casa. Traga você também algumas; o objetivo será a observação de simetria no desenho dessas folhas. Portanto, procure selecionar e trazer algumas cuja simetria seja bastante evidente. Proposição 10 Professor, esta proposição dá início a um novo estudo, o da simetria. Peça aos seus alunos que coloquem as folhas de árvores ou plantas, solicitadas na aula anterior, sobre a carteira e que as observem atentamente. Pergunte-lhes o que mais lhes chama a atenção na forma, no desenho da folha. Incentive-os a falar o que observam, mesmo que não percebam a simetria. A seguir, peça-lhes que peguem uma das folhas e a dobrem ao meio, no sentido do comprimento. Novamente, pergunte-lhes o que observaram. Diga-lhes então que quando alguma coisa, como a folha da árvore, apresenta dois lados iguais, porém invertidos, como se fossem espelhados e que, quando dobrados coincidem, isso se chama simetria. A simetria acontece em relação a um eixo, uma linha que pode ser horizontal, vertical ou inclinada. Peça que observem novamente as folhas de árvore que trouxeram para verificar se, de fato, apresentam simetria. Você pode pedir-lhes, também, que coloquem as suas duas mãos juntas, como se fossem rezar e em seguida as abram, deixando apenas os dedos mínimos encostados e observar a simetria presente. Dando continuidade, organize os alunos em grupos, para facilitar a distribuição do material, e distribua folhas de papel sulfite, guache e pincéis. Peça-lhes que dobrem a folha de papel sulfite ao meio, apenas para marcar a metade e a abram novamente. Este trabalho é individual. Oriente os alunos a desenharem ou a colocarem manchas ou gotas de tinta bem espessa e em diversas cores em apenas uma das metades do papel. Rapidamente e com a tinta ainda molhada, dobrem novamente a folha, pressionando-a com as mãos, para que a tinta passe também para a outra metade do papel. Feito isso, solicite aos alunos que abram a folha e observem os resultados. Peça que deixem seus trabalhos sobre as carteiras e circulem entre elas para observar as produções dos colegas. Na roda de conversa, instigue os alunos a comentarem os trabalhos realizados, se, de fato, as pinturas resultantes do papel dobrado eram iguais, mas espelhadas, isto é, invertidas. Diga-lhes que nós, seres humanos, de certa forma, também somos simétricos, pois, se imaginarmos uma linha reta vertical nos dividindo ao meio, desde a cabeça até aos pés, temos um “desenho” simétrico... Reforce a noção de simetria e diga aos alunos que este será o assunto das próximas aulas. 23 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Produza para a próxima aula um PPT com slides que exibam imagens nas quais a simetria seja o foco. Nessa produção, contemple obras de vários artistas, de diferentes épocas e países; no Brasil, especialmente, obras de Vicente do Rêgo Monteiro. Forneça também imagens da cerâmica marajoara e tapajônica, pinturas indígenas, imagens de borboletas, de arquitetura (Taj Mahal, algumas igrejas românicas, góticas, arcos do triunfo, por exemplo), imagens refletidas na água, paisagens refletidas em rios, enfim, pesquise! Providencie, com antecedência, o agendamento da Sala de Informática da escola e cuide para que nela estejam instalados o projetor multimídia e o telão, pois serão utilizados na exibição do PPT. Proposição 11 Professor, inicie a aula convidando os alunos a se dirigirem à Sala de Informática e exiba o PPT com a temática simetria. A cada imagem, faça uma pequena contextualização e comente, especialmente, a localização do eixo de simetria, lembrando que este pode ser horizontal, vertical, radial ou, ainda, a possibilidade de uma imagem apresentar vários desses eixos. Retorne à sala de aula e proponha uma atividade prática a seus alunos. Os mesmos grupos organizados anteriormente, deverão apresentar uma cena simétrica (mesmo que o eixo de simetria seja imaginário), que poderá ser organizada com seus próprios corpos ou composta com objetos sobre a carteira, ou, ainda, com as próprias carteiras – viradas, empilhadas servindo como material de criação. Ajude-os na tarefa. Terminados os trabalhos, circule com os alunos entre eles e, na roda de conversa, comentem as produções e se, de fato, apresentam simetria. Conversem também sobre possíveis dúvidas e dificuldades. Proposição12 Professor, diga aos seus alunos que o desafio agora será criar um desenho, pintura ou colagem em cuja composição apareça simetria. Diga-lhes que o trabalho poderá ser figurativo ou abstrato. A pintura poderá ser feita com giz de cera, guache ou, se preferirem, poderão fazer uma colagem. Deixe o material à disposição da turma. Este trabalho é individual. Caminhe entre os alunos, sempre oferecendo ajuda, observando como superam dificuldades, incentivando a produção. Terminados os trabalhos, exponham todos e faça perguntas como: Todos os trabalhos apresentam simetria? Foi fácil resolver o problema? Apontem quais produções apresentam simetria em relação a um eixo vertical. (repita a mesma questão em relação aos eixos horizontal e inclinado) Quais as produções abstratas? 24 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Quais as colagens? A seguir, faça a leitura interpretativa dos trabalhos e peça para que alguns voluntários comentem sua produção ou, ainda, se gostariam que algum autor “explicasse” seu trabalho. Na roda de conversa, falem sobre as possíveis dificuldades e se agora observam mais alguns elementos simétricos na natureza ou em objetos, que antes não percebiam. Para a próxima aula providencie argila, jornal e solicite aos alunos que tragam “duplas” de materiais descartáveis como plásticos, garrafas, varetas, caixas etc., para construção de um objeto tridimensional que apresente simetria (por isso o material em “duplas”). Proposição13 Professor, este trabalho será executado em grupos. Solicite aos alunos que criem um objeto tridimensional, com, pelo menos, trinta centímetros de altura. Distribua aos grupos, primeiramente o jornal para cobrirem as carteiras. Explique com clareza que deverão criar um objeto artístico tridimensional, figurativo ou abstrato, que apresente simetria. Lembre-os, especialmente, das esculturas, das cerâmicas tapajônicas e marajoaras que você lhes apresentou anteriormente; se necessário, projete-as novamente, mas peça que evitem fazer cinzeiros, pratos, ou quaisquer objetos convencionais, pois este é um momento de dar asas à imaginação e fugir de estereótipos. Instigue a turma a produzir algo inédito, nunca visto antes! Se quiserem, poderão escolher um tema comum a todos os grupos. Como sempre, circule entre os grupos oferecendo ajuda, instigando a criação, orientando na modelagem da argila, na colocação dos diferentes materiais que trouxeram de casa para que fiquem bem presos na argila e de forma simétrica. Ao término desta atividade recolha as peças tridimensionais feitas pelos alunos e deixe-as em algum local seguro e ventilado para que sequem. Proposição14 Distribua as produções aos respectivos grupos e ofereça tintas e pincéis, caso queiram pintar o trabalho ou partes dele. Ajude-os! Terminadas as produções, exponham todas sobre as carteiras e caminhem entre elas observando os resultados. Faça algumas perguntas, que substituirão a roda de conversa: Todas as peças apresentam simetria? Qual o eixo de simetria mais presente? Vertical? 25 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Foi mais fácil fazer o objeto tridimensional ou o desenho/pintura bidimensional, realizado antes? Por quê? Qual a diferença entre bi e tridimensionalidade? Há alguma produção abstrata? Qual? Quais os volumes que mais aparecem? Cubos, cilindros, esferas? Onde? Gostariam de alterar alguma coisa? A seguir, solicite ao grupo que pare frente a cada uma das produções para realizarem a leitura interpretativa: Como interpretam este trabalho? Por quê? Como foi a escolha do tema? Que nome dariam a esta obra? Por quê? Instigue todos a comentarem as produções. Aponte alguns elementos do objeto e pergunte aos alunos qual seria o seu significado e por quê. Professor, solicite aos gestores de sua unidade escolar autorização para expor todos os trabalhos do grupo em algum local da escola escolhido por você. Proposição15 Junto aos alunos monte uma exposição de todos os trabalhos e fotos que você tirou do grupo, no local autorizado pelos gestores, desde as representações de árvores até os últimos, sobre simetria. Avaliação Com seus alunos, percorram toda a exposição; depois, em uma roda de conversa, retome todo o percurso desta situação de aprendizagem – a exposição dos trabalhos ajudará na sistematização dos conhecimentos apropriados pela turma – e estimule cada aluno a fazer uma autoavaliação. Consulte seus registros e as expectativas de aprendizagem para verificar os diferentes graus de aproximação de cada aluno frente a elas. 26 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Grahan-Dixon, Andrew (consultor editorial) tradução Eliana Rocha. Arte: o guia visual definitivo da arte: da pré-história ao século XXI. São Paulo: Publifolha, 2011. Guerra, Maria Terezinha Telles: Artes Visuais: Cores e Formas. In: Ensinar e Aprender Arte – Ensino Fundamental – Ciclo II. Governo do Estado de São Paulo, 20. Kinderley, Dorling: tradução Rodrigues, Maria Anunciação. Arte para Crianças. Publifolhinha, São Paulo, 2010. Philip, Neil. Mitos e Lendas em Detalhes. Publifolha, São Paulo, 2010. 27 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS DANÇA Ana Terra 3 Uxa Xavier 4 A dança é uma linguagem artística do corpo em movimento. A prática da dança possibilita o desenvolvimento da sensibilidade e da motricidade como pares entrelaçados. O domínio do movimento na dança propicia a ampliação de repertórios gestuais, novas possibilidades de expressão e comunicação de sensações, sentimentos, pensamentos. O refinamento do corpo em movimento encontra-se articulado à expressividade e à criatividade, envolvendo processos de consciência corporal (individual) e social (relacional), assim como, processos de memória, imaginação, concepção, e criação em dança nos âmbitos artístico e estético. São esses alguns dos paradigmas da dança como linguagem artística a ser ensinada e aprendida na escola. A dança está presente no salão de baile, nos desfiles de Carnaval, em um encontro de danças urbanas ou na roda de samba na rua, no pátio de uma escola, no palco de um teatro, no cinema, na televisão. As danças têm funções e sentidos ligados ao contexto de acontecimento, aos sujeitos que a vivenciam e que a desfrutam como público. Pensando em uma dimensão abrangente, acreditamos que todas as pessoas podem dançar. Mas será que essas pessoas podem dançar qualquer uma das diferentes danças mencionadas acima assim que desejar? Cada uma dessas danças requer que aquele que deseja aprender se disponha a experimentar, a praticar (talvez repetidas vezes), seja vivenciando aprendizados informais (aprender com os amigos na roda de samba), não formais (fazer dança de salão na associação de moradores do bairro) ou formais (estudar a dança como uma das linguagens da disciplina Arte, cursar uma escola técnica ou superior de formação profissional na área). Se por um lado, cada contexto de ensino e aprendizagem da dança tem contornos diferenciados, poderíamos dizer que existe algo comum, importante a ser destacado para o professor que irá percorrer as situações de aprendizagem aqui propostas. Dançar implica em aprender sobre o movimento que aborda: o espaço nas suas relações de direções, níveis e planos; o tempo nas relações de pulsos, ritmos, pausa e velocidades com e no próprio corpo, tendo a ação e a reflexão sempre presentes. Talvez, muitos professores possam se perguntar então: como irei ensinar dança se não sou bailarino ou mesmo, se não costumo dançar? De fato, para alguém se tornar um artista da dança cênica (espetacular) deverá realizar uma formação específica, contínua e profunda. Mas, sabemos que o ensino da arte na escola não tem a função de oferecer uma formação 3 Educadora e artista da dança, socióloga (FFLCH/USP), mestre em Artes (IA/UNICAMP) e doutora em Educação (FE/UNICAMP). É professora titular do Curso de Dança da Universidade Anhembi Morumbi. Presta consultorias a projetos de formação profissional e educação continuada para artistas e professores de dança. 4 Especialista no Método Laban Especialização pela USP; coordena o “Lagartixa na janela” grupo de pesquisa e criação em Dança/ Educação; Curadora de Dança do projeto Casas de Cultura e Cidadania AES/Eletropaulo. 28 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS profissional, mas, proporcionar aos alunos a oportunidade de conhecer, apreciar, criar e viver a dança na escola, tendo experiências com sentido e ligada ao mundo dessa linguagem expandindo as possibilidades de formação e de participação social. Estamos então convidando os professores de Arte para enfrentar um desafio: aproximarse da Dança como uma linguagem artística, procurando pontes com as demais linguagens de seu conhecimento, com suas histórias pessoais de corpo e movimento, com suas memórias e desejos dançantes, por vezes não manifestos. As bases ou pilares para que o processo de ensino e de aprendizagem possa ter início é que você professor se permita vivenciar uma aproximação do próprio corpo: visitar seu “corpocasa”, conforme sugerido por Vianna e Castilho (GARCIA, 2002, p.17). Além disso, sugerimos uma atitude de observação constante do corpo e do movimento da criança no cotidiano escolar, o que irá, sem dúvida, lhe oferecer um rico repertório de ações corporais, formas de movimento, interações, jogos e danças que seus alunos dominam e vivenciam entre eles na escola. As situações de aprendizagem propostas estão fundamentadas por referenciais teóricopráticos, didático-metodológicos oriundos da pesquisa de especialistas, artistas e educadores. De fato, subjazem a esse material, conceitos, experiências, reflexões e danças. Sua disponibilidade de não apenas ler, mas, estudar previamente e orientar as aprendizagens de seus alunos nas proposições de dança permitirá a ocorrência de um rico processo de conhecimento na linguagem. Sintetizamos, a seguir, alguns conceitos importantes para o estudo e o desenvolvimento das Situações de Aprendizagem na linguagem da Dança. Em uma definição sucinta podemos dizer que o que caracteriza a linguagem da dança é o movimento do(s) corpo(s) do(s) dançarino(s) no espaço e no tempo. Enfim, dançar significa experimentar o corpo em movimento para além de sua funcionalidade (caráter instrumental) cotidiana. Do mais simples ao mais complexo dos processos de aprender uma dança o corpo poderá ter experiências de criação e construção de movimentos expressivos nos quais, cada aluno que dança, está implicado com seu mundo interno, sua memória, sua história, dialogando com o as culturas da dança presentes no mundo. Em especial, na primeira infância, as crianças estão em pleno momento de descobertas e refinamento de seus gestos e movimentos, tanto de caráter instrumental, quanto expressivo. Há, em geral, uma enorme disponibilidade para mover-se. As brincadeiras da criança de seis, o o sete ou oito anos (alunos do 1 e 2 ano) são jogos e narrativas em movimento, muitas vezes, permeados pelo dançar. Apesar dessa disponibilidade e da presença da própria dança, por vezes, no cotidiano de algumas das crianças, o estudo da dança como uma das linguagens artísticas na escola irá envolver o diálogo por meio do corpo em movimento com os pares e o professor (a), de maneira que o aluno possa experimentar, criar, executar, transformar, observar, organizar diferentes maneiras de dançar. Para a criança, será lançado um convite para aprender e 29 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS desenvolver seu potencial em dança, de forma que ela possa também viver, conhecer e apreciar dança. Nesse sentido, cabe reiterar que o estudo da dança na escola não pode estar restrito ao aprendizado de coreografias. Como o coreógrafo e pesquisador brasileiro Klauss Vianna discute em seu livro “A dança” (VIANNA, 2005), o sentido da aprendizagem da dança não deveria ser decorar passos, mas sim, aprender um caminho. Para Valerie Preston-Dunlop, pesquisadora inglesa que vem ampliando os estudos de Rudolf Laban, a dança é uma linguagem comunicada por “movimentos, que podem ser vistos, escutados ou percebidos a partir dos corpos cênicos dos bailarinos” (apud LOBO, 2003, p. 141). Nesse sentido, como componentes da dança figuram: 1) o elemento central, o movimento; 2) o(s) dançarino(s); 3) os elementos sonoros, que incluem a música, o uso da voz, o silêncio, o som ambiente; 4) os elementos visuais que são compostos pelo espaço cênico ou pelo espaço onde a dança acontece, envolvendo também, objetos de cena, figurinos, cenários, vídeos. A motivação de um artista ou professor-artista na criação de uma dança é originária “de um sentimento, de uma ideia, de uma intenção, ou simplesmente do próprio movimento, como em certas danças contemporâneas” (LOBO, 2003, 142). O processo criativo em dança se materializa em uma composição coreográfica a qual pode envolver diferentes arranjos entre o movimento e a música, entre o movimento e o espaço, entre o movimento e os elementos de cena. Nesse sentido, para fruir e analisar a forma/conteúdo de uma obra de dança é necessário observar as conexões estabelecidas entre tais componentes. As proposições de dança que serão apresentadas, associando aspectos do imaginário das crianças, da sua cultura e de outras referencias propostas pelo professor focalizam o estudo da estrutura do movimento. Se tomarmos a imagem de uma estrela de cinco pontas, cada uma delas corresponde a um componente estrutural do movimento, a saber: corpo, ações, espaço, dinâmica e relacionamentos (LOBO, 2003). A delimitação de focos para experimentação, improvisação, apreciação do movimento é necessária a título de estudo, pois a dança, na prática, envolve a interação de todos esses componentes: movimento no espaço, criado pelas ações corporais, que por sua vez adquirem qualidades através das dinâmicas, que são visíveis em partes específicas do corpo e que envolvem relacionamentos entre dançarinos e destes com o ambiente, com objetos, etc. (COSTAS, 1997, p. 38). Nas proposições das Situações de Aprendizagem, será possível observar o desenvolvimento desses estudos práticos em dança, pois são sugeridos diferentes estímulos para as experimentações do movimento. Tais estímulos podem ser: auditivos ou sonoros (sons, músicas, voz); visuais (imagens, fotos, cores); táteis (contato com objetos, com colegas, com o ambiente); imaginativos ou literários (narrativas, contos, poemas); e, cinestésicos, nesse caso, o próprio movimento (COSTAS, 1997). 30 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS O QUE ENTENDEMOS POR PROPOSIÇÕES EM DANÇA Partindo dessas premissas é importante uma reflexão sobre o que denominamos “proposições em dança”. Pensamos que cada proposição é uma experiência desenvolvida como um pequeno ciclo. Iremos tratar a seguir de cinco momentos fundamentais que contribuirão para a efetivação das expectativas de aprendizagem. A CRIAÇÃO DO AMBIENTE É fundamental criar um ambiente propício para o desenvolvimento das proposições em dança. Em geral, o estudo da dança exige uma sala apropriada, livre de móveis, com piso de madeira limpo e liso, com boa ventilação, entrada de luz, etc., para que possam acontecer práticas diversas de contato e exploração do movimento no espaço. Da mesma forma, é importante a existência de um equipamento de som. Mas, sabemos que nem sempre existe na escola uma sala dentro desse padrão. Assim, caberá a você professor, adequar a sala de aula, ou mesmo, escolher outros espaços da própria escola ou do seu entorno (algo sugerido em algumas das próprias situações de aprendizagem) que possam favorecer o desenvolvimento das propostas. Mas, além do espaço físico, estamos sugerindo a construção de uma ambientação. Que você professor crie para e com seus alunos, um lugar de acolhimento às experiências corporais e de movimento das próprias crianças ampliando e enriquecendo esse universo no percurso das proposições de dança. Em geral, entende-se o “aquecimento” como momento prévio necessário a outras etapas de uma aula de dança que gradativamente – em uma sequência tradicional – se encaminhará, de movimentos mais simples, mais restritos e lentos, para movimentos mais complexos, amplos e rápidos, obviamente, recombinando todas as possibilidades entre tais extremos. Seria algo como “esquentar os motores” para, no final, “chegar a correr”. Nossa ideia de aquecimento envolve uma ampliação dessa noção. O “aquecimento” é uma etapa preparatória também destinada a acordar os sentidos – a sensibilização. Um simples espreguiçamento do corpo, quando realizado com atenção à pele e aos movimentos articulares, pode significar uma estimulação do tato e da propriocepção (percepção do próprio corpo). É um “chegar ao corpo”, abordando-o em suas dimensões intrínsecas – sensorial e motora – antes de iniciar a proposição. O aquecimento significa que estamos nos preparando para a proposição, mas, paradoxalmente, já estamos dentro dela, porque não conseguimos nos separar de nosso corpo. É como arrumar os papéis, as tintas, as cadeiras e mesas para iniciar uma atividade plástica, mas, no caso da dança, isso pode significar, sentir os pés, mover as articulações, sentir o espaço, ouvir a respiração. Esse momento poderá acordar, disponibilizar, organizar, concentrar, construir, individual e coletivamente um estado de dança. 31 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Para as situações de aprendizagem, sugerimos seis tipos de aquecimentos que poderão ser transformados, lapidados, de forma a adequá-los às proposições apresentadas: o banho, acordando o esqueleto, boneco articulado, o barco, caminhando e rolinho. Os aquecimentos podem e devem ser repetidos no percurso de uma série de situações de aprendizagem. E, a cada vez poderão ganhar um colorido específico com as descobertas das crianças e do próprio professor. Nesse sentido, vale destacar que a repetição de uma sequência de aquecimento permitirá ao professor observar a apropriação do aluno no que diz respeito à qualidade de 5 presença e execução das propostas e dos movimentos sugeridos . A seguir, apresentamos uma versão de cada um deles, na íntegra: O banho Os focos desse aquecimento são a percepção da pele, das articulações, dos espaços articulares, dos ossos, de todo o contorno do corpo e do espaço pessoal (cinesfera). Proponha aos alunos que fiquem em pé numa roda, diga a eles que no centro dela existem sabonetes mágicos e que cada um vai pegar um sabonete. Pergunte a eles qual o cheiro do sabonete de cada um. Convide-os a sentir o cheiro do sabonete num faz de conta, colocando as mãos em concha e inspirando o cheiro imaginário. Estabeleça a seguinte regra: ninguém pode sair do lugar enquanto se ensaboa; pode sentar, deitar, mas não pode se deslocar no espaço. Inicie o jogo do banho onde cada criança passa o sabonete em seu corpo. Proponha que os movimentos sejam realizados de forma lenta onde eles ficam mais tempo massageando uma região, ou de maneira mais rápida, para ativar bem a pele. Sentindo o cheiro do sabonete 5 Lavando o rosto Esses aquecimentos foram elaborados pela artista e educadora de dança, Uxa Xavier. 32 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Lavando o pé Quando todos estiverem bem “ensaboados” precisam abrir o chuveiro imaginário e se enxaguar. A “água escorre pelo corpo” lavando bem cada uma das partes que foram ensaboadas. Sugira a eles que deixem escorrer a água, gerando movimentos flexíveis (circulares e espiralados) e diretos (retos), mas sem sair do lugar (o chuveiro), brincando com as dobradiças (as articulações) do corpo. Sentindo a água que escorre pelo corpo Quando o banho acabar todos descobrirão que se esqueceram das toalhas e para se secarem precisarão fazer “vento”. Convide-os a dançar pelo espaço da sala criando vento com seu corpo. E depois fazendo vento em seus colegas. Dançando com brisa Dançando com o vento 33 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Quando todos estiverem secos voltarão para a roda inicial. Pergunte a eles se sentiram que podem criar vento com seus corpos. O “banho” pode ser realizado no silêncio ou pode ter como estímulo sonoro músicas instrumentais, com variações de andamento rápidos e lentos para o momento do ensaboar e rápido para o vento. O importante é criar um ambiente favorável à movimentação. Esse aquecimento é muito indicado para introduzir proposições em duplas ou grupo, onde eles precisam se conectar, se tocar, trabalhar junto. Nesse sentido, como sugestão de variação e aprofundamento dessa proposta você poderá propor o agrupamento de duplas e trios no momento de ensaboar. O respeito ao outro é um valor fundamental a aprender no dançar em grupo. Nesse aquecimento, o respeito ao próprio corpo e ao corpo do colega é fundamental, por essa razão é importante você estar atento como, eles estão se tocando. Caso você perceba algum toque com uma intensidade que esteja incomodando o colega, é interessante que você intervenha mostrando como o tocar o outro com respeito pode ser uma experiência de ampliação da percepção do outro e de si mesmo. Acordando o esqueleto Os focos desse aquecimento são a percepção da pele, dos ossos, das diferentes partes do corpo. Preferencialmente realizada numa posição sentada (sobre os ossos da pelve, chamados ísquios) ou mesmo, de pé, mas, sempre com um grupo organizado em roda. Sentado nos ísquios A recepção das propostas em que são sugeridas ações de toque e contato com o próprio corpo, ou com o corpo do colega, irá variar segundo cada criança, nas diferentes turmas e anos. Sabemos que a relação com o corpo pode favorecer a manifestação de valores e comportamentos que estão sendo aprendidos na família, na comunidade em que reside, nos ambientes religiosos, e, da mesma forma, nos meios de comunicação diversos. Portanto, é importante sempre estar atento às dúvidas e expressões dos alunos sobre as questões 34 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS corporais – promovendo o diálogo de acordo com as demais orientações e diretrizes curriculares, de forma articulada com outros professores responsáveis pela sala. Lembramos ainda que tais práticas poderão ser fundamentais na formação de uma atitude de respeito e cuidado com o próprio corpo. Proponha aos alunos que toquem seu corpo como se estivessem tirando uma poeirinha bem fina da pele. Depois vão entrando em contato com os ossos fazendo movimentos de amassar com delicadeza. Tirando a poeira da pele Incentive-os a tocar seu corpo explorando as articulações e a superfície da pele, aqui é interessante conversar com eles sobre como tomam banho se gostam de se ensaboar, qual parte do corpo é mais fácil de lavar e qual é mais difícil de alcançar. Dessa forma você poderá também conversar sobre a importância da higiene corporal e como devemos cuidar de nosso corpo. Com as mãos fechadas, acionando a articulação dos punhos, fazer movimentos de “percutir” os ossos (batidinhas leves e rápidas) em uma sequência que se inicia nos pés, pernas, quadril (frente e trás), tronco, pescoço e cabeça e depois descendo pelas clavículas, ombros até braços e mãos. Procure começar pelo lado direito e depois esquerdo. Percutindo os ossos No final, proponha que todos se deitem e sintam a presença dos ossos que tocaram, tocando o chão. Uma maneira divertida de percepção do esqueleto, caso o chão seja de madeira, é solicitar aos alunos que ainda deitados batam os pés (com as pernas flexionadas) no chão, ou ainda, os punhos cerrados. Possivelmente, além do som, poderão sentir a vibração do chão em seus corpos. 35 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Deitado sentindo o peso dos ossos em contato com o solo Peça aos alunos, que se espreguicem sentindo os ossos e as dobradiças entre eles, que permitem que o corpo como um todo expanda e encolha (expansão e recolhimento). Deitado espreguiçando Encolhimento Sugira que eles prossigam com esses movimentos de encolher e expandir até sentar e depois que realizem uma pausa agachados na posição de cócoras, apoiando mãos e pés no chão. Daí, devagarzinho, indique que levantem o quadril na direção do teto deixando os joelhos ligeiramente flexionados (muitas crianças tem encurtamento na musculatura posterior, por isso deixe que eles façam esse movimento nas suas possibilidades, incentivando-os a cada encontro a alongar um pouco mais) sem esticar as pernas totalmente; podem soltar o apoio das mãos no chão e se manterem assim, apoiados sobre os pés com a coluna pendurada para 36 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS baixo. Prosseguindo, proponha o desenrolar da coluna, segmento por segmento, sempre lembrando que a cabeça é a ultima que chega. Subindo da posição de cócoras Tronco em elevação Essa sequência, em todo seu percurso, pode ser realizada com uma música com instrumentos de percussão variados de forma a favorecer a exploração de ritmos e intensidades. Esse aquecimento é indicado para proposições iniciadas por atividades individuais. Estimula a propriocepção corporal, em especial, a percepção do esqueleto, favorecendo uma presença mais “viva”, “acordada”, “ativa”. Boneco articulado Os focos desse aquecimento são o reconhecimento e a mobilização das articulações, a exploração dos níveis espaciais (baixo, médio e alto), a percepção da relação de peso do corpo e o espaço que ele ocupa. Proponha às crianças que deitem no chão e sintam seu corpo tocando o solo (peça que fechem os olhos). Pergunte a eles se sentem seus ossos, se sentem o peso de seu corpo, e quais partes tocam o solo e quais não tocam. Deixe um espaço de tempo para que todos possam compartilhar suas percepções. 37 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Convide-os a espreguiçarem-se como um gato. É interessante propor que eles “perguntem” ao corpo qual parte quer começar a se espreguiçar. A ideia é mover ”parte por parte”. Por exemplo, proponha que enrolem e desenrolem a coluna como o gato faz. Observe atentamente a movimentação dos alunos, pois, eles irão apresentar ideias que poderão ser compartilhadas a partir de sua orientação. Sentindo o apoio dos ossos Espreguiçando Nessa próxima etapa, a proposta será associar pausa e movimento aos momentos de silêncio e som. Com palmas ou com um instrumento sonoro você poderá realizar um pulso ou ritmo que será acompanhado pelo movimento de cada parte do corpo até que o grupo comece a se erguer, direcionando-se para o nível médio (caso alguns estejam ainda deitados) e depois, para o nível alto. Por exemplo: você pode bater palmas marcando um pulso contínuo (cada palma marcando um tempo) para que eles se movimentem; quando o som pausar durante um período de tempo estabelecido para os alunos (por exemplo, quatro tempos que corresponderiam a quatro palmas), pode ficar combinado que é para parar de se mover e perceber o corpo, seu peso e as formas que ele criou. E, daí, a sequência se repete de maneira a propiciar diferentes explorações de movimentos até o grupo chegar na posição vertical (de pé). Uma variação é inverter a relação do movimento com o som e da pausa com o silêncio. O movimento pode acontecer no intervalo de tempo maior (durante as quatro palmas, quatro tempos) e a pausa em um tempo curto, de um tempo correspondente ao silenciar de 38 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS uma batida das mãos. Com diferentes instrumentos, ritmos, músicas, enfim, outras possíveis relações entre som-movimento, pausa-silêncio poderão ser pesquisadas. Mudanças de apoios e deslocamentos nos níveis: baixo, médio e alto 39 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Brincando de boneco articulado com o colega Esse aquecimento é indicado para proposições que irão ser desenvolvidas, de início, individualmente. Ativa a concentração e a percepção do tempo (pausa e som). O barco Os focos desse aquecimento são: percepção dos lados do corpo (lateralidade), transferência de peso, organização do movimento da coluna, enrolamento e endireitamento. Organize os alunos em círculo e peça que sentem no chão, com as plantas dos pés unidas. Peça que toquem os próprios pés massageando-os como se estivessem fazendo uma massa de pão, para depois, brincar com os calcanhares como se estivessem tirando uma meia invisível. Ainda sentados, da mesma maneira, peça que encontrem dois ossinhos bem embaixo do quadril, os ísquios (observe imagem abaixo) e proponha que façam movimentos pendulares, alternando o apoio do peso do corpo de um ísquio para o outro. 40 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Diga aos alunos que estão no mar, dentro de um barco que balança suavemente, para um lado e para o outro, com o gesto dos braços eles recriam a figura da vela. O balanço vai aumentando e o barco vira. Sentados nos ísquios Movimentos pendular Barco virado 41 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Eles entregam o peso do corpo para a lateral e permanecem deitados no chão por um tempo sentindo seu peso, seus apoios ósseos no solo. O vento volta a soprar e o barco retorna a sua posição inicial, é importante nesse momento que as crianças retornem ao centro desenrolando a coluna, sendo que a cabeça é a ultima parte do corpo que chega a verticalidade, sobre a coluna. Esse aquecimento é indicado para o trabalho da criação de um ritmo coletivo, próprio do grupo. Pode ser sugerido como desafio que a sequências proposta possa ser iniciada e concluída conjuntamente, ou mesmo, com a repetição desse aquecimento, que o grupo alcance a realização em uníssono. Caminhando Os focos desse aquecimento são a percepção dos apoios dos pés, das articulações dos pés em relação aos membros inferiores, relações entre apoios e formas e posturas que o corpo pode adquirir nos deslocamentos. Sugira aos alunos que se desloquem de um canto ao outro da sala criando formas diferentes de andar. Caminhar com o peso: sobre os calcanhares; sobre os metatarsos; sobre a borda interna e externa do pé. Caminhar com um pé só, e alternando de um pé para o outro. Chame atenção para que percebam quais partes do corpo são possíveis de flexionar (articulações) e quais partes do corpo conseguiram torcer. Daí, proponha que organizem uma sequência de movimentos explorando partes do corpo, envolvendo o nível alto (quando ficamos nas pontas dos pés ou saltamos, perdendo o contato com o chão); o peso (variando entre o pisar firme ou leve); o tempo (variando entre o rápido e lento); e a lateralidade (ir para a direita e para esquerda) e andar para frente e para trás. Formas diferentes de caminhar 42 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Esse aquecimento é indicado para a emergência de um estado de atenção individual ao próprio corpo, para que os alunos percebam as relações de interdependência dos movimentos articulares na estruturação do corpo em deslocamento. Rolinho O foco desse aquecimento é possibilitar à criança a realização de movimentos fundamentais – enrolamento, esticamento e torções – em contato com o chão e demais níveis do espaço. Convide as crianças a se deitarem no chão e sentirem o peso de seus corpos. Pergunte se sentem que alguns ossos conseguem tocar o chão e outros não. Proponha que se espreguicem sentindo que estão espichando as pernas para uma direção e os braços para a direção oposta (uma imagem interessante é dizer que estão crescendo deitados), depois que se enrolem como um tatu bolinha (os joelhos bem próximos da cabeça) e se desenrolem. Esticando Enrolando 43 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Sentindo os ossos Torções Com os alunos ainda deitados você pode bater palmas sucessivamente ou tocar um tambor, sugerindo que rolem pela sala sentindo a passagem de apoios dos quatro “lados” do corpo (frente ou região anterior, laterais e trás ou região posterior). Rolamentos Acontecerão encontros entre eles, um pode rolar sobre o outro ou então parar e esperar que o outro passe. Quando você para o som eles devem criar uma escultura no chão. Na continuidade, você pode propor que para eles se levantarem até ficar de pé, em oito tempos, e, depois em quatro tempos, em dois e até, em apenas um tempo. Esse aquecimento é indicado para despertar a consciência da tridimensionalidade (volume) do corpo, da conexão da cabeça com a coluna (eixo central) e demais partes do corpo e, da relação entre centro do corpo e extremidades (expansão e recolhimento). Você deve ter observado que algumas dessas propostas, por exemplo, o banho, o boneco articulado, o barco, envolvem a criação de uma pequena narrativa onde o imaginário está integrado na ação (jogo simbólico). Isso quer dizer que é no próprio aquecimento que se inicia a construção de uma situação de dança. Sendo assim, você professor poderá alimentar o imaginário das crianças quando propuser o acordando o esqueleto, caminhando e o rolinho, quando formular novas propostas, ou mesmo, possíveis variações. 44 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Desenvolvimento Após o trabalho de aquecimento, é chegado o momento destinado às proposições de exploração, investigação, criação (solos, duos, trios, grupos), apresentação e apreciação devotadas ao estudo dos conteúdos, focalizados no encontro. No desenvolvimento das proposições procure estar presente observando: o estado de presença do aluno em relação ao seu corpo, ao espaço e ao grupo em que está inserido. Além disso, esteja atento às possíveis mudanças que estarão acontecendo com seus alunos no que diz respeito à evolução da qualidade de movimento e apropriação das propostas. Nesse caso, estamos chamando sua atenção aos indicadores de observação dos alunos descritos no quadro das expectativas de aprendizagem. A observação é um processo de avaliação contínua no próprio momento da proposição, pois no caso da dança trata-se de uma linguagem efêmera que dura enquanto acontece sua realização. Claro que você poderá registrar de outras formas o processo, como iremos apontar a seguir, mas a riqueza da observação no percurso da ação, é única e própria à essa linguagem. Esse é seu principal material de avaliação de seus alunos: o corpo em movimento no percurso das proposições. PLANEJAMENTO E APROFUNDAMENTO É importante que nos estudos preparatórios aos seus planejamentos você recupere os Parâmetros Curriculares Nacionais para a disciplina Arte (MEC/SEF, 1997), onde existem as diretrizes específicas para a dança. Os materiais publicados pela Secretaria Estadual de Educação (SEE/FDE, 2006; SEE/FDE, 2010, volumes 1, 2 e 3) trazem fundamentos teóricos, proposições e experiências importantes para a leitura desta publicação que irá orientar o ensino da linguagem da dança nos anos inicias. Felizmente, hoje podemos dizer que já existem inúmeras publicações sobre dança, disponíveis para compra, assim como, para acesso gratuito em sites especializados. Além disso, o advento da internet, a existência de sites como o youtube permite acesso a um volumoso acervo de imagens de grupos, companhias, artistas, etc. EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM EM DANÇA Para o ensino da linguagem da dança nos anos iniciais do ensino fundamental, os conteúdos propostos estão articulados com as proposições fundamentais ao aprendizado das crianças, respeitando seu desenvolvimento motor e cognitivo, por meio de jogos, brincadeiras, danças de roda, criação de suas danças individuais e coletivas. As situações de aprendizagem foram concebidas e organizadas a partir de ideias e temas que possam mobilizar os professores e as crianças no processo de ensino e aprendizagem da dança. 45 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Essa é uma proposta de iniciação à linguagem da dança. Nesse momento da vida das crianças a introdução de uma técnica, onde os movimentos repetitivos são parte da construção do aprendizado, não se faz necessária, pois anteriormente ao exercício, é de fundamental importância o desenvolvimento de um vocabulário e consequentemente de um repertório expressivo e simbólico no corpo, como também o conhecimento de sua estrutura músculo/esquelética, em movimento. Sem esses conhecimentos todo o processo de exploração e criação de movimentos estará reduzido a um repertório, limitado ou a um repertório colado a referências midiáticas sem qualidade artística e estética, ou seja, estereotipado, onde a imitação ou a cópia elimina a possibilidade de criação ou até mesmo de um olhar critico a esses modelos. Bom trabalho! 46 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. PCN: Arte. Brasília: MEC/sef,1997. COSTAS, Ana Maria Rodriguez. Corpo veste cor: um processo de criação coreográfica. 1997. 206 p. Tese (Mestrado em Artes) - Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997. GARCIA, Regina Leite (org.). O corpo que fala dentro e fora da Escola. Angel Vianna, Jacyan Castilho, Alfredo Veiga-Neto, Azoilda Loretto da Trindade, Denise Najmanovich, Eliana Schueler Reis, Nilda Alves. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. LOBO, L., NAVAS, C. Teatro do Movimento. Um método para o intérprete criador. Brasília: LGE Editora, 2003. São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. O ensino de Arte nas séries iniciais: ciclo I / Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas; organização de Roseli Ventrella e Maria Alice Lima Garcia. São Paulo: FDE, 2006. VIANNA, Klauss, A dança. Klauss Vianna. Em colaboração com Marco Antônio de Carvalho. 3ª edição. São Paulo, Summus, 2005. Secretaria da Educação, Fundação para o Desenvolvimento da Educação Teatro e dança: repertórios para a educação; organização, Devanil Tozzi, Marta Marques Costa; Thiago Honório (colaborador). - São Paulo : FDE, 2010.3 v 47 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS QUADRO CURRICULAR – DANÇA Expectativa de aprendizagem Vivenciar/explorar os diferentes tecidos corporais – a pele, as estruturas ósseas e articulares, os músculos – percebendo e se apropriando da constituição do próprio corpo como um sistema vivo, dinâmico e expressivo. Apropriar-se de elementos da linguagem, no corpo, aprofundando os estudos de movimento com ênfase nas relações espaciais e rítmicas, nos processos de estudar, apreciar e compor danças (células e sequências); Vivenciar as diferentes etapas de um processo criativo – autoral e colaborativo – de compor uma dança tendo determinado objeto como fonte de investigação (cadeira); Compreender o registro das atividades corporais e de movimentos expressivos como ações pertinentes à criação de uma dança; Apropriar-se de informações sobre as fontes de pesquisa e criação de artistas da dança cênica atual, particularmente sobre como estabelecem diálogos com as outras linguagens artísticas (Artes Visuais, Música e Teatro) e com os contextos geográficos e socioculturais em que estão inseridos ou que sediam suas criações; Condições didáticas e indicadores para a elaboração de atividades Oferecer, regularmente um momento de preparação corporal – o aquecimento – destinado ao estímulo e a integração dos sentidos (visão, audição, tato, propriocepção, etc.), a percepção das diferentes estruturas corporais (pele, ossos, articulações, músculos) e a organização gestual e motora (ações de expandir, recolher, dobrar, esticar, torcer) em seu desenvolvimento no espaço. Proporcionar momentos de experimentação individual, em duplas e grupos maiores, valorizando, tanto o caráter colaborativo do processo de aprendizagem, quanto a singularidade de cada criança, ao vivenciar os fatores e ações de movimento nas atividades. Observar se o aluno Consegue entrar em contato com seu corpo durante a proposta de aquecimento, percebendo que esse momento da aula é uma ação individual, e uma preparação para o ato de dançar. Estabelece contato de seu corpo com o ambiente, explorando o espaço em suas variações de níveis e direções e ritmos. Consegue fluir nas relações em grupo e em sua dança individual dentro do contexto das proposições. Propiciar e incentivar a experimentação de diferentes formas de estabelecer contato do corpo com objetos, criando movimentos que poderão compor uma dança individual, em duplas ou grupos. Proporcionar regularmente momentos para o registro das atividades, (desenhos, mapas, esquemas, fotos, etc.) pelas crianças e pelo professor. Utilizar desses registros como um material para relembrar, compreender e organizar os processos de estudo e criação das danças. Estabelece interação entre corpo e objeto ao criar uma coreografia na qual o mesmo é inserido oferecendo significado ao movimento. Oferecer e orientar a apreciação de movimentos em danças que propiciam a exploração de objetos cênicos, imagens, sons, recursos tecnológicos. Utiliza de ferramentas tecnológicas, recursos sonoros e imagéticos para criar sequencias de movimentos reconhecendo-os como possibilidade de composição coreográfica. Consegue interpretar suas criações e do grupo em roteiros e mapas visuais, iniciando-se na pratica de registros em dança. 48 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Apropriar-se de conhecimentos de outras linguagens – visuais e sonoras – que dialogam com a dança cênica: figurinos, cenários, iluminação e trilha sonora. Tendo em vista o diálogo entre a dança e as demais linguagens, promover atividades de estudo e execução dos elementos cênicos (figurinos, adereços, cenário) e dos elementos sonoros (trilha, canto, instrumentos musicais, etc.) favorecendo o estudo da dança como fenômeno espetacular e/ou cênico. Consegue entender a dança, por meio de sua experiência corporal e das apreciações de obras, como a arte do movimento com suas especificidades e particularidades, diferenciando-a das outras linguagens cênicas, e entendendo o dialogo entre elas: trilha sonora, representação, figurinos e cenários. 49 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM I 1. INTRODUÇÃO Esta situação de aprendizagem foi elaborada com o objetivo de oferecer subsídios para o desenvolvimento do trabalho em Dança para o 5º ano do Ensino Fundamental. Para isso, elegeu-se trabalhar a relação da dança com objetos, nesse caso, a cadeira. O objetivo central aqui proposto é possibilitar aos alunos criar, por meio do movimento dançante, novas explorações e significações para esse objeto funcional e tão presente no cotidiano escolar, transformando-o em um elemento lúdico e cênico. É necessário que você professor se aproprie das expectativas de aprendizagem, conteúdos, e formas de registro elaboradas para esta situação de aprendizagem. A sugestão é que sejam realizados registros sistemáticos das vivências e das rodas de conversa, o que reforçamos em algumas das proposições sugeridas . Essa atividade poderá acontecer por meio do acervo de palavras, desenhos, reprodução de imagens e fotos, elaborados por você e pelos alunos. É fundamental manter seus próprios registros e aqueles produzidos pelos alunos, de forma ordenada, com vistas a memorização, análise e avaliação constante do processo de ensino-aprendizagem. Como finalização desta situação de aprendizagem propomos realizar uma videodança, o que acreditamos, poderá mobilizar as crianças considerando seu interesse e familiaridade com os recursos tecnológicos (por exemplo, dos aparelhos celulares) destinados à captação e edição de imagens. A videodança como uma linguagem híbrida surgiu por volta dos anos 1970. Em um primeiro momento a relação da dança com o vídeo esteve mais associada a necessidade do registro. Atualmente, a videodança caracteriza-se como um dos possíveis resultados das relações da tecnologia no próprio fazer artístico de dança, por exemplo: imagens podem ser captadas e editadas de forma a criar-se outra dança a partir dos recursos e técnicas do vídeo. O desenvolvimento dessa linguagem pode ser atribuído a fatores relacionados ao acesso a artefatos técnicos como filmadora, celular, computador e internet, decorrentes do avanço tecnológico ou ainda à pesquisa interdisciplinar entre essas diferentes linguagens artísticas. Caso seja possível a produção de uma videodança, sugerimos que desde o início do processo de trabalho, você possa realizar também, registros das proposições e conversas em vídeo. Professor, caso em sua escola não exista um equipamento com um programa específico para edição de imagens que permita a realização da videodança, você poderá registrar os momentos importantes das proposições como também a apresentação do resultado final e criar um vídeo registro do trabalho do grupo de alunos, o que será importante como acervo e memória do seu trabalho na linguagem de dança. o Por fim, chamamos atenção que nesse 5 ano, com base em suas experiências anteriores na linguagem da dança, assim como, nas outras linguagens que compõe a disciplina Arte, sugerimos que você desenvolva durante todo o percurso de trabalho – envolvendo a 50 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS participação de seus alunos – uma pesquisa sonora e visual. Para as proposições iniciais essa tarefa deverá ser sua, mas, quando o processo de estruturação coreográfica for amadurecendo, o diálogo com a turma será muito importante, pois, isso permitirá a eles compreender as relações entre a dança e as outras linguagens. No final desta situação de aprendizagem sugerimos uma bibliografia de consulta para apoiá-lo nessa tarefa. 2. EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM Vivenciar/explorar os diferentes tecidos corporais – a pele, as estruturas ósseas e articulares, os músculos – percebendo e se apropriando da constituição do próprio corpo como um sistema vivo, dinâmico e expressivo; Apropriar-se de elementos da linguagem, no corpo, aprofundando os estudos de movimento com ênfase nas relações espaciais e rítmicas, nos processos de estudar, apreciar e compor danças (células e sequências); Vivenciar as diferentes etapas de um processo criativo – autoral e colaborativo – de compor uma dança tendo determinado objeto como fonte de investigação (cadeira); Compreender o registro das atividades corporais e de movimentos expressivos como ações pertinentes à criação de uma dança; Apropriar-se de informações sobre as fontes de pesquisa e criação de artistas da dança cênica atual, particularmente sobre como estabelecem diálogos com as outras linguagens artísticas (Artes Visuais, Música e Teatro) e com os contextos geográficos e socioculturais em que estão inseridos ou que sediam suas criações; Apropriar-se de conhecimentos de outras linguagens – visuais e sonoras – que dialogam com a dança cênica: figurinos, cenários, iluminação e trilha sonora. 3. CONTEÚDOS: Ações corporais; Fatores do movimento; Níveis espaciais; Utilização do espaço pessoal, geral e cênico; Relações entre o movimento e os elementos cênicos (cadeiras); Apreciação, contextualização e criação em Dança; Produção de uma videodança. Proposição 1 RODA DE CONVERSA INICIAL Professor, converse com seus alunos e selecione com eles algumas ações e movimentos cotidianos que podem ser realizados quando estamos sentados em uma cadeira 51 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS para ler, comer, descansar, brincar, assistir um programa na TV, digitar no computador, escrever ou mesmo, simplesmente, refletir sobre algum assunto. Você poderá fazer esta lista que deverá ser guardada em seus registros. AQUECIMENTO: ACORDANDO O ESQUELETO DESENVOLVIMENTO Professor, nesta proposição vamos explorar as diversas possibilidades de apoios e formas corporais, tendo a cadeira como o suporte e objeto de investigação para essas explorações. Coloque na sala diversas cadeiras com os encostos apoiados, ou seja, uma de costas para a outra; cada dupla de cadeiras estará próxima à seguinte e assim sucessivamente. A ideia é formar uma linha sinuosa como uma centopeia. Oriente as crianças a tatear as cadeiras, andar sobre elas e se locomover explorando outras maneiras de se relacionar com esse objeto, seja se apoiando sobre (por cima, por exemplo, se deslocando com apoio dos pés e mãos) ou sob (por baixo, rastejando e passando através dos espaços entre as pernas das cadeiras). O importante é que cada um descubra possibilidades de estabelecer outras formas de contato entre o corpo e as cadeiras, por meio do movimento. Aqui você pode utilizar a estratégia do “jogo das cadeiras”, em geral, conhecido pelas crianças. Escolha uma música, ou até mesmo toque um instrumento, criando tempos e paradas súbitas, para que os alunos durante a exploração integrem a movimentação rítmica. Sugira que as pausas, que no jogo original correspondem ao momento em que as crianças sentam na cadeira, possam ser modificadas por maneiras de se posicionar na cadeira (novas formas de sentar), descobertas na exploração prévia ao jogo. E, o próprio deslocar-se do grupo enquanto a música ou o instrumento toca, também pode ser estimulado a se diversificar (novas formas de caminhar): andando, saltando de um pé para o outro, pulando com os dois pés juntos, andar de costas, entre outras possibilidades. RODA DE CONVERSA FINAL Reúna o grupo e pergunte à eles como foi explorar a cadeira (objeto tão presente na vida cotidiana de todos) por meio de movimentos que habitualmente não temos oportunidade de experimentar. Procure dar tempo para que todos que queiram contar suas experiências, possam fazê-lo. Nesse momento várias trocas de impressões podem acontecer. Após a conversa, distribua folhas de papel sulfite e diversos materiais para desenho. Proponha a eles que desenhem as posições que gostaram de fazer nas cadeiras. Você também pode propor que pesquisem imagens de pessoas sentadas em cadeiras, e façam uma colagem (com uma ou mais imagens) o que poderá alimentar a criação de cenas e cenários; sugira que tragam essa atividade para a próxima aula. Esses desenhos e/ou colagens devem ser guardados como registros, pois, serão usados em várias proposições. 52 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Proposição 2 RODA DE CONVERSA INICIAL Professor, peça a seus alunos, que compartilhem seus registros da aula anterior, incluindo (caso tenha sido solicitado) a pesquisa de imagens realizada em casa. A partir da visualização desse material peça para o grupo ir relembrando o trabalho desenvolvido no encontro anterior. Faça isso de forma prática; os alunos, divididos em pequenos grupos (três à quatro de cada vez) podem mostrar a pesquisa de movimento com as cadeiras realizada no encontro anterior. Com essas duas propostas iniciais os alunos poderão observar o que criaram na ação e no registro, estabelecendo relações e significados (o que vejo, o que imagino e o que faço) para suas explorações. AQUECIMENTO: CAMINHANDO DESENVOLVIMENTO Para esta aula, você deverá levar músicas com ritmos diversos ou até mesmo fazer uma pré-seleção e montagem de pequenos trechos musicais com ritmos diferentes a fim de dinamizar a experimentação que se segue. Além disso, a alteração na trilha sonora utilizada irá gerar mudanças na qualidade do tempo, que poderá ir do mais lento ao mais rápido, exigindo dos alunos o domínio da pausa do movimento em diferentes velocidades. A ideia é propor uma exploração lúdica da cadeira, que se transformará em um objeto cênico na dança que irão vivenciar. Retome a estrutura do “jogo das cadeiras”. Divida-os em dois grupos: um participará da brincadeira e o outro deverá observar os movimentos criados pelos demais. Disponha as cadeiras em círculo, sendo que o número de assentos deve ser menor do que o de participantes. Coloque a música pré-selecionada para tocar. Enquanto a música toca, todos os participantes podem dançar em volta das cadeiras e também explorar seus apoios corporais em relação aos apoios das cadeiras (como fizeram na proposição anterior), seguindo o ritmo da música. Quando a música parar, cada um deve tentar ocupar um lugar, criando novas formas de sentar ou se apoiar na cadeira. Em seguida alterne os grupos. Você também poderá fazer variações que dificultem o jogo, como dispor as cadeiras em fila, sendo que cada uma ficará virada para um lado alternadamente, ou coloque as cadeiras no formato da “centopeia” fazendo com que a “dança das cadeiras” torne-se a “dança da centopeia”. RODA DE CONVERSA FINAL Professor, converse com seus alunos sobre o que acharam desta forma diferente de dançar/brincando. Quais as facilidades e/ou dificuldades encontradas em pausar utilizando apoios diferentes nas cadeiras? Foi possível explorar jeitos diferentes de locomoção na dança ao redor das cadeiras? O que você observou na dança dos seus colegas? Como foram as poses? E, a maneira de dançar até pausar? Quais os níveis do espaço foram mais explorados? 53 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Qual a disposição (cadeiras em círculo, em forma de centopeia) foi mais interessante ou desafiadora? Você poderá tirar fotos ou filmar durante a execução desta proposição para registro. Nesse momento, se possível, filme a opinião das crianças. Estas filmagens poderão ser anexadas como making off da videodança que será elaborada no final desta situação de aprendizagem, ou mesmo, incorporar o acervo de registros do processo de trabalho. Proposição 3 Professor, para esta proposição você precisará selecionar anteriormente, em revistas, em jornais ou na internet, algumas imagens com corpos de pessoas em diferentes poses e situações: pessoas em pé, deitadas, fazendo exercícios , correndo, dançando, etc. Também será necessário um espaço amplo, cadeiras, um aparelho de som e CDs com músicas de diferentes ritmos. RODA DE CONVERSA INICIAL Converse com os alunos se gostam de fotografar ou de ser fotografados e, se costumam criar poses especiais para esses momentos. Abra um espaço para que falem sobre suas experiências a respeito. AQUECIMENTO: CAMINHANDO Partindo destes questionamentos e tomando como referência o aquecimento “caminhando”, realize com os alunos uma proposta estruturada na relação movimento-pausa, apoiando-se nas imagens das poses que você selecionou. Explique para eles que durante o aquecimento a música poderá pausar e eles deverão fazer a pose apresentada na imagem que você apresentará e só poderão voltar a se mover quando a música recomeçar. Inicie o aquecimento da forma convencional, sugerindo diferentes formas de apoiar os pés durante a ação de caminhar. A partir de suas sugestões, o chão em que eles pisam pode imaginariamente mudar de característica (ser esburacado, conter poças d’água, areia fofa, etc.) de forma a estimular diferentes ações e qualidades de locomoção. Sugira também mudanças no tempo do movimento: andar com muita pressa, bem devagar, caminhando normalmente ou tranquilamente. E, também quanto ao uso dos níveis espaciais: no nível alto, caminhando normalmente ou dando pequenos saltos como se estivessem caçando borboletas, pegando estrelas no céu; no nível médio, como se estivessem se escondendo, passando embaixo de galhos de árvores; e, no nível baixo, rastejando, rolando e engatinhando. Durante esse processo, pause diversas vezes a música e apresente uma imagem que deve ser reproduzida pelos alunos, para ampliação de seu repertório e para experimentação. DESENVOLVIMENTO Após o aquecimento, cada aluno deve pegar uma cadeira. A proposta deste jogo/dança é que os alunos possam experimentar diferentes formas de apoiar seu corpo sobre o objeto 54 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS cênico: a cadeira. Para isso, disponha sobre a sala o número de cadeiras suficientes para o número de alunos participantes. As cadeiras devem ser posicionadas de forma a ocupar todo o espaço da sala, com espaços entre elas, para que os alunos possam transitar com tranquilidade. Inicie o jogo, com uma música de ritmo mais lento, os alunos devem caminhar entre as cadeiras, ocupando todos os espaços livres, sem esbarrar nos colegas e nas cadeiras. Quando a música for interrompida (é necessário que isso ocorra várias vezes), os alunos devem parar: cada um na frente de uma cadeira e realizar uma “pose” utilizando os apoios da cadeira. Durante a atividade dê ideias para que explorem posições diferentes com a cadeira, por exemplo: “a pose deve ser em pé”, “sentados”, “deitados embaixo da cadeira”, deitados sobre a cadeira”, “pose com apoio dos joelhos”, “com apoio da cabeça”. Essas ideias podem ser alteradas por outro código, como por exemplo, palmas: uma palma “pose em pé”; duas palmas “sentados”; três palmas “deitados”. Você também pode utilizar algumas das imagens do aquecimento para ver como realizarão a pose da foto com a cadeira. Durante a proposição os ritmos musicais devem ser alterados, os alunos devem ser estimulados a explorar bem os espaços e as possibilidades das poses. Para concluir essa proposição, disponibilize uma música bem lenta; peça para respirarem calmamente durante a caminhada e sentarem de uma forma que considerem bem confortável junto a cadeira. RODA DE CONVERSA FINAL Peça para os alunos comentarem suas experiências como observadores e observados (primeira etapa da proposição) e que contem como foi dançar com e entre as cadeiras. Para isso, estimule-os a comentar sobre possíveis identificações ou desafios em relação às poses realizadas, tanto quanto ao uso dos apoios, quanto ao equilíbrio e a manutenção da pausa do movimento. Chame atenção para os momentos de construção e desconstrução das poses em relação ao deslocamento entre as cadeiras: quais as dificuldades e/ou facilidades de parar e ir para o movimento, considerando que a proposta era não esbarrar nos colegas e nos objetos? Esses depoimentos podem ser gravados e incorporados como registros. Proposição 4 Para esta proposição será necessário, um espaço amplo, uma cadeira para cada aluno participante, um aparelho de som e músicas de ritmo lento. RODA DE CONVERSA INICIAL Converse com o grupo sobre a atividade anterior. Como foi explorar a brincadeira da cadeira de forma diferente, fazendo poses. Pergunte se perceberam a cadeira com um elemento de sua dança, quais foram suas dificuldades e facilidades; se sentiram dançando? 55 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Deixe que eles se coloquem e transforme esse espaço num momento de compartilhamento de sensações e percepções do grupo. AQUECIMENTO: ACORDANDO O ESQUELETO Siga a mesma proposta do aquecimento desenvolvido no encontro anterior. Inicie com o “acordando o esqueleto” e siga trabalhando com a relação movimento-pausa-poses, trabalhadas no encontro anterior através de suas sugestões ou das ideias dos próprios alunos. DESENVOLVIMENTO Nesta proposição exploraremos a percepção e exploração do espaço pessoal, do espaço geral e do que é um espaço cênico. Além disso, nas relações do corpo com a cadeira, serão trabalhados o equilíbrio e a fluência do movimento, que deverá ser cauteloso. Para isso oriente passo a passo, para um melhor entendimento dos seus alunos. Explique que será muito importante que realizem a atividade com calma e devagar. Será fundamental prestar bastante atenção nas ações realizadas, cuidando um do outro. Divida a turma em dois grupos: um grupo será a “público” e o outro, estará no espaço cênico criado pela disposição das cadeiras. O “público” deverá observar a ação expressiva realizada pelo grupo que está no espaço cênico, depois os papéis devem ser trocados e quem observou, realizará a ação. O grupo que estiver realizando a dança no espaço cênico criado se dividirá em trios e cada componente deverá ter uma cadeira. As cadeiras de cada grupo devem ser colocadas em fila indiana. Para haver espaço para os diferentes trios, é importante que eles ocupem cantos opostos na sala. Realize a atividade ao som de uma música bem lenta e agradável de sua escolha. Trajeto: Um aluno deve se colocar em pé sobre a primeira cadeira e calmamente começará uma caminhada lenta, e pisará na segunda e na terceira cadeira. Os outros dois alunos cuidarão para que ele não caia, sendo que, quando ele pisar na segunda cadeira, um dos alunos que estão no apoio, deve transferir a primeira cadeira para a frente da terceira, de forma que o aluno que está caminhando não precise parar sua caminhada, dessa forma as cadeiras serão transferidas passo a passo, para que possam se deslocar pelo espaço cênico. Importante realizar as trocas das cadeiras de forma silenciosa e delicada. Formas para desenvolver o caminhar: contínuo, sustentado, buscando o equilíbrio. Para isso o aluno que está em cima das cadeiras, deve ter muita concentração. Para não atrapalhar a concentração do colega, oriente que não conversem durante a cena. Durante o processo, peça para que troquem as posições, ou seja, quem está em cima da cadeira deve ir para baixo, até que todos tenham tido a experiência de caminhar sobre o objeto. Depois, troque os grupos: quem assistiu deve realizar a cena e quem estava em cena irá observar os colegas. 56 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS RODA DE CONVERSA FINAL Sentados em roda, proponha que conversem sobre a experiência vivida. Questione sobre como foi a experiência de andar sobre a cadeira, se confiaram nos colegas que estavam no apoio, como foi realizar a ação expressiva e como foi assistir a experiência. Chame atenção para alguns aspectos (conteúdos): manutenção do equilíbrio, continuidade e fluência do movimento, a movimentação das cadeiras configurando o espaço. Peça para desenharem cenas que retratem a experiência vivida. Para a próxima aula peça para os alunos trazerem um guarda-chuva para ser utilizado como objeto cênico. Proposição 5 RODA DE CONVERSA INICIAL Relembre aos alunos a experiência da aula anterior. Relembre também as sensações, o desafio de manter o equilíbrio para não cair, a confiança e a beleza de ver os colegas “flutuando” sobre as cadeiras. Trouxeram os guarda-chuvas? AQUECIMENTO: ACORDANDO O ESQUELETO. DESENVOLVIMENTO Nesta aula retome a sequência anterior, de forma que o aluno que andará sobre as cadeiras deve ter em mãos um guarda chuva, deixando a cena mais colorida e também mais difícil, pois, precisará conciliar o equilíbrio na caminhada e o peso do objeto nas mãos. Oriente aos alunos a manusearem com muito cuidado o guarda-chuva, caso prefira, eles poderão utilizar um tecido ou lenço no lugar do guarda-chuva. Utilize uma música de andamento lento, mas capaz de favorecer uma qualidade de sustentação do movimento e imprimir um ritmo à caminhada dos alunos. Outra forma de realizar esta atividade é deixar a fila de cadeiras dispostas no centro sala, numa linha diagonal ou em outra posição que preferir, e individualmente, cada aluno caminha sobre elas com seu guarda chuva sem a necessidade de mobilizar as cadeiras. RODA FINAL Em roda final distribua um pequeno papel ou um post-it para cada aluno e peça que escrevam uma ação que acharam interessante na sua observação. Recolha os escritos e leia para o grupo. Converse sobre como foi realizar a proposta do encontro anterior tendo agora um guarda-chuva nas mãos: alterou o movimento? Como ficou o equilíbrio? E, o que chamava 57 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS mais a atenção: o guarda-chuva, a cadeira ou o passo entre uma e outra? E, para quem assistiu, como foi a dança sobre as cadeiras com os guarda-chuvas? Guarde esses registros. Proposição 6 RODA DE CONVERSA INICIAL Professor, fale com os alunos que continuaremos a explorar a cadeira, para ampliar o repertório de movimentos com esse objeto cênico. Assim, investigaremos outras possibilidades tendo como guia dos nossos movimentos os sentidos, ampliando a percepção corporal. E, o sentido escolhido será o tato. Aqui é muito importante que você converse com eles sobre a função dos sentidos em nossas vidas, assunto que com certeza eles já estudaram nesses primeiros anos do ensino fundamental. Procure dispor as cadeiras de maneira que possa visualizar os alunos e que eles tenham espaço para criarem sua movimentação. AQUECIMENTO: ACORDANDO O ESQUELETO (com variação) Os focos desse aquecimento são: a percepção da pele, dos ossos e das diferentes partes do corpo. Como variação, será proposta a posição sentada na cadeira (sobre os ossos chamados ísquios) para a realização da atividade. Proponha aos alunos que toquem seu corpo como se estivessem tirando uma poeirinha bem fina da pele. Em seguida entrarão em contato com músculos e ossos fazendo movimentos de amassar com delicadeza, como se estivesse preparando a massa de um pão. O trajeto deve começar pelos pés, pernas, percorrer o quadril, tronco, ombros, pescoço, cabeça e finalizando nos braços, punhos e mãos. Em seguida, com as mãos fechadas, acionando a articulação dos punhos, fazer movimentos de “percutir” os ossos (batidinhas rítmicas, leves e rápidas) em uma sequência que se inicia nos pés, pernas, quadril (frente, trás e laterais), tronco, pescoço e cabeça e depois descendo pelas clavículas, ombros até braços e mãos. Procure começar pelo lado direito e depois esquerdo. Ainda, com os alunos sentados na cadeira, peça que se espreguicem criando movimentos de torção, sentindo os ossos e as dobradiças (articulações) entre eles, que permitem que o corpo como um todo expanda e encolha (expansão e recolhimento). Em seguida, sugira que eles brinquem com os movimentos dos ombros: desenhando círculo; erguendo-os na direção das orelhas e depois soltando bem rápido, entregando o peso, o que pode ser repetido algumas vezes (pelo menos três). Para finalizar, diga a eles que precisam pegar uma pedrinha (imaginária) que está entre seus pés, mas que devem iniciar o movimento pela cabeça, acionando a coluna em um enrolamento até levantarem o quadril da cadeira e pegarem a pedrinha. O retorno desse movimento (sentar na cadeira) deve acontecer na ordem inversa: sentar na cadeira e 58 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS desenrolar a coluna até ficarem alinhados, sentindo o apoio do peso do corpo nos ísquios. Esse momento você pode propor que aconteça pelo menos por três vezes com fluência, delicadeza e continuidade, pois assim eles poderão sentir o peso da cabeça e o movimento integrado da coluna. Esse aquecimento é indicado para proposições iniciadas por atividades individuais. Estimula a propriocepção corporal, em especial, a percepção do sistema articular, favorecendo uma presença mais viva, acordada, ativa. DESENVOLVIMENTO É interessante realizar essa proposição com os olhos vendados. Com as cadeiras dispostas (na sala, ou no espaço escolhido), proponha que iniciem individualmente a exploração tátil das cadeiras. Cada aluno com sua cadeira. Inicialmente, peça aos alunos que percorram com a mão direita todas as linhas da cadeira: os “pés” o assento, o encosto (frente e trás). Peça que prestem atenção ao desenho, às linhas que compõem o objeto e os movimentos que o corpo desenvolve para poder percorrê-lo. Depois peça que façam todo esse percurso tátil com a mão esquerda. Em seguida a exploração pode acontecer com o pé direito e depois esquerdo, sempre prestando atenção às formas, os percursos e os movimentos do próprio corpo. Com essa exploração os alunos farão muitos movimentos: flexionar, estender, abaixar e levantar, buscar formas de equilíbrios e mudanças entre os níveis baixo, médio e alto. Após a exploração peça que retirem as cadeiras do centro e diga aos alunos que agora elas irão criar um movimento poético, uma dança em que a inspiração será a memória tátil vivida anteriormente com o objeto. Coloque uma música instrumental que considere adequada e peça que os alunos iniciem suas danças, tendo como tema as linhas da cadeira. Como imagem, vocês podem sugerir que eles desenhem a forma da cadeira com o corpo, utilizando não apenas as mãos e pés que foram as partes que experimentaram o contato, mas procurando desenhar com outras partes do corpo, tais como, o quadril, a coluna os cotovelos, joelhos e cabeça. O objetivo é que não fiquem na mímica do desenhar com as mãos e dedos, mas que criem as formas da cadeira com o corpo todo, experimentando o movimento desenhando no espaço. Professor, especialmente nesse momento, fique atento ao registro: filmagem ou fotos serão muito apropriados. RODA DE CONVERSA FINAL Converse com os alunos, abra um espaço para que eles falem sobre a experiência da exploração tátil, e como sentiram seus movimentos no momento poético da dança, sem o objeto para tocar. Os movimentos dançados eram semelhantes aos movimentos da exploração tátil? Aconteceram mudanças, transformações? Quais? Grave esses depoimentos. 59 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Proposição 7 RODA DE CONVERSA INICIAL Professor retome a experiência da aula anterior sobre os movimentos que foram explorados e diga que farão mais movimentos que envolvam todas as articulações, possibilitando movimentos contínuos, fluentes e flexíveis. AQUECIMENTO: ACORDANDO O ESQUELETO (ver variação trabalhada na proposição 7). Tomando por referência o aquecimento realizado no encontro anterior, indicamos o que poderia ser proposto no momento em que é sugerida a variação levantar e tirar o quadril do assento da cadeira. A proposta é procurar fazê-lo várias vezes acrescentando no levantar e sentar tempos diferentes – isto é: levantar em 2 tempos e sentar em 2 tempos, depois, 4 tempos para levantar e 4 tempos para sentar e em seguida, 8 tempos para levantar e 8 tempos para sentar. É importante que você crie pausas entre os tempos para que eles sintam as alavancas (articulações que acionam o movimento) e o peso de determinadas partes do corpo, criando assim novas percepções de transferências do peso nos diferentes apoios que fazem parte dessa sequência: pés no chão, ísquios na cadeira, mãos se encontrarem em momentos de busca do equilíbrio; costas encostarem-se ao espaldar da cadeira, em alguma fase do movimento. . Peça que observem, que percebam, como o movimento da coluna pode ser flexível e continuo. Para terminar proponha que fiquem sentados e deixem que o movimento e peso da cabeça leve a coluna para um enrolamento e apoiem o tronco nas coxas (sentir o peso do tronco), sem tirar o apoio do quadril da cadeira. E, para levantar, que empurrem os ísquios na cadeira e venham desenrolando a coluna em um movimento fluente e sequencial, trazendo a percepção das vértebras e seu empilhamento e o alinhamento da cabeça em relação ao pescoço. DESENVOLVIMENTO Para essa atividade escolha musicas instrumentais de diferentes estilos e culturas. Se possível, grave o desenvolvimento desta proposição. Disponibilize junto aos alunos, as cadeiras aleatoriamente, de maneira a ocupar o espaço livre da sala de aula. Peça que os alunos explorem diversas formas de se posicionar na cadeira, buscando diferentes formas de utilizar seus apoios corporais. Você pode propor algumas ações para que eles iniciem os movimentos, como por exemplo, “dançar sentado”. Com o quadril apoiado na cadeira e os braços livres, criar movimentos de flutuar, pedalar, chutar, empurrar e deslizar as pernas no ar. Outra possibilidade é dançar em pé, utilizando como apoio a cadeira; em certos momentos, apoiando as mãos, usando a força dos braços, em outros, o apoio de um pé, sustentando a perna, e com 60 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS esses apoios sendo alternados experimentar movimentos de torcer, dobrar e esticar sem perder o contato com a cadeira. Observe como eles estão recriando e ampliando seu repertorio de movimento em relação a: apoios, flexibilidade, alinhamento, contato com a cadeira como objeto relacional. Depois, na vertical, peça aos alunos que se locomovam ao redor das cadeiras explorando as diversas possibilidades de movimentos com mãos apoiadas no encosto, sugira que explorem movimentos de torção, e também formas de equilíbrios com as pernas alternando-as. Aqui você pode sugerir a seguinte ideia: eles irão fazer um dueto com a cadeira, e esta será sua parceira (o) de dança. Como é dançar junto com a cadeira? Após esse momento de exploração escolha uma música e convide as crianças a se deslocarem pelo espaço da sala dançando e utilizando as cadeiras como apoios em trânsito – tocam, se equilibram, sentam – sem interromper o fluxo do movimento, ou seja, sem pausar. Observe como eles estão utilizando o espaço em suas variáveis e direções, como estão transferindo seus apoios corporais em relação a cadeira e como estão alternando os ritmos de seus corpos em movimento. RODA DE CONVERSA FINAL Converse com os alunos sobre suas percepções de dançar com o objeto cadeira. Pergunte se conseguem perceber que estão criando uma dança, onde a cadeira faz parte, como um elemento cênico. Proposição 8 Professor, as proposições anteriores já possibilitaram aos alunos diferentes momentos em que o uso da cadeira foi explorado como elemento cênico central. Para ampliação de seus repertórios (cultural, estético e artístico) é importante que os alunos contem com um momento de nutrição estética, assistindo o vídeo de dança “One flat thing reproduced” do coreógrafo William Forsythe. Existem vários trechos desse trabalho disponíveis para acesso no youtube. Após busca e apreciação prévia, escolha aquele com o qual deseja trabalhar levando em consideração o tempo que dedicará a atividade. RODA DE CONVERSA INICIAL Diga aos alunos que nesse encontro, antes de iniciar o aquecimento irão assistir o vídeo “One flat thing reproduced” (o que traduzido para a o português, seria mais ou menos “Uma coisa plana reproduzida”) do coreógrafo americano, residente na Europa, William Forsythe. Esse coreógrafo é um dos mais importantes na contemporaneidade, tendo sido responsável por uma reorientação do balé clássico (trabalhando com a técnica clássica, mas produzindo peças coreográficas em uma estética contemporânea) e por seu trabalho junto ao 61 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Ballet de Frankfurt na Alemanha. Nesta videodança os bailarinos realizam seus movimentos interagindo com mesas no espaço cênico. AQUECIMENTO: Barco. DESENVOLVIMENTO Nesta proposição exploraremos a locomoção pelo espaço transportando a cadeira de diversas maneiras como também sentando de formas não convencionais, ressignificando esse objeto. Cada aluno deve se posicionar no espaço com uma cadeira. Oriente-os para que iniciem a dança criando uma “pose” junto à cadeira, nesse momento eles já tem muitas memórias de suas explorações anteriores, assim, peça que escolham formas e apoios que se lembram e que tenham gostado de realizar. Inicie a dança com uma música bem lenta e oriente os alunos para que se movimentem pelo espaço com sua cadeira cuidando para não esbarrar nos colegas e que estejam atentos ao ritmo da música. Os alunos devem se locomover pelo espaço transportando sua cadeira ao início da música e transportando-a de diversas formas: pelas pernas, pelo encosto, pelo assento, abraçada, arrastada, dentre outras possibilidades. Quando a música pausar, os alunos devem posicionar sua cadeira no chão de forma não convencional e compor uma “pose” com ela. Proponha que ao realizarem a “pose” explorem os diferentes níveis espaciais (alto, médio ou baixo) com corpo em relação à cadeira. Para uma melhor adequação ao espaço, essa dança pode ser realizada com grupos menores. Experimente diversificar propondo várias paisagens sonoras, favorecendo a imaginação das crianças. Finalize propondo que os diferentes grupos organizados possam assistir a pesquisa dos demais. RODA DE CONVERSA FINAL Deixe algumas cadeiras no centro da sala em diversas posições: pernas para cima, para o lado, com o encosto no chão, etc. Em roda com os alunos, distribua folhas de sulfite e giz de cera coloridos e peça para desenharem uma ou mais cadeiras. Esses registros deverão compor o seu acervo e poderão ser “escaneados” e utilizados como imagens projetadas no cenário da produção final dos alunos. Proponha que após realizarem os registros imagéticos por meio da técnica do desenho realizem uma exposição das produções para apreciação dos colegas. 62 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Proposição 9 RODA DE CONVERSA INICIAL Apresente os desenhos produzidos na aula anterior. Questione os alunos se imaginam que num passe de mágica a cadeira poderia se transformar em outro objeto. Quais objetos uma cadeira poderia se transformar? Poderia ser uma mesa? Ou servir como um teto? Poderia ser uma janela? Ou, servir como um guarda-chuva? Deixe os alunos imaginarem e expressarem suas ideias sobre as possibilidades de transformação deste objeto. AQUECIMENTO: Banho. DESENVOLVIMENTO Em roda, coloque no centro da sala uma cadeira coberta por um tecido preto. Propicie um fundo musical para que o ambiente fique mais descontraído. Cada aluno deverá ir ao centro da roda, realizar alguns movimentos e com um passe de mágica de suas mãos retirar o tecido da cadeira e sem verbalizar o nome do objeto, apresentando, por meio de movimentos, no que a cadeira se transformou. Assim como na roda inicial, a cadeira poderá virar uma roupa, uma sombrinha, uma mesa e tudo que a imaginação permitir. Quando algum aluno da roda adivinhar no que se transformou o objeto, a cadeira novamente será coberta e outro aluno assumirá o posto de mágico e iniciará sua sequência de movimentos, até que todos tenham realizado suas mágicas. Você poderá utilizar uma varinha ou o aluno poderá realizar a mágica com o toque das mãos. O registro fotográfico dessa produção será de grande importância. Roda final Em roda final os alunos deverão desenhar a transformação mágica da cadeira. Peça para que desenhem o objeto imaginário que criaram. Exponha os desenhos para que todos possam visualizar o objeto mágico de cada aluno. Incentive respostas para: O que fez com que a cadeira parecesse outro objeto? A posição? A posição do corpo em relação ao objeto? O movimento do corpo com o objeto? Essas perguntas podem ser respondidas por todos, sobre a proposta de cada um. 63 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Proposição 10 Roda Inicial Professor, converse com os alunos que no decorrer das aulas vários movimentos foram explorados em ações individuais. Essa ação possibilitou a cada um o contato com seu próprio corpo em movimento, com temas de improvisação direcionada, o que deve ter favorecido a percepção da qualidade, bem como a ampliação do seu repertório de movimentos. Essa etapa poderá auxiliar na criação coletiva das células coreográficas e estruturas dançantes que iremos iniciar nessa proposição. Aquecimento: Banho (variação) Nessa versão proponha que imaginem que estão em um banheiro muito apertado e com um teto muito baixo, que só podem tomar o banho sentados em cadeiras. E para se secarem terão toalhas bem macias para massagear a pele. Desenvolvimento Professor divida a turma em pequenos grupos de no máximo 5 alunos Oriente-os a criar uma “conversa” entre os movimentos que já foram pesquisados em encontros prévios pelos participantes do grupo. Nesse momento, é importante que as escolhas sejam simples, utilizando gestos e apoios em transição com a cadeira, (movimentos que já exploraram nas proposições anteriores e que estejam presentes em seus repertórios). O importante é que seja uma criação genuína das crianças. Peça agora que escolham alguns dos movimentos explorados na relação de seu corpo e a cadeira, durante as atividades, e que tenham gostado de fazer. Nessa proposta as cadeiras devem estar dispostas em uma linha sinuosa, para que possibilite que todos os participantes se vejam nessa disposição. Aqui iniciaremos a compreensão da construção de uma célula coreográfica usando a estratégia da organização de um jogo, nesse caso usaremos o “jogo do espelho”. Essa é uma estratégia de organização que também poderá ser usada em situações de apresentações: cada um terá um número na sequência, se temos cinco crianças, eles irão decidir quem será o primeiro, segundo até o quinto. Cada aluno deverá passar seus movimentos aos colegas de seu grupo, o “segredo” é que a passagem de um para outro, seja feita com o contato do olhar (quando eu olhar para você é o momento de entrar com seu movimento), assim todos irão realizar o movimento do outro e também compartilhar suas escolhas. Esse Jogo/Dança exercita a leitura de 64 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS movimentos: ação de extrema importância, tanto no fazer quanto no apreciar dança. Como também aciona a percepção do outro, fator implícito no dançar junto. Nessa sequência (criada no jogo/dança) eles irão iniciar seus movimentos e todos devem reproduzir o do colega, criando assim uma composição em “cânon” (ou cânone), onde uma frase é repetida por mais de um dançarino, como uma corrente, um após o outro. Os alunos terão domínio de sua estrutura e não se preocuparão em memorizar em pouco tempo fatores complexos como: passos, tempos rítmicos, direções e transferências espaciais. Essa é uma estrutura flexível, pois possibilita que após a compreensão e organização da mesma, eles possam criar acordos como, por exemplo, “misturar” a ordem das entradas dos movimentos: 4, 3, 5, 2, 1. Você pode ao longo desta proposta propor algumas ações, que gerem desafios. Caso observe que os grupos incorporaram a estrutura do Jogo/Dança do espelho, você poderá sugerir “retrocessos”, onde a frase criada é dançada “de trás para frente”., Mudanças no tempo também poderão ser sugeridas, como por exemplo, acelerar ou mover-se em câmera lenta. Após as práticas de criação nos grupos é importante que os alunos apreciem os resultados desse estudo. Durante as apresentações, os alunos que estão assistindo devem procurar adivinhar quem é o primeiro, o segundo até o quinto proponente da série de movimentos. Esse Jogo/Dança se chama “A dança está com quem?” e foi criado por Uxa Xavier para o desenvolvimento de suas aulas para crianças. . Roda final Converse com os alunos, sobre esse processo de criar uma dança. O que acharam mais interessante? Como é ficar atento ao outro e ao mesmo tempo perceber-se dançando junto com o grupo? Também, é importante investigar sobre o que vem a ser uma célula coreográfica e conversar a respeito esclarecendo dúvidas. Uma maneira importante de explicar esse conceito é estabelecer um paralelo com a própria constituição do corpo, do ponto de vista das ciências biológicas. As células são as menores partes que constituem os diferentes tecidos, órgãos, sangue entre outros componentes que constituem nosso organismo; elas se repetem quanto a certos tipos, com certas características. Professor, se possível filme essa proposição. Na impossibilidade de filmar, fotografe. Além disso, após as apresentações, estenda no chão uma longa faixa de papel Kraft e solicite que coletivamente os alunos registrem desenhando com lápis de cor, giz de cera ou canetão, o que mais marcou sua apreciação das danças. Foi um ou mais gestos? Um movimento em determinado nível? Uma composição de corpos? Alguma parte do corpo em especial? Os desenhos podem ser silhuetas, isso vai resultar em um painel muito criativo que também poderá ser apreciado por todos. 65 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Proposição 11 Roda Inicial Vamos retomar as sequências trabalhadas na proposição anterior? Vamos relembrar o que fizemos? As sequencias que montamos ficaram interessantes? Por quê? Aquecimento: Acordando o esqueleto Desenvolvimento Retome os grupos da proposição anterior e relembre os movimentos criados. Agora é hora de fazermos a junção das “células coreográficas” criadas pelos alunos. Junte dois grupos e utilize a mesma estratégia. não se esqueça do objeto cênico selecionado: a cadeira. Você fará esta conexão aos poucos observando como os alunos se organizam e mediando o processo criativo. Professor, faça a conexão das células criadas na proposição anterior, observando as possibilidades de dialogo entre elas, formando assim “frases coreográficas”. A disposição das cadeiras deverá propor novos desenhos espaciais, entretanto, é de extrema importância que todos possam se ver. A ideia é trabalhar com as camadas do espaço: muito perto, perto, longe e muito longe. Mantenha o espaço de observação entre os grupos, pois essa ação é muito importante para que todos vejam e percebam o que estão criando, gerando assim uma ampliação de repertório e o exercício de apreciar, e ler movimento. Roda final Professor, solicite aos seus alunos que registrem em forma de desenho, as células coreográficas elaboradas pelos alunos a fim de montarem a sequência também em desenhos. Esse registro facilitará a execução de um “storyboard” (que será trabalhado na proposição 14). Explique aos alunos que um “storyboard” é uma maneira de organizar graficamente um roteiro, por exemplo, uma série de desenhos arranjados em uma sequência permitem a prévisualização de um desenho de animação. O processo de storyboarding como conhecemos hoje, foi desenvolvido pelos Estúdios de Walt Disney, na década de 1930. Aqui novamente você pode propor um desenho realizado pelos participantes dos grupos que se uniram. 66 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Proposição 12 Roda Inicial Professor, converse com os alunos sobre o percurso já realizado durante o “processo de criação” , e explique que a proposta agora será pensar em como ele poderá resultar, também, em uma apresentação. Para que isso se concretize , a sugestão é a criação de uma vídeo dança. Aqui é preciso ter muita consciência do que é uma produção criada e realizada por crianças, não podemos ter como parâmetro um produto profissional ou produções realizadas por grupos de jovens e adultos. A criação com crianças deve ter um frescor de descobertas e desejo de compartilhar o que criaram com aqueles que irão assistir, os modelos feio ou bonito; certo e errado, não devem servir como referência para esse processo. Na roda de conversa sugerimos você faça perguntas propostas em outros momentos: Quem já assistiu ou participou de um espetáculo de dança? Onde? Como era a dança? Lembram-se da música? Qual era? Que tipo de movimentos essa dança apresentava? Procure perceber se existem expectativas, apreensões, ou reverberações positivas e negativas a serem consideradas. A próxima etapa, no percurso das proposições seguintes também será o momento de pensar como será o figurino, a luz (se houver condições), a trilha sonora e outros detalhes que venham a contribuir para a efetivação do produto final. Aquecimento: Boneco Articulado Desenvolvimento Organizados nos grupos constituídos nos encontros anteriores e estes já com seus movimentos organizados a proposta será buscar adequações da movimentação coreográfica ao espaço cênico escolhido. Professor entregue aos grupos, os quadros das disposições das cadeiras - modelos abaixo - como sugestões para que pensem em como dispor as cadeiras para realização das células coreográficas. Explique ainda, que poderão optar por duas fileiras de cadeiras com os encostos juntos ou movimentá-las no espaço cênico, posicionando-as de maneiras inusitadas, valendo-se de toda a imaginação dos participantes. 67 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Após terem feito suas opções pela disposição das cadeiras, os grupos reproduzirão suas danças utilizando essa nova organização espacial. Incentive para que todos participem da negociação de como realizarão essa dança , por exemplo: o combinado de quem começa e como passa o movimento ao próximo sem que aquele que está assistindo descubra essa passagem, criando assim a sensação do cânone. Roda de conversa final Converse com os alunos sobre a experiência de criar a produção em grupo. Como foi fazer a escolha em dispor as cadeiras no espaço cênico? Ao pensar nesse aspecto, a célula coreográfica foi alterada? Houve dificuldades? Quais? Como foram resolvidas? Surgiram muitas ideias ou não? Como foi deslocar o objeto do cotidiano/cadeira, trazida à cena (espetáculo)? Mudou e ampliou o significado de cadeira? É interessante que você grave esses depoimentos e apresente para os alunos na aula seguinte. . 68 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Proposição 13 Professor, neste encontro é importante que você providencie uma variedade de músicas de preferência instrumental. Caso você tenha a possibilidade de gravar sons incidentais (sons de natureza, ruídos, sons de cotidiano, etc.) crie uma seleção para apresentar ao grupo. Roda inicial Inicie a atividade retomando a conversa da aula anterior; primeiramente, você pode mostrar a gravação dos depoimentos. Em seguida explique que outro elemento será acrescentado ao trabalho : o som. Apresente ao grupo sua sugestão sonora e proponha que eles trabalhem também sem som; existem muitos trabalhos em dança onde não há música, o que para Rudolf Laban constitui o conceito de dança livre. Professor, nesse momento você também pode falar sobre Mercer Philip Cunningham, nome artístico, Merce Cunningham (1919-2009). Ele foi um dançarino e reconhecido coreógrafo norte-americano; as características marcantes de sua dança, foram o caráter experimental e o estilo vanguardista. Cunningham revolucionou não apenas a maneira de se fazer e de ver a dança, mas, redirecionou todo o pensamento da dança, dando à arte coreográfica um novo status. Foi responsável pelo mais importante divórcio das artes no século 20: a autonomia da dança em relação à música. A partir desse pensamento, a dança simplesmente deixou de “correr atrás” o tempo todo da música. Suas coreografias foram compostas de maneira totalmente independente de qualquer partitura musical, e sem nenhuma proposição dramática ou sentimental. O ponto central, o “motor”, da sua criatividade é o corpo em movimento, para ele, um material repleto de sentido. Mercê Cunninghan, chegou a fazer coreografias onde a música apenas foi tocada no momento da apresentação do espetáculo, sem que os bailarinos a conhecessem previamente. http://lazer.hsw.uol.com.br/bale3.htm (acessado em 08/02/2015) Aquecimento: Boneco articulado Desenvolvimento Com os alunos organizados nos mesmos grupos dos encontros anteriores, apresente as músicas que você selecionou para esta aula, em seguida peça que experimentem e decidam a escolha do som para a coreografia. Para tanto, propicie dois momentos: um para que eles ouçam os sons e outro para que eles experimentem o que escolheram. A partir da escolha é importante que experimentem mais de uma vez a dança. Roda final O que vocês notaram na música escolhida? É adequada para os movimentos que criaram? Conversem sobre o tempo, se a música escolhida acelera ou acalma a velocidade 69 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS dos movimentos; o ritmo, de que maneira é percebido e como os movimentos “conversam” com certas marcações (por exemplo, pela escuta de um determinado instrumento musical); as pausas, que podem acontecer mesmo quando a música prossegue. Enfim, aproveite possíveis estudos que os alunos vêm desenvolvendo na linguagem da música e motive-os a aplicar esses conhecimentos nessa conversa. Por fim, lance a proposta de pensarem no figurino. O que poderíamos utilizar? Vamos pesquisar e trazer esses elementos para a próxima aula? O figurino está implicitamente ligado a pergunta: como vamos dançar? Quais são os movimentos da coreografia? Como eles podem ser valorizados com os figurinos? E, como não prejudicar a movimentação? Essa conversa dependerá do andamento do próprio processo de criação do grupo e se surgiram ideias, imagens, pequenos roteiros para nortear essa concepção visual. Proposição 14 Roda Inicial Vamos pensar em quais elementos poderemos adicionar à nossa criação coreográfica. Que tal produzirmos figurinos, cenários e elementos de iluminação? O que vocês trouxeram de ideias para o nosso figurino? Querem apresentar aos colegas ou vai ser surpresa? Aquecimento Nesta proposição é importante que aconteça um aquecimento breve. Com base em experiências anteriores você pode sugerir que, em duplas, um realize massagem no outro, na posição deitada (se estiverem agitados) ou de pé (se estiverem “calmos” demais ou com sono). A proposta é massagear o outro, percorrendo todo o corpo de forma ágil e contínua, como se o colega fosse uma massa de pão, e através do toque pudéssemos além de amaciar a massa, ir dando forma, ou melhor, vivificando a forma do próprio corpo. Isso já favorecerá a conexão entre eles. Interessante iniciar o toque pela cabeça em direção aos pés. Finalizando, sugira que retirem a “poeirinha” do corpo do colega, com toques suaves e escorregadios. Depois é a vez de trocar os papéis nas duplas: quem massageou será o massageado. Desenvolvimento Produção de figurino: após a conversa inicial com os alunos solicite que mostrem o que trouxeram de casa para utilizar como figurinos da criação coreográfica. Decida com os mesmos qual vestimenta ficará mais interessante e que oferecerá um efeito visual para a coreografia criada. É importante que essas roupas possibilitem a movimentação. Em seguida, converse com eles sobre quais recursos visuais poderão ser utilizados como cenário. Você poderá valer-se de um retroprojetor a fim de projetar imagens na parede para que estas sejam o cenário. Os desenhos produzidos durante o processo de trabalho também poderão ser aplicados no cenário. No caso de utilização do retroprojetor, sobre o vidro 70 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS do aparelho poderão ser colocados diversos elementos, tais como: clipes, barbantes, lápis, espirais de caderno e outros objetos que produzirão sombras muito interessantes e que atendam a proposta do grupo. Defina juntamente com seus alunos quais elementos poderão ser utilizados. Será necessário também indicar quem cuidará da iluminação e como essa proposta será resolvida. Lanternas feitas com papel celofane colorido para criar efeitos de luz também são um ótimo recurso para compor cenários. Explique aos alunos que o produto final desta situação de aprendizagem será a filmagem da criação coreográfica em forma de videodança. Retome os desenhos feitos na proposição 11 e monte um storyboard com os alunos, registrando a sequência que será filmada. O storyboard será composto por uma série de quadrinhos desenhados (desenhos já produzidos ou que poderão ser elaborados para essa finalidade) que deverão registrar a sequência coreográfica a ser filmada. Este instrumento ajudará seus alunos a planejar cena por cena o que será registrado. Você poderá registrar junto aos alunos a transição de cena a cena utilizando uma terminologia adequada a edição de vídeo, como fade up, cut, cross dissolve, fade out. Não se esqueça de colocar no storyboard o título da criação coreográfica e também o nome dos participantes. Seguem as especificações: Fade up – transição do fundo preto para uma cena. Cut – instante de transição de uma cena para outra. Cross dissolve – uma cena desaparecendo gradualmente e se misturando à seguinte. Fade out – transição de uma cena para o fundo preto. Roda final Converse com os alunos sobre o resultado final desta proposição. O que acharam de todo processo de criação? Se possível, solicite que registrem por escrito e junto ao seu acervo. Não se esqueça de dividir as tarefas do que cada aluno deverá trazer para a próxima aula. Proposição 15 Roda Inicial Professor providencie para esta proposição uma câmera fotográfica digital que filme ou mesmo uma filmadora para fazer o registro da vídeodança. Converse com os alunos e explique que chegou o momento do registro final de todo o processo de criação coreográfica. Aquecimento: Caminhando (com possíveis adequações a fim de preparar os alunos para a filmagem) 71 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Desenvolvimento Após o aquecimento, solicite que aos alunos que vistam as peças do figurino e organizem os elementos preparados para a filmagem: cenário, som e iluminação. Em seguida, seguindo com o storyboard já produzido, inicie o processo de filmagem da videodança. Caso necessário repita a coreografia e filme de diversos ângulos a fim de obter diferentes materiais para a edição do vídeo. Professor, você necessitará, após as filmagens providenciar algum software de edição de vídeos para fazer os recortes necessários no material filmado. Verifique se algum colega de equipe ou aluno domina esse tipo de ferramenta e solicite ajuda se for necessário. Caso sua escola possua sala de informática, certamente os estagiários terão muito boa vontade e competência para participar da produção. O vídeo deverá ser editado seguindo o que foi previamente elaborado. Roda final Pergunte aos alunos como se sentiram vivendo a experiência de serem filmados. Grave esses depoimentos que poderão ser incluídos na edição da videodança. Proposição 16 Roda Inicial Professor, inicie a aula dizendo que é importante compartilhar com os colegas os movimentos criados pelos grupos e que, hoje eles farão o papel de “protagonistas”. Fale sobre a importância da plateia numa apresentação artística. Eles terão a comunidade escolar como plateia, porém lembre-se de planejar com antecedência e combinar com a equipe gestora da escola a data e o local da apresentação, bem como quem será convidado para a apreciação. Desenvolvimento: Apresentação da videodança elaborada. Roda final Após a apresentação da vídeo/dança, organize os alunos em roda e sentados confortavelmente e solicite que a plateia fale suas impressões sobre a apresentação. A seguir, peça para cada grupo que se apresentou exponha seu processo de criação e observe os comentários dos colegas respeitando todas as opiniões. 72 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRUM, Leonel; CALDAS, Paulo; BONITO, . Ensaios contemporâneos de vídeodança. Rio de Janeiro: Editora Aeroplano, 2012. COSTA, Susana França da. Videodança na educação: crianças que operam e editam. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação, 2011. Disponível em http://hdl.handle.net/10183/36314, acesso em agosto de 2013. LOBO, L.; NAVAS, C. Teatro do Movimento. Um método para o intérprete criador. Brasília: LGE Editora, 2003. LOBO, Lenora; NAVAS, Cássia. Arte da Composição: Teatro do Movimento. Brasília: LGE Editora, 2008. SUGESTÕES PARA PESQUISA SONORA CDs concebidos para aulas de dança contemporânea de jovens e adultos: Música para Dança Contemporânea, V.1. Gattamorta, Divanir. Distribuidora: Divanir Gattamorta. Paisagens Rítmicas. Música para Dança Contemporânea, V.2. Gattamorta, Divanir. Distribuidora: Divanir Gattamorta. LINKS DOS VÍDEO SUGERIDOS William Forsythe http://www.youtube.com/watch?v=SGvfqpQZC-s http://www.youtube.com/watch?v=cufauMezz_Q http://www.youtube.com/watch?v=aCbVTR-l5RQ http://www.youtube.com/watch?v=TNebCPB9gqk Merce Cunnigham http://lazer.hsw.uol.com.br/bale3.htm 73 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS MÚSICA Thiago Abdalla 6 O material didático-pedagógico da linguagem musical aqui oferecido apresenta as expectativas e prevê situações de aprendizagem para o desenvolvimento de habilidades relacionadas, prioritariamente, ao uso da voz e do corpo como instrumentos musicais. Incluímos, também, situações com foco na apreciação musical e na utilização de instrumentos musicais de pequena percussão (tambor, caxixi, reco-reco, triângulo, chocalho etc). No decorrer deste texto, refletimos sobre a música, seus parâmetros e sua função na sociedade. Diversos povos desenvolveram práticas musicais que são autênticas e representam sua própria cultura. Como um primeiro exemplo, conhecemos a forma “cantiga de ninar”, na qual adultos envolvem bebês cantando com “carinho sonoro”. Esta forma de canção existe em diferentes partes do mundo e está permeada de elementos que nos ajudam a identificar a cultura de cada região, tanto por características musicais quanto pela letra da canção. Em um segundo exemplo, sabemos que existem canções praticadas durante rituais de natureza diversa – casamentos, funerais, celebrações em dias específicos etc. – que, em muitas regiões do mundo, são entoadas pelas pessoas da própria comunidade. Verificamos nestes exemplos, músicas que não são, exclusivamente, executadas por profissionais. Este repertório faz parte da tradição musical de cada povo. E também, sabemos que a música é uma das linguagens da arte e, deste modo, pode demandar conhecimento teórico e técnico específico. Muitos anos de prática e estudo são necessários para o desenvolvimento de conhecimento e habilidades em nível profissional. Neste caso, são pessoas que optam por dedicar suas vidas, aperfeiçoando-se constantemente, em busca do desenvolvimento técnico e expressivo. Essa especialização pode ocorrer tanto em relação às carreiras quanto aos gêneros. Nesse sentido, as carreiras mais comuns em música são: compositor, instrumentista (pianista, violonista, flautista...), cantor, regente, professor e musicólogo; cada qual com sua especificidade. E além do gênero de música tradicional supracitado, existe a música popular e a música clássica, que também pode ser denominada de “erudita” ou “de concerto” (MOLINA, 2010). Assim como as carreiras, cada gênero possui suas características e seus estilos e períodos próprios. No entanto os músicos transitam entre estes gêneros e engendrando uma troca de experiências enriquecedora e criativa. Por exemplo, um renomado compositor (erudito) brasileiro, Heitor Villa-Lobos, inspirou-se na música popular para suas composições, como é o caso dos Chôros ou da Suíte Popular Brasileira. E, inclusive, utilizou melodias da música 6 Thiago Abdalla é bacharel e mestre em Música pela USP, professor na Tom Jobim - Escola de Música do Estado de São Paulo e violonista do Quarteto Quaternaglia. 74 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS tradicional brasileira, como o Sapo Cururu, Na Mão Direita, Rosa Amarela etc. para compor arranjos reunidos sob o título Guia Prático. Tais canções são um pequeno recorte da diversidade cultural presente no Brasil. As melodias são de domínio público, ou seja, não se atribui a elas a autoria de um compositor específico. Nasceram da musicalidade do povo e passaram por sutis modificações no decorrer de gerações. Muitas vezes com diferentes versões em cada região do país. Possivelmente, este desenvolvimento da música tradicional ocorreu simplesmente porque as pessoas sentiamse felizes em cantar sozinhas e/ou em grupo. Da mesma forma, nós e nossos alunos, nos sentimos felizes quando trabalhamos diretamente com a música. Ou seja, a capacidade de cantar e expressar-se por meio da linguagem musical é intrínseca ao ser humano. No decorrer da história da música, desenvolveu-se conhecimento estético e teórico acerca desta produção cultural. Este arcabouço nos ajuda a compreender e aprofundar a nossa aprendizagem na linguagem musical. Para nós e nossos alunos, a falta deste conhecimento em sua amplitude, não diminui a capacidade de sentir os sons. Contudo, a aprendizagem em música se sustenta com a assimilação e a articulação de recortes importantes do conhecimento teórico com a prática criativa dos alunos. Por exemplo, se nos preocupamos em ensinar a escrita das figuras rítmicas, em outros momentos das aulas deixamos os alunos “senti-las” no próprio corpo. De que valeria saber todos os nomes das notas, dos acordes e das tonalidades se não conseguíssemos usá-los em uma música por nós composta ou interpretada? Portanto, nosso material didático apresenta conceitos e fornece ideias para um trabalho musical que contemple os três gêneros (tradicional, clássica e popular) e práticas elementares relacionadas às diferentes carreiras, sem deixar de contemplar momentos de invenção e criação pessoal. O QUE É MÚSICA? MÚSICA É A LINGUAGEM DOS SONS. MAS O QUE ISTO SIGNIFICA? O cotidiano é repleto de sons, inclusive nossa linguagem verbal utiliza sequências de sons e silêncios (consoantes, vogais e pontuações) para: explicar, descrever, exigir, argumentar, suplicar, entusiasmar etc. Nossa fala organiza-se por meio de palavras, que formam frases e textos. E estas sequências de sons (palavras) podem representar nomes próprios, conceitos, objetos, situações ou ações. Neste caso, os sons são imediatamente convertidos em linguagem verbal. Agora, imagine duas pessoas que conversam em um idioma que não dominamos. Não compreendemos sua comunicação verbal! Quase escutamos tal conversa como se fosse música: uma sequência de timbres (ao menos um diferente de cada pessoa), os sons das consoantes e das vogais, as entoações, inclinações para o agudo e para 75 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS o grave (alturas), intensidades distintas no decorrer do tempo e a velocidade com que cada som é emitido (durações). Poderíamos considerar este diálogo como música? Houve uma intenção musical por parte dos emissores dos sons? Houve uma interdependência musicalmente planejada dos parâmetros sonoros? O objetivo da conversa foi exclusivamente a comunicação verbal entre aqueles sujeitos? Quando trabalhamos com a linguagem dos sons, organizamos no tempo todos os parâmetros intrínsecos de uma música de uma forma equilibrada e transparente. Tanto o ouvinte quanto o executante devem perceber diversas características simultâneas dentro de uma mesma frase musical. Ao cantar uma música coletivamente, nossos alunos devem perceber a voz do professor, a sua própria e a de seus colegas, caso contrário, ritmo e afinação estarão definitivamente prejudicados. Ao executar com clareza e transparência, demonstramos a interdependência entre os parâmetros, conseguimos nos comunicar com esta linguagem dos sons. Em alguns casos, a música pode exprimir ideias extramusicais. Isto é facilmente exemplificado por meio dos hinos patrióticos. Ao escutar o Hino Nacional Brasileiro, mais do que uma música, este conjunto de sons expressa o nosso povo, nossas cores, nossa natureza, nossos cheiros, conquistas e fracassos. Raramente escutamos esse hino como uma sequência de alturas, durações, timbres e intensidades interdependentes entre si. O mesmo pode acontecer com vinhetas televisivas e, de uma maneira mais individualizada, com músicas que ficaram marcadas em nossas memórias. Dentre os motivos, poderíamos destacar eventos que presenciamos ou paixões vividas, nos quais determinada música esteve presente. De fato, o discurso musical não comunica ideias, conceitos e ações como a linguagem verbal. O âmbito de sua ação está associado às emoções e sentimentos. E no contexto até aqui apresentado, a prática musical poderia ser o equilíbrio entre esses aspectos emocionais (a paixão, o que move) com os aspectos racionais (o procedimento, o saber fazer e o compreender), como ocorre na execução de ritmos, frases, harmonias, melodias etc. PARÂMETROS DO SOM ALTURA Entendemos que o parâmetro das alturas organiza os sons em toda a vasta gama que vai do grave ao agudo; do “grosso” ao “fino”. Um som pode ter alturas definidas, como o piano ou a flauta; ou alturas indefinidas como a maior parte dos instrumentos de percussão. Em contextos musicais, quando tocamos diversos sons de diferentes alturas, em um mesmo momento, obtemos um acorde: 76 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Já quando conectamos estes sons, de diversas alturas, no decorrer do tempo, obtemos uma melodia. Ao juntar uma sequência de diferentes acordes obtemos a harmonia da música. DURAÇÃO Como próprio nome indica, este é o parâmetro que nos auxilia a identificar o som no tempo. Resumidamente, podemos dizer que um som pode ser longo ou curto. Com a combinação entre estas diversas durações, no tempo, temos os ritmos. E há uma ciência bastante desenvolvida para medir o comportamento destes sons, de diferentes durações, no tempo. É relacionado a este parâmetro que escutamos palavras como: - Pulso: é a unidade de medida da música. Normalmente, batemos palmas ou caminhamos com o pulso da música. Na maior parte do repertório que fazemos com as crianças o pulso se mantém constante. Após a compreensão de pulso podemos desdobrar para: - Andamento: de acordo com Sadie (1994, p. 28), é a indicação de velocidade em que uma peça musical deve ser executada. Para isto, dispomos de toda a gama que vai do lento ao rápido. - Compasso: é a organização dos pulsos fortes e fracos de uma música em ciclos de igual tamanho (binário, ternário e quaternário). - Padrões rítmicos/ostinatos: é normal acompanhar músicas por meio destes padrões. Trata-se de prover um grau de variação um pouco maior para o acompanhamento musical. - Figuras rítmicas: Figuras rítmicas: relacionadas ao parâmetro das durações, cada figura rítmica representa uma relação proporcional no tempo. Por exemplo, no mesmo pulso no qual é tocada uma semínima é possível tocar duas colcheias ou quatro semicolcheias. E, nesse 77 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS mesmo contexto, precisa-se de dois pulsos para se tocar uma mínima ou quatro pulsos para uma semibreve, de acordo com a imagem a seguir: TIMBRE De acordo com Sadie (1994, p.947), o timbre “é o termo que descreve a qualidade ou o “colorido” de um som; um clarinete e um oboé emitindo a mesma nota (a mesma altura, duração e intensidade) estarão produzindo [sons de] diferentes timbres.” Em outras palavras, trata-se das características qualitativas de determinado instrumento ou voz. Podemos reconhecer um instrumento musical ou a pessoa que está falando somente pela audição. Isto é possível, entre outros motivos, pelas características singularidades de timbre que cada emissor sonoro possui. Identificamos em nossos corpos uma diversidade de timbres a ser explorada musicalmente. Os pés que se encostam ao chão, as mãos que percutem as pernas e as palmas são algumas sonoridades que nossos alunos são capazes de produzir. INTENSIDADE Este último parâmetro musical corresponde à relação entre sons fracos e fortes. Assim como os demais parâmetros, no decorrer de uma música percebemos como as diferentes intensidades são exploradas pelos compositores e intérpretes. O músico Murray Schafer (1991, p.71) descreveu que silêncio é um recipiente dentro do qual é colocado um evento musical. Por este motivo há a necessidade de preparar um ambiente adequado para as crianças vivenciarem todos os parâmetros da música. É a partir do silêncio, tanto externo quanto interno, que conseguimos apreciar e produzir música e toda a sua gama de intensidades. 78 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Até este momento, descrevemos as partes que compõe um som (parâmetros do som). Qualquer som que escutamos é um composto simultâneo destes parâmetros, como por exemplo: 1) O tic-tac do relógio é de altura (grave/agudo) indefinida, cada evento sonoro é bastante curto em duração e repete-se a cada segundo, o timbre é tão variado quanto os materiais que são utilizados na estrutura do objeto e a intensidade é bastante fraca – somente perceptível nos momentos mais silenciosos do dia; 2) Um apito: é agudo, duração longa, timbre próximo a um instrumento de sopro e a intensidade permanece constante até a pessoa que apita parar de assoprar; 3) Freios acionados em um carro a alta velocidade: som bastante agudo, dura o tempo em que o carro permanecer em movimento, o timbre é típico de situações em que há fricção e a intensidade permanece constante enquanto o carro estiver em movimento. A partir destes exemplos percebemos como, somente um som, é composto simultaneamente pelos parâmetros: Altura, Duração, Timbre e Intensidade. Se levarmos este conceito para a música, que possui centenas ou milhares de sons imagine até que ponto podemos desenvolver nossa percepção musical! E também, a música é uma linguagem da arte que acontece no decorrer do tempo, não é visível e nem palpável, é efêmera. Deste modo, a repetição faz-se necessária para o ouvinte aumentar as possibilidades de apreciação e assimilação. Por vezes, elementos se repetem, como por exemplo, um refrão. Outras vezes repetimos integralmente a obra musical ou parte dela. Gostamos de escutar repetidas vezes a mesma música para assimilar o modo como seus sons se comportam no tempo, mesmo que não estejamos conscientes, racionalmente, destes elementos. A simples escuta produz um prazer no ouvinte, tornando-o mais próximo da música quanto mais ele a ouve. Em sala de aula, repetimos as canções com este mesmo intuito: possibilitar a assimilação e a fruição musical em nossos alunos. Cada música que escutamos imprime suas características em nosso corpo e mente. No decorrer da audição captamos os movimentos dos ritmos, melodias e harmonias e logo criamos um relevo interno desta escuta. Nossa memória compara as sensações que cada parte musical nos suscita e conseguimos, até mesmo, prever a movimentação que se seguirá. Neste sentido, o movimento sonoro produz um movimento no corpo. Ao executar uma peça musical, o movimento de nosso corpo (braços, mãos, dedos, pés e a voz) geram o movimento sonoro que, por sua vez, estimula novamente nosso corpo. De acordo com Doug Goodkin, música é o som em movimento e movimento é a dança dos sons (2002, p.17). 79 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS POSSIBILIDADES DE AQUECIMENTO Descrevemos, a seguir, diversas possibilidades para iniciar um aquecimento por meio de sons vocais e de percussão corporal. Não há necessidade de explorar todas as possibilidades na mesma aula! Selecione aquelas sonoridades que mais se relacionarem com a proposição do dia. O repertório musical que elegemos para as aulas nunca se apresenta isolado somente em seus aspectos técnicos. Cada música tem seu ritmo, melodia, harmonia, intensidades e timbres, mas também tem um caráter expressivo que pretende “comunicar” um sentimento ou um contexto sensorial. Aquecemos nossa turma para serem expressivos musicalmente quando contextualizamos não apenas os aspectos sociais ou históricos da peça, mas, também, os aspectos sensíveis. A música pode ser alegre, triste, saltitante, sonolenta, assustadora, heroica, romântica, fria, suave, pesada, etérea, da terra etc. Ela pode até significar algo além do próprio som, como é o caso da peça “Cuco no fundo Bosque”, de Camille SaintSaëns (1835-1921), que o clarinete simula o som do pássaro cuco. Não existe um procedimento que englobe todas as formas de despertar o interesse da turma. Qualquer aquecimento deste tipo depende da compreensão profunda do repertório associada com uma criatividade para encontrar formas de relacionar a música com aspectos da vida e outras áreas de conhecimento. No decorrer das situações de aprendizagem, descrevemos algumas possibilidades deste aquecimento. Certamente, a sua experiência introduzirá novos elementos. Apresentamos, a seguir, as três formas mais comuns de aquecimento: AQUECIMENTO 1 - PARA O CORPO O aquecimento de despertar o corpo pretende sempre realizar um trabalho duplo: a) lubrificar as articulações e acordar os músculos e b) repertoriar os corpos dos alunos com as sonoridades que se destacam dentro de determinada situação de aprendizagem. Por exemplo, se precisamos utilizar sons de percussão corporal, devemos definir os tipos a serem utilizados em cada situação. Se percutirmos com as mãos na perna, qual será o tamanho do movimento? Será de maneira alternada ou as duas mãos ao mesmo tempo? 80 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Percutindo a perna com as mãos alternadas e movimento curto Evite percutir com movimentos grandes e fortes Movimentos do mesmo tamanho geralmente sons com maior sincronia no tempo Ao bater palmas, qual o som que tiramos de cada parte da mão? Qual será a amplitude do movimento? 81 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Batendo palmas com a mesma distância entre as mãos de diversos alunos Som seco e grave Som aberto e estalado Ao percutir com os pés no chão, quais articulações estão envolvidas? Deixamos os pés serem levados pela gravidade ou forçamos sua chegada ao chão? Quanto levantamos? Não há resposta correta para estas perguntas. De fato, cada movimento gera um som diferente, e pretendemos aquecer os corpos (e ouvidos) de nossos alunos para perceber estas sutilezas de som. 82 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Pés percutem o chão De maneira geral, este procedimento dá oportunidade à turma de explorar as sonoridades por repetição, tanto de maneira rítmica quanto com o tempo mais livre. O simples fato de emitir um som coloca a criança em contato com todos os parâmetros musicais (Altura, Duração, Timbre e Intensidade). Desta forma, se o nosso foco estiver nos parâmetros do som a repetição torna-se um importante exercício técnico para o desenvolvimento da percepção musical. Por exemplo: Podemos ter o objetivo, durante o aquecimento, de fazer com que as crianças assimilem uma sequência rítmica composta por dois sons Pés (percutindo o chão) e três Palmas, como na sequência rítmica abaixo: OBS.: As duas linhas abaixo (Pés e Palmas) são lidas simultaneamente, da esquerda para a direita. Observe que, primeiro, os pés percutem o chão e, em seguida, batem-se as palmas. Podemos selecionar somente estas duas sonoridades para o aquecimento. E cada sequência rítmica deve ser repetida tantas vezes quanto forem necessárias para assimilação correta do ritmo, intensidade e do movimento adequado para realização de determinado som. Neste exemplo, dividimos em quatro etapas: 83 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Obs.: Na partitura anterior introduzimos o sinal de pausa ou silêncio: Há uma diversidade de outros sons que podem ser produzidos pelo corpo: a. Utilizar somente alguns dedos de uma mão contra a palma da outra mão; b. Percutir as palmas contra o peito; c. Esfregar uma mão contra a outra produzindo um som de fricção; d. Estalar os dedos; AQUECIMENTO 2 – PARA A VOZ Para o contexto de sala de aula, com melodias breves e com poucas notas, a ideia do aquecimento vocal é similar ao do aquecimento corporal. Despertar os timbres vocais para diferentes sons, aquecer as cordas vocais para emitir sons claros e com maior controle e treinar as articulações de diferentes consoantes. O procedimento básico permanece o trabalho com imitação por eco, como: Possibilidades de sons: a. sílabas simples. Ex,: ta, tu, lu, ni etc; b. sílabas combinadas: Ex.: ti-ri, ta-ti, tu-ru, ta-ra-te; 84 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS c. ruídos como shhh, chhh ou fhh; E ainda, pode-se trabalhar com a imitação de sons de: a. Animais; b. Máquinas; c. Instrumentos musicais; d. Objetos AQUECIMENTO 3 – PARA A VOZ E PARA O CORPO Professor, para este aquecimento sugerimos, primeiramente, a organização dos alunos em um círculo e em seguida: 1) Peça a um aluno que emita um som, escolhido entre as categorias acima citadas, acompanhado de gestos e movimentos corporais, para que os demais alunos o repitam. Quanto menos palavras precisar usar para este procedimento, maior será a atenção dos alunos ao som, este é o jogo. 2) Você poderá estabelecer uma pulsação para o som criado e também trabalhar com sonoridades mais livres ritmicamente. Caso opte por uma pulsação regular, observe abaixo um exemplo em partitura convencional: 85 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS 3) Planeje trabalhar elementos (ritmos, melodias, acompanhamentos etc.) em sons do cotidiano ou da natureza. 4) Comece a ensinar as frases musicais das canções que queira ensinar em pequenos trechos, improvisados por você, a serem repetidos pelas crianças. Obs.: As crianças assimilarão do modo que o professor cantar. Portanto, é preferível ser fiel aos ritmos e a afinação de cada canção! O professor poderá ainda introduzir os parâmetros do som, comentar características vocais e maneiras de se fazer percussão corporal. Por meio desta ação, facilitará o processo de construção de conhecimento da linguagem musical. Uma enorme conquista para o professor, com relação a esta faixa etária, será promover o conhecimento de um vocabulário comum para falar de som. O contraste entre elementos musicais já é um ótimo começo! Palavras como grave e agudo, lento e rápido, comprido e curto, forte e fraco, podem parecer simples, mas são fundamentais para o desenvolvimento musical e precisam ser exercitadas para a correta assimilação das crianças. AVALIAÇÃO Antes de iniciar as proposições, reflita um pouco sobre a avaliação diagnóstica. É importante conhecer seu aluno musicalmente. Por meio das habilidades musicais apresentadas nos aquecimentos, podemos identificar as características de nossos alunos, tais como: ritmo e afinação. CONCLUSÃO Pretendemos, com este material, compartilhar ideias para uma prática coletiva de música para os alunos da rede pública do Governo do Estado do Estado de São Paulo. Esperamos que o aluno exercite, ao escutar, cantar e tocar, o autoconhecimento de seu próprio corpo que produz o som em harmonia com os colegas da turma. E tudo isto em busca da música! Seus gêneros, formas, melodias e ritmos. Deste modo, exercemos também relações interpessoais de criação com esta prática. Desejamos proporcionar uma experiência artística aos alunos por meio dessa linguagem. A relação entre os seres humanos pode ser pautada por uma diversidade de comportamentos e sentimentos que nem sempre ocorre, mas buscamos cultivar relações harmoniosas na vida escolar. E, em uma relação análoga, dois ou mais sons, ao serem executados com suas alturas, durações, timbres e intensidades, harmonizam-se e é esta noção de harmonia que se faz necessária: [...] em cada ser humano, principalmente nas crianças, incipientes no ato de viver, cujas experiências são determinantes na composição harmoniosa de pessoas capazes de considerar 86 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS coração e cérebro interdependentes; como na música: onde vozes e instrumentos dialogam simultaneamente enquanto se ouvem e se respeitam... É por isso que as crianças e os sons devem coexistir no espaço da escola... E é por isso que a música faz parte do currículo de Arte.(Cristina Ap. Zaniboni Antonelli, PCNP Ourinhos) Esta introdução foi elaborada com o objetivo de oferecer subsídios teóricos e práticos para uma execução criativa de um repertório musical, apropriado para os anos iniciais do Ensino Fundamental. Destacamos nas situações de aprendizagem de cada ano proposições desenvolvidas a partir de canções tradicionais, jogos musicais e histórias. A sequência está organizada de forma a proporcionar a experimentação e a apreensão de alguns elementos específicos da linguagem musical por parte dos alunos. Neste sentido, todas as situações visam ao desenvolvimento musical por meio de diferentes relações do indivíduo com o som e seus parâmetros (altura, duração, timbre e intensidade). No decorrer deste material fornecemos ideias para o momento de preparação e de realização da aula. Selecionamos um repertório para uma vivência musical diversificada. Contudo, outras canções poderiam se adaptar a algumas das situações descritas. Neste caso, avalie as semelhanças e diferenças de seu repertório de jogos e canções e adapte-as aos procedimentos expostos! Inclusive, algumas das músicas, que nossos alunos trazem consigo, são preciosas e podem constar em nossas aulas. Destacamos que é de fundamental importância que o professor se aproprie dos conteúdos e procedimentos apresentados nessas proposições com a finalidade de ensiná-los com segurança e tranquilidade. Sendo assim, muitas colocações teóricas, partituras e explicações mais detalhadas, servem para a sua aproximação com a música. No entanto, caso o professor não se sinta preparado para “ler” as partituras, isso não impedirá o desenvolvimento das proposições, pois as músicas foram encaminhadas para sua escola gravadas em um CD. Além disso, a música na escola envolve ouvir, entender, apreciar, improvisar, pesquisar, conhecer, experimentar e praticar num processo longo e contínuo que dependerá da persistência e interesse do professor. 87 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDALLA, M.F.B. Da formação dos professores de Música. Jornal da ABRAORFF, Ano 5, n. 5, p. 7, dez. 2010. BARENBOIM, D. A música desperta o tempo. São Paulo: Martins, 2009 BRASIL. Lei n. 11.769, de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade de Música na educação básica. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, p. 1, 19 de agosto de 2008, seção I. BRASIL. Secretaria de Educação. PCN Arte. Ciclo I. Brasília: MEC/SEE, 1997. GOODKIN, Doug. Play, Sing and Dance: An Introduction to Orff-Schulwerk. Ed. Schott. New York, 2002. FERRAZ, M.H.C.T.; REZENDE E FUSARI, M.F. Metodologia do Ensino de Arte. São Paulo: Cortez, 1993. FONTERRADA, M.T.O. De tramas e fios. São Paulo: UNESP, 2003. FONTERRADA, M.T.O. Linguagem verbal e linguagem musical. Cadernos de Estudo: Educação Musical nº 4 e 5. São Paulo, 1994, p. 30-43. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Arte - Ensino fundamental. Brasília: SEF/MEC, 1998. MOLINA, Sidney. Música clássica brasileira hoje. São Paulo: Publifolha, 2010 ORFF, C. The Schulwerk. Nova York: Schott Music Corp, 1978. SCHAFER, M. O ouvido pensante. São Paulo: UNESP, 1991. SOUZA, J. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino fundamental e médio. Políticas e ações para o ensino de Música nas escolas. Anais do VII Encontro Anual da Abem. Recife: Abem, 1998, p. 16-18. 88 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS QUADRO CURRICULAR – MÚSICA Expectativa de aprendizagem Executar canções com precisão rítmica, com afinação adequada e com expressividade; Praticar ritmos com percussão instrumental e/ou corporal; Condições didáticas e indicadores para a elaboração de atividades Realizar um repertório de canções e jogos musicais que favoreçam a execução das propriedades melódicas em diversos contextos de gênero, ritmo, pulso, compasso e forma; Explorar diferentes maneiras (voz, corpo e/ou instrumentos) para trabalhar a rítmica em determinado repertório; Observar se o aluno Executa e improvisa com atenção e cuidado as características musicais de determinada obra; Sente-se à vontade enquanto manipula instrumentos ou realiza percussão corporal, mantendo a atenção nas Alturas, Durações, Timbres e Intensidades. Alcança um controle motor e relaxamento muscular com a finalidade de evitar tensões desnecessárias que gerem cansaço, desconforto e/ou imprecisão durante a execução; Aprimorar a concentração e memória durante a apreciação musical refletindo sobre os parâmetros sonoros; Criar um arranjo rítmico, improvisar e compor sequências de sons sobre um tema proposto (sonoplastia/arranjo); Conhecer e interagir sobre um gênero, período e/ou estilo; Fornecer momentos de apreciação musical que favoreça a escuta atenta aos sons. Ex.: colocar gravações em equipamentos de som, localizados em salas silenciosas, comentar a instrumentação e características singulares de cada gravação. Se pertinente, comentar o contexto histórico da composição e/ou gravação. Possibilitar a improvisação e composição de arranjos simples para as canções, jogos e histórias. Ex.: 1) uma canção pode ter uma introdução composta pelos alunos a partir de jogos de improvisação rítmicos; 2) um jogo pode ter um acompanhamento composto pelos alunos; 3) uma historia pode ser sonorizada com diferentes sonoridades; Estabelecer conhecimentos frente a um gênero, período ou estilo musical. Ex.: ao propor uma canção aos alunos, como Asa Branca, de Luiz Gonzaga, contextualizar : - aspectos do estilo: instrumentação (acordeom, triângulo e zabumba), andamento, melodia e harmonia, que caracterizam o Baião; - aspectos históricos: o contexto da região, Concentra-se atentamente ao momento de apreciação musical. Identifica e assimila elementos da música durante a escuta, sendo capaz de compartilhar suas impressões; Utiliza sequencias de sons simples para improvisar/compor partes de uma música ou de seu acompanhamento; Estabelece conhecimentos acerca do contexto em que as obras musicais foram compostas ou que são pertencentes à determinada cultura; 89 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS do país no período em que a música foi composta, citar outros compositores relevantes (como Dominguinhos e Jackson do Pandeiro) e outras formas como Xote, Xaxado e Arrasta pé). 90 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS MÚSICA - 5º ANO Situação de Aprendizagem I Expectativa de aprendizagem: Executar canções com precisão rítmica, com afinação adequada e com expressividade; Praticar ritmos com percussão instrumental e/ou corporal; Criar um arranjo rítmico sobre um tema musical proposto; Conhecer e interagir sobre um gênero, período e/ou estilo. Conteúdo: Duração Figuras rítmicas Percussão corporal Aquecimento Realize com os alunos o aquecimento 1 Proposição 1 Professor, em todas as partituras que trabalhamos nos anos anteriores aparecem as figuras de som e de silêncio. Nesta proposição retomaremos esse conteúdo. Lembre seus alunos que o silêncio, em música, se chama pausa. A pausa é o intervalo de silêncio que os músicos eventualmente realizam em uma peça musical. Cada símbolo de pausa corresponde a uma determinada duração. As pausas (silêncio) são muito importantes também para os cantores, pois durante o silêncio, eles respiram. Aproveite para conversar com seus alunos sobre a importância e valor do silêncio. Pergunte para eles em quais momentos o silêncio é muito importante – dormir, ouvir, falar, descansar? Será que o conceito de silêncio é tão importante na música quanto em nosso dia a dia? Existe música sem silêncio, isto é, pausa? Se pausa é um intervalo de silêncio, seu tempo de duração é sempre igual ou pode ser diferente durando mais ou menos? Professor, fique atento às respostas, pois por meio dessa breve conversa você poderá avaliar os conhecimentos dos seus alunos. Em seguida, apresente o quadro abaixo para que tomem consciência das figuras e recordem o que já aprenderam, ou não. Figura de duração do som semínima um tempo Figura de duração do silêncio pausa da semínima um tempo 91 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Figura de duração do som colcheia meio tempo Figura de duração do silêncio pausa da colcheia meio tempo É importante lembrar também: Figura de som – duas colcheias, que correspondem a uma semínima, isto é, um tempo. = = Apresente as figuras rítmicas para os alunos e faça combinações para serem lidas com palmas. É interessante estabelecer um compasso para realizar este exercício como, por exemplo, o quaternário. Observe os exemplos abaixo: palma palma palma palma palma palma palma silêncio palma silêncio palma silêncio palma 2 palmas de 1/2 tempo palma palma Crie várias combinações, repita quantas vezes forem necessárias para que todos façam a leitura com segurança. 92 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Proposição 2 Relembrando ainda as figuras de duração do som e do silêncio, apresente para os alunos o “baralho musical”. Providencia cópias xerográficas das cartas do baralho das páginas a seguir, recorte-as e cole em papel cartão, cartolina, ou EVA. Organize os alunos em grupos de 4 ou 5 e distribua um baralho para cada grupo. Como jogar: 1. As cartas são distribuídas entre os jogadores; 2. O aluno que receber a carta com o nº 3 ( ), inicia o jogo colocando-a no centro da mesa; 3. Os demais alunos que tiverem combinações de figuras de som e de silêncio que somem 3 tempos, um a um, em sentido anti-horário, vão colocando suas cartas sobre a de número 3; 4. O último aluno que tiver a combinação de 3 tempos além de colocar sua carta sobre as que estão no centro da mesa, coloca uma carta nova (a que ele escolher, independente da soma das figuras); 5. Os demais alunos que tiverem combinações de figuras de som e de silêncio com soma igual à última carta lançada, vão colocando suas cartas; 6. O último aluno que tiver a combinação de tempos além de colocar sua carta sobre as que estão no centro da mesa, coloca uma carta nova (a que ele escolher, independente da soma das figuras); 7. Continue o jogo até que termine as cartas das mãos de um dos jogadores. Professor, se você observar que alguns alunos apresentam dificuldades com a duração de tempo das figuras de som e de silêncio, reinicie o jogo. 93 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS 94 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS 95 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS 96 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS 97 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS 98 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Proposição 3 Professor, iniciamos esta proposição com uma dança de roda, uma ciranda. Escolhemos a ciranda por sua melodia simples e ritmo quaternário. Além disso, o compasso é bem marcado. Nas cirandas o mestre cirandeiro utiliza basicamente instrumentos de percussão. A ciranda é uma dança típica das praias, mais precisamente daquelas situadas ao norte de Pernambuco. Sua origem não se restringe ao litoral. Nas pesquisas realizadas sobre esse folguedo, verifica-se que seu surgimento ocorreu simultaneamente, tanto na zona litorânea quanto em certas áreas do interior. Antigamente o ambiente de apresentação restringia-se aos locais populares. Seus participantes eram, basicamente, trabalhadores rurais, pescadores, operários de construção, entre outros. É muito comum a definição de ciranda como uma brincadeira de roda infantil. De fato, nas demais regiões do Brasil ela é um costume exclusivo das crianças, porém, no estado de Pernambuco, trata-se de um folguedo original, contando principalmente com a participação dos adultos, que não excluem a criançada quando desejam entrar na roda. Folguedos são festas lúdicas populares realizadas uma vez por ano em diferentes regiões do Brasil. De origem religiosa, católica ou africana, porém também folclóricas contam com a presença das linguagens da música, dança e representação teatral. Os integrantes das cirandas são conhecidos como cirandeiros e cirandeiras. Com os alunos organizados em círculo, relembrem as músicas de brincadeira de roda que conhecem. Agora, convide as crianças a darem as mãos e iniciarem o movimento da roda para aprenderem a ciranda Casa de Farinha: Mandei fazer uma casa de farinha Bem maneirinha que o vento possa levar Oi passa sol, oi passa chuva, oi passa vento Só não passa o movimento Do cirandeiro a rodar. Achei bem bonito meu amor brincar Ciranda maneira Vem cá cirandeira Vem cá balançar. 99 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Cante com os alunos repetidas vezes movimentando a roda hora para a direita, hora para a esquerda, observando com as crianças que os pés se movimentam no pulso da música (os passos são trocados no pulso). Continuar a movimentação da roda acentuando a batida do pé no chão tempo forte na primeira parte da música (observe, que a música está escrita em compasso quaternário). Caso você tenha dúvidas em localizar os tempos fortes, observe abaixo a letra da música com os tempos fortes indicados em negrito: Mandei fazer uma casa de farinha Bem maneirinha que o vento possa levar Oi passa sol, oi passa chuva, oi passa vento Só não passa o movimento Do cirandeiro a rodar. Achei bem bonito meu amor brincar Ciranda maneira Vem cá cirandeira Vem cá balançar 100 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Proposição 4 Professor, nesta proposição você vai realizar com os alunos um jogo rítmico. Antes de iniciar, providencie uma cópia xerográfica das cartelas das páginas a seguir, recorte-as e cole em papel cartão, cartolina, EVA, etc. 101 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS 102 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS 103 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS 104 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS 105 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Organize os alunos em roda. Mostre as cartelas e as coloque dentro da roda, viradas, ocultando as imagens. Oriente as crianças que, quando a música parar, uma delas (voluntária) deverá ir para o centro da roda, e escolher a cartela. 106 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS e executar o ritmo ali descrito, com a percussão corporal (palmas, pés, mãos nas coxas, etc.) que o aluno preferir. 107 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Explique que quando na cartela escolhida estiver escrito “IMPROVISAR”, um ritmo será improvisado. 108 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Inicie a ciranda com todos cantando e se movimentando até a frase: “do cirandeiro a rodar”. Interrompa a roda e o canto e convide uma criança para escolher uma cartela e executar o ritmo correspondente. Continue o canto até o final. Neste momento outra criança irá para o centro da roda. Se a turma contar com muitos alunos, podem, a cada interrupção, dois, três ou quatro alunos, tomando o cuidado para que cada execute seu ritmo na sua vez de uma vez. Roda de Conversa Professor, organize os alunos em roda e converse com eles sobre o que foi trabalhado até aqui. Faça perguntas, como por exemplo: Vocês imaginavam que a ciranda é uma dança também para adultos? Vocês se lembravam das figuras de duração do som? E de duração do silêncio? O que foi mais interessante: executar a sequência rítmica da cartela ou improvisar? Por quê? Avaliação Durante a execução das proposições, observe se os alunos entoam corretamente a melodia. Atente para o desempenho dos alunos na leitura das cartelas e na facilidade e/ou dificuldade na improvisação do compasso de quatro tempos, isto é, quaternário. Situação de Aprendizagem II Expectativa de aprendizagem: Executar canções com precisão rítmica, com afinação adequada e com expressividade; Praticar ritmos com percussão instrumental e/ou corporal; Aprimorar a concentração e memória durante a apreciação musical refletindo sobre os parâmetros sonoros; Conhecer e interagir sobre um gênero, período e/ou estilo. Conteúdo: Pulso Frases Compasso Figuras de som e de silêncio Aquecimento Realize com os alunos o aquecimento 1 109 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Proposição 1 Continuando o trabalho com as figuras rítmicas, explore com seus alunos os sons extraídos no manuseio de bexigas identificando a duração (longos, médios e curtos) e as alturas (graves, médios e agudos) de cada um deles. Lembre-os que as proposições têm como objetivo recordar o que já aprenderam e que nesta proposta dois dos parâmetros do som serão explorados – duração e altura. Quanto à duração vale lembrar que está presente em todos os sons, no entanto, na música, dificilmente chama a atenção de quem está ouvindo quando tratada com harmonia e os sons curtos, médios ou longos possuem combinação aprazível. Solicite que citem sons curtos, longos e médios rapidamente e coletivamente. Se julgar necessário e conveniente, retome o conceito de pausa (silêncio). E sobre a altura? O que cada um lembra? A altura é o volume? Por meio da altura o que podemos identificar no som? Quais instrumentos emitem sons graves e sons agudos? Depois dessa conversa, entregue uma bexiga para cada aluno. Explique que extrairão sons das bexigas, de todas as maneiras possíveis, no entanto, deixe-os pesquisar antes de sugerir o que segue. Esticar a bexiga vazia e percutir sobre a mão; O som ao encher a bexiga; Arranhar e beliscar a bexiga cheia; Esfregar e esvaziar de diferentes maneiras (rápido, devagar); Etc. Após a pesquisa, pergunte aos alunos se os sons produzidos são todos iguais. A partir das conclusões, peça para que agrupem os sons por semelhança de timbre (agudos, médios e graves). Explique que cada grupo ficará posicionado num canto da sala de aula e que deverá criar uma sequência com as figuras rítmicas, conforme o exemplo abaixo, que será executada com o som escolhido pelo grupo após a pesquisa realizada com a bexiga. A sequência rítmica a ser elaborada deverá contar com quatro compassos. Exemplo: 110 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Quando todos estiverem prontos, cada grupo deverá fazer a sua apresentação aos demais. Após as apresentações, proponha a eles uma apresentação da “Orquestra de Bexigas”. Para facilitar a organização, inicie com o primeiro grupo tocando por alguns segundos. Ao seu comando, insira o segundo grupo. Deixe que eles toquem sozinhos por mais algum tempo, depois faça o mesmo com o terceiro e o quarto grupo. Pronto, está formada a “Orquestra de Bexigas” do 5º ano. Proposição 2 Nesta proposição, continuaremos a explorar os sons das bexigas, desta vez para o acompanhamento rítmico da melodia “Lavadeira”, canção folclórica do Estado de Alagoas. Primeiramente apresente a música aos alunos. Quem te ensinou lavadeira, Quem te ensinou a lava-ar. Foi, foi, foi lavadeira, Foi o peixinho do ma-ar. 111 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Repare que a música “Lavadeira” possui compasso binário: 2 tempos e recorde com os alunos que já conhecem esse compasso aprendido nos anos anteriores, que o primeiro tempo é sempre forte e o segundo fraco. Para facilitar a compreensão, na própria letra da música o tempo forte está grafado em negrito. Professor, ao ouvir a música novamente proponha aos alunos que marquem o pulso da canção, que também já estudaram nos anos anteriores. Até agora já marcamos o tempo forte e o pulso, mas como serão as frases? Vamos gestualizar? No 2º ano, com a canção “Pipoca Chiclete”, os alunos desenharam com gestos no ar os arcos que representam as frases musicais. Agora chegou a vez de gestualizar as frases da canção “Lavadeira” Quem te ensinou lavadeira, Quem te ensinou a lava - ar. Foi, foi, foi lavadeira, Foi o peixinho do ma - ar. Agora organize os alunos em três grupos. Com as bexigas nas mãos, cada grupo deverá escolher um único som: beliscar, arranhar, bater uma bexiga na outra, esfregar uma bexiga pequena nos dentes, etc. Escolhidos os sons, explique aos alunos que o primeiro grupo terá como tarefa a partir do som selecionado, emiti-lo no pulso do compasso. Exemplo: O segundo também deverá marcar o tempo forte do compasso, com o som escolhido. Exemplo: 112 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS O terceiro grupo utilizará o som escolhido no final de cada frase. Exemplo: Finalmente chegou o momento de cantar e fazer o acompanhamento com os sons das bexigas. Você, professor, será o regente e indicará (com movimentos de suas mãos) o momento em que cada grupo iniciará sua participação. Exemplo: Inicie a apresentação somente com o canto; Na repetição, ao seu sinal, o grupo que fará o som no tempo forte do compasso dará inicio ao som combinado; Na terceira repetição, o grupo que fará o pulso será incluído; Na quanta repetição o grupo responsável pelo som do final de frase fará a sua parte.. 113 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Você pode repetir a música quantas vezes achar necessário, alterando a participação dos grupos. Tente. Descobrirá resultados interessantes e motivadores. Proposição 3 Nesta proposição os alunos deverão identificar o pulso, as frases e o tempo forte do compasso da música que ouvirão a seguir. Professor, explique aos alunos que eles criarão um acompanhamento rítmico, com sons corporais para a música de origem africana “Kum Ba Yah”, que significa “vem por aqui”. Kum ba yah yah, Kum ba yah. Kum ba yah yah, Kum ba yah. Kum ba yah yah, Kum ba yah. Ah ah ah Kum ba yah. 114 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Conte para eles que agora terão um novo desafio: trabalhar o compasso ternário, isto é, com três tempos em cada compasso. Exemplo: Explique ainda que nesta canção há um ostinato, que já foi trabalhado com os alunos no primeiro ano. Lembramos que ostinato é uma sequência rítmica repetida por diversas vezes, sem modificação, no decorrer da música.. Após essa percepção separe a sala em três grupos. Organizados os grupos, proponha a seguinte tarefa: Cada grupo deverá escrever a letra da canção “Kum Ba Yah” num papel de formato grande (visível para todos os alunos); Identificar as frases da canção; Negritar o tempo forte; Registrar graficamente o pulso do compasso Criar uma sequência rítmica (um ostinato); Registrar graficamente a sequência que foi criada. Terminados os trabalhos, vamos agora à socialização dos registros elaborados pelos grupos. Observe com os alunos a identificação das frases (se a identificação não estiver correta corrija junto com eles), verifique se os tempos fortes estão negritados acertadamente e também os registros que cada grupo elaborou. Organize os grupos para trocarem as produções entre os eles. Assim, os registros criados (ritmicamente com palmas ou batidas de pés, estalos, batidas nos joelhos) não serão lidos pelos autores e sim por outro grupo. . Converse com os alunos sobre as diferenças existentes nos registros e a possibilidade de leitura dos mesmos. Proposição 4 Nesta proposição os alunos trabalharão com a pesquisa de sons realizada na bexiga e a ideia é organizar uma orquestra e criar com os sons pesquisados uma composição. Organize a sala em três grupos e apresente aos alunos a seguinte proposta: diga a eles que a orquestra 115 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS deverá se apresentar com a canção “Kum Ba Yah”. Como a música possui quatro frases, cada final de frase deverá ter um arranjo diferente com os sons que escolheram e exploraram com as bexigas. Disponibilize o tempo necessário para que os grupos criem sua produção. Quando os trabalhos estiverem prontos, os grupos se apresentarão para a classe. Após as apresentações converse com os alunos sobre os arranjos criados: A quantidade de sons do arranjo criado foi adequado para o final da frase substituído? Nos arranjos apareceram pausas (silêncios)? Os arranjos foram fáceis de serem executados? Todos os alunos conseguiram? Quem não conseguiu, gostaria de tentar novamente? Gostaram dos arranjos criados? Por quê? Roda de Conversa Professor, pergunte aos alunos: Na pesquisa de sons com bexigas, quais os que vocês consideraram os mais interessantes? Por quê? Como foi escrever as sequências rítmicas? Encontraram dificuldades? Quais? Foi fácil perceber a diferença entre os compassos ternário e quaternário nas canções “Kum Ba Yah” e “Lavadeira”? Qual é a diferença? Foi difícil ou fácil identificar o pulso, as frases e o tempo forte do compasso das canções “Lavadeira” e “Kum Ba Yah”? Por quê? Avaliação Professor, para avaliar esta situação de aprendizagem, é importante que você observe o desempenho dos alunos diante do proposto com a canção “Kum Ba Yah”. Retome as proposições e verifique suas anotações. 116 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Situação de Aprendizagem III Expectativas de aprendizagem Executar canções com precisão rítmica, com afinação adequada e com expressividade; Praticar ritmos com percussão instrumental e/ou corporal; Aprimorar a concentração e memória durante a apreciação musical refletindo sobre os parâmetros sonoros; Criar um arranjo rítmico sobre um tema musical proposto; Conhecer e interagir sobre um gênero, período e/ou estilo. Conteúdo: Melodia Frases Pulso Tempo forte Compasso quaternário Aquecimento 2 Proposição 1 Professor, nesta proposição continuaremos a abordar as canções de origem africana. Apresente aos alunos a canção “Sansa Kroma”. Sansa Kroma nena yo kye kye kokomba, Sansa Kroma nena yo kye kye kokomba, Sansa Kroma nena yo kokomba, Sansa Kroma nena yo kokomba. 117 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS O Sansa Kroma é um pássaro fantástico do imaginário de aldeias africanas, uma espécie de falcão. Contam que um dia ele estava voando alto no céu e avistou alguns pintinhos órfãos. Sansa Kroma desceu e cuidou deles até que estivessem adultos. A moral da história é que nas comunidades africanas sempre haverá alguém para cuidar das crianças. Esta canção folclórica sobre o Sansa Kroma foi cantada pelas mães sul-africanas durante o exílio, nos tempos do apartheid. Regime adotado por sucessivos governos da África do Sul no qual várias pessoas foram impedidas de usufruir de seus direitos com base em sua origem racial. Esse regime perdurou de 1948 a 1997. O governo era formado pela minoria branca. Apresente a canção várias vezes, até que os alunos aprendam corretamente as alturas e o ritmo da melodia. Proposição 2 Na África, o círculo tem grande importância quando as pessoas se reúnem por diferentes motivos, pois é em círculo que as tribos e as famílias se encontram. Para esta proposição é importante também muita atenção ao ritmo da melodia. Professor, comece esta proposição com a coreografia da música: Inicialmente os alunos deverão ser organizados em círculo, em pé, voltados para o centro; 118 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Enquanto cantam a canção, devem caminhar no sentido horário, para a direita, marcando o pulso básico; Ao término da canção, repita a mesma coreografia, agora para o lado esquerdo; Cantar e dançar marcando quatro passos para a direita e quatro para a esquerda; Cada sequência de quatro passos acompanha uma frase da música: Sansa Kroma nena yo kye kye kokomba, Quatro passos para a direita→ Sansa Kroma nena yo kye kye kokomba, ←Quatro passos para a esquerda Sansa Kroma nena yo kokomba, Quatro passos para a direita→ Sansa Kroma nena yo kokomba. ←Quatro passos para a esquerda Agora, ao final de cada frase, que coincide com o 4º passo, levante os braços para o alto. Após terem aprendido as partes da coreografia, executem a dança cantando. Proposição 3 Professor, nesta proposição o objetivo é trabalhar com improvisação. Organize os alunos em roda, onde cantarão uma vez a música Sansa Kroma. Mas o que é improvisar? Improvisar é brincar com a música, é um momento de livre expressão, de experimentação. Explique a eles que, cantarão novamente, só que improvisando o ritmo nos finais das frases. Como você também estará na roda, oriente que, iniciando pelo aluno que está à sua direita, a cada final de frase o próximo improvisará um ritmo que substituirá o último compasso.. Exemplo: Observe abaixo, a primeira frase da música. 119 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Último compasso O último compasso será improvisado com percussão corporal (palmas, batidas de pés, estalos, etc.). Improviso: Observe que todas as frases terminam com a palavra “kokomba”. Então, sempre que ela for cantada, deverá ser criado um improviso que é uma brincadeira musical, momento de livre expressão. Realize o exercício até que todos os alunos tenham criado seu ritmo improvisado Roda de Conversa A canção “Sansa Kroma” se parece com alguma música que vocês já ouviram? Qual? Quando cantamos esta canção, que imagens “vêm” na cabeça? Conseguimos ficar parados enquanto cantamos a canção? Comparando com a musica “Kum Ba Yah”, esta canção é mais alegre ou mais triste? Para quem você cantaria a musica “Sansa Kroma”? Como foi realizar o improviso? Foi fácil? Difícil? Foi divertido? Avaliação Professor, durante a execução das proposições, observe se os alunos entoam corretamente a melodia e acompanham com os passos o pulso básico. Atente também se as frases foram identificadas com facilidade e conseguiram marcar o tempo forte do compasso quaternário. Observe ainda se conseguiram realizar improvisos mantendo o compasso quaternário. 120 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARENBOIM, D. A música desperta o tempo. São Paulo: Martins, 2009 SCHAFER, M. O ouvido pensante. São Paulo: Edunesp, 1991. SCHAFER, R. Murray. Educação Sonora. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 2009 CAZNOK, Yara B. Música - entre o audível e o visível. São Paulo: Ed. UNESP, 2003. MATEIRO, T. E ILARI, B (Org.). Pedagogias em Educação Musical. Curitiba: Ibpex, 2011. 121 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS TEATRO Flávio Desgranges 7 AS SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM NA ESCOLA Enquanto linguagem artística, o teatro pode se valer de variados elementos de significação para comunicar algo aos espectadores, utilizando-se principalmente de signos visuais (os gestos do ator, os adereços de cena, os figurinos, o cenário, a iluminação) e sonoros (o texto, as canções, as músicas, os efeitos sonoros). Há encenações teatrais que utilizam ainda signos olfativos (aromas de perfumes ou essências, cheiro de defumador, odor de alimentos conhecidos, etc.), ou signos táteis (em que a realização cênica - através dos atores ou de objetos cenográficos - estabelece algum tipo de contato corporal com os espectadores). As situações de aprendizagem aqui organizadas propõem aos alunos, fundamentalmente, que investiguem os elementos que constituem a linguagem teatral, convidando-os a conhecerem e se apropriarem das possibilidades comunicacionais desta arte. As proposições estão calcadas na composição de breves discursos artísticos a partir da experimentação desses elementos de linguagem. E possibilitam que o grupo conceba, a partir das invenções e das avaliações feitas acerca das próprias criações, as bases de um saber que se constrói coletivamente. Os diversos elementos de linguagem que constituem a arte teatral tornam-se material a ser explorado no processo de investigação dessa comunicação que se estabelece entre palco e plateia, entre os que agem em cena e os que observam da sala. Os objetos cenográficos, as sonoridades, a luz, os gestos, a movimentação dos atores, são tratados enquanto elementos que participam da constituição de um discurso cênico, e que, como a palavra, tem algo a dizer. Diversos modos de proposição podem ser implementados durante o processo de aprendizagem, tendo em vista a exploração desses elementos de linguagem, levando em conta a especificidade de cada um deles na concepção de um discurso que será interpretado pelos espectadores. Propõe-se gradativamente aos alunos a percepção de que estão jogando com uma linguagem que não é só verbal, trabalhando com o grupo o apuro em mostrar teatralmente uma situação. De modo que os alunos possam notar as diferentes maneiras possíveis de se comunicar teatralmente, já que há um vasto cabedal de elementos de significação a que se pode recorrer para se elaborar uma escrita cênica. As situações de aprendizagem são, geralmente, programadas com claro encadeamento entre uma proposição e a seguinte, organizando um processo em que um determinado aspecto da linguagem (a palavra, as sonoridades, os objetos, o espaço cênico, a iluminação, a construção de personagens etc.), ou um material, ou um tema, ou uma obra de arte será especificamente explorado naquele encontro, fazendo com que esse aspecto específico seja o 7 Professor do Departamento de Artes Cênicas da USP. Autor dos livros: A Pedagogia do Espectador e Pedagogia do Teatro: provocação e dialogismo, ambos pela editora Hucitec. 122 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS fio condutor entre as diversas atividades propostas na aula. Assim, o planejamento das proposições pode estimular o aluno a se voltar para um aspecto da linguagem que será especificamente explorado naquele dia, e estabelecer um rastro perceptível na investigação empreendida, possibilitando que o grupo tenha noção e se aproprie do processo de aprendizagem. Nas avaliações das cenas, os alunos, seguindo as diretrizes do professor, podem conversar tanto sobre questões relativas à vida social, presentes nas investigações, problematizando as situações do dia a dia, quanto sobre as resoluções artísticas apresentadas em aula, com o intuito de aprimorar a aptidão do grupo para conceber discursos cênicos. Assim, dar a palavra aos jogadores-espectadores torna-se tão indispensável quanto as próprias criações cênicas, já que eles, com seus comentários e sugestões, colaboram para a produção de conhecimentos. A avaliação coletiva das experimentações vai propiciando que os alunos vão, aos poucos, apropriando-se da linguagem teatral, efetivando análises mais criteriosas dos jogos e refinando a qualidade da sua comunicação com os espectadores. As conversas acerca de um jogo precisam ser propostas com a noção da complexidade que envolve a situação, tendo em vista que são aspectos da vida social que estão em questão. A reflexão cuidadosa acerca dos fatos apresentados pode possibilitar ao grupo, por exemplo, observar as suas determinantes sociais: por que acontecem situações como essas? O que leva alguém a tomar essa ou aquela atitude? O debate sobre as realizações dos alunos estabelece condições, também, para que o grupo reveja as próprias criações, pensando em uma melhor maneira de apresentá-las, superando os chavões de narrativas conhecidas. As possíveis questões que podem nortear a avaliação de um jogo teatral não precisam ser colocadas no mesmo dia, no mesmo jogo, na mesma cena, ao mesmo tempo. A partir dos objetivos de cada proposição, o professor pode elencar perguntas relacionadas com aquele momento do processo de aprendizagem, e, gradualmente, no decorrer do processo, tornar mais complexos os comentários dos alunos. Aos poucos, os próprios alunos podem ser estimulados a conduzir o debate sobre as investigações, apropriando-se do processo. Nas aulas, deve vigorar um espírito aberto para as ideias dos alunos, valorizando não só a variedade de temas abordados, mas também as diferentes formas de resolução dos jogos propostos. Para isso, o coordenador precisa cuidar para instaurar um espaço arejado, aberto para diferentes pontos de vista. O respeito às criações do grupo, contudo, não significa que o professor não possa intervir e sugerir outro rumo quando achar necessário. O importante é que se mantenha sempre a tensão necessária entre liberdade de criação e interferência crítica do professor, numa relação em que os dois polos são fundamentais. A ida a espetáculos teatrais constitui-se em estratégia de grande valia, pois possibilita que o grupo observe como os artistas constroem um conjunto organizado de signos em suas encenações. Além de comparar suas realizações em aula com aquelas elaboradas pelas produções teatrais em cartaz. Ver espetáculos teatrais de qualidade, em consonância com a experimentação do grupo, retroalimenta a investigação da linguagem. Assim, a ida ao teatro aliada à prática teatral em sala de aula, possibilita que os alunos aprimorem tanto a apreciação 123 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS estética, formando-os enquanto espectadores, quanto o potencial expressivo, estimulando suas possibilidades de construção de discursos cênicos cada vez mais apurados. MINHA LINGUAGEM, MEU MUNDO. Interessado em investigar aspectos da relação entre arte e educação, o educador Philippe Meirieu realizou, em 1992, uma pesquisa que se mostrou bastante fértil e reveladora, com crianças extremamente desfavorecidas, habitantes da periferia da cidade de Lião, na França. Em entrevistas realizadas com esses meninos, que tinham entre 6 e 12 anos, o educador percebeu que uma das características destas crianças, “que se sentem fracassadas pessoal e socialmente, é a absoluta incapacidade de pensar uma história, de pensar a própria história” (Meirieu, 1993, p. 14). Meirieu esclarece que, quando conversamos com essas crianças e lhes pedimos para falar de si, contar a sua história, percebemos a grande dificuldade que tem em se referir ao passado, mesmo o passado recente, em articular a linguagem para falar da própria vida, o que se constitui em prejuízo considerável, especialmente se compreendermos que “os limites da minha linguagem denotam os limites do meu mundo” (Wittgenstein, apud Alves, 2001, p. 27). A dificuldade de organizar o discurso revela a pouca aptidão tanto para criar compreensões possíveis (e ampliar as suas percepções) para os fatos do cotidiano, quanto para atribuir sentido à própria existência. A incapacidade de contar a sua história está diretamente relacionada, portanto, com a falta de condições para organizar e compreender o seu passado, o que indica ainda a dificuldade de situar-se no presente e de projetar-se no futuro. O educador francês, analisando as entrevistas feitas com as crianças, aponta que, mesmo as mais velhas, são incapazes, por exemplo, de utilizar algumas das expressões tão comuns e fundamentais para dar sentido à vida, tais como: ‘foi a partir desse momento que eu compreendi’, ‘teve um momento em minha vida que aconteceu isso e me levou a decidir isso’, ‘eu descobri que’, etc.. A pesquisa aponta, ainda, que esses meninos utilizam frequentemente o “você” e o “a gente” para falar de si, e quase nunca o pronome “eu”, como se não se sentissem autorizados a construir e compreender os fatos que compõem a própria história, tornando-se efetivos autores dessa história. Meirieu ressalta, contudo, que, das crianças entrevistadas, aquelas habituadas a frequentar salas de teatro, de cinema, e a ouvir histórias, ou que desenvolvem o aprendizado artístico em suas escolas, demonstram maior facilidade para conceber um discurso narrativo, para criar histórias, e para organizar e apresentar os acontecimentos da própria vida. A investigação indica, assim, que quem sabe ouvir uma história sabe contar histórias. Quem ouve histórias, sendo estimulado a compreendê-las, exercita também a capacidade de criar e contar histórias, sentindo-se, quem sabe, motivado a fazer história. No teatro, por sua vez, uma narrativa é apresentada valendo-se conjuntamente de vários elementos de significação: a palavra, os gestos, as sonoridades, os figurinos, os objetos cênicos, etc.. A experiência teatral desafia o aprendiz a, deparando-se com a linguagem própria a esta arte, elaborar os diversos signos presentes em uma encenação. Esse mergulho no jogo 124 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS da linguagem teatral provoca o aluno a perceber, decodificar e interpretar de maneira pessoal os variados signos que compõem o discurso cênico. O mergulho na corrente viva da linguagem acende também a vontade de lançar um olhar interpretativo para a vida, exercitando a capacidade de compreendê-la de maneira pessoal, singular. Podemos conceber, assim, que a tomada de consciência se efetiva como leitura de mundo. Apropriar-se da linguagem é ganhar condições para essa leitura. ARTE COMO EXPERIÊNCIA DA ARTE. A palavra experiência, advinda do latim experiri, traz consigo o sentido de provar. “O radical é periri, que se encontra também em periculum, perigo. A raiz indo-européia é per, com a qual se relaciona antes de tudo a ideia de travessia”. (Bondía, 2002, p. 25) O que nos sugere a noção de se colocar em risco, de se embrenhar em zonas desconhecidas, cruzar regiões perigosas, e que nos possibilita pensar a experiência poética como perdição na linguagem, como invenção de possibilidades de fazer soar o desconhecido, o não dito, como percurso de produção de conhecimentos e de subjetividades. O que não tem nada de irracional e muito menos de confusão, mas que se afasta da razão instrumental e instaura o prazer de um procedimento que se contrapõe ao modo meramente operacional de ver, sentir e pensar o mundo. A alteração na forma de percepção do homem moderno, como indica Benjamin (1993), em sua análise das alterações na vida social, observadas a partir de meados do século XIX, pode ser intrinsecamente relacionada com a perda da capacidade do indivíduo de engendrar experiências significativas. Esse empobrecimento da experiência pode ser compreendido, especialmente, pelo estabelecimento de uma vida cotidiana marcada pelos choques da vida urbana nas grandes cidades, pelas modificações no âmbito do trabalho e pela instauração de um determinado padrão estético nos variados meios de comunicação. Ante a crescente urbanização das metrópoles, a vivência do homem moderno - exposto às tensões e perigos no turbilhão do tráfego, em que os novos meios de transporte dividem as ruas com os pedestres - faz forte apelo a um modo operativo da consciência, que se preocupa em aparar os choques da vida diária, e coloca em risco a própria possibilidade de engendrar experiências, já que a psique se volta inteiramente para resolver as tarefas e os impasses do cotidiano. Lançado no isolamento de seus interesses privados, o indivíduo vê a multidão como ameaça constante, ou pela inexistência de um espaço público convidativo, ou pela perda da singularidade mediante a estandardização de comportamentos. A percepção sensível do indivíduo, desde a instauração dos ditames da vida moderna, está premida por uma vivência urbana marcada pelos choques do cotidiano, pela padronização gestual, pelo consciente assoberbado, e pelo desestímulo à atuação de outras formações da psique. Resta-lhe o empobrecimento da experiência e da linguagem. Ameaçado, vigilante, fugidio, voltado para seus próprios interesses, o homem moderno se mostra inapto, seja para perceber o olhar que lhe é dirigido, seja para retornar o olhar que lhe é lançado pelos objetos e 125 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS pelos outros. A razão operacional passa a tomar sempre a frente, calculando e catalogando os acontecimentos, protegendo-lhe de embates físicos e emocionais desagradáveis. Os acontecimentos dispersos de um cotidiano fragmentado e funcional, bem como o excesso de conteúdos informacionais prioritariamente veiculados pelos meios de comunicação, privilegiam uma operação psíquica meramente instrumental, em que o consciente se desdobra para receber e catalogar os eventos. Esse treinamento diário e intermitente para uma atuação exagerada do consciente torna a psique pouco disponível para engendrar produções sensíveis, para além do mecanismo de estímulos e respostas rápidas, que fazem apelo a uma racionalidade operacional. A mudança na percepção inibe a produção de memória (traços mnemônicos inconscientes) e dificulta o acesso frequente aos conteúdos esquecidos, fundamentais para a elaboração de experiência. A memória, para Benjamin, constitui-se justamente pelos fatos significativos que não foram filtrados pelo consciente e são lançados nas profundezas da psique. Esses conteúdos, ao virem à tona, trazendo imagens do passado, provocam o indivíduo a se debruçar sobre as situações vividas e a chocar os ovos da experiência, fazendo nascer deles o pensamento crítico. As alterações na percepção solicitam, desde o advento da modernidade, procedimentos artísticos modificados para provocar a irrupção da memória involuntária. Somente uma recepção livre dos condicionamentos, em que o consciente seja surpreendido poderia se deixar atingir pelo instante significativo em que, na relação com o objeto artístico, o olhar nos é retribuído, nos toca o íntimo, e faz surgir o inadvertido, trazendo à tona experiências cruciais, ou, quem sabe, vislumbres de um futuro proveitoso. O encontro com a arte pode ser pensado, desde então, como intrinsecamente relacionado com a proposição e a produção de experiências. 126 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Rubem. A Escola que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir. Campinas, Papirus, 2001. BENJAMIN, Walter. Passagens. Belo Horizonte, Editora UFMG, São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006. ________. Obras Escolhidas: magia e técnica, arte e política. São Paulo, Brasiliense, 1993. BONDIA, Jorge Larrosa. Notas sobre a Experiência ou sobre o Saber da Experiência. São Paulo, Revista Brasileira de Educação, Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação, jan-abr, nº19, pp.20-28, 2002. DESGRANGES, Flávio. A Pedagogia do Espectador. São Paulo, Hucitec, 2003. ________. Pedagogia do Teatro: provocação e dialogismo. São Paulo, Hucitec, 2012. ________. A Inversão da Olhadela: no rastro da refuncionalização da arte teatral. São Paulo, Departamento de Artes Cênicas da USP, tese de livre docência, 2010. ________. A Cena e o Sentido: os descaminhos da experiência com arte. In: BARROS, Mara Veloso de Oliveira, RODRIGUES, Edvânia Braz Teixeira (Org.). O Ensino de Teatro na Contemporaneidade: conceituações, problematizações e experiências. 1 ed. Goiânia: Kelps, 2011, v. , p. 53-64. ________. O Que Quer Dizer Essa Cena?. Revista do Festival Internacional de Teatro, São José do Rio Preto - SP, p. 17 - 24, 15 jul. 2009. MEIRIEU, Philippe. Le théâtre et la construction de la personalité de l’enfant: de l’événement à l’histoire. In: CRÉAC’H, M. Les enjeux actuels du théâtre et ses rapports avec le public. Lyon, CRDP, 1993. 127 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS QUADRO CURRICULAR – TEATRO Expectativa de aprendizagem Conceber discursos cênicos a partir da investigação de variadas obras de artes: conto, poesia, romance, pintura, cinema, música etc. Organizar e reorganizar narrativas ficcionais. Condições didáticas e indicadores para a elaboração de atividades Criar um ambiente favorável para os alunos investigarem em grupo, valorizando, tanto o caráter colaborativo do processo de aprendizagem, quanto a singularidade de cada criança ao experimentar soluções para as atividades propostas; Investigar procedimentos teatrais tendo como ponto de partida distintas obras de arte: conto, poesia, romance, pintura, cinema, música etc. Debater coletivamente sentidos possíveis para as obras de arte apresentadas para os alunos. Propor atividades que preparem os alunos para a relação com as obras de arte que serão investigadas. Organizar atividades de prolongamento, que resultem na produção de discursos cênicos a partir da obra de arte investigada. Propor atividades pessoais e coletivas de construção e desconstrução de histórias; Debater coletivamente sentidos possíveis para as obras literárias apresentadas para os alunos Reconhecer e utilizar os elementos básicos da linguagem teatral para expressar-se, tais como: palavras, gestos, sonoridades, figurinos, iluminação, objetos cênicos. Desenvolver estratégias para a construção de personagens Propor jogos de improvisação que proporcionem, vez a vez, a exploração dos diversos elementos constituintes da linguagem teatral: gestos, sonoridades, palavras, narrativas, objetos cenográficos, etc. Fomentar a observação de elementos teatrais presentes em diversas produções visuais: pinturas, quadrinhos, filmes, desenhos animados, propagandas etc. Estimular a percepção da teatralidade no cotidiano, levando-os a observar gestos, roupas, adereços e comportamentos; Propor atividades em que os alunos reconheçam, diferenciem Observar se o aluno Demonstra desenvoltura na leitura das obras de arte estudadas; Produz discursos cênicos a partir das obras de arte investigadas; Articula os fundamentos da linguagem teatral, concebendo breves discursos cênicos. Apresenta desenvoltura e coerência na construção pessoal e coletiva de narrativas ficcionais; Manifesta interesse e acuidade na produção de sentidos das histórias trabalhadas em aula. Reconhece elementos teatrais presentes nas situações cotidianas e nas manifestações artísticas; Utiliza com desenvoltura os elementos básicos da linguagem teatral. Distingue as diferentes características de personagens ficcionais; Articula cenicamente elementos de linguagem para a composição de personagens. 128 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Conhecer diferentes modalidades de apresentações teatrais: teatro de objetos, de sombras, de máscaras, de bonecos, mímica, etc. Manifestar seu ponto de vista nas situações de aprendizagem, bem como sua leitura crítica acerca de obras de arte e de situações da vida social. e componham personagens ficcionais. Oferecer apresentações teatrais aos alunos, sempre que possível; incentivando o debate e valorizando as descobertas das crianças; Pesquisar com os alunos informações sobre artistas e espetáculos teatrais. Estimular o engajamento e participação dos alunos tanto na realização quanto na avaliação das proposições investigativas; Estabelecer o hábito de analisar de modo compartilhado as atividades desenvolvidas, de modo a definir os saberes relativos à linguagem teatral e a promover a apropriação de conhecimentos. Pesquisar distintas possibilidades de espaços cênicos. Investigar diferentes áreas da escola como espaços cênicos: sala de aula, pátio, corredores, etc. Compreende as especificidades e modalidades da linguagem teatral em relação às demais linguagens artísticas. Sente-se estimulado a expor suas opiniões e a efetivar leituras e desdobramentos criativos nas situações de aprendizagem propostas; Demonstra interesse e inventividade nas avaliações compartilhadas das atividades. Manifestar prazer na relação com a produção artística que frui ou na qual participa. Reconhece e demonstra aptidão para explorar teatralmente diferentes espaços para a realização de cenas. Explorar variados modos de relação entre jogadores atores e jogadores espectadores: frontal (palco italiano); em roda (arena); em semicírculo (semiarena). Estimular o engajamento e participação dos alunos tanto na realização quanto na avaliação das proposições investigativas; Estabelecer o hábito de analisar de modo compartilhado as atividades desenvolvidas, de modo a definir os saberes relativos à linguagem teatral e a promover a apropriação de conhecimentos. 129 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Situação de Aprendizagem Professor observe como as proposições teatrais desta situação de aprendizagem buscam uma sintonia estreita com o estudo da peça dramática Sonho de uma Noite de Verão, de William Shakespeare. De modo que, no planejamento das aulas, a proposta de exploração e apreensão de aspectos da linguagem teatral se dará a partir da investigação desta obra. Repare também como as atividades sugeridas no desenrolar de cada aula buscam estabelecer uma relação investigativa entre elas, na tentativa de instaurar e de evidenciar o processo de aprendizado. Para o bom desenvolvimento desta situação de aprendizagem, é importante a leitura prévia da peça Sonho de Uma Noite de Verão, a que o professor precisará recorrer durante todo o processo, de modo a ter clareza da narrativa que apresentará aos alunos. A história não será trabalhada na íntegra, mas a partir de algumas partes selecionadas, que serão exploradas em sala de aula. É importante, contudo, que o sentido da narrativa não se perca no percurso do processo de aprendizagem, e que os alunos acompanhem interessados o avançar da história. Procure compreender o princípio pedagógico desta situação de aprendizagem, de modo que, se assim desejar, possa criar soluções sempre apropriadas ao contexto de sua escola e aos interesses de sua turma, sem perder de vista o eixo da proposta: exploração e apreensão de aspectos da linguagem teatral a partir da investigação da citada obra dramática do dramaturgo inglês William Shakespeare. As rodas de conversa no início de cada aula são muito importantes para que o grupo se sinta cada vez mais à vontade para trocar ideias, bem como para relembrar as situações e descobertas da aula anterior, e para que o professor possa trazer novas propostas para a investigação da linguagem teatral e a abordagem da peça Sonho de uma Noite de Verão. As rodas compostas no final de cada aula são também valiosas, para fomentar nos alunos o interesse contínuo pelo estudo da obra teatral em questão e propor a análise dos jogos de improvisação realizados naquele dia. Por sua relevância no processo, as rodas de conversa precisam ser mantidas. Assim, procure organizar o planejamento da aula e a duração de cada atividade. As aulas iniciais têm o intuito de criar um ambiente favorável entre os alunos, além de trabalhar a percepção de si mesmos e do grupo, e de acessar noções básicas para a elaboração de discursos cênicos. Desse modo, pretende instaurar condições propícias para as aulas seguintes, com aprofundamento na exploração da linguagem teatral e estudos cênicos desenvolvidos a partir da peça dramática de Shakespeare. Sobre William Shakespeare (1564 – 1616): Considerado por muitos o maior dramaturgo de todos os tempos, escreveu dezenas de peças de grande sucesso e vasto reconhecimento da crítica especializada. Com grande 130 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS variação temática e estilística, criou, com a mesma excelência, peças muito distintas umas das outras, desde divertidas comédias, como “Muito Barulho por Nada” e “Sonho de uma Noite de Verão”, até densas e cativantes tragédias como “Hamlet” e “Romeu e Julieta”. Sendo estas duas últimas, provavelmente, as mais famosas de suas obras. Apesar de considerado um clássico, e do grande refinamento de suas peças dramáticas, o que pode ser observado nas tramas bem elaboradas e no vigor poético das palavras, Shakespeare era um autor popular, amplamente assistido e admirado pelo público inglês do seu tempo. Para maiores informações acerca das condições históricas e culturais do período, sugerimos o filme “Shakespeare Apaixonado”, disponível em locadoras. Importa ressaltar que a peça “Sonho de Uma Noite de Verão” também foi transformada em filme, que se encontra disponível em locadoras. Para quem busca informações mais detalhadas acerca da vida e obra do bardo inglês, indicamos o livro “Shakespeare: uma vida”, citado na bibliografia deste material. EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM : Conceber discursos cênicos a partir da investigação de peças dramáticas; Organizar e reorganizar narrativas ficcionais; Reconhecer e utilizar os elementos básicos da linguagem teatral para expressar-se, tais como: palavras, gestos, sonoridades, figurinos, iluminação, objetos cênicos; Desenvolver estratégias para a construção de personagens; Conhecer diferentes modalidades de práticas teatrais: teatro em quadrinhos. Pesquisar distintas possibilidades de espaços cênicos Manifestar seu ponto de vista nas situações de aprendizagem, bem como sua leitura crítica acerca de obras de arte e de situações da vida social. CONTEÚDOS : Construção e desconstrução de histórias; Investigação de obra dramática de William Shakespeare; Apreensão de elementos da linguagem teatral: dramaturgia, gesto, espaço cênico, figurino e sonoridades (ritmo, coro, voz e sonoplastia); Construção de personagens; Consciência corporal (expressividade); Improvisação; Fluência no discurso linear e não linear; Produção e leitura de cenas teatrais; Proposição 1 Esta proposição pode ser desenvolvida no pátio ou na quadra da escola. A) Alerta com bola imaginária: 131 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Em círculo, o professor apresenta uma bola imaginária aos alunos, diz seu próprio nome e a passa para um aluno à sua escolha. O aluno que recebe a bola diz seu nome e passa para outro colega, assim sucessivamente até todos terem se apresentado. Em seguida, o professor propõe que os alunos caminhem pela sala, buscando uma ocupação dinâmica do espaço enquanto se movimentam. O objetivo da caminhada é o preenchimento dos espaços vazios, de modo que o grupo mantenha sempre uma ocupação uniforme da sala. Enquanto os jogadores se movimentam pela sala, o professor faz a proposta de jogarem Alerta com a bola imaginária. O professor pega a bola imaginária, joga pra cima e grita o nome de um aluno. O jogador que teve seu nome citado deve pegar a bola e gritar “alerta!”. Imediatamente, todos param, como estátuas. O jogador que está com a bola, poderá dar até três passos em direção a um colega e tentar acertá-lo com a bola. Se acertar, a pessoa atingida sai da brincadeira. Se errar, ele é quem sai. O professor, junto com o grupo, decide se a bola imaginária, tal como lançada, atingiu ou não o colega parado. B) Câmbio com bola, rede e campo imaginários: Como já indica o título, neste jogo a bola, a rede e o campo são imaginários. O Câmbio é um jogo muito semelhante ao voleibol. O professor forma duas equipes com seis jogadores cada. Os demais alunos observam a partida, como torcedores, enquanto aguardam a sua vez de jogar. O jogo começa quando um jogador arremessa a bola imaginária para o outro time, por cima da rede imaginária, como é feito o saque no voleibol. O jogador da equipe adversária segura a bola e a passa para outro colega de equipe, que deverá passar para um terceiro colega (três toques em cada equipe). O terceiro jogador arremessa a bola para o lado adversário e nesse momento grita a palavra “câmbio!”. O time que recebe a bola também faz os três passes antes de arremessar de volta para a outra equipe. O foco investigativo deste jogo está no envolvimento das equipes com a partida e no engajamento para tornar reais os conteúdos imaginários da atividade; com especial atenção à coerência nos movimentos dos jogadores, ao tamanho e posição da rede imaginária, às dimensões do campo de jogo, bem como ao peso, velocidade e tempo de percurso da bola imaginária. O professor poderá escolher um dos alunos para ser o juiz, observando a direção do passe da bola, a altura da rede, se o aluno está atento para receber a bola e se, quando a bola for arremessada ao campo adversário, foi dito “câmbio”. Os jogadores poderão ser substituídos no decorrer do jogo para que todos possam participar. Faz-se importante o estabelecimento de um ambiente descontraído, em que o prazer esteja instaurado no processo de aprendizagem. C) Roda de conversa: O professor propõe um debate com o grupo acerca das atividades realizadas, ouvindo as impressões dos alunos sobre a aula e levantando algumas questões sobre os jogos 132 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS propostos: Foi difícil lembrar o nome do colega na primeira atividade? Como foi se relacionar com uma bola invisível? Que dificuldades foram encontradas? Como foi jogar “Alerta” com uma bola imaginária? E jogar “Câmbio” com uma bola e rede imaginárias? A bola, a rede e o campo de jogo pareciam reais? Por quê? Proposição 2 Professor, neste momento, será necessário confeccionar previamente uma “caixa mágica”, de acordo com sua poética pessoal. Por exemplo: uma caixa de papelão encapada com qualquer tipo de material, uma caixa de madeira, um pequeno baú etc. Ela será usada em diferentes momentos deste processo de aprendizagem. A) Caixa mágica. O que é teatro? Forme um círculo com todos sentados e coloque a “caixa mágica” no centro. Distribua aos alunos uma filipeta de papel para que escrevam uma palavra ou uma frase em que possam responder à pergunta: O que é teatro? Após escreverem, os alunos depositam a filipeta na caixa. Convide um aluno para ir ao centro da roda, retirar uma filipeta da caixa e, sem ler para os colegas, mostrar a palavra ou frase escrita através de sons e movimentos corporais. Ao final da ação, os jogadores observadores tentam adivinhar o que estava escrito no papel. A filipeta retirada não deve voltar para a caixa. Tente garantir a participação de todos. Se quiser, o professor também pode participar, desta ou de qualquer outra atividade. O que sempre pode ser muito estimulante para os alunos. B) Criação e transformação de objetos: Em círculo, ainda com os alunos sentados, o professor vai até a caixa e retira de dentro dela um objeto mágico, como se fosse uma massa de modelar invisível e compõe um determinado objeto imaginário. Os alunos deverão ficar atentos à transformação para descobrir o que é. Quando descobrirem o objeto do professor, será a vez de cada aluno fazer sua transformação mágica. Os alunos vão, um de cada vez, até o centro, pegar o objeto criado pelo colega para transformá-lo em outro objeto. Por exemplo: Colocar no ouvido como se fosse um celular, ou um rádio; compor um banco, um violão, um chapéu etc. C) Roda de conversa: Proponha algumas questões aos alunos acerca das atividades realizadas na aula: Quais respostas lhes pareceram mais interessantes acerca da pergunta sobre o que é teatro? Por quê? O que nós fizemos hoje na aula é teatro? Por quê? Como foi mostrar o que estava escrito no papel sem usar palavras? Das palavras ou frases que surgiram quais foram as mais difíceis de mostrar com o corpo? Por quê? Como foi a sua experiência de criar um objeto imaginário? Foi possível perceber os objetos imaginários criados pelos seus colegas? 133 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Sim, é teatro! Professor, acerca da questão se o que fazemos durante o processo de aprendizagem na escola é ou não teatro, vale recorrer a uma analogia um tanto pertinente para pensar o assunto, guardadas as devidas diferenças. Será que o futebol ou o voleibol que os meninos e meninas jogam nas ruas, nos parques, ou nas quadras da escola, é menos futebol ou voleibol do que as partidas profissionais jogadas nos grandes estádios? Parece que não. Assim como a prática esportiva, o fazer teatral pode ser realizado em qualquer espaço, com simples proposições ficcionais que estabeleçam uma relação artística entre aqueles que agem em cena (atores) e aqueles que observam da sala (espectadores). Proposição 3 A) Movendo os corpos: Convide os alunos a formarem duplas. Cada jogador A terá uma linha imaginária e deverá amarrá-la em uma parte do corpo do seu colega: no joelho, nariz, ombro, joelho, cotovelo etc. O jogador A deverá puxar suavemente o jogador B para que este se locomova dando ênfase à parte do corpo que foi amarrada pela linha. As partes do corpo em que a linha está amarrada podem ser trocadas durante a investigação. Depois de um tempo os jogadores trocam de posição. B) Composições corporais com fala: O jogador A experimenta amarrar a linha imaginária, vez a vez, em várias partes do corpo do jogador B, de modo a moldá-lo em uma posição expressiva. Após finalizar a composição corporal do colega, o jogador A imagina o que estaria pensando alguém naquela posição. Ou seja, se tomarmos como exemplo os personagens de uma história em quadrinhos, o que estaria escrito no “balão” do jogador B? Professor peça para que os jogadores A visitem as várias imagens dos colegas, e que cada jogador A diga o que estaria escrito no “balão” de pensamento do seu personagem. Os jogadores trocam de posição. Esta proposição já nos aproxima da ideia de teatro em quadrinhos, que será experimentada pelos alunos ao final do processo. C) Roda de conversa: Professor, levante algumas questões acerca das atividades propostas na aula: A linha imaginária pareceu real? Como vocês se sentiram sendo puxados por esta linha? Que dificuldades e descobertas vocês perceberam para movimentar o corpo do colega com uma linha imaginária? As falas escolhidas pelos jogadores estavam bem relacionadas com as composições corporais de cada personagem? Algum dos personagens criados parece com alguém que vocês conhecem? 134 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Proposição 4 Começamos nesta aula a investigação a partir da peça “Sonho de uma Noite de Verão”, de William Shakespeare. Professor, sugerimos que você não leia o livro ou apresente a íntegra da história previamente para os alunos. A narrativa transcorrerá aos poucos, no decorrer das próprias aulas, contada por você mesmo. A) Roda de Conversa: Nesta aula, a abordagem da história da peça dramática “Sonho de uma Noite de Verão” será iniciada, a partir da perspectiva do segredo: Quem possui segredos? Quem consegue guardar segredos? A ideia de tomar o segredo como chave para dar entrada na história surge da própria trama da peça, como explicaremos logo adiante. Antes de falar sobre a peça para os alunos, instaure uma conversa acerca de segredos com a turma: O que é segredo? Quem tem um segredo? Para quem se conta um segredo? Para quem não se conta um segredo? Você guarda os segredos que lhe contam? Você já revelou o segredo de alguém? Você já descobriu sem querer o segredo de alguém? B) Caixa mágica. Guardando segredos: Professor, dê uma filipeta de papel e uma caneta imaginária com tinta invisível para cada aluno, e solicite que escreva um segredo, dobre o papel e o coloque na “Caixa Mágica”. Assim, escritos em tinta invisível, todos terão certeza de que seus segredos nunca serão descobertos. C) Início da história. Narração: Sentados em roda, anuncie aos alunos que a partir de hoje vão conhecer uma história cheia de reviravoltas emocionantes e de aventuras fantásticas, intitulada “Sonho de uma Noite de Verão”, escrita originalmente como peça dramática. Apresente Shakespeare aos alunos e comece a narrativa, indicando que logo no início da história temos uma situação em que alguém revela um segredo, e isso gera uma confusão e tanto. Essa história começa assim: (Ato I da peça) Egeu leva a filha Hérmia ao palácio de Teseu, duque de Atenas. Egeu quer que o duque convença sua filha a se casar com Demétrio. Contudo, Hérmia se recusa a realizar este casamento, pois se encontra apaixonada por outro rapaz, de nome Lisandro. Para que o casamento da filha com Demétrio se efetive, Egeu quer a permissão do duque Teseu para fazer valer a antiga lei de Atenas que concede ao pai o direito de escolher o marido da filha. Assim, ou Hérmia se casa com Demétrio, como quer o pai, ou ela será condenada à morte, como prevê a lei ateniense. Desesperados pela impossibilidade de concretizarem o amor que sentem um pelo outro, Hérmia e Lisandro resolvem fugir para a casa de uma tia de Lisandro, que mora em outra cidade, bem distante de Atenas. Lá poderão se casar, pois nesta 135 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS localidade não vigora a mesma lei ateniense. Os dois marcam um encontro de noite, no bosque, para seguirem viagem rumo à casa da tia do rapaz. Hérmia e Lisandro contam o plano de fuga para Helena, a melhor amiga de Hérmia. E pedem que Helena guarde este segredo a sete chaves. A fuga dos dois é bem vista por Helena, que tenta sem sucesso conquistar o coração de Demétrio. Mas o rapaz está apaixonado por Hérmia. Para conquistar a confiança de Demétrio, e assim cativar seu coração, Helena resolve contar ao rapaz sobre a fuga de Hérmia e Lisandro, e sobre o plano dos dois de se encontrarem à noite no bosque. D) Personagem de quadrinhos. Um recado para Helena: Proponha aos alunos que cada qual, em uma folha de papel, crie um personagem de história em quadrinhos (de preferência um personagem inexistente), e que este personagem, por meio da fala escrita em um balão, mande um recado para a personagem Helena da peça “Sonho de uma Noite de Verão”. Ou seja, o personagem de quadrinhos desenhado no papel pelo aluno envia um recado ou uma pergunta para Helena, referindose ao fato desta personagem da peça de Shakespeare ter revelado o segredo de sua melhor amiga na tentativa de conquistar a confiança e o coração de Demétrio. A questão que cada aluno precisa responder para realizar a atividade é: o que você gostaria de dizer ou perguntar para Helena? A fala ou pensamento escrito no balão do personagem desenhado pelo aluno pode, por exemplo: aprovar ou reprovar a atitude de Helena; fazer alguma pergunta ou dar alguma sugestão para a personagem da peça de Shakespeare; dar alguma dica sobre como conquistar o coração de seu amado (como ensinar uma mandinga ou uma reza forte); fazer considerações sobre o fato de Helena ter revelado o segredo da melhor amiga; desejar sorte para Helena na conquista do coração de Demétrio; dizer a Helena que esqueça Demétrio e propor que ela o aceite como namorado; entre outras tantas possibilidades. Os alunos apresentam e comentam seus desenhos, que podem ficar expostos na sala de aula ou em outro espaço da escola para que todos os demais alunos apreciem como a personagem foi caracterizada e quais recados foram enviados. E) Roda de conversa: Encerre a aula perguntando se todos entenderam o início da narrativa e estimulando nos alunos a curiosidade por saber mais detalhes sobre o desenrolar da história, criando ganchos dramatúrgicos que mantenham o interesse da turma para a aula seguinte: O que acontecerá com Hérmia e Lisandro? Será que conseguirão chegar até a casa da tia do rapaz para casarem-se? Vocês acham que Helena fez bem em contar para Demétrio o segredo de Hérmia e Lisandro? Será que assim Demétrio poderá começar a confiar em Helena e gostar dela? O que fará Demétrio agora que sabe que os dois pretendem fugir? Entre outras perguntas e desdobramentos possíveis. 136 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Proposição 5 A) Roda de Conversa: Em roda, o professor pergunta se os alunos lembram o início da história e, se julgar necessário, recupera alguns detalhes da narrativa, até o momento em que estava na aula anterior. E acrescenta mais alguns detalhes à história: (Ato II da peça) No bosque em que Lisandro e Hérmia marcaram o encontro à noite, moram Oberon, rei dos duendes e Titânia, rainha dos elfos e das fadas. Os dois estão às turras, não param de brigar, pois Oberon sente muito ciúmes de um menino indiano, por quem Titânia tem demonstrado muito carinho. O rei dos duendes, possuído por intensa raiva, planeja se vingar da rainha das fadas, justamente na noite em que, por coincidência, Hérmia e Lisandro marcaram o encontro no bosque. Para isso, Oberon chama Puck, seu duende mais fiel e astuto, e pede que colha algumas gotas de uma flor chamada amor-perfeito. Oberon planeja derramar as gotas do sumo desta flor nos olhos de Titânia, quando ela adormecer. Assim, quando acordar, Titânia estará enfeitiçada e se apaixonará pelo primeiro ser vivo que ver pela frente, seja ele um elfo, um homem ou um jumento. Observamos, assim, que temos duas tramas paralelas nesta história: a dos amantes, que trata do amor de Hérmia e Lisandro, e a dos seres fantásticos, que aborda a desavença entre Oberon e Titânia. B) Caixa mágica. Um duende espalha os segredos: Pegue a caixa mágica, em que os alunos depositaram seus segredos na aula anterior, e diga-lhes que algo muito misterioso aconteceu: algum duende travesso roubou um segredo da “Caixa Mágica”. Ele jogou uma poção mágica que tornou possível a leitura da tinta invisível e fez com que o segredo fosse revelado. O objetivo deste jogo é descobrir quem é o duende que está espalhando o segredo roubado. A dinâmica desta atividade é uma adaptação do jogo “Detetive”. Ao invés dos personagens “Detetive”, “Assassino” e “Vítima”, temos os personagens “Oberon, rei dos duendes ou Titânia, rainha dos elfos e das fadas”, “Duende” e “Curioso”. Escreva em cada um dos papéis colocados dentro da caixa cada uma das funções designadas acima. Sendo que somente em um papel estará escrito “Oberon, rei dos duendes ou Titânia, rainha dos elfos e das fadas”, e também em apenas um papel estará escrito “Duende”. Em qualquer outro papel estará escrito “Curioso”. Depois de distribuídos os papéis, sem que um aluno possa saber o que está escrito no papel de outro colega, o jogo começa. Os alunos caminham pela sala, ninguém pode ficar parado. O objetivo do “Duende” é espalhar o segredo, o que faz piscando o olho para cada “Curioso” que encontrar pelo caminho. Assim que receber a piscadela, o “Curioso”, deve, discretamente, anunciar que já sabe o segredo e se transforma em pedra, sentando-se no chão da sala. O objetivo do personagem “Oberon ou Titânia” é descobrir quem é o 137 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS “Duende”. Para isso, pode fazer no máximo três acusações. O jogo termina: 1) quando o “Duende” conseguir espalhar o segredo para todos os “Curiosos” sem ser pego, ou 2) quando “Oberon ou Titânia”, tendo feito três acusações não descobrir quem é o “Duende”, ou 3) quando “Oberon ou Titânia” descobrir quem é o “Duende”. O jogo pode ser repetido algumas vezes. C) Roda de Conversa: Pergunte aos alunos sobre suas impressões acerca do jogo anterior: Gostaram do jogo? Qual a sensação de atuar como cada um dos personagens no jogo? Alguém sabe algo sobre os duendes, os elfos e as fadas? Retome alguns aspectos da narrativa do início da aula e busque manter o interesse pela sequência da história e estimulá-los a criar possíveis desdobramentos: O que será que vai acontecer agora que Oberon pretende pingar as gotas da poção mágica nos olhos de Titânia? Será que Hérmia e Lisandro vão se encontrar com esses personagens do reino da magia? O que poderá acontecer, então? Proposição 6 A) Roda de Conversa: Em roda, o professor propõe aos alunos que relembrem a narrativa até o ponto da aula anterior, enfatizando a decisão de Hérmia e Lisandro de se encontrarem no bosque para fugir de Atenas, e as brigas entre Oberon e Titânia. E avança mais um pouco a narrativa: (Ato II da peça) À noite, no bosque, enquanto aguarda Puck, seu servo mais fiel, retornar com a poção de amor-perfeito, Oberon, rei dos duendes, escondido na mata, observa a chegada de Demétrio, seguido pela jovem Helena. Ao ser avisado que Hérmia se encontraria no bosque com Lisandro, Demétrio resolve ir atrás dos dois para impedir a fuga de sua amada. Helena, por sua vez, apaixonada por Demétrio, resolve segui-lo, mesmo sem ter o amor correspondido. DEMÉTRIO- (para Helena) Eu não a amo. Não venha atrás de mim. Onde será que se meteram Lisandro e Hérmia? HELENA- Você me atrai como se fosse um imã. Eu não consigo resistir. DEMÉTRIO- O que eu posso fazer? Já lhe disse mil vezes que não a amo. HELENA- Por isso mesmo que eu o amo ainda mais. Quanto mais você me despreza, mais quero estar junto de você. Ao ver a bela Helena sofrendo de amores sem ser correspondida, Oberon ordena que Puck, que acabara de voltar com a mágica poção das flores colhidas, pingue umas gotas nos olhos de Demétrio, quando este adormecer, para inverter o amor, fazendo com que o rapaz se apaixone perdidamente pela moça a quem despreza. 138 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS B) O jogo do ímã ou o jogo da atração irresistível: Neste jogo o professor proporá aos alunos que experimentem cenicamente a sensação de atração incontrolável que sente quem recebe as gotas da poção mágica preparada por Puck em seus olhos. Em duplas. O jogador A põe a mão a poucos centímetros do rosto do jogador B, que, como se estivesse atraído por um imã, ou como se estivesse hipnotizado, mantém sempre a mesma distância da mão do companheiro. O jogador A pode experimentar movimentos dinâmicos, que possibilitem variações rítmicas e espaciais ao jogador B: movimentos nos níveis baixo, médio e alto, para esquerda e direita, circulares, em velocidades variadas. Ao sinal do professor, os jogadores trocam a função. Nesta atividade, o professor pode colocar uma música e propor que os alunos experimentem jogar relacionando-se com os ritmos e variações da sonoridade. C) Travessuras de duende: Professor converse com os alunos sobre as artimanhas que os duendes costumam aprontar, e os convide a realizar um jogo sobre as travessuras destes seres fantásticos. Aos duendes são atribuídas brincadeiras como: assustar os animais de noite, fazer os viajantes se perderem no caminho, fazer o leite azedar, impedir a água de ferver quando a panela está no fogo, etc. Em pedaços de papel, escreva as seguintes comandas, que indicam travessuras de duendes: Leite que azeda; animal que se assusta; viajantes que se perdem no caminho; manteiga que derrete; torrada que queima; bola que murcha; pão que cai com a manteiga para baixo; brinquedo que quebra; entre outras artimanhas. Coloque os papéis na caixa mágica, utilizada em aulas anteriores. Divida a turma em aproximadamente 5 grupos de 8 alunos. Cada grupo retira uma filipeta de dentro da caixa, e terá um tempo para montar uma breve sequência de gestos e sons (sem falas), com começo, meio e fim, de modo a mostrar a ação escrita na comanda. Ou seja, o grupo mostrará, utilizando gestos e sons, e com a atuação de todos os seus jogadores, a ação da bola que murcha, ou do animal que se assusta, ou da manteiga que derrete, ou do leite que azeda, etc. Os jogadores dos demais grupos observam com atenção a cena dos companheiros, para poderem comentá-las em seguida na roda de conversa. D) Roda de Conversa: Proponha um diálogo sobre as breves cenas apresentadas pelos grupos: foi possível reconhecer que travessura de duende cada grupo apresentou? Alguma sugestão poderia ser dada aos grupos, visando o aprimoramento da atuação? Retome a conversa sobre a narrativa de “Sonho de uma Noite de Verão”: Vocês acham que Demétrio conseguirá atrapalhar os planos de Hérmia e Lisandro? Será que Puck 139 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS conseguirá pingar o néctar das flores sobre os olhos de Demétrio? Se Demétrio se apaixonar por Helena, será que ela continuará a gostar dele? Proposição 7 A) Roda de Conversa: Em roda, o professor retoma em síntese a narrativa, até o momento da aula anterior. Em seguida, dá sequência à história: (Ato II da peça) Em outra parte do bosque, a noite avança, e Titânia, rainha dos elfos e das fadas, se prepara para dormir. Reúne todos os seus servos e pede para que cantem enquanto trabalham, mantendo a beleza da mata. Elfos e fadas, enquanto entoam uma canção para adormecer a rainha, se dividem nas funções: tiram os vermes dos botões de rosa; ajudam as lagartas a se transformarem em borboletas; caçam morcegos para fazerem pequenos casacos com os couros de suas asas; afastam as corujas para que, com o pio estridente, não incomodem o sono de Titânia. B) Canto coral. Cantigas de ninar: Em roda, o professor pergunta aos alunos o que sabem sobre cantigas de ninar. Após breve levantamento, entoa algumas canções com o grupo. C) O trabalho dos elfos e das fadas: O professor lembra com os alunos os afazeres dos elfos e das fadas solicitados pela rainha Titânia. Propõe que os alunos criem outras tarefas possíveis a serem executadas pelos servos de Titânia na manutenção do bosque. Em seguida, o professor sugere até três cantigas de ninar já entoadas anteriormente e pede para que cada aluno escolha qual delas gostaria de cantar, sem revelar aos demais. Circulando pela sala, os alunos cantam baixinho as cantigas escolhidas, até encontrarem outros alunos que fizeram a mesma escolha, formando três grupos. Cada grupo definirá uma das tarefas dos elfos e fadas para executar, enquanto cantam baixinho uma canção de ninar. Todo o grupo atua ao mesmo tempo, movimentando-se pela sala, executando a tarefa escolhida, cantando juntos uma das canções de ninar selecionadas, ou uma quarta cantiga, sugerida pelo professor. Proposição 8 A) Roda de Conversa. Para não perder o fio da meada: Em roda, o professor retoma, junto com os alunos, a história da peça “Sonho de uma Noite de Verão”. Para isso, pede que algum aluno comece a recontar a história, e que os demais vão, um de cada vez, completando os detalhes da narrativa, até o momento da última aula. Os alunos podem ser estimulados a recontarem a história do seu jeito, de uma maneira pessoal, encontrando um jeito próprio de descrever os personagens e as situações, mas sem perder o fio da meada. 140 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS B) Escrevendo sons: O professor propõe aos alunos que lembrem e reproduzam sons que existem em um bosque. Divide a turma em grupos para pesquisarem outros sons possíveis existentes no bosque e demonstrarem o som que escolheram. Após a apresentação de cada grupo, todos os grupos podem apresentar seus sons ao mesmo tempo. O professor pode reger o coro de sons, como se fosse uma orquestra. Em seguida, o professor pede que cada grupo escreva a sonoridade que acabou de demonstrar, representando graficamente o seu som. Ou seja, como uma onomatopeia, o grupo vai criar e redigir uma palavra cuja pronúncia imita o som natural da coisa significada: o barulho de um rio, o piar da coruja, etc. Cada grupo volta a demonstrar o som do bosque que escolheu e apresenta a palavra que redigiu para imitar aquela sonoridade. Nesta atividade, estamos investigando possibilidades de linguagem que serão retomadas adiante, quando os alunos montarão cenas de teatro em quadrinhos. C) Roda de conversa: O professor levanta algumas questões acerca das atividades propostas em aula: a maneira que vocês recontaram a história ficou muito diferente da maneira que eu narrei nas aulas anteriores? Que diferenças podemos observar na maneira de contar a mesma história? E a orquestra de sons do bosque? Gostaram do resultado? Por quê? Como foi escrever o som? A pronúncia das palavras ficou semelhante às emissões sonoras? Proposição 9 A) Roda de Conversa: Em roda, o professor retoma a narrativa: (Ato III da peça) Tarde da noite, Puck circula pela floresta procurando por Demétrio e Helena, para cumprir a ordem de Oberon: pingar o néctar da flor nos olhos do rapaz, para que ele se apaixone pela moça que despreza. Depois de muito rodar sem achar o casal que procura, Puck se depara com Lisandro e Hérmia que também se encontram no bosque, prontos para, ao amanhecer, fugirem para outra cidade. O Duende travesso e trapalhão confunde os casais e, assim que Lisandro e Hérmia adormecem, pinga a poção nos olhos de Lisandro. Logo em seguida, surge Helena desolada e cansada de tanto correr atrás de Demétrio. HELENA- (lamentando-se) Estou exausta dessa caçada amorosa. Quanto mais gosto de Demétrio, menos ele se interessa por mim. Devo ser tão feia quanto um jaburu. Com o barulho, Lisandro desperta e, enfeitiçado, se apaixona imediatamente por Helena. 141 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS B) Cenas em quadrinhos (três quadros): O professor divide a turma em seis grupos, cada grupo montará três cenas de teatro em quadrinhos, compondo quadros com atores congelados e balões feitos de cartolina posicionados sobre os personagens. Nem todos os alunos precisam estar em cena. Alguns podem colaborar na composição dos quadros, ou atuar como contrarregras, segurando os balões sobre os personagens em cena. 1º quadro: Lisandro e Hérmia dormindo. Ex: os jogadores podem expressar o que Lisandro e Hérmia estão sonhando através de palavras ou imagens expostas nos balões. 2º quadro: Puck pingando o néctar nos olhos de Lisandro. Ex: O que Puck estará pensando enquanto pinga o néctar nos olhos de Lisandro pode ser expresso em balão sobre este personagem. 3º quadro: Lisandro acorda e se apaixona por Helena. Ex: A paixão fulminante de Lisandro e as reações de surpresa de Helena e Hérmia podem fazer parte da composição da cena, tanto nas posturas gestuais, quanto nas falas dos personagens, expressas nos balões. Os grupos se apresentam vez a vez. Os jogadores montam o 1º quadro (composição corporal e balões), e deixam a cena congelada por alguns segundos. Logo em seguida, desmontam e montam o 2º quadro, e, na sequência, o 3º quadro. De modo a criar, com a sequência dos três quadros, uma continuidade para a ação dramática. Os demais jogadores assistem, enquanto aguardam a sua vez de apresentar as suas cenas. C) Roda de conversa: O professor levanta algumas questões acerca das investigações realizadas na aula: Como vocês observaram as resoluções de cenas apresentadas por seus colegas? As cenas dos grupos foram compreensíveis? Os balões com falas estavam bem relacionados com a postura corporal dos personagens? As resoluções dos grupos foram muito semelhantes ou tiveram diferenças marcantes? Que semelhanças e diferenças das cenas dos grupos podem ser destacadas? Proposição 10 A) Roda de Conversa: Em roda, o professor retoma a narrativa: (Ato III da peça) Ao perceber a trapalhada que fez Puck, ao deixar Lisandro apaixonado por Helena, Oberon ordena que o Duende corrija a confusão que criou. Assim que Demétrio adormece, Puck pinga nos olhos do rapaz a poção mágica, providenciando para que, ao despertar se depare com Helena, apaixonando-se pela moça. 142 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Ao tentar corrigir, Puck acaba por aumentar a confusão. Pois agora Demétrio e Lisandro disputam o amor de Helena e planejam uma briga para ver quem ficará com a bela moça. Puck se faz invisível e, imitando vez a vez a voz de cada um dos rapazes, enganaos, fazendo com que cada qual o siga por caminhos diferentes, não deixando que se encontrem para realizarem a briga que planejaram. PUCK– (invisível, para Demétrio) Siga a minha voz, covarde. Venha atrás de mim, quero ver se você é homem de verdade (levando Demétrio para longe de Lisandro). PUCK- (invisível, para Lisandro) Venha para cá, medroso. Siga a minha voz. Estou aqui. Venha e mostre a sua valentia (levando Lisandro para longe de Demétrio). De tão cansados por seguirem a voz de Puck, os quatro jovens adormecem. B) Pau rolou, pau caiu. Ou Como Puck engana os amantes: Em roda, o professor pedirá para que o jogador A saia da sala. Este jogador desempenhará no jogo ação semelhante a de Lisandro ou Demétrio na parte da história acima apresentada, enganados pelas artimanhas de Puck. Os demais escolherão um jogador B, que desempenhará ação semelhante a de Puck. O jogador B inicia o jogo, fazendo um movimento que todos deverão repetir. O jogador A é convidado a entrar na sala e se posicionar no centro da roda. O jogador B deverá mudar constantemente seus movimentos, sendo seguido pelos demais jogadores da roda. O jogador A, por sua vez, tentará descobrir, em até três tentativas, quem é o Puck. C) História coletiva com objetos: Em roda, os alunos são convidados a criar uma história coletiva a partir do tema “Puck, um duende travesso”. Enquanto os alunos vão, um de cada vez, fazendo avançar as partes desta história, o professor vai tirando da caixa mágica alguns objetos, que os jogadores precisarão introduzir na história. Por exemplo: O jogador A inicia a história falando sobre um duende na cidade, que altera as placas de trânsito, fazendo uma grande confusão. O professor tira da caixa mágica e mostra para o jogador que está narrando um pequeno chapéu. O jogador A inclui na história a figura de um homem de chapéu, que passeia pela rua, e que o duende faz voar o seu chapéu, e o homem sai correndo atrás do chapéu... E assim por diante. D) Roda de Conversa: O professor propõe uma análise das atividades da aula, a partir de algumas perguntas: Gostaram da história que nós criamos? A história teve coerência? Ou seja, o começo, o meio e o fim da história ficaram bem interligados e claros para todos? Em seguida, retoma a conversa sobre a narrativa de “Sonho de uma Noite de Verão”: O que acontecerá agora que os dois rapazes estão apaixonados por Helena? Como será que Hérmia está se sentindo? Será que Puck conseguirá colocar tudo em ordem? Se vocês fossem Puck e tivessem a poção mágica, o que fariam com os casais? 143 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Obs: Pedir aos alunos que tragam elementos de figurino e adereço que possam servir para a composição do personagem Puck, o duende. O professor também leva alguns adereços e figurinos complementares para a próxima aula. Proposição 11 A) Roda de Conversa: Em roda, o professor, se considerar importante, retoma brevemente a história de “Sonhos de uma Noite de Verão”. Se perceber que os alunos estão acompanhando bem a sequência da narrativa, não se faz necessário recontar a história a cada início de aula. B) Berlinda. Entrevista com Puck: Variante 1: O professor disponibiliza os elementos de figurino e adereços levados por ele e pelos alunos e, em roda, propõe que um dos jogadores possa se caracterizar de Puck, selecionando alguns dos materiais disponíveis. O jogador senta-se em uma cadeira colocada no centro da roda. Os demais jogadores fazem perguntas à Puck, e o jogador no papel do duende improvisa as respostas, buscando sempre coerência entre suas respostas e a história de “Sonho de uma Noite de Verão”. Outros jogadores podem assumir o papel de Puck, utilizando os mesmos ou outros elementos de figurino e adereços disponíveis Variante 2: O professor poderá ser o Puck, ou poderá solicitar a outro professor ou convidado que assuma o papel de Puck. O personagem Puck poderá utilizar os adereços que o grupo levou para a aula para caracterizar-se. Os alunos farão perguntas a Puck. C) Roda de conversa. Narração. Fim da história: O professor finaliza a história de “Sonhos de uma Noite de Verão”: (Ato IV da peça) De manhã, após a confusão ocasionada pelas trapalhadas de Puck na noite anterior, aparecem no bosque Egeu, pai de Hérmia, e Teseu, duque de Atenas, que partiam para uma caçada. Egeu e Teseu se surpreendem ao encontrar os quatro jovens – Lisandro, Demétrio, Hérmia e Helena – dormindo em uma clareira na mata. Lisandro confessa o plano de fugir com Hérmia. Egeu, furioso por se ver desrespeitado pela filha, solicita à Teseu que seja cumprida a lei de Atenas, e que Lisandro e Hérmia sejam condenados à morte. Demétrio interrompe Egeu, revelando que, sem saber como isso aconteceu, não se sente mais apaixonado por Hérmia, que seu amor pela filha de Egeu se derreteu como a neve, e que ama Helena como jamais amou alguém. 144 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Teseu resolve respeitar os desejos dos moços e, perdoando o desrespeito à lei, abençoa o casamento de Lisandro com Hérmia e de Demétrio com Helena. (Ato V da peça) Teseu, duque de Atenas, promove uma festa em seu palácio para celebrar a união dos casais. Proposição 12 A) Apresentação da proposta de Teatro em Quadrinhos: O professor propõe que os alunos se dividam em oito grupos para, nas próximas aulas, desenvolverem uma breve encenação de teatro em quadrinhos, a partir da temática: “Puck nos dias de hoje”. Como pensar este personagem fantástico em uma história que se passaria em nossos dias? Cada grupo apresentará a sua história em cinco quadros. B) Composição das histórias: Para iniciar o processo de composição das cenas de teatro em quadrinhos, o professor propõe que os grupos se reúnam para escrever uma breve narrativa, que será, em seguida, apresentada aos demais colegas. Depois que cada grupo apresentar suas histórias, os alunos e o professor podem fazer sugestões às narrativas criadas pelos grupos. Proposição 13 Teatro em quadrinhos. Composição dos quadros: Desdobrando as narrativas criadas pelos alunos na aula anterior, cada grupo compõe cinco quadros sequenciais para contar sua história. O professor providencia cartolinas brancas e solicita que os alunos levem figurinos e adereços para a próxima aula, tendo em vista a elaboração de suas cenas. Proposição 14 Teatro em quadrinhos. Criação de figurinos e balões: Os grupos finalizam seus quadros com a inclusão de figurinos e de balões. Proposição 15 Teatro em quadrinhos. Apresentação de quatro grupos e avaliação: A primeira metade dos grupos apresenta as suas encenações para os colegas. Ao final, o professor coordena a avaliação das cenas apresentadas, que será realizada a partir de comentários feitos pelos alunos e pelo próprio professor acerca das cenas. 145 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS Proposição 16 Teatro em quadrinhos. Apresentação dos grupos e avaliação: A segunda metade dos grupos apresenta as suas encenações para os colegas. Ao final, o professor coordena a avaliação das cenas apresentadas, que será realizada a partir de comentários feitos pelos alunos e pelo próprio professor acerca das cenas. O professor pode fotografar os quadros de cada grupo e montar uma exibição das encenações dos seus alunos. 146 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Rubem. Interpretar é compreender. Folha de São Paulo, São Paulo, abr., Sinapse, p. 06, 2004. 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São Paulo, Perspectiva, 1992. 147 ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE – ANOS INICIAIS ORIENTAÇÕES CURRICULARES E DIDÁTICAS DE ARTE PARA O ENSINO FUNDAMENTAL - ANOS INICIAIS – 5º ANO VERSÃO PRELIMINAR/2013 COORDENADORIA DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA (CGEB) Ghisleine Trigo Silveira Coordenadora DEPARTAMENTO DE DESENVOLVIMENTO CURRICULAR E GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA (DEGEB) Regina Aparecida Resek Santiago Diretora CENTRO DE ENSINO FUNDAMENTAL DOS ANOS FINAIS, DO ENSINO MÉDIO E DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL (CEFAF) Valéria Tarantello de Georgel Diretora CENTRO DE ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS (CEFAI) Sonia Gouveia Jorge Diretora CENTRO DE APOIO PEDAGÓGICO ESPECIALIZADO (CAPE) Ana Lucia Daher de Azevedo Moura Diretora EQUIPE CURRICULAR DE ARTE (CEFAF) Ana Cristina Siqueira, Carlos Eduardo Povinha, Kátia Lucila Bueno e Roseli Ventrella MEMBROS DA EQUIPE DO CENTRO DE ENSINO FUNDAMENTAL DOS ANOS INICIAIS (CEFAI) Edgard de Souza Junior, Edimilson de Moraes Ribeiro, Luciana Aparecida Fakri, Márcia Soares de Araújo Feitosa, Maria José Gonçalves da Silva Irmã, Renata Rossi Fiorim Siqueira, Silvana Ferreira de Lima, Soraia Calderoni Statonato e Vasti Maria Evangelista. COORDENAÇÃO GERAL Carlos Eduardo Povinha e Roseli Ventrella AUTORIA CONSULTORES ESPECIALISTAS: Maria Terezinha Teles Guerra (Artes Visuais), Flávio Desgranges (Teatro), Thiago Abdalla (Música), Uxa Xavier e Ana Terra (Dança). GRUPO REFERÊNCIA DE ARTE (GRA) – PROFESSORES COORDENADORES DE ARTE DOS NÚCLEOS PEDAGÓGICOS: Andréia Carla Lobo da Silva (DE São José dos Campos), Antonio Delfino (DE Centro Oeste), Camila Josefina Jesus (DE Itapeva), Cristina Aparecida Zaniboni Antonelli DE Ourinhos), Débora David Guidolin (DE Ribeirão Preto), Dinorah Gomes Sanches (DE Norte 2), Djalma Abel Novaes (DE Guaratinguetá), Eduardo Garrido Lodovico (DE Andradina), Eliana Florindo (DE Suzano),Elisangela Vicente (Leste 5), Fátima Regina Dias Vilas Bôas (DE Sul 2), Lucia Angela Mansano Bergner (DE Lins), Luiz Carlos Tozetto (DE Norte 2), Marcos Garcia Scarabello (DE Adamantina), Pedro Kazuo Nagasse (DE Jales), Pedro Luis Padovini (DE Bauru), Roberta Jorge Luz (DE Sorocaba), Silmara Lourdes Truzzi (DE Marília), Silvia Ramalho Navarro (DE Registro), Vera Lúcia Fernandes Sassi (DE Penápolis), Wagner Aparecido da Silva (DE Itapecerica da Serra), Wladimir Galante Teixeira (DE São João da Boa Vista) FOTOS: Foto Silvia Machado 148