Confluências - Escola Secundária de Camões

Transcrição

Confluências - Escola Secundária de Camões
BOLETIM ESCOLAR
Confluências
Confluências
Janeiro / Fevereiro
2011
A
NOVA ESCOLA
VAI GANHANDO FORMA.
AS OBRAS DE REMODELAÇÃO E
DE REQUALIFICAÇÃO SEGUEM
DENTRO DE MOMENTOS!
(2ª Série)
Com o apoio do
Grupo
Desportivo
e
Cultural
do
Banco
de
Portugal
Nesta edição:
Scriptomanias
Impressões
Leituras
Acordo Ortográfico
Visitas
Iniciativas
Cinema & Reflexão
Teatro & Reflexão
Breves
Trabalhos de alunos do Curso de Artes
pp. 2-3
p. 4
p. 5
p. 6
p. 7
pp. 8-9
p. 10
p. 11
p. 12
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Foto de A. S.
Confluências
SCRIPTOMANIAS
Ser poeta é…
Natal pelo Chiado
Que faz a poesia neste velho mundo
Senão cantar o amor e a tristeza,
A todo o cego, surdo e mudo
Se a este lhe cabe tal esperteza.
E nada falta a um poeta contudo
Desde que tenha pena, tinta e mesa,
Para escrever uma obra imensa,
Que até o pobre e rico convença.
E tal foi o feito deste grande herói
A quem faltou merecida recompensa,
Mas o amor pela sua pátria corrói
A sua grandíloqua obra densa.
E nem el-Rei com seu poder mói,
O que a sua alta arte compensa.
E por quinze mil réis oferecidos
Manteve os portugueses homens unidos
Agora é a vez de desconhecidos novos poetas
Cantarem os novos e valorosos nossos feitos,
Que correspondem a possíveis e alcançáveis metas
Que, deixando para traz os sempre queridos deleites,
Façam parecer os cupidos e as suas setas
Como seres humanos cheios de defeitos.
Mas não tenham medo do mundo do engano,
Que errar não é anormal é apenas humano.
Tiago Luís Brito, 12ºE, in Blogue Poetar…
O meu mundo feito de sonhos
Que eram apenas sonhos a nascer
Sonhei com um mundo
Onde tudo era diferente
Onde tudo era profundo
Onde tudo era sentido intensamente
Fiquei então a pensar
Porquê tanta crueldade
Porque nada pode ser fácil
Porque não simplesmente a verdade?
Imaginei uma vida
Uma vida feita apenas de sonhos
Tudo era fantasia
Tudo era verdadeira amizade vivida
Percebi então que
Cada vida é uma história
Cada momento é uma página
Cada pessoa é apenas um criatura inglória
Depois de tanto sonhar
Acabei por me aperceber
Que estava apenas a imaginar
Ana Margarida Fonseca, 10ºE,
in Blogue Poetar…
Floresta Citadina
Propriedade: Escola Secundária de
Camões
Praça José Fontana
1050-129 Lisboa
Telefs. 21 319 03 80 - 21 319 03 87/88
Fax. 21 319 03 81
João Barrocas, 12º D
Título: Confluências
Iniciativa: Departamento de Línguas
(Grupo Disciplinar de Românicas)
Director: António Souto
Coordenação de edição: António Souto
e Manuel Gomes
Periodicidade: Trimestral
Impressão: CDCBP
Tiragem: 250 exemplares
Depósito Legal:
Se tem espinhos
é rosa
Se tem rugas é
um cravo
Que nasce da
prosa
Por entre terra
de mato.
Nunca se vira
coisa assim
Num feito de habilidade
Nascem e crescem por aqui
Flores que animam a cidade.
Luísa Vera, 10ºE, in Blogue Poetar…
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Confluências
João Barrocas, 12º D
Poema que não é
Poeta que é sem o ser,
que escreve poesia sem o saber,
apenas por escrever.
Poeta que é sem o ser,
SCRIPTOMANIAS
num caderno de rabiscos,
pitorescos chuviscos de letras,
palavras,
apenas por palavrear.
Poeta que somente escreve.
Numa mão a caneta,
na outra, um pensamento.
Poeta sem fama,
Poeta que é sem saber,
Poema de passatempo.
Assim,
poeta num momento,
palavra que soletra bem lento,
E num rascunho somente,
um momento de pensamento
apenas por aborrecimento.
Numa força de expressão, conPela força de esquecer,
vém:
escreve o poeta, daquilo que Poeta que não é,
sabe,
Poeta de ninguém.
escreve, mas não exibe.
Sofre,
Gonçalo Gomes, 12ºD,
in Blogue Poetar…
apenas por sofrer.
A Carpa aprendeu a voar
Blogue interactivo
Só não tenho asas”
Carpa, uma das mais belas
do mundo,
Rainha dos peixes do mar
Convocou os peixes lá do
fundo
Para dela se poder gabar
“Tenho as escamas mais
brilhantes,
Como eu não há outra igual,
O meu brilho chega aos
locais mais distantes
da
Mas o brilho chegou tão longe,
Que uma gaivota que ia a
passar,
Ensinou a carpa voar.
Escola Secundária de Camões
lê, escreve, desenha
Rui Agostinho, 10ºD,
in Blogue Poetar…
E no seu todo é divinal
Majestoso, estonteante
Grandioso, ofuscante
A maior, a melhor,
A mais bela.
Não há nada tão bom como
eu
Os mamíferos não me atacam,
Pois não sabem nadar.
Na água ninguém me toca,
Sou a mais rápida do mar.
“pera espertar engenhos
curiosos”
http://poetarmagazinepoesia.blogspot.com/
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Confluências
IMPRESSÕES
“José e Pilar”
Vi hoje o filme “José e Pilar” que estreou recentemente. Ao
que sabia, o filme mostrava um período de tempo na vida
deste casal (José Saramago e Pilar del Río). Período, esse,
que corresponde ao tempo em que Saramago pensou, escreveu e publicou a Viagem do Elefante.
O filme começa em Lanzarote, ilha que o casal adoptou
como sua e onde plantaram o seu “refúgio e abrigo” de uma
sociedade que desprezavam. Nesta mesma ilha, perto do
“refúgio” a que chamaram “A Casa”, estavam a construir, na
altura, uma biblioteca. Ao longo do filme é acompanhada a
obra desta biblioteca e a sua conclusão.
José Saramago transmitira-me a ideia de um homem áspero e amargo, firme na sua posição contra a religião e firme
também na defesa dos ideais comunistas. Neste filme, vemos
um Saramago apaixonado por Pilar (sua “bengala” física e
intelectual na sua velhice lúcida), com sentido de humor,
interessado nos pormenores da vida sem, no entanto, alterar
a sua posição em relação à morte e à concepção do Universo.
Férias Voluntárias
Ao período de férias associa-se o lazer,
o convívio e a descontracção. Todas as
minhas férias escolares têm estes ingredientes mas, às últimas, acrescentei-lhe
outro: voluntariado num lar de idosos
da Santa Casa da Misericórdia.
Assim, às nove da manhã de um dia
tórrido do mês de Agosto, iniciei o meu
primeiro trabalho como voluntária,
dominada por muita apreensão e receio,
principalmente quando um grande grupo de idosos, constituído por homens e
mulheres, me olhava de alto a baixo
com um ar desconfiado e incrédulo.
Depois das apresentações, as perguntas sobre a minha identidade e a minha
permanência ali faziam eco, entrecruzadas umas nas outras e sem tempo de
resposta. Simultaneamente, uma idosa
gritava desesperada e pedia que a
levassem para casa. E eu, que já me
sentia desconfortável, tive vontade de
me ir embora. Enquanto as funcionárias
me faziam uma visita guiada às instalações, todos os que encontrava pelos corredores, refeitório e salas me perguntavam por que razão estava ali. A minha
presença não fazia sentido para os utentes nem para as funcionárias, pois,
explicaram-me depois, era a primeira
vez que tal situação acontecia: uma
jovem ir trabalhar durante as férias
para aquele lugar pouco apetecível e
sem ganhar nada em troca.
No entanto, as horas foram passando
e o desconforto inicial suavizou. Não
Um José Saramago amável e simpático na relação com os
apreciadores da sua obra e muito comunicativo nas conversas. Paciente com jornalistas ou simplesmente entrevistadores cujo nível intelectual está, por vezes, bastante abaixo do
seu.
Pilar del Río era de facto o que o nome nos diz. Um “pilar
móvel”, apoio indispensável à debilidade física de um homem
cujo envelhecimento mental não acompanhou o físico. Não
era só um apoio nesta vertente prática da vida, era também
sua crítica, sua tradutora, sua adversária em algumas discussões... Fazia tudo isto com a garra, força, ânimo e alegria
espontânea típicas da cultura andaluz. Vemos claramente
esta forte marca em Pilar e na sua família quando esta se
reuniu na terra natal para o enterro da mãe (“Mamã”, como
lhe chamava Pilar sorrindo de olhos brilhantes). Não deixando nunca de ser a Pilar firme e decidida, julgo poder afirmar
que foi uma parte importante de Saramago, não só na vertente pessoal (que o filme foca com mais intensidade), como
também na literatura.
passou muito tempo até perceber que a
minha missão exigia reacção pronta,
quando fiquei sozinha perante uma
doente com alzeimer que derrubava
tudo à sua volta. De imediato entendi
que naquele lugar não havia espaço
para indecisões. Todo o meu trabalho
era aparentemente simples: ajudar
todos os que se deslocavam em cadeiras
de rodas, acompanhá-los ao centro de
saúde, ao banco ou a outra instituição,
levá-los à capela ou à missa, organizar
torneios, jogar às cartas, ler e escrever
cartas para a família, pentear ou pintar
as unhas, pôr e levantar a mesa etc. No
entanto, nem sempre foi fácil, diria
mesmo que por vezes foi até penoso.
A fragilidade física e emocional dos
idosos perturbava-me. As lágrimas permanentes nos seus olhos emocionavamme e faziam-me sentir impotente para
os ajudar. Tentava superar, fingindo
uma confiança de como quem sabe o que
está a fazer, respondendo às suas dúvidas com uma certeza inabalável, acalmando-os com uma segurança aparente
e fazendo-os rir como se toda a felicidade do mundo tivesse sido transportada
para ali. Aliás, nessa minha experiência, foi sempre o olhar e o sorriso que
mais me emocionaram. Um olhar perdido e vazio, de esperança e conforto, de
Manuel Figueira, 11º L
desilusão e sofrimento, de solidão e
abandono; ou um sorriso de cumplicidade e atrevimento ou de satisfação e de
esperança.
Na verdade, os meus dias tornavam-se
ambíguos. Tinha dificuldade em descrever o meu estado de espírito. Por um
lado, o facto de os idosos já me conhecerem, chamarem por mim, quererem a
minha companhia, fazerem centenas de
perguntas a meu respeito, fazia-me
acreditar na minha utilidade ali e isso
enchia-me de uma enorme satisfação.
Ficava satisfeita e surpreendida comigo
mesma, via, sentia e fazia coisas que
nunca tinha imaginado fazer; por outro,
a incapacidade de lhes resolver os principais problemas e angústias, o facto de
a minha permanência lhes estar a criar
expectativas de companhia para a sua
solidão, deixava-me amargurada. Vivi,
portanto, momentos que me marcaram
e que me fizeram crescer, mas que não
estava minimamente preparada para
eles. Mas se a experiência pode servir
para que a nossa vida possa ser mais
previsível, mais cómoda e segura, espero que esta tenha contribuído para isso.
Sem dúvida que a velhice é uma
‘época’ sombria, de abandono, de decadência, de doença e de solidão. Sem
dúvida que há uma certa cultura de
exclusão dos idosos, mas é urgente e
necessário que a sociedade reconheça o
que lhes deve, e que cada um de nós os
acolha e valorize.
Margarida Saruga Cardoso,
12º G
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Confluências
LEITURAS
O Ano da morte de
Ricardo Reis
Ricardo Reis é o monarca sem rei.
Ricardo Reis é um reflexo de contradições. Ou, pelo menos, é este que nos é
dado a conhecer por José Saramago,
nesta obra que nos apresenta a até
agora desconhecida morte do heterónimo de Fernando Pessoa, Ricardo
Reis.
Não tendo Fernando Pessoa mostrado ao mundo o desfecho da vida de
Ricardo Reis, Saramago fá-lo por ele
e, no final, não resta dúvida, esta é
uma
obra
claramente
“Saramaguiana”. Verdade seja dita, o
ritmo é muito pausado, e com certeza
não agradará àqueles que só se satisfazem com a constante acção desenfreada, o movimento incessante. É
uma descrição, e mal daqueles que
não a sabem apreciar. Não é nada
disso que se passa aqui, nada desse
encavalitar de acções em que o leitor
fica cansado só ao tentar acompanhar
o frenético movimento da personagem
através da escrita (e que quase nunca
deixa material para reflexão). A narrativa é lenta, e quem nada sabe
sobre Ricardo Reis, dificilmente perceberá algumas subtilezas do humor de
Saramago. E para quem o conhece,
como pode deixar de largar uma gargalhada quando a sua musa, Lídia
(“Vem sentar-te comigo, Lídia”), nos é
apresentada como uma criada, e uma
muito promíscua por sinal. Ou quando se revolta ao ler no jornal, “Morreu
Fernando Pessoa, e com ele Álvaro de
Campos, Alberto Caeiro, Ricardo
Reis…”. Não será isto uma falha? Ora
ele está ali mesmo!? O choque e revolta da personalidade, que aqui se
transforma mesmo em personagem, é
absolutamente hilariante, o humor de
Saramago é irresistível. Até quando
Ricardo Reis se põe a compor quadras
em forma de redondilha maior no seu
quarto, assim espontaneamente, nada
ao seu estilo, demasiado próximo do
popular. Agradece-se aqui a solidão
da personagem, ou seria esta uma
traição à sua escrita e, quanto à vergonha, mesmo não a vendo, temos a
certeza que lhe está estampada na
cara. Mas que se engane quem julga
que Reis é assim tão solitário, e nada
quer com as paixões, é mais que uma
a contradição face às suas tão conhecidas odes, o seu estoicismo, a maldita
ataraxia, a sua vida de espectador.
Não é só Lídia que lhe vem aquecer o
leito, ou melhor, de facto é a única que
efectivamente o faz, mas não lhe é
dado acesso exclusivo. Oh! Nada
disso! Reis parece carente de afectos,
e com tendência para confusas e
improváveis paixões. No entanto,
aqui, a sua verdadeira paixão é por
Marcenda, uma aleijada. E quem
esperaria isto de Reis? Não uma, mas
duas. Mas esta não o aceita. E deixála de lado para não sofrer? Nada
disso! Ele até faz uma improvável
peregrinação a Fátima, em busca de
um vislumbre da sua amada. Pobre
Reis, quem diria que eram estes os
seus verdadeiros caminhos…Continua
a ser o Reis que só vê a palavra deus
no plural, ninguém lhe tira isso, mas
também não é isto que o afasta desta
viagem. Esqueçamos o desenlaçar de
mãos, o afastamento do sofrimento,
aqui ele dá-se ao máximo a esta paixão, mesmo quando não é por completo retribuída. E se não se satisfaz com
uma, engravida a outra. É aqui que
conhecemos a faceta de Pessoa conselheiro, que ajuda Reis nas suas dúvidas, e que, em morte, por vezes parece
mais humano que o, por vezes cruamente insensível, Reis.
E, se alguns talvez vivessem destas
subtilezas, Saramago não se fica por
aqui. Reis, que julga voltar por causa
da morte de Pessoa, que não vê há 16
anos, dá por si a reencontrá-lo. Está
morto com certeza, não se trata de
nenhuma ressuscitação ou milagre, e
se o fosse seria a ironia de
Saramago a tentar escapar
a qualquer força, por qualquer aberta. Este fica mais
nove meses na Terra, com
a possibilidade de ser visto
por quem quer pois, tal
como estamos nove meses
na barrigas das nossas
mães a tentar cravar-nos
pela primeira vez nas
memórias das pessoas à
nossa volta, necessitamos
também de nove meses
para ser esquecidos. E
deixemo-nos de ingenuidades, não é necessário mais
do que isto segundo ele.
Assim, Reis passeia-se com
Pessoa, esta personagem
de negro, sem chapéu, sem
frio. Um Pessoa com um
maior sentido de humor,
mais rebelde e atrevido,
digamos, que não deixa de
conquistar leitores. Ou
pelo menos é o que eu digo,
porque fui conquistada.
Ora sobram sempre coisas
para dizer, a vida nunca
será
suficiente
para
expressarmos tudo o que
queremos, quanto mais se
andamos metade dela a tentar esconder o que pensamos, ocultar o que se
nos apresenta como uma verdade
indubitável, seja por medo, cobardia,
preguiça, insensatez…Palavras não
faltam. Qual delas será a verdadeira?
Aqui, após a morte, ou durante esta
(sabe-se lá qual é a forma certa!),
conhecemos um Pessoa mais desbocado. O existencialismo está cá à mesma, quer por parte de Reis como de
Pessoa, mas é de diferente natureza.
Não podemos deixar de notar, apesar
das atitudes improváveis de Reis, que
estes dois estão intimamente ligados
e, tal como Pessoa se vai apagando,
vamos tendo pistas de que Reis, tal
como este, vai passando as mãos ao de
leve pela borracha. Assim, Reis morre
realmente com Pessoa, também ele
desaparece passados nove meses. As
teimosias de pouco lhe servem, chega
lá sozinho por fim, nada faz ali sem
Pessoa, os jornais não estavam assim
tão enganados.
Mais uma vez, esta é uma obra de
génio de Saramago. Tem um ritmo
muito lento, mas vive de ténues ironias, uma inimaginada criatividade
do autor. Mas, pensando no carpe
diem ao estilo de Reis, não faz isto
afinal todo o sentido? É claro que
Saramago nem sempre cumpre o que
se diz nas suas odes, e ainda bem, ou
não seria esta uma obra sua, mas algo
do verdadeiro Reis teria de estar aqui.
Não é isto mais que uma luta de personalidades e contradições dentro da
mesma pessoa, é isto que Saramago
tenta mostrar. Quantas vezes não se
olha ele ao espelho tentando encontrar algo? Quem sou eu? Ou melhor:
Quantos sou? Saramago é fiel, não
fere de maneira alguma a obra de
entrado na natureza do autor, não
queremos outra coisa, pelo menos da
parte dele. Se não tem pontos finais e
de exclamação na dose considerada
normal, usa muitíssimo bem a vírgula. Quem disse que temos de ser todos
iguais? Escrever todos da mesma
maneira? Não é um livro para ser lido
aos soluços, exige concentração e
tempo para se entrar no ritmo, não se
pode fazer infinitos intervalos, pede
ao leitor dedicação, não fosse de outra
maneira muito difícil compreender a
sequência de páginas e páginas sem
qualquer ponto final. Não é falha da
escrita, é A escrita de Saramago. Não
se pode também esquecer os dados
históricos que nos são aqui apresentados em relação à Guerra Civil de
Espanha. Nota-se claramente que foi
uma época histórica que marcou de
alguma forma o autor e, aqui, ele fazse perceber, mesmo para aqueles que
pouco sabem sobre o que realmente
ali se passou. No meio de tantas contradições de Reis, este não deixa de
ter medo, ou pelo menos de se sentir
incomodado, quando a vida corre num
reboliço. E, tal como foge do Brasil
quando se dão ares de guerra ou, pelo
menos, da mínima revolta, também
aqui se mostra insatisfeito quando vê
a guerra espanhola aproximar-se, e o
início de algumas revoltas nacionais.
Ainda é um homem que quer solidão,
intercalada com alguns momentos de
paixão mais carnal, como se vê, mas,
ainda assim, é um solitário,
que só entrega quase totalmente a sua cabeça a Fernando Pessoa. Aliás, ficamos na dúvida se, na única
vez que vai trabalhar na
obra, será porque realmente
lhe apetece, ou só para não
dar muito nas vistas. Por
sua vontade e total seguimento dos instintos, talvez
tivesse ficado sentado todo o
livro a debater com as suas
personalidades,
enquanto
não vinha Lídia para o
ajudar a fazer um intervalo
ou outro… Quanto à sua
faceta de poeta, dessa pouco
fala, revelações só com
Pessoa, que não deixa de
lado os seus irónicos comentários, ou os de Saramago…
Qual deles falará aqui?!
Em suma, se tinha curiosidade em relação ao desfecho
que Pessoa teria dado a esta
vida, não deixo de sentir
uma agradável sensação por
ter restado esta oportunidade a Saramago. No fim, fica
uma nostalgia, temos saudades
destes
“companheiros”, caminhaPessoa, afinal esta é, segundo o pró- mos para a leitura da verdadeira
prio, a sua melhor obra, ou pelo poesia de Reis, mesmo que o estoicismenos a favorita, se não se dá a este mo de início não nos tenha apelado.
desprendimento de ego. Quem se
queixa ainda da pontuação de SaraIsa Marques, 12ºC
mago, é porque tem falta de capacidade de interpretação. Uma vez tendo
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Confluências
ACORDO ORTOGRÁFICO
*np) da ortografia do português, continuam a escrever-se com hífen: mantém-se, pois, circum-navegar e panbrasileiro.
Os prefixos átonos como co-, re-, pre
- ou pro- representam outra exceção,
sendo sempre escritos sem hífen,
Resolução do Conselho de
mesmo quando a primeira letra do
Ministros n.º 8/2011
segundo elemento repete a última do
Diário da República, 1.ª série primeiro (por exemplo, nas palavras
cooperação e preencher). Há ainda
— N.º 17 — 25 de Janeiro de
alguns prefixos que levam sempre
2011
hífen: ex- (com sentido de anterioridade), e prefixos graficamente acentua(…)
dos como pré- e pró-. Em todos os
3 — Determinar que o Acordo
outros casos, as palavras prefixadas
Ortográfico é aplicável ao
não são divididas por hífen.
As locuções, quando o eram, deixam
sistema educativo no ano
de ser escritas com hífen: fim de
lectivo de 2011 -2012, bem
semana e não fim-de-semana; cor de
como aos respectivos manuais
vinho e não cor-de-vinho. Do mesmo
escolares a adoptar para esse ano modo, devem ser escritas sem hífen
lectivo e seguintes, cabendo ao
sequências constituídas pelos advérmembro do Governo responsável bios não ou quase e outra palavra: não
pela área da educação definir um alinhado, não fumador, quase dito.
Passa a ser obrigatório
calendário e programa específicos
(anteriormente opcional) repetir o
de implementação, sem prejuízo
do disposto no número seguinte. hífen na linha seguinte nos casos em
que a translineação se faz onde exista
4 — Manter a vigência dos
já um hífen: anti-/-incêndio.
manuais escolares já adoptados
As formas monossilábicas de haver
até que sejam objecto de reimdeixam ser ligadas por hífen à prepopressão ou cesse o respectivo
sição de: há de e não há-de.
O ACORDO ORTOGRÁFICO VEIO PARA
FICAR.
É A HORA!
paranoico. Esta regra aplica-se também às palavras com ditongo ei tónico,
que no Brasil eram até aqui escritas
com acento: idéia e nucléico passam a
ser escritas como nos restantes países,
ideia e nucleico.
As formas verbais de verbos cujo
infinitivo termina em -guar, como
desaguar, e em -quar, como adequar,
com u acentuado depois de g ou q,
deixam de ser marcadas com diacrítico – adeque e não adeqúe para o conjuntivo presente e o imperativo de
adequar. Também desaparecem os
acentos gráficos nas vogais tónicas i e
u quando são antecedidas de um
ditongo: baiúca passa a escrever-se
baiuca, saiinha passa a ser a forma
correta da palavra que antes se escrevia saiínha.
sequência, deixando seqüência de ser
possível; da mesma forma, aguentar e
não agüentar.
Maiúsculas
Várias palavras passam a ser escritas com minúscula em vez de maiúscula: os meses (escreve-se agora janeiro e não Janeiro), as estações do ano
(verão em vez de Verão) e os pontos
cardeais (sudoeste em vez de Sudoeste).
Passa a ser opcional o uso da letra
maiúscula em formas de tratamento
(professor ou Professor, opcionalmente), e logradouros públicos (avenida
da Liberdade ou Avenida da Liberdade, também opcionalmente).
Alfabeto
Consoantes Mudas
Quando precedem um t, ç ou c, as
letras c e p passam a escrever-se
apenas se forem pronunciadas: ação
em vez de acção, ótimo por óptimo.
Nas sequências mpt, mpc e mpç o m
passa a ser escrito n quando o p não
se escreve: perentório e não peremptório. Em todos estes casos, quando a
consoante é realizada na pronúncia
realiza-se também na ortografia:
pacto não passa a ser escrito pato. À
período de adopção, previsto no
Acento
semelhança do que já sucedia no
artigo 4.º da Lei n.º 47/2006, de
Brasil, esta regra passa a aplicar-se
28 de Agosto, e no artigo 2.º do
também em Portugal, nos PALOP e
O uso do acento circunflexo ou
Decreto- -Lei n.º 261/2007, de 17 agudo nas vogais e e o passa a depen- em Timor.
de Julho.
Ainda de acordo com a regra anteder da forma como essas vogais são
(…)
lidas em cada país. Visto que a prorior, nos casos em que a pronúncia de
núncia de palavras como tônico /
uma palavra varie quanto à pronúncia de c ou p, ambas as formas são
tónico é diferente no Brasil e nos
As Mudanças
aceitáveis, sendo a consoante escrita
restantes países, na prática continua
Principais
opcionalmente ou de acordo com a
a escrever-se da mesma forma: em
pronúncia dominante em cada país.
Portugal, nos PALOP e em Timor
Hífen
Assim, detectar será aceite no Brasil,
continua a escrever-se tónico, no
mas nos restantes países a norma
Brasil mantém-se a forma tônico. No
Com o Acordo Ortográfico, a presen- entanto, ambas as formas passam a
aconselhará detetar. Da mesma força do hífen em palavras prefixadas
ser legalmente corretas em todos os
ma, deverá poder escrever-se em
torna-se mais restrita e as regras que países, desde que usadas de forma
todos os países caraterística ou caracdeterminam o seu uso mais sistemáti- sistemática, sendo a norma de cada
terística, refletindo a variação existencas. De modo geral, em grande parte
te na oralidade nos espaços em que o
país a determinar a forma que deve
das situações deixa de se usar hífen
português é falado.
ser usada no seu espaço geográfico.
em palavras prefixadas. Por exemplo,
A primeira letra nas sequências gd,
Algumas palavras que antes
passa a escrever-se codependente e
tinham acento gráfico apenas para
tm, mn e bt pode também não ser
contraindicação em vez de coserem distinguidas de homógrafos (ou escrita sempre que a forma como a
dependente e contra-indicação. Mesmo seja, de palavras que se escrevem da
palavra é dita num dado espaço geonos casos em que o segundo elemento mesma forma) deixam com o novo
gráfico o permita. Esta regra não vem
da palavra prefixada começa por r ou
alterar mais que o estatuto de alguacordo de ser acentuadas: assim,
s deixa de se usar hífen, duplicando-se escreve-se agora pelo e não pêlo, deimas formas, no entanto: a grafia
antes essa letra: antirrevolucionar e
amídala para a palavra amígdala
xando de se distinguir da contração
não anti-revolucionar, contrassenha e da preposição por com o artigo defini- continua a ser possível no Brasil,
não contra-senha. No entanto, contido o. Da mesma forma, passa a escre- sendo no entanto desaconselhada nos
nuam a existir alguns casos em que o ver-se pela e não péla, para e não
restantes países, onde o g é sempre
hífen é usado em palavras prefixadas: pára (imperativo singular do verbo
pronunciado. Da mesma forma, a
quando a palavra prefixada começa
palavra omnisciente continuará a
parar). A exceção é a forma verbal
por h (anti-herói) e quando a última
escrever-se opcionalmente no Brasil
pôr, que se mantém diferente da
letra do prefixo é igual à primeira
preposição por. A a 1ª pessoa do plural como onisciente, devendo os outros
letra da palavra prefixada (mantémpaíses continuar a usar a primeira.
do presente do conjuntivo do verbo
se contra-ataque, por exemplo)
dar continua opcionalmente a poder
*Existem outras exceções, nomeadaTrema
ter a forma dêmos, a par de demos.
mente as que envolvem as consoantes
Segundo as novas regras, os ditonnasais m e n, que, nos casos em que a gos tónicos na penúltima sílaba deiNo Brasil, deixa de ser usado o
sua aglutinação ortográfica implique
trema para distinguir as sequências
xam de ser marcados com acento
uma leitura indesejada ou uma viola- gráfico: assim, palavras como jóia e
qu e gu em que o u é realizado fonetição das restrições contextuais (e.g.
paranóico passam a escrever-se joia e camente. Passa a escrever-se sempre
As letras k, w e y, que até agora não
eram consideradas parte do alfabeto
do português, são agora nele incluídas. No entanto, o uso destas letras
não sofre qualquer mudança, continuando a usar-se apenas em palavras
com origem noutras línguas e nas
palavras que delas derivam.
Letra h
A descrição do uso da letra em
início de palavra, como em hotel, é
mais detalhada no Acordo Ortográfico
de 1990. No entanto, a situação na
prática não muda: o h inicial é usado
apenas quando existe uma justificação etimológica para isso, mas não
quando a escrita sem h já é consagrada pelo uso. Ou seja, em casos como
úmido/húmido, a grafia usada mantém-se diferente de acordo com o país:
continua a escrever-se húmido nos
PALOP, Timor e Portugal e úmido no
Brasil.
http://www.portaldalinguaportuguesa.org/
index.php?action=novoacordo&page=mudanca
No passado dia 5 de janeiro,
por iniciativa do Grupo disciplinar de românicas, a Profª
Doutora Margarita Correia
(docente da Fac. de Letras da
Universidade de Lisboa e
investigadora do ILTEC) fez
na nossa escola uma clara e
proveitosa apresentação das
principais
alterações
decorrentes
do novo Acordo Ortográfico
da Língua
Portuguesa
(aprovado e
ratificado em
1991).
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Confluências
VISITAS
Alunos e Professores de Inglês sentir a «vida» do navio; ultrapassou, «Uma experiência única, um sonho
em muito, todas as expectativas, e tanto realizado, a oportunidade de interagir
visitam o USS Enterprise
No passado dia 28 de Janeiro, 50 felizardos e merecedores alunos de Inglês,
acompanhados pelas docentes Ângela
Lopes, Emília Paco (a responsável pela
organização da visita), Isabel Carreira,
Rita Evangelista, Sandra Viegas, Teresa Almeida e Teresa Palma, tiveram a
oportunidade, quem sabe única na vida,
de visitar o porta-aviões norteamericano USS Enterprise. A visita foi
bastante completa, todos puderam tirar
fotografias, fazer perguntas e conhecer /
os alunos como as docentes considera- com falantes nativos.» Alionne, 1ºO
ram a experiência extremamente positi- «Uma oportunidade única e diferente
va.
que me permitiu ter a real percepção de
Sandra Viegas, Professora como é a vida num porta-aviões; um dos
aspectos que mais me impressionou foi a
quantidade de tripulantes do navio.»
A palavra aos alunos:
Ana Barrisco, 10ºH
«Uma experiência inesquecível! Não só «Gostei de toda a visita. É tal e qual
por termos estado num porta-aviões como na televisão!» Vitazilaide, 10ºH
americano, como também pela compa- «Sobretudo, uma oportunidade que não
nhia e por ter feito novas e espectacula- se repete todos os dias.» Carla, 11ºQ
res amizades. Nunca esquecerei este «Recomendo vivamente visitar o Enterprise.» Pedro, 10ºF
dia!» Shabbir, 1ºN
Por terras de Constância e de Azinhaga… (Português, 10º A, B, G, I, J, M)
25/Novembro/2010
Ana Laranjeira,
10º G
Os alunos de Português do 10º ano, dos professores António Souto e Manuela
Fonseca, deslocaram-se no passado dia 25 de Novembro a Constância e a Azinhaga. Uma visita ao Horto de Camões e uma deambulação pela Vila
(passando pela Casa-Memória de Camões) preencheram a manhã. No regresso,
e depois do almoço,
uma visita ao pólo
da Fundação
Saramago.
Em ambos os
locais, uma apresentação pertinente
e um simpático
acolhimento.
Uma palavra de
gratidão à Drª Ana
Maria Dias (foto,
Jardim-Horto de
Camões) e a Ana
Hughes (Fundação
José Saramago).
Foto de A. S.
Estou habituada a que
me arranquem os frutos.
Isso é normal, e não me
dói, pelo contrário, é
motivo da minha felicidade.
Delicio-me ao ver os
petizes a beberem do
sumo das minhas laranjas, e os mais velhos,
numa corrida para o
trabalho, passam por
mim para apanhar o que
será a sua merenda.
Mas hoje, o meu fruto
de contentamento tor-
nou-se fruto de ódio.
Cada laranja arrancada
dos meus ramos doía-me
como nunca antes tinha
doído. As crianças que
alimentei, cresceram, e
parece que se esqueceram dos momentos aqui
passados.
Gritos, pessoas magoadas e laranjas esmagadas. Ninguém quis a
minha fruta, e sinto-me
culpada…
Aqui jaz José Saramago
que, apesar de ter vivido os últimos anos em
Espanha,
quis ter a sua última morada no país que o viu
nascer.
Aqui jaz Fernando Pessoa,
apesar de continuar sentado na
esplanada d’ A Brasileira.
José Lemos, 10º G
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Confluências
INICIATIVAS
A Companhia de Dança Luís Damas apresentou no Auditório Camões, na
tarde do dia 10 de Fevereiro, o Programa Retrospectiva.
Intervaladas pela exibição de dois videodanças (premiados em Portugal e no
estrangeiro), o público presente (alunos na sua maioria) teve oportunidade de assistir
ao vivo a algumas coreografias de Luís Damas brilhantemente executadas por Daniela Morais (na foto).
O espectáculo teve a assistência técnica de João Lacueva (no som e operação de
vídeo), de José Alvega ( nas luzes) e de Conceição Besteiro (no apoio ao palco).
A Propósito
Uma Iniciativa do Diário de Notícias
No momento em que (na perspectiva
de obras próximas futuras no edifício
da escola) os núcleos históricopatrimoniais do «Lyceu
Camões» (depositados nos Gabinetes
das Artes, Ciências, Biblioteca, Museu
e Arquivo) começam a ser rigorosamente tratados para o seu armazenamento
enquanto durarem as referidas obras
(quiçá até 2013), importa aqui lembrar
(como referência para todos nós) a qualidade excepcional do trabalho da Profª
Maria Leonor Borralho na selecção,
apresentação e descrição dos testemunhos materiais / documentais dos referidos Museu e Gabinetes que integraram a exposição O Lyceu Camões na 1ª
República, e que a escola pôde fruir na
primeira quinzena de Outubro p.p..
"Faz o teu jornal!"
É o grande desafio que o MEDIALAB coloca aos jovens que o visitam. No
entanto, uma visita ao MEDIALAB vai muito mais longe. Os participantes
são recebidos na galeria do DN, para uma breve visita guiada ao histórico
edifício onde nasceu há 145 anos o grande matutino da capital. De seguida,
num moderno auditório, tomam contacto com
a história do jornal,
assistindo a um curto
filme, e é-lhes explicado
como vai decorrer a sessão. As sessões e workshops, com programas
específicos e diferenciados, conforme se destinam a alunos e professores ou a famílias, têm
lugar nas instalações
do MEDIALAB, que
ocupa espaço próprio, e
onde é facultado o acesso a todo o material
necessário, com o apoio
de monitores especializados. É aí que se vai,
por fim, concretizar o
aliciante convite: “Faz o
teu jornal!”
Prof. José Vasconcellos
Alunos de várias turmas da Escola Secundária de Camões deslocaram-se
já, acompanhados por professores de Português, à sede do Diário de Notícias
(no cimo da Av. da Liberdade) para participar nesta iniciativa.
Fazer uma primeira página: redigindo a notícia, criando um título, seleccionando uma imagem…
Uma descoberta, da teoria à prática!
Os alunos de Português para Todos (PPT), com o auxílio das
suas professoras (Madalena Contente e Isabel Martinez), num
verdadeiro espírito de aprendizagem intercultural, revelaram
as suas tradições de Natal e de Ano Novo. Uma mostra que
esteve patente no átrio da Biblioteca durante a Quadra natalícia.
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Confluências
INICIATIVAS
Sex and beauty are inseparable, like life
and consciousness. And the intelligence
which goes with sex and beauty, and
arises out of sex and beauty, is intuition. by
David Herbert Lawrence
THINK-THANK on ‘Sex and Affection’
On the 17th November THE ENGLISH THINK
TANK carried out a debate on the theme “Sex and Affection”. At 10:15 in the old library of Lyceu Camões, a
group of students gathered for the first time in this
year. Questions were raised such as:
• Does love exist or is it only an endocrine response?
• Should polygamy be legal or not?
• Is it possible to be romantically in love with two
persons at the same time?
• Does jealousy destroy a relationship?
• Are homosexuals still afraid to come out of the
closet because they feel left out or has it become
fashionable?
Those questions are mainly examples of what was
discussed throughout the session.
Though there were many different opinions and
much controversy, interesting points were made. Without reaching a common ground, the debate ended leaving most questions open.
Gonçalo Feteira
Mariana Azevedo
Susana Nascimento
(12ºJ)
Programa:
Internet Segura?
Cuidado!
8 de Fevereiro (Auditório
Camões) — no âmbito do Dia
Internacional
da
Internet
Segura,
decorreu
um Semin á r i o
Seguranet.
13:45– Recepção aos participantes.
14:00 – Sessão de Abertura. Alexandra Marques, Directora Geral da DGIDC; Graça
Simões, da UMIC (Agência para a Sociedade
do Conhecimento); João Pires, Director da
Escola Secundária de Camões
14:30 – Safety on a Living Internet, palestra
de Anne Collier, ConnectySafely.org
15:30 – Apresentação dos resultados do
Estudo “EU Kids Online 2 (2009-2011)
Conhecer melhor os usos, riscos e segurança
online das crianças europeias”, por Cristina
Ponte, da Universidade Nova de Lisboa
16:00 – Intervalo.
16:30 – Jogos e ambientes virtuais na Educação – Potencialidades e riscos
Intervenientes: Moderador, Carlos Cachado, DGIDC; Luís Pereira, Universidade do
Uma conferência diferente
Minho; Pedro Vitória professor na Escola
Secundária Leal da Câmara; Miguel Gomes,
aluno do Agrupamento de Escolas Padre
Abílio Mendes e Tiago Lessa, aluno da Escola Básica Integrada Quinta de Marrocos.
17:30 – Encerramento: José Vítor Pedroso,
DGIDC.
“O Teatro de Gil Vicente”
Uma aula aberta, pelo Prof. Doutor José Camões
Na passada 3ª feira, 1 de Fevereiro de 2011, a Escola Secundária
de Camões recebeu no Auditório o
professor José Paulo Viana que
proferiu, no âmbito das Aplicações
Matemáticas, uma conferência
subordinada ao tema «Alguns
Números
Pela
Vida
Fora
(incluindo um Porco Fardado de Almirante)».
De forma cativante, professor João Paulo Viana abordou
temas como o π (Pi), o crescimento exponencial, e o célebre
episódio de dois porcos vestidos de Almirante, como sátira à
situação política do início dos anos 70.
Uma conferência que se estendeu por 90 minutos, e na qual
cerca de 200 alunos aprenderam mais sobre a Matemática e
suas aplicações a situações bem concretas, mostrando assim
que nem sempre esta ciência é aborrecida.
André David, 11º A
Dia 9 de Fevereiro, a Biblioteca da escola encheu-se para,
na segunda “aula aberta” do ano, ouvir falar de Gil Vicente
e do seu teatro.
Uma apresentação que permitiu enquadrar o autor no seu
tempo (nos reinados de D. Manuel e de D. João III) e dar a
conhecer o modo como ele se movimentava com relativa facilidade no ambiente da
corte.
Os alunos, atentos e
comprazidos, aprenderam do labor de Vicente
e do papel implacável
da Inquisição.
(foto: Prof. Doutor José
Camões, ao centro, ladeado
pelo director da escola e pela
professora Cristina Duarte)
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Confluências
Cinema & Reflexão
Para assinalar o Dia Internacional do Deficiente, que se comemorou no passado dia 03
de Dezembro, a Unidade Especializada de Apoio Educativo (UEAE) promoveu uma sessão
de cinema no Auditório Camões. A iniciativa contou com o apoio de vários professores. Estiveram presentes alunos das turmas de Área de Projecto de Cinema, do 1º ano de Informática
de Gestão e de outras turmas de 10º ano.
O filme exibido foi I am Sam, de Jessie Nelson, em que o actor Sean Penn desempenha o
papel principal. Este filme conta o drama de um homem que sofre de uma Perturbação do Espectro do Autismo e que, por
isso, perde a custódia da filha. Várias pessoas, incluindo uma advogada, vão apoiá-lo.
Para escreverem este argumento, os autores fizeram uma pesquisa numa instituição da especialidade. O filme não tem
pretensões intelectuais, é apenas uma história humanista que pretende alertar para os preconceitos e lutar contra a insensibilidade. No entanto, coloca ao espectador um verdadeiro dilema moral.
Os alunos presentes mostraram-se bastante interessados no filme, apesar de um incidente desagradável ter impedido o
seu visionamento até ao fim!
Drª Graça C. da Silva (UEAE)
Ficha técnica
Sinopse
Título em português: A Força do Amor
País de origem: USA
Ano de realização: 2001
Estúdio: Warner Brothers
Realizador: Jessie Nelson
Argumento: Kristine Johnson, Jessie Nelson
Duração: 132 minutos
Actores principais: Sean Penn, Michelle Pfeiffe, Dakota Fanning
I Am Sam
Quando o Amor vence a Razão
O filme I Am Sam não reproduz nada que um espectador
ainda não tenha visto, contudo não deixou de me comover e
sensibilizar.
Este filme demonstra que, na maioria dos casos, o amor
puro e autêntico de um pai é mais importante para a felicidade e o desenvolvimento de uma criança, do que a sua capacidade mental. É preferível um pai presente e dedicado, com
algumas limitações, do que um pai ausente e desinteressado,
com grandes habilitações – eis a mensagem de I Am Sam.
Podemos verificar esta ideia contrastando a personagem de
Lucy, filha de Sam, uma criança perfeitamente saudável e
feliz, com o filho de Rita (uma advogada de prestígio), que
tem comportamentos agressivos e se sente posto de parte
pelos pais.
Quanto a mim, este filme funciona na perfeição, pois conseguiu fazer com que eu permanecesse sempre do lado de
Sam, e quisesse que Lucy ficasse com o seu pai. Se não tivesse visto este filme,
defenderia
que
alguém com um
atraso de desenvolvimento
não
tinha
quaisquer
capacidades cognitivas para criar
uma criança, apesar de todo amor
que lhe pudesse
oferecer.
A parte do fil-
I Am Sam é a história de um homem com um atraso de desenvolvimento, que é abandonado pela mãe da sua filha, logo após esta
nascer. Com a mentalidade de uma criança de sete anos, mas com
um amor incondicional pela sua filha, tentará demonstrar ao tribunal que é capaz de dar uma educação propícia a Lucy e que, por
vezes, A Força do Amor supera qualquer obstáculo.
me que mais me emocionou foi quando Lucy está a ler e finge
que não consegue decifrar uma palavra, a mesma que Sam
não conseguira ler. Esta atitude, demonstra que Lucy tem
noção das limitações do seu pai, mas para não o inferiorizar,
recusa-se a aprender mais. Contudo, é de notar que, apesar
de todas as limitações de Sam, este apercebe-se do “plano” da
sua filha, obrigando-a a ler a tal palavra.
Sam consegue também ensinar à sua advogada que, a
felicidade da vida se encontra na simplicidade e na autenticidade das coisas e que o trabalho nunca se deve pôr à frente
do amor, caso contrário viveremos amargurados para o resto
das nossas vidas.
Neste filme, os movimentos da câmara têm um papel fundamental para que os espectadores “entrem” na história. A
câmara é subjectiva e adopta o ponto de vista de Sam, pois
quando este se encontra confuso, a imagem começa a girar.
Recomendo a todos que vejam I Am Sam, pois leva-nos a
reflectir um pouco sobre as nossas próprias vidas e ensinamnos que qualquer pessoa com uma deficiência, tem a mesma
(ou maior) capacidade de sentir e amar do que uma pessoa
normal. Os actores que participaram neste filme estiveram magníficos, destacando-se, na
minha opinião, Sean Penn e Dakota Fanning.
Apesar de tudo, continuo a achar que este é um
filme com uma história já um pouco “gasta” e
com um final demasiado previsível. Atribuo a I
Am Sam quatro estrelas.
Mafalda Januário, 12º L
• “How can we be so…”
• “different”.
• Your teacher give you a really hard book
this time.
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Confluências
Teatro & Reflexão
“O Senhor Puntila e o seu Criado Matti”
Versão João Lourenço | Vera San Payo de Lemos
Dramaturgia Vera San Payo de Lemos
Encenação e realização vídeo João Lourenço
Dia 8 de Outubro – os Cursos EFA foram ao Teatro “Originalidade da cenografia e um argumento espectacular
Aberto, a convite desta companhia, para assistir a um que fala da divisão de classes. É como o amor, é muitas
Ensaio Geral com Público desta peça de Brecht. Uma vezes mais profundo do que realmente pensamos quando
peça que permite tratar várias temáticas comuns aos sóbrios ou bêbados.”
Cursos EFA, como “Urbanismo e Mobilidade”,
EFA Técnico de Agência de Viagens e Transportes
“Direitos e Deveres Laborais” e “Liberdade e Respon- “Adorei a peça! Até deu vontade de participar. Para isto, só
sabilidade Pessoal”.
uma palavra… Maravilhoso.”
No dia 13, encontraram-se com a especialista em teatro e em tradução Vera San Payo de Lemos, na Sala “Diferente. Gostei da Actuação”
de Geografia, para discutirem a acção, a encenação e a
“Parabéns a todos os actores! A peça foi fantástica, me
dramaturgia.
A organização esteve a cargo das Professoras Ana diverti imenso. Adorei!”
Cotrim e Maria de Deus Duarte, com a colaboração dos
“Comovente.”
colegas Mediadores EFA Rosário Caetano, Cristina
Carvalho, Ana Miranda, Dulce Silva, Teresa Almeida e EFA Técnico de Apoio à Gestão
Wilson Brígido.
“A peça é por si excelente. Nela há, na minha opinião, dois
Os alunos, como se lê abaixo, gostaram!
mundos: a burguesia e o povo. O senhor Puntila, patrão,
EFA ESCOLAR_ B/C
“Humor inteligente, críticas discretas. Soberbo! Jovem e
interessante!”
“Para Grandes Males, Grandes Remédios.”
“Experiência enriquecedora! Uma comédia inteligente. O
Puntila é o Maior. Adequado aos nossos tempos.”
tem dois lados: o bom, quando bêbado; o mau – áspero, bruto –, quando sóbrio. Matti é o confidente dos boémios. É
homem do povo.”
“Uma primeira parte excelente, viva de emoções, sentimentos e de grande representação. Encenação, música e guarda
-roupa em grande êxito. Segunda parte espectacular. Todos
de parabéns. Bons momentos, grandes actores. Bem
hajam!”
“Uma Grande Iniciativa do Liceu Camões. Espero que se
EFA Técnico de Informática de Sistemas
repita. Adorei a peça, uma comédia inteligente e dinâmica.”
“ Adorei o teatro. Diverti-me imenso. A peça está bem montada e os actores interpretam muito bem. Mas o que mais
EFA ESCOLAR_ A
me chamou a atenção foi a forma como a peça indirecta“Original. Divertida. Credível”.
mente nos mostra como a bebida acaba com a amizade
entre o senhor Puntila e o seu criado Matti. Quando, no
“Confrontos de poder entre ricos e pobres.”
final, ele está sóbrio, fica desesperado, gritando pelo Matti.”
TEATRO NAS CAVES
O GTESC (Grupo de Teatro da Escola Secundária de Camões),
sob a orientação da sua encenadora, a professora Maria Clara Melo
da Silva, levou a palco o drama estático em um quadro, O Marinheiro, escrito por Fernando Pessoa em apenas dois dias, de 12
para 13 de Outubro de 1913.
Esta iniciativa envolveu a participação de alguns professores
(Ana Enes, Graça Gomes e Filipe Gonçalves) e alunos (Alexandra
Torres e Filipa Pedroso) que integram o actual grupo de teatro da
escola. Foi assim que Fernando Pessoa e as suas sempre sábias e
misteriosas palavras estiveram presentes antes do jantar de Natal
que decorreu no dia 20 de Dezembro nas caves da nossa escola.
ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES
http://www.escamoes.pt
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Confluências
Uma dinâmica de causar inveja!
Três iniciativas num espaço de uma semana, todas diversas, todas merecedoras de destaque.
A exibição de um filme de fundo literário — Conversa Acabada, de João Botelho —, com a
presença do realizador (27 de Janeiro); um Concerto Aberto, em directo para a Antena 2
(28 de Janeiro); uma conferência sobre a magia da matemática — ver p. 9 —, pelo Prof.
José Paulo Viana (1 de Fevereiro). A Escola Secundária de Camões no seu melhor!
Os cartazes (em baixo), da autoria do Prof. Lino das Neves, sublinham o cunho artístico!
Foto de A. S.
BE/CRE
http://esccamoes.blogspot.com/
B
R
E
V
E
S
Natal pelo Rossio
Passaram à reforma, ao fim de
duas décadas e meia ao serviço
nesta escola, a D. Margarida
Morais Martins (em funções no
SASE), no final de Agosto de 2010,
e a D. Fernanda Lacueva (ao
serviço no Pavilhão Prof. Moniz
Pereira), em
Setembro de 2010.
Para ambas, a
gratidão da escola
e o desejo de um
longo e “bem” ocupado futuro!
Aulas abertas 2011 (Biblioteca)
5 de Janeiro — Uma aula magistral sobre “As crónicas de Fernão Lopes”, pela Profª Doutora Teresa
Amado (foto, ao centro), da Fac. de Letras da Universidade de Lisboa. Uma iniciativa das Professoras
Cristina Duarte e Lurdes Marcelino para os seus
alunos de Literatura Portuguesa (mas aberta a toda
a comunidade escolar).
9 de Fevereiro — Uma
segunda aula, igualmente cativante, sobre o
“Teatro de Gil Vicente”,
pelo Prof. Doutor José
Camões (ver p. 9).
Ao professor Lino das Neves, ao funcionário José Alvega e a todos quantos colaboraram com a cedência de fotos e trabalhos para este Boletim, uma palavra de
agradecimento.
Confluências
Envia os teus trabalhos para:
[email protected]
Com o generoso apoio do
Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal

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