Confluências - Escola Secundária de Camões
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Confluências - Escola Secundária de Camões
BOLETIM ESCOLAR Confluências Confluências Janeiro / Fevereiro 2011 A NOVA ESCOLA VAI GANHANDO FORMA. AS OBRAS DE REMODELAÇÃO E DE REQUALIFICAÇÃO SEGUEM DENTRO DE MOMENTOS! (2ª Série) Com o apoio do Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal Nesta edição: Scriptomanias Impressões Leituras Acordo Ortográfico Visitas Iniciativas Cinema & Reflexão Teatro & Reflexão Breves Trabalhos de alunos do Curso de Artes pp. 2-3 p. 4 p. 5 p. 6 p. 7 pp. 8-9 p. 10 p. 11 p. 12 Página 2 Foto de A. S. Confluências SCRIPTOMANIAS Ser poeta é… Natal pelo Chiado Que faz a poesia neste velho mundo Senão cantar o amor e a tristeza, A todo o cego, surdo e mudo Se a este lhe cabe tal esperteza. E nada falta a um poeta contudo Desde que tenha pena, tinta e mesa, Para escrever uma obra imensa, Que até o pobre e rico convença. E tal foi o feito deste grande herói A quem faltou merecida recompensa, Mas o amor pela sua pátria corrói A sua grandíloqua obra densa. E nem el-Rei com seu poder mói, O que a sua alta arte compensa. E por quinze mil réis oferecidos Manteve os portugueses homens unidos Agora é a vez de desconhecidos novos poetas Cantarem os novos e valorosos nossos feitos, Que correspondem a possíveis e alcançáveis metas Que, deixando para traz os sempre queridos deleites, Façam parecer os cupidos e as suas setas Como seres humanos cheios de defeitos. Mas não tenham medo do mundo do engano, Que errar não é anormal é apenas humano. Tiago Luís Brito, 12ºE, in Blogue Poetar… O meu mundo feito de sonhos Que eram apenas sonhos a nascer Sonhei com um mundo Onde tudo era diferente Onde tudo era profundo Onde tudo era sentido intensamente Fiquei então a pensar Porquê tanta crueldade Porque nada pode ser fácil Porque não simplesmente a verdade? Imaginei uma vida Uma vida feita apenas de sonhos Tudo era fantasia Tudo era verdadeira amizade vivida Percebi então que Cada vida é uma história Cada momento é uma página Cada pessoa é apenas um criatura inglória Depois de tanto sonhar Acabei por me aperceber Que estava apenas a imaginar Ana Margarida Fonseca, 10ºE, in Blogue Poetar… Floresta Citadina Propriedade: Escola Secundária de Camões Praça José Fontana 1050-129 Lisboa Telefs. 21 319 03 80 - 21 319 03 87/88 Fax. 21 319 03 81 João Barrocas, 12º D Título: Confluências Iniciativa: Departamento de Línguas (Grupo Disciplinar de Românicas) Director: António Souto Coordenação de edição: António Souto e Manuel Gomes Periodicidade: Trimestral Impressão: CDCBP Tiragem: 250 exemplares Depósito Legal: Se tem espinhos é rosa Se tem rugas é um cravo Que nasce da prosa Por entre terra de mato. Nunca se vira coisa assim Num feito de habilidade Nascem e crescem por aqui Flores que animam a cidade. Luísa Vera, 10ºE, in Blogue Poetar… Página 3 Confluências João Barrocas, 12º D Poema que não é Poeta que é sem o ser, que escreve poesia sem o saber, apenas por escrever. Poeta que é sem o ser, SCRIPTOMANIAS num caderno de rabiscos, pitorescos chuviscos de letras, palavras, apenas por palavrear. Poeta que somente escreve. Numa mão a caneta, na outra, um pensamento. Poeta sem fama, Poeta que é sem saber, Poema de passatempo. Assim, poeta num momento, palavra que soletra bem lento, E num rascunho somente, um momento de pensamento apenas por aborrecimento. Numa força de expressão, conPela força de esquecer, vém: escreve o poeta, daquilo que Poeta que não é, sabe, Poeta de ninguém. escreve, mas não exibe. Sofre, Gonçalo Gomes, 12ºD, in Blogue Poetar… apenas por sofrer. A Carpa aprendeu a voar Blogue interactivo Só não tenho asas” Carpa, uma das mais belas do mundo, Rainha dos peixes do mar Convocou os peixes lá do fundo Para dela se poder gabar “Tenho as escamas mais brilhantes, Como eu não há outra igual, O meu brilho chega aos locais mais distantes da Mas o brilho chegou tão longe, Que uma gaivota que ia a passar, Ensinou a carpa voar. Escola Secundária de Camões lê, escreve, desenha Rui Agostinho, 10ºD, in Blogue Poetar… E no seu todo é divinal Majestoso, estonteante Grandioso, ofuscante A maior, a melhor, A mais bela. Não há nada tão bom como eu Os mamíferos não me atacam, Pois não sabem nadar. Na água ninguém me toca, Sou a mais rápida do mar. “pera espertar engenhos curiosos” http://poetarmagazinepoesia.blogspot.com/ Página 4 Confluências IMPRESSÕES “José e Pilar” Vi hoje o filme “José e Pilar” que estreou recentemente. Ao que sabia, o filme mostrava um período de tempo na vida deste casal (José Saramago e Pilar del Río). Período, esse, que corresponde ao tempo em que Saramago pensou, escreveu e publicou a Viagem do Elefante. O filme começa em Lanzarote, ilha que o casal adoptou como sua e onde plantaram o seu “refúgio e abrigo” de uma sociedade que desprezavam. Nesta mesma ilha, perto do “refúgio” a que chamaram “A Casa”, estavam a construir, na altura, uma biblioteca. Ao longo do filme é acompanhada a obra desta biblioteca e a sua conclusão. José Saramago transmitira-me a ideia de um homem áspero e amargo, firme na sua posição contra a religião e firme também na defesa dos ideais comunistas. Neste filme, vemos um Saramago apaixonado por Pilar (sua “bengala” física e intelectual na sua velhice lúcida), com sentido de humor, interessado nos pormenores da vida sem, no entanto, alterar a sua posição em relação à morte e à concepção do Universo. Férias Voluntárias Ao período de férias associa-se o lazer, o convívio e a descontracção. Todas as minhas férias escolares têm estes ingredientes mas, às últimas, acrescentei-lhe outro: voluntariado num lar de idosos da Santa Casa da Misericórdia. Assim, às nove da manhã de um dia tórrido do mês de Agosto, iniciei o meu primeiro trabalho como voluntária, dominada por muita apreensão e receio, principalmente quando um grande grupo de idosos, constituído por homens e mulheres, me olhava de alto a baixo com um ar desconfiado e incrédulo. Depois das apresentações, as perguntas sobre a minha identidade e a minha permanência ali faziam eco, entrecruzadas umas nas outras e sem tempo de resposta. Simultaneamente, uma idosa gritava desesperada e pedia que a levassem para casa. E eu, que já me sentia desconfortável, tive vontade de me ir embora. Enquanto as funcionárias me faziam uma visita guiada às instalações, todos os que encontrava pelos corredores, refeitório e salas me perguntavam por que razão estava ali. A minha presença não fazia sentido para os utentes nem para as funcionárias, pois, explicaram-me depois, era a primeira vez que tal situação acontecia: uma jovem ir trabalhar durante as férias para aquele lugar pouco apetecível e sem ganhar nada em troca. No entanto, as horas foram passando e o desconforto inicial suavizou. Não Um José Saramago amável e simpático na relação com os apreciadores da sua obra e muito comunicativo nas conversas. Paciente com jornalistas ou simplesmente entrevistadores cujo nível intelectual está, por vezes, bastante abaixo do seu. Pilar del Río era de facto o que o nome nos diz. Um “pilar móvel”, apoio indispensável à debilidade física de um homem cujo envelhecimento mental não acompanhou o físico. Não era só um apoio nesta vertente prática da vida, era também sua crítica, sua tradutora, sua adversária em algumas discussões... Fazia tudo isto com a garra, força, ânimo e alegria espontânea típicas da cultura andaluz. Vemos claramente esta forte marca em Pilar e na sua família quando esta se reuniu na terra natal para o enterro da mãe (“Mamã”, como lhe chamava Pilar sorrindo de olhos brilhantes). Não deixando nunca de ser a Pilar firme e decidida, julgo poder afirmar que foi uma parte importante de Saramago, não só na vertente pessoal (que o filme foca com mais intensidade), como também na literatura. passou muito tempo até perceber que a minha missão exigia reacção pronta, quando fiquei sozinha perante uma doente com alzeimer que derrubava tudo à sua volta. De imediato entendi que naquele lugar não havia espaço para indecisões. Todo o meu trabalho era aparentemente simples: ajudar todos os que se deslocavam em cadeiras de rodas, acompanhá-los ao centro de saúde, ao banco ou a outra instituição, levá-los à capela ou à missa, organizar torneios, jogar às cartas, ler e escrever cartas para a família, pentear ou pintar as unhas, pôr e levantar a mesa etc. No entanto, nem sempre foi fácil, diria mesmo que por vezes foi até penoso. A fragilidade física e emocional dos idosos perturbava-me. As lágrimas permanentes nos seus olhos emocionavamme e faziam-me sentir impotente para os ajudar. Tentava superar, fingindo uma confiança de como quem sabe o que está a fazer, respondendo às suas dúvidas com uma certeza inabalável, acalmando-os com uma segurança aparente e fazendo-os rir como se toda a felicidade do mundo tivesse sido transportada para ali. Aliás, nessa minha experiência, foi sempre o olhar e o sorriso que mais me emocionaram. Um olhar perdido e vazio, de esperança e conforto, de Manuel Figueira, 11º L desilusão e sofrimento, de solidão e abandono; ou um sorriso de cumplicidade e atrevimento ou de satisfação e de esperança. Na verdade, os meus dias tornavam-se ambíguos. Tinha dificuldade em descrever o meu estado de espírito. Por um lado, o facto de os idosos já me conhecerem, chamarem por mim, quererem a minha companhia, fazerem centenas de perguntas a meu respeito, fazia-me acreditar na minha utilidade ali e isso enchia-me de uma enorme satisfação. Ficava satisfeita e surpreendida comigo mesma, via, sentia e fazia coisas que nunca tinha imaginado fazer; por outro, a incapacidade de lhes resolver os principais problemas e angústias, o facto de a minha permanência lhes estar a criar expectativas de companhia para a sua solidão, deixava-me amargurada. Vivi, portanto, momentos que me marcaram e que me fizeram crescer, mas que não estava minimamente preparada para eles. Mas se a experiência pode servir para que a nossa vida possa ser mais previsível, mais cómoda e segura, espero que esta tenha contribuído para isso. Sem dúvida que a velhice é uma ‘época’ sombria, de abandono, de decadência, de doença e de solidão. Sem dúvida que há uma certa cultura de exclusão dos idosos, mas é urgente e necessário que a sociedade reconheça o que lhes deve, e que cada um de nós os acolha e valorize. Margarida Saruga Cardoso, 12º G Página 5 Confluências LEITURAS O Ano da morte de Ricardo Reis Ricardo Reis é o monarca sem rei. Ricardo Reis é um reflexo de contradições. Ou, pelo menos, é este que nos é dado a conhecer por José Saramago, nesta obra que nos apresenta a até agora desconhecida morte do heterónimo de Fernando Pessoa, Ricardo Reis. Não tendo Fernando Pessoa mostrado ao mundo o desfecho da vida de Ricardo Reis, Saramago fá-lo por ele e, no final, não resta dúvida, esta é uma obra claramente “Saramaguiana”. Verdade seja dita, o ritmo é muito pausado, e com certeza não agradará àqueles que só se satisfazem com a constante acção desenfreada, o movimento incessante. É uma descrição, e mal daqueles que não a sabem apreciar. Não é nada disso que se passa aqui, nada desse encavalitar de acções em que o leitor fica cansado só ao tentar acompanhar o frenético movimento da personagem através da escrita (e que quase nunca deixa material para reflexão). A narrativa é lenta, e quem nada sabe sobre Ricardo Reis, dificilmente perceberá algumas subtilezas do humor de Saramago. E para quem o conhece, como pode deixar de largar uma gargalhada quando a sua musa, Lídia (“Vem sentar-te comigo, Lídia”), nos é apresentada como uma criada, e uma muito promíscua por sinal. Ou quando se revolta ao ler no jornal, “Morreu Fernando Pessoa, e com ele Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis…”. Não será isto uma falha? Ora ele está ali mesmo!? O choque e revolta da personalidade, que aqui se transforma mesmo em personagem, é absolutamente hilariante, o humor de Saramago é irresistível. Até quando Ricardo Reis se põe a compor quadras em forma de redondilha maior no seu quarto, assim espontaneamente, nada ao seu estilo, demasiado próximo do popular. Agradece-se aqui a solidão da personagem, ou seria esta uma traição à sua escrita e, quanto à vergonha, mesmo não a vendo, temos a certeza que lhe está estampada na cara. Mas que se engane quem julga que Reis é assim tão solitário, e nada quer com as paixões, é mais que uma a contradição face às suas tão conhecidas odes, o seu estoicismo, a maldita ataraxia, a sua vida de espectador. Não é só Lídia que lhe vem aquecer o leito, ou melhor, de facto é a única que efectivamente o faz, mas não lhe é dado acesso exclusivo. Oh! Nada disso! Reis parece carente de afectos, e com tendência para confusas e improváveis paixões. No entanto, aqui, a sua verdadeira paixão é por Marcenda, uma aleijada. E quem esperaria isto de Reis? Não uma, mas duas. Mas esta não o aceita. E deixála de lado para não sofrer? Nada disso! Ele até faz uma improvável peregrinação a Fátima, em busca de um vislumbre da sua amada. Pobre Reis, quem diria que eram estes os seus verdadeiros caminhos…Continua a ser o Reis que só vê a palavra deus no plural, ninguém lhe tira isso, mas também não é isto que o afasta desta viagem. Esqueçamos o desenlaçar de mãos, o afastamento do sofrimento, aqui ele dá-se ao máximo a esta paixão, mesmo quando não é por completo retribuída. E se não se satisfaz com uma, engravida a outra. É aqui que conhecemos a faceta de Pessoa conselheiro, que ajuda Reis nas suas dúvidas, e que, em morte, por vezes parece mais humano que o, por vezes cruamente insensível, Reis. E, se alguns talvez vivessem destas subtilezas, Saramago não se fica por aqui. Reis, que julga voltar por causa da morte de Pessoa, que não vê há 16 anos, dá por si a reencontrá-lo. Está morto com certeza, não se trata de nenhuma ressuscitação ou milagre, e se o fosse seria a ironia de Saramago a tentar escapar a qualquer força, por qualquer aberta. Este fica mais nove meses na Terra, com a possibilidade de ser visto por quem quer pois, tal como estamos nove meses na barrigas das nossas mães a tentar cravar-nos pela primeira vez nas memórias das pessoas à nossa volta, necessitamos também de nove meses para ser esquecidos. E deixemo-nos de ingenuidades, não é necessário mais do que isto segundo ele. Assim, Reis passeia-se com Pessoa, esta personagem de negro, sem chapéu, sem frio. Um Pessoa com um maior sentido de humor, mais rebelde e atrevido, digamos, que não deixa de conquistar leitores. Ou pelo menos é o que eu digo, porque fui conquistada. Ora sobram sempre coisas para dizer, a vida nunca será suficiente para expressarmos tudo o que queremos, quanto mais se andamos metade dela a tentar esconder o que pensamos, ocultar o que se nos apresenta como uma verdade indubitável, seja por medo, cobardia, preguiça, insensatez…Palavras não faltam. Qual delas será a verdadeira? Aqui, após a morte, ou durante esta (sabe-se lá qual é a forma certa!), conhecemos um Pessoa mais desbocado. O existencialismo está cá à mesma, quer por parte de Reis como de Pessoa, mas é de diferente natureza. Não podemos deixar de notar, apesar das atitudes improváveis de Reis, que estes dois estão intimamente ligados e, tal como Pessoa se vai apagando, vamos tendo pistas de que Reis, tal como este, vai passando as mãos ao de leve pela borracha. Assim, Reis morre realmente com Pessoa, também ele desaparece passados nove meses. As teimosias de pouco lhe servem, chega lá sozinho por fim, nada faz ali sem Pessoa, os jornais não estavam assim tão enganados. Mais uma vez, esta é uma obra de génio de Saramago. Tem um ritmo muito lento, mas vive de ténues ironias, uma inimaginada criatividade do autor. Mas, pensando no carpe diem ao estilo de Reis, não faz isto afinal todo o sentido? É claro que Saramago nem sempre cumpre o que se diz nas suas odes, e ainda bem, ou não seria esta uma obra sua, mas algo do verdadeiro Reis teria de estar aqui. Não é isto mais que uma luta de personalidades e contradições dentro da mesma pessoa, é isto que Saramago tenta mostrar. Quantas vezes não se olha ele ao espelho tentando encontrar algo? Quem sou eu? Ou melhor: Quantos sou? Saramago é fiel, não fere de maneira alguma a obra de entrado na natureza do autor, não queremos outra coisa, pelo menos da parte dele. Se não tem pontos finais e de exclamação na dose considerada normal, usa muitíssimo bem a vírgula. Quem disse que temos de ser todos iguais? Escrever todos da mesma maneira? Não é um livro para ser lido aos soluços, exige concentração e tempo para se entrar no ritmo, não se pode fazer infinitos intervalos, pede ao leitor dedicação, não fosse de outra maneira muito difícil compreender a sequência de páginas e páginas sem qualquer ponto final. Não é falha da escrita, é A escrita de Saramago. Não se pode também esquecer os dados históricos que nos são aqui apresentados em relação à Guerra Civil de Espanha. Nota-se claramente que foi uma época histórica que marcou de alguma forma o autor e, aqui, ele fazse perceber, mesmo para aqueles que pouco sabem sobre o que realmente ali se passou. No meio de tantas contradições de Reis, este não deixa de ter medo, ou pelo menos de se sentir incomodado, quando a vida corre num reboliço. E, tal como foge do Brasil quando se dão ares de guerra ou, pelo menos, da mínima revolta, também aqui se mostra insatisfeito quando vê a guerra espanhola aproximar-se, e o início de algumas revoltas nacionais. Ainda é um homem que quer solidão, intercalada com alguns momentos de paixão mais carnal, como se vê, mas, ainda assim, é um solitário, que só entrega quase totalmente a sua cabeça a Fernando Pessoa. Aliás, ficamos na dúvida se, na única vez que vai trabalhar na obra, será porque realmente lhe apetece, ou só para não dar muito nas vistas. Por sua vontade e total seguimento dos instintos, talvez tivesse ficado sentado todo o livro a debater com as suas personalidades, enquanto não vinha Lídia para o ajudar a fazer um intervalo ou outro… Quanto à sua faceta de poeta, dessa pouco fala, revelações só com Pessoa, que não deixa de lado os seus irónicos comentários, ou os de Saramago… Qual deles falará aqui?! Em suma, se tinha curiosidade em relação ao desfecho que Pessoa teria dado a esta vida, não deixo de sentir uma agradável sensação por ter restado esta oportunidade a Saramago. No fim, fica uma nostalgia, temos saudades destes “companheiros”, caminhaPessoa, afinal esta é, segundo o pró- mos para a leitura da verdadeira prio, a sua melhor obra, ou pelo poesia de Reis, mesmo que o estoicismenos a favorita, se não se dá a este mo de início não nos tenha apelado. desprendimento de ego. Quem se queixa ainda da pontuação de SaraIsa Marques, 12ºC mago, é porque tem falta de capacidade de interpretação. Uma vez tendo Página 6 Confluências ACORDO ORTOGRÁFICO *np) da ortografia do português, continuam a escrever-se com hífen: mantém-se, pois, circum-navegar e panbrasileiro. Os prefixos átonos como co-, re-, pre - ou pro- representam outra exceção, sendo sempre escritos sem hífen, Resolução do Conselho de mesmo quando a primeira letra do Ministros n.º 8/2011 segundo elemento repete a última do Diário da República, 1.ª série primeiro (por exemplo, nas palavras cooperação e preencher). Há ainda — N.º 17 — 25 de Janeiro de alguns prefixos que levam sempre 2011 hífen: ex- (com sentido de anterioridade), e prefixos graficamente acentua(…) dos como pré- e pró-. Em todos os 3 — Determinar que o Acordo outros casos, as palavras prefixadas Ortográfico é aplicável ao não são divididas por hífen. As locuções, quando o eram, deixam sistema educativo no ano de ser escritas com hífen: fim de lectivo de 2011 -2012, bem semana e não fim-de-semana; cor de como aos respectivos manuais vinho e não cor-de-vinho. Do mesmo escolares a adoptar para esse ano modo, devem ser escritas sem hífen lectivo e seguintes, cabendo ao sequências constituídas pelos advérmembro do Governo responsável bios não ou quase e outra palavra: não pela área da educação definir um alinhado, não fumador, quase dito. Passa a ser obrigatório calendário e programa específicos (anteriormente opcional) repetir o de implementação, sem prejuízo do disposto no número seguinte. hífen na linha seguinte nos casos em que a translineação se faz onde exista 4 — Manter a vigência dos já um hífen: anti-/-incêndio. manuais escolares já adoptados As formas monossilábicas de haver até que sejam objecto de reimdeixam ser ligadas por hífen à prepopressão ou cesse o respectivo sição de: há de e não há-de. O ACORDO ORTOGRÁFICO VEIO PARA FICAR. É A HORA! paranoico. Esta regra aplica-se também às palavras com ditongo ei tónico, que no Brasil eram até aqui escritas com acento: idéia e nucléico passam a ser escritas como nos restantes países, ideia e nucleico. As formas verbais de verbos cujo infinitivo termina em -guar, como desaguar, e em -quar, como adequar, com u acentuado depois de g ou q, deixam de ser marcadas com diacrítico – adeque e não adeqúe para o conjuntivo presente e o imperativo de adequar. Também desaparecem os acentos gráficos nas vogais tónicas i e u quando são antecedidas de um ditongo: baiúca passa a escrever-se baiuca, saiinha passa a ser a forma correta da palavra que antes se escrevia saiínha. sequência, deixando seqüência de ser possível; da mesma forma, aguentar e não agüentar. Maiúsculas Várias palavras passam a ser escritas com minúscula em vez de maiúscula: os meses (escreve-se agora janeiro e não Janeiro), as estações do ano (verão em vez de Verão) e os pontos cardeais (sudoeste em vez de Sudoeste). Passa a ser opcional o uso da letra maiúscula em formas de tratamento (professor ou Professor, opcionalmente), e logradouros públicos (avenida da Liberdade ou Avenida da Liberdade, também opcionalmente). Alfabeto Consoantes Mudas Quando precedem um t, ç ou c, as letras c e p passam a escrever-se apenas se forem pronunciadas: ação em vez de acção, ótimo por óptimo. Nas sequências mpt, mpc e mpç o m passa a ser escrito n quando o p não se escreve: perentório e não peremptório. Em todos estes casos, quando a consoante é realizada na pronúncia realiza-se também na ortografia: pacto não passa a ser escrito pato. À período de adopção, previsto no Acento semelhança do que já sucedia no artigo 4.º da Lei n.º 47/2006, de Brasil, esta regra passa a aplicar-se 28 de Agosto, e no artigo 2.º do também em Portugal, nos PALOP e O uso do acento circunflexo ou Decreto- -Lei n.º 261/2007, de 17 agudo nas vogais e e o passa a depen- em Timor. de Julho. Ainda de acordo com a regra anteder da forma como essas vogais são (…) lidas em cada país. Visto que a prorior, nos casos em que a pronúncia de núncia de palavras como tônico / uma palavra varie quanto à pronúncia de c ou p, ambas as formas são tónico é diferente no Brasil e nos As Mudanças aceitáveis, sendo a consoante escrita restantes países, na prática continua Principais opcionalmente ou de acordo com a a escrever-se da mesma forma: em pronúncia dominante em cada país. Portugal, nos PALOP e em Timor Hífen Assim, detectar será aceite no Brasil, continua a escrever-se tónico, no mas nos restantes países a norma Brasil mantém-se a forma tônico. No Com o Acordo Ortográfico, a presen- entanto, ambas as formas passam a aconselhará detetar. Da mesma força do hífen em palavras prefixadas ser legalmente corretas em todos os ma, deverá poder escrever-se em torna-se mais restrita e as regras que países, desde que usadas de forma todos os países caraterística ou caracdeterminam o seu uso mais sistemáti- sistemática, sendo a norma de cada terística, refletindo a variação existencas. De modo geral, em grande parte te na oralidade nos espaços em que o país a determinar a forma que deve das situações deixa de se usar hífen português é falado. ser usada no seu espaço geográfico. em palavras prefixadas. Por exemplo, A primeira letra nas sequências gd, Algumas palavras que antes passa a escrever-se codependente e tinham acento gráfico apenas para tm, mn e bt pode também não ser contraindicação em vez de coserem distinguidas de homógrafos (ou escrita sempre que a forma como a dependente e contra-indicação. Mesmo seja, de palavras que se escrevem da palavra é dita num dado espaço geonos casos em que o segundo elemento mesma forma) deixam com o novo gráfico o permita. Esta regra não vem da palavra prefixada começa por r ou alterar mais que o estatuto de alguacordo de ser acentuadas: assim, s deixa de se usar hífen, duplicando-se escreve-se agora pelo e não pêlo, deimas formas, no entanto: a grafia antes essa letra: antirrevolucionar e amídala para a palavra amígdala xando de se distinguir da contração não anti-revolucionar, contrassenha e da preposição por com o artigo defini- continua a ser possível no Brasil, não contra-senha. No entanto, contido o. Da mesma forma, passa a escre- sendo no entanto desaconselhada nos nuam a existir alguns casos em que o ver-se pela e não péla, para e não restantes países, onde o g é sempre hífen é usado em palavras prefixadas: pára (imperativo singular do verbo pronunciado. Da mesma forma, a quando a palavra prefixada começa palavra omnisciente continuará a parar). A exceção é a forma verbal por h (anti-herói) e quando a última escrever-se opcionalmente no Brasil pôr, que se mantém diferente da letra do prefixo é igual à primeira preposição por. A a 1ª pessoa do plural como onisciente, devendo os outros letra da palavra prefixada (mantémpaíses continuar a usar a primeira. do presente do conjuntivo do verbo se contra-ataque, por exemplo) dar continua opcionalmente a poder *Existem outras exceções, nomeadaTrema ter a forma dêmos, a par de demos. mente as que envolvem as consoantes Segundo as novas regras, os ditonnasais m e n, que, nos casos em que a gos tónicos na penúltima sílaba deiNo Brasil, deixa de ser usado o sua aglutinação ortográfica implique trema para distinguir as sequências xam de ser marcados com acento uma leitura indesejada ou uma viola- gráfico: assim, palavras como jóia e qu e gu em que o u é realizado fonetição das restrições contextuais (e.g. paranóico passam a escrever-se joia e camente. Passa a escrever-se sempre As letras k, w e y, que até agora não eram consideradas parte do alfabeto do português, são agora nele incluídas. No entanto, o uso destas letras não sofre qualquer mudança, continuando a usar-se apenas em palavras com origem noutras línguas e nas palavras que delas derivam. Letra h A descrição do uso da letra em início de palavra, como em hotel, é mais detalhada no Acordo Ortográfico de 1990. No entanto, a situação na prática não muda: o h inicial é usado apenas quando existe uma justificação etimológica para isso, mas não quando a escrita sem h já é consagrada pelo uso. Ou seja, em casos como úmido/húmido, a grafia usada mantém-se diferente de acordo com o país: continua a escrever-se húmido nos PALOP, Timor e Portugal e úmido no Brasil. http://www.portaldalinguaportuguesa.org/ index.php?action=novoacordo&page=mudanca No passado dia 5 de janeiro, por iniciativa do Grupo disciplinar de românicas, a Profª Doutora Margarita Correia (docente da Fac. de Letras da Universidade de Lisboa e investigadora do ILTEC) fez na nossa escola uma clara e proveitosa apresentação das principais alterações decorrentes do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (aprovado e ratificado em 1991). Página 7 Confluências VISITAS Alunos e Professores de Inglês sentir a «vida» do navio; ultrapassou, «Uma experiência única, um sonho em muito, todas as expectativas, e tanto realizado, a oportunidade de interagir visitam o USS Enterprise No passado dia 28 de Janeiro, 50 felizardos e merecedores alunos de Inglês, acompanhados pelas docentes Ângela Lopes, Emília Paco (a responsável pela organização da visita), Isabel Carreira, Rita Evangelista, Sandra Viegas, Teresa Almeida e Teresa Palma, tiveram a oportunidade, quem sabe única na vida, de visitar o porta-aviões norteamericano USS Enterprise. A visita foi bastante completa, todos puderam tirar fotografias, fazer perguntas e conhecer / os alunos como as docentes considera- com falantes nativos.» Alionne, 1ºO ram a experiência extremamente positi- «Uma oportunidade única e diferente va. que me permitiu ter a real percepção de Sandra Viegas, Professora como é a vida num porta-aviões; um dos aspectos que mais me impressionou foi a quantidade de tripulantes do navio.» A palavra aos alunos: Ana Barrisco, 10ºH «Uma experiência inesquecível! Não só «Gostei de toda a visita. É tal e qual por termos estado num porta-aviões como na televisão!» Vitazilaide, 10ºH americano, como também pela compa- «Sobretudo, uma oportunidade que não nhia e por ter feito novas e espectacula- se repete todos os dias.» Carla, 11ºQ res amizades. Nunca esquecerei este «Recomendo vivamente visitar o Enterprise.» Pedro, 10ºF dia!» Shabbir, 1ºN Por terras de Constância e de Azinhaga… (Português, 10º A, B, G, I, J, M) 25/Novembro/2010 Ana Laranjeira, 10º G Os alunos de Português do 10º ano, dos professores António Souto e Manuela Fonseca, deslocaram-se no passado dia 25 de Novembro a Constância e a Azinhaga. Uma visita ao Horto de Camões e uma deambulação pela Vila (passando pela Casa-Memória de Camões) preencheram a manhã. No regresso, e depois do almoço, uma visita ao pólo da Fundação Saramago. Em ambos os locais, uma apresentação pertinente e um simpático acolhimento. Uma palavra de gratidão à Drª Ana Maria Dias (foto, Jardim-Horto de Camões) e a Ana Hughes (Fundação José Saramago). Foto de A. S. Estou habituada a que me arranquem os frutos. Isso é normal, e não me dói, pelo contrário, é motivo da minha felicidade. Delicio-me ao ver os petizes a beberem do sumo das minhas laranjas, e os mais velhos, numa corrida para o trabalho, passam por mim para apanhar o que será a sua merenda. Mas hoje, o meu fruto de contentamento tor- nou-se fruto de ódio. Cada laranja arrancada dos meus ramos doía-me como nunca antes tinha doído. As crianças que alimentei, cresceram, e parece que se esqueceram dos momentos aqui passados. Gritos, pessoas magoadas e laranjas esmagadas. Ninguém quis a minha fruta, e sinto-me culpada… Aqui jaz José Saramago que, apesar de ter vivido os últimos anos em Espanha, quis ter a sua última morada no país que o viu nascer. Aqui jaz Fernando Pessoa, apesar de continuar sentado na esplanada d’ A Brasileira. José Lemos, 10º G Página 8 Confluências INICIATIVAS A Companhia de Dança Luís Damas apresentou no Auditório Camões, na tarde do dia 10 de Fevereiro, o Programa Retrospectiva. Intervaladas pela exibição de dois videodanças (premiados em Portugal e no estrangeiro), o público presente (alunos na sua maioria) teve oportunidade de assistir ao vivo a algumas coreografias de Luís Damas brilhantemente executadas por Daniela Morais (na foto). O espectáculo teve a assistência técnica de João Lacueva (no som e operação de vídeo), de José Alvega ( nas luzes) e de Conceição Besteiro (no apoio ao palco). A Propósito Uma Iniciativa do Diário de Notícias No momento em que (na perspectiva de obras próximas futuras no edifício da escola) os núcleos históricopatrimoniais do «Lyceu Camões» (depositados nos Gabinetes das Artes, Ciências, Biblioteca, Museu e Arquivo) começam a ser rigorosamente tratados para o seu armazenamento enquanto durarem as referidas obras (quiçá até 2013), importa aqui lembrar (como referência para todos nós) a qualidade excepcional do trabalho da Profª Maria Leonor Borralho na selecção, apresentação e descrição dos testemunhos materiais / documentais dos referidos Museu e Gabinetes que integraram a exposição O Lyceu Camões na 1ª República, e que a escola pôde fruir na primeira quinzena de Outubro p.p.. "Faz o teu jornal!" É o grande desafio que o MEDIALAB coloca aos jovens que o visitam. No entanto, uma visita ao MEDIALAB vai muito mais longe. Os participantes são recebidos na galeria do DN, para uma breve visita guiada ao histórico edifício onde nasceu há 145 anos o grande matutino da capital. De seguida, num moderno auditório, tomam contacto com a história do jornal, assistindo a um curto filme, e é-lhes explicado como vai decorrer a sessão. As sessões e workshops, com programas específicos e diferenciados, conforme se destinam a alunos e professores ou a famílias, têm lugar nas instalações do MEDIALAB, que ocupa espaço próprio, e onde é facultado o acesso a todo o material necessário, com o apoio de monitores especializados. É aí que se vai, por fim, concretizar o aliciante convite: “Faz o teu jornal!” Prof. José Vasconcellos Alunos de várias turmas da Escola Secundária de Camões deslocaram-se já, acompanhados por professores de Português, à sede do Diário de Notícias (no cimo da Av. da Liberdade) para participar nesta iniciativa. Fazer uma primeira página: redigindo a notícia, criando um título, seleccionando uma imagem… Uma descoberta, da teoria à prática! Os alunos de Português para Todos (PPT), com o auxílio das suas professoras (Madalena Contente e Isabel Martinez), num verdadeiro espírito de aprendizagem intercultural, revelaram as suas tradições de Natal e de Ano Novo. Uma mostra que esteve patente no átrio da Biblioteca durante a Quadra natalícia. Página 9 Confluências INICIATIVAS Sex and beauty are inseparable, like life and consciousness. And the intelligence which goes with sex and beauty, and arises out of sex and beauty, is intuition. by David Herbert Lawrence THINK-THANK on ‘Sex and Affection’ On the 17th November THE ENGLISH THINK TANK carried out a debate on the theme “Sex and Affection”. At 10:15 in the old library of Lyceu Camões, a group of students gathered for the first time in this year. Questions were raised such as: • Does love exist or is it only an endocrine response? • Should polygamy be legal or not? • Is it possible to be romantically in love with two persons at the same time? • Does jealousy destroy a relationship? • Are homosexuals still afraid to come out of the closet because they feel left out or has it become fashionable? Those questions are mainly examples of what was discussed throughout the session. Though there were many different opinions and much controversy, interesting points were made. Without reaching a common ground, the debate ended leaving most questions open. Gonçalo Feteira Mariana Azevedo Susana Nascimento (12ºJ) Programa: Internet Segura? Cuidado! 8 de Fevereiro (Auditório Camões) — no âmbito do Dia Internacional da Internet Segura, decorreu um Semin á r i o Seguranet. 13:45– Recepção aos participantes. 14:00 – Sessão de Abertura. Alexandra Marques, Directora Geral da DGIDC; Graça Simões, da UMIC (Agência para a Sociedade do Conhecimento); João Pires, Director da Escola Secundária de Camões 14:30 – Safety on a Living Internet, palestra de Anne Collier, ConnectySafely.org 15:30 – Apresentação dos resultados do Estudo “EU Kids Online 2 (2009-2011) Conhecer melhor os usos, riscos e segurança online das crianças europeias”, por Cristina Ponte, da Universidade Nova de Lisboa 16:00 – Intervalo. 16:30 – Jogos e ambientes virtuais na Educação – Potencialidades e riscos Intervenientes: Moderador, Carlos Cachado, DGIDC; Luís Pereira, Universidade do Uma conferência diferente Minho; Pedro Vitória professor na Escola Secundária Leal da Câmara; Miguel Gomes, aluno do Agrupamento de Escolas Padre Abílio Mendes e Tiago Lessa, aluno da Escola Básica Integrada Quinta de Marrocos. 17:30 – Encerramento: José Vítor Pedroso, DGIDC. “O Teatro de Gil Vicente” Uma aula aberta, pelo Prof. Doutor José Camões Na passada 3ª feira, 1 de Fevereiro de 2011, a Escola Secundária de Camões recebeu no Auditório o professor José Paulo Viana que proferiu, no âmbito das Aplicações Matemáticas, uma conferência subordinada ao tema «Alguns Números Pela Vida Fora (incluindo um Porco Fardado de Almirante)». De forma cativante, professor João Paulo Viana abordou temas como o π (Pi), o crescimento exponencial, e o célebre episódio de dois porcos vestidos de Almirante, como sátira à situação política do início dos anos 70. Uma conferência que se estendeu por 90 minutos, e na qual cerca de 200 alunos aprenderam mais sobre a Matemática e suas aplicações a situações bem concretas, mostrando assim que nem sempre esta ciência é aborrecida. André David, 11º A Dia 9 de Fevereiro, a Biblioteca da escola encheu-se para, na segunda “aula aberta” do ano, ouvir falar de Gil Vicente e do seu teatro. Uma apresentação que permitiu enquadrar o autor no seu tempo (nos reinados de D. Manuel e de D. João III) e dar a conhecer o modo como ele se movimentava com relativa facilidade no ambiente da corte. Os alunos, atentos e comprazidos, aprenderam do labor de Vicente e do papel implacável da Inquisição. (foto: Prof. Doutor José Camões, ao centro, ladeado pelo director da escola e pela professora Cristina Duarte) Página 10 Confluências Cinema & Reflexão Para assinalar o Dia Internacional do Deficiente, que se comemorou no passado dia 03 de Dezembro, a Unidade Especializada de Apoio Educativo (UEAE) promoveu uma sessão de cinema no Auditório Camões. A iniciativa contou com o apoio de vários professores. Estiveram presentes alunos das turmas de Área de Projecto de Cinema, do 1º ano de Informática de Gestão e de outras turmas de 10º ano. O filme exibido foi I am Sam, de Jessie Nelson, em que o actor Sean Penn desempenha o papel principal. Este filme conta o drama de um homem que sofre de uma Perturbação do Espectro do Autismo e que, por isso, perde a custódia da filha. Várias pessoas, incluindo uma advogada, vão apoiá-lo. Para escreverem este argumento, os autores fizeram uma pesquisa numa instituição da especialidade. O filme não tem pretensões intelectuais, é apenas uma história humanista que pretende alertar para os preconceitos e lutar contra a insensibilidade. No entanto, coloca ao espectador um verdadeiro dilema moral. Os alunos presentes mostraram-se bastante interessados no filme, apesar de um incidente desagradável ter impedido o seu visionamento até ao fim! Drª Graça C. da Silva (UEAE) Ficha técnica Sinopse Título em português: A Força do Amor País de origem: USA Ano de realização: 2001 Estúdio: Warner Brothers Realizador: Jessie Nelson Argumento: Kristine Johnson, Jessie Nelson Duração: 132 minutos Actores principais: Sean Penn, Michelle Pfeiffe, Dakota Fanning I Am Sam Quando o Amor vence a Razão O filme I Am Sam não reproduz nada que um espectador ainda não tenha visto, contudo não deixou de me comover e sensibilizar. Este filme demonstra que, na maioria dos casos, o amor puro e autêntico de um pai é mais importante para a felicidade e o desenvolvimento de uma criança, do que a sua capacidade mental. É preferível um pai presente e dedicado, com algumas limitações, do que um pai ausente e desinteressado, com grandes habilitações – eis a mensagem de I Am Sam. Podemos verificar esta ideia contrastando a personagem de Lucy, filha de Sam, uma criança perfeitamente saudável e feliz, com o filho de Rita (uma advogada de prestígio), que tem comportamentos agressivos e se sente posto de parte pelos pais. Quanto a mim, este filme funciona na perfeição, pois conseguiu fazer com que eu permanecesse sempre do lado de Sam, e quisesse que Lucy ficasse com o seu pai. Se não tivesse visto este filme, defenderia que alguém com um atraso de desenvolvimento não tinha quaisquer capacidades cognitivas para criar uma criança, apesar de todo amor que lhe pudesse oferecer. A parte do fil- I Am Sam é a história de um homem com um atraso de desenvolvimento, que é abandonado pela mãe da sua filha, logo após esta nascer. Com a mentalidade de uma criança de sete anos, mas com um amor incondicional pela sua filha, tentará demonstrar ao tribunal que é capaz de dar uma educação propícia a Lucy e que, por vezes, A Força do Amor supera qualquer obstáculo. me que mais me emocionou foi quando Lucy está a ler e finge que não consegue decifrar uma palavra, a mesma que Sam não conseguira ler. Esta atitude, demonstra que Lucy tem noção das limitações do seu pai, mas para não o inferiorizar, recusa-se a aprender mais. Contudo, é de notar que, apesar de todas as limitações de Sam, este apercebe-se do “plano” da sua filha, obrigando-a a ler a tal palavra. Sam consegue também ensinar à sua advogada que, a felicidade da vida se encontra na simplicidade e na autenticidade das coisas e que o trabalho nunca se deve pôr à frente do amor, caso contrário viveremos amargurados para o resto das nossas vidas. Neste filme, os movimentos da câmara têm um papel fundamental para que os espectadores “entrem” na história. A câmara é subjectiva e adopta o ponto de vista de Sam, pois quando este se encontra confuso, a imagem começa a girar. Recomendo a todos que vejam I Am Sam, pois leva-nos a reflectir um pouco sobre as nossas próprias vidas e ensinamnos que qualquer pessoa com uma deficiência, tem a mesma (ou maior) capacidade de sentir e amar do que uma pessoa normal. Os actores que participaram neste filme estiveram magníficos, destacando-se, na minha opinião, Sean Penn e Dakota Fanning. Apesar de tudo, continuo a achar que este é um filme com uma história já um pouco “gasta” e com um final demasiado previsível. Atribuo a I Am Sam quatro estrelas. Mafalda Januário, 12º L • “How can we be so…” • “different”. • Your teacher give you a really hard book this time. Página 11 Confluências Teatro & Reflexão “O Senhor Puntila e o seu Criado Matti” Versão João Lourenço | Vera San Payo de Lemos Dramaturgia Vera San Payo de Lemos Encenação e realização vídeo João Lourenço Dia 8 de Outubro – os Cursos EFA foram ao Teatro “Originalidade da cenografia e um argumento espectacular Aberto, a convite desta companhia, para assistir a um que fala da divisão de classes. É como o amor, é muitas Ensaio Geral com Público desta peça de Brecht. Uma vezes mais profundo do que realmente pensamos quando peça que permite tratar várias temáticas comuns aos sóbrios ou bêbados.” Cursos EFA, como “Urbanismo e Mobilidade”, EFA Técnico de Agência de Viagens e Transportes “Direitos e Deveres Laborais” e “Liberdade e Respon- “Adorei a peça! Até deu vontade de participar. Para isto, só sabilidade Pessoal”. uma palavra… Maravilhoso.” No dia 13, encontraram-se com a especialista em teatro e em tradução Vera San Payo de Lemos, na Sala “Diferente. Gostei da Actuação” de Geografia, para discutirem a acção, a encenação e a “Parabéns a todos os actores! A peça foi fantástica, me dramaturgia. A organização esteve a cargo das Professoras Ana diverti imenso. Adorei!” Cotrim e Maria de Deus Duarte, com a colaboração dos “Comovente.” colegas Mediadores EFA Rosário Caetano, Cristina Carvalho, Ana Miranda, Dulce Silva, Teresa Almeida e EFA Técnico de Apoio à Gestão Wilson Brígido. “A peça é por si excelente. Nela há, na minha opinião, dois Os alunos, como se lê abaixo, gostaram! mundos: a burguesia e o povo. O senhor Puntila, patrão, EFA ESCOLAR_ B/C “Humor inteligente, críticas discretas. Soberbo! Jovem e interessante!” “Para Grandes Males, Grandes Remédios.” “Experiência enriquecedora! Uma comédia inteligente. O Puntila é o Maior. Adequado aos nossos tempos.” tem dois lados: o bom, quando bêbado; o mau – áspero, bruto –, quando sóbrio. Matti é o confidente dos boémios. É homem do povo.” “Uma primeira parte excelente, viva de emoções, sentimentos e de grande representação. Encenação, música e guarda -roupa em grande êxito. Segunda parte espectacular. Todos de parabéns. Bons momentos, grandes actores. Bem hajam!” “Uma Grande Iniciativa do Liceu Camões. Espero que se EFA Técnico de Informática de Sistemas repita. Adorei a peça, uma comédia inteligente e dinâmica.” “ Adorei o teatro. Diverti-me imenso. A peça está bem montada e os actores interpretam muito bem. Mas o que mais EFA ESCOLAR_ A me chamou a atenção foi a forma como a peça indirecta“Original. Divertida. Credível”. mente nos mostra como a bebida acaba com a amizade entre o senhor Puntila e o seu criado Matti. Quando, no “Confrontos de poder entre ricos e pobres.” final, ele está sóbrio, fica desesperado, gritando pelo Matti.” TEATRO NAS CAVES O GTESC (Grupo de Teatro da Escola Secundária de Camões), sob a orientação da sua encenadora, a professora Maria Clara Melo da Silva, levou a palco o drama estático em um quadro, O Marinheiro, escrito por Fernando Pessoa em apenas dois dias, de 12 para 13 de Outubro de 1913. Esta iniciativa envolveu a participação de alguns professores (Ana Enes, Graça Gomes e Filipe Gonçalves) e alunos (Alexandra Torres e Filipa Pedroso) que integram o actual grupo de teatro da escola. Foi assim que Fernando Pessoa e as suas sempre sábias e misteriosas palavras estiveram presentes antes do jantar de Natal que decorreu no dia 20 de Dezembro nas caves da nossa escola. ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES http://www.escamoes.pt Página 12 Confluências Uma dinâmica de causar inveja! Três iniciativas num espaço de uma semana, todas diversas, todas merecedoras de destaque. A exibição de um filme de fundo literário — Conversa Acabada, de João Botelho —, com a presença do realizador (27 de Janeiro); um Concerto Aberto, em directo para a Antena 2 (28 de Janeiro); uma conferência sobre a magia da matemática — ver p. 9 —, pelo Prof. José Paulo Viana (1 de Fevereiro). A Escola Secundária de Camões no seu melhor! Os cartazes (em baixo), da autoria do Prof. Lino das Neves, sublinham o cunho artístico! Foto de A. S. BE/CRE http://esccamoes.blogspot.com/ B R E V E S Natal pelo Rossio Passaram à reforma, ao fim de duas décadas e meia ao serviço nesta escola, a D. Margarida Morais Martins (em funções no SASE), no final de Agosto de 2010, e a D. Fernanda Lacueva (ao serviço no Pavilhão Prof. Moniz Pereira), em Setembro de 2010. Para ambas, a gratidão da escola e o desejo de um longo e “bem” ocupado futuro! Aulas abertas 2011 (Biblioteca) 5 de Janeiro — Uma aula magistral sobre “As crónicas de Fernão Lopes”, pela Profª Doutora Teresa Amado (foto, ao centro), da Fac. de Letras da Universidade de Lisboa. Uma iniciativa das Professoras Cristina Duarte e Lurdes Marcelino para os seus alunos de Literatura Portuguesa (mas aberta a toda a comunidade escolar). 9 de Fevereiro — Uma segunda aula, igualmente cativante, sobre o “Teatro de Gil Vicente”, pelo Prof. Doutor José Camões (ver p. 9). Ao professor Lino das Neves, ao funcionário José Alvega e a todos quantos colaboraram com a cedência de fotos e trabalhos para este Boletim, uma palavra de agradecimento. Confluências Envia os teus trabalhos para: [email protected] Com o generoso apoio do Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal