revista floscarmeli2016.1 – edição em pdf

Transcrição

revista floscarmeli2016.1 – edição em pdf
2
Editorial
Nesta Edição
• 03-05
Ano do Laicato
Carmelita na Província Carmelitana
Pernambucana
• 06-09
450 anos do Nascimento de Santa
Maria Madalena de
Pazzi, O.Carm.
A
presentamos mais uma edição de nossa
revista, Flos Carmeli, partilhando
com os nossos leitores a caminhada de nossa Província, para que registremos os fatos mais importantes vivenciados por nós
e saibamos contemplar, através dos textos
e fotos, a ação do Senhor que nos convida
cotidianamente a sermos fiéis ao carisma
que nos foi confiado.
Neste ano de 2016, somos chamados, de
um modo especial, a louvar e agradecer a
Deus pela vida dos leigos e leigas carmelitas. Com a celebração do Ano do Laicato
Carmelita na Província Carmelitana Pernambucana, queremos revalorizar a vocação
e missão de tantos homens e mulheres que,
na sua condição de leigos, estão vinculados
ao carisma carmelitano e, portanto, bebem
da mesma fonte do Carmelo.
Como Ordem Carmelita, devemos voltar
nossa atenção à celebração dos 450 anos do
nascimento de Santa Maria Madalena de Pazzi. É uma santa não tão conhecida, se comparada a Santa Teresa de Jesus; e é um bom
momento para divulgar e celebrar sua vida.
Destacamos, ainda, nesta edição, um belíssimo trabalho realizado por nossas irmãs
Missionárias Carmelitas, no sertão da Paraíba e Pernambuco, em favor da defesa dos
direitos da criança e do adolescente.
Vivamos este ano celebrando a cada instante a misericórdia do Senhor. Deus é misericórdia. E no rosto de Jesus, contemplamos
a misericórdia do Pai. Continuemos a viver o
Ano da Misericórdia e aprendamos, contemplando Jesus, a ser misericordiosos.
• 10-11
Jornadas
Missionárias 2016
• 12-13
Noviciado
Carmelitano
• 14-15
Notícias
• 16
Irmãs Carmelitas
Missionárias e
defesa dos Direitos
das Criança e do
Adolescente
Expediente
Flos Carmeli é uma Revista da Província Carmelitana Pernambucana que visa ser um veículo de formação e informação sobre temas carmelitanos e a caminhada do Carmelo,
de um modo especial da Família Carmelitana no Nordeste.
Diretor: Frei Altamiro Tenório da Paz, O.Carm. Editor: Frei José
Cláudio de A. Batista, O.Carm. - Design Gráfico: Marco Aurélio
(MACAÉ) Endereço: Convento do Carmo, Pátio do Carmo,
s/n, CEP: 50010-180 - Recife - PE - Telefone: 55 (81) 3224 3341
Website: www.fradescarmelitas.org.br
3
Ano do Laicato Carmelita na
Província Carmelitana Pernambucana
C
arta aos irmãos e irmãs, membros do
Laicato Carmelita. Saudações fraternas!
INSTITUIÇÃO DO ANO DO LAICATO
Já no final do ano passado, solicitei, juntamente com a Secretaria do Laicato, à Província
Carmelitana Pernambucana, a instituição do ano
de 2016 como o Ano do Laicato Carmelita, a nível
provincial. Acolhida a proposta, foi escolhido o dia
01 de janeiro de 2016 para a abertura desse Ano, e
o encerramento, 01 de janeiro de 2017.
OS LEIGOS, MEMBROS DO CARMELO
Por que um ano dedicado ao laicato carmelita? Porque os leigos fazem parte de nossa
história, seguem caminhando conosco e fazem
com que o Carmelo seja mais belo.
Imaginemos um jardim, não
qualquer jardim, mas um
jardim cultivado há quase mil anos, adornado
com uma variedade
de flores de tipos,
tamanhos, odores
e cores diferentes. Tal jardim
é o Carmelo.
O Carmelo é
um amplo jardim plantado
pelas mãos do
Divino
Jardineiro para
formosear este
mundo com a
santidade de
Deus.
Nele,
cada flor simboliza a vida
de tantos homens e mulheres que descobriram, em
solo tão fértil,
um lugar para responder à sua vocação. Entre
os que habitam este jardim, encontramos não
somente os frades, as monjas e as irmãs, mas
uma multidão de leigos que também compartilham conosco do mesmo carisma: são homens
e mulheres que, no
seu estado laical, seguindo a Jesus Cristo,
encontram na vida
orante, fraterna e de
serviço do Carmelo um caminho
para concretizar o
seu chamado à
santidade.
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OS LEIGOS EM NOSSA PROVÍNCIA
A história do Carmelo e de nossa Província não pode ser contada sem a presença dos leigos. Um ligeiro olhar para
nossas Igrejas mais antigas, com
seus conventos, como os de
Recife, Goiana e João Pessoa, nos revelará, ao seu
lado, a presença de uma
Igreja da Ordem Terceira
do Carmo, como testemunha da presença dos
Irmãos Terceiros, que até
hoje bebem de nosso carisma. Hoje, na Província, possuímos oito sodalícios: o de Recife/PE, o
de Goiana/PE, o de João
Pessoa/PB, o de Natal/
RN, o de Campina Grande/PB, o de Maceió/AL,
o de Caririaçu/CE e o
de São Cristóvão/SE. Os
Terceiros se consagram a
Deus mediante os votos
ou promessas e recebem o hábito carmelita.
Depois das Ordens Terceiras, outra parcela
significativa de leigos carmelitas são as Fraternidades do Escapulário,
compostas por adultos, jovens e crianças que se consagram a Nossa Senhora
do Carmo, através do escapulário, e reúnem-se
periodicamente como
grupo para a celebração do ofício em honra à
Virgem do Carmo, para a leitura da Palavra
de Deus, partilha da vida… sempre em comunhão com a caminhada paroquial nos lugares em que estão inseridos. Na nossa
Província são muitas as Fraternidades espalhadas em Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Ceará, Sergipe e Rio Grande
do Norte. Além das Ordens Terceiras e Fraternidades, temos outras realidades laicais em nossa
Província, como o JUCAR
(Juventude Carmelitana)
e a Fraternidade Horeb;
todavia, a maioria dos leigos que estão vinculados a
nós são os que usam o escapulário (o “santo bentinho”), com a consequente
devoção a Nossa Senhora
do Carmo, e aqueles que
também têm devoção aos
Santos do Carmelo.
O TEMA DO ANO DO LAICATO
A Província celebra este Ano do Laicato
dentro da celebração do Ano da Misericórdia,
motivada pelo seguinte tema: “As misericórdias do Senhor eternamente eu cantarei” (Sl
88,2). “Misericordiosos como o Pai” (tema do
Ano da Misericórdia), queremos cantar as suas
misericórdias, pois, como diz a Virgem Maria,
“sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem” (Lc 1,50).
Como Carmelitas, revestidos do sagrado
Escapulário, cantamos com Maria as misericórdias do Senhor, pois cremos que nela,
encontramos tudo o que desejamos e esperamos ser. Olhando para Maria, aprendemos a estar diante de Deus, juntos
como irmãos, no Senhor. Ela, de fato,
vive no meio de nós como irmã e mãe,
sempre atenta às nossas necessidades. Ela nos ensina a ser misericordiosos, ofertando nossa
vida unida à vida do seu Filho,
tornando-nos colaboradores na
obra amorosa da Salvação.
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ALGUNS OBJETIVOS
Um ano provincial dedicado ao laicato
carmelita é útil para revalorizarmos o papel dos
leigos entre nós, aprofundando, a partir dos documentos da Ordem e da Igreja, a sua vocação como carmelitas que vivem, no seu estado
específico de vida, o chamado à santidade.
Como elemento histórico, é importante
resgatar aquelas figuras que foram e são importantes na história do laicato em nossa Província, especialmente os leigos - com certeza
os diversos grupos têm biografias bonitas de
leigos que dão e deram testemunho de sua vocação, e que vale a pena resgatar.
Esse ano também deve ser vocacional. Somos chamados a divulgar a vocação carmelitana
para que outros se sintam vocacionados a experimentar esse carisma, especialmente os leigos.
Queremos que este ano seja uma oportuna ocasião para aproximar-nos uns dos outros
com o olhar misericordioso, vendo na figura
da Virgem Maria, Mãe da Divina Misericórdia e modelo da Igreja, aquela que nos conduz
com segurança à perfeição da caridade. Ela
nos leva à Porta Santa, Jesus Cristo, e nos ensina a fazer tudo o que Ele disser.
ÚLTIMAS PALAVRAS
A celebração do Ano do Laicato auxilia-nos a nos aproximar dos irmãos que vivem
distantes, espalhados por diversas comunidades e paróquias do Nordeste do Brasil. Os
Irmãos das Ordens Terceiras, os membros das
Fraternidades do Escapulário e os jovens carmelitas são testemunhas de uma vida fundada no amor de Deus, pautada no seguimento
de Jesus Cristo. Com seu testemunho buscam
dar exemplos concretos de vivência fraterna,
orante e profética, cantando eternamente,
com alegria, as misericórdias do Senhor.
Exorto aos leigos Carmelitas que sejam sinal
da Misericórdia de Deus para o povo, testemunhando com sua vida, pois acredito em
muitos irmãos e irmãs que levam com amor
o santo Escapulário e buscam ser continuadores do profetismo de Elias, defensor da fé
no Deus único e verdadeiro, o Deus das misericórdias; desejo que permaneçam unidos
na oração, perseverem na fraternidade, sejam
fortalecidos na esperança e determinem-se na
prática da misericórdia, acompanhados pela
Mãe Santíssima do Carmo, Mãe de Misericórdia. Ademais, louvemos e agradeçamos a
Deus, em nossas Eucaristias, Festas de Nossa
Senhora do Carmo e encontros, pela presença
viva e atuante do Laicato em nossa Província.
Frei Vicente Ferreiravde Souza, O.Carm.
(Delegado Provincial para o Laicato)
Oração do
Ano do Laicato
Santíssima Trindade, Pai,
Filho e Espírito Santo, nós vos
louvamos e vos agradecemos
pelo dom do Carmelo à Igreja,
e porque chamastes tantos
leigos e leigas a beberem da
fonte do carisma carmelitano,
levando-os a experimentar a
doçura do céu, num caminho de
santidade, através da oração, da
fraternidade e do serviço. Pela
intercessão de Nossa Mãe, a
Senhora do Carmo, vos pedimos
a graça de permanecermos fiéis
à vocação a qual nos chamastes,
e, sempre unidos a vós, Fonte
de Misericórdia, cantarmos as
vossas misericórdias para sempre,
aprendendo de vós a sermos
também misericordiosos.
Amém.
6
450 anos do Nascimento de
Santa Maria Madalena de Pazzi, O.Carm.
N
este ano de 2016, celebramos os 450 anos
do nascimento de Santa Maria Madalena
de Pazzi, uma carmelita não tão conhecida como
Santa Teresa de Jesus, cujo quinto centenário natalício festejamos ano passado. Para que conheçamos um pouco mais sobre Madalena de Pazzi,
transcrevemos a seguir um artigo publicado pela
revista italiana 30 dias, de novembro de 2007.
MARIA MADALENA DE PAZZI, O
TESOURO ESCONDIDO NA IGREJA
Em 25 de maio de 2007, celebrou-se o quarto
centenário da morte de Santa Maria Madalena
(1566-1607), carmelita florentina e mestre de
vida espiritual. Tamanha era a fama de sua santidade entre o povo e o clero, que, muito cedo, em
1611, deu-se início a seu processo de beatificação. Em 8 de maio de 1626, foi proclamada beata
por Urbano VIII e, em 28 de abril de 1669, canonizada por Clemente IX. Importantes estudiosos
afirmam que “Maria Madalena de Pazzi, ao lado
de Ângela de Foligno e Catarina de Sena, é, entre as italianas, a escritora espiritual mais conhecida¹. Muitas testemunhas respeitadas do catolicismo estimaram seu testemunho e sua palavra.
Veneráveis como Diomira do Verbo Encarnado
(Margherita Allegri, 1651-1677), das Irmãs Estabelecidas na Caridade (Filipinas de Florença),
beatos como Ippolito Galantini (†1619) ou santos
como Afonso Maria de Ligório (1696-1787)² e Teresa de Lisieux (1873-1897)³, alimentaram uma
significativa veneração pela mística de Florença.
Paulo VI gostava de reler suas obras, enquanto padre Divo Barsotti, em sua última visita às
monjas de Careggi, não teve medo de declarar,
com intensos traços autobiográficos: “Santa
Mana Madalena vive sua missão de amor por
nós. [...] Por isso, eu gostaria de pôr a mim mesmo e a toda a comunidade de São Sérgio nas
mãos de Santa Maria Madalena. [...] Ela foi a
amiga, o auxílio, a luz do meu caminho. Nós lhe
agradecemos muito por isso. Eu jamais poderia
pensar que nos pudesse ser dada nesta vida uma
experiência tão viva e profunda, tão especialmente divina”4. Infelizmente, uma devoção
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pouco esclarecida e cultores imprudentes de seu
testemunho divulgaram por meio de textos e
imagens uma visão barroca da santa (em outras
palavras, uma interpretação particular daquilo
que ela viveu, mais inclinada a ver apenas os fatos extraordinários), não dando atenção a suas
palavras. Essas palavras, fortes e incisivas, são
capazes de imprimir-se a fogo em seus ouvintes,
exigindo uma renovação eclesial urgente. Talvez por isso, os textos autênticos da carmelita
são lidos por poucos, mesmo neste centenário.
Com todos os riscos que podemos intuir.
Entre os santos cristãos, existem modelos
diferentes de santidade. Geralmente são mais
“fáceis” e mais compreendidas as missões caracterizadas pelo serviço de caridade e pela
misericórdia. É mais complicada a acolhida de
dons proféticos, caracterizados não tanto “pelo
anúncio do futuro” quanto por um autêntico
magistério espiritual, vivido na escuta da Palavra e autenticado pela coerência da vida.
UMA VIDA ESCONDIDA
A biografia de Santa Mana Madalena é caracterizada por poucos eventos. Numa das famílias de maior destaque da nobreza florentina,
Caterina nasceu em 2 de abril de 1566, segunda
filha de Maria Buondelmonti e Camillo di Geri
de Pazzi. Em dois períodos (de 1574 a 1578 e de
1580 a 1581), foi educanda em San Giovannino
pelas Cavaleiras de Malta. Talvez ainda jovem
demais, optou por se tornar monja carmelita,
entrando em Santa Maria dos Anjos aos dezesseis anos (27 de novembro de 1582), bem pouco tempo depois do final do Concílio de Trento
(1545-1563). Os primeiros cinco anos de vida
monástica são os mais conhecidos da biografia
de Santa Maria Madalena. “Transes”, “raptos”,
dramatizações de episódios evangélicos se misturam com a vida ordinária da jovem carmelita.
Na realidade, sob essas etiquetas se reúne uma
variedade de fenômenos bastante diversificados, baseados na meditação orante sobre a Palavra. No grande Carmelo de Santa Maria dos
Anjos (o mais antigo da ordem), com quase
oitenta monjas no período em que viveu Madalena, várias delas tinham um elevado perfil
espiritual, desde a madre Evangelista del Giocondo até Pacífica del Tovaglia, amiga e uma
das principais “secretárias” da santa.
Por cerca de vinte anos, ela viveu ocupada silenciosamente com essa mistura de oração e trabalho que é próprio da vida monástica. Depois de
ter sido responsável pela acolhida das jovens que
vinham para o alojamento de forasteiras (15861589), ela esteve ligada, de várias maneiras, à formação das jovens a partir de 1589, até se tornar
sub-priora a partir de 1604. Adoecendo, passou os
três últimos anos de sua vida por sofrimentos do
corpo e do espírito, falecendo em 25 de maio de
1607, aos quarenta e um anos.
“SE DEUS É COMUNICATIVO”
O Carmelo de Santa Mana dos Anjos esteve ligado por vários anos aos círculos femininos
de Savonarola. Nele, circulavam havia tempo
testemunhos e fontes manuscritas sobre mulheres célebres e estimadas, como as dominicanas
Santa Catarina de Ricci de Prato (1522-1590) e a
beata Maria Bartolomeia de Bagnesi (1514-1577),
cujo corpo é venerado ainda hoje no Carmelo florentino. Seu confessor passou a ser, a partir de
1563, o próprio governador do mosteiro.
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Mencionamos o destaque que era dado
pela santa à Escritura. Uma testemunha dizia
durante o processo canônico: “Eu me lembro, em particular, de que todos os sábados,
tomando o livro dos evangelhos, ela pegava
dois ou três pontos do evangelho do domingo seguinte, a sua escolha, e meditava sobre
eles a semana inteira, gastando cerca de duas
horas pela manhã e uma, à noite, nessa meditação” (Sum 57). Dessa familiaridade, que
amadureceu em ambientes franciscanos e dominicanos, brotou sua pessoal compreensão
de Deus como Deus comunicativo.
A efusão superabundante do Espírito,
acolhida particularmente no Pentecostes de
1585, conduz a jovem carmelita pelos caminhos austeros de um deserto construído pelo
esforço da criatura e da Igreja para dar espaço a essa graça e pela necessidade de crescer
na consciência da misericórdia de um Deus
que é “Pai apaixonado”, Verbo doador de um
“beijo de pai” e Espírito, fogo transformador 5.
Seguramente, fugindo de um sentimentalismo excessivo, que seus devotos absolutizaram
sem querer, é o espaço central dado à Trindade na vida espiritual e eclesial o maior dom
que a santa pode oferecer ao nosso tempo.
Assim, do encontro com o Deus comunhão, Santa Maria Madalena foi enriquecida não apenas de uma alegria profunda,
mas também de uma gradual tomada de
consciência da maneira inadequada como
muitos homens e mulheres, mesmo externamente cristãos e às vezes, o que é pior,
religiosos e padres, correspondem à oferta
do Filho e de seu Espírito. Amar a Cristo,
para Santa Mana Madalena, não significava
deter-se apenas afetivamente na consideração de suas chagas físicas, mas amadurecer um
amor apaixonado pelo corpo ferido e dilacerado
de Cristo que é a Igreja. Acolher a Cristo significou para ela, por exemplo, abrir os olhos para
a decepção de suas expectativas ao deparar-se
com uma vida religiosa pobre em relações fraternas, mesmo sendo rica em rituais.
Amar a Cristo e a sua Igreja, apesar da mediocridade - como ela dizia, da “maldita tibieza”
- de tantos batizados e “christi” (sacerdotes), foi
certamente para ela “Inferno e Paraíso ao mesmo tempo”. E podemos compreender, então,
como somente o dom do Espírito a “obrigou”,
como a Santa Catarina e a Savonarola, a uma
obra estimada, mas efetivamente não ouvida,
de “renovação da Igreja”.
Apesar disso, por meio de encontros interpessoais, mas também de cartas ditadas (mas
nem sempre enviadas) até mesmo ao Papa e
aos cardeais, ela respondeu de sua parte à missão que recebeu chamando a atenção de todos
para uma vida pessoal e eclesial baseada na
nudez do Evangelho.
“PARA SER ESPOSA E NÃO SERVA”
A mística de Santa Maria Madalena, na escola de Catarina de Sena, é uma mística eclesial
que chama à conversão todo o povo de Deus,
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não para “repreendê-lo”, como afirmam alguns,
mas para que, diante do Espírito que bate à porta, alguém “se abra a esse dom”. É bonito o testemunho (cujo original foi encontrado) dado pela
prioresa Evangelista, em 1º de maio de 1595: “Eu,
lrmã Evangelista, para a glória do Pai eterno, me
lembro de como, Maria Madalena, neste dia primeiro de maio de 1595, prometeu a Deus querer
ser sua esposa e não serva para maior glória Sua,
e de como, para que se compadecesse dela e mais
a ajudasse com seus dons, prometeu caminhar
nua com seu Deus e ouvir apenas sua voz e a
daqueles que ocupam seu lugar, e, quando tivesse
dúvidas de alguma coisa, querer tomar conselh o
antes do Cristo nu e da alma mais nua que seus
olhos e os de seus superiores divisassem”6.
Se dermos crédito aos textos, e não aos comentários, parece que o coração da experiência de
Santa Mana Madalena não estava no sofrimento
(que ela também viveu, gerado pelos problemas
de saúde e por uma ascese pouco equilibrada),
mas consistia no aprofundamento teologal de
uma aliança esponsal com o Senhor, rica num
“amor puro”, que ela gostava de chamar “morto”, num amor de esposa. Foi desse amor pascal, que lança raízes no sangue divinizante da
Eucaristia, graças ao sopro do Espírito, que ela
viveu. Foi dessa acolhida que brotou sua frágil
palavra de mulher, repleta da força do Evangelho. Seu corpo incorrupto, venerado no Carmelo
florentino de Santa Maria dos Anjos, e guardado ainda hoje pela presença orante de suas irmãs, é um humilde testemunho de tudo isso.
Santa Maria Madalena é um tesouro
escondido a ser redescoberto pela Igreja
florentina e pela Igreja universal. Padre
Barsotti esperava que ela um dia fosse reconhecida doutora da Igreja. Os muitos peregrinos, vindos de diversos continentes, por
caminhos quase impensáveis, para “encontrá-la”, dirigindo-se a seu corpo, nos fazem
refletir sobre a necessidade de que sua voz
seja ouvida e sua missão posta em prática.
Por Chiara Vasciaveo
BIBLIOGRAFIA
1. Pozzi, G., Leonardi, C. Scrittrici mistiche italiane. Gênova, Manetti, 1988, p. 419.
2. Cf. Santo Afonso M. de Ligório. La vera sposa di Gesù
Cristo. Frigento, Casa Mariana, 1991, pp. 23.25.29.
39.157ss.
3. Cf. Teresinha do Menino Jesus. Opere complete di santa
Teresa di Gesù Bambino e del Volto Santo. Scritti e ultime
parole. Roma, Librena Editnce Vaticana, ed. OCD,ms. A,
183.
4. Barsotti, D. Riflessioni (12 de julho de 2005), transcrição. Careggi, 2005.
5. Vasciaveo, C Danzareal passo di Dio. Santa Maria Maddalenadi Firenze. Siena, Cantagalli, 2006. “’in noi una
fonte di acqua viva’. Mistica e profecia m santa Mana Maddalena di Firenze” In: Horeb, 46 (2007), n° 1.
6. Promessa (1º. de maio de 1595). In: Miscellanea Santa Maria Maddalena. Arquivo de Santa Maria dos Anjos,
1.4.IA.2.
10
Jornadas Missionárias 2016
A
Mesmo com nossas deficiências,
Província Carmelitana
entendemos que temos algo a
Pernambucana realizou,
A Igreja tem a missão de
oferecer às paróquias que nos
de 13 a 24 de janeiro deste
anunciar a misericórdia de
chamam, às comunidades que
ano, as Jornadas Missionárias,
Deus, coração pulsante do
nos acolhem e às pessoas que
inseridas na celebração do
Evangelho, que por meio dela
encontramos. Cada missionário
Ano da Misericórdia. Três fodeve chegar ao coração e à
carmelita leva em sua bagagem
ram as paróquias que acolhemente de cada pessoa.
o “jeito de ser carmelita”. Porém
ram nossos missionários (fra(Da Bula Misericordiae Vultus)
não compreendemos nosso jeito
des, freiras e leigos): Paróquia
de ser à margem da caminhada
de São José, em Vertentes/Pe,
Igreja. Somos filhos da Igreja, e só podemos enParóquia de São João Bosco, em Cajazeiras/
tender e viver nosso carisma a partir dessa consPb, e Paróquia do Sagrado Coração de Jesus,
ciência de pertença e comunhão eclesial.
em Laranjeiras/Se. Diferentemente das ante Podemos chamar as Jornadas de 2016 de:
riores, estas foram preparadas em cada lugar
Jornadas Missionárias Carmelitanas da Miseriespecífico, com suas respectivas equipes.
córdia. Como carmelitas, chamados a ser mise Dos eventos anuais que expressam mais viricordiosos com o Pai, porque contemplamos no
sivelmente nossa identidade carmelitana, dois
Filho o rosto misericordioso do Pai, buscamos
se sobressaem a nível de Província: as Festas de
traduzir através de nossa presença, em palavras,
Nossa Senhora do Carmo e as Jornadas Missiogestos e ações, o rosto misericordioso de Deus.
nárias, ambos envolvidos de um forte acento
Como marianos que somos, não nos falta em
missionário. Porém, enquanto o primeiro atinnossas missões a presença da Virgem do Carmo,
ge mais as realidades em que a Família Carmea Mãe de Misericórdia. O escapulário, tão quelitana está presente, o segundo leva-nos a uma
rido pelo nosso povo, é um sinal da misericórdia
atitude de saída a outros ambientes eclesiais que
do Pai, que pela mediação fraterno-materna de
nos solicitam uma presença missionária carmeMaria, acompanha seus filhos, manifestando seu
litana, ainda que durante poucos dias.
11
a m o r,
seu cuidado e proteção. A
presença dos irmãos e irmãs
de Maria, os Carmelitas, através de
visitas e escuta, confissões, encontros, orações e celebrações, deixam na vida das pessoas
um sinal de que elas não estão sós, têm uma
Mãe que se preocupa com elas e que as visita
como um dia visitou Isabel e São Simão Stock.
E vale a pena recordar que toda visita mariana
é, por excelência, cristocêntrica, pois Maria
sempre nos conduz ao seu Filho, por meio
do qual nos reconciliamos com Deus, com
os irmãos e com nós mesmos.
Como um discípulo próximo do Mestre, o carmelita deve ser uma pessoa da
Palavra; e Jesus, a Palavra viva do Pai, é
Palavra misericordiosa, amorosa. O missionário carmelita é chamado a ser portador e anunciador da Boa Nova de Jesus
a partir de uma vida de comunhão com
o Senhor, pela prática da Lectio Divina
(leitura orante da Bíblia), frequência
aos sacramentos... Ele comunica a misericórdia do Pai aos outros porque antes a experimentou em sua vida concre-
ta e
escutou o
apelo a se tornar
um arauto da misericórdia, a fim de que outros também
façam a experiência do amor de Jesus.
A respeito disso, é bonito escutar o testemunho de pessoas que compartilham suas experiências de encontro com o amor misericordioso
de Deus e da renovação de suas vidas, quando
do contato com os missionários. É na missão
que verdadeiramente entendemos a expressão:
“carmelita: ser de Deus no meio do povo”.
Somos gratos a todos que colaboraram para
a realização das Jornadas Missionárias Carmelitanas de 2016: aos párocos, aos frades e freiras,
aos terceiros carmelitas, seminaristas e aos demais membros do Povo de Deus.
Por Frei Cassiano, O.Carm.
12
Noviciado
Carmelitano
O
início do ano na vida dos frades carmelitas
é sempre marcado pela conclusão e
início do noviciado: uns encerram esta etapa
formativa, professando na Ordem do Carmo
os votos de pobreza, castidade e obediência,
e outros nela ingressam, pedindo para experimentar, de um modo mais profundo, a vida
carmelitana e aspirando ao mesmo fim.
O último grupo de noviços professou em
Santa Luzia, MG, e, de nossa Província, professou o Frei Renan Luís dos Santos, O.Carm.
Este ano de 2016, o noviciado está sendo realizado em São Cristóvão, SE.
O novo ano formativo foi aberto no dia 30 de
janeiro, tendo como mestre de noviços o Frei Sormani José da Silva, O.Carm., e acolhendo oito
noviços, a saber: Thiago Moisés da Silva (Pern),
Davi Santos Morais (Pern), Igor Ângelo Leite
(Pern), Eduardo Conceição Rufino (Flum), Michael Nascimento Marques (Flum), Bruno Castro
Shroder (Flum), Herivelto Santos (Par), Murilo
Spózito (Par). A Província é grata ao Frei Leandro, O.Carm., e aos outros confrades que contribuíram com o noviciado em Minas Gerais.
QUAL A FINALIDADE DO NOVICIADO?
Vejamos o que diz o principal documento formativo da vida carmelitana, a Ratio:
A finalidade do noviciado é a iniciação gradual
do candidato à vida no Espírito segundo o carisma
do Carmelo, em ordem a um primeiro compromisso
com a profissão temporária. Com o noviciado começa a vida religiosa na Ordem carmelita.
A iniciação do noviço implica o crescimento na
maturidade cristã. É um crescimento em profundidade, no sentido de que a experiência do noviço se
centre firmemente no mistério de Deus. É um crescimento em amplitude, porque o noviço não se deve
limitar à devoção ou culto formal, mas é animado
a desenvolver uma atitude contemplativa e lhe é
pedido que se fortaleça na sua vocação e no zelo
apostólico, na fé, na esperança e na caridade.
Neste processo são importantes o confronto,
a avaliação e a purificação das motivações e das
perspectivas pessoais de vida, para que o noviço
aprenda a fundamentar a sua existência em Deus.
Por isso, o noviço precisa de tempo e de espaço
13
para crescer na clarificação da sua vocação
e idoneidade para viver a vida religiosa carmelita. Isto implica um processo de identificação com a nossa vida e realiza-se numa
comunidade concreta de irmãos comprometidos na oração e no serviço, mais do que
mediante a doutrinação e a transmissão de
noções. O confronto com a nova forma de
vida na realidade quotidiana deve conduzir
a uma primeira decisão pela Ordem.
Com certeza, o noviciado é um tempo que marca profundamente a vida
de todo carmelita. Quem não tem saudades dessa época? Quem não carrega em sua memória os ricos momentos
orantes vividos? E a vida fraterna? E a
riqueza da espiritualidade carmelitana que nos foi passada?...
Rezemos pela comunidade formadora para
que ajude os noviços
a fazer bem a sua
caminhada e pela
comunidade formativa para que
se abra a ação
do Espírito Santo e às mediações que lhe são
oferecidas para
amadurecerem no
sim a Deus.
14
ENCERRAMENTO DO ANO TERESIANO
N
Notícias
o passado 15 de outubro de 2015, festa de
Santa Teresa, aconteceu em Ávila a solene
eucaristia com a qual se encerrava o V Centenário do nascimento da Santa carmelita. A eucaristia
foi presidida por Monsenhor Ricardo Blázquez, arcebispo de Valladollid e presidente da Conferência
Episcopal Espanhola, com quem concelebraram
numerosos bispos e sacerdotes. Na mesma participaram os dois superiores dos Carmelitas, Frei Fernando Millán, O.C., e Frei Saverio, OCD. Após a
Eucaristia, aconteceu uma procissão que conduziu a
imagem da santa à igreja situada em sua casa natal.
Na Província Carmelitana, diversas comunidades
carmelitas celebraram esse evento. Como costuma
acontecer, cada Ordem Terceira celebra com solenidade a Festa de Santa Teresa, aproveitando a ocasião
para a renovação de votos dos irmãos, primeira profissão ou segunda profissão e acolhida dos novatos.
ALACAR 2015
D
e 26 a 31 de outubro de 2015, aconteceu em
San Salvador, El Salvador, o IV Congresso
ALACAR, que reuniu os representantes da Família
Carmelitana (OC e OCD) da América Latina. Em
torno de 130 participantes de 17 nacionalidades, entre
frades, freiras, monjas e leigos, estiveram presentes.
As conferências se centraram na figura de Santa
Teresa de Jesus, por ocasião do V Centenário do
seu nascimento. O Padre Geral, Fernando Millán,
O.Carm., e o Prepósito Geral, Frei Saverio Cannistrà, O.C.D., foram conferencistas.
Da Província Carmelitana Pernambucana participaram: Frei Vicente, Frei Alberto Bezerra e o
Prof. Araújo, Terceiro Carmelita.
ORDENAÇÃO
DIACONAL DO
FREI ADRIANO, O.C.
“Estou no meio de vós
como aquele que serve”.
(Lc 22,27)
ia 19 de dezembro de
2015, foi ordenado diácono, pelas mãos de Dom
Muniz, O.Carm., na Paróquia
de N.Sra. do Carmo, Cajueiro
Seco, Jaboatão/PE, o Frei José
Adriano Gomes Saboia, O.C.
D
15
RETIRO
PROVINCIAL 2015
INTERCÂMBIO TEOLÓGICO CARMELITANO
e 27 a 28 de janeiro, foi realizado o II Intercâmbio Teológico
Carmelitano da PCP no Convento do Carmo do Recife. Acompanhado pelos freis Rogério e Altamiro, foi um momento rico para
partilha de experiências dos formandos que se encontram cursando
a Teologia em Recife e Belo Horizonte. Participaram do intercâmbio os
freis: Jean, Herrysson, Vicente, Cassiano, Mário, Paulo Henrique, Clébson, Kaio, Flávio Cícero, Rafael, Aléquison, Josué, Messias e Robson.
D
e 14 a 18 de dezembro
de 2015, houve o retiro
anual da PCP. Em sintonia com
o ano da Vida Consagrada, tivemos como tema: Perscrutai!,
tema do documento sobre esse
ano. O pregador foi o frade
carmelita Miceal O´Neill,
Prior do Centro Internacional
Santo Alberto, em Roma.
D
POSTULANTADO I E II, 2016
“O pré-noviciado (postulantado) é o período de tempo destinado a preparar a pessoa
para entrar no noviciado, com o qual iniciará o caminho da vida religiosa carmelita.
ia 28 de fevereiro houve a abertura do Pos
tulantado I, na cidade de Lucena/PB, com a
acolhida de 13 jovens, provenientes de Pernambuco
(Bismael e Rafael), Sergipe (Carlos, Pedro, Ricardo e
Lealdo), Paraíba (Diego, Markylson, Rafael e Lucas)
e Ceará (Getúlio e Adeilton). O acompanhamento
desses jovens está a cargo de Frei Adriano, O.Carm.
D
ia 05 de março foi a vez do Postulantado II,
na cidade de Goiana/PE, com a recepção
de 06 jovens (Jander, Ítallo, Ricardo, Luís Otávio,
Edilson e Wanderson) que continuarão sua etapa
formativa acompanhados pelo Frei Juracy, O.Carm.
D
O pré-noviço (postulante) deve aprofundar e fazer sua, de modo mais pessoal,
a fé, para poder escutar a voz de Jesus que
o chama a segui-Lo. Ele aprofunda também o conhecimento de si mesmo, da sua
história pessoal e social, do seu ambiente,
da sua comunidade cristã. Uma primeira
aproximação da vida comunitária permite
experimentar a sua capacidade de viver
em conjunto com outros” (Ratio).
16
Irmãs Carmelitas Missionárias em defesa
dos Direitos das Criança e do Adolescente
s Irmãs Missioná rias Carmelitas,
através do CCA (Centro
de Capacitação Agrocomunitário), desenvolveram um projeto no âmbito
da defesa dos direitos da
criança e do adolescente.
Transcrevemos abaixo
parte da matéria do jornal
Correio da Paraíba.
O Projeto, que ofereceu
curso básico de fotografia para trinta crianças e
adolescentes, de 9 a 17 anos, de três comunidades
quilombolas: Domingos Ferreira (Tavares, PB);
A
gistrassem o cotidiano e
o que se passava em suas
comunidades. O resultado
foi surpreendente. As fotografias revelam como as
crianças e adolescentes de
comunidades quilombolas
descobrem sua infância
na simplicidade das brincadeiras, na expressão de
sua cultura, na convivência no campo, em um cenário de cores quentes, na mistura étnica do afro, luso
e tupi, e, por vezes, na disposição conflituosa do lugar.
O trabalho aponta para questões sobre como se
Livramento (São José de Princesa, PB) e Gia (Quixaba
PE), no sertão nordestino, desenvolveu atividades formativas sobre os Direitos da criança e do adolescente.
Foram selecionadas cinquenta e uma imagens que foram
expostas em comunidades rurais locais e em espaços públicos e comunitários das cidades de Princesa Isabel/PB,
São José de Princesa/PB, Tavares/PB e Quixaba/PE.
Durante o período do curso, as crianças levaram
para casa uma câmera digital amadora, para que re-
encontra a garantia dos Direitos da criança e do adolescente em comunidades quilombolas desse recorte
da região do semiárido paraibano e pernambucano.
CONTATOS - COORDENAÇÃO DO PROJETO
Irmã Francinalda (83) 99987 5836 - Adenilda Guilherme
(83) 99939 4629 - E-mail: [email protected]
(83) 3457-2201 - Fotógrafo do Projeto: Romário Henrique
(81) 99725 2775 - E-mail: [email protected]

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